influência de tolkien nas artes

51
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ CURSO DE LETRAS - LICENCIATURA PLENA A INFLUÊNCIA DE TOLKIEN NAS ARTES ALYSSON ISMAEL DOS SANTOS LEONARDO ROSATI Ribeirão Preto 2011

Upload: leonardo-rosati

Post on 05-Dec-2014

2.124 views

Category:

Education


9 download

DESCRIPTION

Trabalho de conclusão do curso de Letras.Descreve brevemente como Tolkien influenciou as artes, musica, cinema, pintura, e a ficção fantástica, que surgiu com ele.

TRANSCRIPT

Page 1: Influência de Tolkien nas Artes

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

CURSO DE LETRAS - LICENCIATURA PLENA

A INFLUÊNCIA DE TOLKIEN NAS ARTES

ALYSSON ISMAEL DOS SANTOS

LEONARDO ROSATI

Ribeirão Preto

2011

Page 2: Influência de Tolkien nas Artes

2

Monografia apresentada ao curso de Letras

do Centro Universitário Barão de Mauá, de

Ribeirão Preto, como requisito parcial para

a obtenção da Licenciatura em Letras sob

orientação da Professora Doutora Denise

Campos e Silva Kuhn.

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

CURSO DE LETRAS - LICENCIATURA PLENA

A INFLUÊNCIA DE TOLKIEN NAS ARTES

ALYSSON ISMAEL DOS SANTOS

LEONARDO ROSATI

RIBEIRÃO PRETO

2011

Page 3: Influência de Tolkien nas Artes

3

Bibliotecária Responsável: Vanda Lilian Lauande CRB8

3365

S233i

Santos ,Alysson Ismael dos e Rosati, Leonardo

A influência de Tolkien nas artes / Alysson Ismael dos

Santos e Leonardo Rosati – Ribeirão Preto,2011.

54p.ilust.

Trabalho de conclusão do curso de Letras do Centro

Universitário Barão de Mauá.

Orientador: Profª. Drª. Denise Campos e Silva Kuhn

1. Tolkien I. Kuhn, Denise Campos e Silva II. Rosati,

Leonardo III. Título

CDU 7.011.2TOLKIEN

Page 4: Influência de Tolkien nas Artes

4

BANCA EXAMINADORA

Page 5: Influência de Tolkien nas Artes

5

J.R.R. TOLKIEN

(1892 – 1973)

Ao Mestre com carinho.

Page 6: Influência de Tolkien nas Artes

6

RESUMO

A obra de Tolkien criou um novo gênero de literatura: a ficção fantástica, que torna

possível criar uma realidade alternativa dentro de uma história de fantasia, uma epopéia com a

possibilidade de ter existido em um tempo remoto.

Muitos outros escritores basearam-se nesse novo conceito ao escreverem suas obras.

Vários livros de ficção fantástica sofreram a influência de Tolkien, bem como filmes de

monstros, heróis, seres fantásticos e aventuras épicas.

Sua obra mais famosa, O Senhor dos Anéis, influenciou toda a literatura e arte

subsequentes. Na década de sessenta, auge da contracultura pós-guerra, sua obra tornou-se um

fenômeno de vendas e inspiração para muitos artistas plásticos, músicos, escritores, atores e

roteiristas. Nesse momento histórico a indústria cinematográfica começou a produzir ficção

científica, deixando os clássicos e filmes de faroeste para trás. Paralelamente, a literatura de

ficção científica estava tomando conta das prateleiras das livrarias, ao lado da literatura

clássica e da literatura fantástica.

Este trabalho analisa a obra de Tolkien tendo como foco principal a influência

exercida por esta obra nas artes em geral.

Palavras-chave: literatura inglesa, ficção fantástica, ficção científica

Page 7: Influência de Tolkien nas Artes

7

ABSTRACT

Tolkien’s work created a new literary genre: the fantastic fiction, making it possible to

create an alternative reality inside a fantastic story, with the possibility of existing in a remote

time.

Since then, many other writers based their works on that new concept. Many fantastic

fiction books were influenced by Tolkien, as well as films of monsters, heroes, fantastic

beings and epic adventures.

His most famous work The Lord of the Rings has influenced all subsequent literature

and art. In the sixties, the peak of the postwar counterculture, his work became a phenomenon

of sales and inspiration for many artists, musicians, writers, actors and scriptwriters. On that

historical moment the cinematographic industry started to produce science fiction, leaving

Westerns aside. At the same time, science fiction literature was taking place in the shelves of

the bookstores, beside the classic literature and the fantastic literature.

The present study analyses Tolkien’s work, with the objective of verifying its

influence on posterior art in general.

Page 8: Influência de Tolkien nas Artes

8

SUMÁRIO

RESUMO ..........................................................................................................................6

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................9

1. J.R.R. TOLKIEN ........................................................................................................10

2. A OBRA .....................................................................................................................14

3. A INFLUÊNCIA .......................................................................................................25

4. CONCLUSÃO ...............................................................................................................41

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................42

6. ANEXOS .......................................................................................................................46

Page 9: Influência de Tolkien nas Artes

9

INTRODUÇÃO

John Ronald Reuel Tolkien, famoso pela obra O Senhor dos Anéis, influenciou

através de seus trabalhos e obras, muitas das artes contemporâneas de alguma forma; na

literatura, na música , na pintura, na televisão e cinema.

A criação do novo gênero literário, a Ficção Fantástica, surgiu a partir da inovação de

Tolkien, pois antes havia os mitos, lendas e contos de fada.

A ficção fantástica cria uma segunda realidade, uma possibilidade real de existência,

como a ficção científica, daí a grandiosidade de sua influencia na mente de novos autores e

produtores.

O primeiro capítulo faz uma breve referência à biografia do autor, sua vida, as

dificuldades que enfrentou nas guerras, depois passando para o segundo capítulo descrevendo

sua formação acadêmica e seus principais trabalhos e obras, concluindo no terceiro capítulo a

influência que repercutiu suas obras nas demais artes como a literatura, pintura, música,

cinema, TV entre outras. Concluindo que nos dias de hoje é difícil analisar obras de fantasia e

ficção sem nos remeter à origem dessas obras.

Page 10: Influência de Tolkien nas Artes

10

1. J.R.R. TOLKIEN

John Ronald Reuel Tolkien (Bloemfontein, 3 de Janeiro de 1892 — Bournemouth, 2

de Setembro de 1973) foi um escritor, professor universitário e filólogo britânico.

Segunda Carpenter(1992), Tolkien nasceu na África do Sul e aos três anos de idade,

com sua mãe e irmão, passou a viver na Inglaterra, terra natal de seus pais. Desde pequeno

fascinado pela linguística, cursou a faculdade de Letras em Exeter. Lutou na Primeira Guerra

Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo

secundário" complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das mundialmente famosas

obras O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, esta última, sua maior paixão, que,

postumamente publicada, é considerada sua principal obra, embora não a mais famosa. (p. 16)

Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e

considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a

1945, e de inglês e Literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo

precedido de outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E.

R. Eddison, devido à grande popularidade de seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o

"pai da moderna literatura fantástica". Sua obra influenciou toda uma geração.

Católico fervoroso, foi grande amigo de C.S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia,

ambos membros do grupo de literatura The Inklings.

1.2 Biografia

A família Tolkien

Segundo Tolkien em sua pesquisa,seus parentes paternos eram artesãos. A família teve

origem na Saxônia (Alemanha), mas viveu na Inglaterra desde o século XVII, tornando-se

"rápida e intensamente inglesa (mas não britânica)". (LETTERS 2006, p.210)

O sobrenome Tolkien é um anglicismo de Tollkiehn (em alemão, tollkühn, arrojado,

audacioso, temerário, imprudente, que em uma tradução etimológica deveria ser dull-keen,

algo como estúpido-sagaz, uma tradução literal de oxímoro; no conto The Notion Club Papers,

Tolkien cria um personagem com o nome John Jethro Rashbold, fazendo piada com o seu

próprio nome, já que Jethro e Reuel são nomes do mesmo personagem bíblico, o sogro de

Moisés (Nr 10, 29), filho de Esaú (Gn 36,4) que significa amigo de Deus). Mesmo sendo um

Tolkien, considerava-se mais um Suffield (sua família materna) do que propriamente um

Page 11: Influência de Tolkien nas Artes

11

Tolkien. (LETTERS 2006)

Aos três anos parte com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão,

Hilary Arthur Reuel Tolkien, para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma

temporada devido a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas devido à morte de seu

pai, eles ali permaneceram por toda a vida. O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava

para o Bank of África, contraiu febre reumática e morreu em 1896 na África do Sul, antes de

juntar-se à família, e foi enterrado na própria África.

Após a morte prematura do pai, a viúva passou então a assumir toda a educação dos filhos.

Desde pequeno, Tolkien tinha características e hábitos bastante peculiares como o de

observar e atentar para todos os detalhes das paisagens e particularmente da topografia dos

lugares. Ele jamais esquecia um cenário já visitado e certamente todos eles influenciaram a

criação da geografia do seu mundo imaginário. Alguns atribuem seu interesse pela geografia e

inspiração para a criação de certos territórios de Terra-Média à sua capacidade de captar

diferentes paisagens e cenários, que são igualmente uma marca poderosa de toda sua obra.

Outra paixão que lhe foi desperta desde cedo, particularmente por sua mãe, foi o das

línguas, especialmente as germânicas, o galês e o finlandês, que aparentemente formaram a

base para o desenvolvimento das línguas de Terra Média.

Em 1900 a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia parte da

Igreja Anglicana, e quando tornou-se católica, sua família cortou a ajuda financeira que lhe

dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava

esse fato um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao Catolicismo.

