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Lean na Manutenção – Optimização do TPM
Gonçalo Rocha Nunes de Amorim
Dissertação de Mestrado
Orientador na FEUP: Professor Bernardo Almada-Lobo
Orientador na Colep: Engenheiro André Pinho
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
2011-07-01
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
iii
Resumo
O lucro de uma empresa pode ser maximizado pelo aumento de receita ou pela redução de
custos. Com a globalização da economia as empresas começaram a ter concorrentes que do
outro lado do mundo podem fabricar o mesmo produto a um preço mais competitivo.
O aumento de players no mercado global alterou a relação entre a oferta e a procura, causando
a diminuição dos preços dos produtos. O preço já não é um factor de diferenciação entre as
empresas do mesmo sector. No mercado global quem dita o preço de um determinado produto
é o mercado. Assim, o caminho a trilhar para ganhar competitividade é a diferenciação pela
melhor qualidade do produto ou serviço oferecido, a um preço igual ou inferior ao da
concorrência.
Uma das forma de cortar custos numa organização é eliminar os desperdícios associados a
processos que geram valor acrescentado e simultaneamente diminuir aqueles que não criam
valor, aumentando a produtividade da empresa.
O aumento da eficiência consegue-se com o melhor aproveitamento do tempo de
funcionamento dos equipamentos já que é desta que depende a produtividade da empresa.
Percebe-se assim que é vital eliminar as causas que provocam as suas avarias, diminuem a sua
cadência ou a qualidade dos produtos que fabricam.
A metodologia TPM – Manutenção Produtiva Total é o resultado natural do desenvolvimento
do pensamento Lean na área da manutenção de equipamentos. Esta metodologia provou nas
últimas décadas ser um pilar essencial no garante da estabilidade produtiva através da
implementação de planos estratégicos na manutenção. A metodologia TPM procura obter a
melhor taxa de utilização de um equipamento e a participação de todas as áreas no objectivo
comum que é a melhoria da eficiência. Este envolvimento gera mudança de atitudes e origina
um ambiente de trabalho mais atractivo para cada colaborador, atribuindo-lhe um papel
fundamental no desenvolvimento desta metodologia.
Este trabalho relata a implementação da metodologia TPM imediatamente após a substituição
do parque produtivo. A remodelação da fábrica e a instalação de máquinas mais rápidas, com
o dobro da cadência das máquinas antigas, é o ponto de partida para esta implementação.
Detectaram-se e eliminaram-se as falhas nos equipamentos mais propícios a avarias, foram
criados planos de manutenção autónoma em falta, adaptaram-se os planos de manutenção
autónoma já criados em que havia dificuldades de execução, estudou-se o custo-benefício de
soluções de lubrificação automática dos equipamentos e desenvolveram-se formas de
diminuir e reaproveitar produtos que de outra forma seriam considerados sucata.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
iv
Lean Maintenance – TPM Optimization
Abstract
A company‟s profit can be maximized by increasing revenues or reducing costs. In the
transition to the global economy environment companies began to struggle as
their competitors across the world were able to manufacture the same product and provide it
at a lower prices.
The increase of players in the global marketplace has changed the relationship between
supply and demand, causing a decrease in product prices. The price is no
longer a differentiating factor between companies in the same business. In a globalised
market it is the market itself that sets the price of a particular product. So, the way to go is to
gain competitive differentiation through improved quality of products or services offered at an
equal or lower price than the competition.
The way to reduce costs in an organization is to cut the waste related to the processes that
generate added value and simultaneously decreasing those that do not create value, thus
increasing efficiency.
The increase in efficiency may be achieved by better using the time available to produce. This
is what the company relies on to maximize productivity. It is vital to the elimination the
causes of work stoppage, the decrease of pace and the increase of quality of the products
being manufactured.
The Total Productive Maintenance (TPM) methodology proved through the last decades to
be an essential pillar in ensuring the stability of production through the implementation
of strategic maintenance plans. Its aim is to reduce the number of unplanned
machine stoppages, anticipating failures in one hand through both preventive
and predictive maintenance. The TPM methodology seeks to get the best
equipment efficiency and gather everyone around this common objective . This creates a
sense of group and eventually will change the employees behavior and generate an
attractive working environment for everyone, making everyone important in the development
of this methodology.
This thesis seeks to continue the company‟s policy of implementation of TPM currently
underway in the organization and to promote the continuous improvement of productivity and
interpersonal relationships among the company‟s employees.
Most of the equipment failures were detected and eliminated, some autonomous maintenance
plans were created and others were readapted in order to make them easier and, therefore,
completely done. Cost-benefit solutions on automatic lubrication equipment have been
studied and ways to reduce and reuse products that would otherwise be considered scrap were
developed.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
v
Agradecimentos
Ao Professor Bernardo Almada – Lobo, orientador do estágio na Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, por me aceitar sob a sua supervisão e pelo papel fundamental que
desempenhou no desenrolar deste projecto.
Ao Engenheiro André Pinho, orientador do estágio na Colep Portugal, S.A. pela
disponibilidade dedicada diariamente a este projecto e pela excepcional integração no mundo
empresarial que me proporcionou.
A todo o departamento da manutenção que acompanhou o meu trabalho, ao Sr. Carlos Pereira,
João Matos, Ângelo Martins, Vítor Pinho e Sérgio Fonseca pela ajuda e explicações técnicas
que me deram.
A todos os que de alguma forma auxiliaram o meu percurso na vida Académica, em particular
aos amigos que me acompanharam ao longo destes anos na FEUP e me ajudaram a crescer.
À Isabel, a minha melhor amiga.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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Índice de Conteúdos
1 Introdução ............................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento ...................................................................................................................................... 1
1.2 Apresentação da Empresa ................................................................................................................... 2
1.3 Visão geral da estrutura do documento ............................................................................................... 3
2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 4
2.1 Investimento em Manutenção vs. Custos de Não Manutenção ........................................................... 4
2.2 TPM: o caminho para a excelência produtiva ...................................................................................... 4
2.3 Manutenção Autónoma ........................................................................................................................ 5
2.4 OEE – Overall Equipment Effectiveness .............................................................................................. 6
2.5 Objectivos do TPM ............................................................................................................................... 7
2.5.1 Casa TPM ................................................................................................................................ 8
2.5.2 Protocolo dos 5S .............................................................................................................. 9
2.5.3 Colep Operational Excelence Improvement Strategy ........................................................ 9
2.6 Root Cause Failure Analysis .............................................................................................................. 10
2.7 Standartização de Procedimentos ..................................................................................................... 12
2.8 Gestão visual ..................................................................................................................................... 13
3 A linha A2 .............................................................................................................. 14
3.1 Processo de fabrico ........................................................................................................................... 15
3.2 Restrições à modificação de equipamentos para produtos inflamáveis e tóxicos .............................. 19
4 Implementação do TPM no Shop Floor ................................................................. 20
4.1 Aumento do Índice de Disponibilidade – Eliminação de causas de falha ........................................... 20
4.1.1 Análise de Pareto .................................................................................................................. 22
4.1.2 Definição da Equipa de Trabalho .......................................................................................... 23
4.1.3 Reuniões de brainstorming para a análise RCFA .................................................................. 23
4.1.4 Máquina de Filme - Análise dos sintomas ............................................................................. 24
4.1.5 Análise das causas ................................................................................................................. 24
4.1.6 Implementação de melhorias na máquina de filme ................................................................ 25
4.1.7 Máquina de Gás - Análise das causas ................................................................................... 26
4.1.8 5 “Porquê?” na máquina de gás ............................................................................................. 27
4.1.9 Realização de acções de despistagem de hipóteses ............................................................. 28
4.1.10 Definição de medidas a tomar no caso da ininterrupção de deposição de água nos
circuitos pneumáticos da gas house .......................................................................................... 29
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
vii
4.2 Aumento do Índice de Performance – Diminuição das micro-paragens ............................................. 31
4.2.1 Proposta de melhoria da instalação da Máquina Orientadora de Tampas ............................. 31
4.2.2 Manutenção Autónoma .......................................................................................................... 32
4.3.3 Elaboração de uma One Point Lesson ................................................................................... 35
4.3 Aumento do Índice de Qualidade – Diminuição de sucata ................................................................. 37
4.3.1 Elaboração de um protocolo de controlo da rejeição da balança de linha .............................. 37
4.3.2 Elaboração de uma instrução de trabalho para correcção dos parâmetros da
máquina orientadora de tampas ................................................................................................ 38
5 Conclusões e perspectiva de trabalhos futuros..................................................... 39
6 Referências ........................................................................................................... 41
ANEXO A: Planos de manutenção autónoma da Linha A2 .................................... 42
ANEXO B: Payback do sistema de lubrificação automático ...................................... 64
ANEXO C: OPL: Máquina de Cola ............................................................................ 65
ANEXO D: Instruções para configuração dos parâmetros da máquina
orientadora de tampas .......................................................................................... 66
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
viii
Índice de Figuras
Figura 1 – Tempo óptimo de substituição: Balanceamento entre o custo de substituição de
componentes por manutenção preventiva e manutenção correctiva .......................................... 4
Figura 2 – Motivos para melhorar o processo ............................................................................ 5
Figura 3 – A influência dos parâmetros operacionais na produtividade da empresa ................. 7
