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HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NO PARANÁ : A ESCOLA
NORMAL DE JACAREZINHO (1943)1
GONÇALVES, Estefane Francisca (G-Bolsista PIBIC/CNPq-UENP/CJ)
RUCKSTADTER, Vanessa Campos Mariano (UENP/CJ)
INTRODUÇÃO
O Colégio Estadual Rui Barbosa, fundado no ano de 1938, é uma das
instituições educativas mais antigas do município de Jacarezinho, localizado na região
paranaense denominada “Norte Pioneiro”. A escolha do arquivo da escola ainda se
justifica pela comemoração dos setenta e cinco anos da instituição no ano de 2013, o
que possibilitou amplo acesso à documentação e mobilização da comunidade escolar.
Além disso, o antigo Ginásio Rui Barbosa também abrigou a primeira Escola Normal da
região. O primeiro curso de formação de professores aconteceu em nível ginasial e a
primeira turma iniciou seus estudos no ano de 1943.
As discussões presentes neste texto se inserem nos debates da área da História da
Educação, sobretudo na temática sobre as instituições escolares, e tem como objetivo
apresentar o itinerário de uma pesquisa em arquivos escolares. Partimos do pressuposto
que esse tipo de pesquisa contribui, de forma específica, para a preservação da história e
memória da instituição estudada, bem como da memória local e regional, uma vez que
os estudos sistematizados sobre a História da Educação e das instituições escolares
ainda são escassos em nossa região. Além disso, de modo amplo, intenta contribuir com
a ampliação de fontes para o estudo de parte da História da Educação na região
denominada “Norte Pioneiro”, e, a partir do recorte proposto neste texto, da trajetória
histórica da Escola Normal no estado do Paraná.
Esta pesquisa faz parte dos trabalhos de implantação do “Centro de
Documentação e Pesquisa Histórica da UENP”, que tem como função a preservação do
patrimônio material e cultural da região. Também se insere nas discussões realizadas no
Grupo de Pesquisa cadastrado no CNPq “Preservação dos Bens Culturais: História,
1 Este texto apresenta o resultado final da pesquisa de iniciação científica intitulada “História e Memória
da Instituição Escolar Rui Barbosa E. F. M. P, da Cidade de Jacarezinho, no Estado do Paraná”,
desenvolvida na Universidade Estadual do Norte do Paraná entre agosto de 2013 e julho de 2014 e contou
com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC-CNPQ).
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Memória, Identidade e Educação Patrimonial”. Por fim, o Guia de Fontes elaborado ao
final da pesquisa faz parte do banco de fontes do Grupo de Estudos e Pesquisas
“História, Sociedade e Educação no Brasil”- GT Norte Pioneiro- HISTEDNOPR2.
Para compreender a relevância da pesquisa na área da História da Educação e
das instituições escolares, durante as visitas ao arquivo da escola para a angariação dos
documentos foram realizadas leituras sobre as instituições educacionais e os arquivos
escolares, a fim de subsidiar o trabalho de levantamento e catalogação. Assim, este texto
apresenta inicialmente uma discussão sobre a importância dos estudos sobre as
instituições escolares no contexto da História da Educação. Em um segundo momento,
realiza uma recensão histórica sobre a Escola Normal no século XIX, inserindo nessa
discussão tanto a Escola Normal do Paraná quanto a Escola Normal na cidade de
Jacarezinho. Por fim, apresenta a descrição do trabalho realizado no arquivo do Colégio
Rui Barbosa, sobretudo no que se refere ao levantamento, organização e sistematização
dos documentos abrigados pela instituição.
INSTITUIÇÕES E ARQUIVOS ESCOLARES: POSSIBILIDADES DE PESQUISA
EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
As pesquisas sobre as instituições escolares desenvolveram-se, sobretudo, a
partir da década de 1990. Atualmente se encontra entre as principais linhas de
investigação no campo da história da educação. (SAVIANI, 2013; NOSELLA, 2013).
A pesquisa sobre a história das instituições escolares permite a compreensão da
escola em sua complexidade, pois, por meio dos documentos da instituição e da
constituição de fontes, preserva-se a história da instituição educativa.
O processo de resgate das fontes amplia as possibilidades de
compreensão da História da Educação e da própria história, na medida
em que se relacionam com a totalidade social de cada momento. Não
há outro modo de recuperar e reconstruir a história senão por meio das
fontes, quaisquer que sejam. O fato é que o acesso ao passado depende
essencialmente das fontes, as bases para a produção historiográfica.
2 Disponível em: http://histednopr.blogspot.com.br/2014/08/guia-de-fontes-para-historia-da.html.
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Por isso, tamanha é a importância de localizar, preservar e socializar
essas fontes. (ORSO, 2013, p. 34-35)
As instituições escolares são de suma importância para as pesquisas em
educação. Pesquisar instituições educacionais é uma forma de preservar a história da
instituição, bem como da própria memória regional daqueles que estiveram e estão
inseridos nelas. Além disso, as pesquisas acerca das instituições incentivam os
integrantes da escola e da comunidade a adotarem uma política de preservação dos
documentos e objetos que fazem parte da história da escola e da história da cidade.
