hoje macau 27 jan 2014 #3019

20
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 27 DE JANEIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3019 PUB Como é costume, a UMAC diz ao Governo o que o Governo disse à sociedade: a saber, que o Executivo deve garantir à po- pulação a existência gratuita de um leque de canais básicos de televisão. Resta saber o que eles entendem por básicos. E quem vai escolher. PÁGINA 7 UMAC sugere canais básicos ao Governo Se a sociedade e o Governo não ajudarem, o trabalho do CCAC não chegará a bom porto. Comissário dixit. VASCO FONG, COMISSÁRIO CONTRA A CORRUPÇÃO hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB Só o CCAC não chega FOTOGRAFIA Quem tem Goa, tem tudo. Quem não tem Goa, tem Damão e Diu CENTRAIS ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 HOTEL ESTORIL AFINAL, PARA QUE SERVE ESTE PRÉDIO? PÁGINA 6

Upload: jornal-hoje-macau

Post on 23-Mar-2016

226 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Edição do jornal Hoje Macau N.º3019 de 27 de Janeiro de 2014

TRANSCRIPT

Page 1: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 7 D E J A N E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 1 9

PUB

Como é costume, a UMAC diz ao Governo o que o Governo disse à sociedade: a saber, que o Executivo deve garantir à po-pulação a existência gratuita de um leque de canais básicos de televisão. Resta saber o que eles entendem por básicos. E quem vai escolher. PÁGINA 7

UMAC sugere canais básicos ao Governo

Se a sociedade e o Governo não ajudarem, o trabalho do CCACnão chegará a bom porto. Comissário dixit.

VASCO FONG, COMISSÁRIO CONTRA A CORRUPÇÃO

hojemacauAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

Só o CCAC não chega

FOTOGRAFIA

Quem tem Goa, tem tudo. Quem não tem Goa, tem Damão e Diu

CENTRAIS

ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 HOTEL ESTORIL

AFINAL, PARA QUE SERVE ESTE PRÉDIO?

PÁGINA 6

Page 2: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

2 hoje macau segunda-feira 27.1.2014ENTREVISTA

JOANA [email protected]

Está no CCAC desde 2009. Que balanço faz dos trabalhos que têm vindo a ser feitos?Ao longo dos últimos três anos, foram aprovados e revistos alguns diplomas legais no âmbito do CCAC. Foi o caso da Lei Orgânica do Comissariado, o Regu-lamento Administrativo sobre a Organização e Fun-cionamento do Serviço do CCAC, o Regime Jurídico da Declaração de Bens Patri-moniais e Interesses e a Lei de Prevenção e Repressão da Corrupção no Sector Privado, entrada em vigor em 2010. Estas leis ajuda-ram a reforçar o âmbito das competências do CCAC e a facilitar o desenvolvimento dos nossos trabalhos não só em cumprimento das leis, como face ao desenvolvi-mento social.

O Governo tem dado apoio ao CCAC?Na verdade, o Governo tem dado todo o apoio necessário na mobilização de recursos políticos, financeiros e hu-manos. O que demonstra uma postura firme para a construção de uma socieda-de íntegra. As queixas dos cidadãos têm vindo a aumentar cada vez mais. Qual a razão para isto?O número de queixas rece-bidas pelo CCAC tem au-mentado de forma contínua, nos últimos três anos. Mas, desde 2011 que o número de casos apresentados com a identificação do queixoso ultrapassou o número de

VASCO FONG, COMISSÁRIO DO COMISSARIADO CONTRA A CORRUPÇÃO

“A desactualização do regime jurídico pode Numa curta entrevista, cedida apenas por email, o comissário Vasco Fong assegura que há pontos a melhorar para que o trabalho do CCAC tenha sucesso. Além da participação da população, a actualização de leis é outro dos pontos que o responsável pelo organismo evoca. Sobre as recomendações do CCAC que a sociedade aponta caírem em saco roto, Vasco Fong diz que os serviços públicos até estão melhor, mas alerta para o facto de que a última decisão não é do CCAC

queixas anónimas. Esses dados revelam um maior interesse de participação e uma maior consciência da importância da salvaguar-da dos direitos e interesses legítimos por parte da popu-lação em geral. A população mostra-se menos tolerante face a actos de corrupção, o amadurecimento da cons-ciência cívica dos cidadãos constitui um factor essencial para promover a criação de um sistema comunitário íntegro, bem como para as-sumir perante a sociedade o papel fiscalizador do CCAC. A par disso, a população também revela mais confian-ça na capacidade do CCAC.

Quais são as maiores di-ficuldades que o CCAC enfrenta neste momento?Se analisarmos os trabalhos de investigação que têm vindo a ser desenvolvidos pelo CCAC, é verdade que enfrentamos algumas dificuldades. Esses são, por exemplo, os impedimentos jurídicos – a desactualização do regime jurídico pode criar, em certo sentido, obstáculos aos trabalhos do CCAC. Por exemplo, a Lei de Prevenção e Repressão da Corrupção no Sector Privado deve ser melhorada, o que já se referiu no Relatório de Actividades do CCAC em 2010. Em relação à Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, também já expressámos as nossas opiniões e sugestões durante as actividades elei-torais em 2013. Depois, al-gumas dificuldades relativas aos meios de investigação e às técnicas. O CCAC está a esforçar-se por resolver estas dificuldades, actualizando e adquirindo equipamentos

“O Governo tem dado todo o apoio necessário na mobilização de recursos políticos, financeiros e humanos”

Page 3: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

3 entrevistahoje macau segunda-feira 27.1.2014

“A sociedade tem opiniões diferentes sobre os relatórios e recomendações emitidas pelo CCAC e uma parte dos cidadãos tem duvidado da eficácia dos mesmos. Na verdade, em relação aos relatórios e recomendações emitidos pelo CCAC actualmente, a maioria dos serviços públicos já toma uma atitude mais positiva. Também é importante salientar que as recomendações do CCAC possuem natureza diferente das decisões judiciais e, por isso, é impossívelcolocá-las no mesmo prato da balança”

criar obstáculos ao CCAC”

de investigação para elevar a eficácia da investigação de casos. Também recrutamos pessoal de vários ramos profissionais para corres-ponder às necessidades dos trabalhos. Reajustando a estrutura orgânica da institui-ção, melhora-se a gestão do trabalho e aperfeiçoa-se as técnicas de actuação e inves-tigação de casos. Além disso, o CCAC convida especialis-tas do exterior para realizar cursos de formação desti-nados aos investigadores e também envia o pessoal do Comissariado para participar em formação profissional e seminários ou conferências realizados no exterior. Isto, para que os investigadores do CCAC possam aumentar as suas competências profis-sionais através da aquisição tanto de conhecimentos jurídicos, como de técnicas de investigação criminal e de recolha da informação. Com estas medidas, eleva-

-se globalmente o nível de qualificação profissional e de desempenho das funções da equipa de investigadores.

Quais os principais casos que ocorrem ao nível da cor-rupção no sector público?Na área do combate à cor-rupção no sector público, os casos abrangem mais fre-quentemente as categorias relacionadas com a aqui-sição de bens e serviços, a concessão de obras públicas e a falsificação de docu-mentos nos procedimentos de reembolso de despesas efectivamente realizadas. São problemas que têm a

ver com a inexistência de regimes, de lacunas e imper-feições dos regimes e com a falta de firmeza e rigor na sua aplicação.

Qual é a situação no sector privado?O número de casos in-vestigados aumentou de 24 em 2010 para 102 em 2012. Em circunstâncias normais, no âmbito destes casos de corrupção no sec-tor privado, só podemos proceder se houver queixa formal do ofendido contra a pessoa envolvida. Por isso, o aumento registado nos números de queixas e de casos instruídos, revela, sob outro ponto de vista, uma exigência cada vez maior de credibilidade empresarial junto de diferentes sectores.

No âmbito da Provedoria de Justiça, quais são as maiores preocupações dos cidadãos?

Estão relacionadas com o regime da função pública, as infracções em obras ilegais, as actuações arbitrárias e ile-galidades na gestão pública e o desperdício de dinheiro público. Em relação aos

casos concretos, o CCAC emitiu vários relatórios de investigação e recomenda-ções aos serviços públicos, promovendo a actuação dos respectivos serviços no respeito pela legalidade administrativa. Entre os relatórios, alguns deles afectam a vida quotidiana dos cidadãos.

O CCAC tem publicado relatórios que têm vindo a ser vistos como polémicos, uma vez que tecem duras críticas a serviços públicos, como é o caso dos autocar-ros. Mas, é comum tentar perceber para que servem os relatórios do CCAC, se não são, efectivamente, se-guidos pelo Governo - que às vezes até discorda deles. Para que serve, então, o relatório do CCAC? A sociedade tem opiniões diferentes sobre os relatórios e recomendações emitidas pelo CCAC e uma parte dos cidadãos tem duvidado da eficácia dos mesmos. Na verdade, em relação aos relatórios e recomendações emitidos pelo CCAC actual-mente, a maioria dos serviços públicos já toma uma atitude mais positiva. Também é importante salientar que as recomendações do CCAC possuem natureza diferente das decisões judiciais e, por isso, é impossível colocá-las no mesmo prato da balança. No âmbito da Provedoria de Justiça, o CCAC desempenha - de forma justa e imparcial - um papel de fiscalização, indi-cando os problemas existentes segundo o princípio da lega-lidade. A ideia é assegurar o tratamento e a correcção pelas autoridades administrativas de eventuais ilegalidades ou irre-gularidades. Mas, no entanto, as autoridades competentes é que acabam por assumir as

“A população mostra-se menos tolerante face a actos de corrupção”

“Temos a consciência de que não é possível conseguir grandes êxitos no trabalho de combate à corrupção apenas com os esforços do próprio CCAC”

MARIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO EUSÉBIOFalecimento

A família de MARIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO EUSÉBIO vem, com imensa dor e pesar, informar do seu falecimento, ocorrido no passado dia 22 de Janeiro, em Macau.

Deixa as filhas Laura Eusébio Larrea, casada com Miguel Larrea, e Isabel Eusébio, casada com Rogério de Assis Rodrigues e a neta, Elisabela Larrea, casada com Kit Cheok, e afilhados Diogo Eusébio, Ernesto Madeira, Fernanda Lei de Lemos, Celeste Eusébio e Madalena Cou.

A missa do corpo presente, assim como a do sétimo dia, será celebrada no próximo dia 28 (terça-feira) pelas 20:00 horas, na Casa Mortuária Diocesana.

No dia seguinte, 29 de Janeiro, realizar-se-á uma missa no mesmo local, pelas 11:00 horas da manhã, sendo o corpo a seguir transladado para a RP da China para cremação.

A família agradece antecipadamente a todos quantos queiram associar-se a estes piedosos actos.

devidas responsabilidades na resolução dos casos reco-mendados. É importante ter a noção de que quem fiscaliza nunca poderá substituir quem é fiscalizado.

O que é preciso melhorar para que o vosso trabalho tenha sucesso?Temos a consciência de que não é possível conseguir grandes êxitos no trabalho de combate à corrupção apenas com os esforços do próprio CCAC e que são indispensá-veis o apoio e a participação da população em geral para obter os resultados desejados. Por isso, na verdade, a realização de acções de sensibilização tem sido uma prioridade do CCAC. A partir do estabele-cimento da RAEM, o CCAC tem realizado, todos os anos, vários tipos de formação e palestras sobre a integridade, contando já com um total de 320 mil pessoas. Os destina-tários destas actividades são de diferentes sectores sociais, incluindo funcionários públi-cos, pessoal de direcção e tra-balhadores do sector privado, estudantes jovens e membros de associações.

Page 4: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

4 hoje macau segunda-feira 27.1.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

F OI o receio que fez Ng Peng In guardar consigo docu-mentos relacionados com as dez campas perpétuas e não

entrega-los a Raymond Tam e aos outros responsáveis do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), agora a ser julgados pelo crime de prevarição. Em mais uma sessão no Tribunal Judicial de Base, Raymond Tam pediu para falar. O presidente suspenso do IACM assegura que a primeira testemu-nha do processo – a ser ouvido há cinco sessões – mentiu em muitas das declarações que prestou. As contradições de Ng Peng In, ex--chefe dos Serviços de Ambiente e Licenciamento e ex-administrador do IACM são constantemente motivos de queixa da bancada de defesa de Tam de outros dois dos restantes três arguidos: Lei Wai Nong, vice-presidente, e Fong Vai Seng, chefe do departamento dos Serviços de Ambiente e Licencia-mento, e vieram a demonstrar-se na última audiência.

Domésticas da China Limite quase atingido O Gabinete para os Recursos Humanos (GRH) já recebeu 226 pedidos de importação de empregadas domésticas da China continental. Desde 16 de Dezembro do ano passado que o gabinete começou a receber os pedidos de importação de mão-de-obra, depois do Governo ter autorizado uma quota de importação de trezentas pessoas. Para já, o plano ainda é experimental, sendo, por isso, que as trabalhadoras terão de vir das províncias de Guangdong e de Fujian e todas as formalidades necessárias para a vinda dos mesmos para Macau serão feitas apenas através de duas agências, uma para cada região. A entrega de pedidos termina dia 30 de Janeiro.

