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GESTÃO DA PRODUTIVIDADE:
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NO
PROCESSO DO PEDAL DE FREIO NO
SETOR DE SOLDA - MOTO MODELO
3X
Marcos Bandeira Amorim (IME )
CLEONIR NONATO FERREIRA DA SILVA (IME )
RAFHAEL LAGE DE FARIAS (IME )
JOSE ROBERTO LIRA PINTO JUNIOR (IME )
Mauro Cesar Aparicio de Souza (IME )
O presente artigo científico tem por finalidade mostrar como elaborar
uma proposta de implementação simples, que atinge resultado
planejado. Metodologicamente esse artigo enquadrou-se como:
Observação direta, caráter bibliográfico e análisee documental, tendo
como recurso para coleta de informações planilhas, fluxogramas,
diagramas e análises no chão de fábrica. A partir da coleta das
informações foi possível identificar o que ocasionava a não
produtividade no processo de fabricação do pedal de freio, e efetuar
melhorias. Com base nos resultados obtidos a empresa TELÓ pôde
efetuar melhoria em seu dispositivo de solda e atender ao aumento do
pedido efetuado pelo seu cliente no modelo 3X. Conclui-se que o uso
das ferramentas corretas, a dedicação dos envolvidos, a liberdade que
a empresa dá aos colaboradores, a motivação, o espírito de equipe é
determinante no resultado final. Para o aumento na produção foi
preciso um estudo detalhado das causas que faziam com que o
processo fosse ocioso, e saber quais ferramentas devem ser usadas e
quando podem ser usadas, constituindo elementos fundamentais para o
êxito do projeto.
Palavras-chave: Projeto, Processos, Produtividade, Ferramentas
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João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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Introdução
No cenário competitivo atual, as pressões por resultados e desempenho tornam-se cada
vez mais comuns e frequentes às organizações que, por sua vez, se veem cada vez mais
desafiadas na busca por excelência, no cumprimento das prioridades competitivas e no
atendimento às necessidades de seus clientes.
O setor industrial tem grande potencial no cenário político e econômico do Brasil.
Com isso as organizações buscam novas ferramentas de gerenciamento e controle, que as
direcionem para uma maior competitividade no mercado.
Em função da alta competitividade de mercado, as organizações têm buscado utilizar
diversas ferramentas de gestão para alcançarem seus objetivos estratégicos.
Sabendo disso a empresa TELÓ (nome fictício), a fim de conseguir suprir o aumento
na demanda de entrega de 25% dada pelo seu cliente para o segundo semestre de 2015 no
modelo 3X, fez um estudo de capabilidade em cima desse modelo, com intuito de verificar se
todas as peças atenderiam a essa nova demanda. De acordo com as informações obtidas
através dos estudos de tempo o único item que não atenderia a demanda seria o pedal de freio.
Partindo dessa informação, a TELÓ teria que decidir o que seria feito, hora extra ou
melhoria em seu processo, para o aumento da produção do pedal de freio.
Esse artigo tem por objetivo geral responder à questão: Com a implantação de um
novo dispositivo de solda, será possível atender a nova demanda do cliente na linha do pedal
de freio?
Para elaboração desse artigo foi realizado uma análise das ferramentas de
planejamento, ferramentas da qualidade, verificando quais seriam utilizadas para resolução do
problema, as quais foram selecionadas: Fluxograma que tem como finalidade identificar o
caminho real e ideal para a peça com o objetivo de identificar os desvios. Diagrama de Fluxo
de Trabalho trata-se de uma ilustração sequencial de todas as etapas de um processo; Tempos
e Métodos que irá determinar o tempo-padrão para executar uma tarefa específica (estudo de
tempos), registro e análise para encontrar o melhor método de se executar uma tarefa;
Diagrama Ishikawa que tem como objetivo identificar as possíveis causas do problema e seus
efeitos.
Para atingir o objetivo geral, foram elencados os seguintes objetivos específicos:
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Verificar a possibilidade de incluir no dispositivo de solda atual, engates pneumáticos
para facilitar o avanço e o recuo de fixação da peça;
Averiguar a possível implementação no dispositivo de solda atual, um ângulo vertical
com movimentos giratórios;
Estudar a possibilidade de confeccionar um novo dispositivo de solda para unificar o
1° e o 2° estágio do processo atual.
