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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 29ª aula: Hostilidade do Sinédrio Textos complementares GEAEL Aula 29 — Entre muitas, a lição que fica: Quem realizou a Verdade em toda a sua plenitude nada mais tem a aprender, pois todo a conhecimento está incluído na Verdade. A Verdade é dura como o diamante e frágil como a flor do pessegueiro. Mahatma Gandhi PERGUNTA: — Jesus não é o governador espiritual da Terra? No entanto, dizeis que ele veio da esfera dos “Amado- res”, provavelmente de algum orbe situado muito além do nosso sistema solar? RAMATÍS: — Mais uma vez tomais a palavra do espíri- to pelo espírito da palavra, porquanto não estamos nos referindo a qualquer situação geográfica ou astronômica nestes relatos. Jesus deixou o seu reino espiritual apenas quanto à redução do seu campo vibratório e da sua consciência sideral, mas não veio de qualquer outra latitude astronômica ou cósmica. A esfera dos Amadores é um conjunto sideral de almas excelsas e identificadas por um padrão espi- ritual semelhante ao de Jesus. São espíritos eletivos, entre si, que formam um todo ou coletividade sideral e vibram, felizes, unidos pela mesma natureza angé- lica. Não se trata de uma “esfera material” ou pla- neta físico, mas de um “estado vibratório” peculiar e de natureza superior. São entidades portadoras de um Amor incondicional; e sentem-se felizes quando eleitas para qualquer missão redentora nos mundos físicos, dispondo-se a todos os sacrifícios em benefí- cio dos seus irmãos que ainda se encontram nesses planos inferiores. A esfera dos Amadores pode ser concebida à semelhança de uma “esfera social”, “esfera militar”, “esfera científica” ou “esfera religiosa”, em que se agrupam criaturas pela mesma afinidade, simpatia ou tarefas semelhantes. Jesus foi um “Avatar” elei- to da esfera dos Amadores para baixar à Terra no tempo predito, porque só um espírito do quilate dessa esfera seria capaz de tanto amor e renúncia para a missão de redimir o homem terreno. No entanto, desde a origem do vosso orbe, ele jamais deixou de presidir os vossos destinos, atento ao esquema evolutivo traçado há trilhões de anos terrestres na elaboração do atual “Grande Plano”, que vos proporciona a aquisição individual de cons- ciência espiritual. PERGUNTA: — Em nossas reflexões concluímos que o Amor absoluto e incondicional há de ser, no futuro, uma qualidade comum a toda humanidade cósmica. Mas em

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

29ª aula: Hostilidade do SinédrioTextos complementares

GEAEL

Aula 29 — Entre muitas, a lição que fica:Quem realizou a Verdade em toda a sua plenitude nada mais tem a aprender, pois todo a conhecimento está incluído na Verdade. A Verdade é dura como o diamante e frágil como a flor do pessegueiro.

Mahatma Gandhi

PER GUN TA: — Jesus não é o gover na dor espi ri tual da Terra? No entan to, dizeis que ele veio da esfe ra dos “Ama do­res”, pro va vel men te de algum orbe situa do muito além do nosso sis te ma solar?

RAMATÍS: — Mais uma vez tomais a pala vra do espí ri­

to pelo espí ri to da pala vra, por quan to não esta mos nos refe rin do a qual quer situa ção geo grá fi ca ou astro nô mi ca nes tes rela tos. Jesus dei xou o seu reino espi ri tual ape nas quan to à redu ção do seu campo vibra tó rio e da sua cons ciên cia side ral, mas não veio de qual quer outra lati tu de astro nô mi ca ou cós mi ca. A esfe ra dos Ama do res é um con jun to side ral de almas excel sas e iden ti fi ca das por um padrão espi­ri tual seme lhan te ao de Jesus. São espí ri tos ele ti vos, entre si, que for mam um todo ou cole ti vi da de side ral e vibram, feli zes, uni dos pela mesma natu re za angé­li ca. Não se trata de uma “esfe ra mate rial” ou pla­ne ta físi co, mas de um “esta do vibra tó rio” pecu liar e de natu re za supe rior. São enti da des por ta do ras de um Amor incon di cio nal; e sen tem­se feli zes quan do elei tas para qual quer mis são reden to ra nos mun dos físi cos, dis pon do­se a todos os sacri fí cios em bene fí­cio dos seus irmãos que ainda se encon tram nes ses pla nos infe rio res.

A esfe ra dos Ama do res pode ser con ce bi da à seme lhan ça de uma “esfe ra social”, “esfe ra mili tar”, “esfe ra cien tí fi ca” ou “esfe ra reli gio sa”, em que se agru pam cria tu ras pela mesma afi ni da de, sim pa tia ou tare fas seme lhan tes. Jesus foi um “Ava tar” elei­to da esfe ra dos Ama do res para bai xar à Terra no tempo pre di to, por que só um espí ri to do qui la te dessa esfe ra seria capaz de tanto amor e renún cia para a mis são de redi mir o homem ter re no.

No entan to, desde a ori gem do vosso orbe, ele jamais dei xou de pre si dir os vos sos des ti nos, aten to ao esque ma evo lu ti vo tra ça do há tri lhões de anos ter res tres na ela bo ra ção do atual “Gran de Plano”, que vos pro por cio na a aqui si ção indi vi dual de cons­ciên cia espi ri tual.

PER GUN TA: — Em nos sas refle xões con cluí mos que o Amor abso lu to e incon di cio nal há de ser, no futu ro, uma qua li da de comum a toda huma ni da de cós mi ca. Mas em

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face de vossa expo si ção, pare ce­nos que só a “esfe ra dos Ama do res” agru pa, real men te, as almas já cris tia ni za das por esse Amor. Não é assim?

RAMATÍS: — Ine ga vel men te, o Amor é a essên cia espi ri­tual indes tru tí vel e o fun da men to da ange li tu de de todo ser; mas o anjo, como sím bo lo da alma per fei ta, só é com ple to quan do tam bém já adqui riu a Sabe do ria Cós mi ca. Embo ra todas as almas afins a Jesus sejam por ta do ras de amor tão seme lhan te quan to ao dele, elas podem se agru par em con jun tos dife ren tes, uni das por outras carac te rís ti cas e gos tos pre fe ren ciais.

Não é difí cil com pro var mos que a figu ra tra di cio nal do anjo, cul tua da pelo Cato li cis mo, é real men te um sím bo lo da alma com ple ta men te livre de quais quer deve res ou preo cu pa­ções para com os mun dos mate riais, e goza do livre­arbí trio de doar o Seu Amor e Sabe do ria a quem melhor lhe ape te cer. O Anjo pos sui duas asas, mas ele só se equi li bra, no trá fe go do “reino do céu”, quan do ambas estão per fei ta men te iguais ou uni for mes, por quan to a asa direi ta sim bo li za o inte lec to ou a razão, e a esquer da o cora ção ou o sen ti men to. A ange­li tu de ou per fei ção exige com ple to e abso lu to equi lí brio entre o Amor e a Sabe do ria. Por isso, quem vive na Terra, humi­lha do e sub me ti do às pro vas cru cian tes da carne, desen vol ve a paciên cia, o amor, a resig na ção e a ter nu ra. E, em futu ro pró xi mo, há de vol tar à Terra ou a outro orbe, tan tas vezes quan tas forem neces sá rias para desen vol ver a asa direi ta, ou seja, a Sabe do ria da razão pura.

