hoje macau 20 mai 2014 #3092

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PUB CIDADE DE MACAU é o nome da universidade que já não esconde a sua pretensão: ocupar o campus que a UM deverá abandonar na ilha da Taipa. SOCIEDADE PÁGINA 7 O Governo vai publicar um Regulamento Administrativo para aplicar regras à cimenteira de Ká Hó. Nomeadamente no que diz respeito ao transporte da matérias-primas. A população espera deixar de respirar pó de cimento. Naturalmente. POLÍTICA PÁGINA 4 ANTÓNIO FALCÃO Poluição Chegam novas regras a Ká Hó Velho campus da UM já tem candidato IPOR MACAU RECUPERA CONTROLO DO ENSINO LUSO NA ÁSIA PÁGINA 3 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 20 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3092 hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB JORGE FÃO PÁGINA 2 A CRITICA FAZ BEM A SAUDE ´ ´ ´

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Hoje Macau N.º3092 de 20 de Maio de 2014

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CIDADE DE MACAUé o nome da universidade que já não esconde a sua pretensão: ocupar o campus que a UM deverá abandonar na ilha da Taipa.

SOCIEDADE PÁGINA 7

O Governo vai publicar um Regulamento Administrativo para aplicar regras à cimenteira de Ká Hó. Nomeadamente no que diz respeito ao transporte da matérias-primas. A população espera deixar de respirar pó de cimento. Naturalmente.

POLÍTICA PÁGINA 4

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

PoluiçãoChegam novas regras a Ká Hó

Velho campus da UM já tem candidato

IPOR MACAU RECUPERA CONTROLO DO ENSINO LUSO NA ÁSIA

PÁGINA 3

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 2 0 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 9 2

hojemacauAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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JORGE FÃO

PÁGINA 2

A CRITICAFAZ BEMA SAUDE

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2 hoje macau terça-feira 20.5.2014JORGE FÃOAN

TÓNI

O FA

LCÃO ANDREIA SOFIA SILVA

[email protected]

Esperava a condecoração atri-buída por Cavaco Silva?Não esperava que ele me pudesse condecorar por aquilo que fiz no passado. Sinto-me honrado e or-gulhoso pelo facto de ter sido um dos escolhidos, se calhar porque o Governo chegou à conclusão de que aquilo que fiz fi-lo de boa fé, nada pessoal. Todas as minhas críticas foram de amizade, úteis e produtivas. Se não repare-se: a comunidade está a viver bem em Macau. E refiro-me à comunidade da Função Pública, macaenses, expatriados. Estamos todos bem em Macau e isso quer dizer que contribuímos de alguma forma, pelo menos uma parte, para a estabilidade dessas funções em Macau.

O presidente da República disse que os condecorados são todos embaixadores de Portugal. Sente-se embaixador do país?Não tenho outro documento de viagem que não seja o passaporte português. Sou um dos melhores embaixadores de Portugal em Macau, porque não tenho outra cara. Tenho estado a falar bem de Portugal, embora não goste de certos políticos. Mas políticos é uma coisa, Portugal, o Estado em si, é outra. Anualmente vou a Portugal.

Com esta distinção vai continuar com as suas causas e lutas como tem vindo a fazer até aqui? Já estou a ficar velho, já não vão haver muito mais lutas, com ex-cepção daquela luta dos subsídios de férias, que por sinal não foram atribuídos a todos os aposentados. É a única luta judicial que temos de travar com o Governo. Já não tenho idade para muitas lutas, mas se tiver de fazer faço.

Por exemplo, as lutas por melho-res condições para os reformados de Macau e uma maior igualdade social.Temos estado a formular propos-tas dessa natureza. Como membro da Comissão Eleitoral tenho vindo a falar com o Chefe sobre esse assunto. Depois, como dirigente da APOMAC (Associação dos Aposentados, Reformados e Pen-sionistas de Macau), tenho apre-sentado alguns dados e propostas sobre uma melhoria das pensões de sobrevivência. São coisas que nunca foram mexidas.

Cavaco Silva já deixou Macau. Que balanço faz desta visita? Falou-se que seria uma visita

“Nunca trabalhei para ter medalhas”

“Já não tenho idade para muitas lutas, mas se tiver de fazer faço”. Um dos condecorados com o grau de Comendador da Ordem de Mérito continua a demonstrar preocupações sociais. Hoje a APOMAC celebra a comenda de Jorge Fão com um jantar

de cortesia, foi, de facto, de cortesia?Cavaco Silva não podia sair da China sem passar por Macau. Fez muito bem em passar por cá porque este é o único sítio da China em que temos uma grande comunidade portuguesa. Penso que fez muito bem em inteirar-se um pouco mais sobre as nossas preocupações e sobre a política do Governo local em relação a nós. Fez muito bem em estar aqui, quanto mais não seja para mostrar aos chineses que Portugal ainda está preocupado com os seus compatriotas aqui em Macau. Não é pelo facto de ter sido condecorado, porque eu nunca trabalhei para ter medalhas. Mas com uma medalha na mão, fico mais contente.

Face à questão dos BIR, Cava-co Silva mostrou-se um pouco surpreendido. Esperava outra reacção?Ele não deve estar surpreendido, foi muito subtil na sua resposta. Ele acha que com aquele acordo se vai ultrapassar isto, ou seja, ele quis passar uma mensagem ao Governo local para ter em atenção o acordo que foi assinado. Deu uma resposta enigmática, mas foi uma boa resposta, diplomática. Foi uma resposta que diz algo. Acho que aquilo tem de ser lido nas entrelinhas.

Chui Sai On esteve ausente da Torre de Macau no momento da condecoração. Que comen-tário faz?O Governo estaria numa situação muito embaraçosa se não estivesse lá ninguém (na Torre de Macau), por isso esteve lá Florinda Chan. Penso que a nossa missão diplo-mática em Macau fez muito bem em condecorar o nosso Chefe na residência consular. O resto não sei, não vou responder a essa pergunta.

Sou um dos melhores embaixadores de Portugal em Macau, porque não tenho outra cara. Tenho estado a falar bem de Portugal, embora não goste de certos políticos. Mas políticos é uma coisa, Portugal, o Estado em si, é outra

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

“FAZ SENTIDO”DIZ MONJARDINO

3VISITAhoje macau terça-feira 20.5.2014

O Instituto Português do Oriente (IPOR) vai voltar a coordenar a rede de leitorados de

Português na Ásia, anunciou ontem em Macau a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho.

“O Governo português entende que o IPOR deve retomar a sua função de lógica regional e, por isso, uma intervenção que possa estar sediada em Macau, mas usar Macau como plataforma para a Ásia”, disse Ana Paula Laborinho em declarações aos jornalistas no final da assembleia-geral da instituição.

O Camões dispõe actualmente de uma dezena de representações – desde centros de língua e cultura a polos de leitorados – da Índia até ao Japão, pelo que “importa a sua ar-ticulação, a sua coordenação, quer em termos de actividade e materiais de ensino, quer ao nível de forma-ção de professores”, justificou Ana Paula Laborinho, esclarecendo que “isso não implicará um aumento das contribuições” por parte dos associados do IPOR.

“Essa já tinha sido uma inter-venção do IPOR e achamos que estamos outra vez em condições, pela dimensão que tem, pela sua importância e pela forma como se tem consolidado, de efectivamente retomar, com ganhos acrescidos, esta capacidade de plataforma para a região”, sustentou a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, sócio maioritário do IPOR.

O Instituto Português do Oriente coordenou a rede externa de profes-sores de Português em universidades da Ásia até à alteração estatutária publicada em Maio de 2009.

MACAU TAMBÉM GANHA “Estamos certos de que também este reforço da sua intervenção [do IPOR] será relevante para as autoridades” da RAEM, reforçou Ana Paula Laborinho, ao recordar que recentemente foi aprovada a

A influência de Portu-gal em Macau “está mais presente agora

do que no passado”, afir-mou ontem o historiador e presidente do Observatório da China, Rui D´Ávila Lou-rido, numa conferência na Universidade de Macau. “A presença portuguesa em Ma-cau é mais imponente na ac-tualidade do que no passado”, disse Lourido, explicando que essa presença “obedece aos interesses da comunidade

Mutatis mutantis e tudo volta ao mesmo ou quase. O IPOR e Macau recuperamo papel de centro coordenador do ensino do português na Ásia

IPOR VOLTA A MANDAR NO ENSINO DO PORTUGUÊS NA ÁSIA

Um passo atrás, dois em frente

Para o presidente da Fundação Oriente,

Carlos Monjardino, “faz sentido” recu-

perar essa atribuição. “Era importante

que se centralizasse aqui o ensino do

português, através dos leitorados ou

da formação de professores”, afirmou,

considerando ser “inclusivamente

importante para Macau”.

HISTORIADOR AVALIA PRESENÇA PORTUGUESA NA RAEM

“Mais presente agora do que no passado”portuguesa no território e ao Governo chinês”.

Segundo o historiador, “o traço português” em Ma-cau permite ao Governo da RAEM, apresentar-se como uma mais-valia e uma com-plementaridade dos esforços do Governo Central Chinês em estabelecer relações com a Europa e com a lusofonia. Lourido assegura que “foi o próprio Governo chinês” que assumiu a liderança do processo de candidatura do

património da cidade à Unes-co, concretizado em 2005.

Rui D’Ávila Lourido afirmou ainda que há um “esforço do Governo de Ma-cau em valorizar, manter e renovar os espaços públicos de arquitectura portuguesa”, acrescentando como exem-plo o espaço cada vez mais amplo ocupado pela calçada à portuguesa, embora vin-que alguns traços chineses nos desenhos construídos. “É visível a preocupação,

por parte do Governo, em deixar a marca portuguesa no território”, disse.

Segundo o historiador, a presença histórica de Portugal em Macau era do interesse dos mandarins de Cantão, “pois os portugue-ses traziam produtos que fa-ziam com que os mandarins apresentassem mercadoria à corte real que os outros não conseguiam”, dando o exemplo do âmbar cinzento.

Relativamente à influên-

cia da China em território português, Rui D’Ávila Lourido afirmou que esta está “impressionantemente presente” nos dias de hoje, devido às relações entre os dois povos, invocando o há-bito do chá, trazido da China e divulgado pela rainha Catarina de Bragança em Inglaterra. “Actualmente, a China, devido ao seu papel de personagem principal de direito pleno na cena mun-dial continua gradualmente

a ter uma influência em Por-tugal, tanto a nível cultural, como económico e político”, concluiu o historiador.

O Observatório da China é uma associação, sediada em Lisboa, que tem como princi-pal objectivo contribuir para os estudos multidisciplinares sobre a China e para o conhe-cimento da cultura chinesa. Em 2014, o Observatório da China organizará um conjunto de eventos, tais como confe-rências internacionais, estudos e edições, exposições e espec-táculos para comemorar os 35 anos de reatamento das rela-ções diplomáticas e oficiais de Portugal com a República Popular da China. - Lusa

realização de reuniões anuais da comissão mista Portugal-Macau, pelo que o diálogo terá lugar nesse quadro.

Na assembleia-geral foram ainda aprovados o plano de activi-dades e orçamento para 2014 – na ordem dos 13 milhões de patacas,

com o Camões – Instituto da Co-operação e da Língua a garantir que não obstante as “dificuldades” manter-se-ão as actuais contribui-ções, destacando, neste âmbito, o “esforço muito significativo” do IPOR em gerar as suas próprias receitas.

A “grande aposta” para este ano passa por “recolocar o IPOR na senda de produção de materiais dirigidos ao grande público”, com especial foco em recursos multimédia de fácil acesso, afirmou João Laurentino Neves. “Estamos a trabalhar e iremos seguramente em 2014 pôr cá fora algumas iniciativas em preparação”, acrescentou o director da instituição.

