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IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS INCREMENTAIS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA FOGÕES Gilson Adamczuk (UTFPR) [email protected] Marcelo Gonçalves Trentin (UTFPR) [email protected] Márcia Elisa Soares Echeveste (UTFPR) [email protected] A competitividade atual, a busca pela melhoria continua e a velocidade das informações obrigam as empresas a melhorar seus procedimentos organizacionais. O setor de eletrodomésticos, mais especificamente de fogões a gás, neste contexto, temm um significativo número de empresas e uma concorrência acirrada pelas linhas populares. O objetivo principal desta pesquisa foi descrever todos os procedimentos e etapas para a implantação das melhorias de um modelo de fogão 04 bocas realizadas em uma empresa do sudoeste do Paraná. Todos os dados foram coletados na empresa com entrevistas e consulta à documentação de cada etapa do projeto, desde o planejamento inicial até a produção em série do produto, com um acompanhamento geral de todas as atividades de planejamento, desenvolvimento, melhorias do processo e produto. Os resultados alcançados foram melhorias nos testes de laboratório, em métodos e processos e principalmente redução de custos do produto. Concluiu-se que a empresa possui uma sistemática própria de PDP, mas que possui boa aderência ao modelo de PDP de Rozenfeld et al. (2006) que foi tomado como base neste trabalho. Palavras-chaves: desenvolvimento de produtos, gestão de projetos, melhorias incrementais do produto XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS

INCREMENTAIS: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA INDÚSTRIA FOGÕES

Gilson Adamczuk (UTFPR)

[email protected]

Marcelo Gonçalves Trentin (UTFPR)

[email protected]

Márcia Elisa Soares Echeveste (UTFPR)

[email protected]

A competitividade atual, a busca pela melhoria continua e a velocidade

das informações obrigam as empresas a melhorar seus procedimentos

organizacionais. O setor de eletrodomésticos, mais especificamente de

fogões a gás, neste contexto, temm um significativo número de

empresas e uma concorrência acirrada pelas linhas populares. O

objetivo principal desta pesquisa foi descrever todos os procedimentos

e etapas para a implantação das melhorias de um modelo de fogão 04

bocas realizadas em uma empresa do sudoeste do Paraná. Todos os

dados foram coletados na empresa com entrevistas e consulta à

documentação de cada etapa do projeto, desde o planejamento inicial

até a produção em série do produto, com um acompanhamento geral

de todas as atividades de planejamento, desenvolvimento, melhorias do

processo e produto. Os resultados alcançados foram melhorias nos

testes de laboratório, em métodos e processos e principalmente

redução de custos do produto. Concluiu-se que a empresa possui uma

sistemática própria de PDP, mas que possui boa aderência ao modelo

de PDP de Rozenfeld et al. (2006) que foi tomado como base neste

trabalho.

Palavras-chaves: desenvolvimento de produtos, gestão de projetos,

melhorias incrementais do produto

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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1. Introdução

O processo de Desenvolvimento de Produtos constitui-se num dos processos-chave de

qualquer empresa que se propõe a competir por meio de criação de produtos próprios e da

busca de liderança tecnológica. A antiga fórmula de sucesso baseada em industrializar um

produto, produzi-lo a preços baixos e vendê-lo em grande quantidade não se aplica mais ao

ambiente atual de negócios. É preciso identificar a premissa de criação de valor que garantirá,

no mercado, o êxito com os clientes e realizá-la em tempo adequado para aproveitar ao

máximo a oportunidade que se apresenta. O sucesso será conquistado pelas empresas que

sabem produzir valor de mercado, aquelas que podem entregar o que as pessoas querem

comprar (ROZENFELD et al., 2006).

Com o intuito de melhorar a qualidade do processo de desenvolvimento, modelos referenciais

de desenvolvimento de produto foram discutidos nos últimos anos com a finalidade de

estruturar processos: Pahl Beitz (1996), Crawford e Benedetto (2000), Ulrich e Eppinger

(2000), Wheelwright e Clark (1992). Recentemente autores brasileiros desenvolveram

modelos mais abrangentes como Rozenfeld et al. (2006). Contudo o processo de

desenvolvimento é dinâmico e, uma vez estruturado, necessita de uma melhoria continua pra

ajustar-se a realidade e incluir melhores praticas capazes de impactar nos problemas atuais e

nas mudanças de cenário dos processos de negócio.