Para a fundamentação teórica do presente artigo foram utilizadas abordagens, teorias e
conceitos de diferentes autores, pesquisados em livros e na internet, referente a ferramentas da
qualidade e melhoria de processo, de relevância, para melhor entendimento.
1 - Fundamentação teórica
A fundamentação teórica, também conhecida como referencial teórico, revisão da
literatura ou ainda pressupostos teóricos, é "a parte do planejamento/projeto que apresenta o
desenvolvimento de um texto sobre o tema, com base nos principais autores consultados"
(SANTOS, 2007, p. 138).
1.1 Fluxograma
O fluxograma, que conforme Barnes (1977) é a técnica para se registrar um processo
de forma compacta. É utilizado com a finalidade de tornar possível sua compreensão e
posterior melhoria, tendo como objetivo representar os diversos passos do processo produtivo.
Os fluxogramas são extremamente úteis no estudo associado às etapas ao fazer rodar o ciclo
de produção.
Os aspectos principais de um fluxograma, segundo Oliveira (2009) são os seguintes:
(i) Padronizar a representação dos métodos e os procedimentos administrativos;
(ii) Maior rapidez na descrição dos métodos administrativos;
(iii) Facilitar a leitura e o entendimento;
(iv) Facilitar a localização e a identificação dos aspectos mais importantes;
(v) Maior flexibilidade;
(vi) Melhor grau de análise.
Conforme Oliveira (2009), ―Os símbolos utilizados nos fluxogramas têm por objetivo
evidenciar origem, processo e destino, através da informação escrita e/ou verbal, de
componentes de um sistema administrativo‖.
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O resultado final dos fluxos de informação é normalmente, um mapa que permite ao
analista o perfeito entendimento a respeito dos caminhos seguidos pelos dados e informações,
suas origens e destinos e a qualidade de seu conteúdo, incluindo o que for necessária
adequação destes dados ou informações ao ambiente de destino (RAMOS, 2006).
1.2 Diagrama de fluxo de trabalho
Um diagrama de fluxo de trabalho é uma figura que representa os movimentos das
pessoas, materiais, documentos ou informações em um processo. É criado rastreando-se esses
movimentos em uma planta, ou algum "mapa" semelhante, da área de trabalho. A utilidade
desses desenhos é que eles ilustram a ineficiência de um sistema em um quadro claro. Os
pontos em que o trabalho pode ser simplificado saltarão aos olhos.
O interesse consiste em saber se há movimentos excessivos ou desnecessários. Se
houver, faça as pessoas envolvidas pensarem sobre como seria um layout ideal, e em seguida
verifique se a área de trabalho ou os formulários podem ser reorganizados para eliminar o
problema (CAMPOS, 2004).
Tabela 1: Símbolos utilizados no fluxograma
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1.3 Tempos e métodos
O estudo de tempos e movimentos é um instrumento básico, o qual possui os seguintes
objetivos: eliminação do desperdício de esforço humano, adaptação dos operários à tarefa,
treinamento dos operários, especialização do operário e estabelecimento de normas de
execução do trabalho (BARNES, 1977).
Conforme Barnes (1977), para o desenvolvimento do método preferido, algumas
etapas são seguidas:
a) Definição e formulação do problema: Processo a ser estudado;
b) Análise do problema: Descrição do método atual com suas respectivas
especificações e restrições;
c) Avaliação do método atual: Ao encontrar soluções possíveis, deve-se realizar uma
avaliação para determinação de uma sequência de operações e procedimentos que mais se
aproximem da solução ideal;
d) Padronização do melhor método encontrado: Devem-se conservar fatores e
condições de trabalho. Para se preservar os padrões deve ser feito um registro do método
padronizado da operação, fornecendo descrição detalhada da operação que foi analisada. A
determinação do tempo-padrão poderá ser usada no planejamento e programação de
estimativa de custos da mão de obra, poderá servir como base para o plano de incentivos
salariais e também para a área de planejamento e controle da produção;
e) Treinamento dos operadores: Para a eficiência do método de trabalho é necessário
que o operador execute a operação da maneira pré-estabelecida. O treinamento é dado por
pessoas habilitadas, e algumas ferramentas como folhas de processo, gráficos, modelos e
filmes podem auxiliá-las durante este processo.
