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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP ÍNDIOS ONLINE: O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação. SIDNEI MARCIANO PEREIRA SÃO PAULO 2010

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

ÍNDIOS ONLINE:

O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação.

SIDNEI MARCIANO PEREIRA

SÃO PAULO

2010

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SIDNEI MARCIANO PEREIRA

ÍNDIOS ONLINE:

O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação, área de concentração Comunicação e Cultura Midiática, sob orientação da Profa. Dra. Bárbara Heller.

SÃO PAULO - SP

2010

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Pereira, Sidnei Marciano Índios Online: o uso da internet em tribos indígenas / Sidnei Marciano Pereira – São Paulo, 2010. 160 f.: il.

Dissertação (mestrado) – Apresentada ao Instituto de Ciências Sociais e Comunicação da Universidade Paulista, São Paulo, 2010. Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática “Orientação: Profa. Dra. Barbara Heller” 1. Índio. 2. Representação indígena. 3. Mídia cinematográfica. 4. Ciberespaço. I. Título.

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SIDNEI MARCIANO PEREIRA

ÍNDIOS ONLINE:

O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação, área de concentração Comunicação e Cultura Midiática.

Data de Aprovação: _____________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________Profa. Dra. Bárbara Heller (Orientadora)

Universidade Paulista - UNIP

_______________________________________Prof. Dr. Milton Pelegrini

Universidade Paulista - UNIP

_______________________________________Prof. Dr. Sérgio Amadeu da Silveira

Faculdade Cásper Líbero

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Josepha Pereira pelo apoio em todos os momentos e incentivo

para nunca desistir.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Barbara Heller por todo o apoio e palavras de alento nos

momentos difíceis.

À minha família em geral, principalmente a Jô, Milton e Tiago que me

acolheram em sua casa na cidade de Campinas/SP. Às minhas irmãs Suzana,

Sandra e meu irmão Saulo pela compreensão neste período no qual me dediquei

mais aos estudos do que a família.

Um agradecimento muitíssimo especial à minha irmã Solange e minhas

sobrinhas Phâmela e Phaola por me receberem em sua casa sempre que precisei

ficar mais tempo em São Paulo.

A todos que direta e indiretamente contribuíram para que eu dedicasse total

atenção à pesquisa e foram solidários nos momentos de sufoco e cansaço, nesses

24 meses de luta e perseverança.

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RESUMO

Nossa pesquisa traz breve histórico da gênese da Comunicação Mediada por

Computador (CMC) com o advento do computador e da Internet, além de relatos

sobre a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) por povos

indígenas no território brasileiro, como ponto de partida para chegarmos à análise do

nosso objeto de pesquisa, o site Índios Online.

Também traçamos um pequeno panorama sobre a gradativa representação

do indígena na mídia cinematográfica brasileira, para depois analisar a utilização

pelos índios da tecnologia do vídeo e da internet nas aldeias.

Por fim, analisamos a representação virtual dos índios na rede mundial de

computadores, a Internet, por meio do site Índios Online, além de um breve estudo

sobre a temática das reportagens publicadas no site e entrevistas para

identificarmos a internet na visão do índio, buscando compreender o uso e o

significado da Internet na vida dos indígenas e colhermos informações sobre a

opinião dos mesmos a respeito dessa novidade nas aldeias.

Nas considerações finais apresentamos algumas reflexões sobre a utilização

da Comunicação Mediada por Computador, comentando suas vantagens e possíveis

desvantagens na utilização desses recursos tecnológicos por tribos indígenas

brasileiras.

Palavras-chave: índio, representação indígena, mídia cinematográfica e

Internet.

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ABSTRACT

Our research provides a brief history of the genesis of Computer-Mediated

Communication (CMC) with the advent of computers and the internet, and reports on

the use of Information and Communication Technologies (ICTs) by indigenous

peoples in the brazilian territory, as a starting point to get to the analysis of our

research object, the Indian Online site.

Also draw a small picture on the gradual representation of indigenous media in

brazilian cinema, in order to examine the use by indians of video technology and the

internet in the villages.

Finally, we analyze the virtual representation of indians in the World Wide

Web, the internet, through the Indian Online site, beyond a brief study on the subject

of news reports and interviews on the site to identify the internet in view of the

indians, seeking understand the use and meaning of the internet in the lives of

indigenous people and to glean information about the views of the same about this

news in the villages.

The closing remarks present some reflections on the use of Computer-

Mediated Communication, commenting on its advantages and possible

disadvantages in their use of technology for brazilian indian tribes.

Keywords: indian, indigenous representation, media cinema and Internet.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem reproduzida da página inicial do blog AJI

em 10 de dezembro de 2009 41

Figura 2: Imagem reproduzida da página inicial do CIR,

10 de dezembro de 2009 43

Figura 3: Imagem reproduzida da página inicial do site COIAB

em 10 de dezembro de 2009 44

Figura 4: Imagem reproduzida da página inicial Associação

em 10 de dezembro de 2009 46

Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena

em 10 de dezembro de 2009 48

Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena

em 10 de dezembro de 2009 49

Figura 7: Imagem reproduzida da página inicial do IDETI

em 10 de dezembro de 2009 50

Figura 8: Imagem reproduzida da página inicial do Inbrapi

em 10 de dezembro de 2009 52

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Figura 9: Imagem reproduzida da página não localizada

em 10 de dezembro de 2009 54

Figura 10: Imagem reproduzida da página de busca

em 10 de dezembro de 2009 55

Figura 11: Imagem reproduzida da página inicial Nhandeva

em 10 de dezembro de 2009 57

Figura 12: Imagem reproduzida da página “Como ajudar”

em 10 de dezembro de 2009 58

Figura 13: Imagem reproduzida da página inicial da APIO

em 10 de dezembro de 2009 59

Figura 14: Imagem reproduzida do blog SITOAKORE

em 10 de dezembro de 2009 61

Figura 15: Imagem reproduzida da página inicial Warã

em 10 de dezembro de 2009 63

Figura 16: pesquisa sobre o índio em site de busca

em 5 de março de 2009 71

Figura 17: imagem do índio na internet

em 5 de março de 2009 72

Figura 18: Imagem reproduzida da página inicial do site

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Índios Online, 28 de março de 2009 73

Figura 19: Imagem reproduzida a partir do item “Oca”, site

Índios Online, 28 de março de 2009 76

Figura 20: Imagem reproduzida a partir do item “Oca”, site

Índios Online em 7 de agosto de 2009 80

Figura 21: Imagem reproduzida da página inicial do chat

em 28 de março de 2009 81

Figura 22: Imagem reproduzida da página inicial do chat fora do ar

em 7 de agosto de 2009 82

Figura 23: Página principal com o novo local de acesso ao chat

em 10 de outubro de 2009 83

Figura 24: Ao clicar no anúncio do chat abre-se esta página

para acesso, 10 de outubro de 2009 84

Figura 25: Imagem da sala de bate-papo vazia

em 10 de outubro de 2009, depois da modificação 85

Figura 26: Imagem reproduzida da página Nações,

28 de março de 2009 86

Figura 27: Imagem reproduzida da nova página Mapa,

10 de agosto de 2009 88

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Figura 28: Imagem reproduzida da página inicial do Arco Digital

em 28 de março de 2009, antes da reformulação do site 91

Figura 29: Imagem reproduzida da página inicial do item “Diários”,

28 de março de 2009 92

Figura 30: Imagem reproduzida da parte inferior

da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009 92

Figura 31: Imagem reproduzida da nova página Arquivos,

10 de agosto de 2009 93

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Análise reportagens de abril/2009 97

Gráfico 2 – Estatísticas das atividades 101

Gráfico 3 – Análise dos temas abordados 102

Gráfico 4 – Análise reportagens de maio/2009 103

Gráfico 5 – Estatísticas das atividades 110

Gráfico 6 – Análise dos temas abordados 111

Gráfico 7 – Análise reportagens de junho/2009 113

Gráfico 8 – Estatísticas das atividades 119

Gráfico 9 – Análise dos temas abordados 120

Gráfico 10 – Análise do segundo trimestre 121

Gráfico 11 – Análise reportagens de julho/2009 123

Gráfico 12 – Estatísticas das atividades 125

Gráfico 13 – Análise dos temas abordados 126

Gráfico 14 – Análise reportagens de agosto/2009 127

Gráfico 15 – Estatísticas das atividades 131

Gráfico 16 – Análise dos temas abordados 132

Gráfico 17 – Análise reportagens de setembro/2009 133

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Gráfico 18 – Estatísticas das atividades 139

Gráfico 19 – Análise dos temas abordados 140

Gráfico 20 – Análise do terceiro trimestre 141

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAIDF – Associação dos Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal

AEIP – Associação dos Estudantes Indígenas Pankararu

AJI - Ação dos Jovens Indígenas

AIESA – Adolescentes Indígenas Educadores em Saúde

APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque

Apoinme - Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste Minas Gerais e Espírito

Santo

CEF – Caixa Econômica Federal

CINEP – Centro Indígena de Estudos e Pesquisa

CIPI - Comissão Indígena da Propriedade Intelectual

CIR - Conselho Indígena de Roraima

CMC - Comunicação Mediada por Computador

Conapir - Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial

CNPI - Comissão Nacional de Política Indigenista

COEPP – Central de Organização das Escolas Públicas de Pankararu

COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

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CONEG - Conselho Nacional de Entidades Gerais

CTI - Centro de Trabalho Indigenista

DIREC – Diretoria Regional de Educação

ETA – Estação de Tratamento de Água

ENIAC - Electronic Numerical Integrator And Calculator

EUA – Estados Unidos da América

Funasa - Fundação Nacional de Saúde

Funai – Fundação Nacional do Índio

Gesac - Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão

GMI - Grupo de Mulheres Indígenas

HTML - Hypertext Markup Language

HTTP – Hypertext Transfer Protocol

HPG - Home Page Grátis

ICB - Instituto do Cacau da Bahia

IDETI - Instituto das Tradições Indígenas

INBRAPI – Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual

ISA – Instituto Socioambiental

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

MC – Ministério da Comunicação

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MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

MEC – Ministério da Educação

MinC – Ministério da Cultura

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

ONG - Organização não-governamental

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

PUC – Pontifícia Universidade Católica

TI - Terra Indígena

TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação

UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UFRR – Universidade Federal de Roraima

UNB – Universidade de Brasília

Unesco - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

WWW - Word Wide Web

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 20

1. CAPÍTULO I – Tecendo a Rede 29

1.1 Gênese da Comunicação Mediada por Computador 29

1.2 Espaço cibernético: a arte do controle 31

1.3 Ciberespaço 34

1.3.1. Espaço de euforia e disforia 34

1.4 Novas possibilidades para índios e não índios 37

2. CAPÍTULO II – Rede verde e amarela 39

2.1 Índios na rede digital 39

2.1.1 - Ação dos Jovens Indígenas (AJI) 41

2.1.2 - Conselho Indígena de Roraima (CIR) 43

2.1.3 - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia

Brasileira (COIAB) 44

2.1.4 - Associação Guarani Nhe´ê Porã 46

2.1.5 – Estudante Indígena 48

2.1.6 - Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) 50

2.1.7 - Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade

Intelectual (Inbrapi) 52

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2.1.8 - Warã – Instituto Indígena do Brasil 54

2.1.9 - Posto Indígena Kambiwá 55

2.1.10 - Associação Artístico-Cultural Nhandeva 57

2.1.11 - Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (APIO) 59

2.1.12 - Organização de Mulheres Indígenas do Acre 61

2.1.13 - Associação Warã 63

3. CAPÍTULO III – Arcos e flechas digitais 65

3.1 Da tela do cinema à tela dos computadores 65

3.2 Caminho das Índias na Internet 71

3.3 Índios Online: como tudo começou 74

3.4 Análise do site Índios Online 76

3.4.1 Análise das reportagens publicadas no Índios Online 96

3.4.2 Análise das entrevistas 142

CONSIDERAÇÕES FINAIS 151

REFERÊNCIAS 154

SITES VISITADOS 158

APÊNDICES 160

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INTRODUÇÃO

A sociedade pós-moderna, como pensam Stuart Hall (1998), Anthony Giddens

(2002) e outros, é caracterizada pela velocidade das mudanças, pelo excesso de

informações, pelas novas tecnologias. Sociedade acelerada, complexa, que parece não

ter mais fronteiras. Chamada sociedade de informação, em rede, do conhecimento. O

desenvolvimento da informática possibilitou a disseminação de outra forma de

comunicação: mediada por computadores, que está sendo utilizada até por índios.

Ao completar 15 anos de existência no Brasil, a internet ainda é um veículo que

tem muito a ser estudado e explorado, principalmente no que se refere à Comunicação

Mediada por Computador (CMC). No quadro brasileiro, o perfil das pessoas que

participam das conversações na Web já foi bastante alterado, a partir da popularização

da internet. A mudança no perfil de usuários acompanha o desenvolvimento de novas

possibilidades tecnológicas de base digital: “Estamos vivenciando um processo de

informatização dos espaços urbanos, marcada pelo surgimento das redes telemáticas,

da internet móvel e pelo desenvolvimento da computação portátil...” (LEMOS e

VALENTIM, 2007, p. 49).

No Brasil, os índios do século XXI procuram, aos poucos, se adaptar e utilizar a

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Apesar das sucessivas perseguições

ocorridas desde a colonização portuguesa, a população indígena do Brasil vem se

mobilizando a fim de se organizar, reivindicando sua identidade étnica e seus direitos,

utilizando-se para isso até de recursos tecnológicos sofisticados, como a internet.

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Então, nos perguntamos: quais os benefícios e os problemas a que estão

expostos os índios brasileiros ao desbravarem a floresta virtual, imensa e sem

fronteiras, que é a rede mundial de computadores? Trata-se, efetivamente, de processo

de inclusão, ou apenas ilusão da participação das comunidades indígenas na

comunidade ciberespacial? São questões relevantes que justificam o estudo, a ser

desenvolvido na linha de pesquisa “Contribuições da Mídia para a Interação entre

Grupos Sociais”, que congrega pesquisas sobre os processos de mediação das

linguagens que dinamizam modalidades comunicativas em grupos sociais.

A dissertação é de caráter exploratório, permeada por questões teóricas e

filosóficas propostas por pesquisadores das novas transformações comunicativas,

como CASTELLS, 1999; GIDDENS, 2005; HALL, 1998; KOZINETS, 2002;

SANTAELLA, 2003; SODRÉ, 2002; do ciberespaço, CAZELOTO, 2007; LEMOS e

VALENTIM, 2007; LÉVY, 1998 e 1999; SILVEIRA, 2003; e do conhecimento científico,

GEPHART, 2004; GODOY, 1995; VERGARA, 2005; TRAVANCAS, 2006; YIN, 2001;

MOREIRA, 2004; BARDIN, 1988; AYROSA e SAUERBRONN, 2004, os quais

compõem o quadro do nosso referencial teórico.

O problema de pesquisa visa estudar e compreender “se e como” a influência da

CMC fortalece a autonomia e emancipação indígena, no Brasil, na luta por seus

direitos.

Dada a enorme variedade de atividades realizadas na internet para se

comunicar e defender direitos, como, por exemplo, protestar por e-mail e blogs, criar

comunidades em sites de relacionamentos, fóruns, chats etc., é imprescindível delimitar

a pesquisa para não nos perdermos no emaranhado de tramas da rede mundial de

computadores.

Por isso, selecionamos o site www.indiosonline.org.br, a fim de analisar seu

conteúdo e estratégias utilizadas para a luta e defesa dos direitos indígenas.

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Escolhemos o site pelo fato de ele ter a participação inicial de sete povos indígenas:

kiriri, tupinambá, pataxó-hãhãhãe e tumbalalá, na Bahia; xucuru-kariri e kariri-xocó, em

Alagoas, e pankararu em Pernambuco e, posteriormente, a inclusão de mais seis

tribos: truká, em Pernambuco; tupiniquim e guarani, no Espírito Santo; potiguara, na

Paraíba; terena, em Mato Grosso do Sul; e pankararu, em São Paulo1.

A análise de seu conteúdo abarcou as páginas disponíveis no menu do site e as

reportagens publicadas. Delimitamos a pesquisa das reportagens nos últimos seis

meses de publicação: de abril a setembro de 2009, com início no mês em que se

comemora o Dia do Índio, e final em setembro, mês que antecedeu a apresentação do

pré-relatório para a qualificação da dissertação.

Nas transcrições dos enunciados dos índios manteremos a maneira pela qual

escrevem, sem corrigir erros de sintaxe e concordância, tampouco sem assinalá-los

com a sigla “sic”, para manter o texto o mais próximo possível do original.

Este trabalho tem por objetivo geral conhecer e analisar como os índios utilizam

a internet para reivindicar direitos políticos, entendidos aqui como civis e territoriais, a

fim de entender o potencial dessa ferramenta na autonomia e emancipação indígena.

E, por objetivos específicos, identificar quais os aparatos necessários para a utilização

da internet pelos índios, equipamentos, programas e recursos. Por fim, compreender o

potencial da CMC utilizada por tribos indígenas brasileiras.

A priori, não partiremos de hipóteses preestabelecidas, pois estamos

preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados ou produto. O

interesse do pesquisador qualitativo está em verificar como determinado fenômeno se

manifesta nas atividades, procedimentos e interações diárias.

1 Os pankararu, originários da Aldeia Brejo dos Padres, em Pernambuco, começaram a migrar para São Paulo a partir de 1950, fugindo da seca, da fome e do conflito com posseiros.

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Os pesquisadores qualitativos não partem de hipóteses estabelecidas a priori, não se preocupam em buscar dados ou evidências que corroborem ou neguem tais suposições. Partem de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando mais diretos e específicos no transcorrer da investigação (GODOY, 1995, p. 63).

A metodologia inclui pesquisa bibliográfica e revisão da literatura pertinente ao

problema de investigação e a cibercultura, para embasar as orientações teóricas que

darão suporte ao estudo. Será analisado o site Índios Online, escolhido a partir dos

motivos já justificados, delimitando o objeto de pesquisa e as reportagens nele

divulgadas. Segue abaixo breve relato dos métodos e estratégias de análises que

foram adotados.

Dentro das várias áreas do conhecimento científico, há dois tipos de estudos

principais que podem ser seguidos: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. As

duas vertentes são chamadas de “natureza da pesquisa”.

A pesquisa de natureza quantitativa procura mensurar, enumerar, medir,

quantificar, provar estatisticamente hipótese anteriormente estabelecida. Já a pesquisa

de natureza qualitativa define suas proposições à medida que o estudo é aprofundado.

Os focos se definem aos poucos, conforme a pesquisa se desenvolve. Na pesquisa

qualitativa – sobre a qual este trabalho assenta suas bases –, é de suma importância à

descrição dos fenômenos.

Para Gephart (2004, p. 455), “um importante valor da pesquisa qualitativa é a

descrição e o entendimento das atuais interações humanas, os significados e os

processos que constituem a organização da vida real”. Desta forma, este trabalho será

de natureza qualitativa, por ser pesquisa que estudará as relações humanas, históricas

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e sociais, para entender significados.

Segundo Godoy (1995, p. 58), a natureza da pesquisa qualitativa não procura

enumerar ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na

análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que se definem à

medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre

pessoas, lugares e processos interativos pelo contato do pesquisador com a situação

estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos,

ou seja, dos participantes da situação em estudo. O ambiente e as pessoas nele

inseridas devem ser olhados holisticamente: não são reduzidos a variáveis, mas

observados integralmente.

Quando um pesquisador de orientação qualitativa planeja desenvolver algum

tipo de teoria sobre o que está estudando, constrói o quadro teórico aos poucos, à

medida que coleta os dados e os examina.

Os dois principais paradigmas de pesquisa, dentro das ciências sociais, são o

positivista e o interpretativista. O primeiro busca descobrir a verdade sobre

determinado assunto e estuda a realidade objetiva, controlando variáveis e hipóteses

(Gephart, 2004). É mais indicado para pesquisas quantitativas. Por sua vez, a pesquisa

interpretativista, ainda para Gephart (2004, p. 456), “descreve significados e

conhecimentos; produz a descrição do propósito dos membros e define uma situação:

entende a construção da realidade”.

O paradigma de suporte da nossa pesquisa será interpretativista, pois

focalizaremos a interpretação, em vez da quantificação, e daremos ênfase à

interpretação que os próprios participantes têm do fenômeno da CMC, que está sob

análise.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, também será usado o estudo do tipo

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exploratório, pois a elaboração de páginas na internet por índios brasileiros é atividade

inovadora, contemporânea e carente de referenciais teóricos. O estudo de caráter

exploratório, segundo Travancas (2006), tem por objetivo organizar dados relevantes

sobre o tema para serem, posteriormente, fontes de pesquisa, as quais suscitarão

novos questionamentos e investigações.

Métodos tradicionais, como a etnografia, têm-se aberto para novas

possibilidades. Uma delas é a netnografia. Trata-se de abrir as portas para o estudo de

outras “tribos” e outras culturas: as comunidades virtuais e a cibercultura, como será

estudado neste trabalho. Se historicamente os estudos sobre os povos indígenas

estavam condicionados aos deslocamentos do pesquisador até as comunidades, para

permanecer in loco, a partir da utilização da rede mundial de computadores o contexto

do encontro entre observador e observado transformou-se consideravelmente.

Para o estudo das comunidades virtuais e da cibercultura, Kozinets (2002) menciona que diversos antropólogos têm sinalizado para a necessidade de adaptação das técnicas próprias do método etnográfico. Nesse sentido, a netnografia é considerada uma nova metodologia de pesquisa qualitativa que incorpora as técnicas da etnografia tradicional ao estudo de comunidades e culturas emergentes a partir da Comunicação Mediada por Computadores. Assim, como lembram Ayrosa e Sauerbronn (2004), os relatos têm o valor de uma observação etnográfica, embora ninguém esteja fisicamente junto (VERGARA, 2005, p. 197).