Mais professores de português e ajustamentos salariais são outros dos planos. O IPOR, que cumpre 25 anos em Setembro, pretende assinalar a efeméride com uma exposição fotográfica.

“Estamos certos de que também este reforço da sua intervenção [do IPOR] será relevante para as autoridades” da RAEMANA PAULA LABORINHO Presidente do Instituto Camões

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4 hoje macau terça-feira 20.5.2014POLÍTICA

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 195/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LO, Pak Hay (portador de Hong Kong Permanent Identity Card n.° E5919xx(x)), que na sequência do Auto de Notícia n.° 90/DI-AI/2011 de 10.12.2011, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Jardim Brilhantismo 11.° andar AC, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 07.05.2014, exarado no Relatório n.° 284/DI/2014, de 02.04.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ---------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Maio de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 196/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora GAO HONGYAN (portadora do Passaporte de R.P.C. n.° G44332xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 90/DI-AI/2011 de 10.12.2011, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Jardim Brilhantismo 11.° andar AC, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 07.05.2014, exarado no Relatório n.° 285/DI/2014, de 02.04.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Maio de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

JOANA [email protected]

U M novo Regulamento Ad-ministrativo vai criar regras para a fábrica de cimento de Ká Hó. O anúncio foi ontem

feito pelo director da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Gary Cheong. “O Governo concluiu a elaboração de um projecto de Regulamento Administrativo que foi já apresentado para ser discutido no Conselho Executivo”, frisou o responsável numa conferência para dar a conhecer o ponto da situação sobre as melhorias a ser feitas na vila.

O regulamento estabelece as regras a que devem obedecer os estabelecimentos industriais de produção de cimento e fixa limites para o controlo de emissão de po-luentes atmosféricos e as normas para a gestão de instalações. A ideia surge devido às promessas recentemente feitas pelo Governo de diminuir a poluição na vila, onde existem queixas de areias e poeiras nas zonas perto das casas e das escolas.

De acordo com Gary Cheong, já estão a ser levadas a cabo melhorias no interior da fábrica, que passam, por exemplo, pela lavagem dos veículos de transporte de cimento antes destes saírem à rua. Outra das exigências do Governo à fábrica é a utilização de tapetes rolantes

De acordo com o Governo, há três factores que trazem impacto ao ambiente de Ká Hó: além da fábrica de cimento, o armazém de areias do terminal de contentores do Porto de Ká-Hó e a construção do túnel

Um novo Regulamento vai impor regras à fábrica que anda a poluir Ka Ho. Resta saber se a fiscalização será apertada. As sanções estão definidas

KÁ HÓ CRIADA LEGISLAÇÃO PARA CONTROLAR FÁBRICA DE CIMENTO

Novas regras, velhos vícios?

em vez de gruas para carregar a matéria-prima. “Foi totalmente proibida a descarga de clínquer - cimento numa fase básica de fa-brico - por grua de garras, estando a ser utilizado parcialmente o tapete rolante para a descarga do navio para o porto.”

Mas há mais. “Relativamente ao transporte de matérias-primas, foi exigido à fábrica de cimento que, no prazo de um mês, tomasse medidas para que todas as maté-

rias-primas fossem transportadas de forma totalmente fechada, pelo que deverão ser instaladas super--estruturas, que fechem totalmente a caixa de transporte, em todos os veículos de transporte dentro deste mês.”

O novo regulamento vai prever sanções mais pesadas. Actualmen-te, as punições por transporte de cargas em excesso de peso ou com falta de cobertura vão das 900 às 3000 patacas.

Apesar de ter vindo a ser pedida a mudança de local da fábrica, a cimenteira vai ficar onde está, até porque, diz Gary Cheong, muita coisa está envolvida. “A mudança é uma questão de planeamento ur-banístico e concessão de terrenos, bem como de emissão de licença de actividade.”

PROIBIDA AREIA NA ESTRADADe acordo com o Governo, há três factores que trazem impacto ao ambiente de Ká Hó: além da fábrica de cimento, o armazém de areias do terminal de contentores do Porto de Ká-Hó e a construção do túnel.

Para o armazém não vai ser criada qualquer legislação, mas foi exigida a utilização de um sistema de aspersão de água, para lavar a rua e os veículos.

Já no que diz respeito à constru-ção do Túnel de Ká-Hó, o Governo assegura que reforçou o controlo de poluição no local, sendo que vão ser feitos relatórios mensais a avaliar o impacto da construção no ambiente. “Actualmente está a ser efectuada a aspersão de água no local das obras e é proibida a queda de areia nas rodovias”, indica a DSPA.

Também a reparação de estra-das, nomeadamente a de Nossa Se-nhora de Ká Hó, está a ser levada a cabo, sendo que as obras terminam totalmente apenas em Setembro. A Companhia de Sistemas de Resí-duos tem vindo a fazer a limpeza das estadas quatro vezes por dia e pode vir a fazer ainda mais.

CAMIÕES MULTADOSEm Ká Hó têm estado a ser feitas fiscalizações aos camiões com a ajuda da PSP. As melhorias ao ambiente são garantidas pela DSPA – e suportadas por residentes que falaram com a TDM.

De acordo com dados apre-sentados ontem aos jornalistas, no período entre 1 de Abril e 14 de Maio, foi deduzida acusação contra quatro casos em que o veículo efectuou o transporte de matérias pulverulentas sem serem integralmente cobertas, 33 casos de prática de sobrecarga e 8 casos de transporte de carga que constituiu perigo, ocorridos em Coloane.

Por agora, ainda não há datas para a entrada em vigor do regu-lamento administrativo, mas Gary Cheong diz esperar conseguir lançá-lo “o mais rápido possível”.

Ká Hó tem, actualmente, dois postos de qualidade do ar, sendo que foi registado apenas “um dia em que o limite” permitido por lei foi ultrapassado, a 17 de Março.

GCS NOVOS HORIZONTES

5hoje macau terça-feira 20.5.2014

PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 197/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora WANG LIRONG (portadora do Salvo-Conduto de dupla viagem de R.P.C. n.° W44314xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 90.1/DI-AI/2011 de 10.12.2011, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra n.° 416, Jardim Brilhantismo 11.° andar AC, Macau, bem como por despacho da signatária de 07.05.2014, exarado no Relatório n.° 286/DI/2014, de 02.04.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Maio de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 213/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LAO SOK PENG (portadora do Bilhete de Identidade da RAEM n.° 15403XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.° 48/DI-AI/2012 de 30.05.2012, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Avenida de Guimarães n.° 30, Jardim de Wa Bao, Bloco 5, 4.° andar Y, Taipa, bem como por despacho da signatária de 07.05.2014, exarado no Relatório n.° 311/DI/2014, de 08.04.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 30 dias, conforme estipulado na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Maio de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

O Instituto Cultural de Macau (IC) vai dar continuidade ao programa de apoio à produção cinematográfica de longas

metragens, que deverá ser posto em prática a partir da segunda metade deste ano. O montante máximo de 1,5 milhões de patacas – em promoção e comercialização – para cada candidato deverá manter-se, tal como já aconteceu no ano passado, de acordo com uma resposta do organismo ao HM. Os realizadores a concurso não deverão fazer filmes cujo custo ultrapasse os seis milhões de patacas, segundo o regulamento da atribuição dos apoios.

Recorde-se que, no ano passado, a atribuição deste subsídio gerou alguma polémica entre o círculo de cineastas e realizadores de Macau, que consideraram o montante de 1,5 milhões de patacas bastante baixo para a produção de uma longa metragem, como é o caso de Ivo Ferreira.

Mas as reivindicações não se ficaram por aqui. Ao jornal Ponto Final, o realizador Fernando Eloy confessou que considera as normas bas-tante rígidas, referindo-se à obrigatoriedade da entrega antecipada do guião, plano de produção e orçamento. Mesmo depois de duras críticas ao programa de 2013, o IC manteve as directrizes e regulamentos para este ano.

Mais uma vez, os candidatos que pretendam participar no programa devem ser residentes da RAEM e terem já realizado uma longa metragem de, pelo menos, 80 minutos, ou duas curtas me-

tragens, cada uma com 20 minutos. De acordo com a entidade responsável pelo financiamento, serão aplicadas as mesmas regras que em 2013.

Ou seja, os critérios para a escolha dos vencedores, que são repartidos em duas fases de selecção, incluem a pertinência do conteú-do e criatividade do argumento, a viabilidade (logística e financeira) do projecto, a raciona-lidade do orçamento, a viabilidade da proposta de promoção e a racionalidade da utilização de fundos. Cada candidato seleccionado terá que finalizar a realização do seu filme no prazo de um ano, podendo o prazo ser estendido em casos especiais e mediante aviso prévio por parte do concorrente.

APOIO A ÁLBUNS NO FINAL DO ANOJá sobre o programa de apoio à produção e lan-çamento de um disco de músicas originais, o IC prevê que seja lançado ainda em 2014, durante os últimos três meses do ano. Embora não tenha adiantado mais pormenores sobre o valor do subsídio, a organização responsável assegurou a publicação de novidades antes da eventual data da iniciativa. A eventual atribuição deste subsídio já havia sido mencionada pelo Governo, mas nunca foram adiantados pormenores sobre o assunto. As duas iniciativas fazem parte de um conjunto de programas de subsídios lançados pelo IC que visam o fomento das áreas cultural e criativa em Macau.

Fórum Macau Colóquio sobre turismoO Centro de Formação do Fórum de Macau iniciou ontem um colóquio sobre gestão do turismo, convenções e exposições, que conta com 27 participantes de países de língua portuguesa.Organizada pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), a iniciativa desenrolar-se-á em Macau e em Pequim até dia 1 de Junho.Dirigentes e especialistas do sector de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste estarão na capital chinesa entre os dias 27 e 31 de Maio para participar nas actividades da 3.ª Feira Internacional do Comércio de Serviços da China e visitar projectos relacionados com o turismo e o sector MICE (indústria de convenções e exposições, na sigla em inglês).Ministrado pela Universidade da Cidade de Macau, o colóquio prevê a participação em palestras temáticas e visitas de estudo.“A indústria do turismo, de convenção e de exposições é hoje uma indústria em ascensão, é a principal área de desenvolvimento socioeconómico de Macau, uma Macau em direcção a uma estrutura económica moderadamente diversificada e a um importante centro mundial de turismo e de lazer”, afirmou o reitor em exercício da Universidade da Cidade de Macau, Pang Shu Shing.O secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau, Chang Hexi, também destacou a relevância do sector: “Com o aceleramento da integração económica internacional, o sector de turismo, convenções e exposições (MICE) tornou-se um sector importante que estimulou o crescimento económico, merecendo uma forte atenção”, observou, ao constatar que se trata de “um indicador do nível de desenvolvimento socioeconómico de cada país ou região, da sua história, cultura e tradições”, servindo ainda “para projectar a influência e imagem exterior”. -Lusa

Florinda Chan disse ontem que os relatórios anuais da União Europeia sobre Macau ajudam o território a analisar e ponderar novos horizontes e possibilidades. Falando em represen-tação do Dia da Europa, no Instituto de Formação Turística, a Secretária para a Administração e Justiça admitiu que a cooperação entre Macau e a UE tem ajudado no desenvolvimento eco-nómico, educacional, legal e cultural de Macau. Em jeito de resposta ao recente relatório da UE, que indicava falta de diversificação da economia, Florinda Chan assegurou que isso é um caminho a seguir e que passa pelo apoio às PME do território.

