enfermagem em clÍnica mÉdica 8 -...

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ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA ............................................................................................. 8 1. SISTEMA CARDIOVASCULAR .................................................................................................. 8

1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA ................................................................................................ 8 I.C.C. – INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA ....................................................................... 9

1- O QUE É: ............................................................................................................................ 9 2 – QUAIS SÃO AS CAUSAS: ..................................................................................................... 10 3 – QUANDO SUSPEITAR: ........................................................................................................ 10 4 – COMO CONFIRMAR: .......................................................................................................... 11 5 – FORMAS DE TRATAMENTO: .............................................................................................. 11 6 – ASSISTÊNCIAS DE ENFERMAGEM: ..................................................................................... 12 7 – TERMOS TÉCNICOS RELACIONADOS: ................................................................................ 12

H.A.S. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ................................................................................. 13 1 – O QUE É: ............................................................................................................................ 13 2 – QUAIS SÃO SUAS CAUSAS: ................................................................................................ 13 3 – QUANDO SUSPEITAR: ........................................................................................................ 14 4 – COMO CONFIRMAR: .......................................................................................................... 14

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADULTOS E A RECOMENDAÇÃO DE SEGUIMENTO 15 O QUE SIGNIFICAM OS NÚMEROS DE UMA MEDIDA DE PRESSÃO ARTERIAL: ........................... 16 VALORES MÉDIOS DE PRESSÃO ARTERIAL .................................................................................. 17

5-TRATAMENTO ...................................................................................................................... 17 6- URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS .................................................................... 17 7-CUIDADOS DE ENFERMAGEM .............................................................................................. 18 8- TERMOS TÉCNICOS RELACIONADOS: .................................................................................. 18

ANGINA ....................................................................................................................................... 18 1-OQUE É? ............................................................................................................................... 18 2-OQUE CAUSA? ...................................................................................................................... 19 3-QUANDO SUSPEITAR? .......................................................................................................... 19 4-TIPOS DE ANGINA: ............................................................................................................... 19 5-COMO CONFIRMAR? ............................................................................................................ 20 6-TRATAMENTO ...................................................................................................................... 20 7-ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM........................................................................................... 21 8- TERMOS TÉCNICOS: ............................................................................................................ 21

IAM – INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO .................................................................................... 22 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 22 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 22 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 23 4 - COMO CONFIRMAR? .......................................................................................................... 24 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 24

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ........................................................................................... 25 7 – TERMOS TÉCNICOS ................................................................................................................ 26 PCR – PARADA CARDIO RESPIRATÓRIA ....................................................................................... 26

1 – O QUE É ............................................................................................................................. 26 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 27 3 – MODALIDADES .................................................................................................................. 27 4 – QUANDO SUSPEITAR ......................................................................................................... 29 5 – COMO CONFIRMAR ........................................................................................................... 29 6 – TRATAMENTO .................................................................................................................... 29

IMPORTANTE LEMBRAR .............................................................................................................. 30 7 – ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM ........................................................................................ 30 8 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 30

CAPITULO II ................................................................................................................................. 31

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SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................................................................................................. 31 ANATOMIA E FISIOLOGIA ........................................................................................................ 31

PNM – PNEUMONIA .................................................................................................................... 34 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 34 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 34 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 35 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 36 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 36 6 – CLASSIFICAÇÃO DA PNEUMONIA: ..................................................................................... 37 7 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 38 8 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 38

DPOC – DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA ................................................................ 39 1 – O QUE É ............................................................................................................................. 39 2- O QUE CAUSA ...................................................................................................................... 40 3 – QUANDO SUSPEITAR ......................................................................................................... 41

Bronquite crônica: ............................................................................................................... 41 Enfisema .............................................................................................................................. 42

4 – COMO CONFIRMAR ........................................................................................................... 42 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 43 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 45 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 46

ASMA ........................................................................................................................................... 46 1 – O QUE É ............................................................................................................................. 46 2 – O QUE CAUSA .................................................................................................................... 48 Asma e exercício ...................................................................................................................... 49 – CLASSIFICAÇÕES QUANTO A INTESIDADE ............................................................................ 50 4 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 51 5 – COMO CONFIRMAR ........................................................................................................... 53 6 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 53

USO DE MEDICAMENTOS ............................................................................................................ 54 MANEJO DA ASMA ...................................................................................................................... 55

Medindo o Pico do Fluxo Expiratório ...................................................................................... 55 7 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 57 8 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 57

SINUSITE ...................................................................................................................................... 57 2 – O QUE CAUSA .................................................................................................................... 58 3 – QUANDO SUSPEITAR ......................................................................................................... 58 4 – COMO CONFIRMAR ........................................................................................................... 59 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 59 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 59 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 60

RINITE: ......................................................................................................................................... 60 1 – O QUE É ............................................................................................................................. 60 2 – O QUE CAUSA .................................................................................................................... 60 3 – QUANDO SUSPEITAR ......................................................................................................... 60 4 – QUANDO CONFIRMAR ....................................................................................................... 61 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 61 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 61 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 62

GRIPE A – H1N1 ........................................................................................................................... 62 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 62

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2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 62 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 63 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 63 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 64 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 64 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 65

SISTEMA DIGESTÓRIO ................................................................................................................. 65 ANATOMIA E FISIOLOGIA: ....................................................................................................... 65

GASTRITE ..................................................................................................................................... 66 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 66 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 66 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 67 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 68 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 68 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 69 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 69

ÚLCERA PÉPTICA .......................................................................................................................... 70 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 70 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 70 3 – COMO SUSPEITAR? ............................................................................................................ 71 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 72 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 72 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 73

CIRROSE HEPÁTICA ...................................................................................................................... 73 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 73 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 74 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 74 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 76 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 77 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 77 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 78

SISTEMA RENAL ........................................................................................................................... 78 ANATOMIA E FISIOLOGIA ........................................................................................................ 78

O Rim e a Excreção .............................................................................................................. 78 Ureteres ............................................................................................................................... 81 Bexiga .................................................................................................................................. 81 Uretra .................................................................................................................................. 82 A formação da urina ............................................................................................................ 82

I.T.U. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO........................................................................................ 83 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 83 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 83 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 84 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 85 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 85 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 86 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 86

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA – IRA ........................................................................................... 87 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 87 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 87 3 – QUANDO SUSPEITAR? ....................................................................................................... 88 4 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 88

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5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 89 6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 89 7 – TERMOS TÉCNICOS: ........................................................................................................... 89

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA – IRC ........................................................................................ 90 1 – O QUE É? ........................................................................................................................... 90 2 – O QUE CAUSA? .................................................................................................................. 90 - QUANDO SUSPEITAR? ........................................................................................................... 91 3 – COMO CONFIRMAR? ......................................................................................................... 91 4 – TRATAMENTO: ................................................................................................................... 92

DIÁLISE ........................................................................................................................................ 94 RAZÕES PARA A DIÁLISE .............................................................................................................. 94 PROBLEMAS ................................................................................................................................ 95 DIÁLISE PERITONEAL ................................................................................................................... 99

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ..................................................................................... 103 7 – TERMOS TÉCNICOS: ......................................................................................................... 103

SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................................................... 103 ANATOMIA E FISIOLOGIA ...................................................................................................... 103

PÂNCREAS ................................................................................................................................. 105 DIABETES MELITUS .................................................................................................................... 105

1 – O QUE É? ......................................................................................................................... 105 2 – O QUE CAUSA? ................................................................................................................ 106 3 – QUANDO SUSPEITAR? ..................................................................................................... 107 4 – COMO CONFIRMAR? ....................................................................................................... 108 5 – TRATAMENTO: ................................................................................................................. 109 6 – ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM: ....................................................................................... 110 7 – TERMOS TÉCNICOS: ......................................................................................................... 110

SISTEMA NEURÓLOGICO OU NERVOSO .................................................................................... 111 1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA: ............................................................................................... 111

DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO ............................................................................................... 115 MEDULA ................................................................................................................................ 115

IMPORTÂNCIA: .......................................................................................................................... 116 Nervos Cranianos: (12 pares) ................................................................................................ 116

O CEREBELO ............................................................................................................................... 117 O TRONCO ENCEFÁLICO ............................................................................................................ 117 BULBO ....................................................................................................................................... 118 “A PONTE OU PROTUBERÂNCIA ................................................................................................ 119 CEFALÉIA .................................................................................................................................... 120

1 - O QUE É ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA)? ....................................................................... 120 2 – O QUE CAUSA? ................................................................................................................ 120

ALIMENTOS E ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA) ......................................................................... 121 AVALIAÇÃO DA ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA) ....................................................................... 121

3 - TRATAMENTOS : ............................................................................................................... 122 1)Para enxaqueca, dor de cabeça com causa na COLUNA ou HEMODINÂMICA: ............. 122 2) Para enxaqueca, dor de cabeça de causa bioquímica e alimentar (como citado acima é de causa idiopática): .......................................................................................................... 122

DICAS SOBRE ENXAQUECA E DOR DE CABEÇA (CEFALÉIA) ....................................................... 123 1) A pimenta vermelha (Capsicum annum) para enxaqueca (dor de cabeça): ..................... 123 2) Hortelã (Mentha piperita) na enxaqueca (dor de cabeça): .............................................. 124 3) Gengibre (Zingiber officinale) para enxaqueca (dor de cabeça): ...................................... 124 Algumas das causas da cefaléia: ........................................................................................... 124

CONVULSÕES ............................................................................................................................. 125

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1 – O QUE É? ......................................................................................................................... 125 2 – O QUE CAUSA? ................................................................................................................ 126 3 – QUANDO SUSPEITAR? ..................................................................................................... 127

Os Sintomas das Crises Convulsivas Variam de Acordo Com a Localização ...................... 127 Espasmos Infantis e Convulsões Febris ................................................................................. 128 Epilepsia ................................................................................................................................ 128 Sintomas ................................................................................................................................ 129 Diagnóstico ............................................................................................................................ 131 Tratamento............................................................................................................................ 132 Medicamentos Utilizados no Tratamento das Crises Convulsivas ........................................ 133 Atividade Cerebral Durante Uma Crise Convulsiva ............................................................... 135 AVE, Acidente vascular encefálico ........................................................................................ 136 O que é AVE? ......................................................................................................................... 136 AVC hemorrágico .................................................................................................................. 139 Ataque isquêmico transitório ................................................................................................ 141 -Tratamento .......................................................................................................................... 142

TCE- TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO ......................................................................................... 142 Manifestações Clínicas .......................................................................................................... 142 Diagnóstico ............................................................................................................................ 143 Tratamento............................................................................................................................ 143 Intervenções de Enfermagem ............................................................................................... 143

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ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA

1. SISTEMA CARDIOVASCULAR

1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA

Sua principal função é o fornecimento constante de oxigênio e nutrientes e é

composto por coração, veias e artérias.

Coração – proporciona impulso ao fluxo sanguíneo

Artérias – vasos sanguíneos de alta pressão que conduzem o sangue do coração

para os tecidos são tubos cilindróides, elásticos, não possuem válvulas, conduzem o

sangue oxigenado. Geralmente são profundas e possuem pequeno, médio e grande

calibre.

Veias – vasos sanguíneos que conduzem sangue dos tecidos para o coração. São

tubos cilindróides, menos elásticos do que as artérias e transportam sangue rico em CO2.

Algumas das funções do sangue: transporte de oxigênio e gás carbônico,

distribuição de nutrientes absorvidos, manutenção da temperatura corpórea dentro dos

limites.

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Circulação sanguínea - Em seu percurso pelo organismo, o sangue é impulsionado

pelo coração, através das artérias, a todas as células do corpo, oxigenando os tecidos e

recolhendo o gás carbônico. E é através das veias que este sangue, rico em gás carbônico

e detritos, retorna ao coração, de onde é bombeado aos pulmões, que será novamente

oxigenado pela respiração.

Esquema da circulação sangüínea: 1-Coração; 2-Circulação cerebral; 3-Circulação

pulmonar; 4-Circulação hepática; 5-Circulação gástrica; 6-Baço; 7-Circulação renal; 8-

Circulação intestinal; 9-Circulação nos membros inferiores

I.C.C. – INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

1- O QUE É:

É a incapacidade cardíaca de bombear sangue suficiente para suprir as

necessidades de oxigênio e nutrientes dos tecidos e órgãos ou de fazê-lo utilizando

pressões ou volumes anormalmente aumentados.

A doença pode se instalar de forma aguda e súbita e o problema é que boa partes

das pessoas com essa patologia não reconhecem que estão doentes e não procura o

médico, portanto é necessário o diagnóstico precoce, para evitar a progressão da doença

para estágios mais graves

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A incidência da insuficiência cardíaca na população aumenta muito com a idade de

1 para 1000 pacientes/ano antes dos 45 anos e 30 para 1000 depois dos 85 anos.

2 – QUAIS SÃO AS CAUSAS:

IAM

Isquemia intermitente ou persistente

Choque

Hipertensão arterial crônica

Valvulopatia obstrutiva

Valvulopatia regurgitante

Distúrbio genético

Agentes tóxicos ou medicamentosos

Idiopatia

Taquicardia crônica

Gestação

Doença de chagas

3 – QUANDO SUSPEITAR:

O diagnóstico clínico geralmente é fácil, quando estão presentes os sinais e

sintomas clássicos como dispnéia, taquicardia, intolerância a esforços, batimento de

jugular, ingurgitamentos venosos, edema pulmonar e periférico e terceira bulha. Mas em

alguns casos os sinais não são tão evidentes.

A apresentação mais freqüente é a dispnéia e intolerância progressiva aos esforços

que antes eram bem tolerados. A dispnéia que é a alteração mais importante é devida

principalmente pela congestão e edema pulmonar. É freqüentemente precipitada por

exercícios. Do ponto de vista prático consideram-se grandes esforços, subir morro, subir

escadas, correr ou andar muito rápido, praticar esportes, carregar peso e trabalho com

atividade física. São considerados médios esforços atividades usuais domésticas, fazer

faxina, lavar roupas, cuidar de crianças, etc. e os mínimos esforços são cuidados pessoais

básicos como tomar banho, trocar roupa, ir ao banheiro, alimentar-se, etc.

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Além de desconforto respiratório, esforço aumentado para respirar, tiragens,

sensação incomoda, desagradável e angustiante falta de ar, uso da musculatura acessória,

taquipnéia, ortopnéia, a congestão pulmonar pode ser manifestada por alterações no

sono, tosse noturna, apnéia durante o sono.

O edema freqüentemente tem um componente gravitacional, ou seja, será nos

membros inferiores quando o paciente deambula e sacral quando o paciente é acamado.

Um quadro de anasarca é comum em casos mais graves com também extremidades frias e

cianóticas.

A queixa de fadiga e irritabilidade é freqüente, podendo haver alteração da

memória e da atenção. O paciente agudamente descompensado geralmente está

inquieto, dispnéico, pálido e sudorético.

4 – COMO CONFIRMAR:

O diagnóstico e a classificação da gravidade da doença são basicamente

clínicos. A base do diagnóstico depende da presença de uma causa ou um fator

agravante.

Ecocardiografia: é o exame isolado mais útil, pois permite determinar o local da

lesão.

Raios-X de tórax: a cardiomegalia (coração maior que 0,50) ocorre em quase

todos os casos e é um forte indicador da doença.

Hemograma: algumas doenças que causam a insuficiência produzem

alterações no hemograma.

Eletrocardiograma: não apresenta alterações típicas da doença, mas identifica

arritmias.

Teste de esforço: não é indicado, mas em alguns casos pode ser feito em

esteiras ou bicicletas ergométricas.

Exames de acompanhamento e de controle: exames que periódicos fazem

com que evitem maiores complicações.

5 – FORMAS DE TRATAMENTO:

Algumas medidas profiláticas são universais, tais como:

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Promover controle rigoroso das doenças associadas, sobre tudo hipertensão

Discutir com pacientes obesos sobre o peso ideal e sobrepesos também.

Parar de fumar

Tentar definir a causa básica e afastar o agente causador

Tratamento farmacológico (beta bloqueador, diurético, digitálico)

Repouso nas fases agudas

Restrição de sódio

Restrição hídrica

Oxigenoterapia quando necessário

UTI para casos mais graves

6 – ASSISTÊNCIAS DE ENFERMAGEM:

Orientar a manter repouso físico e emocional

Posição semi-fowler par evitar a congestão

Avaliar constantemente sinais vitais, sinais de inconsciência e ausculta cardíaca

Observar aspecto da pele (fria/palidez)

Administrar terapêutica prescrita e avaliar eficácia da mesma

Observar sinais de dispnéia, insuficiência respiratória

Administrar O2 conforme prescrição

Monitorizar função respiratória ( FR, profundidade, facilidade)

Mudanças de decúbito

Proporcionar refeições fracionadas e em poucas quantidades

Controle hídrico

7 – TERMOS TÉCNICOS RELACIONADOS:

IAM

Taquicardia

Dispnéia

Edema

Tiragens

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Taquipnéia

Ortopnéia

Apnéia

Deambular

Cianose

Isquemia

H.A.S. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

1 – O QUE É:

A hipertensão arterial é uma doença definida pela persistência de níveis de pressão

arterial acima de 135 mmHg de pressão sistólica e 85 mmHg de pressão diastólica. A

hipertensão eleva em quatro vezes o risco de acidente vascular encefálico e de seis vezes a

insuficiência cardíaca.

É quase sempre assintomática, mas se deixar evoluir naturalmente, a doença

desencadeia alterações em órgãos vitais, sobretudo o coração, cérebro, rins, olhos e vasos.

2 – QUAIS SÃO SUAS CAUSAS:

Alimentação (sal/gorduras)

Obesidade / sobrepeso

Tabagismo

Alcoolismo, drogas

Idade avançada

Raça negra

Pobreza

IAM

ICC

AVE

Diabetes

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3 – QUANDO SUSPEITAR:

Geralmente silenciosa, a maioria dos casos é identificado por medida de rotina, o

que reforça a importância de avaliar a pressão arterial em todas as pessoas. Os sintomas

normalmente associados com a hipertensão como cefaléia, hepistaxe, zumbidos,

alterações visuais e palpitações.

A presença das características que predispõe ou aumentam o risco de hipertensão

(idade acima de 55 anos, histórico familiar, obesidade, sintura acima de 98 nos homens e

85 nas mulheres, etnia negra, indivíduos sedentários e estressados) reforçam ainda mais a

necessidade de controles e medidas para detectar a doença precocemente.

4 – COMO CONFIRMAR:

O diagnóstico da hipertensão arterial é basicamente estabelecido pelo encontro dos

níveis tensionais permanentemente elevados acima dos limites de normalidade, quando a

pressão arterial é determinada por métodos e condições apropriadas. Portanto, a medida

da pressão arterial é o elemento chave para o estabelecimento do diagnóstico da

hipertensão arterial.

Há três formas de aferir a pressão arterial:

Medida indireta da pressão arterial

A medida da pressão arterial, pela sua importância, deve ser estimulada e realizada,

em toda a avaliação de saúde, por médicos de todas as especialidades e demais

profissionais da área da saúde.

O esfigmomanômetro é o aparelho ideal para essas medidas, entretanto ele deve

ser periodicamente testado e calibrado. O paciente deve ficar sentado, em ambiente calmo

com temperatura agradável e não deve estar com a bexiga cheia, nem ter praticado

exercícios, nem ter ingerido bebidas alcoólicas ou café, ou ter fumado até 30 minutos

antes das medidas. O paciente não deve falar durante o procedimento. Após o registro das

medidas, o paciente deve ser informado sobre os valores de pressão arterial e a possível

necessidade de acompanhamento.

Em cada consulta, deverão ser realizadas no mínimo duas medidas, com intervalos

de 1 a 2 minutos. As medições na primeira avaliação devem ser obtidas em ambos os

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membros superiores. As posições recomendadas na rotina para a medida de pressão

arterial são sentadas e/ou deitada. De acordo com a situação clínica, recomenda-se que as

medidas devam ser repetidas em pelo menos duas ou mais visitas. Nos indivíduos idosos, a

pressão arterial também deve ser medida em pé (posição ortostática).

Medida ambulatorial da pressão arterial (MAPA)

O MAPA é um método automático de medida indireta da pressão arterial durante

24 horas, enquanto o paciente realiza suas atividades rotineiras, inclusive durante o sono.

É importante ressaltar que ainda não existe evidência de que esse método deva ser

empregado na avaliação rotineira do paciente hipertenso, não substituindo, portanto, a

avaliação clínica do paciente e a medida da pressão arterial de consultório.

Medida domiciliar e auto medida da pressão arterial.

Os aparelhos eletrônicos devidamente validados e calibrados são os mais indicados

para a medida da pressão arterial domiciliar. Os aparelhos de medida de pressão arterial

no dedo não são recomendados.

Esses procedimentos são úteis para:

Identificar a hipertensão do avental branco ( de consultório isolada);

Avaliar a eficácia da terapêutica anti-hipertensiva;

Reduzir custos.

Apesar de ainda não existir consenso quanto aos valores de normalidade para a

medida da pressão arterial domiciliar, considera-se valores normais até 135/85mmHg.

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADULTOS E A RECOMENDAÇÃO DE

SEGUIMENTO

PRESSÃO

SISTÓLICA

PRESSÃO

DIASTÓLICA CLASSIFICAÇÃO SEGUIMENTO

< 130 < 85 Normal Reavaliar em 01 ano

130 a 139 85 a 89 Normal - limítrofe Reavaliar em 06 meses

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140 a 159 90 a 99 Hipertensão leve Confirmar em 02

meses

160 a 179 100 a 109 Hipertensão

moderada Confirmar em 01 mês

> ou = 180 > ou = 110 Hipertensão

grave Imediato

> ou = 140 > 90 Hipertensão

sistólica

Confirmar em 02

meses

O QUE SIGNIFICAM OS NÚMEROS DE UMA MEDIDA DE PRESSÃO ARTERIAL:

Significam uma medida de pressão calibrada em milímetros de mercúrio (mmHg). O

primeiro número, ou o de maior valor, é chamado de sistólico, e corresponde à pressão da

artéria no momento em que o sangue foi bombeado pelo coração. O segundo número, ou

o de menor valor é chamado de diastólico, e corresponde à pressão na mesma artéria, no

momento em que o coração está relaxado após uma contração. Não existe uma

combinação precisa de medidas para se dizer qual é a pressão normal, mas em termos

gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal. Contudo, medidas

até 140 mmHg para a pressão sistólica, e 90 mmHg para a diastólica, podem ser aceitas

como normais. O local mais comum de verificação da pressão arterial é no braço, usando

como ponto de ausculta a artéria braquial. O equipamento usado é o esfigmomanômetro

ou tensiômetro, vulgarmente chamado de manguito, e para auscultar os batimentos, usa-

se o estetoscópio. A técnica de verificação da pressão arterial não será fornecida aqui.

Aconselhamos que você não tome como base as medidas decorrentes de

verificações feitas por pessoas leigas. É melhor procurar sempre um serviço médico

credenciado no qual você confie.

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VALORES MÉDIOS DE PRESSÃO ARTERIAL

IDADE EM ANOS PRESSÃO ARTERIAL EM MMHG

4 85/60

6 95/62

10 100/65

12 108/67

16 118/75

Adulto 120/80

Idoso 140-160/90-100

5-TRATAMENTO

É um tratamento de convivência, isto é, diário e para sempre dependendo do grau.

●Dieta saudável

●Reduzir o sal = dieta hipossódica

●Parar de fumar

●Atividade física

●Parar de beber

●Farmacologia = tiazídicos, diuréticos de alça, ß-bloqueadores,bloqueadores de

canal de cálcio, inibidores da ECA.

6- URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS

A diferença entre urgência e emergência está no objetivo terapêutico, pois na

emergência hipertensiva o objetivo é baixar os níveis pressóricos em 25% em alguns

minutos (Max 1 e 2 horas) enquanto na urgência a pressão pode ser reduzida lentamente,

ao longo de 8 a 12 horas.

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7-CUIDADOS DE ENFERMAGEM

●Explicar bem ao cliente a importância da mudança no hábito de vida

●Explicar a forma correta de usar os remédios

●Verificar a PA pelo menos 2 x dia ou sempre que observar sinais evidentes de alta

pressórica

●Incentivar o auto-cuidado ao cliente.

8- TERMOS TÉCNICOS RELACIONADOS:

●Hipertensão

●Hipotensão

●Normotenso

ANGINA

1-OQUE É?

Angina é dor ou desconforto no peito quando os músculos cardíacos não recebem

sangue suficiente. Angina pode ser sentida como uma pressão ou aperto no peito. A dor

também pode ocorrer nos ombros, braços, pescoço, mandíbula ou costas. Angina também

pode ser sentida como uma indigestão. Angina é um sintoma de doença na artéria

coronária, o tipo mais comum de doença cardíaca. A doença na artéria coronária acontece

quando as placas acumulam-se nas artérias coronárias. Esse acúmulo de placas é chamado

arteriosclerose. À medida que as placas se acumulam, as artérias coronárias ficam estreitas

e duras. O fluxo sanguíneo para o coração é diminuído, reduzindo o suprimento de

oxigênio para o músculo cardíaco. Nem toda dor ou desconforto é angina, porém sempre

deve sempre ser checada por um médico.

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As artérias coronárias são artérias situadas na superfície do coração para alimentar o

músculo cardíaco (miocárdio)

2-OQUE CAUSA?

Uso do tabaco, colesterol elevado, pressão alta, diabetes, obesidade, sedentarismo e

do stress.

À medida que a idade avança o risco vai sendo maior. Os homens são mais

atingidos por esta doença que as mulheres. Os fatores hereditários são também

importantes.

3-QUANDO SUSPEITAR?

Existência de dor precordial no centro do peito ou sub-esternal, irradiação para

ombro e braço esquerdo, pode aparecer dor no queixo, mandíbula e pescoço, dor no

epigástrio e/ou na região interescapular central, sentida como uma pressão, aperto,

angústia, com duração de trinta minutos geralmente. Pode estar relacionada com exercício

físico, ataque de raiva ou uma refeição pesada

4-TIPOS DE ANGINA:

* Angina estável. Esse é o tipo mais comum de angina. Ele ocorre quando o coração

está trabalhando mais forte do que o usual. Na angina estável há um padrão regular, o

qual depois de alguns episódios a pessoa pode reconhecer e prever quando ocorrerá. A

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dor da angina estável geralmente vai embora alguns minutos depois da pessoa repousar

ou tomar medicamento. Angina estável aumenta a probabilidade de ataque cardíaco

futuro.

* Angina instável. Essa é uma condição muito perigosa que requer tratamento de

emergência. É um sinal de que ataque cardíaco pode ocorrer logo. Diferente da angina

estável, a instável não segue um padrão. Ela pode ocorrer sem esforço físico e não é

aliviada com repouso ou medicamento.

* Angina variante (Prinzmetal). Esse é um tipo raro de angina que geralmente

ocorre quando a pessoa está repousando. A dor pode ser forte e geralmente ocorre entre

a meia-noite e cedo de manhã. Angina variante é aliviada com medicamentos.

5-COMO CONFIRMAR?

●Eletrocardiograma

●O melhor método para diagnosticar a doença coronária é a angiografia coronária.

