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Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL INTELECTUAL: UMA ABORDAGEM EM BANCOS BRASILEIROS Sergio de Jesus São Paulo 2011

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Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL INTELECTUAL: UMA ABORDAGEM EM BANCOS

BRASILEIROS

Sergio de Jesus

São Paulo

2011

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Sergio de Jesus

GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL INTELECTUAL: UMA ABORDAGEM EM BANCOS

BRASILEIROS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie para a obtenção do título de Mestre em Controladoria Empresarial.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Thereza Pompa Antunes

São Paulo 2011

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Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Professor Dr. Pedro Ronzelli Junior

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Professora Dra. Sandra Maria Dotto Stump

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Professor Dr. Moisés Ari Zilber

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Professora Dra. Maria Thereza Pompa Antunes

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J58 Jesus, Sergio de Gerenciamento de risco de crédito e capital intelectual: uma abordagem em bancos

brasileiros/ Sergio de Jesus– 2011. 140 f.: il.; 30 cm

Mestrado Profissional (Dissertação de Mestrado)- Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011.

Orientação: Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes Bibliografia: f. 135-140

1. Gerenciamento de Risco de Crédito 2.Capital Intelectual 3.Instituições Financeiras Bancárias 4.Gestão de Riscos 5.Ativos Intangíveis. Título.

CDD 658.15

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“O homem não é a soma do que ele tem, mas a totalidade do que

ainda não tem, do que poderia ter.” Jean Paul Sartre

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Dedico este trabalho aos grandes amores da minha vida, minha esposa Helen e meus filhos Gustavo e Vinícius, que sempre me apoiaram e motivaram nesse projeto pessoal, além da compreensão pela grande ausência e pelo incentivo nas horas difíceis.

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Agradeço a Deus por tudo em minha vida; a minha orientadora, Profª. Drª. Maria Thereza Pompa Antunes, pelo apoio, conhecimento e sabedoria compartilhados; aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial da Universidade Presbiteriana Mackenzie; aos Professores Drs. Octavio Ribeiro Mendonça Neto e Armando Lourenzo Moreira Junior pelas sugestões e comentários no exame de qualificação.

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RESUMO

O processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos é uma atividade de extrema importância para a correta identificação dos riscos inerentes à atividade bancária de emprestar recursos financeiros a terceiros. Dessa forma, os gestores dos bancos precisam estar atentos às melhores práticas de mercado e ter em mãos processos eficientes para a tempestiva e correta identificação dos riscos de crédito de sua carteira de empréstimos e agir de maneira adequada para minimizar suas possíveis perdas. Mundialmente, o processo de gerenciamento de risco de crédito passa por significativas mudanças de forma a melhorar a mensuração de riscos por parte dos bancos, devido ao novo acordo de capitais da Basileia II. Segundo este novo acordo, os bancos podem construir e utilizar modelos próprios de gerenciamento de riscos de crédito com a inclusão de informações financeiras e não financeiras. Atualmente, estudos demonstram a importância dos ativos intangíveis das empresas, inclusive os relacionados ao Capital Intelectual, por sua capacidade de geração de valor e de fluxos de caixas futuros para as empresas. Porém, em função da difícil identificação e mensuração desses ativos, os processos atuais de gerenciamento de risco de crédito não incluem esses ativos em suas análises. Sendo assim, esse estudo buscou conhecer a estrutura atual dos modelos de gerenciamento de risco de crédito de bancos brasileiros, pela ótica do novo acordo de capitais da Basileia II, de forma a se verificar a possibilidade de se contemplar os ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nesses modelos. Também foi escopo do trabalho sugerir uma proposta de aperfeiçoamento do processo do Banco Titânio (nome fictício), com a identificação, mensuração e inclusão desses ativos no processo de gerenciamento de risco de crédito do banco. A pesquisa é descritiva e exploratória e foi conduzida em duas fases: Na primeira fase, a coleta de dados foi efetuada por meio de questionário eletrônico enviado para oito bancos brasileiros, sendo que os dados foram tratados por análises descritivas e análises de conteúdo. Na segunda fase da pesquisa, foi efetuada uma análise de caso com o Banco Titânio, sendo que os dados foram tratados por meio da verificação “in loco” dos processos atuais do banco. Os resultados demonstraram que os ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual são vistos pelos gestores dos bancos como informações importantes para o processo de gerenciamento de risco de crédito, porém por não existir uma forma sistematizada para sua inclusão nos modelos, esses ativos ainda não são contemplados nos processos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos que compuseram a amostra; sendo assim, foi proposta uma sistemática para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos com a inclusão desses ativos. Palavras-Chave: Gerenciamento de Risco de Crédito; Capital Intelectual; Instituições Financeiras Bancárias, Gestão de Riscos, Ativos Intangíveis.

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ABSTRACT

The process of credit risk management of banks is an extremely important activity for the correct identification of the risks inherent in banking to lend funds to third parties. Thus, bank’s managers should be alert to best market practices and efficient processes for the timely and accurate identification of credit risks in its loan portfolio and act appropriately to minimize their potential losses. Worldwide, the process of credit risk management has changed to improve the measurement of risks by banks through the new agreement of Capitals - Basel II. Through this new agreement the banks can build and use their own models of credit risk management, with the inclusion of financial and nonfinancial information. Currently, studies demonstrate the importance of intangible assets of enterprises, including those related to intellectual capital, for its ability to generate value and future cash flows for companies. However, due to the difficult identification and measurement of these assets, the current processes for credit risk management still do not include these assets (Intellectual Capital) into their risk analysis. Thus, this study investigates the structure of current models of credit risk management of Brazilian banks, from the Basel II’s perspective, to see the possibility to contemplate the intangible assets related to intellectual capital in these models. It was also a scope of the research, a proposal for improving the process of Banco Titânio (unreal name), through the identification, measurement and inclusion of such assets in the process of credit risk management of the bank. The research is exploratory and descriptive and it was conducted in two phases: Initially, the data collection was conducted through an electronic research sent to eight Brazilian banks, and the data were processed by descriptive analysis and content analysis. In the second phase, the research was conducted like a case analysis with the Banco Titânio, and the data were processed through the verification “in loco” of the current processes of the bank. The results showed that intangible assets related to Intellectual Capital are viewed by managers of banks as important informations to the process of managing credit risk, but because there is no systematic way for its inclusion in the models, these assets still are not included in the processes of credit risk management of Banks that formed the sample; therefore, we proposed a systematic way to improve the management models of banks' credit risk with the inclusion of these assets. Keywords: Credit Risk Management; Intellectual Capital; Banking Financial Institution, Risk Management, Intangible Assets.

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SUMÁRIO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO...............................................................................................13

1.1 Contextualização do Tema.............................................................................................13

1.2 Questão de Pesquisa.......................................................................................................16

1.3 Objetivo Geral................................................................................................................16

1.4 Objetivos Específicos.....................................................................................................17

1.5 Justificativas e Contribuições.........................................................................................17

CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................20

2.1 Intermediação Financeira, Crédito e Gerenciamento de Risco de Crédito....................20

2.2 Informação Contábil.......................................................................................................47

2.3 Capital Intelectual...........................................................................................................50

CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................64

3.1 Tipo de Pesquisa.............................................................................................................64

3.2 Método de Pesquisa........................................................................................................65

3.3 População e Amostra......................................................................................................65

3.4 Procedimentos de Coleta de Dados: instrumento e técnica...........................................66

3.4.1 Primeira fase da coleta de dados: objetivos específicos 1 e 2..................................66

3.4.2 Segunda fase da coleta de dados: objetivo específico 3...........................................72

3.5 Procedimentos de Tratamento de Dados........................................................................72

3.6 Desenho da Pesquisa......................................................................................................73

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................75

4.1 Resultados das respostas dos questionários com Diretores e Gerentes dos bancos.......75

4.2 Proposta de aperfeiçoamento do modelo de gerenciamento de risco de crédito do Banco

Titânio (nome fictício)........................................................................................................113

CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................130

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA...................................................135

APÊNDICES

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LISTA DE FIGURAS

1. Função intermediadora dos bancos................................................................................22 2. Comportamento da taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito

diferenciados e seus impactos para os bancos...............................................................32 3. Esquema do processo de geração do Capital Intelectual...............................................59 4. Desenho da Pesquisa......................................................................................................73 5. Ferramentas utilizadas pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito............89 6. Principais ativos intangíveis considerados pelos bancos como mais importante para o

processo de gerenciamento de risco de crédito...........................................................100 7. Segmento de negócio onde deveriam ser tratadas as informações de Ativos Intangíveis

e de Capital Intelectual das empresas..........................................................................110 8. Essência de um modelo de gerenciamento de risco de crédito....................................118 9. Formas de mensuração de riscos no banco Titânio.....................................................118 10. Técnica Credit scoring - Banco Titânio......................................................................120 11. Técnica de Análise Julgamental – Banco Titânio.......................................................121 12. Possíveis correlações entre a nova variável e as PD’s dos clientes............................122 13. Fluxo do processo de inclusão de novas variáveis – Credit Scoring..........................123 14. Processo final de inclusão de variáveis de ativos intangíveis relacionados ao Capital

Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio – análise julgamental......................................................................................................127

15. Técnica de Análise Julgamental ajustada...................................................................128

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LISTA DE QUADROS

1. Resumo da estrutura proposta para o Novo Acordo de Capitais da Basileia – Basileia II de acordo com o BIS.....................................................................................................46

2. Características das sociedades industrial e do conhecimento........................................52 3. Classificação do Capital Intelectual segundo Brooking................................................56 4. Classificação do Capital Intelectual segundo Edvinsson e Malone...............................57 5. Classificação do Capital Intelectual segundo Sveiby....................................................57 6. Classificação do goodwill, segundo Coyngton..............................................................62 7. Classificação do goodwill, segundo Paton e Paton........................................................62 8. Caracterização do respondente......................................................................................67 9. Bloco A - Estrutura atual dos modelos de gestão de riscos de crédito dos

bancos............................................................................................................................68 10. Bloco B – Relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos de gestão de

riscos de crédito dos bancos..........................................................................................69 11. Bloco C – Relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos modelos de gestão de

riscos de crédito dos bancos..........................................................................................70 12. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos que levam os

bancos a utilizarem informações não financeiras em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.........................................................................................................82

13. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre quais são as principais informações não financeiras utilizadas pelos bancos em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.................................................................................84

14. Informações não financeiras importantes e suas relações com as definições de Capital Intelectual segundo Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby.....................................86

15. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre onde são obtidas as principais informações (financeiras e não financeiras) das empresas para o banco incluir em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito....................................87

16. Finalidade de cada ferramenta no processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos............................................................................................................................90

17. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos se as informações dos ativos intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações Contábeis são utilizadas pelos bancos em seus processos de gerenciamento de risco de crédito e onde essas informações são obtidas...........................................................................................................................98

18. Ativos intangíveis importantes e suas relações com as definições de Capital Intelectual segundo Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby......................................................101

19. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes se os bancos mensuram e avaliam algum item sobre Capital Intelectual de uma empresa para inseri-lo nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito? Em caso afirmativo, como é feito esse processo?....................107

20. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos de não utilização do Capital Intelectual nos processos atuais de gerenciamento de risco de crédito..........................................................................................................................109

21. Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre o atual estágio de utilização dos Ativos Intangíveis e do Capital Intelectual nos modelos de Gerenciamento de riscos de crédito dos bancos..........................................................111

22. Principais ativos de Capital Intelectual obtidos na pesquisa com os bancos e sugestões de formas de avaliação e pontuação para o processo de gerenciamento de risco de crédito – Banco Titânio...............................................................................................125

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LISTA DE TABELAS

1. Representatividade da amostra frente à população – bancos.........................................66 2. Bancos e cargo dos respondentes...................................................................................75 3. Perfil dos respondentes quanto à área de atuação..........................................................76 4. Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação em suas áreas.............................76 5. Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação no banco.....................................76 6. Perfil dos respondentes quanto à idade..........................................................................77 7. Perfil dos respondentes quanto à Escolaridade..............................................................78 8. Perfil dos respondentes quanto à formação na Graduação............................................78 9. Perfil dos respondentes quanto à formação na Pós-Graduação.....................................79 10. Adoção das regulamentações de Basileia II pelos bancos.............................................80 11. Metodologia utilizada pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito.............80 12. Tipo de metodologia IRB utilizada pelos bancos..........................................................81 13. Modelos internos antes de Basileia II............................................................................81 14. Tipo de Informação utilizada pelos bancos...................................................................82 15. Incorporação das informações não financeiras nos modelos de gerenciamento de risco

de crédito dos bancos....................................................................................................89 16. Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Diretores..............92 17. Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Gerentes...............93 18. Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Diretores...............95 19. Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Gerentes...............96 20. Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Diretores.............104 21. Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Gerentes.............104

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do Tema

Atualmente mitigar exposição a riscos tem sido uma atividade muito praticada pelas

empresas, visto que o processo de gestão de riscos corporativos se faz necessário para não se

incorrer em perdas financeiras futuras.

Pode-se observar os efeitos maléficos de uma gestão de riscos ineficiente quando se

considera a crise financeira desencadeada no final de 2008, e que se estendeu durante o ano de

2009, denominada “crise dos subprimes”. Esta crise financeira foi desencadeada a partir da

quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos

hipotecários de alto risco que não foram honrados pelos tomadores dos empréstimos. Este fato

pode ter levado vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente

sobre as bolsas de valores de todo o mundo. Uma possível explicação para esse fato pode ser

a inexistência de processos eficientes de gerenciamento de riscos para evitar tais perdas, além

de eventuais comportamentos disfuncionais dos gestores.

Em linhas gerais, o gerenciamento de riscos tem por missão mitigar os riscos de

determinada empresa, segmento, atividades etc. (KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25).

Por meio de uma gestão de riscos eficaz as empresas podem elaborar modelos de predição de

perdas futuras, agindo no sentido de minimizá-las. Nos dias atuais, as empresas tendem a

assumir mais riscos em virtude da intensa competitividade, logo a implementação de um

efetivo gerenciamento de risco se faz necessária, principalmente no caso dos bancos, pois

esses utilizam fortemente recursos de terceiros em suas atividades e os empresta para outras

pessoas, com o objetivo de ganhar pela intermediação da operação, o que consiste em sua

principal fonte de renda (SILVA, 2000, p.31).

No campo da gestão de riscos, a gestão de riscos de crédito tem sido objeto de

interesse para o mercado financeiro e, também, para a comunidade acadêmica, principalmente

devido à evolução das técnicas de mensuração e gerenciamento de riscos de crédito que vêm

se desenvolvendo nos últimos anos (BRITO e NETO, 2008, p.263).

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Mundialmente o assunto gestão de riscos para bancos é tratado pelo Novo Acordo de

Capitais – Basileia II, que tem o objetivo de melhorar a gestão de riscos dos bancos

fundamentando-se em três pilares: 1) Necessidades mínimas de Capital; 2) Processo de exame

da fiscalização; e 3) Disciplina de mercado. Destaca-se que no Pilar 1 tem-se a descrição dos

padrões a serem seguidos para a avaliação de riscos de crédito pelos bancos (SEGRETI e

LIMA, 2004, p.1; DOBIJA e ROSOLINSKA, 2010, p.4).

No Brasil, a supervisão dos bancos é realizada pelo Banco Central do Brasil (BACEN)

o qual determina que no processo de gerenciamento de risco de crédito para o segmento

bancário deve-se implementar estruturas de gerenciamento de riscos de crédito compatível

com a natureza de suas operações e a complexidade dos produtos e serviços oferecidos, sendo

que essa estrutura deve permitir a identificação, a mensuração, o controle e a mitigação dos

riscos associados à instituição com a utilização de sistemas, rotinas e procedimentos

(BACEN, 2009).

Atualmente, não existem modelos padronizados para avaliação dos riscos de crédito

(KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25) e, portanto, os bancos definem a melhor maneira

de realizar o gerenciamento desses riscos. Porém, é de se questionar quais informações de

natureza qualitativas e subjetivas são contempladas nos modelos de gerenciamento de riscos

de crédito desenvolvidos pelos bancos, visto que os modelos atuais de avaliação de riscos de

crédito são fortemente focados na utilização de informações quantitativas e financeiras,

evitando-se ou desprezando-se, em muitas vezes, as informações não financeiras das

empresas. Segundo Kalapodas e Thomson (2005, p.26), mesmo com a utilização de

metodologia julgamental para avaliação de riscos de crédito, os aspectos analisados por meio

dessa técnica são: demonstrações de lucratividade, liquidez, fluxo de caixa, alavancagem,

estrutura de capital e projeções financeiras. Assim sendo, percebe-se, claramente, que se

referem a aspectos financeiros encontrados nas demonstrações contábeis das empresas.

Até o ano de 2008, os sistemas contábeis raramente reconheciam os ativos intangíveis

das empresas (GUIMÓN, 2005, p.28; ANTUNES e LEITE, 2008, p.34), e dentre esses ativos,

aqueles que se referem ao Capital Intelectual. Com o advento da Lei 11.638/07 houve uma

evolução importante para a contabilidade no tocante à questão dos ativos intangíveis e de

alguns elementos que caracterizam o Capital Intelectual, porém ainda não suficiente para que

essas informações permitam uma avaliação mais adequada dos riscos de crédito por parte dos

bancos. De acordo com Antunes (2004, p.197), Capital Intelectual é o conjunto de

conhecimento que a empresa possui proveniente das pessoas que, por meio das suas

competências e habilidades, materializam-no em novas tecnologias, processos e

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produtos/serviços com a finalidade de atingir objetivos estratégicos, sendo necessária,

entretanto, a sua adequação à estratégia da empresa. Para a referida autora, o elemento

humano é o gerador dos demais ativos seja tangíveis, seja intangíveis e, por sua vez, é

também um ativo, ou seja, é compreendido tanto como recurso (insumo), quanto como

produto de per si.

Notadamente, a questão dos ativos intangíveis é secular para a Contabilidade e a

complexidade que abrange este tema refere-se, principalmente, à dificuldade de seu

reconhecimento, registro e evidenciação por parte da Contabilidade Financeira. Isso se deve

ao fato de a Contabilidade Financeira estar atrelada às Normas Contábeis que balizam a sua

aplicação (ANTUNES, 2004) e essa realidade restringe a aceitação de vários itens como

elementos componentes do ativo, fazendo surgir à figura do Goodwill (MARTINS, 1972).

A Lei 11.638/07 trouxe uma evolução importante para a contabilidade no tocante à

questão dos ativos intangíveis, pois criou a conta Ativos Intangíveis no grupo do ativo no

Balanço Patrimonial. Nesse sentido, em 2008, o CPC (Comitê de Pronunciamentos

Contábeis) emitiu o Pronunciamento Técnico 04 (CPC-04), baseado no International

Accounting Standard 38

Com o passar dos anos, as exigências do mercado em relação à evidenciação dos

intangíveis foram aumentando devido, dentre outros fatores, ao aumento da importância

relativa que os ativos intangíveis passaram a representar em relação ao ativo total das

empresas, de uma forma geral. Essa realidade conduz a uma assimetria de informações entre

as empresas e os usuários das informações contábeis o que prejudica, sobremaneira, a

avaliação dessas empresas.

(IAS-38), para regulamentar especificamente o tratamento a ser dado

aos Ativos Intangíveis. De acordo com o CPC-04 (2008, item 1, p. 3) os Ativos Intangíveis

são representados por ativo não-monetário, identificável e sem substância física. Em linhas

gerais, este Pronunciamento determina que a identificação do Ativo Intangível somente lhe é

permitida se o mesmo for separável e resultar de direitos contratuais ou de outros direitos

legais. Dessa forma, o reconhecimento se dá somente quando for provável que os benefícios

econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade e o

custo do ativo possa ser mensurado com segurança (SAIKI, 2009). Sendo assim, pode-se

verificar que a Lei 11.638/07 ainda restringe o reconhecimento de certos ativos intangíveis na

contabilidade, notadamente aqueles gerados internamente e que resultam no Capital

Intelectual das organizações. Porém, de acordo com Saiki (2009), a citada Lei abriu uma

oportunidade para que os assuntos sobre ativos intangíveis evoluam para que mais ativos

intangíveis sejam identificados e registrados pelos sistemas contábeis.

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Nesse sentido, Antunes (2004, p. 257) considera que, na realidade empresarial atual,

todos os esforços em relação ao tema Capital Intelectual e aos Ativos Intangíveis devem ser

dirigidos para a Contabilidade Gerencial e que estudos, no sentido de identificar, mensurar e

registrar esses investimentos e contemplá-los nos sistemas de informação gerenciais das

organizações, devem ser priorizados.

Tendo em vista esses aspectos, é de se questionar por que não se incluir a avaliação

dos ativos relacionados ao Capital Intelectual nos processos de gerenciamento de risco de

crédito, caso esses ativos sejam considerados relevantes pela área de riscos dos bancos, por

meio de procedimentos para seu reconhecimento, mensuração e avaliação.

Assim sendo, este estudo aborda o tema Ativo Intangível, sob o enfoque do conceito

de Capital Intelectual, de forma a se avaliar a possibilidade de tais intangíveis serem

contemplados nos modelos de gerenciamento de risco de crédito e concessão de recursos às

empresas por bancos brasileiros.

Considerando-se que pelo Novo Acordo de Capitais da Basileia II, por meio do

modelo de gestão de riscos baseado em classificações internas (IRB – Internal Ratings

Based), os bancos devem desenvolver processos eficientes para a gestão de risco de crédito

adotando critérios próprios, entende-se que a inclusão das informações relativas ao Capital

Intelectual das empresas nesses processos tornaria os modelos de gerenciamento de riscos de

crédito dos bancos mais completos, eficazes e eficientes frente à realidade das empresas no

cenário econômico atual.

1.2. Questão de Pesquisa

Para este estudo formulou-se a seguinte questão de pesquisa: como as instituições

financeiras bancárias contemplam o Capital Intelectual em seus modelos de gestão de risco de

crédito?

1.3. Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa é o de conhecer como são os processos de

gerenciamento de riscos de créditos de bancos brasileiros de forma a se identificar como são

tratadas as informações não financeiras, especificamente as relacionadas ao Capital

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Intelectual, à luz do Novo Acordo de Capitais - Basileia II, visando o aperfeiçoamento desses

processos com a introdução dessas informações.

1.4. Objetivos Específicos

Como objetivos específicos tem-se:

1. Conhecer como estão estruturados os processos de gerenciamento de riscos de crédito

das instituições financeiras bancárias da amostra em estudo, pela ótica do Novo

Acordo de Capitais da Basileia II.

2. Buscar o entendimento e a relevância de se contemplar os ativos intangíveis

relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito

de acordo com a percepção dos profissionais (diretores e gerentes) de risco dos bancos

que compõem a amostra deste estudo.

3. Propor uma sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como

Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito de bancos, para

aperfeiçoamento dos mesmos.

1.5. Justificativas e Contribuições

A justificativa para a presente pesquisa diz respeito, primeiramente, sobre a

necessidade de se aperfeiçoar os modelos de gerenciamento de riscos de crédito dos bancos

com a inclusão de maior quantidade de informações, sejam elas quantitativas, qualitativas,

financeiras e não financeiras. Nesse contexto, o Capital Intelectual assume papel de grande

relevância conforme anteriormente exposto.

Adicionalmente, a motivação para se realizar o presente estudo em bancos brasileiros

também se deve aos resultados encontrados em pesquisas já realizadas na Espanha e na

Polônia, cujos resultados são mencionados a seguir:

Atualmente as falhas de comunicação entre as empresas e os bancos sobre os ativos

intangíveis críticos que direcionam inovações e performance de negócio resultam em

uma ineficiente alocação de recursos financeiros limitados, prejudicando o

crescimento econômico (GUIMÓN 2005, p.28).

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Tradicionalmente apenas as mensurações financeiras são incorporadas nos processos

de gerenciamento de risco de crédito e o uso de informações não financeiras é limitado

(DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2).

Instituições financeiras raramente integram e utilizam ferramentas abrangentes para

avaliar o Capital Intelectual dentro de suas rotinas de trabalho, sendo que esse trabalho

vem sendo feito de maneira intuitiva e desestruturada (GUIMÓN 2005, p.33).

Alguns analistas financeiros desconhecem os impactos dos intangíveis na criação de

valor para as empresas; parte explicada pelo fato desses analistas não terem sido

treinados para fazerem esse reconhecimento e parte porque eles não possuem

ferramentas específicas para analisar os intangíveis (GUIMÓN 2005, p.33 e DOBIJA

E ROSOLINSKA, 2007, p.10).

Os analistas financeiros se consideram muito racionais e dessa forma preferem

números ao invés de informações qualitativas, pelo fato dos números serem

considerados reais e objetivos (GUIMÓN 2005, p.33).

Existência de um gap significativo entre o impacto esperado dos relatórios de Capital

Intelectual e os impactos reais, com relação ao processo de riscos de crédito

(GUIMÓN 2005, p.28).

O uso de informações não financeiras na Polônia é limitado, em se tratando de

processos de avaliação de riscos de crédito (DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2).

Analistas de crédito da Polônia entendiam como muito importantes as informações

sobre Capital Intelectual para seus trabalhos de concessão de crédito e que os modelos

atuais de gestão de riscos de crédito não permitiam o uso das informações de Capital

Intelectual em seus modelos (DOBIJA E ROSOLINSKA, 2007, p.2).

Por fim, vale ressaltar que outra motivação para este estudo partiu de uma necessidade

específica identificada pelo autor deste estudo, visto atuar há mais de 26 anos em uma

instituição financeira bancária. Assim, entende-se que o presente estudo será de grande valia

para a sua aplicação na referida instituição e, também, uma sugestão para ser adotada pelas

demais instituições financeiras bancárias.

Conforme já comentado, os bancos precisam criar/utilizar modelos mais precisos de

gerenciamento de riscos de crédito para mitigar a probabilidade de perdas financeiras em suas

operações, principalmente na concessão de crédito a terceiros. Com isso, a introdução de

elementos financeiros e não financeiros nos modelos de avaliação de riscos de crédito seria

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indicada para uma correta e mais apurada avaliação de riscos. Recursos humanos adequados e

bem treinados, novos projetos de pesquisa e desenvolvimento, investimentos em tecnologia

são alguns direcionadores de Capital Intelectual que as empresas possuem e que impulsionam

a geração de fluxos de caixas positivos futuros as mesmas.

Assim sendo, a principal contribuição deste estudo é a proposição de uma sistemática

para o gerenciamento de risco de crédito que contemple os ativos intangíveis (Capital

Intelectual) e que, portanto, aperfeiçoe os modelos já existentes. Além disso, contribuiu para

fomentar a discussão de tão relevante e complexo tema que se reveste os ativos intangíveis

para a contabilidade.

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CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Intermediação Financeira, Crédito e Gerenciamento de Risco de Crédito

• Desenvolvimento Econômico/Financeiro e Intermediação Financeira

Ao analisar-se a história do desenvolvimento econômico internacional, percebe-se

uma relação causal com o desenvolvimento financeiro. Em outras palavras, o

desenvolvimento financeiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento econômico

mundial. Nesse sentido, Andrezo e Lima (1999, p.15) afirmam que atualmente já existe uma

aceitação generalizada dos impactos positivos que um sistema financeiro desenvolvido

proporciona na economia, em termos de produtividade, acumulação de capital, aumento de

poupanças e investimentos, além do crescimento econômico como um todo.

Primeiramente, pode-se pontuar a própria importância do dinheiro para o

desenvolvimento econômico, pois por meio de sua criação eliminou-se as ineficiências do

escambo, surgimento de uma unidade de valor que facilitou a avaliação e cálculo de

transações, e um recipiente de valor que permitiu que as transações econômicas fossem

conduzidas durante longos períodos e, também, em grandes distâncias geográficas

(FERGUSON, 2009, p.28). Assim sendo, o dinheiro flexibilizou e facilitou as operações

financeiras e comerciais, traduzido num único ativo aceito por todas as pessoas.

Outro aspecto relacionado à evolução da economia mundial é o desenvolvimento do

crédito, pois por meio das operações de crédito muitos projetos foram viabilizados e

automaticamente o crescimento econômico mundial acelerou-se. Sendo assim, o crédito e o

débito estão entre os blocos essenciais da construção do desenvolvimento econômico, tão

vitais para a riqueza das nações quanto à mineração, a indústria, ou a telefonia móvel

(FERGUSON, 2009, p.34 e 64)

Os bancos assumem papel de relevância no desenvolvimento econômico, e nesse

sentido, Andrezo e Lima (1999, P.15) comentam que Schumpeter, em 1912, destacava o papel

dessas instituições no financiamento das inovações tecnológicas e que um trabalho

interessante foi realizado em 1993, por King e Levine, no qual com base em uma amostra de

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oitenta países, no período de 1960 a 1989, foi concluído que as taxas de crescimento do

período podiam ser explicadas pelo nível de desenvolvimento financeiro em 1960.

Fergusson (2009, p.20 e 64) comenta que em situações raras, tem-se uma percepção

equivocada sobre o papel dos bancos como atividades predatórias, pela cobrança de juros e

motivador da pobreza dos países. O autor considera que, na verdade, a pobreza tem mais

haver com a falta dos bancos, pois à medida que as pessoas tem acesso ao crédito elas podem

escapar das “garras” dos agiotas e exploradores, pois esses agentes sim tendem a destruir os

tomadores de recursos com a cobrança de juros abusivos e fora da realidade financeira. E

também, é por intermédio dos bancos que os poupadores deixam seus recursos para que os

bancos possam emprestar para as pessoas que necessitam, ou seja, transferir recursos do rico

ocioso para o pobre empreendedor.

Andrezo e Lima (1999, P.18), por sua vez, mencionam estudo efetuado por um

professor da Yale University, professor Hugh T. Patrick, em que o mesmo analisa e define

alguns conceitos sobre a relação entre crescimento econômico e financeiro. O primeiro

conceito é o Demand Following, onde o sistema financeiro é essencialmente passivo em

relação ao crescimento econômico. Por intermédio do crescimento econômico, o mercado

financeiro se desenvolve e se aperfeiçoa, surgindo oportunidades com maior liquidez e menor

risco, o que, por sua vez, também estimula o crescimento econômico. O segundo conceito é o

Supply Leading que consiste na criação de instituições financeiras e fornecimento de serviços

financeiros, anteriormente ao surgimento da demanda, de modo a induzir o desenvolvimento

econômico. O Supply Leading possui duas funções: transferir recursos dos setores tradicionais

para os setores modernos, e promover um estímulo nos setores modernos.

Em resumo tem-se no desenvolvimento financeiro um papel importante no

desenvolvimento econômico mundial, sendo que essa importância tem aumentado através dos

tempos, com a criação de novos mecanismos e produtos financeiros que impulsionam e

incentivam a pesquisa, desenvolvimento e produção de bens e serviços e, consequentemente,

a criação de mais postos de trabalhos, causando um ciclo de crescimento econômico.

O ambiente onde as operações financeiras acontecem é denominado mercado

financeiro. O mercado financeiro é o local onde o dinheiro é gerido, intermediado, oferecido e

procurado, por meio de canais de comunicação que se relacionam como sistemas. E mais

especificamente é no mercado de crédito onde as operações de crédito ocorrem, sendo esse

mercado composto pelo conjunto de instituições e instrumentos financeiros destinados a

possibilitar operações de prazo curto, médio, longo ou aleatório (ANDREZO e LIMA, 1999,

P.3).

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De forma geral, Banco é definido como uma instituição de crédito que tem por

finalidade a produção e a circulação dos capitais, servindo de intermediário entre as pessoas

que possuem excesso de capital com aquelas que necessitam de capital, satisfazendo as

necessidades de ambos; ou são empresas que têm por objetivo o exercício do crédito, que

pode ser efetuado com meios próprios e com meios provindos mediante uma função

eminentemente mediadora, soma de fundos de terceiros (sobretudo fundos de economias) para

empregá-los em operações desenvolvidas entre comerciantes, indústrias, agricultores etc., que

necessitam de meios financeiros (COLLI e FONTANA, 1992, p.13 e NIYAMA e GOMES,

2000, p.35).

No mercado de crédito os bancos utilizam sua função intermediadora, atuando como

sujeito ativo ou passivo nas operações realizadas. A figura 1 apresenta o esquema da função

intermediadora dos bancos. Pode-se verificar que na função de intermediação financeira, os

bancos assumem o risco das operações, e, dessa forma cobram uma taxa de juros maior do

tomador de recursos do que ele paga ao investidor de recursos, com o propósito de cobertura

ou remuneração do risco assumido. Essa diferença de taxas de juros é denominada de spread.

$ $

$ + i% $+(i+x)%

Figura 1 – Função intermediadora dos bancos

Fonte: ANDREZO e LIMA ( 1999, p.4)

Os bancos exercem uma das principais atividades para a economia de um país, sendo

fomentadora de recursos para as pessoas investirem em seus projetos. Os bancos não possuem

recursos próprios suficientes para a atividade de fomento do mercado e é por meio da

intermediação financeira que os mesmos conseguem os recursos para destiná-los a quem

necessita. Dessa forma a intermediação financeira é o grande cenário da qual a atividade de

crédito faz parte e consiste em captar dinheiro junto aos depositantes e emprestá-los para

outras pessoas que necessitam de recursos. A função de intermediação financeira é, sem

dúvida, facilitadora para a consecução dos objetivos de diversos outros segmentos da

atividade econômica (SILVA, 2000, p.26 e 48).