Em con se qüên cia, embo ra a “esfe ra dos Ama do res” con gre gue espí ri tos angé li cos, cuja carac te rís ti ca fun da men­tal é o Amor e a Renún cia da pró pria vida, para o bem do pró xi mo, não é a única nesse gêne ro, pois todos os espí ri tos ange li za dos e já liber tos das encar na ções pla ne tá rias obri ga­tó rias, embo ra sejam sábios, tam bém são amo ro sos. Mas o

amor tam bém pode ser mani fes ta do de vários modos e con for me a índo le psí qui ca de cada ser, seja um homem ou um anjo. Os Ama do res, por tan to, são um tipo de espí ri tos que depois de elei tos para qual quer mis são nas cros­tas pla ne tá rias, jamais se pren dem aos bens do mundo onde atuam. E além do seu amor incon di cio nal para ser vir e ser útil em tare fas de alta res pon sa­bi li da de, a pobre za é a prin ci pal carac­te rís ti ca de suas vidas. Eles não vaci­lam em suas lutas mes siâ ni cas, pois as enfren tam desde o prin cí pio com uma deci são herói ca e abso lu ta renún­cia pelo ideal supe rior que espo sam e divul gam. Esse é o tipo dos espí ri tos pecu lia res da “esfe ra dos Ama do res”.

Embo ra o amor incon di cio nal e abso lu to seja, real men te, no futu ro, uma qua li da de comum de toda a huma ni da­de cós mi ca, tal sen ti men to toma carac­te rís ti cas pecu lia res da índo le e do tem­pe ra men to de quem o mani fes ta.

PER GUN TA: — Pode ríeis dar um exem plo mais claro, a fim de com preen der mos melhor o fato de exis ti rem mani­fes ta ções amo ro sas dife ren tes, de acor do com os tem pe ra­men tos dos espí ri tos agru pa dos na mesma esfe ra angé li ca?

RAMATÍS: — Supo nha mos um con jun to har mo nio so de almas, cujo sen ti men to fun da men tal tam bém seja o Amor abso lu to, o qual, no entan to, é com pos to de espí ri tos que se ajus ta ram à índo le dos ingle ses, lati nos ou asiá ti cos. Embo ra o sen ti men to pre do mi nan te entre esses espí ri tos seja o Amor no mesmo dia pa são espi ri tual, o seu sen ti men to se há de expres sar em con for mi da de com o tem pe ra men to e a índo le de cada uma des sas raças. Assim, os ingle ses seriam fleu má ti cos e per sis ten­tes, os lati nos eufó ri cos e extro ver ti dos e os asiá ti cos mís ti cos e intros pec ti vos, cada um impon do o seu cunho carac te rís ti co na prá ti ca e na mani fes ta ção desse mesmo Amor.

Eis por que têm sido tão diver sas as mani fes ta ções do Amor pelos ben fei to res da huma ni da de. Aqui, desen vol ve­se e pro gri de a medi ci na ou a físi ca, gra ças ao sacri fí cio ou abne ga ção de um Pas teur, Édi son ou Mar co ni; ali, Pitá go­ras, Sócra tes ou Spi no za devo tam todo o seu pen sa men to em ame ni zar a angús tia huma na pelo medi ca men to sutil da filo so fia; acolá, o gênio de Da Vinci, o espí ri to agi ta do de Van Gogh, as pri va ções e a tris te za de Rem brandt, tam bém gera ram a bele za e o encan to mis te rio so da pin tu ra, mani fes­tan do o seu amor ao homem pela magia das cores. Bee tho­vem, o gigan te da músi ca, doa ao mundo a Nona Sin fo nia, o tes ta men to do Amor em sons; Mozart extin gue­se ainda moço, dei xan do as mais fas ci nan tes melo dias para a cria tu ra huma na; Bach deixa um monu men to musi cal ali cer ça do no con cei to de que “o obje to de toda músi ca devia ser a gló ria

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de Deus!” Tols toi, Dic kens, Cer van tes, Vic tor Hugo e outros mani fes ta ram esse amor ten tan do novos rotei ros na esfe ra social e moral do mundo; Marco Polo, Colom bo e outros o fize ram na ten ta ti va de estrei tar as dis tân cias da Terra para o mais pró xi mo con ví vio dos homens.

Por tan to, é sem pre o Amor mani fes tan do­se nos colo ri dos mais varia dos, em con for mi da de com a índo le de cada ser. Mui tas vezes o sábio, o gênio ou o cien tis ta prin ci piam aque­cen do o amor em si mes mos, numa satis fa ção ainda egó la tra. No entan to, eis que trans bor da esse amor além das neces si da­des e da con ten ção do ser, para se trans for mar em doa ção ao mundo e em bene fí cio da huma ni da de.

É indu bi tá vel que os guias espi ri tuais pre cur so res de Jesus tam bém ser vi ram à huma ni da de e a ensi na ram para o Bem, por que eram de índo le amo ro sa; mas há dife ren ça entre as for mas de pre gar esse Amor, se com pa rar mos Jesus a Con fú cio, Kris hna, Buda, Moi sés, Zoroas tro, Maomé, Gand hi e outros. Só ele, enfim, o mais pobre dos homens, tam bém foi o mais rico de Amor!

PER GUN TA: — Há, por ven tu ra, outros con jun tos de espí ri tos afi na dos pelo mesmo amor e sabe do ria, e que se cons ti tuem em esfe ras seme lhan tes à dos Ama do res?

RAMATÍS: — Exis tem inú me ras outras esfe ras espi ri­tuais com deno mi na ções sim bó li cas, para con ve nien te iden­ti fi ca ção nos regis tros eté ri cos ou “akás hi cos”1 e que tam bém reú nem espí ri tos afi na dos pelo mesmo sen ti men to de Amor, quan to à sua linha gem tem pe ra men tal. O mundo espi ri tual é seme lhan te a um imen so país, cujos esta dos são cons ti tuí dos por essas encan ta do ras esfe ras de almas har mo ni za das por sen ti men tos e obje ti vos seme lhan tes, com pon do a huma ni­da de ven tu ro sa sob o cari nho eter no do Pai. É certo que, em sen ti do opos to, tam bém exis tem cole ti vi da des satâ ni cas, agru pa das nas regiões tre vo sas e for man do ins ti tui ções beli­co sas, em por fia inces san te con tra as enti da des do Bem.

À seme lhan ça da comu ni da de dos Ama do res, cita mos a esfe ra dos “Jus ti cei ros”, cons ti tuí da por almas cuja jor na da mes siâ ni ca pelo vosso mundo as faz aliar o seu sen ti men to fra ter no e amo ro so à ener gia que repro va os des re gra men tos dos homens, como foram João Batis ta, Moi sés ou Paulo de Tarso; a esfe ra das “Har pas Eter nas” abran ge o con jun to de espí ri tos elei tos para impreg nar a músi ca huma na de res pei to­sa reli gio si da de, como Orfeu, Pales tri na, Bach, Schu bert, Hen­del, Mozart, Gou nod, Verdi, Hay den e outros auto res dos mais belos ora tó rios, mis sas sin fô ni cas e tre chos reli gio sos; a esfe ra dos “Orá cu los dos Tem pos”, fonte dos pro fe tas como Daniel, Eze quiel, Jere mias, Job, Isaías, Miquéias, Ele zier, Samuel ou Nos tra da mus; a esfe ra das “Safi ras da Renún cia” ins pi rou

1 Nota do Revi sor: ­ O “Ákasha” é um esta do muito mais sutil ainda do que a maté ria cós mi ca, embo ra não seja o éter pro pria men te admi ti do pela ciên­cia como um meio trans mis si vo. Nele se refle te e se grava qual quer ação ou fenô me no do mundo físi co, e que mais tarde os bons psi cô me tros podem lê­los gra ças à sua facul da de psí qui ca inco mum. Myers chama a esse esta do cós mi co de “metae té ri co” e Ernes to Boz za no o expli ca satis fa to ria men te na sua obra Os Enig mas da Psi co me tria, no VI Caso, à pág. 41. Acon se lha mos, tam bém, a lei tu­ra do capí tu lo XXVI, “Psi co me tria”, da obra Nos Domí nios da Mediu ni da de, de Chico Xavier, e as págs. 191 a 197, da obra Devas san do o Invi sí vel, de Yvon ne A. Perei ra.

