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Gestão estratégica da informação: estudo de caso em uma prestadora de serviços de tecnologia da informação Strategy Information Management: an Information Technology company case study por Roger Faleiro Torres e Jorge Tadeu de Ramos Neves Resumo: Na chamada era da informação, as empresas enxergaram que somente a gestão eficaz das suas informações poderia auxiliá-las na tomada de decisões alinhadas à estratégia organizacional, razão pela qual têm realizado elevados investimentos para a implantação de sistemas de informação, normalmente terceirizados, gerando excelente oportunidade para o crescimento de empresas de tecnologia da informação, cujo discurso é centrado na gestão da informação, para estimular a venda de seus produtos e serviços. Esse trabalho ilustra o desalinhamento entre o discurso adotado por esse tipo de empresa e as práticas que adota efetivamente na gestão de seu próprio negócio. Optou-se pela realização de um estudo de caso de natureza qualitativa, onde vinte e uma pessoas (diretoria, corpo gerencial e profissionais ligados à atividade-fim da empresa) foram entrevistadas (sendo que cada uma possui mais de dois anos de empresa e mais de três anos de experiência na atividade), com vistas a confrontar os dados coletados com o modelo genérico proposto por Davenport (1998), para a implantação e acompanhamento da gestão informacional no âmbito da organização. Palavras-chave: Informação; Gestão da informação; Gestão estratégica da informação; Processo para implantação de gestão da informação; Tecnologia da informação; Sistemas de informação. Abstract: In the so called information age, the efficient use of information was soon recognized by the companies as the primary tool to make decisions in accordance with the organizational strategies. This is the reason why they have invested heavily in implementation of information systems, usually outsourced, generating an excellent opportunity for information technology companies, whose focus is on information management, to promote the sale of their product and services. This paper depicts the non-alignment between the speech adopted by this kind of company and the practices it adopts in the conduction of its own business. We opted for a qualitative case study, in which twenty and one people (including the board, managers and professionals that work with the core business tasks) were interviewed (each interviewed person works more than two years in the company and has more than three years of experience in the activity), to confront the collected data with the generic model proposed by Davenport (1998), that provides the framework for the implementation and follow up of information management within the company. Keywords: Information; Information management; Strategic information management ; Information management process; Information technology; Information systems. Introdução Na chamada “era da informação”, com a explosão no volume de informações disponíveis nas diferentes mídias, observa-se que a riqueza das organizações não provém mais do ativo contábil ou da massificação da produção, mas do capital intelectual, da identificação, aquisição e do processamento de informações relevantes, do uso sistemático do conhecimento de mercados, da racionalização dos processos de negócio e do alinhamento das tecnologias à estratégia organizacional, como geradores de vantagens competitivas. De acordo com Bea l (2004), as empresas do século XXI são organizações que existem em um ambiente repleto de inter-relações e que muda constantemente.

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Gestão estratégica da informação: estudo de caso em uma prestadora de

serviços de tecnologia da informação Strategy Information Management: an Information Technology company case study

por Roger Faleiro Torres e Jorge Tadeu de Ramos Neves

Resumo: Na chamada era da informação, as empresas enxergaram que somente a gestão eficaz das suas

informações poderia auxiliá-las na tomada de decisões alinhadas à estratégia organizacional, razão pela qual

têm realizado elevados investimentos para a implantação de sistemas de informação, normalmente

terceirizados, gerando excelente oportunidade para o crescimento de empresas de tecnologia da informação,

cujo discurso é centrado na gestão da informação, para estimular a venda de seus produtos e serviços. Esse

trabalho ilustra o desalinhamento entre o discurso adotado por esse tipo de empresa e as práticas que adota

efetivamente na gestão de seu próprio negócio. Optou-se pela realização de um estudo de caso de natureza

qualitativa, onde vinte e uma pessoas (diretoria, corpo gerencial e profissionais ligados à atividade-fim da

empresa) foram entrevistadas (sendo que cada uma possui mais de dois anos de empresa e mais de três anos de

experiência na atividade), com vistas a confrontar os dados coletados com o modelo genérico proposto por

Davenport (1998), para a implantação e acompanhamento da gestão informacional no âmbito da organização. Palavras-chave: Informação; Gestão da informação; Gestão estratégica da informação; Processo para

implantação de gestão da informação; Tecnologia da informação; Sistemas de informação.

Abstract: In the so called information age, the efficient use of information was soon recognized by the

companies as the primary tool to make decisions in accordance with the organizational strategies. This is the

reason why they have invested heavily in implementation of information systems, usually outsourced,

generating an excellent opportunity for information technology companies, whose focus is on information

management, to promote the sale of their product and services. This paper depicts the non-alignment between

the speech adopted by this kind of company and the practices it adopts in the conduction of its own business.

We opted for a qualitative case study, in which twenty and one people (including the board, managers and

professionals that work with the core business tasks) were interviewed (each interviewed person works more

than two years in the company and has more than three years of experience in the activity), to confront the

collected data with the generic model proposed by Davenport (1998), that provides the framework for the

implementation and follow up of information management within the company.

Keywords: Information; Information management; Strategic information management ; Information

management process; Information technology; Information systems.

Introdução

Na chamada “era da informação”, com a explosão no volume de informações

disponíveis nas diferentes mídias, observa-se que a riqueza das organizações não

provém mais do ativo contábil ou da massificação da produção, mas do capital

intelectual, da identificação, aquisição e do processamento de informações

relevantes, do uso sistemático do conhecimento de mercados, da racionalização

dos processos de negócio e do alinhamento das tecnologias à estratégia

organizacional, como geradores de vantagens competitivas.

De acordo com Beal (2004), as empresas do século XXI são organizações que

existem em um ambiente repleto de inter-relações e que muda constantemente.

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Nesse contexto, informação e conhecimento constituem-se em premissas para se

prever, compreender e responder a tais mudanças. Portanto, para serem eficazes,

as organizações precisam ter seus processos decisórios e operacionais alimentados

com informações relevantes, oportunas, completas e exatas, obtidas de forma

eficiente e adaptadas às necessidades do negócio.

Para Marchand (2004), em um cenário de hipercompetição, onde a fidelidade do

cliente é desafiada continuamente, e as empresas devem transformar rapidamente

seus processos e competências para alcançar ou ultrapassar a concorrência, o foco

precisa estar concentrado nos processos e sistemas de informação, com vistas a

obter alto retorno e agregar valor para o cliente.

Nesse novo contexto de mercado, como resposta ao rápido surgimento de novas

tecnologias e áreas de conhecimento, que resultaram na redução do ciclo de vida

dos produtos e serviços, observou-se uma corrida frenética das organizações em

direção à revisão de suas estratégias, buscando na tecnologia da informação a

forma de aumentar a eficiência de seus processos empresariais.

Através da utilização de sistemas de informação, as empresas acreditaram ser

possível a obtenção de resultados imediatos, que permitissem aos administradores

a adoção de um modelo de gestão baseado na informação, que, por sua vez,

associado ao conhecimento organizacional existente, possibilitassem o

acompanhamento das transformações do ambiente da empresa e a inovação de

seus produtos e serviços.

