impactos da exploraÇÃo madeireira em Área de uso florestal comunitÁrio na reserva extrativista...

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Resumo expandido publicado no VII Encontro Amazônico de Agrárias, Belém, Pará, em 2015. (ISBN: 978-85-7295- 107-4).

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  • IMPACTOS DA EXPLORAO MADEIREIRA EM REA DE USO

    FLORESTAL COMUNITRIO NA RESERVA EXTRATIVISTA VERDE

    PARA SEMPRE, PORTO DE MOZ, PAR

    Jssica de Arajo Campos

    (1); Saymon Roberto Pontes da Fonseca

    (2) ; Pricylla Jorge

    Lucena(3)

    ; Marlon Costa de Menezes4)

    (1)

    Acadmica de Engenharia Florestal; Faculdade de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Par UFPA, Campus de Altamira, Endereo: Rua Coronel Jos Porfrio, 2515, Bairro So Sebastio, CEP:

    68.372-040, Altamira-PA; Endereo eletrnico; [email protected]; (2)

    Acadmico de Engenharia

    Florestal; Faculdade de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Par UFPA, Campus de Altamira; (3)

    Acadmica de Engenharia Florestal; Faculdade de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Par UFPA, Campus de Altamira;

    (4) Professor; Faculdade de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Par

    UFPA, Campus de Altamira

    RESUMO

    Uma das alternativas para aumentar a renda em comunidades agroextrativistas a realizao

    do manejo florestal sustentvel. No presente estudo foram avaliados os danos ocasionados

    pela explorao florestal na rea de manejo florestal da Comunidade Arimum, Reserva

    Extrativista Verde para Sempre, Porto de Moz - PA. O estudo foi realizado na Unidade de

    Trabalho (UT) 1 na Unidade de Produo Anual (UPA) 3. Foi realizada a medio das reas

    de infraestrutura (estradas, ramais e ptios), clareiras de explorao e avaliados os danos nas

    rvores remanescentes. As reas das clareiras avaliadas variaram de 102,7 a 543,25 m e a

    rea mdia de abertura foi de 199,51 m para cada rvore. Considerando a construo de

    infraestruturas permanentes e a abertura de ramais de arraste e clareiras de explorao, foi

    aberta uma rea de 22,05 ha (22,05%) da rea da UT. As reas de infraestrutura e abertura de

    clareiras avaliadas so condizentes com uma Explorao Florestal de Impacto Reduzido. As

    tcnicas utilizadas garantiram uma menor intensidade dos danos floresta.

    PALAVRAS-CHAVE: clareiras, infraestrutura de explorao, ramais de arraste.

    ABSTRACT

    One alternative to increase income in agroextractivist communities is the application of

    techniques of sustainable forest management. The aim of this study was to evaluate the

    damage caused by logging in the forest management area of the Arimum community,

    Extractive Reserve Verde para Sempre, Porto de Moz PA. The study was conducted at the Work Unit 1 in the Annual Production Unit 3. The measurement of infrastructure areas was

    performed (roads, skid trails and patios), logging glades with a tape measure and assessed the

    damage to remaining trees. The areas of evaluated glades varied from 102.7 to 543.25 m and

    the average area opening was 199.51 m for each tree. Considering the construction of

    permanent infrastructure and the opening of skid trails and logging gaps, an area of 22.05 ha

    (22.05%) was open in the Work Unit area. The areas of infrastructure and opening glades are

    in agreement with a reduced impact logging. The techniques that were used ensured a lower

    intensity of damage to forest.

    KEY-WORDS: canopy gaps, logging infrastructure, skid trails.

    INTRODUO

    VII Encontro Amaznico de Agrrias

    Segurana Alimentar: Diretrizes para Amaznia

  • 2

    A Reserva Extrativista Verde Para Sempre um tipo de uni dade de conservao

    (UC) inserida na modalidade de Uso Sustentvel, definida pelo Sistema Nacional de

    Unidades de Conservao da Natureza (SNUC) como: rea natural com o objetivo principal

    de proteger os meios, a vida e a cultura de populaes tradicionais, cuja subsistncia se baseia

    no extrativismo e, ao mesmo tempo, assegurar o uso sustentvel dos recursos naturais

    existentes (BRASIL, 2000).