Gand hi, Fran cis co de Assis, ou Vicen te de Paula; a esfe ra dos “Pere gri nos do Sacri fí cio”, almas que se imo la ram por idéias ousa das de escla re ci men to espi ri tual, como João Huss, Gior da no Bruno, Joana D’Arc, Sócra tes; a esfe ra das “Péro­las Ocul tas”, refe re­se às almas capa ci ta das para a reve la ção dos fenô me nos excep cio nais da vida invi sí vel, como Antô nio de Pádua, Apo lô nio de Tyana, Dom João Bosco, Tere za Neu­mann, Home, Eusa pia Pala di no e outros; a esfe ra das “Cha­mas do Pen sa men to” abran ge as almas do tipo de Her mes, Zoroas tro, Pla tão, Buda, Pitá go ras, Kris hna mur ti e outros auto res dos novos rumos para a liber ta ção men tal do homem; a esfe ra das “Estre las Silen cio sas” reúne espí ri tos mais raros, em cuja vida físi ca eles se tor na ram ver da dei ros “ canais vivos” de recep ti vi da de à fluên cia espi ri tual do Alto sobre os homens, ali men tan do seus pró prios dis cí pu los só pela sua pre sen ça tran qüi la e con fian te, como Sri Rama na Maha ris hi, Anan da Moyi Ma, Lahi ri Maha sa ya, Giri Bala, Baba ji e outros iogues. Na esfe ra dos “Archo tes da Pro cu ra” salien tam­se os espí ri tos preo cu pa dos em inves ti gar a reli gião pelos cami nhos da Ciên­cia, como Bla vats tki, Max Hen del, Wil liam Croo kes, Sin net, Lead bea ter, Besant, Kar dec e Ubal di.

Insis ti mos em dizer­vos que essas deno mi na ções cor res­pon dem mais pro pria men te às exi gên cias da lin gua gem do mundo físi co, a fim de fazer des uma idéia apro xi ma da das pecu lia ri da des mani fes tas por esses espí ri tos em seus con jun­tos ou esfe ras side rais, e os moti vos prin ci pais que os atraem entre si para uma vida feliz e fra ter na. Infe liz men te não pode mos alon gar­nos no assun to ou expor­vos par ti cu la ri da­des que pos sam satis fa zer a todas inda ga ções, por que tería­mos de esmiu çar­vos maté ria de com ple xa tipo lo gia side ral. Quan do mais tarde com preen der des a ver da dei ra sig ni fi ca ção da pai xão de Jesus, na Terra, então pode reis aqui la tar o sen ti­do exato da ter mi no lo gia psi co ló gi ca des ses vários gru pos de Espí ri tos, os quais, ape sar de sua manei ra de agir, não só se con gre gam para o mesmo fim espi ri tual, como ainda aten dem às con vo ca ções dos Ins tru to res Espi ri tuais em suas mis sões de sacri fí cio nas cros tas pla ne tá rias.

Cada grupo side ral é apro vei ta do con for me sua índo le e talen to, pois enquan to certa parte fica no Espa ço, intuin do e guian do os encar na dos para a maior recep ti vi da de dos ensi­na men tos e reve la ções do Ins tru tor situa do na maté ria, em época devi da men te pre vis ta, como acon te ceu a Antú lio, Her­mes, Kris hna, Buda, Jesus ou Kar dec, outros encar nam­se na Terra como ante nas vivas pro pa ga do ras dos novos con cei tos espi ri tuais. Então se pode obser var, no mundo mate rial, que as gran des trans for ma ções e os renas ci men tos ope ra dos nas esfe ras musi cais, da pin tu ra, da ciên cia, da polí ti ca ou da reli­gião, não se cin gem exclu si va men te ao indi ví duo que expõe e divul ga a nova men sa gem, mas, em segui da, ade rem a ela dis­cí pu los, segui do res e sim pa ti zan tes atraí dos pela natu re za do mesmo ideal. No entan to, essa ade são abso lu ta e jubi lo sa em torno de igual men sa gem de reno va ção no mundo, é sem pre fruto de um plano inte li gen te, sen sa to e evo lu ti vo a se des­do brar na maté ria e con tro la do pela sabe do ria dos Men to res Side rais, assim como ocor reu na pro pa ga ção do Cris tia nis mo.

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4 29ªaula:HostilidadedoSinédrio

Quando o indivíduo adentra seu conhecimento à re­alidade da vida, inevitavelmente se depara com a questão da reencarnação e, assim, após certo estudo, pergunta­se: mas como é feito o planejamento reencarnatório? Estando no mundo espiritual, como se planeja onde irei reencarnar? Quem serão meus pais?

Léon Denis, responde:

“Cada encarnação encontra, na alma que recomeça vida nova, uma cultura particular, aptidões e aquisições mentais que explicam sua facilidade para o trabalho e seu poder de assimilação; por isso dizia Platão: “Aprender é recordar­se!”

Nossa ternura espontânea por certos seres deste mun­do explica­se facilmente. Já os havíamos conhecido, em ou­tros tempos, já os encontráramos. Quantos esposos, quantos amantes não têm sido unidos por inúmeras existências, per­corridas dois a dois! Seu amor é indestrutível, porque o amor é a força das forças, o vínculo supremo que nada pode des­truir.

As condições da reencarnação não permitem que nossas situações recíprocas se invertam; quase sempre se conservam os graus respectivos de parentesco. Algumas vezes, em caso de impossibilidade, um filho poderá vir a ser o irmão mais novo do seu pai de outros tempos, a mãe poderá renascer irmã mais velha do filho. Em casos excepcionais, e somente a pedido dos interessados, podem inverter­se as situações. Os sentimentos de delicadeza, de dignidade, de mútuo respeito que sentimos na Terra não podem ser desconhecidos no mun­do espiritual. Para supô­lo, é preciso ignorar a natureza das leis que regem a evolução das almas!

O Espírito adiantado, cuja liberdade aumenta na razão direta da sua elevação, escolhe o meio onde quer renascer, ao passo que o Espírito inferior é impelido por uma força misteriosa a que obedece instintivamente; mas todos são pro­tegidos, aconselhados, amparados na passagem da vida do espaço para a existência terrestre, mais penosa, mais temível que a morte.

A união da alma com o corpo efetua­se por meio do invó­lucro fluídico, o perispírito, de que muitas vezes temos falado. Sutil por sua natureza, vai ele servir de laço entre o Espírito e a matéria. A alma está presa ao gérmen por esse “mediador plástico”, que vai retrair­se, condensar­se cada vez mais, atra­vés das fases progressivas da gestação, e formar o corpo físico. Desde a concepção até o nascimento, a fusão opera­se len­tamente, fibra por fibra, molécula por molécula. Pelo afluxo crescente dos elementos materiais e da força vital fornecidos pelos genitores, os movimentos vibratórios do perispírito da criança vão diminuir e restringirem­se, ao mesmo tempo em que as faculdades da alma, a memória, a consciência esvaem­se e aniquilam­se. É a essa redução das vibrações fluídicas

do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir a perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espesso envolve a alma e apaga­lhe as radiações inte­riores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização ou por ocasião da morte, quando o Espírito, recuperando a plenitude dos seus movimentos vibratórios, evoca o mundo adormecido das suas recordações.