Segundo Carpenter (2006), Tolkien tinha certo ressentimento contra a Igreja da

Inglaterra, pois suspeitava que a debilidade da saúde de sua mãe estivesse relacionada ao

sofrimento que a sua família, de confissão protestante, passou a lhe infligir após a sua adesão

ao catolicismo romano. Os pais acusavam a sua irmã, que havia aderido ao catolicismo antes

dela, de ter influenciado a sua decisão. Como se sabe, infelizmente, a rivalidade entre

católicos e protestantes é antiga na Inglaterra. Suas lembranças da devoção da sua mãe à

igreja tiveram grande influência sobre a conversão de Tolkien e de seu irmão ao catolicismo

em 1900. Tolkien e seu irmão foram entregues então aos cuidados do Padre jesuíta Francis

Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um segundo pai, e aquele que lhe

ensinara o significado da caridade e do perdão.

Conheceu Edith Bratt em 1908, quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local

Page 12: Influência de Tolkien nas Artes

12

que a jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar escondido. Entretanto, seu

tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação e, acreditando que este relacionamento

fosse prejudicar a educação do rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos,

quando Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro aniversário,

Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele, apesar de ela já estar

comprometida, e também a converteu ao catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John

Francis Reuel Tolkien (1917–2003), Michael Hilary Reuel Tolkien (1920-1984), Christopher

John Reuel Tolkien (1924-) e Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-).

Tolkien era um pai devoto. Essa característica mostrava-se bastante clara nos livros,

muitas vezes escritos para seus filhos, como Roverandom, escrito quando um deles perdeu um

cachorrinho de brinquedo na praia. Além disso, Tolkien mandava todos os anos cartas do

Papai Noel quando os filhos eram mais jovens. Havia mais e mais personagens a cada ano,

como o Urso Polar, o ajudante do Papai Noel, o Boneco de Neve, Ilbereth (um nome

semelhante ao da rainha Elbereth, a Valië), sua secretária, e vários outros personagens

menores. A maioria deles contava como estavam as coisas no Pólo Norte. Mestre Gil de Ham

foi, outrossim, uma história contada para entreter os filhos.

Sua carreira docente teve início logo após a I Guerra Mundial, quando ele começou a

fazer leituras públicas, assumindo a cadeira de Literatura Inglesa na Leeds University. Apesar

da resistência de certos professores, ele acabou sendo chamado para a cadeira de Língua

anglos saxônica na Universidade de Oxford. E viria a dedicar todo o resto da sua vida

acadêmica a esta mundialmente renomada instituição, uma das primeiras deste nível da

história, pelo menos até quando se aposentou, em 1959. Grande parte da dedicação e zelo,

criatividade e filosofia refletida nas suas obras devem-se às experiências e oportunidades para

estudos e contatos com colegas que teve ao longo da sua vida acadêmica. Isto pode vir a

tornar a leitura um tanto difícil para alguns leitores, desprovidas do mesmo background. Mas

na verdade, basta ter uma boa capacidade de observação e um espírito de aventura para

apaixonar-se logo por aquele mundo.

No auge de sua carreira em Oxford, Tolkien tornou-se uma figura polêmica. Muitos o

criticavam por sua deficitária produção no campo estritamente ―acadêmico‖. Nos seus poucos

escritos de crítica literária, ele não resistia a falar em contos de fada (fairy tales) e história do

gênero, que eram desprezadas pela academia como ―literatura para crianças‖, ou seja, na que

se devesse levar muito a sério. Tolkien acabou notabilizado assim, como:

recriador contemporâneo dos mitos fantásticos, descreve as facetas que são necessárias num

Page 13: Influência de Tolkien nas Artes

13

bom conto de fadas: fantasia, recuperação, escape e consolo – recuperação de um desespero

profundo, escape de algum grande perigo, mas, acima de tudo, consolo, para Tolkien, é o

principal componente das histórias de fadas completas.

Page 14: Influência de Tolkien nas Artes

14

2. A OBRA

A vida na sua obra

Segundo Carpenter (2006), a infância de Tolkien teve duas realidades distintas: a vida

rural em Sarehole, ao sul de Birmingham, lugar que inspirou o famoso Condado, e o período

urbano na escura Birmingham, onde iniciou seus estudos. Nesta frase Tolkien fala sobre

Sarehole: ―A ancestral Sarehole há muito se foi, engolida pelas estradas e por novas

construções. Mas era muito bonita na época em que vivi lá…‖ (TOLKIEN, 1965, p. 28)

Ainda criança, mudou-se para King's Heat, numa casa próxima a uma linha de trem.

Foi aí que ele começou a desenvolver uma imaginação lingüística, motivada pelos estranhos

nomes das paradas do percurso, tais como Nantyglo, Perhiwceiber e Seghenydd. Sua infância

foi muito marcada pelos contos de fadas, que estimularam sua imaginação para o Faërie, Belo

Reino, como ele se referia ao mundo dos seres fantásticos.

Em 1900, sua mãe abraçou a religião católica, fato que o influenciou profundamente,

mesmo sem a menção direta de Deus na sua obra (Tolkien representa Deus por Eru, o qual

cria todo universo e os seres que lá habitam). Tolkien disse que os mitos não-cristãos

guardavam em si elementos do Grande Mito, o Evangelho, que adentraram o Mundo Primário,

isto é, o mundo real, fato este que não vai contra a Igreja Católica.

Sua mãe Mabel apresentou a ele e a seu irmão os contos de fadas em línguas como o

latim e o grego. Desde a morte da mãe, quando os irmãos passaram aos cuidados de Francis

Morgan, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande talento linguístico. Estudou

grego, latim, línguas antigas e modernas, como o finlandês, que serviu de base para criação do

idioma élfico Quenya e o galês, base para o outro idioma élfico, o Sindarin. Em 1905 os

órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908 deu início à carreira

acadêmica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.

Em 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien ficou noivo de

Edith Bratt. No ano seguinte, recebeu com honras o diploma de licenciatura em Literatura de

Língua Inglesa. A graduação e os méritos não o libertaram da convocação e em 1916, depois

de casar-se com Edith Bratt, foi chamado à guerra. Tolkien sobreviveu à Batalha do Somme

(província de Soma), uma mal-sucedida incursão na França/Bélgica onde morreram mais de

500 mil combatentes. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (mais

tarde padre John Tolkien) e no ano seguinte, depois de contrair tifo, J.R.R.Tolkien foi enviado

de volta à Inglaterra. Foi neste período que iniciou o Livro dos Contos Perdidos (The Book of

Page 15: Influência de Tolkien nas Artes

15

Lost Tales), que mais tarde converteu-se em O Silmarillion, em 1919 quando ele retornou a

Oxford.

Depois do fim da guerra Tolkien dedicou-se ao trabalho acadêmico como professor,

tornando-se um grande e respeitado filólogo. Nesta mesma época ingressou na equipe

formada para preparar o New English Dictionary, o equivalente inglês do dicionário brasileiro

Aurélio. O projeto já havia chegado à letra W, e seu supervisor, impressionado com o trabalho

de Tolkien, afirmou que:

Seu trabalho [de Tolkien] dá provas de um domínio excepcional de anglo-saxão e dos

fatos e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Na verdade, não hesito em

dizer que nunca conheci um homem da sua idade que se igualasse a ele nesses aspectos."

Mas foi só em 1925, depois do nascimento de seus filhos Michael Hilary Reuel

Tolkien (1920) e Christopher John Reuel Tolkien (1924) que Tolkien publicou seu primeiro

livro, ao lado de E. V. Gordon: Sir Gawain & the Green Knight, baseado em lendas do

folclore inglês. A sua filha mais nova, Priscilla Anne Reuel Tolkien, nasceria dali a cinco

anos.

Tolkien e as Sociedades

Tolkien foi muito ligado a sociedades. Nas que participou, a literatura era o tema

fundamental, algo que o ajudou na criação de suas obras, pois nestas sociedades encontrou

seu primeiro público e encorajadores.

Em sua juventude, sua primeira sociedade foi a T.C.B.S. (Tea Club, Barrowian

Society), formada por Tolkien e três amigos. Não era dedicada apenas a literatura, mas ela

estava presente. A Primeira Guerra Mundial dissolveu o grupo, matando Rob Gilson, e algum

tempo depois G. B. Smith. Os dois restantes, Christopher Wiseman (inspiração para o nome

do terceiro filho de Tolkien) e Tolkien, foram amigos até o fim da vida de Wiseman.

A frase a seguir é de G.B.Smith, pouco depois da morte de Rob Gilson

“A morte pode nos tornar repugnantes e indefesos como indivíduos, mas não pode acabar

com os quatro imortais!‖ (SHIPPEY, 1978) (Tolkien, p. xviii)

Anos depois, fundada por Tolkien, The Coalbiters se dedicava à literatura nórdica,

muito apreciada por Tolkien, que incluía Beowulf e o Kalevala, por exemplo. Chamavam-se

de Kolbitars, ou, "homens que chegam tão perto do fogo no inverno que mordem carvão", o

Page 16: Influência de Tolkien nas Artes

16

que originou no nome Coalbiters (mordedores de carvão). Entre seus membros estavam R. M.

Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill, John Bryson,

George Gordon, Bruce McFarlane e C. S. Lewis.

Outro grupo de que participava era chamado The Inklings, também dedicado à

literatura, que se reunia no pub The Eagle and Child (em português A Águia e a Criança) que

os integrantes chamavam O Pássaro e o Bebê (The Bird and Baby em inglês). Os Inklings

incluíam C. S. Lewis e seu irmão H. W. Lewis, Charles Williams, Owen Barfield e Hugo

Dyson.

Quando Tolkien conheceu C. S. Lewis, este era agnóstico, e Tolkien logo se

empenhou para convertê-lo ao catolicismo romano. No entanto, Lewis preferiu o

anglicanismo, movimento protestante cristão no qual fora educado. A religião sempre foi um

motivo de afastamento entre Tolkien e C.S.Lewis, especialmente pela forma diferente como

ambos a tratavam. Tolkien inclusive não apreciou muito a obra As Crônicas de Nárnia, por

considerá-la demasiadamente alegórica (entretanto, ele não odiou o livro, como pensam

alguns). A religião no livro de Lewis é bem explícita, ao passo que nos de Tolkien ela é oculta

em personagens, lugares e até atitudes, embora sem ser alegórica, construção de que Tolkien

não gostava. Apesar dos desentendimentos Tolkien e Lewis foram grandes amigos, amizade

essa explorada no livro O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis. De fato, O Senhor dos

Anéis provavelmente não existiria sem o incentivo de C. S. Lewis, que aliás foi o primeiro a

ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência de Lewis.