Este trabalho tem por objetivo descrever o processo de melhorias incrementais de um produto

fogão 04 bocas de uma empresa do ramo metal mecânico do sudoeste do Paraná, utilizando o

modelo referencial de Rozenfeld et al. (2006) como base.

2. Revisão de Literatura

A concepção tradicional do processo de desenvolvimento de produtos tem como fundamento

a especialização funcional, legado da abordagem mecanicista de Taylor, Fayol e Ford, que

utiliza a especialização como meio de obter eficiência nos processos organizacionais. Os

resultados são mais previsíveis em projetos que possuem etapas seqüenciais predeterminadas

em relação aos projetos que não possuem (SILVA, 2001).

Saliente-se que, para desenvolver produtos, são necessárias informações e habilidades de

membros de todas as áreas funcionais, caracterizando-se como uma atividade, em princípio,

multidisciplinar. (MUNDIM et al., 2002).

Leonel et al. (2005) discutem diversos elementos sobre o planejamento e desenvolvimento de

produtos. Buscam demonstrar a importância da implementação da metodologia por parte das

empresas para se obter sucesso com menores riscos e tempos de desenvolvimento.

Logo o projeto do produto passa a ser um elemento de vantagem competitiva, determinando

as questões de padronização, maturidade, modularidade, qualidade, robustez e inexistência de

falhas. Estima-se que 80% dos problemas de qualidade decorrem do projeto do produto e não

dos processos produtivos. O projeto de produto deve levar em consideração as técnicas de:

facilidade de montagem; facilidade de fabricação; facilidade de desmontagem e

adaptabilidade ao meio ambiente (MARTINS; LAUGENI, 2005).

Outro aspecto importante é que a competitividade da organização está atrelada a projetar

produtos e serviços para satisfazer aos consumidores . Um bom projeto traduz as necessidades

dos clientes e no processo de desenvolvimento, desde o conceito até o lançamento. Devem ser

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envolvidos profissionais de diversos setores da empresa e formações distintas, até mesmo de

fora da organização, como os fornecedores (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).

Para Pahl e Beitz (1996) uma essencial parte da metodologia da solução de problemas com

relação ao desenvolvimento de produto, envolve uma análise passo a passo de todas as etapas

do desenvolvimento. Envolve análises quantitativas e qualitativas, onde um novo passo se

torna mais concreto que o anterior. Cada uma das etapas é acompanhada por atividades

indiretas como discussões, classificações e preparações.

Wheelwright e Clark (1992) introduziram o conceito de seleção de idéias (funil). No início de

qualquer processo, identificam-se muitas idéias, onde se selecionam as mais promissoras para

o desenvolvimento. Em função dos recursos e maiores análise de viabilidade e aceitação,

somente algumas idéias irão ser efetivadas e entrarão em linha de fabricação.

Outra questão importante é a integração do marketing ao projeto de desenvolvimento de

produto, abordada por Crawford e Benedetto (2000). Destacam a necessidade de profissionais

ligados ao mercado definirem as características-alvo do produto e os interesses deste mercado.

Posteriormente estas características serão materializadas pelos projetistas. Buss e Cunha

(2001) e Rein (2004) também atentam a esta questão.

Para Barros, Mussolin e Oliveira (2006) algumas empresas possuem um grande problema em

seu processo uma vez que desenvolvem um produto e terceirizam as atividades de

manufatura, ou pelo menos parte delas. A migração do projeto do produto para a manufatura

deve ser cautelosa, principalmente quando se trata de empresas distintas.

A etapa de projeto e desenvolvimento de um produto novo, só deve ocorrer após intensa

análise, discussão e estudos. Em primeiro lugar já deverá estar definido se a empresa irá

apresentar inovações ou não em seu novo produto. Na exploração das necessidades de

alterações pode-se chegar a conclusões de melhorias, reformas ou até mesmo lançamento de

um produto novo. Pode-se também diagnosticar diferenciais que a concorrência possui ou

lançou no mercado recentemente e a possibilidade de implementá-los, preferencialmente com

melhorias (BAXTER, 2003). A empresa deve procurar amadurecer todas as idéias possíveis.

