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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AGUEDA CABRAL DE SOUZA PEREIRA GESTÃO DE PREPARAÇÕES ORAIS LÍQUIDAS DE PACIENTES PEDIÁTRICOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: SOLICITAÇÃO, PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO Niterói 2015

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Page 1: GESTÃO DE PREPARAÇÕES ORAIS LÍQUIDAS DE PACIENTES ... · agueda cabral de souza pereira gestÃo de preparaÇÕes orais lÍquidas de pacientes pediÁtricos em hospital universitÁrio:

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA ASSISTÊNCIA

FARMACÊUTICA

AGUEDA CABRAL DE SOUZA PEREIRA

GESTÃO DE PREPARAÇÕES ORAIS LÍQUIDAS DE PACIENTES

PEDIÁTRICOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: SOLICITAÇÃO,

PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO

Niterói

2015

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AGUEDA CABRAL DE SOUZA PEREIRA

GESTÃO DE PREPARAÇÕES ORAIS LÍQUIDAS DE PACIENTES

PEDIÁTRICOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: SOLICITAÇÃO,

PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Administração e Gestão da

Assistência Farmacêutica da Faculdade de

Farmácia, da Universidade Federal

Fluminense. Área de concentração: Gestão

de Serviços Farmacêuticos.

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Renato de Paula

Co-orientadora: Profª. Dra. Elaine Silva Miranda

Niterói

2015

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AGUEDA CABRAL DE SOUZA PEREIRA

GESTÃO DE PREPARAÇÕES ORAIS LÍQUIDAS DE PACIENTES

PEDIÁTRICOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: SOLICITAÇÃO,

PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Administração e Gestão da

Assistência Farmacêutica da Faculdade de

Farmácia, da Universidade Federal

Fluminense. Área de concentração: Gestão

de Serviços Farmacêuticos.

Aprovada em 28 de abril de 2015.

BANCA EXAMINADORA

Profª Dra. Selma Rodrigues de Castilho - UFF

Profª Dra. Carla Valéria Vieira Guilarducci Ferraz - UFF

Prof. Dr. Gilberto Marcelo Sperandio da Silva - FIOCRUZ

Niterói

2015

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Dedico este trabalho ao meu esposo Fabio Pereira.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por cuidar tão bem de nós.

Aos meus pais, Jorge Luiz e Lucimar, e aos meus avós, Luiz e Maria Águeda, pela

dedicação, pelo carinho e pelo apoio que sempre me deram.

Aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho do Setor de Farmácia do Hospital

Universitário Antônio Pedro pelo incentivo ao longo deste mestrado.

Aos professores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF)

que, dedicados ao ensino e à pesquisa, contribuíram muito com a minha formação tanto no

mestrado quanto na graduação. Em especial, agradeço ao Prof. Geraldo Renato de Paula e à

Profª. Elaine Silva Miranda pela orientação nesse estudo, e à Prof. Selma Rodrigues de

Castilho e à Profª Débora Omena Futuro pelas contribuições a esse trabalho.

Agradeço também ao Hospital Universitário Antônio Pedro e à Farmácia Universitária

da UFF pela autorização desse estudo.

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“Em tudo amar e servir”.

Santo Inácio de Loyola

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RESUMO

A carência de medicamentos industrializados adequados à população pediátrica trouxe como

alternativa terapêutica a utilização das preparações orais líquidas magistrais. O objetivo desse

estudo foi avaliar os processos de solicitação, produção e utilização dessas preparações

manipuladas pela Farmácia Universitária da Universidade Federal Fluminense para uso no

Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) visando contribuir com o uso racional de

medicamentos. Foi realizada a análise documental dos formulários de solicitação de

manipulação do HUAP referentes ao período de janeiro de 2012 a dezembro de 2013. Foram

identificados 657 formulários de solicitação de preparações orais líquidas pediátricas

referentes a 21 princípios-ativos. A Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal foi

responsável por 70% das solicitações. O consumo dessas preparações foi expresso sob a

forma de massa, dose diária definida em lactentes (DDDi) e DDDi por 100 leitos-dia de cada

princípio-ativo. A entrega dos medicamentos foi feita em até 4 dias da data da solicitação

médica em 75,5% dos casos, entretanto, ela foi superior a 7 dias em 9% dos casos. O uso das

preparações orais líquidas magistrais nesse hospital se mostrou considerável e constante,

assim torna-se indispensável um monitoramento mais intensificado da solicitação, da

produção e do uso dessas preparações para que essas estejam disponíveis no menor tempo

possível.

Palavras-chave: Uso de medicamentos, Medicamentos pediátricos, Medicamentos não-

licenciados, Gestão da Assistência Farmacêutica

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ABSTRACT

The lack of drugs suited for pediatric population makes the use of manufactured liquid oral

preparations a therapeutical alternative. The aim of this study was to evaluate the process of

request, production and utilization of these drugs that were manufactured at University

Pharmacy of Fluminense Federal University to be used at Antonio Pedro University Hospital

in order to contribute to the rational use of drugs. The hospital forms of manufactured drugs

request, for the period from January 2012 to December 2013, were analyzed and 657 pediatric

liquid oral preparation requests were identified. They were related to 21 different active

principles. Neonatal Intensive Care Unit was responsible for 70% of these requests. The

consumption of these preparations was expressed in mass, infant defined daily dose (iDDD)

and iDDD per 100 bed-days of each active principle used. The delivery of drugs was made

within four days in 75.5% of cases, however, it was more than 7 days in 9% of cases. The use

of manufactured liquid oral preparations in this hospital was considerable and constant, so it

is essential a more intensified monitoring of the request, the production and the use of these

preparations for their availability in the shortest time possible.

Keywords: Drug utilization, Pediatric drugs, Unlicensed drugs, Pharmaceutical Services

Administration

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 16

2.1 Pacientes pediátricos ...................................................................................................... 16

2.2 Farmacocinética em pacientes pediátricos ...................................................................... 17

2.2.1 Absorção ................................................................................................................. 17

2.2.2 Distribuição ............................................................................................................. 18

2.2.3 Biotransformação..................................................................................................... 20

2.2.4 Eliminação ............................................................................................................... 21

2.3 Dose do medicamento para pacientes pediátricos............................................................ 22

2.4 Formulação pediátrica .................................................................................................... 24

2.5 Indústria farmacêutica e medicamentos pediátricos ........................................................ 24

2.6 Medicamentos magistrais ............................................................................................... 25

2.6.1. Medicamentos magistrais para pacientes pediátricos ............................................... 27

2.7 Uso não-licenciado e uso off-label de medicamentos em pacientes pediátricos ............... 28

2.8 Medicamentos pediátricos e a Organização Mundial de Saúde ....................................... 28

2.9 Iniciativas regulamentares na produção de medicamentos pediátricos ............................. 30

2.9.1 Estados Unidos ........................................................................................................ 30

2.9.2 União Europeia ........................................................................................................ 32

2.9.3 Brasil ....................................................................................................................... 35

2.10 Estudos de Utilização de Medicamentos ....................................................................... 36

3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 38

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 38

3.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 38

4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 39

4.1 Desenho do Estudo ......................................................................................................... 39

4.2 Local de Estudo.............................................................................................................. 39

4.3 População do Estudo ...................................................................................................... 40

4.4 Coleta de dados .............................................................................................................. 40

4.5 Análise dos dados........................................................................................................... 41

4.6 Questões Éticas .............................................................................................................. 43

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5 RESULTADOS ................................................................................................................ 44

5.1 Estudo de utilização das preparações orais líquidas para pacientes pediátricos ................ 44

5.2 Gestão das preparações orais líquidas para pacientes pediátricos .................................... 57

6 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 66

7 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 76

ANEXOS. ............................................................................................................................ 87

Anexo 1: Formulário de solicitação de medicamentos manipulados do HUAP ..................... 87

Anexo 2: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. ......................................................... 88

Anexo 3: Autorização do Diretor Acadêmico do HUAP. ...................................................... 92

Anexo 4: Carta de autorização da chefia do Setor de Farmácia do HUAP. ............................ 93

Anexo 5: Carta de autorização da diretora da FAU/UFF. ...................................................... 94

Anexo 6: Formulário de solicitação de compra para medicamentos não padronizados no

HUAP. ................................................................................................................. 95

APÊNDICES ....................................................................................................................... 96

Apêndice 1: Planilha para coleta de dados. ........................................................................... 96

Apêndice 2: Lista de soluções orais padronizadas na Farmácia Universitária (adaptado de

CFT/HUAP, 2009 e CFT/HUAP, 2014). .............................................................. 97

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Frequência mensal das preparações orais líquidas da FAU/UFF para os

pacientes pediátricos do HUAP (n=657), f.46

Figura 2: Frequência das solicitações das preparações orais líquidas da FAU/UFF para os

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com o grupo

terapêutico principal pela classificação ATC (n=657), f.50

Figura 3: Frequência das solicitações de preparações orais líquidas da FAU/UFF para

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo a clínica solicitante

(n=654), f.51

Figura 4: Solicitações de preparações orais líquidas da FAU/UFF para pacientes

pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com princípio-ativo na sub-

população pediátrica (n=627), f.52

Figura 5: Fluxograma resumido da solicitação, produção e utilização das preparações

manipuladas na FAU/UFF para atendimento aos pacientes do HUAP, f.59

Figura 6: Fluxograma detalhado da solicitação das preparações manipuladas na

FAU/UFF para atendimento aos pacientes do HUAP, f.60

Figura 7: Tempo, em dias, entre a solicitação e a entrega das preparações orais líquidas

produzidas pela FAU/UFF destinadas a pacientes pediátricos do HUAP em

2012 e 2013 (n=563), f.61

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1: Classificações da população pediátrica adotadas pela Food and Drug

Administration (FDA) e pela European Agency for the Evaluation of Medicinal

Products (EMEA), f.16

Quadro 2: Composição corporal em água e gordura (% sobre o peso corporal), f.18

Quadro 3: Regras e fórmulas para cálculo de dose com base no peso e na idade do

paciente, f.22

Quadro 4: Regras e fórmulas para cálculo de dose com base no peso, na idade ou na área

de superfície corporal do paciente, f.23

Quadro 5: Cálculo estimado da superfície corporal em crianças, f.23

Quadro 6: Indicações pediátricas, aprovadas pelo FDA, dos medicamentos orais

analisados, f.44-45

Tabela 1: Frequência das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo o princípio-ativo

(n=657), f.47

Tabela 2: Frequència das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com a concentração

do princípio-ativo (n=657), f.48-49

Tabela 3: Consumo de princípio-ativo das preparações orais líquidas solicitadas a

FAU/UFF para os pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 (n=650),

f.53

Tabela 4: Consumo de princípio-ativo das preparações orais líquidas utilizadas no Setor

de UTI-neonatal do HUAP em 2012 e 2013 (n=454), f.55

Quadro 7: Disponibilidade de forma farmacêutica adequada dos medicamentos solicitados

no mercado farmacêutico, f.56

Quadro 8: Disponibilidade do medicamento pela indústria farmacêutica na forma líquida

oral e sua padronização no HUAP de 2012 a 2015, f.57

Quadro 9: Elenco das preparações orais líquidas que precisam ser manipuladas na

FAU/UFF para atendimento à necessidade dos pacientes pediátricos do HUAP,

f.58

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AIM Autorização de Introdução no Mercado

AIMPU Autorização de Introdução no Mercado para Uso Pediátrico

AMS Assembleia Mundial de Saúde

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATC Anatomical Therapeutic Chemical

BPCA Best Pharmaceutical for Children Act

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCP Certificado Complementar de Proteção

CFF Conselho Federal de Farmácia

CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica

CRF Conselho Regional de Farmácia

CRM Conselho Regional de Medicina

DDD Dose Diária Definida

DDDi Dose Diária Definida em Lactentes

EMA European Medicines Agency

EMEA European Agency for the Evaluation of Medicinal Products

EUA Estados Unidos da América

FAU/UFF Farmácia Universitária da Universidade Federal Fluminense

FDA Food and Drug Administration

FDAAA Food and Drug Administration Amendments Act

FDAMA Food and Drug Administration Modernisation Act

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

ICH International Conference on Harmonization

OMS Organização Mundial de Saúde

PIP Plano de Investigação Pediátrica

PREA Pediatric Research Equity Act

RCM Resumo das Características do Medicamento

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

Rename Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

UFF Universidade Federal Fluminense

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UNICEF United Nations Children‘s Fund

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

WHA World Health Assembly

WHO World Health Organization

WHOCC WHO Collaborating Centres

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1 INTRODUÇÃO

Medicamentos preparados em farmácias comunitárias ou hospitalares são, em muitos

casos alternativas, terapêuticas vantajosas. Por meio de formulações magistrais é possível

obter medicamentos com doses e/ou formas farmacêuticas apropriadas às necessidades

específicas de cada usuário (PINTO e BARBOSA, 2008).

Na Pediatria, as preparações magistrais têm sido uma importante estratégia para lidar

com a carência mundial de medicamentos adequados ao uso pediátrico (COSTA, LIMA e

COELHO, 2009). As formas farmacêuticas líquidas permitem flexibilidade nas doses e

facilidade na administração do medicamento. Assim, a preparação magistral de fórmulas orais

líquidas é a alternativa mais indicada para suprir a escassez dessa produção na indústria

farmacêutica (MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006; NAHATA, 1999).

O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) da Universidade Federal Fluminense

(UFF) atende pacientes pediátricos, contudo não dispõe de setor de farmacotécnica para

produção das preparações magistrais necessárias para o tratamento desses pacientes. Desse

modo, a produção dessas preparações magistrais é realizada na Farmácia Universitária da

UFF (FAU/UFF), sempre mediante a solicitação dos médicos responsáveis pelos pacientes.

No entanto, não se tem um elenco padronizado de preparações magistrais e, muitas vezes, a

solicitação desses medicamentos se dá em regime de urgência, sem a possibilidade de uma

adequada discussão sobre o uso desses medicamentos ou mesmo sobre a otimização dos

processos de solicitação e produção da preparação magistral.

Dessa forma, foi observada a necessidade de estudar a solicitação, a produção e a

utilização das preparações orais líquidas solicitadas para os pacientes pediátricos do HUAP

para otimizar processos envolvidos tanto na manipulação deles pela FAU/UFF, quanto na

gestão de solicitação e uso deles pelo HUAP.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Pacientes pediátricos

Mudanças fisiológicas que ocorrem ao longo da vida interferem na farmacocinética e,

consequentemente, na segurança e eficácia do tratamento farmacológico (MÉNDEZ

ESTEBAN et al, 2006).

Na Pediatria, a população é dividida em sub-populações que apresentam

características similares em termos de crescimento e desenvolvimento (Quadro 1). Essas sub-

populações apresentam diferenças consideráveis entre si em relação às necessidades

farmacoterapêuticas (PINTO e BARBOSA, 2008).

