influÊncia da taxa de resfriamento e do tempo de...
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PROJETO DE GRADUAO
INFLUNCIA DA TAXA DE RESFRIAMENTO E DO TEMPO DE ENCHARQUE CRIOGNICO EM PROPRIEDADES TRMICAS E MECNICAS DE
UMA LIGA NiTi
Por, Leonardo Arantes Ayres Lopes
Braslia, 27 de junho de 2014
UNIVERSIDADE DE BRASILIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA
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UNIVERSIDADE DE BRASILIA
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecnica
PROJETO DE GRADUAO
INFLUNCIA DA TAXA DE RESFRIAMENTO E DO TEMPO DE ENCHARQUE CRIOGNICO EM PROPRIEDADES TRMICAS E MECNICAS DE
UMA LIGA NiTi
POR,
Leonardo Arantes Ayres Lopes
Relatrio submetido como requisito parcial para obteno
do grau de Engenheiro Mecnico.
Banca Examinadora
Prof. Edson Paulo da Silva, UnB/ ENM (Orientador)
Prof. Palloma Vieira Muterlle, UnB/ ENM
Prof. Daniel Monteiro Rosa, UnB/ ENM
Braslia, 27 de Junho de 2014
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RESUMO
As ligas com memria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) so uma famlia de ligas
metlicas que exibem basicamente dois comportamentos excepcionais: pseudoelasticidade e
efeito de memria de forma. Isso quer dizer que esses materiais podem sofrer uma
deformao atravs de um carregamento mecnico e retornar para suas formas originais com
o descarregamento e um aquecimento respectivamente. Tais comportamentos possibilitam o
emprego desses materiais no desenvolvimento de aplicaes nas mais diversas reas. Podem-
se executar tratamentos criognicos a diferentes temperaturas para verificar a influncia das
propriedades mecnicas e trmicas em ligas com memria de forma compostas por NiTi. A
liga foi caracterizada atravs de dureza (escala Rockwell B), em relao s temperaturas de
transformao de fases e calor latente de transformao, Calorimetria Diferencial de
Varredura, mdulo de elasticidade e amortecimento (Tcnica de Excitao por Impulso). A
partir de uma anlise comparativa dos resultados da liga tratada e no tratada observou-se a
influncia do tratamento criognico nessas ligas.
ABSTRACT
Shape Memory Alloys - SMA are a family of metal alloys that have basically two kinds of
behaviors: pseudoelasticity and shape memory effect. This means that these materials can
undergo deformation by a mechanical load and return to their original forms with the
unloading and warming. Such behaviors allow the use of these materials in the development
of applications for many different purposes.
May be carried out cryogenic treatments at different temperatures to verify the influence of,
mechanical and thermal properties in shape memory alloys composed of NiTi. The alloy was
characterized by Differential Scanning Calorimetry), hardness (Rockwell scale), elastic
modulus and damping (Technique Impulse Excitation). From a comparative analysis of
untreated and treated alloy was observed to influence the cryogenic treatment in these alloys.
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SUMRIO
1 INTRODUO .............................................................................................................. 1 1.1 MOTIVAO DO TRABALHO ................................................................................... 1 1.2 OBJETIVO ............................................................................................................ 2 1.3 METODOLOGIA..................................................................................................... 2 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 2
2 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 3
2.1 LIGAS COM MEMRIA DE FORMA ........................................................................... 3 2.2 TRANSFORMAO DE FASE MARTENSTICA TERMOELSTICA .................................... 4 2.3 COMPORTAMENTO TERMOMECNICO DAS SMA ........................................................ 5 2.3.1 QUASIPLASTICIDADE ............................................................................................ 5 2.3.2 PSEUDOELASTICIDADE ......................................................................................... 6 2.3.3 EFEITO MEMRIA DE FORMA ................................................................................. 8 2.4 LIGAS NiTi ........................................................................................................... 9 2.4.1 APLICAES DAS LIGAS NiTi ................................................................................ 11 2.4.1.1 APLICAES EM TUBULAES .............................................................................. 11 2.4.1.2 APLICAES NA AERONUTICA............................................................................. 12 2.4.1.3 APLICAES NA MEDICINA................................................................................... 13 2.5 PROPRIEDADES ................................................................................................... 16 2.5.1 MDULO ELSTICO ............................................................................................. 16 2.5.2 DUREZA ............................................................................................................. 16 2.5.3 AMORTECIMENTO ................................................................................................ 17 2.5.3.1 AMORTECIMENTO VISCOELTICO.......................................................................... 19 2.6 TCNICAS UTILIZADAS ........................................................................................ 21 2.6.1 CARACTERIZAO DO MDULO ELSTICO E DO AMORTECIMENTO ........................... 21 2.6.2 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO ................................................................. 24 2.6.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................... 25 2.7 TRATAMENTO CRIOGNICO .................................................................................. 26 2.7.1 TCNICAS .......................................................................................................... 27
3 MATERIAIS E MTODOS ............................................................................................29
3.1 MATERIAIS ANALISADOS ..................................................................................... 29 3.1.1 COMPOSIO QUMICA ........................................................................................ 29 3.1.2 CORPOS DE PROVA .............................................................................................. 29 3.2 TRATAMENTOS CRIOGNICOS .............................................................................. 34 3.3 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO - SONELASTIC ......................................... 37 3.4 ENSAIO DE DUREZA ............................................................................................ 38 3.5 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................... 39
4 RESULTADOS E DISCUSSO....................................................................................43
4.1 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO DINMICO ....................................................... 43 4.2 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO DE DUREZA ROCKWELL B.................................. 48 4.3 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO TRMICO ........................................................ 51
5 CONCLUSES ............................................................................................................60 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................62 ANEXOS ..............................................................................................................................64
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v
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Curva frao volumtrica de martensita () x temperatura(T).. .................. 3
Figura 2.2 - Movimento coordenado dos tomos e deformao cisalhante na
transformao martenstica (Novk et al., 2008).......................................................4
Figura 2.3 - Curva Tenso-Deformao quasiplstica tpica .. ...................................... 6
Figura 2.4 - Curva tenso-deformao pseudoelstica tpica .. .................................... 7
Figura 2.5- Representao esquemtica das transformaes de fase (Lagoudas, 2008.
Modificado).. ........................................................................................................ 7 Figura 2.6 - Curvas tenso-deformao pseudoelstica Tpica. ................................. 8 Figura 2.7 - Efeito de Memria de Forma Esquemtico (Paiva, 2003).. ....................... 8
Figura 2.8 - Efeito de Memria de Forma Esquemtico. ............................................ 9
Figura 2.9 - Diagrama de fases da liga Ni-Ti (Otsuka, K. and X. Ren, 2005).. ...............10
Figura 2.10 - Modelo de esferas reduzidas que representam as estruturas
correspondentes s fases austentica e martenstica (Santos, 2008).. ..........................11
Figura 2.11 - Acoplamento SMA: insero dos tubos, a frio; martensita, ajuste dos tubos
devido ao aquecimento da manga, transformao da martensita em austenita (Funakubo,
1987).. ................................................................................................................12
Figura 2.12 - Aeroflio com SMA (Lockheed Martins, 2006).. ......................................13
Figura 2.13 - Filtro de Simon dispositivo cardiovascular (Lagoudas, 2008).. .............13
Figura 2.14 - Evoluo da forma durante o aquecimento (Fernandes, 2003).. ..............14 Figura 2.15 - Implante de placa ssea utilizada para reparar uma fratura na mandbula
(Castilho et al, 2011).. ..........................................................................................15
Figura 2.16 - Arcos ortodnticos de SMA (Lagoudas,2008)... ......................................15 Figura 2.17 - Relao da fora em funo da separao interatmica para tomos com
ligaes fracas e com ligaes fortes (Callister, 2007. Modificado).... ..........................16
Figura 2.18 - Ciclo de histerese tpica para amortecimento mecnico (Rao, 2008). .......18 Figura 2.19 - Modelo de um oscilador harmnico amortecido (amortecedor viscoelstico)
(Cossolino & Pereira, 2010. ....................................................................................19
Figura 2.20 - Ilustrao do fator de amortecimento (Cossolino & Pereira, 2010)...........21
Figura 2.21 Resposta ao Impulso para um oscilador simples...................................22
Figura 2.22 - Resumo das principais informaes para a determinao do amortecimento
pelo mtodo do decremento logartmico (Cossolino & Pereira, 2010)..24
Figura 2.23 - Equipamento tpico de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), (Perkin
Elmer, 2011).25
Figura 2.24 - Diagrama esquemtico de uma curva de DSC para uma SMA mostrando as
temperaturas de transformao de fase e o calor latenete associado (Lagoudas, 2008.
