guia sobre direito autoral da música

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Monografia do Curso de Graduação em Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense - UFF

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    Ao meu Senhor Jesus Cristo, por registrar o seu amor no corao dos homens que lhe obedecem.

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    Agradecemos aos representantes Joo Batista Vianna (OMB), Victor Neto (SindMusi), Joo

    Guilherme Ripper (UFRJ), Jaury N. de Oliveira (EDA), Glauceni (AMAR), Mrcio de Oliveira Fernandes

    (ECAD), Jacqueline Rosa Reis (ABRAC), Maria Isabel Ceperuelo e Conceio(UBC) Carlos Jos e

    Joaquim Antnio Candeias Jr. (SOCINPRO), Dr. Ivo (SBACEM), Sodr (SICAM), Luiz Anchieta (ANACIM),

    Haroldo Bastos (SADEMBRA) Francisco Ribeiro (ABRAMUS) e funcionrios de outros rgos por nos

    terem fornecido material para que a pesquisa fosse realizada, como boletins, jornais, folhetos, revistas e

    quaisquer outros informes que colhemos nas instituies.

    Um agradecimento especial Orientadora do nosso trabalho, Professora Maria Teresa Mattos de

    Moraes, que, mesmo sendo especialista na rea do Cinema, soube conciliar a orientao com o

    aprendizado, pois a msica e as artes audiovisuais so praticamente "parentes", e andam bem juntas!

    Lembramo-nos com gratido da banca examinadora, formada pela Orientadora e pelos

    professores Alfredo Dolcino Motta e Francisco Frias, por terem tido a pacincia de ler todas as pginas do

    guia e avaliar da melhor maneira, j que so profundos conhecedores do meio, visto que o primeiro

    professor de Seminrios Experimentais em Produo Cultural, lecionando o Direito Autoral na rea

    musical, e o outro, msico.

    No podemos deixar de citar os familiares, que patrocinaram a realizao desse guia: Dr Angela

    Dornelles, me do aluno Marcos Alexandre, e o "paitrocinador" Roberto Luiz Rego da Silva. Curiosamente,

    a primeira advogada e o outro, msico percussionista do grupo de samba Sanhao, ramos semelhantes

    s especialidades dos dois professores que fizeram parte da banca examinadora.

    No entendemos como coincidncia ou obra do acaso, mas atribumos o sucesso desse trabalho

    mo de Deus, que na verdade o dono dele e nos usou como instrumento para que colaborssemos

    com sua grandiosa obra. Ele, o autor de toda a criao.

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    INTRODUO/9

    ABORDAGEM HISTRICA/11

    Captulo I

    PROFISSIONALIZAO DO MSICO

    I. 1 Ordem dos Msicos do Brasil (OMB)

    I. 2 Sindicato dos Msicos Profissionais do Rio de Janeiro (SindMusi)

    Captulo II

    REGISTRO DE OBRAS/33

    II. 1 Escritrio de Direitos Autorais (EDA)

    II. 2 Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    II. 3 Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI)

    Captulo III

    SISTEMA DE ARRECADAO E DISTRIBUIO

    III. 1 Escritrio Central de Arrecadao e Distribuio (ECAD)

    III. 2 Sociedades de Gesto ou de Administrao Coletiva de Direitos do Autor

    III. 2. 1 Associao Brasileira de Autores, Compositores, Intrpretes e Msicos (ABRAC)

    III. 2. 2 Associao de Msicos, Arranjadores e Regentes (AMAR)

    III. 2. 3 Sociedade Brasileira de Administrao e Proteo de Direitos Intelectuais (SOCINPRO)

    III. 2. 4 Unio Brasileira de Compositores (UBC)

    III. 2. 5 Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (SICAM)

    III. 2. 6 Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Msica (SBACEM)

    III. 2. 7 Associao Nacional de Autores, Compositores e Intrpretes (ANACIM)

    III. 2. 8 Associao Brasileira de Regentes, Arranjadores e Msicos (ABRAMUS)

    CONCLUSO

    APNDICE Glossrio REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    impossvel o registro de idias. Entretanto, quando uma pessoa consegue represent-las num

    suporte material, tal feito se torna a comprovao de que ela foi capaz de externar algo que proveio do

    intelecto. Logo, poder registrar a representao da idia como sua e angariar, com isso, o

    reconhecimento da anterioridade do registro. Mas ser que a sociedade costuma reconhecer a autoria dos

    criadores? Ser que a sociedade tem, de fato, interesse em remunerar como devia a criao alheia?

    Vejamos os seguintes exemplos. Millet e Strauss. Aps a morte do primeiro, viu-se que suas obras foram

    vendidas por cifras astronmicas, engordando os bolsos dos leiloeiros e enchendo de prestgio os

    colecionadores, enquanto seus filhos assistiam ao mesmo leilo bem maltrapilhos, tamanha era a pobreza

    em que se encontravam. E a filha de Strauss, que morria de fome enquanto uma opereta de autoria dele

    rendia milhes aos empresrios. H vrios exemplos bem perto de ns, como o de um famoso

    personagem do cenrio da msica que, se aproveitando da ingenuidade de um compositor, comprou a

    msica "A Praa", dando a ela uns retoques e a registrou como sua, tentando praticar o impossvel a

    transferncia dos direitos morais. Portanto, percebemos que j h uma dificuldade por parte da sociedade

    de reconhecer a obra. Sendo assim, mecanismos institucionais de defesa devem ser utilizados, no s os

    concernentes questo autoral, mas a profissionalizao e sindicalizao.

    O desconhecimento musical vai alm da simples ignorncia em relao leitura de uma partitura

    musical. Especificamente no caso de alguns compositores brasileiros, notria a falta de conhecimento

    dos direitos que possuem. preciso que o profissional da msica esteja informado sobre os trmites

    legais que regularizam sua situao perante a lei, mesmo que no se interesse pelo saber jurdico. Por

    isso que o guia traz, numa linguagem acessvel, esse conhecimento, ensinando os primeiros passos do

    Direito Autoral, especificando parte musical.

    No se trata de um sistemtico mtodo hermenutico quanto lei 9.610/98, que a lei do Direito

    Autoral. Decerto que esta ser constantemente abordada, mas no enfatizada como um fator precpuo de

    orientao ao msico que estudar este guia. H um compromisso de nossa parte em informar sobre as

    seguintes fases: profissionalizao (Ordem dos Msicos do Brasil), sindicalizao (Sindicato dos Msicos

    do Brasil), registro de obras e nome de banda (Escritrio dos Direitos Autorais, Escola de Msica da

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    Universidade do Federal do Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) e filiao ao

    sistema de arrecadao e distribuio (Escritrio Central de Arrecadao e Distribuio e Sociedades de

    Gesto ou de Administrao Coletiva de Direito do Autor). Com exceo da Sadembra (Sociedade

    Administradora de Direitos de Execuo Musical no Brasil), que estava envolvida em problemas com o

    ECAD na ocasio em que foi feito esse guia, todas as sociedades que atuam no Rio de Janeiro foram

    citadas.

    Encetando o guia, optamos por fazer uma breve abordagem histrica sobre o direito autoral, e,

    como encerramento do trabalho, o leitor encontrar um glossrio contendo expresses tcnicas. Elas

    estaro grifadas, no decorrer do texto, em negrito.

    Quem estiver lendo-o deve tomar cincia de que ele foi feito respeitando a ordem cronolgica do

    caminho da regularizao do msico em relao aos meandros burocrticos.

    A maioria dos captulos contm entrevistas de diretores, presidentes, supervisores, ou qualquer

    outro representante de cargos de importncia nos rgos. Alguns captulos trazem, ao trmino, formulrios

    de registro, tabelas e modelos de documento de filiao. Os formulrios podero servir de modelo para

    que enviem os dados para os respectivos escritrios e registrem suas obras. O guia tem a utilidade nica

    da consulta, mas serve tambm como ferramenta de trabalho.

    A exemplo do governo Lula, que escolheu um compositor, msico e intrprete para ser o Ministro da

    Cultura, todas as reas que burocratizam a arte e a cultura tambm procuram artistas, para que estes

    estejam envolvidos na chefia de departamentos similares. E s ocuparo essas funes os conhecedores

    do ramo musical capacitados. Nestes conhecimentos gerais, esto englobados o direito autoral, a

    categoria profissional e a unio da classe para pleitear por seus direitos. O prprio ministro Gilberto Gil j

    foi vice-presidente da SICAM (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais). Esse guia

    um bom comeo para se conhecer esse universo.

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    No Brasil, a primeira agremiao responsvel pela arrecadao de direitos autorais, criada em

    1917, era responsvel pelo direito autoral da rea teatral e seus congneres. Chamava-se Sociedade

    Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Em torno dela, muitos msicos tambm pleiteavam um cuidado

    melhor pelo pequeno direito (ou direito no dramtico, no qual estava includo o da rea musical que no

    estivesse atrelada a uma pea teatral). At que resolveram fundar outra Sociedade, a Associao

    Brasileira de Compositores e Autores (ABCA), para que olhassem para a msica como um todo, e no

    apenas como parte complementar de uma obra teatral.

    Entretanto, no livro Aquarela do Direito Autoral, de Oswaldo Santiago (um dos fundadores da

    ABCA), no capitulo que versa sobre as sociedades de Autores, vemos que existiram os Calabares, isto ,

    traidores da nova concepo autoral da rea musical, e retornaram SBAT. Contudo, na prpria SBAT

    houve a conscincia por parte dos que ficaram que era necessria a criao de um Departamento de

    Compositores que, a exemplo da ABCA, acabou se emancipando da SBAT e se transformando em UBC

    (Unio Brasileira de Compositores), que acabou se entendendo com a ABCA e formando, assim, a

    primeira Sociedade de Autores do Brasil. Oswaldo Santiago nos ensina em seu livro que autor teatral e

    compositor, apesar de parentes, so de famlias distintas.

    Seria justo perguntar qual o direito mais importante? O menor ou o maior? No. Mas o direito

    considerado menor o atribudo rea musical. Todavia, o que arrecada mais! Observe os saltos das

    cifras arrecadas por esse direito considerado menor, pautando-nos na Societ des Auteurs,

    Compositeurs et Editeurs de Musique, na Frana, um dos beros do Direito Autoral, ao obter rendimentos

    maiores que os teatrlogos. Em 1851, foi de 14.403,40 francos, dando um salto para 3.500.000,00 de

    francos em 1907.

    A histria de arrecadao de Direitos Autorais nos remete, de fato, Europa e, para ser mais

    exato, Revoluo Francesa. Mas foi a rainha Ana da Inglaterra que baixou a primeira lei do direito do

    autor, entrando em vigor em 1710. Entretanto, foi a Frana que proclamou de fato o direito do autor,

    reconhecendo-o como forma de propriedade. Em 1791 foi fundado o primeiro escritrio de arrecadao

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    dos Direitos Autorais, sob o nome de Bureau Dramatique. Ele no restringia os autores de cobrar seus

    direitos individualmente. Todavia, sugeriu a idia de fazer a cobrana coletivamente, criando tambm

    tabelas para a padronizao de preos, com o cuidado de no estarem agindo como um trust ou

    monoplio. Ele estava sendo acusado pelos diretores e donos de teatro insatisfeitos com a cobrana

    justamente de monopolizador. Por isso, deixou bem claro que no existia nenhuma corporao, e que os

    autores estavam livres para agir como quisessem. Com o passar do tempo, os autores comearam a

    ocupar o Bureau Dramatique, pois ele era conduzido por um agente de nome Framery, que os orientava a

    partir da lei de 19 de julho de 1793. Quando se tornaram experts no assunto, assumiram a gerncia do

    Bureau. Com a legitimizao do referido rgo, surgiria uma contenda que iria se repetir em vrios pases.