    Uma das formas de garantir a sustentabilidade desses ambientes promover uma

    alternativa de fonte de renda para as comunidades existentes nas RESEXs e a implementao

    de Planos de Manejo Florestal Comunitrio (PMFC).

    O Manejo Florestal Comunitrio (MFC) est sob a responsabilidade de uma

    comunidade local ou grupo social mais amplo, que estabelecem direitos e compromissos de

    longo prazo com a floresta. Os objetivos sociais, econmicos e ambientais integram uma

    paisagem ecolgica e cultural e produzem diversidade de produtos tanto para consumo como

    para o mercado (AMARAL, 2005).

    A explorao florestal uma das fases do sistema de manejo florestal madeireiro que

    compreende um conjunto de atividades operacionais que se inicia com a abertura de acesso

    floresta e termina com o transporte das toras para as unidades de processamento, sendo a

    etapa do manejo mais danosa floresta (MARTINS et al., 1998).

    Com isso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os impactos ocasionados pela

    explorao florestal em uma unidade de trabalho (UT) da rea de manejo florestal da

    Comunidade Arimum, RESEX Verde para Sempre, Porto de Moz, Par.

    MATERIAL E MTODOS

    A pesquisa foi desenvolvida na comunidade Nossa Senhora do Perptuo Socorro,

    conhecida como comunidade Arimum, RESEX Verde para Sempre. A comunidade encontra-

    se a uma distncia correspondente a quatro horas de barco da sede do municpio de Porto de

    Moz PA, a sede da comunidade localiza-se sob as coordenadas geogrficas 0203'06,7'' S

    de latitude e 5222'28,8'' W.

    O estudo foi realizado na Unidade de Produo Anual (UPA) 3 e Unidade de

    Trabalho (UT) 1 do rea de manejo florestal da comunidade.

    Para a avaliao do impacto da construo de infraestrutura foram realizadas

    medies de estradas secundrias, ramais de arraste e ptios de estocagem. Foram obtidas as

    dimenses de 3 ptios e realizadas 10 medies da largura de estradas e ramais.

  • 3

    A rea das clareiras foi mensurada segundo metodologia utilizada por Vidal et al.

    (1998). Foram avaliadas 8 clareiras de explorao florestal. Nessas clareiras, foram

    levantados os danos em rvores adjacentes e no seu interior, levando em considerao o

    fuste, copa, causa e severidade dos danos provocados de acordo com metodologia proposta

    por Holmes et al. (2006).

    RESULTADOS E DISCUSSO

    As reas das clareiras avaliadas variaram de 102,7 a 543,25 m e a rea mdia de

    abertura foi de 199,51 m para cada rvore. O abate de rvores gerou clareiras relativamente

    pequenas, assemelhando-se ao tamanho de clareiras provenientes de Explorao de Impacto

    Reduzido proposta por Vidal et al. (1997) que apresenta mdia em torno de 189 m.

    Assemelha-se tambm a rea de clareiras naturais mostrados por Tabarelli e Mantovani

    (1999) que variaram de 30,3 a 500,5 m.

    As superfcies das clareiras observadas, em sua maioria, no demonstraram relao

    com o dimetro e altura das rvores concordando com resultados obtidos por Bulfe et al.

    (2008), sendo as tcnicas utilizadas na explorao apontadas como as principais responsveis

    pelos danos e pelo tamanho da clareira.

    Para cada rvore explorada, em mdia 5,14 rvores remanescentes sofreram algum

    tipo de danos, das 8 clareiras avaliadas foram danificadas 36 rvores, deste total, 23 estavam

    localizadas no interior da clareira e 14 adjacentes clareira. Dentre as rvores que sofreram

    algum tipo de dano, apenas uma delas encontrava-se acima do Dimetro a Altura do Peito

    (DAP) mnimo utilizado no inventrio que foi de 30 cm.