Modificado).26
Figura 3.1 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque
de 15 minutos (NiTi_TC15min, esquerda) e sem tratamento (NiTi_ST, direita)
utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.....................29
Figura 3.2 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque
de 8 horas (NiTi_TC8h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de
Dureza.................................. ............ ............ ............ ............ ............ ............30
Figura 3.3 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque
de 16 horas (NiTi_TC16h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e
de Dureza.................... .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........30
Figura 3.4 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque
de 24 horas (NiTi_TC24h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e
de Dureza .......................................................................................................30
Figura 3.5 - Recipiente onde foi armazenado nitrognio lquido..... .. .. ........ ...... .. .. 35 Figura 3.6 - Aquecimento do corpo de prova at a temperatura ambiente .......35
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vi
Figura 3.7 - Equipamento para tratamento criognico Kryos Tecnologia (Gobbi,
2009)..36
Figura 3.8 - Curva geral de resfriamento e reaquecimento do tratamento criognico
profundo............................................................................................................36
Figura 3.9 - Sonelastic; 1: Sistema de suporte Sonelastic RTS-Auto; 2:Sistema de
excitao Sonelastic IED1; 3:Pulsador com solenide tubular1; 4: Microfone; 5: Corpo de prova (Cossolino & Pereira, 2010. Modificado).37
Figura 3.10 - Durmetro Pantec modelo Rasn-Rs Panambra. ......................................38
Figura 3.11 - Equipamento DSC 8000 Perkin Elmer ................................................39
Figura 3.12 - Cortadeira eltrica Struers secotom15 .................................................40
Figura 3.13 - Banho de Limpeza Ultrassom - Q335D. ................................................40
Figura 3.14 - Duplo-forno que permite a medio direta do fluxo de calor ...................41
Figura 3.15 - Ciclo de aquecimento e resfriamento usados para o ensaio de DSC..........42 Figura 4.1- Mdulo de elasticidade dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, com
tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma brusca com 15
minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque, via Sonelastic ..........46
Figura 4.2 - Fator de Amortecimento dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, com
tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma brusca com 15
minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque, via Sonelastic.. ........47 Figura 4.3 Dureza dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, tratado
criogenicamente de forma brusca e com tratamento criognico profundo (Albano, 2013)
..........................................................................................................................51
Figura 4.4 Curva de DSC para a liga NiTi sem tratamento criognico ........................52
Figura 4.5 Curva de DSC para a liga NiTi com tratamento criognico profundo
(NiTi_TCP), (Albano, 2013) ....................................................................................52
Figura 4.6 - Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 15
minutos de encharque (NiTi_TC15min).. ..................................................................53 Figura 4.7 - Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 8
horas de encharque (NiTi_TC8h). ...........................................................................53
Figura 4.8 Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 16
horas de encharque (NiTi_TC16h) ...........................................................................54
Figura 4.9 Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 16
horas de encharque (NiTi_TC24h) ...........................................................................54
Figura 4.10 Temperatura de incio da fase martensita dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............56
Figura 4.11 - Temperatura final da fase martensita dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque.. ..........56
Figura 4.12 Temperatura de incio da fase austenita dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............57
Figura 4.13 Temperatura final da fase austenita dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............57
Figura 4.14 Temperatura do Pico Exotrmico dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............58
Figura 4.15 Temperatura do Pico Endotrmico dos corpos de prova de NiTi sem
tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma
brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............58
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Principais caractersticas das fases martensita e austenita. ...................... 5 Tabela 2.2 - Tcnicas de ensaio de dureza (Callister, 2007). ......................................17
Tabela 3.1 - Composio qumica da liga NiTi (Albano, 2013). ....................................29
Tabela 3.2 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico sem
tratamento criognico. ..........................................................................................31
Tabela 3.3 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 15 minutos. ........................................31
Tabela 3.4- Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas. ........................................... 431
Tabela 3.5 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas. .............................................32
Tabela 3.6 Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas ..............................................32
Tabela 3.7 Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................32
Tabela 3.8 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................33
Tabela 3.9 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................33
Tabela 3.10 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas .............................................33
Tabela 3.11 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas. ............................................31
Tabela 3.12 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas. ............................................31
Tabela 4.1- Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para material sem
tratamento (NiTi_ST) ............................................................................................43
Tabela 4.2 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para o material
com tratamento criognico profundo (Albano, 2013) (NiTi_TCP). ................................44
Tabela 4.3 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para o material
tratado criogenicamente de forma brusca, 15 minutos de encharque (NiTi_TC15min) ...44
Tabela 4.4 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para material sem
tratamento (NiTi_ST) ............................................................................................44
Tabela 4.5 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para os corpos de
prova 1, 2 e 3 tratado criogenicamente de forma brusca, 8 horas de encharque
(NiTi_TC8h) .........................................................................................................45
Tabela 4.6 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para os corpos de
prova 1, 2 e 3 tratado criogenicamente de forma brusca, 24 horas de encharque
(NiTi_TC24h). ......................................................................................................45
Tabela 4.7 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para material sem tratamento
(NiTi_ST) .............................................................................................................48
Tabela 4.8 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para o material com tratamento criognico profundo (Albano, 2013) (NiTi_TCP) ........................................................48
Tabela 4.9 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para o material tratado
criogenicamente de forma brusca, 15 minutos de encharque (NiTi_TC15min) ..............49
Tabela 4.10 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados
criogenicamente de forma brusca, 8 horas de encharque (NiTi_TC8h) .........................49
Tabela 4.11 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados
criogenicamente de forma brusca, 16 horas de encharque (NiTi_TC16h) .....................49
Tabela 4.12 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados
criogenicamente de forma brusca, 24 horas de encharque (NiTi_TC24h) .....................50
Tabela 4.13 - Temperaturas de Transformao de Fases e Calores Latentes de
Transformao das Ligas NiTi sem tratamento e tratadas criogenicamente obtidos a partir
do DSC ...............................................................................................................55
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LISTA DE SMBOLOS
Smbolos Latinos
T Temperatura
d Capacidade de amortecimento por unidade de volume
D0 Deformao quasiplstica
Ms Incio da transformao direta da austenita em martensita
Mf Final da transformao da austenita em martensita
Mp Temperatura de pico exotrmico
Md Maior temperatura na qual a martensita ser formada,
As Temperatura de incio da transformao reversa da martensita em austenita
Af Temperatura final da transformao reversa da martensita em austenita
Ap Temperatura de pico endotrmico
E Mdulo de elasticidade
Q Fator de Qualidade
C Comprimento do corpo de prova
Smbolos Gregos
Frao volumtrica de martensita
crit Tenso crtica
L Deformao recupervel mxima
Ms
Tenso inicial da transformao da martensita induzida por tenso
Mf
Tenso final da transformao da martensita induzida por tenso
As
Tenso inicial da transformao da austenita induzida por tenso
Af
Tenso final da transformao da austenita induzida por tenso
s Tenso da martensita maclada
f Tenso da martensita demaclada
Deformao
Densidade
Subscritos
crit crtica
s start
f final
p pico
0 equilbrio
aus austenita
mar martensita
max mximo(a)
L mximo(a)
MA Transformao da martensita para austenira
AM Transformao da austenita para martensita
ST Sem Tratamento
TC Tratado Criogenicamente
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Siglas
CFC Cbica de Faces Centradas
CCC Cbica de Corpo Centrado
TCC Tetragonal de Corpo Centrado
UnB Universidade de Braslia
SME Shape Memory Effect
GDL Grau De Liberdade
FFT Transformada Rpida de Fourier
DCT Deep Cryogenic Treatment
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
SMA Shape Memory Alloys
ULTP Ultra Low Temperature Process
ASTM American Society for Testing and Materials
DSC Differential Scanning Calorimeter
EDS Energy Dispersive x-Ray Detector
HRB Hardness Rockell B
E(flex) Mdulo de Elasticidade flexional (GPa)
Freq TF Frequncia "Time- Frequency"
TF Fator de amortcimento "Time Frequency" NiTi_ST NiTi Sem Tratamento criognico
NiTi_TCP NiTi com Tratamento Criognico Profundo
NiTi_TC15min NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque 15 minutos
NiTi_TC8h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 8 horas
NiTi_TC16h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 16 horas
NiTi_TC24h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 24 horas
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1 INTRODUO
1.1 MOTIVAO DO TRABALHO
O Tratamento Criognico Profundo (Deep Cryogenic Treatment DCT) um processo trmico
lento e controlado onde um material resfriado at uma temperatura em torno de -190C e depois
aquecido at a temperatura ambiente (Gobbi, 2009). A utilizao de temperaturas abaixo de zero para
a melhoria das propriedades de ao no uma prtica recente (Gobbi, 2009).
A literatura apresenta uma srie de relatos e experincias criognicas. A partir da dcada de 70,
com o desenvolvimento de tecnologias a baixas temperaturas, o processo criognico foi estendido para
a faixa de -196C. Foram reportadas melhorias significativas em diversos ramos da tecnologia
(Sartori, 2009). Estudos com temperaturas abaixo de zero passaram a se tornar mais comuns, com isso
foram reportadas melhorias significativas relacionadas com o aumento da resistncia ao desgaste em
aos ferramenta se comparado com ciclos trmicos tradicionais ou com tratamento sub-zero (Eboni,
2010; Farina, 2011; Surberg et al, 2008; Yen, 1997). Isso motivou a pesquisa do efeito do Tratamento
Criognico Profundo nas propriedades termomecnicas das SMA.
As ligas com memria de forma (Shape Memory Alloy SMA) so materiais que apresentam a
capacidade de recuperar uma deformao quando sujeitos a um ciclo trmico e/ou mecnico
apropriado (Silva & Castilho, 2011). Essa habilidade de memorizar consequncia direta da
transformao reversvel ocorrida na estrutura cristalina do material (Batra, 1999). A caracterstica
principal destes materiais a habilidade de sofrer grandes deformaes e, em seguida, recuperar sua
forma original quando a carga removida ou o material aquecido. As SMA apresentam duas
importantes caractersticas: efeito memria de forma e pseudoelasticidade. Essas ligas so capazes de
recuperar deformaes de at 10% quando submetidos a um aquecimento, depois de terem sido
deformadas abaixo da temperatura Mf, ou quando submetidas a um ciclo de carregamento e
descarregamento acima da temperatura Af (Pseudoelasticidade) (Lagoudas, 2008). Ambos os
fenmenos de recuperao de deformao vm possibilitando o emprego de SMA em inmeras
aplicaes, que vo desde implantes na medicina a engenharia aeroespacial (Otsuka & Wayman,
1998).
