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Governo do Estado do Ceará Universidade Estadual do Ceará UECE Programa de Pós-Graduação em Sociologia - PPGS PROGRAMA 2018.1 Período 19 de fevereiro a 02 de março de 2018 DISCIPLINA: Métodos comparativos em Sociologia PROFESSORES: Dr. Alexandre Barbalho - Dr. José de Souza Muniz Júnior CARGA HORÁRIA: 30 Horas CRÉDITOS: 02 1. EMENTA Comparação como recurso cognitivo, como estratégia de pesquisa e como desenho metodológico. O estatuto da comparação na construção de objetos, problemas e hipóteses. A comparação na metapesquisa. Tipos de comparação. As escalas de análise e os níveis de observação. Semelhança e diferença: as armadilhas da comparação. Comparações qualitativas de N pequeno. Descrição, interpretação e “generalização modesta”. Comparação intercultural e internacional: estudos comparados, estudos conectados e estudos globais. Estudos comparativos na América Latina: pesquisas recentes sobre as relações entre cultura, política e vida intelectual no Brasil e na Argentina. Comparação na sociologia da cultura e da arte: comparar processos, produtos, grupos e trajetórias. 2. JUSTIFICATIVA O uso da comparação tem se mostrado uma estratégia produtiva nas Ciências Sociais em geral e na Sociologia em particular. Tais estudos abrangem uma grande variedade de linhas teóricas e de recursos metodológicos e técnicos, mas conduzem a problemas práticos semelhantes. Questões tais como “o que comparar”, “por que comparar” e “como comparar” são frequentes entre os pesquisadores em formação em nível de pós-graduação. O curso buscará, nesse sentido, vincular os problemas concretos dos alunos em suas pesquisas com os problemas e as soluções encontrados em estudos já realizados em diferentes tradições teóricas. 3. OBJETIVOS Discutir as diferentes formas de operacionalizar o recurso à comparação na pesquisa sociológica, bem como as possibilidades, os limites e os riscos inerentes a esse recurso; Destacar a contribuição de diferentes autores clássicos e contemporâneos ao uso da comparação na Sociologia e em disciplinas afins; Analisar estudos comparativos recentes sobre as relações entre cultura e política na América Latina; Realizar exercícios práticos de construção metodológica.

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Page 1: Governo do Estado do Ceará - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO … · Estudios Literarios Latinoamericanos, ano 1, n. 1, jul. 2014. p. 29-59. MICELI, Sergio. Vanguardas em retrocesso: Ensaios

Governo do Estado do Ceará

Universidade Estadual do Ceará – UECE

Programa de Pós-Graduação em Sociologia - PPGS

PROGRAMA 2018.1

Período 19 de fevereiro a 02 de março de 2018

DISCIPLINA: Métodos comparativos em Sociologia

PROFESSORES: Dr. Alexandre Barbalho - Dr. José de Souza Muniz Júnior

CARGA HORÁRIA: 30 Horas CRÉDITOS: 02

1. EMENTA

Comparação como recurso cognitivo, como estratégia de pesquisa e como desenho

metodológico. O estatuto da comparação na construção de objetos, problemas e

hipóteses. A comparação na metapesquisa. Tipos de comparação. As escalas de análise

e os níveis de observação. Semelhança e diferença: as armadilhas da comparação.

Comparações qualitativas de N pequeno. Descrição, interpretação e “generalização

modesta”. Comparação intercultural e internacional: estudos comparados, estudos

conectados e estudos globais. Estudos comparativos na América Latina: pesquisas

recentes sobre as relações entre cultura, política e vida intelectual no Brasil e na

Argentina. Comparação na sociologia da cultura e da arte: comparar processos,

produtos, grupos e trajetórias.

2. JUSTIFICATIVA

O uso da comparação tem se mostrado uma estratégia produtiva nas Ciências Sociais

em geral e na Sociologia em particular. Tais estudos abrangem uma grande variedade

de linhas teóricas e de recursos metodológicos e técnicos, mas conduzem a problemas

práticos semelhantes. Questões tais como “o que comparar”, “por que comparar” e

“como comparar” são frequentes entre os pesquisadores em formação em nível de

pós-graduação. O curso buscará, nesse sentido, vincular os problemas concretos dos

alunos em suas pesquisas com os problemas e as soluções encontrados em estudos já

realizados em diferentes tradições teóricas.

