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Como vimos nas palavras do professor, a norma-padrão é um ideal linguístico, enquanto a norma culta, que o autor prefere chamar de variante “de prestígio” na obra citada, é a concretização da língua dos falantes urbanos e escolarizados.

A gramática e seus tipos

Todos sabemos gramática. Essa afirmação pode assus-tar alguns estudantes, pois, normalmente, considera-se gramática apenas o conjunto de regras estabelecidas como padrão de um idioma. Entretanto, o conceito de gramática vai muito além disso: “os falantes e ouvintes de uma mesma língua observam um número não peque-no de regras – mil a mil e quinhentas é uma estimativa já admitida –, ao falar e ouvir. Tais regras constituem um sistema […]. É a esse sistema que se dá o nome de gra-mática de uma língua […] o normal é que um indivíduo internalize praticamente todas as regras de sua língua já ao atingir doze-treze anos”.2

Essa gramática que todos sabemos é a gramática interna da língua, um sistema de regras que os falantes de um idioma assimilam naturalmente.

A gramática normativa, esta sim, é o conjunto de re-gras e orientações que se aprende na escola, às vezes de forma equivocada, como o instrumento que unifica a forma de falar e escrever corretamente. Em geral, essa gramática veicula a norma-padrão, prescrevendo usos que considera “exemplares”.

2. HOUAISS, Antonio. O que é língua. São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 19.

Outro tipo de gramática, também desconhecida dos estudantes, é a gramática de usos. Menos conservadora e mais descritiva, estuda as várias possibilidades de realizações linguísticas de um idioma considerando as diversas variantes de uma língua.

As principais variedades linguísticas

Todas as variedades são adequadas para expressar as necessidades de comunicação dos falantes. Embora sem-pre haja muitas possibilidades de variação, trataremos aqui daquelas que são recorrentes na grade curricular do Ensino Médio e nos exames vestibulares.

Tipos de variação1. Sociocultural: a variação sociocultural leva em conta

o grau de escolaridade do falante, a condição econômi-ca, bem como a idade e o gênero. Se comparada à falados adultos, a fala dos jovens geralmente admite maismudanças, mais novidades.

2. Regional/geográfica: as variedades regionais ou geo-gráficas correspondem aos diferentes falares existentes nas regiões brasileiras e dizem respeito ao vocabulário e à pronúncia. Por exemplo, abóbora, comum nos estados do Sul do Brasil, é chamada “jerimum” no Nordeste.

3. Histórica: relacionadas à época em que vive o fa-lante, as variedades históricas permitem-nos observar as transformações pelas quais passa a língua ao longo do tempo. A palavra “retrato” já é antiga em relação a “foto”. Selfie é moderníssima em relação a “autorretrato”. O que virá depois? Só o tempo nos dirá.

exercícios

1. As afirmações a seguir foram retiradas do livroPreconceito linguístico, de Marcos Bagno. Combase em seus conhecimentos sobre varianteslinguísticas e preconceito linguístico, julgue-ascomo verdadeiras ou mitos. Argumente os ca-sos classificados como mitos.

1) “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta umaunidade surpreendente.”

2) “Brasileiro não sabe português. Só em Portugal sefala bem o português.”

3) “As pessoas sem instrução falam tudo errado.”4) “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é

o Maranhão.”

5) “O certo é falar assim porque se escreve assim.”6) “É preciso saber gramática para falar e escrever bem.” 1. respostas baseadas no livro Preconceito linguístico, de Marcos bagno. 1) Mito. a língua portuguesa apresenta múltiplas variantes, em razão da grande extensão territorial do

país e também da histórica desigualdade social. impondo a milhões de brasileiros uma escola básica de qualidade muito inferior à desejável – e possível –, essa desigualdade

cria um verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variantes padrão e não padrão do português. 2) Mito. os brasileiros sabem português, sim. o que acontece é que o nosso português é diferente do de portugal; no vocabulário, nas construções sintáticas e no uso de certas expressões, sem mencionar, evidentemente, as tremendas diferenças de pronúncia. É por isso que muitos estudiosos preferem se referir à nossa língua como