Trabalhos recentes sobre o DCT mostram que mudanas microestruturais ocorridas no material
podem melhorar significativamente a vida de aos ferramentas (Gobbi, 2009). Todavia, os fenmenos
relacionados ao DCT ainda no so compreendidos de forma plena (Gobbi, 2009). A influncia do
tratamento criognico em aos ferramentas e outros materiais tema de vrios estudos (Eboni, 2010;
Gobbi, 2009; Ashiuchi, 2009; Moreira et al, 2009). Entretanto, ainda recente a aplicao desse tipo
de tratamento nas ligas com memria de forma.
Alm disso, existem poucos estudos sobre como as taxas de resfriamento e aquecimento
influenciam os resultados do tratamento. Talvez essa seja a varivel que causa uma diferena, muitas
-
2
das vezes significativas, nos resultados experimentais observados por grupos de pesquisas distintos
(Ashiuchi, 2009).
1.2 OBJETIVO
Avaliar o efeito da taxa de resfriamento criognico em propriedades trmicas (calor latente e
temperatura de transformao de fase) e mecnicas (mdulo de elasticidade, amortecimento e dureza)
de uma liga NiTi.
1.3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada baseada numa anlise experimental comparativa de corpos de prova de
ligas NiTi tratada e no tratada criogenicamente. Esse estudo desenvolvido por meio de ensaios
mecnicos, dinmicos e trmicos. De uma forma mais especfica:
Ensaios mecnicos: Dureza Rockwell;
Ensaios dinmicos: Tcnica de Excitao por Impulso;
Ensaios trmicos: Calorimetria Diferencial de Varredura.
Por meio destes ensaios sero determinadas as temperaturas de transformao de fase e o calor
latente de transformao, a dureza, o mdulo de elasticidade e o amortecimento das ligas. Todos os
ensaios tm como objetivo comparar qualitativamente e quantitativamente o material tratado
criogenicamente e o mesmo material no tratado.
Os resultados sero ento comparados e a influncia do tratamento criognico nas propriedades
trmicas e mecnicas analisada.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho est dividido em cinco captulos. O captulo 2 trata da reviso bibliogrfica sobre as
ligas com memria de forma (SMA), tais como seu comportamento termomecnico, seus aspectos
microestruturais, os fenmenos de quasiplasticidade, efeito memria de forma e pseudoelasticidade. O
tratamento criognico, tcnicas experimentais utilizadas para caracterizao das ligas NiTi e o
conceito das propriedades que sero analisadas so abordadas neste captulo.
O captulo 3 discorre sobre os materiais e mtodos utilizados para desenvolvimento do trabalho.
No captulo 4 so apresentados os resultados dos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso,
Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) e Dureza, alm da anlise dos resultados. A concluso
apresentada no captulo 5.
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3
2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 LIGAS COM MEMRIA DE FORMA
As SMA (Shape Memory Alloy) constituem um grupo de materiais metlicos capaz de recuperar a
forma original pela imposio de um campo de temperatura e/ou de tenso, devido a transformaes
de fase induzidas no material (Lagoudas, 2008). As SMA apresentam diversas aplicaes potenciais
baseadas em suas propriedades termoelsticas, efeito memria de forma e pseudoelasticidade (Otsuka
K. et al,1999). Esses materiais possuem uma deformao recupervel em torno de 8% (Krishnan,
2004).
O comportamento termomecnico destas ligas fortemente dependente da temperatura em que
elas se encontram, podendo apresentar um comportamento quasiplstico, a temperaturas mais baixas,
ou pseudoelstico, a temperaturas mais altas. A habilidade de retornar a um formato ou tamanho
previamente definido decorrente de transformaes de fase martenstica induzida trmica e/ou
mecanicamente (Delaey et al, 1975).
A Figura 2.1 representa esquematicamente a evoluo da frao volumtrica de martensita ,
definida como sendo a razo entre o volume da fase martenstica e o volume total da liga, em funo
da temperatura T. So identificadas quatro temperaturas caractersticas: Ms (Martensite start) a
temperatura inicial de formao de martensita, Mf (Martensite finish) a temperatura final de
formao de martensita, As (Austenite start) a temperatura inicial de formao de austenita e Af
(Austenite finish) a temperatura final de formao de austenita.
Figura 2.1 - Curva frao volumtrica de martensita () x temperatura(T).
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4
Acima de Af a fase estvel a austenita e abaixo de Mf a fase estvel a martensita. Ao ser
resfriada a partir de uma temperatura superior a Af o material atingir uma temperatura Ms na qual
inicia-se a transformao martenstica. Essa transformao completa-se na temperatura Mf. No
aquecimento, a partir de uma temperatura inferior a Mf, o material atingira a temperatura As na qual
inicia-se a transformao reversa para a austenita. Essa transformao finaliza-se na temperatura Af .
Para temperaturas abaixo de Mf , as SMA apresentam o efeito de memria de forma e
quasiplasticidade, no qual, aps um processo de carregamento e descarregamento, a liga retorna
geometria original aps aquec-lo a uma temperatura superior a Af , promovendo, assim, a
recuperao da deformao residual. E acima de Af , temos o fenmeno da pseudoquasiplasticidade
(HODGSON et al., 1990).
Estas temperaturas so caractersticas de cada liga e variam em funo, basicamente, da
composio qumica e de tratamentos trmicos (Delaey et al., 1975, Otsuka & Wayman, 1998).
Portanto, as transformaes de fase martensticas desenvolvem um papel fundamental no
comportamento termomecnico das SMA, e de maneira especial as transformaes martensticas
termoelsticas.
As mudanas que ocorrem nas estruturas cristalinas das SMA esto relacionadas diretamente com
a dissipao de energia devido aos choques de discordncia e criao de defeitos cristalinos. Como
resultado tem-se um ciclo de histerese na temperatura, visto na Figura 2.1 (da Silva & Castilho, 2011).
2.2 TRANSFORMAO DE FASE MARTENSTICA TERMOELSTICA
A transformao martenstica um tipo de transformao de fase em que no h movimentos
atmicos em distncias considerveis, de forma que no h variao de composio qumica. O
movimento cooperativo de tomos conduz formao de uma nova fase, mais estvel, atravs de uma
reordenao atmica a curtas distncias. A Figura 2.2 ilustra esquematicamente a transformao
martenstica. Ela envolve movimento coordenado de tomos e deformao cisalhante.
Figura 2.2 Movimento coordenado dos tomos e deformao cisalhante na transformao martenstica (Novk
et al., 2008).
-
5
Transformaes martensticas so caracterizadas por um crescimento contnuo com o aumento da
temperatura e uma diminuio continua com o decrscimo de temperatura (Delaey et al, 1974). O
comportamento pseudoelstico anlogo ao comportamento termoelstico, s que nesse caso h uma
aplicao de tenso no material, ento a transformao ocorre com o aumento contnuo da aplicao
de tenso e o mesmo revertido quando a tenso vai diminuindo. De uma maneira geral pseudo-
elasticidade acontece se a deformao criada ao material por aplicao de uma carga, a uma
temperatura constante, for totalmente recuperada (Delaey et al,1974). A deformao quasiplstica
causada pela deformao da forma acompanhando a formao da martensita. Entretanto, a recuperao
ocorre quando a transformao revertida (Delaey et al,1974). A Tabela 2.1 apresenta as principais
caractersticas mecnicas referentes s fases martenstica e austentica.
Tabela 2.1 - Principais caractersticas das fases martensita e austenita.
Martensita Austenita
Facilmente deformvel Maior dureza
Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cbica
Menos rgida Fase de maior rigidez (EA 3EM)
Fase de baixa temperatura (TAS)
2.3 COMPORTAMENTO TERMOMECNICO DAS SMA
Quando solicitadas mecanicamente e, em funo da temperatura, as SMA apresentam
basicamente trs fenmenos: abaixo de Mf a quasiplasticidade, que caracterizado por uma grande
deformao residual proveniente de uma reorientao martenstica induzida mecanicamente (Krishnan
et al, 1974). Acima de Af a pseudoelasticidade, que um comportamento caracterizado por uma
recuperao de deformao aps a retirada da tenso. Essas deformaes so oriundas de uma
transformao martenstica induzida por tenso (Krishnan et al,1974). O efeito memria de forma a
recuperao da deformao quasiplstica com o aquecimento (Delaey et al, 1974).
2.3.1 QUASIPLASTICIDADE
Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf . Nesta temperatura e livre de
tenses a liga existe numa fase martenstica denominada auto-acomodada ou maclada (Paiva, 2004).
Essa martensita auto-acomodada caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de
martensita, com diferentes orientaes que podem ser at 24 e formada com o resfriamento da
austenita livre de tenses (Batra, 1999). Na Figura (2.3) considere a existncia de apenas duas
variantes. Com a aplicao de uma fora trativa ser observada uma resposta elstica at que uma
determinada tenso crtica CRIT seja alcanada (ponto A). Em seguida, quando a martensita auto-
-
6
acomodada (ou maclada) submetida a uma tenso superior a CRIT, observa-se a formao da
martensita reorientada, trecho AB. O processo de reorientao da martensita maclada no envolve
deformao plstica. Aps uma deformao relativamente grande, que em algumas ligas pode chegar a
10% (Delaey et al., 1975), o material volta a apresentar um comportamento elstico. Ao descarregar a
amostra, a mesma manter a sua deformao, representada por DO, como uma deformao
quasiplstica. Este comportamento denominado quasiplasticidade (Paiva, 2004).