3. OBJETIVOS

Discutir as diferentes formas de operacionalizar o recurso à comparação na pesquisa sociológica, bem como as possibilidades, os limites e os riscos inerentes a esse recurso;

Destacar a contribuição de diferentes autores clássicos e contemporâneos ao uso da comparação na Sociologia e em disciplinas afins;

Analisar estudos comparativos recentes sobre as relações entre cultura e política na América Latina;

Realizar exercícios práticos de construção metodológica.

Page 2: Governo do Estado do Ceará - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO … · Estudios Literarios Latinoamericanos, ano 1, n. 1, jul. 2014. p. 29-59. MICELI, Sergio. Vanguardas em retrocesso: Ensaios

4. AVALIAÇÃO

a) Participação nas sessões e nos exercícios propostos em sala de aula; b) Apresentação de um ensaio final de reflexão metodológica relacionada à pesquisa do aluno e/ou ao conjunto de autores e obras discutidos em sala de aula.

5. METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM.

Aulas expositivas; estudos dirigidos com itinerários individuais de leitura; exercícios coletivos de construção metodológica; apresentação de ensaio final.

6. HORÁRIOS DE AULAS (9h às 12h). 7. Sessões e Referências Bibliográficas.

Unidade 1 – Comparação nas Ciências Sociais 1ª Sessão: Apresentação do programa, dos professores e dos alunos. Esclarecimentos sobre a dinâmica da disciplina, metodologia e avaliação. Primeira aproximação ao tema da comparação. 2ª Sessão: A comparação em Weber e Durkheim. Itinerários de leitura: Durkheim (1982), Weber (1951; 1958), Ragin & Zaret (1983). 3ª Sessão: A comparação na História. Itinerários de leitura: Bloch (1993), Detienne (2004), Seigel (2005), Pirenne (2015). 4ª Sessão: Estratégias, possibilidades e riscos da comparação (1). Itinerários de leitura: Bendix (1963), Vallier (1971), Skocpol (1984), Morlino & Sartori (1994). 5ª Sessão: Estratégias, possibilidades e riscos da comparação (2). Itinerários de leitura: Tilly (1984), Schulteis (1989), Pollock (2010), Perissinotto (2013). Unidade 2 – Comparação intercultural na América Latina 6ª Sessão: Comparação intercultural: algumas questões gerais. Itinerários de leitura: Prado (2012), Link (2014), Muniz Jr. (2017). 7ª Sessão: Estudos comparados sobre nação e cultura política. Itinerários de leitura: Pamplona (2003), Grimson (2007), Palermo (2009).

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8ª Sessão: Estudos comparados sobre grupos e práticas intelectuais. Itinerários de leitura: Pontes (2003), Miceli (2012), Charle (2012). 9ª Sessão: Estudos comparados sobre gêneros culturais e intelectuais. Itinerários de leitura: Garramuño (2009), Andermann (2014), Jackson & Blanco (2014). 10ª Sessão: Exercício de síntese e avaliação final da disciplina. Itinerários de leitura: Muniz Jr. & Szpilbarg (2016). Bibliografia – Unidade 1 BENDIX, Reinhard. Concepts and Generalizations in Comparative Sociological Studies.

American Sociological Review, v. 28, n. 4, ago. 1963, p. 532-539.

BLOCH, Marc. Os Reis Taumaturgos: o caráter sobrenatural do poder régio, França e

Inglaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

DETIENNE, Marcel. Comparar o incomparável. Aparecida: Ideias & Letras, 2004.

DURKHEIM, Émile. Introdução. In: _______. O suicídio: estudo sociológico. 3. ed. Lisboa:

Presença, 1982. p. 7-21.

PERISSINOTTO, Renato. Comparação, história e interpretação: por uma ciência política

histórico-interpretativa. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 28, n. 83, out. 2013, p. 151-

165.

PIRENNE, Henri. Do método comparativo em História, discurso de abertura do V Congresso

Internacional das Ciências Históricas. História da Historiografia, n. 17, abr. 2015, p. 308-316.

POLLOCK, Sheldon. Comparison without hegemony. In: JOAS, Hans; KLEIN, Barbro (Eds.).

