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Fonte de informação valiosa para a elaboração das demonstrações financeiras do exercício que se encerra em 31 de dezembro de 2010. www.pwc.com/br Guia 2010/2011 Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa

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Fonte de informação valiosa para a elaboração das demonstrações financeiras do exercício que se encerra em 31 de dezembro de 2010.

www.pwc.com/br

Guia 2010/2011 Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa

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Guia 2010/2011 Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa

Este documento está disponível para consulta e download no site: www.pwc.com/br

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PricewaterhouseCoopers Demonstrações financeiras e sinopse legislativa: guia 2010/2011 / PricewaterhouseCoopers. – [20. ed.] - São Paulo : PricewaterhouseCoopers, dez. 2010. 136 p.

Conteúdo: Apresentação: Fernando Alves; Contexto Econômico: A economia brasileira diante de novos desafios: mais crescimento, com estabilidade, inclusão social e sustentabilidade; Contexto Normativo: Reflexões para a preparação das demonstrações financeiras; Contexto Tributário: Reforma tributária, verdades e mitos;Sinopse Normativa: Nacional (CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN, SUSEP, PREVIC e IBRACON) e Internacional (IASB e FASB); Navegador Contábil, Manual de Contabilidade; Sinopse Legislativa: Tributos e Contribuições Federais, Estaduais e Municipais, Comércio Exterior, Outros Assuntos, Atos do Poder Judiciário; Evolução histórica de índices e taxas de câmbio.

Inclui CD Rom: “Guia 2010/2011 - Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa- Checklist de Divulgação IFRS/CPC - 2010”

1. Demonstrações financeiras 2. Sociedades anônimas – Demonstrações financeiras 3. Empresas - Demonstrações financeiras. I. Título.

CDU: 657.372(81)(036)

Índices para catálogo sistemático

1. Brasil : Sociedades anônimas : Demonstrações financeiras 347.725(81)2. Brasil : Empresas : Demonstrações Financeiras 347.728.1(81)3. Brasil : Contabilidade : Demonstrações financeiras 657.372(81)4. Brasil : Contabilidade : Demonstrações financeiras : Guia 657.372(81) (036)

© 2010 PricewaterhouseCoopers Brasil. Todos os direitos reservados. Neste documento, “PwC” refere-se à PricewaterhouseCoopers Brasil, firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited, constituindo-se cada firma membro da PricewaterhouseCoopers International Limited pessoa jurídica separada e independente.

Permitida a reprodução desde que citada a fonte.

Dezembro, 2010

PwC - Centro de Documentação

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 3

Apresentação

Fernando AlvesSócio Presidente PwC - Brasil

O Guia Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa da PwC chega à 20ª edição. Todos os anos, há duas décadas, uma equipe selecionada da PwC – Brasil, formada por profissionais das áreas de auditoria e de consultoria tributária e societária se dedica a compilar, analisar e comentar as instruções, deliberações, normas e leis relativas ao processo de preparação de demonstrações financeiras que sofreram alterações ou foram instituídas durante o exercício social pertinente. Tal trabalho culmina com a publicação do Guia Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa. Além das questões técnicas, o trabalho ainda traz comentários de especialistas sobre o cenário econômico, tributário e normativo no País.

Para oferecer uma análise sobre o Contexto Macroeconômico atual e as perspectivas para o próximo ano,

convidamos o renomado economista Paulo Rabello de Castro. Sob sua ótica, em 2010 provamos que é possível crescer com estabilidade. O equilíbrio agora depende da conciliação entre a continuidade do crescimento, a manutenção do controle da inflação e a crescente prosperidade para todas as camadas da sociedade. O principal desafio de nosso país, complementa, é de ordem institucional, especialmente no que se refere à reforma do sistema tributário e redução do chamado custo Brasil.

Os diversos aspectos e as variáveis envolvidas na alentada reforma tributária são apresentados no Contexto Tributário com enorme propriedade pelo ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. Entre outros pontos de reflexão, o tributarista destaca a importância de uma profunda discussão sobre o tamanho e a natureza do Estado como base para uma reforma tributária.

Nas sinopses Normativa e Legislativa compilamos resoluções, pronunciamentos, normas, medidas e decretos instituídos ou modificados ao longo deste ano. Complementamos tal compilação com interpretações e comentários de nossos especialistas visando facilitar a compreensão e a avaliação dos possíveis desdobramentos dessas normas na preparação das demonstrações financeiras.

IFRSA elaboração das demonstrações financeiras com base no novo padrão contábil brasileiro, por sua vez referenciada pelo chamado padrão IFRS (International Financial Reporting Standards), para o exercício a findar em 31 de dezembro de 2010 é o grande desafio neste momento. Chegou a hora de colocar em prática o novo conjunto de normas que vem sendo discutido e analisado nos últimos anos por órgãos reguladores, membros do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), analistas, auditores, associações de empresas de capital aberto, acadêmicos e demais especialistas.

Além do correto entendimento da essência das mudanças, há o desafio de aplicá-las com clareza, diferenciando as mudanças provocadas pelo desempenho do negócio no decorrer do ano e aquelas advindas da mudança do padrão contábil. Nesse sentido, na seção Contexto Normativo, apresentamos as nossas reflexões acerca da preparação, dos impactos e das demais consequências da aplicação das novas normas contábeis baseadas em IFRS no ambiente empresarial brasileiro.

A ênfase do IFRS em princípios, em detrimento de uma abordagem mais normativa, traz para o processo de aplicação de princípios contábeis uma dimensão mais ampla e, nesse sentido, demanda maior consideração para informações sobre a estratégia, a doutrina e prática de governança corporativa, a política de riscos e gestão de recursos, os aspectos de atuação ambiental, bem como a consideração de elementos de performance empresarial para o setor ou segmento econômico específico da entidade. Itens essenciais para o melhor entendimento do negócio e de seu desempenho, assim como de seu potencial futuro.

A maior amplitude e transparência de informações se refletirão em maior confiança dos investidores não só em nossas empresas, mas em nosso país e, em consequência, demonstrações financeiras melhor preparadas e com mais conteúdo informativo e de análise.

A PwC – Brasil, cônscia de seu papel como líder no seu segmento de atuação, com essa publicação pretende disseminar conhecimento e oferece uma contribuição à melhoria da qualidade das demonstrações financeiras no nosso país.

Fernando AlvesSócio PresidentePwC - Brasil

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 5

Sumário

Contexto

Econômico A economia brasileira diante de novos desafios: mais crescimento, com estabilidade, inclusão social e sustentabilidade 6

Normativo Desafios e possibilidades decorrentes da preparação, em novos padrões, de demonstrações financeiras 14

TributárioReforma tributária, verdades e mitos 20

Sinopse

Normativa1. Nacional - CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN, SUSEP, PREVIC e IBRACON 262. Internacional - IASB e FASB 603. Navegador Contábil 784. Manual de Contabilidade 82

Legislativa 1. Tributos e Contribuições Federais 842. Tributos Estaduais e Municipais 1003. Comércio Exterior 1024. Outros Assuntos 1035. Atos do Poder Judiciário 105

Evolução de taxas de câmbio, índices de inflação e juros 1. Taxas de câmbio 1182. Índices de inflação 1203. Taxas de juros 124

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Contexto Econômico A economia brasileira diante de novos desafios: mais crescimento, com estabilidade, inclusão social e sustentabilidade

Paulo Rabello de CastroEconomista, vice-presidente do Instituto Atlântico chairman da SR Rating e sócio-diretor da RC Consultores.

“O desafio que se apresenta ao Brasil no período pós-Lula é continuar conciliando aceleração do crescimento com inflação sob controle e crescente prosperidade para todos.”

1. 2010: bom avanço marca o fim da era Lula

Uma vez superados, ainda em 2009, os principais obstáculos impostos à economia brasileira pela crise internacional, o ano de 2010 vem mostrando que é possível, sim, crescer com estabilidade. Com o excelente desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado enxerga um crescimento na faixa de 7,5% em 2010. Devemos, contudo, sempre qualificar este avanço, relativizando-o em função da base deprimida da produção em 2009, quando o País zerou a taxa de expansão do PIB na esteira da crise. A média de crescimento no biênio 2009-10 se situa, portanto, na faixa de 3,7% ao ano, que reflete o ritmo do produto potencial brasileiro.

O desafio que se apresenta ao Brasil no período pós-Lula é continuar conciliando aceleração do crescimento com inflação sob controle e crescente prosperidade para todos. Esta equação de equilíbrio macroeconômico exigirá maior taxa de investimento, superando a marca de 20% do PIB, taxa ainda não alcançada em nenhum dos anos passados após a estabilização da nossa moeda em 1994. Para estimular o investimento nos próximos anos, o setor privado precisa reter mais lucros não tributados, reinvestindo-os, e o setor público tem que fazer o dever de casa de controlar melhor seus gastos correntes para poder aumentar sua despesa de capital. O desafio é de ordem institucional, pois a estrutura tributária brasileira atual é incompatível com o avanço pretendido. Os tributos no Brasil devem ser reformulados integralmente, com coragem para simplificar, inovar e tornar o sistema completamente transparente aos contribuintes que arcam com a carga tributária. A despesa pública deve ser controlada pelo efetivo desempenho de metas de governo, aferidas setorialmente a cada ano, ou seja, pela verificação da produtividade do gasto e da eficiência de cada projeto governamental.1 (G1)

1 A respeito desse desafio de maior eficiência do setor público, ver o estudo, em dois volumes, de Paulo Rabello de Castro e Raul Velloso, Panorama Fiscal Brasileiro: Proposta de Ação, Fecomercio, 2010.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 7

Em 2010, vimos a taxa nacional de desemprego cair para 6,2% até setembro - o ponto mais baixo desde 2003, que é o início dessa série histórica. Em doze meses até setembro de 2010, ante o mesmo mês do ano anterior, o País gerou mais 816 mil vagas de trabalho formais, ocupando mais 762 mil pessoas, e pagando, em média, um salário mensal de R$ 1.499,00 - avanço de quase R$ 100,00 por trabalhador, já descontada a inflação do período. As repercussões social e política de tais marcas positivas no emprego e na renda não podem ser minimizadas. Elevou-se a confiança do grande público no futuro pessoal e da coletividade. E com a maior confiança veio a forte expansão dos gastos de consumo, acompanhada do crescente e rápido endividamento de extratos mais amplos da população. (G2) O crédito pessoal, principalmente o consignado, avançou 24% em agosto de 2010 ante a posição de doze meses anteriores. O crédito habitacional, a mercê dos esforços concentrados do governo nessa área, com novos programas, em destaque o Programa Minha Casa, Minha Vida, iniciado em plena crise em 2009, fez a oferta de recursos explodir em 51%, em igual período. Também avançaram fortemente os financiamentos para compra de bens duráveis, com ênfase na venda interna de automóveis e utilitários. Todos esses importantes avanços, mais a atuação agressiva do BNDES na concessão de créditos para investimentos, acumularam um expressivo aumento do estoque total de créditos na economia brasileira que, pela primeira vez, em sua modernidade, registra a marca de 50% do PIB, no volume geral de empréstimos na economia brasileira. (G3) Um impulso de consumo dessa natureza não se concretiza sem importantes consequências. Uma delas é o maior comprometimento da renda dos brasileiros no longo prazo. Em 2010, a capacidade de gastar dos brasileiros aumentou quatro vezes mais em função do avanço do crédito do que pelo aumento da massa salarial. O crédito devido hoje pelas famílias brasileiras já envolve um valor correspondente a 15 vezes seu ganho salarial de 2010. Pela primeira vez, o Brasil atinge patamares perigosamente altos de endividamento pessoal de longo prazo, o que exigirá muito mais cuidado e sintonia fina nas políticas públicas.

G1. Crescimento dos Gastos Correntes e da Receita Líquida da União

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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 E

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Receita Líquida Gastos CorrentesFonte: Tesouro

G2. Massa Real de Rendimentos Mensais*

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2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 P 2011P

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Fonte: IBGE (*) Valores reais em base mensal (Jan/2008=100) (P) Projeção RC Consultores

G3. Evolução do crédito

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Total Crédito Habitacional BNDES Crédito PessoalFonte: Bacen

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O comentário anterior evidencia também a crescente disfunção da política doméstica de juros. Desde a instituição do sistema de metas de inflação, o Banco Central opera a taxa de juros como reguladora da demanda interna, em geral com extremo conservadorismo em virtude, principalmente, de uma desconfiança crônica na política fiscal do governo. O peso enorme dos juros como encargos financeiros do governo tem sido um desdobramento negativo dessa política de frear a expansão do consumo privado, quando não se refreia o gasto corrente da máquina pública. Outra consequência é a instabilidade na rolagem das dívidas privadas, especialmente das famílias, algo que se agravará se no horizonte aparecer uma nova crise externa a ser enfrentada. É natural que o Banco Central seja conservador. (G4)

Mas elevar os juros além do que seria razoável pela equiparação dos juros externos mais risco-país torna o Brasil mais vulnerável a crises financeiras. O desdobramento mais perigoso da prática de juros altos demais é convidar uma quantidade excessiva de recursos de curto prazo a ingressarem no País buscando rentabilidade extra no mercado financeiro, implicando em pressão vendedora intensa de moedas estrangeiras e na valorização imoderada do real. O poder de competição da indústria nacional, já normalmente fragilizado pelo alto “custo-Brasil”, se desmonta com a valorização contínua da nossa moeda. O resultado do balanço de pagamentos em conta-corrente passa a ficar cada vez mais negativo, como vem ocorrendo em 2010 de modo intenso. (G5)

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Projeção

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G4. Juros básicos

Acumulado em 12 meses - US$ bilhões

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Projeção

Fonte: Bacen(P) Projeção RC Consultores

G5. Transações correntes

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A semelhança da situação vivida no período FHC, com o déficit crescente da balança em conta-corrente, e a posição deficitária atual, ao final do governo Lula - como mostra o gráfico 5 (G5) -, dá conta de um desequilíbrio que não é só no setor externo da economia, mas reflete, sobretudo, o desequilíbrio fiscal interno. O governo gasta muito, mas o pior é que gasta muito mais do que arrecada, provocando um excesso de demanda na economia, não coberto por oferta doméstica. Pelo contrário, o excesso de demanda derivado do excesso de gasto de governo é fechado por acentuada expansão das importações. Estas são subsidiadas pelo juro alto doméstico, que financia o gasto público com emissão de dívida interna. E de que forma surge esse subsídio? Pela maciça entrada de dólares que acorrem ao mercado doméstico para aproveitar o juro alto e o câmbio que se valoriza. (G6)

Em resumo, a propensão a gastar do governo cria curiosas repercussões: 1. rebaixa o poder de competição de produtos nacionais; 2. subsidia os importados com moeda local valorizada; 3. favorece a justificativa da manutenção de juro muito alto; 4. favorece a expectativa de valorização do real; 5. aumenta o encargo financeiro suportado pelos tributos dos contribuintes; 6. aumenta a propensão ao déficit futuro pelo custo de rolagem de uma dívida pública majorada.

Tudo indica, portanto, a essencialidade da tarefa de a próxima administração mudar a sua política financeira, enxugar o déficit fiscal e desonerar o contribuinte.

2. A persistente crise mundial: da ressaca dos déficits públicos à guerra cambial

O principal desdobramento da crise internacional, a maior e mais grave desde a Grande Depressão dos anos 30, é a perda de capacidade de consumo de amplos segmentos da sociedade capitalista ocidental. Nos chamados “países de economia avançada”, as quedas apuradas no PIB não refletem integralmente a intensidade do recuo do consumo. Com a confiança muito abalada, os consumidores norte-americanos e europeus sentem-se contingenciados a refazer seus planos de poupança e de aposentadoria, alargando a parcela da renda corrente dedicada a não gastar e, sim, reforçar as debilitadas aposentadorias. (G7)

G6. Dívida bruta do governo

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IB

Fonte: Bacen

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O governo americano contra-atacou a recessão, desde 2008, com sucessivas medidas de sustentação da renda e do consumo. A mais importante e óbvia medida - a redução a quase zero da taxa de juros - não rendeu o efeito que tivera na recessão de 2001, quando Alan Greenspan conseguiu ressuscitar o consumo por meio desse expediente, trazendo a taxa a 1%, mas plantando a grande bolha imobiliária que se sucedeu. Desta vez, o mercado mal se mexeu. Em 2010, a administração Obama percebeu que pouco restava também dos efeitos do enorme pacote fiscal de estímulo de US$ 787 bilhões lançado no ano anterior. Os recursos injetados pela área pública estão circulando muito devagar na economia americana porque os bancos, fragilizados ou quebrados em sua maioria, relutam em emprestar. O nível de crédito, em termos absolutos, cai (!) desde o início da crise. A construção de casas novas está estancada no nível mais baixo das décadas recentes. Por isso, o governo anuncia o que chama de novo “afrouxamento monetário” - “Quantitative Easing 2” no jargão local - que autoriza o Fed a socorrer mais bancos, comprar mais títulos de recebimento duvidoso no mercado e adiar o ajuste no nível de capitalização do sistema bancário. Num contexto tão adverso, a principal economia do mundo patina e sua moeda desce ladeira abaixo. Alguns países, como o Brasil, deixam que esse efeito de valorização “passiva” ocorra com sua moeda, o real. Porém, a China não. Esta alega que sairia prejudicada no emprego de sua extensa mão de obra. E deixa sua moeda deslizar para baixo com o dólar. (G8)

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Set/10

Fonte: Fed St. Louis

G7. Índice de confiança do consumidor nos EUA - evolução mensal

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 11

O ambiente internacional passou a ser de disputa comercial e cambial, como fora previsto por vários especialistas, ainda em 2009. O protecionismo entre nações também grassou nos anos 1930, na Grande Depressão. Muitos apontam essa deterioração da cooperação internacional como um dos elementos alimentadores das ditaduras de direita e de esquerda, além do detonador da 2ª Guerra Mundial. Ainda que tal cenário não seja auspicioso, talvez nem provável neste momento, é bom refletir sobre seus desdobramentos possíveis, se quisermos alinhar premissas realistas do futuro.

As agências multilaterais, com o FMI à frente, torcem pela recuperação das economias ditas avançadas e pela manutenção de um forte crescimento entre os emergentes, especialmente os BRICs, e neles, especialmente a China e a India. Este é mais um bom desejo do que um bom cenário para 2011. No gráfico 9 (G9) se vê a comparação entre os cenários 2011, para o crescimento mundial e de países diversos, do FMI em cotejo com os do Banco JP Morgan e da RC Consultores. Estamos bem menos otimistas do que o FMI, embora acompanhando a fixa de projeções do banco.

G8. Valorização nominal de câmbio: moedas nacionais/dólar

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JapãoChina

Brasil

ChileEuro

Argentina

México

Fonte: Bacen

Queda do índice significa valorização

2009 2010 2011 2010 2011 2010 2011

Produto mundial -0,6 4,8 4,2 3,2 2,5 3,6 2,9

Economias desenvolvidas -3,2 2,7 2,2 1,9 1,5 2,3 1,9

Estados Unidos -2,4 2,6 2,3 2,4 1,8 2,6 2,4Euro área -4,1 1,7 1,5 1,1 1,1 1,7 1,5Japão -5,2 2,8 1,5 1,8 1,2 3,0 1,1Reino Unido -4,9 1,7 2,0 1,0 1,2 1,7 2,2

Economias emergentes 2,5 7,1 6,4 6,2 4,8 6,9 5,7

Rússia -7,9 4,0 4,3 3,6 2,6 4,3 4,7China 9,1 10,5 9,6 9,4 7,8 9,8 8,6Índia 5,7 9,7 8,4 7,7 7,0 8,3 8,5Brasil -0,2 7,5 4,1 7,2 3,8 7,5 4,5

JPMorganFMI RC

PIB (%)

G9. Comparação entre os cenários

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Num mundo ainda afetado pela crise de consumo e em que há pouco espaço para estímulos fiscais adicionais devido aos vultosos déficits públicos, parece pouco provável que os EUA sejam tão bem-sucedidos no seu QE2. É mais provável que outros países NÃO se coordenem com o afrouxamento monetário americano, sendo esse o caso de vários países europeus, inclusive a Inglaterra, que vem anunciar um programa audacioso de austeridade fiscal. Depararemos, assim, com uma “guerra cambial”, termo empregado para conotar a recusa de valorização excessiva de moedas cujos países andem mais rápido em seu ajuste fiscal e comecem a crescer na frente do demais. A falta de sincronia na política econômica mundial não é só por conta da China. Também tem influência a taxa de juros muito baixa que permite e estimula a especulação com commodities agrícolas e minerais. Neste aspecto, o Brasil, forte produtor de commodities, tal como Austrália e Canadá, tem sido beneficiário da alta de preços que já forma uma segunda bolha, prestes a estourar em 2011 ou, no mais tardar, em 2012. (G10) É impressionante como os preços de commodities não recuaram, e sim, avançaram em relação às medias mensais pré-crise. Esse fator de preços altos tem sido decisivo para fechar no azul o saldo comercial brasileiro, mas é bom não contar com esse efeito prolongadamente. A mãe desse processo de alta continuada é o baixo custo das transações financeiras que lastreiam as operações dos hedge funds, comprados nesses papéis. Quando muda a maré, o cenário se complica para os produtores. É a bolha estourando. (G11)

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Set/10

Fonte: RC Consultores(P) Projeção RC Consultores

Agropecuários: 2x mais

G11. Índice RC de Preços de Commodities em US$*

Minerais e florestais: 4x mais

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Set/10

G10. EUA - base monetária

Fonte: Fed

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 13

3. 2011: O cenário externo influencia e define a sorte do cenário interno

O problema fiscal norte-americano não permitirá soluções fáceis ou rápidas. A dívida federal americana negociada no mercado pode se aproximar de 100% do PIB em poucos anos se a questão fiscal permanecer no limbo como está. Os estados e as municipalidades estão, muitos deles, quebrados, assim como fundos de pensão de servidores públicos. Esse quadro vem determinando que os swaps (tipo de seguro secundário de títulos) da dívida federal americana estejam encarecendo no mercado, refletindo desconforto crescente dos investidores quanto à qualidade desses papéis. Tal desconforto já fora prognosticado na atribuição de uma primeira nota de risco AA para o Tesouro dos EUA pela agência brasileira SR Rating, em maio de 2009. Um ano depois, os chineses, pela agência chinesa Dagong, atribuíram a mesma nota, que não é uma nota máxima “triplo A”. Essa mudança reflete uma quebra de paradigma. O mundo começa a se redefinir em termos de poder e influência econômica.

Enquanto isso, na Europa, a dívida pública, tradicionalmente mais alta devido aos esforços pós-guerra, superou o limite de 60% do PIB estabelecido no Tratado de Maastricht em vários países; os de 70% e 80% em alguns países, patamar a partir do qual pesquisadores já apontam efeitos negativos; e o de 100% em outros países comprometendo as taxas de crescimento de longo prazo. Dada a rigidez do sistema econômico europeu, essas situações devem perdurar por longo período. (G12)

A sorte da economia brasileira está emoldurada no quadro mundial. Assim, a maneira como se definir o rumo da política econômica nacional, mais ou menos reformista, mais ou menos corajosa em assumir o desafio de reduzir o custo-Brasil, mais ou menos voltada à valorização da educação e da sustentabilidade, é que determinará, em ultima análise, o alcance do potencial de crescimento hoje ambicionado pelo povo brasileiro.

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a posição ou opinião do network de firmas PwC.

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Finlândia

Dinamarca

Suécia

Alemanha

Irlanda

Espanha

Holanda

França

Áustria

Reino Unido

Portugal

Bélgica

Itália

Grécia

2009 2010 PFonte: OCDE(P) Projeção RC Consultores

G12. Dívida Total do Governo Central (%)

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Contexto Normativo Desafios e possibilidades decorrentes da preparação, em novos padrões, de demonstrações financeiras

Introdução

Neste final de exercício, as empresas deverão elaborar suas demonstrações financeiras segundo os pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), aprovados pelos órgãos reguladores, plenamente convergentes com os Padrões Internacionais de Relatório Financeiro (International Financial Reporting Standards - IFRS).

Serão demonstrações financeiras com mais informações, baseadas em novos conceitos e de acordo com elevados padrões internacionalmente aceitos e disseminados nos principais mercados.

O momento representará uma mudança bastante profunda para a maioria das empresas. Foram anos de discussões e de muito trabalho que começaram timidamente, mas de maneira fundamental, com a tramitação do Projeto de Lei nº 3.741/2000, com o objetivo ambicioso, na época, de possibilitar a adoção das normas internacionais de contabilidade. Anos mais tarde, entre 2006 e 2007, o Banco Central do Brasil (BCB) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinaram que as entidades sob suas jurisdições preparassem as demonstrações financeiras de 2010 de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB).

Nestes últimos anos, o CPC, os órgãos reguladores, as associações de companhias abertas, de analistas e auditores e outros profissionais direta ou indiretamente envolvidos pesquisaram, trabalharam e discutiram de forma intensa todo esse conjunto de novas normas.

As pequenas e médias empresas tiveram uma atenção especial. O CPC e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) trabalharam e aprovaram um pronunciamento técnico: o CPC PME, que tem aplicabilidade a todas as entidades que não prestam conta publicamente e elaboram demonstrações contábeis, para fins gerais, para usuários externos. Isso abrange um grande número de sociedades anônimas fechadas e de sociedades limitadas. Ainda com pequenos ajustes em andamento em seus pronunciamentos nesta reta final de 2010, para um pleno alinhamento às normas internacionais, o CPC disponibiliza a todos um conjunto completo de normas e orientações para que as empresas deem um passo derradeiro nesse processo relevante que será a disponibilização de suas demonstrações financeiras no novo padrão internacional.

Valdir CoscodaiSócio PwC - Brasil

“Trata-se da mudança mais relevante no contexto da preparação de demonstrações financeiras desde a entrada em vigor da Lei nº 6.404, em 1976.”

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Preparação das demonstrações financeiras

A circunstância particular de cada empresa determinará os procedimentos finais para a preparação das demonstrações financeiras. A empresa que estabeleceu ações ao longo do ano para mudanças integradas envolvendo as dimensões pessoas, processos e sistemas, certamente neste momento está mais preocupada com a consistência esperada dos resultados e em como comunicar as mudanças trazidas pelo novo padrão contábil de forma estruturada para que os usuários das demonstrações financeiras entendam seus impactos.

A empresa que, diferentemente, não se deu conta da extensão e do impacto desse processo, não tem como evitar o único caminho para a preparação de suas demonstrações financeiras, com base em uma visão estruturada: (a) diagnosticar e entender as mudanças; (b) determinar o tamanho e as necessidades do projeto de conversão, que não mais depende apenas do departamento de Contabilidade; e, finalmente, (c) incorporar as novas práticas, entender os novos números e os respectivos impactos, para também estar apta a elaborar uma demonstração financeira conforme as exigências do IFRS e dos pronunciamentos do CPC. Quem deixou para a última hora, naturalmente corre um risco maior de não identificar ou tratar adequadamente uma mudança e, consequentemente, um risco maior de reapresentação das demonstrações financeiras.

São mais de 1.700 páginas de normas que devem ser lidas, compreendidas e bem aplicadas. Se durante o ano não foi possível parar para compreender as novas normas, certamente não será possível parar neste momento de encerramento do exercício. Além de maior apoio profissional, as empresas nessa situação possivelmente necessitarão se reunir e buscar experiências com outras empresas que estão em processo mais avançado. A simples aplicação de um checklist definitivamente não resolverá as questões na profundidade necessária.

O momento atual é de certa forma semelhante ao vivido por milhares de empresas européias que adotaram os IFRS em 2005. Tal fato nos dá o privilégio de aprendermos com os desafios enfrentados por essas empresas e nos beneficiarmos dos avanços efetuados pelo próprio IASB. Ler demonstrações financeiras de empresas que já adotaram o IFRS no exterior ou mesmo no Brasil, entender os impactos a partir da nota de reconciliação para o novo padrão contábil, atentar para os quadros e para o volume de informações, bem como para a seleção das práticas contábeis é uma providência que pode ajudar bastante.

A seleção das práticas contábeis é um dos elementos mais importantes para a preparação das primeiras demonstrações financeiras em IFRS, e, para tal, o adequado entendimento do IFRS 1 e dos pronunciamentos técnicos CPC 37 e 43 é fundamental. As decisões nessa área serão determinantes para muitas das mudanças exigidas em todos os níveis da empresa, com implicações diretas em seus resultados futuros. Podem afetar as exigências para coleta de dados, os requisitos de sistemas de controles internos, inclusive dos sistemas informatizados, provocar uma maior ou menor volatilidade dos resultados, entre outros. Assim, as escolhas devem, preferencialmente, ser validadas pelos responsáveis pela governança da empresa, incluindo o Comitê de Auditoria, se existente.

Desenvolver uma minuta de demonstração financeira em IFRS com antecedência, com o apoio de um checklist de divulgações completo e adequadamente aplicado, buscando atender a todas as exigências de divulgações, pode oferecer vários benefícios. Além de ajudar no cumprimento de prazos, poderá ajudar a verificar se o negócio e as principais transações da empresa estão bem divulgados, antecipando a identificação de lacunas para uma consistente comunicação dos resultados, ou até mesmo para alguma atividade essencial, como poderia ser o caso de obtenção de waiver para o descumprimento de cláusulas contratuais de empréstimos. O Conselho de Administração, muitas vezes por meio de seu Comitê de Auditoria e do Conselho Fiscal, deve estar seguro de que as primeiras demonstrações financeiras preparadas pela administração tenham sido objeto de cuidadosa reflexão.

No fim, o objetivo é atingir maior transparência e, com isso, disponibilizar as melhores informações para os acionistas e demais usuários das demonstrações financeiras.

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Importância das divulgações

É importante ter ciência de que as novas normas têm como base o princípio da essência sobre a forma. Isso para um país de sistema jurídico romano-germânico (codificado), baseado principalmente na normatização, é um grande desafio. Superamos esse desafio com a nova Lei das Sociedades Anônimas e com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitindo as normas contábeis convergentes com as normas internacionais, homologadas pelos reguladores. Esse caminho permite agilizar a criação e a atualização das normas de acordo com a necessidade de uma contabilidade moderna que, por ser uma ciência social, tem necessidade de novas normas, revisões e adaptações com muita frequência.

Pelo fato de tomar por base princípios e não normatização pura e simplesmente, as novas normas contábeis brasileiras apontam para a necessidade de uma vasta divulgação, na qual deve ficar claro, para o leitor das demonstrações financeiras, quais princípios foram seguidos e como foram aplicados. Vale lembrar que, mesmo sendo baseadas em princípios, há regras que possibilitam sua aplicação de maneira coerente e regulada.

Divulgações mais profundas e detalhadas garantem informação de maior qualidade, o que, na prática, tem se mostrado compensador em relação ao aumento no custo para preparação e divulgação. O usuário dessas demonstrações financeiras fica mais bem informado e, consequentemente, mais confiante, para investir nas empresas.

Impactos e comunicação

As mudanças nas normas contábeis podem alterar o lucro, o EBITDA e o patrimônio da empresa, mas não alteram a estratégia, o desempenho ou os fluxos de caixa.

A empresa, após entender as mudanças internamente à luz de seu negócio, tem um segundo desafio que é o de explicá-las de maneira estruturada aos investidores, distinguindo as alterações decorrentes de impacto efetivo no seu desempenho daquelas advindas das mudanças nas normas ou, ainda, distinguindo as variações decorrentes da maior volatilidade que essas normas trazem ao resultado.

A qualidade da informação e da comunicação deve ser considerável, pois o acesso a números inusitados e mal informados pode prejudicar a confiança no processo e na administração da empresa.

Maior volatilidade

Os números de acordo com o IFRS e com os novos CPCs, quando comparados com os números antes do processo de convergência com as normas internacionais, tendem a apresentar uma maior volatilidade.

Isso decorre das novas formas de mensurar a cada balanço certos ativos e passivos. Um das formas é a valorização de ativos e passivos ao valor justo, um conceito que foi introduzido pelos primeiros CPCs, em 2008, e que agora se intensifica.

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A mensuração de instrumentos financeiros mantidos para negociação ao valor justo e também o reconhecimento de derivativos por esse mesmo critério, quer estejam isolados ou embutidos em outros contratos, são exemplos de situações que resultam no aumento do nível de volatilidade do resultado da empresa.

Também as empresas com ativos biológicos deverão apresentar esses ativos ao valor de mercado, o que impacta de forma temporal a margem bruta, o resultado e o EBITDA.

Em razão dessa volatilidade, índices financeiros serão impactados, inclusive os de 2009 por reapresentação para fins de comparação com as cifras de 2010.

Novas normas

A comunicação das mudanças em uma seção ou em quadros específicos do relatório da administração para explicar a transição para o IFRS/CPCs, em conjunto com outras ações de comunicação das áreas de relação com investidores, tende a facilitar o entendimento dos novos números. Além de ser útil e mais didático para os investidores ou usuários não familiarizados com as novas práticas contábeis, tanto o IFRS 1 quanto o CPC 37 requerem a apresentação de uma nota de reconciliação entre o patrimônio e o resultado, conforme a prática anterior e o novo padrão contábil.

Algumas novas normas trazem determinados conceitos e números definitivamente diferentes.

Um waiver que não tenha sido obtido até a data-base das demonstrações financeiras poderá levar toda a dívida de longo prazo para o circulante. A regra anterior permitia a obtenção do waiver até a data da conclusão da elaboração das demonstrações financeiras. As reclassificações e redefinições para as aplicações financeiras no balanço são outro critério que pode trazer modificação relevante aos números.

As novas normas requerem que o ágio que resulta da aquisição de um negócio seja determinado apenas após o estabelecimento do valor justo dos ativos e passivos adquiridos. Em geral, o ágio será menor que o determinado nas antigas normas brasileiras, mas, por outro lado, aparecerão novas categorias de ativos e passivos, como é o caso dos ativos intangíveis, representados por marcas, relacionamento com clientes e tecnologias, identificados na entidade adquirida e avaliados por seu valor justo. Tais impactos não ocorrem porque a empresa passou a transacionar de forma diferente, e sim pela aplicação das novas normas.

Aquisições (combinações de empresas) feitas em etapas podem gerar ganhos relevantes no resultado, os quais podem não ser fáceis de entender e, consequentemente, difíceis de explicar nas demonstrações financeiras. Também as reorganizações societárias com o envolvimento de terceiros, perdas de participações ou mudanças de controle trazem efeitos diferentes, que devem ser entendidos a partir da essência da regra para que uma explicação e o seu entendimento possam ser efetivos. As novas normas requerem que as companhias abertas apresentem a informação segmentada do ponto de vista da administração, devendo seguir o formato apresentado ao “principal tomador de decisões” da empresa. O receio de divulgar informações estratégicas ao mercado e a potenciais concorrentes, bem como a oportunidade de explicar melhor o negócio aparecem juntos. O desafio para os profissionais das áreas Financeira e de Relações com Investidores é encontrar o equilíbrio entre esses dois aspectos. A informação por segmento é considerada de grande importância pelos investidores, e empresas podem se diferenciar de seus concorrentes permitindo uma análise mais apurada.

O lucro líquido por ação é outra mudança importante. O conceito de lucro líquido por ação do padrão internacional é muito diferente do que vínhamos aplicando no Brasil. Ele se subdivide em lucro básico e lucro diluído, permitindo ao usuário das demonstrações financeiras entender os impactos de eventuais potenciais alterações na composição acionária, seja por emissão de ações ou outras formas de diluição da participação dos acionistas atuais. As dívidas conversíveis e os planos de opção de compra de ações por funcionários são exemplos de transações que podem potencialmente diluir o lucro por ação dos atuais acionistas de uma empresa. Dependendo dos instrumentos financeiros com os quais uma empresa opera, o cálculo do lucro por ação diluído pode ser complexo.

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“O lucro por ação é uma mudança pequena na teoria, mas uma grande mudança na prática para muitas empresas. Para se ter uma ideia de sua complexidade, muitas reapresentações de demonstrações financeiras no exterior se deram por conta de erro no cálculo dessa informação”.

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Outras consequências e futuros desafios

No entanto, não são somente as demonstrações financeiras que são afetadas pela mudança no padrão contábil. De forma geral, as demais apresentações baseadas em informações financeiras, incluindo o Relatório da Administração (MD&A), comunicações com analistas, documentos de roadshows, etc precisarão ser adaptados e reformulados de acordo com a nova linguagem contábil.

A preparação dessas outras informações e comunicações nesse novo contexto ajudará na consolidação do processo, bem como demandará ajustes em sistemas, principalmente porque as informações em IFRS ou segundo os novos CPCs precisarão atender a uma demanda mensal ou talvez diária. Afinal, a tempestividade e a velocidade da informação nunca foram tão exigidas. A experiência dessas primeiras demonstrações financeiras será muito útil como aprendizado, mas certamente revelará a necessidade de treinamento de pessoal mais focado e aprofundado.

Além de automatizar etapas manuais, rever o plano de contas e eliminar duplicações no preparo de informações financeiras para práticas contábeis diferentes, os administradores serão instigados a efetuar uma revisão das operações da empresa. Por exemplo, mudança nos critérios de reconhecimento de ativos e passivos e nos indicadores financeiros, como o endividamento, a imobilização, etc, podem abrir espaço para mudar a forma de operar ou até mesmo para reativar ou descontinuar alguns produtos ou negócios.

O incentivo a mudanças nas rotinas pode começar interna ou externamente. O maior volume de divulgações de informações financeiras em uma linguagem internacional será agora entendido por mais analistas e investidores, que passam a ter maior interesse na empresa. É muito provável que a utilização do IFRS seja uma das mudanças mais importantes na apresentação de relatórios financeiros da história do Brasil.

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Contexto Tributário Reforma tributária, verdades e mitos

“De inspiração pretensamente racional, reformas traduzem concepções vinculadas a teorias, doutrinas ou ideologias, o que as torna invariavelmente objeto de controvérsias e conflitos de razão.”

Everardo MacielConsultor tributário, ex-secretário da Receita Federal (1995 à 2002)

Reformas políticas e econômicas sempre exerceram um enorme fascínio sobre as pessoas, especialmente pelas expectativas que geram em termos de poder, ascensão social ou progresso, não bastasse a permanente exigência de adaptação das estruturas normativas e dos modelos econômicos a circunstâncias cambiantes, daí porque as reformas se prestam a mitificações e a discursos de índole política, não raro demagógica. De Gaulle, em sua biografia (“Quando os Robles se Abatem”), escrita por André Malraux, assinalava que, desde a Grécia antiga, os discursos eram tomados como reformas.

De inspiração pretensamente racional, reformas traduzem concepções vinculadas a teorias, doutrinas ou ideologias, o que as torna invariavelmente objeto de controvérsias e conflitos de razão. Além disso, seu processo de aprovação nos parlamentos encerra tensões e jogos de interesse, cujo desfecho é imprevisível. As soluções, em consequência, usualmente se distanciam das propostas originais.

Reformas tributárias se inscrevem nesse contexto de ideias. Os sistemas tributários são, por tudo isso, intrinsecamente imperfeitos. Essa imperfeição tende a se agravar, ao longo do tempo, porque mudanças posteriores não necessariamente guardam consistência com os pressupostos do modelo original, daí porque reforma tributária constitui demanda universal e atemporal.

No contexto da grande agitação política que se iniciou com a renúncia de Jânio Quadros e culminou com a deposição de João Goulart, em 1964, ganhou força o movimento em favor das reformas de base, que incluía desde a reforma agrária “na lei ou na marra”, como se dizia à época, até a reforma tributária. A despeito de ter reprimido duramente aquele movimento, foi, paradoxalmente, o governo militar quem deu curso a uma consistente reforma tributária, corporificada na Emenda Constitucional nº 18, de 1965, e efetivamente implementada em 1967.

A Reforma de 1965-67 foi ousada: centralizou, na União, os tributos sobre o comércio exterior; substituiu a tributação em cascata do Imposto sobre Vendas e Consignações (IVC) por uma tributação sobre valor agregado (ICM); constitucionalizou transferências federais para Estados e Municípios (Fundo de Participação dos Estados - FPE, Fundo de Participação dos Municípios - FPM e Fundo Especial - FE), com o objetivo de mitigar as disparidades regionais de renda e descentralizar o produto da arrecadação das receitas federais; estruturou tributos especiais sobre o consumo (IPI e impostos únicos sobre minerais, energia elétrica, combustíveis e lubrificantes, telecomunicações, transportes rodoviários); instituiu o Código Tributário Nacional, conferindo especificidade ao ordenamento jurídico da matéria tributária.

No plano administrativo, a Reforma introduziu importantes inovações, que posteriormente serviram como paradigma internacional: fusão da administração federal de tributos internos com a aduana, mediante instituição da Secretaria da Receita Federal; cobrança de tributos por meio da rede bancária; criação do Serpro, que veio a ser a primeira empresa pública de apoio informático à administração tributária.

