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Universidade Politécnica A POLITÉCNICA Escola Superior Aberta GUIA DE ESTUDO DIREITO DO TRABALHO I Curso de Ciências Jurídicas (5º Semestre)

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  • Universidade Politcnica

    A POLITCNICA

    Escola Superior Aberta

    Universidade Politcnica

    A POLITCNICA

    Escola Superior Aberta

    GUIA DE ESTUDO

    DIREITO DO TRABALHO I

    Curso de Cincias Jurdicas

    (5 Semestre)

  • Cincias Jurdicas Direito de Trabalho I Semestre 5

    Escola Superior Aberta/A Politcnica Ensino Distncia

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    FICHA TCNICA

    Maputo, Junho de 2013

    Srie de Guias de Estudo para os Cursos de Cincias

    Jurdicas (Ensino Distncia).

    Todos os direitos reservados Universidade de

    Uberaba/Universidade Politcnica

    Ttulo:Guia de Estudo de Direito do Trabalho

    Edio: 1

    Organizao e Edio

    Escola Superior Aberta (ESA)

    Elaborao

    Mariano do Rosrio (Contedo)

    (Reviso Textual)

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    APRESENTAO Caro(a) estudante Est nas suas mos o Guia de Estudo da disciplina de Direito do Trabalho que integra a grelha curricular do Curso de Cincias Jurdicas oferecido pela Universidade Politcnica na modalidade de Educao a Distncia. Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste quinto semestre do curso. Ao estudar a disciplina de Direito do Trabalho, voc ir conhecer a histria do surgimento dessa ramo de Direito,a sua evoluo e os objectivos que pretende atingir. Este Guia de Estudo contempla textos introdutrios para situar o assunto que ser estudado os objectivos especficos a serem alcanados ao trmino de cada unidade temtica, a indicao de textos como leituras complementares, isto , indicaes de outros textos, livros e materiais relacionados ao tema em estudo que voc deve realizar as diversas actividades que favorecem a compreenso dos textos lidos e a chave de correco das actividades que lhe permite verificar se voc est a compreender o que est a estudar. Esta a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao receb-la, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para expressar a sua inteligncia, sensibilidade e emoo, pois voc tambm o(a) autor(a) no processo da sua formao em Cincias Jurdicas. Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduziro a muitos dilogos e a novos encontros. A equipa de professores que se dedicou elaborao, adaptao e organizao deste guia sente-se honrada em t-lo como interlocutor(a) em constantes dilogos motivados por um interesse comum a educao de pessoas e a melhoria contnua dos negcios, base para o aumento do emprego e renda no pas. Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convvio. A Equipa da ESA

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    UNIDADES TEMTICAS

    TEMA PAG.

    1. Noes de Direito do Trabalho................................... 5

    2. Fontes de Direito do Trabalho.................................. 12

    3. Relaes Individuais de Trabalho............................. 22

    4. Responsabilidade Disciplinar.................................... 36

    5. Relaces Colectivas de Trabalho.............................. 44

    6. Segurana e Previdncia Social.................................. 53

    7. Regime Jurdico dos Funcionrios............................. 64

    8. Chave de correco 95

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    UNIDADE TEMTICA 1

    NOES DO DIREITO DO TRABALHO

    Elaborado Por: Dr. Mariano do Rosrio

    Objectivos

    No final desta unidade, voc dever ser capaz de:

    Conhecer as causas que deram origem ao surgimento do Direito de Trabalho

    Idenficar as vrias teorias explicativa do Conceito do Direito do Trabalho

    Conhecer o que o Direito de Trabalho

    O mundo do Direito do Trabalho Voc dever estar ansioso para saber o contedo de quese trata esta disciplina, no seu Curso de Cincias Jurdicas. Certamente, j teve vrias outras disciplinas relacionadas com o mundo jurdico, mas que no entanto, essas no deram um suporte completo, porque o Curso que est a frequentar permite dar-lhe uma viso do mundo real em que vivemos. Como sabe, o Homem vive em sociedade e dentro dela, ele precisa de ter uma interaco com o seu semelhante para poder realizar-se quer fisicamente, intelectualmente bem como moralmente. Para a materializao destes pressupostos necessita de algumas regras, que vo ditar o limite de espao de cada membro dentro da sociedade. nessa relao que se estabelece com o seu semelhante no mbito da produo de bens para a sua satisfao, que vo incidir as regras do Direito do Trabalho, de onde encontramos uma diviso ntida entre o detentor dos meios de produo e o detentor da fora do trabalho. Vamos analisar um exemplo prtico!

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    Voc sabe o que Direito do Trabalho? De acordo com as vrias teorias que voc ir encontrar, poderemos definir o Direito do Trabalho como sendo um ramo especializado e autnomo das cincias jurdicas que mantm pontos de contacto com outros ramos do direito, entre os quais destacamos: O Direito Previdncia Social; O Direito Civil; O Direito Comercial e, A Constituio da Repblica, haja vista que alm de estabelecer princpios

    que orientam a estruturao do Direito do Trabalho, trz nos seus artigos 84 a 87, o conjunto dos direitos ao trabalho e garantias mnimas ao trabalhador.

    Ao procedermos o estudo da disciplina de Direito do Trabalho necessrio esclarecer de que matria se trata: um conjunto de normas cujo objectivo o trabalho humano, nas vrias modalidades em que ele se apresenta na vida social. Certamente que voc sabe de que o Direito de Trabalho, pertence a um ramo de Direito privado, como tal podemos aferir que as normas que a constituem so, na sua totalidade, produtos da actividade legislativa do Estado como rgo reguladora das relaes produtivas. Da posse da noo de que essas normas incidem sobre o trabalho, legitimo pensar que o seu sentido deveria ser essencialmente regulador do comportamento

    Sociedade Comercial Por quotas:

    Antnio scio e administrador de uma sociedade por quotas. Como os demais scios, deseja ver a sua empresa prosperar, e dessa forma, trabalha com afinco para alcanar resultados cada vez mais expressivos. Quanto maior lucro tiver a empresa, melhor ser a condio de vida de Antnio e dos scios. Por isso, deve calcular, com maior preciso possvel, todos os gastos que efectua com o pagamento de impostos, contribuies, encargos com trabalhadores e outros factores, para, da, obter o lucro lquido que poder ser distribudo entre os scios. Muitos destes gastos, os quais a sociedade comercial obrigada a pagar, so encontrados dentro de Normas. O Antnio como scio da sociedade precisa de conhecer o funcionamento do mercado de trabalho no recrutamento de mo-de-obra, os direito e os deveres dos trabalhadores, bem como as suas obrigaes perante o trabalhador que lhe vai prestar o servio, onde e como registar os seus trabalhadores, entre outras coisas. Todas essas respostas esto dentro do Direito e por isso que o estudo da disciplina DIREITO DO TRABALHO de fundamental importncia para voc poder entender essa correlao entre a fora de trabalho e o patronato.

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    das pessoas que trabalham, em nome da racionalidade das organizaes e da tica das profisses. Como deves saber que na sociedade so diversificadas as formas pelas quais o trabalho humano se organiza e concretiza, por exemplo:

    o do operrio na fbrica,

    o do agente de polcia,

    os que exercem as suas actividades por conta prpria,

    o da(o) dona(o) de casa que garante a satisfao das necessidades familiares,

    do estudante,

    do militar,

    o do voluntrio social,

    do medico dum servio hospitalar,

    o do jogador profissional dai em diante. Havendo decerto, princpios comuns a salvaguardar, no seria absurdo partir do princpio de que as normas de Direito do Trabalho fossem de aplicao comum a todas as actividades referenciadas. Na verdade correcto pensar que o Direito do Trabalho, o Direito de todo o trabalho. Na verdade no cabe no seu objecto, todas as modalidades de exerccio de actividade humana produtiva ou socialmente til. Do rolo das modalidades acima apresentadas s uma dessas modalidades tratada pelas suas prprias normas. Importa, por isso, apontar, uma a uma, os caracteres diferenciados dessa forma de organizao e realizao de trabalho. Vamos agora apresentar algumas doutrinas e os respectivos conceitos do Direito do Trabalho

    De acordo com as vrias doutrinas podemos definir o Conceito do Direito do Trabalho nos seguintes termos:

    Corrente subjectivista: define o Direito do Trabalho tendo como premissa os sujeitos da relao de trabalho;

    Corrente Objectivista: define o Direito do Trabalho apresentando conceitos fundados no contedo objectivo das relaes jurdicas reguladas pelo Direito do Trabalho;

    Corrente mista: define o Direito do Trabalho atravs de pensamento das duas correntes anteriores.

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    Vejamos os conceitos decorrentes da corrente mista:

    Direito Individual do Trabalho: complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam, no tocante s pessoas e matrias envolvidas, a relao de trabalho, alm de outras relaes laborais normativamente especificadas Direito Colectivo: complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam as relaes laborais de empregados e empregadores, alm de outros grupos jurdicos normativamente especificados, consideradas suas aces colectiva, realizada autonomamente ou atravs das respectivas associaes Pode ser entendido como:complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam a relao empregador de trabalho e outras relaes normativamente especificadas, englobando, tambm, os institutos, regras e princpios jurdicos concernentes s relaes colectivas entre trabalhadores e empregador de servios, em especial atravs de um Contrato de Trabalho ou acordos colectivas. (Godinho2004, p. 52) No conceito de Vlia Bomfim 2Ed p67 Direito do Trabalho um sistema jurdico permeado por institutos, valores, regras e princpios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos empregadores, empresas coligadas, tomadores de servios, para tutela do contrato mnimo de trabalho, das obrigaes decorrentes das relaes de trabalho, das medidas que visam proteco da sociedade trabalhadora, sempre norteadas pelos princpios constitucionais, principalmente o da dignidade da pessoa humana. Tambm recheado de normas destinadas aos sindicatos e associaes representativas; atenuao e forma de soluo dos conflitos individuais, colectivos e difusos, existentes entre capital e trabalho; estabilizao da economia social e melhoria da condio social de todos os relacionados Voc pode estar fazendoa seguinte questo: Ento qual a base fundamental desse Direito? Vimos a pouco que esse ramo de Direito no regula toda a actividade relacionada entre os homens, mas, o seu domnio o dos fenmenos de relaes, excluem-se dele as actividades desenvolvidas pelos indivduos para a satisfao imediata de necessidades prprias (a preparao duma refeio, arrumao da casa, a conduo do seu automvel etc). Essas mesmas actividades, podem entrar no objecto do Direito do Trabalho se forem realizadas em proveito alheio, isto , para satisfao imediata de necessidades de outra pessoa. Acresce ainda, tratar-se de formas de trabalho livre, voluntariamente prestadas. Afastam-se assim as actividades foradas ou compelidas, isto , de um modo geral, aqueles que no se fundam num compromisso pode ser determinado por necessidades prementes e iniludveis, como so as de subsistncia, que

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    redundam em limitao (seria de liberdade psicolgica) em que as pessoas so, neste sentido obrigadas a trabalhar para subsistir. Mas a liberdade em causa na definio do objecto deste ramo de Direito uma liberdade formal: consiste na possibilidade abstracta de aceitar ou recusar um compromisso

    de trabalho, de escolher a profisso ou gnero de actividade, e de concretizar tais escolhas mediante negcios jurdicos especficos.