Por isso escolhemos o método netnográfico para as entrevistas, pois não

estaremos fisicamente juntos. Adotamos o estudo de caso para análise do site Índios

Online. O estudo de caso representa a estratégia ideal quando o pesquisador tem

pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos

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contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real, como orienta Robert Yin

(2001, p. 19).

Iniciamos o estudo por meio da apresentação, via internet, da proposta de

pesquisa aos membros do site Índios Online. Procedemos ao acompanhamento on-line

das reportagens publicadas no site, selecionando as matérias publicadas em período

determinado, e classificamos as reportagens em categorias, facilitando o estudo do

objeto analisado.

A construção dos dados se deu a partir de entrevistas on-line semiestruturadas.

Elaboramos questões em ordem predeterminada, mas dentro de cada questão foi

relativamente grande a liberdade, permitindo que outras questões fossem levantadas,

dependendo das respostas dos entrevistados, segundo orienta Moreira (2004, p. 55).

Foram entrevistados on-line um usuário da internet na tribo indígena pankararu,

em Pernambuco, um dos gestores do site Índios Online e o coordenador da ONG

Twydêwá, Sebastian Gerlic, idealizador da Rede Índios Online. Os critérios de seleção

dos entrevistados não foram rígidos: escolhemos usuário, gestor e coordenador para

colher informações sobre opiniões a respeito do uso da internet em aldeias indígenas

brasileiras.

Além das entrevistas on-line, também houve análise de conteúdo do site Índios

Online, na tentativa de verificar quais as posturas políticas, ideológicas e sociais

presentes.

A análise de conteúdo, segundo Bardin (1988), define-se como conjunto de

técnicas de análises das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos

e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas

mensagens.

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Concluímos a análise do site e das informações coletadas utilizando as três

fases cronológicas delimitadas por Bardin (1988):

Pré-análise: fase de organização do trabalho em que se deve escolher os

documentos que serão submetidos a análise, formular hipóteses e objetivos e elaborar

indicadores que fundamentem a interpretação final.

Exploração do material: a análise propriamente dita. Se a pré-análise for feita de

maneira cuidadosa e convenientemente concluída, esta fase representa a

administração sistemática das decisões tomadas anteriormente, envolvendo operações

de codificação em função das regras previamente formuladas.

Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: os resultados brutos são

tratados de maneira a serem significativos e válidos. A partir deles, o analista pode

fazer inferências.

A pesquisa bibliográfica e revisão da literatura foram desenvolvidas no período

de agosto a dezembro de 2008. A análise do site Índios Online iniciou-se no mês de

março de 2009, e as entrevistas no segundo semestre do ano corrente. Concluímos

uma pré-análise dos dados da pesquisa nos meses de agosto e setembro de 2009.

Como a internet é dinâmica e de fácil atualização, em agosto de 2009, o Índios

Online alterou o visual do site. Como já estávamos com a análise completa, utilizamos

essa mudança para traçar paralelo do antes e depois do Índios Online.

Estabelecidas nossas estratégias e objetivos, dividimos esta dissertação em três

capítulos. No primeiro há breve histórico da gênese da CMC, com o advento do

computador e da internet, tecnologias que possibilitaram o desenvolvimento de novo

mercado da informação e do conhecimento, o ciberespaço, descrevendo seus pontos

positivos e negativos. Nesta pesquisa não interessa a técnica em si. Contudo, é

essencial expor as grandes tendências da evolução tecnológica para abordar as

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mutações sociais e culturais que as acompanham.

Iniciamos o segundo capítulo com breve relato da apropriação das TIC por

povos indígenas no território brasileiro, como ponto de partida para chegar à análise do

objeto de pesquisa, o site Índios Online.

No terceiro capítulo, há breve panorama sobre a gradativa representação do

indígena na mídia cinematográfica brasileira, tomando como ponto de partida os termos

“índio primitivo”, “índio documentado”, “índio patriótico” e “índio tecnizado”2, de Robert

Stam, para depois analisar a utilização pelos índios da tecnologia do vídeo e da internet

nas aldeias.

Apresentamos à análise da representação virtual dos índios na rede mundial de

computadores, a internet, por meio do site Índios Online, mantido pela organização não

governamental (ONG) Thydêwá3, composta por índios e não índios, além de breve

estudo sobre a temática das reportagens publicadas no site. Elaboramos questões

para identificar a internet na visão do índio. Por exemplo: para você, o que significa a

internet? A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura? As respostas para

essas e outras perguntas que aplicaremos na entrevista ajudarão a entender o uso e o

significado da internet na vida dos indígenas, além de saber a opinião a respeito dessa

novidade na aldeia.

Nas considerações finais há algumas reflexões sobre a utilização da CMC,

comentando vantagens e possíveis desvantagens na utilização dos recursos

tecnológicos por tribos indígenas brasileiras.

2 “Índio documentado”, “índio patriótico” e “índio tecnizado” são categorias utilizadas por Robert Stam, em seu texto “Imagens cinematográficas dos índios brasileiros”, publicado na obra de Lauerhass, Ludwig e Nava, Carmen. Brasil – uma identidade em construção, e foram aplicados neste artigo graças à clareza que oferecem aos estudiosos da imagem do índio na mídia audiovisual.

3 Na língua pankararu thydêwá significa “esperança da terra”.

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1. CAPÍTULO I – TECENDO A REDE

1.1 GÊNESE DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR

Para se conhecer mais sobre a CMC, é preciso compreender o que é o

ambiente digital e sua abrangência, a partir de breve ensaio sobre o desenvolvimento

da tecnologia e infraestrutura.

Os computadores modernos tiveram como precursoras as primeiras

calculadoras capazes de armazenar programas. O primeiro computador eletrônico foi

construído em 1945 para cálculos balísticos. Chamava-se Electronic Numerical

Integrator And Calculator (ENIAC), ocupava por volta de 100m2, consumia 140

quilowatts, pesava 30 toneladas e ficava isolado em ambiente refrigerado, onde

cientistas em uniforme branco o alimentavam com cartões perfurados, e que de tempos

em tempos emitiam listagem de dados em formulários contínuos.

Outro passo decisivo foi a invenção do microprocessador, em 1971, por Ted

Hoff, permitindo multiplicar inúmeras vezes a capacidade de processamento das

primeiras máquinas. Isso viabilizou a redução do tamanho dos computadores e permitiu

o surgimento dos microcomputadores.

No final dos anos 70, o computador diminuiu de tamanho, aumentou a

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capacidade de processar informações e foi sendo absorvido em várias atividades

econômicas. Esse desenvolvimento tecnológico deu início a nova fase na automação

da produção industrial: robótica, linhas de produção flexíveis, máquinas industriais com

controles digitais etc. A busca constante de produtividade por várias formas de

tecnologia (aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de dados) foi

tomando corpo e assumindo grande valor nas atividades econômicas.

Segundo relata Lévy (1999, p. 32), a informática perdeu aos poucos a postura

de técnica, deixando de ser utilizada apenas no setor industrial para fundir-se às

telecomunicações, à editoração, ao cinema e à televisão. A fusão facilitou a difusão da

internet a ponto de, hoje, permear a vida em todos os momentos.

A internet começou em 1958, para evitar que as comunicações fossem

interrompidas em ataque com armas nucleares. A ideia era construir uma rede que

evitasse a existência de um centro e de única rota de comunicação. A comunicação

seria feita por pacotes de informações enviadas de forma redundante por várias rotas,

em uma rede em que todos os pontos se comunicariam. Assim, se uma bomba

destruísse alguns pontos da rede, as informações continuariam a ser enviadas pela

malha de comunicação intacta.

Pouco mais de duas décadas depois, a ideia havia se tornado imensa rede, que

só conectava instituições educacionais e de pesquisa. Diferentemente de hoje, quando

milhões de pessoas têm acesso à internet a partir da residência, do trabalho ou de sua

biblioteca na escola ou na universidade, pública ou privada.

Em suma, atualmente as ferramentas de criação de sites na web permitem que,

praticamente qualquer pessoa, com um pouco de conhecimento em informática, com

acesso ao computador e à internet, coloque uma página na web e contribua para a

definição desse meio e do que ele pode fazer.

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1.2 ESPAÇO CIBERNÉTICO: A ARTE DO CONTROLE

As redes de computadores formadas nos anos 70 juntaram-se a outras,

ampliando o número de pessoas e de máquinas. Uma corrente cultural espontânea e

imprevisível impôs novo curso ao desenvolvimento tecnoeconômico. As tecnologias

digitais surgiram como infraestrutura da rede mundial de computadores, criando

espaços de comunicação, organização e transação, além de novo mercado da

informação e do conhecimento: o espaço cibernético ou ciberespaço, como ficou

popularmente conhecido.

Tem-se ideia do significado de “espaço”, mas o que é “cibernético”? Norbert

Wiener (1948, p. 11) convencionou chamar todo o campo do controle e da teoria da

comunicação, seja na máquina ou no animal (racional e irracional), pelo nome de

cibernética. Segundo Isaac Epstein (1986, p. 6), a origem grega do termo remonta a

Platão, que empregou “kubernetan” como a arte de pilotar navios e, em sentido mais

amplo, a arte de governar o Estado.

Para Wiener, a cibernética engloba a mente e o corpo humanos e o mundo das

máquinas automáticas, reduzindo todos os três ao denominador comum da

comunicação e do controle. A teoria de Wiener se sustenta no princípio de que as leis

da comunicação e do gerenciamento se aplicam igualmente aos seres humanos e às

máquinas, constituindo simbiose.

No entanto, Wiener possivelmente desconhecia que a palavra cibernética havia

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sido utilizada em sua acepção política no início do século XIX. Como afirma Robert

Caussin, Ampère (1775-1836) definira a cibernética no segundo volume de seu “Essai

sur la philosophie des sciences”, publicado em 1843.

É, então, após as ciências [direito público e diplomacia] que se ocupam de diversos objetos, que devemos colocar aquela que chamo de cibernética, da palavra kubernetan, que tomada primeiramente no sentido restrito da arte de governar [pilotar] um navio, recebeu entre os próprios gregos a significação bem mais ampla da arte de governar em geral. (CAUSSIN, 1970, p. 79)

E em que consiste a arte do piloto? O capitão estabelece o destino da viagem. O

piloto deve corrigir o rumo, afetado pelos ventos e correntes marítimas, ou seja, a cada

momento decide por modificações no timão, nas velas e nos remos, que compensarão

os desvios produzidos. O vento ou os remadores fornecem a força propulsora.

Nos navios modernos, o piloto automático compõe-se de um conjunto de

aparelhos e mecanismos que contrabalançam as alterações. De acordo com um

programa sobre as perturbações, regula a força dos motores e demais controles e faz

mais ainda: verifica se o resultado de suas correções foi eficaz.

O piloto, no entanto, não é a instância que decide, no início do trajeto, o destino

do navio; apenas utiliza a racionalidade instrumental a serviço do responsável pela

viagem.

Na arte de governar o Estado ou, mais especificamente no caso deste trabalho,

o ciberespaço, é também desejável um piloto que mantenha a rota correta e corrija os

desvios que possam surgir. Quem, porém, determina o trajeto? Como são

especificados os alvos ou metas nas sociedades pós-modernas? Em boa parte,

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possivelmente, a própria natureza dos sistemas sociopolítico e econômico fornece

balizas de sua operacionalidade, restando, no entanto, alguma margem de manobra

para os centros de decisão. Estes, por sua vez, ao conceber suas metas

conservadoras, reformistas ou revolucionárias, poderão acionar os respectivos “pilotos”

para dirigir a “nave” social rumo aos objetivos traçados (EPSTEIN 1986, p. 9).

De algum modo, porém, não se deve admitir que os objetivos estejam

inelutavelmente inscritos na natureza das sociedades, nem que, por outro lado, estas

não ofereçam resistência às mudanças. Porém, observamos que as sociedades

modernas não têm alvos claros e aceitos por consenso. Portanto, o equilíbrio talvez

esteja a serviço de sistemas autoritários e iníquos que privilegiam os próprios

interesses em detrimento dos da sociedade. Cabe a nós, tripulantes, identificar não

apenas o piloto, mas quem é o capitão da embarcação, e deixar claro qual o rumo e o

destino almejados.

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1.3 CIBERESPAÇO

Segundo Lévy (1998, p. 104), a palavra ciberespaço data de 1984, utilizada por

William Gibson no seu romance de ficção científica Neuromancer4. No livro, Gibson cita

ciberespaço como o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre

as multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural, que

tornava sensível a geografia móvel da informação normalmente invisível. O vocábulo

foi rapidamente incorporado pelos usuários e criadores das redes digitais. Lévy (1999,

p. 92) define ciberespaço como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão

mundial e das memórias dos computadores”, trazendo inovações diante das

comunicações, como acesso a distância, transferência de arquivos, correio eletrônico,

conferências eletrônicas, ensino a distância e comunidades virtuais.

1.3.1 Espaço de euforia e disforia

Há duas tendências principais no tratamento crítico da internet e da cultura que

nela se gera: tendências eufórica e disfórica. Os eufóricos pregam, em linguagem de

4 GIBSON, William, Neuromancer. New York, Ace Books, 1984.

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liberação, as possibilidades utópicas abertas pelo ciberespaço, que ainda se constitui

estonteante zona livre, na qual a informação e a comunicação facilmente acessíveis

corriam por conta de pessoas interessadas e motivadas, o que estimulou o

aparecimento de fantasias sobre possível reviravolta nas formas de poder social. No

outro extremo, os disfóricos, com a impaciência típica dos críticos de plantão,

transplantaram para o ciberespaço, sem levar em conta suas novidades e

especificidades, os discursos sobejamente empregados, sem quaisquer resultados

pragmáticos, na crítica da cultura de massas e indústria cultural (Santaella, 2003, p.

72).

O ciberespaço é fenômeno complexo que não pode ser categorizado a partir do

ponto de vista de qualquer mídia prévia. Nele, a comunicação é interativa, usa o código

digital universal, é convergente, global, e até hoje não está muito claro como esse

espaço será regulamentado. Além disso, o ciberespaço transforma-se em velocidade

historicamente sem precedentes.

A revolução da informação não é simplesmente questão de progresso

tecnológico. Ela também é significativa para a nova matriz de forças políticas e culturais

que suporta. Com isso, espera-se que, sob a ideia de espaço livre e infinitamente

navegável, as redes também estarão sendo crescentemente reguladas pelos

mecanismos reinantes do mercado capitalista. Por isso as corporações gigantescas

das mídias há algum tempo juntam armas não apenas para confrontar, mas formatar as

novas tecnologias.

Visão realista de como o mercado capitalista opera leva a compreender por que

as tradicionais empresas das mídias atuais não estão se encolhendo diante do

ciberespaço, mas, ao contrário, se dilatando por meio de alianças com as

telecomunicações e setores computacionais (Santaella, 2003, p. 73).

Enfim, Santaella (2003, p. 75) adverte que, longe de estar emergindo como reino

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de algum modo inocente, o ciberespaço e suas experiências virtuais vêm sendo

produzidos pelo capitalismo contemporâneo, e estão necessariamente impregnados

das formas culturais e paradigmas próprios do capitalismo global. O ciberespaço, por

isso mesmo, está longe de inaugurar nova era emancipadora. Embora a internet esteja

revolucionando o modo de viver, trata-se de revolução que em nada modifica a

identidade e natureza do montante cada vez mais exclusivo e minoritário daqueles que

detêm as riquezas e continuam no poder.

Mas nem tudo está perdido, segundo informações do pesquisador Manuel

Castells. Embora os interesses comerciais e governamentais sejam coincidentes

quanto ao favorecimento da expansão do uso da internet, “a capacidade da rede é tal

que a maior parte do processo de comunicação era, e ainda é, grandemente

espontâneo, não organizado e diversificado na finalidade e adesão” (Castells 2003, p.

379).

Portanto, mesmo que a internet se torne basicamente um meio para o comércio

e entretenimento eletrônicos, ela ainda será espécie de céu aberto para a

multiplicidade de atividades interativas não existentes no passado.

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1.4 NOVAS POSSIBILIDADES PARA ÍNDIOS E NÃO ÍNDIOS

Cultura e instituições da sociedade também apresentam transformações como

as vistas nos textos anteriores sobre tecnologia. Novos processos de símbolos estão

surgindo, novos valores sociais, nova educação. A revolução da tecnologia da

informação deve ser geradora e distribuidora de conhecimento e informação. Na visão

de Castells (1999, p.127), os novos dispositivos de processamento da informação

podem ser responsáveis pelo aumento da produtividade, dentro de crescimento

moderado e constante.

A comunicação via internet possibilita alterar o sistema convencional de

tratamento da informação, antes atividade concentrada aos profissionais vinculados à

mídia tradicional, agora acessível às pessoas comuns, que utilizam a internet e alteram

seu conteúdo diretamente de casa ou escritório, viabilizando a produção de conteúdos

específicos, particulares, pessoais, e sua transmissão sem fronteiras.

A alteração no sistema convencional de produção e transmissão da informação

abre possibilidades não só para as pessoas “comuns”, mas também para quem vive à

margem da sociedade capitalista e urbana, como os povos indígenas.

Serão mudanças cada vez mais rápidas e intensas. Além de computadores, o

uso comum de dispositivos digitais de acesso à internet (palmtops, celulares e

televisores) possibilitará que a rede esteja presente rotineiramente no dia a dia, seja no

centro urbano, rural, e mesmo na floresta. Conhecer e usar o novo meio de

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comunicação é essencial para qualquer pessoa que deseja participar do processo de

socialização. E somente participará quem souber utilizar as ferramentas digitais,

reinventando maneira de estruturar regras geradoras de comportamento e de

comunicação.

Embora associada ao processo de utilização da Internet, a inclusão digital5 não é

o foco da nossa pesquisa, mas, isto sim, o uso desta ferramenta pelos índios

brasileiros.

5 Para saber mais sobre inclusão digital ver: CAZELOTO, Edilson. Inclusão digital: uma visão crítica. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 2008.

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2. CAPÍTULO II – REDE VERDE E AMARELA

2.1 ÍNDIOS NA REDE DIGITAL

Após esta rápida revisão sobre o que é e como se configurou o ciberespaço,

partimos para a análise da interação das comunidades indígenas brasileiras com essa

imensa rede. Para isso, selecionamos da internet sites e blogs6 feitos por índios ou por

sujeitos e grupos autoidentificados como indígenas.

A maioria são sites de organizações indígenas, por isso estão registradas como

“org”, mas como na internet há grande liberdade, organizações também podem criar

endereços eletrônicos “.com”, por serem mais comuns, como é o caso da Coordenação

das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (www.coiab.com.br) e da

Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque

(www.povosindigenasdooiapoque.com.br).

Sabemos que essa análise não é exaustiva, pois a cada dia novos sites e blogs

surgem e só podemos localizá-los se bem divulgados entre a comunidade indígena

internauta e/ou nos mecanismos de busca na Internet.

6 O termo blog, derivado de weblog, designa um tipo de publicação na qual os internautas deixam comentários ao final de cada matéria publicada. O sistema gratuito ou de baixo custo facilitou a disseminação da prática do weblog, por dispensar conhecimentos técnicos especializados.

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Excetuando-se as produções feitas por órgãos governamentais, com extensão

“gov.br”, como Funai, e páginas pessoais em comunidades privadas, como Orkut,

destacamos os seguintes resultados:

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2.1.1 – Ação dos Jovens Indígenas (A.J.I) de Dourados

http://ajindo.blogspot.com

Figura 1: Imagem reproduzida da página inicial do blog AJI em 10 de dezembro de 2009

A Ação dos Jovens Indígenas (AJI) informa que é um grupo de jovens da aldeia

de Dourados – MS, que se reúne todos os dias, para diversas atividades, como oficinas

de artesanato, de bijuterias, de danças, de malabares etc., com o objetivo de fortalecer

a união entre os jovens das etnias terena, kaiowá e guarani, visando à sua integração

com a comunidade douradense e formação político-social. Segundo informações no

perfil do blog, a AJI produz o jornal Ajindo, “canal de comunicação e informação

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elaborado pelos jovens indígenas de Dourados, com a finalidade de esclarecer a

comunidade indígena e a sociedade douradense sobre informações e acontecimentos

na Reserva Indígena de Dourados.”

O blog está no ar desde maio de 2006, possui 366 reportagens publicadas, bem

organizadas, com o total de matérias postadas por mês e ano, possibilitando verificar o

aumento na produção de reportagens: 27 em 2006; 50 em 2007; 169 em 2008 e 120

até o momento, 10 de dezembro de 2009.

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2.1.2 – Conselho Indígena de Roraima

http://www.cir.org.br

Figura 2: Imagem reproduzida da página inicial do CIR, 10 de dezembro de 2009

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) teve início na década de 70, com o

apoio de missionários católicos. O Conselho, formado pelas etnias macuxi e

wapichana, tem como propósito aglutinar forças e discutir coletivamente a dura

realidade dos povos indígenas de Roraima.

A página do CIR está no ar desde 2003, e seu trabalho volta-se para a

demarcação e homologação das terras indígenas de Roraima, e para a fiscalização das

áreas de educação, saúde e autossustentabilidade.

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2.1.3 - COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

http://www.coiab.com.br

Figura 3: Imagem reproduzida da página inicial do site COIAB em 10 de dezembro de 2009

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB foi

criada em uma reunião, em abril de 1989, por líderes e organizações indígenas, como

o Conselho Indígena de Roraima (CIR). Segundo informações do site, a COIAB “é a

maior organização indígena do Brasil, tem 75 organizações membros dos nove

Estados da Amazônia Brasileira (Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso,

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Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins); são associações locais, federações regionais,

organizações de mulheres, professores e estudantes indígenas. Juntas, essas

comunidades somam aproximadamente 430 mil pessoas, o que representa cerca de

60% da população indígena do Brasil.”

