geografia - seed - ensino médio - 2º edição

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5/11/2018 Geografia-SEED-EnsinoMdio-2ºEdio-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/geografia-seed-ensino-medio-2o-edicao 1/280 GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Este livro é público - está autorizada a sua reprodução total ou parcial.

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GEOGRAFIAENSINO MÉDIO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Este livro é público - está autorizada a sua reprodução total ou parcial.

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Governo do Estado do Paraná 

Roberto Requião

Secretaria de Estado da Educação 

Mauricio Requião de Mello e Silva

Diretoria Geral 

Ricardo Fernandes Bezerra

Superintendência da Educação 

 Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde

Departamento de Ensino Médio 

Mary Lane Hutner 

Coordenação do Livro Didático Público 

 Jairo Marçal

Depósito legal na Fundação Biblioteca Nacional, conorme Decreto Federal n.1825/1907,

de 20 de Dezembro de 1907.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a onte.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

 Avenida Água Verde, 2140 - Teleone: (0XX) 41 3340-1500

e-mail: [email protected] 80240-900 CURITIBA - PARANÁ

Catalogação no Centro de Editoração, Documentação e Inormação Técnica da SEED-PR

Geograa / vários autores. – Curi tiba: SEED-PR, 2007. – 280 p.

ISBN: 85-85380-35-7

1. Geograa. 2. Ensino médio. 3. Ensino de geograa. 4. Dimensão política do espaço

geográco. 5. Dimensão cultural e demográca do espaço geográco. 6. Dimensão econô-

mica do espaço geográco. 7. Dimensão socioambiental do espaço geográco. I. Folhas. II.

Material de apoio pedagógico. III. Material de apoio teórico. IV. Secretaria de Estado da Edu-

cação. Superintendência da Educação. V. Título.

CDU 91+373.5

2ª. Edição

IMPRESSO NO BRASIL

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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 Autores

 André Aparecido Alfen

Gisele Zambone

 João Carlos Ruiz

Leda Maria Corrêa Moura

Márcia Regina Garcia

Rosélia Maria Soares Loch 

Equipe Técnico – Pedagógica 

Gisele Zambone

 Juliana Carla Muterlle Bitar 

Marcio Miguel de Aguiar 

 Valquiria Renk 

 Assessora do Departamento de Ensino Médio 

 Agnes Cordeiro de Carvalho

Coordenadora Administrativa do Livro Didático Público Edna Amancio de Souza

Equipe Administrativa 

Mariema Ribeiro

Sueli Tereza Szymanek 

Técnicos Administrativos

 Alexandre Oliveira Cristovam

 Viviane Machado

Consultor 

Roberto Filizola - UFPR 

Leitura Crítica 

Maalda Nesi Francischett - Unioeste/PR 

Consultor de direitos autorais

 Alex Sander Hostyn Branchier 

Revisão Textual Renata de Oliveira

Projeto Gráfco, Capa Editoração Eletrônica 

Eder Lima/Icone Audiovisual Ltda

Editoração Eletrônica 

Icone Audiovisual Ltda

2007 

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CartadoSecretárioEste  Livro Didático Público chega às escolas da rede como resultadodo trabalho coletivo de nossos educadores. Foi elaborado para atenderà carência histórica de material didático no Ensino Médio, como umainiciativa sem precedentes de valorização da prática pedagógica e dossaberes da proessora e do proessor, para criar um livro público, acessível,uma onte densa e credenciada de acesso ao conhecimento.

 A motivação dominante dessa experiência democrática teve origem na

leitura justa das necessidades e anseios de nossos estudantes. Caminhamosortalecidos pelo compromisso com a qualidade da educação pública epelo reconhecimento do direito undamental de todos os cidadãos deacesso à cultura, à inormação e ao conhecimento.

Nesta caminhada, aprendemos e ensinamos que o livro didático não émercadoria e o conhecimento produzido pela humanidade não pode serapropriado particularmente, mediante exibição de títulos privados, leisde papel mal-escritas, eitas para proteger os vendilhões de um mercadoeditorial absurdamente concentrado e elitista.

Desaados a abrir uma trilha própria para o estudo e a pesquisa,entregamos a vocês, proessores e estudantes do Paraná, este material deensino-aprendizagem, para suas consultas, refexões e ormação contínua.Comemoramos com vocês esta eliz e acertada realização, propondo,com este Livro Didático Público, a socialização do conhecimento e dossaberes.

 Apropriem-se deste livro público, transormem e multipliquem as suasleituras.

Mauricio Requião de Mello e Silva

Secretário de Estado da Educação

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AosEstudates Agir no sentido mais geral do termo signica tomar ini-

ciativa, iniciar, imprimir movimento a alguma coisa. Por constituírem um initium , por serem recém-chegados e ini-ciadores, em virtude do ato de terem nascido, os homenstomam iniciativa, são impelidos a agir. (...) O ato de que ohomem é capaz de agir signica que se pode esperar de-le o inesperado, que ele é capaz de realizar o innitamenteimprovável. E isto, por sua vez, só é possível porque cadahomem é singular, de sorte que, a cada nascimento, vemao mundo algo singularmente novo. Desse alguém que ésingular pode-se dizer, com certeza, que antes dele nãohavia ninguém. Se a ação, como início, corresponde ao a-to do nascimento, se é a eetivação da condição humanada natalidade, o discurso corresponde ao ato da distinçãoe é a eetivação da condição humana da pluralidade, istoé, do viver como ser distinto e singular entre iguais.

Hannah Arendt

 A condição humana 

Este é o seu livro didático público. Ele participará de sua trajetória peloEnsino Médio e deverá ser um importante recurso para a sua ormação.

Se osse apenas um simples livro já seria valioso, pois, os livros re-

gistram e perpetuam nossas conquistas, conhecimentos, descobertas, so-nhos. Os livros, documentam as mudanças históricas, são arquivos dosacertos e dos erros, materializam palavras em textos que exprimem, ques-tionam e projetam a própria humanidade.

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Mas este é um livro didático e isto o caracteriza como um livro de en-sinar e aprender. Pelo menos esta é a idéia mais comum que se tem a res-peito de um livro didático. Porém, este livro é dierente. Ele oi escrito apartir de um conceito inovador de ensinar e de aprender. Com ele, comoapoio didático, seu proessor e você arão muito mais do que “seguir o li-

 vro”. Vocês ultrapassarão o livro. Serão convidados a interagir com ele edesaados a estudar além do que ele traz em suas páginas.

Neste livro há uma preocupação em escrever textos que valorizem oconhecimento cientíco, losóco e artístico, bem como a dimensão his-tórica das disciplinas de maneira contextualizada, ou seja, numa lingua-gem que aproxime esses saberes da sua realidade. É um livro dierenteporque não tem a pretensão de esgotar conteúdos, mas discutir a realida-de em dierentes perspectivas de análise; não quer apresentar dogmas,mas questionar para compreender. Além disso, os conteúdos abordadossão alguns recortes possíveis dos conteúdos mais amplos que estruturame identicam as disciplinas escolares. O conjunto desses elementos que

constituem o processo de escrita deste livro denomina cada um dos tex-tos que o compõem de “Folhas”.

Em cada Folhas vocês, estudantes, e seus proessores poderão cons-truir, reconstruir e atualizar conhecimentos das disciplinas e, nas veredasdas outras disciplinas, entender melhor os conteúdos sobre os quais sedebruçam em cada momento do aprendizado. Essa relação entre as dis-ciplinas, que está em aprimoramento, assim como deve ser todo o pro-cesso de conhecimento, mostra que os saberes especícos de cada uma

delas se aproximam, e navegam por todas, ainda que com concepções erecortes dierentes.

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Outro aspecto dierenciador deste livro é a presença, ao longo do tex-to, de atividades que conguram a construção do conhecimento por meiodo diálogo e da pesquisa, rompendo com a tradição de separar o espaçode aprendizado do espaço de xação que, aliás, raramente é um espaço dediscussão, pois, estando separado do discurso, desarticula o pensamento.

Este livro também é dierente porque seu processo de elaboração e

distribuição oi concretizado integralmente na esera pública: os Folhasque o compõem oram escritos por proessores da rede estadual de en-sino, que trabalharam em interação constante com os proessores do De-partamento de Ensino Médio, que também escreveram Folhas para o li-

 vro, e com a consultoria dos proessores da rede de ensino superior queacreditaram nesse projeto.

 Agora o livro está pronto. Você o tem nas mãos e ele é prova do valore da capacidade de realização de uma política comprometida com o pú-blico. Use-o com intensidade, participe, procure respostas e arrisque-se aelaborar novas perguntas.

 A qualidade de sua ormação começa aí, na sua sala de aula, no traba-lho coletivo que envolve você, seus colegas e seus proessores.

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SárioTexto de Apresentação do LDP de Geografa.10

Conteúdo Estruturante: DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco  Apresentação.do.Conteúdo.Estruturante:.Dimensão.Política.do.Espaço.

Geográfco.14

1 – O.Brasil.podia.ser.dierente?.18

2 – É.proibida.a.entrada!.36

3 – A.união.az..a.?.50

4 – A.água.tem.uturo?.66

Conteúdo Estruturante: Dimesão CuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

. . Apresentação.do.Conteúdo.Estruturante:.Dimensão.Cultural.e.Demográfca.

do.Espaço.Geográfco.785 – Você.produz.ou.consome.o.espaço?.84

6 – Para.onde.vais?.102

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7 – Nada.a.ver?.Tudo.a.ver!.118

8 – Passa.por.sua.cabeça.ter.muitos.flhos?.132

Conteúdo Estruturante: DimesãoEcoômicadoEspaçoGeográfco

. . Apresentação.do.Conteúdo.Estruturante:..Dimensão.Econômica.do.Espaço.Geográfco.144

9 – A.indústria.já.era?.148

10 – A.gente.se.vê.no.shopping?.162

11 – Nós.da.rede.174

12 – Dinheiro.traz.elicidade?.18613 – Fome:.problema.econômico?.198

Conteúdo Estruturante: DimesãoSocioambietadoEspaçoGeográfco

. . Apresentação.do.Conteúdo.Estruturante:.Dimensão.Socioambiental..do.Espaço.Geográfco.212

14 – Os.seres.humanos.são.racionais.Será?.216

15 – Pare.de.sonhar.com.um.carro!.230

16 – Catástroes.são.evitáveis.ou.inevitáveis?.246

17 – Você.toma.veneno?.262

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http://slidepdf.com/reader/full/geografia-seed-ensino-medio-2o-edicao 10/28010 Apresetação

EsioMédio

Apresetação

“Antes mundo era pequeno porque Terra era grande.

Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena”(Parabolicaará, Gilbrto Gil, 1991)

“Alguma coisa está ora da ordem,

Fora da nova ordem mundial”(Fora da Ord, Catano Vloso, 1991)

Queremos começar este livro propondo a você, estudante do Ensi-no Médio, um desao: tente responder as perguntas que seguem semuma pesquisa prévia!

Onde você mora? Como é este lugar? Por que este lugar é assim?Que relações econômicas e políticas este lugar estabelece com outrospróximos e distantes?

Essas perguntas reerem-se ao espaço geográco e, portanto, sãocentrais para os estudos de Geograa. Para respondê-las será necessá-rio lançar mão de conhecimentos que inicialmente eram apenas com-partilhados entre as gerações de um mesmo grupo e, mais tarde, oramorganizados, registrados e discutidos mais amplamente, sobretudo nasinstituições de ensino e pesquisa.

Mas, anal, como sabemos hoje como são os lugares e por que sãoassim e não de outro jeito?

 As respostas destas questões oram construídas, inicialmente, pormeio da observação da dinâmica da natureza. Esse conhecimento oi

 A 

 p r e 

s e 

n t a 

ç ã 

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Geografa

G E 

O G 

 A F 

I  A 

undamental para os povos primitivos que se deslocavam constante-mente à procura de um melhor local para se acomodar e encontrar ali-mentos. Conhecer quando e onde as árvores rutíeras estavam produ-zindo era essencial para sua sobrevivência.

 Você sabia que as migrações realizadas pelos indígenas que habita- vam o nordeste brasileiro eram determinadas pelas estações do ano epela variação da fora na área em que se deslocavam? Aqueles grupos

observavam a natureza e mapeavam, ainda que mentalmente, os cami-nhos e extensões que deveriam percorrer nos dierentes períodos doano para garantir a sobrevivência da tribo.

 Além desses conhecimentos, outros como a dimensão, orma e mo- vimentos do planeta, as dierenças entre as regiões naturais, as diver-sas ormas de organização social, cultural e econômica oram sistema-tizados por pesquisadores e no nal do século XIX, institucionalizadospela Geograa, identicados como próprios desse campo de estudos.Esses conhecimentos geraram o mapeamento do planeta quanto aoseu quadro natural, social, econômico e cultural; a criação de conven-

ções para localização, orientação e medição de distâncias consideran-do a curvatura da superície terrestre; enm, dados, nomenclaturas econvenções que nos identicam como ocidentais e orientais, povos donorte e do sul, entre outras possibilidades.

No decorrer dos últimos cinco séculos, a relação sociedade-natu-reza oi, e ainda é, responsável por pesquisas a respeito de como é es- te lugar e  por que ele é assim. Inicialmente essas pesquisas baseavam-se em minuciosas e detalhadas descrições sobre os diversos lugaresdo planeta, suas características naturais, culturais e econômicas. Hoje

os estudos geográcos abordam a relação sociedade-natureza com umolhar crítico sobre as relações de produção, as quais levam à degrada-

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EsioMédio

ção ambiental e sobre as relações políticas que se estabelecem entre

os países onde os recursos naturais são encontrados.Na verdade, desde que o modo capitalista de produção se desen-

 volveu, refetir sobre onde as coisas se localizam implica em pensar nasrelações de poder que envolvem essa localização, bem como tudo queesteja contido no lugar. O ato de uma foresta, uma jazida mineral ouum manancial localizar-se no território de um determinado país, leva-rá a possíveis negociações internacionais sobre conservação e explo-ração desses “objetos naturais”, chamados de recursos, sob a ótica docapitalismo. Dessa mesma perspectiva, a escolha do local de instala-ção de uma empresa, de construção de um porto, de uma estrada ou

de um aeroporto tem determinantes políticos e econômicos, bem co-mo culturais, ambientais e demográcos.

Diante das considerações eitas até aqui, você notou que respondero onde? pode ser mais complexo do que simplesmente dar a localiza-ção de alguma coisa? Mais ainda, responder onde implica em relacio-ná-lo com o como é o lugar, por que ele é desse jeito, pois, essas pergun-tas são indissociáveis.

Toda essa refexão ca ainda mais complexa no atual período his-tórico, iniciado após a Segunda Guerra Mundial, com a internaciona-

lização da economia e com o avanço das técnicas de comunicação etransportes.

 As transormações do espaço geográco, ocorridas nos lugares queparticipam das relações globais – de produção e de mercado, entre ou-tras – têm apresentado hoje, um ritmo mais veloz e impactante do queno passado. Essas transormações são, muitas vezes, resultado de de-cisões tomadas em outros lugares, em alguns casos situados a milha-res de quilômetros de distância, por interesses que não consideram a

 A 

 p r e 

s e 

n t a 

ç ã 

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Geografa

realidade do lugar aetado. Por exemplo, o aquecimento terrestre po-

de ter causas em processos ocorridos a grandes distâncias de nós, dosquais soremos as conseqüências. Devido a estas situações podemosarmar que a Terra é pequena e que alguma coisa está ora da ordem,não é mesmo?

 Assim, para responder as perguntas próprias do campo de estu-do da Geograa, é preciso compreender e interpretar a realidade so-cial, econômica, política, cultural e ambiental do espaço geográcode orma integrada. Isso signica considerar as dimensões geográ-cas da realidade – econômica, geopolítica, socioambiental, cultural edemográca – e como elas participam da constituição do recorte es-

pacial colocado em estudo. Essas dimensões traduzem-se, nesse li- vro nos Conteúdos Estruturantes das Diretrizes Curriculares de Geo-graa: Dimensão Política do Espaço Geográco, Dimensão Culturale Demográca do Espaço Geográco, Dimensão Socioambiental doEspaço Geográco. Estes Conteúdos Estruturantes mereceram, cadaum deles, um texto de apresentação que pode ser usado para deba-te em sala de aula.

Considerando a concepção de Geograa exposta é que construí-mos o Livro Didático Público, desejando ainda que este transorme a

escola num lugar de pesquisa para compreensão do espaço em qual-quer escala geográca.

Os textos que você encontrará a seguir, não têm o intuito de es-gotar as possibilidades de discussão dos Conteúdos Estruturantes aosquais se reerem, mas pretendem gerar debates e pesquisas que leva-rão ao aproundamento e a aprendizagem dos conteúdos especícos edos conceitos da Geograa.

G E 

O G 

 A 

I  A 

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EsioMédio

r o 

d  u 

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ã 

O que signica “Geo” com certeza você sabe. Sua proessora, lána 5ª série, deve ter denido. E política, o que é?

 A palavra geopolítica não é uma simples contração das palavras

geograa e política; é mais que isso, algo que diz respeito às dispu-tas de poder no espaço. A palavra “poder” implica em dominação,numa relação entre desiguais, que pode ser exercido por Estadosou não. Esta dominação pode ser cultural, sexual, social, econômi-ca, repressiva e/ou militar, o que levaria a dominação de um terri-tório. Mas o que é território?

Para Milton Santos (2005), o território é o chão e mais a popula-ção, é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espi-rituais e da vida.

O termo geopolítica surgiu com a publicação de “O Estado comoOrganismo”, do sueco Rudol Kjellen, no início do século XX. Kjellenoi seguidor do geógrao alemão Friedrich Ratzel, que é consideradoum dos pais da ciência geográca e grande responsável pelas idéiaspresentes na geopolítica.

Ratzel oi contemporâneo da unicação alemã (século XIX). Pre-senciou a ormação do Estado alemão, “país” que até as últimas dé-cadas do século XIX não existia como o conhecemos hoje. Seu atualterritório, naquele período, era constituído por um conjunto de rei-nos cujas relações eram reqüentemente confituosas. Para Ratzel, a

sociedade é como um organismo com necessidades de moradia e ali-mentação. Quanto maior sua área para obter estes recursos, melhorsão as condições de vida desta sociedade. Caberia ao Estado mantera posse do território, e por isso ele luta pelo seu domínio. Estas idéiascaram conhecidas pela expressão “espaço vital”.

“O poder não é tudo, embora seja muito... o poder está em todas aspartes: nas ruas, nas avelas, nas preeituras, nas escolas, nos livros e nos

 jornais, na televisão, nas ábricas e no campo“.Jorg G. Castañda (1994, p.395)

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Este Conteúdo Estruturante engloba os interesses relativos aos ter-ritórios e as relações de poder, econômicas e sociais que os envol-

 ve. Para tratá-lo abordaremos um dos campos de estudo da Geogra-a que tem como interesse o território: a Geopolítica.

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Geografa

G E 

O G 

 A 

I  A 

O termo geopolítica nem sempre oi visto com bons olhos, poisno período da II Guerra Mundial, a geopolítica, com suas idéias deespaço vital e povos superiores, atendeu aos interesses do governonazista alemão.

No Brasil oi Josué de Castro, com uma de suas obras mais amo-sas, Geopolítica da Fome (publicado em 1951), quem reacendeu odebate sobre a geopolítica e sobre o problema da ome. Neste perí-odo o tema “ome” era um tabu no Brasil, não se alava nele, embo-ra milhares de pessoas já soressem com ela. Mas, como destaca opróprio autor, sempre oi considerado pouco conveniente, entre ospovos bem alimentados, discutir a ome dos menos aortunados. Noentanto, a ome tem sido, desde muito tempo, a mais perigosa dasorças políticas, como já sabiam os romanos no século I, daí surgindosua preocupação e a amosa expressão: “ pani et circenses ”.

Na década de 70, Yves Lacoste, em seu livro “A Geograa – issoserve, em primeiro lugar, para azer a guerra”, armava que a geopo-lítica seria a verdadeira geograa. Estaria certo Yves Lacoste? Anal, oque seria da guerra sem os mapas, sem saber onde há pontes, usinasde geração de energia para serem destruídas? Quais os terrenos ade-quados para azer os tanques de guerra entrarem em um país? Mas ageograa só lida com mapas e localizações das coisas?

Este debate, se a geograa realmente serve para azer a guerra,serviu como orma de revalorizar a geograa, principalmente a ei-

ta nas escolas, geograa essa que até então tinha como preocupa-ção enumerar rios, cidades, descrever paisagens e tipos humanosexóticos.

 A Geopolítica está relacionada ao poder e a quem o exerce. Ali-ás, a coisa mais importante, quando se ala de geopolítica, é pergun-tar quem está exercendo o poder, quem está dando as ordens sobreaquela porção do espaço, que pode ser chamada de território.

 A geopolítica de hoje é um campo de estudos interdisciplinar,pois pesquisa e quer entender temas como: os rumos do Brasil

ou de qualquer outro Estado-Nação no século XXI (ver Folhas “OBrasil podia ser dierente?”); as possibilidades de conrontos ou decrises político-diplomáticas ou econômicas; as estratégias para osgrupos se tornarem hegemônicos no espaço geográco; ou ainda,para ocupar racionalmente os ambientes naturais. Tudo isso exigeos conhecimentos de Geopolítica e de muitas outras ciências.

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EsioMédio

Na atualidade, Estado e ronteiras, tão importantes para os enten-dimentos da geopolítica, têm sorido alguns abalos, dado o proces-so de globalização. Estes abalos podem ser encontrados no surgi-mento dos blocos econômicos e instituições supranacionais (OTAN

- Organização do Tratado Atlântico Norte, Mercosul – Mercado Co-mum do Sul, UE – União Européia, etc.) que erodem (desgastam) opoder e a soberania dos estados nacionais, tornando sem sentido – em parte – a antiga noção de ronteira. Veja o caso da União Euro-péia, tema que será tratado no Folhas “A união az a... ?”.

É preciso destacar que há múltiplos territórios: Estado-Nação; es-tado (província); município ou cidade; das grandes corporações mul-tinacionais, mais poderosas economicamente que muitas nações jun-tas; dos grupos (gangues, tráco, etc.).

Numa escala geográca micro há também a idéia de que o uteboltem sua geopolítica, pois o campo, as arqui-bancadas, a disputa entre as torcidas orados estádios, as quais “deslam seu domí-nio pela cidade” (GOmeS, 2002), é mais uma dis-puta de poder no e pelo território (Veja noFolhas “É Proibida a entrada”).

Ficam as perguntas: dada a globalização,estão os Estados adados ao m? As rontei-ras entre os países não têm mais razão deser? As relações de poder estão desapare-cendo? A Terra será nosso grande território,o qual teremos que deender somente deinvasões alienígenas? As questões ambien-tais e sociais, que têm proporcionado de-bates mundiais, levarão à união dos povos?

 As guerras sobre o globo acabarão?

  A geopolítica é entendida de váriasormas, todas elas ligadas ao espaço ter-

ritorial e às estratégias de ação dos Esta-dos ou de grupos sociais, como orma deexpandir o território ou deender as ron-teiras. A questão ambiental também po-de ser considerada nesta temática, pois asociedade e o Estado devem estabelecerleis e atitudes que impedirão ou acilita-

Charge 1

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Geografa

rão as ações predatórias e/ou conservacionistas, protegendo dessaorma seu território e seus recursos. Como exemplo podemos dis-cutir a importância da Amazônia ou do Aqüíero Guarani para opovo brasileiro ou para a humanidade (Veja mais detalhes no Fo-

lhas “A água tem uturo?”). Os territórios onde estes se encontram,podem vir a ser disputados por vários países. Debata essa idéia apartir da charge 1.

Como se vê, a geopolítica é um conteúdo bastante amplo. Os tex-tos que seguem a esta apresentação têm por objetivo auxiliar e apre-sentar alguns dos temas relacionados a ele, mas temos claro que tratarde todos os temas relacionados a geopolítica seria um trabalho pa-ra muitos e por muito tempo; cam aqui apenas algumas discussões.Bons estudos!

ReerêciasBibiográfcasCASTAÑEDA, J. G. Utopia desarmada: intrigas, dilemas e promessas daesquerda latino-americana. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

CASTRO, J. de. Geopolítica da Fome. São Paulo: Brasiliense, 1965.

GOMES, P. C. da C. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

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SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento à consciênciauniversal. 12ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2005

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Geografa

1

O BRASIL PODIA SER DIFERENTE?

Brasil podia ser dierente? Die-

rente em quê? Em seus habitan-

tes; em suas paisagens; em seus

limites territoriais; em seus cos-

tumes; em suas crenças; em suas

riquezas?

Gisl Zabon1

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR

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EsioMédio

O Brasil “nasceu” com cerca de 2.800.000km2. Considerando-seque esta área é aproximadamente 35% da área atual, podemos dizerque ele nasceu modesto. Esta é a área que “cabia” a Portugal de acor-do com o Tratado de Tordesilhas lá nos idos do século XV (observea gura 1). Assim, este era o território, pelo menos ormalmente, sobdomínio português.

Figura 1 - Tratado de TordesilhasÉ claro que o Brasil não

brotou do chão como umaplanta, mas a idéia de cres-cimento, de expansão comouma planta também ocorrecom o território de um país,assim como o desaparecimen-to ou diminuição da área ocu-

pada por este. O solo que ho-je o Brasil ocupa já existia, oque não existia era seu terri-tório, a porção do espaço sobdomínio, poder, soberania deum Estado organizado.

Quadro 1

Um Estado é uma comunidade organizada politicamente, ocupando um território denido, normal-mente sob Constituição e dirigida por um governo; também possuindo soberania reconhecida interna-mente e por outros países. O reconhecimento da independência de um estado em relação a outros,permitindo ao primeiro rmar acordos internacionais, é uma condição undamental para estabeleci-mento da soberania. Também se chamam estados as subdivisões políticas das repúblicas ederati-

 vas, como por exemplo, no Brasil são estados Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul; nos Estados Uni-dos da América, o Texas ou Dakota do Norte.

Font: http://pt.wikipdia.org/wiki/estado.

Inicialmente este território era da Coroa Portuguesa e, somentea partir de 1822, passou a pertencer ao chamado Estado Brasileiro.Quando alamos que ele nasce modesto, é ao território que nos ree-rimos. Mas como ele “cresceu”? Ampliando seu poder? Como o EstadoPortuguês conquistou mais territórios?

Foram muitos os confitos entre os indígenas e a Coroa portuguesae a Coroa espanhola para que aqueles “cedessem” seu território.

Como se pode visualizar na gura 1, o Tratado de Tordesilhas davaum limite para a expansão Portuguesa, mas em 1580 Portugal cou sem

sucessor em suas terras para ocupar o trono, o único sucessor legítimo

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Geografa

era Felipe II, neto do rei da Espanha. Mas um espanhol no trono Portu-guês? Sim. Felipe II teve que usar a orça, derrotando os exércitos lusi-tanos para assumir o trono. Esta relação deu um certa autoridade paraque os portugueses que viviam na colônia considerassem que não ha-

 via problema em ultrapassar os limites denidos pelo Tratado de Tor-desilhas. Em 1640, quando o trono de Portugal oi recuperado, as ter-ras a oeste do limite do tratado estavam ocupadas por portugueses quenão apresentavam nenhuma disposição em devolvê-las. Associado a is-to e a outros confitos que ocorreram na Europa, em 1750 o Tratado deTordesilhas deixa, ormalmente, de existir.

Quanto a relação indígenas x portugueses, estes últimos possuíamuma organização social e econômica bem dierente da dos indígenas.Entre as dierenças encontramos o desejo de lucro, a propriedade in-dividual ou posse da terra e de seus recursos, o dinheiro utilizado nacompra e venda das mercadorias, organizações sociais e econômicasintroduzidas no Brasil, o que já era comum na Europa. Estamos alan-

do dos princípios do sistema capitalista. Que tal buscar mais inormaçõessobre o sistema capitalista?

 A gura 2 mostra onde a Coroa Portuguesa tinha soberania sobre oespaço brasileiro no século XVI.

Há uma característica de “arquipélago*” (veja na gura 2 as áreas em vermelho), por ser ormado por áreas isoladas ou com contatos muito tê-nues, onde a troca de mercadorias ou pessoas pouco existia entre estasáreas. E não havia esta preocupação com a troca,pois a economia e, conseqüentemente, o espaço

estavam organizados para enviar sua produçãopara o exterior, para a metrópole. Esta preocu-pação em enviar a produção para o exterior vaicaracterizar o Brasil por um longo período.

Dê uma olhadinha na localização das ca-pitais dos estados na gura 3. Por que será queelas estão onde estão? A letra da música Notícias doBrasil diz alguma coisa sobre isto?

Quadro 2

Notícias do Brasilmilton Nascinto

“A novidade é que o Brasil não é só litoral/ É muito mais, é muito mais que qualquer zonasul /Tem gente boa espalhada por esse Bra-sil /Que vai azer desse lugar um bom país / Uma notícia está chegando lá do interior /Nãodeu no rádio, no jornal ou na televisão /Ficar derente para o mar, de costas pro Brasil /Não vai

azer desse lugar um bom país”

Figura 2 - A ocupação territorial do Brasil

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EsioMédio

Figura 3 - A Marcha do Povoamento e a Urbanização - Século XVII

No início do povoamento do território do Brasil, ou do país que vi-ria a ser chamado assim, a população de origem européia e aricana -cou bastante restrita ao litoral, desenvolvendo inicialmente atividadeseconômicas com características extrativistas. Que características seriamestas? Procure mais detalhes.

No nal do século XVI, os colonizadores começaram o cultivo dacana-de-açúcar e a montagem de engenhos de açúcar, principalmente nolitoral do nordeste. A escolha por sítios litorâneos, próximos às baías ouenseadas junto da planície litorânea, deu-se porque a produção agrícolaera dirigida para a exportação. Nossas primeiras cidades estavam ligadasà unção de porto comercial e militar, e tinham o objetivo de garantir aposse da Colônia pela Coroa Portuguesa.

Observe na gura 3 - “A Marcha do Povoamento e a Urbanização”- as cidades e suas datas de undação. É importante salientar que a da-ta de undação é aquela quando o núcleo urbano recebe o título o-

cial de vila ou cidade, mas elas já existiam antes.

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Geografa

 A ocupação do interior nordestino se deu através da introdução dapecuária bovina em áreas não propícias ao desenvolvimento da ca-na-de–açúcar. Não era propícia dada a distância para a exportação doproduto nal - o açúcar, e pelas condições naturais, solo e clima, me-nos adequados para esta cultura.

Nos séculos XVI e XVII, a lavoura canavieira e a criação de gado o-ram as atividades que contribuíram para a eetivação da ocupação do es-

paço brasileiro e sua expansão territorial. A pecuária permitiu também axação da população, o que deu origem à ormação dos primeiros nú-cleos urbanos no interior do território. Eram povoados pequenos ondejá ocorria a atividade artesanal, o comércio, residiam os uncionários daadministração municipal, ociais da Coroa, artesãos e mercadores.

 A undação de cidades, ou vilas, no interior deveria ser autorizadapela Coroa, através de seus donatários, em demonstração de sua sobe-rania sobre o espaço. As cidades do período colonial representavam umprolongamento do mundo rural. Isto é dierente nos dias atuais? Por quê?

 Aponte elementos que demonstrem esta semelhança ou dierença. A câmara municipal oi a primeira e principal instituição política repre-

sentativa da população da colônia, na qual as unções mais importanteseram exercidas pelo “concelho”. Essa era composta pelos juizes ordiná-rios, procuradores, vereadores e os almotacés (scais), sendo estes, ho-mens escolhidos entre os adultos livres, incluídos os nobres, senhores deengenho, os proprietários, os militares e o clero. Era responsabilidade do“concelho”, xar taxas sobre os ganhos dos artíces (impostos), denircódigos de posturas, determinar a conservação das vias públicas, deniras jornadas de trabalho e julgar as oensas verbais e os pequenos urtos.

 Atualmente, a câmara municipal exerce essas unções? Qual a importância de ter a participa-ção de todos (homens e mulheres independente de suas condições nanceiras) nas decisões po-líticas do local onde se vive? As decisões políticas intererem em sua vida? Faça um debate sobreisso com seus colegas e proessores.

DEBATE

 A agricultura moderna depende das condições naturais como a agricultura citada anteriormente?

Por quê? Pesquise sobre este tema.

PESQUISA

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EsioMédio

 As vilas representavam o primeiro degrau da vida urbana, eramaglomerados urbanos que uncionavam como sede de um distrito mu-nicipal. Já a cidade, desde o período colonial até hoje, por orça de lei,é representada pela localidade onde está sediado o poder municipal(preeitura). Uma de suas unções é administrar o município. Mas quaisoutras unções têm a cidade? Pesquise sobre este tema e dena qual aunção principal da cidade onde você mora. 

No século XVII, o território “brasileiro” continuou a se expan-dir, pois a descoberta de minerais provocou o deslocamento dopovoamento, de orma mais intensa, para o interior, inicialmentede orma temporária, uma vez que se baseava na exploração alu-

 vial*. Mais adiante, a descoberta de veios auríeros permitiu maio-res ganhos, criou condições para a ixação da população não indí-gena, o que acabou consolidando o território de domínio da CoroaPortuguesa.

Os responsáveis por descobrir estes recursos minerais oram os

Bandeirantes, eles ormavam grupos de expedições de exploração quese originavam em São Paulo. Estas expedições oram responsáveis pe-la expansão do território brasileiro.

Os Bandeirantes avançaram em direção ao interior por entre fores-tas e as margens de rios como o Tietê e Paraná; chegaram até a região

 Amazônica, além do limite do Tratado de Tordesilhas, invadindo as ter-ras que pertenciam à Espanha por este tratado. Eles iam em busca deriquezas, como minerais e indígenas para escravizar.

 A corrida ao ouro atraiu milhares de pessoas provenientes do lito-

ral e de Portugal; além disso, a necessidade de gado para alimentaçãoe para o transporte do ouro proporcionou o surgimento de novas cida-des e vilas no caminho dos tropeiros.

Com a exploração do ouro e das pedras preciosas, a partir doséculo XVIII, novas regiões oram incorporadas à ronteira econô-mica: os atuais estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Ma-to Grosso do Sul.

 As necessidades de escoamento do ouro e a scalização da produ-ção mineral zeram do Rio de Janeiro a segunda capital da colônia, em1763. Em 1808, com a chegada da amília real portuguesa, a cidade te-

 ve suas condições de desenvolvimento ampliadas.

Cidades como Lapa e Castro no Paraná surgiram em unção dos tropeiros. Você sabe qual a origemde sua cidade? Que tal pesquisar?

PESQUISA

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Geografa

Observe a gura 4 e identique as dierentes denominações paraos estados ou território brasileiros e os limites territoriais. Os dierenteslimites e denominações refetiam as dierenças das relações políticas eeconômicas que ocorriam neste espaço. Observe que há o Estado do“Brazil” e o Estado do Maranhão. Como você explica isto?

Figura 4 - Vice-reino do Brasil (1763)

Font: http://www.ibg.gov.br/brasil500/indx2.htl

 A ocupação da Amazônia, ou do Norte brasileiro, ocorreu no sécu-lo XVI, devido à existência de muitos rios, que permitiram a implanta-

ção de pequenos núcleos que, em sua maioria, não prosperaram nemeconomicamente nem populacionalmente. Esta porção do território -cou sob o controle militar para garantia do território. Essa ocupaçãoinicial não mudou quase nada as condições naturais, exceto em algu-mas regiões, como na área ao redor de Belém.

Como você explica esta situação de não mudança das condições natu-rais apesar da instalação de uma sociedade com princípios capitalistas?

A porção do território conhecida por Amazônia apresentava baixaocupação populacional sob o controle da Coroa Portuguesa, que pra-

ticamente não tinha domínio da área, por isso esta porção do territóriooi cobiçada por outras nações européias.

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No extremo sul do Brasil, no séc. XVIII, a colonização, ou domina-ção do território, deu-se inicialmente com população de origem por-tuguesa – os colonos açorianos assentados no Rio Grande do Sul. Estaregião já ora objetivo de incursões de criadores paulistas, os Bandei-rantes, que se estabeleceram nas áreas de campo, desenvolvendo a pe-cuária, que aí encontrou condições ambientais avoráveis.

Observe a importância das atividades econômicas e das condiçõesnaturais para a dominação do território. Foram as atividades econômi-cas que permitiram a xação da população e o domínio do território?

 As atividades econômicas, geralmente ligadas ao extrativismo ou àagricultura, eram muito dependentes das condições naturais, dadas ascondições tecnológicas então presentes.

Por volta do séc. XIX, a ação colonizadora no Sul do Brasil instaloucolônias baseadas no sistema de apropriação de terras, através de co-lonização ocial ou particular. Este tipo de colonização oi implantadaem outras porções do território, mas, oi no sul do país que esse modode ocupar as terras oi mais diundido. Isto ez esta porção do territó-rio dierente? Procure mais inormação sobre este tema.

No nal do século XIX,o Brasil ainda não tinha a“orma” que tem hoje, ter-ritorialmente alando – al-tava a eetiva ocupação do

Centro-Oeste e do Norte doBrasil, porções que oramocupadas de orma mais in-tensa a partir da década de60 e 70 do século XX. Quetal procurar mais inorma-ções sobre a ocupação doCentro-Oeste e Norte do Bra-sil no século XX até os diasde hoje? Ainda existem mui-

tos confitos por terra nestaporção do Brasil.

Observe agora as die-renças nos limites dos es-tados brasileiros nas igu-ras 5 e 6.

Font: Atlas Gográco escolar. Rio d Janiro, 2000.

Figura 5 - Império do Brazil - 1822

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Geografa

Figura 6 - Republica dos Estados Unidos do Brazil (1889)

O Brasil que temos hoje,quando se reere ao seu ter-ritório, é o mesmo que te-mos nos mapas? Do início

do século XX até hoje, mui-ta coisa mudou na paisagembrasileira e na sua congu-ração interna. Nenhum ma-pa, sozinho, daria conta derepresentar o território bra-sileiro e suas mudanças. Te-ríamos que utilizar muitosmapas, os mapas temáticos,como o de uso do solo, de

estradas, de atividades eco-nômicas, etc.

Que tal azer uma buscaem um Atlas e vericar estasdierenças? É possível veri-car todas as transormaçõesque ocorreram na paisagemdo Brasil e em sua congu-ração interna?

No nal do século XIX e início do século XX, aconteceram muitosatos que provocaram a mudança em nossa paisagem. Podemos citar om da escravidão; a ampliação do trabalho assalariado; a chegada degrande quantidade de estrangeiros (imigrantes); a mudança na ormade governo do Brasil (monarquia para república); a expansão da eco-nomia caeeira no Sudeste; novas condições de transportes e comu-nicações, como as estradas de erro, o telégrao e o cabo submarino.Estas mudanças desdobraram-se em outras, e em conjunto criavam no-

 vos contextos, com refexos até os dias atuais.

Debata com seus colegas como os atos citados mudaram a paisagem e o espaço brasileiro.

DEBATE

Font: Atlas Gográco escolar. Rio d Janiro, 2000.

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EsioMédio

Fazendo uma pausa: neste período o Brasil não é mais colônia dePortugal. Em 1822 passa a ser controlado pelo seu próprio governo,tendo soberania sobre seu território, mas o soberano é um impera-dor. Esta orma de governo vai se manter até 1889, ano em que o go-

 verno passa a ser escolhido de “orma mais” democrática, mas sem aparticipação de grande parte da população nesta escolha. Foi adota-do o sistema presidencialista e as províncias do período imperial pas-saram a ser chamadas de estado (leia o quadro 1), compondo, destaorma, os Estados Unidos do Brasil. A semelhança com Estados Uni-dos da América não é mera coincidência, busque mais inormaçãosobre este tema. 

No século XX, com mudanças ocorridas no sistema sócio-econômi-co (como o trabalho livre e assalariado) e o crescimento dos merca-dos internacionais (principalmente com o caé), oi possível o controle

pelo governo republicano do Brasil de muitas regiões interioranas dopaís, com o surgimento de cidades e o crescimento de cidades já exis-tentes. Associado a dierentes atividades econômicas, o “Brasil” oi -xando seu domínio pelo território, colocando seus antigos donos (in-dígenas) em parques e reservas.

O “Brasil” da rase anterior aparece entre aspas porque estamos nosreerindo à nação brasileira, composta pelo seu povo e também porgrupos que detinham o poder, ou o controle do que deveria ocorrerneste território, denindo as leis e quem deveria azer cumpri-las.

Como vimos, as ronteiras e limites do Brasil apresentaram gran-des alterações ao longo de sua história. Por exemplo: o estado do Acre só passou a azer parte do nosso território em 1910, quando oicomprado da Bolívia. Você imaginaria hoje um país vendendo par-te de seu território? Quem autorizaria esta venda? Qual deveria ser odestino do dinheiro recebido? Haveria outra orma de conquistar es-ta porção de terra? 

E quanto às ronteiras internas? De 1940 até os dias atuais o país so-reu 17 alterações na conguração de suas unidades político-adminis-trativas, com a criação e extinção de unidades. As últimas modica-

ções ocorreram com a Constituição de 1988, que deu origem ao estadode Tocantins, elevou os territórios ederais do Amapá e Roraima à cate-goria de estados e anexou o território ederal de Fernando de Noronhaa Pernambuco. Mas esta história não acaba aqui. Leia o texto no qua-dro 03 e responda se acredita ser necessário ou não a criação de maisestados no país. Justique sua resposta.

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Geografa

Quadro 3

Colcha de retalhos: Projetos em tramitação no Congresso pre-tendem criar novos estados

 André Capos

O estado de TapajósNo coração da foresta Amazônica, a porção oeste do Pará convive com

propostas de emancipação há praticamente tanto tempo quanto a própria in-dependência do Brasil. Em 1876, o militar Augusto Fausto de Sousa propôsnova divisão do império em 40 províncias, incluindo a criação do estado de Ta-pajós no oeste paraense. A proposta oi esquecida, mas o nome acompanhaaté hoje o movimento de emancipação da região.

 Após atravessar o século passado em discussão e ser descartada em di- versas ocasiões, a idéia voltou a ganhar ôlego em novembro de 2000, quan-do oi aprovado no Senado o projeto de convocação de plebiscito sobre acriação desse estado. O pretenso estado de Tapajós possui território maior do que o da França ou da Espanha. Apesar de representar 58% da área to-tal do Pará, a região responde por apenas cerca de 10% do PIB estadual etem aproximadamente 16% da sua população atual. Tamanha desigualdadede desenvolvimento e de ocupação é em grande parte explicada pela históri-ca concentração de investimentos governamentais na região metropolitana deBelém, a capital. É naquela área que se encontram, por exemplo, quase a me-tade das agências bancárias, a maioria das rodovias estaduais e os melhoresíndices paraenses no que diz respeito a domicílios com água canalizada, ilumi-

nação elétrica e instalações sanitárias. A idéia da criação do estado de Tapajós, porém, não conta com a simpatia

de lideranças políticas de Belém. Existe o temor de que a aprovação do pro- jeto seja o estopim de um amplo processo de ragmentação do estado, queconvive também com articulações políticas para a criação do estado de Cara-

 jás, no sudeste do Pará, além da proposta, ainda incipiente, de transormar ailha de Marajó em território ederal.

 A alta de um programa político abrangente, capaz de abrigar os anseiosde todos os segmentos da sociedade e não somente de uma pequena elitepolítica e econômica interessada em regular o território segundo interesses es-pecícos, é justamente uma das principais críticas eitas aos projetos de redi-

 visão territorial hoje debatidos no Brasil. Gilberto Rocha, proessor do Depar-tamento de Geograa da Universidade Federal do Pará (UFPA), vê situaçãosemelhante nas propostas de divisão atualmente discutidas no estado. Paraele, a criação de unidades ederativas no Pará é um debate de elites, no quala população se posiciona sentimentalmente. “É muito ácil mobilizar o povo deuma região em avor de uma proposta desse tipo – é só apontar as carênciasdo local e dizer que um novo estado irá resolver a situação”, arma.