INVESTIDOR

BANCO

TOMADOR

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Segundo Andrezo e Lima (1999, P.11) diversas características tornam a intermediação

financeira atraente, sendo elas:

a) Economia de escala: os intermediários financeiros atuam com custos menores do que

os tomadores e operadores, pois trabalham continuamente na compra de títulos

primários;

b) divisibilidade e flexibilidade: um intermediário financeiro pode reunir as poupanças de

diversas pessoas ou entidades, de modo a aumentar a oferta de títulos indiretos com

características mais atraentes, além de proporcionar maior flexibilidade e melhores

condições ao tomador, do que se este entrasse em contato direto com diversos

poupadores;

c) diversificação das características dos instrumentos financeiros: a intermediação

financeira possibilita transformação dos montantes de capital, dos prazos de

vencimentos, alteração das taxas de juros e diluição do risco, o que permite uma

alocação mais eficiente dos recursos e mais atraente, tanto para o investidor como para

o poupador;

d) especialização e conveniência, ou seja, os intermediários financeiros são especialistas

na compra de títulos diretos, o que elimina inconvenientes da compra direta, como

conhecimento de aspectos específicos.

Considerando-se que uma das principais atividades de um banco é a intermediação

financeira, fica evidente que os bancos precisam focar seus esforços no controle e

gerenciamento dessas atividades para reduzir ao máximo sua exposição a riscos e

probabilidades de perdas financeiras.

• Conceito de Crédito

Conforme já comentado, na atividade de intermediação financeira dos bancos,

conceder “crédito” é uma das atividade que expõe os bancos a risco, pois o não recebimento

dos recursos emprestados a terceiros podem levar o banco a um estado financeiro crítico.

A palavra crédito deriva do latin credere, que significa acreditar, confiar, ou seja,

acreditar e confiar no compromisso de alguém para conosco (PAIVA, 1997, p.3). Assim

sendo, crédito é conceituado como todo ato de vontade ou disposição de alguém em ceder,

temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, normalmente na forma de recursos

financeiros, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, após

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decorrido o tempo estipulado entre as partes (SCHRICKEL, 2000, p.25 e CAOUETTE,

ALTMAN e NARAYANAN, 2000, p.1).

No âmbito das instituições bancárias, o crédito consiste em alocar à disposição do

cliente (tomador de recursos) certo valor sob a forma de empréstimos e financiamentos,

mediante uma promessa de pagamento numa data futura, com a expectativa de receber um

valor maior que o disponibilizado inicialmente, por intermédio do recebimento de juros

(SILVA, 2000, p.63).

Chaia (2003, p.10) comenta que em decorrência de inúmeras facilidades que as

operações de crédito podem introduzir na dinâmica do processo econômico, elas apresentam

importantes papéis sociais, sendo as principais: a oportunidade de as empresas aumentarem

seus níveis de atividade e o estímulo ao consumo dos indivíduos, ou seja, elevação da

demanda agregada. Outro fator importante é que o crédito usado adequadamente, tanto por

governos, quanto por empresas, como forma de gestão de consumo, continua a desempenhar

papel fundamental na economia, pelo fato de ser um instrumento provocador e facilitador das

transações de bens e serviços.

Historicamente, pode-se dizer que o crédito nasceu juntamente com as instituições

bancárias em Roma, a partir dos cambistas que se aproveitavam da diversidade de moedas

existentes na época para realizar trocas entre elas, obtendo-se sempre pequenas vantagens

nessas transações. Os cambistas normalmente ficavam em pequenos bancos nos lugares de

movimento, tais como igrejas, estabelecimentos públicos e praças. Por esse fato, esses

cambistas receberam o nome de banqueiros, que é usado até os dias atuais. Posteriormente,

essas atividades foram expandidas pela possibilidade de recebimento de depósitos em

dinheiro e a oferta de empréstimos com recursos próprios mediante a cobrança de um

acréscimo no valor futuro, ou seja, a realização de uma operação de crédito (CHAIA, 2003,

p.11).

Caouette, Altman e Narayanan (2000, p.39), comentam que os primeiros bancos da

Europa medieval agiam como um armazém para commodities fungíveis, que começaram a

considerar o que poderiam fazer com os depósitos até que seus clientes voltassem para

recuperá-los. Começaram a fazer empréstimos de curto prazo para manter o negócio. Esses

empréstimos eram feitos apenas para clientes que eram bem conhecidos, geralmente os

mesmos clientes que tinham depositado o dinheiro.

Esses bancos normalmente cobravam dos seus clientes uma tarifa para guardar seus

fundos. Não demorou muito para que os banqueiros percebessem que, emprestando o dinheiro

depositado para outras pessoas, podiam fazer dessa atividade um negócio rentável. Para atrair

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novos depositantes, começaram a pagar uma remuneração pelo aluguel de seu dinheiro, ou

seja, taxa de juros. Os banqueiros pagavam uma taxa de juros a seus depositantes e cobravam

uma taxa de juros maior dos tomadores dos recursos e lucravam a diferença.

Em vista do exposto, pode-se perceber que a atividade de crédito e o funding das

operações são bastante antigos e se mostravam operações muito importantes para a população

e para a economia da época.

• Riscos – Conceitos e Gerenciamento

As empresas estão constantemente gerenciando riscos em seus negócios para tentar

mitigá-los ao máximo, sendo que algumas conseguem obter sucesso em sua gestão e outras

não. Outras empresas aceitam passivamente exposições a riscos, sem uma ação para sua

identificação e gerenciamento e outras tentam criar uma vantagem competitiva com relação à

sua exposição a riscos. Seja qual for a forma de atuação das empresas com relação a seus

riscos, entende-se que as mesmas devem monitorar cuidadosamente esses riscos, pois esses

possuem grande potencial para causar danos financeiros.

Segundo Jorion (2001, p.3), riscos podem ser definidos como volatilidade ou

resultados inesperados, geralmente no valor de ativos, passivos ou resultados. Também pode-

se conceituar risco como sendo incerteza, imponderável, imprevisível, situando-se

necessariamente e unicamente ao futuro (SCHRICKEL, 2000, p.35). Os riscos são originados

de várias fontes, tais como: ciclos de negócios, inovação tecnológica, inflação, mudanças nas

políticas governamentais e guerras. Também podem surgir por intermédio de fenômenos

naturais, tais como enchentes ou terremotos. Os riscos e a vontade de incorrer em riscos são

essenciais para o crescimento econômico.

Jorion (2001, p.4) explica que os vários tipos de riscos a que as empresas estão

expostas podem ser classificados como riscos do negócio e riscos não relacionados aos

negócios.

Os riscos do negócio são aqueles onde as empresas voluntariamente assumem para

criar uma vantagem competitiva e adicionar valor para os acionistas. Esses riscos pertencem

ao mercado onde a empresa opera e estão relacionado a inovação tecnológica, desenho de

produtos, dentre outros.

Os demais riscos, aqueles que não estão sob controle das empresas, são denominados

riscos não relacionados aos negócios. Esses riscos incluem riscos estratégicos, que resultam

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de fundamentais mudanças na economia ou no ambiente econômico onde a empresa atua.

Como exemplo de risco não relacionado aos negócios pode-se citar que no Brasil em 1994,

após longo período de elevados níveis de inflação, o governo adotou um novo plano

econômico (Plano Real) para combate à inflação. Por meio desse plano e de um engenhoso

mecanismo econômico, a inflação inercial foi freada e reduzida bruscamente (KIMURA et al.,

2009, p.11). Também são considerados riscos não relacionados aos negócios e expropriação

ou nacionalização de ativos, pois, as empresas possuem dificuldades de se protegerem contra

esses riscos.

O principal risco a que o segmento bancário está exposto é o risco financeiro, definido

como sendo aquele relacionado com a possibilidade de perdas no mercado financeiro, ou seja,

perdas relacionadas aos movimentos das taxas de juros ou “defaults” em obrigações

financeiras, causando prejuízos monetários para os bancos expostos ao risco. Suas causas

podem ser: a flutuação ou volatilidade de preços de ativos e passivos, inadimplência na

carteira de crédito de empresas, fraudes, erros, inadequação da estrutura, ações judiciais etc.

(JORION, 2001, p.4 e KIMURA et al., 2009, p.13). O crescimento da volatilidade nas taxas

de câmbio, juros e os preços dos commodities tem criado a necessidade de novos instrumentos

financeiros e ferramentas analíticas de gerenciamento de riscos. Dessa forma, o

gerenciamento de riscos tem emergido como uma resposta para o crescimento da volatilidade

dos mercados financeiros globais. No tocante à gestão de riscos, Kimura et al.,( 2009, p.6) a

definem como sendo o processo formal adotado por uma organização para promover a efetiva

identificação, mensuração e controle das exposições assumidas.

Já o gerenciamento de riscos financeiros referem-se ao desenho e implementação de

procedimentos para controlar esse tipo de riscos (JORION, 2001, p.10). Os principais riscos

financeiros são: Risco de Mercado; Risco de Liquidez; Risco Operacional; Risco Legal; e

Risco de Crédito, resumidos a seguir:

a) Risco de Mercado

Risco de Mercado advém do potencial de perdas relacionadas à flutuação de preços de

ativos e passivos da empresa (KIMURA et al., 2009, p.15). Do mesmo modo Jorion (2001,

p.15) define risco de mercado como sendo os riscos que surgem dos movimentos no nível ou

volatilidade dos preços de mercado. Uma queda muito grande nos preços de um ativo pode

levar a perdas que, em última análise, podem afetar a capacidade de sobrevivência de uma

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empresa. Já, uma alta forte nos preços de um passivo pode fazer com que a empresa tenha

sérias dificuldades em honrar com seus compromissos assumidos.

Kimura et al.,( 2009, p.15) afirmam que o gerenciamento do risco de mercado de uma

empresa deve buscar manter o potencial de perda de ativos e passivos controlado em

montantes que a empresa possa suportar. Esses montantes, assim como as políticas vigentes

na área de gerenciamento de riscos da empresa, devem ser previamente definidos e

formalizados pela alta gestão da empresa. Uma das técnicas fundamentais de análise do risco

de mercado é o VaR ou Value at Risk, que representa a perda máxima potencial de uma

carteira, em um horizonte de tempo definido, com determinado grau de confiança.

b) Risco de Liquidez

O risco de liquidez possui duas origens. A primeira diz respeito ao risco da empresa

em não conseguir negociar um ativo pelo seu valor real, ou seja, o ativo perde sua

negociabilidade. Dessa forma as perdas ocorrem quando a empresa vende seu ativo de baixa

liquidez a valor inferior ao real. Alguns ativos possuem mercados altamente líquidos e são

negociados facilmente pelas empresas. Outros ativos não possuem essa condição e a empresa

para se desfazer do mesmo precisa abrir mão de parte do preço (deságio) (JORION, 2001,

p.18 e KIMURA et al., 2009, p.16).

A segunda diz respeito a falta de recursos disponíveis para bancar desembolsos de

curto prazo, ou seja, a empresa se vê obrigada a liquidar antecipadamente um ativo por falta

de recursos (dinheiro), realizando na venda desses ativos perdas financeiras.

Para a análise e gerenciamento do risco de liquidez as empresas devem estimar os

deságios associados à falta de negociabilidade de ativos, como também a escassez de recursos

disponíveis no mercado, além do controle das necessidades de caixa das empresas.

c) Risco Operacional

O risco operacional geralmente pode ser definido como originado de erros humanos,

tecnológicos ou acidentes. Nesta definição se inclui as fraudes, falhas na gestão e

procedimentos e controles inadequados (JORION, 2001, p.18). Da mesma forma Kimura et

al.,( 2009, p.17) afirmam que o risco operacional reflete as perdas potenciais que podem

resultar de falhas ou inadequações de processos internos, pessoas, sistemas ou de eventos

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externos. Assim, perdas ocasionadas por erros, fraudes, incompatibilidades de estruturas,

falhas nos processos operacionais da empresa, estão relacionados ao risco operacional.

Segundo Jorion (2001, p.20), a melhor proteção contra o risco operacional consiste na

redundância de sistemas, separação clara de papéis e responsabilidades (segregação de

funções), controles internos robustos e planos de contingências regulares.

d) Risco Legal

O risco legal, também denominado de risco de compliance, está relacionado à

possibilidade de perdas ocasionadas pela má formalização dos contratos (JORION, 2001, p.20

e KIMURA et al., 2009, p.18). Também pode-se conceituar risco legal como sendo o risco de

se descobrir que ativos poderão ser muito menores ou que obrigações poderão ser muito

maiores do que se esperava devido à interpretação legal, documentação incorreta ou

inadequada. Os bancos são particularmente suscetíveis a riscos legais quando entram em

novos tipos de transações e quando o direito legal de uma contraparte para entrar numa

transação não está estabelecido (BIS 2003).

O risco legal pode ser controlado e gerenciado por intermédio de políticas e

procedimentos para a adequação às normas legais, que podem ser desenvolvidas pelos

consultores jurídicos da empresa.

e) Risco de Crédito

Quando um banco disponibiliza recursos a alguém, por mais que utilize técnicas para

verificar a capacidade do tomador dos recursos em devolver o valor emprestado no prazo e

quantia inicialmente acordados, sempre há o risco do não recebimento desses recursos. A isso

denomina-se por riscos de crédito.

Risco de crédito, ou risco de default, é a possibilidade de uma contraparte em um

contrato financeiro de não cumprir com o acordado em relação a suas obrigações contratuais,

sendo que esse risco nasce do fato de que uma contraparte pode estar relutante ou

impossibilitada de realizar suas obrigações. As perdas originadas do risco de crédito podem

ocorrer antes do default atual. Obrigações, empréstimos e derivativos são itens que estão

expostos ao risco de crédito, que também incluem os riscos soberanos, que são aqueles onde

um país impõe controles cambiais que fazem com que as contrapartes fiquem impossibilitadas

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de honrar seus compromissos. Uma relação de crédito liga o credor ao devedor e estabelece

uma obrigação para o devedor efetuar um determinado pagamento ao credor em uma data

futura (BIELECKI e RUTKOWSKI, 2002, p.3; JORION, 2001, p.16; KIMURA et al., 2009,

p.16; CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN, 2000, p.1).

O Bacen (2009), define como risco de crédito a possibilidade de ocorrência de perdas

associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações

financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da

deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às

vantagens concedidas na renegociação e os custos da recuperação, e compreendem:

a) O risco de crédito da contraparte, entendido como a possibilidade de não cumprimento,

por determinada contraparte, de obrigações relativas à liquidação de operações que

envolvam a negociação de ativos financeiros;

b) o risco país, entendido como a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento

de obrigações financeiras nos termos pactuados por tomador ou contraparte localizada

fora do país, em decorrência de ações realizadas pelo governo do país onde localizado

o tomador ou contraparte, e o risco da transferência, entendido como a possibilidade

de ocorrência de entraves na conversão cambial dos valores recebidos;

c) a possibilidade de ocorrência de desembolsos para honrar avais, fianças, coobrigações,

compromissos de crédito ou outras operações de natureza semelhante; e

d) a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações financeiras

nos termos pactuados por parte intermediadora ou conivente de operações de crédito.

Um ponto importante citado por Kimura et al.,(2009, p.16) é o fato de que,

tradicionalmente, utiliza-se a análise fundamentalista de demonstrativos contábeis e

financeiros para estimar a capacidade de crédito dos tomadores de recursos. Por meio de

ratings de crédito proferidos por agências especializadas, podem ser estimadas probabilidades

de default que estimam o risco de crédito. Outro ponto importante salientado pelos autores é a

diversificação da carteira de crédito, para diluição dos riscos individuais.

O modelo mais tradicional de organização de informações sobre a possibilidade de

pagamento de um cliente é caracterizado pelas suas cinco dimensões, conhecidos como os 5

C’s do crédito: (i) Capacidade; (ii) Caráter; (iii) Capital; (iv) Condições; e (v) Colateral

(SCHRICKEL, 2000, p.47; SILVA, 2000, p.78; SHIMKO, 1999, p.149; PAIVA, 1997, p.21),

que, resumidamente, compreendem:

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Capacidade: Representada pela habilidade de honrar com os compromissos assumidos.

Considera-se que apenas a vontade de contrair compromissos não é suficiente, pois os

tomadores de recursos precisam ter capacidade comprovada de poder honrar com seus

compromissos e devolver no prazo os valores emprestados;

caráter: Representada pela avaliação dos antecedentes do possível tomador de

recursos. Na verdade a análise do caráter do indivíduo demonstrará sua honestidade,

confiança, vontade de honrar compromissos etc. Normalmente as pessoas que não

possuem bom caráter são percebidas pelo mercado e possuem dificuldades em obter

recursos financeiros;

capital: Representada pela capacidade econômica e financeira do tomador em contrair

dívidas e honrá-las. Por intermédio da análise de informações econômico-financeiras

do tomador pode-se ter uma boa ideia se o mesmo possui condições de contrair

dívidas, e por meio de suas atividades gerar fluxos de caixas futuros para honrar seus

compromissos;

condições: Representada pela verificação das condições do tomador no momento do

crédito, suas particularidades, seus ciclos de recebimentos e desembolsos etc. Muitas

vezes apenas a análise dos demonstrativos financeiros do tomador não espelha a real

condição do mesmo, em função desses demonstrativos estarem defasados e

comprometidos com eventos subsequentes a sua publicação. Outro ponto para se

refletir é se apenas analisando os demonstrativos financeiros atuais é possível ter um

completo perfil do tomador de recursos. A pergunta que fica é: As informações não

financeiras das empresas são importantes para uma correta e completa avaliação das

condições do tomador de recursos?; e

colateral: Representada pelas garantias que o tomador poderá entregar aos bancos no

caso de não conseguir honrar com seus compromissos. Essas garantias precisam ter

valor suficientes para que os bancos, no caso de possíveis defaults de tomadores de

recursos, poderem utilizar as garantias ou vendê-las para cobertura total ou parcial dos

prejuízos com a inadimplência do tomador.

Vale comentar que quando da análise por meio dos 5 C’s, os bancos avaliam uma série

de informações sobre os clientes, sendo elas informações econômico-financeiras ou

informações não financeiras, (SCHAEFFER, 2000, p.4 a 6 e SILVA, 2000, p.87 a 91).

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Por fim, ressalta-se que os riscos de crédito podem ser controlados ou reduzidos

através da adoção de políticas conservadoras de administração de crédito, adoção de modelos

de gestão de riscos sólidos, controle de limites de crédito, obtenção e controle de garantias

dos empréstimos e acompanhamento pormenorizado dos clientes (JORION, 2001, p.17 e

KIMURA et al., 2009, p.16).

• Gerenciamento de Risco de Crédito

No item anterior, verificou-se que risco de crédito é a possibilidade de uma contraparte

não honrar com suas obrigações financeiras. Dessa forma, gestão ou gerenciamento de risco

de crédito são todos os processos, modelos, atividades, controles etc. para identificar e

controlar o risco de crédito. De acordo com o Bacen (2009), a estrutura de gerenciamento de

risco de crédito deve permitir a identificação, a mensuração, o controle e a mitigação dos

riscos de crédito associados a cada instituição.

Outro ponto importante a se destacar sobre um gerenciamento de risco de crédito

eficaz é a possibilidade de aperfeiçoamento das técnicas de cobrança de juros dos clientes dos

bancos, atribuindo-se taxas de juros maiores aos clientes com maiores níveis de risco de

crédito e, consequentemente, menores taxas de juros aos clientes que apresentem riscos de

crédito menores. A Figura 2 demonstra, de forma hipotética (pois nos bancos essas

informações são tratadas de forma confidencial por serem estratégicas), o comportamento da

taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito diferenciados e seus

impactos para o banco.

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Figura 2 – comportamento da taxa de juros cobrados de clientes com níveis de risco de crédito diferenciados e seus impactos para os bancos Fonte: Elaborado pelo autor

A Figura 2 demonstra, de forma hipotética, a política de cobrança de taxa de juros de

dois bancos (A e B), dado certo nível de risco de clientes. Observa-se que no banco A, por se

ter uma forma mais apurada de mensurar o risco dos clientes, a cobrança de juros dos mesmos

é mais justa, pois esses juros são maior para os clientes com maiores níveis de risco e,

consequentemente, menores para os clientes com menores níveis de risco. Já o banco B, por

não ter uma forma tão apurada de mensuração de riscos de clientes, acaba praticamente

utilizando a mesma taxa de juros para todos os clientes.

Esse procedimento acaba trazendo problemas ao banco B, pois, o banco tende a reter

em sua carteira os “maus”clientes e, provavelmente, perder os “bons” clientes para o banco A,

que é mais justo na cobrança de juros. Esse fenômeno fará com que o banco B tenha uma

deterioração de sua carteira de empréstimos e a possibilidade do mesmo incorrer em perdas

com crédito aumentará substancialmente.

Caouette, Altman e Narayanan (2000, p.4) atribuem o nascimento da gestão de risco

de crédito a meados da década de 80, quando os Estados Unidos sofreram uma grande

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7

JUROS - RISCO ERRADO JUROS - RISCO REAL

Problema: Juros cobrados a maior dos clientes com baixo risco de crédito

Problema: Juros cobrados a menor dos clientes com maior risco de crédito

Taxa de juros

Risco

Banco A

Banco B

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inadimplência do pagamento de empréstimos bancários e bonds de empresas. Quando a

inadimplência dos junk bonds saltou para mais de 10% em 1990 e 1991, muitos observadores

de mercado acharam que tanto os mercados de junk bonds como os de empréstimos bancários

alavancados tendiam a desaparecer. O mau desempenho das carteiras de empréstimos na

década de 80 estimulou os administradores de risco de crédito a se interessarem cada vez mais

por novas técnicas. Porém, nesse período não foram observados grandes evoluções no

processo de gerenciamento de risco de crédito. De fato, o interesse por novas abordagens da

gestão de risco de crédito aumentou no período atual, onde pode-se perceber grande evolução

nos mercados de crédito, crescimentos econômicos, aumento da demanda e oferta por crédito.

Para uma efetiva gestão de risco de crédito existem técnicas de avaliação de risco de crédito

que auxiliam os bancos a gerenciar essas operações e tentar mitigar ao máximo as

possibilidades de perdas com créditos. Na sequência são abordados essas técnicas.

• Técnicas de mensuração de Risco de Crédito

As técnicas de mensuração de risco de crédito visam auxiliar os profissionais de

gestão de riscos de crédito dos bancos a identificar, controlar e mitigar a ocorrência dos riscos

e, consequentemente, perdas financeiras. De acordo com Caouette, Altman e Narayanan

(2000, p.119), as técnicas mais utilizadas no processo de gerenciamento de risco de crédito

são:

a) Econométricas: são técnicas que utilizam fortemente o auxílio de cálculos estatísticos

para se determinar a probabilidade de um evento acontecer ou não. Essas técnicas

modelam a probabilidade de inadimplência como variáveis dependente, cuja variância

é explicada por um conjunto de variáveis independentes, que podem ser razões

financeiras, indicadores econômicos, condições econômicas, dentre outras;

b) redes Neurais: são sistemas de computador que tentam imitar o funcionamento do

cérebro humano, por meio da emulação de uma rede de neurônios interligados. Essa

técnica utiliza os mesmos dados empregados nas técnicas econométricas, porém com

metodologia empregada de acerto e erro;

c) de otimização: são técnicas de programação matemática que descobrem os pesos

ideais dos atributos de credor e tomador, que minimizam o erro do credor e

maximizam seus lucros;

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d) sistemas especialistas: são sistemas utilizados para imitar de maneira estruturada o

processo usado por um analista experiente para chegar a uma decisão de crédito.

Basicamente, esses sistemas clonam o processo empregado por um analista bem-

sucedido para que sua experiência seja distribuída para toda a organização;

e) sistemas híbridos utilizando computação, estimativas e simulação diretas: são

processos movidos em parte por uma relação causal direta, cujos parâmetros são

determinados por meio de técnicas de estimativa.

As técnicas mencionadas podem ser aplicadas para as seguintes finalidades

relacionadas à gestão do risco de crédito, a saber:

1) Aprovação de crédito: processo de análise das informações e aprovação ou rejeição de

crédito a um tomador ou contraparte. Esse processo normalmente é utilizado em

pequenas operações de crédito e não são utilizados para aprovação de crédito de

grandes empresas, porém podem auxiliar na tomada de decisão;

2) determinação de ratings de crédito: os ratings de crédito são notas atribuíveis a

prováveis tomadores de recursos ou para derivar “espelhos” para títulos e empréstimos

que não sejam avaliáveis. Esses ratings influenciam os limites de crédito, de carteira e

outros limites dos bancos;

3) precificação do crédito: podem ser utilizada para sugerir “prêmios”por risco que

devem ser cobrados dos tomadores de recursos, em virtude da probabilidade e do

volume de perda, em caso de inadimplência. Normalmente esse prêmio é cobrado dos

tomadores de recursos na forma de taxa de juros;

4) aviso prévio financeiro: podem ser usados para sinalizar problemas em potencial na

carteira para facilitar medidas corretivas antecipadas;

5) linguagem comum de crédito: podem ser usados para selecionar ativos de um conjunto

para construir uma carteira aceitável para atingir uma qualidade de crédito mínima

necessária para obter o rating de crédito desejado; e

6) estratégias de cobrança: podem ser utilizados para decidir a melhor estratégia de

cobrança e solução. Por exemplo, se o modelo indicar que o tomador de recurso está

passando por dificuldades financeiras de curto prazo, e não um declínio em sua

capacidade de honrar suas obrigações, então se pode elaborar uma solução apropriada

para o caso.

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Especificamente sobre as técnicas econométricas citadas anteriormente, ressalta-se o

“Credit Scoring”. O Credit Scoring é um conjunto de modelos de decisão, com

especificidades que auxiliam os emprestadores de recursos a efetuarem a concessão e

gerenciamento de crédito a terceiros. Por meio do Credit Scoring pode-se definir quem pode

obter crédito, qual o montante de recursos financeiros e quais as estratégias operacionais que

deverão ser utilizadas para alavancar a lucratividade do emprestador de recursos com o

tomador de recursos. Em outras palavras, o Credit Scoring avalia o risco de emprestar

recursos a um tomador específico (THOMAS, EDELMAN, CROOK, 2002, p.1).

Na mesma direção, Hand e Henley (1997, p.2) definem Credit Scoring como sendo o

termo usado para descrever os métodos formais estatísticos usados para classificar possíveis

tomadores de recursos em “boas”ou “más” classes de riscos.

Adicionalmente, para um efetivo gerenciamento de crédito por meio do Credit Scoring

os bancos e demais emprestadores de recursos consideram uma vasta quantidade de

informações sobre o possível tomador de recursos para a avaliação de sua condição de honrar

com seus compromissos. Como exemplos dessas informações tem-se: informações

demográficas, informações financeiras obtidas por intermédio das demonstrações contábeis,

informações cadastrais, algumas informações de caráter subjetivo, dentre outras.

Vários métodos estatísticos podem ser utilizados no Credit Scoring, como exemplos

pode-se citar as análises discriminantes, regressões logísticas, regressões não-lineares,

classificação “’árvore”, dentre outras. Essas metodologias são de extrema importância para

avaliação dos tomadores de recursos e, muitas vezes, precisam ser adaptadas ao tipo de

cliente, maneira de gerenciamento de risco por parte do banco, perfil de riscos etc. É por

intermédio do Credit Scoring que se chega ao rating do tomador de recurso para seu

enquadramento em nível de risco.

Outra técnica também utilizada pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito

é a análise julgamental, também denominada como qualitativa. Essa técnica utiliza a

avaliação de fatores específicos relacionados aos tomadores de recursos e do ambiente

externo (econômico) para a avaliação de crédito. Por intermédio da análise julgamental, os

analistas de crédito coletam uma série de informações sobre os tomadores de recursos e

formam uma lista com suas características específicas para verificar qual exposição de riscos

o banco está assumindo com a operação de crédito. Uma das principais características

analisadas por essa técnica são as garantias da operação oferecidas pelos tomadores de

recursos (KALAPODAS e THOMSON, 2005, p.25). Também, segundo os autores, a maior

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desvantagem dessa técnica diz respeito ao fato de que a interpretação das informações são

extremamente subjetivas.

Um ponto a se destacar na gestão de riscos de crédito efetuada pelos bancos é a

segregação dos tomadores de recursos por segmentos. Essa segregação é muito importante

para um tratamento diferenciado e personalizado de acordo com cada tipo de tomador de

recurso. Normalmente, a segregação efetuada pelos bancos é feita entre operações de “Varejo

ou massificados” e operações “Corporate ou grandes empresas”. Cada banco possui uma

regra específica para alocar os clientes entre esses segmentos e isso demonstra a forma de

como o banco gerencia seus riscos de crédito. Dependendo do segmento que o possível

tomador de recursos está alocado, o banco utiliza uma técnica específica para avaliar o risco

de crédito da operação. Em geral, nas operações de Varejo é empregada a técnica de Credit

Scoring, enquanto que nas operações Corporate utiliza-se a técnica de análise julgamental.

Analisando os modelos e técnicas de mensuração e gerenciamento de riscos de crédito,

pode-se perceber que existe um vasto ferramental para os bancos e seus profissionais de risco

de crédito trabalharem para fazerem um efetivo e eficiente controle de riscos. Também é

notório que os modelos podem ser configurados para receberem informações não financeiras

das empresas, informações essas avaliadas e mensuradas cuidadosamente, para o

aperfeiçoamento e refinamento dos modelos de gestão de riscos de crédito.

Todavia, verifica-se que, atualmente, o gerenciamento de riscos de crédito em sua

grande maioria tem sido pautado em informações quantitativas e objetivas e os modelos de

avaliação de crédito raramente utilizam informações não financeiras ou subjetivas (DOBIJA E

ROSOLINSKA, 2007, p.2) e dessa forma importantes ativos geradores de valor das empresas

não são avaliados tempestiva e corretamente nas avaliações de riscos de crédito. Grande parte

desse procedimento é causado pelo fato desses ativos não estarem evidenciados nas

demonstrações contábeis e demais informações divulgadas ao mercado. Esse é o caso do

Capital Intelectual das empresas que são ativos relevantes e com grande potencial de geração

de valor às mesmas, que pelo fato de na maioria das vezes não estarem evidenciados nas

informações contábeis ou por não existir uma forma padronizada de seu reconhecimento e

mensuração são tratados de forma não relevante, ou mesmo desprezados, nos modelos de

avaliação de crédito.

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• Conceito de Default, Probabilidade de Default e Escore de crédito

O entendimento do conceito de default é fundamental para o processo de

gerenciamento de risco de crédito, pois é através desse entendimento que os profissionais da

área de gestão de riscos de crédito dos bancos agem para criar maneiras de mitigar suas

perdas financeiras. Sendo assim denomina-se default como o ato de alguém fracassar em

pagar uma quantia a um banco, quebrar um acordo ou o fracasso em cumprir com uma

obrigação contratual (FITCH, 2000, p.134, BESSIS, 1998, p.82 e WESTGAARD e WIJST,

2001, p.339).

Para o processo de Basileia II, o BIS (2006, p.100) considera que o default ocorre

quando:

O banco considera improvável que o devedor pague suas obrigações na sua

totalidade, sem a necessidade do banco ter que incorrer em ações para fazer valer

seu direito;

o devedor está em atraso em mais de 90 dias em alguma obrigação material com o

banco.

Sendo assim, percebe-se que para o processo de gerenciamento de risco de crédito, a

identificação do default de um cliente para o banco é de extrema importância para que o

mesmo possa agir no sentido de verificar quanto o banco irá arcar de prejuízo com a operação

de crédito.

Já a probabilidade de default ou descumprimento é definido como a medição da

probabilidade da ocorrência de um evento de default de um determinado cliente do banco.

Segundo Bessis (1998, p.83), a probabilidade de default não pode ser medida diretamente e

técnicas estatísticas históricas de defaults podem ser utilizadas para essa mensuração.

A determinação da probabilidade de default de um cliente não é uma tarefa fácil e

nesse sentido Westgaard e Wijst (2001, p.339) comentam que a definição de default pode ser

desmembrada utilizando o montante e período em atraso de uma operação, porém essas

informações não existem de maneira sistematizada e definições mais gerais têm sido

utilizadas, tais como falências decretadas.

Com isso, Akiama (2008, p.27) comenta que esse fato explica o motivo de muitos

estudos relacionados com a previsão de default de empresas utilizarem dados de falência ou

concordatas, pois são dados publicamente disponíveis, uma vez que dados de atrasos são de

difícil obtenção.

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Uma importante afirmação sobre o processo de mensuração da probabilidade de

default é feita por Saunders (2000, p.207), onde o mesmo comenta que a disponibilidade de

mais informações, com custos menores para sua obtenção, permitem que os bancos utilizem

métodos mais sofisticados e mais quantitativos de mensuração. O autor também comenta que

a mensuração do risco de crédito de empréstimos individuais é crucial para que um banco

possa precificar um empréstimo ou avaliar uma obrigação corretamente e para fixar limites

apropriados ao volume de crédito a ser concedido a qualquer tomador, ou a exposição

aceitável a perdas com qualquer tomador.