1.4 Ferramentas da Qualidade
Existe um grupo de ferramentas que foram convencionalmente chamadas de
―Ferramentas Estatísticas da Qualidade‖. Entretanto, não se pode afirmar que todas são
estatísticas. Dessa forma, decidiu-se denominá-las aqui de ―Ferramentas da Qualidade‖, uma
vez que já fazem parte das atividades da qualidade há algum tempo. Estas, também são
citadas na literatura como ―Ferramentas de Controle da Qualidade‖, mas não são restritas
somente às atividades de controle da qualidade.
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1.4.1 Diagrama de Ishikawa
Para Alves, Mattioda e Cardoso (2009) o diagrama de Ishikawa também conhecido
como Diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de Peixe permite estruturar hierarquicamente as
causas de determinado problema ou oportunidade de melhoria. Pode ser utilizado também
com outros propósitos, além do apresentado, por permitir estruturar qualquer sistema que
resulte em uma resposta (uni ou multivariada) de forma gráfica e sintética.
As causas de um problema podem ser agrupadas, a partir do conceito dos 6M, como
decorrentes de falhas em: materiais, métodos, mão de obra, máquinas, meio ambiente,
medidas.
O uso dos 6M pode ajudar a identificar as causas de um problema e servir como uma
estrutura inicial para facilitar o raciocínio na análise deste.
2 Caracterização da empresa
A empresa TELÓ (nome fictício) está localizada no Distrito Industrial II - Manaus – AM,
é bem-sucedida no mercado de metal mecânica do polo de duas rodas, esse sucesso é o
resultado de um trabalho sério, de muita dedicação e comprometimento de todos os seus
colaboradores. Porém, o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro e por isso a
empresa precisa estar continuamente melhorando sua atuação para garantir o êxito do seu
trabalho. O negócio da empresa é o fornecimento de peças para a maior montadora de motos
do Brasil, garantindo empregos e desenvolvimento para a cidade de Manaus.
3 Metodologia
A metodologia tem relação direta com os objetivos propostos. Para Marconi e Lakatos
(2010 p. 65):
O método é conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança
e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões dos
cientistas.
Lakatos e Marconi (2010) destacam que ―a pesquisa bibliográfica, ou de fontes
secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo
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desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico e etc‖.
A pesquisa enquadra-se como bibliográfica, pois é através do levantamento do
referencial teórico que o estudo é embasado, colocando o pesquisador em contato com os
materiais disponíveis sobre o tema escolhido, sendo estes através de material escrito, dito ou
filmado. (LAKATOS e MARCONI, 2010).
3.1 Procedimentos metodológicos
3.1.1 Análise documental
Para Marconi e Lakatos (2010 p. 157), ―a característica da pesquisa documental é a
fonte de coleta de dados e está restrita aos documentos, escritos ou não, constituindo o que se
denomina de fontes primárias‖.
O fluxograma foi utilizado para o melhor entendimento das etapas de fabricação de
uma peça em uma linha de produção, na qual se tem uma visão macro de todo processo da
peça, desde a matéria-prima até o produto final.
Abaixo está descrito o processo que a peça ―Pedal de Freio‖ sofre, em todas as suas
etapas, nos retângulos em amarelo é indicado à matéria-prima ou componente, os em azuis
indicam os subconjuntos provenientes da matéria-prima, e em verde indica o número da peça
que deu origem a esse artigo.
Figura 1: Processo do pedal de freio
Figura 1: Fluxograma do processo – Pedal de freio. Fonte: Fornecido pela empresa.
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3.1.2 Observação direta
De acordo com Marconi e Lakatos (2010, p.173) ―a observação é uma técnica de coletas de
dados para conseguir informações e utilizar os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade‖.