    Junto com criao dos escritrios de arrecadao, eram formadas as sociedades de autores. No incio, as

    sociedades cuidavam das obras em geral, mas priorizando o teatro. A divergncia entre o grande direito

    (isto , nas peas de teatro, ballet, coreografias, peras e operetas, etc.) e o pequeno direito ocorria

    porque os autores teatrais tratavam a msica como apenas uma parte do direito da rea teatral, enquanto

    os msicos, editores e compositores reivindicavam mais desvelo para com suas obras musicais.

    Em princpio, a arrecadao se dava sem problemas, mas depois, os autores teatrais se achavam

    donos da Sociedade, e os msicos acabavam querendo se emancipar da sociedade original, como

    ocorreu no Brasil. No caso da Frana, s uma sociedade, a Socit ds Auteurs et Compositeurs

    Dramatiques, que amparava e disciplinava os interesses dos dramaturgos e musicistas que compunham

    para o teatro. Os msicos compositores de canonetas, fantasias, ouvertures e msicas de danas,

    sentindo necessidade de mais ateno para o direito autoral da rea musical, criaram a SACEM (Socit

    ds Auteurs, Compositeurs et Editeurs de Musique). Havia dois motivos motivadores de problemas na

    arrecadao: a clientela antiga (donos de teatro) j habituados a pagar primeira, no concordaram com a

    mudana de hbito; e os novos clientes (donos de cabars, cafs cantantes, hotis e estabelecimentos

    musicais), no acostumados a pagar ningum, no concordaram com o hbito. O problema se amenizou

    quando cada uma sociedade traou as fronteiras nas zonas de influncia, ou seja, a primeira ficava

    responsvel s pelo pequeno direito, enquanto a segunda, pelo grande direito.

    No Brasil no foi diferente. Em 1945, UBC com a SBAT, trabalharam juntas, deixando contendas

    de lado, arrecadando para o pequeno direito 66,6% e, para o grande direito, 33,3% de tudo o que foi

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    arrecadado. Percebemos que, atualmente, no deveria se referir ao direito da rea musical de "pequeno",

    j que atualmente ele representa uma arrecadao de considervel monta pecuniria.

    A histria da criao das primeiras sociedades foi semelhante da Frana. Mas a eficcia,

    infelizmente, no foi copiada. Talvez pelo excesso de dissidncias que o nosso direito autoral da rea

    musical tenha enfrentado. No s a Frana, mas Alemanha, Argentina, ustria, Romnia e Chile tambm

    tiveram problemas em termos de unidade em relao a agremiaes autorais. Todavia, cada pas tem

    duas ou trs sociedades, no mximo. No Brasil, s na rea musical, temos dez, fora algumas menores que

    no tm mais vnculo com o Escritrio Central de Arrecadao e Distribuio que passa s sociedades o

    dinheiro arrecadado na cobrana dos direitos autorais, e estas repassam aos autores.

    Os EUA, como no podia deixar de ser, se destacam em termos de arrecadao do Direito

    Autoral, porque, alm de terem sistemas superavanados em termo de tecnologia para o registro de

    Direito Autoral, como o caso do Copyright, contam com sua peculiar interveno cultural, atravs dos

    cinemas, comerciais de TV que sempre so veiculados atrelados msica norte-americana. Entretanto,

    no deixou de ter os seus populares problemas com o direito autoral, mas, no fugindo regra, acaba por

    prejudicar mais os pases subdesenvolvidos do que a si prprio. Para exemplificar, podemos citar a

    ASCAP (American Society of Composers), sociedade fundada em 1914 por Victor Herbert e a APRS

    (American Performing Right Society), dirigida pelo Sr. Ralph Peer. A primeira possua, em 1950, uma

    arrecadao de 12 milhes de dlares anuais, enquanto que a segunda visa justamente essa fatura, que

    se entende na seguinte explicao: as emissoras filiadas Broadcasting Music Corparation, para fugirem

    do pagamento ASCAP, do o dinheiro Mr. Peer, que contrata editores, funda sociedades-fantoches em

    pases, dando um jeitinho americano para que se ache brechas no arrecadao do direito autoral em

    nvel mundial. H indcios que existem sociedades brasileiras segundo o modelo inventado por Sr. Ralph

    Peer. Mas melhor no nos aprofundarmos nesse assunto. Cremos que a continuidade dessa histria,

    ainda que tenha havido muita polmica, o que os autores, intrpretes e msicos executantes realizem,

    e j realizam, aes que visem a resguardar seus direitos, e elas esto descritas nesse guia que nada

    mais que um manual de ao.

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    O QUE ?

    Ordem um rgo de carter autrquico, destinado seleo, defesa, disciplina e

    fiscalizao de uma categoria profissional em toda a Repblica, dividido em seces com sede na capital

    de cada Estado, e onde eles, respectivamente, so obrigados a inscrever-se, para que possam exercer a

    profisso. Os diversos ramos artsticos, ao se tornarem o meio de sobrevivncia de um artista, tendem a

    assumir carter profissional. Sendo assim, inevitvel a formao de Sindicatos, Ordens e Associaes.

    Tratando-se de msicos, necessrio saber, dentre outras coisas, quais aqueles a serem classificados

    como tal, j que os msicos s podero exercer a profisso depois de regularmente registrados no rgo

    competente do Ministrio da Educao e Cultura e no Conselho Regional dos Msicos sob cuja jurisdio

    estiver compreendido o local de sua atividade. As garantias que os msicos tm quando se tornam

    profissionais ao pagarem a anuidade do Sindicato, aps terem feito carteira da OMB, e os campos de

    atuao da profisso esto respaldados pela lei n 3.857 de 22 de dezembro de 1960 que cria a Ordem

    dos Msicos do Brasil (OMB) e dispe sobre a regulamentao do exerccio da profisso do msico e d

    outras providncias.

    Segundo a lei, msico profissional (leia-se "indivduo com livre exerccio da profisso de msico")

    so: os diplomados pela Escola Nacional de Msica da Universidade do Brasil, ou por estabelecimentos

    equiparados ou reconhecidos; os diplomados pelo Conservatrio Nacional de Canto Orfenico; os

    diplomados por conservatrios, escolas ou institutos estrangeiros de ensino superior de msica,

    legalmente reconhecidos (desde que tenham revalidados os seus diplomas no pas na forma da lei); os

    professores catedrticos e os maestros de renome internacional que dirijam ou tenham dirigido orquestras

    ou coros oficiais; os alunos dos dois ltimos anos dos cursos de composio, regncia ou de qualquer

    instrumento da Escola Nacional de Msica ou estabelecimentos equiparados ou reconhecidos; os msicos

    de qualquer gnero ou especialidade que estejam em atividade profissional devidamente comprovada, na

    data da publicao da presente lei; e os msicos que foram aprovados em exame prestado perante banca

    examinadora, constituda de trs especialistas, no mnimo, indicados pela OMB e pelos sindicatos de

    msicos do local e nomeados pela autoridade competente do Ministrio do Trabalho e Previdncia Social.

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    O mercado de trabalho um dos mais exigentes. Entrar nele sempre um desafio. Para melhor

    esclarecer o que consiste a carreira do msico, entendemos que a pessoa com aptides para a criao,

    composio, interpretao e execuo de melodias pode se tornar um profissional. O msico popular pode

    atuar como instrumentista, arranjador, em atividades diversas. Ele deve estar capacitado a avaliar tanto os

    aspectos prticos quanto tericos da atividade musical. O msico erudito atua nas reas de composio,

    regncia e instrumento. Poder compor e interpretar msica com variadas funes, dirigir ou executar

    msica coral e/ou orquestral; estudar msica em seu aspecto terico e histrico, assim como sua

    aplicao aos meios tecnolgicos de comunicao. O msico com formao popular pode trabalhar em

    rdio, televiso, cinema, shows e espetculos e agncias de publicidade. A rea de jingles para

    publicidade e trilhas sonoras para o cinema a que mais cresceu nos ltimos anos. O msico erudito atua

    na regncia de orquestras e/ou coros; na composio instrumental ou vocal, camerstica e orquestral; na

    elaborao de trilhas sonoras. Tambm pode lecionar em escolas de msica ou instituio de ensino

    superior. Um campo em expanso a pesquisa da linguagem musical por meio de computadores. O

    salrio inicial, segundo a OMB, est em torno de R$750.

    Em virtude dessa classificao to vasta e abrangente que se tornou imprescindvel criao da

    OMB.

    Os Conselhos da OMB so de carter Regional e Federal. O Federal administra os demais

    conselhos, e possui vrias atribuies, como, por exemplo, promover quaisquer diligncias ou verificaes,

    relativas ao funcionamento dos Conselhos Regionais dos Msicos, nos Estados ou Territrios e Distrito

    Federal e adotar, quando necessrias, providncias convenientes a bem da sua eficincia e regularidade,

    inclusive a designao da diretoria provisria; propor ao Governo Federal a emenda ou alterao do

    regulamento desta lei; expedir as instrues necessrias do bom funcionamento dos Conselhos Regionais;

    fixar a anuidade a vigorar em cada Conselho Regional, por proposta deste; aprovar o oramento; etc..

    Vamos nos ater especificamente aos Conselhos Regionais.

    Observe as atribuies de um Conselho Regional :

    deliberar sobre a inscrio e cancelamento no quadro do Conselho, cabendo recurso, no

    prazo de 30 (trinta dias), contados, da cincia, para o Conselho Federal;

    manter um registro dos msicos, legalmente habilitados, com exerccio na respectiva regio;

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    fiscalizar o exerccio da profisso de msicos;

    conhecer, apreciar e decidir sobre os assuntos atinentes tica profissional, impondo as

    penalidades que couberem;

    elaborar a proposta do seu regimento interno submetendo-a aprovao do Conselho

    Federal;

    aprovar o oramento anual;

    expedir carteira profissional;

    velar pela conservao da honra e da independncia do Conselho e pelo livre exerccio legal

    dos direitos dos msicos;

    publicar os relatrios anuais de seus trabalhos e as relaes dos profissionais registrados;

    exercer os atos de jurisdio que por lei lhes sejam cometidos; e

    admitir a colaborao dos sindicatos e associaes profissionais, nas matrias previstas nas

    letras anteriores.

    O patrimnio dos Conselhos Regionais ser constitudo de: taxa de inscrio; 2/3 (dois teros) da

    taxa de expedio de carteiras; 2/3 (dois teros) das anuidades pagas pelos msicos inscritos no

    Conselho Regional; 2/3 (dois teros) das multas aplicadas; doaes e legados; subvenes oficiais, bens e

    valores adquiridos.