Font: http://www.rportrbrasil.co.br/rportagns/tapajos/ira.php. Acsso 02 agosto 2005.

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EsioMédio

Faça uma pesquisa sobre as propostas de criação de novos estados no Brasil. Elabore um texto

sobre este tema. Dê um título adequado e acrescente ao texto guras, grácos e mapas. Organize ummural com os textos e debata com a classe sobre o tema.

PESQUISA

 A consolidação das ronteiras e limites do Brasil é o resultado deum processo histórico de produção e reprodução do espaço atravésdo trabalho humano. Como vimos, os limites entre as unidades daederação são objeto de propostas de alteração. Mas os confitos en-tre as unidades da ederação não terminaram, nem se resumem ao

confito por áreas. Na atualidade, as localidades e estados disputam aatração de empreendimentos econômicos, empresas (indústrias, co-mércio ou serviços) que (acreditam governos locais) gerarão empre-gos e maior arrecadação de impostos. Isto criou a chamada “guerrascal”. Este é um outro assunto. Mas que tal buscar inormações so-bre a “guerra scal”? (Veja o Folhas “A indústria já era?”).

Tratou-se anteriormente da proposta para a criação de inúmerosestados (Unidades da Federação – UF) no Brasil. Qual sua opiniãosobre as vantagens e desvantagens que este tipo de decisão traria

para a União e, conseqüentemente, para a população que integraestes territórios?

 As propostas de desmembramentos não aetam somente os esta-dos. A constituição promulgada, em 1988, acilitou aos estados legisla-rem sobre a criação de novos municípios.

Veja no artigo 18 da Constituição, em seu parágrao 3º (Da Or-ganização do Estado CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-

 ADMINISTRATIVA), que determinou a regulamentação das emanci-pações municipais pelos Estados, descentralizando a decisão, queantes cabia à União.

 A intensa criação de municípios não é um enômeno recente,mas como podemos vericar na tabela “Distribuição dos municípiosbrasileiros, segundo o período de instalação, pelas unidades da e-deração”, a onda emancipacionista ocorreu com maior intensidadeem alguns estados.

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Geografa

Distribuição dos municípios brasileiros segundo o período de instalação,pelas unidades da ederação – Brasil 1980-2001

ESTADOS 1980 1991 1993 1997 20012001-

1980

%

Rondônia 7 23 40 52 52 45

 Acre 12 12 22 22 22 10

 Amazonas 44 62 62 62 62 18

Roraima 2 6 8 15 15 13

Pará 63 105 128 143 143 80

 Amapá 5 9 15 16 16 11

 Tocantins 52 79 123 138 138 86

Maranhão 130 136 138 217 217 87

Piauí 114 118 148 221 223 109Ceará 141 178 184 184 184 43

Rio Grande do Norte 150 152 152 166 167 17

Paraíba 171 171 171 223 223 52

Pernambuco 165 169 177 185 185 20

 Alagoas 94 97 100 101 102 8

Sergipe 74 74 75 75 75 1

Bahia 336 415 415 415 417 81

Minas Gerais 722 722 723 756 853 131

Espírito Santo 53 67 71 77 78 25

Rio de Janeiro 64 70 81 91 92 28

São Paulo 571 572 625 645 645 74

Paraná 290 323 371 399 399 109

Santa Catarina 197 217 260 293 293 96

Rio Grande do Sul 232 333 427 467 497 265

Mato Grosso 55 72 77 77 77 22

Mato Grosso do Sul 55 95 117 126 128 73

Goiás 171 211 232 242 246 75Font: http://www.iba.org.br/pbli/dia/eSP020P.pd 

Utilizando esta tabela, calcule o percentual entre a quantidade totalde municípios que existiam em 2001 em relação aos valores observadosem 1980. Acrescente estas inormações no espaço reservado. Faça istopara o total do país e também para cada estado.

Tabela 1

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EsioMédio

Qual a sua conclusão sobre a dierença quanto ao crescimento ab-soluto e percentual da quantidade de municípios no Brasil? Se você sótivesse a coluna com as porcentagens, sua conclusão seria a mesma?

 Ainda utilizando a tabela, você deve desenvolver uma série de ati-

 vidades para que possa expressar os dados da tabela em um mapa te-mático. O objetivo é melhorar a visualização da inormação, permitin-do responder mais acilmente às seguintes questões: em que região doBrasil o processo de criação de novos municípios ocorreu com maiorintensidade? Qual sua explicação para este ato? 

 As orientações para que você possa construir o mapa são as seguintes:

1. Dena o limite inerior da primeira classe (Li), que deve ser igualou ligeiramente inerior ao menor valor das observações - presen-tes na coluna 2001 - 1980 ou de %;

2. Dena o limite superior da última classe (Ls), que deve ser igual ouligeiramente superior ao maior valor das observações - presentesna coluna 2001 - 1980 ou de %;

3. Dena o número de classes (K), que será calculado usando k = n .Obrigatoriamente deve estar compreendido entre 5 a 20; n é o nú-mero de elementos da amostra que é igual ao número de estados;

4. Conhecido o número de classes, dena a amplitude de cada classe:

a = (Ls – Li)k

.

5. Com o conhecimento da amplitude de cada classe, dena os limitespara cada classe (inerior e superior), ou seja, os valores que irãocompor a legenda;

6. Considerando as classes, distribua os Estados pelas classes;

7. Escolha uma cor para cada classe. Utilize uma única cor variando oseu tom, ou conjunto de cores de uma das séries (quentes ou rias),procurando utilizar os tons mais claros para as classes ineriores;

8. Utilizando um mapa do Brasil dividido em estados, distribua a in-ormação sobre ele;

9. Agora responda às questões propostas anteriormente.Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística -

IBGE (2000), a partir da promulgação da Constituição de 1988, surgiram1307 novos municípios. A grande maioria dos municípios criadosrecentemente possui um número de habitantes menor que 20 mil,sendo que 74% destes têm menos de dez mil habitantes. Na região Sul,estes representam mais de 90% do total (TOmIO, 2002). Pesquisas do IBGEtambém demonstram que os municípios que apresentam pequenaspopulações são os que perdem mais população, ou seja, apresentam

crescimento negativo.

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Geografa

Todo o território brasileiro está dividido entre estados e municí-pios e sob o controle de um governo, estadual e municipal, sem alarda União. Para que um novo município seja criado é preciso que ummunicípio já existente (município mãe) “ceda” parte de seu território,de sua população, de sua inra-estrutura e de sua arrecadação de im-postos (as verbas).

O governo municipal tem várias responsabilidades em relação àpopulação. Como ele obtém recursos para cumprir com suas obriga-ções, como: educação, saúde, abertura e manutenção de estradas nazona rural, etc.? 

Cabe, aos municípios, um volume mínimo de recursos, que é re-passado, pela União, independentemente de existir em seu territórioato gerador* da receita.

Os recursos scais municipais têm origem em quatro ontes:

Recursos de arrecadação própria, como o IPTU (Imposto Predial eTerritorial Único) e ISS (Imposto Sobre Serviços);

Recursos transeridos de impostos estaduais e ederais em virtudeda onte de receita estar no território do município, como a tribu-tação sobre uncionários do poder municipal (100%), o ITR (Im-posto Territorial Rural, 50%), o IPVA (Imposto Sobre Veículos Au-tomotores, 50%), o ICMS (Imposto Circulação de Mercadorias eServiços, 18,75%);

Recursos transeridos pelo estado (oriundos do ICMS) e pela União

(Fundo de Participação de Municípios);Recursos de transerências voluntárias (convênios, obras etc.).

Pesquisas demonstram que a maioria dos municípios criados nasúltimas duas décadas dependem diretamente das transerências ede-rais para o seu uncionamento. Então por que tantos municípios seemanciparam?

No Paraná, como se pode vericar na tabela, muitas emancipações ocorreram nos últimos 20anos. Este ato ocorreu em sua região? Qual a condição econômica destes municípios hoje? A po-pulação tem condições de saúde e educação melhores agora? Como caram os municípios que ti-

 veram que ceder parte do seu território?

ATIVIDADE

GlOSSÁRIO Arquipélago: con-  junto de ilhas, áreasisoladas;

 Aluvial: depósito decascalho ou sedi-mentos de um rio;

Fato gerador: éum evento econômi-co que pode ser tri-butado – a produçãode bens industriais eagrícolas, a compra

e venda de bens, orecebimento de salá-rio ou rendimentos, a

 venda, importação oexportação de bense serviços etc.

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EsioMédio

 Veja nos mapas - “Divisão política administrativa do Paraná” - aevolução dos municípios no Paraná.

Começamos este Folhas alando a respeito de território, de soberaniasobre uma porção do espaço e princípios da geopolítica. Será que estadiscussão tem alguma coisa com este grande número de emancipações

de municípios?

Divisão político-administrativa do Paraná – 1940

Divisão político-administrativa do Paraná – 2000

Escala aprox. 1 : 5 400 000

Escala aprox. 1 : 5 000 000

Mapa 1

Mapa 2

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Geografa

ReerêciasBibiográfcas Atlas Geográco Escolar. IBGE 2000.

ObrasCosutadas ANDRADE, M. C. Geopolítica do Brasil. São Paulo: Ática, 1980.

CORRÊA, R. L. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática,1987.

FERREIRA, C.; SIMÕES, N. N. Tratamento estatístico e gráco emgeograa. Lisboa: Gradiva. 1987.

JÚNIOR, C. P. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo:Brasiliense, 1963.

MAGNOLI, D. O corpo da pátria. São Paulo: Moderna, 1997.

  TAVARES, L. A. A ronteiras ísicas do espaço rural: uma concepção

normativo-demográca. RA´E GA – o espaço geográco em análise,Curitiba, n. 7, p. 33-46, 2003. Editora UFPR.

DocumetosCosutadosOnlInE BREMAEKER, F. E.J. Evolução do quadro municipal brasileiro entre1989 e 2001. Disponível em: www.ibam.org.br/publique/media/ESP020P.pd. Acesso em 03 ago 2005.

CAMPOS, A. Colcha de retalhos: Projetos em tramitação no Congressopretendem criar novos estados. Disponível em: www.reporterbrasil.com.br/ reportagens/tapajos/irame.php. Acesso em: 02 ago 2005.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponívelem: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm.

 Acesso em 10 ago 2005.

http//pt.wikipedia.org/wiki/Estado. Acesso em: 10 ago 2005.

IBGE – teen. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/deault.php. Acessoem 04 ago 2005.

IWAKE, S; TSCHÁ, O; PIERUCCINI. M. A.Criação dos municípios e processosemancipatórios. Disponível em: www.unioeste.br/projetos/oraculus/PMOP/ capitulos/Capitulo_03.pd. Acesso em 03 ago 2005.

  TOMIO, F. R. L. A criação de municípios após a Constituição de 1988.Rev. Brasileira de Ciência Social. vol.17 n. 48 São Paulo Feb. 2002.Disponível em: www.scielo.br/scielo .php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092002000100006. Acesso em 08 ago 2005.

 www.ibam.org.br/publique/media/ESPO20P.pd. Acesso em: 20 ago 2005.

 www.ibge.gov.br/brasil500/index2.html. Acesso em: 04 ago 2005.

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

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Geografa

2

É PROIBIDA  A ENTRADA!

proibida a entrada!

  Você já se deparou com esta

rase? Lembra em qual local? Por

que a entrada era proibida?

Os lugares privados normalmen-

te têm sua entrada controlada,

mas existem lugares que, mesmo sendo

públicos, sorem o controle de circula-

ção, ou seja, não são todos que podem

entrar ou sair. Em que tipo de lugar isto

ocorre? O que causa esta situação?

Gisl Zabon1

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

No período da II Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, na AlemanhaNazista, quando os judeus oram excluídos em guetos, encontravam-seplacas em estabelecimentos comerciais proibindo a entrada de judeus.Por que isto ocorria? É comum proibir a entrada de pessoas em estabe-lecimentos comerciais? Estes não são lugares públicos? 

Embora os judeus, por várias vezes ao longo da história, tenham si-

do segregados, obrigados a ormar guetos, a conguração destes guetosnem sempre oi igual. Em alguns casos, o gueto era um quarteirão comuma população relativamente rica, como o gueto judeu em Veneza, noséculo XIV, na Itália. Mas apesar da riqueza, a população judia tinha suacirculação restrita. Na maioria das vezes, os guetos eram pobres. Quan-do ocorria crescimento populacional, as ruas cavam estreitas, as cons-truções cresciam verticalmente e as casas se tornavam superpopulosas.

 Ao redor dos guetos havia, por vezes, muros e, requentemente, os re-sidentes dos guetos precisavam de um passe para circularem ora desteespaço. Por que os judeus soreram estas restrições?

Um dos guetos mais conhecidos oi o Gueto de Varsóvia, na Polô-nia, no período da II Guerra Mundial. Criado em 1940, estima-se queinicialmente abrigava 380.000 pessoas, cerca de 30% da população dacidade, em uma área que correspondia a 2,4% do tamanho de Varsó-

 via. Para piorar a situação, a população oi acrescida por judeus trazi-dos de outras cidades e vilas. As condições precárias em que viviam ea ome constante trouxeram doenças e levaram à morte grande núme-ro de pessoas. Em 1942, aproximadamente 300 mil pessoas, residen-tes neste gueto, oram levadas para os campos de extermínio nazis-

ta. O m do gueto só se ez com o m da Guerra em 1945. Para sabermais detalhes sobre este gueto, assista ao lme “O Pianista” (veja oquadro 1).

Mas não oram somente judeus que caram restritos aos guetos. Ci-ganos, homossexuais, religiosos, comunistas e outras pessoas que osnazistas consideravam indesejadas também.

Os Guetos originalmente se-riam bairros onde os judeus eramorçados a morar. Na atualidade,esta expressão também é usadapara designar bairros onde sãoconnadas certas minorias porimposição econômica ou racial,como, por exemplo: os guetos ne-gros da Árica do Sul no períododo apartheid* ou os guetos ne-gros norte-americanos.

Quadro 1

No Brasil o lme tem o título “O Pianis-ta”, este lme conta a história de um pia-

nista polonês que precisava se escon-der no Gueto de Varsóvia para sobreviver em plena Segunda Guerra Mundial. Mos-tra como era o gueto e as crueldades daguerra. O diretor é Roman Polanski.

Iag disponívl :http://adorocina.cidadintrnt.co.br/ls/pianista/pianista.ht#Pôstrs

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Geografa

Quadro 2

É possível considerar que grate existe desde a Pré-História, mas comoorma de arte urbana cou mais conhecido na década de 70.

O movimento cultural hip-hop começou pintando o metrô de Nova York 

(EUA), tendo depois se expandido para os muros e paredes da cidade. As primeiras ormas de grate eram pinturas ligeiras com spray ou “tags”

(marcas visuais, assinaturas), mas evoluíram para traços mais elaboradas, en-riquecidas com eeitos de cor e de sombra. A arte grate oi, por longo tempo,estigmatizada pelas autoridades e por parte da população em geral, pois naopinião destes, tal atividade estava associada às gangues de rua, à violência,às drogas e aos crimes. De ato, o grate ainda pode ser tipicado como van-dalismo, que é uma orma de contravenção, quando não autorizado.

Hip hop: Fro Wikipdia, th r ncyclopdia.Disponívl : http://n.wikipdia.org/wiki/Hip_hop

Não se pode conundir guetos com bairros pobres ou com os bair-ros étnicos*, pois a ormação destes não se deu de maneira orçada pe-los poderes vigentes, nem sua população é obrigada a trabalhos or-çados para a sociedade externa. “Todos os guetos são segregados masnem todas as áreas segregadas são guetos”. (WACquANT, 2004).

Como exemplo de áreas segregadas urbanas e que não são gue-tos temos as “comunidades cercadas”, ou seja, os condomínios echa-

dos*, em especial os de alto padrão, cujos moradores azem questãode se separar do restante da cidade, ocorrendo assim uma auto segre-gação. Geralmente seus moradores são iguais em termos de riqueza, eem muitos casos, etnia, mas nem por isso são guetos. Nas palavras deLoïc Wacquant (2004) “essas ilhas de privilégio servem para aumentar,e não deprimir, as oportunidades de seus residentes, assim como paraproteger seus modos de vida. Elas irradiam uma aura positiva de supe-rioridade e não uma sensação de inâmia ou de pavor”.

 Você gosta de HIP HOP? Os guetos norte-americanos têm tudo a ver com este ritmo. Que tal bus-car mais inormações sobre os guetos e sobre o HIP HOP? Só para dar uma ajuda: “Hip Hop é um mo-

 vimento cultural, composto de quatro aspectos principais: break, rap, DJ e o grati”. Veja mais detalhesno quadro 2.

PESQUISA

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

No município onde você vive existem áreas segregadas? Elas são áreas ricas ou pobres? O quegerou esta situação? Em que região da cidade estão localizadas?

ATIVIDADE

Para esta parcela da população (autos segregados) os espaços pú-blicos são substituídos por espaços privados, como os condomínios e-chados, os shoppings centers e os clubes particulares, locais em queessas pessoas convivem com seus iguais. Para ampliar esta discussão,

 veja o Folhas que tem como título “A gente se vê no shopping? ”.

“As gerações mais novas criadas nesses condomínios não experi-

mentam o convívio com o outro, isto é, com o dierente, elemento un-damental para a construção de um espaço público” (GOmeS, 2003). Vocêacha importante o convívio com dierentes pessoas? Os espaços públi-cos que você reqüenta possibilitam este convívio?

 Você já observou os dierentes “tipos” que habitam a cidade? Asdierentes ormas de se vestir, músicas preeridas, os temas das con-

 versas, expressões (gírias) usadas etc. Para alguns estudiosos estes di-erentes “tipos” pertencem a dierentes “tribos urbanas”. Saiba maislendo o quadro 3.

Quadro 3

 A antropologia é uma ciência que por muito tempo estudou os povos indígenas,e sua diversidade cultural. Com tempo per-ceberam que a diversidade cultural que sebuscava nas tribos indígenas também esta-

 va presente em nossas cidades. Por isso aexpressão tribos urbanas, que só pode ser usada para grupos de pessoas que se di-erenciam através de sua linguagem, da or-ma de vestir e agir em relação à cultura do-minante, azendo questão de mostrar queazem parte deste grupo, reorçando, as-sim, sua identidade.

Foto txto: Gisl Zabon.

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Geografa

Os condomínios echados, assim como os guetos, possuem contro-le de quem entra e de quem sai. A entrada em um país também sorecontrole. Por que isto ocorre? Somente pessoas têm sua entrada e saí-da controlada?

Estes controles de entrada e saída de um país reqüentemente ocor-rem nas ronteiras* terrestres, exemplo, na “Ponte da Amizade” entre

Foz do Iguaçu, no Paraná/Brasil e Ciudad del Este no Paraguai. Leia oquadro 4.

Quadro 4

Ponte da Amizade – Foz do Iguaçu, Paraná.Dnis Paro.

“O arame arpado é a mais novaarma anticontrabando adotada pe-la Receita Federal (RF) na aduana da

Ponte da Amizade, ronteira Brasil–Pa-raguai. A proteção de erro está sendocolocada sobre um muro de 4,5 me-tros de altura para impedir que os mu-ambeiros desviem da scalização jo-gando mercadorias, cigarros e drogasna barranca do Rio Paraná”.

elizabt Dscrovi - acrvo pssoal

Isto ocorre porque tratam-se de territórios nacionais dierentes.Mas o que é território mesmo? Ele só se reere aos países?

Para Marcelo Souza (1995), o conceito de território tanto deveser entendido no sentido do território nacional, como do ponto de

 vista de uma delimitação de um espaço a partir de relações de po-der e de controle que um grupo exerce sobre este. O território nãodeve ser tomado somente em relação ao Estado. Pode e deve serpensado numa escala menor, como: a rua, o bairro, a casa, a cida-de; ou mesmo numa escala internacional, como: a área ormada pe-lo conjunto dos territórios de países membros de uma organização

 – a Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN. (Veja maisno Folhas “A união az a... ?”)

Um elemento importante para pensar o território é o controle doespaço. Como o controle é obtido, aí é outra conversa. Que tal bus-car a resposta para isto? Quem controla os territórios de algumas a-

 velas do Rio de Janeiro? Como esse grupo az esse controle? Pesquiseoutro tipo de território controlado por grupos sociais diversos e rela-te sua pesquisa.

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Um outro elemento importante para pensar o território é sua dura-ção. Para Marcelo Souza, estes podem ter escalas temporais dierentes:séculos, décadas, anos, meses ou dias. Assim, os territórios podem terum caráter permanente, mas também podem ter uma existência peri-ódica (SOuZA, 1995, p.81), durante o dia, controlado por um grupo, à noite,por outro. Nas grandes cidades encontramos com mais reqüência es-te tipo de território, as “territorialidades fexíveis”, que se alteram. Co-mo exemplo disso, pode-se citar os territórios da prostituição emininaou masculina (prostitutas, travestis, michês), que dominam uma certaporção da cidade à noite, cedendo lugar durante o dia para o comér-cio de rua, como eiras livres e camelôs.

Outro aspecto bem ligado ao território é a disputa do mesmo porgrupos concorrentes para expandir sua área de infuência. Por exem-plo: travestis que invadem a área das prostitutas; eirantes que passama vender os mesmos tipos de mercadorias que os camelôs e vice-ver-sa, disputando os clientes.

No Quadro 05 há um exemplo ctício de como isto pode ocorrer.Dessa orma a cidade ragmenta-se em dierentes territórios nos quaiso espaço das convivências ca restrito, especializado.

Para Matos e Ribeiros (2005, p.89), “a cidade se ragmenta em diversasterritorialidades de excluídos pela sociedade, ormando um verdadeiro“caleidoscópio”, onde coexistem dierentes territórios. Entre eles, os decatadores de papel, dos sem-teto, das crianças de rua, dos guardado-res de carro, conhecidos como “fanelinhas”. São, na maioria das vezes,territórios superpostos com os da prostituição e constituem verdadei-ros “territórios do medo”, em decorrência da violência praticada pelos

diversos grupos neles atuantes, bem como da ação da polícia”.

Quadro 5

   R .

   T   i   b  a  g   i

   R .

   M  a  r   i  a  n  o   T  o  r  r  e  s

   R .

   F  r  a  n  c   i  s  c  o   T  o  r  r  e  s

   R .

   D  o  u   t  o  r   F  a  v  r  e

   R .

   G  e  n  e  r  a   l   C  a  r  n  e   i  r  o

   R .

   C  o  n  s  e   l   h  e   i  r  o   L  a  u  r   i  n   d  o

R. Nilo Cairo

 Travessa Itararé

R. Comendador Macedo

Territórios durante o dia

Camelôs

Feira livre

   R .

   T   i   b  a  g   i

   R .

   M  a  r   i  a  n  o   T  o  r  r  e  s

   R .

   F  r  a  n  c   i  s  c  o   T  o  r  r  e  s

   R .

   D  o  u   t  o  r   F  a  v  r  e

   R .

   G  e  n  e  r  a   l   C  a  r  n  e   i  r  o

   R .

   C  o  n  s  e   l   h  e   i  r  o   L  a  u  r   i  n   d  o

R. Nilo Cairo

 Travessa Itararé

R. Comendador Macedo

Territórios durante a noite

 Travestis

Prostitutas

Michês

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Geografa

Mas estas muitas divisões, em dierentes áreas de controle, são im-portantes para cada um dos grupos ou tribos urbanas, pois o territó-rio é a base para a armação do seu poder sobre aquele espaço, é oque vai permitir e denir até onde podem ter a postura social que dáidentidade ao grupo, ou seja, o que marca o grupo. Fora daquele ter-ritório, manter a mesma postura pode gerar problemas, pois provavel-mente estará invadindo território de outro grupo.

 Você já observou esta alteração do controle do espaço urbano durante o dia e à noite? Como elase dá na cidade ou bairro onde você mora? Você já se deparou entrando em território que não devia?O que ocorreu?

ATIVIDADE

Um grupo que deixa claro onde está seu território são os pichado-res, que, para alguns pesquisadores, compõem uma tribo urbana. Es-tes grupos buscam demarcar e consolidar o território rente aos adver-sários. Para isto utilizam-se de uma simbologia própria e, muitas vezes,é apenas reconhecível pelos outros pichadores. Você consegue deci-rar tudo o que picham por aí?

Nas palavras de José Renato Masson (2005), “as pichações caracte-

rizam ormas de expressão que possuem dupla signicação, depen-dendo do olhar”. Elas representam uma orma de comunicação que,além de transmitir inormações, demarcam o território e poder, mastambém podem ser compreendidas como ormas de escandalizar,“zoeira, só bagunça”.

Outra questão ligada aos pichadores, que tem um caráter duplo, éem relação ao reconhecimento do ato. Para o Estado e seus instrumen-tos de repressão (mais conhecido por polícia), o pichador não quer serreconhecido, mas perante o grupo de pichadores, este busca o reco-nhecimento de seu ato.

Em sua cidade existem pichadores? Como eles territorializam a cidade com suas pichações? Qualsua opinião sobre pichadores?

ATIVIDADE

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Outro tipo de territorialidade extremamente importante em relaçãoao domínio do espaço é o praticado pelo tráco de drogas. A cidadedo Rio de Janeiro, quando se ala em tráco de droga, é a mais divul-gada pela mídia, mas a ação dos tracantes traçando seus territórios,inelizmente, não ocorre só no Rio de Janeiro.

Pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ), Helio de

 Araujo Evangelista, aponta que a origem do tráco de drogas no Rio de Janeiro está ligada ao ato de a cidade ser passagem da droga a ser envia-da para os Estados Unidos da América e Europa e ao “jogo do Bicho”.

 A relação com o jogo do bicho será explicada, mas, antes, você pre-cisa responder o que o Rio de Janeiro tem que o ez um local de en-

 vio de droga para ora do país? 

Segundo Helio de Araujo Evangelista, em entrevista para a revis-ta Momento - UFF, o “jogo do bicho” é um jogo ilegal, uma contra-

 venção e quem o pratica está desobedecendo a lei 3.688, de 1941.Mas, apesar da proibição, continuou a ser praticado. Os bicheiros,que há muitos anos agiam na ilegalidade, já tinham a “manha” decomo trabalhar tranqüilo ora da lei.

Quadro 6

Ele é amoso, bilionário e az questão de aparecer, embora não deixepistas dos principais detalhes de sua intimidade. Manchete quase diária nosmeios de comunicação, sua principal característica é o “talento” para mo-

 vimentar muito dinheiro, comprar pessoas e destruir vidas. O narcotráco éassim: brutal e impiedoso, mas, para muitos, é um “negócio da China”.

 As ciras são alarmantes: em 2000, o comércio de entorpecentes mo- vimentou, no mundo inteiro, cerca de US$ 1,5 trilhão de dólares, uma eco-nomia que supera o PIB do Canadá. E no Brasil, a cada ano, o narcotrácoé responsável pela lavagem de US$ 15 bilhões de dólares – o equivalente

a 3% do PIB nacional.

Segundo maior setor de movimentação econômica do planeta – per-dendo apenas para o petróleo – o tráco de drogas também tem sido umdos grandes responsáveis pelo estrondoso aumento da violência no Riode Janeiro nos últimos anos. Para se ter uma idéia, no período de 1985 a1991, houve 70.061 homicídios no município, enquanto que nos sete anosda Guerra do Vietnã oram mortos 56 mil americanos.

Font: Pblicação mOmeNTO uFF, nº 147 – vriro/arço d 2004 à pág. 6 7.

Por volta de 1970, o tráco de droga já ganhava muito dinheiro noRio de Janeiro (veja no quadro 6 a quantidade de dinheiro e de mor-tes). Os bicheiros desenvolveram conhecimento sobre como atuar nailegalidade e oereceram sua rede de contatos aos tracantes. Em tro-ca participavam dos lucros da nova “economia”. Esta relação oi man-

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Geografa

tida até 1990, aproximadamente, quando os bicheiros passaram a serenquadrados na lei. Mas o m desta relação permitiu que aparecessemoutras ligações ou lideranças chamadas comandos ou acções.

 Você já ouviu alar destes grupos? Qual é o objetivo deles? Comocontrolam o território? (Leia o quadro 7).

Quadro 7

“Diícil explicar onde termina uma avela e começa a outra. Parada deLucas e Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, são divididas apenas por umalinha imaginária – a ‘ronteira’ imposta por acções rivais do tráco. A violên-cia de um lado sempre atinge o outro. Como acontece desde o sábado(02/10/2004), quando nova guerra oi defagrada pelo controle do comér-cio de drogas na região. Dessa vez, no entanto, a tensão alterou também ocotidiano de avelas vizinhas, que estão acolhendo moradores expulsos de

 Vigário Geral... A demarcação de territórios na Zona Norte teria relação comos recentes conrontos na Zona Sul? Para o pesquisador do Centro de Jus-tiça Global, Marcelo Freixo, nada no Rio de Janeiro hoje é ato isolado. “Is-so não é uma simples disputa do tráco de drogas, que é eito no âmbitointernacional e mexe com bilhões de dólares. Essa é uma disputa do varejoda droga, coisa muito menor. Hoje todas as unidades prisionais do Rio es-tão divididas por acções e isso não nasce lá dentro, é apenas refetido lá.O mapa do Rio de Janeiro está completamente demarcado por essas ac-ções criminosas. A situação de Parada de Lucas e Vigário Geral apenas re-produz, mais uma vez, essa disputa.”

Jai Gonçalvs - Disponívl http://www.vivaavla.co.br/dalt.asp

Os confitos são muitos entre os grupos rivais e sempre com o obje-tivo de manter o território ou de expandi-lo. Esta disputa por mais ter-ritórios é vista em todos os grupos urbanos (as tribos urbanas, os pi-chadores, a prostituição masculina ou eminina, etc.), mas geralmentenão é violenta.

Kita Pdroza  Arivo Viva Favla

Vigário Gral (e) Parada d Lcas (D), avlas ond acçõs rivais dispta coércio d drogas

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Quadro 8

Inspirado no livro homônimo dePaulo Lins, um ex-morador das a-

  velas cariocas, oi levado às telaspor Fernando Meirelles. Cidade deDeus é uma avela que surgiu nosanos 60, e se tornou um dos luga-res mais perigosos do Rio de Janei-ro, no começo dos anos 80.

Font: http://cidaddds.globo.co/ 

O território do tráco de drogas não se limita a algumas partes dacidade. As zonas de ronteira entre países também são territorializadasentre os tracantes e produtores de droga. O tráco, nas últimas déca-das, segue modelos empresariais de atuação. Segundo o pesquisadorDalcy Fontanive (In: ARCHONTAKIS e BRAGA, 2004), “Ele está arma-

do das tecnologias e conhecimentos que toda empresa e toda grandeorganização precisam para se manterem”. Que conhecimentos são es-tes que as empresas devem ter para se manterem?

 A população dos bairros, vilas ou avelas que compõe o territóriodo tráco, muito reqüentemente, sore com a alta de inra-estrutura,como: escolas, água encanada, energia elétrica, etc. Esta ausência doEstado permitiu ao tracante uma relação de ajuda a esta população.O que o Estado não az os tracantes azem. Assim, estes ajudavam osmoradores e os moradores “não os viam”. Mas esta relação tem se alte-

rado nos últimos anos. O silêncio dos moradores tem sido obtido pelomedo. Para saber mais detalhes sobre este tema, assista ao lme “Cida-de de Deus”. (Veja o quadro 08).

Como a idéia de tráco de dro-gas está muito ligada à cidade doRio de Janeiro, a avela também so-re do mesmo preconceito. É pre-ciso lembrar que nenhum destes

espaços é território exclusivo dotráco, ou seja, estes espaços nãosão dominados em sua totalidadepelo tráco, nem o tráco ocorresomente nestes espaços.

Qual é sua explicação para o ato de a maioria das pessoas associarem a idéia de avela ao trácode drogas? Você concorda que existe um preconceito das pessoas em relação a este ragmento da ci-dade? Como mudar esta idéia? Onde mais ocorre o tráco de drogas?

ATIVIDADE

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Geografa

O termo “avela” surgiu para identicar uma orma de habitação popularconstruída nas encostas do Rio de Janeiro, ainda no nal do século XIX,por uma população majoritariamente composta de ex-escravos que antes

 viviam nos cortiços existentes em áreas ao redor do centro da cidade.Originalmente, a palavra avela oi utilizada como apelido do Morro

da Providência, no Rio de Janeiro, que começou a ser ocupado paramoradia por ex-combatentes da Guerra de Canudos, que teriam trazidoda campanha uma planta chamada “avella”, muito comum em Canudos.(Leia mais sobre a ormação das avelas do Rio de Janeiro no Folhas “Vocêproduz ou consome espaço?”).

Hoje elas estão presentes nas maiores e nas menores cidades doBrasil. Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística), oconceito adotado para avela é um aglomerado “sub-normal”, consti-tuído por um mínimo de 51 domicílios, que ocupa terreno de proprie-

dade alheia e as construções ou arruamento estão dispostos de ormadesordenada e bastante próximo (áreas adensadas), além da carênciade serviços públicos essenciais.

 As avelas são áreas de habitações irregulares, pois seus morado-res não possuem título de propriedade, a inra-estrutura (como águaencanada e energia elétrica) é, muitas vezes, conseguida através dosgatos*. A área não possui arruamento pré-estabelecidos como em umloteamento regular.

O que um loteamento deve ter como inra-estrutura para ser consi-

derado como regular (dentro da lei)?Quais são os serviços públicos essenciais que toda área urbana de- ve ter? Eles estão presentes onde você vive?

Uma característica comum apontada por muitos pesquisadores éque estas áreas constituem “espaço de exclusão” social, resultado da“segregação espacial”.

Você se lembra como começou a conversa deste Folhas? Faláva-mos sobre a exclusão dos judeus e a segregação destes em um espaço.Retome a idéia inicial para responder estas perguntas.

Como você explica esta idéia de exclusão social e de segregaçãoespacial? Por que os pesquisadores apontam estas características pa-ra as avelas?

Neste Folhas alamos de guetos, espaços privados, territórios fexí- veis, tribos urbanas, tráco de droga e avelas. Isto é a mostra de co-mo o espaço urbano é ragmentado, dividido, repartido entre muitoselementos, que nem sempre se entendem, pois todos querem deen-der seu território.

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DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

GlOSSÁRIO

 Apartheid: é uma palavra da língua inglesa que signica vida separada. Na Árica do Sul, em 1948, oi implantado um regime assim denominado, emque os brancos detinham o poder e os demais povos, em sua maioria ne-

gros, eram obrigados a viver de acordo com regras que os impediam de cir-cular livremente ou eram excluídos do governo nacional e não podiam votar,exceto em eleições para instituições segregadas que não tinham poder.

Bairros étnicos: localidades onde há predomínio de uma etnia. Comoexemplo, o bairro da Liberdade (japoneses) e do Bexiga (italianos), em SãoPaulo que conservaram esta característica até meados do século passado.

Condomínios echados: podem ser classicados em dois tipos: os

constituídos na orma de conjuntos de ediício, tipo vertical; ou os condo-mínios horizontais que são compostos de casas e contam com serviço desegurança coletiva.

Fronteiras: indica a margem do mundo habitado, extremo entre dois paí-ses ou regiões.

Gatos: ligações clandestinas na rede de água ou de energia elétrica.

Nazistas ou o “Nacional Socialismo” designa a política da ditadura que go-

 vernou a Alemanha de 1933 a 1945, o “Terceiro Reich”. O nazismo é re-qüentemente associado ao uso da violência.

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Geografa

ReerêciasBibiográfcas ARCHONTAKIS, P.; BRAGA, D. Violência e narcotráco : combinação ex-plosiva. Revista Momento UFF: Rio de Janeiro, n. 147, p. 6-7, 2004.

GOMES, P. C. da C..  A condição Urbana: ensaios de Geopolítica da

cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

MATOS, R.; RIBEIROS, M. Território da prostituição nos espaços públicos da

área central do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geograa. Rio de

Janeiro v. 59, n.1, p.23-26, 2005.

SOUZA, M. J. L. de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e

desenvolvimento. In: CASTRO, I. E., GOMES, P e CORRÊA, R (Orgs.).

Geograa: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

DocumetosCosutadosOnlInE FIGUEIREDO, M. da P. C. de. As territorialidades de meninos e meninasde rua na imprensa. Disponível em: http://www.igeo.uerj.br/VICBG-2004/ 

Eixo5/e5%20157.htm. Acesso em setembro 2005.

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/ilmes/pianista/pianista.

htm#Pôsters. Acesso em: set 2005.

http://cidadededeus.globo.com. Acesso em: set 2005.

http://en.wikipedia.org/wiki/Hip hop. Acesso em: set 2005.

MASSON, J. R. Pichadores de rua, territorialidades urbanas emconfito: territórios (in)visíveis de Goiania. Disponível em: http://www.igeo.

uerj.br/ VICBG-2004/Eixo5/e5%20163.htm. Acesso em setembro 2005.

 WACQUANT, L. Que é gueto? Construindo um conceito sociológico. Rev.

Sociologia Política. No 23 Curitiba Nov. 2004. Disponível em: http://www.

scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782004000200014&script=sci_arttext

&tlng=pt. Acesso em 10 setembro. 2005.

 www.vivaavela.com.br/deault.asp. Acesso em: set 2005.

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Geografa

3

 A UNIÃO FAZ A... ?

união az a orça?

 Você concorda com a rase acima?Unidos realmente venceremos?

Uma das estratégias utilizadas

pelas empresas e pelos países

para vencer, no período da glo-

balização, oi esta. As empresas através

da usão e os países através da ormação

dos blocos econômicos e políticos.

Mas, por que a globalização exige esta

estratégia?

 André Aparcido Alfn1

1Colégio estadal Vinícis d moras - Capo morão - PR

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DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Estudiosos do processo de globalização, entusiastas do livre merca-do, armam que a abertura da economia seria a solução para aumen-tar o bem-estar social das populações dos países pobres e dos povosde um modo em geral. Por outro lado, há quem arme justamente ooposto, ou seja, o ortalecimento dos Estados e o controle das impor-tações como orma de aumentar o bem-estar social.

Quadro 1

São chamadas de “Abertura econômica” as medidas que acilitam a en-trada de produtos e empresas estrangeiras.

No início dos anos 90, o governo do presidente Fernando Collor (1990-1992) implementou medidas neste sentido, as quais tiveram continuidadecom o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002).Este processo causou a alência de muitas empresas, as quais não esta-

 vam prontas para a concorrência externa, mas, contribuiu para melhorias

administrativas e tecnológicas de muitas outras. A abertura econômica noBrasil provocou também a privatização de muitas empresas, como o sis-tema de teleonia, bancos, empresas químicas, siderúrgicas, petroquími-cas, de ertilizantes, energia elétrica, trechos da Rede Ferroviária FederalS.A. – RFFSA. Enm, empresas que possuíam grande participação ou to-talidade acionária do governo ederal.

Txto do ator.

Quem tem razão? A abertura da economia (quadro 1) é condição suciente para aumentar o bem-estar dos povos?

ATIVIDADE

Quando se ala em globalização, logo se pensa na economia, nocomércio mundial e na indústria articulada com grandes conglomera-

dos econômicos. Mas a globalização é mais do que isso. (Veja o Folhas“Dinheiro traz elicidade?”).

 Você já deve ter assistido a lmes dos estúdios Disney, da WarnerBros, entre outros exemplos da indústria cultural. Deve ter visto ouconsumido em uma lanchonete da rede McDonald’s. A mídia mundial,através da música, espetáculos, lmes, divulga hábitos, moda, costu-mes que vão sendo assimilados por pessoas de várias partes do plane-ta, mudando padrões de comportamento, hábitos culturais, entre ou-tros. (Dê uma olhada no Folhas “A gente se vê no  shopping ?”).

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Geografa

Diante disso, não seria o caso de questionarmos se o processode globalização altera as identidades culturais dos povos? Estaríamosdiante de uma cultura global? Será que a cultura global também nãoestá a serviço do mercado, objetivando apenas a comercialização dosseus produtos?

 A globalização acaba divulgando por todo o mundo o modo de

 vida e de consumo que atende aos interesses do modo capitalista deprodução. Como sabemos, o padrão de consumo nos Estados Uni-dos, nos países da Europa Ocidental, no Japão e na Austrália é bas-tante elevado.

Esse padrão também é globalizado? Seria possível esse mesmo nível de consumo em todos ospaíses do mundo? Neste caso, haveria prejuízos ambientais?

ATIVIDADE

Mas, quando começou a globalização? Não existe consenso quan-to à origem deste enômeno. Para muitos pensadores, a origem des-se processo se encontra na expansão marítima européia a partir doséculo XV, também chamada de Grandes Navegações, a qual seriamotivada principalmente pela crise do eudalismo e pelo surgimen-

to do capitalismo, cujos interesses obrigaram alguns povos europeusa intensicarem a atividade comercial com outras regiões do globo,ora da Europa.

Outros pensadores armam que somente a partir da consolidaçãodo capitalismo como sistema sócio-econômico com seus avanços téc-nicos na produção e circulação das mercadorias é que as condiçõespara a mundialização da economia teriam se eetivado. Para estes, aglobalização iniciou no século XIX, e não no século XV. E para você,quando iniciou a globalização? Qual é a sua opinião?

O ato é que oi com o capitalismo que se estabeleceram as basespara o processo de mundialização da economia. Esse processo se in-tensicou a partir do m da segunda guerra mundial, principalmentecom o surgimento das empresas multinacionais, cujas matrizes estavamem países desenvolvidos e as liais espalhavam-se por outros lugaresdo planeta. A partir da década de 70, esse enômeno acelerou-se coma introdução das novas tecnologias da inormação e da produção (ve-ja o Folhas “A indústria já era?”).

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 As novas tecnologias contribuíram para a rapidez da produção e dacirculação de mercadorias por todo o mundo, característica atual daglobalização. No entanto, isso não seria plenamente possível se nãoosse pela ação dos países desenvolvidos que, através da ideologianeoliberal, propagam a abertura da economia como solução para odesenvolvimento econômico dos países pobres e, com ela, a melhoriado bem-estar social das populações de todo o mundo. Mas será queisso é verdade?

 As políticas neoliberais adotadas em vários países do Sul, sob a orien-tação ou imposição do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do BancoInteramericano de Desenvolvimento (BIRD), não se traduziram em bem-estar social de suas populações, pelo contrário, aumentou-se o desem-prego, houve perdas salariais e problemas sociais de toda ordem.

Quadro 2

Neoliberalismo é o nome que os socialistas deram para a reemergên-cia do liberalismo nos anos 70/80. Os liberais deendem a instituição de umsistema de governo em que o indivíduo tem mais importância do que o Es-tado e de que quanto menor a participação do Estado na economia, maior é o poder dos indivíduos e mais rapidamente a sociedade pode se desen-

 volver e progredir, para o bem dos cidadãos.

 Tal concepção se caracteriza pela valorização da competição entre aspessoas; do amplo acesso a todos venderem o que produzem num mercadoo mais amplo possível; da sociedade que decide o seu nível de consumo ou

quanto poupa para a sua velhice; da amília que se preocupa com a sua saú-de escolhendo os seus próprios médicos ou os proessores de seus lhos;além da competição econômica em escala mundial como elementos regula-dores e promotores de eciência. E quando a amília não tem dinheiro?