português brasileiro. 3) Mito. esse é um preconceito linguístico que decorre muito mais de aspectos sociais do que propriamente linguísticos. Mesmo que nunca tenham ido à escola, as pessoas falam e se comunicam muito bem. o que acontece é que, em muitos casos, preferem não ser redundantes. por exemplo, em “os menino foi brincar”, o plural se restringe ao artigo, sem se estender ao substantivo e ao verbo. Da perspectiva sociolin-

guística, não está errado, porque o plural está caracterizado; só não segue a norma-padrão, que exige a concordância entre todos os elementos flexionáveis. 4) Mito. Não existe nenhuma variante nacional, regional, social ou local que seja intrinsecamente melhor,

mais bonita ou mais correta que outra. Não é pelo fato de no Maranhão se empregar o pronome da 2a pessoa (por exemplo, “tu comias” ou “tu bebes”) que essa variedade é melhor do que as outras. 5) Mito. É claro que é preciso o professor ensinar ao aluno escrever de acordo com a ortografia oficial, mas, se falarmos como escrevemos, criaremos uma língua artificial, que não condiz com as diferenças de pronúncia que existem entre a língua falada e a escrita. em muitos lugares, pronunciamos “leiti” e não “leite”, mas isso não quer dizer que incorremos em erro, apenas estamos sendo coerentes com as forças internas que governam o idioma. 6) Mito. esse mito está ligado à histórica confusão entre língua e gramática normativa. Grandes escritores da nossa língua não seguem ou não seguiram regras da gramática normativa e nem por isso deixaram de ser ótimos escritores.

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questões de semântica

A legenda “A queda de Fidel” e as fotografias publicadas na primeira página do jornal Folha de S.Paulo, de 22 de outubro de 2004, foram tema da questão da prova da Unicamp de 2005.

A queda de Fidel o ditador cubano, Fidel Castro, 78, se desequilibra e cai após discursar em praça de santa Clara (Cuba), em evento transmiti-do pela tv; ele fraturou um joelho e sofreu fissura de um braço.

As fotos estão disponíveis no site <www1.folha.uol. com.br/folha/mundo/ult94u77651.shtml> (acesso em: 4 fev. 2015).

(Unicamp) Na primeira página da Folha de S.Paulo, de 22 de outubro de 2004, encontramosuma sequência de fotos acompanhada de umalegenda cujo título é: “A queda de Fidel”. No tex-to da legenda, o jornal explica: “O ditador cuba-no, Fidel Castro, 78, se desequilibra e cai apósdiscursar em praça de Santa Clara (Cuba), emevento transmitido ao vivo pela TV”. Logo depois, ele disse achar que havia quebrado o joelho etalvez um braço, mas que estava “inteiro”; maistarde, o governo divulgou que Fidel fraturou ojoelho esquerdo e teve fissura do braço direito.

a) O que a leitura desse título provoca? Por quê?respostas esperadas pela banca examinadora: a leitura do título da legenda provoca no leitor uma reação ao jogo de sentidos entre “destituição” e “queda física”. a palavra “queda”, muito usada para indicar uma destituição política, remete-nos, nessa legenda, à possibilidade da destituição de Fidel Castro, desde que o leitor conheça a situação do governo cubano. ao mesmo tempo, “queda” estabelece relação com as fotos, que mostram Fidel se desequilibrando e caindo.

as palavras passam por reviravoltas de sentido, mudam de personalidade, denunciam o que as pessoas de uma época pensam, no que os falantes acreditam.

<portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=8021>

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gramática – aula 2

b) Proponha outro título para a legenda. Justifique.

A análise da questão mostra que os sentidos das pala-vras escolhidas para um texto só podem ser depreendidos da contextualização dos fatos, dos processos de leitura e escrita e do compartilhamento de um cenário cultural entre os interlocutores do texto. Assim, o jogo de sentidos explorado no exercício da Unicamp apenas é válido se os leitores tiverem conhecimento da revolução cubana e da política de Fidel Castro.

Disso advém a importância de nos determos no estudo dos sentidos, que é o que faz a semântica: estuda as manifestações linguísticas do significado.

Essa definição parece simples, mas leva em conta uma série de elementos fundamentais para os estudos linguís-ticos. Por exemplo: o significado respeita um contexto (unidades maiores em que se inserem outras menores), e este é criado por enunciados que implicam valores instaurados e compartilhados socialmente.

