infecÇÕes por ranavirus e cocos gram-positivos em rana ...€¦ · universidade federal de goiÁs...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
INFECÇÕES POR Ranavirus E COCOS GRAM-POSITIVOS EM GIRINOS E RÃS DE CRIAÇÃO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) DO
ESTADO DE GOIÁS.
. Rolando Alfredo Mazzoni Romero
Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita
GOIÂNIA 2006
ii
ROLANDO ALFREDO MAZZONI ROMERO
INFECÇÕES POR Ranavirus E COCOS GRAM-POSITIVOS EM GIRINOS E RÃS DE CRIAÇÃO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) DO
ESTADO DE GOIÁS.
Tese apresentada para obtenção do grau de Doutor em
Ciência Animal junto à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás
Área de Concentração: Sanidade Animal
Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita – CPA, UFG Comitê de Orientação: Prof. Dra. Iolanda Aparecida Nunes – CPA, UFG Prof. Dra. Wilia M. E. D. de Brito – IPTSP, UFG
GOIÂNIA 2006
iii
AGRADECIMENTOS
Para quem veio de outro país e ficou quatro anos desenvolvendo este
trabalho é praticamente impossível fazer uma lista de todas as pessoas e
instituições que contribuíram para realização do mesmo. A Energia Universal
manifestou-se brindando apoio em todas as formas possíveis, desde o trabalho
da Taq DNA polimerase até na forma de inúmeras pessoas e Instituições.
Assim sendo, quero expressar meu reconhecimento especial para:
À CAPES, que na celebração do Convênio com a Universidade de la
República do Uruguai fez possível a realização deste doutorado.
À Universidade Federal de Goiás, que abriu as portas para a realização
deste trabalho.
À Universidade de la República do Uruguai, e especialmente à Facultad de
Veterinária, e Instituto de Investigaciones Pesqueras.
À Escola de Veterinária da UFG, e especialmente ao Programa de Pós-
graduação em Ciência Animal.
Ao Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária que foi
minha casa durante este período.
Aos Professores e funcionários, especialmente meu orientador Prof. Dr.
Albenones José de Mesquita pelo apoio constante e principalmente pela amizade
e sua qualidade humana.
Aos colegas da pós-graduação pelo bom companheirismo, apoio e estimulo
recebido.
À minha família pela difícil tarefa de convivência com um pós-graduando.
iv
SUMÁRIO
CAPITULO 1 - 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................... 12 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 43 OBJETIVOS .................................................................................................. 9REFERÊNCIAS................................................................................................. 10CAPITULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DE RANAVIRUS ISOLADOS DE
GIRINOS DE RÃ TOURO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) EM RANÁRIOS COMERCIAIS ....................................... 20
RESUMO ......................................................................................................... 20ABSTRACT ...................................................................................................... 211 INTRODUÇÃO............................................................................................... 222 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 262.1 Amostras de Vírus ..................................................................................... 262.2 Isolamento de vírus ................................................................................... 262.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 272.4 Seqüenciamento ........................................................................................ 293 RESULTADOS .............................................................................................. 313.1 Isolamento em cultura de células ............................................................. 313.2 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 313.3 Seqüenciamento ........................................................................................ 334 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES .................................................................. 45REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48CAPITULO 3 -
RANAVÍRUS ASSOCIADOS A MORTANDADE DE GIRINOS (Rana catesbeiana Shaw, 1802) DE CRIAÇÃO INTENSIVA NO BRASIL. ................................................................... 53
RESUMO ......................................................................................................... 53ABSTRACT ...................................................................................................... 541 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 552 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 572.1 Amostragem de girinos .............................................................................. 572.2 Análise Microbiológica ............................................................................... 572.3 Histopatologia ............................................................................................ 582.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 592.5 Microscopia eletrônica de transmissão ...................................................... 602.6 Parasitologia .............................................................................................. 613 RESULTADOS .............................................................................................. 623.1 Epizootiologia ............................................................................................ 623.2 Evidências clínicas .................................................................................... 623.3 Necrópsia ................................................................................................... 633.4 Histopatologia ............................................................................................ 643.5 Microbiologia ............................................................................................. 673.6 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 673.7 Parasitologia .............................................................................................. 683.8 Microscopia eletrônica de transmissão....................................................... 684 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES .................................................................. 694.1 Infecção em girinos jovens 694.2 Infecção em girinos na pré-metamorfose 70REFERÊNCIAS .... 73CAPITULO 4 - QUADROS INFECCIOSOS EM RÃS DE CRIAÇÃO (Rana
catesbeiana Shaw, 1802) NA FASE PÓS-METAMÓRFICA EM RANÁRIOS COMERCIAIS. .................................................
79
RESUMO ......................................................................................................... 79ABSTRACT ...................................................................................................... 80
v
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 812 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 852.1 Amostragem das rãs .................................................................................. 852.2 Microbiologia .............................................................................................. 862.3 Histopatologia ............................................................................................ 872.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 872.5 Microscopia eletrônica de transmissão ..................................................... 892.6 Proteínas séricas totais ............................................................................. 892.7 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis ................................. 892.8 Reprodução da Doença ............................................................................ 903 RESULTADOS ............................................................................................ 913.1 Epizootiología ........................................................................................... 913.2 Sinais Clínicos .......................................................................................... 913.3 Achados de necropsia ............................................................................. 943.4 Histopatologia ......................................................................................... 953.5 Microbiologia .............................................................................................. 993.6 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 993.7 Microscopia eletrônica de transmissão ...................................................... 993.8 SDS page das proteínas sericas totais ...................................................... 993.9 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis .................................. 1003.10 Reprodução da doença ............................................................................ 1004 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ................................................................... 101REFERÊNCIAS .............................................................................................. 110CAPITULO 5 - PROCESSO INFECCIOSO SUPER AGUDO SEMELHANTE
AO CHOQUE ENDOTÓXICO EM RÃS DE CRIAÇÃO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) 121
RESUMO ......................................................................................................... 121ABSTRACT ...................................................................................................... 1221 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1232 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 1252.1 Amostragem das rãs .................................................................................. 1252.2 Análise Histopatologica .............................................................................. 1252.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 1262.4 Análise Microbiológica ............................................................................... 1272.5 Microscopia eletrônica de transmissão ...................................................... 1282.6 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis .................................. 1283 RESULTADOS .............................................................................................. 1303.1 Necrópsia ................................................................................................... 1313.2 Histopatologia ............................................................................................ 1313.3 Microbiologia .............................................................................................. 1343.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) .................................................. 1343.5 Microscopia eletrônica de transmissão ...................................................... 1343.6 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis ................................. 1344 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ................................................................... 135REFERÊNCIAS ............................................................................................... 139CAPITULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................. 144
vi
RESUMO
A presença de enfermidades tem inviabilizado a produção nos ranários constituindo um dos principais fatores limitantes para o crescimento da atividade. Objetivou-se com o presente estudo determinar o papel dos vírus da Família Iridoviridae gênero Ranavirus nas doenças de importância econômica nos ranários comerciais, visando relacionar sua eventual presença com os quadros clínicos observados. Para tanto, foram realizados estudos envolvendo as fases de girino e de rã, pesquisando os agentes etiológicos, a epizootiología das doenças, a sintomatologia clínica, a anatomia patológica macroscópica, a histopatologia, a bacteriologia convencional, e a virologia, sendo esta por meio do emprego de técnicas moleculares, cultura de células e a microscopia eletrônica de transmissão. Foi diagnosticada pela primeira vez em rãs de criação do Brasil, uma doença específica que acomete girinos de até 30 dias de idade, determinada por um vírus da Família Iridoviridae, gênero Ranavirus. O quadro, de tipo super agudo, caracterizou-se por surtos de morbidade e mortalidade acima de 90% da população do ranário. Clinicamente foram observados girinos com edemas e ascite, assim como girinos finos ou emaciados. As lesões localizaram-se principalmente no fígado e nos rins, com destruição quase completa do parênquima. Nenhum agente bacteriano pôde ser incriminado na etiologia da enfermidade. Observou-se uma homologia de quase 100% nas regiões seqüenciadas do genoma entre o vírus isolado no Brasil com aquelas do Frog Virus 3, indicando que o agente pode ter sido introduzido no país pelas rãs importadas de América do Norte. Formas clínicas diferentes foram observadas nos girinos no período pré-metamorfose e nas rãs, as que podem ser considerada como “Septicemia estreptocócica secundária” devido à abundante presença de cocos Gram-positivos associados às lesões. A morte foi conseqüência da septicemia associada ao comprometimento funcional de órgãos vitais como fígado e rins. Foi identificado um quadro super agudo nas rãs, sugerindo, a presença de uma síndrome semelhante ao choque séptico. A síndrome denominada de “perna vermelha” não foi observada em nenhuma das rãs estudadas.
Palavras-chave: Aqüicultura, estreptococos, ranicultura, septicemias, ranavírus.
vii
ABSTRACT Diseases are an important limiting factor for frog farming development. This study was developed to determine the role of virus of the Iridoviridae Family, genus Ranavirus in economically important diseases affecting farmed frogs, aiming to find relationships among these viruses and the clinical syndromes observed. Studies had been carried out with frogs and tadpoles searching for etiological agents, the epizootiology of the diseases, clinical symptoms, macroscopic anatomo-pathology, histopathology, conventional bacteriology and virology by molecular techniques, cell culture and transmission electron microscopy. A specific illness affecting tadpoles up to 30 days old was characterized for the first time in farmed frogs of Brazil. The etiological agent is a virus of the Iridoviridae Family, genus Ranavirus. The syndrome is characterized by sudden outbreaks of morbidity and mortality above of 90% of the farm population. Clinically, swollen tadpoles with edemas and ascites were observed, as well as thin or emaciated ones. Lesions were located mainly in liver and kidneys, with almost complete tissue destruction. No bacterial agents could be incriminated in the etiology of the disease. An homology of almost 100% was detected into the genomic areas studied of the Brazilian virus, when compared with those of Frog Virus 3, indicating that the agent may have been carried by the frogs from North America. Another disease was found affecting tadpoles reaching the pre-metamorphic period and frogs. The disease should be considered as a "secondary streptococci septicemia" due to the abundance of Gram-positive cocci associated with the observed lesions. Death was consequence of the septicemia, associated with the functional damage of the liver and kidneys. A super acute syndrome was identified in frogs suggesting the presence of septic shock like syndrome. The so-called "red leg syndrome" was not observed in any of the frogs. Keywords: Aquaculture, frog farming, septicemia, streptococci, ranavirus.
1
CAPITULO 1 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A aqüicultura na América do Sul tem experimentado um
desenvolvimento muito acelerado, principalmente no Brasil, sendo uma das novas
atividades produtivas com fins de obtenção de alimentos. Sua importância fez
com que o atual governo criasse a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca
subordinada diretamente à Presidência da República.
A ranicultura, apesar de constituir uma das atividades mais recentes
dentro da aqüicultura mundial, é uma das criações de organismos aquáticos que
tem se estabelecido firmemente. Em decorrência do clima favorável, da excelente
adaptação da rã touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802) e da tecnologia
desenvolvida pelos produtores e pesquisadores brasileiros, a ranicultura tornou-se
uma importante atividade no Brasil, particularmente no Estado de Goiás. Dados
referentes à produção obtida nos anos 2000-2004 colocam Goiás como o primeiro
produtor do país com 150 toneladas anuais, o que representa 90% da exportação
brasileira (SILVA, 2005). Esta produção encontra-se distribuída entre pequenos e
médios produtores agropecuários, sendo um setor inovador e produtor de
alimentos de alta qualidade para consumo humano. Seus principais mercados
consumidores encontram-se em países desenvolvidos como Estados Unidos e
França, constituindo importante fonte de divisas para os paises exportadores.
Com a geração de conhecimentos sobre manejo e alimentação, a
ranicultura transformou-se numa atividade super intensiva, com altas densidades
de população e dependendo estritamente dos alimentos artificiais balanceados.
Entretanto, a esses fatores se associa maior suscetibilidade às doenças de
diversas etiologias o que ameaça à viabilidade técnica e econômica dos criatórios
de organismos aquáticos, fato que também ocorre em outras atividades
produtivas (AUSTIN, 1984).
A experiência compartilhada e o alto grau de desenvolvimento
alcançado pela ranicultura no Brasil indicam que a presença de enfermidades têm
inviabilizado a produção nos ranários constituindo-se em um dos principais fatores
limitantes para o crescimento da atividade (MAZZONI, 2000; HIPÓLITO, 2002;
SILVA, 2005). O fechamento no ano 2000 do maior ranário existente no Uruguai
2
no ano 2000, e o fim das atividades no ano 2005 do maior ranário do Brasil
situado no Município de Hidrolândia, são exemplos relevantes.
Sendo a ranicultura uma atividade relativamente nova, a experiência no
estudo científico das doenças em rãs de criação ainda pode ser considerada
muito escassa, pois os produtores não tem conhecimento dos agentes etiológicos
envolvidos e conseqüentemente das medidas profiláticas e terapêuticas
apropriadas.
As descrições relativas a mortalidades generalizadas em ranários,
citam quadros de ascite e edemas em girinos e rãs. Estes quadros podem estar
ou não acompanhados de sintomatologia nervosa e, às vezes, as mortes ocorrem
de forma súbita. É fato comum que num mesmo surto ocorram os diversos
quadros clínicos que compõem a síndrome.
Apesar da importância econômica, diversos fatores têm dificultado o
estudo científico destas doenças, principalmente a inespecificidade dos sinais
clínicos em anfíbios, bem como as condições particulares de manejo e
alimentação artificial que, muito provavelmente, constituem causas
predisponentes para transformação de um eventual agente comensal num
patógeno. Assim, numerosas pesquisas têm sido desenvolvidas mas sem
conclusões claras quanto aos agentes etiológicos e, conseqüentemente, sem
recomendações de medidas de controle e/ou prevenção (HIPÓLITO, 2002).
Por outro lado, existem informações abundantes sobre doenças que
afetam anfíbios em populações selvagens, assim como aqueles utilizados para
estudos em laboratórios. Estas informações podem ser utilizadas para melhor
compreensão das doenças nas rãs de criação. Neste sentido, têm sido
identificadas doenças emergentes produzidas por fungos e vírus, sendo que, em
rãs de criação, esses agentes têm recebido pouca atenção. O fungo da espécie
Batrachochytrium dendrobatidis foi detectado em rãs touro de criação no Uruguai
(MAZZONI et al., 2003) e os vírus do gênero Ranavirus foram detectados em
girinos de criação do citado país e também do Brasil (MAZZONI, 2003; GALLI et
al., 2006). Estes diagnósticos, bem como a importância adquirida pelos vírus do
gênero Ranavirus como causadores de doenças em anfíbios, peixes e répteis,
são justificativas mais que suficientes para o aprofundamento do conhecimento
sobre o papel desses microrganismos nas rãs de criação.
3
Diante do exposto e da relevância do tema, objetivou-se com o
presente estudo determinar o papel dos vírus da Família Iridoviridae gênero
Ranavirus nas doenças de importância econômica nos ranários comerciais, assim
como estabelecer um diagnóstico diferencial visando relacionar sua eventual
presença com os quadros clínicos observados. Para tanto, foram realizados
estudos envolvendo os agentes etiológicos, a epizootiología da doença, a
sintomatologia clínica, a anatomia patológica macroscópica, a histopatologia, a
bacteriologia convencional, e a virologia através de técnicas moleculares, cultura
de células e microscopia eletrônica de transmissão.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA Surtos de doenças com alta mortalidade, caracterizados clinicamente
por edemas e ascite, com ou sem sintomatologia nervosa, têm sido observados
reiteradamente em girinos e rãs de criação.
No que pese essas doenças terem sido objeto de diversos estudos nas
últimas décadas, estes foram direcionados principalmente à identificação dos
agentes envolvidos em surtos ou episódios de mortalidade maior que a esperada,
seja na fase de girino ou na adulta (AMBROSKY et al., 1983; HIPÓLITO et al.,
1987, 1988a, b; BARROS et al., 1988; CARNEVIA & MAZZONI, 1988;
GUIMARAES et al., 1988; MOREIRA et al., 1988; SOUZA, 1988; PINHEIRO,
1989; MAGALHAES, 1991a, b, c, 1992; MAGALHAES et al., 1992; SILVA et al.,
1993, 1997; HIPÓLITO, 1995; MARTINS et al., 1995; FIORIO et al., 1997;
HIPÓLITO, 1997; LIMA & VALLES, 1997; LIMA et al., 1997; MORAES et al.,
1997; FERREIRA et al., 1998; HIPÓLITO, 1999; HIPÓLITO et al., 2000a; MAUEL
et al., 2002; PASTERIS et al. 2006). Somente em uma oportunidade foi realizada
pesquisa de vírus pela microscopia eletrônica (HIPOLITO et al., 2000). Em todos
os outros trabalhos, os diagnósticos concentraram-se exclusivamente no achado
de agentes parasitários ou bacterianos, não sendo realizado um estudo dos
surtos no intuito de estabelecer o papel etiológico dos agentes detectados e
outros aspectos das doenças que permitam a elaboração de medidas de
prevenção e/ou controle. Em revisão, HIPÓLITO (2002) constatou que a maioria
dos trabalhos tratava de comunicados efêmeros, não tendo continuidade no
estudo do caso.
As septicemias têm sido reportadas como a causa mais importante de
mortalidade em anfíbios, sendo freqüente o achado de animais mortos sem
sintomas premonitórios (CRAWSHAW, 1994). Porém existe ainda grande
incerteza em relação às características destas patologias. Nos estudos e
publicações realizados desde o final do século XIX até o ano 1995, a maioria dos
trabalhos de diagnóstico identificou bactérias como responsáveis pelos surtos.
Estes estudos incluíram a denominação de uma patologia chamada de perna
vermelha ou “red leg”. A patologia é considerada como um complexo
microbiológico ou síndrome, e foi apontada como a doença de maior importância
5
em anfíbios, sendo o agente predominante a Aeromonas hydrophila (RUSSEL,
1898; EMERSON & NORRIS, 1905; KULP & BORDEN, 1942; MILES, 1950;
REICHENBACH-KLINKE & ELKAN, 1965; GIBBS et al., 1966; GLORIOSO et al.,
1974; VAN DER WAAIJ et al., 1974; COSGROVE, 1980; HIRD et al., 1981;
NYMAN S., 1986. VIZOTTO, 1988). Pesquisas enfocando a importância da
síndrome da perna vermelha ainda continuam na literatura mais recente
(SOMSIRI, 1994; MAUEL et al., 2002; HADFIELD et al., 2005; PASTERIS et al.,
2006). Porém, esta enfermidade têm sido questionada como doença específica,
sendo considerada apenas como manifestação clínica de septicemia e morte
devida a agentes da microbiota normal que invadem o organismo debilitado por
outras causas (CUNNINGHAM et al., 1996; MAZZONI, 2000a; GREEN et al.,
2002).
Diversos estudos realizados em rãs de criação têm relatado a presença
de estreptococos. GLORIOSO et al. (1974) descreveram os achados em R.
catesbeiana septicêmicas dos Estados Unidos, assinalando a presença de
estreptococos que, naquele momento, não foram considerados patogênicos.
AMBROSKY et al. (1983) identificaram uma doença altamente letal, produzida por
Streptococcus spp. não hemolítico afetando rãs de cativeiro em Belém-PA, Brasil.
Os sinais clínicos e a epizootiología da doença descrita são totalmente
coincidentes com os das estreptococoses que ainda hoje continuam sendo
diagnosticadas. Este trabalho comprova que a doença encontra-se presente nas
rãs de criação há mais de 20 anos.
GUIMÃRAES et al. (1988) descreveram infecções produzidas em R.
catesbeiana dos Estados de Goiás e Pará, incluindo a identificação de diversos
estreptococos. HIPÓLITO et al. (1988b, 1997) indicaram a presença de
Streptococcus spp no sistema nervoso central da mesma espécie e descreveram
lesões neurológicas. HIPÓLITO (1995, 1997, 1999) também incluiu os
estreptococos entre os agentes produtores de mortalidade em rãs de cativeiro. As
referências confirmam a importância dessas bactérias no processo mórbido, mas
até o momento não foi proposto nenhum mecanismo de controle apropriado.
CUNNINGHAM et al. (1996) incriminaram Streptococcus sp. e
estreptococos do grupo D em incidentes de mortalidade em Rana temporaria na
Europa. FIORIO et al. (1997) descreveram bactérias do gênero Streptococcus em
6
episódios de mortalidade de rã touro associada a soluções de continuidade na
pele. MAUEL et al (2002) realizaram a primeira citação de Streptococcus iniae em
R. catesbeiana de criação nos Estados Unidos. O microrganismo foi isolado em
surtos de doenças septicêmicas conjuntamente com outras espécies bacterianas,
a partir de diversos órgãos estudados. Os sinais e as lesões descritos são
semelhantes aos encontrados nos ranários da América do Sul. MAZZONI (2000a,
2000b) indicou a presença de Streptococcus spp em R. catesbeiana em ranários
comercias de Uruguai exibindo sinais nervosos e edemas.
A estreptococose tem sido identificada também em peixes, como uma
síndrome produzida por cocos Gram-positivos de diversas espécies. Estas
bactérias têm sido implicadas como produtoras de doenças em organismos
aquáticos em várias partes do mundo. BERCOVIER et al. (1997) e ELDAR et al.
(1997) descreveram a infecção estreptocócica como uma entidade produzida por
bactérias dos gêneros Streptococcus, Lactococcus, Enterococcus e Vagococcus.
Estabeleceram que a “estreptococose” nos peixes deve ser considerada como um
complexo de doenças semelhantes produzidas por diferentes gêneros e espécies
de cocos Gram-positivos, originando uma síndrome particular.
Streptococcus iniae tem sido incriminado reiteradamente como
produtor primário de doenças em diversas espécies de peixes. A bactéria tem
sido reportada como produtora de infecções em humanos, sendo considerada
uma doença emergente (CDC, 1996; WEINSTEIN et al.. 1997; GREENLEES et al.
1998; DURBOROW, 1999; LEHANE et al., 2000; FULLER et al., 2001; LAU et al.,
2003)
Apesar da freqüente presença de bactérias, seja Gram-negativas como
as Aeromonas ou Gram-positivas como os estreptococos, existem dúvidas em
relação ao papel primário das mesmas no processo mórbido, pois em geral, trata-
se de habitantes normais do ambiente. Foi assim que a partir de pesquisas
realizadas na Inglaterra (CUNNINGHAM et al., 1996) e na Austrália (BERGER et
al., 1998) que a responsabilidade das bactérias em surtos de mortalidade em
anfíbios acabou adquirindo um papel secundário.
Vírus pertencentes à família Iridoviridae, gênero Ranavirus e um fungo
chytridiomyceto (Batrachochytrium dendrobatidis) têm sido identificados como os
verdadeiros agentes etiológicos nas enfermidades das rãs, mas até o final do
7
século passado não eram realizadas pesquisas nos ranários com o intuito de
identificar esses agentes.
Os iridovírus que infectam animais aquáticos possuem distribuição
mundial sendo associados a doenças severas em anfíbios (CUNNINGHAM et al.,
1996; AHNE et al.,1997; ZUPANOVIC et al., 1998; DASZAK et al., 1999;
CHINCHAR & MAO, 2000; DASZAK et al., , 2000; HYATT et al., 2000; SPEARE,
2001; ZHANG et al., 2001; CHINCHAR, 2002; CULLEN & OWENS, 2002; HE et
al., 2002; KIM et al., 2002; MARSH et al., 2002; WENG et al., 2002; DASZAK et
al., 2003; GANTRESS et al., 2003; JANCOVICH et al., 2003; GREER et al. 2005.
ROBERT et al., 2005; ZHANG et al., 2006). Os girinos apresentam a maior
suscetibilidade e podem sofrer mortalidade de até 100% da população. Estes
vírus podem infectar outras espécies diferentes dentro da mesma classe
taxonômica, bem como animais de classes diferentes (MAO et al., 1999).
As primeiras suspeitas do envolvimento de vírus pertencentes à
Família Iridoviridae, gênero Ranavirus foram levantadas a partir de observações
em ranários do Uruguai (MAZZONI, 2000a, b; MAZZONI & CARNEVIA, 2000) e
confirmadas em trabalhos que empregaram a técnica de detecção por reação em
cadeia da polimerase (MAZZONI, 2003; GALLI et al., 2006). HIPÓLITO et al.
(2000) empregaram a microscopia eletrônica de transmissão em amostras de rãs
adultas criadas comercialmente no Brasil e detectaram partículas virais
semelhantes aos grupos Herpesvírus, Togavírus e Paramixovírus, sem que
fossem vinculadas à doença algumas. Nesse estudo não foram detectados
agentes da Família Iridoviridae.
No entanto, existem dúvidas em relação ao poder patogênico destes
agentes. Na rã touro, os mesmos foram detectados tanto em anfíbios sadios
como doentes (WOLF et al., 1968). Em outras espécies, também os vírus foram
encontrados em anfíbios sadios (ZUPANOVIC et al., 1998; ZHANG et al., 2001;
GANTRESS et al., 2003, GREER et al. 2006).
Fato semelhante está ocorrendo com uma doença emergente
produzida pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis que tem sido implicada com
muita freqüência como responsável por surtos de mortalidade e diminuição de
populações ao redor do mundo (BERGER et al., 1998,1999; DASZAK et al., 1999;
LONGCORE et al., 1999; SPEARE & BERGER, 2000; MAZZONI, 2000a, 2000b;
8
BERGER et al., 2002; GUAYASAMIN et al., 2002; MAZZONI et al., 2003;
SPEARE, 2003; HANSELMANN et al., 2004; BLAUSTEIN & DOBSON, 2006). O
fungo tem sido identificado em paises da América do Sul como Equador
(BERGER et al., 1999; RON & MERINO, 2000), Venezuela (GUAYASAMIN et al.,
2002; BONACCORSO et al., 2003; HANSELMAN et al., 2004), Uruguai
(MAZZONI, 2000a, b; MAZZONI et al., 2003), Argentina (HERRERA et al., 2005)
e Brasil (CARNAVAL et al., 2006). Apenas no Uruguai, o diagnóstico foi realizado
em rãs de criação da mesma espécie cultivada no Brasil. Esse fato reveste-se de
grande interesse pois existe a possibilidade do aparecimento da doença nas rãs
brasileiras.
Outros fungos pertencentes ao clado Mesomycetozoa têm sido
também implicados como causadores de doenças de anfíbios na natureza
(GREEN et al., 2002).
9
3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral
Objetivou-se com o presente trabalho determinar o papel dos vírus da
Família Iridoviridae, gênero Ranavirus, nas doenças de importância econômica
em ranários comerciais do Estado de Goiás, bem como caracterizar as formas
clínicas das mesmas.
3.2. Objetivos específicos 3.2.1 Identificar e caracterizar o ranavírus detectado em girinos.
3.2.2 Estabelecer diagnóstico diferencial entre o ranavirus e outros agentes
relacionados às doenças de importância econômica em ranários comerciais.
3.2.3 Estabelecer a epizootiologia, sintomatologia e alterações anatomo
histopatológicas das doenças infecciosas que acometem girinos e rãs de criação
(Rana catesbeiana Shaw 1802).
3.2.4 Caracterizar as formas clínicas das doenças infecciosas que acometem
girinos e rãs de criação (Rana catesbeiana Shaw 1802).
10
REFERÊNCIAS 1. AHNE, W.; BEARZOTTI, M.; BREMONT, M.; ESSBAUER, S. Comparison of European systemic piscine and amphibian iridoviruses with epizootic haematopoietic necrosis virus and frog virus 3. Zentralbl Veterinarmed [B];v. 45, n. 6, p. 373-383, 1998. 2. AMBORSKI, R. L.; SNIDER, T. G.; THUNE, R. L.; CULLEY, D. D. A non- hemolytic, group B Streptococcus infection of cultured bullfrogs, Rana catesbiana, in Brazil. Journal of Wildlife Diseases. Ames-IO, v.19, n. 3, p. 180-184, 1983. 3. AUSTIN, B. The future of bacterial fish vaccines. Vaccine. London, v.2, n. 4, p. 249-254, 1984. 4. BARROS, G.C.; LANGENEGGER, C.H.; PEIXOTO, P.V. Surto de micobacteriose em criação de rãs (Rana catesbeiana) causado por Mycobacterium marinum. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.8, n. 3-4, p. 75-80, 1988. 5. BERCOVIER, H.; GHITTINO, C.; ELDAR, A Immunization with bacterial antigens: infections with streptococci and related organisms. Developments in Biological Standardization. Basel-NY, v. 90, p. 153-160, 1997. 6. BERGER, L.; SPEARE, R.; DASZAK, P.; GREEN, D.E,; CUNNINGHAM, A.; GOGGIN, C.; SLOCOMBE, R.; RAGAN, M.; HYATT, A.; MCDONALD, K.; HINES, H.; LIPS, K.; MARANTELLI, G.; PARKES, H. Chytridiomycosis causes amphibian mortality associated with population declines in the rain forests of Australia and Central America. Proceedings of the National Academy of Science, Washington- DC, v. 95, n. 15, p. 9031-9036, 1998. 7. BLAUSTEIN, A.; DOBSON, A. Extinctions: A message from the frogs. Nature. London, v. 439, n. 7973, p. 143-144, 2006. 8. BONACCORSO, E., J. M. GUAYASAMIN, D. M´ENDEZ, AND R. SPEARE. Chytridiomycosis in a Venezuelan anuran (Bufonidae: Atelopus cruciger). Herpetological Review. Ohio, v 34, n. 4, p.331–334, 2003. 9. CARNAVAL, A.; PUSCHENDORF, R.; PEIXOTO, O.; VERDADE, V.; RODRIGUES, M. Amphibian chytrid fungus broadly distributed in the Brazilian Atlantic Rain Forest. Ecohealth, v. 3, n. 1, p. 41-48, 2006. 10. CARNEVIA, D.; MAZZONI, R. Estudio de un brote de “Sindrome de Edema Generalizado” (SEG) en Rana catesbeiana. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. ARERJ, 1988, p; 329-333.
11
11. CDC. Invasive infection with Streptococcus iniae – Ontario, 1995-1996. Morbitity and Mortality Weekly Report. Atlanta-GA, v. 45, n. 30, p. 650-653, 1996. 12. CHINCHAR, V. Ranaviruses (family Iridoviridae): emerging cold-blooded killers. Archives of Virology, New York-NY, v. 147, n. 3, p. 447-470, 2002. 13. CHINCHAR, V.; MAO, J. Molecular diagnosis of iridovirus infections in cold-blooded animals. Seminars in avian and exotic pet medicine. v. 9, n.1, p. 27-35, 2000. 14. COSGROVE, G. Amphibian carea and diseases. In: Current Veterinary Therapy VII, Kirk, R. W. Ed. W. Saunders and Co. Phyladelphia, p. 616-618, 1980. 15. CRAWSHAW, G. Medicina de anfibios. In: Terapéutica veterinaria de pequeños animles. KIRK, R. W. & BONAGURA, J.D. Eds. Interamericana-Mc Graw Hill. México, 1994, p. 1355-1369. 16. CULLEN, B.; OWENS, L. Experimental challenge and clinical cases of Bohle iridovirus (BIV) in native Australian anurans. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 49, n. 2, p.83-92, 2002. 17. CUNNINGHAM, A.; LANGTON, T.; BENNETT, P.; LEWIN, J.; DRURY, S.; GOUGH, R.; MACGREGOR, S. Pathological and microbiological findings from incidents of unusual mortality of the common frog (Rana temporaria). Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences, London, v. 351, n. 1347, p. 1539-1557, 1996. 18. DASZAK, P.; BERGER, L.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A.; GREEN, D.; SPEARE, R. Emerging infectious diseases and amphibian population declines. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 5, n. 6, p. 735-748, 1999 19. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Emerging Infectious Diseases of Wildlife - Threats to biodiversity and human health. Science. Washington-DC v. 287, n. 5452, p. 443-449, 2000 20. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Infectious Diseases and amphibian population declines. Diversity and Distributions. Oxford, v. 9, n. 2, p. 141-150, 2003. 21. DURBOROW, R. M. Health and safety concerns in fisheries and aquaculture. Occupational medicine. Philadelphia-PA, v. 14, n. 2, p. 373-406, 1999. 22. ELDAR, A.; HOROVITCZ, A.; BERCOVIER, H. Development and efficacy of a vaccine against Streptococcus iniae infection in farmed rainbow trout. Veterinay Immunology and Immunopathology. Amsterdam, v. 56, n. 1-2, p. 175-183, 1997.
12
23. EMERSON, H.; NORRIS, C. Red-Leg, an infectious disease of frogs. Journal of Experimental Medicine, New York, v. 7, N. 1, p. 32-58, 1905. 24. FERREIRA, C.M. & ARAÚJO, M.V.F. Isolamento de Penicillium sp. e Candida sp. em girinos de rã-touro. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOS, 5. & ENCONTRO LATINOAMERICANO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOS, 1., 1998, Maringá. Resumos. Maringá: ABRAPOA, 1998. p. 136.
25. FIORIO, W.A.B.; MAIORINO,F.C.; HOGE,A.Y.A. & RAMOS,M.C.C. Mortalidade em rãs touro gigante (Rana catesbeiana Shaw, 1802) associada a soluções de continuidade na pele: Estudo anátomo-patológico e microbiológico. In: 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR, 1997, Santos. Anais 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR. Santos, SP, ABETRA/ABCR, p. 214, 1997. [resumos]. 26. FULLER, J. D.; BAST, D. J.; NIZET, V.; LOW, D. E. ; DE AZAVEDO, J. C. Streptococcus iniae virulence is associated with a distinct genetic profile. Infection and immunity. Bethesda-MD, v. 69, n. 4, p. 1994-2000, 2001. 27. GALLI, L.; PEREIRA. A. ; MARQUEZ, A.; MAZZONI, R. Ranavirus detection by PCR in cultured tadpoles (Rana catesbeiana Shaw 1802) from South America. Aquaculture, Amsterdam, v., 257, n. 1-4, p. 78-82, 2006. 28. GANTRESS, J.; MANIERO, G.; COHEN, N.; ROBERT, J. Development and characterization of a model system to study amphibian immune responses to iridoviruses. Virology, New York-NY, v. 311, n. 2, p. 254-262, 2003. 29. GIBBS, E.; GIBBS, T.; VAN DICK, P. Rana pipiens: Health and disease. Laboratory Animal Care, Baltimore, v. 16, n. 2, p. 142-157. 1966. 30. GLORIOSO, J. C.; AMBORSKI, R. L.; AMBORSKI, G. F.; CULLEY, D. D. Microbiological studies on septicaemic bullfrogs (Rana catesbiana). American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v. 35, n. 9, p. 1241-1245, 1974. 31. GREEN. D.; CONVERSE, K.; SCHRADER, A. Epizootiology of sixty-four amphibian morbidity and mortality events in the USA, 1996-2001. Annals of the New York Accademy of Science, New York, v. 969, p. 323-339, 2002. 32. GREENLEES, K. J.; MACHADO, J.; BELL, T.; SUNDLOF, S. F. Food borne microbial pathogens of cultured aquatic species. The Veterinary clinics of North America. Food animal practice. Philadelphia-PA, v. 14, n. 1, p. 101-112, 1998. 33. GREER, A.; BERRILL, M.; WILSON, P. Five amphibian mortality events associated with ranavirus infection in south central Ontario, Canada. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 67, p. 9-14, 2005.
13
34. GUAYASAMIN, J.M.; BONACCORSO, E.; SPEARE, R.; MENDEZ, D. The roles of climatic variation and pathogenic fungus in declining populations of Aletopus cruciger (Anura: Bufonidae) in Venezuela. In:. Abstracts of the Joint Meeting of the American Society of Ichthyologists and Herpetologists, 2002 [on line] Herpetologists' League, and Society for the Study of Amphibians and Reptiles, Kansas City, USA. Disponível em: http://www.asih.org/meetings/2002/Abstracts.pdf. Acesso em: 21 jan. 2003. 35. GUIMARAES,N.; SILVEIRA,W.; RODRIGUES, M. Isolamentos de bactérias patógenas nos ranários de Goiás e Pará. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 287-291. 36. HADFIELD, C.; WHITAKER, B. Amphibian Emergency Medicine and Care. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine, v. 14, n. 2 , p. 79-89, 2005.
37. HANSELMANN, R.; RODRIGUEZ, A.; LAMPO, M,; FAJARDO-RAMOS L.;ALONSO AGUIRRE, A.;. MARM KILPATRICK, A.; RODRIGUEZ J.P., DASZAK, P. Presence of an emerging pathogen of amphibians in introduced bullfrogs Rana catesbiana in Venezuela. Biological Conservation, Barking-Essex, v. 120, n. 1, p. 115-119, 2004. 38. HE, J.; LU, L.; DENG, M.; HE, H.; WENG, S.; WANG, X.; ZHOU, S.; LONG, Q.; WANG, X.; CHAN, S. Sequence analysis of the genoma completo of an iridovirus isolated from the tiger frog. Virology, New York-NY, v. 292, n. 2, p.185-197, 2002. 39. HERRERA, R.; STECIOW, M.; NATALE, G. Chytrid fungus parasitizing the wild amphibian Leptodactylus ocellatus (Anura: Leptodactylidae) in Argentina. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 64, n. 3, p. 247–252, 2005. 40. HIPÓLITO, M. Causas de mortalidade na Ranicultura. In: 1st. Technofrog- I International Meeting on Frog Research and Technology & VIII ENAR, 1995, Viçosa. Anais 1st. Technofrog - I International Meeting on Frog Research and Technology & VIII ENAR. Viçosa, MG. ABETRA/ABCR, v. 2, p. 199-207, 1995. 41. HIPÓLITO, M. Causas de mortalidade e Sanidade. In: 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR, 1997, Santos. 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR. Santos, SP. ABETRA/ABCR, p. 5-9, 1997. 42. HIPÓLITO, M. Doenças na Ranicultura. In: X ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA 1999, São Miguel do Iguaçu. Anais X ENAR. São Miguel de Iguaçu, PR, ABETRA/ABCR, p. 3-15, 1999. 43. HIPÓLITO, M. Patologias em rã touro (Rana catesbeiana Shaw 1802). Primeira revisão da bibliografia brasileira. Arquivos do Instituto Biológico de São Paulo. São Paulo, v. 69, n. 2, p. 113-120, 2002.