    Por essa razo, o Direito do Trabalho desenvolve-se em torno de um contrato - o Contrato de Trabalho, que o ttulo jurdico tpico do exerccio dessa liberdade.

    Veja agora a funo que o Direito do Trabalho tem como a funo primordial que dirimir as controvrsias estabelecidas na relao entre capital x trabalho, tendo de um lado o detentor dos meios econmicos e de produo e de outro o trabalhador, que dispe to-somente de sua fora de trabalho, tanto as normas de direito material, quanto as normas de direito processual do trabalho, abrigam particularidades como o princpio do jus postulandi (leia-se ius postulandi), que reconhecendo a desproporcionalidade de foras entre as partes, faculta ao trabalhador demandar (accionar a justia) em Juzo, ainda que sem assistncia de um advogado.

    Ser que toda actividade do Homem regulada pelo Direito do Trabalho? Como foi dito anteriormente, desde j, que o Direito do trabalho s regula o trabalho livre e em proveito alheio. Mas h que acrescentar outras notas delimitadoras da rea de incidncia deste ramo de Direito. A primeiro a de que s lhe interessa o trabalho remunerado, isto , aquele que se realiza mediante uma contrapartida econmica fornecida pelo seu beneficirio directo. Como j foi falado, na sociedade o homem nem sempre realiza o trabalho remunerado, existe tal trabalho gratuito que podemos enquadrar em trs possibilidades na sua relao com o Direito ou juridicamente indiferente:

    a) Quando se insere no quadro de relaes familiares, afectivas, de cortesia, de filantropia,

    b) Ou se apresente sob forma ilcita e liminarmente rejeitada pela ordem jurdica, que assim se abstm de regular as condies da sua realizao (servido, trabalho forado),

    c) Quando surge de modo inespecfico, como objecto de uma doao ou de um contrato de outra natureza, sujeitando se as regras gerais que sejam aplicveis as tais figuras jurdicas.

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    Temos que ter sempre presente que o Direito de Trabalho tem regras bem precisas para regular essa relao laboral, dai que regra geral o trabalho livre, em proveito alheio remunerado e traduz se sempre na aplicao de aptides pessoais, de natureza fsica, psquica e tcnica, para a pessoa que realiza, trata se de fazer render essas aptides, de as concretizar de modo a obter, em contrapartida, um benefcio econmico. Tendo em vista a obteno de um resultado pretendido por outra pessoa, ele programa a sua actividade no tempo e no espao, combina a com os meios tcnicos necessrios, socorre se eventualmente, da colaborao de outras pessoas, que no final lhe fornece, esses resultado. De acordo com a prpria lei, consideramos essas relaes de trabalho subordinadas que delimitam o mbito do Direito do Trabalho.As situaes caracterizadas pela autonomia de quem realiza trabalho em proveito alheio esto fora desse domnio e so reguladas no mbito de outros ramos de Direito. Por isso de notar que nem todo o trabalho dependente ou juridicamente subordinado objecto de regulao pelo Direito do Trabalho veja o caso do funcionrio pblico. O estatuto dos trabalhadores da funo pblica assume, caractersticas diferenciadas relativamente das pessoas envolvidas em relaes jurdico privadas de trabalho; estes no pertencem ao direito do Trabalho, mas sim ao Direito Administrativo que outro ramo de Direito Pblico.

    Em suma: deve ficar claro de que tudo, que foi explanado pode - se conluiar que o Direito do trabalho s regula as relaes jurdicas privadas de trabalho livre, remunerado e subordinado.

    Leituras Complementares

    Delgado, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3 ed., So Paulo: LTr, 2004, p. 52.

    Volia Bonfim 2 Ed pg 67 Direito do Trabalho e Sistemas Juridicos Constituio da Republica de Moambique de 1990, artigos 84 a 87.

    Actividades A seguir, esto as actividades correspondente a esta primeira unidade. Resolva os exercicios propostos e verifique se acertou, conferindo a sua resposta na chave de Correco no final do presente Guia de Estudo.

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    Actividade 1

    1. Diga o que entendes por Direito do Trabalho 2. Mencione 03 teorias explicativas do Conceito do Direito do Trabalho 3. Diga porque razo que nem todas as relaes humanas so reguladas pelo

    Direito do Trabalho

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    UNIDADE TEMTICA 2

    FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

    Elaborado Por: Dr. Mariano do Rosrio

    Objectivos

    No final desta unidade, voc dever ser capaz de:

    Identificar as principais fontes do Direito do trabalho Significado de fonte do Direito

    Para melhor percepo vamos primeiro analisar o termo fontes do direito porque permite a enunciao de definies distintas. A prpria palavra fonte remete-nos imediatamente imagem de gua jorrando da terra, conforme provm do significado do vocbulo fons em latim, apontando para a origem de algo, sendo o ponto de partida no caso do direito.

    No entanto, serve como resposta a indagaes bsicas, que seja:

    De onde surge o direito?

    Onde podemos encontr-lo?

    Qual a materializao de seus enunciados?

    Dentre outras questes.

    A dificuldade em se convergir os conceitos causada em torno do termo fonte, considerado no sentido de nascente. Isso traz discusses sobre a verdadeira fonte criadora do Direito. Busca-se compreender qual fonte realmente legtima e que realmente cria o Direito.

    Para o efeito vamos analizar alguns dos vrios campos de estudos e de pesquisas onde esses conceitos permeiam, visando analisar e esclarecer, de certa forma, qual o pensamento dos grandes doutrinadores sobre o assunto. 1. O termo fonte do direito utilizado metaforicamente, por isso tem mais de um

    sentido. Esse um dos problemas encontrados para que no se tenha uma uniformidade nas definies do que realmente fonte do Direito. Alm disso, temos a convico de cada doutrinado sobre os conceitos neste assunto esto apresentados de forma dspar. Maria Helena 1999 2 Ed p25

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    2. Da mesma forma que constata Paulo Nader, 2001 quando dizia que "a doutrina jurdica no se apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito. Entre os cultores da Cincia do Direito, h uma grande diversidade de opinies quanto ao presente tema, principalmente em relao ao elenco das fontes" .

    Como ves no existe unanimidade quanto a definio exacta mas vamos analisar um outro exemplo dessa diversidade a viso do doutrinador Miguel Reale1989 2Ed p 67,que afirma no reconhecer e nem aprovar a idia de fonte material, pois somente o que cria o Direito so "os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurdicas se positivam com legtima fora obrigatria, e no "o estudo filosfico ou sociolgico dos motivos ticos ou dos factos econmicos que condicionam o aparecimento e as transformaes das regras de direito. A fonte material esta permanentemente ligada as produes propriamente ditas. s produes de normas.

    DEPOIS DESTALEITURA VAMOS ANALISAR AS FONTES MATERIAIS E FORMAIS Para melhor situarmos a nossa analise vamo-nos debrussar sobreo pensamento do filosofo Montesquieu. De acordo com os seus pensamentos e para demonstrar a dimenso ou o alcance e consolidar o pensamento da existncia e da relevncia das fontes materiais, falou que as leis devem ser relativas:

    condio fsica do pas,

    ao clima gelado, trrido ou temperado,

    qualidade do terreno,

    sua situao, sua dimenso,

    ao gnero de vida dos povos (agricultores, caadores ou pastores),

    ao grau de liberdade,

    religio dos habitantes,

    s suas inclinaes,

    s suas riquezas,

    ao seu nmero de habitantes,

    ao seu comrcio,

    aos seus costumes, e s suas maneiras.

    Reale 2Ed 2001 cap.5 p45 A ideia sobre essas fontes, quando cita um exemplo sobre o aparecimento de uma lei onde se pode indagar sobre os condicionamentos lgicos e morais que levaram o legislador sua deciso e quando diz que isso assunto da filosofia, no nega a existncia dessa influncia das fontes materiais, contudo no as considera como tal, como fontes do direito

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    Enfim, elas tm relaes entre si. Elas o tm com sua origem, com o objectivo do legislador, com a ordem das coisas sobre as quais elas so estabelecidas. sob todos esses aspectos que preciso consider-las. Esses factores esto presentes em todo contedo do direito e que ainda servem como fundamentao para sua existncia. O Direito tambm emana dos costumes do povo, e suas convices reflectem nas actividades jurdicas de vrias formas. Ainda mais pelo facto de que o direito regula a conduta da populao que est em seu territrio, tendo ento freqente contacto com a sociedade.

    A correlao do Direito com a sociedade ou com as consideraes sociais e populares so firmes, onde so encontradas as fontes de forma um pouco difusa, por que esto to ligados os dois tipos materiais e formais que necessrio certo receio ao se definir onde cabe cada uma das fontes

    O Direito mesmo sendo uma grande estrutura de produo normativa e que tem legitimidade para tal controle social no consegue satisfazer a todos e nem sanar todos os problemas. Com isso outras normas podem existir para que seja "compartilhada" a competncia e o dever de regular as condutas, pois o direito tem e utiliza o poder de delegao.