Quadro 1: Classificações da população pediátrica adotadas pela Food and Drug

Administration (FDA) e pela European Agency for the Evaluation of Medicinal Products

(EMEA)

FDA EMEA

Classificação Idade Classificação Idade

Intrauterino da concepção ao

nascimento - -

Recém-nascido do nascimento até 1

mês

Recém-nascido

pré-termo

Nascidos com menos de

37 semanas de gestação

Recém-nascido a

termo 0 a 27 dias

Lactente 1 mês a 2 anos Lactente e

criança pequena 28 dias a 23 meses

Criança 2 anos ao início da

puberdade Criança 2 anos a 11 anos

Adolescente da puberdade ao início

da idade adulta Adolescente 12 anos a 16/18 anos

Fonte: Pinto e Barbosa (2008).

Essa classificação permite avaliar resultados de diferentes tratamentos em diferentes

grupos de idade (MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

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2.2 Farmacocinética em pacientes pediátricos

Para entender o impacto do desenvolvimento fisiológico no tratamento farmacológico

pediátrico é importante o estudo, nessa população, dos quatro principais processos da

farmacocinética: absorção, distribuição, biotransformação e eliminação (BARTELINK et al,

2006).

2.2.1 Absorção

A absorção do fármaco é o processo de saída dele do seu local de administração para a

circulação sistêmica. Um fármaco administrado oralmente pode ser metabolizado antes de

chegar à circulação sistêmica (efeito de primeira-passagem), de modo que apenas uma fração

da dose do fármaco alcança a circulação sistêmica (fração biodisponível) (BRUNTON, LAZO

e PARKER, 2007). A absorção e os possíveis efeitos de primeira-passagem desse fármaco

podem ser modificados por fatores como: pH gástrico; secreção biliar; motilidade

gastrointestinal; reações do metabolismo intestinal; sistemas de efluxo intestinal; etc

(ALCORN e MCNAMARA, 2003; MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

Ao nascer, os valores de pH gástrico de um recém-nascido se encontram entre 6 e 8,

sendo que a produção de ácido gástrico aumenta dentro das 24-48h seguintes de forma que o

pH alcança valores entre 1 e 3 (ALCORN e MCNAMARA, 2003). Porém, depois desse

período, o pH volta a ser neutro, permanecendo assim nos dez dias subsequentes e diminuindo

de forma lenta e gradual até, por volta dos 2 anos de idade, alcançar o valor do pH gástrico de

um adulto (BARTELINK et al, 2006). Em recém-nascidos prematuros, o pH gástrico é ainda

mais elevado devido à imaturidade da mucosa gástrica (MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

A alteração no pH gástrico pode trazer consequências à absorção dos fármacos

administrados por via oral, já que pode haver diminuição na biodisponibilidade dos fármacos

de ácido fraco e aumento na biodisponibilidade dos fármacos de base fraca devido a variações

de ionização (ALCORN e MCNAMARA, 2003; MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

A absorção de fármacos lipossolúveis administrados por via oral pode estar reduzida

nos pacientes pediátricos pela diminuição da secreção biliar nesses pacientes, que atenua a

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solubilização desses fármacos e a subsequente absorção deles (MÉNDEZ ESTEBAN et al,

2006; KEARNS et al, 2003).

A motilidade gastrointestinal, geralmente reduzida nos recém-nascidos, também pode

afetar à absorção dos fármacos administrados por via oral (BARTELINK et al, 2006). Essa

alteração é variável e imprevisível: o atraso no esvaziamento gástrico pode reduzir a taxa de

absorção do fármaco pois o principal local da absorção é o intestino; no entanto, o

prolongamento no tempo de trânsito intestinal pode aumentar a biodisponibilidade do fármaco

pelo maior tempo de retenção no intestino (ALCORN e MCNAMARA, 2003).

O intestino delgado é um local de significativos efeitos de primeira-passagem para

muitos fármacos administrados oralmente devido à presença de enzimas como a CYP3A4 e a

CYP1A1 (ALCORN e MCNAMARA, 2003; KEARNS et al, 2003). O estudo da enzima

CYP3A4, expressa nos enterócitos, identificou uma diminuição considerável da atividade

dessa enzima em pacientes com 0 a 3 meses de idade e um aumento da atividade dessa enzima

com a idade do paciente (ALCORN e MCNAMARA, 2003). A enzima CYP1A1 também

apresenta um aumento de sua atividade com o aumento da idade (KEARNS et al, 2003).

Estando no enterócito, o fármaco pode ser expulso e voltar para o lúmen do trato

gastrointestinal por meio de algumas proteínas transportadoras presentes na mucosa intestinal,

diminuindo a taxa de absorção do fármaco. A imaturidade desse sistema de efluxo nos

pacientes pediátricos pode resultar no aumento da biodisponibilidade dos fármacos

(ALCORN e MCNAMARA, 2003).

De modo geral, o tempo necessário para o fármaco alcançar seu nível plasmático

máximo é maior em recém-nascidos e crianças de menor idade (KEARNS et al, 2003).

2.2.2 Distribuição

Após a absorção do fármaco ou a administração dele na circulação sistêmica, ocorre o

processo de distribuição do fármaco nos líquidos intersticial e intracelular (BRUNTON,

LAZO e PARKER, 2007). O volume de distribuição aparente, parâmetro que relaciona a

quantidade do fármaco no organismo com a concentração do fármaco no sangue ou plasma, é

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um marcador útil na avaliação das alterações da distribuição do fármaco relacionadas à idade

(KATZUNG, 2010; ALCORN e MCNAMARA, 2003).

Entre as mudanças relacionadas à idade que podem afetar a distribuição dos fármacos,

estão as mudanças na composição corporal e nas proteínas plasmáticas (KEARNS et al,

2003).

A composição corporal pode afetar o volume de distribuição aparente do fármaco. O

Quadro 2 mostra a composição corporal de água e gordura em diferentes grupos etários

(ALCORN e MCNAMARA, 2003).

Quadro 2: Composição corporal em água e gordura (% sobre o peso corporal)

Grupo etário Água Gordura

Recém-nascido a termo 74% 14%

4 meses 61,5% 27%

12 meses 60,5% 24,5%

Adultos 55-60% -

Fonte: adaptado de Alcorn e McNamara (2003).

Como a proporção da água corporal pela gordura corporal é maior em recém-nascidos,

nessa sub-população ocorre, em geral, um aumento no volume de distribuição aparente para

fármacos hidrossolúveis e uma diminuição nesse volume para fármacos lipossolúveis

(ALCORN e MCNAMARA, 2003). Dessa forma, a administração de fármacos hidrossolúveis

em recém-nascidos deve ser feita com muita cautela, pois o efeito farmacológico deles pode

ficar mascarado e efeitos tóxicos podem ser causados em doses adicionais (BRASIL, 2010).

Em relação as proteínas de ligação, essas apresentam redução de concentração em

recém-nascidos e crianças, além de diminuição na capacidade de ligação em recém-nascidos

(BARTELINK et al, 2006).

Os recém-nascidos e os lactentes apresentam redução na concentração de proteínas

plasmáticas totais, inclusive de albumina, com isso ocorre o aumento da fração livre dos

fármacos, aumentando a disponibilidade deles (KEARNS et al, 2003). Além disso, nos recém-

nascidos, substâncias endógenas (como a bilirrubina) competem com os fármacos pelas

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proteínas de ligação. Assim, fármacos que possuem alta taxa de ligação a proteínas se

apresentam mais na forma livre em recém-nascidos do que em adultos (MÉNDEZ ESTEBAN

et al, 2006).

Outra questão importante é que nos recém-nascidos, a barreira hematoencefálica está

incompleta, permitindo a penetração de fármacos no sistema nervoso central (BRASIL,

2010).

2.2.3 Biotransformação

As reações de biotransformação de fármacos em metabólitos mais hidrofílicos é

fundamental para a eliminação dos fármacos, já que no rim, principal orgão de excreção de

fármacos, os compostos lipofílicos filtrados através dos glomérulos são amplamente

reabsorvidos de volta à circulação sistêmica durante a passagem pelos túbulos renais

(BRUNTON, LAZO e PARKER, 2007).

Os processos de biotransformação de fármacos no fígado, tanto reações de fase 1

(como oxidação e redução) quanto reações de fase 2 (como conjugação com ácido glicurônico

e sulfonação), estão relacionados à idade do paciente (UNIÃO EUROPEIA, 2006a).

Nos recém-nascidos, muitas enzimas do metabolismo hepático são imaturas, como as

enzimas do citocromo P450, utilizadas nas reações de fase 1 de oxidação (UNIÃO

EUROPEIA, 2006a). Assim, medicamentos que utilizam essa via de metabolismo, como a

fenitoína e o fenobarbital, são metabolizados de forma muito lenta nos primeiros dias de vida

dos recém-nascidos (MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

As alterações nas enzimas carboxilesterases (HCE), que hidrolisam fármacos que

contém grupos funcionais como éster de ácido carboxílico, amida e tioéster, também são

muito significativas: as carboxilesterases são expressas em crianças quatro vezes menos do

que em adultos (YANG et al, 2009).

Além disso, nas reações de fase 2, algumas vias metabólicas se desenvolvem de modo

mais rápido do que outras na população pediátrica, como a glicuronação que demora vários

meses no seu desenvolvimento. Assim, medicamentos como o paracetamol, que são

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glicuronados em adultos e crianças com mais idade, são sulfonados em recém-nascidos

(MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

Outro exemplo importante relacionado a biotransformação é o da incapacidade da

conjugação do ácido benzóico para metabolização nos recém-nascidos, que faz com que o uso

do álcool benzílico como excipiente em formulações para essa população leve ao acúmulo

dele e a toxicidade nos recém-nascidos (UNIÃO EUROPEIA, 2006a).

2.2.4 Eliminação

Os fármacos são eliminados do corpo pelo processo de excreção (BRUNTON, LAZO

e PARKER, 2007). O processo de excreção renal, que envolve mecanismos como filtração

glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular, é dependente da idade, inclusive da idade

gestacional, assim, a excreção renal de fármacos é lenta nas primeiras semanas de vida dos

recém-nascidos a termo e ainda mais lenta nos recém-nascidos pré-termo (ALCORN e

MCNAMARA, 2003; MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006).

A maturação renal começa na organogênese fetal e é completada na primeira infância,

sendo que a nefrogênese começa na 9ª semana de gestação e se completa na 36ª semana de

gestação. Dessa forma, a taxa de filtração glomerular é de aproximadamente 2-4mL/minuto

por 1,73m2 em recém-nascidos a termo, e 0,6-0,8mL/minuto por 1,73m

2 em recém-nascidos

pré-termo (KEARNS et al, 2003). Devido à excreção renal estar ainda mais comprometida

em recém-nascidos pré-termo, pode ser que seja necessário reduzir a dose dos medicamentos

utilizados nesses pacientes de acordo com a depuração de creatinina (BRASIL, 2010).

Embora a excreção renal não esteja completamente desenvolvida no nascimento, a

filtração glomerular melhora consideravelmente nos primeiros meses de vida, e entre o 8º e

12º mês de idade ela já alcança os níveis dos adultos (ALCORN e MCNAMARA, 2003;

KEARNS et al, 2003). Os processos de secreção tubular e reabsorção tubular podem estar

comprometidos em recém-nascidos devido aos limites de tamanho e função dos túbulos, de

modo que a maturação da função tubular leva aproximadamente 1 ano (BRASIL, 2010).

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Outros fatores que podem afetar o funcionamento renal nos recém-nascidos são o

baixo fluxo sanguíneo peritubular e o pH da urina mais ácido nessa sub-população do que em

adultos (ALCORN e MCNAMARA, 2003).

É importante lembrar que a diminuição da excreção renal leva ao aumento da

concentração sérica dos medicamentos, o que pode causar toxicidade (BRASIL, 2010).

2.3 Dose do medicamento para pacientes pediátricos

Idealmente, o estabelecimento da dose do fármaco deve ser baseado em ensaios

clínicos (PINTO e BARBOSA, 2008). Na falta de dados provenientes de ensaios clínicos

pediátricos, o recurso utilizado é o cálculo da dose a ser administrada por meio de equações

matemáticas, usando idade, peso ou superfície corporal (PINTO e BARBOSA, 2008;

BRASIL, 2010).

Geralmente, quando o paciente pediátrico pesa mais de 25-30 kg, utiliza-se a dose

recomendada para adultos; abaixo desse peso, deve-se fazer os cálculos de reajuste de dose.

Nesse reajuste de dose, o uso da superfície corporal é preferível em crianças com peso

superior a 10 kg, enquanto que o uso do peso no cálculo é preferível para pacientes com

menos de 10 kg (BRASIL, 2010).

O Formulário Terapêutico Nacional 2010 apresenta regras e fórmulas para cálculo de

dose pediátrica (Quadros 3 e 4) (BRASIL, 2010).

Quadro 3: Regras e fórmulas para cálculo de dose com base no peso e na idade do paciente

Nome da regra

ou fórmula

Particularidade da

regra Equação matemática

Regra de Clark Peso corporal < 30kg Dose pediátrica = (Dose para adulto x Peso da

criança em kg) / 70

Regra de Law < de 1 ano de idade Dose pediátrica = (Idade da criança em meses x

Dose para adulto) / 150

Fórmula de

Young 1 a 12 anos de idade

Dose pediátrica = (Idade da criança em anos x Dose

para adulto) / (Idade da criança em anos + 12)

Fonte: Brasil (2010).

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Quadro 4: Regras e fórmulas para cálculo de dose com base no peso, na idade ou na área de

superfície corporal do paciente

Peso (kg) Idade

Área de superfície

corporal

(m2)

Percentagem da dose

aproximada do adulto (%)

3 Recém-nascido 0,20 12

6 3 meses 0,30 18

10 1 ano 0,45 28

20 5,5 anos 0,80 48

30 9 anos 1,00 60

40 12 anos 1,30 78

50 14 anos 1,50 90

60 Adulto 1,70 102

70 Adulto 1,73 103

Fonte: Brasil (2010).

O cálculo para a determinação da superfície corporal em crianças é apresentado no

Quadro 5 (BRASIL, 2010).

Quadro 5: Cálculo estimado da superfície corporal em crianças

Superfície corporal = peso x fator 1 x fator 2

Peso (kg) Fator 1

Fator 2

0-5 0,05

0,05

5-10 0,04

0,10

10-20 0,03

0,20

20-40 0,02

0,40

Fonte: Brasil (2010).

É importante ressaltar que a falta de dose pediátrica estabelecida indica que muito

provavelmente esse medicamento ainda não foi testado suficientemente nessa população, por

isso é necessário que a indicação e monitoramento desses medicamentos sejam ainda mais

criteriosos (BRASIL, 2010).

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2.4 Formulação pediátrica

Nas formulações para a Pediatria, alguns aspectos devem ser considerados, tais como:

frequência mínima de administração; forma farmacêutica que atenda a toda população

pediátrica ou a uma faixa etária completa; mínimo impacto no estilo de vida; mínimo de

excipientes tóxicos; administração conveniente, fácil e confiável; preparação fácil;

estabilidade; viabilidade econômica e comercial (UNIÃO EUROPEIA, 2006a).