De acordo com o linguista Bernard Pottier, a semântica preocupa-se com “mecanismos e operações relativos ao sentido, por meio do funcionamento das línguas natu-rais”, procurando “explicitar os elos que existem entre os comportamentos discursivos num dado envolvimento, constantemente renovado, e as representações mentais que parecem ser partilhadas pelos usuários das línguas naturais”. Isso traça um “percurso entre o individual e

Nesta resposta, o candidato pode optar entre manter o jogo de sentidos ou adotar a ideia de queda física: “Fidel vai ao chão”, “o tombo de Fidel”, “o desequilibrado governante”, “o tropeço de Fidel” etc. Não apenas o sentido de destituição pode ser construído com o título, mas também o de erro, gafe etc. era importante, nesse caso, que o candidato apre-sentasse uma justificativa que sustentasse o título escolhido e não ignorasse a queda física. Disponível em: <www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/ 2006/download/comentadas/portugues.pdf> (acesso em: 30 nov. 2014)

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exercícios

1. (Unicamp)

Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a ex-pressão “bom pra burro” é polissêmica e reme-te a uma representação de dicionário.

a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou ina-dequada? Justifique.

b) Explique como o uso da expressão “bom pra burro”produz humor nessa propaganda.

a representação do dicionário, popularmente conhecido como “pai dos burros”, estabelece relação com a expressão “bom pra burro”, que significa “muito bom”. essa representação é inadequada, pois as pessoas que consultam dicionários para conhecer palavras não apresentam falhas de inteligência, ao contrário, revelam bom senso e inteligência para analisar as diversas interpretações a que a língua está sujeita.

a expressão “pra burro” é ambígua, pois pode ter o sentido de intensidade (“muito”) ou ser o complemento nominal de bom, remetendo à expressão “pai dos burros”, ou seja, “bom” para quem precisa de dicionário porque desconhece o significado de determinadas palavras.

2. (Fuvest) Texto para esta questão.

e Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida,que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpodele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibrasembambecidas pela saudade da terra, picando-lhe asartérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela músicafeita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvemde cantáridas que zumbiam em torno da rita baiana eespalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço.

Disponível em: <www.dominiopublico.com.br/ pesquisa/DetalheobraForm/do?select_action&co_

obra=1723> (acesso em: 11 fev. 2015)

O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “tre-vos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a palavra:

a) “alma”.b) “impressões”.c) “fazenda”.d) “cobra”.e) “saudade”.

3. (Fuvest) Leia o seguinte texto, que faz parte deum anúncio de um produto alimentício.

em respeito a sua natureza, só trabalhamos com o melhor da natureza

o narrador de O cortiço, no início do texto, afirma que em rita baiana estava a “síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui”. Nessa mulher estavam também as seguintes sensações mais específicas (hipônimos): “a luz ardente do meio-dia”, “o calor vermelho das sestas na fazenda”, o “aroma quente dos trevos e das baunilhas”, entre outras impressões.

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selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.

adaptado de: <www.destakjornal.com.br> (acesso em: 13 maio 2013)

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor:

a) serve- se do procedimento textual da sinonímia.b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.c) explora o caráter polissêmico das palavras.d) mescla as linguagens científica e jornalística.e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos

contrários.

4. (Fuvest) Examine a tirinha e responda ao quese pede.

QUINO.Mafalda 2.

são paulo: Martins Fontes, 2002.

a) O sentido do texto se faz com base na polissemiade uma palavra. Identifique essa palavra e expliquepor que a indicou.

b) A tirinha visa produzir não só efeito humorísticomas também efeito crítico. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.

trata-se da palavra “veículo”, que pode significar meio usado para transportar ou conduzir pessoas, coisas, animais ou qualquer coisa capaz de transmitir, propagar algo. o efeito humorístico deve-se ao fato de Mafalda ter trocado um sentido pelo outro.

sim. o sentido crítico da tirinha provém da associação entre os ruídos emanados do tele-visor, que sugerem o conteúdo violento e “apelativo” da programação e a ideia de cultura.

estudo orieNtado

Caro(a) aluno(a), Nos exercícios a seguir, você encontrará um diverso painel de como as questões de semântica aparecem nos exames.

