higienização das mãos no ambiente hospitalar: modalidades
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Higienização das mãos no ambiente hospitalar: modalidades e
infraestrutura recomendada para essa prática
Hand hygiene in the hospital environment: modalities and infrastructure
recommended for this practice
Pedro Márlon Martter Moura1
Fernanda Sant’Ana Tristão2
Maria Elena Echevarría-Guanilo3
Adrize Rutz Porto4
Treici Marques Lecce5
Ana Dias do Amaral dos Santos6
1Enfermeiro. Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em enfermagem pela Universidade
Federal de Pelotas. Rio Grande do Sul. Brasil. E-mail: [email protected] 2Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente da Universidade Federal de Pelotas. Rio Grande
do Sul. Brasil. E-mail: [email protected] 3Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Docente
da Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, Brasil. E-mail:
[email protected] 4Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Docente da Universidade Federal de Pelotas. Rio Grande do Sul. Brasil. E-mail:
[email protected] 5Enfermeira. Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Rio Grande do Sul.
Brasil. E-mail: [email protected] 6Enfermeira. Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Rio Grande do Sul.
Brasil. E-mail: [email protected]
RESUMO
Realizou-se uma revisão narrativa com o objetivo de esclarecer as distintas formas de
Higienização das Mãos e suas respectivas indicações, e compilar as principais recomendações
nacionais acerca da infraestrutura hospitalar para essa prática. Foram selecionados nove
documentos, sendo quatro deles manuais técnicos, sendo três publicados pelo Ministério da
Saúde e um pela Organização Mundial da Saúde, e mais três portarias e duas resoluções do
Ministério da Saúde que respondiam aos objetivos da pesquisa. Ao final da análise identificou-
se que os distintos documentos encontrados possuíam recomendações importantes acerca da
infraestrutura e das modalidades recomendadas para a prática da Higienização das Mãos no
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ambiente hospitalar. Destaca-se que tais esclarecimentos se fazem necessário para que o
procedimento possa ser realizado corretamente nesses espaços e, desta forma, garanta uma
assistência segura nesses espaços.
Palavras-chave: Infraestrutura. Higiene das mãos. Arquitetura Hospitalar. Unidades
Hospitalares.
ABSTRACT
A narrative review was carried out with the objective to clarify the different forms of Hand
Hygiene and their respective indications, and to compile the main national recommendations
on the hospital infrastructure for this practice. Nine documents were selected, four of which
were technical manuals (three published by the Ministry of Health and one by the World Health
Organization), and others of Ministry of Health three ordinances and two resolutions that
responded to the research objectives. At the end of the analysis it was identified that the
different documents found had important recommendations about the infrastructure and the
modalities for the practice of Hand Hygiene in the hospital environment. It should be noted that
such clarifications are necessary so that the procedure can be performed correctly in these
spaces and, in this way, guarantee a safe assistance in these spaces.
Keywords: Infrastructure. Hand Hygiene. Hospital design and construction. Hospital units.
INTRODUÇÃO
As Infecções Hospitalares – Ihs são condições existentes mundialmente e caracterizam-
se por apresentarem uma alta incidência, principalmente em países subdesenvolvidos. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, as IHs são responsáveis por acometerem
1,4 milhões de pessoas em todo mundo por dia (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).
No Brasil estima-se que elas atingem pelo menos 15% dos pacientes hospitalizados,
chegando ao número de 100 mil novos casos/dia (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 2010; TRIPPLE; SOUZA, 2011; NANGINO et al, 2012).
Nesse sentido, é relevante refletir sobre medidas que auxiliem na redução da incidência
de IHs, bem como do tempo de internação hospitalar e dos custos relacionados a elas para os
sistemas de saúde. Entre as medidas, especialmente as de baixo custo, encontra-se a
Higienização das Mãos - HM como principal medida de prevenção.