O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenômenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunica­lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenômenos embriogê­nicos.

O perispírito, durante o período de gestação, impregna­se de fluido vital e materializa­se o bastante para tornar­se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pe­los genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a estátua humana. Graças a ele, a individuali­dade e a memória conservar­se­ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos fatos da existência presen­te, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece­nos a certeza íntima da nossa identidade.

A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se tor­na definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a ma­téria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá­la pela ação das faculdades adquiridas. Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá­lo às suas necessi­dades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar­lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende­se da forma carnal, volve ao espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.

Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em pre­

Léon Denis

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 5

paro; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas ter­restres que havemos amado atraem­nos; os laços do passado reatam­se em filiações, alianças, amizades no­vas. Os próprios lugares exercem so­bre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vive­mos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos. Suce­de o mesmo com a adoção de uma classe social, com as condi­ções de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Todas essas causas tão variadas, tão complexas, vão combinar­se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.

Dito isso, compreender­se­á quão difícil é a escolha. Por isso, na maioria das vezes ela nos é inspirada pelas Inteli­gências diretoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê­lo, se não possuirmos o discernimento necessá­rio para adotar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.

Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de acei­tar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra­lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz­lhe compreen­der a utilidade desses obstáculos e desses males para desen­volver­lhe as virtudes ou libertá­la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá­la, é lícito ao Espírito diferir­lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.

Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a des­cer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus fatos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua ação pessoal e pelo uso do seu livre­arbítrio; porque a alma é senhora dos seus atos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai­se tudo. A existência vai desenrolar­se com todas as suas conseqüências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado.

Temíveis são certas atrações para as almas que procuram as condições de um renascimento, por exemplo, as famílias de alcoólicos, de devassos, de dementes. Como conciliar a noção

de justiça com a encarnação dos seres em tais meios? Não há aí, em jogo, razões psíquicas profundas e laten­tes e não são as causa físicas apenas uma aparência? Vimos que a lei de afinidade aproxima os seres simila­res. Um passado de culpas arrasta a alma atrasada para grupos que apre­sentam analogias com o seu próprio estado fluídico e mental, estado que ela criou com os seus pensamentos e ações.

Não há, nesses problemas, ne­nhum lugar para a arbitrariedade ou

para o acaso. É o mau uso prolongado de seu livre­arbítrio, a procura constante de resultados egoístas ou maléficos que atrai a alma para genitores semelhantes a si. Eles fornecer­lhe­ão materiais em harmonia com o seu organismo fluídi­co, impregnados das mesmas tendências grosseiras, próprios para a manifestação dos mesmos apetites, dos mesmos dese­jos. Abrir­ se­á nova existência, novo degrau de queda para o vício e para a criminalidade. E a descida para o abismo.

Senhora do seu destino, a alma tem de sujeitar­se ao es­tado de coisas que preparou, que escolheu. Todavia, depois de haver feito de sua consciência um antro tenebroso, um co­vil do mal, terá de transformá­lo em templo de luz. As faltas acumuladas farão nascer sofrimentos mais vivos; suceder­se­ão mais penosas, mais dolorosas as encarnações; o círculo de ferro apertar­se­á até que a alma, triturada pela engrenagem das causas e dos efeitos que houver criado, compreenderá a necessidade de reagir contra suas tendências, de vencer suas ruins paixões e de mudar de caminho. Desde esse momento, por pouco que o arrependimento a sensibilize, sentirá nascer em si forças, impulsões novas que a levarão para meios mais adequados à sua obra de reparação, de renovação, e passo a passo irá fazendo progressos. Raios e eflúvios penetrarão na alma arrependida e enternecida, aspirações desconhecidas, necessidades de ação útil e de dedicação hão de despertar nela. A lei de atração, que a impelia pa ra as últimas camadas sociais, reverterá em seu benefício e tornar­se­á o instrumento da sua regeneração.

Entretanto, não será sem custo que ela se levantará; a ascensão não prosseguirá sem dificuldades. As faltas e os er­ros cometidos repercutem como causas de obstrução nas vias futuras e o esforço terá de ser tanto mais enérgico e prolonga­do quanto mais pesadas forem as responsabilidades, quanto mais extenso tiver sido o período de resistência e obstinação no mal. Na escabrosa e íngreme subida, o passado dominará por muito tempo o presente e o seu peso fará vergar mais de uma vez os ombros do caminhante; mas, do Alto, mãos piedosas estender­se­ão para ele e ajudá­lo­ão a transpor as passagens mais escarpadas. “Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por cem justos que per­severam.” O nosso futuro está em nossas mãos e as nossas facilidades para o bem aumentam na razão direta dos nossos esforços para o praticarmos”.

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6 29ªaula:HostilidadedoSinédrio

As virtudes (XI)Ney Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

GEAEL

DeDicação e Devotamento

Meus irmãos, amais aos orfãos! Se soubesseis quanto é triste estar só e abandonado, sobretudo quando em tenra idade! Deus permite que existam órfãos para nos levar a lhes ser­virmos de pais. Que divina caridade amparar uma pobre criancinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir­lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vicio! Torna­se agradável a Deus quem estende a mão a uma crianca aban­donada, porque demonstra compreender e praticar a sua lei.Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XIII. “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita” Os órfãos. Um espírito protetor.

Dedicar­se com desprendido amor a um trabalho em favor do proximo é devotamento. Assumindo uma tarefa, a valorizamos quando realizamos com dedicação, sem medir esforços ou sacrifícios, o que precisamos verificar em nossos compromissos de quaisquer espécies.

Seremos reconhecidos como verdadeiros cristãos, discí­pulos de Jesus, pelas boas obras que realizarmos, e, por mais insignificantes que elas possam ser aos olhos dos homens, revestem­se de maior valor espiritual pelo devotamento com que as produzirmos, isto é, com zelo, com sacrifício, com amor, com incansável dedicação.

Admitimos que seja condição indispensável, quando nos dispusermos a fazer algo na gleba do Senhor, indagarmos se estamos revestidos do carinho, que caracteriza o devotamento.

Compreendemos que os primeiros passos na caridade, de inicio dados com certa relutancia e até má vontade, com o transcorrer do tempo as nossas disposições de sentimentos vão refinando­se e progressivamente vão elevando­se, até che­garem nas desejadas expressões de devotamento.

Vale mencionar que iremos necessitar de um pouco de paciência para assim atingir a condição ideal na prática da caridade.

Mas, o devotamento, de um modo geral, deve envolver tudo o que fizer­mos, e não apenas os serviços que dedicamos ao próximo. Será o apanágio das atividades dos homens no terceiro milênio. E por sinal, não entende­mos por que hoje deve ser diferente. Qualquer atividade executada a contragosto é um verdadei­ro martírio, e por isso mesmo é que ainda verificamos tanta gente produzindo pouco, atenden­do com má vontade, respondendo abor­recidamente as ordens recebidas, desper­diçando o tempo em conversas particulares,

justificando enganosamente as obrigações não cumpridas em tempo habil, ocupando espaços do dia em serviços alheios ao seu trabalho etc.