    Quanto aos danos no fuste de rvores adjacentes a clareira, a maioria dos danos foi

    classificada como somente na casca, maiores que 30 x 50 cm (30%), seguido de fuste

    quebrado (8%) e fuste tombado (8%). Quanto aos danos na copa de rvores adjacentes, a

    maior parte dos danos foi classificada como menores ou iguais a 1/3 da copa (33%), rvores

    sem copa (13%) e danos maiores que 1/3 da copa (7%).

    As rvores remanescentes situadas no interior das clareiras receberam danos mais

    severos. Desta forma, 18% dos fustes foram quebrados, 14% de danos na casca e no cmbio e

    14% de danos menores que 30 x 50 cm. Em relao aos danos nas copas, a maior parte foi

    classificada como rvores que ficaram sem copa (71%), e rvores com mais que 1/3 da copa

    danificada (21%).

    As tcnicas executadas em uma Explorao de Impacto Reduzido diminuem a

    possibilidade de aumento da ocorrncia de danos dessa natureza. O planejamento e

  • 4

    direcionamento da queda da rvore e o corte de cips que feito na base da rvore um ano

    antes da extrao constituem o fator principal para promoo do menor dano possvel nas

    remanescentes (SABOGAL et al., 2000).

    A construo de infraestruturas permanentes afetou apenas 0,96 % da UT, este um

    percentual abaixo do encontrado por Holmes et al (2006) em rea de EIR em que 1,28% da

    UT foi afetada pela construo dessas estruturas, isto significa uma menor rea atingida pelo

    uso de mquinas pesadas e consequente menos danos acarretados ao solo da floresta.

    Considerando a construo de infraestruturas permanentes, abertura de ramais de

    arraste e clareiras de explorao, foi aberta uma rea total de 22,05 ha (22,05%) da rea

    correspondente a UT que de 100 ha.

    A largura mdia das estradas secundrias foi de 4,08 m, dos ramais de arraste foi de

    2,65 m e as dimenses dos dois ptios avaliados foram de 17,80 x 13,57 m e 18,60 x 15,50 m.

    Todas as dimenses das infraestruturas esto de acordo com o estabelecido na Norma de

    Execuo N 01 do IBAMA de 2007.

    CONCLUSES

    Os parmetros avaliados em relao as reas de infraestrutura e abertura de clareiras

    da explorao so condizentes com uma Explorao Florestal de Impacto Reduzido. As

    tcnicas utilizadas garantiram uma menor intensidade dos danos floresta remanescente e a

    adequao do manejo as normas da legislao vigente.

    LITERATURA CITADA

    AMARAL, P. Manejo Florestal Comunitrio: processos e aprendizagem na Amaznia

    brasileira e na Amrica Latina. Belm. IIEB; IMAZON, 2005.

    BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA. Norma de execuo n. 1, de 24 abril de 2007. Institui, no mbito desta Autarquia,

    as Diretrizes Tcnicas para Elaborao dos Planos de Manejo Florestal Sustentvel PMFS.

    BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de Julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de

    Conservao da Natureza - SNUC, estabelece critrios e normas para a criao, implantao

    e gesto das unidades de conservao. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 19 jul. 2000.

    16 p.

    BULFE, N. M. L.; GALVO, F.; FIGUEIREDO FILHO, A.; MAC DONAGH, P. Efeitos da

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  • 5

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    Reduzido em Comparao Explorao Florestal Convencional na Amaznia Oriental.

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    MARTINS, S. S.; COUTO, L.; TORMENA, C. A.; MACHADO, C. C. Impactos da

    explorao madeireira em florestas nativas sobre alguns atributos fsicos do solo.

    rvore, v. 22, n. 1, p. 69 - 76, 1998..

    SABOGAL, C.; SILVA, J. N. M.; ZWEEDE, J.; PEREIRA JNIOR, R.; BARRETO, P.;

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    operaes florestais de terra firme na Amaznia brasileira. Belm: Embrapa Amaznia

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    TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. Clareiras naturais e a riqueza de espcies pioneiras

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    VIDAL, E.; JOHNS, J.; GERWING, J.; BARRETO, P.; UHL, C. 1998. Manejo de Cips

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