Esta técnica envolve a utilização de um tubo (cateter) inserido no corpo por uma artéria e

através do qual é injectado um produto de contraste radiológico. Com uma câmara de raio

X é feito um filme onde fica registado o fluxo sanguíneo e a exacta localização e a

gravidade das obstruções nas artérias coronárias. Este procedimento é o cateterismo

cardíaco e efectua-se num Laboratório de Hemodinâmica.

●ECG de esforço

●Raio- x do tórax

●Exame clínico

6-TRATAMENTO

O tratamento da doença coronária divide-se em três tipos:

Médico - utilização de medicação. Todo o doente coronário é medicado, podendo

ser utilizados como único tratamento, mas também como complemento para as outras

técnicas seguidamente apresentadas. Uso de ß-bloqueadores, nitratos,ácido acetil salicílico.

Na hora da dor: nitroglicerina sublingual.

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- Angioplastia Coronária - intervenção - consiste na dilatação das estenoses

(pequenos apertos nas artérias que impedem a normal circulação sanguínea), e colocação

de uma malha metálica (stent) para manter a artéria aberta e restabelecer a normal

circulação.

- Cirurgia de Revascularização Coronária - método que visa utilizar artérias ou veias

da própria pessoa e com elas fazer uma ponte (bypass) que leva o sangue às zonas

situadas para além dos apertos do coração e assim restabelecer a normal circulação.

7-ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

●Informar e educar sobre natureza da doença

A primeira coisa que uma pessoa com angina deve fazer é realizar algumas

alterações de estilo de vida, como:

* Caso angina venha com esforço físico, diminuir o esforço ou fazer paradas de

descanso.

* Caso angina venha depois de refeição pesada, evitar refeições grandes que façam

sentir-se cheio.

* Caso angina apareça com o estresse, evitar situações estressantes ou

perturbadoras e aprender técnicas para administrar o estresse que não pode ser evitado.

* Caso seja fumante, parar de fumar.

* Praticar exercícios físicos sob orientação médica.

* Emagrecer caso esteja acima do peso.

8- TERMOS TÉCNICOS:

Dor epigástrica

Dor precordial

Dor subesternal

Sedentarismo

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IAM – INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

1 – O QUE É?

Um infarto do miocárdio, conhecido popularmente como ataque cardíaco, ocorre

quando as artérias que suprem de sangue a parede do coração – as artérias coronárias –

se entopem de repente, em geral por um pequeno trombo (coágulo sanguíneo). Estes

coágulos sanguíneos normalmente se formam dentro das artérias coronárias já estreitadas

pela arteriosclerose, um problema no qual placas de gordura ficam aderidas ao longo das

paredes internas dos vasos sanguíneos. A partir do momento em que a região suprida por

aquela artéria coronária deixa de receber sangue, as respectivas células (fibras musculares)

entram em sofrimento e começam a morrer. Esta situação interfere com a capacidade do

coração em bombear o sangue para os tecidos, em maior ou menor grau, de acordo com

o tamanho e localização do infarto; ou ainda, compromete áreas que controlam as batidas

do coração, causando arritmias (às vezes, fatais). Quase 25 por cento dos infartos levam à

morte súbita, com a perda da vítima em questão de segundos ou minutos, sem que dê

tempo de se obter socorro.

Artérias coronárias e seus ramos (em vermelho).

1. Artéria Coronária Direita

2. Artéria Coronária Esquerda

2 – O QUE CAUSA?

História familiar de doença coronariana,

Fumo,

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Obesidade,

Pressão alta (hipertensão),

Diabetes Mellitus,

Sedentarismo (Inatividade física),

Níveis elevados de colesterol total no sangue (hipercolesterolemia, às vezes de

caráter familiar),

Níveis baixos do HDL colesterol (colesterol “bom”).

Embora a maioria dos ataques do coração seja causado pela arteriosclerose, há

casos mais raros nos quais os ataques do coração resultam de outras doenças. Elas

incluem:

Problemas congênitos (de nascença) das artérias coronárias,

Excesso de coagulação do sangue (hipercoagulabilidade),

Doenças Clínicas como a Artrite Reumatóide ou o Lúpus Eritematoso

Sistêmico,

Abuso de drogas como a cocaína,

Espasmos das artérias coronárias,

Êmbolos – pequenos coágulos sanguíneos que se desprendem de outros

locais - e migram em direção a uma artéria coronária.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

Dor no peito - É o sintoma mais comum de um infarto do coração. A dor é

descrita como pontada, aperto, peso, facada ou queimação.

Irradiação da dor (esparrama) para os braços (principalmente o esquerdo),

para o abdome, pescoço, queixo ou pescoço.

Sudorese fria,

Falta de ar,

Fraqueza ou perda do equilíbrio súbito,

Náuseas e vômitos,

Desmaios,

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Taquicardia e palpitações,

Confusão mental, Agitação.

4 - COMO CONFIRMAR?

O cardiologista irá colher uma história rápida com o paciente ou seus familiares,

incluindo o tempo de aparecimento da dor e os outros sintomas. O familiar pode ajudar

com informações sobre nomes e dosagens de medicamentos atualmente em uso e outras

doenças que o paciente tenha.

O médico irá suspeitar de um ataque do coração baseando-se nos sintomas, na

história clínica e nos fatores de risco para a doença coronariana. Para confirmar o

diagnóstico ele fará:

Eletrocardiograma (o ECG): mostra o ritmo e freqüência do coração, incluindo as

alterações típicas do infarto,

Exame físico detalhado, com atenção especial para seu coração e pressão sanguínea,

Exames de sangue com dosagem das enzimas cardíacas, que são liberadas no sangue

quando o músculo do coração é lesado (CPK, CKmb, DHL, TGO e Troponina),

Ecocardiograma: mostra as condições do músculo e das válvulas do coração.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento de um ataque de coração é feito numa unidade coronariana (UTI

especializada em problemas do coração) e depende das condições do paciente - se o

paciente está bem ou se tem risco imediato de morte.

Primeiras medidas: Iniciados logo após a admissão na unidade coronariana.

Aspirina: Usada para ajudar a prevenir a formação de coágulos sanguíneos,

Oxigênio: Através de um cateter nasal ou máscara,

Medicamentos para a dor (Ex. derivados da morfina),

Beta-bloqueadores: Usados para reduzir a demanda de oxigênio pelo coração,

Nitratos (nitroglicerina): Usados para aumentar fluxo de sangue para o coração,

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Inibidores da ECA (enzima de conversão da angiotensina): Estes medicamentos

ajudam o coração a trabalhar de forma mais eficaz, principalmente abaixando a pressão

sanguínea. Incluem o Captopril, o Enalapril, o Ramipril, o Perindopril, o Fosinopril, e o

Lisinopril.

Inibidores dos receptores IIb/IIIa: São medicamentos que bloqueiam a ligadura entre

as plaquetas pelo fibrinogênio, reduzindo a coagulação. Estes remédios incluem o

Abciximab (ReoPro®) e o Tirofiban (Aggrastat®).

Cateterismo Cardíaco: Tão logo se estabeleça o diagnóstico de infarto do miocárdio,

o paciente é considerado candidato ao tratamento para reperfusão da coronária

acometida. A reperfusão é melhor feita mecanicamente. O paciente é encaminhado ao

setor de Hemodinâmica para fazer um cateterismo cardíaco. Um cateter é enfiado por um

vaso sanguíneo grande em direção ao coração. Um contraste é injetado para localizar o

bloqueio na artéria coronária. É aí que será feito o diagnóstico preciso da lesão e sua

localização.

Angioplastia Coronariana Percutânea: Depois de determinada a localização da

lesão, uma angioplastia será feita na tentativa de desbloquear a artéria coronária. Nela, um

cateter diferente, que tem um pequeno balão vazio na ponta, é enfiado através do

bloqueio, e então o balão é insuflado para esmagar o coágulo e a placa. A maioria dos

cateteres com balão também têm uma malha de arame, chamada “stent” na ponta. Depois

que o balão é insuflado, o stent permanece em seu lugar para manter a artéria aberta.

Trombólise: A reperfusão também pode ser feita com remédios que dissolvem o

coágulo, chamados agentes trombolíticos. Estes incluem o Ativador do Plasminogênio

Tecidual (tPA®) e a Estreptoquinase. Estes medicamentos são freqüentemente usados

quando não é possível fazer uma angioplastia imediata.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Reduzir ansiedade do paciente e familiar

Explicar sobre a doença

Manter repouso absoluto do paciente no leito

Orientar o paciente a se auto avaliar

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Proporcionar higiene e conforto

Auxiliar nas alimentações diárias.

Monitorizar SSVV a cada 20 minutos e ir diminuindo conforme evolução do paciente

MONAB

7 – TERMOS TÉCNICOS

Taquicardia

Arteriosclerose

ECG

Sudorese

Êmbolos

PCR – PARADA CARDIO RESPIRATÓRIA

1 – O QUE É

A parada cardiorespiratória é a interrupção da circulação sanguínea, decorrente da

suspensão súbita e inesperada dos batimentos cardíacos. Depois de uma parada

cardiorrespiratória a pessoa perde a consciência em cerca de 10 a 15 segundos devido a

parada de circulação sanguínea cerebral.

Se uma pessoa permanecer de 4 a 6 minutos sem oxigênio, as células cerebrais

morrem rapidamente. A parada cardiorespiratória pode acontecer na presença de três

ritmos cardíacos diferentes: Fibrilação Ventricular (caracterizada por um ritmo cardíaco

rápido, irregular e ineficaz); Assistolia (ausência de ritmo cardíaco, interrupção da atividade

elétrica do músculo cardíaco); Atividade Elétrica sem pulso (presença de atividade elétrica

no músculo cardíaco, não há circulação sanguínea e os batimentos cardíacos são

ineficazes.

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2 – O QUE CAUSA?

Cardiopatias

H.A.S.

D.M.

Anóxia

Antecedentes familiares de morte súbita

Pneumotórax hipertensivo

Choque

Obstrução de vias aéreas

Broncoespasmos

Reações anafiláticas

Acidentes automobilísticos

Politraumas

3 – MODALIDADES

Assistolia - É a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos ventrículos.

No eletrocardiograma (ECG) caracteriza-se pela ausência de qualquer atividade elétrica

ventricular observada em, pelo menos, duas derivações (fig. 1).

Fig. 1 - Assistolia ventricular; no início do traçado registrou-se um complexo QRS e

onda T, seguido de linha isoelétrica.

Fibrilação ventricular - É a contração incoordenada do miocárdio em conseqüência

da atividade caótica de diferentes grupos de fibras miocárdicas, resultando na ineficiência

total do coração em manter um rendimento de volume sangüíneo adequado. No ECG,

ocorre a ausência de complexos ventriculares individualizados que são substituídos por

ondas irregulares em ziguezague, com amplitude e duração variáveis (fig. 2).

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Fig. 2 - Fibrilação ventricular. A) ondas amplas e rápidas - fibrilação ventricular tipo

"grosseiro"; B) ondas pequenas e lentas - fibrilação tipo "fino".

Taquicardia ventricular sem pulso - É a sucessão rápida de batimentos ectópicos

ventriculares que podem levar à acentuada deterioração hemodinâmica, chegando

mesmo a ausência de pulso arterial palpável, quando, então, é considerada uma

modalidade de parada cardíaca, devendo ser tratada com o mesmo vigor da FV. O ECG

caracteriza-se pela repetição de complexos QRS alargados não precedidos de ondas P e, se

estas estiverem presentes, não guardam relação com os complexos ventriculares. Podem

ocorrer capturas isoladas de alguns complexos QRS. Em geral os ciclos ventriculares têm

sucessão a intervalos irregulares (fig. 3).

Fig. 3 - Taquicardia ventricular.

Atividade elétrica sem pulso - É caracterizada pela ausência de pulso detectável na

presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão de taquicardia ou FV. A

atividade elétrica sem pulso incorpora a dissociação eletromecânica (DEM) e um grupo

heterogêneo de ritmos que inclui: pseudo DEM, ritmo idioventricular, ritmo de escape

ventricular, ritmo idioventricular pós desfibrilação e ritmos bradiassistólicos. Ao ECG,

caracteriza-se pela presença de complexos QRS largos e bizarros que não produzem

resposta de contração miocárdica eficiente e detectável (fig. 4).

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Fig. 4 - Dissociação eletromecânica ou ritmo agônico. Complexos QRS largos e

bizarros. Ritmo idioventricular, sem contração mecânica ventricular correspondente

4 – QUANDO SUSPEITAR

- Incapacidade ou ausência respiratória;

- midríase (dilatação das pupilas);

- perda de consciência;

- falta de pulso;

- cianose (as extremidades dos dedos e dos lábios tornam-se roxas);

- ausência de batimentos cardíacos.

5 – COMO CONFIRMAR

O diagnóstico da parada cardiorespiratória pode ser obtido através de ausência de

movimentos respiratórios, inconsciência, cor arroxeada dos lábios e unhas, dilatação das

pupilas, ausência de pulso e de respostas a estímulos dolorosos. Um eletro também pode

auxiliar no diagnóstico.

6 – TRATAMENTO

RCP

O atendimento Rápido é fundamental para o sucesso terapêutico.

A - B - C da VIDA

A- Abertura de Vias aéreas

B- B- Boa Respiração ( ver, ouvir e sentir)

C- C- circulação

Desfibrilador

30 massagens para 2 respirações

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Drogas mais utilizada em PCR

Adrenalina – Fundamental para o tratamento de PCR, independente do traçado do ECG. A

dose utilizada é de 1mg a cada 5 minutos.

Atropina- Medicamento parassimpático clássico, a dose é de 1mg a cada 5 minutos

Lidocaína(Xilocaína) sem vaso constritor usado em Arritmias Ventriculares.A dose utilizada

normalmente é de 10ml em bolus

IMPORTANTE LEMBRAR

Tempo é vida o cérebro humano suporta no Maximo de 3 a 5 minutos sem

oxigênio.

Somente 03 Drogas comprovadamente podem ser feitas no TOT (Adrenalina,

atropina e Xilocaína injetável)

Podemos usar a via intra-óssea para administração de drogas.

Toda a Equipe de Saúde deve ser treinada em manobras de RCP.

7 – ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM

- Isolar a cama ou a maca do paciente com biombos.

- Providenciar material, medicamentos e aparelhos necessários á ressuscitação cardio

pulmonar;

- Puncionar e fixar uma veia para administração e soluções e drogas prescritas;

- Colaborar na dissecação de veia ou passagem de intracarth;

- Fazer anotações no prontuário, tais como: hora da parada, atendimento prestado,

resultado e óbito;

- O auxiliar de enfermagem deve auxiliar ao médico em todos os procedimentos

necessários.

8 – TERMOS TÉCNICOS:

Assistolia

Anóxia

Pneumotórax

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Broncoespasmos

Midríase

Cianose

CAPITULO II

SISTEMA RESPIRATÓRIO

ANATOMIA E FISIOLOGIA

O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos

que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são as

fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios, os bronquíolos e os

alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões.

Fossas nasais: são duas cavidades paralelas

que começam nas narinas e terminam na

faringe. Elas são separadas uma da outra

por uma parede cartilaginosa denominada

septo nasal. Em seu interior há dobras

chamadas cornetos nasais, que forçam o ar

a turbilhonar. Possuem um revestimento

dotado de células produtoras de muco e

células ciliadas, também presentes nas

porções inferiores das vias aéreas, como

traquéia, brônquios e porção inicial dos

bronquíolos. No teto das fossas nasais

existem células sensoriais, responsáveis pelo

sentido do olfato. Têm as funções de filtrar,

umedecer e aquecer o ar.

Faringe: é um canal comum aos sistemas

digestório e respiratório e comunica-se com

a boca e com as fossas nasais. O ar

inspirado pelas narinas ou pela boca passa

necessariamente pela faringe, antes de

atingir a laringe.

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Laringe: é um tubo sustentado por peças de cartilagem articuladas, situado na parte superior do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-adão, saliência que aparece no pescoço, faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe.

A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de “lingüeta” de cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula. Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias.

O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar.

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Traquéia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm

de diâmetro por 10-12 centímetros de

comprimento, cujas paredes são reforçadas por

anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua região

inferior, originando os brônquios, que penetram

nos pulmões. Seu epitélio de revestimento muco-

ciliar adere partículas de poeira e bactérias

presentes em suspensão no ar inalado, que são

posteriormente varridas para fora (graças ao

movimento dos cílios) e engolidas ou expelidas.

Pulmões:

Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com

aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo

envolvida por uma membrana serosa denominada

pleura. Nos pulmões os brônquios ramificam-se

profusamente, dando origem a tubos cada vez mais

finos, os bronquíolos. O conjunto altamente

ramificado de bronquíolos é a árvore brônquica ou

árvore respiratória.

Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas

formadas por células epiteliais achatadas (tecido

epitelial pavimentoso) recobertas por capilares

sangüíneos, denominadas alvéolos pulmonares.

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PNM – PNEUMONIA

1 – O QUE É?

A pneumonia é a inflamação dos pulmões, mas especificamente dos alvéolos, local

onde ocorrem às trocas gasosas, devido à infecção causada por bactérias, vírus, fungos e

outros agentes infecciosos ou por substâncias químicas.

Na pneumonia os alvéolos se enchem de pus, muco e outros líquidos, o que impede

o seu funcionamento adequado. O oxigênio pode não alcançar o sangue, e se existe

oxigênio insuficiente no sangue, as células do corpo não funcionam adequadamente. Por

esse motivo, e pelo risco da infecção se espalhar pelo corpo, a pneumonia pode ser fatal.

2 – O QUE CAUSA?

A pneumonia bacteriana é a mais freqüente, ocorrendo em aproximadamente 50%

dos casos. A causa mais comum de pneumonia bacteriana em adultos é uma bactéria

chamada Pneumococo. As bactérias estão presentes na cavidade oral de algumas pessoas

normais. Quando as defesas do organismo enfraquecem, elas podem ser aspiradas para os

pulmões e causar a pneumonia.

Diafragma: A base de cada

pulmão apóia-se no diafragma,

órgão músculo-membranoso que

separa o tórax do abdomen,

presente apenas em mamíferos,

promovendo, juntamente com os

músculos intercostais, os

movimentos respiratórios.

Localizado logo acima do

estômago, o nervo frênico

controla os movimentos do

diafragma (ver controle da

respiração) .

Imagem: SÉRIE ATLAS VISUAL.

O corpo Humano. Ed. Ática, 1997.

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As pneumonias virais podem ser causadas por muitos tipos diferentes de vírus,

incluindo o vírus da gripe. Ocorrem mais comumente no outono e no inverno. As

pneumonias virais podem ser complicadas por pneumonias bacterianas. As crianças com

doença cardíacas ou pulmonares crônicas podem ter pneumonias graves pelo vírus da

gripe.

Outros microorganismos causadores da pneumonia são o Mycoplasma (segunda

causa mais freqüente de pneumonia), Chlamydia (relativamente freqüente), e Legionella

(incomum, mas causa muitos casos de pneumonia grave). Esses agentes, assim como os

vírus, podem ser contagiosos, acometendo várias pessoas que convivem em um mesmo

ambiente.

Pessoas com uma diminuição do sistema de defesa do organismo, como os

portadores de HIV e pacientes com câncer em tratamento com quimioterapia, podem ter

pneumonia por agentes infecciosos incomuns. O Pneumocystis carinii é um fungo que

comumente causa pneumonia em pessoas com AIDS.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

Em muitos casos a pneumonia ocorre depois de um resfriado ou gripe. Os sintomas

podem se iniciar lentamente ou serem súbitos.

Os principais sintomas são:

• Febre e suor intenso

• Calafrios e tremores ,Falta de apetite

• Dor no peito que piora com a respiração, em crianças maiores

• Tosse com catarro esverdeado, marrom, ou com raias de sangue.

• Respiração ofegante, gemência e prostração

• Aceleração do pulso

Em casos graves, os lábios e cianose em extremidades, falta de oxigênio no sangue

e pode haver confusão mental. Em crianças muito pequenas ou já com outras doenças de

base, a pneumonia pode ocorre sem a presença dos sinais clássicos, o que muitas vezes

dificulta o diagnóstico.

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4 – COMO CONFIRMAR?

O diagnóstico da pneumonia é baseado na história clínica e avaliação do exame

físico do paciente. Durante a consulta, o médico faz uma ausculta do tórax/pulmões do

doente com um estetoscópio, a fim de observar possíveis sons como roncos, chiados e

outros ruídos que possam indicar a presença de pneumonia.

Para auxiliar no diagnóstico, o médico geralmente pede uma radiografia de tórax

(ou raios-X de tórax) para confirmar a presença da pneumonia, bem como sua localização

e extensão.

Pode ser necessária ainda a realização de exames de sangue para verificar aspectos

relacionados à gravidade da infecção ou para melhor identificação do agente causador da

pneumonia em questão.

Vários outros exames podem ser necessários ainda a depender da gravidade da

pneumonia bem como da existência prévia de outras doenças ou fatores de risco do

indivíduo.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento da pneumonia depende do tipo de microorganismo (germe)

causador da inflamação e infecção dos pulmões, da gravidade dos sintomas, da presença

de outras doenças associadas, local de contaminação (comunidade ou hospital) e grau de

comprometimento dos pulmões.

É importante lembrar que quanto mais rápido se fizer o diagnóstico e iniciar o

tratamento, melhores serão as chances de cura. Além disso, o paciente deve seguir as

orientações médicas e completar todo o tempo de tratamento previsto para o uso das

medicações (antibióticos). Desse modo, evita-se uma recidiva da pneumonia ou uma

resistência aos antibióticos utilizados.

As pneumonias mais freqüentes são as bacterianas. Nestes casos é necessário o uso

de antibióticos para combater a infecção. Após o início do tratamento, espera-se uma

melhora dos sintomas dentro de 48 a 72 horas. Caso essa melhora não ocorra, ou haja

piora dos sintomas, o paciente deverá retornar ao médico para reavaliação.

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Para as pneumonias virais, geralmente não existe tratamento específico. Em alguns

casos são utilizados remédios antivirais. Mas na maioria das vezes, as recomendações de

tratamento são relacionadas ao repouso, dieta adequada e a ingesta de líquidos para

melhor recuperação.

Para as pneumonias causadas por fungos, é necessário o uso de remédios

antifúngicos. Já para as pneumonias causadas por parasitas ou outros tipos de

microorganismos (germes), é necessário o uso de alguns tipos de antibióticos ou outras

medicações.

Em todos os casos, o paciente sempre deve seguir as recomendações e orientações

médicas. Muitas vezes há a necessidade de retorno ambulatorial ou hospitalar para

realização de exames (radiografia ou raios-X de tórax) de controle, mesmo que o paciente

esteja se sentindo bem.

Quem irá decidir se o tratamento poderá ser feito em casa ou se será feito dentro do

hospital (com paciente internado) sempre será o médico. Em casos mais graves pode ser

necessária uma internação em unidade de terapia intensiva (UTI).

6 – CLASSIFICAÇÃO DA PNEUMONIA:

Pneumonia adquirida na comunidade: é a pneumonia adquirida no ambiente

de convívio social, seja em casa, no trabalho, academias de ginástica, creches, escolas ou

outros locais comunitários.

Pneumonia hospitalar: trata-se de uma pneumonia adquirida diante de uma

internação hospitalar. Muitas vezes é uma doença mais grave do que a pneumonia

adquirida na comunidade, já que os germes hospitalares são mais perigosos e resistentes

aos antibióticos. Além disso, o paciente internado pode ter alguma doença que provoca

queda da imunidade (ou defesa do organismo), facilitando a infecção e inflamação

pulmonar por diversos motivos.

Pneumonia aspirativa: esse tipo de pneumonia ocorre quando algum material

estranho é inalado ou aspirado para dentro dos pulmões. Ocorre mais freqüentemente

quando alimentos presentes no estômago são aspirados para o pulmão após os vômitos.

Esse tipo de pneumonia é mais observado em pacientes com lesão cerebral ou alcoólatras.

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Pneumonia causada por microorganismos (germes) oportunistas: é uma

pneumonia que afeta pessoas com baixa imunidade (ou baixa defesa do organismo).

Germes que seriam inofensivos para pessoas saudáveis, tornam-se perigosos para

indivíduos com baixa imunidade, como é o caso de pessoas portadoras da AIDS ou

portadores de órgãos transplantados.

Pneumonia causada por germes emergentes: são germes muito virulentos,

encontrados em grandes epidemias, que podem causas pneumonia até mesmo em

pessoas muito saudáveis. Um exemplo é a pneumonia causada pelo vírus da gripe aviária

na Ásia.

7 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

- Estar alerta para alterações no estado clínico;

- Verificar sinais vitais

- Administração de medicamentos sendo rigoroso quanto a dose, horário;

- Controle hídrico e eletrolítico

- Pingar soro fisiológico nas narinas SOS;

- Proporcionar um ambiente tranqüilo e organizado;

- Transferir para isolamento se fizer necessário.

8 – TERMOS TÉCNICOS:

Cianose de extremidades

Germes emergentes

Germes oportunistas

Inflamação

Infecção

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DPOC – DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

1 – O QUE É

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória

previsível e tratável que se caracteriza pela dificuldade ao fluxo de ar em direção aos

pulmões (vias aéreas), que não é totalmente reversível. A obstrução ao fluxo aéreo é

geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões

à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo cigarro.

O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite

crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e da estrutura pulmonar – parênquima

(enfisema pulmonar).

As duas das formas mais comuns de DPOC são a Bronquite Crônica e o Enfisema

Pulmonar que apesar dessas doenças estarem habitualmente presentes no mesmo

paciente, podendo predominar os sintomas de uma ou outra, dificilmente encontradas na

sua forma “pura”.

Na bronquite crônica a passagem do ar (brônquios) está inflamada, com aumento

da produção de muco pelas glândulas, causando tosse, catarro e mal estar ao longo de

anos.

No enfisema pulmonar, os alvéolos pulmonares são paulatinamente destruídos pelo

cigarro e sua cicatriz leva a uma perda da elasticidade pulmonar dificultando a respiração.

Aos poucos vão se formando grandes espaços aéreos decorrentes da destruição da árvore

brônquica e alvéolos, reduzindo a capacidade de troca de ar normal (a troca de oxigênio

por gás carbônico). Como resultado, a respiração torna-se cansada e ineficiente, levando a

uma de falta de ar persistente (dispnéia).

A prevalência da DPOC, segundo a ALAT – Associação Latino-Americana de Tórax,

é de 6 a 15,8% da população com idade igual ou superior a 40 anos. Em 2004 foi a 5ª.

maior causa de internação no sistema público de saúde no Brasil (196.698 internações) e

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com gasto aproximado de 72 milhões de reais. A taxa de mortalidade subiu de 7.88 em

cada 100.000 habitantes na década de 80 para 19,04 em cada 100.000 habitantes na

década de 90 (340% de aumento). Oscila entre a 4ª. e 7ª. causa de morte no Brasil.

2- O QUE CAUSA

O tabagismo é o fator de risco predominante da DPOC, representando 80%-90% do

risco de se desenvolver a doença, mas apenas 15% de todos os fumadores desenvolvem

DPOC suficientemente grave a ponto de causar sintomas.