    COMO SE TORNAR UM MEMBRO

    Quando o msico est a fim de tornar-se um profissional dentro dos termos da lei, prepara-se para

    uma prova, que consiste na execuo de um instrumento musical perante uma banca examinadora. Alm

    disso, o candidato deve estar munido dos seguintes documentos:

    certido de nascimento ou casamento;

    cadastro de Pessoa Fsica (CPF);

    carteira de identidade;

    certificado de reservista;

    ttulo de eleitor; e

    duas fotos 3x4 e comprovante de residncia.

  • 15

    A carteira da OMB valer como documento de identidade e ter f pblica. Se o msico exerce

    temporariamente a sua profisso em outro Estado deve apresentar a carteira profissional para ser visada

    pelo Presidente do Conselho Regional desta jurisdio. Mas se o msico inscrito no Conselho Regional de

    um Estado passar a exercer por mais de 90 (noventa) dias atividades em outro Estado, dever requerer

    inscrio no Conselho Regional da jurisdio deste. Todo aquele que, mediante anncios, cartazes,

    placas, cartes comerciais ou quaisquer outros meios de propaganda se propuser ao exerccio da

    profisso de msico, em qualquer de seus gneros e especialidades, fica sujeito, segundo a lei n 3.857de

    1960, s penalidades aplicveis ao exerccio ilegal da profisso, se no estiver devidamente registrado. A

    taxa de exame custa R$10,00, e, aps o exame, uma anuidade de R$201,00.

    COMENTRIO ADICIONAL

    Se parece caro a atitude de se tornar um profissional, se voc um msico que est querendo

    uma carreira sem a preocupao de ter que enfrentar a fiscalizao dos funcionrios da OMB que esto

    espalhados pelo pas, todos esses procedimentos e custas podem sair barato. Os funcionrios da OMB de

    outros Estados j apreenderam carteira dos msicos que no mantiveram a mensalidade em dia. A OMB

    pode multar os msicos que no esto regularizados, estejam eles fazendo shows ou dando aula.

    preciso esclarecer que a OMB no foi criada com o sentido estrito de fiscalizar a ao dos

    msicos de maneira rgida. Ela serve para coibir a desvalorizao do msico nacional em relao aos

    msicos estrangeiros. Consultando a Coletnea de Legislao da Comunicao Social de Marcos Alberto

    Sant'Anna Bitelli, observamos a lei n 3.857 de 1960, no art. 52:

    "Os msicos devidamente registrados no pas s trabalharo nas orquestras

    estrangeiras, em carter provisrio e em caso de fora maior ou de enfermidade

    comprovada de qualquer dos componentes das mesmas, no podendo o substituto

    em nenhuma hiptese, perceber proventos inferiores ao do substitudo". 1

    Encontramos, tambm, na mesma lei toda a gama de prerrogativas que asseguram ao msico o

    direito previdncia e penses, sendo o msico de vnculo empregatcio ou no, alm das indenizaes

    que o contratante est sujeito a dar decorrentes das leis de proteo ao trabalho, das taxas de seguro

    1 BITELLI, Marcos Alberto Sant'anna. Coletnea de legislao Cultural/Constituio Federal. So Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2002.p. 220

  • 16

    sobre acidentes do trabalho, das contribuies da previdncia social e de outras estabelecidas por lei.

    Ainda descreve o depsito bancrio no Banco do Brasil quando houver envio de importncia pecuniria "

    ordem da autoridade competente do Ministrio do Trabalho e Previdncia Social, da importncia igual a

    uma semana dos ordenados de todos os profissionais contratados" para que consolide a aquisio do

    espetculo de um msico dentro dos termos da lei.

    Os msicos devem ficar atentos s notas contratuais, que so formulrios que todos os grupos

    musicais precisam preencher, pois para se apresentarem publicamente, devem informar o nome dos

    integrantes e o nmero de inscrio na Ordem. Os fiscais s autorizam o espetculo se os msicos

    estiverem em dia com as anuidades. Caso contrrio, o show no pode acontecer e, se ocorrer, a casa

    promotora do evento multada. A nota contratual obtida na OMB, custando R$2,50, num jogo de cinco

    vias. A nota coletiva.

    ENTREVISTA COM PRESIDENTE DA OMB

    JOO BATISTA VIANNA

    O que a OMB?

    Ordem dos Msicos, que foi criada pela lei 3.857 com a finalidade disciplinar de regulamentar e

    fiscalizar. o rgo fiscalizador da profisso. formado por um Conselho Federal em Braslia e os

    Conselhos nos Estados. ao conselho estadual que o msico paga anuidade. Para entrar para a OMB, o

    msico tem que fazer um teste a nvel profissional prtico ou fazer o exame completo. Este feito com

    uma prova por escrito sobre teoria, solfejo, tonalidade, acorde, enfim, tudo que se precisa saber para que

    o msico tenha carteira profissional. Antes, existia a carteira temporria, criada em Braslia. Eu batalhei

    para que o msico tivesse a carteira definitiva para o msico, com a mesma validade. O msico vem

    Ordem, faz um teste com seu prprio instrumento musical. Se for trombonista, tocar seu trombone. Ter

    que tocar trs msicas. Se tocar a primeira muito bem, a banca o dispensa de executar as outras duas.

    Eu, a professora de msica Aracy e a cantora Clia que compomos a banca examinadora.

    E no caso de instrumentos maiores, como o de instrumentos de percusso?

  • 17

    Ns temos instrumentos de percusso, mas se o msico quiser trazer o seu, que fique vontade! At o

    pessoal de Escola de Samba vem aqui e traz cuca, tamborim...So bons msicos que vm aqui. V-se

    que a msica est no sangue. E toda orquestra tambm tem seus ritmistas. Baterista, tocadores de bong,

    tmpano e outros instrumentos percussivos. Se for bom msico, pode pegar imediatamente a carteira,

    pode pagar INPS e se aposentar tranqilamente. Faz a inscrio no INPS e, mesmo se o msico estiver

    contribuindo com o INPS mensalmente, quando chega a hora de se aposentar, ele deve apresentar uma

    certido comprovando que ele msico, que ele da OMB e est em dia com a Ordem. Se voc tem uma

    inscrio no INPS, mas, no momento de se aposentar, estiver devendo ao INPS, a OMB chega com uma

    ajuda e parcela o dbito dele para que o msico possa se aposentar. Ele se aposenta, mas continua

    pagando. Ele se aposenta como msico autnomo.

    Como feita a fiscalizao? So funcionrios da OMB espalhados em locais de execuo pblica?

    Ns temos nossos fiscais e inspetores em todo o Estado do Rio de Janeiro. Os Conselhos tm suas

    delegacias no interior do Estado. Nela, o Delegado dispe de inspetores fiscais para correr as casas

    noturnas. Todas as delegacias tm seus fiscais inspetores. Os de Rezende, fiscalizam a rea de Rezende,

    e assim sucessivamente. Aqui no Rio, estou mandando fiscalizar fazendo blitz. Sai um carro da Ordem

    com trs ou quatro fiscais inspetores. Chegando na casa, se encontra um msico inadimplente, a primeira

    punio a se aplicar uma advertncia, pedindo para que ele comparea Ordem para regularizar sua

    situao para que possa continuar exercendo sua profisso de msico. Se no puder pagar vista a

    anuidade, permitimos que ele pague prestao.

    Existe apreenso de carteira?

    A meu ver, no temos esse direito. O Conselho, por erro de administrao, apreende at instrumento de msico,

    mas ns imediatamente tomamos providncias. Fui a Braslia, conversar com o Presidente da OMB do

    Conselho Federal, dizer que ele, como rgo federativo, no podia apreender instrumento de msico. a

    ferramenta de trabalho dele. Eu tenho, aqui no Rio, uma relao com o msico de total camaradagem. Se

    no pode pagar, vai pagando em prestaes. Eu criei uma grande amizade com a classe musical.

    A anuidade um fundo em prol da OMB. A que destinado esse fundo?

  • 18

    Um tero da anuidade tem que ir para o Conselho Federal. Os outros dois teros, para manter os

    funcionrios e toda a vida da Ordem. Eu tenho uma arrecadao muito pequena, porque o msico no tem

    tido trabalho. Voc como msico, tem muita dificuldade para arranjar trabalho. Mesmo assim, com o pouco

    que eu recebo, criei, para a OMB, um patrimnio "monstro". Vou te dar a relao do que eu criei, para o

    bem estar do msico. Estou muito tempo na presidncia, mas no devo nada a ningum. Sou militar do

    Exrcito, ganho para viver com a minha famlia. O meu cargo honorfico e tenho que procurar pessoas

    que queiram trabalhar comigo e no procurem depender da OMB. Quero concluir meu ltimo projeto: vinte

    casas para os msicos que esto passando fome. O recanto dos msicos.

    A Lei nos mostra que caso um msico venha trabalhar aqui no Rio que seja de outra jurisdio,

    poder ele permanecer apenas durante 90 dias, mas, se passar disso, deve pedir transferncia.

    Como se d esse processo?

    Aqui no Rio, tem gente trabalhando h cinco anos. Eu no sigo estritamente o que reza a lei nesse sentido

    (sic). Se ele est morando no Rio, ele pode fazer transferncia a hora que ele quiser, mas eu no vou

    obrigar. Se ele est pagando tudo direitinho no Conselho do Estado que ele veio, e morando aqui,

    considero-o dentro da lei. Entretanto, outros Estados so mais rgidos e no permitem que ele continue

    trabalhando se no fizer logo a transferncia, como o caso de Pernambuco. S o tento convencer

    dizendo que aqui no Rio, o patrimnio grande, e ele ter grande benefcio em se transferir para c.

    Como o tratamento da OMB para com os outros msicos considerados pela Lei como

    profissionais especificando os diplomados pela Escola Nacional de Msica da Universidade do

    Brasil, os diplomados pelo Conservatrio de Canto Orfenico, os diplomados por conservatrios,

    universidades e institutos nacionais e estrangeiros de ensino superior de msica, professores

    catedrticos e maestros, sejam eles civis ou militares?

    O msico formado traz o diploma aqui e j sai com a carteira da OMB sem fazer prova. O msico militar foi

    criado pela resoluo 314 pelo presidente do Conselho Federal chamado Mozart em reconhecimento do

    militar chegado banda do Exrcito. Para ficar em permanncia na banda at ir para a reserva, tm que

    saber teoria musical. um msico completo. O msico militar no toca de ouvido. Toca lendo partitura e

    aquilo que j aprendeu e decorou. Qualquer ensaio tem partitura. Eu sei, porque eu tinha um ensaio das

    sete s onze horas, pois sou msico militar. Inclusive ensaiando msicas de peas teatrais, como o

  • 19

    Barbeiro de Sevilha, que encenamos no Exrcito. Em suma, esses msicos devem fazer exame por qu?

    Esto dispensados da prova, mas devem trazer o documento do comando militar, o diploma, certificado do

    mestre da banda etc. para tirar a carteira da OMB.

    Qual a participao da OMB em relaes contratuais?