O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) tem vindo

a reforçar a sua equipa de trabalho. Prova disso foi a abertura de concursos de recrutamento para 17 novos funcionários, como o próprio organismo garantiu ao HM.

“Devido ao aumento constante do volume de trabalho, o GAES recruta o pessoal, de forma adequada e de acordo com as necessi-dades concretas. Desde 2013 a 23 de Janeiro de 2014, o GAES procedeu ao traba-lhos de abertura de concur-sos para o recrutamento de 17 trabalhadores, dos quais 15 são técnicos do 1.º esca-lão e 2 assistentes técnico administrativo principal do

Ng Peng In voltou atrás sobre os arguidos que vêm acusados de prevaricação: afinal, podiam ser só funcionários públicos a fazer o seu trabalho. As declarações do ex-IACM, que serve de testemunha no caso que tem Raymond Tam como principal arguido, voltam a dar que falar, no dia em que Ng Peng In disse ter guardado documentos com medo de se tornar arguido e Álvaro Rodrigues prometeu tentar que isso acontecesse

CASO IACM TESTEMUNHA GUARDOU DOCUMENTOS POR MEDO E DIZ NÃO TER PROVAS DE CRIME DE PREVARICAÇÃO

Testemunhana corda bamba

NUM ANO FORAM RECRUTADOS MAIS 17 TRABALHADORES

GAES reforça pessoal1.º escalão, em simultâneo, mediante o recrutamento central, pretende recrutar um técnico superior da área jurídica e 3 técnicos supe-riores da área informática.”

O recrutamento de um técnico da área jurídica deverá estar relacionado com o trabalho sobre a proposta de lei de bases do ensino superior, que desde 2011 está a ser preparada pelo Governo. Ao HM, a entidade coordenada por Sou Chio Fai continua sem dar uma data concreta para a

mesma chegar à Assembleia Legislativa (AL).

“O GAES concluiu já a versão preliminar da proposta de lei do “Regime do Ensino Superior” e tenta, com a maior brevidade, re-meter para a etapa seguinte do processo legislativo.”

O HM tentou saber mais informações sobre o que esta lei deverá trazer para o ensino universitário público, mas o GAES pouco avançou. “As principais alterações introdu-zidas na referida proposta de lei são a atribuição de mais autonomia às instituições, o aumento da flexibilidade às mesmas em ministrar cursos e garantir o investimento de recursos no Ensino Supe-rior.” - A.S.S.

Ng Peng In disse que guardar os documentos foi uma “opção”, porque não concordava com decisão sobre a atribuição das dez campas. “Eu disse ao Ministério Público que aquilo foi feito à medida, mas achei que estava ligado ao meu superior e como, não concordava, ou ia queimar os documentos, ou ia guardar. Optei por guardar. Ninguém podia prever que iam aparecer mais questões e eu guardei-os.”

Recorde-se que, tal como noti-ciou o HM em Junho de 2013, Ng Peng In escreveu uma carta onde

explica que “durante os anos 2000 e 2001 foram apresentados dez pedidos de compra de sepulturas perpétuas, todas autorizadas por despacho su-perior e sem serem alvo de sorteio”. E continua, dizendo que o “Serviço competente” – não se percebe no documento qual – “passou a informar superiormente da inconveniência de venda de campas perpétuas”.

A testemunha explicou ainda que não colaborou com os res-ponsáveis – a quem foram reque-ridos os documentos pelo MP -, porque tinha medo de se tornar arguido. Já admitiu, contudo, tê--los entregue ao MP. “Estava com medo de ser constituído arguido durante a investigação e levei as fotocópias comigo para ter como salvaguarda das minhas respos-tas”. Como é que sabia sobre que iria ser a inquirição pelo MP, Ng Peng In não explicou.

DE TESTEMUNHA A ARGUIDO “A defesa está a tratar-me como um arguido e atirar-me a mim as culpas deles [arguidos]”, frisou Ng Peng In. A testemunha acusou os advogados de defesa de estarem

a querer torna-lo num arguido e os jornalistas de interpretarem mal as suas palavras. As declarações le-varam mesmo Álvaro Rodrigues, advogado de Raymond Tam, ga-rantir que vai tentar fazer Ng Peng In responder perante um juiz nessa qualidade. “O senhor tem todo o direito de dizer o que quiser, até porque é a melhor testemunha que está aqui. Estamos a defender os direitos dos nossos constituintes e a procissão ainda vai a meio e

nós vamos conseguir demonstrar que não é arguido neste processo, porque vamos mostrar

porquê. Mas, fique a saber que será arguido noutro processo, quase de certeza. Vamos demonstrar que está a faltar à verdade, que entregou mais documentos ao MP do que os que sabemos até agora. Se isso, em consequência, resultar em que seja arguido é por algo que disse e fez.”

Raymond Tam e os outros três arguidos vêm acusados de prevaricação, recorde-se, por terem demorado demasiado tempo a entregar documentos que ajudariam na investigação sobre a atribuição das dez cam-pas perpétuas no Cemitério de São Miguel Arcanjo. Questio-nado pelo MP se acreditava ter havido o crime de prevaricação porque os arguidos quiseram, propositadamente, entregar os documentos, Ng Peng In foi pou-co convincente para a acusação, como admitiu, aliás, o próprio MP. “Acho que eram funcio-nários públicos a desempenhar a sua função e sempre fizeram o seu trabalho com base no seu superior hierárquico. Não tenho provas de que entregaram tarde os documentos de propósito.”

Acho que eram funcionários públicos a desempenhar a sua função e sempre fizeram o seu trabalho com base no seu superior hierárquico”NG PENG IN

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

Page 5: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

5 políticahoje macau segunda-feira 27.1.2014

WWW. IACM.GOV.MO

Instruções a observar no transporte de florespara o Ano Novo Lunar na entrada da Fronteira

1. Os cidadãos poderão transportar, de 28 de Janeiro a 30 de Janeiro de 2014 (28° a 30° dias da 12ª lua do calendário chinês), flores para o Ano Novo Lunar, estando, contudo, sujeitas a inspecção na entrada da Fronteira;

2. O Posto Provisório para a Inspecção Fitossanitária apenas estará disponível nas “Portas do Cerco”;

3. O horário temporário de Inspecção Fitossanitária vigorará apenas no período atrás referido, entre as 09:00 e as 22:00 horas;

4. As plantas importadas devem destinar-se somente ao uso pessoal e obedecer ao peso regulamentado:a) Cada pessoa poderá transportar, por dia, até 5 kg de plantas;b) Cada pessoa pode transportar, por dia, um vaso de plantas com raízes fixas;c) Ou vasos pequenos com peso total não superior a 5 kg;d) Ou flores com raízes cortadas com peso total não superior a 5 kg, mas cada espécie

não pode ter um peso superior a 1 kg;5. Os cidadãos que transportem plantas através da fronteira devem apresentar a respectiva

factura com carimbo e assinatura do vendedor e com informações relativas à designação do local de cultura/aquisição da planta, endereço e telefone de contacto do local, tipo e quantidade da espécie, com vista a facilitar a inspecção fitossanitária a realizar pelos agentes deste Instituto. Caso se trate de espécies controladas pela “Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção” (CITES), será exigido ainda o certificado de autorização prévia de importação, emitido pela Direcção dos Serviços de Economia da RAEM; havendo isenção de visto para transporte para pequenas quantidades de orquídeas artificialmente cultivadas, de acordo com o Aviso Nº2/2008/DGCE, da Direcção dos Serviços de Economia;

6. Plantas sem raízes, e.g. flores de raízes cortadas, com peso total não superior a 1 kg, estão isentas de inspecção;

7. As plantas aquáticas, como narcisos, jacintos, etc. são consideradas plantas sem raízes;8. Plantas, que não estejam de acordo com o atrás referido, serão apreendidas por este Instituto;9. Caso as pessoas pretendam reaver as plantas apreendidas, necessitam de tratar das

formalidades oficiais de pedido de licença para importação.

Aos 24 de Janeiro de 2014.

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais

PUB

O plano urbanístico anunciado pelo Governo para o

norte da Taipa, em que um dos terrenos é de Chui Sai Cheong, irmão do Chefe do Executivo, é transparente tal como as concessões de arrendamento.

“Não há qualquer be-nefício. Não faço parte de nenhuma comissão de lei do planeamento urbano. Como poderei interferir nessa questão?”, interro-gou Chui Sai On, em de-clarações veiculadas pela TDM, à margem de uma cerimónia de competição de artes marciais. “Quando a autorização dos secretários

é requerida, o nosso gabine-te [do Chefe do Executivo] avalia a legitimidade. Nun-ca interferimos ou partici-pámos nos trabalhos das comissões, damos apoio de forma sistemática. São os serviços, o secretário e o Chefe do Executivo, é tudo muito claro. As pessoas não têm de se preocupar.”

O líder do Governo afiançou ainda que, no que respeita ao novo plano, nada será feito antes da entrada em vigor da lei de planeamento urbanístico, durante este intervalo de pouco mais de um mês.

“Para mim a questão é simples, as pessoas não

têm de fazer tantas supo-sições. Em primeiro lugar, para este projecto, antes de 1 de Março, não vamos de todo aprovar o que quer que seja que preocupe as pessoas, como a questão dos limites à altura dos edifícios”, assegurou. “Nenhuma dessas coisas será aprovada sem obede-cer à lei de planeamento urbanístico.”

A Associação Novo Macau, uma das entidades mais críticas de todo este processo, começa a aceitar amanhã assinaturas para uma petição que exige ao Governo o abandono do plano.

Associação MacauSéculo XXI poderá reunirN A passada semana,

representantes de Macau e Zhuhai, acordaram um

abastecimento de água bruta que levará a que, entre 2014 e 2016, venha a haver um aumento no preço de 0,22 yuans (0,29 patacas) por metro cúbico, ou seja, uma subida de 10,6%. O ajustamento, segundo o Governo, ocorre a cada três anos. No entanto, este acréscimo terá um impac-to mínimo no uso doméstico. A garantia é dada por Susana Wong, directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água de Macau (DSAMA), que não dá conta do calendário para o lançamento da nova tabela de preços.

“Convidámos uma ins-tituição académica para le-var a cabo um estudo. Esta está agora na fase final da investigação sobre como se poderá proceder ao ajuste de preços. Espera-mos que haja um relatório completo depois do ano novo chinês”, indicou a responsável, à margem de um almoço com a imprensa no final da passada sema-na. “A mudança de preços para residentes deverá ser pequeníssima ou mesmo nula. Este é o princípio em que iremos batalhar.”

Apesar de expressar a vontade de o Governo não querer um maior peso nas facturas dos consumidores de uso doméstico, Wong disse que os grandes consu-

ÁGUA TARIFAS DE USO DOMÉSTICO SOFRERÃO SUBIDA “PEQUENA”, SEGUNDO SUSANA WONG

Novo plano de preços este ano

CHUI SAI ON TRANQUILIZA RESIDENTESSOBRE O PROJECTO NA TAIPA

À espera dainquebrável lei

midores terão um aumento nunca inferior a 10,6%, perto do aumento da água bruta.

A directora da DSA-MA disse que actualmente o custo da água é de 6,6 patacas por metro cúbico, o que significa que o Go-verno subsidia 2,3 patacas

GOVERNO COMRECEIO DE QUEBRAR MAIS PROMESSAS NO PAC ONDepois de uma derrapagem em 500% no orçamento inicial do terminal marítimo do Pac On, e de datas de término da obra em constante revisão, o Governo decidiu não se comprometer mais com pormenores. A última data dava conta de que as operações pudessem estar concluídas em finais de 2013, mas 2014 (sem mês ou período temporal) é agora a data em cima da mesa. “Neste momento, esperamos que algumas partes do terminal marítimo possam estar prontas em meados deste ano e temos esperanças de que possa abrir ainda este ano. Vai depender se a construção dos elementos essenciais estará ou não pronta. E se vão ou não estar prontas a usar ainda este ano”, afirmou Susana Wong, directora da DSAMA. Recorde-se que o orçamento actual da obra sagra-se em 3,2 mil milhões de patacas, muito longe das previstas 53 milhões. Os atrasos na empreitada têm sido justificados pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) com problemas relacionados com a mão-de-obra e o clima. - R.M.

LUIZ Pedruco, presi-dente da Associação

Macau Século XXI, as-sumiu ao HM que não existem, para já, projectos concretos a desenvolver por parte de uma associa-ção que surgiu em força antes das últimas eleições para a Assembleia Legis-lativa (AL). Contudo, em Fevereiro é provável que os 21 membros fundadores voltem a reunir.

“Nesta fase não temos nada preparado. É muito difícil dizer porque estive fora uns meses, e ainda temos de reunir o grupo. Desde que me ausentei não tivemos nada em termos de reuniões. Ainda não reunimos, mas é provável que depois do Ano Novo Chinês possamos reunir”, disse Luiz Pedruco ao HM sem, contudo, adiantar mais pormenores sobre as futuras actividades.