Mas a partir da crise do petróleo de 1973, seguida pela onda infacioná-ria que surpreendeu os estados de Bem-estar social, o neoliberalismo gra-dativamente voltou à cena. Responsabilizaram os impostos elevados e ostributos excessivos, juntamente com a regulamentação das atividades eco-nômicas, como os culpados pela queda da produção. A solução seria odesmonte gradativo do Estado, com a diminuição dos tributos e a privatiza-

ção das empresas estatais.Font: http://pt.wikipdia.org/wiki/Nolibraliso

 Após a leitura do texto sobre Neoliberalismo (quadro 2), responda: Por que, sob o Neoliberalismo, odesemprego aumentou?

ATIVIDADE

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Geografa

Embora a abertura da economia, no caso do Brasil, tenha propor-cionado uma modernização tecnológica em alguns setores da econo-mia, tornando-os parte do mercado internacional, isso não se traduziuem melhoria para a população, pois os índices de desemprego conti-nuam altos, e a situação social também não oi alterada.

 A modernização tecnológica não é o único ator da concorrência

global, as empresas que não se modernizarem para enrentar a con-corrência mundial poderão ter sérios prejuízos ou ir á alência. (VerFolhas “A indústria já era?”).

 A competição, entre os trabalhadores, torna-se mais acirrada, exi-gindo maior qualicação e atualização constante para se manter nomercado de trabalho. O desemprego é um dos principais problemasda economia globalizada, atingindo milhares de trabalhadores em to-do o mundo e não apenas nos países pobres ou do sul.

O que estaria levando ao aumento do desemprego tanto nos países po-bres como nos ricos? E, anal, o que a Geograa com o seu objeto de estu-do, o espaço geográco, tem a ver com isso? Debata com seus colegas.

Não só as empresas buscaram novas estratégias para viverem e vencerem no mundo globalizado, mas os países e seus governos tam-bém tiveram que buscá-las.

Observa-se que há um esorço em ampliar ainda mais o processo deglobalização através de acordos internacionais que buscam eliminar ta-rias sobre importação e exportação e outros entraves econômicos paraa livre circulação de mercadorias e capitais por todo o mundo; aliado aisto, verica-se uma tendência de regionalização do espaço geográco

mundial. Essa regionalização se dá através da ormação de blocos eco-nômicos, o que se constitui numa estratégia dos Estados Nacionais paraenrentar a dinâmica de uma economia mundializada.

 Atualmente existem blocos econômicos organizados e alguns em orma-ção, destacando, em termos de poder econô-mico e político, três grandes mercados re-gionais: União Européia, Nata (North

 American Free Trade Agreement)e a Bacia do Pacíco.

Observe no mapa os de-mais blocos econômicos exis-tentes ou em ormação. Façauma pesquisa e elabore umatabela com os países mem-bros de cada bloco e com da-dos econômicos sobre eles.Depois, verique quais blo-cos têm mais condições desobreviver neste mundo glo-

balizado.

Mapa 1 - Blocos Econômicos

Escala aprox. 1 : 270 000 000

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DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Quadro 3

  A guerra ria é a designação dada ao confito político-ideológico entreos Estados Unidos (EUA), deensores do capitalismo, e a União Soviética(URSS), deensora de uma orma de socialismo, compreendendo o períodoentre o nal da Segunda Guerra Mundial e a extinção da União Soviética.

É chamada de “ria” porque não houve qualquer combate ísico, embora omundo todo temesse a vinda de um novo combate mundial, por se tratar deduas potências com grande arsenal de armas nucleares. Norte-americanos

e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esseperíodo. Se um governo socialista era implantado em algum país do TerceiroMundo, o governo norte-americano logo via aí uma ameaça a seus interes-ses; se um movimento popular combatesse uma ditadura militar apoiada pe-los EUA, logo receberia apoio soviético.

Font: Wikipédia. Disponívl : http://pt.wikipdia.org/wiki/Grra_Fria.

  A nova ordem internacional que se congura na existência dosgrandes blocos de poder emerge após o m da Guerra Fria, em 1989;entretanto o embrião da União Européia é bem anterior, como vere-mos a seguir.

Com o m da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945, o equi-líbrio multipolar que existia entre os países europeus (França, Inglater-

ra, Áustria-Hungria e Itália) cedeu lugar a uma nova conguração geo-política mundial baseada no conronto bipolar entre Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

 A ordem que emerge do pós-guerra é a de um mundo dividido emdois blocos rivais: o bloco capitalista, ormado pelos Estados Unidose pelos países que se submeteram a sua liderança, tornando-se assimárea de infuência americana e o bloco dos países socialistas, lideradopela URSS e sob sua infuência. O confito político e econômico entreos dois blocos deu origem à Guerra Fria (veja detalhes no quadro 3).

 A Europa Ocidental, neste contexto, tornou-se área de infuênciados EUA e um dos territórios onde mais se tencionava o confito leste

oeste, entre socialismo e capitalismo. Recebeu dos EUA vultosos re-cursos (Plano Marshal) para sua reconstrução e recuperação econômi-ca, com o objetivo de evitar uma conversão ao socialismo estatizantecomo solução para os problemas econômicos e sociais do pós-guerra.

Foi no contexto, de Guerra Fria, que surgiu a idéia da ormação deum bloco econômico europeu a partir da criação da Comunidade doCarvão e do Aço, CECA, tratado assinado em 1951, que tinha como ob-jetivo principal evitar uturas rivalidades entre França e Alemanha.

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Geografa

O que era essa comunidade? Por que ela pode ser considerada o embrião da União Européia? Pesquise.

PESQUISA

 A idéia de uma exploração conjunta dos minérios situados em ter-ritórios da Alemanha e da França poderia evitar novos conrontos bé-licos entre as duas potências. Deste acordo inicial, envolvendo Fran-ça, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, surgiramoutros tratados, como o Tratado de Roma, em 1957, que deu origemà Comunidade Econômica Européia. Muitos outros tratados e acordosoram concebidos e adotados até o tratado de Maastricht, em 1992, quecriou a gura jurídica da União Européia.

Faça uma pesquisa sobre a construção da União Européia, enocando os principais acordos queculminaram na sua ormação. Pesquise também sobre os processos que levam à ormação de umMercado Comum e de uma União Aduaneira. Para isso, utilize l ivros, revistas e sites.

PESQUISA

 AUnIÃOEUROPÉIA-UE

O tratado da União Européia surge como estratégia de ortalecimento político e econômicoem contraposição a hegemonia dos EUA.

 A União Européia, em ter-mos de blocos econômicos, éuma das organizações regio-

nais que mais avançou, poisnão se limitou à circulação demercadorias e capitais. Serviçose pessoas podem circular livre-mente, podendo os trabalha-dores se empregar em outrospaíses, gozando de uma legis-lação trabalhista única para to-do o bloco. Sua organizaçãoeconômica inclui a adoção de

uma moeda única utilizada por

Mapa 2 - União Européia 

Escala aprox. 1 : 58 100 000

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DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

doze países, dos vinte e cinco que constituem atualmente o bloco euro-peu. Isto apresenta algumas vantagens, por exemplo, a necessidade demanter as conta equilibradas, controle da infação, entre outros.

 A idéia de uma “Europa Unida” dá impressão que existe uma cer-ta uniormidade econômica e social entre os países que a compõem,mas isto não corresponde à realidade. Os doze países que adotaram oEuro como moeda azem parte de um grupo de países que apresen-tam um Produto Interno Bruto (PIB) mais elevado, constituindo o nú-cleo da UE. Dentre esses países podemos destacar França, Alemanha eItália, que lideraram o processo de ormação deste bloco e desempe-nham um relevante papel neste processo.

E quanto aos outros países, que papel cabe a eles? Essa organização em blocos apresentaapenas vantagens? Se existem organismos supranacionais como o Banco Central Europeu e o Par-lamento Europeu, que regulam questões internas dos países europeus, como ca a soberania dospaíses membros?

ATIVIDADE

Outra característica que dierencia a União Européia dos outros blo-cos é a existência de undo comunitário de desenvolvimentos para ospaíses menos desenvolvidos, buscando a sua equiparação econômica.Esse undo é direcionado para as regiões com Produto Interno Bruto(PIB) inerior a média da União Européia, as chamadas zonas depri-midas. Apesar disso, o desemprego continua aumentando na Europa.Como isso se explica?

 A União Européia também possui uma política agrícola comumque consome grande parte do undo comunitário de desenvolvimentoeuropeu. Essa política de proteção agrícola, que muitas vezes se dá

através de subsídios, tem gerado inúmeros protestos por parte dospaíses que são grandes exportadores agrícolas, como o Brasil e a

 Argentina. Leia o quadro 4.

Mas que problemas os subsídios agrícolas europeus podem cau-sar e causam para a agricultura do Brasil? Eles podem aetar a suaalimentação?

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Geografa

Quadro 4

Subsídios agrícolas dos ricos prejudicam países pobres

Estados Unidos e União Européia investem US$ 350 bilhões ao ano pa-ra proteger produtos agrícolas, como: laticínios, açúcar, arroz, trigo, milho ecarne. Esses subsídios criam uma situação articial de mercado, que mina

a competição igualitária de outros países produtores. Os governos ricos pa-gam, para os agricultores, a dierença entre os custos de produção e o valor dos produtos agrícolas no mercado internacional. Há casos em que o custode produção nesses países chega a ser superior ao valor pago pelos produ-tos no mercado internacional. Essa prática orça uma queda internacional dospreços, o que diminui a competitividade dos países em desenvolvimento e,eventualmente, mina a própria produção destinada ao mercado interno des-ses países, já que os produtores locais cam incapazes de competir com pro-dutos importados tão baratos.

Font http://www.cocincia.br/rportagns/agrongocio/02.shtl acssada 11/2005

 A maioria das nações da Europa Ocidental desenvolveu, no perí-odo pós-guerra, uma ampla rede de proteção social aos trabalhado-res, como previdência social, seguro desemprego, melhoria do poderaquisitivo, manutenção dos empregos e outros beneícios, que couconhecida como política do Estado de Bem-Estar Social. Pesquise so-bre essa política e caracterize o papel que o Estado assumiu durante operíodo em que ela estava vigente.

Nesta economia global com suas estratégias para aumentar a lu-cratividade, torna-se praticamente impossível para os países europeusmanterem a política de Bem-Estar Social, construída durante a Ordemda Guerra Fria.

Entre os projetos uturos da União Européia, está a ormação deuma união política ainda indenida. Será que a União Européia setransormará em um único Estado Nacional? As nações européias acei-tariam abrir mão de sua soberania em avor de um super Estado?

Como cariam, neste processo, os movimentos separatistas que lu-

tam para conseguir independência e construir sua autonomia como Es-tado Nacional? Poderiam dicultar a ormação de União Política Euro-péia? (Veja o Folhas “Nada a ver? Tudo a ver!”).

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Faça uma pesquisa sobre os movimentos separatistas e sobre as minorias étnicas existentes na Eu-ropa. Veja como são tratados esses movimentos na Europa.

Reúna-se com seus colegas e realize um debate sobre o uturo dos Estados Nacionais diante doprocesso de globalização.

PESQUISA

OnAFTA 

Outro bloco econômico importante na atualidade é o NAFTA ( North

 America Free Trade Agreement ) ou Acordo de Livre Comércio da Amé-

rica do Norte. O NAFTA surgiu em 1991 como estratégia dos EUA paramanter sua hegemonia sobre o continente Americano, que com o mda Guerra Fria poderia se tornar área de infuência dos novos centrosde poder que estavam surgindo, como a U.E e o Japão – que emergiacomo potência econômica.

Para os EUA, o NAFTA signica ampliação das exportações para ospaíses do bloco, além da possibilidade de ampliar sua infuência sobreo continente americano, pretensão, aliás, que não é nova.

Cite alguns países da América onde a intererência norte-americana

é maior.O NAFTA prevê apenas a livre circulação de mercadorias e capi-

tais, estabelecendo diversas salvaguardas para alguns produtos. Nãoestá nos planos uma integração nos moldes da União Européia, comoa ajuda econômica a países menos desenvolvidos, integração monetá-ria, entre outros.

 A ormação do NAFTA oi comemorada como solução para o desen- volvimento econômico do México, o que não tem se concretizado na prá-tica (veja mais sobre este tema no Folhas “Dinheiro traz elicidade?”). Se

as exportações Mexicanas aumentaram consideravelmente para os EUA,as importações deste também aumentaram numa proporção bem maior,principalmente no setor alimentício e automotivo.

 A agricultura mexicana, principalmente a camponesa, é o setor quemais enrenta diculdades devido aos subsídios empregados na agri-cultura dos EUA. Lembra-se dos subsídios ornecidos pelos Europeusaos seus agricultores?

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Geografa

Quadro 5

Grupo mexicano pede ajuda para derrubar muro de ronteira nos EUA

Um grupo de 42 entidades sociais mexicanas e norte-americanas inor-mou neste sábado 04/02, em Caracas, na Venezuela, estar organizando aentrada de milhares de pessoas nos Estados Unidos pela ronteira em Ciu-dad Juarez (México).

“Estamos convidando as pessoas para, na primeira semana de maio,derrubar o muro [que os EUA construíram em parte da ronteira com o Méxi-co, para evitar a entrada de imigrantes ilegais]”, disse Edur Arregui Koba, daLiga Magonista Sete de Janeiro.

Ciudad Juarez, segundo Koba, oi escolhida por ser “um laboratório dehorror do projeto neoliberal”. Vários ativistas presentes contaram histórias deexploração e miséria causadas pelo livre comércio naquela cidade, inclusiveo assassinato de mulheres trabalhadoras.

“O Nata permite passar acilmente produtos e empresas, mas as pes-soas não podem passar”, reclamou José Bravo, da Aliança Justa.

O norte-americano Emery Wright, da organização Project South (ProjetoSul), que também az parte do movimento, disse que é preciso lembrar que“a possibilidade de mover-se é um direito, mas o deslocamento obrigatórioé produto da globalização”.

Font: http://www1.olha.ol.co.br/olha/ndo/lt9492071.shtl. Acsso : vriro d 2006.

O tratado do NAFTA ampliou, com certeza, os fuxos econômicosnesta região, mas no caso do México não tem produzido o tão pro-palado desenvolvimento econômico e social. A integração econômicanão gerou empregos como se pregava na época do acordo. Pesquisasrevelam que o número de pobres aumentou, estando hoje próximo a

50% da população e aproximadamente 19 milhões de pessoas vivemabaixo da linha da pobreza.

Não oi somente o trabalhador mexicano que perdeu. Com o objetivode diminuir os custos da produção, empresas industriais oram transeridaspara o México, onde a mão-de-obra é mais barata, eliminando muitospostos de trabalho nos Estados Unidos.

 Além disso, para o México, aumentou a dependência do merca-do americano. Antes os mexicanos tinham um comércio internacionalmais diversicado. Na atualidade, mais de 70% das transações comer-ciais são realizadas com os EUA.

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Que problemas poderiam causar esta dependência do México em relação aos EUA?

 Ainda sobre esta temática, após a leitura do artigo “Grupo mexicano pede ajuda para derrubar 

ronteira nos EUA”, responda: Por que as mercadorias entre os EUA e o México podem passar li- vremente mas as pessoas não?

ATIVIDADE

OBocodoPacífco

O Bloco do Pacíco começou a se caracterizar a partir da décadade 80, quando o Japão começou a direcionar seus investimentos para

os Tigres Asiáticos como estratégia para diminuir seus custos de pro-dução, haja vista, que sua economia crescera muito, os salários dos tra-balhadores tiveram melhoras e sua moeda se valorizou em relação aodólar, aumentando assim seus custos de produção.

 Atualmente esse redirecionamento não ocorre simplesmente comoestratégia de redução de custos, mas como estratégia de ortalecimentoda economia regional diante da reorganização da economia mundial edo ortalecimento político perante os outros blocos de poder.

 A APEC (Asia Pacic Economic Cooperation) é um bloco bem die-rente quando se trata da proximidade ísica entre os países que o com-põem. Engloba países da Ásia, América e Oceania.

 A APEC tem, atualmente, 21 membros, que são: Austrália; BruneiDarussalam; Canadá; Chile; China; Hong Kong; Indonésia; Japão; Re-pública da Coréia; Malásia; México; Nova Zelândia; Papua New Gui-nea; Peru; Filipinas; Rússia; Cingapura; Chinese Taipei; Tailândia; Esta-dos Unidos da América; Vietnã.

Outro dado que dierencia a região da Bacia do Pacíco, é o atodesse mercado regional não ser constituído ormalmente por nenhumacordo de livre comércio ou de outro tipo. A designação de bloco eco-

nômico se deve ao ato de que nas últimas décadas vem ocorrendo, deorma surpreendente, um direcionamento dos investimentos e das re-lações comerciais entre os países desta região. Entre seus integrantesdestacam-se o Japão, a China e os Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Sin-gapura, Hong Kong e Taiwan), além da Austrália e da Nova Zelândia.

 Após a Segunda Guerra, o Japão, por sua localização estratégicaem relação ao mundo soviético, recebeu alguns beneícios, como nãoprecisar pagar indenizações de guerra. Foi, no entanto, proibido dese militarizar, cando sua proteção sob o comando da OTAN (Aliança

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Geografa

do Tratado do Atlântico Norte). Dentro da estratégia da Guerra Fria decontenção do socialismo, recebeu ainda investimentos dos EUA com oobjetivo de recuperar sua economia e seu desenvolvimento.

Esse contexto oi avorável ao Japão, mas o seu crescimento sedeve também a atores internos, além da ajuda econômica externa.Os baixos salários, os sindicatos controlados pelo Estado e atrelados

as empresas tornaram sua economia mais competitiva. Os investi-mentos estatais na economia, na educação, no treinamento de mão-de-obra e a estabilidade do regime político japonês, aliados a outrosatores tornaram o Japão a grande potência econômica que emergiua partir dos anos 80.

O mesmo raciocínio explica o surgimento dos Tigres Asiáticos – paísesque mais se desenvolveram economicamente nas décadas de 60 e 70.Entre os atores que podem explicar a nova condição desses países es-tão os baixos salários, ausência de uma política de proteção social aostrabalhadores e os pesados investimentos realizados pelos estados em

suas economias. Também não podemos esquecer dos investimentosexternos de países capitalistas como estratégia geopolítica de conten-ção do socialismo vindo da URSS. Lembra-se da Guerra Fria tratada an-teriormente? Qual a relação dela com este ato?

 A estratégia de ortalecer o comércio regional promoveu uma ver-dadeira reorganização dos fuxos comerciais desse bloco, aumentan-do de orma expressiva o comércio ente os países asiáticos. O volumede negócios realizados entre os países asiáticos teve um acréscimo deaproximadamente 140% no período de 1992 a 2002.

O Japão, devido ao seu desenvolvimento econômico e sua estra-tégia de direcionar boa parte dos seus investimentos para o interiordessa região, coloca-se como principal liderança de bloco econômi-co, rivalizando em termos econômicos com os paises da U.E. e comos Estados Unidos. No entanto, a economia japonesa também vem en-contrando diculdades de manter um padrão elevado de vida de suapopulação. O desemprego vem aumentando e a estabilidade no em-prego, característica de sua economia, está desaparecendo.

Na Região da Ásia, a China vem se destacando como o país que

mais cresce em termos de desenvolvimento econômico, apesar de terrecentemente diminuído o seu ritmo de crescimento, sua economiadesponta entre as maiores do mundo. O crescimento chinês aparen-temente se explica pelo ato da China combinar uma economia orte-mente estatal com uma abertura econômica que possibilita investimen-tos privados, principalmente investimentos externos. Outros atores,como um grande mercado consumidor e mão-de-obra abundante e ba-rata, também contribuem para esse crescimento. Apesar disso, enren-ta graves problemas sociais e ambientais. (Leia sobre as minas de car-

 vão da China no Folhas “Pare de sonhar com um carro!”)

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Como a globalização interere no número de empregos? O desemprego é culpa da concorrên-cia econômica globalizada? Faça uma pesquisa sobre esse tema.

ATIVIDADE

Essa organização do espaço geográco mundial em blocos eco-nômicos, característica do processo de globalização, não tem altera-do uma realidade mundial, talvez a tenha camufado. Enquanto a ati-

 vidade comercial e nanceira se intensica entre os principais blocoseconômicos e suas potências econômicas, os países pobres não conse-guem ou não possuem recursos para o seu desenvolvimento. A popu-lação desses países pobres representa a grande maioria da populaçãomundial, em torno de 75%, mas a distribuição da riqueza mundial nãoocorre na mesma proporção, cabendo a essas populações algo em tor-no de 20% da riqueza mundial. Esses países geralmente não possuemo domínio de tecnologia de ponta e de pesquisas, o que diculta ain-da mais o seu desenvolvimento econômico.

O cenário geopolítico no século XXI se congura na existência detrês grandes blocos econômicos que teoricamente dividiriam o poderpolítico e econômico do Mundo Globalizado. Mas esse jogo de podernão está tão denido assim e não podemos esquecer de que esse pro-

cesso é dinâmico, está em constante transormação, o que pode levara novas congurações geopolíticas.

Enquanto os três mais poderosos blocos ampliam as trocas comerciais, o continente aricanotem cado à margem desse processo. Apesar de possuir mão-de-obra em abundância, a ausência

de inra-estrutura adequada diculta os investimentos externos e o desenvolvimento interno. Masserá que os investimentos externos poderiam contribuir para o desenvolvimento do continente Ari-cano? Contribuiriam para resolver os graves problemas sociais existentes?

ATIVIDADE

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Geografa

ObrasCosutadasCOSTA, R. H. da. Blocos Internacionais de Poder. São Paulo: Contexto,

1990.

GONÇALVES, R. et all. A Nova Economia Internacional : uma perspectiva

Brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

HIRST, P.; THOMPSON, G. Globalização em questão: a economia

internacional e as possibilidades de governabilidade. Petrópolis: Vozes,

1998.

HOBSBAWM, E. A Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São

Paulo: Companhia das Letras, 1995.

LOPEZ, L. R. Globalização: a história interativa. Disponível em: http://www.

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MAGNOLI, D. União Européia: história e geopolítica. São Paulo: Moderna,

2004.

________________. Mundo Contemporâneo: relações Internacionais

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________________. Globalização: estado nacional e espaço mundial. São

Paulo: Moderna, 2003.

MARTIN, H. P.; SCHUMANN, H. A Armadilha da Globalização: assalto à

democracia e ao bem-estar social. São Paulo: Globo, 1997.STRAZZACAPPA, C. & MONTANARI, V. Globalização: o que é isso, anal?

São Paulo: Moderna, 2003.

 VICENTINO, C.; SCALZARETTO, R.. O Mundo Atual: da guerra ria à nova

ordem internacional. São Paulo: Scipione, 1992.

DocumetosCosutadosOnlInE 

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Geografa

4

 A ÁGUA TEMFUTURO?

Lda maria Corrêa mora1

ocê acha que suas ações

podem minimizar o proble-

ma de alta de água? Acredita

que os países com abundância

de recursos hídricos podem se so-

bressair econômica e politicamente?

1Colégio estadal ezébio da mota - Critiba - PR

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DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Gráco 2

Distribuição de água doce na Terra

Na atmosera Na superície

Águas subterrâneas Nas calotas polares

Gráco 1

Total de água na Terra

Água doce

Água salgada

Nos últimos anos, a água tem estado em pauta. Fala-se da alta dechuvas e das conseqüências disso: danos à agricultura, racionamentode energia elétrica, implementação de campanhas para economizar orecurso nos diversos setores; ala-se das possibilidades de irrigação e,no Brasil, da transposição do rio São Francisco. Fala-se das águas con-taminadas por produtos agrícolas; ala-se da poluição das águas devidoaos resíduos urbanos – residenciais e industriais; ala-se do derretimen-to das calotas polares e do conseqüente aumento do nível do mar; ala-se do uturo, sem água, que nos espera; ala-se do Aqüíero Guarani.

 Apesar de existir bastante água no planeta, sua distribuição é bastan-te desigual: há regiões onde a água é abundante, como a região amazô-nica; há outras extremamente secas, como o deserto do Atacama/Chile.Observe nos grácos 01 e 02 a distribuição da água no planeta.

Quadro 1q bb sta ága?

S a ága s rnova, as o-léclas d ága stão nossos corpos pod tr si-do bbidas por otras psso-as otros tpos. qsrá já bb sta ága:Strass, Jobi, Hrto?

 Analisando estes dados, você acredita que, no uturo, altará águapotável? Você acha que suas ações podem minimizar este problema?

 Acredita que os países com abundância de recursos hídricos podem sesobressair econômica e politicamente?

 A água é um recurso renovável, isto é, ela autopurica-se numprocesso chamado ciclo hidrológico ou ciclo das águas. Você já es-tudou isso; para lembrar-se do processo, pesquise e enumere as a-ses do ciclo d’água.

 A quantidade de água no ciclo é sempre a mesma (cerca de 1.386milhão de Km3), este volume d’água é uma constante no planeta há,aproximadamente, 500 milhões de anos. As alterações percebidas pornós são relativas às regiões. Por exemplo, uma região apresenta perío-dos chuvosos e secos devido a diversos atores – climáticos, topográ-cos – mas a água que não está em determinada região em períodos deseca, está em algum outro lugar. Leia o quadro 01 e refita.

O consumo de água pela população é variável de acordo com há-bitos, costumes, disponibilidade do recurso e desenvolvimento da re-

gião. O abastecimento de água para a população é um indicador de

Cadê a água?

O boi bebeu.

Cadê o boi?O boi morreu.

97,3%

2,7%

77,20%

22,40%

0,39%0,01%

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Geografa

qualidade de vida. Pode-se classicar o consumo de água por setores:o setor doméstico é o que menos consome água, sendo responsávelpor 10% do total; seguido do setor industrial, que responde por 21%do consumo; e, o grande consumidor é o setor agrícola, com 69% dototal consumido no planeta.

Segundo Borghetti (2004, p. 82), “quanto maior o nível de desenvolvi-

mento do país, maior é o consumo de água no setor doméstico”. Vocêpoderia explicar por que isto ocorre? Lembre-se que é considerado se-tor doméstico o consumo de água para alimentação, uso sanitário e osserviços urbanos municipais como hospitais e creches.

 A água é um recurso dotado de valor econômico e permite a produ-ção de outros recursos e/ou bens. É utilizada para: produção de energiaelétrica (veja Folhas “Pare de sonhar com um carro!”); abastecimento in-dustrial; irrigação de plantações; transporte; pesca/piscicultura; turismo/lazer e, ainda tem uso terapêutico. Alguns autores dierenciam água derecurso hídrico. Chama-se água o elemento ísico-químico, essencial à

 vida, e disponível na natureza; já, o recurso hídrico, é a água vista comobem econômico, dotado de valor nanceiro.

Todos os usos da água provocam, também, eeitos negativos, quepodem ser minimizados a partir de ações conscientes. Será que a desa-celeração do modo de produção capitalista pode reverter estes eeitos?

Leia, a seguir, as diversas possibilidades de uso da água e algunseeitos causados por cada um deles:

Abastecimento urbano: possibilita à produção de esgotos que, por sua vez, provocam poluição orgânica e química. “No Brasil, o lançamento

de lixos domésticos e industriais sem tratamento nos cursos de água -gura como a principal causa de degradação das águas” (Cládio Langon, mi-

nistério do mio Abint, no IV Fór mndial das Ágas);

Processo industrial: gera resíduos que provocam poluição orgânicae química, muitas vezes com alto grau de toxidade; o desperdíciotambém é um ator signicativo nas atividades industriais, princi-palmente devido ao não reuso da água.

Produção de energia elétrica : causa danos ambientais, sociais e econômi-cos, devido à ormação do lago e a conseqüente necessidade de emigra-

ção das pessoas e m da produção agrícola e pecuária ali existente.

 Você pode pesquisar a este respeito e conhecer que danos são estes e, a partir de suas pesqui-sas e de debates com seus colegas, tirar suas conclusões se a energia hidrelétrica é a melhor solu-ção energética para o Brasil.

PESQUISA

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Irrigação e criação de animais nas proximidades de rios: provocam per-das e poluição por agroquímicos utilizados nas lavouras e por deje-tos orgânicos. Sobre este assunto, você pode ler o Folhas “Você to-ma veneno?”.

Hidrovias: apesar de ser o meio de transporte de menor impactoambiental, pode poluir por derrame de óleos combustíveis e/ou

derramamento das cargas transportadas, principalmente se oremtóxicas.

Turismo/lazer e uso terapêutico (explorações econômicas em estân-cias hidrominerais, águas termais, praias doces): aparentementeinoensivas, produzem grande quantidade de lixo.

 Além de seu intenso uso, a água é, também, onte de inspiração eaparece cantada em verso, prosa e notas musicais há muito tempo. Co-mo exemplo, podemos citar diversas canções nas quais a água – ousua orma de aparecer – é a personagem principal: a valsa “Danúbio

 Azul” (1867), de Johan Strauss II (1825-1899); a axé music, muito can-tada no carnaval, “Água Mineral”, de Carlinhos Brown; a canção daMPB “Águas de Março” (1972), de Tom Jobim (1927-1994); a MPB “Pla-neta Água” (1980), de Guilherme Arantes.

 As canções citadas são de diversos gêneros, isto é, azem parte decategorias dentro de um mesmo estilo ou têm alguns elementos em co-mum – melodia, harmonia, ritmo, timbre, orma, tessitura. Os gênerospodem ser denidos geogracamente (música indiana, por exemplo);cronologicamente (música renascentista); ou por apresentarem carac-terísticas técnicas em comum.

O site “Clique música: a música brasileira está aqui”, que pode seracessado por meio do endereço http://cliquemusic.uol.com.br/br/home/home.asp, relaciona os seguintes gêneros musicais:

Isso não signica que não existam outros, pois os estilos musicais,ao entrarem em contato entre si, produzem novos estilos e as culturasse misturam para produzir novos gêneros.

axé música;baião;bossa nova;brega;b-rockcoco;choro;orró;

lundu;revo;jovem guarda;mangue beat;maracatu;marcha-rancho;marchinha;maxixe;modinha;

música caipira;pagode;partido-alto;polca;punk;quadrilha;rap;repente;

samba;samba de breque;samba-canção;samba-enredo;samba rock;soul brasileiro;tropicalismo;valsa;vanguarda

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Geografa

 Alguns artistas utilizam os sons produzidos com a água em suas com-posições. É o caso de Hermeto Pascoal, músico alagoano que, além detocar diversos instrumentos, produz sons harmoniosos a partir de ob-jetos, entre outras coisas. Em entrevista concedida a Christiane Duarte,Daniel Lima e Oswaldo Schlickmann Filho, em 1999, e publicada no siteconstruído por eles (disponível em: http://www.geocities.com/hermeto-paschoal/index2.htm), ele declara: “Eu toco inclusive este aqui (mostraum copo com água) que é instrumento que eu toco muito no disco [...]”,reerindo-se ao CD “Eu e Eles”, lançado naquele ano.

 Você pode realizar experiências que terão resultados sonoros muito utilizados, atualmente, namúsica contemporânea e grupos musicais como o inglês Slomp. No livro didático público de Arte,

o Folhas “A música nossa de cada dia” pode auxiliá-lo nessa tarea. Seguem algumas sugestõesde atividades para auxiliar na sua produção sonora:

1. Construção de um “aquaone”: prepare diversas garraas ou copos eitos do mesmo material e co-loque neles volumes de água dierentes. Com uma baqueta (você pode usar como baqueta um lá-pis, uma caneta, um talher, etc.), bata nas garraas/copos e observe a dierença dos sons;

2. Utilize objetos eitos de mesmo material, mas com ormatos dierentes (garraas, copos, travessas, etc.)e coloque neles a mesma quantidade de água; perceba que, ao bater neles, os sons são dierentes;

3. Derrame água de um recipiente para outro. Varie ormato e tamanho do recipiente que receberá a água.

ATIVIDADE

Por conta da essencialidade da água, ela atrai, onde quer que es-teja, investimentos de muitos países. Apesar de a água ser um bem deuso comum do povo, muitas são as empresas a beneciarem-se comseu manejo. Deste modo, países do mundo todo têm privatizado a ex-ploração e distribuição de água para a população. No Brasil, diversascidades privatizaram este serviço, a primeira delas oi Limeira, no inte-rior de São Paulo, que, desde 1995, tem os serviços operados pela em-

presa rancesa  Lyonnaise des Eaux , uma das três empresas que con-trolam 40% do mercado mundial de água em cerca de 100 países. Asoutras empresas são: Veolia e Saur , também rancesas.

 A privatização tem tornado os serviços mais caros e com qualidadeduvidosa. Em diversos países têm ocorrido movimentos populares nosentido de tornar a água um recurso de manejo estatal. Na França, asprivatizações municipais se deram na década de 80 do século XX; nes-te início de século, elas estão sendo revistas e muitas concessões estão

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

sendo canceladas. No Uruguai, houve plebiscito que garantiu a águacomo bem de domínio público e, por isso, deve ser gerida pelo Esta-do (2004); na Bolívia, houve rescisão do contrato de prestação de ser-

 viços após protestos da população (2005).

Muitas ações vêm acontecendo no sentido de garantir a gestão públi-ca da água e sua distribuição a baixo custo. Entre elas está a realização

do Fórum Mundial de Águas, que está na sua quarta versão. Segundoseus organizadores, o principal propósito do evento é denir caminhosadequados para que seja garantida a distribuição universal e sustentáveldo recurso. Observe, no quadro 2, a cronologia do evento.

De acordo com diversas pesquisas, a água está tornando-se um recur-so cada vez mais escasso e, justamente por isso, seu manejo vem sendoobjeto de interesses econômicos e políticos. Em 2002, o documento daONU denominado “Desao Global, Oportunidade Global” apresenta in-ormações como: 40% da população mundial tem diculdade em conse-guir água potável; 2,2 milhões de pessoas morrem, por ano, por bebe-

rem água contaminada; em 2025 serão 4 bilhões de pessoas sem acessoa água. Partindo dos números apresentados pela ONU, podemos armarque o controle do uso da água signica deter o poder?

Se voltarmos ao início deste Folhas, veremos que 22,4% da água dis-ponível no planeta está abaixo da superície. Ou seja, há mais água nosub-solo do que em rios e lagos. “Os terrenos ou ormações geológi-cas que armazenam águas subterrâneas são chamados aqüíeros” (ROCHA,

2002, p. 25). Segundo Scotti (2005), a Unesco apresenta registros a respeitodo uso das águas subterrâneas e dos problemas decorrentes da má uti-

lização destas reservas. Os aqüíeros variam de tamanho e de proun-didade. Entre os mais importantes do mundo está o Aqüíero Guaraniou Sistema Aqüíero Guarani (SAG), que ocupa 1,2 milhões de km2 nosterritórios argentino, brasileiro, paraguaio e uruguaio. Da área total doaqüíero, a maior parte está localizada em território brasileiro – cerca de840.000 km2. Abrange parte das seguintes unidades da ederação: RioGrande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás,Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Veja na Figura 3 a localização do

 Aqüíero Guarani. São 45 trilhões de m³ de água que, segundo Scotti(2005), necessitam de mais pesquisas a respeito de sua qualidade.

Quadro 2

I Fór mndial d Ágasoi marrakch, marro-cos, arço d 1997;

II Fór mndial d Ágas oi Haia, PaíssBaixos, 2000;

III Fór mndial d Ágaoi ralizado Kyoto,Shiga y Osaka, no Japão, arço d 2003;

IV Fór mndial d Ágas acontc Ci-

dad do méxico, ar-ço d 2006.

Leia o Quadro 03 e aça um paralelo de seu conteúdo com as inormações que você tem vistona grande mídia.

ATIVIDADE

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Geografa

Quadro 3Há controvérsias!

Coo o SAG oi orado ontos gológicos di-rnts, aprsnta prondi-dads dirnts. Sgndo

psisas rlatadas no doc-nto “Contribiçõs ao s-tado atal do Sista Aí-ro Garani” (2004), nasocorrências ais prondasa ága, gral, não é po-távl dvido a alta salinidad pod aprsntar sbstân-cias nocivas.

O gólogo José Liz Flors

machado ara o Sist-a Aüíro Garani é, d a-to, orado por divrsos aüí-ros sa potncialidadé b divrsa do alarda-do, b coo sa ága nãoaprsnta potabilidad to-da a ára d ocorrência.

Txto da atora.

 Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai vêm discutindo, na ComissãoParlamentar Conjunta do Mercosul (Mercado Comum do Sul), questõesreerentes ao aqüíero e seu manejo.

Em outubro de 2004 oi realizado o Seminário Internacional Aqüí-ero Guarani “Gestão e Controle Social”, na cidade de Foz do Iguaçu,no Paraná. Participaram do evento membros da Comissão Parlamen-tar Conjunta, representantes dos Governos dos quatro países, de movi-

mentos populares e de ONG’s que lidam com a problemática do meioambiente e da água, e de universidades e centros de pesquisa. Nesteevento oi redigida a “Carta de Foz do Iguaçu sobre o Aqüíero Guara-ni”, documento em que os participantes declararam:

Que a reserva de água subterrânea estocada no Aqüíero Guarani, compro- vadamente um dos maiores sistemas aqüíeros do mundo, estendendo-sepelos territórios do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, indiscu-tivelmente uma das maiores riquezas naturais da Região do Cone Sul, sejadeclarado bem público do povo de cada Estado soberano onde a reserva selocaliza, e que seja protegido pelos governos e populações para que possam,estratégica e racionalmente, auerir os beneícios comuns, indispensáveis pa-

ra a sobrevivência utura. (Carta d Foz do Igaç, 2005.)

Font: modicado d CAS/SRH/mmA (2001) por Boscardin Borghtti t al. (2004)

 Área de aforamento

 Área de connamento

Cidade

Capitais Estados/Províncias

Capitais dos Países

Mapa esquemático do Aqüíero Guarani

Escala aprox. 1 : 15 800 000

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

 Você lembra de alguma destas ações? Tomou conhecimento por meio de telejornais, revistas ou em jor-nais impressos a este respeito? Procure alguns destes confitos e aça uma lista colocando quais os paísesenvolvidos e as razões que deram origem à peleja.

ATIVIDADE

Lendo este trecho da Carta, você pode per-ceber preocupações com a proteção do aqüíe-ro bem como a explicitação de que os Estados-Nação onde ele se localiza são soberanos. Foiinstituído em 2004, o Conselho Mercado Co-mum para “elaborar um projeto de Acordo dosEstados Partes do Mercosul relativo ao Aqüíe-ro Guarani que consagre os princípios e crité-rios que melhor garantam seus direitos sobreo recurso águas subterrâneas, como Estados ena sub-região”. O Conselho ainda não concluiusua tarea, mas, dentre os parâmetros que bali-zam a construção do projeto está o princípio dasoberania dos Estados.

Soberania:

1. propridad t estado d sr a ord s-pra não dv a sa validad a nnha otra or-d sprior;

2. o coplxo dos podrs ora a nação politica-nt organizada;

3. carátr d órgão o d estado não stá sb-tido ao podr d nnh otro órgão o estado;

Font: Frrira, 1986

 Você sabe o que signica soberania? Sabe por que estes documentos reerem-se à soberania dos paí-ses que abrigam o Aqüíero Guarani? Leia o quadro a respeito de soberania (você pode, também, ler no Fo-lhas “O Brasil podia ser dierente?” o conceito de Estado) e discuta com seus colegas a presença deste con-ceito em documentos que tratam do Aqüíero.

ATIVIDADE

 A maioria das pessoas acredita que, atualmente, não existem pro-blemas de sobrerania; ou que, quando eles acontecem, são confitosdistantes de nós e não nos dizem respeito. Porém, diversas ações con-temporâneas, por parte de diversas nações, erem a sobrerania de ou-tras e, tais ações têm conseqüências em todo o mundo.

 A água sempre oi causadora de confitos. Seja devido ao uso pa-ra navegação, seja para abastecimento da população, seja para a pro-dução de energia...

No Brasil, por exemplo, parte da ocupação territorial deu-se pormeio dos rios. Os confitos de nosso país com os países vizinhos, hoje

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Geografa

parceiros no Mercosul, deram-se devido à bacia do Prata, que englobaum dos principais sistemas hidroviários do mundo, do qual o rio Para-ná é o principal ormador. Lembre-se, também, de que o Paraguai nãotem litoral e que o rio Paraná é seu acesso natural ao oceano.

 Ainda em se tratando de acesso, o Canal do Panamá é outro exem-plo de confito. O Panamá ca no istmo que liga América do Norte à

 América do Sul, separa o Oceano Atlântico do Pacíco e, até o iní-cio do século XX, era território colombiano. O canal oi iniciado pe-los ranceses, em 1880, com o intuito de ligar os dois oceanos e, comisso, reduzir distâncias, o que avorecia a consolidação do capitalis-mo industrial, por meio da troca comercial entre países industrializa-dos e países não-industrializados. Devido a diversos atores, os ran-ceses abandonaram o projeto. Os Estados Unidos, considerando queo domínio do canal seria de grande importância econômica, militare política, zeram contato com a Colômbia para terminar o projeto;como o acordo EUA-Colômbia não oi aprovado pelo parlamento co-

lombiano, os EUA apoiaram o movimento panamenho de indepen-dência (1903), terminaram o canal e tiveram domínio sobre a Zonado Canal até 1999.

Pesquise a respeito do Canal do Panamá: busque saber sobre osconfitos que envolveram este ponto geo-estratégico.

Com relação à escassez de água, também existiram e ainda existemdiversos confitos no mundo. Conra alguns na tabela 1.

Principais confitos mundiais por posse de água na atualidade

Países Objetos das disputas

Israel X Palestina e Jordânia Águas do rio Jordão.

Egito X Sudão Controle das vazões do rio Nilo.

 Turquia X Iraque e Síria Controle das vazões dos rios Tigre e Eurates.

Líbia X Chade Exploração de aqüíeros no Saara Central.

Font:VIANNA, 2005, p.351. (Adaptado.)

 As armações relativas à escassez de água potável num uturo pró-ximo tornam este recurso natural objeto de cobiça. Evidentemente, pos-suir ou deter o poder sobre grandes mananciais é ator estratégico. Porisso, alguns pontos do planeta são zonas potenciais de confito, porexemplo, EUA e Canadá – devido a região dos Grandes Lagos e rioscompartilhados; e países da ex-Iuguslávia – devido ao compartilhamen-to da bacia do rio Danúbio (o mesmo da valsa citada anteriormente).

TABELA 1

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EsioMédio

DimesãoPoíticadoEspaçoGeográfco

Será que a região do Sistema Aquíero Guarani é uma zona de confitos em potencial? Será queos países do cone-sul ou outros entrarão em confito por causa de seu domínio? Leia as inormações

a seguir e tire suas conclusões.

ATIVIDADE

Desde junho de 2005, existem preocupações com a soberania dospaíses do ConeSul. Isso porque Paraguai e EUA zeram, segundo o go-

 verno paraguaio, um acordo militar de treinamento.

Em 27 de julho de 2005, a Folha de São Paulo publicou um artigointitulado “Forças militares dos EUA podem intervir no Brasil, diz FidelCastro”, o artigo reere-se a um discurso do ditador cubano onde de-monstra preocupação com uma possível intervenção dos EUA na Bo-lívia e no Brasil. Tal preocupação deu-se devido ao desembarque desoldados norte-americanos no Paraguai.

Em 25 de setembro de 2005, o jornal argentino Clarín publicou umamatéria com título “ Marines en Paraguay: se reaviva el temor sobre los re-

cursos naturales ” com sub-título: “ Aumentan las sospechas de que la pre-

 sencia militar está vinculada con el agua”, o texto trata da entrada dosmilitares estadunidenses no Paraguai, da imunidade total dada a eles edos temores com relação ao Aqüíero Guarani que esta ação provocou.