Para uma melhor representatividade do processo, ―chão de fábrica‖, foi usado o diagrama
de fluxo de trabalho, para rastrear e checar onde é o gargalo que a peça sofre, fazendo com que a
sua ineficiência no processo consiga atingir 25%.
No diagrama a seguir estão expostas todas as etapas operacionais que a peça passa, abaixo
será descrito o que cada operador faz, em cada estágio para um melhor entendimento do processo.
Nº 1: Existe um soldador e um ajudante de produção: Processo de soldar os componentes:
Alavanca (figura 3), engate da mola (figura 4) e bucha (figura 5);
Figura 1: Alavanca. Fonte: Fornecido pela empresa.
Figura 4: Engate da mola
Figura 5: Bucha
Figura 3: Alavanca
Figura 2: Diagrama de fluxo de trabalho do pedal de freio
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Nº 2 e 3: Processo de curvar o tubo (figura 6);
Nº 4: Processo de calibração do tubo, já curvado;
Nº 5: Processo de recortar a ponta do tubo;
Nº 6: Processo de soldar o tubo (figura 6) com o subconjunto da etapa n° 1;
Nº 7: Processo de calibrar a bucha (figura 5), do subconjunto da etapa nº 6;
Nº 8: Existe um soldador e um ajudante de produção: Processo de soldar o subconjunto da
etapa nº 7 com o engate da luz do freio (figura 7), mais a sapata (figura 8);
Nº 9: Processo de lixamento dos locais de aplicação de solda;
Nº 10: Retirada dos respingos de solda;
Figura 1: Alavanca
Figura 1: Alavanca
Figura 6: Tubo
Figura 7: Engate da luz do freio Figura 8: Sapata
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Nº11: Processo de inspecionar o pedal.
A observação auxilia o pesquisador na identificação e na obtenção de provas para alcance
dos objetivos propostos. Para obtenção nessa identificação e obtenção de provas foi realizado em
toda a linha do pedal de freio na parte da solda, o estudo de tempos e métodos para verificar o
ponto de menor produtividade da linha, ou seja, o gargalo.
Essa análise foi feita através de cronometragens, avaliações de ritmo de trabalho,
determinação de carga homem-máquina, ou seja, a saturação dos operadores, avaliação de fadiga
de trabalho, cálculo do tempo padrão, análise crítica nos postos de trabalho em máquinas e
dispositivos, avaliação ergonômica, redução de setup, aperfeiçoamento do lay out da linha de
produção, determinação do melhor método de trabalho, o de maior eficiência, padronização da
sequência de trabalho e por fim o takt time (Tempo de Ciclo) e coligação de postos de trabalho
para o balanceamento da linha no que se refere a sua capacidade produtiva.
Para o arquivo desses dados existe a planilha: Relatório de tempos e métodos, onde todas
as cronometragens são anotadas, e todos os tempos calculados.
Figura 10: Frente da planilha - Estudo de tempos e métodos
Figura 9: Pedal de Freio – Peça completa
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Figura 11: Verso da planilha - Estudo de tempos e métodos
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Proposta da solução
A adoção dessa problemática aconteceu em decorrência da empresa ter em sua linha de
produção o modelo 3X (Itens: cavalete lateral, suporte do motor, suporte de apoio e pedal de
freio) que sofrerá um aumento de 25% na demanda de entrega para seu cliente, para saber
qual ―rumo‖ tomar, foi feito um estudo de tempo em todas as etapas do processo de produção
do modelo 3X para verificar a capacidade produtiva da linha e se o processo atual atenderia
ao aumento da demanda solicitada.
A seguir o estudo de tempo efetuado em todos os itens supracitados, que foram
transformados em gráfico para melhor entendimento.
A linha em amarelo significa o número mínimo em peças por hora para atender a nova
demanda de produção.
Gráfico 1: Estudo de tempo – Cavalete
lateral. Fonte: Próprio autor.
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Gráfico 2: Estudo de tempo – Cavalete
lateral. Fonte: Próprio autor.
Gráfico 2: Estudo de tempo – Suporte do motor
Gráfico 3: Estudo de tempo – Suporte de Apoio
Gráfico 4: Estudo de tempo – Pedal de freio.