Figura 2.3 - Curva Tenso-Deformao quasiplstica tpica
2.3.2 PSEUDOELASTICIDADE
O fenmeno da pseudoelasticidade est associado transformao martenstica induzida por
tenso que acarreta na gerao de deformao durante o carregamento e, em seguida, recuperao de
forma quando descarregado a temperaturas acima de Af..
Considere uma amostra de SMA a uma temperatura superior a Af. Nesta situao, a fase
austentica a estvel (Delaey et al, 1975). De acordo com a Figura (2.4), para uma temperatura
constante T > Af, com a aplicao de um carregamento mecnico, o material se comporta
elasticamente at que uma tenso crtica crit seja alcanada (ponto A), quando, ento, d-se incio uma
transformao de fase direta (Austenita Martensita), trecho AB. Com a retirada da carga, o
material experimenta uma transformao reversa (Martensita Austenita), trecho CD. J que para T
> Af a martensita uma fase instvel fora da presena de um campo de tenses.
-
7
Figura 2.4 - Curva tenso-deformao pseudoelstica esquemtica.
Figura 2.5 - Representao esquemtica das transformaes de fase (Lagoudas, 2008. Modificado).
As deformaes pseudoelsticas podem chegar a 10% em certas ligas, sendo em torno de 8% um
valor tpico para as ligas NiTi (Krishnan et al,1974). A figura 2.15 ilustra este comportamento
esquematicamente. Sob uma tenso trativa, observa-se um comportamento elstico at um
determinado nvel de tenso. A partir da observa-se uma deformao relativamente grande com
pequena variao da tenso Fig. 2.6. Ao retirar a carga, a liga retorna ao seu estado inicial,
descrevendo um ciclo de histerese. A rea delimitada pela histerese expressa a energia dissipada
durante o processo (Krishnan et al,1974).
-
8
Figura 2.6 Curvas tenso-deformao pseudoelstica Tpica.
2.3.3 EFEITO MEMRIA DE FORMA
Uma SMA exibe o efeito memria de forma (Shape Memory Effect SME) quando deformada
na fase martenstica maclada e, depois, descarregada. Esse processo basicamente a recuperao de
deformao quasiplstica por meio do aquecimento do material deformado a uma temperatura acima
da Af. O aquecimento acima da Af induz a transformao reversa (Martensita Austenita) e,
consequentemente, a recuperao da deformao residual DO . A Figura (2.7) ilustra
esquematicamente esse processo. A recuperao de forma com o aquecimento se explica pelo fato de
que acima de Af a nica fase termodinamicamente estvel a austenita, e essa fase desconhece a
deformao quasiplstica. A martensita pode existir acima de Af apenas sob carga (Delaey et al, 1975).
Figura 2.7 Efeito de Memria de Forma Esquemtico.
-
9
A figura 2.8 ilustra o comportamento de memria de forma simples. Quando a SMA est abaixo
de Mf ela pode ser facilmente deformada (A B C). Entretanto, quando o material aquecido acima
de Af, ocorre uma mudana na estrutura da liga que a faz retornar a sua forma original (D) e, ao ser
resfriada, retorna condio inicial.
Figura 2.8 Efeito de Memria de Forma Esquemtico.
2.4 LIGAS NiTi
As ligas NiTi com memria de forma so um composto intermetlico. Este composto apresenta
uma solubilidade moderada do Nquel (Ni) e do Titnio (Ti), assim como de outros elementos
metlicos, alm de apresentar uma ductilidade comparvel de outras ligas metlicas (Krishnan et al,
1974). A composio das ligas de aproximadamente 55% de Nquel e 45% de Titnio (Figura 2.9).
-
10
Figura 2.9 - Diagrama de fases da liga Ni-Ti (Otsuka, K. and X. Ren, 2005).
Esta solubilidade de um maior nmero de elementos permite uma modificao significativa tanto
das suas propriedades mecnicas quanto das suas temperaturas de transformao (Frenzel, et al.,
2004). O Ferro (Fe) e o Cromo (Cr) tambm so frequentemente adicionados para baixar as
temperaturas de transformao, bem como o Cobre (Cu) que usado para reduzir a histerese de
transformao e diminuir a tenso de orientao da martensita. A presena de elementos de ligas como
o Oxignio (O) e o Carbono (C) podem tambm alterar as temperaturas de transformao e degradar
as propriedades mecnicas, o que faz com que seja desejvel minimizar a presena destes elementos
(Fernandes, 2003).
Devido elevada reatividade do Ti, a fuso dessas ligas deve ser feita preferencialmente sob vcuo
ou em atmosfera inerte, sendo comercialmente utilizadas tcnicas como a fuso por arco de plasma ou
por feixe de eltrons, ou ainda por induo sob vcuo (Frenzel, et al., 2004). Os lingotes obtidos so
depois conformados a quente por forjamento, laminao ou extruso. A maioria dos processos de
deformao a frio pode ser aplicada a estes materiais, mas a sua capacidade de encruamento muito
acentuada e torna-se por isso necessrio fazer um recozimento. A trefilagem normalmente utilizada
para produzir fios com dimenses que podem atingir 0,05mm, apresentando excelentes caractersticas
de superfcie (Fernandes, 2003).
Em temperaturas superiores a Af, a rede cristalina do NiTi (Ti localiza-se nos vrtices e o Ni no
centro dos lados ou no centro do corpo) apresenta a matriz formada por austenita cbica de corpo
-
11
centrado, B2. A fase produto, formada a temperaturas abaixo de Mf, constituda de martensita
monoclnica B19 (Zhang e Sehitoglu, 2004).
As ligas NiTi possuem boa combinao de propriedades como a alta resistncia mecnica. A boa
resistncia corroso e aos efeitos memria de forma pode ser explorada de vrias formas (Frenzel, et
al., 2004). No caso das ligas a base de Nquel-Titnio, a fase martenstica apresenta uma estrutura
monoclnica B19. Enquanto que a fase austentica apresenta uma estrutura cbica de corpo centrado
B2 (CCC B2), onde os tomos de nquel se encontram no centro da estrutura cbica. A Figura (2.10)
apresenta as estruturas correspondentes s fases austentica e martenstica (Novk et al., 2008).
Figura 2.10 - Modelo de esferas reduzidas que representam as estruturas correspondentes s fases austentica e
martenstica (Santos, 2008).
2.4.1 APLICAES DAS LIGAS NiTi
2.4.1.1 APLICAES EM TUBULAES
O fato de ligas NiTi possurem inmeras propriedades mecnicas (memria de forma,
pseudoelasticidade, biocompatibilidade, resistncia corroso) possibilita uma gama de aplicaes
que vo desde a medicina engenharia aeroespacial (Otsuka, 1998 & Sashihara et al 1938). O foco
comercial se d na rea mdica e odontolgica com produtos tais como stents, implantes ortopdicos e
aparelhos ortodnticos.
Em se tratando do efeito de memria de forma, o retorno forma inicial sob tenso uma situao
que pode ser utilizada para acoplamento de tubulaes de circuitos hidrulicos, como mostra a Figura
2.11. Estes acoplamentos tm a forma de casquilhos cilndricos de dimetro ligeiramente inferior ao
dos tubos a que devem ligar-se. So expandidos baixa temperatura, enquanto se encontram no estado
martenstico e quando so aquecidos sofrem uma contrao que une as extremidades dos tubos
(Fernandes, 2003).
-
12
Figura 2.11 Acoplamento SMA: insero dos tubos, a frio; martensita, ajuste dos tubos devido ao aquecimento
da manga, transformao da martensita em austenita (Funakubo, 1987).
Acoplamentos, unies e engates so desenvolvidos com estas ligas, devido principalmente
reduo do peso (acoplamentos em aeronaves), facilidade de instalao em difcil acesso,
confiabilidade comprovada, boa resistncia a choques e vibraes, e possibilidade de posterior
desmontagem (ao contrrio da unio feita por solda). Entretanto, o seu relativo alto preo tem sido
uma barreira para ampliao do uso comercial.
2.4.1.2 APLICAES NA AERONUTICA
Os flaps so estruturas mveis, inseridas nas asas, que promovem o ganho ou perda de altitude ou
a mudana de direo de um avio. A manobra de aeronaves depende da eficincia dos flaps. Estas
estruturas utilizam extensos sistemas hidrulicos que necessitam de bombas e atuadores, elevando o
custo e o peso, dois pontos crticos do projeto de aeronaves. Muitas alternativas na indstria
aeroespacial esto sendo pesquisadas para contornarem esse problema, e potenciais solues so as
SMA. A empresa Lockheed Martin desenvolveu um prottipo de aeroflio flexvel atuado por fios de
SMA (Figura 2.12), com o objetivo de substituir esses flaps atualmente utilizados em avies. Os fios
atuadores so aquecidos pela passagem de corrente eltrica externa. Primeiramente, o aeroflio
encontra-se em uma posio neutra, sem atuao. Depois, o atuador aquecido, encurtando o seu
tamanho e puxando para baixo a parte traseira do aeroflio. Neste caso, quando o atuador esfria, a
parte traseira volta para a posio de neutralidade.
-
13
Figura 2.12 - Aeroflio com SMA (Lockheed Martins, 2006).