De frisar que a As-sociação Macau Século XXI serviu de mote a uma tentativa de candidatura de

Luiz Pedruco às eleições, tendo José Luís Estorninho como mandatário. Contu-do, a mesma acabaria por ser retirada por parte da Comissão para os Assuntos Eleitorais, pelo facto dos boletins de candidatura terem apresentado dife-rentes informações. O caso foi parar ao Ministério Público, que decidiu arqui-var o processo. José Luís Estorninho, que entretanto deixara de ser mandatário, ponderou recorrer da deci-são. O HM tentou chegar à fala com José Luís Estor-ninho durante a tarde de ontem, sem sucesso. Luiz Pedruco não quis comentar o caso. - A.S.S.

a clientes de baixo consu-mo e 0,8 a utilizadores de maior consumo. O sistema de água de “três camadas”, implementado em 2011, define que consumidores da camada baixa (consumo de 18 metros cúbicos ou abaixo, em dois meses) pagam 4,35 patacas por metro cúbico.

O novo plano de tarifas de água só ficará decidido depois de completo o relató-rio da instituição académica, que deverá ser recebido pela DSAMA “na primeira metade do ano”.

O Governo está ainda a estudar a quarta canalização que poderá ajudar no abas-tecimento de água bruta a Macau a partir da Ilha da Montanha. – R.M.R.

Page 6: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

6 hoje macau segunda-feira 27.1.2014SOCIEDADE

A visão sobre o Hotel Estoril depende do observador. Há quem o veja decrépito, decadente e devoluto, mas o proprietário diz que o imóvel “tem sido mantido em boas condições”, por meio de uma “manutenção diária”. A existir um projecto de utilização para o futuro, o Governo preferiu não desvendá-lo

RITA MARQUES [email protected]

É filho preterido. E mostra--se, por isso, angustiado. Não falamos de nenhuma criança, aliás, a ganhar

vida já seria um avô esquecido. Em época de revitalização de espaços urbanos e novos planos urbanísticos, voltámos a olhar para o antigo Hotel Estoril. O edifício paredes-meias com a piscina mu-nicipal do Tap Seac é, à primeira vista, um espaço abandonado e degradado. O Governo, gestor do imóvel, desmente-o.

“Embora notoriamente deso-cupado, a propriedade tem sido mantida em boas condições e tem sido feita a manutenção diária pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Adicionalmente, o parque de estacionamento adjunto à pro-priedade está agora a ser usado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM)”, responde William Au, porta-voz do organismo, ao HM.

Se planos há para renová-lo e habitá-lo nada é deslindado. Depois de questionado sobre a intenção que pretende dar à pro-priedade, a resposta veio pouco esclarecedora. “Não temos mais informação para providenciar re-lativamente ao assunto presente”,

HOTEL ESTORIL FINANÇAS GARANTEM QUE PROPRIEDADE ESTÁ A SER MANTIDA EM “BOAS CONDIÇÕES”

Degradação depende do ponto de vistaWai Chi dizia habitarem o edifício foram hoje travados a entrar no imóvel porque, tal como se pode ser observado por quem lá passa, todas as portas estão vedadas, al-gumas inclusivamente a cadeado.

Por outro lado, pelo facto de apresentar uma arquitectura com muitas aberturas acaba por servir de depósito de lixo. São ainda visíveis, sobretudo quando se entra pela piscina municipal, janelas estilhaçadas.

O deputado sugeriu ao Go-verno que preservasse o edifício e que o utilizasse “para o desen-volvimento da indústria cultural” ou que “instalasse um serviço público lá dentro”. Dois anos e meio depois, as sugestões de Paul Chan Wai Chi não passaram disso mesmo. À data, o tribuno lembrou também que Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo, tinha emitido um despacho no qual referia que o Hotel Estoril e o terreno onde se encontra de-vem ser considerados de valor arquitectónico na zona histórica de Macau.

Nesse ano, o HM pediu também esclarecimentos sobre o espaço, tendo sido dito pela DSF que a Polícia de Segurança Pública (PSP) estaria a utilizar o local para treinos temporários nos três anos anteriores. Este uso, sem indicações contrárias da DSF, deve ter sido interrom-pido. O organismo fazia saber ainda que as “inspecções regu-lares” de que andava a ser alvo o empreendimento, haveriam não apenas de ser “continuadas” como “reforçadas de futuro”. A julgar pelo aspecto exterior, nada parece fazer crer que a promessa foi cumprida.

O hotel de duas estrelas, inaugurado em Novembro de 1963, pertencia ao empresário e ex-deputado David Chow e foi o primeiro a albergar um casino da cadeia de Stanley Ho (STDM). A unidade hoteleira era utilizada pela alta sociedade para ban-quetes e convívios sociais. Doze anos mais tarde, em 1975, a área de jogo acabou por encerrar, mas só na década de 90 é que o hotel veio a fechar.

Outro assunto mantido em “banho-maria” por longos anos é a possível transferência da Escola Portuguesa de Macau para aquele edifício, rodeado por outras insti-tuições de ensino e pelo Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac. A possibilidade foi admitida em 2011 pelo Executivo, que con-firmou um acordo com Portugal para instalar ali a escola.

replicou Au, sem fornecer detalhes sobre os custos de manutenção da antiga unidade hoteleira.

O HM pôde ainda saber que a gestão do empreendimento não está a cargo de um serviço interde-partamental do Governo, uma vez que o Instituto Cultural – organis-mo que poderia ter interesse em renová-lo – não soube dizer qual a entidade governamental responsá-vel pelo edifício, nem tampouco se

da sua parte haveria interesse em revitalizá-lo. Desta forma, parece não haver interesse em colocá-lo numa lista de bens patrimoniais que deverá ser actualizada após a entrada da lei de salvaguarda do património cultural, em Março próximo.

INTERVENÇÃO PEDIDA HÁ TEMPONo Verão de 2011, o deputado Paul Chan Wai Chi escreveu uma

interpelação à Administração a criticar o facto de não haver um plano de utilização a curto-prazo, pedindo ainda um projecto de res-tauro e conservação. O também membro da Associação Novo Macau identificava o aspecto degradado do espaço que, tal como hoje, não chegou a ser alvo de qualquer intervenção.

No entanto, os “sem-abrigo e toxicodependentes” que Chan

Page 7: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

7 sociedadehoje macau segunda-feira 27.1.2014

O S trabalhadores do Emperor Palace Casino, empre-

endimento de jogo situado no hotel Grande Emperor, estão desde sexta-feira em greve de zelo por aquilo que consideram ser uma falha de promessa por parte da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). Segundo a TDM, a operadora de jogo prometeu aumentos de 5%, mas os funcionários

RITA MARQUES [email protected]

A Direcção dos Serviços de Regulação de Tele-comunicações (DSRT) encomendou, em No-

vembro, um estudo à Universi-dade de Macau (UMAC) sobre o futuro dos serviços de televisão. Os resultados intercalares foram tornados públicos na sexta-feira pelo organismo governamental na sua página online, mas apenas em língua chinesa.

A instituição académica suge-riu ao Governo que fosse definida uma lista de canais televisivos para serem transmitidos em sinal aberto por uma instituição sem fins lucrativos. A negociação sobre os direitos de autor “dos canais televisivos básicos”, essencial-mente “abertos”, fica a cargo do Governo, que deve ter em conta o “interesse público” – o hábito dos residentes locais e as necessidades de comunidades específicas. E o

EPM 43 guardas prisionais colmatam “pressão por falta de recursos humanos”Um total de 43 guardas prisionais, 22 homens e 21 mulheres, tomaram posse na sexta-feira no Estabelecimento Prisional de Macau, sendo o primeiro grupo de 2013 a concluiu com sucesso o curso de formação e estágio. A formação dos recém graduados prolongou-se por 11 meses no ano passado. Actualmente, encontram-se ainda 29 guardas instruendos de um segundo grupo respeitante a 2013. Em finais do ano passado, foi iniciado também o processo de recrutamento de 75 guardas com vista a preencher as vagas de guardas existentes da carreira do Corpo de Guardas Prisionais, “aliviando a pressão causada pela falta recursos humanos na prisão”, diz um comunicado da EPM. A prisão diz ainda que irá abrir “concursos de promoção internos” para a “elevar a qualidade profissional e a moral” dos funcionários.

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental

(DSPA) emitiu um comunica-do onde aponta para a neces-sidade de redução de resíduos alimentares e sacos de plástico durante o Ano Novo Chinês, que arranca esta semana.

A entidade liderada por Cheong Sio Kei avisa a popu-lação para “ao mesmo tempo que celebra a grande festa, actuar no sentido de apoiar a preservação do ambiente”, levando “o próprio saco eco-lógico nas compras” ou “não solicitar ou reduzir o uso de sacos de plástico”.

A DSPA pede ainda que não se desperdicem alimen-tos. “Durante a época do Ano Novo Lunar, desde o jantar da véspera até à refeição de início de ano, as refeições de fraternidade seguem-se umas atrás das outras. Segundo as estatísticas das Nações Unidas há mais de 1 300 milhões to-neladas de alimentos que são desperdiçados anualmente a nível mundial. Por isso, a DSPA queria apelar a todos para que valorizem a comida ao mesmo tempo que se celebram as festas e que evitem desperdiçar os produtos alimentares.”

GRAND EMPEROR APENAS SERVIÇOS MÍNIMOS DESDE SEXTA-FEIRA

Para croupiers SJM não cumpre

UMAC SUGERE AO GOVERNO LISTA DE CANAIS “ABERTOS” TRANSMITIDA POR ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS

TV Cabo deve continuar“pagamento das despesas razoá-veis” deve ser assegurado.

As informações publicadas não trazem nada de muito novo neste campo. No início do mês, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, fez saber na Assembleia Legislativa que a transmissão dos canais básicos será assegurada por uma instituição sem fins lucrativos, embora não tenha avançado qual a entidade nem quantos ou quais os canais garantidos. Estas respostas não constam também dos resultados do estudo agora publicados.

A UMAC recolheu, neste es-tudo, uma série de opiniões que mostram que a população não se mostra satisfeita com a oferta pública de canais, que hoje estão muito abaixo dos oferecidos no passado, sobretudo, no que toca a canais de ciência e desportivos. Por outro lado, o dedo é apontado pelas “famílias que usam do sinal digital, queixando-se da instabilidade e da fraca qualidade da imagem”, lê-se no documento publicado.

A nível dos serviços assinados por subscrição, o estudo da UMAC indica que o contrato da TV Cabo – que expirará num prazo de três meses - deve ser renovado.

A DSRT fez saber, por meio de comunicado, no próprio dia, que os dados revelados serão tomados como “referência”, “introduzindo, de forma razoável e de acordo com a lei, os correspondentes canais televisivos sob o pressuposto do respeito pelo hábito dos cidadãos de Macau na recepção dos canais tele-visivos, melhorando e aperfeiçoan-do, gradualmente, o mecanismo dos serviços de televisão da RAEM com base no interesse público”.

O relatório refere ainda, segun-do o comunicado, que “deve ser aproveitado o meio de transmissão das redes originais das antenas comuns, com vista a distribuir com sucesso os sinais dos canais básicos aos residentes locais, de forma a assegurar, num curto espaço de tempo, a transmissão estável dos sinais televisivos e corresponder

ao interesse público, bem como tratar da situação da transmissão irregular das redes originais das antenas comuns de forma gradual e sistemática”.

A DSRT reiterou ainda que as futuras políticas serão considera-das com base na “liberalização

do mercado”, mas que fará um “modelo de recepção de serviços televisivos diversificados”.

A UMAC estima que o rela-tório final só estará concluído em Setembro, ainda que o contrato com a TV Cabo cesse já em Abril próximo.

dizem que vão receber muito menos em termos de bonificações.

Em vez dos prometidos 5%, os funcionários ga-rantem que apenas vão ser aumentados consoante o desempenho registado em 2013. Os croupiers estão apenas a garantir o número de horas de trabalho que estão na lei e garantem que podem reforçar as rei-vindicações caso não haja

acordo. Amanhã irá decor-rer um encontro entre os responsáveis pelo Grand Emperor e os croupiers.

Ao telefone com a TDM, Ng, uma das fun-cionárias, explicou quais os valores que estão em causa. “Eles ofereceram--nos uma bonificação, uma oferta por ocasião do ano novo lunar, mas o valor mais elevado é de apenas 17,300 patacas. Os

que trabalham nos hotéis, mesmo as empregadas, vão ter direito a um bónus no valor de duas vezes e meia o salário que aufe-rem. Até os trabalhadores não residentes vão receber mais do que nós. Os traba-lhadores que não faltaram dia nenhum por doença vão receber 14 dias extra. A empresa ainda não se manifestou a propósito disto tudo.”

Também Ieong Man Teng, presidente da Ma-cao Forefront of Gaming, associação que funciona em defesa dos croupiers, garantiu à TDM que a SJM não está a cumprir com o que prometeu.