Por fim, escore de crédito são modelos que utilizam dados relativos a características

observadas do tomador de crédito, seja para calcular a probabilidade de default, seja para

colocar os tomadores de crédito em classes de risco de inadimplência (SAUNDERS, 2000,

p.210). Segundo o autor, por meio da seleção e combinação de diversas características

econômicas e financeiras do tomador (informações financeiras e não financeiras), os bancos

podem:

Estabelecer numericamente os fatores que são explicações importantes do risco de

inadimplência de um tomador de crédito.

Avaliar o grau relativo de inadimplência desses fatores.

Melhorar a precificação do risco de inadimplência.

Ser mais capaz de fazer a triagem de maus devedores.

Colocar-se em posição melhor para calcular as reservas necessárias para cobrir

perdas futuras esperadas com empréstimos.

Dessa forma, o autor conclui sobre a necessidade de se identificar medidas financeiras

e não financeiras para cada classe de tomador de crédito, além da escolha de uma técnica

estatística que quantifique e atribua escores de crédito para a correta mensuração do risco.

Um ponto a destacar são as críticas aos escores de crédito feitas por Servigny e

Renault (2004, p.63), onde os autores comentam que os escores de crédito são frequentemente

considerados como não muitos sofisticados, sendo que esses escores são apenas um pedaço

bem pequeno de um enorme quebra-cabeças. Os autores terminam dizendo que os escores de

crédito aplicam-se a qualquer tipo de devedor, porém para as grandes empresas, os modelos

estruturais são mais aderentes.

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• Comitê de Basileia

O Comitê de Basileia foi criado como um comitê de regulamentação e supervisão

bancária com os países do G-10 (Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão,

Holanda, Reino Unido, Alemanha Ocidental e Suécia), sediado no Banco de Compensações

Internacionais - BIS, em Basileia, na Suíça. Os motivos da criação desse comitê foram os

distúrbios nos mercados internacionais, como a falha na liquidação de contratos de câmbio

ocasionada pela insolvência do Bankhaus Herstatt, da Alemanha no final de 1974. A primeira

reunião do comitê ocorreu em fevereiro de 1975, sendo que as demais ocorrem de três a

quatro vezes ao ano desde então (BIS, 2001),

O Comitê é constituído por representantes dos bancos centrais e por autoridades com

responsabilidade formal sobre a supervisão bancária dos países membros do G-10. Neste

Comitê, são discutidas questões relacionadas à indústria bancária, visando melhorar a

qualidade da supervisão bancária e fortalecer a segurança do sistema bancário internacional.

O Comitê de Basileia não possui autoridade formal para supervisão supranacional,

mas tem o objetivo de estimular o comportamento nos países membros do G-10. Estes, ao

seguir as orientações, estarão contribuindo para melhoria das práticas no mercado financeiro

internacional.

Um importante trabalho do comitê tem sido o fechamento das lacunas de coberturas

em supervisão bancária atuais, por meio de dois princípios básicos: 1) que nenhum banco

estabelecido internacionalmente escape da supervisão bancária; e 2) que essa supervisão seja

adequada.

a) Basileia I

Conforme citado anteriormente, na década de 70, a situação financeira mundial forçou

os bancos centrais dos países desenvolvidos pertencentes ao G-10 a criar instrumentos que

pudessem assegurar a estabilidade do sistema financeiro mundial, e, dessa forma, foi criado o

denominado acordo de Basileia em 1988, cuja função foi a proteção dos depositantes e

fortalecimento dos bancos (PEREIRA, 2006, p.1).

Em 1988, o Comitê de Basileia promulgou o primeiro documento sobre necessidade

de capital mínimo para os bancos operarem, chamado “Convergência Internacional de

Mensuração e Padrões de Capital” (International Convergence of Capital Measurement and

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Capital Standarts), conhecido como Acordo de Capital ou ainda Basileia I, voltado somente a

risco de crédito. Em 1996, publicou emenda que incluiu o risco de mercado no arcabouço do

acordo.

Os objetivos do Acordo foram reforçar a solidez e a estabilidade do sistema bancário

internacional e minimizar as desigualdades competitivas entre os bancos internacionalmente

ativos. Essas desigualdades eram o resultado de diferentes regras de exigência de capital

mínimo pelos agentes reguladores nacionais. Segundo Jorion (2001, p.55) essa solidez e

estabilidade são obtidas por meio do estabelecimento de padrões mínimos de requerimentos

de capital. O acordo de 1988 definiu uma forma comum de cálculo de solvência para cobrir os

riscos de crédito dos bancos.

Dessa forma, o Acordo de Basileia de 1988 criou três conceitos básicos, a saber:

Capital Regulatório (ou mínimo): montante de capital próprio alocado para a cobertura

de riscos, considerando os parâmetros definidos pelo regulador;

fatores de Ponderação de Risco dos Ativos: a exposição a Risco de Crédito dos ativos

é ponderada por diferentes pesos estabelecidos, considerando, principalmente, o perfil

do tomador; e

índice Mínimo de Capital para Cobertura do Risco de Crédito: Índice de Basileia -

quociente entre o capital regulatório e os ativos ponderados pelo risco. Se o valor

apurado for igual ou superior a 8% (No Brasil esse índice é de 11%), o nível de capital

do banco está adequado para a cobertura de Risco de Crédito.

A aderência a estas normas é obrigatória para os países membros, com as devidas e

necessárias adaptações pelos órgãos reguladores de cada país, e optativa para os países não

membros.

Segundo Bacen (1994), no Brasil, Basileia I foi instituída a partir da Resolução do

CMN 2.099/94 no que se refere a risco de crédito.

Vale comentar que Basileia I tinha um aspecto exclusivamente contábil, ou seja,

levava em consideração somente os números contabilizados nos balanços das organizações,

fossem eles nas contas patrimoniais ou de compensação.

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b) Basileia II

Novas pressões do mercado, aliadas aos escândalos financeiros e contábeis dos

últimos anos culminaram na necessidade de induzir todos os bancos em nível global a

possuírem um sistema de informação que lhes permitissem gerir riscos eficazmente

(PEREIRA, 2006, P.1). Com isso a entidade responsável mundialmente por esse processo, o

Bank for International Settlements (BIS), incentivou a formulação de uma nova proposta para

definir um acordo de capitais apoiado em bases mais sólidas, que refletisse adequadamente a

nova realidade do setor financeiro e permitisse aos bancos e supervisores uma gestão eficaz

dos riscos incorridos (PEREIRA, 2006, p.1). Dessa forma foi criado o Novo Acordo de

Capitais – Basileia II, cujo objetivo foi: promover a estabilidade financeira; fortalecer a

estrutura de capital das instituições; favorecer a adoção das melhores práticas de gestão de

riscos; e estimular maior transparência e disciplina de mercado.

Em junho de 2004, o Comitê de Basileia publicou o documento intitulado:

Convergência Internacional de Mensuração e Padrões de Capital – Estrutura Revisada

(International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards: A Revised

Framework) conhecido como o Novo Acordo de Capitais da Basileia, ou Basileia II, para:

promover substanciais alterações nos conceitos de risco de crédito; manter as disposições de

risco de mercado existentes; e introduzir o conceito de risco operacional (BIS, 2006). Dessa

forma, pode-se verificar que a principal alteração introduzida por Basileia II foi a introdução

do conceito e importância de se utilizar as melhores práticas de gestão de riscos nos bancos

mundiais e não apenas ter um índice de capitalização adequado baseado em dados contábeis.

Os Três Pilares de Basileia II

De acordo com o BIS (2006), Basileia II esta fundamentado em uma estrutura

composta por três pilares distintos, porém complementares na avaliação de risco do sistema

financeiro. Esses pilares são:

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I) PILAR I – Requerimentos Mínimos de Capital

Nesse pilar é definido o tratamento a ser dado para fins de determinação da exigência

de capital frente aos riscos incorridos nas atividades desenvolvidas pelos bancos. Em relação

ao Acordo de 1988, o Basileia II introduz a exigência de capital para risco operacional e

aprimora a discussão acerca do risco de crédito.

Basileia II estimula a adoção de modelos proprietários para mensuração dos riscos

(crédito, mercado e operacional), com graus diferenciados de complexidade, sujeitos à

aprovação do regulador, e possibilidade de benefícios de redução de requerimento de capital

por conta da adoção de abordagens internas. Dessa forma, os bancos podem desenvolver seus

próprios modelos. De acordo com Santos (2005, p.9), a diferença básica entre Basileia I e

Basileia II, com relação ao risco de crédito, está no tratamento dos ativos de crédito, ou seja,

enquanto em Basileia I os ativos são ponderados pelas categorias a que pertencem,

aglutinadas em cinco grupos (0%, 10%, 20%, 50%, e 100%), o Basileia II incentiva a adoção

de abordagens avançadas, nas quais o risco individual do titular do instrumento financeiro ou

o risco coletivo da modalidade são mensurados pela própria instituição, por intermédio de

modelos internos de “ratings”.

As abordagens de mensuração de Risco de Crédito, segundo o Novo Acordo, são

classificadas em dois tipos: padronizada e a baseada em classificações internas - (Internal

Ratings Based - IRB). Esta última é dividida em IRB básica (IRB Foundation) e IRB

avançada (IRB Advanced).

A abordagem padronizada constitui-se em revisão/aprimoramento do método proposto

no Acordo de 1988 que, conforme citado anteriormente, estabeleceu fatores de ponderações

de risco para os ativos. Nessa abordagem, os fatores de ponderação de riscos são

fundamentados em classificações de riscos (ratings) oriundos de análises feitas por

instituições externas de avaliação de crédito (External Credit Assessment Institution - ECAI),

visando melhorar a qualidade da percepção de risco e não introduzir demasiada complexidade

ao método.

A abordagem IRB (Internal Ratings Based), que é uma metodologia de cálculo de

capital de natureza estatística, baseada em componentes de risco que permitam um

acompanhamento de todo o ciclo de vida econômica de uma operação de crédito, partindo da

concessão até o seu pagamento final ou hipotético descumprimento, oferece tratamento

conceitualmente similar ao método padronizado no tratamento das exposições do banco,

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porém com maior grau de sensibilidade aos riscos. A apuração do requerimento de capital

considera os seguintes componentes de risco:

PD (Probability of Default), também conhecida por FEI (Frequência Esperada de

Inadimplência): é a possibilidade de um determinado cliente ficar inadimplente. Deve

considerar as características do cliente e está associada ao risco do cliente (rating). Faz

parte do ciclo de vida da operação de crédito, desde a concessão até o descumprimento

da obrigação. É calculada a partir de sistemas de credit scorings, análise julgamental e

ratings estabelecidos para os segmentos do banco;

LGD (Loss Given Default), também conhecida por PDI (Perda Dada a Inadimplência):

é uma medida preditiva que informa o quanto efetivamente não é recuperado quando

um cliente entra em inadimplência. Na apuração dessa medida deve ser considerada a

estimativa de quanto se recupera de uma dívida em atraso menos os custos no

processo de recuperação. Faz parte do ciclo de vida da operação de crédito, que vai do

descumprimento da obrigação até o fim da recuperação.

EAD (Exposure at Default), também conhecida por Exposição no Momento da

Inadimplência: considera que um cliente tende a aumentar seu endividamento ao se

aproximar de uma situação onde não terá capacidade de honrar seus compromissos.

Este componente evidencia o montante (efetivo + potencial) do endividamento do

cliente no momento da inadimplência. Faz parte do ciclo de vida da operação de

crédito relativo ao saldo devedor sujeito a descumprimento.

Na IRB básica os bancos apenas calculam internamente a probabilidade de

descumprimento ou inadimplência (PD). Os outros parâmetros (LGD e EAD) são definidos e

fornecidos pelo supervisor natural. Já na IRB avançada os bancos calculam todos os fatores

de risco, ou seja, além da PD, calcula-se a perda efetiva (LGD) e também a exposição efetiva

(EAD).

II) PILAR II – Revisão do Processo de Supervisão

O segundo pilar de Basileia II contém os princípios do processo de supervisão

regulatória. O foco da atuação supervisora versa sobre a solidez dos processos, garantindo a

manutenção de capital adequado que suporte os riscos da atividade bancária, encorajando o

desenvolvimento e uso de técnicas sofisticadas de monitoramento e gestão de riscos. Essa

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solidez deve ser, em primeiro lugar, de responsabilidade da alta administração do banco, a

qual é constantemente incentivada a aprimorar a governança de risco.

O processo de supervisão estabelece normas para o gerenciamento de risco, tendo sido

estabelecidos quatro princípios essenciais de revisão de supervisão, que evidenciam a

necessidade dos bancos avaliarem a adequação de capital em relação aos riscos assumidos e

dos supervisores reverem suas estratégias e tomarem atitudes pertinentes em face dessas

avaliações. São eles:

1º. Princípio: os bancos devem ter um processo para estimar sua adequação de capital

em relação a seu perfil de risco e possuir uma estratégia para manutenção de seus níveis

adequados de capital.

2º. Princípio: os supervisores devem avaliar as estratégias e as estimativas de

adequação de capital dos bancos, bem como seus processos de monitoramento e garantia de

conformidade com a exigência de capital mínimo.

3º. Princípio: os supervisores esperam, e podem exigir, que os bancos operem acima

das exigências de capital mínimo.

4º. Princípio: os supervisores podem intervir antecipadamente e exigir ações rápidas

dos bancos, se o nível de capital ficar abaixo do nível mínimo.

De acordo com o Pilar II, a Alta Administração é responsável pela estratégia de

exposição aos riscos e pelos níveis de capital compatíveis. As principais características da

existência de um processo rigoroso de avaliação da adequação de capital deverão envolver:

- Supervisão da Alta Administração do banco e do Conselho de Administração;

- avaliação sólida das necessidades de capital para suportar os riscos de negócios;

- avaliação abrangente dos riscos;

- monitoramento e emissão de relatórios; e

- revisão do controle interno.

O Pilar II enfatiza a necessidade de os bancos possuírem volume de capital adequado

para suportar todos os riscos envolvidos nos negócios. O capital não deve ser visto apenas

como a única opção que o regulador utilizará para tratar a questão risco, mas, também, os

controles internos e processos de administração de riscos que se revelarem insuficientes ou

inadequados. Adicionalmente, podem ser utilizados outros meios para tratar da gestão dos

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riscos, tais como aplicação de limites de exposição internos, fortalecimento do nível de

provisões e reservas e o aprimoramento dos controles internos de maneira geral.

Por fim, uma das metas do processo de supervisão é o incentivo ao uso de modelos e

processos mais robustos, a busca permanente de melhores práticas e a aplicação de

instrumentos adequados para a gestão de riscos. Como resultado pode-se observar, também, a

necessidade de menores níveis de capital, suficiente para garantir o pleno funcionamento das

atividades dos bancos e do Sistema Financeiro como um todo.

III) PILAR III – Disciplina de Mercado

O terceiro Pilar de Basileia II determina o processo de divulgação de informações

direcionadas aos agentes de mercado e ao público em geral e visam permitir que esses sejam

capazes de entender e avaliar a gestão de riscos e a adequada alocação de capital dos bancos.

Os supervisores terão uma matriz para mensurar e cobrar dos bancos o adequado disclosure

das informações de riscos.

O Pilar III fundamenta-se em quatro categorias/divisões:

a) Escopo de aplicação: representa a relação entre as recomendações e a estrutura do

Banco;

b) capital: demonstra a capacidade de o banco absorver eventuais perdas;

c) exposição a risco: evidencia os subsídios para avaliação da intensidade dos riscos e

as formas de avaliação destes; e

d) adequação de capital: Possibilita o julgamento da suficiência do capital frente aos

riscos incorridos.

O intuito deste terceiro pilar é de complementaridade aos requerimentos mínimos de

capital (Pilar I) e ao processo de revisão da supervisão (Pilar II). Significa dizer que, com o

desenvolvimento de regras que estimulem e requeiram maior abertura de informações quanto

ao perfil de riscos e ao nível de capitalização dos bancos, os agentes participantes do mercado

sintam-se estimulados a fiscalizar os bancos. A utilização de determinados níveis de

transparência será condição necessária para o reconhecimento e habilitação de um banco em

uma abordagem de mensuração de capital específica.

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Para garantir o cumprimento da transparência, Basileia II prevê aos supervisores a

utilização de instrumentos de persuasão, que vão desde diálogo com a administração do banco

à multas financeiras, de acordo com a deficiência de divulgação apresentada.

Com esse formato, cresce o papel dos reguladores no sentido de acessar e avaliar as

posturas dos bancos diante de suas exposições ao risco, com ênfase em seu papel de

supervisão. Ao estimular a abertura de informações, o Basileia II procura potencializar o

poder de avaliação e atuação dos participantes do mercado.

O quadro 1 resume o Novo Acordo de Capitais da Basileia – Basileia II, de acordo

com o BIS:

Quadro 1 – Resumo da estrutura proposta para o Novo Acordo de Capitais da Basileia – Basileia II de acordo com o BIS

NOVO ACORDO DE CAPITAIS DA BASILEIA II

PILAR I Requerimentos mínimos de

Capital

PILAR II Exame da Supervisão sobre a

adequação de Capital

PILAR III Disciplina de Mercado

Estabelecimento de uma exigência mínima de capital

Melhor tratamento do risco de crédito, atrelando-se ao rating

o Rating públicos o Ratings Internos

Tratamento explícito do risco operacional

O risco de Gestão de ativos e passivos – incluído no Pilar II.

Baseia-se em 4 princípios: o Os bancos devem

calcular seus índices de solvência, em relação ao seu perfil de risco

o Os supervisores devem examinar as avaliações efetuadas pelos bancos, sobre suas estratégias de capital

o Os bancos devem manter capital em montante superior ao nível mínimo exigido

o Os reguladores irão intervir antecipadamente, caso os níveis de capital apresentem deterioração.

Maior transparência em relação a:

o Estrutura de capital o Práticas de

mensuração e gerenciamento de riscos

o Perfil de riscos o Adequação de capital

Fonte: Oliver Wyman & Company (2001, p.1)

A análise dos Pilares de Basileia II permite verificar que os bancos podem e devem

criar metodologias próprias para mensuração e avaliação de riscos de crédito, deixá-los à

disposição do supervisor para avaliação e ser transparentes quanto sua metodologia de

gerenciamento. Com essa abordagem, identifica-se uma oportunidade para que os bancos

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incluam em seus modelos de gestão de riscos informações de natureza não financeira das

empresas para um correto gerenciamento dos riscos de crédito. Em Basileia I essa

possibilidade não estava claramente prevista.

Sendo assim, informações não evidenciadas nas demonstrações contábeis poderiam ser

incluídas nos modelos de gerenciamento de riscos de crédito dos bancos para uma correta e

mais apurada mensuração de riscos. Nesse sentido, o Capital Intelectual pode ganhar

importância quando da avaliação pelos bancos da situação econômico-financeira das

empresas para o gerenciamento de riscos de crédito, pois esse ativo, apesar de não estar

evidenciado nas demonstrações contábeis, se mostra um recurso importante na geração de

valor para as empresas, além do poder de geração de fluxo de caixas futuros.

2.2. Informação Contábil

A contabilidade tem por objetivo o fornecimento de informações financeiras e não

financeiras para vários usuários, de forma que propiciem aos mesmos o poder de tomar

decisões racionais, além da capacidade de predizer os fluxos futuros de caixa da empresa.

(IUDÍCIBUS, 1987 e HENDRIKSEN E BREDA, 2007, p.107). Isso é feito por meio da

identificação, mensuração, registro e comunicação dos fenômenos que afetam o patrimônio da

entidade, disponibilizando as informações econômicas, financeiras, físicas e sociais da

entidade em questão.

Os relatórios contábeis são potencialmente meios importantes para a administração

comunicar a performance e a governança da empresa para os investidores e demais

interessados (PALEPU, HEALY e BERNARD, 2004). De acordo com Hendriksen e Breda

(2007), o propósito principal desses relatórios é o de dar suporte ao processo decisório dos

stakeholders.

As demonstrações contábeis são os principais meios pelo qual a contabilidade se

comunica com os seus usuários. O CPC (2010, p.7) descreve que o objetivo das

demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o

desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande

número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.

Pelas definições apresentadas, observa-se que a contabilidade tem uma missão muito

importante que é a de suprir informações a seus usuários, sejam internos ou externos, para a

tomada de decisões racionais e lógicas. Sendo assim, todas as informações importantes e

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relevantes para auxiliar os usuários das informações contábeis em suas decisões deveriam

estar inseridas no sistema contábil das empresas. Um problema que restringe esse

reconhecimento são os princípios fundamentais de contabilidade que, em alguns casos,

limitam ou impedem o reconhecimento e apresentação de certas informações de ativos e

passivos, limitando a contabilidade em realizar seus objetivos.

• Conceito de Ativo e Ativo Intangível

De acordo com o CPC (2010, p.16 a 18), ativo é um recurso controlado pela entidade

como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios

econômicos para a mesma, sendo que os ativos somente são reconhecidos pela contabilidade,

quando for provável que os benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a

entidade e seu valor puder ser determinado de maneira confiável. Dessa forma, e por

exclusão, entende-se que desembolsos incorridos ou comprometidos, dos quais seja

improvável a geração de benefícios econômicos para a entidade, não devem ser reconhecidos

pela contabilidade. Também é definido pelo CPC que benefício econômico futuro embutido

em um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou

equivalentes de caixa para a entidade. Dessa forma entende-se que esses benefícios podem ser

representados por receitas futuras geradas ou economias de custos/despesas futuras

alcançadas. Também pode-se entender ativo como o conjunto de meios ou os recursos postos

à disposição do administrador para que este possa operar de modo a conseguir os fins que a

entidade e sua direção desejem (IUDÍCIBUS, 1987, p.102).

Segundo Hendriksen e Breda (2007, p.285) os ativos possuem três características

essenciais:

Deve incorporar benefícios futuros prováveis, ou seja, devem contribuir direta ou

indiretamente para a geração de entradas líquidas futuras de caixa da empresa;

o ativo deve ser controlado por uma entidade que deve controlar o acesso de outras

entidades aos benefícios do ativo; e

o fato gerador ou transação que deu a empresa o direito ao ativo é fato já ocorrido.

Dessa forma pode-se observar que os ativos são itens sob controle das empresas, cujo

objetivo é gerar benefícios futuros ou redução de custos/despesas. Em outras palavras, os

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ativos são os motores das empresas e servem para as mesmas cumprirem com sua missão e

objetivos.

Já os ativos intangíveis são ativos não monetários ou o poder de geração de benefícios

futuros, que não possuem substância física, sendo que esse tipo de ativo se diferencia dos

ativos físicos e financeiros no que se refere à valorização e o reporte financeiro/contábil

(LEV, 2005, p.299, ERNEST & YOUNG e FIPECAFI, 2009, p.325 e CPC 04, p.5).

Outro ponto importante citado por Lev (2005, p.299) diz respeito ao fato de que os

ativos intangíveis possuem características particulares em gerar grandes valores para a

economia e seu crescimento, para as empresas e para os países. Por fim, o autor comenta

também que existem vários métodos disponíveis para avaliar e mensurar os ativos intangíveis,

porém esforços precisam ser feitos para melhorar os procedimentos de mensuração e

disclosure dos mesmos. Hendriksen e Breda (2007, p.388) conceituam ativos intangíveis de

uma maneira um pouco diferente, sendo definido como a diferença positiva entre o custo de

uma empresa adquirida e a soma de seus ativos líquidos. Aliás, esse conceito é muito

oportuno para definir o goodwill ou expectativa de rentabilidade futura, porém esse tema será

abordado mais adiante.

Os ativos intangíveis, por serem elementos que às vezes são de difícil evidenciação e

mensuração, em alguns casos não são reconhecidos pela contabilidade financeira, em face da

possibilidade de distorção que esse tipo de ativo pode causar nos ativos totais das empresas.

Segundo o CPC 04 e IAS 38, para o registro de um ativo intangível na contabilidade

de uma empresa, alguns critérios devem ser observados. Esses critérios ocorrem quando:

• O ativo intangível for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido,

transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um

contrato, ativo ou passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade

ou resultar de direitos contratuais; ou outros direitos legais, independentemente de tais

direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e

obrigações;

• o ativo intangível é controlado por outra entidade. Dessa forma, a entidade controla

um ativo quando detém o poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo

recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios; e

• os benefícios econômicos futuros gerados pelo ativo intangível podem incluir a receita

da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes

do uso do ativo pela entidade.

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Dessa forma, observa-se que um ativo intangível precisa possuir atributos muito claros

de identificação, controle e poder de geração de benefícios futuros para ser registrado na

contabilidade. Por intermédio dessas definições, ficam claros os motivos que levam a

contabilidade financeira a não registrar muitos ativos intangíveis, principalmente os gerados

internamente por meio da ação do conhecimento, que atualmente tem-se denominado de

Capital Intelectual (BROOKING, 1996), em face da impossibilidade de obtenção dos critérios

de reconhecimento e mensuração citados anteriormente. Infelizmente essa impossibilidade

traz prejuízos aos usuários das informações contábeis, pois esses agentes não poderão avaliar

corretamente a empresa e seu potencial de geração de valor aos acionistas.

Por fim ressalta-se um relevante comentário de Saiki (2009) em seu trabalho, onde a

autora evidencia que a Lei 11.638/07 trouxe em seu contexto, dentre outros assuntos,

abordagens específicas para o tratamento de ativos e, especificamente, criou a figura dos

ativos intangíveis nas demonstrações contábeis. Dessa forma, essa nova abordagem trouxe

aos usuários das informações contábeis uma expectativa muito positiva no que se refere à

mensuração e reconhecimento dos ativos intangíveis. A Lei 11.638/07 ainda restringe o

reconhecimento de certos ativos intangíveis na contabilidade, porém a citada Lei abriu uma

oportunidade muito interessante para que os assuntos sobre ativos intangíveis evoluam para

que mais ativos intangíveis sejam identificados e registrados pelos sistemas contábeis.

2.3. Capital Intelectual

• Organizações do Conhecimento

O conhecimento é um recurso detido pelas pessoas que, juntamente com outros fatores

produtivos, podem gerar benefícios às organizações. Infelizmente esse recurso não é

evidenciado nas informações contábeis das empresas e, tampouco, é de fácil identificação e

mensuração. Porém, é sabido que principalmente, nas operações de combinações de negócios

entre empresas, o desejado seria que o conhecimento das pessoas pudesse ser identificado e

mensurado adequadamente para se chegar ao correto preço da operação.

Sendo assim, torna-se imperativo o entendimento do conceito de conhecimento.

Segundo Sveiby (1998, p.35) não existe um consenso sobre a definição de conhecimento,

porém o autor comenta que o termo epistemologia (teoria do conhecimento) provém da

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palavra grega episteme, que significa verdade absolutamente certa. No português, a palavra

conhecimento assume vários significados, tais como: informação, conscientização, saber,

sapiência, experiência, qualificação, habilidade, aprendizado, percepção, competência,

capacidade, dentre outros.

Por intermédio do entendimento do conceito de conhecimento, percebe-se que o

mesmo possui um alto potencial de geração de valor às empresas, sendo que as mesmas

devem dispor de meios para reter e aperfeiçoar o conhecimento das pessoas para seu próprio

benefício. Antunes (2008, p.24) evidencia a importância do conhecimento com a seguinte

afirmação de Toffler: “O conhecimento passou de auxiliar do poder monetário e da força

física à sua própria essência e é por isso que a batalha pelo controle do conhecimento e pelos

meios de comunicação está se acirrando no mundo inteiro (...) o conhecimento é o substituto

definitivo de outros recursos”.

Antunes (2002, p.42) também destaca que a aplicação do conhecimento vem

impactando, sobremaneira, o valor das organizações, pois com a materialização da utilização

desse recurso, mais as tecnologias disponíveis e empregadas para atuar num ambiente

globalizado, produz benefícios intangíveis que agregam valor às mesmas.

Stewart (2004, p.5) comenta que o conhecimento tornou-se um recurso econômico

mais importante que a matéria-prima e muitas vezes mais importante que o dinheiro.

Com a evolução dos tempos e a globalização mundial, a economia tem evoluído para

adaptar-se às novas regras de mercado. Nesse contexto, Crawford (1994, p.29) comenta que a

economia ascendeu da fase industrial para a economia do conhecimento, sendo as principais

mudanças:

• Foco na automação das atividades;

• crescimento generalizado na indústria de serviços, particularmente os segmentos de

saúde, educação, softwares e entretenimento;

• redução das grandes empresas, face ao estímulo ao empreendedorismo;

• crescimento acentuado da força de trabalho das mulheres; e

• substituição da força da economia, antes centrada nas matérias-primas e bens de

capital, para as informações e conhecimentos, principalmente pesquisa e educação.

O quadro 2 demonstra as diferenças nas características das sociedades industrial e do

conhecimento, sob a ótica de tecnologia, economia, sistema social, sistema político e

paradigma, para o entendimento das mudanças ocorridas com a evolução econômica mundial.

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Quadro 2 – Características das sociedades industrial e do conhecimento

SOCIEDADE

INDUSTRIAL

CONHECIMENTO

TECNOLOGIA

Energia: óleo, carvão. Materiais: recursos não renováveis. Ferramentas: máquinas para substituir a força humana. Métodos de produção: linha de montagem e partes cambiáveis. Sistema de transporte: barco a vapor, ferrovia, automóvel e avião. Sistema de comunicação: imprensa e televisão.

Energia: sol, vento e nuclear. Materiais: recursos renováveis (biotecnologia), cerâmica, reciclagem. Ferramentas: máquinas para ajudar a mente (computadores e eletrônica relacionada). Métodos de produção: robôs. Sistema de transporte: espacial (sic). Sistema de comunicação: comunicações individuais ilimitadas por meio eletrônico.

ECONOMIA

Economia de mercado nacional cuja atividade econômica é a produção de bens padronizados, tangíveis com a divisão entre produção e consumo. Divisão complexa da mão-de-obra baseada em habilidades específicas, modo de trabalho padrão e organizações com vários níveis hierárquicos. O capital físico é o recurso fundamental.

Economia global integrada cuja atividade econômica central é a provisão de serviços baseados em conhecimento. Maior fusão entre produtor e consumidor. Organizações empreendedoras de pequeno porte. O capital humano é o recurso fundamental.

SISTEMA SOCIAL

Familiar nuclear com divisão de papéis entre os sexos e instituições imortais que sustentam o sistema. Os valores sociais enfatizam conformidade, elitismo e divisão de classes. A educação é em massa.

O indivíduo é o centro com diversos tipos de família e fusão dos papéis sexuais com ênfase na auto-ajuda e em instituições mortais. Os valores sociais enfatizam a diversidade, o igualitarismo e o individualismo.

SISTEMA POLÍTICO

Capitalismo e Marxismo: leis, religião, classes sociais e política são modeladas de acordo com os interesses da propriedade e do controle de investimento de capital. Nacionalismo: governos centralizados e fortes tanto como forma de governo representativo quanto na forma ditatorial.

Cooperação global: instituições são modeladas com base na propriedade e no controle do conhecimento. As principais unidades de governo e a democracia participativa definem as normas.

PARADIGMA

Base do conhecimento: física e química. Ideias Centrais: os homens se colocam como controladores do destino num mundo competitivo com a crença de que uma estrutura racional pode produzir harmonia num sistema de castigos e recompensas.

Base do conhecimento: eletrônica quântica, biologia molecular, ecologia. Idéias Centrais: os homens são capazes de uma transformação contínua e de crescimento (pensamento com o cérebro integrado). Sistemas de valores enfatiza um indivíduo autônomo numa sociedade descentralizada com valores femininos dominantes.

Fonte: Crawford (1994, p.18)

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Por meio da análise do quadro 2, pode-se verificar que na era da sociedade do

conhecimento a tecnologia e o conhecimento são as grandes aliadas do ser humano na

produção. Nessa fase, ao contrário da era da sociedade industrial, onde a atividade econômica

era focada na produção de bens e de ativos tangíveis, a atividade econômica é centralizada na

prestação de serviços baseados no conhecimento e na produção de ativos intangíveis. De

acordo com Sveiby (1998, p.23), as sociedades do conhecimento são caracterizadas por

possuírem poucos ativos tangíveis, sendo seus ativos intangíveis muito mais valiosos do que

seus ativos tangíveis. Também é na era do conhecimento onde aparece uma nova classe

trabalhadora com foco na aplicação do conhecimento nas rotinas de trabalho, ao invés de

apenas a força física. Outro ponto importante que expressa bem a diferença entre as duas

sociedades é que na industrial o capital físico é o recurso fundamental, enquanto na do

conhecimento é o capital humano o mais importante, ou seja, o conhecimento que ele possui

que se consiste no recurso econômico mais importante, muito embora os demais não sejam

dispensáveis (Terra, Capital e Trabalho), segundo enfatiza Antunes (2008).

Assim sendo, vale-se ressaltar o conhecimento como recurso econômico. Ainda

segundo Antunes (2008, p.33) o conhecimento diferencia-se dos demais recursos pelos

seguintes motivos:

• É um recurso ilimitado, pois a pessoa aprimora seus conhecimentos à medida que os

desenvolve;

• contribui para minimizar o consumo de outros recursos, à medida que é empregado

para aperfeiçoar técnicas existentes com novas tecnologias;

• é propagável e utilizado para gerar progresso, quando empregado em seu sentido

stricto e materializado sob a forma de produto, serviço ou tecnologia;

• está distribuído pelo mundo, descentralizando a riqueza, pois esta estará em mãos

daqueles que souberem como criar, mobilizar e organizar o conhecimento; e

• é um recurso de difícil reconhecimento de valor, pois enquanto que nos demais

recursos (terra, capital e trabalho) pode-se atribuir valores financeiros ou econômicos,

para o recurso conhecimento esse reconhecimento é de extrema subjetividade e

dificuldade.