Habitação Sai uma opinião para a mesa do cantoLau Si Io pediu ontem que os residentes opinem sobre a reserva de habitação para ser adquirida apenas por cidadãos locais. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, voltou ontem a relembrar que o documento de consulta já foi elaborada com base no princípio de “terras de Macau para as gentes de Macau” e fez votos de que a população possa apresentar mais opiniões sobre este documento de consulta. Foi a meio deste mês que o Governo pode vir a abrir a possibilidade de que os residentes que não tenham acesso à habitação pública, mas que também não possam comprar casa no mercado privado, possam vir a adquirir outro tipo de habitação. A recolha de opiniões sobre o plano começou no dia 10 de Maio e vai até 8 de Julho. “A concepção deste plano é uma medida complementar, que tem como destinatários principais os residentes de Macau com rendimento superior ao limite máximo do rendimento de habitação económica, mas sem capacidade de aquisição de habitação no mercado privado”, explica o Governo, que refere também que os residentes com capacidade de aquisição de habitação económica que desejam adquirir habitações de melhor qualidade estão incluídos.

Chan Meng Kam São as máfias, senhores, são as máfiasOs deputados da Assembleia Legislativa (AL) querem mais trabalho do Governo no combate às pensões ilegais e Chan Meng Kam, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, pediu isso mesmo, considerando que estes locais estão a ser controlados por “máfias”. “Antigamente, as pensões ilegais só visavam a obtenção de lucros. Mas, hoje em dia, parece que as pensões ilegais são exploradas por máfias. Assim, a comissão manifestou a sua opinião junto do Governo para haver alterações”, disse o deputado. De acordo com Chan Meng Kam, é necessário reforçar o patrulhamento e reforçar a fiscalização para reprimir as pensões ilegais. “Até podem recorrer à ajuda de associações no estabelecimento de um mecanismo de cooperação”, indicou. Para o deputado, o Governo está já a “estudar” a legalização do alojamento residencial. No encontro de ontem, a comissão da AL pediu dados sobre os crimes relacionados com pensões ilegais. A PSP e a Polícia Judiciária prometeram esclarecimentos para breve. A lei que regula a proibição de prestação ilegal de alojamento já tem mais de três anos.

política

SUBSÍDIOS PARA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA ESTÃO A CHEGAR

Vira o ano e toca o mesmo

6 hoje macau terça-feira 20.5.2014SOCIEDADE

GONÇ

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OO surgimento de novos mercados de jogo na Ásia não trará impactos significativos no mercado local. Segundo o docente da Universidade de Macau, Macau terá de se preocupar mais com o “grande impacto na qualidade de vida” dos locais

ANDREIA SOFIA [email protected]

A expansão do Cotai nos próximos anos graças ao surgimento de novos pro-jectos na área do jogo e do

entretenimento vão trazer um impacto negativo à sociedade, mais do que o aparecimento de casinos noutros países da Ásia.

A ideia foi defendida pelo académico Jorge Godinho, docente na Universi-dade de Macau (UM), que deu ontem uma palestra na Fundação Rui Cunha

MP Magistrado português por mais dois anos O magistrado português António José de Sousa Vidigal viu ontem o seu contrato no Ministério Público ser renovado. Um despacho publicado em Boletim Oficial dá conta que o magistrado vai manter-se no organismo por, pelo menos, mais dois anos. A decisão produz efeitos a 1 de Junho deste ano, estendendo-se até 2016. António Vidigal foi nomeado, por contratação mediante indigitação do Procurador, no ano de 2010.

Atenção aos telefonemas fraudulentosPara evitar o aumento da percentagem de burlas e fraudes através de chamadas telefónicas e mensagens escritas, a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) avisou os clientes de que todas as actualizações de serviços seriam alvo de uma notificação prévia na comunicação social e no próprio website da empresa, nunca via telefone. A ideia é evitar que mais utilizadores da rede sejam enganados por pessoas que se fazem passar por “membros da equipa” da empresa. Os infractores ligam aos clientes requerendo que desliguem o telemóvel para actualizações, posteriormente fazendo um telefonema para a família dos lesados a exigir um resgate pelo alegado “sequestro”. Esta medida surge depois dos crimes de burla e extorsão por telefone terem aumentado exponencialmente. Tal como o HM anunciou em Janeiro deste ano, em 2013 houve um total de quase 400 casos de burla, mais 55,7% do que em 2012.

Diplomas USJ admite e lamenta A Universidade de São José (USJ) admitiu ontem ser verdade que os diplomas de graduação dos estudantes “levaram este ano mais tempo do que o normal a preparar”. Depois de ter sido avançado pelo jornal Ponto Final que os alunos estavam com dificuldades em arranjar emprego por causa de não terem o documento, a USJ justifica o atraso. “A situação ficou-se a dever a revisão dos estatutos pela universidade e a mudança de [direcção].” Num comunicado, é dito que os alunos foram informados deste atraso e que “a universidade se disponibilizou de imediato a entregar Declarações onde reafirmava e atestava que os alunos tinham efectivamente concluído o curso”. A USJ lamenta o atraso, mas assegura que os estudantes já estão a receber os diplomas. A universidade explica ainda que, de acordo com os estatutos, os diplomas são assinados pelo Reitor, pelo Reitor da Universidade Católica Portuguesa e, no caso dos Mestrados e Doutoramentos, também pelo Chanceler da Universidade. “Embora seja um processo moroso – nomeadamente porque exige o envio dos Diplomas para Portugal - acreditamos que este processo facilita o reconhecimento internacional dos nossos programas, devido essencialmente ao estatuto adquirido pela Universidade Católica Portuguesa na Europa. Independentemente da atribuicão dos Diplomas, todos os alunos que se graduam na Universidade de São José recebem também um Certificado de Habilitacões e uma Declaracão que atesta a conclusão de curso. Ambos os documentos são oficiais e tem valor formal. A prática revela que, em geral, empregadores e universidades aceitam estes documentos como prova de graduação”, termina a universidade.

Imobiliário Empréstimos quadriplicamOs novos empréstimos hipotecários para actividades imobiliárias aprovados pela banca de Macau quase quadruplicaram em Março, face ao período homólogo, atingindo 9,4 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com as estatísticas publicadas pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), além de ter aumentado 287,8% em termos anuais, os novos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias subiram 24,6% comparativamente ao mês anterior. Os novos empréstimos hipotecários para habitação registaram, por seu lado, um aumento de 38% face ao mês anterior e 13,9% em relação a Março do ano passado, ascendendo a 3,5 mil milhões de patacas.

J Á foi autorizada a assi-natura do contrato com o Consórcio Companhia

de CRBC – Coneer – J & T e Sonnic para a construção das novas instalações do Tribunal Judicial de Base. O anúncio foi ontem, através de publi-cação em Boletim Oficial e confirma que o pagamento às empresas vai ser feito até 2016, começando este ano.

O despacho não indica prazos para a construção, mas, de acordo com o que foi avan-çado pelo HM recentemente, o projecto deverá demorar 27 meses até ficar concluído. O custo total está orçado nos 380 milhões de patacas.

JORGE GODINHO SOBRE CRESCIMENTO DO JOGO EM MACAU

“Vai trazer um impacto na qualidade de vida”

CARLOS COUTO CONCEBE NOVO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE

Nova face para a JustiçaA construção do novo

edifício do tribunal já de-veria ter começado no segundo semestre do ano passado mas só vai arrancar até Junho deste ano. A ga-rantia foi dada ao HM pelo gabinete da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, com base em informações cedidas pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).

“Espera-se iniciar a cons-trução no primeiro semestre de 2014. O prazo de conclusão será de 27 meses”, foi dito em resposta escrita ao HM em Março.

O novo edifício vai situar--se junto à avenida Doutor Stanley Ho, na zona da Praia Grande, e deverá ter oito pisos, onde vão ficar albergados “o balcão dos serviços de informações, a sessão central, os serviços dos juízos especializados, os gabinetes dos juízos, os gabinetes dos magistrados do Ministério Público, as salas de audiência, os serviços do Ministério Público e a sala para os advogados, entre ou-tros”. Vão ainda existir quatro pisos na cave, sendo que dois deles serão destinados aos arquivos e manutenção de provas materiais.

Tal como já tinha sido noticiado, será o CC Arqui-tectura Limitada, do arqui-tecto Carlos Couto, o atelier responsável pela concepção do novo tribunal. - J.F.

sobre as leis do jogo e os impactos para Macau da expansão dos casinos na Ásia.

O aumento de empreendimentos no Cotai “vai trazer um grande impacto na qualidade de vida, com a necessidade de mais transportes. Macau vai ter de lidar com estes problemas. Vai ter de lidar com maior competição na região, mas vai ser, sobretudo, mais difícil viver em Macau. Mas vai continuar a ser a maior jurisdição de jogo no mundo”, disse o académico.

Jorge Godinho falou do caso do Japão, cuja legislação sobre o jogo está ainda a ser debatida no parlamento. Contudo, “há dúvidas sobre a capacidade

para atrair jogadores de apostas elevadas da China”. “Japão é um mercado com imenso potencial e onde o jogo faz parte da cultura. Tem poucos turistas e vários especialistas dizem que o turismo podia aumentar. Macau influenciou Singapura e em conjunto influenciam Japão (no con-ceito de resorts integrados)”, explicou o docente da UM, que lembrou ainda os casos da Malásia, Filipinas ou Taiwan.

Contudo, o surgimento de casinos nestas regiões não vão afectar Macau em grande escala, que apenas teria de se preocupar “seriamente” caso fossem alteradas as leis na China e Hong Kong nesta área, defendeu Jorge Godinho.

LEIS E JUNKETSNelson Rose, professor visitante na UM e oriundo dos Estados Unidos, foi outro dos oradores na palestra, tendo falado do modo como as leis de jogo norte--americanas influenciam a legislação em Macau.

O académico considera que o terri-tório está a mudar porque está a “reagir à pressão dos Estados Unidos e Singa-pura”, sendo que, na área das operações junket, a regulação “tem vindo a ser melhorada”.

Contudo, Nelson Rose considera que seria mais importante alterar as leis da China em relação a movimentações financeiras fora do país, por forma a con-trolar a actividade junket com ligações criminais. “Penso que é mais importante a mudança nas leis da China” do que em Macau, defendeu.

7 sociedadehoje macau terça-feira 20.5.2014

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ANDREIA SOFIA [email protected]

N O Verão de 2010 Tou So I, responsável pelo gabinete jurídico e de notariado do

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), recebeu uma ordem superior para autenticar documentos sobre as dez campas, que seriam entregues ao Ministério Público (MP), mas nunca esteve envolvida na procura dos mesmos.

A garantia foi dada ontem em mais uma sessão do julgamento que coloca Raymond Tam, ex--presidente do IACM, e mais três arguidos no banco dos réus. No Tribunal Judicial de Base (TJB), Tou So I confirmou que apenas fez a autenticação dos documentos exigidos.

“Entrei em contacto com os Serviços de Ambiente e Licen-ciamento (SAL), mas já passou muito tempo e recordo-me que os serventes é que levaram os

JOANA [email protected]

E STA semana, o HM soube de rumores que corriam nos corredo-res da Universiade

de Macau (UM) sobre a pos-sibilidade do antigo campus da instituição vir a ser cedido à Universidade Cidade de Macau. Professores da UM asseguravam que a ideia es-tava a ser discutida, mas nin-guém assumiu a veracidade da situação ao HM. Ontem, o reitor da Universidade Cidade de Macau admitiu essa possibilidade, tendo dito inclusive que o Governo já tem em mãos um pedido a esse respeito.

A instituição mantém--se, agora, à espera de uma resposta do Executivo. De acordo com a Rádio Macau, o reitor admitiu ontem que a universidade continua a querer mudar-se para o an-tigo campus da UM. “Parece que a UM vai mudar o seu campus totalmente para a Ilha da Montanha. Não sei

CASO IACM HOUVE “EMPENHO” DOS ARGUIDOS NA BUSCA DE DOCUMENTOS

Apenas e só autenticação

UNIVERSIDADE CIDADE DE MACAU QUER MESMO ANTIGO CAMPUS DA UM

Rumores confirmadosse nos vão disponibilizar o antigo campus. Já tínhamos apresentado o requerimento ao Governo”, disse Pang Su Seng, citado pela rádio.