O jornal O Globo, de 06 de janeiro de 2006, publicou artigo de Wal-demar Zveiter (Ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça) inti-tulado “Os EUA e o Paraguai precisam se explicar”, no texto o autor tra-ta da importância da água, da situação estratégica daqueles que a detême do desembarque dos soldados norte-americanos no Paraguai:

[...] dados geográcos tornam claríssima a importância estratégica doaqüíero, tornando-se ainda mais relevante numa época em que cientistassociais e geopolíticos alertam para a crescente importância da água nomundo. Bem acima do petróleo, para o qual já começam a ser encontradasalternativas, a água doce do planeta poderá se constituir, a partir dospróximos vinte anos, um motivo de disputas entre nações, levando-os atéa guerra por seu domínio.

Cada um dos países do Mercosul que abrigam o Aqüíero Guaranisão Estados-Nação. São soberanos, isto é, independentes, têm autono-mia sobre todo o seu território e tudo o que tem nele. Assim, cabe aestes países as decisões relativas à exploração e uso dos recursos na-turais que possuem.

 Você acha procedentes as preocupações mencionadas anteriormen-te? Seria este o nosso uturo com relação à água?

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Geografa

ReerêciasBibiográfcasBORGHETTI, N. R. B.; BORGHETTI, J. R.; ROSA FILHO, Ernani F. da.

  Aqüíero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul.Curitiba: s.e., 2004.

FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio deJaneiro: Nova Fronteira, 1986.

ROCHA, G. A. Um copo d’água. São Leopoldo; Editora Unisinos, 2002.

SCOTTI, M. Aqüíero Guarani: técnicos pedem investimentos e pesquisas.In: Revista CREAPR. ano 8, nº. 35, Agosto/2005.

 VIANNA, P. A água vai acabar? In: ALBUQUERQUE, Edu S. de. Que país éesse?: pensando o Brasil contemporâneo. São Paulo: Globo, 2005.

ObrasCosutadasBENNET, R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahhar Editores, 1986.

FIER, F. Aqüíero Guarani: reserva estratégica. Publicação do mandato dedeputado ederal, 2005.

DocumetosCosutadosOnlInE  Aqüíero Guarani. Disponível em: www.cnpma.embrapa.br/projetos /index.php3?sec=guara. Acesso em: 20 março 2006.

  Associação Brasileira de Águas Subterrâneas. www.abas.org.br. Acessoem: março 2006.

Carta de Foz do Iguaçu sobre o Aqüíero Guarani. Disponível em: www.camara.gov.br/mercosul/Seminario%20Guarani/Carta.htm. Acesso em: 21

março 2006.

Dicionário Priberan de Língua Portuguesa on line. Disponível em: www.priberam.pt/dlpo/denir_resultados.aspx. Acesso em: 20 mar. 2006.

Fórum Mundial das Águas. Site ocial do evento. Disponível em: www. worldwaterorum4.org.mx/home/home.asp?lan=spa. Acesso em: 21 e 22

março 2006.

Jornal Clarin. Disponível em: www.clarin.com/diario/2005/09/25/elmundo/i-02601.htm. Acesso em: 12 março 2006.

MACHADO, J. L. F. A verdadeira ace do “Aqüíero Guarani”: mitos eatos. Trabalho apresentado no XVI Simpósio de Recursos Hídricos, realizadoem João Pessoa-PB, em novembro de 2005. Disponível em: www.cprm.gov.br/rehi/simposio/pa/artigoENPer%20Machado.pd. Acesso em: 17março 2006.

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EsioMédio

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DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Você sabe o que é cultura? A palavra cultura pode apresentar vá-rios signicados. No senso comum, está associada à ormação aca-dêmica de uma pessoa, aos seus anos de estudo, sendo consideradoculto quem possui ormação em nível superior. Já quem não estudouou estudou poucos anos, é considerada uma pessoa de pouca cultu-ra. Cultura é um conceito muito mais abrangente do que isso e nãopode ser compreendido de maneira tão reduzida. Mas anal, qual ointeresse da Geograa pela cultura? Por que estamos propondo umarefexão sobre esse conceito no livro de Geograa?

Os estudos geográcos já nasceram marcados pelas característicasculturais dos povos e dos lugares. A Geograa Cultural surgiu no naldo século XIX, junto com a Geograa Humana e dela nunca se aastou.Segundo Paul Claval, geógrao rancês, é possível destacar alguns mo-mentos marcantes do desenvolvimento da Geograa Cultural.

Inicialmente os estudos culturais da Geograa voltavam-se paraos aspectos materiais da cultura, tais como as técnicas, as paisagense os gêneros de vida dos dierentes povos do planeta. Pode-se dizerque, naquele período, a Geograa Humana estava permeada pelosestudos culturais e que a abordagem cultural era marcada pela obje-

tividade e pelo empirismo.Os estudos da Geograa do início do século XX apresentavam co-

mo os dierentes grupos se adaptavam ao meio ambiente, aproveitan-do ou não as possibilidades oerecidas por ele. Estas possibilidadesde aproveitamento vinculavam-se à dimensão cultural e social de ca-da povo, pois este poderia não perceber as oportunidades oerecidaspelo meio em unção de seu “atraso” cultural e da organização socialdo grupo, necessitando conviver com outros povos para avançar cul-turalmente e socialmente.

Esta orma de pensar a respeito de outras culturas serviu para jus-ticar a dominação européia sobre as colônias até meados do século

 XX. Você acredita que existam povos atrasados culturalmente?

 Você poderia citar alguns países que, no passado, tiveram um períodode grande desenvolvimento econômico, infuenciaram política, social e cul-turalmente outras nações e que oram superados por outra cultura?

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Geografa

Mais tarde a Geograa Cultural passou a considerar, em suas pes-quisas, as representações mentais, as imagens que os indivíduos, co-mo você, azem dos lugares e como os percebem. Além disso, deixoude ser um subdomínio da Geograa Humana e tornou-se um campo

de estudos especíco da Geograa.

Faça um desenho sobre o que você acredita ser o que mais caracterizaa cidade onde mora. (praças, ruas, rios, prédios, pessoas, etc). Compare-ocom o dos colegas. O que os desenhos têm em comum? É possível con-cluir que “imagem” vocês têm da cidade onde vivem?

Consideramos que a cultura é um conjunto de idéias, hábitos, cren-ças e práticas sociais que organizam as relações sociais, políticas e eco-

nômicas de um povo que, assim, produz paisagem e espaço geográ-co. Por isso a cultura é importante para os estudos geográcos.

 A partir da denição acima, você consegue descrever o que carac-teriza sua cultura? Ou seja, quais são as idéias, hábitos, crenças e práti-cas sociais que compõem a sua cultura? Como estes elementos tomamorma na sociedade, na paisagem e no espaço onde você vive?

É preciso destacar, no entanto, que os estudos culturais em Geo-graa, assim como todos os estudos geográcos, devem oportunizaranálises críticas do espaço geográco. Por isso não devemos conundir

os estudos culturais em Geograa com meras descrições de paisagensexóticas ou de povos com costumes sociais e religiosos dierentes dosnossos. A relação entre cultura e produção do espaço geográco (ob-jeto de estudo/ensino da Geograa) deve ser considerada sem que seperca de vista os aspectos históricos, econômicos, políticos e sociaisdo espaço em estudo, bem como das relações que este espaço estabe-lece com outros, próximos e distantes.

Há várias possibilidades e maneiras de se azer estudos geográcosculturais. Algumas dessas possibilidades estão exemplicadas nos Folhasque compõem o nosso livro. Outras serão apenas mencionadas aqui.

Por exemplo, ao analisar o espaço produzido por uma tribo indígenaque vive em reserva e tem pouco contato com outras culturas é possívelcompreender como suas idéias e valores, seus modos de produzir (re-lação com a natureza) e de se organizar socialmente (relações sociais epolíticas) se materializam na arquitetura e na paisagem da aldeia. Em al-guns casos, as lavouras coletivas, as ocas compartilhadas por muitas a-mílias, a ausência de cercas, revelam uma sociedade que não se baseiana propriedade privada e que não conhece a divisão de classe.

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EsioMédio

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Em sociedades complexas como a nossa, ou seja, aquelas que sãodivididas em classes sociais, compostas por vários grupos étnicos, nasquais as pessoas migram com maior ou menor intensidade em unção

de variáveis políticas e/ou econômicas, os estudos culturais geográ-cos são tão importantes quanto, também, complexos. Perguntas como:por que a maioria dos negros brasileiros são pobres e, portanto, ocu-pam espaços urbanos menos valorizados e pior estruturados? Ou, porque há, em grandes metrópoles, a ormação de bairros étnicos? Cer-tamente há explicações históricas, econômicas e políticas para essascongurações sócio-espaciais que devem ser centrais nas análises ge-ográcas culturais. As respostas a essas questões, se reduzidas a expli-cações étnico/culturais isoladamente, possibilitam armações precon-

ceituosas e não verdadeiras.Outro aspecto a ser considerado nos estudos culturais geográcos

nas sociedades complexas é a produção e uso de espaço arquitetôni-co. A arquitetura e as paisagens monumentais evocam mitos e heróis(nomes dos prédios, ruas e avenidas, bustos destacados nas praças pú-blicas) que representam a história ocial e a classe/etnia dominante.Cria-se, assim, um imaginário de valor histórico e moral que representaalguns, mas deve ser incorporado por todos. O espaço é, assim, con-dição para organizar o código cultural da classe dominante. Veja o Fo-lhas “Você produz ou Consome Espaço?”.

Os estudos de grupos sociais/étnicos e lugares culturalmente die-renciados desvelam como o simbolismo e as ações humanas produ-zem e mantêm paisagens geográcas. Porém, esses estudos podemindicar mais que isso. Quando os grupos e as sociedades em estudoestão à margem do sistema capitalista de produção, os estudos cultu-rais geográcos podem indicar como se estabelecem, nos lugares, ou-tros tipos de relações políticas, talvez mais solidárias do que as da so-ciedade hegemônica.

É preciso considerar ainda que a cultura se dierencia com o pas-

sar do tempo e, assim, cada geração desenvolve sua própria cultura deacordo com o ambiente em que vive e trabalha, com as diculdadesque encontra, com as inormações que recebe, etc. O mesmo ocorrecom os grupos sociais de uma geração. A cultura de dierentes gera-ções e grupos sociais tem em comum a orma como é construída, ouseja, é nos processos de comunicação, nas relações sociais e de traba-lho que a cultura se constrói.

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Geografa

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I  A 

No século XX, o progresso dos meios de comunicação, como oteleone, o cinema, a televisão e a internet propiciou a comunicaçãoa longa distância. Alguns desses meios possibilitaram o aparecimen-

to de uma nova orma de cultura popular, que geralmente denomi-namos de cultura de massa, pois é diundida e padronizada, para umgrande número de pessoas.

 A cultura de massa tende a criar ormas padrão de viver, de consu-mir, de comportamento, etc. Isso cria necessidades que levam à pro-dução de coisas (tipos de roupas, alimentos, aparelhos eletrônicos, cal-çados, entre outros) e a mudanças de costumes. Ou seja, a cultura demassa modica o espaço geográco, numa tentativa de padronizá-lo,diminuindo o que é especíco dos dierentes lugares.

 As relações sociais e de classe, na atual condição histórica, tendema homogeneizar as culturas através da cultura de massa. Mas a cultura

 varia de acordo com os grupos sociais e isso garante a manutenção dadiversidade cultural. Mas o que é diversidade cultural? É possível serdierente? Alguém quer ser dierente?

Segundo a Declaração Universal da Diversidade Cultural, os indivíduos egrupos devem ter, garantidas, as condições de criar e diundir suas expres-sões culturais; o direito à educação e à ormação de qualidade que respeite

sua identidade cultural; a possibilidade de participar da vida cultural de suapreerência e exercer e ruir suas próprias práticas culturais, desde que res-peitados os limites dos direitos humanos. O direito à dierença, e à constru-ção individual e coletiva das identidades através das expressões culturais éelemento undamental da promoção de uma cultura de paz.

Font: www.cltra.gov.br.

 Você já assistiu “Smallville ”, “ Friends “ ou “Os Simpsons ”? Estes sãoprodutos da indústria de entretenimento, da cultura de massa. Deba-ta com seus colegas como estes produtos culturais citados, ou outros

semelhantes, participam de sua vida e, conseqüentemente, compõemsua cultura. Como eles tendem a modicar seus costumes, suas esco-lhas, suas ormas e espaços de diversão.

 As refexões acerca da dierença traz, para os estudos culturais ge-ográcos mais recentes, a análise a respeito dos processos migratóriose das conseqüentes novas (des)congurações regionais.

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EsioMédio

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 A orça cultural de um grupo pode ser claramente constatada quan-do esse grupo migra. Os migrantes procuram organizar o novo espaçotal qual o espaço por eles deixado. Tentam organizar o meio reprodu-zindo ormas que lhes possibilitem viver como viviam anteriormente,

construindo edicações nos mesmos moldes arquitetônicos, diundin-do hábitos e estabelecendo relações sociais com pessoas de mesmaorigem. Estas questões são tratadas nos Folhas “Nada a ver? Tudo a

 ver!” e “Para onde vais?”.

Será que as necessidades dos moradores dos grandes centros ur-banos são as mesmas de uma sociedade indígena, de uma sociedadeesquimó ou de uma sociedade de pescadores do interior da Floresta

 Amazônica? Todos possuem os mesmos anseios ou será que as “neces-sidades” podem ser produzidas em unção da vida que levamos?

Outro assunto primordial na Geograa Cultural são as mudançasdemográcas e sociais associadas à urbanização e industrialização. Aconcentração de pessoas de variadas origens e as mudanças na econo-mia e nas relações de trabalho e sociais aetaram a orma das pessoasperceberem seu mundo, resultando em novas ormas de vida nas ci-dades e na cultura. Associado a isto, mcdowll (1996) aponta que “a desco-lonização, a migração internacional, a globalização do capital, do co-mércio e das ormas de produção cultural resultaram em sociedadesem que as tendências internacionais, os bens e serviços estão modi-cando a todos nós e o nosso sentido de identidade vinculado a ter-

ritório”. Podemos exemplicar isto através das comunidades que seormam no orkut (ou outras erramentas parecidas). São pessoas queestão em dierentes países, ou regiões do mesmo país, mas que parti-lham as mesmas idéias e orma de conceber o mundo. Provavelmen-te se identiquem mais com alguém no outro lado do mundo do quecom seu vizinho de rua.

Neste Conteúdo Estruturante veremos Folhas que tratam da de-monstração cultural das sociedades na produção espacial (“Você Pro-duz ou Consome Espaço?”), da mobilidade dos grupos sociais (“Paraonde vais?” e “Passa por sua cabeça ter muitos lhos?”), que acabampor orjar novas congurações espaciais, das marcas deixadas na pai-sagem pelos dierentes grupos, da cultura como elo à nação, propor-cionando um sentido de pertencimento (“Nada a ver? Tudo a ver!”),dentre outros. Será que você se identicará com alguns destes assun-tos? Para responder esta pergunta adentre os Folhas deste ConteúdoEstruturante.

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Geografa

ReerêciasBibiográfcasCLAVAL, P. As abordagens da Geograa Cultural. In: CASTRO et al (orgs).Explorações Geográcas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

MCDOWELL, L. A transormação da geograa cultural In GREGORY, D.MARTIN, R.; S., G. (org). Geograa Humana: sociedade, espaço e ciênciasocial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1996.

ObrasCosutadasCLAVAL, P. O papel da nova geograa cultural na compreensão da açãohumana. In Corrêa, R.L.; Rozendahl, Z (org.). Matrizes da GeograaCultural. Rio de Janeiro: Ed. EdUERJ, 2001.

CORREA, R. L. Trajetórias Geográcas. 3ª ed. Rio de Janeiro: BertrandBrasil, 2005.

CORREA, R. L. e ROSENDAHL Z. (Orgs.). Introdução à Geograa Cultural.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

HAESBAERT, R. Desterritorialização: entre redes e os aglomerados deexclusão. In: CASTRO, I. E. et al (orgs.). Geograa, Conceitos e Temas.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

_________. Territórios alternativos. Niterói: EdUFF; SP: Contexto, 2002.

HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume,2005.

ORTIZ, R. Cultura, modernidade e identidade. In: SCARLATO et al (orgs).Globalização e Espaço Latino-Americano. São Paulo: Hucitec – ANPUR,1997.

  TRINDADE JR, S. C. da. Sujeitos políticos e territorialidades urbanas. In:DAMIANI, A. L. et al (orgs.). O espaço no m de século: a nova raridade. 2ªed. São Paulo: Contexto, 2001.

 WOODWARD, K. Identidade e dierença: uma introdução teórica e conceitual.

In: SILVA, T.T. (org.). Identidade e dierença: a perspectiva dos estudosculturais. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

DocumetosCosutadosOnlInE  www.cultura.gov.br 

G E 

O G 

 A 

I  A 

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EsioMédio

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Geografa

5

 VOCÊ PRODUZ OUCONSOME ESPAÇO?

marcia Rgina Garcia1

ocê já parou para pensar

sobre a produção do espa-

ço de sua cidade? Como ela

está organizada? Ou ela está

“desorganizada”? Por que ela é

assim? A maneira como o espaço

está organizado apresenta conseqüên-

cias para nossas vidas?

1Colégio estadal Barbosa Frraz - Andirá - PR

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EsioMédio

AFormaeaFuçãodasPaisages A organização do espaço pode ser entendida como as dierentes

ormas pelas quais as sociedades asseguram sua sobrevivência, trans-ormando o meio natural ou o meio já transormado. Estas transorma-ções buscam atender as necessidades – de alimentação, de moradia,trabalho, lazer, entre outras – de todos.

Um espaço pode apresentar ormas de dierentes tempos históricos,e estas ormas podem mudar de unção ao longo do tempo, ou seja, ascaracterísticas arquitetônicas (prédios, casas) e as unções que as pesso-as dão a estas construções (moradia, comércio, prestação de serviços,etc.) mudam de acordo com o tempo histórico, atendendo aos interessessociais, políticos, econômicos e culturais em que estão inseridos. Assim,a produção espacial é intencional e dinâmica, podendo mudar em di-erentes ritmos. Como exemplo podemos citar o Shopping Estação, emCuritiba. Sua construção original abrigava a estação erroviária da cida-

de, inaugurada em 1885 e desativada em 1970. Recentemente teve suaestrutura e orma readaptadas, passando a ter novas unções: abriga cen-tro de convenções, teatro, museu e o shopping. Assim, a conguraçãoespacial oi produzida pela sociedade que ali vive, tornando-a mais ade-quada para suas necessidades. Você poderia citar algumas transorma-ções desse tipo na cidade onde mora? Você pode perguntar para as pes-soas com mais idade ou pessoas que morem na cidade há mais tempo.

Devido a existência de grupos sociais com culturas distintas, temosproduções espaciais dierentes e, conseqüentemente, paisagens carac-terísticas ou típicas de cada grupo.

PaisagemeEspaço Antes de continuarmos nesta discussão, é preciso ter claros os con-

ceitos de paisagem e de espaço.

 A Paisagem é estática, é parte de um todo e é o registro de um mo-mento histórico. É como uma oto. Observe em otos antigas como erao espaço de sua cidade. O que oi transormado na paisagem?

Em cada período a paisagem se caracteriza por um determinado con-junto de técnicas. Estas técnicas são as maneiras de construir casas, tem-plos (sistemas de engenharia), maneiras de produzir alimentos, carros,eletrodomésticos (tecnologias de produção), maneiras de se relacionarsocialmente, entre outras. Tais técnicas, associadas às condições econô-micas, políticas e culturais, criam as ormas. A paisagem não se cria deuma só vez, mas sore acréscimos e decréscimos ao longo da história,por isso ela é uma herança de muitos momentos passados.

 Já o Espaço é mais que paisagem, pois retrata o movimento da socie-dade em suas relações e dinamismo. É a ação do trabalho humano.

Quando olhamos ao nosso redor, devemos pensar e repensar os

porquês da conguração espacial, pois ela pode nos dizer muito de

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Geografa

nossa realidade. Por exemplo: as praças sempre oram locais de en-contro ou desencontro, aonde muitos iam para discutir assuntos polê-micos, vender mercadorias, passear, brincar, namorar, reivindicar ati-tudes, encontrar amigos ou conhecidos, dentre outras coisas. No Riode Janeiro, na Praça da Aclamação (hoje Praça da República), oi pro-clamada a República em nosso país; na Plaza de Mayo (Buenos Aires

 – Argentina), muitas mães reivindicaram, e reivindicam até hoje, açõesgovernamentais reerentes ao desaparecimento de seus lhos, amilia-res e amigos durante a ditadura na Argentina, ato que deu nome a umaassociação ( Asociación Madres de la Plaza de Mayo).

 As praças, assim como as construções em geral, têm sua história eessas histórias são rutos de uma época, de uma sociedade em cons-tante reestruturação.

 A Praça Tiradentes, em Curitiba, simboliza o “marco zero” da ci-dade, oi construída no local onde, segundo a lenda, o cacique Tin-diqüera, da tribo Tingüi, teria escolhido para estabelecer o povoado

que daria origem à cidade. Ela, além de azer parte da história da so-ciedade curitibana, mostra o dinamismo existente na sociedade e anecessidade de atender aos anseios políticos de dierentes momentoshistóricos, refetindo a cultura de seu povo. Inicialmente, esta praçarecebeu o nome de Largo da Matriz, o qual durou até 1880, quandoo imperador D. Pedro II visitou Curitiba. Neste período, a sociedadesentiu necessidade de prestar-lhe uma homenagem, e a praça passoua ter o nome do imperador – Largo Dom Pedro II. Após a proclama-ção da República, mudou novamente de nome, passando a ser a Pra-

ça Tiradentes. Para os dirigentes do novo regime, era necessário eli-minar os “vestígios ou os heróis” do regime anterior, reconstruindo aimagem de novos heróis, anteriormente desconsiderados. Essa práti-ca é comum em muitos países.

 A República necessitava tocar os sentimentos, o coração dos bra-sileiros, e a melhor orma encontrada para isso oi a reconstrução dopassado, criando um conjunto de símbolos e, entre estes, merece des-taque a reconstrução da gura de Joaquim José da Silva Xavier, Tira-dentes, o “bode expiatório” da Conjuração Mineira. Leia, no quadro 1,mais detalhes sobre esta história.

Font: www.critiba.pr.gov.br Font: Icon Adiovisal

Foto 1 - Largo da Matriz. Curitiba, PR Foto 2 - Praça Tiradentes. Curitiba, PR 

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EsioMédio

Quadro 1

“... a 15 de outubro de 1790, uma carta régia secreta oi emitida reco-mendando ao presidente Coutinho “clemência” para todos os implicadosnas reuniões ou que tivessem conhecimento da incondência. Os incon-dentes ativos deviam ser banidos para Angola e Benguela, e os cúmplicese implicados para Moçambique. Com uma só exceção: o pleno rigor da lei

deveria ser aplicado ao prisioneiro ou prisioneiros que, além de terem com-parecido às reuniões, “com discursos, practicas e declarações sediciosas,assim em público como em particular procurassem em dierentes partes”...disseminar o movimento. Previamente, as “dierentes partes” tinham sidodenidas como sendo Minas e o Rio de Janeiro. No entanto, nada disso erado conhecimento público: o governo se preparava para produzir um espe-táculo. A alçada e a proclamação secreta de clemência deviam se constituir em elementos importantes de um cenário sosticado e planejado.

 A carta régia de 15 de outubro visava claramente – e somente – ao ale-

res Silva Xavier. Por que o modesto Tiradentes iria ser transormado em bo-de expiatório? Em grande parte, ele mesmo lavrara sua sentença de morte.“Quem era ele?” – tinha perguntado ao desembargador Torres em seu pri-meiro interrogatório – “não é pessoa que tenha gura, nem valimento, nemriqueza”, como poderia convencer o povo de tão grande cometimento? Emmuitos aspectos sua pergunta encerrava uma grande verdade: Tiradentesnão pertencia à plutocracia mineira que todos os demais integravam. Tinhatentado ingressar nela com anco, mas racassara sempre. Não era infuen-te, não tinha importantes ligações de amília, era um solteirão que passaraa maior parte de sua vida à sombra de protetores mais ricos e bem-sucedi-

dos. Ao Contrário de Cláudio Manuel da Costa e de Alvarenga Peixoto, nãotinha ama que ultrapassasse as ronteiras do Brasil. Na verdade, o aleresprovavelmente nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos maisamplos do movimento (...).

Um julgamento-exibição seguido pela execução pública de Silva Xavier proporcionaria o impacto máximo, como advertência, ao mesmo tempo queminimizaria e ridicularizaria os objetivos do movimento: Tiradentes seria umpereito exemplo para outros colonos descontentes e tentados a pedir de-mais antes do tempo.

Font: mAXWeLL, Knnth R. A dvassa da dvassa: a Incondência minira: Brasil – Portgal, 1750-1808.Rio d Janiro: Paz Trra, 1995, págs. 216-217.

Como podemos deduzir, uma pessoa de pouca infuência, pobre e,praticamente, desconhecida provavelmente tenha sido escolhida pa-ra servir como exemplo do que acontecia com aqueles que conspira-

 vam contra o sistema, o único a receber a pena capital, executado em21 de Abril de 1792.

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Geografa

Tiradentes oi propositalmente esquecido durante o Império e “res-suscitado na República”. A Monarquia teve como seu principal símbo-lo D. Pedro I, herói da independência. E a República, quem seria seuherói? Antes mesmo de sua proclamação, os republicanos já haviamretrocedido um século em nossa história e reconstruído a imagem deuma pessoa que sonhou com o m da opressão portuguesa e a liber-dade da colônia: Tiradentes. Utilizavam-se de imagens como o Cristocrucicado. As homenagens prestadas ao mártir, em 1890, oram res-gatadas através de pesquisas em jornais e outros documentos e descri-tas pelo historiador José Murilo de Carvalho.

 Você pode identicar como as coisas acontecem em nosso mun-do? Pense nos personagens de nossa história e procure identicar ou-tros personagens que também tenham sua imagem associada ao sacri-ício pela nação.

 Através desse pequeno exemplo, procuramos mostrar como o es-paço geográco é constantemente modicado, sendo estas modica-

ções, muitas vezes, ruto de interesses de uma minoria, a elite econô-mica e/ou política.

 Você conhece a história das praças da sua cidade? Estes espaços já oram reorganizados, tendo suaestrutura transormada para atender a novas unções? Faça um levantamento, não se esquecendo de entre-

 vistar antigos e novos moradores.

ATIVIDADE

OEspaçoGeográfcoaHistóriaIndependente desta questão da mudança de nome, as praças tive-

ram dierentes usos ao longo do tempo e estes usos estavam relaciona-dos à cultura do grupo social onde estas se encontravam.

Na Grécia antiga, a praça (ágora) era o local onde os cidadãos,

aqueles que se dedicavam ao pensar, discutiam política. Lentamen-te tornou-se símbolo da presença do povo nas atividades políticas, re-presentando mais do que a simples praça de mercado – espaço do co-mércio. Era o símbolo da liberdade, onde os cidadãos se expressavam.Desta orma também uncionava a praça (órum) romana, sendo umsímbolo de poder.

Será que na antiguidade a palavra cidadão possuía o mesmo signi-cado que possui hoje? Leia o quadro 2 “Gregos” para entender me-lhor como o cidadão era visto naquele período.

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EsioMédio

 As praças medievais assumiram outras características. O comérciocou muito restrito, não mais se discutia política ou se expressava opi-niões. Sua nova unção estava muito mais próxima do espetáculo. Nelaocorriam julgamentos e execuções, um espetáculo de horrores, comoas execuções de “bruxas”, ao qual a população comparecia.

Durante a Revolução Francesa, a Praça Luís XV, em Paris, tor-nou-se o local predileto dos revolucionários, servindo de cenário pa-ra inúmeras execuções na guilhotina, inclusive de nobres como arainha Maria Antonieta e o rei Luís XVI, sempre assistidas por nu-merosa platéia. Neste momento importante da história, esta oi de-nominada Place de la Révolution e atualmente chama-se Place dela Concorde. Na atualidade, as praças passaram a ser o local daspasseatas e das reivindicações sociais em dierentes países, comoé o caso da Praça Tiananmen, popularmente conhecida por Praçada Paz Celestial, em Pequim, na China. Nome, aliás, bastante con-

traditório considerando-se os eventos de que este espaço urbanooi palco. Em abril de 1989, estudantes e outros setores da socie-dade pediam reormas políticas e econômicas na China. Chegarama levar mais de um milhão de pessoas às ruas de Pequim. Em 15de maio, o governo iniciou a mobilização de tropas para pôr mao movimento, dando início a uma batalha de rua conhecida co-mo o massacre da Praça da Paz Celestial. Estima-se entre 300 e 3 milo número de mortos na repressão.

No Brasil, até a década de 1970, as praças das cidades do interior

tinham grande importância na vida da sociedade. Geralmente possu-íam um coreto ou algo semelhante ao centro; era local de discursospolíticos, estividades religiosas, exposições locais, mas, principalmen-te, local de encontro. As pessoas iam para a praça para verem e serem

 vistas. Os encontros se davam nas praças. Havia toda uma organiza-ção ritual nos passeios pelas praças nos ns de semana e eriados. Osrapazes circulavam ocupando, sempre, a porção externa da calçada eas moças ocupavam a parte interna, caminhando em sentido contrário.

 Assim, um cava de rente para o outro, ou seja, os olhares se cruza- vam, as pessoas se viam e os namoros começavam.

Quadro 2

Gregos – Na Grécia, cidadão era todo homem que opinava sobre os ru-mos da sociedade. Para ter esse direito de expressão, deveria ter posses,pois assim não precisaria trabalhar para sobreviver, podendo se dedicar in-tegralmente às questões públicas. Estrangeiros, mulheres, escravos e ho-mens livres que trabalhavam (artesãos, comerciantes) não pertenciam a es-

te seleto grupo.Txto sistatizado pla atora

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Geografa

No momento atual, em que a TV se tornou um dos meios de comu-nicação de massa mais usuais e o shopping center é o local de encon-tro (ou desencontro), a praça perdeu a sua essência. De local de debate,de comércio, de espetáculo e de encontro, onde a cultura de um po-

 vo se evidenciava, passou ao eêmero, onde as pessoas não se encon-tram, não se vêem, apenas passam rapidamente e, muitas vezes, commedo, proporcionado pelo abandono em que se encontram, ou pelosseus novos ocupantes – moradores de rua, gangues, prostitutas. (vejamais detalhes no Folhas “É proibida a entrada!”). Esporadicamente, estasse enchem de pessoas, mas sem o mesmo signicado de outros perío-dos históricos.

EspaçoUrbao:OCasodoRiodeJaeiro Assim como uma praça, a própria cidade tem uma organização que

atende e já atendeu a muitos interesses. Neste sentido, o espaço urba-no, ao mesmo tempo, apresenta dierentes usos e ormas, é elementode separação, mas estabelece ligações. Tal organização pode ser acil-mente constatada em dierentes bairros residenciais, comerciais e in-dustriais, que estão interligados, articulados entre si e em diversos ní-

  veis, por rodovias e errovias que possibilitam a livre circulação depessoas, produtos e serviços. Assim, as várias partes (que se dieren-ciam pelos usos e características locais) encontram-se interligadas. Dia-riamente as pessoas deslocam-se de um bairro a outro para trabalhar,azer compras, conseguir atendimento médico, etc. O espaço urbano éproduto de uma sociedade que consome tal espaço, mas a atuação dos

dierentes agentes sociais é eita e sentida em dierentes níveis. A população de baixa renda e a miséria podem gerar espaços ur-

banos. Por não terem condições de adquirir um lote para construir suamoradia e não tendo a oerta desta pelo Estado, para sobreviver, ocu-pam áreas impróprias e constróem suas moradias. Morar pressupõeocupar um espaço.

 Você sabe como surgiram as avelas do Rio de Janeiro? Elas podemestar distantes de nós, mas as conhecemos através da TV. No Paranátambém existem avelas, aliás, hoje estas estão se espalhando por qua-se todas as cidades. Mas, por que estudar as avelas da cidade do Rio de

 Janeiro? Porque elas apresentam um aspecto curioso na lógica da pro-dução do espaço geográco que demonstra interesses diversos, além deconhecermos um pouco sobre a origem das avelas brasileiras.

 Até meados do século XIX, devido aos meios de transporte da épocaera necessário morar perto dos locais onde poderia conseguir um traba-lho. As pessoas lutavam diariamente para consegui-lo, pois trabalho xoera muito diícil e não existiam leis trabalhistas que garantissem um sa-lário mínimo ou o descanso semanal. Grande parcela da população vi-

 via de pequenos serviços. Muitos viviam do comércio ambulante de pro-

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EsioMédio

dutos e serviços (doces, quitutes, engraxando sapatos, ...) no centro dacidade ou puxando mercadorias do centro para o cais do porto, isto é,

 vendendo sua orça de trabalho. Era no centro da cidade, onde a circu-lação de pessoas era maior, que as possibilidades de manutenção da vi-da podia ser garantida.

 A planície, ou a porção mais suave do relevo da cidade do Rio de

 Janeiro, estava ocupada simultaneamente por pobres e ricos, estes úl-timos oram gradativamente deixando o centro. Como possuíam seuspróprios meios de transporte, aastaram-se deste local, indo para locaismais distantes, com bons ares. Seus antigos casarões viraram cortiços,ou seja, uma habitação coletiva, da qual cada amília alugava um cô-modo da casa para viver, as demais dependências (cozinha, banheiro),eram usadas em conjunto por todos os moradores.

Outros, tentando lucrar, construíam grandes habitações coletivas(cortiços) para alugar cômodos. A região central do Rio de Janeiro esta-

 va tomada por cortiços no nal do século XIX e início do século XX.

Que tal realizar a leitura de um clássico da literatura brasileira? O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo(1857 – 1913), nos mostra como era a vida nos cortiços do Rio de Janeiro naquela época.

 A leitura pode ser muito esclarecedora, pois mostra a construção e organização do espaço. Além de au- xiliar na compreensão de questões sócio-culturais e econômicas amplas, é um romance social envolvente,

cheio de sonho, sensualidade, exploração, traição, ambição, ciúme...

ATIVIDADE

Mesmo com o início do uncionamento dos carros que se moviamsobre trilhos (puxados a burro), a partir de 1868, e com o início do trá-ego suburbano na Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1870, a populaçãopobre não se transeriu para a perieria, pois não tinha dinheiro para pa-gar o transporte perieria-centro-perieria. Fato que se repete até hoje.

Font: marc Frrs Font: marc Frrs

Foto 3 - Estação Central da anti-ga Estrada de Ferro Dom PedroII (Rio de Janeiro, 1899).

Foto 4 - Aqueduto transor- mado em viaduto para bondes(Rio de Janeiro, 1896).

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Geografa

 Você já ouviu alar da Revolta da Vacina? Ela existiu e oi aqui no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro,nesse mesmo período estudado. Que tal realizar uma pesquisa sobre esse acontecimento?

PESQUISA

Com o m do sistema escravista, a situação habitacional cou ain-da pior, porque os ex-escravos viam na cidade grande a chance de so-breviver e conseguir algo melhor. Os cortiços prolieravam rapidamen-te e eram vistos, pela saúde pública, como causadores das epidemiasque reqüentemente assolavam a cidade (ebre amarela, peste bubô-nica, varíola, tuberculose, dentre outras), pois eram locais sujos, semcondições para circulação de ar e iluminação solar adequada, e não

havia saneamento básico. Após a Proclamação da República, os governantes começaram a

desejar dar novos “ares” à capital de nosso país, que na época era oRio de Janeiro, na tentativa de melhorar sua imagem no exterior.

 As ruas estreitas não condiziam com o novo tempo, com a moder-nização. Agora não estamos mais no tempo da charrete, do cavalo,mas dos bondes e automóveis. Era necessária uma grande reorma ur-bana, que já estava acontecendo no continente europeu.

O preeito Francisco Pereira Passos, nomeado para o cargo duran-

te a presidência de Rodrigues Alves (1902 - 1906), decidiu iniciar a re-orma da cidade em nome do progresso e da higiene. O governo localdesapropriou e destruiu quarteirões próximos ao litoral, acabando comas moradias coletivas. Os cortiços eram desapropriados e demolidoscom a presença policial para evitar reações da população desalojada.Os governantes pareciam não se importar com os seres humanos queiam sendo expulsos de suas moradias da noite para o dia. Entretanto,num “ato de bondade”, permitiam que estes se apropriassem dos res-tos da demolição (tábuas, telhas, etc).

Com o pouco material conseguido, estes excluídos do centro cons-

truíram pequenas casas nos morros próximos – uma estratégia encon-trada para permanecer na região central. Não podendo viver na planí-cie, restaram-lhes os morros, surgindo, assim, as primeiras avelas doRio de Janeiro. A ocupação destes já estava acontecendo desde 1897,quando militares vindos da Guerra de Canudos ocuparam, provisoria-mente, os morros da Providência e de Santo Antônio, localizados nosundos de guarnições do Exército e da Polícia. Veja mais sobre este te-ma no Folhas “É Proibida a Entrada!”.

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EsioMédio

Neste processo de desapropriações e demolições, muitos conse-guiam emprego nas obras executadas pelo governo, na abertura deavenidas e construções residenciais, o que possibilitou renda para umanumerosa população desempregada. Também estava em construção onovo porto, que, por um lado, desempregou os carregadores que a-ziam o transporte de mercadorias do centro ao porto, mas, por outrolado gerou empregos em sua construção.

 Após a expulsão dos pobres das planícies litorânease a realização de obras de inra-estrutura, ocorreu umagrande valorização desta área, inviabilizando o retornoda população de baixa renda. Com isso, retornam paraa região os ricos que tinham se aastado anteriormen-te, não tendo mais os excluídos ao lado, mas não po-dendo deixar de vê-los nos morros locais. Dessa or-ma, podemos entender alguns interesses existentes naprodução do espaço geográco.

E na sua cidade, há avelas? Elas são denominadas avelas ou recebem outros nomes? Como oi o pro-cesso de ormação desses espaços? Se você não sabe, que tal perguntar para as pessoas mais velhas?

ATIVIDADE

Font: www.vivaavla.co.br – Tony Barros

 Agora leia atenciosamente os textos poéticos 3 e 4:

Quadro 3

Saudosa maloca – 1955 Adoniran Barbosa 1910-1982

Se o senhor não tá lembrado, dá licença de contar 

 Ali onde agora está este adiício arto

Era uma casa véia, um palacete assobradadoFoi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca

Construimo nossa maloca

Mais um dia, nóis nem pode se alembrá

 Veio os home com as erramenta e o dono mandô derrubá...

[...]

Que tristeza que nóis sentia, cada táuba que caía

Doía no coração...

[...]

Foto 5 - Rio de Janeiro

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Geografa

Quadro 4

  Ave Maria do morro - 1942Hrivlto martins 1912-1992

Barracão de zinco, sem telhado, sem pinturalá no morro barracão é bangalôlá não existe elicidade de arranha-céu

[...]tem alvorada, tem passarada ao alvorecer [...]e o morro inteiro, no m do diareza uma prece: ave maria

Uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não sãoaladas da mesma maneira pelos seus usuários, ou seja, há uma gran-de variedade de ormas de expressão oral. Isso já existia desde a anti-guidade. Havia, por exemplo, o latim vulgar (popular), o qual deu ori-gem à Língua Portuguesa, que dieria do latim culto.

 As pessoas de dierentes locais, idades, prossões ou classes sociaispossuem ormas distintas de se expressar, e esta orma não é a mesmaem todas as situações, pois algumas exigem ormalidade e outras não.

 A nossa linguagem oral também diere da escrita. Pelo sotaque pode-mos identicar a origem de uma pessoa?

 As línguas variam de grupo social para grupo social, de região pararegião e também de situação para situação. Por exemplo, é reqüente

jovens serem orientados para, ao procurar um emprego, não se apre-sentarem para a entrevista alando gíria. Nessas ocasiões é comum ouso da norma culta.

Nos poemas é possível identicar a condição social do narrador-personagem. Enumere os objetos

geográcos, presentes no texto, que possibilitam esta identicação.Os dois poemas apresentam alguma relação com o que está sendo apresentado neste Folhas? Comente.

ATIVIDADE

Bem, você já deve ter percebido que existem dierentes espaços,como: condomínios echados, bairros residenciais de classe média,bairros operários, avelas, shopping, praças, locais de diversão... Aconstrução destes espaços obedece a interesses econômicos, sociais eculturais. Será que os usuários de tais espaços são os mesmos?

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EsioMédio

OslugarescomoObjetosdeCosumo Você já pensou na possibilidade de comprar uma mercadoria, um

produto e não levá-lo para casa? Será que isso é possível?

Com a intensicação da globalização imposta pelos avanços nosmeios de transportes e telecomunicações, pessoas, produtos e serviços

passaram a circular pelos dierentes continentes com maior rapidez eacilidade, passaram a percorrer maiores espaços em menor tempo. Acultura dominante passou a ser mostrada como o modelo a ser segui-do através dos meios de comunicação de massa. Indiretamente, esti-mulam os consumidores visuais a adotarem determinados padrões quelhes são passados pela TV, pois estes sim são modernos, sinônimos deprosperidade, de sucesso, de modernidade.

Para muitos, essa massicação cultural poderia representar a extin-ção da diversidade cultural. Os lugares estariam se tornando homogê-

neos em todo o planeta. Tudo estava cando igual. Nesse contexto, ga-nha destaque a produção do lugar para o turismo.

 As pessoas vão para um local distante para ver “a mesmice” queexiste onde elas residem? Ou as pessoas viajam para conheceremlocais e culturas distintas? E você, quando viaja, procura o dieren-te ou o amiliar?

Para atender a determinado tipo de turista (consumidor tempo-rário de espaços), verica-se a dierenciação dos lugares, onde os

 vilarejos, as pequenas, médias ou grandes cidades tentam manterdeterminadas dierenças para que estas sejam consumidas pelos tu-ristas. Muitas cidades encontram na manutenção dessas dierençassua onte de renda no mundo globalizado. Este oi o jeito que taislugares encontraram para se inserirem na globalização, oerecendo-se como espaços de consumo culturalmente dierenciados, algumas

 vezes evidenciando modos de vida (ex.: turismo rural, turismo ét-nico, ecoturismo).

No momento atual, denominado pelo grande estudioso e pro-essor Milton Santos (1926-2002) de período técnico-cientíco-in-ormacional, criam-se novas ormas de consumo, denominadas de

não-material, como o turismo. Para atender a essa nova orma deconsumo que é visual, criam-se lugares turísticos, repletos de en-cantos, tornando o espaço “coisas”, mercadorias passíveis de seremconsumidas, objetos de desejo. Podemos citar como exemplo des-sa produção de lugares alguns parques temáticos, como o Beto Car-reiro World (SC), o Play Center (SP), a Disneylândia (inicialmente

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Geografa

Que tal azer uma lista com 10 dierentes locais do Brasil e do mundo que você gostaria de visitar eaqueles que não gostaria.

Pense em organizar sua lista a partir do local de maior desejo e do local de maior rejeição, em duas

colunas. Justique cada escolha.

ATIVIDADE

Mas como um lugar torna-se vendável ou deixa de sê-lo? Comoesses elementos tornam-se alvos de nosso desejo? Através da intensapublicidade, meios de comunicação, das inovações tecnológicas, dasestratégias do mercado, dos modismos esportivos e culturais e cri-térios estéticos. Os lugares turísticos precisam viver inovando em su-as técnicas para atrair os turistas com novas oertas e investir muito

em publicidade para não perder valor nesse mercado. Esses são mo-tivos pelos quais os lugares são valorizados ou desvalorizados a ca-da momento histórico.