Os estudos sobre as instituições educacionais possibilitam o entendimento das
mudanças e permanências no sistema educacional, nas relações entre os integrantes das
escolas em sua relação com o contexto político, social, econômico e cultural no qual ela
foi projetada e consolidada. A partir desses estudos também é possível compreender a
escola como espaço de produção de valores, bem como as relações de ensino e
aprendizagem existentes durante suas etapas de existência.
Quando voltamos nossos olhares para o interior das instituições educacionais,
percebemos que os arquivos escolares são fundamentais para a perpetuação da memória
da instituição, pois guardam os documentos essenciais para a constituição de uma
representação de parte da história da escola,
A História da Educação, enquanto campo de produção do saber
histórico tem pensado o processo histórico-educativo no Brasil a partir
de novos elementos elucidativos. Isso se evidencia pela ampliação e
incorporação de fontes diversificadas, ou, até bem pouco tempo,
exploradas pela ampliação ou revisão de temáticas, mostrando-se uma
maior preocupação na construção dos objetos de pesquisa. (GULLA,
2009, p.21)
Nas pesquisas em História da Educação os arquivos escolares têm se mostrado
um importante espaço de pesquisa. Neles estão guardadas fontes que possibilitam or
meio de questionamentos analisar resquícios de práticas pedagógicas, o modelo
educacional de cada período, as múltiplas relações estabelecidas entre ensino e
aprendizagem, os históricos dos alunos e uma vasta documentação que auxilia na
constituição de saberes sobre a história da instituição estudada. Por meio do acesso a
esses documentos é possível compreender aspectos sociais, econômicos, religiosos,
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culturais, bem como entender o contexto de desenvolvimentos e as fases de existência
da instituição.
Os arquivos e os seus documentos têm adquirido uma importância
crescente no campo da história da educação. Eles possuem
informações que permitem introduzir a uniformidade na análise
realizada sobre os vários discursos que são produzidos pelos actores
educativos-professores, alunos, funcionários, autoridades locais e
nacionais têm representado diversas relativamente à escola e
expressam-nas de formas diversificadas. (MOGARRO, 2005, p.77).
As instituições escolares são guardiãs de toda uma variedade de documentos
essenciais para pesquisas na aérea da História da Educação. Mas muitas indagações
surgem quando se quer trabalhar com pesquisas em arquivos. São elas: as instituições
possuem arquivos escolares? Se houver, onde estão localizados? Quais são as condições
de armazenamento? Em qual estado de conservação encontram-se esses documentos?
Um arquivo escolar sem um mínimo de organização e condição de preservação
acaba por dificultar o trabalho do pesquisador uma vez que ele terá que realizar um
levantamento mais atento para encontrar os documentos necessários para seu trabalho.
Consequentemente, a pesquisa exigirá um pouco mais de tempo, tempo que muitas
vezes é escasso em uma pesquisa. Assim, destacamos a importância de trabalhos que se
ocupem em localizar, sistematizar e catalogar fontes para a socialização das
informações contidas nos arquivos escolares.
Se por um lado os arquivos não organizados afligem os pesquisadores, os
arquivos já organizados também os preocupam, pois a forma como foi organizado pode
direcionar a pesquisa.
O trabalho de organização de acervos é decisivo e de grande
importância para o desenvolvimento da pesquisa. Na medida em que
pudermos contar com um número crescente de instituições de
memória com acervos documentais adequadamente organizados e
dotados de instrumentos que facilitem e agilizem o acesso às fontes, o
trabalho dos pesquisadores será grandemente facilitado com impacto
significativo na qualidade das pesquisas e também na sua quantidade,
uma vez que nessas condições, o tempo de busca e de manipulação
das fontes será fortemente reduzido. (SAVIANI, 2013, p.15)
Dessa forma, a pesquisa em arquivos escolares já organizados contribui muito
com as investigações, porém, os pesquisadores não podem desconsiderar os critérios e
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parâmetros utilizados, pois eles “[...] também podem funcionar como elementos que
predeterminam os rumos de sua investigação.”. (SAVIANI, 2013, p. 15).
Outra questão a ser pensada é a possibilidade de disponibilizar os documentos
digitalizados em arquivos virtuais, que pode ser um mecanismo essencial para guarda
documental da escola. Os documentos que comporiam esse arquivo digital estariam
disponíveis para os alunos, ex-alunos, integrantes e ex-integrantes da escola, para a
comunidade e para os demais pesquisadores interessados na área da História da
Educação e das instituições escolares. Assim, os
[...] historiadores vão defrontando-se, mais e mais, com o uso de
referências documentais digitalizadas em sua prática intelectual. Além
disso, é, de fato, muito cômodo e prático ter á mão, documentos
originalmente de difícil acesso e, muitas vezes, raros que
demandariam tempo enorme para serem consultados. Inclua-se, ainda,
a economia com gastos financeiros a serem empenhados na busca de
um material, de um documento, ou de uma série deles. (VALENTE,
2005, p. 187).