A COIAB foi fundada para ser o instrumento de luta e de representação dos

povos indígenas da Amazônia pelos seus direitos básicos (terra, saúde e educação).

Representa cerca de 160 diferentes povos indígenas, que ocupam aproximadamente

110 milhões de hectares no território amazônico.

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2.1.4 - Associação Guarani Nhe´ê Porã

http://www.culturaguarani.org.br

Figura 4: Imagem reproduzida da página inicial da Associação em 10 de dezembro de 2009

A Associação é formada por guaranis de duas aldeias, Krukutu e Tenondé Porã,

da região de Parelheiros, em São Paulo. Por estarem próximos à cidade e receberem

muitas visitas de escolas e grupos interessados em conhecê-los, em 2001 os índios

guaranis decidiram criar uma associação e uma página na internet, para organizar

visitas e doações, e incentivar melhorias nas duas aldeias.

O site que teve inicialmente sua hospedagem gratuita, em um endereço

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eletrônico comercial (www.culturaguarani.hpg.com.br)7, com publicidade de um

provedor de acesso na sua página principal, atualmente, mais independente, possui

sua própria página (.org.br).

A Associação também é responsável por viabilizar projetos em diversas áreas,

como saúde, educação, artesanato, visitas à aldeia, plantio etc., todos visando à

sustentabilidade da aldeia. Os projetos têm como objetivo manter o “nhandereko”,

modo de vida guarani.

7 HPG significa home page grátis. O espaço é cedido por um provedor que em troca veicula publicidade nos sites hospedados gratuitamente.

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2.1.5 – Estudante Indígena – Um Novo Caminho

http://estudanteindigena.blogspot.com

Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena em 10 de dezembro de 2009

O blog “estudanteindigena” é o mais novo espaço de divulgação indígena na

rede mundial de computadores, lançado em agosto de 2009. Como o título da página

especifica, estudantes indígenas é um novo caminho para os índios que desejam ser

estudantes universitários.

O novo caminho já conta com dificuldade logo no início, como o título informa

em letras garrafais, “Estudantes Indígenas”, no plural, é assim que o site tem sido

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divulgado pelos índios e simpatizantes da causa indígena. No entanto, como o

endereço eletrônico foi registrado no singular, ocorre erro de localização no navegador

da internet.

Figura 6: Imagem reproduzida da página não localizada em 10 de dezembro de 2009

Conseguimos acessar o blog depois de muita insistência e utilização de

mecanismos de pesquisa no site de busca www.google.com.br, nome também

complicado para índios e não índios.

Superadas as dificuldades, a página oferece reportagens sobre vestibulares

indígenas para 2010 e informa quais universidades possuem vagas extras e cotas para

candidatos de origem indígena.

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2.1.6 - Instituto das Tradições Indígenas

http://www.ideti.org.br

Figura 7: Imagem reproduzida da página inicial do IDETI em 10 de dezembro de 2009

O Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) é organização não governamental

criada em 15 de junho de 1999 e declarada OSCIP - Organização da Sociedade Civil

de Interesse Público - em fevereiro de 2004, com sede na cidade de São Paulo e

atuação no território nacional.

Segundo informações do site, o IDETI nasceu do encontro entre pessoas

indígenas de diferentes povos que vêm assumindo importante papel de interlocutores

entre suas comunidades e a sociedade nacional, atuando na defesa da tradição e dos

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direitos de seu povo. Com consciência de que a sobrevivência física e cultural do povo

indígena depende do diálogo, troca de conhecimentos e interação com o mundo

contemporâneo, preservando as bases do modo tradicional de vida.

Entre as missões do IDETI, está fortalecer a identidade e a diversidade dos

povos indígenas de nosso país, buscar alternativas para uma vida digna, com

desenvolvimento sustentável dos territórios indígenas, e capacitar o povo indígena em

novos conhecimentos e tecnologias.

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2.1.7 - INBRAPI – Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual

http://www.inbrapi.org.br

Figura 8: Imagem reproduzida da página inicial do Inbrapi em 10 de dezembro de 2009

Segundo informações no item Quem Somos, o INBRAPI teve sua origem no

Encontro de Pajés ocorrido em 2001, em São Luís do Maranhão, quando se cogitou,

entre os líderes espirituais presentes, a criação de uma entidade que protegesse da

biopirataria e da exploração de terceiros os conhecimentos tradicionais indígenas.

Em 2002, no final do curso de qualificação de profissionais indígenas no Rio de

Janeiro, foi criada a Comissão Indígena da Propriedade Intelectual (CIPI). Ainda

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naquele ano, no Encontro de Lideranças, em Campo Grande, os participantes

referendaram a criação da CIPI e apoiaram a criação do INBRAPI, formado por índios

de várias tribos, o que aconteceu efetivamente em fevereiro de 2003.

O site entrou no ar em 2004, e no dia 20 de novembro de 2009 foi lançado o

novo site do INBRAPI com o intuito de continuar mantendo o público informado sobre

os acontecimentos e novidades indígenas no território nacional.

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2.1.8 - Warã – Instituto Indígena do Brasil

http://www.institutowara.org.br

Figura 9: Imagem reproduzida da página não localizada em 10 de dezembro de 2009

O Instituto Warã é organização composta por profissionais indígenas com

formação superior, que atuam como assessores e consultores de diversos povos

indígenas, segundo as informações que aparecem, ao digitar o nome do instituto, em

página de busca na Internet. Ao clicar no link indicado pelo buscador, o site não é

localizado: pode estar fora do ar temporária ou permanentemente.

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2.1.9 - Posto Indígena Kambiwá – Pernambuco

http://www.kambiwa.org

Figura 10: Imagem reproduzida da página de busca em 10 de dezembro de 2009

Em Pernambuco, entre os municípios de Inajá e Ibimirim, vivem os índios

kambiwá, reconhecidos pela Funai em 1978. O termo kambiwá significa “retorno à

Serra Negra”. A Serra Negra é a área sagrada para essa e outras populações

indígenas da região. Atualmente, os kambiwá estão distribuídos em oito aldeamentos

principais: Pereiro, Nazário, Serra do Periquito, Tear, Garapão, Americano, Faveleira e

Baixa da Índia Alexandra, a aldeia principal, onde se encontra o Posto Indígena

Kambiwá.

Segundo reportagem publicada pelo site Imaginário Pernambucano8, no dia 25

8 www2.imaginariopernambucano.com.br

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de abril de 2005, “a história, a cultura e a luta do povo kambiwá já pode ser conhecida

através da rede www.kambiwa.org que entrou no ar no Dia Nacional do Índio.” Foi só o

que localizamos, pois ao digitar o endereço eletrônico indicado, o site não é localizado.

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2.1.10 - Associação Artístico Cultural Nhandeva – Nossa Gente

http://www.nhandeva.org

Figura 11: Imagem reproduzida da página inicial Nhandeva em 10 de dezembro de 2009

A Associação foi fundada por um grupo de artistas, índios e não índios, em

1997, com o objetivo de resgatar parte das tradições perdidas dos “atuais índios

guarani de Paraty”, Estado do Rio de Janeiro. O site criado em 2003 teve também a

sua última atualização neste mesmo ano de 2003.

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Figura 12: Imagem reproduzida da página “Como ajudar” em 10 de dezembro de 2009

O interessante da organização sem fins lucrativos é que no item "Como ajudar" o

internauta pode apoiar os trabalhos da Associação com um valor mensal que varia de

U$ 5 a U$ 50. No entanto, na falta das “verdinhas”, aceita-se qualquer tipo de moeda,

isto é, “colaboração”, como se constata na figura acima.

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2.1.11 - APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque

http://www.povosindigenasdooiapoque.com.br

Figura 13: Imagem reproduzida da página inicial da APIO em 10 de dezembro de 2009

A Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (APIO) tem 17 anos de

existência e foi criada no município do Oiapoque, Estado do Amapá, por índios que

representam diversas etnias (galibi, palikur, karipuna e galibi-marworno) do Vale do

Uaçá. Desde então tem representado os interesses desses povos indígenas e

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defendido seus direitos, além de firmar convênios com instituições governamentais e

não governamentais para desenvolver ações de assistência, capacitação, pesquisas e

desenvolvimento em benefícios das etnias.

Segundo informações do site, a APIO realiza Assembleias de Avaliação e

Prestação de Contas a cada ano, e participa ativamente da organização e realização

das Assembleias Indígenas anuais, que congregam todos os povos indígenas daquela

região de fronteira. Possui escritórios administrativos nas cidades de Macapá e

Oiapoque.

A página está no ar desde 2004, com o intuito de oferecer informações sobre a

Associação e criar um fórum para debates e chat para promover a comunicação entre

índios e não índios.

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2.1.12 - Organização de Mulheres Indígenas do Acre – Sul do Amazonas e

Noroeste de Rondônia – SITOAKORE

http://www.sitoakore.blogspot.com

Figura 14: Imagem reproduzida do blog SITOAKORE em 10 de dezembro de 2009

O Grupo de Mulheres Indígenas (GMI) foi formado em 1996, em Rio Branco,

para atender aos anseios da mulher indígena, que já reivindicava sua participação no

movimento social indígena por melhorias na saúde, educação etc. As mulheres

passaram a desenvolver algumas oficinas de saúde, educação e artesanato,

fortalecendo ainda mais seu papel dentro das comunidades.

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Durante todo o processo de envolvimento nos trabalhos, surgiu a necessidade

de se organizar, buscar mecanismos legais para se fortalecer e ampliar o horizonte de

ações. Em maio de 2005 nasceu a Organização das Mulheres Indígenas do Acre e Sul

do Amazonas e Noroeste de Rondônia – SITOAKORE, que representa 355 aldeias, 18

povos indígenas do Estado do Acre, do Sul do Amazonas e um do noroeste de

Rondônia.

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2.1.13 - Associação Warã

http://www.wara.nativeweb.org

Figura 15: Imagem reproduzida da página inicial Warã em 10 de dezembro de 2009

A Associação Warã é constituída pelo povo A´uwé-Xavante da aldeia Idzô´uhu,

que significa abelhinha, localizada na Terra Indígena Sangradouro, no Mato Grosso,

Brasil.

Segundo informa o site, “Warã é uma entidade sem fins lucrativos criada em

1997, subordinada à assembleia tradicional A´uwé-Xavante, que acontece no warã,

páteo central da aldeia – por isso já vimos outro endereço eletrônico com a palavra

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warã. A associação tem como missão a preservação do Ró, o mundo Xavante, que

representa ao mesmo tempo o cerrado e a cultura xavante.”

O site não possui links com outras instituições nacionais ou internacionais,

exceto o link do portal que faz a hospedagem gratuita do site, www.nativeweb.org. A

Nativeweb, sediada nos Estados Unidos, é organização educacional, sem fins

lucrativos, dedicada ao uso das telecomunicações para divulgar informações sobre

nações, povos e organizações indígenas, promover a comunicação entre indígenas e

não indígenas e pesquisar e facilitar o uso das Tecnologias de Informação e

Comunicação para povos indígenas.

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3. CAPÍTULO III – ARCOS E FLECHAS DIGITAIS

3.1 DA TELA DO CINEMA À TELA DOS COMPUTADORES

No atual contexto de expansão da mídia9 no Brasil o novo desafio que se coloca

para os índios é garantir-lhes espaço nos novos canais para que exponham suas

opiniões sobre os mais variados assuntos. Possivelmente, se o índio tiver acesso às

novas mídias, entre elas TV digital e internet, não só poderá explicitar seu ponto de

vista, como também lutar contra a visão exótica que a mídia tradicional tem dos povos

indígenas, como as divulgadas pelo cinema nacional, as quais veremos mais adiante.

Os povos indígenas são impelidos a se adaptar à sociedade dos homens

brancos, principalmente com a expansão das cidades até os limites de suas aldeias.

Essa adaptação não é apenas prejudicial, como parece. Ela pode gerar novas

maneiras de se representar o índio na mídia brasileira, culminando com a

representação do índio pelo próprio índio.

Inspirado nos termos “índio primitivo”, “índio documentado”, “índio patriótico” e

“índio tecnizado”, citados no livro de LAUERHASS e NAVA (2007), que examina as

representações cinematográficas dos povos indígenas no Brasil, traço paralelo entre o

cinema e as primeiras representações virtuais dos índios na internet.9 Mídia, neste texto, é todo meio de comunicação - cinema, televisão, internet, rádio, on-line etc.

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Os índios, apesar de terem tido sua cultura vilipendiada em diversas regiões do

mundo, ganharam notoriedade no cinema brasileiro, ao longo de várias décadas, como

veremos a seguir.

O cinema mudo, na década de 1910, exaltou o índio na ficção, enquanto na

realidade era dizimado, como lembra Robert Stam:

O cinema mudo enalteceu o índio como um “bravo guerreiro”, ingenuamente bom, fonte profunda de espiritualidade e símbolo da nacionalidade brasileira. A exaltação, porém, referia-se justamente ao grupo étnico que era vitimado por um processo de genocídio, tanto físico como cultural. Enquanto o índio verdadeiro era aniquilado, marginalizado ou extinto pela miscigenação (In: Ludwig Lauerhass Jr e Carmen Nava, 2007, p. 169).

Em Os Sertões de Mato Grosso (1916), Tomás Luís Reis retrata aquilo que

chamou “a pacificação de numerosas tribos indígenas encontradas em estado primitivo,

vivendo na Idade da Pedra” (RAMOS, 1987, p. 74)10. Já Ao redor do Brasil (filmado

entre 1924 e 1930), documenta a flora, a fauna e práticas sociais da região, em geral

mostrando indígenas de frente para a câmara ou de perfil, como se os estivesse

catalogando, o que explica os termos “índio documentado” e “índio primitivo”, do citado

Robert Stam.

O índio documentado dos primórdios do cinema, apresentados nos filmes a que

acabamos de nos referir, estava sempre seminu e em atividade, enquanto homens

brancos, que apenas os observavam, usavam ternos, sugerindo ao espectador a

enorme diferença entre a “evolução” do homem “civilizado”, que se veste de forma

elegante e não realiza trabalhos manuais, e o “primitivismo” do índio, que, além de 10 Trechos de alguns de seus filmes constam do documentário Yndio do Brasil (1995), de Sylvio Back.

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seminu, desenvolve tarefas agrícolas ou festivas: moer milho, lançar flechas ou dançar.

Tal representação do índio pelo branco manifesta a maneira como o segundo entendia

o primeiro: ser exótico e inferior à sua cultura europeia.

No final da década de 30, o índio primitivo mostrado nos documentários é

elevado à categoria de índio patriótico, isto é, aquele que aceita passivamente ser

colonizado, que cede suas terras para a criação de uma grande pátria chamada Brasil

na qual poderiam participar, desde que aceitassem ser catapultados do "barbarismo"

para o estágio de desenvolvimento alcançado pelo homem branco, como pregavam as

atividades da Comissão Rondon e como sugere o filme de Humberto Mauro, O

descobrimento do Brasil (1937). Patrocinado pelo Instituto do Cacau da Bahia (ICB),

poderosa organização de latifundiários, o filme mostra atores imitando índios,

aplaudindo o que teria sido uma cerimônia estrangeira de transferência das terras

indígenas aos europeus.

O descobrimento apresenta a versão “oficial” do encontro entre o europeu e o índio... Suas genuflexões traduzem, em representação audiovisual, uma fantasia dos conquistadores: a de que a leitura de um documento numa língua europeia inacessível aos nativos poderia significar uma legítima transferência da propriedade da terra. Em suma, os índios eram candidatos ideais à disciplina europeia, à cristianização e à desapropriação (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass Jr e Carmen Nava, 2007 p.173).

O filme mostra que os índios eram candidatos ideais a serem enganados, como

ainda acontece nos dias de hoje. Índios entregues à própria sorte ou à má sorte dos

órgãos do governo, como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pela

saúde indígena, sempre alvo de denúncias. É o que revela reportagem publicada no

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jornal O Estado de S. Paulo11, em 7 de maio de 2009:

Disputa de poder: Nas disputas entre partidos, a Funasa sempre é cobiçada. Além do orçamento para 2009 de R$ 4.000.000.000,00 (quatro bilhões de reais), tem independência administrativa. As ramificações em todo o País dão margem para negociações de cargos, permitindo várias composições. A Funasa frequenta relatórios de investigação da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal. Em novembro do ano passado, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, chamou a Funasa, presidida por Danilo Forte, de corrupta, e destacou a “baixa qualidade” nos serviços prestados (O Estado de S. Paulo, Caderno Nacional, p. A8).

Os órgãos do governo, por um lado, desejam emancipar os índios, afirmando

que não são mais crianças que necessitam de proteção, mas por outro lado, embora

permitam que os povos indígenas residam em terras demarcadas, acreditam que não

mereçam ter o domínio efetivo sobre as mesmas.

Desde o descobrimento os índios são prejudicados. Muitas vezes suas

reivindicações e opiniões não eram apresentadas corretamente nas versões

produzidas pelos não índios, o que começou a mudar a partir da década de 80, quando

os índios puderam ser representados por si mesmos, sem atores contratados, pois o

vídeo chegou às aldeias, configurando aquilo que Oswald de Andrade chamou de o

“índio tecnizado”, isto é, o uso da tecnologia audiovisual para fins culturais e políticos

utilizada e elaborada por povos indígenas (In: Stam, 2007, pp. 184-185).

11 ARRUDA, Roldão; FORMENTI, Lígia. Índios deixam a sede da Funasa após determinação da Justiça, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 mai. 2009. Caderno Nacional, p. A8.

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O mais significativo desdobramento recente dessa tendência é a emergência de uma “mídia indígena” - isto é, o uso da tecnologia audiovisual (câmeras de vídeo, aparelhos de videocassete etc.) para fins culturais e políticos mantidos por povos indígenas. O Centro de Trabalho Indigenista (CTI), de São Paulo, por exemplo, tem atuado em colaboração com tribos desde 1979, ensinando produção de vídeo e edição, disponibilizando tecnologias para reforçar a proteção das reservas indígenas (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e Carmen Nava, 2007, p 183).

Entre os grupos indígenas mais versados em mídia estão os caiapó, povo de

língua Jê do Brasil central, que vive em 14 agrupamentos espalhados em território com

tamanho equivalente ao da Grã-Bretanha (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e

Carmen Nava, 2007, p 184).

Em 1987, ao receber uma equipe da Granada Television, que pretendia filmá-

los, os caiapó12 exigiram, em troca de sua colaboração, câmeras de vídeo, aparelhos

de videocassete, monitores e fitas de vídeo. Quando receberam o aparato tecnológico

para fazer filmes, convocaram três cinegrafistas independentes para treiná-los e,

juntos, criaram o filme Taking aim: a apropriação cultural e política da tecnologia do

vídeo pelos caiapó.

Os caiapó usaram vídeos para gravar cerimônias tradicionais, manifestações públicas e encontros com brancos (a fim de obter o equivalente a uma transcrição legal). As imagens, bastante divulgadas pela Time e pela New York Times Magazine, dos caiapó manejando câmeras, têm poder de chocar que vem da ideia de que os índios são “exóticos” ou “alocrônicos: Índios de verdade não carregam câmeras de vídeo” (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e Carmen Nava, 2007, p 184).

12 A grafia dos nomes de povos indígenas, com letra minúscula, que utilizamos aqui, obedece aos critérios da Associação Brasileira de Antropologia.

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Mesmo assim, os programas e canais de televisão do Brasil não se interessaram

pela produção feita pelos próprios índios; apenas a TV Cultura abriu espaço semanal

para a exibição das imagens, em um programa independente chamado A´Uwe13,

produzido pelo ator global Marcos Palmeira. A mesma emissora também divulga vídeos

feitos nas aldeias pelas próprias tribos indígenas, além de documentários e

reportagens com temática indígena.

Em virtude da dificuldade de as emissoras tradicionais veicularem os programas

feitos pelos indígenas, o desafio é garantir-lhes espaço nas novas mídias, em franca

expansão em nosso país, como a internet, na qual alguns índios brasileiros já arriscam

dar os primeiros passos, como veremos a seguir.

13 Programa A´Uwe é apresentado na TV Cultura todos os domingos, às 18 horas.

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3.2 CAMINHO DAS ÍNDIAS NA INTERNET

Iniciei a pesquisa na internet por um site14 de busca, digitando a palavra “índio”.

Ativando a opção “somente páginas em português”, surge na tela o link15 para vários

sites de temática indígena, como Museu do Índio, Dia do Índio, índios do Brasil, Funai,

Comissão Pró-Índio de São Paulo e Estatuto do Índio – Povos Indígenas no Brasil.

Figura 16: pesquisa sobre o índio em site de busca em 5 de março de 2009

14 Local na internet identificado por um nome de domínio, constituído por uma ou mais páginas de hipertexto, que pode conter textos, gráficos e informações em multimídia

15 Elemento de hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao ser acionado, provoca a exibição de novo hiperdocumento.

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Explorei site a site, naveguei texto a texto para tentar descobrir o caminho dos

índios no século XXI. Nessa viagem, que muito me lembra a de Pedro Álvares Cabral,

procurando o caminho das Índias, agora singrando os mares sem fim da internet,

descobri belas fotos dos povos indígenas e informações resgatadas por pesquisadores

e/ou simpatizantes indígenas.

Figura 17: imagem do índio na internet em 5 de março de 2009

O objetivo, neste momento, ao explorar a internet, não é analisar as imagens

sedutoras produzidas por pesquisadores, fotógrafos profissionais ou simpatizantes,

como mostra a figura acima, mas localizar sites produzidos pelos próprios índios. Por

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isso, continuei a desbravar esta selva imensa, formada por bits16 e bytes17, que é a rede

mundial de computadores, até que finalmente surgiu uma clareira, o site

www.indiosonline.org.br.

Figura 18: Imagem reproduzida da página inicial do site Índios Online, 28 de março de 2009

16 Menor parcela de informação processada por um computador.17 Conjunto de bits adjacentes, geralmente constituído por oito bits, que forma a unidade de informação,

usada para representar um caractere no computador.

