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INDICE

A EVOLUÇÃO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE NOS PERÍODOS HISTÓRICOS .......... 5

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ......................... 7

HISTÓRIA PREGRESSA DO “CUIDAR” ..................................................................... 10

ORIGEM DA PROFISSÃO .......................................................................................... 14

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM .................................................................................. 15

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL .............................................................. 16

ESTADO, ESCOLAS E ENSINO DE ENFERMAGEM ............................................... 20

A CULTURA NA ENFERMAGEM .............................................................................. 22

RESOLUÇÃO COFEN – 218/1999 ........................................................................... 24

JURAMENTO .............................................................................................................. 25

SIMBOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM .......................................................... 26

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA A ENFERMAGEM X PROCESSO DE

ENFERMAGEM ....................................................................................................................... 27

POLITICAS EM SAÚDE ............................................................................................... 29

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 31

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INTRODUÇÃO

A humanidade tem visto diferentes formas do cuidar através de sua história,

não existia a enfermagem como profissão. O cuidar na antiguidade era praticado

somente no círculo familiar.

A história da enfermagem serve para elucidar o cenário vivido e proporcionar

um meio de compreensão acerca da sua evolução. O conhecimento da sua cultura,

política e história, possibilitam que as antigas heranças e costumes possam ser

aperfeiçoados e assim, dar abertura a uma nova visão do cuidado. Diante disto, à

medida que se estuda a historia de uma profissão, passa a entender o seu significado

e sua importância quanto à sociedade. Portanto, compreende-se que a enfermagem

é uma profissão indispensável ao cuidar da sociedade, o quanto sua pratica humana

é indispensável na saúde do paciente.

No inicio da civilização, a doença era considerada como castigo divino, sendo

assim, os sacerdotes e as feiticeiras que desempenhavam o papel de cuidador. Com o

passar do tempo, alguns sacerdotes começaram a adquirir conhecimentos empíricos

e a utilizar plantas medicinais, tornando-se curandeiros e passando este

conhecimento de forma hereditária. Entretanto, esse saber empírico, foi se

transformando ao longo do tempo, e na Idade Moderna, começou-se a aprimorá-lo e

torná-lo cientifica, dando inicio, as escolas de Enfermagem. Bem como, considerada

fundadora da enfermagem moderna, Florence Nightingale, tornou-se uma das

primeiras especialistas no mundo em higiene e saneamento publico, deixando um

relevante legado no cuidado e atenção aos doentes.

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A EVOLUÇÃO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE NOS PERÍODOS HISTÓRICOS

Período Pré-Cristão

Neste período as doenças eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam

do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiras acumulavam funções de

médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em aplacar as divindades, afastando

os maus espíritos por meio de sacrifícios. Usavam-se: massagens, banhos de água fria

ou quente. Mais tarde os sacerdotes adquiriam conhecimentos sobre plantas

medicinais e passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros e

farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições, monumentos, livros de orientações políticas

e religiosas, ruínas de aquedutos e outras descobertas nos permitem formar uma

idéia do tratamento dos doentes.

Egito

Os egípcios deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida em sua

época. As receitas médicas deviam ser acompanhadas da recitação de fórmulas

religiosas. Pratica-se o hipnotismo, a interpretação de sonhos; acreditava-se na

influência de algumas pessoas sobre a saúde de outras. Havia ambulatórios gratuitos,

onde era recomendada a hospitalidade e o auxílio aos desamparados.

Índia

Documentos do século VI a.C. nos dizem que os hindus conheciam:

ligamentos, músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns tipos de

envenenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns tipos de procedimentos,

tais como: suturas, amputações e corrigiam fraturas. Neste aspecto o budismo

contribui para o desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Os hindus

tornaram-se conhecidos pela construção de hospitais. Foram os únicos, na época,

que citaram enfermeiros e exigiam deles qualidades morais e conhecimentos

científicos. Nos hospitais eram usados músicos e narradores de histórias para distrair

os pacientes. O bramanismo fez decair a medicina e a enfermagem, pelo exagerado

respeito ao corpo humano - proibia a dissecção de cadáveres e o derramamento de

sangue. As doenças eram consideradas castigo.

Assíria e Babilônia

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Entre os assírios e babilônios existiam penalidades para médicos

incompetentes, tais como: amputação das mãos, indenização, etc. A medicina era

baseada na magia - acreditava-se que sete demônios eram os causadores das

doenças. Os sacerdotes - médicos vendiam talismãs com orações usadas contra

ataques dos demônios. Nos documentos assírios e babilônicos não há menção de

hospitais, nem de enfermeiros. Conheciam a lepra e sua cura dependia de milagres

de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão. "Vai, lava-te sete vezes no

Rio Jordão e tua carne ficará limpa".

China

Os doentes chineses eram cuidados por sacerdotes. As doenças eram

classificadas da seguinte maneira: benignas, médias e graves. Os sacerdotes eram

divididos em três categorias que correspondiam ao grau da doença da qual se

ocupava. Os templos eram rodeados de plantas medicinais. Os chineses conheciam

algumas doenças: varíola e sífilis. Tratamento: anemias, indicavam ferro e fígado;

doenças da pele, aplicavam o arsênico. Anestesia: ópio. Construíram alguns hospitais

de isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido a proibição da

dissecção de cadáveres.

Japão

Os japoneses aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era fetichista e

a única terapêutica era o uso de águas termais.

Grécia

As primeiras teorias gregas se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol, era o

deus da saúde e da medicina. Usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos, faziam

ataduras e retiravam corpos estranhos, também tinham casas para tratamento dos

doentes. A medicina era exercida pelos sacerdotes - médicos, que interpretavam os

sonhos das pessoas. Tratamento: banhos, massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro,

água pura mineral. Dava-se valor à beleza física, cultural e a hospitalidade. O excesso

de respeito pelo corpo atrasou os estudos anatômicos.

O nascimento e a morte eram considerados impuros, causando desprezo pela

obstetrícia e abandono dos doentes graves. A medicina tornou-se científica, graças a

Hipócrates, que deixou de lado a crença de que as doenças eram causadas por maus

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espíritos. Hipócrates é considerado o Pai da Medicina. Observava o doente, fazia

diagnóstico, prognóstico e a terapêutica. Reconheceu doenças como: tuberculose,

malária, histeria, neurose, luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na

terapêutica consistia em "não contrariar a natureza, porém auxiliá-la a reagir".