É muito importante a avaliação dos excipientes utilizados na formulação pediátrica,

pois eles podem ser a causa de reações alérgicas e intoxicações; além disso a

incompatibilidade dos excipientes com o princípio-ativo pode influenciar na eficácia e na

segurança do medicamento (BRASIL, 2010; ALBINO, 2013). Em recém-nascidos, por

exemplo, são reconhecidos como excipientes prejudiciais: polissorbato 80, propilenoglicol,

propilparabeno, metilparabeno, álcool benzílico, sacarina, etanol, benzoato de sódio e cloreto

de benzalcônio. E reconhecidos como potencialmente prejudiciais: hidróxido de sódio, citrato

de sódio, bissulfito de sódio, ácido acético e fenol (SOUZA JR et al, 2014).

Atualmente, existem várias possibilidades de formas farmacêuticas que se adequam a

administração em crianças, como: soluções, suspensões, xaropes, granulados, pós,

comprimidos revestidos, comprimidos triturados, comprimidos mastigáveis,

minicomprimidos, pastilhas e filmes (COELHO et al, 2013). No entanto, a forma

farmacêutica líquida para uso oral ainda é a primeira escolha na Pediatria, principalmente para

pacientes com até oito anos de idade, por permitir flexibilidade nas doses e facilidade na

administração do medicamento. Esses líquidos são administrados diretamente na boca do

paciente, e seringas podem ser utilizadas para maior precisão na dose administrada

(MÉNDEZ ESTEBAN et al, 2006; DOS SANTOS, 2011; VALENZUELA, 1993).

2.5 Indústria farmacêutica e medicamentos pediátricos

Existe uma carência mundial por medicamentos pediátricos. Dos medicamentos

utilizados na Pediatria, 50 a 75% não foram avaliados adequadamente nessa população nos

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Estados Unidos e cerca de 50% nunca foram avaliados nesse grupo etário na União Europeia

(DUARTE, 2007a).

Esse baixo interesse da indústria farmacêutica nos medicamentos de uso pediátrico

pode ser explicado pela preferência no investimento em pesquisa e desenvolvimento de

medicamentos de elevado potencial de retorno financeiro, ou seja, doenças crônicas de

farmacoterapia diária, de alta prevalência e com taxa de incidência estável ou crescente –

sendo que as crianças geralmente são acometidas por doenças agudas (MILNE e BRUSS,

2008).

Além disso, para que seja autorizada a inserção de um medicamento no mercado, é

preciso, entre outras coisas, a demonstração de sua eficácia em uma determinada patologia

numa dada população, sendo necessários ensaios clínicos. Assim, no caso da pediatria, onde a

população é dividida em sub-populações, os estudos precisam ser realizados em cada sub-

população pediátrica. Isso dificulta a pesquisa e o desenvolvimento do medicamento

pediátrico pelo número reduzido de pacientes pediátricos atingidos por cada patologia em

cada sub-população, o que não amortiza os custos, e pelo recrutamento da população

pediátrica para a realização dos ensaios clínicos, o que muitas vezes suscita questões éticas

(PINTO e BARBOSA, 2008).

As dificuldades técnicas também são fatores que dificultam a obtenção de

medicamentos de forma farmacêutica líquida para uso na pediatria, já que muitas vezes não é

possível obter esse tipo de medicamento com prazo de validade suficientemente alargado,

compatível com preparação em escala industrial, distribuição e comercialização do

medicamento (PINTO e BARBOSA, 2008).

2.6 Medicamentos magistrais

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), preparações

magistrais são ―aquelas preparadas na farmácia atendendo a uma prescrição de um

profissional habilitado, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo

de usar‖ (BRASIL, 2007).

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No Brasil, a preparação de medicamentos manipulados deve obedecer as normas da

RDC 67/2007, que dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e

Oficinais para Uso Humano em farmácias (BRASIL, 2007).

Em uma época de industrialização generalizada, a preparação dos medicamentos

magistrais é entendida como um meio para obtenção de medicamentos com doses e/ou formas

farmacêuticas apropriadas às necessidades específicas de cada usuário. Assim, essa

necessidade de medicamentos adaptados ao perfil fisiopatológico dos pacientes é uma das

razões para que os medicamentos manipulados em farmácias comunitárias ou hospitalares

ainda sejam uma alternativa terapêutica vantajosa (PINTO e BARBOSA, 2008; ROQUE,

2008).

Os medicamentos magistrais são muito vantajosos na dermatologia, por permitirem a

produção de medicamentos com associações que não existem no mercado. Além disso,

preparações magistrais permitem que pacientes da pediatria, geriatria, oncologia e aqueles que

apresentam dificuldades de deglutição façam uso de medicamentos que são oferecidos pela

indústria farmacêutica com limitações de doses e de formas farmacêuticas (ROQUE, 2008).

Estudos de estabilidade física, química e microbiológica são necessários para

assegurar a eficácia, a segurança e a qualidade das preparações magistrais. A estabilidade

química requer que cada componente ativo mantenha a sua integridade química; a física

consiste na manutenção das propriedades físicas originais (como aspecto, palatibilidade,

uniformidade, dissolução e ressuspensão); e a microbiológica consiste na resistência da

formulação no impedimento do desenvolvimento microbiano (ALBUQUERQUE, 2007).

É preciso muita atenção aos estudos de estabilidade química, já que a deterioração do

fármaco pode levar à diminuição na sua concentração e à formação de produtos de

degradação tóxicos; também aos estudos de estabilidade microbiológicas, pois a proliferação

de microrganismos é preocupante nos medicamentos pediátricos devido à administração em

pacientes cujo sistema imunológico ainda não está completamente desenvolvido

(ALBUQUERQUE, 2007).

Por tudo isso, um aspecto muito importante para a qualidade das preparações

magistrais é o estabelecimento do prazo de validade, que deve ser justificado por

metodologias baseadas nos estudos de estabilidade. Entretanto, os estudos de estabilidade não

são garantia de biodisponibilidade, bioequivalência e segurança absolutas, por isso é

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necessária a monitorização dos pacientes que utilizam esses medicamentos para que o uso das

preparações magistrais seja feito com eficácia, segurança e qualidade (ALBUQUERQUE,

2007).

2.6.1. Medicamentos magistrais para pacientes pediátricos

A preparação magistral de fórmulas líquidas orais é a alternativa mais indicada para

suprir a carência de medicamentos líquidos orais que, apesar de sua grande importância na

Pediatria, não são produzidos pela indústria farmacêutica (NAHATA, 1999; MÉNDEZ

ESTEBAN et al, 2006).

Essas preparações podem ser produzidas em laboratórios para manipulação de

formulações magistrais implementados no hospital ou podem ser adquiridas em farmácias

com manipulação, sempre mediante receita médica (SOUZA, 2003).

A obtenção da preparação oral líquida tem como primeira escolha a manipulação a

partir da substância ativa. Ela também pode ser obtida por diluição de uma fórmula líquida

existente (por exemplo, diluição de um injetável) desde que essa seja compatível com a

administração oral, por pulverização de comprimidos e por retirada do pó do invólucro da

cápsula (ROQUE, 2008).

A transformação da forma farmacêutica sólida para a líquida, por pulverização de

comprimidos ou retirada do pó do invólucro da cápsula para produção de solução ou

suspensão, é o método com maior probabilidade de erros pela possibilidade de variações na

dose da formulação obtida e pela administração de todos os excipientes da forma sólida, que

pode causar reações de hipersensibilidade em recém-nascidos e crianças (ROQUE, 2008).

A obtenção de uma fórmula líquida oral pela diluição de um injetável também é

problemática pela baixa disponibilidade do fármaco por via oral, pelo custo, e pelos

excipientes dos medicamentos injetáveis que podem ser irritantes, vesicantes, nauseantes ou

cauterizantes. O propilenoglicol é um exemplo desse caso, pois ele não deve ser administrado

em pacientes com menos de 4 anos por estar associado a efeitos adversos sobre o sistema

nervoso central principalmente em recém-nascidos e crianças (NAHATA, 1999; VENTURA

e LIMA, 2007; DOS SANTOS, 2011).

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2.7 Uso não-licenciado e uso off-label de medicamentos em pacientes pediátricos

A escassez de medicamentos pediátricos é um problema de amplitude internacional;

por causa disso, muitas vezes ocorre adaptação das formas farmacêuticas inadequadas à

pediatria (uso não-licenciado) e também, extrapolação, por parte dos prescritores, das

informações obtidas nas pesquisas em adultos (uso off-label) (COSTA, LIMA e COELHO,

2009; FERREIRA et al, 2012).

Assim, os medicamentos de uso não-licenciado são aqueles que não possuem registro

junto a órgão regulador (FERREIRA et al, 2011). Dessa forma, as preparações orais líquidas,

mesmo que usadas para suprir a necessidade das formulações líquidas na terapêutica da

população pediátrica, são consideradas medicamentos de uso não-licenciado (NAHATA,

1999; LOUREIRO et al, 2013; CARVALHO et al, 2012; FERREIRA et al, 2012).

O medicamento de uso off-label é aquele cuja utilização não está autorizada por uma

agência reguladora (BRASIL, acesso em 12 fevereiro 2014). Os médicos baseiam sua

prescrição na literatura médica, na experiência prévia ou na opinião de especialistas

(DUARTE e FONSECA, 2008; CARVALHO et al, 2003). Os motivos do uso off-label são

variados, o mais comum é a utilização do medicamento em faixa-etária não aprovada

(CARVALHO et al, 2012; FERREIRA et al, 2012); em dose não oficial (FERREIRA et al,

2012; CARVALHO et al, 2003); em via de administração não indicada (FERREIRA et al,

2012); e em indicações não aprovadas (MEINERS e BERGSTEN-MENDES, 2001).

O uso off-label de um medicamento é de responsabilidade do médico prescritor, e

pode eventualmente ser caracterizado como um erro médico, porém em maior parte é usado

de forma correta, apenas ainda não aprovada (BRASIL, acesso em 12 fevereiro 2014). Assim,

o uso off-label de medicamentos pode ser aceitável quando bem estabelecido em protocolos

(CARVALHO et al, 2012).

2.8 Medicamentos pediátricos e a Organização Mundial de Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF, de United Nations Children’s Fund) realizaram em Genebra em 2006,

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uma consulta sobre medicamentos essenciais para crianças, visando identificar como lidar

com a ausência de medicamentos pediátricos e rever um programa de trabalho para a OMS e

o UNICEF nessa causa (FINNEY, 2011).

Além disso, em 2006, a OMS solicitou uma revisão nas formulações da 14ª Lista

Modelo da OMS de Medicamentos Essenciais (14th WHO Model List of Essential

Medicines). Essa revisão da lista foi levada ao 18º Comitê de Especialistas em Seleção e Uso

de Medicamentos Essenciais da OMS (18th Expert Committee on the Selection and Use of

Essential Medicines), em março de 2007, que fez várias alterações na lista e recomendou a

criação de um subcomitê para desenvolver uma lista completa de medicamentos essenciais

para crianças (FINNEY, 2011).

Também em 2007, a 60ª Assembleia Mundial da Saúde (60th World Health Assembly)

analisou um relatório sobre melhores medicamentos para crianças, preparado pela OMS, e

aprovou a Resolução WHA60.20: Melhores medicamentos para crianças (WHA60.20: Better

medicines for children), exortando a OMS e seus Estados Membros a melhorar as pesquisas, a

regulação, o acesso e o uso racional dos medicamentos pediátricos (AMS, 2007; FINNEY,

2011; HOPPU et al, 2012).

Para alcançar os objetivos dessa resolução, foi lançada em 2007 a campanha mundial

―Façam medicamentos do tamanho das crianças‖ (Make Medicines Child Size), de modo a

conscientizar e incentivar as ações de melhoria à disponibilidade e ao acesso de

medicamentos seguros e específicos para crianças (HOPPU et al, 2012).

Ainda em 2007, foi publicada a 1ª Lista Modelo da OMS de Medicamentos Essenciais

para Crianças (WHO Model List of Essential Medicines for Children). Com 206

medicamentos, esta lista serve como base para os países desenvolverem sua lista em nível

nacional, de acordo com suas necessidades e circunstâncias. A 2ª edição da lista foi publicada

em 2009, a 3ª edição em março de 2011 e a 4ª edição, em vigor atualmente, foi publicada em

abril de 2013 com considerações finais em outubro de 2013 (OMS, 2007a; OMS, 2009; OMS,

2011; OMS, 2013a; FERREIRA, 2010; COSTA, LIMA e COELHO, 2009).

Em janeiro de 2009, a OMS e a UNICEF lançaram a 1ª edição do guia Fontes e Preços

de Medicamentos Selecionados para Crianças (Sources and Prices of Selected Medicines for

Children), que possui informações de disponibilidade e preço de medicamentos pediátricos. A

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2ª edição, que é a edição atual, foi lançada em abril de 2010 (UNICEF e OMS, 2009;

UNICEF e OMS, 2010).

Outras publicações importantes da OMS sobre o assunto nos últimos anos são:

Livro ―Promovendo segurança dos medicamentos para crianças‖ (Promoting safety of

medicines for children), que trata da farmacovigilância (OMS, 2007b);

Formulário Modelo da OMS para crianças (WHO Model Formulary for Children), que

possui informações como indicações, contraindicações, precauções, dose, prejuízos

hepáticos e renais, efeitos adversos, interações, observações e referências, de mais de 240

medicamentos (OMS, 2010; FINNEY, 2011);

2ª edição do Livro de bolso dos cuidados hospitalares para crianças: orientações para o

manejo de doenças infantis comuns (Pocket book of hospital care for children: guidelines

for the management of common childhood illnesses) (OMS, 2013b).

2.9 Iniciativas regulamentares na produção de medicamentos pediátricos

Poucas indústrias farmacêuticas se interessam em realizar espontaneamente ensaios

clínicos em crianças, por isso a importância das iniciativas regulamentares que estão sendo

desenvolvidas para aumentar o número de medicamentos pediátricos disponíveis

(CARVALHO et al, 2003; COSTA, LIMA e COELHO, 2009).

2.9.1 Estados Unidos

Desde a década de 1990, o FDA tem publicado medidas regulatórias com o objetivo

de incentivar às indústrias farmacêuticas a desenvolver medicamentos pediátricos (COSTA,

LIMA e COELHO, 2009).

Em dezembro de 1994, a FDA solicitou aos detentores das autorizações de introdução

de medicamentos no mercado a inclusão de mais informações sobre o uso do medicamento

em população pediátrica numa análise denominada ―Extrapolação de Eficácia‖, de modo que

eles reexaminassem as informações que já possuíam em adultos a fim de verificar a

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possibilidade do uso pediátrico com base em estudos adequados e controlados e outras

informações que dessem suporte para o uso pediátrico (EUA, 1994; DUARTE, 2007a).

Porém, o resultado foi um número pequeno de estudos bem desenhados e bem construídos

(BPCA, acesso em 26 janeiro 2015).

Em 1997, foi aprovado pelo Congresso Americano o Ato de Modernização do FDA

(FDAMA, de Food and Drug Administration Modernisation Act) que, entre outras coisas,

aumentou em 6 meses a patente de medicamentos com estudos pediátricos (EUA, 1997;

CHUI, TORDOFF e REITH, 2004; DUARTE, 2007b). Essa medida de incentivo gerou mais

ensaios clínicos e informações para prescritores sobre a população pediátrica do que qualquer

outro regulamento ou processo legislativo até aquele momento (EUA, 2001).

