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Iva Souza da Silva Gestão Democrática Participativa no Programa de Qualificação de Docentes na Universidade Estadual do Maranhão PQD/UEMA Universidade Fernando Pessoa Porto 2013

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Iva Souza da Silva

Gesto Democrtica Participativa no Programa de Qualificao de Docentes na

Universidade Estadual do Maranho PQD/UEMA

Universidade Fernando Pessoa

Porto 2013

Iva Souza da Silva

Gesto Democrtica Participativa no Programa de Qualificao de Docentes na

Universidade Estadual do Maranho PQD/UEMA

Universidade Fernando Pessoa

Porto 2013

2013

Iva Souza da Silva

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Iva Souza da Silva

Gesto Democrtica Participativa no Programa de Qualificao de Docentes na

Universidade Estadual do Maranho PQD/UEMA

Tese apresentada Universidade

Fernando Pessoa como parte dos

requisitos para obteno do grau de

Doutor em Cincias Sociais, sob a

orientao da Profa. Dra. Maria Elisa

Chaves Gomes da Costa e co-orientao

da Profa. Dra. Telma Bonifcio dos

Santos Reinaldo.

VI

RESUMO

IVA SOUZA DA SILVA: Gesto democrtica participativa no Programa de

Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do Maranho PQD/UEMA

Anlise da trajetria da Universidade Estadual do Maranho, no recorte temporal

compreendido entre os anos de 1993 a 2008, perodo este que se caracterizou pela

insero da UEMA no contexto educacional de formao dos professores que atuam na

Educao Bsica - Ensino Fundamental e Mdio da Rede Pblica de Ensino no Estado

do Maranho, como parte das mudanas oriundas das alteraes no sistema educacional

brasileiro atravs da LDB n. 9394/96. Destaca-se a Gesto democrtica e participativa

no que tange ao Programa de Capacitao de Docentes PROCAD e o Programa de

Qualificao de Docentes PQD, este implementado na terceira fase da proposta de

licenciatura dos docentes oriundos da rede pblica estadual e municipal nos anos 2000 a

2008. Para tanto, resgata-se a origem histrica da UEMA, sua contribuio para a

melhoria de qualidade da Educao maranhense, sua organizao administrativa e

didtico-pedaggica, bem como sua expanso no Estado do Maranho e os resultados

alcanados. Os objetivos da investigao refletem as marcas das mudanas vigentes na

sociedade brasileira, as concepes de gesto compartilhada no PQD/UEMA, conforme

a concepo de sociedade do conhecimento e das polticas da Educao, em relao

formao dos professores-alunos frente s mudanas paradigmticas ocorridas dentro da

sociedade globalizada do sculo XXI. Utiliza-se uma abordagem etnogrfica de carter

qualitativo, objetivando obter fatos historicamente construdos, atravs de contato direto

da investigadora com o objeto estudado; mtodos tericos e prticos foram utilizados

para compreender quais as variveis que atuam nesse processo de

fragmentao/reconstruo das instncias de gesto democrtica, observando o hiato

existente entre as polticas educacionais e a democratizao da gesto da Educao.

Conclui-se que as diversas dimenses gestoras do PQD/UEMA, no Estado do

Maranho, esto formalmente institudas, mas por si ss no garantem a efetivao do

processo de democratizao e participao de seus membros carecendo, portanto, de

uma poltica gestora inovadora, que passe pela reformulao de seus quadros

VII

administrativos e pedaggicos, a fim de alcanarmos a eficincia e eficcia proposta

pela legislao nacional.

VIII

ABSTRACT

IVA SOUZA DA SILVA: The Democratic participatory management in Teaching

Qualification Program at the State University of Maranho PQD / UEMA

We have analyzed the trajectory of the State University of Maranho, (UEMA

Universidade Estadual do Maranho) in time frame within the years 1993 to 2008, a

period which was characterized by the insertion of UEMA in the educational context of

training of teachers involved in basic education - primary and secondary schools of the

Public Network Education in the State of Maranho, as part of the changes arising from

the amendments in the Brazilian educational system through the Law of Directives and

Bases of National Education (LDBEN- Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

- 9394 / 96). We emphasize the democratic and participative management regarding the

Training Program for Teachers - PROCAD and Qualification Program Faculty PQD

(Programa de Qualificao de Docentes), implemented in this third phase of the

proposed degree of teachers from the state and municipal public network in the years

2000 to 2008. To do that, we have rescued the historical origin of UEMA, its

contribution to improving the quality of education in the Maranho State, its

administrative, pedagogical and didactic performance, as well as its expansion in the

State of Maranho and the results achieved. The objectives of the research reflect the

changes of existing brands in the Brazilian society, the concepts of shared management

in the PQD / UEMA as the design of the knowledge society and education policies in

relation to teacher training students in the face of paradigm shifts that have occurred

within the global society of the twenty-first century. We use a qualitative ethnographic

approach, aiming to obtain facts historically constructed through direct contact with the

researcher's object of study, theoretical and practical methods were used to understand

which variables operate in this process of fragmentation / reconstruction of the instances

of democratic management, observing the gap between education policy and the

democratization of education management. We conclude that the various dimensions of

IX

managing PQD / UEMA, State of Maranho, are formally introduced, but by

themselves do not guarantee the effectiveness of the process of democratization and

participation of its members lacking, therefore, an innovative policy management,

which go through overhaul of its administrative and teaching staff in order to achieve

efficiency and effectiveness of proposed national legislation.

X

RSUM

IVA SOUZA DA SILVA: La dmocratie participative dans la gestion du programme de

qualification des enseignants l'Universit de l'tat du Maranho PQD/UEMA

Nous avons analys la trajectoire de l'Universit de l'tat du Maranho, dans le laps de

temps entre les annes 1993 2008, une priode qui se caractrise par l'insertion de

UEMA dans le contexte ducatif de la formation des enseignants impliqus dans

l'ducation de base - coles primaires et secondaires du rseau public l'ducation dans

l'tat du Maranho, dans le cadre des changements dcoulant de changements dans le

systme ducatif brsilien par la Loi de dire Nous insistons sur la gestion dmocratique

et participative en ce qui concerne le programme de formation pour les enseignants -

PROCAD et Facult Programme de qualification PQD, mis en uvre dans cette

troisime phase du degr propos des enseignants du rseau tatique et municipal public

dans les annes 2000 2008. Pour ce faire, le sauvetage de l'origine historique de

UEMA, sa contribution l'amlioration de la qualit de l'enseignement du Maranho, sa

gestion administrative et pdagogique et didactique, ainsi que son expansion dans l'tat

du Maranho et les rsultats obtenus. Les objectifs de la recherche refltent les

changements des marques existantes dans la socit brsilienne, les concepts de la

gestion partage de la PQD / UEMA que la conception de la socit du savoir et des

politiques d'ducation par rapport aux tudiants la formation des enseignants face des

changements de paradigme qui ont eu lieu dans la socit globale de l'XXIe sicle.ctives

et de Bases de l'Education Nationale (LDBE N 9394 / 96). Nous utilisons une approche

qualitative ethnographique, visant obtenir des faits historiquement construite par

contact direct avec l'objet du chercheur de l'tude, les mthodes thoriques et pratiques

ont t utilises pour comprendre les variables qui oprent dans ce processus de

fragmentation / reconstruction des instances de gestion dmocratique, observant l'cart

entre la politique d'ducation et de la dmocratisation de la gestion de l'ducation. Nous

concluons que les diffrentes dimensions de la gestion PQD / UEMA, Etat du

Maranho, sont officiellement prsent, mais en soi ne garantit pas l'efficacit du

XI

processus de dmocratisation et de participation de ses membres manquent, par

consquent, une politique de gestion innovateurs, qui passent par refonte de son

personnel administratif et enseignant afin d'atteindre l'efficacit et l'efficacit de la

lgislation nationale propose.

XII

DEDICATRIA

Dedico este trabalho minha famlia, Sebastio, meu esposo, Flvio e Nvia Lidiany,

meus filhos, Sara Anglica, minha netinha e Zuquinha, minha amada irmzinha.

XIII

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeo a Deus por todas as obras maravilhosas que ele tem feito em

minha vida e por mais esta graa alcanada.

Aos meus pais, com eterno reconhecimento com que sempre desejaram meu xito.

Espero encontr-los na manh da Ressurreio (in memoriam).

Ao Jos Sebastio da Silva, meu esposo, por ter sido companheiro e amigo

compreensivo na minha vida estudantil e profissional.

Aos meus filhos, Flvio Jos e Nvia Lidiany pelo afeto e carinho.

A Zuquinha irmzinha, sempre ao meu lado, e a Neta querida, Sara Anglica com

muito amor.

Universidade Estadual do Maranho, pelo comprometimento da formao de

professores no Estado.

Universidade Fernando Pessoa pela confiana e acolhimento.

Orientadora professora Doutora Maria Elisa Chaves Gomes da Costa, pela confiana

depositada em mim.

Coorientadora professora Doutora Telma Bonifcio dos Santos Reinaldo, pelo

desprendimento e apoio constante na construo deste trabalho.

Doutora Ana Cludia Moutinho pelas valiosas orientaes da UFP, no percurso de

toda uma caminhada acadmica.