Em resumo, os documentos, tanto em papel como em diferentes suportes,
formatos e tipos documentais, são de suma importância para constituição da história das
instituições escolares e da História da Educação.
A partir disso, e diante de uma vasta documentação presente na instituição onde
a pesquisa foi realizada, foi necessário escolher um período e um tema para ser foco
desse trabalho. A escolha se deu pela implantação da Escola Normal e do Curso de
Formação de Professores anexa ao Ginásio Rui Barbosa no ano de 1943.
ESCOLA NORMAL NO BRASIL: ALGUNS APONTAMENTOS
Para compreender a implantação da Escola Normal em Jacarezinho, antes se faz
necessária a retomada histórica da origem dessas instituições. Os primeiros espaços
formais para a formação de professores no Brasil, as Escolas Normais, surgem no Brasil
no século XIX e passaram por momentos de intensos abalos e instabilidade.
Antes de serem inauguradas as Escolas Normais no território do Brasil, por toda
a Europa do século XVIII houve intensos debates acerca da profissionalização docente.
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A discussão em pauta era o perfil ideal do professor e, sobretudo, a necessidade da
laicização da formação de professores. A figura central do professorado até então era
marcada pelos religiosos e estava sob a tutela da Igreja. A partir daquele momento, os
professores religiosos passaram a ser substituídos por professores contratatos pelas
autoridades estatais:
O processo de estatização do ensino consiste, sobretudo, na
substituição de um corpo de professores religiosos (ou sob o controle
da Igreja) por um corpo de professores laicos (ou sob o controle do
Estado), sem que, no entanto, tenha havido mudanças significativas
nas motivações, nas normas e nos valores originais da profissão
docente. (NOVOA, s.d., p. 15).
Segundo António Nova, ainda no século XVIII surgem outras preocupações,
como as definições de regras uniformes de seleção e nomeação dos professores. Além
disso, a partir desse século não é mais permitido ensinar sem uma licença ou
autorização do Estado. Para adquirir esse documento era necessário preencher alguns
requisitos como habilitações, idade e atestado de bom comportamento. Assim, a licença
para ensinar marcou o início da profissionalização da carreira de professor, pois
significava uma espécie de garantia para o exercício da função de docente.
A criação das Escolas Normais representou uma conquista essencial para o
professorado, embora a carreira do professor ainda estivesse associada à ideia de
vocação.
No território brasileiro oito anos antes da inauguração da 1º Escola Normal foi
promulgada em 15 de outubro de 1827 a Lei de Primeiras Letras que determinou a
criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais
populosos do Império. A partir daquele momento seria necessária a preparação e a
formação de professores aptos para lecionarem nessas escolas. A lei é composta de
dezessete capítulos. Vejamos alguns artigos que fazem menção direta à formação de
professores,
Artigo 4º [...] As escolas serão de ensino mútuo nas capitais das
províncias; e serão também nas cidades, vilas e lugares populosos
delas, em que for possível estabelecerem-se. Artigo 5º [...] os
professores; que não tiverem a necessária instrução deste ensino, irão
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instruir-se em curto prazo e á custa dos seus ordenados nas escolas das
capitais. (BRASIL, 1827).
No decorrer do documento se percebe que pouco é descrito sobre o papel do
professor, o currículo ou a questão da formação dos docentes para lecionar nessas
escolas. Mas podemos observar que o ensino mútuo seria instituído a partir dessa lei no
Império como método oficial.
Alguns anos posteriores à Lei de Primeiras Letras, a Lei nº 16, de 12 de agosto
de 1834, mais conhecida como Ato Adicional de 1834, promoveu algumas alterações e
adições à Constituição Política do Império de 1824. Uma dessas modificações foi a
transferência da responsabilidade da instrução pública para as províncias. Como
podemos observar no artigo 1º e no Art.10:
Art. 1º O direito, reconhecido e garantido pelo art.71 da Constituição
será exercido pelas Câmaras dos Distritos e pelas Assembléias que,
substituindo os Conselhos Gerais, se estabelecerão em todas as
províncias, com o titulo de: Assembléias Legislativas Provinciais.
(BRASIL, 1834)
[...]
Art.10º Compete às mesmas Assembléias Legislar: [...] 2º Sobre a
instrução pública e estabelecimentos próprios a promovê-la não
compreendendo as faculdades de medicina, os cursos jurídicos,
academias atualmente existentes e outros quaisquer estabelecimentos
de instrução que, pra o futuro, forem criados por lei geral. (BRASIL,
1834).