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De acordo com o estudo de tempo o único item que não atenderia a demanda
solicitada pelo cliente, seria o pedal de freio, por conta de um gargalo existente na 8ª etapa do
processo produtivo. Assim, a TELÓ teve que decidir se faria hora extra ou faria melhoria em
seu processo, a fim de aumentar a produção do pedal de freio. Seriam horas extras todos os
dias com no mínimo 3 horas diária, para atender a nova demanda. Analisando o valor de hora
extra, a M.O. ficaria em torno de R$ 1.500,00 por mês, mais transporte e alimentação.
Sabendo que esse aumento seria por tempo indeterminado, a empresa decidiu verificar a
possibilidade de fazer melhoria no processo onde apresenta o gargalo.
Foi feito uma análise na 8ª etapa do processo de produção do pedal de freio para
entender o que ocorria: A quantidade de peças que entra na 8º etapa do processo de produção
é maior do que a quantidade de peças que saem para a próxima etapa, caracterizando assim
um gargalo no andamento do processo.
A identificação da causa raiz do gargalo só foi possível com o uso de uma das
ferramentas de qualidade mais usadas no meio das indústrias o Diagrama de Ishikawa:
Figura 12: Diagrama de Ishikawa – Pedal de freio
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O Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta poderosa para a identificação dos
direcionadores que potencialmente causam os efeitos indesejáveis, esses direcionadores por
sua vez, também podem ser eles originados por outras causas-raízes (POSSI, 2006).
Com a identificação da causa raiz, foi realizada uma nova análise para verificar o
porquê havia baixa produtividade nas bancadas, e foi constatado que o dispositivo de solda
era o causador de tal gargalo, pois o processo atual é de bancada giratória que consiste em: O
ajudante de produção monta o subconjunto da etapa anterior mais o engate da luz do freio no
dispositivo de solda do 1º estágio, gira a bancada para o soldador então soldar, enquanto o
soldador está soldando o 1º estágio o ajudante monta o subconjunto obtido no 1º estágio mais
a sapata, gira a bancada para soldar o 2º estágio, obtendo assim uma peça, nessa concepção a
cada dois giros sai uma peça pronta.
Figura 14: Dispositivo sem melhoria – 1º estágio Figura 15: Dispositivo sem melhoria – 2º estágio
Figura 13: Representação da 8ª etapa
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Foi verificado que para eliminar o gargalo por completo, teria que haver um aumento de
25% da produção do pedal de freio na 8º etapa do processo de produção, ou seja, 243 peças
por hora, assim elimina o gargalo e atende a nova demanda de produção.
A solução dar-se através da divisão em três etapas de implementação de melhorias no
dispositivo de solda:
Primeira etapa de implementação: Implementar no dispositivo atual um engate
pneumático facilitando o avanço e o recuo de fixação da peça.
Após a instalação dos engates pneumáticos nos dispositivos de solda, foi efetuado o
tryout para realizar o estudo de tempo para verificar a quantidade de peças por hora, e o
mesmo foi transformado em gráfico para melhor visualização.
Gráfico 5: Processo após a primeira etapa de implementação.
Fonte: Próprio autor.
Com os engates e giros nos dispositivos foi obtido um melhor rendimento no andamento
do processo, porém não foi alcançada a quantidade de peças por hora necessária para atender
a nova demanda de produção, uma vez que após a melhoria, a quantidade de peças que saiam
da 8ª etapa do processo atingiu a marca de 190 peças por hora.
Segunda etapa de implementação: Implementar no dispositivo ângulo vertical com
movimentos giratórios.
Após a instalação do ângulo para movimentação na vertical no dispositivo de solda, foi
efetuado o tryout para realizar o estudo de tempo, e o mesmo foi transformado em gráfico
para melhor visualização.
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Com a implementação da segunda etapa de melhoria foi obtido uma melhora
considerável no número de peças produzidas, atingindo a marca de 215 peças por hora, porém
não atenderia a nova demanda de produção e nem eliminaria o gargalo.
Terceira etapa de implementação: Nesta etapa foi confeccionado um novo dispositivo
de solda unificando a primeira e a segunda etapa de implementação, engates pneumáticos e
giros na vertical.