Silmara Cristina Ferreira Mota pela proficincia no trabalho de digitao.

Ao amigo professor Doutor Jos Domingues, pelo apoio permanente no planejamento

do PQD (in memoriam).

Equipe da Coordenadoria Geral do PQD, pela consecuo das tarefas realizadas no

Programa.

Aos Coordenadores dos Polos pela dedicao no trabalho realizado.

Aos alunos pela confiana depositada.

Ao professor Reginaldo do Nascimento Neto pelo apoio e incentivo.

Ao professor Ramiro Azevedo pela reviso gramatical do texto..

XIV

A todos que direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste trabalho, o

meu muito obrigada.

XV

NDICE GERAL

ndice de figuras ...........................................................................................................XIX

ndice de grficos........................................................................................................... XX

ndice de quadros ..........................................................................................................XXI

ndice de siglas ........................................................................................................... XXII

Introduo .......................................................................................................................... 1

Captulo I O ensino no Brasil em tempos de mudana................................................. 18

Nota Introdutria ............................................................................................................. 19

1.1 Enquadramento contextual das diretrizes a perseguir ............................................... 19

i Avaliao como processo de mudana na educao brasileira .............................. 21

1.2 Evoluo da gesto participativa na educao .......................................................... 30

i Estrutura organizacional atual da UEMA .............................................................. 37

ii Gesto administrativa da UEMA .......................................................................... 42

Eptome do Captulo I ..................................................................................................... 47

Captulo II: A qualificao de docentes na UEMA ......................................................... 48

Nota Introdutria ............................................................................................................. 49

2.1. O Programa de Formao de Docentes na UEMA ................................................... 49

i Objetivo geral ......................................................................................................... 55

ii Objetivos especficos ............................................................................................ 55

iii Sistema de acompanhamento e avaliao do PROCAD ...................................... 58

iv Resultados do PROCAD ...................................................................................... 60

2.2. O Programa de Qualificao de Docentes PQD .................................................... 60

i Contexto socioeconmico do PQD ........................................................................ 67

ii Meta inicial do PQD em 2002 ............................................................................... 72

iii Funcionamento do PQD ....................................................................................... 72

XVI

iv Diretrizes para avaliao de aprendizagem .......................................................... 73

v A dimenso prtica do PQD, o Estgio Curricular Supervisionado e as

Atividades Acadmico-Cientfico-Culturais AACC ........................................... 74

vi Forma de ingresso no PQD/matrcula .................................................................. 74

Eptome do Captulo II .................................................................................................... 77

Captulo III: Gesto Democrtica e Participativa ............................................................ 78

Nota Introdutria ............................................................................................................. 79

3.1. Em busca de uma definio ...................................................................................... 79

3.2 Concepes de gesto ................................................................................................ 81

3.3 A Legislao sobre gesto vigente no Brasil ............................................................. 85

3.4 Plano de gesto da UEMA......................................................................................... 86

3.5 Plano de Desenvolvimento Institucional ................................................................... 89

3.6 O Plano Pedaggico Institucional ............................................................................. 90

3.7 Projeto Poltico Pedaggico de Cursos ...................................................................... 92

3.8 Os rgos Colegiados Superiores ............................................................................. 93

3.9 O sentido da participao democrtica na UEMA .................................................... 95

i O que participao? ............................................................................................. 95

ii O papel do gestor .................................................................................................. 96

iii A expanso da UEMA na graduao ................................................................... 99

iv A expanso da UEMA na ps-graduao........................................................... 104

v A poltica extensionista da UEMA ...................................................................... 105

vi Programas especiais desenvolvidos na UEMA .................................................. 107

vii Ncleos e laboratrios ....................................................................................... 110

Eptome do captulo III .................................................................................................. 112

Captulo IV: O Programa de Qualificao de Docentes (PQD) frente ao paradigma

da competncia e da flexibilizao ................................................................................ 113

Nota Introdutria ........................................................................................................... 114

4.1 Referenciais tericos e metodolgicos do PQD ...................................................... 115

4.2 O processo organizacional do PQD frente aos novos cenrios da educao

no Brasil ................................................................................................................ 123

4.3 Perfil do aluno pequediano ...................................................................................... 125

4.4 Fundamentos legais da educao brasileira ............................................................. 128

XVII

4.5 O perfil do professor pequediano ............................................................................ 130

4.6 O perfil do coordenador pedaggico do PQD ......................................................... 138

4.7 O perfil do supervisor educacional no PQD ............................................................ 142

4.8 Aes estratgicas desenvolvidas no PQD .............................................................. 145

i A seleo de docentes .......................................................................................... 146

ii Os encontros pedaggicos ................................................................................... 147

iii As oficinas temticas ......................................................................................... 148

iv Os grupos de estudos .......................................................................................... 149

v Os seminrios de integrao discente .................................................................. 149

vi O servio de apoio tcnico-pedaggico.............................................................. 149

vii A avaliao do PQD .......................................................................................... 150

Eptome do Captulo IV ................................................................................................. 151

Captulo V: Investigao Emprica ............................................................................... 152

Nota Introdutria ........................................................................................................... 153

5.1 O percurso metodolgico......................................................................................... 153

5.2 A investigao qualitativa e quantitativa ................................................................. 157

5.3 Anlise de documentos ............................................................................................ 160

5.4 A Observao .......................................................................................................... 163

5.5 O Questionrio ......................................................................................................... 166

5.6 A Entrevista ............................................................................................................. 168

5.7 A triangulao dos dados ......................................................................................... 170

5.8 O Mtodo Delphy .................................................................................................... 173

i Conceitos e aplicaes ......................................................................................... 173

ii Amostra ............................................................................................................... 176

iii Instrumentao ................................................................................................... 176

iv Coleta de dados .................................................................................................. 177

v Resultados ........................................................................................................... 178

5.9 Tabulao dos dados a partir dos instrumentos escolhidos ..................................... 179

Eptome do Captulo V .................................................................................................. 181

Captulo VI: Analisando as respostas dos atores envolvidos ........................................ 182

Nota Introdutria ........................................................................................................... 183

6.1 Anlise das questes levantadas .............................................................................. 183

XVIII

Eptome do Captulo VI ................................................................................................. 203

Consideraes Finais ..................................................................................................... 204

Bibliografia .................................................................................................................... 208

Apndices ...................................................................................................................... 222

Anexos ........................................................................................................................... 229

XIX

NDICE DE FIGURAS

Figura 01 Municpios/polo do PQD por centro e campi ........................................................... 37

Figura 02 Organograma da Universidade Estadual do Maranho ............................................. 41

Figura 03 Organograma da Educao Bsica no Brasil 1996 ................................................ 63

Figura 04 Organograma da Educao Superior no Brasil 1996 ............................................. 64

Figura 05 As trs dimenses da competncia ............................................................................ 84

Figura 06 Gesto por competncia: um novo modelo ............................................................... 85

Figura 07 UEMA: a universidade de todos os maranhenses ..................................................... 102

Figura 08 Quadro conceitual para uma investigao qualitativa ............................................... 160

Figura 09 Triangulao dos dados ............................................................................................. 171

Figura 10 Sequncia de passos em uma pesquisa usando o Mtodo Delphy ............................ 179

XX

NDICE DE GRFICOS

Grfico 01 Originalidade ............................................................................................ 188

Grfico 02 Bibliografia de apoio atualizada ............................................................... 189

Grfico 03 Delimitao do objeto e dos sujeitos pertinentes ..................................... 190

Grfico 04 Relevncia do tema .................................................................................. 190

Grfico 05 Sumarizao adequada ............................................................................. 191

Grfico 06 Diagnstico prvio do problema .............................................................. 191

Grfico 07 Caracterizao do problema e sua factibilidade. ...................................... 192

Grfico 08 Objetivos alcanados ................................................................................ 192

Grfico 09 Mtodos e tcnicas compatveis com o tema .......................................... .193

Grfico 10 Aplicao e comprovao dos instrumentos ............................................ 193

Grfico 11 As tabelas, grficos, quadros e figuras so necessrios e adequados ....... 194

Grfico 12 nfase aos principais resultados. .............................................................. 195

Grfico 13 Relevncia dos anexos. ............................................................................ 195

Grfico 14 Discusses acerca das limitaes do estudo. ............................................ 196

Grfico 15 O mesmo estilo foi utilizado em toda a tese. ............................................ 196

Grfico 16 Participao dos professores nos espaos de uma gesto democrtica

participativa no PQD/UEMA ................................................................... 199

Grfico 17 Formao de professores com nfase no processo de formulao e

implementao da poltica de gesto democrtica participativa ............. .199

Grfico 18 Proposta de gesto democrtica e participativa compatvel com os novos

paradigmas educativos e as polticas de educao do pas. ...................... 200

Grfico 19 Mecanismos de formulao e avaliao das polticas educativas adotadas

pela UEMA. ............................................................................................. 201

Grfico 20 A concepo de gesto democrtica participativa que tm os professores e

os alunos. .................................................................................................. 201

Grfico 21 Nveis de participao dos professores nos espaos de uma gesto

democrtica participativa no PQD/UEMA ............................................. .202

