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Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia/ESPAV Abril. 2009
Ciência para todas as idades
Projecto desenvolvido em
parceria com a Junta de Freguesia de
S. João de Brito
27 de Abril de 2009
Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia da Escola
Secundária c/ 3º ciclo Padre António Vieira
2 Índice
1. Enquadramento 3
2. Planificação 4
3. Objectivos da acção 5
4. SOS AMBIENTE
4.1. Poluição atmosférica 6
4.1.1. História da poluição 8
4.1.2. Fontes de poluição 13
5. Consequências
5.1. Destruição da camada de ozono 15
5.1.1. O ozono 15
5.1.2. Formação da camada 15
5.1.3. Funções da camada 16
5.1.4. Buraco do ozono 17
5.2. Aquecimento global 20
5.2.1 Consequências do aquecimento do planeta 21
6. Responsabilidade individual 26
7. Emergência de uma consciência ambiental 35
8. CIÊNCIA NO DIA‐A‐DIA
8.1. Contextualização 36
8.2. Actividades experimentais 39
9. Conclusões finais 46
10. Bibliografia 47
3 Capítulo 1
Enquadramento
O projecto Ciência para todas as idades foi desenvolvido pelos elementos do Núcleo de Estágio de
Biologia da Escola Secundária Padre António Vieira, licenciados em Ensino de Ciências da Natureza (Biologia
e Geologia) pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e surge no âmbito das
actividades delineadas para o ano lectivo 2008/2009, sob orientação da Professora Dalila Tching.
Durante o ano em que decorre o Estágio Pedagógico, devem ser desenvolvidas actividades de
carácter educativo/formativo em parceria com instituições/associações intervenientes no meio envolvente
à escola, proporcionando à comunidade espaços de enriquecimento pessoal nas inúmeras áreas do saber e
promovendo a literacia científica. A divulgação científica surge então como uma forma de aproximar o
conhecimento científico à população em geral, desmistificando conceitos e fenómenos do quotidiano. A
divulgação da Ciência tem vindo a ser considerada, nos últimos tempos, parte integrante de todas as
iniciativas relacionadas com o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, não só em Portugal como um
pouco por todo Mundo. Esta aproximação da Ciência à sociedade pretende um esclarecimento
generalizado do que se faz em Ciência e quais são as suas implicações na vida de todos nós.
Este projecto foi desenvolvido em parceria com a Junta de Freguesia de S. João de Brito, com a
especial participação do Sr. Engenheiro Luís Aires.
De modo a promover um entendimento contextualizado da temática, o projecto desenvolveu‐se
em duas fases: a primeira parte, designada SOS AMBIENTE correspondeu a uma palestra sobre as
alterações climática e as suas implicações e decorreu no auditório da Junta de Freguesia de S. João de Brito.
A segunda etapa, Ciência no dia‐a‐dia, decorreu no Laboratório de Biologia da ESPAV1 e pretendeu mostrar
aos presentes as vantagens da reutilização de alguns resíduos, nomeadamente a produção de Biodíesel
através de óleos usados e que todos os fenómenos observados na culinária, por exemplo, são reacções
químicas explicadas através do conhecimento científico.
A acção foi dirigida à população idosa residente e pretendeu elucidar os presentes da importância
da consciência ambiental, como forma de promover uma interpretação coerente e entendida dos
fenómenos climáticos de hoje.
1 ESPAV – Escola Secundária Padre António Vieira
4 Capítulo 2
Planificação
Nome da acção: SOS Ambiente
Local: Auditório da Junta de Freguesia de S. João de Brito
Hora: 10h30m
Nome da acção: Ciência no dia-a-dia
Local: Laboratório de Biologia ‐ Escola Secundária Padre António Vieira
Hora: 14h30m
5
Capítulo 3
Objectivos da acção
O Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia da Escola Secundária Padre António Vieira em parceria
com a Junta de Freguesia de S. João de Brito promoveu esta iniciativa de sensibilização ambiental pela
intervenção directa de todos os que participaram.
Pela importância desta actividade, foram definidos alguns objectivos:
a) A consciencialização ambiental da população idosa e dos cidadãos da região em geral;
b) A promoção da qualidade ambiental pela participação concreta de todos;
c) O incremento e promoção de boas práticas ambientais;
d) Fortalecer os laços entre a Escola Secundária Padre António Vieira e a Junta de Freguesia de S.
João de Brito;
6 Capítulo 4
SOS AMBIENTE
Esta acção enquadra‐se num projecto desenvolvido em parceria com a Junta de Freguesia de S.
João de Brito e a Escola Secundária Padre António Vieira e pretende promover a divulgação científica junto
das instituições intervenientes no meio envolvente à escola.
Importa salientar a disponibilidade manifestada em todos os momentos pelo Sr. Engenheiro Luís
Aires na execução deste projecto assim como, na disponibilização do auditório para a realização desta
apresentação.
O tema abordado foi sobre a problemática das alterações climáticas que apesar de focar
fenómenos e processos que inspiram muita preocupação, pode também ser discutido de uma forma
simples, divertida e principalmente clara para que todos os presentes percebessem que é fácil ajudar a
preservar o ambiente e que cada um de nós tem também o dever de alertar os filhos, os netos, os irmãos,
que por alguma razão possam andar distraídos no que toca a boas práticas ambientais. Teve‐se como
finalidade fazer uma abordagem séria e cuidada de um assunto considerado por muitas pessoas importante
e preocupante.
Como se sabe, o aquecimento global é um tema actual e também complexo, que influenciou,
influencia e vai continuar a influenciar, inevitavelmente, a vida e os comportamentos sociais não só de toda
a população actual, mas também das gerações vindouras.
A análise associada a esta apresentação acerca do aquecimento global tem várias metas:
• Análise da evolução da consciência ambiental
• Definir e explicar o fenómeno;
• Indicar as suas causas
• Identificar as consequências (a todos os níveis: ambiental, social, económico, …);
• Enumerar os esforços feitos para reduzir as consequências do fenómeno;
• Explicar que mais esforços podem ser feitos para diminuir a intensidade das consequências;
• Alertar todos para a sua influência neste grave problema e acima de tudo para a sua
responsabilidade na questão;
• No fundo, tentar passar a mensagem de que todos somos culpados e que todos temos um papel
importante no sentido de diminuir a intensidade das consequências do fenómeno.
7 4.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
O entendimento das causas da poluição impõe o conhecimento da definição de meio ambiente.
Assim, meio ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos e as
coisas em geral. Os constituintes do meio ambiente compreendem factores abióticos (clima, iluminação,
pressão, oxigénio), ou seja, tudo o que não é “vivo” e os factores bióticos, como as condições de
alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem, educação, companhia, saúde e outros.
O meio ambiente abiótico inclui factores como solo, água, atmosfera e Radiação. É constituído por
muitos objectos e forças que se influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os
cercam. Por exemplo, a corrente de um rio pode influir na forma das pedras que fazem ao longo do fundo
do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua composição química também podem influenciar a
sobrevivência de plantas e animais e a sua maneira de viver.
Quando se pretende falar sobre esta temática é incontornável falar em poluição uma vez que o
aquecimento global e o efeito de estufa são o resultado da crescente poluição introduzida pelo Homem no
ecossistema.
Por poluição entende‐se a introdução feita pelo homem, directa ou indirectamente de substâncias
ou energia no ambiente, provocando um efeito negativo no seu equilíbrio, causando assim danos na saúde
humana e nos seres vivos. Os agentes, ou aquilo que provoca a poluição, designa‐se por poluentes, e
podem ser de natureza química, genética, ou sob a forma de energia, como nos casos de luz, calor ou
radiação.
Existem vários tipos de poluição mas uma interpretação mais ampla do termo fez surgir três novos
tipos de poluição, a sonora, visual e poluição luminosa. No caso da poluição sonora, esta é o efeito
provocado pela difusão do som em grande quantidade, muito acima do tolerável pelos organismos vivos,
através do meio ambiente. Dependendo da sua intensidade causa danos irreversíveis em seres vivos.
No caso da poluição visual e sonora temos, por exemplo, os parques eólicos, muito abundantes
nalguns pontos do País (A8) que são considerados por alguns, elementos causadores de alguma
perturbação visual, apesar de serem, enquanto recurso, amigos do ambiente uma vez que utilizam um
recurso renovável.
Assim a poluição pode ser:
Poluição atmosférica
Poluição hídrica
Poluição do solo
8 Poluição sonora
Poluição térmica
Poluição Luminosa
Poluição visual
Apesar de todas estas formas de poluição contribuírem para o fenómeno de aquecimento global,
existe uma forma de poluição que contribui quase 100% para o panorama das alterações climáticas:
Poluição atmosférica.
A poluição atmosférica resulta da emissão de gases poluentes ou de partículas sólidas na
atmosfera. Pode provocar uma degradação dos ecossistemas devido ao lançamento de inúmeras
substâncias (radioactivas, ácidas, recalcitrantes, etc.) e não respeita fronteiras, por isso pode tratar‐se de
um problema local e transfronteiriço. Este tipo de poluição pode dar origem ao efeito estufa, às alterações
climáticas, à diminuição da qualidade do ar, a problemas de saúde nos seres vivos como diversas doenças
respiratórias, diversos tipos de cancros, entre outros.