    De acordo com o mesmo filosofo um ordenamento juridico no nasce num deserto; deixando de lado a metfora, a sociedade civil sobre a qual se forma um ordenamento jurdico; por exemplo, o ordenamento juridicodo Estado, no uma sociedade natural, completamente privada de leis, mas uma sociedade na qual vigoram normas de vrios gneros tais como: morais, sociais, religiosas, usuais, consuetudinrias, regras convencionais e assim por diante.

    Em suma, as fontes formais so constitudas por actos apenas jurdicos onde so produzidas leis, sentenas, contratos, testamentos, etc.. Apenas por entidades competentes ( Assembleia da Republica, Gorverno, Presidente da Republica, Governo Municipal)produzem o direito com esse processo, que recebe a definio de fonte formal.

    A legislao um processo com vrios limites. Na produo das normas jurdicas as novas normas devero ser compatveis com normas superiores ( estamos a falar da Constituio da Republica), sob pena de revogao, e devem seguir os requisitos e procedimentos previstos. Neste contexto, a supremacia da constituio (normas pertencentes ao topo da hierarquia de poder), em pases que o direito origina do direito romano que o nosso caso, traa as diretrizes que devero ser tomadas no contedo das normas jurdicas.

    "Quando um rgo superior atribui a um rgo inferior um poder normativo, no atribui um poder ilimitado. Por essa produo a legislao considerada como fonte formal do direito. E fonte material

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    ENTO O QUE UMA CONSTITUIO DA REPUBLICA?

    Dai podemos afirmar que a Constituio da Republica uma fonte do Direito do Trabalho, porque preconiza no seu artigo 85 a 87 o seguinte:

    Direito a retribuio e segurana no emprego

    Liberdade de associao profissional e sindical

    Direito grevee proibido lock-out

    Como se pode depreender estes principios constitucionais vo nortear ao legislador ao fazer a lei do Trabalho deve ter em ateno que a mesma no tenha principios que possam contrariar a Constituio da Republica. ( Fonte de Direito Material) Certamente que j ouviu falar sobreo que uma Lei, ento vamos analisar esta fonte do Direito considerada importante

    Antes vamos analisar o termo Lei como tal, de acordo com as vrias interpretaes o termo lei apresenta muitas interpretaes semnticas. Pois visto que h uma confuso em diferenciar lei de norma.

    Segundo Trcio,3 Ed. p37 "a norma uma prescrio. A lei a forma de que se reveste a norma ou o conjunto de normas dentro do ordenamento. Nesse sentido, a lei uma fonte do direito, o revestimento estrutural da norma que lhe da condio de norma jurdica"

    Sobre a compreenso do termo, fixando o sentido jurdico-tcnico de lei, Reale 2Ed. p60 afirma que:

    Lei, no sentido tcnico desta palavra, s existe quando a norma escrita constitutiva de direito, ou, esclarecendo melhor, quando ela introduz algo de novo com carcter obrigatrio no sistema jurdico em vigor, disciplinando comportamentos individuais ou actividades pblicas.

    Por existirem vrias e diferentes explicaes do que seja, de facto, uma constituio da republica, para o nosso caso, iremos defender o conceito de que a constituio "a lei fundamental de uma pas, que contm normas respeitantes organizao bsica do Estado ao reconhecimento e garantia dos direitos fundamentais do ser humano e do cidado, s normas, aos limites e s competncias do exercciodo Poder Pblico (legislar, julgar, governar).

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    Assim de acordo com o nosso ordenamento jurdico se subordina a uma, gradaco decrescente e prioritria de expresses de competncia, a partir da lei constitucional, a qual fixa a estrutura e os feixes de competncia de todo o sistema normativo.

    A lei passa por vrios procedimentos para se tornar vlida. O cumprimento de todos os requisitos elaborados e impostos por normas superiores so obrigatrios e so fundamentais para defini-la como vlida.

    A publicao da lei um facto importante por ser o incio de sua vigncia no sentido apenas de existir. Contudo, a sua publicao, deve ser entendida"no sentido emprico de que a lei deve de facto torna-se conhecida".( fonte Material )

    Fontes histricas

    Antes vamos definir o conceito de Historia diz que e um acontecimento do passado comrelavancia para o presente. Tendo em atencao esse pressuposto e de acordo com os teus conhecimentos sabes que em qualquer cincia humana, o estudo dos antepassados, dos seus mtodos, das suas pesquisas e, principalmente, de suas experincias ajudam, de forma significativa, na construo de novas ou de mais "modernas" estruturas de controle de condutas, ou seja, na construo do Direito presente.

    Um grande exemplo da existncia e utilidade dessas fontes so os estudos histrico-antropolgicos do Direito Romano que inspirou na criao do Direito Romano Germanico que serviu de base para o nosso actual Direito.( Fonte material)

    Fontes Historicas"as fontes histricas do Direito indicam a gnese das modernas instituies jurdicas: a poca, local, as razes que determinaram a sua formao. A pesquisa pode limitar-se aos antecedentes histricos mais recentes ou se aprofundar no passado, na busca das concepes originais."

    Lei um conjunto de actos juridicos com forma documental proveniente dos rgos estaduais competentes e que tem por efeito criar normas juridicas que nele se encontram formuladas as principais linhas orientadora cuja o seu cumprimento de caracter obrigatrio.

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    FONTES DO DIREITO DO TRABALHO CONCEITO Bem para falarmos do conceito da fonte do direito no nosso ordenamento jurdica podemos dizer com toda a certeza que a principal fonte do direito do trabalho a Lei do Trabalho n 23 2007 de 1 de Agosto. Pois nesse instrumento que vem consagrados todos os direitos e deveres das partes envolvidas no contrato de trabalho, isso , o prprio contrato de trabalho tem como base essa lei. Ao mencionarmos a lei acima indicada podemos afirmar com toda a propriedade que no a nica fonte do direito do trabalho, vamos ver outras que tambm so fundamentais na compreenso da relao que se estabelece entre as partes. As fontes do direito do trabalho so fundamentais para o conhecimento da prpria cincia, vez que nelas so descobertas as reais origens e as bases da matria do direito em foco. No estudo do direito do trabalho, onde a maioria das fontes do ramo privado, mas no somente deste, vamos encontrar, metodologicamente, trs diferentes partes de anlise destas fontes nomeadamente.

    A anlise do conceito e classificao das fontes,

    Anlise de cada uma delas e

    A hierarquia das mesmas.

    Portanto, quando falamos da fonte do direito do trabalho significa de onde vem o direito, o incio de sua existncia, de onde vm as normas. So consideradas juridicamente as seguintes fontes de direito do trabalho:

    a constituio

    as leis,

    os decretos,

    os costumes,

    as sentenas normativas,

    O contrato de trabalho, significava a actual conveno colectiva. Doutrinariamente este actual diploma se refere ao pacto contratual colectivo, celebrado no exerccio da autonomia privada colectiva, com aptidopara produzir normas jurdicas.(Maurcio Godinho Delgado)

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    os acordos, as convenes,

    o regulamento de empresa (quando bilateral)

    e os contratos de trabalho.

    CLASSIFICAO Como em toda cincia, h fontes formais e fontes materiais. Ento o que isso? Vamos agora analisar cada uma dessas fontes As fontes materiais so as que deram literalmente origem elaborao das regras, ou seja, o que levou, quais factores levaram o legislador determinar tais normas. Podem ser factores econmico-sociais, polticos, entre outros. Afinal a sociedade dinmica e a evoluo de seus membros caracterstica essencial da natureza humana. As fontes formais so materializadas na prpria existncia da norma. a pura manifestao explcita das origens jurdicas. Entretanto, existem duas teorias sobre a unidade ou pluralidade de produo destas fontes. A teoria, defendida por Hans Kelsen, afirma que o nico gerador de produo das fontes formais do direito o Estado, o que demonstra ser uma teoria essencialmente positivista. Fontes Materiais Econmica. As fontes materiais econmicas do Direito do trabalho, sob a perspectiva econmica, esto, regra geral, atadas a existncia e evoluo do sistema capitalista. Trata se da Revoluo Industrial, no sculo XVIII, e suas consequncias na estruturao e propagao do sistema econmica capitalista da forma de produo adoptada por esse sistema, baseada no modelo chamado grande industria, em oposio as velhas formulas produtivas tais como artesanato e a manufactura. Tambm so importantes factores que favoreceram o surgimento do ramo jus trabalhista a concentrao dos empreendimentos capitalistas, tendncia marcante desse sistema econmico-social. Todos esses factos provocaram a macia utilizao de forcas de trabalho, nos moldes empregaticios potencializando, na economia e sociedade contemporneas, a categoria central do futuro ramo jus trabalhista a relao de emprego. Fontes Matrias Sociolgicas: Dizem respeito aos distintos processos de agregao de trabalhadores assalariados, em funo do sistema econmico, nas empresas, cidades e regies do mundo ocidental contemporneo. Esse processo, iniciado no sculo XVIII, especialmente na Inglaterra, espraiou se para a Europa Ocidental e norte dos Estados Unidos, logo a seguir, atingindo propores significativas no transcorrer do sculo XIX.

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    A crescente urbanizao, o estabelecimento de verdadeiras cidades industriais operrias, a criao de grandes unidades empresariais, todos so factores sociais de importncia na formao do Direito do Trabalho: e que tais factores iriam favorecer a deflagrao e o desenvolvimento de processos incessantes de reunies, debates, estudos e aces organizativas por parte dos trabalhadores, em busca de formas eficazes de interveno no sistema econmico circulante. Fontes Materiais Politicas: dizem respeito aos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores, de ntido carcter reivindicatrias, como o movimento sindical, no plano das empresas e mercado econmico, e os partidos e movimentos polticos operrios, reformistas ou de esquerdo, actuando mais amplamente no plano de sociedade civil e do Estado. Observe a propsito, que a dinmica sindical, nas experiencias clssicas dos pases capitalistas desenvolvidos, emergiu no somente como veiculo indutor a elaborao de regras jus trabalhistas pelo estado, actuou combinadamente a isso, como veiculo produtor mesmo de importante espectro do universo jurdico-laboral daqueles pases. Fontes Matrias Filosficas: correspondem as ideias e corrente de pensamento que articuladamente entre si ou no, inturam na construo e mudana do Direito do Trabalho. Em um primeiro instante, trata se daquelas vertentes filosficas que contriburam para a derrubada da antiga hegemonia do iderio liberal capitalista, preponderante ate a primeira metade do sculo XIX. Tais ideias antiliberais, de fundo democrtico, propunham a interveno normativa nos contratos de trabalho, seja atravs das regras jurdicas produzidas pelo Estado, seja atravs das produzidas pela negociao colectiva trabalhista, visando atenuar se os desequilbrio de poder inerente a relao de emprego. Nesta linha foram tpicas matrias, sob o prisma filosfico, o socialismo, nos sculos XIX e XX, e corrente poltico filosficas afins, como o trabalhismo, o socialismo cristo, existem outras linhas de pensamento sistematizado que influenciaram, nos ltimos cem anos, a criao ou mudana do Direito do Trabalho. TIPOS JURDICOS Tipos jurdicos so as fontes jurdicas que se tipificam, se identificam com sua conceituao, ou seja, a Constituio, por exemplo, a identificao de um tipo jurdico das fontes formais jus trabalhistas. Porm existem fontes com dbio carcter para parte da doutrina. Como por exemplo o laudo arbitral e o regulamento de empresa.