Nesse contexto, o valor simbólico da paisagem é apropriado pe-la publicidade e é incorporado ao desejo das pessoas (ao imaginário),passando a ter valor de venda, como se osse uma mercadoria.

Com a evolução tecnocientíca, os deslocamentos humanos peloplaneta tornaram-se mais rápidos e ecientes. Empresas de transporteaéreo e terrestre viram no turismo um meio de obter lucro associan-

do-se às redes de hotelaria para promoção da imagem de um lugar,através dos pacotes turísticos, vendidos através de agências que ho-je, muitas vezes, são virtuais. Para ilustrar e acilitar nossa compreen-são espaço-temporal veja, na tabela 1, os dados elaborados por DavidHarvey (proessor de geograa da Universidade de Oxord - EstadosUnidos) sobre a evolução dos deslocamentos humanos.

nos Estados Unidos e que hoje se espalha por diversos países doglobo), o Hoppi Hari (SP), consumidos por crianças, adolescentese adultos, além de resorts como Costão do Santinho (SC), Costa doSauípe (BA), dentre outros.

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EsioMédio

Podemos dizer que, até o início do século XIX, se um rei desejas-se ser conhecido pelos seus súditos, ele precisava percorrer as vilasde seus domínios a cavalo ou em uma carruagem. No início do século

 XX, os meios de transporte já tinham mudado, mas os lugares não se-

riam tão acilmente conhecidos como hoje. Através da televisão, da in-ternet, pessoas se tornam mundialmente e instantaneamente conheci-das, assim como os lugares.

Em meio a esse processo de marketing do lugar, verica-se o or-talecimento das estas regionais, do artesanato, da culinária. A cultu-ra local ressurge, ganha orça, mas não mais como manutenção pura esimples da tradição cultural, e sim como uma mercadoria de valor, al-go para ser vendido ao consumidor, o turista. Como exemplos, pode-mos citar: o estival olclórico de Parintins (AM), onde oi construído

o Bumbódromo, para os bois Garantido e Caprichoso realizarem seusdesles (bumba-meu-boi); o carnaval do Rio de Janeiro; as estas juni-nas do Nordeste brasileiro, sendo as estas de Campina Grande (PB) eCaruaru (PE) as mais amosas.

Espaços produzidos tecnicamente para atrair turistas (resorts, esta-ções de esqui, águas termais, etc.), que não divulguem intensamentesua mercadoria, sua imagem e seu discurso, podem rapidamente sersubstituídos por outros. É o imaginário coletivo que determina se umlocal vai ser muito ou pouco procurado. Através da propaganda, divul-ga-se o paraíso, um mundo mágico onde os sonhos podem se tornarrealidade. É a ação da magia do discurso divulgado pela intensa publi-cidade. Caso esse discurso não atinja seu alvo, um local produzido tec-nicamente pode “morrer” para o interesse das pessoas.

 Velocidade dos meios de transporte ao longo da história:

1500

1840

 A média de velocidade das carruagens e dos barcos a vela erade 16 Km/h

1850

1930 Locomotivas a vapor, 100 Km/h; os barcos a vapor, 57 Km/h

1950 Aviões a propulsão voavam a 480-640 Km/h

1960 Jatos de passageiros voam a 800-1000 Km/h

Font: Harvy, apd Trigo, 2002, p. 20

TABELA 1

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Geografa

 Assim, os locais são criados e também podem car decadentes.Existe um jogo de interesses econômicos, uma estratégia de consu-mo, que az com que isso aconteça. Os mesmos interesses que vo-cê pôde constatar na construção do espaço urbano também podemser constatados na produção do espaço turístico, consumível por uns,mas inacessível a tantos outros.

Com a inovação tecnológica e cientíca, o “mundo cou menor”,pois a velocidade dos deslocamentos aumentou, possibilitando a umapessoa realizar a aventura de dar a volta na Terra em, aproximada-mente, 80 horas.

Entretanto, não podemos nos esquecer que tudo é uma questãode acessibilidade, que pode ser analisada por vários aspectos. Umdeles é o dinheiro: tê-lo representa grande possibilidade de mobi-lidade, pois pelo ato de não tê-lo, uma pessoa pode passar a vi-da sem sair das proximidades do local de nascimento, mesmo nos

dias de hoje.Outro aspecto da acessibilidade não envolve somente o dinhei-

ro, pois eu posso chegar a Paris (França), situada a aproximadamente10.000 Km de distância de Curitiba, em menos tempo do que eu gasta-ria para chegar a Manicoré (Amazonas-Br), visto que eu teria que ir deavião até Manaus (aproximadamente 4.000 Km de Curitiba) e depoispegar um barco que levaria muitas horas para chegar lá, num percur-so total que representa a metade da distância até Paris. Você entendeuestes aspectos tratados?

 Após ter lido essa breve discussão sobre as dierentes ormas de produção e apropriação do espa-ço geográco, que tal realizar uma análise da conguração do espaço de sua cidade? E aí, você produzou consome espaço? Ou produz e consome? O que me diz?

ATIVIDADE

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EsioMédio

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DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

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Geografa

6

PARA ONDE VAIS?Roslia maria Soars Loch1

que leva as pessoas a saírem

do seu local de origem? Oque elas sentem ao chegar

num lugar novo?

1Institto d edcação do Paraná Pro. eraso Piloto - Critiba - PR

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Mudam os tempos, mudam as vontades… Mas o motivo de ir e vir das pessoas é quase sempre o mesmo: sobrevivência. Se na épo-ca dos homens das cavernas esse era o principal objetivo do nomadis-mo, imagine hoje!

Pense nas pessoas que saem do campo para a cidade ou da cidade pa-ra o campo; de uma cidade do interior (Porto Vitória/Pr, Missal/Pr) para

outra maior (Curitiba/Pr, Londrina/Pr) ou vice-versa, da cidade grandepara a cidade do interior; de um país (Brasil) para outro (Estados Uni-dos, Japão) ou vice-versa. O que leva estas pessoas a saírem do seulocal de origem? O que elas sentem ao chegar num lugar novo? Comose dá a relação daquele que chega com o morador do local? Como é aadaptação de quem muda de um lugar para outro? 

O enômeno migratório sempre esteve presente na história da hu-manidade. Ao abordar as razões desse deslocamento populacional,precisamos considerar os movimentos da população e as suas implica-

ções na estruturação do espaço geográco. Esses movimentos ocorre-ram com dierentes intensidades, nos diversos períodos históricos. Leiao quadro 1 para enriquecer seus conhecimentos.

Quadro 1

Na metade do século XX ocorreu uma das mais expressivas migraçõesorçadas, provocada por confitos religiosos entre muçulmanos e hindus,após a Índia conquistar a sua independência, em 1947. Esse confito cul-minou com a divisão do território da antiga colônia britânica em dois países:

um para os muçulmanos, o Paquistão e outro para os hindus, a Índia. Maisde 17 milhões de muçulmanos viram-se orçados a abandonar as áreas emque viviam na Índia para irem morar no Paquistão.

Font: meDICI, m. d C. Gograa: a poplação ndial. 2002. Txto adaptado.

Os grandes deslocamentos de pessoas provocaram povoamento deregiões e modicações nas relações sociedade-natureza e sociedade-sociedade nestes espaços.

De que maneira as migrações desencadeiam mudanças nessas rela-ções? Discuta com seus colegas e anote as conclusões.

Fazer reerência aos movimentos populacionais (migrações) im-plica compreender a existência de um movimento de saída e um ou-tro de chegada. Esses movimentos podem ser internos, dentro de ummesmo país, ou internacionais, que são os que acontecem entre paí-ses: emigrantes – saem do país de origem; e imigrantes – entram emum país que não é o seu.

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Geografa

Os movimentos populacionais, internos ou externos, podem ser es-pontâneos, quando a migração é livre; ou orçados, quando as pessoassentem-se obrigadas a migrar, como é o caso do tráco de pessoaspara a escravidão e das perseguições de ordens diversas: religiosas,políticas, étnicas ou ambientais. No Brasil temos, como exemplo deemigração orçada, as perseguições políticas que muitos brasileiros

soreram por ocasião da Ditadura Militar de 1964 (veja o quadro 02),condenando-os ao exílio.

Teoricamente, essa época deveria ser protagonizada pelo “silên-cio”, melhor dizendo, pela alta de liberdade de expressão (veja o qua-dro 2 – Ditadura Militar). Porém, nem os burocratas encarregados dacensura conseguiram calar a criatividade da Música Popular Brasileira(MPB). Chico Buarque, cantor e compositor, cansado de ser persegui-do e ter suas canções censuradas, inventou um personagem, Julinhoda Adelaide, com o qual assinou algumas composições. Outros auto-

res também usaram letras de músicas para azer protestos, muitas ve-zes velados, naquele momento político.

Quadro 2

Ditadura Militar (1964-1979): oi um movimento defagrado em marçode 1964, no estado de Minas Gerais, sob o comando do general OlímpioMourão Filho, contra o governo instituído do presidente João Goulart, queperdeu o comando no dia seguinte. O movimento estendeu-se até 1985.Embora a abertura política tenha sido instaurada a partir de 1979, só em1985 tomou posse um presidente civil, José Sarney, ainda eleito pelo

Congresso Nacional de orma indireta. Apoiado por empresários, proprie-tários rurais e setores da classe média, o movimento reagiu principalmenteàs “reormas de base” propostas pelo governo com o apoio de partidos deesquerda, acusando o presidente de pretender estabelecer uma “repúbli-ca sindicalista”. O período caracteriza-se pelo autoritarismo, supressão dedireitos constitucionais, perseguição policial e militar, e utilização da tortu-ra dos presos e seqüestrados que se opunham ao regime. A liberdade deexpressão nos meios de comunicação oi suprimida mediante a adoçãoda censura prévia. Foi de extrema importância para os governos militares

o papel desempenhado pelo Serviço Nacional de Inormação (SNI), criadopelo general Golbery do Couto e Silva.Font: enciclopédia encarta, 2001. Txto sistatizado pla atora.

No Quadro 3, leia a letra da música Sabiá, de Chico Buarque, e apoesia Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Quadro 3

SABIÁTo Jobi Chico Bar – 1968

 Vou voltar Sei que ainda vou voltar 

Para o meu lugar [...]

[...]Sei que ainda vou voltar 

 Vou deitar à sombraDe uma palmeiraQue já não háColher a for Que já não dá...

[...]

[...]Foi lá e é ainda láQue eu hei de ouvir cantar Uma sabiá

CANÇÃO DO EXÍLIOGonçalvs Dias – 1847

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

 As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais fores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

[...]

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desrute os primoresQue não encontro por cá;Sem que ainda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Na música de Chico Buarque explique que relação ela tem com os atos que ocorriam naquele período.

 Analisando a Canção do Exílio e Sabiá, aça uma analogia entre as duas poesias escritas em períodos

históricos dierentes. Você pode procurar a letra inteira da música e/ou ouví-la para auxiliar seu trabalho.

ATIVIDADE

 As migrações espontâneas ou orçadas ainda podem ser controla-das, é o que acontece quando o Estado controla, ou tenta controlar, aentrada e/ou a saída de pessoas.

De maneira geral, os fuxos migratórios têm sido alvos de discus-sões polêmicas, haja vista os confitos e problemas acontecidos nasáreas receptoras – questão de território X invasão de ronteiras X con-trole do Estado. Muito se tem discutido sobre os impactos no mercadoeconômico e na cultura das áreas de imigração.

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Geografa

Faça a leitura dos textos 1 e 2. Após a leitura, discuta as questões propostas.

 Apresente as conclusões.

ATIVIDADE

Texto 1

 A ONU (Organização das Nações Unidas) calcula que, dentro de cinco anos (a partir de2005), 50 milhões de pessoas vão ser consideradas reugiadas ambientais devido a proble-mas desta natureza nas regiões onde vivem. Estima, ainda, que hoje já existem tantos re-ugiados ambientais quanto pessoas que são orçadas a deixar suas casas por causa dedistúrbios políticos ou sociais. Entre os problemas ambientais que deixam as pessoas reu-giadas estão: o esgotamento do solo, a deserticação, enchentes, terremotos e outros de-sastres naturais.

Font: ONu – mndo trá 50 ilhõs d rgiados abintais 2010. Disponívl http://y.opra.co/RichardCoopr/blog/ show.dl/42474. Acssado 13/10/ 2005.

Texto 2

Em novembro de 2005, ocorreu um grave confito social na França. Há 30 anos, o pa-ís estava aberto a uma onda maciça de imigração proveniente de países subdesenvolvidos.Sem uma política de controle da imigração, nem mesmo uma preocupação com as con-seqüências inevitáveis que essa chegada maciça de estrangeiros iria provocar nas eseras

política, econômica e social, entraram na França cerca de 10 milhões de estrangeiros. Se-gundo as notícias divulgadas pelos meios de comunicação social, a maioria dos imigran-tes – árabes e negros – não se integrou à sociedade rancesa, nem mesmo teve a intençãode azê-lo, pois consideram seus bairros como territórios que lhes pertencem. A maior par-te dos habitantes dos subúrbios que soreram distúrbios e incêndios apresenta uma atitudehostil ao Estado. Indiscutivelmente, a imigração maciça está no centro da crise social do pa-ís. Após os episódios de violência, as autoridades rancesas perceberam o quão é impor-tante contar com políticas de controle da imigração. Espanha, Alemanha, Portugal e outrospaíses da Europa não devem reproduzir os erros soridos pelas primeiras gerações de imi-

grantes, devem tirar lições da violência que sacudiu a França e rever a situação social dosimigrantes. A exclusão social oi a razão do confito, além de outro ato agravante: se os es-trangeiros legais estão marginalizados nos subúrbios, imaginem a situação dos ilegais, maisexpostos à armadilha da criminalidade.

Txto sistatizado pla atora

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Aproudadooassuto!

Quem quiser emigrar para a Austrália, para os Estados Unidos da América (EUA), para o Canadá ou para qualquer outro país precisapedir uma autorização junto à embaixada ou consulado do país

para onde pretende viajar, a m de saber quais são os requisitosnecessários.

Cada país usa dierentes critérios e exigências para a entrada e per-manência de estrangeiros.

 Você sabe quais são os critérios e exigências adotados pelo Brasilpara a entrada de um estrangeiro? As pessoas que moram nos paísesda América do Sul precisam de vistos para entrar no Brasil?

Na Europa, persiste uma política mais relacionada com o contexto

imediato do mercado de trabalho: se precisar de trabalhadores, abre aporta, se o mercado de trabalho não está bem, echa.

  Apesar de serem múltiplas as razões que levam as pessoas adeixar para trás as suas raízes culturais e construir uma nova vida emlugares muitas vezes desconhecidos, o principal responsável pelosatuais movimentos migratórios acontecidos na maioria dos países é oator econômico.

Se a Europa echar suas ronteiras e criar critérios para entradas de imigrantes no seu território, irá provo-car mais problemas ou irá resolvê-los?

 A entrada de novos imigrantes é temida por muitos, sob a alegação de se perder tradições e valo-res tão acalentados pelos países europeus. Será que isto pode ocorrer realmente?

Outra questão ligada à imigração é o aumento dos movimentos xenóobos que vêem os imigrantescom desconanças e receios. Que movimentos são estes? Por que isto acontece?

A questão da imigração é, para a Organização das Nações Unidas (ONU), uma questão de direi-tos humanos, pois está reconhecido internacionalmente o direito de circulação. Porém, é curiosoque exista o direito de se deixar um país, mas não o de entrar em outro. Como você interpreta es-ta questão?

Qual será o destino dos 50 milhões de pessoas reugiadas ambientais? Antes de responder, pense:

quem são essas pessoas? Lembre-se, qual era o perl dos desabrigados ambientais deixados pe-la passagem do uracão Katrina nos Estados Unidos?

ATIVIDADE

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Geografa

 Vamos refetir mais um pouco! As migrações econômicas são orçadas ou espontâneas? Discutacom seus colegas e apresente as conclusões.

DEBATE

Os primeiros movimentos migratórios intercontinentais tinham na-lidade de explorar e/ou colonizar novas terras. A Europa oi um impor-tante oco de emigração quando, no período das grandes navegações(a partir do século XV), permitiu o deslocamento de europeus para asáreas recém-descobertas, principalmente da América.

Os países que mais perderam população no fuxo migratório ocorrido entre 1800 e 1920, daEuropa para América, oram o Reino Unido, Itália, Alemanha e Espanha. E entre os que mais rece-beram imigrantes, destacaram-se a Argentina, o Brasil, os Estados Unidos e o Canadá.

Font: mÉDICI, miria d Cássia,2002, pág.62

Essa emigração européia continuou por muito tempo. A mais ex-pressiva emigração que ocorreu da Europa para a América oi ao longode todo o século XIX (1801-1900) e dos primeiros 25 anos do Século

 XX. Calcula-se que a saída de europeus tenha ultrapassado a casa dos60 milhões de pessoas. Esse deslocamento populacional oi em decor-

Destino dos emigrantes europeus – 1800/1920

Escala aprox. 1 : 201 500 000

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

De acordo com a leitura, você conheceu os atores que determinaram o grande luxo depessoas da Europa para a América durante o século XIX e o início do século XX. Realize umtrabalho de pesquisa com o objetivo de identiicar as características das migrações que ocorreramna Europa no pós-guerra.

ATIVIDADE

OvaievemdetrodoBrasi... A história da ormação do povo brasileiro é marcada a partir de fuxos

migratórios, da busca contínua pela conquista da sobrevivência. As mi-grações no Brasil não ocorreram ou ocorrem por causa de guerras, comoaconteceu e ainda acontece em muitos países, mas pela inconstância dosciclos econômicos em cada momento da história e de uma economia pla-nejada independentemente das necessidades da população.

 A seguir você conhecerá alguns momentos da história do Brasil que

oram responsáveis pelas andanças da população, andanças estas quese basearam na ormação de áreas de atração e de repulsão de popula-ção. Observe como as migrações acompanham as distintas ases de de-senvolvimento econômico do país.

Os primeiros movimentos migratórios ocorridos dentro do Brasil o-ram os realizados pelos indígenas, que eram sociedades nômades. Apósa chegada dos portugueses, os movimentos migratórios de alguns des-tes povos passaram a ser orçados. Expulsos das suas terras pelos por-tugueses, eram obrigados a migrar para o interior do Brasil. Além disso,muitas tribos soreram um lento e progressivo extermínio pelos portu-

gueses.

rência de um conjunto de acontecimentos, de ordem social e econômi-ca, que uncionou como ator de repulsão populacional para a Europae de atração populacional para a América. Entre os quais se destaca-

 vam como motivo de repulsão, o estado de miséria de uma parcelaexpressiva dos habitantes europeus; como motivo de atração, as van-tagens econômicas oerecidas por muitos países do continente ameri-cano aos europeus que se dispusessem a viver no novo território.

 Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo presenciou uma mu-dança signicativa no quadro dos fuxos migratórios. Os países ae-tados pela guerra, especialmente os europeus e o Japão, que erampaíses de emigração, reconstruíram suas economias e alteraram suacondição migratória. De países emigratórios, transormaram-se emáreas de imigração.

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Geografa

Nessa primeira ase do povoamento, ocorreu a ocupação inicialdo litoral brasileiro e posteriormente o estabelecimento da agroin-dústria canavieira no Nordeste. Devido a maior proximidade com aMetrópole e às condições naturais avoráveis, como o clima e o solo,a cultura da cana-de-açúcar se xou na zona da mata nordestina, oinessa área que se xou também o colonizador (leia o Folhas “O Bra-sil podia ser dierente?”).

Com o passar do tempo, o povoamento extravasou a área deplantio e de industrialização da cana, alcançando o agreste e o ser-tão nordestino. A atividade responsável pela penetração mais parao interior do Brasil oi a pecuária, encontrando um estímulo para oseu desenvolvimento pelo ato da população do engenho represen-tar um mercado de consumo de carne e couro. Um ato proeminen-te, determinado pela criação do gado, oi o desenvolvimento do co-mércio externo de couros e sola, sem alar na carne seca, ou charque,um dos elementos básicos da alimentação das classes menos avore-

cidas e dos escravos.Devido à concorrência das plantações de cana nas Antilhas, a pro-

dução do açúcar brasileiro soreu uma queda nos preços, declinan-do este ciclo econômico. Com o aparecimento da mineração, e conse-qüentemente declínio da produção açucareira, o Nordeste deixou deser área de atração populacional e passou a condição de área de repul-são. Minas Gerais e regiões de Mato Grosso e Goiás nos séculos XVIIe XVIII, tornaram-se áreas de atração populacional, principalmente naprimeira metade do século XVIII.

 A atividade mineradora oi responsável, em grande parte, pelo in-tenso movimento interno migratório, principalmente pelos desloca-mentos da população, não só do planalto paulista, mas também doNordeste açucareiro e da Bahia. Esse deslocamento da economia im-plicou também no deslocamento do centro político-administrativo daColônia. A capital deixou de ser Salvador e passou a ser a cidade doRio de Janeiro, bem mais próxima da região de mineração. Com o pas-sar dos tempos, a ase da mineração começou a declinar.

O que você imagina que tenha ocorrido para que o declínio da mineração acontecesse?Pesquise e responda.

ATIVIDADE

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

MudaaEcoomia,MudaaDireçãodasMigraçõesDiante da decadência desta atividade, a prática da agricultura oi a al-

ternativa encontrada por muitas populações das zonas de mineração.

 As migrações internas nesse período, em busca de melhores solospara o desenvolvimento da agricultura, conduziu muitos colonos de Mi-

nas Gerais a migrarem para São Paulo. Muitas cidades do Nordeste doEstado de São Paulo tiveram seus núcleos iniciais undados no início doséculo XIX por populações de Minas Gerais. É o caso de Ribeirão Pretoe Franca, além de outras.

No início do século XIX, o caé oi se tornando o principal produto deexportação brasileiro. Sua lavoura situava-se no vale do Paraíba, entre aserra do Mar e as Minas Gerais. A cultura caeeira ortaleceu a região cen-tro-sul, pois estradas surgiram para o escoamento do produto para o litoral,portos oram aparelhados e estradas de erro construídas. A mão-de-obrausada oi a escrava, mas com a abolição da escravatura, no nal do sécu-

lo, quem passou a trabalhar na agricultura caeeira?

 As áreas de repulsão de população nesse período compreendiamparte de Minas Gerais, Bahia e demais estados que compõem a re-gião Nordeste. Com a expansão da caeicultura para outras áreas, ocaé oi criando condições para o deslocamento de populações emoutras direções, como: sul de Mato Grosso e as érteis terras do Nor-te do Paraná.

E o algodão? Na segunda metade do século XVIII o cultivo do algodão tornou-se uma das mais im-portantes atividades econômicas da Região Nordeste, competindo até com a cana-de-açúcar. Portugalexportava o algodão para a Inglaterra, grande produtora de tecidos. Essa atividade começou a decair no início do século XIX, quando os Estados Unidos entraram na concorrência pela venda do produto. Oque aconteceu com a população do Nordeste que produzia o algodão?

ATIVIDADE

Outro ator que estimulou ainda mais as migrações internas no Bra-sil, oi o avanço das plantações de caé, a construção de errovias e ro-dovias que passaram a ligar dierentes lugares do interior, onde o caéera produzido, ao litoral, de onde saía para o exterior.

Na mesma época da expansão da caeicultura, segunda metade doséculo XIX, uma outra atividade econômica, a extração da borracha,atraiu contingentes populacionais para a sua área de ocorrência – a

 Amazônia. Uma grande seca no Nordeste, nesta época, e uma imensa

rede fuvial de transporte também contribuíram para o deslocamento

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Geografa

populacional para a Amazônia. O mundo consumia crescentes volu-mes de derivados do látex após a aplicação industrial do processo de

 vulcanização, descoberto em 1848.

Deve-se a esses deslocamentos de populações do Nordeste para aporção ocidental do Brasil a anexação do Acre ao território brasileiro,pois antes, o que hoje é o Estado do Acre, pertencia à Bolívia. Na dé-

cada de 1910, a região entrou em decadência em razão das plantations  asiáticas, especialmente da Malásia, que superaram em larga escala aprodução brasileira de borracha.

O que são plantations ? Quais se desenvolveram no Brasil?

ACrisedoCaéeoIíciodaIdustriaização:novasMigraçõesEm 1929, o caé passou por uma crise, refexo da crise mundial

que atingiu o capitalismo em unção da superprodução da indústria debens de consumo. Com a decadência do caé, em 1930, devido a que-da do preço do produto no mercado internacional, a economia passanovamente por um processo de transormação.

Inicia-se então a exportação de outros produtos da agricultura e dapecuária, e algumas indústrias (de calçados, roupas e alimentos) apre-sentam um grande crescimento. O desenvolvimento industrial do paísdeterminou também a existência de ortes movimentos migratórios in-ternos, sobretudo do Nordeste para o Rio de Janeiro e São Paulo, ondeeste segmento da população constituiu a base do operariado.

É a partir de 1950 que a indústria brasileira realmente se desenvol- ve, provocando a vinda de grande parte da população do espaço ru-ral para o espaço urbano.

Outra ase de deslocamento de população para a Região Norte ocor-reu na época da construção da rodovia Transamazônica (BR – 230), e deoutras rodovias ederais nessa região, além da atuação do Instituto Na-cional de Colonização e Reorma Agrária - INCRA - desde 1970.

No período de 1956 a 1961, o fuxo continuava com a construçãode Brasília que absorveu grande parte de operários (candangos) oriun-

dos do Nordeste e Minas Gerais e a construção da Rodovia Belém-Bra-sília (BR – 153). Estes oram atores que estimularam o fuxo migrató-rio interno para o Planalto Central. Calcula-se que cerca de 2,5 milhõesde pessoas se xaram ao longo da rodovia Belém-Brasília.

Muitas amílias, na sua maioria da região Sul e muitas do Nordeste,dada a diculdade de obter ou mesmo comprar terras na região de ori-gem – especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul – buscaram asronteira agrícolas da Amazônia, projeto este que azia parte dos pro-gramas de colonização e ocupação da Amazônia, promovido pelo go-

 verno nas décadas de 1970 e 1980.

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Muitas correntes migratórias continuamredenindo a organização espacial das socie-dades atuais. O crescimento das cidades, aurbanização, o êxodo rural, os deslocamen-tos entre cidades, o surgimento das metrópo-les e o desenvolvimento econômico local ti-

 veram contribuição das migrações.

O Sudeste é considerado a região de maioratração populacional, principalmente as gran-des cidades, que receberam e ainda recebemgrandes contingentes populacionais. Tal atotem agravado a situação das cidades, pois asmesmas não possuem uma inra-estrutura urba-na para atender a uma crescente população.

Na esperança de encontrar trabalho nosgrandes centros urbanos da região Sudeste, umgrande número de nordestinos tem se aventu-

rado numa viagem que, na maioria das vezes,não tem retorno. Quando chegam ao destino,os imigrantes encontram uma realidade bemdierente da que esperavam: alta de emprego,de moradia, violência urbana, etc. A ausênciade escolaridade e o despreparo para exerceroutras unções mais qualicadas só lhes oere-cem opção de sobrevivência. O retorno ao lu-gar de origem é muitas vezes impossível por-

que lhes altam condições para isso.

- Nessa situação, onde moraria o nossomigrante?

 Analise a ilustração.

Vamosrecapituar!

Organize, em seu caderno, uma tabela com os dados apresentados apartir da leitura. Identique as ases de desenvolvimento econômicodo país e as de áreas de atração e de repulsão da população. Utilizeo modelo da tabela a seguir.

Título:

 Ano/década Fase econômica Área de atração Área de repulsão

Comentário:

Charge 1

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Geografa

 Assim como na época da Ditadura Militar a música se ez presenteabordando através das composições o momento histórico vivido pelopaís, os movimentos migratórios internos também são temas de mui-tos compositores brasileiros. Vamos lembrar a música “Peguei um itano Norte” de Dorival Caymmi. Esta letra oi escrita quando a migraçãoera intensa no país.

Peguei um ita no norteDorival Cayi

Peguei um Ita no nortePra vim pro Rio morar 

 Adeus meu pai, minha mãe Adeus Belém do Pará

[...]

 Talvez eu que por lá

[...]

[...] Tô há bem tempo no RioNunca mais voltei por lá

Pro mês “intera” dez anos Adeus, Belém do Pará

Dorival Cayi (1914- ), copositor, cantor violonista brasiliro.

Nasc Salvador, 30 d abril d 1914. músico atodidata,

coço cantando tocando na Rádio Clb Bahia, nos anos 1930.

Quando essa música oi escrita? Pesquise a que momento histó-rico a letra se reere e elenque as razões que levavam à migraçãonaquele período.

Como você pode perceber, são múltiplas as razões que azem o bra-sileiro migrar dentro do seu próprio país, mas o êxodo rural é o exem-plo mais representativo dos fuxos migratórios campo-cidade no Brasil.

 A saída do campo em direção às cidades tem representado para muitosbrasileiros a possibilidade de construir uma vida nova, com mais quali-

dade do que a vivida no campo. A maioria, ao chegar às cidades, perce-be que seus desejos são apenas sonhos de diícil realização.

Para você, é a cidade que atrai o homem do campo ou o campo que o expulsa? Quem são osresponsáveis pela saída do homem do campo?

DEBATE

Quadro 4

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Basta o governo investir na geraçãode empregos? Os trabalhadores neces-sitam “tomar medidas” para garantir ouconseguir seu emprego?

Liste em seu caderno e depois dis-cuta com os seus colegas: Quais se-riam as medidas que um empregadodeve tomar para garantir sua empre-gabilidade? Que medidas cabem aogoverno para gerar mais empregos?

Embora os fuxos migratórios en-tre as grandes regiões brasileiras te-nham grande importância na dinâmi-ca da população, recentemente surgiue vem ganhando orça processos mi-

gratórios localizados no interior de cada região. É possível identicarnovas características da migração interna no país, entre elas, o papeldos movimentos intra-regionais na recuperação demográca de de-terminadas áreas marcadas no passado pela evasão populacional.

Os estados do Sudeste, que no passado recebiam muitos migran-tes, em especial do Nordeste, hoje também mostram grande fuxo desaídas para outras áreas. As direções e sentidos dos fuxos migratóriosmostram uma conguração mais complexa desse enômeno, que re-

quer novas interpretações. A migração, que no passado representou amobilidade social através dos projetos de ocupação e povoamento deáreas pouco exploradas e povoadas assentou uma parcela considerá-

 vel da população brasileira.

  Atualmente podemos perceber que essas áreas que no passadoeram consideradas de atração, depois de um certo tempo, podem setransormar em áreas de expulsão, quando os atores responsáveis pe-la produção de riqueza se esgotam. No auge do caé muitos migrantesoram para São Paulo e Paraná e em seguida, o declínio desta cultura,expulsou-os para os estados do Norte e Centro-Oeste do Brasil. Pode-mos concluir que atração e repulsão acontecem no mesmo local, tudo

 vai depender do momento histórico e econômico do país.

Charge 2

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Geografa

ReerêciasBibiográfcasEnciclopédia Microsot Encarta: Movimento militar de 1964. 2001.

MÉDICI, M. de C.. Geograa: a população mundial: ciências humanas e

suas tecnologias. 1 ed. São Paulo: Nova Geração, 2002.

ObrasCosutadasBAENINGER, R. Tendência das migrações internas no Brasil. In: Revista

Ciência Hoje, Rio de Janeiro, Vol. 37, nº 219, Set. 2005.

DAMIANI, A. L. População e geograa. São Paulo: Contexto, 2004.

GEORGE, Pierre. Geograa da população. Col. “Saber Atual”, nº 1187, 3

ed. São Paulo: Editora Diel, 1974.MARTINS, D.; VANALLI, S. Migrantes. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2004.

RUA, João et ali (Org). Para ensinar geograa. Rio de Janeiro: Editora

 Access, 1993.

 VELASCO e PONTES, V. Para onde vais? Revista INTERIOR, Ano VI, Nº

30, pág.04-13, Jan/Fev. 1980.

DocumetoscosutadosOnlInE 

http://my.opera.com/richardcooper/blog/show.dml/42474. Acesso em: 13

out 2005.

O maior desao hoje consiste em resolver os problemas das áre-as de repulsão de população, pois os homens sempre procuram se -xar onde existem melhores condições de vida material e também so-cial. Por isso a necessidade de se criar uma economia sem violentos

desequilíbrios regionais, para que a população possa se distribuir me-lhor pelo espaço.

E você, para onde vai?

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Geografa

7

NADA A VER?TUDO A VER!

marcia Rgina Garcia1

ocê acredita existir algumarelação, alguma orma de

identidade entre as ações

citadas na charge abaixo?

Há alguma coisa em comum

nos confitos citados? Que interes-

ses levam estas pessoas a brigarem, a

echarem ronteiras, a praticarem aten-

tados à vida?

1Colégio estadal Barbosa Frraz - Andirá - PR

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DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

O espaço geográco pode explicar.

O que você aria se invadissem sua casa? Ou, se ossem assistir, em suacasa, ao nal de um campeonato, mas... torcendo para o outro time?

Então, vamos pensar! Se o espaço geográco tem a ver com isso,quais seriam os conceitos da Geograa presentes aí?

 Você certamente já ouviu alar em território. Mas o que é território?

“(...) extensão considerável de terra; torrão. Área de um país ou estado,ou província, ou cidade, etc. Base geográca do Estado, sobre a qual exer-ce ele sua soberania (...)” (FeRReIRA, 1986)

“Área terrestre, seu espaço aéreo e mares vizinhos, organizados em umEstado soberano.” (GIOVANNeTTI; LACeRDA, 1996, p. 208)

Durante muito tempo as denições apresentadas eram a única or-ma de território reconhecida na sociedade civil, e ao alarmos ou ou-

 virmos tal palavra nos vinha ou ainda vem à mente sentimentos nacio-nalistas. Entretanto, nas últimas décadas, a situação começou a mudare surgiram discussões sobre a existência de novas territorialidades.

 Atualmente, território tem sido denido como um espaço estabele-cido e delimitado através de relações de poder – político e/ou econô-mico – e estas relações podem ou não estar associadas ao Estado. Es-te território pode ser contínuo ou descontínuo.

Mas, o que é um território descontínuo?

 Ao longo de milhares de anos, os territórios oram estabelecidos e

mantidos pela orça, pelas relações de poder. Assim, não são e nuncaoram eternos, mas mutáveis, transormáveis, readaptáveis, moldáveis,rágeis ou não. Por exemplo, lembra do Reino Unido de Portugal e Al-garves? Este era o nome do Brasil, que na época era território de Por-tugal, ou seja, azia parte daquele Estado. Embora geogracamente dis-tantes, ormavam um só reino - olha o território descontínuo aí!

Hoje, a relação colonial entre países não está mais institucionalizada,mas existem outras relações que ormam territórios descontínuos, são osterritórios-rede. Você consegue imaginar isso? Consegue perceber estes

territórios na realidade vivida? Assista aos telejornais e anote as notíciasque você acha que se reerem à idéia de território descontínuo.

No momento vivenciado por nós, onde a velocidade das transor-mações são intensas, temos diversos territórios em dierentes escalasgeográcas. Do mundo até o bairro ou a casa, existem várias escalasde análise do espaço; este dimensionamento do grande para o peque-no, do macro para o micro é o que chamamos de escala geográca.Por exemplo, há territórios “opacos” – como os territórios dos bichei-ros, das prostitutas, dos narcotracantes, das gangues, das minorias ét-nicas – dentro de territórios “luminosos”. Amplie a conversa lendo o

quadro 1.

Quadro 1

milton Santos sa tais x-prssõs para s rrir alocais acla dn-sidads técnicas inora-cionais, atraindo ais invsti-ntos (linosos) o ondsts stão asnts (opa-cos). uso-as para rrir- atrritórios rconhcidos lgal-nt (linosos) os não

rconhcidos (opacos), asnão dando aior iportânciaa a otro.

Vja ais sobr st assn-to no Folhas “Dinhiro traz -licidad?”

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Geografa

 Alguns confitos envolvem dierentes grupos étnicos dentro de ummesmo Estado, pois há povos que ormam uma nação sem Estado.Ocupam um território, mantém suas características culturais (religião,idioma e tradições), mas não possuem independência, reconhecimento.

 Você já ouviu alar disso? Conhece algum exemplo? 

Entre os diversos confitos étnicos que existem, o que ocorre naIrlanda do Norte e o que ocorre na Espanha e França (País Basco – mapa 1) serão tratados aqui. Você pode pesquisar outros, diversosdeles são noticiados na TV todos os dias.

 A região denominada “País Basco” (Euskadi, em vasconço – idio-ma local) abrange o Norte da Espanha e o Sudoeste da França. Do pri-meiro país, engloba as províncias de Álava, Guipúscoa e Biscaia e as

províncias autônomas de Navarra; do segundo, engloba as regiões deSola, Lapurdi e Baixa Navarra.

O povo basco está estabelecido, historicamente, neste mesmo ter-ritório há aproximadamente 5 mil anos, entretanto há indícios que re-montam sua cultura à pré-história européia. Resistiram às sucessivasinvasões de romanos, visigodos, rancos, mouros, dentre outros.

  A população bascasempre tentou mantersua independência eco-

nômica, política, sociale territorial. A partir doséculo IX iniciou-se, naPenínsula Ibérica, a or-mação de vários reinosindependentes, comoLeão, Aragão, Navarra eCastela; cando o povobasco concentrado nes-tes dois últimos.

Por que existem brigas entre grupos étnicos? O que representam estes grupos? Por quequerem territórios?

ATIVIDADE

Mapa 1 - País Basco

Hoje se ala em territórios fexíveis, cíclicos, descontínuos, isto é,territórios que podem mudar em curto, médio ou longo prazo. Mas nomomento, estudaremos outros territórios, aqueles que envolvem dis-puta entre dierentes grupos étnicos.

O CASO DOTERRITÓRIO BASCO

Escala aprox. 1 : 58 700 000

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No século XVI, parte do Reino de Navarra oi anexado à Espanha eparte à França, cando o povo basco dividido entre esses dois países.

Os bascos conservaram, desde a Idade Média, relativa autonomia admi-nistrativa e comercial, embora tivessem que pagar tributos aos dominado-res, sendo duramente reprimidos em muitos momentos de sua história.

Em 1931, com a queda da monarquia espanhola, os bascos inicia-

ram nova tentativa de independência. As divergências políticas inter-nas eram grandes e o descontentamento era geral. Nas eleições de1936, republicanos, socialistas e comunistas se uniram na Frente Po-pular, obtendo vitória. O governo, com maioria de esquerda, anistioupresos políticos e ez uma reorma agrária; no entanto os confitos derua continuavam (articulados pela direita). Num dos confitos, um líderde direita oi assassinado, abrindo caminho para a ação do exército dogeneral Francisco Franco, dando início à Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Franco pediu apoio a Hitler para realizar um grande ataque sen-do prontamente atendido, realizando muitos bombardeios em Madri.

Hitler viu nesse confito uma orma de testar novas armas de guer-ra e, juntamente com Franco, escolheu um local para um bombardeioininterrupto de sua orça aérea. A cidadezinha de Guernica oi escolhi-da, pois era um alvo ácil, desarmado, onde havia um grande carvalhoembaixo do qual, desde a Idade Média, os reis espanhóis juravam res-peitar o conselho, as leis, os costumes dos bascos. Também era umademonstração do que aconteceria com todos aqueles que sonhavamcom uma Espanha ederalista. Aproximadamente 40% da populaçãooi morta ou erida. Tal acontecimento cou imortalizado pelas mãosde Pablo Picasso - pintor e desenhista de origem espanhola.

 A autonomia regional oi abolida na ditadura de Francisco Franco,sendo reestabelecida parcialmente em 1979, com a assinatura do Tra-tado do Estatuto de Autonomia de Guernica.

Os bascos resistiram à aculturação mantendo suas tradições e sualíngua (euskera ou vasconço), que não apresenta nenhuma semelhançacom as demais aladas no continente. Segundo os bascos, a ronteira deseu país (território) é nítida, sendo delimitada pela língua, ou seja, come-ça onde se ala o vasconço e termina onde este deixa de ser usado.

Na França, a população basca é pequena, mas na Espanha, esta é vis-

ta como ameaça. Em alguns momentos viveram um massacre silenciosoe indireto, pois tiveram a proibição do ensino de seu idioma nas esco-las, como tentativa de ‘matar’ o elo cultural que une seu povo, não po-dendo se maniestar política e culturalmente.

AlutapeoTerritórioBasco:OSurgimetodaETA Nesse contexto surgiu, em 1959, a ETA (Euskadi Ta Askatasuna – Pá-

tria Basca e Liberdade), originado do conservador PNV (Partido Nacio-nalista Basco, undado em 1894), a partir da atividade de vários grupos

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Geografa

culturais e políticos que atuavam na sociedade. A ETA é uma organiza-ção que objetiva conseguir a independência do país Basco, incorporan-do a este todas as áreas onde se ala o euskera, pois, conorme já citado,é por meio do idioma que suas ronteiras são estabelecidas.

Posteriormente, a ETA aderiu à luta armada, transormando-se emgrupo terrorista. A opinião popular cou dividida, pois muitos são con-

tra a violência como orma de conseguir a autonomia basca, porém ou-tros deendem que a luta armada é a única orma de consegui-la.

 A questão é ampla, envolvendo aspectos culturais, políticos e eco-nômicos, pois o País Basco é uma das regiões agrícolas mais desenvol-

 vidas da Espanha, além de possuir grande concentração industrial (Bil-bao, um centro siderúrgico, e Guipúscoa, com destaque desde o século

 XVI na produção de armas). Será que a questão econômica é uma dasrazões da negação da independência para a região?

 AQuestãoTerritoriaaIradadonorteO outro caso de confito étnico que vamos tratar é o da Irlanda do

Norte (Ulster), onde o confito também é latente, envolvendo questõespolíticas e culturais, tendo como pano de undo a divergência entre ca-tólicos e protestantes.

Por que católicos e protestantes não conseguem viver em harmonianos dias de hoje, quando em outros países isso é possível? Será que é areligiosidade a raiz do confito, como a mídia procura demonstrar? 

Suas origens remontam ao século XII, quando a Irlanda passou a serdominada pela Inglaterra, período em que ainda não havia ocorrido aragmentação do cristianismo, intensicando-se com o surgimento do an-glicanismo, no século XVI.

 A Irlanda é habitada desde 6.000 a.C. aproxima-damente. Primeiro a sociedade organizava-se emclãs, depois passou a organizar-se em pequenos es-tados sob o governo de um rei e, posteriormente,um rei supremo e eletivo. Do século IX ao século

 XI, a ilha passou a ser atacada por incursões vikin-gs, enraquecendo o poder local.

Em 1170 iniciou-se a invasão anglo-normanda,com sucessivas batalhas, terminando com a assina-tura, em 1175, do Tratado de Windsor, pelo qual aIrlanda passou a ser um eudo da Inglaterra. Como

  vassala, deveria pagar tributos, ornecer homensao exército e obedecer ao soberano inglês. Na dis-tribuição dos eudos, o rei dava privilégio a nobresingleses, orçando os irlandeses à servidão.

Figura 1 - Irlanda e Reino Unido

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

No século XVII, intensicam-se as lutas pela posse da terra, por au-tonomia política e divergências religiosas, pois o anglicanismo já haviasido declarado como religião ocial da Inglaterra e os irlandeses per-sistiam no catolicismo. Não aceitar a imposição religiosa era uma or-ma de resistência cultural.

Nesse contexto de intensas disputas, em 1641, os irlandeses (católi-cos) atacaram os ingleses (protestantes), sendo violentamente reprimi-dos por Cromwell, num longo massacre prolongado, pela resistência,até 1652, levando ao extermínio grande parte da população irlandesa.

 A maior parte das terras do país oi distribuída entre soldados e nan-ciadores do exército puritano. Muitos sobreviventes emigraram e ou-tros oram escravizados.