Com relação às equipes de desenvolvimento de produtos, estas devem ter um relacionamento

de time. A criação de grupos de excelência vai mais além, é mais rico e complexo do que

cooperação e integração. O desempenho de criação de novos produtos e o comportamento do

grupo é influenciado por duas características: estruturais (proximidade física, longevidade do

time e interdependência) e contextuais (gerente sênior estimulando se correr riscos, orientação

da qualidade, busca de dados junto a consumidor, e relações interdepartamentais) (SETHI;

NICHOLSON 2001).

No ambiente contemporâneo competitivo, é crucial para as companhias se manterem no

mercado, promover e manter o aprendizado coletivo desenvolvido durante o projeto de

desenvolvimento de novos produtos. BOURGEON (2007) lista as principais dimensões do

aprendizado no projeto de desenvolvimento de novos produtos e também as principais

dimensões da lógica dos gerentes de projeto. A rotatividade de tarefas no projeto para o staff

funcional favorece condições para o aprendizado coletivo. Isso se torna interessante

principalmente na solução de problemas e alterações necessárias ao produto, mesmo quando

se trabalha em uma melhoria de um produto existente.

Um sistema de PDP já implantado e sistematizado, concomitante com suas atividades

rotineiras, pode propor pequenas melhorias e encaminhamentos que em conjunto e no longo

prazo causam sensíveis melhorias no todo. Estes encaminhamentos são denominados por

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Rozenfeld et al. (2006) como melhorias contínuas ou incrementais nos produtos.

O processo de mudança e melhoria de engenharia deve ser iniciado com uma proposta de

mudança, formalizando o pedido de alteração, indicando possível problema existente,

podendo conter ainda sugestão de melhoria. A mudança sendo claramente formulada,

analisada e aprovada geralmente gera uma ordem autorizando a sua implementação. As

informações, dados, projeto, manuais e outros documentos, deverão ser atualizados. A

implementação das mudanças devem ser estudadas junto ao setor de manufatura de como será

programada a alteração junto à linha de fabricação visando à organização e evitando

problemas de produção (ROZENFELD et al., 2006).

Dentro deste contexto final desta revisão, das melhorias incrementais num produto existente,

concentra-se foco do caso descrito neste trabalho.

3. Metodologia da Pesquisa

Este trabalho trata-se de um estudo de caso descritivo. Os dados foram obtidos juntamente a

um dos técnicos de desenvolvimento da empresa estudada e que esteve envolvido no caso

estudado. Os dados foram obtidos através de entrevista individual e documentação

disponibilizada pela empresa.

As informações são baseadas no projeto executado em uma empresa do ramo metal-mecânico,

fabricante de eletrodomésticos, desde o desenvolvimento à fabricação dos primeiros lotes de

produção, projeto intitulado PRC 2006 (Programa de Redução de Custos 2006). Será

abordado neste trabalho somente o PRC de um modelo dos fogões 4 bocas que representam

em torno de 70% da produção mensal da empresa.

4. Metodologia de Projeto de Melhoria Incremental na Empresa Estudada

De acordo com Rozenfeld et al.(2006) os projetos desenvolvidos na empresa estudada podem

ser classificados como projetos incrementais. Um novo fogão na verdade representa uma

pequena evolução em relação ao modelo anterior, agregando tendências estéticas atuais e

melhorias de cunho técnico (segurança, funcionamento e desempenho nos testes de

laboratório).

Os projetos de melhorias na empresa são executados com prazos de 03 a 06 meses para início

e término e respectivo lançamento na linha de produção.

A figura 1 mostra a estruturação, dinâmica e seqüência das atividades voltadas para as

melhorias na visão interna da empresa estudada. Os seguintes comentários são pertinentes:

Planejamento Estratégico: o ciclo interno de melhorias incrementais inicia em reunião de

diretoria. Premissas básicas são elencadas, cronograma e prazos com responsáveis são

determinados;

Reuniões Interdepartamentais: representantes dos diversos setores ligados ao produto se

reúnem e o resultado final é uma lista de sugestões de possíveis modificações a serem

avaliadas pelo setor de Engenharia. Nenhuma idéia pode ser descartada nesta etapa;