14
44. HIPÓLITO, M.; BALDASSI, L.; MOULIN, A.; CALIL, M.; BARBOSA, M; CUNHA, R. Presença de agentes patogênicos bacterianos em rãs-touro gigante (Rana catesbeiana). In: Encontro de Pesquisa Veterinária, 1987, Jaboticabal,SP. Encontro de Pesquisa Veterinária, Jaboticabal, SP, p. 12. 1987. 45. HIPÓLITO, M. ; MOULIN, A.; CALIL, M. L.; PIRES, C. C.; SOUZA, C.; SOUZA, J. Estudo da microbiota de anfíbios capturados em ranário comercial. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, , p. 149-154. 46. HIPÓLITO, M. ; SOUZA, C.; SOUZA, J. R. Presença de Streptococcus sp. ao nível de sistema nervoso central em Rana catesbeiana com sintomatologia nervosa. In: VI Simposio Latinoamericano de Acuicultura & V SIMBRAQ, 1988, Florianópolis. VI Simposio Latinoamericano de Acuicultura & V SIMBRAQ, Florianópolis, Brasil, p. 46, 1988. [resumos]. 47. HIPÓLITO, M. ; MOULIN, A.; MARACRUZ, R. Afecções neurológicas em ra touro (Rana catesbeiana Shaw 1802). In: X Reunião Anual do Instituto biológico. São Paulo, v. 64, p. 49, 1997. 48. HIPOLITO, M.; FERREIRA, C.M.; MACRUZ, R.; MARTINS, A.C.R.P.F.;BACH, E.E. Petéquias hemorrágicas em musculatura de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802). In: ENCONTRO BRASILEIRO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOS, 6. & ENCONTRO LATINOAMERICANO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOS, 2., 2000, Florianópolis. Resumos. Florianópolis: ABRAPOA, 2000, p. 224. 49. HIPÓLITO, M.; CATROXO, M.; CURI, N.; BACH, E. Detecção ao microscópio eletrônico de transmissão de partículas virais semelhantes aos grupos Herpes, Toga e Paramixovírus em rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802) criadas comercialmente. Primeiras observações no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico de São Paulo. São Paulo, v. 70, n. 1, p. 107-111, 2003. 50. HIRD, D.; DIESCH, S.; MCKINNEL, R.; GORHAM, E.; MARTIN, F.; KURTZ, S.; DUBROVOLNY, C. Aeromonas hydrophila in wild-caught frogs and tadpoles Rana pipiens in Minnesota. Laboratory Animal Science, Memphis-TN, v. 31, n. 2, p. 166-169, 1981. 51. HYATT, A.; GOULD, A.; ZUPANOVIC, Z.; CUNNINGHAM, A.; HENGSTBERGER, S.; WHITTINGTON, R.; KATTENBELT, J.; COUPAR, B. Comparative studies of piscine and amphibian iridoviruses. Archives of Virology, New York-NY, v. 145, n. 2, p.301-331, 2000. 52. JANCOVICH, J.; MAO, J.; CHINCAR, V.; WYATT, C.; CASE, S.; KUMAR, S.; VALENTE, G.; SUBRAMANIAN, S.; DAVIDSON, E.; COLLINS, J.; JACOBS, B. Genomic sequence of a ranavirus (family Iridoviridae) associated with salamander
15
mortalities in North America. Virology, New York-NY, n. 316, n. 1, p. 90-103, 2003.
53. KIM, Y.; JUNG, S.; CHOI, T.; KIM, H.; RAJENDRAN, K.; OH, M. PCR amplification and sequence analysis of irido-like virus infecting fish in Korea. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 25, n. 2, p. 121-124, 2002.
54. LAU, S. K.; WOO, P. C.; TSE, H.; LEUNG, K. W.; WONG, S. S.; YUEN, K. Y. Invasive Streptococcus iniae infections outside North America. Journal of Clinical Microbiology. Washington-DC, v. 41, n. 3, p. 1004-1009, 2003. 55. LEHANE, L.; RAWLIN, G. T. Topically acquired bacterial zoonoses from fish: a review. The Medical journal of Australia. Sydney, v. 173, n. 5, p. 256-259, 2000.
56. LIMA, S.L. & VALLES, G.A. Ocorrência de mortandade de girinos de rã-touro, Rana catesbeiana Shaw, 1802. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 9. & INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY, 2., 1997, Santos. Anais. Santos: ABETRA/ABCR, 1997. p. 216. 57. LIMA, S.L.; VALLES, G.A.; BRAGA, L.G.T.; LANZA, A.A.L.; BENATTI, M.S. Ocorrência de mortandade de rã-touro, Rana catesbeiana Shaw, 1802. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 9. & INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY, 2., 1997, Santos. Anais. Santos: ABETRA/ABCR, 1997. p. 217. 58. LONGCORE, J.; PESSIER, A.; NICHOLS, D. Batrachochytrium dendrobatidis gen. et sp. nov., a chytrid pathogenic to amphibians. Mycologia, New York-NY. v. 91, n. 2, p. 219-227, 1999. 59. MAGALHÃES, H. Análise bacteriológica da rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802) no Estado do Rio de Janeiro. Revista de Microbiologia, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 204, 1991. (Suplemento, 1). 60. MAGALHÃES, H. Micobacteriose em rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802. Revista de Microbiologia, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 204, 1991.(Suplemento, 1). 61. MAGALHÃES, H. Epizootia por M. chelonae entre rãs-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO EM MICOBACTÉRIAS, 4., 1991, Bauru. Resumos. Bauru: Universidade do Sagrado Coração, 1991. 62. MAGALHÃES, H. Exames bacteriológicos de rãs doentes do Estado do Rio de Janeiro. In : ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 7., 1992, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ARERJ, 1992. p. 14-22. 63. MAGALHÃES, H.; CARNEIRO, G.M.; PIRES, A.R.; MADEIROS, M.I.M.; GONÇALVES, W.M.; SANTIAGO, S.S.F.; SILVA, L.S.; MELLO, S.C.R.P. Micobacterioses em rãs-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802). In: ENCONTRO
16
NACIONAL DE RANICULTURA, 7, 1992, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ARERJ, 1992. p.278. 64. MAO, J.; GREEN, D.; FELLERS, G.; CHINCHAR, V. Molecular characterization of iridoviruses isolated from sympatric amphibians and fish. Virus Research, Amsterdam, v. 63, n. 1-2, p.45-52, 1999. 65. MARSH, I.; WHITTINGTON, B.; O´ROURKE, B.; HYATT, A.; CHISHOLM, O. Rapid differentiation of australian, european, and american ranaviruses based on variation in major capsid protein gene sequence. Molecular and Cellular Probes. New York-NY, v. 16, n. 2, p. 137-151, 2002. 66. MARTINS, M.L. & SOUZA JÚNIOR, F.L. Controle de crustáceos parasitos de girinos de Rana catesbeiana Shaw, 1802. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 8 & INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY, 1., 1995, Viçosa. Anais. Viçosa: ABETRA, 1995 . v.1, p.11. 67. MAUEL, M.; MILLER, K; FRAZIER, K; HINES, M. Bacterial pathogens isolated from cultured bullfrogs (Rana catesbeiana). Journal of Veterinary Diagnostic and Investigations. Columbia-MO, v. 14, n. 5, p. 431-433, 2002. 68. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000a, Cairns, Austrália. Conference and Workshop Compendium. Cairns, Rainforest CRC, p. 37-38, 2000. 69. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000b, Cairns, Austrália. Power Point presentation. http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/mazzoni.ppt, 2000. Acesso em: 20 maio 2004. 70. MAZZONi, R. Doenças em ranicultura. Prevenção e uso de vacinas. In: I Simposio Braileiro de Ranicultura e II Ciclo de Palestras sobre Ranicultura do Instituto de Pesca, Boletim Técnico do Instituto de Pesca, n. 34, p. 41-47, 2003 71. MAZZONI, R.; CARNEVIA, D. Enfermedades de ranas en criadero: Una limitante real para el desarrollo de la ranicultura. Resumos do Encontro Latino Americano de Patologistas em Organismos Aquáticos. Florianópolis, SC, v.2, p. 228, 2000, [resumos]. 72. MILES, E. Red-leg in tree frogs caused by Bacterium alcaligenes. Journal of General Microbiology, Reading UK, v. 4, n. 3, p. 434-436, 1950. 73. MORAES, J.R.E.; MARTINS, M.L.; MORAES, E.R.; SOUZA JÚNIOR,F.L.; SOUZA, V.N. Micobacteriose em Rana catesbeiana SHAW, 1802 oriundas de ranários comerciais. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 9. & INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY, 2., 1997, Santos. Anais. Santos: ABETRA/ABCR, 1997. p. 211.
17
74. MOREIRA, Y.K.; REIS, J.H.; ROCHA, O.A. Surto de cromomicose generalizada em rãs (Rana catesbeiana) causado pelo Cladosporium sp., MG, Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 6, 1988, Rio de Janeiro Anais. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988. p. 271-279 75. NYMAN, S. Mass mortality in larval Rana sylvatica attributable to the bacterium, Aeromonas hydrophila. Journal of Herpetology, Athens-OH, v. 20, n. 2, p. 196-201, 1986. 76. PASTERIS, S.; BUHLER, M.; NADER-MACIAS, M. Microbiological and histological studies of farmed-bullfrog (Rana catesbeiana) tissues displaying red-leg syndrome. Aquaculture. Amsterdã, v. 251, n. 1, p. 11-18, 2006. 77. PINHEIRO, M.F.S. Staphylococcus aureus em 2 (duas) rãs touro (Rana catesbeiana) de um ranário em Belém, Pará. Acta Amazonica, Manaus, v. 19, p. 343-348, 1989. 78. REICHENBACH-KLINKE, H.; ELKAN, E. The principal diseases of lower vertebrates, New York, Academic Press, 600 pp., 1965. 79. ROBERT, J.; MORALES, H.; BUCK, W.; COHEN, N.; MARR, S.; GANTRESS, J. Adaptive immunity and histopathology in frog virus 3-infected Xenopus. Virology, New York-NY, v. 332, n. 2, p. 667-675, 2005. 80. RON, S. R.; MERINO, A.. Amphibian declines in Ecuador: overview and first report of chytridiomycosis from South America. Froglog 42:2–3. 2000. Disponível em: http://www.open.ac.uk/daptf/froglog/FROGLOG-42-3.html . Acesso em: 20 maio 2004. 81. RUSSEL, F. An epidemic septicemic disease among frogs due to the Bacillus hydrophilus fuscus. Journal of the American Medial Association, Chicago, v. 30, p. 1442-1449, 1898. 82. SILVA, N.R.; SANTOS, A.L.Q.; LÚCIO, N.F. Descoordenação motora em Rana catesbeiana Shaw (Amphibia, Anura). Revista do Centro de Ciências Biomédicas da Universidade Federal Uberlândia, Uberlândia, v. 9, n. 1, p. 71-72, 1993. 83. SILVA, N.R.; SANTOS, A.L.Q.; LÚCIO, N.F. Estudo da incoordenação motora na rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802), criada em confinamento. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 9. & INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY, 2., 1997, Santos. Anais. Santos: ABETRA/ABCR, 1997. p.219. 84. SILVA, D. ([email protected]) Exportação de rãs. Informação geral. Mensagem recebida por MAZZONI, R. ([email protected]). Acesso em: 20 dec. 2005.
18
85. SOUZA JÚNIOR, F.L. Doenças parasitárias de anfíbios. In: ENCONTRO NACIONAL DE RANICUL-TURA, 6., 1988, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988. p. 334-340. 86. SOMSIRI, T. Diseases of cultured frogs in Thailand. AAHRI Newsletter, Bangkok, v.3, n. 2, 1994. Disponível em: http://www.agri-aqua.ait.ac.th/aahri/Article17.htm . Acesso em: 15 ago. 2004 87. SPEARE, R. Summary of formidable infectious diseases of amphibians. In: AMPHIBIAN DISEASE HOME PAGE. Webmaster SPEARE, R. School of Public Health and Tropical Medicine, James Cook University, 2003 Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/formidable.htm. Acesso em: 11 jan.2003. 88. SPEARE, R.; BERGER L. Global distribution of chytridiomycosis in amphibians. Disponível em : http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/chyglob.htm , 2000. Acesso em: 20 mai. 2005. 89. VAN DER WAAIJ, D.; COHEN, B.; NACE, G. Colonization patterns in the cloaca of Rana pipiens. Laboratory Animal Science, Memphis, v. 24, n. 2, p. 307-317, 1974. 90. VIZOTTO, L. Rãs: Doenças e profilaxia. In: VI Encontro Nacional de Ranicultura, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 310-328. 91. WEINSTEIN, M. R.; LITT, M.; KERTESZ, D. A.; WYPER, P.; ROSE, D.; COULTER, M.; MCGEER, A.; FACKLAM, R.; OSTACH, C.; WILLEY, B. M.; BORCZYK, A.; LOW, D. E. Invasive infections due to a fish pathogen, Streptococcus iniae. S. iniae Study Group. The New England Journal of Medicine. Boston-MS, v. 337, n. 9, p. 589-594, 1997. 92. WENG, S.; WANG, Y.; HE, J.; DENG, M.; LU, L.; GUAN, H.; LIU, Y.; CHAN, S. Outbreaks of an iridovirus in red drum, Scianenops ocellata (L.), cultured in southern China. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, n. 11, p. 681-685, 2002. 93. WOLF, K.; BULLOCK, G.; DUNBAR, C.; QUIMBY, M. Tadpole edema virus: a viscerotropic pathogen for anuran amphibians. Journal of Infectious Diseases, Chicago-IL , v. 118, n. 3, p.253-262,1968. 94. ZHANG, Q.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J.; MAO, J.; CHINCHAR, V. Characterization of an iridovirus from the cultured pig frog Rana grylio with lethal syndrome. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 48, n. 1, p. 27-36, 2001. 95. ZHANG, Q.; ZHE, Z.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J. Molecular characterization of three Rana grylio virus (RGV) isolates and Paralichthys olivaceus lymphocystis
19
disease virus (LCDV-C) in iridoviruses. Aquaculture, Amsterdam, n. 251, n. 1, p. 1-10, 2006. 96. ZUPANOVIC, Z.; MUSSO, C.; LOPEZ, G.; LOURIERO, C.; HYATT, A.; HENGSTBERGER, S.; ROBINSON, A. Isolation and characterization of iridoviruses from the giant toad Bufo marinus in Venezuela. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 33, n. 1, p. 1-9, 1998.
20
CAPITULO 2 CARACTERIZAÇÃO DE RANAVIRUS ISOLADOS DE GIRINOS DE RÃ TOURO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) EM RANÁRIOS COMERCIAIS.
RESUMO Vírus pertencentes à família Iridoviridae, gênero Ranavirus, têm sido diagnosticados como agentes etiológicos de doenças de anfíbios, peixes e répteis em diversas partes do mundo. Trabalhos recentes têm reportado a presença de agentes do gênero Ranavirus em girinos de rã touro do Brasil e Uruguai, por meio do emprego da técnica de PCR, revelando alta homologia nas regiões seqüenciadas do genoma com a espécie protótipo da família Iridoviridae, Frog Virus 3-FV3, além de outros vírus geneticamente muito próximos. Objetivou-se com o presente estudo caracterizar o vírus presente nas rãs de criação visando ampliar o conhecimento do agente, bem como estabelecer seu grau de homologia com outros vírus do gênero. Aplicaram-se técnicas de cultivo e isolamento em células A6, microscopia eletrônica de transmissão, e reação em cadeia da polimerase (PCR) visando amplificar e seqüenciar o gene completo que codifica a proteína principal da cápside (MCP) dos iridovírus, bem como outras regiões do genoma. Foram obtidos resultados positivos para iniciadores direcionados a MCP e para a RNA polimerase DNA dependente (Pol II), sendo o produto de PCR correspondente a MCP de aproximadamente 1480 pares de bases, e o correspondente à Pol II de aproximadamente 377 pares de bases. O seqüenciamento revelou homologia com FV3, superior a 99% para MCP e 100% para Pol II, indicando que, provavelmente, o vírus presente no Brasil pode ter sido introduzido por as rãs touro de criação importadas da América do Norte. A seqüência obtida para a MCP foi registrada no GenBank com o número DQ897669. Palavras chave: FV3, Iridoviridae, MCP, ranicultura, vírus.
21
ABSTRACT Viruses from the family Iridoviridae, genus Ranavirus, have been identified as etiological agents in amphibian, fish and reptile diseases all around the world. Ranavirus with high sequence homology with Frog Virus 3, type species of the Iridoviridae family, have been recently detected in farmed tadpoles from Brazil and Uruguay by polymerase chain reaction-PCR technique. The goal of this study was to amplify and sequence the complete major capsid protein gene (MCP) along with other genomic regions to increase the knowledge about homology degree of Brazilian virus related to other ranaviruses. Viral cell culture and isolation, as well as transmission electron microscopy studies were also performed. Positive results were obtained with primers directed to amplify MCP and RNA polymerase DNA dependent-Pol II genes. Amplified PCR products for complete MCP were about 1480 bp and 377 bp for Pol II. Multiple alignments for obtained sequences revealed homologies over 99% for MCP products and 100% for Pol II products with FV3, suggesting the imported American bullfrogs probably introduced the virus. Obtained sequence was deposited in GenBank with number DQ897669. Key words: Frog farming, FV3, Iridoviridae, MCP, virus.
22
1 INTRODUÇÃO Os ranavírus pertencem ao gênero Ranavirus da Família Iridoviridae,
que inclui ainda os gêneros Lymphocystisvirus, Chloriridovirus, Iridovirus, e o
recentemente identificado Megalocytivirus. São vírus grandes, que medem de 120
a 300 nm de diâmetro e apresentam simetria icosahédrica. O genoma é composto
por uma única molécula linear de DNA de fita dupla com tamanho variável de 102
a 212 kbp, dependendo da espécie. O virión é constituído por três estruturas
concêntricas: uma cápside protéica externa, uma membrana polipeptido-lipídica
intermediária e um núcleo central contendo um complexo DNA-proteínas. Como
característica única entre os vírus que infectam animais, apresentam DNA
ciclicamente permutado e com terminações redundantes, resultante da formação
de concatâmeros no genoma durante a replicação. Todos os representantes da
família expressam a proteína principal da cápside (MCP) de aproximadamente 50
kDa, cujas propriedades moleculares são utilizadas para caracterização e
identificação de espécies (WEBBY et al., 1998; CHINCHAR et al, 2005;
WILLIAMS et al., 2005). A espécie protótipo da Família, frog virus-3 (FV3) foi
recentemente analisado e seu genoma completo seqüenciado (TAN et al., 2004).
Os ranavírus são agentes infecciosos capazes de acometer três
classes diferentes de animais pecilotérmicos vertebrados: peixes teleósteos,
anfíbios e répteis (MAO et al., 1997; CAREY et al., 1999). Nos últimos 20 anos, as
doenças produzidas por vírus desse gênero foram identificadas de forma
crescente em peixes, anfíbios e répteis ocasionando enfermidades de importância
econômica em criações comercias, e levando à redução das populações de
anfíbios na natureza. Nos últimos anos, os ranavirus têm sido considerados como
patógenos emergentes (HEDRICK et al., 1992; HENGSTBERGER et al., 1993;
CUNNINGHAM et al., 1996; MAO et al., 1996; AHNE et al., 1998; ZUPANOVIC et
al., 1998; DASZAK et al., 1999; CHINCHAR & MAO, 2000; HYATT et al., 2000;
ZHANG et al., 2001; CULLEN & OWENS, 2002; HE et al., 2002; KIM et al., 2002;
MARSH et al., 2002; WENG et al., 2002; GANTRESS et al., 2003; JANCOVICH et
al., 2003; QIN et al., 2003; SPEARE, 2003; DO et al, 2005; WILLIAMS, 2005;
ZHANG et al., 2006) e recentemente as doenças produzidas por esse vírus foram
23
colocadas pela Organização Internacional de Epizootias na lista das enfermidades
dos animais selvagens (OIE, 2002).
Em relação à presença destes agentes em rãs de criação, MAZZONI
(2000a, 2000b), levantou a suspeita da doença ocorrer em girinos com base nas
características epizootiológicas e clínicas dos animais afetados. Posteriormente,
MAZZONI (2003) e GALLI et al. (2006) detectaram ranavírus em girinos do Brasil
e Uruguai através da reação em cadeia da polimerase (PCR). Os autores
observaram uma elevada homologia nas duas regiões seqüenciadas do genoma
com o FV3 e com outros vírus geneticamente muito próximos. Em decorrência
desse achado surgiu a indagação: o agente detectado pertencia a uma nova
espécie ou foi introduzido com as rãs importadas da América do Norte? Esta
última hipótese encontra respaldo nas afirmações de WOLF et al. (1968) segundo
as quais o FV3 é endêmico na rã-touro americana (Rana catesbeiana Shaw,
1802) importadas da América do Norte em 1970 (MATHIAS & SCOTT 2004).
A caracterização de uma espécie de ranavírus depende de um
conjunto de resultados obtidos por meio de seqüenciamento, restriction fragment
length polymorphism (RFLP), perfil de proteínas, tipo de hospedeiro e
características estruturais (HYATT et al., 2000; WILLIAMS et al., 2005). Utilizando
os citados recursos, foram determinadas seis espécies dentro do gênero
Ranavirus FV3, enzootic hematopoyetic necrotic virus (EHNV), Bohle iridovirus
(BIV), Amblystoma tigrinum virus (ATV), European catfish virus (ECV) e Santee-
Cooper ranavirus (SCRV) (MAO et al., 1997; HYATT et al., 2000)..
Quando a determinação das espécies é realizada através de técnicas
que incluem a construção de dendrogramas filogenéticos, os métodos
recomendados são aqueles realizados a partir do seqüenciamento total do
genoma viral (HERNIOU et al., 2001) ou pelo menos os que incluem um grupo
concatenado de genes (ROKAS et al., 2003).
MAO et al. (1997) demonstraram que os iridovírus isolados da mesma
região geográfica são idênticos ou similares, mas o mesmo não acontece com
aqueles provenientes de áreas diferentes. Os autores obtiveram esses dados
após seqüenciamento da MCP, mas recomendando incluir outras regiões do
genoma para melhor identificação das relações entre os vírus desta família.
24
Em estudo comparativo de 30 iridovírus isolados de peixes e anfíbios
originários da Austrália, América do Norte, Ásia, Europa e Venezuela, HYATT et
al. (2000) concluíram que existem diferenças filogenéticas entre vírus de
diferentes regiões geográficas. Os autores estabeleceram que devido ao alto grau
de conservação do gene que codifica a MCP no decorrer do tempo e dentro da
mesma espécie, que pequenas diferenças na seqüência são significativas.
Porém, os autores também recomendaram a associação de diferentes técnicas
para a identificação apropriada dos ranavírus.
MARSH et al. (2002) diferenciaram iridovírus da Austrália, Europa e
América do Norte pelo seqüênciamento da MCP e relataram que o gene
encontrava-se conservado nos vírus da família, mas possuía variações que
permitiam diferenciar entre espécies próximas. Recomendaram ainda o
seqüênciamento total da proteína para a obtenção de resultados confiáveis na
diferenciação das espécies isoladas e na determinação do grau de conservação
ao longo do tempo, em diferentes regiões geográficas e nas diversas espécies de
hospedeiro.
GOLDBERG et al. (2003) exploraram as variações intraespecíficas
entre cepas de iridovírus (large mouth bass virus-LMBV) isoladas de peixes na
América do Norte. Os autores observaram diferenças nos resultados do amplified
fragment length polymorphism-AFLP, mas não nas seqüências do DNA
analisadas e ressaltaram que no caso dos iridovírus, técnicas de “genome
screening” como AFLP podem ser de maior utilidade que os seqüênciamento
parciais para resolver diferenciação entre cepas muito próximas geneticamente.
JANCOVICH et al. (2004) realizaram estudo filogeográfico dos
ranavírus que acometem salamandras nos Estados Unidos, comparando 514
nucleotídeos da extremidade 5´ do gene da proteína MCP e identificaram-nos
como pertencentes a um único grupo monofilogenético, diferente do FV3 e de
outros ranavírus.
DO et al. (2005) analisaram através do seqüênciamento total da MCP,
13 diferentes iridovírus isolados de peixes na Coréia do Sul tendo demonstrando
que pertenciam a uma mesma espécie e que as semelhanças encontradas
deveram-se à introdução de um único agente.
25
Considerando o exposto e as homologias com FV3 detectadas no vírus
presente no Brasil (GALLI et al., 2006), objetivou-se com o presente trabalho
realizar o isolamento e cultivo do vírus, e seqüênciamento completo do gene que
codifica a MCP, além de complementá-lo com análises de outras regiões do
genoma que permitem ampliar o conhecimento sobre o grau de homologia com
outros vírus do gênero. Estes dados possibilitarão verificar o grau de conservação
do vírus no decorrer de 35 anos desde a sua introdução no país.
26
2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Amostras de Vírus O vírus foi obtido de girinos doentes de até 30 dias de idade com sinais
de edema e ascite, provenientes de três ranários localizados no Estado de Goiás,
dois localizados no Município de Gameleira, 150 km ao sudoeste de Brasília e um
no Município de Hidrolândia, 250 km ao sudoeste de Brasília. Os girinos foram
preservados em etanol a 95% no local de colheita ou congelados a -20°C no
laboratório. Como controle positivo foi utilizada uma cepa cedida pelo Dr. V. G.
Chinchar da Universidade do Mississippi, Estados Unidos.
2.2 Isolamento de vírus O isolamento do vírus foi realizado no Departamento de Microbiologia e
Imunologia da Universidade de Rochester, Nova Iorque, no laboratório de Biologia
Molecular do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária e no
setor de Virología Animal do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da
Universidade Federal de Goiás. Para isolamento e cultivo do vírus, girinos
congelados foram macerados com grau e pistilo esterilizados adicionando-se
água destilada esterilizada para facilitar a suspensão do material. Com auxílio de
seringa esterilizada de 5 mL, o material foi colhido e distribuído em tubos tipo
eppendorf esterilizados de 2 mL. Procedeu-se o congelamento e
descongelamento do macerado por três vezes à -80°C, seguido de centrifugação
a 10.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante contendo o vírus foi filtrado em
filtro “Millipore” de 0,45µ, aliquotado e armazenado a -80°C até o momento do
uso.
A suspensão de girinos macerada e filtrada foi inoculada em células A6
obtidas a partir de fibroblastos de rã (RAFFERTY, 1969) cedidas pelo Prof. Dr.
Jacques Robert da Universidade de Rochester. Inicialmente procedeu-se a cultura
de células em garrafas de 25 cm2 com o meio de cultura “Dulbecco´s Modified
Eagle Medium” (dMEM-GIBCO) com adição de antibióticos e antifúngicos e
incubadas à temperatura ambiente em câmara escura. Assim que as células
alcançaram 80% de confluência, desprezou-se o meio de cultura e inoculou-se
1.0 mL da suspensão viral, imediatamente após o descongelamento, ou 1.0 mL
27
de PBS na garrafa controle. Na fase experimental realizada nos Estados Unidos,
utilizou-se uma cepa de comprovado efeito citopático (ECP) como controle
positivo. Após um período de 45 minutos para permitir a aderência dos vírus às
células, foram adicionados 5 mL do meio de cultura. Os cultivos foram observados
duas vezes por dia, durante sete dias, para verificação de ECP. Com o intuito de
aumentar a concentração viral e permitir a máxima expressão da virulência foram
realizadas três passagens cegas do vírus. Cada passagem consistiu em congelar
a – 80°C e descongelar, por três vezes, as garrafas nas quais foram observados
ECP. A seguir, procedeu a centrifugação a 5000 RPM durante 10 minutos, sendo
o sobrenadante obtido novamente aliquotado em tubos tipo eppendorf de 2 mL e
reutilizado imediatamente ou congelado a – 80°C até sua reutilização.
2.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Para identificação do vírus, diretamente de suspensão de girinos e dos
cultivos celulares inoculados, utilizou-se à técnica de PCR.
A extração do DNA viral foi realizada a partir de porções de 50 mg de
girinos inteiros após maceração utilizando o método do fenol/clorofórmio
(SAMBROOK et al., 1989). Foram utilizados iniciadores direcionados a regiões
conservadas no genoma dos iridovírus (Quadro 1), principalmente para o gene
que codifica a proteína imediata precoce (IE) ICP-18, a proteína MCP, a RNA
polimerase DNA dependente (Pol II) e a subunidade α do fator de iniciação
eucariótico (eIF2-α).
Os iniciadores direcionados para amplificação do gene que codifica a
proteína IE (GALLI et al., 2006) foram utilizados como “screening” primário das
amostras, por ter sido comprovadamente eficaz nas condições de nosso
laboratório. Sendo que na amostra positiva, realizava-se o PCR com os demais
iniciadores.
Com o intuito de obter o gene completo responsável pela codificação da
MCP, foram utilizados iniciadores localizados nas extremidades 5´e 3´ do gene
correspondente na seqüência de FV3 (TAN et al., 2004) sendo que o iniciador
“forward” é original do presente trabalho e o “reverse” já utilizado por HYATT et al.
(2000) segundo é apresentado no Quadro 1. Para a determinação da temperatura
28
ótima de anelamento de este par de iniciadores realizou-se uma PCR de
gradiente térmico, sendo avaliadas as temperaturas desde 50°C até 65°C.
QUADRO 1 – Iniciadores utilizados para amplificação parcial do genoma de ranavirus, “bp” indica o comprimento do amplicon. Nome Forward Reverse Produto
(bp)
MCP
ATGTCTTCTGTAACTGGTTCA
AAAGACCCGTTTTGCAGCAAAC (1)
1483
Pol II
TCACCGCCGCAGACATCTTTAG
GTAACCGTTCTTTTCGCAGTGG
377
IE
ATGATCCAAGCCTACCTGTGC (2)
AAATGTCCTAATCTATACACC (2)
479
eIF2α
CAACAACAGGGACATCAGAAAGAG
TCTCGTTCCAGACATCAGGGAG
289
(1) HYATT et al. (2000); (2) GALLI et al. (2006). Os restantes iniciadores são originais do presente trabalho.
O mix utilizado para a amplificação com os diferentes iniciadores
constituía-se de 2,5 µL 10x tampão de PCR [Tris-HCl 20 mM (pH 8.4), KCl 50
mM], dNTP 200 µM, 2,5 mM MgCl2, 2.5 µM de cada iniciador, 1 U de Taq DNA
Polymerase, 5 µL de DNA template e água MilliQ até completar 50 µL para cada
reação. Os ciclos de amplificação para cada par de iniciadores utilizados são
apresentados no Quadro 2.
Os produtos de amplificação foram submetidos a corrida em gel de
agarose a 1%, corados com brometo de etídeo 0.5 µg/mL e visualizados em
transiluminador de luz UV.
29
QUADRO 2 – Protocolos de PCR utilizados para cada par de iniciadores.
1er. ciclo
Desnaturação Anelamento Extensão Final
N° de ciclos
°C t (min)
°C t (min) °C t (seg)
°C t (min)
°C t (min)
MCP 40 90 1 94 1 60 60 72 1,5 72 5
Pol II
40 90 1 94 1 60 60 72 1 72 5
IE
30 90 1 94 1 45 40 72 1 72 5
eIF2α
40 90 1 94 1 60 60 72 1 72 5
2.4 Seqüenciamento Os produtos amplificados e confirmados na leitura como correspondendo
ao peso molecular esperado, foram sequenciados no Laboratório de Genoma de
Plantas, Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás. Todos
os produtos foram seqüenciados pelo menos seis vezes em ambas as cadeias. A
reação de seqüenciamento dos fragmentos ocorreu com cada oligonucleotídeo
iniciador separado. O protocolo utilizado foi o seguinte: 1µL do produto de PCR,
2,5 pmol de oligonucleotídeo iniciador, 2 µL de tampão SaveMoney (2 mL de Tris-
HCl 1M pH 9.0, 1 mL de MgCl2 50 mM, água MiliQ-q.s.p. 10 mL), 1 µL do kit
DYEnamicTM ET Terminator Cycle Sequencing (Pharmacia Biotech, EUA). A
reação foi realizada no termociclador GeneAmp PCR Systems 9700 (Applied
Biosystems), cujos ciclos foram de 95ºC durante 20 segundos e 60ºC por 1
minuto e 15 segundos.
A etapa de precipitação do DNA ocorreu da segunte manerira: 40 µL
de isopropanol 65% foram adicionados aos 10 µL de reação. A mistura foi
homogeneizada no vortex (TECNAL –TE162) por 30 segundos. Deixou-se que a
precipitação ocorresse à temperatura ambiente por 20 minutos. As amostras
foram, entanto, centrifugadas a 2000 rcf (força de centrifugação relativa) por 45
minutos e o sobrenadante descartado. Ao precipitado, foram adicionados 250 µL
de etanol 60% para lavagem do material, e centrifugado a 2000 rcf por 10
minutos. O processo de lavagem com álcool foi repetido utilizando 100 µL do
mesmo e, o sobrenadante descartado. A placa contendo as amostras foi
30
centrifugada de maneira invertida a 500 rpm por um minuto para garantir que todo
o álcool fosse retirado da mesma. Uma secagem complementar foi realizada
deixando-se a placa por aproximadamente 10 minutos na capela de fluxo laminar.
Este material foi ressuspenso em 10 µL de formamida, vortexado por 1 minuto,
deixado á temperatura ambiente por 5 minutos e levado em triplicatas ao
analisador automático de seqüências 3100 DNA Sequencer (Applied Biosystems
ABI Prism).
Alinhamentos múltiplos foram realizados utilizando Clustal W (THOMPSON
et al., 1994) e ferramentas disponibilizadas no GenBank
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/Blast.cgi). O programa PHYLIP
(http://evolution.gs.washington.edu/phylip.html) foi aplicado para a construção das
matrizes de distãncias e elaboração de árvores filogenéticas baseados no método
do “neighbour joining” e os valores de “bootstrap” foram obtidos pela realização de
100 repetições mediante as ferramentas disponibilizadas pelo Instituto A.N.
Belozersky Institute of Physico-Chemical Biology-Universidade Estadual de
Moscou. (http://www.genebee.msu.su/services/phtree_reduced.html).
31
3 RESULTADOS 3.1 Isolamento em cultura de células Após 48 horas da inoculação, as células começaram a evidenciar
sinais de lesão viral. A uniformidade do tapete começou a desaparecer, as células
perderam seu contorno regular e desprenderam-se do tapete, além de apresentar
lise celular. Muitas células mostraram-se alongadas ou com forma de estrela
(Figura 1).
FIGURA 1 – Cultura de células A6 mostrando o efeito citopático após 48 horas
de inoculação da suspensão de girinos suspeitos de infecção por ranavirus.
3.2 PCR
Foram obtidos resultados positivos com os iniciadores utilizados na
amplificação do DNA genômico das amostras de girinos de até 30 dias de idade,
salvo com aqueles iniciadores direcionados ao gen eIF2-α.
A temperatura de anelamento ótima para amplificação completa da
MCP foi de aproximadamente 60°C (Figura 2). O produto de amplificação
apresenta aproximadamente 1480 pares de bases.
32
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 151500 bp
FIGURA 2 – Gel de PCR de gradiente térmico realizado para determinação da temperatura ótima de anelamento dos iniciadores direcionados à amplificação do gene completo que codifica a proteína MCP. Canaletas 1 e 15 marcador de peso molecular. Canaletas 2 a 14 com os produtos de PCR desde 50 até 62°C. Canaleta número 12 representa a amostra de 60°C.
A Figura 3 mostra os resultados da amplificação do DNA genômico
obtidos a partir de girinos de até 30 dias de idade utilizando os iniciadores para
Pol II. Observa-se a obtenção de um produto de aproximadamente 377 pares de
bases.
FIGURA 3 – Gel de PCR mostrando o produto de amplificação obtido com iniciadores direcionados à amplificação do gen que codifica a proteína Pol II. Canaletas 1 e 6 marcador de peso molecular 100 bp ladder. Canaletas 2 e 3 amostras positivas com peso molecular de aproximadamente 377 bp. Canaleta 4 controle positivo, e 5 controle negativo.
1 2 3 4 5 6
400 bp
33
3.3 Seqüenciamento
A análise das seqüências obtidas pela amplificação completa do gene
que codifica a MCP permitiu identificar uma série de 1465 pares de bases, sendo
registrada no GenBank com o número de acesso DQ897669. Verificou-se
homologia de 99,7% com as seqüências AY548484 e U36913 correspondentes à
FV3, com 1461 bp idênticas, entre o total de 1465. Os altos percentuais revelam a
grande homologia com outros vírus pertencentes ao gênero Ranavirus, sendo
apresentados no alinhamento múltiplo da Figura 4. A partir destes dados foi
realizado o alinhamento múltiplo das seqüências nucleotídicas completas,
elaborada uma matriz de distâncias genéticas entre os vírus (Tabela 1) e o
dendrograma correspondente (Figura 5).
Os percentuais na homologia do gene que codifica a proteína MCP
continuaram elevados quando comparadas às seqüências de aminoácidos
deduzidas. Foi encontrada uma identidade de 99% com FV3 -U36913 e
AY548484; 98% com Bohle iridovirus - AY187046 e Rana tigrina ranavirus
- AY033630, AY033630 e AF389451; 96% com Epizootic haematopoietic necrosis
virus - AY187045; e 95% com Ambystoma tigrinum virus - AY150217.
A comparação com traduções da MCP não constantes no GenBank
correspondentes a Rana grylio virus, mas publicadas por ZHANG et al. (2006)
revelou 99% de homologia com RGV 9506 e RGV 9507 e 97% com RGV 9508. A
Figura 6 apresenta o alinhamento múltiplo da tradução dos aminoácidos
correspondente à seqüência completa da MCP para o vírus isolado no Brasil e a
comparação com outros vírus do gênero.