Já em 2012, a instituição tinha admitido que iria, possivelmente, construir

um novo campus, mas seria em Coloane. Numa notícia do HM, em Setembro des-se ano, podia ler-se que o conselho de administração estaria já a trabalhar nos preparativos. “Planeamos construir uma universidade

nova e independente. Es-peramos expandir o nosso campus para acomodar seis mil pessoas. Será em Colo-ane porque a península de Macau tem falta de espaço”, disse, Yan Zexian, reitor da instituição na altura.

Autocarros com peças portuguesasA empresa portuguesa Inapal Plásticos S.A. assinou ontem em Macau um memorando de entendimento com a Shenzhen Wuzhoulong Motor Co. para o estudo de viabilidade de produção de peças plásticas para os veículos da companhia chinesa. “Este acordo vai permitir fazermos estudos sobre a viabilidade de produzirmos, em conjunto, peças em fibra de vidro para os autocarros da Shenzhen Wuzhoulong Motor Co.”, disse administrador Miguel Ferraz. O mesmo responsável aponta o prazo de três meses para a avaliação das possibilidades de negócio e o final do ano para o início da produção. “Pretendemos, como base da discussão, uma parceria em partes iguais, mas estamos abertos a todas as discussões”, disse Miguel Ferraz, ao salientar que a aposta na companhia chinesa partiu de uma ‘ponte’ feita pelo empresário de Macau Ng Fok, que salientou intervir no espírito de Macau como plataforma económica e comercial entre a China e Portugal.

documentos. Só posso dizer que participei no trabalho de autenti-cação”, confirmou a testemunha. Tou So I confirmou ainda que sempre foi exigida rapidez na re-cepção desses documentos, para a respectiva autenticação e posterior entrega ao MP.

“O gabinete alertou aos servi-ços competentes para entregarem os documentos o mais depressa possível. Até eu ir de férias (cerca de um mês) os documentos não tinham sido entregues. Quando voltei de férias já tinham sido en-viados, os meus colegas é que me

disseram. Insistimos várias vezes para nos entregarem os documen-tos”, garantiu Tou So I.

A responsável pelo gabinete jurídico e de notariado não só confirmou nunca ter tido nenhuma ligação directa com a procura de documentos, como disse não ter “acompanhado” o pedido de do-cumentos da parte do gabinete da Secretária Florinda Chan, feito a 5 de Março de 2010.

EMPENHO NA BUSCA O ofício enviado ao gabinete jurídico em Agosto, e que seria o primeiro, teve a assinatura de Raymond Tam. A única testemunha ontem ouvida no TJB frisou que os quatro arguidos sempre tiveram “empenho” na busca dos documen-tos exigidos pelo MP.

“Entendo que eles se limitaram a assinar o ofício e nunca ouvi instruções [para atrasar o processo de entrega dos documentos]”, con-firmou Tou So I.

Contudo, registou-se um ligeiro atraso na entrega de documentos por parte do gabinete jurídico. Álvaro Rodrigues, advogado de defesa, referiu que a 17 de Agosto de 2010 o gabinete jurídico já tinha em sua posse documentos sobre as campas, mas só os entregou ao MP a 2 de Setembro.

“Tínhamos de aguardar pelos restantes documentos, foi sem querer”, esclareceu Tou So I.

Raymond Tam também não terá levado a cabo diferentes procedi-mentos em relação à emissão de ofícios sobre documentos. Álvaro Rodrigues, advogado de defesa, apresentou dois ofícios assinados em 2006 e 2008 por Lau Si Io, à época presidente do IACM, e directamente entregues no gabinete jurídico.

“Os pedidos chegaram do MP, foram para o presidente que emitiu directamente o despacho ao gabi-nete jurídico. Não vejo diferenças de procedimentos”, garantiu a testemunha.

Também numa reunião com o Chefe do Executivo, em 2013, Chan Meng Kam, deputado e presidente da universidade, afirmou estar à procura de terrenos para construir mais instalações. O número de estudantes da instituição subiu de 300 para mais de 3500 nos últimos dois anos.

De acordo com a rádio, ontem, a necessidade de mais espaço ainda se man-tém. “Ainda temos que ver o planeamento do Governo. Claro que gostaríamos de ter laboratórios e salas su-ficientes para proporcionar o melhor ambiente para os alunos. Temos que esperar pela resposta do Governo e temos também que fazer a estimativa do número de alunos e depois o Governo

terá esses números em re-ferência e depois é que vai decidir qual o espaço que precisamos”, referiu o novo reitor citado pelo canal por-tuguês da rádio.

Sobre a questão de lan-çar uma licenciatura em português nada se sabe, uma vez que Pang Su Seng não respondeu à rádio sobre o assunto. O ano passado, recorde-se, em Janeiro, Rui Rocha, coordenador do departamento de português da Universidade Cidade de Macau avançou ao HM que a instituição já entregou para aprovação do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) uma proposta com novos cursos para a insti-tuição. Antes disso, cursos intensivos de conversação em língua portuguesa para o público em geral e intérpretes tradutores foram pensados para a universidade. O HM tentou ontem contactar Rui Rocha, mas não foi possível. Também o GAES não estava disponível para comentar, devido ao avançado da hora.

8 hoje macau terça-feira 20.5.2014CHINA

O novo presiden-te da AICEP, Miguel Fras-quilho, disse

que no primeiro trimestre de 2014 a China foi já o 10.º cliente de Portugal, mas poderá subir ainda mais.

“Dada a dimensão do mercado chinês, penso que há margem para que a China possa estar facilmente entre os cinco ou seis primeiros lugares”, disse Miguel Fras-quilho no final da visita do Presidente da República à China, concluída no domin-go à noite.

Miguel Frasquilho, que assumiu no mês passado a direcção da Agência para a Promoção do Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), integrou a comitiva de Cavaco Silva.

Uma centena de empresá-rios - da banca, tecnologias de informação, indústria farma-cêutica, agro-alimentar e ou-tros sectores - acompanharam o Presidente português, num périplo de uma semana por Xangai, Pequim e Macau.

“Correu muito bem. Não encontrei um empresário que me tenha dito que esta viagem não valeu a pena”, disse o Presidente da AICEP.

A China lançou uma busca internacio-nal para prender

Ismail Yusup, acusado de arquitectar o ataque a uma estação de comboios no mês passado. Segundo o jornal estatal China Daily o pedido já foi enviado à Interpol e, para além de Yusup, são também pro-curados outros suspeitos.

A reportagem do jornal estatal relata que Yusup é membro do Movimento Islâmico do Turquistão Oriental e o organizador do ataque de 30 de Abril a uma estação de comboios na região de Xinjiang, que resultou em três mortos e 79 feridos. Xinjiang é co-nhecida como Turquestão

Províncias com luz verde para vender títulosA China vai autorizar 10 províncias e cidades a vender títulos de dívida próprios ainda este ano, introduzindo o primeiro sistema de títulos municipais de estilo ocidental no país. A lista vai cobrir seis províncias, incluindo as mais ricas localizadas no leste da China: Zhejiang, Jiangsu e Shandong; a província meridional de Guangdong e duas províncias menos desenvolvidas nas regiões central e oriental da China. As quatro cidades são os principais centros financeiros do país: Pequim, Xangai, Shenzhen e outra cidade na linha costeira leste do país, disse uma fonte ligada ao processo. O governo central chinês vai anunciar o plano no fim deste mês, enquanto os títulos provavelmente entrarão no mercado no início de Julho, acrescentou a fonte. Actualmente, os governos locais são, em geral, proibidos de emitir dívida directamente devido às preocupações com o aumento dos níveis de endividamento e o receio do governo central de que algumas administrações locais não tenham a capacidade de gerir os seus próprios fundos.

No final da visita de Cavaco Silva à China, Miguel Frasquilho assinala o sucesso da viagem, sublinhando o potencial ainda existente para que o gigante asiático continue a subir no rankingdos melhores clientes nacionais

CHINA JÁ É O 10.º MERCADO DE PORTUGAL, DIZ NOVO PRESIDENTE DO AICEP

Sempre a subir

12memorandos

e parcerias assinados

PEQUIM PEDE AJUDA À INTERPOL PARA PRENDER SUSPEITO

Caça ao “arquitecto”

Miguel Frasquiho referiu que foram assinados 12 me-morandos de entendimento e parcerias, num balanço que considerou “extraordi-nariamente positivo” e que “vão ter desenvolvimentos bastante positivos nos pró-ximos anos”.

Ao nível político, entre Portugal e China, “há uma relação muito grande de confiança e de compro-misso e, assim, podem estabelecer-se relações económicas muito sóli-das”, afirmou.

Miguel Frasquilho disse que nos últimos anos, o comércio bilateral regis-tou “grande progressão”, mas - salientou - a China representa “apenas 1,7% das exportações portuguesas”.

Segundo adiantou, du-rante a visita de Cavaco Silva, “foram dados passos” para Portugal começar a exportar lacticínios para a China.

“Num futuro próximo teremos novidades”, disse.

Quanto ao estabeleci-mento de uma ligação aérea directa entre os dois países, Miguel Frasquilho indicou que houve “uma abertura muito grande por parte” da China, mas não precisou datas.

Foi a primeira visita de um chefe de Estado portu-guês desde 2005 e segundo Cavaco Silva, “elevou para um novo patamar a parceria estratégica” entre os dois países.

Oriental por alguns dos nativos da região, do grupo étnico muçulmano uigur, que há anos lutam contra o domínio chinês.

Pequim diz que uma militância organizada com elementos sediados

no exterior está por trás do crescente número de atentados terroristas, mas ainda há poucas provas que sustentem a argumentação.

Logo após o atentado às torres gémeas de 11

de Setembro de 2011, os EUA colocaram o Movimento Islâmico do Turquistão Oriental numa lista de observação terrorista, mas posterior-mente retiraram o grupo face a dúvidas de que este

grupo exista de algum modo organizado. No entanto, o Movimento ainda está catalogado como grupo terrorista pela Organização das Nações Unidas (ONU), onde a China possui um dos cinco assentos per-manentes no Conselho de Segurança.

O China Daily e ou-tros jornais estatais disse-ram que Yusup ordenou que 10 “membros” se preparassem para o ata-que na cidade de Urumqi uma semana antes de a acção ter lugar.

Dois deles morreram numa explosão durante o ataque e os outros oito foram capturados pela polícia, segundo a im-prensa local. Em Março, outro ataque semelhante resultou na morte de 29 pessoas, na cidade de Kunming.

9 chinahoje macau terça-feira 20.5.2014

C INCO barcos chineses che- garam à província vietnami-ta de Ha Tinh (no centro) para repatriar cerca de 4.000

cidadãos, na sequência de novas manifestações anti-China ocorridas nos últimos dias.

Segundo informou, ontem de manhã, a agência oficial Xinhua, um dos barcos, o Wuzhishan, já tinha atracado no porto de de Vung Ang, enquanto os outros quatro estavam em águas próximas, aguar-dando a ordem para atracar.

Os cinco barcos chineses re-gressaram ontem à China com os cerca de 4.000 cidadãos nacionais, que trabalham em empresas estatais do Vietname.

Os protestos tiveram origem na instalação de uma plataforma pe-

trolífera chinesa nas ilhas Paracel, disputadas por ambos os países.

Até domingo, a China anunciou que mais de 3.000 dos seus cidadãos residentes no Vietname, incluindo 16 feridos “em estado crítico”, tinham sido já retirados do país.