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É certo que aquela Reforma trazia alguns vícios de concepção. O mais grave deles diz respeito à titularidade do então ICM. Por entendê-lo como sucedâneo do IVC, optou-se por incluir o novel tributo na competência dos Estados. Desde sua instituição até a evolução para ICMS, foram se acumulando iniquidades: os saldos de créditos oriundos de operações de exportações jamais foram honrados integralmente, com base na esdrúxula tese de que à União cabiam as responsabilidades pela política de comércio externo, o que foi reforçado pela adoção de medidas visando estabelecer transferências federais para compensar virtuais perdas de arrecadação nos Estados e Municípios, em virtude da desoneração de tributos incidentes nas exportações de produtos industrializados (art. 159, II, da Constituição) e de matérias-primas e produtos semielaborados (Lei Complementar nº 87, de 1996, conhecida como “Lei Kandir”); a destinação do produto da arrecadação nas operações interestaduais gerou uma insolúvel polêmica entre a prevalência dos princípios da origem e do destino nas operações interestaduais, contrapondo Estados produtores e Estados consumidores; a guerra fiscal assumiu proporções alarmantes ante a impotência fática das vedações legais à sua prática; a ampla liberdade concedida aos Estados no estabelecimento de alíquotas e bases de cálculo gerou uma miríade de alíquotas efetivas, sem termos de comparação com os congêneres impostos sobre valor agregado de outros países.

Esse equívoco é compreensível. A Comissão incumbida da Reforma de 1965-67 dispunha, à época, como única referência de tributação do valor agregado no consumo, o modelo adotado na França, que, como se sabe, é um Estado unitário. Não se podia, portanto, aquilatar, com precisão, os efeitos perversos decorrentes da titularidade estadual de um imposto sobre o valor agregado em uma federação. Afora isso, havia desconforto político contra a suposta tendência de centralizar a tributação no âmbito federal. Não se deve esquecer que o espírito federativo, desde a República, é de imbatível valor político.

Sob o ponto de vista técnico, é óbvio que seria preferível um imposto sobre valor agregado federal, de acordo com o figurino clássico acolhido pelos demais países que elegeram essa forma de extração tributária. No Brasil, essa tese, entretanto, é irrealista. Governadores e congressistas reagiriam duramente a qualquer proposta desse gênero, tendo em conta que o poder de governar está intrinsecamente associado ao poder de tributar, além do que, em termos de arrecadação, o ICMS é hoje o mais importante tributo brasileiro. Haveria, também, quem a inquinasse, não sem alguma razão, de inconstitucional, por ferir o pacto federativo - preceito irreformável da Constituição.

O alargamento da base do ICMS, pela inclusão dos serviços, encontraria oposição frontal dos 5.565 Municípios, que jamais admitiriam a perda da titularidade do ISS. Os arautos do municipalismo - hoje, mais por pragmatismo do que por convicção - mobilizariam a opinião pública contra a proposta, lançando farpas contra o centralismo fiscal.

A possibilidade de aproveitamento de créditos dos bens de capital e consumo abre outro campo de controvérsias: em relação aos primeiros, há sempre a compreensível alegação dos Estados quanto à escassez de recursos para enfrentar esse estreitamento da base imponível, oferecendo pretexto para uma demanda com a finalidade de lograr uma indesejável compensação com transferências federais, ainda que essas perdas pudessem ser atenuadas por meio de uma implantação gradual com horizonte de médio prazo; no tocante aos bens de consumo, a restrição alcança não somente a perda de arrecadação, senão também as possibilidades que se abrem à fraude, mediante fringe benefits usufruídos por pessoas físicas vinculadas a empresas.

Não se conclua, todavia, que essas restrições, ditadas por uma visão realista da questão tributária, venham a significar uma tragédia. É possível pensar em soluções que, ao menos, mitiguem os problemas do ICMS, sem desconhecer, entretanto, as restrições de natureza política. Consola saber, como já assinalado, que os sistemas tributários são naturalmente imperfeitos e carentes de aperfeiçoamento permanente.

No âmbito do que poderia ser qualificado como a reforma na tributação do consumo, aos problemas do ICMS se acrescentam outros que reclamam mudanças, com maior ou menor grau de urgência. Tal iniciativa completaria o que já se fez, na segunda metade dos anos noventa, em relação ao imposto de renda, cuja reforma representou um enorme salto de qualidade, de sorte que a legislação brasileira, no caso, passou a ser um paradigma internacional, quando antes era vista com desdém por especialistas brasileiros e estrangeiros.

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A reforma do imposto de renda incorporou conceitos novos como os juros remuneratórios do capital próprio, a integração entre a tributação da renda das pessoas jurídicas e pessoas físicas, a tributação corrente do mercado financeiro, a instituição do regime das pequenas e microempresas (SIMPLES), a tributação das pessoas jurídicas em bases mundiais, a adoção de um modelo de tributação dos preços de transferência ajustado às condições de um país importador de capitais, a conceituação objetiva de paraísos fiscais com tratamento oneroso para prevenir e compensar a tributação nociva, a equalização dos juros compensatórios incidentes nos débitos fiscais e nas restituições, a eliminação da correção monetária dos balanços para fins fiscais e societários com extraordinário impacto em termos de simplificação e, por fim, o uso intensivo da Internet e das novas tecnologias de informação e comunicação, que, sem lugar a dúvidas, conferiu ao País liderança internacional na matéria.

Essa reforma não demandou emenda constitucional, sendo efetivada por projetos de lei e projetos de lei de conversão de medidas provisórias. O caminho se revelou eficaz e sinaliza uma orientação para futuras reformas.

No plano da tributação do consumo, todas as reformas, desde a de 1965-67, findaram frustradas ou implicaram perda de qualidade do sistema tributário.

Erro frequente é imaginar a reforma tributária como um evento episódico e triunfal. Parece oportuno lembrar Santiago Dantas (“Palavras de um Professor”, Ed. Forense, 2ª Edição, 2001), notável jurista e homem público, sempre lembrado pelo Ministro Marcílio Marques Moreira, cujos ensinamentos em relação ao direito civil em tudo se estendem à realidade tributária de hoje: “O Direito Civil é, porém, o campo das aquisições lentas, das transformações aluvionais”, em contraste com a natureza especulativa do direito penal que se abre mais ardentemente às contendas sobre a vida moral. E mais: “O espírito conservador é a essência do espírito civilístico e se exprime naquela tendência que os jurisconsultos romanos levaram à perfeição de ligar o novo ao antigo, de conquistar para o moderno os brasões do passado, só reconhecendo no sistema uma alteração, quando seus quadros são inflexíveis à recepção do fato novo. O segundo elemento - a docilidade às normas - é o que dá vida e autenticidade ao trabalho do jurista e impede que seu ensinamento recaia sobre um sistema hipotético, diferente da realidade que rege as relações humanas na vida real.”

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Tal circunstância estimula a litigiosidade e explica os intermináveis processos judiciais relativos a questões tributárias, haja vista que o direito brasileiro optou pelo controle difuso de constitucionalidade, resultando, portanto, em insegurança jurídica para o fisco e para o contribuinte.

A aludida insegurança assume tamanha proporção que deu lugar à bem-humorada observação de que “no Brasil nem o passado é previsível”, como paráfrase de frase que circulava, à época da Guerra Fria, em referência à União Soviética.

As emendas constitucionais, em vista do quórum privilegiado exigido para sua aprovação, encerram um enorme custo político, especialmente por conta da existência de um sistema político que estimula a fragmentação partidária e é demasiado tolerante no que concerne à fidelidade a decisões programáticas. Abrem, além disso, espaço para introdução de privilégios tributários e para elevação dos níveis de complexidade e desorganização do sistema tributário.

Enfim, desde a reforma de 1965-67, todas as mudanças constitucionais (inclusive a Constituinte de 1988) importaram em perda de qualidade no sistema tributário brasileiro: aumento de transferências, sem a contrapartida de repartição de encargos, acarretando a debilitação dos impostos tradicionais (IR e IPI) e aumento vertiginoso da participação das contribuições sociais na arrecadação federal; completa autonomia dos Estados para fixação de bases de cálculo e alíquotas do ICMS, resultando, como já mencionado, no quadro caótico de alíquotas efetivas; instituição do orçamento de seguridade social, em desfavor da transparência nas contas da previdência; eliminação dos limites à tributação do ICMS, resultando em alíquotas desproporcionalmente elevadas (acima de 25%) e em concentração das receitas (a incidência sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações representa, hoje, cerca de 43% da arrecadação nacional daquele imposto).

A experiência brasileira ensina que o recurso a emendas constitucionais para implementar reformas tributárias é muito arriscado e quase sempre inócuo. Quando cotejada com a de outros países, a Constituição brasileira já abriga excessivamente matéria tributária, o que, aliás, se compadece com sua abusiva índole analítica.

Realpolitik parece ser a estratégia política mais eficaz na condução de um projeto de reforma tributária, sem dispensar também o recurso à moderação a que repugna o excesso das propostas radicais tendentes a reestruturar integralmente o sistema tributário brasileiro. A propósito, os gregos, que construíram os fundamentos da cultura ocidental, puseram uma máxima no frontão do templo de Apolo, em Delfos, que retrata, de forma impressionantemente concisa, o equilíbrio apolíneo da alma helênica: “nada em demasia”, que os trágicos sublimaram para uma expressão não menos construtiva (“nada melhor que a moderação”, que vem a ser o leitmotiv da ética aristotélica).

Amplificar o espectro de uma reforma tributária corresponde a maximizar as tensões políticas que se instalam no processo. A consequência inevitável é a paralisia. O estímulo ao conflito generalizado elimina qualquer possibilidade de encaminhamento racional da questão, sem falar do prejuízo à construção de uma posição hegemônica.

Reformas tributárias abrangentes reclamam condições excepcionais, nem sempre meritórias, como regimes autoritários, ou a tabula rasa dos países sem tradição fiscal. A reforma 1965-67 só teve sucesso porque foi concebida e implantada durante o período autoritário. A adoção do polêmico flat tax no Leste europeu só se tornou possível porque nos países daquela região inexistia tradição tributária. Nos países democráticos em que o estado fiscal de alguma forma existe, reformas tributárias quase sempre se orientam na direção de um second best.

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A insegurança jurídica também explica a compreensível resistência de certos setores a qualquer mudança. O setor de combustíveis, por exemplo, logo após a liberalização das atividades de refino e distribuição, experimentou impressionante concorrência predatória de novos agentes que ingressaram no mercado, em virtude de sonegação e de facilidades tributárias concedidas pelo que foi denominado “indústria de liminares”. A criação da Contribuição de Intervenção Econômica (CIDE) para o setor e a reforma de decisões judiciais mal fundamentadas restabeleceram as condições mínimas para a prática de uma concorrência justa. Há, pois, fundado receio de que mudanças signifiquem reversão do quadro atual, em prejuízo das boas práticas de mercado. Afastar essas preocupações é tarefa que exige paciência e clareza de propósitos.

O medo à mudança também alcança as corporações fiscais. A competência tributária dos entes federativos está inequivocamente associada às atribuições dos servidores fiscais. Qualquer proposta que possa ser entendida como perda ou redução de atribuições enseja movimentos que não devem ser desprezados. Essa restrição deve ser considerada no encaminhamento de propostas de reforma, mormente quando se percebe, nos anos recentes, uma tendência ao recrudescimento do papel das corporações no setor público, o que lamentavelmente pode conduzir ao estabelecimento de “capitanias corporativas”, cuja soma de interesses nem longinquamente corresponde ao interesse público nacional. Independentemente do juízo de valor que se faça sobre as inconveniências do corporativismo, não seria realista desconhecer a importância das corporações como protagonistas de uma reforma tributária.

Ademais das restrições, há que se ter método na construção de propostas. Importa, desde logo, reconhecer que reforma tributária é um conceito totalmente impreciso e corresponde a demandas muito distintas: os contribuintes pretendem objetivamente a redução da carga tributária; os Estados e Municípios almejam uma maior participação nas rendas públicas nacionais, sem necessariamente tratar da repartição dos encargos públicos; os especialistas pretendem reformar as iniquidades do sistema tributário, em termos de competitividade ou de justiça social, o que deságua em uma infinidade de soluções que não conseguem reunir o mais remoto consenso. Uma abordagem que busque tratar simultaneamente dessas diferentes demandas é suicida. A simples menção à partilha de rendas, pela sua elevada sensibilidade política, torna secundária qualquer outra discussão.

A reestruturação do federalismo fiscal brasileiro, incluindo a discriminação de rendas e a partilha de encargos, é tarefa muito delicada, pois termina ferindo questões como vinculação de recursos e desigualdades regionais, em torno das quais gravitam intermináveis controvérsias. Essa reestruturação só será capaz de prosperar em âmbito exclusivo e com o concurso de refinada engenharia política.

A pretensão de reduzir a carga tributária remete a um debate sobre o tamanho e a natureza do Estado brasileiro. Por conveniência ou falta de informação, a afirmativa de que temos a maior carga tributária no universo dos países com mesmo estágio de desenvolvimento sempre vem desacompanhada da evidência de que também temos o mais elevado nível de gastos públicos.

É absoluta ingenuidade cogitar de redução da carga tributária sem repensar o gasto público, o que implica tratar, entre outras, de questões como: política geral de pessoal aplicável aos Poderes da República; valorização do mérito como critério de promoção e remuneração de servidores; instituição de parâmetros obrigatórios de eficiência administrativa; desburocratização; privatização de serviços e funções que a sociedade civil pode executar com maior eficácia e menor desperdício de recursos; vinculação das políticas de transferência de renda a programas de capacitação para o trabalho e promoção social dos beneficiários; construção de um modelo previdenciário equilibrado em termos atuariais. Como se pode observar, é tarefa complexa e laboriosa, tanto técnica quanto politicamente, porque significa mudança de rumo no caricato estado de bem-estar social brasileiro.

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Afastada a hipótese de reformas abrangentes, um caminho para melhorar a qualidade do sistema tributário brasileiro seria buscar soluções centradas em problemas reais, preferencialmente pela via infraconstitucional, a exemplo de: simplificação do ICMS, sobretudo por meio de restrições às possibilidades de redução da base de cálculo e limitação do número de alíquotas nominais; simplificação do PIS/Cofins, procedendo-se à eliminação dos inúmeros regimes especiais, fruto de uma política fiscal que privilegiou casuísmos; redução dos acúmulos de créditos fiscais decorrentes de operações de exportação, facultando-se, no âmbito federal, a compensação com débitos vinculados às contribuições previdenciárias patronais e, em relação ao ICMS, o diferimento nas saídas para empresas preponderantemente exportadoras; eliminação da guerra fiscal do ICMS e do ISS, por força de um novo disciplinamento para competição fiscal lícita e do estabelecimento de programas voltados para correção dos desequilíbrios regionais; diminuição da incidência tributária sobre a folha de salários, visando prevenir o conflito entre tributação e geração de empregos; ampliação dos limites de opção para o lucro presumido; criação de um regime de transição entre os optantes do SIMPLES e do lucro presumido; maior disciplinamento da substituição tributária, tornando possível o aproveitamento de

crédito no contribuinte substituído; desburocratização fiscal, com ênfase nas exigências relativas a obrigações acessórias e nos procedimentos de inscrição e baixa de contribuintes; desoneração dos investimentos, mediante aproveitamento imediato do crédito oriundo de aquisições de bens de capital, no que concerne ao ICMS e ao PIS/Cofins; eliminação de práticas abusivas na imputação de responsabilidade fiscal, especialmente no que concerne à garantia do devido processo legal; diminuição da volatilidade normativa, procedendo-se à ampliação do conceito de anterioridade, com o objetivo de condicionar a instituição ou a majoração de tributos à sua aprovação até 30 de junho do exercício anterior.

As exigências metodológicas e a extensão dos problemas não podem ser vistas como restrições intransponíveis. Servem apenas para dimensionar as dificuldades para conceber e implantar uma reforma tributária no Brasil. O tema há muito tempo é merecedor de um olhar realista, abdicando de servilismos intelectuais que pretendem a supremacia de modelos teóricos, nem sempre funcionais, ou transpor, acriticamente, experiências, ainda que valiosas, de outros países. De resto, não há lugar para certezas absolutas. As próprias soluções alteram os problemas.

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“Ao final de 2010, o CPC concluiu o processo de convergência com as normas internacionais de contabilidade. Resultado alcançado graças a colaboração da sociedade, dos orgãos reguladores e entidades-membro do CPC.”

1. Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC

1.1 Pontos de atenção para o exercício de 2010 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC, composto em suas representações por seis entidades - ABRASCA, APIMEC, BM&F BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON - desempenhou, nos últimos três anos, um papel essencial no contexto normativo da contabilidade no Brasil. O CPC emitiu Pronunciamentos, Orientações e Interpretações Técnicas que formam as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, totalmente convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade e prontas para aplicação nas demonstrações financeiras das entidades a partir de 31 de dezembro de 2010.

Entre 2007 e 2010, o CPC emitiu 43 Pronunciamentos Técnicos, 14 Interpretações Técnicas e três Orientações Técnicas. Foram vencidas duas grandes ondas para alcançar a convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade, o IFRS. A primeira delas ocorreu por meio de 14 Pronunciamentos em resposta à mudança da Lei das Sociedades por Ações, aplicáveis para as demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2008. A segunda onda ocorreu, durante os anos de 2009 e 2010, com a emissão das demais normas, aplicáveis para o exercício a findar em 31 de dezembro de 2010.

Nessa segunda onda, foram emitidos mais de 30 novas normas, homologadas por órgãos reguladores. Não apenas pela quantidade, mas principalmente pelos novos conceitos envolvidos, as demonstrações financeiras das empresas em geral, no exercício de 2010, poderão ser impactadas de forma significativa. A seguir, descrevemos algumas das novas práticas contábeis. Na Seção 1.2, divulgamos uma tabela com o conjunto de normas e indicação das homologações dadas pelos diversos reguladores.

Esse resumo não constitui um estudo exaustivo de todos os novos aspectos para a adoção integral dos novos Pronunciamentos nem substitui a leitura integral dos mesmos. Adicionalmente, dependendo da circunstância concreta de determinada entidade, é possível que existam outros aspectos nos novos normativos, não relacionados a seguir, que podem igualmente impactar de forma relevante suas demonstrações financeiras.

Edison ArisaSócio PwC - Brasil

Sinopse Normativa Nacional CPC, CFC, CVM, CMN e BACEN, SUSEP, PREVIC e IBRACON

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CPC 15 - Combinação de Negócios

• Aplicável para transações que envolvam combinação de negócios: operação ou outro evento por meio do qual um adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. A norma traz conceitos bastante novos. Para uma adequada compreensão e assimilação desses conceitos, é necessário leitura da norma, bem como análise dos exemplos incluídos no CPC 15.

• Diversas novas definições e conceitos trazidos:

• Adquirente: entidade que obtém o controle da adquirida.

• Alocação do preço de compra: deve ser feita, na data da aquisição, a ativos e passivos identificáveis, inclusive intangíveis, que são avaliados, para fins das demonstrações financeiras consolidadas da adquirente, a valor justo.

• Aquisição por meio de incorporação ou fusão de sociedade: ocorre em algumas situações e, nesses casos, se houver efetiva mudança de controle e se a transação não for entre entidades sob controle comum, é necessário identificar a entidade adquirente e esta deve ajustar a posição patrimonial (balanço patrimonial) da adquirida na data de aquisição para refletir seus ativos e passivos, tais como reconhecidos e mensurados em conformidade com o CPC 15. A contrapartida desse ajuste será na conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial”.

• Preço de compra: inclui contraprestação contingente avaliada a valor justo e exclui custos da transação, ativos de indenização, direitos readquiridos, mensurados separadamente.

• Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill): parcela residual após a alocação do preço de compra.

• Mais valia: diferenças entre o valor justo e o valor contábil dos ativos e passivos do negócio adquirido. Portanto, não mais denominadas como “ágio”.

• Deságio: ganho por compra vantajosa. Se houver e for comprovado, deve ser reconhecido no resultado da entidade adquirente. A ICPC 09 define regra de transição para os deságios em aberto na data de adoção inicial do CPC 15: aqueles que não puderem ser classificados como redução do saldo de algum ativo ou aumento de passivo relacionado à entidade adquirida deverão ser baixados e registrados a crédito de lucros (prejuízos) acumulados, por mudança de prática contábil.

• Participação dos não controladores: avaliada ao valor justo ou pelo valor proporcional de participação nos ativos líquidos (valor contábil pré-combinação) na data da combinação de negócios e demonstrada como componente do patrimônio.

• Aquisições posteriores à combinação de negócios: são consideradas transações entre sócios, impactando diretamente o saldo de conta específica no patrimônio líquido, de maneira semelhante a “ações em tesouraria”, não gerando mais goodwill ou ganho por compra vantajosa.

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CPC 18 - Investimento em Coligada e em Controlada e CPC 19 - Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture)

• Mudança no conceito de coligada: investimento em entidade sobre a qual se tenha influência significativa, presumindo-se a existência dessa influência se a participação for, de pelo menos, 20% do capital votante.

• Reapresentação de demonstrações financeiras de investidas: no caso de reconhecimento, por controlada ou controlada em conjunto, de ajuste de exercício anterior por mudança de prática contábil ou retificação de erro e consequente reapresentação retrospectiva de suas demonstrações contábeis, a controladora fará o reconhecimento de sua parte nesse ajuste e também procederá à reapresentação retrospectiva de suas demonstrações contábeis, conforme o CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.

• Registro de investimentos e ágio nas demonstrações financeiras individuais: na elaboração das demonstrações contábeis individuais, enquanto exigidas pela legislação brasileira, a adquirente deve aplicar os requisitos da Interpretação ICPC 9 com relação à identificação do valor justo do acervo líquido da entidade adquirida para fins de registro na conta de investimento - aplicação do método de equivalência patrimonial - e para a determinação do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwil) ou ganho por compra vantajosa (deságio) na aquisição de controlada. O montante líquido apurado entre os valores justo e contábil do acervo líquido, cujo controle foi obtido, deve ser considerado como um ajuste extracontábil ao patrimônio líquido da entidade adquirida para fins do cômputo da equivalência patrimonial (nas demonstrações individuais da controladora), mesmo não estando refletido nas demonstrações contábeis individuais da entidade cujo controle foi obtido, e irá compor também os saldos da entidade adquirida para fins de consolidação das demonstrações contábeis.

• Vendas da controladora para a controlada passam a ser eliminadas nas demonstrações individuais: conforme esclarecido na ICPC 09 - Demonstrações Contábeis Individuais, Separadas, Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial, os lucros não realizados em operações com controlada

passam a ser totalmente eliminados tanto nas operações de venda da controladora para a controlada quanto da controlada para a controladora ou entre as controladas. Anteriormente, o lucro de venda da controladora para a controlada era eliminado obrigatoriamente apenas nas demonstrações financeiras consolidadas, o que gerava item de conciliação entre os resultados e o patrimônio líquido das demonstrações financeiras individuais e consolidadas. Para os casos dos lucros não realizados existentes na data da adoção inicial do Pronunciamento Técnico CPC 36 - Demonstrações Consolidadas e que não tenham sido eliminados nas demonstrações contábeis individuais em razão da prática contábil anterior, os lucros devem ser apurados na data do balanço de abertura (da demonstração contábil individual) e ajustados à conta de lucros (prejuízos) acumulados como requer o CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro sobre mudança de prática contábil.

• Perda de controle e influência e investimentos em coligadas: a perda de influência significativa impacta a forma de reconhecimento contábil de investimentos, conforme CPC 18: “O investidor deve suspender o uso do método de equivalência patrimonial a partir da data em que deixar de ter influência significativa sobre a coligada e deixar de ter controle sobre a até então controlada (exceto, no balanço individual, se a investida passar de controlada para coligada); a partir desse momento, contabilizar o investimento como instrumento financeiro de acordo com os requisitos do Pronunciamento Técnico CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. Na perda de influência e do controle, o investidor deve mensurar ao valor justo qualquer investimento remanescente que mantenha na ex-coligada ou ex-controlada” e apurar o efeito dessa mudança de mensuração no resultado do exercício.

• Na alienação de ativos da investidora para a controlada em conjunto, a investidora não reconhece como lucro realizado a parte proporcional que detém de participação na investida até a baixa do ativo nesta; o mesmo se aplica no sentido inverso.

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CPC 22 - Informações por Segmento

• Obrigatório apenas às companhias abertas.

• A entidade deve divulgar separadamente as informações sobre receita, lucro e ativos de cada segmento operacional.

• A entidade deve fornecer informações sobre o grau de dependência de seus principais clientes, sem a obrigação de identificar os nomes desses clientes.

CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis

• Covenants: o passivo referente a acordo de empréstimo a longo prazo passa a ser classificado como circulante quando a entidade não cumprir um compromisso referente a este acordo até a data do balanço, com o efeito de o passivo se tornar vencido e pagável à ordem do credor. Essa classificação se aplica neste caso, mesmo que o credor tenha concordado, após a data do balanço e antes da data da autorização para emissão das demonstrações contábeis, em não exigir pagamento antecipado como consequência do descumprimento do compromisso. Entretanto, se o credor tiver concordado, até a data do balanço, em proporcionar um período de carência a terminar pelo menos 12 meses após a data do balanço, dentro do qual a entidade pode retificar o descumprimento e durante o qual o credor não pode exigir a liquidação imediata do passivo em questão, este pode ser classificado como não circulante.

• O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui, entre outros quadros, a demonstração do resultado abrangente e, no Brasil, é obrigatória sua apresentação separada da demonstração do resultado.

• Necessidade de apresentação de três balanços patrimoniais incluindo o período mais antigo e dois períodos para as demais peças contábeis - o item 10 do CPC 26 requer que o balanço patrimonial no início do período mais antigo seja comparativamente apresentado quando a entidade aplica uma política contábil retroativamente ou procede à reapresentação de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis.

• Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a administração vier a concluir que a conformidade com um requisito de Pronunciamento, Interpretação ou Orientação conduziria a uma apresentação tão enganosa que entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis (Pronunciamento Conceitual Básico), a entidade não pode aplicar esse requisito, a não ser que esse procedimento seja terminantemente vedado do ponto de vista legal e regulatório.

• O apêndice A do Pronunciamento requer que a participação dos não controladores seja apresentada como parte do patrimônio líquido e não mais em uma linha intermediária entre o passivo e o patrimônio liquido consolidado.

• Vedada a utilização de “itens não operacionais” e de “itens extraordinários” nas demonstrações do resultado. A única segregação permitida é a relativa ao resultado das operações descontinuadas.

CPC 27 - Ativo Imobilizado

• É obrigatória a revisão pelo menos anual dos parâmetros que levaram à definição do valor periódico da depreciação.

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CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola

• Ativo biológico: animais e/ou planta vivos (exemplos: gado de leite, árvores de uma plantação, porcos, plantas, etc.).

• Produção agrícola: produtos colhidos dos ativos biológicos (exemplo: lã, cana, fruta colhida, madeira, etc.).

• Como regra geral, o ativo biológico deve ser mensurado pelo seu valor justo, deduzido das despesas com vendas. Os produtos agrícolas colhidos também são mensurados ao valor justo, no momento da colheita, líquido das despesas com vendas. Após a colheita, esse valor representa o custo do estoque, e o ativo passa a ser avaliado segundo o CPC 16 - Estoques.

• Ativo biológico, cujo valor deveria ser determinado pelo mercado, porém, este não o tem disponível e as alternativas para estimá-los não são, claramente, confiáveis, deve ser mensurado ao custo, menos qualquer depreciação e perda por irrecuperabilidade acumuladas.

• Não há regra de transição específica, com o que os efeitos da mudança de prática contábil devem ser reconhecidos conforme a regra geral estabelecida no Pronunciamento Técnico CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro.

CPC 30 - Receitas

• Havendo mais de um componente identificável de uma única transação, deve ser refletida sua substância. Por outro lado, pode ser necessário tratar dois componentes ou transações como um só, como quando a entidade vende bens e celebra, no mesmo momento, acordo para recomprá-los em data posterior. Nesse caso, a receita de venda e a transação de compra não devem ser registradas.

• Programas de fidelização de clientes: a parcela atribuída como bônus deverá implicar diferimento da receita relativa a esse bônus.

• Permuta de bens e serviços de mesma natureza e valor: não há reconhecimento de receita; esta só ocorre quando da permuta de bens e serviços de natureza diferente.

CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada

• Deve ser transferido para o ativo circulante, pelo menor valor, entre seu valor líquido contábil e seu valor justo, líquido das despesas com vendas.

• Deve ser apresentado segregado na demonstração do resultado em uma única linha, segregado do resultado das operações que continuam.

CPC 33 - Benefícios a Empregados

• O CPC 33 traz orientação e determinação para que seja reconhecido ativo de um plano de benefício definido. Segundo o CPC 33, quando um plano estiver superavitário e houver a possibilidade de a patrocinadora de alguma forma fazer uso desse ativo, nos termos previstos, ele deverá ser reconhecido limitado a um teto (asset ceiling). Instruções detalhadas para cálculo desse teto estão discutidas na Interpretação A do CPC 33: “Limite de Ativo de Benefício Definido, Requisitos de Fundamento Mínimo e sua Interação”.

• Admissão de um “corredor” representado por uma faixa de variação para não obrigar a um excesso de volatilidade no reconhecimento de descasamentos entre ativos do plano e obrigação atuarial, a depender da escolha da política contábil por parte das empresas.

CPC 35 - Demonstrações Separadas

• Demonstrações opcionais para situações em que a avaliação em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto, feita por equivalência patrimonial, bem como quando da elaboração de demonstrações consolidadas, não revelam ou não evidenciam da forma mais adequada como a administração visualiza o negócio.

• Investimentos: avaliados pelo valor justo, ou até mesmo pelo custo.

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CPC 36 - Demonstrações Consolidadas

• Consolidação das demonstrações contábeis - é obrigatória na existência de controlada, independentemente da controladora ser companhia aberta ou não, com raríssimas exceções.

• Perante as normas internacionais, não existem demonstrações individuais da controladora.

• A participação dos demais investidores nas controladas faz parte do patrimônio líquido e do resultado líquido consolidados (bem como dos resultados abrangentes consolidados), mas é destacada no balanço e nas demonstrações do resultado e do resultado abrangente.

• As transações de compra e venda de participação societária entre as entidades consolidadas são tratadas como transações de capital entre os sócios (como se fossem, “ações em tesouraria”), e não geram ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) nem ganho por compra vantajosa (“deságio”). As contrapartidas afetam as participações dos não controladores.

• Na perda de controle sobre uma controlada (e se não for uma coligada), o investimento é ajustado a valor justo e tratado como instrumento financeiro em conformidade com o CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração.

CPC 37 - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS)

• Aplicação de todos os IFRS, com exceção de alguns pontos e isenção de outros.

• Possibilidade da entidade avaliar seus ativos imobilizados, na data da transição, a valor justo. Ou seja, adoção do custo atribuído (deemed cost).

• Situações específicas quanto a diversos tópicos, exceções e isenções, são tratadas nos Apêndices e no Guia de Implementação anexos ao CPC 37.

• Atenção especial deve ser dada à aplicação deste CPC em conjunto com o CPC 43.

CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração e CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação

• De acordo com o CPC 39, a entidade deve classificar o instrumento financeiro como passivo, ativo ou elemento patrimonial, de acordo com a substância do instrumento e com suas respectivas definições, e não de acordo com sua forma.

• Derivativo embutido: “é um componente de instrumento híbrido (combinado) que também inclui um contrato principal não derivativo - em resultado disso, alguns dos fluxos de caixa do instrumento combinado variam de forma semelhante a um derivativo isolado”. Na prática, imagine um contrato de aluguel de um escritório por 10 (dez) anos, indexado pelo IGP-M. Assumindo que este é o típico contrato de aluguel, os fluxos de caixa, tanto para quem paga quanto para quem recebe, têm um comportamento correspondente à natureza de um aluguel de um imóvel. Agora imagine que, na hora de assinar o contrato, o locatário, que é, por exemplo, uma mineradora que explora e vende minério de ferro, resolva propor que o indexador do contrato de aluguel seja o do preço do minério. Caso o locador aceite, pode ser que, após, como exemplo, 3 (três) anos, o valor do aluguel esteja muito acima ou abaixo do valor de mercado. E por que isso? Porque, na verdade, o contrato passou a conter um derivativo embutido nele. Tem o mesmo efeito que assinar um contrato normal indexado pelo IGP-M e, em seguida, contratar um derivativo não necessariamente com a mesma contraparte, trocando o indexador de IGP-M para preço do minério. Isso poderia ser feito por meio de um swap. No segundo caso, fica claro que o derivativo existe e deve ser mensurado pelo valor justo. No primeiro caso, é mais difícil, pois o derivativo está embutido no contrato. Sendo assim, ele deve ser identificado e contabilizado em separado do contrato, como no segundo caso. Em geral, essa prática contábil terá efeitos mais relevantes em contratos de longo prazo.

• Dívidas com cláusulas de conversão:

• A entidade deve reconhecer separadamente os componentes da dívida, quais sejam: (a) um passivo financeiro (por exemplo, uma debênture sem opção de conversão) e (b) uma opção ao titular do instrumento de dívida de convertê-lo em ações da entidade (por exemplo, as debêntures conversíveis em ações).

• No caso de passivo financeiro, em geral, a taxa de juros será maior pela ausência da opção de conversão. O valor é determinado levando o fluxo de caixa futuro das debêntures à taxa contratada (com opção de conversão), por exemplo, 8% ao ano e descontando-o à taxa de mercado de uma debênture sem a opção de conversão, por exemplo, 10% ao ano.

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• O valor apurado no cálculo anterior será menor que o valor efetivamente captado. A diferença corresponderá ao valor justo inicial da opção que terá a contrapartida no patrimônio líquido. Em geral, em reserva de capital, embora algumas entidades possam preferir reconhecer em outra reserva que não tenha uma definição especificada em lei, como é o caso da reserva de capital. O mais importante é que, em caso de capitalização, este valor integre o aumento de capital.

• Ações preferenciais resgatáveis: nas situações em que a entidade emitir ações preferenciais que podem ser resgatadas em uma data especificada ou à opção do detentor, ela tem uma obrigação contratual de entregar caixa ao titular da ação. Essa é a definição pura de passivo financeiro e, portanto, se ela não participar do valor residual da companhia, como é o caso dos instrumentos de patrimônio, não deve ser classificada no patrimônio líquido, mas sim como instrumento de dívida no passivo circulante ou não circulante e os encargos financeiros (juros e outros) terão como contrapartida o resultado do exercício.

• Baixa de ativo financeiro: a análise da baixa de um ativo financeiro deve obrigatoriamente passar por um fluxo de decisão que considera riscos e benefícios, controle e envolvimento contínuo da entidade com o ativo. Em termos práticos, um importante primeiro passo, para que haja a baixa de um ativo financeiro, é a administração avaliar se houve a transferência para terceiros de substancialmente todos os riscos e benefícios relacionados com o ativo. Exemplo típico no Brasil é o caso das duplicatas descontadas com direito de regresso, que em geral não passam no teste anterior e, portanto, passam a ser classificadas como passivo.

• Baixa de passivo financeiro na renegociação de dívida: como princípio, considera-se que as renegociações de dívida, com mudanças substanciais nos termos do contrato original, representam, em essência, uma nova dívida. Nesse caso, qualquer ganho ou perda apurado na renegociação deve ser reconhecido imediatamente no resultado do exercício. Por outro lado, se a renegociação não alterar substancialmente os termos do contrato original, quaisquer ganhos ou perdas apurados devem ser incorporados à taxa efetiva de juros do contrato e, portanto, amortizados ao longo do prazo remanescente. No Pronunciamento, uma mudança é considerada substancial quando o valor presente do valor renegociado for pelo menos 10% diferente do valor presente descontado dos fluxos de caixa restantes do passivo financeiro original.

CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Divulgação

• Requer que as entidades divulguem em suas demonstrações financeiras informações que permitam aos usuários avaliar a significância dos instrumentos financeiros para a posição patrimonial e financeira da entidade para os resultados das operações, bem como a natureza e a extensão dos riscos oriundos dos instrumentos aos quais a entidade está exposta e a forma pela qual a entidade gerencia esses riscos. Dentre as principais divulgações requeridas, constam:

• Valor justo dos instrumentos financeiros, segregados por níveis (I, II e III), segundo o maior ou menor grau de influência da administração na sua determinação.

• Métodos e técnicas utilizadas para cálculo do valor justo.

• Ativos financeiros usados como colaterais.

• Garantias financeiras.

• Descumprimento de compromissos contratuais.

• Provisão para redução ao valor recuperável dos ativos financeiros.

• Tabela de liquidez.

• Aging dos recebíveis.

• Derivativos embutidos em instrumentos financeiros compostos.

• Elementos componentes do resultado, como receitas, despesas, ganhos e perdas.

• Divulgações qualitativas e quantitativas sobre os riscos oriundos dos instrumentos financeiros, derivativos ou não (risco de liquidez, de crédito, de mercado (juros, câmbio, preço de commodities e outros) e análise de sensibilidade para todas as empresas).

CPC 41 - Resultado por Ação

• O IFRS e os CPCs requerem que a entidade apresente um valor de lucro por ação baseado no lucro atribuível aos acionistas da controladora e o número médio de ações em circulação durante o período.

• Também deve ser apresentado o lucro diluído por ação, o qual considera o impacto de ações adicionais a serem emitidas como consequência de dívida conversível, planos de opções para empregados, etc.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 33

CPC 43 - Adoção inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40

• O CPC 43 determina que a entidade deve, primeiramente, fazer a aplicação do CPC 37 às suas demonstrações consolidadas quando adotar tais normas internacionais pela primeira vez e, a seguir, a entidade deve transpor, para suas demonstrações individuais, todos os ajustes que forem necessários, ou pelos quais optar, na aplicação do CPC 37, de maneira a obter o mesmo patrimônio líquido em ambos os balanços patrimoniais (consolidado e individual) observada a exceção comentada.

ICPC 01 - Contratos de Concessão

• Várias novidades são abordadas, com destaque para duas delas:

• A infraestrutura da concessão deixa de ser um ativo imobilizado da concessionária quando o contrato de concessão estiver no escopo dessa norma e passar a ser apresentado como um ativo intangível e/ou ativo financeiro. Nessa concepção, os ativos objeto da concessão deixam de ser ativos da concessionária e, como bens públicos, passam a ser considerados ativos da concessão. Assim, por fundamento, as concessionárias têm o direito de acessar e explorar os ativos e, neste momento de transição, terão que reclassificá-los para ativos intangíveis ou ativos financeiros (caso haja a garantia legal ou contratual por parte do poder concedente de sua recuperação em forma de caixa ou outro ativo financeiro).

• A concessionária, ao construir parte da infraestrutura, está na essência prestando um serviço de construção e, portanto, deve reconhecer a receita de construção, apurando resultado nessa atividade. Deve ser reconhecida uma margem sobre esse serviço que seja maior ou menor à medida que a construção é feita pela própria concessionária ou por um terceiro. A contrapartida da receita não é caixa, mas um ativo intangível e/ou ativo financeiro.

ICPC 02 - Contrato de Construção do Setor Imobiliário

• Contrato de construção de imóvel, mediante o qual os compradores têm apenas possibilidade limitada de influenciar no projeto do imóvel passa a ser tratado como um contrato de venda de bens de acordo com o alcance do CPC 30 e a receita é reconhecida quando todas as condições do item 14 do CPC 30 são atendidas.

• Contrato de construção em que há a transferência do controle, dos riscos e dos benefícios da propriedade de imóvel durante a construção: se todos os critérios do item 14 do CPC 30 - Receitas, forem continuamente atendidos à medida que a construção avança a entidade deve reconhecer a receita pelo percentual de evolução da obra.

ICPC 08 - Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos

• Os dividendos devem ser reconhecidos como passivo somente se atenderem aos critérios de obrigação presente na data das demonstrações contábeis.

• Somente o dividendo mínimo obrigatório atende à condição de obrigação presente na data das demonstrações contábeis.

• A parcela da proposta dos órgãos da administração à assembleia de acionistas, que exceder a esse mínimo obrigatório, deve ser mantida no patrimônio líquido, em conta específica de reserva de lucros, do tipo “dividendo adicional proposto”, até a deliberação definitiva que vier a ser tomada pelos acionistas.

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1.2 Pronunciamentos, Orientações e Interpretações emitidos pelo CPC e homologações dos reguladores

Pronunciamentos Técnicos

Órgão regulador

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CPC 00 Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis

Dez/2008 Framework 539/08 1.121/08NBC T 1

- 379/08 4.796/08 - SUREG 01/09

CPC 01 (R1)

Redução ao Valor Recuperável de Ativos

Dez/2008 IAS 36 639/10 1.292/10NBC T 19.10

3.566/08 (*)

379/08 (*)

4.796/08 (*)

37/09 (*)

SUREG 01/09 (*)

CPC 02 (R2)

Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

Dez/2008 IAS 21 640/10 1.295/10 NBC T 7

- 379/08 (*)

4.796/08 (*)

37/09 (*)

SUREG 01/09 (*)

CPC 03 (R2)

Demonstração dos Fluxos de Caixa

Dez/2008 IAS 7 641/10 1.296/10NBC T 3.8

3.604/08 (*)

379/08 (*)

4.796/08 (*)

37/09 (*)

SUREG 01/09 (*)

CPC 04 Ativo Intangível Dez/2008, exceto item 107 (aplicável para exercícios findos em 2009)

IAS 38 553/08 1.139/08NBC T 19.81.140/08NBC T 19.8- IT 1

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 05 (R1)

Divulgação sobre Partes Relacionadas

Dez/2008 IAS 24 642/10 1.297/10NBC T 17

3.750/09 (*)

379/08 (*)

4.796/08 (*)

37/09 (*)

SUREG 01/09 (*)

CPC 06 Operações de Arrendamento Mercantil

Dez/2008 IAS 17 554/08 1.141/08NBC T 10.2

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 07 Subvenção e Assistência Governamentais

Dez/2008 IAS 20 555/08 1.143/08NBC T 19.4

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

Dez/2008 IAS 39 (partes)

556/08 1.142/08NBC T 19.14

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado

Dez/2008 - 557/08 1.138/081.162/09NBC T 3.7

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 10 Pagamento Baseado em Ações

Dez/2008 IFRS 2 562/08 1.149/09NBC T 19.15

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 11 Contratos de Seguro Dez/2010 IFRS 4 563/08 1.150/09NBC T 19.16

- 379/08 - - -

CPC 12 Ajuste a Valor Presente Dez/2008 - 564/08 1.151/09NBC T 19.17

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

CPC 13 Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08

Dez/2008 - 565/08 1.152/09NBC T 19.18

- 379/08 4.796/08 37/09 SUREG 01/09

(*) Por ocasião da preparação deste guia, as homologações desses reguladores se deram somente para as versões originais dos respectivos Pronunciamentos e não para as versões revisadas dos mesmos.