Em termos populacionais, a subida das taxas de tabagismo aumentou

drasticamente os níveis de doença e de mortalidade associados à DPOC.

Contudo, o tabagismo não é o único fator de risco. As populações expostas a

poluição em recintos fechados, resultante do uso de fornos e de fogões a lenha e a carvão,

correm um risco muito superior. A exposição profissional a uma variedade de poeiras

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atmosféricas também aumenta o risco de DPOC, o mesmo acontecendo com a poluição

atmosférica.

A hereditariedade constitui, igualmente, de um fator de risco de DPOC. Atualmente,

a única doença genética claramente identificada que pode causar DPOC é a deficiência

em alfa1-antitripsina (AAT). A AAT é uma enzima que, normalmente, impede a perda das

fibras elásticas dos pulmões. As pessoas que sofrem de deficiência de AAT desenvolvem,

geralmente, obstrução do fluxo de ar por volta dos 40 anos de idade.

Embora a maioria dos estudos tenha registado uma maior prevalência de DPOC nos

homens, acredita-se, atualmente, que com uma quantidade equivalente de consumo de

tabaco, as mulheres correm, pelo menos, o mesmo risco de desenvolverem DPOC.

Não existem dados suficientes para se quantificar quaisquer diferenças raciais

quanto à susceptibilidade à DPOC, embora tenham sido observadas diferenças na sua

freqüência entre regiões e grupos étnicos diferentes.

3 – QUANDO SUSPEITAR

Pessoas com DPOC têm geralmente sintomas de bronquite crônica e de enfisema

pulmonar.

Bronquite crônica:

o Tosse com catarro matutina (é o sintoma mais encontrado): pode preceder a

falta de ar ou aparecer simultaneamente.

o Persistência e progressão da tosse ao longo do dia e não somente no inverno,

mas ao longo do ano, com crescente produção de muco.

o Falta de ar,

o Cianose (uma cor azulada na pele - devida à falta de oxigênio)

o Taquipnéia (respiração rápida),

o Insuficiência cardíaca por sobrecarga do coração tentando vencer a resistência

pulmonar causando dor torácica, inchaço (edema) nos tornozelos, pernas e às vezes do

abdome (ascite).

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Enfisema

Falta de ar precoce relacionada aos pequenos esforços,

Progressão da falta de ar aos mínimos esforços,

Respiração rápida e curta (taquipnéia),

Tosse,

Dor torácica,

Aumento do diâmetro do tórax (torna-se distendido como um barril),

Cansaço constante,

Dificuldade para dormir e

Perda de peso.

4 – COMO CONFIRMAR

O médico começará a investigação do problema por uma história bem detalhada,

avaliando os fatores de risco e os sintomas atuais, seguidos do exame físico.

Para confirmar o diagnóstico, o médico poderá solicitar uma Espirometria que

medirá a severidade da obstrução da via aérea e o grau de insuflação pulmonar através da

insuflação (sopro) em uma máquina.

Além disso, fará exames de sangue que dá a contagem dos diferentes tipos de

células do sangue (Hemograma completo) ou a quantidade de oxigênio e gás carbônico

no sangue (Gasometria arterial).

Uma avaliação radiológica do tórax ajudará a descartar uma pneumonia, um

derrame pleural ou um tumor de pulmão, bem como mostrar o tamanho do coração. Se

você tiver enfisema, Radiografias do tórax podem definir áreas onde o tecido pulmonar foi

destruído.

Uma pequena quantidade de muco é coletada e encaminhada para análise para

detectar se há infecção respiratória (análise do escarro).

Pode haver necessidade de um teste ergométrico com avaliação do consumo

máximo de oxigênio. Neste exame o médico determina um nível de exercício seguro, com

ou sem a necessidade de oxigênio extra enquanto o paciente caminha em uma esteira.

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O exame para detectar a deficiência de alpha1-antitripsina deve ser solicitado nas

seguintes situações:

Enfisema pulmonar em pacientes abaixo dos 45 anos de idade,

Enfisema sem fator de risco conhecido,

Enfisema predominante em região da base do pulmão,

Doença hepática inexplicada,

Vasculite por anticorpo C-ANCA,

História familiar de enfisema, doença hepática, paniculite ou bronquiectasia.

Através de uma avaliação psicológica pode-se determinar o quanto o paciente é

motivado a dedicar-se ao programa de reabilitação pulmonar e o quanto a doença o

incomoda, tornando-se um bloqueio às suas atividades e interferindo na qualidade de

vida. Vários desses pacientes são depressivos.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento da DPOC visa aliviar os sintomas e controlar as crises tendo em vista

que a DPOC é irreversível e tende a ser progressiva.

Embora parar de fumar seja muito efetivo durante as fases mais precoces da DPOC,

também pode reduzir a velocidade de perda da função pulmonar nas fases mais

avançadas.

O tratamento da DPOC pode incluir:

Estratégias Durante os Exercícios e as Atividades Diárias:

Controlar a respiração (expirar durante a parte mais forte da atividade e usar a

respiração labial e diafragmática),

Eliminar atividades desnecessárias (usar um roupão atoalhado após o banho ao invés

de enxugar-se, deixar a louça secar após a lavagem, usar sapatos sem cordões, etc.),

Solicitar auxílio quando necessário (o grau de dependência pode ser máximo nas

fases mais tardias),

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Organizar o tempo (incluir períodos de repouso entre as atividades diárias; intercalar

atividades fáceis e difíceis, etc.),

Andar devagar (a pressa só aumenta o desconforto respiratório),

Mudanças no local de trabalho (evitar a exposição à poeira, às substâncias químicas

irritantes e à poluição do ar),

Evitar o contato com pessoas que fumam e com toxinas no ar (desodorantes, spray

para cabelo, inseticidas, etc) em casa.

- Medicamentos – Incluem os broncodilatadores (medicamentos que abrem as vias

aéreas), administrados sob a forma de spray inalatórios ou em forma de comprimidos;

antibióticos para tratar infecções respiratórias agudas (como a pneumonia bacteriana), e

corticosteróides para reduzir a inflamação da via aérea.

-Exercícios regulares para melhorar a força e aumentar a sensação de bem-estar, até

mesmo se não melhorar diretamente a função pulmonar.

-Fisioterapia respiratória é indicada nos pacientes com muita secreção (muco). A

inalação deve ser feita uma ou mais vezes ao dia por 15 a 20 minutos, precedida de

tapotagem (aplicação de tapas no tórax do paciente para fazer vibrar a secreção das vias

aéreas periféricas e deslocá-la para as grandes vias aéreas).

-Boa Nutrição – A dieta pode ajudar a manter a força e melhorar a resistência contra

as infecções. A água pode ajudar a manter o muco menos espesso e facilitar sua

eliminação.

-Oxigenoterapia - Se o paciente não estiver conseguindo oxigenar o sangue

efetivamente a Oxigenoterapia pode aumentar a sobrevida, reduzir o número de

hospitalizações, aumentar a tolerância aos exercícios, ajudar a aliviar a insuficiência

cardíaca, melhorar a função mental e o humor.

-Transplantes pulmonares ou transplantes de coração-pulmão - Transplantes são

considerados em casos selecionados de DPOC severa.

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6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

•Avaliar o grau de dispnéia e hipóxia;

•Administrar os broncodilatadores;

•Administrar os aerossóis;

•Estimular a tosse;

•Aumentar a oferta hídrica ao paciente;

•Monitorizar e instalar a Oxigenoterapia;

•Drenagem postural

•Prevenir infecções;

•Observar os aspectos das secreções;

•Estimular a vacinação contra influenza e S. pneumoniae.

•Treinar a respiração diafragmática;

•Promover repouso boa alimentação;

•Estimular as técnicas de conservação de energia;

Orientar quanto ao uso dos medicamentos;

•Estimular o não tabagismo;

•Orientar quanto ao uso do oxigênio;

•Orientar ao acompanhamento médico;

•Estimular a conservação da energia;

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•Estimular a participação em grupos;

•Evitar os extremos de temperatura;

•Evitar contato com poluentes de ar

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Taquipnéia

Ascite

Espirometria

Bronquiectasia

ASMA

1 – O QUE É

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Em indivíduos susceptíveis

esta inflamação causa episódios recorrentes de tosse, chiado, aperto no peito, e

dificuldade para respirar. “A inflamação torna as vias aéreas sensíveis a estímulos tais

como alérgenos, irritantes químicos, fumaça de cigarro, ar frio ou exercícios”.

“Quando expostos a estes estímulos, as vias aéreas ficam edemaciadas

(inchadas), estreitas, cheias de muco e excessivamente sensíveis aos estímulos”. (GINA –

Iniciativa Global para a Asma).

Na definição acima, temos algumas pistas importantes sobre esta doença:

Doença inflamatória: – significa que seu tratamento deve ser feito com um

antiinflamatório.

Doença crônica: – a asma não tem cura, mas pode ser controlada.

Indivíduos susceptíveis: – nem todas as pessoas têm asma; é preciso ter uma

predisposição genética que, somada a fatores ambientais, determinam a presença da

doença.

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Episódios recorrentes de sintomas:- os sintomas não estão presentes o tempo todo, são

as manifestações de uma piora da inflamação, esta sim presente cronicamente.

A inflamação torna as vias aéreas sensíveis a estímulos: é a inflamação que deixa as vias

aéreas mais sensíveis, o que confirma o importante papel da inflamação nesta doença.

Quando expostos a estímulos, as vias aéreas se tornam edemaciadas, estreitas, cheias

de muco:

- existem estímulos que desencadeiam as crises de asma. A presença destes estímulos,

que também chamamos de desencadeadores, causa o inchaço, a presença de muco e o

estreitamento das vias aéreas dificultando a passagem de ar, daí os sintomas da asma

nos momentos de crise.

Os mecanismos que causam a asma são complexos e variam entre a população.

Nem toda a pessoa com alergia tem asma e nem todos os casos de asma podem ser

explicados somente pela resposta alérgica do organismo a determinados estímulos.

Se não for tratada, a asma pode ter um impacto significativo na qualidade de vida

de uma pessoa. No entanto, se controlada, é possível levar uma vida produtiva e ativa.

Antigamente, a asma era chamada de bronquite, bronquite alérgica ou bronquite

asmática. O nome asma estava vinculado aos casos mais graves. O nome correto é

simplesmente ASMA.

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A bronquite é, na verdade, a inflamação dos brônquios e diferente da asma pode

ter sua causa bem definida, por exemplo, uma infecção por bactérias ou vírus. Também

difere da asma por apresentar um tempo de início definido e poder ser totalmente tratada.

2 – O QUE CAUSA

As principais causas da asma estão associadas à poluição do ar, poeira doméstica, ácaros,

mofo, pêlos de animais e alimentos. O problema é agravado pelo uso de carpetes,

cortinas e cobertores que servem como fontes de ácaros. A fumaça do cigarro, a

mudança de temperatura, além da gripe, resfriado, usa de certos medicamentos e até

mesmo o estresse pode desencadear uma crise de asma, que se denomina, mais

corretamente, de exacerbação da asma.

Existe um risco maior de exacerbações da asma nos dias de inverno sem vento, quando

surge uma mistura de nevoeiro e fumaça composta de monóxido de carbono, dióxido de

nitrogênio e as partículas em suspensão na atmosfera. Os períodos de queimadas são

também bastante penosos para os asmáticos. Asma e alergia

Estima-se que a alergia seja responsável por cerca

de 50% do total de casos de asma.

Os pulmões dos asmáticos são mais sensíveis e, por

isso, produzem uma reação a qualquer substância

irritante (ou alérgeno) presente no ambiente. Cerca de

80% a 90% das pessoas com asma também sofrem de

rinite alérgica.

Alguns fatores ambientais também podem causar

crises de alergia respiratória. Durante a primavera,

quando ocorre polinização das flores, milhões de grãos

de pólen se espalham no ar. Nesta época, segundo a

Associação Brasileira de Pacientes Asmáticos há um

aumento de cerca de 20% dos casos de asma, com

aumento também das hospitalizações por asma.

Os sintomas da alergia são uma reação de defesa do organismo, que age através

de um tipo especial de elemento de defesa, os anticorpos chamados imunoglobulina E

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ou IgE. Esta imunoglobulina é fabricada em grande quantidade pelo organismo da

pessoa alérgica e, na mucosa das vias respiratórias, liga-se a células denominadas

mastócitos.

Fonte: Inside Midia, 2005

A reação do alérgeno (substância que causa alergia) com a imunoglobulina IgE,

estimula a liberação de substâncias químicas (mediadores da inflamação) pelos

mastócitos, aumentando a inflamação local. Ocorre então inchaço da mucosa que

reveste as vias respiratórias, maior secreção de muco e estreitamento das vias aéreas e,

com isso, o aparecimento dos sintomas.

Asma e exercício

Os exercícios estão entre os estímulos mais comuns que desencadeiam a asma

em crianças e adultos jovens. Algumas pessoas manifestam os sintomas apenas na

prática esportiva, enquanto para outras, os exercícios são mais um dos

desencadeadores dos sintomas da asma.

Sintomas como tosse, falta de ar e aperto no peito, levam os professores de

educação física e técnicos esportivos a confundir a doença com baixa resistência

física.

O porquê dos exercícios desencadearem ou piorarem a asma não está bem

determinado, mas parece ser uma combinação das mudanças de temperatura das

vias aéreas durante o exercício com o aumento da freqüência respiratória.

Algumas modalidades de prática esportiva e a intensidade com que são

praticadas podem mais facilmente desencadear crises de asma. A corrida está entre

as modalidades que mais freqüentemente desencadeiam crises, enquanto a natação

está entre as que menos induzem à asma.

O que sempre deve ser considerado é que, se as crises estão acontecendo,

sejam elas desencadeadas por exercício ou por outros estímulos, está havendo falha

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no controle da asma.

O tratamento da asma induzida por exercícios pode requerer o uso de medicação

broncodilatadora antes da prática esportiva, como medida preventiva. Também pode

ser necessário o uso contínuo de medicação antiinflamatória. O diagnóstico e

tratamento adequado devem ser determinados pelo médico.

A asma, se adequadamente tratada e com monitoração regular de seus sintomas,

não impede que o indivíduo pratique atividades físicas e que tenha desempenho

excelente em sua prática.

– CLASSIFICAÇÕES QUANTO A INTESIDADE

(Global Initiative for Asthma, 2004)

A asma pode ser classificada como intermitente ou persistente. Dentro dos quadros

persistentes são definidos diferentes níveis de intensidade da doença: leve, moderada

ou grave.

Esta classificação se faz de acordo com a presença dos sintomas (freqüência e

intensidade), o quanto interfere no dia-a-dia do asmático e, o comprometimento de

sua função pulmonar.

Asma Intermitente:

sintomas menos de uma vez por semana;

crises de curta duração (leves);

sintomas noturnos esporádicos (não mais do que duas vezes ao mês);

provas de função pulmonar normal no período entre as crises.

Asma Persistente Leve:

presença de sintomas pelo menos uma vez por semana, porém, menos de uma vez

ao dia;

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presença de sintomas noturnos mais de duas vezes ao mês, porém, menos de uma

vez por semana;

provas de função pulmonar normal no período entre as crises.

Asma Persistente Moderada:

sintomas diários;

as crises podem afetar as atividades diárias e o sono;

presença de sintomas noturnos pelo menos uma vez por semana;

provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório

forçado no primeiro segundo (VEF¹) >60% e < 80% do esperado.

Asma Persistente Grave:

sintomas diários;

crises freqüentes;

sintomas noturnos freqüentes;

provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório

forçado no primeiro segundo (VEF¹) > 60% do esperado.

4 – QUANDO SUSPEITAR?

A asma que se manifesta na infância pode persistir por toda a vida, variando

em suas manifestações que podem então, na vida adulta, ser mais leves do que na

infância ou podem, com o passar do tempo tornam-se mais intensas. A asma ainda

pode manifestar-se apenas na vida adulta, porém, não se conhecem quais fatores

determinam sua evolução.

Os sintomas da asma na criança, assim como no adulto, são recorrentes, ou

seja, não está presentes o tempo todo. Há períodos em que o paciente apresenta

falta de ar, chiado no peito, secreção e um pouco de tosse. Estes sintomas aparecem

em diferentes circunstâncias e intensidades e em geral, estão relacionados com

mudanças de temperatura, contatos com substâncias irritantes, alérgenos, poeira, ou

são desencadeados por exercícios físicos ou estresse.

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É importante lembrar que nem todas as pessoas que

apresentam alguns dos sintomas têm asma e que eles

podem variar de pessoa para pessoa, por isso, é

indispensável procurar um médico quando houver

suspeita, para um diagnóstico exato. Os principais sinais

de alerta são:

Tosse seca persistente - principalmente à noite;

Sibilância (chiado no peito);

Respiração mais rápida do que o normal;

Falta de ar;

Cansaço físico;

Sensação de aperto ou dor no peito.

A crise de asma pode ser leve e passar espontaneamente

ou pode piorar progressivamente. No primeiro momento,

os sintomas podem até passar despercebidos, pois muitas

vezes a pessoa apresenta apenas a tosse seca e chiado no

peito, muito comuns em gripes e resfriados.

Fonte: Inside Midia,

2005

Conforme a crise se torna mais forte é inevitável perceber que a pessoa está com

problemas, pois a tosse se torna cada vez mais intensa, a Sibilância mais constante e a

pessoa sente muito cansaço o que acaba interferindo até em suas atividades diárias.

Durante uma crise grave, o desconforto respiratório é intenso, a respiração é difícil e

ofegante com movimento das narinas, uso da musculatura do pescoço e do peito

para respirar.

Surgem suores, temperatura baixa, cansaço intenso, falta de ar, dificuldade para falar,

caminhar ou alimentar-se. Especialmente em crianças, os lábios e unhas ficam

cianóticos.

A medida do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) fica abaixo de 50% do valor normal da

pessoa. Quando a crise chega a esse ponto está mais do que na hora de procurar um

pronto-socorro.

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Apesar de ser uma doença crônica que deve receber cuidados sérios, é importante

lembrar que quem tem asma não deve deixar de fazer suas atividades preferidas,

pois com o controle rigoroso, por meio de um tratamento adequado, as crises

tornam-se cada vez menos freqüentes e a qualidade de vida completamente

normal.

5 – COMO CONFIRMAR

Asma pode ser difícil de diagnosticar, especialmente em crianças de menos

de cinco anos de idade. Exames físicos regulares que incluem verificação de

alergias e da função pulmonar podem ajudar no diagnóstico correto.

O profissional da saúde ao tentar diagnosticar a asma fará perguntas sobre

tosse, especialmente tosse noturna, e se os problemas de respiração são piores

depois de atividade física ou durante um determinado período do ano. Também

pode ser perguntado sobre outros sintomas, como aperto no peito, respiração

difícil e resfriados que durem mais de 10 dias. O profissional da saúde também

perguntará sobre o histórico familiar de asma, alergia e outros problemas

respiratórios, sobre ambiente de sua casa.

6 – TRATAMENTO:

O fator fundamental para diminuir a freqüência das crises e manter a asma sob

controle é a conscientização do paciente, da família e pessoas próximas ao asmático,

ou seja, todos precisam estar capacitados a lidar com a doença

As crises graves de asma podem levar à morte e pesquisas recentes demonstraram

que a maioria dos casos fatais ocorreu no caminho para a emergência. Isto poderia

ser evitado se houvesse maior conhecimento do paciente, familiares sobre a

gravidade dos sintomas e a busca precoce do atendimento emergencial.

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Todo paciente com asma deve ter em mãos um

“plano de ação”, elaborado pelo médico com um

passo a passo sobre o que fazer durante uma crise,

além do controle dos sintomas.

Os objetivos do tratamento da asma são:

Controlar sintomas;

Permitir atividades normais – trabalho, escola e

lazer;

Evitar crises, idas à emergência e hospitalizações;

Reduzir a necessidade do uso de broncodilatador

para alívio;

Manter a função pulmonar normal ou a melhor

possível;

Minimizar efeitos adversos da medicação;

Prevenir a morte.

Fonte: Inside Midia, 2005

O maior impedimento para que se atinjam objetivos é a falta de adesão ao

tratamento recomendado pelo médico, o que muitas vezes é gerado pelo medo de

uso de medicações. Mitos como os de que a medicação vicia, a “bombinha” mata e os

corticóides engordam, acabam por reduzir o uso das medicações recomendas e

afastar os pacientes do controle da asma. (Sociedade Brasileira de Asmáticos).

USO DE MEDICAMENTOS

Todo paciente bem orientado e corretamente

medicado deve dispor de dois tipos de

medicamento: um para ser usado nos momento da

crise (medicamento de alívio), e outro para evitá-la

(medicamento de manutenção). O tratamento ideal

deve ser estabelecido pelo médico.

Uma vez que a asma é uma inflamação, os

medicamentos recomendados para o tratamento de

manutenção são os antiinflamatórios. Dentre estes,

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os corticóides inalatórios são o tratamento de

escolha para o tratamento da asma. O uso regular

dos corticóides inalatórios diminui em longo prazo, a

inflamação dos brônquios, o que leva a uma melhora

geral da doença, com crises menos freqüentes e de

menor intensidade e que podem ser resolvidas mais

facilmente com o broncodilatador.

MANEJO DA ASMA

Medindo o Pico do Fluxo Expiratório

Todo paciente asmático deve ter em mãos um

aparelho medidor do pico do fluxo expiratório

(PFE). Esse aparelho é tão importante quanto um

termômetro ou o aparelho de medir a pressão

arterial, pois assim como a temperatura e a pressão,

a asma pode ser mais bem controlada quando é

medida.

O medidor do pico do fluxo avalia o fluxo de ar no

momento da expiração. Seu médico pode informar

qual o valor do PFE esperado para você, tendo por

base sua idade, sexo e altura.

Fonte: Inside Midia, 2005

Quando a asma está sob controle, o fluxo de ar é normal ou muito próximo do valor

esperado. Porém, mesmo antes da percepção dos sintomas de uma crise de asma, o

pico do fluxo expiratório pode estar diminuído, evidenciando a obstrução das vias

aéreas.

O sistema de semáforo foi estabelecido para ser um guia de ajuda para os pacientes

no manejo da asma.

Assim que seu PFE for estabelecido, todos os esforços devem ser feitos para manter

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os valores no mínimo em torno de 80% deste valor. Veja o que cada cor do

“semáforo” indica:

Zona

verde

PFE entre 80% e 100% do melhor PFE esperado: SIGA - Você deve estar relativamente

livre de sintomas e pode manter os medicamentos em uso.

Zona amarela

PFE entre 50% e 80% do PFE esperado: ATENÇÃO - A asma está piorando. Um

aumento temporário na medicação para a asma é indicado. Se você usa medicação

crônica, a terapia de manutenção irá provavelmente precisar ser aumentada. Entre

em contato com seu médico para ajustar seu tratamento.

Zona vermelha

PFE abaixo de 50% do PFE esperado: PERIGO - O controle da asma está falhando.

Use seu broncodilatador inalatório. Se o PFE não retornar à zona amarela, entre em

contato com seu médico imediatamente, ou inicie o tratamento orientado para os

momentos de exacerbação da asma.

Este sistema de semáforo é apenas uma recomendação para simplificar o manejo da

asma. O sucesso do controle da asma depende de uma parceria entre o paciente e o

médico.

Evitando os Desencadeadores

As exacerbações da asma podem ser causadas por uma variedade de

desencadeadores estando entre os mais comuns a poluição, os alérgenos presentes

no ambiente, alimentos e medicamentos. As mudanças bruscas de temperatura, os

exercícios e mesmo as emoções intensas podem desencadear os sintomas da asma.

Alguns destes desencadeadores podem ser evitados, como por exemplo, os

alérgenos presentes na poeira doméstica. Manter o ambiente sempre limpo e

ventilado, evitando o acúmulo de poeira e umidade em móveis, cortinas, carpetes, e

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ainda promover a lavagem regular de cobertores, roupas de cama e almofadas são

boas dicas para deixar as crises de asma bem longe.

7 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Manter paciente em repouso na fase crítica.

Posição de fowler, mudança de decúbito.

Deambulação quando possível

Observação e anotar sinais e sintomas

Estimular a alimentação e ingestão de líquidos

Manter V.A.S. permeáveis

Orientar paciente quanto a coleta de material para exames

Cuidados com Oxigenoterapia e inaloterapia

Ensinar o paciente a coordenar a respiração diafragmática com atividade

Evitar esforço desnecessário para o paciente.

Orientar evitar: fumo, extremos de calor e frio, fumaça, poeira, uso de lã,

convívio com animais domésticos e pessoas com infecções de trato respiratórias

Cuidados com equipamentos de terapia respiratória.

8 – TERMOS TÉCNICOS:

Alérgenos

Sibilância

Cianose

Broncodilatado.

SINUSITE

1 – O QUE É

A sinusite (sinus = seios + ite = inflamação) é uma inflamação dos seios peri nasais ou

seja dos seios que existem há volta do nariz.

Os seios peri nasais são cavidades situadas junto ao nariz onde se acumula muco que

em condições normais deve ser claro e fluido e que escorre normalmente para o nariz

(fossas nasais) sem criar quaisquer problemas.

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Existem quatro tipos de seios; os seios maxilares que se situação nas maxilas da face,

os seios frontais que se situam na testa por cima do nariz e os seios etmoidais (do

etmóide) que estão atrás do nariz e juntos à testa e cabeça e o seio do esfenóide.

Em situações normais estas cavidades escoam o seu liquido para as fossas nasais e

tudo funciona bem.

Mas em algumas pessoas esse líquido pode ficar acumulado provocando uma

inflamação, situação em que a pessoa passa a sofrer de sinusite.

A sinusite é frequente quando a pessoa se constipa ou quando sofre de alergias,

situações em que o seu sistema imunológico está mais debilitado e em que a

produção de fluidos é maior.

A drenagem destes fluidos acaba muitas das vezes por ser afetada e por provocar

inflamações dos seios paranasais (frontais, etmoidais e maxilares) provocando aquilo

a que se chama sinusite.

A sinusite pode ser aguda ou crônica sendo que a sinusite aguda pode ter uma

duração de uma a quatro semanas e a sinusite crônica pode durar mais de três meses

consecutivos.

2 – O QUE CAUSA

Muitas das causas da sinusite advêm das infecções respiratórias que inflamam as

mucosas do nariz e conseqüentemente os seios Peri nasais.

Alergias, desvios do septo nasal, etc. podem dificultar a drenagem do muco ou

provocar reações inflamatórias que produzem muco "em excesso" que leva a uma

maior acumulação e por conseqüência inflamação.

3 – QUANDO SUSPEITAR

Quando a sinusite atinge os seios maxilares podem surgir dores em nível das maxilas,

dentes, etc. devido à infecção e inflamação dos seios maxilares.

Quando a sinusite atinge os seios frontais e ou etmoidais as dores de cabeça podem

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ser demasiado fortes e incapacitantes o que requer uma atenção urgente devido ao

desconforto.

4 – COMO CONFIRMAR

O diagnóstico de sinusite nem sempre é fácil, devido à variedade de sintomas e sinais.