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3.3 ÍNDIOS ONLINE: COMO TUDO COMEÇOU

Na parte superior do site Índios Online há à esquerda o logotipo da idealizadora

do site, a organização não governamental Thydêwá18, composta por índios e não

índios, e, à direita, os logotipos dos parceiros, Cultura Viva19; Gesac20 e Oi Futuro21, os

quais ajudam a entender como o site foi criado e se mantém.

A ideia do site se desenvolveu depois da experiência da ONG Thydêwá, na

publicação de uma série de livros intitulada “Índios na visão dos índios”, com textos,

fotografias e desenhos feitos de forma colaborativa com as comunidades indígenas

kiriri, tumbalalá, tupinambá e pataxó-hãhãhãe (Bahia), xucuru-kariri e kariri-xocó

(Alagoas) e pankararu (Pernambuco).

Em abril de 2004, a ideia de conectar as aldeias se concretizou no projeto

batizado “Rede Índios Online”, que, com o apoio do governo do Estado da Bahia e do

governo federal, permitiu financiar computadores, máquinas fotográficas digitais,

antenas de conexão via satélite Star One e a instalação do portal22 indígena na internet,

no endereço eletrônico www.indiosonline.org.br.

Com o respectivo apoio da Unesco23, foram eleitos dois representantes das

18 Na língua pankararu thydêwá significa “esperança da terra”.19 Cultura Viva, programa do Ministério da Cultura. Ver http://www.cultura.gov.br/cultura_viva/20 Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), programa do Ministério da

Comunicação. Ver http://www.mc.gov.br/inclusao-digital/gesac 21 Instituto Oi Futuro, programa Novos Brasis. Ver

http://www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp22 Site na internet que oferece grande variedade de serviços, tais como dispositivos de busca,

informações gerais e temáticas, foros de discussão e outros.23 Sigla de Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Ver

http://www.brasilia.unesco.org/

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tribos participantes, citadas acima, para a primeira oficina de qualificação, orientação

para o uso do computador, dicas sobre navegabilidade, imagem, texto e edição para

sites, realizada na Bahia, sede da ONG Thydêwá.

Dois anos depois, em 2006, o Ministério da Cultura (MinC) iniciou o apoio ao

projeto “Rede Índios Online”, com a instalação de pontos de internet por meio do

Programa Cultura Viva, os chamados Pontos de Cultura24, que agregam agentes

culturais que articulam e impulsionam um conjunto de ações em suas comunidades.

Foram criadas, também, parcerias com o Ministério da Comunicação,

responsável por manter a conexão de alta velocidade, pelo Programa Gesac25

(Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão) e com o Ministério do

Trabalho e Emprego, que seleciona até 50 jovens das comunidades, de 16 a 24 anos,

os quais recebem bolsa de R$ 150 por mês, por um semestre, para participarem de

cursos de capacitação em alguma manifestação cultural da região em que moram.

Em agosto de 2006, a partir do Programa “Novos Brasis”26, do Instituto Oi

Futuro, a Rede Índios Online enveredou por nova fase, chamada “Arco Digital”, que

passou a oferecer cursos de aprendizagem colaborativa para qualquer índio brasileiro

por meio da educação a distância, com o apoio da Universidade Federal da Bahia

(UFBA). Conheceremos o Arco Digital, a seguir, na análise do site.

24 Iniciativas desenvolvidas por sociedades civis, que firmaram convênio com o Ministério da Cultura (MinC), por meio de seleção de editais públicos. Os Pontos de Cultura ficam responsáveis por articular e impulsionar as ações que já existem nas comunidades. Atualmente, existem mais de 650 Pontos de Cultura espalhados pelo país.

25 Presente em comunidades com baixo índice de desenvolvimento humano, o programa Gesac, Ministério da Comunicação, fornece conexão à internet, em alta velocidade e via satélite, e já atende a 4 milhões de pessoas em 3.200 pontos de presença espalhados pelo país. Dos pontos de presença, 75% ou 2.400, estão instalados em escolas municipais e estaduais, 400 em postos militares, 100 no Programa Fome Zero e 300 em associações, sindicatos, organizações não governamentais (Ongs) e telecentros.

26 Programa Novos Brasis. Ver http://www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp

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3.4 ANÁLISE DO SITE ÍNDIOS ON-LINE

Estávamos com a análise do site completa, quando ocorreu a alteração visual do

Índios Online, em 7 de agosto de 2009. Após cinco anos de existência, foi a primeira

vez que houve reformulação total. O Índios Online recebeu nova roupagem e recursos

multimidiáticos, como a coluna de vídeos na capa e figuras e sons no chat. Por isso

utilizaremos a mudança para traçar um paralelo do antes e depois da reformulação.

Figura 19: Imagem reproduzida a partir do antigo item “Oca”, site Índios Online, 28 de março de 2009

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Na parte superior do antigo site Índios Online estava o menu principal, em forma

de bambu, na horizontal, com os links Oca, Nações, Atividades, Fórum, Cursos, Diários

e Chat, descritos a seguir:

OCA: página principal na qual são publicadas as reportagens.

NAÇÕES: mostrava o mapa da região Nordeste do Brasil, com os links das sete

primeiras tribos participantes: kariri-xocó e xucuru-kariri, de Alagoas; pankararu, de

Pernambuco; kiriri, tupinambá, tumbalalá e pataxó hã-hã-hãe, da Bahia.

ATIVIDADES: disponibilizava atividades realizadas pelos membros do Índios

Online.

FÓRUM: funcionava somente para membros das tribos participantes, utilizado

para trocar ideias e debates sobre futuras ações do site.

CURSOS: dava acesso à página Arco Digital – Comunidade Colaborativa de

Aprendizagem -, restrita aos alunos indígenas cadastrados, por meio de login e senha.

DIÁRIOS: local que reunia todas as matérias publicadas diariamente e dava

acesso a uma ferramenta de busca para pesquisar reportagens no site.

CHAT: dá acesso à sala de bate-papo.

Na nova home page as matérias estão dispostas à esquerda e a novidade fica

por conta dos vídeos publicados à direita. O site, que começou com hipertexto, se

moderniza e agora oferece espaço para a publicação de vídeos na página principal. Na

hora de publicar as matérias é possível postar vídeos amadores produzidos com

máquinas fotográficas digitais ou celulares pelos próprios índios, que ilustram e

enriquecem as reportagens.

Na última coluna, à direita, fica o login de acesso disponível àqueles que

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possuem autorização para publicar matérias, anúncio para os índios participarem do

site também off-line, cadastrando seu email para receber informações diretamente na

caixa de mensagens do correio eletrônico. Por fim, o item Nações, o qual ofereceria o

link para reportagens de diversas nações indígenas, como pankararu, tupinambá etc.,

mas que no momento só oferece a opção Geral. Tema que abordaremos mais adiante,

na análise do novo item Mapa.

Figura 20: Imagem reproduzida a partir do novo item “Oca”, site Índios Online, em 7 de agosto de 2009

O menu principal permanece na parte superior do site com os novos links: Oca,

Mapa, Arquivos, Chat, Quem somos, Participe, Contato e Buscar, descritos a seguir:

OCA e CHAT: descritos anteriormente.

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MAPA e ARQUIVOS: mudaram os respectivos nomes Nações e Diários, mas

mantiveram-se as funções descritas. Comentaremos sobre estes itens no decorrer da

análise.

QUEM SOMOS: apresenta o site com o seguinte texto: “ÍNDIOS ON LINE é um

canal de diálogo, encontro e troca. Um portal de diálogo intercultural, que valoriza a

diversidade, facilitando a informação e a comunicação para sete nações indígenas”.

PARTICIPE: dá acesso ao cadastro para se tornar voluntário em atividades

indígenas.

CONTATO: envia comentários e sugestões diretamente para os administradores

do site.

BUSCAR: ferramenta de busca utilizada para localizar reportagens ou temas

específicos abordados nas matérias publicadas no site.

Segundo informações apresentadas no site Índios Online, este é produzido e

atualizado pelos próprios índios, com textos, fotos e vídeos, além de um chat27 que

permite o diálogo entre os índios e qualquer usuário da internet, bastando se cadastrar.

27 Forma de comunicação a distância, utilizando computadores ligados à internet, na qual o que se digita no teclado de um deles aparece em tempo real no monitor de todos os participantes do bate-papo.

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Figura 21: Imagem reproduzida da página inicial do chat em 28 de março de 2009

No chat, os erros ortográficos ficam em segundo plano. “O que nós queremos é

saber como anda a vida em outras nações, contar um pouco da história de cada um de

nós. Não adianta falar corretamente o português e, em seguida, destruir o nosso

passado, a nossa história, como os 'brancos' fazem”, disse a índia tupinambá Maria

José Amaral, 43, em entrevista28.

Os indígenas, que tradicionalmente têm cultura oral, estão rompendo barreiras

28 FRANCISCO, Luiz. Portal indígena critica ação de “brancos”. Folha de S. Paulo, Salvador/BA, 28 abr. 2004. Disponílvel em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15817.shtml Acesso em: 24 de set. 2008.

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na internet, cujo meio é escrito e audiovisual, utilizando a escrita e a tecnologia para

fortalecer e projetar sua cultura, além de facilitar a comunicação entre as aldeias

distantes que participam do site.

Com a reformulação do site o chat chegou a ficar dois meses fora do ar. Os

organizadores falavam do novo visual e os comentários elogiavam as mudanças; mas

ninguém questionou o porquê de o chat não estar funcionando.

Figura 22: Imagem reproduzida da página inicial do chat fora do ar em 7 de agosto de 2009

Quando voltou a funcionar, em 10 de outubro, foi publicada a matéria abaixo,

avisando os usuários que o chat estava de volta, como se constata a seguir.

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Olha o chat na área pessoal!!!!!!!!!Pessoal, o nosso chat Indiosonline já está disponivel!!!!!!!! Então a galera que gosta de bater um papo, conhecer novas outras culturas, trocar experiencias, conhecer outras realidades, acesse nosso chat!!!!!!!!! Vamos lá botar este chat para bombar!!!!!!!! Espero vocês!!!!!!!!!!! (Índios Online, reportagem Olha o chat na área pessoal. Acesso em: 10 out. 2009)

A matéria acima parece mais um convite “gritado” por um jovem branco,

carregado de pontos de exclamação, numa tentativa de passar felicidade pela notícia,

além do excesso de gírias, como “galera”, “pessoal”, “botar para bombar”, o que

caracteriza um texto mais voltado a jovens metropolitanos do que a índios e suas

aldeias. O que pode ter contribuído para que muitos índios, principalmente os mais

velhos, deixassem de frequentar o chat, como se verá a seguir.

Figura 23: Página principal com o novo local de acesso ao chat em 10 de outubro de 2009

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Para acessar o novo chat a necessidade de se fazer um cadastro permanece,

mas o chat está com novos recursos, como colocar os emoticons (figuras expressando

emoções), textos com cor e tamanho de letras diferentes e efeitos sonoros para

chamar a atenção na sala de bate-papo.

Figura 24: Ao clicar no anúncio do chat abre-se esta página para acesso, 10 de outubro de 2009

Novo visual e novos recursos não foram suficientes para atrair os usuários. A

sala de bate-papo fica quase sempre vazia, e surgem comentários de indígenas

reclamando que não encontram mais ninguém para conversar.

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Comentário: Alan Pataxo Disse: sábado, 10 de outubro de 2009 as 14:05 sou de coroa vermelha-ba sou um pataxó e quero me comunicar com outros indios mas entro no chat e ñ encontro ninguém pra tc comigo assim ñ vale neh gente. (Índios Online, reportagem Olha o chat na área pessoal. Acesso em: 10 out. 2009)

Figura 25: Imagem da sala de bate-papo vazia em 10 de outubro de 2009, depois da modificação

O fato de o chat ter ficado dois meses sem funcionar pode ter contribuído para

que os usuários concentrassem suas conversas em programas de mensagens

instantâneas, como MSN, criando certa resistência a ficar em uma sala de bate-papo.

As tribos também recorreram ao uso do correio eletrônico para não perder contato, até

a manutenção do chat ser concluída.

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Com a volta do chat os gestores do Índios Online terão que fazer uma

campanha de incentivo e uso consciente dessa ferramenta como meio de diálogo entre

brancos e índios.

Com um clique no item “Nações” tínhamos acesso aos links das sete primeiras

tribos participantes: os kariri-xocó e xucuru-kariri, de Alagoas; os pankararu, de

Pernambuco; os kiriri, tupinambá, tumbalalá e os pataxó hã-hã-hãe, da Bahia e...

Figura 26: Imagem reproduzida da página Nações, 28 de março de 2009

... a promessa da inclusão de seis novos links, na mesma página: os truká, de

Pernambuco; os tupiniquim e guarani, do Espírito Santo; os potiguara, da Paraíba; os

terena, de Mato Grosso do Sul; e os pankararu, de São Paulo29.29 Os pankararu, originários da Aldeia Brejo dos Padres, Pernambuco, começaram a migrar para São

Paulo a partir de 1950, fugindo da seca, da fome e do conflito com posseiros.

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A inclusão dos novos links para as nações participantes ficou mesmo só na

promessa. Como está no item Mapa, substituto de Nações, figura abaixo, o novo mapa

continua apenas com a indicação das sete primeiras tribos. As outras aldeias que se

uniram ao site podem postar matérias, mas não possuem indicação no mapa ou link

exclusivo para a sua nação.

No mapa antigo, do item Nações, ao clicar sobre o nome da tribo abria-se uma

página com as matérias publicadas referentes àquela aldeia. Isso, no novo item, já não

é mais possível. O mapa agora só tem a função de indicar a localização da tribo no

território brasileiro.

Figura 27: Imagem reproduzida da nova página Mapa, 10 de agosto de 2009

Os índios, como muitos outros brasileiros, não se apropriaram da internet por

completo: são apenas usuários. O fato que confirma essa constatação é que, por mais

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de três anos, o site deixou a mensagem “em breve” na página Nações, sem realizar a

alteração necessária; quando houve a reformulação, ainda assim não incluíram as

outras tribos participantes.

Os índios estão sendo incluídos digitalmente em nossa sociedade, mas não

foram, por enquanto, incluídos cognitivamente, pois não adquiriram conhecimentos

suficientes para tarefas ou correções que desejam fazer na arquitetura e

gerenciamento do site. Por isso, na maioria das vezes realizam pela metade os seus

desejos e objetivos no emaranhado de programas, códigos e linguagens a serem

dominados na internet para se fazer ouvir por completo e corretamente.

O site Índios Online tinha muito mais a oferecer além de informação e reunião de

tribos indígenas: ao clicar no item “Cursos”, do antigo menu, éramos levados a uma

página de estudo e treinamento, chamada Arco Digital que deixou de ser veiculada na

reformulação do site. Isso não impede, no entanto, de apresentar e analisar este link.

O ARCO DIGITAL é uma COMUNIDADE COLABORATIVA DE APRENDIZAGEM, onde índias e índios de várias nações indígenas, que tendo acesso a Internet e vontade de atuar para transformar conscientemente suas comunidades, decidem participar de um grupo para se fortalecer. (Apresentação da página Arco Digital. Acesso em: 5 jun. 2009)

Segundo informações descritas na apresentação da página, a Comunidade

Colaborativa de Aprendizagem, Arco Digital, estava orientada especialmente para

indígenas, jovens e adultos, que sabem ler e escrever e quisessem trocar ideias e

refletir sobre o Desenvolvimento, a Cidadania e as Tecnologias de Informação e

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Comunicação, bem como compartilhar experiências, práticas e saberes, com a

finalidade de fortalecer conhecimentos sobre os direitos indígenas e melhorar, de forma

consciente, a qualidade de vida nas comunidades onde moram.

Figura 28: Imagem reproduzida da página inicial do Arco Digital em 28 de março de 2009, antes da reformulação do site

A Comunidade Colaborativa de Aprendizagem, Arco Digital, como já

mencionado, contava com a colaboração do Instituto Oi Futuro, da Universidade

Federal da Bahia (UFBA) e facilitadores índios e não índios para ministrar oficinas, com

a responsabilidade de sistematizar experiências e estimular os índios na construção do

conhecimento, como as que seguem:

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Nome do Curso: Detalhes do Curso:

Jornalismo Étnico

Facilitadora: Lílian Calmon

O objetivo desta Oficina é incentivar índios e índias a usarem a escrita para contar, com o seu estilo, suas experiências e suas reivindicações.

O que é ser Cidadão Indígena?

Facilitadora: Ivana Cardoso

O Objetivo da Oficina é construir juntos os conceitos de Ser Índio e Ser Cidadão Brasileiro para melhor poder exercer seus direitos.

Agro Floresta

Facilitadores: Hiata e Calango

O Objetivo da Oficina é tomar a natureza como modelo de produção e projetar nossa sustentabilidade em harmonia com ela.

Dialogando com o MEC

Facilitadores: Kleber Gesteira Mattos, Thiago Almeida Garciae Susana Grillo Guimares

Um dos objetivos da Oficina é fortalecer os índios em sua participação comunitária e educacional.

O futuro da saúde também está na Tradição

Facilitadora: Ana Paz

Projetar juntos a Saúde, desde o saber popular, valorizando a cultura, a espiritualidade e a linguagem regional de cada povo, em harmonia com o meio ambiente e com a comunidade.

Economia Solidária

Facilitador: Diogo Rego

Diferenciar a economia solidária da economia capitalista tradicional, e compreender as dinâmicas socio-politica-econômicas da relação produtor-consumidor.

Todas as oficinas contavam com a orientação da professora Adriane Halmann,

da Universidade Federal da Bahia, que coordenava o programa de Educação a

Distância e seus facilitadores, desde sua implementação, com monitoramento e

avaliação constantes.

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O Arco Digital era o local no qual os índios aprendiam a utilizar os recursos da

floresta, de forma sustentável e em harmonia com a natureza, noções de cidadania

para reivindicar seus direitos, além de trocar ideias e saberes, utilizando o diálogo

como forma de construir coletivamente o conhecimento e interagir para a

transformação local, na qual eram os protagonistas responsáveis na escolha dos rumos

para as comunidades.

Com a reformulação do site, a página Arco Digital foi retirada do ar. O Arco

Digital era o diferencial no site, um dos itens que chamaram a atenção no momento de

eleger um site indígena para análise. O Índios Online era o único site, produzido por

indígenas, que oferecia ensino e treinamento a outros índios, a distância.

Verdadeiramente uma experiência enriquecedora de se criar comunidade

colaborativa de aprendizagem na internet. Tornar realidade a inteligência coletiva

sonhada por muitos pesquisadores do ciberespaço, como Pierre Lévy e seus

discípulos. Mas infelizmente durou menos de três anos, tempo estabelecido entre a

parceria do Instituto Oi Futuro e o Índios Online30.

Outro ponto que chamava a atenção, no Índios Online, era o item “Diários”, local

que reunia todas as matérias publicadas diariamente, além da ferramenta de busca

para localizar reportagens no site, a qual facilitava, e muito, a pesquisa por tema, tribo,

problema específico ou comentário, pois ao final de cada reportagem os índios podiam

expressar suas opiniões no item “Comentários”, contribuindo e orientando para a

solução de problemas semelhantes, já vividos por outras tribos.

30 Comentada no item “Como tudo começou”, deste capítulo.

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Figura 29: Imagem reproduzida da página inicial do item “Diários”, 28 de março de 2009

O item Diários também não existe mais, a partir da reformulação do site. Agora

as matérias postadas no site foram concentradas no item Arquivos, o qual exibe todas

as matérias publicadas e no final disponibiliza lista das reportagens agrupadas por

mês, ano e quantidade, desde a fundação do Índios Online.

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Figura 30: Imagem reproduzida da parte inferior da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009

Também não é mais possível localizar matérias por categorias, como pankararu,

tupinambá etc. As reportagens foram reunidas em uma única categoria denominada

“Geral”.

Recurso que poderia auxiliar na pesquisa das matérias, pois as categorias foram

retiradas, seria o uso das “tags”, isto é, palavras-chave utilizadas para identificar o

conteúdo das matérias publicadas na internet, como, por exemplo, pankararu,

demarcação ou saúde. O recurso indicaria que a reportagem seria sobre tribo

específica, no caso os pankararu, e trataria da demarcação de terras ou saúde

indígena, nas aldeias ou postos de atendimento da Funasa.

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Um dos problemas identificados nas matérias publicadas é que poucos índios

preenchem os campos de identificação das “tags”, pois muitos não sabem utilizá-la ou

muito menos do que se trata, tampouco o significado de uma “tag”. Somente escrever e

publicar matérias não é o suficiente, faltam domínio das ferramentas e conhecimento

dos métodos de organização e localização de informação na internet, o que requer de

seus usuários aprimoramento e treinamento constantes.

A ferramenta “Buscar”, que antes ficava no item Diários, agora está disponível

ao lado dos itens do menu, no alto da página, o que facilita sua visualização e

utilização.

Figura 31: Imagem reproduzida da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009

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As observações colocadas por nós, pesquisadores, são para melhorar a

interação com a informação disponibilizada no site, pois a função de tornar públicas as

dificuldades e mazelas a que são submetidos os povos indígenas o Índios Online

realiza corretamente, como bem ilustra o exemplo descrito logo abaixo.

As reportagens em sua maioria abordam problemas enfrentados pelos índios,

como a falta de médicos e remédios nos postos de saúde indígenas, falta de

saneamento básico e até de transporte escolar indígena, como revela o depoimento do

índio Lucas, da tribo baiana caramuru.