Uma forma bastante utilizada pelas organizações, para a otimização da gestão de

seus recursos informacionais através de investimentos em tecnologia da

informação, tem sido a terceirização desse serviço junto a empresas

especializadas, buscando, de acordo com Leite (1997), além do acesso imediato a

novos recursos (físicos ou humanos), sem os quais dificilmente conseguiriam

atingir os objetivos no prazo adequado, a possibilidade de maior concentração nas

atividades-fim da empresa, a redução de custos, maior eficácia e outras vantagens.

O aumento da demanda por sistemas de informação possibilitou o surgimento e o

crescimento de inúmeras empresas focadas no fornecimento de soluções baseadas

em tecnologia da informação.

Contudo, Gianesi e Corrêa (1994) ressaltam que, devido ao fato de ser o produto

final desse tipo de empresa a prestação de serviços especializados, a qualidade

está diretamente associada à comparação entre a percepção do cliente quanto ao

serviço prestado e sua expectativa anterior ao serviço, em função dos seguintes

aspectos: ausência de variabilidade, habilidade e competência da empresa para a

execução dos serviços, prontidão no atendimento, atenção personalizada,

capacidade de adaptação às necessidades específicas do cliente, baixa percepção

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de risco, facilidade de contato e acesso, qualidade e aparência das instalações e

custo.

Tais aspectos tornam mais difícil a gestão do negócio de terceirização em

informática. Para Rus e Lindvall (2002), há ainda que se levar em conta que,

como os recursos principais de uma empresa de prestação de serviços em

tecnologia da informação não são plantas, prédios ou máquinas caras, mas seus

profissionais, esse tipo de empresa se depara com o problema da evasão constante

de experiência e entrada também constante de inexperiência, gerando um grande

desafio em termos de manutenção do nível de competência necessária para se

manter no mercado.

De acordo com Rus e Lindvall (2002), durante o processo de desenvolvimento

de um sistema de informação, documentos são elaborados, visando à captura do

conhecimento produzido. Se esse conhecimento for disponibilizado aos membros

de um time de desenvolvimento, em projetos subseqüentes, permitirá a

reutilização de soluções adotadas em diferentes problemas identificados; contudo,

se o conhecimento individual não for explicitamente capturado, gerando as

informações necessárias para o aprendizado de outros, a organização poderá

acessá-lo somente se puder identificar e acessar o indivíduo que o detém.

Para estes autores, as empresas de tecnologia da informação precisam dar a

importância necessária à captura e disponibilização de informações corretas para

seus profissionais, já que tanto os gestores que coordenam os processos de

desenvolvimento de sistemas de informação como os membros da equipe

precisam de informações que os ajudem na execução de suas atividades.

À luz da teoria proposta por Rus e Lindvall (2002), é possível deduzir que, se a

informação é fundamental para o processo de tomada de decisão pelas empresas

em geral, mais ainda o será para uma empresa prestadora de serviços em

Tecnologia da Informação (cujo principal serviço consiste no desenvolvimento e

na customização de sistemas de informação, adaptados para a realidade do

tomador do serviço e informatizados por uma determinada tecnologia da

informação, com o objetivo de propiciar aos clientes informações, sejam elas

estratégicas ou de acompanhamento).

Sem a informação adequada, é muito difícil a estruturação dos processos de

negócio da empresa, das pessoas e da tecnologia da informação, de forma a

atender às demandas do mercado. Sem informação, os processos organizacionais

são executados de forma subjetiva, sem um desejável alinhamento à realidade,

comprometendo, conseqüentemente, a produtividade e a competitividade da

empresa.

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O objetivo desta investigação é avaliar até que ponto o discurso adotado por uma

empresa de Tecnologia da Informação para a comercialização de seus produtos e

serviços, defendendo as vantagens do acesso rápido, seguro e confiável à

informação, aplica-se a seu próprio negócio. Espera-se, com os resultados obtidos,

contribuir com empresas prestadoras de serviços de tecnologia da informação a

analisar seu processo de determinação das próprias necessidades de informação e

seus mecanismos de obtenção, distribuição e utilização dos informes pertinentes a

esse ramo de negócio, com vistas a favorecer a identificação de possíveis lacunas

e desvios em sua gestão e propiciar a promoção de futuras ações corretivas.

Espera-se também que este trabalho seja uma fonte de consulta, um instrumento

que possa subsidiar futuras pesquisas interessadas em aprofundar a questão do

gerenciamento dos recursos informacionais, e que sirva de apoio a gerentes de

empresas em fase de implantação da gestão informacional.

A primeira parte do artigo contempla o referencial teórico, isto é, a base

conceitual do trabalho elaborada através de revisão da literatura, inicia-se com

uma breve abordagem sobre dado, informação e conhecimento, demonstrando, na

seqüência, por que a informação constitui-se em um recurso estratégico para as

organizações, essencial para a construção do conhecimento.

Em seguida, enfoca os conceitos sobre gestão da informação e gestão estratégica

da informação. O próximo tópico explica o processo genérico sugerido

porDavenport (1998) para a implantação da gestão dos recursos informacionais

em uma organização. Esse modelo é utilizado como base para a análise dos dados

coletados neste trabalho. Para finalizar a revisão teórica, são apresentados os

principais conceitos de tecnologia da informação e de sistemas de informação,

cujas características possibilitam o entendimento do negócio desenvolvido pela

empresa objeto deste estudo.

Após a revisão da literatura, são descritas a metodologia, bem como a população

da pesquisa, o método de coleta e análise dos dados. Em seguida, discutem-se os

resultados e as conclusões da pesquisa.

Revisão da literatura Dado, informação e conhecimento

De acordo com Alvarenga Neto (2005), as definições de dado, informação e

conhecimento constituem-se pré-requisitos para qualquer discussão sobre

organizações do conhecimento e gestão da informação e do

conhecimento. Davenport e Prusak (1998) conceituam os dados como registros

estruturados de transações organizacionais, que criam a ilusão de exatidão

científica, não fornecendo julgamento nem interpretação para a tomada de

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decisão, devendo ser avaliados em relação ao custo, velocidade de obtenção e

capacidade de armazenamento da organização.

Com relação ao conhecimento, Davenport (1998) o define como “a informação

mais valiosa e, conseqüentemente, mais difícil de gerenciar”. Seu valor é

adicionado pelo ser humano, ao agregar à informação a própria interpretação, a

própria sabedoria. Para o autor, o conhecimento compreende, portanto, a síntese

de múltiplas fontes de informação, a partir de uma reflexão pelo ser humano. Na

visão de Davenport e Marchand (2004), o conhecimento representa a informação

dentro da mente das pessoas; logo, sem o ser humano, não há conhecimento.

Afirmam, portanto, que o conhecimento é valioso porque os seres humanos criam

novas idéias, percepções e interpretações, a partir das informações, aplicando-os

no processo de tomada de decisão.

Por informação, objeto de estudo dessa pesquisa, Drucker (1990) afirma se tratar

de “dados dotados de relevância e propósito”. Rezende e Abreu (2006) entendem

a informação como “todo dado trabalhado, útil, tratado, com valor significativo

atribuído ou agregado a ele e com um sentido natural e lógico para quem a

usa”. Davenport (1998) define informação como dados transformados por

pessoas, ou seja, dados dotados de relevância e propósito, requerendo unidade de

análise e exigindo consenso em relação ao significado. A informação corresponde

à representação simbólica e formal de fatos ou idéias, sendo diretamente afetada

pela rede de relações, no contexto em que se encontra inserida, que lhe dá

significado.