4.1.1 História da poluição
A poluição atmosférica não é um tema actual. Existem marcos históricos importantes ao longo da
história da Terra, que contribuíram e continuam a contribuir para o panorama ambiental actual:
Primeiras fontes de poluição:
• O comportamento das tribos nómadas;
As tribos nómadas não tinham uma habitação fixa e viviam sempre em sítios diferentes.
Usualmente são povos do tipo caçadores ‐ colectores ou pastores, que se vão mudando a fim de
encontrarem novas pastagens para o gado quando se esgotam os recursos do sítio em que estavam. Os
nómadas não se dedicam à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras nacionais na busca por
melhores pastagens.
O desenvolvimento da pastorícia com fins comerciais conduziu à posse de grandes rebanhos nas
mãos de criadores individuais e gerou um processo de diferenciação social que envolveu os produtores
e respectivas famílias, assim promovidas a pequenas empresas. Muitos lugares de reunião das manadas
transformaram‐se também em lugares de mercado, onde confluíam mercadorias da mais variada
natureza e proveniência. A massa de dinheiro proveniente da venda no mercado dos animais gera
processos fortemente perturbadores das modalidades igualitárias de acesso aos recursos naturais
9
O comportamento das tribos nómadas não abarcava práticas de pastoreio
específicas, as quais pressupõe a conservação da espécie/habitat através de tipos
próprios de pastoreio, quer a situações em que a actividade pastoril, não sendo necessária, pode ser
conduzida de forma compatível com a conservação dos valores naturais. Na generalidade das situações
trata‐se de especificidades a práticas extensivas de pastoreio, tais como: o pastoreio de percurso;
recorrer a determinadas espécies de gado (por consumir determinado tipo de plantas, que podem ser
hospedeiras da espécie a proteger, ou por não permitir a manutenção de uma altura e coberto
adequados, ou por favorecer o aparecimento de plantas nitrófilas, etc); condicionar o pastoreio em
determinada época do ano; criar bolsas de salvaguarda de pastoreio em locais considerados mais
sensíveis dentro da área de distribuição da espécie /habitat; colocar cercas eléctricas; aplicar sistema
rotativo de pastoreio; definir periodicidade de pastoreio, entre outras.
Stern et al. (1973) comenta que uma das explicações para os hábitos nómadas das tribos nos
primórdios da história relaciona‐se com a necessidade periódica que tinham de se afastarem dos dejectos
de animais, vegetais e do lixo humano que produziam. Estudos arqueológicos registam o uso controlado do
fogo por hominídeos há 1,42 milhões de anos e o domínio de técnicas para acendê‐lo a partir de 7000 AC
(Britannica, 2001). Fumo e resíduos da combustão incompleta passaram a ser lançados nos sítios de
moradia. A descoberta das chaminés representou a possibilidade de evitar a inalação directa destas
emissões, permitindo que se diluíssem na atmosfera antes de chegarem ao sistema respiratório.
• Séneca (Roma, 61 a.C.)
Há cerca de 2 mil anos, o filosofo Séneca (4 a.C. — Roma, 65 d.C. ) já se queixava da poluição do ar
em Roma, que obviamente, era muito diferente da poluição atmosférica que hoje vivenciamos.
O Séneca, em 61 DC, relata o facto da mudança de disposição quando se afastava do “ar pesado de
Roma e do fedor das chaminés fumacentas, as quais, sendo activadas, despejavam para fora quaisquer
vapores pestilentos e fuligem que tivessem guardado dentro de si…”.
Na Grécia Antiga, os curtumes com os seus gases de cheiro desagradável só podiam ser construídos
se houvesse autorização especial. As fundições de prata eram obrigadas a ter chaminés particularmente
altas, para que os gases formados pudessem ser melhor distribuídos pela atmosfera.
Em Roma, havia um decreto em que os matadouros, fabricantes de azeite e lavandarias que
provocassem a liberação de cheiros desagradáveis só poderiam exercer as suas actividades em locais
desabitados.
10 • Descoberta do carvão como fonte de energia
Há registos antigos de uso do carvão em crematórios na idade do bronze e em
acampamentos durante o império romano em torno de 400 d.C. Mas a descoberta europeia do potencial
energético superior deste mineral parece coincidir com os relatos de Marco Pólo, por volta de 1300, no seu
livro “Il Milione”. Ele escreveu a cerca do uso do carvão nas civilizações asiáticas que eram mais avançadas
tecnologicamente.
• 1273: proibição da queima a céu aberto de Carvão em Londres
O uso do carvão em Londres regista sucessivos problemas de poluição atmosférica ao longo da história.
Em 1273 foi proibida a queima de carvão. Em outros momentos do reinado de Eduardo I (1272‐1307),
registaram‐se protestos contra o uso do “carvão marinho” e em 1306 o rei emitiu uma proclamação real
proibindo o uso do “carvão marinho” nos fornos. No reinado de Eduardo II (1307‐1327), um homem foi
ostensivamente torturado por ter usado carvão e com isso ter enchido o ar com um “odor pestilento".
Elizabeth I (1558‐1603) barrou a queima de carvão em Londres enquanto o parlamento estivesse reunido.
Na Saxónia, em 1348, o carvão de pedras nas forjas (fornalha de que se servem os ferreiros e outros
artífices para incandescer os metais para serem trabalhados numa bigorna) foi vetado em área urbana.
Através de iniciativa popular, em 1407, os habitantes da cidade de Glasgow, conseguiram proibir a
calcinação de minérios no entorno da cidade, pois a poluição provocada pelas fundições tornou a vida
insuportável.
• 1661: brochura sobre como combater a poluição do ar em Londres
Por volta de 1661 a poluição na cidade de Londres era tão intensiva que motivou John Evelyn (um dos
fundadores da Royal Society) a entregar ao Rei Charles II uma brochura sobre a inconveniência da poeira e
do fumo na cidade, juntamente com algumas sugestões para resolver o problema.
• Fase pré‐revolução industrial: metalurgia, cerâmica, preservação de produtos animais
• Revolução industrial
• A máquina a vapor (carvão como principal combustível)
A revolução industrial, iniciada em Inglaterra no século XVIII, marca uma nova era sobre diferentes
aspectos da sociedade humana e intensifica de modo assustador a intervenção antropogênica sobre o meio
ambiente em geral e a qualidade do ar em particular. A construção da primeira máquina a vapor em 1698
11 promoveu a substituição da força animal, rodas de água e moinho de ventos por estas
máquinas. Em 1712 começam a ser usadas para bombear água para fora das minas,
permitindo que atingissem maior profundidade e produtividade. James Watt em 1769
patenteou uma máquina a vapor mais eficiente que se tornou a chave para a revolução industrial. O
consumo de combustíveis fósseis desde então expandiu‐se exponencialmente, sustentando‐se sobre o
carvão.
• Aparecimento de primeiros equipamentos de controlo de emissões
• O século XX
Em 1900, observou‐se que certos peixes sensíveis à poluição se encontravam a beira da extinção, por
exemplo, o esturjão, que é um peixe de cujas ovas se fabrica o caviar. Este peixe bastante comum nos rios
europeus, no século XIX, reduziu sua população no início do século XX, vindo a desaparecer completamente
nos meados de 1920.
• Advento do motor eléctrico: transferência da indústria para a central térmica
• Passagem do carvão ao combustível fóssil (petróleo)
Os combustíveis fósseis são formados pela decomposição da matéria orgânica através de um
processo que leva milhares e milhares de anos e, por este motivo, não são renováveis ao longo da escala
de tempo humana, ainda que ao longo de uma escala de tempo geológica esses combustíveis continuem a
ser formados pela natureza. O carvão mineral, os derivados do petróleo (tais como a gasolina, óleo diesel,
óleo combustível, o GLP ‐ ou gás de cozinha ‐, entre outros) e ainda, o gás natural, são os combustíveis
fósseis mais utilizados e mais conhecidos. O carvão mineral pôs em movimento, durante décadas, veículos
como as locomotivas e navios a vapor.
Um grande problema desses combustíveis é o facto de serem finitos, o que faz com que a
dependência energética a partir deles seja um problema quando esses recursos acabarem. Por isso o
interesse em energias renováveis é crescente. Outro problema é que com a queima de combustíveis
minerais são produzidos gases que produzem o efeito estufa como o CO2 e metais pesados, como por
exemplo o mercúrio.
• 1925‐1950: epísódios de poluição do ar – Meuse Valley (Bélgica), 1930
Mas foram alguns episódios históricos famosos que evidenciaram e permitiram sustentar de modo
bastante claro a associação entre poluição do ar e danos à saúde, especialmente pelas proporções
12 alarmantes dos danos registados. Em Londres, a capital inglesa símbolo da revolução
industrial, houve um excesso de 3500 a 4000 mortes durante o mês de Dezembro de
1952 (Logan, 1953). Apesar de ser um panorama dramático, desde 1873 aquela cidade
apresentava excessos de mortes relacionados com picos de poluição atmosférica, bem como
posteriormente nos anos de 1955, 56, 57, 59 e 62. Apesar de este ser o caso histórico mais alarmante, não
foi o primeiro caso documentado na literatura sobre associação entre danos à saúde e poluição do ar.