Tratamentos usados: massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, e calmantes,

ervas medicinais e medicamentos minerais.

Roma

A medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era exercida

por escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo, essencialmente guerreiro.

O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a tornar-se bom

guerreiro, audaz e vigoroso. Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das

casas, água pura e abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da

cidade, na via Ápia. O desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência

do povo grego. O cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu

positivamente através da reforma dos indivíduos e da família. Os cristãos praticavam

tal caridade, que movia os pagãos: "Vede como eles se amam". Desde o início do

cristianismo os pobres e enfermos foram objeto de cuidados especiais por parte da

Igreja.

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Conceito de epidemiologia: é a ciência que estuda o processo saúde-doença

em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das

enfermidades, danos à saúde e eventos associados à coletividade, propondo medidas

específicas de prevenção, controle, ou erradicação da doença, e fornecendo

indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das

ações de saúde (ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 1999).

Como o ser humano é biopsicossocial e espiritual, o desequilíbrio de qualquer

um desses aspectos levará a doença.

Através do estudo de epidemiologia se busca a prevenção através de medidas

profiláticas, com intuito de impedir que indivíduos sadios venham a adoecer.

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História natural da doença

A história é o nome dado ao conjunto de processos de inter-relações de

agente, do suscetível e do meio ambiente. Sendo dividida em dois períodos: o

epidemiológico ou pré-patogênico e o patológico ou patogênico.

Período pré-patogênico: envolve as condicionantes sociais, ambientais e

fatores da suscetibilidade do indivíduo. Onde existirão pré-condições que

condicionam a doença.

Fatores sociais:

Os fatores socioeconômicos: a capacidade econômica está ligada

diretamente a aquisição da doença. Os que detêm um maior poder

aquisitivo, ou seja, os economicamente privilegiados adoecem menos,

já nos que tem o menor poder aquisitivo à ocorrência de certas doenças

como desnutrição, parasitoses é muito maior.

Os fatores sociopolíticos: sendo a nível social relacionado com

instrumentação jurídico-leal, as decisões políticas.

Os fatores socioculturais: no âmbito cultural está relacionado com

preceitos, crenças, valores e hábitos culturais, onde o comportamento

social influencia no processo doença.

Os fatores psicossociais: a marginalidade é fator alterador as saúde,

onde o estresse, a competição desigual e outros fatores que afetam o

psíquico do indivíduo vão somatizar e levar a doença.

Fatores ambientais:

São fatores que tem relação entre o agente etiológico e o indivíduo. O agente

etiológico é um fator que pode ser um micro-organismo, substância química, ou

forma de radiação, cuja presença, presença excessiva ou relativa ausência é essencial

para a ocorrência da doença. O ambiente físico que envolve o homem moderno

condiciona o aparecimento de doenças cuja incidência tornou-se crescente devido à

urbanização e a industrialização.

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Os fatores genéticos: são esses fatores que determinam a suscetibilidade

do indivíduo de acordo com a aquisição de doenças. Então a pessoa

exposta a agentes patogênicos externos, podem ou não adoecer.

Multifatorialidade: a sinergização de uma multiplicidade de fatores seja

político, econômico, sociais, culturais, psicológicos, genéticos,

biológicos, físicos e químicos, levará a doença, ou seja, dependendo de

fatores condicionantes da doença, onde a configuração mínima leva a

uma probabilidade mínima e uma configuração máxima, leva a um

risco máximo.

Período patogênico: é onde inicia as ações dos agentes patológicos. Que

segue com perturbações a nível celular, com evolução, podendo levar o indivíduo a

morte ou a cura.

O período patogênico se divide em três etapas: subclínica, prodrômica e

clínica.

Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas: a doença já está implantada,

porém sem sintomas perceptíveis, fase de incubação.

Horizonte clínico: linha imaginária onde separa a fase de incubação e a do

aparecimento de sintomas.

Sinais e sintomas: começam a aparecer acima do horizonte clínico, se

tornando + específico, e a partir dessa fase segue para um desenlace.

Cronicidade: a doença pode levar o doente a ficar incapacitado, podendo

deixar porta aberta para outras doenças, porém pode evoluir para uma

invalidez permanente ou para a morte.

Prevenção

A saúde pública através da epidemiologia tem como fundamento a

intervenção, buscando evitar doenças, desenvolvendo a saúde física e mental.

A prevenção pode ser empregada em qualquer etapa da doença, ou seja, nos

períodos pré-patogênicos e patogênico.

A prevenção primária: ocorre na fase pré patogênica, pode ser feita através

da promoção da saúde, com medidas gerais de ordem, com moradia

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adequada, lazer, educação, alimentação adequada; e da proteção específica,

através da imunização, saúde ocupacional, controle de vetores, higiene

pessoal e do lar.

A prevenção secundária: inclui o diagnóstico e tratamento precoce, ou seja, a

descoberta de casos que afetem a comunidade e o tratamento do mesmo

evitando a propagação da doença; e a limitação da incapacidade, que tem

intuito de evitar posteriores complicações e evitar sequelas.

A prevenção terciária: reabilitação para impedir o indivíduo de ficar

incapacitado.

HISTÓRIA PREGRESSA DO “CUIDAR”

Alguns dos seguidores do Cristianismo passaram a dedicar sua vida à prática

da caridade, o que deu origem a inúmeras congregações religiosas, onde mulheres e

homens com vocação de cuidar de pobres e doentes passam a buscar salvação.

A ordem das diaconisas

Durante todo período cristão e medieval, o cuidado ao ser doente toma uma

conotação de atividade caritativa, com vistas ao salvamento da alma do doente e de

quem dele cuidava. Assim, juntamente com outros elementos das ordens religiosas,

“surgem as diaconisas, as quais eram ordenadas para o serviço, o qual consistia em

atender as necessidades de sobrevivência das pessoas carentes e doentes”

(ANGERAMI; CORREIA, 1989).