O gigante asiático também anunciou que, como represália aos violentos incidentes, iria suspender parte dos seus planos de intercâm-bios bilaterais com o Vietname, embora não tenha especificado a área de cooperação afectada, nem a partir de quando seria implemen-tada a medida.

As tensões entre a China e o Vie-tname – dois vizinhos comunistas, mas históricos rivais – agudizaram--se depois de Pequim ter anunciado a instalação de uma plataforma

petrolífera em águas territoriais de ilhas disputadas por ambos, com milhares de vietnamitas a saírem para as ruas protagonizando protestos em massa nas principais cidades do país.

Na semana passada, Pequim moveu uma sonda de perfuração de águas profundas, pela primeira vez, perto da ilha de Paracel, num gesto contestado por Hanói e qualificado de “ilegal”.

A escalada da tensão levou mesmo a ONU a pedir moderação aos dois países.

A China e o Vietname mantêm uma antiga disputa territorial no Mar do Sul da China por causa da soberania das ilhas Paracel e Spratly, alegadamente ricas em petróleo.

Vulcão Erupção quintuplica ilha nipónica

REGIÃO

Coreia do Sul Extinguida guarda costeira

Japão Incentivos para empresascom mais mulheres

A ilha japonesa de Nishinoshi-ma aumentou cinco vezes de

tamanho devido à erupção de um vulcão, que há seis meses expele lava, informou esta segunda--feira a estação pública NHK. A televisão mostrou imagens da ilha, situada no oceano Pacífico a cerca de 1.000 quilómetros a sul de Tóquio, que antes da erupção tinha 290 metros quadrados. A equipa da NHK que captou as imagens estava acompanhada pelo professor de geologia do Instituto Tecnológico de Tóquio, Kenji Nogami, que indicou que a lava está a ser expelida a partir de vários pontos da cratera. No-gami disse também ser pouco comum um vulcão do arquipélago japonês continuar a expelir lava seis meses depois da primeira

A Presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, anunciou ontem

a extinção da Guarda Costeira, na sequência do naufrágio do ferry ocorrido a 16 de Abril, que pro-vocou a morte e desaparecimento a mais de 300 pessoas.

“Decidi extinguir a Guarda Costeira”, declarou a chefe de Estado durante um discurso difun-dido na televisão, durante o qual assumiu igualmente a responsa-bilidade do Governo no desastre que traumatizou o país.

“Enquanto Presidente e res-ponsável pela vida e segurança

erupção. O académico explicou que, com base no aspecto do vulcão, a produção de lava deverá manter-se e que a ilha continuará a expandir-se.

dos sul-coreanos, apresento as minhas desculpas por todo o so-frimento infligido à população”, acrescentou. Park Geun-Hye já tinha apresentado desculpas pelo acidente marítimo, assu-mindo agora, pela primeira vez, a responsabilidade directa na tragédia. No seu discurso, a Pre-sidente sul-coreana sublinhou o fracasso da resposta da guarda costeira logo após o naufrágio, que ocorreu na manhã de 16 de Abril, a alguns quilómetros da costa meridional da Coreia do Sul.

O governo japonês vai avançar em 2015 com um sistema

de incentivos para as empresas que tenham mais trabalhadoras ou mulheres em cargos de res-ponsabilidade, numa tentativa de fomentar uma maior igualdade no mercado laboral. O progra-ma entrará em vigor durante o próximo ano fiscal (Abril de 2015), avançou ontem o diário Nikkei, e será a primeira medida concreta do executivo de Shinzo Abe para contrariar a baixa par-ticipação laboral feminina e a quase insignificante presença de mulheres em altos cargos. A taxa de emprego feminina no Japão foi de 62,5 % em 2013, enquanto a masculina ascendeu a 80,6 %.

Ainda assim, a proporção de mulheres em cargos de res-

ponsabilidade é de 5%, taxa que Abe se comprometeu a aumentar até 30% em 2020, no âmbito do seu ambicioso plano de cresci-mento económico. O sistema de incentivos consistirá em dar uma maior pontuação às empresas que tenham mais trabalhadoras ou mais executivas nos seus quadros, durante os processos de contratação pública.

VIETNAME MAIS QUATRO MIL CHINESES RESGATADOS

Operação evacuação

10 hoje macau terça-feira 20.5.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

MUDAR O MUNDO • Noam Chomsky Mudar o Mundo reúne as conversas entre Noam Chomsky e David Barsamian sobre as grandes questões que se impõem no despontar do século XXI, ao nível político, social e do indivíduo como parte da sociedade, explorando as preocupações mais urgentes e imediatas: o futuro da democracia no mundo árabe, as implicações do desastre nuclear de Fukushima, a «luta de classes» entre os interesses económicos dos EUA e os trabalhadores e classes menos favorecidas, o desmoronamento das instituições políticas mais populares e o aumento de poder da extrema-direita.Um olhar lúcido e atento sobre o mundo, por uma das figuras de maior relevo do século XX.

CRISTO CLONADO • J. R. LANKFORDCristo Clonado é um policial fantástico sobre uma inves-tigação secreta que pode mudar o mundo: a tentativa de clonar Jesus Cristo a partir do Santo Sudário. A chefiar a investigação está o Dr. Félix Rossi, um conceituado cientista obcecado com duas perguntas: será que o tecido do Sudário contém mesmo o sangue de Cristo? E estará o ADN ainda intacto?

A 4tt Productions e a Coreo Cymru são duas empresas do Reino Unido que

trazem a Macau três espec-táculos distintos, a terem lugar numa tenda criada para proporcionar uma ex-periência de cinema a 360

FAM DANÇA E TEATRO LIDERAM QUARTA SEMANA DO FESTIVAL

Lugar garantidograus, a Dance Dome. As projecções estrearam ontem, mas continuam a acontecer diariamente até domingo, na Praça da Amizade, onde vão passar os filmes “The beautiful”, “Pal O’Me He-art” e “The Sublime”, tendo o último ganho o prémio de inovação do festival musical DOMEFEST USA de 2012 e onde são explorados con-ceitos e imagens relativas ao estilo de dança breakdance e à prática desportiva de

Cultural de Macau (CCM). O espectáculo está integrado no projecto Andersen, enco-mendado ao artista canadiano pelo governo dinamarquês em jeito de comemoração do 200º aniversário do escritor Hans Christian Andersen. Actual-mente, Lepage trabalha como encenador e produtor de peças teatrais, tendo já feito parte da equipa de produção de Peter Gabriel, em 1993. Em 2005, criou KÀ, um dos espectáculos da companhia Cirque du Soleil que estreou em Las Vegas.

Em “Ex Machina”, o autor explora conceitos de identidade sexual e da sede de reconhecimento e fama. O preço dos bilhetes depende do lugar escolhido, variando entre as 100 e as 300 patacas. O espectáculo, que tem início às 20.00 horas no sábado e no

domingo, será representado em inglês e legendado em chinês e português.

A cultura oriental continua a ter um grande peso no fes-tival, que esta semana conta com mais um espectáculo tipicamente chinês. Trata-se da interpretação da ópera tra-dicional cantonense “A beleza esmorece, de aposentos das doze damas”, do dramaturgo de Hong Kong, Tang Disheng. Composta por actores locais e da RAEHK da Associação de Arte de Ópera Cantonense, a peça é falada e legendada em chinês e ai estar em palco na próxima sexta-feira e sábado, no Cinema Alegria, às 19.30 horas.

Também o pequeno au-ditório do CCM vai receber parte do FAM nos próximos sábado e domingo, com a peça de teatro “Assassinato em San Jose”, do grupo local Teatro de Lavradores. A companhia foi a primeira organização sem fins lucrativos do terri-tório a dedicar-se exclusiva-mente ao teatro profissional e a tempo inteiro, tendo sido fundada há já 14 anos. Duran-te duas horas, três actores de Hong Kong sobem ao palco do pequeno auditório para representar em cantonense. Os bilhetes variam entre as 100 e as 120 patacas.

Entramos na penúltima semana do Festival Artes de Macau e a dança contemporânea e o teatro estão no topo da agenda

escalada e salto de prédios, parkour.

A mostra alia tecnologia digital, dança, movimento cénico e cinema. Os bilhetes para cada sessão de cerca de 35 minutos que acontecem

durante todo o dia, das 11 às 21.30 horas no Dance Dome, custam 80 patacas.

No próximo fim de sema-na, é a vez de Robert Lepage trazer a sua obra “Ex Machina” ao grande auditório do Centro

A cultura oriental continua a ter um grande peso no festival, que esta semana conta com mais um espectáculo tipicamente chinês

hoje macau terça-feira 20.5.2014 11 eventos

A obra literária “A imperatriz viúva”, da escritora chinesa Jung Chang, foi traduzida em língua portuguesa

e lançada em Lisboa na passada sexta-feira, pela Quetzal.

O livro retrata a vida de Cixi, uma das mulheres responsáveis por radicais mudanças na China. De acordo com a Lusa, a autora do conhecido romance “Os cisnes selvagens”, que retrata uma China do século XX, diz que “os últimos cem anos têm sido extremamente injustos com Cixi, que tem sido considerada ora tirânica e má ou irremediavelmente incompetente – ou tudo isso. Poucas das suas realizações foram reconhecidas e quando o são, o crédito, é, invariavelmente atribuído aos homens que a serviam”. Em parte, a his-tória gira em volta do poder das mulheres – ou a falta dele – num país onde a força masculina sempre havia sido considerada como a mais forte. “A imperatriz viúva” é baseado em factos reais.

O Museu das Ofertas sobre a Transferên-cia de Soberania de

Macau vai acolher, na próxi-ma quarta-feira, a exposição “Pioneirismo do Movimento da Nova Cultura”, que fica aberta ao público até dia 5 de Outubro.

A exposição inclui cartas, diários, fotografias, obras de caligrafia e outros itens de perso-

Bilhetes à venda para o espectáculo DESH

JÁ estão à venda os bilhetes para Desh, um espectáculo de Akram Khan. Khan é um dos

coreógrafos britânicos mais aclamados do nosso tempo na dança contemporânea e vai estrear-se em Macau com “Desh”.

Conforme avançado pelo HM, Desh é uma peça tida como a sua exploração mais pessoal de sempre. Inspirada no Bangladesh, terra onde nasceram os pais de Khan, o bailarino e coreó-grafo apresenta, sozinho em palco, 90 minutos de diferentes personagens: um estudante activista, uma representação de si próprio enquanto criança e uma cena em que interage com uma sobrinha imaginária. Numa sucessão de pequenos contos, o espectáculo retrata um homem encurralado entre a Grã-Bretanha e o Bangladesh, procurando arduamente um equilíbrio.

Tendo como fonte de inspiração duas realida-des distintas, que passam pelas pacatas ruas de Wimbledon até aos estaleiros de Dhaka, “Desh” é também uma ponte entre ficção e realidade feita de sons, imagens, luz e movimento, nascido do receio do confronto interior.

Akram Khan vai actuar a 20 de Junho, no grande auditório do Centro Cultural de Macau, às 20 horas. Os bilhetes para o espectáculo já estão à venda e custam 150, 200, 250 e 300 patacas.

Hong Kong acolhe feira internacional de arte e antiguidadesNo próximo fim de semana, entre os dias 24 e 26, o Centro Internacional de Comércio e Exposições de Kowloon, em Hong Kong, vai acolher a 9ª edição da Feira Internacional de Arte e Antiguidades. O evento reúne coleccionadores, peritos e amantes de antiguidades de todo o mundo, estando aberto ao público das 11 às 19 horas no sábado e no domingo, e das 11 às 17 horas na segunda-feira. Os bilhetes, que podem ser comprados no local da feira, custam 25 dólares de Hong Kong.