Os confitos e a opressão do dominador sobre o dominado persis-tiram. No século XIX, o nacionalismo irlandês ganhou nova orma ao

assumir um aspecto mais cultural e econômico, iniciado com a tentati- va de reviver seu idioma, o gaélico, nas escolas, pela organização co-operativista na agricultura e a tentativa de industrialização. Muitos o-ram os levantes pela independência.

 AlutaArmadapeaPossedoTerritórioComo tentativa de eliminar o poder inglês e conquistar a indepen-

dência, surgiu, em 1919, o IRA - Exército Republicano Irlandês.

 A Irlanda tornou-se Estado independente em 1921, em meio a or-tes confitos e movimentos sociais, entretanto a Inglaterra mantevesob seu poder o norte (Ulster). A independência só oi reconhecidaapós a Segunda Guerra Mundial, passando a denominar-se Eire, masuma porção norte ainda permaneceu junto ao Reino Unido – Irlan-da do Norte.

Os irlandeses nunca aceitaram a separação, pois ainda desejam tertodos os irlandeses unidos num mesmo Estado-nação. Nesse contexto,o IRA atuou reivindicando a unicação do país, alternando momentosde reivindicação pacíca da população com atentados terroristas.

O Ulster é uma região de solo értil, que concentra um grande par-que industrial, destacando-se a indústria têxtil, automotiva, construçãonaval, aviação, eletroeletrônicos e muitas indústrias de bens de consu-mo não-duráveis, além de petróleo.

 A minoria católica (42%) deseja a unicação com a Irlanda, ato queé contestado pela maioria protestante (58%), que controla o governoe ocupa os melhores postos de trabalho, desejando a permanência daunicação com o Reino Unido.

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Geografa

  Aprounde seu conhecimento sobre o assunto e procure chegar a uma conclusão sobre estecomplexo e antigo confito. Ele é motivado pela intolerância religiosa ou deveria ter outra conotação?

Existem outros motivadores?

PESQUISA

 AQuestãoTerritoriadosCurdosOutro caso de confitos étnicos territoriais é, por exemplo, o dos

curdos no Oriente Médio, que ormam uma grande nação a lutar pelaindependência e reconhecimento de seu território, o Curdistão.

Os curdos são descendentes de pastores e vivem há milhares deanos nas montanhas da Ásia Central, ato que permitiu a manutençãode sua cultura, apesar do contato com outros povos.

No passado oram dominados por romanos, persas e otomanos.Muitos se reugiavam nas áreas montanhosas.

 A dominação motivou a união dos curdos, a m de expulsar os in- vasores de suas terras, reivindicando um Estado baseado na língua enas tradições curdas.

Com o m da Primeira Guerra Mundial,acreditaram na possibilidade da criação doCurdistão, pois o Império Otomano havia

sido derrotado. Tal ação oi mencionadano Tratado de Sèvres, de 1921. Entretan-to, a Turquia oi contra, pois na área oramdescobertas jazidas de petróleo e existia omedo da propagação da revolução Russa.

 A Inglaterra optou por dividir o Curdistãoentre Turquia, Síria e Iraque.

Os anos que se seguiram oram de durarepressão, principalmente na Turquia, onde

o idioma curdo chegou a ser proibido.

Faça uma pesquisa sobre os recursos minerais existentes na região pretendida pelos Curdos ediscuta com colegas e proessor os possíveis interesses que inviabilizam sua independência.

PESQUISA

Mapa 2 - Área geográfca-cultural do Curdistão

Escala aprox. 1 : 18 500 000

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

 Após a Segunda Guerra Mundial, a União das Repúblicas Socialis-tas Soviéticas (URSS) apoiou a independência dos curdos (Repúblicade Mahabad), mas a infuência dos Estados Unidos da América levououtros países da região a demonstrar rivalidade para com a URSS, quedecidiu pela retirada do apoio.

No período de 1980/1988, durante a guerra Irã X Iraque, os curdos

se viram no meio do confito, devido à sua localização. Aproveitan-do a ocasião, a Turquia intensicou os ataques aos curdos, pois era achance de eliminar um povo indesejado. Após o m da guerra, os mas-sacres passaram a ser praticados por parte do governo Iraquiano, de-sencadeando um grande movimento migratório para vários países daregião, nos quais, muitas vezes, não oram aceitos.

 Você já ouviu alar da Chechênia? É outro confito de origem étnicae territorial. Na Rússia, os habitantes da Chechênia lutam por sua inde-pendência, adotando práticas consideradas, por alguns, como atos ter-roristas, destacando-se o atentado ao teatro em Moscou, em outubro

de 2002, e à escola em Beslan, em setembro de 2004.

  Você concorda com a rase; “O m justica os meios”? Qual a sua opinião sobre atentadosterroristas? Por que tais países não concedem a independência desses povos, já que esta é tãodesejada? Aprounde suas pesquisas sobre cada um dos casos citados e veja se existe algo em

comum entre eles.

ATIVIDADE

Existem inúmeros confitos étnicos espalhados pelos continentes,com maior ou menor intensidade, indo desde a segregação em guetosou bairros até ao extermínio (ou tentativa) de parte da população. Al-guns desses confitos são ignorados pela mídia, como o caso dos ame-ríndios do Brasil, dos Estados Unidos e dos aborígenes da Austrália, quepor séculos estão sendo atacados em nome do progresso, da evolução,sempre tratados como ineriores. Outros recebem mais ou menos impor-tância nos sistemas de telecomunicações globais, dependendo de inte-resses em divulgar ou não tais massacres. Podemos nos lembrar do casodos Bantos, perseguidos por Tutsis, no Burundi; na Nigéria, com a pro-clamação da República de Biara, pelos Ibos que provocaram uma car-nicina deste povo pelo governo da Nigéria; na República Sérvia e Mon-tenegrina; na Somália; na Palestina...

Neste contexto, onde se encontra a Organização das Nações Unidas(ONU)? E a Declaração dos Direitos Humanos?

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Geografa

 As dierenças étnicas podem levar a questões geopolíticas sérias ou isso é uma questão de menor importância?

Pesquise os motivos que levaram à Primeira Guerra Mundial.

PESQUISA

 Você sabe quando a ONU oi criada e qual a sua unção? Como o nível de atuação dos países-membrosencontra-se estabelecido? Já leu a Declaração dos Direitos Humanos? Faça uma pesquisa para um debate,

em sala, com colegas e proessores, não esquecendo de contextualizar a situação mundial atual.

ATIVIDADE

Nos últimos anos, os habitantes dos ‘países do sul’ (pobres) passa-ram a ser barrados nos ‘países do norte’ (ricos). Os imigrantes são ex-plorados, hostilizados e menosprezados. Desenvolveu-se certa aversãoao estrangeiro pobre, uma xenoobia que, em alguns casos, chega aoextremo. Ressurgiram grupos neonazistas atuando em dierentes paí-ses, inclusive no Brasil.

Os imigrantes são acusados de causar o aumento do desemprego,orçar a baixa dos salários (pois a necessidade os az aceitar qualquer

 valor pelo seu trabalho), aumentarem os gastos com previdência, con-taminar as culturas, dentre outros. O ‘Norte’ rico echa suas ronteiraspara o ‘Sul’ pobre, esquecendo-se que no passado o movimento mi-gratório oi inverso. O ‘outro’ passou a ser visto como uma ameaça porpartidos políticos de extrema direita. Este ‘outro’ quase sempre é o tra-balhador latino-americano ou aricano.

 Verique se um europeu (inglês, rancês...) e um sul-americano (brasileiro, boliviano...) enrentam amesma burocracia para entrar legalmente nos EUA.

Pesquise os países preeridos para migrações em busca de trabalho e localize-os num mapa-mundi,estabelecendo origem e destino.

PESQUISA

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DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

 A migração de trabalhadores não é um evento novo, mas a globa-lização tem intensicado tal processo. (Amplie seu conhecimento vejao Folhas “Para onde vais?”).

Neste contexto de confitos, com dierentes níveis de intensida-de, surgem novos conceitos, como o de desterritorialidade, entendi-do como a “perda do território apropriado e vivido em razão de di-

erentes processos derivados de contradições capazes de desazeremo território” (CORReA, 1998, p. 252). A partir da perda do território, os des-territorializados procuram criar novas territorialidades ou reterritoria-lidades, “seja através da reconstrução parcial, in situ, de velhos terri-tórios, seja por meio da recriação parcial, em outros lugares, de umterritório novo que contém, entretanto, parcela das características do

 velho território (...)” (CORReA, 1998, p.252).

Em meio a tantos confitos, existe hoje um grande número dedesterritorializados vivendo em campos de reugiados em vários países,ou imigrantes clandestinos. Entretanto, essa desterritorialização não

deve ser vista apenas pela perda ísica do território, pois o conceito  vai além. Há a desterritorialização cultural, comum aos migrantes,que chegam ao local de destino e logo procuram recriar neste umnovo território, com parcelas do velho território, como orma deidenticação simbólica com a região de origem.

 Você conhece alguém que tenha passado por este processo de desterritorialização e reterritorializa-ção? De onde essa pessoa veio? Quais diculdades enrentou? Você pode conversar com ela e pergun-tar, que tal?

ATIVIDADE

É o caso dos gaúchos que vão para o Nordeste e Centro-Oeste. Nonovo território, sul-rio-grandenses, catarinenses, paranaenses e pau-listas perdem sua naturalidade, pois a população local identica-oshomogeneamente como “gaúchos”. Todos são considerados gaúchos,

pois são oriundos do “sul”.No novo território, as pessoas procuram recriar seus vínculos e

estes são estabelecidos, principalmente, com ‘os de ora’. Percebe-seuma ‘rede de solidariedade’, onde ocorrem reuniões de grupos ‘oras-teiros’ para almoços, jantares e pescarias em ns de semana, dos quaisparticipam inclusive os recém chegados, como uma orma de inclusão.

 A identidade se dá pelo não pertencimento ao local. Pessoas que nun-ca se viram, que eram estranhas, tornam-se ‘solidárias’. Os laços se or-mam majoritariamente com os ‘estranhos do sul’, e não com os ‘estra-

nhos da terra’.

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Geografa

O sentimento de “ser de ora” cria laços de solidariedade, amiza-de, identicação, azendo ressurgir o sentimento de pertencimento emmeio ao elo perdido. Conorme destaca Andrade (1998, p.214), “(...) a or-mação de um território dá às pessoas que nele habitam a consciênciade sua participação, provocando o sentimento da territorialidade que,de orma subjetiva, cria uma consciência de conraternização entre asmesmas(...)”.

 Assim também procederam os inúmeros nordestinos ao chegaremno sudeste, principalmente em São Paulo, oco de sua concentração;os imigrantes italianos, japoneses, libaneses, ucranianos, alemães e tan-tos outros, que procuraram recriar seu território (ou parte dele) comoorma de identicar-se no novo território que os ‘acolhe’, mesmo quepara os do local isso pareça invasão. Reterritoriarizaram-se através daarquitetura, da culinária e demais aspectos culturais, procurando criarum espaço de reerência identitária, relembrando com certo saudosis-mo o local deixado para trás, como os alemães de Witmarsum, os ucra-

nianos de Prudentópolis e tantos outros. Assim também procedem atualmente os brasileiros que vão para os

EUA, países europeus, Japão e outros, onde brasileiros encontram-seem restaurantes que servem comida típica, lojas que vendem produtosconsumidos habitualmente por nós, centros de diversão que uncio-nam como ponto de encontro, realizam estas tradicionais como car-naval, tudo na tentativa, mesmo que inconsciente, de manutenção daidentidade.

Segundo Paul Claval,

“(...) como undamento das identidades, a cultura reúne os homens ou os se-para. Quando as pessoas aderem às mesmas crenças, dividem os mesmos va-lores e associam suas existências a objetivos próximos, nada se opõe a queeles se comuniquem livremente entre si. Mas, desde que saiam do grupo noqual se sentem solidários, suas atitudes mudam: a desconança se instala,as trocas se tornam uma onte de ameaças, na medida em que elas podemquestionar a estrutura sob a qual oram construídas a personalidade dos in-divíduos e a identidade dos grupos (...). (CLAVAL, 1997, p.105).

 Após esta exposição de idéias, que não tem como objetivo esgotar o assunto, tamanha sua abrangênciae complexidade, volte à questão inicial: briga entre torcidas de utebol, echamento de ronteiras para imigran-tes e ações de grupos terroristas como o ETA e o IRA tem tudo a ver? Ou nada a ver? O que você acha?

ATIVIDADE

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

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Geografa

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Geografa

8

PASSA POR SUA CABEÇA TER MUITOS FILHOS?

Roslia maria Soars Loch1

or que uma decisão tão

especial como esta pode

acarretar, no uturo próxi-

mo, importantes mudanças

na estrutura de uma população?

Por que atualmente as mulheres

têm menos lhos em relação às

gerações passadas? Será que esta redu-ção no número de lhos por mulher

atinge a população de todas as regiões

no mundo? Em que momento da história

mundial da população a ecundidade*

tornou-se elemento responsável por um

novo padrão demográco?

1Institto d edcação do Paraná Pro. eraso Piloto - Critiba - PR

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Quadro 1

*Fecundidade: A cn-didad é ntndida coo

o núro édio d lhos a lhr tria aolongo d s príodo r-prodtivo (15 a 44 anos,o 15 a 49 anos, o ain-da 20 a 44 anos, sgn-do as atoridads d divr-sos paíss). Do ponto dvista dográco, a análisda cndidad tnta dir

gra coo vãoocorrndo os nascintos. A iportância stá no atod sts vão dtri-nando, conjntant coa ortalidad as igra-çõs, o crscinto a s-trtra da poplação. Ta-bé, o núro d lhos as lhrs tê s-tá stritant rlaciona-do co aspctos tais cooa variação da idad d ca-santo, , por sa vz,sor infência d atorscltrais (rligiosos), co-nôicos (coo cris co-nôica atraso da idadd atriônio), políticos(coo a política dográ-ca da China, pnali-

zava casais co ais d lho).

Font: Atlas Socioconôicodo Rio Grand do Sl.Disponivl http://www.scp.rs.gov.br /ATLAS /atlas.asp?n=302

Para responder estas questões e outras relacionadas ao crescimen-to da população, precisamos ir além dos números e das estatísticas. Apopulação não é algo que que reduzida apenas a números. É preci-so considerar as classes sociais que a compõem, seus confitos e suasrelações sociais, seu modo de vida e seu tipo de produção econômica.De acordo com as condições e as possibilidades de vida de cada país,cada nascimento assume um signicado particular.

 Antes de entrarmos no contexto da população brasileira, é neces-sário refetirmos sobre o contexto internacional organizado a partir docapital, ou do sistema capitalista. O nosso reerencial é a RevoluçãoIndustrial, que oi um enômeno muito mais amplo que o crescimentoda atividade abril. Toda a sociedade oi atingida havendo, a partir da-quele momento, prounda transormação institucional, cultural, políti-

ca e social. (Veja o Folhas “A indústria já era?”).Durante as primeiras ases da história, a população obedecia às leis

gerais da natureza. O crescimento demográco estava intimamente re-lacionado ao aumento do território, dos alimentos e recursos disponí-

 veis, bem como às ormas de organização social e o domínio técnicoque uncionavam com extrema ecácia como atores limitadores des-te crescimento.

 A partir do século XVIII, certo número de países soreu uma proun-da transormação que alterou, signicativamente, a vida da sociedade.

Estas transormações oram desencadeadas pela chamada Revolução In-dustrial. Progressos técnicos na agricultura e na indústria emergente, au-mento da rede de transporte e outras transormações no espaço geo-gráco, sobretudo nas cidades, modicaram substancialmente a vida dohomem no ocidente. Lembremos que as cidades neste período tinhampéssimas condições sanitárias, não dispunham de rede de água ou es-gotos nem mesmo nos bairros habitados pela burguesia. Aos poucos, amelhoria nas condições sanitárias e o conhecimento de antibióticos e va-cinas proporcionaram a redução das taxas de mortalidade.

Inicialmente homens, mulheres e crianças, trabalhavam nas indús-

trias, os primeiros azendo jornadas que chegavam a 80 horas sema-nais ou seja, mais de 11 horas diárias, sem descanso. Mais tarde, de-

  vido à organização dos trabalhadores em associações e depois emsindicatos, houve regulamentação da jornada de trabalho, além de ou-tras políticas trabalhistas que oram, aos poucos, determinando melho-res condições de vida, bem como proibindo o trabalho inantil. Apesarda proibição, ainda ocorrem práticas de exploração do trabalho inan-til como as existentes na carvoarias em Minas Gerais.

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Geografa

 A indústria, desde sua ase inicial de expansão, em alguns países daEuropa, necessitava de trabalhadores e de consumidores para os seusprodutos. Muitas pessoas atraídas pelas novas perspectivas de traba-lho e pelos beneícios encontrados nas cidades, saíram do meio rural ese dirigiram às zonas urbanas, engrossando a população das cidades ereduzindo o número de habitantes do campo. As transormações tam-bém oram para o meio rural, aonde chegaram novas tecnologias pa-ra a produção agrícola. Isto avoreceu a liberação de trabalhadores ru-rais, que se dirigiram às cidades para ocupar novos postos de trabalhonas atividades urbanas.

Os primeiros países que se industrializaram oram também os primei-ros que se urbanizaram. Parte deles tornou-se, mais tarde, integrante dogrupo dos países desenvolvidos, graças ao processo histórico que lhes

possibilitou excelente nível de crescimento econômico e social.Com o decorrer da Revolução Industrial na Europa, e com os avanços

dela advindos, aconteceu o que muitos denominam de explosão demo-gráca, ou seja, ocorreu um elevado crescimento natural ou vegetativo(CV) resultado da dierença entre o número de nascimentos e mortes.

Para se ter uma idéia, oram necessários milênios para que o contin-gente populacional mundial atingisse a marca de 1 bilhão de habitantes,o que ocorreu por volta de 1850. Este crescimento estava condiciona-do a atores limitantes, tais como a ome, as doenças (peste) e a guerra.

O índice de crescimento da população mundial, entre 1650 e 1750, oide 0,3% por ano e, entre 1750 e 1850, de 0,5%. A partir de 1850 houvecrescimento da população, em torno de 2% a 2,5% ao ano.

Ocorreu uma acentuada diminuição nas taxas de mortalidade, pro- vocando assim a explosão demográca. Para muitos, esse crescimentopopulacional representava uma conquista do homem que, ao se adap-tar melhor à vida no planeta, conseguia viver cada vez mais. Para ou-tros, o crescimento populacional era motivo de preocupação e deveriaser combatido, pois anunciava grandes problemas uturos.

Quando a explosão demográca ainda se anunciava, o pastor,economista e demógrao inglês Thomas Robert Malthus (1766 - 1834),em sua obra “Ensaio sobre a população”, considerava que o cresci-mento populacional era tido como uma das principais limitações aoprogresso da sociedade. Segundo ele, o crescimento ilimitado da po-pulação não se ajustava à capacidade limitada dos recursos naturaisexistentes no planeta.

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Malthus armava que a população, quando não controlada, crescenuma progressão geométrica – PG; enquanto que os meios de subsis-tência crescem numa progressão aritmética – PA. A solução apontadapor ele era a sujeição moral, isto é, o homem não deve se casar en-quanto não tiver recursos sucientes para sustentar a amília. Conside-rava esta idéia como melhor argumento para se reduzir à natalidade,

além disso, condenava as práticas de anticoncepção.

Quais eram as conseqüências do crescimento populacional apontadas na teoria de Malthus? Ele te- ve razão? Deram créditos às suas idéias na época? Faça uma pesquisa sobre isso.

PESQUISA

 Ao lançar suas idéias, Malthus propunha ao poder público criar me-didas para controlar o crescimento da população. Ele também era con-trário à Lei dos Pobres, que existia na Inglaterra, que obrigava o Estadoprover as necessidades humanas vitais aos menos avorecidos. Essa lei,para ele, estimulava o crescimento populacional descontrolado, poisamparava justamente aqueles que mais procriavam e menos tinhamcondições de sustentar os lhos que colocavam no mundo.

Malthus acreditava também que a redução da jornada de traba-lho e o aumento de “salário além do nível de subsistência incentiva-ria o ócio e o desperdício e seria gasto em bebedeira e esbanjamento.”(ALVeS CORReA, 2003)

 Você concorda que ter momentos para o lazer e um salário quepermita alguns gastos extras leve ao ócio e ao vício?

Será que essa Lei dos Pobres tem alguma semelhança com os programas implantados no Brasil,como: Bolsa-Escola, Vale-Gás, Bolsa-Alimentação, Cartão-Alimentação, Vale-Leite? Esses programasincentivam mesmo a natalidade entre os pobres? E você, o que pensa desses programas?

ATIVIDADE

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Geografa

TrasiçãoDemográfca

O conceito de transição demográca oi usado pela primeira vezpor Warren Thompson no ano 1929. Foi elaborada a partir da interpre-tação das transormações demográcas soridas pelos países que par-

ticiparam da Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX, até os diasatuais. A partir da análise destas mudanças demográcas oi estabele-cido um padrão que, segundo alguns demógraos, pode ser aplicadoaos demais países do mundo, embora em momentos históricos e con-textos econômicos dierentes.

O gráco “Fases da Transição Demográca” demonstra as asesdesta teoria.

   T  a  x  a  s   (  %   )

0

1

2

3

4

1a 2a 3a  p  r   é -  t  r  a  n  s  i  ç  ã  o

Tempo

NatalidadeMortalidade

Fases da Transição Demográfca 

 A Primeira Fase (Pré-industrial) é marcada pelo equilíbrio demo-gráco e por baixos índices de crescimento vegetativo, apoiados emelevadas taxas de natalidade e de mortalidade. Nascem muitos, mastambém morrem muitos. A mortalidade elevada era decorrente princi-palmente das precárias condições higiênico-sanitárias, das epidemias,das guerras, da ome, etc.

Na Segunda Fase (transicional), temos as seguintes modicações:num primeiro momento, a redução da mortalidade devido ao controlede epidemias e aos avanços médicos (decorrentes da Revolução Indus-trial), porém a natalidade ainda se mantém elevada, ocasionando um

grande crescimento populacional; depois, a natalidade começa a cair,reduzindo-se então o crescimento populacional.

E por m, na Terceira Fase (evoluída), a transição demográca secompleta com a retomada do equilíbrio demográco, agora apoiadoem baixas taxas de natalidade e de mortalidade. Atualmente estão nes-sa ase os países desenvolvidos, a maior parte apresenta taxas de cres-cimento ineriores a 1% e até negativas. Nesses países o crescimento

 vegetativo se encontra estagnado.

Font: organizado pla atora.

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Esta idéia se opunha às teorias Malthusianas, e mais tarde a Ne-omalthusianas, pois deendiam que o crescimento populacional ten-deria a um equilíbrio “natural” que acontecia ao longo das ases detransição demográcas. Mas também receberam críticas pois coloca ahistória como responsável por resolver o problema do elevado cresci-mento, pois seria “natural” as três ases, chegando a uma situação deequilíbrio populacional.

 Você acredita que toda população passe pelas 3 ases demográcasapresentadas por esta teoria? Justique sua resposta. 

 A Segunda aceleração do crescimento populacional ocorreu a partirde 1950, posterior à Segunda Guerra Mundial, particularmente nos paí-ses subdesenvolvidos ou países pobres. Esse período oi marcado pelosurgimento de novos países independentes, aricanos e asiáticos e porgrandes conquistas na área da saúde, como a produção de antibióticose de vacinas contra uma série de doenças. Tais conquistas se diundi-ram pelos países subdesenvolvidos graças à atuação de entidades inter-

nacionais de ajuda e cooperação, como a Organização Mundial da Saú-de (OMS) e a Cruz Vermelha Internacional. Além disso, com o processode expansão de empresas multinacionais grandes laboratórios armacêu-ticos se instalaram nos países subdesenvolvidos que se industrializavam.

 Alguns remédios se tornaram, aos poucos, mais acessíveis e baratos. Leiamais no quadro: Você já comeu sua vacina hoje?

Quadro 2

Já comeu sua vacina hoje?

Mesmo após décadas e milhares de campanhas de vacinação, mais de30% das crianças de todo o mundo não têm acesso às vacinas mais impor-tantes: contra diteria, tuberculose, tétano e poliomielite.

No início da década de 1990, Charles Arntzen, do Texas A&M Universi-ty, imaginou uma orma de resolver estes problemas de uma maneira muitobarata e ecaz: preparar alimentos geneticamente modicados, capazes deproduzir vacinas. Bananas, batatas ou tomates que, ao serem consumidos,estariam provindo o organismo com as inoculações necessárias. Os resulta-dos dos testes parecem deixar claro que as vacinas comestíveis são, de ato,

ecazes. Entretanto, várias questões ainda devem ser respondidas, e váriosproblemas precisam ser resolvidos, antes da liberação em massa destas va-cinas. Entre os obstáculos está que a batata deve ser consumida crua.

Esta será a vacina do uturo?

 Tem muito mais para saber sobre este assunto. Que tal azer umapesquisa?

Font: Rvista ltrônica do Dpartanto d qíica – uFSC: Ano 4, disponívl www. c.sc.br/ cwb/artigos/vacinas/indx.htl.

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Geografa

Esse processo denominado revolução médico-sanitária incluiu tam-bém a ampliação dos serviços médicos, as campanhas de vacinação, aimplantação de postos de saúde pública em zonas urbanas e rurais e aampliação das condições de higiene social. Todos esses atores permi-tiram uma acentuada redução nas taxas de mortalidade, principalmen-te a inantil, que até então eram muito elevadas nos países subdesen-

 volvidos. A diminuição da mortalidade e a manutenção das altas taxasde natalidade resultaram num grande crescimento populacional, queatingiu seu apogeu na década de 1960 no Brasil.

Com a nova aceleração populacional, voltaram a surgir estudos ba-seados nas idéias de Malthus, dando origem a um conjunto de teorias epropostas denominadas Neomalthusianas. Novamente, os teóricos pro-põem o controle de natalidade e explicam que o subdesenvolvimen-to e a pobreza agravam-se pelo crescimento populacional, que provo-ca a elevação dos gastos governamentais com os serviços de educaçãoe saúde. Gastos sociais comprometeriam a realização de investimentos

nos setores produtivos e dicultariam o desenvolvimento econômico.Para os Neomalthusianos, uma população numerosa seria um obstácu-lo ao desenvolvimento e levaria ao esgotamento dos recursos naturais,ao desemprego e à pobreza. Enm, ao caos social.

Desse raciocínio, a desordem social poderia levar os países subde-senvolvidos a se alinhar com os países socialistas, que se expandiamnaquele momento (pós-guerra). Para evitar o risco, propunham a ado-ção de políticas de controle de natalidade, que se popularizaram coma denominação de planejamento amiliar.

O planejamento amiliar é eito por entidades privadas e públicas,que se associam à indústria armacêutica e à classe médica e recebemapoio dos meios de comunicação. O controle populacional é realizadode várias maneiras, indo da distribuição gratuita de anticoncepcionais(pílulas e preservativos) até a esterilização (ligação das trompas e va-sectomia) em massa de populações pobres (Índia, Colômbia e Brasil).

 A exemplo do que ocorreu com a teoria de Malthus (Malthusiana),a teoria Neomalthusiana oi e tem sido muito questionada, especial-mente pelos que acreditam que as mazelas sociais existentes nos paí-ses subdesenvolvidos têm raízes bem mais proundas que as geradaspelo crescimento demográco acelerado. Entre os que questionam, es-tão os adeptos da escola reormista. Há os que deendem a idéia deque os miseráveis não são responsáveis por sua miséria e, tampouco,pelo ato de terem muitos lhos. Para eles, a origem da miséria nospaíses subdesenvolvidos tem raízes históricas, como ausência de umapolítica sócio-econômica que permita a melhoria do padrão de vida dapopulação mais pobre.

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

Estas críticas têm suas raízes na teoria Marxista (Marx, 1818-1883)que considera que as causas da ome, da miséria , da pobreza estavamassociadas com o modo de produção capitalista e não simplesmen-te com o crescimento da população. Existem causas mais complexaspara a miséria da população que ultrapassam o desejo pessoal de ter

muitos lhos. Que tal apontar algumas delas?  A polêmica, no entanto entre os Neomalthusianos e os reormistas

ganham outros contornos nos dias atuais, pois está ocorrendo um atoque não estava previsto nas duas análises: há uma diminuição nas ta-xas de crescimento da população mundial, provocada por um expres-sivo declínio da natalidade.

Para ampliar o debate sobre o declínio da natalidade leia e respon-da as questões relacionadas ao texto “França incentiva casais a teremo terceiro lho”.

Quadro 3

França incentiva casais a terem o terceiro lho

França anuncia que vai oerecer incentivos nanceiros aos casais que ti- verem um terceiro lho, numa tentativa de aumentar o índice de ertilidade dasrancesas. A partir de julho de 2006, os pais que tiverem um terceiro lho terãodireito a um ano de licença trabalhista recebendo 750 euros por mês. O obje-tivo desta oerta será de dar um incentivo aos casais ranceses e permitindo aeles uma melhor conciliação dos ritmos prossionais e amiliares.

O índice de ertilidade na França, uma média de 1,9 lho por mulher, é osegundo mais alto da Europa, depois da Irlanda, que se aproxima dos 2. Masainda está abaixo dos 2,07 necessários para evitar um declínio populacional.

 A média da União Européia é por volta de 1,5, sendo que em alguns paísesela é de menos de 1,3, como Grécia, Espanha e Itália.

Especialistas advertem que o declínio do índice de ertilidade pode levar,caso não haja imigração ou medidas para encorajar que casais tenham lhos,a paralisia econômica e a um aumento brutal das contribuições previdenciá-rias, já que haveria um grande aumento no número de aposentados com uma

diminuição no número de jovens contribuintes.O novo incentivo nanceiro será acrescido a um já existente, de três anos

de licença não remunerada dos pais recebendo do Estado 512 euros por mês – o que oi considerado não atrativo para casais de classe média. A novamedida deve custar 140 milhões de euros por ano aos cores públicos.

Font: Agência estado 22/09/2005. Disponívl: http://www.vsp.co.br/noticias/ostra_not.Php?id=60 502

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Geografa

 Após a leitura do texto, vamos debater:

Estas medidas adotadas para promover a ecundidade estão intervindo no espaço privado da vida

amiliar? Como?

E se oportunizassem a entrada de estrangeiros no país? Resolveria o problema ou criaria outro?Justique sua resposta.

Considerando a armação dos especialistas sobre o declínio da ecundidade e as suas conseqüên-cias econômicas, como citado no texto anterior, relacione esta armação com os pensamentos deMarx e Malthus quanto ao problema demográco.

DEBATE

Outro entendimento que devemos ter sobre a população é quanto

ao seu envelhecimento. De acordo com dados do Instituto Brasileirode Geograa e Estatística (IBGE), até 2050 serão cerca de 36 milhõesde idosos no Brasil. Ao lado da região Sul, a região Sudeste é a maisenvelhecida do país. (Veja no mapa 1).

Em 2000, segundo o IBGE, a proporção entre idosos e jovens erade 17,8 idosos para cada 100 jovens. Em 2050, serão 102 idosos paracada 100 jovens. Você ará parte desta população. Que idade terá?

 Alguns grupos políticos armam que com o envelhecimento da po-pulação haverá uma necessidade maior de recursos para pagar a apo-

sentadoria destes. Será que isto é verdade?

Mapa 1 – Proporção da população com mais de 65 anos por estado Mapa 2 – IDH Brasil 2000

Font: Atlas Socioconôico do Rio Grand do Sl. D isponivl http://www.scp.rs.gov.br /ATLAS /atlas.asp?n=302

Escala aprox. 1 : 56 600 000 Escala aprox. 1 : 56 600 000

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EsioMédio

DimesãoCuturaeDemográfcadoEspaçoGeográfco

 Analise os mapas 1 e 2 e aponte se há relações entre o IDH e o en-  velhecimento da população. Faça uma pesquisa procurando os ele-mentos que expliquem estas relações ou as ausências delas.

 Após estas refexões você deseja ter muitos lhos?

ReerêciasBibiográfcas

 ALVES e CORREA. Demograa e Ideologia, In Revista Brasileira de EstudosPopulacionais, Campinas, v. 20, no 2 , p. 129-156, jul-dez 2003.

ObrasCosutadasMÉDICI, Miriam de Cássia (Org). Geograa: a população mundial – Ciênciashumanas e suas tecnologias: ensino médio. São Paulo: Nova Geração,1999.

REVISTA CIÊNCIA HOJE. Rio de Janeiro, Vol. 37, nº 219, set. 2005.

RUA, João et al (Org). Para ensinar geograa. Rio de Janeiro: Editora

 Access, 1993.

DocumetosCosutadosOnlInE  Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponivel em http://www.scp.rs.gov.br /ATLAS /atlas.asp?menu=302

MOREIRA, Morvan de Mello. Mudanças estruturais na distribuição etáriabrasileira: 1950-2050. Disponível em: http://www.undaj.gov.br/tpd/117a.html. Acesso em 20 set. 2005.

Faça uma pesquisa sobre o sistema de previdência pública, mais conhecido por Previdência Social,investigando que tipo de beneícios são oerecidos por este sistema.

PESQUISA

 Visite o site www.previdenciasocial.gov.br/pgsecundarias/benecios.asp e discuta com seus cole-gas se o aumento da população idosa é realmente o causador das diculdades nanceiras apresenta-da por este Ministério.

DEBATE

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Geografa

ANOTAÇÕES

RIOS-NETO, E.L.G. Dia Mundial de População. Disponível em: http://www1.olha.uol.com.br/sp/mundo/t2703200513.htm. Acesso em: 02 de out2005.

 www.portal.mec.gov.br/index2.phlp. Acesso em: 23 abr 2006.

 www.qmc.usc.br/qmcweb/artigos/vacinas/index.html. Acesso em: 23 abr 2006.

 www.vsp.com.br/noticias/mostra_not.php?id=60502

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EsioMédio

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DimesãoEcoômicadoEspaçoGeográfco

 A Terra é nossa nave, e com ela navegamos pelo espaço sideral. Hámilhares de anos o ser humano vive nesta nave, ocupando e transor-mando sua crosta. Mas a transormação desta, provocada pelas atividadeseconômicas que conhecemos hoje, começou há bem menos tempo.

No início as transormações se davam como orma de obter meio pa-ra a sobrevivência. Para o proessor e pesquisador Milton Santos (2004),as intervenções seguiam uma série de comportamentos que tinham co-mo razão de ser a preservação e continuidade do meio de vida. Comoexemplo destes comportamentos, podemos pensar nas práticas de pou-sio, na rotação de terras, na agricultura itinerante. Estes e outros compor-tamentos compunham o “comportamento social” do grupo que ali vivia

com relação ao território que ocupava, conciliando, com as técnicas deque então dispunham, o uso e a conservação da natureza e criando con-dições para que ela pudesse ser outra vez utilizada.

 A agricultura, o extrativismo, o comércio, os serviços e o artesana-to eram atividades desenvolvidas para se obter recursos para alimen-tar a amília ou um grupo social. Os excedentes indicavam a prosperi-dade, a possibilidade de maiores trocas ou de garantir a sobrevivênciana estação ria ou seca. A tecnologia existente não permitia alterar osciclos naturais com grande intensidade. Assim, os ritmos da naturezaeram observados e eram motivos de esta.

 Você já participou de estas do tipo “Rainha da Primavera” ou “Ga-rota Verão”? Qual o signicado destas estividades para nossa socieda-de? Estas estas são dierentes das demais? Elas são iguais, por exem-plo, às Festas Juninas?

No passado algumas estividades marcavam o tempo da produção,da preparação da terra, do plantio e da colheita. E estes dependiam doritmo da natureza. Com o desenvolvimento tecnológico e com o ad-

 vento do capitalismo, por volta do século XV, esta ligação sociedade-natureza produzindo e transormando espaço se alterou e intensicou.

O desejo do lucro, ou de maiores ganhos, levava à intensicação daprodução econômica e, conseqüentemente, à transormação e produ-ção do/no espaço.

Mas o que transorma ou produz o espaço? O trabalho humano! Vo-cê já tinha pensado nisto? O mundo que nos cerca é resultado do tra-balho humano.

Dentre todas as espécies, somente o ser humano tem capacidade deexecutar trabalho? O que caracteriza o trabalho? Veja no quadro 1 e nacharge as dierentes denições de trabalho. Com qual você concorda?

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Geografa

Para que o trabalho aconteça, há necessidade de outros recursos,chamados de meios de produção; estes podem ser divididos em meiosde trabalho e objetos de trabalho. Os meios de trabalho são os instru-mentos de produção (máquinas e erramentas), as instalações (ediício,etc.), as ontes de energia utilizadas na produção e os meios de trans-porte. Os objetos de trabalho são os elementos sobre os quais ocorre otrabalho humano (matérias-primas minerais, vegetais e animais, o solo,etc.) Qual é a principal atividade econômica de seu município? Identi-que quais são os principais meios e objetos de trabalho existente nele.

O elemento mais importante para pensar a produção do espaço é

o trabalho. Mas não o trabalho individual, e sim o trabalho social, de-senvolvido pelas sociedades, que criam, desenvolvem e estabelecem ascondições de continuidade da própria sociedade. A cada geração utili-zam-se objetos do passado e acrescentam-se a eles novas criações. Co-mo exemplo disto, pode-se apontar o tear manual que evoluiu para omecânico, capaz de produzir muito mais tecido em bem menos tempo.

 Ao longo da história humana os meios de trabalho vão se alteran-do, a primeira grande transormação oi a domesticação dos animaisde tração e/ou de transporte (bois, cavalos, camelos), isto quando a re-

lação sociedade-natureza apresentava um grande grau de dependên-cia. Por volta do século XVIII aastamo-nos dos ritmos da natureza como desenvolvimento da mecanização. Esta intensicou as transorma-ções, dominações e alterações econômicas do/no espaço.

 Você sabe o que é Revolução Industrial? Já ouviu alar dela? Esta “revo-lução” tem tudo a ver com a mecanização dos meios de trabalho (lembrado tear citado anteriormente?). A Revolução Industrial aconteceu no sécu-lo XVIII, mas seu impacto na produção do espaço oi tão grande que atéhoje soremos suas conseqüências (veja o Folhas “A indústria já era?”).

Quadro 1e Física, trabalho noral-nt é rprsntado por W,do inglês work, é a di-da da nrgia transrida p-la aplicação d a orça aolongo d dslocanto.http://pt.wikipdia.org

e econoia Política, traba-lho consist no tpo ha-

no dspndido na prodção.É ator prodtivo coo éa trra os rcrsos natrais o capital. (Salson – Di-cionário d econoia)

Para o Dicionário da LíngaPortgsa da Porto editora,trabalho é o xrcício d ativi-dad hana, anal o in-tlctal, prodtiva.

Para o Dicionário Hoaiss,trabalho é conjnto d ativi-dads prodtivas o criativas, o Ho xrc paraatingir dtrinado .

Font: Larpank, 2005. http://www.larpank.co.br/ 

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EsioMédio

Com o advento da era industrial, as máquinas passaram a ocuparos mais variados espaços da vida humana (máquinas de lavar, andar,cozinhar). No espaço agrário (campo) aconteceram signicativas trans-ormações. A introdução de maquinários para a preparação da terra,para o plantio e colheita, a seleção das espécies mais adequadas pa-ra a industrialização, alteraram não somente a produção agrícola como

também causaram impactos sociais, visto que grande parcela da popu-lação rural dos países pobres (ou em desenvolvimento) não dispunhade recursos nanceiros para produzir seguindo as novas técnicas (ve-ja o Folhas “Fome: problema econômico?”).

 Assim, com a crescente adoção de técnicas de produção mais ela-boradas para as atividades agrárias, houve uma migração orçada demilhares de amílias para as cidades, pois, não podendo competir comos produtores com condições nanceiras de adotar tais técnicas, estasamílias perderam o meio de produção de onde tiravam a sua sobre-

 vivência. Entretanto, as cidades não tinham inra-estrutura adequada

para receber esta população, levando-as a viver em condições inade-quadas de moradia, saneamento, atendimento à saúde e à educação.Desse modo, o desordenamento do espaço urbano oi agravado emconseqüência de mudanças no espaço agrário.

Mas as transormações do espaço e a evolução dos meios de produçãoe do trabalho continuam em evolução. Segundo Milton Santos (2004), adécada de 1970 oi marcada pelo início da mudança do meio técnico (tec-nicação) para o meio técnico-cientíco-inormacional. Este novo espaçoé marcado pelo desenvolvimento tecnológico, o que possibilitou a ascen-

são da produção fexível em substituição ao modo ordista de produção(veja o Folhas “A industria já era?”). Essa transição modica o território,que sore um processo de desenvolvimento cientíco, técnico e de obten-ção de inormação, elementos que possibilitam a alada globalização (vejao Folhas “Dinheiro traz elicidade?”, “A união az a... ? e “Nós da rede”).

No período da tecnicação (o qual antecede o meio técnico-cien-tíco-inormacional) as transormações e produção do espaço, segun-do os critérios técnicos, eram limitados, pois poucos eram os países eregiões que possuíam domínio da técnica ou podiam utilizá-la. No en-tanto, mesmo nestes poucos, as atividades econômicas desenvolvidas

eram geogracamente concentradas, de modo que as alterações no es-paço estavam longe de ser generalizadas. Continuavam a existir luga-res sem industrialização, sem utilizar máquinas, etc.

O meio técnico-cientíco-inormacional também não se espalha igual-mente por todos os espaços, existem as áreas desconectadas, que podemestar “nas cidades do interior dos Estados Unidos da América ou nos subúr-bios da França, assim como nas avelas aricanas e nas áreas rurais caren-tes chinesas e indianas” (Castlls, 2001, p.54). Este meio possui maior capacidadede intererir, criar hábitos, alterar o modo de vida das populações nos mais

distantes rincões (veja o Folhas “A gente se vê no Shopping ?”).

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Geografa

O meio técnico-cientíco-inormacional é caracterizado pela capa-cidade da sociedade humana de utilizar a inormação e pela agilidadecom que esta percorre o mundo e os lugares, criando o “tempo maisrápido”. E, para isto, os computadores e a internet são elementos es-senciais. Compare o “tempo da internet” com o tempo “natural”, aque-le comandado pelo ciclo das estações. Eles são dierentes? Você conse-

gue explicar o porquê desta dierença?O que é um “tempo mais rápido”? A transormação, produção, recons-

trução, a circulação dos objetos, inormações e pessoas se dão de ormamais veloz. Podemos ver isto principalmente no ritmo de vida das pes-soas das grandes cidades; no tempo que uma gripe do rango leva paracontaminar vários países; no período de tempo que leva entre a queda daBolsa de Valores de Tokyo e a observações de eeitos negativos em nos-sa exportação (veja o Folhas “Dinheiro traz elicidade?”). O tempo agora éditado pelo relógio (“Tempo é dinheiro?”) e não mais pela natureza.

 A cidade, o campo, os lugares e os territórios assistem a transor-mação de suas paisagens, sendo reestruturados para este novo tempo.Os espaços assumem novas unções – turismo, indústrias, setor terciá-rio superior, etc., tudo comandado pelo capital, pois este sempre pro-cura alterar os espaços em busca de maiores ganhos. Na busca de lu-cros, o capital vai criando mecanismos para que isto ocorra.

O Conteúdo Estruturante “Dimensão econômica da produção do/noespaço” é bastante amplo, os Folhas que seguem abordam com mais pro-undidade alguns dos aspectos que tratamos nesta breve introdução. Cabea você usar o seu tempo para pensar sobre o espaço e suas transorma-

ções, anal de contas, isto altera sua vida. Aproveite as novas tecnologiase embarque neste conteúdo e... bons estudos.

ReerêciasBibiográfcasCASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

HOUAISS, A.; VILLAR, M de S; FRACO, F M de M. Dicionário Houaiss dalíngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 2922 p.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4ed. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2004.

ObrasCosutadasOLIVEIRA, A. U. A lógica da especulação imobiliária. In: MOREIRA, Rui (Org).Geograa: teoria e crítica. Rio de Janeiro: Vozes, 1982.

SANTOS, M. Por uma geograa nova. São Paulo: Hucitec, 1986.

DocumetosCosutadosOnlInE http://www.larpank.com.br/ 

G E 

O G 

 A 

I  A 

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Geografa

9

 A INDÚSTRIA JÁ ERA?

om a crescente virtualização do

“mundo” parece que a indústria

(grandes barracões, chaminés sol-

tando umaça, muitos empregados

assumindo seus turnos, produzin-

do toneladas de produtos) não tem

mais razão de ser. Mas… será que é

isso mesmo? A indústria já era? E os em-

pregos que ela gerava, onde estão? Desa-

pareceram?

 André Aparcido Alfn1, Gisl Zabon2 

1Colégio estadal Vinícis d moras - Capo morão - PR2Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR

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EsioMédio

Mas por que isso parece ser assim? Não precisamos mais comprarCD de músicas – agora azemos downloads de arquivos MP3. Tam-bém não precisamos mais de grandes bibliotecas com milhares de li-

 vros. Os livros, lmes e otos estão armazenados num computador,em um CD ou na  Internet , e já não precisamos produzir papel, tin-ta, nem bibliotecas. Não precisamos de papel! Enviamos nossos tra-balhos por e-mail para os proessores. Fotograas? Estas então muda-ram completamente. Aqueles álbuns que a gente montava depois decada esta ou cada viagem estão sumindo. Guardamos tudo no com-putador ou no celular. Não precisamos ter mais um aparelho de som,uma televisão, um CD ou DVD  player , agora o computador é capazde ter tudo isto. Do jeito que vai, parece que a indústria só vai preci-sar construir computadores.

Sem dúvida aquela indústria da II Revolução Industrial, assim co-mo oi com as indústrias da primeira Revolução, está adada à extin-ção. Algumas indústrias tradicionais ainda existem, mas já não domi-

nam a paisagem. Talvez você conheça alguma ábrica. Se não, que tal visitar uma?

 Vivemos uma revolução tecnológica, chamada, por alguns, de terceirarevolução industrial ou revolução tecnológica. Esta revolução tem atingi-do direta ou indiretamente todos os setores da economia, alterando ques-tões como produtividade e qualidade da produção. Este processo é re-sultado da evolução tecnológica que vai criando novos produtos, novosdesejos de consumo, novas ormas de produzir. Mas é preciso destacarque não é só a indústria e sua produção que se altera, todo o espaço so-

re conseqüências. Você poderia apontar algumas destas alterações queo espaço geográco sore?

 A imagem clássica, em relação à indústria, veiculada por muito tem-po oi a de grandes barracões e suas chaminés soltando umaça; umagrande quantidade de pessoas executando diversas tareas e uma pro-dução em série (produtos padronizados, eitos de orma continuada).

Tx. Síbolo do Linx, sistaopracional é a colçãod softwares  livrs, criados porindivídos, grpos organiza-çõs ao rdor do ndo.

Font: Gisl Zabon

Indústria de Curitiba 

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Geografa

Entretanto, essa é uma imagem cada vez mais rara em nossos dias. Por que issoestá acontecendo? Será o m da indústria?

 A indústria moderna surgiu com a Revo-lução Industrial (séculos XVIII-XIX) comoresultado de um longo processo que se ini-

ciou com o artesanato medieval. Passandopela produção manuatureira, congurou-sepelo emprego de máquinas a vapor nos maisdiversos ramos da atividade produtiva.

 Você sabe por que aconteceu a I Revolu-ção Industrial? Sabe que tipo de energia erausada para o uncionamento destas indús-trias? Procure saber mais detalhes sobre esteperíodo, como as cidades industriais se con-guravam, como eram os salários desta época

e as condições de vida dos trabalhadores.Na I Revolução Industrial, o desenvol-

  vimento industrial levou a uma crescen-te divisão do trabalho e ao crescimento dapopulação urbana. Estes atos, aliados à di-

  visão técnica e à organização da socieda-de, provocaram uma divisão social do tra-balho.

Quadro 1

Indústria é ala atividad co-nôica s aplica à prpara-ção laboração d artigos; é aatividad transoradora d bnsconôicos, na al tabé sincl as consrvaçõs -

lhora dos sos. Tabé podsr ntndida coo o conjnto datividads prodtivas s ca-ractriza pla transoração datérias prias, d odo analo co axílio d áinas r-rantas, ncssárias para abri-car rcadorias. D a ani-ra b apla, ntnd-s cooindústria dsd o artsanato volta-do para o conso próprio (cooalas plsiras s aziaco os os coloridos as -prsas d tlonia dixava p-lo chão ando instalava linhasnos posts) até a odrna prod-ção d ipantos d inorá-tica, conicação instrntosltrônicos.

Txto dos ators

 Você sabe o que é divisão social do trabalho? Como isso se materializa no espaço geográco?Dê exemplos.

ATIVIDADE

 As cidades começam a apresentar importantes transormações emsua estrutura interna, como a dispersão das diversas atividades urba-

nas, que passam a ocupar espaços seletivos, ato que vai se acentuarcom a II Revolução Tecnológica.

Na cidade em que você vive existem mais espaços ocupados porindústrias ou por lojas? Ou, em sua cidade, há maior incidência de ou-tras atividades econômicas? Estes são os espaços seletivos: industrial,comercial, etc. Você sabe por que isso aconteceu?

Em meados do século XIX, com o advento das tecnologias que le- varam à II Revolução Tecnológica, a atividade industrial passou a apre-sentar dois padrões básicos de localização que provocaram impactos

na paisagem urbana:

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EsioMédio

O primeiro padrão era marcado pela produção em larga escala demercadorias pesadas e/ou volumosas, que necessitavam de ontesde energia abundantes e/ou terminais de transporte para a distri-buição da produção a um custo mínimo. Este padrão industrial en-contrava-se geralmente aastado do centro da cidade, empregan-do mão-de-obra residente em vilas operárias, criando os chamadosbairros suburbanos. Indústrias ligadas ao modelo ordista;

O segundo padrão era caracterizado por indústrias com produ-ção em pequena escala e que utilizavam muita mão-de-obra. Loca-lizadas nas áreas centrais das cidades, compreendiam indústrias de

 vestuários e conecções, pele e couro, mobiliário, gráca e edito-rial, criando uma concentração de estabelecimentos industriais me-nores no espaço central da cidade.

Se na I Revolução Industrial o vapor era a onte de energia maisusada, na II Revolução Industrial a onte principal passa a ser a ener-gia elétrica, o que permitiu o desenvolvimento de motores pequenos,

que podiam ser colocados em máquinas pequenas e móveis – comoenceradeiras e geladeiras, para citar alguns exemplos. Veja à sua voltaquantos usos de energia elétrica.

O setor de energia elétrica penetrou aceleradamente nas indústriasquímica e metalúrgica, permitindo o desenvolvimento e barateamentode uma série de materiais. Nos países desenvolvidos a indústria de uti-lidades domésticas – que depende da energia elétrica – cresceu, tam-bém, como resposta à escassez e ao encarecimento da mão-de-obra deserviços domésticos.

 A II Revolução Industrial caracterizou-se por uma rígida estruturaadministrativa organizada de orma vertical para controlar a produção,separando a tarea de quem executa e quem pensa a atividade e au-mentando, ainda mais, a alienação do trabalhador em relação à produ-ção, o que já se vericava na I Revolução Industrial.

No momento atual, vivemos a chamada III Revolução Industrial.Nesta ase a indústria, ou a ábrica global, tem como características apossibilidade de descentralizar sua produção em vários países e se ins-talar em qualquer lugar do planeta, observando, é claro, algumas van-

tagens oerecidas pelo local.

Quadro 2

O odlo ordista é doina-do plas grands nidadsprodtivas, abricando prod-tos padronizados para o con-so d assa grandantidad (conoia d s-cala). A tilização d nrgiabarata o “stado” grandoinra-strtra tabé raiportants.

Txto dos ators

 Você pode indicar quais são estas vantagens oerecidas para que a indústria escolha o local maisadequado? Por que o atual período histórico possibilita esse tipo de organização industrial? Como seorganiza a produção da ábrica global?

ATIVIDADE

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Geografa

Quadro 3

Fábrica Global

 A “ábrica global” passa a ser a estratégia utilizada pelas grandes empresas internacionais para pro-duzir seus produtos. Para você entender melhor, veja este exemplo:

 A Li & Fung, uma empresa de Hong Kong, produzia, nos anos 80, uma boneca parecida com a Bar-bie. A boneca oi desenhada em Hong Kong. Lá também oram criados os moldes plásticos, porque isto

dependia de máquinas sosticadas. Os moldes eram enviados para a China, e lá as dierentes partes daboneca eram produzidas, as bonecas eram montadas, pintadas e as roupas eram costuradas. Isto eraeito na China, onde os salários são mais baixos, porque estas atividades dependem mais de mão-de-obra do que de equipamentos sosticados. Mas como a China, naquele tempo, não tinha tecnologia pa-ra imprimir as caixas de embalagens com a qualidade desejada, tudo isto era enviado para Hong Kongde volta, onde eram eitos os testes e o empacotamento. E Hong Kong, por ser um importante centro -nanceiro e comercial, dispunha de serviços bancários e de transporte adequados para distribuir as bo-necas por todo o mundo.

 Veja ainda o que diz um dos dirigentes da Li & Fung:

“Suponha que nós recebamos, de um distribuidor europeu, um pedido de 10.000 peças de vestuá-rio. Não é o caso de se considerar que nosso escritório na Coréia ornecerá produtos coreanos, ou quenosso escritório indonésio ornecerá produtos da Indonésia. Para este cliente nós podemos decidir com-prar algodão de um produtor coreano mas tecer e tingir o tecido em Taiwan. Então nós pegamos o algo-dão e o enviamos para Taiwan. Os japoneses têm os melhores zíperes e botões, mas eles os produzemna maior parte em ábricas na China. Okay, então nós vamos até a YKK, um grande produtor japonês dezíperes e pedimos o tipo adequado de zíper de suas ábricas chinesas. Então nós decidimos que, dadasas condições de cotas e custos trabalhistas, o melhor lugar para produzir as peças de vestuário é a Tai-lândia. Nós mandamos tudo para lá. E porque o cliente precisa que tudo seja entregue muito rapidamen-te, nós dividimos o pedido entre nossas cinco ábricas na Tailândia. … Cinco semanas depois de termosrecebido o pedido, 10 mil peças de vestuário chegam às prateleiras na Europa, todas parecendo ter vin-do da mesma ábrica … A etiqueta pode dizer ‘Made in Thailand’, mas não é um produto tailandês.”

mAGReTTA, 2000.Tradção milton Adrião.

 A tecnologia da microeletrônica, aplicada ao desenvolvimento da in-dústria típica da III Revolução, possibilitou uma mudança prounda nospadrões de produção industrial, o que permite que qualquer erro de pro-dução seja corrigido imediatamente, bastando para isso corrigir o sotwa-re, podendo ainda produzir produtos personalizados. Mas será que essaautomação ocorre em todas as indústrias? Ela é possível em todos os seto-res? Será que esse tipo de produção industrial já é um ato no mundo to-do? No Brasil, que produtos podemos armar que são produzidos em in-dústrias organizadas nos moldes da III Revolução Industrial?

Do ponto de vista social, a III Revolução Industrial não gerou au-mento de empregos. Por quê? Se a economia industrial está crescendo,por que ela não gera empregos como nos outros períodos?

 A cada novo sistema tecnológico há toda uma série de mudanças,de estilo, padrões de produção e consumo, práticas concorrenciais erelações de trabalho que acabam repercutindo na organização da so-

ciedade e do espaço Geográco.

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EsioMédio

Para que tipo de sociedade estamos caminhando? Para uma sociedade do lazer e do trabalho emrente ao computador? Para uma sociedade de pleno emprego? É possível pensarmos em uma so-

ciedade de lazer para todos? É possível pensarmos em trabalho intelectual para todos?

ATIVIDADE

Dirigido por Larry Wachowski, Andy Wachowski. Trata da realidade virtual (se é  virtual pode ser realidade?). O Herói dahistória, Neo, e seus companheiros lutamcontra as poderosas máquinas (Matrix)

que controlam o mundo, as quais criaramuma realidade capaz de controlar todos osseres humanos e ainda usam estes comoonte de energia.

www.kndw.c-rop.org/2003/ novbr/27-01-ild0.jpg

Para refetir sobre a socie-dade para a qual estamos ca-minhando, assista ao lme Ma-trix e analise o domínio datecnologia sobre o homem.

E no Brasil, como a ativida-

de industrial se desenvolveu?No Brasil a atividade indus-

trial, até 1930, oi raca ou in-cipiente. Isto se deu, princi-palmente, porque no períodocolonial a organização sócio-es-

pacial oi dirigida para a produção de matérias-primas e produtos primá-rios para exportação. Por este motivo e por outros, chegamos ao século

 XX, como um país de raca industrialização e na condição de país expor-

tador de produtos primários (agrícolas e extrativos). Enquanto países co-mo a Inglaterra, Alemanha, França e Estados Unidos já se encontravamna II Revolução Industrial, as nossas indústrias, até a década de 1930, serestringiam ao setor de gêneros alimentícios e de tecelagem, caracterís-ticas ainda da I Revolução Industrial. Seria esta uma das causas do nos-so país não se encontrar entre os países desenvolvidos?

 A partir de 1930, o Brasil começou a intensicar sua industrializa-ção, atividade que, neste período, se concentrou na região Sudeste, es-pecialmente em São Paulo.

O que explica a atividade industrial se desenvolver mais nesta região do que em outras? Quais se-riam as conseqüências para as demais regiões dessa concentração espacial do desenvolvimento eco-nômico e da indústria no Sudeste brasileiro?

PESQUISA

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Geografa

O desenvolvimento industrial brasileiro ganhou maior impulso apósa II Guerra Mundial, pois este confito, ao dicultar as importações, ge-rou estímulos à indústria nacional, que passou a desenvolver inter-namente muitos produtos que antes eram importados. Esse processocou conhecido como política de substituição de importações. A polí-

tica de substituição de importação já vinha ocorrendo desde a primei-ra guerra (1914–1918). Esse ato acabou por intensicar ainda mais odesenvolvimento industrial brasileiro.

Os investimentos do Estado brasileiro na década de 50/60 no ra-mo da indústria de base (metalurgia, petroquímica), no setor de hi-drelétricas e na inra-estrutura em geral, atraíram investimentos, tantoestrangeiros quanto nacionais, que contribuíram para a internacio-nalização da indústria no Brasil. Os investimentos em inraestrutu-ra ocorreram principalmente na região sudeste, que se deu devido à

crença de que a industrialização e o desenvolvimento econômico daregião sudeste se irradiariam por todo o território brasileiro. Será queessa previsão se concretizou?

 A partir de 1970, o governo brasileiro realizou investimentos (como dinheiro público), que viabilizaram projetos da iniciativa privada. Es-tes investimentos tinham como objetivo incentivar uma relativa des-concentração industrial no Brasil.

O governo pode azer investimento com dinheiro privado? Ele po-de investir em projetos privados/particulares? O que é a parceria pú-blica-privada (PPP)? Pesquise.

O processo de desconcentração da produção industrial, que se ini-ciou nos anos 70 e continua até os dias de hoje, tornou-se mais intenso apartir da década de 80, devido a vários atores. A concentração econômi-ca no sudeste gerou uma “deseconomia de aglomeração”, ou seja, umaurbanização acelerada – que trouxe problemas de inraestrutura – e umaorganização sindical orte que conseguiu melhorar os salários e tornoua região um pólo de lutas trabalhistas, isto provocou o encarecimentoda produção, e evidenciou a necessidade da desconcentração industrial;desta orma, algumas iniciativas oram tomadas neste sentido.

No interior de São Paulo, o processo de reorganização espacial daindústria tem se direcionado, principalmente para as cidades de por-te médio, especialmente, aquelas situadas ao longo dos grandes ei-xos rodoviários. Estas cidades possuem estratégias para atração dasempresas baseadas em vantagens, como: doação dos terrenos, inra-estrutura e outros.

Essa reorganização espacial da indústria, que também pode ser de-

nominada de reestruturação produtiva do espaço, tem motivado uma

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EsioMédio

disputa entre as unidades da ederação por meio de incentivos scais,além das vantagens já citadas. Com o objetivo de atrair indústrias de

outras regiões e de outros países. Em nome do desenvolvimento e dageração de empregos diretos e indiretos, trava-se uma guerra entre oslugares para ver quem ca com a produção, pois em muitos lugares a

ábrica nem se instalou ainda. E nada se ala dos gastos públicos e dosprocessos de automação que quase não geram empregos.

Essa guerra scal se trava em torno de um suposto desenvolvimen-to econômico que nem sempre ocorre com a simples implantação daindústria, pois no entender de Milton Santos (2002), na economia glo-balizada os lugares valorizam e desvalorizam-se muito rapidamente.

O que é a guerra scal? Esses gastos públicos serão recuperados?Serão compensados pelo desenvolvimento econômico?

 Verica-se que no caso brasileiro, apesar de haver uma dispersãodas plantas industriais em direção ao interior, o comando das grandesempresas continuam sendo centralizadas nas regiões metropolitanas,principalmente do sudeste brasileiro.

 A desconcentração industrial vericada a partir da década de 70

não se deu de maneira uniorme (não oram todos os lugares que re-ceberam industrias) e não ocorreu em todos os setores industriais.Dentre as regiões do Brasil, o Sul é o que mais se beneciou desse re-arranjo industrial, pois tem um aumento expressivo no número de es-

tabelecimentos industriais. Em 1970, respondia com apenas 14,79% dototal de pessoas empregadas na indústria brasileira; na atualidade, res-

ponde por mais de 24% do total nacional.

Faça uma pesquisa e descubra quais empresas se instalaram recentemente no seu estado. Elassão nacionais? Quantos empregos geraram? A sua cidade possui uma política de desenvolvimento in-

dustrial baseada nos pressupostos anteriormente discutidos?

PESQUISA

Mas antes de continuarmos, analise os mapas dos setores indus-triais e responda:

As áreas industriais estão em todo território brasileiro? Onde estãomenos presentes?

Que tipo de atividade industrial aparece em menor intensidade naregião Sudeste? Que explicação podemos apresentar para isto?

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Geografa

Principais Setores Industriais no Brasil – 1999

Font: Atlas gográco scolar ltiídia. Rio d Janiro, 2004. CD-ROm.

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EsioMédio

Quanto às demais regiões brasileiras, em linhas gerais, é possível armar:

 A Região Centro-Oeste também tem aumentado sua participação naprodução industrial, embora ainda em pequeno número, localizando-se apenas em alguns pontos do seu território. Além das indústrias ex-trativas do setor de mineração, atrai algumas grandes agroindústriassulistas e do sudeste que transeriram para esta região etapas da sua

cadeia produtiva. O que é cadeia produtiva? O que é agroindústria?A região Nordeste teve, na década de 80, um decréscimo no nú-mero de estabelecimentos industriais e no número de empregos,mas tem atraído também algumas indústrias do sudeste, principal-mente pela mão-de-obra mais barata nesta região e pelos incenti-

 vos scais. (Veja o texto sobre o Ceará). O estado da Bahia é o quemais tem atraído indústrias, principalmente do setor petroquímico.O que a Bahia tem para atrair as indústrias deste setor? Em que re-gião do Estado estas indústrias se concentram?

Quadro 4

Ceará vira pólo exportador de gries de luxoIsabll morira Lia

Cerca de 450 operários trabalham sob o orte calor cearense produzindo calças nas quais costu-ram etiquetas originais da marca de jeans italiana Diesel, vendidas à luxuosa grie por US$ 12 e reven-didas em lojas espalhadas pelo mundo por até US$ 600.

Segundo o diretor-presidente da SN Conecções, André Nunes, design e material determinam o va-lor de um produto. No caso das Diesel cearenses, o tecido é a sarja do tipo “strand”, que vem de San-ta Catarina. O custo do tecido saiu por R$ 6,44, o que não é exatamente caro.

Mas são a mão-de-obra e a localização que barateiam o custo e azem do Ceará um lugar muitoatraente para conecções norte-americanas e européias de luxo.

Na SN, por exemplo, um costureiro ganha no mínimo R$ 320 e no máximo R$ 500, de acordo comsua produção.

 A logística é pereita: o Ceará tem dois portos grandes (o do Mucuripe, em Fortaleza, e o do Pecém,a 60 km da capital) e teve seu aeroporto reormado e adaptado para receber vôos internacionais aindana década de 90.

“Há navios com saída duas vezes por semana e a viagem só demora seis dias”, diz André Nunes.

É justamente por causa do “pacote pereito” oerecido pelo Ceará, de mão-de-obra e logística, quemarcas de luxo escolhem o Estado para produzir, diz o agente comercial da Globaltex, Edson Palhares.

Folha d São Palo, São Palo, doingo, 13 d novbro d 2005.

A região Norte do Brasil, onde se encontra a Zona Franca de Ma-naus, tem mostrado uma diminuição do número de estabelecimen-tos industriais, com um crescimento do número de pessoas ocupa-das e aumento do valor da produção industrial. Em outras palavras,diminuiu no número de indústrias e aumentou a produção. A quese deve este ato?

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Geografa

O artigo do jornal Folha de São Paulo “SP e RJ têm maiores perdas de participação no PIB brasi-

leiro, diz IBGE”, apresenta dados atuais sobre a industrialização no Brasil. Após sua leitura, responda:O que mudou na industrialização brasileira recentemente? A que se devem estas mudanças?

ATIVIDADE

Quadro 5

SP e Rio têm maiores perdas de participação no PIB brasileiro, diz IBGEJanaina Lag

Segundo o Coordenador de Contas Regionais, Frederico Cunha, diversos atores explicam a per-da de participação do Estado de São Paulo nos últimos anos, com destaque para a perda de participa-

ção da indústria. Em 2000, a participação do Estado no Produto Interno Bruto era de 33,7%. Em 2003,caiu para 31,8%.

Em 1985, início da série histórica, a participação da indústria paulista no PIB era de 51,6%. Em2003, este patamar caiu para 40,4%. De acordo com Cunha, a disseminação de indústrias leves, co-mo as de alimentos, nos demais Estados, as políticas de incentivos scais e a guerra scal contribuírampara a maior desconcentração da indústria.

O avanço da ronteira agrícola também contribuiu para reduzir a concentração da agricultura nacio-nal, segundo o coordenador.

O ano de 2003 oi particularmente negativo para a indústria paulista em razão do cenário de juros al-

tos. “Toda e qualquer política scal ou monetária que infuencia a demanda agregada interere no desem-penho da indústria paulista. Se as amílias param de consumir, isso aeta a indústria paulista, que tem par-te de sua produção voltada para o mercado interno”, armou Cunha

Se na região Sudeste houve queda na participação no PIB, o grupo de Estados ligado à agroin-dústria (ormado por Pernambuco, Goiás, Pará, Espírito Santo, Ceará, Amazonas, Mato Grosso e MatoGrosso do Sul), além do Distrito Federal, oi, por sua vez, o que mais avançou.

Entre as quatro maiores economias do país, o Rio Grande do Sul apresentou o melhor resultado. Além de registrar um crescimento de 21% na atividade agropecuária, o Estado teve bom desempenhonos setores industriais voltados para as máquinas e implementos agrícolas, ligados ao avanço da agro-pecuária. Os setores industriais que contribuíram para a expansão oram a indústria mecânica e mate-rial de transporte.

Este resultado não deverá se repetir nas contas de 2005. Neste ano, o RS enrentou orte queda daprodução agrícola em razão da estiagem e o desempenho da indústria de máquinas e equipamentosdestinados à agricultura soreu orte queda em razão da revisão de projeções da colheita.

Folha Onlin, 04/11/2005. www1.olha.ol.co.br/olha/dinhiro/lt91102050.shtl

Começamos este Folhas alando que a ”indústria já era”. Qual suaopinião sobre o tema após ter trabalhado este Folhas?

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EsioMédio

ReerêciasBibiográfcas ATLAS Geográco Escolar Multimídia. CD-ROM. Rio de Janeiro, 2004.

MAGRETTA, J. FUNG, V. Fast, global and entrepreneurial: supply chain

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Geografa

ANOTAÇÕES

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EsioMédio

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Geografa

10

 A GENTE SE VÊNO SHOPPING ?

hoppings  são espaços exclusi-

  vos de compra? Quando você

  vai ao shopping , você vai às

compras? É o local para se ver ou

para ser visto? Como você inter-

pretaria o título acima?

Gisl Zabon1

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR

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EsioMédio

Shopping é um estrangeirismo e embora a palavra não tenha ori-gem portuguesa, provavelmente a maioria dos brasileiros é capaz deentender seu signicado ao vê-la. Mas o que signica shopping em in-glês? O lugar de compra ou o ato de comprar, de adquirir?

Muitas palavras utilizadas neste Folhas são estrangeirismos como você verá ao longo do texto. Então, pesquise o que é estrangeirismo.

Mas antes, observe ao redor. As infuências estrangeiras apresentam-se apenas na língua ou aparecem, também, na produção do espaço?Em sua cidade existem infuências estrangeiras? Onde? Nas constru-ções? Nos nomes das lojas e supermercados? Nos panfetos de propa-gandas?

Neste Folhas discutiremos um pouco sobre este local e outros es-paços de consumo, para começarmos o assunto, pare, observe e refi-ta sobre as semelhanças e dierenças das imagens a seguir.

Os   shopping centers surgiram nos Estados Unidos na década de1950. Sua gênese está ligada ao aparecimento dos subúrbios das ci-dades norte-americanas, ato que também se deu associado à amplia-ção do uso do transporte individual, o automóvel. Os subúrbios norte-americanos são conjuntos residenciais aastados do centro da cidadee até da área urbana; são marcados pelas construções de grandes ca-sas, sem muros e com amplas áreas verdes ao redor. São um ícone dobem morar naquele país. No Brasil, temos algumas áreas similares, co-mo o Alphavile Graciosa (Região Metropolitana de Curitiba) e o Tam-

boré (Região Metropolitana de São Paulo). O que o automóvel tem a ver com isto? O automóvel permite a locomoção da população até es-sas áreas. E também – o que é importante para nosso tema – o acessoàs lojas que estão no caminho da casa para o trabalho.

O primeiro shopping center brasileiro oi inaugurado na cidade deSão Paulo em 1966. De lá para cá, eles se tornaram elementos presen-tes na vida e na paisagem urbana das grandes cidades. Até a década de1980, os shoppings centers eram empreendimentos quase que exclusi-

 vos das capitais dos estados, mas a partir de meados desta mesma dé-

cada, eles passaram a ser construídos nas cidades médias e, também,no interior dos estados.

   F   o   n   t   e   :   A   c   e   r   v   o   p   e   s   s   o   a   l   –

    G   i   s   e   l   e   Z   a   m   b   o   n   e

      

   F   o   n   t   e   :   A   c   e   r   v   o   p   e   s   s   o   a   l   –

    S   i   l   v   i   a   A   l   c    â   n   t   a   r   a

      

Shopping em Curitiba, PR   Área de lazer, em Curitiba, PR 

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Geografa

Os shopping centers brasileiros apresentaram, inicialmente, localizaçãodierente das dos norte-americanos. No Brasil, os primeiros  shoppings  se localizaram em áreas comerciais tradicionais, ao longo de grandesavenidas. Com a interiorização, começaram a se localizar ao longo derodovias. São estabelecimentos que procuram atrair a população dediversas cidades, ampliando assim o possível número de clientes, osconsumidores.

 Atualmente, a escolha de locais para a instalação de shoppings centers  continua a mesma?

Com os dados da ABRASCE (Associação Brasileira de Shoppings Cen-

ters ), podemos vericar, na tabela, o aumento no número de  shoppings  desde seu aparecimento no Brasil e algumas particularidades sobre eles.

Observação importante: um grande número de outros centros co-merciais, de médio e pequeno porte, não estão incluídos entre os esta-belecimentos associados da ABRASCE. Esta congrega, aproximadamen-te, 63% dos shoppings centers brasileiros - dados do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social - BNDES (GOmeS, t al, 2004).

Dados gerais reerente aos Shoppings Centers noBrasil liados a ABRASCE (Agosto 2005)

Número Total de Shoppings  262

Em operação 241

Em construção 21

 Área Construída (m2) 14.337.067

 Vagas para carros 415.341

Lojas Satélite 41.009

Lojas Âncora 914

Salas de Cinema 1.105

Empregos Gerados(mil pessoas/mês)

484.110

Faturamento (R$ Bi) em 2004 36,6

Percentual de Vendasem Relação ao Varejo Nacional

(Excluído Setor Automotivo)18%

Font: www.abrasc.co.br/gr_nros.ht

TABELA 1

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EsioMédio

O sudeste é a região onde estes mais se concentram, sendo quena cidade de São Paulo encontramos a maior concentração, 24% dototal brasileiro. As regiões Norte e Centro-Oeste aparecem com umapequena parcela, aproximadamente 6% (GOmeS, t al, 2004).

Font: Atlas gográco scolar ltiídia. Rio d Janiro, 2004. CD-ROm.

Qual é a explicação para esta dis-tribuição? Os mapas de “habitantes por

km2

” e o de “rendimento mediano” de- vem ajudar em sua resposta

Espalhados por muitas cidadesbrasileiras, estes estabelecimentos co-merciais têm grande importância eco-nômica, política e social.

  Econômico: são geradores deinúmeros empregos; geram gran-de quantidade de impostos, são

construídos por grandes empresasprivadas, que demandam recur-sos tanto em sua construção quan-to em seu uncionamento. Tambémpodem auxiliar no desenvolvimen-to urbano das cidades, pois tendema modernizar a área na qual se lo-calizam, atraindo um grande nú-mero de serviços e consumidores,o que pode contribuir para a valo-

rização da região onde se instala.Que tipo de mudanças podemos

apontar para demonstrar que hou- ve valorização da região? Que outrosempreendimentos podem gerar a va-lorização do espaço urbano?

Político: sua localização demandauma decisão importante, pois es-te pode gerar beneícios, como os

apontados anteriormente, ou pro-blemas. Os  shopping  podem ge-rar impactos no tráego local, pro-

 vocando congestionamento e maiorpoluição atmosérica e sonora. Ae-tam também os tradicionais centroscomerciais de rua, provocando umadesvalorização destas áreas e, em al-guns casos, gerando até mesmo oechamento de lojas, e, conseqüen-

temente, desemprego.

Mapa 1 – Brasil: Densidade Demográfca 

Mapa 2 – Brasil: Rendimento médio

Escala aprox. 1:43 600 000

Escala aprox. 1:43 600 000

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Geografa

Na cidade onde você mora, já observou locais onde os estabeleci-mentos comerciais echaram? O que provocou isto?

Social: os  shopping  tornaram-se progressivamente não só um localde compra, composto de lojas e vitrines. Atualmente, os  shopping  re-presentam também locais de convívio, espaços de visibilidade pa-ra aqueles que querem ver e serem vistos, o local do  ooting .

Um local onde o usuário se sente mais seguro, conortável, poiso ambiente é climatizado, e “vigiado”. Onde o usuário pode serparticipante de um mundo globalizado, pois os ambientes dosshoppings possuem um padrão global. Observe o estilo arqui-tetônico, disposição e a presença dos mesmos elementos, comopraças de alimentação e cinemas. Até os cheiros são semelhan-tes. Você concorda com isto? Quais elementos demonstram que os

 shopping são locais globalizados?

Os shopping  também passaram a ter grande importância como lu-gar de lazer. Lazer este que, geralmente, é pago – o ingresso do cine-

ma, os jogos eletrônicos, a bebida na praça de alimentação.Toda a população tem dinheiro para adquirir este lazer?

Segundo GOMES (2002, 164), “Fisicamente, o espaço público é, antesde mais nada, o lugar, praça, rua,  shoppings , praia, qualquer tipo deespaço, onde não haja obstáculos à possibilidade de acesso e partici-pação de qualquer tipo de pessoa.” Partindo deste pressuposto, vocêarmaria que os shopping centers são lugares públicos? Que elemen-tos você apontaria para embasar sua reposta?

Os tradicionais locais de encontro ou de lazer, como as praças, os

cinemas, os campinhos de utebol, desapareceram ou perderam im-portância com o aparecimento dos shopping ?

Na maioria das cidades menores os cinemas echaram em decor-rência da televisão, e mais tarde, com o advento do vídeo. Nas gran-des cidades estes se reestruturaram, com salas menores, mais con-ortáveis, com maior qualidade de áudio e vídeo, e se concentraramnos  shopping .

Curiosidades sobre osdados da tabela 1

Você s atv à antidad

d vagas para carros xistn-ts? Daria para stacionar to-dos os víclos d Londrina/ PR (dados do Dpartan-to d Trânsito, 2005) ain-da sobraria ais da taddas vagas.

 As praças públicas tradicio-nais, co foriras chaarizsão odlos do séclo XVIII XIX. Foi o distancian-to do habitant rbano dospaço natral lvo àconstrção das praças, são spaços, nas cidads,ond xist rrências ànatrza.

 As salas de cinemas oram lugares importantes de lazer no passado. Ocupavam grandes espaços,geralmente na parte central das cidades. Aos poucos oram desaparecendo, dando lugar a outras ativi-dades urbanas. Isto aconteceu em sua cidade? Você pode enumerar algumas atividades que surgiramonde antes haviam cinemas? Estas também são lugares de lazer?

E as praças públicas? O que ocorreram com elas? Quem as utiliza hoje? Quem é responsável pelacriação e manutenção deste espaço?

ATIVIDADE

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EsioMédio

Quadro 1

Maior da América Latina

Dpois da nião nov-bro do ano passado (2004),o coplxo BarraShopping / Nw York City Cntr (Rio d

Janiro) s torno o aiorcntro d conso lazrda Aérica Latina, co 664lojas 9400 vagas d s-tacionanto. Dsd n-tão, as vndas no BarraSho-pping antara 25% as do Nw York City Cn-tr, 120%. A prsnça dasâncoras Ladr magazin

Casa&Vído contribi paraalavancar o trágo 3%.Jntos, os dois shopping r-cb 3 ilhõs d cons-idors por ês.

Font:http://www.rnasc.co.br/ acssado 08/2005

Os  shopping  geralmente pertencem a grandes empresas privadas,como a Iguatemi Empresa de Shopping Centers  S. A., proprietária doShopping Curitiba (Curitiba - PR), e a Rede Nacional de Shoppings Centers  Ltda (Renasce) proprietária do ParkShopping Barigüi (Curitiba - PR).

  Juridicamente, são locais privados, entretanto tem sido utilizadoscomo um local público. Mas são utilizados por todo tipo de pessoas?

É possível vericar o quanto este tipo de atividade econômica é im-portante para a economia de uma cidade ou região. Mas ela tambémtem se tornado importante na vida das pessoas. Para alguns especia-listas, estes estabelecimentos representam o modo de vida urbano deuma sociedade centrada no consumo.

No Brasil, as transormações no comércio se intensicaram após aII Guerra Mundial, década de 50, com a consolidação e a expansão daindústria de nosso território. Isto, associado à produção industrial debens de consumo duráveis e não duráveis, produzidos em grande esca-la, à crescente concentração de pessoas nas cidades (veja Folhas “A in-dústria já era?”), ao aumento do consumo e à generalização do uso doautomóvel, possibilitou a introdução de novas ormas comerciais, co-mo os shoppings centers, mas também a consolidação dos supermerca-dos e hipermecados – a dierença básica entre os dois está no númerode caixas (check out ) e na variedade de produtos disponíveis. Veja umexemplo de check out na imagem a seguir.

Silvana Pintaudi (1987/1988/1999),geógraa que há muito tem discutidosobre os supermercados, aponta vários

elementos que merecem atenção. Se-gundo ela, o primeiro supermercadosurge na cidade de São Paulo, em 1953,e traz consigo o sel-service, ou seja, osconsumidores passam a ter contato di-reto com as mercadorias, sem a neces-sidade de um vendedor intermediandoa compra, reduzindo signicativamenteos custos no sistema de vendas, permi-tindo assim um maior lucro para o co-merciante, além de possibilitar o conta-to direto do consumidor com o objetode desejo: a mercadoria. A expansãodos supermercados também se deugraças à geladeira e à redução de seu

custo, pois ela permitiu que as pessoas pudessem abastecer suas casascom gêneros alimentícios perecíveis por períodos mais longos, exigin-do assim menor número de visitas ao comércio.

Font: Acrvo pssoal – Gisl Zabon

Check-out em supermercado - Curitiba, PR 

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Geografa

Os supermercados são espaços comerciais que possibilitam às pes-soas encontrarem, num mesmo local, um grande conjunto de merca-dorias disponíveis para seu abastecimento, não sendo necessário ir a

 vários pontos de compra de produtos, como na quitanda, mercearia,padaria, peixaria, açougue, empório, bazar e outros. Mas, assim comoos  shopping , estes estabelecimentos ocasionam mudanças no espaçourbano, provocando impactos negativos, seja provocando congestio-namento nas ruas próximas, seja contribuindo para o desaparecimen-to dos pequenos comércios. Leia o texto: Vitória e Londrina lutam pa-ra impedir instalação do Wal-Mart .

 Você já identicou os dierentes tamanhos de embalagens para um mesmo tipo de produto? Então visite um supermercado. Pode ser um grande hipermercado ou o mercado perto de sua casa. Verique,por exemplo, dierentes tamanhos dos pacotes e/ou caixas de arroz. Faça o mesmo com outros produ-tos: macarrão, bolachas, caé. Qual a razão para tal diversidade?

ATIVIDADE

Quadro 2

 Vitória e Londrina lutam para impedir instalação do Wal-Mart  

 Vitória no ES e Londrina no PR têm um propósito em comum: impedir ainstalação do Wal-Mart .

Em Vitória a Câmara de Vereadores, o Sindicato dos Empregados noComércio, a Câmara de Dirigentes Lojistas, líderes comunitários e religio-sos estão mobilizados para evitar que o Wal-Mart construa uma megalo-

 ja na capital capixaba.

Segundo o Sindicato dos Comerciários do ES, cada 450 empregos di-retos gerados pelo Wal-Mart causam o desemprego de 1.500 trabalhado-res de pequenos negócios que acabam echando.

Londrina também luta para barrar a entrada do Wal-Mart e sua açãopredatória na cidade. A Preeitura acionou a justiça para conseguir a de-sapropriação do terreno comprado pela rede e construir no local um tea-

tro em vez de um hipermercado.Pelos cálculos da Preeitura, cada emprego gerado pelo Wal-Mart  le-

 va 5 trabalhadores ao desemprego.http://www.rl-ita.org/ 2004.

Não oram somente os locais de consumo que se modicaram, osprodutos e as necessidades das pessoas também. Associada à vida ur-bana, a amília se modica, cando menor ou assumindo congura-ções dierentes. Assim, a quantidade de produtos a comprar se modi-

ca – para amílias menores, porções menores são necessárias.

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EsioMédio

 As mulheres, ou a mãe de amília, passam a trabalhar ora. Não hámais tempo para preparar elaboradas reeições em casa, compra-seprodutos congelados ou semi-prontos. Identique a diversidade destesprodutos e quais suas origens (onde oram produzidos).

Os meios de comunicação de massa, como a televisão, (produto quepode ser comprado em um hipermercado), invadem os lares e, através

da publicidade, criam necessidades. Lembre-se disso quando or com-prar o último lançamento de bolachas. Procure no supermercado qualsão os novos lançamentos de produtos e procure inormações sobre oque eles, de ato, têm de novo em relação aos seus antecessores.

 A indústria, buscando maiores ganhos, gera uma grande diversida-de de produtos, para dierentes consumidores. Isto sem alar do am-plo domínio de algumas empresas sobre algumas linhas de produtos.Observe a quantidade de tipos de  shampoo. Quem os abrica? Veri-que também quais são os abricantes das dierentes pasta-de-dentes esabão em pó no Brasil.

Embora a expansão do supermercado no Brasil esteja associada aoautomóvel, a escolha do ponto (o local onde está localizada a loja) éapontada pelas empresas do setor como importante para o bom de-sempenho do negócio. Isto az com que grandes empresas disputempontos, provocando um aumento do valor da terra urbana.

 A escolha do ponto demanda um levantamento sócio-econômicoda região alvo onde o estabelecimento comercial pretende se instalar.Entre os atores analisados estão: densidade demográca, a renda a-miliar e o acesso ao local. Por que estes atores são importantes para

denir o melhor ponto?Os supermercados e shoppings centers têm ligações com as mudanças

no espaço urbano, mas também têm gerado mudanças culturais na po-pulação, pois geram novos costumes. Dentre estas mudanças culturais,muitas delas importadas, vamos discutir um pouco sobre os ast ood .

Font: Gisl Zabon – acrvo particlar.

Fast Food, em Shopping - Curitiba, PR 

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Geografa

 Assim como shopping center , a expressão  ast ood também é umestrangeirismo. E também, como vimos no caso dos shoppings centers ,o ast ood está associado às mudanças do modo de vida urbano.

 As grandes distâncias a per-correr entre casa e trabalho, nasgrandes cidades, dicultam ou

mesmo impedem que as pesso-as voltem para casa para almo-çar. Isto impôs aos trabalhado-res destas cidades a necessidadede consumir reeições rápidas.Para atender a esta exigênciaos   ast oods parecem ser per-eitos, não é mesmo?

No Brasil o  ast ood se consolida na década de 1980, inicialmen-te através de redes internacionais, principalmente norte-americanas,

que adotavam o esquema de ranchising . Mas logo começaram a sur-gir empresas nacionais com este ormato de atendimento. Além do or-mato do atendimento, os ast ood trazem consigo um tipo de produtoque é igual em todos os pontos de vendas da rede. A empresa ranque-adora é quem determina quem vai consumir (quem são os potenciaisclientes daquela loja), como vai consumir (disposição da loja, cores,móveis, etc.), como vai manipulá-lo (como produzir e quem vai or-necer os produtos), tudo isto para manter a homogeneidade da mar-ca. Quando se vai a uma rede de ast ood , não importa o local que ela

esteja, a sensação visual e gustativa deve ser a mesma. Isto é uma dasmarcas da tal globalização.

Não vamos questionar aqui a qua-lidade dos alimentos, mas ca uma di-

ca: Assista ao documentário Super SizeMe - A Dieta do Palhaço. O Documen-tário enoca o problema da obesidadenos Estados Unidos de maneira irreve-rente. O diretor é Morgan Spurlock.

www.prosibn.d/ 

Quadro 3

 Adolescentes globais

Os teens , atualmente, ormam um enorme grupo mundial, que são alimentados pelas inormaçõestrazidas pela TV e pela Internet, e com isso estão cada vez mais parecidos. Apesar de existirem dieren-ças culturais entre alguns países, os adolescentes ao redor do mundo ormam hoje a primeira geraçãocom a mesma cabeça, um exército vestido com as mesmas marcas de jeans e camiseta, que conso-me os mesmos rerigerantes, fast food e aparelhos eletrônicos. Para essa geração os alimentos indus-trializados estão sistematicamente presentes, pois as propagandas, através da TV, oram criando no-

 vos hábitos de consumo. A PROLIFeRAÇÃO DO “GOSTO GLOBAL” NO BRASIL. Silvia Ortigoza.Disponívl : www.rc.nsp.br/igc/planjanto/ncc/Artigo%20Silvia%20GeOuSP.ht

 Você concorda com a autora? Você participa deste mundo citado por ela? Qual a sua opiniãoquanto a infuência da TV sobre o modo de vida das pessoas?

