influÊncia da taxa de resfriamento e do tempo de...

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PROJETO DE GRADUAÇÃO INFLUÊNCIA DA TAXA DE RESFRIAMENTO E DO TEMPO DE ENCHARQUE CRIOGÊNICO EM PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DE UMA LIGA NiTi Por, Leonardo Arantes Ayres Lopes Brasília, 27 de junho de 2014 UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA

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  • PROJETO DE GRADUAO

    INFLUNCIA DA TAXA DE RESFRIAMENTO E DO TEMPO DE ENCHARQUE CRIOGNICO EM PROPRIEDADES TRMICAS E MECNICAS DE

    UMA LIGA NiTi

    Por, Leonardo Arantes Ayres Lopes

    Braslia, 27 de junho de 2014

    UNIVERSIDADE DE BRASILIA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA

  • ii

    UNIVERSIDADE DE BRASILIA

    Faculdade de Tecnologia

    Departamento de Engenharia Mecnica

    PROJETO DE GRADUAO

    INFLUNCIA DA TAXA DE RESFRIAMENTO E DO TEMPO DE ENCHARQUE CRIOGNICO EM PROPRIEDADES TRMICAS E MECNICAS DE

    UMA LIGA NiTi

    POR,

    Leonardo Arantes Ayres Lopes

    Relatrio submetido como requisito parcial para obteno

    do grau de Engenheiro Mecnico.

    Banca Examinadora

    Prof. Edson Paulo da Silva, UnB/ ENM (Orientador)

    Prof. Palloma Vieira Muterlle, UnB/ ENM

    Prof. Daniel Monteiro Rosa, UnB/ ENM

    Braslia, 27 de Junho de 2014

  • iii

    RESUMO

    As ligas com memria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) so uma famlia de ligas

    metlicas que exibem basicamente dois comportamentos excepcionais: pseudoelasticidade e

    efeito de memria de forma. Isso quer dizer que esses materiais podem sofrer uma

    deformao atravs de um carregamento mecnico e retornar para suas formas originais com

    o descarregamento e um aquecimento respectivamente. Tais comportamentos possibilitam o

    emprego desses materiais no desenvolvimento de aplicaes nas mais diversas reas. Podem-

    se executar tratamentos criognicos a diferentes temperaturas para verificar a influncia das

    propriedades mecnicas e trmicas em ligas com memria de forma compostas por NiTi. A

    liga foi caracterizada atravs de dureza (escala Rockwell B), em relao s temperaturas de

    transformao de fases e calor latente de transformao, Calorimetria Diferencial de

    Varredura, mdulo de elasticidade e amortecimento (Tcnica de Excitao por Impulso). A

    partir de uma anlise comparativa dos resultados da liga tratada e no tratada observou-se a

    influncia do tratamento criognico nessas ligas.

    ABSTRACT

    Shape Memory Alloys - SMA are a family of metal alloys that have basically two kinds of

    behaviors: pseudoelasticity and shape memory effect. This means that these materials can

    undergo deformation by a mechanical load and return to their original forms with the

    unloading and warming. Such behaviors allow the use of these materials in the development

    of applications for many different purposes.

    May be carried out cryogenic treatments at different temperatures to verify the influence of,

    mechanical and thermal properties in shape memory alloys composed of NiTi. The alloy was

    characterized by Differential Scanning Calorimetry), hardness (Rockwell scale), elastic

    modulus and damping (Technique Impulse Excitation). From a comparative analysis of

    untreated and treated alloy was observed to influence the cryogenic treatment in these alloys.

  • iv

    SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................................................. 1 1.1 MOTIVAO DO TRABALHO ................................................................................... 1 1.2 OBJETIVO ............................................................................................................ 2 1.3 METODOLOGIA..................................................................................................... 2 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 2

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 3

    2.1 LIGAS COM MEMRIA DE FORMA ........................................................................... 3 2.2 TRANSFORMAO DE FASE MARTENSTICA TERMOELSTICA .................................... 4 2.3 COMPORTAMENTO TERMOMECNICO DAS SMA ........................................................ 5 2.3.1 QUASIPLASTICIDADE ............................................................................................ 5 2.3.2 PSEUDOELASTICIDADE ......................................................................................... 6 2.3.3 EFEITO MEMRIA DE FORMA ................................................................................. 8 2.4 LIGAS NiTi ........................................................................................................... 9 2.4.1 APLICAES DAS LIGAS NiTi ................................................................................ 11 2.4.1.1 APLICAES EM TUBULAES .............................................................................. 11 2.4.1.2 APLICAES NA AERONUTICA............................................................................. 12 2.4.1.3 APLICAES NA MEDICINA................................................................................... 13 2.5 PROPRIEDADES ................................................................................................... 16 2.5.1 MDULO ELSTICO ............................................................................................. 16 2.5.2 DUREZA ............................................................................................................. 16 2.5.3 AMORTECIMENTO ................................................................................................ 17 2.5.3.1 AMORTECIMENTO VISCOELTICO.......................................................................... 19 2.6 TCNICAS UTILIZADAS ........................................................................................ 21 2.6.1 CARACTERIZAO DO MDULO ELSTICO E DO AMORTECIMENTO ........................... 21 2.6.2 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO ................................................................. 24 2.6.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................... 25 2.7 TRATAMENTO CRIOGNICO .................................................................................. 26 2.7.1 TCNICAS .......................................................................................................... 27

    3 MATERIAIS E MTODOS ............................................................................................29

    3.1 MATERIAIS ANALISADOS ..................................................................................... 29 3.1.1 COMPOSIO QUMICA ........................................................................................ 29 3.1.2 CORPOS DE PROVA .............................................................................................. 29 3.2 TRATAMENTOS CRIOGNICOS .............................................................................. 34 3.3 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO - SONELASTIC ......................................... 37 3.4 ENSAIO DE DUREZA ............................................................................................ 38 3.5 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................... 39

    4 RESULTADOS E DISCUSSO....................................................................................43

    4.1 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO DINMICO ....................................................... 43 4.2 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO DE DUREZA ROCKWELL B.................................. 48 4.3 RESULTADO E ANLISE DO ENSAIO TRMICO ........................................................ 51

    5 CONCLUSES ............................................................................................................60 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................62 ANEXOS ..............................................................................................................................64

  • v

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 - Curva frao volumtrica de martensita () x temperatura(T).. .................. 3

    Figura 2.2 - Movimento coordenado dos tomos e deformao cisalhante na

    transformao martenstica (Novk et al., 2008).......................................................4

    Figura 2.3 - Curva Tenso-Deformao quasiplstica tpica .. ...................................... 6

    Figura 2.4 - Curva tenso-deformao pseudoelstica tpica .. .................................... 7

    Figura 2.5- Representao esquemtica das transformaes de fase (Lagoudas, 2008.

    Modificado).. ........................................................................................................ 7 Figura 2.6 - Curvas tenso-deformao pseudoelstica Tpica. ................................. 8 Figura 2.7 - Efeito de Memria de Forma Esquemtico (Paiva, 2003).. ....................... 8

    Figura 2.8 - Efeito de Memria de Forma Esquemtico. ............................................ 9

    Figura 2.9 - Diagrama de fases da liga Ni-Ti (Otsuka, K. and X. Ren, 2005).. ...............10

    Figura 2.10 - Modelo de esferas reduzidas que representam as estruturas

    correspondentes s fases austentica e martenstica (Santos, 2008).. ..........................11

    Figura 2.11 - Acoplamento SMA: insero dos tubos, a frio; martensita, ajuste dos tubos

    devido ao aquecimento da manga, transformao da martensita em austenita (Funakubo,

    1987).. ................................................................................................................12

    Figura 2.12 - Aeroflio com SMA (Lockheed Martins, 2006).. ......................................13

    Figura 2.13 - Filtro de Simon dispositivo cardiovascular (Lagoudas, 2008).. .............13

    Figura 2.14 - Evoluo da forma durante o aquecimento (Fernandes, 2003).. ..............14 Figura 2.15 - Implante de placa ssea utilizada para reparar uma fratura na mandbula

    (Castilho et al, 2011).. ..........................................................................................15

    Figura 2.16 - Arcos ortodnticos de SMA (Lagoudas,2008)... ......................................15 Figura 2.17 - Relao da fora em funo da separao interatmica para tomos com

    ligaes fracas e com ligaes fortes (Callister, 2007. Modificado).... ..........................16

    Figura 2.18 - Ciclo de histerese tpica para amortecimento mecnico (Rao, 2008). .......18 Figura 2.19 - Modelo de um oscilador harmnico amortecido (amortecedor viscoelstico)

    (Cossolino & Pereira, 2010. ....................................................................................19

    Figura 2.20 - Ilustrao do fator de amortecimento (Cossolino & Pereira, 2010)...........21

    Figura 2.21 Resposta ao Impulso para um oscilador simples...................................22

    Figura 2.22 - Resumo das principais informaes para a determinao do amortecimento

    pelo mtodo do decremento logartmico (Cossolino & Pereira, 2010)..24

    Figura 2.23 - Equipamento tpico de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), (Perkin

    Elmer, 2011).25

    Figura 2.24 - Diagrama esquemtico de uma curva de DSC para uma SMA mostrando as

    temperaturas de transformao de fase e o calor latenete associado (Lagoudas, 2008.