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    FONTES FORMAIS HETERNOMAS E AUTNOMAS Dentro das fontes formais, existem as heternomas e autnomas: Heternomas so: Constituio, leis, tratados e convenes internacionais, regulamentos normativos, portariam, sentena normativa, entre outras. Deve-se fazer a ressalva de que as portarias, circulares, a princpio no so fontes formais, pois no gera obrigao, seno para aqueles funcionrios e rgos inferiores na hierarquia. Autnomas so as elaboradas pelos prprios interessados convenes colectivas de trabalho (Srgio Pinto Martins). Elas so as convenes colectivas de trabalho, os acordos colectivos de trabalho, usos e costumes, entre outras. NEGOCIAO COLETIVA: CONVENO COLECTIVA OU ACORDO COLETIVO Bem agora vamos ver outras formas de criar o Direito do Trabalho que so as convenes colectivas que geram normas de ordem privada para regular situaes do futuro. Os acordos colectivos normalizam situaes somente entre o patronato os empregados. Discute-se se estas normas podem ser aceitas como normas jurdicas, ou se so interpretadas somente como disposies decorrentes de contrato. Meu entendimento de que so apenas disposies contratuais, pois o acordo celebrado entre empresa e sindicato naquela ocasio s pode gerar efeito sobre aqueles que acordaram, de forma que novos funcionrios no podem ser obrigados a se sujeitar s determinaes de outros. um acordo. Diferentemente a conveno, por exemplo, entre dois sindicatos, dos trabalhadores e dos empregados da categoria, gera efeitos para todos os membros daquela categoria, pois o interesse geral destes que determinado, e no somente os interesses de trabalhadores de uma empresa em um determinado momento e situao. Posiciono-me, ento, na teoria que defende a durao dos dispositivos das convenes e dos acordos at sua eventual revogao, em oposio s teorias que defendem o prazo determinado para estas normas e tambm quela teoria que defende a permanente vigncia destas normas. O contrato de trabalho, significava a actual conveno colectiva. Doutrinariamente este actual diploma se refere ao pacto contratual colectivo, celebrado no exerccio da autonomia privada colectiva, com aptido para produzir normas jurdicas. (Maurcio Godinho Delgado)

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    Usos e Costumes como fonte do Direito do Trabalho Para se entender os usos e costumes como fontes formais autnomas do direito do trabalho, deve-se fazer a diferena entre eles. O uso de mnima abrangncia, ou seja, gera efeitos somente entre as partes envolvidas. Por sua vez, os costumes, so critrios de conduta geral, que podem futuramente disciplinar relaes entre diferentes partes. So actos - regra que podem ser ditos normas jurdicas, diferentemente dos usos.

    Leituras Complementares Maria Helena 1990 2Ed. Pg 25

    Trcio 3Ed p25

    Telles, Inocncio Galvo, Manual contrato em Geral 3 Ed. 1965 pg 65,68 ,79

    Lei do Trabalho n23/2007 de 1 de Agosto

    Cordeiro, Antnio menezes, Manual do Direito do Trabalho, edio, AFDL,1991

    Sergio Pinto Manrtins 2005 3 Ed. Edio Almedina

    Hans Kelsen

    Actividades Depois desta introduo da matria. Resolva os exercicos propostos e verifique se acertou, conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente Guia de Estudo

    Actividade 2

    1. Duma forma clara apresente as principais fontes do Direito do trabalho 2. Apresente as razes que levaram ao Legislador a considerar o Constume

    como Fontes do Direito

    3. Mencione duma forma clara 03 terorias que fala das fontes do Direito do Trabalho

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    UNIDADE TEMATICA 3

    RALAES INDIVIDUAIS DE TRABALHO

    Elaborado Por: Dr. Mariano do Rosrio

    Objectivos

    No final desta unidade voce dever ser capaz de:

    Conhecer e intepretar os vrios contrato de trabalho

    Interpretar a Lei do Trabalho 23/2007 de 1 de Agosto em vigor

    Saber os direitos e os deveres das partes envolvidas no contrato de trabalho

    Relaes Individuais de Trabalho Para puder entender melhor este tema vamos ver uma relao simples o que ? Podemos dizer com toda a certeza que uma relao a ligao que estabelece entre duas ou mais pessoas seja para diversos fins. Uma relao individual de trabalho se estabelece com assinatura de um contrato de Trabalho, nos termos da Lei n 23/2007, de 01 de Agosto, no seu artigo 18 diz o seguinte contrato de trabalho o acordo pelo qual uma pessoa (trabalhador) se obriga a prestar a sua actividade ao empregador, sob autoridade e direco desta, mediante remunerao. Ento uma relao individual de trabalho um conjunto de condutas, direitos e deveres estabelecidos entre o empregador e trabalhador, relacionados com a actividade laboral ou servios prestados ou que possa ser prestados e com o modo como essa prestao deva ser efectivada. Partindo destas definies preconizados na Lei em vigor, desde logo permite-nos adiantar que estamos perante todos os elementos caracterizadores do contrato de trabalho:

    a) Os sujeitos, de um lado, uma pessoa (trabalhador) que presta a sua actividade, no outro, outra pessoa (empregador) a quem essa actividade prestada;

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    b) A prestao tem como objecto uma actividade que tanto pode ser intelectual como manual;

    c) A obrigao principal do empregador a de proceder ao pagamento ao trabalhador, como contrapartida da actividade por este exercida, de uma remunerao;

    d) A subordinao jurdica do trabalhador ao empregador, o empregador tem sob a pessoa do trabalhador um poder de autoridade e de direco, uma vez que este ltimo fica sujeito autoridade daquele;

    As caractersticas do contrato do trabalho, de acordo com o artigo 35 da Lei de Trabalho (LT), as partes podem celebrar um contrato promessa de trabalho que s ser vlido se constar de documento escrito, em que constar inequivocamente que os promitentes se obrigam a celebrar o contrato de trabalho definitivo, a espcie de trabalho a prestar e a respectiva remunerao. Refira-se que o incumprimento da promessa dar lugar a responsabilidade civil nos termos gerais do direito, no se aplicando porm, o disposto no artigo 830 do cdigo Civil. Ento como vimos o contrato de trabalho o que liga as partes de ento uma relao individuais de trabalho um conjunto de condutas, direitos e deveres estabelecidos entre o empregador e trabalhador, relacionados com a actividade laboral ou servios prestados ou que possa ser prestados e com o modo como essa prestao deva ser efectivada. De acordo com a Lei do Trabalho no seu artigo 38 so os seguintes os Contrato de Trabalho:

    a) Contrato Promessa de trabalho; b) Contrato de trabalho a prazo certo de durao superior a noventa dias; c) Contrato de trabalho com pluralidade de empregadores; d) Contrato de trabalho com estrangeiros, salvo disposio legal em contrrio; e) Contrato de trabalho a tempo parcial; f) Contrato de cedncia ocasional de trabalhadores; g) Contrato de trabalho em comisso de servio; h) Contrato de trabalho no domiclio; i) Contrato de trabalho em regime de empreitada

    Regime Juridico das Relaes de Trabalho As relaes jurdico laboral encontram se reguladas fundamentalmente atravs da Lei do Trabalho 23/2007 de 1 de Agosto.

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    O mbito de aplicao daquela lei abrange todas as entidades empregadoras sem excepo, sejam elas estatais, mistas ou privadas, e os respectivos trabalhadores, nacionais e estrangeiros residentes, que exeram a sua actividade no pas. As relaes de trabalho estabelecem-se por contrato individual de trabalho, ou por meio de contratao colectiva. Formas do Contrato de Trabalho O direito laboral moambicano impe a obrigatoriedade da reduo a escrito do contrato de trabalho, devendo este ser datado e assinado por ambas as partes e conter as seguintes clusulas: - Identificao da entidade empregadora e do trabalhador; - Categoria profissional ou trarefas acordadas; - Local de trabalho; - Durao do contrato e condies da su renovao; - Montante, forma e perodo de pagamento da remunerao; - Data de incio da execuo do contrato. Modalidade do Contrato De acordo com artigo n 42 da Lei do Trabalho os contratos acima indicados podem ser celebrados a prazos certo por perodo no superior a dois anos, podendo ser renovado por duas vezes, mediante acordo das partes, sem prejuzo das pequenas e mdias empresas. A celebrao de contratos a prazo certo admitida nas seguintes situaes: - Realizao de tarefas especficas no duradouras ou com carcter sazonal; - Substituio temporrio de trabalhadores efectivos que, por qualquer razo, se encontrem impedidos de prestar a sua actividade entidade empregadora. E o mesmo artigo preceitua no seu n2 o seguinte: Considera-se celebrado por tempo indeterminado o contrato de trabalho a prazo certo em que sejam excedidos os perodos da sua durao mxima ou o numero de renovaes previstas no numero anterior. A lei permite, ainda, a possibilidade das entidades empregadoras manterem, fora do quadro de pessoal da empresa, trabalhadores em regime de livre e de avena.