    Ns no temos relaes contratuais. Muitos dos msicos trazem o contrato apenas para carimbar na

    Ordem. Ns temos sim, a obrigao de zelar por esse contrato. Se vier tona algo que venha prejudicar o

    msico, ns temos juristas que entram em ao para poder no deixar o msico ficar no prejuzo. Tudo

    gratuito, pago pela anuidade dele.

    J que se tratou de cargo honorfico, quais foram seus mritos que fizeram com que voc

    ocupasse seu cargo de presidente da OMB?

    Quando eu servi o exrcito, fui convidado para ser conselheiro da Ordem aqui no Rio de Janeiro. Depois,

    houve a fuso do Rio como Estado da Guanabara. De conselheiro, fui escolhido para ser tesoureiro. O

    embaixador era o Vicente Paulo, Presidente da OMB. E, numa reunio, foi decidido que eu seria o

    Presidente. Quando eu era o tesoureiro, eu resolvia vrios casos para os msicos. Voc vai se

    acostumando, gostando do que voc faz, conhecendo mais ainda uma rea que voc gosta que, no meu

    caso a msica, recebendo medalha, diploma... At que se estabelece pelo prprio reconhecimento da

    classe. A grande amizade no permite nem que voc saia. J fui eleito inclusive vice-presidente do

    Conselho Federal, justamente por tudo isso que eu realizei no Rio.

    OMB

    Av. Almirante Barroso, 72, 7andar, Centro.

    Rio de Janeiro RJ CEP: 20.031-001 Tel.: (021) 2240-3073

  • 20

    O QUE ?

    Sindicato um conjunto de trabalhadores que se organizam para promover seus prprios

    interesses em relaes a empregadores, sobretudo em torno das questes de salrio, promoo,

    condies de trabalho e segurana no emprego. Um profissional brasileiro qualquer tem parte de seu

    salrio descontado para contribuio sindical, de acordo com Constituio e com a Consolidao das Leis

    do Trabalho (CLT), no artigo 579. Mesmo que no fosse obrigatrio por lei, mister enfatizar que a unio

    de uma categoria em Sindicato fortalece o respeito para com uma determinada classe e arregimenta para

    si recursos para fornecer aos seus scios e contribuintes diversos servios. Em se tratando da rea da

    Msica, podemos perceber que o Sindicato dos Msicos do Estado do Rio de Janeiro (SindMusi) tem

    alcanado o seu principal objetivo, que o de regular o mercado de trabalho do msico carioca, dando-lhe

    total orientao quanto s assessorias jurdica e previdenciria, auxlio-funeral e tabela de cachs, alm de

    manter convnio com outras empresas, tais como lojas de instrumentos musicais, cursos, estdios de

    gravao e at mesmo servio de sade. Tudo isso para valorizar o trabalho do msico que,

    parafraseando o Boletim Musical do SindMusi, "trabalha para o lazer dos outros".

    O SindMusi tambm presta auxlio jurdico aos scios. Os seus advogados prestam assessoria

    aos contribuintes em causas trabalhistas, de 2 a 6 feira, somente com hora marcada. Os scios tambm

    contam com atendimento na rea cvel (causas jurdicas que dizem respeito s relaes civis dos cidados

    entre si) e na rea autoral.

    No SindMusi encontraremos esclarecimento sobre os requisitos legais para a representao da

    categoria dos msicos do Estado, perante a sociedade, enquanto classe trabalhista. A questo do INSS

    tambm muito abordada, j que muitos acham que, por estar em dia com a contribuio social, esto em

    dia com a contribuio previdenciria, quando na verdade o msico deve recorrer ao Posto do Seguro

  • 21

    Social de seu bairro para pagar uma quantia equivalente a 20% do salrio mnimo nacional para obterem

    sua aposentadoria como msico.

    COMO SE TORNAR UM MEMBRO

    Como j vimos anteriormente, no captulo que versa sobre a OMB, assim que o msico faz sua

    carteira que o coloca no patamar de um profissional regularizado pela Ordem, ele est apto a se

    sindicalizar. Esta uma opo, no uma obrigao. Como j foi dito, a contribuio sindical (ou social)

    compulsria, e eqivale a quantia de R$79,20 a ser paga na sede do SindMusi, at o dia 28 de fevereiro

    de cada ano. A sindicalizao no obrigatria, mas d ao msico alguns benefcios, como consultas

    mdicas e odontolgicas gratuitas, auxlio funeral, divulgao em veculos de comunicao, descontos em

    estdios, escolas, lojas, alem da utilizao dos servios jurdicos alguns dos nossos servios. Entretanto, o

    mais importante do ato da sindicalizao a participao ativa do msico nas decises que so tomadas

    em prol da categoria profissional. Ele ainda pode ser votado nas eleies da entidade para ocupar cargos

    de diretoria, tesouraria, etc. O valor da anuidade de R$ 46,20.

    COMENTRIO ADICIONAL

    Atualmente, o SindMusi busca aumentar o mercado de trabalho, participando de projetos culturais

    relacionados diretamente com o desenvolvimento da profisso.

    Em anexo, a tabela de cachs mnimos.

    DOCUMENTAO NECESSRIA

    Para registrar-se no SindMusi, o msico deve estar munido com os seguintes documentos:

    a carteira da OMB;

    Carteira de identidade; e

    CPF.

  • 22

    ENTREVISTA COM PRESIDENTE DO SINDMUSI

    VICTOR NETO

    Qual o papel do Sindicato dos Msicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro no cenrio

    musical?

    Existem na categoria de msico duas entidades que regulamentam situao profissional do msico. A

    OMB, cujo papel habilit-lo a exercer a profisso, e o SindMusi, que cuida da parte trabalhista, de

    contrato, de carteira, sendo que o Sindicato do Rio, de umas duas Diretorias para c, tem sua parte

    jurdica atendendo em todas as reas. O no scio atendido como manda a Consolidao das Leis

    Trabalhistas (CLT). Ele tem apenas o considerado primeiro atendimento, isto , alguns esclarecimentos

    sobre como proceder. A gente convida este msico a se associar. As causas, muitas vezes, so pagas

    pelo prprio Sindicato. As taxas da parte judiciria do muita despesa. A situao do SindMusi na parte

    financeira, hoje, no est muito boa. O dinheiro que o Sindicato sobrevive, ou sobreviveu at hoje, foi

    proveniente do art. 53 da lei 3.857, que a lei que cria a OMB. um artigo de proteo ao mercado.

    Ento, todo estrangeiro que vem ao Brasil, e ao Rio de Janeiro, 5% de seu cach tem que ser pago ao

    SindMusi, e 5%, OMB. Ou seja, todo msico estrangeiro tem que depositar 10% do seu cach nos cofre

    da OMB e do Sindicato regionais. Esse dinheiro que tem sustentado o Sindicato por vrios anos.

    Quando acontece o Rock in Rio, por exemplo, o dinheiro arrecadado nesse festival faz com que o

    Sindicato sobreviva uns dois ou trs anos. Na verdade, de anuidade e contribuio sindical, o SindMusi

    no vive. H um ano que no tem vindo msicos estrangeiros de peso ao Brasil. Principalmente ao Rio,

    devido violncia. Ento, a receita do Sindicato foi acabando. Hoje, a situao periclitante. Temos que

    achar uma soluo para no sobreviver apenas de art. 53. algo engraado: msico brasileiro

    sobrevivendo s custas de msico estrangeiro. Agora, somos obrigados a reduzir vrios benefcios que

    ns tnhamos para o scio. At mesmo o quadro de funcionrios tivemos que reduzir. Para que o SindMusi

    no venha a fechar, tivemos que tomar essas medidas de preveno. Pelo o que eu vi em jornais, os

    msicos estrangeiros devem vir ao Brasil, e isso vai nos ajudar.

    O SindMusi fiscaliza os msicos?

    Quem fiscaliza a OMB, mas o Sindicato usa outro artifcio que ele tem que pedir a fiscalizao do

    Ministrio do Trabalho. A gente no usava muito isso porque o quadro de fiscais do MT tambm era fraco,

  • 23

    era pouco e era difcil o SindMusi ficar pedindo toda hora isso. Mas, na atual conjuntura, ns verificamos

    que os fiscais esto a fim de trabalhar mesmo. Ento, ns estamos enviando esses fiscais para

    conscientizar os msicos de que isso uma profisso, no meramente um dom divino. Eu no pago

    minhas contas com dom divino. Quando ns enviamos os fiscais do MT, para verificar se o msico est

    em dia com a Ordem e com a contribuio sindical. uma proteo ao msico. O medo todo dos donos da

    casa que o msico venha a criar um vnculo empregatcio. Eu at entendo os donos da casa. Por

    exemplo, na Lapa tem rodzio de msico semanal. Tm mais de setenta msicos tocando na casa. Lgico

    que o dono da casa no vai assinar carteira de trabalho de setenta msicos. Mas os msicos tem que

    estar em dia com a obrigao profissional. O nosso papel conscientiz-los. Certa vez, eu conheci um ex-

    engenheiro da Petrobrs que foi demitido e, para ganhar um dinheiro, resolveu viver de happy hour. Disse-

    me que no queria saber de outra vida. Falei para ele o seguinte: ".vem c, e a sua carteira?" Ele me disse

    que no tinha e eu mandei ele primeiro regularizar a situao dele como msico profissional, tirar a

    carteira da OMB, etc. que depois eu conversava com ele, para mostrar que ele estava errado.

    Existe um artigo da OMB que diz que quando um msico nacional substitui um estrangeiro, quando

    acontece algum imprevisto na vinda dos mesmos ao Brasil, em hiptese alguma ele pode ganhar

    menos que o msico substitudo. Quais as medidas de proteo ao msico nacional em relao a

    supremacia estrangeira que o sindicato costuma a dar, j que se trata de uma entidade protetora da

    categoria?

    Com esse dinheiro do art.53, a gente investe em shows de msicas instrumental, em lonas culturais, em

    casas de shows, para reaplicar na proteo ao msico nacional. Existia aqui um auxlio funeral. Tive que

    cancel-lo, pois no pudemos sustent-lo. Antigamente, o auxlio eqivalia a uma ajuda de R$200,00.

    Quando eu vim para a presidncia, que passamos a dar total auxlio funeral. Hoje, cancelamos, e

    retornamos a mesma ajuda que dvamos antigamente.

    E o auxlio jurdico? somente nas reas cvel e trabalhista ou tambm engloba o Direito Autoral?

    Tambm atua na rea autoral. Mas s para o scio.

    E sobre as notas contratuais?

    A nota contratual conjunta no deixa nenhuma via com o msico. Essa nota no reconhecida pelo MT

    por isso. Ns aqui do Sindicato fizemos um modelo individual que, a sim, uma via fica com o msico. Ns

  • 24

    temos ele num disquete para que os produtores a adquirissem. Instalariam em seus escritrios, sem

    precisar vir aqui para buscar a nota. O SindMusi j informatizado. Eles, sabendo o dia da nota ser

    liberada, vm aqui e pegam-na sem problemas. Existe um contrato de trabalho por tempo determinado ou

    indeterminado. O msico ao trabalhar sete dias, consecutivos ou no, aps esses sete dias, no pode ser

    contratado pelo mesmo contratante. S depois de trinta dias. Isso est sendo um problema para gente.