XXI

NDICE DE QUADROS

Quadro 01 Municpios/polo do PQD por centros e campi ........................................... 36

Quadro 02 Cursos de graduao da UEMA ............................................................... 103

XXII

NDICE DE SIGLAS

AACC Atividades Acadmicas Cientficas e Culturais

ANFOPE Associao Nacional pela Formao dos Profissionais da Educao

APRUEMA Associao dos Professores da Universidade Estadual do Maranho

ASSUEMA Associao dos Professores da Universidade Estadual do Maranho

BIC Bolsa de Iniciao Cientfica

BIRD Banco Interministerial de Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil

CAD Conselho de Administrao

CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

CCA Centro de Cincias Agrrias

CCSA Centro de Cincias Sociais Aplicadas

CCT Centro de Cincias Tecnolgicas

CECEN Centro de Cincias Exatas e Naturais

CEDIN Centro de Documentao e Informao

CEFET Centro Federal de Ensino Tecnolgico

CELAEE Centro de Referencia Latinoamericano para la Educacin Especial

CEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso

CESBA Centro de Estudos de Ensino Superior de Balsas

CESC Centro de Estudos de Ensino Superior de Caxias

CESI Centro de Estudos de Ensino Superior de Imperatriz

CESSIN Centro de Estudos de Ensino Superior de Santa Ins

CESTI Centro de Estudos de Ensino Superior de Timon

CF Constituio Federal

CGC Cadastro Geral de Contribuintes

CNE Conselho Nacional de Educao

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

CONSUN Conselho Universitrio

CP Conselho Pleno

XXIII

DAEB Diretoria de Avaliao da Educao Bsica

DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da

Educao Bsica

EJA Educao de Jovens e Adultos

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ENEM Exame Nacional do Ensino Mdio

FAPEM Faculdade de Formao de Professores de Ensino Mdio

FAPEMA Fundao de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Cientfico e

Tecnolgico do Maranho.

FESM Federao das Escolas Superiores do Maranho

FGV-RJ Fundao Getlio Vargas Rio de Janeiro

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FMI Fundo Monetrio Internacional

FORGRAD Frum Brasileiro de Pr-Reitores de Graduao

FUNDEB Fundo para Educao Bsica

FUNDEF Fundo de Desenvolvimento da Educao para o Ensino fundamental

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica

IDH ndice de Desenvolvimento Humano

IES Instituies de Ensino Superior

IFMA Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia

INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio

Teixeira

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Brasileira

MEC Ministrio de Educao e Cultura

NEAD Ncleo de Educao Distncia

PASES Programa de Admisso

PAT Plano Anual de Trabalho

PCNs Parmetros Curriculares Nacionais

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PETROBRS Petrleo Brasileiro

PIB Produto Interno Bruto

XXIV

PIBIC Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Cientfica

PPC Projeto Pedaggico de Curso

PPG Pr-Reitoria de Pesquisa e Ps-Graduao

PPI Projeto Pedaggico Institucional

PPP Projeto Poltico Pedaggico

PQD Programa de Qualificao de Docentes

PRA Pr-Reitoria de Administrao

PROCAD Programa de Capacitao de Docentes

PROEXAE Pr-Reitoria de Extenso e Assuntos Estudantis

PROG Pr-Reitoria de graduao

PROG Pr-Reitoria de Graduao

PRONERA Programa Nacional de Educao na Reforma Agrria

PROPLAN Pr-Reitoria de Planejamento

SAEB Sistema de Avaliao da Educao Bsica

SEEDUC Secretaria de Educao do Estado do Maranho

SEMIC Seminrio de Iniciao Cientfica

SESU Secretaria de Ensino Superior

SP So Paulo

SUS Sistema nico de Sade

TRI Teoria de Resposta ao Item

UAB Universidade Aberta do Brasil

UEMA Universidade Estadual do Maranho

UFPB Universidade Federal da Paraba

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

UNESP Universidade do Estado de So Paulo

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNICEF United Nations Children's Fund

UNICEUMA Centro Universitrio do Maranho

USAID United States Agency for International Development

http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=3&ved=0CDIQFjAC&url=http%3A%2F%2Fwww.unesco.org%2F&ei=dko8TovzHIOEtgewuYzrCw&usg=AFQjCNGothJfQFH0qdN7f5d6BxaB3HG-IQhttp://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=1&ved=0CCAQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.unicamp.br%2F&ei=X008Tt_oNMmftweUrICSAw&usg=AFQjCNF7dYEepLSQsXMpiU7YeUp7tRciMg

XXV

Nunca consideramos a gesto como uma

actividade puramente tcnica,

divorciada dos valores e objetivos

educacionais, um receio sentido por

muitos dos actores escolares. A gesto

deve ser antes tomada como uma

atividade que pode facilitar e estruturar

a que pode igualmente dar-lhes

expresso prtica.

Ron Glatter (1992)

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

Maranho PQD/UEMA

1

INTRODUO

Identificado como centro de formao da comunidade maranhense, ponto de encontro

com a sociedade civil organizada, espao de construo da cidadania, locus de

experincias democrticas, de vivncias interculturais e facilitadoras do ensinar

aprender e aprender a ensinar, a Universidade Estadual do Maranho UEMA1, no

cumprir suas finalidades se no for gerida de forma democrtica e participativa.

Identificar gesto como inteno e compromisso um desafio, concretiz-la atravs de

uma Gesto Democrtica e Participativa ser um desafio ainda maior, na medida em

que deve envolver nas suas decises, de diferentes complexidades, o pblico ao qual se

destina, alm de desenvolver esforos no sentido de no perder de vista sua misso e

suas metas, tendo sempre bem clara a viso de futuro, como centro dinamizador de

esperanas e aspiraes coletivas inovadoras, na perspectiva de sempre somar e nunca

dividir, agregar e nunca estereotipar ou segregar seus diferentes segmentos.

Para isso, necessrio entender o principal veculo de sua sustentao e ao

democrtica efetiva, que a representatividade poltica dos seus sujeitos e a importncia

das aes pedaggicas e tcnicas necessrias para que, no cotidiano de sua prtica, seus

objetivos emancipadores sejam alcanados.

Enquanto ao pedaggica e tcnica, o Programa de Qualificao de Docentes

PQD/UEMA foi pensado e iniciado com objetivo de contribuir para a melhoria da

qualidade da Educao bsica, mediante a qualificao de docentes que atuam nas

diversas redes de ensino do Estado do Maranho e tm efetivamente cumprido a sua

funo social.

1 Toda documentao (Leis, Pareceres, Decretos e Resolues) referente Legislao da UEMA,

encontra-se em anexo especfico.

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

Maranho PQD/UEMA

2

Implantado oficialmente no ano de 1993, com o nome de PROCAD Programa de

Capacitao de Docentes, e posteriormente PQD, tem dado mostras de que veio fazer a

diferena na Educao no Maranho, de forma bastante eficaz e eficiente, comprovado

pela sua abrangncia, pois dos 217 municpios do Estado do Maranho, o PROCAD e o

PQD esteve presente de forma concreta em 158 deles. Ao todo, foram 91 polos

implantados, beneficiando aproximadamente 15 mil alunos-professores / professores-

alunos, profissionais da Educao bsica. Como coordenadora geral do PQD, h quase

duas dcadas, ao fazer um balano do programa, podemos afirmar que:

A nossa gesto tem sido bastante positiva, apesar de termos conscincia de algumas dificuldades

enfrentadas. Mas, se levarmos em considerao o universo que hoje o PQD, que estamos presentes em

91 polos, totalizando 158 municpios, para onde temos levado a formao docente aos professores e

professoras que atuam ou iro atuar na Educao de nossas crianas, jovens e adultos, existe motivo para

comemorao. (Souza, 2009).

Tivemos a oportunidade de coordenar este programa contando com a participao de

todos os segmentos envolvidos, a saber: Pr-reitorias, Diretores de Centros e de Cursos,

Chefes de Departamentos e, especialmente, da Direo Superior da UEMA, donde

podemos dizer que o PROCAD e o PQD se constituram-se em um programa de

incluso social no campo da formao de professores, atravs de uma viso democrtica

e participativa, com o propsito de garantir sociedade maranhense programas de

relevncia social, dado muito gratificante para ns que fizemos parte de tais programas.

Os pressupostos da investigao

A anlise da organizao do trabalho pedaggico desenvolvido no PROCAD e no PQD,

o qual, cremos, em princpio estar baseada numa gesto democrtica participativa, o

grande objetivo desta tese de doutoramento, onde a expresso gesto democrtica e

participativa usada em decorrncia da nossa experincia coletiva, partilhando ideias e

valores que contribuiram para organizao do PROCAD e do PQD, na UEMA.

Sabemos que o processo de gesto no se faz no vazio ou de forma neutra, pois parte

de um contexto poltico e social mais amplo, onde foras sociais concretas se fazem

presentes em tempo real. No entanto, pela primeira vez, estamos colocando prova

nossas aes, atravs de uma anlise dos atos e fatos inerentes a este processo.