LIVRO DE JUNG CHANG TRADUZIDO PARA PORTUGUÊS E EDITADO EM LISBOA

Uma outra imperatriz viúva

MACAU RECORDA MOVIMENTO DA NOVA CULTURA DA CHINA

Intelectualidades à partenalidades como Lu Xun, Hu Shi, Shen Yinmo e Zhang Taiyan. As peças estarão expostas e divi-didas por secções – “Perito em clássicos chineses”, “Defensor da revolução cultural”, “Pro-moção do chinês vernacular” e “Intercâmbio entre letrados” – todas dedicadas a Qian, que nasceu em 1887 na cidade de Huzhou, província de Zhejiang.

A iniciativa, que serve para comemorar o 95º aniversário do movimento intelectual da Nova Cultura da China, vai conter mais de 170 peças relativas a este período da história chinesa, que se iniciou em 1915, com a emergência dos trabalhos de um grupo de professores e teóricos da Universidade de Pequim. O colectivo de

Depois de algum tempo de pesquisa, Jung concluiu que Cixi se tornou um marco no avanço do sistema educa-tivo chinês, ajudando à substituição de um mecanismo tradicionalmente restritivo, por um mais moderno e oci-dentalizado, que potenciou a evolução da imprensa e da participação política.

Cixi foi, ainda, uma das mulheres chinesas responsáveis pela introdução das primeiras formas de votação no país e abolição da tradição de enfaixamento dos pés femininos, prática em voga durante vários séculos. A obra, recente-mente traduzida para português, inclui fotografias, mapas e outra documentação inédita, apenas descoberta depois da morte de Mao Tse Tung.

A escritora nasceu em 1952 e foi membro do Exército Vermelho, antes de começar a frequentar cursos de inglês, sen-do mais tarde professora na Universidade de Sichuan.

académicos fundou, inclusiva-mente, a revista de cultura “La Jeunesse”, que versava sobre a escrita e linguagem utilizadas na China, bem como sobre outros assuntos relacionados com o mundo intelectual e filosófico chinês.

“Pioneirismo do Movimen-to da Nova Cultura” é orga-nizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pelo Museu de Arte de Macau (MAM), pelo Memorial de Pequim sobre o Movimento da Nova Cultura e pelo Museu Luxun, em Pequim.

hoje macau terça-feira 20.5.201412 publicidade

A APOMAC saúda e felicitao Fundador e Presidente da Assembleia Geral,

JORGE MANUEL FÃO,por ter sido agraciado com o Grau de Comendador

da Ordem do Mérito por Sua Excelência o Presidenteda República Portuguesa, distinção que muito honra

a nossa Associação, os Corpos Gerentese todos os nossos Associados.

Macau, aos 20 de Maio de 2014.

A DIRECÇÃO

hoje macau terça-feira 20.5.2014

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OSHIMA: OS PRIMEIROS 4 FILMES

“O meu ódio pelo cinema japonês inclui, Em termos absolutos, todo ele” Oshima

A INDA bem. Esta disposição terrorista e amarga está na base da fibra que tece o seu cinema. Os primeiros filmes

de Oshima Nagisa formam um retrato negro da sociedade japonesa dos finais dos anos 50 e da década de 60. Muito centrados em figuras jovens, é através da falta de oportunidades que estes encontram que se atinge o seu desíg-nio crítico e masoquista. Esta falta de oportunidades cria uma disposição forte para o desvio social. A par desta falha insinua-se outra de contornos au-tobiográficos: a extrema desilusão com o destino dos violentos movimentos estudantis dos anos 50, as divisões que se criaram no seu seio e o progressivo aburguesamento de alguns dos seus in-tervenientes.

Nos filmes dos anos 60, Oshima mostra um conjunto vasto de jovens empregados em pequenos negócios e estratagemas ilegais onde figuram sem-pre com proeminência figuras femini-nas invariavelmente atraentes e duras.

Em Shonen (Boy, 1969) uma famí-lia usa o filho para simular acidentes de automóvel e extorquir dinheiro aos condutores. A extorsão em Seishun sankoku monogatari (Cruel Story of You-th, 1960) faz-se sobre homens de meia idade que oferecem boleia a uma rapa-riga jovem que depois tentam seduzir. Em Ai to kobo no machi (A Town of Love and Hope, 1959), seu primeiro filme, um rapaz vende pombos que regressam depois às mãos do vendedor. Em Taiyo no hakaba (Burial of the Sun, 1960) um dos negócios ilícitos, para além da prostituição e da compra e venda de documentos pessoais, consiste na com-pra e venda de sangue.

Oshima filma com uma brutalidade que solicita ao espectador uma vonta-de igualmente brutal. Há, nesta vasta galeria de marginais, poucos com os quais o espectador deseje identificar--se. Oshima recusa mostrá-las como merecedoras de afecto, uma disposição severa que se estende por quase toda a sua obra. Trata-se, contudo, de uma opacidade diferente da de Imamura, antes uma mais desesperada e uma que não convoca no espectador uma von-tade de ceder e de permitir o afecto. Oshima é, em minha opinião, o mais solitário de todos os realizadores japo-neses de sucesso, e o que mais obses-sivamente insiste, sem sucesso, em se esconder, mesmo que ao longo de toda a sua vida tenha feito acompanhar a

sua carreira fílmica de muitos escritos e entrevistas. Grande parte deste corpus incide sobre a sua obra e sobre as suas posições teóricas, o que adiciona uma divertida confusão à interpretação dos seus filmes.

Os primeiros, muito amargos, mos-tram que a cidade é o lugar que melhor esconde a necessidade de afecto. A cida-de mostra uma cumplicidade para com a marginalidade e a falta de êxito social que o campo não permite. Por isso Hakuchu no torima (Violence at Noon, 1966), é um filme tão importante. No campo, as ten-sões sociais, sexuais e criminosas diluem--se na evidência da sua fraca importância. Por isso é que a opacidade de Imamura é tão diferente, porque se demonstra num quadro menos urbano, mais natural, ao mesmo tempo que, ao contrário de Oshi-ma, se revela menos reagente a modas e movimentos de recorte intelectual e esté-tico mais definido.

Estes filmes, repito, criam no espec-tador uma vontade cúmplice de acção. Não através da exposição da injustiça e da igualdade ou através do possível en-canto do ennui mas através de uma vio-lência fina e muito amarga que excita um sentido de vingança revolucionária e juvenil contra o mundo.

O primeiro é Ai to kobo no machi (A Town of Love and Hope), o único filmado nos anos 50 (1959). Nele se revela a pobreza de uma família em contraste com uma família industrial de classe alta e a cruel inflexibilidade que esta demonstra face a uma peque-na falha de Masao, o jovem estudante pobre. A casa da família pobre é uma casa tradicional japonesa, de chão de tatami e portas de correr, muito pobre,

a casa da família industrial em estilo ocidental.

Este é o menos cool dos seus pri-meiros filmes, sem influência directa dos populares tayozuku, as histórias so-bre jovens rebeldes, antes um pouco próximo de uma estética neo-realista internacional mas sem o sentimenta-lismo, a certeza da honradez das clas-ses baixas ou um mecanismo de cons-trução de uma parcialidade para com os injustiçados.

É, como em muitos dos que se se-guem, uma história de sobrevivência na difícil conjuntura competitiva do Japão do pós-guerra e da instauração da de-mocracia e da construção da riqueza.

O segundo filme de Oshima é Seishun sankoku monogatari (Cruel Story of Youth, 1960) e é um dos mais be-los. Nele observa-se, numa atmosfera entre o tayozuku e o filme de pequeno yakuza, a vida de um casal de jovens. No entanto, nesta história cruel, o au-tor não se deixa reduzir às imposições dos programas dos dois géneros.

As cores são intensíssimas. Muitas cenas são nocturnas, mas das diurnas, que recusam deter-se demasiadamente na descrição de uma parte pobre da ci-dade, sai um sol agreste e determinado. A intensidade dos vermelhos e da im-pressão epidérmica da figura feminina principal, Makoto, fazem pensar que à demonstração da raiva e do abandono se sobrepõe uma obrigação abstracta.

Makoto tem uma irmã mais velha, símbolo da geração que tomou parte nos movimentos estudantis dos anos 50 e da desilusão pela aparente inefi-cácia da sua intervenção. Nela a po-lítica é a desilusão. Para Makoto essa

preocupação está já completamente ausente - na cena em que observa sem grande interesse, apenas algum fas-tio, uma manifestação de rua. Em Ai no Corrida (In the Realm of the Senses, 1976) existe uma cena muito parecida, uma em que os dois obsessivos aman-tes ignoram ostensivamente uma ma-nifestação militarista. Este filme ajuda a ser contra tudo.

Taiyo no hakaba (Burial of the Sun), igualmente de 1960, é a terceira longa instalação de Oshima. É igualmente a cores. Exibe com propósito firme, como em Ai to kobo no machi, um bairro de lata, mas o tom da sua exposição é comple-tamente diferente. Neste seu terceiro filme a teatralidade da cenografia e da representação aproxima-se quase do nonsense, como se Oshima experimentas-se um outro tipo de forma de mostrar.

Não é novo no cinema japonês este teatro em quadros um pouco cubistas, mas poderá causar perplexidade a um espectador menos avisado. A experi-mentação, o nonsense e o absurdismo continuará em filmes como Muri-shinju: Nihon no natsu (Japanese Summer: Dou-ble Suicide, 1967), Koshikei (Death by Hanging, 1968) ou Kaette kita yopparai (Three Resurrected Bastards, 1968) .

Ver estes primeiros quatro filmes, seja por que ordem for, excitam a aten-ção para com esta busca. Aos poucos constrói-se, deliberadamente ou não, a imagem de que cada novo filme de Oshima apresenta um aspecto diferente.

O seu quarto filme, Nihon no yoru to kiri (Night and Fog in Japan, 1960), é o mais radical de todos em termos es-téticos e aquele se se centra com mais intensidade nos resultados das mani-festações e lutas estudantis contra a renovação do tratado de permanên-cia das tropas americanas no Japão. É também o seu filme mais literalmente escuro e claustrofóbico. Muitas das suas cenas consistem em diálogos no interior de casas, de noite, um con-junto de azedas recriminações que se demonstram durante uma cerimó-nia de casamento e várias analepses e resultam num depressivo sentimento de vazio. Acho que não há nenhuma cena diurna. Tem um aspecto total-mente diferente dos 3 que em cima se apontam na recusa do exterior. Outros artifícios, que já se notaram num arti-go interior sobre ele e que aqui se não repetem, o tornam um objecto estra-nho e muito sedutor na sua violência interior e na extrema urgência do seu discurso.

(Este artigo poderá continuar)

luz de inverno Boi Luxo

14 hoje macau terça-feira 20.5.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Paz – 89

O Tao do céu e da terra é enormemente vasto e, ainda assim, modera a sua manifestação de glória e poupa a sua luz espiritual. Como poderiam, então, os olhos e ouvidos humanos funcionar perpetu-amente, sem descanso? Como poderia o espírito vital se prodigalizar eternamente sem se desgastar?

* * *

Não te surpreendas, não te assustes – todas as coisas tratarão de se arranjar. Não causes pertur-bações; não exerças pressões – todas as coisas tra-tarão de se clarificar.

* * *

A natureza humana desenvolve-se por uma sereni-dade e leveza profundas; a virtude desenvolve-se por uma alegria harmoniosa e um aberto desapego de si. Quando o exterior não te confunde interior-mente, a tua natureza encontra a condição que lhe serve; quando a tua natureza não perturba a har-monia, a virtude repousa no seu lugar.Se conseguires passar pela vida neste mundo e abraçares a virtude até ao fim dos teus anos, pode dizer-se que és capaz de encarnar o Tao.Nesse caso, não existirá obstrução ou estagnação dos teus vasos sanguíneos, nem qualquer energia paralisada nos teus órgãos. A calamidade ou a for-tuna não te perturbarão; a censura e o elogio não te afectarão. E, assim, poderás atingir o mais alto.