Procure resolvê-los com bastante atenção, observando como os sentidos são valiosos nas análises linguísticas. Esse é o caminho! Bons estudos!

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3. Por serem anafóricos, podem provocar ambiguidade quando houver mais de um termo antecedente.Exemplo: A irmã de Júlia que estuda francês comparecerá ao evento.

4. Poucas vezes, no português brasileiro atual, usamos o pronome cujo e suas variações.Exemplo: A casa cujo telhado desabou era muito antiga.Note que esse pronome é sempre usado entre dois elementos de base nominal quando há entre eles uma relação de posse.

5. O relativo quem é usado em referência a pessoas ou seres personificados, sempre precedido de preposição.Exemplo: Aqueles são os trabalhadores a quem fizemos promessas.

pronomes interrogativos

São os pronomes, normalmente indefinidos, quando empregados nas frases interrogativas. Veja a seguir.

Variáveis Invariávies

qual, quais que

quanto, quanta quem

quantos, quantas

exercícios

1. (Unicamp)

Gramática o substantivo É o substituto Do conteúdo o adjetivo É nossa impressão sobre quase tudo o diminutivo É o que aperta o mundo e deixa miúdo o imperativo É o que aperta os outros e deixa mudo

Um homem de letras Dizendo ideias sempre se inflama Um homem de ideias Nem usa letras Faz ideograma se altera as letras e esconde o nome Faz anagrama Mas se mostra o nome Com poucas letras É um telegrama

Nosso verbo ser É uma identidade Mas sem projeto e se temos verbo Com objeto É bem mais direto No entanto falta ter um sujeito pra ter afeto Mas se é um sujeito Que se sujeita ainda é objeto

todo barbarismo É o português Que se repeliuo neologismo É uma palavra Que não se ouviu Já o idiotismo É tudo que a língua Não traduziu Mas tem idiotismo também na fala De um imbecil

PERES, Sandra; TATIT, Luiz. Disponível em: <luiztatit.com.br/composicoes/ composicao?id=99/Gram%C3%a1tica.html>

(acesso em: 29 dez. 2014)

a) Nessa letra de música, são atribuídos sentidos às classificações gramaticais. Escolha duas delas e explique o sentido explorado, justificando sua pertinência ou não.

segundo o comentário da banca da Unicamp (www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2012/download/comentadas/portugues.pdf), “a maior dificuldade nessa questão foi ir além da tentativa de pensar como novas as classificações gramaticais propostas e perceber a interpretação que os autores da letra da música dão às classificações existentes”. No texto, o sentido de adjetivo é pertinente, visto que essa é uma classe gramatical que atribui características a seres e objetos em geral. assim, quando os autores se referem ao adjetivo como “nossa impressão sobre quase tudo”, estão reinterpretando essa classe gramatical dando-lhe um sentido novo.

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b) Nas duas últimas estrofes, há um deslocamento nouso de idiotismo. Explique-o.

2. (UERJ)

Infância Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. eu sozinho menino entre mangueiras lia a história de robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais.

1No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: – psiu… Não acorde o menino.para o berço onde pousou um mosquito.e dava um suspiro… que fundo!

2lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda.

e eu não sabia que minha história era mais bonita que a de robinson Crusoé.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa.

rio de Janeiro: Nova aguilar, 2002.

“No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu” (ref. 1) “Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda.” (ref. 2)

Classifique gramaticalmente as palavras desta-cadas e aponte a diferença de sentido entre elas.

idiotismo significa traço ou construção peculiar de determinada língua. o deslocamento se deve ao fato de, no texto, esse termo ter sido usado para se referir a idiota ou imbecil.

longes: substantivo comum. longe: advérbio de lugar. longes: tempos distantes. longe: espacialmente distante, longínquo, afastado.

3. (IFCE) O trecho que você lerá foi extraído daobra O guarani, de autoria de José de Alencar.Leia atentamente o trecho do capítulo 10 – “Aoalvorecer” e, com base no texto, responda àquestão.

– tu, senhora, zangada com peri! por quê?– porque peri é mau e ingrato; em vez de ficar perto

de sua senhora, vai caçar em risco de morrer! Disse a moça ressentida.