    Voc no pode tirar essa nota contratual uma vez por semana, pois voc estaria contrariando a atual lei.

    Por isso que a gente est em reunio com o MT para v se agente modifica essa situao. Talvez com

    uma nova portaria.

    Quais so os quesitos para que um scio ocupe cargos de diretoria do SindMusi?

    No Sindicato, para voc se candidatar, voc tem que ser scio. Voc tem que ter um ano de scio para

    participar de uma chapa eletiva. No estatuto existem algumas exigncias para voc formar uma chapa.

    Tem que ser brasileiro, est em dia com seus deveres cvicos, etc.

    Em relao ao convnio. Como a aproximao das empresas, as que oferecem vantagens para o

    associado, com o SindMusi?

    Os estdios de gravao normalmente nos procuram e oferecem vantagens aos associados. Para o

    Sindicato no tem retorno nenhum. Trata-se apenas de um servio praticado aos msicos. Temos

    convnio com escolas, institutos mdicos, etc. Sempre somos procurados. Ns temos, sim, que checar

    para que seja sempre legal esse convnio, seno ns cancelamos. A oferta do convnio sempre uma

    constante.

    Quais os projetos culturais que o SindMusi est envolvido?

    No ano passado o SindMusi apoiou um projeto em Valena chamado "Msica na Escola". Esse projeto

    no estritamente criador de msicos. Tambm pretende criar platia. Ele visa a colocar os garotos para

    se sensibilizarem com a msica brasileira, erudita e folclrica. Criar um coral uma das metas. Ou

    tambm construir instrumentos musicais. Ali, o garoto j comea com uma profisso. Quem quisesse ser

    msico, a gente j direcionaria. As bandas militares j absorvem esse mercado, quando um jovem entra

    como soldado e sai como msico militar. O projeto funcionava assim: o nibus pegava os garotos em

    Valena e ia com eles ao Teatro Noel Rosa. Antes, eles ouviram a histria de Noel e quando chegaram ao

    Teatro, comentaram e ouviram a obra desse compositor. Esse ano ser a vez de Chico Buarque. Tambm

  • 25

    estivemos envolvidos no Projeto de Msica Instrumental nas lonas culturais e nas boates. Compramos uns

    instrumentos de percusso para tirar meninos de rua no Senac de Iraj. medida do possvel, quando se

    tem dinheiro, a gente entra com dinheiro. Quando no tem, a gente entra s com criatividade mesmo.

    Damos aula, palestras, etc. Temos o site que divulga tudo isso. Se o scio quiser fazer pesquisa aqui,

    pode vir. No temos mais dinheiro para fazer o jornal, mas ele ainda existe dentro do site.

    A tabela do cach mnimo um piso salarial?

    Ela no um piso porque no oficial. O salrio do msico no obrigatoriamente baseado nessa tabela.

    Isso uma sugesto dada pelo sindicato e muitos profissionais se baseiam nela. Quando existe, por

    exemplo, uma causa a ser defendida pelo sindicato, os prprios juizes, normalmente, usam a tabela.

    Ela feita por msicos?

    No s por msicos, mas tambm em assemblia.

    Comentrios finais:

    Quem quer ser um profissional, entenda a carreira de msico como profisso. Quem me levou a vrios

    lugares foi a profisso, pois sou saxofonista. Temos que ter a conscincia. Temos que lutar. Se algum

    msico discorda da forma que a diretoria conduz o SindMusi, monte sua chapa, ganhe a eleio e faa da

    forma que tem que ser. No fique em cima do muro. Regularize sua situao, tire a carteira da OMB e

    junte-se ao Sindicato para unir foras. Se quiser saber em que gasto o dinheiro arrecadado, o Sindicato

    est aberto. s chegar aqui, que daremos as informaes. s falar com a diretoria. Toda a diretoria

    formada de msicos atuantes e no tem ningum impedido de sindicalismo. Muitas vezes, ns tiramos

    dinheiro do prprio bolso para ajudar os msicos.

    SindMusi R. Alvaro Alvim, 24 / 405 - CEP 20031-010

    Centro - Rio de Janeiro / RJ

    Tel. (21) 532-1219 / Fax (21) 240-1473

  • 26

  • 27

    O QUE ?

    o setor pertencente Fundao Biblioteca Nacional onde se faz o expediente relativo s obras

    intelectuais.

    COMO REGISTRAR AS OBRAS

    Para que se d incio garantia de que temos registros de nossas obras, para que no futuro

    possamos reivindicar nossos direitos autorais, o autor deve escrever as letras de msicas e suas

    respectivas partituras de modo legvel e envi-las ao Escritrio dos Direitos Autorais (EDA). H varias

    maneiras de faz-lo, optando por considerar se as msicas sero reunidas em obra, registradas de forma

    avulsa, em co-autoria ou individual, pessoa jurdica ou pessoa fsica, somente a partitura ou em letra e/ou

    se estaro as letras anexadas s partituras ou no. Com a documentao necessria e seguindo os

    procedimentos que sero descritos a seguir, o msico ter em suas mos o Certificado de Registro ou

    Averbao que d ao msico a garantia presumida da anterioridade de sua obra.

    Em princpio, aps terem composto sua obra musical, os autores devem escrever as letras em

    folhas de papel, numerando-as, rubricando-as e assinando seus respectivos nomes por extenso em cada

    folha, e preencher o Formulrio de Requerimento para Registro, que podemos obt-lo no EDA ou na

    pgina da FBN para download, porque todos os pedidos de registro devero ser solicitados atravs de tal

    formulrio.

    Este contm um item designado por "gnero". Existe uma tabela que descreve o cdigo de

    gneros. Observe-a abaixo:

    CDIGO DESCRIO

    01 POESIA

    02 ROMANCES

    03 DIDTICO/PEDAGGICO

    04 MSICA (LETRAS E PARTITURAS)

  • 28

    05 TEATRO (PEAS)

    06 TCNICO/CIENTFICO

    07 TESES/MONOGRFICAS

    08 CONTOS/CRNICAS

    09 HISTRIA EM QUADRINHOS

    10 CINEMA/TV (ROTEIROS/ARGUMENTOS)

    11 MSTICO. ESOTRICO

    12 RELIGIOSO

    13 POLTICO/FILOSFICO

    14 PERSONAGENS/DESENHOS

    15 BIOGRAFIAS

    16 PUBLICIDADE

    17 PERIDICOS (REVISTAS E JORNAIS)

    99 OUTROS

    Como pudemos observar, o cdigo 04 o que deve ser preenchido no item descrito

    anteriormente. Entretanto, quando a letra de msica registrada isoladamente, sem partituras, o cdigo a

    ser utilizado deve ser o 01. cedio que ritmos que tem um segmento meldico repetitivo (rap, repente

    nordestino, embolada etc.) no tm uma particularidade meldica, que os diferenciem, em melodia, de

    outras composies. Registrar a melodia de um Rap seria querer monopolizar o estilo, e no a obra. Por

    isso que, para esses estilos, mais prudente registrar essas letras no gnero "poesia".

    Todavia, h os que, mesmo que sejam compositores de outros estilos musicais, seguem o mesmo

    mtodo de registro dos compositores de msicas menos variveis melodicamente, talvez por no saber

    ler e/ou escrever partitura musical. recomendvel que procure algum maestro para faz-lo, ou os

    seguintes programas de computador: Encore, Finale e Cakewalk Pro Audio etc. Estes, ao serem

    acoplados a um teclado, formatam a partitura musical. As partituras tambm podem ser registradas

    individualmente (cdigo 04).

    Em se tratando de registro de vrias msicas, a autor pode registrar todas em uma s pasta e

    colocar no ttulo o "nome da msica preferida" e "outras" (por exemplo, Meu Par e outras) ou registrar uma

    a uma. No primeiro exemplo, o autor ter o custo de R$17,00 (ou R$34,00 quando o pedido for requerido

    por Pessoa Jurdica (Cessionrio) e/ou por Procurador). Caso opte por essa forma de registro, o autor

  • 29

    no pode deixar de especificar na primeira pgina da obra o ndice, contendo os ttulos de todas as letras

    contidas na pasta. Os ttulos das msicas especificadas no ndice devem ser escritos um embaixo do

    outro. O autor receber o Certificado constando apenas o ttulo geral escolhido, mas todas as letras

    existentes na pasta estaro registradas e protegidas No segundo exemplo, o custo do autor ser de

    R$17,00 vezes o nmero de msicas registradas. Na entrevista com o Dr. Jaury N. de Oliveira chefe

    substituto do EDA, ao final desse captulo, veremos as vantagens e desvantagens das duas maneiras de

    se registrar, no que concerne quantidade de letras existente em uma pasta.

    Se houver mais de dois autores, o requerimento dever ser fotocopiado, anexados tantos quantos

    forem necessrios, para que os outros autores tambm possam preench-lo e assin-lo (Ex: Se forem 10

    autores, dever anexar 05 Formulrios para constar os dados dos 10, j que cada formulrio de

    requerimento comporta dois autores).

    DOCUMENTAO NECESSRIA

    Com todas as providncias em termos de preenchimento de dados tomadas, o autor dever se

    dirigir ao EDA j com o comprovante de depsito bancrio em favor da conta da Fundao Biblioteca

    Nacional; Banco do Brasil Agncia: 3602-1 Conta Corrente: 170500-8 Cdigo-dv: 344042 34209- 101-

    4. Coloque as letras em uma pasta e, se tiver partitura, anexe-as s respectivas letras. Junto com a pasta,

    o msico deve entregar uma fotocpia da Carteira de Identidade e do CPF (se for pessoa fsica) ou CNPJ

    (se for pessoa jurdica). O autor receber o certificado de Registro ou Averbao pelo correio. Autores

    menores de idade (entre 16 e 18 anos) devero apresentar o seu prprio CIC e RG e um dos responsveis

    (pai ou me) dever assinar atrs do formulrio de requerimento. Trazer fotocpia do RG e CIC do

    responsvel que assinou.

    ENTREVISTA COM VICE-CHEFE DO EDA

    Dr. JAURY N. DE OLIVEIRA

    Qual a funo do Escritrio dos Direitos Autorais?

    O EDA tem suas funes previstas na lei de registro das obras intelectuais (9.610/98 no art. 19) onde fica

    claro o papel de registro. Esse registro de obras funciona no Brasil desde 1898 ininterruptamente. Tem

    uma longa tradio e ele tem funo bsica de configurar uma anterioridade de uma autoria,

  • 30

    principalmente de obras inditas. O cidado cria a obra e, antes de circular com ela, deposita-a para

    registro. Ele no constitutivo de Direitos na medida em que o cidado j os tem no momento em que

    cria a obra, independente de registro ou no. Mas, em se tratando de obra indita e considerando a crise

    tica em que o pas vive mergulhado, ningum se aventura muito a entregar para terceiros uma obra que

    s quem sabe que foi feita pelo prprio autor o prprio. Ento, evitando isso, o sujeito vem ao EDA e

    deposita para registro, recebe um certificado que diz que ele o autor da obra. O certificado expedido a

    partir duma funo declaratria do registro de obras que emitida quando voc se apresenta como autor

    da mesma. Rigorosamente, essa a funo do registro de obras. O direito autoral um segmento do

    direito que regulamenta a propriedade intelectual. Voc tem tambm a propriedade industrial, mas aquela

    teve um crescimento quando se consolida o suporte em meio digital para fixao das obras intelectuais.