―Num buraco no chão vivia um hobbit‖ (TOLKIEN aput CARPENTER, 1927, p. 62)

A idéia de seu primeiro grande sucesso, O Hobbit, surgiu em 1928, enquanto Tolkien

examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e Tolkien contou

que:

―Um dos alunos deixou uma das páginas em branco – possivelmente a melhor coisa que

poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Em um buraco no chão vivia um hobbit,

não sabia e não sei por quê.‖ (TOLKIEN apud CARPENTER, 1965, p. 62)

Foi a partir desta frase que ele começou a escrever O Hobbit, somente dois anos

depois, mas o abandonou no meio.

Tolkien emprestou o manuscrito incompleto para a Reverenda Madre de Cherwell

Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por Susan Dagnall, uma bacharel de

Oxford , que trabalhava para Allen & Unwin (comprada em 1990 pela Editora Harper Collins)

Page 17: Influência de Tolkien nas Artes

17

e analisado depois por Rayner Unwin (Filho de Stanley Unwin, fundador da Allen & Unwin,

na época com 10 anos de idade) que ficou maravilhado pela história. Dagnall ficou tão

encantada com o material que encorajou Tolkien para que ele terminasse o livro, e em 1937 é

publicada a primeira edição de O Hobbit.

A saga do hobbit Bilbo – um ser baixo, pacato, de pés peludos e grandes, que se

aventura na Terra Média ao lado do mago Gandalf e mais treze anões – teve tanto sucesso que

Tolkien foi sondado para novas aventuras. Tolkien oferece O Silmarillion, que ele

considerava sua principal obra, mesmo que, hoje, não a mais conhecida. Stanley Unwin

preferiu não arriscar e não publicou a obra. Mesmo depois da recusa, Tolkien concordou em

continuar a saga dos hobbits e começa a dar forma a uma nova obra, que lhe consumiu doze

anos de trabalho desde os primeiros rascunhos até a sua conclusão, mas que o tornaria um dos

mais conceituados escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis.

O elo para a nova aventura surge no Anel que Bilbo rouba de Gollum em O Hobbit.

Os primeiros rascunhos da obra datam de 1937, mas devido ao seu perfeccionismo, que o

impelia a ter de fazer vários rascunhos para cada uma de suas obras, foi somente em 1949 que

O Senhor dos Anéis foi para as mãos de sua editora. Durante este longo tempo, Tolkien

também escreveu Leaf by Niggle em que o autor se manifesta de forma autobiográfica,

projetando-se em Niggle, com suas dúvidas sobre o trabalho que estava escrevendo, "O

Senhor dos Anéis", e sua relevância. Em princípio o texto foi recusado, pois a idéia de

Tolkien era lançar dois volumes, sendo eles "O Silmarillion" e "O Senhor dos Anéis", já que

ele os considerava interdependentes e indivisíveis. Entretanto o editor da Collins, uma outra

editora, havia gostado da idéia e começou a encorajar Tolkien a publicar os livros pela editora

Collins. Depois de grande atraso na publicação, Tolkien perde a paciência e desiste do acordo.

Posteriormente, após algumas conversas com Rayner Unwin (já adulto e trabalhando na

empresa do pai, Rayner foi um dos que recebiam os rascunhos de "O Senhor dos Anéis" de

Tolkien ao longo de sua composição), a decisão da Allen & Unwin foi reconsiderada e, em

1954, foram publicados os dois primeiros volumes (A Sociedade do Anel e As Duas Torres).

Em 1955 foi publicado o terceiro e último volume (O Retorno do Rei). A idéia original era

lançar a obra toda num único volume, mas para baratear os custos de impressão, foi dividida

em três volumes.

Esse livro consolidava então o que Tolkien chamava de Mundo Secundário, com

novas normas, novos povos, uma realidade à parte: Arda, o cenário de uma das maiores obras

literárias de todos os tempos. "Arda" é a Terra, povoada por seres fantásticos, como os Valar,

Page 18: Influência de Tolkien nas Artes

18

os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e

magia:

“[Criei] um Mundo Secundário no qual sua mente pode entrar. Dentro dele, tudo o que ele

relatar é "verdade": está de acordo com as leis daquele mundo. Portanto, acreditamos

enquanto estamos, por assim dizer, do lado de dentro.” (TOLKIEN apud CARPENTER,

1965, p. 75)

Apesar dos ataques da crítica, o livro teve grande sucesso dos dois lados do Atlântico,

mas seus livros só alcançaram a classe de cult nos anos 60, devido ao fato de sua obra ter se

tornado mania entre os universitários dos Estados Unidos com a chegada de uma edição pirata

norte-americana neste país.

O nome de Tolkien ganhou notoriedade mundial, fato este que provocava mais

transtornos que prazer ao autor, pois visitantes excêntricos afluíam ao seu encontro: fãs norte-

americanos telefonavam-lhe durante a madrugada sem se lembrar do fuso horário por

exemplo. Tais fatos tiveram grande peso em sua decisão de se mudar para Bournemouth.

Exímio linguista

Tolkien era um homem apaixonado por idiomas. Quando criança se encantava com

nomes galeses que via nos caminhões de carvão. Com suas primas aprendeu rapidamente uma

língua artificial e bem simples criadas pelas garotas, chamada Animálico, com base nos

nomes de animais. Juntos criaram outra língua, uma mistura de vários outros idiomas.

Chamava-se Nevbosh, traduzido como Novo Disparate. Mais tarde criou o Naffarin, mais

complexa e baseada na língua de seu tutor padre Francis Morgan: o espanhol.

Tolkien, em Dezembro de 1910, tornou-se aluno do curso de literatura clássica na

Universidade de Oxford, onde obteve uma bolsa de estudos do Exeter College, mas

desinteressou-se por este curso e começou a gastar mais tempo no estudos de filologia, sendo

orientado por Joseph Wright, um dos grandes pesquisadores britânicos desta ciência e grande

conhecedor do tronco linguístico indo-europeu. Pediu transferência para a Honour School of

English Language and Literature, onde teve um notável melhora devido ao seu interesse pela

filologia germânica.

Desde criança já tinha em sua volta línguas clássicas como grego e o latim, e mais

tarde com o espanhol. Sempre achou o italiano muito elegante e, é claro, o inglês e o anglo-

saxão o fascinavam. O francês não o cativava tanto, apesar de ser (como ainda é) aclamada

como uma belíssima língua. Quando se deparou com a língua finlandesa ele se encantou, e

Page 19: Influência de Tolkien nas Artes

19

usou sua gramática, junto com a galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam

em seus livros. Línguas de gramática complexa e vasto vocabulário. Línguas que seriam

estudadas a fundo por muitos de seus fãs: o Quenya, cujo exemplo máximo é expressado pelo

poema Namárië, e o Sindarin, este último baseado no galês, as Línguas Élficas, todas movidas

pelo som bonito (eufonia) e pela estética, como o "Repicar dos sinos" dizia ele.

Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver seu mundo. Para ele,

primeiro vinha a palavra, depois a história. A composição para ele não era um passatempo

(como foi 'acusado' na época), mas um trabalho filológico. Ele criou um mundo onde suas

línguas pudessem ser faladas, e lendas para rodeá-las.

Tolkien, consciente da língua como um organismo mutável, totalmente relacionado

com as histórias de um povo, afirmou certa vez que:

“O Volapuque, Esperanto, o Ido, o Novial, são línguas mortas, mais mortas do que antigas

línguas sem uso, porque seus inventores jamais criaram lendas para acompanhá-las.”

(TOLKIEN apud CARPENTER, 1957, p. 67)

Mais tarde afirmou num artigo sobre filologia:

―Meu conselho a todos que dispõem de tempo ou inclinação a se ocuparem com o movimento

por uma língua internacional, seria: "Apoiem lealmente o Esperanto".‖ (TOLKIEN aput

CARPENTER, 1965, p. 68)

Criou várias outras línguas (como o Khûzdul e o Valarin), mas nenhuma tão elaborada

quanto as duas élficas. Também desenvolveu alguns sistemas de escrita, as Angerthas (ou

runas) e as Tengwar. Acreditava que uma língua bonita devia ter também um alfabeto

elegante.

Além do inglês, Tolkien conhecia cerca de dezesseis outros idiomas (à excepção dos

criados por ele mesmo) que eram os seguintes: grego antigo, latim, gótico, islandês antigo,

sueco, norueguês, dinamarquês, anglo-saxão, médio inglês, alemão, neerlandês, francês,

espanhol, italiano, galês e finlandês.

Quando O Hobbit foi traduzido para o islandês, Tolkien ficou encantado, porque,

além de esta ser uma de suas línguas favoritas, ele achava que o livro combinaria muito com

ela. Muitos nomes, como Gandalf, foram retirados do antigo islandês.

Aversão à tecnologia

Segundo Carpenter 2006, se por um lado Tolkien exerceu grande influência na era da

Page 20: Influência de Tolkien nas Artes

20

informática, por outro, isso bate de frente com a visão nostálgica e radical do autor. Ele

sempre foi avesso a trens, automóveis, televisão e comida congelada, a indústria em si.

Tolkien acreditava que essa dominação e controle que a tecnologia moderna exerce sobre o

Homem, mesmo que usadas para o bem, "trazem sofrimento à criação" (referindo-se ao seu

Mundo Secundário). Este ponto de vista foi criado devido a sua experiência como veterano da

Primeira Guerra Mundial e pai de rapazes que lutaram na Segunda Guerra Mundial, e ele não

alimentava mais a ilusão do papel benéfico e salvador do desenvolvimento das tecnologias.