Quando analisadas as seqüências do gene que codifica a proteína Pol
II, foram identificadas 356 pares de bases, com 100% de homologia com a
seqüência do FV3 AY548484, 98% com Tiger frog virus - AF389451, 96% com
Regina ranavirus - AF368230 e Ambystoma tigrinum stebbensi virus - AY150217.
O vírus detectado no Brasil localizou-se geneticamente junto com FV3
nos dendrogramas elaborados para ambas seqüências. Esta proximidade está
corroborada com os altos valores de “bootstrap” obtidos (Figuras 5 e 7).
34
DQ897669 1 ATGTCTTCTGTAACTGGTTCAGGTATCACAAGTGGTTTAATCGACTTGGCCACTTATGAC 60 AY548484 97345 ......................................C..................... 97404 U36913 92 ......................................C..................... 151 AF389451 95938 ......................................C..................... 95997 AY033630 1 ......................................C..................... 60 AY187046 1 ...................T..................C..T.................. 60 AY187045 17 ..............C.......................C..................... 76 AY150217 17651 ..............C.......................C..................... 17592 DQ897669 61 AATCTTGAGAGAGCAATGTACGGGGGTTCGGACGCCACCACGTACTTTGTCAAGGAGCAC 120 AY548484 97405 ............................................................ 97464 U36913F 152 ............................................................ 211 AF389451 95998 ............................................................ 96057 AY033630 61 ............................................................ 120 AY187046 61 .............................A.............................. 120 AY187045 77 .....C....................C................................. 136 AY150217 17591 .....C...........A........C...........T....................T 17532 DQ897669 121 TACCCCGTGGGGTGGTTCACCAAGCTGCCGTCTCTGGCTGCCAAGATGTCGGGTAACCCG 180 AY548484 97465 ............................................................ 97524 U36913 212 ............................................................ 271 AF389451 96058 ..................................................T......... 96117 AY033630 121 ..................................................T......... 180 AY187046 121 ............................................................ 180 AY187045 137 ......................................C..............C...... 196 AY150217 17531 ........A........T....................C..............C...... 17472 DQ897669 181 GCTTTCGGGCAGCAGTTTTCGGTCGGCGTTCCCAGGTCGGGGGATTACATCCTCAACGCC 240 AY548484 97525 ............................................................ 97584 U36913 272 ............................................................ 331 AF389451 96118 ............................................................ 96177 AY033630 181 ............................................................ 240 AY187046 181 ............................................................ 240 AY187045 197 ............................................................ 256 AY150217 17471 ...................................................A........ 17412 DQ897669 241 TGGTTGGTGCTCAAGACCCCCGAGGTCGAGCTCCTGGCTGCAAACCAGCTGAGAGAAAAT 300 AY548484 97585 ...................................................G....C... 97644 U36913 332 ...................................................G....C... 391 AF389451 96178 ........A...........T.................C............G........ 96237 AY033630 241 ........A...........T.................C............G........ 300 AY187046 241 ...................................................G....C... 300 AY187045 257 ...........................A..........C............G....C..C 316 AY150217 17411 ...........................A..........C............G.......C 17352 DQ897669 301 GGCACCATCAGGTGGACAAAGAACCCCATGCACAACATTGTGGAGAGCGTCACCCTCTCA 360 AY548484 97645 ............................................................ 97704 U36913 392 ............................................................ 451 AF389451 96238 ............................................................ 96297 AY033630 301 ............................................................ 360 AY187046 301 .....A...................................................... 360 AY187045 317 .....A........................................A.....A....... 376 AY150217 17351 ....................A.........................A.....A....... 17292 DQ897669 361 TTCAACGACATCAGCGCCCAGTCCTTTAACACGGCATACCTGGACGCCTGGAGCGAGTAC 420 AY548484 97705 ............................................................ 97764 U36913 452 ............................................................ 511 AF389451 96298 .....................................................T...... 96357 AY033630 361 .....................................................T...... 420 AY187046 361 ............................................................ 420 AY187045 377 ............................................................ 436 AY150217 17291 ............................................................ 17232 DQ897669 421 ACCATGCCAGAGGCCAAGCGCACAGGCTACTATAACATGATAGGCAACACCAGCGATCTC 480 AY548484 97765 ............................................................ 97824 U36913 512 ............................................................ 571 AF389451 96358 ......................T..................................... 96417 AY033630 421 ......................T..................................... 480 AY187046 421 ...........A..........T..................................... 480 AY187045 437 ......................T..................................... 496 AY150217 17231 ...........A..........T..................................... 17172
35
DQ897669 481 ATCAACCCCGCCCCGGCCACAGGCCAGGACGGAGCCAGGGTCCTCCCGGCCAAGAACCTG 540 AY548484 97825 ............................................................ 97884 U36913 572 ............................................................ 631 AF389451 96418 ............................................................ 96477 AY033630 481 ............................................................ 540 AY187046 481 ............................................................ 540 AY187045 497 ...........................A................................ 556 AY150217 17171 ...........................A...A.........T.................. 17112 DQ897669 541 GTTCTTCCCCTCCCATTCTTCTTCTCCAGAGACAGCGGCCTGGCCCTGCCAGTCGTCTCC 600 AY548484 97885 ............................................................ 97944 U36913 632 ............................................................ 691 AF389451 96478 ......................................A..................... 96537 AY033630 541 ......................................A..................... 600 AY187046 541 ............................................................ 600 AY187045 557 ............................................................ 616 AY150217 17111 ............................................ .........T...... 17052 DQ897669 601 CTCCCCTACAACGAGATCAGGATAACAGTCAAGCTGAGGGCCATCCAGGACCTCCTGATC 660 AY548484 97945 ...............................................C............ 98004 U36913 692 ...............................................C............ 751 AF389451 96538 ............................................................ 96597 AY033630 601 ............................................................ 660 AY187046 601 ...........T..A............................................T 660 AY187045 617 ............................................................ 676 AY150217 17051 ............................................................ 16992 DQ897669 661 CTCCAGCACAACACCACAGGGGCAATCAGCCCCATCGTGGCCTCCGACCTTGCGGGAGGT 720 AY548484 98005 ............................................................ 98064 U36913 752 ............................................................ 811 AF389451 96598 ..................................................C......... 96657 AY033630 661 ..................................................C......... 720 AY187046 661 ..................................................C......... 720 AY187045 677 ..........................................G.......C.A....... 736 AY150217 16991 ......................T...................G.......C.A....... 16932 DQ897669 721 CTCCCCGACACCGTCGAGGCCAACGTCTACATGACCGTCGCCCTCATCACCGGGGACGAG 780 AY548484 98065 ............................................................ 98124 U36913 812 ............................................................ 871 AF389451 96658 ............................................................ 96717 AY033630 721 ............................................................ 780 AY187046 721 ............................................................ 780 AY187045 737 ............................................................ 796 AY150217 16931 ...........T..............T...........T..................... 16872 DQ897669 781 AGACAGGCCATGAGCAGCACAGTCAGGGACATGGTTGTGGAGCAGGTGCAGGCCGCCCCA 840 AY548484 98125 ............................................................ 98184 U36913 872 ............................................................ 931 AF389451 96718 ..G.................................................T....... 96777 AY033630 781 ..G.................................................T....... 840 AY187046 781 ............................................................ 840 AY187045 797 ..G................................C........................ 856 AY150217 16871 ..G................................C........................ 16812 DQ897669 841 GTCCACATGGTCAACCCCAGGAACGCGACCACCTTCCACACCGACATGCGGTTCTCACAC 900 AY548484 98185 ............................................................ 98244 U36913 932 ............................................................ 991 AF389451 96778 ...........................G................................ 96837 AY033630 841 ...........................G................................ 900 AY187046 841 ...........................G....................A........... 900 AY187045 857 ...........................G................................ 916 AY150217 16811 ...........................G................................ 16752 AF157681 1 . 1 AF157669 1 . 1 AF157647 1 . 1 AF157645 1 . 1 AF157677 1 . 1 AF157675 1 . 1 AF157663 1 . 1 AF157661 1 . 1 AF157657 1 . 1 AF157655 1 . 1 AF157653 1 . 1 AF157649 1 . 1 AF157673 1 . 1
36
AF157671 1 . 1 AF157651 1 . 1 AF157679 1 . 1 AF157659 1 . 1 AF157667 1 . 1 AF157665 1 . 1 DQ897669 901 GCAGTCAAGGCCTTGATGTTTATGGTGCAGAACGTCACACACCCTTCCGTCGGCTCCAAT 960 AY548484 98245 ............................................................ 98304 U36913 992 ............................................................ 1051 AF389451 96838 ............................................................ 96897 AY033630 901 ............................................................ 960 AY187046 901 ............................................................ 960 AY187045 917 ............C............................................... 976 AY150217 16751 ............C.....................................T......... 16692 AF157681 2 ............................................................ 61 AF157669 2 ............................................................ 61 AF157647 2 ............................................................ 61 AF157645 2 ............................................................ 61 AF157677 2 ............................................................ 61 AF157675 2 ............................................................ 61 AF157663 2 ............................................................ 61 AF157661 2 ............................................................ 61 AF157657 2 ............................................................ 61 AF157655 2 ............................................................ 61 AF157653 2 ............................................................ 61 AF157649 2 ............................................................ 61 AF157673 2 ............................................................ 61 AF157671 2 ............................................................ 61 AF157651 2 ............................................................ 61 AF157679 2 ............................................................ 61 AF157659 2 ............................................................ 61 AF157667 2 ............................................................ 61 AF157665 2 ............................................................ 61 DQ897669 961 TACACCTGCGTCACTCCCGTCGTGGGAGTCGGCAACACGGTCCTGGAGCCAGCCCTTGCG 1020 AY548484 98305 ............................................................ 98364 U36913 1052 ............................................................ 1111 AF389451 96898 ............................C...........................G... 96957 AY033630 961 ............................C...........................G... 1020 AY187046 961 ........................................................G... 1020 AY187045 977 ..........C....................A........................G... 1036 AY150217 16691 ..........C............T................................G... 16632 AF157681 62 ............................................................ 121 AF157669 62 ............................................................ 121 AF157647 62 ............................................................ 121 AF157645 62 ............................................................ 121 AF157677 62 ............................................................ 121 AF157675 62 ............................................................ 121 AF157663 62 ............................................................ 121 AF157661 62 ............................................................ 121 AF157657 62 ............................................................ 121 AF157655 62 ............................................................ 121 AF157653 62 ............................................................ 121 AF157649 62 ............................................................ 121 AF157673 62 ............................................................ 121 AF157671 62 ........................................................G... 121 AF157651 62 ........................................................G... 121 AF157679 62 ..........C.............................................G... 121 AF157659 62 ..........C.............................................G... 121 AF157667 62 ..........C....................A........................G... 121 AF157665 62 ..........C.............................................G... 121 DQ897669 1021 GTAGATCCCGTCAAGAGCGCCAGCCTGGTGTACGAAAACACCACAAGGCTCCCCGACATG 1080 AY548484 98365 ............................................................ 98424 U36913 1112 ............................................................ 1171 AF389451 96958 ..G......................................................... 97017 AY033630 1021 ..G......................................................... 1080 AY187046 1021 ..G......................................................... 1080 AY187045 1037 ..G......................................................C.. 1096 AY150217 16631 ..G......A...............................................C.. 16572 AF157681 122 ......................CG.................................... 181 AF157669 122 ......................CG.................................... 181 AF157647 122 ......................CG.........A.......................... 181 AF157645 122 ......................CG.........A.......................... 181
37
AF157677 122 ......................CG.................................... 181 AF157675 122 ......................CG.................................... 181 AF157663 122 ......................CG.................................... 181 AF157661 122 ......................CG.................................... 181 AF157657 122 ......................CG.................................... 181 AF157655 122 ......................CG.................................... 181 AF157653 122 ......................CG.................................... 181 AF157649 122 ......................CG.................................... 181 AF157673 122 ......................CG.................................... 181 AF157671 122 .................T.......................................... 181 AF157651 122 ..G...................CG.................................... 181 AF157679 122 ..G..............T.......................................C.. 181 AF157659 122 ..G..............T.......................................C.. 181 AF157667 122 ..G...................CG.................................C.. 181 AF157665 122 A.G..............T.......................................C.. 181 DQ906049 431 .................................... 396 DQ906048 431 .................................... 396 DQ897669 1081 GGAGTCGAGTACTACTCGCTGGTGGAGCCCTGGTACTATGCCACCTCCATCCCAGTCAGC 1140 AY548484 98425 ............................................................ 98484 U36913 1172 ............................................................ 1231 AF389451 97018 ............................................................ 97077 AY033630 1081 ............................................................ 1140 AY187046 1081 ............................................................ 1140 AY187045 1097 ........................C................................... 1156 AY150217 16571 ........................C................................... 16512 AF157681 182 ............................................................ 241 AF157669 182 ............................................................ 241 AF157647 182 ............................................................ 241 AF157645 182 ............................................................ 241 AF157677 182 ............................................................ 241 AF157675 182 ............................................................ 241 AF157663 182 ............................................................ 241 AF157661 182 ............................................................ 241 AF157657 182 ............................................................ 241 AF157655 182 ............................................................ 241 AF157653 182 ............................................................ 241 AF157649 182 ............................................................ 241 AF157673 182 ............................................................ 241 AF157671 182 ........................C................................... 241 AF157651 182 ............................................................ 241 AF157679 182 ........................C................................... 241 AF157659 182 ........................C................................... 241 AF157667 182 ........................C................................... 241 AF157665 182 ........................C................................... 241 DQ906049 395 ............................................................ 336 DQ906048 395 ............................................................ 336 DQ897669 1141 ACCGGGCACCACCTCTACTCTTATGCCCTCAGCCTGCAGGACCCCCACCCATCCGGATCC 1200 AY548484 98485 ............................................................ 98544 U36913 1232 ............................................................ 1291 AF389451 97078 .................................A.........................A 97137 AY033630 1141 .................................A.........................A 1200 AY187046 1141 ............................................................ 1200 AY187045 1157 ............................................................ 1216 AY150217 16511 .............................T.............................. 16452 AF157681 242 ............................................................ 301 AF157669 242 ............................................................ 301 AF157647 242 ............................................................ 301 AF157645 242 ............................................................ 301 AF157677 242 ............................................................ 301 AF157675 242 ............................................................ 301 AF157663 242 ............................................................ 301 AF157661 242 ............................................................ 301 AF157657 242 ......................................................A..... 301 AF157655 242 ......................................................A..... 301 AF157653 242 ......................................................A..... 301 AF157649 242 ............................................................ 301 AF157673 242 ............................................................ 301 AF157671 242 ............................................................ 301 AF157651 242 ............................................................ 301 AF157679 242 ............................................................ 301 AF157659 242 ............................................................ 301 AF157667 242 ............................................................ 301 AF157665 242 ............................................................ 301
38
DQ906049 335 ............................................................ 276 DQ906048 335 ............................................................ 276 M19872 1 ........................... 27 AF367980 8141 ........................... 8115 DQ897669 1201 ACCAATTACGGTAGACTGACCAACGCCAGCCTTAACGTCACCCTGTCCGCTGAGGCCACC 1260 AY548484 98545 ............................................................ 98604 U36913 1292 ............................................................ 1351 AF389451 97138 ...........C................................................ 97197 AY033630 1201 ...........C................................................ 1260 AY187046 1201 ...........C................................................ 1260 AY187045 1217 ...........C................................................ 1276 AY150217 16451 ...........C........T....................................... 16392 AF157681 302 ............................................................ 361 AF157669 302 ............................................................ 361 AF157647 302 ............................................................ 361 AF157645 302 ............................................................ 361 AF157677 302 ............................................................ 361 AF157675 302 ............................................................ 361 AF157663 302 ............................................................ 361 AF157661 302 ............................................................ 361 AF157657 302 .................A.......................................... 361 AF157655 302 .................A.......................................... 361 AF157653 302 .................A.......................................... 361 AF157649 302 ............................................................ 361 AF157673 302 ...........................................................A 361 AF157671 302 ..............................A..........................G.. 361 AF157651 302 ...........C................................................ 361 AF157679 302 ...........C..................A.C........................G.. 361 AF157659 302 ...........C..................A.C........................G.. 361 AF157667 302 ...........C................................................ 361 AF157665 302 ...........C..................A.C........................G.. 361 DQ906049 275 ............................................................ 216 DQ906048 275 ............................................................ 216 M19872 28 ............................................................ 87 AF367980 8114 ...........C........T....................................... 8055 AY833650 1 ........C................................................ 57 DQ897669 1261 ACGGCCGCCGCAGGAGGTGGAGGTAACAACTCTGGGTACACCACCGCCCAAAAGTACGCC 1320 AY548484 98605 ............................................................ 98664 U36913 1352 ............................................................ 1411 AF389451 97198 .................C......G................................... 97257 AY033630 1261 .................C......G................................... 1320 AY187046 1261 .................C......G................................... 1320 AY187045 1277 ......T..........C.....CG................................... 1336 AY150217 16391 G....G...........C.....CG................................... 16332 AF157681 362 ............................................................ 421 AF157669 362 ............................................................ 421 AF157647 362 ............................................................ 421 AF157645 362 ............................................................ 421 AF157677 362 .................C......G................................... 421 AF157675 362 .................C......G................................... 421 AF157663 362 .................C......G................................... 421 AF157661 362 .................C......G................................... 421 AF157657 362 ............................................................ 421 AF157655 362 ............................................................ 421 AF157653 362 ............................................................ 421 AF157649 362 .................C......G................................... 421 AF157673 362 .......T.........C......G................................... 421 AF157671 362 .................C.......................................... 421 AF157651 362 .................C......G................................... 421 AF157679 362 ............................................................ 421 AF157659 362 ............................................................ 421 AF157667 362 .....T...........C.....CG................................... 421 AF157665 362 .................C.....C.................................... 421 DQ906049 215 ............................................................ 156 DQ906048 215 ............................................................ 156 M19872 88 ............................................................ 147 AF367980 8054 .................C.....CG................................... 7995 AY833650 58 .................C......G................................... 117 DQ897669 1321 CTCATCGTTCTGGCCATCAACCACAACATTATCCGCATCATGAACGGCTCGATGGGATTC 1380 AY548484 98665 ............................................................ 98724 U36913 1412 ............................................................ 1471 AF389451 97258 ............................................................ 97317
39
AY033630 1321 ............................................................ 1380 AY187046 1321 ...........................................................T 1380 AY187045 1337 ............................................................ 1396 AY150217 16331 ............................................................ 16272 AF157681 422 ............................................................ 481 AF157669 422 ............................................................ 481 AF157647 422 ............................................................ 481 AF157645 422 ............................................................ 481 AF157677 422 ............................................................ 481 AF157675 422 ............................................................ 481 AF157663 422 ............................................................ 481 AF157661 422 ............................................................ 481 AF157657 422 ............................................................ 481 AF157655 422 ............................................................ 481 AF157653 422 ............................................................ 481 AF157649 422 ............................................................ 481 AF157673 422 ............................................................ 481 AF157671 422 ............................................................ 481 AF157651 422 ...........................................................T 481 AF157679 422 ............................................................ 481 AF157659 422 ............................................................ 481 AF157667 422 ............................................................ 481 AF157665 422 ............................................................ 481 DQ906049 155 ............................................................ 96 DQ906048 155 ............................................................ 96 M19872 148 ............................................................ 207 AF367980 7994 ............................................................ 7935 AY833650 118 ...........................................................T 177 DQ897669 1381 CCAATCTTGTAAAGAGTA-TTTTTCAGCGCAAAGTCTTTTCCGTCATGGGTCCTCCATGA 1439 AY548484 98725 ..................-......................................... 98783 U36913 1472 ..................-......................................... 1530 AF389451 97318 ..................-......................................... 97376 AY033630 1381 ..................-......................................... 1439 AY187046 1381 ..................-........T................................ 1439 AY187045 1397 ..................-......................................... 1455 AY150217 16271 ..................-......................................... 16213 AF157681 482 ..................-......................................... 540 AF157669 482 ..................-......................................... 540 AF157647 482 ..................-......................................... 540 AF157645 482 ..................-......................................... 540 AF157677 482 ..................-......................................... 540 AF157675 482 ..................-......................................... 540 AF157663 482 ..................-......................................... 540 AF157661 482 ..................-......................................... 540 AF157657 482 ..................-......................................... 540 AF157655 482 ..................-......................................... 540 AF157653 482 ..................-......................................... 540 AF157649 482 ..................-......................................... 540 AF157673 482 ..................-......................................... 540 AF157671 482 ......C...........T......................................... 541 AF157651 482 ..................-........T................................ 540 AF157679 482 ..................T......................................... 541 AF157659 482 ..................T......................................... 541 AF157667 482 ..................-......................................... 540 AF157665 482 ......C...........T......................................... 541 DQ906049 95 ..................-......................................... 37 DQ906048 95 ..................-......................................... 37 M19872 208 ..................-......................................... 266 AF367980 7934 ..................-......................................... 7876 AY833650 178 ..................-........T................................ 236 DQ897669 1440 TGGAAATAAAACATGAAGTGTCCGTT 1465 AY548484 98784 .......................... 98809 U36913 1531 .......................... 1556 AF389451 97377 .......................... 97402 AY033630 1440 ....................... 1462 AY187046 1440 ................. 1456 AY187045 1456 ................. 1472 AY150217 16212 ..A....................... 16187 AF157681 541 .......................... 566 AF157669 541 .......................... 566 AF157647 541 .......................... 566 AF157645 541 .......................... 566 AF157677 541 .......................... 566
40
AF157675 541 .......................... 566 AF157663 541 .......................... 566 AF157661 541 .......................... 566 AF157657 541 .......................... 566 AF157655 541 .......................... 566 AF157653 541 .......................... 566 AF157649 541 .......................... 566 AF157673 541 .......................... 566 AF157671 542 .......................... 567 AF157651 541 .......................... 566 AF157679 542 .......................... 567 AF157659 542 .......................... 567 AF157667 541 .......................... 566 AF157665 542 .......................... 567 DQ906049 36 .......................... 11 DQ906048 36 .......................... 11 M19872 267 .......................... 292 AF367980 7875 ..A....................... 7850 AY833650 237 .......................... 262
FIGURA 4 – Alinhamento múltiplo para a seqüência de MCP obtida no Brasil (DQ897669) com aquelas disponíveis no GenBank. DQ897669 Brazilian vírus MCP; AY548484 Frog Virus 3 genoma completo; U36913 Frog virus 3 MCP gene; AF389451 Tiger frog virus, genoma completo; AY033630 Rana tigrina ranavírus MCP gene; AY187046 Bohle iridovirus MCP gene; AY187045 Epizootic haematopoietic necrosis virus MCP gene; AY150217 Ambystoma tigrinum stebbensi vírus, genoma completo; AF157681 Tadpole edema virus MCP gene; AF157669 Frog virus 3 MCP gene; AF157647 Rana temporaria United Kingdom iridovirus 2 MCP gene; AF157645 Rana temporaria United Kingdom iridovirus 1 capsid MCP; AF157675 Bufo marinus Venezuelan iridovirus 3 MCP gene; AF157663 Bufo marinus Venezuelan iridovirus 4 MCP gene; AF157661 Bufo marinus Venezuelan iridovirus 6 MCP gene; AF157657 Bufo bufo United Kingdom iridovirus 3 MCP gene; AF157655 Bufo bufo United Kingdom iridovirus 2 MCP gene; AF157653 Bufo bufo United Kingdom iridovirus 1 MCP gene; AF157649 Bufo marinus Venezuelan iridovirus 1 MCP gene; AF157673 Leptodactylus Venezuelan iridovirus 1 MCP gene; AF157671 Guppyfish iridovirus MCP gene; AF157651 Bohle iridovirus MCP gene; AF157679 Sheetfish iridovirus MCP gene; AF157659 Catfish iridovirus MCP gene; AF157667 EHNV MCP gene; AF157665 Doctor fish virus MCP gene; DQ906049 FV 3 MCP gene; DQ906048 FV3 MCP gene; M19872 FV3 ICR489 gene; AF367980 Regina ranavirus clone PstI 8.141 P8.141A, P8.141B, P8.141C e P8.141D genes, e MCP gene; AY833650 Bohle iridovirus ICP 46 (ICP 46) gene. Os pontos indicam igual base na posição indicada. Os números ao lado das seqüências indicam a posição das bases.
41
TABELA 1 – Análise comparativa das seqüências completas de nucleotídeos da proteína maior da cápside (MCP) de ranavirus. Os valores representam o grau de diferença na seqüência de 1463 bp.
Matriz de Distâncias Ranavirus* 1 2 3 4 5 6 7 1 DQ897669 0.000 2 FV3 0.005 0.000 3 TFV 0.020 0.019 0.000 4 RTV 0.023 0.022 0.003 0.000 5 BIV 0.031 0.028 0.031 0.027 0.000 6 EHNV 0.042 0.039 0.038 0.035 0.029 0.000 7 ATV 0.049 0.048 0.046 0.049 0.058 0.034 0.000 *. 1 – Ranavírus isolado no Brasil (DQ987669) 2 – FV3 genoma completo (AY548484) 3 - Tiger Frog Virus genoma completo (AF389451) 4 – Rana tigrina ranavírus MCP (AY033630) 5 – Bohle iridovirus MCP (AY187046) 6 - Epizootic haematopoietic necrosis virus MCP (AY187045) 7 - Ambystoma tigrinum stebbensi virus, genoma completo (AY150217)
42
FIGURA 5 – Dendrograma com valores de “bootstrap” construído com o
alinhamento das seqüências completas da proteína MCP de ranavírus isolado no Brasil e outros vírus do gênero Ranavirus.
BRASIL 1 MSSVTGSGITSGLIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP FV3 MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP RGV 9506 MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP RGV 9507 MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP RGV 9508 MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP BIV MSSVTGLGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP TFV MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP EHNV MSSVTGSGITSGFIDLATYDNLERAMYGGSDATTYFVKEHYPVGWFTKLPSLAAKMSGNP BRASIL 61 AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLRENGTIRWTKNPMHNIVESVTLS FV3 AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLGDNGTIRWTKNPMHNIVESVTLS RGV 9506 AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLGDNDTIRWTKNPMHNIVESVTLS RGV 9507 AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLGDNGTIRWTKNPMHNIVESVTLS RGV 9508 AFGQPFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVKLLAANQLGDNGTIRWTKNPMHNIVENVNLS BIV AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLGDNGTIRWTKNPMHNIVESVTLS TFV AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVELLAANQLGENGTIRWTKNPMHNIVESVTLS EHNV AFGQQFSVGVPRSGDYILNAWLVLKTPEVKLLAANQLGDNGTIRWTKNPMHNIVENVNLS BRASIL 121 FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRTGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL FV3 FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRTGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL
43
RGV 9506 FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRIGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL RGV 9507 FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRIGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL RGV 9508 FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRIGYYNMIGNTSDLINPAPATGQNGARVLPAKNL BIV FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRTGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL TFV FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRTGYYNMIGNTSDLINPAPATGQDGARVLPAKNL EHNV FNDISAQSFNTAYLDAWSEYTMPEAKRTGYYNMIGNTSDLINPAPATGQNGARVLPAKNL BRASIL 181 VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIQDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG FV3 VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIHDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG RGV 9506 VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIQDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG RGV 9507 VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIQDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG RGV 9508 VLPLPFFFSRDSGLALPAVSLPYNEIRITVKLRAIQDLLILQHNTTGAISPIVAADLEGG BIV VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIHDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG TIV VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIHDLLILQHNTTGAISPIVASDLAGG EHNV VLPLPFFFSRDSGLALPVVSLPYNEIRITVKLRAIHDLLILQHNTTGAISPIVAADLEGG BRASIL 241 LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH FV3 LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH RGV 9506 LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNAATFHTDMRFSH RGV 9507 LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNAATFHTDMRFSH RGV 9508 LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH BIV LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH TFV LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQVAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH EHNV LPDTVEANVYMTVALITGDERQAMSSTVRDMVVEQVQAAPVHMVNPRNATTFHTDMRFSH BRASIL 301 AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM FV3 AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM RGV 9506 AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM RGV 9507 AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM RGV 9508 AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM BIV AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGVGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM TFV AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCVTPVVGAGNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDM EHNV AVKALMFMVQNVTHPSVGSNYTCATPVVGVDNTVLEPALAVDPVKSASLVYENTTRLPDI BRASIL 361 GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT FV3 GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT RGV 9506 GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT RGV 9507 GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTSASLNVTLSAEAT RGV 9508 GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT BIV GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT TFV GVEYYSLVEPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSMQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT EHNV GVEYYSLVQPWYYATSIPVSTGHHLYSYALSLQDPHPSGSTNYGRLTNASLNVTLSAEAT BRASIL 421 TAAAGGGGNNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL 463 FV3 TAAAGGGGNNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL RGV 9506 TAAAGGGGNNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL RGV 9507 TAAAGGGGNNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL RGV 9508 TAAAGGGGDNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL BIV TAAAGGGGDNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL TFV TAAAGGGGDNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL EHNV TASAGGGGDNSGYTTAQKYALIVLAINHNIIRIMNGSMGFPIL FIGURA 6– Alinhamento múltiplo realizado com Clustal W dos aminoácidos da
proteína MCP para a seqüência do vírus isolado no Brasil; FV3 - AY548484; três cepas de Rana grylio virus (RGV) seqüenciadas por ZHANG et al. (2006); Bohle iridovirus (BIV) AY187046; Tiger frog virus (TFV) AY033630; e Epizootic hematopoietic necrotic virus (EHNV) AY187045. Os aminoácidos que diferem de FV3 encontram-se sombreados.
44
TABELA 2 – Análise comparativa das seqüências de nucleotídeos da proteína RNA polimerase DNA dependente (Pol II) de ranavirus. Os valores representam o grau de diferença na seqüência de 356 bp.
Matriz de Distâncias
Ranavirus* 1 2 3 4 5 1 BR 0.000 2 FV3 0.000 0.000 3 TFV 0.036 0.036 0.000 4 ATV 0.065 0.065 0.030 0.000 5 RRV 0.262 0.266 0.254 0.261 0.000 *. 1 – Ranavírus isolado no Brasil (DQ987669) 2 – FV3 (AY548484) 3 - “Tiger Frog Virus” (AF389451) 4 - “Ambystoma tigrinum stebbensi virus” (AY150217) 5 - "Regina ranavirus” (AF368230)
FIGURA 7 – Dendrograma com valores de “bootstrap” construído com o alinhamento das seqüências de nucleotideos da proteína Pol II de ranavírus isolado no Brasil e outros vírus do gênero Ranavirus.
45
4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os resultados obtidos no presente trabalho confirmam a presença de
um vírus pertencente ao gênero Ranavirus em rãs touro criadas no Brasil.
Ressalta-se que a elevada homologia verificada entre as regiões seqüenciadas do
vírus em estudo e aquelas do FV3, corroboram as observações de GALLI et al.
(2006) e indicam que o vírus detectado no Brasil foi, provavelmente, introduzido
no paÍs junto com as rãs importadas da América do Norte.
Segundo ESSANI & GRANOFF (1989), o “vírus do edema do girino-
TEV” pode ser considerado uma cepa do FV3. Esse agente, isolado de rãs touro
na América do Norte, foi considerado endêmico nesta espécie (WOLF et al.,
1968). Estas observações concordam com as do presente estudo, no sentido de
que o vírus isolado nas rãs touro do Brasil, pode ser o mesmo FV3 dos Estados
Unidos e não uma outra espécie autóctone da América do Sul.
HYATT et al. (2000) realizando comparações entre 30 iridovirus
isolados de peixes e anfíbios verificaram que as seqüências obtidas da proteína
MCP indicavam que os vírus de diferentes regiões agrupavam-se em clados
separados. Assim, os vírus da Venezuela formaram um clado individual, diferente
daqueles da América do Norte. Os dados obtidos no presente trabalho situam o
vírus estudado no mesmo clado do FV3, portanto, geneticamente mais próximo a
este do que dos vírus geograficamente vizinhos, reforçando a hipótese de que a
introdução do vírus no Brasil ocorreu através da importação de rãs da América do
Norte.
ZHANG et al. (2001) ao caracterizarem os ranavírus isolados de rãs de
criação (R. grylio) na China, por meio de estudos da extremidade 5´ da MCP
concluíram que os três vírus isolados eram semelhantes entre si e com o FV3,
diferenciando-se deste último apenas por um nucleotídeo. Seus resultados
levaram os autores a considerarem que a entrada do vírus no país deu-se a
través das rãs de criação importadas dos Estados Unidos. Provavelmente, o
mesmo aconteceu na América do Sul com a introdução da rã touro.
ZHANG et al. (2006) amplificaram e seqüênciaram o gene que codifica
a MCP, tendo verificado maiores diferenças na extremidade 3´, e homologia com
FV3 superior a 99% para RGV9506 e 9507, e de 97,4% para RGV9508. Estes
resultados são semelhantes aos obtidos no presente trabalho e indicam elevada
46
conservação genética do FV3 ao longo do tempo em diferentes áreas
geográficas.
Quando comparados os aminoácidos da proteína MCP dos três vírus da
China com as obtidas no presente trabalho, observaram-se homologias de 99%
com RGV 9506 e RGV 9507, e 97% com RGV 9508. Estes resultados eram
esperados, considerando a alta homologia verificada entre os vírus da China e os
do presente estudo com o FV3.
Mas, segundo GOLDBERG et al. (2003) outras técnicas de
caracterização molecular como “amplified fragment length polymorphism” (AFLP)
devem ser utilizadas para determinar com maior precisão a similaridade com o
FV3.
Estudos recentes de GALLI et al. (2006) revelam semelhanças entre os
vírus isolados de rãs touro de criação do Brasil e do Uruguai, bem como sua
similaridade com FV3. Os resultados do presente trabalho despertam interesse na
realização de estudos do genoma com o vírus detectado no Uruguai, uma vez que
a introdução de rãs nesse país foi realizada a partir de rãs de criação do Brasil,
em 1998.
No que pese a alta homologia verificada com FV3 nos fragmentos do
genoma do vírus isolado no Brasil, nota-se algumas diferenças no gene que
codifica a proteína eIF2α. Este gene, relacionado com fatores de virulência
(ESSAUBER et al., 2001), não foi detectado com os iniciadores aqui utilizados,
sendo que o controle positivo, constituído por uma cepa de FV3, sempre
amplificou. No entanto, o seqüênciamento total do genoma do mutante de FV3
aza-Cr não identificou um gene completo correspondente à proteína eIF2α (TAN
et al., 2004). Nesse sentido, torna-se interessante a avaliação de fatores de
virulência, uma vez que o vírus presente no Brasil, apesar de associado a surtos
de mortalidade generalizada em girinos, parece não representar grande perigo
para as rãs (dados não apresentados). Esses vírus podem se tornar patogênicos
devido a causas estressantes ou debilidade dos animais, como reiteradamente
enfatizado por CHINCHAR, (2000); ZHANG et al. (2001); GOLDBERG et al.
(2003); WILLIAMS et al. (2005).
Aparentemente o FV3 e espécies semelhantes não representam um
patógeno que possa ameaçar as populações de rã touro, ficando reservado a este
47
anfíbio o papel de um potencial disseminador do vírus devido a sua grande
utilização em ranicultura e, conseqüentemente, uma ameaça potencial para as
populações de anfíbios na natureza. Considerando os ranavirus, encontra-se bem
estabelecido que uma cepa pouco patogênica para uma espécie animal pode ser
muito agressiva para outra. Adicionalmente verifica-se o perigo de disseminação a
outras classes de organismos aquáticos (HENGSTBERGER et al., 1993;
ZUPANOVIC et al., 1998; MAO et al., 1999; CHINCHAR, 2002; WILLIAMS et al.,
2005).
Embora no presente trabalho tenha sido observada elevada homologia
entre o vírus isolado no Brasil e o FV3, são necessários estudos mais
aprofundados que incluam o perfil de proteínas, o padrão AFLP e,
preferencialmente, o seqüênciamento completo do seu genoma visando a
classificação exata da espécie detectada.
48
REFERÊNCIAS 1. AHNE, W.; BEARZOTTI, M.; BREMONT, M.; ESSBAUER, S. Comparison of European systemic piscine and amphibian iridoviruses with epizootic haematopoietic necrosis virus and frog virus 3. Zentralbl Veterinarmed Berlin, v. 45, n. 6, p. 373-383, 1998. 2. BRENNER, S.; HORNE, R. A negative staining method for high resolution electron microscopy of viruses. Biochimica et biophysica Acta. Amsterdam, n. 34, p. 103-110, 1959. 3. CHINCHAR, V. Ranaviruses (family Iridoviridae): emerging cold-blooded killers. Archives of Virology, New York-NY, v. 147, n. 3, p. 447-470, 2002 4. CHINCHAR, V.; MAO, J. Molecular diagnosis of iridovirus infections in cold- blooded animals. Seminars in avian and exotic pet medicine. v. 9, n.1, p. 27-35, 2000. 5. CHINCHAR, V.; BRYAN, L.; WANG, J.; LONG, S.; CHINCHAR, G. Induction of apoptosis in frog virus 3-infected cells. Virology, New York-NY, v. 306, n. 2, p. 303-312, 2003. 6. CHINCHAR, V.; ESSBAUER, S.; HE, J.; HYATT, A; MIYAZAKI, T.; SELIGY, V.;WILLIAMS, T. Iridoviridae. In: Virus Taxonomy: 8th. Report of the International Committee on the Taxonomy of Viruses. FAUQUET, C.; MAYO, C.; MANILOFF, J.; DESSELBERGER, U.; BALL, L. (Eds.) Elsevier, London, p. 163-175, 2005.
7. CULLEN, B.; OWENS, L. Experimental challenge and clinical cases of Bohle iridovirus (BIV) in native Australian anurans. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 49, n. 2, p.83-92, 2002. 8. CUNNINGHAM, A.; LANGTON, T.; BENNETT, P.; LEWIN, J.; DRURY, S.; GOUGH, R.; MACGREGOR, S. Pathological and microbiological findings from incidents of unusual mortality of the common frog (Rana temporaria). Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences. London, v. 351, n. 1347, p. 1539-1557, 1996 9. DASZAK, P.; BERGER, L.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A.; GREEN, D.; SPEARE, R. Emerging infectious diseases and amphibian population declines. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 5, n. 6, p. 735-748, 1999. 10. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Emerging Infectious Diseases of Wildlife - Threats to biodiversity and human health. Science. Washington-DC v. 287, n. 5452, p. 443-449, 2000 11. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Infectious Diseases and amphibian population declines. Diversity and Distributions. Oxford-UK, v. 9, n. 2, p. 141-150, 2003.