Foi lançada pelo FDA em dezembro de 1998, sendo efetiva a partir de abril de 1999 e

ainda em vigor, a chamada “Regra Pediátrica‖, que tem o objetivo de obrigar o estudo em

pacientes pediátricos de todos os novos medicamentos e produtos biológicos, permitindo a

isenção da obrigação se o produto não representasse um benefício terapêutico significativo em

relação aos tratamentos pediátricos existentes e se provavelmente não tivesse utilização

pediátrica considerável. Por essa regra, o FDA também está autorizado a exigir estudos

pediátricos em medicamentos e produtos biológicos no mercado em que a ausência de

informação de autorização de uso pediátrico pudesse constituir riscos significativos e que

tivessem uso pediátrico considerável ou que pudessem proporcionar beneficios terapêuticos

significativos em relação a tratamentos pediátricos existentes (EUA, 1998; DUARTE, 2007b).

Com a expiração do FDAMA em 2001, foi estabelecido pelo Congresso Americano o

Ato de Melhores Medicamentos para Crianças (BPCA, de Best Pharmaceutical for Children

Act) em janeiro de 2002, que além do aumento de 6 meses da patente, estabelece a criação de

financiamento público destinado a estudos de medicamentos fora da patente e de

medicamentos cujos titulares não tenham interesse em conduzir esse tipo de pesquisa

pediátrica. O BPCA resultou no aumento da investigação pediátrica nesses medicamentos

(EUA, 2001; EUA, 2002; DUARTE, 2007a).

Em dezembro de 2003, o Congresso Americano aprovou o Ato da Equidade na

Pesquisa Pediátrica (PREA, de Pediatric Research Equity Act), que codifica a Regra

Pediátrica de 1998, permitindo que o FDA solicite estudos pediátricos para novos

medicamentos e agentes biológicos com potencial uso pediátrico, e, em algumas situações,

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para os que já estão sendo comercializados. Esses no mercado são os que possuem uso

pediátrico considerável ou possibilidade de benefícios terapêuticos significativos em relação

aos tratamentos pediátricos existentes, no entanto, sua ausência de informação de autorização

de uso pediátrico pode constituir riscos significativos (EUA, 2003; DUARTE, 2007a;

RODRIGUEZ et al, 2008; YOUNG et al, 2009).

Em setembro de 2007, foi publicado o Ato para Emenda do FDA (FDAAA, de Food

and Drug Administration Amendments Act), que revisou e ampliou o BPCA de 2002 e o

PREA de 2003 (EUA, 2007).

A legislação americana, que combina incentivos e obrigações às indústrias

farmacêuticas visando o estudo pediátrico, tem produzido informações e estimulado o

desenvolvimento de medicamentos pediátricos (DUARTE, 2007b).

2.9.2 União Europeia

As iniciativas da União Europeia para melhorar a situação dos medicamentos

pediátricos começaram no final da década de 1990; até então só haviam iniciativas isoladas

nos países que a compõe (DUARTE, 2007a; COELHO, 2012).

Em dezembro de 1997, a EMEA em colaboração com a Comissão Europeia organizou

uma mesa redonda com peritos dos Estados Membros e representantes do Parlamento

Europeu, onde concluiu-se a necessidade de um suporte legislativo europeu para conceder

incentivos ao estudo de medicamentos em crianças (UNIÃO EUROPEIA, 1998).

A Comissão Europeia, em 1998, no contexto da Conferência Internacional de

Harmonização (ICH, de International Conference on Harmonisation), apoiou a necessidade

de uma discussão internacional sobre ensaio em crianças. Foram geradas diretrizes da ICH

com o objetivo de incentivar e facilitar o desenvolvimento internacional de medicamentos

pediátricos, e de traçar as questões críticas no desenvolvimento de medicamentos pediátricos

e as abordagens de estudos seguros, eficientes e éticos de medicamentos (UNIÃO

EUROPEIA, 2007).

Uma resolução de uma reunião do Conselho Europeu de Saúde realizada em Bruxelas

em dezembro de 2000 convidou a Comissão Europeia a apresentar, sob a forma de incentivos,

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propostas de medidas de apoio ao desenvolvimento e à investigação clínica para que os

medicamentos novos e os já no mercado sejam plenamente adaptados às necessidades

específicas da população pediátrica (UNIÃO EUROPEIA, 2000).

Em janeiro de 2001, uma diretriz da ICH, a ICH Topic E 11, foi lançada como uma

diretriz da EMEA: Norma Orientadora sobre Investigação Clínica de Medicamentos na

População Pediátrica (UNIÃO EUROPEIA, 2001a; UNIÃO EUROPEIA, 2007).

Trazendo também as preocupações com ensaios clínicos em crianças, foi aprovada, em

abril de 2001, a Diretriz 2001/20/EC do Parlamento Europeu e do Conselho, que trata da

aplicação de boas práticas clínicas na condução dos ensaios clínicos de medicamentos para

uso humano (UNIÃO EUROPEIA, 2001b). Essa preocupação também deu origem a um

projeto de documento lançado em outubro de 2006 pela Comissão Europeia: Considerações

éticas para ensaios clínicos realizados em crianças – Recomendações do Grupo Ad Hoc para o

desenvolvimento de orientações de implementação da Diretriz 2001/20/EC relativas às boas

práticas clínicas na condução de ensaios clínicos de medicamentos para uso humano (UNIÃO

EUROPEIA, 2006b).

Em novembro de 2001, a problemática dos medicamentos pediátricos foi discutida

pelo Comitê Farmacêutico da Comissão Europeia, levando a publicação do documento de

consulta ―Melhores Medicamentos para Crianças: ações regulatórias propostas em

medicamentos pediátricos‖ (Better Medicines for Children: proposed regulatory actions in

paediatric medicinal products), em fevereiro de 2002, que alertava para a falta de

medicamentos adequados para as crianças, para a utilização em crianças de medicamento sem

estudo pediátrico, para o uso nessa população de medicamentos off-label e não autorizados,

para a necessidade de fontes de financiamento para pesquisas pediátricas de medicamentos,

entre outros assuntos (UNIÃO EUROPEIA, 2002a). Após mais de 60 comentários a esse

documento, em junho de 2002, a Comissão Europeia lançou o Artigo de Reflexão de

Melhores Medicamentos para Crianças: ações regulatórias propostas em medicamentos

pediátricos (Reflexion Paper on Better Medicines for Children – proposed regulatory actions

in paediatric medicinal products) (UNIÃO EUROPEIA, 2002b; DUARTE, 2007a).

Foi publicado pela Comissão Europeia em março de 2004, o documento de consulta:

Consulta da Comissão para uma proposta de projeto de um Regulamento do Parlamento

Europeu e do Conselho relativo a medicamentos de uso (UNIÃO EUROPEIA, 2004a). Após

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o período de consulta, foi aprovada pela Comissão Europeia, em setembro de 2004, a

Proposta de Regulamento do Conselho e do Parlamento relativo a medicamentos de uso

pediátrico (UNIÃO EUROPEIA, 2004b).

Após debates, alterações e votações na Comissão Europeia, no Conselho Europeu de

Ministros da Saúde e no Parlamento Europeu, o processo legislativo que regulamenta os

medicamentos pediátricos foi finalizado em 2006 com a publicação dos Regulamentos (CE)

nº1901/2006 e nº1902/2006 (DUARTE, 2007a; UNIÃO EUROPEIA, 2006c-d).

Esses Regulamentos têm o objetivo de facilitar o desenvolvimento e o acesso a

medicamentos pediátricos, garantir que esses medicamentos estejam sujeitos a pesquisas

éticas de alta qualidade e estejam autorizados adequadamente a esta população, e melhorar as

informações disponíveis sobre o uso desses medicamentos em diferentes sub-populações

pediátricas – sem sujeitar a população pediátrica a ensaios clínicos desnecessários e sem

atrasar a autorização de medicamentos para outras faixas etárias da população (UNIÃO

EUROPEIA, 2006c).

Uma das obrigatoriedades desses Regulamentos é a submissão do Plano de

Investigação Pediátrica (PIP) para os medicamentos inovadores e/ou comercializados com

proteção de patente ou Certificado Complementar de Proteção (CCP) (DUARTE, 2007a).

O responsável pela avaliação científica, aprovação, isenção e diferimento do PIP é o

Comitê Pediátrico da EMEA, cuja criação foi proveniente do Regulamento (CE) nº1901/2006.

Esse Comitê deve ainda evitar atrasos decorrentes da exigência de estudos na população

pediátrica na autorização de medicamentos para outras populações (UNIÃO EUROPEIA,

2006c).

Caso haja cumprimento integral de todas as medidas do PIP aprovado, autorização do

medicamento para o mercado de todos os Estados-Membros e informação pertinente sobre o

resultado dos estudos no Resumo das Características do Medicamento (RCM), o CCP é

prorrogado por 6 meses. No caso de medicamentos órfãos, quando a informação obtida no

PIP finalizado é incorporada no RCM, a prorrogação de exclusividade de mercado é de 2 anos

(UNIÃO EUROPEIA, 2006c; DUARTE, 2007a).

Para os medicamentos sem direitos de proteção intelectual foi criada como incentivo

uma nova categoria de Autorização de Introdução no Mercado (AIM): a Autorização de

Introdução no Mercado para Uso Pediátrico (AIMUP). Associada a um período de proteção

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de dados de 8 anos e proteção de comercialização de 10 anos, ela é destinada a medicamentos

desenvolvidos exclusivamente para uso pediátrico, sendo permitido que o nome do

medicamento da AIMUP seja o mesmo nome comercial do medicamento de uso autorizado

em adultos, de modo que haja reconhecimento da marca já existente e benefício da

exclusividade dos dados associados a uma nova autorização de mercado (UNIÃO

EUROPEIA, 2006c; DUARTE, 2007a).

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, de European Medicines Agency) fez um

balanço dos resultados desses Regulamentos Pediátricos depois de 5 anos, entre agosto de

2007 e dezembro de 2012, reconhecendo aumento de pesquisas de alta qualidade de

medicamentos pediátricos, de informações sobre o uso de medicamentos em crianças e de

medicamentos para crianças. Além disso, a EMA disse que não houve atrasos nas

autorizações de medicamentos para uso adulto nem estudos desnecessários com crianças, pois

existe um trabalho de maximizar a utilização de dados já existentes com o desenvolvimento

de novas ferramentas de extrapolação de dados vindo de adultos, modelagem e simulação do

comportamento de medicamentos em crianças (UNIÃO EUROPEIA, 2013).

2.9.3 Brasil

Existe no Brasil uma carência de medicamentos adequados a crianças, e o país não

possui uma regulação específica para registro e uso de medicamentos pediátricos tampouco

uma política de incentivo à pesquisa em pediatria (COSTA, LIMA e COELHO, 2009).

A carência de medicamentos pediátricos industrializados disponíveis no Brasil foi

demonstrada por Coelho e colaboradores (2013) por meio de uma comparação da Relação

Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) brasileira de 2012 – relação onde devem

constar os medicamentos que atendam às necessidades de saúde prioritárias da população do

país – com a 3ª edição da Lista Modelo da OMS de Medicamentos Essenciais para Crianças.

Nesse estudo identificou-se que, dos 261 medicamentos da lista da OMS correspondentes às

necessidades epidemiológicas brasileiras, 31,0% estavam totalmente ausentes da Rename

2012 e 10,7% estavam presentes na Rename 2012 porém sem formulação adequada para uso

pediátrico (COELHO et al, 2013; CFF, acesso em 13 março 2014)

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A Resolução em vigor que dispõe sobre os critérios para a concessão, renovação do

registro de medicamentos com princípios-ativos sintéticos e semissintéticos, classificados

como novos, genéricos e similares, e dá outras providências é a RDC nº 60, de 10 de outubro

de 2014 (BRASIL, 2014).

De acordo com essa resolução, a solicitação de registro de medicamento novo, ou seja,

de medicamento com fármaco ou demais derivados (sais, isômeros, ésteres, etc) não

registrados no Brasil, ou a solicitação de registro de nova fórmula farmacêutica, ainda que

para uso pediátrico, não especifica a análise de segurança e eficácia por meio de ensaios

pediátricos (BRASIL, 2014). Assim, essas solicitações de registro são analisadas

considerando os estudos clínicos que geralmente são desenvolvidos em adultos (DOS

SANTOS, 2009).

2.10 Estudos de Utilização de Medicamentos

Os estudos de utilização de medicamentos são investigações farmacoepidemiológicas

do perfil de utilização dos medicamentos em diferentes contextos, tendo como objetivo o uso

racional dos medicamentos. São ferramentas importantes na detecção de desvios, ineficácia e

eventos adversos, possibilitando em nível macro, o desenvolvimento de políticas

governamentais e, em nível micro, a realização de intervenções educativas (MELO, RIBEIRO

e STORPIRTIS, 2006; CARVALHO e MAGARINOS-TORRES, 2007).

Para realização deste tipo de estudo é interessante o uso de sistemas e unidades de

medidas unificados internacionalmente, assim, o Norwegian Medicinal Depot desenvolveu o

sistema Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) para classificação de medicamentos e a

Definided Daily Dose ou Dose Diária Definida (DDD) como uma unidade de medida que

possibilita a comparação estatística dos dados para uma interpretação mais ampla dos estudos

(MELO, RIBEIRO e STORPIRTIS, 2006).

O sistema ATC classifica o medicamento de acordo com os sistemas ou órgãos que os

fármacos atuam e suas propriedades terapêuticas, farmacológicas e químicas. Os

medicamentos são divididos em 5 níveis: no 1º nível estão os 14 grupos principais; no 2º nível

estão os subgrupos farmacológicos/terapêuticos; no 3º nível e no 4º níveis estão os subgrupos

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químicos/farmacológicos/terapêuticos; e no 5º nível está a substância (LOUREIRO et al,

2013; WHOCC, acesso em 26 novembro 2014).

A DDD representa a ―dose média diária suposta do fármaco quando utilizado para sua

principal indicação‖ (CASTRO, 2000). Essa unidade é recomendada pela OMS, desde 1981,

para estudos de utilização de medicamentos (MELO, RIBEIRO e STORPIRTIS, 2006).

Em 1980, foi desenvolvida a DDD/100 leitos-dia, que possibilita estimar o consumo

do medicamento em determinado período e o uso do fármaco por um paciente (MELO

RIBEIRO e STORPIRTIS, 2006).

Nos estudos de utilização em população pediátrica menor de um ano, pode-se usar a

unidade DDDi (dose diária definida em lactentes), que corresponde a 1/10 da DDD. Também

é possível calcular a DDDi/100 leitos-dia (OSÓRIO DE CASTRO, PEIXOTO e CASTILHO,

2002).

Dada a importância das preparações orais líquidas como alternativa terapêutica para os

pacientes pediátricos, é relevante um estudo de utilização desses medicamentos visando

entender melhor os processos de solicitação, produção e utilização dessas preparações para

otimizar a gestão desses processos nas instituições envolvidas.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar os processos de solicitação, produção e utilização de preparações orais

líquidas dos pacientes pediátricos de um hospital universitário.

3.2 Objetivos específicos

Analisar o perfil das preparações orais líquidas da Farmácia Universitária da Universidade

Federal Fluminense (FAU/UFF) destinadas aos pacientes pediátricos do Hospital

Universitário Antônio Pedro (HUAP), identificando frequências e consumo destes

medicamentos.