– Ceci desejou ver uma onça viva!– então não posso gracejar? basta que eu deseje uma

coisa para que tu corras atrás dela como um louco? – 9Quando Ceci acha bonita uma flor, peri não vai

buscar? perguntou o índio. – vai, sim. – 10Quando Ceci ouve cantar o sofrê, peri não o vai

procurar? – Que tem isso?– 8pois Ceci desejou ver uma onça, peri a foi buscar. Cecília não pôde reprimir um sorriso ouvindo esse

silogismo rude, a que a linguagem singela e concisa do índio dava uma certa poesia e originalidade.

11Mas estava resolvida a conservar a sua severidade e ralhar com peri por causa do susto que lhe havia feito na véspera.

– isto não é razão, continuou ela; porventura um ani-mal feroz é a mesma coisa que um pássaro, e apanha-se como uma flor?

– tudo é o mesmo, desde que te causa prazer, se-nhora.

– 12Mas então, exclamou a menina com um assomode impaciência, se eu te pedisse aquela nuvem?…

e apontou para os brancos vapores que passavam ainda envolvidos nas sombras pálidas da noite.

– peri ia buscar.– a nuvem? perguntou a moça admirada.– sim, a nuvem.Cecília pensou que o índio tinha perdido a cabeça;

ele continuou: – 13somente como a nuvem não é da terra e o homem

não pode tocá-la, peri morria e ia pedir ao senhor do céu a nuvem para dar a Ceci.

estas palavras foram ditas com a simplicidade com que fala o coração. a menina, que um momento duvi-dara da razão de peri, compreendeu toda a sublime abnegação, toda a delicadeza de sentimento dessa alma inculta.

a sua fingida severidade não pôde mais resistir; dei-xou pairar nos seus lábios um sorriso divino.

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Na referência 8, “Pois Ceci desejou ver uma onça, Peri a foi buscar.”, o termo em destaque é um pronome. O termo destacado também é um pronome na frase:

a) referência 9: “Quando Ceci acha bonita uma flor, Peri não vai buscar? Perguntou o índio.”b) referência 10: “Quando Ceci ouve cantar o sofrê, Peri não o vai procurar?”c) referência 11: “Mas estava resolvida a conservar a sua severidade…”d) referência 12: “Mas então, exclamou a menina com um assomo de impaciência…”e) referência 13: “Somente como a nuvem não é da terra e o homem não pode tocá-la…”

estudo orieNtado

Caro(a) aluno(a), Seguem exercícios e sugestões de atividades. Além de lhe permitirem praticar o que foi estudado em aula, os exercícios

aprofundam seus conhecimentos sobre essas três importantes classes gramaticais da língua portuguesa. A língua é essencialmente dialógica. Isso quer dizer que todo evento comunicativo realizado por meio da linguagem

verbal leva em conta a interação entre pessoas. Na linguagem, essas pessoas, esses participantes do discurso, são representadas pelos pronomes pessoais. O estudo que você fará sobre eles nas atividades a seguir é de fundamental importância para reconhecer o papel que desempenham nas trocas linguísticas. O trecho de Morte e vida severina, na Roda de Leitura, e “Nome não”, de Arnaldo Antunes, bem como a atividade sugerida em Vivenciar, darão a você outra dimensão sobre este estudo, visto que são atividades relativas a experiências reais do dia a dia. O estudo da gramática tem mais sentido quando nos mostra essa outra dimensão. Bom proveito!

exercícios

1. (Unicamp)

Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. se a celebridade X está saindo com o ator Y, isso não tem nenhum interesse público. Mas, dependendo de quem sejam X e Y, é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos.

as decisões do banco Central para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos.

o jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses particulares.

BARROS E SILVA, Fernando. o jornalista e o assassino. Folha de S.Paulo (versão on-line), 18 abr. 2011. (acesso em: 20 dez. 2011)

a) A palavra “público” é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um dessesempregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você utilizou para fazer a distinção.

a) o termo destacado é um artigo.b) Correta. o termo destacado é um pro-nome oblíquo e se refere ao pássaro sofrê.c) o termo destacado é uma proposição.d) o termo destacado é um artigo.e) o termo destacado é um artigo.

em “Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público”, na primeira ocorrência, a palavra “público” é um adjetivo, relativo ao substantivo interesse, e, na segunda, um substantivo inserido na locução adjetiva do público.