Page 35: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 35

Órgão regulador

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CPC 15 Combinação de Negócios

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 3 580/09 1.175/09NBC T 19.23

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 16 (R1)

Estoques Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 2 575/09 1.170/09NBC T 19.20

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 17 Contratos de Construção

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 11 576/09 1.171/09NBC T 19.21

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 18 Investimento em Coligada e em Controlada

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 28 605/09 1.241/09NBC T 19

- - - 37/09 -

CPC 19 Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture)

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 31 606/09 1.242/09NBC T 19.38

- - - 37/09 -

CPC 20 Custos de Empréstimos

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 23 577/09 1.172/09NBC T 19.22

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 21 Demonstração Intermediária

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 34IFRIC 10

581/09 1.174/09NBC T 19.24

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 22 Informações por Segmento

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 8 582/09 1.176/09NBC T 19.25

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 8 592/09 1.179/09NBC T 19.11

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 24 Evento Subsequente Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 10 593/09 1.184/09NBC T 19.12

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 37 594/09 1.180/09NBC T 19.7

3.823/09 - 4.722/09 37/09 -

CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 1 595/09 1.185/09NBC T 19.27

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 27 Ativo Imobilizado Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 16 583/09 1.177/09NBC T 19.1

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 28 Propriedade para Investimento

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 40 584/09 1.178/09NBC T 19.26

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 41 596/09 1.186/09NBC T 19.29

- - - 37/09 -

CPC 30 Receitas Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 18IFRIC 13

597/09 1.187/09NBC T 19.30

- - 4.722/09 37/09 -

Page 36: Guia_PwC_DFC_2010-2011

PwC36

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CPC 31 Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 5 598/09 1.188/09NBC T 19.28

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 32 Tributos sobre o Lucro Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 12 599/09 1.189/09NBC T 19.2

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 33 Benefícios a Empregados

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 19IFRIC 14

600/09 1.193/09NBC T 19.31

- - 4.722/09 37/09 -

CPC 35 Demonstrações Separadas

Dez/2010, comparativo a 2009

- 607/09 1.239/09NBC T 19.35

- - - 37/09 -

CPC 36 Demonstrações Consolidadas (R1)

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 27 608/09 1.240/09NBC T 19.36

- - - 37/09 -

CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 1 609/09 1.253/09NBC T 19.39

- - - 37/09 -

CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 39IFRIC 9

604/09 1.196/09NBC T 19.32

- - - 37/09 -

CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 32 604/09 1.197/09NBC T 19.33

- - - 37/09 -

CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 7 604/09 1.198/09NBC T 19.34

- - - 37/09 -

CPC 41 Resultado por Ação Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 33 636/10 1.287/10NBC T 19.42

- - - - -

CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRS 1 610/09 1.254/09NBC T 19.40

- - - 37/09 -

CPC PME

Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas

Dez/2010 IFRS for SMEs

- 1.255/09NBC T 19.41

- - - 37/09 -

Page 37: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 37

Interpretações Técnicas

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ICPC 01 Contratos de Concessão

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 12 611/09 1.261/09IT 08

- - - - -

ICPC 02 Contrato de Construção do Setor Imobiliário

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 15 612/09 1.266/09IT 13

- - - - -

ICPC 03 Aspectos Complementares das Operações de Arrendamento Mercantil

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 4, SIC 15 e SIC 27

613/09 1.256/09IT 03

- - - - -

ICPC 04 Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 8 614/09 1.257/09IT 04

- - - - -

ICPC 05 Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações - Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 11 615/09 1.258/09IT 05

- - - - -

Orientações Técnicas

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OCPC 01 (R1)

Entidades de Incorporação Imobiliária

Dez/2008 - 561/08 1.154/09NBC T 10.23

- - - - -

OCPC 02 Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008

Dez/2008 - Ofício-circular CVM/SNC/SEP nº 01/2009

1.157/09CT 03

- Carta-circular DECON 001/09

- - SUREG 01/09

OCPC 03 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação (CPC 14 R1)

A partir de sua publicação em outubro de 2009

- Ofício-circular CVM/SNC/SEP nº 03/2009

1.199/09IT 02

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Page 38: Guia_PwC_DFC_2010-2011

PwC38

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ICPC 06 Hedges de Investimentos Líquidos em uma Operação no Exterior

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 16 616/09 1.256/09IT 06

- - - - -

ICPC 07 Distribuição de Dividendos in Natura

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 17 617/09 1.260/09IT 07

- - - - -

ICPC 08 Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos

Dez/2010, comparativo a 2009

IAS 10 601/09 1.195/09IT 01

- - - - -

ICPC 09 Demonstrações contábeis individuais, demonstrações separadas, demonstrações consolidadas e aplicação do método de equivalência patrimonial

Dez/2010, comparativo a 2009

- 618/09 1.262/09IT 09

- - - - -

ICPC 10 Esclarecimentos Sobre os Pronunciamentos Técnicos CPC 27 - Ativo Imobilizado e CPC 28 - Propriedade para Investimento

Dez/2010, comparativo a 2009

- 619/09 1.263/09IT 10

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ICPC 11 Recebimento em transferência de ativos de clientes

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 18 620/09 1.264/09IT 11

- - - - -

ICPC 12 Mudanças em passivos por desativação, restauração e outros passivos similares

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 1 621/09 1.265/09IT 12

- - - - -

ICPC 13 Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação, Restauração e Reabilitação Ambiental

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 5 637/10 1.288/10IT 14

- - - - -

ICPC 15 Passivo Decorrente de Participação em Mercado Específico - Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

Dez/2010, comparativo a 2009

IFRIC 6 638/10 1.289/10IT 15

- - - - -

Page 39: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 39

1.3 Revisões de Pronunciamentos anteriormente emitidos

O processo de convergência das normas contábeis brasileiras para as normas contábeis internacionais teve sua primeira etapa concluída em 2008, quando o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08 e o CPC 14 referente à Fase I de Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação, após a edição de diversos Pronunciamentos e Orientações. A segunda etapa do processo de convergência foi iniciada em 2009 e se estendeu pelo ano de 2010, com a edição dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 43 (com exceção dos CPCs 34 e 42).

Ao se aproximar da conclusão da última etapa de emissão dos pronunciamentos, surgiu a necessidade de o CPC efetuar determinados ajustes e esclarecimentos nos pronunciamentos já emitidos, a fim de mantê-los atualizados e garantir que estivessem totalmente convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Dessa forma, o CPC estabeleceu um processo de revisão dos documentos já emitidos e, ao longo de 2010, foram efetuadas as revisões nos pronunciamentos descritos a seguir.

Parte das revisões efetuadas não altera a essência dos Pronunciamentos Técnicos originais, busca apenas atualizar referências para os demais pronunciamentos publicados posteriormente, além de deixá-los totalmente convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade, como é o caso das revisões nos CPC 01, CPC 04, CPC 05, CPC 06 e CPC 07.

O presente resumo das revisões expõe o objetivo dos trabalhos do CPC e destaca as principais mudanças sem a pretensão de fazer o papel de referência única para identificar as alterações realizadas nos pronunciamentos e seus impactos. CPC 01 (R1) - Redução ao Valor Recuperável de Ativos

A revisão do CPC 01, publicada em 06 de agosto de 2010, não altera a essência do pronunciamento original, mas altera algumas referências aos demais pronunciamentos e, por exemplo, exclui o anexo B que foi eliminado no IAS 36 - Bound Volume 2010.

CPC 02 (R2) - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

Desde sua publicação original, este Pronunciamento passou por duas revisões. Na primeira revisão, publicada em 8 de janeiro de 2010, foram alterados os parágrafos 4, 5, 35 e 36, com o intuito de eliminar referências às demonstrações financeiras individuais e à consolidação, além de proporcionar maior alinhamento com as normas internacionais, o IAS 21.

A segunda revisão, publicada em 03 de setembro de 2010, não altera a essência do Pronunciamento original, mas ajusta algumas referências e contempla alterações feitas pelo próprio IASB após a aprovação no último documento. Por exemplo, ajusta o texto quanto aos objetivos do Pronunciamento, esclarecendo que os principais pontos envolvem quais taxas de câmbio devem ser usadas e como reportar os efeitos das mudanças nas taxas de câmbio nas demonstrações financeiras, entre outros.

Page 40: Guia_PwC_DFC_2010-2011

PwC40

CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa

Este Pronunciamento também passou por duas revisões. A primeira revisão, publicada em 8 de janeiro de 2010, ajustou basicamente a redação do item 8 (mudança para adequar o conceito de caixa e equivalente de caixa) e item 9 (mudança para adequar o conceito de saldo negativo em conta-corrente) do CPC 03 para torná-la semelhante à do IAS 7.

No item 8, foi incluído texto esclarecendo que um investimento é considerado equivalente de caixa quando tiver vencimento de três meses ou menos, e no item 9 foram efetuados esclarecimentos sobre saldos negativos de caixa, como saldos bancários a descoberto (por exemplo cheque especial), que podem ser usados para gestão das disponibilidades da empresa.

A segunda revisão, publicada em 03 de setembro de 2010, não altera a essência do Pronunciamento original, mas ajusta algumas referências e contempla alterações feitas pelo próprio IASB após a aprovação no último documento. Por exemplo, foi incluída nota explicativa ao Pronunciamento que, apesar de não ser parte integrante do mesmo, o acompanha e tem a finalidade de esclarecer certas diferenças com relação às normas internacionais. Essas diferenças relacionam-se, por exemplo, a ausência, no CPC 03 (R2) de preferência ao método direto ou ao método indireto na apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa, enquanto que o IASB menciona sua preferência pelo método direto e o incentiva, além de outras exigências de divulgações existentes no Brasil, mas que não constam na versão do IASB. O IASB, em seu documento Statement of Best Practice: Working Relationships between the IASB and other Accounting Standard-Setters, admite que as jurisdições façam exigências de informações adicionais às requeridas por ele e declara que isso não impede que as demonstrações contábeis assim elaboradas possam estar de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade, que é o caso deste Pronunciamento.

CPC 04 (R1) - Ativo Intangível

A revisão do CPC 04, cuja audiência pública foi encerrada em 8 de outubro de 2010, contempla atualizações nas referências e atualizações feitas pelo próprio IASB no IAS 38 após a aprovação desse Pronunciamento. Por exemplo, esse Pronunciamento foi atualizado para ficar alinhado ao CPC 15 - Combinação de Negócios - e, assim, foi incluído parágrafo nas disposições transitórias esclarecendo que a entidade deve adotar esse Pronunciamento para contabilizar um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios de acordo com o alcance do Pronunciamento CPC 15.

CPC 05 (R1) - Divulgações sobre Partes Relacionadas

A revisão do CPC 05, publicada em 03 de setembro de 2010, contempla atualizações nas referências para os demais pronunciamentos publicados e atualizações efetuadas no IAS 24. Por exemplo, a revisão incluiu item sobre entidades relacionadas com o Estado e uma seção de exemplos ilustrativos, além da nota explicativa ao Pronunciamento, que descreve certas diferenças entre ele e as normas internacionais, notadamente referente à exigência no Brasil, de divulgações das condições em que as transações com partes relacionadas foram efetuadas, bem como, de transações atípicas com partes relacionadas realizadas após o fim do exercício ou período. A natureza dessas divergências, como permitido pelo IASB, não faz com que o Pronunciamento não esteja em conformidade com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB. CPC 06 (R1) - Operações de Arrendamento Mercantil

A revisão do CPC 06, cuja audiência pública foi encerrada em 8 de novembro de 2010, atualiza referências para os demais pronunciamentos publicados e incorpora atualizações ocorridas no IAS 17. Por exemplo, foram eliminados os parágrafos 14 e 15, e foi elaborado um novo parágrafo que esclarece como avaliar um contrato de arrendamento quando este contemplar terrenos e edifícios (detalhando que cada elemento do contrato de arrendamento deve ser avaliado individualmente para classificação e enquadramento como arrendamento operacional ou financeiro). CPC 07 (R1) - Subvenção e Assistência Governamentais

A revisão do CPC 07, cuja audiência pública foi encerrada em 8 de novembro de 2010, atualiza referências e incorpora possíveis alterações ocorridas no IAS 20, no entanto, não altera a essência do Pronunciamento. Por exemplo, foi incluído o parágrafo 10 A, esclarecendo que um benefício econômico obtido com um empréstimo governamental com uma taxa de juros abaixo da praticada no mercado deve ser tratado como subvenção governamental, e foi incluída a Interpretação Técnica sobre Assistência Governamental - sem relação específica com as atividades operacionais (correlação com as Normas Internacionais de Contabilidade - SIC 10).

Page 41: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 41

CPC 08 (R1) - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

Este Pronunciamento Técnico está fundamentado basicamente no IAS 39, cujo equivalente nos pronunciamentos do CPC é o CPC 38 - Instrumentos Financeiros - Reconhecimento e Mensuração, sendo que esse CPC foi emitido apenas em 2009, após a emissão original do CPC 08. Dessa forma, a revisão do CPC 08 busca alinhá-lo com o CPC 38 e ainda ajustar alguns exemplos incluídos no Pronunciamento para torná-lo mais claro.

CPC 10 (R1) - Pagamento Baseado em Ações

A revisão do CPC 10, cuja audiência pública se encerra em 2 de dezembro de 2010, tem por objetivo contemplar as atualizações feitas pelo IASB no IFRS 2, após a aprovação da primeira versão do CPC 10, sendo a mais relevante ocorrida em junho de 2009 quando o IASB alterou IFRS 2 para esclarecer o alcance e a contabilização de transações de pagamento baseado em ações liquidadas em caixa. As alterações propostas também objetivam incorporar ao texto do CPC 10 as orientações contidas nas Interpretações Técnicas ICPC 04 e ICPC 05 (IFRIC 8 e IFRIC 11). Como resultado, o CPC está, à semelhança do já ocorrido no IFRS, propôs a revogação da Interpretação Técnica ICPC 04 - Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações e da Interpretação Técnica ICPC 05 - Pronunciamento Técnico CPC 10 Pagamento Baseado em Ações - Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria.

CPC 16 (R1) - Estoques

A revisão do CPC 16, publicada em 8 de janeiro de 2010, foi efetuada para ajustar a redação do item 11, detalhando que o custo de aquisição dos estoques, entre outros itens, compreende os impostos de importação e outros tributos, exceto os recuperáveis junto ao Fisco, e enfatiza que os descontos e abatimentos devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição.

CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis

A revisão do CPC 26, publicada em 8 de janeiro de 2010, foi efetuada para ajustar referências no seu Apêndice A - Exemplo de demonstração das mutações do patrimônio líquido com evidenciação dos outros resultados abrangentes e da demonstração do resultado abrangente.

CPC 36 (R1) - Demonstrações Consolidadas

A revisão do CPC 36, publicada em 8 de janeiro de 2010, foi efetuada para eliminar o item 3, que discorria sobre a aplicação desse Pronunciamento também na contabilização de investimentos em controladas, entidades controladas em conjunto e coligadas quando o investidor apresentasse demonstrações contábeis separadas. CPC 37 (R1) - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

A revisão do CPC 37, cuja audiência pública foi encerrada em 8 de novembro de 2010, tem o objetivo de ajustar as opções permitidas por esse Pronunciamento de forma que as opções adotadas atendam plenamente ao IFRS 1.

Foi incluída uma nota explicativa ao Pronunciamento CPC 37 (R1), tal qual procedimento efetuado nas revisões dos Pronunciamentos CPC 03 (R1) e CPC 05 (R1), destacando certas diferenças existentes entre o IFRS e a prática contábil adotada no Brasil, mas com o entendimento expressado pelo CPC de que essas diferenças não interferem na plena adoção das Normas Internacionais de Contabilidade pelas companhias brasileiras.

CPC 43 (R1) - Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40

A revisão do Pronunciamento Técnico CPC 43, cuja audiência pública se encerra em 2 de dezembro de 2010, tem por objetivo eliminar diferenças que poderiam ainda existir, em certos casos específicos, decorrentes da adoção inicial do IFRS em comparação com a adoção de todos os pronunciamentos deste CPC, em linha com a revisão efetuada no Pronunciamento Técnico CPC 37.

OCPC 01 (R1) - Entidades de Incorporação Imobiliária

A revisão do OCPC 01, publicada em 8 de janeiro de 2010, foi efetuada para ajustar o texto do item 8g, para melhor compreensão do tratamento contábil a ser dado aos encargos financeiros contabilizados em imóveis comerciais que transitam pelo estoque. Esclareceu que os encargos financeiros elegíveis para serem capitalizados devem ser calculados proporcionalmente às unidades imobiliárias não comercializadas e que os encargos financeiros referentes às unidades comercializadas devem ser reconhecidos no resultado como custo das unidades vendidas.

O CPC divulgou, ainda, que pretende emitir orientações adicionais sobre o ICPC 01 - Contratos de Concessão e ICPC 02 - Contrato de Concessão do Setor Imobiliário, visando auxiliar as entidades que atuam nesses setores na implementação dos IFRS e das referidas Interpretações.

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1.4 Sumário de novas normas

Na sequência, apresentamos um resumo dos Pronunciamentos, das Orientações e das Interpretações emitidas em 2010 e em dezembro de 2009, ainda não abrangidos em nossos Guias publicados em anos anteriores. O resumo da Estrutura Conceitual Básica, dos Pronunciamentos CPC 01 ao CPC 40 e CPC PME, Interpretações Técnicas ICPC 01 a ICPC11 e Orientações Técnicas OCPC01 e OCPC02 encontra-se nos Guias publicados em 2009 e 2008, cuja versão completa está disponível em nosso site www.pwc.com/br.

Pronunciamento Técnico CPC 41 - Resultado por Ação

Este Pronunciamento trata do cálculo do resultado por ação básico e diluído.

Deve ser aplicado na preparação de: (a) demonstrações financeiras consolidadas, separadas e individuais de companhias cujas ações ordinárias ou ações ordinárias potenciais (instrumentos financeiros ou outros contratos que dão ao seu titular o direito a ações ordinárias) sejam publicamente negociadas em bolsas de valores nacionais ou estrangeiras ou mercado de balcão; (b) demonstrações financeiras de companhias que estejam registradas, ou em processo de registro, na Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão regulador, com o propósito de distribuir suas ações em mercados organizados; e (c) demonstrações contábeis consolidadas de grupo econômico, cuja controladora atenda a um desses requisitos.

O Pronunciamento aplica-se igualmente ao cálculo e à divulgação do resultado por ação ordinária básico e diluído e, no que couber, ao cálculo e à divulgação do resultado por ação preferencial básico e diluído, por classe, independentemente de sua classificação como instrumento patrimonial ou de dívida.

Quando a companhia apresentar demonstrações financeiras consolidadas, além de demonstrações financeiras individuais, o resultado por ação pode ser apresentado apenas na informação individual se o resultado líquido e o resultado das operações continuadas forem os mesmos nos dois conjuntos de demonstrações financeiras apresentados.

O resultado básico por ação é calculado dividindo-se o lucro ou prejuízo do período atribuído aos acionistas da companhia pela média ponderada da quantidade de ações em circulação. O objetivo dessa informação é proporcionar a mensuração da participação de cada ação da companhia no desempenho da entidade durante o período.

O resultado diluído por ação, por sua vez, é o resultado por ação ajustado por todos os efeitos de todas as potenciais conversões de instrumentos (debêntures ou outros instrumentos de dívida) ou direitos (opções de ações emitidas para empregados como parte de sua remuneração) em ações que possam alterar a remuneração por ação dos detentores de capital próprio da companhia.

No Brasil, as ações preferenciais têm normalmente direito a dividendo mínimo (ou mesmo fixo), participam dos resultados remanescentes, e são classificadas no patrimônio líquido, inclusive porque participam do rateio do acervo final da entidade quando de sua liquidação. Assim, as ações preferenciais no Brasil devem ser consideradas, para efeito da aplicação deste Pronunciamento, com raras exceções, como ações ordinárias que não têm direito a voto para fins de cálculo do resultado por ação.

O Pronunciamento inclui uma lista de divulgações requeridas e um guia de aplicação, além de uma gama de exemplos ilustrativos.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 43

Pronunciamento Técnico CPC 43 - Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40

O objetivo do CPC 43 é fornecer as diretrizes necessárias para que as demonstrações financeiras de uma entidade, preparadas de acordo com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações emitidos pelo CPC, e as divulgações financeiras intermediárias, para os períodos parciais cobertos por essas demonstrações financeiras, possam ser declaradas como estando em conformidade com as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB - International Accounting Standards Board (IFRSs). Somente duas exceções, previstas na Lei das Sociedades por Ações, são permitidas neste processo de busca de convergência com as normas internacionais:

a) Manutenção de saldo de ativo diferido até sua total amortização.

b) Demonstrações financeiras individuais de entidades com investimento em controlada ou empreendimento controlado em conjunto avaliado pela equivalência patrimonial.

O CPC 43 prevê que a entidade deve, primeiramente, aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 37 - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade às suas demonstrações consolidadas quando adotar tais normas internacionais pela primeira vez. A seguir, a entidade deve transpor, para suas demonstrações individuais, todos os ajustes que forem necessários, ou pelos quais optou quando da aplicação do Pronunciamento Técnico CPC 37, de forma a obter o mesmo patrimônio líquido em ambos os balanços patrimoniais, consolidado e individual.

Nas raras exceções em que for impraticável aplicar algum dos procedimentos e isso gerar diferença entre os dois patrimônios líquidos, esse fato deve ser divulgado juntamente com a explicação dos motivos do impedimento da igualdade que se procura.

A manutenção do saldo de ativo diferido, mesmo sendo permitida pela legislação contábil brasileira vigente, não está em conformidade com as normas internacionais de contabilidade. No documento colocado em audiência pública, o CPC indicou seu entendimento de que tal saldo deve ser eliminado nas demonstrações consolidadas da entidade e que é recomendável sua eliminação nas demonstrações individuais. Quanto aos procedimentos previstos no CPC 13 em relação aos saldos em reservas de capital decorrentes de prêmio na emissão de debêntures e de doação ou subvenção para investimentos, que também podem originar diferenças para o padrão IFRS, o CPC indicou, no documento de audiência pública para revisão do CPC 43, que devem ser feitos os devidos ajustes nas demonstrações individuais e consolidadas preparadas com base nos CPCs, para que sejam eliminadas quaisquer diferenças em relação às demonstrações consolidadas em IFRS. É importante acompanhar a finalização da revisão do CPC 43 e seu processo de homologação pelo regulador, para um adequado tratamento desses temas.

O CPC 43 não é obrigatório para as pequenas e médias empresas. O Pronunciamento que traz os procedimentos para a adoção inicial nesse tipo de entidade é o CPC PME. Assim, os parágrafos de introdução do CPC 43 lembram que as pequenas e médias empresas que seguirem o Pronunciamento Técnico PME não afirmam que as demonstrações financeiras estão de acordo com o IFRS, mas sim, que as suas demonstrações financeiras estão de acordo com o Pronunciamento Técnico PME.

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Orientação Técnica OCPC 03 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação

A Orientação Técnica OCPC 03 foi aprovada para ser apresentada como orientação aos Pronunciamentos Técnicos CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação e CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, em substituição ao Pronunciamento Técnico CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação.

Tendo em vista a complexidade do tema envolvendo instrumentos financeiros e considerando que para a grande maioria das empresas brasileiras o conteúdo total dos Pronunciamentos CPCs 38, 39 e 40 poucas vezes será utilizado, o CPC deliberou pela emissão da Orientação Técnica OCPC 03, cujo teor se inicia a partir do Pronunciamento CPC 14, adicionando alguns tópicos anteriormente não tratados nele, mas que estão previstos nesses três outros Pronunciamentos sobre instrumentos financeiros (CPCs 38, 39 e 40).

A Orientação consiste de um guia mais simplificado, contando inclusive com exemplos para a aplicação das normas internacionais sobre instrumentos financeiros. Dessa forma, o objetivo da Orientação é resumir os princípios para o reconhecimento, a mensuração, o desreconhecimento de ativos e passivos financeiros e de alguns contratos de compra e venda de itens não financeiros, a apresentação e a divulgação de instrumentos financeiros, incluindo derivativos, e o reconhecimento de perda no valor recuperável de ativos financeiros (o que inclui o tratamento contábil da provisão para créditos de liquidação duvidosa).

No caso de operações mais sofisticadas, como instrumentos financeiros híbridos, embutidos e operações avançadas de hedge, será necessário o acesso aos Pronunciamentos CPC 38, 39 e 40.

O IASB está emitindo minutas de alteração de suas normas sobre instrumentos financeiros e, conforme o desenrolar dessas alterações, o CPC já informou que emitirá os respectivos Pronunciamentos e os órgãos reguladores se pronunciarão quanto ao início de vigência. O IFRS 9 - Financial Instruments foi emitido em forma final pelo IASB em novembro de 2009, com aplicação obrigatória nos exercícios sociais iniciados a partir de 1º de janeiro de 2013. Todavia, esse Pronunciamento do IASB ainda não foi recepcionado pelo CPC.

Interpretação Técnica ICPC 12 - Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos Similares Esta Interpretação é aplicável às entidades que têm obrigações para desmontar, retirar e restaurar itens do imobilizado e fornece orientação sobre como contabilizar o efeito das mudanças na mensuração dos passivos por desativação, restauração e outros passivos similares.

Os eventos que mudam a mensuração de passivo por desativação, restauração ou outro passivo similar são: (i) mudanças no fluxo de saída estimado de recursos que incorporam benefícios econômicos necessários para liquidar a obrigação, (ii) mudanças na taxa de desconto corrente baseada em mercado e (iii) aumento no passivo que reflete a passagem do tempo (também referido como a reversão do desconto). Dependendo do método de avaliação do ativo imobilizado (custo ou reavaliação - este último se permitido), as mudanças são registradas de forma distinta.

Nas circunstâncias em que o respectivo ativo é mensurado pelo método de custo, como é prática permitida no Brasil, as mudanças no passivo serão adicionadas ou deduzidas do custo do respectivo ativo no período corrente. Se a redução no passivo exceder o valor contábil do ativo, o excedente é reconhecido imediatamente no resultado. Se o ajuste resultar na adição ao custo do ativo, a entidade deve considerar se essa adição não representa uma indicação de que o novo valor contábil do ativo pode não ser plenamente recuperável. Se houver tal indicação, a entidade deve testar o ativo quanto à redução ao valor recuperável, estimando o correspondente valor recuperável, e deverá contabilizar qualquer perda por redução ao valor recuperável de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos.

O valor depreciável ajustado do ativo é depreciado ao longo de sua vida útil. Portanto, quando o respectivo ativo chegar ao fim de sua vida útil, todas as mudanças subsequentes no passivo são reconhecidas no resultado, à medida que ocorrerem.

A reversão periódica do desconto (para refletir a passagem do tempo) deve ser reconhecida no resultado como custo de financiamento à medida que ocorrer. A capitalização prevista no PronunciamentoTécnico CPC 20 - Custos dos Empréstimos não é permitida.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 45

Interpretação Técnica ICPC 13 - Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação, Restauração e Reabilitação Ambiental

A ICPC 13 foi emitida no contexto do processo de convergência plena das práticas contábeis brasileiras às internacionais. Essa interpretação é equivalente ao IFRIC 5 que esclarece qual o tratamento contábil a ser utilizado nas demonstrações financeiras de entidades que contribuem e são participantes de fundos constituídos com a finalidade de desativação, restauração e reabilitação ambiental.

O objetivo desse tipo de fundo é segregar ativos para custear alguns ou todos os custos de desativação de fábricas (por exemplo, usina nuclear) ou de determinados equipamentos (por exemplo, veículos) ou de reabilitação ambiental (por exemplo, despoluição de águas ou restauração de terreno contaminado), referidos conjuntamente como “desativação”.

Pode haver uma grande variedade desse tipo de fundo. Dessa forma, a Interpretação deve ser aplicada considerando a particularidade de cada caso.

Esses fundos geralmente têm as seguintes características:

i. São administrados separadamente por depositários independentes.

ii. Os contribuintes fazem contribuições ao fundo, que são investidas em uma série de ativos que podem incluir tanto instrumentos de dívida quanto patrimoniais e estão disponíveis para ajudar a pagar os gastos de desativação.

iii. Os contribuintes mantêm a obrigação de pagar os gastos de desativação.

iv. Os contribuintes podem ter acesso restrito ou nenhum acesso a qualquer excedente de ativos do fundo sobre aqueles usados para cumprir os gastos de desativação elegíveis.

A ICPC 13 deve ser aplicada à contabilização nas demonstrações financeiras de contribuinte por participações decorrentes de fundos de desativação que têm as seguintes características: (a) os ativos são administrados separadamente (por serem mantidos em entidade legal separada ou como ativos segregados dentro de outra entidade) e (b) o direito do contribuinte de acessar os ativos é restrito.

A Interpretação endereça o tratamento contábil em duas situações:

a) Contabilização de participação em fundo

O contribuinte deve reconhecer sua obrigação de pagar gastos de desativação como passivo, bem como reconhecer sua participação no fundo separadamente. Caso o contribuinte tenha controle, controle conjunto ou influência significativa sobre o fundo, ele deve contabilizar sua participação de acordo com os Pronunciamentos CPC 18, 19, 35 e 36. Se o contribuinte não tiver controle, controle conjunto ou influência significativa sobre o fundo, deve reconhecer o direito de receber reembolso proveniente do fundo como reembolso, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25.

b) Contabilização de obrigação de fazer contribuições adicionais

Quando o contribuinte tem obrigação de fazer contribuições adicionais potenciais como, por exemplo, se o valor dos ativos de investimento mantidos pelo fundo diminuir a um nível que seja insuficiente para cumprir as obrigações de reembolso do fundo, essa obrigação é considerada passivo contingente e, assim sendo, está ao alcance do Pronunciamento Técnico CPC 25. O contribuinte deve reconhecer um passivo somente se for provável que as contribuições adicionais serão feitas.

Essa Interpretação é aplicável com a adoção inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 38 e 25.

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Interpretação Técnica ICPC 15 - Passivo decorrente de Participação em um Mercado Específico - Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

Embasada nos conceitos de “obrigação” e “provisão”, esta Interpretação é bastante específica e fornece orientação sobre o reconhecimento, nas demonstrações financeiras de fabricantes de equipamentos, de passivos por gerenciamento de resíduos previstos na Diretiva da União Européia sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos em relação às vendas de equipamentos residenciais históricos.

Para a Diretiva e, por consequência, para fins desta Interpretação, são considerados equipamentos residenciais históricos aqueles que foram vendidos antes de 13 de agosto de 2005 e que originam resíduos por desativação, com um equivalente custo a ser gerido por cada país-membro da União Européia.

O CPC deliberou emitir esta ICPC 15 em total conformidade com sua versão original pois:

a) Muitas empresas brasileiras têm investidas naquela região que irão aplicar o IFRC 6 e, consequentemente, as investidoras no Brasil necessitarão reconhecer seus efeitos para fins de equivalência patrimonial e consolidação.

b) Podem ocorrer situações no Brasil que se assemelhem às discutidas na Interpretação, com o que os princípios básicos também servem como fundamento para o registro contábil dessas situações.

A ICPC 15 contextualiza o tema fazendo referência aos itens 17 e 19 do Pronunciamento Técnico CPC 25. O item 17 especifica que um evento que cria obrigação é um evento passado que cria uma obrigação presente, para o qual a entidade não tenha alternativa realista senão liquidar a obrigação criada pelo evento. Por sua vez o item 19 do Pronunciamento Técnico CPC 25 afirma que as provisões devem ser reconhecidas apenas para “obrigações que surgem de eventos passados que existam independentemente de ações futuras da entidade”.

A Interpretação foi elaborada para determinar, no contexto da desativação prevista na Diretiva da União Européia, o que constitui o fato gerador da obrigação, de acordo com o item 14(a) do Pronunciamento Técnico CPC 25, para o reconhecimento de provisão para custos de gerenciamento de resíduos.

A Interpretação traz o consenso de que a participação no mercado durante o período de mensuração é o fato gerador da obrigação. Ou seja, o fato gerador não está vinculado à produção ou venda dos itens a serem alienados, mas à participação de mercado do fabricante durante o período de mensuração (a ser especificado na legislação de cada país-membro). Afirma, ainda, que a época do fato gerador também pode ser independente do período específico no qual as atividades para realizar o gerenciamento de resíduos são empreendidas e os custos relacionados incorridos.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 47

2. Conselho Federal de Contabilidade - CFC

“Novas Normas Brasileiras de Contabilidade: segregando-as entre profissionais e técnicas e estabelecendo preceitos de conduta profissional, padrões e procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício profissional. Grandes novidades aos contadores e aos auditores são observadas aqui.”

Jair Allgayer Sócio PwC - Brasil

2.1 Reestruração das normas emitidas pelo CFC

Resolução nº 1.298/10, de 17 de setembro de 2010

Esta Resolução dispõe sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e estabelece que elas devem seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais, uma vez que compreendem as Normas propriamente ditas, as Interpretações Técnicas, os Comunicados Técnicos e o Código de Ética Profissional do Contabilista.

Também define a classificação das Normas Brasileiras de Contabilidade, segregando-as entre Profissionais e Técnicas e estabelecendo preceitos de conduta profissional, padrões e procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício profissional. As referidas normas estão estruturadas conforme segue:

a) Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais:

i. Geral - NBC PG: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade.

ii. Do Auditor Independente - NBC PA: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores independentes.

iii. Do Auditor Interno - NBC PI: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos.

iv. Do Perito - NBC PP: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos contábeis.

b) Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas:

i. Geral - NBC TG: são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais, emitidas pela IFRS Foundation, e as Normas Brasileiras de Contabilidade, editadas por necessidades locais sem equivalentes internacionais.

ii. Do Setor Público - NBC TSP: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC), e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, editadas por necessidades locais sem equivalentes internacionais.

iii. De Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica - NBC TA: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC.

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iv. De Revisão de Informação Contábil Histórica - NBC TR: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão convergentes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC.

v. De Asseguração de Informação Não Histórica - NBC TO: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Asseguração convergentes com as Normas Internacionais de Asseguração emitidas pelo IAASB.

vi. De Serviço Correlato - NBC TSC: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos convergentes com as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pelo IAASB.

1 No início de 2009, o IAASB - International Auditing and Assurance Standards Board completou o que se denominou Clarity Project. Nesse projeto, com duração de dois ou três anos, algumas normas foram revisadas e outras reescritas, com o propósito de deixar mais claros os objetivos e as responsabilidades dos auditores independentes e facilitar a implementação internacional das normas de auditoria nos diversos países.

2.2 Aspectos de Auditoria

2.2.1 Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade do Auditor Independente

O Plenário do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou, em 27 de novembro de 2009, trinta e sete Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TA) e, em 10 de dezembro de 2009, duas Normas Brasileiras de Contabilidade Profissional do Auditor Independente (NBC PA), todas refletindo o padrão internacional e em consonância com as novas versões das ISAs, ou seja, após o projeto de ISA Clarity 1.

As novas NBC TAs resultaram do processo de convergência das normas brasileiras com as normas emitidas pelo IAASB - International Auditing and Assurance Standards Board, implementado pelo CFC em conjunto com o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Essas NBC TAs, ou as novas normas brasileiras de auditoria, mantêm a numeração original da IFAC para facilitar as citações e revisões futuras, bem como para deixar transparente a equivalência às normas internacionais.

Essas novas normas são aplicáveis às demonstrações financeiras para períodos, completos ou intermediários, que se findem a partir de 30 de dezembro de 2010.

O quadro a seguir contém as novas normas de auditoria independente:

NBC PAs - Normas Profissionais do Auditor Independente

Referência Assunto Resolução CFCNBC PA 01 Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores

Independentes 1.201/09

NBC PA 02 Independência 1.267/09

vii. De Auditoria Interna - NBC TI: são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna.

viii. De Perícia - NBC TP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia.

A Resolução define que a Interpretação Técnica (IT) tem por objetivo esclarecer a aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, definindo regras e procedimentos a serem aplicados em situações, transações ou atividades específicas, sem alterar a substância dessas normas. Já o Comunicado Técnico (CT) tem por objetivo esclarecer assuntos de natureza contábil, com a definição de procedimentos a serem observados, considerando os interesses da profissão e as demandas da sociedade.

Esta Resolução revoga a Resolução CFC nº 1.156/2009, publicada no D.O.U., Seção 1, de 17 de fevereiro de 2009.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 49

NBC TAs - Normas Técnicas de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica

Referência Assunto Resolução CFCNBC TA 01 Estrutura Conceitual para Trabalho de Asseguração 1.202/09 NBC TA 200 Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com

as Normas de Auditoria 1.203/09

NBC TA 210 Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria 1.204/09NBC TA 220 Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.205/09NBC TA 230 Documentação de Auditoria 1.206/09NBC TA 240 Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude no Contexto da Auditoria de

Demonstrações Contábeis1.207/09

NBC TA 250 Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.208/09NBC TA 260 Comunicação com os Responsáveis pela Governança 1.209/09NBC TA 265 Comunicação de Deficiências do Controle Interno 1.210/09 NBC TA 300 Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis 1.211/09 NBC TA 315 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da

Entidade e de seu Ambiente 1.212/09

NBC TA 320 Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria 1.213/09 NBC TA 330 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados 1.214/09 NBC TA 402 Considerações de Auditoria para a Entidade que Utiliza Organização Prestadora de Serviços 1.215/09 NBC TA 450 Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria 1.216/09 NBC TA 500 Evidência de Auditoria 1.217/09 NBC TA 501 Evidência de Auditoria - Considerações Específicas para Itens Selecionados 1.218/09 NBC TA 505 Confirmações Externas 1.219/09 NBC TA 510 Trabalhos Iniciais - Saldos Iniciais 1.220/09 NBC TA 520 Procedimentos Analíticos 1.221/09 NBC TA 530 Amostragem em Auditoria 1.222/09 NBC TA 540 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas 1.223/09 NBC TA 550 Partes Relacionadas 1.224/09 NBC TA 560 Eventos Subsequentes 1.225/09 NBC TA 570 Continuidade Operacional 1.226/09 NBC TA 580 Representações Formais 1.227/09 NBC TA 600 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis de Grupos, Incluindo o

Trabalho dos Auditores Componentes 1.228/09

NBC TA 610 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna 1.229/09 NBC TA 620 Utilização do Trabalho de Especialistas 1.230/09 NBC TA 700 Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as

Demonstrações Contábeis 1.231/09

NBC TA 705 Modificações na Opinião do Auditor Independente 1.232/09 NBC TA 706 Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente 1.233/09 NBC TA 710 Informações Comparativas - Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis

Comparativas 1.234/09

NBC TA 720 Responsabilidade do Auditor em Relação a Outras Informações Incluídas em Documentos que Contenham Demonstrações Contábeis Auditadas

1.235/09

NBC TA 800 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de Acordo com Estruturas Conceituais de Contabilidade para Propósitos Especiais

1.236/09

NBC TA 805 Considerações Especiais - Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis

1.237/09

NBC TA 810 Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas 1.238/09

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Além do conjunto de normas de auditoria acima referidas e, como parte da plena convergência com as normas internacionais, o CFC também aprovou outras importantes normas:

a) NBC TO 01 - Trabalho de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão (3000) equivalente à norma internacional ISAE 3000.

b) NBC TR 2400 - Trabalhos de Revisão de Demonstrações Contábeis equivalente à norma internacional ISRE 2400.

c) NBC TR 2410 - Revisão de Informações Intermediárias Executada pelo Auditor da Entidade equivalente à norma internacional ISRE 2410.

d) A NBC TSC 4400 - Trabalhos de Procedimentos Previamente Acordados sobre Informações Contábeis, adotada no Brasil nos termos da sua equivalente norma internacional ISRS 4400.

No momento, encontra-se em audiência pública a NBC PA 02 - Independência do auditor para trabalhos de auditoria, de revisão e de outros trabalhos de asseguração, que trata dos requisitos de independência a serem observados pelo profissional, emitida com o objetivo de concluir o processo de plena adoção das normas do IFAC, em substituição à NBC PA 02 – Independência, atualmente vigente.

Em decorrência desse novo padrão de normas de auditoria no Brasil, surge uma grande novidade para os usuários em geral das demonstrações financeiras, que é o formato e a estrutura do parecer do auditor independente, que passa a ser denominado “relatório”. Essas mudanças estão dispostas na “NBC TA 700 - Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente” e exemplificadas no item 2.2.2 a seguir.