Podemos enumerar algumas situações comuns em que somos reclamados. pela nossa própria consciência, por faltar com o devotamento:

a) Nas indiferenças pelo que fazemos em nossas obrigações de trabalho;b) No cansaço desgastante quando, disponíveis no serviço, nos omitimos em iniciativas de aumentar o próprio rendi­mento;c) No desinteresse em aprender mais para produzir com mais eficiência;d) No desleixo com objetos e utensílios dos quais nos servimos;e) No descuido com deveres escolares que nos dizem respeito;f) Na pressa ao atender criaturas às quais devemos nossa melhor atenção;g) Nas omissões aos cuidados caseiros, desde as retificações de costumes junto aos filhos, aos aconselhamentos constru­tivos entre irmãos, conjuges, pais;h) No esquecimento da parcela de contribuição carinhosa aos irmãos menores;i) Na falta de tempo para as atividades beneméritas que já assumimos.

Dai delicadamente, juntai ao benefício que fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de um carinho; de um sorriso amistoso. Evitai esse aspecto de protetor, que equivale a revolver a lâmina no coração que sangra, e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os outros. (Id., ibid.)

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

Mahatma Gandhi era chefe religioso. Como conse­quência de sua religião é que se tornou chefe político. Fundou um monastério que dirigia, ao qual escreveu várias “cartas” ou “epístolas” sobre as virtudes mais importantes, da qual esta faz parte. Seu monastério se chamava Satyagraha Ashram, ou “Monastério que busca a Verdade”.

Falarei primeiro da Verdade, que é a razão de ser do Satya­graha Ashram, que busca a Verdade e se esforça por pratica­la.

A palavra satya (Verdade) vem de sat, que significa ser. Na realidade, nada há, nada existe, fora da Verdade. Eis porque Sat ou Verdade é talvez o nome mais importante de Deus. Com efeito, dizer que a Verdade é Deus é mais certo do que dizer que Deus é a Verdade.1 Mas, como não podemos passar sem um Soberano ou um general, são mais correntes e permanecerão sempre as designações de Deus como Todo­poderoso ou Rei dos Reis. No entanto, refletindo mais profundamente, veremos que Sat ou Sa­tya é o único nome que designa Deus mais exatamente e com um sentido mais completo.

Onde está a Verdade está também o conhecimento verdadei­ro. Onde não há Verdade não pode existir conhecimento verdadei­ro. Por isso associamos o nome Chit (conhecimento) ao de Deus.

Onde se acha o conhecimento verdadeiro, há sempre alegria (ânanda) e não há lugar para a dor. Assim como a Verdade é eterna, a alegria que dela provém é também eterna. Daí conhe­cermos Deus com o nome de Sat­Chit­Ânanda, isto é, “O que reune em Si a Verdade, o Conhecimento e a Alegria”.

Só a devoção à Verdade justifica nossa existência. A Verdade deve constituir o centro de toda nossa atividade. Deve tornar­se até a respiração de nossa vida. Ao chegar a este ponto do cami­nho percorrido, o peregrino descobre sem esforço todas as de­mais regras de vida e a elas se conforma instintivamente. Mas, sem Verdade seria impossível observar qualquer regra ou princí­pio na existência.

Acredita­se que para obedecer à lei da Verdade basta di­zer a Verdade. Em nosso Ashram devemos dar à palavra satya um sentido muito mais amplo. A Verdade precisa manifestar­se em nossos pensamentos, em nossas palavras, em nossas ações. Quem realizou a Verdade em toda a sua plenitude nada mais tem a aprender, pois todo a conhecimento está incluído na Verdade. O que dela não faz parte não é Verdade, portanto, não é conhe­cimento verdadeiro. E não pode haver paz interior sem conhe­cimento verdadeiro. Se soubermos aplicar este critério infalível da Verdade, poderemos discernir de imediato o que vale a pena fazer, ver ou ler.

Mas como realizar essa Verdade, que lembra a pedra filoso­fal? Diz­nos a Bhagavad Gita que a ela se chega por uma devo­ção à qual consagramos todo nosso espirito e pela indiferença a 1 “Eu sou o caminho da Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai (que é a Verdade e a Vida) senão por mim”. Jesus (João 14:6).

todos os interesses que a vida possa oferecer. Entretanto, apesar des­sa devoção, o que a um pode parecer a Verdade, parece erro a outro. Não se perturbe por isso o devoto. Se fizer sincero esforço, perceberá que as verdades, diferen­tes em aparência, são como numerosas folhas de uma nesma árvore, e que parecem todas di­ferentes. O próprio Deus não se mostra a diversas pessoas sob diferentes aspectos? No entanto sabemos que Ele é Um. Mas Verdade é o Nome exato de Deus.

Não há mal, pois, em cada um procurar a Verdade de acordo com suas luzes. Este aliás é o dever de cada um de nós. Quando estamos nesse caminho, corrige­se automaticamente qualquer erro que cometemos na busca da verdade, pois esta busca ne­cessita de austeridades voluntariamente aceitas que podem levar até à morte. Não resta a menor sombra de preocupações pessoais interessadas.

Nesta busca desinteressada da Verdade ninguém pode per­manecer perdido muito tempo, pois quando vamos por mau ca­minho logo tropeçamos, e assim somos reconduzidos à estrada certa. A busca da Verdade é, então, uma verdeira devoção. É o caminho que conduz a Deus, onde não cabem covardia nem der­rota. É o talismã que faz da morte a porta da vida eterna.

A esse respeito, é bom meditar sobre a vida dos santos in­dus, dos santos cristãos ou dos maometanos e sobre os exem­plos que eles nos dão.

Como seria belo se todos, moços e velhos, homens e mu­lheres, nos consagrássemos inteiramente à Verdade em todos os momentos de nossa vida, quando trabalhamos, comemos e nos distraímos, até que a dissolução de nosso corpo faça que sejamos um com a Verdade!

Para mim, Deus, como Verdade, é um tesouro inestimável: possa sê­lo também para todos!

A Verdade é dura como o diamante e frágil como a flor do pessegueiro.

O erro não se torna verdade por multiplicar­se na crença de muitos, nem a verdade se torna erro porque ninguém a vê.

Por sua própria natureza, a Verdade traz em si a evidência: logo que a desembaraçamos das teias de aranha da ignorância, brilha com toda sua intensidade.

A Verdade abstrata só tem valor quando encarnada em ho­mens que a representam provando que estão prontos a morrer por ela.

Mahatma Gandhi (1869­1948)

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8 29ªaula:HostilidadedoSinédrio

Como este trabalho não circulará somente em meios es­píritas, já conhecedores do assunto, não desejamos encerrar esta exposição sobre passes, sem falar da água fluidificada, outro elemento de valor no capítulo das curas espirituais, conquanto tão ridicularizado por aqueles que não possuem conhecimentos necessários a uma justa apreciação.

Em geral, são os espíritos desencarnados que, durante as sessões, fluidificam a água; porém, este processo poderá ser muito mais popularizado quando se souber que todas as pes­soas, em suas próprias casas, poderão obter essa água cura­tiva, bastando proceder da seguinte forma: individualmente, ou em grupo de interessados, concentrem­se, formulem uma prece e, colocando uma vasilha com água pura, no centro da corrente assim formada, aguardem alguns momentos, até que espíritos desencarnados, familiares ou não daquele lar, fluidi­fiquem a água.

Se no grupo houver pessoa dotada de alguma sensibi­lidade espiritual e fé, poderá servir de médium; ela mesma, durante a concentração, poderá fluidificar a água, bastando tomar a vasilha, colocá­la ao alcance das mãos e projetar so­bre ela os próprios fluidos; ou melhor ainda, captar pela prece os fluidos cósmicos do Espaço e projetá­los sobre a vasilha.