Na sinusite aguda na maioria das vezes, há queixa de gripe de sete a vinte dias de

evolução com aparecimento de secreção amarelada ou esverdeada, com mau cheiro,

obstrução nasal e dor na face, que piora pela manhã e quando o paciente abaixa a

cabeça para adiante. É também comum dor nos dentes da arcada superior. Na

sinusite crônica o sintoma mais freqüente é a drenagem de secreção amarelada ou

esverdeada posterior, a dor e peso na região periocular e a presença de faringites de

repetição.

Em crianças, a presença de secreção nasal de qualquer tipo, tosse (especialmente

noturna), respiração bucal, otites médias de repetição levam a suspeitar de sinusite

crônica. Existem vários métodos para o diagnóstico de sinusite: radiografia simples

dos seios da face, tomografia computadorizada, nasofaringoscopia por fibra ótica e

ressonância nuclear magnética.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento baseia-se na tentativa de combater a infecção e restabelecer as funções

de drenagem, ventilação, bem como corrigir possíveis fatores predisponentes. É

indicado o uso de antibióticos, geralmente de 10 a 14 dias, antiinflamatórios,

descongestionantes nasais. Nos casos rebeldes ao tratamento clínico está indicada a

punção do seio para permitir a lavagem e instilação de medicamentos. Atualmente a

cirurgia funcional dos seios da face, seja por via endoscópica ou por microscopia, tem

como objetivo principal restabelecer a ventilação e drenagem adequada dos seios

paranasais, ao contrário de toda mucosa doente. A cirurgia está indicada quando

todos os tratamentos falham, nas complicações oculares e intracranianas sem

resultado com tratamento medicamentoso.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Orientar quanto a não usar ar condicionado

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Oferecer terapêutica prescrita como nebulização e antiflamatórios e

antibióticos

Observar sinais de febre

Aumentar ingesta hídrica.

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Fossas nasais

Seios paranasais

Região periocula

RINITE:

1 – O QUE É

Rinite é uma inflamação das mucosas do nariz. Várias pessoas têm a doença, cuja

incidência é de 4 em cada 10 pacientes, tanto adultos quanto crianças.

2 – O QUE CAUSA

As causas são várias: desde resfriados, produtos químicos, irritantes, até

medicamentos e alergia. Seus sintomas são muito parecidos entre todos os tipos,

levando as pessoas a pensar que rinite é um resfriado que não passa ou uma

”sinusite” acompanhada de dor de cabeça crônica.

3 – QUANDO SUSPEITAR

Você pode ter rinite quando:

- Tem vários espirros em sucessão, especialmente pela manhã;

- Seu nariz escorre e fica obstruído;

- Ocorrem irritação e coceira no nariz, nos olhos e no céu da boca;

- Seu olfato fica prejudicado; e irritação ocular.

- Tem cefaléia juntamente com outros sintomas destes já mencionados.

Os sintomas de todas as rinites são muito semelhantes: geralmente ocorre obstrução

nasal (nariz entupido), prurido (coceira no nariz), rinorréia (nariz escorrendo) e

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espirros. O indivíduo acredita estar sempre com resfriado, tem sensação de dor de

cabeça (cefaléia) que aparece com as mudanças de temperatura e umidade e

quando entra em contato com agentes alérgenos ou irritantes, como fumaça,

produtos químicos ou perfumes.

Lugares frios e úmidos favorecem o aparecimento da rinite na medida em que se

usam mais cobertores e roupas de lã e o sol aparece por menos tempo.

4 – QUANDO CONFIRMAR

Através do exame médico e de testes de exposição a certos alérgenos. Estes testes

são realizados injetando-se pequenas quantidades de extratos alérgenos sob a pele e

avaliando o tamanho da pápula que se forma com o passar do tempo. Alguns

exames de sangue também podem ser úteis, com a dosagem dos níveis de IgE.

5 – TRATAMENTO:

Uma vez identificados os agentes (alérgenos) responsáveis pelas crises alérgicas, a

primeira medidas é procurar evitar ao máximo o contato com estas substâncias. Em

alguns casos, isto é o suficiente para controlar a Rinite.

Dependendo da intensidade da congestão nasal, seu médico poderá receitar sprays

nasais, descongestionantes e antialérgicos. Se tudo isto não resolver o problema, a

opção seguinte é a Terapia de Dessensibilização – também conhecida como

Imunoterapia. Esta terapia consiste no emprego de injeções contendo extratos

purificados dos alérgenos mais importantes para o seu caso específico. As injeções

devem ser aplicadas em intervalos regulares durante dois a cinco anos. O objetivo é

diminuir a sensibilidade do organismo para aqueles alérgenos, reduzindo as

manifestações da Rinite e a necessidade de medicamentos.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

A assistência de enfermagem baseia-se no controle dos sinais e sintomas

através de terapêutica prescrita pelo médico.

Afastar agente causador

Orientar sobre a doença

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7 – TERMOS TÉCNICOS:

Rinorréia

Cefaléia

Alérgenos

Imunoterapia

GRIPE A – H1N1

1 – O QUE É?

A Influenza A H1N1 (comumente conhecida como Gripe Suína) é uma gripe

pandêmica que atualmente está acometendo a população de inúmeros países. A

doença é causada pelo vírus influenza A H1N1, o qual representa o rearranjo

quádruplo de cepas de influenza (02 suínas, 01 aviária e 01 humana).[2][3]

A gripe foi inicialmente detectada no México no final de março de 2009 e desde

então se alastrou por diversos países.[4] Desde junho de 2009 a OMS elevou o nível

de alerta de pandemia para fase 06, indicando ampla transmissão em pelo menos 02

continentes.[5]

Os sinais e sintomas da gripe suína são semelhantes aos da gripe comum, tais como

febre, tosse, dor de cabeça, dores musculares, dor na garganta e fraqueza.

Entretanto, diferentemente da gripe comum, ela costuma apresentar complicações

em pessoas jovens.

2 – O QUE CAUSA?

A Gripe A transmite-se de pessoa a pessoa, através do contacto com indivíduos

doentes, desde os primeiros sintomas até cerca de sete dias após o seu início, ou do

contacto com objetos ou superfícies contaminados pelo vírus.

O vírus encontra-se presente nas gotículas de saliva ou secreções nasais das pessoas

doentes, podendo ser transmitido através do ar, em particular em espaços fechados e

pouco ventilados, quando as pessoas doentes tossem ou espirram no interior desses

espaços.

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O vírus pode, também, ser transmitido através do contacto das mãos com superfícies,

roupas ou objetos contaminados por gotículas de saliva ou secreções nasais de uma

pessoa doente, se posteriormente as mãos contaminadas entrarem em contacto com

a boca, o nariz ou os olhos.

O vírus pode permanecer ativo em superfícies ou objetos contaminados entre 2 a 8

horas.

A lavagem frequente das mãos com água e sabão ou com soluções de base alcoólica

e a limpeza de superfícies e objetos com líquidos de limpeza doméstica, permitem a

destruição do vírus.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

Os sinais e sintomas são similares aos da influenza sazonal e incluem os seguintes:

1. Febre

2. Tosse

3. Garganta inflamada

4. Dor no corpo

5. Dor de cabeça

6. Calafrios e fadiga

7. Algumas vezes, diarréia e vômitos.

4 – COMO CONFIRMAR?

Para diagnosticar uma infecção por Influenza A H1N1 deve ser coletada uma

amostra de secreção de via aérea, nos primeiros 4 a 5 dias após o inicio dos sintomas

da doença (período em que a pessoa infectada tem maior possibilidade de

disseminar o vírus). No entanto, algumas pessoas, especialmente as crianças, podem

disseminar o vírus por 10 dias ou mais. Para identificar o vírus Influenza é necessário

realizar coleta e cultura de secreção de via aérea. O diagnóstico pode ser realizado a

partir de aspirado nasofaríngeo ou lavado nasal. Se este tipo de coleta não for

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possível, pode ser realizado swab nasal ou orofaríngeo. Para pacientes intubados é

indicada a coleta de aspirado traqueal.

5 – TRATAMENTO:

Há quatro antivirais, mas nem todos são eficazes para a totalidade dos vírus. No caso

da gripe H1N1, o vírus é sensível aos medicamentos Tamiflu e Relenza. As substâncias

impedem a sua replicação no organismo, tornando mais curto o período de duração

da doença, diminuindo a severidade dos sintomas e estancando o contágio. É

forçoso que sejam tomadas nas primeiras 24 a 48 horas após o aparecimento dos

sintomas iniciais.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Compete ao enfermeiro, segundo a Lei do Exercício Profissional, no Art 11§ II alínea e

prevenção e controle sistemático de infecção hospitalar e de doenças transmissíveis

em geral. Assim, compete ao enfermeiro notificar a ocorrência de casos suspeitos e

ou confirmados de gripe por Influenza A H1N1 às autoridades sanitárias locais

(vigilância epidemiológica/sanitária do município e ou do estado).

Compete ainda segundo o Art 11§ II alínea f prevenção e controle sistemático de

danos que possam ser causados a clientela durante a assistência de enfermagem.

Desta forma o enfermeiro deve garantir a assistência segura de enfermagem aos

pacientes vítimas desta doença, prevenindo as complicações e disseminação para a

comunidade, por meio de ações pró-ativas de educação do cliente e família para

autonomia do cuidado.

Compete ao técnico e auxiliar de enfermagem, segundo o Art 12 e Art 13, executar

ações planejadas pelo enfermeiro para garantir, com competência e habilidade,

assistência que para proteção do paciente portador da gripe por Influenza A H1N1,

bem como executar todas as ações necessárias para prevenir a disseminação da

infecção.

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7 – TERMOS TÉCNICOS:

Influenza

Fadiga

Disseminação

Tamiflu

SISTEMA DIGESTÓRIO

ANATOMIA E FISIOLOGIA:

O sistema digestório humano é formado por um longo tubo musculoso, ao qual

estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão. Apresenta as

seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino

grosso e ânus.

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GASTRITE

1 – O QUE É?

A gastrite é uma doença inflamatória que se caracteriza por acometimento da

camada de tecido mais superficial que reveste o estômago, chamada de mucosa

gástrica. Essa inflamação desenvolve-se como uma resposta normal do organismo

quando ocorre uma agressão à sua integridade. Entretanto, essa resposta normal

pode levar ao desenvolvimento de sinais e sintomas característicos dessa doença. A

agressão que desencadeia o processo pode ser aguda ou crônica e, de acordo com

seus tipos, podemos classificar as diversas formas de gastrite.

2 – O QUE CAUSA?

A gastrite pode ser causada por diversos fatores diferentes.

• Helicobacter pylori: essa bactéria tem a capacidade de viver dentro da camada de

muco protetor do estômago. A prevalência da infecção por esse microorganismo é

extremamente alta, sendo adquirida comumente na infância e permanecendo para o

resto da vida a não ser que o indivíduo seja tratado. A transmissão pode ocorrer por

duas vias: oral-oral ou fecal-oral. A gastrite não é causada pela bactéria em si, mas

pelas substâncias que ela produz e que agridem a mucosa gástrica, podendo levar a

gastrite, úlcera péptica e, em longo prazo, ao câncer de estômago.

• Aspirina: o uso de aspirina e de outros antiinflamatórios não-esteróides podem

causar gastrite porque levam à redução da proteção gástrica. Importante ressaltar

que esses medicamentos só levam a esses problemas quando usados regularmente

por um longo período. O uso de corticóide por longo período também pode levar a

gastrite.

• Álcool: pode levar à inflamação e dano gástrico quando consumido em grandes

quantidades e por longos períodos.

• Gastrite auto-imune: em situações normais, o nosso organismo produz anticorpos

para combater fatores agressores externos. Em algumas situações, entretanto, pode

haver produção de anticorpos contra as próprias células do organismo, levando a

vários tipos de doenças (por exemplo, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide,

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diabetes mellitus tipo 1). Na gastrite auto-imune, os anticorpos levam à destruição de

células da parede do estômago, reduzindo a produção de várias substâncias

importantes. O câncer de estômago também pode ocorrer em longo prazo.

• Outras infecções: a gastrite infecciosa pode ser causada por outras bactérias que

não o H. pylori, como por exemplo, a bactéria da tuberculose e a da sífilis; podem

também ser causados por vírus, fungos e outros parasitas.

• Formas incomuns: são causas mais raras. Temos as gastrites linfocítica e eosinofílica;

a gastrite granulomatosa isolada; e a gastrite associada a outras doenças como a

sarcoidose e a doença de Crohn.

• A gastrite aguda também pode ocorrer em pacientes internados por longo período

em unidades de tratamento intensivo, em pacientes politraumatizados e em grandes

queimados.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

A gastrite pode ser completamente assintomática, principalmente nos casos crônicos.

Na fase aguda, os sintomas são mais proeminentes. Comumente, os sintomas são:

• Desconforto na região superior do abdome: pode ser representado por dor ou

apenas um desconforto. Alguns pacientes podem relatar dor em queimação; dor que

melhora com a ingestão de alimentos.

• Náuseas e vômitos, geralmente acompanhando o desconforto.

• Saciedade precoce, ou seja, sensação de empachamento logo após a alimentação.

Esse sintoma pode levar à redução e perda de apetite.

• Se a gastrite levar à formação de úlceras gástricas hemorrágicas pode haver

eliminação de sangue digerido, nas fezes (que ficam escuras) ou nos vômitos.

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4 – COMO CONFIRMAR?

O médico suspeita de gastrite quando o paciente relata a presença dos sintomas

listados anteriormente. O médico investiga os hábitos alimentares do paciente, uso

de medicamentos, consumo de bebidas alcoólicas, se o paciente tem outras doenças

já diagnosticadas. A partir daí, exames complementares podem ou não ser realizados.

Importante ressaltar que o diagnóstico de gastrite só pode ser firmado pela

endoscopia digestiva alta, quando o médico visualiza a mucosa gástrica lesada e

colhe fragmentos (biópsia) para exame citológico. Caso não seja realizada a

endoscopia, o diagnóstico mais correto é o que chamamos de Dispepsia, que pode

ser funcional ou não.

Se a causa da gastrite for evidente já na história, como por exemplo, o uso de

antiinflamatórios, o médico já indica o tratamento adequado. No caso do H. pylori, a

identificação da infecção pode ser feita no material obtido pela biópsia, à endoscopia,

através de um teste respiratório ou exame de sangue. Se o paciente for portador

dessa bactéria, o médico decidirá sobre a erradicação ou não da infecção, com base

no quadro clínico do paciente.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento da gastrite é direcionado pela causa. Entretanto, alguns medicamentos

são utilizados para a melhora dos sintomas enquanto se trata a causa específica. O

paciente deve evitar o uso de medicamentos como a aspirina e outros

antiinflamatórios não-esteróides bebidas alcoólicas e cigarro.

O tratamento da infecção pelo H. pylori pode ser bastante difícil em alguns pacientes,

e não é raro que ocorra a reinfecção. Esse tratamento não é indicado de rotina em

todos os pacientes, sendo reservado para aqueles que apresentam úlcera péptica ou

linfoma gástrico. Neles, o tratamento é realizado com antibióticos, medicamentos que

reduzem a secreção de ácido pelo estômago e também com agentes protetores da

mucosa gástrica.

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Na gastrite induzida por medicamentos, geralmente a suspensão do agente suspeito

leva à resolução do quadro. Associado a isso se utiliza medicamentos para melhora

sintomática. Em alguns tipos de gastrite pode ser necessário o uso de corticóide, para

conter o processo inflamatório e prevenir complicações.

Nos pacientes hospitalizados, em unidade de tratamento intensivo, politraumatizados

e grandes queimados, o desenvolvimento de gastrite aguda pode ser dramático. Por

isso, neles, é feita a prevenção do desenvolvimento da doença, com o uso de

medicamentos que reduzem a produção de ácido, pelo estômago.

Os medicamentos utilizados para melhora sintomática podem atuar melhorando o

esvaziamento gástrico ou reduzindo a secreção de ácido. Os que melhoram o

esvaziamento gástrico são os chamados pró-cinéticos, que reduzem a estase

alimentar no estômago e auxiliam na digestão, como por exemplo, a metoclopramida

e a bromoprida. A redução da secreção de ácido é eficiente para combater a dor e a

azia, e pode ser feita com medicamentos de dois grupos:

• Antagonistas de receptores H2: cimetidina, ranitidina. São também usados para a

prevenção da gastrite aguda nos pacientes hospitalizados.

• Inibidores da bomba de prótons: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol.

Outros medicamentos que podem ser usados, eventualmente, são os protetores da

mucosa gástrica, como o sucralfato, por exemplo.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Orientar o paciente a ter refeições fracionadas, em pequenas quantidades

Ter uma boa mastigação

Contra indicar álcool, café e seus derivados

Administrar medicações conforme prescrição

Orientar sobre a doença

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Mucosa gástrica

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Úlceras gástricas hemorrágicas

Dispepsia

ÚLCERA PÉPTICA

1 – O QUE É?

Úlcera é definida como uma lesão aberta, com perda de tecido, que ocorre na pele

ou nas mucosas, ou seja, é uma ferida. A úlcera péptica é uma lesão (ferida) da

mucosa do aparelho gastrintestinal, que ocorre principalmente no estômago e no

duodeno (porção inicial do intestino. A úlcera péptica é uma doença comum, em

todo o mundo, acometendo principalmente os indivíduos com idade entre 30 e 70

anos. Não existem dados brasileiros oficiais, mas acredita-se que até 10% da

população tem, já teve ou terá úlcera péptica, em algum momento da vida.

2 – O QUE CAUSA?

Para que ocorra a digestão dos alimentos, o estômago precisa produzir ácido

clorídrico e outras substâncias que são responsáveis por iniciar o processo. Com isso,

o conteúdo desse órgão fica bastante ácido, o que poderia levar a lesão de suas

paredes caso o organismo não tivesse desenvolvido mecanismos de proteção.

As células do estômago produzem muco, uma espécie de substância gelatinosa, que

recobre sua parede e é um dos principais mecanismos protetores. Outros fatores

protetores são a secreção de bicarbonato (que neutraliza o ácido) e a descamação

constante da mucosa gástrica. Todos esses mecanismos protetores são controlados

pela produção de algumas substâncias chamadas genericamente de prostaglandinas.

Isso é importante, porque determinados medicamentos antiinflamatórios inibem a

produção das prostaglandinas, comprometendo os fatores protetores do estômago e

do duodeno. Por isso que sentimos dor de estômago quando tomamos alguns desses

medicamentos.

Durante muito tempo se acreditou que a úlcera péptica resultava da ação do ácido

nas paredes do estômago e do duodeno, corroendo as mesmas e formando as

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feridas. Porém, hoje sabemos que a doença surge quando há um desequilíbrio entre

os fatores agressores e protetores da mucosa gástrica/duodenal. O ácido gástrico

passou a ser um co-ator na gênese dessa doença.

Na ausência do uso de antiinflamatórios (especialmente os chamados "não-

esteroidais") e de tumores que estimulam a produção de ácido, quase todas as úlceras

de estômago e duodeno estão relacionadas à infecção por uma bactéria: o

Helicobacter pylori. Essa infecção é extremamente comum, podendo acometer até

95% da população; a bactéria habita o estômago e é responsável pelo desequilíbrio

que leva à formação das úlceras. Os fatores que atuam em conjunto com essa

bactéria, na lesão da mucosa, são o uso de antiinflamatórios e o tabagismo.

Não existe comprovação científica de que os alimentos (café, refrigerantes, leite,

álcool e condimentos) favoreçam o desenvolvimento de úlcera péptica. Da mesma

forma, as pessoas em geral acreditam que exista um fator psicológico envolvido nessa

doença, mas isso também não foi confirmado.

3 – COMO SUSPEITAR?

O sintoma mais comum é a dor, geralmente em queimação, não muito intensa,

localizada na região do estômago ("boca do estômago"). Os pacientes comumente

relatam-na como ‘dor de fome’. A dor dura semanas e apresenta uma ritmicidade,

que não é exclusiva de cada tipo de úlcera:

• Dor que começa 2-3 horas após a alimentação, e à noite (podendo acordar o

paciente de madrugada), que melhora com o uso de antiácidos e com a ingestão de

alimentos. Esse tipo de dor está mais associado à úlcera de duodeno.

• Dor que piora ou é desencadeada quando o paciente se alimenta. Esse tipo é mais

comum na úlcera de estômago.

Outra característica importante é a presença de períodos de melhora e outros de

piora da dor. Outros sintomas que podem surgir são: náuseas, vômitos, eructação

("arrotos"), flatulência (eliminação de gases), entre outros.

É importante ressaltar que alguns pacientes são completamente assintomáticos,

tendo como primeira manifestação uma das complicações da doença.

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4 – COMO CONFIRMAR?

O médico, diante de um quadro sugestivo de úlcera péptica, pode ou não solicitar

exames complementares. Inicialmente ele pode apenas pedir um exame para avaliar

se existe infecção pelo H. pylori. Caso exista, outros exames não são necessários na

maioria dos casos e o tratamento pode ser iniciado. Porém, em alguns casos

selecionados ou quando o tratamento não é eficaz, outros exames são realizados.

O principal exame é a endoscopia digestiva alta (EDA). Esse exame permite que o

médico visualize a úlcera, fechando o diagnóstico, e também que se faça a coleta de

material de biopsia para análise. Outro exame que pode ser realizado é a radiografia

contrastada do tudo digestivo.

A biopsia é importante, principalmente nos casos de úlcera gástrica, pois pode haver

associação com câncer. As úlceras duodenais, que são as mais comuns, raramente

estão associadas a câncer.

5 – TRATAMENTO:

Como medida geral, recomenda-se que o paciente faça as três refeições de forma

regular. Não existe aquela história de que o paciente com úlcera deve comer pouco e

várias vezes ao dia. A única ressalva quanto à alimentação, é de que se deve evitar os

alimentos que causem sintomas. Outra recomendação importante é a de evitar o

tabagismo; o cigarro dificulta a cicatrização da úlcera, e de qualquer outra ferida. O

álcool não retarda a cicatrização da úlcera, mas como ele lesa a mucosa do

estômago, recomenda-se que os pacientes bebam com moderação ou evitem o uso

de bebidas alcoólicas.

Os medicamentos utilizados no tratamento dessa doença são, principalmente,

aqueles que reduzem a produção de ácido pelo estômago. São duas famílias de

medicamentos:

• Inibidores da bomba de prótons: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, etc.

• Bloqueadores H2: cimetidina, ranitidina, famotidina, etc.

Os primeiros são mais eficazes, mas qualquer um pode ser utilizado. O uso vai de 8-12

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semanas e leva à cicatrização da úlcera na maioria dos indivíduos.

Um aspecto de extrema importância no tratamento da úlcera é a erradicação do H.

pylori, quando presente. Se os exames forem positivos para essa infecção, o paciente

faz uso de esquema com antibióticos, com o objetivo de acabar com a mesma.

Outros medicamentos que podem ser utilizados são os antiácidos: hidróxido de

alumínio, hidróxido de magnésio, bicarbonato de sódio, etc. Eles funcionam apenas

para alívio rápido dos sintomas. Os outros são medicamentos que ajudam a proteger

a mucosa gástrica, como o sucralfato e o bismuto coloidal.

Atenção especial ao uso de antiinflamatórios: esses medicamentos devem ser

evitados!!!

A cirurgia está indicada nos seguintes casos:

• Presença de complicações da úlcera péptica;

• Tratamento medicamentoso não levou à cicatrização da úlcera;

• Recidivas são freqüentes, mesmo após o tratamento da úlcera e da infecção pelo H.

pylori.

São várias as técnicas que podem ser utilizadas, cada uma com suas vantagens,

desvantagens e riscos, os quais nunca devem ser desconsiderados.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Controlar a dor do paciente

Administrar terapêutica prescrita

Orientar paciente quanto à alimentação

Orientar sobre a doença

Incentivar o auto cuidado.

CIRROSE HEPÁTICA

1 – O QUE É?

Doença crônica do fígado decorrente da destruição e regeneração das células

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hepáticas, acarretando, do ponto de vista histológico, a presença de fibrose e

formação nodular difusa, com conseqüente desorganização da arquitetura lobular e

vascular do órgão.

Representa conseqüências de uma resposta permanente de ferida-cicatrização à

agressão hepática crônica induzida por toxinas, infecção viral crônica, colestase e

distúrbios metabólicos.

É uma degeneração difusa, progressiva e crônica do tecido hepático com destruição

dos hepatócitos e com regeneração e formação de um tecido cicatricial fibroso,

extenso e denso

2 – O QUE CAUSA?

Alcoolismo crônico

Hepatite viral (tipo B, C e D)

Hepatite auto-imune

Transtornos hereditários

Deficiência de Alfa-1 Antripsina

Fibrôse quística

Hemocromatose

Doença de Wilson

Galactosemia

Doenças relacionadas com a armazenagem de glicógeno

Atresia Biliar

Reação severa a medicamentos (fármacos)

Exposição a toxinas ambientais

Ataques repetidos de falho cardíaco acompanhado de congestão hepática.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

Primeiros sintomas. As pessoas que têm cirrose com freqüência têm poucos sintomas

ao princípio da doença. Os dois problemas principais que eventualmente ocasionam

sintomas são; perda do funcionamento das células hepáticas e distorção do fígado

causado pela cicatrização. A pessoa pode experimentar:

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Fadiga

Debilidade

falta de apetite

Náuseas perda de peso

Sintomas avançados.

Edema e ascites. Conforme diminui a função hepática, menos proteína é

produzida pelo órgão. Por exemplo; se produz menos albumina, o que resulta em

acumulação de água nas pernas (edema) ou no abdômen (ascites).

Sangrado e/ou formação de hematomas. Uma diminuição nas proteínas

necessárias para a coagulação sanguínea ocasiona facilidade de sangrado e/ou fácil

formação de hematomas.

Icterícia. A icterícia caracteriza-se pela colaboração da pele amarelada, devido á

acumulação do pigmento da bílis que passa do fígado aos intestinos.

Coceira intensa. Algumas pessoas com cirrose experimentam coceira intensa

devido a produtos da bílis que são depositados na pele.

Pedras na vesícula. Freqüentemente formam-se pedras na vesícula devido a

que não chega suficiente bílis á vesícula.

Encefalopatia. O fígado das pessoas com cirrose apresenta dificuldade para

remover as toxinas, as quais se acumulam no sangue. Estas toxinas podem ocasionar

confusão mental, e degenerar em mudanças de personalidade e até côma. Os

primeiros signos de acumulação de toxinas no cérebro podem incluir descuido na

aparência pessoal, dificuldade para concentrar-se, mudanças nos hábitos de sono,

perda de memória e insensibilidade.

Lentidão para metabolizar medicamentos/fármacos. Usualmente os

medicamentos /fármacos são metabolizados /filtrados pelo fígado. Na cirrose este

processo torna-se mais lento. Os medicamentos /fármacos acumulam-se no corpo por

causa da inabilidade do fígado de metabolizar os mesmos com a devida rapidez. Com

freqüência, as pessoas com cirrose são muito sensitivas aos medicamentos e seus

efeitos secundários.