2.2.2 Relatório do Auditor

A fim de que os usuários das demonstrações financeiras se familiarizem com a nova estrutura de opinião do auditor independente, reproduzimos a seguir um modelo de relatório (sem qualificação) elaborado a partir da NBC TA 700. Os modelos de relatórios modificados podem ser encontrados no apêndice da NBC TA 705.

Conforme indicado na norma, o modelo a seguir parte do cenário em que foi efetuada auditoria do conjunto completo de demonstrações financeiras, elaboradas para fins gerais pela administração da entidade de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, sendo que neste caso o auditor concluiu que a emissão de um relatório sem ressalvas ou outras modificações é apropriada.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 51

Relatório dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras

(Destinatário apropriado)

Examinamos as demonstrações financeiras da Companhia ABC, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 20X11 e as respectivas demonstrações2 do resultado, do resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas.

Responsabilidade da administração sobre as demonstrações contábeis

A administração da Companhia é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações financeiras livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro.

Responsabilidade dos auditores independentes

Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações financeiras com base em nossa auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante.

Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados nas demonstrações financeiras. Os procedimentos selecionados dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações financeiras da Companhia para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da Companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações financeiras tomadas em conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião.

Opinião

Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Companhia ABC em 31 de dezembro de 20X1, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Local

Nome dos auditores independentes, do profissional e números de registro no CRC/Assinatura

1 A Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação de Demonstrações Contábeis utilizada no Brasil determina a apresentação de demonstrações contábeis contendo cifras comparativas do exercício anterior, e a Lei das Sociedades Anônimas fala em apresentação dos valores correspondentes do exercício anterior. Nesse cenário, aplicando as normas e as práticas internacionais, o auditor fará referência, neste parágrafo, apenas ao exercício corrente.

2 Nos casos em que forem incluídas demonstrações consolidadas ou outras demonstrações, esse parágrafo e o da opinião deverão ser adaptados.

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2.3 Aspectos de Contabilidade

2.3.1 Resoluções que aprovam CPCs e ICPCs emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e como membro do CPC, emitiu em 2010 diversas resoluções aprovando Pronunciamentos Técnicos e Interpretações Técnicas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Essas resoluções constam do quadro apresentado neste Guia na seção “Pronunciamentos, orientações e interpretações emitidos pelo CPC e homologação dos reguladores”. (páginas 34 a 38)

2.3.2 Demais Resoluções relevantes, emitidas pelo CFC entre dezembro 2009 e por ocasião da preparação deste Guia

Resolução nº 1.269/09, de 10 de dezembro de 2009

Esta Resolução determina que a aplicação antecipada das Normas Brasileiras de Contabilidade convergidas, editadas em 2009, somente poderá ser exercida se aplicada a todas as normas conjuntamente, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2010.

Resolução nº 1.273/10, de 22 de janeiro de 2010

Altera alguns itens de NBC Ts relacionados a Pronunciamentos Contábeis (CPCs), com o objetivo de acompanhar as revisões dos mesmos. Ou seja, altera os itens 4, 5, 35 e 36 da NBC T 7 - Efeitos nas Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis, correspondente ao CPC 02; altera os itens 8 e 9 da NBC T 3.8 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, correspondente ao CPC 03; altera o item 11 da NBC T 19.20 - Estoques, correspondente ao CPC16; altera a alínea (g) do item 8 da NBC T 10.23 - Entidades de Incorporação Imobiliária, correspondente ao OCPC01; substitue o Apêndice A da NBCT 19.27 - Apresentação das Demonstrações Contábeis, correspondente ao CPC 26; e elimina o item 3 da NBC T 19.36 - Demonstrações Consolidadas, correspondente ao CPC 36.

O sumário dessas revisões pode ser lido na sinopse correspondente aos Pronunciamentos Contábeis (CPCs) neste Guia.

Resolução nº 1.281/10, de 16 de abril de 2010

Altera a data de aplicação da NBC Ts e ITs aprovadas pelas Resoluções CFC nos 1.170 a 1.172, 1.174 a 1.180, 1.184 a 1.189, 1.193, 1.195 a 1.198, 1.239 a 1.242, 1.254 e 1.256 a 1.266, todas de 2009 e que tratam de Pronunciamentos Técnicos e Interpretações Técnicas emitidos pelo CPC, que passam a ser obrigatórios a partir de dezembro de 2010, observando, no caso de adoção antecipada, o disposto no art. 1º da Resolução CFC nº 1.269/09.

Resolução nº 1.282/10, de 28 de maio de 2010

Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC nº 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais da Contabilidade, considerando que, em decorrência da harmonização das normas brasileiras às normas internacionais, a denominação de Princípios Fundamentais de Contabilidade deve ser alterada para Princípios de Contabilidade, visto ser suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e dos profissionais da Contabilidade.

Resolução nº 1.283/10, de 28 de maio de 2010

Revoga as Resoluções CFC nos 686/90, 732/92, 737/92, 846/99, 847/99, 887/00 e 1.049/05, que tratam da NBC T 3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das Demonstrações Contábeis, da NBC T 4 - Da Avaliação Patrimonial e da NBC T 6 - Da Divulgação das Demonstrações Contábeis, uma vez que os assuntos objetos destas resoluções estão inseridos em outras normas já aprovadas pelo CFC.

Resolução nº 1.285/10, de 18 de junho de 2010

Esta Resolução inclui o Apêndice “Glossário de Termos” à NBC T 19.41 - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, em que constam cerca de 18 páginas de termos e conceitos contábeis adotados no Pronunciamento Contábil CPC PME para facilitar o entendimento deste por parte daqueles que irão adotar o referido Pronunciamento denominado “CPC PME - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas” e aprovado pelo CFC por meio da Resolução nº 1.255/09.

Resolução nº 1.286/10, de 23 de julho de 2010

Revoga as Resoluções CFC nos 876/00, 913/01 e 956/03, que tratam da NBC T 10.9 - Entidades Financeiras, da NBC T 10.3 - Consórcio de Vendas e da NBC T 10.6 - Entidades Hoteleiras, respectivamente.

Resolução nº 1.299/10, de 21 de setembro de 2010

O CFC, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, aprovou, por meio desta Resolução, o Comunicado Técnico CT 04, que estabelece os procedimentos técnicos e demais formalidades a serem observados pelos profissionais de Contabilidade quando da realização da escrituração contábil em forma digital para fins de atendimento ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Também revoga as Resoluções CFC nos 1.020/05 e 1.063/05.

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3. Comissão de Valores Mobiliários - CVM

Patricia Agostineto Diretora PwC - Brasil

“A Instrução nº 480 da CVM pretende tornar mais clara a comunicação das empresas para o mercado em geral.”

3.1 Deliberações que aprovam CPCs e ICPCs emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

No ano de 2010, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, emitiu diversas deliberações com o objetivo de homologar Pronunciamentos Técnicos, Orientações Técnicas e Interpretações Técnicas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Essas deliberações constam do quadro apresentado neste Guia na seção “Pronunciamentos, orientações e interpretações emitidos pelo CPC e homologação dos reguladores”. (páginas 34 a 38)

3.2 Instrução CVM nº 480, de 7 de dezembro de 2009

Por meio desta Instrução, a CVM atualizou as regras de registro de emissores de valores mobiliários admitidos à negociação em mercados regulamentados, bem como o regime informacional a que tais emissores estão sujeitos. Aplica-se não apenas aos emissores brasileiros de valores mobiliários admitidos à negociação em mercados regulamentados no Brasil, como também aos estrangeiros, com exceção apenas dos fundos de investimento, clubes de investimento e alguns outros expressamente mencionados na norma, que permanecem sujeitos à regulamentação específica da CVM.

Essa Instrução entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010 e revogou, substituiu ou alterou a Instrução CVM nº 202/93 e algumas outras instruções e deliberações que anteriormente disciplinavam a matéria. São diversos os temas abordados nessa Instrução, sendo seus principais objetivos os seguintes:

a) Criar categorias de emissores de acordo com os tipos de valores mobiliários admitidos à negociação.

b) Estabelecer regimes de prestação de informações adequados a cada uma das categorias criadas.

c) Consolidar as regras que tratam de registro de emissor de valores mobiliários, de modo que os procedimentos de registro, suspensão e cancelamento sejam adequados a cada categoria de emissor.

d) Melhorar a qualidade e apresentação das informações periódicas prestadas por emissores de valores mobiliários, para facilitar o entendimento de tais informações por parte do investidor.

e) Tornar possível que determinados emissores, desde que atendam a certos pré-requisitos, tenham seus pedidos de registro de ofertas de distribuição aprovados com maior celeridade.

f) Mudar os critérios que determinam quando um emissor é considerado estrangeiro.

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A seguir, relacionamos alguns dos pontos de destaque da Instrução CVM nº 480/09:

a) Criação do Formulário de Referência (FR): um documento único que serve como modelo para que as informações referentes ao emissor sejam reunidas e atualizadas anualmente. O FR substituirá o formulário de Informações Anuais (IAN), que atualmente é o principal instrumento para divulgação de informações periódicas não contábeis. Ele deverá ser entregue à CVM em até cinco meses contados da data de encerramento do exercício social. Em 2010, excepcionalmente, conforme Deliberação CVM nº 627/10, para os emissores com o exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2009, o prazo de entrega do FR foi prorrogado de 31 de maio para 30 de junho. Emissores com exercício social findo após 31 de dezembro de 2009 permanecem obrigados a entregar o FR até 31 de maio.

Adicionalmente, a CVM divulgou ofícios (Ofício-Circular CVM/SEP nos 01/2010 e 03/2010, de 19 de janeiro e 12 de março de 2010, respectivamente) com orientações gerais sobre o preenchimento do Formulário de Referência. A CVM acredita que esse modelo é desejável e compatível com a realidade do mercado brasileiro, no sentido de criar uma fonte confiável e permanente de informações quantitativas e qualitativas a respeito do emissor, bem como facilitar a análise de tais informações, tanto pela CVM quanto pelos investidores, e melhorar a precificação dos valores mobiliários no mercado secundário.

b) Exigências para ofertas públicas de distribuições de valores mobiliários: a instrução pede níveis de informação semelhantes aos exigidos pela Instrução CVM nº 400/03 (sobre as ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários), mas em um formato que privilegia o melhor entendimento do investidor, merecendo destaque as seções sobre transações com partes relacionadas, comentários dos diretores, riscos de mercado, assembleias gerais e administração, e remuneração dos administradores.

Também é exigido que os emissores informem suas políticas e práticas em relação às matérias mais sensíveis da condução de seus negócios, informações qualitativas que tendem a permitir uma melhor avaliação do desempenho da administração dos emissores de valores mobiliários.

c) Criação de categorias de emissores: os emissores de valores mobiliários passaram a ser divididos em categoria A e categoria B, com base exclusivamente nos tipos de valores mobiliários admitidos à negociação. Aqueles registrados na categoria A estão autorizados a negociar quaisquer valores mobiliários em mercados regulamentados. Já os emissores registrados na categoria B estão autorizados a negociar em mercados regulamentados valores mobiliários que não sejam ações, certificado de depósito de ações ou valores mobiliários que se convertam ou confiram o direito de adquirir ações ou certificados de depósito de ações. Os critérios para a identificação de emissores estrangeiros levam em consideração, além do local da sede, a quantidade de ativos pertencentes ao emissor no exterior.

Os emissores que obtiveram registro de companhia aberta antes da entrada em vigor desta instrução foram automaticamente transferidos para as novas categorias criadas, tendo a CVM divulgado em consonância à Instrução um edital com a nova classificação efetuada para tais emissores.

d) Mudanças relevantes em relação às ITRs:

i. Prazo de entrega: diminuição de 45 dias para um mês, contados do encerramento do trimestre. Excepcionalmente, em virtude do processo de convergência das normas contábeis para os padrões internacionais, a diminuição do prazo de entrega foi adiada para 2012, ou seja, o prazo de 45 dias poderá ser ainda utilizado durante o exercício de 2011 (art. 65).

ii. Informações consolidadas: a instrução inova e acompanha uma prática comum já estabelecida por muitas companhias, ao estabelecer o requerimento de que os ITRs dos emissores registrados na categoria A devem conter informações contábeis consolidadas sempre que tais emissores estejam obrigados a apresentar demonstrações financeiras consolidadas (art. 29, § 2º).

e) Demonstrações Financeiras apresentadas especialmente para fins de registro: a Instrução requer que sejam entregues, para fins de registro, demonstrações financeiras referentes aos três últimos exercícios sociais e, adicionalmente, indica que não serão aceitos pareceres de auditoria que contenham opinião com ressalva ou adversa sobre distorções relevantes (vide anexo 3, art. 1, parágrafo único).

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f) Demonstrações Financeiras apresentadas regularmente como parte das informações periódicas requeridas: as demonstrações financeiras devem ser acompanhadas de alguns documentos adicionais, tais como: parecer do conselho fiscal ou órgão equivalente (se houver), acompanhado de eventuais votos dissidentes; proposta de orçamento de capital preparada pela administração (se houver); declaração dos diretores de que reviram, discutiram e concordaram com as opiniões expressas no parecer dos auditores independentes, informando as razões, em caso de discordância; e declaração dos diretores que reviram, discutiram e concordaram com as demonstrações financeiras (vide art. 25).

Outro ponto de destaque no que se refere às informações periódicas requeridas (como DFs e ITRs) é que o artigo no 52 da instrução estabelece que o registro do emissor de valores mobiliários será suspenso caso tal emissor descumpra, por período superior a 12 meses, suas obrigações periódicas. E, segundo o artigo no 54, no cenário em que o emissor fique suspenso por mais de 12 dias, ele tem seu registro cancelado junto à CVM. Em janeiro de 2010, a CVM tornou público, por meio de dois editais divulgados em seu site, que 10 emissores tiveram seus registros suspensos, e outros 48 emissores tiveram seus registros cancelados, em atendimento aos dois artigos supracitados.

g) Emissores estrangeiros: a Instrução apresenta alguns critérios para se determinar quando um emissor pode ser considerado estrangeiro. Para os emissores registrados como “estrangeiros”, o artigo 27 da instrução estabelece a obrigatoriedade de apresentação periódica das demonstrações financeiras, que podem ser elaboradas em português, em moeda nacional e de acordo com: a) Lei nº 6.404/76 e normas da CVM; b) normas contábeis internacionais emitidas pelo IASB; ou c) normas contábeis do país de origem, caso o emissor tenha sede em país membro do Mercosul. Tais demonstrações financeiras devem ser auditadas por auditor independente registrado: a) na CVM; ou b) em órgão competente no país de origem do emissor. Caso opte por essa última alternativa “b”, o parecer do auditor independente registrado no país de origem do emissor deve ser acompanhado de relatório de revisão especial elaborado por auditor independente registrado na CVM.

h) Conteúdo do Formulário de Referência (anexo 24): na segunda seção, que trata dos auditores, o formulário exige informações cadastrais e informações detalhadas para caso de substituição de auditores, incluindo a justificativa da substituição e, se for o caso, razões apresentadas pelo auditor em discordância da justificativa do emissor para sua substituição. Também deve ser informado pelo emissor o montante total de remuneração dos auditores independentes no último exercício social, discriminando os honorários relativos a serviços de auditoria e os relativos a quaisquer outros serviços prestados.

Na seção 10 - “comentários dos diretores”, entre outros assuntos, é requerido que os diretores comentem (item 10.4) sobre mudanças significativas nas práticas contábeis, efeitos significativos de tais alterações, e ressalvas e ênfases presentes no parecer do auditor. Ainda na mesma seção, os diretores devem comentar, com relação aos controles internos adotados para assegurar a elaboração das demonstrações contábeis (item 10.6), sobre o grau de eficiência de tais controles, indicando imperfeições e providências adotadas para corrigi-las, e deficiências e recomendações sobre os controles internos presentes no relatório do auditor independente.

i) Regras específicas para securitizadoras: o Anexo 32-II trata de tais regras, que basicamente se referem a relatórios adicionais a serem entregues com as ITRs e DFPs.

Com a edição da Instrução CVM nº 480/09, a CVM traduz o alinhamento do mercado de capitais brasileiro com a tendência mundial de ampla divulgação de informações financeiras e não financeiras das companhias abertas aos investidores. Mais uma vez, é dado um importante passo em direção às melhores práticas de Governança Corporativa.

Essa nova norma contribui sensivelmente para melhorar a qualidade e a apresentação das informações financeiras e não financeiras periódicas e eventuais prestadas por emissores de valores mobiliários no Brasil. As divulgações requeridas elevarão os patamares de Governança Corporativa das companhias abertas brasileiras, facilitando a análise por parte dos investidores e provendo parâmetros para comparação entre as diversas companhias em variados segmentos de indústria.

Mais ainda: a proposição do FR proporcionará às empresas condições de aproveitar melhor as janelas de oportunidades oferecidas pelo mercado, considerando que o documento FR será “vivo” e estará em constante e tempestiva atualização, permitindo agilidade no processo de captação de recursos no mercado.

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3.3 Instrução CVM nº 481, de 17 de dezembro de 2009

Esta Instrução disciplina assuntos relacionados com informações que devem acompanhar os anúncios de convocação às assembleias gerais e especiais de acionistas, informações sobre as matérias a serem deliberadas, bem como pedidos públicos de procuração para exercício do direito de voto em assembleias de acionistas. É aplicável exclusivamente às companhias abertas que disponham de ações admitidas à negociação em mercados regulamentados.

3.4 Instrução CVM nº 482, de 5 de abril de 2010

Altera e acrescenta artigos à Instrução CVM nº 400/03, que regula as ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários, nos mercados primário ou secundário. Esta Instrução também acrescenta artigos à Instrução CVM nº 476/09, que dispõe sobre as ofertas públicas de valores mobiliários distribuídas com esforços restritos, bem como a negociação desses valores mobiliários nos mercados regulamentados, não sendo aplicável às ofertas privadas de valores mobiliários, mas sim exclusivamente às ofertas públicas de notas comerciais, cédulas de crédito bancário que não sejam de responsabilidade de instituição financeira, debêntures não conversíveis ou não permutáveis por ações, cotas de fundos de investimento fechados e certificados de recebíveis imobiliários ou do agronegócio.

3.5 Instrução CVM nº 485, de 1º de setembro de 2010

Altera a Instrução CVM nº 457/07, revogando seu artigo 3º, que dispõe sobre a elaboração e a divulgação das demonstrações financeiras consolidadas, com base no padrão contábil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board - IASB.

Esta Instrução determina que as companhias abertas deverão:

a) Preparar suas demonstrações financeiras consolidadas elaboradas com base em pronunciamentos, plenamente convergentes com as normas internacionais, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC e referendados pela CVM e que tais demonstrações financeiras serão denominadas “Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS”.

b) Apresentar, em nota explicativa às demonstrações financeiras consolidadas, uma declaração explícita e sem reservas de que estas demonstrações estão em conformidade com as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB e também de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

c) Aplicar o disposto neste artigo também às demonstrações financeiras consolidadas do exercício anterior apresentadas para fins comparativos.

3.6 Deliberação CVM nº 626, de 31 de março de 2010

Altera o art. 4º da Deliberação no 603/09, que dispõe sobre a apresentação dos Formulários de Informações Trimestrais - ITRs relativos ao exercício de 2010 e sobre a adoção antecipada das normas contábeis que devem vigorar a partir de 2010.

A alteração foi efetuada para prever que a faculdade de utilizar as normas contábeis vigentes até 31 de dezembro de 2009 também é aplicável às demonstrações intermediárias elaboradas para atendimento às disposições da lei societária e às demonstrações especialmente elaboradas para fins de registro na CVM (Instrução CVM nº 480/09). Referida Deliberação dispõe também que a reapresentação prevista da Deliberação CVM nº 603/09 se restringe apenas aos ITRs.

3.7 Deliberação CVM nº 629, de 19 de maio de 2010

Revoga a Deliberação CVM nº 569/09 e consolida a Estrutura Organizacional da CVM, a fim de estabelecer componentes, siglas e subordinações, todas listadas na referida Deliberação. Adicionalmente, extingue a Gerência de Orientação a Investidores 2 (GOI-2) e cria a Gerência de Acompanhamento de Empresas 5 (GEA-5).

3.8 Deliberação CVM nº 631, de 16 de junho de 2010

Esta Deliberação faculta aos emissores de valores mobiliários, com exercício social findo em 31 de dezembro, a entrega anual do formulário de referência, no prazo estabelecido na Deliberação CVM nº 627/10, em arquivo em formato de texto livre por meio do sistema IPE disponível na página da CVM na rede mundial de computadores.

Também determina aos emissores que exercerem essa faculdade a reentrega até o final do dia 31 de agosto de 2010 do formulário de referência atualizado, por meio do sistema eletrônico específico para o preenchimento e o envio do formulário, disponível na página da CVM na rede mundial de computadores.

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4. CMN - Conselho Monetário Nacional e BACEN - Banco Central do Brasil

Edison Arisa Sócio PwC - Brasil

“O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil deram impulso relevante ao processo de convergência das normas contábeis internacionais ao requerer demonstrações consolidadas em IFRS para 2010.”

A Resolução do CMN nº 3.786, de 24 de setembro de 2009, determinou que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN, constituídas sob a forma de companhia aberta ou que sejam obrigadas a constituir Comitê de Auditoria nos termos da regulamentação em vigor, devem, a partir da data-base de 31 de dezembro de 2010, elaborar e divulgar anualmente demonstrações financeiras consolidadas adotando o padrão contábil internacional (de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB). Ficou facultada a apresentação comparativa das demonstrações financeiras consolidadas para a data-base de 31 de dezembro de 2010.

A Carta-Circular nº 3.435, de 18 de março de 2010, esclareceu sobre a data do balanço de abertura a ser considerada nas demonstrações financeiras consolidadas de 31 de dezembro de 2010. Para as instituições que não apresentarem demonstrações contábeis consolidadas comparativas, a data do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2010; para as instituições que optarem por apresentar demonstrações financeiras comparativas dos anos de 2010 e 2009, a data do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2009; e para as instituições que optarem por apresentar comparativos dos anos de 2010, 2009 e 2008, a data do balanço de abertura será 1º de janeiro de 2008.

Quanto às demonstrações financeiras individuais, serão mantidas as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN, considerando que até a presente data o Conselho Monetário Nacional (CMN) não aprovou todos os pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Políticas Contábeis (CPC).

Os pronunciamentos aprovados até a presente data foram:

• CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos (Impairment).

• CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa.

• CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas.

• CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

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5. SUSEP - Superintendência de Seguros Privados

No processo de convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) aprovou, por meio da edição da Circular nº 379, de 19 de dezembro de 2008, diversos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) (até o CPC 13, exceto o CPC 11), prevendo a aplicação dessas normas contábeis para os exercícios de 2008 e 2009. Conforme Circular SUSEP no 408, de 23 de agosto de 2010, o CPC 11 - Contratos de Seguros (IFRS 4 - Insurance Contracts) será aplicado nas demonstrações financeiras individuais somente a partir de 1º de janeiro de 2011. Adicionalmente, foram divulgadas pelo CPC outros Pronunciamentos e Interpretações durante 2009 e 2010 que alteram as práticas contábeis adotadas no Brasil, decorrentes do processo de convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade que, até a presente data, não foram aprovadas pela SUSEP.

Por meio da Circular nº 408/10, a SUSEP esclarece ainda que continuará acompanhando os pronunciamentos emitidos pelo CPC, e as decorrentes ações a serem promovidas serão divulgadas por meio da Comissão Contábil criada pela Resolução CNSP nº 86/2002. A referida Circular estabelece ainda que as demonstrações financeiras consolidadas a partir do exercício findo em 31 de dezembro de 2010 sejam elaboradas de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB), na forma homologada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

6. PREVIC - Secretaria Nacional de Previdência Complementar

A PREVIC, por meio da Resolução CGPC nº 28, de 26 de janeiro de 2009, aprovou os procedimentos contábeis das Entidades de Previdência Complementar (EFPC), a serem adotados a partir de 1º de janeiro de 2010. Para o exercício de 2010, a forma de apresentação das Demonstrações financeiras das Entidades de Previdência Complementar foi alterada de maneira significativa, como abaixo sumariado: Até 31 de dezembro de 2009 (CGPC nº 05/2002)

• Balanço Patrimonial Consolidado.

• Demonstração de Resultados de Exercício.

• Demonstração de Fluxos Financeiros.

• Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis.

A partir de 1º de janeiro de 2010 (CGPC nº 28/2009)

• Balanço Patrimonial Consolidado.

• Demonstração do Ativo Líquido (DAL) (por plano de benefício previdencial).

• Demonstração da Mutação do Ativo Líquido (DMAL) (consolidada e por plano de benefício previdencial).

• Demonstração do Plano de Gestão Administrativa Consolidada.

• Demonstração das Obrigações Atuariais do Plano de Benefícios (DOAP) (por plano de benefício previdencial).

• Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis.

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7. IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

Ana Maria Elorrieta Sócia PwC - Brasil

“O IBRACON teve em 2009 e 2010 papel protagônico na adoção das Normas Internacionais de Auditoria do IFAC e na total reformulação das Normas Brasileiras correspondentes. Também o IBRACON continuou orientando os auditores independentes como responder aos requerimentos a eles apresentados pelo mercado e reguladores, e participando como um membro importante e ativo do CPC.”

7.1 Comunicado Técnico IBRACON nº 1/2010

Este Comunicado Técnico (CT) tem por objetivo orientar os auditores independentes na emissão de relatórios de revisão das Informações Trimestrais durante o ano de 2010 para atendimento das normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), bem como a emissão de parecer de auditoria ou relatório de revisão de demonstrações financeiras intermediárias e de demonstrações especialmente elaboradas para fins de registro na CVM (Instrução CVM nº 480/2009).

7.2 Comunicado Técnico IBRACON nº 2/2010

Este Comunicado Técnico (CT) orienta os auditores independentes na emissão de relatórios dos auditores independentes para instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Neste CT, há redação específica para a expressão “práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil” a ser adotada enquanto não houver aprovação, pelo Conselho Monetário Nacional e Banco Central do Brasil, dos Pronunciamentos, das Orientações e das Interpretações emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

7.3 Comunicado Técnico IBRACON nº 3/2010

Este Comunicado Técnico (CT) tem por finalidade orientar os auditores independentes na elaboração do relatório sobre o sistema de controles internos e o de descumprimento de dispositivos legais e regulamentares a que se refere a Circular nº 3.467 do Banco Central do Brasil (BACEN), de 14 de setembro de 2009, e regulamentações complementares.

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Tadeu CendónSócio PwC - Brasil

2

“A adoção do IFRS como prática contábil brasileira torna ainda mais importante acompanhar e participar da evolução das normas antes de sua entrada em vigor.”

2.1 Padrão Internacional de Relatórios Financeiros (IFRS) emitido pelo Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade - IASB

Em virtude do Memorando de Entendimento assinado entre o IASB e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 28 de janeiro de 2010, os CPCs aplicáveis às companhias brasileiras em suas demonstrações financeiras individuais e consolidadas deverão ser alinhados com as normas internacionais emitidas pelo IASB. Passa a ser mais importante, portanto, as companhias brasileiras acompanharem os acontecimentos internacionais, pois as mudanças farão parte da contabilidade brasileira.

Também, em 2010, todas as companhias abertas elaborarão demonstrações financeiras consolidadas de acordo com a prática contábil adotada no Brasil, que deverá simultaneamente estar de acordo com o IFRS. É cada vez mais importante para as empresas o acompanhamento das mudanças ocorridas nas normas internacionais, uma vez que os reflexos das alterações podem ter um impacto relevante sobre suas demonstrações financeiras. Portanto, é recomendável acompanharem as mudanças aplicáveis a cada ano, podendo até mesmo optarem por antecipar a adoção de novas normas ou mudanças introduzidas, ainda não em vigor, dependendo de seus interesses e circunstâncias e da aprovação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e/ou reguladores.

2.1.1 Normas e interpretações novas ou modificadas

Normas e interpretações aplicáveis em 2010

Apresentamos um lembrete das normas emitidas antes de 2010, as quais passaram a ser aplicáveis em 1º de janeiro de 2010. Essas normas foram explicadas mais detalhadamente em nosso Guia 2009/2010 (www.pwc.com/br/pt/publicacoes).

A lista a seguir inclui todas as normas novas aplicáveis para uma entidade que já vem aplicando o IFRS.

Sinopse Normativa InternacionalIASB e FASB

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 61

a) Normas novas ou revisadas

IFRS 3(R) - Combinações de Empresas e IAS 27(R) - Demonstrações Financeiras Consolidadas e da Controladora

A emissão desta versão do IFRS 3 é um dos passos mais importantes dado pelo IASB e pelo FASB para aprimorar as contabilizações e divulgações sobre combinações de empresas. Embora o documento seja de emissão conjunta, ainda restaram algumas pequenas diferenças entre a versão do IFRS 3 e seu equivalente no US GAAP (SFAS 141). Segue um resumo das principais mudanças em relação à versão anterior do IFRS 3:

• Aumentou seu escopo para incluir combinações de empresas feitas por contrato e de sociedades mútuas, como cooperativas.

• A definição de negócio ficou mais abrangente, o que pode incluir maior número de transações como combinações de empresas.

• O preço de compra inclui somente o valor pago aos vendedores para obtenção do controle. Os custos incorridos em conexão com a compra, por exemplo, gastos com due diligence, advogados, auditores, bancos e consultores, passam a ser lançados como despesa quando incorridos.

• Os pagamentos contingentes, mesmo que não sejam prováveis (por exemplo, possíveis), são determinados e incluídos pelo valor presente no preço de compra.

• Indenizações a serem pagas pelo vendedor ao comprador, relacionadas a contingências passivas preexistentes, deixam de afetar o resultado consolidado no futuro, uma vez que o passivo é reconhecido em contrapartida do valor a receber ou a abater do saldo a pagar ao vendedor.

• Relacionamentos preexistentes entre a compradora e a adquirida (por exemplo, contrato de fornecimento, leasing etc.), que forem extintos com a aquisição, devem ser mensurados e excluídos do preço de compra.

• Define minoritário como “participação não controladora”. Além disso, em uma combinação de empresas, essa participação não controladora pode ser reconhecida na data da aquisição: (i) com base no percentual de participação dos ativos líquidos a valor justo; ou (ii) pelo valor justo total. Ou seja, na segunda opção, haverá um acréscimo do goodwill atribuível ao não controlador.

• No caso de aquisição do controle em etapas (step-acquisition), o valor justo da participação preexistente é incluído como parte do preço de compra, passando a afetar a determinação do goodwill. A diferença entre o valor contábil e o valor justo da parcela preexistente gera ganho ou perda no resultado.

• Passa a ser obrigatória a adoção da abordagem da entidade econômica (economic entity approach). Nessa abordagem, os acionistas são tratados como donos da entidade econômica única (o consolidado), independentemente de serem ou não controladores. Com isso, por exemplo, os ganhos ou as perdas na venda de participação em uma subsidiária, na qual o controle é retido, não afetam o resultado, mas são tratados no patrimônio líquido, uma vez que são vistos como uma transação entre acionistas.

• Alterações subsequentes nos valores reconhecidos, como imposto de renda diferido ativo da empresa adquirida em conexão com a transação, após 12 meses da data da aquisição, são registradas no resultado. Anteriormente, qualquer alteração era sempre tratada como ajuste ao goodwill.

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b) Alterações de normas incluídas no Projeto Anual de Aprimoramentos do IASB 2009

Norma TópicoIFRS 2 - Pagamentos baseados em ações Escopo do IFRS 2 e do IFRS 3 (revisado)IFRS 5 - Ativos não correntes mantidos para vendae operações descontinuadas

Divulgações exigidas de ativos não correntes (ou grupos de alienação) classificados como mantidos para venda ou operações descontinuadas

IFRS 8 - Informação por segmento Divulgação de informações relativas ao ativo por segmentoIAS 1 - Apresentação de demonstrações financeiras

Classificação de instrumentos conversíveis entre correntes e não correntes

IAS 7 - Demonstração dos fluxos de caixa Classificação de gastos com ativos não reconhecidosIAS 17 - Arrendamento mercantil Classificação de arrendamentos de terrenos e edifíciosIAS 18 - Receita Determinar se uma entidade está agindo como principal ou como agenteIAS 36 - Impairment de ativos não financeiros Unidade de contabilização de testes de impairment econômica do ágioIAS 38 - Ativos intangíveis Alterações complementares decorrentes do IFRS 3 (revisado)

Mensurando o valor justo de um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios

IAS 39 - Instrumentos financeiros Tratamento de multas por pagamento antecipado de empréstimos com derivativos estreitamente relacionadosIsenções no escopo para contratos de combinação de negóciosContabilização de hedge de fluxos de caixa

IFRIC 9 - Reavaliação de derivativos embutidos Escopo do IFRIC 9 e do IFRS 3 (revisado)IFRIC 16 - Hedge de investimento líquido em umaoperação no exterior

Os instrumentos de hedge qualificados podem ser detidos por qualquer entidade ou entidades no grupo.

c) Interpretações - alterações a interpretações existentes e interpretações novas

Norma Tópico Principais exigências Data de entrada em vigor

Transição

IFRIC 9 Reavaliação de derivativos embutidos eIAS 39, Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração: Derivativos Embutidos (alterações)

A entidade deve avaliar se um derivativo embutido deve ser separado de um contrato principal quando a entidade procede à reclassificação de um ativo financeiro híbrido não enquadrado na categoria de valor justo por meio do resultado. A avaliação é feita com base nas circunstâncias existentes: (a) na data em que a entidade se tornou parte do contrato e (b) na data da mudança nos termos do contrato que resultaram em alteração significativa nos fluxos de caixa que de outra forma seriam exigidos segundo o contrato, dos dois, o que ocorrer por último.

Aplicável aos exercícios encerrados a partir de 30 de junho de 2009.

Caso sejam necessárias alterações nas políticas contábeis, elas serão aplicadas de acordo com o IAS 8, Políticas Contábeis, Alterações de Estimativas e Erros.

IFRIC 17 Distribuição de ativos não monetários aos acionistas

Esta interpretação fornece orientação sobre o tratamento contábil a ser adotado para as distribuições de ativos não monetários a acionistas na forma de distribuição de reservas ou dividendos. O IFRS 5 também foi alterado, exigindo que os ativos sejam classificados como mantidos para distribuição apenas quando estiverem disponíveis para distribuição em sua condição atual, e a distribuição seja altamente provável.

Aplicável aos exercícios iniciados a partir de 1º de julho de 2009.

Esta interpretação deve ser aplicada de maneira retrospectiva.

IFRIC 18 Transferências de ativos de clientes

Esta interpretação fornece orientação sobre como contabilizar itens de ativo imobilizado recebidos de clientes, ou caixa recebido e usado na aquisição ou construção de ativos específicos. Esta interpretação só é aplicável aos ativos usados para conectar o cliente a uma rede ou para fornecer acesso contínuo ao suprimento de bens e/ou serviços. Não aplicável para empresas no escopo da IFRIC 12 - Concessões.

Aplicável aos exercícios iniciados a partir de 1º de julho de 2009.

O IFRIC 18 é aplicado de maneira prospectiva.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 63

Exigências futuras

a) Normas e interpretações novas ou revisadas

Apresentamos a seguir uma lista de normas/interpretações emitidas e que estão em vigor para períodos após 1º de janeiro de 2010.

Tópico Exigências-chave Data da entrada em vigor

Alteração no IAS 32, “Instrumentos financeiros: Apresentação - Classificação dos direitos de ações”

O IASB alterou o IAS 32 para permitir que direitos, opções ou warrants para adquirir um número fixo dos próprios instrumentos de capital da entidade por um valor fixo em qualquer moeda sejam classificados como instrumentos de capital, contanto que a entidade ofereça direitos, opções ou warrants de maneira proporcional a todos os seus proprietários da mesma classe de seus próprios instrumentos de capital não derivativos.

1º de fevereiro de 2010

IFRIC 19 - “Extinção dos passivos financeiros com instrumentos de capital”

Esclarece as exigências do IFRS quando uma entidade renegocia os termos de um passivo financeiro com seu credor, e este concorda em aceitar as ações da entidade ou outros instrumentos de capital para liquidar o passivo financeiro total ou parcialmente.

1º de julho de 2010

Alteração no IFRS 1 - “Primeira adoção de IFRS - Isenção limitada a partir das divulgações comparativas do IFRS 7 para as entidades que fazem a adoção pela primeira vez”.

Oferece para aquelas entidades que a adotam pela primeira vez o IFRS as mesmas opções que foram dadas aos usuários atuais do IFRS na adoção das alterações ao IFRS 7. Também esclarece as regras de transição das alterações ao IFRS 7.

1º de julho de 2010

IAS 24 - “Divulgações de Partes Relacionadas” (revisado em 2009)

Altera a definição de uma parte relacionada e modifica determinadas exigências de divulgação da parte relacionada para entidades relacionadas com o governo.

1º de janeiro de 2011

Alteração ao IFRIC 14, “IAS 19 - Limite de ativo de benefício definido, exigências mínimas de provimento de recursos (funding) e sua interação”.

Retira as consequências não intencionais que surgem do tratamento de pagamentos antecipados, no qual há uma exigência mínima de provimento de recursos. Os resultados nos pagamentos antecipados das contribuições em determinadas circunstâncias são reconhecidos como ativo, em vez de despesa.

1º de janeiro de 2011

IFRS 9 “Instrumentos financeiros” - Ativos e passivos financeiros

O IFRS 9 é o primeiro padrão emitido como parte de um projeto maior para substituir o IAS 39. O IFRS 9 retém, mas simplifica, o modelo de mensuração para ativos financeiros e estabelece duas categorias de mensuração principais: custo amortizado e valor justo. A base de classificação depende do modelo de negócios da entidade e das características contratuais do fluxo de caixa dos ativos financeiros.

Mantém os requerimentos de mensuração e classificação para passivos financeiros já existentes no IAS 39, com a exeção de que alterações no valor justo de passivos avaliados ao valor justo não teriam impacto no resultado, uma vez que seriam reconhecidos no lucro abrangente.

A orientação incluída no IAS 39 sobre impairment dos ativos financeiros e contabilização de hedge continua a ser aplicada.

Períodos anteriores não precisam ser reapresentados se uma entidade adotar a norma para os períodos iniciados ou a iniciar antes de 1º de janeiro de 2012.

1º de janeiro de 2013

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b) Projeto Anual de Aprimoramentos do IASB 2010

As alterações geralmente são aplicáveis para períodos anuais iniciando após 1º de janeiro de 2011, a não ser que seja indicado de outra forma. A aplicação antecipada, embora permitida pelo IASB, na maioria dos casos não está disponível no Brasil.

Norma Principais exigências AplicaçõesIFRS 1 - “Primeira adoção das Normas Internacionais de Contabilidade”

a) Mudanças na política contábil no ano da adoção

Esclarece que, se uma entidade que faz a adoção pela primeira vez muda suas políticas contábeis ou seu uso de isenções no IFRS 1 após ter publicado um relatório financeiro intermediário de acordo com o IAS 34, “Relatório Financeiro Intermediário”, essa empresa deve explicar as mudanças e atualizar as reconciliações entre GAAP anterior e IFRS.

Aplicado prospectivamente.

b) Base de reavaliação como custo atribuído (Deemed Cost)

Permite que as entidades que adotam pela primeira vez o IFRS utilizem o valor justo determinado por um evento específico como custo atribuído, mesmo se o evento ocorrer após a data de transição, mas antes de as primeiras demonstrações financeiras em IFRS serem emitidas. Quando essa remensuração ocorre após a data de transição para IFRS, mas durante o período abrangido por suas primeiras demonstrações financeiras em IFRS, qualquer ajuste subsequente àquele valor justo determinado pelo evento será reconhecido no patrimônio. Esse evento pode ser, por exemplo, uma privatização ou aquisição.

As entidades que adotaram IFRS em períodos anteriores podem aplicar a alteração retroativamente no primeiro período anual após a alteração entrar em vigor, contanto que a data da mensuração esteja no período abrangido pelas primeiras demonstrações financeiras em IFRS.

c) Uso do custo estimado para operações sujeitas a preços regulados (por exemplo, concessionárias de serviços públicos)

As entidades sujeitas à regulamentação de tarifa podem usar os valores contábeis anteriores, de acordo com o GAAP anterior, do ativo imobilizado ou dos ativos intangíveis como custo atribuído em uma base item a item. É requerido que as entidades que usam essa isenção testem cada item para impairment de acordo com o IAS 36 na data da transição.

Aplicado futuramente.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 65

Norma Principais exigências AplicaçõesIFRS 3 - “Combinações de negócios”

a) Exigências de transição para contraprestação contingente a partir de uma combinação de negócios que ocorreu antes da data da entrada em vigor do IFRS revisado.

Esclarece que as alterações ao IFRS 7 - “Instrumentos financeiros: Divulgações”, IAS 32 - “Instrumentos financeiros: Apresentação”, e IAS 39 - “Instrumentos financeiros: Reconhecimento e mensuração”, que eliminam a isenção da contraprestação contingente, não se aplicam à contraprestação contingente que surgiu de combinações de negócios cujas datas de aquisição precedem a aplicação do IFRS 3 (como revisado em 2008).

Aplicável a períodos anuais iniciando em ou após 1º de julho de 2010. Aplicada retroativamente.

b) Mensuração de participações não controladoras

A escolha de mensurar as participações não controladoras ao valor justo ou pela parcela proporcional dos ativos líquidos da adquirida aplica-se somente a instrumentos que representam as atuais participações acionárias e dão direito aos seus detentores a uma parcela proporcional dos ativos líquidos no caso de liquidação. Todos os outros componentes de participação não controladora são mensurados ao valor justo, a menos que outra mensuração seja exigida pelo IFRS.