Por fim, para as organizações empresariais, a aplicação do recurso do conhecimento,

juntamente com as tecnologias disponíveis, produz benefícios intangíveis, que nas últimas

duas décadas vem sendo denominados por Capital Intelectual (BROOKING, 1996).

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• Definição e classificação do Capital Intelectual

Conforme citado por Brooking (1996, p.12), o Capital Intelectual não é um conceito

novo. Ele existe desde quando o primeiro vendedor estabeleceu um bom relacionamento com

seu cliente. Esse bom relacionamento provavelmente fidelizou o cliente, trazendo certa

tranquilidade ao vendedor quanto à realização de futuras vendas. Esse relacionamento é um

ativo para o vendedor, pois o mesmo possui o poder de gerar benefícios econômicos, mesmo

sendo um intangível não identificável pela contabilidade tradicional. Esse tipo de intangível é

um dos quais pode-se denominar como “Capital Intelectual”. Para a autora, Capital Intelectual

é um conjunto de ativos intangíveis, resultantes das mudanças nas áreas de tecnologia da

informação, que trazem benefícios intangíveis às empresas.

Segundo Antunes e Martins (2007, p.4) Capital Intelectual é o somatório do

conhecimento proveniente das habilidades aplicadas (conhecimento tácito) dos membros de

uma organização com a finalidade de trazer vantagem competitiva, materializando-se em bons

relacionamentos e no desenvolvimento de novas tecnologias, ou seja, em novos ativos.

Edvinsson e Malone (1998) explicam o Capital Intelectual como sendo a posse de

conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamentos com clientes

e habilidades profissionais que proporcionam à empresa uma vantagem competitiva no

mercado. Os autores também explicam o Capital Intelectual por meio de uma metáfora, que

ficou bastante conhecida. Esta metáfora compara uma empresa a uma árvore, cuja parte

visível, constituída pelo tronco, galhos e folhas, representa os organogramas, demonstrações

contábeis, relatórios anuais e outros documentos e as raízes que são as partes invisíveis da

árvore representam o Capital Intelectual, formados por fatores dinâmicos e estruturais da

empresa, que suportam a parte visível da mesma para o alcance dos objetivos estratégicos e a

obtenção de lucros.

Segundo Roos, Roos, Edvinsson e Dragonetti (1997) o conceito de Capital Intelectual

pode ser demonstrado em duas vertentes. Uma vertente positiva onde o Capital Intelectual é

demonstrado como o somatório do conhecimento dos membros de uma empresa e da

materialização desse conhecimento em marcas, produtos e processos e a vertente negativa,

onde o Capital Intelectual é algo que cria valor, porém é intangível e representa a diferença

entre o valor total da companhia e o seu valor contábil. Aqui vale ressaltar que não é o mesmo

critério de mensuração do Goodwill, como muitos autores mencionam, visto que Capital

Intelectual e Goodwill não são sinônimos (Antunes, 2008).

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Striukova, Unerman e Guthrie (2008, p.298) comentam que, de forma geral, Capital

Intelectual pode ser definido como recurso intelectual ou de conhecimento de uma

organização, que deve interagir com os demais recursos da empresa (recursos físicos) para o

alcance dos objetivos organizacionais.

Um ponto importante citado por Abhayawansa e Abeysekera (2009, p.294) é que,

atualmente, o potencial para criação de vantagem competitiva para as empresas está mais

relacionado com o gerenciamento dos ativos intangíveis ou Capital Intelectual do que com

ativos tangíveis. Porém, as autoras lamentam o fato das informações contábeis atuais se

mostrarem inadequadas para evidenciarem esses ativos em seus relatórios, prejudicando

sobremaneira seus usuários, em suas tomadas de decisões estratégicas. Isso ocorre pelo fato

da limitação hoje existente na identificação e mensuração do Capital Intelectual das

organizações pela contabilidade tradicional. O motivo dessa limitação é decorrente do fato de

a Contabilidade tradicional estar atrelada às Normas Contábeis, bem como aos Princípios

Fundamentais de Contabilidade que balizam a sua aplicação (ANTUNES, 2004) e essa

realidade restringe a aceitação de vários itens como elementos componentes do ativo, fazendo

surgir à figura do Goodwill (MARTINS, 1972).

Como pode-se perceber, Capital Intelectual são recursos não corpóreos que se

eficazmente gerenciados, podem gerar grande parte da riqueza de uma organização. Um

exemplo de empresa que utiliza fortemente o Capital Intelectual são as empresas de

tecnologia, pois percebe-se que todo seu potencial de geração de resultados está baseado em

ativos intangíveis ou Capital Intelectual. Essas empresas dependem altamente da criatividade

e pró-atividade de seus colaboradores para a geração de novos negócios. Além da capacidade

dos colaboradores, o uso intensivo de tecnologia é outro fator determinante para demonstrar a

importância do Capital Intelectual desse segmento de negócio, pois tecnologia é um ativo não

corpóreo que pode ser o diferencial relevante no desempenho de uma entidade. Com isso,

todavia, não se quer dizer que as empresas pertencentes aos demais setores produtivos não

façam uso intensivo do conhecimento, mas sim que as empresas de tecnologia são aquelas em

que o conhecimento está contido como matéria-prima e como produto gerado.

Um comentário adicional se faz necessário a algumas abordagens de mensuração que

existem sobre Capital Intelectual. Antunes e Martins (2007) citam que a metodologia mais

comumente citada na literatura é a que Capital Intelectual é visto como a diferença entre o

valor do patrimônio líquido e o valor de mercado de uma empresa. Essa maneira de

conceituar o Capital Intelectual é questionável. Pode-se, por exemplo, citar que antes da crise

financeira mundial iniciada no final de 2008, existiam empresas que possuíam seu valor de

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mercado 4, 5, 6 vezes, ou até mais, maior que seu valor de patrimônio líquido. Após a crise

financeira essa diferença reduziu drasticamente fazendo com que a diferença entre valor de

mercado e valor de patrimônio líquido de algumas empresas praticamente desaparecesse. A

pergunta que se faz aqui é: será que em função da crise financeira as empresas perderam de

forma relevante seu ativo de Capital Intelectual e poder de geração de benefícios futuros?

Será que não existem outros fundamentos de mercado que explicam essa queda de valor de

mercado sem influenciar o Capital Intelectual? Uma avaliação preliminar permite afirmar que

não se pode qualificar diretamente o Capital Intelectual como sendo a diferença entre os

valores de mercado e de patrimônio líquido de uma empresa, pois realmente existem outros

fatores a serem considerados para essa explicação. Porém, o escopo desta pesquisa não é a

explicação desse fenômeno, logo entende-se que outros estudos poderão ser efetuados

futuramente na intenção de entender e explicar o mesmo.

Quanto à classificação do Capital Intelectual, percebe-se que não existe um consenso

quanto a sua estrutura, conforme se pode verificar nas definições de Brooking (1996);

Edvinsson e Malone (1998); e Sveiby (1998), apesar de na essência esses autores tratarem o

Capital Intelectual da mesma forma. Uma provável explicação para essa diferença de visão

pode ser explicada pela natureza abstrata dos elementos que compõe o Capital Intelectual

(Antunes, 2004).

Nos quadros 3,4 e 5 é demonstrado a classificação do Capital Intelectual segundo as

visões de Brooking (1996); Edvinsson e Malone (1998); e Sveiby (1998):

Quadro 3 – Classificação do Capital Intelectual segundo Brooking

CAPITAL INTELECTUAL

ATIVOS DE MERCADO

Representa o potencial que a empresa possui em decorrência dos intangíveis que estão relacionados ao mercado, como exemplos têm-se, a marca, clientes, fidelização de clientes, negócios recorrentes, canais de distribuição etc.

ATIVOS HUMANO

Representam os benefícios que as pessoas podem proporcionar para as empresas por meio de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, empreendedorismo, pró-atividade, dentre outros.

ATIVO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

São ativos que necessitam de proteção legal para proporcionarem às empresas benefícios, tais como: know-how, segredos industriais, copyright, patentes, design.

ATIVO DE INFRA-ESTRUTURA

Representam as tecnologias, metodologias, processos empregados, cultura organizacional, sistemas de informação, métodos gerenciais, banco de dados, dentre outros.

Fonte: Brooking (1996, p.13-16)

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Quadro 4 – Classificação do Capital Intelectual segundo Edvinsson e Malone

CAPITAL INTELECTUAL

CAPITAL HUMANO

Representado pelo conhecimento, a experiência, o poder de inovação e a habilidade dos empregados de uma companhia para realizar as tarefas do dia-a-dia. Inclui também os valores, a cultura e a filosofia da empresa. O capital humano não pode ser de propriedade da empresa.

CAPITAL ESTRUTURAL

Representado pelos equipamentos de informática, os softwares, os bancos de dados, as patentes, as marcas registradas e todo o resto da capacidade organizacional que apoia a produtividade daqueles empregados, ou seja, tudo o que permanece no escritório quando os empregados vão para casa. Também inclui o capital de clientes, o relacionamento desenvolvido com os principais clientes. Ao contrário do capital humano, o capital estrutural pode ser possuído e, portanto, negociado.

Fonte: Edvinsson e Malone (1998, p.10)

Quadro 5 – Classificação do Capital Intelectual segundo Sveiby

CAPITAL INTELECTUAL

ESTRUTURA EXTERNA

Representa as marcas, relações com clientes e fornecedores.

ESTRUTURA INTERNA

Representam a organização: gerência, estrutura legal, sistemas manuais, atitudes, P&D, softwares.

COMPETÊNCIA INDIVIDUAL

Representa a capacidade de agir em diversas situações para criar ativos tangíveis e intangíveis (escolaridade, experiência, empreendedorismo, etc).

Fonte: Sveiby (1998, p.14)

Analisando-se as três visões anteriormente mencionadas, pode-se identificar que os

autores tratam o Capital Intelectual da mesma forma, porém com abordagens diferentes, pois

enquanto Brooking utiliza a palavra ativo para os elementos do Capital Intelectual, os demais

autores utilizam expressões que dão o entendimento de tratamento dos elementos do Capital

Intelectual como recursos. O Capital Estrutural de Edvinsson e Malone contém os Ativos de

Mercado, de Propriedade Intelectual e de Infra-Estrutura utilizado por Brooking. O único

autor a empregar a expressão ativo intangível em sua definição foi Sveiby. O importante a

destacar é que a junção de todos esses elementos é o que poderá trazer benefícios às

organizações com a criação de valor para as mesmas (ANTUNES, 2004).

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Sendo assim, pode-se assumir que o Capital Intelectual representa ativos com grande

potencial de geração de valor às empresas. Em função do rápido crescimento da economia

baseada no conhecimento, o Capital Intelectual das empresas tem aparecido como um recurso

sustentável de vantagem competitiva. Esse tipo de ativo tem emergido como um direcionador

crítico de lucratividade e de geração de valor a longo prazo (BOSE e OH, 2004, p.347). Os

autores também evidenciam que as empresas devem investir em Capital Intelectual não

apenas para manter sua competitividade, mas para alcançar retornos acima da média a seus

acionistas.

Tayles, Pike e Sofian (2007, p.522 e 529) comentam em seu trabalho, que é altamente

reconhecido, que o Capital Intelectual, na forma de conhecimento, experiência, habilidades

profissionais, bons relacionamentos e capacidade tecnológica são os maiores recursos de

vantagem competitiva corporativa e que o mesmo pode ter um impacto significante na criação

de valor e no valor das empresas.

Por fim, vale ressaltar dois trabalhos que analisam o relacionamento do Capital

Intelectual e o desempenho das empresas. Um primeiro, elaborado por Zéghal e Maaloul

(2010, p.39-60), cujo objetivo foi analisar o valor adicionado como um indicador de Capital

Intelectual, e seus impactos no desempenho das empresas. Esse pesquisa foi conduzida no

Reino Unido com 300 empresas, divididas em 3 grupos: empresas de alta tecnologia,

tradicionais e de serviços. Os autores chegaram à conclusão que o Capital Intelectual afeta o

desempenho das empresas pelo fato de poder reduzir os custos de produção das mesmas,

aumentando, consequentemente, seus lucros, além do poder de criação de valor aos

stockholders e os stakeholders.

O segundo, elaborado por Ting e Lean (2009, p.588-599), teve como objetivo

examinar o desempenho do Capital Intelectual e seu relacionamento com o desempenho

financeiro de bancos da Malásia, no período de 1999 a 2007. Como achados do trabalho os

autores chegaram à conclusão que aumentos na eficiência de criação de valor influenciam

positivamente a rentabilidade de uma empresa. Porém, é necessário maximizar a utilização de

recursos, especificamente os relacionados ao Capital Intelectual de bancos, com o intuito de

maximizar os lucros da empresa.

Assim, chega-se a conclusão que o Capital Intelectual, por ser um recurso que afeta o

desempenho, deve ser reconhecido, mensurado e avaliado nas análises econômico-financeira

das empresas e também, utilizado para identificação de seu poder de geração de fluxos de

caixas positivos futuros.

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• Processo de geração do Capital Intelectual

No processo de geração do Capital Intelectual, tem-se o elemento humano com papel

de destaque, face o mesmo possuir o domínio do conhecimento, que pode gerar benefícios às

organizações. Dessa forma, esse elemento precisa ser visto como um ativo (recurso) que

necessita de investimentos para aumentar seu potencial de geração de benefícios, não sendo

mais possível enxergar esse elemento como custo ou despesa (CRAWFORD, 1994).

A figura 3, na sequência, demonstra o processo de geração do Capital Intelectual,

considerando o elemento humano como ativo (recurso), gerador de benefícios às

organizações, segundo modelo desenvolvido por Antunes e Martins (2007).

Figura 3 – Esquema do processo de geração do Capital Intelectual Fonte: Antunes e Martins (2007, p.15)

No processo demonstrado na figura 3, tem-se que os gestores, baseados na missão da

empresa, fazem investimentos (recursos financeiros) no elemento humano, propiciando

condições do mesmo se desenvolver, com o objetivo de gerar benefícios à empresa. O

elemento humano, por meio de suas habilidades, inteligência, expertise, conhecimento, dentre

outros, gera o recurso do conhecimento que, somando com os demais recursos físicos

específicos e recursos financeiros, materializa-se nos ativos de infra-estrutura, ativos de

mercado e ativos de propriedade intelectual. Assim, a interação desses ativos, juntamente com

a gestão do conhecimento, contribui para um melhor desempenho da empresa, podendo gerar-

lhe um valor a mais (ANTUNES e MARTINS, 2007, P.15).

Capital Intelectual

Missão

Gestor

Recursos Físicos Financeiros

Ativos H

umanos

Condições de trabalho

Recurso do conhecimento

Gestão do conhecimento

área de RH Específicos

Recursos Físicos

Específicos e Recursos

Financeiros

Contribuição do CI para o Valor

da Empresa

Ativo de Infra-estrutura

Ativo de Mercado

Ativo de Propriedade Intelectual

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• Reconhecimento e Mensuração do Capital Intelectual

Nos dias atuais, ainda não existem modelos e técnicas padronizadas para o

reconhecimento e mensuração do Capital Intelectual. Antunes (2002, p.42) cita que existe a

percepção do mercado de que os relatórios fornecidos pela contabilidade financeira ou

tradicional não retratam certas realidades das empresas. Essa realidade tem sido interpretada

pelo mercado como uma falha da contabilidade em lidar com novos valores da sociedade.

Sveiby (1998, p.193), no mesmo sentido, comenta que até o momento, os sistemas de

avaliação de ativos intangíveis têm sido prejudicados pelo uso de variáveis financeiras e que

os fluxos de conhecimento e ativos intangíveis, por não serem elementos financeiros, exigem

medidas tanto financeiras como não financeiras para sua mensuração.

Uma provável resposta para esse problema é que os ativos intangíveis, principalmente

os relacionados ao Capital Intelectual, são extremamente subjetivos e de difícil mensuração.

Sobre esse aspecto, Marr, Gray e Neely (2003, p.441) afirmam que apesar da importância do

Capital Intelectual em prover benefícios às empresas, é essencial que pesquisadores sobre o

assunto tenham condições de justificar esses pressupostos teóricos, por intermédio de testes

empíricos rigorosos.

Na mesma direção, Liebowtz e Suen (2000, p.54) comentam que mensurar o Capital

Intelectual é uma área de interesse em crescimento, dentro do campo do gerenciamento do

conhecimento, sendo que métricas estão sendo desenvolvidas e aplicadas por algumas

organizações, porém, existe a necessidade de se ampliar as pesquisas para melhor se

sistematizar essas mensurações.

Entende-se que essas preocupações fazem sentido pelo fato de que erros na avaliação

de ativos das empresas podem prejudicar, sobremaneira, a tomada de decisão efetuada pelos

usuários das informações contábeis. Dessa forma, se torna muito oportuno o comentário de

Antunes (2004, p. 257) sobre o fato de que todos os esforços em relação ao tema Capital

Intelectual e aos Ativos Intangíveis devem ser dirigidos para a Contabilidade Gerencial e que

estudos, no sentido de identificar, mensurar e registrar esses investimentos e contemplá-los

nos sistemas de informação gerenciais das organizações devem ser priorizados.

O único adendo a essa afirmação refere-se ao fato de que contemplando o Capital

Intelectual somente nos sistemas de contabilidade gerencial fará com que essa informação

fique restrita a um grupo reduzido de pessoas/usuários, pois, de acordo com a obra de

Anthony e Govindarajan (2008), o sistema de controle gerencial ou contabilidade gerencial, é

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voltado aos usuários internos, ou seja, voltado a estratégia da empresa. Dessa maneira, a

assimetria de informação torna-se mais acentuada e prejudicial para os usuários externos da

informação contábil.

Prestar contas à sociedade é uma das funções das organizações em função do alto

relacionamento que existe entre empresas e pessoas. A divulgação financeira deve fornecer

informação útil à tomada de decisão racional de investimento, concessão de crédito, dentre

outros, para investidores e credores atuais e futuros, bem como outros usuários

(HENDRIKSEN e BREDA, 2007, p.511). Dessa forma, evidencia-se que a divulgação ao

mercado de informações sobre o Capital Intelectual poderá trazer benefícios às empresas e à

sociedade como um todo, pela transparência e entendimento dos negócios das empresas.

Outro ponto importante a destacar, é que tais divulgações tendem a reduzir a assimetria

informacional entre a empresa e as pessoas interessadas em informações sobre a mesma

(IUDÍCIBUS, 1987, P.92 e HENDRIKSEN e BREDA, 2007, p.139).

• Definição de Goodwill

Hendriksen e Breda (2007, p.392) comentam que o goodwill é o mais importante ativo

intangível na maioria das empresas, pois o mesmo representa recursos ocultos com grande

potencial de geração de benefícios, além de ser o ativo de tratamento mais complexo, em

função da dificuldade de reconhecimento e mensuração.

Ernest & Young e FIPECAFI (2009, p.325) citam que de acordo com as normas

internacionais de contabilidade – IFRS 3 – goodwill representa os benefícios econômicos

futuros decorrentes de ativos que não poderão ser identificados individualmente e

reconhecidos separadamente.

Para uma melhor compreensão do significado do goodwill, apresenta-se a seguir os

quadros 6 e 7, que versarão sobre a classificação do goodwill, na ótica de Coyngton e Paton e

Paton, encontrados em Martins (1972, p.73-74):

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Quadro 6 – Classificação do goodwill, segundo Coyngton

GOODWILL

COMERCIAL

Criado em função, exclusivamente, de toda empresa, independentemente das pessoas proprietárias ou administradoras.

PESSOAL

Decorre de uma ou várias pessoas que integram a empresa, sendo proprietárias ou administradoras.

PROFISSIONAL

Desenvolvido por uma classe profissional que cria uma imagem que a distingue dentro da sociedade, propiciando condições de alta remuneração.

EVANESCENTE

Característico de certos produtos que a moda cria e, portanto, possuem curta duração.

DE NOME OU MARCA COMERCIAL

Ocasionado pela imagem do nome da empresa que produz o produto ou da marca sob a qual é comercializado.

Fonte: Martins (1972, p.74)

Quadro 7 – Classificação do goodwill, segundo Paton e Paton

GOODWILL

COMERCIAL

Decorrente de serviços colaterais, como equipe cortês de vendedores, entregas convenientes, facilidade de crédito, dependências apropriadas para serviços de manutenção, qualidade do produto em relação ao preço, atitude e hábito do consumidor como fruto de nome comercial e marca tornados proeminentes em função de propaganda persistente, localização da firma.

INDUSTRIAL

Decorrente de altos salários, baixo turnover de empregados, oportunidades internas satisfatórias para acesso a posições hierárquicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, desde que tais fatores contribuam para a boa imagem da empresa e também para a redução do custo unitário de produção em virtude da eficiência de uma força de trabalho operando nessas condições.

FINANCEIRO

Derivado da atitude de investidores e de fontes de financiamento e de crédito em virtude de a empresa possuir sólida situação para cumprir suas obrigações e manter sua imagem ou, ainda, obter recursos financeiros que lhe permitam aquisições de matéria-prima ou de mercadorias em melhores termos e preços.

POLÍTICO

Em decorrência de boas relações com o Governo.

Fonte: Martins (1972, p.73)

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Analisando-se as definições e classificações do goodwill, percebe-se a proximidade

que o mesmo possui ao Capital Intelectual. Isso é reforçado pelos comentários tecidos por

Brooking (1996, p.12), onde a referida autora comenta que o nascimento do Capital

Intelectual deu-se quando o primeiro vendedor estabeleceu um bom relacionamento com seu

cliente, o que se denominou goodwill.

Edvinsson e Malone (1998, p.22) comentam que goodwill pode ser considerado como

a lealdade dos clientes, o reconhecimento de um nome empresarial que existe há décadas, a

localização comercial, ou até mesmo, o caráter dos empregados. Esses conceitos dos autores

sobre o goodwill estão intimamente ligados ao do Capital Intelectual.

Todavia, vale mencionar o estudo realizado por Antunes (1999) em que ela conclui

que o Capital Intelectual e o goodwill fazem parte do mesmo fenômeno e que as

características de um estão fortemente presentes no outro, mas que não são sinônimos, visto

que o Capital Intelectual vem identificar alguns fenômenos que enquanto não identificados

compõem o Goodwill. Pode-se dizer então que, enquanto não identificado e adequadamente

mensurado, o Capital Intelectual situa-se dentro do goodwill e percebe-se, dessa maneira, que

ambos possuem o potencial de geração de benefícios econômicos às empresas.

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CAPÍTULO 3

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Tipo de Pesquisa

Este estudo se caracteriza como do tipo exploratório e descritivo. Exploratório porque

se trata de um proposição de aperfeiçoamento dos modelos de gestão de risco de crédito dos

bancos por meio da inclusão dos ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual tendo

em vista o Novo Acordo de Capitais - Basileia II; além disso se buscou maior conhecimento

sobre o grau de entendimento dos gestores de bancos brasileiros a respeito dos benefícios da

identificação, mensuração e utilização desses ativos, além da sugestão de proposta.

A utilização da pesquisa exploratória ocorre quando há pouco conhecimento sobre o

assunto estudado e dessa forma busca-se conhecer com mais profundidade o assunto em

questão de modo a torná-lo mais claro (BEUREN, 2009, p.80; COLLIS e HUSSEY, 2005,

p.24; GIL, 2002, p.41). Este estudo também é descritivo porque a partir de uma população

específica (bancos brasileiros) se descreveu o processo de utilização, ou não, das informações

não financeiras, especificamente as relacionadas ao Capital Intelectual, no gerenciamento de

risco de crédito dos bancos à luz do Novo Acordo de Capitais - Basileia II de forma a se

analisar a possibilidade de serem incluídos esses elementos.

Segundo Collis e Hussey (2005, p.24), pesquisas descritivas são aquelas que

descrevem o comportamento dos fenômenos, sendo utilizada para identificar e obter

informações sobre as características de um determinado problema ou questão. Oliveira (1999)

comenta que nas pesquisas descritivas é necessário um planejamento rigoroso quanto à

definição de métodos e técnicas para a coleta e análise de dados. O referido autor recomenda

que para esse tipo de pesquisa se utilizem informações obtidas por meio de estudos

exploratórios.

Assim sendo, este estudo enquadrou-se no paradigma de pesquisa fenomenológico.

Esse paradigma de pesquisa se interessa em entender o comportamento humano a partir da

estrutura de referência do pesquisador e presume-se que a realidade social está dentro das

pessoas (COLLIS e HUSSEY, 2005, p.59).

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3.2. Método de Pesquisa

De acordo com Richardson (2007), método de pesquisa é a escolha de procedimentos

sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos em ciências sociais. Sendo assim,

segundo o autor, existem dois grandes métodos de pesquisa: o quantitativo e o qualitativo. O

método quantitativo caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta

quanto no tratamento dos dados; já o método qualitativo se caracteriza pelo poder de

descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais (BEUREN, 2009,

p.92). Assim sendo, neste estudo fez-se uso do método qualitativo para a coleta e tratamento

dos dados, conforme evidenciado mais adiante nos itens 3.4 e 3.5, pois julgou-se ser a forma

mais adequada para se responder à questão de pesquisa deste estudo atingindo-se aos

objetivos geral e específicos propostos.

3.3. População e Amostra

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 41), população ou universo é o conjunto de

seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.

Para Gil (2002), população ou universo é o conjunto de elementos que possuem determinadas

características.

População ou universo é o conjunto de elementos que possuem determinadas

características (MARCONI e LAKATOS, 2002; RICHARDSON, 2007; GIL, 2009).

Assim sendo, a população alvo do presente estudo foi composta pelos gestores

(Diretores e Gerentes) de risco dos bancos brasileiros. Considerou-se banco brasileiro toda

instituição financeira que opera no Brasil e que divulga informações financeiras e contábeis

ao mercado, independentemente se o mesmo possuir sócios ou controladores estrangeiros

Para se identificar os bancos de forma a se compor a amostra deste estudo, adotou-se

o critério de valor de ativos. Para tanto, partiu-se da premissa de que os bancos com maiores

ativos tendem a possuir maiores carteiras de crédito e, consequentemente, processos e

modelos de gerenciamento de risco de crédito mais bem elaborados.

Assim sendo, foram selecionados os 8 bancos conforme exibe a Tabela 1, os quais

representam parcela relevante do total de bancos brasileiros (52,6% do total de ativos do

Sistema Financeiro Nacional). Os gestores dos outros bancos pertencentes aos dez maiores

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bancos do Sistema Financeiro Nacional, em termos de ativos totais, também foram

convidados a participar da pesquisa, porém não se manifestaram a respeito.

Assim, tem-se como amostra final do estudo os gestores dos seguintes bancos:

Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Votorantim, Santander, Alfa, Industrial

e Comercial e Cruzeiro do Sul, conforme evidencia a Tabela 1.

Tabela 1: Representatividade da amostra frente à população - bancos

BANCOS

ATIVOS TOTAIS

FINANCEIROS

BASE 30/06/2010

Reais milhões

%

BANCO DO BRASIL 729.977 18,2

BANCO BRADESCO 495.622 12,4

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 381.238 9,5

BANCO SANTANDER 366.047 9,1

BANCO VOTORANTIN 102.050 2,5

BANCO ALFA

BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL

BANCO CRUZEIRO DO SUL

12.596

14.498

8.238

0,3

0,4

0,2

SUBTOTAL 2.110.266 52,6

TOTAL DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

4.011.864 100,0

Fonte: sitio BACEN, 2010.

3.4. Procedimentos de Coleta de Dados: instrumento e técnica

Os procedimentos para a coleta dos dados foram divididos em duas fases de acordo

com os objetivos específicos estabelecidos para este estudo, a saber:

3.4.1. Primeira fase da coleta de dados: objetivos específicos 1 e 2

Inicialmente foi feito contato por meio telefônico, e por meio de e-mail, com os

gestores das áreas de gestão de riscos de crédito e análise de crédito de cada banco

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pertencente a amostra para explicar os motivos e a importância da pesquisa, convidando os

responsáveis pela gestão de riscos de crédito a participar do estudo.

Para a coleta dos dados foi desenvolvido um questionário eletrônico pela internet,

através do link:< http://www.surveymonkey.com/s/GQ26MMF>

O questionário eletrônico foi estruturado com perguntas abertas e fechadas. De acordo

com Hill e Hill (2008), a construção de um questionário equivale a traduzir os objetivos da

pesquisa em questões específicas, refletindo cuidadosamente o objetivo geral, ou seja, a

informação que se procura.

(APÊNDICE A). Diante da

concordância, foi enviado a eles o questionário eletrônico por e-mail na forma de uma carta

convite com o link de acesso (APÊNCIDE B). O envio do convite aos respondentes foi

efetuado em setembro de 2010.

As perguntas fechadas foram utilizadas para se obter: (i) informações demográficas e

funcionais dos respondentes; (ii) informações cadastrais de cada banco; e (iii) respostas

escolhidas pelos respondentes através de alternativas fornecidas pelo pesquisador (questões de

múltipla escolha). As questões abertas foram utilizadas para as respostas descritivas,

elaboradas pelo próprio respondente (HILL e HILL, 2008, p.93). As perguntas abertas são

bastante indicadas na situação em que o pesquisador tem pouca informação sobre o assunto

ou deseja saber sobre o assunto (RICHARDSON, 2007).

Os quadro 8, 9, 10 e 11 apresentam a relação de questões constantes no questionário

identificadas aos objetivos específicos 1 e 2 da pesquisa e seu tipo.

Quadro 8 : Caracterização do respondente

PERGUNTA\AFIRMAÇÃO TIPO Cargo no banco Fechada

Formação acadêmica Fechada

Formação na graduação Fechada

Formação na Pós-graduação Fechada

Área de atuação na banco Fechada

Tempo em que atua no banco Fechada

Tempo em que atua na área atual Fechada

Idade Fechada

Nome do banco Aberta

Nome do respondente (opcional) Aberta

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Definição de informações financeiras e não financeiras para fins desse estudo:

Informações financeiras são aquelas evidenciadas e obtidas através das Demonstrações

Contábeis das empresas.

Informações não financeiras

são aquelas não evidenciadas nas Demonstrações

Contábeis das empresas, sendo obtidas de outras formas.

Quadro 9 : Bloco A - Estrutura atual dos modelos de gestão de riscos de crédito dos bancos

PERGUNTA\AFIRMAÇÃO TIPO 1. O banco já está adotando as regulamentações de Basileia II para o Gerenciamento de

Risco de Crédito?

Fechada

2. Em caso positivo na resposta anterior, qual é a metodologia escolhida/utilizada pelo

banco para a Gestão de Riscos de Crédito?

Fechada

3. Se a resposta anterior for IRB, qual é o tipo? Fechada

4. Assinale quais ferramentas de Gestão de Riscos de Crédito são utilizadas pelo banco:

Creditscoring; Analise julgamental; e Outros (qual)?

Fechada

5. Comente a finalidade de cada ferramenta citada na questão anterior. Aberta

6. Antes das regulamentações de Basileia II, o banco já possuía modelos internos de

avaliação e gerenciamento de Risco de Crédito?

Fechada

7. Em caso negativo na questão anterior, favor explicar como eram os modelos de

avaliação e gerenciamento de Risco de Crédito do banco.

Aberta

(eliminada)

8. Qual tipo de informação de empresas o banco utiliza em seus modelos de Gestão de

Riscos de Crédito?

Fechada

9. Justificar a resposta anterior sobre os motivos de utilização de informações não

financeiras nos modelos.

Aberta

10. Caso a resposta a pergunta 8 for “financeiras e não financeiras”, favor elencar as

principais informações “não financeiras” que são utilizadas pelo banco em seus modelos

de gerenciamento de risco de crédito.

Aberta

11. No caso do banco utilizar em seus modelos informações “Financeiras e Não

Financeiras”, essas informações foram incorporadas aos modelos de gerenciamento de

risco de crédito somente após as determinações de Basileia II?

Fechada

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12. Onde são obtidas as principais informações (financeiras e não financeiras) das empresas

para o banco incluir em seus modelos de Gerenciamento de Risco de Crédito? Exemplo:

Demonstrações Contábeis, Serasa, Agências de Ratings, etc.

Aberta

13. Basileia II trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos nos modelos de

Gerenciamento de Riscos de Crédito do banco.

Escala Likert

(fechada)

14. Basileia II trouxe mais flexibilidade para a utilização de informações não financeiras

nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco.

Escala Likert

(fechada)

15. O banco entende que após Basileia II ficou mais fácil a inclusão de informações sobre o

Capital Intelectual nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito.

Escala Likert

(fechada)

16. As Demonstrações Contábeis atuais disponibilizam informações suficientes para avaliar

a situação econômico-financeira de uma empresa para os modelos de Gestão de Riscos

de Crédito do banco.

Escala Likert

(fechada)

Quadro 10 : Bloco B – Relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos de gestão de riscos de crédito dos bancos

PERGUNTA\AFIRMAÇÃO TIPO 1. Ao se analisar uma empresa, as informações não financeiras são importantes e

relevantes para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito do

banco.