Figura 4 - A casa TPM ............................................................................................................... 8
Figura 5 – Metodologia 5S ......................................................................................................... 9
Figura 6 – Modelo OEIS da Fábrica de Enchimento de Vale de Cambra – Grupo PSG - Colep
.................................................................................................................................................. 10
Figura 7- Método expedito para resolução de problemas......................................................... 12
Figura 8 – A contribuição da standartização para o aumento dos ganhos associados aos
processos ................................................................................................................................... 12
Figura 9 – A linha A2 em perspectiva ...................................................................................... 14
Figura 10 – Esquema da linha A2 ............................................................................................ 14
Figura 12 - Macromat 2045 do lado direito da linha A2 .......................................................... 15
Figura 11 – Mesa de alimentação da linha A2 ......................................................................... 15
Figura 13 – Torre da máquina de gás da linha A2.................................................................... 16
Figura 14 – Balança da linha A2 .............................................................................................. 17
Figura 15 – Banho da linha A2 ................................................................................................. 17
Figura 17 - Máquina de filme da linha A2 ............................................................................... 18
Figura 16 – Máquina orientadora de tampas da linha A2 ........................................................ 18
Figura 18 – Diagrama de Pareto que relaciona a influência de cada equipamento no tempo de
paragem da linha A2 ................................................................................................................. 22
Figura 19 – Enumeração dos problemas na reunião de brainstorming..................................... 23
Figura 20 – Substituição de equipamento de fixação da célula detectora do fim-de-curso do
cilindro ...................................................................................................................................... 25
Figura 21 - Substituição das borrachas de soldadura da faca de corte de filme ....................... 26
Figura 22 – Renovação do mecanismo de controlo .................................................................. 26
Figura 23 – Aplicação da metodologia dos 5 porquês na procura da causa-mãe ..................... 28
Figura 24 – Tamponamento da entrada de ar exterior .............................................................. 29
Figura 25 - Fluxograma Revisão da Humidade no Circuito de Ar Comprimido da
GASHOUSE na linha A2 .......................................................................................................... 30
Figura 26 – Vista de frente do soprador de tampas da máquina orientadora de tampas .......... 31
Figura 27 – Vista de cima do soprador de tampas da máquina orientadora de tampas ............ 31
Figura 28 – Elaboração do Procedimento de manutenção autónoma ....................................... 33
Figura 29 – Localização dos copos de lubrificação na linha A2 .............................................. 34
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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Figura 30 – Máquina de cola com fugas................................................................................... 35
Figura 31 - Evolução da simbologia adoptada para os mostradores pneumáticos ................... 36
Figura 32 – OPL sobre a máquina de cola................................................................................ 36
Figura 33 – Ferramenta de verificação do correcto funcionamento da balança de linha ......... 37
Figura 34 – Comparação de marcas com cores ligeiramente diferentes .................................. 38
Figura 35- Máquina colocadora de tampas e Máquina colocadora de actuadores ................... 39
Figura 36 – Definição da Régua de apoio para ajustes rápidos ................................................ 40
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
x
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Informação disponibilizada sobre as paragens da linha A2 em Janeiro e Fevereiro
de 2011 ..................................................................................................................................... 21
Tabela 2 – Sintomas da máquina de filme enunciados na reunião de brainstorming ............... 24
Tabela 3- Resumo das causas associadas aos sintomas descritos na máquina de filme ........... 24
Tabela 4 - Sintomas da máquina da máquina de gás enunciados na reunião de brainstorming
.................................................................................................................................................. 27
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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Siglas
OEE - Overall Equipment Effectiveness ou Overall Equipment Efficiency (eficiência
operacional do equipamento)
OEIS – Operational Excellence Improvement Strategy (Estratégia de Melhoria para a
Excelência Operacional)
OPL – One Point Lesson (Instrução de Reparação)
PDCA – Plan Do Check Act (Planear Concretizar Confirmar Actuar)
TPM – Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total)
TQM – Total Quality Management (Gestão da Qualidade Total)
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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1 Introdução
1.1 Enquadramento
O lucro de uma empresa pode ser maximizado pelo aumento de receita ou pela redução de
custos. Com a globalização da economia as empresas começaram a ter concorrentes que do
outro lado do mundo podem fabricar o mesmo produto a um preço mais competitivo.
O aumento de players no mercado global alterou a relação entre a oferta e a procura, causando
a diminuição dos preços dos produtos. O preço já não é um factor de diferenciação entre as
empresas do mesmo sector. No mercado global quem dita o preço de um determinado produto
é o mercado. Assim, o caminho a trilhar para ganhar competitividade é a diferenciação pela
melhor qualidade do produto ou serviço oferecido, a um preço igual ou inferior ao da
concorrência.
Uma das forma de cortar custos numa organização é eliminar os desperdícios associados a
processos que geram valor acrescentado e simultaneamente diminuir aqueles que não criam
valor, aumentando a produtividade da empresa.
O aumento da eficiência consegue-se com o melhor aproveitamento do tempo de
funcionamento dos equipamentos já que é desta que depende a produtividade da empresa.
Percebe-se assim que é vital eliminar as causas que provocam as suas avarias, diminuem a sua
cadência ou a qualidade dos produtos que fabricam.
A metodologia TPM – Manutenção Produtiva Total é o resultado natural do desenvolvimento
do pensamento Lean na área da manutenção de equipamentos. Esta metodologia provou nas
últimas décadas ser um pilar essencial no garante da estabilidade produtiva através da
implementação de planos estratégicos na manutenção. Um dos objectivos visa a diminuição
do número de paragens não planeadas das máquinas por antecipação das avarias, tanto através
de manutenções preventivas como de manutenções preditivas.
O processo de reestruturação industrial da Colep, iniciado em 2009, foi concluído com o
encerramento de duas das suas fábricas, localizadas em Scunthorpe, Reino Unido, e
Neutraubling, Alemanha. A optimização da estrutura industrial permitiu melhorar a
competitividade, reforçando o compromisso de longo prazo da empresa com os seus
stakeholders. (RAR S.A. 2010)
Em virtude deste processo a Fábrica de Enchimento de Vale de Cambra beneficiou
directamente da situação e substituiu o seu parque produtivo por um mais competitivo (linhas
mais modernas e de maior cadência – aumento da capacidade de produção) proveniente das
fábricas encerradas.
A oportunidade de realizar este projecto no Departamento da Manutenção surge da vontade da
Colep em manter-se competitiva e aumentar a eficiência das linhas recentemente instaladas
para níveis de excelência. O aumento da eficiência consegue-se com o melhor aproveitamento
do tempo de funcionamento dos equipamentos, já que é desta que depende a produtividade da
empresa. Percebe-se assim que é vital eliminar as causas que provocam as suas avarias,
diminuem a sua cadência ou a qualidade dos produtos que fabricam.
A filosofia Lean, abarca, globalmente, a eliminação de desperdício em todos os processos
associados à elaboração do produto final. Isto inclui a logística associada às deslocações de
matérias-primas e produtos finais, a qualidade dos produtos, o planeamento da produção, a
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
2
engenharia da fiabilidade e a manutenção dos equipamentos. Neste trabalho sob a alçada do
Departamento da Manutenção pretende-se desenvolver e implementar a metodologia TPM –
Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total).
O objectivo primordial deste projecto é aumentar a fiabilidade e, por inerência, a rentabilidade
da Linha A2.
Pretende-se também tornar os operários mais interventivos, dotá-los de competências de
reparação de avarias simples e através de pequenas medidas (limpeza, controlo da
lubrificação, formação) criar a capacidade de evitar que ocorram problemas graves na linha
A2 que poderiam ser antecipados pela análise de sintomas iniciais (barulho suspeito, pingas
de óleo no chão).
1.2 Apresentação da Empresa
Fundada em 1965, a Colep S.A. iniciou a sua actividade pelo fabrico e comercialização de
embalagens metálicas para bolachas. Rapidamente se expandiu a novos sectores, tais como o
fabrico de embalagens industriais, a produção de embalagens aerossol e plásticas, e mesmo a
formulação e fabrico dos produtos dos seus clientes, assumindo o seu processo produtivo na
globalidade.
A Colep S.A. é actualmente o líder europeu no enchimento de produtos aerossol, com
actividade nos segmentos de higiene pessoal, cosmética, higiene do lar e de para-farmácia de
venda livre. Realce-se a sua actividade no fabrico de embalagens metálicas, em que é o líder
Ibérico na produção de embalagens industriais e um dos maiores fornecedores europeus de
embalagens em aerossol.
A Colep dispõe de várias unidades industriais na Europa. Esta cobertura geográfica permite-
lhe oferecer aos seus clientes soluções eficientes de outsourcing.
A área de negócio de Contract Filling Operations inserida atualmente no Product Supply
Group (PSG), co-opera no mercado maioritariamente com as grandes multinacionais da área
cosmética. Esta área de negócio tem vindo a expandir-se dentro da empresa fruto do largo
investimento na aquisição ou parceria em empresas concorrentes, designadamente a divisão
europeia de costum manufacturing da CCL Industries, a CZEWO (Alemanha) ou, mais
recentemente, a Provider e Total Pack (Brasil).
Esta área de negócio está presente com diversas fábricas na Europa e Brasil e o caso de estudo
que motivou o trabalho desta tese decorreu na fábrica da Colep – Product Supply Group -
Enchimento em Vale de Cambra. Esta fábrica é constituída por duas áreas distintas. A área
dedicada a produtos cosméticos (desodorizantes, anti-transpirantes, espumas e gel de barba,
entre outros) integra cinco linhas de enchimento de aerossóis, enquanto que a área dedicada a
produtos de não cosmética (shoe-care, insecticidas e outros produtos de limpeza ou
lubrificação) incorpora uma linha de enchimento de aerossóis e uma linha de enchimento de
líquidos.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
3
1.3 Visão geral da estrutura do documento
Após este capítulo introdutório, nos capítulos seguintes dar-se-á ênfase tanto às questões
teóricas que sustentam o desenvolvimento deste projecto como ao próprio porjecto em si.
No capítulo 2 estudam-se as referências teóricas que geraram a base de conhecimento que
contribuiu para o desenvolvimento deste trabalho, nomeadamente a metodologia Total
Productive Maintenance.
No capítulo 3 introduz-se o caso de estudo, explica-se o processo produtivo na sua génese,
delineiam-se algumas coarctações inerentes por motivos de segurança ao próprio processo
produtivo e desenvolve-se a implementação de medidas que contribuem significativamente
para o aumento dos vários indicadores que constituem o OEE (ver secção 2.4).
No capítulo 4 são apresentados os estudos e desenvolvimentos efectuados e a forma como se
desenvolveram as soluções para atingir os objectivos delineados.
No capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho efectuado, bem como sugestões para
possíveis trabalhos futuros.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
4
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Investimento em Manutenção vs. Custos de Não Manutenção
A mudança de paradigma no departamento de manutenção é vital para a diminuição dos
custos globais de manutenção, mas ainda mais vital para a empresa, garantindo a diminuição
dos seus custos de operação.
Quando o departamento de manutenção abandona o seu papel reactivo na reparação de avarias
e assume um papel proactivo intervindo nos equipamentos antes destes avariarem
(reestabelecendo a sua condição de utilização inicial), deixa de ser necessário manter uma
equipa de manutenção sobredimensionada para lidar com a carga de trabalho imprevisível e
muito variável.
É necessário ter bem presente que, apesar de ser um objectivo muito apetecível, não é
economicamente viável optar por um sistema de manutenção preventiva que extinga as
avarias. Na Figura 1 mostra-se que o custo de substituir componentes preventivamente num
equipamento reparável antes deste avariar aumenta exponencialmente para infinito com a
diminuição do tempo de funcionamento (e respectiva diminuição da probabilidade de avariar).
Assim, demonstra-se facilmente que economicamente é desejável gerir o risco e tomar acções
para diminuir o risco e a probabilidade da ocorrência de avarias ao invés de tomar acções para
diminuir as avarias.
Com o desenvolvimento de um plano global de manutenção calendarizado é possível
distribuir melhor as tarefas pelos funcionários, reduzir o número de avarias imprevistas e
diminuir o tempo de resposta a essas avarias.
2.2 TPM: o caminho para a excelência produtiva
O TPM é uma metodologia inicialmente desenvolvida pela General Electric Corporation e
traz uma visão diferente sobre importância da manutenção das máquinas na empresa. Apesar
de desenvolvida nos E.U.A., a sua introdução na indústria remonta ao fim da Segunda Guerra
Figura 1 – Tempo óptimo de substituição: Balanceamento entre o custo de substituição de
componentes por manutenção preventiva e manutenção correctiva
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
5
Mundial quando o Japão, derrotado e destruído, focou todas as suas expectativas de
crescimento e prosperidade no desenvolvimento e implementação de técnicas promotoras da
excelência produtiva nas suas empresas. Hoje a economia japonesa é uma das maiores
economias mundiais, mas tal não foi sempre verdade. O Japão, um país virtualmente sem
recursos naturais e destruído pela guerra, conseguiu afirmar-se no mundo através da
excelência das suas empresas e da qualidade dos seus produtos sem nunca relegar o “factor
preço” para segundo plano. Este nível de competitividade catapultou a economia japonesa
para o lugar cimeiro que actualmente ocupa. A Figura 2 exacerba o contraste entre a situação
observada recorrentemente numa empresa que aborda a manutenção de um ponto de vista
tradicional e uma empresa totalmente comprometida com o rigor da metodologia TPM. A
justificação que estas empresas com perspectivas mais tradicionalistas usam para adiar a
correcção definitiva dos problemas de fundo é geralmente a falta de tempo para analisar estes
problemas. No entanto, apesar de esta ser uma causa premente, parece sempre haver tempo
para emendar mais uma vez.
2.3 Manutenção Autónoma
O princípio da manutenção autónoma é evitar a degradação das máquinas através do
empowerment do operador. Pretende-se, através de uma mudança de paradigma, incutir no
operador simultaneamente a responsabilidade e o brio de cuidar do equipamento que opera.
Pretende-se habilitar o operador a realizar verificações das condições dos equipamentos,
executar algumas tarefas simples de manutenção e realizar pequenas reparações sem a ajuda
da equipa de manutenção. Segundo (Willmott and McCarthy 2001) os sete passos da
manutenção autónoma são:
Figura 2 – Motivos para melhorar o processo
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
6
Limpeza inicial;
Eliminação de fontes de contaminação e impurezas;
Elaboração de normas provisórias de limpeza, inspecção e lubrificação;
Inspecção geral;
Inspecção autónoma;
Reorganização e Padronização;
Manutenção completamente Autónoma.
O princípio básico da Manutenção Autónoma: “Do meu equipamento cuido eu”, requer muita
formação e treino dos operadores.
Se a equipa de gestão conseguir com sucesso implementar este sistema de manutenção
arriscar-se-á por um lado a conseguir familiarizar o operador com os equipamentos e, por
outro lado, aliviará a carga de trabalho da equipa de manutenção, libertando-os de tarefas de
baixo valor e promovendo a realização de tarefas de maior valor acrescentado. A equipa de
manutenção poderá ocupar-se mais eficazmente do cumprimento de tarefas de manutenção
realmente especializadas, manutenções preventivas complexas e desenvolver projectos de
melhoria.
2.4 OEE – Overall Equipment Effectiveness
Segundo (Wilson 2010), o OEE é a ferramenta primária para medir a eficiência da produção.
Pode ser usado para medir a produtividade de uma estação de trabalho, de uma célula, de uma
linha ou de uma fábrica inteira. O primeiro passo para que uma organização inicie uma
jornada Lean é precisamente adquirir competências para ponderar correctamente o OEE. Este
cálculo é muito importante por permitir apartar os problemas responsáveis pela quebra mais
substancial do OEE e seleccionar exactamente esses como prioritários para posterior
resolução. O cálculo do OEE engloba três parâmetros operacionais:
Disponibilidade do equipamento;
Performance do equipamento;
Qualidade da produção;
Assim, o cálculo do OEE é dado pela expressão seguinte:
O OEE não deve ser utilizado para medir a produtividade entre diferentes indústrias ou
diferentes processos. O seu principal objectivo é introduzir no próprio processo produtivo a
capacidade de medir as melhorias de um equipamento e a comparação de OEE‟s deve ser
sempre feita em equipamentos semelhantes sob risco de se efectuar uma análise
completamente errada da situação.
A metodologia TPM identifica seis grandes categorias de perdas que influenciam o OEE de
uma empresa. São estas as perdas que a equipa responsável pela implementação do processo
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
7
TPM deve procurar, priorizar e solucionar pois são as que afectam o OEE. As seis grandes
perdas são:
Paragens por avaria;
Excesso de Setups (configurações e mudanças de produto);
Baixas Cadências
Micro-paragens
Perdas no arranque
Sucata, defeitos e re-trabalho
As duas primeiras perdas influenciam directamente a quantidade de tempo disponível para
produção e permitem definir o Índice de Disponibilidade.
As duas perdas seguintes influenciam directamente o tempo de ciclo da máquina e constituem
o Índice de Performance.
Por fim, as duas últimas perdas indicam a quantidade de tempo perdido a fabricar peças não
conformes com as especificações e permitem definir o Índice de Qualidade.
Na Figura 3 relaciona-se a influência dos índices referidos com as perdas de eficiência de um
equipamento, célula ou empresa.
Figura 3 – A influência dos parâmetros operacionais na produtividade da empresa
2.5 Objectivos do TPM
O bom funcionamento dos equipamentos depende não de um, mas de vários factores.
(Willmott and McCarthy 2001) advoga que, segundo a metodologia TPM, as paragens para
manutenção são necessariamente agendadas no plano de produção ,e em alguns casos,
consideradas como parte integrante do processo produtivo.
A Tempo de abertura planeado
AVARIAS
B Tempo de Funcionamento
SETUPS
C Produção Planeada
MICRO-PARAGENS
D Produção Obtida
REDUÇÃO DE VELOCIDADE
E Produção Obtida
SUCATA / RETRABALHO
F Produção Conforme
PERDAS DE ESTABILIDADE
perda de
capacidade
OEE = B/A x D/C x F/E
PERDA DE EFICIÊNCIA
TEMPO TOTAL DISPONÍVEL
DIS
PO
NIB
ILID
AD
EQ
UA
LID
AD
ED
ESEM
PEN
HO
PARAGENS PLANEADAS
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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O TPM estabelece como objectivo três metas essenciais:
Zero Defeitos;
Zero Avarias;
Zero Acidentes.
A metodologia TPM foca a importância do plano de manutenção na margem de lucro da
empresa, demonstrando que a manutenção não deve ser vista como um custo, mas sim como
um investimento. O objectivo da metodologia TPM é conjugar o aumento da eficiência da
empresa com a melhoria das condições de trabalho e dos níveis de satisfação que os
colaboradores retiram do seu trabalho. Espera-se que a implementação desta metodologia
contribua efectivamente para o aumento do MTBF (mean time between faillures- tempo
médio entre avarias) e a diminuição do MTTR (mean time to repair – tempo médio de
reparação).
O MTBF e o MTTR são termos regularmente utilizados na indústria para medir a
disponibilidade dos equipamentos. Quando aplicado correctamente (assumindo que o sistema
é reparável e que essa reparação leva ao restabelecimento da condição inicial do equipamento)
o MTBF é um bom indicador da eficácia das medidas aplicadas com o objectivo de diminuir o
número de avarias.
2.5.1 Casa TPM
A casa TPM é uma analogia utilizada como forma de facilitar a compreensão da dinâmica
associada á metodologia TPM. Tal como numa casa normal, a do TPM tem as suas fundações
nos 5S, sobre a qual assentam os pilares chave que pretendemos desenvolver de forma a
manter o telhado bem firme e robusto. Na casa TPM os pilares representam as várias
valências que se devem desenvolver e o telhado corresponde ao próprio modelo TPM. Na
Figura 5 ilustram-se os pilares do TPM e as respectivas fundações.
Figura 4 - A casa TPM
É notório e explícito que, sem uma política 5S (referido na secção 2.5.2) totalmente
implementada, é inútil e arriscado tentar a implementação da metodologia TPM.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
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2.5.2 Protocolo dos 5S
Para intervir no chão de fábrica, com o objectivo de implementar qualquer melhoria, é
imprescindível que previamente se reúnam as condições básicas de operacionalidade, criando
assim um ponto de partida que servirá como base a todas as melhorias efectuadas.