Da Paz – 90

Se te perturbam as ferroadas de abelha e te distra-em as picadas de mosquito, como pensas ser cal-mo e vazio face aos milhares de constrangimentos que oprimem a mente humana, que são muito mais graves do que o veneno do ferrão da abelha e a irritação das picadas de mosquito?

* * *

As pessoas mudam sem fim em todos os tipo de

maneiras. Esgotas-te e te renovas. O prazer possí-vel nisso é incalculável.Por exemplo, sonhas que és uma ave e voas pelos céus; sonhas que és um peixe e mergulhas nos abis-mos. Enquanto sonhas, não sabes que é um sonho, mas depois de acordares percebes que é um sonho.Haverá um grande despertar, depois do qual sabe-rás que esta vida foi um sonho.Quando não éramos ainda nascidos, como pode-ríamos saber dos prazeres da vida? Enquanto não tivermos morrido, como poderemos saber que a morte não é agradável?

A Via tem um fio condutor. Quanto atinges a raiz una, esta liga-se a milhares de ramos e dezenas de milhares de folhas. Isto te permite promover a ordem a partir de um alto cargo, esquecer a infe-rioridade quando numa posição inferior, apreciar o trabalho quando és pobre e lidar com o perigo quando te encontras num impasse.Quando se dá um Inverno muito frio, cheio de ge-ada e neve, então conheces a força das árvores pe-renes. Quando a situação é difícil e perigosa, com ganho ou perda à nossa frente, então sabes que o sábio é aquele que não se desvia da Via.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Co-nhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitu-lada “Miscellaneous Schools”.

15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 20.5.2014

Haverá um grande despertar, depois do qual saberás que esta vida foi um sonho.

Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para os lotes abaixo indicados:─ Processo N.º: 85A139, Travessa do Mercado Municipal nos

30-32;─ Processo N.º: 87A142, Avenida de Almeida Ribeiro nos

529-533;─ Processo N.º: 2010A015, Terreno junto à Rua da Pedra;─ Processo N.º: 2013A113, Travessa de Inácio Baptista no. 8;─ Processo N.º: 2014A002, Rua Correia da Silva 51, Taipa;─ Processo N.º: 2014A007, Rua dos Clérigos no 42, Taipa;─ Processo N.º: 2014A010, Rua Formosa nos 16-16A.Para efeitos de referência, os projectos de PCU dos lotes supracitados já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo).O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 22 de Maio de 2014 e 5 de Junho de 2014.

Os interessados e a população poderão apresentar as suas opiniões sobre os projectos de PCU referidos, mediante o preenchimento do formulário de opinião, o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios:─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33,

Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo

limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio)

─ Fax: 2834 0019─ Email: [email protected] mais informações pode pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queira contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800).Macau, aos 15 de Maio de 2014

O Director dos Serviços,Jaime Carion

GOVERNO DA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAUDIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES

ANÚNCIO

AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO KEE KWAN, LIMITADARua das Lorchas, Ponte nº 12, Macau

REGISTADA NA CRCBM SOB O Nº 12126, CAPITAL SOCIAL:MOP$1.500.000,00

Para os efeitos tidos por convenientes, anuncia-se que, por deliberação da Assembleia Geral extraordinária realizada em 2 de Abril de 2014, foi decidido, por unanimidade das sócias, dissolver e encerrar a liquidação, a partir da referida data, da sociedade comercial por quotas denominada “Agência de Viagens e Turismo Kee Kwan, Limitada”, com sede em Macau, na Rua das Lorchas, Ponte nº 12, registada na referida Conservatória sob o nº 12126, com o capital social de MOP$1.500.000,00, tendo o respectivo registo sido requerido em 2 de Maio de 2014.

Macau, aos 20 de Maio de 2014.

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 20.5.2014

O Venetian vai aco-lher o campeonato mundial de Muay Thai, cujas cabe-

ças de cartaz são os lutadores Yodsanklai Fairtex, Sudsakorn Sor Klinmee, Iquezang Kor Rungthanakeat e Saiyok Pum-panmuang Windysport. O even-to, que vai confrontar atletas da Ásia e da Europa, terá lugar no Cotai Arena, no dia 28 de Junho.

Olaf Gueldner, vice-pre-

Simon Holliday tenta quebrar recorde de natação em águas livres

ESTE sábado, o nadador de águas livres Simon Holliday vai tentar bater o recorde

do maratonista de Pequim, Zhang Jian. Para conseguir superar o atleta chinês, Holliday vai ter que nadar cerca de 35 quilómetros em menos de 10 horas e meia, desde a ilha de Lantau, em Hong Kong, até à praia de Hac-Sá, em Macau. A iniciativa, patrocinada pela Cotai Water Jet, vai ser realizada para angariar 200 mil dólares de Hong Kong para a organização Ocean Recovery Alliance, que trabalha em prol da melhoria e qualidade dos oceanos.

Actualmente, o britânico Simon Holli-day vive em Hong Kong e trabalha como líder e gestor numa firma internacional de advogados. Completou a travessia do Canal da Mancha em Agosto de 2011, tendo feito vários outros percursos longos a nado. Para além de trabalhar a tempo inteiro e nadar nas horas livres, Holliday também frequenta o mestrado de Psicologia.

MUAY THAI EM JUNHO NA ARENA DO VENETIAN

Combates de pesosidente e chefe de operações do Sands China, afirma que “o Muay Thai é uma prática des-portiva vastamente praticada na região e por todo o mundo”, mostrando-se “entusiasmado” por ter a oportunidade de trazer uma competição desta enverga-dura ao território.

O evento, que vai contar com a participação de 16 lu-tadores profissionais de Muay Thai de todo o mundo – incluin-

do China, Tailândia, Japão, Hong Kong e França – vai ser dividido em duas categorias, englobando lutadores juniores de peso médio (70 quilos) e seniores de peso médio (72,5 quilos). No total, serão reali-zadas oito lutas de três rondas cada uma. Seis delas serão executadas ao estilo de Muay Thai tradicional, em que os lutadores envolvem corda nas suas mãos para os combates e,

nas duas restantes, apenas serão usadas luvas de boxe.

O tailandês Yodsanklai orgulha-se de ter 218 vitórias no currículo e várias participações em campeonatos como o da Fe-deração Mundial Profissional de Muay Thai, em comparação com 41 derrotas e um empate.

Sudsakorn, de 27 anos, foi o campeão do Thai Fight Kard Chuek do ano passado, tendo ganho um total de 222 lutas e perdido 35. Iquezang, também da Tailândia, chega à Cotai Arena com um recorde pessoal de 127 lutas ganhas, 15 derrotas e cinco empates.

Já Saiyok, de 30 anos conta com seis prémios de campeona-tos de Muay Thai só entre 2012 e 2013. Com apenas 19 anos, já tem 212 vitórias e apenas 41 derrotas no seu currículo de lutador profissional. A entrada para os combates custa entre 180 e 2480 patacas, sendo que o valor mais alto dá direito a bebidas e comida durante os combates.

A mesma sala do Venetian vai acolher, já no próximo dia 30, o campeonato de boxe de pesos pluma, cujos bilhetes também já estão à venda e variam entre as 80 e as 3280 patacas.

hoje macau terça-feira 20.5.2014 (F)UTILIDADES 17

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ACONTECEU HOJE

As rosas não têm nomes mas almas.

20 DE MAIO

SALA 1GODZILLA [B]Um filme de: Gareth EdwardsCom: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Elizabeth Olsen14.30, 16.45, 21.30

GODZILLA [3D] [B]Um filme de: Gareth EdwardsCom: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Elizabeth Olsen19.15

SALA 2 TRANSCENDENCE [C]Um filme de: Wally PfisterCom: Johnny Depp, Morgan Freeman, Rebecca Hall, Paul Bettany14.30, 16.45, 19.15

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: A. Garfield, E. Stone, J. Foxx, D. DeHaan21.30

SALA 3ABERDEEN [C](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Pang Ho-cheungCom: Louis Koo, Gigi Leung, Eric Tsang, Miriam Yeung14.15, 16.00, 17.45, 19.30

THE ETERNAL ZERO [C](FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Takashi YamazakiCom: Junichi Okada, Haruma Miura, Mao Inoue21.30

GODZILLA

Timor-Leste liberta-seda ocupação indonésia• Hoje é dia de homenagear as vítimas timorenses, não apenas as vítimas do massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli, mas os resistentes que lutaram contra a ocupação da Indonésia. A 20 de Maio de 2002, Timor-Leste torna-se independente.Era conhecido como Timor Português e foi uma colónia portuguesa até 1975, ano em que se torna independente. No entanto, três dias mais tarde é invadido pela Indonésia, que levou a cabo uma política de repressão.Timor foi oficialmente considerado pela Organização das Nações Unidas como território português por descolonizar, até 1999. No entanto, a Indonésia classificou o território como a sua 27.ª província, baptizada de ‘Timor Timur’.Desde a ocupação, aquele país levou a cabo uma política de genocídio, que resultou num longo massacre de timorenses, perpetrado em centenas de aldeias, que viriam a ser des-truídas pelo exército da Indonésia.Em Outubro de 1989, o Papa João Paulo II visita Timor-Leste, presença que serviu para que os timorenses levassem a cabo diversas manifestações a favor da independência. O regime indonésio reprimiu duramente essas acções.Até que a 12 de Novembro de 1991 o exército indonésio dispara sobre manifestantes que homenageavam um estudante que tinha sido morto pelo regime. A homenagem –que decorria no cemitério de Santa Cruz, em Díli – transforma-se num violento ataque do exército, que mata no local 200 pessoas.Nos dias posteriores outros manifestantes acabaram por ser detidos. Estes episódios transportaram a causa timorense para o mediatismo de um mundo distraído. E a causa pela independência ganha força.Além da força, a luta contra a ocupação indonésia conquista reconhecimento mundial, com a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao bispo Ximenes Belo e a Ramos Horta, em Outubro de 1996.Em Abril de 2001, os timorenses regressam às urnas para escolher o novo líder do país. As eleições consagram Xanana Gusmão como o novo Presidente timorense, até que, a 20 de Maio de 2002, Timor-Leste torna-se totalmente independente.

Falta dinheiro em Macau Ah, ah, ah. Apanhei-vos. Falta dinheiro em Macau, sim, mas apenas nas máquinas ATM ou nos bolsos dos residentes que não conseguem levantá-lo dessas máquinas. Já tinha referido este assunto anteriormente. Macau quer ser centro internacional de turismo e lazer, mas se não há dinheiro nas máquinas multibanco, não há dinheiro para compras, nem para jogar. Este é um problema constante no território: Macau tem montes de caixas multibanco para levantar dinheirinho, mas experimente lá, senhor residente, vir para o centro da cidade aos fins-de-semana ou feriados e levantar pataquinhas nas ATM. Ah pois. Não tem. Tem dólares de Hong Kong, para os turistas, e yuan da China, para os turistas, porque os turistas já levantaram todas as pataquinhas que havia. A si, resta-lhe ficar enfurecido a pensar na nota de 500 dólares que tem de levantar porque não há a moeda do sítio onde vive. E depois, começa a pensar quanto será isso em patacas que é, na verdade, a moeda em que ganha o seu salário. Claro, isso faz-lhe lembrar que paga a renda de casa em HKD também, que é um grande rombo na carteira... Mas, agora, a moda pegou. Este fim-de-semana, por exemplo, não havia qualquer feriado por cá. Turistas há sempre, mas não em quantidades enormes para que, durante todo o sábado fosse impossível levantar dinheiro. O que se passa? Todas as máquinas ATM que os meus colegas aqui da redacção experimentaram não tinham sequer dinheiro. Nem patacas, nem yuan, nem HKD. Sem dinheiro, como é que vamos ser um centro de lazer? Especialmente quando temos táxis que nos cobram tanto...