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

Maranho PQD/UEMA

3

Nessa perspectiva, a utilizao da terminologia Gesto democrtica e participativa,

para ns reflete as marcas das mudanas vigentes na sociedade brasileira e, ao discutir

as concepes de gesto compartilhada no PQD/UEMA, estamos conscientes de que

esta assume diferentes modalidades, conforme o conhecimento que se tem das

finalidades sociais e polticas da Educao, em relao formao dos professores-

alunos do PQD frente s mudanas paradigmticas ocorridas dentro da sociedade

globalizada.

Objetivos do estudo

A resposta a algumas questes aqui problematizadas levou-nos a elencar os seguintes

objetivos para este trabalho:

a) Como se materializaram, no mbito do PROCAD e do PQD/UEMA, as

diretrizes da poltica educacional com base em uma gesto democrtica

participativa.

b) Quais as formas e os nveis de participao dos professores nos espaos de uma

gesto democrtica participativa do PROCAD e do PQD/UEMA.

c) Como o Sistema Estadual de Educao no Maranho normatiza a formao de

professores em exerccio, com nfase no processo de formulao e

implementao da poltica de gesto democrtica participativa.

d) Procurar no PQD uma proposta de gesto democrtica e participativa que esteja

compatvel com os novos paradigmas educativos e as polticas de Educao do

pas.

Certamente, devemos trabalhar tendo por foco as representaes coletivas da sociedade

maranhense, consciente de que a noo de representao social2, atualmente, deixa de

ter carter quantitativo, em relao a totalidade das pessoas envolvidas, para assumir o

carter de representao social qualitativa, j que, cabe sociedade eleger seus

2 O conceito de representao social situa-se nas fronteiras entre a Sociologia e a Psicologia, e cuja

origem provm da expresso representao coletiva, desenvolvida a partir do pensamento de mile

Durkheim que teorizou que as categorias bsicas do pensamento teriam origem na sociedade e que o

conhecimento s poderia ser encontrado na experincia social, ou seja: a vida social seria a condio de

todo pensamento organizado e vice-versa (Bonfim; Almeida, 1991/92 cit. in. Ichikawa; Silva 2009).

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Maranho PQD/UEMA

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representantes, os quais precisam, por sua vez, assumir uma misso carismtica;

precisam ter a confiana de seus eleitores, traduzir e exprimir seus anseios, sonhos e

necessidades, pois s assim haver uma representatividade real, efetiva, que tornar

politicamente forte e legtima a ao representada.

A simplicidade dos antigos agrupamentos sociais substituda, nos dias de hoje, por um

conjunto de comunidades, cada uma com vrios segmentos. Esta grandeza quantitativa,

combinada complexidade da sociedade contempornea, torna ainda mais difcil, a

efetividade da representao social nos dias atuais.

Utilizamos nesta investigao uma abordagem etnogrfica, de carter qualitativo e

inovador, para obter fatos historicamente construdos, atravs de contato direto da

investigadora com o objeto estudado; mtodos tericos e prticos sero utilizados para

compreender quais as variveis que atuam nesse processo de fragmentao/reconstruo

das instncias de gesto democrtica, observando-se o hiato existente entre as Polticas

educacionais e a democratizao da gesto em Educao.

Propusemo-nos discutir as diversas dimenses gestoras no contexto do PROCAD e do

PQD/UEMA, no Estado do Maranho, partindo do princpio de que no bastaria ter

formalmente institudos os mecanismos de gesto democrtica, que por si ss no

garantem a efetivao do processo de democratizao e implementao de uma poltica

participativa. Desta forma, para alcanar os objetivos:

a) Quais so os mecanismos, adotados pela UEMA, para formulao e avaliao

das polticas educativas;

b) Qual a concepo de gesto democrtica participativa que tm os professores e

os alunos;

c) Qual o nvel de participao de todos os sujeitos envolvidos nesse processo;

d) Se os sujeitos envolvidos tm conhecimento das principais diretrizes da Poltica

educacional brasileira implementada atualmente;

e) Se os docentes da UEMA e os discentes do PROCAD e do PQD reconhecem a

sua participao como contributo para a mudana do contexto social local.

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Estas so as questes que, a princpio, nos ajudaram a trilhar o caminho terico-

metodolgico em busca de elementos explicativos que atuaram no sentido de uma

ao orgnica3 dos mecanismos de gesto democrtica e participativa no PROCAD

e PQD/UEMA, objeto de estudo.

Contextualizando o objeto de investigao

A Constituio Federal de 1988 apresentou uma novidade para o captulo sobre

Educao, quando passou a incorporar a Gesto Democrtica como um princpio do

Ensino pblico. Assim, a Constituio institucionalizou, no mbito federal, prticas que

j ocorriam em diversos sistemas de ensino estaduais e municipais, algumas amparadas

por leis provenientes das respectivas casas legislativas ou pelos executivos locais.

A Constituio promulgada em 1988, tornou obrigatria a adaptao das Constituies

estaduais e das Leis Orgnicas do Distrito Federal e dos municpios s novas

determinaes, dentre elas o princpio de gesto democrtica do Ensino pblico. Esse

conjunto de mudanas, realizadas a partir da realidade nacional e regional, comporta um

levantamento bibliogrfico, que permite uma anlise das novas polticas educacionais.

Levando-se em considerao a importncia dessas experincias, os documentos legais

nos quais se baseiam seus processos de implantao, interessamo-nos em investigar

como se organizou o sistema de ensino para dar respostas ao que preceitua a

Constituio, e em que nvel sua legislao foi construindo sua estrutura de poder e seu

funcionamento, frente s demandas que envolvem o ensino pblico nas ltimas dcadas.

Os cargos de gesto e coordenao so funes tpicas dos profissionais que respondem

por qualquer rea ou setor da universidade, tanto no mbito administrativo, quanto no

mbito pedaggico. Dirigir e coordenar so tarefas que canalizam o esforo coletivo das

pessoas para os objetivos e metas estabelecidas. Tanto os pedagogos quanto os

professores precisam estar aptos para dirigir e coordenar, gerir e acompanhar todas as

atividades tcnicas e didtico-pedaggicas da Universidade, visando atingir nveis

satisfatrios de qualidade cognitiva e operativa.

3 Tratar-se-ia, aqui, de "funcionrios" de uma nova e complexa superestrutura, que se pode supor como

mais democrtica e at racional, expurgada como no caso do americanismo, estudado pioneiramente por

Gramsci de restos parasitrios do passado, que pesam como uma camada de chumbo sobre a estrutura

produtiva.

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No Brasil, os autores discutem as Polticas pblicas de gesto da Educao, na

perspectiva de que o papel do Estado, atualmente, deixou de ser mero mediador de

interesses antagnicos, para situ-lo luz de uma correlao de foras, que se trava no

mbito da sociedade civil organizada, ou seja: um Estado ampliado, complexo e

articulado nos terrenos ideolgico e econmico, com base nas leis que regem esse

Estado. Desta forma, foi importante fazer uma leitura atenta e criteriosa de autores

como Altusser (2002), Gramsci (1989), Moscovici (1997) dentre outros, para ter a

noo real das discusses acerca das polticas pblicas de gesto educacional

participativa e democrtica.

O imperativo da gesto democrtica a representao do coletivo, pelo qual as

instituies devero organizar-se, de forma a cumprir o princpio da democratizao das

decises. Neste processo, os professores assumiro a responsabilidade com a construo

da identidade do estabelecimento educativo, assim como dever a comunidade

organizar-se sob a forma de conselhos, no sentido de participar ativamente das decises

escolares.

Dessa forma, a instituio educativa precisar elaborar e executar, no conjunto da sua

comunidade docentes, funcionrios, pais e alunos a sua proposta pedaggica, o que

representar um grande desafio, tanto para o corpo docente, quanto para a comunidade

em geral. Somente atravs dessa dinmica que a instituio tomar posse do espao

legalmente institudo de autonomia pedaggica, administrativa e financeira, consciente

do papel que assume com a construo de um projeto educativo que seja representativo

dos interesses da prpria comunidade.

O caminho at aqui percorrido

Baseada em nossa experincia e com mais de quinze anos de trabalho na Coordenadoria

Geral do Programa de Formao de Professores da UEMA, oficialmente denominado

PROCAD e depois PQD, acompanhamos passo a passo ao longo desses anos como se

vem desenvolvendo, na UEMA, a poltica de formao de professores da Educao

Bsica em exerccio na Rede Oficial de Ensino do Estado do Maranho.

No tocante formao de professores para atuar na Educao Bsica, esta instituio

criou dois grandes programas de qualificao superior de largo alcance social, o

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PROCAD de 1993 de 2000 e o PQD de 2000 a 2010, buscando oportunizar o acesso

a milhares de professores a formao superior, conforme exigncia da Lei de Diretrizes

e Bases da Educao Brasileira (LDB n. 9.394/96) homologada pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica (DCNs),

com base na Resoluo CNE/CP 02 de 19 de fevereiro de 2002. O objetivo foi que os

professores j inseridos no sistema educacional, que no possussem a devida

qualificao para o exerccio da profisso, pudessem adquiri-la atravs de estudos

superiores nas reas especficas de habilitao.