    Tradicionalmente, a proteo para o direito do autor se d para as obras artsticas literrias ou cientficas,

    fixadas em suportes tradicionais, como papel, leo, pelcula cinematogrfica, partitura, escultura, etc. Com

    a criao do suporte digital, este aparece junto com a comunicao remota, distncia, que a Internet.

    Esse suporte traz um dado muito inovador que a capacidade da multiplicao da obra intelectual. Coisa

    que ali ento voc no tinha, ou voc tinha com extremas limitaes. Se voc olhar para os quinhentos

    anos de histria do Direito Autoral, que vai de Gutemberg* at as primeiras convenes internacionais,

    como a de Berna, a reproduo da Obra contada a dedo, com grandes dificuldades e imperfeies. Com

    o mundo digital, voc cria uma cpia absolutamente perfeita e idntica em questo de segundos. Mas

    voc no cria uma. Voc cria centenas, se voc quiser. E as envia distncia. A, aparece um terceiro

    elemento que problemtico para o direito do autor que a modificao da obra. Esse aspecto de

    modificao e reproduo essencial no direito do autor, de modo que com o resultado e a consolidao

    nacional tecnolgica, fez com que o meio ficasse de cabea para o ar. A lei de regncia 9.610/98, no meu

    modesto entender, d conta da realidade medida que eu subentendo a Internet como mais uma mdia a

    servir de suporte para obra. O suporte digital mais um suporte. Inclusive, a prpria lei 9.610 prev. No

    mbito disso, as pessoas acordam para a realidade digital. No mundo digital, qualquer criao intelectual

    pode ser propriedade intelectual. O nvel tecnolgico desenvolveu os softwares, que eliminou os meios

    intermedirios tradicionais entre o criador e o consumidor. Por exemplo, o fotgrafo levava o filme ao

    revelador, tinha um exemplar e a matriz original do cromo. A cmera digital elimina a necessidade de

    *O Dr. Jaury N. de Oliveira no citou as corporaes de ofcio, que vm antes de Gutemberg.

  • 31

    revelador. Se por uma lado isso afeta a integridade da obra, em termos de modificao, sendo isso um

    exclusivo monoplio do autor, pode ser transportada com facilidade e dinamismo. Tudo isso funciona a

    favor e contra o autor ao mesmo tempo. A realidade digital veio para ficar. Creio que daqui a cinqenta

    anos, isso que estamos vivendo estar potenciado em lei e chegaremos a coisas nunca antes imaginadas

    em termos de acesso informao. Por qu? Quando digo que tudo no mundo digital uma propriedade

    intelectual, eu tambm estou dizendo que TUDO uma informao. Toda informao um arquivo. Todo

    arquivo uma propriedade intelectual. No computador, qualquer coisa vai virar um arquivo comum com

    uma terminao especfica. Ali dentro estaro imagens, textos, enfim, qualquer tipo de criao intelectual

    oriunda de um ser humano. Portanto, com direitos reservados, seja na propriedade intelectual, seja na

    propriedade industrial. Isso faz com que as pessoas acordem. Com a miniaturizao, qualquer um pode

    criar ou publicar sem passar pelo editor, distribuidor, livreiro... No hemisfrio Norte, j baixaram as horas

    semanais de carga horria. O homem tende a estar ocioso e em contato direto com a cultura. O Direito

    Autoral deve se adequar a essa nova realidade.

    Qual a relao do nosso registro com o sistema Copyright?

    Os EUA aderiram conveno de Berna, que segue o mesmo modelo que o nosso Direito Autoral. O

    direito de autor perdura em, no mnimo, setenta anos aps a morte do autor. Os americanos, pressionados

    pela contingncia da revoluo tecnolgica, esto buscando o registro on line, o registro digital, no qual

    voc faz um registro na posse de um arquivo. Ao entrar no Copyright Office do Library of Congress, que

    a biblioteca de Washington, voc vai ver um programa chamado Cords, que todo registro on line. Com

    isso, eu quero mostrar que a tendncia do registro, no s de obras de arte, mas tambm qualquer

    registro cartorial, ser a informatizao. Alguns cartrios brasileiros j esto nesse caminho. A prpria

    justia aceita peties on line. O registro de obras, h dez anos, girava em torno de setenta mil obras

    registradas, desde 1898. S hoje, temos trezentas mil obras. Quase o dobro, em termos de taxa de

    crescimento. Donde vem isso? No de propaganda. No de marketing direto. Isso vem da necessidade

    que as pessoas tm de se protegerem. Se voc combina esses elementos num pas que vive numa crise

    tica profunda, onde houve um presidente expurgado, os senadores so ladres e todo mundo d golpe,

    porque ento um Z Povinho h de acreditar que a msica que ele fez e entregou gravadora para ser

    analisada vai ter segurana que vo dizer que a msica dele, se todo mundo rouba, mete a mo...Se a

  • 32

    crise tica to violenta nesse ponto, ele tem que recorrer a alguma coisa, e ele recorre exatamente a um

    aparelho do Estado que ainda mantm essa integridade psicossocial que o caso da Biblioteca Nacional,

    esse rgo de registro que funciona h cem anos. Quem emite um certificado comprovando que a obra

    do Z Povinho esse rgo do Estado que inclume a essa crise tica a (sic).

    Quando ele registra msicas, ele tem a opo de registrar uma letra de msica

    individualmente ou registrar um conjunto de msicas, colocando como ttulo neste caso, o "nome

    da msica" e "outras". Quais so as vantagens e desvantagens de ambos os casos?

    No h vantagem ou desvantagem. Todas as letras existentes na pasta estaro registradas e protegidas.

    Se ele chegar com o certificado de registro, ele pode verificar a obra, caso haja algum problema em

    relao duvidarem se a obra registrada de fato aquela que ele, o autor, est dizendo que sua?

    Nada disso. O registro declaratrio. Voc diz que a obra sua, eu emito um certificado declarando que

    a obra sua e a depositou para registro. No entro no mrito da obra. O confronto de obras cabe ao

    perito, no a mim. Eu sou apenas um depositrio de obras. Se voc quiser fazer um confronto, v se

    entender com o juiz, e ele que mande pagar um perito para ver se a partitura est correta. Eu sou um

    rgo que recebe

    obras (sic).

    Escritrio de Direitos Autorais

    R. da Imprensa, 16, sl. 1205/ 12 andar

    Castelo - Rio de Janeiro CEP20030-120

    Tels. (21) 2220-0039 / 2240-9179

  • 33

    REQUERIMENTO PARA

    REGISTRO E/OU AVERBAO

    REGISTRO N

    LIVRO

    FOLHA

    DADOS DA OBRA

    TTULO

    GNERO (VIDE A TABELA)

    N DE PGINAS

    SOMENTE PARA OBRA NO PUBLICADA

    TIPO DE APRESENTAO

    ( ) MANUSCRITO ( ) DATILOGRAFADO ( ) MIMEOGRAFADO ( ) COMPUTADOR ( ) OUTROS

    SOMENTE PARA OBRA PUBLICADA

    EDIO

    ANO DE EDIO

    MUNICPIO PUBLICAO

    UF PUBLICAO

    EDITOR (A)

    GRFICA

    DADOS PESSOAIS DO REQUERENTE

    NOME

    NACIONALIDADE

    VINCULO COM A OBRA

    CIC/CNPJ

    PSEUDNIMO

    PROFISSO

    DATA DE NASCIMENTO

    UF NASCIMENTO

    IDENTIDADE

    RGO EMISSOR

    LOCAL DE EMISSO

    ENDEREO (AVENIDA, RUA, TRAVESSA, ETC)

    BAIRRO

    MUNICPIO

    UF

    CEP

    TELEFONE

    E-MAIL

  • 34

    DADOS PESSOAIS (DE UMA OUTRA PESSOA VINCULADA)

    NOME

    NACIONALIDADE

    VINCULO COM A OBRA

    CIC/CNPJ

    PSEUDNIMO

    PROFISSO

    DATA DE NASCIMENTO

    UF NASCIMENTO

    IDENTIDADE

    RGO EMISSOR

    LOCAL DE EMISSO

    ENDEREO (AVENIDA, RUA, TRAVESSA, ETC)

    BAIRRO

    MUNICPIO

    UF

    CEP

    TELEFONE

    E-MAIL

    Ilmo.(a) Sr.(a) Chefe de Direitos Autorais da Fundao BIBLIOTECA NACIONAL De acordo com os termos da lei n 9.610 de 19/02/98, o(s) supracitado(s) requer(em) o registro e/ou averbao da obra citada acima caracterizada, para o que entrega(m)___________exemplares da mesma, por serem suas declaraes fiel expresso da verdade, sob pena de lei, pede deferimento.

    DECLARAO:

    Declaro para os devidos fins, que me responsabilizo inteiramente pelo eventua esmaecimento (total ou

    parcial) das cpias reprogrficas (xerox) do texto que se consubstancia a obra de minha autoria, entregue

    para registro, intitulada _______________________________________________________________________________________________ ____________________________ ____/____/_____ _____________________________________ LOCAL DATA ASSINATURA

    RESPONSVEL PELO AUTOR MENOR QUE 18 ANOS NOME

    ASSINATURA

    N IDENTIDADE

    RGO UF

    ATENDIMENTO A CARGO DO SERVIDOR: ____/____/_____ _______________________________________ DATA ASSINATURA

    BUSCA DE ANTERIORIDADE, TTULO E AUTOR:

    ( ) NADA CONSTA DA PRESENTE OBRA ( ) TRATA-SE DE AVERBAO AO REGISTRO L

  • 35

    F

    OBSERVAES:

    REGISTRE-SE, EM: ____/____/_____ DATA _______________________________________________ CHEFE DO EDA/BN

    INDEFERIDO EM: ____/____/_____ DATA _________________________________________________ CHEFE DO EDA/BN

    RESPONSVEL PELO REGISTRO:

    ___________________ ____/____/_____ ________________________________________ LOCAL DATA ASSINATURA

    ATENO

    ENVIAR OU ENTREGAR ESTE REQUERIMENTO (ANEXO OBRA)

    AO ESCRITRIO DE DIREITOS AUTORAIS (EDA/BN) PALCIO

    GUSTAVO CAPANEMA RUA DA IMPRENSA, 16 SALAS 1205 12 ANDAR CASTELO

    CEP 20030-120 RIO DE JANEIRO RJ

    Fone: (21) 2220-0039 Fax: (21) 2240-9179

  • 36

    O QUE ?

    a organizao acadmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro responsvel pela iniciao,

    graduao e ps-graduao do msico. De acordo com a lei no 9.610 de 19/02/1998 e demais normas que

    regulamentam a matria, o registro de autoria ou de propriedade sobre obras musicais produzidas em

    todo o Pas dever ser feito na ESCOLA DE MSICA DA UFRJ.