Por meio desses artigos do Ato Adicional de 1834 podemos notar que o
Imperador Dom Pedro II (1825-1891), regente naquele período, autorizava as mudanças
implantadas pela Câmara dos Deputados na Constituição. Dessa forma, a instrução
pública foi transferida como responsabilidade das províncias. Não havia ainda um
sistema nacional de ensino, e em todo território nacional cada província passou a
responder e construir suas próprias instituições.
Nesse contexto as escolas normais foram sujeitas a mudanças e contestações,
algumas delas sendo fechadas e reabertas em curto espaço de tempo. A primeira Escola
Normal do país foi a de Niterói, no Rio de Janeiro, no ano de 1835, e de Minas Gerais
no mesmo ano, dando continuidade nas demais províncias na seguinte ordem: Bahia em
1836, Mato Grosso em 1842, São Paulo em 1846, Piauí, 1864; Rio Grande do Norte,
1873; Paraíba, 1879; Rio de Janeiro (DF) e Santa Catarina, 1880; Goiás, 1884; Ceará
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em 1885; Maranhão, 1890 (SAVIANI, 2008). No caso das províncias de Minas Gerais e
da Bahia, mesmo sendo criadas, não foram rapidamente inauguradas, pois ambas
decidiram enviar para fora do país professores para que pudessem se preparar para usar
o método simultâneo e mútuo, que naquela época era novidade.
Para a admissão nas Escolas Normais, era exigido que os alunos
comprovassem sua moral e os bons costumes, por meio de atestados
que deveriam passar por autoridades locais de residência dos
pretendentes, onde os mesmos seriam em seguida analisados pelos
presidentes de província. Quanto às formas para analisar o
conhecimento dos alunos, pedia-se uma avaliação de escrita e leitura,
sendo assim o perfil esperando de um professor estava mais vinculada
a sua conduta moral, do que propriamente os conteúdos e os
conhecimentos instrutivos, sendo assim; em relação ao povo, percebe-
se também que a finalidade dos dirigentes era muito mais ordenar do
que propriamente instruir. (VILLELA, 2011, p. 107).
A Escola Normal de Niterói no Rio de Janeiro funcionou como um celeiro de
experiências e como importante formadora de professores do Império.
Ainda no que se refere à formação de professores, a Reforma Couto Ferraz
(1818-1886), tem muito a somar para esta investigação. Luiz Pedreira do Couto Ferraz
baixou o Decreto n.1.331-A de 17 de fevereiro de 1854, que aprovou o regulamento
para a Reforma do Ensino Primário e Secundário do Município da Corte.
Ao exercer o cargo de ministro do Império em 1849, adotou o regime de
Professores Adjuntos. Os adjuntos seriam formados na prática, atuariam nas escolas
como ajudantes do regente de classe, aperfeiçoando- se nas matérias e práticas do
ensino. Couto Ferraz acreditava que ao auxiliar o professor regente, os adjuntos
aprenderiam o ofício de professor, dispensando dessa maneira a instalação das escolas
normais, que passaram nesse momento por um período de instabilidade, algumas tendo
suas portas fechadas, como foi o caso da escola de Niterói.
Em relação à formação de professores na prática, algumas questões são
salientadas nos artigos 38 e 39:
Art.38 Estes professores ficarão addidos ás escolas como ajudantes, e
para aperfeiçoarem nas matérias de pratica de ensino.
Art.39 No fim de cada anno de exercício e até o terceiro passarão por
exame perante o Inspector Geral e dous examinadores nomeados pelo
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governo, a fim de se conhecer o grão de seu aproveitamento.
(BRASIL, 1854).
Ao final, se os adjuntos passassem pelo exame, comprovando sua aptidão pelo
magistério, receberiam um título de capacidade profissional.
A Reforma Couto Ferraz serviu de referência para a regulamentação da instrução
pública em muitas províncias, principalmente no que refere à adoção do princípio de
obrigatoriedade do ensino primário. Dentre os dispositivos não implementados,
efetivamente resultou em letra morta aquele que pretendia substituir as escolas normais
pelos professores adjuntos, sendo assim, as províncias deram sequência à criação das
escolas normais. (SAVIANI, 2006).
A Reforma Leôncio de Carvalho, decreto n. 7.247 de 19 de abril de 1879,
reformou o ensino primário, secundário e superior no município da Corte. Muitos
artigos dessa reforma se mostram importantes para a compreensão da formação de
professores propostas na época e que marcou o final do século XIX. A Reforma
Leôncio de Carvalho, diferentemente da Reforma Couto Ferraz, incentivou a abertura
das escolas normais, por meio da regulamentação, nomeação de professores e
determinação de um currículo. Após a reforma de Couto Ferraz surgiram outras
propostas. Apesar de outras tentativas, o último dispositivo engendrado pela política
educacional do Império brasileiro foi a Reforma Leôncio de Carvalho. (SAVIANI,
2006).