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depois de “penso”. Para iniciar o estudo das conjunções, vamos atentar para a explicação da pesquisadora Orlene Carvalho, que compara o papel das preposições e das conjunções na construção dos textos.

as preposições compartilham com as conjunções o traço semântico “relacional”, a diferença estando no tipo de relação e na natureza dos complementos. a relação de subordinação estabelecida, ao mesmo tempo que apro-xima as preposições das conjunções subordinadas, pode ser usada como critério para separar as preposições das conjunções coordenadas, pois estas estabelecem uma relação entre níveis iguais, na qual dois elementos são colocados em posições paralelas, sem hierarquização.10

Sinais de conexão

Conjunções e locuções conjuntivas são sinais de co-nexão que relacionam diretamente duas proposições e podem, em alguns casos, ligar parágrafos. Elas são res-ponsáveis por explicitar as relações lógicas estabelecidas entre as partes do discurso. Observe:

– O cinema foi fechado porque causou prejuízo aos proprietários. (causa)

– O cinema tem causado prejuízo aos proprietários, portanto será fechado. (conclusão)

– Se continuar causando prejuízo aos proprietários, o cinema será fechado. (condição)

– Embora continue causando prejuízo aos proprietários, o cinema não será fechado. (concessão)

10. CARVALHO, Orlene. In: BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola, 2012. p. 882. (adaptado)

Veja no quadro a classificação tradicional das conjun-ções, que segue critério semântico.

Coordenativas

Aditiva Nem fez a prova nem se justificou. (nem é forma negativa da aditiva e)

Adversativa Queria viajar, porém não tinha direito a férias.

Alternativa Ou você me escuta, ou vai sair daqui agora.

Conclusiva Fiz um bom curso, portanto estou preparada para o intercâmbio.

Explicativa Choveu aqui, que as ruas estão molhadas.

Subordinativas

Condicional Aceito seu atraso, desde que você se justifique.

Comparativa Ele era tão simpático quanto o irmão.

Conformativa Conforme combinamos, sua passagem foi comprada ontem.

Final Faça todos os exercícios a fim de que possa entender a lição.

Proporcional À medida que cresce, a criança vai ampliando o vocabulário.

Temporal Quando ela chegou, percebeu o arrombamento da casa.

Consecutiva Está tão frio, que a água congelou.

Concessiva Embora tenha economizado, não tinha dinheiro para a viagem.

Causal Ela chegou atrasada porque o pneu do carro furou.

Integrante Avisou que chegaria mais tarde.

exercício

1. (Enem)

O American Idol islâmico Quem não gosta do big brother diz que os reality

shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“o poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. o programa, que é transmitido pela abu Dhabi tv e tem 70 milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de

12 países árabes em que o vencedor leva um prêmio de Us$ 1,3 milhão.

Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. o bbb teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes eram homossexuais). e Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe.

GARATTONI, B. o American Idol islâmico.

Superinteressante, edição 278, maio 2010 (fragmento).

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No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi utilizado para estabele-cer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao:

a) vencedor, que é um poeta árabe.b) poeta, que mora na região da Arábia.c) mundo árabe, local em que há o programa.d) Brasil, lugar onde há o programa BBB.e) programa, que há no Brasil e na Arábia.

estudo orieNtado

Caro(a) aluno(a), Os exercícios a seguir foram preparados para você identificar efeitos de sentido associados ao uso dos artigos definidos

e indefinidos. Mas, além de identificar tais efeitos, é de fundamental importância que se transfiram esses conhecimentos para a escrita, assim ela ficará mais expressiva e você, mais atuante. Em relação aos numerais, já se sabe que não damos um passo sem esbarrar neles a toda hora. O uso deles também pode ser expressivo. É só deixar livre a sua imaginação e começar a usá-los de maneira significativa.

Além disso, há também exercícios que preparam você para compreender melhor alguns recursos linguísticos res-ponsáveis pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. As interjeições são responsáveis, por exemplo, por expressar nossos sentimentos e nossas reações subjetivas diante de certas situações. Os advérbios nos localizam linguisticamente em relação ao tempo, ao lugar ou ao modo como as coisas acontecem. Lidar com essas classes gramaticais vai prepará-lo(la) para ampliar a percepção em relação às várias possibilidades de expressão que a língua nos oferece. Bons estudos!

exercícios

1. (Fuvest)

ele é o homem, eu sou apenas uma mulher.