49
12. DO, J.; CHA, S.; KIM, J.; AN, E.; LEE, N.; CHOI, H.; LEE, C.; PARK, M.; KIM, J.; KIM, Y.; PARK, J. Phylogenetic analysis of the major capsid protein gene of iridovirus isolates from cultured flounders Paralichthys olivaceus in Korea. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 64, p.193-200, 2005. 13. GALLI, L.; PEREIRA. A. ; MARQUEZ, A.; MAZZONI, R. Ranavirus detection by PCR in cultured tadpoles (Rana catesbeiana Shaw 1802) from South America. Aquaculture, Amsterdam, v., 257, n. 1-4, p. 78-82, 2006. 14. GANTRESS, J.; MANIERO, G.; COHEN, N.; ROBERT, J. Development and characterization of a model system to study amphibian immune responses to iridoviruses. Virology, New York-NY, v. 311, n. 2, p. 254-262, 2003. 15. GOLDBERG, T.; COLEMAN, D.; GRANT, E.; INENDINO, K.; PHILIPP, D. Strain variations in an emerging iridovirus of warm-water fishes. Journal of Virology, Washington-DC, v. 77, n. 16, p. 8812-8818, 2003. 16. GRANOFF, A. Viruses of Amphibia. Current topics in Microbiology and Immunology. New York-NY. n. 50, p. 107-137, 1969. 17. HE, J.; LU, L.; DENG, M.; HE, H.; WENG, S.; WANG, X.; ZHOU, S.; LONG, Q.; WANG, X.; CHAN, S. Sequence analysis of the genoma completo of an iridovirus isolated from the tiger frog. Virology, New York-NY, v. 292, n. 2, p.185-197, 2002. 18. HEDRICK , R.; McDOWELL, T.; AHNE, W.; TORHY, C.; KINKELIN, P. Properties of three iridovirus-like agents associated with systemic infections of fish. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 13, p. 203-209, 1992. 19. HENGSTBERGER, S.; HYATT, A.; SPEARE, R.; COUPAR, B. Comparison of epizootic haematopoietic necrosis and Bohle iridoviruses, recentrly isolated Australian iridoviruses. . Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 15, p. 93-107, 1993 20. HERNIOU, E.; LUQUE, T.; CHEN, X.; VLAK, J.; WINSTALNLEY, D.; CORY, J.; O´REILY, D. Use of whole genome sequence data to infer baculovirus phylogeny. Journal of Virology, Washington-DC, v. 75, p. 8117-8126, 2001. 21. HYATT, A.; GOULD, A.; ZUPANOVIC, Z.; CUNNINGHAM, A.; HENGSTBERGER, S.; WHITTINGTON, R.; KATTENBELT, J.; COUPAR, B. Comparative studies of piscine and amphibian iridoviruses. Archives of Virology, New York-NY, v. 145, n. 2, p.301-331, 2000. 22. JANCOVICH, J.; DAVIDSON, E.; MORADO, J.; JACOBS, B.; COLLINS, J. Isolation of a lethal virus from the endangered tiger salamander, Ambystoma tigrinum stebbinsi Lowe. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen v. 31, p. 161–167, 1997. 23. JANCOVICH, J.; DAVIDSON, E.; PARAMESWARAN, N.; MAO, J.; CHINCHAR, V.; COLLINS, J.; JACOBS, B. Evidence for emergence of an
50
amphibian iridoviral disease because of human-enhanced spread. Molecular Ecology, Oxford, n. 14, p. 213-224, 2005. 24. KIM, Y.; JUNG, S.; CHOI, T.; KIM, H.; RAJENDRAN, K.; OH, M. PCR amplification and sequence analysis of irido-like virus infecting fish in Korea. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 25, n. 2, p. 121-124, 2002. 25. MAO, J.; GREEN, D.; FELLERS, G.; CHINCHAR, V. Molecular characterization of iridoviruses isolated from sympatric amphibians and fish. Virus Research, Amsterdam, v. 63, n. 1-2, p.45-52, 1999. 26. MARSH, I.; WHITTINGTON, B.; O´ROURKE, B.; HYATT, A.; CHISHOLM, O. Rapid differentiation of australian, european, and american ranaviruses based on variation in major capsid protein gene sequence. Molecular and Celular Probes. New York-NY, v. 16, n. 2, p. 137-151, 2002. 27. MATHIAS, M.; SCOTT, P. Potencial produtivo de criação de rãs no Estado do Rio de Janeiro. Série Agronegócios, SEBRAE/RJ, 100p., 2004. 28. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000, Cairns, Austrália. Conference and Workshop Compendium. Cairns, Rainforest CRC, 2000, p. 37-38. 29. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000, Cairns, Austrália. Power Point presentation. http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/mazzoni.ppt, 2000. Acesso em: 25 oct. 2003.. 30. MAZZONI, R.; CARNEVIA, D. Enfermedades de ranas en criadero: Una limitante real para el desarrollo de la ranicultura. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PATOLOGISTAS EM ORGANISMOS AQUÁTICOS. Resumos.... Florianópolis: ABRAPOA, v.2, p. 228, 2000. 31. OIE. WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. Necrosis Hematopoyética Epizoótica In: Código Sanitario para los Animales Acuáticos – 2002. Disponível em: http://www.oie.int/esp/normes/fcode/E_00029.htm Acesso em: 15 mar. 2004. 32. QIN, Q.; CHANG, S.; NGOH-LIM, G.; GIBSON-KUCH, S.; CHI, C.; LAM, T. Characterization of a novel ranarivus isolated from grouper Epinephelus tauvina. . Diseases of Aquatic Organisms. Oldendorf/Luhe, v. 53, n. 1, p. 125-131, 2003. 33. RAFFERTY, K. Mass culture of amphibian cells: methods and observations concerning stability of cell type. In: Mizell, M. (Ed.), Biology of Amphibian Tumors. Springer Verlag, New York, pp. 52– 81. 1969
51
34. ROKAS, A.; WILLIAMS, B.; KING, N.; CARROL, S. Genome-scale approaches to resolving incongruence in molecular phylogenies. Nature, London, v. 425, p. 798-804, 2003.
35. SAMBROOK, J.; FRITCSH, E.; MANIATIS, T. Molecular cloning: A laboratory manual. 2. ed. New York : Cold Spring Harbor Laboratory, 1989. 3v. 3104p. 36. SPEARE, R. Summary of formidable infectious diseases of amphibians. In: AMPHIBIAN DISEASE HOME PAGE. Webmaster SPEARE, R. School of Public Health and Tropical Medicine, James Cook University, 2001 Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/formidable.htm. Acesso em: 11 jan.2003. 37. TAN, W., BARKMAN, T., CHINCHAR, V., ESSANI, K. Comparative genomic analyses of frog virus 3, type species of the genus Ranavirus (family Iridoviridae). Virology, New York-NY, v. 323, p. 70-84, 2004. 38. THOMPSON, J.; HIGGINS, D.; GIBSON, T. Clustal W: improving the sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weighting, positions-specific gag penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research, Oxford, v. 22, p. 4673-4680, 1994. 39. WEBBY, R.; WATSON, J.; KALMAKOFF, J.. Course on Iridovirus. In: Course on Iridovirus. Webmaster WEBBY, R. University of Otago, Dunedin, New Zealand, 1998. Disponível em: http:// osms.otago.ac.nz/. Acesso em: 20 set. 2003. 40. WENG, S.; WANG, Y.; HE, J.; DENG, M.; LU, L.; GUAN, H.; LIU, Y.; CHAN, S. Outbreaks of an iridovirus in red drum, Scianenops ocellata (L.), cultured in southern China. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, n. 11, p. 681-685, 2002. 41. WILLIAMS, T.; BARBOSA-SOLOMIEU, V.; CHINCHAR, V. A decade of advances in iridovirus research. Advances in Virus Research, New York, v. 65, p. 173-248, 2005. 42. WOLF, K.; BULLOCK, G.; DUNBAR, C.; QUIMBY, M. Tadpole edema virus: a viscerotropic pathogen for anuran amphibians. Journal of Infectious Diseases, Chicago-IL , v. 118, n. 3, p.253-262,1968. 43. ZHANG, Q.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J.; MAO, J.; CHINCHAR, V. Characterization of an iridovirus from the cultured pig frog Rana grylio with lethal syndrome. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 48, n. 1, p. 27-36, 2001. 44. ZHANG, Q.; ZHE, Z.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J. Molecular characterization of three Rana grylio virus (RGV) isolates and Paralichthys olivaceus lymphocystis disease virus (LCDV-C) in iridoviruses. Aquaculture, Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 1-10, 2006.
52
45. ZUPANOVIC, Z.; MUSSO, C.; LOPEZ, G.; LOURIERO, C.; HYATT, A.; HENGSTBERGER, S.; ROBINSON, A. Isolation and characterization of iridoviruses from the giant toad Bufo marinus in Venezuela. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 33, n. 1, p. 1-9, 1998c.
53
CAPITULO 3 RANAVÍRUS ASSOCIADOS A MORTANDADE DE GIRINOS (Rana catesbeiana Shaw, 1802) DE CRIAÇÃO INTENSIVA NO BRASIL.
RESUMO Doenças que cursam com alta mortalidade, caracterizadas clinicamente por edemas e ascite, têm sido observadas reiteradamente em girinos de criação. O conhecimento destas doenças é escasso, tornando necessário determinar os agentes etiológicos envolvidos, visando sugerir as correspondentes medidas profiláticas e terapêuticas. Agentes virais pertencentes à Família Iridoviridae, gênero Ranavirus, têm sido confirmados recentemente em girinos de criação por meio da técnica de reação em cadeia da polimerase. Assim, objetivou-se com o presente trabalho a caracterização das doenças nos girinos, visando principalmente determinar a participação etiológica dos vírus. Foram realizados estudos em três ranários comerciais do Estado de Goiás, incluindo necropsias, análises histopatológicas, microbiológicas, parasitológicas, moleculares e de microscopia eletrônica de transmissão. Foram identificados dois quadros clínicos diferentes, sendo um deles em girinos jovens de até quatro semanas de vida, com mortalidade acima de 90% da população, cuja etiologia foi atribuída a um vírus do gênero Ranavirus, Família Iridoviridae. O outro em girinos na pré-metamorfose, cuja presença de cocos Gram-positivos constitui a causa principal das lesões encontradas e dos sinais clínicos evidenciados. Pela primeira vez foi identificada uma doença produzida por iridovirus no Brasil, tornando um achado de importância para a ranicultura, e também para a aqüicultura em geral, tendo em vista que estes agentes podem acometer outros grupos de organismos aquáticos. Palavras chave: Aqüicultura, estreptococos, ranicultura, septicemia, vírus.
54
ABSTRACT Diseases with high mortality, clinically characterized by oedema and ascites, have been frequently observed in farmed tadpoles. Since there is scarce information about these diseases, it is necessary to determine etiological agents involved, for recommending appropriate prophylactic and therapeutic measures. Viruses belonging to the Family Iridoviridae, genus Ranavirus, have been recently detected in farmed tadpoles by polymerase chain reaction. So, the objective of this study was the characterization of the diseases affecting farmed tadpoles, aiming to determine the etiological role of viruses. There were performed studies in three commercial farms located at Goiás State, including necropsy, histopathological analysis, microbiology, parasitology, and molecular studies. There were determined two different clinical patterns, one of them in young tadpoles till four weeks old, with mortality above 90% of population, etiologically related to a virus (Ranavirus, Family Iridoviridae). The second one in tadpoles reaching the pre-metamorphic period, where the presence of Gram-positive cocci was the main cause for observed lesions and clinical signs. For the first time a disease produced by iridoviruses was identified in Brazil, being an important fact for frog farming, as well as for aquaculture, considering that these infectious agents can infect other aquatic organisms from different groups. Key words: Aquaculture, frog farming, streptococci, septicemia, virus.
55
1 INTRODUÇÃO A ranicultura é uma atividade em expansão na América do Sul sendo a
espécie cultivada a rã-touro Americana (Rana catesbeiana Shaw, 1802)
introduzida no Brasil em 1935, mas as populações atualmente criadas foram
originadas de 300 casais importados da América do Norte em 1970 ao Brasil
(MATHIAS & SCOTT, 2004). Em decorrência do clima favorável, da excelente
adaptação da rã touro, e da tecnologia desenvolvida pelos produtores e
pesquisadores brasileiros, a ranicultura constitui uma atividade importante no
Brasil, particularmente no Estado de Goiás. Com o melhoramento nos
conhecimentos sobre manejo e alimentação, a ranicultura transformou-se numa
atividade super intensiva, com altas densidades de população e com estrita
dependência dos alimentos balanceados. Entretanto, os métodos intensivos de
cultivo favoreceram o aparecimento de doenças que constituem uma ameaça
para a viabilidade técnica e econômica dos criatórios de organismos aquáticos
(AUSTIN, 1984).
As doenças infecciosas septicêmicas em anfíbios têm características
etiológicas pouco claras, devido principalmente aos sinais inespecíficos e aos
achados de diversos agentes que atuam em forma conjunta, sendo na maioria
das vezes, oportunistas. As bactérias incriminadas nas doenças em larvas de
várias espécies de anfíbios são todas elas habitantes do ambiente e convivem de
forma permanente com os animais afetados. Este fato sugere que os girinos
adoecem quando causas estressantes ou debilitantes colaboram para produzir
uma queda na imunidade e conseqüentemente a invasão pelos microrganismos
presentes (GLORIOSO et al., 1974; AMBROSKY et al., 1983; GREEN et al.,
2002; MAUEL et al., 2002; PASTERIS et al., 2006).
Os iridovirus que infectam animais aquáticos possuem uma distribuição
mundial e estão associados a doenças severas (CUNNINGHAM et al., 1996;
AHNE et al.,1998; DASZAK et al., 1999; HYATT et al., 2000; SPEARE, 2001;
ZHANG et al., 2001; CHINCHAR, 2002; HE et al., 2002; MARSH et al., 2002;
WENG et al., 2002; GREER et al. 2005; ROBERT et al., 2005; ZHANG et al.,
2006). Os girinos têm maior suscetibilidade podendo sofrer mortalidade de até
100% da população. Por outro lado, os iridovírus podem infectar outras espécies
56
diferentes dentro da mesma classe taxonômica, bem como de classes diferentes
(MAO et al., 1999).
Em ranários da China, ZHANG et al. (2001) isolaram agentes do gênero
Ranavirus de girinos, rãs jovens e rãs adultas da espécie Rana grylio, as quais
apresentavam sinais de doença e mortalidade de até 90%.
WENG et al. (2002) relataram a “doença da distensão abdominal” em
girinos de criação da espécie Rana tigrina rugulosa, também na China.
Observaram quadros clínicos com mortalidade de 95% dos girinos, os quais
apresentavam abdome aumentado de tamanho, ataxia e redução da atividade. À
necropsia identificaram rins, fígado e baço aumentados de tamanho e com
petéquias na superfície.
GREEN et al. (2002), estudando 44 surtos de doenças em anfíbios dos
Estados Unidos, incriminaram os iridovírus em 25 casos, sendo 20 deles em
girinos, e cinco na espécie rã touro.
Doenças com alta mortalidade, caracterizadas clinicamente por
edemas e ascite, têm sido observadas reiteradamente em girinos. MAZZONI
(2000a, 2000b); MAZZONI & CARNEVIA (2000) suspeitaram da participação de
um agente viral pertencente à Família Iridoviridae, gênero Ranavirus, baseados
em quadro clínico semelhante ao descrito por WOLF et al. (1968) para o vírus do
edema do girino (TEV). A presença do agente foi confirmada recentemente em
girinos de criação pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) (GALLI
et al., 2006). Estes resultados, corroboram a hipótese da etiologia viral para a
doença estudada.
Objetivou-se com o presente trabalho caracterizar as doenças
infecciosas em girinos de criação e verificar a participação de ranavirus como
agente etiológico. Para tanto, foram realizadas pesquisas dos agentes etiológicos,
a epizootiología das doenças, a sintomatologia clínica, a anatomia patológica
macroscópica, a histopatologia, a bacteriologia convencional, e a virologia, sendo
esta por meio do emprego de técnicas moleculares, cultura de células e a
microscopia eletrônica de transmissão.
57
2 MATERIAL E MÉTODOS Foram estudados girinos criados em três ranários localizados no Estado
de Goiás, dois localizados no Município de Gameleira, 150 km ao sudoeste de
Brasília e um no Município de Hidrolândia, 250 km ao sudoeste de Brasília. , no
período de 2003 a 2005. Um dos ranários realizava exclusivamente a fase de
reprodução, eclosão e cria de girinos até 30 dias de vida quando eles ainda estão
no estágio 25 segundo GOSNER (1960). O outro ranário recebia girinos do
anterior, dedicando-se à metamorfose e engorda de rãs. O terceiro criatório
realizava todas as fases do ciclo na mesma estrutura. Todos os ranários
utilizavam fontes de água superficial.
Os girinos foram alimentados com rações fareladas contendo 45% de
proteína bruta, principalmente de origem animal.
A água dos tanques foi constantemente renovada e a densidade
mantida na faixa de um girino por litro de água. Toda vez que um tanque de
criação era esvaziado, drenava-se a água e realizava-se limpeza e desinfecção
final com cloro.
2.1 Amostragem de girinos Utilizaram-se 500 girinos de rã touro (R. catesbeiana) com sinais
aparentes da doença e 100 girinos aparentemente sadios. Para fins de estudo, os
girinos foram separados em dois grupos, o primeiro até os 30 dias de idade e o
segundo até a metamorfose. Todos os espécimes foram transportados em sacos
plásticos contendo água, e analisados imediatamente no laboratório do Centro de
Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária da Universidade Federal de
Goiás.
Selecionaram-se preferencialmente girinos nos estágios iniciais da
síndrome, não tendo sido utilizados animais mortos para evitar erros induzidos
pelas alterações “pós-mortem” (NACE, 1974).
2.2 Análise Microbiológica Uma vez sacrificados por concussão craniana e corte da medula
cervical (AVMA, 1993), os exemplares foram submersos em solução de ácido
58
peracético a 0,2%. Após a abertura da pele e cavidade celômica, fígado, rins,
baço e líquido ascítico foram retirados utilizando-se utensílios esterilizados para
cada corte. As amostras foram processadas imediatamente pelos métodos de
rotina (BRASIL, 2003) sendo inoculadas em caldos BHI (Brain Heart Infussion
Broth), Casoy, (Tripticase Soy Broth), Glicose Azida e Selenito-Cistina. Todas as
amostras foram incubadas a 30°C por 24-72 h. O período de incubação de 72 h
deveu-se ao crescimento lento de alguns estreptococos, procurando-se, desta
forma, dar tempo suficiente para seu desenvolvimento, tentando-se evitar a
ocorrência de falsos negativos. Assim que foi observado crescimento bacteriano
foram semeadas alíquotas em placas de ágar sangue contendo 5% de sangue
desfibrinado de carneiro, e incubadas a 30°C por um período máximo de 72 hs,
determinando-se as características hemolíticas e morfologia das unidades
formadoras de colônias (UFC). As UFC isoladas e com diferente morfologia foram
selecionadas para coloração de Gram e observação em microscópio de contraste
de fase.
Os cocos Gram-positivos foram estudados mediante provas
bioquímicas complementares. As UFC identificadas primariamente pela
bioquímica como estreptococos, foram enviadas para determinação da espécie ao
Aquatic Animal Health Research Laboratory em Auburn - Alabama, nos Estados
Unidos. As culturas foram processadas pelo método de Identificação de ácidos
graxos da membrana, FAME (Fatty Acid Methyl Ester).
Os bastonetes Gram-negativos foram incubados em placas de ágar
McConkey e as UFC selecionadas inoculadas em tubos de TSI (Triple Sugar Iron
Agar) e submetidas à bateria de testes bioquímicos para identificação da espécie.
Amostras de água e da ração foram analisadas periodicamente por
técnicas microbiológicas convencionais para determinação de contaminação fecal
e presença de cocos Gram-positivos (BRASIL, 2003).
2.3 Histopatologia Girinos inteiros de até 30 dias de idade, ou fígado, rins e baço de
girinos com mais de 30 dias, foram extraídos e preservados em formol tamponado
a 10% (vol-vol) e processados segundo a rotina no laboratório de Histopatologia
do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás pelos métodos de
59
LUNA (1968). Os blocos parafinados foram secionados em cortes de 4-5 µ e
corados com hematoxilina-eosina (H&E) para as avaliações primárias das lesões.
Adicionalmente, os cortes selecionados foram também corados pelo método de
Gram para visualização de bactérias em geral, pelo método de Fite para detecção
de mycobactérias e coloração de PAS para visualização de fungos.
2.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Foram processados 60 girinos inteiros com até 30 dias de idade, além
do fígado, rim, baço e músculo de 50 girinos na pré-metamorfose. As amostras
foram preservadas em etanol a 95% ou congelados a -20°C até processamento
no Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Alimentos da
Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. A extração do DNA foi
realizada a partir de porções de 50 mg utilizando o método do fenol/clorofórmio
(SAMBROOK et al., 1989).
Foram utilizados iniciadores direcionados a regiões conservadas no
genoma dos iridovírus (Quadro 1). Para o gene que codifica a proteína imediata
precoce (IE) ICP-18 utilizaram-se iniciadores propostos por GALLI et al. (2006), e
para o gene que codifica a proteína MCP foram utilizados iniciadores localizados
nas extremidades 5´e 3´ da seqüência de FV3 (TAN et al., 2004) sendo que o
iniciador “forward” é original do presente trabalho e o “reverse” já utilizado por
HYATT et al. (2000) segundo é apresentado no Quadro 1.
QUADRO 1 – Iniciadores utilizados para amplificação parcial do genoma de ranavirus, “bp” indica o comprimento do amplicon. Nome Forward Reverse Produto
(bp)
MCP
ATGTCTTCTGTAACTGGTTCA
AAAGACCCGTTTTGCAGCAAAC (1)
1483
IE
ATGATCCAAGCCTACCTGTGC (2)
AAATGTCCTAATCTATACACC (2)
479
(1) HYATT et al. (2000); (2) GALLI et al. (2006).
60
O mix utilizado para a amplificação com os diferentes iniciadores
constituía-se de 2,5 µL 10x tampão de PCR [Tris-HCl 20 mM (pH 8.4), KCl 50
mM], dNTP 200 µM, 2,5 mM MgCl2, 2.5 µM de cada iniciador, 1 U de Taq DNA
Polymerase, 5 µL de DNA template e água MilliQ até completar 50 µL para cada
reação. Os produtos de amplificação foram submetidos a corrida em gel de
agarose a 1%, corados com brometo de etídeo 0.5 µg/mL e visualizados em
transiluminador de luz UV.
Foram também utilizados iniciadores direcionados à identificação da
bactéria Streptococcus iniae aplicando a metodologia de PCR proposta por
BERRIDGE et al. (1998). Os cocos Gram-positivos, independentemente do
gênero foram purificados, sendo o DNA extraído pela metodologia do
fenol/clorofórmio (SAMBROOK et al., 1989).
2.5 Microscopia eletrônica de transmissão As amostras foram processadas no laboratório de Microscopia
Eletrônica do Instituto Biológico de São Paulo. O material analisado foi
selecionado a partir de lesões identificadas nas lâminas da histopatologia. Uma
vez delimitada a região suspeita, a mesma foi localizada no bloco parafinado e
realizado corte de aproximadamente 1 mm de diâmetro. O fragmento extraído foi
desparafinado, re- hidratado e finalmente processado pela técnica de inclusão em
resina, seguida de contrastação positiva de cortes ultrafinos de acordo com os
procedimentos usuais de inclusão em resina, baseando-se nos métodos de LUFT,
(1961) e GONZALES-SANTANDER, (1969). Os fragmentos de órgãos foram
fixados em glutaraldeído a 2,5% em tampão fosfato 0,1M e pH 7,0, pós-fixados
em tetróxido de ósmio a 2% em tampão fosfato 0,2M, pH 7,0, corados por acetato
de uranila a 0,5%, desidratados em série cetônica crescente (50 a 100%) e
incluídos em resina Spurr. Após ultra seccionamento dos blocos, os cortes
ultrafinos obtidos foram corados positivamente pelo tratamento seqüencial de
acetato de uranila (WATSON, 1958) e citrato de chumbo (REINOLDS, 1963),
antes de serem observados ao microscópio eletrônico de transmissão Philips EM
208.
61
2.6 Parasitologia Estudos da pele e das guelras foram realizados a fresco em
microscópio ótico mediante raspagens com lâmina de bisturi esterilizada.
(REICHENBACH-KLINKE & ELKAN, 1965).
62
3 RESULTADOS
3.1 Epizootiologia
Em girinos jovens de até 30 dias de idade, a doença foi detectada no
Estado de Goiás em todas as épocas do ano, sendo a maior freqüência
observada no período das chuvas, ou seja, de Novembro a Abril. A mortalidade
pode atingir percentuais elevados de 90 até 100% da população total.
Verificou-se que girinos aparentemente saudáveis morriam
subitamente. Em alguns casos a totalidade dos girinos de um tanque morria em
24 a 48 h. Girinos de tanques contíguos, às vezes originados na mesma desova,
não apresentavam sintomas de forma simultânea. Porém, no período de uma ou
duas semanas morriam quase todos os exemplares ficando no ranário só 1-2% da
população inicial.
Os girinos sobreviventes continuaram seu desenvolvimento sem sinais
aparentes da doença. Todavia no período prévio à metamorfose, observou-se
uma síndrome caracterizada por morbidade baixa, com alta letalidade, afetando 2
a 3% da população por dia.
3.2 Evidências clínicas O conjunto de sinais evidenciou a existência de duas formas clínicas,
uma que afeta girinos jovens e outra que acomete girinos próximos à
metamorfose.
3.2.1 Quadro clínico em girinos jovens
Caracterizado por surtos super agudos ou agudos com morbidade e
mortalidade acima de 90% da população do ranário.
A doença acometeu principalmente girinos entre a segunda e quarta
semana de vida e caracterizou-se por uma forma aguda de infecção, com
aparecimento de sinais clínicos de letargia, aumento do volume abdominal de
duas a três vezes o tamanho normal, ou diminuição do volume abdominal
sugerindo caquexia. A morte ocorreu dentro das 24 h após observação dos sinais
clínicos. Outros girinos desenvolveram forma super aguda da infecção com morte
sem evidência clínica (Figura 1).
63
FIGURA 1 – Girinos com sintomas de infecção. a) no centro girino normal, e a
esquerda e direita girinos ascíticos; b) no centro girino jovem normal, à esquerda girinos caquecticos, e à direita girinos asciticos; c) girino na pré-metamorfose com ascite e úlcera na pele (seta), d) girino na pré-metamorfose com edema na pata.
3.2.2 Quadro clínico em girinos na pré-metamorfose
Os poucos animais que sobreviveram, continuaram seu
desenvolvimento sem alterações até atingir o período da metamorfose, quando foi
observada uma segunda variante da doença caracterizada por edemas nas patas,
ascite e, às vezes, úlceras na pele (Figura 1), com baixa morbidade e alta
mortalidade dos animais afetados.
3.3 Necropsia 3.3.1 Achados macroscópicos em girinos jovens
Observou-se um grau variável de ascite com líquido sero-hemorrágico à
abertura da cavidade celômica e tonalidade pálida do fígado.
64
3.3.2 Achados macroscópicos em girinos na pré-metamorfose
Os girinos doentes mostraram diversos graus de lesões nos órgãos
internos, mas sem padrão definido. As de maior freqüência foram aumento do
volume e coloração anormal do fígado, geralmente cinzenta ou amarelada; baço
aumentado de volume e com coloração pardo-escura e rins hemorrágicos.
3.4 Histopatologia 3.4.1 Achados microscópicos em girinos jovens
À microscopia os órgãos mais afetados foram os rins, seguidos pelo
fígado. Nos rins, observou-se morte celular generalizada, afetando glomérulos e
túbulos, com abundante picnose e cariorexia, com perda total da estrutura normal
do parênquima (Figura 2A). Notou-se, também, uma marcada infiltração de
eosinófilos.
No fígado os hepatócitos mostraram-se vacuolizados, com esteatose e
áreas de morte celular com marcada picnose e cariorexia (Figura 2B). Notou-se
um infiltrado inflamatório predominantemente mononuclear e, em algumas
regiões, infiltração de eosinófilos.
Em girinos de até três semanas de idade, os cortes histológicos
corados pelo método de Gram, não revelaram a presença de bactérias no
parênquima dos órgãos afetados, ou na mucosa dos órgãos digestivos.
Entretanto, em girinos com quatro semanas de idade foram identificados cocos
Gram-positivos nas mucosas do estômago e intestino e colonização inicial de
diversos tecidos. Os cortes revelaram também a presença de cocos gram-
positivos no conteúdo gastro intestinal.
3.4.2 Achados microscópicos em girinos na pré-metamorfose
3.4.2.1 Achados em animais aparentemente sadios
Girinos sem sinais aparentes de doença revelaram diversos graus de
lesão quando estudados histopatologicamente. Os principais órgãos afetados
foram os rins e fígado. Os rins apresentaram infiltração mononuclear abundante.
O fígado mostrou diversos graus de esteatose e quantidade variável de
65
granulomas em fases iniciais, com necrose central (Figura 2C). A coloração de
Gram aplicada aos cortes histológicos dos dois órgãos revelou a presença de
cocos Gram positivos.
A
DC
B
FIGURA 2–
(A) Lesão renal em girino jovem produzida por ranavírus, com perda total da arquitetura do órgão. Necrose celular com picnose e cariorexia (estrela), infiltrado mononuclear (seta larga) e aumento dos eosinófilos (seta fina preta). Coloração H&E, 200X. (B) – Lesão hepática em girino jovem produzida por ranavírus. Necrose, notando-se picnose e cariorexia, com perda da estrutura trabecular. Coloração H&E, 200X. (C) Rim de girino na pré-metamorfose mostrando acentuado infiltrado mononuclear e túbulos com abundante material hialino. Coloração H&E, 400X. (D) Fígado de girino na pré-metamorfose. Observa-se perda da estrutura trabecular do tecido hepático e a fase inicial da formação dos granulomas, com área de necrose central e infiltrado mononuclear abundante. Coloração de H&E, 200X.
66
3.4.2.2 Forma aguda
A maioria dos girinos apresentaram lesões por sepse, caracterizadas
por resposta inflamatória múltipla e granulomas bacterianos distribuídos no
parênquima dos diversos órgãos, além de áreas de necrose associadas à
presença de macrófagos e grande infiltração linfocitária.
O número de focos de melanomacrófagos distribuídos no fígado foi
muito reduzido e às vezes ausente. Macrófagos com cocos fagocitados foram
também um achado comum no parênquima do órgão, sendo observada forte
relação entre esta resposta e o aparecimento dos granulomas que mostraram
regiões necróticas circundadas por macrófagos e fibroblastos. Outro achado
comum foi a esteatose hepatocítária, com perda da estrutura normal do tecido,
associada, por vezes, a necrose. As lesões no fígado foram mais intensas na
região centrolobular que do que na região periportal.
Os rins sempre foram muito afetados, apresentando infiltração
mononuclear às vezes focal e outras difusa, necrose glomerular e tubular,
congestão, e granulomas. Foram observados glomérulos com espessamento da
membrana basal, aumento da celularidade, desaparecimento das alças, retração,
atrofia e esclerose. Foi possível observar o depósito de material hialino nos
glomérulos e abundantes cilindros hialinos nos túbulos (Figura 2D). Esse tipo de
lesão pode ser classificada como glomerulonefrite membranoproliferativa,
evoluindo à esclerose, o que determina síndrome nefrótica seguida por
insuficiência renal.
O estudo das secções pela coloração de Gram revelaram a presença
de cocos Gram-positivos em grau variável associados às lesões observadas na
coloração H&E. Observaram-se cocos Gram-positivos nos glomérulos e no
interstício, demonstrando que os microrganismos são carregados pelo sangue,
produzindo lesões e granulomas. As colorações de PAS e Fite foram negativas
para a presença de fungos e micobacterias respectivamente.
Não foram identificados nos tecidos estudados corpúsculos de inclusão
viral.
67
3.5 Microbiologia
3.5.1 Girinos jovens
As culturas a partir de amostras de tecidos ou líquido ascítico não
revelaram a presença de bactérias na fase inicial dos sintomas.
Nos girinos com mais de quatro semanas, as análises bacteriológicas
apresentaram resultados inespecíficos, com presença de cocos Gram-positivos
dos gêneros Streptococcus, Enterococcus, Aerococcus e Leuconostoc,
associados a bastonetes Gram negativos dos gêneros Aeromonas,
Pseudomonas, Citrobacter e Proteus. Deve-se ressaltar que não foi detectada a
presença de uma única espécie bacteriana que pudesse ser incriminada como
agente causal, mas os achados sempre corresponderam a cultivos mistos.
3.5.2 Girinos na pré-metamorfose
Todos os girinos estudados foram positivos para cocos Gram-positivos
de diversos gêneros, sendo que 60% deles foram positivos para Aeromonas
hydrophyla e Citrobacter spp. e 35% para Pseudomonas spp. e Proteus spp.
Dentre os cocos Gram-positivos, foram identificados principalmente Streptococcus
uberis, S. agalactie, S. faecalis, S. dysgalactiae, e Enterococcus spp. Em todos os
casos, os órgãos afetados com maior freqüência foram o fígado, seguido pelo rim.
Unidades formadoras de colônias não tipificadas no laboratório foram
identificadas pelo FAME como Enterococcus gallinarium, E. columbae, E.
casseliflavus, Leuconostoc spp. e Aerococcus viridians.
3.6 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Quando foram estudados girinos com menos de 30 dias de idade
apresentando sinais típicos da doença, a PCR direcionada aos genes que
codificam as proteínas MCP e IE detectou em 90% dos casos os genes alvo.
Quando analisados girinos na pré-metamorfose evidenciando edemas e ascite,
10% foram positivos para o virus.
68
3.7 Parasitologia Os estudos parasitológicos revelaram a presença de parasitas da pele
cujas lesões recebem o nome genérico de “opacidade contagiosa da pele”, onde
o protozoário mais freqüentemente encontrado foi o Oodinum spp.
3.8 Microscopia eletrônica de transmissão Quando analisadas amostras de girinos até quatro semanas de idade,
foram observadas partículas hexagonais completas e incompletas com a forma
icosaédrica típica dos vírus da família (Figura 3). Nestes cortes observou-se a
ocorrência de alterações típicas de infecção viral, com as células lisadas, as
organelas todas alteradas e vazias, mitocôndrias sem cristas e núcleos disformes
contendo cromatina marginalizada ou grumos de cromatina com ausência de
membrana nuclear além de inclusões claras, alterações compatíveis com infecção
viral.
Nos estudos das amostras de girinos na pré-metamorfose, não foram
observadas inclusões nem partículas virais.
360 nm
FIGURA 3 - Microscopia eletrônica de transmissão. Microfotografia de corte
ultrafino de rim de girino jovem com sintomas de edema e ascite. Observam-se, no citoplasma, partículas hexagonais completas (seta) e incompletas com a forma icosaédrica típica dos vírus da família.
69
4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os dados do presente estudo permitiram considerar a existência de
duas síndromes diferenciadas, uma delas em girinos jovens, de até um mês de
vida e outra em girinos sobreviventes, na pré-metamorfose.
4.1 Infecção em girinos jovens A infecção em girinos jovens com menos de 30 dias de idade
caracteriza-se pela ocorrência de edema e ascite de forma aguda, com índices de
morbidade e mortalidade de mais de 90% da população do ranário sendo o
principal agente etiológico envolvido um vírus da Família Iridoviridae, que
segundo os produtos de PCR obtidos pertence ao gênero Ranavirus (GALLI et al.,
2006; MAZZONI et al., dados não publicados).
O quadro clínico caracterizado por ascite e edema, com mortalidade
elevada coincide com as observações de WOLF et al. (1968) em R. catesbeiana
infectada pelo vírus do edema do girino (TEV) e de ZHANG et al. (2001) e WENG
et al. (2002) para girinos de rã na China com a “doença da barriga inchada”
produzidas, também, por ranavírus. Os sinais observados de edema e ascite
também são indicativos da presença da lesão em nível histopatológico. No que se refere a histopatologia, a lesão principal foi observada nos
rins, com destruição quase completa do parênquima, embora o fígado também
tenha apresentado importante grau de lesões. Esta preferência do vírus pelo rim
foi também assinalada em estudos das lesões produzidas em Xenopus laevis
infectadas com a espécie protótipo da família, o Frog Virus 3, de acordo com
GANTRESS et al. (2003). Não foram observadas petéquias nos órgãos afetados,
o que difere dos achados de WOLF et al. (1968) e WENG et al. (2002).
A ausência de corpúsculos de inclusão viral nos cortes histológicos
estudados estão em concordância com os achados de WILLIAMS et al. (2005).
Esses autores verificaram que os ranavirus não produzem este tipo de
corpúsculos nos tecidos infectados, sendo que os locais de replicação viral
encontram-se dispersos no citoplasma da célula afetada, sem uma membrana
envolvente.
70
Torna-se relevante assinalar que não foi detectada a presença de
bactérias acompanhando as lesões nestes girinos. Ao contrário, estes girinos
apresentaram constantemente reações positivas para ranavírus nos testes de
PCR.
Pela primeira vez foi identificada uma doença produzida por iridovirus
no Brasil, sendo um achado de importância para a ranicultura, e também para a
aqüicultura em geral, tendo em vista que estes agentes têm a capacidade de
acometer outros grupos de organismos aquáticos.
4.2 Infecção em girinos na pré-metamorfose
Girinos que sobrevivem à infecção podem desenvolver um segundo
quadro clínico menos grave, que cursa com edemas nas patas, ascite e, às
vezes, úlceras na pele. Apresentam baixa morbidade e alta mortalidade.