Ainda dará bons resultados colocar à cabeceira do lei­to, todas as noites, uma vasilha com água limpa, fazendo, ao deitar, uma prece no sentido de que os agentes invisíveis flui­difiquem a água.

A água é um ótimo condutor de força eletromagnética e absorverá os fluidos sobre ela projetados, conservá­los­á e os transmitirá ao organismo doente, quando ingerida.

Ouçamos ainda a palavra esclarecedora do mesmo es­pírito Emmanuel a respeito deste importante e acessível ele­mento de cura de moléstias materiais e perturbações espiri­tuais em geral:

Meu amigo: quando Jesus se referia à bênção do copo de água fria, em seu nome, não apenas se reportava à compai­xão rotineira que sacia a sede comum. Detinha­se o Mestre no exame de valores espirituais mais profundos.A água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra.É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais.A prece intercessora e o pensamento da bondade represen­tam irradiações de nossas melhores energias.A criatura que ora ou medita, exterioriza poderes, emana­ções e fluidos que, por enquanto, escapam à análise da inteli­gência vulgar e a linfa potável recebe­nos a influenciação, de modo claro, condensando linhas de força magnética e prin­cípios elétricos, que aliviam e sustentam, ajudam e curam.A fonte que procede do coração da Terra e a rogativa que flui do imo d’alma, quando se unem na difusão do bem, operam milagres.O Espírito que se eleva em direção ao Céu é antena viva,

captando potências da natureza superior, podendo distri­buí­las em benefício de todos os que lhe seguem a marcha.Ninguém existe órfão de semelhante amparo.Para auxiliar a outrem e a si mesmo, bastam a boa vontade e a confiança positiva.Reconheçamos, pois, que o Mestre, quando se referiu à água simples, doada em nome de sua memória, reportava­se ao valor da providência em beneficio da carne e do espírito, sempre que estacionem através de zonas enfermiças.Se desejas, portanto, o concurso dos Amigos Espirituais, na solução de tuas necessidades fisiopsíquicas ou nos problemas de saúde e equilíbrio dos companheiros, coloca o teu recipien­te de água cristalina, à frente de tuas orações, espera e confia.O orvalho do Plano Divino magnetizará o líquido, com raios de bênçãos, e estará então consagrando o sublime ensina­mento do copo de água pura, abençoado nos Céus.1

A Vibração das 22 horas é momento, mais que qualquer outro, propício para se solicitar ao Plano Espiritual a fluidi­ficação da água para cura de doenças, porque o intercâmbio que se estabelece com os benfeitores espirituais é muito am­plo e se remata na Casa de Bezerra, no Espaço, de onde po­dem fluir para os necessitados de auxilio as mais poderosas e purificadas ondas de fluidos e vibrações curativas.

1 Transcrito de Segue­me!..., ditado pelo espírito Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, Ed. O Clarim.

Passes e Radiações ­ Edgard Armond (1894­1982)

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 9

“Visitei hoje o Colégio Allan Kardec, dirigido pelo com­petente e dedicado professor, sr. Eurípedes Barsanulfo, encontrando presentes às lições do dia 94 alunos dos 113 atualmente matriculados. Acompanhei os trabalhos e pude verificar que o método de ensino adotado é racional e que os alunos vão assimilando bem todas as matérias lecionadas neste colégio, que se impõe no conceito público desta cida­de, não só pela boa disciplina, mas também pela dedicação desinteressada do seu diretor e de seus dignos auxiliares, aos quais deixo consignados os meus aplausos pelos bons resultados que vão colhendo, e meus agradecimentos pelo modo gentil com que me receberam no seu estabelecimento de ensino”.Termo de visita de Ernesto de Mello Brandão, Inspetor regional de ensino. Sacramento, 29 de abril de 1913.

A guerra de ideias entre as instituições tradicionais e o movimento espírita, desencadeada na Europa e na América do Norte, teria também suas graves repercussões na Améri­ca Latina, onde a Igreja gozava do status de religião oficial desde os primeiros anos da colonização. As ondas precurso­ras tiveram exatamente a função de minimizar esse impacto doutrinário sobre um terreno conservador e reacionário. O magnetismo, a homeopatia, o liberalismo das lojas maçôni­cas, o modismo das mesas­girantes, a adesão dos aristocra­tas e intelectuais, uma elite de formadores de opinião, o me­diunismo afro­indígena e o sincretismo, tudo isso contribuiu para que o período filosófico espírita penetrasse no país sem ser visto como uma grave ameaça ao clero e ao Estado. Na América do Norte tudo tinha sido mais fácil, por causa da condição política dos Estados Unidos, mas havia em contra­partida a mentalidade retrógrada do protestantismo puritano e o perigoso hábito medieval de linchamentos populares con­tra pessoas acusadas de magia e bruxaria. No Brasil, apesar da estrutura escravocrata, católica e imperial, havia de certa forma muito mais liberdade nesse tipo de experimentalismo porque tais ideias quase sempre partiam de núcleos sociais privilegiados, incluído de membros do clero. O próprio impe­rador Pedro II era uma pessoa inquieta, em constante busca de novidades e de elementos renovadores que pudessem co­locar o Brasil em pé de igualdade com as nações modernas, permitindo a instalação de falanstérios socialistas e núcleos anarquistas. Como havia predito Kardec, a guerra aberta só seria desencadeada quando o espiritismo deixasse de ser visto apenas como brincadeira fútil e modismo para tornar­se uma referência filosófica e existencial. No Brasil essa mu­dança de rota aconteceria já no final século XIX, quando no Rio, Salvador e Recife o espiritismo já estava praticamente estabelecido, ainda que em condições precárias, também já bastante afetado pelo sincretismo afro­católico. A guerra vai tomar um sentido geopolítico de “interiorização da metrópo­le”, lembrando analogicamente as Entradas e Bandeiras do período colonial. Não foi à toa que Cairbar Schutel viria a ser apelidado de bandeirante do espiritismo e também não é

exagero descrever os antigos membros do Grupo Confúcius, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo e Anália Franco, como combatentes da primeira linha desse front de batalhas, num intenso período de luta já anteriormente visualizado pelo codificador.

No início do século XX, tornaram­se históricos no inte­rior de São Paulo os debates públicos entre Cairbar de Souza Schutel e o padre ultramontano João Batista Van Esse e tam­bém com o professor protestante Faustino Ribeiro Júnior, ambos da cidade de Matão. Na região do Triângulo Mineiro, alguns anos antes, o educador católico Eurípedes Barsanulfo chocou a tradicional comunidade de Sacramento, muito in­fluenciada pela Sociedade São Vicente de Paulo, da qual era o principal membro ativo, ao anunciar sua adesão ao espiri­tismo. Organizou pela imprensa uma polêmica doutrinária com o vigário local para provar a legitimidade histórica do espiritismo. Barsanulfo, que era um exemplo notável e po­pular de cidadania e dedicação religiosa, tomou essa decisão radical da sua conversão após dois acontecimentos: ter lido o livro Depois da Morte, de Léon Denis, e ter recebido uma mensagem mediúnica, em sessão espírita, realizada numa fazenda em Santa Maria, próxima a Sacramento. O rústi­co centro, fundado em 1900 por Mariano Cunha, que faria história no Triângulo Mineiro e no Brasil Central, foi cons­truído, precariamente, numa gleba de fazenda, doada por um simpatizante das novas ideias. Toda a região sabia dos estranhos fenômenos que lá aconteciam, atingindo os mo­radores e até mesmo os animais das propriedades vizinhas. Eurípedes estava encantado, porém cheio de dúvidas, após ter lido, numa só noite, a obra de Denis. Em plena tarde de uma sexta­feira da Paixão, em 1904, convida o amigo José Martins Borges para uma excursão até Santa Maria. Cori­na Novelino1 relata, assim, o histórico contato de Eurípedes com os primeiros fenômenos:

Eurípedes e o companheiro chegaram a Santa Maria, com o objetivo de observar tudo ao vivo. Deixaram os animais presos à porta da residência modesta de José Mariano da

1 Eurípedes, o Homem e a Missão, IDE, Araras, SP. 1979.

Sem História não temos identidade.Sem identidade nada somos.