Em relação ao público que frequentava a Escola Normal no século XIX, vale
destacar que desde sua criação havia a preferência pela formação de profissionais
homens. Isso não significou que mulheres não pudessem frequentar as escolas,. No
entanto, para elas foram criados cursos separados dos homens e com distinção no
currículo. Esse quadro passaou a se reverter depois de cinco décadas, aproximadamente
nos anos 80 do século XIX, passando por um processo de feminização do magistério.
A procura do magistério pelas mulheres esteve ligada ao crescente número de
vagas, e considerando algumas hipóteses interpretativas, pelo abandono por parte dos
homens desse campo profissional. A transformação histórica do magistério também
esteve imbricada com as alterações nas relações patriarcais que reestruturaram a
sociedade nas primeiras décadas do século XX. O magistério primário trazia em si dois
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determinantes: dava espaço para a inserção no mundo público e no trabalho assalariado
e possibilitava definir em uma profissão os espaços da maternidade canalizada no afeto
para com os alunos. (ALMEIDA, 2006).
A INSTRUÇÃO PÚBLICA E AS ESCOLAS NORMAIS NO PARANÁ
Antes da discussão sobre a Escola Normal em Jacarezinho faz-se necessário
traçar a trajetória de amplos debates acerca da formação de professores no Paraná. Para
uma compreensão histórica da formação docente em território paranaense
consideraremos como fontes especialmente os relatórios dos Presidentes e Vice-
Presidentes da Província do Paraná.
Até 1853 todo o território que correspondeu a Província do Paraná era uma
extensão da Capitania de São Vicente e, posteriormente, da Província de São Paulo.
Para Steca e Flores (2002) as populações que habitavam a região litorânea e dos
Campos de Curitiba viviam na pobreza. Porém, foi dessa região que partiu todo o
sentimento de unidade político-territorial que passou a ser construída no decorrer da
conquista desse território. As populações enfrentavam diversas dificuldades, uma delas
o distanciamento dos governantes e da justiça, e dessa forma, foram feitas inúmeras
reivindicações da população junto ao império para que houvesse a elevação desse
território à condição de Província. Em relação à instrução e aos docentes, as autoras
ressaltam que “[...] faltavam escolas e professores, os poucos que havia, ganhavam
salários baixíssimos.” (STECA; FLORES, 2002, p. 09).
A emancipação da Província do Paraná só ocorreu em 19 de dezembro de 1853,
com a ajuda de pressões feitas por outras províncias, entre elas as de Minas Gerais e
Bahia, que tinham interesse na diminuição do território da Província Paulista. Essa
província em especial era beneficiada com as riquezas naturais e com os solos férteis do
território paranaense. Além disso, a então Província de São Paulo exercia influência
sobre o poder central, uma vez que sua economia girava em torno da produção do café
proporcionando grande poder político.
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A reocupação nos séculos XVIII e XIX do território hoje paranaense ocorreu por
meio dos tropeiros3. Devido às viagens comerciais começaram por se estabelecer em um
determinado território, tendo em um primeiro momento a derrubada das árvores e
depois a construção da fundação de um povoado ou uma vila. Com isso,
O movimento de tropas foi intenso nos séculos XVIII e XIX. A
criação do gado e do tropeirismo desenvolveram-se nos Campos
Gerais de Curitiba e no Sul em função do abastecimento das regiões
mineiras, foi o principal meio de transporte, promoveu o comércio e o
povoamento nas suas rotas. (STECA; FLORES, 2002, p. 22-23).
Os imigrantes também contribuíram para a reocupação do território paranaense,
sendo atraídos em um primeiro momento por propagandas do governo brasileiro, que
diziam que “aqui era o paraíso com grandes chances de se fazer fortuna” (Steca; Flores,
p. 27). E ao chegarem a solos brasileiros eram encaminhados para as diversas fazendas
para trabalharem nas lavouras de café ou destinados à colonização de um território
vazio.
Entre os anos de 1853 e 1889 o Paraná fazia parte das vinte províncias que
dividiam o vasto território do então Império do Brasil. Durante trinta e seis anos de
período provincial o Paraná contou com quarenta e um presidentes.
O território paranaense foi elevado à Província do Paraná e desanexado da
Província de São Paulo no ano de 1853. Em 1876 foi inaugurada sua primeira Escola
Normal, 41 anos após a primeira Escola Normal em Niterói.
Segundo Miguel (2008) as instituições denominadas Escolas Normais nasceram
com o encargo de preparar o docente que iria trabalhar diretamente com o povo, e, dessa
maneira, a formação profissional do professor surge vinculada ao ensino primário.
Os documentos oficiais sejam leis ou relatórios dos presidentes de
Província, e mais tarde dos governantes do Estado, bem como os
relatórios dos inspetores, embora manifestem a visão institucional,
constituem-se como fontes essenciais, sem as quais seria impossível
perceber-se a intenção do poder público referente á formação do
3 Optamos pelo termo reocupação por entender que o território era ocupado por diversas etnias antes do
processo de chegada dos europeus, portugueses e espanhóis. Não faz parte das preocupações desta
pesquisa o aprofundamento nesse debate. Para mais discussões a respeito da tese do “vazio demográfico”
no Paraná ver: (MOTA, 1999).