Aplicável a períodos anuais iniciando em ou após 1º de julho de 2010

Aplicado prospectivamente, a partir da data em que a entidade aplicar o IFRS 3.

c) Concessões de pagamentos com base em ações não substituídos ou substituídos voluntariamente

A orientação da aplicação em IFRS 3 aplica-se a todas as transações de pagamentos com base em ações que formam parte de uma combinação de negócios, incluindo concessões de pagamentos com base em ações não substituídos ou substituídos voluntariamente.

Aplicável a períodos anuais iniciando em ou após 1º de julho de 2010. Aplicado prospectivamente.

IFRS 7 - “Instrumentos financeiros”

Enfatiza a interação entre divulgações quantitativas e qualitativas sobre a natureza e a extensão dos riscos associados com os instrumentos financeiros.

1º de janeiro de 2011Aplicado retroativamente.

IAS 1 - “Apresentação das demonstrações financeiras”

Esclarece que uma entidade apresentará uma análise de outros resultados abrangentes para cada componente do patrimônio, na demonstração das mutações do patrimônio ou nas notas explicativas às demonstrações financeiras.

1º de janeiro de 2011 Aplicado retroativamente.

IAS 27 - “Demonstrações financeiras consolidadas e separadas”

Esclarece que as consequentes alterações a partir do IAS 27 feitas ao IAS 21 - “Efeito das mudanças nas taxas de câmbio”, IAS 28 - “Investimentos em coligadas” e IAS 31 - “Participações em joint ventures”, aplicam-se prospectivamente a períodos anuais iniciando em ou após 1º de julho de 2009, ou antes dessa data, quando o IAS 27(R) é aplicado antecipadamente.

Aplicável a períodos anuais iniciando em ou após 1º de julho de 2010. Aplicado retroativamente.

IAS 34 - “Apresentação de relatórios financeiros intermediários”

Oferecer orientação para ilustrar como aplicar os princípios de divulgação no IAS 34 e acrescentar exigências de divulgação acerca de:

• circunstâncias que provavelmente afetarão os valores justos dos instrumentos financeiros e sua classificação;

• transferências de instrumentos financeiros entre níveis diferentes da hierarquia do valor justo;

• mudanças na classificação dos ativos financeiros; e

• mudanças nos passivos e ativos contingentes.

1º de janeiro de 2011Aplicado retroativamente.

IFRIC 13 - “Programas de fidelização de clientes”

O significado de “valor justo” é esclarecido no contexto de mensuração de concessão de créditos nos programas de fidelização de clientes.

1º de janeiro de 2011

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2.1.2 Minutas de novas normas ou de modificação nas existentes

Foram publicadas minutas para audiência pública de duas novas normas relacionadas com aplicações financeiras e uma série de minutas de outras possíveis normas.

Minutas para audiência pública

Minutas publicadas de novas normas ou alterações a normas existentes

Norma proposta Pontos principais Minuta publicada Previsão de publicação da norma final

IFRS 1 - Adoção de IFRS pela primeira vez (alteração proposta)

A alteração removeria referências a datas fixas (1º de janeiro de 2004) na norma relacionadas com instrumentos financeiros. Essas datas fixas seriam substituídas pela "data de transição para IFRS".

Agosto de 2010 1T(*) 2011

IFRS 5 - Ativos não correntes mantidos para venda e operações descontinuadas

Alteraria a definição de uma operação descontinuada e requereria divulgação adicional sobre componentes de uma entidade vendidos ou classificados como disponível para venda. Uma operação descontinuada poderia ser apenas um segmento operacional (como definido no IFRS 8) ou um negócio adquirido somente para revenda.

Setembro de 2008 Nova minuta prevista para 1T 2011

IFRS 7 - Instrumentos financeiros: Divulgação

Requereria divulgação adicional sobre incertezas na mensuração de instrumentos financeiros a valor justo atendendo a definição de Nível 3 para refletir a interdependência dos inputs nas avaliações.

Junho de 2010 1T 2011

IFRS X - Arrendamento mercantil

Projeto de convergência entre o IASB e o FASB. A nova norma pretende que um ativo e um passivo sejam reconhecidos no balanço quando relacionados com o direito de uso do ativo e a obrigação de fazer os pagamentos contratuais. Basicamente, abriga o reconhecimento dos chamados arrendamentos operacionais.

Agosto de 2010 2T 2011

IFRS X - Mensuração ao valor justo

Seria a única fonte de orientação contábil sobre mensuração ao valor justo. Esclareceria a definição de valor justo e aprimoraria as divulgações.

Maio de 2009 1T 2011

IFRS X - Controladas em conjunto

A norma proposta requer reconhecer contabilmente os direitos e obrigações contratuais das partes ao contrato. Se uma parte a uma controlada em conjunto tiver direito somente a uma porção do resultado líquido, deveria ser aplicada equivalência patrimonial. Não seria permitida mais a consolidação proporcional.

Setembro de 2007 4T 2010

IFRS X - Atividades com receitas reguladas. Por exemplo: concessionárias de serviços públicos

O objetivo da norma seria estabelecer como ativos e passivos dessas atividades deveriam ser reconhecidos e mensurados.

Julho de 2009 2T 2011

(*) trimestre

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 67

Norma proposta Pontos principais Minuta publicada Previsão de publicação da norma final

IFRS X - Reconhecimento de receita

Foi proposto um modelo de reconhecimento de receita para todo contrato com clientes. Seria necessário identificar obrigações de desempenho, e a receita seria reconhecida no momento de transferência de controle dessas obrigações.

Junho de 2010 2T 2011

IFRS X - Contratos de seguros

Propõe um modelo novo de contabilização de contratos de seguros para as seguradoras e outras entidades que emitem contratos com risco de seguros. Provavelmente, haverá volatilidade adicional no resultado e nos requerimentos de dados e modelos mais complexos.

Julho de 2010 2T 2011

IAS 1 - Apresentação de demonstrações financeiras - Demonstração de resultado abrangente

Toda entidade deve apresentar uma demonstração de resultado só. Eliminaria a opção de apresentar uma demonstração de resultado e outra demonstração de resultado abrangente.

Maio de 2010 4T 2010

IFRS X - Impostos de renda

A minuta original propunha alterações significativas ao reconhecimento e à mensuração de impostos de renda diferidos. Subsequente ao primeiro processo de audiência pública da norma, a alteração seria somente para esclarecer como um ativo é realizado. Existiria o presuposto que ativos contabilizados a valor justo (propriedades de investimento e imobilizado) são recuperados por meio de venda a menos que haja evidência de outra forma.

Setembro de 2010 2T 2011

IAS 19 - Benefícios a empregados - Planos de benefícios definidos

A alteração eliminaria a opção de aplicação do "corredor" ou de reconhecer ganhos e perdas atuariais no resultado e também elimina a flexibilidade sobre em qual linha da demonstração de resultado devem ser reconhecidas as despesas. Eliminaria também o retorno esperado sobre ativos em troca de "juros presumidos" sobre o déficit líquido do plano.

Abril de 2010 1T 2011

IAS 27 - Demonstrações financeiras consolidadas

A norma proposta alteraria a definição de controle (evidenciado pelo poder de tomar decisões e um retorno variável) para determinar quais entidades devem ser consolidadas. Também aprimoraria as divulgações. Não será aplicável para entidades de investimentos, uma vez que haverá uma minuta de uma norma específica para essas entidades.

Dezembro de 2008 4T 2010

IAS 37 - Provisões e passivos e ativos contingentes

Passivos deveriam ser mensurados ao menor entre o custo de liquidar ou transferir a obrigação, ou o valor de não existir a obrigação. Essa última seria o valor (incluindo lucro) que a entidade cobraria de um terceiro para o serviço sujeito da obrigação. A norma também introduz o conceito de valor esperado para mensuração desse tipo de passivo.

Janeiro de 2010 2T 2011

IAS 39 - Instrumentos financeiros - Custo amortizado e impairment

É a segunda parte do projeto para substituir o IAS 39. Propõe um modelo de "retorno esperado" para mensuração de custo amortizado. A provisão de impairment voltaria a ser determinada baseada em fluxos de caixa esperados (diferente do modelo atual de perdas incorridas).

Novembro de 2009 2T 2011

Comentários da administração (orientação de boas práticas)

Orientação não mandatória para a administração explicar como a posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa se relacionam com os objetivos da administração e as estratégias para cumprir com esses objetivos.

Junho de 2009 4T 2010

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Para sumariar, o cronograma que encerra as normas descritas na tabela é o seguinte:

4º trimestre de 2010 1º trimestre de 2011 2º trimestre de 2011• IFRS 9 - Instrumentos financeiros -

Passivos financeiros

• IFRS X - Controladas em conjunto

• IAS 1 - Apresentação de demonstrações financeiras - Demonstração de resultado abrangente

• IAS 27 - Demonstrações financeiras consolidadas

• Comentários da administração (orientação de boas práticas)

• IFRS 1 - Adoção de IFRS pela primeira vez (alteração proposta)

• IFRS 5 - Ativos não correntes mantidos para venda e operações descontinuadas (nova minuta)

• IFRS 7 - Instrumentos financeiros: Divulgação

• IFRS X - Mensuração ao valor justo

• IAS 19 - Benefícios a empregados - Planos de benefícios definidos

• IFRS X - Arrendamento mercantil

• IFRS X - Atividades com receitas reguladas

• IFRS X - Reconhecimento de receita

• IFRS X - Contratos de seguros

• IFRS X - Impostos de renda

• IAS 37 - Provisões e passivos e ativos contingentes

• IAS 39 - Instrumentos financeiros - Custo amortizado e impairment

Papéis para discussão (discussion papers)

Foi publicado um papel para discussão sobre “Indústrias extrativas” para promover consistência na contabilização de custos de exploração e nas definições de reservas, além de aumentar as divulgações requeridas.

Novas interpretações

Foi publicada uma minuta de uma interpretação do IFRIC relacionada com remoção inicial de terra/minério na indústria mineradora (stripping costs).

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 69

2.2 Junta de Normas de Contabilidade Financeira - FASB

“As novas divulgações exigidas pelo ASU 2010-20 representam um desafio para as empresas que preparam US GAAP.”

Mark Vogt Sócio PwC - Brasil

2.2.1. FASB Accounting Standards Updates

No ano de 2009 o FASB adotou sua Codificação de Normas Contábeis (Accounting Standards Codification ou “ASC”) como a fonte única dos princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos (US GAAP). Com a ASC, a estrutura de organização de US GAAP mudou de um modelo baseado em centenas de pronunciamentos individuais (standards-based model) para um modelo baseado em tópicos (topic-based model).

Após a adoção da ASC, todos os novos pronunciamentos de US GAAP passam a ser emitidos na forma de Accounting Standards Updates (“Atualizações de Normas Contábeis”), indicando de que maneira o texto da ASC está sendo atualizado. Ao longo do ano de 2010 foram emitidos diversos ASU discutidos a seguir.

• ASU 2010-01: Equity (Topic 505) - Accounting for Distributions to Shareholders with Components of Stock and Cash (a consensus of the FASB Emerging Issues Task Force)

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este pronunciamento afeta a todas as entidades que declarem dividendos a seus acionistas, cuja liquidação possa ser feita em ações ou em dinheiro, à escolha de cada acionista, sujeito a um limite máximo dos dividendos liquidados em dinheiro. O objetivo deste ASU é o de acabar com a diversidade no tratamento contábil para estas distribuições aos acionistas, quando as empresas calculam o lucro por ação. Algumas entidades vêm tratando as ações emitidas aos acionistas como uma nova emissão, a ser refletida no cálculo de lucro por ação prospectivamente. Outras vêm tratando estas ações na mesma forma que um desdobramento de ações, ajustando retroativamente a quantidade de ações em circulação para todos os períodos apresentados. O ASU indica que o primeiro tratamento deve ser aplicado.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento deve ser aplicado, retrospectivamente, a demonstrações financeiras intermediárias e anuais para períodos e anos findos em ou após 15 de dezembro de 2009.

• ASU 2010-02: Consolidation (Topic 810) - Accounting and Reporting for Decreases in Ownership of a Subsidiary - a Scope Clarification

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

a) O subtópico 810-10 da ASC estabelece que quando uma empresa perder controle sobre uma empresa controlada, ela deve deixar de consolidar (ou seja, “desconsolidar”) a ex-controlada, reconhecer ganho ou perda na alienação, e ajustar sua participação remanescente na ex-controlada ao seu valor justo. Em resposta a questionamentos sobre se este subtópico pode ser aplicado em alienações envolvendo controladas em forma, mas não em substância, este ASU esclarece que o subtópico 810-10 deve ser aplicada nas alienações de: Uma controlada ou grupo de ativos que seja um negócio com fins lucrativos ou sem fins lucrativos.

b) Um investimento em controlada que seja transferido para uma investida avaliada pelo método de equivalência patrimonial ou para um joint venture.

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c) Uma troca de participação em um grupo de ativos que se constitua em um negócio ou uma atividade sem fins lucrativos por uma participação não-controladora em outra entidade (incluindo uma investida avaliada pelo método de equivalência patrimonial ou um joint venture).

O ASU também deixa claro que o subtópico 810-10 não pode ser aplicado a alienações de imóveis em substância ou de direitos minerais ou de exploração de petróleo ou gás. Existem outros subtópicos da ASC que tratam dessas transações.

No caso de uma eventual redução na participação em uma controlada que não represente um negócio ou uma entidade sem fins lucrativos, a empresa deve considerar se, em substância, a transação provocando a redução de participação é tratada em outra norma contábil de US GAAP, tais como transferências de ativos financeiros, reconhecimento de receita, permutas de ativos não-monetários, alienação de imóveis em substância, alienação de direitos de mineração ou de exploração de petróleo ou gás, dentre outros. Caso não exista outra literatura contábil aplicável, deve-se utilizar o subtópico 810-10.

Quais as mudanças em divulgações?

Nos casos em que houver uma desconsolidação de uma controlada ou desreconhecimento de um grupo de ativos, de acordo com o subtópico 810-10, uma entidade deverá divulgar:

a) As técnicas de avaliação utilizadas para mensurar o valor justo das participações retidas na ex-controlada ou grupo de ativos, além de informações que permitam aos usuários das demonstrações financeiras avaliar as informações utilizadas para desenvolver tais cálculos.

b) A natureza de qualquer envolvimento com a ex-controlada ou com a entidade adquirente do grupo de ativos que continue após a desconsolidação ou desreconhecimento.

c) Se a transação que resultou na desconsolidação ou desreconhecimento de um grupo de ativos envolveu uma parte relacionada ou se a ex-controlada ou entidade adquirente do grupo de ativos será uma parte relacionada após a desconsolidação.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento é efetivo para o período em que uma entidade adotar o FASB nº 160 (agora incluído no subtópico 810-10). Caso uma entidade já tenha adotado previamente o FASB nº 160, este ASU se torna efetivo para períodos interinos ou anuais findos em ou após 15 de dezembro de 2009.

• ASU 2010-03: Extractive Activities - Oil and Gas (Topic 932) - Oil and Gas Reserve Estimation and Disclosures

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este pronunciamento se aplica a entidades envolvidas em atividades de produção de petróleo e gás. O objetivo deste pronunciamento é o de alinhar os requerimentos relacionados à estimativa e à divulgação de reservas de petróleo e gás, constantes no tópico 932 da ASC, com os requerimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) em 31 de dezembro de 2008.

As principais provisões da regra incluem:

a) Expansão da definição de “atividades de produção de petróleo e gás” para abranger a extração de hidrocarbonetos comerciáveis em forma sólida, líquida ou gasosa, de areias petrolíferas, xisto, camadas de carvão ou outros recursos naturais não-renováveis que tenham o objetivo de serem transformados em petróleo ou gás sintéticos, ou atividades com este fim.

b) Redefinição de “reservas provadas de petróleo e gás” para indicar que as entidades devem utilizar o método de média aritmética do preço do primeiro dia do mês durante os 12 meses antes da conclusão da data do período coberto pelas demonstrações financeiras, e não utilizar o preço do final do ano, quando estimando se as quantidades na reserva justificam, economicamente, a exploração.

c) Exigência de divulgação, separadamente, de informações acerca das quantidades nas reservas e informações contábeis para as áreas geográficas que representam 15% ou mais das reservas provadas.

d) Esclarecimento que os investimentos em empresas contabilizados pelo método de equivalência patrimonial devem ser considerados quando concluindo se uma empresa tem atividades significativas de produção de petróleo ou gás.

e) Exigência de divulgar os montantes e quantidades relacionados com investidas contabilizadas pelo método de equivalência patrimonial, observando-se o mesmo nível de detalhe aplicável a investimentos consolidados.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento será efetivo para exercícios encerrados em ou após 31 de dezembro de 2009.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 71

• ASU 2010-06: Fair Value Measurements and Disclosures (Topic 820) - Improving Disclosures about Fair Value Measurements

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Todas as entidades que fazem divulgação de mensurações ao valor justo, recorrentes ou não, serão afetadas pelas provisões deste pronunciamento. Este ASU faz alterações ao subtópico 820-10, requerendo novas divulgações tais como:

a) Transferências entre os níveis 1 e 2 de classificação. As empresas deverão divulgar, separadamente, as transferências significativas entre os níveis 1 e 2 e as razões para tais transferências.

b) Atividades nas mensurações ao valor justo no nível 3. Ao divulgar mensurações ao valor justo que utilizam critérios não observáveis (nível 3), deve-se divulgar informações acerca de compras, vendas, emissões e pagamentos de forma aberta e não como um montante líquido.

Adicionalmente, este ASU esclarece requerimentos existentes de divulgação incluído no subtópico 820-10 como segue:

a) Nível de disagregação. Uma entidade deverá prover informações de divulgação de valor justo para cada classe de ativos e passivos, sendo que uma classe de ativos ou passivos é tipicamente menor que um componente de ativos ou passivos no balanço patrimonial.

b) Divulgações acerca de dados e técnicas de avaliação. Deve-se divulgar as técnicas de avaliação e as fontes de dados utilizadas na mensuração de valor justo, tanto para mensurações recorrentes como não recorrentes. Estas divulgações são requeridas para itens classificados nos níveis 2 ou 3.

Quando esta regra se torna efetiva?

As mudanças descritas acima são válidas para períodos interinos ou anuais começando a partir de 15 de dezembro de 2009, exceto para as divulgações acerca de compras, vendas, emissões e pagamentos para o nível 3. Neste ultimo caso, estas divulgações se tornam obrigatórias para exercícios começando após 15 de dezembro de 2010 e para períodos interinos divulgados dentro daquele exercício.

• ASU 2010-09: Subsequent Events (Topic 855) -- Amendments to Certain Recognition and Disclosure Requirements

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este pronunciamento afeta todas as entidades que preparem demonstrações financeiras em US GAAP e provê mudanças ao subtópico 855-10, dentre as quais:

a) Uma entidade que seja (a) um emissor registrado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (“SEC”), ou (b) um veículo para emissão de títulos de dívida de repasse (conduit debt securities) transacionados no mercado público de capitais (bolsa ou mercado de balcão) deve avaliar os eventos subsequentes até a data de emissão das demonstrações financeiras. As demais entidades devem avaliar os eventos subsequentes até a data em que as demonstrações financeiras são disponíveis para emissão.

b) O glossário do Tópico 855 foi alterado para incluir a definição de “SEC filer”. Um SEC filer é uma entidade requerida a fornecer demonstrações financeiras para a SEC ou uma entidade sujeita à seção 12(i) do Securities Exchange Act de 1934.

c) Entidades que são SEC filer não são requeridas a divulgar a data quando os eventos subsequentes foram avaliados pela administração. Esta mudança ameniza conflitos potenciais conflitos entre o subtopico 855-10 e os requerimentos da SEC.

d) O escopo das exigências de divulgação em caso de reemissão das demonstrações financeiras foi alterado para incluir apenas as demonstrações financeiras ajustadas para corrigir um erro ou aplicar um pronunciamento contábil de US GAAP retroativamente.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento se torna efetivo a partir de sua emissão, exceto para emissores de conduit debt securities, para os quais o uso da data de emissão é aplicável para períodos interinos ou anuais findos a partir de 15 de junho de 2010.

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• ASU 2010-10: Consolidation (Topic 810) - Amendments for Certain Investment Funds

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

As mudanças introduzidas neste ASU devem afetar de modo significativo as empresas com participações em fundos de investimento e similares.

O ASU posterga a exigência de consolidação, conforme o tópico 810, para investimentos em entidades (1) que possuam todos os atributos de uma entidade de investimento, como definido no tópico 946 - Financial Services - Investment Companies, ou (2) entidades, cuja prática da indústria seja a de aplicar os princípios de mensuração de investimento de modo consistente com o prescrito no Tópico 946. Adicionalmente esta regra se aplica a entidades que operem de acordo com os requerimentos, ou requerimentos similares, àqueles estabelecidos na Regra 2(a)-7 do Investment Company Act of 1940.

Esta postergação foi implementada para permitir que o assunto de consolidação de fundos de investimento seja discutido pelo FASB e pelo IASB, com o objetivo de chegar em conclusões consistentes para US GAAP e IFRS.

O diferimento não se aplica quando:

• Uma entidade possui obrigações implícitas ou explícitas de custear perdas de uma entidade que podem, potencialmente, ser significativas para a primeira entidade.

• Uma entidade possui investimentos em entidades de securitização de recebíveis, operações de financiamento estruturado de ativos, ou entidades anteriormente consideradas como qualifying special-purpose entities.

Esta regra não posterga os requerimentos de divulgação introduzidos pelo FASB Statement nº 167, Special Purpose Entities. As companhias abertas e privadas que adotem US GAAP e possuam interesses em variable interest entities continuam sujeitas aos requerimentos de divulgação contidos no tópico 810.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento é aplicável para exercícios que comecem após 15 de novembro de 2009. Aplicação antecipada deste pronunciamento não é permitida.

• ASU 2010-11: Derivatives and Hedging (Topic 815) - Scope Exception Related to Embedded Credit Derivatives

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

A seção ASC 815-15-25 atualmente exige a bifurcação (segregação contábil) de derivativos embutidos de risco crédito, exceto nos casos descritos nos parágrafos ASC 815-13-13-8 e 9. Esta ASU esclarece que as exceções nesses parágrafos abrangem apenas os derivativos embutidos de risco de crédito que sejam apenas na forma de subordinação de um instrumento financeiro em relação a outro. Os demais derivativos embutidos de risco de crédito ainda devem ser considerados para bifurcação. Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

As alterações deste pronunciamento serão aplicáveis para o primeiro período trimestral que se inicie a partir de 15 de junho de 2010. A aplicação antecipada deste pronunciamento é permitida a partir do primeiro período trimestral iniciado após a emissão deste pronunciamento.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 73

• ASU 2010-15: Financial Services - Insurance (Topic 944): How Investments Held through Separate Accounts Affect an Insurer’s Consolidation Analysis of Those Investments - a consensus of the FASB Emerging Issues Task Force

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

As alterações deste pronunciamento impactam as seguradoras que mantenham separate accounts (grupo de ativos que são tipicamente mantidos pela seguradora para suportar as obrigações em contratos individuais de seguros de vida, planos de previdência e contratos similares, e que operam de forma similar a um fundo mútuo). As separate accounts podem incluir, entre outros ativos, investimentos em outras empresas. A questão é se estes investimentos em outras empresas mantidos nas separate accounts da seguradora devem ser considerados na avaliação sobre se a seguradora tenha controle sobre a empresa investida e incluí-la nas demonstrações financeiras consolidadas.

Esta ASU esclarece que, se as separate accounts são mantidas para beneficiar os titulares das apólices ou planos de previdência, os investimentos nas separate accounts não devem ser considerados na análise sobre se a seguradora tem controle sobre a empresa investida. Entretanto, se as separate accounts sejam mantidas para o benefício de partes relacionadas, os investimentos nelas devem ser considerados nessa análise.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

As alterações deste pronunciamento serão aplicáveis para os exercícios e períodos intermediários dentro destes exercícios que se iniciem a partir de 15 de dezembro de 2010. A aplicação antecipada deste pronunciamento é permitida. As alterações deste pronunciamento devem ser aplicadas retrospectivamente para todos os períodos comparativos.

• ASU 2010-17: Revenue Recognition - Milestone Method (Topic 605): Milestone Method of Revenue Recognition - a consensus of the FASB Emerging Issues Task Force

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Mensuração e reconhecimento

Atividades de pesquisa e desenvolvimento usualmente incluem pagamentos contingentes ao acontecimento de determinados eventos, tais como a conclusão bem-sucedida de determinadas fases de um projeto, ou milestones. Algumas entidades de pesquisa aplicam o método de milestone, ou seja, reconhecem estes pagamentos contingentes como receita somente quando se alcance o milestone. O objetivo deste ASU é o de estabelecer quando é apropriado aplicar o método de milestone para transações de pesquisa e desenvolvimento, uma vez que não havia regras específicas para este método de reconhecimento de receita.

De acordo com este ASU, uma entidade poderá reconhecer a receita no período em que o milestone é alcançado apenas se o milestone cumpra todos os critérios para ser considerado substantivo. A conclusão que um milestone é substantivo requer julgamento pela administração, mas deve atender as seguintes condições:

a) A receita é consistente com:

i. O desempenho do vendedor na realização da milestone.

ii. O aumento do valor do produto a ser entregue como resultado de um evento específico decorrente do desempenho do vendedor na realização do milestone.

b) A receita é relacionada somente ao desempenho ocorrido no passado.

c) A receita é razoável em relação aos produtos objeto do contrato, bem como seus termos de pagamento.

A utilização do método de milestone é considerada como uma adoção de política contábil pela entidade. Outros métodos de reconhecimento de receita, utilizando, por exemplo, alocações proporcionais, podem ser aplicados, desde que estes métodos não resultem no reconhecimento de toda a receita no período em que o milestone é alcançado.

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Divulgações

Uma entidade afetada por este pronunciamento deverá divulgar:

a) Um sumário descritivo do contrato.

b) Uma descrição de cada um dos milestones e das contraprestações correspondentes.

c) A determinação de quais milestones são significativos.

d) Os fatores considerados pela entidade na determinação de quais milestones são significativos.

e) O montante de receita reconhecido no período de acordo com este método.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento se aplica de forma prospectiva para milestones alcançados em exercícios e períodos interinos nestes exercícios que comecem em ou após 15 de junho de 2010. Caso uma entidade opte pela adoção antecipada deste método, deverá divulgar os efeitos nos períodos em que foi adotado o pronunciamento, nas seguintes rubricas:

a) Receita.

b) Resultado antes dos impostos.

c) Lucro líquido.

d) Lucro por ação.

e) Os efeitos da adoção desta norma no patrimônio líquido.

Entidades poderão optar a adotar este ASU retrospectivamente para todos os períodos apresentados.

• ASU 2010-19: Foreign Currency (Topic 830) - Foreign Currency Issues: Multiple Foreign Currency Exchange Rates - An announcement made by the SEC Staff

Este ASU foi emitido em conexão com diversos questionamentos recebidos pela SEC relacionados à conversão de demonstrações financeiras e saldos em moeda estrangeira por empresas com investimentos na Venezuela. A legislação cambial daquele país restringe ao acesso ao mercado oficial de câmbio, e as empresas podem ser forçadas a recorrer ao mercado paralelo para realizar certas transações. Em certas circunstâncias, a utilização de mais que uma taxa de câmbio pode resultar em diferenças relevantes entre o saldo original de um ativo ou passivo financeiro denominado em moeda forte e o saldo resultante da conversão das demonstrações financeiras em Bolivares para moeda forte. Nestes casos, a SEC exige que os motivos pelas diferenças sejam divulgados em notas explicativas.

A aplicação deste investimento é imediata.

• ASU 2010-20: Receivables (Topic 310) - Disclosures about the Credit Quality of Financing Receivables and the Allowance for Credit Losses

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este pronunciamento tem por objetivo estabelecer uma maior transparência acerca das políticas de uma entidade para o cálculo da provisão para devedores duvidosos e a qualidade de crédito dos recebíveis em carteira. São excluídos do escopo deste pronunciamento os recebíveis de curto prazo e os recebíveis mensurados ao valor justo ou pelo modelo de valor justo ou custo, dos dois o menor.

Os critérios de divulgação existentes foram alterados para passar a exigir:

a) Um resumo da movimentação do saldo da provisão, por segmento da carteira de recebíveis, do saldo inicial até o saldo final, com o saldo final desagregado por método utilizado para calcular a perda estimada.

b) Para cada saldo final assim desagregado, o correspondente montante dos recebíveis de financiamento.

c) A abertura dos recebíveis de financiamento inadimplentes por classe.

d) A abertura de recebíveis de financiamentos provisionados por classe.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 75

Adicionalmente, este pronunciamento requer as seguintes divulgações adicionais:

a) Indicadores de qualidade de crédito de recebíveis de financiamento no final do período, abertos por classe de recebíveis de financiamento.

b) Divulgação dos saldos de recebíveis em atraso, por vencimento, no final do período reportado, por classe de recebíveis de financiamentos.

c) A natureza e extensão de recebíveis renegociados no exercício, por classe, e os correspondentes efeitos na provisão.

d) A natureza e extensão dos recebíveis de financiamento renegociados que entraram em situação de default nos últimos 12 meses, por classe de recebíveis, e os correspondentes efeitos na provisão.

e) Compras ou vendas significativas de recebíveis de financiamentos durante o período, abertas por segmento da carteira.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento entra em vigor para empresas de capital aberto, para períodos interinos e anuais findos em ou após 15 de dezembro de 2010. As divulgações para atividades ocorridas dentro de um período são aplicáveis para períodos interinos ou anos que comecem em ou após 15 de dezembro de 2010.

Para as demais entidades, entra em vigor em períodos ou anos findos em ou após 15 de dezembro de 2011.

As divulgações comparativas para períodos anteriores são encorajadas.

• ASU 2010-24: Presentation of Insurance Claims and Related Insurance Recoveries - a consensus of the EITF (Health Care Entities - Topic 954)

Quais as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

Este ASU busca harmonizar a diversidade de práticas existente no setor de saúde para o tratamento de passivos decorrentes de negligência médica e os correspondentes reembolsos de seguro esperados. A maioria dos prestadores de serviços médicos apresentam o passivos líquidos dos reembolsos de seguro esperados, ao passo que outras entidades apresentavam tais contas separadamente em suas demonstrações financeiras. Este pronunciamento estabelece que a segunda forma de apresentação deve ser adotada. Adicionalmente, o valor do passivo não deve levar em consideração os reembolsos esperados da seguradora.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

Este pronunciamento deverá ser aplicado para exercícios, ou períodos interinos que fazem parte destes exercícios, que comecem após 15 de dezembro de 2010. O efeito cumulativo da adoção, se houver, deverá ser reconhecido contra os lucros acumulados no início do ano de sua adoção. A aplicação retrospectiva e/ou antecipada é permitida.

• ASU 2010-25: Reporting Loans to Participants by Defined Contribution Pension Plans (a consensus of the EITF) - Plan Accounting: Defined Contribution Pension Plans (Topic 962)

Quais são as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

As alterações deste pronunciamento exigem que, no balanço patrimonial de um plano de contribuição definida, os empréstimos cedidos aos participantes do plano sejam classificados como títulos a receber de participantes, os quais são segregados dos investimentos do plano e mensurados pelo seu saldo devedor principal mais os juros vencidos e não pagos.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

As alterações neste pronunciamento devem ser aplicadas retrospectivamente à todos os períodos apresentados,válidos para os exercícios encerrados após 15 de dezembro de 2010. A adoção antecipada é permitida.

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• ASU 2010-26: Accounting for Costs Associated with Acquiring or Renewing Insurance Contracts (a consensus of the EITF) - Financial Services - Insurance (Topic 944)

Quais são as principais mudanças introduzidas pelo pronunciamento?

As alterações introduzidas por esse pronunciamento determinam que os seguintes custos incorridos na aquisição ou renovação de contratos de seguro devem ser capitalizados:

a) Custos diretos incrementais de aquisição de contratos. Custos diretos incrementais são os custos que resultam diretamente e são essenciais para a realização do contrato, e não teriam sido incorridos pela entidade seguradora caso a transação não tivesse ocorrido.

b) Determinados custos diretamente relacionados com as seguintes atividades realizadas pela seguradora em relação ao contrato:

i. Subscrição.

ii. Política de emissão e processamento.

iii. Exame médico e inspeção.

iv. Força de vendas de contratos.

Os custos diretamente relacionados com essas atividades incluem somente a parte da remuneração total do empregado e benefícios da folha de pagamento relacionados diretamente ao tempo gasto pelos funcionários na execução destas atividades e outros custos diretamente relacionados com as atividades e que não teriam sido incorridos caso o contrato não tivesse sido adquirido.

Os custos de propaganda e mala direta devem ser capitalizados apenas se os critérios incluídos no subtópico 340-20 foram atendidos.

Todos os outros custos relacionados à aquisição, incluindo despesas incorridas pela seguradora para buscar potenciais clientes, pesquisa de mercado, treinamento, administração, aquisições de contrato sem sucesso ou esforços de renovação e de desenvolvimento de produtos devem ser contabilizados como despesa quando incorridos. Custos administrativos, aluguel, depreciação, equipamentos e todas as outras despesas gerais são considerados custos indiretos e devem ser contabilizados como despesa quando incorridos.

Se a aplicação inicial das alterações contidas nesse pronunciamento resultar na capitalização de custos de aquisição que não tinham sido previamente capitalizados por uma entidade, a entidade pode optar por não capitalizar esses tipos de despesas.

As alterações deste pronunciamento não afetam a orientação dos parágrafos 944-30-25-4 ao 25-5, que proíbe a capitalização de certos custos incorridos na obtenção de contratos do tipo universal life.

Quando este pronunciamento deve ser aplicado?

As alterações deste pronunciamento são válidas para os exercícios, e períodos interinos dentro desses exercícios, com início após 15 de dezembro de 2011. As alterações deste pronunciamento devem ser aplicadas prospectivamente. A aplicação retrospectiva a todos os períodos anteriores apresentados também é permitida, mas não é obrigatória. A adoção antecipada é permitida, mas apenas no início de um exercício.

2.2.2 Projeto conjunto de convergência IASB e FASB

Esta seção foi preparada para descrever os desenvolvimentos mais recentes do projeto conjunto de emissão de normas contábeios do Financial Accounting Standards Board (FASB) e do International Accounting Standards Board (IASB). Com uma estratégia modificada anunciada em junho de 2010, o FASB/IASB têm estado focado na execução do novo plano de trabalho. Apesar de uma desaceleração prevista, o grupo de convergência continuou a todo vapor, emitindo novas propostas para tratamento contábil de arrendamentos e de contratos de seguros. A partir de agora, a meta para conclusão de um número significativo de projetos é meados de 2011, incluindo instrumentos financeiros, reconhecimento de receitas e arrendamentos. Após essa etapa, o FASB/IASB deverão avaliar os comentários recebidos do mercado sobre essas propostas.

E se tudo isso não bastasse, o FASB anunciou recentemente a aposentadoria de seu presidente, Bob Herz, e a expansão dos membros do seu comitê de cinco para sete membros. Essas mudanças podem trazer mais incerteza no processo de convergência, em grande parte pelo risco de que algumas premissas adotadas pelos membros atuais podem mudar com a chegada de novos membros.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 77

Como será a nova estratégia?

O sucesso da estratégia depende muito dos comentários do mercado e a revisão desse comentários pelo grupo. Há uma expectativa de que o FASB vai dedicar um tempo significativo na reavaliação das suas decisões sobre o projeto de instrumentos financeiros ao longo dos próximos meses. Em seguida, o FASB/IASB terão de decidir se há um caminho a seguir que levará a uma convergência sobre este importante projeto.

A revisão dos comentários às minutas das novas normas sobre reconhecimento de receita e arrendamentos deverá ocorrer em breve. Ainda que o grupo esteja seguindo o mesmo plano em relação a esses projetos, os comentários que serão recebidos do mercado deverào confirmar ou alterar esse estratégia. Os prazos para comentário para ambos os projetos se encerram no último trimestre de 2010.

Cronograma do projeto de convergência.

O cronograma de projetos conjuntos entre o FASB e o IASB continua incitante. As empresas enfrentam não apenas o desafio de digerir o impacto e participar das discussões sobre uma infinidade de propostas, mas também de preparar-se para a eventual implementação das mudanças. FASB/IASB reconhecem que a emissão das novas normas é apenas uma peça do complexo processo de convergência. A determinação das datas e de estratégias eficazes de transição é também fundamental para a implementação bem sucedida.

As datas de vigência das normas não foram incluídas nas minutas emitidas recentemente. Isso ocorre porque o FASB/IASB pretendem construir um entendimento mais abrangente sobre os esforços para execução das propostas de mudanças antes de decidir sobre as datas de vigência. Para construir esse entendimento, FASB/IASB emitiu um documento para discussão em busca de contribuições do mercado sobre as datas de vigência e estratégias de transição. Se o FASB/IASB vão decidir continuar com datas de vigência de forma paulatina ou vai empregar uma abordagem mais agressiva ainda é uma incógnita.

O cronograma atualizado inclui a priorização pelo FASB/IASB de determinados projetos, a postergação de outros projetos até o final de 2011 e depois de 2011. Contudo, mudanças sem precedentes nas normas contábeis continuam no horizonte.

Minuta da norma emitida ou esperada para ser emitida

Expectativa para norma final

Revisão da pré-minuta da norma

Período de comentário e revisão dos comentários

Q3 2C10 Q4 2010 Q1 2011 Q2 2011 Q3 2011 Q4 2011 2012

Instrumentos financeirosReconhecimento de receita

ArrendamentosMensuração do valor justo

Propriedades para investimentoDemonstração do resultado abrangente

Operações descontinuidadesInstrumentos financeiros comIASB - Contratos de Seguros

Consolidação - Projeto abrangenteConsolidação - Companhias de...

Compensação de valores no balanço...IASB - Benefícios pós-emprego

IASB - ContingênciasPlanos de negociação de direito

de emissão

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3IFRS e o novo BR GAAP

As companhias abertas brasileiras terão que aplicar o padrão contábil internacional (IFRS) e os novos pronunciamentos contábeis brasileiros (CPCs) nas demonstrações financeiras anuais deste exercício de 2010. Para acompanhar esse processo, a PwC lançou uma publicação semanal que analisa vários aspectos envolvidos na preparação dessas demonstrações financeiras.

Por meio dessa publicação semanal, o Navegador Contábil, a PwC compartilha com o mercado a experiência na aplicação das normas na Europa, incluindo exemplos reais, entrevistas, perguntas e respostas. A cada edição é tratado um tópico específico a fim de esclarecer dúvidas e facilitar a adoção dos IFRSs e dos CPCs pelas entidades brasileiras. Nas primeiras edições, os seguintes temas foram tratados:

• Planejando as primeiras DFs pelos novos CPCs e IFRSs.

• Capitalização de perdas cambiais como custo de empréstimo.

• Caixa e equivalentes de caixa.

• Relatórios intermediários (trimestrais).

• As demonstrações financeiras primárias - erros comuns e itens a serem considerados.

• Tratamento contábil de participação dos não controladores em combinações de empresas.

• Desafios na Avaliação da Vida Útil do Imobilizado (CPCs 27 e ICPC 10).

• Quando utilizar o CPC para Pequenas e Médias Empresas - PMEs.

• Contabilização de adiantamentos para futuro aumento de capital (AFAC).

• Incorporações reversas.

• Aquisição em etapas.

• Pagamentos baseados em ações com múltiplos períodos de carência.

• Contabilização de operações de duplicata descontada e vendor.

• Determinação da moeda funcional.

• Aplicação do Custo Atribuído (deemed cost) no Balanço de Abertura.

• Informações por segmento - Questões práticas.

• Reconhecimento de receitas.

• Informações por segmento (2ª edição) - Questões práticas.

• CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos: Conceitos Básicos.

Navegador Contábil

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 79

As publicações anteriores, em sua íntegra, podem ser acessadas no site www.pwc.com/br. Também, no site, os interessados podem se cadastrar para receber semanalmente o Navegador Contábil em sua caixa de e-mails.

Transcrevemos a seguir trechos da 5a Edição do Navegador Contábil, importante neste momento de preparação das demonstrações financeiras. Nessa edição, foram tratados os erros mais comuns observados em publicações de entidades que adotaram o IFRS pela primeira vez, notadamente na Europa.

Balanço

Participação dos não controladores

A participação dos não controladores, embora deva ser destacada, deve ser apresentada dentro do patrimônio líquido. [IAS 1/CPC 26.54]

IR/CS diferidos no longo prazo

Os ativos e passivos de tributos sobre a renda (IR/CS) diferidos devem ser classificados sempre no longo prazo no balanço, mesmo que a expectativa de sua realização seja de curto prazo. Em nota explicativa é que se deve fazer a distinção da parcela de curto prazo.[IAS 1/CPC 26.56]

Impostos indiretos e impostos de renda

Os ativos e/ou passivos por imposto de renda e contribuição social devem ser apresentados separadamente dos ativos e passivos de tributos indiretos (PIS, COFINS, IPI, etc.). [IAS 1/CPC 26.54(n)]

Confusão entre “ativos mantidos para venda” e “ativos disponíveis para venda”

Ativos mantidos para venda são ativos ou grupos de ativos não circulantes que serão vendidos no curto prazo e foram classificados assim conforme IFRS 5/CPC 31.