As diaconisas foram visitadoras domiciliares, verdadeiras precursoras da

enfermagem na saúde pública, que surgia no primeiro século do cristianismo.

As damas da lâmpada, como eram chamadas, teriam sido o primeiro grupo

organizado para visitar doentes e cuidar deles a fim de cumprir as obras corporais de

misericórdia e acolher esses doentes e pobres. Elas levavam os suprimentos para os

pobres e doentes, iniciando um trabalho social, identificando suas necessidades,

distribuindo recursos e ajudando a empregá-lo. Davam banho nos doentes com

febre, limpavam suas feridas, faziam curativos, dava água e comida, oferecia remédios

naturais e melhorava as condições do ambiente domiciliar das pessoas doentes e

pobres.

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As matronas romanas

As matronas é um grupo de mulheres da nobreza, que se distinguiu no campo

de cuidados aos pobres e doentes, abdicando sua vida social para aderir a causa do

cristianismo, cuidando dos pobres e doentes em seus próprios palácios.

São Jerônimo: motivou a liderança dessas mulheres nas atividades espirituais e

de caridade romana.

Santa Helena: mãe de Constantino, o Grande (imperador romano, que

construiu Constantinopla), é considerada a primeira matrona, que ao adotar o

cristianismo passou a se dedicar aos necessitados.

Santa Marcela: transformou seu palácio em mosteiro para mulheres, que foi

considerado o primeiro cristão de Roma. Ela ensinava a cuidar dos enfermos,

sendo considerada a primeira enfermeira educadora.

Santa Fabíola: amiga de Marcela, depois de um casamento infeliz, converteu-se

ao cristianismo e fundou o primeiro hospital cristão de Roma, onde cuidava

pessoalmente dos doentes, em especial os cuja aparência era repugnante.

Santa Paula: ao ficar viúva de um marido nobre, decidiu fazer uma

peregrinação a Terra Santa, junto com sua filha e na Palestina ela organizou

um mosteiro e construiu hospitais a albergues para peregrinos e enfermos.

As abadessas

As abadessas eram conhecidas pelo cuidado que prestavam a pobres e

doentes.

Santa Radegunda: deixou o trono da França e fundou um convento.

Santa Clara: decidiu seguir os ensinamentos de São Francisco de Assis

(fundador da Ordem Franciscana, provocando uma verdadeira renovação ao

Cristianismo a se dedicar aos pobres e humildes, em especial aos leprosos)

realizando obras de caridade.

Santa Hildegarda: uma das mulheres mais eruditas da idade média, ou seja,

tinha um saber aprofundado; instrução e vasta cultura, escreveu dois livros na

área de medicina e descrevia as doenças citando suas causas, sintomas e

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tratamentos. Acreditava que o ar puro e o uso de água limpa eram benéficos a

saúde.

Santa Isabel de Hungria: pertencia a nobre Casa Real de Hungria. O seu

marido com quem casou quando tinha 15 anos a apoiava no seu trabalho

com os pobres e a ajudou a construir hospitais na Alemanha, após ficar viúva

passou a ser seguidora de São Francisco de Assis, onde passou a viver na

pobreza, dedicando-se inteiramente aos pobres e doentes.

Outras figuras importantes na idade média

Santa Catarina: contrariando a vontade de seus pais, visitava doentes em suas

casas ou procurava-os nas ruas para levá-los ao hospital.

São João de Deus: na Espanha em Granada, passou a acolher os

desamparados em sua própria casa e cuidava pessoalmente os de piores

condições.

São Camilo de Lellis: após ficar doente e precisar de atendimento passou a

prestar serviços aos doentes. Ingressou na Companhia de Jesus e tornou-se

padre jesuíta, em seguida fundou a Congregação dos Ministros dos Enfermos

e foi autorizado a usar uma grande cruz vermelha sobre o peito.

São Vicente de Paulo: Tornou-se sacerdote católico da ordem de São Francisco

de Assis, onde ocupava-se desde o início a função de visitar doentes.

Santa Luisa de Marillac: tinha experiência de tratar de doentes e com a ajuda

de São Vicente de Paulo transformou sua casa em escola para preparar

camponesas, fundando a comunidade das Filhas de Caridade de São Vicente

de Paulo.

Hospitais na idade média

Hôtel-Dieu: imenso hospital com cerca de 1200 pacientes. Nesse hospital não

se tratava os doentes, pois faltava roupa, comida, higiene e assistência, na

verdade servia como abrigo para os pobres, e eram assistidos por virgens,

mulheres solteiras de boa reputação e viúvas. Porém após a nomeação de São

Vicente como diretor do serviço espiritual e as irmãs e damas de caridade

começaram a reorganizar o serviço.

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Hôtel Dieu da cidade de Lyon: foi o primeiro a ser construído, e a assistência

era prestada por mulheres solteiras e viúvas.

Hôtel-Dieu de Paris: os cuidados eram prestados pelas irmãs agostinianas, que

é considerada a mais antiga ordem de irmãs puramente enfermeiras.

Cuidar na idade moderna

Na idade moderna, a enfermagem assume dois rumos, ou seja, em um deles

permanece ligada à luz da caridade cristã e da vocação religiosa e em outro, pouco a

pouco vai evoluindo para a profissionalização, embora ambas se mantenham ainda

dentro de bases empíricas, que persistirão até a primeira metade do século XIX. A

partir da segunda metade do século XIX, com Florence Nightingale, a enfermagem se

transforma radicalmente, buscando racionalizar sua prática, através de um trabalho

calcado em bases mais científicas, que vão lhe dar a configuração profissional

necessária (BELLATO; PASTI; TAKEDA, 1997).

As cruzadas e sua influência na ação de cuidar

As cruzadas é um movimento social, político, econômico, filosófico e

principalmente religioso. Eram expedições militares organizadas pelos cristãos, que

teve início no final do século XI em defesa da Igreja, para recuperar Jerusalém do

poder dos muçulmanos e era dirigida pelo papa como chefe da cristandade.

Que participava das expedições usava uma cruz vermelha nos ombros, no

peito, no estandarte ou na bandeira, o que deu o nome ao movimento “cruzada”, por

conta da cruz, que era o símbolo de Cristo, o que continua sendo até os dias atuais.