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    Entende-se por trabalho prestado em regime de avena as tarefas ou actividades que no integram o normal de trabalho, mas realizado dentro dele. O trabalho prestado em regime de avena compreende as tarefas ou actividades que no integram o normal processo produtivo da empresa, nem ocupam a totalidade do perodo de trabalho. As entidades empregadoras socorrem-se, normalmente, destas formas de prestao de trabalho, para a execuo de funes de carcter eminentemente tcnico (assessorias e consultoria econmica, juridica e, mais recentemente informtica), na estrita medida das suas necessidades. Perodo Probatrio do Contrato de Trabalho Os perodos probatrios referem-se ao perodo experimental, o qual, no sendo imperativo, pode ser fixado de comum acordo entre as partes para dar incio ao vnculo laboral. Este perodo no dever exceder os seguintes prazos: -Trinta dias nos contratos por tempo determinado, reduzindo se este perodo a quinze dias nos contratos com prazos inferior a seis meses; - Noventa dias nos contratos por tempo indeterminado. Estes prazos podem ser reduzidos nos instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho ou nos contratos indivivual de trabalho. Modificao do Contrato A lei laboral prev duas situaes que constituem motivo de modificao do contrato de trabalho, so as seguintes:

    1. A ocorrncia de casos de fora maior ou necessidades produtivas imprevisiveis, que determinem a execuo de tarefas no previstas no contrato, desde que tal no implique diminuio da remunerao ou da posio hierrquico do trabalhador;

    2. A transferncia para outro local de trabalho quando ocorram circunstncias de carcter excepcional ligadas organizao administrativa ou produtiva da empresa.

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    Perodo e Horrio de trabalho Em regra, o perodo normal de trabalho no pode ser superior a quarenta e oito horas por semana e oito horas por dia, podendo ser alargado a nove horas dirias sempre que ao trabalhador seja concedido meio dia de descanso complementar por semana, alm do perodo normal de descanso semanal. A Lei admite ainda umas excepes a este preceito bsico, podendo, como tal, o perodo normal de trabalho ser alargado ou encurtado, quando preenchidas as condies, previstas na lei. Considera-se horrio de trabalho a determinao das horas de incio e termo do perodo normal de trabalho, incluindo os intervalos de descanso, os quais devem ter uma durao no inferior a meia hora, nem superior a duas horas. Podero ser insentos de horrio de trabalho os trabalhadores que exeram cargos de chefia e direco, de confiana ou de fiscalizao, bem como funes cuja natureza justifique a prestao de trabalho em tal regime. A lei considera trabalho extraordinrio o que for realizado para alm do perodo normal de trabalho, no podendo cada trabalhador prestar mais que duas horas de trabalho por dia, at ao mximo de cem horas por ano, salvo quando se verifiquem motivos ponderosos. As entidades empregadoras so obrigados a possuir um registo do trabalho extraordinrio em livro prprio. A lei considera o trabalho nocturno o que for prestado entre as vinte horas de um dia e a hora de incio de perodo normal de trabalho do dia seguinte. Por sua vez existe o trabalho em regime de turnos, pode ser organizado nas empresas de laborao contnua e naquelas em que houver um perodo de funcionamento de amplitude superior aos limites mximos dos perodos normais de trabalho. Remunerao do Trabalho A lei considera a remunerao aquilo a que o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho e compreende o salrio e todas as outrs prestaes regulares e peridicas feitas directa ou indirectamente. De acordo com a lei moambicana, o Governo estabelece os salrios mnimos aplicveis a grupos de trabalhadores por conta de outrem, cujas condies de emprego sejam de modo a justificar que se assegure a sua proteco.

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    No que se refere ao trabalho extraordinrio e excepcional, a lei determina que o primeiro deve ser retribuido com uma importncia correspondente remunerao do trabalho normal, acrescia de cinquenta por cento, at s vinte horas e cem por centopara alm das vinte horas, at hora de incio do perodo normal de trabalho do dia seguinte. No caso da prestao de trabalho excepcional, este deve ser retribudo com uma importncia correspondente remunerao do trabalho normal, acrescida de cem por cento. A lei prev ainda a remunerao especial, que se aplica ao trabalho em tempo parcial ou estgio, aos cargos de chefia ou de confiana e ao desempenho de funes ou cargo em regime de substituio, internidade e acumulao de funes. CONCEITO E TIPO DE FALTAS O conceito de falta refere-se ausncia do trabalhador durante o periodo normal de trabalho a que esta obrigado, podendo constituir falta justificada ou injustificada. Faltas justificadas A lei considera faltas, justificadas as seguintes:

    a) Seis dias de calendrio, por motivos de casamento; b) Seis dias de calendrio, por motivos de falecimento de cnjuge, pais,

    irmos, tios, enteados, padrasto e madrasta; c) Trs dias de calendrio, por motivos de falecimento de sogros, genros,

    noras, avs, netos e cunhados; d) Dois dias de calendrio, por motivo de falecimento de primos, sobrinhos do

    primeiro grau. e) E outras dadas por motivos sindicais, exames obrigatrios nas escolas,

    mes acompanhantes dos filhos menores ao hospital.

    Todas as outras faltas no mencionadas so consideradas injustificadas. DIREITOS E DEVERES DAS PARTES Direitos do Trabalhador: Durante a execuo ao trabalhador assegurada a igualdade de direitos no trabalho, independentemente da sua origem tica, lngua,

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    raa, sexo, estado civil, idade, nos limites fixados por lei, condio social, ideia, religiosas ou politicas e filiao ou no num sindicato. Nos termos do Contrato de trabalho ao trabalhador , nomeadamente, reconhecido o direito a: ter assegurado um posto de trabalho em funo das suas capacidades, preparao tcnico profissional, assegurada a estabilidade do posto de trabalho desempenhando as suas funes, ser tratado com correco e respeito, ser remunerado em funo da qualidade e quantidade do trabalho que presta, poder concorrer para o acesso a categorias superiores em funo da sua qualificao, assegurar o descanso dirio, semanal e frias anuais, beneficiar de medidas apropriadas de proteco, segurana e higiene no trabalho, beneficiar de assistncia medica e medicamentosa, associar se livremente aos movimentos sindicais . Deveres do Trabalhador: o trabalhador tem, em especial os seguintes deveres: comparecer ao servio com pontualidade e assiduidade, prestar o trabalho com zelo e diligencia, respeitar e tratar com correco e lealdade o empregador e outros no mbito das relaes laborais, obedecer a ordens legais, a instrues do empregador, utilizar correctamente e conservar em boas condies os bens e equipamentos de trabalho que lhe forme confiados pelo empregador, guardar sigilo profissional, no utilizar para fins pessoais os bens da empresa, ser leal ao empregador Deveres do empregador: Na vigncia do contrato de trabalho o empregador tem os seguintes deveres para com o trabalhador: respeitar os direitos e garantias do trabalhado, garantir a observncia das normas de higiene e segurana no trabalho, respeitar e tratar com correco e urbanidade o trabalhador, proporcionar ao trabalhador boas condies fsicas e morais no local de trabalho, pagar ao trabalhador uma remunerao justa em funo da qualidade e quantidade do trabalho prestado, atribuir ao trabalhador uma categoria profissional correspondente as funes ou actividade que desempenha, mater a categoria profissional atribuda ao trabalhador...

    O que se deve entender por Direito do Trabalhador?

    Pergunta fcil, mas de resposta muito difcil. Por direito, em sentido geral, entende-se o poder (baseado em normas) que uma pessoa tem e que, normalmente, serve de base para a realizao dos mais diversificados interesse dessa pessoa, desde que os mesmos sejam protegidos por normas ou regras.

    Assim, o direito do trabalhador o poder que tem ou a possibilidade que as normas lhe do de realizar os seus interesses, desde que estes sejam protegidos por normas. Significa que os direitos do trabalhador se encontram regulados por

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    normas legais (regras que advm de leis), ou por normas convencionais (regras fixadas por acordo, no contrato de trabalho ou instrumento de regulamentao colectiva de trabalho).

    A Lei do Trabalho uma das bases de determinao dos direitos do trabalhador. As outras bases so as normas ou regras fixadas pelas partes em contratos individuais de trabalho ou instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho. Na Lei do Trabalho, destaca-se o art. 54, que indica alguns princpios fundamentais sobre os direitos do trabalhador: O princpio da igualdade e de no discriminao (art. 54 da LT) e o princpio da proibio de transaco, renuncia ou limitao de certos direitos do trabalhador (art. 54 da LT).

    Mas as partes, no contrato individual de trabalho ou nos IRCT, podem fixar determinados direitos que no estejam estabelecidos, por escrito, na Lei do Trabalho?

    Podem, sim. A Lei do Trabalho refere-se a alguns direitos do trabalhador, que se podem considerar ou chamar de direitos principais ou especiais. Na verdade, existem muitos outros direitos que no esto consagrados, por escrito, na Lei do Trabalho. Por isso, vamos falar de alguns dos direitos do trabalhador, que se podem encontrar em diferentes instrumentos legais ou convencionais, tais como a Constituio da Repblica, a Lei do Trabalho, o Contrato Individual de Trabalho, o Instrumento de Regulamentao Colectiva de Trabalho e os Tratados ou Convenes Internacionais (em especial, no caso do Direito do Trabalho, os da OIT).

    Quais so esses direitos do trabalhador?

    Os direitos do trabalhador so muitos. Uns mais simples e outros, mais complexos. Vamos comear por falar daquele que se pode considerar a fonte de todos os outros direitos do trabalhador: o "direito ao trabalho". Nos termos do art. 84, n.1 da Constituio da Repblica - CRM - de onde se pode concluir que todos os cidados moambicanos tm o direito ao trabalho. Tm tambm o dever de trabalhar.

    Significa, ento, que todos os cidados podem exigir ao Estado que os coloque a trabalhar em alguma empresa ou no prprio Estado?

    Digamos que, politicamente, a resposta e "sim". O Estado tem o dever de criar condies para que haja empresas ou empregadores capazes de criarem postos de trabalho, para empregar todos os cidados, exercendo estes, desse modo, o seu direito de trabalhar, bem como cumprindo o seu dever de trabalhar. Mas esta norma (art. 84, n. 1 da CRM) programtica.