Com esse pensamento, ele coloca o problema da tecnologia no coração de O Senhor dos

Anéis. O Um Anel é o instrumento máximo do poder. Poder esse que até Gandalf preferiu não

arriscar, deixando o fardo para Frodo. E cabe ao pequeno hobbit o dilema da saga: ter o poder

não é possuir o Um Anel, e sim destruí-lo. Frodo deve então renunciar ao poder porque ele

corrompe. Só assim ele será capaz de destruir Sauron. (CARPENTER 2006)

"Aqui, no fim de todas as coisas..." (TOLKIEN, 2000, p.227)

Além de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, foram publicados Sir Gawain and the

Green Knight (1925), Mestre Gil de Ham (1949), As Aventuras de Tom Bombadil (1963),

Smith of Wootton Major (1967) e Sobre Histórias de Fadas (1965) entre outros. O escritor

então se aposenta e junto de sua mulher se muda para Bournemouth. Com a morte de sua

esposa em 19 de Novembro de 1971, após 55 anos de casamento, Tolkien refugiou-se na

solidão em um apartamento na Universidade de Oxford. Numa carta ao seu filho Christopher,

John Ronald Reuel Tolkien escreveu, sobre sua mulher Edith Bratt:

[...]o cabelo dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que

vocês viram, e sabia cantar… e dançar. Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e

não posso suplicar perante o inexorável Mandos.[...]. (TOLKIEN, aput CARPENTER, 1927,

p. 397)

No texto, Tolkien decide que no epitáfio de Edith estaria escrito Lúthien. Lúthien é

uma personagem de O Silmarillion inspirada na esposa de Tolkien, como afirma o trecho da

mesma carta:

“É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais

significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien

[...] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se

tornou parte de O Silmarillion.‖ (TOLKIEN apud CARPENTER, 1927, p. 397)

Lúthien era elfa, imortal, mas se apaixona por um mortal, Beren. Ela então desiste de sua

Page 21: Influência de Tolkien nas Artes

21

imortalidade. Ambos enfrentam muito para ficar juntos e, quando ele morre, Lúthien vai até

os Palácios de Mandos, o guardião das Casas dos Mortos. Beren a aguardava nos Palácios, e

ela canta diante de Mandos que, então, se comove, a única vez em toda sua existência, e

permite que ambos voltem, como mortais. E assim foi. No túmulo, abaixo do nome Edith

Tolkien está escrito Lúthien, que, nas histórias, é a mais bela das elfas, a mais bela dos Filhos

de Ilúvatar. A história dos dois está contada na Balada de Leithian.

Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o Doutorado Honorário em Letras da

Universidade de Oxford, e conseguiu seu último e mais importante título: a Ordem do

Império Britânico pela Rainha Elizabeth, uma das maiores honras britânicas. Era agora Sir

John Ronald Reuel Tolkien.

No dia 28 de Agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do

outro dia foi internado, com úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se uma infecção no

peito.

Aos 81 anos de idade, então, nas primeiras horas do domingo de 2 de Setembro de

1973, J. R. R. Tolkien morre na Inglaterra. Enterrado junto com a esposa, no Cemitério de

Wolvercote, no túmulo feito de granito da Cornualha, abaixo do seu nome há a inscrição

Beren.

O obituário escrito ao jornal The Sunday Times diz

Dois de Setembro de 1973, Londres. J.R.R. Tolkien, lingüista, estudioso e autor de

sucesso, faleceu hoje em Bournemouth. Ele tinha oitenta e um anos… (The Sunday, 1973)

Após sua morte, o seu filho Christopher editou e publicou "O Silmarillion" (em 1977), além

de nos anos 80 e 90 lançar a série The History Of Middle-Earth (A História da Terra-Média),

uma gigantesca coletânea dividida em doze volumes, e Unfinished Tales of Númenor and

Middle-Earth (Contos Inacabados), seu livro mais recentemente publicado é Os Filhos de

Hurin ou Narn i hîn Húrin, também baseados em manuscritos do autor J.R.R. Tolkien, seu

pai, livro esse lançado em 2007.

Em 1992, ano em que Tolkien completaria 100 anos, duas árvores foram plantadas em

seu tributo em Oxford pela Tolkien Society e pela Mythopoeic Society, grupos de leitores e

estudiosos de sua obra. Essas duas árvores fazem alusão às Duas Árvores de Valinor, que

davam luz a Valinor nos Dias Antigos. Em suma, nada melhor, do que as palavras do próprio

autor, para sintetizar a essência da sua vida e obra:

Page 22: Influência de Tolkien nas Artes

22

Nasci em 1892 e passei toda a infância numa região

chamada ―The Shire‖, numa época anterior à

mecanização da lavoura. Em outras palavras, e o que

importa ressaltar é que sou cristão (o que se pode inferir

muito bem das minhas histórias), na verdade sou

católico romano. Já este segundo ―fato‖ pode não ser tão

facilmente inferido… na verdade o que sou mesmo é um

hobbit (em todos os aspectos, exceto pelo tamanho).

Gosto muito dos jardins, árvores e lavouras não

mecanizadas; fumo cachimbo e aprecio boa comida

caseira… gosto dos trajes alinhados e tenho a pachorra

de usar coletes, numa era tão sem graça, quanto a nossa.

Amo cogumelos (colhidos diretamente do campo); meu

senso de humor é coloquial (mesmo os meus críticos

mais simpáticos costumam considera-lo tedioso);

costumo ir dormir tarde e (de preferência) acordo tarde.

Não sou de viajar muito. (TOLKIEN,apud

CARPENTER, 1965, p. 285)

Cronologia

1892 – No dia 3 de Janeiro nasce John Ronald Reuel Tolkien em Bloemfontein, África

do Sul. É batizado em 31 de janeiro, na Catedral Anglicana de Bloemfontein. Seus

padrinhos eram Edith Mary ―May‖ Incledon, G. Edward Jelf e Tom Hadley.

1895 – No início de Abril, Mabel Tolkien parte para a Inglaterra com seus dois filhos,

Ronald e o seu irmão mais novo, Hilary e desembarcam três semanas depois em

Southampton, Inglaterra. O pai, Arthur Tolkien, permanece na África do Sul.

1896 – Morre Arthur Tolkien no dia 15 de Fevereiro. O restante da família passa a

viver em Sarehole (uma aldeia ao sul de Birmingham). Tolkien aprende a ler.

1899 – É possível que Mabel Tolkien tenha começado a levar seus filhos a St. Anne’s,

uma igreja católica em Alcester Street, Birmingham, no fim deste ano.

1904 – Morre Mabel Tolkien no dia 14 de Novembro aos 34 anos de idade.

1905 – Ronald e seu irmão instalam-se na casa de sua tia Beatrice.

1908 – Ronald conhece Edith Bratt. Também neste ano ou no próximo, Tolkien teria

comprado o livro A Primer of the Gothic Language, de Joseph Wright, de um amigo

da escola; começa a desenvolver uma língua baseada no gótico.

1909 – Ronald fracassa na seu intenção de obter uma bolsa de estudo em Oxford.

Page 23: Influência de Tolkien nas Artes

23

1910 – Ronald ganha uma bolsa de estudos para a Exeter College de Oxford.

1911 – Forma-se o T.C.B.S. (Tea Club, Barrowian Society).

1915 – Ronald recebe Honra de Primeira Classe em seus exames de graduação. Alista-

se nos Lancashire Fusiliers e inicia seu treino em Bedford e Staffordshire.

1916 – Ronald casa-se com Edith, e alguns meses mais tarde, em junho, embarca

rumo à França. Dirige-se à Somme como subtenente do II de Lancashire Fusiliers e

serve como oficial de sinais do Batalhão. Em Novembro retorna à Inglaterra e adoece

da febre das trincheiras.

1917 – Convalescente, começa a escrever O Livro dos Contos Perdidos, que se

converterá mais tarde em O Silmarillion, sua mais importante obra. Em Novembro

nasce seu filho mais velho, John.

1920 – É nomeado Professor Adjunto de Língua Inglesa na Universidade de Leeds.

Nasce seu segundo filho, Michael, a quem é dedicado o livro Roverandom.

1922 – Tolkien trabalha em conjunto com E. V. Gordon no livro Sir Gawain & The

Green Knight

1925 – Tolkien é designado à Cátedra de anglo-saxão Rawlinson & Bosworth, em

Oxford. Nasce seu terceiro filho, Christopher Tolkien.

1926 – Começa sua amizade com C. S. Lewis. Formação do The Coalbiters.

1929 – Nasce sua filha mais nova, Priscilla.

1930 – Tolkien começa a escrever O Hobbit, mas o abandona antes de terminar.

1931 – Formação do The Inklings (veja a figura ao lado).

1936 – Susan Dagnall, da editora londrina Allen & Unwin, lê o manuscrito de O

Hobbit, e Tolkien conclui o livro a pedidos dela. É acertada sua publicação.

1937 – Publicação de O Hobbit, no outono. Atendendo a um pedido de Stanley Unwin,

Tolkien começa a escrever uma segunda parte que se converterá em O Senhor dos

Anéis, sua mais famosa obra.

1940 – Segundo filho de Tolkien, Michael, alista-se no serviço militar e começa a

treinar como artilheiro antiaéreo. No ano seguinte, vira Oficial Cadete da Faculdade

Militar Real.

Page 24: Influência de Tolkien nas Artes

24

1943 – Terceiro filho de Tolkien, Christopher, é convocado pela Força Aérea. Anos

difíceis para Tolkien, sendo ele o seu filho preferido e de grande ajuda para o pai no

desenvolvimento de O Senhor dos Anéis.

1945 – Morre Charles Willians, escritor e amigo de Tolkien, membro dos Inklings;

Tolkien é nomeado para a Cátedra de Língua e Literatura Inglesa de Merton e deixa a

faculdade de Pembroke.

1949 – O Senhor dos Anéis é terminado; O livro Mestre Gil de Ham é publicado pela

Allen & Unwin.