Reuniões técnicas: setor de Engenharia faz reuniões regulares semanais analisando a lista

de sugestões. As inviáveis implicam um retorno aos proponentes. As outras são

desenvolvidas na forma de desenhos, detalhes e implicações no processo de fabricação e

encaminhadas para uma análise de custo;

Análise de custo: um dos técnicos de desenvolvimento define o quanto que a modificação

resultará em custo. Se considerada viável a mesma é direcionada ao laboratório;

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Laboratório: a modificação é implementada em um protótipo e executados os testes

correlatos, geralmente relativo às normas da ABNT. Um relatório é emitido com a

aprovação (ou não) da modificação;

Métodos e Processos: o analista de processos verifica quais modificações serão necessárias

para implementação na linha de produção tais como, por exemplo, carrinhos de transporte

internos e ganchos de sustentação das peças que vão para o forno de pintura;

Estrutura: um dos técnicos de desenvolvimento incorpora a modificação no sistema

integrado de manufatura;

Prazo limite do projeto: esta data geralmente está atrelada a um contrato de fornecimento.

Logo quando esta é alcançada o produto, com todas as modificações aprovadas, é lançado

na linha de produção em substituição à versão anterior. Novas melhorias poderão ser

implementadas mas já com o produto em linha.

Não viável: feedback

Aprovação da

modificação?

Laboratório:

Testes

Custo da

modificação viável?

Engenharia:

Análise de Custo

Análise: sugestões Não viável: feedback

Planejamento Estratégico:

Reunião da diretoria

Reuniões

interdepartamentais:

Diretoria

Marketing

Comercial Compras

Manufatura

Engenharia

Engenharia:

Reuniões técnicas

Não

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Figura 1 – Gestão de Mudanças de Engenharia – Visão Interna da Empresa

A seguir, as etapas da macro fase de desenvolvimento são descritas para o produto.

4.1 Projeto Informacional

O projeto PRC 2006 teve seu inicio com a decisão da diretoria da empresa em 2005, da opção

por pequenas alterações no projeto para torná-los mais competitivos no mercado.

O setor de Engenharia desenvolveu o projeto informacional do produto com as seguintes

especificações meta baseadas no modelo existente (2005) e norma técnica ABNT:

Estanqueidade: vazamentos máximo de 0,010 dm3/h (modelo 2005) e limite de norma 0,1

dm3/h (NBR 13723-1);

Potência: quantidade de energia/calor produzida pelos queimadores com desvio máximo de

8% com relação ao valor nominal (NBR 13723-1);

Aquecimento: pontos críticos como puxador da porta do forno, vidro da porta do forno,

lateral direita e esquerda, capa traseira, manipuladores e interruptor com temperaturas pelo

menos 10 ºC abaixo dos limites máximos estabelecidos na NBR 13723-1;

Combustão: quantidade de monóxido de carbono limitadas ao máximo de 0,1 % tanto para

queimadores e forno quanto para o forno em separado) observando o limite de norma de

0,2% (NBR 13723-1);

Rendimento médio dos queimadores: aproveitamento do gás deverá ser no mínimo 60,4%;

Redução do custo unitário do produto em pelo menos R$ 2,0.

4.2 Projeto Conceitual e Detalhado

Os projetos conceitual e detalhado são feitos praticamente de forma simultânea, visto que não

existe uma fronteira definida entre as soluções propostas e os testes e implementação dos

mesmos.

O setor de engenharia de produtos revisou o produto inteiro e determinou as futuras

modificações que poderiam reduzir o custo e também atender às tendências estéticas e

funcionais, sem afetar características fundamentais do produto. A revisão do produto é feita

na forma de estudo prévio do modelo atual pelos desenhistas projetistas, técnico de

desenvolvimento e um analista de processos industriais.

Reuniões de trabalho com a equipe foram feitas para listar componentes que poderiam sofrer

alterações e/ou serem substituídas por outros que manteriam a mesma característica do

produto. Fruto deste trabalho está apresentado na tabela 1.

Após listados todos os componentes e suas respectivas propostas de mudança os mesmos são

separados em dois grupos: itens que somente sofrerão alterações estéticas e ou mecânicas que

Não

Métodos e Processos Estrutura

Prazo limite

do projeto?

Manufatura

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não influenciam diretamente o funcionamento do produto e/ou algum item de norma

representados pela tabela 2. Os itens que sofrerão alterações que comprometem a eficiência,

rendimento, potência e até itens solicitados por norma aparecem na tabela 3.