2.4.1.3 APLICAES NA MEDICINA
Um importante requisito para qualquer material que usado no corpo humano a
biocompatibilidade, e as SMA atendem essa exigncia. O dispositivo cardiovascular composto de
SMA, chamado filtro de Simon consiste em um filtro de cogulos sanguneos (Figura 2.13). um fio
de NiTi que previamente deformado para assumir uma forma que lhe permita fixar-se s paredes
internas das veias (Lagoudas, 2008). Esse filtro deformado baixa temperatura, de modo a poder ser
inserido na veia pretendida junto com uma soluo salina que o mantm resfriado; ao ser submetido ao
calor do corpo humano ele retoma a configurao original, conforme a Figura 2.14
Figura 2.13 - Filtro de Simon dispositivo cardiovascular (Lagoudas, 2008).
-
14
Figura 2.14 Evoluo da forma durante o aquecimento (Fernandes, 2003).
Tambm na rea mdica podem-se citar os implantes de placas sseas no regime pseudoelstico
que auxiliam a recuperao de um osso quebrado ou fraturado, veja a figura 2.14. Frequentemente so
usadas em fraturas ocorridas na face, como nariz, mandbulas e na regio ssea ocular. Essa tcnica
conhecida na medicina como sntese ssea. As placas facilitam a cura dos ossos fraturados que
necessitam estar constantemente sobre compresso. Tal compresso obtida por implante sseo,
normalmente fabricado em titnio e ao inoxidvel, que mantm os ossos juntos e acelera a
recuperao do osso fraturado (Mantovani, 2000). Aps alguns dias de recuperao, a compresso
provida pelo implante sofre uma reduo na intensidade, pois, conforme se d a cura, as duas partes do
osso fraturado tendem a ficarem mais prximas. Com aumento da proximidade entre as partes, h um
afrouxamento do implante previamente fixado, aumentado a velocidade de recuperao.
Essas placas sseas so fabricadas em nquel-titnio com efeito de memria de forma. Usando uma
liga de NiTi que possui efeito de memria de forma acima de 15 C, os cirurgies seguem o mesmo
procedimento usado com implantes convencionais. Primeiramente a placa de NiTi resfriada abaixo
da sua temperatura de transformao e, ento, implantada no osso. Porm, com o aquecimento natural
do corpo humano, a SMA contrai e com isso gera uma compresso nos ossos fraturados, melhorando o
processo de cura se comparado a uma placa comum de titnio ou ao inoxidvel. Esta presso
contnua auxilia no processo de cura e reduz o tempo de recuperao (Mantovani, 2000).
Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes de se utilizarem efetivamente as SMA
como implantes. Neste ltimo exemplo o grande desafio para os engenheiros o desenvolvimento de
placas que aplicam a presso correta nas fraturas.
-
15
Figura 2.15 - Implante de placa ssea utilizada para reparar uma fratura na mandbula (Castilho et al, 2011).
Em 1975, Andreasen, da Universidade de Iowa, fez o primeiro implante de um dispositivo
ortodntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correo da posio dos dentes
(Hodgson et al., 1990). Esta correo imposta por meio de uma pequena variao de tenso quase
com stante que resulta em grande deformao, tomando como parmetro os materiais
convencionais. Consequentemente, o incmodo mnimo para o paciente. A grande vantagem do NiTi
o fato de permitir deformaes de cerca de 8 a 10% sem entrar no regime plstico, explorando o
fenmeno da pseudoelasticidade (Figura 2.16). possvel ainda conciliar este efeito, com a
transformao de fase imposta pela temperatura (Machado & Savi 2002).
Figura 2.16 - Arcos ortodnticos de SMA (Lagoudas,2008).
-
16
2.5 PROPRIEDADES
2.5.1 MDULO ELSTICO
O mdulo de elasticidade uma propriedade intrnseca dos materiais que descrevem a rigidez ou
resistncia do material deformao no regime elstico, quando esse submetido a uma tenso
externa de trao ou compresso. Quanto maior for o mdulo elstico, mais rgido ser o material, ou
menor ser a deformao elstica que ir resultar da aplicao de uma dada tenso (Callister, 2007).
Em uma escala atmica, a deformao elstica macroscpica manifestada como pequenas
alteraes no espaamento interatmico e no alongamento das ligaes interatmicas.
Consequentemente, o valor do mdulo de elasticidade uma medida da resistncia separao dos
tomos adjacentes, ou seja, das foras de ligao interatmicas. Portanto, o mdulo de elasticidade
tanto maior quanto maior a fora de atrao entre os tomos (Callister, 2007). importante ressaltar
ainda que esse mdulo proporcional inclinao da curva fora-separao na posio da separao
interatmica de equilbrio (r):
(
)
(1)
As curvas fora-separao para materiais que possuem tanto ligaes interatmicas fortes quanto
fracas esto retratadas na Figura 2.17. Como pode ser observada, a inclinao da curva em r est
indicada para cada caso. De um modo geral, quanto mais forte a ligao, mais inclinada ser a curva.
Como consequncia, maior ser o valor do mdulo de elasticidade (Callister, 2007).
Figura 2.17 - Relao da fora em funo da separao interatmica para tomos com ligaes fracas e com
ligaes fortes (Callister, 2007. Modificado).
2.5.2 DUREZA
Uma propriedade mecnica importante que deve ser mensurada no projeto a dureza. Ela consiste
em uma medida da resistncia de um material a uma deformao plstica localizada (p.ex., a uma
pequena impresso ou a um risco) (Callister, 2007).
-
17
Os ensaios de dureza so baseados no princpio de penetrao na superfcie do metal, pela
aplicao de uma carga de natureza esttica por intermdio de um penetrador. A profundidade ou o
tamanho da impresso resultante medida, os quais, por sua vez, so relacionados a um nmero de
dureza. A correlao baseada na tenso que o penetrador necessita para vencer a resistncia
superficial do material. Assim, quanto mais macio for o material, maior e mais profundo ser a
impresso e menor ser o nmero ndice de dureza (Callister, 2007). Os ensaios de dureza so
realizados mais frequentemente do que qualquer outro ensaio mecnico por diversas razes: So
simples e baratos, o ensaio no destrutivo e outras propriedades mecnicas podem, com frequncia,
ser estimadas a partir dos dados de dureza.
A dureza no uma grandeza absoluta, ou seja, ela depende da tcnica utilizada (mquina, carga,
tipo de penetrador). Os principais ensaios de dureza so: Rockwell, Brinell, Vickers e Knoop
(Callister, 2007). Na Tabela 2.2, pode-se visualizar as caractersticas de cada uma dessas tcnicas.
Tabela 2.2 - Tcnicas de ensaio de dureza (Callister, 2007).
2.5.3 AMORTECIMENTO
O amortecimento ou atrito interno uma das propriedades mais sensveis de materiais e estruturas,
tanto em escala macro como microscpica, sendo particularmente sensvel a trincas e micro-trincas.
o mecanismo pelo qual a amplitude das oscilaes de um sistema diminuda pela converso de sua
energia cintica em outro tipo, geralmente sonora ou calor (Rao, 2008). Quando um material
deformado, ele absorve energia. Esse efeito deve-se ao atrito entre os planos internos, que
deslizam ou escorregam enquanto as deformaes ocorrem (Rao, 2008).
-
18
Este pode ser causado por uma combinao de diversos mecanismos fsicos fundamentais como
granularidade e impurezas, efeitos termoelsticos causados por gradientes locais de temperatura
resultante de excitao no-uniforme, correntes de eddy em materiais ferromagnticos (tambm
chamada de correntes de Foucault), movimentos de cadeias em polmeros e etc (Musolino, 2011).
Existem diversos mtodos para determinao do amortecimento, os quais podem ser obtidos
basicamente por dois caminhos: mediante a durao da resposta do sistema a uma excitao transitria
(exemplo: mtodo do decremento logartmico) e em funo da resposta do sistema em funo da
frequncia (exemplo: mtodo da largura de meia banda de potncia). O mtodo do decremento
logartmico calcula o amortecimento a partir da atenuao da resposta acstica do material ou estrutura
aps uma excitao por impulso.
O mtodo da largura de meia banda de potncia calcula o amortecimento atravs da anlise da
frequncia do sinal oriundo da vibrao, a partir da relao entre a largura de banda e a frequncia
central de uma ressonncia. Ambos os mtodos consideram um modelo para os clculos, normalmente
o modelo de amortecimento viscoelstico.
A escolha do mtodo depende principalmente da faixa do amortecimento e da frequncia de
vibrao (Cossolino & Pereira, 2010). Todos os tipos de amortecimento esto associados a efeitos
do ciclo de histerese. A tenso () e a deformao () esto relacionadas como mostra a Figura 2.18. A
rea desse ciclo representa a energia perdida por unidade de volume do corpo por ciclo devido ao
amortecimento (Rao, 2008).
Figura 2.18 - Ciclo de histerese tpica para amortecimento mecnico (Rao, 2008).
-
19
Desta forma, a capacidade de amortecimento por unidade de volume, chamada de d, dada por
uma integral cclica:
, (2)
onde representa a tenso e a deformao.
Quando a carga aplicada a um corpo elstico aumentada, a tenso e a deformao no corpo
tambm aumentam. A rea sob a curva, dada pela equao (2) representa a energia introduzida no
sistema, ou seja, trabalho realizado, por unidade de volume do corpo (Rao, 2008). Quando a carga
aplicada ao corpo for retirada parte da energia ser devolvida ao sistema e outra parte dissipada.