O controle das IHs depende basicamente do bloqueio da cadeia de transmissão que se
dá primariamente por meio da HM dos profissionais de saúde que prestam a assistência, haja
visto que as mãos são o principal veículo de transmissão de micro-organismos patogênicos no
ambiente hospitalar sendo, ainda, responsáveis pela disseminação das infecções cruzadas entre
o atendimento de um paciente e outro (LUMA et al, 2012; RODRÍGUEZ et al, 2012).
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Todavia, mesmo com todas as evidências positivas acerca dos benefícios da HM para o
controle das IH e todo o envolvimento da OMS para melhorar a segurança do paciente, a HM
ainda permanece com baixa adesão na maioria dos serviços de saúde no mundo, alguns com
taxas de 0%. A parcela que de instituições que apresentam adesão acima de 80% é muito
pequena, e não há, até o momento, taxas de adesão em torno de 100% (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2009; PRIMO et al., 2010; OLIVEIRA; PAULA, 2011; SILVA et al.,
2013; MOTA et al., 2014).
Uma das razões que justificam essa baixa adesão à HM nas instituições hospitalares se
referem a falta de conhecimento dos profissionais de saúde, principalmente por não saberem
identificar as diferentes modalidades empregadas para a HM e o momento adequado para
exercê-las. No entanto, a infraestrutura inadequada ou insuficiente das unidades de saúde, como
a ausência dos equipamentos necessários - pias, lavatórios, dispensadores de sabões em locais
apropriados - e a indisponibilidade dos insumos como sabão, água, papel-toalha e antissépticos,
corresponde o marco da baixa adesão à HM (BRASIL, 2009).
Diante dessas considerações, esta revisão narrativa teve por objetivo esclarecer as
distintas formas de HM e suas respectivas indicações, e compilar as principais recomendações
nacionais acerca da infraestrutura hospitalar para essa prática.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura. Segundo Galvão e Pereira (2014) com a
narrativa é possível obter-se uma análise das diversas posições acerca de uma
situação/problema, o que resulta na capacidade de pensar e discutir acerca de um tema. Este
tipo de estudo permite que sejam estabelecidas relações entre um determinado tema ao longo
da história e também ajuda na construção de novas perspectivas sobre o assunto, diferindo da
revisão sistemática por não utilizar de meios criteriosos na busca dos documentos e por utilizar
o universo subjetivo em sua avaliação. Deste modo, realizou-se o levantamento da bibliografia
disponível acerca do tema e, posteriormente, a coleta dos dados e informações contidas nos
documentos selecionados.
Os documentos foram recrutados nas páginas eletrônicas de órgãos oficiais - Ministério
da Saúde - MS, Organização Mundial da Saúde - OMS e Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANVISA, no período de agosto a dezembro de 2016, utilizando as palavras
higienização das mãos, no campo de busca.
Realizou-se uma leitura exploratória e seletiva para verificar o conteúdo abordado pelos
materiais, avaliando se as informações obtidas em cada um contemplavam informações
inerentes aos objetivos propostos por este estudo.
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De acordo com essa leitura, foram selecionados nove documentos, sendo quatro deles
manuais técnicos - três publicados pelo MS e um pela OMS, e mais três portarias e duas
resoluções do MS que respondiam aos objetivos da pesquisa. Os documentos encontrados
foram publicados entre os anos de 1995 a 2011, perfazendo o período de 20 anos entre a
publicação do documento mais antigo para o mais atual.
A partir dos documentos selecionados, foi realizada uma leitura crítica e interpretativa
das informações, relacionando os achados dos manuais e resoluções com o objetivo desta
pesquisa. Foram elaboradas duas categorias reflexivas e descritivas dos dados: conceitos e
modalidades de higienização das mãos e contextualizando a infraestrutura recomendada para a
higienização das mãos em unidades hospitalares. Utilizou-se como método a análise temática
de conteúdo que, segundo Cavalcante, Calixto e Pinheiro (2014), trata-se de um método
utilizado para aprofundar o conhecimento de determinado assunto e permitir a criação de novas
abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação.