1954 – Publicação dos dois primeiros volumes de ―O Senhor dos Anéis.

1955 – Publicação do terceiro volume de ―O Senhor dos Anéis‖.

1962 – Publicação de As Aventuras de Tom Bombadil.

1963 – Morre C.S.Lewis, grande amigo de Tolkien, membro dos Coalbiters e dos

Inklings.

1964 – Publicação de Tree and Leaf.

1967 – Publicação de Smith of Wootton Major.

1971 – Edith Tolkien morre em Novembro, com oitenta e dois anos

1972 – Tolkien recebe o Doutorado Honorário em Letras da Universidade de Oxford e

a Ordem do Império Britânico, tornando-se Comendador do Império Britânico.

1973 – No dia 28 de Agosto viaja para passar uns dias com seus amigos de

Bournemouth. Adoece e morre numa clínica nas primeiras horas de Domingo, 2 de

Setembro, aos oitenta e um anos de idade.

1992 – No ano do Centenário de Tolkien, a Tolkien Society e a Mythopoeic Society

plantam em Oxford duas árvores em seu tributo, relembrando a história das Duas

Árvores de Valinor criada por Tolkien, em seu livro ―O Silmarillion‖.

(KYRMSE, Explicando Tolkien, 2003)

Page 25: Influência de Tolkien nas Artes

25

3. A INFLUÊNCIA

Legado

Apesar de ter dado início em 1937 com O Hobbit, o livro infanto-juvenil, foi somente

após o lançamento da trilogia de O Senhor dos Anéis (1954-1955) que Tolkien passou a ser

conceituado por milhões de fãs. Em 1996, uma pesquisa feita pela livraria londrina

Waterstone's, que conta com mais de 200 lojas em toda Grã-Bretanha, em parceria com o

canal de televisão Channel 4, elegou O Senhor dos Anéis como o melhor livro do século e O

Hobbit entre os vinte melhores. Uma outra pesquisa mais recente, datada de 2003, feita pela

BBC, perguntando às pessoas qual o livro favorito delas, "O Senhor dos Anéis" ficou em

primeiro, e "O Hobbit" em vigésimo quinto. São mais de 50 milhões de exemplares vendidos

em vários países, traduzido para 34 idiomas, juntamente com legiões de fãs que se dedicam a

ler e estudar a obra do autor. (J.R.R. TOLKIEN: Master of the Rings. Direção: Chris Gormlie.

Produção: Gavin Bott. [S.l.]: Cromwell, 2001. DVD; e A INFLUÊNCIA do Anel. Direção:

Carlene Cordova. Produção: Cliff Broadway. [S.l.]: Sony Enterteinment, 2005. DVD.)

O mundo artístico também foi muito influenciado por Tolkien. O cinema

(principalmente a trilogia O Senhor dos Anéis), a música, o RPG (liderado pelo D&D), os

desenhos animados, a literatura, as histórias em quadrinhos, os jogos de computador e até

mesmo a Internet, com milhares de websites dedicados a sua obra sofreram inúmeras

influências do escritor freqüentemente aclamado como o maior autor do século XX em

pesquisas de opinião. (A INFLUÊNCIA do Anel. Direção: Carlene Cordova. Produção: Cliff

Broadway. [S.l.]: Sony Enterteinment, 2005. DVD.)

John Ronald Reuel Tolkien foi membro da diretoria do New English Dictionary

(1918-1920), professor de Língua Inglesa na Universidade de Leeds, cátedra Rawlinson &

Bosworth, posto ligado à Faculdade Pembroke (em Oxford) (1920-1925), professor de anglo-

saxão (inglês arcaico) em Oxford (1925-1945) e professor de Língua e Literatura Inglesa em

Merton (1945-1959), o que caracteriza um jeito próprio de lidar com os livros e a mitologia

sempre presente em seus livros.

Mesmo com o sucesso de O Senhor dos Anéis, Tolkien só virou celebridade por volta

da década de 1960, especialmente nos campi das universidades.[15]

Estes fãs tiveram a mesma importância que os trekkers em Star Trek, os "star warriors" em

Star Wars e os "excers" em Arquivo X para tornar a obra de Tolkien conhecida. Desde os

encontros da primeira sociedade Tolkien, que se comunicava através de frases em cartazes no

Page 26: Influência de Tolkien nas Artes

26

metro de Nova York, a tolkienmania só cresceu e continua a influenciar muita gente. No auge

da contracultura, a obra era considerada uma espécie de bíblia da Sociedade Alternativa. Com

broches como "Frodo Vive" e "Gandalf para Presidente", os fãs se reuniam para celebrar

Tolkien. O público nessa época era composto, quase sempre, por geeks da computação e

hippies. (A INFLUÊNCIA do Anel. Direção: Carlene Cordova. Produção: Cliff Broadway.

[S.l.]: Sony Enterteinment, 2005. DVD)

A criação de mundos complexos como a Terra-Média também deram uma arejada à

literatura ficcional, além de inaugurar um novo gênero literário, a literatura fantástica, algo de

que Tolkien sentia falta na literatura. Muitos autores também criaram seus mundos próprios e

essa realidade virtual criada por Tolkien foi o elemento-chave para a ficção científica de Duna

(de Frank Herbert), para a fantasia de A Cor da Magia (de Terry Pratchett).

Talvez até para o universo de Harry Potter de J. K. Rowling, tenha servido de base,

apesar de Rowling gostar muito da obra tolkieniana, ter declarado: p. 62

―Penso que, se deixarmos de lado o fato de que os livros falam de dragões, varinhas mágicas e

magos, os livros de Harry Potter são muito diferentes, especialmente no tom. Tolkien criou

toda uma mitologia. Não penso que alguém possa dizer que eu tenha feito isso.‖(ROWLING,

2003)

Além disso, o autor David Colbert escreveu em seu livro "O Mundo Mágico do

Senhor dos Anéis":

―Muitas pessoas tentam comparar J. R. R. Tolkien e J. K. Rowling só porque ambos contam

histórias sobre mundos imaginários habitados por magos. Não há muita coisa semelhante

entre suas histórias.” (COLBERT, p. 65)

Em 1974, Gary Gygax e Dave Anderson arrumaram uma maneira de interagir com

esta realidade e criaram o Role-Playing Game (RPG) Dungeons & Dragons, um jogo de

personificações com temas fantásticos, inspirados na Terra-Média de Tolkien. Com o RPG foi

possível se aventurar no universo de orcs, anões, elfos, dragões e até os hobbits, os Halflings

do D&D, que mantêm muitas características dos Hobbits com leves alterações (inclusive o

próprio Tolkien usava o nome halfling para os seus hobbits). O RPG serviu de estímulo para o

público explorar e conhecer novos mundos. A própria Terra-média chegou a ter seu RPG, o

MERP (Middle-Earth Role Playing), em 1982, só que o complexo sistema de regras e os

freqüentes equívocos em relação à trama atrapalharam sua difusão, e o MERP não saiu.

Na década de 1970, um hacker fã de Tolkien deu uma ajuda ao programador do arcaico RPG

Page 27: Influência de Tolkien nas Artes

27

Adventure. O jogo foi transformado, ganhou o nome de Zork e virou hit entre os usuários da

Arpanet (embrião da Internet) porque estava cheio de referências ao mundo de Tolkien. Nos

primórdios da rede, essas realidades virtuais ganharam uma versão em texto, batizadas de

MUD (Multi-User Dungeon/Dimension, que em português soa algo como "Dimensão

Multiusuários"). Hoje, graças aos avanços da tecnologia, os MUD caíram em desuso e o que é

sucesso são jogos multiplayer como EverQuest, Última Online, Asheron’s Call, Warcraft e

Kingdom Under Fire. Todos têm em comum cenários fantásticos e referências às obras de

Tolkien. A Internet teve papel importante na propagação dos trabalhos do autor. Através dela

foi possível reunir fãs do mundo inteiro, que demonstram sua admiração e discutem a política,

sociedade, as línguas, a biologia e a história da Terra-Média. Há milhares de sites dedicados

aos trabalhos de Tolkien que trazem ensaios, poemas, fan-fictions (contos de ficção escritos

por fãs), sátiras, críticas, notícias, grupos de estudos, de discussão, fóruns e humor.

Ao contrário dos "trekkers" e dos "star warriors" que aprovam e incentivam as

seqüências das obras originais em livros, filmes, seriados, produtos e HQs, os fãs de Tolkien

preferem manter seu próprio ponto de vista sobre a obra. Com uma visão muito pessoal e

particular da saga de Frodo, os fãs não se arriscam a tocar na Terra-média. E esse é um dos

motivos que impediram uma proliferação ainda maior do legado do autor. A única exceção

talvez seja o livro The Black Book of Arda, escrito por duas jovens russas no início dos anos

90, que recontavam os acontecimentos de O Silmarillion, só que do ponto de vista dos vilões.

A influência de Tolkien também pode ser percebida nas mais diversas formas de artes.

Pintores como John Howe, Roger Garland, Ted Nasmith, Alan Lee, Tim Kirk e os irmãos

Hildebrandt entre outros figuram em enciclopédias ilustradas e centenas de galerias de

imagens na Internet. Eles retratam com primazia várias passagens dos livros

História em quadrinhos

Tolkien também marcou presença nas HQs. Há influência dele em Bone, de Jeff Smith,

e na mega-série Elfquest,[20] que já tem mais de vinte anos de publicação e conta a história

de um mundo recheado de elfos. Também existe Lodoss, uma série criada por fãs-japoneses

de RPG, que durante anos, anotaram suas aventuras e transformaram em duas sagas animadas.

A primeira é The Record of Lodoss War (de 1991) e a mais recente saga chama-se Chronicles

of the Heroic Knight (de 1999), ambas trazem um mundo mágico de deuses, dragões,

demônios, magos e guerreiros lutam pelo poder.