Essa caminhada até a Terra Santa era longa e cheia de problemas, pois não

havia alimentação, nem condições sanitárias adequadas, seja para os

expedicionários, nem para os peregrinos.

Os monges se juntaram aos expedicionários, e deixaram os mosteiros para

poder acompanhá-los.

A igreja passa então, com a ajuda da população a construir hospitais, pois

devido às condições precárias, muitas pessoas adoeciam, e quem se instalava nesses

hospitais com o intuito de cuidar dos ferimentos e das doenças, eram os monges

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militares. As pessoas atendidas pelos hospitais eram os expedicionários e os

peregrinos, devido à perseguição dos muçulmanos.

Foram fundados dois hospitais nessa época, o Hospital de São João de

Jerusalém, que eram destinados para os homens e o Hospital de Santa Maria

Madalena para as mulheres, pois eles estavam entre os peregrinos.

Muitas ordens militares de enfermagem foram formadas nessa época, como A

Ordem dos Cavaleiros Hospitalares de São João de Jerusalém; a Ordem dos

Cavaleiros de Lázaro, com monges enfermeiros que se destinavam aos cuidados dos

leprosos; a Ordem dos Cavaleiros hospitalares Teutônicos, formada por monarcas

alemãs e por monges enfermeiros.

Pela primeira vez na história da enfermagem os cuidadores eram homens, os

monges militares (monges enfermeiros).

A Ordem de São João e a Ordem dos Cavaleiros de Malta começaram a

separar as pessoas que tiveram contato com doenças epidêmicas, e ainda nos navios

os avaliavam e os deixavam em quarentena. E os doentes tinham como tratamento

para quase todas as doenças, sangrias.

A lepra era uma doença bastante temida nessa época e as pessoas acometidas

dessa doença usavam roupas a modo de serem identificadas e tocavam sinos para

que as pessoas sadias pudessem se afastar delas.

A enfermagem nas cruzadas era feita de forma bastante simples, sem

profissionalização, onde era tão somente atender as necessidades fisiológicas dos

doentes, ministrarem medicamentos, fazer curativos e cuidar da higiene.

As cruzadas deixaram o seu legado para enfermagem através de sua rígida

hierarquia (fardamento, posto, pontualidade) e disciplina existente na vida militar e a

abertura do campo da enfermagem para o sexo masculino.

ORIGEM DA PROFISSÃO

Como exposto em capítulos anteriores, desde antes de Cristo que a profissão

de enfermeiro já era conhecida, mesmo sem ter este nome. Eram aqueles homens e

mulheres abnegados que cuidavam dos doentes, idosos e deficientes, garantindo a

sua sobrevivência. Com o tempo, estes cuidados de saúde evoluíram e, entre os

séculos V e VIII, a Enfermagem surgiu entre os religiosos, como um sacerdócio. No

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século XVI, a Enfermagem já começa a ser vista como uma atividade profissional

institucionalizada e, no século XIX, como Enfermagem moderna na Inglaterra.

A partir daí, foram definidos padrões para a profissão e a ANA (American

Nurses Association) definiu que o objetivo principal do trabalho de Enfermagem é o

de cuidar dos problemas de saúde, educar para saúde, ter habilidades em prever

doenças e o cuidado do paciente.

A palavra Enfermeira/o se compõe de duas palavras do latim: “nutrix”, que

significa mãe, e do verbo “nutrire”, que tem como significados criar e nutrir. Essas

palavras, adaptadas ao inglês durante o século XIX, se transformaram na palavra

Nurse que significa Enfermeira.

Como vemos, a palavra “mãe” está presente até na formação do nome da profissão

destes heróis da saúde, que muitas vezes nos acompanham desde o nosso

nascimento até a nossa morte, como verdadeiros anjos guardiões.

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Florence Nightingale

“Dama da Lâmpada”

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença,

Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência

incomum, tenacidade de propósitos, determinação e

perseverança - o que lhe permitia dialogar com

políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas

idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o

alemão, o italiano, além do grego e latim. No desejo

de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de

1844 em Roma, estudando as atividades das

Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao

Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert,

Alemanha, entre as diaconisas.

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Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que

julga ainda insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de

Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as

Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.

Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a

França e a Turquia declaram guerra à Rússia: “Guerra da Criméia‟‟.

Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os

hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre

religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram

despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A

mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda

e ela foi imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão,

percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao

retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se porém, com

ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do

Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única

maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de Enfermagem em

1959.

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint

Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas

posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da

escola Nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas.

O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos.

Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa

qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam

colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre em 13 de agosto de 1910,

deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a Enfermagem surge não mais

como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma

ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais,

constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica.

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL

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O primeiro registro de organização de enfermagem no Brasil é datado ainda

do período colonial, seguindo até o século XIX. A prática surge como uma simples

prestação de serviços e cuidados aos doentes, realizado por um grupo formado por

escravos que trabalhavam nos domicílios. Desde o princípio da colonização, a

abertura de Casas de Misericórdia foi posta como prioridade, e a primeira foi fundada

na Vila de Santos, em 1543, seguida pelas do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus,

estas últimas já no século XVI.

Em meio a este processo, uma figura de destaque foi o Padre José Anchieta,

que não se limitou ao ensino de ciências e catequeses, atendendo aos necessitados

como um enfermeiro. Em seus escritos, são encontradas informações de valor sobre o

Brasil, seus habitantes primitivos, clima e as doenças mais comuns. A terapêutica

empregada era à base de ervas medicinais descritas de forma minuciosa.

Já no período do império, o nome de destaque foi o de Ana Justina Ferreira,

ou Ana Nery, nascida em 1814 em Cachoeira, então província da Bahia. Aos 30 anos,

acabou se tornando viúva, e durante a Guerra do Paraguai (1867-1870), seus dois

filhos foram convocados pelo exército nacional.

Ana não resistiu à separação familiar e, em uma carta enviada ao presidente

da província, se colocou à disposição da nação. Ela foi responsável por improvisar

centros de atendimento aos feridos.

Após 5 anos, ela retorna ao Brasil como heroína, e tem sua imagem pintada

por Victor Meirelles de Lima, um dos maiores nomes da Academia Imperial de Belas

Artes. O governo nacional lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias

e de campanha.