RESULTADOS
Conceitos e modalidades de higienização das mãos
A HM é um procedimento sistemático que tem por finalidade, de uma forma geral, a
remoção da sujidade, suor, oleosidade, pelos e células descamativas da microbiota da pele, com
a finalidade de interromper a transmissão de infecções veiculadas ao contato reduzindo as
chances de infecções causadas pelas transmissões cruzadas (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2009).
No passado, a concepção de HM estava unicamente relacionada ao processo da lavagem
das mãos propriamente dita, mas devido à complexidade deste processo, os termos “lavagem
das mãos” e “higienização das mãos” foram reconfigurados, uma vez que a lavagem das mãos
compreende um dos passos de todo o processo de HM que engloba a higienização das mãos, a
higienização antisséptica, a fricção antisséptica e antissepsia cirúrgica das mãos (BRASIL,
2009).
A higienização das mãos é o termo genérico aplicado ao processo de higienização com
água e sabão. É indicada para quando houver presença de fluídos corporais ou sujidade visível
nas mãos; no início e no fim da jornada de trabalho; antes e após a utilização do sanitário, antes
e após as refeições; antes do preparo de alimentos; antes do preparo e administração de
medicamentos; antes e após contato com pacientes portadores de Clostridium difficile; e após
várias aplicações de preparação alcoólica (BRASIL, 2010).
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A higienização antisséptica é o termo utilizado para o processo de lavagem das mãos
com um agente antisséptico associado ao sabão, indicado antes do contato com paciente com
germes multirresistentes.
A fricção antisséptica das mãos corresponde à aplicação de uma substância alcoólica
com a finalidade de reduzir a carga de microrganismos; esta técnica extingue a necessidade de
enxague em água e a secagem com papel toalha ou outros equipamentos. Deve ser utilizada
para as situações em que não há sujidade visível nas mãos, empregada nos seguintes casos:
antes do contato com o paciente, antes da realização de procedimentos e manipulação de
dispositivos invasivos, antes e após a utilização de luvas de procedimento, após risco de
exposição à fluídos corporais, ao mudar a superfície corporal avaliada do paciente, de um local
contaminado para um local limpo e após contato com objetos e superfícies próximas ao paciente
(BRASIL, 2010).
E a antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos refere-se à técnica
recomendada antes de procedimentos altamente invasivos, como as cirurgias (BRASIL, 2010).
Contextualizando a infraestrutura recomenda para a higienização das mãos em unidades
hospitalares
No que se refere à infraestrutura do ambiente hospitalar, a HM depende basicamente da
simultaneidade de duas situações: a disponibilidade de equipamentos e de insumos, de forma
contínua e em boas condições para o uso.
Em relação aos equipamentos, os lavatórios e pias são constituem os principais para a
HM, devendo estes estarem dispostos em todos os locais onde os profissionais prestam
assistência, além do posto de enfermagem e dos banheiros de uso pessoal dos profissionais.
Algumas particularidades devem ser observadas acerca da utilização dos lavatórios nos serviços
de saúde, por exemplo, os lavatórios disponíveis nos banheiros não devem ser utilizados para o
profissional higienizar as mãos imediatamente antes de entrar em contato com o paciente, mas
sim, apenas após utilizar o sanitário. Ainda, os lavatórios destinados à HM dos profissionais de
saúde não devem ser os mesmos utilizados para dar banho nos neonatos nas maternidades; estes,
todavia, devem possuir lavatórios próprios, exclusivos para banho (BRASIL, 2007).
Existem diferentes tipos de lavatórios, cada um com características e indicações
diferentes. O lavatório propriamente dito é o equipamento destinado exclusivamente para a
HM. Suas dimensões e formatos podem variar, desde que possua uma profundidade suficiente
para que os profissionais possam lavar as mãos sem encostar nas bordas do equipamento ou na
torneira. Fica à critério da instituição inserir os lavatórios em bancadas ou não, pois não há
interferências na qualidade da HM em ambos os casos (BRASIL, 2009).
