ied resumo

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Título IV- Regras e sistema jurídico 1. Construção do sistema jurídico A. Características do sistema Sistema: -é um conjunto organizado ou articulado de elementos que mantem uma certa identidade face a um meio exterior complexo -todo o sistema: -comporta um conjunto de elementos -diferencia-se do meio ambiente e de outros sistemas através de critérios próprios -exige consistência Quanto ao sistema jurídico: -distingue-se de outros sistemas normativos por um critério próprio de validade aplicável a esses princípios e regras -constitui um conjunto consistente de princípios e regras -o conjunto dos princípios e das regras aplicáveis num sistema é maior do que o conjunto dos princípios e das regras que pertencem a esse sistema Esta conclusão: -decorre do facto de num sistema poderem ser aplicadas quer leis que já deixaram de vigorar nesse sistema, quer leis que pertencem a sistemas jurídicos estrangeiros -espelha a diferença entre pertença e aplicabilidade sendo que a última é maior do que a primeira pois são aplicáveis num sistema jurídico regras que não lhe pertencem -é constituído por princípios e regras jurídicas:

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introdução ao estudo do direito

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Ttulo IV- Regras e sistema jurdico 1. Construo do sistema jurdico

A. Caractersticas do sistema Sistema: - um conjunto organizado ou articulado de elementos que mantem uma certa identidade face a um meio exterior complexo -todo o sistema:-comporta um conjunto de elementos-diferencia-se do meio ambiente e de outros sistemas atravs de critrios prprios -exige consistncia

Quanto ao sistema jurdico:-distingue-se de outros sistemas normativos por um critrio prprio de validade aplicvel a esses princpios e regras-constitui um conjunto consistente de princpios e regras

-o conjunto dos princpios e das regras aplicveis num sistema maior do que o conjunto dos princpios e das regras que pertencem a esse sistema

Esta concluso:-decorre do facto de num sistema poderem ser aplicadas quer leis que j deixaram de vigorar nesse sistema, quer leis que pertencem a sistemas jurdicos estrangeiros -espelha a diferena entre pertena e aplicabilidade sendo que a ltima maior do que a primeira pois so aplicveis num sistema jurdico regras que no lhe pertencem - constitudo por princpios e regras jurdicas:-para que os princpios e as regras integrem o sistema jurdico necessrio que este sistema j exista, mas, para que haja sistema, necessrio que existam princpios e regras-trata-se de um paradoxo que pode ser resolvido atravs de uma viso evolutiva do sistema jurdico: os sistemas jurdicos tm de ser criados e podem deixar de existir, para que se forme tem de haver uma regra de produo desse sistema, esta regra que cria o sistema ao qual vo pertencer todos os princpios e regras que forem aceites pelo prprio sistema -a funo de regra de produo de um sistema jurdico habitualmente desempenhada por uma Constituio - muito raro que os sistemas jurdicos sejam completamente criados ex novo, sendo mais frequentes os fenmenos de recepo de anteriores sistemas por novos sistemas jurdicos

B. Componentes do sistema

Princpios jurdicos: -programticos:-definem objectivos a alcanar e fins a atingir-tm uma funo orientadora -funcionam numa lgica pro tanto: em cada momento temporal, os objectivos por eles fixados devem ser alcanados na maior medida possvel -tornam obrigatrias todas as medidas que favoream a obteno desses objectivos e probem todas aquelas que impeam vir a alcana-los -formais:-so os princpios da:-justia: exige que o sistema jurdico seja justo e equitativo -confiana: requer que o sistema transmita previsibilidade -eficincia: exige que o sistema procure obter os melhores resultados com o menos dispndio de recursos -desempenham uma dupla funo: -constitutiva: o direito no pode ser construdo sem esses princpios-regulativa: regulam situaes jurdicas e fornecem critrios de soluo de casos concretos -materiais: -so concretizaes dos princpios formais -s realizam uma funo regulativa -no plano do sistema jurdico, cada um dos princpios formais concretizado em vrios princpios materiais:-o da justia concretiza-se no princpio material:-da igualdade: impe que o que igual deve ser tratado de forma igual, e vice-versa-da proporcionalidade: determina que os meios usados devem ser adequados aos fins que se procura atingir -o da confiana concretiza-se no princpio:-de que a alterao da lei deve ser justificada por razes objectivas -de que a ignorncia da lei no justifica a sua violao (6)-da no retroactividade da lei nova, esta no deve atingir factos, situaes ou efeitos anteriores sua entrada em vigor (12 n1)-o da eficincia concretiza-se no princpio:-da alocao dos meios necessrios para atingir os objectivos definidos, o sistema jurdico no deve fornecer menos do que os meios necessrios para a prossecuo daqueles objectivos -da alocao dos meios suficientes para alcanar os objectivos determinados

O critrio da optimizao:-os princpios jurdicos s admitem uma medida de consagrao possvel: o mximo que for compatvel com os demais princpios-de acordo com este critrio possvel distinguir entre princpios materiais:-absolutos: so aqueles que, sendo concretizaes de um princpio formal, no admitem nenhuma excepo segundo outro princpio formal -relativos: so aqueles que admitem uma concretizao segundo um princpio formal e uma excepo segundo um outro princpio formal

Princpios e regras:-Dworkin defende que os princpios de distinguem das regras pelos seguintes aspectos:-os princpios tm peso e importncia, pelo que podem ser aplicados pelo juiz em diferentes medidas, as regras so totalmente aplicadas ou no -os princpios podem conflituar com outros princpios, prevalecendo o principio com mais peso ou importncia, sem que nenhum dos princpios conflituantes tenha de ser considerado invlido, as regras que entram em conflito no podem ser todas elas vlidas-crticas:-o critrio de tudo ou nada no especifico das regras, pois que tambm h princpios que esto submetidos a esse critrio (ex: princpio da autonomia privada, da no discriminao) -a aplicao do princpio do tudo ou nada tambm se impe quando houver a necessidade de escolher, num caso concreto, o princpio que prevalece o que afasta completamente o outro conflituante -o critrio de tudo ou nada no susceptvel de ser utilizado para alicerar uma distino entre princpios e regras -tal como sucede com os princpios, tambm as regras jurdicas podem conflituar sem que uma delas tenha de ser considerada invlida, basta que no conflito entre as regras se resolva transformando uma delas numa regra especial ou excepcional da outra -critrio de distino adoptado- axiologia dos princpios:-os princpios jurdicos referem-se a valores estruturantes do ordenamento jurdico destinados a optimizar a efectividade do direito na sociedade segundo critrios de justia, confiana e eficincia -a regras so concretizaes daqueles mesmos valores, ou so, em certos casos, valorativamente neutras -h dois aspectos que distinguem os princpios das regras:-os princpios so sempre estruturantes e valorativos, porque eles permitem a produo de regras vlidas ou determinam a invalidade de regras com eles conflituantes -as regras so sempre instrumentais e podem no ser valorativas -para melhor preencherem a sua funo axiolgica, os princpios so por vezes abertos e noutras situaes fechados