Hipertensão portal e/ou varizes. Um dos problemas mais sérios que

apresentam as pessoas com cirrose, é pressão nos vasos sanguíneos que fluem

através do fígado. Normalmente, o sangue dos intestinos e baço é bombeado para o

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fígado através da veia portal. No entanto, na cirrose o fluxo normal do sangue se

diminui, causando pressão na veia portal. Isto produz um bloqueio no fluxo normal

do sangue, o que ocasiona que o baço se aumente. O sangue que sai dos intestinos

trata de buscar saída através da formação de novos vasos sanguíneos. Alguns destes

vasos sanguíneos aumentam (varizes). As varizes podem-se formar no estômago e no

esôfago (tubo que conecta a boca com o estômago). As varizes têm paredes muito

frágeis e têm ema pressão muito alta. Existe grande risco de que se rebentem e que

ocasionem um problema sério de sangrado na parte superior do estômago ou

esôfago. Se isto ocorre, a vida da pessoa corre perigo e tem que se tomar ação rápida

para deter o sangrado.

4 – COMO CONFIRMAR?

Com freqüência o médico pode diagnosticar cirrose pelos sintomas que apresenta a

pessoa e por provas de laboratório.

Exame físico. Mediante um exame físico o médico pode notar uma mudança no tato

e tamanho do fígado. Seu médico golpeará levemente o seu abdômen na área que

se encontra sobre o fígado (percussão). O resultado do som pode indicar uma

mudança de tamanho e posição do fígado. Também revisará o estado de saúde do

seu fígado exercendo pressão na área circundante. Um fígado normal não se

encontra encolhido nem aumentado, e também não se encontra o tato sensível.

Encolhimento do fígado. A hepatite crônica pode degenerar em cirrose ou,

possivelmente, câncer de fígado. Nos pacientes com cirrose, o fígado começa a

encolher-se e endurece-se. Também ocorre cicatrização do fígado. Esta mudança na

estrutura do fígado pode resultar na deterioração permanente das funções do fígado.

Perda total das funções hepáticas. Conforme vai piorando a cirrose, a maioria das

funções hepáticas perde-se também. O fígado endurece-se e reduz-se em tamanho.

Pode ocorrer acumulação de líquido no abdômen e nas pernas. É comum o sangrado

gastrointestinal agudo secundário em varizes do esôfago e também pode apresentar-

se lentidão mental.

Provas de sangue. Se o médico tem suspeita de cirrose, recomendar-lhe-á que se

realizem certas provas de sangue. Estas provas ajudar-lhe-ão a determinar se existe

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uma doença hepática.

Provas de imagens. Em alguns casos, o médico pode recomendar outras provas

diagnósticas como o TAC (tomografia axial computadorizada), o ultra-som e o

escâner do fígado/ baço por radio-isótopos.

Biópsia do fígado. O médico pode recomendar uma biópsia ao fígado para

confirmar o diagnóstico de cirrose. A biópsia hepática realiza-se por meio da inserção

de uma agulha através da pele até ao fígado para tomar amostras do tecido

hepático.

Cirurgia. Em ocasiões, o diagnóstico realiza-se durante uma cirurgia que lhe permite

ao médico examinar completamente o fígado. Também o fígado pode ser examinado

por meio de laparoscopia (procedimento no que se inserta um tubo flexível através

duma pequena incisão no abdômen que lhe permite ver o fígado).

5 – TRATAMENTO:

O tratamento baseia-se habitualmente nos sintomas de apresentação do paciente.

Vitaminas e suplementos nutricionais promovem a cicatrização das células hepáticas

lesadas e aprimoram o estado nutricional do paciente.

Antiácidos reduzem o mal-estar gástrico e minimizam a possibilidade de sangramento

gastrintestinal.

Diuréticos poupadores de K+ são indicados para reduzir ascite, se presente, e

minimizar as alterações hidroeletrolíticas.

Deve-se evitar a ingestão de álcool

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

O repouso deve ser prescrito para que o fígado restabeleça sua capacidade funcional.

Se o paciente estiver hospitalizado, o peso e a ingestão de líquido, bem como as

eliminações, são medidos e registrados diariamente. A posição do paciente na cama é

ajustada para a eficiência respiratória máxima, que é especialmente importante se a

ascite for acentuada, pois ela interfere na excursão torácica adequada. Pode ser

necessária a terapia de oxigênio, na insuficiência hepática, para oxigenar as células

danificadas e evitar maior destruição celular. O repouso reduz as demandas do

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fígado e aumenta o suprimento de sangue para o mesmo. Como o paciente é

susceptível aos problemas da imobilidade, devem ser iniciados os procedimentos para

evitar as perturbações respiratórias, circulatórias e vasculares. Isto pode evitar como

pneumonia, trombo, flebite e úlceras de pressão. Quando a nutrição melhora e a

força aumenta, o paciente é encorajado a aumentar a atividade gradualmente.

Cuidados de pele são essenciais devido à presença de edema subcutâneo, à

imobilidade do paciente, à icterícia e ao aumento de susceptibilidade da pele a lesões

e infecção. As freqüentes mudanças de decúbito são necessárias para evitar úlceras

de pressão. São evitados os usos de sabão irritante e de fita adesiva para prevenir

traumas da pele. As loções podem ser suavizantes para a pele irritada. São tomadas

medidas para que o paciente não coce a pele.

Redução do risco de injúria. O paciente com cirrose é protegido de quedas e outras

injúrias. As grades laterais da cama são levantadas e acolchoadas com cobertores

macios para diminuir os riscos se o paciente ficar agitado ou inquieto. O paciente é

orientado quanto ao tempo e local, e todos os procedimentos são explicados para

minimizar a agitação do paciente. Qualquer injúria pé avaliada cuidadosamente,

devido à possibilidade de sangramento interno.

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Fadiga

Icterícia

Ascite

Edema

Encefalopatia

SISTEMA RENAL

ANATOMIA E FISIOLOGIA

O Rim e a Excreção

A excreção compreende ao conjunto de mecanismos fisiológicos utilizados para a

remoção de substâncias inúteis ou prejudiciais ao organismo, além de promover a

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eliminação dos resíduos que resultam do metabolismo.

A excreção é também responsável pela regulação da concentração dos íons e

controle do volume de água no organismo.

Observada as condições acima, gera no organismo uma estabilidade funcional que

recebe o nome de homeostase. No corpo humano, um dos principais mecanismos de

eliminação é feita pelo sistema urinário.

Sistema urinário humano

Tem como finalidade a formação e a eliminação de urina. O equilíbrio dos

componentes do sangue é essencial à vida, e cabe aos rins que funcionam como

verdadeiros filtros vivos, manter exato esse equilíbrio.

O sistema urinário humano consiste em:

- dois rins

- dois ureteres

- bexiga

- uretra Rins

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São órgãos com o formato semelhante ao do feijão, medindo aproximadamente 10

cm de comprimento, 5 cm de largura e 3 cm de espessura, pesando cerca de 140

gramas. Estão localizados juntos à parede posterior do abdome, um de cada lado da

coluna vertebral, entre a 12ª vértebra dorsal e as duas primeiras lombares.

Têm como funções a remoção de resíduos do plasma sangüíneo, controle da

quantidade de sais e água e manutenção do grau de acidez do sangue, com a

eliminação de substâncias ácidas.

Anatomicamente, distinguimos três regiões:

- cápsula fibrosa

- camada cortical

- camada medular

A análise microscópica de um corte de tecido renal mostra a presença de numerosas

estruturas afuniladas, com longos tubos enrolados, denominados nefrons. Os nefrons

são estruturas funcionais dos rins. Cada rim tem aproximadamente um milhão de

nefrons.

O nefron apresenta duas regiões principais:

o glomérulo e o túbulo renal.

O glomérulo é um novelo de capilares, oriundos de ramos da artéria renal. Este

novelo é envolvido por uma pequena camada denominada cápsula de Bowmann.

Cada glomérulo com sua respectiva cápsula de Bowmann constitui o crepúsculo

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renal ou corpúsculo de Malpighi.

Ureteres

São dois tubos que ligam os rins à bexiga, originados da pelve renal. Esses dois tubos

são responsáveis pela condução de urina da pelve à bexiga. Os ureteres possuem

paredes musculares possibilitando aumento do seu diâmetro.

Bexiga

É uma espécie de bolsa que funciona como reservatório, capaz de armazenar quase

1,5 litros de urina, porém reserva em média 200 cm3.

Na mulher fica na frente do útero, no homem fica na frente da próstata.

As paredes da bexiga são formadas por músculo dos quais o principal é o detrusor,

colocado em espiral. A ação desse músculo contrai a bexiga no ato de urinar. Uma

parte do músculo detrusor envolve a porção inicial da uretra, formando um anel

denominado esfíncter lisa da bexiga. Abaixo deste localiza-se os feixes musculares

estriados, para controle voluntário do esvaziamento da bexiga.

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Uretra

Compreende um canal que conduz a urina da bexiga para o meio exterior.

Na mulher, a uretra é bem curta, aproximadamente 3 cm de comprimento e é

exclusiva do sistema urinário. No homem, é mais longa e complexa, pois além de

canalizar a urina, também conduz o sêmen para o exterior.

A formação da urina

No interior dos rins, o sangue circula nos capilares, que constituem o glomérulo, a

uma alta pressão, fazendo com que ocorra a passagem de água e substâncias

dissolvidas através de suas paredes. Estas substâncias são captadas pela cápsula de

Bowmann do túbulo, o que recebe o nome de filtração glomerular.

O conteúdo filtrado é formado por água, sais minerais, glicose, vitaminas, glicerídeos,

ácidos graxos, aminoácidos, uréia e ácido úrico. Partes dessas substâncias não podem

ser eliminadas pelo organismo, pois representaria uma perda muito grande. Logo

serão reabsorvidas ao passarem pelos túbulos contorcidos. Esse mecanismo é

chamado de reabsorção tubular. É um processo ativo para as substâncias

reabsorvidas, exceto para a água, que é passivo. A reabsorção de água está sob

controle do hormônio antidiurético ADH, sintetizado no hipotálamo. Já a reabsorção

de sódio é controlada pela aldosterora, secretada pelo córtex adrenal.

A urina formada é parte do filtrado glomerular que não foi reabsorvido pelos túbulos.

A urina goteja através dos orifícios das papilas renais caindo nos cálices.

Todo volume sangüíneo passa pelos rins em aproximadamente 5 minutos.

Aproximadamente 2.000 litros de sangue passam diariamente pelos rins, porém

apenas 200 litros são filtrados. Desse total, aproximadamente 198 litros são

reabsorvidos, de modo que apenas 1,5 a 2,0 litros passam a formar a urina.

Componentes da urina

água............. 95%

cloreto de sódio.. 1%

uréia............ 2%

ácido úrico.......0,5%

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Obs: A glicose, as proteínas e o sangue são elementos anormais à urina, o que

chamamos de glicosúria, proteinúria e hematúria

I.T.U. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

1 – O QUE É?

A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza–se pela invasão e multiplicação

bacteriana em qualquer segmento do aparelho urinário, ocasionando uma

bacteriuria sintomática ou assintomática. Essa infecção pode acometer o trato

urinário inferior (cistites e uretrites) e o trato superior, como os rins e a pelve renal

(pielonefrites).

Esta entre as doenças bacterianas mais freqüentes e de maior rico durante a infância,

devido a possibilidade de lesão renal irreversível e septicemia.

A ITU atinge preferencialmente o sexo feminino (cerca 3:1), exceto durante o

primeiro ano de vida quando, eventualmente, pode predominar no sexo masculino.

A infecção urinaria prevalece nos primeiros anos de vida, atingindo seu pico de

incidência por volta dos 3 e 4 anos de idade e sendo particularmente grave quando

acomete lactentes, em especial, os neonatos. Sua incidência eleva–se novamente por

volta da adolescência, quando as alterações hormonais favorecem a colonização

vaginal por bactérias nefritogenicas, que podem migrar para a área periuretral e

ascender pelo trato urinário, causando ITU.

As recidivas são freqüentes, sendo que apenas 20 a 30% das crianças, principalmente

meninas, apresentarão surto único. Cerca de 20% das recidivas ocorrem no primeiro

ano após o episodio inicial. Ocorre também uma associação com malformações das

vias urinarias, sendo as mais freqüentes o refluxo vesicoureteral (RVU) em ate cerca

de 30% dos pacientes e malformações obstrutivas em ate 10% dos pacientes,

podendo levar a formação de cicatrizes renais, com risco potencial para o

desenvolvimento de insuficiência renal crônica e hipertensão arterial.

2 – O QUE CAUSA?

A principal via de aquisição da ITU e a via ascendente, por patógenos que colonizam

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a região periuretral. A aquisição por via hematogenica ocorre predominantemente

no período neonatal.

Os agentes etiológicos em mais de 95% das ITUs são enterobacterias, sendo a E.coli o

principal agente em aproximadamente 90% dos casos. Outros agentes também são

encontrados como o Proteus sp (predominantemente em meninos), Klebsiela sp,

Enterobacter sp, Morganella morgam, Streptococcus feccalis, Providencia sp, Serratia

sp e P. aeruginosa (infecção intra–hospitalar), Staphylococcus saprophyticus (em

adolescentes), entre outros.

A flora intestinal anaeróbia raramente e causa de ITU, apesar de ser 100 a 1000 vezes

mais freqüente que a E.coli na flora fecal.

Como em outras infecções, ocorre uma interação entre o agente agressor e o

hospedeiro. Ai está em jogo a virulência da bactéria e os fatores relacionados ao

hospedeiro como: alterações mecânicas que contribuiriam para a migração de

enterobacterias para o trato urinário, diminuição da resposta imune sistêmica e local,

alterações anatômicas e/ou funcionais como distúrbios do padrão miccional, RVU,

obstruções do trato urinário, tratamento tardio entre outros.

3 – QUANDO SUSPEITAR?

O quadro clinico pode ser muito variável em decorrência de fatores como: idade do

paciente, estado nutricional, local da infecção (alta ou baixa), numero de infecções

anteriores, intervalo do ultimo episodio infeccioso e antibióticoterapia previa.

A suspeita clinica baseia–se na presença de sintomatologia própria do trato urinário

(disúria, polaciúria, tenesmo urinário, urgência miccional, retenção urinaria,

incontinência, enurese etc.) associada a sintomas de acometimento sistêmico, tais

como: anorexia, prostração, febre, vômitos, dor abdominal, toxemia etc.

As crianças de menor idade, em especial os lactentes e RN, têm maior risco de

apresentarem pielonefrite e bacteremia, evoluindo com sepses a partir de um foco

urinário (urosepse). Porem, e nessas crianças que o diagnostico clinico e mais difícil

de ser realizado, uma vez que a sintomatologia urinaria e pobre e o acometimento

sistêmico pode ser compatível com diversos outros quadros infecciosos.

A diferenciação entre infecção do trato urinário alto (pielonefrite) de uma infecção do

trato baixo e importante com relação a conduta terapêutica e no que se refere a

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evolução para seqüelas renais. Normalmente, a presença de febre, comprometimento

do estado geral, dor lombar e Giordano positivo sugere pielonefrite.

4 – COMO CONFIRMAR?

A urocultura é o exame de escolha para a confirmação da ITU, porém sua

confiabilidade depende da coleta adequada de urina (o trato urinário e estéril, com

exceção da uretra anterior, podendo ocorrer resultados duvidosos por contaminação

da amostra).

Qualquer que seja a técnica de coleta da amostra de urina deve–se realizar uma

rigorosa assepsia com água e sabão, e, depois de retirado o excesso, o material

colhido deve ser enviado imediatamente para semeadura.

O método de coleta e variável de acordo com a faixa etária: em crianças com menos

de dois anos (com micção involuntária) realiza–se punção suprapúbica, sondagem

vesical ou pode ser utilizado o saco coletor; em crianças maiores, com controle

esfincteriano, realiza–se preferencialmente a coleta da urina por jato médio.

5 – TRATAMENTO:

O tratamento tem por objetivo tratar a infecção bacteriana, aliviar os sintomas

agudos e evitar o aparecimento de lesões renais, investigando alterações anatômicas

e/ou funcionais que acarretem recidivas infecciosas e/ou acometimento do

parênquima renal.

O tratamento medicamentoso deve ser iniciado logo após a coleta da urina para

cultura, sempre que houver fortes indícios clínicos de ITU, principalmente em baixa

faixa etária. Em casos de bacteriuria assintomática, o tratamento e contra–indicado

devido a sua possibilidade de ocasionar a substituição da bactéria contaminante por

uma cepa de maior virulência, uma vez que o paciente tende a recolonizar o trato

urinário pouco após a suspensão do antimicrobiano.

E importante diferenciar os indivíduos em dois grupos: ITU simples e ITU complicada.

A ITU simples caracteriza–se por ocorrer no sexo feminino, em crianças maiores de

três anos de idade, ITU baixa, agente único e boa resposta ao tratamento e a ITU

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complicada por acometer crianças do sexo masculino em qualquer idade, meninas

menores de três anos, ITU alta, ma resposta a terapêutica, recidivas freqüentes,

hipertensão arterial, exames de imagem alterados, baixo ganho pondo–estatural. Na

ITU complicada a chance de ocorrer lesão renal e maior.

O emprego de esquemas curtos ou dose única não e aconselhado no tratamento da

ITU, pois poderá induzir resistência bacteriana. Habitualmente utiliza–se esquemas

terapêuticos com 7 a 10 dias de duração e a urocultura de controle e realizada 2 a 5

dias após o termino do antibiótico para confirmação da cura.

Segundo Winberg et al., os aminoglicosideos e a nitrofurantoina seriam as drogas de

escolha para o tratamento da ITU, uma vez que não causariam nenhuma repercussão

na flora intestinal, as sulfas e o acido nalidixico podem levar a uma discreta

repercussão na flora e, as cefalosporinas e amoxacilinas, uma repercussão

significativa, principalmente se utilizada por longos períodos ou com breves

intervalos.

As penicilinas também podem causas diminuição transitórias da resistência vaginal a

colonização por E.coli uropatogenica aumentando a predisposição a ITU.

A antibióticoterapia por via oral e sempre preferencial, desde que não haja contra–

indicações.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Orientar o paciente quanto a higienização íntima ou fazer a mesma quando o

paciente for incapaz de fazê-la.

Administrar terapêutica prescrita

Observar sinais de febre e dor

Ofertar uma ingesta hídrica aumentada

Controlar aspecto da urina

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Pielonefrite

Disúria

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Polaciúria

Urgência miccional

Retenção urinária

Incontinência urinária

Hematúria

Enurese

Poliúria

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA – IRA

1 – O QUE É?

Pode ser definida como um declínio abrupto da função renal, caracterizado por uma

diminuição da filtração glomerular, resultando na retenção de uréia nitrogenada e de

creatinina no sangue, e diminuição da diurese (oligúria ou mais raramente, anúria).

2 – O QUE CAUSA?

Pré-renal (causas no suprimento de sangue):

* Hipotensão (diminuição no suprimento de sangue), geralmente por choque,

ataque cardíaco, ou desidratação e perda de fluidos.

* Problemas vasculares Renais (danos no próprio rim):

* Infecção.

* Toxinas ou medicamentos.

* Rabdomiolise (rompimento do tecido muscular) - a liberação resultante de

mioglobina no sangue afeta os rins.

* Hemolise (rompimentos de hemácia).

* Mieloma múltiplo.

* Hiperparatiroidismo primário

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3 – QUANDO SUSPEITAR?

- Alteração na cor da urina (fica parecida com coca-cola ou sanguinolenta)

- Dor ou ardor quando estiver urinando

- Passar a urinar toda hora

- Levantar mais de uma vez ->noite para urinar

- Inchaço dos tornozelos ou ao redor dos olhos

- Dor lombar

- Pressão sangüínea elevada

- Anemia (palidez anormal)

- Fraqueza e desânimo constante

4 – COMO CONFIRMAR?

Se você tem uma doença ou condição clínica que aumente o risco de Insuficiência

Renal Aguda (choque, queimaduras severas, infarto do coração, lesão por

esmagamento, etc.), seu médico irá monitorar de perto os sinais e sintomas de

falência dos rins. Ele pode solicitar exames de sangue e urina para medir a

quantidade de urina que você produz. Se você tem condições médicas crônicas que

aumentam o risco de lesão renal no longo prazo (diabetes, pressão alta,

glomerulonefrite crônica, etc.), seu médico medirá sua pressão sanguínea e procurará

sintomas de Insuficiência Renal Crônica como parte das visitas ao consultório

marcadas regularmente.

Para confirmar o diagnóstico de Insuficiência Renal Aguda, seu médico solicitará um

exame simples de urina (URINA I), exames de urina mais sofisticados, e exames de

sangue para checar anormalidades químicas como os níveis de uréia, creatinina,

ácido úrico e fosfato (todos subprodutos que o rim normalmente remove do

organismo com eficiência) aumentados no sangue. Níveis destas substâncias

químicas estão elevados em pessoas com função renal ruim. Outros exames podem

incluir uma Radiografia de Tórax para afastar sinais de insuficiência cardíaca, exames

para descartar obstrução nas vias urinárias (Radiografias de abdômen, exame de

ultra-som dos rins) e possivelmente uma biópsia renal (tirar uma amostra de tecido do

rim para exame no laboratório).

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5 – TRATAMENTO:

O tratamento começa com medidas para corrigir a causa da Insuficiência Renal

(choque, hemorragia, queimaduras, infarto do coração, etc.). Depois disto, o

tratamento mais específico dos rins pode incluir a administração de líquidos

intravenosos (em uma veia) para corrigir qualquer perda fluida anormal,

medicamentos chamados diuréticos que aumentam a produção de urina, restrição

hídrica, uma dieta com baixa quantidade de proteína e rica em carboidratos

(açucares), medicamentos para ajustar os níveis altos ou baixos de substâncias

químicas no sangue como o potássio, e medicamentos para controlar a pressão alta.

Se o paciente desenvolve hipertensão severa, sobrecarga cardíaca grave, insuficiência

cardíaca congestiva, sintomas de função cerebral alterada ou anormalidades severas

na química do sangue, a diálise no curto prazo pode ser necessária.

6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Controlar rigorosamente o balanço hídrico

Incentivar a ingesta hídrica

Incentivar ao auto cuidado

Avaliar estado emocional do paciente

Aplicar terapêutica prescrita

Verificar PA.

Avaliar nível de desconforto

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Oligúria

Anúria

Uréia

Creatinina

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INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA – IRC

1 – O QUE É?

Insuficiência renal crônica é a perda lenta, progressiva e irreversível das funções

renais. Por ser lenta e progressiva, esta perda resulta em processos adaptativos que,

até certo ponto, mantêm o paciente sem sintomas da doença.

Até que tenham perdido cerca de 50% de sua função renal, os pacientes

permanecem quase que sem sintomas. A partir daí podem aparecer sintomas e sinais

que nem sempre incomodam muito o paciente. Assim, anemia leve, pressão alta,

edema (inchaço) dos olhos e pés, mudança nos hábitos de urinar (levantar diversas

vezes à noite para urinar) e do aceito da urina (urina muito clara, sangue na urina,

etc.). Deste ponto até que os rins estejam funcionando somente 10-12% da função

renal normal, podem-se tratar os pacientes com medicamentos e dieta. Quando a

função renal se reduz abaixo destes valores, torna-se necessário o uso de outros

métodos de tratamento da insuficiência renal: diálise ou transplante renal.

2 – O QUE CAUSA?

Diversas são as doenças que levam à insuficiência renal crônica. As três mais comuns

são a hipertensão arterial, a diabetes e a glomerulonefrite.

A hipertensão arterial (pressão alta) é outra importante causa de insuficiência renal.

Como os rins são os responsáveis no organismo pelo controle da pressão, quando

eles não funcionam adequadamente, há subida na pressão arterial que, por sua vez,

leva à piora da disfunção renal, fechando assim um ciclo de agressão aos rins. O

controle correto da pressão arterial é um dos pontos principais na prevenção da

insuficiência renal e da necessidade de se fazer diálise.

O diabetes é uma das mais importantes causas de falência dos rins, com um

número crescente de casos. Após cerca de 15 anos de diabetes, alguns pacientes

começam a ter problemas renais. As primeiras manifestações são a perda de

proteínas na urina (proteinúria), o aparecimento de pressão arterial alta e, mais tarde,

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o aumento da uréia e da Creatinina do sangue.

Uma causa muito freqüente de insuficiência renal é a glomerulonefrite (“nefrite

crônica”). Ela resulta de uma inflamação crônica dos rins. Depois de algum tempo, se

a inflamação não é curada ou controlada, pode haver perda total das funções dos

rins.

Outras causas de insuficiência renal são: rins policísticos (grandes e numerosos

cistos crescem nos rins, destruindo-os), a pielonefrite (infecções urinárias repetidas

devido à presença de alterações no trato urinário, pedras, obstruções, etc.) e doenças

congênitas (“de nascença”).

- QUANDO SUSPEITAR?

Segue abaixo alguns dos sinais de insuficiência renal crônica:

-Pressão Alta

-Diabetes

-Dificuldade de urinar

-Queimação ou dor quando urina

-Urinar muitas vezes, principalmente à noite

-Urina com aspecto sanguinolento

-Urina com muita espuma

-Inchaço ao redor dos olhos e nas pernas

-Dor lombar, que não piora com movimentos

-História de pedras nos rins.

3 – COMO CONFIRMAR?

A insuficiência renal crônica é diagnosticada através de exames de sangue.

Tipicamente, o sangue torna-se moderadamente ácido (acidose). Dois produtos da

degradação metabólica, a uréia e a Creatinina, as quais são normalmente filtradas

pelos rins, acumulam-se no sangue. A concentração de cálcio diminui e a de fosfato

aumenta. A concentração de potássio no sangue permanece normal ou aumenta

discretamente. Contudo, ela pode tornar-se perigosamente elevada. O volume

urinário tende a permanecer igual (geralmente, 1 a 4 litros por dia),

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independentemente da quantidade de líquido ingerida. Normalmente, o indivíduo

apresenta uma anemia moderada. A urinálise (análise da urina) pode detectar muitas

alterações, incluindo células e concentrações de sais anormais.

4 – TRATAMENTO:

A insuficiência renal crônica geralmente piora independentemente do tratamento e,

quando não tratada, é fatal. A diálise ou o transplante renal podem salvar a vida do

indivíduo.

As condições que causam insuficiência renal devem ser corrigidas o mais

rapidamente possível. Essas ações incluem a correção dos desequilíbrios de sódio, de

água e ácido-básicos, a remoção de substâncias tóxicas dos rins, o tratamento da

insuficiência cardíaca, da hipertensão arterial, das infecções da concentração

sangüínea elevada de potássio (hipercalemia) ou de cálcio (hipercalcemia) e de

qualquer obstrução do fluxo urinário.

Uma especial atenção à dieta ajuda no controle da acidose e das concentrações

elevadas de potássio e de fosfato no sangue. Uma dieta pobre em proteínas (0,4 a 0,8

g por quilo de peso corpóreo ideal) pode retardar a velocidade da progressão da

insuficiência renal crônica à insuficiência renal terminal, para a qual é necessária a

instituição da diálise ou a realização de um transplante renal. Comparados com os

não diabéticos os indivíduos diabéticos normalmente necessitam de um desses

tratamentos mais precocemente. Quando a dieta é rigorosamente limitada ou

quando a diálise é iniciada, é recomendável a administração de uma suplementação

vitamínica contendo vitaminas do grupo B e vitamina C.