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    Como tal, esta norma no pode ser aplicada directamente, isto , no pode o cidado moambicano exigir que o Estado a aplique imediatamente. Quer dizer, o cidado no pode, por exemplo, apresentar queixa no tribunal para que este condene o Estado a arranjar emprego para ele seja no Estado como em empresas pblicas ou privadas. E isso no significa que o trabalho no seja direito fundamental e dever de cada cidado.

    Qual a importncia deste tipo de normas, como o art. 84, nr.1 da CRM, se no pode ser aplicada directa e imediatamente, ou seja, no de aplicao imediata?

    importante, sim, pois, com base no art. 84, n 1 da CRM, o trabalhador pode, por exemplo, reclamar, entre outros; o direito a ocupao efectiva. Significa que os artigos como este servem de fundamento para o trabalhador exigir outros direitos. Ou seja, funcionam como princpios gerais em que vo basear-se outras normas.

    Em que consiste o direito a ocupao efectiva?

    Vamos partir de um exemplo, para o seu melhor entendimento. Imagine que certa empresa condenada a reintegrar um trabalhador no seu posto de trabalho, na sequncia de o ter despedido sem justa causa. O empregador, apesar de no estar de acordo, no recorre da deciso para o tribunal superior, mas diz que aceita a deciso e que o trabalhador deve apresentar-se na empresa.

    Efectivamente, o trabalhador dirige-se empresa, onde recebido, mas no do trabalho para fazer, embora o paguem ao fim de cada ms. A empresa, de facto, mantm o trabalhador em inactividade. Trata-se, no fundo, de uma atitude do empregador cujo objectivo ou punir o trabalhador, ou fazer com que este, por sua prpria iniciativa, faa cessar o seu vnculo contratual com a empresa, abandonando-a.

    Na maior parte das vezes, o trabalhador, nestas situaes, acaba denunciando o contrato de trabalho, por no suportar a situao de presso a que esta sujeito: ficar na empresa sem fazer nada, apesar de, no fim do ms, o empregador pagar-lhe salrio.

    Sempre que o empregador no der tarefas ao trabalhador, esta a violar o direito a ocupao efectiva?

    No se deve confundir a situao da violao ao do direito a ocupao efectiva do trabalhador, com a falta da ocupao temporria deste, que pode se verificar por motivos de organizao produtiva da empresa, por motivos tcnicos ou de gesto empresarial. Nestas situaes, no h inteno, por parte do empregador, de punir o trabalhador, nem de criar condies para que ele denuncie o contrato de trabalho, ou abandone o servio, por se sentir humilhado e desvalorizado.

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    Existe algum artigo da Lei do Trabalho que trata, de forma concreta, do direito ao trabalho?

    Na Lei do Trabalho, no existe um artigo que, como o art. 84, n.1 da CRM, fala em direito ao trabalho. Mas, no art. 54 da LT, h princpios gerais e normas que tratam de direitos ligados ao direito ao trabalho. So uma espcie de efeitos do direito ao trabalho. Tal o caso, s para indicar alguns, do direito ao posto de trabalho (art. 54, n 5 al, a da LT) e do direito da estabilidade do posto de trabalho (art. 54, n 5, al. b da LT).

    Na Constituio temos tambm, como consequncia do reconhecimento do direito ao trabalho, a proibio dos despedimentos sem justa causa, consagrado no art. 85, n 3 da CRM. Este artigo representa, pois, a manifestao e garantia do direito ao trabalho.

    O direito ao posto de trabalho e o direito a estabilidade do posto de trabalho no so a mesma coisa?

    No. Trata-se de dois direitos que se pode dizer que se completam um ao outro. O direito ao posto de trabalho significa, em resumo, que o trabalhador tem o poder de exigir que o empregador o atribua um posto de trabalho. E por esta razo que o empregador tem o dever de atribuir ao trabalhador uma categoria profissional, de acordo com o art. 59, al. f) da LT. E, uma vez atribuda essa categoria profissional, o empregador tambm no pode alter-la, nem baixa-la, seno nos casos em que a lei o permitir, como prev o art. 59, al. g) da LT. Esta norma materializa, assim, o direito a estabilidade do posto de trabalho.

    Por isso, se o empregador alterar ou baixar a categoria profissional do trabalhador, fora dos casos expressamente previstos na lei, este poder recorrer aos rgos competentes, para que seja reconhecida e atribuda a sua real categoria profissional (art. 255 da LT).

    Em que momento um contrato de trabalho e suspenso?

    De acordo com o artigo n122 da Lei do trabalho a relao individual do trabalho considera se suspensa nos casos em que o trabalhador esteja temporariamente impedido de prestar trabalho, por facto que lhe no seja imputvel, desde que o impedimento se prolongue por mais de quinze dias, nos seguintes casos:

    a) Durante a prestao do servio militar obrigatrio b) Durante o perodo em que o trabalhador se encontre provisoriamente

    privado de liberdade ou se, posteriormente, for isento de procedimento criminal ou absolvido.

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    Em que condies a entidade empregadora pode suspender o contrato de trabalho? Tendo em ateno o artigo 123 da Lei j citada a entidade empregador pode suspender os contratos de trabalho por razoes econmicas, entende se estas como as resultantes de motivos de mercado, tecnolgicos, catstrofes ou outras ocorrncias que tenham ou venham, previsivelmente, a afectar a actividade normal da empresa ou estabelecimento. Em que momento o contrato de trabalho pode cessar? Se analisarmos o artigo n 124 da Lei de trabalho o contrato de trabalho pode cessar por:

    a) Caducidade b) Acordo revogatrio c) Denuncia por qualquer das partes d) Resciso por qualquer das partes contratantes com justa causa

    A cessao da relao de trabalho determina a extino das obrigaes das partes relativas ao cumprimento do vnculo laboral e a constituio de direitos e deveres, nos casos especialmente previsto na lei. Para que a cesso do contrato produza efeitos jurdicos umas das partes deve fazer um documento por escrito a comunicar a outra parte da sua inteno Em que circunstncias caduca o contrato de trabalho? Segundo a Lei do trabalho no seu artigo n 126, o contrato de trabalho caduca quando se verificam os seguintes pressupostos:

    a) Expirado o prazo ou por ter sido realizado por que foi estabelecido;

    b) Pela incapacidade superveniente, total e definitiva, de prestao do trabalho ou, sendo aquela apenas parcial, pela incapacidade do empregador a receber, excepto se a incapacidade for imputvel ao empregador;

    c) Com a morte do empregador em nome individual, excepto se os sucessores continuarem a actividade;

    d) Com a reforma do trabalhador;

    e) Com a morte do trabalhador.

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    Sempre que um trabalhador inscrito no sistema de segurana social preencher os requisitos para beneficiar da respectiva penso, a caducidade do seu contrato de trabalho por reforma obrigatria. Diga o que e resciso por justa causa? Considera-se em geral, justa causa para resciso do contrato de trabalho os factos ou circunstancias graves que impossibilitem, moral ou materialmente, a subsistncia da relao contratual estabelecida. Ambas as partes isto e, o trabalhador ou o empregador pode invocar justa causa para rescindir o contrato de trabalho, reconhecendo-se a contraparte o direito de impugnar a justa causa, dentro do prazo de trs meses a contar da data do conhecimento da resciso. Em que circunstncias o empregador pode invocar a justa causa? A entidade empregadora pode invocar a justa causa para extinguir as relaes de trabalho por despedimento individual ou colectivo nos seguintes casos:

    a) Manifestao inaptido do trabalhador para o servio ajustado, verificado aps o perodo probatrio;

    b) Violao culposa e grave dos deveres laborais pelo trabalhador;

    c) Deteno ou priso se, devido a natureza das funes do trabalhador,

    prejudicar o normal funcionamento;

    d) Resciso por motivos econmicos da empresa, que podem ser tecnolgicos, estruturais ou do mercado;

    Em que circunstncia o empregador pode rescindir o contrato de trabalho com aviso prvio? O empregador pode rescindir um ou mais contratos de trabalho, com aviso prvio, desde que essa medida se funde em motivos, estruturais, tecnolgicos, ou de mercado e se mostre essencial competitividade, saneamento econmico, reorganizao admnistrativa ou produtiva da empresa. A resciso do contrato de trabalho, com fundamento nos motivos acima indicados, confere o trabalhador o direito de indemnizao, previsto no artigo 130 n 3, alineas a,b,c e d. O Trabalhador pode rescindir o contrato invocando a justa causa?

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    Claro que pode, de acordo com a Lei do Trabalho em vigor no seu artigo 127 o trabalhador pode rescindir o contrato de trabalho invocando justa causa nas seguintes circunstncias:

    a) Necessidade de cumprir obrigaes legais incompatveis com a continuao no servio e no confere o direito de indemnizao;

    b) Ocorrncia de comportamento do empregador que viole culposamente os direitos e garantias legais e convencionais do trabalhador.

    1. Segundo o artigo 128 da lei do trabalho em vigor, o trabalhador para rescindir o contrato de trabalho, com justa causa, mediante comunicao prvia de, pelo menos, sete dias, indicando expressa e inequivocamente, os factos que a fundamentam.

    2. A resciso do contrato de trabalho por tempo indeterminado, com justa

    causa por parte do trabalhador, confere-lhe o direito indemnizao correspondente a quarenta e cinco dias de slario por cada ano de servio.

    3. A resciso do contrato a prazo certo, com justa causa por parte do trabalhador, confere-lhe o direito indemnizao s remuneraes que venceriam entre a data da cessao e a convencionada para o fim do prazo do contrato.

    Para alm da resciso o trabalhador pode denunciar o contrato de trabalho? Sim pode denunciar o contrato de trabalho, com aviso prvio, sem necessidade de invocar a justa causa, desde que comunique a sua deciso, por escrito, ao empregador. A denncia do contrato de trabalho a prazo certo, por deciso do trabalhador, deve ser feita com antecedncia mnima de trinta dias, sob pena de conferir ao empregador o direito indemnizao por danos e perdas sofridas, de valor correspondente, no mximo, a um ms de remunerao. Em caso da denncia do contrato de trabalho a tempo indeterminado por deciso do trabalhador, essa deve ser feita com aviso prvio devendo observar os seguintes prazos:

    a) Quinze dias, se o tempo de servio for superior a seis meses e no exceder a 3 anos;

    b) Trinta dias, se o tempo de servio for superior a 3 anos.