Identificar a indicação de uso do princípio-ativo dessas preparações;

Verificar a disponibilidade no mercado brasileiro de medicamentos orais líquidos

provenientes da indústria farmacêutica que sejam equivalentes às preparações magistrais

estudadas e verificar a padronização desses medicamentos industrializados no HUAP;

Identificar o elenco de preparações orais líquidas que precisam ser manipuladas para

atendimento aos pacientes pediátricos do HUAP;

Analisar os processos envolvidos na solicitação, produção e utilização das preparações

estudadas;

Analisar o tempo entre a solicitação médica e a entrega dessas preparações ao HUAP;

Elaborar roteiro de trabalho para otimização de processos relacionados às preparações

orais líquidas utilizadas nos pacientes pediátricos do HUAP.

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39

4 METODOLOGIA

4.1 Desenho do Estudo

Foi realizado um estudo descritivo, retrospectivo, da solicitação, produção e utilização

das preparações orais líquidas manipuladas pela Farmácia Universitária da Universidade

Federal Fluminense (FAU/UFF) para atendimento aos pacientes pediátricos do Hospital

Universitário Antônio Pedro (HUAP).

4.2 Local de Estudo

O HUAP, inaugurado em 1951, é a maior e mais complexa unidade de saúde da

Região da Grande Niterói, um hospital de nível terciário e quaternário que atende a população

da Zona Metropolitana II: Niterói, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e

Tanguá, uma população estimada em mais de 2 milhões de habitantes (UFF: HUAP, acesso

em 02 outubro 2013).

A missão do HUAP é ―gerar, transformar e difundir o conhecimento, prestando

serviços de saúde com excelência, de forma digna, crítica e hierarquizada‖ (UFF: HUAP,

acesso em 02 outubro 2013). E a visão do HUAP é:

―ser reconhecido como um centro de excelência nacional e

internacionalmente, por sua capacidade técnica, seu valor humano e sua

gestão administrativa transparente, formando profissionais de valor,

capacitando e treinando seu pessoal técnico e gerindo recursos de forma

eficiente e eficaz, a fim de atender à população com qualidade e

desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão dentro dos conceitos da

Universidade‖ (UFF: HUAP, acesso em 02 outubro 2013).

A FAU/UFF, fundada em 1996, atua na formação profissional de alunos da Faculdade

de Farmácia e disponibiliza medicamentos para clientes oriundos da rede pública de saúde e

da rede privada (DE MELO, 2009; CASTILHO et al, 2008).

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O objetivo principal da FAU/UFF é:

―disponibilizar à população medicamentos industrializados ou

manipulados na FAU/UFF, por meio de venda a preços reduzidos,

integrando a capacitação dos alunos da Faculdade de Farmácia da UFF

em todas as etapas dos processos envolvidos, tais como, o atendimento

dos receituários médicos com a respectiva orientação farmacêutica, a

manipulação de medicamentos homeopáticos, fitoterápicos e magistrais,

o controle de qualidade das matérias-primas e produtos acabados

manipulados, e quaisquer outras atividades desenvolvidas na FAU/UFF,

de maneira a propiciar ao aluno a vivência nas práticas de Assistência

Farmacêutica‖ (UFF: FAU, acesso em 02 outubro 2013).

O HUAP não dispõe de setor de farmacotécnica, que seria responsável pela adequação

de formas farmacêuticas para administração em pacientes hospitalizados, então, a FAU/UFF é

utilizada como provedora de medicamentos magistrais para esse hospital.

4.3 População do Estudo

O estudo foi realizado com os Formulários de Solicitação de Medicamentos

Manipulados (Anexo 1) referentes às preparações orais líquidas manipuladas na FAU/UFF

para atendimento aos pacientes pediátricos do HUAP no período de janeiro de 2012 a

dezembro de 2013.

Estes formulários estavam arquivados no Setor de Farmácia do HUAP e no Setor de

Garantia da Qualidade da FAU/UFF.

4.4 Coleta de dados

Os dados foram coletados a partir da análise documental dos Formulários de

Solicitação de Medicamentos Manipulados e foram armazenados em uma planilha (Apêndice

1) onde foram registradas as seguintes informações:

data da solicitação médica;

data da entrega do medicamento manipulado ao HUAP;

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clínica solicitante;

princípio-ativo;

concentração do princípio-ativo;

posologia;

volume preparado.

4.5 Análise dos dados

Foram identificados os princípios-ativos das preparações orais líquidas pediátricas

estudadas e foram buscadas as indicações de uso pediátrico de cada princípio-ativo na base de

dados Drugdex da Micromedex disponível no portal de periódicos da CAPES.

Distribuições de freqüências das solicitações de manipulação dessas preparações

foram realizadas em relação: ao mês de entrega da solicitação; ao seu princípio-ativo e seu

grupo terapêutico principal pela classificação ATC; à concentração do seu princípio-ativo; à

clínica solicitante; à sub-população pediátrica. Os formulários que não apresentavam a

informação necessária em alguma distribuição de frequência foram excluídos daquela

distribuição de frequência.

O consumo de cada princípio-ativo das preparações estudadas (originado de substância

ativa ou de uma forma farmacêutica) foi calculado em miligramas e em número de DDDi. O

cálculo do número de DDDi foi feito conforme a Equação 1 (CASTRO et al, 2000) e foi

assumido que o volume total da preparação magistral foi consumido.

Equação 1:

nº de DDDi = quantidade de princípio-ativo consumida

valor da DDDi

Também foi calculado, para os pacientes da UTI-neonatal, o consumo em número de

DDDi/100 leitos-dia de cada princípio-ativo dessas preparações conforme a Equação 2

(OSÓRIO DE CASTRO, PEIXOTO e CASTILHO, 2002; CASTRO et al, 2000). Para o

cálculo do número de leitos, foi assumida uma ocupação total dos leitos da UTI-neonatal do

HUAP.

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Equação 2:

DDDi/100 leitos-dia = nº de DDDi x 100 .

nº de leitos disponíveis x taxa de ocupação x tempo em dias

Foram excluídos dessas análises de consumo, os formulários que não apresentavam a

informação sobre o volume preparado do medicamento solicitado.

O banco de dados de medicamentos registrados da ANVISA foi acessado para

verificar a disponibilidade no mercado brasileiro de medicamentos orais líquidos provenientes

da indústria farmacêutica que fossem equivalentes às preparações magistrais estudadas.

Também foi verificada a padronização desses medicamentos industrializados no HUAP.

Foi identificado o elenco de preparações orais líquidas que precisava ser manipulado

pela FAU/UFF para atendimento às necessidades dos pacientes pediátricos do HUAP.

Os processos envolvidos na solicitação, produção e utilização dessas preparações orais

líquidas pediátricas foram estudados para proposições de medidas de otimização dos

processos. Para isso, foram levantadas informações referentes ao preenchimento do

Formulário de Solicitação de Medicamentos Manipulados do HUAP, de acordo com as

orientações da 1ª e da 2ª edição do Manual Farmacêutico do HUAP, e ao tempo entre a

solicitação médica e a entrega do medicamento magistral ao HUAP, conforme os registros

nesses formulários. Os formulários que não apresentavam data de solicitação médica e/ou de

entrega foram excluídos dessa análise do tempo.

Foram também identificados os itens de informação necessários para elaboração de

um roteiro de trabalho visando melhorias em processos relacionados às preparações

magistrais estudadas.

Para a análise dos dados foram empregadas as ferramentas da estatística descritiva,

tais como médias, desvio-padrão e distribuições de freqüências.

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4.6 Questões Éticas

O projeto do estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFF, tendo sido

aprovado conforme o parecer de nº 765.880 do dia 08/08/2014 (Anexo 2).

Autorizações do diretor acadêmico do HUAP, do chefe do Setor de Farmácia do

HUAP e da diretora da FAU/UFF foram solicitadas visando utilização e divulgação dos dados

envolvidos nesse estudo. As cartas de autorização encontram-se nos Anexos 3, 4 e 5.

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5 RESULTADOS

5.1 Estudo de utilização das preparações orais líquidas para pacientes pediátricos

Nesse estudo de solicitação, produção e utilização de preparações orais líquidas para

pacientes peditátricos do HUAP, foram encontrados 657 formulários de solicitação desses

medicamentos referentes aos anos de 2012 e 2013. Nesses formulários, foram identificados 21

princípios-ativos: ácido fólico; ácido folínico; ácido ursodesoxicólico; amiodarona; captopril;

citrato de cafeína; citrato de sódio; enalapril; espironolactona; fluconazol; furosemida;

hidralazina; hidroclorotiazida; pirazinamida; piridoxina; pirimetamina; propranolol;

ranitidina; sildenafil; sulfadiazina; sulfato de zinco.

Foram identificadas na base de dados Drugdex da Micromedex, disponível no portal

de periódicos da CAPES, as indicações pediátricas, aprovadas pelo FDA, dos 21 princípios-

ativos das preparações orais líquidas analisadas. As informações encontradas estão

apresentadas no Quadro 6.

Quadro 6a: Indicações pediátricas, aprovadas pelo FDA, dos medicamentos orais analisados.

Medicamento Indicações de uso pediátrico Idade em que o uso

é aprovado

Ácido fólico Anemia megaloblástica. Sem limitações de

idade.

Ácido folínico

Overdose de antagonista de ácido fólico;

Resgate em casos de altas doses de metotrexato no

tratamento do osteossarcoma.

Sem limitações de

idade.

Ácido

ursodesoxicólico Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Amiodarona Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Captopril Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Citrato de

cafeína Apneia da prematuridade.

Prematuros com

idade gestacional

entre 28 e 33

semanas.

Citrato de sódio Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Enalapril Hipertensão. Pacientes com 1 mês

ou mais.

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Quadro 6b: Indicações pediátricas, aprovadas pelo FDA, dos medicamentos orais analisados

(continuação).

Medicamento Indicações de uso pediátrico Idade em que o uso

é aprovado

Espironolactona Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Fluconazol

Candidemia; Candidíase;

Candidíase esofágica; Candidíase orofaríngea;

Meningite criptocócica.

Pacientes com 6

meses ou mais.

Furosemida

Edema;

Edema devido à falência cardíaca congestiva;

Edema devido à falência renal.

Sem limitações de

idade.

Hidralazina Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Hidroclorotiazida Edema;

Hipertensão.

Sem limitações de

idade.

Pirazinamida Tuberculose. Sem limitações de

idade.

Piridoxina Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Pirimetamina

Malária (profilaxia e tratamento). Pacientes com 4 anos

ou mais.

Toxoplasmose. Sem limitações de

idade.

Propranolol Hemangioma capilar. Pacientes com menos

de 1 ano.

Ranitidina

Esofagite erosiva;

Refluxo gastroesofágico;

Úlcera duodenal; Úlcera gástrica.

Pacientes com idade

entre 1 mês e 16

anos.

Indigestão Pacientes com 18

anos ou mais.

Sildenafil Não possui aprovação do FDA para uso pediátrico. -

Sulfadiazina

Cancróide;

Conjutivite de inclusão;

Encefalite por toxoplasma;

Febre reumática (profilaxia de recorrência);

Infecções do Trato Urinário;

Malária;

Meningite meningocócica (profilaxia e tratamento);

Meningite por Haemophilus influenzae;

Otite média aguda por Haemophilus influenzae;

Nocardiose;

Tracoma.

Pacientes com 2

meses ou mais;

Toxoplasmose congênita. Sem limitações de

idade.

Sulfato de zinco Doença de Wilson. Pacientes com 10

anos ou mais

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Percebe-se, então, que dos 21 princípios-ativos dos medicamentos solicitados, 8

princípios-ativos (38%) não possuiam aprovação do FDA para uso pediátrico, são eles: ácido

ursodesoxicólico; amiodarona; captopril; citrato de sódio; espironolactona; hidralazina;

piridoxina e sildenafil.

Foi identificada a frequência mensal das solicitações de preparações orais líquidas

pediátricas (Figura 1), revelando uma média de demanda de 27 preparações orais líquidas

pediátricas mensais no período estudado (desvio-padrão = 9,8). Nota-se, na Figura 1, que os

meses com maior número de solicitações foram: março de 2013 (45 solicitações); julho de

2012 (43 solicitações) e outubro de 2012 (42 solicitações). Já os meses de menor número de

solicitações foram: dezembro de 2012 e novembro de 2013 (ambos com 10 solicitações).

Figura 1: Frequência mensal das preparações orais líquidas da FAU/UFF para os pacientes

pediátricos do HUAP (n=657).

As frequências dessas solicitações de manipulação das preparações orais líquidas

pediátricas foram calculadas em relação ao medicamento solicitado conforme a Tabela 1, que

também mostra a classificação ATC de cada medicamento.

29 29

34 31 31

34

43

31

27

42

20

10

36

24

49

14

24 23 20

15

28

35

10

22

0

10

20

30

40

50

60

jan

/12

fev/

12

mar

/12

abr/

12

mai

/12

jun

/12

jul/

12

ago

/12

set/

12

ou

t/1

2

no

v/12

dez

/12

jan

/13

fev/

13

mar

/13

abr/

13

mai

/13

jun

/13

jul/

13

ago

/13

set/

13

ou

t/1

3

no

v/13

dez

/13

freq

uên

cia

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Tabela 1: Frequência das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para pacientes

pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo o princípio-ativo (n=657).

Medicamento Classificação ATC Frequência de solicitações

para pacientes pediátricos

Ácido fólico B03BB01 11

Ácido folínico V03AF03 88

Ácido ursodesoxicólico A05AA02 5

Amiodarona C01BD01 1

Captopril C09AA01 73

Citrato de cafeína N06BC01 53

Citrato de sódio B05CB02 2

Enalapril C09AA02 6

Espironolactona C03DA01 67

Fluconazol J02AC01 4

Furosemida C03CA01 63

Hidralazina C02DB02 1

Hidroclorotiazida C03AA03 43

Pirazinamida J04AK01 2

Piridoxina A11HA02 1

Pirimetamina P01BD01 63

Propranolol C07AA05 4

Ranitidina A02BA02 18

Sildenafil G04BE03 55

Sulfadiazina J01EC02 85

Sulfato de zinco A12CB01 12

Percebe-se, então, que 21 princípios-ativos foram requisitados nessas preparações.

Desses, os que apresentaram maior frequência de solicitação foram: ácido folínico (88);

sulfadiazina (85); captopril (73). Os que apresentaram menor frequência de solicitação foram:

amiodarona, hidralazina e piridoxina (1); citrato de sódio e pirazinamida (2); fluconazol e

propranolol (4).

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48

Também foram identificadas as concentrações dessas preparações com suas

respectivas frequências, verificando-se que as solicitações das preparações apresentavam

concentrações variadas (Tabela 2).

Tabela 2a: Frequència das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para pacientes

pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com a concentração do princípio-ativo

(n=657).