Para Davenport e Marchand (2004), as informações correspondem aos dados

transformados, quando de sua interpretação e contextualização pelos seres

humanos, constituindo-se em veículo para expressar e comunicar conhecimento,

cujo estado tem capacidade de alterar. Portanto, as informações têm mais valor

que os dados e, ao mesmo tempo, maior ambigüidade, já que estão sujeitas a

diferentes interpretações.

De acordo com Felix (2003), uma forma de se aferir a qualidade da informação é

através da avaliação de suas dimensões e atributos, conforme sintetiza o Quadro

1, a seguir.

QUADRO 1 – Dimensões da qualidade da informação

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Fonte: Felix, 2003, páginas 37 e 38.

Para esse autor, uma informação é considerada de qualidade quando os dados são

completos e quando o processo utilizado para transformá-los em informação é

eficiente. Garantir a qualidade das informações possibilita à organização obter

vantagem competitiva perante seus concorrentes. O valor da informação é

definido por Felix (2003) como a relação custo / benefício existente entre a

qualidade de uma informação e o desempenho que proporciona, já que uma

informação pode ser considerada relevante, mas gerar baixo retorno para a

organização; dessa forma, o lucro proporcionado, o tempo para sua obtenção, a

previsibilidade e a antecipação de resultados constituem os indicadores mais

comuns para a mensuração do valor da informação.

Entendidos os conceitos sobre dado, informação e conhecimento, procurar-se-á

esclarecer os motivos que tornam a informação um ativo altamente estratégico

para as organizações.

A informação como recurso estratégico Para Earl (2004), ao longo dos últimos 40 anos, muitos analistas tentaram

determinar os principais impulsionadores das mudanças no cenário mundial.

Inicialmente, acreditava-se que o poder dos computadores e da automatização

fosse o principal fator. Em seguida, as telecomunicações tornaram-se o foco das

atenções, devido à sua capacidade de redução do tempo e espaço. Mais

recentemente, as mudanças foram associadas ao poder de geração de valor da

informação, um ativo intangível da organização, responsável pela geração de

conhecimento que, por sua vez, apóia a inovação e a renovação dos produtos e

serviços da empresa.

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De acordo com Bio (1989), o constante crescimento das empresas, em muitos

casos, traz como conseqüência o afastamento dos gestores da supervisão direta

das operações, tornando cada vez mais crítico o recurso da informação, já que as

decisões se tornam mais complexas e delicadas, e os volumes de dados

aumentam. Segundo esse autor, a informação é, portanto, simultaneamente, a base

e o resultado das ações gerenciais. A informação oferecida aos gestores deve

possibilitar-lhes a verificação da eficiência dos resultados das operações da

empresa no seu todo, viabilizando o planejamento futuro, enquanto que, nos

níveis intermediários da organização, a informação deve permitir o controle de

áreas específicas.

Choo (1998) recomenda que a informação seja utilizada pelas organizações para

dar sentido às mudanças do ambiente externo, para gerar novos conhecimentos

por meio do aprendizado e para tomar decisões importantes. Para o autor, criar

significado, construir conhecimento e tomar decisões constituem processos

interligados. A análise de como essas três atividades se retroalimentam possibilita

uma visão holística da maneira como a organização faz uso da informação.

Ainda de acordo com o autor, a percepção da informação sobre o ambiente da

organização propicia a construção do seu significado e orienta os processos de

construção do conhecimento, que, por sua vez, deve ser compartilhado entre os

indivíduos e a organização, para que possa ser transformado em inovação.

Portanto, a organização que for capaz de integrar eficientemente os processos de

criação de significado, construção do conhecimento e tomada de decisão pode ser

considerada uma organização do conhecimento, capaz de fazer uso eficiente da

informação, realizar ações baseadas em uma compreensão correta de seu ambiente

e de suas necessidades e obter, com isso, vantagem competitiva.

Contudo, de acordo com Davenport (1998), apesar da importância da informação

para as organizações, os ambientes informacionais, em diversas empresas

pesquisadas pelo autor, são pobres, ou seja, ninguém sabe o que fazer ou o que

precisa saber; existe pouca informação acessível sobre funcionários, clientes e até

mesmo sobre os próprios produtos e serviços. Por essas razões, no próximo

tópico, será abordada a concepção de gestão da informação e da gestão estratégica

da informação.

Gestão da informação e gestão estratégica da informação De acordo com Freitas (1992), ao lado das funções tradicionais (tais como

produção, comércio, pesquisa, finanças e pessoal), surgiu uma função nova e

fundamentalmente transversal: a função informacional, que não se limita aos

muros da empresa, mas, pelo contrário, atravessa a empresa de departamento em

departamento, para ligá-los ao ambiente externo.

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Tem-se assim a emergência de uma nova área da administração: a gestão da

informação e, mais precisamente, de um ponto de vista geral, a gestão estratégica

da informação. Para Rezende e Abreu (2006), o nível gerencial das empresas não

pode ignorar como a organização utiliza a informação, quais são seus principais

fluxos de informação, qual é a necessidade de informação de cada nível

hierárquico e a competência de seu corpo gestor em administrar os recursos

informacionais. Para esses autores, a utilização e a gestão da informação

favorecerão as decisões, as soluções e a satisfação dos clientes (externos e

internos).

A informação deve ser considerada como diferencial de negócios, quando

proporciona alternativas de lucratividade e retornos profícuos para a empresa, seja

sedimentando atuações e implementando os atuais negócios, seja criando novas

oportunidades de negócios, devendo, portanto, ser gerenciada de forma

estratégica.

De acordo com Alvarenga Neto (2005), as definições de gestão de recursos

informacionais ou, simplesmente, gestão da informação, podem ser apresentadas a

partir da sobreposição da perspectiva da tecnologia da informação e da

perspectiva integrativa. Na perspectiva da tecnologia da informação, a gestão da

informação é estudada como uma expansão ou sub-disciplina de sistemas de

informação gerenciais, enfatizando o aspecto técnico, em que a informação é

igualada a tecnologia da informação, ou seja, o foco reside exclusivamente nas

informações produzidas por computadores.

Nessa abordagem, segundo o autor, quanto maior e mais complexa for a

organização, menor será a probabilidade de se encontrar a melhor informação e o

melhor conhecimento, já que limita as fontes de informação às produzidas pelo

computador e, em muitos casos, às contidas no ambiente interno da organização.

Assim, de acordo com o autor, a perspectiva tecnológica da gestão da informação,

por não produzir informação suficiente para dar suporte ao processo de tomada de

decisão, tende a evoluir para a perspectiva integrativa.

A gestão da informação na perspectiva integrativa, por sua vez, é entendida pelo

autor como um caminho convergente para a resolução dos problemas

informacionais, procurando integrar e harmonizar as fontes, os serviços e sistemas

de informações corporativas, visando a obter uma sinergia entre as fontes internas

e externas de informação organizacional, contemplando as necessidades e o

processamento das informações, ou seja, concentra-se nos fluxos e ações formais

de informação dentro da organização, a partir de informações internas e externas,

podendo estar ou não armazenadas em computadores.