Firket (1931) relacionou o aumento de doenças respiratórias, complicações cardiovasculares e um excesso
de 60 mortes no Vale de Meuse, na Bélgica.
• Donora (Pennsylvania), 1948
Também é famoso o episódio em Donora, Pensilvânia, que entre 26 e 31 de Outubro de 1948 teve 43%
da população afectada devido aos altos níveis de poluentes atmosféricos (Goldsmith, 1968; Wilson e Jones,
1974).
‐ Poza Rica (México), 1950
‐ Los Angeles (primeiro smog), 1940s
• EUA: transição para o gás natural
• Londres, 1952 (aquecimento doméstico)
Surgem equipamentos de aquecimento doméstico.
• 1980s: abordagem integrada, aposta a montante e não a jusante Advento dos problemas globais: ozono, alterações climáticas, transporte a longa distância
• 1990s: EUA ‐ Clean Air Act Amendents (1990; Act ‐1977)
Clean Air Act é a bíblia da legislação ambiental americana que define as responsabilidades da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos para a protecção e o melhoramento da qualidade do ar. A última grande alteração na lei foi a anulação da lei CLEAN Air Act Amendment em 1990 pelo Congresso nesse mesmo ano.
– Europa: Directiva‐quadro e CAFÉ
O CAFE (COM (2001) 245) é um programa de análise técnica e de desenvolvimento de políticas que visa a adopção, em 2004, de uma estratégia temática de acordo com o 6º Programa de Ambiente, desenvolvendo uma estratégia política integrada a longo prazo para protecção contra os efeitos da poluição atmosférica na saúde humana e ambiente. Este programa estabelece a prioridade de acção
13 relativamente aos problemas de poluição atmosférica associados ao ozono troposférico e PM10, sendo também objectivo colectar e validar informação científica relativa aos efeitos da poluição atmosférica.
4.1.2 Fontes de poluição
Podemos considerar duas grandes fontes de poluição atmosférica:
• Naturais Definição: que não são causadas pelas pessoas nas suas actividades _ Vulcões: partículas, SO2, H2S, CH4 _ Incêndios: fumos, hidrocarbonetos / inqueimados, CO, CO2, NOx, cinzas _ Tempestades de areia: partículas, redução da visibilidade _ Oceanos: aerossóis na forma de partículas de sais _ Vegetação: maiores fontes de hidrocarbonetos, pólens
• Antropogénicas
Definição: Transferência da poluição do indivíduo para a indústria
_ Indústria – Manufactura de produtos a partir de materiais – Conversão de produtos a partir de produtos ‐ ETAR: cheiros ‐ Aterro: cheiros
A nível nacional destacam‐se, pelas suas emissões, as Unidades Industriais e de Produção de
Energia, as refinarias, fábricas de pasta de papel, siderúrgicas, cimenteiras e indústria química e de adubos.
A utilização de combustíveis para a produção de energia é responsável pela maior parte das
emissões de SO x e CO2 contribuindo, ainda, de forma significativa para as emissões de CO e NOx.
14 Existem outras fontes poluidoras que, em certas condições, se podem revelar
importantes, tais como:
• A queima de resíduos urbanos, industriais, agrícolas e florestais, feita muitas vezes, em situações
incontroladas. A queima de resíduos de explosivos, resinas, tintas, plásticos, pneus é responsável
pela emissão de compostos perigosos;
• Os fogos florestais são, nos últimos anos, responsáveis por emissões significativas de CO2;
• O uso de fertilizantes e o excesso de concentração agropecuária, são os principais contribuintes
para as emissões de metano, amoníaco e N2O;
• As indústrias de minerais não metálicos, a siderurgia, as pedreiras e áreas em construção, são
fontes importantes de emissões de partículas.
Fontes Móveis
• As fontes móveis, sobretudo os transportes rodoviários, são uma fonte importante de poluentes,
essencialmente devido às emissões dos gases de escape, mas também como resultado da
evaporação de combustíveis. São os principais emissores de NOx e CO, importantes emissores de
CO2 e de COV, além de serem responsáveis pela emissão de poluentes específicos como o chumbo.
• Estacionárias/ Fixas / Móveis
• Pontuais / Em linha / Em área
15 Capítulo 5
Consequências
5.1 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZONO
5.1.1 O Ozono
O ozono é um gás que existe na atmosfera, constituído por três átomos de oxigénio (O3). A atmosfera é uma fina camada que envolve alguns Planetas, composta basicamente por poeiras, por gases e poeiras. É constituída por: ‐ Troposfera ‐ Estratosfera ‐ Mesosfera, ‐ Termosfera ‐ Exosfera.
• O ozono encontra‐se no interior das latas de spray • O ozono encontra‐se fora da atmosfera • A camada de ozono encontra‐se no espaço • É constituída por químicos, fumos, raios UV e ar • O ozono pode ser produzido pelo “choque” da luz com moléculas de oxigénio no ar
5.1.2 Formação da camada
16
Apesar de estar presente em reduzida quantidade, os seus efeitos estão longe de ser negligenciáveis. Na
troposfera (estrato da atmosfera, desde a superfície até aos 10 km de altitude), o ozono em elevadas
concentrações pode exercer um efeito tóxico nos animais, originando problemas respiratórios e irritação
ocular, e um efeito corrosivo em diversos materiais. Misturado com outros gases e partículas, ele é
responsável pela formação do smog (nevoeiro fotoquímico que cobre os grandes centros urbanos e
industriais, resultado da poluição atmosférica).
Contudo, este gás acumula‐se, principalmente, numa camada com cerca de 15 km de espessura, na
estratosfera (estrato compreendido entre os 10 e os 50 km de altitude), designada por "camada de ozono".
É aqui que ele desempenha o papel de escudo protector, de filtro a favor da vida. Com efeito, absorvendo
grande parte (mais de 95%) das radiações ultravioleta (parte do espectro electromagnético das radiações
emitidas pelo sol, que têm efeitos funestos), ele preserva da sua acção nefasta todas as formas vivas.
5.1.3 Funções da Camada
Protecção contra os raios UV – A maior parte da radiação ultravioleta é, então, absorvida pela camada
de ozono, mas mesmo a pequena fracção que atinge a superfície é potencialmente perigosa para quem a
ela se expõe por períodos prolongados. A Agência Norte‐Americana de Protecção Ambiental estima que a
redução de apenas 1% na espessura da camada de ozono é suficiente para cegar 100 mil pessoas por
17 cataratas e desencadear um aumento de 5% no número de casos de cancro de pele.
Está provado também que a exposição prolongada a radiação ultravioleta pode afectar
as defesas imunológicas do Homem e de outros animais, permitindo o
desenvolvimento de doenças infecciosas
5.1.4 Buraco do Ozono
Fala‐se com frequência do "buraco do ozono", na verdade não se trata
de um verdadeiro buraco, mas sim de uma diminuição da espessura da
camada.
O buraco do ozono foi descoberto sobre a Antárctida, na década de
70. Existem algumas teorias que tentam explicar a existência do buraco do
ozono sobre a Antárctida. Uma delas, (e a que vamos adoptar aqui),
relaciona o movimento de rotação da Terra e a existência de umas nuvens
no Pólo Sul chamadas nuvens polares da estratosfera (PSC), com a presença desse "buraco":
Durante o Inverno no Pólo Sul, o ar desce das camadas mais altas da atmosfera para as mais baixas.
Como a Terra tem o seu movimento de rotação, o ar não desce de forma vertical, sofre sim uma deslocação
para Oeste, num movimento de rotação à volta do Pólo. Este remoinho é chamado vortex. Quando o ar
aquece (Primavera e Verão) a velocidade dos ventos
enfraquece.
Nestas condições atmosféricas criam‐se também nuvens,
chamadas nuvens polares da estratosfera (PSC), compostas em
grande parte por cristais de 'acido nítrico e 'agua.
As nuvens com esta composição vão reagir com os compostos
de cloro, inertes, e que existem armazenados na atmosfera,
associados a compostos de azoto. Em linhas gerais acontece
que os cristais das nuvens reagem com o azoto dos compostos cloro‐azoto, libertando o cloro. Este, em
presença de raios ultravioleta, num mecanismo já explicado acima, torna‐se muito reactivo reagindo com o
ozono e, logo, destruindo a camada.
Basicamente, ar rico em ozono "entra" no vortex, num movimento descendente de rotação, sendo
expelido, na baixa estratosfera, ar pobre em ozono e rico em substâncias que destroem a camada do
ozono. Este ar expelido vai afectar outras zonas da atmosfera, já longe do Pólo.
Esta teoria ‐ a teoria das PSC ‐ explica as seguintes observações sobre o buraco do ozono:
18 ‐ Ocupa a zona central do vortex, uma zona em que as temperaturas são muito baixas
e em que existe uma grande abundância de nuvens polares da estratosfera;
‐ É confinado à baixa estratosfera;
‐ Aparece quando o Sol ilumina o vortex e desaparece assim que as temperaturas sobem acima dos 80
graus negativos (destruindo as PSC);
‐ Dentro do buraco as concentrações de óxidos de cloro são inversamente proporcionais às de ozono
(grandes quantidades de óxidos de cloro são encontradas quando as concentrações de ozono são muito
baixas).