Medicamento Concentrações solicitadas Frequência da concentração

Ácido fólico

0,20 mg/mL 1

0,25 mg/mL 1

1 mg/mL 9

Ácido folínico

1 mg/mL 26

5 mg/mL 61

10 mg/mL 1

Ácido ursodesoxicólico 20 mg/mL 4

60 mg/mL 1

Amiodarona 16 mg/mL 1

Captopril

1 mg/mL 13

2,3 mg/mL 1

2,5 mg/mL 3

5 mg/mL 8

9 mg/mL 1

10 mg/mL 47

Citrato de cafeína

1 mg/mL 1

10 mg/mL 51

20 mg/mL 1

Citrato de sódio 2mEq/mL 2

Enalapril 1 mg/mL 4

10 mg/mL 2

Espironolactona

1 mg/mL 2

1,6 mg/mL 1

2,5 mg/mL 2

4 mg/mL 34

5 mg/mL 19

9 mg/mL 1

10 mg/mL 8

Fluconazol 6 mg/mL 1

10 mg/mL 3

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Tabela 2b: Frequència das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para pacientes

pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com a concentração do princípio-ativo

(n=657) (continuação)

Medicamento Concentrações solicitadas Frequência da concentração

Furosemida

1 mg/mL 27

3 mg/mL 4

4 mg/mL 5

5 mg/mL 6

9 mg/mL 1

10 mg/mL 20

Hidralazina 2,5 mg/mL 1

Hidroclorotiazida

1 mg/mL 3

2,5 mg/mL 2

4 mg/mL 27

5 mg/mL 11

Pirazinamida 320 mg/mL 2

Piridoxina 150 mg/mL 1

Pirimetamina 2 mg/mL 61

5 mg/mL 2

Propranolol 1 mg/mL 4

Ranitidina

1 mg/mL 1

4 mg/mL 1

15 mg/mL 16

Sildenafil

1 mg/mL 52

5 mg/mL 2

10 mg/mL 1

Sulfadiazina 10 mg/mL 1

100 mg/mL 84

Sulfato de zinco

1 mg/mL 6

2 mg/mL 1

2,5 mg/mL 2

5 mg/mL 1

10 mg/mL 2

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50

Na Figura 2, a frequência das solicitações dessas preparações orais líquidas pediátricas

foi apresentada de acordo com o grupo terapêutico principal pela classficação ATC.

Figura 2: Frequência das solicitações das preparações orais líquidas da FAU/UFF para os

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com o grupo terapêutico principal

pela classificação ATC (n=657).

Assim, as classes mais solicitadas no período estudado de acordo com a classificação

ATC foram: C - sistema cardiovascular (258 solicitações); J - anti-infectivos de uso sistêmico

(91 solicitações) e V - variados (88 solicitações). E a classe menos solicitada foi a B - sangue

e órgãos formadores de sangue (13 solicitações).

36

13

258

55

91

53 63

88

0

50

100

150

200

250

300

A B C G J N P V

freq

uên

cia

A: trato alimentar e metabolismo

B: sangue e órgãos formadores de sangue

C: sistema cardiovascular

G: sistema genito-urinário e hormônios sexuais

J: anti-infectivos de uso sistêmico

N: sistema nervoso

P: produtos antiparasitários, inseticidas e repelentes

V: variados

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51

O cálculo das frequências das solicitações de manipulação das preparações orais

líquidas pediátricas realizado em relação às clínicas solicitantes mostrou que a UTI-neonatal

foi a clínica com maior número de solicitações (70%), seguida por Pediatria (15%),

Obstetrícia (11%) e Emergência Pediátrica (4%) (Figura 3). Devido à ausência de informação

sobre a clínica solicitante, 3 solicitações de manipulação não foram incluídas, (0,5% das

solicitações).

Figura 3: Frequência das solicitações de preparações orais líquidas da FAU/UFF para

pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 de acordo a clínica solicitante (n=654).

457

99

71 27

UTI-neonatal Pediatria Obstetrícia Emergência Pediátrica

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52

A Figura 4 apresenta a comparação do uso dessas preparações entre recém-nascidos e

lactentes, crianças e adolescentes – sendo que a categoria ‗recém-nascidos‘ abrange os

pacientes da UTI-neonatal e da Obstetrícia; e a categoria ‗lactentes, crianças e adolescentes‘

se refere aos pacientes da Pediatria. Os recém-nascidos foram os pacientes que mais

receberam as preparações orais líquidas pediátricas manipuladas na FAU/UFF em 2012 e

2013 (528 solicitações, ou seja, 84% das solicitações). Não foram incluídas as 27 solicitações

de manipulação dos pacientes da Emergência Pediátrica devido à ausência de informação

sobre a idade desses pacientes (4,1% das solicitações). Também não puderam ser incluídas as

3 solicitações pela falta de informação sobre a clínica solicitante e idade dos pacientes (0,5%

das solicitações).

Figura 4: Solicitações de preparações orais líquidas da FAU/UFF para pacientes pediátricos

do HUAP em 2012 e 2013 de acordo com princípio-ativo na sub-população pediátrica

(n=627).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Áci

do f

óli

co

Áci

do f

olí

nic

o

Áci

do u

rsod

esox

icóli

co

Am

iodar

ona

Cafe

ína

Capto

pri

l

Cit

rato

de s

ódio

Enal

apri

l

Esp

ironola

ctona

Flu

conaz

ol

Furo

sem

ida

Hid

rala

zina

Hid

rocl

oro

tiaz

ida

Pir

azi

nam

ida

Pir

idoxin

a

Pir

imet

amin

a

Pro

pra

nolo

l

Ranit

idin

a

Sil

den

afil

Sulf

adia

zina

Sulf

ato

de

zinco

recém-nascidos lactentes, crianças e adolescentes

freq

uên

cia

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53

A análise quantitativa das preparações orais líquidas da FAU/UFF para atendimento

dos pacientes pediátricos do HUAP é apresentada no Tabela 3. Não foram incluídas 7

solicitações de manipulação (1,1% das solicitações) devido à ausência de informação sobre o

volume do preparado, o que impossibilitou o cálculo da quantidade de princípio-ativo

envolvida.

Tabela 3: Consumo de princípio-ativo das preparações orais líquidas solicitadas a FAU/UFF

para os pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013 (n=650).

Medicamento

DDDi oral

estabelecida

(mg)

Quantidade

de

princípio-

ativo

consumida

em 2012

(mg)

Quantidade

de

princípio-

ativo

consumida

em 2013

(mg)

Nº de DDDi

consumido

em 2012

Nº de DDDi

consumido

em 2013

Ácido fólico 0,04 505 156 12625 3900

Ácido folínico 6 1070 1425 178,3 237,5

Ácido

ursodesoxicólico 75 4600 1500 61,3 20

Amiodarona 20 960 0 48 0

Captopril 5 14210 8260 2842 1652

Citrato de cafeína 40 8500 9050 212,5 226,3

Citrato de sódio * 17000 0 ** **

Enalapril 1 420,1 660 420,1 660

Espironolactona 7,5 8496 5910 1132,8 788

Fluconazol 20 1500 2600 75 130

Furosemida 4 10235 6620 2558,8 1655

Hidralazina 10 75 0 7,5 0

Hidroclorotiazida 2,5 4940 4620 1976 1848

Pirazinamida 150 9600 0 64 0

Piridoxina 16 15000 0 937,5 0

Pirimetamina 7,5 3965 2535 528,7 338

Propranolol 16 165 0 10,3 0

Ranitidina 30 6975 5590 232,5 186,3

Sildenafil 5 3108 1410 621,6 282

Sulfadiazina 60 178300 182500 2971,7 3041,7

Sulfato de zinco 60 738 400 12,3 6,7

* Não foi encontrada a DDDi oral estabelecida.

** Não foi possível o cálculo do número de DDDi.

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54

Analisando a Tabela 3, percebe-se que o consumo de princípio-ativo por meio das

preparações orais líquidas pediátricas no HUAP, em 2012 e 2013, variou de 0,075g

(hidralazina) a 360,8g (sulfadiazina). De modo que o número de DDDi consumido variou de

7,5 (hidralazina) a 6013,4 (sulfadiazina).

Além disso, pode-se identificar medicamentos que foram solicitados em 2012, porém

não foram solicitados em 2013, são eles: amiodarona; citrato de sódio; hidralazina;

pirazinamida; piridoxina; propranol.

Também foi quantificado o consumo de princípio-ativo das preparações orais líquidas

por meio do cálculo do nº de DDDi/100 leitos-dia das preparações orais líquidas destinadas

aos pacientes do Setor de UTI-neonatal do HUAP.

Na Tabela 4, encontram-se a quantidade, em miligramas, que o Setor de UTI-neonatal

consumiu do princípio-ativo, a DDDi estabelecida para cada medicamento (1/10 DDD) e o nº

de DDDi/100 leitos-dia de cada medicamento destinado ao Setor de UTI-neonatal do HUAP

em 2012 e 2013. Não foram incluídas 3 solicitações de manipulação dos pacientes do Setor de

UTI-neonatal (0,66% das solicitações da UTI-neonatal) devido à ausência de informação

sobre o volume do preparado, o que impossibilitou o cálculo da quantidade de princípio-ativo

consumida. Para o cálculo do número de DDDi/100 leitos-dia, considerou-se a ocupação dos

15 leitos de internação do UTI-neonatal em 100%.

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Tabela 4: Consumo de princípio-ativo das preparações orais líquidas utilizadas no Setor de

UTI-neonatal do HUAP em 2012 e 2013 (n=454).

Medicamento DDDi oral

estabelecida

Quantidade

consumida pela

UTI-neonatal do

princípio-ativo

(mg)

Nº de DDDi/100

leitos-dia

Ácido fólico 0,04mg 640 146,1

Ácido folínico 6mg 1685 2,6

Ácido ursodesoxicólico 75mg 4600 0,6

Captopril 5mg 11940 21,8

Citrato de cafeína 40mg 17550 4,0

Citrato de sódio - 17000 -

Espironolactona 7,5mg 7936 9,7

Fluconazol 20mg 5155 2,4

Furosemida 4mg 9110 20,8

Hidralazina 10mg 4025 3,7

Hidroclorotiazida 2,5mg 165 0,6

Piridoxina 16mg 12565 7,2

Pirimetamina 7,5mg 2683 3,3

Propranolol 16mg 239900 136,9

Ranitidina 30mg 693 0,2

Sildenafil 5mg 640 1,2

Sulfadiazina 60mg 1685 0,3

Sulfato de zinco 60mg 4600 0,7

Vê-se que o nº de DDDi das preparações orais líquidas utilizadas em pacientes

neonatais do HUAP em 2012 e 2013 variou de 0,2 (ranitidina) a 146,1 (ácido fólico).

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Foram avaliadas, a partir da consulta do banco de dados dos medicamentos registrados

da ANVISA, a disponibilidade da forma farmacêutica líquida oral pela indústria farmacêutica

dos medicamentos pediátricos solicitados para manipulação na FAU/UFF e a padronização

desse medicamento na forma líquida do HUAP, conforme apresentado no Quadro 7.

Quadro 7: Disponibilidade de forma farmacêutica adequada dos medicamentos solicitados no

mercado farmacêutico.

Medicamento Medicamento disponível pela indústria farmacêutica na

forma líquida oral

Ácido fólico Sim

Ácido folínico Não

Ácido ursodesoxicólico Não

Amiodarona Sim

Captopril Não

Citrato de cafeína Não

Citrato de sódio Não

Enalapril Não

Espironolactona Não

Fluconazol Não

Furosemida Não

Hidralazina Não

Hidroclorotiazida Não

Pirazinamida Sim

Piridoxina Não

Pirimetamina Não

Propranolol Não

Ranitidina Sim

Sildenafil Não

Sulfadiazina Não

Sulfato de zinco Não

Percebe-se, então, das preparações magistrais estudadas, encontra-se disponível no

mercado brasileiro como medicamento oral líquido provenientes da indústria farmacêutica:

ácido fólico (0,2; 0,4; 5 mg/mL), amiodarona (200 mg/mL), pirazinamida (30 mg/mL) e

ranitidina (15 mg/mL).

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57

5.2 Gestão das preparações orais líquidas para pacientes pediátricos

Foi verificada a disponibilidade da forma farmacêutica líquida oral pela indústria

farmacêutica dos medicamentos pediátricos solicitados para manipulação na FAU/UFF e a

padronização no HUAP desses medicamentos na forma líquida, de acordo com as consultas

ao banco de dados dos medicamentos registrados da ANVISA e à padronização do HUAP,

conforme mostra o Quadro 8 (BRASIL, acesso em: 17 dezembro 2014; CFT/HUAP, 2009;

CFT/HUAP, 2014).

Quadro 8: Disponibilidade do medicamento pela indústria farmacêutica na forma líquida oral

e sua padronização no HUAP de 2012 a 2015.

Medicamento

Medicamento disponível pela

indústria farmacêutica na

forma líquida oral

Padronização no HUAP do

medicamento disponível pela

indústria farmacêutica na

forma líquida oral

Ácido fólico Sim Não

Ácido folínico Não -

Ácido ursodesoxicólico Não -

Amiodarona Sim Não

Captopril Não -

Citrato de cafeína Não -

Citrato de sódio Não -

Enalapril Não -

Espironolactona Não -

Fluconazol Não -

Furosemida Não -

Hidralazina Não -

Hidroclorotiazida Não -

Pirazinamida Sim Sim

Piridoxina Não -

Pirimetamina Não -

Propranolol Não -

Ranitidina Sim Sim

Sildenafil Não -

Sulfadiazina Não -

Sulfato de zinco Não -

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Assim, considerando o perfil das preparações orais líquidas solicitadas para os

pacientes pediátricos do HUAP e a disponibilidade de alguns desses medicamentos na forma

líquida pela indústria farmacêutica, identificou-se, no Quadro 9, o elenco de preparações orais

líquidas que precisam ser manipuladas na FAU/UFF para atendimento à necessidade dos

pacientes pediátricos do HUAP.

Quadro 9: Elenco das preparações orais líquidas que precisam ser manipuladas na FAU/UFF

para atendimento à necessidade dos pacientes pediátricos do HUAP.

Preparações orais líquidas que precisam ser manipuladas na FAU/UFF para

atendimento à necessidade dos pacientes pediátricos do HUAP

Ácido fólico*

Ácido folínico

Ácido ursodesoxicólico

Amiodarona*

Captopril

Citrato de cafeína

Citrato de sódio

Enalapril

Espironolactona

Fluconazol

Furosemida

Hidralazina

Hidroclorotiazida

Pirazinamida*

Piridoxina

Pirimetamina

Propranolol

Ranitidina*

Sildenafil

Sulfadiazina

Sulfato de zinco

*Exceções:

Ácido fólico: 0,2; 0,4; 5 mg/mL

Amiodarona: 200 mg/mL

Pirazinamida: 30 mg/mL

Ranitidina: 15 mg/mL

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Foram preparados fluxogramas sobre os processos envolvidos na solicitação, produção

e utilização das preparações orais líquidas manipuladas pela FAU/UFF e dispensadas pelo

Setor de Farmácia do HUAP (Figura 5,6).

Figura 5: Fluxograma resumido da solicitação, produção e utilização das preparações

manipuladas na FAU/UFF para atendimento aos pacientes do HUAP.

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Figura 6: Fluxograma detalhado da solicitação das preparações manipuladas na FAU/UFF

para atendimento aos pacientes do HUAP.