    Modificado).26

    Figura 3.1 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque

    de 15 minutos (NiTi_TC15min, esquerda) e sem tratamento (NiTi_ST, direita)

    utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.....................29

    Figura 3.2 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque

    de 8 horas (NiTi_TC8h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de

    Dureza.................................. ............ ............ ............ ............ ............ ............30

    Figura 3.3 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque

    de 16 horas (NiTi_TC16h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e

    de Dureza.................... .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ..........30

    Figura 3.4 - Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque

    de 24 horas (NiTi_TC24h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e

    de Dureza .......................................................................................................30

    Figura 3.5 - Recipiente onde foi armazenado nitrognio lquido..... .. .. ........ ...... .. .. 35 Figura 3.6 - Aquecimento do corpo de prova at a temperatura ambiente .......35

  • vi

    Figura 3.7 - Equipamento para tratamento criognico Kryos Tecnologia (Gobbi,

    2009)..36

    Figura 3.8 - Curva geral de resfriamento e reaquecimento do tratamento criognico

    profundo............................................................................................................36

    Figura 3.9 - Sonelastic; 1: Sistema de suporte Sonelastic RTS-Auto; 2:Sistema de

    excitao Sonelastic IED1; 3:Pulsador com solenide tubular1; 4: Microfone; 5: Corpo de prova (Cossolino & Pereira, 2010. Modificado).37

    Figura 3.10 - Durmetro Pantec modelo Rasn-Rs Panambra. ......................................38

    Figura 3.11 - Equipamento DSC 8000 Perkin Elmer ................................................39

    Figura 3.12 - Cortadeira eltrica Struers secotom15 .................................................40

    Figura 3.13 - Banho de Limpeza Ultrassom - Q335D. ................................................40

    Figura 3.14 - Duplo-forno que permite a medio direta do fluxo de calor ...................41

    Figura 3.15 - Ciclo de aquecimento e resfriamento usados para o ensaio de DSC..........42 Figura 4.1- Mdulo de elasticidade dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, com

    tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma brusca com 15

    minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque, via Sonelastic ..........46

    Figura 4.2 - Fator de Amortecimento dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, com

    tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma brusca com 15

    minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque, via Sonelastic.. ........47 Figura 4.3 Dureza dos corpos de prova de NiTi sem tratamento, tratado

    criogenicamente de forma brusca e com tratamento criognico profundo (Albano, 2013)

    ..........................................................................................................................51

    Figura 4.4 Curva de DSC para a liga NiTi sem tratamento criognico ........................52

    Figura 4.5 Curva de DSC para a liga NiTi com tratamento criognico profundo

    (NiTi_TCP), (Albano, 2013) ....................................................................................52

    Figura 4.6 - Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 15

    minutos de encharque (NiTi_TC15min).. ..................................................................53 Figura 4.7 - Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 8

    horas de encharque (NiTi_TC8h). ...........................................................................53

    Figura 4.8 Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 16

    horas de encharque (NiTi_TC16h) ...........................................................................54

    Figura 4.9 Curva de DSC para a liga NiTi tratada criogenicamente de forma brusca, 16

    horas de encharque (NiTi_TC24h) ...........................................................................54

    Figura 4.10 Temperatura de incio da fase martensita dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............56

    Figura 4.11 - Temperatura final da fase martensita dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque.. ..........56

    Figura 4.12 Temperatura de incio da fase austenita dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............57

    Figura 4.13 Temperatura final da fase austenita dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............57

    Figura 4.14 Temperatura do Pico Exotrmico dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............58

    Figura 4.15 Temperatura do Pico Endotrmico dos corpos de prova de NiTi sem

    tratamento, com tratamento criognico profundo e tratado criogenicamente de forma

    brusca com 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas de tempo de encharque ............58

  • vii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 - Principais caractersticas das fases martensita e austenita. ...................... 5 Tabela 2.2 - Tcnicas de ensaio de dureza (Callister, 2007). ......................................17

    Tabela 3.1 - Composio qumica da liga NiTi (Albano, 2013). ....................................29

    Tabela 3.2 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico sem

    tratamento criognico. ..........................................................................................31

    Tabela 3.3 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 15 minutos. ........................................31

    Tabela 3.4- Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas. ........................................... 431

    Tabela 3.5 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas. .............................................32

    Tabela 3.6 Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas ..............................................32

    Tabela 3.7 Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................32

    Tabela 3.8 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................33

    Tabela 3.9 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas. ............................................33

    Tabela 3.10 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas .............................................33

    Tabela 3.11 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas. ............................................31

    Tabela 3.12 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas. ............................................31

    Tabela 4.1- Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para material sem

    tratamento (NiTi_ST) ............................................................................................43

    Tabela 4.2 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para o material

    com tratamento criognico profundo (Albano, 2013) (NiTi_TCP). ................................44

    Tabela 4.3 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para o material

    tratado criogenicamente de forma brusca, 15 minutos de encharque (NiTi_TC15min) ...44

    Tabela 4.4 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para material sem

    tratamento (NiTi_ST) ............................................................................................44

    Tabela 4.5 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para os corpos de

    prova 1, 2 e 3 tratado criogenicamente de forma brusca, 8 horas de encharque

    (NiTi_TC8h) .........................................................................................................45

    Tabela 4.6 - Resultado do ensaio da Tcnica de Excitao por Impulso para os corpos de

    prova 1, 2 e 3 tratado criogenicamente de forma brusca, 24 horas de encharque

    (NiTi_TC24h). ......................................................................................................45

    Tabela 4.7 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para material sem tratamento

    (NiTi_ST) .............................................................................................................48

    Tabela 4.8 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para o material com tratamento criognico profundo (Albano, 2013) (NiTi_TCP) ........................................................48

    Tabela 4.9 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para o material tratado

    criogenicamente de forma brusca, 15 minutos de encharque (NiTi_TC15min) ..............49

    Tabela 4.10 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados

    criogenicamente de forma brusca, 8 horas de encharque (NiTi_TC8h) .........................49

    Tabela 4.11 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados

    criogenicamente de forma brusca, 16 horas de encharque (NiTi_TC16h) .....................49

    Tabela 4.12 - Resultado do ensaio de Dureza Rockwell para os materiais tratados

    criogenicamente de forma brusca, 24 horas de encharque (NiTi_TC24h) .....................50

    Tabela 4.13 - Temperaturas de Transformao de Fases e Calores Latentes de

    Transformao das Ligas NiTi sem tratamento e tratadas criogenicamente obtidos a partir

    do DSC ...............................................................................................................55

  • viii

    LISTA DE SMBOLOS

    Smbolos Latinos

    T Temperatura

    d Capacidade de amortecimento por unidade de volume

    D0 Deformao quasiplstica

    Ms Incio da transformao direta da austenita em martensita

    Mf Final da transformao da austenita em martensita

    Mp Temperatura de pico exotrmico

    Md Maior temperatura na qual a martensita ser formada,

    As Temperatura de incio da transformao reversa da martensita em austenita

    Af Temperatura final da transformao reversa da martensita em austenita

    Ap Temperatura de pico endotrmico

    E Mdulo de elasticidade

    Q Fator de Qualidade

    C Comprimento do corpo de prova

    Smbolos Gregos

    Frao volumtrica de martensita

    crit Tenso crtica

    L Deformao recupervel mxima

    Ms

    Tenso inicial da transformao da martensita induzida por tenso

    Mf

    Tenso final da transformao da martensita induzida por tenso

    As

    Tenso inicial da transformao da austenita induzida por tenso

    Af

    Tenso final da transformao da austenita induzida por tenso

    s Tenso da martensita maclada

    f Tenso da martensita demaclada

    Deformao

    Densidade

    Subscritos

    crit crtica

    s start

    f final

    p pico

    0 equilbrio

    aus austenita

    mar martensita

    max mximo(a)

    L mximo(a)

    MA Transformao da martensita para austenira

    AM Transformao da austenita para martensita

    ST Sem Tratamento

    TC Tratado Criogenicamente

  • ix

    Siglas

    CFC Cbica de Faces Centradas

    CCC Cbica de Corpo Centrado

    TCC Tetragonal de Corpo Centrado

    UnB Universidade de Braslia

    SME Shape Memory Effect

    GDL Grau De Liberdade

    FFT Transformada Rpida de Fourier

    DCT Deep Cryogenic Treatment

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    SMA Shape Memory Alloys

    ULTP Ultra Low Temperature Process

    ASTM American Society for Testing and Materials

    DSC Differential Scanning Calorimeter

    EDS Energy Dispersive x-Ray Detector

    HRB Hardness Rockell B

    E(flex) Mdulo de Elasticidade flexional (GPa)

    Freq TF Frequncia "Time- Frequency"

    TF Fator de amortcimento "Time Frequency" NiTi_ST NiTi Sem Tratamento criognico

    NiTi_TCP NiTi com Tratamento Criognico Profundo

    NiTi_TC15min NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque 15 minutos

    NiTi_TC8h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 8 horas

    NiTi_TC16h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 16 horas

    NiTi_TC24h NiTi Tratado Criogenicamente forma brusca tempo de encharque de 24 horas

  • 1

    1 INTRODUO

    1.1 MOTIVAO DO TRABALHO

    O Tratamento Criognico Profundo (Deep Cryogenic Treatment DCT) um processo trmico

    lento e controlado onde um material resfriado at uma temperatura em torno de -190C e depois

    aquecido at a temperatura ambiente (Gobbi, 2009). A utilizao de temperaturas abaixo de zero para

    a melhoria das propriedades de ao no uma prtica recente (Gobbi, 2009).

    A literatura apresenta uma srie de relatos e experincias criognicas. A partir da dcada de 70,

    com o desenvolvimento de tecnologias a baixas temperaturas, o processo criognico foi estendido para

    a faixa de -196C. Foram reportadas melhorias significativas em diversos ramos da tecnologia

    (Sartori, 2009). Estudos com temperaturas abaixo de zero passaram a se tornar mais comuns, com isso

    foram reportadas melhorias significativas relacionadas com o aumento da resistncia ao desgaste em

    aos ferramenta se comparado com ciclos trmicos tradicionais ou com tratamento sub-zero (Eboni,

    2010; Farina, 2011; Surberg et al, 2008; Yen, 1997). Isso motivou a pesquisa do efeito do Tratamento

    Criognico Profundo nas propriedades termomecnicas das SMA.