A metodologia dos 5S (Separar, Situar, Sanear, Standartizar, Sustentar) consiste num
conjunto de tarefas que permitem o controlo visual e organizadas de forma a garantir que o
local de trabalho se mantém continuamente asseado.
A grande importância desta metodologia prende-se com o facto de se poder descobrir os
problemas mais cedo e, em alguns casos até, prevenir a sua ocorrência. Se o shop-floor estiver
sujo com aparas de metal ou com vestígios de óleos lubrificantes é muito difícil ou impossível
que o operador descubra uma fuga de óleo numa máquina que esteja a verter directamente
para o chão e, mesmo que a descubra, pode relegar essa fuga e considerar isso uma situação
normal.
Figura 5 – Metodologia 5S
FONTE: OEIS Colep PSG – Filling Plant, Vale Cambra
2.5.3 Colep Operational Excelence Improvement Strategy
A fábrica de enchimento da divisão PSG da Colep em Vale de Cambra desenvolveu a sua
“casa Lean”, com as devidas adaptações à realidade da empresa, o Operational Excelence
Improvement Strategy (OEIS). Nesta casa encontra-se um número significativo de pontos
comuns à casa TPM. Tanto nas fundações como nos pilares do OEIS, é naturalmente visível a
importância da metodologia TPM para a Colep atingir a Excelência Operacional. A Colep
define a Excelência Operacional como um polinómio Qualidade – Custo – Entrega –
Segurança. A base destes pilares, constituída por vários desses itens comuns à metodologia
TPM revela quão estratégico, necessário e vital é a implementação correcta desta
metodologia.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
10
2.6 Root Cause Failure Analysis
A técnica RCFA – Root Cause Failure Analysis (Análise da Falha através da resolução da
Causa Raíz) é uma técnica desenvolvida para eliminar completa e sistematicamente as perdas
causadas por avarias crónicas e recorrentes, de uma forma simples e rigorosa, eficiente e
duradoura.
Seguindo todos os passos desta técnica é possível eliminar as causas dos problemas com
maior impacto para a organização, sejam eles de natureza física (mecânica, eléctrica e
pneumática) ou humana. Aplicando esta técnica de análise é possível prevenir com mais
eficácia os acidentes de trabalho, os defeitos de qualidade, as reclamações de clientes, os erros
administrativos, entre outros.
Segundo (Mobly 2008) o procedimento indicado deve seguir a seguinte dinâmica:
Preservar os dados:
Guardar as peças danificadas, as fotos e outros registos do problema para que possam ser
consultados sempre que necessário.
Clarificar o problema:
Investigar cuidadosamente o problema e comparar as condições de ocorrência, aspecto geral e
estado das peças afectadas. A opinião dos operadores deve ser tida em conta, uma vez que são
quem lida, diariamente, com as máquinas. Deve perguntar-se-lhes o que aconteceu e o que
viram ou sentiram antes do problema ocorrer.
Reunir uma equipa multidisciplinar para analisar o problema:
Considerar as implicações que as condições de operação da máquina (designadamente: a falta
de limpeza e de lubrificação, as obstruções e a contaminação, entre outros) podem ter tido na
ocorrência do problema.
Figura 6 – Modelo OEIS da Fábrica de Enchimento de Vale
de Cambra – Grupo PSG - Colep
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
11
É nesta fase do problema que as ferramentas de análise, como „5Porquês‟ ou diagrama de
espinha de peixe (Ishikawa) devem ser utilizadas para promover entre os elementos da equipa
a dinâmica de grupo, facilitada através da comunicação visual do problema.
Comunicar as conclusões e recomendações às partes interessadas:
Sugerir as alterações, quer seja no sentido de substituir materiais ou fornecedores de
equipamentos, alterar procedimentos ou outra qualquer recomendação.
Verificar se as recomendações resolveram o problema:
A análise RCFA per se, mesmo que cumpridora de todos os pontos definidos nos
procedimentos e de ter identificado todas as causas para um determinado problema não
garante que o problema tenha ficado resolvido.
As recomendações podem nunca chegar a ser implementadas, pode até dar-se o caso de
ocorrerem novos problemas introduzidos pelas recomendações que a equipa elaborou. É por
este motivo que este último passo é de importância fulcral.
2.6.1.1 Diagrama de Pareto
O diagrama de Pareto teve a sua motivação associada à Lei de Pareto. Esta lei, também
conhecida como Princípio 80-20, afirma que para muitos fenómenos, 80% das consequências
advêm de 20% das causas. A lei foi sugerida por Joseph Juran, que lhe deu o nome em honra
do economista italiano Vilfredo Pareto.
Segundo esta lei “em qualquer população que contribui para um efeito comum existe uma
minoria de alguns contribuintes - the vital few - que representam a maior parte do efeito - the
tivial many”. Com a dissipação dos efeitos causados pelos vital few Juran sugeriu, anos mais
tarde, que se adoptasse a evolução dos termos trivial many para useful many. Deste modo,
realça-se que 80% dos elementos que causam os restantes 20% dos efeitos indesejados
também podem, e devem, ser resolvidos de forma a diminuir a variação nos processos e
permitir alcançar a meta dos zero defeitos.
O diagrama de Pareto é muito útil e potente para identificar se uma qualquer situação segue a
Lei de Pareto dada a facilidade visual com que essa constatação se faz.
2.6.2 5 Porquês
Os 5 Porquês (5 whys) são a base de partida para a metodologia RCFA. Esta metodologia foi
inicialmente desenvolvida por (Ohno 1978) como forma de promover competências de
resolução de problemas no seio do grupo Toyota. Depois de analisar o problema deve
perguntar-se “Porquê?” cinco vezes de forma a desvendar a causa mãe do problema.
Apesar de esta técnica ser amplamente utilizada no grupo Toyota há opiniões discordantes
sobre a sua total fiabilidade pois tudo depende da motivação da entidade que pergunta
“Porquê?” para ir até ao cerne da questão.
Considerando diferentes pontos de vista para o mesmo problema é possível que duas pessoas
diferentes, utilizando o mesmo método, cheguem a soluções completamente opostas. Isto
sucede porque o método nos indicia a seguir uma causa única em cada iteração. No entanto,
cada problema pode ter causas mãe múltiplas e quem questiona “Porquê?” não poderá
descobrir causas que desconhece. Assim, torna-se de fulcral importância um
acompanhamento e uma monitorização constantes no terreno.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
12
2.7 Standartização de Procedimentos
A standartização do trabalho é a solução para as dúvidas que surgem todos os dias no chão de
fábrica. Standartizar é o processo de documentar todas as tarefas para garantir que são sempre
feitas da mesma forma por todos os operários em todos os turnos. Assim, serão adoptados os
métodos mais fiáveis e escorreitos para completar cada tarefa, não deixando margem alguma
para erros ou preferência pessoal.
Esta é a melhor maneira de eliminar a variabilidade dos processos: uma metodologia
altamente organizada para assegurar que os procedimentos definidos são os que são usados,
para que no caso de haver desvios no processo se identifique rapidamente a sua origem e se
proceda à sua resolução. A standartização orienta o operador para a melhoria do processo
para que saiba precisamente o que fazer, quando fazer e como fazer.
Uma vez criado o processo standard deve rever-se o processo e optimizar uma e outra vez
para criar sempre um processo mais eficiente. No entanto, sem criar standards não existem
bases para aperfeiçoamento.
Figura 7- Método expedito para resolução de problemas
Fonte: Colep OEIS
Figura 8 – A contribuição da standartização para o aumento dos ganhos associados aos processos
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
13
2.8 Gestão visual
A gestão visual é referida como um aspecto chave na transmissão de conhecimentos.
(Willmott and McCarthy 2001) sugere que se torne a informação visível sempre que se
revelar apropriado e proveitoso esclarecer qualquer ambiguidade. Para facilitar a transmissão
destes conceitos essenciais deve obedecer-se a algumas regras:
A informação que se pretende transmitir deve ser simplificada;
Não deve utilizar-se mais do que uma página;
As instruções devem ser curtas e descritas com recurso a desenhos ou imagens
esclarecedoras;
As instruções devem estar colocadas tão perto do equipamento a que se referem
quanto possível.
A melhor forma de gerir estas instruções é através de OPL‟s (one point lessons – lições de
reparação que permitem visualizar e esquematizar pragmaticamente a tarefa que se pretende
que o colaborador execute.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
14
3 A linha A2
A linha A2 foi recentemente adquirida a outra empresa do Grupo Colep. Esta linha foi
instalada na fábrica de Vale de Cambra há menos de um ano. A falta de à-vontade e
desconhecimento dos operadores e da equipa de manutenção para resolver certos problemas
na linha revela, por si só, a complexidade dos equipamentos. Se a esta situação se associar o
facto de a linha mostrar algumas oportunidades de melhoria que, aquando da instalação, não
foram resolvidos criam-se as condições ideais para a ocorrência frequente de avarias. A
subsequente dificuldade em detectar e corrigir essas avarias origina elevados tempos de
reparação dos equipamentos que, por estarem todos em série, provocam ama queda acentuada
da produtividade da linha A2 e, por inerência, de toda a fábrica. A Figura 9 é uma foto
panorâmica da linha A2 que se extende ao longo do shopfloor. Aqui é possível constatar o
grande comprimentos da linha A2 no interior da fábrica. Convém salvaguardar que o processo
de enchimento de gás se processa no exterior da fábrica, na gashouse (cabine de gás). A
representação esquemática da linha na figura 10 indica o posicionamento da gashouse depois
da parede branca ao fundo da linha.
Figura 9 – A linha A2 em perspectiva
Figura 10 – Esquema da linha A2 (antes designada por linha S1)
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
15
3.1 Processo de fabrico
As linhas de enchimento de aerossóis são modulares e podem ser compostas por seis, sete,
oito ou mais máquinas que processam as latas desde que entram no tapete de alimentação até
que, dependendo das exigências do cliente, saem já embaladas em filme retráctil, tabuleiros
ou caixas.