Nesses versos, reforça-se a oposição entre os termos “homem” e “mulher”. a) Identifique os recursos linguísticos utilizados para provocar esse reforço.

b) Explique por que esses recursos causam tal efeito.

o advérbio de lugar “lá” funciona como elemento articulador entre o que se mencionou anteriormente (o mundo árabe, local em que há o programa) e o que se afirma a seguir (aqui).

os recursos linguísticos são o uso do artigo definido antes de “homem” e do indefinido antes de “mulher”.

Na expressão “o homem”, entende-se que ele é único. Já em “uma mulher”, entende-se que ela é apenas uma entre outras tantas.

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precaver – É um verbo regular de segunda conjugação, mas não apresenta as pessoas eu, tu, ele e eles no presente do indicativo e as formas do subjuntivo.

reaver – Segue o verbo haver, mas só se emprega nas formas em que aparece o –“v”.

exercícios

1. (Insper – 2014) No site de suporte técnico daMicrosoft, há a seguinte orientação:

se [o usuário] fazer algumas alterações nas proprie-dades de site da Web do asp.Net 2.0 e clique na guia asp.Net no Gerenciador do iis, o serviço W3svC pode ser reiniciado inesperadamente.

Disponível em: <http://support.microsoft.com/ kb/953343/pt-br> (acesso em: abr. 2015)

As formas verbais “fazer” e “clique” estão mal empregadas e deveriam ser substituídas no pa-drão culto da língua por:

a) fazerem / clicaremb) faça / clicac) fizer / clicard) fizerem / clicandoe) fazem / clicassem

2. (Uerj – 2014)

A invasão dos blá-blá-blás o planeta é dividido entre as pessoas que falam no

cinema − e as que não falam. É uma divisão recente. por décadas, os falantes foram minoria. e uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. e voltava ao estado silencioso de onde nunca deveria ter saído. todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um lugar de reverência. sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. sem sair do lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares desco-nhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos. sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra. Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. […]

o verbo “fazer” tem como forma do pretérito imperfeito do subjuntivo “fizer”, conjugado em terceira pessoa. Mantendo a coesão, o verbo “clicar” precisa ser conjugado no mesmo tempo; porém, por se tratar de um verbo regular, sua forma é semelhante ao infinitivo, clicar.

percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos poucos, mas expulsa. pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. anos atrás, nem imaginava que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. assim como não imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.

Não é uma questão de estilo, de gosto. pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros. No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale.

2isso era cinema. agora mudou. É estarrecedor, mas os blá-blá-blás venceram. tomaram conta das salas de cinema. e, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir ao filme sem importunar ninguém.

[…] BRUM, Eliane.

Disponível em: <www.revistaepoca.globo.com>, 10 ago. 2009. (acesso em: abr. 2015)

“Isso era cinema”. (ref. 2)

O verbo assume, nessa frase, o sentido especí-fico de indicar um estado de coisas que durava. No entanto, ele assume o sentido específico de indicar uma mudança sem retorno na seguinte reescritura:

a) Isso foi o cinema.b) Isso será o cinema.c) Isso tem sido o cinema.d) Isso teria sido o cinema.o uso do verbo no pretérito perfeito do indicativo (foi) serve, comumente, para revelar uma ação ocorrida num momento determinado do passado, diferente do pretérito imperfeito (era), que indica uma ação ocorrida durante certo período de tempo. assim, enquanto o pretérito imperfeito pode representar “um estado de coisas que durava”, o “pretérito perfeito” indica uma “mudança sem retorno”, algo pontual.

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Pela análise do quadro, podemos notar que o imperativo se divide em afirmativo e negativo e tem o caráter da interlocução normalmente bem marcado, pois sua utilização mais produtiva se faz na 2a pessoa do singular e do plural (tu, você, vós, vocês).

Além disso, percebemos que o imperativo negativo deriva inteiro do presente do subjuntivo. Já, para o afirmativo, também podemos dizer que é derivado do presente do subjuntivo, com exceção das formas da 2a pessoa do singular e da 2a do plural, que derivam do presente do indicativo – sem o “s” final – em ambos os casos.