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Foi observado que 49,5% das solicitações desse estudo eram de medicamentos que

não estavam na Lista de Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária

apresentada na 1ª e na 2ª edição do Manual Farmacêutico do HUAP (Apêndice 2), como:

ácido folínico; ácido ursodesoxicólico; amiodarona; citrato de sódio; hidralazina; piridoxina;

pirimetamina; propranolol; sildenafil; sulfadiazina.

Além disso, percebeu-se que, das solicitações de medicamentos que estavam nessa

relação do Manual Farmacêutico do HUAP (332 solicitações), 19,3% estavam com

concentrações diferentes das apresentadas na relação.

Também foi observado, durante a análise documental dos formulários atendidos e

arquivados, que muitos formulários estavam com preenchimento incompleto; por exemplo,

5,5% dos formulários analisados não informavam a posologia.

Um parâmetro muito importante para a análise da produção é o tempo entre a

solicitação médica e a entrega dos medicamentos manipulados ao HUAP. Foi verificada nessa

análise (Figura 7), uma média de 3,99 dias entre solicitação e entrega da preparação oral

líquida no Setor de Farmácia do HUAP em 2012 e 2013 (desvio-padrão amostral de 2,68).

Não foram incluídas 94 solicitações de manipulação (14,3% das solicitações) devido à

ausência de informação sobre a data da solicitação e/ou data da entrega.

Figura 7: Tempo, em dias, entre a solicitação e a entrega das preparações orais líquidas

produzidas pela FAU/UFF destinadas a pacientes pediátricos do HUAP em 2012 e 2013

(n=563).

9

33

118 126

139

23 29 35 27

6 2 10

1 3 1 1 0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 13 17 21 27

freq

uên

cia

tempo entre solicitação e entrega (dias)

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62

Vê-se que a maioria das solicitações (75,5%) é entregue em até 4 dias consecutivos.

No entanto, em 9% dos casos (51 casos), a entrega do medicamento ocorreu em um período

superior a 7 dias consecutivos.

Entregas num período superior a 7 dias consecutivos ocorreram com preparações de:

ácido fólico; ácido folínico; captopril; citrato de cafeína; enalapril; espironolactona;

fluconazol; furosemida; hidralazina; hidroclorotiazida; piridoxina; propranolol; ranitidina;

sildenafil e sulfadiazina. Ou seja, 15 dos 21 princípios-ativos das preparações orais líquidas

pediátricas solicitados em 2012 e 2013 estavam relacionados com entrega em um período

superior a 7 dias consecutivos da data de sua solicitação médica.

Um novo modelo de formulário de solicitação de medicamentos manipulados foi

elaborado para uso no HUAP (Figura 8). Esse novo formulário proposto apresenta campos

para preenchimento de data e assinatura em três momentos: solicitação médica do

medicamento manipulado; recebimento do formulário no Setor de Farmácia do HUAP;

recebimento do formulário na FAU/UFF. O objetivo dessas informações é melhorar o

acompanhamento do processo da solicitação e, ocorrendo demora na entrega do medicamento

manipulado, identificar se houve demora na conclusão do processo de solicitação ou se o

atraso se deu no processo de produção da preparação.

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Figura 8: Proposta de novo modelo de Formulário de solicitação de medicamentos

manipulados.

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Além disso, um roteiro de trabalho foi elaborado para facilitar a realização da análise

do Formulário de Solicitação de Medicamentos Manipulados pelos farmacêuticos do Setor de

Farmácia do HUAP (Figura 9). Este roteiro serve como checagem dos itens de preenchimento

indispensável no formulário e das preparações orais líquidas pediátricas comumente

manipuladas pela FAU/UFF.

Figura 9: Roteiro de trabalho elaborado para avaliação farmacêutica do Formulário de

Solicitação de Medicamentos Manipulados pelos farmacêuticos da Dispensação do Setor de

Farmácia do HUAP.

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Como proposição de medidas para otimização dos processo de solicitação, produção e

utilização das preparações orais líquidas solicitadas à FAU/UFF para atendimentos dos

pacientes pediátricos do HUAP, tem-se:

incluir as preparações orais líquidas de ácido folínico, ácido ursodesoxicólico, citrato de

sódio, hidralazina, piridoxina, pirimetamina, propranolol, sildenafil e sulfadiazina, na

Lista de Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária do Manual

Farmacêutico do HUAP, tendo em vista que essas preparações são solicitadas pelo HUAP

e já tiveram produção na FAU/UFF;

desconsiderar a padronização das concentrações das preparações orais líquidas na Lista de

Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária, já que grande parte das

solicitações de manipulação identificadas não seguem a padronização das concentrações

presentes na lista e não houve dificuldades na manipulação de diferentes concentrações;

divulgar o roteiro de trabalho produzido nesse estudo para o Setor de Farmácia do HUAP

visando uma análise mais criteriosa dos Formulários de Solicitação de Medicamentos

Manipulados, de modo que estes não sejam enviados a FAU/UFF com preenchimento

incompleto;

a adoção de um novo Formulário de Solicitação de Medicamentos Manipulados visando

melhorar o acompanhamento do processo da solicitação;

em caso de atrasos na produção, a elaboração de uma justificativa pela FAU/UFF para

registro nessa instituição e comunicação com o Setor de Farmácia do HUAP, para que este

setor possa discutir alternativas junto ao médico prescritor.

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66

6 DISCUSSÃO

Os pacientes pediátricos apresentam alterações fisiológicas ao longo do seu

desenvolvimento que influenciam em processos de absorção, distribuição, biotransformação e

eliminação de fármacos, de modo que esses pacientes não podem ser considerados adultos em

miniatura (OMS, 2007b; MEINERS e BERGSTEN-MENDES, 2001).

No entanto, existe uma escassez de medicamentos pediátricos na indústria

farmacêutica, que pode ser explicada por questões econômicas, éticas e técnicas, fazendo com

que as preparações magistrais sejam alternativas vantajosas para a obtenção de medicamentos

com forma farmacêutica adequada para o uso pediátrico (MILNE e BRUSS, 2008; PINTO e

BARBOSA, 2008).

O presente trabalho realizou um estudo das preparações magistrais líquidas orais

utilizadas em um hospital universitário a fim de entender melhor os processos de solicitação,

produção e utilização dessas preparações para melhorias gerenciais.

Em relação ao estudo de utilização das preparações orais líquidas para pacientes

pediátricos, esse trabalho demonstrou a necessidade do uso de preparações magistrais para

lidar com a carência de formulações líquidas orais provenientes da indústria farmacêutica

identificando 657 preparações orais líquidas magistrais, relativas a 21 princípios-ativos

diferentes, utilizadas no tratamento de pacientes pediátricos do HUAP nos anos de 2012 e

2013.

As preparações orais líquidas, manipuladas pela Farmácia Hospitalar ou originadas

por modificação de forma farmacêutica realizada pela Enfermagem, costumam ser estudadas

na categoria de medicamentos de uso não-licenciado. A definição de medicamentos de uso

não-licenciado em Pediatria costuma englobar os originados de modificações de

medicamentos licenciados, como os modificados na forma farmacêutica, os sem autorização

de órgão regulador para comercialização, os importados, os contraindicados e os que não

possuem informação para uso nessa população – embora haja divergências entre os

especialistas (NEUBERT et al, 2008; MAGALHÃES et al, 2015).

Os medicamentos de uso não-licenciado e de uso off-label em pacientes pediátricos

tem sido tema de vários estudos por serem frequentemente prescritos para essa população,

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principalmente para recém-nascidos, apesar da alta frequência de reações adversas nos

pacientes pediátricos associadas a estes usos (MAGALHÃES et al, 2015).

Nesse estudo, também verificou-se que 8 dos 21 princípios-ativos das preparações

solicitadas não possuiam aprovação do FDA para uso pediátrico, são eles: ácido

ursodesoxicólico; amiodarona; captopril; citrato de sódio; espironolactona; hidralazina;

piridoxina e sildenafil.

A não-aprovação do FDA para uso pediátrico pode indicar a deficiência de pesquisa

na área dos medicamentos pediátricos, pois os ensaios clínicos com crianças fornecem

informações sobre a segurança e a eficácia dos medicamentos para aprovação ou não pelo

FDA. Na falta de informações dos órgãos reguladores que garantam a eficácia e a segurança

do medicamento, a prescrição desses medicamentos é baseada na literatura médica, na

experiência prévia ou na opinião de especialistas (CARVALHO et al, 2003).

Magalhães e colaboradores (2015) fizeram um estudo de revisão do uso não-

licenciado de medicamentos em pacientes pediátricos hospitalizados encontrando a

investigação desse tema em diversos países, como: Brasil; Suécia; Croácia; Turquia; Estônia;

Holanda; Palestina; França; Itália; Alemanha; Finlândia; Suíça; Sérvia; Espanha; Israel; Reino

Unido.

No Brasil, foi observado o uso de medicamentos magistrais em pacientes pediátricos

em estudos que se concentraram em hospitais de três cidades brasileiras:

Fortaleza (LOUREIRO et al, 2013; COSTA, LIMA e COELHO, 2009; SANTOS et al,

2008);

Porto Alegre (TRAMONTINA, HEINECK e DOS SANTOS, 2013; CARVALHO et al,

2012; DOS SANTOS e HEINECK, 2012);

Belo Horizonte (FERREIRA et al, 2012; GONÇALVES, CAIXETA e REIS, 2009).

Observando o perfil das preparações orais líquidas da FAU/UFF destinadas aos

pacientes pediátricos do HUAP, percebeu-se o uso dessas preparações também em outros

estudos:

Ácido fólico (KIMLAND et al, 2012; COSTA, LIMA e COELHO, 2009);

Ácido folínico (NGUYEN, CLARIS e KASSAI, 2011; COSTA, LIMA e COELHO,

2009);

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Ácido ursodesoxicólico (DOS SANTOS e HEINECK, 2012; SANTOS et al, 2008);

Captopril (LOUREIRO et al, 2013; FERREIRA et al, 2012; KHDOUR et al, 2011;

COSTA, LIMA e COELHO, 2009; SANTOS et al, 2008; PANDOLFINI et al, 2002);

Cafeína (CARVALHO et al, 2012; KIMLAND et al, 2012; LASS et al, 2011; NEUBERT

et al, 2008; ‗T JONG et al, 2001);

Espironolactona (BELLIS et al, 2014; COSTA, LIMA e COELHO, 2009; DI PAOLO et

al, 2006; BAJCETIC et al, 2005; LÓPEZ MARTÍNEZ et al, 2005; O‘DONNELL,

STONE e MORLEY, 2002);

Fluconazol (GONÇALVES, CAIXETA e REIS, 2009);

Furosemida (KHDOUR et al, 2011; COSTA, LIMA e COELHO, 2009; LÓPEZ

MARTÍNEZ et al, 2005);

Hidroclorotiazida (FERREIRA et al, 2012; KHDOUR et al, 2011; COSTA, LIMA e

COELHO, 2009; DI PAOLO et al, 2006; LÓPEZ MARTÍNEZ et al, 2005);

Propranolol (GAVRILOV et al, 2003);

Ranitidina (COSTA, LIMA e COELHO, 2009);

Pirimetamina (GONÇALVES, CAIXETA e REIS, 2009);

Sulfadiazina (GONÇALVES, CAIXETA e REIS, 2009).

Portanto, percebe-se que a manipulação de medicamentos para administração no

paciente em forma farmacêutica adequada é uma necessidade nacional e internacional.

No entanto, é importante ressaltar que alguns medicamentos que necessitam de

manipulação para serem obtidos em formulação líquida oral em um determinado país podem

se encontrar disponíveis comercialmente em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo,

são autorizados pelo FDA e comercializados em solução oral: cafeína; enalapril; fluconazol;

furosemida; propranolol; ranitidina; sildenafil (EUA, acesso em 21 fevereiro 2015).

A classificação de acordo com a ATC foi realizada em vários estudos de utilização que

envolviam as preparações orais líquidas, porém isso foi feito, de modo geral, dentro da

categoria de medicamentos de uso não-licenciado, dificultando a comparação desses estudos

com o presente trabalho, como em: Ferreira e colaboradores (2012); Dos Santos e Heineck

(2012); Lindell-Osuagwu e colaboradores (2009); Di Paolo e colaboradores (2006); Bajcetic e

colaboradores (2005); Barr e colaboradores (2002). Outros estudos fizeram a classificação

ATC dos medicamentos de uso não-licenciado colocando-os na mesma categoria dos

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medicamentos de uso off-label, impedindo ainda mais as comparações com o presente estudo,

como em: Neubert e colaboradores (2008); Dell‘Aera e colaboradores (2007); López Martínez

e colaboradores (2005); O‘Donnell, Stone e Morley (2002); Conroy, McIntyre e Choonara

(1999); Turner e colaboradores (1998).

Ferreira e colaboradores (2012), por exemplo, em seu estudo realizado em Belo

Horizonte, identificaram, como mais prescritos para uso não-licenciado, os analgésicos e os

antiácidos (29%) e os medicamentos para tratamento de úlcera péptica e flatulência (21%). Já

Dos Santos e Heineck (2012), em Porto Alegre, identificaram que 83,6% dos medicamentos

de uso não-licenciado eram analgésicos da classe N02. No entanto, o presente trabalho não

identificou a utilização de preparações orais líquidas com função de analgesia, e como

antiácido foi detectado somente o uso de solução de ranitidina, que, mesmo estando

disponível comercialmente como solução oral industrializada, correspondeu a 2,7% das

preparações orais líquidas utilizadas.

Em relação aos destinatários das preparações orais líquidas, o presente estudo concluiu

que, no HUAP, os recém-nascidos são os principais destinatários dessas formulações,

recebendo 84% das preparações orais líquidas estudadas. Esse resultado está dentro do

esperado já que, de acordo com Magalhães e colaboradores (2015), a maioria dos

medicamentos de uso não-licenciado, como é o caso das preparações orais líquidas, é prescrita

para pacientes recém-nascidos e frequentemente para os que são mais jovens e mais

vulneráveis.

Na maioria das vezes, a análise quantitativa das preparações orais líquidas é realizada

nos estudos por meio da observação da frequência de itens de medicamentos prescritos não-

licenciados. Magalhães e colaboradores (2015) observaram que a frequência relativa dos

medicamentos de uso não-licenciado foi de 0,23% no estudo de Pandolfini e colaboradores

(2002) a 48% no estudo de ‗t Jong e colaboradores (2001) – sendo que a frequência de

prescrições manufaturadas ou modificadas pela farmácia hospitalar em Pandolfini e

colaboradores (2002) foi de 0,21% e em ‗t Jong e colaboradores (2001) foi de 36% das

prescrições.

A frequência de itens de medicamentos prescritos não-licenciados observada nos

estudos brasileiros citados anteriormente foi de 7,5% (CARVALHO et al, 2012) a 11,8%

(DOS SANTOS e HEINECK, 2012). Já a frequência de pacientes pediátricos com 0 a 16 anos

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que receberam algum medicamento não-licenciado nesses estudos brasileiros mencionados foi

de 22,3% (SANTOS et al, 2008) a 67% (FERREIRA et al, 2012).