Para alimentar a linha o operador começa por colocar as latas na mesa de alimentação da linha
de produção garantindo sempre uma quantidade mínima para que a linha não pare por falta de
latas. Por cima da mesa de alimentação encontra-se o painel de controlo que lhe permite
accionar os transportadores, as Macromat 2045 (Figura 12), o selector de válvulas e a
máquina de gás.
À esquerda da mesa de alimentação está o selector de válvulas: um grande tambor rotativo
que alinha e empurra as válvulas até duas gavetas. De cada uma destas duas gavetas sai um
tubo transparente que leva as válvulas até às latas através de uma lançadeira dentro da
Macromat. É dentro da Macromat que o processo de enchimento começa.
Figura 12 - Macromat 2045 do lado direito da linha A2
Figura 11 – Mesa de alimentação da linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
16
As Macromat‟s são duas máquinas de enchimento de produto. Quando a lata entra na
Macromat obriga a cabeça de produto a descer até à lata e a enchê-la com a quantidade
desejada de produto (formulado de acordo com as especificações do cliente). Agora é o
momento em que a lançadeira insere a válvula na lata. A válvula é então selada por um
mecanismo com uma cabeça que desce até à lata, retira todo o ar do seu interior (cria vácuo
para, mais à frente na linha, haver espaço para o gás propulsor) e crava a válvula na lata de
forma a garantir uma selagem e estanquicidade medida através da altura e diâmetro de
cravação. Após este processo a lata sai da Macromat e segue o seu caminho no transportador
até à máquina de gás.
Quando a lata entra na máquina de gás acciona duas torres rotativas, cada uma com seis
cabeças de enchimento de gás. A lata translada solidária com o movimento de rotação da torre
de forma a permitir que uma cabeça de gás desça por breves momentos e acople à lata de
forma a introduzir-lhe a quantidade necessária de gás (acontece duas vezes, uma em cada
torre) evitando ao máximo a libertação indesejada de gás para a atmosfera controlada dentro
da máquina.
Ao processo de enchimento segue-se a pesagem da lata. A balança é o próximo elemento da
linha e permite conferir se o peso conjunto de produto e gás dentro da lata está dentro dos
limites mínimos e máximos estipulados com o cliente. Se a lata não cumprir o padrão é
encaminhada para o transportador de rejeição. Caso a lata cumpra as especificações, segue
para o banho de teste.
Figura 13 – Torre da máquina de gás da linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
17
À entrada do banho de teste a lata é encaminhada para a torreta do banho. Na torreta rotativa
há uma came que levanta a lata até à corrente que transporta as pinças com as latas ao longo
do banho. A lata percorre o banho de água a uma temperatura de 55ºC que dura
aproximadamente 3,5 minutos com o objectivo de criar indirectamente um aumento de
pressão no interior da lata através de um aumento de temperatura. Este método permite avaliar
a existência ou não existência de micro-fugas na lata, especialmente no local da cravação da
válvula.
O último passo na produção de uma lata de aerossol é a colocação do actuador e da tampa.
Dependendo das especificações dos clientes este passo pode realizar-se em duas etapas
independentes ou uma só vez, quando o actuador já é fornecido montado na tampa. A linha
A2, porém, difere neste ponto de todas as outras linhas da fábrica da Colep. Nesta linha está
montado um equipamento muito específico, sensível e bastante complexo que não só monta
mas também alinha as tampas com as latas numa posição predefinida. Este equipamento foi
especialmente concebido para um cliente com exigências especiais e, dada a sua
complexidade, será analisado à frente com maior detalhe.
Figura 14 – Balança da linha A2
Figura 15 – Banho da linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
18
Concluída a fase de produção do aerossol resta o embalamento. A próxima máquina da linha
molda tabuleiros de cartão e coloca os aerossóis nesses tabuleiros de seis unidades caso o
cliente assim o pretenda. Caso contrário, o aerossol atravessa simplesmente a máquina.
Segue-se a máquina de filme, onde as latas agrupadas em packs de seis unidades são
envolvidas numa película de filme e passam rapidamente por um forno, apenas durante o
tempo suficiente para se obter uma boa retractilização do filme. A este processo segue-se a
etiquetagem para garantir a rastreabilidade do lote.
Figura 17 - Máquina de filme da linha A2
O produto é ainda embalado em caixas, paletizado e a palete envolvida em filme estirável
antes de ser enviada para o armazém de produto acabado.
Figura 16 – Máquina orientadora de tampas da linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
19
3.2 Restrições à modificação de equipamentos para produtos inflamáveis e tóxicos
O produto final da fábrica de enchimento é a lata aerossol. Este produto, reduzido ao seu
âmago, é essencialmente um reservatório pressurizado albergando matérias perigosas,
inflamáveis e tóxicas no seu interior (álcool, benzina, insecticidas). O manuseamento deste
tipo de produtos exige obrigatoriamente regras de segurança apertadas, nomeadamente a
directiva ATEX 94/9/CE e 99/92/CE para atmosferas explosivas.
A Directiva 94/9/CE é aplicável aos aparelhos e sistemas de protecção destinados a serem
utilizados em atmosferas potencialmente explosivas; é aplicada ainda aos dispositivos de
segurança, de controlo e de regulação, destinados a serem utilizados fora das atmosferas
potencialmente explosivas, mas integrando e sendo indispensáveis para o funcionamento
seguro dos aparelhos e sistemas de protecção no que se refere aos riscos de protecção.
A Directiva 99/92/CE estabelece as prescrições mínimas destinados a promover a melhoria
da protecção, da segurança e da saúde dos trabalhadores, susceptíveis de serem expostos a
riscos derivados de atmosferas explosivas.
A directiva ATEX existe para garantir: minimização dos riscos de explosão, cumprimento dos
requisitos legais, redução de Prémios de Seguros e, acima de tudo, maior segurança para
pessoas e bens.
A obrigatoriedade de aplicação desta directiva deve sempre ser tida em conta quando se
propõe alterações ou quando se instalam novos equipamentos na linha.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
20
4 Implementação do TPM no Shop Floor
Detectaram-se oportunidades de melhoria nos três índices contabilizados no OEE:
Disponibilidade, Performance e Qualidade. Decidiu-se então que a melhor forma de aumentar
a eficiência da linha A2 de forma consistente e duradoura seria tornar o projecto global,
abrangendo todos os três índices. Contrariou-se a tendência de se focar todo o projecto no
aumento de um único índice, por exemplo, apenas na correcção de falhas que provocam
avarias, o que resultaria apenas no aumento do indicador Disponibilidade.
4.1 Aumento do Índice de Disponibilidade – Eliminação de causas de falha
Dada a impossibilidade de se analisarem todas as máquinas da linha, o primeiro passo tomado
para aplicar esta análise RCFA foi definir quais as máquinas que deveriam ser analisadas.
A Colep possui um software de gestão integrado que integra um módulo de manutenção. Esse
módulo permite, entre outras coisas, consultar informações sobre os tempos de paragem das
máquinas de uma linha. No entanto, e apesar de esta informação ser um bom ponto de partida,
é impossível destrinçar cada uma das avarias, isto é: saber especificamente qual foi o
elemento que originou a paragem da máquina e qual o fenómeno que despoletou esse
acontecimento. Essa informação pode ser consultada na Tabela 1.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
21
Tabela 1 – Informação disponibilizada sobre as paragens da linha A2 em Janeiro e Fevereiro de 2011
Nota: #N/A é um erro do ficheiro importado do sistema SAP que não foi possível descodificar
Motivo Total Ocorrencias Média (h) Motivo Total Ocorrencias Média (h)
Mudança 81:15:00 61 01:19:55 Falta de energia 02:35:00 1 02:35:00
Transportadores AV 34:25:00 16 02:09:04 Balança Automática AF 02:35:00 5 00:31:00
Máq. De filme AF 29:25:00 70 00:25:13 Bombas / Cabeças da máq. De gás AF
02:30:00 11 00:13:38
Paragem para Almoço ou Jantar
25:40:00 53 00:29:03 Máq. Código de lata AF 02:30:00 10 00:15:00
Máq. De filme AV 24:25:00 34 00:43:05 Aplicador De Válvulas AF 02:10:00 9 00:14:27
Banho AV 18:35:00 14 01:19:39 Filtro AF 02:05:00 5 00:25:00
Banho AF 16:25:00 45 00:21:53 Máq. De etiquetas AF 01:55:00 4 00:28:45
Máq. De gás AV 13:40:00 14 00:58:34 Máq. de tampas AF 01:55:00 6 00:19:10
Limpeza da linha 11:30:00 25 00:27:36 Filtro AV 01:50:00 3 00:36:40
Bombas / Cabeças da máq. De gás AV
10:45:00 14 00:46:04 Quadro Eléctrico AV 01:45:00 1 01:45:00
Mudança de Prioridades 10:25:00 7 01:29:17 #N/A 01:40:00 5 00:20:00
Máq. Código de lata AV 09:35:00 10 00:57:30 Bombas Máq. Perfume Aerofill (nº 3) Avaria
01:35:00 3 00:31:40
Outros 08:15:00 14 00:35:21 Baixa de pressão de gás 01:25:00 3 00:28:20
Mudança de Banho (Batch)
08:10:00 37 00:13:15 Máq. de tampas AV 01:15:00 1 01:15:00
Máq. de tampas APD's AV 07:55:00 9 00:52:47 Transportadores AF 01:10:00 5 00:14:00
Máq. De fechar caixas AV 06:15:00 6 01:02:30 Máq. De fechar caixas AF 01:10:00 5 00:14:00
Máq. de tampas APD's AF 05:45:00 13 00:26:32 Máq. Produto Aerofill (nº 2) Afinação
01:10:00 3 00:23:20
Máq. De gás AF 05:20:00 10 00:32:00 Máq. Código tabuleiro Afinação
01:05:00 2 00:32:30
Recuperação de material 04:55:00 12 00:24:35 Bombas Máq. Produto Aerofill (nº 2) Avaria
00:55:00 2 00:27:30
Falta de ar comprimido 04:55:00 7 00:42:09 Falta de Vapor 00:55:00 1 00:55:00
Análises de Qualidade 04:35:00 6 00:45:50 Cabeça de cravação AV 00:50:00 1 00:50:00
Outros Avaria 04:05:00 3 01:21:40 Quadro Eléctrico AF 00:45:00 3 00:15:00
Máq. Produto Aerofill (nº 2) Avaria
03:45:00 3 01:15:00 Falta de Produto 00:45:00 1 00:45:00
Aplicador De Válvulas AV 03:45:00 5 00:45:00 Cabeça de cravação AF 00:40:00 3 00:13:20
Aquecimento do Banho/Forno
03:40:00 8 00:27:30 Outros 03:05:00 11 00:16:49
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
22
4.1.1 Análise de Pareto
Aplicando a Regra de Pareto às avarias da Linha A2 pretendeu-se estabelecer em que medida
as avarias obedecem a esta lei. Verificou-se que a aproximação é bastante razoável. Isto
indica que haverá uma enorme probabilidade de aumentar significativamente a
disponibilidade da Linha A2 se se concentrarem os esforços nos 20% de máquinas com
maiornúmero de tempo de paragem. Na Figura 18 pode avaliar-se a relevância das máquinas
de filme e gás no tempo total de paragem da linha A2, representando em conjunto mais de
50% das paragens da linha.