Quanto aos usos que se podem fazer do imperativo, é muito comum o seu emprego no discurso publicitário para chamar a atenção do interlocutor. Veja alguns exemplos nos sites:

– <http://fundamentallpt.blogspot.com.br/2011/08/genero-publicidade-verbo-no-imperativo.html> (acesso em: 1o mar. 2015)

– <http://www.portugues.com.br/redacao/funcao-conativa.html> (acesso em: 1o mar. 2015)

Também é fácil observar que, em algumas regiões de nosso país, principalmente no Sudeste, as formas do imperativo aparecem trocadas, principalmente no uso coloquial. Emprega-se o pronome “você” para fazer referência ao interlocutor, mas a forma do imperativo aparece conjugada na forma da 2a pessoa “tu”. É o que se pode perceber na propaganda do bombom (indicada no site anterior) e na canção “João e Maria”, de Chico Buarque. Aproveite para perceber o uso que se faz do pretérito imperfeito do indicativo para marcar o tempo da efabulação que se deseja criar. Acesse o site <http://letras.mus.br/chico-buarque/45140/> (acesso em: 5 abr. 2015).

Vale ressaltar que, nos gêneros mais monitorados, encontramos o uso-padrão do imperativo, principalmente na escrita. Exemplo: “Beba com moderação”.

exercícios

1. (IFSUL – 2011)

Mafalda e a felicidade

QUINO. 10 anos com Mafalda. são paulo: Martins Fontes, 2010.

Observe: “Não abra a porta…” Se o enunciado acima passasse para o imperativo afirmativo e o tratamento dado fosse o de segunda pessoa, qual das construções estaria de acordo com a norma culta da língua?

a) Abre a porta…b) Abres a porta…

c) Abra a porta…d) Abras a porta…

a segunda pessoa do imperativo afirmativo é derivada da segunda pessoa do presente do indicativo, com a supressão do “s” final [presente do indicativo: tu abres; imperativo afirmativo: abre(-s)].

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2. (UEG – 2015)

adaptado de: <www. blogdefrases.com.br> (acesso em: abr. 2015)

Na tirinha, a locutora utiliza o imperativo verbal para desafiar seu interlocutor a lhe apresentar uma prova de amor. Essas formas imperativas apresentam um caso de variação na pessoa do verbo, tendo a seguinte configuração:

a) “mate” e “peça” são formas de 2a pessoa que derivam do presente do modo indicativo e se correlacionam ao pro-nome de 2a pessoa “tu”.

b) “prova” e “coloca” são formas de 3a pessoa que derivam do presente do modo subjuntivo e se correlacionam aopronome de 3a pessoa “você”.

c) “prova” e “coloca” são formas de 2a pessoa correlacionadas ao pronome “tu”; “mate” e “peça” são formas de 3a

pessoa correlacionadas ao pronome “você”.d) “mate” e “peça” são formas de 2a pessoa correlacionadas ao pronome “tu”; “prova” e “coloca” são formas de 3a

pessoa correlacionadas ao pronome “você”.

estudo orieNtado

Caro(a) aluno(a), Seguem diversos exercícios que contemplam as várias abordagens do imperativo nos exames de vestibulares. Esteja

atento para a formação do imperativo afirmativo, ou seja, lembre-se de que a 2a pessoa do singular e a 2a pessoa do plural são derivadas do presente do indicativo sem o “s” final das formas verbais. Veja na Roda de Leitura como a língua portuguesa e as variedades são usadas nas composições da música popular brasileira. E vamos pensar… discutir… Na Ágora você vai descobrir o que são modos verbais semântico-pragmáticos e poderá debater com os colegas a sua importância na língua. Bom trabalho!

exercícios

1. (Espcex [Aman] – 2013) Assinale a alternativa que contém a classificação do modo verbal, dos verbos gri-fados nas frases abaixo, respectivamente.

– Esse seu lado perverso, eu o conheço faz tempo.– Anda logo, senão chegarás só amanhã.– Se você chegar na hora, ganharemos um tempo precioso.– Acabaríamos a tarefa hoje, se todos ajudassem.