A lã de vidro, por exemplo, por suas propriedades físicas e químicas, é um dos mais

tradicionais isolantes térmicos utilizados. No projeto PRC, devido à retirada do divisor

superior, para manter a mesma eficiência no isolamento térmico do forno foi decidido a

substituição de lã de vidro simples por uma lã de vidro com papel alumínio que também serve

como isolante térmico, reforçando ainda mais a isolação no forno do produto, tendo a

possibilidade assim de reduzir a espessura da lã de vidro.

ATUAL PROPOSTA PRC

Lateral do Forno Limpa Fácil Lateral do Forno Autolimpante

Costa do Forno Costa do Forno Reestilizada

Lã do Forno Lã do Forno com Alumínio

Divisor Superior Retirar Divisor Superior

Cantoneira Direita Cantoneira Direita Reestilizada

Cantoneira Esquerda Cantoneira Esquerda Reestilizada

Painel Painel Reestilizado

Bateria Bateria Reestilizada

Vidro Vidro Reestilizado

Canopla Retirar Canopla

Manipulador Manipulador Reestilizado

Mesa inox Mesa inox com alteração em repuxos

- Inclusão de travessa de apoio da mesa

Fiação da mesa Fiação da mesa curta

- Inclusão de mola do eletrodo

Puxador da tampa Puxador da tampa Reestilizado

Copos estampados / forjados Copos estampados / forjados Norma

Espalha chamas estampados / forjados Espalha chamas estampados / forjados

Norma

Trempe Dupla / Individual Trempe Dupla / Individual Reestilizada

Chaminé Retirar Chaminé

Capa Traseira Pequena Capa Traseira Total

Protetor da Fiação Retirar Protetor da fiação

Fonte: Engenharia de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 1 – Lista de componentes e propostas visando redução de custos

ATUAL PROPOSTA PRC

Lateral do Forno Limpa Fácil Lateral do Forno Autolimpante

Costa do Forno Costa do Forno Reestilizada

Cantoneira Direita Cantoneira Direita Reestilizada

Cantoneira Esquerda Cantoneira Esquerda Reestilizada

Painel Painel Reestilizado

Vidro Vidro Reestilizado

Canopla Retirar Canopla

Manipulador Manipulador Reestilizado

Fiação da mesa Fiação da mesa curta

- Inclusão de mola do eletrodo

Puxador da tampa Puxador da tampa Reestilizado

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Fonte: Engenharia de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 2 – Lista de componentes com alterações estéticas e (ou) mecânicas e que não comprometem

funcionamento e itens de norma

Aprovada a lista das peças que sofreriam alterações, as mesmas foram fabricadas pelos

responsáveis do setor de protótipos, passando a ser chamadas de peças protótipos e

posteriormente montadas em um fogão protótipo. O protótipo deve ser entregue no laboratório

de produtos para o inicio de todos os testes de norma realizados por um laboratorista.

Para que estas alterações fossem possíveis a empresa teve que seguir as normas do

INMETRO (para obter a etiqueta de eficiência energética) e ABNT (manter o produto de

acordo com as normas vigentes no país).

ATUAL PROPOSTA PRC ALTERAÇÃO INFLUI EM:

Lã do Forno Lã do Forno com

Alumínio

Temperaturas Internas e

Externas e Distribuição de Calor

Divisor Superior Retirar Divisor Superior Temperaturas Internas e

Externas

Chaminé Retirar Chaminé Temperaturas Internas e

Externas

Capa Traseira Pequena Capa Traseira Total Temperaturas Internas e

Externas / Proteção

Protetor da Fiação Retirar Protetor da Fiação Proteção

Bateria Bateria Reestilizada Eficiência / Funcionalidade

Mesa inox Mesa inox com alteração

em repuxos

Funcionalidade

- Inclusão de travessa de

apoio da mesa

Funcionalidade

Copos estampados /

forjados

Copos estampados /

forjados Norma

Rendimento / Potência /

Eficiência

Espalha chamas

estampados / forjados

Espalha chamas

estampados / forjados

Norma

Rendimento / Potência /

Eficiência

Trempe Dupla / Individual Trempe Dupla /

Individual Reestilizada

Rendimento / Potência /

Eficiência

Fonte: Engenharia de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 3 – Lista de itens a alterar que influem em eficiência, rendimento, potência e até itens de norma

4.3 Preparação da Produção

Aprovado o protótipo segue o trabalho no setor de engenharia, onde cada colaborador possui

responsabilidades que servirão de suporte ao desenvolvimento de cada etapa do processo

produtivo, sendo a equipe composta por: 1 Coordenador, 2 Desenhistas/Projetistas, 2

Técnicos em Desenvolvimento e 1 Analista de Processos Industriais.