38%
17% 16%14%
5%3% 2,2% 1,9% 0,8% 0,8% 0,8% 0,55%
38%
55%
71%
84,8%90,1%
92,8%95,0%97,0%97,8%98,6%99,4%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Pe
so R
ela
tivo
Paragens Linha A2 - Janeiro e Fevereiro
Figura 18 – Diagrama de Pareto que relaciona a influência de cada equipamento no tempo de paragem da linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
23
4.1.2 Definição da Equipa de Trabalho
Para contornar a situação adversa que se precipitou em virtude da falta de informação
discriminativa sobre as avarias foi decidido constituir um grupo de trabalho multidisciplinar
composto por elementos quer da manutenção quer da produção. O grupo de trabalho
constituído foi composto pelos seguintes elementos: Engenheiro-chefe da manutenção, Cell-
Leader, Chefe de Linha e Mecânico de Linha.
Com a criação deste grupo pretendeu-se simplificar a recolha e tratamento de informações
precisas sobre o tipo de avarias graves mais frequentes. Nas reuniões do grupo procurou-se
através da análise das avarias não só identificar problemas mas também promover o debate
sobre possíveis intervenções nos equipamentos ou definição dos caminhos a trilhar em busca
das causas-mãe para essas falhas.
4.1.3 Reuniões de brainstorming para a análise RCFA
As reuniões da equipa revelaram-se decisivas para a definição das acções a tomar. Logo de
início foi possível constatar a motivação de todos os elementos envolvidos na resolução das
avarias que sistemática e recorrentemente lhes foi pedido para reparar.
Foram realizadas reuniões com o intuito de resolver os problemas na máquina de filme de gás
devido ao seu peso no tempo total das avarias. Na Figura 19 mostra-se o resultado de uma das
reuniões referidas.
Figura 19 – Enumeração dos problemas na reunião de brainstorming
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
24
4.1.4 Máquina de Filme - Análise dos sintomas
Na primeira reunião foi examinada a Máquina de Filme, um modelo bastante complexo da
Skinetta que, sempre que ocorre uma mudança de diâmetro ou altura das latas, exige inúmeras
alterações em várias células detectoras. Os sintomas enumerados consensualmente pela
equipa resumem-se na Tabela 2.
Tabela 2 – Sintomas da máquina de filme enunciados na reunião de brainstorming
Sintoma
Falhas na Fixação Células
Ferramentas / Peças com desgaste
Borracha soldadura deteriorada
Corte irregular do filme
Dificuldade em Afinar a Máquina nos Setup
Dificuldade Detecção Avarias
Deficiências na Lubrificação Pneumática
4.1.5 Análise das causas
Os sintomas citados nas reuniões de brainstorming foram posteriormente análisados,
estudados e a sua situação verificada no chão de fábrica. As conclusões obtidas sobre as
causas dos sintomas enunciados podem ser consultadas na Tabela 3.
Tabela 3- Resumo das causas associadas aos sintomas descritos na máquina de filme
Sintoma Causa
Falhas na Fixação Células
Utilização de material inapropriado
provisoriamente que, com o passar do tempo, se
transformou no standart
Ferramentas / Peças com desgaste Utilização demasiado frequente
Borracha soldadura deteriorada Envelhecimento
Corte irregular do filme Faca de corte desnivelada
Dificuldade em Afinar a Máquina nos
Setups Afinação complexa / falta de referências
Dificuldade Detecção Avarias O sistema não oferece feedback dos erros que
causam paragem
Deficiências na Lubrificação Pneumática Tarefa morosa / falta de sensibilização
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
25
4.1.6 Implementação de melhorias na máquina de filme
A multiplicidade de problemas enumerados nas reuniões de brainstorming abrange graus de
complexidade discrepantes. Alguns problemas revelaram-se de simples resolução e as suas
origens foram expeditamente anuladas, outros carecem ainda de implementação devido a
constrangimentos de agenda de fornecedores, dificuldades técnicas, incapacidade de alteração
imediata do planeamento da produção da linha, entre outros.
A pressão do dia-a-dia obriga muitas vezes os técnicos da manutenção a recorrer a soluções
provisórias que, com o passar do tempo, se transformam no standard. A Figura 20
exemplifica a correcção de uma dessas soluções de recurso onde se substituiu
“provisoriamente” os equipamentos adequados de aperto das células detectoras por
abraçadeiras em plástico. A vibração associada ao funcionamento dos cilindros torna
frequente o deslocamento das células deficientemente fixadas e provoca a paragem da
máquina sem que por vezes o motivo seja imediatamente evidente.
A régua de corte de filme a quente (160ºC), além de desalinhada arrefecia regularmente. O
cabo de alimentação eléctrica da régua derretia com o calor provocado pelo efeito de Joule e
quebrava a transmissão de energia para a régua. A solução adoptada passou pela
reformulação da instalação eléctrica e substituição do cabo da alimentação por um
correctamente dimensionado. As condições de acesso ao equipamento impossibilitaram o
registo fotográfico da melhoria efectuada dada a proximidade ao forno de retratilização de
filme.
Outra situação corrigida prende-se com a borracha de soldadura do filme retráctil. A
deterioração da borracha de soldadura provoca a não homogeneidade no corte do filme
retrátil. Este fenómeno influi na velocidade de operação da máquina e cria micro paragens
(Índice de Performance).motivadas pelo encravamento do filme. A Figura 22 exibe esta
substituição.
Figura 20 – Substituição de equipamento de fixação da célula detectora do fim-de-curso do cilindro
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
26
Tendo já sido previamente referido, a máquina de filme estirável contém uma vasta
quantidade de sensores. Esses sensores fazem a indicação do posicionamento dos cilindros
empurradores das latas, da presença de latas ao longo da máquina (na alimentação, na garra,
no calcador, no forno), da posição do sistema esticador do filme, da presença de filme no
sistema esticador, entre outros. Perante esta parafernália de sensores torna-se extremamente
moroso e penoso detectar e reparar avarias relacionadas com encravamentos da máquina dado
que, aparentemente costumam parecer arbitrárias, sem apresentar um motivo aparente.
O projecto para eliminar a falta de feedback sobre qual célula detectora causa a paragem da
máquina foi proposto e posteriormente adjudicado ao representante nacional do controlador
da máquina (PLC Mitsubishi). Dada a idade avançada do sistema de controlo (mais de duas
décadas), este é um projecto difícil.
Este projecto exige simultaneamente uma sólida experiência de programação (fruto da
evolução nas linguagens-máquina de controlo – algumas instruções foram abolidas e outras
adoptadas, o que dificulta o trabalho de actualização) e compreensão avançada dos conceitos
fundamentais de funcionamento da máquina (para estabelecer correctamente a interligação do
software de controlo com o funcionamento do hardware a controlar).
4.1.7 Máquina de Gás - Análise das causas
Numa segunda fase da análise RCFA abordou-se a máquina de gás. Recorde-se que por
motivos de segurança, exigidos na norma ATEX sobre zonas Ex (ver secção 3.2), esta
Figura 22 – Renovação do mecanismo de controlo
Figura 21 - Substituição das borrachas de soldadura da faca de corte de filme
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
27
máquina está contida dentro de gas house no exterior da fábrica. A máquina apresentava
essencialmente um único problema.
O problema prende-se com o facto de, em dias frios de Inverno, a máquina de gás parar de
funcionar abruptamente.
A máquina de gás, contida dentro da gas house, apresentava essencialmente um único
problema. O problema prende-se com o facto de, em dias frios de Inverno, a máquina de gás
parar de funcionar abruptamente. A tabela seguinte ilustra os sintomas descritos:
Tabela 4 - Sintomas da máquina da máquina de gás enunciados na reunião de brainstorming
Sintoma
As cabeças de gás funcionam mal.
Condensações de água nos cilindros pneumáticos
O sintoma imediatamente associado a este problema foi prontamente referido pelo mecânico
da linha: condensação de grandes quantidades de água nos cilindros pneumáticos das bombas
da máquina de gás. Esta quantidade de água em fase líquida ocupa o volume que deveria ser
ocupado por ar comprimido, causando a imobilização do cilindro que acciona a bomba de gás.
4.1.8 5 “Porquê?” na máquina de gás
A acumulação de água no interior dos cilindros pneumáticos indiciou prontamente que
careceria de uma análise profunda e não seria analisável através de um simples procedimento
sintoma- causa- acção.