    As ligas com memria de forma (Shape Memory Alloy SMA) so materiais que apresentam a

    capacidade de recuperar uma deformao quando sujeitos a um ciclo trmico e/ou mecnico

    apropriado (Silva & Castilho, 2011). Essa habilidade de memorizar consequncia direta da

    transformao reversvel ocorrida na estrutura cristalina do material (Batra, 1999). A caracterstica

    principal destes materiais a habilidade de sofrer grandes deformaes e, em seguida, recuperar sua

    forma original quando a carga removida ou o material aquecido. As SMA apresentam duas

    importantes caractersticas: efeito memria de forma e pseudoelasticidade. Essas ligas so capazes de

    recuperar deformaes de at 10% quando submetidos a um aquecimento, depois de terem sido

    deformadas abaixo da temperatura Mf, ou quando submetidas a um ciclo de carregamento e

    descarregamento acima da temperatura Af (Pseudoelasticidade) (Lagoudas, 2008). Ambos os

    fenmenos de recuperao de deformao vm possibilitando o emprego de SMA em inmeras

    aplicaes, que vo desde implantes na medicina a engenharia aeroespacial (Otsuka & Wayman,

    1998).

    Trabalhos recentes sobre o DCT mostram que mudanas microestruturais ocorridas no material

    podem melhorar significativamente a vida de aos ferramentas (Gobbi, 2009). Todavia, os fenmenos

    relacionados ao DCT ainda no so compreendidos de forma plena (Gobbi, 2009). A influncia do

    tratamento criognico em aos ferramentas e outros materiais tema de vrios estudos (Eboni, 2010;

    Gobbi, 2009; Ashiuchi, 2009; Moreira et al, 2009). Entretanto, ainda recente a aplicao desse tipo

    de tratamento nas ligas com memria de forma.

    Alm disso, existem poucos estudos sobre como as taxas de resfriamento e aquecimento

    influenciam os resultados do tratamento. Talvez essa seja a varivel que causa uma diferena, muitas

  • 2

    das vezes significativas, nos resultados experimentais observados por grupos de pesquisas distintos

    (Ashiuchi, 2009).

    1.2 OBJETIVO

    Avaliar o efeito da taxa de resfriamento criognico em propriedades trmicas (calor latente e

    temperatura de transformao de fase) e mecnicas (mdulo de elasticidade, amortecimento e dureza)

    de uma liga NiTi.

    1.3 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada baseada numa anlise experimental comparativa de corpos de prova de

    ligas NiTi tratada e no tratada criogenicamente. Esse estudo desenvolvido por meio de ensaios

    mecnicos, dinmicos e trmicos. De uma forma mais especfica:

    Ensaios mecnicos: Dureza Rockwell;

    Ensaios dinmicos: Tcnica de Excitao por Impulso;

    Ensaios trmicos: Calorimetria Diferencial de Varredura.

    Por meio destes ensaios sero determinadas as temperaturas de transformao de fase e o calor

    latente de transformao, a dureza, o mdulo de elasticidade e o amortecimento das ligas. Todos os

    ensaios tm como objetivo comparar qualitativamente e quantitativamente o material tratado

    criogenicamente e o mesmo material no tratado.

    Os resultados sero ento comparados e a influncia do tratamento criognico nas propriedades

    trmicas e mecnicas analisada.

    1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Este trabalho est dividido em cinco captulos. O captulo 2 trata da reviso bibliogrfica sobre as

    ligas com memria de forma (SMA), tais como seu comportamento termomecnico, seus aspectos

    microestruturais, os fenmenos de quasiplasticidade, efeito memria de forma e pseudoelasticidade. O

    tratamento criognico, tcnicas experimentais utilizadas para caracterizao das ligas NiTi e o

    conceito das propriedades que sero analisadas so abordadas neste captulo.

    O captulo 3 discorre sobre os materiais e mtodos utilizados para desenvolvimento do trabalho.

    No captulo 4 so apresentados os resultados dos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso,

    Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) e Dureza, alm da anlise dos resultados. A concluso

    apresentada no captulo 5.

  • 3

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 LIGAS COM MEMRIA DE FORMA

    As SMA (Shape Memory Alloy) constituem um grupo de materiais metlicos capaz de recuperar a

    forma original pela imposio de um campo de temperatura e/ou de tenso, devido a transformaes

    de fase induzidas no material (Lagoudas, 2008). As SMA apresentam diversas aplicaes potenciais

    baseadas em suas propriedades termoelsticas, efeito memria de forma e pseudoelasticidade (Otsuka

    K. et al,1999). Esses materiais possuem uma deformao recupervel em torno de 8% (Krishnan,

    2004).

    O comportamento termomecnico destas ligas fortemente dependente da temperatura em que

    elas se encontram, podendo apresentar um comportamento quasiplstico, a temperaturas mais baixas,

    ou pseudoelstico, a temperaturas mais altas. A habilidade de retornar a um formato ou tamanho

    previamente definido decorrente de transformaes de fase martenstica induzida trmica e/ou

    mecanicamente (Delaey et al, 1975).

    A Figura 2.1 representa esquematicamente a evoluo da frao volumtrica de martensita ,

    definida como sendo a razo entre o volume da fase martenstica e o volume total da liga, em funo

    da temperatura T. So identificadas quatro temperaturas caractersticas: Ms (Martensite start) a

    temperatura inicial de formao de martensita, Mf (Martensite finish) a temperatura final de

    formao de martensita, As (Austenite start) a temperatura inicial de formao de austenita e Af

    (Austenite finish) a temperatura final de formao de austenita.

    Figura 2.1 - Curva frao volumtrica de martensita () x temperatura(T).

  • 4

    Acima de Af a fase estvel a austenita e abaixo de Mf a fase estvel a martensita. Ao ser

    resfriada a partir de uma temperatura superior a Af o material atingir uma temperatura Ms na qual

    inicia-se a transformao martenstica. Essa transformao completa-se na temperatura Mf. No

    aquecimento, a partir de uma temperatura inferior a Mf, o material atingira a temperatura As na qual

    inicia-se a transformao reversa para a austenita. Essa transformao finaliza-se na temperatura Af .

    Para temperaturas abaixo de Mf , as SMA apresentam o efeito de memria de forma e

    quasiplasticidade, no qual, aps um processo de carregamento e descarregamento, a liga retorna

    geometria original aps aquec-lo a uma temperatura superior a Af , promovendo, assim, a

    recuperao da deformao residual. E acima de Af , temos o fenmeno da pseudoquasiplasticidade

    (HODGSON et al., 1990).

    Estas temperaturas so caractersticas de cada liga e variam em funo, basicamente, da

    composio qumica e de tratamentos trmicos (Delaey et al., 1975, Otsuka & Wayman, 1998).

    Portanto, as transformaes de fase martensticas desenvolvem um papel fundamental no

    comportamento termomecnico das SMA, e de maneira especial as transformaes martensticas

    termoelsticas.

    As mudanas que ocorrem nas estruturas cristalinas das SMA esto relacionadas diretamente com

    a dissipao de energia devido aos choques de discordncia e criao de defeitos cristalinos. Como

    resultado tem-se um ciclo de histerese na temperatura, visto na Figura 2.1 (da Silva & Castilho, 2011).

    2.2 TRANSFORMAO DE FASE MARTENSTICA TERMOELSTICA

    A transformao martenstica um tipo de transformao de fase em que no h movimentos

    atmicos em distncias considerveis, de forma que no h variao de composio qumica. O

    movimento cooperativo de tomos conduz formao de uma nova fase, mais estvel, atravs de uma

    reordenao atmica a curtas distncias. A Figura 2.2 ilustra esquematicamente a transformao

    martenstica. Ela envolve movimento coordenado de tomos e deformao cisalhante.

    Figura 2.2 Movimento coordenado dos tomos e deformao cisalhante na transformao martenstica (Novk

    et al., 2008).

  • 5

    Transformaes martensticas so caracterizadas por um crescimento contnuo com o aumento da

    temperatura e uma diminuio continua com o decrscimo de temperatura (Delaey et al, 1974). O

    comportamento pseudoelstico anlogo ao comportamento termoelstico, s que nesse caso h uma

    aplicao de tenso no material, ento a transformao ocorre com o aumento contnuo da aplicao

    de tenso e o mesmo revertido quando a tenso vai diminuindo. De uma maneira geral pseudo-

    elasticidade acontece se a deformao criada ao material por aplicao de uma carga, a uma

    temperatura constante, for totalmente recuperada (Delaey et al,1974). A deformao quasiplstica

    causada pela deformao da forma acompanhando a formao da martensita. Entretanto, a recuperao

    ocorre quando a transformao revertida (Delaey et al,1974). A Tabela 2.1 apresenta as principais

    caractersticas mecnicas referentes s fases martenstica e austentica.

    Tabela 2.1 - Principais caractersticas das fases martensita e austenita.

    Martensita Austenita

    Facilmente deformvel Maior dureza

    Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cbica

    Menos rgida Fase de maior rigidez (EA 3EM)

    Fase de baixa temperatura (TAS)

    2.3 COMPORTAMENTO TERMOMECNICO DAS SMA

    Quando solicitadas mecanicamente e, em funo da temperatura, as SMA apresentam

    basicamente trs fenmenos: abaixo de Mf a quasiplasticidade, que caracterizado por uma grande

    deformao residual proveniente de uma reorientao martenstica induzida mecanicamente (Krishnan

    et al, 1974). Acima de Af a pseudoelasticidade, que um comportamento caracterizado por uma

    recuperao de deformao aps a retirada da tenso. Essas deformaes so oriundas de uma

    transformao martenstica induzida por tenso (Krishnan et al,1974). O efeito memria de forma a

    recuperao da deformao quasiplstica com o aquecimento (Delaey et al, 1974).

    2.3.1 QUASIPLASTICIDADE

    Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf . Nesta temperatura e livre de

    tenses a liga existe numa fase martenstica denominada auto-acomodada ou maclada (Paiva, 2004).