“Os lucros da empresa estão a aumentar e a carga de trabalho a que os fun-cionários estão sujeitos é pesada. Eles não podem aproveitar os benefícios a que têm direito. De facto, a empresa até os poderá estar a explorar, mas até agora eles ainda não fizeram qualquer exigência. Este episódio despoletou uma resposta em massa.” - A.S.S.

Governo alerta para redução de resíduos no Ano Novo Chinês

Page 8: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

8 hoje macau segunda-feira 27.1.2014CHINA

O S três principais dirigentes chine-ses, incluindo o

Presidente, Xi Jinping, vão liderar a nova Comissão de Segurança Nacional, o que é um sinal da importância que as autoridades atribuem a este organismo, informou sábado a imprensa local.

Segundo a informação publicada em vários diários oficiais chineses, Xi Jinping

Assim não dá. A China tem medo de si própria e das pessoas que são realmente patriotas

“D EVEMOS aprender com as conquistas políticas e culturais da humanidade, mas

jamais copiar o sistema político do Ocidente nem adoptar o regime multipartidário e a separação entre poderes.”

VERDADEIRO OU FALSO? Questões como esta fazem parte do exame que os jornalistas chineses começaram a prestar esta semana –uma “prova” de marxismo, patrio-tismo e, sobretudo, de obediência ao Partido Comunista.

No último ano, milhares de jornalistas passaram por sessões de formação, sob a tutela do de-partamento de propaganda chinês. Trata-se de uma mera formalidade doutrinária –não é preciso nenhu-ma ajuda para saber a resposta esperada (na questão acima, ob-viamente, é “verdadeiro”).

Os profissionais da imprensa chinesa contam que a prova faz parte da escalada no controlo da imprensa desde a chegada ao poder da nova liderança, há pouco mais de um ano.

“O governo quer mostrar os seus músculos”, diz Doug Young, professor de jornalismo da univer-sidade Fudan.

Várias reportagens têm sido censuradas, e há novas restrições,

PRINCIPAIS DIRIGENTES CHINESES VÃO LIDERAR NOVA COMISSÃO DE SEGURANÇA NACIONAL

Nas mãos de Xi Jinping

JORNALISTAS DENUNCIAM ESCALADA NO CONTROLO DA IMPRENSA

Provas de fidelidadede”, dizia a carta, que a censura apagou das redes.

A maioria dos jornalistas conforma-se. “Quando me for-mei, há seis anos, tinha um ideal. Hoje é só um trabalho”, diz uma repórter de um jornal de Pequim, de 31 anos.

Para ela, emprego estável e regalias como viagens e presentes justificam a resignação: “Costu-mamos dizer que ser jornalista na China é como dançar acorrentado”.

BRECHAS O controlo do Estado não significa que a imprensa chinesa seja mono-lítica. Na linha de frente estão os veículos financiados pelo governo e que agem como porta-vozes oficiais, como a agência Xinhua e o jornal “Diário do Povo”.

Mas há outros mais liberais, em geral de governos locais, que têm de gerar os seus recursos. Para serem competitivos, abrem espaço ao jornalismo com credibilidade.

Uma greve de jornalistas deste grupo irritou o governo no início de 2013 e teria sido um dos motivos que levaram o PC a endurecer o controlo.

Funcionários do semanário “Southern Weekend” e activistas protestaram em Guangzhou depois de os censores transformarem um editorial sobre direitos constitu-cionais num artigo com elogios ao PC. “O controlo decididamente aumentou depois disto”, confirma um jornalista da revista.

No ranking de liberdade de imprensa da Repórteres sem Fron-teiras, a China ocupa a 173ª posição entre 179 países. Para além disto, está entre os três países com mais jornalistas presos (32).

como a necessidade de permissão para encontrar estrangeiros e empresários.

Os jornalistas falam sob ano-nimato. São profissionais da im-prensa estatal, que trabalham sob pressão e estão proibidos de falar com repórteres estrangeiros.

Além das regras óbvias, como não atacar o PC, o que pode ser dito nem sempre é claro. “O repórter muitas vezes só sabe que cruzou

a linha quando o editor corta a re-portagem”, diz uma repórter sénior de um jornal nacional.

“Já tive de me esconder das autoridades de uma província por-que a ordem era não noticiar uma rebelião de pescadores. Mas eu quis ficar para ver, mesmo sabendo que a matéria não iria sair”, conta.

Depois de dez anos de trabalho na TV estatal (CCTV), o repórter e produtor Wang Qinglei usou as

redes sociais para desabafar sobre a “atmosfera sufocante” no canal.

A ousadia custou-lhe o em-prego, e ele passou ao ataque: em carta de despedida, lamentou que os jornalistas da CCTV se tenham tornado “palhaços manipulados”. “Ter um edifício novinho em fo-lha e correspondentes no mundo não significa termos tudo. O que aconteceu foi que aos poucos perdemos a nossa credibilida-

A criação da comissão foi anunciada em Novembro.

O anúncio de que Xi Jinping liderará este orga-nismo serve para consoli-dar ainda mais as compe-tências do Presidente chi-nês, considerado já muito mais poderoso do que o antecessor, Hu Jintao.

“A segurança do Estado e a estabilidade social são condições prévias para a reforma e o desenvolvi-mento”, afirmou Xi Jin-ping na altura do anúncio da criação da comissão, citado pela imprensa ofi-cial.

vai presidir à Comissão, en-quanto o primeiro-ministro, Li Keqiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Dejiang, serão os vice-presidentes do organismo que ficará responsável por tudo o que estiver relacionado com a segurança interna e inter-nacional.

A decisão foi tomada na sexta-feira, durante uma

reunião do Politburo do Partido Comunista chinês, do qual dependerá a nova comissão, segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

De acordo com um co-municado do Politburo, ci-tado pela imprensa chinesa, a comissão irá “desenhar os planos gerais, coordenar as questões principais e as prin-cipais tarefas relacionadas com a segurança nacional”.

Page 9: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

9 chinahoje macau segunda-feira 27.1.2014

A S entradas de vá-rias assembleias de voto na capital

tailandesa, Banguecoque, foram bloqueadas ontem por manifestantes antigo-vernamentais impedindo a votação antecipada para as eleições gerais de 02 de Fevereiro, informou a agência Efe.

Pelo menos 35 das 50 assembleias de voto da cidade foram obrigadas a cancelar o processo devido às manifestações contra as eleições, de acordo com o diário The Nation.

Grupos de manifes-tantes mobilizaram-se durante a madrugada para a entrada das assembleias de voto antes da sua abertura, tendo colocado correntes com cadeados nas portas, segundo a Efe.

Mais de dois milhões de pessoas que se re-gistaram para a votação antecipada, a maioria estudantes e trabalhadores que não poderão exercer o direito de voto no dia da eleição, tinham sido ontem

P ELO menos 12 pessoas morreram na sequência de uma série de ex-plosões e confrontos com a polícia

na região do Xinjiang, no noroeste da China, com maioria muçulmana, informou a imprensa oficial.

Os incidentes ocorreram durante uma operação policial para a “detenção de terroristas” este fim de semana, depois de na sexta-feira terem sido registadas três explosões na localidade de Xinhe, próxima da fronteira com o Quirguistão.

Durante os confrontos, as autori-dades dispararam contra seis pessoas e outras seis imolaram-se, de acordo com a versão oficial, que confirma ainda a detenção de cinco pessoas, sem mais detalhes.

U M tribunal de Pe-quim condenou este domingo o acti-vista político Xu

Zhiyong, fundador do movi-mento civil “Novo Cidadão”, que pede a transparência do governo, a quatro anos de prisão por “perturbação da ordem pública”.

A sentença foi lida pelo

Veículo chinês de exploração da Lua regista problema O veículo teleguiado chinês de exploração da lua, designado “Coelho de Jade”, registou um problema mecânico, informou sábado a agência oficial Xinhua. Este problema deveu-se ao “ambiente complicado da superfície da lua”, refere a agência, que cita a Administração Estatal para a Ciência, Tecnologia e Indústria da Defesa Nacional da China. Os cientistas “organizam uma reparação” do veículo, acrescenta a Xinhua sem fornecer mais detalhes. A sonda espacial Chang’e-3, que transportou o “Coelho de Jade”, ou Yutu em chinês, aterrou na lua a 14 de Dezembro do ano passado e o veículo tocou o solo lunar algumas horas depois. Foi a primeira vez que um aparelho fabricado pelo homem pousou na superfície da lua desde uma missão soviética em Agosto de 1976. O objectivo da missão chinesa é examinar a geologia lunar e procurar recursos naturais durante três meses.

Camião colidiu contra a sede da presidência de TaiwanUm camião colidiu sábado contra a entrada principal da sede da presidência de Taiwan, de forma aparentemente intencional, mas causando, porém, poucos danos, informou a polícia da ilha. O condutor do camião, de 41 anos, foi hospitalizado por ter ficado ferido com o impacto da colisão. O Presidente de Taiwan não se encontrava no edifício, estando a cumprir uma viagem oficial a África, mas foi informado do sucedido, disse a sua porta-voz Ma Wei-Kuo, em conferência de imprensa, ao salientar que a segurança foi reforçada na sede da presidência. O incidente está a ser investigado, mas a polícia disse suspeitar que o acto foi intencional.

XU ZHIYONG CONDENADO A QUATRO ANOS DE PRISÃO

Sem surpresas

12 MORTOS EM EXPLOSÕES E CONFRONTOS CONTRA A POLÍCIA

Fim de semana sangrento

TAILÂNDIA PROTESTOS BLOQUEIAM VOTAÇÃO ANTECIPADA NA CAPITAL

Boicote activo

REGIÃO

Tribunal Intermédio Núme-ro Um de Pequim, três dias depois do início do julga-mento, durante o qual Xu se manteve em silêncio em protesto contra as condições em que estava a ser julgado.

O tribunal não deixou Xu convocar as testemunhas que pretendia e o julgamento foi feito à porta fechada e sob

um forte controlo policial. Xu Zhiyong, de 40 anos, é doutorado em Direito pela Universidade de Pequim e fundador de um “movimento de novos cidadãos” defensor de uma “maior transparência do Governo”, nomeadamen-te através da declaração pública dos rendimentos dos seus funcionários.

O activista foi preso em Julho passado, na sequência de pequenas concentrações de rua contra a corrupção e para reclamar que os funcionários do Governo divulguem a sua riqueza.

A União Europeia e os Estados Unidos da América manifestaram publicamente a sua “preocupação” acerca deste processo.

Uma responsável da Am-nistia Internacional, Rose-ann Ride, pediu a “libertação imediata e incondicional” de Xu Zhiyong, qualificando o activista chinês como “um preso de consciência”.

Pelo menos 92 pessoas morreram desde Abril passado em episódios de violência no Xinjiang, onde os confron-tos entre as forças de segurança chine-sas e grupos armados são frequentes.

O Xinjiang, vasto território de maioria islâmica, rico em petróleo e recursos minerais, confina com o Afe-ganistão, Paquistão e três ex-repúblicas muçulmanas da Ásia Central. Os uigures constituem 45% dos cerca de 25 milhões de habitantes do Xinjiang.

A China alega que grupos extremis-tas promovem uma “guerra santa” entre os uigures, mas organizações deste povo acusam Pequim de usar a desculpa do terrorismo para aumentar a repressão sobre a sua cultura e religião.

chamadas a votar, segundo os dados da Comissão Eleitoral tailandesa.

Os mesmos eleitores terão uma nova oportuni-dade no dia das eleições, de acordo com a directora da comissão eleitoral de Banguecoque, Veera Yeephare.

O mesmo organismo constatou que a votação antecipada decorre com normalidade nas provín-cias do centro, norte e noroeste da Tailândia, mas que no sul foi também bloqueada.

Page 10: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

FOTO

S GO

NÇAL

O LO

BO P

INHE

IRO

10 hoje macau segunda-feira 27.1.2014JOGOS DA LUSOFONIA

Goa é o menor dos estados da Índia e foi colónia portuguesa até 1961. Tem 3200 quilómetros quadrados de área e pouco mais de 1,4 milhão de habitantes, a maioria hindus e católicos. É considerado pelos turistas ocidentais o estado mais agradável, e pelos indianos o mais pacífico, da Índia. Localizado na região conhecida como Konkan, é delimitado pelo Estado de Maharashtra a norte e Karnataka a leste e Sul, enquanto o Mar Arábico forma a sua costa ocidental. Goa é o estado mais rico da Índia. Panaji é a capital do Estado. Famosa pelas suas praias, lugares de culto e património mundial, Goa é anualmente visitada por um grande número de turistas nacionais e internacionais. É também uma cidade rica em flora e fauna, sendo classificada como um ‘hotspot’ de biodiversidade. Goa é visivelmente diferente do resto da Índia. A população de Goa é uma mistura de Hindus e católicos romanos, havendo

também uma menor população muçulmana. Apresenta dois distritos, norte e sul de Goa. Estes distritos juntos são divididos em 11 talukas. O norte e o sul de Goa são semelhantes, e cada um tem as suas próprias áreas “costeiras” e “interiores”. A divisão principal em Goa é realmente entre as áreas costeiras centrais onde se encontram as praias e o interior. As zonas costeiras estiveram sob domínio colonial por mais tempo, reflectindo uma maior influência de Portugal. O interior é mais Hindu, e tem mais florestas e áreas protegidas, zonas de mineração e aldeias. A língua do estado de Goa é o konkani. A maioria dos goeses fala konkani, inglês, hindi e marathi. O português também é uma língua conhecida por um pequeno segmento, especialmente a elite e pela geração mais velha, que estudou português em Goa até à data da invasão indiana (1961), apesar de a língua ainda ser disciplina optativa nas escolas do território.