Ana Nery rompeu preconceitos da época que faziam da mulher “prisioneira do

lar”, e teve a primeira escola de enfermagem do país batizada em seu nome. Trata-se,

certamente, de uma figura fundamental no crescimento e propagação dos valores da

enfermagem no Brasil, sendo protagonista de uma história que faz parte da

formação da nação.

A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período

colonial e vai até o final do século XIX. A profissão surge como uma simples prestação

de cuidados aos doentes, realizada por um grupo formado, na sua maioria, por

escravos, que nesta época trabalhavam nos domicílios. Desde o princípio da

colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem em

Portugal. A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em

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seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus.

Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D.

Pedro II e Dona Tereza Cristina.

No que diz respeito à saúde do povo brasileiro, merece destaque o trabalho do

Padre José de Anchieta. Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses. Foi

além. Atendia aos necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em

seus escritos encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes,

clima e as doenças mais comuns. A terapêutica empregada era à base de ervas

medicinais minuciosamente descritas. Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão

do serviço que era prestado por pessoas treinadas por eles. Não há registro a

respeito.

Outra figura de destaque é Frei Fabiano Cristo, que durante 40 anos exerceu

atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro (Séc.

XVIII). Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado

aos doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a

Casa dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de

proteção à maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação

de José Bonifácio Andrade e Silva. A primeira sala de partos funcionava na Casa dos

Expostos em 1822. Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade

de Medicina do Rio de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina

diplomou no ano seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira parteira formada

no Brasil.

No começo do século XX, grande número de teses médicas foram

apresentadas sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e

abrindo horizontes e novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não

teve influência imediata sobre a Enfermagem. Assim sendo, na enfermagem brasileira

do tempo do Império, raros nomes de destacaram e, entre eles, merece especial

menção o de Anna Nery.

Anna Nery

Ana Justina Ferreira Neri nasceu na Vila Nossa Senhora

do Rosario do Porto de Cachoeira do Paraguaçu (Cachoeira),

em 13 de dezembro de 1814. Viúva do capitão-de-fragata

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Isidoro Antônio Néri viu seus familiares mais próximos serem convocados para a

Guerra do Paraguai e solicitou ao presidente da Provincia da Bahia poder

acompanhar os filhos e o irmão, ou pelo menos prestar serviços voluntários nos

hospitais do rio Grande do Sul, no que foi atendida. Embarcou, em Salvador, com a

tropa do 10o Batalhão de Voluntários da Pátria em agosto de 1865, na qualidade de

enfermeira.

Serviu, portanto, como voluntária na Guerra do Paraguai (1864-1870), como

auxiliar do corpo de saúde do Exército brasileiro. A partir deste contexto ofereceu

seus serviços como enfermeira ao presidente da província enquanto durasse o

conflito. Durante toda a Guerra do Paraguai, prestou serviços nos hospitais militares

de Salto, Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção (Paraguai), bem como nos

hospitais da frente de operações. Viu morrer na luta um de seus filhos e um sobrinho.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 66 anos de idade. Ana Neri foi

contemporânea de Florence Nightingale (foi quem criou a primeira escola de

enfermagem no mundo, em Londres, 1860), mas não existem indicações de que elas

sabiam da existência uma da outra. No entanto, foram semelhantes na maneira de

agir: ambas ricas, estudadas, cultas e poliglotas, severas e disciplinadoras e dedicadas

às tafefas de cuidar dos sofredores nas guerras em que participaram ativamente

(Ana, na Guerra do Paraguai e Florence, na Guerra da Criméia - atual Ucrânia).

“A enfermagem é uma arte; e para realiza-la como

arte, requer uma devoção tão exclusiva, um

preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer

pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta

ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo

vivo, o templo do espírito de Deus. É uma das artes;

poder-se-ia dizer, a mais bela das artes „‟

Durante a guerra Ana Neri enfrentou o caos

da saúde no país quando as doenças proeminentes

da época eram a Cólera, febre tifóide, disenteria,

malária e varíola. Durante toda a Guerra do

Paraguai prestou serviços nos hospitais militares de

Salto, Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção

(Paraguay), bem como nos hospitais de campo, na

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frente de operações militares. Em sua convivência diária com os médicos, no trato

conjunto das obrigações, adquiriu conhecimentos terapêuticos, mas o bom senso

aliado ao seu olhar de mãe que cuida de filhos doentes muitas vezes fez prevalecer

sua opinião aos médicos.

A enfermeira conseguiu transformar a realidade sanitária local, impondo

condições mínimas de higiene para que doenças não se alastrassem e feridas fossem

tratadas. Na luta pela recuperação dos pacientes eram usados recursos da época

como iodo, cloreto de potássio, água fenicada e cauterização, além de beberagens

de plantas medicinais. É considerada a primeira pessoa não-religiosa a dedicar-se aos

cuidados com a saúde de uma comunidade ou população, considerada a primeira

enfermeira do Brasil. O governo imperial conferiu-lhe a Medalha Geral de Campanha

e a Medalha Humanitária de primeira classe.

Naquelas condições difíceis, organizou os hospitais de campanha e a primeira

enfermaria foi montada em sua própria casa, em Assunção, e às suas expensas.

Metodizou as tarefas em busca da eficácia, com olhos humanitários e a alma voltados

tanto para os cuidados dos combatentes da Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e

Argentina), quanto para os soldados do invasor Paraguai, indistintamente.

O seu maior legado pode ser considerado a abnegação e a perseverança na

prática do cuidar do próximo, a organização sistemática e a humanização no cuidar

dos doentes.

Precursora da Cruz Vermelha é considerada a primeira enfermeira do Brasil.

Em sua homenagem a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto

padrão no país foi denominada Ana Neri (1923). Em 10 de agosto de 1938, o

presidente Getúlio Vargas, assinou o decreto nº 2.956 instituindo o dia do

enfermeiro, que deve ser celebrado em 12 de maio. Nessa data devem ser prestadas

homenagens especiais à memória de Ana Neri, em todos os hospitais e escolas de

enfermagem do país.