    COMO REGISTRAR AS MSICAS

    O ato de registro de msicas realizado na Escola de Msica da UFRJ tem um processo

    semelhante ao efetuado no Escritrio de Direitos Autorais. S h uma diferena: dirigido e coordenado

    somente por msicos. Como se estivssemos pensando em Sociedade Brasileira de Atores

    Teatrais(SBAT) e Unio Brasileira de Compositores (UBC). Aquela cuidava do direito autoral da msica

    como um dos direitos, pois tinha profissionais tanto do teatro como da rea da msica, ao passo que esta

    fora criada e administrada exclusivamente por musicistas.

    A Escola de Msica da UFRJ, que tambm basicamente formada departamentos coordenados

    por musicistas (dept de Instrumento de Teclado e Percusso, dept de Composio, dept de

    Instrumento de Arco e Cordas Dedilhadas, dept de Musicologia e Educao Musical, dept Vocal, dept

    de Sopro e dept de Msica e Conjunto), tem uma seo de Direito Autoral. Cada departamento

    responsvel por uma rea especfica da organizao acadmica da Escola de Msica, e seus professores

    atuam nos cursos desde a iniciao musical at a ps-graduao.

    Por essas razes que o registro enviado para a Escola ter um cuidado especial, pois preciso

    que haja um conhecimento musical para receber obras que sejam decodificadas na linguagem da

    partitura. Na rea da msica, o banco de dados deve ser acionado constantemente. Vejamos um exemplo

    hipottico: se houver dois autores que, antes de entrar em litgio judicial, quiserem resolver a questo de

  • 37

    forma amigvel, podem recorrer diretamente partitura da obra musical para confronto da titularidade,

    optando por acessar diretamente a obra na Escola de Msica da UFRJ, por agilidade e economia, ao invs

    de nomear perito. Como o servio prestado pela UFRJ, o Escritrio de Direitos Autorais eficiente,

    oferecendo inclusive a vantagem de o autor ter a possibilidade de registrar vrias obras musicais em uma

    s remessa, correspondente a um s registro. Entretanto, em termos especficos, o servio da Escola de

    Msica da UFRJ no se restringe em ser apenas um rgo depositrio, mas tambm um rgo de

    pesquisa das obras. Esse tipo de desvelo natural, j que na UFRJ estaremos lidando com profissionais

    que sabem se relacionar com a msica em suas diversas modalidades, no somente em termos tcnicos,

    mas tambm no que tange aos meandros do Direito Autoral.

    DOCUMENTAO NECESSRIA

    Para realizar o registro na Escola Nacional de Msica da UFRJ, o autor da obra musical deve

    proceder de acordo com os procedimentos abaixo:

    Estar munidos de dois formulrios (como o modelo anexo e este captulo) preenchidos ou em letras de

    frma ou datilografadas. Cada via deve conter assinatura do(s) autor(es).

    Junto, o autor deve entregar uma cpia da letra e uma da partitura musical assinada por todos as

    pessoas responsveis pela autoria da obra.

    Ter consigo o comprovante de pagamento da taxa no valor de R$10,00 para cada msica registrada e

    entreg-lo no ato do registro. Caso seja feito pelo correio, preciso enviar tambm o comprovante de

    depsito (original) em favor da seguinte conta bancria: Banco do Brasil, 0287-9, conta corrente 7333-

    4. Se for atravs de cheque nominal, depositar com destino Fundao Universitria Jos Bonifcio.

    Cdigo de identificao bancria : (5842-4).

    Ateno para os devidos cuidados:

    Quando se tratar de cesso de direitos patrimoniais para que uma pessoa fsica ou jurdica

    possa deter estes mesmos direitos do autor para explor-lo segundo os termos da lei (como

    editor, por exemplo), o cessionrio dever anexar ao formulrio o contrato de cesso

    assinado tanto pelo autor como por ele e por 02 (duas) testemunhas. Deve haver tambm o

    reconhecimento de firma dos autores.

  • 38

    Quando o formulrio for assinado por procurador, deve estar anexa a cpia da procurao

    reconhecida em cartrio.

    Tratando-se de requerente menor de 18 anos, o seu responsvel legal dever anexar cpia da

    identidade e CPF e assinar os formulrios.

    No ato do registro o requerente receber um protocolo. Diferente do o que ocorre no EDA, que s

    aceita o registro com comprovante de depsito feito somente no Banco, o pagamento tambm pode ser

    efetuado direto na prpria Escola de Msica da UFRJ. O certificado ser remetido via postal para o

    endereo indicado pelo requerente. O horrio de atendimento ao pblico para registro de msica das

    oito s quinze horas.

    ENTREVISTA DIRETOR DA ESCOLA DE MSICA DA UFRJ

    JOO GUILHERME RIPPER

    Como procede a seo autoral da Escola de Msica da UFRJ?

    um servio que a Escola de Msica da UFRJ presta h alguns anos e ele visa a proteger o autor e

    fornecer de certa forma um comprovante de que a obra foi escrita por determinado criador. Ela no uma

    prova definitiva, no se constitui como prova definitiva, mas se constitui num instrumento legal

    importantssimo. Por exemplo, a gente no tem condio de, quando o autor chega aqui, saber se foi ele

    ou no que comps a msica. Mas, se houver qualquer conflito na rea de Direito Autoral, daquela obra

    especificamente, ns temos condio de fornecer ao perito, ou ao juiz que seja, o instrumental

    interessante no sentido de comprovar que a pessoa registrou a obra nas condies necessrias.

    Na Escola de Msica existe a possibilidade de registrar somente a letra da msica?

    Ns no registramos somente o texto. Ns s registramos sempre com a partitura.

    O EDA meramente um depositrio de obras, isto , se houver um problema judicial, no tem

    como o msico recorrer sua obra inserida no banco de dados do EDA, at mesmo se um outro

    autor quiser averiguar se uma obra em questo de fato aquela correspondente ao certificado de

  • 39

    registro ou averbao. Na Escola de Msica da UFRJ o msico pode recorrer s suas obras para

    examin-las?

    Voc pode solicitar uma pesquisa e a gente est informatizando o acervo. Ento, a idia que, a mdio-

    prazo, o seu registro sem a partitura esteja disposto como uma coleo dentro da nossa biblioteca. E

    mais tarde, a partitura poder estar disponvel em imagem que no sejam submetidas ou passveis de

    modificaes na tela. Esta consulta ser feita on line.

    O direito patrimonial, que relativo a usufruto pecunirio, feito atravs de um contrato de cesso,

    para que uma pessoa fsica ou jurdica que detenha esse direito sobre a obra de um determinado

    autor possa explor-lo. Como feito esse contrato?

    Qualquer tipo de cesso, que s pode ser patrimonial, por que moral no h como, tem que ser lavrado

    em cartrio e ter a documentao de acordo que a gente possa registrar.

    E sobre o registro de msicas avulsas ou em conjunto. Existe esse tipo de opo na Escola de

    Msica da UFRJ, como no EDA?

    S registramos a msica avulsa.

    Qual a vantagem que o autor tem ao registrar suas obras aqui?

    A Escola Nacional de Msica tem mais de setenta anos nesse tipo de servio e ns temos condies

    tcnicas de avaliao. Em termos de qualidade, ela tem todos os predicados de se fazer um servio

    melhor. Ns somos uma escola de msica. Um dos objetivos de se colocar essa conexo na Internet e

    porque ns temos grandes nomes da msica popular, como um Cartola, registrados aqui. Os grandes

    nomes, tanto do passado como do presente, j registraram e registram as suas obras na nossa diviso de

    Direitos Autorais. A Escola de Msica no tem nenhum tipo de agente fora do Rio. Todos os compositores

    fora do Rio que quiser registrar obras aqui podem fazer atravs do correio sem necessidade de recorrer

    nem pagar nenhum extra. Quem paga, de repente no sabe disso. Pois que fique claro. A permanncia

    dentro do mercado, a credibilidade que a Escola tem tido todo esse tempo, tranqilamente nos coloca

    numa posio de dizer que ns temos um servio prestado bem disponibilizado para a comunidade dos

    msicos.

    O papel sempre foi o suporte tradicional de registro. H na Escola de Msica da UFRJ mudanas

    devido tecnologia em relao ao suporte da obra registrada?

  • 40

    Muita coisa est mudando. As partituras, por exemplo, j recebemos em programas de editorao

    eletrnica, como ENCORE ou FINALE. Ns estamos comeando a registrar obras eletroacsticas e de

    D.J.'s. S no conseguimos registrar o escrito desse tipo de obra. Por isso, aceitamos o prprio CD.

    Escola de Msica da UFRJ

    R. do Passeio, 98 Centro Rio de Janeiro - CEP 20521-180

    Tel. (21) 240-1491 / 523-4649

  • 41

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  • 44

    O QUE ?

    Os grupos musicais que desejam ter a propriedade do nome e/ou da marca que utilizam devem requerer o

    seu registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que uma Autarquia Federal, criada em 1970,

    vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior. Tem por finalidade principal, segundo a

    Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), executar, no mbito nacional, as normas que regulam a propriedade

    industrial, tendo em vista a sua funo social, econmica, jurdica e tcnica. tambm sua atribuio pronunciar-se

    quanto convenincia de assinatura, ratificao e denncia de convenes, tratados, convnios e acordos sobre

    propriedade industrial.

    Marca, segundo a lei brasileira, todo sinal distintivo, visualmente perceptvel, que identifica e distingue

    produtos e servios de outros anlogos, de procedncia diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos

    com determinadas normas ou especificaes tcnicas. Nome de banda um tipo de marca nominativa, que

    constituda por uma ou mais palavras no sentido amplo do alfabeto romano, compreendendo, tambm, os

    neologismos e as combinaes de letras e/ou algarismos romanos e/ou arbicos

    DOCUMENTAO NECESSRIA

    O representante da banda (pessoa fsica) deve comparecer ao instituto munido dos seguintes documentos:

    CPF; e

    Outro documento que comprove o exerccio da profisso de msico (carteira da OMB ou do SindMusi

    ou a autonomia do INSS).

    Se o representante for pessoa jurdica, dever levar Contrato Social e CGC. Devem ser apresentados

    documentos originais e cpias autenticadas. A taxa da busca, que serve para verificar se j existe algum nome igual

    ou semelhante ao que se pretende registrar, de R$ 20,00. O registro fica em R$ 98,50 (valores em abril de 2002).

  • 45

    A marca passa a ser propriedade do requerente. Se todos os integrantes da banda quiserem ter a propriedade do

    nome, devero fazer um contrato particular e registr-lo em cartrio.

    Instituto Nacional de Propriedade Industrial

    Praa Mau, 7 - Trreo Centro Rio de Janeiro / RJ - CEP 20081-240

    Tel. (21) 2206-3000

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  • 50

    O Escritrio Central de Arrecadao e Distribuio (ECAD) uma sociedade civil de carter

    privado citado na lei 9610/98, que a lei da propriedade intelectual. Seu corpo administrativo formado

    por membros das Sociedades de Autores. Ele possui um banco de dados com 600.000 obras musicais e

    800.000 fonogramas. De tudo que ele arrecada na cobrana, ele retm 18,75% para suas despesas

    operacionais. As Sociedades de Gesto e Administrao Coletiva de Direito do Autor se encarregam de repassar os

    valores recebidos do ECAD aos titulares, retendo 6,25% para suas despesas operacionais.

