história do direito - aula revisão

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 PROF. DANIEL MARTINS VAZ HISTÓRIA DO DIREITO

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Resumo das aulas de história do direito da faculdade Uniplan.

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  • PROF. DANIEL MARTINS VAZ

    HISTRIA DO DIREITO

  • DIREITO DOS POVOS GRAFOS

    As origens histricas do Direito situam-se na

    formao das sociedades e isto remonta a pocas muito anteriores escrita e o que se mostra mais interessante que, dependendo do povo em apreo, esta poca pode-se situar na contemporaneidade, designadamente quando se consideram povos grafos isolados.

  • O Homem um ser gregrio por natureza, o significa dizer que o mesmo tende a viver em grupos. Deste modo, toda e qualquer sociedade se obriga a estabelecer um corpo de regras capaz de reg-la. Assim sendo, presume-se que onde h sociedade deve existir tambm o Direito, como bem asseveraram os romanos na irretocvel mxima latina ubi societas ibi jus.

  • O fenmeno jurdico inerente a todas as culturas e pocas. Deve-se salientar que o Direito est circunscrito s condies prprias de cada perodo histrico e aos inmeros povos que vivem ou viveram neste planeta.

    Os povos grafos basicamente utilizam os costumes como fonte de suas normas, enquanto forma de convvio na sociedade, tornando-se regra a ser seguida.

  • Em sentido tcnico-jurdico, fontes de direito so modos de formao e revelao do Direito, ou seja, o que utilizado como base ou inspirao para o aparecimento de regras e cdigos.

    Em suma, quanto s suas fontes, tm-se, em primeiro plano, os costumes, seguidos de leis no-escritas pela fora da tradio por repeties regulares, do precedente judicirio e, por ltimo, dos provrbios e adgios.

  • As cinco principais caractersticas dos direitos arcaicos ou primitivos resumem-se pelo fato de que estes no so escritos, so numerosos, relativamente diversificados, impregnados de religiosidade e de que os mesmos so direitos em nascimento, uma vez que distingue-se ainda mal o que o jurdico do que no jurdico.

  • DIREITO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL

    As mais antigas codificaes que permearam a histria da humanidade surgiram na regio da bacia da Mesopotmia, regio extremamente frtil localizada entre os rios Tigre e Eufrates. Deve-se frisar que foi exatamente nessa regio que surgiram e declinaram alguns dos maiores imprios que o mundo conheceu, por isso mesmo foi nesse lugar que surgiram as primeiras manifestaes de Direito escrito, mormente o Cdigo de Ur-Nammu, as Leis de Eshnunna e o Cdigo de Lipit-Ishtar.

  • O Direito Penal constituiu-se como o principal ramo dos povos da Antiguidade Oriental, considerando que as normas criminais eram ferramentas teis coeso do grupo social, sendo de destacar a crueldade da maioria das penas aplicveis poca.

    A mais clebre de entre todas as codificaes da Antiga Mesopotmia veio a lume com as escavaes realizadas no incio do sculo XX na Fortaleza de Susa. Escrito em caracteres cuneiformes justapostos num grande macio de pedra diorita, estava registrado o Cdigo de Hamurabi.

  • Quanto s caractersticas de sua codificao, esta segue o mesmo padro das colees jurdicas tpicas da Antiguidade Oriental. As penas so igualmente severas e envolvem, no raro, as mutilaes.

    A conhecida pena de talio aqui recorrentemente adotada em diversas oportunidades, tendo sido transposta com a finalidade de pr termo a eventuais vinganas extremadas.

  • Nota-se tambm a previso no seu bojo de penas pecunirias, que determinavam o pagamento de certas quantias variveis em razo da gravidade do delito praticado. Tambm poderiam ser aplicados ordlios, que se consubstanciavam numa infinidade de prticas adivinhatrias que tinham como objetivo verificar a inocncia ou culpabilidade do indivduo. No que concerne ao Direito Civil, o cdigo do monarca da Babilnia destaca-se por contemplar algumas modalidades bem variadas de contratos e transaes.

  • DIREITO NA NDIA ANTIGA O Cdigo de Manu reflete de forma muito clara o modo de

    organizao da sociedade hindu. As leis de Manu deixam assente o extenso rol de privilgios gozados

    pela casta dominante dos brmanes, uma elite sacerdotal muitssimo influente.

    Neste sistema, os sudras e todos aqueles tidos como prias e indesejados na sociedade, encontravam-se muitas vezes margem da lei, que eram auferidos com extensa vantagem pelos brmanes, ou membros de outras classes bem situadas socialmente com os ksatriyas (guerreiros) e os varsyas (comerciantes e demais sacerdotes menores em hierarquia).

    A noo jurdica da ndia Antiga condensa-se na palavra dharma, que se define como dever e tem reflexos neste complexo sistema de castas.

  • Para os hindus a religio da ndia Antiga consubstanciava-se no Vedismo, que vem de Veda, cujo significado se traduz pela soma de todo o conhecimento.

    Trata-se da religio que antecede o Bramanismo que dominou a ndia posteriormente e, que sobrevive, at hoje juntamente com outras religies.