    Essa martensita auto-acomodada caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de

    martensita, com diferentes orientaes que podem ser at 24 e formada com o resfriamento da

    austenita livre de tenses (Batra, 1999). Na Figura (2.3) considere a existncia de apenas duas

    variantes. Com a aplicao de uma fora trativa ser observada uma resposta elstica at que uma

    determinada tenso crtica CRIT seja alcanada (ponto A). Em seguida, quando a martensita auto-

  • 6

    acomodada (ou maclada) submetida a uma tenso superior a CRIT, observa-se a formao da

    martensita reorientada, trecho AB. O processo de reorientao da martensita maclada no envolve

    deformao plstica. Aps uma deformao relativamente grande, que em algumas ligas pode chegar a

    10% (Delaey et al., 1975), o material volta a apresentar um comportamento elstico. Ao descarregar a

    amostra, a mesma manter a sua deformao, representada por DO, como uma deformao

    quasiplstica. Este comportamento denominado quasiplasticidade (Paiva, 2004).

    Figura 2.3 - Curva Tenso-Deformao quasiplstica tpica

    2.3.2 PSEUDOELASTICIDADE

    O fenmeno da pseudoelasticidade est associado transformao martenstica induzida por

    tenso que acarreta na gerao de deformao durante o carregamento e, em seguida, recuperao de

    forma quando descarregado a temperaturas acima de Af..

    Considere uma amostra de SMA a uma temperatura superior a Af. Nesta situao, a fase

    austentica a estvel (Delaey et al, 1975). De acordo com a Figura (2.4), para uma temperatura

    constante T > Af, com a aplicao de um carregamento mecnico, o material se comporta

    elasticamente at que uma tenso crtica crit seja alcanada (ponto A), quando, ento, d-se incio uma

    transformao de fase direta (Austenita Martensita), trecho AB. Com a retirada da carga, o

    material experimenta uma transformao reversa (Martensita Austenita), trecho CD. J que para T

    > Af a martensita uma fase instvel fora da presena de um campo de tenses.

  • 7

    Figura 2.4 - Curva tenso-deformao pseudoelstica esquemtica.

    Figura 2.5 - Representao esquemtica das transformaes de fase (Lagoudas, 2008. Modificado).

    As deformaes pseudoelsticas podem chegar a 10% em certas ligas, sendo em torno de 8% um

    valor tpico para as ligas NiTi (Krishnan et al,1974). A figura 2.15 ilustra este comportamento

    esquematicamente. Sob uma tenso trativa, observa-se um comportamento elstico at um

    determinado nvel de tenso. A partir da observa-se uma deformao relativamente grande com

    pequena variao da tenso Fig. 2.6. Ao retirar a carga, a liga retorna ao seu estado inicial,

    descrevendo um ciclo de histerese. A rea delimitada pela histerese expressa a energia dissipada

    durante o processo (Krishnan et al,1974).

  • 8

    Figura 2.6 Curvas tenso-deformao pseudoelstica Tpica.

    2.3.3 EFEITO MEMRIA DE FORMA

    Uma SMA exibe o efeito memria de forma (Shape Memory Effect SME) quando deformada

    na fase martenstica maclada e, depois, descarregada. Esse processo basicamente a recuperao de

    deformao quasiplstica por meio do aquecimento do material deformado a uma temperatura acima

    da Af. O aquecimento acima da Af induz a transformao reversa (Martensita Austenita) e,

    consequentemente, a recuperao da deformao residual DO . A Figura (2.7) ilustra

    esquematicamente esse processo. A recuperao de forma com o aquecimento se explica pelo fato de

    que acima de Af a nica fase termodinamicamente estvel a austenita, e essa fase desconhece a

    deformao quasiplstica. A martensita pode existir acima de Af apenas sob carga (Delaey et al, 1975).

    Figura 2.7 Efeito de Memria de Forma Esquemtico.

  • 9

    A figura 2.8 ilustra o comportamento de memria de forma simples. Quando a SMA est abaixo

    de Mf ela pode ser facilmente deformada (A B C). Entretanto, quando o material aquecido acima

    de Af, ocorre uma mudana na estrutura da liga que a faz retornar a sua forma original (D) e, ao ser

    resfriada, retorna condio inicial.

    Figura 2.8 Efeito de Memria de Forma Esquemtico.

    2.4 LIGAS NiTi

    As ligas NiTi com memria de forma so um composto intermetlico. Este composto apresenta

    uma solubilidade moderada do Nquel (Ni) e do Titnio (Ti), assim como de outros elementos

    metlicos, alm de apresentar uma ductilidade comparvel de outras ligas metlicas (Krishnan et al,

    1974). A composio das ligas de aproximadamente 55% de Nquel e 45% de Titnio (Figura 2.9).

  • 10

    Figura 2.9 - Diagrama de fases da liga Ni-Ti (Otsuka, K. and X. Ren, 2005).

    Esta solubilidade de um maior nmero de elementos permite uma modificao significativa tanto

    das suas propriedades mecnicas quanto das suas temperaturas de transformao (Frenzel, et al.,

    2004). O Ferro (Fe) e o Cromo (Cr) tambm so frequentemente adicionados para baixar as

    temperaturas de transformao, bem como o Cobre (Cu) que usado para reduzir a histerese de

    transformao e diminuir a tenso de orientao da martensita. A presena de elementos de ligas como

    o Oxignio (O) e o Carbono (C) podem tambm alterar as temperaturas de transformao e degradar

    as propriedades mecnicas, o que faz com que seja desejvel minimizar a presena destes elementos

    (Fernandes, 2003).

    Devido elevada reatividade do Ti, a fuso dessas ligas deve ser feita preferencialmente sob vcuo

    ou em atmosfera inerte, sendo comercialmente utilizadas tcnicas como a fuso por arco de plasma ou

    por feixe de eltrons, ou ainda por induo sob vcuo (Frenzel, et al., 2004). Os lingotes obtidos so

    depois conformados a quente por forjamento, laminao ou extruso. A maioria dos processos de

    deformao a frio pode ser aplicada a estes materiais, mas a sua capacidade de encruamento muito

    acentuada e torna-se por isso necessrio fazer um recozimento. A trefilagem normalmente utilizada

    para produzir fios com dimenses que podem atingir 0,05mm, apresentando excelentes caractersticas

    de superfcie (Fernandes, 2003).

    Em temperaturas superiores a Af, a rede cristalina do NiTi (Ti localiza-se nos vrtices e o Ni no

    centro dos lados ou no centro do corpo) apresenta a matriz formada por austenita cbica de corpo

  • 11

    centrado, B2. A fase produto, formada a temperaturas abaixo de Mf, constituda de martensita

    monoclnica B19 (Zhang e Sehitoglu, 2004).

    As ligas NiTi possuem boa combinao de propriedades como a alta resistncia mecnica. A boa

    resistncia corroso e aos efeitos memria de forma pode ser explorada de vrias formas (Frenzel, et

    al., 2004). No caso das ligas a base de Nquel-Titnio, a fase martenstica apresenta uma estrutura

    monoclnica B19. Enquanto que a fase austentica apresenta uma estrutura cbica de corpo centrado

    B2 (CCC B2), onde os tomos de nquel se encontram no centro da estrutura cbica. A Figura (2.10)

    apresenta as estruturas correspondentes s fases austentica e martenstica (Novk et al., 2008).

    Figura 2.10 - Modelo de esferas reduzidas que representam as estruturas correspondentes s fases austentica e

    martenstica (Santos, 2008).

    2.4.1 APLICAES DAS LIGAS NiTi

    2.4.1.1 APLICAES EM TUBULAES

    O fato de ligas NiTi possurem inmeras propriedades mecnicas (memria de forma,

    pseudoelasticidade, biocompatibilidade, resistncia corroso) possibilita uma gama de aplicaes

    que vo desde a medicina engenharia aeroespacial (Otsuka, 1998 & Sashihara et al 1938). O foco

    comercial se d na rea mdica e odontolgica com produtos tais como stents, implantes ortopdicos e

    aparelhos ortodnticos.

    Em se tratando do efeito de memria de forma, o retorno forma inicial sob tenso uma situao

    que pode ser utilizada para acoplamento de tubulaes de circuitos hidrulicos, como mostra a Figura

    2.11. Estes acoplamentos tm a forma de casquilhos cilndricos de dimetro ligeiramente inferior ao

    dos tubos a que devem ligar-se. So expandidos baixa temperatura, enquanto se encontram no estado

    martenstico e quando so aquecidos sofrem uma contrao que une as extremidades dos tubos

    (Fernandes, 2003).

  • 12

    Figura 2.11 Acoplamento SMA: insero dos tubos, a frio; martensita, ajuste dos tubos devido ao aquecimento

    da manga, transformao da martensita em austenita (Funakubo, 1987).

    Acoplamentos, unies e engates so desenvolvidos com estas ligas, devido principalmente

    reduo do peso (acoplamentos em aeronaves), facilidade de instalao em difcil acesso,

    confiabilidade comprovada, boa resistncia a choques e vibraes, e possibilidade de posterior

    desmontagem (ao contrrio da unio feita por solda). Entretanto, o seu relativo alto preo tem sido

    uma barreira para ampliao do uso comercial.

    2.4.1.2 APLICAES NA AERONUTICA

    Os flaps so estruturas mveis, inseridas nas asas, que promovem o ganho ou perda de altitude ou

    a mudana de direo de um avio. A manobra de aeronaves depende da eficincia dos flaps. Estas

    estruturas utilizam extensos sistemas hidrulicos que necessitam de bombas e atuadores, elevando o

    custo e o peso, dois pontos crticos do projeto de aeronaves. Muitas alternativas na indstria

    aeroespacial esto sendo pesquisadas para contornarem esse problema, e potenciais solues so as

    SMA. A empresa Lockheed Martin desenvolveu um prottipo de aeroflio flexvel atuado por fios de

    SMA (Figura 2.12), com o objetivo de substituir esses flaps atualmente utilizados em avies. Os fios

    atuadores so aquecidos pela passagem de corrente eltrica externa. Primeiramente, o aeroflio

    encontra-se em uma posio neutra, sem atuao. Depois, o atuador aquecido, encurtando o seu

    tamanho e puxando para baixo a parte traseira do aeroflio. Neste caso, quando o atuador esfria, a

    parte traseira volta para a posio de neutralidade.