Quando o caminho de descarregamento diferente do caminho de carregamento, a rea ABC na figura
2.18(b), a rea do ciclo de histerese na figura 2.18(a), denota a energia perdida por unidade de volume
do corpo.
2.5.3.1 AMORTECIMENTO VISCOELTICO
No modelo viscoelstico parte-se do pressuposto de que a natureza do amortecimento viscosa e a
fora de atrito proporcional velocidade, representando uma oposio ao movimento, sendo descrita
pela equao (Cossolino & Pereira, 2010):
, (3)
onde c uma constante de proporcionalidade e a velocidade de deslocamento de uma massa em
relao a um ponto fixo.
Um sistema massa-mola-amortecedor com 1 grau de liberdade (Figura 2.19), oscilando livremente,
tem seu movimento descrito pela equao:
(4)
Sendo m a massa, k a constante elstica da mola e c o coeficiente de amortecimento viscoso.
Figura 2.19 - Modelo de um oscilador harmnico amortecido (amortecedor viscoelstico) (Cossolino & Pereira,
2010).
-
20
Reescrevendo a equao 4, tem-se:
(5)
Definindo-se:
(6)
(7)
Onde frequncia de ressonncia natural e a taxa de amortecimento ou apenas
amortecimento. Reescrevendo a equao 5 em funo dos novos parmetros, tem-se:
(8)
E assumindo a soluo (Thorby, 2008):
(9)
Chega-se a descrito por:
(10)
Desta forma, o comportamento descrito pela equao acima depende da soluo de
Para : h duas solues reais e chamamos de caso superamortecido;
Para : h uma soluo real e chamamos de caso criticamente amortecido;
Para : h duas solues complexas e chamamos de caso sub-amortecido.
Os casos superamortecido e criticamente amortecido so no oscilatrios e no tem importncia
nesse estudo.
-
21
Figura 2.20 - Ilustrao do fator de amortecimento (Cossolino & Pereira, 2010).
2.6 TCNICAS UTILIZADAS
Como foi dito anteriormente, o objetivo do trabalho a anlise da influncia do tratamento
criognico nas propriedades termomecnicas das SMA. O enfoque ser dado no mdulo elstico,
amortecimento, dureza, temperaturas de transformao de fases e calor latente de transformao. As
tcnicas para determinao das propriedades descritas acima sero discutidas neste item.
2.6.1 CARACTERIZAO DO MDULO ELSTICO E DO AMORTECIMENTO
Os mdulos elsticos podem ser caracterizados por mtodos quase-estticos, dinmicos ou por
ultra-som. Os mtodos quase-estticos ou isotrmicos so baseados em ensaios mecnicos usualmente
destrutivos, e os dinmicos ou adiabticos, em tcnicas de ressonncia no destrutivas. Os valores
determinados pelos mtodos dinmicos so maiores que aqueles determinados pelos estticos em um
percentual tpico de 0,5% para metais. Para outros materiais, a diferena pode ser grande dependendo
dos efeitos anelsticos presentes (Cossolino & Pereira, 2004).
Os mtodos dinmicos permitem obter informaes tanto quantitativas (mdulos elsticos e
coeficiente de amortecimento) quanto qualitativas sobre a integridade de um componente mecnico.
Vale ressaltar ainda que o corpo de prova no fica inutilizado aps o ensaio e pode retornar intacto s
condies normais de servio ou ser ensaiado muitas outras vezes. Assim, podem-se determinar os
efeitos especficos que um tratamento trmico gerou em um determinado material. Alm disso,
-
22
permite rapidez e preciso na aquisio de resultados. Se fosse utilizada outra tcnica, a medio de
mdulo de ruptura, por exemplo, seria necessria uma amostra para cada medio (Cossolino &
Pereira, 2004).
A caracterizao do mdulo de elasticidade e do amortecimento deu-se por mtodo dinmico. Os
ensaios foram realizados nos materiais antes e aps a realizao de tratamento criognico.
O mtodo de decaimento logartmico foi utilizado para calcular o amortecimento do material. Este
consiste em calcular o amortecimento a partir da atenuao da resposta acstica do material ou
estrutura aps uma excitao por impulso.
Existem diversos mtodos para a determinao do amortecimento interno, sendo os mais utilizados
os do decaimento logartmico e o da largura de banda de meia potncia. O termo decremento
logartmico refere-se taxa de reduo logartmica, relacionada com a reduo do movimento aps o
impulso, pois a energia transferida para outras partes do sistema ou absorvida pelo prprio
elemento. importante ressaltar ainda que para os clculos que se seguem, foi utilizado o modelo de
amortecimento viscoelstico (Cossolino & Pereira, 2010). A escolha do mtodo depende
principalmente da faixa de amortecimento e da frequncia de vibrao (Silva, 2007).
Quando um sistema oscilatrio com um grau de liberdade, com amortecimento viscoso excitado
por um impulso (tcnica de excitao por impulso, Sonelastic) sua resposta vem na forma de
decaimento no tempo Figura 2.21, dada por:
Figura 2.21 - Resposta ao impulso para um oscilador simples (Cossolino & Pereira, 2010).
) ) (11)
Esta equao anloga equao 11, onde a frequncia natural amortecida, dada pela equao 12,
:
(12)
Se a resposta no tempo t=tn denotada por y, e a resposta no tempo t = tn + / denotada
por yn, ento, da equao 14, temos que:
-
23
), n=1,2,.. (13)
Suponha que y corresponda a um ponto no decaimento da funo com magnitude igual a A, e que
yn corresponde ao pico, r ciclos mais tarde, com magnitude An. Assim, temos que:
)
(14)
Onde o valor da frequncia amortecida da Eq. 12 foi utilizado. Desta forma, o decremento
logartmico (), obtido por:
)
(15)
Em termos do amortecimento (), tem-se:
)
(16)
Quando o amortecimento baixo (
-
24
Figura 2.22 - Resumo das principais informaes para a determinao do amortecimento pelo mtodo do
decremento logartmico (Cossolino & Pereira, 2010).
2.6.2 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO
A Tcnica de Excitao por Impulso um ensaio dinmico (no-destrutivo) para a determinao
dos mdulos de elasticidade dinmicos e do amortecimento de materiais e consiste essencialmente em
excitar atravs de um impacto mecnico. O impacto de um pino metlico excita as frequncias
flexionais e torcionais do corpo de prova; utilizando o mtodo do decremento logartmico (para o
modelo de amortecimento viscoelstico) determina-se o amortecimento. Equipamentos modernos,
como o Sonelastic, fornecem as frequncias naturais, alm das harmnicas e o amortecimento dos
mais diversos tipos de materiais, de maneira prtica e rpida. O equipamento utiliza um software para
calcular o decremento logartmico e fornecer o valor do amortecimento alm dos mdulos elsticos.
O impacto gera um som que emitido pelo corpo de prova e tem origem nas suas frequncias
naturais de vibrao. importante ressaltar ainda que para os casos de geometrias simples (barra,
cilindro, disco, anel e placa) existe uma relao unvoca entre as frequncias naturais de vibrao com
as dimenses, a massa e os mdulos de elasticidade do corpo de prova.
As dimenses e a massa so parmetros mensurveis com um paqumetro e uma balana de
preciso, respectivamente. Conhecendo-se as dimenses, a massa e as frequncias naturais de
vibrao, o clculo dos mdulos elsticos a partir de modelos matemticos imediato. Portanto,
possvel calcular os mdulos de elasticidade a partir das frequncias naturais e o amortecimento a
partir da atenuao da resposta acstica. De uma maneira geral, o som emitido contm informaes
que permitem determinar as propriedades elsticas (Cossolino & Pereira, 2010).
-
25
2.6.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)
A tcnica de anlise trmica usada nesse trabalho para a caracterizao das ligas foi a Calorimetria
Diferencial de Varredura (Differential Scanning Calorimeter). A partir dela, obtiveram-se as
temperaturas de transformao de fases e o calor latente de transformao. A calorimetria diferencial
de varredura (DSC) amplamente utilizada para estudar as temperaturas de transformao das ligas
SMA e tem a vantagem de requerer pequenas quantidades de materiais (Lagoudas, 2008).
O princpio de operao do DSC medir a taxa de fornecimento de energia calorfica entre uma
substncia e um material de referncia em funo da temperatura, enquanto ambas so submetidas a
um mesmo programa de aquecimento ou resfriamento, rigorosamente controlado. O dispositivo
chamado de diferencial porque tem a capacidade de monitorar a resposta de duas amostras e subtrair o
resultado. Isso muito til quando uma amostra de um material colocada em um forno vazio. O
resultado da calorimetria diferencial de varredura a resposta da amostra. O material da amostra pode
ser encapsulado numa atmosfera inerte para evitar a oxidao (Lagoudas, 2008).
No DSC, tanto a amostra quanto a referncia so mantidas a mesma temperatura ao longo do ciclo
trmico programado. Para tanto, necessria a correo da temperatura da amostra no momento de um
evento trmico e isto chamado de compensao trmica. Esta compensao trmica feita atravs do
aumento do suprimento de energia eltrica a micro-resistncias conectadas amostra e referncia.
Esta diferena de energia ento registrada em funo do ciclo trmico programado. Os eventos
trmicos da amostra so ento representados como desvios da linha de base, tanto para eventos
endotrmicos como exotrmicos (Caponero & Tenrio). A Figura 2.23 simplificao do
equipamento utilizado.
Figura 2.23 - Equipamento tpico de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), (Perkin Elmer, 2011).