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professor no processo histórico da educação paranaense. Os relatórios
dos presidentes possibilitam a compreensão mais aproximada das reais
condições escolares da época á qual se reportam, uma vez que era o
professor quem estava diretamente vinculado às questões que
perpassavam sua prática cotidiana. (MIGUEL, 2008, p. 145).
Por meio dos relatórios dos presidentes e vice-presidente da Província do
Paraná, de 1853 a 1889, nota-se o abalo na instrução pública na recém-província do
Império Brasileiro. As Escolas Normais no Paraná, assim como as de outras províncias,
passaram no século XIX por intensos períodos de instabilidade, especialmente a partir
da descentralização consequente ao Ato Adicional de 1834. Podemos apontar alguns
fatores que caracterizaram a condição instável da instrução pública e da formação de
professores no século XIX no Paraná a partir dos relatos dos representantes da
província: falta de um corpo docente habilitado e bem formado; baixo ordenado pago
aos docentes; falta de prédios adequados para o funcionamento das escolas; ausência de
mobílias, utensílios e livros para as escolas; escassez de recursos financeiros, evasão
escolar devido à pouca importância que os pais depositavam na instrução de seus filhos.
A pouca frequência se dava ainda devido à pobreza de muitas famílias, que contavam
com a ajuda de seus filhos para complementar a renda familiar, ao descrédito da
profissão docente, à disseminação da população por um vasto território e à falta de
inspeção geral da instrução.
Porém, a questão mais salientada e discutida nos relatórios é a falta de um
professorado habilitado para instruir a população. Aos professores são atribuídas as
mais diferentes características, quando esses profissionais são mencionados nos
relatórios, aparecem como personagens: a) despreparados, desabilitados necessitando de
formação, b) profissionais mal remunerados, c) professores preparados para o
magistério, mas que não queriam continuar nessa carreira devido o descrédito, d)
profissionais que continuaram nessa carreira por não serem capazes de exercer qualquer
outra profissão. e) professores sem teoria e métodos. Dessa forma, a partir dos relatórios
a visão predominante é a de que esses profissionais eram despreparados para exercer
essa profissão, raras algumas exceções.
Em suma, não podemos esquecer que a Escola Normal foi introduzida na
Província Paranaense em meados da década de 70 do século XIX, e se deparou com as
dificuldades de uma província recém-desanexada, na qual somente a criação da Escola
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Normal não possibilitaria a mudança no quadro educacional da época mencionado pelos
presidentes e vice-presidentes.
A ESCOLA NORMAL EM JACAREZINHO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
A primeira dificuldade encontrada para realizar um estudo histórico sobre o
município de Jacarezinho é a escassez de trabalhos acadêmicos sobre o tema. Assim,
dispomos sobre a história local e de algumas instituições apenas de estudos
memorialistas. Todavia, partiremos dessas fontes e cruzaremos as informações com as
fontes encontradas no arquivo da escola.
Antes de iniciar a apresentação das informações encontradas, faz-se necessário
realizar um breve parêntese acerca do trabalho no arquivo da escola. Imaginava-se que o
colégio Rui Barbosa tinha um arquivo, porém, suas condições de preservação e
organização eram desconhecidas. Durante a elaboração do projeto surgiram algumas
indagações, tais como: Há um arquivo na escola? Se há, como ele está organizado?
Quais as condições? Quais as fontes disponíveis? A partir das visitas para o
levantamento de alguns documentos presentes na instituição, percebeu-se uma
organização mínima, em condições medianas de armazenamento, onde foram
encontrados além dos documentos da escola arquivos de outras instituições que não
existem mais. No arquivo há aproximadamente cerca de 400 caixas, mais alguns
documentos recentes que se encontram empacotados e alguns livros avulsos.
Ressaltamos que a pesquisa somente foi possível devido à disponibilização e acesso ao
arquivo pela direção da instituição.
Após o resultado da aprovação do projeto foram realizadas sucessivas visitas ao
arquivo da instituição e realizado o levantamento dos documentos presentes no arquivo
da escola, bem como a digitalização de alguns deles. Foram necessárias leituras
detalhadas sobre os arquivos escolares e questões teóricas e práticas da arquivística,
para entender um pouco mais sobre esse espaço.
O levantamento dos documentos exigiu um pouco mais de tempo da pesquisa,
além disso, foi necessário enumerar as caixas de documentos do arquivo para a
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confecção do guia e para a própria localização dos documentos. Como no arquivo há
duas prateleiras com sete fileiras, a numeração adotada de acordo com a fileira (F) e
com a caixa (C) exemplo: F1C01 até F1C320. Foi necessário também fotografar alguns
documentos para a elaboração do guia de documentos da instituição.