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Nesse viés, a gestão da informação deve levar em consideração a cultura

organizacional, seu sistema de valores e as diretrizes definidas pela organização

em sua estratégia de negócios, apoiando e fortalecendo os objetivos corporativos,

além de fornecer opções estratégicas.

Na visão de Bergeron (1996) apud Frade (2001), a gestão da informação constitui

uma estratégia utilizada pelas organizações, visando a solucionar seus problemas

informacionais através da disponibilização de informações corretas para uma

determinada pessoa ou grupo de pessoas, no momento e na forma adequados.

Assim, a qualidade das decisões tomadas pelos gestores é diretamente afetada

pela disponibilidade de informações completas, atualizadas e relevantes para a

solução dos problemas da organização.

Beal (2004), adotando uma perspectiva mais tecnológica, afirma que a expressão

gestão estratégica da informação deve designar a administração dos recursos

informacionais de uma empresa, a partir de um referencial estratégico. Segundo a

autora, adotar uma gestão estratégica da informação não implica abandonar a

perspectiva permanente da gestão da informação (voltada para a coleta, o

tratamento e a disponibilização de informação que dê suporte aos processos

organizacionais, tendo em vista o alcance de seus objetivos permanentes), mas

adicionar a ela a perspectiva situacional (cujo foco é a informação direcionada

para a consecução dos objetivos estratégicos estabelecidos para um determinado

período).

A gestão estratégica da informação, então, na visão da autora, exige o

estabelecimento de definições, formatos, estruturas, domínios e regras que

permitam tratar a informação como um recurso a ser administrado, com

responsabilidades claras com relação a provimento, padronização, distribuição,

acesso, armazenamento e proteção.

Davenport (1998) propõe uma perspectiva ecológica para a gestão da informação,

centrada no ser humano, levando em consideração o ambiente informacional

como um todo, contemplando os valores e crenças empresariais sobre

informação (cultura organizacional); a maneira como as pessoas utilizam

efetivamente a informação e o que fazem com ela (comportamentos e processos

de trabalho); as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de

informações (políticas) e os sistemas de informação que já se encontram

devidamente instalados e alinhados com as necessidades de informação (tecnologia).

Para o autor, a gestão da informação deve possibilitar a integração dos diversos

tipos de informação (não-estruturada, estruturada em papel, estruturada

informatizada, etc), o reconhecimento de que o cenário sofre constantes mudanças

e a ênfase na observação, na descrição das necessidades informacionais e no

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comportamento pessoal e informacional (que deve ser direcionado para a efetiva

utilização da informação em todas as atividades).

Apresentados os conceitos de diversos autores sobre gestão da informação e

gestão estratégica da informação, procurar-se-á, no próximo tópico, detalhar o

processo genérico para a implantação da gestão da informação, proposto

por Davenport (1998), verificando como esse processo afeta a escolha da

tecnologia da informação.

Processo genérico para implantação da gestão da informação e a tecnologia

da informação Davenport (1998) entende a implantação da gestão da informação em uma

organização como um processo composto por um conjunto estruturado de

atividades que incluem o modo como a empresa obtém, distribui e utiliza a

informação e o conhecimento. Segundo o autor, ao definir o gerenciamento da

informação como um processo, torna-se possível sua mensuração e seu

aperfeiçoamento, além de uma abordagem interfuncional, englobando métodos,

ferramentas e técnicas de uma variedade de funções da empresa orientadas para a

informação.

Dessa forma, propõe um processo genérico, composto de quatro passos, a saber:

determinação das exigências, obtenção, distribuição e utilização de informações.

Para a determinação das exigências de informação, de acordo

com Davenport (1998), é necessário observar as atividades gerenciais, ou seja,

compreender quais são as informações necessárias para a gerência, o que constitui

a informação-chave, quais são os limites dessa informação, de que fontes devem

derivar e quais são os documentos mais utilizados e mais importantes. Somente

através dessa observação é possível realizar o mapeamento da informação

disponível na organização, elaborando-se um mapa da informação corporativa, de

forma a registrar os tipos de recursos informacionais existentes, suas fontes e

localizações, as unidades organizacionais responsáveis e os serviços e sistemas a

eles associados.

Após a determinação das exigências de informação, torna-se necessário obtê-la.

Para Davenport (1998), a obtenção de informação constitui-se em uma atividade

ininterrupta, ou seja, algo que não pode ser finalizado e despachado. O autor

considera ser mais eficaz o processo baseado em um sistema de aquisição

contínua.

Além disso, entende que o fornecimento de informação deve garantir aos usuários

que todos encontrarão aquilo de que necessitam em um pacote composto por

informações, produtos e serviços. A atividade de obtenção de informação,

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segundo o autor, consiste em várias tarefas, não necessariamente seqüenciais, a

saber: exploração do ambiente informacional, classificação da informação em

uma estrutura (categorização), formatação e estruturação da informação.

Uma vez obtida, a distribuição envolve a ligação de gerentes e funcionários com a

informação de que necessitam. Para Davenport (1998), se os outros passos do

processo estiverem funcionando, então a distribuição será mais efetiva, ou seja, a

definição das exigências informacionais ajuda a aumentar a consciência de que a

informação é valiosa, e a categorização e o formato correto facilitam a

distribuição. A organização deve definir a estratégia de distribuição a ser adotada,

podendo optar tanto pela divulgação às pessoas autorizadas, partindo da premissa

de que as pessoas não conhecem o que não sabem, como pela disponibilização.

Nesta última estratégia, a informação fica disponível em algum lugar acessível e

de conhecimento das pessoas autorizadas, esperando por consultas ad-hoc,

considerando-se que, quando a distribuição é realmente necessária sua eficiência é

maior. Segundo o autor, a empresa pode ainda optar pela adoção de ambas as

estratégias de distribuição.

A utilização constitui a etapa final e mais importante do processo genérico para a

implantação da gestão da informação em uma empresa, conforme o modelo

sugerido por Davenport (1998), já que, “como um medicamento que não é

tomado, a informação de nada servirá, até que seja utilizada”. Para o autor,

quando os gerentes de alto nível sabem com que freqüência são utilizadas as

informações armazenadas na empresa, podem fazer o equivalente ao que fazem os

executivos das redes de televisão, quando medem o índice de audiência, ou seja,

aquilo que não costuma ser acessado pode ser eliminado ou modificado e, o

material mais popular, por sua vez, analisado para descobrir por que é tão

utilizado.

Davenport (1998) sugere que o uso da informação pode ser institucionalizado em

uma organização, através do mecanismo de avaliação de desempenho e de

recompensas e punições pessoais.

Para Beal (2004), a implantação de um processo de gestão de informação

possibilita a correta identificação das necessidades informacionais dos grupos e

indivíduos que integram a organização e de seus públicos externos, permitindo à

empresa o planejamento mais eficaz do investimento em tecnologia da

informação e sistemas de informação, com vistas a assegurar melhor atendimento

às necessidades de cada público-alvo.

Entendidos os conceitos sobre dado, informação e conhecimento, gestão da

informação, gestão estratégica da informação e o processo genérico para a

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implantação da gestão da informação em uma empresa, e tendo-se verificado

como tal processo impacta diretamente na escolha da tecnologia da informação,

procurar-se-á, no próximo tópico, definir tecnologia da informação e sistemas de

informação, que correspondem, respectivamente, aos instrumentos para manuseio

dos dados e informações nas organizações e ao principal negócio desenvolvido

pelo tipo de empresa objeto desta pesquisa.