No Pólo Norte a temperatura do ar é mais elevada, pelo que não existe uma tão grande abundância
de nuvens polares da estratosfera. Os ventos também não circulam com movimentos tão fortes e o vortex
produzido é menos intenso. Dá‐se então, no Inverno, a redução da camada do ozono, mas a existência
propriamente de um buraco com o tamanho e profundidade do Pólo Sul, não se verifica.
Contudo, a diminuição da espessura da camada do ozono torna‐se cada vez mais grave, visto que
deixa de filtrar de forma eficaz os raios UV que trazem graves consequências para a natureza em geral e a
vida humana em particular (aparecimento de cancros de pele, por exemplo).
Os principais responsáveis por esta diminuição são:
• Hidrocarbonetos totalmente clorofluorados (CFC) e, em menor escala, hidrocarbonetos
parcialmente clorofluorados (HCFC) provenientes da refrigeração, produção de espumas
expandidas, aerossóis e solventes;
• Brometo de metilo proveniente da fumigação dos solos na agricultura e da queima da biomassa.
Para diminuir esse impacto os cidadãos devem reduzir o desperdício da luz, não usar sprays com CFCs,
entregar os aparelhos com refrigeração (frigoríficos e ar condicionado) para a reciclagem, apostar nos
transportes públicos e fazer pressão para que se aposte em formas de energias alternativas, como a solar e
a eólica.
Nos anos 80 as emissões de CFC's aumentavam todos os anos cerca de 3 vezes. Somos nos, e serão
sobretudo as gerações futuras, quem agora está ou irá sofrer as consequências da emissão desses
compostos para a atmosfera, visto que os efeitos da diminuição da espessura da camada do ozono não são
imediatos.
Considerando que este era um problema deveras importante, vários países assinaram um
protocolo ‐ o Protocolo de Monterreal (Setembro de 1987) ‐ tendo em vista a redução das emissões e
sobretudo a posterior substituição das substâncias que destroem a camada do ozono.
19 No entanto, não nos podemos esquecer que, apesar de se virem a deixar de
produzir máquinas (frigorificos, etc...) que contenham CFC's, os que hoje temos nas
nossas casas ainda os têm, e o que a humanidade lança hoje para a atmosfera poderá
vir a produzir efeitos graves daqui as uns anos. A situação na camada do ozono deverá ainda piorar antes
de começar a melhorar outra vez.
Seria bom que existisse um mecanismo de recolha desses electrodomésticos e outras maquinas, e de recuperação e reconversão dos CFC's (o que e' cientificamente possível).
Em suma, o buraco de ozono define‐se por:
• Localiza‐se entre os 10 e os 50 Km de altitude • Compreende 90% do ozono da atmosfera • Absorve a maioria da perigosa radiação ultravioleta‐B proveniente do sol e por completo a
ultravioleta‐C que é letal • Mecanismo descoberto por Rowland e Molina em 1974/75 • Provocada pelos CFCs e compostos semelhantes
– usados durante várias décadas como fluidos refrigerantes, propulsores de aerossóis, agentes para formação de espumas, agentes de limpeza e extintores de fogo.
• Diminuição contínua da camada de ozono desde que medições mais rigorosas começaram a ser efectuadas (princípio dos anos 80)
• Problema pior no hemisfério Sul onde a atmosfera é mais fria e com a presença de nuvens polares na estratosfera (efeito do chamado vortéx polar)
Buraco do ozono no Pólo Sul
20 5.2 AQUECIMENTO GLOBAL
O Aquecimento global é um fenómeno climático de larga extensão, um aumento da temperatura
média superficial global que vem tem vindo a acontecer nos últimos 150 anos.
A Terra recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o espaço através de
radiação de calor. Os poluentes atmosféricos retêm uma parte dessa radiação que seria reflectida para o
espaço, em condições normais. Essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global.
Denomina‐se efeito de estufa à absorção, pela atmosfera, de emissões infravermelhas impedindo que as
mesmas escapem para o espaço exterior.
O efeito de estufa é, acima de tudo, um processo essencial que garante a vida terrestre. Surge
como uma espécie de dispositivo que faz com que uma percentagem dos raios infravermelhos reflectidos
pela superfície terrestre seja absorvida por gases presentes na atmosfera (os chamados gases de estufa),
que por sua vez os radiam de novo para a terra, de modo a garantir que a temperatura da Terra se
mantenha propícia à existência de vida (Duarte, 2004). Sem a existência deste efeito, a temperatura
terrestre seria bastante mais baixa, não havendo condições de habitabilidade.
No entanto, este fenómeno pode (quando a sua função ocorre em demasia) ser prejudicial e
assumir consequências catastróficas. Quando a concentração dos gases de estufa presentes na atmosfera
aumenta, o processo do efeito de estufa intensifica‐se, contribuindo assim para o Aquecimento Global.
Os gases de estufa (dióxido de carbono, vapor de água, metano, óxido nitroso e CFC’s) quando
presentes em grande quantidade na atmosfera absorvem a radiação infravermelha que por sua vez é
radiada de novo para a Terra, que recebe, assim, mais energia do que a radia pelo Sol.
21
5.2.1 Consequências do aquecimento do planeta
O Aquecimento Global tem consequências a diversos níveis, nomeadamente: a nível ambiental,
social, de saúde humana e económico.
Ao nível ambiental:
• A consequência mais directa do Aquecimento Global é o aumento da temperatura da superfície da Terra;
• Derretimento dos calotes polares e das camadas de gelo existentes sobre as montanhas;
O lençol de gelo da Antárctida Ocidental
Há apenas quatro anos era consensualmente aceite que o lençol de gelo da Antárctida Ocidental
era estável, mas um degelo inesperado na região está a fazer com os cientistas reavaliem essa hipótese.
Em 2002, a Larson B, uma plataforma de gelo de 500 mil milhões de toneladas que cobria uma área
com o dobro da área da cidade de Londres, desintegrou‐se em menos de um mês. Este facto não fez
aumentar o nível do mar directamente, dado que o banco de gelo já se encontrava a flutuar, mas foi um
alerta dramático para os efeitos do aquecimento verificado na área.
Depois disso, em 2005, o Programa Antárctico Britânico divulgou a descoberta de que 87 por cento
dos glaciares na Península Antárctida tinham regredido ao longo dos últimos 50 anos. Nos últimos cinco
anos, os glaciares em regressão perderam uma média de 50 metros (164 pés) por ano.
Potencialmente, o lençol de gelo da Antárctida Ocidental pode contribuir com uns seis metros
adicionais de subida do nível da água do mar. Embora as hipóteses de isso acontecer serem consideradas
baixas no terceiro relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas,
pesquisas recentes apresentam novas provas de importantes desagregações do lençol de gelo.
A totalidade do lençol de gelo da Antárctida contém água suficiente para elevar os níveis do mar
em todo o mundo em 62 metros (203 pés).
Os glaciares da Gronelândia
22
Em Julho de 2005, cientistas a bordo do navio da Greenpeace “Arctic Sunrise”
fizeram uma descoberta impressionante – provas que os glaciares da Gronelândia
estão a derreter a um ritmo sem precedentes. Tratava‐se apenas de mais uma prova de que as alterações
climáticas já não são apenas uma perspectiva, elas já estão a chegar à nossa porta, e isto não é só uma
força de expressão para quem vive em regiões costeiras.
Os dados indicam que o glaciar Kangerdlugssuaq, na costa oriental da Gronelândia, é
provavelmente um dos glaciares mais rápidos do mundo, com uma velocidade de quase 14 quilómetros por
ano. As medições foram feitas usando aparelhos de GPS de elevada precisão. No entanto, o glacial regrediu
inesperadamente em cerca de cinco quilómetros desde 2001, após ter mantido uma situação estável ao
longo dos 40 anos anteriores.
O grande lençol de gelo da Gronelândia encerra mais de seis por cento do volume total de água
doce do mundo, e está a derreter muito mais rapidamente do que o esperado. Se toda a Gronelândia se
derretesse, provocaria o aumento do nível da água do mar em quase seis metros. Os aumentos do nível da
água do mar da ordem de 1,2 a 1,5 metros, podem significar que locais como Nova York, Amesterdão,
Veneza ou Bangladesh vejam inundadas as suas zonas mais baixas.
A alarmante regressão do glacial Kangerdlugssuaq sugere que todo o lençol de gelo da Gronelândia
esteja a derreter de modo muito mais rápido do que se acreditava anteriormente. Todas as previsões
científicas para o aquecimento global partiram do princípio de ritmos mais lentos de degelo. Este novo
indício sugere que a ameaça do aquecimento global é muito maior e mais urgente do que se acreditava
anteriormente.
• Aumento do nível médio da água do mar;
É esperada uma subida média global do nível das águas do mar entre 9 e 88 cm ao longo dos
próximos cem anos, devido aos gases de estufa que emitimos até agora e às prováveis emissões futuras. O
fenómeno acontecerá aproximadamente na mesma proporção devido ao degelo e devido à expansão
térmica dos oceanos (a água expande‐se à medida que aquece).