Escala Likert

(fechada)

2. Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão preparados para trabalhar

com informações não financeiras das empresas.

Escala Likert

(fechada)

3. Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações não

financeiras das empresas para o correto gerenciamento de risco de crédito.

Escala Likert

(fechada)

4. Ao se analisar uma empresa, informações sobre ativos intangíveis são importantes e

relevantes para a correta avaliação de riscos de uma empresa.

Escala Likert

(fechada)

5. Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações sobre ativos

intangíveis das empresas para o correto gerenciamento de riscos de crédito das mesmas.

Escala Likert

(fechada)

6. Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão estruturados para trabalhar

com informações sobre ativos intangíveis das empresas.

Escala Likert

(fechada)

7. Os modelos atuais do banco de Gerenciamento de Risco de Crédito efetivamente

contemplam informações sobre ativos intangíveis das empresas.

Escala Likert

(fechada)

8. As informações utilizadas pelo banco sobre ativos intangíveis, para inclusão em seus

modelos de gerenciamento de risco de crédito, são apenas aquelas evidenciadas nas

Demonstrações Contábeis das empresas.

Escala Likert

(fechada)

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9. As informações sobre ativos intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações Contábeis

das empresas são utilizadas pelo banco para inclusão em seus modelos de Gestão de

Risco de Crédito? Em caso afirmativo, como são obtidas essas informações?

Aberta

10. Favor assinalar quais tipos de informação sobre ativos intangíveis o banco considera

importante/relevante para inclusão em seus modelos de Gerenciamento de Risco de

Crédito?

( ) Marca

( ) Relacionamento com clientes

( ) Canais de distribuição

( ) Investimentos em treinamento dos colaboradores

( ) Nível escolar dos gerentes e diretores da empresa

( ) Patentes registradas da empresa

( ) Cultura organizacional

( ) Sistemas de informações

( ) Investimentos em Tecnologia e informática

( ) Valor de Mercado da empresa

( ) Reputação da empresa

( ) Imagem da empresa

( ) Nível de governança

( ) Relacionamento com fornecedores

( ) Freqüência de lançamentos de novos produtos

Fechada

Definição de Capital Intelectual para fins desse estudo:

Capital Intelectual é o somatório do conhecimento proveniente das habilidades

aplicadas dos membros de uma organização com a finalidade de trazer vantagem competitiva,

materializando-se em marcas, novos produtos, processos eficientes, bons relacionamentos

com os clientes, desenvolvimento de novas tecnologias etc (Antunes, 2004).

Quadro 11: Bloco C – Relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos modelos de gestão de riscos de crédito dos bancos

PERGUNTA\AFIRMAÇÃO TIPO 1. Os membros de minha organização conhecem e utilizam em seus processos o conceito

de Capital Intelectual.

Escala Likert

(fechada)

2. O Capital Intelectual é considerado pelo banco um ativo gerador de valor e de

benefícios futuros das empresas e precisa ser corretamente mensurado e avaliado para os

modelos de gerenciamento de risco de crédito.

Escala Likert

(fechada)

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3. A mensuração do Capital Intelectual das empresas é um item importante para o banco

para inclusão nos seus modelos de Gerenciamento de Risco de Crédito.

Escala Likert

(fechada)

4. Efetivamente, os modelos atuais do banco de Gestão de Riscos de Crédito contemplam

informações sobre a avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas.

Escala Likert

(fechada)

5. As empresas que melhor evidenciam o valor de seu Capital Intelectual possuem mais

vantagens ou melhores pontuações nos modelos de Gestão de Risco de Crédito do

banco.

Escala Likert

(fechada)

6. Para o banco, gastos com treinamentos de colaboradores são considerados investimentos

que trazem benefícios futuros, ou seja, retornos para as empresas.

Escala Likert

(fechada)

7. O banco já desenvolveu um modelo específico para avaliação e mensuração do Capital

Intelectual das empresas para o gerenciamento de risco de crédito.

Escala Likert

(fechada)

8. O Capital Intelectual é um item não avaliado e considerado pelo banco em seus modelos

de gerenciamento de risco de crédito.

Escala Likert

(fechada)

9. O banco entende que investimentos em Capital Intelectual podem reduzir custos futuros

das empresas.

Escala Likert

(fechada)

10. O investimento em Capital Intelectual pode melhorar o fluxo de caixa futuro de uma

empresa?

Escala Likert

(fechada)

11. O banco mensura e avalia o Capital Intelectual de uma empresa para inseri-lo nos

modelos de Gestão de Riscos de Crédito? Em caso afirmativo, como é feito esse

processo?

Aberta

12. Em caso negativo a pergunta anterior, favor justificar os motivos que levaram o banco a

não considerar o Capital Intelectual como um item a ser avaliado e considerado em seus

modelos de gerenciamento de risco de crédito, se for o caso.

Aberta

13. Para você, as informações sobre ativos intangíveis e do Capital Intelectual devem ou

deveriam ser inseridos nos modelos de risco de crédito de qual segmento de negócio:

( ) Segmento de grandes empresas

( ) Segmento de médias empresas

( ) Segmento de pequenas empresas

( ) Em todos os segmentos acima

( ) Outros

Fechada

14. Em suma, como você descreve resumidamente o status atual da utilização dos ativos

intangíveis e do Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do

seu banco?

Aberta

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3.4.2. Segunda fase da coleta de dados: objetivo específico 3

Nesta fase da pesquisa foi realizada uma análise de caso no Banco Titânio (nome

fictício) para entendimento de como é o processo de gerenciamento de riscos de crédito no

banco e se existe algum tratamento dos ativos de Capital Intelectual nesses modelos. Também

foi possível verificar se por intermédio da possibilidade dada pelo Novo Acordo de Capitais -

Basileia II, o banco estava utilizando em seus modelos de gestão de riscos de crédito

informações sobre ativos intangíveis importantes para a correta avaliação de riscos das

empresas.

De acordo com Gil (2009, p.4), na análise de casos o pesquisador dispõe de um

conjunto de informações e dados já disponíveis, acerca de um grupo, organização,

comunidade, fato ou fenômeno que podem ser analisados com propósitos diversos cabendo ao

pesquisador conferir-lhes tratamento analítico, sendo adotado como um dos procedimentos

fundamentais nos estudos exploratórios. Dessa forma, não se confunde com o método do

estudo de caso, pois este envolve procedimentos de planejamento, coleta, análise e

interpretação de dados.

Assim sendo, este estudo foi desenvolvido junto à área responsável pela modelagem

de risco de crédito do Banco Titânio, por meio de seus Gerentes.

Também nesta fase coletou-se elementos que permitiram propor o aperfeiçoamento

dos modelos atuais de gestão de riscos de crédito do banco, por meio da inclusão de

variáveis relacionadas ao Capital Intelectual, conforme descrito no capítulo 4.

3.5. Procedimentos de Tratamento de Dados

Na primeira fase da pesquisa (objetivos específicos 1 e 2), primeiramente os dados

relativos às perguntas fechadas foram organizados em tabelas de frequência e gráficos para a

realização de análises descritivas, conforme orienta Stevenson (1981). Para a análise

descritiva dos dados, não houve a necessidade de resumir os dados, pelo fato da amostra ser

considerada pequena. Dessa forma os dados foram analisados individualmente.

As perguntas abertas, também relativas a primeira fase da pesquisa, foram analisadas

de acordo com a técnica de análise de dados qualitativos denominada por Análise de

Conteúdo.

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A análise de conteúdo é uma maneira de converter sistematicamente textos em

variáveis numéricas para a análise qualitativa de dados (MOSTYN, 1995, apud COLLIS e

RUSSEY, 2005, p.240). Segundo Godoy (1995), na análise de conteúdo utiliza-se de técnicas

quantitativas e/ou qualitativas condensando os resultados em busca de padrões, tendências ou

relações implícitas cuja interpretação deverá ir além do conteúdo manifesto dos documentos,

pois o que interessa ao pesquisador é o conteúdo latente, ou seja, o sentido que está por trás

do imediatamente aprendido. Dessa forma, a análise de conteúdo se mostra aderente a esse

tipo de estudo.

Na segunda fase da pesquisa (objetivo específico 3), foi utilizado o procedimento de

entendimento dos fluxos dos processos de inclusão de novas variáveis nos modelos/técnicas

de gerenciamento de risco de crédito da unidade em análise (Banco Titânio – nome fictício),

através da verificação “in loco” dos processos atuais e, também, através de reuniões com os

gerentes responsáveis pela área de modelagem de risco de crédito do banco. Esse

procedimento permitiu a compreensão dos fluxos de processos reais do banco e de quais são

suas formas de avaliação de riscos de crédito e, ainda, de como o Capital Intelectual poderia

ser inserido nesse contexto, pois o banco não possui tratamento específico para esse tipo de

ativo. Tal observação serviu como orientadora para a proposição de melhoria do modelo atual

com a inserção de informações dos ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nos

modelos de gestão de risco de crédito do banco. Os ativos relacionados ao Capital Intelectual

que foram tratados na proposta de melhoria dos processos de gerenciamento de risco de

crédito do Banco Titânio foram identificados através das respostas dos respondentes ao

questionário relativo à primeira fase da pesquisa.

A pedido da Instituição foi mantido o seu anonimato e utilizou-se um nome fictício

para o banco (Banco Titânio), visto tratar-se da disponibilização de informações e processos

estratégicos. Todavia, vale ressaltar que todos os processos e fluxos descritos nesta pesquisa

(atuais e propostos) condizem fielmente aos processos do banco e os mesmos foram

analisados e validados pelos especialistas em modelagem de risco de crédito do mesmo.

3.6. Desenho da Pesquisa

A Figura 4 apresenta o desenho desta pesquisa. No APÊNDICE C tem-se a Matriz de

Amarração que possibilita a visão geral do estudo em termos da sequência metodológica que

foi seguida para se atender aos objetivos específicos descritos no item 1.4 desta dissertação.

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Figura 4 – Desenho da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO COM ELEMENTOS DE CAPITAL INTELECTUAL

CAPITAL INTELECTUAL

GERENCIAMENTO DE RISCO DE

CRÉDITO

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

TEORIA – LIVROS,

ARTIGOS, ETC

PESQUISA DOCUMENTAL

LEIS, REGULAMENTO,

NORMAS

PESQUISA DE CAMPO BANCOS

BRASILEIROS

ENTENDIMENTO DA SITUAÇÃO ATUAL E DA IMPORTÂNCIA DOS ATIVOS INTANGÍVEIS E DO CAPITAL INTELECTUAL PARA OS PROCESSOS DE GESTÃO DE

RISCO DE CRÉDITO DOS BANCOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1 E 2

ANÁLISE DE CASO – BANCO TITÂNIO (NOME FICTÍCIO) ESTUDO PARA O APERFEIÇOAMENTO DOS MODELOS DE GERENCIAMENTO DE

RISCOS DE CRÉDITO COM ELEMENTOS DE CAPITAL INTELECTUAL

SISTEMÁTICA DE INCLUSÃO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS (CAPITAL INTELECTUAL) NOS MODELOS/TÉCNICAS DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO

OBJETIVO ESPECÍFICO 3

CONCLUSÕES DO ESTUDO

LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

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CAPÍTULO 4

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A apresentação dos resultados deste estudo está dividida em duas partes. Na primeira

caracterizam os respondentes e apresentam-se os resultados das respostas dos gestores

(Diretores e Gerentes) da área de gestão de risco de crédito dos bancos que compuseram a

amostra e que atendem aos objetivos específicos 1 e 2. Na segunda parte, apresenta-se a

proposta de aperfeiçoamento do modelo do Banco Titânio (nome fictício) para o processo de

gerenciamento de risco de crédito, incorporando-se os elementos intangíveis, principalmente

os relacionados ao Capital Intelectual, cumprindo-se assim ao objetivo específico 3.

4.1 Resultados das respostas dos questionários com Diretores e Gerentes dos bancos

Caracterização dos respondentes

Com o propósito de estabelecer o perfil dos respondentes, conforme indicado no

capítulo precedente deste estudo (Tabela 1), foram calculadas frequências estatísticas dos

dados obtidos, analisadas na sequência.

Dos 8 bancos selecionados para este estudo, obteve-se o retorno de 14 questionários.

Esses questionários são referentes aos gestores dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Caixa

Econômica Federal, Votorantim, Santander, Alfa, Industrial e Comercial e Cruzeiro do Sul.

Desses, 7 são de Diretores e 7 são de Gerentes, conforme evidencia a Tabela 2.

Tabela 2: Bancos e cargo dos respondentes

Banco Diretor Gerente Total

Banco Bradesco 1 1 2Banco do Brasil 0 2 2Caixa Econômica Federal 1 1 2Banco Votorantim 1 1 2Banco Santander 1 1 2Banco Alfa 1 1 2Banco Industrial e Comercial 1 0 1Banco Cruzeiro do Sul 1 0 1Total 7 7 14

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As Tabelas 3, 4 e 5 demonstram, respectivamente, a área de atuação, o tempo na área

de atuação e o tempo de atuação no banco dos respondentes.

Tabela 3: Perfil dos respondentes quanto à área de atuação

área de atuaçãoFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Gestão de Riscos Corporativos 4 57.1% 4 57.1% 8 57.1%Contabilidade/Controladoria 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Crédito 3 42.9% 3 42.9% 6 42.9%Outros 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Tabela 4: Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação em suas áreas

Tempo em que atua na áreaFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

1 a 5 anos 3 42.9% 2 28.6% 5 35.7% 6 a 10 anos 1 14.3% 3 42.9% 4 28.6% 11 a 15 anos 2 28.6% 1 14.3% 3 21.4% 16 a 20 anos 0 0.0% 1 14.3% 1 7.1% mais de 20 anos 1 14.3% 0 0.0% 1 7.1%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Tabela 5: Perfil dos respondentes quanto ao tempo de atuação no banco

Tempo em que atua na bancoFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

1 a 5 anos 1 14.3% 1 14.3% 2 14.3% 6 a 10 anos 2 28.6% 1 14.3% 3 21.4% 11 a 15 anos 1 14.3% 1 14.3% 2 14.3% 16 a 20 anos 1 14.3% 0 0.0% 1 7.1% mais de 20 anos 2 28.6% 4 57.1% 6 42.9%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

A Tabela 3 evidencia que se atingiu o público desejado, ou seja, 50% dos respondentes

são diretores e 50% são gerentes. Todavia, conforme evidenciado na Tabela 2, no caso do

Banco do Brasil apenas os gerentes responderam e no caso do Banco Industrial e Comercial e

do Banco Cruzeiro do Sul, apenas os diretores, não obtendo-se, portanto, a correspondência

em toda a amostra. Ainda em relação à área de atuação dos respondentes (Tabela 3), destaca-

se que, tanto no caso dos Diretores como no dos Gerentes, dos 14 respondentes, 8

profissionais (4 Diretores e 4 Gerentes) pertencem a área de Gestão de Riscos Corporativos e

6 (3 Diretores e 3 Gerentes) pertencem a área de Crédito dos bancos. Esses resultados estão

aderentes à estratégia de pesquisa que foi elaborada (Capítulo 3), pois são as áreas de Gestão

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de Riscos Corporativos e de Crédito as principais áreas responsáveis e gestoras do processo

de gerenciamento de risco de crédito em um banco.

Com relação ao tempo de atuação em suas áreas atuais (Tabela 4), tem-se que no caso

dos Diretores, dos 7 respondentes, 3 atuam em suas áreas entre 1 a 5 anos e 2 atuam entre 11 a

15 anos. No caso dos Gerentes, evidencia-se que dos 7 respondentes, 3 atuam entre 6 a 10

anos e 2 entre 1 a 5 anos.

E com relação ao tempo em que os respondentes trabalham nos referidos bancos

(Tabela 5) tem-se que com relação aos Diretores, dos 7 respondentes, 2 estão no banco na

faixa entre 6 e 10 anos e 2 a mais de 20 anos. No caso dos Gerentes, dos 7 respondentes, 4

estão no banco a mais de 20 anos.

Em se tratando da idade dos respondentes (Tabela 6), pode-se observar que a maior

parte dos Diretores está na faixa etária entre os 41 e 46 anos (5 Diretores), seguida da faixa

etária dos 36 aos 40 anos (2 Diretores). No caso dos Gerentes, a maior parte deles encontra-

se na faixa etária dos 36 aos 40 anos (4 Gerentes), seguido por aqueles que tem mais de 46

anos (2 Gerentes).

Tabela 6: Perfil dos respondentes quanto a idade

IdadeFrequência

Diretores%

Frequência

Gerentes% Total %

20 a 25 anos 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% 26 a 30 anos 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% 31 a 35 anos 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% 36 a 40 anos 2 28.6% 4 57.1% 6 42.9% 41 a 46 anos 5 71.4% 1 14.3% 6 42.9% mais de 46 anos 0 0.0% 2 28.6% 2 14.3%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

A Tabela 7 evidencia a formação acadêmica dos respondentes. Pode-se verificar que a

maior parte dos Diretores possui graduação (3 diretores), sendo que 2 Diretores possuem

também mestrado. Quanto aos Gerentes, observa-se que a situação se inverte, visto que a

grande maioria possui Mestrado ou Especialização (MBA/Pós-Graduação), além da

graduação (2 Gerentes).

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Tabela 7: Perfil dos respondentes quanto a Escolaridade

CursoFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Graduação 3 42.9% 2 28.6% 5 35.7%Mestrado 2 28.6% 2 28.6% 4 28.6%Doutorado 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Especialização (MBA/Pós Grad.) 1 14.3% 3 42.9% 4 28.6%Outro 1 14.3% 0 0.0% 1 7.1%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

A Tabela 8 exibe a formação dos respondentes na Graduação.

Tabela 8: Perfil dos respondentes quanto a formação da Graduação

CursoFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Ciências Contábeis 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Administração 2 28.6% 3 42.9% 5 35.7%Economia 1 14.3% 2 28.6% 3 21.4%Engenharia 4 57.1% 1 14.3% 5 35.7%Outros 0 0.0% 1 14.3% 1 7.1%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Nota-se que a maioria dos Diretores (4 casos), se graduou em Engenharia, sendo o

curso de Administração o 2º curso preferido pelos Diretores (2 casos). Para os Gerentes,

verifica-se que a maioria se graduou em Administração (3 casos) e em 2º lugar em Economia

(2 casos). Uma possível explicação para esse perfil de graduação, principalmente no caso dos

Diretores, pode ser o fato de o processo de gestão de risco de crédito requerer habilidades de

raciocínio lógico e matemático, visto que muitas inferências de cálculos matemáticos e

estatísticos são aplicadas e o curso de Engenharia se destaca fortemente no desenvolvimento

dessas habilidades atraindo profissionais com esse perfil.

A Tabela 9 demonstra a formação dos respondentes na Pós-Graduação. Destaca-se

que, nesse aspecto, o curso de Finanças foi o mais escolhido, tanto pelos Diretores quanto

pelos Gerentes (4 Diretores e 5 Gerentes, do total de 14 respondentes), o que está totalmente

em linha com a função exercida na área em que atuam nos bancos.

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Tabela 9: Perfil dos respondentes quanto a formação da Pós-Graduação

CursoFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Contabilidade/Controladoria 1 14.3% 0 0.0% 1 7.1%Administração Geral 1 14.3% 0 0.0% 1 7.1%Finanças 4 57.1% 5 71.4% 9 64.3%Auditoria e Compliance 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Outros 1 14.3% 2 28.6% 3 21.4%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Em síntese, com relação à caracterização dos respondentes, pode-se resumir que se

trata de um grupo formado por profissionais que atuam em 8 bancos brasileiros os quais

representam, aproximadamente, 53% do total do sistema financeiro em termos de ativos,

possuem formação acadêmica, idade e experiência condizentes com suas áreas de atuação.

Assim sendo, pode-se afirmar que se teve acesso a profissionais respondentes cujo perfil está

em consonância com os objetivos do estudo.

Na sequência, apresentam-se os resultados tendo como referência os objetivos

específicos propostos no Capítulo 1. Assim sendo, para cada bloco do questionário

(APÊNDICE A) foi feita uma análise descritiva das respostas obtidas.

Vale ressaltar que visando garantir o cumprimento de todos os objetivos específicos

estabelecidos para este estudo, foi desenvolvida uma matriz a qual se denomina por “Matriz

de Amarração dos objetivos” (APÊNDICE C).

Do Objetivo Específico 1

Do Objetivo Específico 1: Conhecer como estão estruturados os modelos de

gerenciamento de riscos de crédito das instituições financeiras bancárias da amostra em

estudo, pela ótica do Novo Acordo de Capitais da Basileia II.

No Bloco A do questionário, conforme pode ser visto no APÊNDICE A, buscou-se

identificar como estão estruturados os modelos atuais de gerenciamento de riscos de crédito

dos bancos estudados, pela ótica do Novo Acordo de Capitais da Basileia II. Assim sendo, a

Tabela 10 evidencia a resposta para a pergunta que visa saber se o banco já está adotando as

regulamentações de Basileia II para o gerenciamento de risco de crédito.

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Tabela 10: Adoção das regulamentações de Basileia II pelos bancos

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Sim 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%Não 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Pergunta: O banco já está adotando as regulamentações de Basileia II para o Gerenciamento de Risco de Crédito?

Nota-se que, tanto os Diretores como os Gerentes (14 respondentes ou 100%)

entendem que os bancos onde eles atuam já estão adotando as regulamentações de Basileia II

para o gerenciamento de risco de crédito.

A Tabela 11 exibe qual é a metodologia escolhida/utilizada pelos bancos para o

processo de gerenciamento de risco de crédito, tendo em vista as regulamentações de Basileia

II. Percebe-se que, no caso dos Diretores, dos 7 respondentes 4 afirmam que seus bancos

utilizam a metodologia IRB (Internal Rating Based) e 3 a metodologia Padronizada. Já no

caso dos Gerentes, também dos 7 respondentes ao questionário, 5 afirmam que seus bancos

utilizam a metodologia IRB, enquanto 2 afirmam ser a metodologia Padronizada a utilizada

pelos bancos no processo. Tal descasamento de opiniões entre Diretores e Gerentes pode ser

explicada pelo fato que na amostra estudada, existem bancos que foram representados apenas

por Diretor ou Gerente, não existindo a opinião de uma dupla por banco (Diretor/Gerente),

conforme comentado anteriormente (Tabela 2).

Tabela 11: Metodologia utilizada pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Padronizada 3 42.9% 2 28.6% 5 35.7%IRB (Internal Rating Based ) 4 57.1% 5 71.4% 9 64.3%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Pergunta: Em caso positivo a pergunta anterior, qual é a metodologia escolhida/utilizada pelo banco para a

Gestão de Riscos de Crédito?

A Tabela 12 exibe as respostas dos respondentes quando questionados sobre qual é o

tipo de metodologia IRB que está sendo adotada nos bancos em seus processos de

gerenciamento de risco de crédito. Pode-se verificar que tanto na visão dos Diretores, como

na dos Gerentes, a metodologia Avançada é a utilizada por todos eles.

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Tabela 12: Tipo de metodologia IRB utilizada pelos bancos

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Básica 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Avançada 4 100.0% 5 100.0% 9 100.0%Total 4 100.0% 5 100.0% 9 100.0%

Pergunta: Se a resposta anterior for IRB, qual tipo?

A Tabela 13 informa se os bancos já possuíam modelos internos de avaliação e

gerenciamento de risco de crédito antes das regulamentações de Basileia II. Segundo os

Diretores e Gerentes ( 12 dos 14 respondentes), todos afirmaram que seus bancos já possuíam

modelos internos de avaliação e gerenciamento de risco de crédito antes das regulamentações

de Basileia II. Tal fato pode explicar a preocupação dos bancos pesquisados em possuir

modelos aperfeiçoados de gerenciamento de risco de crédito para uma efetiva gestão.

Tabela 13: Modelos internos antes de Basileia II

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Sim 6 85.7% 6 85.7% 12 85.7%Não 1 14.3% 1 14.3% 2 14.3%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Pergunta: Antes das regulamentações de Basileia II, o banco já possuía modelos internos de avaliação e

gerenciamento de Risco de Credito?

A Tabela 14 demonstra qual tipo de informação das empresas os bancos estão

utilizando em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito, ou seja, se apenas

informações financeiras ou se informações financeiras e não financeiras. A análise das

respostas permite verificar que, tanto na visão dos Diretores, como dos Gerentes (100% ou 14

respondentes), todos afirmam que tanto as informações financeiras como as não financeiras

são importantes e são utilizadas nos processos de gerenciamento de risco de crédito dos

bancos.

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Tabela 14: Tipo de Informação utilizadas pelos bancos

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Apenas Financeiras 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0%Financeiras e não financeiras 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Pergunta: Qual tipo de informação de empresas o banco utiliza em seus modelos de Gestão de Riscos de Crédito?

De forma a se complementar esse entendimento, foi-lhes questionado sobre quais

são os motivos que levam os bancos a utilizarem informações não financeiras em seus

modelos de gerenciamento de risco de crédito e, ainda, quais são as principais informações

não financeiras utilizadas. Assim sendo, os quadros 12, 13 e 14 exibem as respostas obtidas

dos Diretores e Gerentes, literalmente transcritas.

A primeira pergunta diz respeito aos motivos que os levam a utilizar informações não

financeiras em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.

Quadro 12: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos que levam os bancos

a utilizarem informações não financeiras em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.

Diretores Resposta dada

Banco 1 Para melhor qualificação dos clientes.

Banco 2 Necessidade de conhecer o cliente.

Banco 3 Os modelos foram construídos utilizando-se variáveis quantitativas

(informações econômico-financeiras) e qualitativas (cadastrais) das empresas.

Banco 4

Os modelos do banco são baseados em dados financeiros e demográficos dos

clientes e para os casos de clientes carteirizados são muito importantes os

relatórios de visitas dos officers de conta e de crédito.

Banco 5 Utilizamos as informações financeiras, o histórico de relacionamentos com a

instituição, informações de mercado e de outras fontes de nossa confiança.

Banco 6

Utilizamos dados do comportamento do cliente, do default em outras

instituições, do spread com cada um dos clientes em cada uma das operações e

compara-mo-la com o risco associado ao cliente. Realizamos cálculo do

RAROC; apreçamos a carteira (MtM considerado o risco de crédito);

calculamos o VaR da carteira de crédito. Todos esses dados não são financeiros.

Além disso, temos o cálculo da curva de distribuição das perdas da carteira que

é efetuado por simulação de Monte Carlo.

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Banco 7

Acreditamos que o histórico de pagamentos da empresa, setor de atuação,

análise dos seus administradores etc fornece subsídios importantes para a

análise e a decisão de crédito.

Gerentes Resposta dada

Banco 1

Nos modelos de análise julgamental, as informações não financeiras

respondem por boa parte dos critérios de avaliação, uma vez que apenas as

informações de demonstrações financeiras e cadastro não são suficientes

para proceder a uma boa avaliação do cliente.

Banco 2

Informações setoriais, relativas a preocupação com aspectos sócio-

ambientais, modelo de gestão, processo sucessão são relevantes na avaliação

de risco.

Banco 3

Os modelos do banco são estruturados com base em informações financeiras e,

também, em questionários qualitativos. O peso de cada conjunto de informação

(quantitativo x qualitativo) depende do tipo de cliente analisado.

Banco 4 Informações de cadastros, legais e ambientais.

Banco 5

Para pequenas empresas utilizamos muitas informações cadastrais e

comportamentais por possuírem maior poder preditivo, também devido a pior

qualidade das informações financeiras destas empresas. Para empresas de

grande porte, levamos em consideração itens qualitativos, como programas de

sucessão, qualidade e formação dos administradores, e perspectivas de

mercado, não incluso nas informações financeiras.

Banco 6 Informações não financeiras também podem ajudar na previsibilidade de

default.

Banco 7 Informações providas de análises julgamentais de caráter qualitativo são

empregadas no modelo.

Analisando-se as respostas dos Diretores e Gerentes, pode-se verificar que os motivos

que levam os bancos a utilizarem informações não financeiras em seus modelos de

gerenciamento de risco de crédito é a possibilidade de conhecer e avaliar melhor o cliente. Por

meio do melhor conhecimento do cliente o banco poderá efetuar uma gestão mais eficaz sobre

o mesmo e tentar prevenir-se melhor contra perdas financeiras futuras. Demonstra-se os

motivos sintetizados na sequência em ordem de importância:

Visão dos Diretores

• Melhor qualificação e conhecimento dos clientes – 3 respostas.

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• Para melhor entendimento do comportamento dos clientes - 2 respostas.

• Entendimento do histórico de relacionamentos dos clientes com o banco – 1

resposta.

• Para melhorar as informações cadastrais dos clientes – 1 resposta.

Visão dos Gerentes

• Para melhorar a capacidade de avaliação dos clientes – 2 respostas.

• Melhor qualificação e conhecimento do cliente – 2 respostas.

• Para melhorar as informações cadastrais dos clientes – 2 respostas.

• Para melhor entendimento do comportamento dos clientes – 1 resposta.

A segunda pergunta diz respeito a quais são as principais informações não financeiras

utilizadas pelos bancos em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito, conforme

evidencia o Quadro 13.

Quadro 13: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre quais são as principais

informações não financeiras utilizadas pelos bancos em seus modelos de gerenciamento de risco de

crédito.

Diretores Resposta dada

Banco 1 Fluxo de Caixa, Índice de liquidez , Capacidade financeira, Exposição a risco

no mercado.

Banco 2

Governança e transparência das informações, Qualificação da Diretoria,

comportamento no mercado, restrições cadastrais, ratings de agências de

Classificação, setor de atividade.

Banco 3 Fundamentalmente informações cadastrais, tais como: tempo de constituição

da empresa, qualidade do 'management' etc.

Banco 4

Informações não financeiras inclui dados demográficos para PF e pequenos

negócios e para os clientes atacado são incluídos dados da posição da empresa

no mercado, histórico das empresas e dos sócios, qualidade dos seus

fornecedores e clientes, garantias e análises do setor e região em que está a

empresa.

Banco 5 Vide item 10.

Banco 6 vide 09.

Banco 7 Vide resposta acima.

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Gerentes Resposta dada

Banco 1

Posição competitiva no mercado; concentração de compras e vendas em

termos de mercados, fornecedores e clientes; dependência de governo

(subsídios e incentivos, controle de preços) e legislação (licitações);

tecnologia; profissionalização da administração; riscos existentes no

processo sucessório; relacionamento com o mercado financeiro;

relacionamento com o banco.

Banco 2

Informações setoriais, dados da cadeia de valor, dados fornecidos pela

empresa como modelo de gestão, processo de sucessão, responsabilidade

socioambiental.

Banco 3

Tipo de administração (familiar, profissional); Processo decisório;

Qualidade dos ativos físicos; Plano de Investimentos; Participação de

mercado da empresa e dos principais concorrentes; maiores clientes e

fornecedores; avaliação SWOT.

Banco 4 Política de cadastros: avaliação de restrições de crédito, Informações legais:

inadimplência com tributos e contribuições, princípios do Equador.

Banco 5 programas de sucessão, qualidade e formação dos administradores,

perspectivas de mercado, histórico de pagamentos e negativações.

Banco 6 Risco operacional, risco sócio-ambiental, estrutura de gestão.

Banco 7 Idem item 9.

Analisando-se as respostas dos Diretores e Gerentes, pode-se verificar que existem

diversos tipos de informações não financeiras que se mostram importantes para o processo de

gerenciamento de risco de crédito dos bancos. Em linhas gerais, destacam-se em ordem de

importância:

Visão dos Diretores

• Qualificação da Administração da empresa – 2 respostas.

• Setor de atividade da empresa – 2 respostas.

• Qualidade dos clientes e fornecedores da empresa – 2 respostas.

• Informações cadastrais – 2 respostas.

• Posicionamento de mercado “Marhet Share – 1 resposta.

• Nível de Governança e transparência – 1 resposta.

• Informações de Agências de Ratings – 1 resposta.

• Reputação – 1 resposta.

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Visão dos Gerentes

• Processo decisório da empresa – 5 respostas.

• Qualificação da Administração da empresa – 4 respostas.

• Qualidade dos clientes e fornecedores da empresa – 4 respostas.

• Posicionamento de mercado “Marhet Share” – 3 respostas.

• Informações sobre Tecnologia da empresa – 1 resposta.

• Setor de atividade da empresa – 1 resposta.

• Informações cadastrais – 1 resposta.

Percebe-se por meio das respostas dos respondentes que algumas das informações não

financeiras evidenciadas como importantes para o processo de gerenciamento de risco de

crédito dos bancos enquadram-se nas classificações de Capital Intelectual segundo Brooking,

Edvinsson e Malone e Sveiby. O quadro 14 demonstra esse relacionamento.

Quadro 14: Informações não financeiras importantes e suas relações com as definições de capital

intelectual segundo Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby

Tipo de Informação Brooking (1) Edvinson e Malone (1) Sveiby (1) Qualificação da Administração Ativo humano Capital humano Competência individual Qualidade de clientes e fornecedores

Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa

Nível de governança e transparência

Ativo de infra-estrutura

Capital estrutural Estrutura interna

Reputação Ativo de infra-estrutura

Capital humano Estrutura interna

Tecnologia Ativo de infra-estrutura

Capital estrutural Estrutura interna

Processo decisório Ativo humano Capital humano Competência individual (1) Definições segundo: Brooking (1996, p.13-16); Edvinsson e Malone (1998, p.10); e Sveiby (1998, p.14)

Fonte: Elaborada pelo autor

A terceira pergunta diz respeito às fontes de obtenção dessas informações (financeiras

e não financeiras) que são incluídas nos modelos de gerenciamento de risco de crédito dos

bancos, conforme evidenciado no Quadro 15.