Após a confecção dos dois novos dispositivos de solda, foi efetuado o tryout para
realizar o estudo de tempo, e o mesmo foi transformado em gráfico para melhor visualização.
Gráfico 6: Processo após a segunda etapa de implementação
Gráfico 7: Processo após a terceira etapa de implementação
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Com a terceira etapa de implementação o processo continua o mesmo a diferença é que
a cada giro da bancada sai uma peça pronta, o objetivo foi alcançado, e superado, havendo um
aumento de 35% na produção do pedal de freio, agora a linha atende a nova demanda de
entrega e consequentemente elimina o gargalo existente na 8ª etapa do processo de produção,
passando de 183 para 280 peças por hora.
5 Planejamento da solução
Chiavenato (2011, p. 138) entende que "planejar é definir os objetivos e escolher o
melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento define onde se quer chegar, o que
deve ser feito, quando, como e em que sequência".
Para a implantação da solução deste artigo, foi elaborada uma tabela de atividades
(abaixo) a serem implantadas, na qual consta o custo e o tempo para cada atividade e o seu
público-alvo, tendo em vista o alcance do objetivo geral, cuja finalidade é a melhoria de
processo.
Figura 16: Dispositivo com as melhorias
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Através da tabela de atividades e do cronograma apresentados, é possível, dessa
forma, visualizar e identificar melhorias de processos, seus respectivos custos e tempo de
implementação para utilizar em qualquer processo semelhante, a fim de reduzir custos por
tempo e, consequentemente, aumentar o lucro da empresa.
6 Considerações finais
Implementar um projeto afim de melhorar a produtividade de uma linha de produção
da empresa TELÓ é sem dúvida um grande desafio. O trabalho é árduo e deve haver
comprometimento tanto por parte da empresa como de todos os envolvidos diretamente ou
indiretamente na melhoria.
Na linha de produção do pedal de freio havia um gargalo e isso estava afetando
diretamente na produtividade, sabendo disso, foi constatado que na 8ª etapa da linha de
produção havia uma não produtividade de 25% em relação as demais etapas do processo, as
pessoas responsáveis pela produção dessa peça e a empresa foram desafiadas a aumentar a
produção para atender a uma nova demanda de pedido solicitada pelo cliente. Para que o
objetivo fosse alcançado, se fez uso de importantes ferramentas da qualidade e planejamento,
observando a causa potencial que estava afetando a produção na 8ª etapa.
Tabela 2: Tabela de atividades – Com custo
Tabela 3: Cronograma de implementação
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Diagnosticar a problemática é essencial em um processo de implementação, seja ela
em qual área for, na indústria não é diferente. Após o uso das ferramentas corretas se
descobriu a causa da baixa produção e, foi possível elaborar um projeto de intervenção para
maximizar a produção do pedal de freio, foi preciso três etapas para que o objetivo do
aumento de 25% da produção fosse alcançado, porém, após estudos de capabilidade obteve-se
como resultado final um aumento de 35% na 8º etapa, assim superando as expectativas do
projeto e atendendo a nova demanda de produção e eliminando o gargalo.
Contudo, o alcance do objetivo só foi possível com o empenho e dedicação dos
colaboradores e o incentivo dado pela empresa. A busca por melhores processos, qualidade,
eficiência e racionalização do trabalho deve ser constante, somente assim será possível existir
empresas fortes, com boa margem de geração de empregos e preocupadas com o
desenvolvimento socioambiental da região.
REFERÊNCIAS
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qualidade no processo de execução de armaduras para estruturas de concreto armado
na construção civil. In Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 29, Salvador, Bahia:
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POSSI, Marcus. Gerenciamento de projetos guia profissional: Volume 3: Fundamentos
técnicos. 3ª ed. Rio de Janeiro. Brasport, 2006.
RAMOS, F. R. Integração entre Portal e Sistema: um estudo de caso na Communik. 80
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— CAD 5236, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração
da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2006.
SANTOS, Gisele do Rocio Cordeiro Mugnol. Orientações e dicas práticas para trabalhos
acadêmicos. Curitiba: Ibpex, 2007.