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10 29ªaula:HostilidadedoSinédrio

Cunha, onde se realizavam, provisoriamente, as reuniões.Entraram no recinto, respeitosos. Os trabalhos já haviam iniciado. O secretário lia um trecho do Evangelho, que se relacionava à Paixão do Cristo.A pequena sala achava­se totalmente tomada. Duas alas de tamboretes e bancos rústicos e baixos, alongavam­se em toda a extensão da sala. Ali se achavam os médiuns de incor­poração e curadores e ainda irmãos idôneos, que formavam a linha de sustentação vibratória.Os médiuns de recepção e os curadores intercalavam­se na linha. Todos os lugares ocupados. Atrás da linha, onde se encontrava o médium Aristides Ferreira da Cunha, situa­vam­se dois lugares desocupados, providencialmente à espe­ra dos dois visitantes. Ambos tomaram assento. Eurípedes acompanhou a leitura com atencioso respeito e interesse. Em seguida, tomou parte na oração do presidente, com a mesma posição íntima.Tudo lhe era novo e surpreendente. Nunca se sentira tão vibrátil em outras ocasiões, nos ofícios religiosos de que tomara parte.Todavia, admirava­se de ver homens incultos assumirem a grande responsabilidade da difusão do Evangelho do Senhor.Ali se achava o Aristides, por exemplo, indivíduo tão seu conhecido, carregando um coração de ouro, mas com um cérebro vazio.Um pensamento vibrava­lhe na mente... resolve fazer seu pedido e fá­lo, mentalmente, com unção:Tudo compreendi na Bíblia. Mas o meu entendimento está fechado para as Bem­Aventuranças. Se é verdade que os espíritos se comunicam com os vivos, rogo a João Evangelista elucide­me pelo médium Aristides.Alguns minutos após, Eurípedes ouvia a mais ‘extraordiná­ria dissertação filosófico­doutrinária, que jamais conhecera, em toda a sua vida, sobre o luminescente discurso de Jesus’, por intermédio do intérprete solicitado.Impossível atribuir a Aristides, semi­analfabeto, aquela lin­guagem sublime, onde o magnetismo de poderosa eloqüên­cia empolgava até às lágrimas os circunstantes.(...) Ao final da luminosa exposição, a entidade assinala sua identidade com o selo vibrante de fraterna saudação: Paz! João, o Evangelista.

A mesma biógrafa explica que a ligação entre Eurípedes e João Evangelista era muito antiga. O médium Chico Xavier, que também desconhecia o fato, revelou a seguinte informação do espírito de Emmanuel, em 1954: “Nos tempos evangélicos, Eurípedes fora educado por Inácio, pupilo de João, que se tor­nara grande propagador da Boa Nova, em Antioquia. Adoles­cente, ainda, Eurípedes substituíra o benfeitor na pregação, na Palestina, onde manteve contatos com João, e onde fora martirizado.” No livro Ave Cristo, de Emmanuel, ainda se­gundo Corina Novelino, Eurípedes Barsanulfo aparece como o personagem Rufo – um cristão, escravo romano, radicado nas Gálias, dedicando­se à pregação do Evangelho.

Numa segunda visita a Santa Maria, Eurípedes ouve, inicialmente, algumas palavras do espírito dr. Bezerra de Menezes, que lhe confirma suas faculdades curadoras e o “apresenta” ao espírito de São Vicente de Paulo, o grande Apóstolo da Caridade. Após revelar­lhe que o assistia como guia espiritual desde o berço, Vicente de Paulo o alerta sobre as provas que irá sofrer nesta nova etapa da sua existência:

Abandone, sem pesar e sem mágoa, o seu cargo na congre­gação. Convido­o a criar outra instituição, cuja base será o Cristo e cujo diretor espiritual serei eu e você o comandante material. Afaste­se de vez da Igreja. Quando você ouvir o espoucar dos fogos, o repicar dos sinos ou o som das músi­cas sacras não se sinta magoado, nem saudoso, porque o Senhor nos oferece um campo mais amplo de serviço e nos conclama à ação dinamizadora do Amor.Meu filho, as portas de Sacramento vão fechar­se para você. Os amigos afastar­se­ão. A própria família revoltar­se­á. Mas, não se importe. Proclame sempre a Verdade. Porque, a partir desta hora, as responsabilidades de seu espírito se ampliaram ilimitadamente. Você atravessará a rua da amar­gura, com os amigos a ridicularizarem uma atitude que não podem compreender.

Desses fatos, e de muitos outros que iriam tornar­se le­gendários em Sacramento, surgiu uma das páginas mais belas do espiritismo apostólico no Brasil, movimento que, infeliz­mente, abortara no Velho Continente. Dali, nasceu a primeira e mais prestigiada entidade educativa espírita do Brasil, o Co­légio Allan Kardec. Era uma verdadeira ressurreição, em Mi­nas Gerais, do inesquecível Instituto Pestalozzi, no qual fora educado o codificador. Segundo a biógrafa, o nome do colégio foi escolhido pelo espírito Maria de Nazaré, a que foi mãe de Jesus e que muito estimava Eurípedes. O professor não dava muita importância para essas revelações, mas também não reagia com ceticismo nem indiferença aos conselhos obtidos através dos contatos com nomes conhecidos da mítica cristã, talvez porque possuía um alto grau de sensibilidade mediúni­ca. Reagia, sim, com humildade e cautela, afirmando que não merecia tais atenções. Através de Chico Xavier, o espírito Hi­lário Silva relata numa crônica que Eurípedes, pelo desdobra­mento, certa vez manteve contato com o espírito que foi Jesus sem nunca ter revelado aos amigos e parentes tal experiência. Certa ocasião Chico Xavier confessou a Henrique Diegues, um antigo espírita santista, que Eurípedes habitava a mesma es­fera de espíritos da condição de Jesus. Segundo algumas obras mediúnicas,2 a maioria das entidades que participaram dos eventos históricos da tradição judaico­cristã eram espíritos oriundos do sistema de Sírius, onde evoluíra Jesus e também de onde já haviam sido banidas as coletividades criminosas que habitaram primeiramente Capela e posteriormente foram exiladas na Terra.

O espírito Maria enviou para Eurípedes uma mensagem de consolo nas primeiras provações da nova fé, sugerindo que o nome e a história de Allan Kardec deveriam servir de sus­tentáculo ideológico nesta nova empreitada. O pequeno co­légio era palco constante de ensinamentos pouco ortodoxos para a época e repleto de demonstrações da naturalidade dos fenômenos espíritas. Em certa ocasião, numa das salas de aula, Eurípedes demonstrou aos seus alunos uma prova des­sa diversidade de seus dons mediúnicos. Entrou subitamen­te em transe e, alguns minutos depois, conta aos presentes que assistira a uma reunião de importantes líderes mundiais

2 Universo e Vida, pelo espírito Áureo, feb Editora; Origens da raça Adâmica, Hilarion de Monte Nebo. Editora Pensamento.