    Depois de realizado o ato de registro das msicas, o msico que tiver o privilgio de ter a

    execuo de suas obras atravs de meios radiofnicos ou fonomecnicos (atravs de suportes tais como

    discos, fitas, CD, etc.) em locais considerados pblicos, at mesmo quando as composies so

    veiculadas como trilhas sonoras de filmes e programas de televiso, o autor poder contar com um rgo

    que responsabilizado pela cobrana dos direitos autorais e pela distribuio do dinheiro arrecadado para

    as Sociedades de Autores. Esse rgo o Escritrio Central de Arrecadao e Distribuio (ECAD).

    Mesmo que no respeitem na ntegra aquilo que reza a lei 9610/98, o rgo deixa claro que ao sair do

    recesso familiar, o uso da msica num recinto que seja considerado pblico, como bares, clubes, boates,

    sales de beleza, pessoas fsicas ou jurdicas que disponibilizam msicas na Internet, empresas

    prestadoras de servio de espera telefnica, academias de ginstica, hotis, consultrios e, pasmem os

    leitores, em festas de aniversrio, o direito autoral deve ser pago. Ateno: os direitos fonomecnicos no

    so arrecadados pelo ECAD. Quem faz essa arrecadao a ADDAF e as Editoras Musicais

  • 51

    H alguns entraves que impedem que a arrecadao seja feita como deveria ser, tal como

    dificuldade em se cobrar os direitos autorais em locais de difcil acesso, como festas em locais

    considerados violentos e espaos muito discretos, como sociedades secretas. Por isso que esse captulo

    tem, a priori, o intuito de conscientizar o profissional da msica. Este, mesmo que esteja em incio de

    carreira, deve saber que, no futuro, poder contar com esse dinheiro arrecadado.

    Devido pirataria, a mdia de discos vendidos para um grupo que esteja despontando para o

    sucesso de cento e cinqenta mil cpias vendidas, quando outrora, um grupo considerado como popular

    vendia em mdia quinhentas mil cpias, no incio de carreira. Os shows realmente tm sido a fonte de

    renda dos grupos e intrpretes, mas esse fator, na maioria dos casos, est sujeito s nuanas

    relacionadas fidelidade do pblico, que pode ser bom em uma determinada poca e ruim em outra.

    O livre acesso de obras tende a legitimar o comrcio desenfreado dos fonogramas. Em se

    tratando da arrecadao pautada na utilizao da obra alheia, que a arrecadao autoral, fica sempre

    caracterizado com obviedade que outro a utilizar determinada obra, ao contrrio da reprodutibilidade

    tcnica que tem colocado, no mercado clandestino, cpias com 100% de fidelidade, pondo em dvida se o

    responsvel pela confeco daquela obra foi um falsificador ou os prprios titulares, produtores e

    editores. As campanhas contra a pirataria tm visado apenas destruio superficial dos suportes

    falsificados e coibio do mercado clandestino das obras. Ao invs de enveredar por esse caminho de

    destruio, o profissional da msica deveria pensar em re-construir o antigo meio de sustento: a

    arrecadao dos direitos autorais.

    Ao perceber isto, o artista da msica deveria sempre aconselhar ao dono do recinto no qual ele

    estiver se apresentando que v a uma sucursal do ECAD e solicite uma guia para que esteja em regular

    situao perante a lei. Com a boleta bancria que o responsvel pela realizao do evento, seja o dono da

    casa ou produtor, adquirir, poder contribui com ECAD com o pagamento. Deve ficar caracterizado o

    critrio de cobrana, que poder ser com base na bilheteria, caso o espetculo seja caracterizado por

    cobrana de ingresso, ou na anlise da regio scio-econmica, rea sonorizada e nvel populacional

    quando no existir a cobrana de ingresso. A avaliao tambm feita em cinemas, festas juninas, etc. A

    iniciativa dos donos de casa de show e produtores s ser estimulada se essa ao emanar dos artistas

    da msica, principalmente os que tambm compe suas obras.

  • 52

    O ECAD arrecada a retribuio autoral devida aos titulares de direitos autorais e direitos

    conexos das obras musicais, ltero-musicais e dos fonogramas executados publicamente,

    representando-os judicialmente e extrajudicialmente, nos termos do art.99 da lei 9.610/98. Esses titulares

    so os autores, os editores musicais, os intrpretes, os msicos executantes e os produtores

    fonogrficos. Os titulares de direitos de autor ou de direitos conexos no podem se associar diretamente

    ao ECAD. Eles s se relacionam com o Escritrio Central atravs das seguintes Sociedades de Autores:

    ABRAMUS, AMAR, SOCINPRO, UBC, SICAM, SBACEM, ANACIM, ATIDA, ABRAC e ASSIM. O ECAD

    atua tambm como mandatrio dos representados estrangeiros das sociedades, praticando em nome

    prprio os atos de administrao e defesa dos direitos de execuo pblica.

    Os estabelecimentos que utilizam as obras musicais e os fonogramas so cadastrados. A partir

    desse cadastramento e da fixao do valor da retribuio autoral, o responsvel pelo local recebe um guia

    de pagamento de direitos autorais emitida por instituio bancria. Ao ser quitada, automaticamente

    autorizada a utilizao da msica durante todo o ms ou para um determinado evento. Se o executante

    utilizar apenas obras que tenham cado em domnio pblico, no so passveis de cobrana.

    Os compositores e editores musicais que, nos casos dos shows e espetculos ao vivo, quiserem

    autorizar diretamente o uso das msicas, devero notificar de imediato a Associao a qual estiverem

    filiados e ao ECAD. S se admitir esse tipo de autorizao se ela for anterior realizao do evento e se

    ela compreender a participao de todos os titulares da obra musical.

    H os usurios que utilizam a msica ordinariamente, e os que fazem uso das mesmas

    esporadicamente. O ECAD os classifica como usurios permanentes e usurios eventuais,

    respectivamente. Estes so os responsveis pelos espetculos musicais de feitio festival, e pagam a

    retribuio por evento. As emissoras de rdio, hotis, bares, etc. so os denominados permanentes, que

    pagam a retribuio autoral por ms.

    Com base nos critrios internacionais, existem os usurios que utilizam a msica de modo

    indispensvel, como o caso das emissoras de radiodifuso, tv's por assinatura, cinemas, espetculos

    musicais; de modo necessrio, que so as casas de diverses em geral, como por exemplo os circos; ou

    de modo secundrio, isto , casas que utilizem msica por meio de sonorizao ambiental. No primeiro

    caso, o critrio de cobrana o de percentual incidente sobre a receita. Para os usurios de msica

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    secundria, aplica-se o critrio que leva em considerao a rea sonorizada (parmetro fsico). J os

    usurios de msica necessria podem ter a retribuio autoral calculada com base em qualquer um dos

    dois critrios.

    Seguindo, pois, as orientaes internacionais emanadas da Confederao Internacional das

    Sociedades de Autores e Compositores - CISAC, bem como de seu Comit Ibero-Americano, o ECAD

    aplica esses critrios, que norteiam os valores aprovados e constantes de seu Regulamento de

    Arrecadao e respectiva Tabela de Preos.

    O dinheiro, segundo a superintendente geral do ECAD Glria Braga em entrevista dada ao

    Informativo Socinpro Notcias, arrecadado da seguinte maneira:

    "O ECAD arrecadando, hipoteticamente, R$100, 20% destes ficam para os custos

    operacionais do Escritrio. Esse percentual equiparado aos valores por outros

    escritrios em outros pases, sendo que em alguns deles os custos se elevam em at

    35% pois tm o que chamam de custo social que, alm do percentual para custos

    operacionais, at 5% so repassados para assistncia social, revestidos a apoiar os

    artistas em suas necessidades como sade, auxlio-natalidade, auxlio-funeral, entre

    outros. E 5% so destinados aos seus custos de manuteno. O restante dividido

    da seguinte maneira: 2/3 para a parte autoral da msica que corresponde aos

    compositores e aos editores; e 1/3 vai para a rea conexa, abrangendo os

    intrpretes, os produtores de fonograma e os msicos. Deste 1/3, os intrpretes

    ficam com 41,7%, os produtores com o mesmo percentual (41,7%) e os msicos com

    16,6%, aponta a superintendente". 2

    Veja a tabela:

    100%

    20%

    ECAD

    5%

    SOCIEDADES

    75%

    2 Texto e tabela extrada do Informativo Socinpro Notcias, Edio n4

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    2/3

    AUTORAL

    autores

    e

    editores

    1/3

    CONEXA

    41,7% Intrpretes

    41,7% prod.fonogr.

    16,6% msicos

    Quanto ao sistema de dinheiro arrecadado, o ECAD regulamenta os seguintes parmetros:

    distribuio direta (shows, circo, micaretas/festejos populares, cinema, obras audiovisuais-televiso);

    indireta (direitos gerais, rdio, televiso-direta e indireta); e

    indireta especial (carnaval e msico acompanhante).

    O ECAD faz uso de planilhas de gravao e/ou roteiros musicais para arrecadao dos valores

    provenientes da utilizao musical a partir de shows/eventos, carnaval, reveillon, espetculos circenses,

    obras audiovisuais exibidas em TV aberta e, exibio cinematogrfica. Estas so distribudas diretamente,

    ou seja, o montante arrecadado para cada show, por exemplo, s distribudo pelas msicas tocadas no

    evento, com base no roteiro musical fornecido pelo promotor do show ou resultante de gravao efetuada

    in loco pelo ECAD.

    Quando se trata de distribuio indireta, o Escritrio Central faz uso das amostragens. Esse tipo

    de avaliao utilizado para as distribuies das rubricas "Rdio" e "Direitos Gerais". J que existem

    muitos ouvintes e usurios, o ECAD utiliza o critrio da amostragem estatstica das execues musicais,

    se valendo de amostras coletadas mensalmente nos plos de gravao que mantm em todo o Brasil. A

    captao e a identificao eletrnica automtica das obras musicais executadas nos estados do Rio de

    janeiro e So Paulo so realizadas por uma empresa terceirizada, a Crowley and Broadcast. Nos outros

    estados, as msicas so gravadas nos plos de gravao do ECAD, localizados em 13 capitais do pas,

    por meio de sistema informatizado que ser esclarecido na entrevista com o supervisor de arrecadao do

    ECAD Mrcio de Oliveira Fernandes.

    O ECAD, na proporo do montante arrecadado, tambm colhe amostras de planilhas

    provenientes de emissoras de rdio AM/FM localizadas nas principais cidades de cada estado, no que

    concerne a arrecadao de direitos autorais. As referidas amostras compem a totalidade geral, que

    2 Texto e tabela extrados do Informativo Socinpro Notcias, Edio n4, Janeiro, 2000.

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    define a di