ESTADO, ESCOLAS E ENSINO DE ENFERMAGEM

O Estado Novo tornou a profissão de enfermeira uma importante meta

nacional e, em consequência da guerra, houve intensificação do preparo de

enfermeiras profissionais e voluntárias.

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Em 1938 foi instituído pelo governo federal o Dia do Enfermeiro. Com o

Estado Novo e a guerra, acirraram-se também certos conflitos entre as enfermeiras

"profissionais" oficialmente reconhecidas pelo governo federal a partir da

enfermagem "moderna" ensinada na Escola Anna Nery – a Associação Nacional de

Enfermeiras Diplomadas, primeira entidade sindical das enfermeiras, fundada em

1926, só aceitava formadas na Escola Anna Nery e as enfermeiras consideradas, na

época e pela quase totalidade dos registros históricos posteriores, como "amadoras",

"tradicionais" ou "práticas", entre as quais as formadas nas quatro escolas já existentes

ou que trabalhavam sem um curso formal (como muitas irmãs de caridade).

Uma discussão em torno de qual teria sido de fato a primeira escola de

enfermagem depende da própria concepção e definição da enfermagem, dos

parâmetros de análise do trabalho no hospital (se ela utilizava na sua totalidade o

chamado Sistema Nightingale), da conceituação sobre as escolas consideradas "não-

oficiais", além da caracterização de outras profissionais de áreas afins, como as

"educadoras sanitárias" do Instituto de Higiene, curso iniciado em 1925. Esta

problemática, extremamente controversa e complexa, está longe de ter sido resolvida

e a tendência é que se avalie criticamente (idem, ibidem) este processo de

implantação da chamada "enfermagem moderna" ou "enfermagem profissional" e do

chamado Sistema Nightingale instituídos pela Escola Anna Nery.

Pelo menos quatro escolas de enfermagem já existiam no país, três no Rio de

Janeiro e uma em São Paulo, antes da criação da Escola Anna Nery, em 1923. A

primeira escola de enfermagem no país foi a Escola Profissional de Enfermeiros e

Enfermeiras no Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, em 1890 (que

depois se tornaria Escola Profissional de Enfermeiros do Serviço Nacional de Doenças

Mentais em 1941, e Escola de Enfermeiros Alfredo Pinto em 1942). A Escola da Cruz

Vermelha no Rio de Janeiro foi fundada entre 1916 e 1917.

Em 1921, outra escola teve início: a Escola (de enfermeiras) do Exército. Em

São Paulo, o primeiro curso de enfermagem foi criado no Hospital

Samaritano (fundado em 1894 por uma sociedade evangélica e que logo trouxe

cinco enfermeiras inglesas ao Brasil) entre 1900 e 1901. Em 1939 começou a

funcionar a Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, ligado à Escola Paulista de

Medicina. Em 1939 a profissão de enfermeira foi regulamentada no estado de São

Paulo. Em 1942 foi implantada a Escola de Enfermagem de São Paulo junto à

Faculdade de Medicina da USP, com decisivo apoio da Fundação Rockefeller.

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A Escola Anna Nery teve início com a vinda ao Brasil da enfermeira

considerada a introdutora da "enfermagem moderna" no país, nos moldes da que

existia nos Estados Unidos e Inglaterra. Trata-se de Ethel Parsons, que se tornaria

diretora-geral do Serviço de Enfermeiras de Saúde Pública. Ela veio precedendo um

grupo de enfermeiras, com o apoio do Serviço Internacional de Saúde da Fundação

Rockefeller, e sugeriu a criação da Escola de Enfermeiros e Enfermeiras do

Departamento Nacional de Saúde Pública, que iniciou efetivamente as atividades em

1923 (junto ao Hospital São Francisco de Assis; a primeira turma tinha 13 mulheres e

o curso durava dois anos e quatro meses). Em 1926, a escola passaria a se chamar

Escola de Enfermagem Anna Nery e, em 1931, foi definida como padrão para a

criação de outras escolas de enfermagem (depois seria incorporada à Universidade

do Brasil). A Missão de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento

da Enfermagem no Brasil, composta de 31 enfermeiras (entre elas 24 norte-

americanas, duas holandesas, duas inglesas, uma canadense, uma norueguesa e uma

belga), veio por solicitação de Carlos Chagas, diretor do Departamento Nacional de

Saúde Pública entre 1921 e 1931, e estabeleceu um Serviço de Enfermeiras naquele

departamento nacional, ficando no país até 1931.

O objetivo era criar um serviço de enfermeiras visitadoras sanitárias para

trabalhar preventivamente nas campanhas governamentais, especialmente no

combate à tuberculose, visitando os doentes e suas famílias em suas próprias casas. A

primeira diretora da escola foi à enfermeira Miss Clara Louis Kienninger.

A CULTURA NA ENFERMAGEM

Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra cultura pode ter como significado,

cultivar, criar e cuidar, entretanto, há conceitos e utilizações distintas em cada década

e países. Tal como no final do século XI, ela era empregada para indicar o cuidado

dos homens com os deuses (culto), bem como o cuidado dos homens com a

natureza (agricultura). Já na Grécia Antiga, ela adquiriu um significado especial,

ligado à formação individual do homem. Assim, cultura designa o conjunto dos

modos de vida criados e transmitidos de uma geração para outra, entre os membros

de determinada sociedade.

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Nesse sentido, abrange conhecimentos, crenças, saúde-doença, costumes e

muitos outros elementos adquiridos pelos homens. Todavia, neste processo de

cultura, deve ser destacado o processo de saúde e doença, no qual seu tratamento

muitas vezes é especifico para cada país. Assim, os profissionais da área da saúde,

principalmente os enfermeiros, no qual tem um maior contato com o paciente, tem

por obrigação, incluir em sua prática o cuidado holístico, ou seja, que abordem o

desenvolvimento físico, emocional, psicológico e principalmente, as necessidades

espirituais do paciente. Essas são marcas de um enfermeiro transcultural, ou seja,

aqueles que têm consciência das diferenças culturais nas intervenções de

enfermagem, respeitando assim, os costumes e crenças da região.