Nos alunos do colégio estadual da aldeia indígena caramuru ficamos duas semanas sem aula por falta do transporte. A causa de tudo isso foi porque a empresa não recebeu o pagamento, e por falta de interesse do governo, então juntamos um grupo da comunidade e fomos a Salvador para resolver esse problema, nós falamos para eles que o pagamento da empresa dos ônibus estava atrasado e assim não tinha como colocar combustível, e os alunos estava sem estudar. Depois de muita conversa nós conseguimos resolver mais um problema, e eles pagaram a empresa, e assim os alunos voltaram aos estudos e tudo graças a um grupo indígena que esta sempre unido e fazendo o que é melhor para nois mesmo, que é reivendicar os direitos indígenas. (Índios Online, reportagem Transporte escolar. Acesso em: 5 jun. 2009)

O que chama atenção, a partir da utilização da internet pelos indígenas, é que o

site Índios Online orienta as tribos na solução de problemas, ensinando-as a pressionar

por meio de e-mails enviados ao secretário, à diretoria regional e até a jornais para o

problema se tornar público e os responsáveis se sentirem impelidos a solucionar

rapidamente a questão, como no seguinte relato:

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Comentário de: sebastian [Membro] otimo!!!vc tem o email do secretario de educação da BA? Pegue o email no site!vc tem o email do responsavel pela DIREC de tua regiao?do jornal A Tarde? A Regiao? A Tribuna?Se prepare....voce pode tambem PRESIONAR VIA INTERNET sem ter que ir de corpo ate lá!!! Fico feliz de leer este materia...e pense que, se por ventura, outra vez vier acontecer um desrepeito como esse, voce pode publicar logo no site!!! Um só dia de nao ter aulas por uma ignorancia dessas já é motivo para publicar uma materia!!!! Dois dias vira uma campanha!!!!Voce tem uma nova arma de PRESSAO... Use-a! (Índios Online, reportagem Transporte escolar, item Comentário. Acesso em: 5 jun. 2009)

O site não fica apenas na orientação, mas também se abre à divulgação dos

problemas enfrentados por qualquer tribo brasileira, como no relato acima, segundo o

qual um só dia de falha nos serviços sociais é suficiente para se publicar uma

reportagem. Se o desrespeito continuar por dois dias já é motivo para se fazer uma

campanha pela “nova arma de pressão”, a internet.

Observamos que os índios e não índios passam por muitos problemas parecidos

no que se refere aos serviços públicos, e que as soluções encontradas, certamente,

seriam benéficas a ambos os grupos. A internet não significa a salvação do índio ou do

não índio, pois na internet se vai do céu ao inferno em um clique. Mas, se bem usada,

torna-se excelente canal de comunicação, por meio do qual se dialoga com o mundo,

buscando respeito, justiça e solução de problemas.

O cinema e a televisão, comentados no início do texto, ainda são

imprescindíveis para o registro da representação indígena na mídia brasileira, mas a

internet, por ter custo de produção mais acessível, tem se mostrado importante

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ferramenta não só para o registro da representação indígena, como também da

autorrepresentação elaborada pelos índios brasileiros.

3.4.1 Análise das reportagens publicadas no Índios Online

Temos como corpus para a análise, além do site Índios Online, as reportagens

publicadas de abril a setembro de 200931, perfazendo um total de 254 reportagens,

buscando a partir das temáticas verificar quais assuntos têm sido mais divulgados

pelos povos indígenas, a partir da utilização de ferramentas de comunicação modernas

como a internet.

Para o trabalho, definimos seis temas para analisar as reportagens, que podem

englobar vários assuntos, os quais destacaremos a seguir:

Cultura: entretenimento, folclore e comidas típicas.

Educação: treinamento, oficinas e cursos.

Saúde: ervas medicinais, postos de atendimento, falta de profissionais e

medicamentos.

Segurança: violência, discriminação e racismo.

Emprego: sustentabilidade, recursos financeiros, agricultura e artesanato.

Moradia: demarcação de terras e conflito com posseiros.

31 Período justificado na Introdução desta dissertação.

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Detalhamos a análise mês a mês, em planilhas contendo os itens Data,

Reportagem, Ilustração (foto ou vídeo), Comentário e Temática; por fim, apresentamos

os resultados em forma de gráfico, objetivando facilitar a análise e visualização dos

resultados.

Gráfico 1 – Análise - reportagens de abril/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática

01/ Abril/ 2009 Posto de saúde indígena emreforma

Foto - Saúde

01/ Abril/ 2009 Reitor da UNB dança o Toré - 2 Educação

01/ Abril/ 2009 Defesa dos diretos e interessesindígenas

- - Moradia

01/ Abril/ 2009 Beleza Indígena do Pantanal -MS

- 1 Cultura

02/ Abril/ 2009 Reunião com o prefeito JoãoGomes e Secretaria de Saúde

- - Saúde

02/ Abril/ 2009 Vacinação - Busca Ativa naAldeia

Foto 2 Saúde

02/ Abril/ 2009 Acadêmico indígena Kaingang Vídeo 3 Moradia03/ Abril/ 2009 A importância da nossa mata Foto - Cultura

03/ Abril/ 2009 Reserva Indígena de DouradosGanha Escolas !!!!

- - Educação

03/ Abril/ 2009 Soneto de Lamentação - 1 Cultura03/ Abril/ 2009 Artesanatos de Kariri-Xocó Foto 1 Cultura

04/ Abril/ 2009 UFRR Forma ProfessoresIndígenas

Foto 7 Educação

07/ Abril/ 2009 Situação das Estradas emPankararu

- 1 Moradia

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07/ Abril/ 2009 Professor Kaingang - 1 Educação08/ Abril/ 2009 Visão do não índio Vídeo 1 Cultura10/ Abril/ 2009 Essência de dois povos Foto 3 Cultura13/ Abril/ 2009 Artesanato kaingang sobrevive. Foto 1 Cultura14/ Abril/ 2009 Dia do Índio? Dia de Festa? - 5 Cultura

16/ Abril/ 2009 Sem iluminação publica naaldeia

- - Moradia

16/ Abril/ 2009 Entrevista com Nair Pare si eAritana Yawalapíti

Vídeo 2 Cultura

16/ Abril/ 2009 Como utilizamos a medicina nanossa aldeia

Foto - Saúde

16/ Abril/ 2009 Reunião com o GovernadorJaques Wagner

- 1 Moradia

16/ Abril/ 2009 Entrevista com OlavoWapichana, aluno da UNB

Vídeo - Educação

17/ Abril/ 2009 Uma Conversa entre ParentesIndígenas Yawalapíti e Fulni-ô

Vídeo 1 Cultura

17/ Abril/ 2009 Lançamento do Edital dosPontos de Cultura Indígenas

Vídeo 2 Cultura

17/ Abril/ 2009 Semana dos Povos Indígenas2009

Vídeo - Cultura

17/ Abril/ 2009 Intercâmbio Sócio-Cutural Vídeo 1 Cultura18/ Abril/ 2009 Farmácia Tradicional Fulni-ô Vídeo 1 Saúde

18/ Abril/ 2009 Todos os dias é dia do Índio, dia19 é mais um deles!

Foto 3 Cultura

20/ Abril/ 2009 Homenagem ao dia do índio!!!! Vídeo 3 Cultura21/ Abril/ 2009 Índios Kariri-Xocó no Memorial - 3 Cultura22/ Abril/ 2009 "Índios no Mundo Digital" - 1 Cultura22/ Abril/ 2009 Índios On-Line e GESAC Vídeo 2 Cultura

22/ Abril/ 2009 Nazaré Pankararu fala sobreEducação escolar Indígena!

Vídeo 3 Educação

22/ Abril/ 2009 Fernando (Atiã) Fala Sobre acultura Pankararu

Vídeo 1 Cultura

22/ Abril/ 2009 Judite e Ruth ambas Drª, fazemPesquisa na etnia Pankararu!

Vídeo - Cultura

24/ Abril/ 2009 O Rio Grande do Norte éIndígena

Vídeo 3 Moradia

24/ Abril/ 2009 Oga Miximi Vídeo 3 Cultura25/ Abril/ 2009 Refletindo… - 3 Moradia27/ Abril/ 2009 14ª Oficina de Produção de - - Educação

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27/ Abril/ 2009 Entrevista com Marcos Terena Vídeo - Cultura28/ Abril/ 2009 II Raízes Indígenas do Ceará Foto 2 Moradia

28/ Abril/ 2009 A falta de Segurança no PovoPotiguara

Vídeo 1 Segurança

28/ Abril/ 2009 Toré das crianças Potiguara doKatu

Vídeo - Cultura

28/ Abril/ 2009 Entrevista com o vereadorDezinho Fulni-ô

Vídeo 1 Cultura

28/ Abril/ 2009 Cultura Fulni-ô Vídeo 3 Cultura28/ Abril/ 2009 Vivendo a Cultura Vídeo 1 Cultura29/ Abril/ 2009 Ser índio - 3 Educação29/ Abril/ 2009 Mulheres Tupinambá se unem Vídeo 2 Cultura29/ Abril/ 2009 O protesto de Xiquinho Foto 3 Moradia

30/ Abril/ 2009 India Caiua conta sua historia devida

Vídeo 1 Educação

O pico de maior atividade em abril foi no final do mês, dia 28, com seis matérias

publicadas, sendo a última publicação dia 30, fechando o mês com a média de mais de

uma matéria postada por dia, 51 no total.

Perto das comemorações do Dia do Índio, muitas reportagens abordaram a

temática “ser índio”, “diversidade dos povos indígenas e da sua cultura”. A matéria que

teve o maior número de comentários foi “Universidade Federal de Roraima forma

professores indígenas”, publicada em 4 de abril, com sete comentários, dos quais

selecionamos dois para análise.

Anari. Disse: terça-feira, 14 de abril de 2009 as 13:08Parabéns! aos parentes e a Universidade Federal de Roraima. Não parem por aí, não. Continuem! É importante que mais universidades apóiem os cursos de licenciaturas indígenas no Brasil, dessa forma apoiando a causa indígena.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

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Vianey Lipú Gonçalves Turíbio --- Etnia Terena --- MS. Disse: terça-feira, 14 de abril de 2009 as 13:26 Primeiramente agradecemos à Deus pelas nossas vidas… E quero parabenizar à todos os formandos do Curso de Licenciatura Intercultural, pois é uma Conquista muito importante pra vc´s e pra comunidade indígena em geral.. E Vamos seguir em frente, continuar na luta na Busca da Autonomia e na Auto-Determinação do nosso povo indígena… Sucesso pra todos.. FIK COM DEUSS…(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Como esses dois comentários, os outros cinco também destacavam a

importância da formação intercultural dos professores indígenas, incentivando mais

índios a ingressar no ensino superior, como modo de fortalecer a cultura e educação

dos povos indígenas.

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Gráfico 2 – Estatísticas das atividades

No mês de abril, o site publicou 51 reportagens, 79 comentários e 34 ilustrações,

sendo 10 fotos e um número expressivo de 24 vídeos. A tecnologia multimídia aos

poucos também vai sendo assimilada pelos indígenas, graças à facilidade de se

produzir vídeos, encontrada em muitos aparelhos celulares hoje em dia.

Expressiva também é a participação dos internautas no site, índios e não índios,

a partir dos comentários publicados instantaneamente, logo abaixo das reportagens.

Reportagens Ilustrações Comentários0

10

20

30

40

50

60

70

80

Abril/2009

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Gráfico 3 – Análise dos temas abordados

No mês em que se comemora o Dia do Índio, 19 de abril, os indígenas utilizaram

a internet para reafirmar sua cultura, com 27 textos, sem deixar de abordar outros

temas, como Educação, com 10 textos; Moradia, com 8 textos; Saúde, com 5 textos e

Segurança, com 1 texto.

O grande número de textos publicados sobre Cultura e Educação, muitos deles

abordando cursos e a valorização do artesanato indígena, os quais, direta ou

indiretamente, geram recursos a partir da venda desses produtos manufaturados pelos

índios, pode explicar a inexistência de matérias sobre emprego e renda.

Coluna B0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

22,5

25

27,5

Abril/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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Gráfico 4 – Análise reportagens de maio/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática01/ Maio/ 2009 Somos patrimônio - Participe! - 7 Cultura

01/ Maio/ 2009 Dia Mundial do trabalho. Há o quecomemorar?

- 1 Emprego

02/ Maio/ 2009 Ponto de Cultura Índios OnlineKariri-Xocó

- 1 Cultura

02/ Maio/ 2009 Urucum a energia - - Cultura02/ Maio/ 2009 Luta pela vida! - 1 Saúde02/ Maio/ 2009 Guateka Digital Vídeo 1 Cultura

02/ Maio/ 2009 Liderenças Guarani reinvidicamsaúde de qualidade

Foto 1 Saúde

03/ Maio/ 2009 Indígenas Mensageiros de Cristo -Louvor em língua Guarani

Vídeo 1 Cultura

03/ Maio/ 2009 Aldeia Tupinambá em cena Vídeo 1 Cultura

03/ Maio/ 2009 Reconhecimento territorial do povoTupinambá de Olivença

- 3 Moradia

04/ Maio/ 2009 Pintura Corporal Vídeo - Cultura05/ Maio/ 2009 Riquezas - Nossa mata atlântica - - Cultura05/ Maio/ 2009 Acampamento Terra Livre 2009 Foto 1 Moradia

06/ Maio/ 2009 Depoimento do Cacique GetúlioCaiuá

Vídeo 2 Moradia

06/ Maio/ 2009 Manifestações culturais dos índiosTapeba

- 2 Cultura

06/ Maio/ 2009 Orgulho de ser Tupinambá! Vídeo 1 Cultura

06/ Maio/ 2009 Ministro da Justiça noAcampamento Terra Livre 2009

Vídeo 4 Moradia

07/ Maio/ 2009 Declaração Universal dos DireitosHumanos

Vídeo - Cultura

07/ Maio/ 2009 A pesca Vídeo 3 Emprego07/ Maio/ 2009 Caminhada ao Congresso Nacional Foto 4 Moradia08/ Maio/ 2009 Todo dia é dia de índio - 1 Cultura

08/ Maio/ 2009 Encerramento Acampamento TerraLivre 2009

- 1 Moradia

08/ Maio/ 2009 9ª Jogos Indígenas Pataxó de Vídeo 4 Cultura

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08/ Maio/ 2009 Conferência Municipal daPromoção da Igualdade Racial

- - Cultura

11/ Maio/ 2009 Nossos anciões nossa resistência - - Cultura

11/ Maio/ 2009 Casa de Memória do Tronco VelhoPankararu

- - Cultura

11/ Maio/ 2009

Presença do presidente da FunaiMércio Meira e do Ministro daJustiça Tarso Genro

- 1 Moradia

11/ Maio/ 2009

Líderanças de Pernambuco sereúnem com a representante doBanco Mundial

- - Emprego

11/ Maio/ 2009 Neguinho Truká fala que não éfavorável a Funasa

- - Saúde

11/ Maio/ 2009 Acampamento Terra Livre até 2010 - - Moradia

11/ Maio/ 2009 Depoimento de LiderançasIndígenas

Vídeo 1 Moradia

11/ Maio/ 2009 Caminhada Final - Terra livre Vídeo 2 Moradia

12/ Maio/ 2009 A natureza nos dá o queprecisamos

Vídeo 5 Emprego

12/ Maio/ 2009 APIB – Articulação dos PovosIndígenas do Brasil

Foto - Moradia

13/ Maio/ 2009 I Congresso da AEIP: Vitória dosEstudantes Indígenas Pankararu

Foto 2 Educação

14/ Maio/ 2009 Jogos Indígenas Pataxó 2009 - 5 Cultura

14/ Maio/ 2009

Estudantes indígenas da UNBparticipam da vigília pela AmazôniaLegal

Foto 3 Cultura

14/ Maio/ 2009

1º Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas

- - Educação

14/ Maio/ 2009 Em busca de um sonho - 6 Educação

15/ Maio/ 2009 A força das crianças na culturaindígena Potiguara

- 2 Cultura

15/ Maio/ 2009 A importâncai do Velho Chico(kariri-xocó)

Foto 4 Emprego

15/ Maio/ 2009

1º Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas

- 12 Educação

17/ Maio/ 2009 Mais um cacique na luta pelo Foto 1 Moradia

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18/ Maio/ 2009 Guerreiros e Guerreiras! - 3 Moradia

18/ Maio/ 2009

Diversificação de artesanatosKaingangs da Comunidade daBorboleta

- 2 Emprego

19/ Maio/ 2009 INDIOS ON-LINE ganha Premio deMídia Livre

- 1 Cultura

19/ Maio/ 2009 Dança Terena Vídeo 1 Cultura20/ Maio/ 2009 Promoção da Igualdade Racial??? - 5 Cultura

20/ Maio/ 2009

Demarcação das terras indígenasTupinambá de Olivença é tema deSessão Plenária

- 14 Moradia

21/ Maio/ 2009 Costumes indígenas - - Cultura

21/ Maio/ 2009

Resultado, da Sessão Especial noPlenário Gilberto Fialho em Ilhéus -BA

- 5 Moradia

22/ Maio/ 2009 Entendendo a Demarcação deTerras Indígenas - TI

- 6 Moradia

22/ Maio/ 2009 Grupo de Proteção a Criança e aoAdolescente valorizando a cultura

Foto 4 Cultura

23/ Maio/ 2009

08 de Junho - II Reunião Regionaldo Fórum Estadual Intersetorial noRJ

- - Cultura

23/ Maio/ 2009 9ª Assembléia do Povo Xukuru doOrorubá

Vídeo 2 Segurança

23/ Maio/ 2009 GTs da 9ª Assembleia Xukuru Vídeo 2 Segurança

23/ Maio/ 2009 Programa AIESA - AdolecentesIndígenas Educadores em Saúde

Foto 4 Saúde

26/ Maio/ 2009 A importância do Ponto Digital naeducação Pankararu

Foto 8 Educação

26/ Maio/ 2009

Programa de Proteção deDefensores de Direitos Humanoscuida do caso Anibal

Vídeo 3 Segurança

27/ Maio/ 2009 Viva a Mata 2009 Foto 1 Cultura

27/ Maio/ 2009 Atentado: Audiência Pública sobreo caso Anibal

Vídeo - Segurança

27/ Maio/ 2009 Aldeia Serrinha Pankararu - 2 Moradia27/ Maio/ 2009 Plantio e hortas caseiras Foto 3 Emprego

27/ Maio/ 2009 Campanha Povos Indígenas naAmazônia - Presente e Futuro da

Foto 3 Cultura

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27/ Maio/ 2009

I Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas

- 8 Educação

28/ Maio/ 2009 II Seminário Povos Indígenas eSustentabilidade

Foto 2 Educação

28/ Maio/ 2009 Tudo em nome dodesenvolvimento?

- 5 Moradia

30/ Maio/ 2009

Associação Indígena das Mulheresda Região da Água Vermelhapromove curso de pintura

Foto 1 Emprego

30/ Maio/ 2009 2º Seminário Temático doMagistério Indígena

Foto - Educação

30/ Maio/ 2009

Relatório da reunião dosestudantes indígenas universitáriosda Bahia e o CINEP

Foto 4 Educação

30/ Maio/ 2009 Pofessoras da ComunidadePankarú pedem socorro!!!

Foto 1 Educação

31/ Maio/ 2009 Sistema de Irrigação Agro-ecológico!

Foto 3 Emprego

31/ Maio/ 2009 Estudantes de História da Uescapoiam luta Tupinambá

- 4 Moradia

O pico de atividade em maio foi no dia 11, com oito matérias publicadas, a última

publicação dia 31, finalizando o mês com a média de mais de duas matérias publicadas

por dia, 75 no total.

A matéria que causou maior polêmica, neste mês, no Índios Online, foi sobre a

demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença, sul da Bahia, publicada dia

20 de maio, com 14 comentários, que se estenderam até o mês de junho. Abaixo um

trecho da matéria e alguns comentários publicados, inclusive dois internacionais, de

simpatizantes da causa indígena.