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    Disciplina no local de trabalho O fundamento do poder disciplinar assenta na necessidade de manter a ordem e disciplina no seio da organizao empresarial do empregador. Por isso, todos, empregadores e empregados vm se obrigados a cumprir com os procedimentos disciplinares. O trabalhador deve ser disciplinado para que seja produtivo. Dentro dos limites decorrentes do contrato das normas que o regem, compete ao empregador ou pessoa por ele designada, fixar, dirigir, regulamentar e disciplinar os termos e as condies em que a actividade deve ser prestada.

    Leituras Complementares Almeida, Pedro Cruz, A usta Causa do Despedimento na jurisprudencia, Coimbra 1990. Cordeiro, Antnio Menezes, Manual de Direito de Trabalho, edio AFDL 1991 Lei n 23/2007 de 1 de Agosto Telles, Inocncio Galvo, Manual de Contratos em Geral, 3 Ed., Coimbra, 1965 Correia, Luis Brito, Contrato de Trabalho, volume I e II, Lisboa, 1981 e 1984.

    Actividades Findo esta unidade tematica espero que estejas em condies de resolver os exercicios um pouco mais complicados vefique se acertou conferindo a sua resposta com a chave de correco no final do presente Guia de Estudo.

    Actividades 3

    1. Diga o que entendes por um contrato de trabalho, e mencione os seus principais intervenientes.

    2. De acordo com a Lei do trabalho em vigor existem vrios tipos de contrato de trabalho. Demonstre.

    3. Quais so as condies que a lei preconiza para que um contrato deixe de ser vlido.

    4. Em que condies a entidade empregadora pode rescindir um contrato de trabalho com aviso prvio.

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    UNIDADE TEMATICA 4

    RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR

    Elaborado Por: Dr. Mariano do Rosrio

    Objectivos

    No fianl desta unidade voce dever ser capaz de: - Conhecer o que um acto ilicito laboral - Ser capaz de intepretar e dominar os passos de um processo disciplinar - Dominar os prazos legais de um procedimentos disciplinar.

    RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR

    Poder Disciplinar

    O que poder disciplinar do empregador?

    O poder disciplinar do empregador uma faculdade que lhe atribudo por lei. Compreende o poder de qualificar comportamentos com infraces, instaurar processos disciplinares e de punir o trabalhador que viola os seus deveres profissionais.

    O poder disciplinar tem como fundamento a relao de trabalho existente entre o empregador e o trabalhador, havendo ou no contrato de trabalho. Ou seja, mesmo em caso de no haver contrato de trabalho escrito, o empregador tem o poder de instaurar processo disciplinar contra o trabalhador que lhe presta trabalho subordinado. Isso vem escrito no Artigo 62, n.1 da Lei do Trabalho.

    O fundamento do poder disciplinar, principalmente no que diz respeito aplicao de sanes disciplinares, assenta na necessidade de manter a ordem e disciplina no seio da organizao empresarial do empregador.

    Assim, o empregador s pode aplicar sanes disciplinares aos trabalhadores que se encontrem ao seu servio. Mas, em algumas dessas situaes, antes de aplicar a sano disciplinar, o empregador tem de abrir um processo disciplinar ao trabalhador. H casos, porm, em que o empregador pode aplicar sanes disciplinares sem necessidade de instaurar previamente processo disciplinar.

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    Quem pode exercer o poder disciplinar?

    O poder disciplinar pode ser exercido pelo prprio empregador, directamente, ou pelo superior hierrquico do trabalhador. Significa que o poder disciplinar pode ser confiado a outras pessoas pelo empregador.

    Porm, nos termos do Artigo 62, n.2 da Lei do Trabalho, parece-nos que o poder disciplinar s pode ser exercido pelo empregador, pessoalmente, ou pelo superior hierrquico do trabalhador.

    Infraco Disciplinar

    O que uma infraco disciplinar?

    o facto ou comportamento voluntrio (uma aco ou uma omisso) praticado pelo trabalhador com violao dos seus deveres profissionais. Significa que o trabalhador pode ser punido por fazer o que proibido ou por deixar de fazer o que devido.

    A infraco disciplinar est relacionada com a violao culposa de deveres profissionais. , pois, o comportamento culposo do trabalhador que viola os seus deveres profissionais. Ver o Artigo 66, n.1 da Lei do Trabalho.

    Um dos deveres do trabalhador apresentar-se no seu local de trabalho a tempo e horas, e todos os dias de trabalho, para realizar a sua actividade. Ou seja, o trabalhador tem o dever de pontualidade e de assiduidade.

    Assim, quando o trabalhador atrasa ou falta ao servio viola os deveres de pontualidade e de assiduidade, respectivamente. Portanto, com este seu comportamento prtica uma infraco disciplinar, podendo, se assim entender, o empregador aplicar-lhe uma sano disciplinar.

    Os deveres do trabalhador esto previstos nas diferentes alneas do Artigo 58 da lei do trabalho. Deste modo, o trabalhador comete uma infraco disciplinar, quando viola alguns desses deveres profissionais estabelecidos naquele artigo, independentemente de o fazer com inteno ou no.

    A questo de a infraco disciplinar ser praticada com inteno ou no, e a forma como a mesma praticada, tem uma importncia especial no momento de decidir qual a sano disciplinar a aplicar ao arguido por exemplo, como circunstncia agravante mas essa questo no importante para dizer se esta ou aquela prtica, este ou aquele comportamento do trabalhador constitui ou no uma infraco disciplinar, qual deve ser aplicada uma sano disciplinar.

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    Sano disciplinar

    O que uma sano disciplinar?

    A sano disciplinar uma medida administrativa que tem em vista reprimir o comportamento negativo do trabalhador, mas tambm pretende educ-lo a no cometer novas infraces disciplinares, bem como chamar ateno ao trabalhador e seus colegas para evitarem a violao dos deveres profissionais.

    A lei do trabalho no nos diz o que uma infraco disciplinar, somente indica as sanes disciplinares que o empregador, dentro dos limites da lei, pode aplicar aos seus trabalhadores cfr. Artigo 63, n.1 da Lei do Trabalho.

    O empregador ou as partes (empregador e trabalhador/sindicato) no podem alterar, atravs do contrato individual, regulamento interno ou qualquer instrumento de regulamentao colectiva de trabalhos, a seguinte lista de sanes:

    a) Admoestao verbal;

    b) Repreenso registada;

    c) Suspenso do trabalho;

    d) Multa at vinte dias de salrio;

    e) Despromoo para a categoria profissional;

    f) Despedimento;

    Significa no legal e torna o processo disciplinar nulo, a aplicao de outras sanes disciplinares que no as do artigo 63, n1 da Lei do Trabalho, ou mesmo se o empregador agravar (tornar as sanes disciplinares mais pesadas) essas sanes disciplinares -cfr. Artigo 63, n.2 da Lei do Trabalho.

    Assim, por exemplo, se um empregador, no processo disciplinar, decidir aplicar o trabalhador, como sano disciplinar, uma multa correspondente ao desconto de vinte e cinco dias de salrio, essa sano disciplinar nula, porque no permitido agravar as sanes disciplinares legalmente estabelecidas na lei de trabalho. Esta fixa em vinte dias de salrio o mximo de desconto, ao aplicar esta sano disciplinar

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    Como se inicia o processo disciplinar?

    Recebida a participao da infraco disciplinar, ou concludo o processo de inqurito, desde que o empregador entenda que os factos apurados so infraces disciplinares, mandar instaurar o respectivo processo disciplinar, indicando, desde logo, o respectivo instrutor do processo.

    O instrutor do processo, querendo, poder escolher um secretrio ou escrivo, pedindo pessoa com autoridade para exercer o poder disciplinar, para a sua nomeao.

    O processo disciplinar compreende 3 fases: a acusao, a defesa e a deciso, de acordo com o artigo 67, n2 da Lei do Trabalho.

    Nulidade do processso disciplinar

    Em que casos o processo disciplinar nulo?

    O processo disciplinar nulo, regra geral, sempre que no tenham respeitado alguma das formalidades estabelecidas por lei para a sua elaborao -cfr: Artigo 68, n1, alnea a) da lei do trabalho, nomeadamente: a falta de requisitos da de culpa a falta de notificao da nota de culpa ao trabalhador arguido a falta de audio do trabalhador arguido a falta de remessa dos autos ao rgo sindical ou a falta de fundamentao da deciso final do processo disciplinar.

    Vamos, em seguida, analisar, resumidamente, algumas destas causas de nulidade ou invalidade do processo disciplinar.

    O processo disciplinar nulo quando a nota de culpa feita sem respeitar o que sobre ela a lei determina. De acordo com a lei, a nota de culpa deve conter a descrio detalhada dos factos e circunstncias de tempo, lugar e modo do cometimento da infraco que imputada ao trabalhador.

    Assim, se, por exemplo, a nota de culpa elaborada sem a indicao detalhada das circunstncias de tempo, lugar ou modo como os factos se passaram, em princpio, o processo ser nulo. Neste caso, a nulidade do processo disciplinar poder ficar a dever-se ao facto de se feita uma acusao genrica, do gnero acusado de faltar respeito ao superior hierrquico.

    De igual modo, constitui causa de nulidade do processo disciplinar o facto de o instrutor no notificar o trabalhador arguido da nota de culpa. o que sucede, por exemplo, naqueles casos em que ao trabalhador entregue apenas uma nota que diz que o contrato de trabalho cessou no dia x, porque o trabalhador teve um

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    comportamento negativo, sem que ao trabalhador tivesse sido dada a oportunidade de se defender, no processo disciplinar.

    A falta de fundamentao da deciso final tambm causa de nulidade do processo disciplinar. A fundamentao deve ser com base na matria que ficou provada (e no com base na convico ou pensamento do instrutor do processo) e apenas em relao matria da acusao.

    A nulidade do processo disciplinar pode tambm ficar a dever-se a violao dos diferentes prazos e formalidades do processo. Assim, se o instrutor do processo no respeitar os prazos: (i) para a abertura do processo disciplinar; para o envio do processo ao rgo sindical, para efeitos de emisso de parecer; bem como o da comunicao, por escrito, da deciso final ao trabalhador e ao rgo sindical.