Page 28: Influência de Tolkien nas Artes

28

Música

A obra do autor também marcou profundamente a música, principalmente estilos

como o hard rock, o new age e variantes do heavy metal. Milhares de canções de bandas

como Led Zeppelin, Blind Guardian, a banda sueca Za Frûmi’s (que compôs uma música com

uma versão modificada do idioma orc), Rush, Jethro Tull, e outras, são creditadas como de

alguma forma associadas às obras de Tolkien.

Cinema e televisão

Em 1978, o animador britânico Ralph Bakshi (o mesmo de Super Mouse e Gato Felix)

adaptou "O Senhor dos Anéis" para o cinema num longa-metragem de animação de duas

horas. Outras duas obras de Tolkien viraram longas animados para a TV inglesa: O Hobbit

(em 1977) e O Retorno do Rei (1980), ambas criadas para especiais de TV e dirigidas por

Jules Bass, o mesmo produtor de Thundercats e Silverhawks e co-diretor do longa metragem

Rudolph, a rena do Nariz Vermelho.

O desenho animado Caverna do Dragão e o filme Dungeons & Dragons foram

baseados no RPG D&D, e por isso também pode-se dizer que foram influenciados pela obra

de Tolkien.

Podem-se citar outras produções cinematográficas como O Cristal Encantado (1982),

A História Sem Fim (1984), Labirinto (1986), A Lenda (1986), Willow – Na Terra da Magia

(1988) e Coração de Dragão (1996). Peter Jackson, um antigo fã de Tolkien, dirigiu três

filmes da saga, produzidos simultaneamente (divididos do mesmo modo que os livros,

lançados em 2001, 2002 e 2003), rendeu 17 Oscar à série, 4 ao primeiro, 2 ao segundo e 11

concedidos ao terceiro, igualando-o aos recordes de Titanic e Ben-hur.

3.2 Influenciando Guerra nas Estrelas

Quando o John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) era uma criança ele ouvia as

crianças da vizinhança falando um idioma de brincadeira que chamavam Animalic.

Tolkien contribuiu para criar o próximo idioma imaginário do bairro, Nevbosh ("tolice nova").

Com doze anos sua mãe faleceu, e ele achou consolo no que se tornaria a obsessão de vida: a

construção de um idioma elfico. Esta fascinação com idiomas ajudou eventualmente Tolkien a

Page 29: Influência de Tolkien nas Artes

29

atingir uma posição como Professor de Merton de Idioma inglês e Literatura em Oxford,

especializando em Filologia. Ele gastou a maioria do tempo livre inventando "idiomas de

fantasia": "Quenya" é derivado do finlandês, "Sindarin" do galês. Quando criou estes idiomas,

Tolkien teve uma revelação: Para ser "real", tem que refletir uma perspectiva cultural para o

idioma; a "história" de uma cultura. Em outra palavra, um idioma real insinua e exige um

mito. Por exemplo, a palavra inglesa "excruciante" alude à história da crucificação de Cristo.

(Revista TOLKIEN, número 6, 1998)

Tolkien publicou O Hobbit em 1936 e O Senhor dos Anéis em 1954. Foram escritos

ambos baseados nos idiomas imaginários, e ele ficou frustrado pois a maioria das pessoas

achou que fosse o contrário. Em um artigo que explica a obsessão dele chamado Um Vício

Secreto, Tolkien escreveu, "A criação de idioma e mitologia são funções relacionadas. A

construção do idioma criará uma mitologia."

O trabalho de Tolkien foi um prazer despreocupado nos círculos acadêmicos durante

uma década: os professores e estudantes eram relutantes em admitir o quanto amavam as

histórias tolas sobre "duendes e dragões." Por volta dos anos sessenta O Senhor dos Anéis foi

provavelmente a história de fantasia mais influente no mundo Ocidental, enquanto ocupando a

mesma posição Guerras de Estrela foi nos anos setenta e o Ciclo de Anel de Wagner foi para

o fim do século XIX.

George Lucas freqüentemente afirmava que O Senhor dos Anéis foi a influência

principal em Guerras de Estrela. O material superficial é o mais óbvio, mas a lição sutil que

Lucas aprendeu de Tolkien é como controlar os pontos delicados de um mito. A maneira

como Tolkien escreveu aquele mito e conto de fadas parece ser o melhor modo para

comunicar moralidade - sugestões por escolher entre direito e errado - e na realidade isso pode

ser o propósito primário disso. Tolkien era devoto Cristão, e relutava em como falar sobre A

Bíblia Cristã. Ele observou que o Novo Testamento é estruturado em particular como um mito,

e quis poder explorar isso sem dar a impressão que estava depreciando o que viu como uma

revelação divina genuína. Finalmente ele decidiu que a Bíblia é um verdadeiro mito, e

histórias como O Senhor dos Anéis são "sub-criações. "

Guerras de estrela pode ser Flash Gordon por fora, e a estrutura é basicamente de

Campbell, mas o coração, o mito, foi retirado profundamente de Tolkien. Isso não significa

Lucas copiou Tolkien; a inspiração primária de Tolkien para o bem e o mau foi Sir Gawain e

o Cavaleiro Verde do século XIV de autor desconhecido, e registrou a frustração dele em não

poder achar as fontes para aquela história. Ele não teve nenhuma dúvida que tais fontes

Page 30: Influência de Tolkien nas Artes

30

existiram, e esperou aprender delas do mesmo modo que Lucas aprendeu dele. Todas as

grandes histórias têm raízes fundas. (Revista TOLKIEN, número 6, 1998)

Aqui estão algumas das semelhanças superficiais entre Guerras de Estrela e O Senhor

dos Anéis:

Trilogia: Guerra nas estrelas é a guerra do anel, o império contra ataca é As duas Torres, e o

retorno de Jedi é obvio o Retorno do rei.

Yoda é como Gollum : esverdeado, orelha pontuda, problema de fala.

Sabre de luz igual as espadas que brilhavam no escuro.

Obi-wan Kenobi similar a Gandalf.

Darth Vader representa o Rei-bruxo, e o Imperador Palpatine igual a Sauron.

Como Obiwan entrega a espata tirada da caixa a Luke, da mesma forma faz Bilbo ao entregar

ferroada a Frodo.

Como Darth Vader corta a mão de Luke e seu sabre cai no abismo, Gollum corta o dedo de

Frodo com o anel e também cai no abismo.

Entre tantas outras.

Influencia tolkien (1892 – 1973)

O senhor dos anéis tornou-se o fenômeno do século XX.

Tornou-se cult e reinventou o gênero de ficção de fantasia heróica moderna inspirando

incontáveis imitadores cujos trabalhos estão nas seções de fantasia e ficção. Criou um novo

gênero, a ficção fantástica.

A maior influencia foi na escrita da literatura de fantasia em si. Um enorme numero de

escritores encontrou um nicho no mercado que a obra de Tolkien abriu tão dramaticamente.

Stephen R. Donaldson – The Chronicles of Thomas Covenant

Terry Brooks – a viagem, serie Shannara

Ted Williams – THE BURGLAR WHO TRADED

Terry Pratchet – serie discworld – a cord a magia entre outros

JK Rowling- harry potter

Page 31: Influência de Tolkien nas Artes

31

Só para nomear alguns.

Mesmo os editores buscando um ―novo Tolkien‖, sua obra conseguiu efeitos que não

podem ser facilmente duplicados. Não basta colocar criaturas fantásticas num mundo de

fantasia para conseguir este efeito, há muito trabalho literário e histórico por traz da grande

obra de Tolkien.

Nasceu em 1892 em Blomfontein na África do Sul. Mudou-se para Inglaterra em 1896

após a morte do pai. Em 1900 sua mãe tornou-se católica e isso influenciaria muito sua

perspectiva do mundo. Sua mãe morreu em 1904, ele e o irmão foram criados pelo Padre

Francis. Em 1908 conheceu Edith que era 3 anos mais velha que ele. Ela tornou-se católica e

casaram-se em 1916.

Começou seus estudos em Oxford em 1911. estudou os clássicos do inglês antigo, o

idioma da Inglaterra anglo-saxônica, também o nórdico antigo, gales, gótico e finlandês.

A historia dos idiomas antigos da europa inspirou Tolkien a escrever poemas e historias com

idiomas que ele próprio criou baseado em seus estudos. Ao inventar esses idomas, foi levado

a inventar uma história para eles.

Tolkien queria criar uma mitologia para a Inglaterra, com geografia, historia e sua

obra definiu toda uma cultura da época.

Ele inventou uma mitologia para a inglaterra, pois os Finlandeses tinham o Kalevala, os

Islandeses tinham as Eddas. As lendas Arthurianas eram de origem francesa, importada. Ele

queria uma lenda anglo-saxônica para os ingleses então baseou-se em Beowulf.

Na primeira guerra mundial, participou da Batalha de Somme, onde viu seus amigos

perderem a vida, e começou a questionar a razão das guerras. Isso o influenciou e acabou

refletido em sua obra.

O senhor dos Anéis trata sutilmente de assuntos do cotidiano, da guerra e as diferenças étnicas,

também está baseado nas guerras antigas da Inglaterra.

Depois da guerra trabalhou como lexicógrafo em Oxford no projeto que produziu a

primeira edição do Dicionário de Inglês de Oxford. (Oxford English Dictionary).

Page 32: Influência de Tolkien nas Artes

32

Em 1920 foi nomeado Professor associado em Ingles e Literatura inglesa na

Universidade de Leeds, onde ensinou inglês antigo e medio, e nordico antigo.

Em 1925 foi nomeado Professor de Anglo-Saxão em Oxford onde ficou até sua aposentadoria

em 1959.

Como acadêmico suas publicações eram muito influentes, principalmente seus

trabalhos de analise e tradução de textos antigos como Êxodo e Beowulf.

Escreveu o Hobbit em 1937, uma historia de aventura com elfos, hobbits, cavaleiros e

dragão, voltado ao publico infantil.

O Senhor dos Anéis foi lançado quase 20 anos depois, pois ele revisava sua obra

constantemente, era perfeccionista e também queria incluir partes de sua mitologia na obra

que deveria ser uma continuação da primeira.