Tecnologia da informação e sistemas de informação Para Balarine (2002), a tecnologia da informação diz respeito a

objetos (hardware) e veículos (software) destinados a criar sistemas de

informação. Cruz(2002) define tecnologia da informação como um conjunto de

dispositivos individuais, como hardware, software, telecomunicações ou qualquer

outra tecnologia que faça parte ou gere tratamento da informação ou, ainda, que a

contenha.

Luftman (1993) e Weil (1992) apud Laurindo (2001) adotam um conceito mais

amplo, segundo o qual a tecnologia da informação corresponde ao conjunto de

sistemas de informação, hardware e software, telecomunicações, automação e

recursos de multimídia utilizados pelas organizações, para fornecer dados,

informação e conhecimento.

O’Brien (2001) define os sistemas de informação como um conjunto de

componentes inter-relacionados e interdependentes que, através

de insumos(entradas) produzem resultados (saídas) em um processo de

transformação de informação, visando ao atendimento de uma meta

estabelecida. Freitas (1997) entendem que os sistemas de informação são

instrumentos que devem ser utilizados para fornecer informações para qualquer

uso que se possa fazer delas. Campbell (1997) ratifica essa definição, ao afirmar

que o objetivo de um sistema de informação é a coleta e a transformação de dados

em informação para o tomador de decisão.

Para Laudon e Laudon (2004), os sistemas de informação podem ser definidos

tecnicamente como um conjunto de componentes inter-relacionados que

recuperam, processam, armazenam e distribuem informações para suportar

processos de tomada de decisão e permitir o controle de uma organização. De

acordo com esses autores, as atividades

de input (entrada), processing (processamento) e output (saída), dentro de um

sistema de informação, produzem a informação que a organização precisa para

tomar suas decisões, controlar suas operações, analisar problemas e criar novos

produtos e / ou serviços.

Laudon e Laudon (2004) sugerem que, em uma perspectiva de negócio, os

sistemas de informação constituem-se em importantes instrumentos para a criação

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de valor para a organização, fazendo parte de uma série de atividades que

adicionam valor ao negócio, através da aquisição, transformação e distribuição de

informações que os gerentes podem utilizar para melhorar o processo de tomada

de decisão, otimizar a performance organizacional e, conseqüentemente, aumentar

a lucratividade da empresa.

Rezende e Abreu (2006) ratificam a afirmação de Laudon e Laudon (2004),

observando que o foco dos sistemas de informação deve ser auxiliar os processos

de tomada de decisão na organização, ou seja, deve estar direcionado para

otimizar o negócio da empresa. Um sistema de informação eficiente pode ter um

grande impacto na estratégia corporativa e no sucesso da empresa, gerando

benefícios tais como: fornecimento de suporte ao processo de tomada de decisão,

geração de valor agregado aos produtos e serviços, produção de melhores serviços

e vantagens competitivas, geração de produtos de melhor qualidade, apoio na

identificação de oportunidades de negócio e aumento da rentabilidade, geração de

informações mais seguras, com menos erros e mais precisas, redução da carga de

trabalho, de custos e desperdícios, fornecimento de maior controle das operações

e outros.

Metodologia da pesquisa Classificação da pesquisa quanto aos fins e meios

Esta pesquisa tem finalidade descritiva, porque visa a descrever percepções,

expectativas e sugestões das pessoas que trabalham na empresa que constituiu

objeto deste estudo, cujas necessidades de informação e de política de gestão da

informação se buscou detalhar. Quanto aos meios, optou-se por um estudo de

caso, de natureza qualitativa, por se revelar o mais adequado, em função dos

objetivos propostos.

Universo e sujeitos da pesquisa O universo desta pesquisa compreende uma empresa mineira, situada no

município de Belo Horizonte, cujo principal negócio é a prestação de serviços em

Tecnologia da Informação. A empresa Tecnologia S.A. (nome fictício, já que seus

representantes solicitaram que não fosse divulgada sua marca) foi fundada

em 01/06/1987, completando, portanto, vinte anos de existência em 2007.

Seu negócio consiste em oferecer soluções de tecnologia da informação para o

mercado, destacando-se, inicialmente, no segmento de ferramentas de

produtividade para o desenvolvimento de sistemas. A partir de 1995, iniciou uma

fase de expansão, passando a oferecer também serviços de consultoria,

treinamentos em tecnologia, desenvolvimento de sistemas de informação

específicos e alocação de profissionais especializados para atender às

necessidades de seus clientes. A área de atuação da empresa concentra-se na

Page 14: Gestão estratégica da informação.pdf

região Sudeste e no Distrito Federal, contando com aproximadamente 150

colaboradores em seu quadro de pessoal, uma carteira de mais de 50 clientes

ativos e um faturamento anual de aproximadamente R$ 10 milhões.

Para a seleção das pessoas a serem entrevistadas (sujeitos da pesquisa), levou-se

em consideração o core business da organização, isto é, foram contemplados

todos os papéis envolvidos diretamente nos principais processos de prestação de

serviços em tecnologia da informação da organização, além dos papéis gerenciais

e estratégicos.

Foram entrevistados vinte e um colaboradores da empresa (diretoria, corpo

gerencial e profissionais ligados à atividade-fim da empresa, sendo que cada

profissional possui mais de dois anos de empresa e mais de três anos de

experiência na atividade), com tempo médio de quarenta e cinco minutos para

cada entrevista. É importante destacar que cada entrevista foi gravada, com

anuência do entrevistado, como forma de otimizar a riqueza de detalhes em cada

resposta obtida.

Coleta de dados A metodologia empregada nesta pesquisa como instrumento de coleta e

tratamento dos dados privilegia a abordagem qualitativa. A escolha dessa

abordagem justificou-se pelo fato de constituir a alternativa mais pertinente para o

enfoque pretendido na pesquisa, cujo campo de coleta dos dados e cujos

participantes foram escolhidos propositalmente, com vistas a subsidiar o

pesquisador, em função de seu interesse de estudo. Também as condições de

acesso ao campo e a disponibilidade dos sujeitos envolvidos foram fatores

determinantes das opções do pesquisador.

Devido à necessidade de detalhes do objeto pesquisado, optou-se pela entrevista

por pauta, semi-estruturada, com o agendamento de diversos pontos a serem

explorados com o entrevistado, permitindo maior profundidade dos dados a serem

coletados, sem, no entanto, suprimir a oportunidade do entrevistado de se

manifestar livremente acerca do assunto abordado.

Estratégia para análise dos dados Em função dos objetivos estabelecidos nesta pesquisa, foram identificadas as

características atuais do ambiente informacional da organização estudada,

mediante a investigação e análise das práticas adotadas para a gestão estratégica

da informação. Com base nas respostas obtidas, foi realizada a confrontação com

o modelo genérico proposto por Davenport (1998) para a implantação da gestão

da informação, o que permitiu verificar até que ponto a empresa estudada aderiu

aos próprios discursos, adotados para a comercialização de seus serviços, ou seja,

se está direcionada para uma cultura baseada na informação, ou se o ditado

Page 15: Gestão estratégica da informação.pdf

popular “Casa de ferreiro, espeto de pau” é aplicável a seu modelo de gestão da

informação.