Comum nos indivíduos com insuficiência renal crônica, a concentração elevada de

triglicerídeos no sangue aumenta o risco de complicações (p.ex., acidentes vasculares

cerebrais e infarto do miocárdio). Medicamentos, como o genfibrozil, podem ser

utilizados com o objetivo de reduzir a concentração de triglicerídeos, embora ainda

não tenham sido publicadas pesquisas demonstrando que essas drogas reduzem as

complicações cardiovasculares.

Durante a insuficiência renal, as alterações da sede normalmente determinam o

consumo de água. Ocasionalmente, para evitar que a concentração de sódio no

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sangue torne-se muito baixa, o consumo de água deve ser limitado. A ingestão de sal

(sódio) normalmente não é limitada, exceto quando existe edema (acúmulo de

líquido nos tecidos) ou hipertensão arterial. Os alimentos muito ricos em potássio

(p.ex., substitutos do sal) devem ser evitados e os alimentos ricos em potássio não

devem ser consumidos em excesso. Uma concentração elevada de potássio

(hipercalemia) no sangue é perigosa, pois ela aumenta o risco de arritmias cardíacas

(ritmos cardíacos anormais) de parada cardíaca. Quando a concentração de potássio

torna-se excessivamente elevada, drogas como o sulfonato de poliestireno sódico

podem ligar-se ao potássio, fazendo com que ele seja excretado nas fezes. No

entanto, a diálise de emergência pode ser necessária.

A formação dos ossos pode ser comprometida quando determinadas condições

persistem durante um longo período. Essas condições incluem a baixa concentração

de calcitriol (um derivado da vitamina D), o consumo escasso e a má absorção de

cálcio e as concentrações elevadas de fosfato e do hormônio da paratireóide

(paratormônio) no sangue. A concentração de fosfato no sangue é controlada

através da restrição do consumo de alimentos ricos em fósforo (p.ex., produtos

laticínios, fígado, legumes, nozes e a maioria dos refrigerantes). Os medicamentos

orais que ligam o fosfato como, por exemplo, o carbonato de cálcio, o acetato de

cálcio e o hidróxido de alumínio (um antiácido comum), também podem ser úteis.

A anemia é causada pela incapacidade dos rins de produzir quantidades suficientes

de eritro-poietina (um hormônio que estimula a produção de eritrócitos). A anemia

responde lentamente à epoetina, uma droga injetável. As transfusões de sangue

somente são realizadas quando a anemia é intensa ou sintomática. O médico

também investiga outras causas de anemia, particularmente as deficiências dietéticas

de nutrientes como, por exemplo, de ferro, de ácido fólico (folato) e de vitamina B12,

ou o excesso de alumínio no organismo.

A tendência ao sangramento na insuficiência renal crônica pode ser

temporariamente suprimida por transfusões de eritrócitos (hemácias, glóbulos

vermelhos) ou de plaquetas ou por medicamentos (p.ex., desmopressina ou

estrógenos). Este tratamento pode ser necessário após uma lesão, ou antes, de um

procedimento cirúrgico ou de uma extração dentária.

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Os sintomas da insuficiência cardíaca, a qual é mais comumente devida à retenção

excessiva de sódio e de água, melhoram com a redução da ingestão de sódio com os

alimentos. Os diuréticos (p.ex., furosemida, bumetanida e torsemida) também podem

ser eficazes, mesmo quando a função renal é ruim. Elevações moderadas ou graves

da pressão arterial são tratadas com medicamentos anti-hipertensivos usuais para

prevenir o comprometimento das funções cardíaca e renal.

Quando os tratamentos iniciais da insuficiência renal deixam de ser eficaz, o médico

deve aventar a instituição da diálise prolongada ou o transplante renal.

DIÁLISE

A diálise é o processo de remoção de produtos da degradação metabólica e do

excesso de água do organismo.

Existem dois métodos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal. Na hemodiálise,

o sangue é removido do corpo e bombeado até um aparelho que retira as

substâncias tóxicas do organismo e, em seguida, retorna o sangue purificado ao

indivíduo. A quantidade total de líquido retornado pode ser ajustada.

Na diálise peritoneal, é realizada a infusão no interior da cavidade abdominal de um

líquido contendo uma mistura especial de glicose e sais que retira as substâncias

tóxicas dos tecidos. Em seguida, o líquido é retirado da cavidade abdominal e

descartado. Para a remoção de uma maior ou uma menor quantidade de líquido do

organismo, a quantidade de glicose pode ser ajustada.

RAZÕES PARA A DIÁLISE

Os médicos decidem iniciar a diálise quando a insuficiência renal causa encefalopatia

urêmica (disfunção cerebral), pericardite (inflamação do pericárdio, o saco que

envolve o coração), acidose (acidez elevada do sangue) não responsiva a outros

tratamentos, insuficiência cardíaca ou uma concentração muito elevada de potássio

no sangue (hipercalemia). Em geral, os sintomas da disfunção cerebral causada pela

insuficiência renal são revertidos pela diálise em alguns dias, ou, raramente, em até

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duas semanas.

Muitos médicos utilizam a diálise preventivamente na insuficiência renal aguda

quando o débito urinário é baixo e continuam os tratamentos até os exames de

sangue indicarem a restauração da função renal. Para a insuficiência renal crônica, a

diálise pode ser iniciada quando os exames indicarem que os rins não estão

removendo adequadamente os produtos da degradação metabólica ou quando o

indivíduo não consegue mais realizar as atividades quotidianas.

A freqüência da diálise varia de acordo com o nível da função renal remanescente.

No entanto, a maioria dos indivíduos necessita de 2 a 3 sessões de diálise por

semana. Um programa de diálise eficaz permite ao indivíduo levar uma vida

razoavelmente normal, a manter uma dieta razoável, uma contagem de eritrócitos

aceitável, uma pressão arterial normal e não desenvolver qualquer lesão nervosa. A

diálise pode ser utilizada como tratamento de longo prazo para a insuficiência renal

crônica ou como uma medida paliativa antes de um transplante renal. Para a

insuficiência renal aguda, a diálise pode ser necessária por apenas alguns dias ou

semanas, até a função renal ser restaurada.

A diálise também pode ser utilizada para remover certas drogas ou venenos do

corpo. Freqüentemente, os indivíduos sobrevivem a envenenamentos quando é

instituída imediatamente a assistência ventilatória e cardíaca enquanto o veneno está

sendo removido.

PROBLEMAS

Os indivíduos submetidos à diálise necessitam de dietas e medicamentos especiais.

Devido à inapetência e à perda de proteínas durante a diálise peritoneal, eles

geralmente necessitam de uma dieta relativamente rica em proteínas

(aproximadamente 0,1 g de proteínas por quilo de peso corpóreo ideal por dia). Para

os indivíduos submetidos à hemodiálise, o consumo de sódio e de potássio deve ser

limitado a 2 g de cada por dia. O consumo de alimentos ricos em fósforo também

deverá ser limitado. A ingestão diária de líquidos será limitada apenas para aqueles

que apresentam uma concentração sérica de sódio persistentemente baixa ou que

vem diminuindo progressivamente. É importante controlar o peso do indivíduo

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diariamente e um ganho de peso excessivo entre as sessões de hemodiálise sugere

um consumo excessivo de líquidos. Para os indivíduos submetidos à diálise peritoneal,

as restrições de potássio (4 gramas diários) e de sódio (3 a 4 gramas diários) são

menos rigorosas.

Para repor os nutrientes perdidos durante a diálise, o indivíduo deve tomar

suplementos polivitamínicos e de ferro. No entanto, os indivíduos submetidos à

diálise e que recebem muitas transfusões sangüíneas freqüentemente apresentam

um excesso de ferro, pois o sangue contém uma grande quantidade desse mineral.

Conseqüentemente, eles não devem tomar suplementos de ferro. Podem ser

administrados hormônios (p.ex., testosterona ou eritropoetina) para estimular a

produção de eritrócitos. As substâncias que ligam o fosfato (p.ex., carbonato de cálcio

ou acetato de cálcio) são administradas para remover o excesso de fosfato.

A concentração baixa de cálcio no sangue ou a doença óssea causada pelo

Hiperparatiroidismo grave podem ser tratadas com o calcitriol (uma forma de

vitamina D) e a suplementação de cálcio.

A hipertensão arterial é comum entre os indivíduos com insuficiência renal. Este

problema pode ser controlado em aproximadamente 50% dos indivíduos com a

simples remoção de uma quantidade suficiente de líquido durante a diálise. Os outros

50% podem necessitar de medicamentos anti-hipertensivos.

Para os indivíduos submetidos à diálise crônica, os tratamentos regulares os mantêm

vivos. Contudo, a diálise freqüentemente causa estresse, pois os tratamentos são

contínuos e realizados várias vezes por semana, durando várias horas.

Os indivíduos submetidos à diálise podem sofrer perdas em todos os aspectos de suas

vidas. A possibilidade da perda da independência pode ser particularmente

angustiante. Esses indivíduos dependem da equipe de tratamento. Os indivíduos

submetidos à hemodiálise organizar o transporte regular aos centros de diálise, pois

devem ter um acesso ininterrupto a esse tipo de tratamento. As sessões de diálise,

freqüentemente programadas de acordo com a conveniência de terceiros, influencia

o esquema de trabalho, de estudo ou de atividades de lazer do indivíduo. A

manutenção de um emprego regular pode ser impossível. Os indivíduos em diálise

podem necessitar de auxílio da comunidade para enfrentar o alto custo dos

tratamentos, dos medicamentos, das dietas especiais e do transporte. Os adultos

idosos submetidos à diálise podem tornar-se mais dependentes de seus filhos ou

podem ser incapazes de viver sozinhos. Freqüentemente, os papéis e

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responsabilidades familiares estabelecidos devem ser modificados para se adequarem

à rotina da diálise, o que causa estresse e sentimentos de culpa e de inadequação.

Os indivíduos submetidos à diálise também enfrentam perdas e alterações

estressantes da imagem e das funções orgânicas. As crianças cujo crescimento foi

comprometido podem sentir-se isoladas e diferentes de seus companheiros. As

questões relacionadas à identidade, à independência e à imagem corpórea

enfrentadas pelos adultos jovens e pelos adolescentes podem tornar-se mais

complicadas devido à diálise.

Como conseqüência dessas perdas, muitas pessoas submetidas à diálise tornam-se

deprimidas e ansiosas. Não obstante, a maioria dos indivíduos consegue adaptar-se à

diálise. Como os indivíduos submetidos à diálise (e a equipe de tratamento)

enfrentam essas questões afetam não apenas o seu ajuste social, mas também a sua

sobrevida em longo prazo. Geralmente, os problemas psicológicos e sociais

diminuem quando os programas de diálise estimulam o indivíduo a ser independente

e a retomar seus interesses anteriores.

Freqüentemente, o aconselhamento psicológico e social para a depressão, para os

distúrbios comportamentais e os assuntos envolvendo perdas ou ajustes ajuda tanto

as famílias quanto as pessoas que estão sendo submetidas à diálise. Esses serviços são

fornecidos por assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras. Muitos centros de diálise

oferecem auxílio psicológico e social.

HEMODIÁLISE

A hemodiálise, um procedimento no qual o sangue é removido do corpo e circulado

através de um aparelho externo (denominado dialisador), exige o acesso repetido à

corrente sangüínea. Uma fístula arteriovenosa (conexão artificial entre uma artéria e

uma veia) é criada cirurgicamente para facilitar o acesso.

Na hemodiálise, o sangue do paciente flui através de um tubo conectado à fístula

arteriovenosa (AV) e é bombeado até o dialisador. A heparina (uma droga que

impede a coagulação) é utilizada durante a diálise para evitar a coagulação do

sangue no interior do dialisador. No interior do dialisador, uma membrana artificial

porosa separa o sangue de um líquido (dialisador), o qual possui uma composição

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química similar dos líquidos corpóreos normais. A pressão no compartimento da

membrana onde se encontra o dialisador é mais baixa que a do compartimento onde

se encontra o sangue, permitindo a filtração do líquido, de produtos da degradação

metabólica e de substâncias tóxicas presentes no sangue através da membrana para

o interior do dialisador. No entanto, as células sangüíneas e as proteínas maiores são

muito grandes para serem filtradas através dos pequenos poros da membrana. O

sangue dialisado (purificado) é em seguida retornado ao corpo do indivíduo.

Os dialisadores possuem tamanhos e graus de eficácia diferentes. As unidades mais

modernas são muito eficazes, permitindo que o sangue flua com mais rapidez e

abreviando o tempo da diálise. Por exemplo, as unidades modernas exigem 2 a 3

horas diárias de diálise, 3 vezes por semana, em comparação com uma mais antiga

que exige 3 a 5 horas diárias, 3 vezes por semana. Para permanecerem saudáveis, a

maioria dos indivíduos com insuficiência renal crônica necessita de hemodiálise 3

vezes por semana.

Possíveis Complicações da Hemodiálise

Complicação Causa

Febre

Bactérias ou substâncias causadoras de febre

(pirógenos) na corrente sangüínea Dialisado

superaquecido

Reação alérgica com

risco de vida (anafilaxia) Alergia a alguma substância no aparelho

Baixa pressão arterial Remoção de líquido em excesso

Ritmos cardíacos

anormais

Níveis sangüíneos anormais de potássio e outras

substâncias

Êmbolo de ar Ar que entra no sangue, na máquina

Sangramento no

intestino, cérebro, olhos

ou abdome

Uso de heparina para evitar coagulação no aparelho

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DIÁLISE PERITONEAL

Na diálise peritoneal, o peritônio (membrana que reveste o abdômen e os órgãos

abdominais) funciona como um filtro permeável. Esta membrana possui uma grande

área superficial e uma rica rede de vasos sangüíneos. As substâncias presentes no

sangue podem ser facilmente filtradas através do peritônio para o interior da

cavidade abdominal quando as condições forem adequadas. É realizada a infusão do

líquido através de um cateter inserido através da parede abdominal até o espaço

peritoneal no interior do abdômen. Para permitir a passagem dos produtos da

degradação metabólica presentes no sangue para o interior do líquido, este deve

permanecer um tempo suficiente no interior do abdômen. Em seguida, o líquido é

drenado, descartado e substituído por um líquido novo.

Normalmente, é utilizado um cateter de borracha de silicone macia ou de poliuretano

poroso, pois esses materiais permitem o fluxo suave do líquido e é improvável que

causem lesões. O cateter temporário pode ser passado à beira do leito e o cateter

permanente deve ser passado em uma sala cirúrgica. Um tipo de cateter permanente

forma uma vedação com a pele e pode ser tampado quando não estiver sendo

utilizado.

São utilizadas várias técnicas de diálise peritoneal. Na técnica mais simples, a diálise

peritoneal manual intermitente, as bolsas que contêm o líquido são aquecidas até a

temperatura corpórea. A seguir, o líquido é infundido no interior da cavidade

peritoneal durante 10 minutos, sendo mantido na cavidade durante 60 a 90 minutos

e, a seguir, ele é drenado durante um período de10 a 20 minutos. O tratamento

completo pode levar doze horas. Esta técnica é utilizada, sobretudo no tratamento da

insuficiência renal aguda.

A diálise peritoneal intermitente com ciclagem automatizada pode ser realizada em

casa pelo próprio indivíduo, eliminando a necessidade de atenção constante de

pessoal especializado. Um aparelho com relógio automático bombeia

automaticamente o líquido e o drena da cavidade peritoneal. Normalmente, os

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indivíduos ajustam o dispositivo de ciclagem no momento de dormir para que a

diálise seja realizada durante o sono. Esses tratamentos devem ser realizados 6 a 7

noites por semana.

Na diálise peritoneal contínua ambulatorial, o líquido é mantido no interior da

cavidade abdominal durante intervalos extremamente longos. Comumente, o líquido

é drenado e reposto quatro a cinco vezes ao dia. Os líquidos são acondicionados em

bolsas flexíveis de cloreto de polivinila, as quais podem ser dobradas quando vazias

colocada entre as vestimentas e utilizadas em drenagens subseqüentes, sem que haja

necessidade de desconexão do cateter. Normalmente, o indivíduo realiza 3 trocas de

líquidos durante o dia, em intervalos de 4 horas ou mais. Cada troca leva 30 a 45

minutos. Uma troca mais demorada (8 a 12 horas) é realizada à noite, durante o

sono.

Outra técnica, a diálise peritoneal contínua auxiliada por um dispositivo de ciclagem,

utiliza um dispositivo de ciclagem automática para realizar trocas curtas à noite,

durante o sono, enquanto que as trocas mais longas são realizadas durante o dia,

sem o dispositivo de ciclagem. Esta técnica minimiza o número de trocas durante o

dia, mas ela impede a mobilidade durante a noite por causa do grande porte do

equipamento.

Comparação Entre Hemodiálise e Diálise Peritoneal

Quando os rins falham, os produtos da

degradação metabólica e o excesso de

água podem ser removidos do sangue

através da hemodiálise ou da diálise

peritoneal. Na hemodiálise, o sangue é

removido do corpo e circulado através

de um aparelho denominado

dialisador, o qual realiza a sua filtração.

Através da membrana, o líquido, os

produtos da degradação metabólica e

as substâncias tóxicas presentes no

sangue são filtrados para o dialisador.

O sangue purificado retorna ao corpo

da pessoa.

Na diálise peritoneal, um cateter é

inserido através de pequena incisão na

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Na diálise peritoneal, o peritônio, uma

membrana existente no abdômen, é

utilizado como filtro.

Na hemodiálise, uma fístula

arteriovenosa (conexão entre uma

artéria e uma veia) é criada

cirurgicamente para facilitar a remoção

e o retorno do sangue. O sangue flui

para o dialisador através de um tubo

conectado à fístula. No interior do

dialisador, uma membrana artificial

separa o sangue de um líquido

(dialisado) similar aos líquidos

corpóreos normais.

parede abdominal até o espaço

peritoneal. O dialisado drena através da

ação da força da gravidade ou é

bombeado através de um cateter,

sendo mantido no espaço peritoneal

durante um período suficiente para

permitir a filtragem dos produtos da

degradação metabólica presentes no

sangue para o dialisado. Em seguida, o

dialisado é drenado, descartado e

substituído.

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COMPLICAÇÕES

Embora muitos indivíduos sejam submetidos à diálise peritoneal durante anos sem

qualquer problema, complicações podem ocorrer. O sangramento pode ocorrer no

local onde o cateter foi passado ou no interior da cavidade abdominal ou um órgão

interno pode ser perfurado durante a instalação de um cateter. Pode ocorrer

extravasamento de líquido em torno do cateter ou para o interior da parede

abdominal. O fluxo do líquido pode ser bloqueado por coágulos ou outros resíduos.

No entanto, a complicação mais grave da diálise peritoneal é a infecção. Ela pode

envolver o peritônio, a pele da região onde o cateter foi passado ou a área em torno

do cateter, causando a formação de um abcesso. Normalmente, a infecção ocorre

devido a uma falha na técnica de assepsia durante alguma parte da diálise.

Comumente, os antibióticos conseguem combater a infecção. Quando isto não

ocorre, pode ser necessária a retirada do cateter até o desaparecimento da infecção.

Outros problemas podem associar-se à diálise. A concentração baixa de albumina no

sangue (hipoalbuminemia) é comum. As complicações mais raras incluem a esclerose

peritoneal (cicatrização do peritônio) que acarreta uma obstrução parcial do intestino

delgado, o hipotireoidismo (concentração baixa do hormônio tireoidiano) e crises

convulsivas. A hiperglicemia (concentração elevada de glicose no sangue) também é

rara, exceto em pacientes diabéticos. Aproximadamente 10% dos pacientes

apresentam hérnias abdominais e inguinais.

Os indivíduos submetidos à diálise peritoneal podem apresentar uma propensão à

constipação, a qual interfere na drenagem do cateter. Conseqüentemente, eles

podem necessitar de laxantes e de emolientes fecais.

Geralmente, a diálise peritoneal não é realizada em indivíduos que apresentam

infecções da parede abdominal, conexões anormais entre o tórax e o abdômen, um

enxerto artificial de vaso sangüíneo recém-instalado no abdômen ou uma ferida

abdominal recente.

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6 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Acompanhar paciente durante tratamento dialítico

Verificar sinais vitais

Controle peso

Auxiliar médio e enfermeiro durante hemodiálise

Controlar balanço hídrico

Observar sinais de choque hipovolêmico

Observar sinais de anemia

Proporcionar conforto

Administrar terapêutica prescrita

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Inapetência

Encefalopatia urêmica

Hipercalcemia

Hipercalemia

Hipernatremia

Fístula arteriovenosa

SISTEMA ENDÓCRINO

ANATOMIA E FISIOLOGIA

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como

atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são

lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do organismo,

controlando ou auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função

controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.

Constituição dos órgãos do sistema endócrino

Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares

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formam as glândulas, que podem ser uni ou

pluricelulares. As glândulas pluricelulares não são apenas

aglomerados de células que desempenham as mesmas

funções básicas e têm a mesma morfologia geral e origem

embrionária - o que caracteriza um tecido. São na verdade

órgãos definidos com arquitetura ordenada. Elas estão

envolvidas por uma cápsula conjuntiva que emite septos,

dividindo-as em lobos. Vasos sangüíneos e nervos

penetram nas glândulas, fornecendo alimento e estímulo

nervoso para as suas funções.

Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas

corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso,

formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode

fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema

endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o

sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na coordenação e

regulação das funções corporais.

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PÂNCREAS

É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões endócrinas e

determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem dutos que lançam as

secreções para o interior da cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas

ilhotas de Langerhans são a porção endócrina, onde estão as células que secretam os

dois hormônios: insulina e glucagon, que atuam no metabolismo da glicose.

DIABETES MELITUS

1 – O QUE É?

O Diabetes Melitus é uma síndrome decorrente da falta de produção da insulina; da

diminuição da produção de insulina e/ou da incapacidade da insulina produzida

exercer adequadamente suas ações. A hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) é

o parâmetro para fazer o diagnóstico e avaliar a terapia.

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Tipo 1: Resulta da destruição das células beta pancreáticas, por mecanismo mediado

por células, ou seja, através de um processo auto-imune , encerrando a produção de

insulina, sendo então as aplicações de insulina a única forma de tratamento.

A evolução clínica é rápida; o pico de incidência ocorre na infância e na adolescência,

no restante dos portadores o início poderá acontecer em qualquer idade.

Algumas formas de diabetes tipo 1 são idiopáticas, ou seja, de origem indeterminada.

Tipo 2 : Nesse tipo de diabetes, há uma resistência à ação da insulina, em uma

combinação com uma deficiência relativa de secreção de insulina.

Pessoas classificadas inicialmente com este tipo de diabetes não precisam de insulina

para alcançar um controle satisfatório. Acomete 90% da população com diabetes,

dentre eles a maioria são obesos, hipertensos, sedentários e principalmente

apresentam história familiar.

Seus sinais e sintomas podem passar sem diagnóstico durante muitos anos,

aumentando os riscos de se desenvolver complicações microvasculares e macro

vasculares do diabetes.

Gestacional: Este tipo de diabetes é diagnosticado durante a gestação. Há uma

resistência insulínica provocada por hormônios produzidos na placenta (prolactina,

glucagon, progesterona, lactogênico, placentário), portanto a glicose (açúcar)

permanece elevada no sangue materno, facilitando seu transporte e difusão pela

placenta até o feto. Os riscos são maiores na mulher que já apresentou diabetes em

outras gestações, histórico familiar de diabetes, história de aborto espontâneo, morte

intra-uterina ou neonatal, bebe que nasceu com mais de 4 kg e de má formação

congênita. Quanto mais fatores de risco a mulher apresentar, maiores serão as

probabilidades de desenvolver diabetes gestacional.

2 – O QUE CAUSA?

1º - Falta de insulina. Nestes casos, o pâncreas não produz insulina ou a produz em

quantidades muito baixas. Com a falta de insulina, a glicose não entra nas células,

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permanecendo na circulação sanguínea em grandes quantidades. Para esta situação,

os médicos chamaram esse tipo de Diabetes de Diabetes Melitus tipo 1 (DM tipo 1).

2º - Mau funcionamento ou diminuição dos receptores das células. Nestes casos, a

produção de insulina está normal. Mas como os receptores (portas) não estão

funcionando direito ou estão em pequenas quantidades, a insulina não consegue

promover a entrada de glicose necessária para dentro das células, aumentando

também as concentrações da glicose na corrente sanguínea. A esse fenômeno, os

cientistas chamaram de “resistência à insulina”. Para esse segundo tipo de Diabetes, o

médicos deram o nome de Diabetes Melitus tipo 2 (DM tipo 2).

3 – QUANDO SUSPEITAR?

A tríade clássica dos sintomas da diabetes é poliúria (pessoa urina com freqüência),

polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos), polifagia (apetite

aumentado). Pode ocorrer perda de peso. Estes sintomas podem se desenvolver

bastante rapidamente no tipo 1, particularmente em crianças (semanas ou meses) ou

pode ser subtil ou completamente ausente — assim como se desenvolver muito mais

lentamente — no tipo 2. No tipo 1 pode haver também perda de peso (apesar da

fome aumentada ou normal) e fadiga. Estes sintomas podem também se manifestar

na diabetes tipo 2 em pacientes cuja diabetes é má controlada.

Quando a concentração de glicose no sangue está alta (acima do limiar renal), a

reabsorção de glicose no túbulo proximal do rim é incompleta, e parte da glicose é

excretada na urina (glicosúria). Isto aumenta a pressão osmótica da urina e

consequentemente inibe a reabsorção de água pelo rim, resultando na produção

aumentada de urina (poliúria) e na perda acentuada de líquido. O volume de sangue

perdido será reposto osmoticamente da água armazena das células do corpo,

causando desidratação e sede aumentada.

Quando os níveis altos de glicose permanecem por longos períodos, ocorre a

absorção de glicose e isto causa mudanças no formato das lentes dos olhos, levando

a dificuldades de visão. A visão borrada é a reclamação mais comum que leva ao

diagnóstico de diabetes; o tipo 1 deve ser suspeito em casos de mudanças rápidas na

visão, ao passo que o tipo 2 geralmente causa uma mudança mais gradual.

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Pacientes (geralmente os com diabetes tipo 1) podem apresentar também

cetoacidose diabética, um estado extremo de desregulação metabólica caracterizada

pelo cheiro de acetona na respiração do paciente, respiração Kussmaul (uma

respiração rápida e profunda), poliúria, náusea, vómito e dor abdominal e qualquer

um dos vários estados de consciência alterados (confusão, letargia, hostilidade,

mania, etc.). Na cetoacidose diabética severa, pode ocorrer o coma (inconsciência),

progredindo para a morte. De qualquer forma, a cetoacidose diabética é uma

emergência médica e requer atenção de um especialista.

Um estado raro, porém igualmente severo, é o estado não-cetótico, que é mais

comum na diabetes tipo 2, e é principalmente resultante da desidratação devido à

perda de líquido corporal. Freqüentemente o paciente tem ingerido quantidades

imensas de bebidas contendo açúcar, levando a um ciclo vicioso em consideração à

perda de líquido.

4 – COMO CONFIRMAR?