Os documentos do Colégio Estadual Rui Barbosa, assim como de muitas outras
instituições educacionais, localizam-se no arquivo permanente, conhecido como
“arquivo morto”, em condições inadequadas. “Arquivo morto” é o termo utilizado
dentro de uma instituição (não apenas escolar), que se refere aos muitos espaços em que
encontramos documentos acumulados; banheiros desativados, vãos embaixo de escadas,
quartos de guarda de materiais de limpeza, dispensas dos refeitórios, salas desativadas
próximas a lanchonetes, porões, sala de materiais da fanfarra, “cantos” da biblioteca em
atividade (ou desativada) entre outros. (ZAIA, 2005).
Devido à ausência de local apropriado para a guarda dessa documentação o
arquivo do colégio Rui Barbosa está localizado dentro da sala do almoxarifado, uma
sala pequena diante do número de documentos, juntamente com outros objetos
(monitores, cadeiras, impressora, caixas de sulfite, dentre outros). Merece ser destacado
que, mesmo sem condições de ter um espaço adequado, a escola não descarta nenhum
de seus documentos, e pensam em um local dentro da escola que comporte essa
documentação.
Dentro do arquivo há uma organização razoável dos documentos, esses se
encontram em caixas de papelão. Cada uma traz a descrição dos documentos que a
compõem. Porém, apenas a guarda da documentação não é suficiente, pois ela está à
mercê da deterioração com o passar do tempo. Assim, falta também um profissional
capacitado para a limpeza, organização e cuidado que esses documentos necessitam.
Dando continuidade à trajetória histórica da formação de professores no Paraná,
a ideia de uma Escola Normal em Jacarezinho surgiu a partir de uma conversa entre o
então prefeito João Aguiar e o Interventor Manoel Ribas (1873-1946). Nesse encontro a
proposta da província era dividir o município de Jacarezinho em outras cidades por ser
muito extenso e pouco habitado. O prefeito teria recusado a sugestão e em contrapartida
propôs a criação de uma Escola Normal a fim de promover a vinda de pessoas de outros
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municípios e, dessa maneira, ocupar os limites territoriais do município. O interventor
teria concordado uma vez que “[...] somente com o ordenado dos professores e a
hospitalidade dos alunos de outros municípios irá aumentar muito, pois os terrenos nada
produzem por falta de habitantes” (AIMONE, 1991, p. 05).
No ano de 1943 foi inaugurado o Curso de Formação de Professores anexo ao
Ginásio Rui Barbosa, pelo decreto nº 1.514 de 12 de janeiro de 1943. Para o ingresso no
Curso de Formação de Professores era necessária a apresentação dos seguintes
documentos que comprovavam:
1) _ Ter o candidato concluído o curso de ginásio oficial ou oral de
Escola Normal do Estado então o curso das extintas Escolas Normais
Primárias do Estado;
2) _ capacidade física; 3) _ idoneidade moral; 4) _ ter idade inferior a
30 anos; 5) _ sua identidade; 6) _ recibo da 1ª prestação da taxa anual.
(PARANÁ, 1938, s.p.).
O Certificado de Exames de Licença Ginasial – era o documento que certificava
que os alunos frequentou uma instituição de ensino e foram aprovados em Exame de
Licença Ginasial. O certificado apresenta disciplinas e notas dos alunos. O Atestado de
Idoneidade Moral – era uma declaração feita por duas pessoas que atestam que
conhecia o candidato a ingressar no Curso de Formação de Professores a mais de dois
anos. Que a pessoa era portadora de absoluta idoneidade moral e cívica e que até a
presente data desconhecia a existência de qualquer fato que desabonasse o conceito
atestado.
As Taxa de ensino – eram fichas que comprovam o pagamento das taxas de
anuidades do Curso de Formação de Professores. Já o Atestado de Saúde ou Atestado de
capacidade física – tinha como finalidade examinar as condições de capacidade física e
mental do aluno e se este estava apto para exercer o magistério.
O Curso de Formação de Professores poderia receber alunos de ambos os sexos,
ao aluno era estabelecido uma taxa anual, como podemos observar no Art. 45 do
Decreto nº 6.597 do Regulamento das Escolas de Professores do Estado do Paraná:
Art. 45 _ O aluno fica sujeito a taxa anual de matricula de ... 100$000,
paga em duas prestações _ A 1ª por ocasião da matricula e a 2ª até o
dia 10 de Agôsto.
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§ Único _ Além dessa taxa, os alunos pagarão a importancia de 5$000
mensais, como taxa de frequencia. (PARANÁ, 1938, s.p.)
Nos primeiros anos de funcionamento da Escola de Professores até o ano de
1946, o curso era dividido em quatro seções durante dois anos, os alunos que
ingressaram no Curso de Formação de Professores no ano de 1943, no ano seguinte
haviam concluído o curso de acordo com o Regulamento das Escolas de Professores do
Estado do Paraná e saiam com condições legais de receber o grau de Professor Primário.