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Um outro tipo é a pia de lavagem, equipamento destinado preferencialmente para a
lavagem de utensílios mas que, na ausência de lavatório específico para a HM, pode ser
utilizada para esta finalidade. Também possui formato e tamanho variados (geralmente na
forma de retângulo ou quadrado), porém sempre deverá estar inserida em uma bancada
(BRASIL, 2009).
Tem-se, ainda, o lavabo cirúrgico, que se refere ao equipamento exclusivo para a HM
no preparo pré-cirúrgico. Deve ter profundidade e largura maior que os demais equipamentos,
pois deve subsidiar uma eficaz assepsia das mãos e dos antebraços. Para lavabos que possuem
apenas uma torneira as dimensões mínimas devem ser de 50 cm de largura, 100 cm de
comprimento e 50 cm de profundidade. Se houver necessidade de inserir uma nova torneira o
equipamento deve ter acrescentado em seu comprimento 80 centímetros (BRASIL, 2009).
Ressalta-se que a disponibilidade dos lavatórios e pias não é suficiente por si só, a
quantidade e a localização destes devem ser suficiente e adequada, respectivamente, conforme
a RDC n° 50 da Anvisa, de 21 de fevereiro de 2002 que define para: I- Quarto ou enfermaria:
um lavatório externo servindo para quatro quartos individuais ou duas enfermarias com
múltiplos leitos; II- Ambientes destinados à preparação de alimentos e mamadeiras: um
lavatório para cada ambiente; III- Berçários: Um lavatório para cada quatro berços; IV-
Ambientes destinados à realização de procedimentos de reabilitação e coleta laboratorial: um
lavatório para cada seis boxes; e V- Unidade destinada ao processamento de roupas: um
lavatório na área suja – banheiro e um lavatório na área limpa (BRASIL, 2002).
Além disso, a mesma resolução refere que deve existir um lavatório para a HM dos
profissionais anterior à entrada de cada quarto ou enfermaria, ou então dentro de cada
quarto/enfermaria, devendo ser independente do banheiro do local (BRASIL, 2002).
A OMS também se posiciona quanto a disponibilidade de lavatórios e pias internamente
às enfermarias, recomendando em seu guia para a Implementação da Estratégia Multimodal
para Melhoria da HM que deve ter uma pia para cada 10 leitos, deste modo, complementando
a resolução da ANVISA (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).
Ainda se tratando dos lavatórios, conforme as recomendações do MS para a arquitetura
hospitalar na prevenção das infecções as torneiras devem ser, preferencialmente, acionadas por
comando através dos pés ou outros meios, sendo capaz de liberar as mãos e preservá-las de
contaminação (BRASIL, 1995).
A presente recomendação visa diminuir a recontaminação das mãos dos profissionais
após a lavagem das mãos, fato este que ocorre logo após os mesmos terem as higienizado,
principalmente ao utilizarem as mãos para fechar a torneira.
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Uma das soluções propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária é a
disponibilidade de torneiras com acionamento automático, acionadas sem as mãos, que é uma
forma de evitar que os efeitos da HM sejam antagonizados pela contaminação através dos
germes presentes nos comandos manuais das torneiras (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010).
Quanto aos dispensadores de sabão e de álcool, estes equipamentos são responsáveis
por armazenar e manter a qualidade dos insumos estocados de forma que representa um
equipamento de suma importância para a qualidade da prática de HM. É necessário que haja
uma revisão sistemática e rotineira destes equipamentos, haja visto, que algumas precariedades
comumente observadas nestes dispositivos, como rachaduras e gatilhos quebrados, corroboram
para a contaminação do insumo (BRASIL, 2009).