Tal confronto foi baseado em um olhar hermenêutico, ou seja, comprometido com

a interpretação do pesquisador, buscando explicar os encontros e desencontros

entre os elementos apresentados. Através da interpretação, buscou-se chegar ao

significado a ser compreendido, à luz das teorias existentes sobre informação,

tecnologia da informação, sistemas de informação e gestão da informação.

Apresentação e análise dos resultados Determinação das necessidades de informação

Os dados obtidos revelaram a existência de um grande problema de comunicação

interna, que prejudica o fluxo de informações relevantes na estrutura formal da

empresa, tanto vertical quanto horizontalmente. A Diretoria e algumas pessoas

privilegiadas detêm informações e conhecimentos sobre a missão e os objetivos

estratégicos da empresa e acreditam que a etapa de identificação das necessidades

de informação esteja alinhada com tais objetivos. Entendem que as informações

existem dentro da empresa, precisando apenas ser mais divulgadas, ou seja, o

principal problema, na percepção dessas pessoas, é a inadequação do processo de

disseminação das informações.

O desconhecimento revelado pela maioria dos entrevistados (aproximadamente

60%) quanto à estratégia e aos objetivos da empresa e quanto ao que é esperado

de cada um para que as metas sejam alcançadas, parece estar diretamente

relacionado à sua percepção de que a empresa tem dificuldade de identificar as

informações de que necessitam para realizar suas atividades: “Como a empresa

pode saber quais informações são necessárias para que eu possa realizar minhas

atividades, se ninguém, em momento algum, me procurou para conversar sobre

meu trabalho? Além disso, como minhas atividades podem estar alinhadas a um

objetivo comum, se nenhum objetivo foi definido e divulgado?”.

Foi possível constatar que mais de 80% dos entrevistados sabem, de forma tácita,

quais são suas atividades e de que informações necessitam para executá-las, mas

não sabem se o trabalho que estão realizando encontra-se alinhado aos objetivos

estratégicos da organização, se a forma como executam suas atividades está em

conformidade com as normas e padrões da empresa, nem se suas atividades estão

sendo realizadas da forma mais eficiente possível. Essa falta de feedback causa

dúvida e, em muitos casos, desmotivação.

A causa da dificuldade da empresa em identificar necessidades de informação

pode estar associada à inadequação do processo de disseminação, conforme a

visão da Diretoria e de alguns entrevistados. Essa dificuldade, na opinião de

Page 16: Gestão estratégica da informação.pdf

aproximadamente 50% dos profissionais, contribui para que a empresa não

consiga identificar que tipos de informação devem ser priorizados nem quais

atividades devem ser enfatizadas. Segundo essas pessoas, o processo de

priorização na empresa é informal e subjetivo, não alinhado a qualquer objetivo

estratégico.

Além disso, esse mesmo percentual de entrevistados acredita que as informações

disponíveis não permitem aos gestores o controle de suas respectivas áreas de

gestão. De qualquer forma, independentemente da causa, é possível deduzir, com

base nas respostas obtidas, que predomina a percepção de que o processo para

identificação das informações necessárias aos profissionais da empresa

Tecnologia S.A., para que possam realizar satisfatoriamente suas atividades, é

inadequado, já que depende fortemente da interpretação de cada indivíduo, isto é,

do conhecimento tácito dos profissionais, dificultando o estabelecimento de

padrões e, conseqüentemente, a gestão efetiva desse processo.

Obtenção de informações dentro da organização Quando questionados sobre a forma como as informações necessárias são obtidas,

os entrevistados citaram a troca de e-mails como a forma mais utilizada,

afirmando não existir um padrão formal homologado pela empresa. Outros meios

de obtenção de informação citados são as planilhas comuns compartilhadas na

rede (documentos do setor), os relatórios extraídos dos sistemas de informação

(sistemas computadorizados), as pesquisas na internet e nos documentos

existentes na empresa (fontes confiáveis regulamentadas), as reuniões formais, e,

principalmente, as conversas informais, conforme ilustrado no Gráfico 1, a seguir.

GRÁFICO 1 – Principal fonte de informação na empresa

Fonte: Dados da pesquisa, 2007

Page 17: Gestão estratégica da informação.pdf

Foi possível verificar a inexistência de um repositório central de informações

onde as pessoas possam compartilhá-las. Pelo contrário, cada indivíduo utiliza um

método diferente para recuperar a informação, de forma subjetiva e, conforme o

contexto. Essa afirmação pode ser comprovada por algumas respostas dos

entrevistados, tais como: “Para obter a informação necessária, são necessários

grande esforço e articulação, através de conversas informais e pesquisas

individuais na internet e nos documentos disponíveis na empresa”, “o processo

de obtenção de informações não é padronizado; algumas chegam através de e-

mail, sem nenhum formato pré-definido, outras em papel e, outras a gente tem

que se virar para conseguir, através de conversas informais com quem

acreditamos possuí-las”.

Esses dados são confirmados pela própria Diretoria, ao afirmar: “a principal fonte

de informações da empresa encontra-se nas conversas informais e em planilhas

compartilhadas através da rede de computadores, sendo que as conversas

informais predominam, proporcionando o compartilhamento de conhecimento

tácito através da socialização”.

Esta falta de padronização para a obtenção de informações contribui para o

resultado negativo ilustrado no Gráfico 2, relacionado à facilidade com que as

pessoas encontram as informações necessárias, em tempo hábil.

GRÁFICO 2 – Agilidade na obtenção da informação

Fonte: Dados da pesquisa, 2007

Esse gráfico revela que 72% dos entrevistados não consideram que as pessoas

dentro da empresa conseguem obter as informações necessárias em tempo hábil,

permitindo, portanto, concluir que o processo de obtenção da informação na

empresa estudada ainda é ineficiente.

Page 18: Gestão estratégica da informação.pdf

Os gráficos 3,4,5, a seguir reforçam a percepção dos entrevistados quanto à

dificuldade na obtenção de informações na empresa.

O gráfico 3 revela que a grande maioria dos entrevistados tem dificuldade em

obter a informação correta, no momento da tomada de decisão. Adicionalmente,

84% dos entrevistados acreditam que a informação existente na empresa pode

conduzi-los a erro na tomada de decisão. Ao analisar essas duas informações em

conjunto, infere-se ser possível que um profissional da empresa consiga, com

esforço, acessar determinada informação, a qual pode vir a conduzi-lo a erro, na

tomada de decisão. O gráfico 5 corrobora esta afirmação, ao demonstrar que 84%

dos entrevistados não acreditam que as informações obtidas sejam confiáveis,

completas e apresentadas da maneira correta, o que dificulta a realização de

atividades e a tomada de decisões. Essas informações são coerentes com os dados

representados pelo gráfico 2 (72% dos entrevistados não acreditam que as pessoas

na empresa consigam encontrar as informações necessárias em tempo hábil).

Page 19: Gestão estratégica da informação.pdf

A tabela a seguir reflete a opinião dos entrevistados quanto à qualidade da

informação disponível na organização estudada, à luz do modelo de classificação

proposto por Felix (2003), que leva em consideração as dimensões de tempo,

conteúdo e forma.