Iniciam-se os lotes pilotos, últimos testes, ou melhor, a prova final antes do lançamento

definitivo do produto. Com os produtos aprovados inicia-se a produção .

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5. Melhorias no Produto 2006 em Relação ao Modelo 2005

Os resultados alcançados podem ser divididos em: testes de desempenho em laboratório,

métodos e processos de manufatura e redução de custos.

5.1 Testes de Desempenho em Laboratório

Antes de ser aprovado o produto, testes internos são realizados pelo laboratorista responsável

e os fogões são enviados para laboratórios certificados pelo INMETRO. Para isto a empresa

enviou seu produto para um destes laboratórios. As tabelas a seguir mostram os resultados

obtidos.

Item Modelo 2005

Vazamento dm3/h

Modelo 2006

Vazamento dm3/h

Teste nº 1 0,010 0,003

Teste nº 2 0,010 0,003

Fonte: Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 4 – Estanqueidade

Efetuaram-se 02 testes de estanqueidade (tabela 4). O teste 1 é feito com os registros na

posição fechada e com o gás aberto. O teste 2 com os registros abertos, gás aberto e com um

gabarito apoiando os injetores. O resultado é comparado com o limite de 0,1 dm3/h (NBR

13723-1). O modelo 2006 obteve o menor índice, apenas 0,003 dm3/h.

Item Modelo 2005 Modelo 2006

valor

declarado

(kw)

valor

medido

(kw)

valor

declarado

(kw)

valor

medido

(kw)

Queimador dianteiro esquerdo 1,67 1,78 1,67 1,69

Queimador dianteiro direito 1,92 2,12 1,92 2,06

Queimador traseiro esquerdo 1,92 2,11 1,92 2,03

Queimador traseiro direito 1,67 1,76 1,67 1,70

Forno 2,0 2,36 2,0 2,18

Fonte: Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 5 – Potência

No teste de potência (tabela 5) é verificada a quantidade de energia/calor produzida pelo

produto. Deve-se acender o queimador na posição máxima do registro com o recipiente e

mantê-lo em funcionamento por 10 minutos antes de se iniciar a leitura. O ensaio acaba ao

final de 6 minutos, quando o registro do fogão deve ser fechado rapidamente. Anotam-se os

valores da pressão atmosférica (barômetro), pressão do gás (manômetro, a pressão deve ser de

280 mmca ± 1mmca), a variação de volume através do medidor de vazão e a temperatura do

gás no medidor (termômetro). Após a coleta dos dados acima referidos calcula-se a potência

(NBR 13723-1). O resultado esperado é que o valor desvie do valor nominal em ± 8% para

potências inferiores a 2.25 kW (que é o caso). Neste item o produto de 2006 passou por

inúmeras modificações, resultando assim em valores mais próximos dos nominais.

Superfície Limite Modelo 2005 Modelo 2006

Temperatura Ambiente do teste 20 ºC a 25 ºC 24,3 ºC 24,0 ºC

Painel 60 ºC 31,6 ºC 44,5 ºC

Puxador da Porta do Forno 60 ºC 10,8 ºC 27,0 ºC

Vidro da Porta do Forno 80 ºC 56,1 ºC 63,6 ºC

Lateral Direita 60 ºC 44,7 ºC 41,2 ºC

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Lateral Esquerda 60 ºC 40,6 ºC 39,4 ºC

Capa Traseira 70 ºC 44,3 ºC 56,2 ºC

Manipuladores 60 ºC 27,7 ºC 50,2 ºC

Interruptor 60 ºC 24,3 ºC 29,1 ºC

Fonte:Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 6 – Aquecimento

Item Modelo 2005 Modelo 2006

Queimadores (todos) 0,358474 m3/h 0,51478 m3/h

Forno 0,110 Kg/h 0,112 Kg/h

Fonte: Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 7 – Consumo

A tabela 6 mostra os resultados quanto ao aquecimento, com as temperaturas mantidas bem

abaixo dos limites da norma NBR 13723-1.