A Figura 2.24 mostra uma curva DSC tpica de ligas SMA. Nela, a potncia (mW) necessria para
manter uma taxa constante de aquecimento ou de resfriamento para a amostra de SMA representada
no eixo das ordenadas e a temperatura da cmara representada no eixo das abscissas. A partir da
curva pode-se observar que caso uma amostra na fase de martensita maclada seja aquecida ser
observada uma transformao de fase reversa que tem incio em As. A reao que ocorre durante essa
transformao endotrmica e requer que seja fornecido calor adicional para a amostra a fim de
-
26
manter a taxa de aquecimento prescrita anteriormente constante. Essa mudana na energia fornecida
como o aumento da temperatura registrada como uma transformao "pico" durante o aquecimento.
Um pico semelhante tambm registrado durante o processo de resfriamento no qual ocorre uma
transformao da austenita para martensita (direta). As temperaturas de transformao so obtidas por
meio dos grficos pelos desenhos de tangentes a partir das regies de incio e fim dos picos. A
interseco dessas tangentes com as linhas base permite a obteno das temperaturas. O calor latente
associado para a transformao de fase pode ser calculado a partir das reas dessas curvas (Lagoudas,
2008).
Figura 2.24 - Diagrama esquemtico de uma curva de DSC para uma SMA mostrando as temperaturas de
transformao de fase e o calor latenete associado (Lagoudas, 2008. Modificado).
2.7 TRATAMENTO CRIOGNICO
O tratamento criognico vem sendo apresentado como um tratamento trmico com grandes efeitos
nas propriedades dos aos ferramentas. A ele so atribudas melhoras na resistncia ao desgaste e na
tenacidade dos aos ferramentas. Estes benefcios dependem tanto da temperatura utilizada quanto do
tempo de permanncia nesta temperatura. Os micromecanismos propostos para explicar os fenmenos
que ocorrem na microestrutura durante a permanncia em temperaturas criognicas e no aquecimento
subsequente no esto estabelecidos de forma clara (Farina, 2011).
Durante anos, os tratamentos criognicos desenvolveram-se rodeados de ceticismo. A sua
aplicao foi fundamentalmente emprica, baseada na experincia. Praticamente no houve
investigao aprofundada em torno deste assunto e sabe-se muito pouco acerca do que ocorre nos
materiais sujeitos a temperaturas criognicas (Sartori et al, 2006). Perante a clara evidncia de
resultados, nos ltimos anos, tem crescido o interesse neste processo e, consequentemente, surgido um
crescente esforo de investigao (Leskovsec et al, 2006).
Eboni (2010) analisou as microestruturas e as propriedades mecnicas geradas por processos
realizados em temperaturas abaixo de 0C, em corpos de prova de ao SAE M2, tratados
termicamente. Os resultados obtidos para os corpos de prova submetidos a -196 C mostraram que
ocorre algum outro fenmeno, alm da transformao de austenita retida em martensita. A bibliografia
-
27
afirma que ocorre a precipitao de nanocarbonetos. Ainda pode-se afirmar que aos rpidos tratados
criogenicamente tero um resultado superior aos tratados pelo processo convencional (tmpera e trs
revenidos).
Farina (2011) estudou os efeitos da introduo de etapas de tratamento criognico e do alvio de
tenses no ciclo trmico do ao ferramenta para trabalho a frio AISI D2. Variaram-se as temperaturas
de tratamento criognico, sendo elas principalmente: criognica (-196 C) e subzero (-80C). Foram
variados os tempos e permanncia s temperaturas criognicas: 2, 3, 10, 24, 30 e 36 horas. Verificou-
se o efeito da adio da etapa de alivio de tenses previamente ao tratamento criognico. A partir da
anlise, concluiu-se que os carbonetos secundrios (micromtricos) no apresentaram variao. Os
carbonetos secundrios de revenido (nanomtricos) apresentam-se mais finamente dispersos na matriz
nas amostras com tratamento criognico e sem alivio de tenses.
Ashiuchi (2009) investigou o efeito do DCT na vida por fadiga sob condies de fretting no Al
7050-T7451. Este material usado principalmente pela indstria aeronutica na construo de
nervuras de asas, trens de pouso e outros componentes de aeronaves. As principais concluses obtidas
com esse trabalho foram: para vidas longas, em geral, superiores a 2x106 ciclos, observou-se um
prolongamento na vida em fadiga pro fretting com o uso do DCT. Mais especificamente, o aumento da
durabilidade para os corpos tratados foi de 227% com relao aos corpos no tratados sob condies
nominalmente idnticas de carregamento. J para vidas inferiores a 2x106 ciclos o DCT pode afetar
negativamente a resistncia em fadiga sob condies de fretting. Por outro lado, o nmero de ensaios
nessa regio foi menor e a disperso maior.
Gobbi (2009) estudou o desempenho de corpos de provas do ao AISI D2 criogenicamente
tratados em relao resistncia ao desgaste microabrasivo, a influncia da temperatura de
austenitizao no ciclo de tratamento trmico e da ordem do revenimento em relao ao DCT. A partir
da anlise, concluiu-se que com o DCT, temperaturas elevadas de austenitizao no beneficiam a
resistncia ao desgaste abrasivo do material. Este efeito pode estar relacionado aos diferentes nveis de
austenita residual na microestrutura do ao, na condio somente temperado. J para amostras
austenitizadas a temperaturas mais baixas, os resultados revelaram que o DCT aumenta a resistncia
ao desgaste do ao AISI D2 em at 44%. Este efeito est principalmente relacionado ao aumento da
quantidade de finos carbonetos dispersos nas matrizes das amostras tratadas criogenicamente.
2.7.1 TCNICAS
H diversas formas e tcnicas de fazer tratamento a frio nos materiais, uma vez que frio pode ser
entendido como temperaturas menores que a temperatura ambiente.
De acordo com Bryson (1999), os tratamentos dos materiais a frio podem ser classificados como:
Tratamento Sub-zero de alguns minutos a algumas horas em at -80C por exposio ao
gelo seco de CO2;
-
28
Tratamento Criognico de forma brusca de alguns minutos a algumas horas em at -
196C por exposio rpida ao nitrognio lquido (N2L);
Tratamento Criognico Profundo (DCT) resfriamento lento, dezenas de horas em at -
196C por exposio lenta e controlada ao gs resfriado obtido da evaporao do N2L e
aquecimento lento e controlado.
O tratamento sub-zero hoje o mais popular e conhecido dos tratamentos a frio, ele utilizado na
indstria para promover maior estabilidade dimensional e remover tenses residuais dos processos de
laminao, extruso, forja, austenitizao, etc. conhecida por complementar o revenimento e
remover alteraes dimensionais da tmpera. Esse tratamento tambm representa o de menor
investimento inicial. O processo criognico passou por um perodo de descrdito, pelo menos at a
ltima dcada, devido falta de cuidado ou recursos com o que era executado. Por ausncia de
controle automatizado que a tecnologia da poca permitia, as peas tratadas eram mergulhadas
diretamente no N2 lquido, com isso aconteciam trincas por gradiente de contrao entre as camadas
externas e internas do material. O tratamento criognico precisou esperar o desenvolvimento da
informtica e da eletrnica de microprocessamento para ser redescoberto, assim todo o processo pode
ser acompanhado sem a necessidade de um operador presente durante o tempo do ciclo (Ashiuchi,
2009).
O chamado Tratamento Criognico Profundo consiste em um resfriamento a uma baixa taxa, a
partir da temperatura ambiente at a temperatura do nitrognio lquido (-196C. Embora os efeitos e
resultados que proporciona sejam funo do material e da aplicao, a maior ou menor magnitude
desses efeitos depende de uma combinao previa entre o tratamento habitual e o tratamento
criognico (Mariante, 1999; Farina, 2011).
O ciclo de criogenia pode ser feito em atmosfera gasosa de nitrognio ou usando a imerso direta
no lquido. Normalmente, esse resfriamento mantido durante 24 horas (podendo ser superior) e
depois retorna temperatura ambiente, tambm a taxas baixas (Yun & Xiaoping, 1998).
O tratamento criognico no altera a aparncia nem as dimenses dos componentes. Ele
realizado em atmosfera inerte e no ocorre mudana de cor ou oxidao. Umas das particularidades
desse tratamento que ele indetectvel. As alteraes so sutis e afetam o material escala
microestrutural (Silva, 1999). Isso evita mudanas bruscas de temperatura que possam provocar o
aparecimento de trincas e tenses internas (Carlson, 1969; Albert, 1992).
-
29
3 MATERIAIS E MTODOS
3.1 MATERIAIS ANALISADOS
3.1.1 COMPOSIO QUMICA
A liga NiTi utilizada para estudo fabricada pela empresa Nimesis. Na temperatura ambiente, a
liga encontra-se na fase martenstica, possui efeitos de memria de forma. A composio qumica foi
determinada por ensaio de EDX (Espectroscopia por Fluorescncia de Raio-X, Anexo 1), resultando
nos valores apresentados na tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Composio qumica da liga NiTi (Albano, 2013).
Composio qumica
Componente pp %
Ni 55, 408
Ti 43, 888
Al 0, 295
Fe 0, 157
Ca 0, 143
Si 0, 109
3.1.2 CORPOS DE PROVA
Os corpos de prova utilizados foram cortados com uma serra circular de disco abrasivo e podem
ser visualizados pelas Figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4. Foram utilizados trs corpos de prova para cada tempo
de encharque diferente.