Na década de 50, Madeleine Leininger, uma teórica norte-americana,

graduada em enfermagem e Doutora em Antropologia, publicou a Teoria do

Cuidado Transcultural, teria esta que é considerada a maior contribuição para a

enfermagem. Além disso, é umas das únicas teorias que foca explicitamente a relação

do enfermeiro com a cultura, os cuidados de saúde e o bem-estar do paciente.

Leininger considerava que o cuidado ao ser humano é universal, isto é, para nascer,

crescer, manter sua vida e morrer, precisa ser cuidado, porém cada cultura, de acordo

com seu ambiente e estrutura social, terá sua própria visão de saúde, doença e

cuidado. Dessa forma, o enfermeiro deve ter convicção e conhecimento para criar

medidas alternativas para se „negociar‟ tratamentos, por exemplo, criando uma

abordagem congruente e benéfica para aqueles que são assistidos. Segundo Vilelas e

Janeiro (2011), foi neste aspecto que criou-se a comunicação transcultural, que tem

como objetivo a interação entre o paciente e a família, com o enfermeiro,

principalmente através da linguagem não verbal. Esta comunicação envolve vários

aspectos individuais e sociais que devem ser entendidos no sentido de alcançar a

competência cultural, que é necessária para prestar cuidados de enfermagem de

elevada qualidade. Com isso, entender essa comunicação nas diferentes culturas,

mesmo que aos poucos, faz com que o enfermeiro tenha uma ligação direta com o

paciente, melhorando assim, gradativamente o tratamento da doença. Dentro dessa

comunicação pode-se destacar o contato visual, o toque e as crenças de saúde.

O contato visual é um importante meio de comunicação não verbal, mas é

variável e difere muito na maioria das culturas. Para o povo Árabe, ele é inadequado,

considerado indelicado e agressivo, diferente dos enfermeiros brasileiros, que são

ensinados a manter o contato visual com seus pacientes.

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O toque terapêutico ainda causa controvérsias, pois muitos ainda apresentam

resistência a esse tipo de comunicação específica. Por fim, o uso da medicina popular

e das crenças de saúde é muito comum em quase todos os povos antes de procurar o

serviço de saúde. Em comunidades indígenas, por exemplo, o tratamento e a cura de

doenças são realizados pelo pajé, através de práticas mágicas. Com tantas variáveis, o

enfermeiro deve aprender a respeitar a cultura do outro, ganhando assim, a

confiança deste e implantando, aos poucos, terapias medicamentosas e tratamentos

hospitalares, se for o caso.

RESOLUÇÃO COFEN – 218/1999

(Aprova o Regulamento que disciplina sobre Juramento, Símbolo, Cores e

Pedra utilizados na Enfermagem)

Aprova o Regulamento que disciplina sobre Juramento, Símbolo, Cores e

Pedra utilizados na Enfermagem. O Conselho Federal de Enfermagem-COFEN, no

uso de suas atribuições legais e estatutárias; CONSIDERANDO os estudos e subsídios

contidos o PAD-COFEN Nº 50/98, sobre "padronização de Juramento, Pedra, Cor, e

Símbolos a serem utilizados nas Solenidades de Formaturas ou representativas da

Profissão", pelo Grupo de Trabalho constituído através da Portaria COFEN-49/98;

CONSIDERANDO as diversas consultas sobre o tema, que constantemente são

efetuadas; CONSIDERANDO inexistir legislação, normatizando a matéria;

CONSIDERANDO deliberação do Plenário em sua Reunião Ordinária de nº 273;

realizada em 28.04.99.

Resolve:

Art. 1º- Aprovar o regulamento anexo que dispõe sobre o Juramento a ser

proferido nas Solenidades de Formatura dos Cursos de Enfermagem, bem como a

pedra, a cor e o Brasão ou marca que representará a Enfermagem, em anéis e outros

acessórios que venham a ser utilizados em nome da Profissão.

Art. 2º- Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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JURAMENTO

“Solenemente, na presença de deus e desta assembléia, juro: dedicar minha

vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da

pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os

segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até

depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou

psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria

do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão,

obedecendo aos preceitos da ética, da legalidade e da moral, honrando seu prestígio

e suas tradições”.

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SIMBOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem são os

seguintes:

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA A ENFERMAGEM X PROCESSO DE

ENFERMAGEM

A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é o que organiza o

trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a

operacionalização do PE.

Existem diversas formas de sistematizar (organizar/ ordenar) a assistência, para

torná-la segura, por exemplo:

Os protocolos, a escala de funcionários diária, os fluxos, o processo de

enfermagem são formas de sistematizar/ organizar a assistência de

enfermagem.

E o Processo de enfermagem (PE) é uma ferramenta metodológica utilizada

para tornar a assistência de enfermagem sistemática, organizada em fases, com o

objetivo de orientar o cuidado profissional de enfermagem, de promover a qualidade

no cuidado prestado.

O processo de enfermagem é uma atividade intelectual, que quando realizada

de maneira adequada, contribui para o fortalecimento da profissão enquanto ciência,

pois passamos do cuidado empírico (realizado pelo “achismo” ou intuição), para o

cuidado baseado em evidências. Este trabalho intelectual é o que norteia o raciocínio

clínico e a tomada de decisão diagnóstica, de resultados e de intervenções. A

utilização desta ferramenta possibilita a documentação dos dados relacionada às

etapas do processo, favorecendo a visibilidade das ações de enfermagem e,

consequentemente, da sua relevância na sociedade.

Segundo a Resolução COFEN 358/2009, o PE se organiza em 5 etapas:

1. Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem);

2. Diagnóstico de Enfermagem;

3. Planejamento de Enfermagem;

4. Implementação e;

5. Avaliação de Enfermagem.

O Processo de Enfermagem foi introduzido por Wanda de Aguiar Horta, na

década de 70. Para fins didáticos, essas fases são descritas separadamente e em

ordem sequencial. Mas vale destacar, que assim como Horta propôs, as etapas são

inter-relacionadas e, por isso, uma depende da outra. Ademais, essas etapas se

sobrepõem, dado que o PE é contínuo.

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Fases do processo de enfermagem

1. Histórico de enfermagem (HE) ou Coleta de Dados

É constituído por entrevista e exame físico. A entrevista investigará a situação

de saúde do cliente ou da comunidade, identificando os problemas e necessidades

de intervenções. Já o exame físico consiste na inspeção, palpação, percussão e

ausculta, que necessita de conhecimento teórico e habilidades técnicas apropriadas

para sua realização.