Ativos “disponíveis para venda” fazem parte de uma categoria de instrumento financeiro classificado conforme IAS 39/CPC 38.

Apresentação bruta/líquida das provisões e dos depósitos judiciais

As circunstâncias devem ser analisadas cautelosamente para determinar se uma apresentação bruta ou líquida é apropriada. A suspensão da exigibilidade de um tributo e a impossibilidade do resgate do depósito são indícios fortes de que esse depósito deve ser apresentado reduzindo o saldo do correspondente contas a pagar. Quando não existe estes indícios, o depósito é normalmente apresentado como ativo. A análise deve ser feita caso a caso. Não se pode, indiscriminadamente, apresentar provisões/tributos a pagar líquidos de depósitos judiciais. Em geral, esperamos que alguns depósitos atendam à definição para apresentação pelo líquido e outros não. [IAS 1/CPC 26.32]

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Demonstração do resultado

Misturando apresentação das despesas por função e por natureza

Despesas devem ser apresentadas por função (exemplos: Custo de venda, Despesas Administrativas, Despesas de Vendas) ou por natureza (exemplos: Despesas com pessoal, Despesas com matérias-primas, Depreciação e amortização). Não se pode misturar os dois modelos (exemplos: Custo de venda, Despesas Administrativas, Depreciação e amortização). [IAS 1/CPC 26.99]

Não apresentar o lucro por ação (básico e diluído)

As companhias abertas, em suas DFs consolidadas de acordo com o IFRS, devem apresentar lucro por ação, tanto básico quanto diluído, na demonstração do resultado (i.e. não pode ser em nota explicativa, exceto demonstrativo detalhado do cálculo), com base no número médio de ações do período. [IAS 33.66] Até que seja emitido em forma final o CPC que trata do lucro por ação, há diferenças de prática contábil entre BR GAAP e IFRS neste tema. O lucro por ação deve ser apresentado por classe de ação.

“Receita bruta” apresentada na demonstração de resultado

A receita a ser apresentada na demonstração de resultado deve ser a “receita” como definido no IAS 18/CPC 30. Neste caso, em geral a demonstração do resultado deve partir do que anteriormente chamávamos no BR GAAP de “receita líquida de vendas”. Portanto, não é mais aceitável apresentar no resultado a “receita bruta”, que em geral inclui impostos sobre vendas e, é anterior às deduções de vendas (descontos, abatimentos, devoluções, etc.).

Apresentação de “despesas não recorrentes”

Devem ser apresentados linhas adicionais de despesas, ganhos ou perdas relevantes na demonstração de resultado, quando essa apresentação for relevante para o entendimento do desempenho da companhia no período. Isso não significa que “despesas não recorrentes” podem ser apresentadas como uma linha separada e identificada como tal na demonstração de resultado. [IAS 1/CPC 26.85]

Apresentação líquida de despesas e receitas financeiras

Despesas e receitas financeiras devem ser apresentadas separadamente na demonstração de resultado. [IAS 1/CPC 26.82(b)]

Recomendação: É melhor apresentar ganhos e perdas cambiais em uma linha separada no resultado financeiro, ou mesmo na linha de outras receitas e despesas operacionais, divulgados os valores em nota explicativa. O mais importante é não tratá-los como despesas e receitas financeiras.

Demonstração de resultado abrangente

Não atribuição do resultado abrangente entre acionistas controladores e não controladores

Tanto o resultado abrangente quanto o resultado do exercício devem ser atribuídos aos acionistas da companhia e aos não controladores (minoritários). [IAS 1/CPC 26.83]

Não apresentação de uma demonstração de resultado abrangente separada

O CPC 26 não permite apresentar uma demonstração de resultado abrangente que compreende tanto o resultado do exercício quanto os outros resultados abrangentes. Portanto, essa demonstração deve ser apresentada separadamente da demonstração do resultado. Alternativamente, o CPC 26, diferente do IAS 1, permite apresentar o resultado abrangente na demonstração de mutações no patrimônio liquido. [CPC 26.10] [IAS 1/CPC 26.56]

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 81

Demonstrações das mutações do patrimônio líquido (DPML)

O saldo de reservas legais e estatutárias são diferentes entre DFs societárias e DFs em IFRS

As reservas legais e estatutárias (exemplos: reservas de capital, legal, para investimento, etc.) devem ser iguais nas demonstrações financeiras societárias e nas demonstrações financeiras consolidadas de acordo com o IFRS. Quaisquer diferenças de GAAP devem ser tratadas em conta de lucros acumulados ou de avaliação patrimonial, dependendo do caso.

Lucros acumulados zerados ou não

As sociedades por ação devem ter eventual saldo de lucros acumulados destinado ao final do exercício, nas DFs societárias. Nas DFs consolidadas de acordo com o IFRS, pode haver saldo de lucros acumulados, decorrente de eventuais diferenças entre o patrimônio líquido conforme BR GAAP e IFRS. É importante deixar claro ao leitor que esse saldo não está sujeito à distribuição, uma vez que a base de distribuição de resultados são as DFs societárias. [IAS 1/CPC 26.56]

Impostos indiretos e impostos de renda

Os ativos e/ou passivos por imposto de renda e contribuição social devem ser apresentados separadamente dos ativos e passivos de tributos indiretos (PIS, COFINS, IPI, etc.). [IAS 1/CPC 26.54(n)]

Omissão da coluna dos não controladores

A DMPL deve mostrar todas as movimentações no patrimônio líquido, incluindo a parte atribuível aos não controladores. [IAS 1/CPC 26.106]

Não segregação das movimentações do patrimônio líquido entre resultado do período, outros resultados abrangentes e transações com acionistas da empresa

Toda coluna da DMPL deve apresentar em forma separada quais das movimentações correspondem ao resultado do período, a outros resultados abrangentes ou a transações com acionistas na sua condição de acionistas (separando contribuições feitas, distribuições de dividendos e mudanças em participação em subsidiárias sem perda de controle). [IAS 1/CPC 26.106 (d)]

Demonstração dos fluxos de caixa

Apresentação líquida de captações e amortizações de empréstimos

As captações de recursos (empréstimos, financiamentos, etc.) devem ser apresentadas numa linha separada de suas amortizações. A apresentação pelo líquido é comum somente para instituições financeiras. [IAS 7.21/CPC 03.23]

Classificação equivocada de captações e concessões de empréstimos

Captar um empréstimo é atividade de financiamento; emprestar recursos é atividade de investimento. Como exemplo, podemos ter uma companhia tomando empréstimo da controladora, transação esta que deve ser tratada como atividade de financiamento e, por outro lado, emprestando recursos para uma coligada, o que deve ser tratado como atividade de investimento. Essas operações não devem ser tratadas como “variações nos saldos de partes relacionadas” dentro das atividades operacionais, exceto se tratar de conta-corrente.

Recomendação: para que a DFC não fique muito grande, a administração pode, alternativamente, apresentar a reconciliação do lucro para o caixa gerado nas operações em uma nota explicativa às demonstrações financeiras. Ver Nota 36 das DFs ilustrativas da PwC “IFRS Primeira Adoção S.A.”

Demonstração de Valor Adicionado (DVA)

Apresentação como demonstração principal (quadro) nas DFs consolidadas em IFRS

A DVA é uma demonstração principal segundo os CPCs. A DVA não tem previsão no IFRS e, portanto, não pode ser tratada como demonstração primária nas DFs segundo esse padrão. Sugerimos que, quando incluída, a DVA consolidada em IFRS seja apresentada em uma nota explicativa às DFs. [IAS 1/CPC 26.10]

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Martin Perrie, Valdir Coscodai, Jacqueline Dilinskir e Pedro PredeusEquipe responsável pela publicação PwC - Brasil

Em consonância com o conceito de liderança e compromisso com a disseminação de conhecimento, a PwC Brasil em parceria com a Editora Saint Paul está publicando, em diversos volumes, a primeira versão em português do Manual of accounting - IFRS 2010 da PwC (PwC refere-se ao network de firmas-membros da PwC International Limited), um best-seller nessa matéria. Elaborado por nossos especialistas no tema, o conteúdo contempla também a experiência obtida com o processo de convergência das normas contábeis em outros países.

Com estas publicações, objetivamos proporcionar uma colaboração à discussão de temas emergentes associados à introdução do IFRS no Brasil.

Até o momento, já foram concluídas duas obras, abaixo descritas. Em breve, outros livros serão lançados.

Manual de Contabilidade

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 83

A proposta do Manual é discutir as normas e exemplos concretos, publicados por companhias que já adotaram o IFRS, para um melhor entendimento dos nossos padrões contábeis.

Manual de contabilidade: IFRS/CPC - Adoção inicial e Ativos intangíveis

Esta primeira obra toma por base dois importantes capítulos do Manual of accounting - IFRS 2010 da PwC LLP: Adoção inicial do IFRS - que propõe elucidar como as entidades devem aplicar o conjunto das novas normas contábeis na elaboração de suas demonstrações financeiras pela primeira vez, e Ativos intangíveis - que orienta as circunstâncias para reconhecer esse tipo de ativo, mensurar seu valor contábil e esclarecer os requisitos de divulgação.

Manual de contabilidade: IFRS/CPC - Demonstrações financeiras consolidadas

Esta segunda obra contém cinco capítulos, selecionados em virtude dos novos conceitos e da complexidade dos temas: demonstrações financeiras consolidadas e separadas; combinações de negócios, alienação de controladas, negócios e ativos não circulantes; coligadas e joint ventures. O livro trata do padrão contábil IFRS, mas adicionalmente identifica as diferenças existentes entre os IFRS e os Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC, existentes no momento da elaboração desta obra.

Este livro estará em breve disponível para venda nas principais livrarias do país.

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Sérgio BentoSócio PwC - Brasil

Principais alterações ocorridas durante o ano de 2010 relativas à área tributária e a outras áreas de interesse para o desenvolvimento da atividade empresarial.

Essa coletânea, que não compreende toda a legislação e jurisprudência publicadas neste período, foi elaborada com o intuito de ser utilizada como instrumento de referência prática operacional, e deve ser sempre analisada juntamente com os assessores legais das empresas.

As matérias estão resumidas e serão apresentadas segundo a hierarquia dos atos legais e, sempre que possível, em sua ordem cronológica.

1.1 Alterações na legislação tributária federal - Lei nº 12.249/2010

Em 14 de junho de 2010, foi publicada a Lei Federal nº 12.249, em conversão à Medida Provisória nº 472/2009, alterando disposições da legislação tributária federal. A nova lei reproduz parcialmente o conteúdo da MP, introduzindo diversas disposições, dentre as quais destacamos as seguintes:

a) Regras de Thin Capitalization

• Dedutibilidade de juros pagos a residentes no exterior não localizados em países com tributação favorecida (art. 24 da Lei)

Os juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica vinculada (art. 23, Lei nº 9.430/96), residente ou domiciliada no exterior, não constituída em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, somente serão dedutíveis, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando se verifique constituírem despesa necessária à atividade, no período de apuração, atendendo aos seguintes requisitos:

i. No caso de endividamento com pessoa jurídica vinculada no exterior que tenha participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o valor do endividamento com a pessoa vinculada no exterior, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor da participação da vinculada no patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil.

Sinopse LegislativaTributos e Contribuições Federais

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 85

ii. No caso de endividamento com pessoa jurídica vinculada no exterior que não tenha participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o valor do endividamento com a pessoa vinculada no exterior, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil.

iii. em qualquer dos casos previstos nos incisos I e II, o valor do somatório dos endividamentos com pessoas vinculadas no exterior, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor do somatório das participações de todas as vinculadas no patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil.

Essa regra se aplica, ainda, às operações de endividamento de pessoa jurídica residente ou domiciliada no Brasil, em que o avalista, fiador, procurador ou qualquer interveniente for pessoa vinculada.

Verificando-se excesso em relação aos limites acima fixados, o valor dos juros relativos ao excedente será considerado despesa não necessária à atividade da empresa e não dedutível para fins de IRPJ e CSLL.

Ademais, a Lei prevê que:

• Os valores do endividamento e da participação da vinculada no patrimônio líquido serão apurados pela média ponderada mensal.

• O disposto no inciso III não se aplica no caso de endividamento exclusivamente com pessoas vinculadas no exterior que não tenham participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil. Nessa hipótese, o somatório dos valores de endividamento com todas as vinculadas sem participação no capital da entidade no Brasil, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não poderá ser superior a 2 (duas) vezes o valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil.

• Essas disposições não se aplicam às operações de captação feitas no exterior pelas instituições financeiras previstas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 (bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas), para recursos captados no exterior e utilizados em operações de repasse, nos termos definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

• Dedutibilidade de juros pagos a residentes no exterior localizados em países com tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado (art. 25 da Lei)

Sem prejuízo das hipóteses de dedutibilidade de juros previstas nas normas sobre preço de transferência, os juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou constituída no exterior, em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, somente serão dedutíveis, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando se verifique constituírem despesa necessária à atividade, no período de apuração, atendendo cumulativamente ao requisito de que o valor total do somatório dos endividamentos com todas as entidades situadas em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado não seja superior a 30% do valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil.

Para efeito do cálculo do total do endividamento serão consideradas todas as formas e prazos de financiamento, independentemente de registro do contrato no Banco Central do Brasil.

Aplica-se essa disposição às operações de endividamento de pessoa jurídica residente ou domiciliada no Brasil, em que o avalista, fiador, procurador ou qualquer interveniente for residente ou constituído em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado. Verificando-se excesso em relação aos limites acima fixados, o valor dos juros relativos ao excedente será considerado despesa não necessária à atividade da empresa e não dedutível para fins de IRPJ e CSLL.

A lei ainda prevê que:

• Os valores do endividamento e do patrimônio líquido serão apurados pela média ponderada mensal.

• Essas disposições não se aplicam às operações de captação feitas no exterior pelas instituições financeiras previstas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 para recursos captados no exterior e utilizados em operações de repasse nos termos definidos pela RFB.

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• Dedutibilidade de valores pagos a residentes no exterior submetidos a tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado (art. 26 da Lei)

Sem prejuízo das normas do IRPJ, não são dedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a qualquer título, direta ou indiretamente, a pessoas físicas ou jurídicas residentes ou constituídas no exterior e submetidas a um tratamento de país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado (arts. 24 e 24-A da Lei nº 9.430/96), salvo se houver, cumulativamente:

i. a identificação do efetivo beneficiário da entidade no exterior, destinatário dessas importâncias.

Considerar-se-á como efetivo beneficiário a pessoa física ou jurídica, não constituída com o único ou principal objetivo de economia tributária, que auferir esses valores por sua própria conta, e não como agente, administrador fiduciário ou mandatário por conta de terceiro;

ii. a comprovação da capacidade operacional da pessoa física ou da entidade no exterior de realizar a operação; e

iii. a comprovação documental do pagamento do preço respectivo e do recebimento dos bens, direitos ou a utilização de serviço.

A lei ainda prevê que:

• o disposto não se aplica ao pagamento de juros sobre o capital próprio.

• a comprovação do disposto no inciso (ii) não se aplica no caso de operações:

i. que não tenham sido efetuadas com o único ou principal objetivo de economia tributária; e

ii. cuja beneficiária das importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a título de juros seja subsidiária integral, filial ou sucursal da pessoa jurídica remetente domiciliada no Brasil e tenha seus lucros tributados na forma do art. 74 da MP nº 2.158-35/2001.

b) Pessoa física - transferência de residência para país com tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado (art. 27 da Lei)

A transferência do domicílio fiscal da pessoa física residente e domiciliada no Brasil para país ou dependência com tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado, nos termos a que se referem, respectivamente, os arts. 24 e 24-A da Lei nº 9.430/96, somente terá seus efeitos reconhecidos a partir da data em que o contribuinte comprove:

i. ser residente de fato naquele país ou dependência (pessoas físicas que tenham efetivamente permanecido no país ou dependência por mais de 183 dias, consecutivos ou não, no período de até 12 meses, ou que comprovem ali se localizarem a residência habitual de sua família e a maior parte de seu patrimônio; ou

ii. sujeitar-se a imposto sobre a totalidade dos rendimentos do trabalho e do capital, bem como o efetivo pagamento desse imposto.

c) Variação Cambial - Opção pelo Regime de Competência - Lei Federal nº 12.249/2010

Como se sabe, prevê a MP nº 2.158-35/2001 prevê que as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do IR, da CSLL, do PIS e da COFINS, bem como da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias podem ser consideradas segundo o regime de competência.

Nos termos da Lei nº 12.249, a partir do ano-calendário de 2011:

i. o direito de efetuar a opção pelo regime de competência somente poderá ser exercido no mês de janeiro;

ii. o direito de alterar o regime adotado no decorrer do ano-calendário é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio.

Considera-se elevada oscilação da taxa de câmbio aquela superior a percentual determinado pelo Poder Executivo.

A opção ou sua alteração deverá ser comunicada à RFB, que irá disciplinar essa disposição.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 87

d) Margens de lucro do PRL - Não conversão da revogação - Lei nº 12.249/2010

O art. 61 da MP nº 472/2009 revogou o art. 2º da Lei nº 9.959/2000, que trazia disposições sobre as margens de lucro fixadas em relação ao método PRL (Preço de Revenda Menos Lucro), com efeitos a partir de 16.12.2009.

Esse dispositivo de revogação não foi convertido no texto da Lei nº 12.249/2010.

e) Multa de ofício - compensação

Será aplicada multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.

f) Outros Assuntos trazidos na Lei ora tratada

• Instituição do REPENEC - Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura da Indústria Petrolífera nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que concede a suspensão de tributos incidentes na importação dos bens e serviços, destinados à incorporação ao ativo imobilizado, na forma da Lei. (artigos 1º a 5º da Lei).

• Instituição do RECOMPE - Regime Especial para Aquisição de Computadores para uso Educacional, que concede suspensão de tributos na aquisição de bens e na prestação de serviços destinados a promover a inclusão digital nas escolas das redes públicas de ensino federal, estadual, distrital, municipal ou nas escolas sem fins lucrativos de atendimento a pessoas com deficiência, nas condições definidas na Lei (artigos 6º a 14 da Lei).

• Instituição do RETAERO - Regime Especial para a Indústria Aeronáutica Brasileira, concede a suspensão de tributos no fornecimento de bens e na prestação de serviços, conforme especifica a Lei.

• Alterações nas regras do PADIS - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores, a que se refere a Lei n o 11.484/2007.

1.2 Preços de Transferência - Alteração dos Métodos - Medida Provisória nº 478/2009

Em 29 de dezembro de 2009, foi publicada a Medida Provisória nº 478, para, entre outras disposições, alterar a legislação tributária relativamente às regras de preços de transferência.

A principal alteração foi a instituição do Método do Preço de Venda menos Lucro - PVL (em substituição ao PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda no país dos bens, direitos ou serviços importados e calculado conforme a metodologia a seguir:

a) Preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem, direito ou serviço produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e das contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas.

b) Percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem, direito ou serviço vendido: a relação percentual entre o custo médio ponderado do bem, direito ou serviço importado e o custo total médio ponderado do bem, direito ou serviço vendido, calculado em conformidade com a planilha de custos da empresa.

c) Participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido: aplicação do percentual de participação do bem, direito ou serviço importado no custo total, apurada conforme a alínea (b), sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com a alínea (a).

d) Margem de lucro: a aplicação do percentual de 35% sobre a participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado de acordo com a alínea (c).

e) Preço parâmetro: a diferença entre o valor da participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado conforme a alínea (c), e a “margem de lucro”, calculada de acordo com a alínea (d).

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Outras inovações trazidas pela MP relacionadas a Preços de Transferência:

• O Ministro da Fazenda poderá fixar margens de lucro diferentes por setor ou ramo de atividade econômica para fins de apuração dos preços parâmetros relativos aos métodos de que trata.

• A opção por um dos métodos previstos será efetuada na Declaração de Informação Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e não poderá ser alterada pelo contribuinte uma vez iniciado o procedimento fiscal.

Entretanto, em 15 de junho de 2010, foi publicado o Ato Declaratório nº 18 do Presidente da Mesa do Congresso Nacional, comunicando que, em 1º de junho de 2010, encerrou-se o prazo de vigência da MP nº 478/2009.

1.3 Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (RECINE) - Medida Provisória nº 491/2010

Foi publicada, em 24 de junho de 2010, a Medida Provisória nº 491, que institui, entre outras disposições, o Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (RECINE).

É beneficiária do RECINE a pessoa jurídica detentora de projeto de exibição cinematográfica, previamente credenciado e aprovado nos termos e nas condições do regulamento, devendo exercer atividades relativas à implantação ou à operação de complexos cinematográficos, ou à locação de equipamentos para salas de exibição.

Entre outros benefícios, o referido regime concede a suspensão de PIS, COFINS e IPI nas operações de aquisição de bens pelas pessoas jurídicas dele beneficiárias.

Em 24 de agosto de 2010, foi publicado o Ato nº 25 do Congresso Nacional para prorrogar, pelo período de 60 dias, a vigência da Medida Provisória nº 491/2010.

1.4 Alterações na Legislação Tributária Federal - Medida Provisória nº 497/2010

A Medida Provisória nº 497 foi publicada em 28 de julho de 2010 e retificada em 29 de julho de 2010, para promover a desoneração tributária de subvenções governamentais destinadas ao fomento das atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica nas empresas, bem como para instituir o Regime Especial de Tributação para construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios de futebol - RECOM, entre diversas outras providências.

Dentre as principais disposições, destacam-se resumidamente:

• Atividades de Pesquisa Tecnológica e Desenvolvimento de Inovação Tecnológica

As subvenções governamentais de que tratam o art. 19 da Lei nº 10.973/2004 (recursos para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores em empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos) e o art. 21 da Lei nº 11.196/2005 (remuneração de pesquisadores empregados em atividades de inovação tecnológica) não serão computadas para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, desde que tenham atendido aos requisitos estabelecidos na legislação específica, e realizadas as contrapartidas assumidas pela empresa beneficiária.

O emprego dos recursos decorrentes das subvenções governamentais não constituirá despesas ou custos para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL nem dará direito a apuração de créditos de PIS e COFINS, observadas as demais disposições da MP em comento.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 89

• Regime Especial de Tributação para Construção, Ampliação, Reforma ou Modernização de Estádios de Futebol - RECOM

Fica instituído o Regime Especial de Tributação para construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios de futebol - RECOM, com utilização prevista nas partidas oficiais da Copa das Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014.

É beneficiária do RECOM, a pessoa jurídica que tenha projeto aprovado para esses fins, nos termos do Convênio ICMS nº 108/2008, o qual concede isenção do ICMS nas operações com mercadorias e bens destinados à construção, à ampliação, à reforma ou à modernização de estádios a serem utilizados na Copa do Mundo FIFA de 2014.

O benefício será aplicado para os projetos aprovados até 31.12.2012.

No caso de venda no mercado interno ou na importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, e de materiais de construção para utilização ou incorporação nos estádios de futebol aqui enquadrados, ficam suspensos, quando adquiridos por PJ beneficiária do RECOM, os seguintes tributos:

• PIS/COFINS incidentes sobre a receita da pessoa jurídica vendedora.

• PIS/COFINS-Importação devidas pelo importador.

• IPI incidente na saída do estabelecimento industrial ou equiparado.

• IPI na importação.

• Imposto de Importação.

Também fica suspensa a exigência de PIS/COFINS e PIS/COFINS-Importação no caso de venda ou importação de serviços destinados às obras aqui tratadas na forma da MP.

Os benefícios alcançam apenas as aquisições e importações realizadas entre 28.07.2010 e 30.06.2014, somente podendo ser usufruídos nas aquisições e importações realizadas a partir da data de habilitação ou co-habilitação da pessoa jurídica, conforme estabelece a MP em comento.

• Isenção e Alíquota 0% - Mercadoria equivalente à empregada ou consumida na industrialização de produto exportado

A aquisição no mercado interno ou a importação, de forma combinada ou não, de mercadoria equivalente à empregada ou consumida na industrialização de produto exportado poderá ser realizada com isenção do Imposto de Importação e com redução a zero do IPI, de PIS/COFINS e PIS/COFINS-Importação.

Aplica-se também à aquisição no mercado interno ou à importação de mercadoria equivalente:

i. À empregada em reparo, criação, cultivo ou atividade extrativista de produto já exportado.

ii. Para industrialização de produto intermediário fornecido diretamente à empresa industrial-exportadora e empregado ou consumido na industrialização de produto final já exportado, observadas as hipóteses excetuadas pela MP.

• Operações de Day Trade - Instituição intermediadora

A MP estabelece ainda que se considera de day trade a operação ou a conjugação de operações iniciadas e encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em uma mesma instituição intermediadora, em que a quantidade negociada tenha sido liquidada total ou parcialmente.

• Revogação - Crédito de IR/fonte sobre pagamento de royalties, de assistência técnica ou científica e de serviços especializados a beneficiário no exterior (art. 17, V, Lei nº 11.196/2005)

A MP nº 497/2010 revoga diversos dispositivos da legislação tributária federal, entre os quais se destaca aquele que dispunha sobre o crédito do IR/Fonte incidente sobre os valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties, de assistência técnica ou científica e de serviços especializados, previstos em contratos de transferência de tecnologia averbados ou registrados no INPI.

Em 24 de setembro de 2010, foi publicado o Ato nº 31 do Congresso Nacional, prorrogando a vigência da MP nº 497/2010, pelo período de 60 dias.

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1.5 Consórcios e PIS/COFINS/equiparação a produtor ou fabricante - Medida Provisória nº 510/2010

Publicada em 29 de outubro de 2010, a Medida Provisória nº 510/2010 dispõe, principalmente, sobre os seguintes temas:

• Consórcios

Os consórcios cumprirão as respectivas obrigações tributárias sempre que realizarem negócios jurídicos em nome próprio, inclusive na contratação de pessoas jurídicas e físicas, com ou sem vínculo empregatício.

As empresas consorciadas serão solidariamente responsáveis pelas obrigações tributárias decorrentes dos negócios jurídicos realizados pelos consórcios, não se aplicando, para efeitos tributários, a previsão de responsabilidade referida no § 1º, art. 278, da Lei nº 6.404/76.

De acordo com a MP, essas disposições se aplicam somente aos tributos federais e produzem efeitos a partir de 29.10.2010.

• PIS/COFINS – Equiparação a Produtor ou Fabricante – produção de efeitos

A MP nº 497/2010 equiparou a produtor ou fabricante, a partir de 1.11.2010, para efeitos da incidência de PIS/COFINS, a pessoa jurídica comercial atacadista que adquirir, de pessoa jurídica com a qual mantenha relação de interdependência, produtos por esta produzidos, fabricados ou importados especificados na MP (álcool, gasolinas, óleo diesel e GLP, derivado de petróleo, gás natural, produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, máquinas e veículos, classificados nos códigos da TIPI que especifica, autopeças para veículos, entre outros relacionados nos §§ 1° e 1°-A do art. 2° da Lei n° 10.833/03).

A MP 510/2010 determinou que essa equiparação somente produzirá efeitos a partir de 1º de março de 2011.

1.6 Novo Regulamento do IPI - Decreto Federal nº 7.212/2010

Em 16 de junho de 2010, foi publicado o Decreto Federal nº 7.212 (retificado em 25.06.2010), o qual regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados (Regulamento do IPI - RIPI).

O Decreto em comento consolida a legislação referente ao IPI publicada até 15.10.2009 e revoga o antigo Regulamento, Decreto Federal nº 4.544/2002 e suas posteriores alterações.

Vale mencionar que o novo regulamento entra em vigor em 16.06.2010.

1.7 Regulamento do processo de certificação das entidades beneficentes de assistência social - Decreto Federal nº 7.237/2010

Em 21 de julho de 2010, foi publicado o Decreto Federal nº 7.237 para regulamentar a Lei nº 12.101/2009, que dispõe sobre o processo de certificação das entidades beneficentes de assistência social para obtenção da isenção das contribuições para a seguridade social, conforme a seguir resumidamente.

A certificação das entidades beneficentes de assistência social será concedida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, que atendam o disposto na Lei nº 12.201/2009 e o decreto em comento.

A entidade beneficente certificada fará jus à isenção do pagamento das contribuições: (i.) a cargo da empresa (ii.) a cargo da empresa, proveniente do faturamento e do lucro, ambas destinadas à Seguridade Social, desde que atenda, cumulativamente, aos requisitos indicados no decreto em comento.

A isenção não se estende à entidade com personalidade jurídica própria constituída e mantida por entidade a quem o direito à isenção tenha sido reconhecido.

As entidades certificadas até 29.11.2009 poderão requerer a renovação da certificação até o termo final de sua validade.

O decreto dispõe ainda sobre os pedidos de reconhecimento de isenção não definitivamente julgados.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 91

1.8 Regime Especial de Fiscalização - Instrução Normativa RFB nº 979/2009

Publicada em 17 de dezembro de 2009, a Instrução Normativa RFB nº 979/2009 disciplina o Regime Especial de Fiscalização (REF), instituído pela Lei nº 9.430/96, estabelecendo, resumidamente o quanto segue:O REF poderá ser aplicado nas seguintes situações:

i. Embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública.

ii. Resistência à fiscalização.

iii. Incidência em conduta que enseje representação criminal.

iv. Realização de operações sujeitas à incidência tributária, sem a devida inscrição no CNPJ ou CPF.

v. Prática reiterada de infração à legislação tributária.

vi. Comercialização de mercadorias com evidências de contrabando ou descaminho.

vii. Evidências de que a pessoa jurídica esteja constituída por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios ou acionistas, ou o titular, no caso de firma individual.

A aplicação do REF poderá ter como consequência a adoção das seguintes medidas isolada ou cumulativamente:

i. Manutenção de fiscalização ininterrupta no estabelecimento do sujeito passivo, inclusive com presença física permanente de Auditores-Fiscais da Receita Federal, podendo abranger todos os turnos de funcionamento da empresa e os dias não úteis ocorridos no período fixado para aplicação do regime.

ii. Redução, à metade, dos períodos de apuração e dos prazos de recolhimento dos tributos.

iii. Utilização compulsória de controle eletrônico das operações realizadas e recolhimento diário dos respectivos tributos.

iv. Exigência de comprovação sistemática do cumprimento das obrigações tributárias.

v. Controle especial da impressão e emissão de documentos comerciais e fiscais e da movimentação financeira.

1.9 Restituição/compensação de créditos de PIS/COFINS - alterações - IN RFB nº 981/2009

Publicada em 21 de dezembro de 2009, a Instrução Normativa RFB nº 981 apresenta novas regras para a compensação: (i) de créditos de PIS/COFINS objeto de ressarcimento; (ii) de créditos presumidos de PIS/COFINS sobre estoque de abertura; (iii) de crédito que podem ser utilizados na compensação de outros débitos (relativos a custos e despesas vinculados à exportação, à venda desonerada das contribuições e à aquisição de embalagens de bebidas para revenda).

• Compensação vinculada à prévia apresentação de arquivos digitais/assinatura digital

Sob pena de indeferimento, a partir de 1º de fevereiro de 2010, o pedido de ressarcimento e a declaração de compensação dos créditos acima citados somente serão recepcionados pela RFB após prévia apresentação de arquivo digital de todos os estabelecimentos da pessoa jurídica com os documentos fiscais de entradas e saídas relativos ao período de apuração do crédito.

Esse arquivo digital deverá ser transmitido por estabelecimento mediante o Sistema Validador e Autenticador de Arquivos Digitais (SVA), disponível para download no sítio da RFB, com utilização de certificado digital válido.

Fica dispensado da apresentação do arquivo digital o estabelecimento da pessoa jurídica que, no período de apuração do crédito, esteja obrigado à Escrituração Fiscal Digital (EFD).

O Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e de Declaração de Compensação (PER/DCOMP) e o pedido de cancelamento e retificação da PERDCOMP poderão ser apresentados com assinatura digital mediante certificado digital válido.

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1.10 e-Lalur - Instrução Normativa RFB nº 989/2009

A Instrução Normativa RFB nº 989, publicada em 24 de dezembro de 2009, institui o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real (e-Lalur).

A escrituração e entrega do e-Lalur, referente à apuração do IRPJ e da CSLL, será obrigatória para as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda pelo Regime do Lucro Real.

O sujeito passivo deverá informar no e-Lalur todas as operações que influenciam, direta ou indiretamente, imediata ou futuramente, a composição da base de cálculo e o valor devido dos tributos referidos.

O e-Lalur deverá ser apresentado pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica até as 23h59min59s do último dia útil do mês de junho do ano subsequente ao ano-calendário de referência, observados os prazos de entrega diferenciados para os casos de cisão total ou parcial, fusão, incorporação ou extinção.

A pessoa jurídica que deixar de apresentar o e-Lalur no prazo estabelecido sujeitar-se-á à multa de R$ 5 mil por mês-calendário ou fração.

1.11 IR - Rendimentos e Ganhos Líquidos - Mercados financeiro e de capitais - Instrução Normativa RFB nº 1.022/2010

A Instrução Normativa RFB nº 1.022, publicada em 7 de abril de 2010, consolida as disposições sobre o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos e ganhos líquidos auferidos nos mercados financeiro e de capitais, e revoga diversas INs que antes dispunham sobre o assunto, inclusive as INs SRF nos 25/2001 e 487/2004.

1.12 Opção pelo Regime Tributário de Transição (RTT) - Instrução Normativa RFB nº 1.023/2010

A Instrução Normativa RFB nº 1.023, publicada em 13 de abril de 2010, dispõe sobre a opção pelo Regime Tributário de Transição (RTT).

O Regime Tributário de Transição (RTT) de que trata a Lei nº 11.941/2009 é optativo tão somente nos anos-calendário de 2008 e de 2009, devendo-se observar o seguinte:

i. A opção aplica-se ao biênio 2008-2009, vedada a aplicação do regime em um único ano-calendário;

ii. A opção a que se refere o item I deve ser manifestada de forma irretratável na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) 2009;

iii. No caso de apuração pelo lucro real trimestral dos trimestres já transcorridos do ano-calendário de 2008, a eventual diferença entre o valor do imposto devido com base na opção pelo RTT e o valor antes apurado deve ser compensada ou recolhida até o último dia útil do mês de junho de 2009;

iv. Na hipótese de início de atividades no ano-calendário de 2009, a opção deverá ser manifestada de forma irretratável na DIPJ 2010;

v. Uma vez manifestada a opção pelo RTT, conforme disposto nos itens II e IV, não é possível a transmissão de DIPJ retificadora posterior com o objetivo de cancelar a opção pelo referido regime.

Não tendo optado pelo RTT, é permitida a transmissão de DIPJ retificadora para manifestar essa opção, observado o disposto no item I. Quando paga até o prazo previsto no item III, a diferença apurada será recolhida sem acréscimos.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 93

1.13 Países ou dependências com tributação favorecida - Instrução Normativa RFB nº 1.037/2010

A Receita Federal do Brasil divulgou a Instrução Normativa nº 1.037, de 4 de junho de 2010, determinando que se consideram países ou dependências que não tributam a renda ou que a tributam à alíquota inferior a 20%, ou ainda cuja legislação interna não permite acesso a informações relativas à composição societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade, as seguintes jurisdições:

• Andorra• Anguilla• Antígua e Barbuda• Antilhas Holandesas• Aruba• Ilhas Ascensão• Comunidade das Bahamas• Bahrein• Barbados• Belize• Ilhas Bermudas• Brunei• Campione D’Italia• Ilhas do Canal (Alderney,

Guernsey, Jersey e Sark)• Ilhas Cayman• Chipre• Cingapura• Ilhas Cook• República da Costa Rica• Djibouti• Dominica• Emirados Árabes Unidos

• Gibraltar• Granada• Hong Kong• Kiribati• Lebuan• Líbano• Libéria• Liechtenstein• Macau• Ilha da Madeira• Maldivas• Ilha de Man• Ilhas Marshall• Ilhas Maurício• Mônaco• Ilhas Montserrat• Nauru• Ilha Niue• Ilha Norfolk• Panamá• Ilha Pitcairn• Polinésia Francesa

• Ilha Queshm• Samoa Americana• Samoa Ocidental• San Marino• Ilhas de Santa Helena• Santa Lúcia• Federação de São Cristóvão e Nevis• Ilha de São Pedro e Miguelão• São Vicente e Granadinas• Seychelles• Ilhas Solomon• St. Kitts e Nevis• Suazilândia• Suíça• Sultanato de Omã• Tonga• Tristão da Cunha• Ilhas Turks e Caicos• Vanuatu• Ilhas Virgens Americanas• Ilhas Virgens Britânicas

Nos termos da IN, são regimes fiscais privilegiados:

i. Com referência à legislação de Luxemburgo, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company.

ii. Com referência à legislação do

Uruguai, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de “Sociedades Financeiras de Inversão (Safis)” até 31 de dezembro de 2010.

iii. Com referência à legislação da Dinamarca, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company.

iv. Com referência à legislação do Reino dos Países Baixos, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company.

v. Com referência à legislação da Islândia, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de International Trading Company (ITC).

vi. Com referência à legislação da Hungria, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de offshore KFT.

vii. Com referência à legislação dos Estados Unidos da América, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de Limited Liability Company (LLC) estaduais, cuja participação seja composta de não residentes, não sujeitas ao imposto de renda federal.

viii. Com referência à legislação da Espanha, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de Entidad de Tenencia de Valores Extranjeros (E.T.V.Es.).

ix. Com referência à legislação de Malta, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de International Trading Company (ITC) e de International Holding Company (IHC).

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Regime Fiscal Privilegiado - Países Baixos - Ato Declaratório Executivo RFB nº 10/2010

Em 25 de junho de 2010, a Receita Federal do Brasil publicou o Ato Declaratório Executivo nº 10, que suspende os efeitos da inclusão dos Países Baixos na relação de países detentores de regime fiscal privilegiado relativamente às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company, prevista na IN RFB nº 1.037/2010 retro, tendo em vista o pedido de revisão, apresentado pelo Governo daquele país.

Países com Tributação Favorecida - Suíça - Ato Declaratório Executivo RFB nº 11/2010

Em 25 de junho de 2010, a Receita Federal do Brasil publicou o Ato Declaratório Executivo nº 11, que suspende os efeitos da inclusão da Suíça na relação de países com tributação favorecida, prevista na IN RFB nº 1.037/2010, tendo em vista o pedido de revisão, apresentado pelo Governo daquele país.

1.14 Investidores localizados em países com tributação favorecida - Mercado financeiro e de capitais - Instrução Normativa RFB nº 1.043/2010

Em 16 de junho de 2010, foi publicada a Instrução Normativa RFB nº 1.043, a qual altera a IN RFB nº 1.022/2010, que dispõe sobre o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos e ganhos líquidos auferidos nos mercados financeiro e de capitais.

• Investidores localizados em país com tributação favorecida

Dispõe a IN que o regime especial de tributação aplicável ao investidor estrangeiro que realizar operações no mercado financeiro e de capitais no País, conforme normas do CMN (Resolução CMN nº 2.689/2000), não se aplica a investimento oriundo de país que não tribute a renda ou que a tribute a alíquota inferior a 20%, o qual estará sujeito às mesmas regras estabelecidas para os residentes ou domiciliados no País, a partir da data da entrada em vigor do ato da RFB que relacionar países ou dependências com tributação favorecida (nova lista foi divulgada pela Instrução Normativa RFB nº 1.037/2010).

A equiparação do investidor estrangeiro ao nacional, para fins de IR, ocorrerá em relação às operações de aquisição de títulos e valores mobiliários, inclusive cotas de fundos de investimento, realizadas a partir da data da entrada em vigor do ato da RFB que relacionar países ou dependências com tributação favorecida, independentemente da data de aquisição. Essa regra se aplica ainda aos rendimentos produzidos a partir dessa data citada, por títulos e valores mobiliários, inclusive cotas de fundos de investimentos, independentemente da data de sua aquisição.

No caso de ações negociadas no mercado à vista de bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado, para fins de apuração da base de cálculo do IR, o custo de aquisição para apuração do ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada dos custos unitários.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 95

1.15 País com tributação favorecida e regime fiscal privilegiado - Instrução Normativa RFB nº 1.045/2010

A Instrução Normativa nº 1.045, da RFB, publicada em 23 de junho de 2010, promoveu alterações na lista de regimes fiscais privilegiados prevista na IN RFB nº 1.037/2010, relativamente à legislação da Dinamarca e do Reino dos Países Baixos, da seguinte forma:

• Com referência à legislação da Dinamarca, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company que não exerçam atividade econômica substantiva.

• Com referência à legislação do Reino dos Países Baixos, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company que não exerçam atividade econômica substantiva.

1.16 EFD-PIS/COFINS - Escrituração Fiscal Digital do PIS e da COFINS - Instrução Normativa RFB nº 1.052/2010

Por intermédio da Instrução Normativa nº 1.052, publicada em 7 de julho de 2010, e retificada em 13 de julho de 2010, a Receita Federal do Brasil institui a Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS - EFD-PIS/COFINS, para fins fiscais, que deverá ser transmitida, pelas pessoas jurídicas a ela obrigadas, ao SPED e será considerada válida após a confirmação de recebimento do arquivo que a contém. A EFD-PIS/COFINS emitida de forma eletrônica deverá ser assinada digitalmente pelo representante legal da empresa ou procurador constituído, nos termos da IN.