Seu amigo C.S.Lewis produziu os sete livros das crônicas de Nárnia em sete anos

apenas. Ele era seu amigo em Oxford e em apoiava e influenciava o outro. Tolkien levou

Lewis ao catolicismo e foi influenciado a escrever fantasia também.

Os amigos Tolkien, Lewis, Charles Williams e outros formaram um grupo chamado

Inklings, que se reuniam para trocar idéias literárias, ler poemas, criticar e mostrar seus

trabalhos.

Houve no final do século XIX uma divisão literária, onde havia uma preferência pela

literatura realista do século 19, e o impulso de falar a verdade sobre a sociedade e a visão

mundial, porém Tolkien acreditava que se podia dizer mais verdades com uma lendo ou conto

de fantasia do que com a própria historia.

Colocou em suas obras várias características do que presenciou, e que marcaram sua

vida como as 2 guerras mundiais, a modernização, industrialização, poluição , as grandes

cidades vitorianas, o trem a vapor, mecanização e muito barulho.

Em suas obras Tolkien criou raças, culturas, políticas e idiomas para individualizar

suas idéias.

Page 33: Influência de Tolkien nas Artes

33

Tolkien começou inventando a língua elfica, depois criou um mundo onde ela poderia

ser falada.

Sua obra também traz influencias das culturas antigas nórdicas, viking, celta. Beowulf

foi o ponto de referencia para suas obras sobre a Inglaterra antiga, inspirou-se na lenda do

dragão, utilizou o idioma e a cultura em sua obra, principalmente na criação da cultura de

Rohan de O senhor dos Anéis, com sotaque, e escrita aliterada.

Tolkien não gostava da idéia vitoriana dos Elfos: pequenas criaturas aladas que

apareciam nos livros infantis em sua época. Para seus próprios elfos, ele buscou a

representação do reino das fadas nos grandes romances medievais, tais como Sir Orpheo e as

lendas de Arthur. Nestes textos os elfos aparecem como humanos embora sejam mais

espirituais e belos. Esse traço também é comum em Shakespeare, nas literaturas escocesa e

irlandesa.

O senhor dos Anéis teve uma influencia notável nas artes. Grandes artistas visuais

desenharam cenas do romance. A maior celebridade entre eles na época foi Roger Dean. Seus

quadros mais famosos Roulaya e Castelo Verde foram inspirados no romance de Tolkien.

O mundo do Rock também foi influenciado pelos escritos de Tolkien, grupos como

Yes e Uriah Heep inspiraram-se em seus trabalhos. O imaginário foi refletido nas capas dos

discos com Demons and Wizards, Magicians Birthday.

Os Beatles tinham um projeto de produzir um filme sobre o Senhor dos Anéis, na

época do seu sucesso quando o grupo produziu vários filmes para a televisão.

Banda Mostly Autumn de Londres até hoje tem seu trabalho inspirado na fantasia de

Tolkien.

O escapismo de suas obras é tão detalhado que é quase real, como se o lugar existisse.

A maioria dos livros de fantasia não foram escritos até por volta dos anos 70.

Page 34: Influência de Tolkien nas Artes

34

O sucesso e repercussão de seu trabalho reuniu milhares de pessoas que criaram a

Tolkien Society. Uma sociedade séria de estudos literários, principalmente de fantasia e

baseados nas obras e estudos do mestre Tolkien.

Se pesquisar o nome Tolkien na internet, terá milhões de sites relacionados e

discussões sobre artes, musica, idiomas, livros, artigos de decoração, coleções, brinquedos,

uma infinidade de assuntos relacionados, noticias sobre peças teatrais, eventos, filmes, tudo

baseado em seu trabalho.

As obras de Tolkien tornaram-se Cult nos anos 60, e o livro do senhor dos anéis é

consultado e estudado como uma bíblia. O livro foi fenômeno de vendas, e recebeu o titulo

mundial de O livro mais vendido do século XX (livro considerado literário, pois o livro mais

vendido é a Bíblia, e sendo assim O senhor dos Anéis ocuparia então a segunda posição).

Tornou-se um clássico da literatura inglesa, de reputação como Moby Dick e Guerra e Paz.

Ele contava histórias para seus filhos e foi incentivado pelos amigos a publicá-la se

compartilhá-las com o mundo.

Os fans de ficção cientifica, em moda na época, descobriram que o senhor dos anéis

era o novo clássico da literatura inglesa. Na 15ª convenção anual de ficção cientifica em

Londres, Tolkien ganhou o premio internacional de fantasia.

Grady Zimmerman, cineasta da época, criou o primeiro script para um filme de O

senhor dos anéis.

Na pesquisa dos 100 melhores romances do século XX, O senhor dos anéis aparece

em primeiro lugar.

Inspirou escritores e atores, pois sua obra tranporta o leitor para outro mundo e assim

incentivou a leitura, pois depois que lê senhor dos anéis, desperta no leitor um sentido de

curiosidade e vontade de ler mais sobre o assunto.

A contra cultura dos anos 60 nos Estados Unidos foi alimentada por 3 coisas principais:

hippies, Rock & Roll e J.R.R. Tolkien.

Tolkien não esperava por esse sucesso todo e o rumo que as coisas tomaram.

Page 35: Influência de Tolkien nas Artes

35

Na década de 60, Muz Murray com um grupo de poetas e músicos realizaram um

show baseado na fantasia de tolkien onde participaram Marc Bolan (T-Rex), David Bowie e

Lemmy Kilmister (Motorhead).

Sua obra estava também entre os usuários de drogas como a Maconha, LSD.

―Os Hobbits parecem estar tão na moda quanto o LSD‖ – revista TIME da década de 60.

O livro do Senhor dos Anéis tem temas como: amizade, lealdade, a luta do bem contra

o mal, a humanidade, a luta pela igualdade e liberdade. As diferentes raças se unem para

salvar o mundo. Há também a luta pela preservação da natureza, contra o desmatamento e a

industrialização.

Na Green Party, o Partido Verde desfila todo ano vestidos de Ents com a campanha da

preservação do meio ambiente, contra o desmatamento e poluição das florestas.

Rock & Roll

O Rock dos anos 60 começou a mencionar os personagens de Tolkien em suas

composições e varias se tornaram clássicos da historia do rock.

Leonard Nimoy (Jornada nas Estrelas) gravou A Balada de Bilbo Baggins.

Marc Bolan (The Wizard) –

David Bowie, Pink Floyd, The Doors tocavam numa casa noturna chamada Middle-earth

(Terra Média).

Led Zeppelin, tocava rock fantasia nos anos 70 e mencionava as obras de Tolkien em suas

musicas ―Cavaleiros de Mordor‖, ―Misty Mountain Top‖, Battle of Evermore‖.

Há diversas outras bandas como Yes, King Crimson, Rush com Rivendell em 75.

E no Heavy Metal as bandas como MotorHead, Motley Cruel, Blind Guardian e até

Ronnie James Dio (vocalista do Black Sabath) tiveram também sua inspiração em Tolkien.

Destas a mais famosa é Blind Guardian que contava diretamente as histórias de Tolkien em

suas composições. Seguem algumas citações:

There are signs on the ring

which make me feel so down

Page 36: Influência de Tolkien nas Artes

36

there’s one to enslave all rings

to find them all in time

and drive them into darkness

forever they’ll be bound.

Three for the kings

of the elves high in light

nine to the mortal

which cry

LORD OF THE RINGS (Blind Guardian, CD – 1991)

In my thoughts and in my dreams

They’re always in my mind

These songs of hobbits,

dwarves and men and elves

come close your eyes

you can see them too.

THE BARD’S SONG – IN THE FOREST (Blind Guardian, CD – 1992)

He gleams like a star

And the sound of his horns

Like a raging storm

Proudly the high lord

Challenges the doom

Lord of slaves he cries

TIME STAND STILL (Blind Guardian, CD – 1998)

Mine’s a tale that can’t be told,

My freedom I hold dear

How years ago in the days of old

When magic feel the air

T’was ih the darkes depths of Mordor

I met a girl so fair

But Gollum, and the evil one crept up

And slipped away with her, her, her ... yeah.

RAMBLE ON (Led Zeppelin, CD – 1969)

Page 37: Influência de Tolkien nas Artes

37

The sky is filled with good and bad that mortals never know

Oh, well, the night is long the beads of time pass slow,

Tired eyes on the sunrise, waiting for the eastern glow.

The pain of war cannot exceed the woe of aftermath,

The drums will shake the castle wall,

The Ringwraiths ride in black, ride on.

THE BATTLE OF EVERMORE (Led Zeppelin, CD – 1971)

Long ago, in the early years of the Second Age,

The great Elven-smiths forged rings of power

But them the Dark Lord learned the craft of ring-making,

And made the Master Ring

ELVENPATH (Nightwish, CD – 1997)

In the centre of the empire of darkness

Black fortress stands might and proud

The shelter for the traced and tortured

For the one who’s dammed

A dragon is watching for fortress

Black knights are controlling the land

To save their protégés from torment

They fight to defend

MORDOR (Running Wild, CD – 1985)

Elven songs and endless nights

Sweet wine and soft relaxing lights

Time will never touch you

Here in this enchanted place

RIVENDELL (Rush, CD – 1974)

So high my throne so cold as ice

It makes my blue eyes turn red

In this red covers my stronghold Angband

Page 38: Influência de Tolkien nas Artes

38

As a shadow fog to keep it unseen...

The Silmaril now covers my crown

Keep away Ungolianth...