GOA É CONHECIDA PELAS PRAIAS,LUGARES DE CULTO E DIVERSIDADE

LUGAR ÚNICONO MUNDO

Page 11: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

11 jogos da lusofoniahoje macau segunda-feira 27.1.2014

Page 12: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

12 EVENTOS hoje macau segunda-feira 27.1.2014

A curta-metragem de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da

Mata “Mahjong” exibida, no sábado, em Genebra, no festival de cinema in-dependente Blackmovie, que encerrou este domingo dedicou um “slogan” aos cineastas portugueses.

“Acrescenta João ao teu nome” (“Add João to your name”) é a promoção da 15.ª edição do Blacklist à participação de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, depois da presença dos dois realizadores no certame, no ano passado, com “Alvorada Vermelha”.

“Mahjong”, um filme de “suspense” criado sobre proposta de Darío Oliveira, programador do Festival “Curtas” de Vila do Conde, é uma espécie de retrato ima-ginário de Varziela, influen-ciado pelas experiências dos dois realizadores, particu-larmente por “A última vez que vi Macau”, que também dirigiram em conjunto.

João Pedro Rodrigues, em declarações à Lusa, revela mesmo que, sem “A

A ópera de Rossini que esteve desaparecida mais de século e meio e foi

“redescoberta” em 1984, pela mão do maestro recentemente falecido Claudio Abbado e do encenador Luca Ronconi, vai ser finalmente estreada em Portugal, no Teatro Nacional São Carlos (TNSC).

Esta produção do Teatro Real de Madrid, em colaboração com o Festival de Ópera Rossini, em Pe-saro, Itália (onde Claudio Abbado a re-apresentou), terá encenação e cenografia do espanhol Emilio Sagi, direcção musical do chinês Ye-Chen Lin e será acompanhada pela Orquestra Sinfónica Portu-guesa, dirigida por Joana Carneiro.

Il Viaggio a Reims, cuja apresentação em Lisboa será já resultante da direcção conjunta da maestrina portuguesa e do progra-mador italiano Paolo Pinamonti, subirá ao palco do São Carlos nos dias 5, 7 e 11 de Fevereiro.

O anúncio da estreia portuguesa desta preciosidade de Rossini foi feito pelo TNSC através de um co-municado, depois de ter sido adiada uma conferência de imprensa de apresentação da programação para 2014 - que tinha sido agendada

TEATRO SÃO CARLOS VAI ESTREAR EM PORTUGAL ÓPERA “PERDIDA” DE ROSSINI

Desaparecida mais de século e meio

última vez que vi Macau”, “’Mahjong’ não podia ser o que é” e, “visto retrospecti-vamente, ‘Mahjong’ toma outro sentido”, acrescenta João Rui Guerra da Mata, já que os dois filmes possuem elementos comuns.

Nos dois filmes, os realiza-dores procuraram recriar um espaço e oferecer um ponto de visto pessoal, que transforma o lugar filmado. Por exemplo, “com ‘A última vez que vi Ma-cau’, pessoas que conheciam Macau, não reconheceram certos sítios quando viram o filme”, disse João Rui Guerra da Mata à Lusa.

P o r o u t r o l a d o , “Mahjong” dá continuida-de aos filmes “asiáticos” que são “China China”, “A última vez que vi Macau” e “Alvorada Vermelha”, que surgiram ao longo da cola-boração entre os dois reali-zadores, os quais procuram em geral ecoar elementos entre as produções.

Desenvolvido com es-tudantes da Universidade do Porto, “Mahjong” conta a história de um homem com chapéu à procura de uma mulher, com a sua

pesquisa ritmada pela banda sonora de Luís Fernandes, Peixe:Avião - uma estreia para João Pedro Rodrigues, que nunca trabalhou com música criada propositada-mente para os seus filmes

A paixão declarada pelo Blacklist ao cinema dos dois realizadores, com o “slogan” deste ano - “Add João to your name” - tem reciprocidade.

“Ao contrário de fes-tivais em que se fala só

de dinheiro, aqui pensas no cinema como cinema”, comentou João Pedro Rodri-gues, em declarações à Lusa.

João Rui Guerra da Mata acrescenta: “Aqui há uma vida além do cinema, uma alegria contagiante”.

Trabalhando juntos des-de “Parabéns” (1997), a dupla já tem vários projectos cinematográficos e artísti-cos, quer a solo, quer em co-realização, até 2015.

Em 2014, os dois realizadores con-fessam à Lusa que gos-tavam de apresentar, em Portugal, “Santo António”, que está actualmente patente no Mimesis Art Museum em Paju, na Coreia do Sul.

O filme “Alvorada Ver-melha” será projectado este ano em “blackbox”, no Museu do Oriente, numa exposição dedicada aos artistas portugueses e chi-

neses, celebrando as relações entre os dois países.

Para Abril de 2015, o maior festival independente de Coreia do Sul, o Jeonju film Festival, encomendou uma longa-metragem à du-pla portuguesa.

A proposta traduzir-se-á em “Hotel Central”, que será filmado em Macau, numa co--produção entre o território, Portugal e a Coreia do Sul.

Sobre este tipo de enco-mendas, os dois realizadores salientam a importância deste apoio, para se continuar a filmar, particularmente no caso dos cineastas portugue-ses, muito afectados pela situação actual do cinema no país, que viu os financia-mentos públicos suspensos em 2013.

João Pedro Rodrigues conta estrear este ano “A manhã de Santo António” e iniciar ainda a rodagem da sua próxima “longa”, “O ornitólogo”, que espera levar aos ecrãs em 2015.

para o passado dia 20 -, “devido a problemas de agenda da maestrina Joana Carneiro e do maestro Paolo Pinamonti”, segundo a justificação do gabinete de imprensa da Secre-taria de Estado da Cultura (SEC).

A administração do TNSC, pela voz de João Villa-Lobos, remeteu para a SEC os esclarecimentos so-bre a programação, que a secretaria de Estado disse dever ser comuni-cada “em data oportuna”.

Recorde-se que Joana Car-neiro e Paolo Pinamonti foram anunciados, em Setembro do ano passado, como novos responsáveis pela programação do TNSC, a primeira como titular da Orques-tra Sinfónica Portuguesa (onde se estreou com um concerto coral--sinfónico no passado domingo, dia 17), o italiano como consultor para a programação. No caso de Pinamonti, trata-se de um regres-so, após os sete anos de trabalho que desenvolveu no São Carlos, e de onde saiu em 2007 em ruptura com o então secretário de Estado da Cultura (do governo PS), Mário Vieira de Carvalho. Mas Pinamonti vai agora conciliar o seu trabalho em Lisboa com a direcção do Teatro de la Zarzuela, em Madrid.

Il Viaggio a Reims – L’albergo del giglio d’oro é a primeira ópera que Rossini (1792-1868) compôs em Paris, quando aí se radicou a convite do rei Carlos X e ficou à frente da direcção do Teatro

Italiano. Este “dramma giocoso” em um acto, com libreto de Luigi Balocchi, foi estreado na capital francesa em Junho de 1825, num espectáculo integrado nos festejos da coroação de Carlos X em Reims, e do qual só foram apresentadas quatro récitas.

Trata-se, de acordo com a nota de imprensa do TNSC, de “uma obra de enredo simples, feita para corres-ponder aos desejos dos amantes do bel canto e pejada de árias para todos os registos – quase sempre seguidas por cabaletas –, duetos e conjuntos, separados por recitativos”.

A ópera foi bem recebida aquan-do da estreia, e vista pelos críticos da época como “um verdadeiro tour de force”, por se tratar, na verdade, de “uma peça para 14 vozes a solo”. Mas Rossini considerou-a uma criação datada, cuja validade estaria circunscrita aos fins da encomenda. Por essa razão, reutilizou parte do material numa ópera posterior, Le Comte Ory (1828).

Após a morte de Rossini, a partitura de Il Viaggio a Reims ficou nas mãos da sua segunda mulher, Olympe Pelissier, que a ofereceu ao médico do composi-tor. Acabou por desaparecer, até que, em 1984, Claudio Abbado e Luca Ronconi a fazem regressar à cena, na versão compilada pela musicóloga Janet Johnson a partir dos fragmentos que entretanto foram sendo encontrados ao longo do século XX.

A sua apresentação no festival de Pesaro foi então vista como uma espécie de “renascimento de Ros-sini”. Mas, após o relançamento de 1984, foi ainda descoberto um coro da partitura original de Il Viaggio a Reims, que foi incorporado pela primeira vez numa nova encenação estreada no Covent Gardem, em Londres, em 1992.

A nota do TNSC diz não haver registo de que a ópera alguma vez tenha sido levada à cena em Portugal.

FESTIVAL DE CINEMA DE GENEBRA CRIA “SLOGAN” PARA REALIZADORES DE “A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU”

Acrescenta João ao teu nome

Page 13: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

hoje macau segunda-feira 27.1.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

13

UM PORTUGUÊS PELO MUNDO

C HAMAVA-SE João Es-teves, tinha 45 anos e vivia com a mãe em Lis-boa. No passado dia 15

Janeiro, uma quarta-feira, apanhou um avião no aeroporto da Portela com destino a Gatwick, nos arredo-res de Londres. Ia à procura de tra-balho. Na madrugada do sábado se-guinte, foi encontrado inconsciente e ferido com extrema gravidade num beco de Three Bridges, um dis-trito industrial de Crawley, pequena cidade a 20 quilómetros da capital inglesa. Foi levado para um hospital, em Brighton, e aí morreu na tarde de domingo. As notícias rezam assim.

João Esteves foi agredido com violência enquanto dormia na rua, como lhe disseram para fazer no centro de acolhimento que já não tinha uma cama disponível quando lhes foi bater à porta a conselho dos funcionários e da polícia do aero-porto onde tinha aterrado e aonde voltara à procura de um sítio para dormir. Não. Que dormisse na rua até que o centro reabrisse. E o João, como os ingleses lhe disseram, “was sleeping rough”.

Nessa noite de sábado, com a comida e a bebida quente que lhe deram no Crawley Open House, o João deitou-se num beco entre a Stephenson Way e a Haslett Ave-nue East, onde passa uma via para bicicletas e na vizinhança imediata fica a Three Bridges Free Church e o Three Bridges Football Club. Apesar de os carros circularem muito próxi-mos e de por cima haver um passa-diço para peões, o João terá pensado que ali podia passar mais uma noite. Melhores dias viriam. Não vieram.

Daniel Palmer, um inglês de 23 anos de idade, está acusado de ter provocado os ferimentos que mata-ram o João. Vai ser julgado no dia 21 de Julho. Há ainda dois homens e uma mulher implicados. A polícia continua a investigar. E mais as no-tícias não dizem. Não se sabe como tudo aconteceu. Não se sabe por quê.

O que se sabe é isto: o João Esteves fez o que aconselhou, em 2011, o então secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Ale-xandre Mestre – “se estamos no de-semprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras”.

Sabemos também que o João Esteves jamais poderá vir a re-ceber o “Prémio Empreendedor Inovador da Diáspora Portugue-sa”, essa espécie de concurso de televisão/“reality show” ambulante que “tem como objectivo central o de premiar e divulgar publica-mente cidadãos portugueses que se tenham distinguido pelo seu papel empreendedor, inovador e respon-sável no contexto das respectivas sociedades de acolhimento e que constituam exemplos de integração efectiva nas correspondentes eco-nomias e de estímulo à cooperação entre Portugal e os respectivos pa-íses de acolhimento.” Não, nem a língua portuguesa é bem tratada.

Sabemos igualmente que o João Esteves não vai ser recebido “em Belém” por sua excelência o pre-sidente Cavaco Silva, que não lhe vai agradecer, deveras emocionado, como agradeceu “a acção de todos aqueles que, partindo de Portugal, e movidos pela crença nas suas ca-pacidades e por uma vontade in-dómita de vencer, colhem hoje o resultado do seu talento e do seu esforço”.

O João Esteves nunca vai poder ser um dos portugueses espalhados pelo mundo que partilham a vida maravilhosa que têm e que só é di-minuída pelas saudades da família, da comida, da praia e do bom tem-po. O João Esteves nunca vai poder ser um “português, com certeza”, um “caso de sucesso”, um “exemplo a seguir” alardeado nos jornais e nas televisões que celebram o “espírito positivo”.