Ficam obrigadas a adotar a EFD-PIS/COFINS:

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2011, as pessoas jurídicas sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado e sujeitas à tributação do IR com base no Lucro Real.

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.07.2011, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do IR com base no Lucro Real.

• Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2012, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do IR com base no Lucro Presumido ou Arbitrado.

• Também com relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º.01.2012, as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 (instituições financeiras que específica, pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos, operadoras de planos de assistência à saúde) e empresas particulares que explorem serviços de vigilância e de transporte de valores (Lei nº 7.102/83).

Às demais pessoas jurídicas não obrigadas fica facultada a entrega da EFD-PIS/COFINS, em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º.01.2011.

A apresentação dos livros digitais, nos termos da IN em comento, supre, em relação aos arquivos correspondentes, a exigência contida na IN SRF nº 86/2001 de manter os arquivos digitais e sistemas utilizados pela pessoa jurídica pelo prazo decadencial.

A não apresentação da EFD-PIS/COFINS no prazo fixado acarretará a aplicação de multa no valor de R$ 5 mil/mês-calendário ou fração.

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1.17 Multas sobre compensação não homologada - Instrução Normativa RFB nº 1.067/2010

Em 25 de agosto de 2010, foi publicada a Instrução Normativa RFB nº 1.067, por intermédio da qual a Receita Federal do Brasil altera a IN RFB nº 900/2008, que disciplina a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo administrado pela RFB. Dentre as alterações, destacam-se, resumidamente:

• Previsão de multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, podendo ser majorada para 75% no caso de não comparecimento do sujeito passivo, no prazo marcado, para prestar esclarecimentos ou apresentar arquivos magnéticos.

• Alteração do termo inicial de incidência da taxa SELIC e dos juros de 1% ao mês para os créditos tributários passíveis de reembolso e restituição para o 2º mês subsequente ao mês da competência cujo direito à percepção do salário-família e/ou do salário-maternidade tiver sido reconhecido pela empresa.

• Enquanto não disponibilizada dotação orçamentária específica, o pagamento de reembolso feito pela RFB mediante crédito em conta-corrente bancária ou poupança de titularidade do beneficiário obedecerá ao disposto na Portaria Conjunta RFB/INSS nº 10.381/2007, que dispõe sobre as formas de pagamento das restituições e dos reembolsos das contribuições sociais.

• Previsão de multa isolada de 50%, mediante lançamento de ofício, sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido e de 100% na hipótese de ressarcimento obtido com falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo.

• Fica mantida a previsão de multa de 150% sobre o valor total do débito tributário indevidamente compensado, quando se comprove falsidade da declaração apresentada. Essa multa passa a ser de 225%, nos casos de não atendimento à intimação para prestação de esclarecimentos ou para apresentação de documentos ou arquivos magnéticos.

1.18 Variação Cambial – Tratamento Tributário - Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010

O tratamento tributário aplicável às variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, obedecerá o disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.079, publicada em 4 de novembro de 2010.

Regime de Caixa

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, bem como da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação, segundo o regime de caixa.

Regime de Competência

À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo desses tributos, segundo o regime de competência. Essa opção aplicar-se-á, de forma simultânea, a todo o ano-calendário e a todos os tributos antes referidos.

A partir do ano-calendário de 2011, o direito de optar pelo regime de competência somente poderá ser exercido no mês de janeiro ou no mês do início de atividades.

Além disso, também a partir do ano-calendário de 2011, a opção pelo regime de competência deverá ser comunicada à RFB por intermédio da DCTF relativa ao mês de adoção do regime, não sendo admitida DCTF retificadora, fora do prazo de sua entrega, para essa comunicação.

Adotada a opção pelo regime de competência, o direito de sua alteração para o regime de caixa, no decorrer do ano-calendário, é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio comunicada mediante a edição de Portaria do Ministro de Estado da Fazenda. Note-se que essa alteração deverá ser informada à RFB por intermédio da DCTF relativa ao mês subsequente ao da publicação da Portaria Ministerial que comunicar a oscilação da taxa de câmbio.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 97

Alteração do critério de reconhecimento de um ano-calendário para outro

Caixa para Competência

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de caixa para o regime de competência, deverão ser computadas na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, em 31 de dezembro do período de encerramento do ano precedente ao da opção, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações incorridas até essa data, inclusive as de períodos anteriores ainda não tributadas.

Competência para Caixa

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o regime de caixa, no período de apuração em que ocorrer a liquidação da operação, deverão ser computadas na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações relativas ao período de 1º de janeiro do ano-calendário da opção até a data da liquidação.

Alteração do critério de reconhecimento no curso do ano-calendário

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o regime de caixa no decorrer do ano-calendário, no momento da liquidação da operação, deverão ser computadas na base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações relativas ao período de 1º de janeiro do ano-calendário da alteração da opção até a data da liquidação. Ocorrendo a alteração, deverão ser retificadas as DCTF relativas aos meses anteriores do próprio ano-calendário.

Por fim, foi revogado o art. 2º da IN SRF nº 345/2003 que trazia o tratamento anterior para as variações cambiais.

1.19 Parcelamento de débitos federais (Lei nº 11.941/2009 e MP nº 470/2009)

• Débitos a serem incluídos nos parcelamentos especiais - Instrução Normativa RFB nº 1.049/2010

Em 1º de julho de 2010, a RFB publicou a Instrução Normativa nº 1.049 para dispor sobre os débitos a serem incluídos nos parcelamentos especiais de que trata a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6/2009 e revogar a IN RFB nº 968/2009, que anteriormente dispunha sobre o assunto.

Dentre as principais alterações, destacam-se, resumidamente:

• Poderão ser incluídos nos parcelamentos de que trata a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 6/2009 os débitos ainda não declarados, vencidos até 30.11.2008, em relação aos quais o sujeito passivo esteja obrigado à apresentação de declaração a RFB e se encontra omisso, desde que seja apresentada a respectiva declaração até 30.07.2010 (antes 30.11.2009), observadas as demais disposições previstas pela Portaria. Vale ressaltar que esse mesmo prazo foi alterado em casos específicos apontados na Portaria, como construção civil, pessoa física, reclamatória trabalhista etc.

• Poderão integrar os parcelamentos de que trata a Portaria Conjunta nº 6/2009, entre outras, as multas de ofício isoladas, cujo vencimento tenha ocorrido até 30.11.2008 - antes previa que tais multas não poderiam ser vinculadas a débitos de imposto ou contribuição para fins de inclusão no parcelamento.

• Os débitos com vencimento até 30.11.2008 e objeto de compensação declarada à RFB poderão integrar a dívida consolidada nos parcelamentos de que trata a Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 6/2009, desde que:

i. Até 30.07.2010 (anteriormente o prazo era 30.11.2009) ocorra decisão definitiva de não homologação da compensação no âmbito administrativo.

ii. Caso o débito esteja com exigibilidade suspensa, o sujeito passivo desista, expressamente e de forma irrevogável, da manifestação de inconformidade, do recurso administrativo ou da ação judicial proposta.

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• Inclusão de débitos - Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010

Em 3 de maio de 2010, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal do Brasil publicaram a Portaria Conjunta nº 3, a qual dispõe sobre a necessidade dos sujeitos passivos, que tiveram deferido seu pedido de parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009, de se manifestarem com relação à inclusão dos débitos nos respectivos parcelamentos.

Período de manifestação sobre a inclusão dos débitos: período de 1º a 30 de junho de 2010. A não manifestação acarreta o cancelamento automático do pedido de parcelamento.

A indicação sobre a inclusão da totalidade dos débitos nos parcelamentos consiste em confissão irretratável e irrevogável dos débitos constituídos, podendo o sujeito passivo emitir a Certidão Positiva de Débitos com Efeito de Negativa, conjunta ou específica, pela Internet, nos sítios da PGFN ou da RFB, desde que não existam outros impedimentos. Na hipótese de não indicação da inclusão da totalidade dos débitos nos parcelamentos, o contribuinte estará impedido de obter a mencionada Certidão pela Internet. Nesse caso, para obtenção de certidão, será necessário o comparecimento à unidade da PGFN ou da RFB do domicílio tributário do sujeito passivo para indicar os débitos a serem incluídos no parcelamento.

A Portaria também dispõe que caso o sujeito passivo tenha optado por parcelar os saldos remanescentes do REFIS, do PAES, do PAEX, dos parcelamentos previstos no art. 38 da Lei nº 8.212, de 1991, ou nos arts. 10 a 14-F da Lei nº 10.522, de 2002, e não tenha formalizado a desistência através da Internet, o pagamento, realizado até 30 de novembro de 2009, com as reduções previstas, importa a desistência do parcelamento anterior, desde que o pagamento abranja a integralidade dos débitos da respectiva modalidade.

• Inclusão de valores - Portaria Conjunta PGFN/ RFB nº 11/2010

Em 28 de junho de 2010, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal do Brasil publicaram a Portaria Conjunta nº 11 determinando que o optante que se manifestar pela não inclusão da totalidade de seus débitos nos parcelamentos previstos na Lei nº 11.941/2009 (Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010) deverá indicar, pormenorizadamente, os débitos a serem incluídos nos parcelamentos até 30 de julho de 2010.

Em se tratando de débito inscrito em Dívida Ativa da União, o optante deverá comparecer à unidade da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional de seu domicílio tributário e apresentar, devidamente preenchidos, os formulários constantes nos Anexos I e II da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010.

Em se tratando de débitos no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, o optante deverá comparecer à unidade da RFB de seu domicílio tributário e apresentar, devidamente preenchidos, os formulários constantes nos Anexos III e IV da mesma Portaria.

• Parcelamento da MP nº 470/2009 - Utilização de Prejuízo Fiscal e Base Negativa de CSLL - Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2010

Em 1º de julho de 2010, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Secretário da Receita Federal publicaram a Portaria Conjunta nº 12 para dispor sobre a utilização de créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL na liquidação das prestações do parcelamento previsto na MP nº 470/2009.

A Portaria ora em comento dispõe que as pessoas jurídicas que optaram pelo referido parcelamento poderão liquidar as prestações com a utilização de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL relativos aos períodos de apuração encerrados até 31.12.2009 (antes 30.09.2009), desde que sejam próprios, passíveis de compensação e declarados, no tempo e na forma determinados na legislação, à RFB.

Os valores dos créditos decorrentes de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL somente poderão ser utilizados para liquidação de prestações do parcelamento de que trata a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 2009, observando-se a ordem decrescente de seu vencimento. As prestações serão amortizadas considerando os valores devidos em 30 de junho de 2010.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 99

• Reabertura do prazo para inclusão de débitos no parcelamento - Portaria Conjunta PGFN/ RFB nº 13/2010

Como se sabe, a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010 dispôs que até 30.06.2010 os sujeitos passivos, que tiveram deferido seu pedido de parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009, deveriam se manifestar sobre a inclusão dos débitos nos respectivos parcelamentos.

Em 5 de julho de 2010, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal do Brasil publicaram a Portaria Conjunta nº 13, que reabriu o prazo da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 3/2010 até 30 de julho de 2010.

Na hipótese de o optante se manifestar pela não inclusão da totalidade dos débitos nos parcelamentos, deverá indicar, pormenorizadamente, os débitos a serem incluídos até 16 de agosto de 2010.

O optante que não cumprir com o disposto na Portaria em comento terá seu pedido de parcelamento automaticamente cancelado.

A Portaria também dispõe que são válidas as manifestações de que trata a Portaria Conjunta nº 3/2010 feitas até a sua publicação.

• Parcelamento da Lei nº 11.941/2009 - Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 15/2010

Em 3 de setembro de 2010, foi publicada a Portaria Conjunta nº 15, por intermédio da qual a Receita Federal do Brasil e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional dispõem sobre procedimentos a serem adotados pelos sujeitos passivos optantes pelos parcelamentos ou pagamentos à vista de que tratam os artigos 1º a 3º da Lei nº 11.941/2009.

Dentre suas principais disposições, destacam-se, resumidamente:

• Reabertura do Prazo para Desistência de Ações Judiciais e Administrativas

Foram reabertos, até 30 de setembro de 2010, os prazos para desistência de ações para os optantes pelos parcelamentos ou pagamento à vista, atendidas as condições da portaria.

• Tratamento das adesões em casos de eventos de incorporação, fusão ou cisão

Será cancelado o requerimento de adesão à modalidade de parcelamento ou de pagamento à vista com a utilização de créditos decorrentes de prejuízo fiscal ou de base de cálculo negativa da CSLL, de que tratam os arts. 1º a 3º Lei nº 11.941/2009, efetuado em nome de pessoa jurídica que tenha sido extinta por operação de incorporação, fusão ou cisão total, ocorrida em data anterior à adesão.

Os débitos da PJ com adesão cancelada poderão ser consolidados pela pessoa jurídica sucessora, responsável pelos referidos débitos, caso a sucessora seja optante por modalidade da Lei nº 11.941/2009, compatível com as características dos débitos a serem consolidados.

Na hipótese em que a pessoa jurídica tenha sido extinta em data posterior à adesão, os seus débitos serão consolidados nas modalidades requeridas pela PJ extinta, independentemente da existência de requerimento de adesão por modalidades da Lei nº 11.941/2009 pela pessoa jurídica sucessora.

Caso a pessoa jurídica sucessora também seja optante por modalidade da Lei nº 11.941, de 2009, deverá ser realizada a consolidação dos seus débitos separadamente dos débitos da pessoa jurídica extinta. Não sendo optante, a indicação dos débitos para consolidação abrangerá exclusivamente débitos de responsabilidade da pessoa jurídica extinta.

O disposto aplica-se às modalidades de parcelamento ou de pagamento à vista com a utilização de créditos decorrentes de prejuízo fiscal ou de base de cálculo negativa da CSLL.

• Efeitos do Cancelamento de Requerimentos de Adesão

Os pagamentos efetuados pelos optantes que tiverem cancelados os requerimentos de adesão poderão ser restituídos ou aproveitados para amortização dos débitos consolidados nas modalidades requeridas pela pessoa jurídica sucessora, observadas as demais disposições da Portaria.

O sujeito passivo poderá requerer a regularização da situação de modalidade de parcelamento que tiver sido cancelada, caso comprove a quitação integral dos débitos passíveis de inclusão na respectiva modalidade, mediante pagamento realizado até 16 de agosto de 2010.

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Convênio autoriza os Estados de São Paulo, Espírito Santo e DF a reconhecer recolhimentos efetuados em operações de importação por conta e ordem de terceiros.

2.1 Reconhecimento de recolhimentos - Importação por conta e ordem de terceiros - ES e SP - Convênio ICMS nº 36/2010

Em 1º de abril de 2010, foi publicado o Convênio ICMS nº 36, que autoriza os Estados do Espírito Santo e São Paulo, bem como o Distrito Federal, a reconhecer os recolhimentos efetuados em operações de importação por conta e ordem de terceiros na hipótese em que especifica.

Nos termos desse ato, relativamente às operações de importação de bens ou mercadorias por conta e ordem de terceiros, nas quais o importador e o adquirente não se localizam no mesmo Estado, os recolhimentos do ICMS devido pela importação que tenham sido efetuados em desacordo com o disposto no Protocolo ICMS nº 23/2009 (dispõe sobre procedimentos a serem adotados nessas operações), deverão ser feitos de acordo com o cronograma previsto no Convênio.

Fica suspensa a exigibilidade dos créditos tributários, constituídos ou não, relativos ao ICMS recolhido desta forma, até as datas previstas, momento em que ficarão definitivamente reconhecidos os respectivos recolhimentos, desde que não seja denunciado o Protocolo ICMS nº 23/2009.

O Convênio enumera ainda as hipóteses em que suas disposições não são aplicáveis.

O Ato Declaratório CONFAZ nº 4/2010 ratificou o convênio ora tratado.

Tributos Estaduais e Municipais

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 101

2.2 Importação por conta e ordem - Reconhecimento dos recebimentos ao ES - Decreto Estadual/SP nº 56.045/2010

Em 27 de julho de 2010, foi publicado o Decreto nº 56.045, por intermédio do qual o governador do Estado de São Paulo estabelece que serão extintos os créditos tributários devidos a SP, por reconhecimento do recolhimento ao Estado do Espírito Santo, decorrentes de operações de importação por conta e ordem de terceiro, efetuadas em desacordo com o disposto no Protocolo ICMS nº 23/2009. Nos termos do decreto em comento, o contribuinte paulista que tiver adquirido bens ou mercadorias do exterior, por meio de operações de importação “por conta e ordem de terceiros”, promovidas por importadores situados no ES, pode requerer, até 31 de outubro de 2010, o reconhecimento dos recolhimentos realizados a esse Estado.

O decreto prevê ainda como deverá ser o requerimento, estabelecendo que cada contribuinte deverá apresentar um único requerimento englobando as importações contratadas até 20.03.2009, cujo desembaraço aduaneiro tenha ocorrido até 31.05.2009.

Na hipótese de o contribuinte ter realizado as importações na modalidade “por conta e ordem de terceiros”, nos períodos que especifica, sem recolhimento ao Estado de São Paulo, poderá recolher o imposto devido com os acréscimos legais, no prazo de 15 dias, contados da protocolização do requerimento.

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CAMEX disciplina extensão das medidas “antidumping”.

3.1 Medidas antidumping - Resolução CAMEX nº 63/2010

Prevê o artigo 10-A da Lei nº 9.019/1995, na redação da Lei nº 11.786/2008, que as medidas antidumping e compensatórias poderão ser estendidas a terceiros países, bem como a partes, peças e componentes dos produtos objeto de medidas vigentes, caso seja constatada a existência de práticas elisivas que frustrem a sua aplicação.

Em 18 de agosto de 2010, foi publicada a Resolução CAMEX nº 63, por intermédio da qual o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior disciplina a extensão das medidas antidumping e compensatórias mencionadas nesse artigo, com a finalidade de assegurar a efetividade das medidas de defesa comercial em vigor.

Comércio Exterior

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 103

4Parecer da Consultoria Geral da União prevê restrições à aquisição de imóvel rural por estrangeiros.

4.1 Registro de derivativos contratados por instituições financeiras no exterior - Resolução CMN nº 3.824/2009

Em 18 de dezembro de 2009, o Banco Central do Brasil publicou a Resolução CMN nº 3.824 para dispor sobre o registro de instrumentos financeiros derivativos contratados por instituições financeiras no exterior, a partir de 1º de fevereiro de 2010.

Nos termos da Resolução, as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central devem registrar em sistema administrado por entidade de registro e de liquidação financeira de ativos, autorizado pelo BACEN ou pela CVM, as posições assumidas em instrumentos financeiros derivativos contratados no exterior, diretamente ou por meio de dependências ou empresas integrantes do conglomerado financeiro.

O registro aqui tratado deve: (i) abranger os ativos subjacentes, os valores e as moedas envolvidos, os prazos, as contrapartes, a forma de liquidação e os parâmetros utilizados, como limites, multiplicadores e aceleradores; e (ii) ser efetuado até dois dias úteis após a contratação do instrumento financeiro derivativo.

4.2 Hedge - registro das operações - Resolução CMN nº 3.833/2010

Foi editada em 29 de janeiro de 2010 a Resolução nº 3.833, do Conselho Monetário Nacional, instituindo o registro das transferências financeiras do e para o exterior, decorrentes de operações destinadas à proteção (hedge) de direitos e obrigações de natureza comercial ou financeira, sujeitos a riscos de variação, no mercado internacional, de taxas de juros, de paridades entre moedas estrangeiras e preços de mercadorias.

O registro da operação de proteção (hedge) deve ser feito em sistema administrado por entidade de registro e de liquidação financeira de ativos autorizado pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.

Referido registro deve:

i. Ser realizado por meio de instituição financeira e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN.

ii. Abranger os ativos subjacentes, os valores e as moedas envolvidos, os prazos, as contrapartes, a forma de liquidação e os parâmetros utilizados.

Essa resolução produz efeitos a partir de 15 de março de 2010.

Outros Assuntos

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4.3 Aquisição de terras rurais por estrangeiros - Parecer CGU AGU nº 1/2010

Em 23 de agosto de 2010, foi publicado o Parecer nº 1 da Consultoria Geral da União/Advocacia Geral da União, aprovado pelo Presidente da República, com efeito vinculante para a administração pública, estabelecendo que as disposições da Lei nº 5.709/1971, que prevê restrições à aquisição de imóvel rural por estrangeiro residente no país ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil, também se aplica à pessoa jurídica brasileira, da qual participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior. O parecer em comento revogou os Pareceres GQ nº 181/1998 e 22/1994, os quais entendiam que as restrições previstas na Lei nº 5.709/1971 não se aplicavam à pessoa jurídica brasileira, da qual participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior.

Vale ressaltar que as restrições legais se aplicam também aos casos de arrendamento de imóvel rural (Lei nº 8.629/93).

Referido parecer terá efeitos a partir de 23.08.2010, data da sua publicação no DOU.

4.4 Alterações na Lei de Licitações - Medida Provisória nº 495/2010

Em 20 de julho de 2010, foi publicada a Medida Provisória nº 495 alterando, principalmente, a Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93).

Sobre o tema destacam-se, resumidamente, os seguintes pontos:

• Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras.

• A margem de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços, será definida pelo Poder Executivo Federal, limitada a até 25% acima do preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros, estabelecido conforme os critérios definidos pela MP.

• Poderá ser estabelecida margem de preferência adicional para os produtos manufaturados e para os serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País.

• Nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder Executivo Federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País, e produzidos de acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176/2001, que dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologia da informação.

O Ato do Congresso Nacional nº 29, de 24 de setembro de 2010, prorrogou pelo período de 60 dias a vigência da MP nº 495/2010.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 105

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Evany OliveiraDiretora PwC - Brasil

Julgados do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

As informações adiante alinhadas sobre julgamentos do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça foram extraídas dos seus boletins informativos, divulgados nos respectivos sites da internet, e contêm resumos não oficiais de decisões proferidas por aqueles tribunais.

Supremo Tribunal Federal

STF - IPI e Creditamento: Insumos Isentos, Não Tributados ou Sujeitos à Alíquota Zero

Em conclusão de julgamento, o Tribunal desproveu recurso extraordinário interposto contra acórdão do TRF da 4ª Região que negara à contribuinte do IPI o direito de creditar-se do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob regime de isenção, não tributados ou sujeitos à alíquota zero.

Sustentava-se ofensa ao princípio da não cumulatividade (CF, art. 153, § 3º, II) - v. Informativos 554 e 591. Inicialmente, consignou-se que o STF, ao apreciar os recursos extraordinários 353657/PR (DJE de 6.3.2008) e 370682/SC (DJE de 19.12.2007), referentes à aquisição de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero, aprovara o entendimento de que o direito ao crédito pressupõe recolhimento anterior do tributo, cobrança implementada pelo Fisco.

Enfatizou-se que tal raciocínio seria próprio tanto no caso de insumo sujeito à alíquota zero ou não tributado quanto no de insumo isento, tema não examinado nos precedentes citados. Contudo, julgou-se inexistir dado específico a conduzir ao tratamento diferenciado.

No tocante à definição técnico-constitucional do princípio da não cumulatividade, afirmou-se que esse princípio seria observado compensando-se o que devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, ante o que não se poderia cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero.

Relativamente à questão alusiva ao valor do crédito e do imposto final, asseverou-se que a pretensão da recorrente colocaria em plano secundário a sistemática pertinente ao IPI e, no que voltada a evitar a cumulatividade, o tributo sequencial.

Atos do Poder Judiciário

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Ressaltando a seletividade do IPI, expôs-se que, uma vez adquirido o insumo mediante incidência do tributo com certa alíquota, o creditamento far-se-ia diante do que realmente fosse recolhido, gerando a saída final do produto novo cálculo e, então, como já ocorrido o creditamento quanto ao recolhido na aquisição do insumo, a incidência da alíquota dar-se-ia sobre o preço (valor total).

Mencionou-se que não se comunicariam as operações a serem realizadas, deixando-se de individualizar insumos e produtos, pois, se assim não fosse, instalar-se-ia um pandemônio escritural.

Assinalou-se que o sistema consagrador do princípio da não cumulatividade, presente quer o IPI quer o ICMS, implica crédito e débito em conta única e que o argumento desenvolvido a respeito do que se denomina crédito do IPI presumido, considerada a entrada de insumo, resultaria em subversão do sistema nacional de cobrança do tributo, partindo-se para a adoção do critério referente ao valor agregado.

Dessa forma, reputou-se que isso potencializaria a seletividade, a qual geraria vantagem, à margem de previsão, para o contribuinte, que passaria a contar com um crédito inicial, presente na entrada do insumo tributado, e, posteriormente, haveria a apuração do que fosse agregado para se estipular valor que não seria o do produto final.

Considerou-se que esse raciocínio revelaria desprezo pelo sistema pátrio de cobrança do tributo, assim como discreparia das balizas próprias à preservação dos princípios da não cumulatividade, que direcionam, no concernente ao produto final, à aplicação da alíquota levando-se em conta o valor respectivo, porquanto já escriturado o crédito decorrente da satisfação do tributo com relação ao insumo.

Concluiu-se que, em última análise, ante o critério seletivo, com o tributo final menor, passar-se-ia a ter jus a uma segunda diferença relativa ao que foi recolhido a maior anteriormente e já é objeto do creditamento.

Por fim, deu-se por prejudicada a discussão referente à prescrição, dado que esta somente teria utilidade se o recurso viesse a ser provido, ocorrendo o mesmo com a atualização monetária.

Vencido o Min. Cezar Peluso, Presidente, que provia o recurso.

RE 566819/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 29.9.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 602 (27 de setembro a 1º de outubro de 2010).

STF - Base de Cálculo da CSLL e da CPMF: Receitas Oriundas das Operações de Exportação

A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL e a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira - CPMF não são alcançadas pela imunidade sobre as receitas decorrentes de exportação prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da CF, incluído pela EC 33/2001 (“Art. 149. ... § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo... I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;”).

Com base nessa orientação, o Tribunal, por maioria, desproveu o RE 564413/SC, em que se alegava que a referida imunidade abarcaria a CSLL - v. Informativos 531 e 594.

No ponto, prevaleceu o voto do Min. Marco Aurélio, relator. Ele asseverou que, se ficasse entendido que o vocábulo receita, tal como previsto no inciso I do § 2º do art. 149 da CF, englobaria o lucro, acabar-se-ia aditando norma a encerrar benefício para o contribuinte, considerada certa etapa, além de deixar capenga o sistema constitucional, no que passaria a albergar a distinção entre receita e lucro, em face da incidência da contribuição social para as pessoas jurídicas em geral (CF, art. 195) e, de forma incongruente, a alusão explícita à receita a ponto de alcançar, também, o lucro de certo segmento de contribuintes - os exportadores.

Ressaltou que a EC 33/2001 foi editada à luz do texto primitivo da Carta Federal, não se podendo, em interpretação ampliativa, a ela conferir alcance que com este se mostrasse em conflito.

Afirmou que o princípio do terceiro excluído, bem como o sistema constitucional até aqui proclamado pelo Tribunal afastariam a visão de se assentar que, estando o principal - a receita - imune à incidência da contribuição, também o estaria o acessório - o lucro.

Concluiu que o legislador poderia ter estendido ainda mais a imunidade, mas, mediante opção político-legislativa constitucional, não o fez, não cabendo ao Judiciário esta tarefa. Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Eros Grau, Celso de Mello e Cezar Peluso (Presidente), que proviam o recurso.

De igual modo, por maioria, o Tribunal também desproveu o RE 474132/SC, no qual se pleiteava o reconhecimento da imunidade relativamente à CSLL e à CPMF.

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 107

No tocante à CSLL, ficaram vencidos os Ministros Gilmar Mendes, relator, Cármen Lúcia, Eros Grau, Celso de Mello e Cezar Peluso (Presidente).

Quanto à CPMF, prevaleceu o voto do Min. Gilmar Mendes, relator, no propósito de não enquadrá-la na hipótese de imunidade em questão, visto que ela não se vincularia diretamente à operação de exportação, mas a operações posteriormente realizadas, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.311/96.

Observou que a exportação, tomada isoladamente, não constituiria fato gerador para a cobrança da CPMF, conforme disposto na aludida lei. Acrescentou que, se fosse o caso de haver imunidade, ela seria garantida ao exportador apenas na operação de entrada do numerário no país, e, após esse primeiro momento, haveria a incidência da CPMF, pois a imunidade não marcaria o resultado da operação indeterminadamente.

Assim, uma vez configurada a entrada no país da receita provinda da exportação, igualar-se-iam esses valores a qualquer outro existente no território nacional, a fim de submeter-se às regras pertinentes, inclusive à incidência da CPMF.

Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Menezes Direito. RE 474132/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, 12.8.2010. RE 564413/SC, rel. Min. Marco Aurélio, 12.8.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 595 (9 a 13 de agosto de 2010).

STF - Art. 149, § 2º, I, da CF e CPMF

Ao aplicar o entendimento antes firmado, o Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário no qual se sustentava que a imunidade das receitas decorrentes de exportação, prevista inciso I do § 2º do art. 149 da CF, incluído pela EC 33/2001, abrangeria a CPMF - v. Informativo 532. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso (Presidente), que lhe davam provimento. RE 566259/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.8.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 595 (9 a 13 de agosto de 2010).

STF - Legitimidade do Ministério Público: Ação Civil Pública e Anulação de TARE

O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública com o objetivo de anular o Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e as empresas beneficiárias de redução fiscal.

Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, proveu recurso extraordinário interposto contra acórdão do STJ que afastou essa legitimidade - v. Informativos 510, 545 e 563.

Na espécie, alegava o Ministério Público, na ação civil pública sob exame, que a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal, ao deixar de observar os parâmetros fixados no próprio Decreto regulamentar, teria editado a Portaria 292/99, que estabeleceu percentuais de crédito fixos para os produtos que enumera, tanto para as saídas internas quanto para as interestaduais, reduzindo, com isso, o valor que deveria ser recolhido a título de ICMS.

Sustentava que, ao fim dos 12 meses de vigência do acordo, o Subsecretário da Receita do DF teria descumprido o disposto no art. 36, § 1º, da Lei Complementar federal 87/96 e nos artigos 37 e 38 da Lei distrital 1.254/96, ao não proceder à apuração do imposto devido, com base na escrituração regular do contribuinte, computando eventuais diferenças positivas ou negativas para o efeito de pagamento.

Afirmava, por fim, que o TARE em questão causara prejuízo mensal ao DF que variava entre 2,5% a 4%, nas saídas interestaduais, e entre 1% a 4,5%, nas saídas internas, do ICMS devido.

Entendeu-se que a ação civil pública ajuizada contra o citado TARE não estaria limitada à proteção de interesse individual, mas abrangeria interesses metaindividuais, pois o referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que, por si só, legitimaria a atuação do parquet, tendo em conta, sobretudo, as condições nas quais foi celebrado ou executado esse acordo (CF, art. 129, III).

Reportou-se, em seguida, à orientação firmada pela Corte em diversos precedentes no sentido da legitimidade do Ministério Público para ajuizar ações civis públicas em defesa de interesses metaindividuais, do erário e do patrimônio público.

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Asseverou-se não ser possível aplicar, na hipótese, o parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/85, que veda que o Ministério Público proponha ações civis públicas para veicular pretensões relativas a matérias tributárias individualizáveis, visto que a citada ação civil pública não teria sido ajuizada para proteger direito de determinado contribuinte, mas para defender o interesse mais amplo de todos os cidadãos do Distrito Federal, no que respeita à integridade do erário e à higidez do processo de arrecadação tributária, o qual apresenta natureza manifestamente metaindividual.

No ponto, ressaltou-se que ao veicular, em juízo, a ilegalidade do acordo que concede regime tributário especial a certa empresa, bem como a omissão do Subsecretário da Receita do DF no que tange à apuração do imposto devido, a partir do exame da escrituração do contribuinte beneficiado, o parquet teria agido em defesa do patrimônio público.

Vencidos os Ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, Eros Grau e Gilmar Mendes que negavam provimento ao recurso. RE 576155/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.8.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 595 (9 a 13 de agosto de 2010).

STF - ICMS: Software e Transferência Eletrônica

Em conclusão, o Tribunal, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB contra dispositivos da Lei 7.098/98, do Estado do Mato Grosso, que trata da consolidação das normas referentes ao ICMS - v. Informativos 146 e 421. Na linha do voto divergente do Min. Nelson Jobim, entendeu-se que o ICMS pode incidir sobre softwares adquiridos por meio de transferência eletrônica de dados, e reputou-se constitucional, em princípio, o art. 2º, § 1º, VI, e o art. 6º, § 6º, da Lei 7.098/98 (“Art. 2º. ... § 1º. O imposto incide também: ... VI - sobre as operações com programa de computador - software -, ainda que realizadas por transferência eletrônica de dados. ... Art. 6º. ... § 6º - Integra a base de cálculo do ICMS, nas operações realizadas com programa de computador - software - qualquer outra parcela debitada ao destinatário, inclusive o suporte informático, independentemente de sua denominação.”). Esclareceu-se que, se o fato de ser o bem incorpóreo fosse ressalva à incidência do ICMS, não poderia, da mesma forma, ser cobrado o imposto na aquisição de programa de computador de prateleira, visto que, nesse caso, estar-se-ia adquirindo não um disquete, um CD ou um DVD, a caixa ou o livreto de manual, mas também e principalmente a mercadoria virtual gravada no instrumento de transmissão. Assim, se o argumento é de que o bem incorpóreo não pode ser objeto de incidência do ICMS, a assertiva haveria de valer para o caso de bens incorpóreos vendidos por meio de bens materiais. Considerou-se ainda a conveniência política de se indeferir a cautelar, tendo em conta o fato de a lei estar vigente há mais de dez anos. Vencidos os Ministros Octavio Gallotti, relator, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello que deferiam em parte a cautelar. ADI 1945 MC/MT, rel. orig. Min. Octavio Gallotti, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 26.5.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 588 (24 a 28 de maio de 2010).

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 109

STF - Contribuição Previdenciária e Vale-Transporte

O Tribunal, por maioria, proveu recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 2ª Turma, no qual a instituição financeira discutia a constitucionalidade da cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de vales-transporte aos seus empregados, por força de acordo trabalhista - v. Informativo 552.

Inicialmente, enfatizou-se que a questão constitucional envolvida ultrapassaria os interesses subjetivos da causa. Em seguida, salientou-se que o art. 2º da Lei 7.418/85, a qual instituiu o vale-transporte, estabelece que o benefício:

i. Não tem natureza salarial, nem incorpora a remuneração para quaisquer efeitos.

ii. Não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

iii. Não se configura como rendimento tributável do trabalhador.

No ponto, aduziu-se que a referida exação não incide sobre o montante correspondente à benesse quando esta é concedida ao empregado mediante a entrega de vales-transporte, devendo-se perquirir se a sua substituição por dinheiro teria o condão de atribuir ao benefício caráter salarial.

Asseverou-se, desse modo, que o deslinde da causa importaria necessária consideração sobre o conceito de moeda, conceito jurídico - não conceito específico da Ciência Econômica -, haja vista as funções por ela desempenhadas na intermediação de trocas e como instrumento de reserva de valor e padrão de valor.

Após digressão sobre o tema, concluiu-se que, pago o benefício em vale-transporte ou em moeda, isso não afetaria o caráter não salarial do auxílio. Tendo isso em conta, reputou-se que a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em pecúnia, a título de vales-transporte pelo recorrente aos seus empregados, afrontaria a Constituição em sua totalidade normativa.

Consignou-se ademais que a autarquia previdenciária buscava fazer incidir pretensão de natureza tributária sobre a concessão de benefício, parcela esta que teria caráter indenizatório.

Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio que desproviam o recurso ao fundamento de que o valor configuraria vantagem remuneratória e, portanto, se enquadraria no gênero “ganhos habituais do empregado”, integrando a remuneração (CF, art. 201, § 11).

O Min. Marco Aurélio afirmava ainda não estar diante do vale-transporte tal como definido pela lei, porquanto esse não poderia ser pago em pecúnia.

RE 478410/SP, rel. Min. Eros Grau, 10.3.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 578 (8 a 12 de março de 2010).

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STF - Majoração de Alíquota do ICMS e Não Vinculação

O Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que reputara constitucional a majoração da alíquota de ICMS de 17% para 18% efetivada pela Lei estadual 9.903/97. Entendeu-se que, diversamente do que ocorria com leis paulistas anteriores - a Lei 6.556/89, que, ao majorar a alíquota genérica do ICMS de 17% para 18%, destinara a arrecadação obtida com o novo acréscimo ao financiamento de determinado programa habitacional, e as Leis 7.003/90, 7.646/91 e 8.207/92, as quais implicaram mera prorrogação do acréscimo irregularmente vinculado -, todas declaradas inconstitucionais pelo Supremo, não se verificaria, no caso, a existência de vinculação do aumento da alíquota do citado imposto a órgão, fundo ou despesa específica, vedada pela Constituição Federal (art. 167, IV). Salientou-se que, não obstante o diploma em questão tivesse previsto uma inédita obrigação de prestação de contas para o Governador do Estado [“Art. 3º - O Poder Executivo publicará, mensalmente, no Diário Oficial do Estado, até o dia 10 (dez) do mês subsequente, a aplicação dos recursos provenientes da elevação da alíquota de que trata o Art. 1º.”], ele não teria estabelecido uma prévia destinação dos recursos provenientes da majoração do ICMS, haja vista permitir a livre definição pelo Chefe do Poder Executivo no planejamento orçamentário. Ressaltou-se, por fim, que a necessidade de publicação da destinação dada a essa receita oriunda do aumento de alíquota, embora não tivesse qualquer previsão constitucional, estaria em consonância com os princípios da publicidade e da moralidade, previstos no art. 37, caput, da CF, e em nada violaria qualquer dispositivo dela constante. Vencido o Min. Marco Aurélio, que provia o recurso, asseverando que a interpretação sistemática da lei impugnada revelaria a continuidade da vinculação. Tendo em conta o disposto no citado art. 3º e no art. 5º desse diploma legal (“Art. 5º - A Secretaria da Fazenda baixará as instruções necessárias ao cumprimento desta lei.”), concluiu que este teria afastado a destinação específica, mantendo, no entanto, a destinação de parte do ICMS, mediante disciplina a ocorrer por ato da Secretaria do próprio Estado. Precedentes citados: RE 183906/SP (DJU de 30.4.98); RE 188443/SP (DJU de 11.9.98); RE 213739/SP (DJU de 2.10.98). RE 585535/SP, rel., Min. Ellen Gracie, 1º 2.2010. Tribunal Plenário do STF. Informativo de Jurisprudência do STF nº 573 (1º a 5 de fevereiro de 2010).

STF - Súmulas Vinculantes

• Súmula Vinculante nº 31

É inconstitucional a incidência do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis.

Fonte de Publicação:DJe nº 28, p. 1, em 17/02/2010DOU de 17/02/2010, p. 1. Fonte: site STF

• Súmula Vinculante nº 28

É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Fonte de Publicação:DJe nº 28, p. 1, em 17/02/2010 DOU de 17/02/2010, p. 1. Fonte: site STF

• Súmula Vinculante nº 21

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Fonte de Publicação:DJe nº 210, p. 1, em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1. Fonte: site STF

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 111

Superior Tribunal de Justiça

STJ - Recurso Repetitivo - Concessionária de Energia Elétrica - PIS/COFINS - Repasse ao Consumidor

A Seção, ao julgar recurso submetido ao regime do art. 543-C e Res. n. 8/2008-STJ suscitado pelo tribunal a quo, negou provimento ao recurso, entendendo que é legítimo repassar às faturas de energia elétrica a serem pagas pelo consumidor o valor correspondente ao pagamento da contribuição ao programa de integração social (PIS) e da contribuição para financiamento da Seguridade Social (COFINS) devidas pela concessionária. No REsp, o recorrente buscava o reconhecimento da ilegalidade desse repasse às faturas de consumo de energia elétrica do custo correspondente ao recolhimento do PIS e à COFINS, bem como almejava repetição de indébito. Destacou o Min. Relator que a tese defendida pelo recorrente foi encampada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e pelo Ministério Público, entretanto parte de um pressuposto manifestamente equivocado: atribuir à controvérsia uma natureza tributária. Observa que, na relação jurídica que se estabelece entre concessionária e consumidor de energia elétrica, não existe relação tributária, em que os partícipes necessários são o Fisco e o contribuinte, mas há relação de consumo de serviço público, cujas fontes normativas são próprias, especiais e distintas das que regem as relações tributárias. Anotou-se ainda que o PIS e a COFINS, cobrados em decorrência da edição das Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004, alteraram a forma de cobrança, mas trouxeram a possibilidade de que seus valores sejam fiscalizados não apenas pela ANEEL, mas pelos consumidores de energia elétrica individualmente, visto que passaram a ser cobrados de forma destacada nas faturas, a exemplo do que ocorre com o ICMS. REsp 1.185.070-RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 22/9/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 448 (20 a 24 de setembro de 2010).