  • 13

    Figura 2.12 - Aeroflio com SMA (Lockheed Martins, 2006).

    2.4.1.3 APLICAES NA MEDICINA

    Um importante requisito para qualquer material que usado no corpo humano a

    biocompatibilidade, e as SMA atendem essa exigncia. O dispositivo cardiovascular composto de

    SMA, chamado filtro de Simon consiste em um filtro de cogulos sanguneos (Figura 2.13). um fio

    de NiTi que previamente deformado para assumir uma forma que lhe permita fixar-se s paredes

    internas das veias (Lagoudas, 2008). Esse filtro deformado baixa temperatura, de modo a poder ser

    inserido na veia pretendida junto com uma soluo salina que o mantm resfriado; ao ser submetido ao

    calor do corpo humano ele retoma a configurao original, conforme a Figura 2.14

    Figura 2.13 - Filtro de Simon dispositivo cardiovascular (Lagoudas, 2008).

  • 14

    Figura 2.14 Evoluo da forma durante o aquecimento (Fernandes, 2003).

    Tambm na rea mdica podem-se citar os implantes de placas sseas no regime pseudoelstico

    que auxiliam a recuperao de um osso quebrado ou fraturado, veja a figura 2.14. Frequentemente so

    usadas em fraturas ocorridas na face, como nariz, mandbulas e na regio ssea ocular. Essa tcnica

    conhecida na medicina como sntese ssea. As placas facilitam a cura dos ossos fraturados que

    necessitam estar constantemente sobre compresso. Tal compresso obtida por implante sseo,

    normalmente fabricado em titnio e ao inoxidvel, que mantm os ossos juntos e acelera a

    recuperao do osso fraturado (Mantovani, 2000). Aps alguns dias de recuperao, a compresso

    provida pelo implante sofre uma reduo na intensidade, pois, conforme se d a cura, as duas partes do

    osso fraturado tendem a ficarem mais prximas. Com aumento da proximidade entre as partes, h um

    afrouxamento do implante previamente fixado, aumentado a velocidade de recuperao.

    Essas placas sseas so fabricadas em nquel-titnio com efeito de memria de forma. Usando uma

    liga de NiTi que possui efeito de memria de forma acima de 15 C, os cirurgies seguem o mesmo

    procedimento usado com implantes convencionais. Primeiramente a placa de NiTi resfriada abaixo

    da sua temperatura de transformao e, ento, implantada no osso. Porm, com o aquecimento natural

    do corpo humano, a SMA contrai e com isso gera uma compresso nos ossos fraturados, melhorando o

    processo de cura se comparado a uma placa comum de titnio ou ao inoxidvel. Esta presso

    contnua auxilia no processo de cura e reduz o tempo de recuperao (Mantovani, 2000).

    Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes de se utilizarem efetivamente as SMA

    como implantes. Neste ltimo exemplo o grande desafio para os engenheiros o desenvolvimento de

    placas que aplicam a presso correta nas fraturas.

  • 15

    Figura 2.15 - Implante de placa ssea utilizada para reparar uma fratura na mandbula (Castilho et al, 2011).

    Em 1975, Andreasen, da Universidade de Iowa, fez o primeiro implante de um dispositivo

    ortodntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correo da posio dos dentes

    (Hodgson et al., 1990). Esta correo imposta por meio de uma pequena variao de tenso quase

    com stante que resulta em grande deformao, tomando como parmetro os materiais

    convencionais. Consequentemente, o incmodo mnimo para o paciente. A grande vantagem do NiTi

    o fato de permitir deformaes de cerca de 8 a 10% sem entrar no regime plstico, explorando o

    fenmeno da pseudoelasticidade (Figura 2.16). possvel ainda conciliar este efeito, com a

    transformao de fase imposta pela temperatura (Machado & Savi 2002).

    Figura 2.16 - Arcos ortodnticos de SMA (Lagoudas,2008).

  • 16

    2.5 PROPRIEDADES

    2.5.1 MDULO ELSTICO

    O mdulo de elasticidade uma propriedade intrnseca dos materiais que descrevem a rigidez ou

    resistncia do material deformao no regime elstico, quando esse submetido a uma tenso

    externa de trao ou compresso. Quanto maior for o mdulo elstico, mais rgido ser o material, ou

    menor ser a deformao elstica que ir resultar da aplicao de uma dada tenso (Callister, 2007).

    Em uma escala atmica, a deformao elstica macroscpica manifestada como pequenas

    alteraes no espaamento interatmico e no alongamento das ligaes interatmicas.

    Consequentemente, o valor do mdulo de elasticidade uma medida da resistncia separao dos

    tomos adjacentes, ou seja, das foras de ligao interatmicas. Portanto, o mdulo de elasticidade

    tanto maior quanto maior a fora de atrao entre os tomos (Callister, 2007). importante ressaltar

    ainda que esse mdulo proporcional inclinao da curva fora-separao na posio da separao

    interatmica de equilbrio (r):

    (

    )

    (1)

    As curvas fora-separao para materiais que possuem tanto ligaes interatmicas fortes quanto

    fracas esto retratadas na Figura 2.17. Como pode ser observada, a inclinao da curva em r est

    indicada para cada caso. De um modo geral, quanto mais forte a ligao, mais inclinada ser a curva.

    Como consequncia, maior ser o valor do mdulo de elasticidade (Callister, 2007).

    Figura 2.17 - Relao da fora em funo da separao interatmica para tomos com ligaes fracas e com

    ligaes fortes (Callister, 2007. Modificado).

    2.5.2 DUREZA

    Uma propriedade mecnica importante que deve ser mensurada no projeto a dureza. Ela consiste

    em uma medida da resistncia de um material a uma deformao plstica localizada (p.ex., a uma

    pequena impresso ou a um risco) (Callister, 2007).

  • 17

    Os ensaios de dureza so baseados no princpio de penetrao na superfcie do metal, pela

    aplicao de uma carga de natureza esttica por intermdio de um penetrador. A profundidade ou o

    tamanho da impresso resultante medida, os quais, por sua vez, so relacionados a um nmero de

    dureza. A correlao baseada na tenso que o penetrador necessita para vencer a resistncia

    superficial do material. Assim, quanto mais macio for o material, maior e mais profundo ser a

    impresso e menor ser o nmero ndice de dureza (Callister, 2007). Os ensaios de dureza so

    realizados mais frequentemente do que qualquer outro ensaio mecnico por diversas razes: So

    simples e baratos, o ensaio no destrutivo e outras propriedades mecnicas podem, com frequncia,

    ser estimadas a partir dos dados de dureza.

    A dureza no uma grandeza absoluta, ou seja, ela depende da tcnica utilizada (mquina, carga,

    tipo de penetrador). Os principais ensaios de dureza so: Rockwell, Brinell, Vickers e Knoop

    (Callister, 2007). Na Tabela 2.2, pode-se visualizar as caractersticas de cada uma dessas tcnicas.

    Tabela 2.2 - Tcnicas de ensaio de dureza (Callister, 2007).

    2.5.3 AMORTECIMENTO

    O amortecimento ou atrito interno uma das propriedades mais sensveis de materiais e estruturas,

    tanto em escala macro como microscpica, sendo particularmente sensvel a trincas e micro-trincas.

    o mecanismo pelo qual a amplitude das oscilaes de um sistema diminuda pela converso de sua

    energia cintica em outro tipo, geralmente sonora ou calor (Rao, 2008). Quando um material

    deformado, ele absorve energia. Esse efeito deve-se ao atrito entre os planos internos, que

    deslizam ou escorregam enquanto as deformaes ocorrem (Rao, 2008).

  • 18

    Este pode ser causado por uma combinao de diversos mecanismos fsicos fundamentais como

    granularidade e impurezas, efeitos termoelsticos causados por gradientes locais de temperatura

    resultante de excitao no-uniforme, correntes de eddy em materiais ferromagnticos (tambm

    chamada de correntes de Foucault), movimentos de cadeias em polmeros e etc (Musolino, 2011).

    Existem diversos mtodos para determinao do amortecimento, os quais podem ser obtidos

    basicamente por dois caminhos: mediante a durao da resposta do sistema a uma excitao transitria

    (exemplo: mtodo do decremento logartmico) e em funo da resposta do sistema em funo da

    frequncia (exemplo: mtodo da largura de meia banda de potncia). O mtodo do decremento

    logartmico calcula o amortecimento a partir da atenuao da resposta acstica do material ou estrutura

    aps uma excitao por impulso.

    O mtodo da largura de meia banda de potncia calcula o amortecimento atravs da anlise da

    frequncia do sinal oriundo da vibrao, a partir da relao entre a largura de banda e a frequncia

    central de uma ressonncia. Ambos os mtodos consideram um modelo para os clculos, normalmente

    o modelo de amortecimento viscoelstico.

    A escolha do mtodo depende principalmente da faixa do amortecimento e da frequncia de

    vibrao (Cossolino & Pereira, 2010). Todos os tipos de amortecimento esto associados a efeitos

    do ciclo de histerese. A tenso () e a deformao () esto relacionadas como mostra a Figura 2.18. A

    rea desse ciclo representa a energia perdida por unidade de volume do corpo por ciclo devido ao

    amortecimento (Rao, 2008).

    Figura 2.18 - Ciclo de histerese tpica para amortecimento mecnico (Rao, 2008).

  • 19

    Desta forma, a capacidade de amortecimento por unidade de volume, chamada de d, dada por

    uma integral cclica:

    , (2)

    onde representa a tenso e a deformao.

    Quando a carga aplicada a um corpo elstico aumentada, a tenso e a deformao no corpo

    tambm aumentam. A rea sob a curva, dada pela equao (2) representa a energia introduzida no

    sistema, ou seja, trabalho realizado, por unidade de volume do corpo (Rao, 2008). Quando a carga

    aplicada ao corpo for retirada parte da energia ser devolvida ao sistema e outra parte dissipada.