Mesmo esta projecção comparativamente modesta da subida do nível das águas do mar vai
provocar destruição. Inundações costeiras e danos provocados por tempestades, linhas costeiras em
erosão, contaminação das reservas de água potável por água salgada nas áreas agrícolas, inundação de
zonas húmidas costeiras e das ilhas barreira e um aumento na salinidade nos estuários, todas serão
realidades de uma subida do nível das águas do mar, mesmo que pequena. Algumas cidades e vilas
costeiras em cotas baixas também serão afectadas. Os recursos essenciais para as populações insulares e
23 costeiras, como as praias, a água potável, as pescas, os recifes de coral e atóis e os
habitats da vida selvagem também se encontram em risco.
• Possível desaparecimento de alguns territórios devido ao avanço das águas;
• O aquecimento da superfície terrestre favorece a evaporação que, por sua vez aumenta a concentração
de vapor de água (gás de estufa) na atmosfera. Cria‐se, portanto um ciclo vicioso, contribuindo ainda mais
para o aumento do Efeito de Estufa e do Aquecimento Global;
• O aumento da evaporação pode aumentar também a pluviosidade, aumentando também a erosão dos
solos;
• Aumento da desertificação, que contribui para o empobrecimento dos solos, tornando impossível a
prática da agricultura;
• Aumento, quer do número quer da intensidade, dos desastres naturais (furacões, cheias,...).
• Correntes Oceânicas
Os oceanos e os seus habitantes vão ser afectados irreversivelmente pelos impactos do
aquecimento global e pelas alterações climáticas. Os cientistas dizem que o aquecimento global, através da
subida da temperatura da água do mar, vai elevar os níveis da água e alterar as correntes oceânicas
Consequências sociais:
O Aquecimento Global provoca profundas alterações ao nível de todos os comportamentos sociais do ser
humano.
As secas têm como consequência a morte de muitas pessoas devido às condições adversas do clima.
A subida do nível médio das águas do mar leva à deslocação obrigatória das populações que habitam nas
zonas litorais.
Consequências na saúde humana:
Efeitos podem ser reversíveis e/ou irreversíveis (o mesmo poluente pode ter os dois tipos de efeitos dependendo da concentração em causa e do tempo de exposição)
24 Os poluentes podem ser bioacumuláveis ou não bioacumuláveis PB: efeitos irreversíveis ‐ Alteração da função renal ‐ Alteração da síntese da hemoglobina ‐ Alterações do sistema nervoso; ‐ Acumulação nos ossos (até 95%) CO: efeitos de curto prazo geralmente reversíveis se as concentrações não forem demasiado elevadas; ‐ Equilíbrio ao nível da carboxihemoglobina COHb (se até 5%); afecta sistema cardiovascular
Consequências económicas:
O Aquecimento Global pode, directa ou indirectamente, diminuir a produtividade de um país, dificultando
assim o seu desenvolvimento económico.
• Evidências reais do aquecimento global
Aumento da temperatura global do ar e do oceano Degelo de neve e gelo Aumento global do nível médio do mar 11 dos últimos 12 anos (1995‐2006) estão entre os 12 mais quentes desde 1850; ano mais quente: 2005 Aumento de 0.74 ºC entre 1906‐2005 (entre 1901 e 2000 tinha sido 0.6 ºC) Aumento entre 1850‐1899 e 2001‐2005 foi de 0.76 ºC Aumento do vapor de água desde pelo menos 1980
Expansão da água dos oceanos por absorção de 80% do calor do sistema climático e consequente aumento do nível do mar (1.8 mm/ano entre 1961 e 2003)
Mudanças nas temperaturas e gelo no Ártico, quantidades de precipitação, salinidade do oceano, padrões de vento e eventos meteorológicos extremos (secas, precipitação forte, ondas de calor e ciclones tropicais) Aquecimento não usual pelo menos nos últimos 1300 anos
Última vez que as regiões polares tiveram significativamente mais quentes que agora por um longo período foi há 125.000 anos atrás (aumento do nível do mar foi de 4 a 6 metros)
25 3 vezes mais catástrofes naturais relacionadas com as alterações climáticas entre as décadas de 60 e 90
• Previsões
Aumento (>90 % confiança) de ondas de calor, extremos elevados de temperatura, eventos de grande precipitação Aumento de temperatura e aumento do nível do mar continuarão por vários séculos mesmo que emissões GEE estabilizem Cenários não contabilizam degelo rápido da Gronelândia e Antárctica por insuficiência de literatura – (dados recentes indicam que degelo pode ter lugar num prazo de 34 anos com aumento de 6 a 7 m do nível do mar – AlGore, 2007) Aumento de 4 a 7 ºC na temperatura média do ar entre 2000‐2100 Redução das disponibilidades de água; aumento de cheias e pior qualidade da água
Risco de perda de terreno em cerca de 67% das zonas costeiras Aumento do nível do mar entre 25 e 110 cm até 2080
• Convenção de Viena das Nações Unidas (1985)
• Protocolo de Montreal (1987): começou a impor limites e a restringir o uso de determinadas substâncias; há diferenças nos prazos de cumprimento entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos
• Protocolo de Quioto Adoptado em 10 de Dezembro de 1997 pelos países presentes na 3ª Conferência das Partes à Convenção Quadro das Alterações Climáticas em Quioto, Japão Entrará em vigor quando, pelo menos, 55 países procederem à sua ratificação representando, pelo menos, mais de 55% das emissões de CO2 equivalente em 1990 estimadas para os países desenvolvidos (chamados países do Anexo I)
26
Capítulo 6
Responsabilidade individual
Poupar energia:
‐ Trocar as lâmpadas convencionais por lâmpadas eficientes. Elas consomem até 75% menos energia e
duram até dez vezes mais.
‐ Reduzir os gastos de electricidade (desligar a luz sempre que se sai da sala, não deixar aparelhos ligados
em modo stand‐by, retirar o carregador do telemóvel da tomada quando não estiver a ser usado, etc).
‐ O PETRÓLEO, o CARVÃO e o GÁS, utilizados para atender a demanda energética, são combustíveis
geradores de gases, como o 'dióxido de carbono', e aumentam temperatura global. – Melhor cozinhar
com gás do que com energia eléctrica
‐ Não deite as pilhas, baterias de telemóveis no lixo. Esses materiais contêm elementos tóxicos na sua
composição que podem prejudicar o meio ambiente. Procure grandes redes de supermercado, lojas ou
contentores onde possa deixar este material.
Reduzir emissões:
‐ Diminuir o uso do veículo particular e andar mais vezes de transportes públicos.
‐ Calibre satisfatoriamente os pneus, economizará gasolina e o motor não a queimará desnecessariamente
‐ Organizar um esquema de partilha de carro com outras pessoas que façam o mesmo trajecto diário de
casa para o trabalho
‐ Quando parar por mais de dois minutos no trânsito, desligue o motor do seu carro.
27 Poupar água:
COZINHA
ACÇÕES CURTO PRAZO
‐ Assegurar de que a máquina de lavar louça só é utilizada quando está cheia. Uma máquina de lavar louça
consome 50 litros de água cada vez que é utilizada
‐ Não passar a louça por água antes de a colocar na máquina. As experiências demonstram que essa
lavagem não melhora a eficiência da mesma. Antes de lavar os pratos, tachos, panelas ou frigideiras,
limpe‐as com papel. Se necessário deixe‐os de "molho".
‐ No caso de lavagem de louça à mão dever‐se‐á encher o lava‐loiça apenas com a água necessária. Não
deixe a água a correr continuamente.
‐ Use água reciclada nas plantas nomeadamente, água que sobrou de cozer ovos, chaleiras eléctricas, lavar
vegetais, desumidificadores, etc.
‐ Cozinhar os legumes ao vapor em vez de os cozer em água. Além de utilizar menos água, conseguirá reter
mais vitaminas na comida.
‐ Descongele a comida no frigorífico, e não numa bacia com água ou no balcão, ou na banca. Além de
poupar água, tem menos probabilidades de criar bactérias.
‐ Quando se lavar roupa, usar uma bacia ou um balde, em vez de enxaguar a roupa, sob água a correr.
‐ Quando utilizar a máquina de lavar roupa, assegure que tem uma carga completa ou use a programação
para meia máquina. Uma máquina de lavar automática consome entre 70 e 120 litros de água em cada
ciclo de lavagem. Uma máquina bem cheia consome menos água do que duas com a carga incompleta
‐ Não deite o óleo de cozinha no lavatório uma vez entope a canalização dos esgotos. Uma alternativa é
armazená-lo em garrafas de refrigerante para que se possa converter em biodíesel ou sabão.
ACÇÕES LONGO PRAZO
‐ Na aquisição de uma máquina de lavar louça, deverá ter‐se em conta os modelos mais eficientes em
termos de economia de água. Estes, utilizam apenas 20 litros por cada lavagem, ou seja, menos de metade
dos modelos convencionais.
28 CASA DE BANHO
‐ Preferir os banhos de chuveiro aos banhos de imersão. Um duche normal consome
35 litros em 5 minutos, enquanto um banho de imersão consome 80 litros.