Esses estudos descrevem o uso de medicamentos não-licenciados, mas alguns deles

também falam especificamente de preparações magistrais. Modificações de forma

farmacêuticas foram relatadas em Oguz, Kanmaz e Dilmen (2012) e Khdour e colaboradores

(2011), que identificaram, respectivamente, 20,5% e 5,8% das prescrições; e também em

Costa, Lima e Coelho (2009), que verificaram 119 adaptações de medicamentos da forma

sólida para a líquida, e Gavrilov e colaboradores (2003), que identificaram 2 modificações de

formas farmacêuticas. Dos Santos e Heineck (2012) observaram que 79 itens de prescrição

envolviam preparações extemporâneas. As preparações orais extemporâneas são

medicamentos magistrais que devem ser utilizados em até 48 horas (BRASIL, 2007).

A comparação dos resultados de uso de medicamentos obtidos neste trabalho com os

de outros estudos ficou prejudicada pelas divergências metodológicas. Outros autores

escolheram analisar os medicamentos magistrais como um caso de medicamento de uso não-

licenciado e expressaram seus resultados como frequência relativa (%) de itens não-

licenciados nas prescrições, de prescrições que possuíam itens não-licenciados e/ou de

pacientes que receberam medicamentos não-licenciados. O presente estudo se fixou nas

preparações orais líquidas e expressou seus resultados, principalmente, por quantidade de

princípio-ativo consumida em miligramas, por número de DDDi e por número de DDDi/100

leitos-dia. A opção pela apresentação dos resultados desse trabalho numa relação com DDDi

foi baseada na recomendação feita pela OMS sobre o uso da DDD em estudos de utilização de

medicamentos.

O estudo de utilização de medicamentos realizado no presente trabalho conseguiu

descrever os padrões de uso de preparações orais líquidas nos pacientes pediátricos do HUAP,

identificar o frequente uso não-licenciado desses medicamentos e demonstrar a carência de

medicamentos pediátricos. Além disso, esse estudo de utilização forneceu dados para

discussão da gestão das preparações orais líquidas para os pacientes pediátricos do HUAP.

Na análise do perfil dessas preparações orais líquidas pediátricas foi identificado que 4

dos 21 princípios-ativos das preparações solicitadas estão disponíveis pela indústria

farmacêutica, são eles: ácido fólico, amiodarona, pirazinamida e ranitidina. O ácido fólico é

apresentado em concentrações de 0,2mg/mL, 0,4mg/mL e 5mg/mL; a amiodarona em

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200mg/mL; a pirazinamida em 30mg/mL; e a ranitidina em 15mg/mL. No entanto, a RDC

67/2007 diz que ―poderá a farmácia ser contratada, conforme legislação em vigor, para o

atendimento de preparações magistrais e oficinais, requeridas por estabelecimentos‖, ―em

caráter excepcional, considerado o interesse público, desde que comprovada a inexistência do

produto no mercado e justificada tecnicamente a necessidade da manipulação, hospitalares e

congêneres‖ (BRASIL, 2007). Assim, esses medicamentos não podem ser colocados no

elenco de preparações orais líquidas que precisam ser manipuladas na FAU/UFF, pois existem

no mercado na forma líquida oral disponibilizados pela indústria farmacêutica.

A pirazinamida e a ranitidina estão padronizadas no HUAP na forma líquida

proveniente da indústria farmacêutica, já o ácido fólico e amiodarona não estão padronizados

desta forma no HUAP. Porém, como o ácido fólico e a amiodarona apresentaram baixa

frequência de solicitação de manipulação em 2012 e 2013 (11 solicitações de ácido fólico e 1

solicitação de amiodarona) não caberia a padronização desses medicamentos no HUAP, pois

um dos critérios de exclusão da padronização de medicamentos no HUAP é que ―o

medicamento não apresente demanda justificável‖. Esse critério de exclusão está presente

tanto na 1ª edição do Manual Farmacêutico do HUAP, em vigor no período das solicitações

analisadas, quanto na 2ª edição do Manual Farmacêutico do HUAP, em vigor atualmente

(CFT/HUAP, 2009; CFT/HUAP, 2014).

Portanto, a melhor alternativa para o hospital é a de que as soluções de ácido fólico e a

amiodarona não sejam mantidos no estoque do Setor de Farmácia, mas sejam adquiridas no

mercado por meio do Formulário de solicitação de compra para medicamentos não

padronizados no HUAP. Este formulário está em uso no HUAP (Anexo 6).

Destaca-se também, em relação à solicitação, que o Manual Farmacêutico do HUAP

diz que os medicamentos manipulados requeridos devem necessariamente constar na Lista

das soluções orais padronizadas na Farmácia Universitária e pede que sempre que possível

sejam utilizadas as concentrações padronizadas com os respectivos ajustes de posologia. Essa

lista está presente, sem alterações, na 1ª e na 2ª edição do Manual Farmacêutico do HUAP.

Notou-se que somente 50,5% das solicitações eram de medicamentos que constavam

na Lista de Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária do Manual

Farmacêutico do HUAP e 19,3% dessas solicitações padronizadas foram solicitadas com

concentrações fora da padronização deste manual.

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Portanto, seria interessante modificar a Lista de Soluções Orais Padronizadas na

Farmácia Universitária. Incluir as preparações orais líquidas de ácido folínico, ácido

ursodesoxicólico, citrato de sódio, hidralazina, piridoxina, pirimetamina, propranolol,

sildenafil e sulfadiazina, já que houve demanda desses medicamentos em 2012 e 2013 e a

FAU/UFF possui fórmula padronizada para a manipulação deles. E desconsiderar a

padronização das concentrações das preparações orais líquidas, pois na solicitação não houve

adesão às concentrações desta lista, o que não impediu a FAU/UFF de manipular essas

preparações com concentrações variadas.

Além disso, o Manual Farmacêutico do HUAP diz que o Formulário de Solicitação

de Medicamentos Manipulados deve estar ―obrigatoriamente preenchido com nome do

paciente, prontuário, clínica, leito, nome do medicamento, dosagem, concentração, forma

farmacêutica, posologia, tempo de tratamento, assinatura e carimbo com o número do CRM

do médico prescritor‖ (CFT/HUAP, 2009; CFT/HUAP, 2014). Porém, durante a análise das

solicitações manipuladas e arquivadas foram observados formulários que estavam com

preenchimento incompleto; por exemplo, 36 formulários de solicitação não informavam a

posologia (5,5% dos formulários).

O preenchimento incompleto dos Formulários de Solicitação de Medicamentos

Manipulados é um fator que pode influenciar no tempo para entrega desses medicamentos,

pois, se estes formulários são entregues à FAU/UFF com preenchimento incompleto, eles tem

que retornar ao Setor de Farmácia para que sejam encaminhados para correção do médico

prescritor.

Sobre o tempo para manipulação dos medicamentos solicitados, é importante destacar

que a FAU/UFF só funciona em dias úteis. O tempo entre solicitação ao Setor de Farmácia do

HUAP e a entrega do medicamento manipulado pela FAU/UFF foi em até 4 dias consecutivos

em 75,5% das solicitações. A entrega do medicamento ocorreu em um período superior a 7

dias consecutivos em 9% das solicitações, em 15 dos 21 princípios-ativos das preparações

orais líquidas pediátricas.

A preparação com maior demora na entrega foi a suspensão de hidralazina: a

solicitação médica foi feita em 31/10/2012 e o medicamento foi entregue ao Setor de

Farmácia no dia 27/11/2012, ou seja, após 27 dias consecutivos, equivalente a 14 dias de

funcionamento da FAU/UFF.

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No entanto, não existe um documento que reúna data da solicitação médica do

medicamento manipulado, recebimento do formulário no Setor de Farmácia do HUAP e

recebimento do formulário na FAU/UFF. Assim, não é possível identificar se a demora na

entrega do medicamento manipulado se deu por dificuldades em concluir o processo de

solicitação ou se houve atrasos na produção. Por isso, foi proposto um novo modelo de

Formulário de Solicitação de Medicamento Manipulado, reunindo essas três informações

(Figura 8).

Também não existe um documento na FAU/UFF ou no HUAP que apresente a

justificativa para os atrasos na produção dos medicamentos manipulados solicitados pelo

HUAP à FAU/UFF. Essa informação seria interessante para os gestores da FAU/UFF e para o

Setor de Farmácia do HUAP, que poderia contactar a clínica solicitante e discutir alternativas

para o paciente.

De Melo (2009) estudou o processo de produção da FAU/UFF para propor diretrizes

de gestão. Ela realizou, em setembro de 2008, um brainstorming com a direção,

farmacêuticos, professores e outros funcionários da FAU/UFF para identificar as possíveis

causas de interrupção na produção da instituição. A opinião desses participantes sobre as

causas de interrupção na produção foi a seguinte:

Matéria-prima: ausência ou quantidade insuficiente de matéria-prima; atraso de entrega

pelo fornecedor ou pela transportadora;

Máquina: equipamentos em manutenção;

Mão-de-obra: falta de funcionário;

Métodos: listagem incorreta de inventário emitida pelo software; estoque mínimo

incorreto; controle de estoque ineficiente pelo software.

No caso da suspensão de hidralazina, uma possibilidade para a demora na entrega do

medicamento manipulado é a de que tenha havido, na FAU/UFF, uma discussão para a

escolha da formulação utilizada na manipulação desta preparação, já que essa suspensão não

consta na Lista de Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária do Manual

Farmacêutico do HUAP e foi solicitada apenas uma vez nos anos de 2012 e 2013.

Foi elaborado neste estudo um roteiro de trabalho destinado aos farmacêuticos

plantonistas da Dispensação do Setor de Farmácia do HUAP destacando a Lista de Soluções

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Orais Padronizadas na Farmácia Universitária e os procedimentos de checagem do

Formulário de Solicitação de Medicamentos Manipulados (Figura 9).

Como já mencionado anteriormente, o preenchimento incompleto do Formulário de

Solicitação de Medicamentos Manipulados atrasa a manipulação do medicamento. Assim,

como a não observação da Lista de Soluções Orais Padronizadas na Farmácia Universitária,

pois solicitações de preparações orais líquidas que não estejam nesta lista podem não ter

fomulação padronizada na FAU/UFF, sendo necessário tempo para discussão da formulação.

Costa, Lima e Coelho (2009) e Gonçalves, Caixeta e Reis (2009) relataram que a

ausência do medicamento em apresentação adequada para administação no paciente levou a

Equipe de Enfermagem a realizar transformações de forma farmacêutica em seus postos.

Além disso, em Costa, Lima e Coelho (2009) foram observados 90 casos onde o veículo

escolhido para a transformação de forma farmacêutica era inadequado e também casos de

embalagem e conservação incorretos.

Todas as preparações orais líquidas pediátricas mencionadas nesse estudo foram

produzidas na FAU/UFF sob responsabilidade e orientação do farmacêutico, com formulações

baseadas em literatura científica, prazo de validade e embalagem adequados, com indicações

de armazenamento corretas, e com procedimentos de controle de qualidade e de

rastreabilidade do medicamento.

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7 CONCLUSÕES

A análise do consumo das preparações orais líquidas ao longo dos dois anos estudados

revelou uma demanda considerável e constante, com medicamentos de princípios-ativos e de

concentrações variados. Também foi observado nesse estudo que os pacientes neonatais são

os principais responsáveis por essa demanda de preparações orais líquidas.

A análise quantitativa do perfil dessas preparações identificou o consumo sob a forma

de massa e de número de DDDi de cada princípio-ativo utilizado em pacientes pediátricos e

número de DDDi por 100 leitos-dia de cada princípio-ativo utilizado em pacientes da UTI-

neonatal.

Foi também evidenciado nesse estudo a utilização, em pacientes pediátricos, de

princípios-ativos que não possuem indicações pediátricas aprovadas pelo FDA.

Foi identificado o elenco de preparações orais líquidas que precisam de manipulação

na FAU/UFF para atendimento às necessidades dos pacientes pediátricos do HUAP.

Aspectos relacionados à gestão dos processos de solicitação e de produção foram

analisados visando contribuir com o uso racional de medicamentos. Assim, em prol da

eliminação de erros que atrasam as entregas dessas preparações orais líquidas, foi preparado

um roteiro de trabalho para divulgação na Dispensação do Setor de Farmácia do HUAP.

Como perspectiva para o presente trabalho, sugere-se um monitoramento mais

intensificado da solicitação, da produção e do uso dessas preparações para que essas estejam

disponíveis para os pacientes pediátricos no menor tempo possível, e caso ocorram atrasos na

entrega desses medicamentos maiores do que 2 dias úteis, sejam elaboradas justificativas para

registros e buscas de alternativas pelas instituições envolvidas.

Por fim, cabe ressaltar o convênio do hospital estudado com a farmácia de

manipulação é de grande importância para viabilizar a obtenção dos medicamentos magistrais

utilizados no tratamento dos pacientes pediátricos.

No entanto, ainda que a utilização de medicamentos magistrais seja uma boa

alternativa terapêutica para os pacientes pediátricos, incentivos regulamentares são

necessários para que a indústria farmacêutica venha a produzir esses medicamentos na forma

adequada para essa população.

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ANEXOS

Anexo 1: Formulário de solicitação de medicamentos manipulados do HUAP

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Anexo 2: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

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Anexo 3: Autorização do Diretor Acadêmico do HUAP.

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Anexo 4: Carta de autorização da chefia do Setor de Farmácia do HUAP.

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Anexo 5: Carta de autorização da diretora da FAU/UFF.

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Anexo 6: Formulário de solicitação de compra para medicamentos não padronizados no

HUAP.

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APÊNDICES

Apêndice 1: Planilha para coleta de dados.

data da

solicitação

data da

entrega

clínica

solicitante

princípio-

ativo

concentração

do princípio-

ativo

posologia volume

preparado

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Apêndice 2: Lista de soluções orais padronizadas na Farmácia Universitária (adaptado de

CFT/HUAP, 2009 e CFT/HUAP, 2014).

SOLUÇÕES ORAIS PADRONIZADAS NA FAU/UFF

Medicamento Fórmula Farmacêutica Concentração

Acido fólico Xarope 1 mg/mL

Cafeína Xarope

1 mg/mL

10 mg/mL

Captopril Xarope

1 mg/mL

2,5 mg/mL

10 mg/mL

15 mg/mL

Citrato de potássio Solução

1 mEq/mL

2 mEq/mL

Enalapril Suspensão 1 mg/mL

Espironolactona Suspensão

2 mg/mL

4 mg/mL

5 mg/mL

10 mg/mL

Fluconazol Suspensão

1 mg/mL

10 mg/mL

Furosemida Solução

1 mg/mL

4 mg/mL

20 mg/mL

Griseofulvina Suspensão

12 mg/mL

50 mg/mL

Hidroclorotiazida

Suspensão

1 mg/mL

2 mg/mL

4 mg/mL

5 mg/mL

Ibuprofeno Suspensão 20 mg/mL

Omeprazol Suspensão

1 mg/mL

2 mg/mL

4 mg/mL

5 mg/mL

10 mg/mL

20 mg/mL

Prednisolona Suspensão 3 mg/mL

Sulfato de zinco Solução

5 mg/mL

10 mg/mL