Os testes de consumo (tabela 7) indicam a quantidade de consumo de gás do produto descrita

na etiqueta do INMETRO. O teste do forno deve ser feito após o mesmo estar ligado por 1

hora. O produto deve estar com uma temperatura de 210 ºC acima da temperatura ambiente e

após são retiradas as leituras do medidor de vazão que aponta o consumo final. Espera-se que

o consumo esteja de acordo com a classificação do INMETRO, o que ocorreu.

Superfície CO neutro

Corrigido

máximo

Modelo 2005 Modelo 2006

Queimadores e forno juntos 0,2 % 0,093% 0,050%

Forno 0,2 % 0,086% 0,004%

Fonte: Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 8 – Combustão com pressão nominal e consumo máximo

A combustão é avaliada pela quantidade de monóxido e dióxido desprendidos. Os produtos da

combustão são coletados 20 minutos após o inicio do ensaio através do analisador de gases.

Devem ser tomadas 5 leituras de monóxido mínimo e 5 leituras de monóxido máximo e após

calcular a media das leituras. Deve-se anotar o valor médio de 3 leituras de dióxido (CO2) e

calcular a média. Com o resultado deve-se calcular o monóxido corrigido neutro (NBR

13723-1). O aparelho possui duas células (uma de Co Puro e outra de Oxigênio) e analisa o

vapor seco gerado pelo produto. Houve melhora por alterações realizadas nas trempes, copos

e espalha chamas dos produtos. Além da condição apresentada do teste (pressão nominal e

consumo máximo) foram testados: pressão máxima e consumo nominal e com metade da

pressão nominal. Os resultados foram similares.

Item Modelo 2005 Modelo 2006

Queimador dianteiro esquerdo 61,781 % 61,1 %

Queimador dianteiro direito 59,355 % 63,7 %

Queimador traseiro esquerdo 60,930 % 64,1 %

Queimador traseiro direito 59,028 % 61,0 %

Rendimento Médio 60,401 % 62,6 %

Fonte: Laboratório de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 9 – Rendimento

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O rendimento (tabela 9) é o percentual de aproveitamento de gás pelo produto. O queimador

fica na posição máxima do registro com o recipiente de pré-aquecimento em funcionamento

por 10 minutos antes de se iniciar a leitura. Após isto, efetua-se a troca das panelas (de

aquecimento pela de ensaio de rendimento), quando o ponteiro do medidor de vazão coincidir

com um traço, anotar o valor da vazão e a temperatura inicial. O ensaio se finaliza quando a

temperatura atingir 90ºC ±1ºC. Quando esta temperatura for atingida deve-se desligar o

registro de controle e o cronômetro e observar o termômetro por mais alguns minutos para

anotar a temperatura final real. Anotam-se os valores da pressão atmosférica (barômetro),

pressão do gás (manômetro, a pressão deve ser de 280 mmca ±1mmca), a variação de volume

através do medidor de vazão e a temperatura do gás no medidor (termômetro). Após a coleta

dos dados acima referidos calcula-se o rendimento (mínimo 52% pela NBR 13723-2).

Constatou-se sensível melhora no rendimento do modelo 2006.

5.2 Métodos e Processos

A etapa de processos é a que define os procedimentos que serão executados para a confecção

dos produtos, aproveitando ao máximo os recursos produtivos. Na tabela 7 listam-se as peças

que sofreram alterações na versão 2006.

As peças “Compradas” são as que entram no processo produtivo somente na linha de

montagem. As peças do “Mesmo Processo” são as fabricadas e/ou compradas que passam

pelos mesmos processos do produto anterior, tendo um novo design, uma pequena alteração

estrutural, que não afetarão o processo produtivo. “Peça com alteração” refere-se ao caso

específico da capa traseira. Visando a redução de custos, devido à retirada do divisor inferior,

do protetor da usina/fiação e da chaminé, surgiu a necessidade de adicionar no produto uma

capa traseira total que neste caso além de proteção ao produto, passa a exercer maior proteção

ao usuário, além de não permitir a entrada de correntes de ar no produto e manter quantidade

de calor necessária para o bom funcionamento do mesmo.