Sabemos que a falta na qualificao do professor afeta negativamente o sistema

educacional tanto municipal e estadual quanto o federal, o que contribui para a

montagem do quadro educacional comprometido com dados alarmantes, a exemplo das

estatsticas que apontam dezoito milhes de brasileiros analfabetos e mais algumas

centenas de analfabetos funcionais, dado que se intensifica quando se tem em mira a

zona rural do Estado do Maranho.

perceptvel que algo j tem sido feito at aqui, atravs da implementao de Polticas

Sociais nas instncias federal, estadual e municipal e no Maranho desde os anos de

1993 do sculo passado. Fala-se muito sobre o slogan Todos pela Educao, que

significa a necessidade de no deixar nenhuma criana fora da escola. Sabemos que

vrios programas j foram criados pelas mais diversas instituies pblicas e privadas,

na esfera estadual e federal, os quais procuram promover a democratizao do acesso

das crianas aos institutos escolares, como foi o caso do Toda Criana na Escola. Isto

se iniciou em 1998, sob a coordenao do Ministrio da Educao, apoiado pelo

UNICEF, a UNESCO, Banco Mundial, e governos estaduais e municipais, paralelo a

formao dos professores que iro interagir com essas crianas, jovens e adultos

carentes de Educao.

Cumpre ressaltar, tambm, o Fundo de Desenvolvimento da Educao para o Ensino

fundamental FUNDEF, criado em 1988 e extinto em dezembro de 2006, o qual foi

substitudo pelo Fundo para Educao Bsica FUNDEB, todos estes criados para

estimular a estruturao dos colegiados escolares, que visam articular a escola com a

comunidade, bem como para efeito de gerenciamento dos recursos financeiros

repassados pelas agncias governamentais.

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Outro aspecto a ser destacado so os Parmetros Curriculares Nacionais PCN (1997),

dando estmulo s escolas com orientaes curriculares integradoras e inovadoras,

complementado pelos Temas Transversais. Isto significa dizer que as escolas devero

trabalhar com currculos que possam explorar os chamados temas cotidianos, o objetivo

permitir um efetivo exerccio da interdisciplinaridade, a ser difundido em todo pas,

com nfase na racionalidade terico-metodolgica caracterizada pela interdependncia

dos saberes escolares e das prticas sociais.

Entendemos que o Brasil tem buscado algo novo em termos de Educao, atravs de

agncias internacionais e do Governo federal. Tem-se falado muito de Educao e,

principalmente, na Educao Bsica, pois esta constituda pela Educao Infantil,

Ensino fundamental e Ensino mdio. A LDB n. 9.394/96 deu ampla mobilizao

sociedade civil brasileira e especialmente ao pessoal envolvido na Educao.

A LDB n. 9.394/96, composta por noventa e dois artigos, considerada democrtica e

cidad, destaca cinco eixos importantes nas nossas reflexes relacionados diretamente

com a escola. So eles: flexibilidade, autonomia, competncia, planejamento e

participao. Entre estes, nos direcionamos ao princpio da flexibilidade e da

competncia, a caminho da desburocratizao dos processos de gesto, rumo gesto

democrtica e participativa.

Essa nova poltica tem como indicativo a criao de novas estruturas, que possibilitem

aes mais eficazes na escola e na universidade, principalmente no campo das reformas

administrativas. So aes, na sua maioria, voltadas para a qualificao e capacitao

dos professores e dos dirigentes do sistema educativo, bem como a implantao de

novas propostas pedaggicas, a exemplo do Estado do Maranho. Neste sentido, o

professor Roberto Mauro Gurgel Rocha (1999, p. 10) explica:

(...) o Brasil como o Estado do Maranho conta com problemas especficos que representam desafios para

os governantes, sociedade e professores. Estes desafios esto relacionados s altas taxas de analfabetismo

da populao de 10 a 14 anos.

Nesse cenrio, o Estado do Maranho apresenta altas taxas de analfabetismo, figurando-

se dentre os Estados brasileiros com ndice de escolaridade baixa. Segundo os

resultados mais recentes do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica IDEB,

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referente aos anos de 2005 a 2007, aponta-se pequeno crescimento quanto melhoria do

desempenho das crianas dessa faixa etria.

Observa-se que so inmeros os fatores que contribuem para esta desagradvel

realidade no Estado do Maranho. Entre eles esto dois pontos de grande relevncia: as

questes administrativas e pedaggicas, as quais possuem papel fundamental no

processo educativo. Segundo Lck (2008, p. 86)

A gesto da Educao brasileira vive em constante ingerncia na gesto externa das polticas

educacionais, quando traz tona a discusso a cerca do papel do que o Banco Interministerial de

Desenvolvimento BIRD, vem desempenhando por meio dos contratos de cooperao tcnica no setor

educacional.

A autora supra busca analisar as mudanas ocorridas na administrao do sistema do

ensino brasileiro, quando enfatiza que geralmente essas alteraes so feitas atravs das

reformas educacionais, que sempre tm colocado a escola como o centro da gesto.

Contudo, essas reformas no tm sido suficientes para atender s necessidades

educacionais da sociedade brasileira necessitando, portanto, da efetivao de Polticas

Pblicas capazes de possibilitar a universalizao do acesso ao ensino, permanncia na

sala de aula e sucesso dos estudantes, em todos os nveis.

A Educao, historicamente, tem-se compatibilizado com o desenvolvimento social da

Humanidade. Cada sociedade exige um tipo de Educao, de acordo com seus sistemas

integrantes e sua determinao especfica de valores (Romanelli, 2000).

No podemos falar de gesto educacional e igualmente de Educao sem tratar da

escola que, na funo de instituio educacional, por circunstncias histricas da

sociedade, e ser delegada a prestao de servio educacional, cada vez mais

diversificado e especializado, que venha satisfazer as necessidades das sociedades em

sua dinmica prpria de transformao. Entretanto, necessrio perceber que o

desenvolvimento social est relacionado histria de vida da humanidade, marcada por

todas as suas experincias, conquistas, xitos, fracassos e esforos, fatores estes que tm

importncia vital para a humanidade, sem negar a influncia de instncias do passado.

Um desses registros est no Relatrio Mundial de Educao da UNESCO (2001)

quando contabilizou, no mundo, no ano 2000, 875 milhes de pessoas analfabetas com

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idade igual ou superior a 15 anos. Essa mesma fonte estimava que houvesse cerca de 18

milhes de brasileiros analfabetos (UNESCO, 2001). A despeito dos esforos

empreendidos no tocante democratizao da Educao, a escola, historicamente,

apesar de seus esforos, tem cumprido uma funo excludente, haja vista vrios fatores

sociais que contribuem para essa constrangedora realidade.

Quanto ao Brasil, que teve um desenvolvimento tardio em matria de Educao, uma

vez que o marco pioneiro da Educao institucional s ocorreu 50 anos aps o

descobrimento, mesmo tendo o legado jesutico, o descaso para com a escolarizao das

massas respondeu para uma trajetria de escassez no campo da Educao. quela

poca, a sociedade civil era composta quase que exclusivamente pela Igreja e os

dirigentes polticos, visto que aos escravos no era dado o direito de estudar, e a

infraestrutura correspondia com a economia agroexportadora.

Diante desse quadro, a Educao no tinha importncia dentro da formao social

brasileira, uma vez que a monocultura latifundiria exigia um mnimo de qualificao e

diversificao da fora-de-trabalho, pois se compunha quase que exclusivamente de

indivduos escravizados, vindos da frica. Portanto, a reproduo dessa estrutura de

classes era garantida pela prpria organizao da produo. Em meio a essa situao, a

escola era dispensvel, pois as escolas dos jesutas, especialmente os colgios e

seminrios, estavam em funcionamento em toda a Colnia e preenchiam perfeitamente

as funes de reproduo da sociedade escravocrata, local onde eram preparados os

futuros bacharis em Belas Artes, Direito e Medicina. Esses seminrios forneciam os

quadros dirigentes da administrao colonial local.

Para justificar a posio adotada na execuo da Educao brasileira, importante

partir-se de um enfoque sociolgico que possa permitir um referencial terico a ser

encontrado na Sociologia e na Antropologia da Educao. Por isto, interessante

compreendermos que a Educao sempre expressar uma doutrina pedaggica que,

implcita ou explicitamente, se baseia em uma filosofia de vida, tendo uma concepo

de homem e sociedade numa realidade social concreta, passando de egosta para

altrusta.

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por isso que o processo educacional est diretamente ligado a instituies especficas

como a famlia, a igreja e a escola. De acordo com Freitag (1979, p.13), estas

instituies se tornam porta-vozes de uma doutrina pedaggica que representa os

anseios da sociedade dominante. Por outro lado, mile Durkheim (1970) parte do

conceito de homem egosta que precisa ser moldado para saber viver em sociedade.

Para ele o indivduo, que originalmente apresenta uma natureza egosta, depois de

educado adquire uma segunda natureza que o habilita a viver plenamente em sociedade,

ou seja: a Educao transforma o indivduo.

Por essa razo, tanto Durkheim (1970) quanto Parsons (1968) tm sido criticados por

seus prepostos conservadores, pois afirmam que existe contradio ou conflito nas suas

afirmaes quando tratam sobre os seus sistemas societrios, no que Freitag (1979, p.