‐ Evitar, sempre, as fugas. Um autoclismo com perdas de água pode chegar a gastar cerca de 379 litros de
água por dia (2 mil litros de água por ano).Um processo simples para verificar se o autoclismo tem perdas
de água consiste em adicionar um corante (por exemplo anilina* para bolos), no depósito do autoclismo,
esperar 10 a 15 minutos e, sem despejar, verificar se a cor da água da sanita muda.
* Anilina:
‐ Fechar a torneira enquanto durar a lavagem dos dentes ou a realização da barba. Usar sempre um
copo ou uma caneca. As torneiras podem consumir cerca de 8 litros por minuto.
‐ Substitua autoclismos velhos por modelos de baixo consumo de água.
ENTRADA, JARDIM e PÁTIO:
‐ Uma moradia com jardim e relva é agradável. No entanto, regar a relva e o jardim pode tornar‐se
numa das tarefas domésticas que consome mais água numa casa.
‐ A rega dos relvados deverá realizar‐se à noite ou de manhã cedo. As perdas de água das plantas são,
assim, muito menores pois, como está mais frio, a evaporação da água é menor e é possível reduzir o
número de vezes das regas.
‐ É preferível a utilização de grama em vez de relva. A relva necessita de muitos cuidados por ser
menos resistente à falta de água e mais sensível às doenças e insectos. A grama, porque é mais
resistente, é uma alternativa menos dispendiosa (menos água e menos pesticidas).
‐ Deve cultivar‐se plantas típicas da região, pois estão melhor adaptadas ao clima.
‐ Deve cobrir‐se a terra do jardim ou dos vasos de plantas, com casca de pinheiro ou outro material.
Diminui‐se o contacto directo da luz solar com o solo, conservando a humidade da terra.
‐ Deve reutilizar‐se água sempre que possível. Por exemplo, a utilização de água de lavagem da fruta
ou de cozer ovos para rega. Assim, até se aproveita nutrientes! No caso de existência de um aquário,
aquando da sua limpeza, a utilização de água suja, rica em azoto e fósforo pode ser utilizada para rega.
Desta forma, usa a água duas vezes e ainda fertiliza as plantas.
29 ‐ A rega por distribuidores rotativos ou aspersores tem maior eficiência. Mas deve
haver o cuidado na localização da implantação dos aspersores para que não
“reguem” pátios e entradas.
‐ Para optimizar a eficiência da rega com aspersores, deverá ser utilizado um temporizador. Uma
correcta programação da rega no tempo, pode reduzir consideravelmente os consumos.
‐ Deverá realizar‐se o ajuste as cabeças dos aspersores e as ligações às mangueiras de forma a
emitirem gotas grandes em vez de um fino spray, o qual evapora mais facilmente.
‐ Deve equipar‐se todas as mangueiras com uma torneira de fecho automático (estilo pistola).
‐ Devem consertar‐se todas as fugas nas mangueiras e nas suas ligações.
‐ Na lavagem do carro não se deve deixar a água a correr. Depois de molhar bem o carro, deve
desligar‐se a mangueira ou fechar a água, ensaboando o carro a partir de um balde com detergente.
Só depois se deve utilizar, novamente, a mangueira para retirar o detergente em excesso.
30 Reciclar
‐ Separe o lixo e recicle o maior número possível de materiais
‐ Dê preferência à utilização de produtos biodegradáveis e recicláveis. Não utilize aerossóis que
contenham clorofluorcarbonetos (CFC).
‐ Opte por pilhas recarregáveis. As pilhas, depois de usadas, libertam metais no ambiente, como o
zinco, o mercúrio, o cádmio, etc., que produzem efeitos nocivos ao ecossistema.
Reciclar, porquê?
Reciclar é, para os cidadãos de hoje, mais do que uma atitude de cidadania e um bom hábito,
significa que estamos a proteger o ambiente e a pensar num futuro com qualidade. Valorizar, reciclar e
reutilizar os materiais é também uma atitude responsável, utilizando um ciclo de renovação e
aproveitamento que protege e preserva o Ambiente ‐ a casa de todos nós.
• Reciclar embalagens usadas tem as seguintes vantagens ambientais e económicas:
o Poupar matérias‐primas
Pensemos em madeira, areia, petróleo, estanho e alumínio. São algumas das matérias‐
primas que servem de base ao fabrico de materiais, a partir dos quais se faz a maioria das
embalagens.
É um bom exemplo da importância da reciclagem das embalagens usadas, que se
transformam em matérias‐primas secundárias provenientes da recolha selectiva: se os
resíduos destas embalagens tiverem mais do que uma vida, estamos a poupar matérias‐
primas virgens.
o Economizar energia
Fabricar materiais a partir de resíduos consome menos energia do que fabricá‐
los a partir de matérias virgens.
Muitos dos recursos energéticos que se poupam são fontes de energia não
renováveis, como é o caso do petróleo.
o Reduzir a quantidade de resíduos nos aterros sanitários
Quanto menos resíduos tiverem como destino final um aterro sanitário, mais
anos de vida útil terá.
31 Se todos contribuirmos, aumentamos a esperança de vida dos aterros
sanitários, evitando desperdiçar recursos na construção de novos
equipamentos destes.
Curiosidades sobre reciclagem
AMBIENTE
• A incineração de 10 mil toneladas de resíduos pode criar apenas um emprego, enquanto a reciclagem da mesma quantidade pode proporcionar a ocupação de 40 pessoas.
• Diariamente, cada um de nós é responsável pela produção de cerca de 1,3 kg de resíduos. No final de um ano são quase 500 kg. Desses resíduos, 9% são embalagens de plástico. VIDRO
• A energia poupada pela reciclagem de uma garrafa de vidro é suficiente para manter acesa uma lâmpada de 100 watts durante 4 horas.
• Quando se inclui vidro de embalagens usadas na fusão das matérias‐primas que entram no fabrico do vidro poupa‐se combustível, pois há menos matéria para fundir.
• Por cada tonelada de vidro usado incluída no fabrico de vidro poupam‐se 1,2 toneladas de matérias‐primas originais. PAPEL/CARTÃO
• Uma tonelada de papel reciclado evita o abate de 15 a 20 árvores.
• A produção de papel reciclado permite poupar água necessária na produção de papel e diminuir o corte de árvores, contribuindo assim para uma floresta sustentável.
• O papel higiénico e os lenços de papel contêm entre 60 a 70% de papel reciclado e os jornais podem usar até 100%.
• A produção de papel reciclado consome 2 a 3 vezes menos energia que a produção de papel a partir da fibra vegetal.
PLÁSTICO
• 5 garrafas de plástico recicladas dão origem a poliéster suficiente para uma camisola de manga curta XL. Para um par de calças chegam 10 garrafas. Se forem 25, fornecem material para uma camisola.
• Cada 100 toneladas de plástico reciclado evita a extracção de uma tonelada de petróleo.
32 • No caso do PET, a reciclagem utiliza (em média) apenas 30% da energia que
seria necessária para a produção de matéria‐prima virgem.
• Devido ao peso reduzido, o uso de plástico em automóveis reduz o consumo de combustível em 4%.
• A reciclagem de plásticos permite poupar petróleo e gás natural, as duas matérias‐primas neles mais utilizadas.
METAL
• Uma lata de bebida pode ser infinitamente reciclada sem perda de qualidade.
• O alumínio obtido a partir de embalagens usadas consome apenas 5% da energia necessária na produção de alumínio a partir de matérias‐primas minerais. MADEIRA
• A reciclagem de uma tonelada de resíduos de madeira evita o abate de 40 árvores.
SACOS DE COMPRAS
• Sempre que vais ao supermercado, as compras voltam dentro de sacos de plástico que, muitas vezes, são depois deitados para o lixo. Certo?
• O problema, é que ao fim do ano foram usados milhões de sacos quando não havia necessidade nenhuma.
• Porquê? Porque os sacos de plástico são reutilizáveis. Podem ser lavados e usados novamente.
• Alguns supermercados obrigam os seus clientes a comprar os sacos de plástico. Muitas pessoas pensam que é só para ganharem mais dinheiro, mas não: é para poupar o Ambiente!
• Hoje em dia, os sacos de plástico já são "recicláveis", mas não são todos biodegradáveis, ou seja, não "desaparecem" na Natureza.
• A verdade é que também não são tão recicláveis como alguns anunciam... É que os sacos de plástico são feitos a partir do petróleo, que é um material não renovável. Resultado: os sacos reciclados são sempre de qualidade mais baixa e não podem ser reutilizados.
• Por outro lado, como os sacos de plástico não são biodegradáveis, podem ir parar aos mares e oceanos, matando animais marinhos que neles ficam presos ou que os engolem sem querer.
• Mas os males dos sacos de plástico não se ficam por aqui...
• Sabias que a tinta usada para a impressão dos sacos de plástico contém um metal pesado tóxico? Por isso, quando os sacos de plástico são queimados, libertam gases perigosos que poluem a atmosfera.
33 • Então e se usarmos sacos de papel?
• Não penses que os sacos de papel resolvem o problema! É que para fazer pouco mais de 500 sacos de papel é preciso uma árvore inteira com mais de 15 anos de idade!