    Quando o caminho de descarregamento diferente do caminho de carregamento, a rea ABC na figura

    2.18(b), a rea do ciclo de histerese na figura 2.18(a), denota a energia perdida por unidade de volume

    do corpo.

    2.5.3.1 AMORTECIMENTO VISCOELTICO

    No modelo viscoelstico parte-se do pressuposto de que a natureza do amortecimento viscosa e a

    fora de atrito proporcional velocidade, representando uma oposio ao movimento, sendo descrita

    pela equao (Cossolino & Pereira, 2010):

    , (3)

    onde c uma constante de proporcionalidade e a velocidade de deslocamento de uma massa em

    relao a um ponto fixo.

    Um sistema massa-mola-amortecedor com 1 grau de liberdade (Figura 2.19), oscilando livremente,

    tem seu movimento descrito pela equao:

    (4)

    Sendo m a massa, k a constante elstica da mola e c o coeficiente de amortecimento viscoso.

    Figura 2.19 - Modelo de um oscilador harmnico amortecido (amortecedor viscoelstico) (Cossolino & Pereira,

    2010).

  • 20

    Reescrevendo a equao 4, tem-se:

    (5)

    Definindo-se:

    (6)

    (7)

    Onde frequncia de ressonncia natural e a taxa de amortecimento ou apenas

    amortecimento. Reescrevendo a equao 5 em funo dos novos parmetros, tem-se:

    (8)

    E assumindo a soluo (Thorby, 2008):

    (9)

    Chega-se a descrito por:

    (10)

    Desta forma, o comportamento descrito pela equao acima depende da soluo de

    Para : h duas solues reais e chamamos de caso superamortecido;

    Para : h uma soluo real e chamamos de caso criticamente amortecido;

    Para : h duas solues complexas e chamamos de caso sub-amortecido.

    Os casos superamortecido e criticamente amortecido so no oscilatrios e no tem importncia

    nesse estudo.

  • 21

    Figura 2.20 - Ilustrao do fator de amortecimento (Cossolino & Pereira, 2010).

    2.6 TCNICAS UTILIZADAS

    Como foi dito anteriormente, o objetivo do trabalho a anlise da influncia do tratamento

    criognico nas propriedades termomecnicas das SMA. O enfoque ser dado no mdulo elstico,

    amortecimento, dureza, temperaturas de transformao de fases e calor latente de transformao. As

    tcnicas para determinao das propriedades descritas acima sero discutidas neste item.

    2.6.1 CARACTERIZAO DO MDULO ELSTICO E DO AMORTECIMENTO

    Os mdulos elsticos podem ser caracterizados por mtodos quase-estticos, dinmicos ou por

    ultra-som. Os mtodos quase-estticos ou isotrmicos so baseados em ensaios mecnicos usualmente

    destrutivos, e os dinmicos ou adiabticos, em tcnicas de ressonncia no destrutivas. Os valores

    determinados pelos mtodos dinmicos so maiores que aqueles determinados pelos estticos em um

    percentual tpico de 0,5% para metais. Para outros materiais, a diferena pode ser grande dependendo

    dos efeitos anelsticos presentes (Cossolino & Pereira, 2004).

    Os mtodos dinmicos permitem obter informaes tanto quantitativas (mdulos elsticos e

    coeficiente de amortecimento) quanto qualitativas sobre a integridade de um componente mecnico.

    Vale ressaltar ainda que o corpo de prova no fica inutilizado aps o ensaio e pode retornar intacto s

    condies normais de servio ou ser ensaiado muitas outras vezes. Assim, podem-se determinar os

    efeitos especficos que um tratamento trmico gerou em um determinado material. Alm disso,

  • 22

    permite rapidez e preciso na aquisio de resultados. Se fosse utilizada outra tcnica, a medio de

    mdulo de ruptura, por exemplo, seria necessria uma amostra para cada medio (Cossolino &

    Pereira, 2004).

    A caracterizao do mdulo de elasticidade e do amortecimento deu-se por mtodo dinmico. Os

    ensaios foram realizados nos materiais antes e aps a realizao de tratamento criognico.

    O mtodo de decaimento logartmico foi utilizado para calcular o amortecimento do material. Este

    consiste em calcular o amortecimento a partir da atenuao da resposta acstica do material ou

    estrutura aps uma excitao por impulso.

    Existem diversos mtodos para a determinao do amortecimento interno, sendo os mais utilizados

    os do decaimento logartmico e o da largura de banda de meia potncia. O termo decremento

    logartmico refere-se taxa de reduo logartmica, relacionada com a reduo do movimento aps o

    impulso, pois a energia transferida para outras partes do sistema ou absorvida pelo prprio

    elemento. importante ressaltar ainda que para os clculos que se seguem, foi utilizado o modelo de

    amortecimento viscoelstico (Cossolino & Pereira, 2010). A escolha do mtodo depende

    principalmente da faixa de amortecimento e da frequncia de vibrao (Silva, 2007).

    Quando um sistema oscilatrio com um grau de liberdade, com amortecimento viscoso excitado

    por um impulso (tcnica de excitao por impulso, Sonelastic) sua resposta vem na forma de

    decaimento no tempo Figura 2.21, dada por:

    Figura 2.21 - Resposta ao impulso para um oscilador simples (Cossolino & Pereira, 2010).

    ) ) (11)

    Esta equao anloga equao 11, onde a frequncia natural amortecida, dada pela equao 12,

    :

    (12)

    Se a resposta no tempo t=tn denotada por y, e a resposta no tempo t = tn + / denotada

    por yn, ento, da equao 14, temos que:

  • 23

    ), n=1,2,.. (13)

    Suponha que y corresponda a um ponto no decaimento da funo com magnitude igual a A, e que

    yn corresponde ao pico, r ciclos mais tarde, com magnitude An. Assim, temos que:

    )

    (14)

    Onde o valor da frequncia amortecida da Eq. 12 foi utilizado. Desta forma, o decremento

    logartmico (), obtido por:

    )

    (15)

    Em termos do amortecimento (), tem-se:

    )

    (16)

    Quando o amortecimento baixo (

  • 24

    Figura 2.22 - Resumo das principais informaes para a determinao do amortecimento pelo mtodo do

    decremento logartmico (Cossolino & Pereira, 2010).

    2.6.2 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO

    A Tcnica de Excitao por Impulso um ensaio dinmico (no-destrutivo) para a determinao

    dos mdulos de elasticidade dinmicos e do amortecimento de materiais e consiste essencialmente em

    excitar atravs de um impacto mecnico. O impacto de um pino metlico excita as frequncias

    flexionais e torcionais do corpo de prova; utilizando o mtodo do decremento logartmico (para o

    modelo de amortecimento viscoelstico) determina-se o amortecimento. Equipamentos modernos,

    como o Sonelastic, fornecem as frequncias naturais, alm das harmnicas e o amortecimento dos

    mais diversos tipos de materiais, de maneira prtica e rpida. O equipamento utiliza um software para

    calcular o decremento logartmico e fornecer o valor do amortecimento alm dos mdulos elsticos.

    O impacto gera um som que emitido pelo corpo de prova e tem origem nas suas frequncias

    naturais de vibrao. importante ressaltar ainda que para os casos de geometrias simples (barra,

    cilindro, disco, anel e placa) existe uma relao unvoca entre as frequncias naturais de vibrao com

    as dimenses, a massa e os mdulos de elasticidade do corpo de prova.

    As dimenses e a massa so parmetros mensurveis com um paqumetro e uma balana de

    preciso, respectivamente. Conhecendo-se as dimenses, a massa e as frequncias naturais de

    vibrao, o clculo dos mdulos elsticos a partir de modelos matemticos imediato. Portanto,

    possvel calcular os mdulos de elasticidade a partir das frequncias naturais e o amortecimento a

    partir da atenuao da resposta acstica. De uma maneira geral, o som emitido contm informaes

    que permitem determinar as propriedades elsticas (Cossolino & Pereira, 2010).

  • 25

    2.6.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

    A tcnica de anlise trmica usada nesse trabalho para a caracterizao das ligas foi a Calorimetria

    Diferencial de Varredura (Differential Scanning Calorimeter). A partir dela, obtiveram-se as

    temperaturas de transformao de fases e o calor latente de transformao. A calorimetria diferencial

    de varredura (DSC) amplamente utilizada para estudar as temperaturas de transformao das ligas

    SMA e tem a vantagem de requerer pequenas quantidades de materiais (Lagoudas, 2008).

    O princpio de operao do DSC medir a taxa de fornecimento de energia calorfica entre uma

    substncia e um material de referncia em funo da temperatura, enquanto ambas so submetidas a

    um mesmo programa de aquecimento ou resfriamento, rigorosamente controlado. O dispositivo

    chamado de diferencial porque tem a capacidade de monitorar a resposta de duas amostras e subtrair o

    resultado. Isso muito til quando uma amostra de um material colocada em um forno vazio. O

    resultado da calorimetria diferencial de varredura a resposta da amostra. O material da amostra pode

    ser encapsulado numa atmosfera inerte para evitar a oxidao (Lagoudas, 2008).

    No DSC, tanto a amostra quanto a referncia so mantidas a mesma temperatura ao longo do ciclo

    trmico programado. Para tanto, necessria a correo da temperatura da amostra no momento de um

    evento trmico e isto chamado de compensao trmica. Esta compensao trmica feita atravs do

    aumento do suprimento de energia eltrica a micro-resistncias conectadas amostra e referncia.

    Esta diferena de energia ento registrada em funo do ciclo trmico programado. Os eventos

    trmicos da amostra so ento representados como desvios da linha de base, tanto para eventos

    endotrmicos como exotrmicos (Caponero & Tenrio). A Figura 2.23 simplificao do

    equipamento utilizado.

    Figura 2.23 - Equipamento tpico de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), (Perkin Elmer, 2011).