Figura 3.1 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 15 minutos
(NiTi_TC15min, esquerda) e sem tratamento (NiTi_ST, direita) utilizados nos ensaios da Tcnica de
Excitao por Impulso e de Dureza.
-
30
Figura 3.2 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas (NiTi_TC8h)
utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.
Figura 3.3 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas
(NiTi_TC16h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.
Figura 3.4 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas
(NiTi_TC24h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.
-
31
As Tabelas 3.2 a 3.12 resumem os dados referentes s geometrias dos corpos de prova de NiTi e
suas respectivas massas. As dimenses foram realizadas em trs pontos diferentes: nas extremidades e
no meio do corpo de prova. Esses dados foram obtidos por meio de um paqumetro com incerteza de
0,05 mm e uma balana digital com incerteza de 0,0001 g.
Tabela 3.2 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico sem tratamento.
Corpo de prova Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 78,40 10 40,2121
Medida 2 78,35 10 40,2121
Medida 3 78,35 10 40,2121
Valor mdio 78,37 10 40,2121
Desvio-padro 0,26 0 0
Coef. de variao % 0,516 0 0
Dimenses mdias 78,37 0,1 10 0,05 40, 2121 0,0001
Tabela 3.3 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico tratado criogenicamente
com tempo de encharque de 15 minutos.
Corpo de prova Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 77,90 10 39,9864
Medida 2 77,90 10 39,9865
Medida 3 77,95 10 39,9864
Valor mdio 77,92 10 39,9864
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 77,92 0,08 10 0,05 39,9864 0,0001
Tabela 3.4 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 40,25 10 20,6854
Medida 2 40,25 10 20,6853
Medida 3 40,30 10 20,6853
Valor mdio 40,27 10 20,6853
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 40,27 0,08 10 0,05 20,6853 0,0001
-
32
Tabela 3.5 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.
Corpo de prova 2 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 36,20 10 18,6977
Medida 2 36,15 10 18,6977
Medida 3 36,20 10 18,6976
Valor mdio 36,17 10 18,6977
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 36,17 0,08 10 0,05 18,6977 0,0001
Tabela 3.6 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.
Corpo de prova 3 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 40,50 10 20,8178
Medida 2 40,50 10 20,8179
Medida 3 40,45 10 20,8179
Valor mdio 40,47 10 20,8179
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 40,47 0,08 10 0,05 20,8179 0,0001
Tabela 3.7 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 36,40 10 18,2876
Medida 2 36,40 10 18,2877
Medida 3 36,40 10 18,2878
Valor mdio 36,40 10 18,2877
Desvio-padro 0 0 0
Dimenses mdias 36,40 0,05 10 0,05 18,2877 0,0001
-
33
Tabela 3.8 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 35,65 10 18,4187
Medida 2 35,65 10 18,4188
Medida 3 35,65 10 18,4187
Valor mdio 35,65 10 18,2877
Desvio-padro 0 0 0
Dimenses mdias 35,65 0,05 10 0,05 18,4187 0,0001
Tabela 3.9 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 35,20 10 18,1763
Medida 2 35,20 10 18,1764
Medida 3 35,20 10 18,1763
Valor mdio 35,20 10 18,1763
Desvio-padro 0 0 0
Dimenses mdias 35,20 0,05 10 0,05 18,1763 0,0001
Tabela 3.10 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 33,00 10 17,0574
Medida 2 33,00 10 17,0575
Medida 3 33,05 10 17,0576
Valor mdio 33,02 10 17,0575
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 33,02 0,08 10 0,05 18,1763 0,0001
-
34
Tabela 3.11 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 35,10 10 18,1520
Medida 2 35,15 10 18,1520
Medida 3 35,10 10 18,1521
Valor mdio 35,12 10 18,1520
Desvio-padro 0,03 0 0
Dimenses mdias 35,12 0,08 10 0,05 18,1520 0,0001
Tabela 3.12 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado
criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.
Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)
Medida 1 42,75 10 21,9953
Medida 2 42,75 10 21,9955
Medida 3 42,75 10 21,9955
Valor mdio 42,75 10 21,9954
Desvio-padro 0 0 0
Dimenses mdias 42,75 0,03 10 0,05 21,9954 0,0001
3.2 TRATAMENTOS CRIOGNICOS
3.2.1 TRATAMENTO CRIOGNICO BRUSCO
O tratamento criognico de forma brusca, como se fosse uma tmpera criognica, foi realizado
com a imerso do corpo de prova diretamente no N2 liquido. Ou seja, o resfriamento procedeu com a
maior taxa de resfriamento possvel. O processo simples, o tempo de encharque da liga NiTi no N2
lquido foi variado em: 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas. Na Figura 3.5 pode-se verificar o
recipiente de armazenamento de nitrognio lquido. Posteriormente os corpos de prova foram retirados
do recipiente e ocorreu o aquecimento at a temperatura ambiente de forma natural (Figura 3.6).
-
35
Figura 3.5 Recipiente onde foi armazenado nitrognio lquido.
Figura 3.6 Aquecimento do corpo de prova at a temperatura ambiente.
3.2.2 TRATAMENTO CRIOGNICO PROFUNDO
O tratamento criognico profundo foi realizado por Albano (2013). O processo disponibilizado
pela empresa Kryos Tecnologia comercialmente chamado de ULTP, Ultra Low Temperature
Process, no qual se utiliza vapor de nitrognio lquido como meio de resfriamento. Todo o processo,
ou seja, a taxa de resfriamento, manuteno na temperatura de tratamento criognico e aquecimento
at a temperatura ambiente controlado por software e hardware especficos desenvolvidos pela
-
36
empresa (Gobbi, 2009). Na Figura 3.7, pode-se identificar a cmara de tratamento e o cilindro de
armazenamento de nitrognio lquido, pertencentes Kryos Tecnologia.
Figura 3.7 - Equipamento para tratamento criognico Kryos Tecnologia (Gobbi, 2009).
O corpo de prova de NiTi foi submetido ao tratamento trmico baseado no ciclo indicado na
Figura 3.7. De acordo com esse ciclo, a liga resfriada at a temperatura em torno de -190C e
mantido a essa temperatura entre doze e vinte e quatro horas. Em seguida, ocorre aquecimento at a
temperatura ambiente.
Albano (2013) realizou este experimento com taxa de variao de temperatura no resfriamento e
no aquecimento de 17,83 C/h. No presente trabalho foram realizados experimentos com taxas
elevadssimas de resfriamento (imerso em N2 variando-se o tempo de encharque) para a comparao
de resultados. A princpio, os corpos de prova no necessitam de uma taxa to lenta como mostrada na
Figura 3.8, contudo, foi realizado para garantir a integridade dos mesmos sobre critrio cientifico.
Figura 3.8 Curva geral de resfriamento e reaquecimento do tratamento criognico profundo.
-
37
3.3 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO - SONELASTIC
O Software para a caracterizao dos mdulos de elasticidade e do amortecimento pela Tcnica de
Excitao por Impulso utilizado foi o Sonelastic verso PC Based Lab I. Tecnicamente, o Software
Sonelastic consiste em um analisador de vibraes transitrias, das quais so extradas as
frequncias e a respectiva taxa de atenuao para a realizao do calculo do amortecimento.
Na aplicao a que se destina, o Software identifica quais so as frequncias de vibrao e os
respectivos amortecimentos mediante o processamento da resposta acstica do corpo de prova,
resposta esta induzida por uma excitao mecnica por impulso (uma leve pancada na superfcie do
corpo de prova). Para desempenhar tal tarefa, o Software Sonelastic possui um sistema de
programao computacional avanado e faz uso de ferramentas matemticas nos clculos dos mdulos
de elasticidade e amortecimento a partir do decaimento logartmico, em acordo com a Norma ASTM
E-1876 e correlatas (Cossolino & Pereira, 2010).
Figura 3.9 - Sonelastic; 1: Sistema de suporte Sonelastic RTS-Auto; 2:Sistema de excitao Sonelastic IED1;
3:Pulsador com solenide tubular1; 4: Microfone; 5: Corpo de prova (Cossolino & Pereira, 2010. Modificado).
O equipamento constitudo basicamente por um pulsador automtico, transdutor (microfone) e
um suporte, conforme mostrado na Figura 3.9 acima. A funo do pulsador aplicar um impacto no
corpo de prova para gerar as vibraes mecnicas, sem danific-lo; a do transdutor captar a resposta
acstica e transform-la em sinal eltrico para que seja possvel identificar as frequncias de
ressonncia. Os suportes de corpo de prova tm o objetivo de apoiar os corpos de prova em seus
pontos e/ou linhas nodais para poder vibrar livremente ao receber a excitao. Vale lembrar ainda que
os suportes dependem das dimenses e da geometria dos corpos de prova
-
38
A aquisio do sinal feita por meio de um microfone com cpsula e largura de banda de 20 kHz.
importante que o sistema de excitao e captao do sinal exera mnima influncia sobre o
amortecimento da vibrao flexional fundamental. As caracterizaes foram realizadas utilizando o
suporte de corpo de prova Sonelastic RTS-Auto, indicado pelo nmero 1 na Figura 3.9, que impem as
condies de contorno mecnico timas para o modo de vibrao flexional fundamental. Neste suporte
a amostra apoiada exatamente sobre os ns de vibrao flexional fundamental por finos fios
metlicos na posio 0,224C, em que C o comprimento do corpo de prova. O ajuste da posio
realizado automaticamente por um sistema mecnico baseado no