Os estudos histopatológicos revelaram danos menos severo nos rins e
fígado, principais órgãos afetados. O tipo de lesão encontrado é caracterizado por
necrose e degeneração com abundantes granulomas e infiltração mononuclear
linfocitária. Na coloração de Gram observou-se abundante presença de cocos
Gram-positivos associados às lesões descritas. Nota-se a penetração de cocos
Gram-positivos na mucosa do estomago, os quais são transportados pela via
sanguínea iniciando assim uma colonização de outros órgãos internos.
Este tipo de lesão granulomatosa têm sido descrito não só associado às
lesões estreptocócicas bem como a outras bactérias que sobrevivem à fagocitose.
Os macrófagos que fagocitam agentes de elevada resistência, são responsáveis
pelo início de reações inflamatórias localizadas. O desenvolvimento desses
microrganismos, com conseqüente reação imune, dá origem às lesões
granulomatosas características das infecções crônicas (AGIUS & ROBERTS,
2003).
O quadro de lesão estreptocócica coincide com os achados descritos
em criações de trutas, (ELDAR et al., 1995; AKHLAGHY et al., 1996; ELDAR et
al., 1997; CHANG et al., 2002; DILER et al., 2002; BACHRACH et al., 2003),
linguados, (TORANZO et al., 1995; ROMALDE et al., 2000), bagres
71
(SHOEMAKER et al., 2000, 2001) e tilapias (CHANG & PLUMB, 1996; EVANS et
al., 2000a, 2000b; KLESIUS et al., 2000; SHELBY et al., 2002a, 2002b).
Não foi possível, nas condições deste estudo, determinar a causa
primária que antecede a invasão dos tecidos pelos estreptococos. A ação dos
ranavírus nas etapas iniciais dos girinos pode ter sido um fator desencadeante,
atuando isoladamente ou associado a fatores ambientais relacionados ao manejo
e, principalmente, a uma alimentação desbalanceada. A metamorfose constitui
um período de acentuado estresse, portanto, parece lógico pensar que girinos
debilitados podem morrer ao longo do processo. Do equilíbrio entre a resposta
imune, a presença dos microrganismos, e o grau de lesão pré-existente nos
diversos tecidos, surge a severidade da doença neste período específico. Estas
afirmações estão em concordância com aquelas já assinaladas, mencionando que
os girinos adoecem quando causas estressantes ou debilitantes colaboram para
produzir queda na imunidade e conseqüente invasão pelos microrganismos
presentes (GLORIOSO et al., 1974; AMBROSKY et al., 1983; GREEN et al.,
2002; MAUEL et al., 2002; PASTERIS et al., 2006).
A presença de diversas espécies sem a determinação de um patógeno
permanente ou constante, indica o caráter secundário da infecção. Porém, o
papel dos cocos não pode ser descartado na evolução da doença e, portanto,
devem ser levados em conta nos planos de controle sanitário dos ranários
comerciais.
Não foram associados agentes virais às mortes de girinos nesta fase.
As lesões identificadas na histopatologia, diferem daquelas descritas para os
ranavírus, e nos estudos de PCR só 10% dos girinos estudados foram positivos
para esses vírus. Estes resultados indicam que o papel dos vírus nos quadros de
mortalidade em girinos na pré-metamorfose não é fundamental. Os achados da
histopatologia sugerem que a patogênese do quadro seja de lesão estreptocócica
secundária. Após ação primária do vírus, os estreptococos penetram através das
paredes dos órgãos digestivos e colonizam diversos tecidos, iniciando assim, o
processo de infecção, formação de granulomas e septicemia. O papel do vírus na
depleção imunitária que habilita a penetração das bactérias, não foi determinado,
mas poderia ser uma das causas envolvidas.
72
Nas descrições realizadas para epizootiologia e patogenia dos
Ranaviurs, tem sido feita referência à maior susceptibilidade dos girinos mais
jovens às infecções por estes agentes (WOLF et. al., 1968; GRANOFF et al.,
1969; JANCOVICH et al., 1997; HYATT et al., 2000; CULLEN & OWENS, 2002) e
estudos avaliando as respostas imunes em anfíbios corroboram estes resultados
(GANTRESS et al., 2003).
A presença de parasitas do gênero Oodinum na pele dos girinos
estudados pode ser considerada uma conseqüência do estado geral dos anfíbios,
sendo secundária às infecções descritas acima.
73
9 REFERÊNCIAS 1. AGIUS, C.; ROBERTS, R. Melano-macrophage centres and their role in fish pathology. Journal of Fish Diseases. Oxford, n. 26, p. 499-509, 2003. 2. AHNE, W.; BEARZOTTI, M.; BREMONT, M.; ESSBAUER, S. Comparison of European systemic piscine and amphibian iridoviruses with epizootic haematopoietic necrosis virus and frog virus 3. Zentralbl Veterinarmed Berlin, v. 45, n. 6, p. 373-383, 1998. 3. AKHLAGHI, M.; MUNDAY, B.; WHITTINGTON, R. Comparison of passive and active immunization of fish against streptococcosis (enterococcosis). Journal of Fish Diseases. Oxford, n. 19, p. 251-258, 1996. 4. AMBORSKI, R. L.; SNIDER, T. G.; THUNE, R. L.; CULLEY, D. D. A non- hemolytic, group B Streptococcus infection of cultured bullfrogs, Rana catesbiana, in Brazil. Journal of Wildlife Diseases. Ames-IO, v.19, n. 3, p. 180-184, 1983. 5. AUSTIN, B. The future of bacterial fish vaccines. Vaccine. London, v.2, n. 4, p. 249-254, 1984. 6. BACHRACH, G.; ZLOTKIN, A.; HURVITZ, A.; EVANS, D. L.; ELDAR, A. Recovery of Streptococcus iniae from diseased fish previously vaccinated with a streptococcus vaccine, Applied and environmental microbiology. Washington-DC, v. 67, n. 8, p. 3756-3758, 2003. 7. BERRIDGE, B. R.; FULLER, J. D.; DE AZAVEDO, J.; LOW, D. E.; BERCOVIER, H.; FRELIER, P. F. Development of specific nested oligonucleotide PCR primers for the Streptococcus iniae 16S-23S ribosomal DNA intergenic spacer. Journal of Clinical Microbiology. Washington-VA, v. 36, n. 9, p. 2778-2781, 1998. 8. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para o controle de produtos de origem animal e água. Instrução Normativa 62, de 26 de agosto de 2003. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 set., 2003. Seção I, p.14-50. 9. BRENNER, S.; HORNE, R. A negative staining method for high resolution electron microscopy of viruses. Biochimica et Biophysica Acta. Amsterdam, n. 34, p. 103-110, 1959. 10. CHANG, P.; PLUMB, J. Histopathology of experimental Streptococcus sp. infection in tilapia, Oreochromis niloticus (L.), and channel catfich, Ictalurus punctatus (Refinsque). Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 19, p. 235-241, 1996. 11. CHANG, P.; LIN, P.; LEE, Y. Lactococcus graviae infection of cultured rainbow trout, (Oncorhynchus mikiss) in Taiwan and associated biophysical characteristics
74
and histopathology. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 22, n. 5, p. 319-327, 2002. 12. CHINCHAR, V. Ranaviruses (family Iridoviridae): emerging cold-blooded killers. Archives of Virology, New York-NY, v. 147, n. 3, p. 447-470, 2002 13. CULLEN, B.; OWENS, L. Experimental challenge and clinical cases of Bohle iridovirus (BIV) in native Australian anurans. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 49, n, 2, p.83-92, 2002. 14. CUNNINGHAM, A.; LANGTON, T.; BENNETT, P.; LEWIN, J.; DRURY, S.; GOUGH, R.; MACGREGOR, S. Pathological and microbiological findings from incidents of unusual mortality of the common frog (Rana temporaria). Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences, London, v. 351, n. 1347, p. 1539-1557, 1996. 15. DASZAK, P.; BERGER, L.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A.; GREEN, D.; SPEARE, R. Emerging infectious diseases and amphibian population declines. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 5, n. 6, p. 735-748, 1999 16. DILER, O.; ALTUN, S.; ADILOGLU, A.; KUBILAY, A.; ISIKLI, B. First occurence of Streptococcosis affecting framed rainbow trout, (Oncorhynchus mikiss) in Turkey. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 22, n. 1, p. 21-26, 2002.. 17. ELDAR, A.; BEJERANO, Y.; LIVOFF, A.; HOROVITCZ, A.; BERCOVIER, H. Experimental streptococcal meningo-encephalitis in cultured fish. Veterinary Microbiology. Amsterdam, v. 43, p. 33-40, 1995. 18. ELDAR, A.; HOROVITCZ, A.; BERCOVIER, H. Development and efficacy of a vaccine against Streptococcus iniae infection in farmed rainbow trout. Veterinay Immunology and Immunopathology. Amsterdam, v. 56, p. 175-183, 1997. 19. EVANS, J.; KLESIUS, P.; GILBERT, P.; SHOEMAKER, C.; AL SARAWI, M.; LANDSBERG, J.; DUREMDEZ, R.; AL MARZOUK, A.; AL ZENKI, S. Characterization of β-haemolytic Group B reptococcus agalactiae in cultured seabream, Sparus auratus L., and wild mullet, Liza klunzingeri (Day), in Kuwait. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, p. 505-513, 2000. 20. EVANS, D. L.; TAYLOR, S.; LEARY, J.; BISHOP, G.; ELDAR, A.; JASO-FRIEDMANN, L. In vivo activation of tilapia nonspecific cytotoxic cells by Streptococcus iniae and amplification with apoptosis regulatory factor(s). Fish and Shellfish Immunology. London, v.10, n. 5, n. 6, p. 419-434, 2000. 21. GALLI, L.; PEREIRA. A. ; MARQUEZ, A.; MAZZONI, R. Ranavirus detection by PCR in cultured tadpoles (Rana catesbeiana Shaw 1802) from South America. Aquaculture, Amsterdam, v., 257, n. 1-4, p. 78-82, 2006.
75
22. GANTRESS, J.; MANIERO, G.; COHEN, N.; ROBERT, J. Development and characterization of a model system to study amphibian immune responses to iridoviruses. Virology, New York-NY, v. 311, n. 2, p. 254-262, 2003. 23. GLORIOSO, J. C.; AMBORSKI, R. L.; AMBORSKI, G. F.; CULLEY, D. D. Microbiological studies on septicaemic bullfrogs (Rana catesbiana). American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v. 35, n. 9, p. 1241-1245, 1974. 24. GONZALES-SANTANDER, R. Técnicas de microscopia eletrônica en biología. Madrid, Aguilar, 1969, 666 p. 25. GOSNER, K. A simplified table for staging anuran embryos and larva with notes on identification. Herpetologica, Austin-TX, v. 16, p. 183-190, 1960.
26. GRANOFF, A. Viruses of Amphibia. Current topics in Microbiology and Immunology. New York-NY. v. 50, p. 107-137, 1969. 27. GREEN. D.; CONVERSE, K.; SCHRADER, A. Epizootiology of sixty-four amphibian morbidity and mortality events in the USA, 1996-2001. Annals of the New York Accademy of Science, New York, v. 969, p. 323-339, 2002.
28. GREER, A.; BERRILL, M.; WILSON, P. Five amphibian mortality events associated with ranavirus infection in south central Ontario, Canada. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 67, p. 9-14, 2005. 29. HE, J.; LU, L.; DENG, M.; HE, H.; WENG, S.; WANG, X.; ZHOU, S.; LONG, Q.; WANG, X.; CHAN, S. Sequence analysis of the genoma completo of an iridovirus isolated from the tiger frog. Virology, New York-NY, v. 292, n. 2, p.185-197, 2002 30. HYATT, A.; GOULD, A.; ZUPANOVIC, Z.; CUNNINGHAM, A.; HENGSTBERGER, S.; WHITTINGTON, R.; KATTENBELT, J.; COUPAR, B. Comparative studies of piscine and amphibian iridoviruses. Archives of Virology, New York-NY, v. 145, n. 2, p.301-331, 2000. 31. JANCOVICH, J.; DAVIDSON, E.; MORADO, J.; JACOBS, B.; COLLINS, J. Isolation of a lethal virus from the endangered tiger salamander, Ambystoma tigrinum stebbinsi Lowe. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen v. 31, p. 161–167, 1997.
32. KLESIUS, P.; SHOMAKER, C.; EVANS, J. Efficacy of single and combined Streptococcus iniae isolate vaccine administred by intraperitoneal and intramuscular routes in tilapia (Oreochromis niloticus). . Aquaculture. Amsterdam, v. 188, p. 237-246, 2000. 33. LUFT, J. A. Improvements in an epoxy resin embedding methods. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 9, p. 409-414, 1961. 34. LUNA, L.G. Manual of histology staining methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3.ed. New York : McGraw-Hill, 1968. 258p.
76
35. MAO, J.; GREEN, D.; FELLERS, G.; CHINCHAR, V. Molecular characterization of iridoviruses isolated from sympatric amphibians and fish. Virus Research, Amsterdam, v. 63, n. 1-2, p.45-52, 1999. 36. MARSH, I.; WHITTINGTON, B.; O´ROURKE, B.; HYATT, A.; CHISHOLM, O. Rapid differentiation of australian, european, and american ranaviruses based on variation in major capsid protein gene sequence. Molecular and Celular Probes. New York-NY, v. 16, n. 2, p. 137-151, 2002. 37. MATHIAS, M.; SCOTT, P. Potencial produtivo de criação de rãs no Estado do Rio de Janeiro. Série Agronegócios, SEBRAE/RJ, 100p., 2004. 38. MAUEL, M.; MILLER, K; FRAZIER, K; HINES, M. Bacterial pathogens isolated from cultured bullfrogs (Rana catesbeiana). Journal of Veterinary Diagnostic and Investigations. Columbia-MO, v. 14, n. 5, p. 431-433, 2002. 39. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000, Cairns, Austrália. Conference and Workshop Compendium. Cairns, Rainforest CRC, 2000a, p. 37-38. 40. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000b, Cairns, Austrália. Power Point presentation. http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/mazzoni.ppt, 2000. Acesso em: 25 oct. 2003.. 41. MAZZONI, R.; CARNEVIA, D. Enfermedades de ranas en criadero: Una limitante real para el desarrollo de la ranicultura. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PATOLOGISTAS EM ORGANISMOS AQUÁTICOS. Resumos.... Florianópolis: ABRAPOA, v.2, p. 228, 2000. 42. NACE, G. (ed.): Amphibians: Guidelines for the breeding, care and management of laboratory animals. Washington D.C., NRC/NAS, 1974, 153p. Disponível em: http://www.nap.edu/catalog/661.html#toc , Acesso em: 15 fev 2004. 43. PASTERIS, S.; BUHLER, M.; NADER-MACIAS, M. Microbiological and histological studies of farmed-bullfrog (Rana catesbeiana) tissues displaying red-leg syndrome. Aquaculture. Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 11-18, 2006. 44. REICHENBACH-KLINKE, H.; ELKAN, E. The principal diseases of lower vertebrates, New York, Academic Press, 600 pp., 1965. 45. REINOLDS, E.S. The use of lead citrate at high pH as an electron-opaque stain in electron microscopy. Journal of Cell Biology, v. 17, p. 208-212, 1963.
77
46. ROBERT, J.; MORALES, H.; BUCK, W.; COHEN, N.; MARR, S.; GANTRESS, J. Adaptive immunity and histopathology in frog virus 3-infected Xenopus. Virology, New York-NY, v. 332, n. 2, p. 667-675, 2005. 47. ROMALDE, J.; LORES, F.; MAGARIÑOS, B.; BARJA, J.; TORANZANO, A. Study of cell surface associated virulence factors of Streptococcus parauberis strains pathogenic for turbot. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 20, n. 6, p. 244-251, 2000.
48. SAMBROOK, J.; FRITCSH, E.; MANIATIS, T. Molecular cloning: A laboratory manual. 2. ed. New York: Cold Spring Harbor Laboratory, 1989. 3v. 3104p. 49. SHELBY, R.; KLESIUS, P.; SHOEMAKER, C.; EVANS, J. Passive and active immunization of tilapia, Oreochromis niloticus (L.), with anti-Streptococcus iniae whole sera. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, p. 1-6, 2002. 50. SHELBY, R.; SHOEMAKER, C.; KLESIUS, P. Detection of Streptococcus iniae infection of Nile Tilapia, Oreochromis niloticus, by a monoclonal antibody-based ELISA. Journal of Applied Aquaculture. Binghamton-NY, v. 12, n. 3, p. 23-31, 2002. 51. SHOMAKER, C.; EVANS, J.; KLESIUS, P. Density and dose: factors affecting mortality of infected tilapia (Oreochromis niloticus). Aquaculture. Amsterdam, v. 188, p. 229-235, 2000. 52. SHOEMAKER, C.; KLESIUS, P.; EVANS, J.. Prevalence of Streptococcus iniae in tilapia, hybrid stripped bass and channel catfich on commercial fish farms within the United States. American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v.62, n. 2, p. 174-177, 2001. 53. SPEARE, R. Summary of formidable infectious diseases of amphibians. In: AMPHIBIAN DISEASE HOME PAGE. Webmaster SPEARE, R. School of Public Health and Tropical Medicine, James Cook University, 2001 Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/formidable.htm. Acesso em: 11 jan.2003. 54. TORANZO, A.; DEVESA, S.; ROMALDE, J.; LAMAS, J.; RIAZA, A.; LEIRO, J.; BARJA, J. Efficay of intraperitoneal and immersion vaccination against Enterococcus sp. infection in turbot. Aquaculture. Amsterdam, v. 134, n. 1, p. 17-27, 1995. 55. WATSON, M. L. Staining of tissue sections for electron microscopy with heavy metals. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 4, p. 75-478, 1958. 56. WENG, S.; WANG, Y.; HE, J.; DENG, M.; LU, L.; GUAN, H.; LIU, Y.; CHAN, S. Outbreaks of na iridovirus in red drum, Scianenops ocellata (L.), cultured in
78
southern China. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, n. 11, p. 681-685, 2002. 57. WOLF, K.; BULLOCK, G.; DUNBAR, C.; QUIMBY, M. Tadpole edema virus: a viscerotropic pathogen for anuran amphibians. Journal of Infectious Diseases, Chicago-IL, v. 118, n. 3, p.253-262,1968. 58. ZHANG, Q.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J.; MAO, J.; CHINCHAR, V. Characterization of an iridovirus from the cultured pig frog Rana grylio with lethal syndrome. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 48, n. 1, p. 27-36, 2001. 59. ZHANG, Q.; ZHE, Z.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J. Molecular characterization of three Rana grylio virus (RGV) isolates and Paralichthys olivaceus lymphocystis disease virus (LCDV-C) in iridoviruses. Aquaculture, Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 1-10, 2006
79
CAPITULO 4 QUADROS INFECCIOSOS EM RÃS DE CRIAÇÃO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) NA FASE PÓS-METAMÓRFICA EM RANÁRIOS COMERCIAIS.
RESUMO
Doenças com alta mortalidade têm sido comuns em todos os ranários. Apesar dos numerosos trabalhos realizados, existe ainda desconhecimento dos agentes etiológicos envolvidos, e principalmente do papel dos vírus. Objetivou-se com o presente trabalho realizar a caracterização dos processos infecciosos em rãs de criação, dando ênfase à participação etiológica dos ranavírus. Um ranário comercial do Estado de Goiás foi utilizado para estudos clínicos e obtenção de amostras para análises complementares que envolveram necropsia, análises histopatológicas, microbiológicas, moleculares e de microscopia eletrônica de transmissão. Foram identificados quatro quadros diferentes, subclínico, super agudo, agudo e crônico. No quadro subclínico os animais não apresentaram sinais clínicos evidentes. Nos casos agudos predominaram sintomas inespecíficos como apatia, edemas e, às vezes, manifestações nervosas. As lesões atingiram diversos órgãos internos, com predominância no fígado, rins e baço. Necrose, degeneração e granulomas, associados à presença de cocos Gram-positivos constituíram os achados de maior significância na histopatologia. No quadro crônico as rãs apresentaram-se debilitadas e com sintomas nervosos evidentes. As lesões neste quadro se assemelharam àquelas do quadro agudo, sendo mais graves e incluindo, em todos os casos, alterações no sistema nervoso central. Os quadros observados foram identificados como septicemias estreptocócicas secundárias. Foi descartado o papel dos vírus na produção dos sinais clínicas e lesões macro e microscópicas encontradas nesta fase da criação. Palavras chave: Aqüicultura, estreptococos, ranicultura, septicemias.
80
ABSTRACT
Disease outbreaks with high mortality have been frequent events in all frog farms. In spite of several papers been published on this issue, there is still a lack of knowledge about etiological agents involved, and mainly the role of virus in adult frog diseases. The goal of this study was a primary characterization of farmed frog diseases, stressing on the determination of an eventual viral etiology. Clinical observations, as well as frog sampling for necropsy, histopathology, microbiology, molecular studies and transmission electron microscopy were performed at a frog farm from Goiás State. Four different syndromes were identified: sub clinical, super-acute, acute and chronic. The sub clinical syndrome showed no evident disease signs. Both acute syndromes showed mainly non-specific symptoms like apathy, edemas and nervous signs. Several internal organs were affected, mostly liver, kidney and spleen. Most common histopathological findings were necrosis, degeneration and granulomas, in association with Gram-positive. On the chronic syndrome frogs were weak, with evident nervous symptoms. Lesions resemble those found at the acute syndrome but with more severe pattern, including, in all cases, central nervous system disorders. The disease was characterized as secondary streptococcal septicemia. No viral role was detected in the disease. Key words: Aquacultre, frog farming, septicemia, streptococci.
81
1 INTRODUÇÃO A pesar de constituir uma das atividades mais novas dentro da
aqüicultura mundial a criação de rãs é uma atividade em expansão em toda a
América do Sul, especialmente no Brasil. A rã touro (Rana catesbeiana Shaw,
1802) foi introduzida ao Brasil em 1935, mas as populações atualmente criadas
foram originadas de 300 casais importados da América do Norte em 1970
(MATHIAS & SCOTT 2004). Em decorrência do clima favorável, e da excelente
adaptação da espécie, assim como da tecnologia desenvolvida pelos produtores e
pesquisadores brasileiros, a ranicultura constitui uma atividade importante no
Brasil, particularmente no Estado de Goiás. Dados referentes à produção obtida
entre os anos 2000 e 2004 indicam que Goiás ocupa o primeiro lugar no “ranking”
nacional com 150 toneladas anuais, das quais 90% destina-se à exportação
(SILVA, 2005).
Com os avanços no conhecimento sobre manejo e alimentação, a
ranicultura transformou-se numa atividade intensiva, com altas densidades de
população e estrita dependência dos alimentos balanceados artificiais fatores que
produzem estresse e conseqüentemente maior suscetibilidade a doenças de
diversas etiologias (ROTTMAN et al., 1992).
Sendo a ranicultura uma atividade nova, a experiência do estudo
científico com as doenças em rãs de criação ainda é incipiente. Diversos
trabalhos nas últimas décadas foram direcionados principalmente para a
identificação dos agentes envolvidos em surtos ou em episódios de mortalidade
maior que a esperada, seja na fase de girino ou adulta (AMBROSKY et al., 1983;
HIPÓLITO et al., 1987; GUIMARAES et al., 1988; HIPÓLITO et al., 1988a, b, c;
HIPÓLITO, 1995; FIORIO et al., 1997; HIPÓLITO, 1997; HIPÓLITO et al., 1997;
HIPÓLITO, 1999; HIPÓLITO, 2002; MAUEL et al., 2002; HIPÓLITO et al., 2003;
PASTERIS et al. 2006). Os diagnósticos concentraram-se exclusivamente na
identificação de agentes parasitários e bacterianos, não sendo realizado
acompanhamento dos surtos, no intuito de estabelecer o papel etiológico dos
agentes detectados e de outros aspectos das doenças que permitam a
elaboração de medidas de prevenção ou controle. Segundo HIPÓLITO (2002), a
82
maioria dos trabalhos consistiram em comunicados efêmeros, não tendo
continuidade no estudo do caso.
As septicemias têm sido reportadas como a causa mais importante de
mortalidade em anfíbios, sendo freqüente o achado de animais mortos sem sinais
prévios (CRAWSHAW, 1994). Porém, existe ainda um certo grau de incerteza em
relação às características desta infecção. Nos estudos e publicações realizados
no período compreendido entre o final do século XIX e o ano 1995, a maioria dos
trabalhos de diagnóstico identificou bactérias como responsáveis pelos surtos.
Estes estudos incluíram uma patologia denominada de “perna vermelha” ou “red
leg”, considerada como um complexo microbiológico ou síndrome sendo apontada
como a doença de maior importância em anfíbios (RUSSEL, 1898; EMERSON &
NORRIS, 1905; KULP & BORDEN, 1942; MILES, 1950; REICHENBACH-KLINKE
& ELKAN, 1965; GIBBS et al., 1966; GLORIOSO et al., 1974; VAN DER WAAIJ et
al., 1974; COSGROVE, 1980; HIRD et al., 1981; NYMAN, 1986; VIZOTTO, 1988).
As pesquisas assinalando a importância da síndrome da perna
vermelha ainda continuam na bibliografia mais recente (SOMSIRI, 1994; MAUEL
et al., 2002; HADFIELD et al., 2005; PASTERIS et al., 2006). Porém,
CUNNINGHAM et al. (1996), têm atribuído às bactérias papel secundário, e
responsabilizado os vírus da família Iridoviridae, gênero Ranavirus como os
verdadeiros agentes etiológicos.
As primeiras suspeitas do envolvimento de vírus pertencentes à
Família Iridoviridae, gênero Ranavirus foram levantadas a partir de observações
em ranários do Uruguai (MAZZONI, 2000a, b; MAZZONI & CARNEVIA, 2000) e
confirmadas pelo trabalho de detecção por reação em cadeia da polimerase
(GALLI et al., 2006). HIPÓLITO et al. (2003) realizaram estudo empregando a
técnica de microscopia eletrônica de transmissão e detectaram partículas virais
semelhantes aos grupos Herpesvírus, Togavírus e Paramixovírus em rãs criadas
comercialmente no Brasil, mas não foram vinculadas a nenhuma doença.
Também não foram detectados no citado estudo, agentes da Família Iridoviridae.
Os vírus das rãs, particularmente aqueles do gênero Ranavirus, têm
sido identificados tanto em doenças de anfíbios na natureza, bem como em
cativeiro (ZUPANOVIC et al., 1998; DASZAK et al., 1999, 2000, 2003; CHINCHAR
& MAO, 2000; DASZAK et al., 2000; HYATT et al., 2000; ZHANG et al., 2001;
83
CHINCHAR, 2002; CULLEN & OWENS, 2002; GREEN et al., 2002; HE et al.,
2002; KIM et al., 2002; MARSH et al., 2002; WENG et al., 2002; DASZAK et al.,
2003; GANTRESS et al., 2003; JANCOVICH et al., 2003; GREER et al. 2005.
ROBERT et al., 2005; ZHANG et al., 2006). Porém existem dúvidas em relação a
patogenicidade destes agentes em rãs adultas da espécie Rana catesbeiana, pois
foram detectados tanto em anfíbios sadios como em doentes (WOLF et al., 1968)
além de ter sido detectados em outras espécies de anfíbios (ZUPANOVIC et al.,
1998; ZHANG et al., 2001; GANTRESS et al., 2003, GREER et al. 2006).
Fato semelhante está ocorrendo com uma doença emergente
produzida pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis que tem sido implicada com
muita freqüência em surtos de mortalidade e redução de populações ao redor do
mundo (BERGER et al., 1998, 1999; DASZAK et al., 1999; LONGCORE et al.,
1999; SPEARE & BERGER, 2000; MAZZONI, 2000a, b; BERGER et al., 2002;
GUAYASAMIN et al., 2002; MAZZONI et al., 2003; SPEARE, 2003;
HANSELMANN et al., 2004; BLAUSTEIN & DOBSON, 2006). O fungo tem sido
identificado na América do Sul, Equador (BERGER et al., 1999; RON & MERINO,
2000), Venezuela, (GUAYASAMIN et al., 2002; BONACCORSO et al., 2003;
HANSELMAN et al., 2004), Uruguai (MAZZONI, 2000a, b; MAZZONI et al., 2003),
Argentina (HERRERA et al., 2005) e Brasil (CARNAVAL et al., 2006). Apenas no
Uruguai, o diagnóstico foi realizado em rãs de criação da mesma espécie
cultivada no Brasil. Esse fato reveste-se de grande interesse pois existe a
possibilidade do aparecimento da doença nas rãs brasileiras.
Outros fungos pertencentes ao clado Mesomycetozoa tem sido também
implicados em doenças de anfíbios na natureza (GREEN et al., 2002).
As dificuldades e a escassez de diagnósticos etiológicos, o achado de
várias espécies bacterianas em forma conjunta, geralmente todas elas
pertencentes à flora normal, o desconhecimento do papel dos vírus, os quadros
clínicos inespecíficos e como conseqüência, a falta de conhecimento acerca de
medidas profiláticas e terapêuticas apropriadas, levaram à realização do presente
trabalho.
Considerando a importância adquirida pelos vírus do gênero Ranavirus
como agentes etiológicos de doenças em anfíbios, peixes e répteis, propôs-se o
presente trabalho com o objetivo de realizar a caracterização dos processos
84
infecciosos em rãs de criação, dando ênfase à participação etiológica dos
ranavírus. Para tanto, foram realizadas pesquisas dos agentes etiológicos, a
epizootiologia das doenças, a sintomatologia clínica, a anatomia patológica
macroscópica, a histopatologia, a bacteriologia convencional, e a virologia, sendo
esta por meio do emprego de técnicas moleculares, cultura de células e a
microscopia eletrônica de transmissão.
85
2 MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo se refere a surtos de uma doença ocorridos durante
quatro anos consecutivos, de 2002 até 2005. Apesar da doença ter sido reportada
em quase todos os ranários do Brasil, a descrição aqui apresentada baseou-se
fundamentalmente nas observações realizadas em um ranário localizado no
Município de Hidrolândia, Estado de Goiás. Aloja constantemente um milhão de
girinos e 400.000 rãs. As rãs, logo após a metamorfose, foram confinadas em
baias de concreto de seis m2 localizadas em galpões fechados. Quando
alcançaram aproximadamente 50 g foram transferidas para novas baias de 12 m2.
Todas as baias possuíam uma piscina de cinco cm de profundidade que ocupava
20% da superfície total. A água foi obtida a partir de uma represa de 20 hectares
alimentada por várias nascentes. A represa possuía uma variada população de
peixes, bem como répteis, outras espécies de anfíbios e aves.
As rãs foram alimentadas duas vezes por dia com ração artificial
extrusada contendo 45% de proteína bruta. Somente as rãs após a metamorfose
receberam como complemento 5% de larvas de mosca doméstica, produzida no
próprio ranário, por um período de 21 dias para estimular o consumo da ração.
Outras práticas de manejo incluíram a eliminação diária do alimento
úmido não consumido e dos animais mortos. A água das piscinas era
constantemente renovada, e drenada completamente uma vez ao dia, juntamente
com os sedimentos das fezes. A baia inteira era lavada pelo menos duas vezes
na semana. Periodicamente as rãs eram submetidas a um processo de triagem
para manter os tamanhos uniformes e reduzir o canibalismo. A densidade foi
mantida na faixa de 150 rãs por m2 durante a fase inicial, até diminuir para 40 por
m2 na etapa de terminação. Toda vez que uma baia era esvaziada, a água era
drenada e realizava-se uma limpeza e desinfecção final com cloro.
2.1 Amostragem das rãs Os animais doentes utilizados no presente estudo originaram de um
ranário localizado no Município de Hidrolândia. O grupo controle foi constituído
por rãs sem sintomas aparentes oriundas de ranários localizados nos Estados do
86
Pará, Goiás, Maranhão e Mato Grosso. Um total de 1155 rãs doentes e 75 sadias
foram utilizadas no presente estudo.
Os exemplares machos e fêmeas foram distribuídos em três categorias
de 410 anfíbios cada: 1) Rãs pós-metamorfose; 2) Rãs jovens, de 20 até 80 g; e
3) Rãs adultas. Foram selecionadas preferencialmente rãs nos estágios iniciais do
processo infeccioso, à exceção das rãs que apresentaram quadro crônico.
Animais mortos não foram utilizados para evitar erros induzidos pelas alterações
pós-mortem, principalmente em relação aos resultados das análises
microbiológicas, segundo recomendações do NACE (1974).
As rãs foram sacrificadas mediante o emprego de clorofórmio
(SPEARE, 1989) ou insensibilizadas por concussão craniana e sacrificadas por
meio de corte da medula cervical (AVMA, 1993).
2.2 Microbiologia Uma vez sacrificados os exemplares foram submersos em solução de
ácido peracético a 0,2%. Após abertura da pele e da cavidade celômica, fígado,
rins, baço, pulmões, coração e cérebro foram extraídos assepticamente. As
amostras foram processadas imediatamente no laboratório de bacteriologia do
Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Goiás, sendo inoculadas em caldos BHI (Brain Heart Infussion Broth),
Casoy (Tripticase Soy Broth), Glicose Azide e Selenito-Cistina, segundo os
métodos rotineiros (BRASIL, 2003). Todas as amostras foram incubadas a 30°C
por 24-72 h. O período de 72 horas deveu-se ao crescimento lento de alguns
estreptococos, e procurou-se de esta forma propiciar um tempo suficiente para o
desenvolvimento, evitando a ocorrência de falsos negativos. Assim que foi
observado crescimento bacteriano foram semeadas alíquotas em placas de ágar
sangue contendo 5% de sangue desfibrinado de carneiro, e incubadas a 30°C,
determinando-se as características hemolíticas e morfologia das colônias-UFC.
As UFC isoladas, com diferente morfologia, foram selecionadas para coloração de
Gram, observação em microscópio de contraste de fase, e identificação mediante
provas bioquímicas complementares. Os cocos Gram-positivos foram estudados
mediante provas bioquímicas complementares. As UFC identificadas
primariamente pela bioquímica como estreptococos, foram enviadas para
87
determinação da espécie ao Aquatic Animal Health Research Laboratory em
Auburn - Alabama, nos Estados Unidos. As culturas foram processadas pelo
método de Identificação de ácidos graxos da membrana, FAME (Fatty Acid Methyl
Ester).
Os bastonetes Gram-negativos foram incubados em placas de ágar
McConkey e as UFC selecionadas inoculadas em tubos de TSI (Triple Sugar Iron
Agar) para finalmente serem submetidas à bateria de testes bioquímicos para
identificação da espécie (BRASIL, 2003).
Amostras de água e da ração foram analisadas periodicamente por
técnicas microbiológicas convencionais para determinação de contaminação fecal
(BRASIL, 2003) e presença de cocos Gram-positivos como descrito
anteriormente.
2.3 Histopatologia Fragmentos de fígado, rins, baço, estomago, pulmões, coração e
cérebro foram extraídos e preservados em formol tamponado a 10% (vol-vol) e
processados segundo a rotina de estudos de histopatologia no laboratório de
Histopatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás,
utilizando as técnicas propostas por LUNA (1968). Os blocos parafinados foram
secionados em cortes de 4-5 µ e corados com hematoxilina-eosina (H&E) para as
avaliações primárias das lesões. Adicionalmente, os cortes selecionados foram
também corados pelo método de Gram para visualização de bactérias em geral,
pelo método de Fite para detecção de micobacterias e coloração de PAS para
visualização de fungos.
2.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Fragmentos de fígado, rim, baço e músculo foram preservados em
etanol a 95% ou congelados a -20°C até processamento no laboratório de
Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária
da Universidade Federal de Goiás. A extração do DNA foi realizada a partir de
porções de 50 mg utilizando o método do fenol/clorofórmio (SAMBROOK et al.,
1989). Foram utilizados iniciadores direcionados a regiões conservadas no
genoma dos iridovírus (Quadro 1). Para o gene que codifica a proteína imediata
88
precoce (IE) ICP-18 utilizaram-se iniciadores propostos por GALLI et al. (2006), e
para o gene que codifica a proteína MCP foram utilizados iniciadores localizados
nas extremidades 5´e 3´ da seqüência de FV3 (TAN et al., 2004) sendo que o
iniciador “forward” é original do presente trabalho e o “reverse” já utilizado por
HYATT et al. (2000) segundo é apresentado no Quadro 1.
QUADRO 1 – Iniciadores utilizados para amplificação parcial do genoma de ranavirus, “bp” indica o comprimento do amplicon. Nome Forward Reverse Produto
(bp)
MCP
ATGTCTTCTGTAACTGGTTCA
AAAGACCCGTTTTGCAGCAAAC (1)
1483
IE
ATGATCCAAGCCTACCTGTGC (2)
AAATGTCCTAATCTATACACC (2)
479
(2) HYATT et al. (2000); (2) GALLI et al. (2006).
O mix utilizado para a amplificação com os diferentes iniciadores
constituía-se de 2,5 µL 10x tampão de PCR [Tris-HCl 20 mM (pH 8.4), KCl 50
mM], dNTP 200 µM, 2,5 mM MgCl2, 2.5 µM de cada iniciador, 1 U de Taq DNA
Polymerase, 5 µL de DNA template e água MilliQ até completar 50 µL para cada
reação. Os produtos de amplificação foram submetidos a corrida em gel de
agarose a 1%, corados com brometo de etídeo 0.5 µg/mL e visualizados em
transiluminador de luz UV.
Foram também utilizados iniciadores direcionados à identificação da
bactéria Streptococcus iniae aplicando a metodologia de PCR proposta por
BERRIDGE et al. (1998). Os cocos Gram-positivos, independentemente do
gênero foram purificados, sendo o DNA extraído pela metodologia do
fenol/clorofórmio (SAMBROOK et al., 1989).