O teste da dosagem sanguínea da glicemia (ou glicose) em jejum é o teste de escolha

para diagnóstico do diabetes tipo 1 e tipo 2 em crianças, homens e mulheres não-

gestantes. Em gestantes, o teste de escolha é o Teste Oral de Tolerância à Glicose

(TOTG). Caso alguns destes testes sejam positivos, um segundo teste (realizado em

outro dia) será necessário para confirmar o diagnóstico de diabetes Melitus.

Abaixo seguem os valores das taxas de glicose no sangue (ou glicemia) utilizados

para fazer o diagnóstico do diabetes Melitus tipo 1 ou do tipo 2.

Teste da glicose em jejum (ou glicemia de jejum):

Valores de glicose sanguínea iguais ou maiores que 126 mg/dl (miligramas por

decilitro) indicam a presença de diabetes. Nestes casos, o jejum deve ser de 8 horas.

Teste de Tolerância Oral à Glicose – TTOG:

Valores de glicose sanguínea iguais ou maiores que 200 mg/dl (miligramas por

decilitro), quando dosada 2 horas pós ter ingerido 75 g (gramas) de glicose dissolvida

em água, indicam a presença de diabetes.

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Dosagem aleatória de glicose sanguínea:

Valores de glicose sanguínea iguais ou maiores que 200 mg/dl, quando dosada em

qualquer hora do dia, mesmo não estando de jejum, podem indicar a presença de

diabetes quando o indivíduo já apresenta os sintomas de diabetes.

Observação: No diabetes gestacional, geralmente os níveis de glicose de jejum

podem estar dentro da normalidade. Por isso, nesses casos, um Teste Oral de

Tolerância à Glicose (TOTG) é indicado. Para gestantes, o TOTG é diferente do citado

acima. Nestes casos, a glicose é medida em jejum e checada por 2 ou 3 vezes após ter

ingerido uma solução de glicose. Devido à complexidade do teste, recomendamos

que o mesmo fosse sempre prescrito e avaliado por médicos.

5 – TRATAMENTO:

A diabetes mellitus é uma doença crônica, sem cura por tratamentos convencionais, e

sua ênfase médica deve ser necessariamente em evitar/administrar problemas

possivelmente relacionados à diabetes, a longo ou curto prazo.

O tratamento é baseado cinco conceitos:

Conscientização e educação do paciente, sem a qual não existe aderência.

Alimentação e dieta adequada para cada tipo de diabetes e para o perfil do

paciente.

Vida ativa, mais do que simplesmente exercícios.

Medicamentos:

Hipoglicemiantes orais

Insulina

Monitoração dos níveis de glicose e hemoglobina glicada.

É extremamente importante a educação do paciente, o acompanhamento de sua

dieta, exercícios físicos, monitoração própria de seus níveis de glicose, com o objetivo

de manter os níveis de glicose a longo e curto prazo adequados. Um controle

cuidadoso é necessário para reduzir os riscos das complicações a longo prazo.

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Isso pode ser alcançado com uma combinação de dietas, exercícios e perda de peso

(tipo 2), várias drogas diabéticas orais (tipo 2 somente) e o uso de insulina (tipo 1 e

tipo 2 que não esteja respondendo à medicação oral). Além disso, devido aos altos

riscos associados de doença cardiovascular, devem ser feitas modificações no estilo

de vida de modo a controlar a pressão arterial e o colesterol, se exercitando mais,

fumando menos e consumindo alimentos apropriados para diabéticos, e se

necessário, tomando medicamentos para reduzir a pressão.

Cura do Diabetes Mellitus Tipo 2 por Cirurgia

Um estudo feito por médicos franceses publicado na ScienceDirect, confirmou o que

médicos já haviam observado, a cirurgia de redução de estomago (Gastroplastia)

usada no tratamento da obesidade mórbida ajuda a controlar o diabetes mellitus tipo

2, um estudo mais aprofundado feito por Francesco Rubino, levou à criação de uma

cirurgia no intestino que tem alta eficiência no tratamento da diabetes tipo 2 para

pessoas não obesas.

6 – ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM:

Incentivar a adesão ao tratamento

Verificar glicemia capilar

Monitorar sinais de alterações glicemicas

Incentivar a pratica de esportes

Contra indicar fumo

Contra indicar alcool

Incentivar a hábitos de vida saudáveis

Orientar sobre a patologia

7 – TERMOS TÉCNICOS:

Hiperglicemia

Hipoglicemia

Poliuria

Polidipsia

Polifagia

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Letargia

Cetoacidose diabetica

HGT

SISTEMA NEURÓLOGICO OU NERVOSO

1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA:

0 sistema nervoso tem como principais funções o controlE do comportamento e a

regulação fisiológica do organismo. Este processo é estabelecido por diversas

estruturas de forma interligada e muitas vezes em conjunção e de cuja harmonia

depende o equilíbrio do corpo humano. Nestas estruturas destacamos o sistema

central (encéfalo e espinal-medula) e o sistema periférico (gânglios e nervos

periféricos à espinal medula e encéfalo) que atuam coordenadamente nas relações

do homem com o meio bem como na manutenção do seu equilíbrio interno.

O sistema nervoso humano, além de ser o centro de nossas emoções, controla as

funções orgânicas do corpo e a interação deste com o ambiente, recebendo

estímulos, interpretando-os e elaborando respostas a eles.

É composto pelo sistema nervoso central, e pelo sistema nervoso periférico: o

primeiro, constituído de encéfalo e medula espinal, é responsável por processar

informações. O segundo, com nervos, gânglios e terminações nervosas, se encarrega

pela condução dessas informações pelo corpo.

Células especializadas, denominadas neurônios, são as principais responsáveis pelo

recebimento e transporte de informações, por meio de alterações elétricas que

ocorrem na região da membrana - conhecidas por impulsos elétricos. Esses ocorrem,

geralmente, da extremidade de um neurônio para a de outro, sendo que o local de

junção entre estes é chamado sinapse nervosa. Na grande parte das sinapses, os

citoplasmas apresentam mediadores químicos: os neurotransmissores. Esses

permitem a ocorrência destes impulsos ao se ligarem a proteínas de membrana da

célula seguinte. A adrenalina é um exemplo.

Este sistema possui íntima relação com o sistema endócrino, podendo fornecer a ele,

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por exemplo, informações relativas ao ambiente. Nessa situação, o sistema endócrino,

responsável pela produção e secreção de hormônios na corrente sanguínea, atua

estimulando, ou mesmo inibindo, a ação de determinados órgãos por meio destes

mensageiros químicos

Glândulas exócrinas, como as responsáveis pelo suor ou pela digestão, também

exercem papel importante no funcionamento do sistema nervoso, inclusive no que se

diz respeito à homeostase corpórea.

No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células

da glia (ou da neuroglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e

transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a

execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para

exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a

irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a

condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a

estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma

resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é

inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas

pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta emitida

pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio

condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de

excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande

velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade

de condutibilidade.

Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas

pelo sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um

neurônio e como a mensagem nervosa é transmitida.

Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o

citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados

neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.

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Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como

receptores de estímulos, funcionando, portanto, como "antenas" para o neurônio. Os

axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos

nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamados de

colaterais. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio

propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é

o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e

passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso

nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os

axônios têm muitas ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma

uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são

chamadas coletivamente de arborização terminal.

Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do

sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios

nervosos, localizados próximo da coluna vertebral.

Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando

feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP).

O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann

(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em

muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina -

invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada

proteína básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do

impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da

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bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento)

denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas

células de Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e

o núcleo desta célula, constitui o chamado neurilema.

O impulso nervoso

A membrana plasmática do neurônio transporta

alguns íons ativamente, do líquido extracelular

para o interior da fibra, e outros, do interior, de

volta ao líquido extracelular. Assim funciona a

bomba de sódio e potássio, que bombeia

ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio

é bombeado ativamente para dentro. Porém esse

bombeamento não é eqüitativo: para cada três

íons sódio bombeados para o líquido extracelular,

apenas dois íons potássio são bombeados para o

líquido intracelular.

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Imagem: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia.

São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO

MEDULA

Etimologicamente, medula significa miolo e indica tudo o que está dentro. A medula

espinhal é assim denominada por estar dentro do canal espinhal ou vertebral. A

medula é uma massa de tecido nervoso alongado e cilindróide, situada dentro do

canal vertebral, sem ocupá-lo completamente e ligeiramente achatada ântero-

posteriormente. Tem calibre não-uniforme por possuir duas dilatações, as

intumescências cervical e lombar, de onde partem maior número de nervos através

dos plexos braquial e lombossacral, para inervar os membros superiores e inferiores,

respectivamente. Seu comprimento médio é de 42 cm na mulher adulta e de 45 cm

no homem adulto. Sua massa total corresponde a apenas 2% do Sistema Nervoso

Central humano, contudo inerva áreas motoras e sensoriais de todo o corpo, exceto

as áreas inervadas pelos nervos cranianos.

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IMPORTÂNCIA:

A medula espinhal recebe impulsos sensoriais de receptores e envia impulsos

motores a efetuadores tanto somáticos quanto viscerais. Ela pode atuar em reflexos

dependente ou independentemente do encéfalo. Este órgão é a parte mais simples

do Sistema Nervoso Central tantoontogenético (embriológico), quanto

filogeneticamente (evolutivamente).Daí o fato de a maioria das conexões encefálicas

com o Sistema Nervoso periférico ocorrer via medula.

Nervos Cranianos: (12 pares)

I. Olfatório

II. Óptico

III. Oculomotor

IV. Troclear

V. Trigêmeo

VI. Abducente

VII. Facial

VIII. Vestíbulococlear

IX. Glossofaríngeo

X. Vago

XI. Acessório

XII. Hipoglosso

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O CEREBELO

Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o

controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões

com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois

hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do

cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto

o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. O cerebelo recebe

informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados

aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos

musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe

diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho

vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a comparação

entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são

enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido.

Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio,

postura e tônus muscular.

O TRONCO ENCEFÁLICO

O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se

ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações

sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém

circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões

encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado

esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito

de cérebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a

atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou

menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede

de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas 3

funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções

motoras e sensitivas específicas. Na constituição do tronco encefálico entram corpos

de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se

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agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da

estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou

depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou

emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12

pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. O tronco

encefálico se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado

cranialmente; e PONTE, situada entre ambos.

BULBO

O bulbo, bulbo raquídeo ou ainda medula oblonga, é a parte menor e mais caudal

do tronco encefálico. Derivando do mielencéfalo embrionário, o bulbo é contínuo,

em sua parte inferior, com a medula espinhal e, na superior com a ponte. O bulbo

forma, deste modo, uma zona transicional conectando a região menos diferenciada

do sistema nervoso central, que é a medula espinhal, com as regiões mais

diferenciadas do encéfalo. Relaciona-se com a respiração.

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“A PONTE OU PROTUBERÂNCIA

Localiza-se abaixo do cérebro, diante do cerebelo e acima do bulbo. Como o próprio

nome indica, a ponte serve de passagem de impulsos nervosos que vão ao cérebro. A

“ponte está também relacionada com reflexos associados às emoções, como o riso e

as lágrimas.”

Córtex Cerebral

Funções:

· Pensamento

· Movimento voluntário

· Linguagem

· Julgamento

· Percepção

Cerebelo

Funções:

· Movimento

· Equilíbrio

· Postura

· Tônus muscular

Tronco Encefálico

Funções:

· Respiração

· Ritmo dos batimentos cardíacos

· Pressão Arterial

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Mesencéfalo

Funções:

· Visão

· Audição

· Movimento dos Olhos

· Movimento do corpo

CEFALÉIA

1 - O QUE É ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA)?

Enxaqueca é a síndrome periódica, constituída por dor de cabeça, geralmente

sentida apenas de um lado, acompanhada ou não de náusea e vômito. A enxaqueca,

dor de cabeça, pode ou não ser acompanhada por aura (pontos brilhantes), que é

um sintoma da enxaqueca, dor de cabeça, ficando em média 20 minutos. Os

pacientes acometidos por enxaqueca, dor de cabeça, que apresentam aura são a

minoria, no máximo 15%.A crise de enxaqueca, dor de cabeça, tem tempo variável.

Em algumas pessoas a crise de enxaqueca dura 3 horas em outras alguns dias. A dor

de cabeça pode ser muito forte, chegando a impossibilitar o paciente de ter suas

atividades rotineiras, obrigando-o a ficar isolado em local silencioso e com pouca

luminosidade. Vários pacientes relatam que antes da crise de enxaqueca, dores de

cabeça sentem alteração no seu estado emocional, sentido depressão ou ansiedade,

outros pacientes relatam vontade de comer doces em período anterior a crise de

enxaqueca. Cada enxaqueca tem a sua característica, mas a dor de cabeça intensa é

a principal característica da enxaqueca.

2 – O QUE CAUSA?

Não existe um consenso global quanto a causa exata da enxaqueca, dor de

cabeça.Sabe-se que a enxaqueca, dor de cabeça, ocorre devido disfunção, episódica,

na liberação de substancias químicas inibitórias da sensação de dor, como a beta-

endorfina e a serotonina. Estas substâncias inibitórias existem para que não sintamos

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dores desnecessárias, como por exemplo, o roçar da roupa no nosso corpo. No

indivíduo com enxaqueca, há uma diminuição destas substâncias, então sentirá dor

de cabeça intensa, mesmo com as funções normais (fisiológicas) do seu organismo.

Por exemplo: a pulsação normal e natural nas artérias da cabeça, que é transmitida

pelos nervos trigêmeos e occipitais para regiões cerebrais, será reconhecida como

dor, durante as crises de enxaqueca e dor de cabeça, devido não ter ocorrido a

devida inibição dessa sensação pelas substâncias inibitórias.Porém o motivo exato

destas alterações bioquímicas, causando a crise de enxaqueca, dor de cabeça, ainda

não foi totalmente definido pela ciência.

ALIMENTOS E ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA)

De acordo com artigo da revista neurologia ( Barcelona),de maio 1996. Autores: R

Leira; Rodriguez R.

"Alguns alimentos em nossa dieta podem desencadear ataques de enxaqueca, dor de

cabeça em pessoas sensíveis, através de uma reação alérgica.Substâncias presentes

nos alimentos podem ser a causa de alterações no tônus vascular e trazer enxaqueca.

Entre essas substâncias estão a tiramina, fenilalanina, aditivos alimentares (nitrato de

sódio, glutamato monossódico, aspartame), queijo, frutas cítricas, banana, carne seca,

produtos lácteos, cereais, feijão, cachorro quente, pizza, chá, cafeína, chocolate,

vinho tinto, cerveja, uísque, destilados em alambiques de cobre. Outro motivo para a

enxaqueca é a hipoglicemia."

AVALIAÇÃO DA ENXAQUECA (DOR DE CABEÇA)

Para sabermos a causa da enxaqueca, dor de cabeça se faz necessário:

- avaliação minuciosa da coluna vertebral para detectar se a enxaqueca ou dor de

cabeça (cefaléia) é originada em causa mecânica (enxaqueca de etiologia nas

estruturas vertebrais) ou idiopática (que seriam as disfunções bioquímicas).

- observação de membros e articulações do corpo. Como exemplo posso citar que

algumas vezes é detectada diferença de comprimento das pernas, causando

curvaturas patológicas na coluna, levando à alterações cervicais, que resultam em

enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia).

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3 - TRATAMENTOS :

Dependendo da causa da enxaqueca, dor de cabeça, conforme parágrafo acima será

utilizado tratamento específico:

1)Para enxaqueca, dor de cabeça com causa na COLUNA ou HEMODINÂMICA:

A causa deste tipo de enxaqueca / dor de cabeça (cefaléia) é solucionada através de

técnicas específicas de manobras na coluna como um todo. Nesta clínica usamos a

junção das principais técnicas de ajustes vertebrais, que são: Quiropraxia +

Osteopatia + RPG somadas à Acupuntura.

A soma destas técnicas consegue tirar a causa, tendo como resultado a cura da

enxaqueca, dor de cabeça. Muitos pacientes, quando recebem esta explicação sobre

enxaqueca, ficam perplexos, acha impossível uma alteração estrutural mínima na sua

cervical, causar sua enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia). Somente após algumas

sessões, sentindo os resultados iniciais, conseguem acreditar. O tratamento da

enxaqueca ou da dor de cabeça (cefaléia) pode demorar vários meses para terminar,

porém já após algumas semanas a paciente nota diminuição progressiva das dores

de cabeça da cefaléia ou de todos os sintomas da enxaqueca.

2) Para enxaqueca, dor de cabeça de causa bioquímica e alimentar (como citado acima é

de causa idiopática):

Como a causa desta enxaqueca não é estrutural, seu tratamento consiste em sessões

de Acupuntura específica para enxaqueca / dor de cabeça (cefaléia) e que pode ser

com ou sem agulhas, o paciente escolhe este detalhe. A Acupuntura tem a função de

fazer equilíbrio energético (a eletricidade do nosso corpo). Esta eletricidade é que

controla todas as funções bioquímicas do nosso organismo. Como citado acima, a

enxaqueca, dor de cabeça tem desequilíbrio bioquímico. A partir do momento que o

organismo volta ao seu equilíbrio elétrico (que comanda a parte bioquímica) a

enxaqueca deixa de existir.

A acupuntura é maravilhosa, porém quando a enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia)

tem causa estrutural, apenas acupuntura não adianta, precisa a soma dos dois

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tratamentos, como citado no item 1 acima. Quando a enxaqueca for de origem

bioquímica (alimentar) a acupuntura sistêmica oferece resultados incrivelmente

maravilhosos. Ao invés do paciente deixar de ingerir os alimentos causadores de

enxaqueca, dor de cabeça, simplesmente fazemos o corpo do paciente não reagir

negativamente à ingestão destes alimentos. O corpo da pessoa deve estar apto a se

alimentar normalmente, da mesma forma que muitas outras pessoas se alimentam, o

paciente que sofria de enxaqueca passa também a poder comer o que preferir, sem

se preocupar com a dor de cabeça.

Nosso corpo não funciona apenas com o fator químico-biológico, mas também com

eletricidade. Esta energia eletrônica controla todas as outras funções e a Acupuntura

controlando a energia, consegue comandar as funções do organismo.

Pela ótica da medicina tradicional Ocidental, explica-se que os estímulos da

acupuntura na enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia) resultam na produção de:

- substâncias que agem sobre neurotransmissores e neuromediadores,

restabelecendo o bom funcionamento das funções que estavam alteradas,

- corticóides naturais (fabricados pela supra renal do próprio paciente) com grande

ação anti-inflamatória,

- analgésicos internos (os efeitos da Acupuntura são iguais aos da serotonina,

neuromediador produzido em nosso cérebro).

DICAS SOBRE ENXAQUECA E DOR DE CABEÇA (CEFALÉIA)

A intenção destas dicas sobre enxaqueca tem a única intenção de ajudar a evitar

situações que venha a desencadear a enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia). De

forma alguma visa substituir o tratamento médico adequado.

1) A pimenta vermelha (Capsicum annum) para enxaqueca (dor de cabeça):

É um eficaz redutor da dor da enxaqueca, contém capsaicina, um composto que se

crê bloqueador da transmissão de dor no nervo. De acordo com um estudo

publicado em 1992 a revista, Cephalalgia, a dor e gravidade das cefaléias (dores de

cabeça) ou enxaquecas foram reduzidas de forma significativa nos pacientes que

receberam tratamentos tópicos de capsaicina por sete dias. Comprar ou fazer um

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bálsamo contendo Capsicum annum e massagear a região dolorida durante um

ataque de enxaqueca. Sempre lembrando de consultar um médico qualificado se

quiser experimentar este procedimento anti enxaqueca em casa, pois os efeitos

secundários podem incluir queima na área de aplicação.

2) Hortelã (Mentha piperita) na enxaqueca (dor de cabeça):

Menta pode ser usada tanto interna como externamente para ajudar na diminuição

da crise de enxaqueca. Contém mentol, que é um redutor da dor, e também reduz a

náusea. De acordo com um estudo publicado em 1994 na revista Cephalalgia, Uma

combinação de óleo essencial de hortelã-pimenta e etanol ou mesmo azeite extra

virgem, reduz significativamente a sensibilidade às enxaquecas e dores de cabeça

(cefaléias) em pacientes que aplicaram a solução tópica na testa. O ideal é executar

este procedimento ao primeiro sinal de uma crise de enxaqueca, mas pode ser

utilizado em qualquer momento do ataque. Outra forma de utilizar a hortelã-pimenta

para enxaqueca é consumir chá de hortelã. Não é recomendado utilizar qualquer

procedimento na crise de enxaqueca, dor de cabeça sem supervisão médica.

3) Gengibre (Zingiber officinale) para enxaqueca (dor de cabeça):

Uso comum no alívio de dor e náuseas, principalmente da enxaqueca e dor de

cabeça (cefaléia). Embora haja pouca investigação científica sobre gengibre como

um remédio natural para enxaquecas, foi realizado estudos de laboratório sobre a

sua capacidade para reduzir a dor, e como um antiinflamatório. Um estudo publicado

em 2005 Journal of Medicinal Food afirma que um extrato feito a partir de raiz de

gengibre é muito útil como antiinflamatório. Também é conhecida por ajudar no

alivio da crise de enxaqueca ou dor de cabeça (cefaléia). Recomenda-se comer uma

colher de chá de raiz de Gengibre por dia, nos alimentos. Lembrando que em crises

de enxaqueca deve-se procurar ajuda do seu médico.

Algumas das causas da cefaléia:

- tensão muscular;

- enxaqueca;

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-cefaléia em salvas (períodos curtos de 1 hora, porém intensas)

- Hipertensão arterial

- problemas oculares

- problemas dos seios da face

- tumor cerebral;

- infecção cerebral

- meningite

- hemorragia

- Sífilis

- tuberculose

- câncer... Dentre outros.

É possível reduzir a freqüência e a intensidade das crises e torná-las mais responsivas

aos medicamentos, através de um tratamento preventivo. A maioria dos pacientes

obtém melhora significativa dentro de poucos meses.

CONVULSÕES

1 – O QUE É?

Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. O termo

crise convulsiva descreve várias experiências e comportamentos e não é o mesmo

que uma convulsão, embora os termos sejam às vezes utilizados como sinônimos.

Qualquer coisa que irrite o cérebro pode produzir uma crise convulsiva. Dois terços

dos indivíduos que apresentam uma crise convulsiva jamais a apresentam

novamente. Um terço dos indivíduos continuarão a apresentar crises convulsivas

recorrentes (condição denominada epilepsia). O que ocorre exatamente durante

uma convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela descarga elétrica

anormal. A descarga elétrica pode envolver uma área mínima do cérebro, fazendo

apenas que o indivíduo perceba um odor ou sabor estranho, ou pode envolver

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grandes áreas, acarretando uma convulsão (abalos e espasmos musculares

generalizados). Além disso, o indivíduo pode aposentar episódios breves de alteração

da consciência; pode perder a consciência, o controle muscular ou o controle vesical;

e pode apresentar confusão mental. As convulsões freqüentemente são precedidas

por auras – sensações incomuns de odores, sabores ou visões, ou uma sensação

intensa de que uma crise convulsiva está prestes a ser desencadeada.

2 – O QUE CAUSA?

Febre alta

• Insolação

• Infecção Infecções do cérebro

• AIDS

• Malária

• Meningite

• Raiva

• Sífilis

• Tétano

• Toxoplasmose

• Encefalite viral

Distúrbios metabólicos

• Hipoparatireoidismo

• Níveis altos de açúcar ou de

sódio no sangue

• Níveis baixos de açúcar, cálcio,

magnésio ou sódio no sangue

• Insuficiência renal ou hepática

• Fenilcetonúria Oxigenação

insuficiente do cérebro

• Intoxicação por monóxido de

carbono

Outras doenças

• Eclâmpsia

• Encefalopatia hipertensiva

• Lúpus eritematoso

Exposição a drogas ou substâncias

tóxicas

• Álcool (grandes quantidades)

• Anfetaminas

• Cânfora

• Cloroquina

• Overdose de cocaína

• Chumbo

• Pentilenotetrazol

• Estricnina Abstinência após

utilização excessiva

• Álcool

• Medicamentos para dormir

• Tranqüilizantes Reações adversas a

medicamentos de receita obrigatória

• Ceftazidima

• Clorpromazina

• Imipenemo

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• Fluxo sangüíneo inadequado

para o cérebro

• Afogamento parcial

• Sufocação parcial

• Acidente vascular cerebral

Destruição do tecido cerebral

• Tumor cerebral

• Traumatismo crânio-encefálico

• Hemorragia intracraniana

• Acidente vascular cerebral

• Indometacina

• Meperidina

• Fenitoína

• Teofilina

3 – QUANDO SUSPEITAR?

Os Sintomas das Crises Convulsivas Variam de Acordo Com a Localização

Local da Descarga Elétrica

Anormal Sintomas

Lobo frontal Tremores num músculo específico

Lobo occipital Alucinações de flashes de luz

Lobo parietal Dormência ou formigamento numa

parte específica do corpo

Lobo temporal Alucinações de imagens e

comportamento repetitivo complicado

(p.ex.,caminhar em círculos)

Lobo temporal anterior Movimentos de mastigação, estalar dos

lábios

Lobo temporal anterior

profundo

Alucinação intensa de um odor,

agradável ou desagradável

Algumas vezes, essas sensações são agradáveis, enquanto em outras, elas são

extremamente desagradáveis. Aproximadamente 20% dos indivíduos epilépticos

apresentam auras. Uma crise convulsiva comumente dura 2 a 5 minutos. Quando ela

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cessa, o indivíduo pode apresentar uma cefaléia, dores musculares, sensações

incomuns, confusão mental e fadiga profunda (estado pós-comicial). Habitualmente,

o indivíduo não consegue recordar o que ocorreu durante o episódio.

Espasmos Infantis e Convulsões Febris

Dois tipos de convulsões ocorrem quase exclusivamente em crianças. Nos espasmos

infantis, a criança, deitada de costas, flexiona bruscamente os membros superiores,

flexiona o pescoço e o tronco para frente e estende os membros inferiores. Os

episódios duram apenas alguns segundos, mas podem repetir-se muitas vezes ao dia.

Eles normalmente ocorrem em crianças com menos de três anos de idade e,

posteriormente, muitos evoluem tipicamente para outras formas de crises

convulsivas. A maioria das crianças com espasmos infantis apresenta

comprometimento intelectual ou atraso do desenvolvimento neurológico. O retardo

mental normalmente persiste na vida adulta. As crises convulsivas dificilmente são

controladas com medicamentos antiepilépticos. As convulsões febris são

conseqüência da febre em crianças com três meses a cinco anos de idade. Elas

afetam cerca de 4% de todas as crianças e tendem a ocorrer em famílias. A maioria

das crianças apresenta apenas uma convulsão febril e a maioria das crises convulsivas

dura menos de 15 minutos. As crianças que sofreram uma convulsão febril

apresentam uma probabilidade discretamente mais elevada de desenvolver epilepsia

mais adiante em suas vidas.