Explosivo e intenso da primeira à última música, The Wall dos Pink Floyd traz o que de melhor há no rock. Lançado em 1971, o álbum continua a retratar temas sociais e pessoais através da letra das músicas, algo a que o grupo já nos vem habituando. Baseado numa história fictícia, The Wall retrata a vida de um homem que perdeu o pai durante a Segunda Guerra Mundial, a experiência de viver com uma mãe super-protectora, o fim de um casamento, o sistema de ensino, drogas e a vida sob um Governo que trata pessoas como peças de um jogo. Músicas como “Another Brick in the Wall” e “Hey You” são as mais marcantes do álbum, que é, no entanto, uma obra-prima no seu todo. - Joana Freitas

PINK FLOYD – THE WALL (1982)

U M D I S C O H O J E

18 hoje macau terça-feira 20.5.2014

José Pacheco Pereira In Publico

N AS eleições europeias não se discute a Europa porque a Europa que existe não interessa aos seus apoian-tes que seja discutida. E a discussão da Europa que se pretende fazer, nas candidaturas do “arco da governação”, na comuni-cação social ainda mais

europeísta, nos meios dos negócios, no “arco dos fundos”, não tem objecto, nem existe, é uma fábula. É a Europa virtual do wishfull thinking para os bem-avontadados e aquela cuja retórica serve os empregos e os negócios dos que estão “por dentro”.

A ficção mais completa sobre a Europa é falarmos da União Europeia como sendo a Europa fundada por Monnet, Schumann, Gasperi, Adenauer e outros. Não é. Esta acabou algures na década de noventa, entre a queda do Muro de Berlim, a unificação alemã, a entrada dos países do Centro e Leste para União, a guerra na ex-Jugos-

As eleições que só servem para o exacto oposto daquilo para que existem

Hoje, a União Europeia é um monstro híbrido e perigoso, controlado por uma burocracia que detesta a democracia e que acha que “ela” é que sabe como se deve “governar” a Europa e cada país em particular

lávia. Parece paradoxal que o processo de autodestruição da Europa comunitária, tal como existia no pós-guerra, tenha tido origem naquele que parece ter sido o seu maior sucesso: a “unificação” da Europa dividida pela Guerra Fria, e a extinção da superpotência URSS, cujos tanques permaneciam onde tinham parado no final da guerra. Mas, desde início, estava-se na pura ilusão. A derrota da URSS na Guerra Fria deveu-se aos EUA, principalmente à Administração Reagan, culminando um longo processo de resistência militar, de “inteligência” e político, para qual a maio-ria dos países europeus, com excepção do Reino Unido, pouco contribuiu e que, em vésperas da própria queda do Muro, con-testava recusando-se ao burden sharing que os americanos lhe pediam. A principal contribuição europeia veio de um país que estava do lado errado da Cortina de Ferro, a Polónia, e de uma força que a Europa laica personificada na França, nunca valorizou, o Papa João Paulo II.

Os europeus rejubilaram e um período de grandes ilusões e crescentes egoísmos substituiu o realismo dos “pequenos passos”

de Monnet. Passou a considerar-se os EUA o objecto da competição europeia, num re-make do gaulismo, acelerou-se a entrada das nações do antigo Pacto de Varsóvia na União, mesmo quando elas estavam escas-samente preparadas, ou, pior ainda, quando as nações da União, como a França, não estavam dispostas a dar-lhes o que tinham direito a receber. Pouco a pouco, os efeitos da “unificação alemã”, em conjunto com a pressão da globalização e a necessidade

de encontrar uma nova fórmula política, que era de natureza bem distinta daquela que fundara a Europa, visto que introduzia critérios de desigualdade, começaram a fazer estragos no “espírito” inicial.

O Tratado de Nice, o tratado maldito, foi o melhor retrato desse processo, onde se conjugava uma fuga para a frente com um upgrade insensato e imprudente, das instituições europeias, em que a retórica grandiloquente sobre a Europa escondia o retorno a um cada vez maior egoísmo nacional. A Constituição, o mais alto pon-to do optimismo europeísta, soçobrou no fantasma do “canalizador polaco” – estava tudo dito e explicado para quem o queria ver. Mas a maioria dos governantes europeus não só não o queria ver como começou uma deriva antidemocrática na União, em que o modus faciendi do Tratado de Lisboa é exemplar.

Hoje, a União Europeia é um monstro híbrido e perigoso, controlado por uma burocracia que detesta a democracia e que acha que “ela” é que sabe como se deve “governar” a Europa e cada país em par-ticular. Os parlamentos nacionais são para esses burocratas o local da irracionalidade da política produzida pelos “incompetentes” dos políticos. A troika foi uma das faces dessa burocracia, que em Bruxelas, Frankfurt, e no Luxemburgo, está encostada ao poder do dia, como sempre esteve. Neste caso, o poder do dia começou por ser um directório França-Alemanha, hoje é só alemão. Se amanhã, por absurdo, fosse inglês ou russo, a mesma burocracia lá estaria encostada a legislar sobre tudo e todos, com uma única racionalidade: a Lei de Parkinson.

A burocracia é um dos aspectos do monstro europeu. Manda muito, mas tem um comando que interioriza como seu, até porque muitos aspectos desse comando encaixam bem no seu modo de actuar. Esse comando reforça-se à medida que a demo-cracia se extingue no processo europeu. De há muito, nenhuma decisão fundamental da União foi levada ao voto popular e, quando o foi, perdeu. A resposta de governos, aliados aos grandes negócios que precisam da União como de pão para a boca, foi retirar delibe-radamente e com dolo o processo de decisão europeu do controlo democrático. Esta é a história do Tratado de Lisboa, aprovado sobre a traição de promessas referendárias feitas em muitos países europeus. A partir dessa génese envenenada era só esperar que a União mostrasse uma face agressiva para com alguns dos seus membros, o que aconteceu com a chamada “crise das dívidas soberanas”, criada em grande parte pela sua própria resposta autoritária ao caso da Gré-cia. A mesma Grécia que se tinha permitido entrar no euro sem para tal ter condições, para maior glória da Europa.

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OPINIÃO

hoje macau terça-feira 20.5.2014 19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo JoRge PeReiRa*

M UITO se tem falado sobre a adesão da Guiné Equa-torial à Comunidade de Países de Língua Por-tuguesa (a CPLP). E do quão negativa poderia ser essa entrada no ‘clube’ lusófono: ao permitir-se a entrada na organização à Guiné Equatorial – um

país que perfilha a pena de morte e em que a língua portuguesa não é praticamente falada pelos seus habitantes (a Guiné Equatorial esteve, durante cerca de três séculos, ligada, administrativamente, a Portugal) –, a imagem e o prestígio internacionais da CPLP seriam severamente abalados.

Concordo que um Estado-membro em que a pena capital está legalmente instituída não seja a melhor contribuição que pode ser dada a uma organização que se pretende afirmar no mundo, cada vez mais, como agregadora de um conjunto de países em que a harmonia social e o humanismo entre todos são duas das suas pedras basilares. No presente e no futuro.

No entanto, penso ser um argumento pouco válido e esclarecido o de que muitís-simo pouca gente (ou mesmo ninguém) na Guiné Equatorial fala português no seu dia a dia e de que, por isso, não é admissível a candidatura deste país à CPLP.

Por uma simples razão: é que, no seio dos actuais membros da CPLP, se poderá observar que os ‘níveis de penetração’ (para utilizar uma linguagem mais próxima dos estudos de opinião relativos a alguma tec-nologia junto das populações…) da língua portuguesa oscilam muito.

Se, por exemplo, em Moçambique e em Timor o portu guês está (ainda?) confinado a alguns segmentos dos seus habitantes (por razões étnicas e históricas, sobretudo), no Brasil e em Portugal ele ‘movimenta-se’ em toda a sociedade.

Assim, se se optar, de facto, por manter este critério linguístico para, também, res-tringir a entrada na CPLP a um Estado que, por mero acaso, é detentor de significativas reservas petrolíferas, há que ter a perfeita consciência de estar a limitar a influência que a lusofonia poderia ter no mundo.

O que significa privar os mais de duzentos e cinquenta milhões de pessoas que, hoje, vivem em Angola, no Brasil, em Cabo Verde, naGuiné-Bissau, em São Tomé e Príncipe, em Moçambique, em Portu-gal, em Timor-Leste e em muitas outras regiões do globo (como em Goa ou em Macau) não apenas de mais oportuni-dades ao nível da língua e da cultura mas, igualmente, ao nível dos negócios e da economia. - Antropólogo

... Se se optar, de facto, por manter este critério linguístico para, também, restringir a entrada na CPLP a um Estado que, por mero acaso, é detentor de significativas reservas petrolíferas, há que ter a perfeita consciência de estar a limitar a influência que a lusofonia poderia ter no mundo

A Guiné Equatorial e a CPLP

PROTESTOS NO VIETNAMEcartoon por Stephff

O que Portugal éRicaRdo aRaúJo PeReiRaIn Visão

S EGUNDO se diz, a ‘troika’ vai sair de Portugal no dia 17 de Maio. Uma vez que o Governo desejava ir além da ‘troika’, não deveria sair primeiro, e para mais longe?

Entre o que Portugal é e o que Portugal não é talvez se en-contre o que Portugal realmente seja. Vamos todos fingir que esta frase faz sentido. Aproveitamos

e fingimos, além disso, que Portugal também faz sentido. O português é um fingidor. Em princípio, vamos conseguir.

É muito difícil determinar a distância exacta entre o que Portugal é e o que Portugal não é uma vez que, com muita frequência, Portugal é e não é a mesma coisa. Segundo se diz, a troika vai sair de Portugal no dia 17 de Maio. Uma vez que o Governo desejava ir além da troika, não deveria sair primeiro, e para mais longe? E, no entanto, não sai. Por uma razão simples: Portugal acaba de se livrar da troika mas, ao que parece, a troika vai ficar a “monitorizar-nos” durante mais 20 anos. É uma saída que acaba por não ser uma saída. O Governo, que festejou a vinda da troika, agora festeja a saída da troika. Na dúvida, o Governo festeja. O Executivo anunciou agora que se tinha decidido pela saída limpa, por ser a melhor opção, mas Angela Merkel já tinha dito que não poderia haver programa cautelar, o que indica que não havia mais opção nenhuma. O Governo disse que a chegada da troika era fundamen-tal para a salvação do País, e agora diz que a alegada partida da troika é fundamental para a salvação do País. Há nisto um certo calvinismo político: Portugal está predesti-nado à salvação, aconteça o que acontecer. É igualmente complicado determinar o que Cavaco é. Cavaco é um político que diz abo-minar políticos. Apela ao consenso e à união e, mal o Governo anunciou a saída limpa, publicou uma azeda provocação aos que pre-viram o segundo resgate, perguntando-lhes o que dizem agora. Previu uma espiral recessiva que não se verificou e agora recrimina quem previu um segundo resgate que não se veri-ficou. Anunciou que preferia um programa cautelar, até porque, como escreveu, “ficando inteiramente à mercê da volatilidade dos mercados o País pode incorrer em custos de regressão elevados”, e agora congratula-se com uma saída limpa.

Aqui, o que é, ao mesmo tempo também não é. Portugal não faz a pergunta de Hamlet: para nós, não se trata de escolher entre ser ou não ser. Estamos ocupados a ser e a não ser, ao mesmo tempo, e isso não levanta questão nenhuma. É um tudo ao molho existencial. Não há tempo para perguntas parvas.