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Quadro 15: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre onde são obtidas as principais

informações (financeiras e não financeiras) das empresas para o banco incluir em seus modelos de

gerenciamento de risco de crédito.

Diretores Resposta dada

Banco 1 Demonstrações Financeiras, Serasa, Associação Comercial, Agências de

rating, Internet (sites da própria empresa).

Banco 2 Demonstrações Contábeis, Serasa, SPC, SCR-BACEN, Agências de rating,

CVM, Empresas de análise setorial.

Banco 3 Demonstrativos contábeis, bureaus de crédito, legados internos do banco etc.

Banco 4

As principais fontes são os balanços das empresas, informações de bureau de

crédito como Serasa e Associação Comercial de SP, informações setoriais e

regionais de órgão particulares e governamentais e principalmente os obtidos

das visitas aos clientes com dados informados e por observação.

Banco 5

Demonstrações contábeis, Serasa, agências de rating, histórico com a

instituição, avaliações de mercado para as empresas com negociação em bolsa e

outras fontes de nossa confiança.

Banco 6 Serasa, modelo próprio de comportamento.

Banco 7 DFs, Serasa, periódicos, agências de ratings e visitas junto aos comerciais.

Gerentes Resposta dada

Banco 1

Demonstrações contábeis, agências de classificação externa (ratings

nacionais e internacionais), Serasa, visitas à empresa, estudos setoriais

realizados pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos,

participações em painéis e seminários.

Banco 2

Demonstrações Financeiras (dependendo do porte da empresa), dados

restritivos de fontes externas (Serasa, SCPC ou Agências de Rating), dados

extraídos de balanços sociais, dados extraídos do relatório de visita realizada

pela agência de relacionamento do cliente.

Banco 3

Demonstrações Contábeis, Serasa, Agências de Ratings, Informações da

Central de Risco e relatórios de visitas elaborados pelos gerentes de contas.

Banco 4

Fichas cadastrais coletadas dos tomadores de crédito, informações contábeis

(BP, DRE), Cadastros externos (SERASA, SPC), Agências especializadas

para rating em segmentos.

Banco 5 Demonstrações Contábeis, Serasa e questionário Know Your Customer

(KYC).

Banco 6 Demonstrações Contábeis, Serasa, Banco Central, agências de rating etc.

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Banco 7 Demonstrações contábeis, estudos e rotinas desenvolvidas internamente

(modelagem) e aprovadas em Comitês internos, agências externas como a

Serasa etc.

A análise das repostas evidencia que são várias as fontes utilizadas pelos respondentes

para a obtenção das informações financeiras e não financeiras das empresas, destacando-se as

seguintes em ordem de importância:

Visão dos Diretores

• Serasa – 7 respostas.

• Demonstrações Contábeis – 6 respostas.

• Agências de Classificação de Ratings – 4 respostas.

• Informações obtidas por meio de visitas a clientes – 2 respostas.

• Informações obtidas pelos sites de Internet – 1 resposta.

Visão dos Gerentes

• Demonstrações Contábeis – 7 respostas.

• Serasa – 7 respostas.

• Agências de Classificação de Ratings – 6 respostas.

• Informações obtidas por meio de visitas a clientes – 3 respostas.

Nota-se que grande parte dos respondentes informou como fonte para a obtenção de

informações, as de caráter preponderantemente financeiro (Demonstrações Contábeis e as

Agências de classificação de Ratings), restando para as informações de caráter não financeiro,

aquelas obtidas por meio de visitas a clientes. Já, por intermédio da Serasa, se é possível a

obtenção de informações financeiras e não financeiras das empresas. Como parte das

informações não financeiras não é evidenciada pela empresa e também não é divulgada

periodicamente para o mercado (ANTUNES, 2004), esse talvez seja um dos motivos para que

essas informações sejam obtidas apenas por meio de visitas aos clientes.

A Tabela 15 exibe as respostas para a questão referente à incorporação dessas

informações financeiras e não financeiras nos modelos de gerenciamento de risco de crédito

dos bancos, ou seja, se essa incorporação ocorreu somente após as regulamentações de

Basileia II.

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Tabela 15: incorporação das informações não financeiras nos modelos de gerenciamento de risco de

crédito dos bancos

RespostasFrequência Diretores

%Frequência Gerentes

% Total %

Sim 2 28.6% 0 0.0% 2 14.3%Não 5 71.4% 7 100.0% 12 85.7%Total 7 100.0% 7 100.0% 14 100.0%

Pergunta: No caso do banco utilizar em seus modelos informações "Financeiras e Não Financeiras", as informações "não financeiras" foram incorporados aos modelos de gerenciamento de risco de crédito somente após as determinações de Basileia II?

Na visão dos Diretores, 5 deles informaram que não incorporam as informações não

financeiras em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito apenas após as

determinações de Basileia II. No caso dos Gerentes, todos fizeram essa mesma afirmação.

Sendo assim, pode-se concluir que mesmo antes das determinações de Basileia II os bancos

já possuíam informações não financeiras em seus modelos. Essas respostas estão aderentes

aos resultados obtidos na tabela 13.

A Figura 5 exibe quais são as ferramentas de gerenciamento de risco de crédito

utilizadas pelos bancos.

0% 50% 100%

creditscoring

análise julgamental

outros

Diretores

Diretores

0% 50% 100%

creditscoring

análise julgamental

outros

Gerentes

Gerentes

Figura 5: Ferramentas utilizadas pelos bancos para o gerenciamento de risco de crédito

Nota-se por meio da figura 5, que na visão dos Diretores, 6 deles informaram utilizar

as ferramentas “Creditscoring” e “Análise Julgamental” em seus processos de gerenciamento

de risco de crédito. Na mesma direção, todos os Gerentes fizeram esta afirmação. Esses

resultados demonstram que “Credit scoring” e “Análise Julgamental” são as ferramentas

mais utilizadas pelos bancos em seus processos de gerenciamento de risco de crédito.

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O quadro 16 complementa a pergunta anterior evidenciando a finalidade de cada

ferramenta utilizada pelos bancos. As respostas obtidas dos Diretores e Gerentes estão

literalmente transcritas.

Quadro 16: Finalidade de cada ferramenta no processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos

Diretores Resposta dada

Banco 1 Avaliação do risco do cliente.

Banco 2

Creditscoring - utilizado para operações de varejo PF e PJ e clientes novos

na decisão de aprovação, de portfólio, de limites e de rating. Análise

Julgamental - utilizado quando o cliente não é aprovado no modelo, só pode

ser utilizado para alguns produtos. Behavioral - utilizado na manutenção,

reavaliação, renovação de operações e calibragem de limites em operações

comerciais PF e PJ. Cadeia de Markov - utilizado na manutenção e reavaliação

da carteira de habitação. Matriz de Crédito - utilizada na avaliação de corporate,

Instituições Financeiras. Análise fundamentalista- utilizada em projetos,

avaliação de papéis e operações especiais. Modelos especialistas - construção

civil - PJ e projetos - Média e grande empresa.

Banco 3 Efetuar a concessão e a gestão do risco de crédito com o respaldo de

ferramentas e modelagem estatística e julgamental.

Banco 4

Creditscoring, junto com outras ferramentas de modelagem interna são

utilizadas para avaliar créditos estandarizados (PF e Pequenos negócios). A

análise julgamental é utilizada para avaliar rating e créditos de clientes

carteirizados (clientes PF private e clientes do atacado.

Banco 5 Gestão do risco de crédito.

Banco 6 O Creditscoring é utilizado para identificar o ranting ou a probabilidade de

default do cliente numa determinada data (PD = f(t, S)). Realizamos a

convolução da distribuição de frequências e da severidade para a carteira de

créditos concedidos.

Banco 7 Aprovação de Crédito de Middle Market. O Crédito Consignado é aprovado de

acordo com as regras de cada convênio.

Gerentes Resposta dada

Banco 1

Crediscoring: análise de clientes de varejo. Análise julgamental: análise de

clientes de atacado. Modelos internos de precificação e orçamento: estabelecer

parâmetros para juros cobrados nas operações de crédito, e programação dos

resultados de crédito vis-a-vis custos de captação e administração.

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Banco 2

As ferramentas citadas têm o objetivo de mensurar o risco e classificar os

clientes conforme escala mestra de riscos (rating e Probabilidades de

Default). Além disso, são utilizados como apoio para decisões de alterações de

risco calculado pelas metodologias.

Banco 3

Creditscoring para análise de clientes de varejos (massificados) - pessoas

físicas e pequenas empresas. Para clientes do atacado, instituições financeiras e

países são utilizadas as análises julgamental.

Banco 4

O banco está em processo de adoção dos preceitos de Basileia II.

Banco 5 O banco está implementando modelos de CreditScoring para todos os

segmentos de atuação, com o objetivo de mensurar adequadamente os riscos

para precificar corretamente os créditos, ajustar as provisões as perdas

esperadas e os valores dos limites ao apetite de risco do banco, e para agilizar e

ser utilizado como ferramenta auxiliar a concessão de crédito. A análise

julgamental ainda é utilizada no banco para análise das empresas,

especialmente as de grande porte.

Banco 6

O creditscoring tem por finalidade mensurar o risco de default e contribuir

para correta precificação dos ativos de crédito.Quanto ao julgamental, tem a

mesma finalidade, no entanto, agrega outras visões além do scoring.

Banco 7

Todas visam a melhor avaliação com relação à concessão de recursos de

crédito, bem como gerenciar a qualidade da carteira tanto sob aspectos de

normalidade de mercado quanto de estresse, possibilitando a tomada de

decisões quanto à mitigação de riscos.

Analisando-se as respostas dos Diretores e Gerentes, percebe-se que as principais

finalidades das ferramentas nos processos de gestão de risco de crédito dos bancos são:

Visão dos Diretores

• Principal finalidade das ferramentas de gerenciamento de risco de crédito: auxílio

na mensuração e avaliação do risco do cliente – 5 respostas.

• Finalidade do Creditscoring: Para operações de varejo (massificados) – 2

respostas.

• Análise Julgamental: Para avaliação de ratings e para grandes clientes (private e

atacado) – 2 respostas.

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Visão dos Gerentes

• Principal finalidade das ferramentas de gerenciamento de risco de crédito: auxílio

na mensuração e avaliação do risco do cliente – 4 respostas.

• Creditscoring: Para avaliação e mensuração da carteira de empréstimos de

“varejo” ou massificados – 3 respostas.

• Análise Julgamental: Para avaliação e mensuração da carteira de grandes clientes,

seja, clientes private ou corporate – 3 respostas.

Dessa forma, pode-se verificar que tanto na visão dos Diretores como na dos Gerentes

dos bancos pesquisados, a percepção sobre a utilização das ferramentas de gerenciamento de

risco de crédito são basicamente as mesmas, ou seja, a ferramenta Credit scoring é utilizada

para avaliação do risco dos clientes massificados dos bancos, também denominados clientes

de “varejo” e a Análise Julgamental é utilizada para avaliação do risco dos grandes clientes

dos bancos, ou seja, clientes “corporate/private” ou clientes de atacado. Porém, pode-se

verificar que o principal objetivo de uso dessas ferramentas é o de aperfeiçoar a mensuração e

avaliação do risco dos clientes dos bancos.

Nas Tabelas 16 e 17, buscou-se identificar mais informações sobre a influência de

Basileia II nos processos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos, bem como a

adequação das Demonstrações Contábeis para esse processo. Para tanto, foi lhes solicitado

para que identificassem em qual grau as assertivas descrevem a realidade em seus bancos, por

meio da seguinte escala: (1) Não descreve; (2) Descreve pouco; (3) Descreve medianamente;

(4) Descreve bastante; e (5) Descreve totalmente. Para a análise das informações estão sendo

atribuídos números de identificação de 1 a 7 para os respondentes Diretores e de 8 a 14 para

os respondentes Gerentes, porém sem a exposição do nome dos respondentes e a qual banco

os mesmos pertencem.

Tabela 16: Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Diretores

Assertivas / Respondentes - Diretores Variável 1 2 3 4 5 6 71. Basileia II trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos nos modelos de Gerenciamento de Riscos de Crédito do banco.

V1 4 4 5 4 4 4 5

2. Basileia II trouxe mais flexibilidade para a utilização de informações não financeiras nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco.

V2 4 2 5 4 4 3 3

3. O banco entende que após Basileia II ficou mais fácil a inclusão de informações sobre o Capital Intelectual nos modelos de gestão de risco de crédito?

V3 4 2 3 4 2 2 3

4. As Demonstrações Contábeis atuais disponibilizam informações suficientes para avaliar a situação econômico-financeira de uma empresa para os modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco

V4 3 3 4 2 3 1 2

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Tabela 17: Variáveis e resultados obtidos no bloco A do questionário – visão Gerentes

Assertivas / Respondentes - Gerentes Variável 8 9 10 11 12 13 141. Basileia II trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos nos modelos de Gerenciamento de Riscos de Crédito do banco.

V5 5 5 5 4 4 5 5

2. Basileia II trouxe mais flexibilidade para a utilização de informações não financeiras nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco.

V6 5 3 2 4 3 2 3

3. O banco entende que após Basileia II ficou mais fácil a inclusão de informações sobre o Capital Intelectual nos modelos de gestão de risco de crédito?

V7 3 3 3 3 3 3 2

4. As Demonstrações Contábeis atuais disponibilizam informações suficientes para avaliar a situação econômico-financeira de uma empresa para os modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco

V8 4 4 3 3 3 3 2

Conforme a percepção dos Diretores e Gerentes e de acordo com a análise das

respostas das variáveis evidenciadas nas tabelas 16 e 17, pode-se inferir que Basileia II

realmente trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos nos modelos de

Gerenciamento de Riscos de Crédito dos bancos, pois essa afirmação descreveu de maneira

relevante a opinião dos respondentes, ou seja, dos 7 Diretores, 5 concordam bastante com essa

afirmação e 2 concordam totalmente com a mesma. No caso dos Gerentes, existe uma

inversão, sendo que dos 7 Gerentes, 5 concordam totalmente com a afirmação e 2 concordam

bastante.

Com relação a afirmação de que Basileia II trouxe mais flexibilidade para a utilização

de informações não financeiras nos modelos de gestão de riscos de crédito dos bancos, essa

afirmação descreveu bastante a opinião dos Diretores (3 Diretores concordam bastante e 1

concordou totalmente). Porém, no caso dos Gerentes o nível de concordância ficou mediano e

pouco (3 e 2 Gerentes, respectivamente). Assim sendo, percebe-se que não houve consenso

entre as opiniões de Diretores e Gerentes dos bancos a essa afirmação.

Já a afirmação de que os bancos entendem que após Basileia II ficou mais fácil a

inclusão de informações sobre o Capital Intelectual nos modelos de gestão de risco de crédito,

tal afirmação descreveu pouco e mediano a opinião dos Diretores (3 Diretores com pouca

concordância e 2 com concordância mediana). Analisando-se as respostas dos Gerentes,

percebe-se que a afirmação descreve medianamente a opinião dos mesmos (6 Gerentes).

Por fim, com relação a afirmação de que as Demonstrações Contábeis atuais

disponibilizam informações suficientes para avaliação da situação econômico-financeira de

uma empresa para os modelos de Gestão de Riscos de Crédito dos bancos, pode inferir-se que

essas demonstrações não atendem totalmente as necessidades dos bancos para seus processos,

pois, a concordância dos Diretores respondentes a essa afirmação situou-se em mediano (3

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94

casos) e pouco (2 casos). Já os Gerentes demonstraram que a afirmação descreve

medianamente suas opiniões (4 casos).

Em síntese, em relação aos questionamento contidos no Bloco A do instrumento de

pesquisa, em que se teve a intenção de conhecer como estão estruturados os modelos de

gerenciamento de riscos de crédito das instituições financeiras bancárias da amostra em

estudo, pela ótica do Novo Acordo de Capitais da Basileia II, tem-se que:

• Em todos os bancos são adotadas as regulamentações de Basileia II em seus

processos de gerenciamento de risco de crédito.

• A maioria dos bancos está utilizando a metodologia IRB (Internal Rating Based)

modelo avançado em seus processos. Essa metodologia permite a utilização de

modelos próprios para o gerenciamento de risco de crédito.

• Os bancos já utilizavam-se de modelos próprios para os processos de

gerenciamento de risco de crédito, mesmo antes de Basileia II, sendo que eles

também já utilizavam-se de informações não financeiras nos modelos.

• O propósito de utilização de informações não financeiras nos modelos é melhorar

o conhecimento sobre os clientes e seus comportamentos, pois as informações

contidas nas Demonstrações Contábeis não são suficientes para a efetiva gestão do

processo de gerenciamento de riscos. As principais informações não financeiras

utilizadas pelos bancos são: qualificação da Administração, setor de atividade,

qualidade dos clientes e fornecedores, informações cadastrais, processo decisório e

posicionamento de mercado “Market Share”. As principais informações para o

processo de gerenciamento de risco de crédito são obtidas por meio das

Demonstrações Contábeis, Serasa, Agências de classificação de Ratings e visitas a

clientes (basicamente informações financeiras).

• As principais ferramentas utilizadas nos processos dos bancos de gerenciamento

de risco de crédito são: Credit scoring para os clientes massificados “varejo” e

análise Julgamental para os grandes clientes, ou seja clientes “corporate ou

private”.

• Basileia II trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos para os modelos

de Gerenciamento de Riscos de Crédito dos bancos, mas ao contrário, o processo

ficou menos flexível para a utilização de informações não financeiras e de Capital

Intelectual nos modelos.

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Do Objetivo Específico 2

Do Objetivo Específico 2: Buscar o entendimento e a relevância de se contemplar os

ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco

de crédito dos bancos pesquisados.

No Bloco B do questionário (APÊNDICE A) tem-se as questões que foram

utilizadas para se identificar a relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos

de Gestão de Riscos de Crédito dos bancos. As tabelas 18 e 19 evidenciam as respostas dos

Diretores e Gerentes dos bancos pesquisados. Para tanto, foi lhes solicitado para que

identificassem em qual grau as assertivas descrevem a realidade em seus bancos, por meio da

seguinte escala: (1) Não descreve; (2) Descreve pouco; (3) Descreve medianamente; (4)

Descreve bastante; e (5) Descreve totalmente.

Vale ressaltar que foram atribuídos números de identificação de 1 a 7 para os

respondentes Diretores e de 8 a 14 para os respondentes Gerentes, porém sem a exposição do

nome dos respondentes e a qual banco os mesmos pertencem. Tabela 18: Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Diretores

Assertivas / Respondentes - Diretores Variável 1 2 3 4 5 6 7Ao se analisar uma empresa, as informações não financeiras são importantes e relevantes para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito do banco.

V9 4 5 5 4 5 4 4

Ao se analisar uma empresa, informações sobre ativos intangíveis são importantes e relevantes para a correta avaliação de riscos de uma empresa.

V10 4 5 4 4 5 4 3

Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão preparados para trabalhar com informações não financeiras das empresas.

V11 4 4 4 4 5 4 4

Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão preparados para trabalhar com informações sobre ativos intangíveis das empresas.

V12 4 3 4 3 3 4 3

Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações não financeiras das empresas para o correto gerenciamento de risco de crédito.

V13 4 4 5 5 5 4 5

Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações sobre ativos intangíveis das empresas para o correto gerenciamento de riscos de crédito das mesmas.

V14 4 4 4 4 4 4 3

Os modelos atuais do banco de Gerenciamento de Risco de Crédito efetivamente contemplam informações sobre ativos intangíveis das empresas.

V15 3 3 5 3 3 4 3

As informações utilizadas pelo banco sobre ativos intangíveis, para inclusão em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito, são apenas aquelas evidenciadas nas Demonstrações Contábeis das empresas.

V16 4 2 3 2 5 1 3

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Tabela 19: Variáveis e resultados obtidos no bloco B do questionário – visão Gerentes

Assertivas / Respondentes - Gerentes Variável 1 2 3 4 5 6 7Ao se analisar uma empresa, as informações não financeiras são importantes e relevantes para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito do banco.

V17 5 4 3 4 4 5 4

Ao se analisar uma empresa, informações sobre ativos intangíveis são importantes e relevantes para a correta avaliação de riscos de uma empresa.

V18 5 4 4 4 3 4 4

Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão preparados para trabalhar com informações não financeiras das empresas.

V19 5 4 4 4 4 5 5

Os sistemas de Gestão de Riscos de Crédito do banco estão preparados para trabalhar com informações sobre ativos intangíveis das empresas.

V20 3 5 2 4 3 3 3

Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações não financeiras das empresas para o correto gerenciamento de risco de crédito.

V21 5 5 4 4 4 5 5

Os analistas de crédito do banco estão preparados para analisar informações sobre ativos intangíveis das empresas para o correto gerenciamento de riscos de crédito das mesmas.

V22 3 4 3 4 4 5 4

Os modelos atuais do banco de Gerenciamento de Risco de Crédito efetivamente contemplam informações sobre ativos intangíveis das empresas.

V23 3 5 2 3 3 3 3

As informações utilizadas pelo banco sobre ativos intangíveis, para inclusão em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito, são apenas aquelas evidenciadas nas Demonstrações Contábeis das empresas.

V24 1 2 1 2 4 2 4

A análise das respostas das variáveis evidenciadas nas tabelas 18 e 19, permite inferir

que os Diretores dos bancos acreditam que as informações não financeiras são importantes e

relevantes para o aperfeiçoamento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito dos

bancos, pois essa afirmação descreveu bastante a opinião de 4 Diretores e totalmente a

opinião de 3 Diretores. No caso dos Gerentes, a afirmação descreveu bastante a opinião de 4

Gerentes e totalmente a opinião de mais 2 Gerentes. Dessa forma evidencia-se que as

informações não financeiras são muito importantes para o processo.

Na mesma direção, evidencia-se a importância dos ativos intangíveis para o processo

de gerenciamento de risco de crédito dos bancos, em aderência às respostas a pergunta

anterior, pois concordaram bastante com a afirmação da importância dos ativos intangíveis

para o processo 4 Diretores e concordaram totalmente 2 Diretores. No caso dos Gerentes, o

nível de concordância também ficou alto (5 Gerentes concordaram bastante com a

afirmação). Assim sendo, percebe-se que os ativos intangíveis também são relevantes e

importantes para o processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos.

Com relação a afirmação de que os sistemas de gestão de risco de crédito dos bancos

estão preparados para trabalhar com informações não financeiras, tal afirmação descreveu

bastante a opinião de 6 Diretores. No caso dos Gerentes, descreveu bastante a opinião de 4

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97

Gerentes e totalmente a opinião de mais 3 Gerentes. Esses resultados evidenciam a

preocupação dos bancos em aperfeiçoarem seus modelos com informações não financeiras.

Todavia, ao analisar-se a efetividade dos sistemas de gestão de risco de crédito dos

bancos para o tratamento de informações sobre ativos intangíveis das empresas, percebe-se

que essa afirmação descreveu preponderantemente como mediana a opinião dos Diretores e

Gerentes dos bancos (4 casos cada). Uma possível explicação para isso é a dificuldade de se

obter as informações dos intangíveis das empresas. Esse processo precisa ser melhorado.

Um ponto relevante evidenciado na análise diz respeito a qualificação e preparo dos

analistas de crédito dos bancos para analisarem e avaliarem as informações não financeiras e

de ativos intangíveis das empresas. No primeiro caso (informações não financeiras), essa

afirmação descreveu totalmente a opinião de 4 Diretores/Gerentes e bastante a opinião de

mais 3 Diretores/Gerentes. Já no segundo caso (ativos intangíveis), a afirmação descreveu

bastante a opinião de 6 Diretores e 4 Gerentes. Esse fato pode evidenciar a preocupação dos

gestores dos bancos em possuir pessoal qualificado para seus processos de gerenciamento de

risco de crédito e de possíveis investimentos em treinamento nesse sentido.

Apesar dos respondentes dos bancos entenderem que as informações sobre ativos

intangíveis são importantes para seus processos de gerenciamento de risco de crédito, os

mesmos não estão utilizando essas informações nos processos atuais. A afirmação de efetiva

utilização desses ativos nos processos atuais dos bancos descreveu medianamente a opinião

de 5 Diretores e 5 Gerentes. Mais uma vez estima-se que uma possível explicação para esse

fato é a dificuldade de se obter as informações dos ativos intangíveis.

Por fim, nota-se que os respondentes tiveram percepções diferenciadas sobre a

afirmação de que as informações inseridas nos modelos de gerenciamento de risco de crédito

dos bancos, relativas aos ativos intangíveis, somente são aquelas evidenciadas nas

demonstrações contábeis das empresas. Para essa afirmação não foi observada tendência de

resposta. Esse achado pode ter sido influenciado pelo fato dos processos atuais dos bancos

não utilizarem muitas informações sobre ativos intangíveis.

Também questionou-se aos respondentes da pesquisa se as informações dos ativos

intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações Contábeis são utilizadas nos bancos em seus

processos de gerenciamento de risco de crédito atuais e onde essas informações são obtidas. O

quadro 17 demonstra a resposta a esse questionamento. As respostas obtidas dos Diretores e

Gerentes estão literalmente transcritas.

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Quadro 17: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos se as informações dos ativos

intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações Contábeis são utilizadas pelos bancos em seus processos

de gerenciamento de risco de crédito e onde essas informações são obtidas

Diretores Resposta dada

Banco 1 Sim, Internet (para algumas empresas que abrem estas informações) bem como

Agências de rating.

Banco 2 Somente para as empresas que já estão utilizando o padrão IFRS.

Banco 3

Sim. Estas informações normalmente são capturadas através da avaliação

comportamental dos clientes na instituição, bem como através da realização

de visitas às empresas.

Banco 4 As informações fora as que estão nos balanços são obtidas em visitas aos

clientes e na análise do setor.

Banco 5 Levamos em conta principalmente o valor do negócio, reputação e os clientes

da empresa.

Banco 6

Temos como avaliar o rating de sustentabilidade da empresa através de

mecanismos de busca e de auto-declaração do cliente. Buscamos essas

informações de sites governamentais. Além disso, temos como avaliar pela

mídia o comprometimento com prevenção a lavagem de dinheiro e ilícitos o

que pode demonstrar um passivo ambiental e social. Conseguimos ainda avaliar

os ativos intangíveis organizacionais no sentido de representarem os recursos

(conhecimentos, tecnologias, recursos humanos) empregados pela empresa em

seu processo produtivo. Desta forma, não fazemos a medição efetiva dos

intangíveis, mas temos sinais do quanto a empresa utiliza bem esses

recursos,pois possui um bom produto, apresenta indicadores de governança

adequados e possui soluções adequadas. Assim, os intangíveis externos

seriam o resultado percebido pelo cliente no produto e/ou serviço ofertado,

sendo esta uma avaliação perceptível subjetiva. Sob uma ótica de percepção

externa desses ativos, a concepção representa a percepção valorativa que

determina o nível de venda ou de sucesso alinhado ao comportamento de

compra do consumidor final na escolha de determinado produto. Dessa forma

os modelos não se utilizam de um medidor de ativos intangíveis, mas

consideram indiretamente esse sucesso (reconhecido pelos valores dessa

Instituição) partindo do pressuposto que os ativos intangíveis estariam ligados

diretamente à capacidade de gerar e propulsionar a utilização desse

conhecimento efetiva desses intangíveis.

Banco 7 Normalmente, jornais, revistas ou entrevistas com os administradores das

empresas.

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Gerentes Resposta dada

Banco 1 Em entrevistas e visitas às empresas.

Banco 2 A partir do relatório de visita elaborado pela agência de relacionamento do

cliente.

Banco 3 Por meio do questionário qualitativo.

Banco 4 Informações sobre setor e mercado de atuação da empresa.

Banco 5 Através da utilização de consultorias especializadas nos setores de atuação

das empresas e de analistas de crédito especializados.

Banco 6 Entrevista com os administradores, cenário econômico, fornecedores,

outros.

Banco 7 Não respondeu.

Analisando as respostas dos Diretores e Gerentes, evidencia-se que existem

informações sobre os ativos intangíveis das empresas não evidenciadas nas Demonstrações

Contábeis que são utilizadas pelos bancos nos processos de gerenciamento de risco de crédito.

Todos os Diretores (7) afirmaram que utilizam algumas dessas informações nos processos de

gerenciamento de risco de crédito, e no caso dos Gerentes, 6 dos 7 respondentes fizeram a

mesma afirmação. Segundo os respondentes, essas informações são obtidas da seguinte

forma:

Visão dos Diretores

• Visitas aos clientes do banco – 3 respostas.

• Internet, nos sites das empresas – 2 respostas.

• Análise da reputação da empresa – 2 respostas.

• E outros com 1 resposta, tais como: avaliação comportamental, análise do setor de

atividade da empresa, análise dos clientes da empresa e agências de rating.

Visão dos Gerentes

• Visitas aos clientes dos bancos – 3 respostas.

• E outros com 1 resposta, tais como: questionário qualitativo, análise do setor de

atividade, análise de fornecedores e agências de rating.

Dessa forma, conclui-se que os profissionais da área de gestão de riscos dos bancos,

para conseguirem informações sobre ativos intangíveis não evidenciados pelas empresas,

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100

precisam recorrer a diversas formas alternativas para sua obtenção, pois as mesmas são

importantes para o processo de gerenciamento de risco de crédito.

Como última questão do bloco B questionou-se aos respondentes sobre quais tipos de

informações sobre ativos intangíveis os respondentes consideram importantes e relevantes

para a inclusão nos processos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos.

A Figura 6 exibe quais são os ativos intangíveis considerados pelos respondentes

como mais importante para o processo de gerenciamento de risco de crédito.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Marca

Relacionamento com clientes

Canais de distribuição

Investimentos em treinamento dos colaboradores

Nível escolar dos gerentes e diretores da empresa

Patentes registradas da empresa

Cultura organizacional

Sistemas de informações

Investimentos em Tecnologia e informática

Valor de Mercado da empresa

Reputação da empresa

Imagem da empresa

Nível de governança

Relacionamento com fornecedores

Frequência de lançamentos de novos produtos

Outros

Total

Gerentes

Diretores

Figura 6: Principais ativos intangíveis considerados pelos bancos como mais importante para o processo de gerenciamento de risco de crédito

Com relação aos principais ativos intangíveis a serem incluídos nos modelos de

gerenciamento de risco de crédito dos bancos, chegou-se aos seguintes ativos por ordem de

preferência.

Visão dos Diretores:

• Relacionamento com clientes – 7 respostas.

• Imagem – 7 respostas.

• Nível de governança – 7 respostas.

• Relacionamento com fornecedores – 7 respostas.

• Valor de mercado da empresa – 6 respostas.

• Marca – 5 respostas.

• Canais de distribuição – 5 respostas.

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101

• Cultura organizacional – 5 respostas.

Visão dos Gerentes:

• Canais de distribuição – 7 respostas.

• Marca – 6 respostas.

• Relacionamento com clientes – 6 respostas.

• Nível de governança – 6 respostas.

• Relacionamento com fornecedores – 6 respostas.

• Investimentos em tecnologia – 5 respostas.

• Valor de mercado da empresa – 5 respostas.

• Reputação – 5 respostas.

• Imagem – 5 respostas.

Por meio das respostas dos respondentes nota-se que os ativos intangíveis citados

como importantes para o processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos

enquadram-se nas classificações de Capital Intelectual segundo Brooking, Edvinsson e

Malone e Sveiby. O quadro 18 demonstra esse relacionamento.

Quadro 18: Ativos intangíveis importantes e suas relações com as definições de capital intelectual segundo

Brooking, Edvinsson e Malone e Sveiby

Tipo de Informação Brooking (1) Edvinson e Malone (1) Sveiby (1)

Relacionamento com clientes Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa Imagem Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa Nível de governança Ativo de infra-

estrutura Capital estrutural Estrutura interna

Relacionamento com fornecedores

Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa

Valor de mercado da empresa Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa Marca Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa Canais de distribuição Ativo de mercado Capital estrutural Estrutura externa Cultura organizacional Ativo de infra-

estrutura Capital humano Estrutura interna

Investimentos em tecnologia Ativo de infra-estrutura

Capital estrutural Estrutura interna

Reputação Ativo de infra-estrutura

Capital humano Estrutura interna

(1) Definições segundo: Brooking (1996, p.13-16); Edvinsson e Malone (1998, p.10); e Sveiby (1998, p.14)

Fonte: Elaborada pelo autor

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Dessa forma evidencia-se que a visão da importância de alguns ativos

intangíveis (Capital Intelectual) são compartilhados por Diretores e Gerentes dos bancos,

também demonstrando um alinhamento de opinião entre esses profissionais.

Como conclusão das análises efetuadas no Bloco B da pesquisa, onde a

intenção foi identificar a relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos de

Gestão de Riscos de Crédito dos banco, tem-se que:

• As informações não financeiras e sobre ativos intangíveis são importantes e

relevantes para o processo de gerenciamento de risco de crédito dos bancos.