O João Esteves nunca vai ser convidado para ir ao “Prós e Con-tras” contar à deveras emociona-da Fátima Campos Ferreira como venceu as maiores adversidades e regressou a Portugal rico para investir no país em que acredita e sempre acreditou e que esteve sempre no seu coração. Não está. Já não está. E também não acredi-to que o país, este que se mostra como uma novela de má qualidade ou uma fábula da carochinha, um país de fantasia, de “vistos dou-rados” e passadeiras vermelhas estendidas aos ricos, alguma vez tenha tido coração. O João nos di-ria, se pudesse, como às vezes não se é feliz para sempre.

próximo oriente Hugo Pinto

PAUL

O NO

ZOLI

NO

Page 14: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

14 publicidade hoje macau segunda-feira 27.1.2014

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 05/2014(Solicitação de Comparência do Empregador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o sr. TONG MUN KAN, proprietário do estabelecimento “DECORAÇÃO TONG PAN KEI” sita na Avenida do Almirante Lacerda n.ºs 77-79, Edifício Tim Va, 2.º andar I, em Macau, para no prazo de 10 (dez) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, a fim de prestar declarações no processo n.º 7670/2013, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços em 3/10/2013, pelo trabalhador não residente LIU TIANCAI, relativamente às matérias de salário em dívida, indemnização por despedimento, aviso prévio e custo de repatriamento.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 17 de Janeiro de 2014.

A Chefe do Departamento Susbstituta

Lam Pui Heng

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS

EDITAL

DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2013

1. Em conformidade com o disposto no artigo 10.º, n.º 1 do Regulamento do Imposto Profissional, avisam-se todos os contribuintes do 1.º Grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – sem contabilidade devidamente organizada – do referido imposto, que deverão entregar, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2014, na Repartição de Finanças de Macau, em duplicado, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5, de todos os rendimentos do trabalho por eles recebidos ou postos à sua disposição no ano antecedente, podendo os contribuintes inscritos como utilizadores do “Serviço Electrónico” destes Serviços declará-lo através da página electrónica da DSF (www.dsf.gov.mo).

2. Ficam dispensados da apresentação da referida declaração os contribuintes do 1.º Grupo cujas remunerações provenham de uma única entidade pagadora.

3. Os contribuintes do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – com contabilidade devidamente organizada conforme n.º 1 do artigo 11.º do mesmo Regulamento – deverão entregar, a partir de 1 de Janeiro até 15 de Abril de 2014, na Repartição de Finanças de Macau, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5 e o Anexo A, em duplicado, juntamente com os seguintes documentos:a) Balanços de verificação ou balancetes progressivos do razão geral, antes e depois dos lançamentos

de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados do exercício;b) Mapa modelo M/3 de depreciações e amortizações dos activos fixos tangíveis e intangíveis e

mapa modelo M/3A da discriminação dos elementos alienados a título oneroso e dos abatidos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos;

c) Mapa modelo M/4 do movimento das provisões a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos.

4. Todas as entidades patronais deverão entregar nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2014, na Repartição de Finanças de Macau, uma relação nominal, em duplicado, conforme o modelo M3/M4, dos assalariados ou empregados a quem, no ano anterior, hajam pago ou atribuído qualquer remuneração ou rendimento.

5. Conforme o Regulamento do Imposto Profissional, a falta da entrega da declaração de rendimentos e das relações nominais dos empregados ou assalariados, ou a inexactidão dos seus elementos, será punida com a multa de 500,00 a 5.000,00 patacas.

6. Os impressos da declaração e das relações nominais são disponíveis no Núcleo do Imposto Profissional do Edifício “Finanças”, no Centro de Atendimento Taipa e no Centro de Serviços da RAEM.Aos 2 de Dezembro de 2013.

A Directora dos Serviços,Vitória da Conceição

AVISO

REGIME PARA A SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE CONSULTA DAS EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS

RENOVAÇÃO DE INSCRIÇÃO NA D.S.S.O.P.T.

Nos termos do disposto no nº 1.8 da Descrição do Funcionamento do Regime para a Sistematização do Processo de Consulta das Empreitadas de Obras Públicas (2011), avisa-se, por este meio, a todos os construtores civis e empresas que aderiram ao aludido Regime para procederem, no período compreendido entre 1 à 28 de Fevereiro de 2014, durante as horas de expediente, na Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, a renovação da respectiva inscrição, caducando findo este prazo.

E para facilitar o processo de renovação, foi actualizado o respectivo impresso de modo a que o requerente possa optar em conferir à DSSOPT o direito de consultar junto do Fundo de Segurança Social a sua situação contributiva para com a segurança social, ou manter a actual situação no qual o requerente solicita por iniciativa própria ao Fundo de Segurança Social a emissão do documento comprovativo da sua situação contributiva para com a segurança social.

O impresso para o pedido de renovação poderá ser pessoalmente levantado na DSSOPT, encontrando-se também disponível para download no portal electrónico desta DSSOPT (www.dssopt.gov.mo), sendo ainda aceite fotocópia do aludido impresso.

Assim sendo, ficam desde já notificados os construtores civis e empresas sobre a renovação da respectiva inscrição, pelo que não serão individualmente notificados quanto a este assunto.

Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 23 de Janeiro de 2014.

O Director dos Serviços,

Jaime Roberto Carion

Page 15: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

hoje macau segunda-feira 27.1.2014 15

João Miguel [email protected]

h

1. A Reforma Judiciária em curso é es-truturante do nosso Sistema de Justiça e é absolutamente necessária para que os Tribunais passem a funcionar de for-ma mais eficaz.

Mas a discussão sobre o chamado Mapa Judiciário e em especial o fecho dos tribunais, tem de evoluir para um patamar de seriedade e ultrapassar a fase da demagogia em que se encon-tra. Daí a necessidade de revisitar dois pontos da desconversa, quase toda pro-duzida por uma estranha irmandade de conveniência criada entre o anterior e actual Bastonária da Ordem dos Advo-gados e alguns Presidentes de Câmara.

2. O país evoluiu e o sistema não aguenta por muito mais tempo a exis-tência de tribunais sem dimensão! Te-nhamos, pois, a frontalidade e hones-tidade intelectual de assumir que não é possível manter uma estrutura judiciá-ria (com instalações, pessoal de apoio, um ou dois funcionários judiciais, um magistrado do Ministério Público e um juiz) para servir comunidades que dão origem a cento e tal processos por ano! É um desperdício de meios humanos, técnicos e logísticos, que terão de ser afectos a uma escala produtiva maior.

A DEMAGOGIAE O MAPA JUDICIÁRIO

3. Mas esta reforma é, também, uma revolução, porque extingue ... a totali-dade dos tribunais do país!

Esta reforma acaba com a ideia do “meu” tribunal e estabelece o con-ceito do “nosso” tribunal. Ou seja, um tribunal concebido como uma unidade com a escala do distrito ad-ministrativo por ser, no presente, o conceito geográfico que tem mais identificação sociológica com as po-pulações. Um tribunal constituído por secções especializadas, secções de competência genérica e secções de proximidade.

O tribunal passa a ser, então, a soma dessas unidades. Passa a ser um todo, com uma única secretaria judicial, uma gestão centralizada, podendo as pes-soas (que na sua esmagadora maioria tem advogado a tratar dos assuntos) dirigir-se a qualquer uma das secções, em qualquer localidade do distrito, in-dependentemente da concreta secção do tribunal onde os processos estejam a correr!

Isto tem de ser dito e redito contra os agitadores do costume!

4. As secções de proximidade são uma inovação importante. Não são

balcões de atendimento como alguns populistas teimam em repetir, e onde se prestam apenas informações! São, antes, parte da secretaria do tribunal, tecnologicamente apetrechadas, com funcionários judiciais, onde se podem praticar todos os actos processuais e realizar julgamentos.

E a reforma vai, até, mais longe! Cria a obrigatoriedade de deslocação do juiz e do magistrado do Ministé-rio Público às secções de proximidade localizadas em concelhos de maior di-mensão e com acessos mais dificulta-dos!

5. Naturalmente que a implementa-ção de uma reforma com esta ambição obriga a um esforço enorme para que se crie um sistema de informação e tec-nológico único, novo, que dê resposta imediata a todas as necessidades (quer de gestão, quer processuais). E obriga ao empenhamento de todas as profis-sões jurídicas.

Esta reforma terá, por isso, de ser implementada com tempo, pondera-ção e diálogo, e de uma só vez, em todo o território nacional! De outro modo, o seu sucesso ficará compro-metido!

Perry

Mas

on

Page 16: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

16 DESPORTO hoje macau segunda-feira 27.1.2014

PUB

MARCO [email protected]

O Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal em Macau perdeu ontem pontos

pela primeira vez na presente edi-ção do Campeonato de Futebol da II Divisão. A formação de matriz portuguesa não conseguiu ir além de uma igualdade a um golo no frente-a-frente com a Alfândega, numa partida exigente para o grupo de trabalho orientado por Pelé.

Uma semana depois de ter goleado o Grupo Desportivo Arti-lheiros por cinco bolas a zero e de ter operado uma estreia de sonho na edição de 2014 nas lides do segundo escalão, a Casa de Portu-gal teve de mostrar trabalho para assegurar a divisão de pontos no relvado do Campo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Com um futebol mais acutilante, o onze da Alfândega dominou quase por completo durante os primeiros 45 minutos, empurrando a forma-ção orientada por Pelé para o seu último reduto.

A Alfândega criou três opor-tunidades flagrantes de golo nos primeiros vinte minutos do desafio, forçando o técnico da Casa de Portugal a intervir. Confrontado

EMPATE DEIXOU TREINADOR SATISFEITO

Casa de Portugal e Alfândega dividem pontoscom um meio-campo pouco inter-veniente, Pelé fez entrar Anacleto Cabaça e Nélson Azevedo para os lugares de Paulo Conde e de Filipe Nogueira e a aposta rendeu frutos quase imediatos. Aos 24 minutos, na primeira incursão que a Casa de Portugal efectua ao último reduto adversário, o irlandês Thomas Burke cai no confronto com um defesa do Alfândega. O banco da formação de matriz portuguesa fica a pedir grande penalidade, mas o árbitro do desafio nada assinalou.

Sem iludir as dificuldades sentidas dentro das quatro linhas, a formação orientada por Pelé conseguiu aguentar incólume o

empate sem golos até ao final da primeira metade, mas o reatar do desafio acabou por ser sinónimo de más notícias para o onze do Organismo Autónomo Desportivo.

A exemplo do que sucedeu na primeira parte, a formação da Alfân-dega entrou na etapa complementar a pressionar e numa incursão ao último reduto do emblema de matriz portuguesa acabou por conseguir fazer o que não havia sido capaz de operar na primeira parte. Carlos Vilar travou inadvertidamente com a mão um lance da linha avançada adversária e o árbitro apontou para a marca de onze metros. O onze da Alfândega não se fez rogado

e aproveitou a oportunidade para saltar, com alguma justiça, para a frente do marcador.

Em desvantagem, a Casa de Portugal respondeu com convicção ao golo do adversário, libertou-se do jugo da Alfâdega ao meio campo e foi somando oportunidades. O empate acabaria por surgir apenas a doze minutos do final do tempo regulamentar, num cabeceamento com peso, conta e medida de Fi-lipe Silveira. Nos derradeiros dez minutos do desafio, o conjunto de matriz portuguesa mandou de forma desafrontada na partida, mas a pouca eficácia ofensiva acabou por inviabilizar os três pontos.

Pragmático, Pelé diz-se satisfeito com a igualdade. O treinador da Casa de Portugal reconhece que a formação que dirige encontrou no onze da Alfândega um adversário à altura: “Foi um bom resultado. Na primeira parte eles foram, de facto, muito superiores e criaram uma série de boas oportunidades numa série de minutos. Estivemos um pouco abaixo daquilo que mostramos na primeira jornada e só na segunda parte conseguimos equilibrar a partida. Depois do golo do empate tivemos duas ou três oportunidades para marcar de novo, mas fomos displicentes. O empate acaba por ser por isso um resultado justo”, reconhece o jovem técnico são-tomense.

Casa de Portugal e Alfândega seguem empatados na segunda po-sição do Campeonato de Futebol da II Divisão. Nos restantes encontros da segunda ronda da competição, destaque para a derrota, pela mar-gem mínima, do Hong Ngai frente ao Grupo Desportivo Artilheiros. O Chuac Lun somou a segunda vitória consecutiva, desta feita sobre o Hong Nam (3-1). O Man Fun Hong levou a melhor sobre o Hong Lok pela margem mínima e o mesmo resultado registou-se no embate entre a Roma e a Selecção de Sub-18, com vantagem para os primeiros.

Page 17: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

HOJE NA CHÁVENA

Passiflora

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Passiflora incar-nata L.Família: Passifloraceae.Nomes populares: Flor-da-paixão; Maracujá; Martírio.