  • O Vedismo apoia-se na crena da reencarnao e, atravs desta, os hindus puderam basear e firmar a sua estrutura social e jurdica.

    O Cdigo de Manu um reflexo da diviso da sociedade em castas, nessa medida, demonstra uma clara influncia da religiosidade patente nesse contexto.

  • DIREITO HEBRAICO

    O Direito Hebraico ou Mischpat Ivri consiste num conjunto de regras e preceitos de carter religioso que encontra seu alicerce nos fundamentos dogmticos de carter monotesta arvorados pelos antigos Hebreus. Trata-se de um Direito profundamente adstrito ao sagrado, pois credencia sua primeira fonte de inspirao a uma revelao divina.

  • O Tanach, equivalente ao Antigo Testamento, traduz-se como um todo, na essncia doutrinria que orienta o esprito da cultura hebraica, sendo na Torah que conserva o cerne da legislao.

    Alm disso, a essncia do Direito Hebraico manifesta-se, com todo o vigor, nos enunciados contidos no Declogo ou Dez Mandamentos, porquanto a tica hebraica ali se consuma na plenitude dos seus propsitos teolgicos por intermdio de leis apotdicas positivas e negativas.

  • Destarte, o Declogo o eixo principal que norteia e sustenta a prpria filosofia do Direito Hebraico. Dentre todas as exegeses possveis desenvolvidas no decorrer dos sculos por geraes de estudiosos, sabe-se que os famosos dez preceitos tm permanecido absolutamente inclumes a eventuais divergncias, como se fossem uma lei que, graas sua singeleza, alcanou a perpetuidade e o consenso geral entre a comunidade judaica e crist.

  • O Talmude (estudo/aprendizado) fruto da vigorosa tradio oral judaica, principalmente, aps a longa disperso ocorrida e em larga escala a partir de 70 d.C. Trata-se de um estudo que congrega a essncia da cultura judaica. O grande objetivo de seus artfices consiste em conciliar as prescries normativas da Torah com os ensinamentos e as interpretaes que tornem aplicvel.

    Existem dois talmudes, o da Palestina e o da Babilnia, o segundo e mais completo foi concludo no sc. V, sendo resultado das mltiplas compilaes realizadas pelos rabinos judeus.

  • O Direito Talmdico decorrente do Talmude, assumindo uma importncia que extrapola o universo cultural e histrico, pois sob o prisma jurdico serve de fonte para o conhecimento do Direito.

  • DIREITO ROMANO

    A contribuio das gentes que floresceram no Lcio para o desenvolvimento do Direito difcil de ser mensurada. Em Roma, pela primeira vez em toda a histria da humanidade, a apreciao sui generis do fenmeno jurdico passou a ser redimensionada por completo, assumindo, progressivamente, contornos ou ares cientficos.

    Com efeito, foram os romanos que desenvolveram com renomada maestria no campo da teoria, os mais importantes e principais institutos jurdicos que conhecemos na atualidade, notadamente, no mbito do Direito Privado.

  • A Lei das Doze Tbuas resultou de uma comisso de decnviros que receberam a incumbncia de elaborar leis gerais para Roma, o que veio a ocorrer entre 451 e 450 a.C.

    A importncia histrica da Lei das Doze Tbuas tornou-se incontestvel a partir da verificao de que, este corpo de leis, reflete uma das primeiras iniciativas no sentido de reduzir a escrito, todo o Direito existente desde a fundao de Roma, fazendo com que este passasse a ser de conhecimento pblico.

  • Os jurisconsultos, principalmente, no perodo clssico do Direito Romano, foram personagens da mais profunda importncia para o desenvolvimento do Direito.

    A principal caracterstica e qualidade destes operadores do Direito traduzia-se pelo estudo profundo e sistemtico do ordenamento jurdico vigente.

  • As atividades dos jurisconsultos consistiam em emitir pareceres jurdicos sobre questes prticas que lhes eram apresentadas (respondere), instruir as partes as partes sobre como agirem em juzo (agere) e orientar os leigos na realizao de negcios jurdicos (cavere).

    Os jurisconsultos exerciam essa atividade gratuitamente, pela fama e, evidentemente, para obter um destaque social, o que os ajudava a galgar os cargos pblicos da magistratura.

  • Em sentido tcnico-jurdico, fontes de direito so modos de formao e revelao do Direito, ou seja, o que utilizado como base ou inspirao para o aparecimento de regras e cdigos.

    O costume consubstanciou-se como a mais antiga fonte de Direito em Roma, sendo chamada pelos romanos de consuetudo, ou mores.

    A palavra Lex tinha um significado mais amplo do que o atual termo lei, inserindo-se no mbito de uma deliberao de vontade com efeitos obrigatrios. Tnhamos a Lex Rogatae, a Lex Data e os plebiscitos destacadamente.

    Outras importantes fontes eram as atividades dos jurisconsultos, os editos dos magistrados, constituies imperiais e senatus-consultos, tendo a importncia de cada uma delas variado em consonncia com o momento histrico da trajetria jurdico-poltica de Roma.