• As áreas de gestão de riscos de crédito dos bancos possuem pessoal treinado e

qualificado para trabalhar com informações não financeiras e de ativos intangíveis

em seus processos.

• Os sistemas (tecnologia) dos bancos precisam se adaptar melhor para utilizar

informações sobre ativos intangíveis para os processos de gerenciamento de risco

de crédito.

• Apesar dos gestores dos bancos reconhecerem que são importantes e relevantes as

informações sobre ativos intangíveis, as mesmas ainda não são totalmente

utilizadas nos processos de gerenciamento de risco de crédito. Uma possível

explicação para isso é a dificuldade de se obter tais informações das empresas.

• Em seus processos atuais, realmente os gestores dos bancos utilizam algumas

informações sobre ativos intangíveis, além daquelas evidenciadas nas

Demonstrações Contábeis da empresas.

• As informações sobre ativos intangíveis não evidenciadas nas Demonstrações

Contábeis das empresas são obtidas de diversas formas não padronizadas.

• Na visão dos Diretores e Gerentes dos bancos, os principais ativos intangíveis

(Capital Intelectual) que podem ser incluídos nos processos de gerenciamento de

risco de crédito dos bancos são: Relacionamento com clientes, Imagem, Nível de

governança, Relacionamento com fornecedores, Valor de mercado, Marca, Canais

de distribuição, Cultura organizacional, Investimentos em tecnologia e Reputação.

Sendo assim, para a realização do objetivo específico 3 que é propor uma

sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como Capital

Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito de bancos, foram

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considerados esses ativos tidos como os principais através das respostas dos

respondentes.

Do Objetivo Específico 2: Entender a relevância de se contemplar o Capital

Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos pesquisados.

Do Objetivo Específico 2

No Bloco C do questionário, conforme APÊNCICE A, buscou-se identificar a

relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de

crédito dos bancos. As tabelas 20 e 21 evidenciam as respostas dos Diretores e Gerentes dos

bancos pesquisados. Primeiramente foi dada a seguinte definição de Capital Intelectual para

os respondentes:

Definição de Capital Intelectual para fins desse estudo:

Capital Intelectual é o somatório do conhecimento proveniente das habilidades aplicadas dos

membros de uma organização com a finalidade de trazer vantagem competitiva,

materializando-se em marcas, novos produtos, processos eficientes, bons relacionamentos

com os clientes, desenvolvimento de novas tecnologias etc. (ANTUNES, 2004).

Na sequência, foi lhes solicitado para que identificassem em qual grau as assertivas

descrevem a realidade em seus bancos, por meio da seguinte escala: (1) Não descreve; (2)

Descreve pouco; (3) Descreve medianamente; (4) Descreve bastante; e (5) Descreve

totalmente.

Vale ressaltar que para a análise das informações foram atribuídos números de

identificação de 1 a 7 para os respondentes Diretores e de 8 a 14 para os respondentes

Gerentes, porém sem a exposição do nome dos respondentes e a qual banco os mesmos

pertencem.

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Tabela 20: Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Diretores

Assertivas / Respondentes - Diretores Variável 1 2 3 4 5 6 7Os membros de minha organização conhecem e utilizam em seus processos o conceito de Capital Intelectual

V25 3 3 4 3 5 2 4

O banco entende que investimentos em Capital Intelectual podem reduzir custos futuros das empresas.

V26 4 4 4 3 4 2 4

O investimento em Capital Intelectual pode melhorar o fluxo de caixa futuro de uma empresa?

V27 4 4 3 4 4 4 3

Para o banco, gastos com treinamentos de colaboradores são considerados investimentos que trazem benefícios futuros, ou seja, retornos para as empresas.

V28 4 3 5 4 4 5 3

O Capital Intelectual é considerado pelo banco um ativo gerador de valor e de benefícios futuros das empresas e precisa ser corretamente mensurado e avaliado para os modelos de gerenciamento de risco de crédito.

V29 4 4 4 3 5 4 4

A mensuração do Capital Intelectual das empresas é um item importante para o banco para inclusão nos seus modelos de Gerenciamento de Risco de Crédito.

V30 4 4 4 2 4 4 3

Efetivamente, os modelos atuais do banco de Gestão de Riscos de Crédito contemplam informações sobre a avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas

V31 3 3 4 2 2 4 3

As empresas que melhor evidenciam o valor de seu Capital Intelectual possuem mais vantagens ou melhores pontuações nos modelos de Gestão de Risco de Crédito do banco.

V32 4 3 3 2 4 4 3

O banco já desenvolveu um modelo específico para avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas para o gerenciamento de risco de crédito.

V33 3 1 3 2 2 4 2

O Capital Intelectual é um item não avaliado e considerado pelo banco em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.

V34 3 3 3 2 3 1 4

Tabela 21: Variáveis e resultados obtidos no bloco C do questionário – visão Gerentes

Assertivas / Respondentes - Gerentes Variável 1 2 3 4 5 6 7Os membros de minha organização conhecem e utilizam em seus processos o conceito de Capital Intelectual

V35 3 3 3 4 5 3 3

O banco entende que investimentos em Capital Intelectual podem reduzir custos futuros das empresas.

V36 5 4 4 4 4 4 5

O investimento em Capital Intelectual pode melhorar o fluxo de caixa futuro de uma empresa?

V37 5 4 4 4 3 4 4

Para o banco, gastos com treinamentos de colaboradores são considerados investimentos que trazem benefícios futuros, ou seja, retornos para as empresas.

V38 5 5 4 5 4 5 4

O Capital Intelectual é considerado pelo banco um ativo gerador de valor e de benefícios futuros das empresas e precisa ser corretamente mensurado e avaliado para os modelos de gerenciamento de risco de crédito.

V39 3 4 3 5 4 4 4

A mensuração do Capital Intelectual das empresas é um item importante para o banco para inclusão nos seus modelos de Gerenciamento de Risco de Crédito.

V40 3 4 2 4 4 4 2

Efetivamente, os modelos atuais do banco de Gestão de Riscos de Crédito contemplam informações sobre a avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas

V41 3 3 2 3 3 3 2

As empresas que melhor evidenciam o valor de seu Capital Intelectual possuem mais vantagens ou melhores pontuações nos modelos de Gestão de Risco de Crédito do banco.

V42 3 5 4 4 3 3 3

O banco já desenvolveu um modelo específico para avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas para o gerenciamento de risco de crédito.

V43 1 2 1 3 2 2 1

O Capital Intelectual é um item não avaliado e considerado pelo banco em seus modelos de gerenciamento de risco de crédito.

V44 4 4 3 3 2 3 3

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Conforme a percepção dos Diretores e Gerentes, e de acordo com a análise das

respostas das variáveis evidenciadas nas tabelas 20 e 21, pode-se inferir que os membros dos

bancos pesquisados não possuem total conhecimentos do conceito de Capital Intelectual, nem

tampouco utilizam o mesmo de forma sistemática em seus processos de gerenciamento de

risco de crédito. Segundo os Diretores, dos 7 respondentes, 3 concordam medianamente que

os membros de suas organizações conhecem e utilizam os conceitos de Capital Intelectual em

seus processos de gerenciamento de riscos de crédito e apenas 2 concordam bastante com a

afirmação. Já na visão dos Gerentes, dos 7 respondentes, 5 concordam medianamente com a

afirmação.

Já com relação a visão dos respondentes sobre a importância do Capital Intelectual,

evidencia-se nas respostas que o mesmo se mostra um ativo de importância e valor para os

respondentes. Na afirmação se o banco entende que investimentos em Capital Intelectual

podem reduzir custos futuros das empresas, 10 dos 14 Diretores/Gerentes concordaram

bastante com essa afirmação e mais 2 Gerentes concordaram totalmente com a mesma. Na

mesma direção, a afirmação de que os investimentos em Capital Intelectual podem melhorar o

fluxo de caixa futuro de uma empresa, na visão dos Diretores e Gerentes, 10 dos 14

respondentes concordam bastante com essa afirmação. E para ratificar a importância de um

dos itens que contemplam os investimentos em Capital Intelectual, na afirmação de que os

gastos com treinamentos de colaboradores são considerados investimentos que trazem

benefícios futuros, ou seja, retornos para as empresas, na visão dos Diretores dos bancos, essa

afirmação descreveu bastante a opinião de 3 Diretores e descreveu totalmente a opinião de

mais 2 Diretores. No caso dos Gerentes, a afirmação descreveu totalmente a opinião de 4

Gerentes e bastante a opinião de mais 3 Gerentes.

Sendo assim, evidencia-se a importância do Capital Intelectual para os respondentes,

fato que fica fortalecido na análise da afirmação se o Capital Intelectual é considerado pelos

gestores dos bancos um ativo gerador de valor e de benefícios futuros das empresas e precisa

ser corretamente mensurado e avaliado para os modelos de gerenciamento de risco de crédito.

Na visão dos Diretores, essa afirmação descreveu bastante a opinião de 5 Diretores e 4

Gerentes. E também na afirmação de que a mensuração do Capital Intelectual das empresas é

um item importante para ser incluído nos modelos de Gerenciamento de Risco de Crédito,

pois a afirmação descreveu bastante a opinião de 5 Diretores e 4 Gerentes.

Todavia, apesar da importância do Capital Intelectual para os processos de

gerenciamento de riscos de crédito dos bancos, o mesmo não vem sendo utilizado nos

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processos atuais dos bancos. Infere-se tal conclusão por meio da análise da afirmação: se,

efetivamente, os modelos atuais do banco de gestão de riscos de crédito contemplam

informações sobre a avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas.

Na visão dos Diretores a afirmação descreveu medianamente a opinião de 3 Diretores

e descreveu pouco a opinião de mais 2 Diretores. Já no caso dos Gerentes, a afirmação

descreveu medianamente a opinião de 5 Gerentes e descreveu pouco a opinião de mais 2

Gerentes. Exibe-se por meio das respostas dos respondentes que os bancos não estão

utilizando os ativos de Capital Intelectual em seus processos de gerenciamento de risco de

crédito, apesar de entenderem que os mesmos são importantes para o processo.

Por não estarem utilizando o conceito de Capital Intelectual nos processos atuais de

gerenciamento de risco de crédito, os respondentes também apresentaram respostas medianas,

porém com viés de alta para a afirmação de que as empresas que melhor evidenciam o valor

de seu Capital Intelectual possuem mais vantagens ou melhores pontuações nos modelos de

Gestão de Risco de Crédito do banco. Na visão dos Diretores essa afirmação descreveu

medianamente a opinião de 3 Diretores e bastante a opinião de mais 3 Diretores, porém, no

caso dos Gerentes, a afirmação descreveu medianamente a opinião 4 Gerentes e bastante a

opinião de mais 2 Gerentes. Talvez a possível resposta para essas afirmações é a falta de

verificação prática dos efeitos da mensuração e utilização do Capital Intelectual das empresas

nos processos atuais de gerenciamento de risco de crédito.

Evidencia-se, também, que os processos atuais dos bancos não possuem modelos

específicos para o tratamento das informações de Capital Intelectual das empresas. Quando

analisa-se as respostas a afirmação se o banco já desenvolveu um modelo específico para

avaliação e mensuração do Capital Intelectual das empresas para o gerenciamento de risco de

crédito, na visão dos Diretores respondentes, essa afirmação descreveu pouco a opinião de 3

Diretores e mediana a opinião de mais 2 Diretores. No caso dos Gerentes, a afirmação

descreveu pouco a opinião de 3 Gerentes e não descreveu a opinião de mais 3 Gerentes.

Sendo assim, confirma-se a não utilização ou pouca utilização do Capital Intelectual das

empresas nos processos de gerenciamento de riscos de crédito atuais dos bancos. Na

afirmação inversa, para ratificar esse entendimento, questionou-se aos respondentes se o

Capital Intelectual é um item não avaliado e não considerado pelo banco em seus modelos de

gerenciamento de risco de crédito, essa afirmação ficou aderente às demais afirmações sobre a

utilização do Capital Intelectual nos processos de gerenciamento de riscos de crédito dos

bancos, pois descreveu medianamente a opinião de 4 Diretores e 4 Gerentes.

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107

Também questionou-se se o banco mensura e avalia algum item sobre o Capital

Intelectual de uma empresa para inseri-lo nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito e se

em caso afirmativo, como é feito esse processo. O quadro 19 demonstra a resposta a esse

questionamento. As respostas obtidas dos Diretores e Gerentes estão literalmente transcritas.

Quadro 19: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes se os bancos mensuram e avaliam algum item sobre Capital Intelectual de uma empresa para inseri-lo nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito? Em caso afirmativo, como é feito esse processo?

Diretores Resposta dada

Banco 1 Sim, programa de formação, Plano de desenvolvimento de pessoas,

auditoria externa.

Banco 2 Não, apenas dos dirigentes das empresas, em alguns casos.

Banco 3

Não nesse momento.

Banco 4 Não há esta mensuração.

Banco 5 Avaliando a tecnologia que a empresa detém e a forma de administração

desta.

Banco 6 De modo indireto. O Banco avalia a performance de governança e dos valores

da empresa e se não existem óbices considera-os adequados.

Banco 7 Atualmente, não.

Gerentes Resposta dada

Banco 1

Na análise julgamental dos aspectos qualitativos de uma empresa, o Banco

considera, entre outros fatores, a tecnologia, a profissionalização da

administração e o encaminhamento da sucessão, que, embora estejam ligados

à questão do capital intelectual, não representam todos os aspectos da questão.

Banco 2

O Banco utiliza informações que tem por objetivo medir o capital intelectual

das empresas avaliadas. Para isso utilizamos relatório de informações colhido

junto às empresas e parametrizados no modelo de análise julgamental.

Banco 3 Não mensura, porém, a avaliação e/ou ponderação pode ser feita quando da

análise julgamental.

Banco 4 Não.

Banco 5

Através de perguntas elaboradas e inclusas em questionários sobre os

clientes, o banco passou a armazenar informações de Capital Intelectual das

empresas. Além disso, os analistas acompanham e realizam visitas às empresas

e consideram as informações obtidas sobre capital intelectual no processo de

avaliação.

Banco 6 Negativo.

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Banco 7 A mensuração está incorporada entre os item de avaliação qualitativa

(julgamental) da empresa.

Analisando as respostas dos Diretores e Gerentes, evidencia-se que dos 7 Diretores, 4

responderam que não utilizam nenhum item de Capital Intelectual em seus processos de

gerenciamento de riscos de crédito. Da mesma forma, 3 dos 7 Gerentes fizeram a mesma

afirmação. Para os respondentes que utilizam algo sobre o Capital Intelectual em seus

processos, exibe-se como são os mesmos (basicamente obtidos por meio de questionários

qualitativos e visitas as empresas):

Visão dos Diretores

• Análise da Tecnologia da empresa – 1 resposta.

• Plano de desenvolvimento – 1 resposta.

• Forma de administração da empresa – 1 reposta.

• Governança e valores – 1 resposta.

Visão dos Gerentes

• Análise da tecnologia da empresa – 1 resposta.

• Profissionalização da administração – 1 resposta.

• Processo sucessório – 1 resposta.

• Análise de relatórios das empresas – 2 respostas.

Dessa forma, conclui-se que os gestores dos bancos realmente não utilizam de forma

contundente as informações de Capital Intelectual em seus processos de gerenciamento de

riscos de crédito, além da falta de padronização e de processo estruturado para utilizar tal

informação. Outro ponto a destacar é que os gestores pesquisados não possuem total

conhecimento dos conceitos de Capital Intelectual.

Para entendimento dos motivos que levam os gestores dos bancos a não utilizarem

atualmente informações sobre o Capital Intelectual em seus processos de gerenciamento de

risco de crédito foi-lhes questionado o motivo. O quadro 20 exibe as respostas obtidas dos

Diretores e Gerentes, literalmente transcritas.

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Quadro 20: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre os motivos de não utilização do Capital Intelectual nos processos atuais de gerenciamento de risco de crédito (para quem não utiliza).

Diretores Resposta dada

Banco 2 Falta de informação.

Banco 3

Dificuldade na captura e mensuração dos benefícios do capital intelectual

na modelagem de risco, embora tais aspectos sejam importantes.

Banco 4 Difícil mensuração é o principal problema. É colocado mais como diferencial

ou seja um ponto forte ou fraco da empresa analisada. Este aspecto difere muito

de setor para setor. Há aqueles que este aspecto pode pesar muito e outros

menos.

Banco 7 Difícil avaliação em outras organizações.

Gerentes Resposta dada

Banco 3 Dificuldades na criação de ferramentas.

Banco 4 Ausência de modelos para esta avaliação.

Banco 6 Não respondeu.

Analisando as respostas dos Diretores e Gerentes, verifica-se que os grandes

motivadores da não utilização pelos bancos de informações sobre o Capital Intelectual das

empresas em seus processos atuais de gerenciamento de risco de crédito é a falta de

informação ou local apropriado para se obter as mesmas, além da dificuldade na adaptação

das ferramentas atuais para tratar tais informações. Essas constatações foram observadas tanto

nas respostas dos Diretores como na dos Gerentes.

A figura 7 exibe as respostas dos respondentes sobre em qual segmento de negócio dos

bancos as informações de Ativos Intangíveis e Capital Intelectual das empresas deveriam ser

inseridas para o gerenciamento de risco de crédito.

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110

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Segmento de grandes empresas

Segmento de médias empresas

Segmento de pequenas empresas

Em todos os segmentos acima

Outros

Total

Gerentes

Diretores

Figura 7: Segmento de negócio onde deveriam ser tratadas as informações de Ativos Intangíveis e de Capital Intelectual das empresas

Com relação a qual segmento de negócio dos bancos as informações de Ativos

Intangíveis e Capital Intelectual das empresas deveriam ser inseridas para o gerenciamento de

risco de crédito, chegou-se aos seguintes ativos por ordem de preferência.

Visão dos Diretores:

• Segmento de grandes empresas – 4 respostas.

• Em todos os segmentos – 4 respostas.

• Segmento de médias empresas – 3 respostas.

Visão dos Gerentes:

• Segmento de grandes empresas – 4 respostas.

• Em todos os segmentos – 3 respostas.

• Segmento de médias empresas – 3 respostas.

Dessa forma evidencia-se que o segmento de grandes empresas (corporate) é o

principal segmento de negócio no qual as informações de Ativos Intangíveis e Capital

Intelectual das empresas deveriam ser inseridas para o gerenciamento de risco de crédito.

Para finalizar o bloco C questionou-se aos respondentes sobre sua visão resumida

sobre o estágio atual da utilização dos Ativos Intangíveis e do Capital Intelectual nos modelos

de gerenciamento de risco de crédito dos bancos. O quadro 21 exibe as respostas obtidas dos

Diretores e Gerentes literalmente transcritas.

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Quadro 21: Respostas dadas pelos Diretores e Gerentes dos bancos sobre o atual estágio de utilização dos Ativos Intangíveis e do Capital Intelectual nos modelos de Gerenciamento de riscos de crédito dos bancos.

Diretores Resposta dada

Banco 1 São utilizados parcialmente, entretanto, com potencial para elevar esta

utilização.

Banco 2 Basicamente são utilizados nas avaliações das grandes empresas e das

Instituições Financeiras.

Banco 3

A utilização de tais ativos ainda é incipiente na instituição. Alguns ativos

intangíveis já são contemplados nos modelos, mas com um estágio ainda inicial

de maturidade. A implementação da Abordagem IRB Avançada no banco

propiciará a utilização de tais variáveis de forma mais intensa.

Banco 4

Por ser de difícil mensuração ele é pouco utilizado. E há casos em que os

aspectos intangíveis são mais importantes como nas empresas de serviços e

de tecnologia. Este ponto pode ser o fator de sucesso ou de quebra da empresa.

Em outras empresas industriais e comerciais o ponto é importante mas nem

sempre é fundamental.

Banco 5 Em desenvolvimento.

Banco 6

Bastante bom, mas pode ainda melhorar. A metodologia indireta esbarra nas

informações disponíveis. Assim, somente com tratamento caso a caso se pode

identificar o conhecimento e as particularidades de cada empresa e o seu modo

de tratar cada um dos ativos intangíveis. Isso já é feito na aprovação de crédito.

Para a gestão do risco de crédito, as empresas e operações são resumidas por

meros indicadores estatísticos e é nesse ponto que são necessárias maiores

informações.

Banco 7 Ainda em fase embrionária, porém, em desenvolvimento para o futuro.

Gerentes Resposta dada

Banco 1

Ainda está num estágio de avaliação indireta, sendo avaliados por tópicos

relacionados (capital intelectual) ou de forma não sistemática (ativos

intangíveis).

Banco 2

Classifico a utilização dessas informações como médio, pois existe muita

dificuldade de obter informações confiáveis sobre Capital Intelectual nas

empresas. Por esse motivo utilizamos esses modelos apenas para grandes e

mega empresas.

Banco 3 O atual estágio da utilização dos ativos intangíveis e do Capital Intelectual nos

modelos de gerenciamento de risco de crédito se dá de forma bastante

incipiente e por meio da análise julgamental, a partir de informações obtidas

em pesquisas na internet, leitura dos relatórios de administração e relatórios de

visitas.

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Banco 4 Intangíveis são usados na avaliações julgamentais e o capital intelectual não é

usado na avaliação do risco de crédito, a menos que esse seja o negócio da

empresa.

Banco 5

Ainda estamos em fase de desenvolvimento e captura de informações para

posterior inclusão nos modelos.

Banco 6 Embora não tenha atuação direta nesta área, minha impressão é que a utilização

destas variáveis tem muito que evoluir.

Banco 7 Estamos alinhados com as demais instituições de mesmo porte no mercado,

respeitando os preceito do Acordo de Basileia e do Banco Central do Brasil.

Analisando as respostas dos Diretores e Gerentes têm-se:

Visão dos Diretores

• Esses ativos são utilizados de forma parcial (incipiente) – 3 respostas.

• Possuem potencial para melhorar – 2 respostas.

• Em desenvolvimento – 2 respostas.

• Com a utilização da metodologia IRB tende-se a evoluir – 1 resposta.

• Bastante bom – 1 resposta.

Visão dos Gerentes

• Em desenvolvimento – 2 respostas.

• Esses ativos são utilizados de forma parcial (incipiente) – 2 respostas.

• A utilização atual é mediana – 1 resposta.

• Muito a evoluir – 1 resposta.

Como conclusão das análises efetuadas no Bloco C da pesquisa, onde a intenção foi

entender a relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos processos de gerenciamento

de risco de crédito dos bancos pesquisados, tem-se que:

• Os colaboradores dos bancos pesquisados não possuem total conhecimento dos

conceitos de Capital Intelectual e não utilizam o mesmo em seus processos.

• Apesar de ser reconhecido como importante e relevante, o Capital intelectual das

empresas não vem sendo utilizado nos processos atuais dos bancos e dessa forma,

não observa-se se as empresas que atualmente melhor demonstram seu valor de

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Capital Intelectual possuem benefícios no momento da avaliação de seu risco de

crédito.

• Nos bancos não existem modelos específicos de avaliação e mensuração do

Capital Intelectual das empresas.

• Os principais motivos que levam os gestores dos bancos a não utilizarem

informações do capital Intelectual em seus processos de gerenciamento de risco de

crédito são a falta de informações sobre o Capital Intelectual das empresas e a falta

de ferramentas de avaliação desse tipo de ativo.

• O principal segmento de negócio onde o Capital Intelectual deveria ser mensurado

e avaliado para o processo de gerenciamento de risco de crédito é o segmento de

grandes empresas (corporate).

Por fim, verifica-se que os processos atuais dos bancos de gerenciamento de risco

de crédito possuem espaços para evoluírem e se aperfeiçoarem por meio da introdução dos

ativos relacionados ao Capital Intelectual das empresas. Possivelmente, com o aumento da

utilização desses ativos nos processos de gerenciamento de risco de crédito dos bancos, tal

fato poderá incentivar as empresas a divulgarem mais informações sobre esses ativos,

resultando na melhora substancial das informações aos bancos e ao mercado de forma

geral.

4.2 Proposta de aperfeiçoamento do modelo de gerenciamento de risco de crédito –

Banco Titânio (nome fictício)

Do Objetivo Específico 3

Do Objetivo Específico 3: Propor uma sistemática para a inclusão dos ativos

intangíveis caracterizados como Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de

risco de crédito de bancos, para aperfeiçoamento dos mesmos. Análise de caso

efetuado com o Banco Titânio (nome fictício).

Para o cumprimento do objetivo específico 3 foi feita uma análise de caso no Banco

Titânio (nome fictício), uma das maiores Instituições Financeiras privadas do Brasil, segundo

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o BACEN. Conforme já mencionado, a pedido da Instituição, em função da disponibilização

de informações e processos estratégicos, foi mantido o anonimato da mesma e utilizou-se um

nome fictício para o banco (Banco Titânio). Todavia, todos os processos e fluxos descritos

nessa fase da pesquisa condizem fielmente aos processos do Banco Titânio, sendo que os

mesmos foram analisados e validados pelos especialistas em modelagem de risco de crédito

da instituição.

Objetivou-se nessa fase da pesquisa o entendimento dos processos de gerenciamento

de riscos do banco, principalmente o risco de crédito, para se propor uma sistemática de

inclusão de ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de

gerenciamento de risco de crédito do mesmo, de forma a aperfeiçoá-lo.

Gerenciamento de Riscos no Banco Titânio

O Banco Titânio considera o gerenciamento de riscos fundamental em todas as suas

atividades e o utiliza com o objetivo de agregar valor aos seus negócios e dar suporte às áreas

de negócios no planejamento de suas atividades, maximizando a utilização de recursos

próprios e de terceiros em benefício de seus stakeholders e da sociedade.

A atividade de gerenciamento de riscos é altamente estratégica em virtude da crescente

complexidade dos serviços e produtos ofertados e da globalização dos negócios do banco,

motivo pelo qual está sempre aprimorando seus processos, além de utilizar como referência as

melhores práticas internacionais, a regulação local e as recomendações do Novo Acordo de

Capital de Basileia. O Banco Titânio investe consideravelmente em ações relacionadas aos

processos de gerenciamento riscos, especialmente na capacitação do quadro de funcionários, a

fim de elevar a qualidade da execução dos referidos processos e de garantir o foco necessário,

fatores intrínsecos a estas atividades, que produzem alto valor agregado.

O Banco Titânio aborda o gerenciamento de todos os riscos inerentes às suas

atividades de modo integrado, dentro de um processo de aprimoramento contínuo, visando

acompanhar a evolução dos negócios e minimizar a existência de lacunas que possam

comprometer a qualidade deste gerenciamento.

Risco de Mercado

Risco de mercado é a possibilidade de perda por oscilação de preços e taxas de

mercado (KIMURA et al., 2009, p.15 e JORION, 2001, p.15), uma vez que as carteiras ativa e

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passiva do Banco Titânio podem apresentar descasamentos de prazos, moedas e indexadores.

O processo de gerenciamento de risco de mercado no Banco Titânio permite embasar decisões

estratégicas do banco com grande agilidade e alto grau de confiança. O gerenciamento de

riscos está sempre em linha com as melhores práticas de mercado, práticas estas alinhadas

com as políticas internas, regulamentações do Banco Central do Brasil e às recomendações do

Novo Acordo de Capital de Basileia.

Risco de Liquidez

Risco de Liquidez é a possibilidade da não existência de recursos financeiros

suficientes (JORION, 2001, p.18 e KIMURA et al., 2009, p.16) para que o Banco Titânio

honre seus compromissos em razão dos descasamentos entre pagamentos e recebimentos,

considerando as diferentes moedas e prazos de liquidação de seus direitos e obrigações.

O conhecimento e o acompanhamento deste risco são cruciais, sobretudo para que o

Banco Titânio possa liquidar as operações em tempo hábil e de modo seguro. O Banco

Titânio tem uma Política de Liquidez que define os níveis mínimos a serem mantidos, assim

como os instrumentos para gestão da liquidez em cenário normal e em cenário de crise. A

política e os controles estabelecidos atendem plenamente a Resolução nº 2.804 do CMN.

Risco Operacional

Risco operacional é definido como o risco de perda resultante de processos internos,

pessoas e sistemas inadequados ou falhos e de eventos externos (JORION, 2001, p.18 e

Kimura et al., 2009, p.17). Essa definição inclui o risco legal, mas exclui o estratégico e o de

imagem.

O controle do risco operacional está fundamentado na elaboração e implantação de

metodologias, critérios e ferramentas que padronizam a forma de coleta e tratamento dos

dados históricos de perdas, e encontra-se alinhado com as regulamentações do Bacen,

recomendações do BIS – Bank for International Settlements, e com as melhores práticas de

mercado.

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Risco de Crédito

Risco de crédito está ligado à possibilidade de haver perdas associadas ao não

cumprimento, pelo tomador ou contraparte, de suas respectivas obrigações financeiras nos

termos pactuados, bem como à desvalorização de contrato de crédito decorrente da

deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às

vantagens concedidas na renegociação, aos custos de recuperação e a outros valores relativos

ao descumprimento de obrigações financeiras da contraparte (BIELECKI e RUTKOWSKI,

2002, p.3; JORION, 2001, p.16; KIMURA et al., 2009, p.16; CAOUETTE, ALTMAN e

NARAYANAN, 2000, p.1).

Visando mitigar o risco de crédito, o Banco Titânio atua, continuamente, no

acompanhamento dos processos de atividades de crédito, no aprimoramento, aferição e

elaboração de inventários de seus modelos, bem como no monitoramento de concentrações e

na identificação de novos componentes que ofereçam riscos de crédito.

Adicionalmente, o direcionamento dos esforços, focado na utilização de modelos

avançados de mensuração de riscos e na melhoria contínua dos processos, reflete no

desempenho da carteira de crédito nos diversos cenários, tanto em resultados quanto em

robustez. O controle e gestão do risco de crédito é realizado pela área de Risco de Crédito,

que, dentre as principais atividades, destacam-se:

• backtesting e calibração dos modelos utilizados para mensuração de riscos da

carteira de crédito;

• participação ativa no processo de melhoria de modelos de classificação de riscos

de clientes;

• acompanhamento de grandes riscos por meio do monitoramento periódico dos

principais eventos de inadimplência;

• acompanhamento do provisionamento frente às perdas esperadas e inesperadas;

• revisão contínua de processos internos, inclusive papéis e responsabilidades,

capacitação e demandas de tecnologia da informação; e

• participação na avaliação de riscos, quando da criação ou revisão de produtos e

serviços.

Além disso, todo o processo de controle do risco de crédito abrange a revisão

periódica dos projetos voltados ao atendimento das melhores práticas de mercado e aos

requerimentos do Novo Acordo de Capital. Visando o aprimoramento no processo de gestão,

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117

todas as ações em andamento são monitoradas e procura-se identificar e sanar novas lacunas

ou necessidades que possam surgir.

A metodologia de avaliação de risco de crédito, além de fornecer subsídios ao

estabelecimento de parâmetros mínimos para concessão de crédito e gerenciamento de riscos,

possibilita a definição de políticas de crédito diferenciadas em função das características e do

porte do cliente. Com isto, oferece embasamento tanto para a correta precificação das

operações quanto para a definição de garantias adequadas a cada situação.

As classificações de risco para grupos econômicos - pessoas jurídicas - fundamentam-

se em procedimentos estatísticos e julgamentais parametrizados, informações quantitativas e

qualitativas. São efetuadas de modo corporativo e acompanhadas periodicamente com o

objetivo de preservar a qualidade da carteira de crédito.

O Banco Titânio considera que a mensuração quantitativa e a modelagem estatística

são fundamentais para suportar o gerenciamento de riscos. Por esta razão, a área de

Modelagem trabalha na fronteira dos avanços das ferramentas de gestão de informação e

modelagem estatística.

Por fim, a partir da significativa base de informações de todo o Banco Titânio, são

criados modelos estatísticos que visam mensurar as probabilidades de descumprimento (PD),

as perdas após o descumprimento (LGD), escores de crédito, escores de recuperação e escores

de comportamento. Esses modelos estão sendo inseridos continuamente ao longo do processo

de concessão, acompanhamento e recuperação de crédito, buscando aprimorar o apreçamento

do risco e otimização na alocação de capital do Banco Titânio.

Proposta de sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como

Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito

• Entendimento dos modelos – Banco Titânio

No processo de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio existe a fase de

identificação e análise da PD (Probabilidade de default ou descumprimento) dos clientes.

Essa identificação e análise é importante para a apuração do potencial de descumprimento de

um cliente frente a suas obrigações financeiras com o banco.

Essas PD’s são identificadas através de modelos de gerenciamento de risco de crédito,

que conforme define Chaia (2003, p.4), são modelos que utilizam como variáveis as

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características dos devedores e as condições econômicas e de mercado vigentes. A figura 8

demonstra a essência de um modelo de gerenciamento de risco de crédito.

Figura 8 – Essência de um modelo de gerenciamento de risco de crédito

Fonte: Chaia (2003, p.4)

A figura 8 demonstra a essência de um modelo de gerenciamento de risco de crédito,

onde as características dos devedores são representadas pelos parâmetros que os bancos

assumem para estabelecer a classificação dos clientes em relação a seus riscos. Já as

condições econômicas e de mercado representam os parâmetros externos aos clientes que

afetam a percepção dos bancos sobre as probabilidades de descumprimento, servindo de base

para a apuração do risco de crédito.