Belíssima planta, uma trepadeira arbustiva que pode atingir vários metros de altura, de caules finos e folhas perenes profundamente recortadas, a Passiflora chama a atenção dos mais distraídos pelas suas maravilhosas flores. Os frutos, ovóides, de polpa comestível e sementes negras crocantes, são os nossos conhecidos Maracujás! Originária do sul dos Estados Unidos da América e México, é actualmente cultivada em muitas outras regiões do globo de clima tropical.Conhecida e utilizada como planta medicinal pelos Maias e Astecas, a Passiflora foi introduzida na Europa como planta ornamental. Para os antigos missionários que então chegaram ao Novo Mundo as suas delicadas flores simbolizavam a paixão de Cristo: a flor representava a coroa de espinhos; os cinco estames, as cinco chagas de Cristo; e os três estiletes, os três pregos com que foi crucificado; a sua cor branca e azul-púrpura simbolizava a pureza e o céu. Esta interpretação traduziu-se na sua designação. Só mais tarde, em 1867, os estudos de um investi-gador americano comprovaram as suas propriedades e o seu interesse medicinal. São usadas as partes aéreas, frescas ou secas, colhidas durante a floração.

COMPOSIÇÃOAlcaloides indólicos em quantidades vestigiais, flavonoides, fitosteróis, derivados da cumarina, substâncias amargas, óleo essencial, glúcidos, pectina, goma, glicoproteínas, ami-noácidos e glicósidos cianogénicos.

ACÇÃO TERAPÊUTICAUma das plantas sedativas do sistema nervoso mais utilizadas, a Passiflora apresenta várias das suas proprieda-des medicinais e usos terapêuticos comprovadas através de estudos científicos. Esta erva acalma a ansie-dade e induz o sono, proporcionando um efeito tranquilizante através de um mecanismo semelhante às benzodiazepinas de síntese, mas mais suave e sem os seus efeitos adversos: não provoca dependência ou tolerância, nem sonolência ao despertar. É igualmente tónica sobre

o sistema nervoso. Ansiedade, nervo-sismo, agitação ou tensão nervosas, stress, insónia, estados depressivos, neurastenia, angústia, inquietude, irritabilidade e histeria são algumas das suas indicações mais comuns. Pode ser administrada às crianças hiperactivas. Usada como adjuvan-te na epilepsia, permite reduzir a frequência e intensidade das crises epiléticas. Tem sido utilizada com êxito no alcoolismo e desmame de opiáceos, atenuando os sintomas psíquicos provocados pela síndrome de abstinência. A Passiflora é ainda útil nas palpitações, taquicardia, vertigens, perturbações neurove-getativas da meno e andropausa e transtornos digestivos de origem nervosa.

OUTRAS PROPRIEDADESCom acção calmante da dor, a Passi-flora relaxa os músculos e combate os espasmos, sendo empregue nas dores de cabeça e enxaquecas, dores musculares e nevralgias, cólicas intestinais e menstruais. Na asma, dilata os brônquios protegendo contra o broncospasmo, e estimula a respiração reduzindo a falta de ar e a tosse; permite retardar o aparecimento de novas crises as-máticas. Recomendada ainda para diminuir a tensão arterial elevada pela actividade vasodilatadora que exerce. Convém notar que várias destas situações podem ser de etiologia nervosa e, nesse caso, a Passiflora reduz os sintomas e trata simultaneamente a causa.

COMO TOMARUSO INTERNO• Infusão das partes aéreas: 1 colher de chá por chávena de água fervente, 10 minutos de infusão. Tomar 2 ou 3 chávenas por dia. Em caso de insónia, tomar mais uma chávena ao deitar.• Em ampolas, tintura, xarope, cáp-sulas e comprimidos. A Passiflora integra numerosas fórmulas para o sistema nervoso, inclusive para crianças, e ainda hipertensão arte-rial, menopausa e emagrecimento.

PRECAUÇÕESA Passiflora é considerada uma planta bastante segura. No entanto, em pessoas mais sensíveis pode provocar uma certa sonolência. Embora raramente, foram obser-vadas reacções alérgicas à planta. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

hoje macau segunda-feira 27.1.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 14 MAX 21 HUM 55-90% • EURO 10.9 BAHT 0.2 YUAN 1.3

João Corvofonte da inveja

Nada como sermos deuses e justiceirospara humilhar umas pessoas.

EU CLÁUDIA

A vantagem desta rapariga é a sua imensa fé em Jesus Cristo. Como é facilmente constatável, Cláudia Leite, de origem brasileira, tem uma crença inquebrantável em Nosso Senhor. Confiantes de que os nossos leitores partilham da mesma gamela, aqui a deixamos como profissão de fé. Ô ié!

C I N E M ACineteatro

Cristiano Ronaldo, o grande traidor• O tórrido encontro entre Cristiano Ronaldo, 28 anos, e Andressa Urach, a famosa Miss Bumbum, 25, não passou despercebido ao site de infidelidades Ashleymadison.com que o colocou em quarto lugar no ranking das piores traições de 2013. A brasileira, recorde-se, veio a público afirmar ter tido um encontro escaldante com o craque num hotel de Madrid. Cristiano Ronaldo apressou-se a negar e ao que parece as declarações da brasileira não abalaram a relação de CR7 com a supermodelo russa, Irina Shayk, de 28 anos. Juntos há cerca de quatro anos, o casal parece estar mais unido do que nunca. Prova disso foi a sua última aparição pública, durante a gala da entrega da Bola de Ouro junto da família do namorado.

Talho de árbitro Manuel Mota foi vandalizado• Um dos talhos do árbitro Manuel Mota, em São Martinho de Sande, Guimarães, foi vandalizado este domingo de madrugada, por volta da 1h30. A montra do estabeleci-mento foi partida com um saco de pedras, abandonado no local. A GNR já esteve no talho a dar conta da ocorrência e vedou o estabelecimento. Recorde-se que Manuel Mota arbitrou, no sábado, o jogo entre o FC Porto e o Marítimo, para a Taça da Liga. Na partida, os dragões acabaram por vencer no último minuto de jogo, por 3-2, através da conversão de uma grande penalidade assinalada pelo árbitro. Com este resultado, os azuis e brancos garantiram a passagem às meias-finais da competição, onde vão jogar com o Benfica, e contribuíram para a eliminação do Sporting.

SALA 1CONTROL [C](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS) Um filme de: Kenneth BiCom: Daniel Wu, Yao Chen, Simon Yam, Leon Dai14.30, 16.15, 18.00

FROM VEGAS TO MACAU [C](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, Nicholas Tse, Chapman To, Benz Hui19.45, 21.30

SALA 2 HOURS [B]Um filme de: Eric HeissererCom: Paul Walker, Genesis Rodriguez14.30, 16.30, 21.30

SAVING MR. BANKS [B]Um filme de: John Lee HancockCom: Tom Hanks, Emma Thompson, Colin Farrell, Paul Giamatti 19.15

SALA 3THE STARVINGGAMES [C]Um filme de: Jason Friedberg, Aaron SeltzerCom: Maiara Walsh14.30, 16.15, 17.45, 19.30

SAVING MR. BANKS [B]Um filme de: John Lee HancockCom: Tom Hanks, Emma Thompson, Colin Farrell, Paul Giamatti 21.15

Page 18: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 27.1.2014

expediente c ín icoMARCO CARVALHO

B EM sei que os cáusticos dias em que vivemos não condes-cendem bem com paixões fortuitas, que há um vetusto romantismo na sórdida pos-sibilidade de se confiar num mundo diferente, quiçá me-lhor. Nos tempos que correm, ninguém alimenta ideais sem uma pitada de vergonha ou

embandeira princípios e convicções sem automatizar a censura, sem se deixar cor-roer por sentimentos de culpa. Na era do pragmatismo e da imediatez, acreditar – em Deus, no Homem, na universalidade das ideias – é fraqueza.

Fraco, desde logo, me confesso. De-senganado pela obnubilação compulsiva dos ideais da democracia, dei por mim, enfatuado, a crer com ingénua meninice na mais bela das fraternidades, a que une po-vos, credos e culturas com mais contrastes do que semelhanças. A ideia de Lusofonia aquece-me o coração. Desde que o destino me fez arribar a Macau que nenhum ideal me parece mais digno, ainda que a inteireza do conceito nem sempre se vislumbre com a nitidez necessária por entre as nuvens de interesses que conformam as relações entre estados.

Mesmo não sabendo ainda ao certo o que é ou como poderá vir a ser rentabilizado o capital de esperança a que se convenciona-lizou chamar Lusofonia, sei bem como se manifesta: o espanto que Aureliano Buendía – o impulsivo coronel de “Cem Anos de Solidão” - sentiu na tarde remota em que

Lusofonia ou a vontade de ser-se outro

o seu pai o levou a conhecer o gelo, senti-o eu sem reservas e com pueril entusiasmo da primeira vez que me sentei à mesa naquele que continua a ser para mim o mais fascinante estabelecimento de comidas de Macau. Do outro lado do balcão, escondidos sob um inelutável manto de rugas, oitenta e muitos anos de energia (um português adocicado, colorido com nhonha-nhonha à janela e fula-fula em flor), feijoada e arroz de pato numa redoma de vidro, velados e embalados por névoas de vapor. A refeição afigurou-se--me improvável e o espaço uma emanação de uma realidade descontínua, uma ilha de inverosímil familiaridade e conforto num oceano de estranheza e de incompreensão. Regresso ao Riquexó com a mesma ingénua devoção com que os peregrinos respondem à improbabilidade de um milagre e de todas as vezes me sinto em casa, como que embalado pelo abraço de um lar.

Agrada-me, sem reservas, a multiplici-dade de formas, de rostos e de revelações com que se manifesta o pulsar da Lusofonia. É um mistério feito gente, feito dança, feito vida. Nas viagens que fiz, de Timor-Leste à Malásia, passando por destinos impresumí-veis como Thanlyin, Nagasaki ou Batticalao, dei por mim a conversar com interlocutores improváveis e a esconder com secura o maravilhamento de enfim falar sobre coisas que realmente importavam, a tentar mascarar com duvidável seriedade a perplexidade que se sente quando contrastes e semelhanças se fundem em algo novo, familiar e aliciante numa mesma penada. No coração da ine-briante Goa que por estes dias acolhe os

Eu, que não sei ao certo o que a Lusofonia é, sei bem aquilo que ela não é. Não é a visão tacanha e enviesada do mundo que manifestou Artur Lopes há meia dúzia de dias, quando assumiu que o português – mais do que interface de conhecimento – se deve afirmar como instrumento de subjugação

GUST

AVE

BOUL

ANGE

R, O

MER

CADO

DE

ESCR

AVOS Jogos ditos da Lusofonia, ouvi Aida Menezes

de Bragança, a dama de Chandor (retratada no documentário homónimo de Catarina Mourão), ressuscitar – num português polido e limpo – memórias de uma juventude há muito dilacerada, dos dias em que pelos cor-redores da enormíssima Casa dos Bragança esboaçavam crianças a perder de conta e se escutavam ladaínhas e tabuadas por detrás do arcabouço de janelas envidraçadas com painéis de madre-pérola.

Não sei ao certo o que é a Lusofonia mas sei como se manifesta: irrompe como uma vaga absurda de orgulho. Orgulho inexplicável que é também maravilhamento, vontade de abraçar o outro, de compreender as suas motivações, de entender a sórdida resistência ao fluir do tempo e o apego a influências culturais alienígenas, desfasadas das concretizações políticas e sociais que hoje vigoram. É por ser fruto de um conjunto de improbabilidades que a Lusofonia está condenada se os povos que se acomodam no seu regaço não souberem ultrapassar o redutora formalidade do conceito que a define. Mais do que o conjunto das comu-nidades de língua portuguesa no mundo, a Lusofonia é o cadilho de comunidades que têm o português como língua comum e uma e outra acepção não são necessáriamente a mesma coisa. Para os falantes da língua de Camões a Lusofonia deve ser entendida sobretudo como um fértil campo de possibili-dades. Deve ser um interface de intercâmbio cultural que sirva de plataforma de difusão cultural e artistica aos países e territórios que a integram, mas também uma frente unida de batalha na luta pela preservação da independência e da genuinidade cultural dos povos que se dizem e sentem lufósonos. Mais do que o fomento do português, a Lu-sofonia deve ter também capacidade para se transformar num instrumento de projecção do cantonense e do concanim face à cada vez mais agressiva política de uniformiza-ção linguística embandeirada por Pequim e por Nova Deli. Deve afirmar-se como uma montra capaz de exponenciar a história e as tradições dos fula e dos papel da Guiné Bissau, dos maubere de Timor-Leste ou dos ovimbundu de Angola. Uma tribuna para o conhecimento de homens e de deuses.

Eu, que não sei ao certo o que a Luso-fonia é, sei bem aquilo que ela não é. Não é a visão tacanha e enviesada do mundo que manifestou Artur Lopes há meia dúzia de dias, quando assumiu que o português – mais do que interface de conhecimento – se deve afirmar como instrumento de subjugação. Por muito bem versado na história da Ex-pansão que o chefe da missão de Portugal em Goa se arrogue ser, não teve grandeza de espírito suficiente para perceber que não foi o comércio, a pimenta, a prata e ouro que engrandeceram a presença de Portugal e dos portugueses de antanho na Ásia. Foi – isso sim – a sórdida vontade de ser-se outro. Com portugueses como Artur Lopes, quem os pode censurar?