    A Figura 2.24 mostra uma curva DSC tpica de ligas SMA. Nela, a potncia (mW) necessria para

    manter uma taxa constante de aquecimento ou de resfriamento para a amostra de SMA representada

    no eixo das ordenadas e a temperatura da cmara representada no eixo das abscissas. A partir da

    curva pode-se observar que caso uma amostra na fase de martensita maclada seja aquecida ser

    observada uma transformao de fase reversa que tem incio em As. A reao que ocorre durante essa

    transformao endotrmica e requer que seja fornecido calor adicional para a amostra a fim de

  • 26

    manter a taxa de aquecimento prescrita anteriormente constante. Essa mudana na energia fornecida

    como o aumento da temperatura registrada como uma transformao "pico" durante o aquecimento.

    Um pico semelhante tambm registrado durante o processo de resfriamento no qual ocorre uma

    transformao da austenita para martensita (direta). As temperaturas de transformao so obtidas por

    meio dos grficos pelos desenhos de tangentes a partir das regies de incio e fim dos picos. A

    interseco dessas tangentes com as linhas base permite a obteno das temperaturas. O calor latente

    associado para a transformao de fase pode ser calculado a partir das reas dessas curvas (Lagoudas,

    2008).

    Figura 2.24 - Diagrama esquemtico de uma curva de DSC para uma SMA mostrando as temperaturas de

    transformao de fase e o calor latenete associado (Lagoudas, 2008. Modificado).

    2.7 TRATAMENTO CRIOGNICO

    O tratamento criognico vem sendo apresentado como um tratamento trmico com grandes efeitos

    nas propriedades dos aos ferramentas. A ele so atribudas melhoras na resistncia ao desgaste e na

    tenacidade dos aos ferramentas. Estes benefcios dependem tanto da temperatura utilizada quanto do

    tempo de permanncia nesta temperatura. Os micromecanismos propostos para explicar os fenmenos

    que ocorrem na microestrutura durante a permanncia em temperaturas criognicas e no aquecimento

    subsequente no esto estabelecidos de forma clara (Farina, 2011).

    Durante anos, os tratamentos criognicos desenvolveram-se rodeados de ceticismo. A sua

    aplicao foi fundamentalmente emprica, baseada na experincia. Praticamente no houve

    investigao aprofundada em torno deste assunto e sabe-se muito pouco acerca do que ocorre nos

    materiais sujeitos a temperaturas criognicas (Sartori et al, 2006). Perante a clara evidncia de

    resultados, nos ltimos anos, tem crescido o interesse neste processo e, consequentemente, surgido um

    crescente esforo de investigao (Leskovsec et al, 2006).

    Eboni (2010) analisou as microestruturas e as propriedades mecnicas geradas por processos

    realizados em temperaturas abaixo de 0C, em corpos de prova de ao SAE M2, tratados

    termicamente. Os resultados obtidos para os corpos de prova submetidos a -196 C mostraram que

    ocorre algum outro fenmeno, alm da transformao de austenita retida em martensita. A bibliografia

  • 27

    afirma que ocorre a precipitao de nanocarbonetos. Ainda pode-se afirmar que aos rpidos tratados

    criogenicamente tero um resultado superior aos tratados pelo processo convencional (tmpera e trs

    revenidos).

    Farina (2011) estudou os efeitos da introduo de etapas de tratamento criognico e do alvio de

    tenses no ciclo trmico do ao ferramenta para trabalho a frio AISI D2. Variaram-se as temperaturas

    de tratamento criognico, sendo elas principalmente: criognica (-196 C) e subzero (-80C). Foram

    variados os tempos e permanncia s temperaturas criognicas: 2, 3, 10, 24, 30 e 36 horas. Verificou-

    se o efeito da adio da etapa de alivio de tenses previamente ao tratamento criognico. A partir da

    anlise, concluiu-se que os carbonetos secundrios (micromtricos) no apresentaram variao. Os

    carbonetos secundrios de revenido (nanomtricos) apresentam-se mais finamente dispersos na matriz

    nas amostras com tratamento criognico e sem alivio de tenses.

    Ashiuchi (2009) investigou o efeito do DCT na vida por fadiga sob condies de fretting no Al

    7050-T7451. Este material usado principalmente pela indstria aeronutica na construo de

    nervuras de asas, trens de pouso e outros componentes de aeronaves. As principais concluses obtidas

    com esse trabalho foram: para vidas longas, em geral, superiores a 2x106 ciclos, observou-se um

    prolongamento na vida em fadiga pro fretting com o uso do DCT. Mais especificamente, o aumento da

    durabilidade para os corpos tratados foi de 227% com relao aos corpos no tratados sob condies

    nominalmente idnticas de carregamento. J para vidas inferiores a 2x106 ciclos o DCT pode afetar

    negativamente a resistncia em fadiga sob condies de fretting. Por outro lado, o nmero de ensaios

    nessa regio foi menor e a disperso maior.

    Gobbi (2009) estudou o desempenho de corpos de provas do ao AISI D2 criogenicamente

    tratados em relao resistncia ao desgaste microabrasivo, a influncia da temperatura de

    austenitizao no ciclo de tratamento trmico e da ordem do revenimento em relao ao DCT. A partir

    da anlise, concluiu-se que com o DCT, temperaturas elevadas de austenitizao no beneficiam a

    resistncia ao desgaste abrasivo do material. Este efeito pode estar relacionado aos diferentes nveis de

    austenita residual na microestrutura do ao, na condio somente temperado. J para amostras

    austenitizadas a temperaturas mais baixas, os resultados revelaram que o DCT aumenta a resistncia

    ao desgaste do ao AISI D2 em at 44%. Este efeito est principalmente relacionado ao aumento da

    quantidade de finos carbonetos dispersos nas matrizes das amostras tratadas criogenicamente.

    2.7.1 TCNICAS

    H diversas formas e tcnicas de fazer tratamento a frio nos materiais, uma vez que frio pode ser

    entendido como temperaturas menores que a temperatura ambiente.

    De acordo com Bryson (1999), os tratamentos dos materiais a frio podem ser classificados como:

    Tratamento Sub-zero de alguns minutos a algumas horas em at -80C por exposio ao

    gelo seco de CO2;

  • 28

    Tratamento Criognico de forma brusca de alguns minutos a algumas horas em at -

    196C por exposio rpida ao nitrognio lquido (N2L);

    Tratamento Criognico Profundo (DCT) resfriamento lento, dezenas de horas em at -

    196C por exposio lenta e controlada ao gs resfriado obtido da evaporao do N2L e

    aquecimento lento e controlado.

    O tratamento sub-zero hoje o mais popular e conhecido dos tratamentos a frio, ele utilizado na

    indstria para promover maior estabilidade dimensional e remover tenses residuais dos processos de

    laminao, extruso, forja, austenitizao, etc. conhecida por complementar o revenimento e

    remover alteraes dimensionais da tmpera. Esse tratamento tambm representa o de menor

    investimento inicial. O processo criognico passou por um perodo de descrdito, pelo menos at a

    ltima dcada, devido falta de cuidado ou recursos com o que era executado. Por ausncia de

    controle automatizado que a tecnologia da poca permitia, as peas tratadas eram mergulhadas

    diretamente no N2 lquido, com isso aconteciam trincas por gradiente de contrao entre as camadas

    externas e internas do material. O tratamento criognico precisou esperar o desenvolvimento da

    informtica e da eletrnica de microprocessamento para ser redescoberto, assim todo o processo pode

    ser acompanhado sem a necessidade de um operador presente durante o tempo do ciclo (Ashiuchi,

    2009).

    O chamado Tratamento Criognico Profundo consiste em um resfriamento a uma baixa taxa, a

    partir da temperatura ambiente at a temperatura do nitrognio lquido (-196C. Embora os efeitos e

    resultados que proporciona sejam funo do material e da aplicao, a maior ou menor magnitude

    desses efeitos depende de uma combinao previa entre o tratamento habitual e o tratamento

    criognico (Mariante, 1999; Farina, 2011).

    O ciclo de criogenia pode ser feito em atmosfera gasosa de nitrognio ou usando a imerso direta

    no lquido. Normalmente, esse resfriamento mantido durante 24 horas (podendo ser superior) e

    depois retorna temperatura ambiente, tambm a taxas baixas (Yun & Xiaoping, 1998).

    O tratamento criognico no altera a aparncia nem as dimenses dos componentes. Ele

    realizado em atmosfera inerte e no ocorre mudana de cor ou oxidao. Umas das particularidades

    desse tratamento que ele indetectvel. As alteraes so sutis e afetam o material escala

    microestrutural (Silva, 1999). Isso evita mudanas bruscas de temperatura que possam provocar o

    aparecimento de trincas e tenses internas (Carlson, 1969; Albert, 1992).

  • 29

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 MATERIAIS ANALISADOS

    3.1.1 COMPOSIO QUMICA

    A liga NiTi utilizada para estudo fabricada pela empresa Nimesis. Na temperatura ambiente, a

    liga encontra-se na fase martenstica, possui efeitos de memria de forma. A composio qumica foi

    determinada por ensaio de EDX (Espectroscopia por Fluorescncia de Raio-X, Anexo 1), resultando

    nos valores apresentados na tabela 3.1.

    Tabela 3.1 - Composio qumica da liga NiTi (Albano, 2013).

    Composio qumica

    Componente pp %

    Ni 55, 408

    Ti 43, 888

    Al 0, 295

    Fe 0, 157

    Ca 0, 143

    Si 0, 109

    3.1.2 CORPOS DE PROVA

    Os corpos de prova utilizados foram cortados com uma serra circular de disco abrasivo e podem

    ser visualizados pelas Figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4. Foram utilizados trs corpos de prova para cada tempo

    de encharque diferente.

    Figura 3.1 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 15 minutos

    (NiTi_TC15min, esquerda) e sem tratamento (NiTi_ST, direita) utilizados nos ensaios da Tcnica de

    Excitao por Impulso e de Dureza.

  • 30

    Figura 3.2 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas (NiTi_TC8h)

    utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.