Decidiu-se adoptar o método dos 5 “Porquê?” (5 Whys) para eliminar consistentemente a
causa para a falha. A sua aplicação revelou-se importante mas não se provou ainda
conclusiva. Para ser fiável esta análise precisa de realimentação sob pena de que, se assim não
for, as conclusões finais estejam deturpadas por não se verificar a realidade no terreno. Assim,
o diagrama esboçado na Figura 24 demonstra o estado actual do problema.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
28
4.1.9 Realização de acções de despistagem de hipóteses
De forma a triar a hipótese mais correcta do diagrama da Figura 24 procedeu-se à análise de
cada uma e decidiu-se seleccionar a hipótese certa por exclusão das outras.
Pelo estudo dos dados técnicos fornecidos pela Colep Energia (divisão do grupo Colep
responsável pelo fornecimento de electricidade, vapor de água e ar comprimido a cada fábrica
da Colep em Vale de Cambra) detectou-se que o compressor de ar comprimido tem um ponto
de orvalho de 3º Celsius.
Isto significa que sempre que a temperatura no interior da Gas House é inferior a 3ª Celsius –
situação recorrente pela sua localização geográfica no exterior da fábrica (requisito de
segurança) – a água contida no ar comprimido condensa sobre a forma de gotas de água que
se aglomeram dentro dos cilindros.
Cientes de que o sistema de exaustão da Gas House captura o ar do exterior (em que muitas
vezes a temperatura é mais baixa do que a do ponto de orvalho do compressor de ar instalado)
mas que pode em alternativa capturar ar pelo orifício de entrada das latas, decidiu-se
tamponar a entrada de ar exterior do circuito de ventilação. Assim, força-se o circuito de
ventilação a capturar ar do interior da fábrica partindo do pressuposto que a temperatura do ar
no interior da fábrica é sempre mais amena do que a do ar exterior.
Figura 23 – Aplicação da metodologia dos 5 porquês na procura da causa-mãe
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
29
4.1.10 Definição de medidas a tomar no caso da ininterrupção de deposição de água
nos circuitos pneumáticos da gas house
A consciência plena da breve duração deste trabalho ditou que se procedesse à elaboração de
um fluxograma simples com instruções de trabalho futuro. O objectivo é facilitar que a
detecção da causa-mãe do problema da deposição de água nos cilindros das bombas de gás
possa continuar a receber acompanhamento adequado da equipa de manutenção.
Exige-se à equipa de manutenção que se debruce sobre este assunto regularmente e siga os
passos descritos na Figura 26 ao longo do processo de resolução, de forma a garantir que
quando este processo se concluir não ocorrerá a deposição de água nos circuitos pneumáticos
da gas house mesmo nas condições mais adversas (temperaturas exteriores negativas nas
noites mais frias de Inverno).
Figura 24 – Tamponamento da entrada de ar exterior
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
30
Fluxograma Revisão da Humidade no
Circuito de Ar Comprimido da GASHOUSE na linha A2 / S1
Figura 25 - Fluxograma Revisão da Humidade no
Circuito de Ar Comprimido da GASHOUSE na linha A2
SIM
NÃO
- RESOLVIDO -
SIM
NÃO
Instalar secador de ar e
ligar só no Inverno.
-RESOLVIDO -
Verificar
funcionamento dos
purgadores do
circuito de ar
comprimido da
máquina de gás.
1 mês depois:
Verificar se o sistema está
enxuto.
Instalar secador de ar e
ligar durante todo o ano.
- RESOLVIDO-
Verificar se o sistema está
enxuto durante o Inverno .
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
31
4.2 Aumento do Índice de Performance – Diminuição das micro-paragens
4.2.1 Proposta de melhoria da instalação da Máquina Orientadora de Tampas
Durante este trabalho foram detectadas algumas oportunidades de melhoria de equipamentos
que, apesar de não terem sido referidos em nenhuma reunião, se revelam necessários por
possibilitarem a redução das micro-paragens e avarias nesta máquina e, por inerência, em toda
a linha A2.
Por observação, constatou-se que o alimentador de tampas encrava com regularidade, fruto da
dificuldade em afinar os reguladores pneumáticos “1”, ”2” e ”3” na Figura 27. Assim, deve
instalar-se uma plataforma mais elevada que permita ver para dentro do selector na zona do
soprador de forma a permitir afinações do selector de tampas. Isto permitirá, virtualmente,
eliminar as micro-paragens regulares causadas pela desafinação.
Figura 26 – Vista de frente do soprador de tampas da
máquina orientadora de tampas
Figura 27 – Vista de cima do
soprador de tampas da máquina
orientadora de tampas
1 2 3
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
32
4.2.2 Manutenção Autónoma
A manutenção autónoma promove o entrosamento do operário com a máquina. Ao realizar as
tarefas básicas de manutenção o operário ganha a confiança e entendimento do correcto
funcionamento da máquina para efectuar rápidos desencravamentos e pequenas reparações no
equipamento que opera.
4.2.2.1 Adaptação dos planos de manutenção autónoma existentes na Linha A2
Os planos de manutenção existentes para a linha A2 revelaram-se demasiado extensos,
argumento esse que era usado pelos operadores da linha como desculpa para o seu
incumprimento sistemático. Esses mesmos planos alongavam-se por mais de duzentos e
cinquenta pontos de inspecção, limpeza e lubrificação, tornando uma tarefa que deveria ser
simples, célere e eficaz numa dor de cabeça para todos. Esta situação vinha-se arrastando não
por facilitismo mas sim por falta de recursos da fábrica dado que, como anteriormente
referido, esta atravessa um período de reestruturação com novos equipamentos e novos
layout’s.
Tendo em conta esta situação resolveu-se adoptar novamente os princípios básicos da
manutenção autónoma e fazer as adaptações necessárias de um plano extenso e de difícil
execução à realidade industrial actual. Os planos existentes foram simplificados para fomentar
a adesão dos funcionários ao plano de manutenção autónoma. Quando terminar a fase de
transição actualmente vivida na empresa ponderar-se-á o abrangimento de todos os pontos
agora abolidos no plano de manutenção autónoma (actualmente a cargo da equipa de
mecânicos de linha).
Os planos de manutenção autónoma referidos podem ser encontrados no Anexo C.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
33
4.2.2.2 Definição do plano de manutenção autónoma da Máquina Orientadora de
Tampas
A máquina orientadora de tampas não possuía até então qualquer tipo de plano de
manutenção. A análise efectuada no âmbito deste trabalho focou-se na definição das tarefas
de manutenção autónoma e na sua integração no plano de manutenção autónoma da linha A2.
Figura 28 – Elaboração do Procedimento de manutenção autónoma
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
34
4.2.2.3 Proposta de instalação de um sistema automático de lubrificação com um
copo central
De acordo com o standart exigido pelas apertadas normas de segurança ATEX, nas linhas de
aerossóis, por norma, quase todos os mecanismos de accionamento e controlo são
pneumáticos. A linha A2 não é excepção e possui nas suas variadas máquinas 18 copos de
óleo que precisam de ser enchidos regularmente.
Na Figura 30 pode ver-se a representação de cada copo com uma bola vermelha. O rectângulo
vermelho representa o aglomerado de copos debaixo da máquina de produto Macromat. Este
equipamento é de difícil acesso e a intervenção para enchimento dos copos de óleo exige a
sua imobilização total durante 20 minutos a cada dois dias. Essa imobilização obriga à
paragem da produção e consequentemente reduz o OEE.
Para eliminar a necessidade de paragem dos equipamentos e simultaneamente libertar os
operadores para a realização de outras tarefas de manutenção autónoma foi proposta a
instalação de um sistema de lubrificação automático com um copo central. Espera-se que com
este sistema seja possível aumentar a longevidade dos equipamentos e dos seus componentes,
reduzir o número de paragens devidas à falta de lubrificação e eliminar os tempos de paragem
programada para encher os copos de óleo.
4.2.2.4 Levantamento das necessidades de equipamentos
De acordo com as necessidades das várias máquinas da linha foi pedido um orçamento para a
compra do equipamento pneumático necessário e coordenou-se a medição do comprimento
das tubagens necessárias para instalar o sistema na linha. Teve-se em conta as diferente
necessidades de caudal de ar e de lubrificação de cada máquina.
Figura 29 – Localização dos copos de lubrificação na linha A2
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
35
4.2.2.5 Cálculo do Payback
O investimento requirido é avultado, cerca de três mil euros, e a implementação deste sistema
carece de uma análise superior que avalie a sua necessidade e a sua capacidade de acrescentar
valor à empresa.
Assumindo que cada minuto de paragem da linha representa um euro perdido (valor sugerido
e validade pelo departamento contabilístico), calculou-se o retorno financeiro do investimento
com base no retorno expectável dos ganhos em: eliminar os minutos por dia de paragem da
linha para lubrificação de todos os copos, redução da quantidade de vezes que a linha
funciona com baixa performance por falta de lubrificação adequada e o aumento da
longevidade dos elementos pneumáticos instalados na linha (o'rings, veios, actuadores, etc).
Nem todos estes valores puderam ser confirmados, o que sesulta num payback de 1,5 anos
que facilmente poderia ser menor caso se contabilizassem todos os ganhos expectáveis.Os
cálculos podem ser consultados no anexo B. Com base neste estudo este projecto foi proposto
como investimento no próximo ano.
4.2.3 Elaboração de uma One Point Lesson
Foi detectada uma fuga na máquina de cola da linha A2. A cola saía pelo bujão do tanque de
cola e acumulava-se na base da máquina. Esta situação mereceu atenção imediata já que
indiciava que houvesse uma forte probabilidade de que a máquina avariasse repentinamente.
Assim, enviou-se a máquina para o fornecedor para que fosse reparada. O fornecedor
procedeu à onerosa reparação do tanque e referiu que este estava a verter devido à excessiva
pressão de ar a que a máquina provavelmente estaria a ser submetida. O fornecedor indicou
que a pressão pneumática máxima de funcionamento desta máquina nunca deve ultrapassar
quatro bar.
Depois do arranjo a máquina foi instalada na linha e após duas semanas para que voltou a
pingar cola novamente. O motivo foi de simples identificação: excesso de pressão no circuito
pneumático (~6,5bar).