STJ - Compensação de Tributos com Precatórios - Vedação

Na hipótese, cuida-se da possibilidade de pagar débito tributário mediante a efetivação de compensação com precatório requisitório vencido e não pago (art. 78, § 2º, do ADCT). É cediço que o Codex tributário permite ao legislador ordinário de cada ente federativo autorizar, por lei própria, compensações entre créditos tributários da Fazenda Pública e do sujeito passivo (art. 170 do CTN). Com efeito, compete à legislação local estabelecer o regramento da compensação tributária, ainda que para fins do referido artigo do ADCT. No caso dos autos, o Decreto paranaense n. 418/2007, em seu art. 1º, veda expressamente qualquer tipo de utilização de precatórios na compensação de tributos, razão pela qual é inviável a compensação pretendida. Desse modo, diante da ausência de previsão legal para a referida compensação, não há falar em direito líquido e certo da recorrente. Com essas considerações, a Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.228.671-PR, DJe 3/5/2010; EDcl no AgRg no REsp 1.157.869-RS, DJe 16/8/2010; AgRg no Ag 1.207.543-PR, DJe 17/6/2010; AgRg no Ag 1.272.393-RS, DJe 14/4/2010; AgRg no RMS 30.489-PR, DJe 15/6/2010; RMS 28.406-PR, DJe 16/4/2009, e RMS 28.500-PR, DJe 23/9/2009. RMS 31.816-PR, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/9/2010. Primeira Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 447 (13 a 17 de setembro de 2010).

STJ - Contribuição Previdenciária - Aviso Prévio Indenizado

O valor pago a título de indenização em razão da ausência de aviso prévio tem o intuito de reparar o dano causado ao trabalhador que não fora comunicado sobre a futura rescisão de seu contrato de trabalho com a antecedência mínima estipulada na CLT, bem como não pôde usufruir da redução na jornada de trabalho a que teria direito (art. 487 e seguintes da CLT). Assim, por não se tratar de verba salarial, não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado. REsp 1.198.964-PR, rel., Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/9/2010. Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 445 (30 de agosto a 3 de setembro de 2010).

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STJ - Recurso Repetitivo - Fato Gerador do ICMS

Ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), a Seção reiterou o entendimento de que o deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa não se subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato imponível é imprescindível a circulação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade. Assim, não constitui fato gerador do referido tributo o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte (Súm. n. 166-STJ). Precedentes citados do STF: AgRg no AI 618.947-MG, DJe 25/3/2010; AgRg no AI 693.714-RJ, DJe 21/8/2009; do STJ: AgRg nos EDcl no REsp 1.127.106-RJ, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.068.651-SC, DJe 2/4/2009; AgRg no AgRg no Ag 992.603-RJ, DJe 4/3/2009; AgRg no REsp 809.752-RJ, DJe 6/10/2008, e REsp 919.363-DF, DJe 7/8/2008. REsp 1.125.133-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (23 a 27 de agosto de 2010).

STJ - CIDE - Royalties - Patentes e Marcas

É cediço que a Contribuição de Intervenção Econômica (CIDE) foi instituída pela Lei n. 10.168/2000 e alterada pela Lei n. 10.332/2001 incidente sobre pagamento de royalties, serviços técnicos, assistência administrativa e semelhantes. Essa exação teria por finalidade estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo (art. 1º da citada lei). Trata-se de contribuição que é devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior (art. 2º da citada lei). Isso posto, destaca o Min. Relator que, no REsp, busca-se definir se o crédito estabelecido na MP n. 2.159-70/2001, relativo à CIDE, tem origem a partir do surgimento do dever de pagar essa contribuição ou apenas quando há o seu efetivo pagamento. Explica ainda que, apesar de esse tributo ter nítido intuito de fomentar o desenvolvimento tecnológico nacional, o legislador reduziu temporariamente o montante da carga tributária devida, por meio da instituição de crédito relativo à CIDE, criado pela MP n. 2.159-70/2001. Esses créditos seriam aferidos a partir do cálculo do pagamento da exação e apurados em períodos pretéritos ao que se pretende utilizar em percentuais definidos na lei. Dessa forma, o crédito surge apenas com o efetivo recolhimento da CIDE paga no mês, aproveitando-se os períodos subsequentes. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.186.160-SP, rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/8/2010. Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (23 a 27 de agosto de 2010).

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 113

STJ - ISS - Locação de Serviços

Cuida-se de mandado de segurança impetrado por sociedade empresária, com objetivo de afastar a incidência de ISS sobre locação de bens móveis. O tribunal a quo confirmou a sentença, pela denegação da ordem, ao fundamento de que não se trata de simples locação de máquinas copiadoras, impressoras e outros equipamentos, pois o contrato firmado entre a sociedade empresária e o município também englobaria serviços de assistência técnica para manutenção das máquinas. Assim, por causa da prestação desse serviço, entendeu aquele tribunal tornar-se obrigatória a exação sobre o valor total da operação, adotando o critério da preponderância do serviço prestado. Para Min. Relatora, tal circunstância não justifica a incidência do ISS sobre a parcela referente à operação de locação “pura” de bem móvel, apenas permite a tributação sobre os serviços em questão, visto que não se aplica mais o critério da preponderância do serviço para definir a exação devida. Ademais, a partir do advento da Súmula Vinculante n. 31-STF, é inconstitucional a cobrança de ISS pelo Fisco sobre a totalidade do contrato de locação de bens móveis. Destacou que sempre há dúvida nos casos em que não se individualiza o quantum remuneratório para cada atividade, ou seja, não se delimita o valor da operação relativa à locação e à quantia devida a título de serviços de manutenção. Mas o STF ainda não tem solução definitiva para as situações de conjugação de locação de bens móveis e serviços. Dessa forma, assevera merecer reforma o acórdão recorrido, sob pena de ofensa direta ao referido enunciado vinculante, devendo a autoridade fiscal (o município) proceder à apuração do quantum devido apenas a título dos serviços de assistência técnica prestados, por meio do procedimento administrativo próprio ou retificação do auto infracional, respeitando-se o prazo decadencial do débito tributário. Com essas considerações, a Turma deu provimento ao recurso. REsp 1.194.999-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 26/8/2010. Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (21 a 25 de junho de 2010).

STJ - IR sobre indenização de dano moral

O imposto de renda não incide sobre o valor recebido a título de dano moral visto inexistir qualquer acréscimo patrimonial em seu percebimento. Essa verba tem natureza indenizatória, de reparação do sofrimento e da dor causados pela lesão de direito e sentidos pela vítima ou seus parentes. Com a reiteração desse entendimento, a Seção negou provimento ao especial sujeito ao regramento contido no art. 543-C do CPC (recurso representativo de controvérsia). Na hipótese, a indenização adveio de reclamação trabalhista. Precedentes citados: REsp 686.920-MS, DJe 19/10/2009; AgRg no Ag 1.021.368-RS, DJe 25/6/2009; REsp 865.693-RS, DJe 4/2/2009; AgRg no REsp 1.017.901-RS, DJe 12/11/2008; REsp 963.387-RS, DJe 5/3/2009; REsp 402.035-RN, DJ 17/5/2004, e REsp 410.347-SC, DJ 17/2/2003. REsp 1.152.764-CE, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/6/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (21 a 25 de junho de 2010).

STJ - ICMS-ST - Bonificação

Trata-se, no caso, da base de cálculo a ser considerada em regime de substituição tributária quando o contribuinte substituto concede descontos incondicionais em sua própria operação. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, manteve seu entendimento de que, embora as mercadorias dadas em forma de bônus não integrem a base de cálculo do tributo, considera-se devido o ICMS no regime de substituição tributária, já que não se pode presumir a perpetuação da bonificação na cadeia de circulação no sentido de beneficiar igualmente o consumidor final. Na hipótese de bonificação - concessão de mais mercadorias pelo mesmo preço -, há favorecimento tão somente ao partícipe imediato da cadeia de circulação (próximo contribuinte na cadeia), a não ser que a bonificação seja estendida a toda a cadeia até atingir o consumidor final, o que demandaria prova da repercussão. O mesmo se pode dizer da existência do desconto incondicionado na operação por conta do próprio substituto. Precedente citado: REsp 993.409-MG, DJe 21/5/2008. REsp 1.167.564-MG, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 5/8/2010. Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 441 (28 de junho a 6 de agosto de 2010).

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STJ - Recurso Repetitivo - Sucessão Empresarial - Responsabilidade

A Seção, ao julgar recurso submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução n. 8/2008-STJ, reiterou que a responsabilidade tributária da empresa sucessora abrange, além dos tributos devidos pela empresa sucedida, as multas moratórias ou punitivas que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pela empresa sucessora desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Assim, quanto à multa aplicada à empresa incorporada sucedida, procede a cobrança; pois, segundo dispõe o art. 113, § 3º, do CTN, o descumprimento de obrigação acessória faz surgir imediatamente nova obrigação consistente no pagamento da multa tributária. Isso porque a responsabilidade da sucessora abrange, nos termos do art. 129 do CTN, os créditos definitivamente constituídos, em curso de constituição ou constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data, que é o caso dos autos. Por outro lado, como ficou consignada, nas instâncias ordinárias, a ausência de comprovação da incondicionalidade dos descontos concedidos pela empresa recorrente, a questão não pode ser conhecida. Precedentes citados: REsp 1.111.156-SP, DJe 22/10/2009; REsp 1.085.071-SP, DJe 8/6/2009; REsp 959.389-RS, DJe 21/5/2009; AgRg no REsp 1056302-SC, DJe 13/5/2009; REsp 544.265-CE, DJ 21/2/2005; REsp 745.007-SP, DJ 27/6/2005, e REsp 3.097-RS, DJ 19/11/1990. REsp 923.012-MG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/6/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 438 (7 a 11 de junho de 2010).

STJ - Denúncia Espontânea - Multa - Prescrição

Cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação em que as contribuintes declararam e recolheram o valor que entenderam devido, realizando o autolançamento e, posteriormente, apresentaram declaração retificadora com o intuito de complementar o valor do tributo, acrescido de juros legais, antes de qualquer procedimento da administração tributária. Na espécie, ficou caracterizada a incidência do benefício da denúncia espontânea; pois, se as contribuintes não efetuassem a retificação, o Fisco não poderia promover a execução sem antes proceder à constituição do crédito tributário atinente à parte não declarada, razão pela qual é aplicável o benefício previsto no art. 138 do CTN com a devida exclusão da multa moratória imposta. Com relação à prescrição da ação de repetição de indébito tributário de tributo sujeito a lançamento por homologação, a jurisprudência deste Superior Tribunal adotou o entendimento de que, quando não houver homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito é de 10 (dez) anos a contar do fato gerador (REsp 1.002.932-SP, DJe 25/11/2009, julgado como repetitivo). Na hipótese dos autos, a ação foi ajuizada em 18/3/2001, referindo-se a fatos geradores ocorridos a partir de 1995, razão pela qual não há que se falar em prescrição. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no REsp 1.090.226-RS, DJe 2/12/2009; MC 15.678-SP, DJe 16/10/2009, e AgRg no REsp 1.039.699-SP, DJe 19/2/2009. REsp 889.271-RJ, rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 1/6/2010. Primeira Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 437 (31 de maio a 4 de junho de 2010).

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 115

STJ - Recurso Repetitivo - Prescrição - Lançamento por Homologação

O prazo prescricional quinquenal para o Fisco exercer a pretensão da cobrança judicial do crédito tributário conta-se da data estipulada como vencimento da obrigação tributária declarada, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, em que o contribuinte cumpriu o dever instrumental de declarar a exação mediante Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) ou Guia de Informação de Apuração do ICMS (GIA), entre outros, mas não adimpliu a obrigação principal de pagamento antecipado, nem sobreveio qualquer causa interruptiva da prescrição ou impeditiva da exigibilidade do crédito. A hipótese cuida de créditos tributários de IRPJ do ano-base de 1996 calculados sobre o lucro presumido. O contribuinte declarou seus rendimentos em 30/4/1997, mas não pagou mensalmente o tributo no ano anterior (Lei n. 8.541/1992 e Dec. n. 1.041/1994). Assim, no caso, há a peculiaridade de que a declaração entregue em 1997 diz respeito a tributos não pagos no ano anterior, não havendo a obrigação de previamente declará-los a cada mês de recolhimento. Consequentemente, o prazo prescricional para o Fisco cobrá-los judicialmente iniciou-se na data de apresentação da declaração de rendimentos, daí não haver prescrição, visto que foi ajuizada a ação executiva fiscal em 5/3/2002, ainda que o despacho inicial e a citação do devedor sejam de junho de 2002. É incoerente interpretar que o prazo prescricional flui da constituição definitiva do crédito tributário até o despacho ordenador da citação do devedor ou de sua citação válida (antiga redação do art. 174, parágrafo único, I, do CTN). Segundo o art. 219, § 1º, do CPC, a interrupção da prescrição pela citação retroage à propositura da ação, o que, após as alterações promovidas pela LC 118/2005, justifica, no Direito Tributário, interpretar que o marco interruptivo da prolação do despacho que ordena a citação do executado retroage à data do ajuizamento da ação executiva, que deve respeitar o prazo prescricional. Dessa forma, a propositura da ação é o dies ad quem do prazo prescricional e o termo inicial de sua recontagem (sujeita às causas interruptivas do art. 174, parágrafo único, do CTN). Esse entendimento foi acolhido pela Seção no julgamento de recurso repetitivo (art. 543-C do CPC). Precedentes citados: EREsp 658.138-PR, DJe 9/11/2009; REsp 850.423-SP, DJ 7/2/2008; AgRg no EREsp 638.069-SC, DJ 13/6/2005, e REsp 962.379-RS, DJe 28/10/2008. REsp 1.120.295-SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/5/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 434 (10 a 14 de maio de 2010).

STJ - IR - Alienação de Ações Societárias

Discute-se o reconhecimento do direito adquirido à isenção de imposto de renda (IR) sobre o lucro auferido na alienação de ações societárias, nos termos do DL n. 1.510/1976, revogado pela Lei n. 7.713/1988. O contribuinte recorrente alega que, entre a aquisição das ações (dezembro de 1983) e o início da vigência da citada lei (janeiro de 1989), houve o transcurso dos cinco anos estabelecidos no referido DL como condição para obter a isenção do imposto, não havendo revogação do benefício, mesmo que a venda das ações tenha ocorrido depois da revogação da regra de isenção. Diante disso, a Min. Relatora, ao enumerar precedentes deste Superior Tribunal quanto ao direito adquirido, reconheceu a pleiteada isenção. Sucede que o Min. Herman Benjamin, em voto vista, divergiu ao consignar que o art. 178 do CTN apenas atribui caráter irrevogável àquelas isenções que observarem, concomitantemente, os requisitos do prazo certo e onerosidade. Assim, na hipótese, como o benefício fiscal foi deferido por prazo indeterminado, entendeu que seria lícita sua revogação por aquela lei. Por sua vez, o Min. Castro Meira, em seu voto vista, apesar de reconhecer ponderáveis as razões do voto divergente, acompanhou a Min. Relatora, ressaltando a peculiaridade de que a própria Fazenda Nacional, mediante pronunciamentos de seu Conselho Superior de Recursos Fiscais, tem reconhecido o direito adquirido dos contribuintes em casos semelhantes ao julgado; dessarte, negar a isenção seria afrontar a segurança jurídica e o princípio da isonomia. Assim, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso especial do contribuinte. Precedentes citados: REsp 656.222-RS, DJ 21/11/2005, e REsp 723.508-RS, DJ 30/5/2005. REsp 1.126.773-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/5/2010. Segunda Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 433 (3 a 7 de maio de 2010).

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STJ - Recurso Repetitivo - ICMS - Notas Fiscais Inidôneas

A Seção, ao julgar o recurso sob o regime do art. 543-C do CPC, c/c a Res. n. 8/2008-STJ, reiterou o entendimento de que o comerciante de boa-fé que adquire mercadoria cuja nota fiscal, emitida pela empresa vendedora, seja declarada inidônea pode aproveitar o crédito do ICMS pelo princípio da não cumulatividade, uma vez que demonstrada a veracidade da compra e venda, porquanto o ato declaratório de inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação. A responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade cabe ao Fisco, razão pela qual não incide o art. 136 do CTN, aplicável ao alienante. A boa-fé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico realizado, uma vez que caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos do ICMS. Assim, a Seção negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 737.135-MG, DJ 23/8/2007; REsp 623.335-PR, DJ 10/9/2007; REsp 556.850-MG, DJ 23/5/2005, e REsp 246.134-MG, DJ 13/3/2006. REsp 1.148.444-MG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/4/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 430 (12 a 16 de abril de 2010).

STJ - Recurso Repetitivo - ICMS - Leasing - Avião

A Seção, ao apreciar recurso representativo de controvérsia (art. 543-C do CPC e Res. n. 8-2008-STJ), reiterou a jurisprudência deste Superior Tribunal com base no art. 3º, VIII, da LC n. 87/1996 quanto à não incidência de ICMS sobre operação de leasing em que não se efetivou a transferência de titularidade do bem. A incidência do ICMS pressupõe circulação de mercadoria (transferência da titularidade do bem) quer o bem arrendado provenha do exterior quer não. No caso dos autos, trata-se de importação de aeronave mediante contrato de arrendamento mercantil (leasing). Com esse entendimento, deu-se provimento ao recurso especial adesivo da companhia aérea, julgando prejudicado o recurso principal interposto pela Fazenda estadual. Precedentes citados do STF: RE 461.968-SP, DJ 24/8/2007; do STJ: AgRg no Ag 791.761-RS, DJe 9/3/2009; AgRg no REsp 969.880-SP, DJe 29/9/2008; REsp 337.433-PR, DJ 1º/12/2003; REsp 264.954-SE, DJ 20/8/2001; REsp 93.537-SP, DJ 16/2/1998, e AgRg nos EDcl no REsp 851.386-MG, DJ 1º/2/2007. REsp 1.131.718-SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/3/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 428 (22 de março a 2 de abril de 2010).

STJ - Dividendos - Valor Patrimonial da Ação

A Turma decidiu que o acionista investidor recebe os dividendos a partir da data da integralização do capital, como se dá com os demais acionistas, porquanto suas ações têm os mesmos direitos e obrigações das ações da mesma natureza. Dessa forma, é devido ao novo acionista o valor distribuído aos demais com ações da mesma natureza, proporcionalmente à quantidade delas em seu nome. O termo inicial ou a obrigação do pagamento ocorre na mesma data em que os dividendos foram pagos aos outros acionistas. Quanto ao Valor Patrimonial da Ação (VPA), não obstante a jurisprudência reiterada neste Superior Tribunal no sentido de tomar como base os dados do VPA segundo o balancete do mês da respectiva integralização (o que deve ser obedecido em cada processo, conforme o que transitou em julgado), no caso em questão, o título judicial transitou em julgado, determinando que o VPA deve ser o aprovado na Assembléia Geral Ordinária imediatamente anterior, não havendo como alterar essa regra na execução sob pena de ofensa à coisa julgada. Outrossim, referente ao cumprimento de sentença não é necessário intimar o devedor para iniciar a contagem dos 15 dias para o pagamento, visto que o prazo flui do trânsito em julgado da sentença da qual o devedor já foi intimado, quando de sua publicação, na pessoa de seu advogado, conforme o art. 475-J do CPC, no caso de quantia certa, que não requer liquidação de sentença, perícia ou outro trabalho técnico de elevada complexidade. É cabível, pois, a multa tal como aplicada. Por sua vez, são devidos os honorários advocatícios também no cumprimento de sentença, nas situações em que o devedor optou por não efetuar o pagamento nos 15 dias estipulados no referido artigo e resolveu impugnar ou continuar obstando o pagamento da dívida, com a necessidade de participação nos autos de advogado do credor. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.210.428-RS, DJe 25/11/2009; AgRg no REsp 1.134.345-RS, DJe 9/11/2009; AgRg no Ag 1.108.238-RS, DJe 30/6/2009, e AgRg no Ag 1.174.877-RS, DJe 6/11/2009. REsp 1.136.370-RS, rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 18/2/2010. Terceira Turma do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 423 (15 a 19 de fevereiro de 2010).

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 117

STJ - Súmulas

• Súmula nº 457

Os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS. Rel. Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 444 (23 a 27 de agosto de 2010).

• Súmula nº 451

É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. Rel. Min. Luiz Fux, em 2/6/2010. Corte Especial do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 437 (31 de maio a 4 de junho de 2010).

• Súmula nº 430

O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera por si só a responsabilidade solidária do sócio-gerente. Rel. Min. Luiz Fux, em 24/3/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 428 (22 de março a 2 de abril de 2010).

• Súmula nº 424

É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987. Rel. Min. Eliana Calmon, em 10/3/2010. Primeira Seção do STJ. Informativo de Jurisprudência do STJ nº 426 (8 a 12 de março de 2010).

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Evolução de taxas de câmbio, índices de inflação e juros1. Taxas de câmbio

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Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 119

Cotação do último dia do mês

Dólar norte-americano comercial Euro Libra esterlina IeneCompra Venda Venda Venda Venda

2008Janeiro 1,7595 1,7603 2,61510 3,50115 0,016545Fevereiro 1,6825 1,6833 2,55685 3,34623 0,016190Março 1,7483 1,7491 2,76060 3,46864 0,017547Abril 1,6864 1,6872 2,63527 3,35567 0,016247Maio 1,6286 1,6294 2,53502 3,22719 0,015458Junho 1,5911 1,5919 2,50629 3,17059 0,014991Julho 1,5658 1,5666 2,44388 3,10594 0,014522Agosto 1,6336 1,6344 2,39848 2,97918 0,015022Setembro 1,9135 1,9143 2,69309 3,40219 0,017985Outubro 2,1145 2,1153 2,69197 3,41008 0,021453Novembro 2,3323 2,3310 2,96234 3,58714 0,024407Dezembro 2,3362 2,3370 3,23815 3,41506 0,025800

2009Janeiro 2,3154 2,3162 2,96911 3,34899 0,025779Fevereiro 2,3776 2,3784 3,02116 3,41015 0,024341Março 2,3289 2,3297 3,07404 3,32124 0,024001Abril 2,1775 2,1783 2,88254 3,22258 0,022086Maio 1,9722 1,9730 2,78935 3,18509 0,020734Junho 1,9508 1,9516 2,73985 3,21294 0,020265Julho 1,8718 1,8726 2,67145 3,12977 0,019783Agosto 1,8856 1,8864 2,70100 3,06751 0,020285Setembro 1,7773 1,7781 2,60108 2,84217 0,019811Outubro 1,7432 1,7440 2,57031 2,86663 0,019372Novembro 1,7497 1,7505 2,62621 2,87409 0,020296Dezembro 1,7404 1,7412 2,50733 2,82405 0,018809

2010Janeiro 1,8740 1,8748 2,60297 3,00045 0,020746Fevereiro 1,8102 1,8110 2,46694 2,76467 0,020376Março 1,7802 1,7810 2,40760 2,70430 0,019060Abril 1,7298 1,7306 2,3039 2,6454 0,01843Maio 1,8159 1,8167 2,2365 2,6426 0,01995Junho 1,8007 1,8015 2,2043 2,6929 0,02038Julho 1,7564 1,7572 2,2942 2,7586 0,02033Agosto 1,7552 1,756 2,2261 2,6951 0,02092Setembro 1,6934 1,6942 2,3104 2,6619 0,02030Outubro 1,7006 1,7014 2,3666 2,7273 0,02113NovembroDezembro

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PwC120

Evolução de taxas de câmbio, índices de inflação e juros2. Índices de inflação

Período Índice de Preços ao Consumidor

Fundação Getúlio Vargas (IPC-FGV )

Variação acumulada - % Índice Geralde Preços -

Disponibilidade Interna (IGP-DI)

Variação acumulada - % Índice Geral dePreços Mercado

(IGP-M)

Variação acumulada - % Índice Nacional dePreços ao

Consumidor (INPC)

Variação acumulada - %

No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses

2007Janeiro 290,608 0,69 2,09 344,850 0,43 3,49 349,593 0,50 3,40 2.670,07 0,49 2,93Fevereiro 291,589 0,34 2,42 345,652 0,23 3,79 350,524 0,27 3,67 2.681,28 0,42 3,12Março 292,991 0,48 2,69 346,407 0,22 4,49 351,717 0,34 4,26 2.693,08 0,44 3,30Abril 293,899 0,31 2,67 346,878 0,14 4,61 351,869 0,04 4,75 2.700,08 0,26 3,44Maio 294,633 0,25 3,12 347,421 0,16 4,38 352,020 0,04 4,40 2.707,10 0,26 3,57Junho 295,874 0,42 2,98 348,328 0,26 3,96 352,936 0,26 3,89 2.618,45 0,29 3,44Julho 296,694 0,28 4,20 349,628 0,37 4,17 353,920 0,28 4,00 2.724,18 0,32 4,19Agosto 297,945 0,42 4,47 354,495 1,39 5,19 357,404 0,98 4,63 2.740,25 0,59 4,82Setembro 298,616 0,23 4,50 358,633 1,17 6,16 361,997 1,29 5,67 2.747,10 0,25 4,92Outubro 299,005 0,13 4,50 361,308 0,75 6,10 365,794 1,05 6,29 2.755,34 0,30 4,78Novembro 299,801 0,27 4,53 365,100 1,05 6,60 368,334 0,69 6,23 2.767,19 0,43 4,79Dezembro 301,909 0,70 4,60 370,485 1,47 7,89 374,815 1,76 7,75 2.794,03 0,97 5,16

2008Janeiro 304,850 0,97 4,90 374,139 0,99 8,49 378,900 1,09 8,38 2.813,31 0,69 5,36Fevereiro 304,862 0,00 4,55 375,558 0,38 8,65 380,906 0,53 8,67 2.826,81 0,48 5,43Março 306,220 0,45 4,52 378,194 0,70 9,18 383,731 0,74 9,10 2.841,23 0,51 5,50Abril 308,433 0,72 4,95 382,414 1,12 10,24 386,380 0,69 9,81 2.859,41 0,64 5,90Maio 311,115 0,87 5,59 389,585 1,88 12,14 392,592 1,61 11,53 2.886,86 0,96 6,64Junho 313,512 0,77 5,96 396,954 1,89 13,96 400,382 1,98 13,44 2.913,13 0,91 7,28Julho 315,173 0,53 6,23 401,406 1,12 14,81 407,446 1,76 15,12 2.930,03 0,58 7,56Agosto 315,619 0,14 5,93 399,870 (0,38) 12,80 406,127 (0,32) 13,63 2.936,18 0,21 7,15Setembro 315,327 (0,09) 5,60 401,327 0,36 11,90 406,557 0,11 12,31 2.940,58 0,15 7,04Outubro 316,805 0,47 5,95 405,707 1,09 12,29 410,524 0,98 12,23 2.955,28 0,50 7,26Novembro 318,588 0,56 5,52 405,185 0,07 11,20 412,104 0,38 11,88 2.966,51 0,38 7,20Dezembro 320,244 0,52 6,07 404,185 (0,44) 9,110 411,575 (0,13) 9,81 2.975,11 0,29 6,48

Page 121: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 121

Período Índice de Preços ao Consumidor

Fundação Getúlio Vargas (IPC-FGV )

Variação acumulada - % Índice Geralde Preços -

Disponibilidade Interna (IGP-DI)

Variação acumulada - % Índice Geral dePreços Mercado

(IGP-M)

Variação acumulada - % Índice Nacional dePreços ao

Consumidor (INPC)

Variação acumulada - %

No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses

2007Janeiro 290,608 0,69 2,09 344,850 0,43 3,49 349,593 0,50 3,40 2.670,07 0,49 2,93Fevereiro 291,589 0,34 2,42 345,652 0,23 3,79 350,524 0,27 3,67 2.681,28 0,42 3,12Março 292,991 0,48 2,69 346,407 0,22 4,49 351,717 0,34 4,26 2.693,08 0,44 3,30Abril 293,899 0,31 2,67 346,878 0,14 4,61 351,869 0,04 4,75 2.700,08 0,26 3,44Maio 294,633 0,25 3,12 347,421 0,16 4,38 352,020 0,04 4,40 2.707,10 0,26 3,57Junho 295,874 0,42 2,98 348,328 0,26 3,96 352,936 0,26 3,89 2.618,45 0,29 3,44Julho 296,694 0,28 4,20 349,628 0,37 4,17 353,920 0,28 4,00 2.724,18 0,32 4,19Agosto 297,945 0,42 4,47 354,495 1,39 5,19 357,404 0,98 4,63 2.740,25 0,59 4,82Setembro 298,616 0,23 4,50 358,633 1,17 6,16 361,997 1,29 5,67 2.747,10 0,25 4,92Outubro 299,005 0,13 4,50 361,308 0,75 6,10 365,794 1,05 6,29 2.755,34 0,30 4,78Novembro 299,801 0,27 4,53 365,100 1,05 6,60 368,334 0,69 6,23 2.767,19 0,43 4,79Dezembro 301,909 0,70 4,60 370,485 1,47 7,89 374,815 1,76 7,75 2.794,03 0,97 5,16

2008Janeiro 304,850 0,97 4,90 374,139 0,99 8,49 378,900 1,09 8,38 2.813,31 0,69 5,36Fevereiro 304,862 0,00 4,55 375,558 0,38 8,65 380,906 0,53 8,67 2.826,81 0,48 5,43Março 306,220 0,45 4,52 378,194 0,70 9,18 383,731 0,74 9,10 2.841,23 0,51 5,50Abril 308,433 0,72 4,95 382,414 1,12 10,24 386,380 0,69 9,81 2.859,41 0,64 5,90Maio 311,115 0,87 5,59 389,585 1,88 12,14 392,592 1,61 11,53 2.886,86 0,96 6,64Junho 313,512 0,77 5,96 396,954 1,89 13,96 400,382 1,98 13,44 2.913,13 0,91 7,28Julho 315,173 0,53 6,23 401,406 1,12 14,81 407,446 1,76 15,12 2.930,03 0,58 7,56Agosto 315,619 0,14 5,93 399,870 (0,38) 12,80 406,127 (0,32) 13,63 2.936,18 0,21 7,15Setembro 315,327 (0,09) 5,60 401,327 0,36 11,90 406,557 0,11 12,31 2.940,58 0,15 7,04Outubro 316,805 0,47 5,95 405,707 1,09 12,29 410,524 0,98 12,23 2.955,28 0,50 7,26Novembro 318,588 0,56 5,52 405,185 0,07 11,20 412,104 0,38 11,88 2.966,51 0,38 7,20Dezembro 320,244 0,52 6,07 404,185 (0,44) 9,110 411,575 (0,13) 9,81 2.975,11 0,29 6,48

Page 122: Guia_PwC_DFC_2010-2011

PwC122

Período Índice de Preços ao Consumidor

Fundação Getúlio Vargas (IPC-FGV )

Variação acumulada - % Índice Geralde Preços -

Disponibilidade Interna (IGP-DI)

Variação acumulada - % Índice Geral dePreços Mercado

(IGP-M)

Variação acumulada - % Índice Nacional dePreços ao

Consumidor (INPC)

Variação acumulada - %

No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses

2009Janeiro 322,906 0,83 5,92 404,244 0,01 8,05 409,782 (0,44) 8,15 2.994,15 0,64 6,43Fevereiro 323,596 0,21 6,15 403,737 (0,13) 7,50 410,849 0,26 7,86 3.003,43 0,32 6,25Março 325,563 0,61 6,32 400,353 (0,84) 5,86 407,808 (0,74) 6,27 3.009,44 0,20 5,92Abril 327,099 0,47 6,05 400,530 0,04 4,73 407,181 (0,15) 5,38 3.025,99 0,55 5,83Maio 328,387 0,39 5,55 401,232 0,18 2,99 406,885 (0,07) 3,64 3.044,15 0,60 5,45Junho 328,768 0,12 4,87 399,966 (0,32) 0,76 406,486 (0,10) 1,52 3.056,93 0,42 4,94Julho 329,892 0,34 4,67 397,393 (0,64) (1,01) 404,718 (0,43) (0,67) 3.063,96 0,23 4,57Agosto 330,555 0,20 4,73 397,758 0,09 (0,54) 403,253 (0,36) (0,71) 3.066,41 0,08 4,44Setembro 331,166 0,18 5,02 398,738 0,25 (0,65) 404,945 0,42 (0,40) 3.071,32 0,16 4,45Outubro 331,214 0,01 4,55 398,575 (0,04) (1,76) 405,129 0,05 (1,31) 3.078,69 0,24 4,18Novembro 332,076 0,26 4,23 398,857 0,07 (1,76) 405,548 0,10 (1,59) 3.090,08 0,37 4,17Dezembro 332,884 0,24 3,95 398,407 (0,11) (1,43) 404,499 (0,26) (1,72) 3.097,50 0,24 4,11

2010Janeiro 337,188 1,29 4,42 402,425 1,01 (0,45) 407,049 0,63 (0,67) 3.124,76 0,88 4,36Fevereiro 319,288 0,74 5,04 406,826 1,09 0,77 411,843 1,18 0,24 3,146,63 0,70 4,77Março 342,390 0,86 5,17 409,399 0,63 2,26 415,734 0,94 1,94 3.168,97 0,71 5,30Abril 345,002 0,76 5,47 412,341 0,72 2,95 418,917 0,77 2,88 3.192,10 0,73 5,49Maio 345,730 0,21 5,28 418,811 1,57 4,38 423,885 1,19 4,18 3.205,83 0,43 5,31Junho 344,987 (0,22) 4,93 420,241 0,34 5,07 427,489 0,85 5,17 3.202,30 (0,11) 4,76Julho 344,273 (0,21) 4,36 421,154 0,22 5,98 428,150 0,15 5,79 3.200,06 (0,07) 4,44Agosto 343,992 (0,08) 4,06 425,788 1,10 7,05 431,445 0,77 6,99 3.197,82 (0,07) 4,29Setembro 345,590 0,46 4,36 430,453 1,10 7,95 436,423 1,15 7,77 3.215,09 0,54 4,68Outubro 347,629 0,59 4,96 434,882 1,03 9,11 440,829 1,01 8,81 3.244,67 0,92 5,39NovembroDezembro

Page 123: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 123

Período Índice de Preços ao Consumidor

Fundação Getúlio Vargas (IPC-FGV )

Variação acumulada - % Índice Geralde Preços -

Disponibilidade Interna (IGP-DI)

Variação acumulada - % Índice Geral dePreços Mercado

(IGP-M)

Variação acumulada - % Índice Nacional dePreços ao

Consumidor (INPC)

Variação acumulada - %

No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses No mês 12 meses

2009Janeiro 322,906 0,83 5,92 404,244 0,01 8,05 409,782 (0,44) 8,15 2.994,15 0,64 6,43Fevereiro 323,596 0,21 6,15 403,737 (0,13) 7,50 410,849 0,26 7,86 3.003,43 0,32 6,25Março 325,563 0,61 6,32 400,353 (0,84) 5,86 407,808 (0,74) 6,27 3.009,44 0,20 5,92Abril 327,099 0,47 6,05 400,530 0,04 4,73 407,181 (0,15) 5,38 3.025,99 0,55 5,83Maio 328,387 0,39 5,55 401,232 0,18 2,99 406,885 (0,07) 3,64 3.044,15 0,60 5,45Junho 328,768 0,12 4,87 399,966 (0,32) 0,76 406,486 (0,10) 1,52 3.056,93 0,42 4,94Julho 329,892 0,34 4,67 397,393 (0,64) (1,01) 404,718 (0,43) (0,67) 3.063,96 0,23 4,57Agosto 330,555 0,20 4,73 397,758 0,09 (0,54) 403,253 (0,36) (0,71) 3.066,41 0,08 4,44Setembro 331,166 0,18 5,02 398,738 0,25 (0,65) 404,945 0,42 (0,40) 3.071,32 0,16 4,45Outubro 331,214 0,01 4,55 398,575 (0,04) (1,76) 405,129 0,05 (1,31) 3.078,69 0,24 4,18Novembro 332,076 0,26 4,23 398,857 0,07 (1,76) 405,548 0,10 (1,59) 3.090,08 0,37 4,17Dezembro 332,884 0,24 3,95 398,407 (0,11) (1,43) 404,499 (0,26) (1,72) 3.097,50 0,24 4,11

2010Janeiro 337,188 1,29 4,42 402,425 1,01 (0,45) 407,049 0,63 (0,67) 3.124,76 0,88 4,36Fevereiro 319,288 0,74 5,04 406,826 1,09 0,77 411,843 1,18 0,24 3,146,63 0,70 4,77Março 342,390 0,86 5,17 409,399 0,63 2,26 415,734 0,94 1,94 3.168,97 0,71 5,30Abril 345,002 0,76 5,47 412,341 0,72 2,95 418,917 0,77 2,88 3.192,10 0,73 5,49Maio 345,730 0,21 5,28 418,811 1,57 4,38 423,885 1,19 4,18 3.205,83 0,43 5,31Junho 344,987 (0,22) 4,93 420,241 0,34 5,07 427,489 0,85 5,17 3.202,30 (0,11) 4,76Julho 344,273 (0,21) 4,36 421,154 0,22 5,98 428,150 0,15 5,79 3.200,06 (0,07) 4,44Agosto 343,992 (0,08) 4,06 425,788 1,10 7,05 431,445 0,77 6,99 3.197,82 (0,07) 4,29Setembro 345,590 0,46 4,36 430,453 1,10 7,95 436,423 1,15 7,77 3.215,09 0,54 4,68Outubro 347,629 0,59 4,96 434,882 1,03 9,11 440,829 1,01 8,81 3.244,67 0,92 5,39NovembroDezembro

Page 124: Guia_PwC_DFC_2010-2011

PwC124

Evolução de taxas de câmbio, índices de inflação e juros3. Taxas de juros

Período Taxa SELIC - percentual ao mês

Variação acumulada -

percentual 12 meses

Taxa CDI - percentual ao

mês

Variação acumulada -

percentual 12 meses

2007Janeiro 1,08 14,68 1,08 14,64Fevereiro 0,87 14,37 0,87 14,33Março 1,05 13,95 1,05 13,92Abril 0,94 13,79 0,94 13,76Maio 1,03 13,51 1,02 13,47Junho 0,91 13,21 0,90 13,15Julho 0,97 12,98 0,97 12,93Agosto 0,99 12,68 0,99 12,64Setembro 0,80 12,39 0,80 12,36Outubro 0,93 12,21 0,92 12,17Novembro 0,84 12,01 0,84 11,97Dezembro 0,84 11,85 0,84 11,81

2008Janeiro 0,93 11,68 0,92 11,64Fevereiro 0,80 11,60 0,80 11,56Março 0,84 11,37 0,84 11,33Abril 0,90 11,33 0,90 11,28Maio 0,88 11,16 0,87 11,12Junho 0,96 11,22 0,95 11,17Julho 1,07 11,33 1,06 11,27Agosto 1,02 11,36 1,01 11,30Setembro 1,10 11,69 1,10 11,63Outubro 1,18 11,97 1,17 11,90Novembro 1,02 12,17 1,10 12,19Dezembro 1,12 12,48 1,11 12,49

Page 125: Guia_PwC_DFC_2010-2011

Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa 125

Período Taxa SELIC - percentual ao mês

Variação acumulada -

percentual 12 meses

Taxa CDI - percentual ao

mês

Variação acumulada -

percentual 12 meses

2009Janeiro 1,05 12,61 1,04 12,63Fevereiro 0,86 12,68 0,85 12,68Março 0,97 12,83 0,97 12,83Abril 0,84 12,76 0,84 12,76Maio 0,77 12,64 0,77 12,65Junho 0,76 12,41 0,75 12,42Julho 0,79 12,10 0,78 12,11Agosto 0,69 11,74 0,69 11,76Setembro 0,69 11,28 0,69 11,31Outubro 0,69 10,74 0,69 10,78Novembro 0,66 10,35 0,66 10,29Dezembro 0,73 9,92 0,72 9,87

2010Janeiro 0,66 9,50 0,66 9,46Fevereiro 0,59 9,21 0,59 9,17Março 0,76 8,98 0,76 8,95Abril 0,67 8,80 0,66 8,75Maio 0,75 8,77 0,75 8,73Junho 0,79 8,81 0,79 8,77Julho 0,86 8,88 0,86 8,86Agosto 0,89 9,10 0,89 9,08Setembro 0,85 9,27 0,84 9,24Outubro 0,81 9,40 0,81 9,37NovembroDezembro

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Prezado leitor,

Com a finalidade de aprimorar o conteúdo desta publicação para as próximas edições, gostaríamos de saber qual sua opinião sobre o “Guia 2010/2011 de Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa”. Para tanto, solicitamos sua gentileza em responder o questionário abaixo e nos enviar pelos Correios por meio desta Carta-Resposta.

Agradecemos sua colaboração!

1. Quais as seções de seu maior interesse?

Contexto macroeconômico Contexto normativo Contexto tributário Sinopse Normativa Nacional Sinopse Normativa Internacional Sinopse Normativa Legislativa Evolução das taxas de câmbio Evolução dos índices de inflação Evolução das taxas de juros Suplemento ao Guia - Checklist de divulgação IFRS/CPC - 2010

2. O conteúdo da(s) seção(ões) de seu interesse é suficiente e adequado para atender suas necessidades?

Sim Não

3. Se não, quais alterações você sugere?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. As informações sobre as alterações normativas, tributárias e regulatórias são suficientes?

Sim Não 5. Se não, quais as alterações você sugere?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Qual(is) o(s) tema(s) que você gostaria de ver publicado(s) nas próximas edições?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

7. De forma geral, você considera esta publicação:

Excelente Ótima Boa Regular Ruim

Serri

lha

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Remetente:

Endereço:Carta-resposta

não é necessário selar

O selo será pago por PwCAC Água Branca05001-999 - São Paulo

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O Guia 2010/2011: Demonstrações Financeiras e Sinopse Legislativa é uma publicação anual editada pelos sócios e colaboradores da PwC e dirigida aos nossos clientes e profissionais.

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