89
2.5 Microscopia eletrônica de transmissão As amostras foram processadas no laboratório de Microscopia
Eletrônica do Instituto Biológico de São Paulo. O material analisado foi
selecionado a partir de lesões identificadas nas lâminas da histopatologia. Uma
vez delimitada a região suspeita, a mesma foi localizada no bloco parafinado e
realizado corte de aproximadamente 1 mm de diâmetro. O fragmento extraído foi
desparafinado, reidratado e finalmente processado pela técnica de inclusão em
resina, seguida de contrastação positiva de cortes ultrafinos de acordo com os
procedimentos usuais de inclusão em resina, baseando-se nos métodos de LUFT,
(1961) e GONZALES-SANTANDER, (1969). Quando utilizamos esta técnica, os
fragmentos de órgãos são fixados em glutaraldeído a 2,5% em tampão fosfato
0,1M e pH 7,0, pós-fixados em tetróxido de ósmio a 2% em tampão fosfato 0,2M,
pH 7,0, corados por acetato de uranila a 0,5%, desidratados em série cetônica
crescente (50 a 100%) e incluídos em resina Spurr. Após ultra seccionamento dos
blocos, os cortes ultrafinos obtidos foram corados positivamente pelo tratamento
seqüencial de acetato de uranila (WATSON, 1958) e citrato de chumbo
(REINOLDS, 1963), antes de serem observados ao microscópio eletrônico de
transmissão Philips EM 208.
2.6 Proteínas séricas totais
Visando avaliação primária das funções hepática e renal foi realizado
um estudo eletroforético das proteínas totais no soro das rãs, comparando 30
exemplares para cada um dos quadros clínicos observados: rãs sadias, rãs na
fase aguda dos sintomas e rãs na fase crônica. O sangue foi coletado diretamente
do coração, deixando-o coagular a temperatura ambiente dentro da seringa. As
seringas foram acondicionadas em caixa de material isotérmico contendo gelo e
transportadas ao laboratório. Extraiu-se o soro e centrifugou-se a 5000 rpm por 15
minutos. O sobrenadante foi retirado e congelado a – 20°C até o uso. Fez-se a
eletroforese em SDS-PAGE, pelo método de LAEMILLI (1970).
2.7 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis A pele das rãs foi amostrada realizando-se raspagens nas regiões
ventrais do abdômen e dos membros posteriores com bisturi esterilizado. O
90
material obtido foi colocado sobre uma lâmina de vidro, corado com uma mistura
de KOH 10% e azul de algodão em proporções de 50:50 (vol-vol) e coberto por
lamínula para observação em microscópio óptico, segundo descrição de
MAZZONI et al. (2003).
2.8 Reprodução da Doença No intuito de comprovar a patogenicidade primária dos agentes
isolados, culturas puras obtidas dos animais doentes foram inoculadas em rãs
aparentemente sadias. UFC com, no máximo dois repiques no laboratório foram
diluídas segundo a escala de Mac Farland em concentrações crescentes de 103
até 1010 UFC por mL e inoculadas nas rãs por via intra peritoneal. Nove grupos de
30 rãs sadias, de igual peso e idade, foram colocados em baias separadas para
cada teste realizado. Oito grupos receberam cada um deles um inoculo de 1.0 mL
da concentração correspondente de bactérias, e o nono grupo 1.0 mL de solução
salina tamponada (PBS). O mesmo procedimento foi realizado utilizando uma
mistura de todas as bactérias isoladas, testando-se desta forma a possibilidade
de uma ação conjunta dos agentes envolvidos.
Macerados de órgãos obtidos de rãs com sintomatologia aguda foram
também aplicados pela via intraperitoneal nos exemplares do experimento
visando observar os resultados da aplicação conjunta dos diversos agentes
envolvidos. Os testes foram realizados a partir de fígado, rins e cérebro. Os
tecidos foram macerados, diluídos em PBS e 1 mL do sobrenadante foi inoculado
em cada rã. Nesse caso, grupos de 10 animais sadios foram utilizados, bem como
um grupo controle inoculado com PBS.
91
3 RESULTADOS Observou-se a existência de quatro diferentes formas de
apresentação do processo infeccioso. A primeira, inaparente ou subclínica, onde
os sinais clínicos não são evidentes, mas em nível microscópico foram detectadas
lesões moderadas acompanhadas da presença de cocos Gram-positivos. A
segunda, super aguda, que lembra a síndrome de choque tóxico ou choque
séptico. A terceira, aguda, com sintomatologia inespecífica, decorrente de lesões
de tipo necrótico-degenerativas, associadas a presença de cocos Gram-positivos
e septicemia. A quarta, crônica, onde os animais apresentaram-se caquécticos e
predominaram os sinais nervosos.
Não foram observadas diferenças entre as três categorias de rãs
que justificasse a descrição em separado do processo infeccioso. Nesse contexto,
são apresentados os resultados relevantes obtidos para cada uma das quatro
formas de apresentação da infecção.
3.1 Epizootiología A enfermidade pode aparecer repentinamente na forma aguda
espalhando-se pelo criatório inteiro ou permanecer na forma latente, com baixa
morbidade e mortalidade, podendo aumentar a severidade ao longo do ano.
Merece destaque o fato de que durante o período mais frio a morbidade e a
mortalidade foram menores, mas quando a temperatura voltou a subir, a doença
recrudesceu. A doença acometeu rãs em todas as fases, desde a pós-
metamorfose até animais no ponto de abate. Observou-se que as rãs afetadas
geralmente apresentavam boas condições de desenvolvimento.
3.2 Sinais Clínicos Os sinais clínicos de doença septicêmica em rãs de criação podem ser
considerados pouco específicos e evidenciam-se pouco tempo antes da morte.
Porém, existe reduzido número de rãs que consegue sobreviver, mas permanece
com sintomas crônicos de tipo neurológico. Foram caracterizadas três formas
clínicas diferentes.
92
3.2.1 Forma sub-clínica ou inaparente
Os animais permaneceram sem sinais aparentes da doença e com
comportamento normal (Figura 1A) até os momentos que antecederam a morte.
Um percentual variável de rãs não evidenciou sinais da doença alcançando a fase
de abate ou tornando-se reprodutor.
3.2.2 Forma aguda
Nas baias afetadas observou-se um padrão definido de rãs com
sintomas da doença e animais mortos. Não foram evidenciados sinais prévios que
pudessem indicar que uma determinada rã estivesse doente.
Os sinais clínicos incluíram: modificações da postura normal,
depressão, diminuição da reação aos estímulos externos (Figura 1B), edemas,
ascite, bem como pulmões insuflados que assemelham ao aspecto de balão,
responsáveis pelo aumento da pressão interna que pode provocar prolapso retal
(Figura 1C), sintomas nervosos de incordenação, natação errática e diversos
graus de curvatura da coluna vertebral o que leva ao desvio da cabeça para um
dos lados (Figura 1D).
Em alguns casos, a alta mortalidade dizimou, em curto período de
tempo, 90% das rãs. Nas rãs que morreram observou-se perda de movimentos,
postura de cabeça baixa, seguida por estado tipo comatoso, ou convulsivo e
quadro tetânico caracterizado pelos membros estendidos. Eventualmente
observou-se vômito sanguinolento no momento da morte acompanhado de um
som forte e agudo. Não foram observadas hemorragias na pele nem ulcerações.
Quando as rãs foram colhidas imediatamente após a morte, não se observou
nenhuma coloração vermelha na pele. Evidenciou-se a característica aguda ou
super aguda do aparecimento dos sinais e, conseqüentemente, o óbito dos
animais que podia acontecer em um curto período de tempo. Notou-se à
necropsia que as rãs se alimentavam até o aparecimento dos sinais clínicos. O
quadro fatal assemelhou-se às descrições realizadas para o choque séptico em
outras espécies animais incluindo o homem.
93
3.2.3 Forma crônica
Entre 0,1 a 0,5% da população desenvolveu um quadro crônico
caracterizado clinicamente pelas seqüelas nervosas. Foram achados comuns
nestes animais a falta de coordenação, posturas anormais como lordose e
diversos graus de escoliose levando ao desvio da cabeça para um dos lados
indistintamente. Alguns deles tinham dificuldades para manterem-se na posição
normal, nadar ou pular. Algumas rãs, apesar dos sintomas assinalados
conseguiam se alimentar e continuavam crescendo lentamente. Poucas
recuperavam a condição normal sem algum tipo de tratamento.
A B
C D
FIGURA - 1 (A) Rã sadia em posição normal. (B) Rã com sintomas iniciais da doença. Posição anormal do corpo com a cabeça voltada para baixo, apatia e falta de reação aos estímulos externos. (C) Rã com sintomatologia aguda, pulmões insuflados, com aumento da pressão interna e prolapso retal. (D) Rã com sintomas nervosos de incordenação e postura anormal com nado errático.
94
3.3 Achados de necropsia
3.3.1 Rãs sadias
Diversos graus de alteração hepática foram observados,
principalmente aumento de tamanho associado a colorações anormais, sendo as
mais comuns as amareladas ou em noz-moscada.
3.3.2 Rãs sem sintomas, forma sub-clínica ou inaparente
Os animais sem sintomas aparentes exibiam diversos graus de lesão
tissular, independentemente da idade, incluindo rãs recentemente
metamorfoseadas. Macroscopicamente, os órgãos mais afetados na observação
foram fígado, rins e baço. O fígado mostrou diversos graus de pigmentação
anormal, desde colorações pardo escuras a quase preto, bem como tons
acinzentados ou amarelados. O baço mostrou-se aumentado de tamanho e às
vezes de cor pardo-escura. Os rins apresentaram-se congestos ou hemorrágicos.
3.3.3 Forma aguda
Nas rãs doentes observou-se diversos graus de lesão nos órgãos internos,
mas sem um padrão definido. As alterações mais freqüentes foram o aumento do
tamanho do fígado além de coloração anormal, geralmente acinzentada ou
amarelada, baço com aumento de tamanho e coloração pardo-escura, e rins
hemorrágicos. Às vezes, pequenos nódulos esbranquiçados foram observados na
superfície do fígado e baço e coração. Algumas rãs tinham os pulmões insuflados,
cheios de ar, o que proporcionava ao corpo o aspecto de balão, levando ao
aumento da pressão interna e ao prolapso retal. À necropsia, observaram-se
algumas rãs com pulmões fortemente hemorrágicos e grau variável de ascite com
exsudato sero-hemorrágico. A maioria dos animais apresentou o tubo digestivo
contendo alimento, incluindo o estomago e o duodeno. O corpo adiposo
apresentava características normais.
95
3.3.4 Forma crônica
Esta foi a única fase da doença na qual as rãs apresentaram perda de
peso de moderada a intensa. O fígado mostrou-se às vezes pálido ou muito
escuro, o baço exibia aumento de volume e os rins apresentavam-se
hemorrágicos. Os corpos adiposos exibiam menor tamanho que aqueles das rãs
sadias e das rãs com síndrome aguda.
3.4 Histopatologia
3.4.1 Forma subclínica ou inaparente
Rãs sem sinais aparentes da doença revelaram diversos graus de
lesão nos estudos histológicos, independentemente da idade. Os principais
órgãos afetados foram o rim e o fígado. Enquanto o fígado mostrou diversos
graus de esteatose e uma quantidade variável de granulomas em suas fases
iniciais (Figura 2), os rins apresentaram infiltração mononuclear abundante e
alguns túbulos esclerosados. A coloração de Gram aplicada aos cortes revelou a
presença de cocos Gram-positivos (Figura 2).
3.4.2 Forma aguda
Um quadro de lesões septicêmicas foi constatado na maioria das rãs
estudadas. Fígado, rins, baço, coração, pulmões e cérebro foram afetados em
grau variável de severidade. Uma resposta inflamatória focal múltipla e
granulomas bacterianos foram observados distribuídos no parênquima dos
diversos órgãos e nas serosas das vísceras. Áreas de necrose associadas à
presença de macrófagos e uma grande infiltração linfocitária foram identificadas
na maioria dos tecidos (Figura 3). O número de focos de melanomacrófagos
distribuídos no fígado foi muito reduzido e, às vezes, ausente por completo.
Macrófagos, contendo em seu interior cocos fagocitados, constituiu um achado
comum no parênquima do fígado, e notou-se forte relação entre esta resposta e o
aparecimento dos granulomas. Estes mostraram regiões necróticas rodeadas por
macrófagos e fibroblastos (Figura 3). A esteatose hepatocitária com perda da
estrutura normal do tecido associada a necrose foi outro achado comum. As
96
lesões hepáticas foram de maior gravidade na região centrolobular do que na
região periportal.
Os rins sempre foram muito afetados, apresentaram infiltração
mononuclear, necrose glomerular e tubular, congestão e granulomas. Foram
observados glomérulos com espessamento da membrana basal,
desaparecimento das alças, retração, atrofia e esclerose. Foi possível observar o
depósito de material hialino nos glomérulos e abundantes cilindros hialinos nos
túbulos (Figura 3). O tipo de lesão pôde ser qualificada como glomerulonefrite
membranoproliferativa evoluindo para esclerose e insuficiência renal com
síndrome nefrótica. Todas as rãs estudadas apresentaram mineralização tubular
multifocal. Estomago e intestino não apresentaram lesões.
A maioria das rãs estudadas mostrou grau variável de congestão no
epicárdio com hemorragias e infiltração de macrófagos mononucleares e linfócitos
(Figura 3). Em alguns corações estudados observaram-se granulomas com o
mesmo padrão histológico já assinalado. O baço apresentou grau variável de
congestão, hiperplasia linfocítica inespecífica, granulomas e necrose (Figura 3).
Os pulmões revelaram diversos graus de infiltração mononuclear, congestão e
hemorragias.
O estudo dos cortes histológicos corados pelo Gram revelou a
presença de cocos Gram-positivos, em grau variável, associados às lesões
observadas na coloração H&E (Figura 3). As colorações de PAS e Fite foram
negativas para a presença de fungos e micobacterias, respectivamente. Também
não foram identificados nos tecidos estudados corpúsculos de inclusão viral.
97
A B
C
DC
FIGURA 2 – (A) Fígado de rã sem sintomas, com alteração da estrutura trabecular e infiltração focal (setas) formada por leucócitos mononucleares. Estes aglomerados constituem a fase inicial dos granulomas. H&E 200x. (B) Corte de rim de rã sadia. Coloração de Gram. São observados cocos gram-positivos colonizando a região dos túbulos proximais, 1000x. (C) Fígado com degeneração gordurosa, predominantemente na região centro lobular. H&E, 100x. (D) Rim de rã sem sintomas apresentando forte infiltrado mononuclear e zonas de necrose. H&E, 200x.
98
A B
C D
DC
B
B
C D
E F
FIGURA 3 – (A) Fígado de rã na fase aguda da doença mostrando abundante necrose e degeneração dos hepatócitos. Nota-se forte infiltração inflamatória predominantemente por mononucleares e formação de um granuloma (seta). H&E 400x. (B) Rim de rã na fase aguda com necrose e degeneração glomerular (setas), e infiltrado mononuclear. Observa-se material hialino nos túbulos proximais. H&E 100x.) (C) Glomérulode rã com sinais agudas, notam-se abundantes cocos Gram-positivos (setas). Coloração de Gram, 1000x. (D) Coração de rã na fase aguda mostrando epicardio com forte infiltrado mononuclear e formação de granuloma (seta). H&E 400x. (E) Baço de rã na fase aguda com áreas de necrose e formação de granulomas (seta), H&E, 200x. (F) Infiltrado inflamatório mononuclear e hemorragia nas meninges de rãs na fase crônica com sintomas nervosos. H&E, 200x.
99
3.4.3 Forma crônica
Os achados histopatológicos nestas rãs lembraram aqueles descritos
para o quadro agudo, mas com maior gravidade. Em particular o estudo do
sistema nervoso central mostrou diversos graus de infiltração mononuclear nas
meninges com formação de granulomas (Figura 3). O encéfalo foi também
afetado em algumas rãs, apresentando o mesmo infiltrado inflamatório e formação
de granulomas. Na coloração de Gram realizada nas secções de tecidos,
evidenciou-se a presença de cocos Gram-positivos. As colorações de PAS e Fite
foram negativas.
3.5 Microbiologia
Verificou-se que 90% das rãs estudadas foram positivas para cocos
Gram-positivos; 50% para Edwarsiella tarda e Escherichia coli.; 40% para
Citrobacter spp.; 25% para Pseudomonas spp. e Proteus spp; e menos de 10%
para Aeromonas hydrophyla, sempre associada a outros microorganismos. Dentre
os cocos, foram isolados principalmente Streptococcus uberis, S. agalactie, S.
faecalis, S. dysgalactiae e Enterococcus spp.
A análise das amostras de ração e da água de abastecimento do
ranário não revelaram contaminação por Streptococcus. As condições
microbiológicas da água eram compatíveis com os valores aceitados para o uso
em aqüicultura.
3.6 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Nas rãs estudadas, a pesquisa de ranavirus e S. iniae foi sempre
negativa.
3.7 Microscopia eletrônica de transmissão Não foram encontradas inclusões típicas de vírus e nem a presença de
partículas virais, nas amostras estudadas.
3.8 SDS page das proteínas séricas totais Estudos de eletroforese de proteínas sanguíneas revelaram grande
depleção nos animais doentes quando comparados com aqueles sadios. O valor
100
médio encontrado para rãs sadias foi de 2,56 g/dL, para rãs na fase aguda da
doença foi de 0,725 g/dL, e 1,24 g/dL para animais na fase crônica.
3.9 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis
Os resultados da pesquisa para fungos produtores da chytridiomicose
foram negativos em todos os casos estudados.
3.10 Reprodução da doença Não foi possível realizar a reprodução da doença em animais sadios
com nenhuma das doses utilizadas, seja de bactérias puras ou em cultura mista.
Também não foi possível reproduzir a doença injetando macerados de órgãos de
rãs doentes com sintomatologia aguda.
101
4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os resultados obtidos confirmaram que nos ranários comerciais de
Goiás existe uma doença severa, com alta morbidade e mortalidade que
acarretam significativos danos econômicos. Epizootiologicamente há maior
prevalência nas épocas de temperaturas mais elevadas, sendo acometidas rãs
em todas as fases do ciclo produtivo, principalmente animais em bom estado
geral.
A sintomatologia foi inespecífica, cursando de forma subclínica,
super aguda, aguda ou crônica. No quadro subclínico, os animais não
apresentaram sintomas evidentes. Nos casos agudos, as rãs morriam
rapidamente sem evidenciar sinais prévios ou se apresentaram letárgicas,
ascíticas ou edematosas. Às vezes também eram evidentes sintomas nervosos.
Um quadro específico super agudo e fatal assemelhou-se às descrições
realizadas para o choque séptico em outras espécies animais incluindo o homem.
(SALLES et al., 1999; MULLER-ALOUF et al., 2001).Algumas rãs evoluiram para
quadro nervoso de caráter crônico caracterizado por lesões severas
disseminadas, acometendo inclusive o sistema nervoso central, as quais eram
responsáveis pela sintomatologia apresentada, ficando os animais debilitados e
caquéticos. À necropsia e histopatologia, notava-se que as lesões predominaram
no fígado e nos rins. O quadro inicial é de tipo necrótico-degenerativo, evoluindo
para infiltrações por linfócitos mononucleares e formação de granulomas. Estas
lesões apresentam-se associadas à presença de bactérias, principalmente cocos
Gram-positivos. Surtos de doenças com alta mortalidade têm sido comuns em todos
os ranários. A presença de cocos Gram-positivos atuando isoladamente ou
combinados com outras bactérias, tem sido observada em doenças septicêmicas
nas rãs de criação e anfíbios na natureza.
GLORIOSO et al. (1974) obtiveram resultados semelhantes aos do
presente trabalho ao analisarem bacteriologicamente amostras de rãs touro nos
Estados Unidos. Os autores assinalaram que nessas rãs foram isoladas de cada
indivíduo entre duas e oito espécies diferentes de bactérias, não existindo padrão
definido nessas combinações. Também não foi isolado microrganismo em cultura
102
pura. Fungos e vírus não foram isolados. Verifica-se, portanto, que existe
concordância entre estes achados e os resultados do presente trabalho.
AMBROSKY et al. (1983) descreveram um surto de mortalidade em rãs
de criação, por Streptococcus spp beta hemolíticos em R. catesbeiana do Estado
de Pará, com epizootiologia e sintomas clínicos coincidentes com as observações
deste trabalho. As principais lesões reportadas pelos autores foram a presença
de septicemia, hepatite e esplenite necrotizante com hemorragias em ambos
órgãos. Os autores também isolaram a bactéria do baço de rãs sadias,
confirmando a hipótese de que os germes podem coabitar órgãos do animal sem
produzir sinais evidentes de doença. A pesquisa de agentes virais também
revelou resultados negativos. Os autores relacionaram o surto a fatores de
estresse e densidade elevada que, associados às bactérias, determinaram a
morte das rãs.
GUIMARAES et al. (1988) relataram quadros de infecções produzidas
em R. catesbeiana dos Estados de Goiás e Pará, nos quais a mortalidade atingiu
80% da população em epizootias semelhantes aquelas do presente estudo.
Foram isoladas diversas bactérias, incluindo Edwarsiella tarda, Proteus vulgaris,
Staphylococcus epidermidis e Streptococcus spp, a partir de amostras de fígado,
baço, rins, líquido peritoneal e ovários, com os estreptococos apresentando maior
freqüência. Os autores atribuíram o quadro ao estresse produzido por diversos
fatores combinados, mas não determinaram a natureza ou origem da citada
epizootia.
HIPÓLITO et al. (1988, 1997) isolaram Streptococcus spp do sistema
nervoso central em R. catesbeiana e descreveram lesões neurológicas.
HIPÓLITO (1995, 1997, 1999) cita os estreptococos entre os agentes causais de
mortalidade em rãs de cativeiro. FIORIO et al. (1997) relacionaram bactérias do
gênero Streptococcus com mortalidade de rã touro associada a soluções de
continuidade na pele. MAZZONI (2000a, b) incriminou os Streptococcus spp
isolados de R. catesbeiana de ranários comerciais do Uruguai como responsáveis
pelos sinais nervosos e edemas.
MAUEL et al (2002) estudaram um surto com semelhantes
características em R. catesbeiana de ranário do Estado da Geórgia nos Estados
Unidos e identificaram os seguintes microrganismos: A. hydrophila,
103
Chryseobacterium meningosepticum, Chryseobacterium indolgenes, Edwarsiella
tarda, Citrobacter freundii, Pseudomonas spp., e Streptococcus iniae. PASTERIS
et al. (2006), estudando doenças em rãs de criação (R. catesbeiana) da
Argentina, relataram a presença de Proteus vulgaris, Enterococcus faecalis, E.
faecium, Staphylococcus aureus, e leveduras. Sendo que nestes estudos, os
autores não realizaram a pesquisa de ranavírus ou chytrídeos, porém, a
identificação simultânea de diversos microrganismos são concordantes com as
observações da nossa pesquisa.
Todos os autores (AMBROSKY et al., 1983; GUIMARAES et al., 1988;
HIPÓLITO et al., 1988; HIPÓLITO, 1995; FIORIO et al., 1997; HIPÓLITO, 1997;
HIPÓLITO et al., 1997, 1999; MAZZONI, 2000a, b; MAUEL et al., 2002;
PASTERIS et al., 2006), foram unânimes em indicar os estreptococos como
agentes envolvidos em processos infecciosos, corroborando com os resultados
obtidos neste estudo. A análise desses achados sugere maior suscetibilidade das
rãs para estes microrganismos, que por sua vez, são habitantes naturais do
ambiente.
Os estreptococos têm sido incriminados freqüentemente como
produtores de doenças em organismos aquáticos. O quadro de lesão
estreptocócica descrita no presente trabalho coincide com aquele observado em
criações de diversas espécies (ELDAR et al., 1994, 1995; TORANZO et al., 1995;
CHANG & PLUMB, 1996; ELDAR & GHITTINO, 1999; EVANS et al., 2000;
KLESIUS et al., 2000; ROMALDE et al., 2000; SHOEMAKER et al., 2000, 2001;
CHANG et al., 2002; COLORN et al., 2002; SHELBY et al., 2002a, b;
DUREMDEZ, 2004; KVITT & COLORN, 2004).
BERCOVIER et al. (1997) e ELDAR et al., (1997) descreveram a
infecção estreptocócica como uma entidade mórbida produzida por bactérias dos
gêneros Streptococcus, Lactococcus, Enterococcus e Vagococcus. Sugeriram
que a estreptococose nos peixes deve ser considerada como um complexo de
doenças semelhantes produzidas por diferentes gêneros e espécies de cocos
Gram-positivos, que originam uma síndrome particular. Segundo aqueles autores,
nas estreptococoses dos peixes, as medidas terapêuticas tradicionais são
geralmente ineficazes, pois a ação dos antibióticos é de curta duração, sendo
necessária à repetição dos tratamentos. BERCOVIER et al. (1997); ELDAR et al.
104
(1997); KLESIUS et al. (2000); SHELBY et al. (2002a) estabeleceram que as
vacinas autógenas constituem a única medida aplicada com sucesso. Estas
observações coincidem com os resultados obtidos na aplicação de medidas
terapêuticas pelos ranicultores durante o curso da doença. Assim, a
administração de antibiótico do grupo das penicilinas foi acompanhada da
diminuição imediata nos índices de morbidade e mortalidade, mas uma semana
após a suspensão da medicação, a enfermidade retomou os níveis iniciais.
Apesar das semelhanças entre a estreptococose dos peixes e a
doença em rãs, torna-se importante assinalar que nos anfíbios não foi possível
reproduzir os sintomas da enfermidade por meio da inoculação das bactérias
isoladas, bem como o uso de vacinas não mostrou eficiência na prevenção ou
controle da doença (dados não apresentados).
Não foi possível, nas condições deste estudo, determinar a causa
primária que antecede a invasão dos tecidos pelos estreptococos. A ação dos
ranavírus nas etapas iniciais dos girinos (MAZZONI et al., dados não publicados)
pode ter sido fator desencadeante, atuando isoladamente ou associado a fatores
ambientais relacionados ao manejo e, principalmente, a uma alimentação não
balanceada. Tem sido discutido entre os ranicultores e técnicos envolvidos na
pesquisa do setor, a qualidade das rações oferecidas às rãs. O elevado conteúdo
em carboidratos e proteínas nestes alimentos pode, sem dúvidas, constituir-se na
origem de alterações que levam à degeneração gordurosa do fígado,
impedimento ou diminuição de suas funções metabólicas, e sobrecarga dos rins
que acabam sendo lesados (CARNEVIA & MAZZONI, 1988; HIPÓLITO, 2001). As
causas da degeneração gordurosa hepática citadas na bibliografia referem tanto a
excessos de gordura no alimento como a carências dos aminoácidos colina e
metionina na alimentação (KING & ALROY, 2000). A sintomatologia predominante
de edemas e ascites associada à presença de lesões importantes nos rins e
fígado estão em concordância com esta doença. A síndrome hepato-renal é
descrita, detalhadamente, na bibliografia científica em outras espécies,
fundamentalmente no homem (ROBBINS et al., 1996; GUINÉS, 2001). De igual
forma, os sintomas nervosos observados freqüentemente na fase aguda da
doença, podem ter origem no quadro de encefalopatia hepática (COTRAN, 1994),
105
no qual as toxinas não eliminadas pelo fígado chegam ao sistema nervoso
central, lesando-o e originando sinais semelhantes aos descritos neste trabalho.
Os resultados da análise das proteínas totais do soro indicam, em
geral, baixa concentração plasmática, quando comparados com os obtidos por
COPPO (2003) em rãs de criação (R. catesbeiana) na Argentina. Este autor
encontrou valores médios de 4,34 g/dL, quase o dobro do verificado no presente
estudo para rãs sadias. Isto pode ser atribuído à lesão do fígado e rins dessas
rãs, constatada na histopatologia. Este tipo de lesão provoca diminuição da
função hepática bem como perda de proteínas pelo rim, constituindo a causa dos
baixos valores encontrados. A grande diferença entre os valores obtidos para rãs
que não apresentam sintomas da doença e rãs que apresentam o quadro agudo
revela o severo comprometimento metabólico destas últimas, e corrobora com os
achados na histopatologia e as observações clínicas de edemas e ascites.
Não foi possível fazer associação dos ranavirus com a doença
estudada. Os resultados no PCR foram sempre negativos e as lesões na
histopatologia foram diferentes daquelas descritas para estes agentes. Apesar
dos órgãos mais afetados serem os mesmos acometidos pelos vírus, a lesão
predominante foi a necrose e degeneração, com infiltração mononuclear e
formação de granulomas. Não foram observadas lesões de picnose e cariorexia,
nem as hemorragias na maioria dos órgãos, mencionadas nas infecções por
iridovírus (WOLF et al., 1968; CUNNINGHAM et al., 1996; ZHANG et al., 2001)
nem a lesão predominante nos túbulos proximais (ROBERT et al., 2005).
WOLF et al. (1968) trabalhando com R. catesbeiana nos Estados
Unidos, isolaram um vírus poliédrico citoplasmático que chamaram de “vírus do
edema do girino” ou “tadpole edema vírus” (TEV). O agente foi isolado de todos
os girinos e rãs adultas independentemente do seu estado sanitário. Os
resultados do presente estudo diferem fundamentalmente destes achados pois o
vírus não foi detectado pelas técnicas de PCR e microscopia eletrônica de
transmissão nas rãs pós-metamorfose. Observaram-se sinais clínicos
semelhantes aos descritos pelos autores, mas vale ressaltar que são
inespecíficos e decorrentes do quadro de lesão renal e hepática, que
predominaram em ambos dos estudos.
106
CUNNINGHAM et al. (1996) apresentaram dois tipos de síndrome em
Rana temporaria coletadas em locais de mortalidades elevadas no Reino Unido.
Uma síndrome hemorrágica que afeta a musculatura esquelética e no trato
alimentar e sistema urinário e outra ulcerativa que acomete a pele e provoca
necrose nos membros posteriores. Em alguns casos foram encontradas rãs com
sinais comuns às duas síndromes. Os autores concluíram que o agente
responsável da doença foi um iridovírus, entretanto neste estudo não foi
detectada a presença do agente, nem o tipo de lesão descrita pelos autores.
ZHANG et al. (2001) reportaram casos de mortalidades acima de 90%
em rãs de criação (Rana grylio) na China e atribuíram a causa a um ranavirus
(Rana grylio vírus, RGV). A descrição dos sintomas inclui hemorragias petequiais
na pele que evoluem para ulcerações. As hemorragias tornam-se evidentes à
medida que a doença avança no parênquima dos órgãos internos,
fundamentalmente fígado e rins. À microscopia óptica, diversos graus de lesão,
incluindo necrose, foram observados, resultando em destruição do tecido e
formação de cavidades de diversos tamanhos no fígado e baço. No coração,
foram observadas atrofia, fibrose e necrose. No intestino, verificou-se a presença
de células epiteliais aumentadas de volume e numerosas células necróticas, além
de sangue na cavidade. Nas septicemias estudadas no Brasil, não se observou
presença de hemorragias petequiais, nem as ulcerações referidas por esses
autores. Ao microscópio, as lesões diferiram com as encontradas neste estudo
principalmente em relação aos granulomas sem formação de cavidades
decorrentes da necrose, além da ausência de lesões nas paredes do tubo
digestivo.
GREEN et al. (2002), ao estudar 30 surtos em rãs silvestres nas fases
pós-metamorfose e adultas, atribuíram aos iridovírus a etiologia de quatro deles e
atribuindo os demais surtos a fungos, os quais não foram identificados em nosso
estudo. Isto era o esperado tendo em vista que as condições de cativeiro
favorecem o desenvolvimento e a ação bacteriana e, na natureza, as condições
de alimentação e densidade populacionais são apropriadas.
WENG et al. (2002) reportaram na China surtos de “doença da barriga
inchada” causados por iridovírus em rãs de criação da espécie Rana tigrina
rugulosa. A presença do iridovírus foi confirmada por microscopia eletrônica e por
107
técnicas moleculares. À necropsia,foram observados hepatomegalia e
esplenomegalia e, na histopatologia foi detectada necrose hepática e renal, sem
presença de degeneração e de granulomas, a diferença dos resultados do
presente estudo.
ROBERT et al. (2005) descreveram lesões produzidas pelo vírus FV3
em Xenopus laevis experimentalmente inoculadas. Os autores comprovaram o
tropismo do agente pelo rim, observando que sinais de edemas e hemorragias
foram os mais evidentes e tem íntima relação com lesão do órgão. Nos cortes
corados pela H&E, os autores observaram lesões de necrose principalmente nos
túbulos proximais e glomérulos. Nos túbulos distais foi observada apenas a
presença de cilindros hialinos. No fígado, foi verificada necrose celular, mas em
menor grau. Ao contrário do presente estudo, os autores não detectaram lesões
degenerativas e granulomatosas.
GREER et al. (2005) estudaram cinco surtos de mortalidade em girinos
de Rana sylvatica e rãs pós-metamorfose da espécie Rana pipiens, no Canadá.
Baseados em observações a campo, na avaliação histopatológica e em técnicas
moleculares, atribuíram aos ranavirus a causa dos surtos. Porém, relataram que
resultados positivos foram obtidos na PCR para rãs sadias criadas em laboratório
e ovos coletados em locais onde infecções por iridovírus haviam sido reportadas.
A partir desses resultados, notou-se a importância da realização de diagnóstico
diferencial consistente, devido à semelhança dos sinais clínicos e da preferência
ou eleição de órgãos como o fígado e o rim. Os fungos envolvidos nas doenças
de anfíbios já citadas, também não foram detectados.
A síndrome denominada de “perna vermelha” não foi observada em
nenhuma das rãs quando a análise foi realizada com o animal ainda vivo.
Quando as rãs foram encontradas mortas, ou moribundas, os sinais clássicos de
eritema na região ventral do corpo e patas começaram a ser evidentes. Estes
resultados são coincidentes com aqueles citados por GREEN et al. (2002) que
estudando surtos em anfíbios dos Estados Unidos, não diagnosticaram red leg.
São concordantes também quanto à constatação de que a maioria das
mortalidades atribuídas à síndrome de perna vermelha refere-se a diagnósticos
incompletos, nos quais a premissa básica de não realizar estudos microbiológicos
em rãs em fases terminais ou mortas não foi cumprida, bem como, não foi
108
pesquisada a presença de vírus, nem realizadas as análises histopatológicas
correspondentes. Assim, há que se concordar com a afirmação dos autores: “a
perna vermelha é um diagnostico erroneamente e excessivamente utilizado na
medicina de anfíbios e na epizootiología herpetológica”. Em função dos resultados
obtidos e das afirmações de GIBBS et al.(1966) CUNNINGHAM et al. (1996) e
GREEN et al. (2002) os autores do presente estudo apresentam a proposta de
eliminar da nômina científica o termo “perna vermelha” ou red leg, por considerá-
lo uma fonte de confusão no que se refere à etiologia do surto, bem como por
fazer referência a um evento que se apresenta em várias situações, associadas
ou não com agentes infecciosos.
A lesão granulomatosa característica da doença descrita no presente
estudo, tem sido associada à infecções estreptocócicas bem como de outras
bactérias resistentes à fagocitose AGIUS & ROBERTS (2003). Os macrófagos
uma vez que fagocitam agentes de elevada resistência são responsáveis pelo
inicio de reações inflamatórias localizadas. O desenvolvimento daqueles
microrganismos, com conseqüente reação imune, dá origem a lesões
granulomatosas características das infecções crônicas.
Em determinadas situações, as bactérias coabitam os tecidos das rãs
produzindo lesões sem sintomatologia evidente demonstrando que os anfíbios
conseguem atingir condições de produção aceitáveis convivendo com uma certa
contaminação bacteriana. Segundo MITCHELL (2003) e IICAB (2005) os
estreptococos potencialmente patogênicos podem colonizar de forma
assintomática, animais normais e humanos, requerendo ação de fatores
desencadeantes para produzir sintomas evidentes. Sabe-se que o número de
bactérias é limitado usualmente pelas defesas não-específicas. Algumas espécies
chegam a produzir doenças quando estes mecanismos falham ou quando uma
cepa nova aparece, seja pelo ganho de determinados genes de virulência ou pela
presença de cápsulas polisacarídeas de proteção.
A morte das rãs é causada por septicemia associada ao
comprometimento funcional do fígado e rins principalmente, mas outros órgãos
como baço, e coração são afetados à medida que a doença avança. O quadro
pode ser qualificado como “septicemia estreptocócica secundária”.
109
Observações a campo indicam que a utilização, pelos produtores, de
penicilina na ração ou penicilina e estreptomicina injetável mostraram resultados
imediatos na redução do aparecimento de novos casos, assim como da
mortalidade, mas a ação destes antibióticos durou entre sete e 10 dias. Após esse
período, a doença retomou aos níveis originais. Foi também observado que a
aplicação de medidas de biossegurança básicas, comprovadamente
imprescindíveis em outras criações com maior desenvolvimento
(SOBESTIANSKY, 2002) revelaram-se efetivas. Um vazio sanitário de três
meses, seguido de medidas de desinfecção adequadas controlaram a doença no
ranário em estudo e também em outros ranários (VIANA, 2005). Esta observação
sugere que, provavelmente, em função das modificações das condições
ambientais, ocorrem mudanças que diminuem a quantidade de microrganismos
presentes e controlam a doença.
Ficou demonstrado que o papel dos cocos Gram-positivos não pode
ser descartado na evolução da doença e, portanto, devem ser levados em conta
nos planos de controle sanitário dos ranários comerciais. Porém, a presença de
diversas espécies sem a determinação de um patógeno permanente ou
constante, indica o caráter secundário da infecção.
O curso insidioso, a ausência de um patógeno específico, a
associação de diversas espécies bacterianas, a resposta imune de tipo crônico e
a lesão degenerativo-necrótica encontrada nos principais órgãos de metabolismo,
sugerem provável causa múltipla para a doença, decorrente da ação conjunta de
fatores infecciosos, ambientais e alimentares. É provável que uma ação inicial dos
ranavírus, identificada nos girinos, possa constituir a porta de entrada das
bactérias.
110
REFERÊNCIAS 1. AGIUS, C.; ROBERTS, R. Melano-macrophage centres and their role in fish pathology. Journal of Fish Diseases. Oxford, n. 26, p. 499-509, 2003.