Face a esta situação foi decidido criar uma One Point Lesson que alertasse os
operadores na linha A2 para a necessidade de controlar visualmente o manómetro indicador
de pressão no regulador do circuito pneumático da máquina de cola. O indicador de pressão
foi também alterado de forma a indicar a pressão de funcionamento de desejada.
Figura 30 – Máquina de cola com fugas
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
36
Na Figura 31 retrata-se a evolução da simbologia aplicada no mostrador da máquina de cola.
A Figura 32 mostra a OPL criada para a máquina da Cola. Pede-se ao operador que tenha o
cuidado de verificar a posição do manómetro de pressão. Enfoca-se a necessidade de voltar a
regular a pressão para os valores normais no caso de pontualmente se proceder a algum
desentupimento da cola ao longo da mangueira. (OPL – ver ANEXO C: OPL: Máquina de
Cola)
Figura 32 – OPL sobre a máquina de cola
Figura 31 - Evolução da simbologia adoptada para os mostradores pneumáticos
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
37
4.3 Aumento do Índice de Qualidade – Diminuição de sucata
O aumento do índice de qualidede permite que se aumente a capacidade real da produção sem
necessidade de investir em novos equipamentos produtivos. Com base neste princípio
desenvolveram-se ferramentas para diminuir os custos de não-qualidade.
4.3.1 Elaboração de um protocolo de controlo da rejeição da balança de linha
A inexistência de um protocolo de controlo do rejeitador da balança conduziu à elaboração de
um método que simplifique o sistema de verificação do rigor de pesagem das latas nas
balanças das linhas e da rejeição do produto em caso de não conformidade.
O procedimento de verificação demorava muito tempo e tornava o trabalho do controlador de
qualidade pouco eficiente. O tempo de paragem da linha para controlo revelava-se superior ao
desejável.
O único objectivo do controlo é verificar se a balança além de pesar correctamente rejeita as
latas com peso inferior ou superior ao que foi definido pelo cliente. Com base nisso,
idealizou-se uma ferramenta universal (adaptável a qualquer lata), elevando o peso da mesma
para um valor acima do Limite de Controlo Superior de forma a forçar a rejeição da lata.
Desta forma é possível prevenir perdas de qualidade prevenindo o mau funcionamento
da balança e evitar reclamações por não conformidade de quantidade de produto.
Figura 33 – Ferramenta de verificação do correcto funcionamento da balança de linha
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
38
4.3.2 Elaboração de uma instrução de trabalho para correcção dos parâmetros da
máquina orientadora de tampas
A máquina orientadora de tampas utiliza um sistema de visão artificial avançado para orientar
a tampa do aerossol em função da marca branca impressa na tampa. Este sistema é bastante
sensível, bastante configurável e bastante complexo.
Quando por algum motivo o fabricante das latas fornece as mesmas com uma marca cinza
(basta um pequeno desvio) em vez de branca, é necessário recalibrar a máquina de forma a
que esta aceite a nova cor da marca. Dada a complexidade do processo e a falta de formação
dos técnicos foi criada uma instrução de trabalho completa e pragmática que permite resolver
um problema que de outra forma poderia (como já aconteceu anteriormente) obrigar á
paragem da linha por vários dias.
Figura 34 – Comparação de marcas com cores ligeiramente diferentes
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
39
5 Conclusões e perspectiva de trabalhos futuros
O programa de optimização foi concluído com sucesso. A correcta quantificação das medidas
implementadas neste programa deve ser efectuada logo que todas as melhorias estudadas e
propostas tenham sido completamente implementadas.
Apesar de todo o trabalho desenvolvido há ainda muita margem para implementar melhorias e
optimizar o funcionamento da Linha A2. O caminho deve passar por eliminar todos os
desperdícios associados ao processo produtivo na constante busca pela melhoria. Da mesma
forma que na análise de problemas da linha se eliminaram os vital few descritos por (Juran
1999) também aqui se deve continuar essa análise e procurar as causas dos trivial many de
forma a transformá-los nos usefull many em busca da meta das Zero Avarias.
A possibilidade de fazer by-passes quando a linha está em funcionamento sem necessitar do
funcionamento destas máquinas colocadoras de actuadores e tampas foi detectada, devido à
possibilidade de economização de bastantes recursos ao evitar o funcionamento dos seus
sistemas de ar comprimido (fonte de energia mais cara). Isto evita a passagem das latas pelas
rosetas de transporte obrigando as máquinas a permanecer ligadas com o propósito único de
transportar as latas da entrada para a saída das máquinas.
Há também a possibilidade de melhorar os setups em algumas máquinas, tal como a máquina
de filme. Este estudo foi iniciado com a projecção e criação de uma régua de ajuste rápido dos
dispositivos para facilitar os setups da linha. No entanto, este é ainda um projecto-piloto que
necessita de um grande aprofundamento do conceito técnico através da sua interligação com
as pessoas que diariamente operam esta máquina. A Figura 36 mostra a definição do conceito
e o objectivo pretendido.
Figura 35- Máquina colocadora de tampas e Máquina colocadora de actuadores
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
40
Figura 36 – Definição da Régua de apoio para ajustes rápidos
A implementação de um projecto deste tipo possibilitaria a agilização e standardização dos
processos de setup desta máquina. Isto seria também uma forma de reduzir a variabilidade
deste processo, que tantas vezes causa desafinações nas células e origina paragens (muitas
vezes percepcionadas como avarias).
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
41
Referências Bibliográficas
Juran. 1999. Juran's Quality Control Handbook.
Mobly, R. Keith. 2008. Maintenance Engineering Handbook: McGraw-Hill Companies.
Ohno, Taiichi. 1978. Toyota Production System Beyond Large-Scale Production. Portland: Productivity.
S.A., Sociedade de Controle (Holding) - RAR. Relatório de Contas 2010. Available from http://colepccl.rar.pt/fotos/editor2/colepccl_portugal_2010.pdf. [acedido a 1 de Julho de 2011]
Willmott, Peter, and Dennis McCarthy. 2001. TPM - a route to world-class performance. Oxford: Butterworth Heinemann.
Wilson, Lonnie. 2010. How to Implement Lean Manufacturing.
Lean na Manutenção – Optimização do TPM
66
ANEXO D: Instruções para configuração dos parâmetros da máquina orientadora de tampas
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 17-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim
Aprovado por: Pag:1/ 8
Axx.xxxx.x
1. ÍNDICE
1. ÍNDICE............................................................................................................................................................................... 1
2. LISTA DE REVISÕES ..................................................................................................................................................... 3
3. OBJECTIVO ....................................................................................................................................................................... 4
4. CAMPO APLICAÇÃO ...................................................................................................................................................... 4
5. RESPONSABILIDADE .................................................................................................................................................... 4
6. PROCESSO ........................................................................................................................................................................ 4
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 17-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim
Aprovado por: Pag:2/ 8
Axx.xxxx.x
As responsabilidades e autoridades descritas neste documento não podem ser
delegadas excepto quando documentadas
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 17-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim
Aprovado por: Pag:3/ 8
Axx.xxxx.x
2. Lista de Revisões
Edição Descrição da revisão Data
001
Edição Inicial
01.07.2011
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 17-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim
Aprovado por: Pag:4/ 8
Axx.xxxx.x
3. OBJECTIVO
Esta instrução de trabalho tem como objectivo definir o modo como se configuram os
parâmetros do sistema de visão da Máquina Orientadora de Tampas da Pamasol.
4. CAMPO APLICAÇÃO
Esta instrução é aplicável à área de produção da fábrica de enchimento de Vale de Cambra.
5. RESPONSABILIDADE
A revisão deste documento é da responsabilidade da Manutenção.
6. PROCESSOS, SUB-PROCESSOS, RESPONSABILIDADES E ACTIVIDADES
As responsabilidades das actividades são do operador que as executa, de acordo com o descrito
abaixo.
7. DOCUMENTOS
User’s Manual
Pamasol Cap Orientation
Version 1.0.0
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 017-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim Aprovado por: André Pinho Page: 5/ 8
A00.M001.1
1- O processo de configuração inicia-se junto ao écran de controlo.
2- É necessário rodar o botão AutoHand, no sentido anti-horário, para a posição Manual.
4- Carregar no botão vermelho “Luz Câmara”.
5 – Rodar manualmente a torre de forma a garantir que o PINO 1 interseta e ultrapassa completamente o sensor 2 ou o sensor 3, consoante se pretenda configurar o computador das tampas (2) ou das latas (3).
1 2
3 3- Carregar em “Ajustes do Alinhador” para aceder ao menu de controlo da iluminação da câmara.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 017-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim Aprovado por: André Pinho Page: 6/ 8
A00.M001.1
6 – Depois de selecionado o computador desejado (S1- latas, ou S2 – tampas), fazer log-off do modo Inspection.
7 – Fazer Log-In em modo Administrator.
8 – Desactivar o software Disk Protector.
9 – Iniciar o software Vision Expert.
10 – Desconectar o
programa de produção.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 017-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim Aprovado por: André Pinho Page: 7/ 8
A00.M001.1
11 – No VIsionExpert, fazer Log-In como user SuperUser e Access Level Administrator.
12 – Para definir a imagem com mais clareza deve: clicar com o botão do lado direito do rato em cima da imagem > aceder a Properties > definir o valor Gain para o valor mais adequado.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO
Procedimento de Configuração da Máquina Orientadora de Tampas
Edição: 1 Data: 017-07-2011 Elaborado por: Gonçalo Amorim Aprovado por: André Pinho Page: 8/ 8
A00.M001.1
13 – Para editar os parâmetros de funcionamento do programa deve-se: clicar com o botão do lado direito do rato em cima da imagem > aceder a Control >
seleccionar Edit Properties.
14 – Selecionar o parâmetro que se pretende corrigir (Circle / Axis / Center / Angle) e clicar na opção Edit ROI’s que aparecerá quando se clica em cima dessa opção com
o botão do lado direito do rato.
15 – Dependendo do parâmetro que se pretende alterar devem fazer-se as correções necessárias para o correto funcionento do equipamento.