Peças Situação da Peça

Lã do Forno com Alumínio Comprada / Mesmo Processo

Capa Traseira Total Peça com Alteração

Bateria Reestilizada Comprada / Mesmo Processo

Mesa inox com alteração em repuxos Mesmo Processo

Travessa de apoio da mesa Comprada

Copos estampados / forjados Norma Comprada / Mesmo Processo

Espalha chamas estampados / forjados

Norma

Comprada / Mesmo Processo

Trempe Dupla / Individual Reestilizada Comprada / Mesmo Processo

Lateral do Forno Autolimpante Mesmo Processo

Costa do Forno Reestilizada Mesmo Processo

Cantoneira Direita Reestilizada Mesmo Processo

Cantoneira Esquerda Reestilizada Mesmo Processo

Painel Reestilizado Mesmo Processo

Vidro Reestilizado Comprada / Mesmo Processo

Manipulador Reestilizado Comprada / Mesmo Processo

Fiação da mesa curta Comprada / Mesmo Processo

Mola do eletrodo Comprada / Mesmo Processo

Puxador da tampa Reestilizado Comprada / Mesmo Processo

Fonte: Engenharia de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 10 – Peças que sofreram modificações

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Figura 2 – Versão 2005 anterior ao PRC e detalhe da capa traseira

Para agilizar o processo de montagem da capa traseira foi necessário a inclusão de 02

“orelhas”, abas de fácil fixação na costa do forno fazendo com que somente sejam utilizados

02 rebites, pois na capa menor utilizada no produto antigo eram necessários 04 parafusos para

a fixação. A Figura 2 ilustra o modelo antigo e a figura 3 o modelo proposto.

Figura 3 – Versão 2006 posterior ao PRC, capa traseira total

Segundo dados do setor de métodos e processos a montagem dos produtos ficou mais rápida,

uma vez que a nova versão tem maior facilidade da montagem de algumas peças. Em alguns

pontos da linha de produção foram adicionadas células de montagem para facilitar a

produção. Em 2005 a montagem trabalhava em 02 turnos totalizando aproximadamente 15

horas de produção diária com 2 linhas de produção para produtos 4 bocas. Atualmente a

produção utiliza aproximadamente 8 horas de produção diária com 3 linhas de produção para

os produtos 4 bocas.

5.3 Redução de Custos

De acordo com os itens 4.1 e 4.2, pode-se observar que a qualidade se manteve e em alguns

aspectos melhorou. A redução de custos na produção de 03 variações de um modelo de fogão

04 bocas segue conforme tabela 11.

Modelo de Produto 4 Bocas Redução

Fogão 04 bocas com Acendimento Automático e Sem Luz no Forno R$ 2,168

Fogão 04 bocas com Acendimento Automático e Com Luz no Forno R$ 2,775

Fogão 04 bocas sem Acendimento Automático e Sem Luz no Forno R$ 1,930

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Redução Média R$ 2,290

Fonte: Engenharia de Produtos – Empresa Estudada

Tabela 11 – Redução de custos unitária

6. Conclusões

Este trabalho tinha como objetivo descrever o processo de melhorias incrementais num dos

modelos de fogões mais representativos da empresa estudada.

Percebe-se que a empresa estudada possui uma sistemática própria com relação a

implementação de melhorias em seus produtos. Com relação ao modelo referencial utilizado

como base (ROZENFELD et al., 2006), algumas etapas são realizadas normalmente, outras de

forma mais simplificada ou até mesmo informalmente.

Através dos estudos realizados foi possível a obtenção de melhorias incrementais no produto

em questão, agregando atualização estética e aspectos funcionais. Tais melhorias

proporcionaram facilidades na sua montagem além de reduzir custos, principal objetivo no

modelo 2006 do fogão estudado. O produto estudado destina-se às chamadas classes B e C,

onde o preço de venda é um fator determinante.

Agradecimentos

Agradecemos à CAPES e à Fundação Araucária, pelo apoio financeiro que possibilitou a

execução deste trabalho e à empresa onde coletaram-se os dados, por disponibilizar acesso à

sua unidade industrial para o levantamento de informações junto ao setor de Engenharia do

Produto.

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