Algumas recomendações são importantes de serem seguidas nos serviços de saúde para
que seja evitado a contaminação dos sabonetes e antissépticos por meio dos dispositivos. A
limpeza deve ser realizada nos casos de dispensadores não descartáveis utilizando-se para esta
a fricção com água se sabonete líquido, seguida do período necessário para secagem, e
desinfecção por meio de álcool etílico à 70%, no mínimo uma vez por semana, sendo que a
limpeza interna dos mesmos deve ser realizada sempre no momento da troca do refil do sabão
(BRASIL, 2009).Vale ressaltar que não se deve completar o conteúdo do recipiente antes do
término do produto, devido ao risco de contaminação (BRASIL, 2009).
Uma apresentação bastante comum de dispensadores nos serviços de saúde no Brasil
são as almotolias, recipientes do tipo frasco que dispensam fixação na parede. Acerca destes
não há regulamentações disponíveis quanto à sua proibição ou autorização nas unidades
hospitalares (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009). A substituição
das almotolias por dispensadores deve ocorrer tão logo possível, no entanto, caso sejam
utilizados esses dispositivos para a HM é necessário atentar para algumas recomendações
visando o controle de infecções dos mesmos, como identifica-los com o tipo de solução
estocado (sabão ou álcool), data e validade após o envase (SANTA CATARINA, 2004).
É importante ressaltar que se as almotolias estiverem contaminadas tem-se uma fonte
de infecção hospitalar diretamente relacionada com a HM. Desta forma, as almotolias devem
passar por processo de desinfecção toda vez após o término da solução estocada (OLIVEIRA
et al, 2009).
No que diz respeito ao porta papel-toalha o material de fabricação deve ser
preferencialmente o plástico, ou qualquer outro que não sofra oxidação e que apresente
facilidade para limpeza.
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Sua localização deve estar disposta em um local próximo à pia/lavatório, porém,
assegurado de que o mesmo não receba respingos de água e sabão. A limpeza destes
dispositivos deve ocorrer diariamente no momento da realização da limpeza terminal, com água
e sabão seguido de desinfecção com álcool a 70%. A reposição do papel toalha deve ocorrer
neste mesmo momento, de forma a ser suficiente até a próxima limpeza terminal, no dia
seguinte (BRASIL, 2010).
Em se tratando da lixeira para descarte do papel utilizado a mesma deve ser de material
que apresente fácil acesso à limpeza. Deve estar disposta próximo às pias e ou lavatórios não
sendo necessário a existência de tampa. Caso o serviço de saúde opte por uma lixeira com
tampa, a mesma deve disponibilizar de um sistema de abertura que não utilize as mãos para ser
acionado, visto que o contato das mãos com a tampa aumenta as chances de contaminação
(BRASIL, 2009).
Vale ressaltar que o uso de secador elétrico não é recomendado para o processo de
secagem das mãos, uma vez que o mesmo pode se tornar um local de crescimento e proliferação
dos micro-organismos. Além disso, raramente o tempo correto de secagem é obedecido e o
acionamento do dispositivo nem sempre acontece na primeira tentativa (BRASIL, 2009).
Os secadores de mão à jato de ar são ótimos secadores devido à velocidade com que o
ar é liberado, todavia, por esse mesmo motivo as gotas de água com microorganismos são
lançadas a maiores distâncias, principalmente nos arredores dos lavatórios, além de possibilitar
a fixação destes microorganismos suspensos no ar por horas, ou até mesmo por dias (BEST;
PARNELL; WILCOX, 2014).
Outro benefício do papel toalha se estende à capacidade de secar as mãos em menos
tempo, em média são utilizados apenas 11 segundos para secagem total das mãos. Além disso,
o papel ajuda na remoção final da sujidade das mãos, sendo mais eficaz nesse aspecto que as
toalhas de algodão e o secador elétrico (RAMOS; FILHO; LOBO, 2009). Este produto deve
apresentar boa propriedade de secagem das mãos, apresentar boa aparência estética e não liberar
resíduos ao entrar em contato com a pele. A preferência é que o papel-toalha esteja disposto em
bloco, com as folhas separadas entre si, folha por folha, possibilitando assim o uso individual
(BRASIL, 2007).