De acordo com esse Regulamento, vejamos qual era a finalidade do Curso de
Formação de Professores e quais eram as disciplinas ao longo do curso,
Art. 1.º _ As Escolas de Professores têm por fim: a) formar
professores primários; promover investigações e estudos relativos a
assuntos de educação; c) auxiliar o trabalho de constante
aperfeiçoamento cultural do magistério publico do Estado.
Art. 2º _ O curso da Escola de Professores é feito em dois anos sendo
as matérias ali ensinadas em quatro secções, durando cada uma um
semestre, distribuídas da seguinte fórma:
1ª Secção: (1° semestre) Psicologia geral e infantil; Pedagogia geral;
Metodologia e Pratica de ensino; História da educação.
2ª Secção: Metodologia e Pratica do Ensino; Biologia aplicada á
Educação; Puericultura; Higiene escolar.
3ª Secção: Metodologia e pratica do Ensino; Sociologia Geral;
Sociologia Educacional.
4ª Secção: Metodologia e Pratica do Ensino; Desenho, modelagem e
caligrafia; Trabalhos manuais; Musica e canto orfeônico.
Aulas: Noções fundamentais de agronomia; Educação Física;
Educação Domestica. (PARANÁ, 1938, s.p.)
A partir de 1946 o curso de formação de professores passou de dois anos
divididos em quatro secções para três anos de duração, as disciplinas ficaram divididas
da seguinte maneira: 1º ano: Português, Matemática, Física e Química, Anatomia e
Fisiologia Humanas, História da Música, Educação Física recreação e jogos. 2º ano:
Psicologia Educacional, Biologia Educacional, Higiene e Educação Sanitária,
Metodologia do Ensino Primário, Agronomia, Desenho e Artes Aplicadas e Educação
Física, recreação e jogos. 3º ano: Psicologia Educacional, Sociologia Educacional,
História e Filosofia da Educação, Puericultura, Metodologia do Ensino Prático, Desenho
e Artes Aplicadas, Música e Canto, Economia e Educação Física, recreação e jogos.
De 1943 a 1950 concluíram com condições legais o Grau de Professor Primário
132 discentes: 4 alunos e 128 alunas com faixa etária de 14 a 34 anos. Percebe-se que
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nesse momento na Escola Normal de Jacarezinho, o Curso de Formação de Professores
há mais a presença feminina do que masculina.4
O Curso de Formação de Professores em Jacarezinho permitiu que muitas
pessoas viessem para essa cidade para frequentar a escola normal. A partir da
documentação presente na instituição percebe-se que grande parte desses alunos não
nasceu em Jacarezinho, e que alguns não residiam nessa cidade.
CONCLUSÃO
As escolas normais surgiram no século XIX como um local destinado para a
formação de professores, mas que passaram por períodos de instabilidade. No caso da
Escola Normal de Jacarezinho, o curso de formação de professores surgiu na década de
1940 e adveio da necessidade de atrair novos moradores para a povoação da cidade,
uma vez que possuía baixa densidade demográfica. Em um período de dez anos a
Escola Normal de Jacarezinho formou 132 professores primários com condições legais
para exercerem o magistério. Além disso, foi a primeira escola de formação de
professores da região denominada Norte Pioneiro, e, por essa razão, formou alguns dos
primeiros professores primários do município e da região.
A análise apresentada neste texto é apenas uma parte da história da Escola
Normal de Jacarezinho. A pesquisa sobre a escola normal e o curso de formação de
professores não se encerra nessa investigação. A pesquisa terá continuidade com o
levantamento e catalogação dos documentos referentes à escola normal nas décadas de
1950 e 1960.5 Também haverá um aprofundamento no sentido da análise documental na
pesquisa já em andamento realizada no Trabalho de Conclusão de Curso de História,
que contará com uma discussão sobre a formação de professores a partir da análise das
fichas de matrícula dos alunos. O acesso a essas fichas permitiu avançar em algumas
4 Obtiveram o grau de normalista em 1944: 30 alunas e 1 aluno. Em 1945: 16 alunas e 1 aluno. Em 1946,
20 alunas e 1 aluno. No ano de 1948: 22 alunas e 1 aluno. No ano de 1949: 19 alunas. No ano de 1950:
21 alunas. 5 Trata-se do projeto “Fontes para o estudo da Escola Normal e do Curso de Formação de Professores na
cidade de Jacarezinho, PR”, desenvolvido na Universidade Estadual do Norte d Paraná e que conta com
financiamento da Fundação Araucária na modalidade bolsa de iniciação científica,.
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problematizações, especialmente no que diz respeito ao perfil sócio-econômico desses
alunos, ao significado de um diploma de normalista nas décadas de 1940 a 1960 em sua
articulação com o contexto nacional, regional e local. Esses questionamentos nos
direcionam para futuras pesquisas.
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