Epilepsia

Epilepsia é um distúrbio caracterizado pela tendência de sofrer convulsões

recorrentes. De modo geral, 2% da população adulta sofreram uma convulsão em

um determinado momento. Um terço desse grupo apresenta crises convulsivas

recorrentes (epilepsia). Em cerca de 25% dos adultos com epilepsia, a causa é

descoberta quando exames como, por exemplo, o eletroencefalograma (EEG)

revelam uma atividade elétrica anormal ou quando a ressonância magnética (RM)

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revela a presença de cicatrizes em pequenas áreas do cérebro. Em alguns casos, esses

defeitos podem ser cicatrizes microscópicas decorrentes de alguma lesão cerebral

ocorrida durante o parto ou posteriormente. Alguns tipos específicos de distúrbios

convulsivos (como a epilepsia mioclônica juvenil) são herdados. No resto dos

indivíduos com epilepsia, a doença é considerada idiopática, isto é, não é evidenciada

qualquer lesão cerebral nem se conhece a sua causa. Os indivíduos com epilepsia

idiopática habitualmente apresentam a primeira crise convulsiva entre o segundo e

décimo quarto ano de vida. As crises convulsivas que ocorrem antes dos dois anos de

idade geralmente são causadas por defeitos cerebrais, desequilíbrios químicos ou

febres altas. As crises convulsivas que começam após os 25 anos de idade são mais

provavelmente decorrentes de um traumatismo cerebral, de um acidente vascular

cerebral, de um tumor ou de outra doença. As crises convulsivas epiléticas algumas

vezes são desencadeadas por sons repetitivos, flashes luminosos, videogames ou

inclusive pelo toque em determinadas regiões do corpo. Mesmo um estímulo leve é

capaz de desencadear uma convulsão em um indivíduo com epilepsia. Os estímulos

muito fortes (p.ex., determinados medicamentos, a oxigenação insuficiente do

sangue ou a hipoglicemia) podem desencadear uma convulsão, mesmo em

indivíduos que não sofrem de epilepsia.

Sintomas

Algumas vezes, as convulsões epilépticas são classificadas por suas características. As

convulsões parciais simples se iniciam com descargas elétricas em uma pequena área

do cérebro e as descargas permanecem confinadas a essa área. De acordo com a

parte afetada do cérebro, o indivíduo apresenta sensações anormais, movimentos ou

aberrações psíquicas. Por exemplo, se a descarga elétrica ocorrer na parte do cérebro

que controla os movimentos musculares do membro superior direito, este membro

pode apresentar espasmos musculares intensos e contrações. Se ela ocorrer

profundamente no lobo temporal anterior (a parte do cérebro que detecta os

odores), o indivíduo pode sentir um odor muito agradável ou desagradável. O

indivíduo com uma aberração psíquica pode apresentar, por exemplo, uma sensação

de dejà vu, situação na qual ambientes estranhos parece inexplicavelmente familiar.

Nas convulsões jacksonianas, os sintomas começam em uma parte isolada do corpo,

como a mão ou o pé e, em seguida, avançam pelo membro à medida que a atividade

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elétrica se dissemina pelo cérebro.

As convulsões parciais complexas (psicomotoras) se iniciam com um período de 1 a 2

minutos, durante o qual o indivíduo perde o contato com o ambiente. O indivíduo

pode cambalear mover os membros superiores e inferiores de modo estranho e

involuntário, emitir sons sem significado, não compreender o que os outros estão

falando e resistir à ajuda. O estado confusional prolonga-se por mais alguns minutos

e, em seguida, o indivíduo recupera- se completamente. As crises convulsivas (grande

mal ou convulsões tônico-clônicas) normalmente iniciam com uma descarga elétrica

anormal em uma pequena área do cérebro. A descarga elétrica rapidamente

dissemina- se às partes adjacentes do cérebro, causando uma disfunção de toda a

área. Na epilepsia primária generalizada, descargas elétricas anormais em uma

grande área do cérebro provocam uma disfunção generalizada desde o início. Em

qualquer caso, as convulsões são uma resposta do organismo às descargas anormais.

Durante essas crises convulsivas, o indivíduo apresenta uma perda temporária da

consciência, espasmos musculares intensos e contrações de todo o corpo, rotação

acentuada da cabeça para um lado, dentes firmemente cerrados e incontinência

urinária. A seguir, ele pode apresentar cefaléia, confusão mental temporária e fadiga

intensa. Normalmente, o indivíduo não se lembra do que ocorreu durante a crise. O

pequeno mal (crise de ausência) pode ter início na infância, comumente antes dos

cinco anos de idade. Essas crises não produzem convulsões nem outros sintomas

dramáticos das crises convulsivas do tipo grande mal. Por outro lado, o indivíduo

apresenta episódios de olhar vago, pequenas contrações palpebrais ou contrações

dos músculos faciais, os quais duram de 10 a 30 segundos. O indivíduo não é

responsivo, mas também não cai, não entra em colapso e nem apresenta

movimentos espáticos. No estado de mal epiléptico ( status epilepticus), o mais grave

dos distúrbios convulsivos, as convulsões não cessam. O status epilepticus é uma

emergência médica porque o indivíduo apresenta convulsões acompanhadas por

intensas contrações musculares, é incapaz de respirar adequadamente e apresenta

descargas elétricas disseminadas (difusas) no cérebro. Se não for instituído um

tratamento imediato, podem ocorrer sobrecarga e lesão permanente do coração e

do cérebro e o indivíduo pode morrer.

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Diagnóstico

Um indivíduo que perde a consciência apresenta espasmos musculares que sacodem

o corpo, perde o controle vesical e torna-se confuso e desatento pode estar sofrendo

uma crise convulsiva. Contudo, as convulsões verdadeiras são muito menos comuns

do que pensa a maioria das pessoas. A maioria dos episódios de perda de consciência

breve ou de comportamento anormal não é causada por descargas elétricas

anormais no cérebro. O relato de uma testemunha do episódio pode auxiliar muito

no diagnóstico, pois ela é capaz de descrever exatamente o que ocorreu, enquanto

que o indivíduo que apresentou o episódio não consegue fazê-lo. É preciso conhecer

as circunstâncias envolvendo o episódio: com que rapidez ele se iniciou; se foram

observados movimentos musculares anormais, como espasmos dos músculos da

cabeça, do pescoço ou da face e se o indivíduo mordeu a língua ou apresentou

incontinência urinária; qual a duração do episódio; e quão rapidamente o indivíduo

se recuperou. O médico também precisa saber o que o paciente sentiu: se ele teve

uma premonição ou aviso de que alguma coisa incomum estava para acontecer; se

ocorreu algo que aparentemente tenha precipitado o episódio, como certos sons ou

flashes luminosos. Além de anotar a descrição do episódio, o médico baseará seu

diagnóstico de um distúrbio convulsivo ou de epilepsia nos resultados de um

eletroencefalograma (EEG), que mensura a atividade elétrica do cérebro. O exame é

indolor e não apresenta qualquer risco.

São instalados eletrodos no couro cabeludo para medir os impulsos elétricos no

interior do cérebro. Como são mais prováveis que as descargas anormais ocorram

após um período de sono muito curto, os EEGs são algumas vezes programados para

após um período deliberado de vigília de 18 a 24 horas. O médico analisa o registro

do EEG em busca de evidências de descargas elétricas anormais. Ainda que não

ocorra um episódio durante o registro do EEG, algumas anormalidades podem estar

presentes. No entanto, como o EEG é registrado apenas por um tempo limitado, essa

técnica pode deixar de registrar uma atividade convulsiva e apresentar um registro

normal, inclusive quando o indivíduo é epiléptico. Uma vez diagnosticada a epilepsia,

normalmente são necessários outros exames complementares para se identificar uma

causa com possibilidade de tratamento. Os exames de sangue de rotina são a

dosagem da concentração de açúcar, cálcio e sódio no sangue; as provas de função

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hepática e renal e a contagem leucocitária (de glóbulos brancos), pois um aumento

da quantidade dessas células pode indicar a presença de uma infecção.

Freqüentemente, o médico solicita um eletrocardiograma para verificar se a causa da

perda da consciência foi uma arritmia cardíaca que produziu um fluxo sangüíneo

insuficiente ao cérebro. Geralmente, o médico solicita uma tomografia

computadorizada (TC) ou uma ressonância magnética (RM) para verificar a presença

de um câncer e de outros tumores, de um acidente vascular cerebral anterior, de

pequenas cicatrizes e de lesões produzidas por traumatismos. Algumas vezes, é

necessária a realização de uma punção lombar� para determinar se o indivíduo

apresenta uma infecção cerebral.

Tratamento

Se for identificada uma causa tratável (p.ex., um tumor, uma infecção ou

concentrações anormais de açúcar ou sódio no sangue), esta será tratada em

primeiro lugar. Após a correção da condição do problema, as convulsões em si

podem não necessitar de tratamento. Quando o médico não encontra uma causa ou

quando a causa não pode ser completamente curada ou controlada, pode ser

necessário que o paciente utilize medicamentos anticonvulsivantes para evitar novas

convulsões. Somente o tempo pode determinar se o indivíduo apresentará

convulsões recorrentes. Aproximadamente um terço dos indivíduos apresentará

convulsões recorrentes, mas os outros dois terços apresentarão somente uma

convulsão durante toda a existência. A medicação geralmente é considerada

desnecessária para os casos de um único episódio, mas é necessária para as

convulsões recorrentes.

As convulsões devem ser prevenidas por várias razões: as contrações musculares

rápidas e violentas podem causar lesões corporais e mesmo produzir fratura óssea. A

perda súbita da consciência pode causar lesões graves decorrentes de quedas e

acidentes. A atividade elétrica turbulenta de uma crise convulsiva do tipo grande mal

pode causar uma lesão cerebral menor. Entretanto, a maioria dos indivíduos com

epilepsia apresenta dezenas ou mesmo quantidades maiores de crises convulsivas

durante a vida sem sofrer uma lesão cerebral grave. Embora as convulsões individuais

não comprometam a inteligência, as crises convulsivas recorrentes podem fazê-lo. Os

medicamentos anticonvulsivantes podem evitar completamente as crises convulsivas

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do tipo grande mal em mais de metade dos epilépticos e reduzem muito a freqüência

das crises em outro terço. Os medicamentos são apenas discretamente menos

eficazes para as crises convulsivas do tipo pequeno mal. Metade dos indivíduos que

respondem ao tratamento medicamentoso acaba interrompendo o tratamento sem

apresentar recidivas. Nenhum medicamento controla todos os tipos de crises

convulsivas.

Alguns indivíduos podem controlar as crises convulsivas com um único

medicamento, enquanto outros devem utilizar vários. Como o estado de mal

epiléptico (status epilepticus) é uma emergência, o médico deve administrar doses

elevadas de um anticonvulsivante através da via intravenosa e o mais rapidamente

possível. Durante uma crise prolongada, devem ser tomadas precauções para se

evitar a ocorrência de lesões. Embora as drogas anticonvulsivantes sejam muito

eficazes, elas podem produzir efeitos colaterais. Muitos desses medicamentos

provocam sonolência. No entanto, paradoxalmente, eles podem causar

hiperatividade em crianças. Periodicamente, o médico solicita exames de sangue para

controlar se o medicamento está afetando os rins, o fígado ou as células sangüíneas.

O usuário de medicamentos anticonvulsivantes deve ter ciência dos possíveis efeitos

colaterais e deve consultar seu médico ao primeiro sinal dos mesmos. A dose de um

medicamento anticonvulsivante é de importância crucial. Ela deve ser

suficientemente alta para evitar as crises convulsivas, mas não a ponto dos efeitos

colaterais tornarem se um problema.

Medicamentos Utilizados no Tratamento das Crises Convulsivas

Medicamento Tipo de Crise

Convulsiva

Efeitos Colaterais

Possíveis

Carbamazepina Generalizada, parcial

Baixas contagens de

leucócitos e

eritrócitos

Etosuximida Pequeno mal

Baixas contagens de

leucócitos e

eritrócitos

Gabapentina Parcial Sedação

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Lamotrigine Generalizada, parcial Erupção

Fenobarbital Generalizada, parcial Sedação

Fenitoína Generalizada, parcial Gengivas inflamadas

Primidona Generalizada, parcial Sedação

Valproato Espasmos infantis,

pequeno mal

Aumento de peso,

perda de cabelo

O médico ajusta a dose após questionar o paciente sobre os efeitos colaterais e haver

determinado a concentração do medicamento no sangue. Os medicamentos

anticonvulsivantes devem ser tomados rigorosamente de acordo com a prescrição. O

paciente não deverá tomar nenhum outro medicamento enquanto estiver tomando

o medicamento anticonvulsivante sem a permissão do seu médico, pois pode ocorrer

uma alteração da concentração do medicamento anticonvulsivante no sangue.

Qualquer indivíduo que esteja utilizando medicamentos anticonvulsivantes deve

consultar o médico regularmente para um possível ajuste da dose e sempre deverá

utilizar uma pulseira contendo informações sobre o distúrbio convulsivo e o

medicamento que está sendo utilizado. A maioria dos indivíduos com epilepsia

apresenta um aspecto e um comportamento normal entre as crises e podem levar

uma vida normal. No entanto, eles podem ter que adaptar alguns hábitos e

comportamentos. Por exemplo, os indivíduos que apresentam propensão a crises

convulsivas não devem consumir bebidas alcoólicas.

Além disso, a legislação da maioria dos estados americanos interdita os indivíduos

com epilepsia de conduzirem automóveis até eles passarem no mínimo um ano sem

apresentar uma crise convulsiva. Um membro da família ou um amigo próximo deve

ser treinado para prestar socorro caso ocorra uma crise convulsiva. Embora alguns

pensem que devem proteger a língua da pessoa que está sofrendo uma crise

convulsiva, esses esforços podem ser mais perniciosos do que benéficos. Os dentes

podem ser afetados ou a pessoa pode, sem perceber, morder quem está lhe

ajudando devido à forte contração da musculatura mandibular. As medidas

importantes são: proteger que a pessoa sofra uma queda, afrouxar as roupas em

torno do pescoço e colocar um travesseiro sob a cabeça. Se a pessoa apresentar

perda de consciência, ela deve ser virada de lado para facilitar a respiração.

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Nunca se deve deixar a pessoa que sofreu uma crise convulsiva sozinha até que ela

desperte completamente e consiga movimentar- se normalmente. É aconselhável

notificar o médico responsável. Para aproximadamente 10 a 20% dos epilépticos, os

medicamentos anticonvulsivantes isoladamente não evita a recorrência de crises

convulsivas. Se uma anomalia no cérebro for identificada como a causa, e ela for

limitada a uma pequena área, a remoção cirúrgica dessa área pode solucionar o

problema. A remoção cirúrgica das fibras nervosas que conectam os dois lados do

cérebro (corpo caloso) pode ajudar os indivíduos com vários focos convulsivos ou

que ou aqueles que apresentam convulsões que se disseminam rapidamente para

todo o cérebro. A cirurgia apenas será aventada quando todos os medicamentos

possíveis não surtirem o efeito desejado ou quando seus efeitos colaterais são

intoleráveis.

Atividade Cerebral Durante Uma Crise Convulsiva

Um eletroencefalograma (EEG) é um registro da

atividade elétrica do cérebro. O procedimento é

simples e indolor: cerca de vinte pequenos

eletrodos são fixados ao couro cabeludo e a

atividade cerebral é registrada em condições

normais. Em seguida, o indivíduo é exposto a

vários estímulos, como luzes brilhantes ou

intermitentes, com o objetivo de desencadear

uma crise convulsiva. Durante esta, a atividade

elétrica no cérebro se acelera, produzindo um

padrão desordenado em forma de ondas. Esses

registros das ondas cerebrais ajudam a

identificar a epilepsia. Diferentes tipos de crises

convulsivas apresentam padrões de ondas

distintos.

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AVE, Acidente vascular encefálico

O que é AVE?

Antigamente denominado Acidente Vascular Cerebral (AVC) e derrame cerebral, o

Acidente Vascular Encefálico (AVE) é caracterizado pela interrupção da irrigação

sanguínea das estruturas do encéfalo, ou seja, ocorre quando o sangue que sustenta

o cérebro com oxigênio e glicose deixa de atingir a região, ocasionando a perda da

funcionalidade dos neurônios.

A AVE (acidente vascular encefálico) tem vários nomes: AVC (acidente vascular

cerebral), infarto cerebral, isquemia cerebral ou o popular derrame cerebral. Para

entender o AVC, é preciso conhecer 4 conceitos básicos:

- Trombo = É um coágulo de sangue que se localiza dentro dos vasos sanguíneos,

aderido a parede do mesmo, obstruindo a passagem de sangue. A obstrução pode

ser parcial ou total.

- Êmbolo = É quando um trombo se solta e viaja pela corrente sanguínea até

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encontrar um vaso com calibre menor do que o próprio êmbolo, ficando preso e

obstruindo a circulação do sangue. - Isquemia = É a falta de suprimento de sangue

para algum tecido orgânico. Toda vez que a circulação de sangue não é suficiente

para o funcionamento das células, ocorre a isquemia. É um processo reversível se

tratado a tempo.

- Infarto = É a morte das células por uma isquemia prolongada. Ocorre em geral por

obstrução da artéria por um trombo ou por um êmbolo. O infarto mais conhecido é o

do miocárdio (músculo do coração), mas ele pode ocorrer em qualquer tecido ou

órgão.

O AVC então, nada mais é que o infarto de uma região do cérebro, causado por um

trombo que se forma em uma artéria cerebral, ou por um êmbolo formado em algum

lugar do corpo que viaja na corrente sanguínea até se alojar em uma artéria do

cérebro.

Repare na vascularização do nosso cérebro (vasos em azul). Qualquer um desses

vasos se obstruídos causam isquemia e consequentemente um AVC.

O mecanismo da trombose cerebral é o mesmo do infarto do coração. A diferença é

que um ocorre em artéria do cérebro e o outro em uma artéria coronária.Pessoas

com colesterol elevado, apresentam deposição do mesmo na suas artérias em forma

de placas de gordura. É em cima dessas placas que os trombos se desenvolvem.

O AVE causado por um êmbolo, normalmente tem origem do coração, mais

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especificamente do átrio esquerdo. Uma arritmia cardíaca chamada Fibrilação atrial é

a principal causa de embolia cerebral. O átrio quando está fibrilando não bate

corretamente. Com isso, o sangue dentro dele fica parado, o que favorece a

coagulação e a formação de trombos dentro do coração.

Na foto abaixo podemos ver o trombo (ponto preto) se tornando um êmbolo ao sair

do coração, ganhar a artéria carótida e se alojar em uma artéria cerebral, obstruindo

a chegada de sangue para uma região do cérebro.

Além da trombose e da embolia existe um terceiro tipo de infarto cerebral. É o

causado por uma parada cardíaca ou um estado de choque circulatório prolongado.

Neste caso todo o cérebro sofre isquemia, enquanto que nos 2 primeiros, apenas

uma região é afetada.

Esses 3 tipos de infarto cerebral são chamados de AVE ou AVC isquêmico.Os

principais fatores de risco para o AVE isquêmico são:

- Idade avançada

- Diabetes

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-Cigarro

- Hipertensão

- Colesterol alto

- Obesidade

- Fibrilação atrial

O AVC é um quadro tipicamente de pessoas acima dos 50 anos com os fatores de

risco listados acima, mas pode ocorrer em jovens que tenham alterações na

coagulação sanguínea ou doenças inflamatórias dos vasos, como por exemplo,

anticorpo antifosfolipídio, fator V de Leiden, Lúpus ou vasculites

AVC hemorrágico

Além do AVC isquêmico, responsável por até 85% dos casos, existe ainda o AVC

hemorrágico, causado pela ruptura de uma vaso do cérebro, em geral por fraqueza

da parede do mesmo.As principais causas de AVC hemorrágico são:

- Hipertensão

- Tabagismo

- Uso de medicamentos que inibem a coagulação como heparina e Varfarina

- Traumas.

- Aneurismas

- Más formações dos vasos cerebrais

- Vasculites

O AVC hemorrágico costuma ser um quadro mais dramático que o AVC isquêmico

por atingir quase sempre uma área cerebral maior.

O crânio é como se fosse uma caixa fechada e não tem a capacidade de se expandir.

Quando há hemorragias grandes, o sangue que vaza para o cérebro começa a

comprimi-lo em direção a calota craniana, contribuindo ainda mais para lesão

cerebral e risco de morte.Existem 2 tipos de AVC hemorrágico: Hemorragia

intracerebral e hemorragia subaracnóide. A primeira, como o próprio nome diz,

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ocorre quando o sangramento se localiza dentro do cérebro. Já a Hemorragia

subaracnóide ocorre quando o sangramento se dá entre o cérebro e a meninge

(membrana que cobre o cérebro).

Agora que você já entendeu o que é um AVC, vamos à parte mais importante que é

o quadro clínico.

Sintomas do AVC

Os sintomas do AVC dependem da área do cérebro atingida. Quanto maior a área,

em geral, mais grave é o quadro. Infartos pequenos em áreas nobres também são

graves. Os sintomas mais comuns são:

- Paralisias motoras, normalmente em apenas um lado do corpo

- Diminuição a força em um membro ou em todo um lado do corpo

- Perda de equilíbrio com incapacidade de se manter em pé e dificuldade para realizar

tarefas simples como apertar um botão, ligar a luz ou levar um copo ou garfo a boca.

- Dificuldades na fala e boca torta

- Alterações na musculatura da face ou desvio dos olhos.

- Alterações visuais como visão dupla, cegueira parcial ou total

- Desorientação, comportamento estranho, discurso incoerente

- Diminuição do estado de consciência

- Crise convulsiva

- Coma

A diminuição de sensibilidade e/ou formigamento isolado em um dos membros é em

geral causada por lesões nos nervos periféricos ou na coluna, e não por um AVC.

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AVC costuma causar paralisias e diminuição de força.

Quadros de ansiedade e histeria podem simular AVEs, porém, na maioria absoluta

das vezes são facilmente distinguidas pelo médico pelo fato dos sintomas não

seguirem um lógica do ponto de vista da anatomia do sistema nervoso central. O que

para o paciente e sua família pode ser um evento com toda cara de AVC, para

médico é claramente um quadro histeria.

O AVC isquêmico não causa dor, exceto por uma excruciante dor de cabeça que

pode ocorrer nos casos de AVC hemorrágico

Até 1/3 dos derrames ocorrem durante o sono e o paciente só nota alteração ao

acordar.

Ataque isquêmico transitório

O ataque isquêmico transitório, conhecido como AIT, ocorre quando os sintomas do

AVC desaparecem com menos de 24 horas após o seu início. O AIT é um derrame

incompleto, que ocorre quando a isquemia consegue ser revertida espontâneamente

antes que ocorra o infarto da região acometida.

AGORA, A INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE DO TEXTO:

Existe uma classe de medicamento chamada de trombolítico, que dissolve trombos e

êmbolos e restaura a circulação cerebral, acabando com a isquemia e impedindo a

ocorrência de infarto. Porém, ele só tem efeito nas primeiras 3 horas do AVC, sendo

que seu efeito melhor é se administrado na primeira hora e meia.

Ao primeiro sinal de AVC o paciente deve ser levado imediatamente a uma

emergência para que se tenha tempo de salvar a área cerebral isquemiada.

Portanto, a pior coisa que se pode fazer quando surgem sintomas de AVE, é esperar

para ver se o quadro vai melhorar sozinho. Se há suspeita de derrame durante a

madrugada, não se deve esperar amanhecer para levar o paciente ao hospital. Se

não houver carro disponível, chame uma ambulância imediatamente.

Não se automedique e não espere para ver se os sintomas irão desaparecer. Se

houver dúvidas em relação ao momento exato do início dos sintomas, leve o

paciente, assim mesmo, a um setor de emergência e deixe os médicos avaliarem a

indicação ou não do trombolítico.

Nunca deixe o paciente com suspeita de AVC conduzir o carro. O quadro pode

evoluir e um grave acidente pode ocorrer.

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Aqui na emergência em que eu trabalho, existe um protocolo de atendimento, no

qual todo paciente que chega com suspeita de AVC com menos de 3 horas de

evolução, ganha prioridade absoluta em todo hospital. É destacada uma equipe

especial só para atendê-lo e ele passa a frente de qualquer paciente na fila para

exames de sangue e para a tomografia computadorizada. Tudo para que não se

perca essa janela de 3 horas.

-Tratamento

Com relação ao tratamento, uma vez instalado o AVE é fundamental iniciar o mais

precocemente possível as terapias reabilitadoras: Fonoaudióloga, Fisioterapia e

Terapia Ocupacional. O trabalho de reabilitação deve ser iniciado dentro do hospital

com continuidade após a alta hospitalar.

TCE- TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO

Os traumatismos crânio-encefálico estão incluídos entre as mais graves lesões

neurológicas, e decorrem geralmente de quedas acidentais (domésticas/trabalho),

atropelamentos, colisão de autos, ferimentos por armas de fogo, etc.

A gravidade do TCE está condicionada á lesão encefálica estabelecida e a interrupção

do suprimento sangüíneo em poucos minutos resulta em morte para o tecido

cerebral. Em algumas situações TCE pode estar associado com traumatismo de

coluna cervical e, portanto devem ser avaliados e tratados simultaneamente.

Manifestações Clínicas

As manifestações clínicas do TCE dependem da extensão e localização da

lesão cerebral. A queixa de dor persistente com sinal de localização indica

a ocorrência de uma fratura. Durante avaliação clínica de uma vítima de

TCE alguns sinais indicam a localização da fratura. As fraturas localizadas

na base do crânio freqüentemente produzem sangramento nasal, faringe

e ouvido, podendo aparecer sangue sob as conjuntivas. As fraturas de

localização no crânio são indicadas pela perda de líquido

cefalorraquidiano pelos ouvidos (otorréia), e pelo nariz (rinorréia).A

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evidência de sangue no líquido cefalorraquidiano é um forte indicativo de

laceração ou contusão cerebral.

Diagnóstico

A avaliação clínica do estado neurológico revela as lesões mais evidentes, associado

a este recurso utiliza-se exames complementares como tomografia cerebral

computadorizada e angiografia cerebral.

Tratamento

O tratamento dispensado a maioria das fraturas de crânio sem afundafundamento

não exige intervenção cirúrgica, ao contrário da qudoque ocorre com as fraturas com

afundamento. A terapêutica medcmedicamentosa com antimicrobianos, assim como,

a reposição sangsanguínea são instituídas imediatamente. As perdas de tecido

ósseósseo são reparadas posteriormente como a reposição e implaimplantação de

próteses plásticas ou metálicas.

Intervenções de Enfermagem

Certificar-se que não há fratura de coluna cervical antes e mobilizar o pescoço do

paciente em seguida deitá-lo em superfície rígido;

.Observar e avaliar alterações de padrão respiratório;

.Avaliar nível de consciência (pode ocorrer oscilação excitação/depressão);

.Manutenção da permeabilidade das vias aéreas e oxigenação adequada;

.Verificação de sinais vitais em intervalos de 15/15 min;

.Observar alteração do tonus muscular:

-

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Rigidez de descerebração: hiperextensão dos quatros membros com rotação interna

dos membros inferiores;

-

Rigidez de decorticação: hiperextensão dos membros inferiores e flexão dos membros

superiores;

. Observar e relatar evidências de choque hipovolêmico;

. Caso o paciente esteja inconsciente adotar conduta específica para o caso.