É importante que as condições dos dispositivos para a secagem das mãos sejam
adequadas visto que esta corresponde a última etapa do processo de HM. Assegurar que a
secagem das mãos seja realizada de forma correta, bem como o descarte do papel após o uso
garante a efetividade de todo o processo anterior a ela, efetivando a descontaminação das mãos.
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Uma outra importante questão a ser mensurada para a realização da HM é a
disponibilidade de insumos. Em relação à HM os insumos necessários são: água, sabão, agentes
antissépticos, em geral o álcool e papel-toalha.
A despeito da água utilizada para a HM é importante frisar que a sua qualidade é de
suma importância para a efetividade da HM. Neste sentido, esse produto deve estar em
conformidade com a portaria do MS nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 que estabelece
diversos procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da
água.
A água utilizada para a HM deve ser considerada potável, isto é, precisa apresentar três
elementos de referência: pH mantido na faixa de 6,0 a 9,5, o teor máximo de cloro residual livre
em qualquer ponto do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L e concentrações de ferro e
manganês que não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L, respectivamente (BRASIL, 2011).
É importante que a água utilizada para a HM se apresente nessas condições de qualidade
para que, associada ao sabão, tenha a capacidade de eliminar os microorganismos das mãos.
Em relação ao sabão, a preferência para os serviços de saúde é a utilização do sabão
líquido, tipo refil, uma vez que este garante menor risco de proliferação de micro-organismos
(BRASIL, 2007). Este insumo está regulamentado pela RDC nº 481, de 23 de setembro de 1999
que estabelece os parâmetros de controle microbiológico e níveis de aceitabilidade de micro-
organismos nos insumos para a HM (BRASIL, 1999).
Tão importante quanto o sabão temos os agentes antissépticos recomendados para a HM.
Esses insumos são substâncias biocidas destinados a impedir o crescimento de microrganismos
em tecidos vivos, pele e mucosas, enquanto desinfetantes são agentes utilizados para eliminar
microorganismos de artigos e superfícies, podendo apresentar ação esporostática - depleção de
bactérias com esporos, dependendo de algumas condições de uso e tipo de agente (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2009).
Os principais antissépticos utilizado nos serviços de saúde seja de forma conjunta com
sabões ou isolados, são: Álcoois, Clorexidina e o Triclosan (BRASIL, 2007). No entanto, vale
ressaltar que recentemente a Food and Drug Administration - FDA, órgão dos Estados Unidos
referente à ANVISA no Brasil, proibiu a utilização do triclosan na composição dos sabonetes
antibacterianos. De acordo com a instituição reguladora o produto tem sido responsável por
aumentar a resistência bacteriana, além de apresentar modificações hormonais e até mesmo
alguns tipos de cânceres (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, 2016).
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No Brasil, porém, a ANVISA ainda não se manifestou acerca do assunto, e o produto
continua sendo comercializado e utilizado, nem tanto nos hospitais, mas sim entre a população
de um modo geral.
Já o álcool, em concentração de 60-80%, é o produto antisséptico mais utilizado que
tem sua eficácia comprovada frente a sua atividade bactericida e fungicida no processo de HM.
No entanto, concentrações acima de 80% são menos potentes, pois a grande quantidade de
proteína encontrada nas altas concentrações do álcool não se desnatura com facilidade sem estar
associado à água, tornando-o incapaz de exercer sua função antisséptica (BRASIL, 2009).
No Brasil, em 2010, a ANVISA publicou a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº
42 com o intuito de reafirmar a utilização das preparações alcoólicas nos serviços de saúde,
independentemente do grau de complexidade da unidade ou setor de saúde, tornando a
utilização desse produto obrigatória (BRASIL, 2010).