O Banco Titânio mensura o risco de crédito dos clientes de duas formas distintas:

mensuração para concessão de empréstimos e mensuração para o gerenciamento da carteira

de empréstimos. A figura 9 demonstra as duas formas de mensuração de risco do banco:

Figura 9 – Formas de mensuração de riscos no Banco Titânio

Fonte: elaborado pelo autor

Características dos devedores

Condições Econômicas e de Mercado

Modelos de mensuração do Risco de Crédito

Minimização do Risco de Crédito do banco

Mensuração

Para concessão de empréstimos

Para o gerenciamento da carteira de empréstimos

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Por meio da figura 9 percebe-se que o banco utiliza formas diferenciadas para

mensurar o risco de seus clientes, sendo a mensuração para concessão de empréstimos aquela

utilizada para verificar se o banco deve ou não deve emprestar recursos financeiros a

determinado cliente (determina bons e maus clientes). Nesse processo o cliente ainda não

obteve o empréstimo solicitado. Já a forma de mensuração para o gerenciamento da carteira

de empréstimos é aquela utilizada para mensurar a probabilidade do banco incorrer em perdas

financeiras sobre empréstimos já concedidos a clientes. Nesse processo os recursos

financeiros já foram disponibilizados para os clientes e o banco precisa monitorar o risco dos

mesmos para tomar as providências cabíveis. A proposta de aperfeiçoamento do modelo de

risco de crédito desta pesquisa foi elaborada tomando-se como base a forma de mensuração

para o gerenciamento da carteira de empréstimos.

Para mensurar o risco de crédito dos clientes, o Banco Titânio utiliza modelos e

técnicas em seu auxílio. Importante destacar que todo modelo/técnica de mensuração de risco

de crédito, seja para a concessão de empréstimos, seja para o gerenciamento da carteira de

empréstimos, pode ser aperfeiçoado através de três processos:

1) Melhoria do processo utilizado pelo modelo/técnica, ou seja, melhoria na forma de

como o modelo determina o risco do cliente;

2) melhoria das informações da base de dados do banco, ou seja, melhoria da

qualidade das informações obtidas pelo banco;

3) introdução de novas variáveis no modelo que melhorem a predição dos riscos dos

clientes, ou seja, introdução de novas informações que auxiliem o modelo a determinar de

forma mais precisa o risco dos clientes. Sendo assim, a proposta de sugestão de nova

sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como Capital Intelectual nos

modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio atendeu ao terceiro processo.

Em aderência com os achados nas respostas aos questionários da pesquisa efetuada

com os demais bancos, o Banco Titânio também utiliza duas técnicas para mensurar o risco de

crédito de clientes: O Credit Scoring e a Análise Julgamental. Em geral, a técnica Credit

Scoring é utilizada nas operações de Varejo, enquanto que nas operações Corporate utiliza-se

a técnica de análise julgamental, conforme citado no referencial teórico dessa pesquisa.

As figuras 10 e 11 demonstram esquematicamente como são os fluxos dessas técnicas

no Banco Titânio.

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Figura 10 – Técnica Credit scoring - Banco Titânio

Fonte: elaborado pelo autor

Analisando-se a figura 10 percebe-se que no credit scoring várias informações são

inseridas dentro de um sistema específico, com expertise e parametrizado para analisar todas

as informações em conjunto relativas ao cliente e através dessa análise produzir um escore de

crédito do mesmo. Pela grande quantidade de clientes e informações, esse processo somente

pode ser feito através de sistemas computadorizados.

Por meio do escore de crédito apurado pelo sistema, será determinado pelo Banco

Titânio se o cliente do banco possui condições de obter um empréstimo ou não. Após a

definição do escore de crédito positivo do cliente outras variáveis precisam ser analisadas pelo

banco, tais como: informações restritivas, garantias dadas pelo cliente, análise de documentos

etc. Somente após todas essas fases o banco decide se libera ou não os recursos financeiros ao

cliente. Evidentemente que por trás dessa técnica/sistema existem vários métodos

quantitativos sendo executados (análises de regressão, regressão logística, análises

discriminantes, análise de cluster, árvores de decisão etc.), porém não é escopo dessa pesquisa

descrever o funcionamento desses métodos quantitativos (estatísticos). Na ocorrência de

escore de crédito negativo o empréstimo é rejeitado ao cliente.

Informações Financeiras

Informações Cadastrais

Outras informações

Nota estabelecida ao cliente – rating (sistema especialista)

Boas chances de aceitar o empréstimo (baixo nível de risco)

recusa o empréstimo (alto nível de risco)

Escore adequado

Escore inadequado

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Figura 11 – Técnica de Análise Julgamental – Banco Titânio

Fonte: elaborado pelo autor

Analisando-se a figura 11 pode-se inferir que na Análise julgamental no Banco Titânio

as informações são avaliadas por um analista experiente que determina se o cliente está em

condições financeiras favoráveis ou desfavoráveis e através dessa percepção é atribuído o

rating do mesmo e, consequentemente, seu nível de risco a ser gerenciado pelo banco. Esse

processo pode ser executado por analistas experientes, sem a necessidade de sistemas

computadorizados, pois a quantidade de empresas avaliadas por essa técnica são bem menores

(empresas corporate).

De acordo com os resultados obtidos no questionário enviado aos gestores dos bancos,

o segmento de negócio onde deveriam ser tratadas as informações dos ativos intangíveis

relacionados ao Capital Intelectual, foi o segmento de grandes empresas, também conhecido

como segmento “corporate”. Também, por meio do referencial teórico, verificou-se que para

o segmento de grandes empresas ou “corporate”, a técnica mais adequada para mensuração do

risco de crédito é a Análise julgamental. Sendo assim, para a proposta de aperfeiçoamento do

modelo de gerenciamento de risco de crédito por meio da inclusão de ativos intangíveis

(Capital Intelectual), foi tomado como base a técnica de Análise julgamental no segmento de

grandes empresas (corporate).

• Processo de inclusão de novas variáveis nos modelos – Banco Titânio

Para a introdução de novas variáveis nos modelos de gerenciamento de risco de crédito

do Banco Titânio, existe um processo a ser executado para a certificação da qualidade das

Análise de Demonstrações Contábeis

Informações Não financeiras e subjetivas

Outras informações

Informações analisadas por um analista experiente

Rating negativo

Rating positivo

Boas chances de aceitar o empréstimo (baixo nível de risco)

recusa o empréstimo (alto nível de risco)

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novas informações no modelo. O importante nesse processo é identificar se a variável possui

alguma correlação com a PD dos clientes. A figura 12 demonstra as possíveis correlações

entre a nova variável e as PD’s dos clientes.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

risco - bom para o modelo

risco - bom para o modelo

risco - não serve para o modelo

Figura 12 – Possíveis correlações entre a nova variável e as PD’s dos clientes

Fonte: elaborado pelo autor

Por meio da figura 12 pode-se verificar que as variáveis mais importantes para os

modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio são aquelas que possuem

correlação com as PD’s dos clientes, ou seja, quando essas variáveis apresentam variações as

mesmas explicam variações na PD dos clientes. Já aquelas variáveis que independentemente

de sua performance (boa ou ruim) a PD dos clientes permanece inalterada, essas variáveis não

fazem sentido para os modelos de gerenciamento de risco de crédito e podem ser eliminadas

do processo.

Já a figura 13 demonstra o fluxo do processo de inclusão de novas variáveis nos

modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio, especificamente na técnica

de Credit Scoring. O fluxo do processo da técnica de análise julgamental será abordado mais

adiante.

Nova variável

PD’s

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Figura 13 – Fluxo do processo de inclusão de novas variáveis – Credit Scoring

Fonte: elaborado pelo autor

Por meio da análise da figura 13, pode se perceber que o fluxo do processo de inclusão

de novas variáveis nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio

(Técnica Credit Scoring) inicia-se pela análise se a variável individualmente discrimina

clientes com características semelhantes e que possuem PD’s iguais. Se a variável não possuir

o poder de individualmente discriminar clientes e suas PD’s a mesma é descartada do

processo.

Porém, ao verificar-se que a variável tem o poder de discriminar clientes e PD’s,

passa-se a analisar o efeito da entrada dessa nova variável no modelo de gerenciamento de

risco de crédito. Esse efeito pode ser:

Nova variável (financeira ou não

financeira)

A variável discrimina clientes (explica as PD’s)

Sim - incluir e testar o modelo

Não – abandona a

variável

Efeito da entrada da nova variável no

modelo – 2 hipóteses

Entra e mantém as atuais variáveis

Entra e exclui variáveis atuais

Testes com situações reais para validar o modelo – ainda não

utilizadas

Validado - incluir definitivamente a nova variável no

modelo

Não validado – encontrar novas variáveis para

incluir e melhorar o modelo

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1) A entrada da nova variável contribuiu com o modelo já existente, melhorando seu

poder de predição de riscos, mantendo-se inalteradas as demais variáveis atuais. Esse

fato ocorre quando a nova variável não possui características encontradas nas variáveis

já existentes. Por isso as variáveis atuais são mantidas no modelo.

2) A entrada da nova variável contribuiu com o modelo já existente, melhorando seu

poder de predição de riscos, porém algumas variáveis atuais são excluídas do processo

de gerenciamento de risco de crédito. Esse fato ocorre quando a nova variável possui

características encontradas nas variáveis atuais e por isso é necessário a exclusão de

algumas dessas variáveis, pois as mesmas já não fazem mais sentido.

Após a constatação da eficácia da nova variável, efetua-se testes com situações

reais de perdas de clientes já ocorridas e que não foram utilizadas para o estudo da

inclusão da nova variável. Esse processo denomina-se “validação fora do tempo”. Dessa

forma, sua inclusão definitiva no modelo dependerá de sua performance final dentro do

modelo com a verificação de situações reais. Caso contrário, o processo inicia-se com a

busca de novas variáveis para melhorar os modelos de gerenciamento de risco de crédito

do banco.

• Sugestões de avaliação e pontuação dos ativos intangíveis (Capital Intelectual)

para o processo de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio

Os ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual que foram analisados para a

sugestão de avaliação e pontuação para o processo de gerenciamento de risco de crédito do

Banco Titânio, foram os ativos mais pontuados pelos respondentes dos bancos nas respostas

aos questionários enviados aos mesmos (objetivos específicos 1 e 2). Dessa forma, o quadro

22 evidencia os principais ativos escolhidos pelos respondentes e sugestões de avaliação e

pontuação dos mesmos para o processo de gerenciamento de risco de crédito, segundo a visão

do autor da pesquisa e de especialistas em gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio

(área de modelagem de risco de crédito).

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Quadro 22 – Principais ativos de Capital Intelectual obtidos na pesquisa com os bancos e sugestões de formas de avaliação e pontuação para o processo de gerenciamento de risco de crédito – Banco Titânio

Tipo de Informação Sugestão de formas de avaliação Sugestão de formas de pontuação -

notas Relacionamento com clientes

Pesquisas de satisfação dos clientes da empresa, nível de diversificação dos clientes, identificação dos principais clientes.

Ótimo relacionamento - 4 Bom relacionamento - 3 Regular relacionamento - 2 Péssimo relacionamento – 1

Imagem

Pesquisa com os principais stakeholders da empresa para identificação de como os mesmos enxergam a empresa (pesquisa de percepção).

Ótima imagem - 4 Imagem boa - 3 Imagem regular - 2 Imagem péssima - 1

Nível de governança

Verificar quais as práticas de governança corporativa da empresa e compará-las às melhores práticas de mercado. As melhores práticas podem ser obtidas através dos manuais de práticas de governança corporativa da BMF&BOVESPA.

Ótimas práticas de governança - 4 Boas práticas de governança - 3 Regulares práticas de governança

- 2 Péssimas práticas de governança

– 1

Relacionamento com fornecedores

Identificação dos principais fornecedores da empresa, nível de dependência dos fornecedores, Pontualidade e qualidade dos produtos/serviços entregues pelos fornecedores.

Ótimo relacionamento - 4 Bom relacionamento - 3 Regular relacionamento - 2 Péssimo relacionamento – 1

Valor de mercado da empresa

Acompanhar a evolução do valor de mercado.

Valor de mercado em crescimento - 2

Valor de mercado estável – 1 Valor de mercado em queda - 0

Marca

Valor da marca da empresa obtida por meio de estudos efetuados por empresas especialistas em valorização desse tipo de ativo.

Valor até $ milhões – 1 ponto Valor de $ até $$ milhões – 2

pontos Valor de $$ até $$$ milhões – 3

pontos Valor superior a $$$ - 4 pontos

Canais de distribuição

Verificar quais os canais de distribuição da empresa.

1 canal de distribuição - 1 2 canais de distribuição - 2 3 canais de distribuição - 3 4 canais de distribuição - 4 + de 4 canais de distribuição – 5

Cultura organizacional

Verificar através de pesquisas com funcionários/diretores qual é a cultura organizacional e como ela permeia toda empresa.

Cultura encontrada em toda empresa - 4

Cultura encontrada em 50% da empresa - 3

Cultura encontrada em 20% da empresa - 2

Não identificado padrões de cultura na empresa – 1

Investimentos em tecnologia Verificar e quantificar os investimentos em tecnologia da empresa.

Valor dos investimentos em tecnologia nos últimos 5 anos

Reputação Idem imagem Idem imagem Fonte: elaborado pelo autor

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126

As sugestões de formas de avaliação e pontuação das variáveis relacionadas a ativos

intangíveis (Capital Intelectual) são passíveis de serem implementadas nos processos do

Banco Titânio.

Após a criação de formas de avaliação e pontuação das novas variáveis relacionadas

ao Capital Intelectual existe a necessidade de relacionar os resultados obtidos nessas variáveis

com as PD’s dos clientes para se estimar a correlação das mesmas, ou seja, análise para

determinar se as novas variáveis auxiliam na identificação dos defaults dos clientes e

consequentemente seu risco.

Nessa fase esbarra-se num problema, pois os clientes “corporate” do banco não

possuem históricos suficientes de perdas para a associação com as novas variáveis de Capital

Intelectual. Na verdade esse problema é encontrado em quase todos os bancos, pois nesse

segmento (corporate) as perdas com clientes são menores que as perdas em outros segmentos.

Todavia, na ausência de históricos de perdas para a associação com as novas variáveis,

o banco poderá recorrer a experts em cada nova variável para um diagnóstico se as mesmas

podem determinar o risco do cliente e seu potencial default. Esse processo pode ser utilizado

pelos bancos, principalmente após Basileia II, por meio dos modelos IRB, onde os bancos

podem criar seus modelos de gerenciamento de risco de crédito. O importante é que os bancos

brasileiros, após a criação dessas novas metodologias, submetam as mesmas ao Bacen para

análise e validação. A partir de então o novo processo poderá ser utilizado e será avaliado

periodicamente pelo órgão regulador.

Dessa forma a figura 14 demonstra o processo final de inclusão de ativos intangíveis

relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do

Banco Titânio, na técnica de análise julgamental.

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Figura 14 – Processo final de inclusão de variáveis de ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito do Banco Titânio – análise julgamental

Fonte: elaborado pelo autor

Sendo assim, a figura 14 demonstra o modelo de Análise julgamental do Banco

Titânio ajustado com a incorporação dos ativos intangíveis (Capital Intelectual) em seu

contexto.

Por fim tem-se a técnica de análise julgamental ajustada com a inclusão dos

ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual. A figura 15 demonstra essa técnica

ajustada.

Nova variável no modelo

Ativo de Capital Intelectual

Definir formas de avaliação e

pontuação da nova variável

É possível relacionar a nova variável com as PD’s dos clientes

do banco

Sim – utilizar a variável no modelo para avaliação de risco de crédito do

cliente

Obter a análise e parecer de experts sobre o poder de

predição da variável

Não – abandonar a nova variável

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Figura 15 – Técnica de Análise Julgamental ajustada

Fonte: elaborado pelo autor

Por meio da figura 15 pode-se inferir que na Análise julgamental ajustada com a

introdução dos ativos de Capital Intelectual, as informações continuam a ser analisadas por

um analista experiente, porém o mesmo terá a seu dispor melhores informações para a tomada

de decisão e avaliação de riscos dos clientes, ou seja, o processo ganhou em precisão na

mensuração dos riscos dos clientes.

Para a utilização desse processo é muito importante que seja observado pelo Banco

Titânio os seguintes pontos:

1. Padronização de todos os dados do processo.

2. Criação de metodologias de mensuração e avaliação das novas variáveis.

3. Encontrar a correlação entre a nova variável e as PD’s dos clientes, seja de

maneira direta ou através da opinião de experts na avaliação da variável.

Por fim, espera-se que esse processo venha a contribuir com os modelos de Análise

julgamental dos bancos, principalmente do Banco Titânio, com os seguintes benefícios:

a) Maior precisão na análise e identificação dos riscos de crédito dos clientes;

Análise de Demonstrações Contábeis

Informações Não financeiras

Outras informações

Informações analisadas por um analista experiente

Ativos Intangíveis (Capital Intelectual)

Rating negativo

Rating positivo

Boas chances de aceitar o empréstimo (baixo nível de risco)

recusa o empréstimo (alto nível de risco)

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b) Poder de tratamento diferenciado dos clientes e consequente cobrança diferenciada

de taxa de juros (taxas mais justas);

c) Poder de retenção de bons clientes; e

d) Expurgo natural dos maus clientes.

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CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo abordou o tema Capital Intelectual no âmbito das instituições financeiras

bancárias, com o objetivo geral de conhecer como são os processos de gerenciamento de

riscos de créditos de bancos brasileiros de forma a se identificar como são tratadas as

informações não financeiras, especificamente as relacionadas ao Capital Intelectual, à luz do

Novo Acordo de Capitais - Basileia II, visando o aperfeiçoamento desses processos com a

introdução dessas informações.

Considerou-se que o processo de gerenciamento de risco de crédito é uma das mais

importantes atividades dos bancos, visto estar relacionada diretamente com sua principal

missão, que é a intermediação financeira, ou seja, captar recursos financeiros excedentes no

mercado e emprestá-los às pessoas/empresas que necessitam de recursos para objetivos

específicos.

Nos dias atuais o governo e a sociedade em geral tem criticado os altos spreads

cobrados pelos bancos brasileiros, definido como a diferença entre a taxa de juros paga pelos

bancos na captação de recursos financeiros de terceiros e a taxa de juros cobrada por esses

mesmos bancos ao emprestarem os recursos a pessoas/empresas. Porém, na composição do

spread bancário, parcela é originada dos riscos de perdas financeiras dos bancos com sua

carteira de empréstimos.

Dessa forma, quanto mais apurado for o processo dos bancos para a identificação das

potenciais perdas com suas carteiras de empréstimos, os mesmos poderão criar mecanismos

mais eficientes para a mitigação dessas perdas financeiras e, assim, reduzir eventuais

prejuízos, criando valor aos acionistas, além de efetuar uma política de cobrança de taxas de

juros mais justa, ou seja, cobrar juros maiores dos piores clientes e juros menores dos bons

clientes.

De acordo com o conteúdo do referencial teórico dessa pesquisa, pode-se verificar a

importância do desenvolvimento pelos bancos de modelos e técnicas mais apuradas para o

efetivo processo de gerenciamento de risco de crédito e mitigação de perdas financeiras e que

os ativos intangíveis, principalmente os relacionados ao Capital Intelectual podem contribuir,

sobremaneira, nesse aperfeiçoamento.

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Verifica-se que, atualmente, o potencial para criação de vantagem competitiva para as

empresas está mais relacionado com o gerenciamento dos ativos intangíveis ou Capital

Intelectual do que com ativos tangíveis. Porém, as informações contábeis atuais se mostram

inadequadas para evidenciarem esses ativos em seus relatórios, prejudicando seus usuários,

em suas tomadas de decisões estratégicas; fato esse decorrente da limitação hoje existente na

identificação e mensuração do Capital Intelectual das organizações dada a regulamentação

vigente.

Em função do exposto, o estudo realizado permitiu chegar às seguintes conclusões:

• Os bancos estão adotando as regulamentações de Basileia II em seus processos de

gerenciamento de risco de crédito, sendo que grande parte já utiliza a metodologia

IRB (Internal Rating Based), um modelo considerado avançado em seus

processos. Essa metodologia permite a utilização de modelos próprios para o

gerenciamento de risco de crédito e a inclusão de informações de ativos

intangíveis (Capital Intelectual) nos modelos e técnicas utilizadas pelos bancos,

desde que validadas e aprovadas pelo órgão regulador (BACEN).

• Mesmo antes das regulamentações de Basileia II, os bancos já utilizavam

informações não financeiras e subjetivas em seus modelos/técnicas de

gerenciamento de risco de crédito, em função das informações contidas nas

Demonstrações Contábeis não serem suficientes para a efetiva gestão do processo.

• Basileia II trouxe oportunidades de inovações e aperfeiçoamentos para os

modelos/técnicas de Gerenciamento de Riscos de Crédito dos bancos.

• Existe a percepção de que as informações não financeiras e sobre ativos

intangíveis são importantes e relevantes para o processo de gerenciamento de risco

de crédito dos bancos.

• Apesar dos gestores dos bancos reconhecerem que são importantes e relevantes, as

informações sobre ativos intangíveis ainda não são totalmente utilizadas nos

processos de gerenciamento de risco de crédito. Isso deve-se à dificuldade de se

obter tais informações das empresas, além de não existir formas padronizadas de

mensuração e avaliação desses ativos.

• Os colaboradores dos bancos pesquisados não possuem total conhecimento dos

conceitos de Capital Intelectual e não utilizam o mesmo em seus processos. Dessa

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forma evidencia-se que os bancos precisam entender melhor o que são esses ativos

e seu poder de geração de valor às empresas.

• Nos bancos não existem modelos específicos de avaliação e mensuração do

Capital Intelectual das empresas para inclusão nos modelos e técnicas de

gerenciamento de risco de crédito.

• Os principais motivos que levam os gestores dos bancos a não utilizarem

informações do Capital Intelectual em seus processos de gerenciamento de risco

de crédito são a falta de informações sobre o Capital Intelectual das empresas e a

falta de ferramentas de avaliação desse tipo de ativo.

• Os bancos pesquisados estariam dispostos a incluir em seus processos de

gerenciamento de risco de crédito informações de ativos intangíveis relacionados

ao Capital Intelectual das empresas.

Por fim, verificou-se, também, por meio da análise de caso efetuada no Banco Titânio,

que os ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual são importantes e relevantes para

o efetivo gerenciamento de risco de crédito da carteira de empréstimos do banco, e que a

inclusão desses ativos nos modelos e técnicas utilizadas pelo banco é viável, desde que se faça

uma correta avaliação e mensuração desses ativos, além da identificação de sua correlação

com as PD’s dos clientes, para que o processo seja aperfeiçoado.

Dessa forma, através de análises e reuniões com os profissionais responsáveis pela

área de modelagem de risco de crédito do Banco Titânio, conseguiu-se construir uma

sistemática teórica de inclusão dos ativos de Capital Intelectual nos modelos e técnicas de

gerenciamento de risco de crédito do banco.

Assim, em função dos resultados dessa pesquisa, acredita-se que a correta

identificação e mensuração dos ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual, para

inclusão nos modelos e técnicas de gerenciamento de risco de crédito dos bancos brasileiros,

pode aperfeiçoar e dar maior precisão a esses modelos e técnicas na identificação do potencial

de perdas financeiras e da probabilidade de descumprimento (PD) da carteira de crédito dos

bancos e com isso permitir que os bancos tomem ações necessárias para mitigar essas perdas.

Nesse sentido, vale mencionar que já existem empresas que estão se especializando na

avaliação de ativos intangíveis, muitos deles relacionados ao Capital Intelectual. Isso pode ser

verificado pela recente matéria divulgada na revista Consumidor Moderno, ano 15 – outubro

de 2010, com o título: “O que as empresas ganham ao priorizar a gestão de ativos

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Intangíveis?” Nessa matéria foi demonstrada a importância da correta identificação dos ativos

intangíveis importantes para a empresa e seu efetivo gerenciamento. A revista também

demonstrou a premiação PIB – Prêmio Intangível Brasil, que utilizou a metodologia IAM –

Intangible Assets Management, criada pela empresa de consultoria DOM Strategy Partners.

Esse prêmio foi fruto da avaliação de importantes ativos intangíveis de empresas, muitos

desses ativos relacionados ao Capital Intelectual das mesmas, tais como: Conhecimento

Corporativo, Governança corporativa, Inovação, Marcas, Sustentabilidade, Talentos, TI

e Internet e Clientes e Consumidores.

Sendo assim, entende-se ser imprescindível a criação de uma metodologia para

mensuração, avaliação e inclusão dos ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual

pelos bancos, para maior precisão de seus processos de gerenciamento de riscos de crédito de

sua carteira de empréstimos, para mitigação das perdas financeiras. Nesse sentido, este estudo

vem trazer uma contribuição para que esta necessidade se torne uma realidade incorporada à

gestão de riscos nas instituições financeiras.

• Limitações do Estudo

Considera-se que em todo estudo, por mais que tenha sido o empenho e a dedicação do

pesquisador em identificar e aplicar as condições ideais de trabalho, algumas limitações são

encontradas, principalmente àquelas relacionadas às escolhas metodológicas. Nesse estudo

foram identificadas as seguintes limitações:

1. Apesar da pesquisa com os bancos ter alcançado aproximadamente 53% do total

dos ativos do sistema financeiros, apenas oito bancos foram pesquisados;

2. alguns bancos pertencentes ao ranking das dez maiores Instituições Financeiras do

país, segundo o BACEN, não se manifestaram a respeito de sua participação na

pesquisa;

3. a escolha da análise de caso com o Banco Titânio impossibilita a generalização

dos resultados e da proposição de modelos/técnicas de gerenciamento de risco de

crédito desenvolvida com o banco;

4. a pesquisa foi influenciada pelo pesquisador, quanto a escolha da metodologia de

pesquisa e da forma de analisar os resultados da mesma;

5. também houve a influência do pesquisador, pois o mesmo participou ativamente

da análise de caso no Banco Titânio, além do mesmo atuar há mais de 26 anos no

banco; e

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6. As variáveis da pesquisa não são controláveis por parte do pesquisador.

• Sugestões para Futuros Estudos

Ao longo desse estudo foi possível identificar alguns caminhos que podem sugerir

futuros estudos. São eles:

1. A metodologia mais comumente citada na literatura é a que Capital Intelectual é

visto como a diferença entre o valor do patrimônio líquido e o valor de mercado de

uma empresa. Dessa forma, é de se investigar se a eventual queda brusca do valor

de mercado de uma empresa, causada por possíveis crises financeiras, evidencia

que as empresas perderam seu valor de Capital Intelectual e o poder de geração de

benefícios futuros.

2. Verificar empiricamente se as formas de avaliação e pontuação dos ativos

intangíveis relacionados ao Capital Intelectual propostos neste estudo são as mais

adequadas para àqueles ativos.

3. Estudar a correlação da performance dos ativos intangíveis relacionados ao Capital

Intelectual da pesquisa com a probabilidade de descumprimento (PD’s) de clientes

de forma empírica.

4. Testar se os ativos de Capital Intelectual evidenciados neste estudo conseguem

identificar as PD’s de clientes dos bancos.

5. Testar empiricamente o processo sugerido de introdução de variáveis relacionadas

ao Capital Intelectual nos modelos e técnicas de gerenciamento de risco de crédito

de bancos.

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO ENVIADO AOS DIRETORES E GERENTES DOS BANCOS RESPONDENTES

GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO E CAPITAL INTELECTUAL: UMA

ABORDAGEM EM BANCOS BRASILEIROS

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APÊNDICE B

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APÊNDICE B

EMAIL DE APRESENTAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO PARA AS RESPOSTAS DOS RESPONDENTES – DIRETORES E GERENTES DE BANCOS

Universidade Presbiteriana Mackenzie Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial São Paulo, 9 de setembro de 2010 At. Sr. Fulano de Tal Prezados Senhores, Meu nome é Sergio de Jesus, sou aluno regular do Curso de Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial do Programa de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente encontro-me na fase de coleta de dados para o desenvolvimento da minha dissertação de mestrado. Este estudo tem o objetivo de conhecer o efeito dos Ativos Intangíveis, principalmente aqueles relacionados ao Capital Intelectual, nos processos de gerenciamento de risco de crédito de bancos brasileiros e está sendo realizada sob a orientação da Profa. Dra.Maria Thereza Pompa Antunes. Assim sendo, estou enviando-lhe um questionário por mim elaborado, que levará cerca de 20 minutos para ser respondido, e que pode ser acessado por meio do link:

http://www.surveymonkey.com/s/GQ26MMF

O propósito é que o Diretor e o Gerente da área gestora do processo de gerenciamento de riscos de crédito do banco respondam, individualmente, a este questionário. Adicionalmente, saliento que esse questionário possui apenas fins acadêmicos e que as informações obtidas serão tratadas estatisticamente e respeitado o sigilo quanto ao respondente. Assim que a pesquisa for concluída, terei o maior prazer em enviar os resultados caso seja do seu interesse. Conto com sua valiosa colaboração e solicito a gentileza de que o mesmo seja respondido até 17/09/2010, de forma que eu possa dar continuidade ao cronograma da pesquisa. Agradeço antecipadamente por sua ajuda e disponibilização de alguns minutos do seu tempo para responder a este questionário. Atenciosamente, Sergio de Jesus Mestrando em Controladoria Empresarial Universidade Presbiteriana Mackenzie E-mail: [email protected] Telefone: (11) 9480-6253

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APÊNDICE C

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APÊNDICE C

MATRIZ DE AMARRAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA

OBJETIVO GERAL DA PESQUISA

O objetivo geral desta pesquisa é o de conhecer como são os processos de gerenciamento de riscos de créditos de bancos brasileiros, de forma a se identificar como são tratadas as informações não financeiras, especificamente as relacionadas ao Capital Intelectual, à luz do Novo Acordo de Capitais - Basileia II, visando o aperfeiçoamento desses processos com a introdução dessas informações.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA

OBJETIVO 1

Conhecer como estão estruturados os processos de gerenciamento de riscos de crédito das instituições financeiras bancárias da amostra em estudo, pela ótica do Novo Acordo de Capitais da Basileia II.

OBJETIVO 2

Buscar o entendimento e a relevância de se contemplar os ativos intangíveis relacionados ao Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito de acordo com a percepção dos profissionais (diretores e gerentes) de risco dos bancos que compõem a amostra deste estudo

OBJETIVO 3

Propor uma sistemática para a inclusão dos ativos intangíveis caracterizados como Capital Intelectual nos modelos de gerenciamento de risco de crédito de bancos, para aperfeiçoamento dos mesmos.

PONTOS DE INVESTIGAÇÃO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1 E 2 – QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO

Bloco A – Estrutura dos modelos de Gestão de Riscos de Crédito do banco. O bloco A contém questões abertas e fechadas para determinação do objetivo específico 1.

OBJETIVO ESPECÍFICO 3

Estudo de análise de caso no Banco Titânio (nome fictício) para conhecimento dos modelos de gerenciamento de risco de crédito do banco e proposição de uma sistemática de aperfeiçoamento do modelo por meio da inclusão de informações sobre o Capital Intelectual das empresas.

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Bloco B – Relevância de se contemplar os ativos intangíveis nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito O bloco B contém questões abertas e fechadas para determinação do objetivo específico 2 Bloco C - Relevância de se contemplar o Capital Intelectual nos modelos de Gestão de Riscos de Crédito O bloco C contém questões abertas e fechadas para determinação do objetivo específico 2.

TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

OBJETIVOS 1 E 2

Primeira fase da coleta de dados

Questionário eletrônico enviado por email aos respondentes, contendo perguntas abertas e fechadas, divididas em 3 blocos distintos.

OBJETIVO ESPECÍFICO 3

Segunda fase da coleta de dados

Coleta das informações no Banco Titânio (nome fictício) - Análise de Caso - por meio de observação in loco dos processos atuais de gerenciamento de risco de crédito do banco para entendimento e proposição de aperfeiçoamento do mesmo, com a inclusão de informações relacionadas ao Capital Intelectual das empresas.

TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS

OBJETIVOS 1 E 2

As respostas abertas foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo e as respostas fechadas através de análise descritiva.

OBJETIVO ESPECÍFICO 3

Reuniões com os gerentes responsáveis pela área de modelagem de risco de crédito do banco e verificação dos

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processos atuais para entendimento e criação, em conjunto, de sugestão de melhoria do modelo com a introdução de informações de ativos relacionados ao Capital Intelectual.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA

Intermediação financeira, crédito e gerenciamento de risco de crédito (*)

• Desenvolvimento econômico / financeiro e intermediação financeira; • Conceito de crédito; • Riscos – Conceitos e gerenciamento; • Gerenciamento de risco de crédito; • Técnicas de mensuração de risco de crédito; • Conceito de Default, Probabilidade de Default e Escore de crédito; • Comitê de Basileia.

• A informação contábil; Informação contábil (*)

• Conceito de ativo e ativo intangível.

• Organizações do conhecimento; Capital Intelectual (*)

• Definição e classificação do Capital Intelectual; • Processo de geração do Capital Intelectual; • Reconhecimento e mensuração do Capital Intelectual; • Definição de goodwill. (*) Ver referenciais bibliográficas do trabalho.

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APÊNDICE D

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APÊNDICE D

SITE DA PESQUISA

http://www.surveymonkey.com/s/GQ26MMF