Tabela 1 – Dimensões da qualidade da informação na empresa Tecnologias S.A

Fonte: Felix, 2003, páginas 37 e 38 (Adaptado).

Os dados agrupados na Tabela 1 corroboram a afirmação da maioria dos

entrevistados de que as informações obtidas não são confiáveis, completas e

apresentadas da maneira correta, dificultando, conseqüentemente, a realização de

atividades e a tomada de decisões. É possível observar, de forma geral, a

inadequação dos informes da empresa, de acordo com a opinião da maioria dos

entrevistados, em todas as dimensões propostas por Felix (2003), a saber: tempo,

conteúdo e forma. Nesse contexto, soma-se ao problema da disseminação ineficaz

e ineficiente da informação a questão preocupante da qualidade dos dados e

informes disponíveis na organização. De nada adiantará resolver um, se o outro

Page 20: Gestão estratégica da informação.pdf

também não for solucionado.

Em síntese pôde-se concluir que a etapa de obtenção de informações também está

inadequada, de acordo com a percepção da maioria dos entrevistados. Conforme

comentado anteriormente, provavelmente, a inadequação do processo de obtenção

de informação pela empresa Tecnologia S.A. seja conseqüência direta da

inadequação do processo de identificação das necessidades de informação, da

disseminação inadequada dos informes e, de forma preocupante, da qualidade da

informação existente.

Disseminação e compartilhamento de informações na empresa Constatada a inadequação tanto da etapa de identificação das informações

necessárias à empresa, como da referente à obtenção de informações, e ainda a

deficiência do processo de disseminação de informações e dos sistemas de

informação da empresa, procurou-se analisar, com maior profundidade, quais são

os principais problemas e dificuldades para o compartilhamento desse importante

ativo, na opinião dos entrevistados.

A pesquisa revelou que a empresa pesquisada adota, na opinião de 94% dos

entrevistados, uma intranet técnica e emails padronizados pela área de

comunicação, como estratégia tecnológica para a disseminação de informações,

além de mecanismos físicos tais como quadros, murais, eventos e cartazes.

Contudo, conforme analisado anteriormente, tais mecanismos têm-se mostrado

ineficientes, já que a maioria dos entrevistados, incluindo a Diretoria, classificam

como inadequado o processo de disseminação de informações dentro da empresa.

Em outras palavras, é possível constatar que existe um meio padrão para

disseminação de informações dentro da empresa, porém, ineficiente, já que a

maioria dos entrevistados percebe dificuldade na obtenção de informações, além

de ser elevado o grau de desconhecimento das informações existentes. Um fato

que merece ressalva é a observação de que praticamente todos os entrevistados

comentaram sobre a necessidade de implantação de uma intranet corporativa,

como forma de otimizar o processo de comunicação da empresa.

Tratamento e utilização institucional da informação Os dados da pesquisa revelaram que 37% dos entrevistados preocupam-se com

questões culturais. Consideram que falta definir uma política com relação ao

tratamento e compartilhamento de informações, que possibilite a

institucionalização dos valores da organização.

A Diretoria da empresa confirmou esse problema, durante a entrevista, ao afirmar

que os principais problemas, dificuldades e obstáculos para o compartilhamento

de informações na empresa estão associados à falta de formalização de uma

Page 21: Gestão estratégica da informação.pdf

política para tratamento de informações, bem como a problemas de natureza

comportamental, argumentando que, apesar da divulgação dos valores e

expectativas organizacionais por ocasião de eventos da empresa, os profissionais

têm demonstrado dificuldade em assimilá-los e colocá-los em prática.

Na opinião de alguns entrevistados é possível observar o esforço das pessoas no

sentido de compartilhar informações, mas, como não existe uma política, uma

cobrança, tal prática tem-se mostrado opcional, subjetiva, dependendo de

iniciativas individuais. Além disso, foi possível evidenciar a prática comum de

troca de informações através de conversas informais, inviabilizando o resgate

histórico de determinadas situações, já que inexiste registro formal das

informações.

Com relação à utilização da informação dentro da empresa Tecnologia S.A, o

gráfico 6 ilustra a opinião dos entrevistados quanto à existência de uma diretriz ou

política formal da empresa para o tratamento e utilização das informações.

Gráfico 6 – Tratamento e utilização das informações

Fonte: Dados da pesquisa, 2007

O gráfico 6 demonstra que 88% dos entrevistados não conhecem ou não tiveram

acesso a qualquer política formal da empresa para o tratamento e o

compartilhamento das informações. Para a Presidência, apesar de não existir tal

política, os valores da empresa encontram-se descritos em um kit que todo

colaborador recebe, quando é admitido na empresa. Trata-se de manual que

descreve o comportamento esperado do profissional quanto a aspectos como:

comprometimento, transparência, trabalho em equipe, ética, alinhamento

estratégico e compartilhamento das informações. A pesquisa constatou, contudo,

que esse documento é desconhecido por todos os entrevistados. O gráfico 7, a

seguir, ilustra a percepção dos participantes quanto à disseminação pela empresa

da sua política e dos comportamentos informacionais desejados.

Page 22: Gestão estratégica da informação.pdf

Gráfico 7 – Disseminação da política informacional pela empresa

Fonte: Dados da pesquisa, 2007

O gráfico 7 ratifica os dados apresentados pelo gráfico. 6, ao demonstrar que 83%

dos entrevistados não acreditam que a empresa divulgue com clareza sua política

e os comportamentos que valoriza em termos informacionais, principalmente por

desconhecerem a existência de tal política, ou seja, o que existe na empresa, de

acordo com a opinião desses profissionais, são os valores da Diretoria, que são

divulgados através de exemplos, em eventos anuais promovidos pela organização,

com periodicidade julgada insatisfatória para a devida assimilação.

A pesquisa revelou ainda que, além de não possuir uma política formal para o

tratamento e o compartilhamento de informações, a empresa também não estimula

o comportamento informacional desejado, na opinião de 72% dos entrevistados. É

possível deduzir, com base nesses dados, que, devido à inexistência de uma

política que possibilite a direção dos profissionais no sentido desejado pela

organização e, por falta de incentivos que induzam os profissionais a adotarem

uma postura coerente com os valores divulgados pela Diretoria, o

compartilhamento de informações está totalmente sujeito à boa vontade e à

iniciativa de cada indivíduo, o que concorre para a não-priorização dessa prática

e, conseqüentemente, para o agravamento do problema de disseminação de

informações e comunicação entre as pessoas e áreas da empresa.

Tal problema poderia ser mitigado através de treinamentos dos colaboradores, no

sentido de desenvolverem comportamentos desejáveis, ligados à informação.

Contudo, quanto à questão dos treinamentos, 100% dos entrevistados revelaram

que a empresa não oferece qualquer tipo de treinamento que ajude seus

colaboradores a desenvolver os comportamentos desejados, reforçando a

afirmação de que as práticas envolvendo o tratamento e o compartilhamento de

informação dentro da empresa estão totalmente sujeitas à subjetividade de cada

Page 23: Gestão estratégica da informação.pdf

indivíduo, gerando, conseqüentemente, os problemas evidenciados.