Quanto à disponibilidade das preparações alcoólicas nos serviços de saúde, a RDC
determina, no artigo 5º a obrigatoriedade do produto: I - nos pontos de assistência e tratamento
de todos os serviços de saúde do país; II - nas salas de triagem, de pronto atendimento, unidades
de urgência e emergência, ambulatórios, unidades de internação, unidades de terapia intensiva,
clínicas e consultórios de serviços de saúde; III - nos serviços de atendimento móvel; e IV –
nos locais em que são realizados quaisquer procedimentos invasivos (BRASIL, 2010, s/p).
Em relação à localização dos dispensadores contendo a preparação alcoólica, a RDC
salienta, no artigo 6º, a obrigatoriedade dos mesmos: I - à beira do leito do paciente, de forma
que os profissionais de saúde não necessitem deixar o local de assistência e tratamento para
higienizar as mãos; e II - em lugar visível e de fácil acesso (BRASIL, 2010, s/p).
DISCUSSÃO
É importante que o conhecimento acerca das diferentes propedêuticas aplicadas à HM
seja constantemente disseminado no ambiente hospitalar para que os profissionais saibam
identificar a técnica correta a ser utilizada em cada momento da assistência em saúde.
A importância de se diferenciar os métodos empregados no processo de HM se dá, ainda,
no sentido de evitar a operacionalização incorreta da prática, ou seja, impedir que a HM com
água e sabão deixe de ser realizada nas ocasiões em que é obrigatória para ser higienizada
apenas com antisséptico, ou inversamente. Porém, para a realização de cada técnica é necessário
ter-se as condições básicas, entre elas a disponibilidade de uma infraestrutura organizada e
funcionante que garanta o acesso aos equipamentos e insumos.
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Já a importância das recomendações acerca da infraestrutura para a HM se justificam
pelo fato de a adesão à prática ser maior quando o acesso aos equipamentos e insumos é
ampliado.
Como exemplo, pode-se citar o estudo realizado por Boyce (2001) que verificou que há
um aumento na adesão à lavagem das mãos com água e sabão de 51% (quando a proporção de
lavatório é de um para cada quatro leitos) para 76% (quando a proporção de lavatório é de um
para cada um leito).
Do mesmo modo, a localização dos lavatórios também é discutida como fator de
relevância para a adesão à HM. De acordo com Deyneko et al (2016) a distância entre a zona
do paciente e a pia de lavagem das mãos interfere no cumprimento da prática. Em seu estudo,
realizado num hospital terciário de 637 leitos no Canadá, ele observou que a adesão dos
profissionais à lavagem das mãos era maior quando a pia de lavagem se encontrava próximo à
zona do paciente.
A disponibilidade dos antissépticos, mais precisamente da preparação alcoólica,
também é um ponto chave na infraestrutura hospitalar para a HM visto que a maior parte das
vezes a realização da HM deve ser feita através desse produto. Tal qual se obtém o aumento da
adesão à HM com uma oferta maior de lavatórios, o mesmo acontece em relação à oferta de
dispensadores de álcool. Um estudo realizado num hospital de Brasília mostrou que ao serem
disponibilizados dispensadores de álcool para os 304 leitos da instituição, a adesão à HM que
antes era de 12%, aumentou para 42% (MENDES et al., 2013).
O uso da preparação alcoólica tem sido, ainda, mais recomendado em detrimento à
lavagem com água e sabão, visto que é comprovado que a contagem bacteriana das mãos é
marcadamente reduzida após a higiene com esta substância (SALMON, et al, 2014).
Diante disso, vale ressaltar uma alternativa sustentável que tem sido aplicada por um
hospital universitário brasileiro para o aumento da disponibilidade de dispensadores de álcool.
Com o intuito de diminuir os gastos relacionados com a infraestrutura para a HM a instituição
desenvolveu um método economicamente positivo para aumentar a oferta desses dispensadores
e se adequar às recomendações da ANVISA.