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numa sala ampla de um famoso palácio em Paris. O aconte­cimento relatado em detalhes por Eurípedes aos alunos só aconteceria oito meses depois: era a assinatura do histórico Tratado de Versalhes, em 1918.3 Com a mesma habilidade de presciência Eurípedes já havia antecipado o início da guerra. Seu prestígio como educador e médium, principalmente de cura, espalhou­se por uma vasta região de Minas e interior de São Paulo. Eram casos raríssimos de fenômenos de bi­locação, dando aulas e realizando partos em lugares longín­quos, cirurgias dificílimas, curas de doenças sem profilaxia na época, clarividências e inúmeros relatos de desobsessão, nos quais internava os doentes mentais no porão do Colégio Allan Kardec para a doutrinação dos espíritos perseguidores e o reequilíbrio magnético das vítimas. Esses loucos consi­derados irrecuperáveis, rejeitados até pelos hospícios, saiam dali completamente curados após o tratamento com passes e evangelização das vítimas e dos algozes.

3 Eurípedes Barsanulfo, o Apóstolo da Caridade, Jorge Rizzini. Edições Correio Fraterno. São Bernardo do Campo.

Da farmácia de homeopatia de Eurípedes partiram inú­meras receitas para a cura do corpo e da alma da população pobre que buscava por seu socorro, exemplos ainda hoje mui­to vivos nas lembranças do povo humilde e devoto do Tri­ângulo Mineiro e das regiões vizinhas. Sofreu perseguições de todos os tipos: de religiosas, de médicos, políticos, enfim, todos que se incomodavam com o seu estilo de vida inco­mum. Mas nada impedia o exercício da sua grande vocação. Desencarnou no dia primeiro de novembro de 1918, vitimado pela gripe espanhola que assolava o Brasil naquela época e que matara até mesmo um presidente da república.

Foi assim que Sacramento tornou­se a principal referên­cia do espiritismo prático e apostólico no Brasil, amparado pelas mais reconhecidas entidades espirituais com estreitos vínculos com o cristianismo primitivo e com a codificação.

Nova História do EspiritismoDalmo Duque dos Santos

Editora do ConhECimEnto

Valentim Lorenzetti

Segundo mensagem do espírito Simão, no livro A Hora do Apocalipse, da Editora Aliança, estamos na hora de definições.

Por ser hora de definições, o mau é tão mau e o bom vai se acrisolando em bondade; o impuro mais se chafurda e o puro se purifica; o perverso requinta a própria perversidade e o evangelizado mais se evangeliza, cristifica­se.

Todos terão de se definir, queiram ou não. A época não comporta os mornos. Hão de ser quentes ou frios. Não há neutralidade em termos cristãos: ou fazemos o bem ou o mal; ou deixamos de fazer o bem, e o mal instala­se.

O discípulo de Jesus tem de ser o calor das transformações.Ser discípulo, membro da FDJ­Fraternidade dos Discípu­

los de Jesus, é opção pessoal, não do dirigente da turma de aprendizes. Isto precisa ficar tem entendido. É opção pessoal. Ao dirigente cabe informar o servidor qual o campo de traba­lho e testemunhações do discípulo.

Não é a turma que ingressa na FRJ é o servidor que as­sim o desejou livremente e foi aceito pelo Plano Espiritual.

A FDJ, como fraternidade espiritual, é a fonte de calor e de luz dos discípulos. Seu calor vem da Fraternidade do Trevo e da união dos discípulos encarnados e desencarnados.

Se os discípulos insistirem em isolar­se, a FDJ perde calor e não terá o que transferir.

Por isso a necessidade de nos unirmos, de trabalharmos até isolados, mas periodicamente nos encontrarmos para nos reabastecer no grande reservatório da FDJ e, ao mesmo tem­po, contribuir para a manutenção desse reservatório de forças espirituais.

Temos de reativar as seções dependentes da FDJ em cada grupo integrado, para um ponto de encontro periódico dos

discípulos originados no centro. E, pelo menos uma vez por ano, nos encontrarmos numa grande reunião regional, para um grande momento de permuta e resbastecimento.

Dispersos, nos vergamos ao peso das tempestades; jun­tos, resistiremos e formaremos o grande exército das trans­tormações que o Cristo comanda.

O discípulo é de Jesus, não da doutrina espírita. A doutri­na é o grande farol orientador, e o centro espírita nos fornece o ambiente de refazimento.

O discípulo não tem necessariamente de trabalhar no centro ou na obra espírita. Tem de trabalhar para Jesus, onde o seu trabalho se fizer mais necessário. Importa apenas que o trabalho seja disciplinado, continuado, não esporádico.

Hoje, a carência do trabalho fraterno é tão gritante que, diz Bezerra de Menezes, cada semente lançada rende mil por um; há 2.000 anos. Jesus falava em cem por um.

O discípulo não pode esquecer que tem de atuar em duas frentes: 1º) o trabalho continuado consigo mesmo, de reforma íntima, de crescimento em virtudes; 2º) o trabalho em favor do próximo, da sociedade.

Se desenvolvermos apenas uma dessas frentes, nosso tra­balho terá baixa qualidade. O trabalho em favor do próximo não pode ser máscara a encobrir o “homem velho” que ainda existe em nós: por outro lado, o trabalho de reforma íntima, sem exteriorização em benefício do semelhante, é como ali­mento em vitrine, inacessível aos famintos.

E hora de definições. Jesus faz a chamada de seus sol­dados. E só poderão alistar­se aqueles que apresentarem a senha: “por muito vos amardes é que sereis meus discípulos”.

Sem união não há amor. Unamo­nos na FDJ para que o amor, só o amor, seja a arma eficaz das transformações pla­netárias.

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É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona­se esta divina obra;faz­se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega­se este admirável código moral ao esquecimento.

13. Não vos orgulheis do que sabeis, porque esse saber tem limites

bem demarcados no mundo que habitais. Mesmo supondo que sois

uma dessas inteligências notáveis deste mundo, não tendes o menor

direito de vos envaidecer por isso. Se Deus, em Seus desígnios, vos fez

nascer num meio onde pudestes desenvolver vossa inteligência, é por­

que Ele quer que façais uso dela para o bem de todos. É uma missão

que vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com ajuda da qual

podereis desenvolver as inteligências mais atrasadas e conduzi­las a

Ele. A espécie do instrumento não indica o uso que se deve fazer dele?

A pá que o jardineiro põe nas mãos de seu auxiliar não lhe mostra

que ele deve cavar? E que diríeis se esse auxiliar, em vez de trabalhar,

levantasse a pá para golpear o seu mestre? Diríeis que é horrível, e que

ele merece ser mandado embora. Pois bem, não acontece o mesmo com

quem usa sua inteligência para destruir a idéia de Deus e da Providên­

cia entre seus irmãos? Acaso não levanta contra seu mestre a pá que

lhe foi dada para cultivar o terreno? Será que ele tem direito ao salário

prometido, ou merece ser expulso do jardim? Ele o será, não duvideis!

E viverá existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se

curve diante Daquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica em méritos para

o futuro, desde que dela se faça bom uso.

Se todos os homens dotados de inteligên­

cia a usassem conforme os desígnios de

Deus, seria fácil para os espíritos a tarefa

de fazer a humanidade progredir. Infeliz­

mente, muitos fazem dela um instrumento

de orgulho e de perdição para si mesmos.

O homem faz mau uso de sua inteligência

como de todas as suas outras faculdades,

e, no entanto, não lhe faltam lições para

adverti­lo de que uma poderosa mão pode

lhe tirar aquilo que lhe deu. (ferdiNaNdo,

espírito protetor, Bordéus, 1862).

O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo 7

“Bem­aventurados os pobres de espírito”.