Demonstrando coerência com a afirmação de que o processo de obtenção e

disseminação de informações ainda é inadequado, no âmbito da empresa, a

pesquisa revelou, também, que 89% dos entrevistados acreditam que as

informações não são reutilizadas, perdendo-se tempo e esforço na coleta dos

mesmos dados duas ou mais vezes, razão que justifica o fator de não se

encontrarem as informações em tempo hábil, bem como as redundâncias e

conflitos de informações dentro da empresa Tecnologia S.A.. A visão geral, tanto

da Diretoria quanto dos colaboradores, é de que o processo de reutilização da

informação ainda é muito incipiente na empresa. Na prática, inexiste um

repositório centralizado de informações, de forma a garantir a manutenção da

memória organizacional.

O gráfico 8, por sua vez, ilustra as principais disfunções da informação na

empresa, na opinião dos entrevistados.

Gráfico 8 – Disfunções de informação na empresa

Fonte: Dados da pesquisa, 2007

A fragmentação da informação é apontada como a disfunção mais freqüente.

Quando a informação é seccionada entre diversas áreas, torna-se necessário tempo

e esforço para integrar as partes, de forma a resgatá-la integralmente.

A inconsistência de informações, ou seja, a circulação de versões diferentes de

uma mesma informação, gerando dúvidas quanto à sua fidedignidade, é a segunda

maior disfunção apontada. Em terceiro lugar, posicionou-se a duplicidade de

dados, caracterizada pela existência de informações iguais ou similares em

diferentes bases, gerando dúvidas quanto à versão correta. A falta de confiança

nos dados armazenados ficou em quarto lugar, seguida por outros itens diversos,

entre os quais a Diretoria apontou, principalmente, a dificuldade dos profissionais

Page 24: Gestão estratégica da informação.pdf

em trabalhar de forma colaborativa e em aceitar possíveis mudanças dentro da

organização, em função das habilidades de cada um, visando a facilitar a logística

na prestação de serviços.

Houve ainda reiteradas referências à inexistência de uma base de dados, que

possibilite a formação de uma memória organizacional, que seja de conhecimento

de todos os colaboradores da organização.

A gestão atual da informação na empresa, na visão dos colaboradores Após a análise do processo básico de implantação da gestão da informação, etapa

por etapa, na percepção dos entrevistados, buscou-se obter sua avaliação a

respeito da gestão da informação na empresa nos dias atuais.

Os discursos de mais de 70% dos entrevistados quanto à sua percepção da atual

gestão das informações na empresa revelaram-se coerentes em relação ao

contexto já analisado, reforçando a idéia de que não existe atualmente na empresa

um processo básico para a gestão da informação, em consonância com o modelo

sugerido por Davenport (1998).

Apesar de a Diretoria entender que tal processo existe como conhecimento tácito

das pessoas, a maioria dos entrevistados revelou dúvidas quanto a esse processo,

observando que tal informalidade gera muita confusão, não contribuindo para a

melhoria da eficiência operacional (melhoria da comunicação, motivação das

pessoas, eliminação do retrabalho).

Conclusões Resposta à questão-problema e aos objetivos da pesquisa

A pesquisa atendeu aos objetivos propostos, na medida em que possibilitou

verificar como a empresa Tecnologia S.A., cujo negócio é a prestação de serviços

em tecnologia da informação, determina suas necessidades de informações e

como as obtém, distribui e utiliza em seu próprio negócio.

Os dados da pesquisa revelaram que a cultura informacional existente na

organização baseia-se no conhecimento tácito de seus indivíduos, não existindo

uma política institucional clara que direcione o comportamento dos profissionais

quanto ao tratamento e compartilhamento de informações. Foi possível ainda

comprovar que as práticas internas da empresa em relação à gestão da informação

não se encontram coerentes com o discurso utilizado na abordagem a seus

clientes.

Ao investigar e analisar as práticas de gestão estratégica da informação na

Page 25: Gestão estratégica da informação.pdf

empresa Tecnologia S.A., com base no modelo genérico sugerido

por Davenport(1998) para a implantação da gestão da informação em uma

empresa, verificou-se que todas as etapas desse processo (identificação das

necessidades de informação, obtenção, distribuição e utilização) ainda se

encontram inadequadas, sendo realizadas informalmente, com base na

subjetividade e no bom-senso dos indivíduos, não existindo qualquer

regulamentação da instituição no sentido de normatizar a operacionalização

desses passos. Nesse contexto, à luz da definição de gestão da informação,

proposta por Davenport (1998), é possível afirmar que a organização estudada

ainda não possui implantada a gestão dos seus recursos informacionais.

Contribuições e recomendações A informação é a condição essencial para a geração de conhecimento, o qual, por

sua vez, constitui o ativo mais valioso das organizações nos dias atuais,

constituindo-se em matéria-prima para a diferenciação da empresa no mercado em

que se encontra inserida, seja mediante a inovação de produtos e serviços, seja

através da implantação de uma política agressiva de preços, possibilitada pela alta

eficiência operacional.

Para que a empresa Tecnologia S.A. possa gerir de forma mais eficaz e eficiente

seus recursos informacionais, torna-se necessária a implementação de um

ambiente informacional controlado, ou seja, organizado e coerente com os

objetivos estratégicos desejados pela organização. Nesse contexto, é fundamental

a avaliação dos impactos das modificações necessárias, tanto na cultura como nos

comportamentos organizacionais, os quais influenciam e são influenciados pela

informação. Portanto, é essencial o estabelecimento de uma política que defina

qual é a postura desejada pela empresa no tratamento e compartilhamento das

informações.

É recomendado ainda, tendo em vista o contexto de alta competitividade do

mercado, que a empresa busque concentrar mais seus esforços na criação de valor

para o cliente, através do uso adequado da informação, contemplando os seguintes

aspectos: identificação clara e precisa das próprias necessidades de

informação (da empresa e de seus colaboradores), em função dos objetivos

estratégicos; utilização da tecnologia da informação como ferramenta para a

otimização do compartilhamento e da obtenção e distribuição das informações;

divulgação clara da disponibilização da informação de forma que possa ser

facilmente localizada e utilizada como apoio indispensável para os processos

decisórios e para a gestão da empresa; incentivo e mobilização dos colaboradores,

seja através de treinamentos e mecanismos de premiação e punição, seja mediante

a reestruturação de espaços físicos, no sentido do trabalho cooperativo,

compartilhamento da informação e promoção de novas idéias em toda a

organização.

Page 26: Gestão estratégica da informação.pdf

A implantação de um processo básico de gestão da informação que atenda a esses

aspectos, além de lhe possibilitar maior vantagem competitiva no mercado, abrirá

caminho para um efetivo conhecimento organizacional e para a preservação da

memória da instituição.

Espera-se que os resultados obtidos concorram para o aumento da eficácia e da

eficiência não apenas da empresa Tecnologia S.A., mas também de outras

empresas prestadoras de serviços de tecnologia da informação, possibilitando-lhes

analisar seu processo de gestão informacional, com vistas a identificar possíveis

lacunas e desvios e promover as ações corretivas pertinentes.

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Sobre os autor / About the Author:

Roger Faleiro Torres

[email protected]

Mestre em Administração de Empresas e pesquisador do grupo Processos

Organizacionais e Inovação, FEAD; Arquiteto de Software da IBM.