    Basta verificar-se uma das causas de invalidade do processo disciplinar, no h mais nada a fazer?

    Em regra, no h mais nada a fazer. Mas a lei d a possibilidade de, at ao encerramento do processo disciplinar, ou seja, at comunicao da deciso final, o instrutor do processo ou o empregador corrigir algum erro que tenha cometido. Chama-se a isso sanar a nulidade do processo, que o mesmo que dizer limpar o erro cometido, fazendo como a lei manda.

    Vejamos, por exemplo, o caso de o instrutor no ter ouvido o trabalhador em declaraes, de acordo com o n.3 do artigo 65 da nova lei de trabalho, o trabalhador deve obrigatoriamente ser ouvido antes de lhe aplicarem qualquer sano disciplinar, mesmo aquelas em que no h obrigao de abertura de processo disciplinar(como admoestao verbal e a repreenso registada).

    A qualquer momento, antes de fechar o processo com a comunicao da deciso final, isto , da sano disciplinar a aplicar ao trabalhador arguido, pode sanar (limpar) essa causa de nulidade, chamado o trabalhador para ser ouvido em declaraes.

    Mas existem casos que a lei no permite que a nulidade, uma vez verificada, possa ser sanada. o caso da violao do prazo de prescrio do processo disciplinar; ou da violao do prazo da comunicao da deciso final do processo disciplinar, de que falamos h pouco ou, ainda, a falta de notificao da nota de culpa ao trabalhador arguido.

    Estas trs situaes, uma vez verificadas, nada mais h a fazer se no declarar-se a nulidade do processo disciplinar. O empregador pode, por sua vez, mandar arquivar o processo disciplinar, porque, se mandar aplicar a sano disciplinar, o trabalhador pode, querendo, impugnar (atacar) essa sano nos rgos competentes, dizendo que a mesma nula e sem nenhum efeito jurdico.

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    Impugnao do Despedimento

    O que impugnar o despedimento?

    Impugnar o despedimento ou a justa causa da resciso do contrato de trabalho , no fundo, manifestar que no concorda com a deciso que lhe foi aplicada no processo disciplinar. Os motivos dessa discordncia podem ser vrios: (i) por considerar que foi acusado e punido ilegalmente, j que os factos de que est sendo acusado, por exemplo, nem se quer constituem violao dos seus deveres profissionais, ou mesmo que o sejam, no foi respeitada a lei na aplicao da sano disciplinar; (ii) por no terem sido respeitadas formalidades que a lei fixa para a aplicao de sanes disciplinares ou, mesmo, pelo facto de a sano disciplinar aplicada no constar, por exemplo, da lei do trabalho.

    Como que se faz a impugnao do despedimento?

    A declarao de que a deciso do processo disciplinar ou os seus fundamentos no so vlidos (ou so ilegais) feita pelos rgos judiciais ou pelos centros de mediao e arbitragem laboral.

    Para o efeito, o trabalhador deve no prazo de 6 meses; a contar da data em que toma conhecimento da deciso que considera ilegal e injusta, apresentar queixa perante o rgo competente para apreciar e decidir sobre essa sua impugnao -cfr. Artigos 69, n.2 e 135, n.4, ambos da lei do trabalho.

    A lei do trabalho anterior tinha este prazo fixado em apenas 1 ms mas a nova lei do trabalho, e bem, alargou o prazo para 6 meses, para permitir que o trabalhador no corra o risco de perder a aco por falta de cumprimento do prazo de apresentao da queixa no tribunal.

    O trabalhador, nos casos em que a entidade empregadora, por exemplo, o manda embora, sem antes lhe ter instaurado processo disciplinar, pode apresentar uma providncia cautelar e suspenso do despedimento. Falaremos deste, l mais para frente.

    O objectivo da impugnao de despedimento fazer com que seja declarado pelo tribunal ilegal o despedimento ou a resciso do contrato. Com essa declarao de ilegalidade da resciso do contrato ou do despedimento, o trabalhador adquire alguns direitos:

    (i) o direito de ser reintegrado no seu posto de trabalho, se prejuzo da sua categoria e antiguidade, assim como o direito de receber os salrios que se venceram desde a data em que ficou impedido de trabalhar at a data da sua reintegrao na empresa;

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    (ii) o direito de escolher receber a indemnizao, no lugar de ser reintegrado na empresa, sempre que ele considere que no conveniente a sua reintegrao, na medida em que o ambiente, a falta de confiana de parte a parte (ou por outras razes), no lhe garante segurana e estabilidade no posto de trabalho, se tiver de recomear a actividade -cfr. Artigo 69, n.5 da lei do trabalho. Esta opo tem de ser feita por documento escrito.

    Obrigatoriedade de Mediao

    O que e para que serve a mediao obrigatria?

    Antes de apresentar queixa no tribunal ou de submeter o litgio arbitragem, o trabalhador deve procurar resolver o litgio fora dos tribunais, atravs de mediao. O objectivo da mediao obrigatria incentivar a procura de solues, por meio de consenso, que aquilo que procura fazer o mediador e, por outro lado, reduzir o volume de processos nos tribunais do trabalho

    Assim, a lei do trabalho, nos seus artigos 184 e 182 determinam que, antes de conflitos (excepto o caso das providncias cautelares) serem submetidos aos rgos judiciais ou arbitragem, devem obrigatoriamente ser conduzidos mediao. Da que, se o trabalhador ou o empregador apresentar, perante o tribunal, uma aco sem demonstrar que tentou uma soluo fora dos tribunais, atravs da submisso do caso mediao, no deve ser recebido o seu pedido. Deve, sim, ser orientado no sentido de, primeiro, ir tentar a soluo fora do tribunal.

    Leituras Complementares

    ALMEIDA, Pedro Cruz, A Justa Causa do Despedimento na Jurisprudncia, Coimbra, 1990. CORDEIRO, Antnio Menezes, Manual de Direito do Trabalho, edio AFDL, 1991.

    CORDEIRO, Antnio Minezes, Manual do Direito de Trabalho, Livraria Almedina, Coimbra, 1994.

    Lei do Trabalho 23/2007 de 1 de Agosto

    MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, Volumes I, Parte Geral, 3 Edio, Lisboa, 1998.

    TELLES, Inocncio Galvo, Manual de Contratos em Geral, 3 edio, Coimbra, 1965.

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    Actividades

    A seguir, esto as actividades correspondentes a esta unidade.Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifica se acertou, conferindo a sua resposta na chave de Correco no final do presente Guia de Estudo

    Actividades 1

    1. Diga como se incia um processo disciplinar. 2. Quando que se pode dizer que houve uma ilicitude laboral 3. Apresente duma forma escalonado as penas prevista no caso de uma

    infraco laboral 4. Em que condies um trabalhador arguido pode impugnar um deciso

    tomada em relao ao processo disciplinar.

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    UNIDADE TEMATICA 5

    Relaes Colectivas de Trabalho

    Elaborado Por: Dr. Mariano do Rosrio

    Objectivos

    No final desta unidade voce dever ser capaz de:

    - conhecer e saber interpretar as leis laborais por forma a encontrar as melhores solues para os problemas surgidos na gesto dos recursos humanos, organizaes, no contexto de mudanas.

    - identificar, interpretar as normas laborais com relavncia nas relaes colectivas de trabalho

    - apoiar um processo de negociao colectiva, comparando e constituindo o seu contedo, agindo de forma tica e comunicando as suas escolhas de forma clara aos parceiros sociais

    - saber escolher a via apropriada de resoluo dos conftitos de trabalho.

    Relaes Colectivas de Trabalho

    De acordo com a Lei de Trabalho n23/2007 de 01 de Agosto no seu artigo n 137 preconiza o que aos trabalhadores e aos empregadores assegurado, sem qualquer discriminao e sem autorizao prvia, o direito de se constiturem em organizaes de sua escolha e de nelas se filiarem para a defesa e promoo dos seus direitos e interesses scio- profissionais e empresariais.

    Noo de Relao Colectiva de Trabalho

    Uma relao colectiva de trabalho uma relao jurdica que se estabelece entre dois grupos respeitantes, de dadores de trabalho e de prestadores de trabalho, sindicalmente representados, ou entre um empresrio e um sindicato de trabalhadores, para regular as condies de trabalho dos scios representados e o comportamento dos prprios grupos em ordem s relaes individuais de trabalho consideradas ou aos interesses colectivos dos mesmos grupos.

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    As Associaes Colectivas

    De acordo com a nossa Constituio da Repblica reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condio e garantia de construo da sua unidade para a defesa dos seus direitos e interesses. a consagrao de um princpio fundamental do direito colectivo, pressuposto da autonomia colectiva e condio fundamental de defesa genuna e eficaz dos interesses dos trabalhadores.

    Quais so os objectivos destas organizaes:

    De acordo com a lei estas organizaes sindicais ou de empregadores visam a prossecuo dos fins seguintes:

    a) defender e promover a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos seus associados;

    b) participar na elaborao de legislao de trabalho e na definio e execuo das polticas sobre o trabalho, emprego, formao e aperfeioamento profissionais, produtividade, salrio, proteco, higiene e segurana no trabalho e segurana social;

    c) exercer, nos termos legalmente estabelecidos, o direito de negociao colectiva;

    d) exercer, nos termos da lei, com a Inspeco do Trabalho no controlo da aplicao da legislao do trabalho e dos instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho;

    e) fazer se representar em organizaes, conferncias, internacionais e outras reunies sobre assuntos laborais;

    f) dar parecer sobre relatrios e outros documentos relacionados com os instrumentos normativos da Organizao Internacional do Trabalho ( OIT)

    Conceito do Sindicato

    Um sindicato uma associao de trabalhadores que se constitui para defender os interesses sociais, econmicos e profissionais relacionados com a actividade laboral dos seus integrantes. Trata-se de organizaes democrticas que se encarregam de negociar as condies de contratao com as entidades patronais.

    De acordo com a Lei Laboral em vigor reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condio e garantia de construo da sua unidade para a defesa dos seus direitos e interesses. Esta a consagrao de um principio

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