Page 19: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau segunda-feira 27.1.2014

A liberdade dos prisioneiros

N O dia 15 de Janeiro deste ano, o jornal “exmoo” ti-nha um artigo interessante. Um prisioneiro nos Estados Unidos, Alaric Hunt, escre-veu um romance policial, “Cuts Through Bone”. A novela recebeu um prémio de cerca de 75 mil patacas atribuído pela “Private Eye

Writers of America, PWA”. O romance de 320 páginas foi publicada

em Maio de 2013. A história passa-se em Nova Iorque, onde um soldado vindo do Afeganistão é suspeito de ter assassinado a namorada. O soldado é acusado de homi-cídio. O motivo para o crime é dinheiro. A rapariga era uma estudante da Universidade de Columbia que estava à espera de receber uma grande herança. O soldado contrata um detective privado para provar a sua inocência. Com a ajuda de um mapa das ruas de Nova Iorque de 1916, o detective e a sua assistente acabam por provar a inocência do soldado.

A ideia da novela foi desenvolvida a partir de várias leituras de Alaric, que trabalhava

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

“Até onde é que a lei deve ir em matéria de privação da liberdade? Deve privar apenas a liberdade de movimentos? Ou deve retirar toda e qualquer tipo de liberdade? Ou os presos diferentes devem ter tratamentos diferentes?

na biblioteca da prisão. Um dos seus livros preferidos era “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway, publicado em 1952. A segunda fonte para a história foi a série televisiva “Law and Order”, também ela uma novela policial. Alaric leu um anúncio de uma editora e resol-veu escrever a história. Ao fim de cinco meses tinha uma primeira versão que foi apresentada pela sua irmã à editora. Levou mais quatro meses a corrigir a primeira versão do romance. A PWA ficou a saber que o escritor era um prisioneiro quando lhe atribuiu o prémio.

Esta atribuição foi fortemente contestada pela família de Austen, vitima mortal de um assalto em 1988. Alaric e o seu irmão mais velho assaltaram uma joalharia nesse ano. Depois do assalto pegaram fogo à loja o que acabou por ser fatal para Austen que morreu asfixiada. Alaric e o irmão foram condenados a 30 anos de prisão.

As leis da Carolina do Sul, Estado no Sul dos EUA, não impedem os prisioneiros de publicarem livros.

Olhemos agora para Hong Kong e para o famoso Sr. Wong Yuk Long, Tony. Na “Wi-kipedia”, Tony “é um artista, editor e actor

de Hong Kong , que escreveu e criou “Little Rascals” (intitulado mais tarde “Oriental Heroes”) e “Weapons of the Gods”. Adap-tou também romances de Louis Cha, como “The Return of the Condor Heroes” (intitu-lado “Legendary Couples”), “Demi-Gods and Semi-Devils”, e “Ode to Gallantry”. É conhecido como “O Padrinho da Banda De-senhada de Hong Kong” ou como o “Rei da Banda Desenhada de Hong Kong” pela sua contribuição para esta indústria no território da RAEK. Em 2003, ilustrou o Batman Hong Kong, escrito por Doug Moench. Participou também em vários filmes como actor, tendo uma breve aparição em “Dragon Tiger Gate” (uma adaptação de “Oriental Heroes”).

Em 1987, a crise económica fez descer o preço das acções da empresa de Tony de HK$4 para HK$1.18. Foi o fim do reinado de Tony na Banda desenhada. Teve de pa-gar inúmeras dividas resultantes de vários investimentos e em 1991 foi preso, acusado de falsificação de documentos.

A vida na prisão não impediu que Tony continuasse a desenhar. Pediu lápis de carvão e lápis de cor e continuou a criar. Os ma-teriais requisitados foram aprovados pelos Hong Kong Correctional Services, condição essencial para os prisioneiros terem acesso aos materiais.

Os lápis foram aprovados, mas a publica-ção da banda desenhada foi rejeitada pelos Hong Kong Correctional Services, ao con-trário do que aconteceu na Carolina do Sul.

Em 1993, Tony foi libertado, voltou a publicar as suas histórias e reconstruiu o seu reino.

Estas duas histórias mostram-nos duas versões sobre a liberdade dos prisioneiros. A falta de liberdade física é um facto em ambos os casos. No entanto, a liberdade de publicação existe nos EUA, o que não acontece em Hong Kong. A questão que se põe é: “até que onde é que vai a liberdade dos prisioneiros?” A resposta é óbvia. Temos de consultar a lei para saber a resposta. Mas a lei é feita por nós e temos de ir ao fundo da questão: “Até onde é que a lei deve ir em matéria de privação da liberdade? Deve privar apenas a liberdade de movimentos? Ou deve retirar toda e qualquer tipo de li-berdade? Ou os presos diferentes devem ter tratamentos diferentes?” São questões para serem reflectidas pela sociedade.

Este artigo é publicado no dia 27 de Janeiro. Para a semana é o Novo Ano Lunar Chinês. Vou senti a falta dos meus leitores. Para todos um “Feliz Ano Novo”. Voltamos no dia 10 de Fevereiro.

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

GOYA

, LAZ

ARIL

LO D

E TO

RMES

Page 20: Hoje Macau 27 JAN 2014 #3019

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

hoje macau segunda-feira 27.1.2014

Tailândia Líder da oposição morto a tiroUm dos líderes das manifestações que decorrem há semanas na Tailândia foi ontem morto a tiro em Banguecoque, enquanto discursava para uma multidão, anunciou a oposição, citada pelas agências internacionais. “Suthin Taratin foi alvejado na cabeça enquanto fazia um discurso”, disse o porta-voz do movimento da oposição. O centro de emergência Erawan confirmou que um homem foi morto a tiro, sem precisar a sua identidade, e que nove outras pessoas ficaram feridas durante o mesmo ataque. Manifestantes antigovernamentais bloquearam hoje a entrada de várias assembleias de voto na capital tailandesa, Banguecoque, impedindo a votação antecipada para as eleições gerais de 2 de fevereiro. Pelo menos 35 das 50 assembleias de voto da cidade foram obrigadas a cancelar o processo devido às manifestações contra as eleições.

Índia 21 mortosem naufrágio Pelo menos 21 pessoas morreram ontem num naufrágio, ao largo das ilhas Andaman e Nicobar, no sudeste da Índia, segundo notícias dos meios de comunicação locais. O barco transportava mais de 40 pessoas, incluindo turistas, e virou-se na costa de Port Blair, a capital das ilhas, informou a NDTV, citando um alto funcionário local. Até ao momento, cerca de 13 pessoas terão sido retiradas da água e as operações de salvamento continuam, segundo o vice-governador das ilhas, A. K. Singh. O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, manifestou-se chocado com a tragédia e lamentou a perda de vidas, num comunicado, no qual não se indicam o número de vítimas mortais.

Filipinas Governoe rebeldes prestesa assinar acordo O Governo das Filipinas e o principal grupo rebelde independentista muçulmano do sul do arquipélago anunciaram hoje que deverão assinar um acordo de paz nas próximas semanas que porá fim a um conflito de quatro décadas. “Um acordo global” com a Frente Moro de Libertação Islâmica deverá ser assinado em Fevereiro ou Março, declarou a chefe dos negociadores que representam o governo, Miriam Coronel-Ferrer, em Kuala Lumpur, onde decorrem as negociações, citada pela agência AFP. O Presidente filipino, Benigno Aquino, espera que este acordo entre em vigor antes do fim do seu mandato, em 2016, o que poria fim a um conflito separatista que causou cerca de 150 mil mortos. Segundo o diário The Inquirer, o pacto estabelecerá a criação de uma nova região autónoma na ilha de Mindanao, de maioria muçulmana.

cartoonpor Stephff

GONÇALO LOBO [email protected] Goa, Índia

E a proeza foi conseguida por Iong Kim Fai que acabou por conquistar a primeira meda-

lha de ouro nesta edição dos Jogos da Lusofonia, em Goa (Índia). O atleta superou a concorrência directa na prova de 110 metros barreiras, relegando o cingalês Hashith Pathirage para a segunda posição e o indiano Nasimudheen Noorudheen para terceiro.

Nota ainda para o facto de Iong Kim Fai ter estabelecido novo recorde para Macau na disciplina, com um tempo de 14,47 segundos.

Para além da importante conquista do barreirista, no cômputo geral, o atletismo correu bem para as cores do Lótus com mais três medalhas de bronze. Nos individuais, Leong Ka Man ficou em terceiro lugar nos 400 metros femininos e as equipas, masculina e feminina, de estafetas 4x100 também conseguiram o mesmo feito.

JUDO MACAU CONQUISTA SEIS MEDALHAS

12 mortos emexplosões na ChinaPelo menos 12 pessoas morreram na sequência de uma série de explosões e confrontos com a polícia na região do Xinjiang, no noroeste da China, com maioria muçulmana, informou a imprensa oficial. Os incidentes ocorreram durante uma operação policial para a “detenção de terroristas” este fim de semana, depois de na sexta-feira terem sido registadas três explosões na localidade de Xinhe, próxima da fronteira com o Quirguistão. Durante os confrontos, as autoridades dispararam contra seis pessoas e outras seis imolaram-se, de acordo com a versão oficial, que confirma ainda a detenção de cinco pessoas, sem mais detalhes. Pelo menos 92 pessoas morreram desde Abril passado em episódios de violência no Xinjiang, onde os confrontos entre as forças de segurança chinesas e grupos armados são frequentes.

Il ne l’aime plusO presidente francês, François Hollande, anunciou ontem, em exclusivo à agência noticiosa francesa AFP, o «fim da vida em comum» com Valérie Trierweiler, duas semanas após as notícias da ligação com a actriz Julie Gayet. Hollande sublinhou falar a título pessoal e não enquanto chefe de Estado, uma vez que se tratava da «vida privada». «Dou assim a saber que pus fim à vida comum que partilhava com Valérie Trierweiler», declarou.

Vista Alegre engarrafa o whisky mais caroEm Alcobaça, a unidade fabril da Vista Alegre Atlantis concretizou um contrato histórico com a prestigiada destilaria escocesa Dalmore, que visava a produção das três garrafas de cristal que contêm o mais caro e raro whisky do mundo - o Trinitas 64. O mesmo consiste num malte escocês excepcional cujo preço de venda ao público ronda as cerca de 1.5 milhão de patacas, numa edição limitada a apenas três exemplares. A bebida inédita resulta de uma combinação única de vintages espirituosos das colheitas de 1868, 1878, 1926 e 1939, sendo adicionado um toque final com o vintage de 1940. Cada uma das três produções deste precioso malte foi armazenada num frasco de cristal português de alta qualidade, no qual foi incrustado o símbolo em prata da Destilaria Dalmore – o veado.

JOGOS DA LUSOFONIA RAEM CONQUISTA OURO NO ATLETISMO

Mestres a saltar barreirasEsta é a segunda medalha

de ouro que Macau alguma vez conquistou em três edições de Jogos da Lusofonia. A primeira, em 2009 na edição de Lisboa, foi conquistada pela atleta Wang Junnan, no taekwondo.

Até ontem, a prestação da RAEM nos Jogos da Lusofonia

em Goa, que decorrem até dia 29, é já a melhor de sempre na história das três edições da competição.

Ao fecho desta edição, Macau disputava finais de taekwondo, com ascendente na conquista do ouro, e ainda as meias-finais no futebol diante da Índia, que per-dia por 1-0. Até ao momento as cores do território conquistaram 15 medalhas (uma de ouro, três de prata e 11 de bronze).

OURO E BRONZEPARA PORTUGALAs cores lusas, sempre bem cotadas no atletismo, consegui-ram conquistar duas medalhas de ouro e três de bronze. A olímpica Sílvia Cruz, atleta de lançamento do dardo, veio até Goa disputar a prova de lançamento do peso e levou o ouro. O outro primeiro lugar ficou entregue à caloira Evelise Veiga que, tendo a pior marca à partida da competição, acabou por fazer 5,86 metros no salto em comprimento.

Num dia completamente dedicado à competição de judo, os atletas de Macau conseguiram conquistar seis medalhas, durante a 3.ª edição dos Jogos da Lusofonia, no Pavilhão Multiusos de Peddem, Mapusa, em Goa (Índia). No entanto, e apesar de três atletas com as cores do território terem disputados as finais nas respectivas categorias, não foi possível vencê-las, tendo-se quedado pelos segundos lugares. Com medalha de prata ficaram a judoca Leong Siu Pou (-48 kg) que perdeu, sem

quaisquer hipóteses, o combate para a guineense Taciana Lima, por Ippon. Também Un Si Man (-52 kg), na competição feminina, “caiu” perante a indiana Devi Kalpana, enquanto, nos masculinos, Fu Chi Wai (-73 kg) foi derrotado pelo português Nuno Saraiva, que conseguiu resolver a questão também por Ippon. Sem atingir a final, mas com direito a medalha de bronze, ficaram Joaquim Kuok (-60 kg), Teng Lei Man (-63 kg) e Cheng Ka Mei (-57 kg). – G.L.P.