20) se posiciona, afirmando que

(...) os dois autores no vem na Educao um fator de desenvolvimento e de superao de estruturas

societrias, mas sim um know-how necessrio transmitido de gerao em gerao, para manter a estrutura

e o funcionamento de uma sociedade.

bem verdade que a escola no se constitui em uma instituio neutra e acabada. Se,

segundo Althusser (1999), ela o lugar onde o processo de reproduo da formao

social do capitalismo se estabelece, tendo por um lado as foras produtivas e, por outro,

as relaes de produo existentes, para Bourdieu (1968), a escola no se caracteriza

apenas como instrumento, mas tambm reprodutora da diviso da sociedade em

classes. Essa diviso, segundo o mesmo autor, se caracteriza por perpetuar a prpria

estrutura social hierarquizada, imposta por uma classe social a outra. Assim, para

Bourdieu, o sistema educacional garante a transmisso hereditria do poder e dos

privilgios dissimulando sob a aparncia da neutralidade o cumprimento desta funo.

(Bourdieu cit. in. Freitag, 1979, p. 21).

Vendo a escola por essa tica, percebemos a sua importncia como objeto de estudo,

no se explicando apenas pela sua importncia cultural mas, tambm, pelas estratgias

de modernizao e de busca da eficcia do sistema educativo. por esta razo que as

reformas educativas de vrios pases, inclusive o Brasil, possuem suas propostas

curriculares, suas leis, resolues sobre ensino, das quais podemos citar as Leis n.

4.024/61, 5.540/68, e 5.692/71 e a atual n. 9.394/96. Por certo, estas trouxeram

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mudanas significativas para o sistema educacional brasileiro que, passando por

momentos de crise, tem seu vis histrico a ser analisado em trabalhos cientficos como

este.

Evoluo da Gesto Participativa na Educao

Numa sociedade onde as mudanas ocorrem muito rpidas, de fundamental

importncia que se mantenha uma relao dinmica com o meio em que vivemos, pois

estas mudanas exigem instrumentos da captao e elaborao de informao

provenientes do meio exterior, que permitem proceder as alteraes necessrias nos

processos administrativos, de forma a adequ-los s novas demandas, de modo a serem

compatveis com as exigncias atuais.

No campo educacional, a administrao nem sempre tem-se revelado interessada em

avanar, ser atuante. Pelo contrrio: em alguns momentos da Histria, colheu-se registro

de resistncia s mudanas e, principalmente, quando se trata de Educao pblica.

A administrao educacional no Brasil tem-se mostrado impermevel e resistente a

mudanas, pela dificuldade de romper-se com a condio de dependncia das escolas

ao sistema de ensino, uma vez que as Polticas Pblicas e as direes das escolas so

definidas externamente, em desacordo com as necessidades decorrentes do cotidiano

escolar (Alonso, 2003). At certo ponto, concordamos com a autora quanto a sua

reflexo, pois sabemos existirem em nosso pas ainda sistemas escolares que utilizam

prticas antidemocrticas, como tambm existem administraes que mudaram seu

modo de dirigir, tentando romper barreiras no muito fceis de ultrapassar. Porm, com

esforo e competncia, so capazes de superar os modelos at ento existentes.

Nesse sentido que nos propomos elaborar esta pesquisa, indo ao encontro dos

problemas que acarretam a gesto educacional pblica da UEMA, identificando os

pontos crticos que devero ser considerados e que estaro centrados no cotidiano da

universidade brasileira. Pretendemos localizar e caracterizar esses entraves que, ao

longo da Histria, tm resultado em prejuzos educacionais e sociais.

So muitos os autores, tais como Helosa Lck (2008), Naura Syria Carapeto Ferreira

(2000) e Vitor Paro (2007) que apontam para a necessidade de se aprofundarem os

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estudos sobre a organizao e gesto da Educao no contexto da realidade brasileira e a

UEMA no ficou imune a essa problemtica, pois desde 1993 tem envidado esforos,

no sentido de contribuir para a melhoria da Educao no Maranho. Na gesto do

ensino superior, vem enfrentando graves problemas devido ao discreto esforo do

Governo federal e situao socioeconmica do Estado.

Segundo o censo de 2010 (IBGE, 2010), no Brasil, h um baixo percentual de

estudantes no ensino superior, mais ou menos 10% da populao brasileira. A crise do

ensino superior ainda se deve, nos ltimos anos, reduo dos concursos pblicos,

ausncia de verbas de manuteno, descaso com a comunidade. Reafirma-se o iderio

neoliberal da competitividade como nica via possvel de sociabilidade humana, onde a

excluso e a desigualdade so elementos essenciais essa competitividade.

Frigotto (1998) afirma que, no Brasil, em decorrncia da clara incapacidade do estado

democratizar o imenso avano das foras produtivas e, considerando que a tendncia da

crescente dependncia do monoplio privado na Cincia e na Tecnologia, atrofia-se sua

capacidade humanizadora. No bojo desse processo, vem crescendo o ensino superior

privado, formador de um perfil profissional voltado, via de regra, diretamente para uma

adaptao ao mercado.

O Governo tenta implementar um novo modelo de Universidade, atravs de leis, decretos, medidas

provisrias, que em nada se identifica com a universidade crtica e autnoma, necessria ao

enfrentamento dos desafios da incluso social. Ele impe, como se constata, um modelo de Universidade

submisso aos ditames do Banco Mundial: concebido de forma pragmtica e imediatista, voltado

majoritariamente ao setor privado, a quem cabe delinear a formao dos recursos humanos produtivos e

competitivos, adequados, portanto, lgica e s necessidades do mercado (Frigotto, 1998, p. 49).

O Ensino Superior deveria ajudar na soluo dos diversos problemas sociais,

econmicos e polticos da sociedade brasileira, visto que no mbito da

indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extenso, a Universidade tem uma atuao

reforadora da realidade de minimizar a excluso social do ensino pblico e gratuito.

Segundo Frigotto (1998, p. 15)

(...) h alguns anos difundia-se a ideologia que o investimento no capital humano permitiria aos pases

subdesenvolvidos desenvolverem-se e aos indivduos a garantia de melhores empregos, maior

produtividade e, por essa via, mobilidade e ascenso social.

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

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Discute-se a reestruturao das funes do Ensino Superior, num contexto onde se

transforma a Educao em mais uma mercadoria. H uma crise na gesto do ensino

superior. Um dos sinais dessa crise que a Universidade ainda no forma profissionais

inteiramente, adaptados aos novos modelos empresariais, nem investe efetivamente em

capacitao de professores e criao de um ambiente de pesquisa eficiente, com

financiamento pblico.

Os mecanismos de poder dessa nova estrutura capitalista tm uma aparncia de

democracia participativa, s que o controle social agora se d dentro do ambiente de

trabalho, sem se constituir verdadeiramente numa democracia direta. No momento, o

setor privado que est complementando a deficincia do setor pblico no Ensino

Superior; o nmero de matrculas nas Universidades particulares h muito j supera as

matrculas das instituies pblicas.

Existe ainda, no Ensino Superior, a perspectiva de novas formas de ensino, como os

cursos sequenciais, os cursos a distncia via rede de computadores, o que o MEC j

aponta como viabilidade, a partir da criao de centros de ensino virtuais. So propostas

que se adequam forma de acesso ao conhecimento numa dimenso individual. Se o

sistema capitalista articula algumas mudanas estruturais, cada um de ns dever estar

preparado, num esforo individual, excludente, para o ambiente privado de acesso

informao. Essa questo da Informtica na Educao tenta redefinir o modelo

tradicional de Educao, mas planejado ainda de maneira muito deslumbrada, no

atentando para as demandas sociais do processo educacional, ou seja: as demandas de

integrao social.

Em se tratando de Educao brasileira, esta possui tradio nas suas razes, presas ao

centralismo democrtico, o que dificulta a ao do trabalho participativo. Frigotto

(1998, p. 58) refora nossas consideraes ao citar: Essas tradies autoritrias na

Educao brasileira explicam-se pelo composto colonizador, colono e escravo presente

na formao do povo brasileiro.

As Universidades brasileiras so vistas como organizaes construdas com base na

cooperao e no conflito, notadamente em busca de consenso para melhoria da

qualidade de vida da sociedade. Assim, possvel afirmar-se que existe uma

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

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racionalidade terico-metodolgica implcita na sua origem, atravs do consenso de

seus dirigentes e nas suas finalidades. As decises so notadamente colegiadas, dado

que caracteriza uma interdependncia nas relaes dos sujeitos do processo. De acordo

com as Tendncias da Educao Superior para o Sculo XXI (UNESCO, 1999, cit. in.

Capanema; Pimentel, 2007, p. 02),

(...) cabe a universidade propor tcnicas de gesto, de administrao e de autocontrole que conciliem

autonomia e a obrigao de prestar contas a sociedade e provem que est a altura da dupla perspectiva da

eficincia, eficcia e transparncia.

Chiavenato (2000) afirma que o clima organizacional demonstra a atmosfera

psicolgica de cada instituio e a satisfao das necessidades dos participantes, que

podem demonstrar ser satisfatrio, dependendo de como os participantes se sentem em

relao organizao.