• Por outro lado, os sacos de papel nunca são feitos de papel reciclado, porque os supermercados precisam de sacos resistentes, que aguentem pesos grandes. Ora, como sabes, o papel reciclado é mais frágil que o papel virgem.
• Então como resolver o problema?
• Em primeiro lugar, reutilizar os sacos de plástico. Se cada um de nós gastasse apenas menos um saco por mês, poupar‐se‐iam centenas de milhar de sacos.
• Em segundo lugar, será que precisamos mesmo de levar as compras em sacos de plástico dados pelo supermercado? Não é mais simples levar um saco de plástico de casa (ou mais)?
• E porque não levar um cesto (ou até o tradicional carrinho de compras) de casa ou uma mochila, ou um saco de rede resistente?
Os sacos de rede são fáceis de transportar e podem dobrar‐se de forma a facilitar a arrumação.
• E nas alturas em que se fazem compras em várias lojas, em que todas nos dão o seu saquinho para cada coisa?
Aí podemos ver se o que comprámos cabe noutro saco e dispensar levar mais um, agradecendo o facto de no‐lo quererem dar (para publicitar a marca), mas sabendo que preservar o Ambiente é bem mais importante!
OLEOS ALIMENTARES – QUE LHES FAZER?
• Sabias que sempre que fazemos uma coisa tão simples como fritar batatas podem estar a pôr em perigo o meio ambiente?
• É que, normalmente, para fazer petiscos fritos, de que tanta gente gosta, usam‐se óleos alimentares. Depois de algumas utilizações esse óleo já não serve mais para fritar e é deitado fora, pelo lava‐loiças abaixo ou noutros locais...
• E é aí que está o grande problema! Quando o fazemos, estamos a aumentar em milhares de euros o custo de tratamento das águas dos esgotos! Imagina!!!
• Sabias que apenas uma gota de óleo pode arruinar centenas de litros de água potável?
• E perguntas tu: "E o que devemos, então, fazer com o óleo? "
• Se pegarmos no óleo usado e o voltarmos a colocar na respectiva embalagem vazia (ou mesmo numa garrafa de plástico qualquer), já estamos a fazer uma grande coisa.
• Claro que não precisamos de ficar com as garrafas em casa, mas temos de tratar correctamente o que elas contêm. Como?
34 • Depois de bem fechadas, as garrafas com o óleo velho devem ser colocadas no
lixo normal (ao fazeres a separação de lixo, coloca‐as no lixo orgânico).
• Apesar de não haver muita informação sobre o assunto, a verdade é que esta é a forma mais correcta de eliminar os óleos alimentares (e de poupar muita energia).
• Agora que já sabes o que fazer, fala com os teus pais (e outros adultos) e alerta‐os. Ensina‐lhes a
serem ainda mais amigos do Ambiente
35 Capítulo 7
A emergência de uma consciência ambiental
O primeiro acordo internacional resultante de uma preocupação ambiental remonta ao início do
século XX com a assinatura em Paris a 19 de Março de 1902 da “Internacional Convention for the
Protection of Birds Useful to Agriculture. Posteriormente, diversos acordos internacionais seriam
celebrados com o intuito de proteger algumas espécies do reino animal e vegetal, bem como para
regulamentar águas transfronteiriças. Contudo, é necessário referir que tais iniciativas não corresponderam
à formação de uma consciência ambiental não tendo havido produção efectiva de normas contra a
poluição. Efectivamente, na maior parte dos casos tais acordos limitaram‐se tão‐somente ao
estabelecimento de comissões internacionais e pouco mais.
No período do pós‐guerra, assistiu‐se a uma aceleração da vida económica resultante do esforço de
reconstrução através da aplicação de novas tecnologias ao processo produtivo. Em 1962, a Assembleia
Geral das Nações Unidas proclama o princípio da soberania permanente dos estados sobre os recursos
naturais e a Nova Ordem Económica Internacional. A pressão sobre os recursos naturais intensifica‐se em
resultado da procura de níveis de bem‐estar cada vez mais elevados e de aumentos demográficos
ameaçando cada vez mais o equilíbrio da geo‐biosfera.
Perante esta grave situação, todos nós, habitantes e usufruidores do planeta Terra, temos uma
responsabilidade civil e ambiental para com ele.
Os primeiros passos para a defesa do ambiente têm que ser dados por todos e por cada um de
nós. E estes passos passam pela reciclagem, pelo uso de transportes colectivos, pela instalação de
receptores de energias limpas e renováveis nas nossas casas, pela diminuição do consumo energético,...
A mudança começa por nós. (Gore, 2006).
36 Capítulo 8
Ciência no dia‐a‐dia
8.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Dado que, a temática abordada na primeira fase focava uma questão pertinente nos dias de
hoje, impunha‐se que na segunda parte do projecto se apresentassem soluções ao problema. Uma das
soluções apresentadas e adoptadas por alguns países no sentido de minimizar o consumo de combustíveis
fosseis é a produção de Biodíesel, um biocombustível obtido a partir de óleos vegetais usados (Figura 1 e
2).
Uma dos objectivos deste projecto foi promover uma aproximação da Ciência ao cidadão
procurando abrir horizontes e mentalidades na questão da sustentabilidade. Considerámos que, a melhor
forma de cumprir este objectivo era relacionar os conhecimentos e as necessidades dos presentes com os
conteúdos que procurámos desenvolver. Quando se pretende introduzir um tema que a princípio é um
pouco complexo a um público pouco familiarizado com questões ambientais, como foi o caso é
fundamental a criar de sentido, ou seja, motivar para, recorrendo às suas aspirações, vontades e práticas
do quotidiano.
Deste modo, considerámos pertinente, para além da actividade experimental do Biodíesel montar
uma actividade muito conhecida pela maioria dos presentes, a produção de iogurte. Através deste trabalho
experimental foram explorados os fenómenos que os presentes observavam quando produziam iogurte
caseiro (alteração de sabor, alteração de textura) e explicados de forma científica (Figura 3).
Nesta fase do projecto realço a participação da Professora Lurdes Poças e da Professora Cristina
Palma, do grupo de Química, na execução desta tarefa. Em todos os momentos manifestaram total
disponibilidade para auxiliar o Núcleo de Estágio na montagem do trabalho experimental referente à
produção de Biodíesel, tendo fornecido algum material, sem o qual não conseguiríamos realizar a acção.
Fig.1. Montagem das actividades experimentais
37
Fig.2. Explicação das várias etapas na produção de Biodíesel
Fig.4. Esclarecimento de uma dúvida acerca das desvantagens do Biodíesel
39
9.2 ACTIVIDADES EXPERIMENTAIS
Os protocolos experimentais utilizados na realização desta actividade foram: Síntese de Biodíesel a partir de óleos vegetais usados Introdução teórica Os óleos vegetais são misturas líquidas compostas por triglicerídeos e que contêm pequenas
quantidades de diglicerídeos, monoglicerídeos e ácidos gordos livres. Estes óleos não podem ser utilizados
directamente na maior parte dos motores devido a diversos factores como, por exemplo, a sua elevada
viscosidade. Se, no entanto, o óleo vegetal for sujeito a transesterificação todos os seus ácidos gordos
esterificados com o glicerol são convertidos em ésteres alquílicos, habitualmente em ésteres metílicos.
Esta mistura de ésteres metílicos obtida a partir de um óleo vegetal é designada por Biodiesel, tem
uma viscosidade bastante inferior à do óleo original e tem propriedades combustíveis semelhantes às dos
combustíveis fósseis (diesel). As reacções de esterificação são processos reversíveis pelo que após algum
tempo atinge‐se um estado de equilíbrio no qual a concentração de ésteres metílicos formados se mantém
constante. As concentrações de reagentes e produtos relacionam‐se através da Constante de Equilíbrio
cujo valor é apenas afectado pela temperatura à qual a reacção ocorre. A velocidade da reacção pode ser
aumentada recorrendo à utilização de catalisadores: estes compostos reduzem o tempo necessário para se
atingir o equilíbrio mas não afectam a respectiva constante. No caso da reacção de transesterificação
podem utilizar‐se catalisadores ácidos (HCl, H2SO4) ou catalisadores básicos (KOH, NaOH, KCH3O,
NaCH3O). Os hidróxidos dos metais alcalinos (NaOH ou KOH) podem ser dissolvidos em metanol dando
origem aos correspondentes metóxidos e água.
O metóxido de sódio ou de potássio podem também ser utilizados em forma das suas soluções
metanólicas produzindo rendimentos de transesterificação elevados (>98%) em pouco tempo de reacção (�
30 min).
A estequiometria da reacção requer uma razão molar de metanol:triglicerídeo de 3:1 mas para
favorecer a deslocação do equilíbrio no sentido dos produtos da reacção utiliza‐se um excesso de um dos
reagentes (metanol) e a reacção é habitualmente realizada com uma razão molar de 6:1. A catálise ácida
40 (MeOH + HCl) também pode ser utilizada mas é pouco aplicada comercialmente
porque requer razões molares metanol:triglicerídeo muito elevadas (20:1) e tempos de
reacção mais longos do que com a catálise básica. Uma das vantagens da catálise ácida
é o facto de não só efectuar a transesterificação (conversão dos mono‐, di‐, e triglicerídeos em ésteres
metílicos dos ácidos gordos) mas também promove a esterificação dos ácidos gordos livres existentes no
óleo vegetal usado.