    Figura 3.3 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas

    (NiTi_TC16h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.

    Figura 3.4 Corpos de prova de NiTi tratado criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas

    (NiTi_TC24h) utilizados nos ensaios da Tcnica de Excitao por Impulso e de Dureza.

  • 31

    As Tabelas 3.2 a 3.12 resumem os dados referentes s geometrias dos corpos de prova de NiTi e

    suas respectivas massas. As dimenses foram realizadas em trs pontos diferentes: nas extremidades e

    no meio do corpo de prova. Esses dados foram obtidos por meio de um paqumetro com incerteza de

    0,05 mm e uma balana digital com incerteza de 0,0001 g.

    Tabela 3.2 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico sem tratamento.

    Corpo de prova Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 78,40 10 40,2121

    Medida 2 78,35 10 40,2121

    Medida 3 78,35 10 40,2121

    Valor mdio 78,37 10 40,2121

    Desvio-padro 0,26 0 0

    Coef. de variao % 0,516 0 0

    Dimenses mdias 78,37 0,1 10 0,05 40, 2121 0,0001

    Tabela 3.3 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova cilndrico tratado criogenicamente

    com tempo de encharque de 15 minutos.

    Corpo de prova Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 77,90 10 39,9864

    Medida 2 77,90 10 39,9865

    Medida 3 77,95 10 39,9864

    Valor mdio 77,92 10 39,9864

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 77,92 0,08 10 0,05 39,9864 0,0001

    Tabela 3.4 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 40,25 10 20,6854

    Medida 2 40,25 10 20,6853

    Medida 3 40,30 10 20,6853

    Valor mdio 40,27 10 20,6853

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 40,27 0,08 10 0,05 20,6853 0,0001

  • 32

    Tabela 3.5 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.

    Corpo de prova 2 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 36,20 10 18,6977

    Medida 2 36,15 10 18,6977

    Medida 3 36,20 10 18,6976

    Valor mdio 36,17 10 18,6977

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 36,17 0,08 10 0,05 18,6977 0,0001

    Tabela 3.6 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 8 horas.

    Corpo de prova 3 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 40,50 10 20,8178

    Medida 2 40,50 10 20,8179

    Medida 3 40,45 10 20,8179

    Valor mdio 40,47 10 20,8179

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 40,47 0,08 10 0,05 20,8179 0,0001

    Tabela 3.7 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 36,40 10 18,2876

    Medida 2 36,40 10 18,2877

    Medida 3 36,40 10 18,2878

    Valor mdio 36,40 10 18,2877

    Desvio-padro 0 0 0

    Dimenses mdias 36,40 0,05 10 0,05 18,2877 0,0001

  • 33

    Tabela 3.8 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 35,65 10 18,4187

    Medida 2 35,65 10 18,4188

    Medida 3 35,65 10 18,4187

    Valor mdio 35,65 10 18,2877

    Desvio-padro 0 0 0

    Dimenses mdias 35,65 0,05 10 0,05 18,4187 0,0001

    Tabela 3.9 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 16 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 35,20 10 18,1763

    Medida 2 35,20 10 18,1764

    Medida 3 35,20 10 18,1763

    Valor mdio 35,20 10 18,1763

    Desvio-padro 0 0 0

    Dimenses mdias 35,20 0,05 10 0,05 18,1763 0,0001

    Tabela 3.10 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 1 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 33,00 10 17,0574

    Medida 2 33,00 10 17,0575

    Medida 3 33,05 10 17,0576

    Valor mdio 33,02 10 17,0575

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 33,02 0,08 10 0,05 18,1763 0,0001

  • 34

    Tabela 3.11 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 2 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 35,10 10 18,1520

    Medida 2 35,15 10 18,1520

    Medida 3 35,10 10 18,1521

    Valor mdio 35,12 10 18,1520

    Desvio-padro 0,03 0 0

    Dimenses mdias 35,12 0,08 10 0,05 18,1520 0,0001

    Tabela 3.12 - Parmetros geomtricos e de massa do corpo de prova 3 cilndrico tratado

    criogenicamente com tempo de encharque de 24 horas.

    Corpo de prova 1 Comprimento (mm) Dimetro (mm) Massa (g)

    Medida 1 42,75 10 21,9953

    Medida 2 42,75 10 21,9955

    Medida 3 42,75 10 21,9955

    Valor mdio 42,75 10 21,9954

    Desvio-padro 0 0 0

    Dimenses mdias 42,75 0,03 10 0,05 21,9954 0,0001

    3.2 TRATAMENTOS CRIOGNICOS

    3.2.1 TRATAMENTO CRIOGNICO BRUSCO

    O tratamento criognico de forma brusca, como se fosse uma tmpera criognica, foi realizado

    com a imerso do corpo de prova diretamente no N2 liquido. Ou seja, o resfriamento procedeu com a

    maior taxa de resfriamento possvel. O processo simples, o tempo de encharque da liga NiTi no N2

    lquido foi variado em: 15 minutos, 8 horas, 16 horas e 24 horas. Na Figura 3.5 pode-se verificar o

    recipiente de armazenamento de nitrognio lquido. Posteriormente os corpos de prova foram retirados

    do recipiente e ocorreu o aquecimento at a temperatura ambiente de forma natural (Figura 3.6).

  • 35

    Figura 3.5 Recipiente onde foi armazenado nitrognio lquido.

    Figura 3.6 Aquecimento do corpo de prova at a temperatura ambiente.

    3.2.2 TRATAMENTO CRIOGNICO PROFUNDO

    O tratamento criognico profundo foi realizado por Albano (2013). O processo disponibilizado

    pela empresa Kryos Tecnologia comercialmente chamado de ULTP, Ultra Low Temperature

    Process, no qual se utiliza vapor de nitrognio lquido como meio de resfriamento. Todo o processo,

    ou seja, a taxa de resfriamento, manuteno na temperatura de tratamento criognico e aquecimento

    at a temperatura ambiente controlado por software e hardware especficos desenvolvidos pela

  • 36

    empresa (Gobbi, 2009). Na Figura 3.7, pode-se identificar a cmara de tratamento e o cilindro de

    armazenamento de nitrognio lquido, pertencentes Kryos Tecnologia.

    Figura 3.7 - Equipamento para tratamento criognico Kryos Tecnologia (Gobbi, 2009).

    O corpo de prova de NiTi foi submetido ao tratamento trmico baseado no ciclo indicado na

    Figura 3.7. De acordo com esse ciclo, a liga resfriada at a temperatura em torno de -190C e

    mantido a essa temperatura entre doze e vinte e quatro horas. Em seguida, ocorre aquecimento at a

    temperatura ambiente.

    Albano (2013) realizou este experimento com taxa de variao de temperatura no resfriamento e

    no aquecimento de 17,83 C/h. No presente trabalho foram realizados experimentos com taxas

    elevadssimas de resfriamento (imerso em N2 variando-se o tempo de encharque) para a comparao

    de resultados. A princpio, os corpos de prova no necessitam de uma taxa to lenta como mostrada na

    Figura 3.8, contudo, foi realizado para garantir a integridade dos mesmos sobre critrio cientifico.

    Figura 3.8 Curva geral de resfriamento e reaquecimento do tratamento criognico profundo.

  • 37

    3.3 TCNICA DE EXCITAO POR IMPULSO - SONELASTIC

    O Software para a caracterizao dos mdulos de elasticidade e do amortecimento pela Tcnica de

    Excitao por Impulso utilizado foi o Sonelastic verso PC Based Lab I. Tecnicamente, o Software

    Sonelastic consiste em um analisador de vibraes transitrias, das quais so extradas as

    frequncias e a respectiva taxa de atenuao para a realizao do calculo do amortecimento.

    Na aplicao a que se destina, o Software identifica quais so as frequncias de vibrao e os

    respectivos amortecimentos mediante o processamento da resposta acstica do corpo de prova,

    resposta esta induzida por uma excitao mecnica por impulso (uma leve pancada na superfcie do

    corpo de prova). Para desempenhar tal tarefa, o Software Sonelastic possui um sistema de

    programao computacional avanado e faz uso de ferramentas matemticas nos clculos dos mdulos

    de elasticidade e amortecimento a partir do decaimento logartmico, em acordo com a Norma ASTM

    E-1876 e correlatas (Cossolino & Pereira, 2010).

    Figura 3.9 - Sonelastic; 1: Sistema de suporte Sonelastic RTS-Auto; 2:Sistema de excitao Sonelastic IED1;

    3:Pulsador com solenide tubular1; 4: Microfone; 5: Corpo de prova (Cossolino & Pereira, 2010. Modificado).

    O equipamento constitudo basicamente por um pulsador automtico, transdutor (microfone) e

    um suporte, conforme mostrado na Figura 3.9 acima. A funo do pulsador aplicar um impacto no

    corpo de prova para gerar as vibraes mecnicas, sem danific-lo; a do transdutor captar a resposta

    acstica e transform-la em sinal eltrico para que seja possvel identificar as frequncias de

    ressonncia. Os suportes de corpo de prova tm o objetivo de apoiar os corpos de prova em seus

    pontos e/ou linhas nodais para poder vibrar livremente ao receber a excitao. Vale lembrar ainda que

    os suportes dependem das dimenses e da geometria dos corpos de prova

  • 38

    A aquisio do sinal feita por meio de um microfone com cpsula e largura de banda de 20 kHz.

    importante que o sistema de excitao e captao do sinal exera mnima influncia sobre o

    amortecimento da vibrao flexional fundamental. As caracterizaes foram realizadas utilizando o

    suporte de corpo de prova Sonelastic RTS-Auto, indicado pelo nmero 1 na Figura 3.9, que impem as

    condies de contorno mecnico timas para o modo de vibrao flexional fundamental. Neste suporte

    a amostra apoiada exatamente sobre os ns de vibrao flexional fundamental por finos fios

    metlicos na posio 0,224C, em que C o comprimento do corpo de prova. O ajuste da posio

    realizado automaticamente por um sistema mecnico baseado no