Percebendo que pesquisas sobre o clima organizacional e a gesto democrtica em

Educao Superior no Brasil so raras, que escolhemos trabalhar nessa investigao, a

fim de identificar as peculiaridades da UEMA, em relao formao de professores,

para atuarem na Educao Bsica, bem como tornar pblico a importncia da imagem

institucional relacionada ao PQD que, na sua verso original, se denominava PROCAD.

Segundo Costa (2003, p. 120), o clima organizacional definido por um conjunto de

valores e prticas que caracterizam o ethos organizacional, criando entre os seus

membros uma unidade de pensamento e ao. J Ricardo Luz (1996) de opinio que

o clima organizacional poder ser descrito pela percepo do ambiente de trabalho, que

ensejar transformar-se num relacionamento entre as pessoas e a instituio,

favorecendo uma atmosfera psicolgica positiva entre seus membros.

Assim, a gesto democrtica e o clima organizacional podero ser considerados

termmetros para a investigao que nos propomos desenvolver no mbito da UEMA,

mais precisamente no PQD, com a inteno de explicitar sua dinmica prpria, sua

relao com as exigncias do Ministrio de Educao e Cultura MEC, e sua interao

com os aspectos sociais e educacionais do Estado do Maranho.

A anlise da organizao do trabalho pedaggico desenvolvido no PQD, a partir de

princpios da gesto democrtica participativa, o grande objetivo desta tese de

Gesto democrtica participativa no Programa de Qualificao de Docentes na Universidade Estadual do

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doutoramento, onde a expresso gesto democrtica e participativa ser usada em

decorrncia da experincia em gesto, partilhando ideias e valores que contribuem para

organizao da UEMA, no PQD, visto que o PROCAD, j se encontrar nesse momento

concludo em suas atividades didtico-pedaggicas, desde 2010.

Estamos conscientes de que o processo de gesto no se far no vazio ou de forma

neutra, pois parte de um contexto poltico e social mais amplo, onde foras sociais

concretas se fazem presentes nesta realidade.

Nessa perspectiva, a utilizao dessa terminologia reflete e refletir as marcas das

mudanas paradigmticas vigentes na sociedade brasileira, ao discutir as concepes de

gesto e organizao escolar, afirmando que estas assumem modalidades diferentes

conforme o entendimento que se tenha das finalidades sociais e polticas da Educao,

em relao formao dos alunos, e as mudanas paradigmticas ocorridas dentro da

sociedade.

Pelo exposto, a resposta a essas questes aqui problematizadas levou-nos a elencar

outros questionamentos para esse trabalho investigativo no mbito do PQD/UEMA.

Questes norteadoras

1. Identificar como se materializam, no mbito do PQD/UEMA, as diretrizes da

poltica educacional, atravs de uma gesto democrtica participativa.

2. Analisar as formas e os nveis de participao dos professores nos espaos de

gesto democrtica participativa no PQD/UEMA.

3. Caracterizar o sistema estadual de formao de professores em exerccio, com

nfase no processo de formulao e implementao da poltica de gesto

democrtica participativa.

4. Determinar os valores e o habitus que fundamentam o clima organizacional que

condiciona ou direciona os comportamentos das pessoas envolvidas no

programa.

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5. Identificar as concepes de gesto democrtica presentes na percepo dos

docentes e dos professores-alunos do PQD.

6. Perceber a possibilidade de uma gesto democrtica e participativa que possa

estar compatvel com os novos paradigmas educativos e as polticas de Educao

do pas para o PQD ou outro programa similar.

CAPTULO I

O ENSINO NO BRASIL EM TEMPOS DE MUDANA

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NOTA INTRODUTRIA

O grande desafio da Educao no Brasil colocar em uma mesma equao a quantidade

da populao e a qualidade da Educao que a ela dada. Comumente destacamos que a

qualidade da Educao oferecida pelos setores pblicos era melhor no passado. No

entanto, nunca vivemos avanos to promissores como os que estamos vivenciando nas

ltimas dcadas, partindo dessas observaes Fortunati (2007, p. 10) destaca que o

financiamento e a avaliao da Educao pblica em nosso pas tm nveis de

excelncia, em relao ao passado, visto que, naquele perodo, nosso pas gastou pouco

e mal, alm de ter deixado a desejar nas polticas de gerenciamento educacional.

1.1 Enquadramento contextual das diretrizes a perseguir

Em nvel de Estado, se no tivssemos uma orientao advinda do Ministrio de

Educao dificilmente medidas educacionais seriam implementadas no sentido da

melhoria de qualidade da Educao; assim, e ser essencial atentarmos que a

Constituio Federal de 1988 nos possibilitou refletir sobre esses avanos e limites

presentes em nossa Educao. A luta pelas liberdades democrticas, os grandes

movimentos grevistas, o movimento das Diretas J, o retorno das eleies para

governantes e a conquista da liberdade das organizaes partidrias, por exemplo so

algumas entre tantas outras aes que configuraram algumas mudanas que essa lei veio

garantir.

Um aspecto a ser destacado referiu-se ao ineditismo da gesto democrtica e

participativa, como princpio da Educao Nacional contemplado na CF/88 no Captulo

III Seo I Da Educao, da Cultura e do Desporto, Artigo 206 O ensino ser

ministrado com base nos seguintes princpios: VI gesto democrtica do ensino

pblico, em forma da lei. (Brasil/CF, 1988). Por outro lado, as prticas educacionais

luz da CF 88, nos legaram a LDB n. 9394/96, que veio orientar a organizao da

Educao brasileira, em todos os aspectos, notadamente na preocupao da realidade

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educacional, e como estava contribuindo para o desenvolvimento do ensino e da

aprendizagem no pas. Para tanto, foi necessrio criar mecanismos de avaliao como

alternativa para estabelecer parmetros que permitissem a separao entre o que diz a

lei, como ela interpretada e implementada e quais resultados esto sendo alcanados.

O Estado do Maranho tem apresentado um percurso histrico, um tanto constrangedor,

visto que os indicadores educacionais tm comprometido o seu desenvolvimento

socioeconmico. Nessa perspectiva, podemos tomar como premissa a situao

encontrada na UEMA, quando de sua inteno em contribuir para a melhoria da

qualidade dos profissionais que atuam na Educao Bsica, momento em que seus

gestores poca detectaram que as taxas de desempenho dos alunos do Ensino

Fundamental e Mdio do Estado do Maranho (2000) eram muito baixas e a distoro

idade/srie tinha nveis alarmantes.

As mudanas educativas so inevitveis e necessrias. Estando o sistema educacional

imerso em uma sociedade em constante transformao, no possvel pensar-se que a

instituio educacional poder manter-se margem das modificaes que tm ocorrido

permanentemente. As inovaes produzidas em todos os mbitos econmico, social,

cultural, cientfico, artstico pressionam as instituies educacionais para que se

adaptem s novas realidades. Ao mesmo tempo o sistema educacional procura reagir

para fazer frente s mudanas externas que considera um obstculo para atingir os fins

que se prope.

Nem toda mudana supe progresso. Nem as mudanas sociais nem as mudanas

educativas conduziro inevitavelmente a uma melhoria no bem-estar dos cidados ou na

formao dos alunos. preciso analisar que orientao adotam e que consequncias

produzem no funcionamento do sistema para avaliar sua adequao. Nessa avaliao,

preciso levar em conta que as transformaes na Educao no so momentos pontuais,

mas que se produzem ao longo do tempo, e que to importante como os objetivos da

mudana o prprio processo da mudana.

No existe traduo suficiente no estudo dos processos de mudana nas escolas.

Todavia, nos ltimos anos, houve um incremento considervel no estudo das

modificaes educativas planejadas. A tradicional estabilidade dos sistemas

educacionais est dando lugar ao impulso de inovaes permanentes que procuram

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responder s aceleradas transformaes sociais e tecnolgicas. preciso saber mais

sobre a situao em que se encontra a Educao, mas tambm conhecer melhor o

alcance das mudanas que tm ocorrido no mundo educativo. Como assinalaram Fullan

e Miles (cit. in. Marchesi, 2003, p. 50): nenhuma mudana seria mais fundamental que

uma ampla expanso da capacidade dos indivduos e das organizaes de compreender

e abordar a mudana.

As mudanas educativas tm origem e amplitude diversas. Podem ser impulsionadas por

polticas determinadas ou surgir de iniciativas da comunidade educativa ou de grupos de

professores. Referem-se ao conjunto do sistema, totalidade de uma escola, a algum

dos agentes educativos ou a um aspecto concreto do ensino. Quando as inovaes so

postas em prtica, h certo distanciamento da ideia original. A distncia a norma; a

proximidade ou a correspondncia a exceo. A anlise das condies e dos fatores

que impulsionam o processo de mudana deve fazer parte dos incipientes modelos sobre

a reforma na Educao.

i Avaliao como processo de mudana na educao brasileira

Em razo da exigncia de um elevado nmero de docentes necessrios ao

funcionamento dos sistemas de ensino no Estado ocasionado pela demanda advinda, em

curto prazo, do acesso Educao Bsica preconizada pela Lei n. 9.394/96, o PQD,

sucessor do PROCAD, teve como objetivo qualificar docentes j vinculados aos

sistemas de ensino sem a devida qualificao profissional, a saber: sem a licenciatura

plena de graduao para atuao no ensino bsico, conforme exige a lei acima citada.