2. Diagnóstico de Enfermagem

Nesta fase, o enfermeiro analisa os dados coletados e o estado de saúde do

individuo, através da identificação e avaliação de problemas de saúde presentes ou

em potencial.

Os diagnósticos serão elaborados de acordo com os protocolos da instituição,

os mais utilizados são: NANDA e CIPE.

3. Planejamento de Enfermagem

É determinado os resultados esperados, de maneira específica e identificado as

intervenções necessárias para alcançar os resultados.

As intervenções elaboradas devem ser direcionadas para alcançar os

resultados esperados e prevenir, resolver ou controlar as alterações encontradas

durante o histórico de enfermagem e diagnóstico de enfermagem.

Existem diversos sistemas de classificação para intervenções de enfermagem,

mas os mais utilizados no Brasil são a Nursing Interventions Classification (NIC) e a

CIPE, baseado no julgamento clínico e conhecimento do enfermeiro para melhorar

os resultados do cliente, e também a Nursing Outcomes Classification (NOC), para a

classificação padronizada dos resultados dos clientes, que avalia o estado,

comportamento ou percepção do cliente ou família, permitindo a qualificação do seu

estado.

4. Implementação de Enfermagem

Trata-se da concretização do plano assistencial, realização das ações ou

intervenções determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem.

5. Avaliação de Enfermagem

Processo sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da

pessoa, família ou coletividade em um determinado momento do processo saúde-

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doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o

resultado esperado; e verificação da necessidade de mudanças ou adaptações em

alguma das etapas do Processo de Enfermagem.

São utilizados indicadores para qualificação de avaliação:

Ausente ou Presente;

Melhorado ou Piorado;

Mantido ou Resolvido.

Nesta etapa está à evolução de enfermagem, que é a avaliação do paciente a

cada 24 horas.

POLITICAS EM SAÚDE

O processo de conhecimento sobre saúde foi sendo remodelado a cada

período, as epidemias e pestes que assolaram a humanidade na Idade Média fizeram

com a sociedade começasse a querer conhecer, entendera causa das doenças.

Relatos bíblicos sobre a Lepra (Hanseníase) já indicam a compreensão de que a

doença é transmissível e contagiosa.

As medidas implantadas era o isolamento do doente, como forma de evitar

contágio. Com o surgimento do Racionalismo, do Iluminismo, no século XVIII, houve

uma visão mais racional sobre a doença, liberação das pesquisas científicas e uma

preocupação maior em promover políticas em saúde com o objetivo de evitar

contágios, surgindo dessa forma, a medicina social. As ações em saúde, em especial

as ações de enfermagem, foram analisadas sob uma visão político-econômica,

institucionalizando assim, a enfermagem profissional.

A partir da conferência de Alma-ata e da Carta de Ottawa, as políticas em

saúde são organizadas para reduzir a desigualdade social, buscando a melhoria da

saúde da população mundial. As Políticas Públicas Nacionais esboçam estratégias e

ações em nível de gestão governamental. Tiveram início com o código Sanitário em

1918, seguido pela criação da Caixa de Aposentadoria (CAPs-1923); Institutos de

Previdência Social (IAPs-1933); Ministério da Saúde (1953); Lei Orgânica da

Previdência Social (LOPs-1960); Instituto Nacional da Previdência Social (INPS-1966),

com gestão político-administrativa centralizada. Um longo caminho foi percorrido até

a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) que foi instituído pela Constituição

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Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/1990. Outro avanço importante,

já dentro do SUS, foi a participação dos usuários na gestão dos serviços ofertados,

bem como o controle social, fundamentada na Lei n° 8.142/1990.

Os serviços ofertados pelo SUS são descentralizados, organizados de forma

regionalizada e hierarquizada em nível de complexidade crescente, observando os

princípios de Integralidade, Universalidade e Equidade. Devido à necessidade de

aproximar os serviços de saúde prestados pelo SUS do usuário, foram estabelecidas

normas e diretrizes que configuravam um novo modelo de assistência, instalando as

UBS (Unidade Básica de Saúde), ligadas uma Rede de Atenção Básica, regulamentada

pela Portaria MS/GM nº 2.488/2011, que aprovou definitivamente a PNAB (Política

Nacional de Atenção Básica). Segundo o Ministério da Saúde, a Atenção Básica no

Brasil é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade,

aproximando a saúde da população. É onde ocorre o primeiro contato do usuário

com o serviço de saúde, configurando a principal porta de entrada e meio de

comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Daí a importância dos princípios

fundamentais que regem o SUS, acrescidos da acessibilidade, da continuidade do

cuidado, da responsabilização, da humanização e da participação social. Visando

cumprir todos os objetivos traçados pela PNAB, as ações intersetoriais foram

ampliadas, principalmente as voltadas para a promoção da saúde, implementando

programas com essa visão. Destacam-se o PSE (Programa Saúde na Escola); a

Academia da Saúde e o Programa Melhor em Casa. Essa nova política garante a

continuidade do cuidado prestado ao usuário que necessita de atenção

especializada.

O profissional em enfermagem presta assistência ao paciente com

competência técnico-científica, mas sua participação na elaboração de políticas em

saúde é muito baixa.

A divisão da categoria em enfermeiro, técnico e auxiliar talvez seja o motivo

para a pouca participação. Quanto à organização do trabalho, houve avanços no

âmbito da enfermagem com participação nas três instâncias, nas Conferências de

Saúde, nas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar e nos órgãos

representativos de classe: COFEN e COREN.

A enfermagem hoje busca seu verdadeiro papel, seu campo cada vez maior de

atuação, procura se modernizar, politizar, tentando se engajar cada vez mais, dessa

forma, participando na construção das políticas em saúde.

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BIBLIOGRAFIA

A EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM: UM RECORTE HISTÓRICO, POLÍTICO E CULTURAL.

Maranhão: [s.n.], 2015. Disponível em:

<http://apps.cofen.gov.br/cbcenf/sistemainscricoes/arquivosTrabalhos/I53331.E12.T

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