UNGOLIANTH (Summoning, CD – 1995)

In the shadow of the dark throne

For the hour is at hand

That long hath awaited thee Greenleaf

Bearer of the Elvenbow

Far beyond Mirkwood many trees on earth grow

Thy last shaft when thou hast shot

Under the mournful trees thou shalt walk

Under the mournful trees thou shalt walk

ELFSTONE (Summoning, CD – 1996)

A hunt for an ancient treasure

No herbs to restore his life

To die by an orchish arrow

Victorious the Olog-hai

Slow you’ll die – the dark one smiles

THE DARK ONE ( Unleashed, CD – 1991)

- instrumental –

LOTHLORIEN (Enya, CD – 1988)

Speak to me in a language I can hear

Humor me before I have to go

Deep in thought I forgive everyone

As the cluttered streets greet me once again

I know I can’t be late, supper’s waiting on the table

Tomorrow’s just an excuse away

So I pull my collar up and face the cold, on my own

The earth laughs beneath my heavy feet

(...)I’ve journeyed here and there and back again.

Page 39: Influência de Tolkien nas Artes

39

THIRTY THREE ( Smashing Pumpkins, CD – 1995)

A maioria destes artistas teve a leitura das obras de Tolkien em sua juventude, que era

uma novidade, era empolgante, comparada à tradicional leitura dos clássicos.

Há uma cidadezinha na Califórnia que foi inaugurada em 1981 com o nome de

Hobbiton, cidade dos Hobbits na obra de mesmo nome e no senhor dos anéis.

Na década de 70 surgiram os primeiros desenhos animados da obra. O Hobbit em

1977.

Saul Zaentz comprou os direitos de filmagem de O senhor dos Anéis.

Ralph Bakshi produzidu o Senhor dos Anéis em 1978.

O retorno do rei foi lançado em 1980

Depois de sua morte, seu filho Christopher Tolkien continuaou a organizar os escritos

d seu pai e publicá-los.

O Silmarillion foi lançado em 1977 e foi apontado em primeiro lugar no New York

Times.

A febre Tolkien se espalhou e o merchandising explorou ao máximo esse novo

mercado de fans com posters, camisetas, calendários, jogos e brinquedos.

Em 1974 a obra de Tolkien influenciou o lançamento do jogo Dungeons & Dragons

criando aí o gêneroRPG (Roling Playing Game) e a partir daí muitos outros RPGs de fantasia

e ficção foram criados.

Não haveria seções de fantasia nas livrarias se não fosse pelo trabalho de Tolkien. Ele

abriu espaço para a indústria dos livros de fantasia influenciando muitos escritores desde

então com o chamado ―elemento Tolkien‖.

Inspirados pelo ―elemento Tolkien‖, Hollywood disparou em criações de fantasias nas

produções como Krull, The Sorcerer, The Sword and Sorcerer, The Beast Master, O cristal

encantado, entre outros, criando assim o gênero de filme ―Capa e Espada‖. Muitos outros

seguiram esse conceito e os filmes de fantasia ganharam mercado.

Page 40: Influência de Tolkien nas Artes

40

Star Wars tornou-se um clássico do cinema com sua ficção fantástica, gênero criado

por Tolkien, muitos não sabem mas a historia está baseada quase que totalmente na obra de

Tolkien, O Senhor dos Anéis, tem o ―elemento Tolkien‖, a mesma linha de pensamento, a

idéia de trilogia, o roteiro e a complexidade da história.

Surgiram os videogames com seus temas espaciais de ficção e depois com temas de

fantasia. Os jogos de computadores vieram em seguida. Vários jogos com temas de fantasia,

RPG e do tipo capa e espada.

As primeiras internets usavam um modem chamado Gandalf, personagem das obras de

Tolkien.

Lista das influências de Tolkien nas artes:

Pintura: Alan Lee, John Howe, Ted Nasmith, Greg e Tim Hildebrandt, Angus McBride.

Rock: Led Zeppelin, Blind Guardian, Nightwish, Rush, Summoning, Unleashed, Angra.

Filmes: Harry Potter, Star Wars,

Desenhos: Caverna do Dragão, Animes.

Literatura: Terry Pratchet, Harry Potter,

Com o fenômeno da internet os fans puderam se comunicar com muito mais rapidez,

criando blogs e sites de discussões. A maior e mais antiga discussão da internet é: Os Balrogs

tem asas? Referência a um personagem do livro O senhor dos anéis e do livro O Silmarillion.

Uma busca rápida do nome O Senhor dos Anéis (Lord of the Rings), mostra mai de 6.500.000

resultados de sites. Nesta pesquisa é possível encontrar blogs, fan-fics, filmes, produtos como

brinquedos, jóias, souvenirs, barbie, espadas, bobbies, cartas, cadernos, livros relacionados,

material escolar e até viagens turísticas a locais famosos da obra ou da vida de Tolkien.

Locais como Oxford, o bar Eagle and Child em Londres, a nova Zelândia, a cidade Hobbiton

na Califórnia, entre outros são visitados anualmente por fans do mundo inteiro.

Com a era do computador, internet, veio o ―Vírus‖ de computador. Todo ano no dia 22

de setembro é lançado na rede um vírus chamado ―Frodo Lives‖ criado em 1990, para

comemorar o aniversário destes personagens da ficção de Tolkien.

Page 41: Influência de Tolkien nas Artes

41

Conclusão

John Ronald Reuel Tolkien foi um estudioso, lingüista e mestre em Oxford, participou

ativamente dos projetos do idioma inglês inclusive da produção do primeiro dicionário de

inglês de Oxford. Sua especialidade era línguas antigas, anglo-saxão, nórdico, e por ser

exímio filólogo, produziu a tradução e analise do poema Beowulf, considerado um marco do

idioma inglês. Este estudo tornou-se oficial padrão da literatura dos países de língua inglesa.

Seu passatempo era criar idiomas, com base nas flexões dos idiomas antigos, e ao criar

um idioma ele acabava criando uma cultura e ambiente para este idioma; e foi assim que

surgiu sua obra mais famosa O Senhor do Anéis, que influenciaria toda literatura e arte ainda

por vir. Na década de sessenta, auge da contracultura pós-guerra, sua obra tornou-se um

fenômeno de vendas e inspiração para muitos artistas plásticos, músicos, escritores, atores,

roteiristas, enfim. Nesse momento histórico a indústria cinematográfica estava produzindo

ficção científica, que como novidade acabava deixando os clássicos e filmes de faroeste para

trás. Em paralelo a isso, a literatura de ficção científica também estava tomando conta das

prateleiras das livrarias, ao lado da literatura clássica e da literatura fantástica. A obra de

Tolkien veio fundar um novo conceito de literatura: a ficção fantástica, que torna possível

criar uma realidade alternativa dentro de uma história de fantasia, uma epopéia com a

possibilidade de ter existido em um tempo remoto.

A partir de então muitos outros escritores se basearam nesse novo conceito ao

escreverem suas obras. Muitos livros de fantasia fantástica foram lançados nos anos seguintes

e influenciaram também a criação de filmes de monstros, heróis, seres fantásticos e aventuras

épicas. Com achegada da televisão a cores, os desenhos animados de fantasia tomaram conta

das telas americanas e logo se espalharam para o mundo todo. Daí com o avanço da

tecnologia, vieram os jogos, videogames, computadores e a maioria dos jogos eram baseados

no sistema RPG (Roling Playing Game) que por sua vez foi criado na década de setenta

baseado na ficção fantástica de Tolkien.

Hoje em dia é impossível assistirmos qualquer ficção ou fantasia sem nos remeter ao

passado e pensar onde isso começou, ou então ainda estávamos assistindo adaptações de

clássicos da literatura, filmes do velho oeste ou de seres espaciais.

Page 42: Influência de Tolkien nas Artes

42

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARPENTER, Humphrey. J.R.R. Tolkien: uma biografia. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

CARPENTER, Humphrey & TOLKIEN, Christopher (org). As Cartas de J.R.R. Tolkien.

Curitiba: Arte e Letra, 2006.

COLBERT, David. O mundo mágico do Senhor dos Anéis. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

DROUT, Michael D.C. (ed). J.R.R. Tolkien Encyclopedia. New York: Routledge, 2007.

FOSTER, Robert. The Complete Guide to Middle-Earth. New York: Ballantine, 2001.

HAMMOND, Wayne G. & SCULL, Christina. J.R.R. Tolkien: Artist and Illustrator. New

York: Houghton Mifflin, 2000.

KYRMSE, Ronald. Explicando Tolkien. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

SHIPPEY, Tom. J.R.R. Tolkien: author of the century. London: Harper Collins, 2001.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1981.

TOLKIEN, J.R.R. O Hobbit. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

__________ . O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

__________ . O Senhor dos Anéis – As Duas Torres. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

__________ . O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

__________ . O Silmarillion. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

__________ . Sobre Histórias de Fadas. São Paulo: Conrad, 2006.

__________ . The Monsters and the Critics and Other Essays. London: George Allen &

Unwin, 1983.

WHITE, Michael. Tolkien: uma biografia. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

Referências em DVD:

J.R.R. TOLKIEN: Master of the Rings. Direção: Chris Gormlie. Produção: Gavin Bott. [S.l.]:

Cromwell, 2001. DVD.

BEYOND the Movie: O Senhor dos Anéis. Direção: Chico Arnaldo Guizar. Produção:

National Geographic. [S.l.]: Playarte, 2002. DVD.

A INFLUÊNCIA do Anel. Direção: Carlene Cordova. Produção: Cliff Broadway. [S.l.]: Sony

Enterteinment, 2005. DVD.

Page 43: Influência de Tolkien nas Artes

43

6. ANEXOS:

Arte de Alan Lee

Page 44: Influência de Tolkien nas Artes

44

Arte de John Howe

Page 45: Influência de Tolkien nas Artes

45

Arte de Hildebrandt

Page 46: Influência de Tolkien nas Artes

46

Arte de Ted Nasmith

Page 47: Influência de Tolkien nas Artes

47

Arte de Angus McBride

Page 48: Influência de Tolkien nas Artes

48

Música de Enya

Música:

Page 49: Influência de Tolkien nas Artes

49

Jogos:

Page 50: Influência de Tolkien nas Artes

50

Jogos e desenhos: Caverna do Dragão

Blind Guardian:

Page 51: Influência de Tolkien nas Artes

51

Grupo YES: Green Castle

Magician Birthday