2. AMBORSKI, R. L.; SNIDER, T. G.; THUNE, R. L.; CULLEY, D. D. A non- hemolytic, group B Streptococcus infection of cultured bullfrogs, Rana catesbiana, in Brazil. Journal of Wildlife Diseases. Ames-IO, v.19, n. 3, p. 180-184, 1983. 3. A.V.M.A. 1993 Report of the A.V.M.A. Panel for euthanasia. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 202, n.2, p. 229-249, 1993. 4. BERCOVIER, H.; GHITTINO, C.; ELDAR, A Immunization with bacterial antigens: infections with streptococci and related organisms. Developments in Biological Standardization. Basel-NY, v. 90, p. 153-160, 1997. 5. BERGER, L.; SPEARE, R.; DASZAK, P.; GREEN, D.; CUNNINGHAM, A.; GOGGIN, C.; SLOCOMBE, R.; RAGAN, M.; HYATT, A.; MCDONALD, K.; HINES, H.; LIPS, K.; MARANTELLI, G.; PARKES, H. Chytridiomycosis causes amphibian mortality associated with population declines in the rain forests of Australia and Central America. Proceedings of the National Academy of Science, Washington- DC, v. 95, n. 15, p. 9031-9036, 1998.
6. BERGER, L.; SPEARE, R.; HYATT, A. Chytrid fungi and amphibian declines: Overview, implications and future directions. Ed. A. Campbell. Declines and Disappearances of Australian Frogs. Environment Australia: Canberra. p. 23-33, 1999. 7. BERGER, L.; HYATT, A.; OLSEN, V.; HENGSTBERGER, S.; BOYLE, D.; MARANTELLI, G.; HUMPHREYS, K.; LONGCORE, J. Production of polyclonal antibodies to Batrachochytrium dendrobatidis and their use in an immunoperoxidase test for chytridiomycosis in amphibians. Diseases of Aquatic Organisms, London, v. 48, n 3, p.213-220, 2002. 8. BERRIDGE, B. R.; FULLER, J. D.; DE AZAVEDO, J.; LOW, D. E.; BERCOVIER, H.; FRELIER, P. F. Development of specific nested oligonucleotide PCR primers for the Streptococcus iniae 16S-23S ribosomal DNA intergenic spacer. Journal of Clinical Microbiology. Washington-DC, v. 36, n. 9, p. 2778-2781, 1998. 9. BLAUSTEIN, A.; DOBSON, A. Extinctions: A message from the frogs. Nature, London, v. 439, n. 7073, p. 143, 2006 10. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para o controle de produtos de origem animal e água. Instrução Normativa 62, de 26 de agosto de 2003. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 set., 2003. Seção I, p.14-50.
111
11. BRENNER, S.; HORNE, R. A negative staining method for high resolution electron microscopy of viruses. Biochimica et Biophysica Acta. Amsterdam, v. 34, p. 103-110, 1959. 12. CARNEVIA, D.; MAZZONI, R. Estudio de un brote de “Sindrome de Edema Generalizado” (SEG) en Rana catesbeiana. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. ARERJ, 1988, p; 329-333. 13. CHANG, P.; PLUMB, J. Histopathology of experimental Streptococcus sp. infection in tilapia, Oreochromis niloticus (L.), and channel catfich, Ictalurus punctatus (Refinsque). Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 19, p. 235-241, 1996. 14. CHANG, P.; LIN, P.; LEE, Y. Lactococcus graviae infection of cultured rainbow trout, (Oncorhynchus mikiss) in Taiwan and associated biophysical characteristics and histopathology. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 22, n. 5, p. 319-327, 2002. 15. CHINCHAR, V. Ranaviruses (family Iridoviridae): emerging cold-blooded killers. Archives of Virology, New York-NY, v. 147, n. 3, p. 447-470, 2002 16. CHINCHAR, V.; MAO, J. Molecular diagnosis of iridovirus infections in cold-blooded animals. Seminars in avian and exotic pet medicine. v. 9, n.1, p. 27-35, 2000. 17. COLORN, A.; DIAMANT, A.; ELDAR, A.; KVITT, H.; ZLOTKIN, A. Streptococcus iniae infections in Red Sea cage-cultured and wild fishes. Diseases of Aquatic Organisms. Amelinghausen, v. 49, n. 3, p. 165-170, 2002. 18. COPPO, J. El medio interno de la “rana toro” (Rana catesbeiana, Shaw 1802). Revisión bibliográfica. Revista Veterinaria, Corrientes, v. 14, n. 1, p. 25-41, 2003. 19. COSGROVE, G. Amphibian carea and diseases. In: Current Veterinary Therapy VII, Kirk, R. W. Ed. W. Saunders and Co. Phyladelphia, p. 616-618, 1980. 20. COTRAN R.; KUMAR,V.; ROBBINS.S. Robbins - Pathologic basis of disease. 5 ed. Philadefphia, Saunders Company, 1994. 1400p. 21. CRAWSHAW, G. Medicina de anfibios. In: Terapéutica veterinaria de pequeños animles. KIRK, R. W. & BONAGURA, J.D. Eds. Interamericana-Mc Graw Hill. México, 1994, p. 1355-1369. 22. CULLEN, B.; OWENS, L. Experimental challenge and clinical cases of Bohle iridovirus (BIV) in native Australian anurans. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 49, n. 2, p.83-92, 2002.
112
23. CUNNINGHAM, A.; LANGTON, T.; BENNETT, P.; LEWIN, J.; DRURY, S.; GOUGH, R.; MACGREGOR, S. Pathological and microbiological findings from incidents of unusual mortality of the common frog (Rana temporaria). Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences, London, v. 351, n. 1347, p. 1539-1557, 1996. 24. DASZAK, P.; BERGER, L.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A.; GREEN, D.; SPEARE, R. Emerging infectious diseases and amphibian population declines. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 5, n. 6, p. 735-748, 1999. 25. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Emerging Infectious Diseases of Wildlife - Threats to biodiversity and human health. Science. Washington-DC v. 287, n. 5452, p. 443-449, 2000 26. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A. Infectious Diseases and amphibian population declines. Diversity and Distributions. Oxford-UK, n. 9, p. 141-150, 2003. 27. DUREMDEZ, R.; AL-MARZOUK, A.; QASEM, J.; AL-HARBI, A.; GHARABALLY, H. Isolation of Streptococcus agalactiae from cultured silver pomfret, Pampus argenteus (Euphrasen), in Kuwait. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 27, n. 5, p. 307, 2004. 28. ELDAR, A.; BEJERANO, Y.; BERCOVIER, H. Streptococcus shiloi and Streptococcus difficile: Two new Streptococcal species causing a meningoencephalitis in fish. Current Microbiology. New York-NY, v. 28, p. 139-143, 1994. 29. ELDAR, A.; BEJERANO, Y.; LIVOFF, A.; HOROVITCZ, A.; BERCOVIER, H. Experimental streptococcal meningo-encephalitis in cultured fish. Veterinary Microbiology. Amsterdam, v. 43, p. 33-40, 1995. 30. ELDAR, A.; HOROVITCZ, A.; BERCOVIER, H. Development and efficacy of a vaccine against Streptococcus iniae infection in farmed rainbow trout. Veterinay Immunology and Immunopathology. Amsterdam, v. 56, n. 1-2, p. 175-183, 1997. 31. ELDAR, A. ; GHITTINO, C. Lactococcus garvieae and Streptococcus iniae infections in rainbow trout Oncorhynchus mykiss: similar, but different diseases. Diseases of Aquatic Organisms. Amelinghausen, v. 36, n. 3, p. 227-231, 1999. 32. EMERSON, H.; NORRIS, C. Red-Leg, an infectious disease of frogs. Journal of Experimental Medicine, New York, v. 7, n. 1, p. 32-58, 1905. 33. EVANS, J.; KLESIUS, P.; GILBERT, P.; SHOEMAKER, C.; AL SARAWI, M.; LANDSBERG, J.; DUREMDEZ, R.; AL MARZOUK, A.; AL ZENKI, S. Characterization of β-haemolytic Group B reptococcus agalactiae in cultured seabream, Sparus auratus L., and wild mullet, Liza klunzingeri (Day), in Kuwait. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, p. 505-513, 2000.
113
34. FIORIO, W.A.B.; MAIORINO,F.C.; HOGE,A.Y.A. & RAMOS,M.C.C. Mortalidade em rãs touro gigante (Rana catesbeiana Shaw, 1802) associada a soluções de continuidade na pele: Estudo anátomo-patológico e microbiológico. In: 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR, 1997, Santos. Anais 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR. Santos, SP, ABETRA/ABCR, p. 214, 1997. [resumos]. 35. GALLI, L.; PEREIRA. A. ; MARQUEZ, A.; MAZZONI, R. Ranavirus detection by PCR in cultured tadpoles (Rana catesbeiana Shaw 1802) from South America. Aquaculture, Amsterdam, v., 257, n. 1-4, p. 78-82, 2006.
36. GANTRESS, J.; MANIERO, G.; COHEN, N.; ROBERT, J. Development and characterization of a model system to study amphibian immune responses to iridoviruses. Virology, New York-NY, v. 311, n. 2, p. 254-262, 2003. 37. GIBBS, E.; GIBBS, T.; VAN DICK, P. Rana pipiens: Health and disease. Laboratory Animal Care, Baltimore, v. 16, p. 142-157. 1966. 38. GLORIOSO, J. C.; AMBORSKI, R. L.; AMBORSKI, G. F.; CULLEY, D. D. Microbiological studies on septicaemic bullfrogs (Rana catesbiana). American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v. 35, n. 9, p. 1241-1245, 1974. 39. GONZALES-SANTANDER, R. Técnicas de microscopia eletrônica en biología. Madrid, Aguilar, 1969, 666 p. 40. GREEN. D.; CONVERSE, K.; SCHRADER, A. Epizootiology of sixty-four amphibian morbitidy and mortality events in the USA, 1996-2001. Annals of the New York Accademy of Science, New York, v. 969, p. 323-339, 2002. 41. GREER, A.; BERRILL, M.; WILSON, P. Five amphibian mortality events associated with ranavirus infection in south central Ontario, Canada. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 67, p. 9-14, 2005. 42. GUAYASAMIN, J.M.; BONACCORSO, E.; SPEARE, R.; MENDEZ, D. The roles of climatic variation and pathogenic fungus in declining populations of Aletopus cruciger (Anura: Bufonidae) in Venezuela.In:. Abstracts of the Joint Meeting of the American Society of Ichthyologists and Herpetologists, 2002 [on line] Herpetologists' League, and Society for the Study of Amphibians and Reptiles, Kansas City, USA. Disponível em: http://www.asih.org/meetings/2002/Abstracts.pdf Acesso em: 21 jan. 2003. 43. GUIMARAES, N.; SILVEIRA,W.; RODRIGUES, M. Isolamentos de bactérias patôgenas nos ranários de Goiás e Pará. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 287-291.
114
44. GUINÉS, P. Síndrome hepato-renal [on line]. In: ASOCIACION ESPAÑOLA PARA EL ESTUDIO DEL HIGADO. 2001 p. 129-138 Disponível em: http://www.aeeh.org/trat_enf_hepaticas/C-13.pdf Acesso em: 29 mar 2006. 45. HADFIELD, C.; WHITAKER, B. Amphibian Emergency Medicine and Care. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine, v. 14, n. 2 , p. 79-89, 2005. 46. HANSELMANN, R.; RODRIGUEZ, A.; LAMPO, M,; FAJARDO-RAMOS L.;ALONSO AGUIRRE, A.;. MARM KILPATRICK, A.; RODRIGUEZ J.P., DASZAK, P. Presence of an emerging pathogen of amphibians in introduced bullfrogs Rana catesbiana in Venezuela. Biological Conservation, Barking-Essex, v. 120, n. 1, p. 115-119, 2004. 47. HE, J.; LU, L.; DENG, M.; HE, H.; WENG, S.; WANG, X.; ZHOU, S.; LONG, Q.; WANG, X.; CHAN, S. Sequence analysis of the genoma completo of an iridovirus isolated from the tiger frog. Virology, New York-NY, v. 292, n. 2, p.185-197, 2002 48. HIPÓLITO, M. Causas de mortalidade na Ranicultura. In: 1st. TECHNOFROG - I INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY & VIII ENAR, 1995, Viçosa. Anais 1st. Technofrog - I International Meeting on Frog Research and Technology & VIII ENAR. Viçosa, MG. ABETRA/ABCR, v. 2, p. 199-207, 1995. 49. HIPÓLITO, M. Causas de mortalidade e Sanidade. In: 2nd. TECHNOFROG- I INTERNATIONAL MEETING ON FROG RESEARCH AND TECHNOLOGY & IX ENAR, 1997, Santos. 2nd. Technofrog- International Meeting on Frog Research and Technology & IX ENAR. Santos, SP. ABETRA/ABCR, p. 5-9, 1997. 50. HIPÓLITO, M. Doenças na Ranicultura. In: X ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA 1999, São Miguel do Iguaçu. Anais X ENAR. São Miguel de Iguaçu, PR, ABETRA/ABCR, p. 3-15, 1999.
51. HIPÓLITO, M. Alterações hepáticas: Problemas nutricionais? In: XI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA 2001, Bragança Paulista. Anais XI ENAR. Bragança Paulista, ABETRA/Ranário Beija-Flor, p. 49, 2001. 52. HIPÓLITO, M. Patologias em rã touro (Rana catesbeiana Shaw 1802). Primeira revisão da bibliografia brasileira. Arquivos do Instituto Biológico de São Paulo. São Paulo, v. 69, n. 2, p. 113-120, 2002. 53. HIPÓLITO, M.; BALDASSI, L.; MOULIN, A.; CALIL, M.; BARBOSA, M; CUNHA, R. Presença de agentes patogénicos bacterianos em rãs-touro gigante (Rana catesbeiana). In: ENCONTRO DE PESQUISA VETERINARIA, 1987, Jaboticabal, SP. Encontro de Pesquisa Veterinária, Jaboticabal, SP, p. 12. 1987. 54. HIPÓLITO, M.; BALDASSI, L.; PIRES, C.; SOUZA, C.; SOUZA, J. Sensibilidade bacteriana de agentes oportunistas isolados de anfíbios. In: VI
115
ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 341-346. 55. HIPÓLITO, M.; MOULIN, A.; CALIL, M. L.; PIRES, C. C.; SOUZA, C.; SOUZA, J. Estudo da microbiota de anfíbios capturados em ranário comercial. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 149-154. 56. HIPÓLITO, M.; SOUZA, C.; SOUZA, J. R. Presença de Streptococcus sp. ao nível de sistema nervoso central em Rana catesbeiana com sintomatologia nervosa. In: VI SIMPOSIO LATINOAMERICANO DE ACUICULTURA & V SIMBRAQ, 1988, Florianópolis. VI Simposio Latinoamericano de Acuicultura & V SIMBRAQ, Florianópolis, Brasil, p. 46, 1988. [resumos]. 57. HIPÓLITO, M. ; MOULIN, A.; MARACRUZ, R. Afecções neurológicas em ra touro (Rana catesbeiana Shaw 1802). In: X Reunião Anual do Instituto biológico. São Paulo, v. 64, p. 49, 1997. 58. HIPÓLITO, M.; CATROXO, M.; CURI, N.; BACH, E. Detecção ao microscópio eletrônico de transmissão de partículas virais semelhantes aos grupos Herpes, Toga e Paramixovírus em rã-touro (Rana catesbeiana Shaw, 1802) criadas comercialmente. Primeiras observações no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico de São Paulo. São Paulo, v. 70, n. 1, p. 107-111, 2003. 59. HIRD, D.; DIESCH, S.; MCKINNEL, R.; GORHAM, E.; MARTIN, F.; KURTZ, S.; DUBROVOLNY, C. Aeromonas hydrophila in wild-caught frogs and tadpoles Rana pipiens in Minnesota. Laboratory Animal Science, Memphis-TN, v. 31, n. 2, p. 166-169, 1981. 60. HYATT, A.; GOULD, A.; ZUPANOVIC, Z.; CUNNINGHAM, A.; HENGSTBERGER, S.; WHITTINGTON, R.; KATTENBELT, J.; COUPAR, B. Comparative studies of piscine and amphibian iridoviruses. Archives of Virology, New York-NY, v. 145, n. 2, p.301-331, 2000. 61. IICAB . Desenvolvido pela Iowa State University- AOIEC Center - Institute for International Cooperation in Animal Biologics. An OIE Collaborating Center, 2005. Apresenta textos sobre doenças infecciosas nos animais e riscos na saúde pública. Disponível em: http://www.cfsph.iastate.edu Acesso em 23 nov. 2005. 62. JANCOVICH, J.; MAO, J.; CHINCAR, V.; WYATT, C.; CASE, S.; KUMAR, S.; VALENTE, G.; SUBRAMANIAN, S.; DAVIDSON, E.; COLLINS, J.; JACOBS, B. Genomic sequence of a ranavirus (family Iridoviridae) associated with salamander mortalities in North America. Virology, New York-NY, v. 316, n. 1, p. 90-103, 2003. 63. KIM, Y.; JUNG, S.; CHOI, T.; KIM, H.; RAJENDRAN, K.; OH, M. PCR amplification and sequence analysis of irido-like virus infecting fish in Korea. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 25, n. 2, p. 121-124, 2002.
116
64. KING, N., & ALROY, J. Deposições intracelulares e extracelulares; degenerações. In: JONES, T.C.; HUNT, E.D.; KING, N.W. Patologia Veterinária. 6.ed. São Paulo: Editora Manole Ltda., 2000. cap. 2, p. 27-29. 65. KLESIUS, P.; SHOMAKER, C.; EVANS, J. Efficacy of single and combined Streptococcus iniae isolate vaccine administred by intraperitoneal and intramuscular routes in tilapia (Oreochromis niloticus). . Aquaculture. Amsterdam, v. 188, p. 237-246, 2000. 66. KULP, W.; BORDEN, K. Further studies on Proteus hydrophilus, the ethiological agent in “Red-Leg” disease of frogs. Journal of Bacteriology, Washington DC, v. 44, p. 673-679, 1942. 67. KVITT, H., COLORN, A. Strain variation and geographic endemism in Streptococcus iniae. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 61, n. 1-2, p. 67-73, 2004. 68. LAEMMILI, U. Cleavage of structural proteins during assembly of the head of the bacteriophage T. Nature, London, v. 277, p. 680-685, 1970 69. LONGCORE, J.; PESSIER, A.; NICHOLS, D. Batrachochytrium dendrobatidis gen. et sp. nov., a chytrid pathogenic to amphibians. Mycologia, New York-NY. v. 91, n. 2, p. 219-227, 1999. 70. LUFT, J. A. Improvements in an epoxy resin embedding methods. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 9, p. 409-414, 1961. 71. LUNA, L.G. Manual of histology staining methods of the armed forces institute of pathology. 3.ed. New York : McGraw-Hill, 1968. 258p. 72. MAO, J.; GREEN, D.; FELLERS, G.; CHINCHAR, V. Molecular characterization of iridoviruses isolated from sympatric amphibians and fish. Virus Research, Amsterdam, v. 63, n. 1-2, p.45-52, 1999.
73. MARSH, I.; WHITTINGTON, B.; O´ROURKE, B.; HYATT, A.; CHISHOLM, O. Rapid differentiation of australian, european, and american ranaviruses based on variation in major capsid protein gene sequence. Molecular and Cellular Probes. New York-NY, v. 16, n. 2, p. 137-151, 2002. 74. MATHIAS, M.; SCOTT, P. Potencial produtivo de criação de rãs no Estado do Rio de Janeiro. Série Agronegócios, SEBRAE/RJ, 100p., 2004. 75. MAUEL, M.; MILLER, K; FRAZIER, K; HINES, M. Bacterial pathogens isolated from cultured bullfrogs (Rana catesbeiana). Journal of Veterinary Diagnostic and Investigations. Columbia-MO, v. 14, n. 5, p. 431-433, 2002. 76. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE,
117
2000, Cairns, Austrália. Conference and Workshop Compendium. Cairns, Rainforest CRC, p. 37-38, 2000a. 77. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000b, Cairns, Austrália. Power Point presentation. http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/mazzoni.ppt, 2000. Acesso em: 30 mai. 2004. 78. MAZZONI, R.; CARNEVIA, D. Enfermedades de ranas en criadero: Una limitante real para el desarrollo de la ranicultura. Resumos do Encontro Latino Americano de Patologistas em Organismos Aquáticos. Florianópolis, SC, v.2, p. 228, 2000, [resumos]. 79. MAZZONI, R.; CUNNINGHAM, A.; DASZAK, P.; APOLO, A; PERDOMO, E.; SPERANZA, G. Emerging pathogen of wild amphibians in frogs (Rana catesbeiana) farmed for international trade. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 9, n. 8, p. 995-998, 2003. 80. MILES, E. Red-leg in tree frogs caused by Bacterium alcaligenes. Journal of General Microbiology, Reading UK, v. 4, n. 3, p. 434-436, 1950. 81. MITCHELL, T. The pathogenesis of streptococcal infections: From tooth decay to meningitis. Nature Reviews. Microbiology. London, v. 1., p. 219-230, 2003. 82. MULLER-ALOUF, H.; CARNOY, C.; SIMONET, M.; ALOUF, J. Superantigen bacterial toxins: state of the art. Toxicon, Oxford, v. 39, p. 1691-1701, 2001. 83. NACE, G. (ed.): Amphibians: Guidelines for the breeding, care and management of laboratory animals. Washington D.C., NRC/NAS, 1974, 153p. Disponível em: http://www.nap.edu/catalog/661.html#toc , Acesso em: 15 fev. 2004. 84. NYMAN S., Mass mortality in larval Rana sylvatica attributable to the bacterium, Aeromonas hydrophila. Journal of Herpetology, Athens-OH, v. 20, n. 2, p. 196-201, 1986. 85. PASTERIS, S.; BUHLER, M.; NADER-MACIAS, M. Microbiological and histological studies of farmed-bullfrog (Rana catesbeiana) tissues displaying red-leg syndrome. Aquaculture. Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 11-18, 2006
86. REICHENBACH-KLINKE, H.; ELKAN, E. The principal diseases of lower vertebrates, New York, Academic Press, 600 pp., 1965. 87. REINOLDS, E.S. The use of lead citrate at high pH as an electron-opaque stain in electron microscopy. Journal of Cell Biology, v. 17, p. 208-212, 1963.
118
88. ROBBINS, S.; COTRAN, R.; KUMAR, V. Fundamentos de Robbins: patologia estrutural e funcional. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996, p. 605. 89. ROBERT, J.; MORALES, H.; BUCK, W.; COHEN, N.; MARR, S.; GANTRESS, J. Adaptive immunity and histopathology in frog virus 3-infected Xenopus. Virology, New York-NY, v. 332, n. 2, p. 667-675, 2005. 90. ROMALDE, J.; LORES, F.; MAGARIÑOS, B.; BARJA, J.; TORANZANO, A. Study of cell surface associated virulence factors of Streptococcus parauberis strains pathogenic for turbot. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 20, n. 6, p. 244-251, 2000. 91. ROTTMANN, R.; FRANCIS-FLOYD, R.; DURBOROW, R. The role of stress in fish disease. South Regional Aquaculture Center Publication [online] n. 474, 1992. Disponível em: http://aquanic.org/publicat/usda_rac/efs/srac/474fs.pdf Acesso em: 15 mar. 2005. 92. RUSSEL, F. An epidemic septicemic disease among frogs due to the Bacillus hydrophilus fuscus. Journal of the American Medical Association, Chicago, v. 30, p. 1442-1449, 1898.
93. SALLES, M.; SPROVIERI, S.; BEDRIKOW, R.; PEREIRA, A.; CARDENUTO, S.; AZEVEDO, P.; SILVA, T.; GOLIN, V. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica/sepse – revisão e estudo da terminologia e fisiopatologia. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 86-92, 1999.
94. SAMBROOK, J.; FRITCSH, E.; MANIATIS, T. Molecular cloning: A laboratory manual. 2. ed. New York : Cold Spring Harbor Laboratory, 1989. 3v. 3104p. 95. SHELBY, R.; KLESIUS, P.; SHOEMAKER, C.; EVANS, J. Passive and active immunization of tilapia, Oreochromis niloticus (L.), with anti-Streptococcus iniae whole sera. Journal of Fish Diseases. Oxford, v. 25, p. 1-6, 2002. 96. SHELBY, R.; SHOEMAKER, C.; KLESIUS, P. Detection of Streptococcus iniae infection of Nile Tilapia, Oreochromis niloticus, by a monoclonal antibody-based ELISA. Journal of Applied Aquaculture. Binghamton-NY, v. 12, n. 3, p. 23-31, 2002. 97. SHOMAKER, C.; EVANS, J.; KLESIUS, P. Density and dose: factors affecting mortality of infected tilapia (Oreochromis niloticus). Aquaculture. Amsterdam, v. 188, p. 229-235, 2000. 98. SHOEMAKER, C.; KLESIUS, P.; EVANS, J.. Prevalence of Streptococcus iniae in tilapia, hybrid stripped bass and channel catfich on commercial fish farms within the United States. American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v.62, n. 2, p. 174-177, 2001.
119
99. SILVA, D. ([email protected]) Exportação de rãs. Informação geral. Mensagem recebida por MAZZONI, R. ([email protected]). Acesso em: 20 dec. 2005. 100. SOBESTIANSKY, J. Sistema intensivo de produção de suínos. Programa de Biossegurança. Goiânia: Sobestiansky, 2002, 108 p. 101. SOMSIRI, T. Diseases of cultured frogs in Thailand. AAHRI Newsletter, Bangkok, v.3, n. 2, 1994. Disponível em: http://www.agri-aqua.ait.ac.th/aahri/Article17.htm . Acesso em: 15 ago. 2004. 102. SPEARE, R. Anesthesia of anurans.. Workshop on the medicine an management of amphibians. American Association of Zoo Veterinarians, Greensboro. 1989. p. 10. [Apostila] 103. SPEARE, R. Summary of formidable infectious diseases of amphibians. In: AMPHIBIAN DISEASE HOME PAGE. Webmaster SPEARE, R. School of Public Health and Tropical Medicine, James Cook University, 2003. Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/formidable.htm. Acesso em: 11 jan.2005.
104. SPEARE, R.; BERGER L. Global distribution of chytridiomycosis in amphibians. Disponível em : http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/chyglob.htm 2000. Acesso em: 20 mai. 2005; 105. TORANZO, A. ; DEVESA, S.; ROMALDE, J.; LAMAS, J.; RIAZA, A.; LEIRO, J.; BARJA, J. Efficay of intraperitoneal and immersion vaccination against Enterococcus sp. infection in turbot. Aquaculture. Amsterdam, v. 134, p. 17-27, 1995. 106. VAN DER WAAIJ, D.; COHEN, B.; NACE, G. Colonization patterns in the cloaca of Rana pipiens. Laboratory Animal Science, Memphis, v. 24, n. 2, p. 307-317, 1974. 107. VIANA, S. [email protected] Mortalidade em rãs. . Informação geral. Mensagem recebida por MAZZONI, R. ([email protected]). Acesso em: 10 dec. 2005. 108. VIZOTTO, L. Rãs: Doenças e profilaxia. In: VI Encontro Nacional de Ranicultura, 1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 310-328. 109. WATSON, M. L. Staining of tissue sections for electron microscopy with heavy metals. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 4, p. 475-478, 1958. 110. WENG, S.; HE, J.; WANG, X.; LU, L.; DENG, M.; CHAN, S-M. Outbreaks of an iridovirus disease in cultured tiger frog, Rana tigrina rugulosa, in southern
120
China. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 25, n. 11, p. 423-427, 2002. 111. WOLF, K.; BULLOCK, G.; DUNBAR, C.; QUIMBY, M. Tadpole edema virus: a viscerotropic pathogen for anuran amphibians. Journal of Infectious Diseases, Chicago-IL, v. 118, n. 3, p.253-262, 1968. 112. ZHANG, Q.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J.; MAO, J.; CHINCHAR, V. Characterization of an iridovirus from the cultured pig frog Rana grylio with lethal syndrome. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 48, n. 1, p. 27-36, 2001. 113. ZHANG, Q.; ZHE, Z.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J. Molecular characterization of three Rana grylio virus (RGV) isolates and Paralichthys olivaceus lymphocystis disease virus (LCDV-C) in iridoviruses. Aquaculture, Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 1-10, 2006. 114. ZUPANOVIC, Z.; MUSSO, C.; LOPEZ, G.; LOURIERO, C.; HYATT, A.; HENGSTBERGER, S.; ROBINSON, A. Isolation and characterization of iridoviruses from the giant toad Bufo marinus in Venezuela. Diseases of Aquatic Organisms, Amelinghausen, v. 33, n. 1, p. 1-9, 1998.
121
CAPITULO 5 PROCESSO INFECCIOSO SUPER AGUDO SEMELHANTE AO CHOQUE ENDOTÓXICO EM RÃS DE CRIAÇÃO (Rana catesbeiana Shaw, 1802).
RESUMO
Na realização de estudos de doenças septicêmicas em rãs de criação foi observado uma forma super aguda que acontece em 15 a 20% dos animais doentes. O objetivo do presente trabalho foi estudar as características particulares desta forma da infecção, mediante estudos clínicos e para-clínicos que envolveram amostragem de exemplares para necropsia, análises histopatológicas, microbiológicas, moleculares e de microscopia eletrônica de transmissão. Os sinais clínicos observados incluem modificações da postura normal, depressão, e diminuição da reação aos estímulos externos. As rãs morrem em curto período de tempo apresentando incoordenação, opistótomo e convulsões, permanecendo em quadro tetânico com os membros estendidos. À necropsia, foram observados aumento do tamanho do fígado e coloração anormal, geralmente cinzenta ou amarelada, baço pardo-escuro e aumentado de tamanho, rins e pulmões hemorrágicos e ascite leve com exsudato soro-hemorrágico. À histopatologia, observou-se um quadro característico de lesões produzidas por sepse generalizada. Fígado, rins, baço, coração, pulmão e cérebro foram afetados. Verificou-se nesses órgãos uma resposta inflamatória múltipla, necrose associada à presença de macrófagos e infiltração linfocitária. Granulomas bacterianos foram observados distribuídos no parênquima dos diversos órgãos. A alteração histopatológica mais freqüente neste quadro foi o aparecimento de aglomerados basofílicos arredondados distribuídos na maioria dos órgãos afetados, correspondendo a cocos Gram-positivos. O quadro clínico super agudo, associado aos achados de necrópsia e histopatologia sugerem a ocorrência de um choque que, devido a quantidade e distribuição generalizada dos microrganismos, indicam origem séptica. Por tanto, a análise dos resultados do presente estudo permitem-nos concluir sobre a presença de uma síndrome semelhante à síndrome de choque endotóxico ou choque séptico em rãs de criação. Palavras chave: Aqüicultura, choque, estreptococos, ranicultura.
122
ABSTRACT
During the study of septicemic diseases in farmed frogs, it was detected a particular syndrome characterized by super acute mortality affecting 15 to 20% of the sick population. Clinical signs included abnormal posture, depression, and low reaction to external stimuli. Frogs died in a very short time showing incoodination, opistotonous and convulsions with tetany, remaining with the four legs extended. Necropsy findings included hepatomegaly with abnormal color, generally grayish or yellowish, dark red and swollen spleen, hemorrhagic kidneys, strongly hemorrhagic lungs and slight ascites with serum-hemorrhagic exudate. Histopathologically, a septicemic pattern was observed. Liver, kidney, spleen, heart, lungs and brain showed a multiple inflammatory response with necroses in association with macrophage and lymphocitic infiltration. Bacterial granuloma were observed spread in all organs. The most frequent histopathological lesion were basophilic aggregates spotted through all affected organs. The super acute condition, associated with necropsy and histopathological findings suggested shock syndrome that, due to bacterial quantity and distribution indicated a septic origin. These results resembled the existence of a toxic shock syndrome or septic shock in farmed frogs, and indicate that this kind of disease could be an usual finding in other aquaculture species. Key words: Frogs, septicemia, streptococci, shock
123
1 INTRODUÇÃO Com os avanços nos conhecimentos sobre manejo e alimentação, a
ranicultura transformou-se numa atividade intensiva, com altas densidades de
população e estrita dependência de alimentos balanceados artificiais. Os métodos
intensivos de cultivo favorecem o aparecimento de doenças que constituem
ameaça à viabilidade técnica e econômica dos ranários e são considerados
fatores que limitam o crescimento da atividade (NACE, 1974; AMBROSKY et al.,
1983; GUIMARAES et al., 1988; CRAWSHAW, 1994; MAZZONI, 2000a;
MAZZONI & CARNEVIA, 2000; ZHANG et al., 2001; MAZZONI, 2003).
No Brasil, conforme revisão realizada por HIPÓLITO (2002), a maioria
dos trabalhos relativos ao assunto, foram comunicados efêmeros, não tendo
continuidade no estudo do caso. Os diagnósticos concentraram-se
exclusivamente na identificação de agentes parasitários e bacterianos, não sendo
realizado acompanhamento dos surtos, no intuito de estabelecer o papel
etiológico dos agentes detectados e de outros aspectos das doenças que
permitam a elaboração de medidas de prevenção ou controle.
Trabalhos realizados com rãs de criação na China (Rana grylio e Rana
tigrina rugulosa) identificaram a presença de vírus da família Iridoviridae gênero
Ranavirus como produtores de doenças com elevada mortalidade e impacto
econômico (ZHANG et al., 2001, 2006; WENG et al., 2002; ZHANG et al., 2006).
Nas rãs de ambientes naturais tem sido identificada uma doença
emergente com alta mortalidade, produzida pelo fungo Batrachochytrium
dendrobatidis (BERGER et al., 1998; BERGER et al., 1999; DASZAK et al., 1999;
LONGCORE et al., 1999; SPEARE & BERGER, 2000; MAZZONI, 2000a, b;
BERGER et al., 2002, GUAYASAMIN et al., 2002; MAZZONI et al., 2003;
SPEARE, 2003; HANSELMANN et al., 2004; BLAUSTEIN & DOBSON, 2006).
O presente trabalho constitui parte de estudos realizados no Brasil com
o intuito de aprofundar o conhecimento sobre as doenças das rãs de criação
(Rana catesbeiana Shaw, 1802), principalmente aquelas com alta mortalidade, e
conseqüentemente de maior impacto econômico.
124
As observações clínicas dos surtos acompanhados neste estudo, bem
como daqueles citados na bibliografia sobre doenças de rãs, revelaram
sintomatologia inespecífica e, portanto, insuficiente para conferir o diagnóstico.
Dentre as diversas formas clínicas observadas, constatou-se a
presença de mortes súbitas de forma super aguda, já informadas pelos
ranicultores (informação pessoal) e outros autores (NACE, 1974; GUIMARAES et
al., 1988), mas, nunca estudado em forma isolada. Em função da importância
apresentada por esta forma clínica propôs-se este estudo com o objetivo de
conhecer as características etiológicas e fisiopatológicas envolvidas neste
processo infeccioso super agudo. Para tanto, foram realizadas pesquisas dos
agentes etiológicos, a epizootiologia das doenças, a sintomatologia clínica, a
anatomia patológica macroscópica, a histopatologia, a bacteriologia convencional,
e a virologia, sendo esta por meio do emprego de técnicas moleculares, cultura de
células e a microscopia eletrônica de transmissão.
125
2 MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em um ranário de ciclo completo
localizado no Estado de Goiás, no Município de Hidrolândia. As rãs, logo após a
metamorfose, foram confinadas em baias de concreto localizadas em galpões
fechados. Todas as baias possuíam piscina de cinco cm de profundidade
ocupando 20% da superfície total. A água foi obtida a partir de uma represa de
20 hectares alimentada por várias nascentes.
As rãs foram alimentadas duas vezes por dia com ração extrusada
apresentando 45% de proteína bruta. De forma periódica, as rãs foram
submetidas a triagem para manter tamanhos uniformes e reduzir o canibalismo. A
densidade foi mantida na faixa de 150 animais por m2 durante a fase inicial, até
alcançar 40 por m2 na etapa de terminação.
2.1 Amostragem das rãs Foram utilizadas 60 rãs com sinais típicos do quadro super agudo da
doença. Os exemplares estudados foram coletados no momento prévio à morte
ou durante o processo de convulsões e vômito decorrentes da apresentação
super aguda da enfermidade. As rãs foram insensibilizadas por concussão
craniana e sacrificadas por corte da medula nervosa cervical (AVMA, 1993).
2.2 Análise Histopatologica Fragmentos de fígado, rins, baço, estomago, pulmões, coração e
cérebro foram extraídos e preservados em formol tamponado a 10% (vol-vol) e
processados segundo a rotina de estudos de histopatologia no laboratório de
Histopatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás,
utilizando as técnicas propostas por LUNA (1968). Os blocos parafinados foram
secionados em cortes de 4-5 µ e corados com hematoxilina-eosina (H&E) para as
avaliações primárias das lesões. Adicionalmente, os cortes selecionados foram
também corados pelo método de Gram para visualização de bactérias em geral,
pelo método de Fite para detecção de micobacterias e coloração de PAS para
visualização de fungos.
126
2.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Fragmentos de fígado, rim, baço e músculo foram preservados em
etanol a 95% ou congelados a -20°C até processamento no laboratório de
Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária
da Universidade Federal de Goiás. A extração do DNA foi realizada a partir de
porções de 50 mg utilizando o método do fenol/clorofórmio (SAMBROOK et al.,
1989). Foram utilizados iniciadores direcionados a regiões conservadas no
genoma dos iridovírus (Quadro 1). Para o gene que codifica a proteína imediata
precoce (IE) ICP-18 utilizaram-se iniciadores propostos por GALLI et al. (2006), e
para o gene que codifica a proteína MCP foram utilizados iniciadores localizados
nas extremidades 5´e 3´ da seqüência de FV3 (TAN et al., 2004) sendo que o
iniciador “forward” é original do presente trabalho e o “reverse” já utilizado por
HYATT et al. (2000) segundo é apresentado no Quadro 1.
QUADRO 1 – Iniciadores utilizados para amplificação parcial do genoma de ranavirus, “bp” indica o comprimento do amplicon. Nome Forward Reverse Produto
(bp)
MCP
ATGTCTTCTGTAACTGGTTCA
AAAGACCCGTTTTGCAGCAAAC (1)
1483
IE
ATGATCCAAGCCTACCTGTGC (2)
AAATGTCCTAATCTATACACC (2)
479
(3) HYATT et al. (2000); (2) GALLI et al. (2006).