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Recentemente a FUNAI publicou no Diário Oficial da União o acolhimento do relatório que defende a demarcação da Aldeia Tradicional Indígena Tupinambá de Olivença, com área total de 47.300 hectares, sendo a maior parte, cerca de 80%, em Ilhéus, além de outros municípios como Una e Buerarema. A contestação, começará a ser feita, justamente nesta Sessão Especial que irá acontecer hoje a tarde, onde darão voz a agricultores, produtores, moradores, comerciantes e empresários do setor hoteleiro que atualmente se encontram na área em questão e que precisam expor as razões contrarias a criação da Aldeia. (Índios Online. Trecho da reportagem: “Demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença é tema de sessão”. Acesso em: 30 de out. 2009)

giuseppe da italia Disse:quarta-feira, 20 de maio de 2009 as 16:45 Infelismente, morando eu na Italia, nào posso ajudar muito mas o meu coraçào e a minha mente estào torcendo para que os direitos do Grande povo Tupinambà sejam respeitados!!!! (finalmente). (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Alexandro, FRANÇA Disse:sexta-feira, 22 de maio de 2009 as 16:07 Pergunta para senhor Vereador: - Se fossem a sua casa confiscar suas terras que sao suas por direito que fazia? Sera o Povo indio que invadiu essas terras, ou que subiu a invasao de desconhecidos e arrogantes? EU diria senhor Vereador simplesmente: dar a Cesar o que é a Cesar e Dar a DEUS O QUE É DE DEUS por isso nao tente retirar aquilo que é por DIREITO E PRINCIPIO DO POVO INDIO. ABRAÇO A TODO O POVO INDIO, DE UM AMIGO NA FRANÇA. ALEXANDRO (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Nivia Maria (visitante) Disse:segunda-feira, 25 de maio de 2009 as 17:41 Senhores, esta é uma questão polêmica demais. O país inteiro se formou sob a égide de uma colonização europeia (portugueses, holandeses, alemães, italianos, espanhóis etc..) que massacrou os povos que aqui habitavam. Foram inúmeras as nações dizimadas, em um genocídio esquecido nas páginas da história. Nesse contexto o país inteiro teria que ser “desocupado” para dar a terra aos nativos sobreviventes. Acontece, que hoje, 500 anos depois, são poucas as nações que confirmadamente se mantém “indígenas”. Na maioria, o povo brasileiro é missigenado e tem em suas veias, não apenas o sangue indígena sobrevivente, mas o sangue negro e o sangue do colonizador genocida, assassino e bárbaro. Não dá para acreditar que o povo que hoje mora em Olivença, que paga imposto ao governo federal, que paga IPTU -

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Imposto Territorial Urbano - que pelo código tributário é pago pelo proprietário da terra e do imóvel (hoje em média, o IPTU de um imóvel residencial em Olivença varia de 300 a 600 reais), seja despejado de suas residências por conta de uma leitura equivocada do que seria reconhecimento de ancestralidade e direito à terra. A ocupação de Olivença data de 400 anos aproximadamente e os atuais moradores são tão sobreviventes em sua missigenação quanto alguns dos auto-declarados sobreviventes dos Tupinambás. O direito ao uso capião coloca Olivença dentro do município de ilhéus, participando de eleições municipais, estaduais e federais. Olivença não será “desocupada”, haverá outra forma de legitimar a reivindicação de terra para os Tupinambás remanescentes e legitimar o direito de posse adquirida pelos moradores que são reconhecidos pelo Estado brasileiro como proprietários da terra e dos imóveis onde moram hoje. Existe ainda um detalhe, os 300 metros da costa brasileira pertencem à Marinha e todos os imóveis que ficam na beira da praia estão em terras federais, que são do povo brasileiro, independente de qualquer etnia. É preciso ter calma pois essa decisão inconsequente, sem debate prévio com os moradores de Olivença, descendentes de índios ou não, o ministério público, a Funai, o Incra, o governo federal (secretaria da igualdade racial) já está gerando um clima de revolta e de eminente conflitos naquela área que até então era a pacata Olivença. Então, eu que moro em casa alugada a um ano, que adoro o povo de Olivença, que tenho prazo de até março do ano que vem mudar de cidade espero que tudo se resolva em Paz. Sou filha da floresta amazonica, paraense de Santarém, descendente de índio tapajó, com negra e branco português. Sou a típica descendente de índios, que também é negra e que também é branca. PAZ para todosGrande abraçoNivia Maria(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

sou cadastrado, mas não sou índio Disse:sexta-feira, 19 de junho de 2009 as 22:40 Engraçado!!! Antigamente ninguém queria ser conhecido como CABOCLO DE OLIVENÇA!!! KKKK… Agora, virou brincadeira, têm índio vindo até de outros Estados para ser cadastrado, gente que se mudou agora, p/ ser conhecido como índio, também com tantos benefícios! Emprego então hein?? Na escola indígena e na saúde é o que mais rola!!! Cesta básica, leitinho, cursos, viagens, empréstimos!!Agora mais engraçado ainda vai ser, quando começar a cair as máscaras, quando todo mundo realmente descobrir quem são?? E eu vou está aqui de camarote assistindo tudo e dando risada… E como disse o meu companheiro aí em cima: A VERDADE IRÁ PREVALECER SEMPRE!!!!! (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

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Ulises Disse:quarta-feira, 24 de junho de 2009 as 12:38 Ratifico as palavras no nosso companheiro ai em cima. Essa fraude da Funai está acabando, ontem mesmo no jornal nacional já foram expulsos 2 funcionários por corrupção… Olivença não tem índios a muito tempo e os que habitavam aqui era os tupiniquim e os aimorés e nunca os tupinambás.. rsrs Essa cacique é muito burra, em vez de escolher uma dessas tribos q existiu, escolheu a que nunca existiu por aqui. (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Estes foram apenas alguns exemplos dos muitos comentários contestando o

fato de os tupinambás não serem habitantes daquela região, outros defendendo o

direito dos moradores atuais, que pagam em dia seus impostos, de permanecer no

local, os indígenas reivindicando o direito à terra, concedida pelo governo federal e

Funai. Sem dúvida, assunto muito polêmico, que será decidido na Justiça, como foi o

caso da demarcação do Território Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

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Gráfico 5 – Estatísticas das atividades

O site teve no mês de maio 75 reportagens publicadas, 38 ilustrações (20 fotos,

18 vídeos) e 81 comentários no total. Verificando o gráfico nota-se que o número de

comentários não foi muito maior que o número de reportagens, bem diferente do mês

de abril, no qual os comentários se destacavam em relação à quantidade de matérias.

O fato decorre do aumento de quase 50% na publicação das reportagens de maio em

relação ao mês anterior.

Reportagens Ilustrações Comentários0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Maio/2009

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Gráfico 6 – Análise dos temas abordados

No mês de maio os temas que tiveram mais destaque foram Cultura, com 27

textos e Moradia, com 19 textos. Quase empatados estiveram Educação, com 10

textos, e Emprego, com 9 textos, seguidos por Saúde e Segurança, que receberam 4

reportagens publicadas cada um.

Coluna B0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

22,5

25

27,5

Maio/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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112

No mês em que se comemora o Dia do Trabalhador, 1º de Maio, os índios

trabalharam ainda mais na defesa da demarcação dos territórios e divulgação do

congresso “Acampamento Terra Livre 2009”, em Brasília, que terminou com caminhada

pacífica até o Congresso Nacional.

Reafirma-se o uso da internet pelos índios, para a divulgação de sua cultura e

defender a demarcação de territórios, homologados pelo governo federal e Funai, mas

contestadas pelos empresários, agricultores e proprietários das terras em questão,

como na reportagem “Demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença é

tema de sessão”.

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Gráfico 7 – Análise reportagens de junho/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática

01/ Junho/ 2009 Pataxó Hãhãhãe na luta para amelhoria da saúde

Vídeo 3 Saúde

02/ Junho/ 2009 Poema Sede de Vida Vídeo 4 Cultura

03/ Junho/ 2009 I Encontro de UniversitáriosIndígenas Potiguara

Vídeo 2 Educação

03/ Junho/ 2009 Aldeia Itapoã recebe visita deestudantes norte americanos

Foto 2 Educação

03/ Junho/ 2009 Inquérito Nacional de Saúde eNutrição dos Povos Indígenas

Foto 1 Saúde

03/ Junho/ 2009 Ato público. Cacique vítima deatentado

Foto 11 Segurança

04/ Junho/ 2009 Dia do índio todos os dias Vídeo 3 Cultura05/ Junho/ 2009 Ritos indígenas Foto 2 Cultura05/ Junho/ 2009 Eu sou índia aqui e na China Foto 13 Cultura

08/ Junho/ 2009 Lideranças Pankararu na luta pelaterra

Foto 4 Moradia

09/ Junho/ 2009 Potiguara unidos através do ritualdo Toré nos Terreiros Sagrados

Foto 4 Cultura

09/ Junho/ 2009 Plenária Nacional deComunidades Tradicionais

Foto 4 Cultura

10/ Junho/ 2009

Apresentação Musical de CristinoWapichana no 31º Femucic –Festival de Música da CidadeCanção

Vídeo 3 Cultura

10/ Junho/ 2009 Integração indígena no "Arraiá daUNB"

Foto 3 Cultura

10/ Junho/ 2009 Reunião "Maloca" na UNB - 7 Cultura

12/ Junho/ 2009 Conhecendo a ele, artista EdesioPataxó

Vídeo 1 Cultura

12/ Junho/ 2009 Indígenas são recebidos pelochege de gabinete da UNB

- 5 Educação

14/ Junho/ 2009 Música Kaimenau (Paz) Foto 4 Cultura15/ Junho/ 2009 6º Encontro de Escritores - 2 Cultura

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114

15/ Junho/ 2009 Mostra de TecnologiasSustentáveis

- 4 Emprego

16/ Junho/ 2009 Tuxá retomada, luta e conquistas! Foto 2 Cultura

16/ Junho/ 2009 Visão do ETHOS sobre a RedeIndios Online

Vídeo 6 Cultura

17/ Junho/ 2009 Tupinambá por terra com paz - 5 Moradia17/ Junho/ 2009 Povo Tuxá de Ibotirama - BA. - 2 Moradia

19/ Junho/ 2009 Ethos promove ato público contraMP da grilagem

Foto 1 Moradia

20/ Junho/ 2009 Ethos, iniciativas sustentaveis nanossa visão

Foto 2 Emprego

20/ Junho/ 2009 Entrevista com Beto Ricardo doInstituto Socioambiental - ISA

Vídeo 1 Cultura

22/ Junho/ 2009 Lenoir Tibiriçá - Terras Kariri-Xocó

- - Moradia

22/ Junho/ 2009 Linguagem indígena - - Cultura

23/ Junho/ 2009 6º Encontro de Escritores eArtistas Indígenas

Foto 2 Cultura

23/ Junho/ 2009

Encontro do Reitor daUniversidade de Brasília (UnB) eEstudantes Indígenas

Foto - Moradia

23/ Junho/ 2009

Confira a lista dos estudantesindígenas aprovados para aUniversidade de Brasília - UnB

Foto - Educação

23/ Junho/ 2009 Arraiá dos CAs e EstudantesIndígenas da UnB

Foto 2 Cultura

28/ Junho/ 2009

Reunião dos indígenas paradisctutir suas atuações na IICONAPIR

Foto - Cultura

28/ Junho/ 2009

Depoimentos de liderançasindígenas presentes na IICONAPIR

- - Cultura

29/ Junho/ 2009 * Fortalecendo a luta Tabajara - - -

29/ Junho/ 2009 * Observatório de DireitosIndígenas

- - -

29/ Junho/ 2009 * Encontro da APOINME - - -29/ Junho/ 2009 * Kariri-Xocó BR 101 - - -30/ Junho/ 2009 Jovens Kariri-xocó - 3 Emprego

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115

No mês de junho se destacam três dias de maior atividade, concentrando quatro

matérias publicadas em cada um deles. Nos dias 3 e 23, reportagens voltadas mais à

temática da Educação, postadas pelos estudantes indígenas da UnB. O dia 29 chama

a atenção pelo fato de as quatro reportagens terem perdido o link, apresentando

apenas os títulos das matérias32, sem os respectivos conteúdos, texto, foto e

comentários. Mas no dia seguinte, 30 de junho, o funcionamento volta à normalidade

com reportagem publicada e três comentários, fechando o mês com 40 publicações.

A reportagem que mais se destacou foi “Eu sou índia aqui e na China”,

publicada dia 5 de junho, com 13 comentários, publicada por Ivana Cardoso, que

assumiu o nome de Potyra Tê Tupinambá, afirmando que os índios foram obrigados a

se adaptar a um novo modo de vida para sobreviver e que, havendo necessidade,

continuarão a se adaptar às exigências impostas pelo século XXI, para continuar a

existir. Eis um trecho da matéria e alguns comentários publicados.

O índio contemporâneo tem uma cara diferente, mas a sua essência é a mesma. Toda cultura se transforma. Por que a do índio tem que ficar imóvel, estática, intocada? Quando um brasileiro vai para os EUA, para Europa ou para a China, aprende a língua e os costumes de lá, ele deixa de ser brasileiro? Não! Porque hoje querem negar a existência de muitos povos indígenas por eles terem aprendido o português, usar roupas, fazer faculdade…? (Índios Online. Trecho da reportagem: “Eu sou índia aqui e na China”. Acesso em: 30 de out. 2009)

Sebastian Disse: sexta-feira, 05 de junho de 2009 as 19:58 O povo branco querendo que os indígenas sejam estáticos é mais uma forma de querer o extermínio, a aniquilação!A vida é dinâmica! Viver é estar sempre mudando!Ficar parado é a morte!Este site movimenta e promove a vida!Parabens Potyra sua materia é linda!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

32 Destacamos com um asterisco na frente do título.

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Tainá Pankararu Disse: sexta-feira, 05 de junho de 2009 as 22:18 È minha irmã Potyra, se vivermos nu, isolados somos considerados selvagens, se estamos vestidos perdermos a cultura, não consigo entender esses ignorantes, pois para mim ignorância é falta de conhecimento! nosso povo padeceram e ainda padecem. As matanças começaram em nome do progresso, a Violência e doenças, contato com o não índio e com sua ambição economica continua sendo, para nós indígenas, o contato com a morte”.Gostei de ver sua garra, sua força! Conte comigo sempre minha irmã!Vamos a luta!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

giuseppe da italia Disse: domingo, 07 de junho de 2009 as 15:07 Ola Potyra Tê Tupinambá, concordo com Voçè o importante è continuar mantendo a propria cultura pacifica e respeitar as outras, o intercâmbio cultural nos faz crecer culturalmente aumentando o respeito para os outros seres humanos e nào!! as vezes fico vergonha porquè a minha cultura, a ocidental, è uma cultura destruitiva que nos seculos provocou muita dor para muitos e que està acabando com a vida neste maravilhoso planeta Terra!! sim eu estou com vergonha para o meu povo!! obrigado pela sua materia.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Wagner R. Matheus - Caua - Santos / SP Disse: segunda-feira, 08 de junho de 2009 as 10:06 Potyra Tê , enquanto as pessoas e a sociedade se prende a antigos conceitos , o povo indígena avança consideravelmente. Atualiza-se , organiza-se mostra-se participativo em todos os setores que lhe dizem respeito , buscam parcerias, lutam por uma educação diferenciada e espalham a inclusão digital por todas aldeias, além de formar a cada ano jovens prontos para atuar como profissionais em diversas áreas desta nossa sociedade. Então quando acontecem casos como a demarcação da área Raposo Serra do Sol em Roraima, que uma uma india Wapichana se apresenta para defender judicialmente a causa , que por sinal rolou anos e anos, é aquela surpresa geral do setor contrário aos interesses indígenas. Ao verem que este tempo todo os povos indígenas não pararam no tempo , estão caminhando e lutando, e vencendo e aprendendo, enquanto muita gente ainda pensa que vcs vivem como nos livros didáticos escolares, como na época do descobrimento do Brasil. Parabéns, Ivana, por se assumir cada vez mais indígena, no nome, na causa, na raça, na garra. Potyra Tê, tenho certeza vc ainda vai dar muito oque falar na luta pela demarcação das terras Tupinambá, basta acreditar!!!! Parabéns pela matéria e alerta aos desacordados!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

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jaborandy yande tupinamba Disse: segunda-feira, 08 de junho de 2009 as 13:01 É Potyra, O triste disso, é q essas pessoas não buscam se informar mais sobre nós indigenas, é o que nos deixam indignados, pois falar mau, criticar é façil, e o certo, q é buscar ter o conhecimento para poder tirar suas conclusões sobre os indigenas q vivem hoje no seculo XXI eles não querem. Para essas pessoas so digo uma coisa, A REDE INDIOS ON LINE ESTAR ABERTA PARA TIRAR TDS AS DUVIDAS , PESSOAIS, PROFISSIONAIS E ESCOLARES. SABEMOS Q NIMGUEM FALA BEM DAQUILO Q NÃO CONHECE, ESTAMOS AQ PARA APRESENTAR QM SOMOS. É OS INDIOS NA VISÃO DOS INDIOS!!!NADA MELHOR DO QUE OS PROPRIOS PARA COMO VIVEMOS HOJE, EM NOSSO DIA DIA MANTENDO A RESISTENCIA NO TERRITORIO TRADICIONAL E DANDO CONTINUIDADE A NOSSA HISTORIA.AWERE.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Estes foram apenas alguns exemplos dos muitos comentários publicados, os

quais, por sinal, foram mais longos que os dos meses anteriores, talvez para poder

expressar os sentimentos dos indígenas e dos não indígenas em relação à cobrança

que a sociedade impõe para que os índios, ou seus descendentes, permaneçam os

mesmos de 509 anos atrás.

Muitos descendentes dos índios brasileiros não receberam nomes indígenas de

batismo33, como ocorreu com a autora da matéria, Ivana Cardoso, que assumiu o nome

de Potyra Tê Tupinambá, fato que dificultava a sua própria afirmação e luta pela

preservação da cultura indígena, como reflete o conteúdo dos comentários publicados.

O objeto de análise neste momento, as reportagens e o conteúdo dos

comentários publicados, revela que essas diferenças de nome dificultam a própria

afirmação da autoidentidade e luta pela preservação da cultura indígena,

principalmente no Brasil, onde o critério mais aceito, atualmente, é o da

“autoidentificação étnica”34. Ou seja: é indígena um grupo de pessoas que se identifica

33 A questão do nome de batismo ser diferente do “nome de guerra” não é o foco da nossa pesquisa em Comunicação.

34 Para saber mais sobre “autoidentificação étnica” acesse: www.socioambiental.org

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118

como coletividade distinta do conjunto da sociedade nacional em virtude de seus

vínculos históricos com populações indígenas. E o que define os grupos étnicos

(pankararu, tupinambá etc) é uma autoatribuição e atribuição pelo outro (índio, tribo,

antropologo etc). Todo indivíduo que se reconhece como parte de um grupo com essas

características e é pelo grupo reconhecido como tal, pode ser considerado índio.

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Gráfico 8 – Estatísticas das atividades

Em junho foram publicadas 40 reportagens, das quais 26 com ilustrações, sendo

18 fotos e 8 vídeos, e um grande número de comentários, 93 no total, chegando à

média de 2 comentários por reportagem. No gráfico, a coluna do item comentários

chega quase a tocar a marca dos 100 pontos, indicando que a participação dos

internautas é expressiva e se torna outro atrativo no Índios Online, além das

reportagens divulgadas pelas várias tribos indígenas em um único local.

Reportagens Ilustrações Comentários0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Junho/2009

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Gráfico 9 – Análise dos temas abordados

O Índios Online, neste mês, proporcionou mais visibilidade aos seguintes temas:

Cultura, com 20 textos; Educação, com 4 textos; Emprego, com 3 textos; Moradia, com

6 textos; Saúde, com 2 textos e Segurança, com 1 texto. Ratificando, mais uma vez,

que os índios utilizam a internet para reafirmar sua cultura e defender o direito à

moradia em territórios demarcados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela

Justiça.

Coluna B0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

Junho/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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121

Gráfico 10 – Análise do segundo trimestre

No segundo trimestre de 2009, a temática Educação obteve média de 8 textos

publicados por mês, equivalente, portanto, a menos de 2 textos educacionais por

semana, totalizando 24 matérias publicadas, não muito longe do segundo lugar,

Moradia.

Abril, Maio e Junho/2009

CulturaEducaçãoMoradia

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122

O item Moradia, que engloba temas como demarcação do território indígena (TI),

teve o índice de 11 textos publicados por mês, totalizando 33 matérias no trimestre.

Não é o primeiro lugar em publicação, mas sem dúvida é a temática que causa mais

polêmica entre índios e não índios frequentadores do site. A temática Cultural,

apreciada por todos os internautas, se sobressai significativamente em relação aos

demais itens, com o índice de mais de 20 reportagens publicadas por mês, média de 5

textos por semana, chegando à expressiva marca de 74 matérias.

Tais dados revelam que os índios utilizam mais a internet para divulgar sua

cultura e defender o direito à moradia na terra dos seus antepassados, como

observamos ao final de cada mês analisado, seguido por reportagens sobre educação,

indicando a preocupação das tribos com a formação dos jovens indígenas, os quais

serão futuros defensores e líderes nas respectivas aldeias.

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Gráfico 11 – Análise reportagens de julho/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática01/ Julho/ 2009 Cadastramento do bolsa família Foto 1 Emprego

01/ Julho/ 2009

* Funasa manda medicamentovencido para aldeia PataxóHãhahãe

- - Saúde

01/ Julho/ 2009 * Em Clima de São João naAldeia do Caramuru

- - Cultura

01/ Julho/ 2009 * Juventude Wassu Cocau -Trilhando novos caminhos

- - Cultura

02/ Julho/ 2009 * Entre Serras Pankararu - - Cultura02/ Julho/ 2009 * Parceiros de luta!!! - - Moradia

03/ Julho/ 2009

* Descendente de índio dePiripiri participou da II Conapirem Brasília

- - Cultura

03/ Julho/ 2009 São João de Rodelas é dosTuxá!

- - Moradia

03/ Julho/ 2009 Demarcação do territorioTupinambá de Olivença

- - Moradia

03/ Julho/ 2009

Os indígenas e as políticas depromoção da igualdade racial noBrasil

Foto - Cultura

05/ Julho/ 2009

* I Capacitação para ospesquisadores do Projeto Casade Memoria do Tronco VelhoPankararu

- - Educação

05/ Julho/ 2009 * A presença do índio em terrasbrasileiras

- - Moradia

06/ Julho/ 2009 * Auto sustentação - 1 Emprego07/ Julho/ 2009 História brasileira Foto - Cultura08/ Julho/ 2009 Coletivo Gestor de Turismo Foto 2 Emprego

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124

08/ Julho/ 2009 Comissão de LiderançasPankararu frente aos posseiros

Foto - Moradia

09/ Julho/ 2009 * I Encontro da Rede dos Pontosde Cultura da Bahia

- - Cultura

09/ Julho/ 2009 Uma pessoa, uma história Foto - Cultura

O mês de julho foi atípico. Com a reformulação do site, que entrou no ar em

agosto, algumas reportagens publicadas na versão antiga perderam o link,

apresentando apenas o título das matérias sem os respectivos conteúdos, texto, foto e

comentários. O pico de maior atividade em julho se deu nos dias 1º e 3, com quatro

matérias cada, e a última publicação no dia 9, o que não é comum, indicando que, além

das matérias que mantiveram apenas o título35, outras, de 10 a 31 de julho, se

perderam por completo.

35 Destacamos com um asterisco na frente do título.

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125

Gráfico 12 – Estatísticas das atividades

Por causa dos problemas de reformulação, o site teve, no mês de julho, apenas

18 reportagens publicadas, das quais seis com fotos, nenhum vídeo, e menos

comentários ainda, quatro no total.