Preparação do trabalho
1. Verificar quais os procedimentos de segurança para a manipulação de:
a. Hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio
b. Metanol
2. Obter de fontes bibliográficas:
a. O ponto de ebulição do metanol
b. A massa molar do metanol
c. A massa molar da trioleína
d. A densidade do metanol
e. A densidade da trioleína
Procedimento Experimental
Filtre cerca de 100 ml de óleo, transfira para um Erlenmeyer de 250 ml e registe a massa de óleo colocada
no Erlenmeyer com uma precisão de 0,1g.
Adicione ao Erlenmeyer 25 ml de uma solução de KOH em metanol (7,5g de KOH em 100 ml de metanol).1
Adapte um condensador de bolas ao esmerilado do Erlenmeyer e aqueça suavemente (cerca de 60oC)
durante 20 minutos, com agitação magnética. Não deixe a mistura reaccional entrar em ebulição2. Após
esse período aquecimento retire o conjunto da placa e deixe arrefecer até à temperatura ambiente.
Transfira a mistura reaccional para uma ampola de decantação e após verificar que ocorreu a separação de
fases separe a fase aquosa (água+glicerol+catalisador+metanol) e a fase orgânica (Biodiesel+resíduos de
água, metanol e mono‐di‐ou triglicerídeos). Coloque a fase de biodiesel de novo na ampola de decantação
e extraia esta fase com 20 ml de água destilada3. Separe as fases e seque a fase orgânica (Biodiesel) com
sulfato de sódio anidro4. Filtre para um frasco de vidro de 100ml, rotulado e previamente tarado. Pese o
frasco e determine a massa de biodiesel que preparou.
Material necessário:
41 ‐ Placa de agitação e aquecimento
‐ Barra de agitação
‐ Erlenmeyer de 250 ml com esmerilado
‐ Provetas de 100 ml
‐ Funil de vidro
‐ Condensador de bolas que se adapte ao Erlenmeyer de 250 ml
‐ Pinça e noz
‐ Ampola de decantação de 250 ml
‐ 1 Erlenmeyer de 200 ml com esmerilado
‐ 1 Erlenmeyer de 200 ml sem esmerilado
‐ Frasco de vidro escuro de 100 ou 200 ml com tampa.
Reagentes:
Metanol
KOH ou NaOH
Óleo vegetal usado
Sulfato de sódio anidro
Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia/ESPAV Abril. 2009
[ESCOLA SECUNDÁRIA PADRE ANTÓNIO VIEIRA BIOLOGIA Actividade: Produção de Iogurte 23 de Abril de 2009
- O iogurte a utilizar deverá ser natural, pois as probabilidades de sucesso são maiores do que nos outros tipos de iogurte, devido aos diversos aditivos. Basta uma colher de café rasa para cada 125ml de leite, porque apesar do excesso não causa problemas; - O processo de fermentação deverá demorar cerca de 12h, dependendo das condições práticas da experiência; - Se se pretender o consumo do iogurte, este deverá ser feito o mais cedo possível, já que o iogurte assim produzido não contém conservantes, reduzindo bastante o seu período de validade.
2. IMPROVISAR UMA ESTUFA NA SALA DE AULA A produção de iogurte implica a existência de uma estufa. Como esse é um material que nem sempre se encontra disponível, é possível improvisar uma. Uma estufa é um aparelho onde conseguimos manter o ar mais quente que o normal, a uma temperatura escolhida por nós, durante longos períodos de tempo. No caso do iogurte, precisamos de uma temperatura entre os 30ºC e os 45ºC.
2.1. MATERIAL
• Caixa de resmas de papel • Tesoura • Cola • Folha de alumínio • Marcador • Lâmpada de 25 W • Casquilho de lâmpada • Termómetro • Régua
Protocolo experimental FAZER IOGURTE!
1. CUIDADOS NECESSÁRIOS
- A limpeza do material é importante para o bom funcionamento da experiência. Se se pretender consumir o iogurte produzido, é aconselhada a esterilização do material; - Devem-se ter cuidados redobrados com o termómetro, já que o mercúrio no seu interior é altamente tóxico. - O leite a utilizar deverá ser do dia ou desnatado, e deverá ser suficiente para os copos de todos os alunos; - Não pode haver copos empilhados dentro da estufa, já que isso poderá alterar a temperatura a que estão sujeitos e assim alterar os resultados. Se necessário, construir várias estufas.
43 Fig.1. Material para improvisar uma iogurteira
2.2. PROCEDIMENTO
1. Com a ajuda da régua e do marcador, encontrar o centro de uma das faces laterais da caixa. Traçando duas linhas diagonais unindo os cantos da face da caixa, o ponto onde elas se cruzam é o centro daquela face. (Fig.2.)
2. Novamente com a ajuda do marcador, marcar o rebordo do casquilho da lâmpada, no centro da face que foi encontrado antes. (Fig.3)
3. Com a ajuda da tesoura (para cujos perigos os alunos devem ser alertados), recortar o círculo que foi desenhado, fazendo assim um buraco para introduzir a lâmpada dentro da caixa (Fig.4.)
4. Com o buraco feito, forrar o interior da
caixa com folha de alumínio, cortando a folha à medida e fixando com a ajuda da cola. Não esquecer o forro para a tampa! (Fig.5.)
5. Cortar o forro de alumínio na zona do
buraco feito anteriormente para introduzir o casquilho da lâmpada. Apertar bem a rosca do casquilho para que fique bem seguro (Fig.6.)
Fig.3. Marcação do limite do casquilho
Fig.5. Caixas forradas com papel de alumínio
44 5. Enroscar a lâmpada no
casquilho, ligar o interruptor e ver se tudo funciona. Agora é preciso testar esta iogurteira improvisada, para ver se serve mesmo para fazermos iogurte. Após registar a temperatura inicial do termómetro, metê-lo dentro da caixa e fechar a tampa. Demora cerca de meia hora até conseguirmos ter uma temperatura estável dentro da iogurteira. (Fig.7)
3. MATERIAL/INGREDIENTES
• Gobelé • Termómetro • Placa de aquecimento • Colher de café • Copo de plástico • Leite do dia • Iogurte • Iogurteira improvisada • Marcador
3.1. PROCEDIMENTO
1- Enquanto estiver a compreender o que fez, a iogurteira já deve ter
estabilizado a temperatura;
2- O termómetro deve indicar valores entre os 30 e os 45ºC, sendo que 37º é a temperatura óptima para as bactérias do leite;
3- Identificar um copo de plástico com o nome;
4- Aqueça o leite na placa de aquecimento e controle a temperatura com o termómetro (Fig.8);
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ATENÇÃO Tem de vigiar muito bem a temperatura do leite. O leite necessita de aquecer a uma temperatura entre os 76 – 82º por duas razões:
• Mata qualquer bactéria que possa estar no leite e interferem com a actuação das bactérias que convertem leite em iogurte;
• Altera as proteínas do leite de forma a promover o aumento da sua consistência, fundamental para a produção de iogurte
5- Encher o lavatório com água e algumas pedras de gelo.
6- Colocar cuidadosamente o recipiente com o leite dentro do lavatório de modo a arrefece-lo até aos 43- 45ºC.
7- Encher os copos de plástico com leite e acrescentar uma colher de café de iogurte, mexendo bem;
8- Guardar o copo dentro da iogurteira improvisada, juntar o termómetro, fechar a tampa cuidadosamente;
9- Ligar a lâmpada;
10- Ao fim de 12h, ou no dia seguinte, analisar e registar os resultados.
Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia/ESPAV Abril. 2009
Capítulo 9
Conclusões finais
A elaboração deste projecto contribui para o esclarecimento de uma população idosa em relação a
práticas ambientalista na perspectiva da sustentabilidade do planeta.
O projecto foi considerado, pelos presentes e intervenientes, um trabalho bem elaborado, focado
em questões importantes e bem estruturado.
Consideramos que os objectivos foram alcançados esperando ter contribuído para uma prática
mais frequente da reciclagem e de outras estratégias minimizadoras de emissão de gases de efeito de
estufa.
Importa salientar que no final da apresentação surgiram dois convites da audiência, um para uma
nova apresentação na Junta de Freguesia de Odivelas e outro relacionado com um projecto de formação na
área da poluição aquática.
Por isto e por toda a dinâmica impressa nos dois momentos do projecto, consideramos ter
superado as expectativas, o que nos fez sentir extremamente lisonjeados.
Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia/ESPAV Abril. 2009
Capítulo 10
Bibliografia
http://www.ipcc.ch/graphics/gr‐climate‐changes‐2001‐wg3.htm
http://www.quercustv.org/spip.php?article181 (vídeo)
http://www.aguasdominhoelima.pt/conselhos.htm
http://www.aprh.pt/congressoagua98/files/com/086.pdf
http://www.icn.pt/psrn2000/pdfs/glossario.pdf
www.nagib.net/arquivos/educa_ambiental.doc
http://plato.if.usp.br/~fap0346d/texto1.pdf
http://www.epa.gov/air/caa/