The benefit of broad horizons: intellectual and institutional preconditions for a global social

science. Leiden/Boston: Brill, 2010.

RAGIN, Charles; ZARET, David. Theory and Method in Comparative Research: Two Strategies.

Social Forces, v. 61, n. 3, mar. 1983, p. 731-754.

MORLINO, Leonardo; SARTORI, Giovanni (Eds.). La comparación en las ciencias sociales.

Madri: Alianza Editorial, 1994. p. 13-49.

SCHULTHEIS, Franz. Comme par raison – comparaison n’est pas toujours raison. Pour une

critique sociologique de l’usage social de la comparaison interculturelle, Droit et société, n. 11-

12, 1989.

SEIGEL, Micol. Beyond Compare: Comparative Method after the Transnational Turn. Radical

History Review, n. 91, 2005, p. 62-90.

SKOCPOL, Theda (Ed.). Vision and Method in Historical Sociology. Cambridge: Cambridge

University Press, 1984.

TILLY, Charles. Big structures, large processes, huge comparisons. Nova York: Russel Sage

Foundation, 1984.

VALLIER, Ivan (Ed.). Comparative Methods in Sociology. Essays in Trends and Applications.

Berkeley/Los Angeles/Londres: University of California Press, 1971.

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WEBER, Max. Confusionism and Puritanism. In: _______. The Religion of China: Confucionism

and Taoism. Glencoe (IL): The Free Press, 1951. p. 226-249.

WEBER, Max. The General Caracter of Asiatic Religion. In: _______.The Religion of India: The

Sociology of Hinduism and Buddhism. Glencoe (IL): The Free Press, 1958. p. 329-343.

Bibliografia – Unidade 2

ANDERMANN, Jens. A óptica do Estado: visualidade e poder na Argentina e no Brasil. Rio de

Janeiro: EdUERJ, 2014.

CHARLE, Christophe. A gênese da sociedade do espetáculo: teatro em Paris, Berlim, Londres

e Viena. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

FAUSTO, Boris; DEVOTO, Fernando. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada

(1850-2002). São Paulo: Ed. 34, 2004.

GARRAMUÑO, Florencia. Modernidades primitivas: tango, samba e nação. Belo Horizonte:

Editora UFMG, 2009.

GRIMSON, Alejandro (Comp.). Pasiones nacionales: política y cultura en Brasil y Argentina.

Buenos Aires: Edhasa, 2007.

JACKSON, Luiz Carlos; BLANCO, Alejandro. Sociologia no espelho: Ensaístas, cientistas

sociais e críticos literários no Brasil e na Argentina (1930-1970). São Paulo: Editora 34, 2014.

LINK, Daniel. Tres negritos. Los estudios comparados en América Latina. Chuy. Revista de

Estudios Literarios Latinoamericanos, ano 1, n. 1, jul. 2014. p. 29-59.

MICELI, Sergio. Vanguardas em retrocesso: Ensaios de história social e intelectual do

modernismo latino-americano. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

MUNIZ JR., José de Souza. Densidades da edição: a concentração espacial da edição de

livros no Brasil e na Argentina. In: BALDESSAR, Maria José; CIMADEVILLA, Gustavo (Orgs.).

Brasil & Argentina: olhares sobre a comunicação. São Paulo: Intercom, 2017.

MUNIZ JR., José de Souza; SZPILBARG, Daniela. Edição e tradução, entre a cultura e a

política: Argentina e Brasil na Feira do Livro de Frankfurt. Sociedade e Estado, vol. 31, núm. 3,

set.-dez., 2016, p. 671-692.

PALERMO, Vicente. Algumas hipóteses comparativas entre Brasil e Argentina no século XX.

Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 17, n. 33, p. 123-130, jun. 2009.

PAMPLONA, Marco A. Ambigüidades do pensamento latino-americano: intelectuais e a idéia

de nação na Argentina e no Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 32, 2003, p. 3-31.

PONTES, Heloisa. Cidades e intelectuais: os “nova-iorquinos” da Partisan Review e os

“paulistas” de Clima entre 1930 e 1950. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 53,

2003. p. 33-52.

PRADO, Maria Ligia Coelho. América Latina: historia comparada, historias conectadas, historia

transnacional. Anuario Digital – Escuela de Historia UNR, n. 24, 2012.