Reportagens Ilustrações Comentários0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

Julho/2009

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126

Gráfico 13 – Análise dos temas abordados

Tiveram mais destaque no mês de julho/2009 os temas Cultura, com 8 textos;

Moradia, com 5 textos; Emprego, com 3 textos; Educação, com 1 texto, Saúde, com 1

texto, indicando que, mesmo com poucas publicações, os índios utilizaram mais a

internet para reafirmar a cultura, defender as terras e melhorar a sustentabilidade.

Coluna B0

1

2

3

4

5

6

7

8

Julho/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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Gráfico 14 – Análise reportagens de agosto/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática07/ Agosto/ 2009 Novo Portal Índios on Line - 8 Cultura

07/ Agosto/ 2009

Índios on Line no II SeminárioRegional Indígena sobreTecnologias da Informação eComunicação

- 1 Cultura

08/ Agosto/ 2009 Intercâmbio Cultural com YauriMuenala

Vídeo - Cultura

08/ Agosto/ 2009 Tecnologia e valorização daCultura

Vídeo - Cultura

09/ Agosto/ 2009

2ª Capacitação dosPesquisadores do Projeto Casade Memória Tronco VelhoPankararau

Foto 1 Educação

09/ Agosto/ 2009

Estudantes indígenas daUniversidade de Brasíliaparticiparam do Projeto Rondon2009

Foto - Educação

10/ Agosto/ 2009 Exposição do Memorial dosPovos Indígenas

Vídeo 2 Cultura

12/ Agosto/ 2009 Ponto de Cultura Esperança daTerra

Foto 3 Cultura

12/ Agosto/ 2009 Culturas que se unem Foto 1 Cultura

12/ Agosto/ 2009 * Intercâmbio com Indígenas dasAmericas

- 3 Cultura

13/ Agosto/ 2009 Estágio na Caixa EconômicaFederal

- 2 Emprego

14/ Agosto/ 2009 Povo Tupinambá pede apoiopara CNPI

Foto - Moradia

14/ Agosto/ 2009

A civilização e o progressosocioeconômico capitalista navisão indígena

Foto 2 Educação

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128

14/ Agosto/ 2009

Carta de apoio pela Luta do PovoTupinambá de Olivença -Amnesty International France

- 2 Moradia

15/ Agosto/ 2009 Luta do Maracá Vídeo 2 Cultura

17/ Agosto/ 2009

Prêmio Ludicidade - Pontinho deCultura Thydewas-Espaço deBrincar

Foto - Cultura

18/ Agosto/ 2009 O Espírito da Floresta. Dia 21,sexta-feira, às 22 hs na TV Brasil

Foto 6 Cultura

18/ Agosto/ 2009 Informe Urgente! - 1 Moradia

18/ Agosto/ 2009 Capitalismo e exploração contrao direito de viver com dignidade!

Foto 1 Moradia

19/ Agosto/ 2009 Indio e. Vídeo 2 Cultura

20/ Agosto/ 2009

Morte silenciosa de criançasindígenas Matsés no Alto RioJaquirana no Amazonas

Foto - Saúde

21/ Agosto/ 2009 A falta de organização e demédicos em Pankararu!

Foto 7 Saúde

21/ Agosto/ 2009 O avanço do mar na aréaPotiguara

Foto 1 Saúde

21/ Agosto/ 2009 Projeto Maloca na UnB- A lutacontinua…

Foto 1 Educação

22/ Agosto/ 2009

Indios On-Line é Tema para oConcurso de JornalistasUniversitarios

Foto 5 Cultura

25/ Agosto/ 2009

SEMINÁRIO SAÚDE INDIGENADO NORDESTE de 24 a 26 deAgosto de 2009

- 3 Saúde

25/ Agosto/ 2009

Irresponsável utiliza com má féOrkut e é condenado por racismocontra indígenas

Foto 5 Segurança

25/ Agosto/ 2009 Recepção dos CalourosIndígenas 2/2009 na UNB

Foto 3 Educação

25/ Agosto/ 2009 Índios Online no Ciclo Era Digital- SP

Foto - Cultura

25/ Agosto/ 2009

Irresponsável utiliza com má féOrkut e é condenado por racismocontra indígenas

Foto 5 Segurança

27/ Agosto/ 2009 Oficina de Etnocelumetragem Foto 2 Educação29/ Agosto/ 2009 Pontão de Cultura Esperança da - 7 Cultura

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129

29/ Agosto/ 2009 Festa do camarão - 5 Cultura

30/ Agosto/ 2009 Estudantes da Escola Antônio SáPereira visitam Aldeia Itapoã

Foto - Educação

31/ Agosto/ 2009

Recepção dos novosuniversitários indígenas daUniversidade de Brasília

- 1 Educação

O pico de maior atividade no mês de agosto se deu no dia 25, com cinco

matérias publicadas, num total de 34 reportagens. Por ser início de semestre nas

universidades, houve maior número de reportagens publicadas por universitários

indígenas cotistas, principalmente da Universidade de Brasília – UNB, descrevendo as

atividades realizadas nas férias escolares e a recepção aos novos calouros indígenas.

Publicada no início do mês, 7 de agosto, a reportagem “Novo Portal Índios

Online” divulgava a reformulação do site e teve o maior número de comentários, oito no

total.

Jandair-Tuxá Disse: sexta-feira, 07 de agosto de 2009 as 10:36 Gostei muito da nova fase, espero que o INDIOS ONLINE, cresça cada vez mais, lançando novas propostas de inclusão para os povos indígenas. Espero também estar contribuindo lançando matérias e acompanhando as informações que para mim são um acervo de sabedoria e conhecimentos sem fim.Que não só os parentes, mas todos os povos de diferentes classes e culturas possam estar acessando o INDIOS ONLINE, e descobrir as mais diversas formas de luta, beleza, culturas, tradições, valores….Parabéns a todos da rede…(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Val Tuxá Disse: domingo, 16 de agosto de 2009 as 15:08 É muito interessante e necessário o espaço, pois nos mantem inteirados dos acontecimentos com o nosso povo. Precisamos acompanhar o avanço

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tecnológico, ele nos possibilita tomar conhecimentos de informações imprescindiveis para a luta do movimento indígena.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Os comentários postados pelos internautas, em sua maioria elogiavam o

aprimoramento do site e enfatizavam a importância do Índios Online na divulgação de

informações importantes na luta do movimento indígena, como nos exemplos

publicados.

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Gráfico 15 – Estatísticas das atividades

O site teve, no mês de agosto, 34 reportagens publicadas, 25 ilustrações (20

fotos, 5 vídeos) e um grande número de comentários, 81 no total. O que compensou o

pequeno número de publicações e comentários do mês anterior, indicando que os

problemas com a implantação do novo sistema no site foram solucionados, e as

atividades voltaram ao normal, na publicação e gerenciamento de reportagens, no novo

Índios Online.

Reportagens Ilustrações Comentários0

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Agosto/2009

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Gráfico 16 – Análise dos temas abordados

O tema Cultura manteve-se em alta no mês de agosto/2009, como está a seguir:

Cultura, com 16 textos; Educação, com 8 textos, Moradia, 5 textos; Saúde, 3 textos;

Segurança e Emprego, 1 texto cada. Reafirma-se que os índios utilizam mais a internet

para divulgar sua cultura, defender as terras e o direito à moradia, excetuando-se

Educação, neste mês, por ser início das atividades educacionais em todo o Brasil.

Coluna B0

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Agosto/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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Gráfico 17 – Análise reportagens de setembro/2009

Data Reportagem Ilustração Comentário Temática

01/ Setembro/ 2009

Comunicado. Centro Indígenade Estudos e Pesquisas –CINEP

Foto - Cultura

04/ Setembro/ 2009

Retomados os estudosAntropológicos paraidentificação de TIs no MatoGrosso do Sul

Foto 1 Moradia

08/ Setembro/ 2009

Jovens são incentivados apesquisar sobre meio ambientee povos indígenas

Foto - Educação

08/ Setembro/ 2009 Belezas Potiguara Foto 2 Cultura

09/ Setembro/ 2009 Problema na saúde entre osPotiguara

- 3 Saúde

10/ Setembro/ 2009 Assembléia micro-regional daAPOINME

- 1 Moradia

11/ Setembro/ 2009 Participe da nova gestão indioson-line!!!

Foto 12 Cultura

14/ Setembro/ 2009 Desfile na escola Dr. CarlosEstevão

Foto - Cultura

15/ Setembro/ 2009 Arte indígena Pankararu!! Foto 1 Cultura

15/ Setembro/ 2009

Alunos Pankararu do 4º ano doensino fundamental, realizamtrabalho de ciências sobreEstação de Tratamento deÁgua - ETA

Foto 2 Educação

16/ Setembro/ 2009 O que é mídia pra você? Foto 1 Educação16/ Setembro/ 2009 Aniversário da Associação dos

Acadêmicos Indígenas doFoto 3 Educação

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16/ Setembro/ 2009 A situação atual do RioSalgado

Vídeo - Emprego

17/ Setembro/ 2009

Central de Organização dasEscolas Públicas de Pankararu- COEPP

- - Educação

17/ Setembro/ 2009 Semana de extensão daUniversidade de Brasília

Foto - Educação

17/ Setembro/ 2009

Criação da Coordenadoria deDesenvolvimento Indígena emCaucaia - Ceará

Foto - Cultura

17/ Setembro/ 2009

Não percam o proximovestibular indígena da PUC/SP- 2010

Foto 2 Educação

18/ Setembro/ 2009 12º CONEG da UBES Foto 1 Educação

19/ Setembro/ 2009

Acadêmicos Indígenas daUnivesidade de Brasília-UnBTerão Espaço de Expor SuasCulturas na Semana deExtensão

Foto 1 Cultura

21/ Setembro/ 2009 1º Encontro de deficientesindígenas Pataxó Hã Hã Hãe

- 3 Saúde

23/ Setembro/ 2009 Entrevista com um professorindígena

- 1 Educação

23/ Setembro/ 2009

Restauração das imagens daIgreja São Miguel (PovoPotiguara - PB)

Foto 1 Cultura

24/ Setembro/ 2009 Inauguração do PontãoEsperança da Terra

Foto 5 Cultura

28/ Setembro/ 2009

38° Congresso da UBES(União Brasileira dosEstudantes Secundaristas)

Foto - Educação

28/ Setembro/ 2009 Carta aos EstudantesPankararu!

Foto 1 Educação

28/ Setembro/ 2009 Minha Terra, Meu Povo Foto 3 Moradia

28/ Setembro/ 2009 Retomada Indígena II – DaAldeia a Cidade de São Paulo

Foto 1 Educação

29/ Setembro/ 2009

Conversa com Senhor Antão,etnia Xavante, AldeiaSangradouro (MT)

Foto 1 Saúde

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29/ Setembro/ 2009

5° Reunião extraordinária daComissão Nacional de PolíticaIndigenista

Foto 1 Moradia

29/ Setembro/ 2009

Portadores de deficiência físicada aldeia Indígena pataxó Hãhã hãe ganham uma novaesperança

Foto 5 Saúde

29/ Setembro/ 2009 Dias de alegrias Foto 2 Cultura29/ Setembro/ 2009 Jorge Tabajara do Ceará Foto 2 Cultura

29/ Setembro/ 2009 Caminhada pelo massacre doRio Cururupe

Foto 1 Moradia

O pico de maior atividade do mês se deu no dia 29 de setembro, com 6 matérias

publicadas, num total de 33 matérias. Agora o site ganha agilidade, como se verá no

gráfico sobre as atividades do mês.

A matéria que teve o maior número de comentários, “Participe da nova gestão

Índios Online!!!”, foi publicada em 11 de setembro, com 12 comentários. A cada dois

anos a ONG Thidêwá forma novo grupo gestor, composto por índios de várias etnias,

para gerenciar a Rede Índios Online. Além dos próprios índios publicarem reportagens,

também gerenciam e decidem ações, cursos, oficinas e investimentos para aprimorar a

comunicação entre as tribos indígenas participantes do site. Abaixo, um trecho da

matéria e alguns comentários e respostas publicados pelos indígenas interessados em

participar da nova gestão.

Convidamos a fazerem parte de nosso novo modelo gestor, onde suas opiniões serão de muito valor e peso, nas decisões em respeito do desenvolvimento da Rede Índios Online. Então todos os parentes indígenas interessados a aceitar esse convite, deixe seu comentário, respondendo as seguintes questões abaixo.(Índios Online. Trecho da reportagem: “Participe da nova gestão Índios Online!!!” Acesso em: 30 de out. 2009)

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POTYRA TÊ TUPINAMBÁ Disse:sexta-feira, 11 de setembro de 2009 as 10:58 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.EU SOU POTYRA TEÊ TUPINAMBÁ (IVANA CARDOSO), MORO NA ALDEIA TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA NA COMUNIDADE ITAPOÃ, SOU ADVOGADA E VENHO HÁ ALGUM TEMPO AJUDANDO OS INDIOS LINE.

02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede?SIM QUERO MUITO PARTICIOAR DESSA NOVA GESTÃO DA REDE ÍNDIOS ON LINE E ASSIM CONTRIBUIR PARA A EXPANSÃO DESSA REDE QUE É NOSSA E, PORTANTO CABE A NÓS INDIGENAS FAZER COM QUE ELA CRESÇA CADA DIA MAIS!ACREDITO QUE TENHO MUITO QUE CONRIBUIR COM MEUS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NESSES 4 ANOS DE ESTRADA JUNTO OM INDIOS ON LINE. TENHO EM MENTE MUITAS IDÉIAS QUE ACREDITO SERÃO BASTANTE INTERESSANTES PARA INDIOS ON LINE.

03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família?SIM. PRETENDO DISPONIBILIZAR MEU TEMPO PARA A NOVA GESTÃO DA REDE INDIOS ON LINE, SENDO PARA MIM UMA PRIORIDADE A GESTÃO DA REDE.

04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?EU ASSUMO O COMPROMISSO DE ESTAR TOTALMENTE DISPONÍVEL PARA A GESTÃO DA REDE INDIOS ON LINE E BUSCAR SUA EXPANSÃO, CONVIDAR NOVOS INDIOS QUE QUEIRAM PARTICIPAR DA REDE, ESTAR DISPONVEL PARA VIAGENS, FAZER MATÉRIAS, ESTAR DISPONIVEL PARA TIRAR AS DUVIDAS DOS INDIOS ON LINE, BUSCAR NOVOS PARCEIROS, BUSCAR NOVOS PROJETOS, ENFIM TUDO QUE FOR NECESSÁRIO PARA QUE A REDE INDIOS ON LINE CRESÇA AINDA MAIS E CONSIGA ATENDER E AJUDAR OS MAIOR NUMEROS DE INÍGENAS POSSÍVEIS.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Irembé Potiguara Disse: segunda-feira, 14 de setembro de 2009 as 11:13 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado. Olá sou Irembé, moro na aldeia Forte, povo Potiguara em Baía da Traição-PB, estou como professora lecionando artes e o tupi (o que sei), a língua do meu povo…02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em

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que você pode contribuir com a Rede? Quero sim. Quero contribuir no que for possível…Continuar postando materias, divulgando nossa rede e no que mais precisar…03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Tenho e espero poder me doar cada vez mais…pois acredito no que fazemos!!!04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Tenho o compromisso de fazer o melhor pela nossa rede Indios online, divulgando e convidando sempre mais parentes a se juntarem a esta família!!!!Espero estar sempre disponível para trabalhar pela rede!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Vianey Terena Disse: terça-feira, 15 de setembro de 2009 as 13:36 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.Sou Vianey L. G. Turíbio da etnia Terena, natural da região do Pantanal cidade de Miranda que dista aproximadamente à 194 km da Capital Campo Grande do Estado de Mato Grosso do Sul. Atualmente moro na cidade de Dourados que fica na região sul do mesmo Estado e onde faço faculdade na UEMS-Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, estou cursando 3°ANO de Direito.02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede? Sim. Posso contribuir em muitas coisas , pois tenho conhecimento nas legislações que regem o tema de Direito Índigena e direito indigenista…03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Dentro das minhas possibilidade…04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Eu, VIANEY, como indígena me comprometo com a rede índios online, pois tenho o prazer de fazer essa rede se elevar e tenho muita certeza que esse trabalho colherá muitos e bons frutos. Eu acima de tudo tenho vontade e quero ser uns dos gestores da rede índios online essa é a minha palavra esse é o meu compromisso. Por que, Quando fomos submetidos a uma tarefa, devemos cumpri-las com o máximo de responsabilidade !!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Ana Paz (Anita) Disse: sexta-feira, 18 de setembro de 2009 as 5:30 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.Ana Paz (Anita Wekanã), moro em Brasília, descendência potiguara, sou professora do ensino superior e doutorando do PPGE/FE/UnB na área de Educação e ecologia humana.

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02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede? Colaborei com a rede indiosonline na elaboração de projetos e relatórios de avaliação, se assim desejarem posso ajudar nesse aspecto.03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Tenho disponibilidade em alguns dias e horários e quando houver necessidade, faço um esforço.04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Meu compromisso com a rede é o mesmo que tenho com os povos indígenas do Brasil desde os anos 80, nas lutas por demarcações de terras e direitos, na luta por valorização e respeito, especialmente quanto aos direitos das crianças e adolescentes.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)

Pelos comentários, deduz-se que a maioria dos voluntários indígenas estuda ou

já concluiu o ensino superior. Nos exemplos citados há uma advogada, uma

professora, um estudante de Direito e uma doutoranda em Educação, profissionais de

diversas tribos indígenas, que contribuíram muito na formação e implantação do

programa de gestão participativa da Rede Índios Online.

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Gráfico 18 – Estatísticas das atividades

Com 33 reportagens publicadas, 28 ilustrações (contendo apenas 1 vídeo) e 52

comentários, o site, em setembro, manteve a média do mês anterior em relação à

publicação de reportagens e ilustrações, destacando-se a queda no número de

comentários em relação a agostor. Constata-se ainda que a nova tecnologia do site,

capaz de publicar vídeos, tem sido pouco explorada pelos usuários, que ainda não

assimilaram todas as novidades implementadas pelo Índios Online.

Reportagens Ilustrações Comentários0

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Gráfico 19 – Análise dos temas abordados

No mês de setembro, o tema Educação superou Cultura: Educação, 13 textos,

Cultura, 10 textos; Moradia, 5 textos; Saúde, 4 textos; Emprego, 1 texto. O tema

Educação foi alavancado graças à participação de alunos indígenas em dois

movimentos estudantis importantes, como a União Brasileira dos Estudantes

Secundaristas (UBES) e Associação dos Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal

(AAIDF), descrevendo o que fizeram, divulgando futuros eventos e convidando

estudantes indígenas a participar de atividades que valorizam o ensino da cultura e da

língua indígena em todos os níveis de ensino.

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Setembro/2009

CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança

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Gráfico 20 – Análise do terceiro trimestre

É interessante notar que, no trimestre, os temas que mais se destacaram foram

Cultura, Moradia e Educação. Sendo que Educação teve em julho apenas um texto, e

chegado ao pico de 13 matérias com o início das aulas e das atividades estudantis em

escolas e universidades, somando 22 reportagens.

Julho, Agosto e Setembro/2009

CulturaEducaçãoMoradia

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O item Moradia manteve o índice de cinco textos por mês, equivalente, portanto,

a um texto sobre moradia por semana, totalizando 15 matérias. Enquanto a temática

cultural manteve a média de mais de oito reportagens publicadas por mês, chegando à

marca de 34 matérias.

Tais dados confirmam que os índios utilizam mais a internet para divulgar sua

cultura e defender o direito à moradia, com destaque para o crescente número de

reportagens sobre Educação, postadas por universitários indígenas que estão longe de

suas aldeias, estreitando o contato e relatando a experiência acadêmica, graças às

cotas indígenas nas universidades brasileiras.

3.4.2 Análise das entrevistas

Para finalizar a análise do site Índios Online, comentaremos as entrevistas

realizadas on-line36, refletindo a opinião dos seguintes entrevistados:

Sebastian Gerlic: 39 anos, natural de Buenos Aires, Argentina, em 1994 mudou-

se para o Brasil e trabalhou como publicitário. Desde 1997 trabalha na publicação de

uma série de livros intitulada “Índios na visão dos índios”, de forma colaborativa com as

comunidades indígenas brasileiras. Fundou a ONG Thydêwá em 2002 e a Rede Índios

Online em 2004.

Graciela Guarani: nome de batismo Cunha Poty Rory, 23 anos, natural de Mato

Grosso do Sul, onde atuou no movimento juvenil indígena por nove anos. Autora de

dois ensaios fotográficos indígenas que resultaram na publicação de livros fotográficos.

36 Questionários individuais nos Apêndices.

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Em 2008 iniciou sua participação no Índios Online, no qual mais tarde passou a integrar

o Grupo Gestor da Rede Índios Online.

Luciano Pankararu: 23 anos, iniciou no movimento indígena e na Rede Índios

Online há 4 anos. Nesse período prestou trabalhos voluntários, auxiliando os índios

iniciantes no ponto digital Pankararu, Aldeia Brejo dos Padres, Pernambuco, onde

mora.

Todos, inicialmente, responderam a três perguntas de interesse geral.

1. Para você, o que significa a internet?

Sebastian: Internet é uma forma de fazer pontes sem se importar com a distância... Internet é um milhão de rodovias que nos levam a muitos lugares. Conecta-nos com pessoas, com informação e nos permite AÇÃO. Ciber-Ação! Ciberativismo com reação na nossa REALIDADE! Internet é a roda do momento!

Graciela: Bom, vejo a internet mais como um mecanismo de reivindicações e divulgação de nossos povos indígenas.

Luciano:É uma ferramenta de comunicação e divulgação cultural para nós, índios, ferramenta que traz evolução para quem quer evoluir.

Para Graciela e Luciano, a internet é canal de comunicação e divulgação para

os povos indígenas. Já para Sebastian, é a sensação do momento. Lugar no qual os

índios concretizam o ciberativismo37, utilizando-se de pontes e rodovias digitais para

levar a todos os lugares as reivindicações.