At o surgimento do PROCAD (1993) ainda no era rotina sermos avaliados no

desenvolvimento de nossa Educao no Brasil, fato que se modificou a partir de 1998

quando o MEC, atravs de aes do Sistema de Avaliao da Educao Bsica SAEB,

do Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM e do Exame Nacional de Desempenho

de Estudantes ENADE, deu incio a diversas formas de avaliao em todos os

sistemas de ensino brasileiro, fato que nos trouxe informaes determinantes para que

as Secretarias Estaduais e Municipais de Educao pudessem estabelecer aes voltadas

correo de distores e debilidades apontadas na relao ensino e aprendizagem,

exigindo o direcionamento de recursos pedaggicos, tcnicos e financeiros para as

reas prioritrias, visando a melhoria e o desenvolvimento do Sistema Educacional

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Brasileiro em geral e Maranhense em especial com foco na reduo das desigualdades

existentes nele. (Brasil, 1998).

No que tange ao sistema de avaliao educacional no Brasil, podemos identificar:

a) SAEB4 Criado em 1988, uma ao do Governo Brasileiro, desenvolvido pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira INEP, na sua

Diretoria de Avaliao da Educao Bsica DAEB, sendo um dos mais amplos

esforos empreendidos em nosso Pas no sentido coletar dados sobre alunos,

professores, diretores de escolas pblicas e privadas em todo o Brasil. O SAEB

aplicado a cada dois anos, desde 1990 e avalia o desempenho dos alunos brasileiros da

4 e da 8 sries do ensino fundamental e da 3 srie do ensino mdio, nas disciplinas de

Lngua Portuguesa (Foco: Leitura) e Matemtica (Foco: resoluo de problemas)

O SAEB tem como funo oferecer subsdios para a formulao, reformulao e

monitoramento de Polticas Pblicas, contribuindo, desta maneira, para a ampliao do

ensino brasileiro; e, segundo dados do Ministrio de Educao em 2003, participaram

do SAEB cerca de 300 mil alunos, 17 mil professores e 6 mil diretores de 6.270 escolas

das 27 unidades das Federao. Alm desses, perto de 4 mil pessoas, entre aplicadores

dos testes, supervisores e funcionrios das Secretarias de Educao Estaduais

trabalharam nessa aplicao, sendo a participao voluntria. Cabe ressaltar, porm, que

o comprometimento dos participantes foi fundamental para a qualidade dos resultados

apurados. Os instrumentos utilizados pelo SAEB, foram:

a) Testes, pelos quais so medidos os desempenhos dos alunos nas disciplinas de

Lngua Portuguesa (Foco: Leitura) e Matemtica (Foco: Resoluo de

problemas);

b) Questionrios, pelos quais so coletadas informaes sobre o contexto social,

econmico e cultural dos alunos, e ainda sobre a trajetria de sua escolarizao.

Professores e diretores tambm so convidados a responder a questionrios que

possibilitam conhecer a formao profissional, prticas pedaggicas, nvel

socioeconmico e cultural, estilos de liderana e formas de gesto. So

coletadas, ainda, informaes sobre o clima acadmico da escola, clima

disciplinar, recursos pedaggicos disponveis, infraestrutura e recursos humanos.

4 Consultado em: http://portal.inep.gov.br/web/prova-brasil-e-saeb/perguntas-frequentes.

http://portal.inep.gov.br/web/prova-brasil-e-saeb/perguntas-frequentes

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Na mesma ocasio preenchido, pelo aplicador dos testes, um formulrio sobre

as condies de infraestrutura das escolas que participam da avaliao.

As Matrizes de Referncia so um documento onde esto descritas as orientaes para a

elaborao dos itens dos testes do SAEB. Para sua composio foi realizada uma

consulta s propostas curriculares dos Estados brasileiros, alcanando-se uma sntese do

que havia de comum entre elas. Contudo, como se sabe, h uma grande distncia entre o

currculo proposto e o ensinado de fato. Por isso, o INEP consultou professores das

capitais brasileiras regentes das redes municipal, estadual e privada na 4 e 8 srie do

Ensino Fundamental e na 3 srie do Ensino Mdio, nas disciplinas de Lngua

Portuguesa e Matemtica e, ainda, examinou os livros didticos mais utilizados nas

mesmas redes e sries, para validar a listagem inicial.

Em seguida, foram incorporadas anlises de professores e especialistas nas reas do

conhecimento avaliadas pelo SAEB. Decorrente dessas anlises, a opo terica adotada

a que pressupe a existncia de competncias cognitivas e habilidades a serem

desenvolvidas pelo aluno no processo de ensino e aprendizagem. Os contedos

associados s competncias e habilidades desejveis para cada srie e ainda, para cada

disciplina, foram subdivididos em partes menores, cada uma especificando o que os

itens das provas do SAEB devero medir. Estas unidades so denominadas descritores.

Os descritores, por sua vez, traduziro uma associao entre os contedos curriculares e

as operaes mentais desenvolvidas pelos alunos. Portanto, especificam o que cada

habilidade implica e so utilizados como base para a construo dos itens dos testes das

diferentes disciplinas. (Brasil, 1998).

Cada descritor dar origem a diferentes itens e, a partir das respostas dadas a eles,

verificar-se- o que os alunos sabem e conseguem fazer com os conhecimentos

adquiridos. So elaboradas com base nas Matrizes de Referncia, validadas

nacionalmente. Essas matrizes renem o contedo a ser avaliado em cada disciplina e

srie, informando as competncias e habilidades esperadas dos alunos (em seus diversos

nveis de complexidade).

Seu formato de questes fechadas (de mltipla escolha). So aplicados 169 itens em

cada srie e disciplina, de forma a cobrir toda a Matriz de Referncia. Esse conjunto de

itens dividido em 13 blocos compostos por 13 itens. Os blocos so agrupados, ento,

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de trs em trs, formando 26 cadernos diferentes de prova. Assim, apesar de se estar

avaliando um amplo escopo de contedos, cada aluno responde a apenas 39 questes.

Desenvolve esse trabalho o Ministrio da Educao, por meio da Diretoria de Avaliao

da Educao Bsica DAEB do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Ansio Teixeira INEP. Cumpre destacar que todo o trabalho conta com a participao

das Secretarias Estaduais de Educao.

As Secretarias Estaduais de Educao so os elos do MEC/INEP com todas as escolas

da amostra, sejam estaduais, sejam municipais, sejam particulares, e ajudam a articular a

aplicao da prova no estado. Participam, tambm, no processo de construo da

amostra, realizando uma consulta a cada uma das escolas selecionadas, visando

atualizao dos dados cadastrais e listagem de todas as suas turmas.

As Secretarias Municipais de Educao verificaram se os dados das escolas

selecionadas conferem com as informaes do Censo Escolar e comunicam s escolas a

sua participao no SAEB. Servem tambm de elo entre as Secretarias Estaduais de

Educao e as escolas da rede municipal; apenas so informadas as mdias do

desempenho dos alunos em cada estrato. Os estratos referem-se srie, localizao da

escola e dependncia administrativa (estadual, municipal e particular).

O SAEB gerido nacionalmente pelo Governo Federal, enquanto as avaliaes

estaduais e municipais podem ter metodologia prpria e so concebidas e realizadas

pelos governos estaduais e municipais. No entanto, em muitos casos h a cooperao

tcnica entre Governo Federal, estadual e municipal, ou seja: h congruncia entre

algumas avaliaes estaduais e o SAEB. Um dos objetivos do SAEB estimular a

cultura da avaliao, fomentando, assim, a implementao de avaliaes estaduais e

municipais.

A seleo das escolas efetuada de forma aleatria, a partir do cadastro do Censo

Educacional do MEC, e em conformidade com o Plano Amostral. Basicamente, a

seleo est dividida em duas fases: na primeira, so definidos os estratos de interesse

em que as escolas se encontram (municipal, estadual ou particular, interior ou capital,

rural ou urbana); e na segunda, as escolas so selecionadas aleatoriamente e de forma

independente, dentro desses estratos.

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A metodologia amostral do SAEB, por ser aleatria, no permite que sejam indicadas

ou excludas escolas de forma arbitrria, exceto aquelas que fazem parte do grupo de

excluso. Deste modo, algumas escolas, que j participaram do SAEB, podem vir a

participar novamente, o que no causa nenhum problema metodolgico. Alm disso,

cabe ressaltar que, a partir de 1990, foi introduzida uma importante inovao na

metodologia da amostra do SAEB, a utilizao de uma tcnica denominada Nmeros

Aleatrios Permanentes. A tcnica apresenta uma soluo simples para o problema de

garantir eficincia na estimao de quantidades populacionais (ex: habilidade de

alunos), em pesquisas realizadas periodicamente sobre uma populao que evolui ao

longo do tempo.

Em outras palavras: prev-se que a cada ano de realizao do SAEB haver repetio de

certa quantidade de escolas (sem escolha especfica), mantendo-se a qualidade dos

resultados para os estratos de interesse. Alm disso, o uso de nmeros aleatrios

permanentes promove a reduo de custos relativos coleta de dados, ampliando-se a

perspect