O mix utilizado para a amplificação com os diferentes iniciadores
constituía-se de 2,5 µL 10x tampão de PCR [Tris-HCl 20 mM (pH 8.4), KCl 50
mM], dNTP 200 µM, 2,5 mM MgCl2, 2.5 µM de cada iniciador, 1 U de Taq DNA
Polymerase, 5 µL de DNA template e água MilliQ até completar 50 µL para cada
reação. Os produtos de amplificação foram submetidos a corrida em gel de
127
agarose a 1%, corados com brometo de etídeo 0.5 µg/mL e visualizados em
transiluminador de luz UV.
Foram também utilizados iniciadores direcionados à identificação da
bactéria Streptococcus iniae aplicando a metodologia de PCR proposta por
BERRIDGE et al. (1998). Os cocos Gram-positivos, independentemente do
gênero foram purificados, sendo o DNA extraído pela metodologia do
fenol/clorofórmio (SAMBROOK et al., 1989). 2.4 Análise Microbiológica O sangue foi colhido assepticamente diretamente do coração das rãs
vivas e foram preparados esfregaços que foram posteriormente corados com
Giemsa. Uma vez sacrificados os exemplares foram submersos em solução de
ácido peracético a 0,2%. Após abertura da pele e da cavidade celômica, fígado,
rins, baço, pulmões, coração e cérebro foram extraídos assepticamente. As
amostras foram processadas imediatamente no laboratório de bacteriologia do
Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Goiás, sendo inoculadas em caldos BHI (Brain Heart Infussion Broth),
Casoy (Tripticase Soy Broth), Glicose Azide e Selenito-Cistina, segundo os
métodos rotineiros (BRASIL, 2003). Todas as amostras foram incubadas a 30°C
por 24-72 h. O período de 72 horas deveu-se ao crescimento lento de alguns
estreptococos, e procurou-se de esta forma propiciar um tempo suficiente para o
desenvolvimento, evitando a ocorrência de falsos negativos. Assim que foi
observado crescimento bacteriano foram semeadas alíquotas em placas de ágar
sangue contendo 5% de sangue desfibrinado de carneiro, e incubadas a 30°C,
determinando-se as características hemolíticas e morfologia das colônias-UFC.
As UFC isoladas, com diferente morfologia, foram selecionadas para coloração de
Gram, observação em microscópio de contraste de fase, e identificação mediante
provas bioquímicas complementares. Os cocos Gram-positivos foram estudados
mediante provas bioquímicas complementares. As UFC identificadas
primariamente pela bioquímica como estreptococos, foram enviadas para
determinação da espécie ao Aquatic Animal Health Research Laboratory em
Auburn - Alabama, nos Estados Unidos. As culturas foram processadas pelo
128
método de Identificação de ácidos graxos da membrana, FAME (Fatty Acid Methyl
Ester).
Os bastonetes Gram-negativos foram incubados em placas de ágar
McConkey e as UFC selecionadas inoculadas em tubos de TSI (Triple Sugar Iron
Agar) para finalmente serem submetidas à bateria de testes bioquímicos para
identificação da espécie (BRASIL, 2003).
Amostras de água e da ração foram analisadas periodicamente por
técnicas microbiológicas convencionais para determinação de contaminação fecal
(BRASIL, 2003) e presença de cocos Gram-positivos como descrito
anteriormente.
2.5 Microscopia eletrônica de transmissão As amostras foram processadas no laboratório de Microscopia
Eletrônica do Instituto Biológico de São Paulo. O material analisado foi
selecionado a partir de lesões identificadas nas lâminas da histopatologia. Uma
vez delimitada a região suspeita, a mesma foi localizada no bloco parafinado e
realizou-se corte de aproximadamente 1 mm de diâmetro. O fragmento extraído
foi desparafinado, reidratado e finalmente processado pela técnica de inclusão em
resina, seguida de contrastação positiva de cortes ultrafinos de acordo com os
procedimentos usuais de inclusão em resina, baseando-se nos métodos de LUFT
(1961) e GONZALES-SANTANDER (1969). Quando utilizou-se esta técnica, os
fragmentos de órgãos foram fixados em glutaraldeído a 2,5% em tampão fosfato
0,1M e pH 7,0, pós-fixados em tetróxido de ósmio a 2% em tampão fosfato 0,2M,
pH 7,0, corados por acetato de uranila a 0,5%, desidratados em série cetônica
crescente (50 a 100%) e incluídos em resina Spurr. Após ultra seccionamento dos
blocos, os cortes ultrafinos obtidos são corados positivamente pelo tratamento
seqüencial de acetato de uranila (WATSON, 1958) e citrato de chumbo
(REINOLDS, 1963), antes de serem observados ao microscópio eletrônico de
transmissão Philips EM 208.
2.6 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis
A pele das rãs foi amostrada realizando raspagens nas regiões
ventrais do abdome e dos membros posteriores com bisturi esterilizado. O
129
material obtido foi colocado sobre uma lâmina de vidro, corado com uma mistura
de KOH 10% e Azul de Algodão em proporções de 50:50 (vol-vol) e coberto por
uma lamínula para observação em microscópio óptico, segundo a descrição de
MAZZONI et al. (2003).
130
3 RESULTADOS Os resultados da epizootiología, microbiologia, PCR e microscopia
eletrônica de transmissão não diferem daqueles descritos para rãs septicêmicas
em trabalhos anteriores (MAZZONI et al. dados não publicados) pelos autores.
Rãs doentes e mortas foram detectadas em todas as etapas do ciclo
de vida não sendo encontrado relação com o manejo, tipo de alimentação ou
localização dentro do ranário. Observou-se que entre 15 e 20% dos animais
afetados evoluíram para um quadro super agudo. Esse quadro coexiste no
mesmo ranário, inclusive nas mesmas baias, com outros quadros da doença
(MAZZONI et al., dados não publicados). Não foram observados sinais
premonitórios que pudessem indicar que uma determinada rã seria afetada.
Os sinais clínicos incluíram: modificações da postura normal,
depressão, e diminuição da reação aos estímulos externos. As rãs apresentaram
ainda incordenação, opistótomo e convulsões, permanecendo em quadro tetânico
com os membros estendidos (Figura 1).
FIGURA 1 - Rãs em posição estendida, típica do quadro
super agudo
Às vezes, foi observado vômito sanguinolento no momento da morte e
emissão de um som forte e agudo. Não foram observadas hemorragias na pele e
nem ulcerações. Quando as rãs foram colhidas imediatamente após a morte, não
se observou nenhuma coloração vermelha na pele. Torna-se imperativo relatar
que o aparecimento super agudo dos sintomas e o conseqüente óbito dos animais
pode acontecer em período muito curto, de cerca de 30 minutos. Verificou-se que
as rãs se alimentavam até o aparecimento dos sinais clínicos, fato comprovado à
131
necropsia. O quadro que levou os animais à morte lembrou as descrições
realizadas em outras espécies animais e no homem para o choque séptico.
3.1 Necrópsia As rãs doentes mostraram diversos graus de lesões nos órgãos
internos, mas sem um padrão definido. As lesões de maior freqüência foram:
aumento do volume e coloração anormal do fígado, geralmente cinzenta ou
amarelada, baço aumentado de volume e com coloração pardo-escura além de
rins hemorrágicos. Às vezes, observaram-se pulmões fortemente hemorrágicos e
ascite leve contendo exsudato sero-hemorrágico.
A maioria dos animais apresentou alimento no tubo digestivo, incluindo
o estômago e o duodeno, enquanto o corpo adiposo apresentava-se com
características normais.
3.2 Histopatologia Foi observado um quadro de lesões inflamatórias e vasculares
produzidas pela sepse na maioria das rãs afetando o fígado, rins, baço, coração,
pulmão e cérebro.
Foram observados resposta inflamatória múltipla, localizada nas
serosas das vísceras bem como granulomas bacterianos distribuídos no
parênquima dos diversos órgãos. Também ocorreram áreas de necrose
associadas à presença de macrófagos e grande infiltração linfocitária na maioria
dos tecidos.
A alteração mais freqüente neste quadro foi o aparecimento de focos
basofílicos arredondados distribuídos na maioria dos órgãos afetados,
correspondendo a aglomerados de bactérias, provavelmente cocos (Figura 2).
Um achado comum foi a esteatose hepática com perda da estrutura
normal do tecido e necrose. Os rins apresentaram-se muito afetados, com
infiltração mononuclear, necrose glomerular e tubular, congestão, granulomas e
abundantes cilindros hialinos nos túbulos, bem como mineralização tubular
multifocal. Os pulmões revelaram diversos graus de infiltração mononuclear,
congestão e hemorragias.
132
A B
C D
FIGURA 2 – Rã adulta. Focos basofílicos correspondendo a
aglomerados de cocos. (A) Fígado 200X; (B) Baço 200X; (C) Coração 400X; (D) Rim 200X.. Coloração H&E.
As rãs estudadas mostraram grau variável de congestão no epicárdio
com hemorragias e infiltração de monócitos macrófagos e linfócitos. No coração
observaram-se granulomas com o mesmo padrão histológico já assinalado nos
outros tecidos, assim como abundantes bactérias infiltrando o miocárdio e o
epicardio. No baço notou-se grau variável de congestão, hiperplasia linfocítica
inespecífica, granulomas e necrose, sempre associados à presença bacteriana.
133
A B
Figura 3 - Aglomerado de cocos gram-positivos no miocárdio (A), e em
rim de rãs (B). Coloração de Gram, 1000X.
A coloração de Gram revelou a presença de grandes aglomerados de
cocos Gram-positivos associados às lesões observadas na H&E (Figura 3). Esses
aglomerados de bactérias foram identificados na intimidade de todos os tecidos
dos órgãos e vísceras examinados. Não foi observada reação inflamatória
circundando esses aglomerados bacterianos. A pesquisa de corpúsculos de
inclusão viral foi negativa.
FIGURA 4 - Esfregaço de sangue cardíaco corado pelo Giemsa. Observam-se abundantes cocos isolados ou em cadeias na superfície das hemáceas (seta), assim como em um leucócito (ponta de seta), 1000x.
134
3.3 Microbiologia Todas as rãs estudadas com esta síndrome albergaram cocos Gram-
positivos de diversas espécies e gêneros. Assim, foram identificados
principalmente, Streptococcus uberis, S. agalactie, S. faecalis, S. dysgalactiae, e
Enterococcus spp. Staphylococcus spp foi identificado em 40% dos casos. Apesar
de não serem observados outros microrganismos nos cortes histológicos
submetidos à coloração de Gram, Edwarsiella tarda, Escherichia coli, Citrobacter
spp., Pseudomonas spp., Proteus spp, e Aeromonas hydrophyla, foram também
detectados eventualmente, mas sem um padrão constante, nem quanto à sua
presença nem quanto a combinações entre eles.
Amostras de sangue colhido diretamente do coração das rãs, coradas
pelo método de Giemsa revelaram a presença de abundantes cocos, muitas
vezes em cadeias aderidos às paredes das hemáceas, bem como no interior de
células de defesa (Figura 4).
3.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Nas rãs estudadas, a pesquisa de ranavirus e S. iniae foi negativa.
3.5 Microscopia eletrônica de transmissão Não foram encontradas inclusões típicas de vírus, nem presença de
partículas virais.
3.6 Pesquisa do fungo Batrachochytrium dendrobatidis As pesquisas do fungo foram negativas em todos os animais
estudados.
135
4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A análise do conjunto de resultados permite evidenciar a presença de
um quadro particular, do tipo septicêmico e super agudo, mediado principalmente
pelos estreptococos, que após um período variável de infecção sub-clínica,
conseguem proliferar em quantidades muito elevadas que rapidamente levam a
morte.
As septicemias têm sido reportadas como a causa mais importante de
mortalidade em anfíbios, sendo freqüente o achado de animais mortos sem
sintomas premonitórios (CRAWSHAW, 1994). Este mesmo autor assinala que os
microrganismos normais do meio ambiente podem tornar-se patogênicos quando
os anfíbios são submetidos a condições de estresse, sendo que a sintomatologia
observada não depende do tipo de microrganismo envolvido. Os resultados das
pesquisas realizadas confirmaram estas observações.
Apesar da importância das septicemias nos anfíbios, o risco de isolar
bactérias oportunistas que entram no organismo submetido a condições de
choque e colapso generalizado é elevado (NACE, 1974). O autor recomenda
utilizar amostras para processamento microbiológico oriundas de rãs que
sobreviveram pelo menos oito horas após a colheita. As observações do citado
trabalho indicaram que os resultados da bacteriologia para este quadro clínico
não são de completa validade.
Apesar dessas considerações, os estudos microbiológicos revelaram a
constante presença de cocos Gram-positivos. À histopatologia, as quantidades
elevadas destas bactérias, formando verdadeiros aglomerados no parênquima
dos órgãos, indicam o papel fundamental das mesmas no quadro. É importante
ressaltar que estes microrganismos foram observados nos estágios prévios da
doença, em amostras obtidas de rãs sem sinais evidentes, assim como em rãs
com sintomatologia aguda (MAZZONI et al., dados não publicados). Isto sugere
que estas bactérias não pertencem aos invasores oportunistas. Esses cocos
foram detectados nos cortes de tecidos e nos esfregaços sanguíneos, podendo o
quadro ser nomeado de septicemia estreptocócica.
136
Quando os tecidos foram submetidos a análises bacteriológicas de
rotina, outras bactérias principalmente bastonetes Gram-negativos também foram
identificadas, mas provavelmente pertençam ao grupo de invasores secundários.
Septicemias por estreptococos ocorrem de forma esporádica ou
epizoótica em populações selvagens ou de criação em grande numero de
espécies aquáticas (ROMALDE et al., 2000; TORANZO et al., 2005).
Nas rãs, diversos autores (GLORIOSO et al., 1974; AMBROSKY et al.,
1983, GUIMARAES et al., 1988) obtiveram na bacteriologia, resultados
semelhantes aos do presente trabalho.
Mortalidades de anfíbios foram estudadas em relação a surtos na
natureza (CUNNINGHAM et al., 1996; BERGER et al., 1998; GREEN et al., 2002)
sendo identificados além de diversos grupos de bactérias, agentes virais e fungos.
No presente estudo, não foi possível incriminar esses patógenos como
responsáveis diretos pela mortalidade.
Os estreptococos potencialmente patogênicos podem ser albergados
de forma assintomática por animais normais e humanos. O número de bactérias é
limitado usualmente pelas defesas não específicas, requerendo a ação de fatores
desencadeantes para agir e produzir sintomas evidentes. Algumas espécies
chegam a produzir doenças quando estes mecanismos falham ou quando uma
cepa nova ou virulenta aparece (MITCHELL, 2003; IICAB, 2005).
As características do quadro clínico super agudo, de duração muito
curta desde o aparecimento dos sintomas até a morte, associadas aos achados
de necropsia e à histopatologia sugerem a ocorrência de um choque séptico,
devido à quantidade e distribuição generalizada dos microrganismos.
Quadros de choque foram observados em estágios terminais das
doenças septicêmicas nos anfíbios com iguais características clínicas às
assinaladas no presente estudo. (NACE, 1974).
Choque séptico ou síndrome de choque tóxico (TSS) é um quadro
amplamente conhecido no homem, caracterizado pelo rápido início da doença
com febre, hipotensão, vômitos, diarréia e eventualmente falha em múltiplos
órgãos (SALLES et al., 1999; WHITE, 2000; MULLER-ALOUF et al., 2001). É uma
condição muito grave e quase sempre fatal se não tratada de imediato, e ocorre
quando uma infecção generalizada determina diminuição do fluxo sanguíneo e
137
perda conseqüente da funcionalidade dos órgãos vitais. A síndrome acontece em
indivíduos imunologicamente comprometidos ou com doenças crônicas, e tem
como causa diversos microrganismos que liberam toxinas que danificam
diretamente os tecidos ou estimulam respostas inflamatórias exageradas.
Antecedentes de infecções urinárias, biliares ou do trato gastrintestinal são
também mencionadas como possíveis causas predisponentes (ENCICLOPEDIA
MEDICA EN ESPAÑOL, 2004; IICAB, 2005; THE MERCK VETERINARY
MANUAL, 2005). A presença de severas lesões hepáticas e renais nas rãs
estudadas corrobora com estas afirmações.
Apesar de a patogênese da síndrome não ser ainda bem conhecida, a
TSS é produzida por superantígenos pertencentes à família das toxinas
pirogênicas bacterianas, principalmente de Staphylococcus aureus e
Streptococcus pyogenes e outros estreptococos do grupo A (GAS) de Lancefield
(SCHLIEVERT, 1993). S. pyogenes e GAS foram considerados os produtores de
uma síndrome específica e diferente, chamada síndrome semelhante ao choque
tóxico [toxic shock like syndrome] (TSLS) com os mesmos sintomas, mas com a
adição de uma necrose severa dos tecidos (BOHACH et al., 1990; STEVENS,
1995). As causas do quadro são exotoxinas pirogênicas de três sorotipos (A, B e
C) e um superantígeno estreptocócico (SSA). Existe super estimulação dos
linfócitos T e das células apresentadoras de antígenos mediados pelas toxinas,
que determinam liberação de grandes quantidades de citocinas, desencadeando
uma cascata de respostas inflamatórias que leva ao aparecimento da síndrome
(SALLES et al., 1999; MULLER-ALOUF et al., 2001). O envolvimento de
bacteriófagos na difusão dos genes codificadores das toxinas produtoras de TSLS
têm sido também demonstrado (KAPUR et al., 1992).
As frações lipídicas dos lipopolisacarídeos da parede celular das
enterobactérias foram também incriminadas na origem da síndrome (THE MERCK
VETERINARY MANUAL, 2005). Porém, não foram detectadas quantidades
destes microrganismos que pudessem evidenciar o envolvimento deles como
causa principal do choque. Entretanto, o papel destas bactérias não pode ser
descartado totalmente.
Trabalhos desenvolvidos nas últimas décadas têm revelado que outros
germes estão também envolvidos na produção da síndrome. KORMAN et al.
138
(2004) observaram estes quadros de choque associados ao Streptococcus equi
subespécie. zooepidemicus pertencente ao grupo C de Lancefield. O
microorganismo não possui nenhum dos genes conhecidos como produtor de
super antígenos GAS, mas mostrou evidencias de sua produção. S. canis e S.
equi subespécie zooepidemicus têm sido isolados de cães com TSLS. Os
sintomas observados foram, entre outros, vômitos, estado de choque, debilidade
e depressão extremas, convulsões, dores intensas e hemorragias espontâneas
levando a epistaxe e a esputos sanguinolentos. Os suínos albergaram com
freqüência o S. suis, sem sintomas, mas cepas virulentas podem causar doenças
severas com sintomas de labirintite, otite média e interna que levam a disfunções
vestibulares, meningite com tremores, incordenação, convulsões e opistótomo.
O conjunto dos resultados obtidos permite-nos evidenciar a presença
de um quadro particular do tipo septicêmico e super agudo em rãs doentes.
O vírus do gênero Ranavirus foi descartado como produtor do quadro,
devido à ausência de resultados positivos na PCR, assim como na microscopia
eletrônica de transmissão. Foi também descartado o papel do fungo B.
dendrobatidis, pois não foi possível identificá-lo nos estudos realizados.
Os achados do presente trabalho indicam a presença de uma síndrome
semelhante ao TSS ou TSLS em rãs de criação, levantando a suspeita de que
este tipo de síndrome pode ser comum também em outras espécies empregadas
à aqüicultura. A observação de quadros de choque séptico em animais
pecilotérmicos reportada neste trabalho, requer novos estudos na procura de
maiores conhecimentos relacionados à patogênese e aos diversos mecanismos
envolvidos no aparecimento do quadro.
139
REFERÊNCIAS
1. AMBORSKI, R. L.; SNIDER, T. G.; THUNE, R. L.; CULLEY, D. D. A non- hemolytic, group B Streptococcus infection of cultured bullfrogs, Rana catesbiana, in Brazil. Journal of Wildlife Diseases. Ames-IO, v.19, n. 3, p. 180-184, 1983.
2. A.V.M.A. 1993 Report of the A.V.M.A. Panel for euthanasia. Journal of the American Veteterinay Medical Association, Ithaca-NY, v. 202, n. 2, p. 229-249, 1993. 3. BERGER, L.; SPEARE, R.; DASZAK, P.; GREEN, D.; CUNNINGHAM, A.; GOGGIN, C.; SLOCOMBE, R.; RAGAN, M.; HYATT, A.; MCDONALD, K.; HINES, H.; LIPS, K.; MARANTELLI, G.; PARKES, H. Chytridiomycosis causes amphibian mortality associated with population declines in the rain forests of Australia and Central America. Proceedings of the National Academy of Science, Washington- DC, v. 95, n. 15, p. 9031-9036, 1998.
4. BERGER, L.; SPEARE, R.; HYATT, A. Chytrid fungi and amphibian declines: Overview, implications and future directions. Ed. A. Campbell. Declines and Disappearances of Australian Frogs. Environment Australia: Canberra. p. 23-33, 1999. 5. BERGER, L.; HYATT, A.; OLSEN, V.; HENGSTBERGER, S.; BOYLE, D.; MARANTELLI, G.; HUMPHREYS, K.; LONGCORE, J. Production of polyclonal antibodies to Batrachochytrium dendrobatidis and their use in an immunoperoxidase test for chytridiomycosis in amphibians. Diseases of Aquatic Organisms, London, v. 48, n 3, p.213-220, 2002. 6. BLAUSTEIN, A.; DOBSON, A. Extinctions: A message from the frogs. Nature, London, v. 439, n. 7073, p. 143, 2006. 7. BOHACH, G.; FAST, D.; NELSON, R.; SCHLIEVERT, P. Staphylococcal and streptococcal pyrogenic toxins involved in toxic shock syndrome and related illnesses. Critical Reviews in Microbiology. Boca Raton-FL. v. 17, n. 4, p. 251-272, 1990. 8. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para o controle de produtos de origem animal e água. Instrução Normativa 62, de 26 de agosto de 2003. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 set., 2003. Seção I, p.14-50. 9. BRENNER, S.; HORNE, R. A negative staining method for high resolution electron microscopy of viruses. Biochimica et Biophysica Acta. Amsterdam, v. 34, p. 103-110, 1959. 10. CRAWSHAW, G. Medicina de anfibios. In: Terapéutica veterinaria de pequeños animales. KIRK, R. W. & BONAGURA, J.D. Eds. Interamericana-Mc Graw Hill. México, 1994, p. 1355-1369.
140
11. CUNNINGHAM, A.; LANGTON, T.; BENNETT, P.; LEWIN, J.; DRURY, S.; GOUGH, R.; MACGREGOR, S. Pathological and microbiological findings from incidents of unusual mortality of the common frog (Rana temporaria). Philosophical Transactions of the Royal Society of London.Series B, Biological Sciences, London, v. 351, n. 1347, p. 1539-1557, 1996. 12. DASZAK, P.; BERGER, L.; CUNNINGHAM, A.; HYATT, A.; GREEN, D.; SPEARE, R. Emerging infectious diseases and amphibian population declines. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 5, n. 6, p. 735-748, 1999.. 13. ENCICLOPEDIA MÉDICA EN ESPAÑOL, Coordenador KAUFMAN, D.2004. Shock bacterémico; shock endotóxico; shock septicémico; shock caliente. Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/article/000668.htm Acesso em: 17 mar 2005. 14. GALLI, L.; PEREIRA. A. ; MARQUEZ, A.; MAZZONI, R. Ranavirus detection by PCR in cultured tadpoles (Rana catesbeiana Shaw 1802) from South America. Aquaculture, Amsterdam, v., 257, n. 1-4, p. 78-82, 2006. 15. GLORIOSO, J. C.; AMBORSKI, R. L.; AMBORSKI, G. F.; CULLEY, D. D. Microbiological studies on septicaemic bullfrogs (Rana catesbiana). American Journal of Veterinary Research. Chicago-IL, v. 35, n. 9, p. 1241-1245, 1974. 16. GONZALES-SANTANDER, R. Técnicas de microscopia eletrônica en biología. Madrid, Aguilar, 1969, 666 p. 17. GREEN. D.; CONVERSE, K.; SCHRADER, A. Epizootiology of sixty-four amphibian morbitidy and mortality events in the USA, 1996-2001. Annals of the New York Accademy of Science, New York, v. 969, p. 323-339, 2002. 18. GUAYASAMIN, J.M.; BONACCORSO, E.; SPEARE, R.; MENDEZ, D. The roles of climatic variation and pathogenic fungus in declining populations of Aletopus cruciger (Anura: Bufonidae) in Venezuela. In:. Abstracts of the Joint Meeting of the American Society of Ichthyologists and Herpetologists, 2002 [on line] Herpetologists' League, and Society for the Study of Amphibians and Reptiles, Kansas City, USA. Disponível em: http://www.asih.org/meetings/2002/Abstracts.pdf Acesso em: 21 jan. 2003. 19. GUIMARAES,N.; SILVEIRA,W.; RODRIGUES, M. Isolamentos de bactérias patógenas nos ranários de Goiás e Pará. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE RANICULTURA,1988, Rio de Janeiro. Anais VI Encontro Nacional de Ranicultura. Rio de Janeiro: ARERJ, 1988, p. 287-291. 20. HANSELMANN, R.; RODRIGUEZ, A.; LAMPO, M,; FAJARDO-RAMOS L.;ALONSO AGUIRRE, A.;. MARM KILPATRICK, A.; RODRIGUEZ J.P., DASZAK, P. Presence of an emerging pathogen of amphibians in introduced bullfrogs Rana
141
catesbiana in Venezuela. Biological Conservation, Essex, v. 120, n. 1, p. 115-119, 2004. 21. HIPÓLITO, M. Patologias em rã touro (Rana catesbeiana Shaw 1802). Primeira revisão da bibliografia brasileira. Arquivos do Instituto Biológico de São Paulo. São Paulo, v. 69, n. 2, p. 113-120, 2002. 22. HYATT, A.; GOULD, A.; ZUPANOVIC, Z.; CUNNINGHAM, A.; HENGSTBERGER, S.; WHITTINGTON, R.; KATTENBELT, J.; COUPAR, B. Comparative studies of piscine and amphibian iridoviruses. Archives of Virology, New York-NY, v. 145, n. 2, p.301-331, 2000. 23. IICAB . Desenvolvido pela Iowa State University- AOIEC Center - Institute for International Cooperation in Animal Biologics. An OIE Collaborating Center, 2005. Apresenta textos sobre doenças infecciosas nos animais e riscos na saúde pública. Disponível em: http://www.cfsph.iastate.edu Acesso em 23 nov. 2005. 24. KAPUR, V.; NELSON, K.; SCHLIEVERT, P.; SELANDER, R.; MUSSER, J. Molecular population genetic evidenco of horizontal spread of two alleles of the pyrogenic exotoxin C gene (speC) among pathogenic cloes of Streptococcus pyogenes. Infection and Immunity. v. 60, n. 9, p. 3513-3517, 1992. 25. KORMAN, T.; BOERS, A.; GOODING, T.; CURTIS, N.; VISVANATHAN, K. Fatal Case of Toxic Shock-Like Syndrome Due to Group C Streptococcus Associated with Superantigen Exotoxin. Journal of Clinical Microbiology, Washington DC, v. 42, n. 6, p. 2866–2869, 2004. 26. LONGCORE, J.; PESSIER, A.; NICHOLS, D. Batrachochytrium dendrobatidis gen. et sp. nov., a chytrid pathogenic to amphibians. Mycologia, New York-NY. v. 91, n. 2, p. 219-227, 1999. 27. LUFT, J. A. Improvements in an epoxy resin embedding methods. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 9, p. 409-414, 1961. 28. LUNA, L.G. Manual of histology staining methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3.ed. New York: McGraw-Hill, 1968. 258p. 29. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000a, Cairns, Austrália. Conference and Workshop Compendium. Cairns, Rainforest CRC, p. 37-38, 2000. 30. MAZZONI, R. Diseases in farmed American bull frog (Rana catesbeiana Shaw, 1802) in Uruguay. In: GETTING THE JUMP! ON AMPHIBIAN DISEASE, 2000b, Cairns, Austrália. Power Point presentation. Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/mazzoni.ppt, 2000. Acesso em: 30 mai. 2004.
142
31. MAZZONI, R. Doenças em ranicultura: Prevenção e uso de vacinas. Boletim do Instituto de Pesca. São Paulo, n. 34, p. 41-47, 2003. 32. MAZZONI, R.; CARNEVIA, D. Enfermedades de ranas en criadero: Una limitante real para el desarrollo de la ranicultura. Resumos do Encontro Latino Americano de Patologistas em Organismos Aquáticos. Florianópolis, SC, v.2, p. 228, 2000, [resumos]. 33. MAZZONI, R.; CUNNINGHAM, A.; DASZAK, P.; APOLO, A; PERDOMO, E.; SPERANZA, G. Emerging pathogen of wild amphibians in frogs (Rana catesbeiana) farmed for international trade. Emerging Infectious Diseases, Atlanta-GA, v. 9, n. 8, p. 995-998, 2003. 34. MITCHELL, T. The pathogenesis of streptococcal infections: From tooth decay to meningitis. Nature Reviews. Microbiology. London, v. 1, n. 3, p. 219-230, 2003. 35. MULLER-ALOUF, H.; CARNOY, C.; SIMONET, M.; ALOUF, J. Superantigen bacterial toxins: state of the art. Toxicon, Oxford, v. 39, p. 1691-1701, 2001. 36. NACE, G. (ed.): Amphibians: Guidelines for the breeding, care and management of laboratory animals. Washington D.C., NRC/NAS, 1974, 153p. Disponível em: http://www.nap.edu/catalog/661.html#toc , Acesso em: 15 fev. 2004. 37. REINOLDS, E.S. The use of lead citrate at high pH as an electron-opaque stain in electron microscopy. Journal of Cell Biology, v. 17, p. 208-212, 1963. 38. ROMALDE, J.; LORES, F.; MAGARIÑOS, B.; BARJA, J.; TORANZANO, A. Study of cell surface associated virulence factors of Streptococcus parauberis strains pathogenic for turbot. Bulletin of the European Association of Fish Pathologists. The Netherlands, v. 20, n. 6, p. 244-251, 2000.
39. SALLES, M.; SPROVIERI, S.; BEDRIKOW, R.; PEREIRA, A.; CARDENUTO, S.; AZEVEDO, P.; SILVA, T.; GOLIN, V. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica/sepse – revisão e estudo da terminologia e fisiopatologia. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 86-92, 1999.
40. SAMBROOK, J.; FRITCSH, E.; MANIATIS, T. Molecular cloning: A laboratory manual. 2. ed. New York: Cold Spring Harbor Laboratory, 1989. 3v. 3104p.
41. SCHLIEVERT, P. Role of superantigens in human disease. Journal of Infectious Diseases, Chicago, v. 167, p. 997-1002. 1993. 42. STEVENS, D. Streptococcal toxic-shock syndrome: Spectrum of disease, pathogenesis, and new concepts in treatment. Emerging Infectious Diseases, Atlanta, v. 1, n. 3, p. 69-78, 1995
143
43. SPEARE, R. Summary of formidable infectious diseases of amphibians. In: AMPHIBIAN DISEASE HOME PAGE. Webmaster SPEARE, R. School of Public Health and Tropical Medicine, James Cook University, 2003. Disponível em: http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/formidable.htm. Acesso em: 11 jan.2005.
44. SPEARE, R.; BERGER L. Global distribution of chytridiomycosis in amphibians. Disponível em : http://www.jcu.edu.au/school/phtm/PHTM/frogs/chyglob.htm 2000. Acesso em: 20 mai. 2005. 45. THE MERCK MANUAL. Septic Shock. Disponível em: http://www.merck.com/mrkshared/mmanual/section13/chapter156/156c.jsp Acesso em: 16 nov. 2005. 46. TORANZO, A.; DEVESA, S.; ROMALDE, J.; LAMAS, J.; RIAZA, A.; LEIRO, J.; BARJA, J. Efficay of intraperitoneal and immersion vaccination against Enterococcus sp. infection in turbot. Aquaculture. Amsterdam, v. 134, p. 17-27, 1995. 47. WATSON, M. L. Staining of tissue sections for electron microscopy with heavy metals. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 4, p. 475-478, 1958. 48. WENG, S.; HE, J.; WANG, X.; LU, L.; DENG, M.; CHAN, S-M. Outbreaks of an iridovirus disease in cultured tiger frog, Rana tigrina rugulosa, in southern China. Journal of Fish Diseases, Oxford, v. 25, n. 11, p. 423-427, 2002.
49. WHITE, W. Role of Superantigens in Staphylococcal and Streptococcal Toxic Shock Syndrome. Disponível em: http://www.bio.davidson.edu/Courses/Immunology/Students/spring2000/white/restricted/TSS.html Davidson College Department of Biology, Davidson, NC, 2000. Acesso em: 16 nov. 2005.
50. ZHANG, Q.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J.; MAO, J.; CHINCHAR, V. Characterization of an iridovirus from the cultured pig frog Rana grylio with lethal syndrome. Diseases of Aquatic Organisms, Amerlinghausen, v. 48, n. 1, p. 27-36, 2001. 51. ZHANG, Q.; ZHE, Z.; XIAO, F.; LI, Z.; GUI, J. Molecular characterization of three Rana grylio virus (RGV) isolates and Paralichthys olivaceus lymphocystis disease virus (LCDV-C) in iridoviruses. Aquaculture, Amsterdam, v. 251, n. 1, p. 1-10, 2006.
144
CAPITULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi caracterizada pela primeira vez em rãs de criação do Brasil, uma
doença específica que acomete girinos de até 30 dias de idade, cujo agente
etiológico é um vírus da Família Iridoviridae, gênero Ranavirus. Clinicamente foram
observados girinos com abdome aumentado de tamanho, com edemas e ascite,
assim como girinos finos ou emaciados. Revelaram lesão localizada principalmente
no fígado e nos rins, com destruição quase completa do parênquima. Nenhum
agente bacteriano pôde ser incriminado na etiologia da enfermidade. A presença
constante nos resultados da PCR de um vírus do gênero Ranavirus, associada aos
achados na histopatologia e na microscopia eletrônica de transmissão, confirmaram
o papel fundamental deste microrganismo nesta enfermidade.
Estudos de epidemiologia molecular realizados permitem incluir o vírus
detectado dentro do gênero Ranavirus. Observou-se homologia de quase 100%
nos setores do genoma estudado com aqueles do Frog Vírus 3, o que indica sua
possível introdução com as rãs importadas da América do Norte.
Foi identificado quadro específico em girinos na pré-metamorfose, no
qual o papel dos vírus não pôde ser determinado. Nesta fase, bactérias
oportunistas, principalmente cocos Gram-positivos foram encontradas em
associação às lesões. Estas predominam no fígado e rins, mas também alcançam
outros órgãos internos. A lesão é de tipo necrótico-degenerativo, com resposta
inflamatória predominantemente de linfócitos mononucleares e formação de
granulomas. O quadro é insidioso, apresentando-se com edemas, ascites e às
vezes úlceras na pele. A lesão estreptocócica coincide com os achados descritos
em criações de trutas, linguados, bagres, e tilapias.
Nas rãs, foi caracterizado quadro septicêmico com sintomatologia
inespecífica, cursando de forma super aguda, aguda ou crônica. Nas fases
agudas predominam sintomas como letargia, apatia, edemas e ascite sendo que,
às vezes, as rãs apresentam sintomas nervosos. À histopatologia e microbiologia
o quadro comporta-se de forma semelhante àquela observada nos girinos na pré-
metamorfose. A morte é conseqüência da septicemia associada ao
145
comprometimento funcional do fígado e rins, principalmente. Na fase crônica as
rãs apresentam-se emaciadas e com posturas anormais sugestivas de lesões
nervosas.
Não foi possível reproduzir a doença injetando as bactérias isoladas a
partir de animais com sintomas agudos, assim como não foi isolado de forma
constante e permanente um único microrganismo. Vírus e fungos não foram
associados aos surtos estudados.
A doença observada em girinos na pré-metamorfose e nas rãs, pode
ser considerada como uma “septicemia estreptocócica secundária”. As bactérias
cohabitam inicialmente os tecidos do animal, produzindo lesões sem
sintomatologia evidente. Fatores individuais influenciados seguramente pelas
condições ambientais e de manejo determinam a evolução a desenvolver-se em
cada animal. A presença de diversas espécies sem determinação de um
patógeno permanente ou constante indica o caráter secundário da infecção.
Porém, o papel dos cocos não pode ser descartado na evolução da doença e,
portanto, devem ser levados em conta nos planos de controle sanitário dos
ranários comerciais. Não foi possível, nas condições deste estudo, determinar a
causa primária que antecede a invasão dos tecidos pelos estreptococos. O papel
primário dos vírus detectados nas primeiras semanas de vida pode ter sido fator
desencadeante, favorecendo a invasão bacteriana observada em quadros de
animais mais velhos.
A síndrome denominada de “perna vermelha” não foi observada em
nenhuma das rãs estudadas. Os autores do presente estudo propõem a
eliminação da terminologia científica do termo “perna vermelha” ou “red leg”, por
considerá-lo fonte de confusão quanto à etiologia do surto, bem como por fazer
referência a evento que se apresenta em numerosas condições, associadas ou
não com agentes infecciosos.
Os achados do presente trabalho sugerem a presença de uma
síndrome semelhante ao choque séptico em rãs de criação, levantando a suspeita
de que esta entidade possa ser também comum em outras espécies empregadas
na aqüicultura.
Observações a campo indicam que a aplicação de medidas de
biossegurança básicas, comprovadamente imprescindíveis em outras criações
146
com maior desenvolvimento revelaram-se efetivas. Um vazio sanitário de três
meses, seguido de medidas de desinfecção adequadas controlaram a doença no
ranário em estudo e também em outros ranários.
O fungo Batrachochytrium dendrobatidis, agente produtor da
chytridiomicose, não foi identificado nas rãs estudadas, não sendo, portanto
incriminado como responsável nos surtos estudados. Também não foram
observados outros fungos incriminados como causadores de doenças de anfíbios.