37 O Ciberativismo geralmente busca apoio para suas causas (que costumam ser de cunho ambiental, político ou social) através da Internet e de outros meios mediaticos; divulgam e abrem espaço para discussões, procurando algumas vezes estabelecer uma rede de solidariedade.

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2. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?

Sebastian: A tecnologia pode muita coisa com muitas pessoas! A internet é como uma faca. Ela pode fazer muita coisa boa e muita ruim. Temos que ter consciência no uso da faca!

Graciela: Se usada de maneira certa não, pois deste modo iremos nos apropriar somente do que podemos somar, mas independente de tecnologias ou não, sempre serão povos originários, sempre terão sua cultura própria, pois isto é uma coisa que já é da essência. Podemos nos aprimorar, nos qualificar e acompanhar o mundo, que sempre esta em trânsito, sem deixar nossas origens. Hoje não precisamos estar caracterizados para afirmar que somos de fato indígenas, nossa cultura assim como nós não são estáticos, sempre estamos em movimento, não nos descaracterizamos de nossas origens, e sim nos dinamizamos, pois a cultura como todos sabem é DINÂMICA.

Luciano:Não, pois a cultura indígena é sempre nossa prioridade, é nela que encontramos força e motivação para continuar a luta, e a tecnologia é apenas uma aliada na divulgação de nossa cultura.

Sebastian alerta para o uso consciente da internet, sabendo que os internautas,

indígenas e não indígenas, podem ir do céu ao inferno em apenas um clique.

Graciela prefere ver mais longe, além da tecnologia, distinguir o aprimoramento

e o desenvolvimento dos povos originários, pois a cultura indígena é dinâmica e os

índios não são estáticos. “Apesar” da tecnologia, sempre serão índios em sua

essência.

Luciano é mais direto e nega, pois a divulgação da cultura indígena é prioridade,

e a tecnologia uma aliada.

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3. Qual a importância da ajuda internacional ou das organizações não

governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?

Sebastian: Os indígenas são excluídos dos poderes. Algumas ONGs e alguns movimentos internacionais podem vir colaborar nessa luta pela reinclusão com respeito às diferenças! As ONGs e os movimentos internacionais apoiam muitas vezes os desejos das comunidades indígenas e aumentam as possibilidades de concretizar esses desejos. Muitas vezes os desejos dos indígenas são desejos do Planeta. Então, os indígenas acabam ajudando a toda a Humanidade!

Graciela: Hoje são um dos poucos apoios que temos, pois esperar por ações que de fato nos são garantidas pela Constituição, e vários outros tratados, que o Brasil é signatário, vamos sempre ficar por último, ou nem lembrados.

Luciano:As ONGs são nossas parceiras e de extrema importância, nos dão auxílio e nos capacitam para trabalharmos com eficiência.

Graciela e Luciano acreditam mais na colaboração das organizações não

governamentais do que na atuação do governo em ações que lhes são garantidas

especialmente pela Constituição.

Sebastian evoca visão mais humanitária e lembra que os desejos dos povos

indígenas são de preservação. E, independentemente de onde venha a ajuda, ganha a

humanidade.

Três perguntas que revelam diferenças de opinião, mas conseguem caminhar

juntas em direção a um bem maior, tolerância e respeito entre os seres humanos, não

importando raça ou cultura.

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Em seguida, procedemos a quatro questões específicas, dirigidas ao

coordenador da ONG Thydêwá e a gestora da Rede Índios Online.

1. Qual o objetivo do projeto Índios Online?

Sebastian: Permitir aos indígenas APROPRIAR-SE da nova ferramenta. USAR AS NOVAS INFOVIAS. Dialogar com o mundo!!! Conhecer o mundo e dar-se a conhecer. Buscar Respeito e Paz. Fortalecer suas culturas e suas buscas por liberdade, por autonomia, por dignidade!

Graciela: Índios Online hoje visa, além da divulgação da cultura de vários povos, a aproximação dos povos indígenas de várias regiões do Brasil, bem como do país inteiro ou fora dele.

Conhecer o mundo e dar-se a conhecer. Aqui há a consciência dos dirigentes da

Rede Índios Online sobre a abrangência e alcance da internet e do uso da

Comunicação Mediada por Computador (CMC), com a qual pretendem aproximar

povos indígenas regionais, nacionais e internacionais.

2. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das

aldeias indígenas?

Sebastian: O Ministério da Cultura e o Ministério da Ciência estão, através de editais públicos, permitindo este movimento, que nasce da demanda indígena e só avança com a pressão e as reivindicações dos povos indígenas. E nossa ONG apoia esse movimento.

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Graciela: Como sempre, as ações do governo quase sempre nos desfavorecem, como o plano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, a ação dele é um genocídio mascarado que o governo traçou, pois irá interferir no meio de vida de vários povos, na cultura, no ambiente natural e na vida de cada terra indígena, que será afetada com o programa.

Na pergunta, mais uma vez, a diferença de opiniões entre o coordenador da

ONG Thydêwá, que capta recursos por meio dos editais publicados pelos Ministérios

da Cultura e Ciência e os repassa à gestão participativa do Índios Online, que decide

como os recursos públicos devem ser aplicados, da qual Graciela faz parte.

Na visão de Sebastian, o governo permite, a partir de recursos financeiros, o

movimento de interligação das aldeias. Para Graciela, proporcionar toda a

infraestrutura de conexão não é o importante, mas sim as ações do governo que

pretende construir, pelo PAC, várias usinas hidrelétricas, inundando diversas terras

indígenas. Dessa forma, o governo estaria dando com uma das mãos e tirando com as

duas.

3. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem

contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?

Sebastian: SIM!!!!

Graciela: Creio que vem dando uma sensibilidade na população sim, e de certa forma também contribuiu para mudar a opinião de muitas pessoas, criando certa pressão quanto à demarcação.

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Sebastian responde com um sonoro “sim”. Parece otimista com os resultados

obtidos. Graciela acha que a contribuição tem sido gradativa. Aos poucos, com o uso

da internet, têm conseguido sensibilizar e mudar a opinião pública.

Os resultados para muitos não índios podem parecer insuficientes, mas para um

povo que vem lutando há séculos contra invasores de terras, toda contribuição nessa

luta é bem-vinda.

4. Qual a conquista mais importante que a Rede Índios Online proporcionou aos

índios?

Sebastian: LIBERDADE! PARTICIPAR! DIALOGAR COM O MUNDO!

Graciela: Bom, não costumo avaliar qual a conquista mais importante, a Rede teve várias conquistas, e para mim todas elas são gloriosas.

Nesta questão as respostas foram mais subjetivas. Talvez, por serem dirigentes,

não desejaram valorizar essa ou aquela conquista, fazendo com que as outras

parecessem menos importantes. Esperávamos que eles relatassem reivindicações que

foram atendidas concretamente, como fez nosso próximo entrevistado.

Finalizamos com quatro questões voltadas à participação do usuário Luciano e o

resultado em sua aldeia.

1. Descreva sua experiência no projeto Índios Online.

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Descrevo minha experiência na Rede como privilégio, vi que antes de Índios Online eu era uma pessoa com muitas ideias presa a minha realidade, com poucos conhecimentos, depois da Rede Índios Online, tenho como mostrar meus objetivos e minha capacidade e posso me expressar e divulgar minha cultura para povos indígenas e não indígenas.

Uma experiência enriquecedora de crescimento e desenvolvimento para um

índio antes limitado pelas fronteiras da sua aldeia. Agora, via internet, pode se

expressar e divulgar a cultura da sua tribo pankararu para todo o Brasil.

2. A publicação, na internet, das dificuldades enfrentadas pelos índios pankararu

tem melhorado a qualidade de vida na sua aldeia?

Sim, pois há algum tempo tínhamos problemas nas áreas de educação e saúde e com denuncias que fizemos pela Internet tivemos alguns destes problemas solucionados, mas ainda temos muito a melhorar e uma luta intensa pela frente.

Os indígenas sabem que têm muito a melhorar nas aldeias e no uso da

tecnologia para conseguir utilizar todo o potencial que a Comunicação Mediada por

Computador pode oferecer, o que não os impede de começar a colher os primeiros

resultados do uso consciente da internet nas aldeias brasileiras.

3. Como surgiu a ideia de vocês fazerem parte de um site que abriga diferentes

tribos?

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Aqui em Pankararu, a luta pela internet, partiu de alguns guerreiros índios e de colaboradores não índios, e com a chegada da Internet conhecemos a Rede Índios Online e nos identificamos com os objetivos da Rede, e começamos a fazer parte.

A colaboração inicial de não índios é importante para que os indígenas

conquistem seus objetivos e aprendam a vencer as barreiras burocráticas que

dificultam o acesso aos direitos e benefícios, aos quais, por lei, todo cidadão brasileiro

tem direito.

4. A comunicação com outras tribos distantes, pela internet, tem contribuído de

alguma forma para o fortalecimento dos povos indígenas?

Sim, pela internet marcamos encontros, reuniões, e assim são tomadas muitas decisões para a evolução de nossas tribos.

Neste caso, a internet se torna espécie de arco e flecha digital, usado para

ataque e defesa, articulação e mobilização, fortalecendo as ações e tomadas de

decisão sobre os novos rumos na evolução ou revolução indígena brasileira.

Por fim, a utilização desse aparato tecnológico faz parte da luta pela

sobrevivência, a qual os índios travam há mais de 500 anos em nosso país. Agora

contam com “armas” sofisticadas, como os computadores, e recursos de última

geração, como a internet, para pelo menos resistirem por mais 1000 anos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Começamos nossa pesquisa nos perguntando quais os benefícios que daí lhes

são trazidos, e quais os problemas aos quais estão expostos os índios brasileiros ao

desbravar a floresta virtual, imensa e sem fronteiras, que é a rede mundial de

computadores. Trata-se, efetivamente, de processo de inclusão ou, apenas, ilusão da

participação das comunidades indígenas na comunidade ciberespacial?

Observamos que realmente é processo de inclusão dos índios brasileiros em um

espaço público, ambiente virtual de comunicação e debate, no qual também começa a

demarcar seu território digital. Conquistam-se benefícios, como o espaço para a

produção de informação e contrainformação, principalmente pelo fato de a internet

possibilitar a publicação de textos e opiniões, com poucos mecanismos de censura e

regulação até o momento. Sites como Índios Online ganham impacto significativo a

partir dessa possibilidade, pois são espaços de produção de informação e diálogo

abertos ao acesso público; ou, mais especificamente, a um público muitas vezes

interessado em notícias que não circulam nos grandes meios de comunicação, como

jornais, rádios e televisões.

Respondendo ao problema da pesquisa, concluímos que a Comunicação

Mediada por Computador (CMC) fortalece a autonomia e a emancipação indígena na

luta por seus direitos, à medida que as reportagens publicadas na internet pelas tribos

indígenas vítimas do descaso dos governantes repercutem entre as autoridades

responsáveis pela manutenção do bem-estar desses povos, as quais sentem-se

pressionadas e buscam soluções para os problemas divulgados.

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Cumprindo os objetivos específicos, identificamos os aparatos necessários para

a utilização da internet pelos índios brasileiros, que se utilizam de computadores e

antenas de conexão via satélite, cedidas pelo governo federal, além de máquinas

fotográficas digitais e celulares com câmeras para gravar e produzir reportagens.

Realizamos a análise de conteúdo do site Índios Online na tentativa de

identificar seu conteúdo e estratégias utilizadas na luta e defesa dos direitos indígenas.

Constatamos que o conteúdo publicado no site, em sua maioria, refere-se à

preservação e resgate da cultura indígena, contando, inclusive, com registros

audiovisuais publicados na página principal, graças à reformulação e alteração de

visual ocorrida em 2009, acrescentando nova dinâmica ao Índios Online.

A estratégia utilizada na luta e defesa dos direitos indígenas fica por conta das

reportagens de denúncia sobre invasão de terras indígenas e mobilizações e

passeatas, como a que aconteceu em Brasília, na divulgação do congresso

“Acampamento Terra Livre 2009”, por índios de diversas etnias, que se reúnem para

fortalecer a pressão em relação à demarcação de terras, homologadas pela Fundação

Nacional do Índio (Funai) e pela Justiça.

As entrevistas on-line revelaram diferenças de opinião, mas conseguem

caminhar juntas rumo ao desenvolvimento dos índios e tribos que, via internet, se

expressam e divulgar a sua cultura para todo o Brasil.

O caminho percorrido levou a importantes descobertas, principalmente em

relação às potencialidades desse tipo de comunicação, em um contexto conturbado de

retomada da identidade e território indígena em nosso país. Como no caso da

reportagem “Eu sou índia aqui e na China”, publicada por Ivana Cardoso, que assumiu

o nome de Potyra Tê Tupinambá, gerando muitos comentários, postados no site por

índios e não índios.

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A análise das reportagens e dos comentários comprova que os indígenas, como

no caso da Potyra, veem na Comunicação Mediada por Computador (CMC) a

oportunidade de ser ouvidos e de lutar por um espaço social, o que possibilita a

retomada da autoestima e da cidadania indígena.

A partir do conhecimento da língua e da escrita dos brancos, e ainda de suas

formas de comunicação – mesmo que apresentem nos textos e na estrutura das

reportagens publicadas, limitações e falhas, comuns a todas as experiências

alternativas de comunicação -, transformam-nas em ferramentas importantes para a

causa indígena brasileira.

É lícito esperar que esta pesquisa contribua, mesmo de forma modesta, com

subsídios acerca dos estudos sobre tribos indígenas que se utilizam da Comunicação

Mediada por Computador para divulgar sua cultura e defender direitos e territórios.

Esta dissertação abre, também, caminhos novos a outros pesquisadores, que

pretendam analisar a divulgação da cultura e denúncias contra violações de direitos,

indígenas ou não, e o direito à voz e acesso ao conhecimento a todas as minorias,

urbanas, rurais ou da floresta.

Existe, no uso da internet, abertura ao diálogo entre culturas de forma mais

horizontal, de todos para todos, e não apenas de um para todos, como em outras

mídias tradicionais. Por isso, apesar das dificuldades enfrentadas no uso e na

apropriação desse recurso tecnológico, prevalece o mérito dos povos indígenas em

aprender na prática, com erros e acertos, a utilizar essa ferramenta moderna e

inovadora.

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SITES VISITADOS

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acesso em: 5 de mar. 2009

www.funai.gov.br/indios/conteudo.htm

acesso em: 5 de mar. 2009

www.museudoindio.org.br

acesso em: 5 de mar. 2009

www.indiosonline.org.br

acesso em: 5 de mar. 2009

www.indiosonline.org.br/blogs/index.php

acesso em: 28 de mar. 2009

www.indiosonline.org.br/novo

acesso em: 10 de ago. de 2009

www.brasilia.unesco.org

acesso em: 16 de abr. 2009

www.cultura.gov.br/cultura_viva

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acesso em: 16 de abr. 2009

www.mc.gov.br/inclusao-digital/gesac

acesso em: 16 de abr. 2009

www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp

acesso em: 18 de abr. 2009

www.oifuturo.org.br/oinstituto.asp

acesso em: 18 de abr. 2009

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APÊNDICE I

Questionário elaborado para usuário e suas respectivas respostas.

Re: Colaboração para pesquisa sobre site Indios Online

De: luciano henrique ([email protected]) Enviada:

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 15:53:33

Para: sidney aluno ([email protected])

1. Para você o que significa a Internet?

É uma ferramenta de comunicação e divulgação cultural para nós índios, ferramenta

que trás evolução para quem quer evoluir.

2. Como surgiu a ideia de vocês fazerem parte de um site que abriga diferentes tribos?

Aqui em Pankararu, a luta pela Internet, partiu de alguns guerreiros índios e de

colaboradores não índios e com a chegada da Internet conhecemos a rede índios

online e nos identificamos com os objetivos da rede, e começamos a fazer parte.

3. Descreva sua experiência no projeto Índios Online.

Descrevo minha experiência na rede como privilegio, vi que antes de índios online eu

era uma pessoa com muitas ideias presa a minha realidade, com poucos

conhecimentos, depois da rede índios online, tenho como mostrar meus objetivos e

minha capacidade e posso me expressar e divulgar minha cultura para povos indignas

e não – indígenas.

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4. A comunicação com outras tribos distantes, através da internet, tem contribuído de

alguma forma para o fortalecimento dos povos indígenas?

Sim, pela Internet marcamos encontros, reuniões e assim são tomadas muitas

decisões para a evolução de nossas tribos.

5. Qual a importância da ajuda de organizações não governamentais (ONGs) para as

tribos indígenas?

As (ONGs) são nossas parceiras e de uma extrema importância, nos dão auxilio e nos

capacitam para trabalharmos com eficiência.

6. A publicação, na internet, das dificuldades enfrentadas pelos índios tem melhorado a

qualidade de vida na sua aldeia?

Sim, pois a algum tempo tínhamos alguns problemas nas áreas de educação e saúde e

com denuncias que fizemos pela Internet tivemos alguns destes problemas

solucionados, mas ainda temos muito a melhorar e uma luta intensa pela frente.

7. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?

Não, pois a cultura indígena é sempre nossa prioridade, é nela que encontramos força e motivação para continuarmos a luta e a tecnologia e apenas uma aliada na divulgação de nossa cultura.

Luciano Henrique (Luciano pankararau)

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APÊNDICE II

Questionário elaborado para gestora e respostas.

De: Graciela Souza ([email protected])

Enviada: quarta-feira, 25 de novembro de 2009 22:54:54

Para: [email protected]; [email protected]

Olá Sidney, que bom saber que vc aprecia o nosso site, e divulga ele!!!!!!!!Sou Graciela Guarani, faço parte da Gestão da Rede!!E posso colaborar sim com suas perguntas!!!!!!!!

Abraços!!!!!!!!!

1. Para você o que significa a Interne?

Bom, vejo a internet mais como um mecanismo de reeivindiações e divulgação de nossos povos indigenas.

2. Qual o objetivo do projeto Índios Online?

Indios On - Line, hoje visa além da divulgação da cultura de vários povos, a aproximação dos Povos indígenas de várias regiões do Brasil, bem como do país inteiro ou como de fora do país

3. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?

Se usada de maneira certa não, pois deste modo, iremos nos apropiar somente ao que podemos somar, mas independente de tecnologiasou não, sempre serão povos originários, sempre terão sua cultura própria, pois isto é uma coisa que já é de esência, podemos nos aprimorar, nos qualificar e acompanhar o mundo que sempre esta em transito, sem deixar nossas origens.Hoje não precisamos estar caracterizado para afirmar que somos de fato indigena, nossa cultura assim como nós, nao são estáticos, sempre estamos em movimento, não nos descaractezimamos de nossas origem, e sim nos dinamizamos, pois a cultura como todos sabem ela é DINÂMICA.

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4. Qual a importância da ajuda internac.ional ou das organizações não governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?

Hoje são uma dos poucos apoios que temos, pois esperar por ações que de fato nos são garantidos pela contituição, e vários outros tratatos, que o Brasil é signatário, vamos sempre ficar por último, ou nem lembrados.

5. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das aldeias indígenas?

Como sempre as ações do governo quase sempre nos desfavorece, como o Plano Pac por exemplo, as ações dele é um genocidio mascarado que o governo traçou, pois irá interferir no meio de vida de vários povos, na cultura e no ambiente natural e na vida de cada terra indígena, que será afetada com o programa.

6. Qual a conquista mais importante que o Projeto Índios Online proporcionou aos índios?

Bom, não costumo avaliar qual conquista mais importante, a rede teve várias conquistas, e para min todas elas são gloriosas.

7. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?

Creio que vem dado uma sensibilidade na população sim, e de uma certa forma também contribuiu para mudar a opinião de muitas pessoas, fazendo-se que criasse uma certa pressão quanto a demarcação.

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APÊNDICE III

Questionário elaborado para coordenador e suas respectivas respostas.

De: Sebastian Gerlic ([email protected])

Enviada: terça-feira, 22 de dezembro de 2009 1:47:22

Para: Aluno Sidney ([email protected])

Sidney...Aqui minhas respostas!

1. Para você o que significa a Internet?

Internet é uma forma de fazer pontes sem se importar com a distancia.... Internet é um milhão de rodovias que nos levam a muitos lugares.... Conecta-nos com pessoas, com informação e nos permite AÇÃO.... Ciber-ação!Bibertaivismo com reação na nossa REALIDADE!Internet é a roda do momento!

2. Qual o objetivo do projeto Índios Online?

Permitir aos indígenas APROPRIAR-SE da nova ferramentas....USAR AS NOVAS INFO VIAS.... Dialogar com o mundo!!! Conhecer o Mundo e dar-se a conhecer..Buscar Respeito e Paz..Fortalecer suas culturas e suas buscas por liberdade, por autonomia, por dignidade!

3. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?

A tecnologia pode muita coisa com muitas pessoas!A internet é como uma "faca"... Ela pode fazer muita coisa boa e muita ruim.... Temos que ter consciência no uso da faca!

4. Qual a importância da ajuda internacional ou das organizações não governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?

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Os indígenas são excluídos dos poderes....Algumas ONG e alguns movimentos Internacionais, podem vir colaborar nessa luta pela re-inclusão com respeito as diferencias!As ONG e os Movimentos Internacionais apóiam muitas vezes os desejos das comunidades indígenas e aumentam as possibilidades de concretizar esses desejos. Muitas vezes os desejos dos indígenas são desejos do Planeta como um todo... Então os indígenas acabam ajudando a toda a Humanidade!

5. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das aldeias indígenas?

O MINC e o MC estão, através de editais públicos, permitindo este movimento, que nasce da demanda indígena e só avança coma pressão e as reivindicações dos indígenas....E nossa ONG apóia esse movimento.

6. Qual a conquista mais importante que o Projeto Índios Online proporcionou aos índios?

LIBERDADE! PARTICIPAR! DIALOGAR COM O MUNDO!

7. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?

SIM!!!!

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