  • O acmulo de experincias jurdicas colecionadas durante a longa histria de Roma converge para o Corpus Iuris Civilis de Justiniano. O Imperador foi consagrado em 527 d.C. e, logo depois, torna pblica a ideia de empreender uma grandiosa obra jurdica que enseja a compilao de todo o Direito Romano desenvolvido at ento.

    O Codex, o Digesto, as Institutas e as Novelas sintetizam o clebre monumento jurdico intitulado Corpus Iuris Civilis, cuja importncia histrica se revela inequvoca, mais tarde, em face do renascimento do Direito Romano se ter processado a partir do sculo XII com a Escola de Bolonha ou dos Glosadores.

  • O Codex corresponde a uma espcie de novo corpo de leis para o Imprio inspirado nas constituies promulgadas desde ento.

    O Digesto composto por um conjunto de citaes dos mais famosos jurisconsultos romanos de todos os tempos.

    As Institutas surgiram com a preocupao de criar algo que se aproximasse de um manual de Direito Privado para os nefitos.

    A ltima seo diz respeito coletnea de novas leis, ou seja, as constituies promulgadas durante o perodo de Justiniano, da o nome Novelas.

  • IDADE MDIA

    A Idade Mdia compreende um longo perodo que se estende do ano 476, com o declnio do Imprio Romano do Ocidente, ao ano de 1453, marco cronolgico assinalado pela queda de Constantinopla.

    Neste longo decurso de tempo, foram muitas e vultuosas as transformaes perpassadas pelas diversas sociedades no continente europeu.

  • Com efeito, neste extenso perodo histrico e repleto de transformaes incontveis surgiram inmeras manifestaes jurdicas como parte de um processo longo e complexo. Entrelaam-se no trajeto de construo das percepes jurdicas europeias: os direitos germnicos, o Direito Romano aplicvel s gentes romanizadas e o Direito Cannico, indelevelmente ligado Igreja Catlica.

    Alm disso, temos ainda o Direito Feudal, caracterizado pelo contrato feudo-vasslico. A tpica pea do contexto feudo-vasslico consubstanciava-se em Investidura, F e Homenagem, num mbito fortemente conotado com uma intensa ritualstica.

  • No que concerne ao aspecto marcante no Direito dos povos germnicos, pode-se afirmar que tinham um Direito essencialmente consuetudinrio, marcado pelos costumes.

  • FEUDALISMO

    Feudalismo uma palavra fortemente carregada de um peso negativo, estando muito ligada ideia de terra (feudo) e de sobrevivncia.

    O feudalismo baseia-se numa questo de Direito, em um contrato, pois a concesso de um feudo era feita atravs de um ligao contratual pela qual o senhor e o vassalo contraam obrigaes recprocas. Para contratar eram necessrios alguns ritos e formalidades que deveriam ser cumpridos por ambas as partes.

    Trata-se de um contrato pessoal entre um homem que ser o vassalo e outro homem que ser o senhor, por isso atravs dos rituais, ambos um pblico fazem promessas recprocas dentro de um cerimonial.

  • As cerimnias aludidas tinham o nome de Investidura, F e Homenagem. A Homenagem um ato de auto-entrega, no qual o vassalo coloca-se nas mos do senhor e para que isso seja eficaz ele precisa expressar verbalmente este desejo. Neste contrato era necessrio tambm que se obtivesse da parte do vassalo o juramento de fidelidade, razo da concesso do feudo, denominando-se F, geralmente feito com a colocao da mo sobre o Evangelho. A Investidura consubstanciava-se do benefcio, do feudo ao vassalo, mormente atravs de um objeto simblico.

  • DIREITO INGLS

    No plano das origens histricas, trs sistemas legais concorrentes devem ser considerados. O primeiro deles (The Mercen Lege) formado por um conjunto de leis desenvolvidas pelos mais antigos habitantes da ilha, regras essas que se encontravam profundamente mescladas aos costumes druidas, parte do Direito dos celtas. A segunda categoria abarca as leis saxnias, em voga na parte setentrional da ilha, na parte ocidental, de Kent a Devonshire. A terceira espcie de leis estava circunscrita ao Direito Dinamarqus, observado nas terras centrais e na costa oriental.

  • A formao do Sistema da Common Law ocorreu entre 1066 e 1485, tendo sido consolidado pelos Tribunais de Westminster, que produziram as primeiras colees jurisprudenciais da histria inglesa fontes constitudas pela emisso de decises amparadas nos costumes.

  • O fundo tradicional do Direito Ingls no a lei escrita, o costume imemorial e ao costume que o juiz ingls, na ausncia de texto votado pelas assembleias parlamentares, deve ir procurar a regra aplicvel aos fatos da causa, esta regra existe algures, assim est admitido ou supe-se. No Sistema da Common Law, o que alcana proeminncia no so as statutes laws, mas sim o Direito consuetudinrio imemorial presente em cada deciso jurisprudencial.

    Em suma, Common Law apresenta-se como um Direito Jurisprudencial forjado no precedente judicirio, que corresponde em sua origem ao costume imemorial, consagrado e perpetuado pela jurisprudncia