O hospital, juntamente com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
criou dispensadores de álcool através da reutilização de garrafas pet de 500 ml. A estratégia
tem dado certo desde 2015, além de contribuir com a redução dos gastos com dispensadores de
álcool. Enquanto um dispensador convencional custa R$ 17,00, o dispensador feito com a
garrafa pet custa R$ 3,87, ou seja, uma economia de R$ 13,13 por cada dispensador
(GUARABYRA, et al, 2015).
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Ressalta-se que a oferta de dispensadores de álcool aumenta as estações para a HM e,
desta forma, disponibiliza maior acesso para os profissionais. Além disso, vale ressaltar que a
HM realizada com álcool requer menor tempo gasto pelos profissionais com a prática e,
portanto, torna-se melhor tolerada pelos profissionais em detrimento à higiene com água e
sabão. Nisso também se justifica a necessidade de se aumentar a oferta de dispensadores de
álcool nas unidades hospitalares, uma vez que se tem maior adesão através da fricção com
substância alcoólica (CANIZA, et al, 2009).
Outro fato importante a ser considerado é a qualidade dos insumos para a HM. Essa
questão é uma das mais difíceis de ser discutidas, principalmente porque a compra dos mesmos
também envolve investimento financeiro das instituições de saúde que, muitas das vezes, têm
seus recursos financeiros limitados.
Todavia ressalta-se a importância que estes insumos têm no processo de HM, sendo eles
os responsáveis pela ação propriamente dita de erradicar os microorganismos das mãos.
Diante disso, torna-se interessante discutir sobre uma nova forma de apresentação do
sabão para HM: o sabão espuma. Os dispensadores deste tipo de sabão também apresentam
menor custo às instituições, uma vez que, ao dispensar a substância o faz já na forma de espuma,
reduzindo a quantidade de sabão a cada vez que o profissional lava as mãos (NATIONAL
PURITY, 2016).
As adequações da infraestrutura para a HM se fazem necessária para a garantia da
adesão a essa prática por todos os envolvidos no cuidado (profissionais, funcionários,
acompanhantes de pacientes e mesmo os próprios pacientes). Garantir condições de
infraestrutura adequada e suficiente para a prática da HM é o primeiro passo para promover a
adesão à tal.
Pensando sob a ótica da segurança do paciente, a higienização das mãos deve ser
garantida, pelo menos, através da fricção das mãos com preparação alcoólica, quando na falta
ou dificuldade de acesso aos lavatórios. Para isso, se faz necessário que as instituições
disponibilizem e, ainda mais, aumentem a oferta de dispensadores de preparação alcoólica nas
unidades hospitalares.
Ressalta-se, ainda, a necessidade de os gestores dos hospitais se adequarem às
recomendações vigentes, pois as mesmas são de suma importância para a garantia da adesão à
HM que, por múltiplos motivos – sendo um deles as condições insatisfatórias de infraestrutura
– permanece com baixa adesão quando mensurada em estudos.
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CONCLUSÃO
A compreensão da importância da Higienização das Mãos para o controle das IHs se faz
necessário para que os profissionais de saúde saibam utilizar corretamente dessa prática.
Espera-se que o resultado desta pesquisa possa oportunizar aos profissionais de saúde da área
hospitalar bem como aos gestores do serviço um acesso mais facilitado às principais
recomendações da HM que estão atualmente em vigor, de forma que os mesmos não precisem
recorrer a diversos materiais em diferentes fontes para possíveis esclarecimentos em relação às
indicações e à infraestrutura para a HM.
Também, espera-se que esta revisão vislumbre novos estudos a respeito da infraestrutura
hospitalar para a prática da HM.
Como limitações para este estudo ressalta-se a pouca produtividade das pesquisas na
avaliação estrutural do ambiente hospitalar em relação às condições necessárias para a HM, o
que torna difícil a compreensão acerca da realidade existente e, logo, a implementação de
estratégias para enfrentar o problema.
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Recebido em: 01/03/2017.
Aceito em: 04/08/2017.
Publicado em: 25/08/2017.