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EsioMédio

 Ao longo do texto apareceram várias palavras que são estrangeirismos. Liste-as e aponte que ou-tras palavras, utilizadas em nosso dia-a-dia, também são estrangeirismos.

PESQUISA

Somente a língua recebeu infuência estrangeira? O que mais compõe nosso dia-a-dia que soreu estainfuência? O estrangeirismo é um recurso de linguagem utilizado para atrair consumidores? Por quê?

ATIVIDADE

GlOSSÁRIOLojas-âncora: correspondem às grandes lojas, que têm clientes cativos,que por si só atraem público, como exemplo a C&A, Casa e Vídeo, CasasBahia, Renner e Lojas Americanas.

Lojas-satélite: também há as que são lojas de sucesso, mas menores,em geral, estas lojas precisam mais do shopping, do que o contrário.

Este tipo de estabelecimento comercial não tem como clientes maiséis os ocupados trabalhadores das grandes cidades, nem se encontramsomente nas grandes cidades. Sobre a sua clientela, leia o quadro Ado-lescentes Globais. Quanto a sua disposição territorial, estas se encontramespalhadas principalmente pelas grandes e médias cidades, mas os tipode produtos vendidos se espalham pelos mais diversos municípios brasi-leiros. Como arma a pesquisadora Silvia Ortigoza (2005),

“Ele aparece também em outras cidades (mesmo quando não é necessário),como signo da participação no mundo global, moderno, onde a velocidadeestá presente. O ast ood , nas metrópoles, az parte do ‘cotidiano’, nas cida-des menores ele representa a ‘esta’. De um modo ou de outro, ele exerceseu ascínio, pois enquanto uns vêem nessa ‘orma de comer’ uma necessi-dade, outros encontram nela prazer, realização, lazer”.

No município onde você mora existem redes de ast ood ? Elas sãonecessárias para a alimentação dos trabalhadores, como oi apontadoou, como a autora acima arma, representam a ‘esta’?

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Geografa

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ESTUDO REGIONAL Nº 3. Reestruturação tecnológica e emprego nocomércio em Santa Catarina. Florianópolis, DIEESE, janeiro de 1999.Disponível em: www.dieese.org.br/esp/reestsc.xml. Acesso em 26 de ago.de 2005.

GOMES, H. F.; PORTUGAL, L. S; BARROS, J M.   A caracterização daindústria de shopping centers no Brasil. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, no 20, pp. 281-298, set. 2004. Disponível em: www.bndes.gov.br/conhecimento/ 

bnset/set2006.pd. Acesso em 29 de ago. de 2005.ORTIGOZA, S. A. G. A prolieração do gosto global no Brasil. Disponívelem: www.rc.unesp.br/igce/planejamento/necc/artigo%20Silvia %20GEOUSP.htm. Acesso em: 26 de ago. de 2005.

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 www.prosieben.de/. Acesso em: 24 ago. 2005.

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Geografa

11

NÓS DA REDE

uais são as redes que envol-

 vem estas pessoas?

Como estas redes as amarram?

 Você consegue enxergá-las na

paisagem?

Gisl Zabon1, Lda maria Corrêa mora2 

Figura 1

Font: www.sxc.h

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR2Colégio estadal ezébio da mota - Critiba - PR

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EsioMédio

Oqueéumarede?

O ato de um animal “cair” numa rede signica, geralmente, que ele oicapturado, caçado ou aprisionado. O caçador, quando trabalha a serviçoda indústria, participa da “rede” de exploração deste animal e/ou de suasqualidades, visando lucro. Também participam, embora de orma dieren-

te, aqueles que consomem os “produtos” derivados daquele animal.Pense num carrinho de supermercado carregado com as compras

do mês. Em quantas redes ele pode estar envolvido?

 As pessoas da gura 1 não estão envolvidas por nenhuma rede/teiamaterial, visível. Mas isso não quer dizer que elas não sejam, de certaorma, “prisioneiras”. Mas anal, de que natureza é a rede/teia que en-

 volve/aprisiona o ser humano?

 Antes de nos apressarmos na resposta desta questão, vamos ler al-gumas denições de rede contidas no dicionário.

REDE: 1. Entrelaçado de os (de linho, algodão, bras articiais ou sin-téticas) cordões, arames, etc., ormando uma espécie de tecido de malhaaberto, composto em losangos ou em quadrados de diversos tamanhos. 2.

 Arteato de malhas largas, usado para apanhar peixes, aves, borboletas etc.3. Tela de arame usada para proteção, resguardo (colocou na janela uma re-de contra insetos). 4. Objetos entrecruzados quaisquer. Conjunto de estra-das, tubos, os, canais etc. que se entrecruzam. 5. Conjunto de pontos quese comunicam entre si. 6. Conjunto de pessoas ou estabelecimentos que

mantém contato entre si, geralmente organizadas e sob um único coman-do. 7. Sistema constituído pela interligação de dois ou mais computadores eseus periéricos, com o objetivo de comunicação, compartilhamento e inter-câmbio de dados. 8. Rádio, TV grupo de emissoras associadas ou aliadasque transmitem, no todo ou em parte, a mesma programação, cadeia.

(Adaptado d: HOuAISS, 2001, p. 2406)

 Você já deve ter notado que as pessoas da gura 1 estão envolvi-das por mais de uma rede. Então, vamos tentar identicar as diversasredes que envolvem tanto a elas como a quase todos nós por meio do

seguinte exercício:Listem, em equipe, os objetos que vocês têm em casa e que possi-

bilitam suas conexões com o mundo. Estas conexões devem ser enten-didas de maneira ampla, desde a relação com o grupo social mais res-trito (amília, amigos, proessores, namorados(as), vizinhos), até comas coisas que acontecem no mundo.

Estes objetos que vocês listaram são a parte da teia (a materialidadedela) que alcança vocês nas suas casas, nos seus cotidianos. Para esta-belecer a sua conexão com o mundo, os “os” dessa teia alongam-se

por todo o planeta, amarrados por milhares de nós.

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Geografa

 Tente descrever a trajetória do o da rede que liga um dos objetos que você listou, desde a suacasa (ou da sua mão) até um país distante qualquer. É possível azer esse exercício?

 Você consegue identicar que tipo de rede é essa? Que nome você daria a ela?

ATIVIDADE

Esses os estão, necessariamente, materializados no espaço geográ-co? Podemos vê-los? Tocar neles?

Muito bem, uma das redes que envolvem as pessoas da gura 1 jáconseguimos identicar. Mas, será que existem outras?

 Vamos refetir juntos sobre outros tipos de rede. Para isso, nos uti-

lizaremos da linguagem poética para guiar nossa refexão.

Eu, Etiqueta

Em minha calça está grudado um nomeque não é o meu de batismo ou de cartórioum nome...estranho.Meu blusão traz lembrete de bebidaque jamais pus na boca, nesta vida.Em minha camiseta, a marca de cigarroque não umo, até hoje não umei

[...]

Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia,tão diverso de outros, tão mim-mesmoser pensante, sentinte e solidário.

[...]

Onde terei jogado orameu gosto e capacidade de escolher,

minhas idiossincracias tão pessoais,[...]

Por me ostentar assim , tão orgulhosode ser não eu, mas artigo industrial,peço que meu nome retiquem.Já não me convém o título de homem,meu nome novo é coisa.Eu sou a coisa, coisamente.

(Carlos Drond d Andrad. O corpo.Rio d Janiro, Rcord, 1984 p. 85-87.).

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EsioMédio

 Vocabulário: texto (etimologia latina) – narrativa, exposição, tecer, azer te-cido, entrançar, entrelaçar, construir sobrepondo ou entrelaçando, (...) compor ou organizar o pensamento em obra escrita ou declamada...

(HOuAISS, 2001, p. 2713).

Leia os trechos da poesia “Eu, Etiqueta”, de Carlos Drumond de An-drade. Você pode acessar os sites http://www.minerva.uevora.pt/pu-blicar/etiquetas/poema.htm ou http://www.alavip.com.br/curiosida-des_euetiqueta.htm e ler o poema na íntegra.

 A rede dos sentidos, no texto de Drummond, aponta para um sen-timento e para uma transormação do eu-lírico (o narrador do poema).

 Você é capaz de identicar que sentimento e que transormação é essa?

 Você já se sentiu angustiado alguma vez por ser pressionado a azer parte (uso) desta rede? Sentiu-seineliz por não ter acesso a coisas que ela oerece e isso lhe custou não ser incluído em algum grupo so-cial do qual gostaria de participar? Discuta estas questões com os colegas de classe. Leia mais sobre es-ta problemática no Folhas “Dinheiro traz elicidade?”.

DEBATE

 A poesia de Drummond az uma crítica a comportamentos que,na maior parte do tempo, não são problematizados pelas pessoas. Aocontrário, participar das situações que a poesia descreve, muitas ve-zes, nos é imposto como condição para estabelecer comunicação compessoas com as quais desejamos nos relacionar socialmente (azer par-te da tribo). Alguns de nós, geralmente aqueles que se encantam com

tudo isso, valorizam tanto os comportamentos questionados na poesia,quanto o consumo exagerado a que ele remete e não se sentem inco-modados por estarem atados a esta rede.

Que relações podem ser estabelecidas entre a rede presente na po-esia de Drummond e aquela da lista de objetos que vocês organizaramanteriormente? O que estas duas redes têm em comum e o que elastêm de dierente? 

 Você sabia que a palavra texto tem sua origem na idéia de rede,de tessitura de tecido? Veja algumas das denições encontradas nodicionário:

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Geografa

Por meio das denições apresentadas, você pôde perceber queum texto também é uma rede e pode ter várias ormas (escrita, a-lada, imagem, desenho, etc.).

Que relações podemos estabelecer entre as refexões eitas até ago-ra sobre a idéia de rede e o ditado popular “Caiu na rede, é peixe”?

 

Osugaresparticipadoderedes Até agora nosso raciocínio, para a compreensão das redes que

envolvem as pessoas da gura, está se desenvolvendo por meio deobjetos de uso pessoal, doméstico e cotidiano. No entanto, muitosoutros objetos, maiores, de uso comum da sociedade à qual perten-cemos (ou usado apenas por parte dela) também participam da tra-ma dessa grande rede. Quais são eles? Vamos pesquisar juntos!

Observe no lugar onde você mora. Que construções da engenharia (objetos) permitem a comu-nicação deste lugar com outros espaços da cidade, do estado, do país, do mundo? Faça, nova-mente com sua equipe, uma lista destes grandes objetos. Com base na lista, é possível dizer queo lugar onde você mora é bem equipado no que se reere a objetos técnicos/cientícos? Esses ob-

 jetos acilitam a circulação de produtos/mercadorias, de pessoas e de idéias? Como?

PESQUISA

lugaresdieretes

Os lugares (produzidos e/ou apropriados pelos grupos sociais) in-tegram as grandes redes de produção, de circulação e de inormaçãode maneira mais ou menos intensa, em unção da presença de obje-tos técnicos em seu território. Por exemplo, um lugar (país, estado,cidade, bairro, distrito, etc.) que contenha um aeroporto internacio-

nal (objeto que organiza um tipo de circulação), um grande centrouniversitário voltado à pesquisa (objeto onde se produz ciência e tec-nologia), uma importante estrutura rodoviária, a presença ou acessoa um porto (outro objeto para circulação) e indústrias de tecnologiade ponta (objeto1 onde acontece a produção) é um lugar-pólo, im-portante nó na rede que conecta o global e o local.

Por outro lado, lugares pouco equipados (por exemplo, peque-nas cidades em áreas de economia raca, sertões, etc.), embora este-jam também inseridos na relação local-global, participam dela de ma-

neira menos intensa.

Você stranho o so da pa-lavra objto para rriro-nos a coisas constrídas plangnharia? Na vrdad, s-ta palavra cai nas alhas do

pnsanto gográco oiapropriada por l, ganhandoss novo signicado.

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EsioMédio

Observe mais uma vez o lugar onde você mora e organize uma tabela, classicando os objetostécnicos que ele contém de acordo com sua nalidade. Antes, leia a nota com a denição da expressão

“objeto técnico”, do ponto de vista da Geograa.

PESQUISA

Objtos técnicos são todasas “oras-objtos providasd contúdo técnico s-pcíco [...] são acréscios as socidads spri-psra à natrza.”

SANTOS, m. A natrza do s-paço: técnica tpo, razão oção. São Palo: Hcitc,

1996.

Nome do lugar

ObjetosPRODUÇÃO

ObjetosCIRCULAÇÃO

ObjetosCIÊNCIA/TECNOLOGIA

Por exemplo:Indústria de cerâmica,

pisos, azulejos

Por exemplo:Shopping Center 

Centro Comercial

Por exemplo:Universidade

Centro de Pesquisa Cientíca,etc.

Complete esta tabela com o número de linhas que você considerar necessário.

Tecopoos Alguns lugares do mundo atual são tão equipados, sobretudo com

produção de conhecimentos tecnológicos e cientícos, que são deno-minados tecnopolos.

Os tecnopolos podem ser considerados, também, nós da rede produti- va/inormativa irradiando para o mundo as novidades tecnológicas e cien-tícas que são absorvidas com maior ou menor intensidade pelas pessoas,em unção de sua origem de classe social e/ou do lugar onde moram.

 Vamos pensar concretamente sobre isso. O teleone celular, ho-je bastante popularizado, é uma “necessidade” criada recentemente(aproximadamente dez anos). Hoje, ele tornou-se necessidade paramuitos de nós, sobretudo para aqueles que compraram o aparelho e oincorporaram à organização de sua vida cotidiana. Mais que isso, em-

bora o teleone celular tenha, essencialmente, apenas a unção de co-municação verbal à distância e imediata, a cada dia a indústria lança nomercado modelos que oerecem outros recursos (possibilidade de tirare enviar otograa, lmar, etc.). A propaganda destes produtos, veicu-lada pela mídia, pretende despertar em nós o desejo de tê-los, instigan-do um consumo desenreado e irrefetido. (Veja o que acontece com osespaços turísticos no Folhas “Você consome ou produz espaço?”).

 As indústrias ligadas à teleonia celular colocam em contato alguns tec-nopolos situados em dierentes países do mundo. Desses tecnopolos sãoirradiados os produtos (no caso, os aparelhos de teleone celular) que, por

meio das vias de transporte e circulação, chegam ao consumidor.

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Geografa

Na América, por exemplo, podemos identicar o Vale do Silício, naCaliórnia – EUA, como um tecnopolo das indústrias de computadorese teleonia celular.

Quadro 1

O pólo tecnológico de CampinasRogério Czar d Crira Lit

 Tecnopolos constituem um enômeno recente, embora abundante. Foiapenas em meados da década de 60 que se percebeu que algo imprevi-sível estava ocorrendo em alguns locais especícos. Em torno de algumasuniversidades, ou instituições de pesquisas, como Stanord, na Caliórnia, eo Instituto Tecnológico de Massachusetts, em Boston (Estados Unidos da

 América), eclodiram espontaneamente empresas intensivas em tecnologia,aglomerando-se em espaços inadequados.

Em começos da década de 70 observou-se um outro aspecto ainda maisintrigante: grandes empresas européias e japonesas, ou abriram liais, ou com-praram ou se associaram a empresas localizadas nesses locais magicamenteprivilegiados, tais como aquele que veio a ser chamado Vale do Silício, sem oque perderiam em competitividade.

 A razão do sucesso dessas concentrações de empresas intensivas emtecnologia, universidades e instituições de pesquisas e desenvolvimento só

 veio a ser desvendada progressivamente...O sucesso do Vale do Silício e simi-lares decorre da proximidade ísica entre as empresas – elas mesmas e entreelas – e as instituições de pesquisas e da existência de mecanismos inormaisde troca de inormação. Tudo se passa como se a comunidade técnica consti-tuísse um enorme cérebro comunitário. A universidade atua não apenas comouma ornecedora de tecnologia, mas, antes de tudo, como uma catalisadorapara acelerar as trocas entre empresas.

Folha d São Palo, 24/09/2000.Rogério Czar d Crira Lit é prossor érito da unicap bro do Conslho editorial da Folha.

Baseado no texto “Pólo tecnológico de Campinas”, dena, com su-as palavras, o que é um tecnopolo.

 Verique, em livros didáticos de Geograa para o Ensino Médio eem dicionários, como aparecem as denições de tecnopolos e compa-re com a sua denição, elaborada anteriormente.

 A palavra tecnopolo é ormada por dois radicais – tecno e polo. Elaune as idéias presentes nesses radicais para dar signicado a uma coi-sa. Podemos dizer que essa palavra – tecnopolo – pode ser compara-da com o nó de uma rede, nó este que une dois os desta rede, nestecaso as idéias de polo (lugar) e de tecnológico – produtor/irradiadorde inovações tecnológicas.

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 Você pode navegar nos sites listados abaixo para saber um pouco mais sobre tecnopolos e res-ponder as questões.

www.ub.es/geocrit/sn-69-32.htm

www.revistarancabrasil.com.br/apresenta2.php?pag_id=134&edicao=262

www.estadao.com.br/ext/educacao/resolucoes/uvest/uvest-geo.pd

orbita.starmedia.com/mundogeograco/texto53.html

Quais tecnopolos existem na América? Qual é a especialidade produtiva de cada um?

Quais os tecnopolos que existem na Europa e na Ásia? O que eles produzem?

Os lugares onde estes tecnopolos se localizam são grandes metrópoles?

Que equipamentos (objetos técnicos) precisam estar contidos no território de um lugar paraque ele se torne um tecnopolo?

PESQUISA

Omudoãooisempreassim...

Há dez anos, a possibilidade de compra de um teleone celular eramuito restrita devido ao elevado preço, não apenas do aparelho, co-mo das ligações. O mesmo podemos dizer dos microcomputadores deuso doméstico.

É verdade que estes aparelhos ainda são caros para uma grandeparcela da sociedade, o que os torna objetos de consumo de alguns,mas não de todos. Devemos considerar, cuidadosamente, que a maio-ria da população mundial vive alheia, excluída, impedida social e eco-nomicamente do acesso a esses objetos. No entanto, parte daquelesque não os possuem sabem que trata-se de objetos importantes para

o mundo atual, e algumas dessas pessoas têm na escola o único meiode acesso a eles.

Isso oi assim com todos os objetos técnicos criados pelo avanço daciência e da tecnologia, ao longo do desenvolvimento do sistema ca-pitalista de produção. Eles surgiram como novidade, transormaram-seem necessidade (para quase todos), criaram redes envolvendo parce-las cada vez maiores do planeta e, depois de algum tempo de seu sur-gimento, tornaram-se objetos consumidos por um grande número depessoas. Observe a tabela 1 a seguir.

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Geografa

Tempo que levou para ser usado por 50 milhões de pessoas

1873 Eletricidade 46 anos

1876 Teleone 35 anos

1886 Automóvel 55 anos

1906 Rádio 22 anos

1926 Televisão 26 anos

1953 Forno microondas 30 anos

1975 Computador pessoal 16 anos

1983 Celular 13 anos

1993 Internet 4 anos

Font: Nnora, 1998, p. 36.

Períodoshistóricos/técicosdocapitaismo

Essa coisa de vivermos em rede é, portanto, algo histórico, desen- volvido historicamente, o que quer dizer que não oi sempre assim. Pa-ra você, aluno, pode car diícil imaginar o mundo de uma orma die-rente, anal a sua geração é lha da globalização. Por isso, vale a penapensar, ainda que rapidamente, sobre isso.

Desde sua origem, o capitalismo desenvolveu-se num movimentode expansão que pretendia alcançar o espaço global. Essa é uma ca-racterística e uma necessidade do modo de produção capitalista e con-dição para sua “sobrevivência”.

No entanto, durante muitos séculos, as pesquisas e criações tecno-lógicas e industriais de um país eram consideradas de domínio daque-le país e se desenvolviam em seu território. Aos outros países, que nãosabiam produzir aqueles objetos (não tinham ciência e tecnologia pa-ra isso), cabia importar ou permitir que empresas estrangeiras os cons-truíssem. Pense nas primeiras errovias construídas no Brasil. Elas o-ram obras de empresas inglesas. Os primeiros automóveis compradospor brasileiros vinham dos Estados Unidos da América, transportadospor navios, pois nós não os produzíamos.

Essa situação oi assim até os anos 50 do século XX. Depois disso, as

grandes empresas dominadoras de tecnologia começaram a instalar liaisem territórios de outros países, ora daquele onde se xava sua matriz. Foinesse momento que o Brasil começou a receber as liais das empresas au-tomobilísticas (Volks, Ford, Fiat, Chevrolet) e, mais tarde, das empresas deeletro-eletrônico (Sharp, Semp Toshiba, Sanyo, LG, Nokia, Motorola, etc.).

Sobre a indústria você pode ler o Folhas “A indústria já era?”. Portanto,a globalização como nós a conhecemos hoje, teve seu impulso mais or-te depois da Segunda Guerra Mundial e intensicou-se muito mais a partirda década de 1990, quando a teleonia celular e os microcomputadores do-

mésticos “conectaram”, alguns de nós, com o mundo todo, em tempo real.

TABELA 1

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EsioMédio

Pesquise e refita: Por que o texto arma que “alguns de nós” e não todos participam da conexãoglobal? Quem são os excluídos? Por que são excluídos?

PESQUISA

Esta tecnologia, discutida anteriormente, transormou as noções detempo e espaço. Alguns estudiosos dizem que as distâncias (teoricamen-te) se encurtaram e o tempo tornou-se instantâneo/real. Isso quer dizerque, além de nos locomovermos muito mais rapidamente (avião, trem ba-la), sabemos instantaneamente (ao vivo pela televisão, rádio e internet)dos atos que acontecem em qualquer lugar do globo. As redes de inor-mação e de circulação azem parte da dinâmica de nossas vidas, permitem

circular idéias, pessoas, mercadorias, capitais, de maneira real e virtual.

Que mudanças (para melhor e para pior) esta “velocidade” conquistada pela tecnologia, que encurtadistâncias e torna o tempo instantâneo, trouxe para a vida moderna? E como ca a vida daqueles quenão podem participar desse novo padrão de espaço e tempo?

Diante destas refexões queremos propor um desao: pesquise em livros de Sociologia e de Histó-ria o signicado de aldeia global. Relacione-o com o conceito geográco de rede.

PESQUISA

Masafa,dopotodevistadageografa,oqueéumarede?

 As denições e conceituações se multiplicam, mas pode-se admitirque se enquadram em duas grandes matrizes: a que apenas considerao seu aspecto, a sua realidade material, e uma outra, onde é tambémlevado em conta o dado social.

 As redes do primeiro tipo são as que se materializam no espaço ge-ográco. Reerem-se a tudo que permite o “transporte de matéria, ener-gia ou inormação”, como estradas, errovias, hidrovias, rotas aéreas, li-nhas de transmissão para telecomunicações e “seus pontos de acesso oupontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de biurcação oude comunicação.” As redes que levam em conta o social e o político sãoormadas por “pessoas, mensagens e valores” (SANTOS, 1996).

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Geografa

Escolha um dos tecnopolos pesquisados anteriormente e descubra o que ele produz, quais são osprincipais países consumidores desses produtos e de que tipos de redes ele precisa para materializar a

malha da qual é um dos principais nós.

PESQUISA

Escolha um país que participa menos intensamente das redes e pesquise sobre as limitações e aspossibilidades que esta postura traz. Sugestão: Cuba, Angola, Albânia, Nigéria, etc.

PESQUISA

 Vamos retornar à pergunta inicial. Anal, quais são as redes que en-

 volvem as pessoas da gura 1? De que natureza é cada uma delas?

ReerêciasBibiográfcas ANDRADE, C. D. de. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LEITE, R. C. de C. O pólo tecnológico de Campinas. São Paulo: Folha deSão Paulo, 24 set. 2000.

NUNOMURA, E. O sucesso meteórico da Internet. Veja, São Paulo, v. 31, no 30, p. 36, 29 jul. 1998.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. SãoPaulo: Hucitec, 1996.

ObrasCosutadasIANNI, O. Era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.

DocumetosCosutadosOnlInE  www1.olha.uol.com.br/sp/vale/vl2409200033.htm. Acesso em: 05 de mar.de 2006.

 www.sxc.hu. Acesso em: 05 de mar. de 2006.

Debata com seus colegas sobre as “vantagens e as desvantagens” de manter-se o mais “desco-nectado” possível das redes.

DEBATE

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Geografa

12

DINHEIRO TRAZFELICIDADE?

m nossa sociedade a elicida-

de está muito ligada à idéia

de consumir, possuir bens e, a

própria idéia de realização in-

dividual está “contaminada”

por e para isso. Não é sem

motivo que esta sociedade tam-

bém é chamada de “sociedade do con-sumo”. Como o dinheiro e o consumo

organizam o espaço geográco? O que

é dinheiro? E o que é elicidade?

Gisl Zabon1 

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR

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EsioMédio

Na ideologia do mercado, que é dominante na atualida-de, o indivíduo é classicado pela marca da calça que veste,pelo celular que exibe, pelo cargo que ocupa, pelos lugaresque reqüenta; assim, os objetos ou as coisas têm um “va-lor” maior do que o ser humano. Mas, ao mesmo tempo, es-quecemos que toda mercadoria é ruto do trabalho humano,e que todo trabalho humano é necessariamente um empre-endimento coletivo. A pessoa é aquilo que ela consome, oucompra. E quem não tem dinheiro, não pode ser eliz?

O lósoo Aristóteles, século IV a.C., ligava a elicidade àmoralidade, e assim somente o ser humano virtuoso pode-ria ser eliz. Leia no quadro 2 o que Aristóteles consideravanecessário para ser eliz. Se você seguisse as orientações de

 Aristóteles, você seria eliz? Refita e debata com seus cole-

gas sobre isto.

Quadro 1

Sgndo CHAuI (1982: 113), idologia éo conjnto lógico sistático corntd rprsntaçõs (idéias valors) dnoras o rgras (d condta) indi-

ca prscrv aos bros da so-cidad o dv pnsar, o d-v valorizar, o dv sntir, o dv azr coo dv azr... a n-ção da idologia é a d apagar as dirn-ças, coo as d classs, d orncr aosbros da socidad o sntinto daidntidad social, ncontrando crtos r-rnciais idnticadors d todos para to-dos, coo por xplo a Hanidad, a

Librdad, a Igaldad, a Nação.

Mas qual é o problema de uma sociedade onde a elicidade está ligada ao ter, ao consumir? Com-prar é tão bom, você não acha? Pois é exatamente assim que se quer que você pense. Esta é a ideo-

logia do mercado. Mas o que é ideologia? Veja no quadro 1 o texto de Marilena Chauí (1982) e ouça amúsica “Ideologia”, do Cazuza, e depois responda a questão do parágrao a seguir.

ATIVIDADE

Um ditado popular diz que dinheiro não traz elicidade. Felicidadeé um conceito complexo, de diícil denição. Que tal tentar deni-la?

Talvez você tenha uma denição própria do que é elicidade. E di-nheiro, o que é? Logo discutiremos isso, agora vamos alar um poucoda elicidade.

Em nossa sociedade a elicidade está muito ligada à idéia de consu-

mir, possuir bens e, a própria idéia de realização individual está “con-taminada” para isso. Não é sem motivo que esta sociedade também échamada de “sociedade do consumo”. Esta sociedade despontou prin-cipalmente após a II Guerra, período no qual a sociedade passou porimportantes mudanças comportamentais. Você saberia dizer quais o-ram estas mudanças, e por que aconteceram?

 A produção industrial, que neste período alcançou grande desen- volvimento, apresentava mecanismos para produzir em grande esca-la, o que permitia levar aos mercados uma grande quantidade de pro-dutos com menores preços. Uma grande parcela da população pode,então, consumir estes produtos (veja no Folhas “A gente se vê no sho-pping?”, sobre a geladeira). Produzindo em larga escala reduziam ocusto, o que permitia às indústrias lucrar mais.

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Geografa

 A elicidade, aliás, é um bem propriamente humano, que só podeser adquirida em unção de recursos humanos, e só tem sentido no an-damento da vida humana. O que mais caracteriza a elicidade é o sen-timento de satisação.

 A elicidade na contemporaneidade tem sido associada e reduzi-da às conquistas materiais. Isto az o indivíduo a ter uma postura que

o leva a trabalhar para manter e expor um nível de consumo. O la-zer, que poderia trazer a elicidade, também passa a ser uma mercado-ria. Por exemplo, não basta jogar bola, é preciso jogar vestindo a rou-pa da “marca tal” e jogando na escola de utebol “X”. O que importa éconsumir, não havendo preocupação com as conseqüências (ambien-tais e orçamentárias) de suas escolhas. Ou as próprias preocupaçõesoram induzidas pelo “marketing ”, pela “propaganda” e não refetemuma preocupação sobre o ato de consumir (o que você entende por“ato de consumir”?). O indivíduo “é reduzido ao papel de consumidor,sendo cobrado por uma espécie de obrigação moral e cívica de consu-

mir”. (CONSumO SuSTeNTÁVeL, p.17).“É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identi-

dade”, sobre este tema, leia a poesia “Eu, Etiqueta”, no Folhas “Nós darede” e aponte os trechos onde a preocupação com o indivíduo con-sumidor aparece. Debata isto com os colegas.

 A maior parte dos problemas ambientais atuais está ligada ao con-sumo. A poluição (atmosérica, hídrica), a extração de recursos natu-rais para produzir grandes quantidades de produtos, o descarte do li-xo de milhões de toneladas materiais, enm, tudo está associado ao

consumo. E nem entramos em considerações quanto à quantidade deprodutos supérfuos criados para deixar a mercadoria mais atraente. Aprópria idéia de reciclar – uma ação sem dúvida importante e que pre-cisa ser expandida – acaba sendo mais um elemento que ajuda a “di-minuir a culpa” pelo consumo ao invés de provocar questionamentossobre o impacto e a necessidade do consumo.

 Você pode apontar outros problemas? Assim, criamos uma socieda-de de consumo ou consumista? Mais eliz ou menos eliz?

Quadro 2

“Algns considra basta

a crta antidad d vir-td, as bsca a abn-dância iliitada d riza patriônio, podr, glória bns slhants. Alé dis-so, é ácil rspondr a tal po-sição co a prova irrtávldos atos. Co ito, vos não s adir con-srva virtds através d

bns xtriors, as bns x-triors diant virtds. V-os tabé a vida liz,sja ntndida coo bnçãoo coo virtd (o socoo abas), é apanágio dhons s dstaca p-lo carátr pla intligência.mso tnha pocosbns xtriors”

 Aristótls, p.481

 Agora que você já pensou sobre a elicidade, que tal saber o que as outras pessoas pensam so-bre isto. Faça entrevistas com pessoas de dierentes níveis cultural, econômico, étnico, religioso so-bre o que é a elicidade para elas e compare suas denições. Ser eliz tem algo em comum? Qual ésua conclusão?

ATIVIDADE

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EsioMédio

Que tipos de coisas ou produtos são comercializados? Os bens comercializados hoje são dieren-tes dos que eram comercializados no passado? Qual a ligação disto com o espaço geográco ou coma disciplina de geograa?

ATIVIDADE

Mas, voltemos ao dinheiro. Dinheiro é o meio usado na troca debens, para comprar coisas. Pode vir na orma de moedas ou cédulas.É usado na compra de bens ou serviços, no pagamento da orça detrabalho ou nas demais transações nanceiras. Mas não apenas paraisso. É algo que az parte de nossa vida de tal maneira que nem sem-pre nos perguntamos o que é, como surgiu, para que serve e comoo usamos. Você usa com maior reqüência que tipo de dinheiro pa-ra pagar suas compras?

O dinheiro é uma decorrência das atividades e das relações eco-nômicas, ele é indispensável na vida moderna e termina se impon-do como elemento de troca geral de todas as coisas que são objetosda comercialização.

O dinheiro é um dos principais elementos para a transormação doespaço. Sem dinheiro não é possível construir empresas, pagar salários,desenvolver inraestrutras. Nos lugares onde não há dinheiro, não há de-

senvolvimento. A alta de dinheiro (riqueza) gera distorções e dierencia-ções no espaço, tanto nos países centrais como nos países periéricos.

Milton Santos (2002) chama de “luminosos” aqueles espaços ondeexistem condições para se acumular mais dinheiro. Isto se dá porqueo território acumula uma maior quantidade de tecnologias e inorma-ções, o que o torna mais atrativo para as atividades mais desenvolvidastecnologicamente e nanceiramente. Em oposição, chama de “opacos”os espaços onde tais características estão ausentes, ou seja, territóriosque, por não possuírem certo desenvolvimento, não conseguem atrairpara si empresas que necessitam de tais condições, cando desta or-

ma ora do processo de desenvolvimento.

 Você poderia apontar no mundo e no Brasil onde encontramos territórios opacos e luminosos? Lo-calize-os em um mapa e crie uma legenda identicando-os.

ATIVIDADE

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Geografa

Quadro 3

Bolsas de valores são locais onde são negociados valores mobiliários(ações ou debêntures) sobre a scalização dos corretores e autoridades.

 A ações são rações de uma propriedade – empresa, indústria, etc. – quesão vendidas na bolsa de valores; se a empresa obtiver lucro, geralmenteo dono daquela ração também obtém. As bolsas de valores estão presen-tes principalmente nas grandes cidades, locais onde as grandes empresas

têm sua sede e/ou locais onde há compradores para estas ações. Dada atecnologia existente, hoje é possível comprar ações em qualquer bolsa de

 valores do mundo e a qualquer hora do dia, pois ao redor do mundo temsempre uma bolsa de valores aberta, negociando ações. Para saber maisdetalhes sobre este assunto, consulte a página da Bolsa de Valores do Pa-raná, ou da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – Bovespa.

Bolsa d Valors d São Palo a página http://www.dhnt.co.br/bolsas.ht

Com a globalização, a ligação econômica entre os lugares aumen-tou. Neste processo há troca mais intensa de mercadorias e dinheiro.Mas não se pode entender a globalização sem que atentemos para as-pectos além da circulação de mercadorias ou dos sosticados proces-sos logísticos de produção (onde produzir, como produzir, quanto pro-duzir, como comercializar). A globalização permitiu a instalação de umdinheiro virtual ou fuido (assim chamado porque entra e sai dos paí-ses com acilidade, relativamente invisível, praticamente sem ser nota-do – por exemplo, as transações nanceiras das bolsas de valores). Ve-ja mais sobre isso no quadro 3.

Neste processo, para Milton Santos (2002), o dinheiro assume duaslógicas: o dinheiro das empresas, responsáveis pelo setor da produção,necessário para o uncionamento e expansão de cada rma em parti-cular; e o dinheiro dos governos nanceiros globais – FMI (Fundo Mo-netário Internacional), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimen-to). É por intermédio deles que as nanças se dão como inteligência

global e atuam no mundo todo.

 Tendo como base o planisério com uso horário e as bolsa de valores de São Paulo, Londres, Tó-quio, Nova York, Hong Kong, Cingapura e Tailândia, responda:

O investidor que estiver em Cuiabá – MT, às 20h de um domingo, poderia comprar ações negocia-das na bolsa de Nova York? Em que outras bolsas de valores do mundo ele poderia negociar?

E o investidor que estiver em Londres, às 21h de uma sexta-eira, e quiser investir seu dinheiro an-tes do nal de semana? Em que bolsa de valores do mundo poderá azê-lo?

ATIVIDADE

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EsioMédio

Pesquise o que é padrão ouro e o Sistema de Bretton Woods e porque estes não se mantiveram.

PESQUISA

 Antes o território (aqui entendido como o país) continha e regulavao dinheiro. E o dinheiro era também um elemento do território (o rancorancês, o marco alemão, a lira italiana, o dólar americano, o peso argen-tino, o escudo de Portugal, etc.). Hoje, sob infuência do dinheiro global,a moeda local, como o Real no Brasil, escapa a toda regulação interna epassa a depender das decisões e dos julgamentos da inteligência global,que geram impacto sobre a moeda local e podem mesmo impedir quemedidas internas de controle monetário tenham sucesso.

 Até o começo do século XX o dinheiro consistia em moedas de ou-ro e prata largamente aceitas entre os países. Estes países xavam opoder de troca (taxa de câmbio) com base nesta “âncora”. Por exem-plo, um “réis” valia dois gramas de ouro.

Como “âncoras” oram usados o padrão ouro e o sistema de Bretton

Woods . Para o primeiro (1870-1914), o grama do ouro era a reerência decâmbio. Para o segundo (nal da Segunda Guerra Mundial até 1973), odólar servia de reerência internacional.

 As nações que não pudessem manter xas as taxas de reerência(câmbio) de sua moeda em relação àquelas “âncoras” enrentariam umacrise na troca de seu dinheiro e teriam diculdades para comprar e ven-der produtos no mercado internacional.

Esta orma de câmbio internacional baseada na uniormidade do va-lor entre as dierentes moedas, não resistiu às mudanças ocorridas no ce-nário econômico mundial a partir dos anos de 1970.

 Após o m do sistema de Bretton Woods houve uma acentuação da li-berdade de ação dos mercados nanceiros que surgiam e a crescente in-tegração nanceira global, que acilitou a entrada e saída de “dinheiros”

 – investimentos nanceiros – mais rapidamente. Com isto, a qualquer ins-tabilidade política ocorre elevação da taxa de juros, alências de empre-sas, ou declínio do crescimento da economia, ou ainda a desvalorizaçãoda moeda local (mais reais para comprar a mesma quantidade de dólares).Tudo isso deixa os investidores ansiosos para tirar seu dinheiro do país. Eaí, junto com a saída do dinheiro, vão-se empresas e empregos. Não sãopoucos os países que soreram crises cambiais (desvalorização rápida desua moeda). “A América do Sul sediou as primeiras crises nanceiras “mo-dernas” de 1981 a 1983, atingindo duramente o Chile, a Argentina e o Uru-guai. Desde então, Rússia, México, Tailândia, Indonésia, Malásia e outrasnações têm enrentado desastres econômicos” (Sara Silvr, s.d.).

 A história atual está cheia de crises econômicas que começaram em um

país e rapidamente aetaram muitos outros. Um exemplo oi a crise me-

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Geografa

Será que esta chamada fuidez do dinheiro aeta sua vida? De que orma? E o lugar onde você vive é aetado positivamente ou negativamente por este dinheiro/investimentos?

ATIVIDADE

xicana em 1994 (veja o texto “As raízes da crise antecedem os eventos de1994”). Mas estas crises são refexos deste dinheiro menos ligado à produ-ção e mais associado à mobilidade, à fuidez, com capacidade de entrar esair dos países em busca das melhores condições de gerar mais dinheiro.

O capital nanceiro – o dinheiro global que produz mais dinheirosem produzir bens e serviços – não tem país de origem. Se as possibi-

lidades de ganhos são maiores no Brasil, ele vem para cá; se no dia se-guinte surge uma crise política aqui ou um atentado destrói uma re-naria de petróleo no Iraque, este capital nanceiro pode especular queseus ganhos serão menores, e vende suas ações e vai, por exemplo, pa-ra a China. Assim não há xação do capital em obras, empresas que ge-rem emprego e mercadorias. Os lugares cam à mercê do dinheiro que

 vem e vai com rapidez, sem produzir nada ou quase nada.

Quadro 4 As raízes da crise antecedem os eventos de 1994

Trond Gabrilsn

No começo, o México oi bem sucedido em controlar a infação e de ato ganhou elogios de todo oplaneta por sua política monetária. Sustentava-se largamente que o país passaria por uma mudança eco-nômica paradigmática através da assinatura do North American Free Trade Agreement (NAFTA) e da pro-messa de evoluir para uma história de “união” – na qual tantos investidores domésticos e estrangeiros po-deriam vir a colher beneícios. Como resultado, a economia mexicana começou a crescer novamente, ecresceu a uma taxa anual de 3,1% entre 1989 e 1994. Tanto as exportações como as importações de-colaram, e o país também experimentou uma entrada massiva de investimento direto externo... De 1991a 1994, o estoque de títulos internacionais não amortizados (não há pagamento dos juros do empréstimo)cresceu de 1 bilhão para 3,8 bilhões de dólares – tornando o México extremamente vulnerável às futua-ções das taxas de juros e aos ataques especulativos à sua moeda. Tornava-se cada vez mais claro aos

investidores internacionais que o peso estava sobre-valorizado, orçando o Banco Central a gastar grandeparte de suas reservas internacionais (eita em dólar) para manter a moeda atrelada ao dólar.

Como oi que a crise estourou? Uma vez que as reservas internacionais, que sustentavam o peso,caíram ao longo de 1994, investidores começaram a temer que o governo mexicano deixasse de sus-tentar a paridade do peso em relação ao dólar. Depois da desvalorização de 20 de dezembro, o pesocaiu cerca de 50% em uma semana. Corridas massivas aos bancos enraqueceram a moeda mexica-na ainda mais, com severas conseqüências sobre os negócios de inra-estrutura do país, assim comopara a população e em conseqüência, em 1995, o Produto Interno Bruto do México encolheu 7%.

 Adaptado do disponívl : http://www2.gsb.colbia.d/ipd/jbankingmXN_ por.htl

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EsioMédio

Em determinados momentos, as moedas, até então aceitas comotal, perdem a conança da sociedade em que circulam, como podese vericar no caso do México já descrito. Quando isto acontece, porexemplo, gera casos de elevada infação, levando, muito reqüente-mente, a sociedade a eleger outros objetos como moeda ou retomar o

escambo (troca de bens por outros bens).Na Rússia, na década de 90, o escambo passou a ser usado. Mas o

que ocorreu na Rússia neste período que levou a esta situação?

 A Rússia, neste período, estava em “mudança” do seu sistema eco-nômico. De 1922 a 1991, ela ez parte da URSS – União das RepúblicasSocialistas Soviéticas. Esta se ormou em 1922, unindo a Rússia, Ucrânia,Belarus e o Transcáucaso (dividido em 1936 em três partes, ormando osterritórios da Armênia, do Azerbaijão e da Geórgia). Os países bálticos(Letônia, Lituânia e Estônia) e a Moldávia oram anexados durante a Se-gunda Guerra Mundial. O Cazaquistão, o Quirquistão, o Tadjquistão, oTurquimenistão e o Uzbequistão já aziam parte da Rússia em 1922.

Usando o mapa “mudo” da ex-URSS, identique os países que aormavam.

Quadro 5

Chaaos d in laçãoando há anto g-nralizado dos prços, a-zndo co o dinhiro

prca s valor d copra.No Brasil a infação anal, 1989, chgo a 1630% 1990 único ês(arço), 80%.

S 1o d arço d 1990você tivss R$ 100,00,al sria s podr d co-pra no nal dst ês? e aodia, al ra a infação?

www.n.wikipdia.org/wiki/Rpblics_o_th_Sovit_union

Repúblicas que compunham a URSS

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Geografa

Neste período o sistema político e econômico da URSS era o Socialismo. Mas o que é socialis-mo? Qual a dierença entre o capitalismo e o socialismo? Que tal uma pesquisa detalhada sobre o

mundo socialista?

PESQUISA

Na década de 80 o regime soviético, controlado pelo Partido Comunista,apresentava diculdades econômicas e políticas. A produção agrícola e in-dustrial era insuciente para atender as necessidades da população, e as -las para conseguir produtos básicos já aziam parte do cotidiano soviético.

Em 1985 assumiu, como secretário geral do Partido Comunista daUnião Soviética (PCUS), Mikhail Gorbatchov. Ele deu início a um pro-cesso de reormas que se basearam em duas palavras de ordem: glas-

nost (que signica, em russo, abertura e transparência) e perestroika(que signica, em russo, reestruturação).

 A Glasnost tinha como objetivo o abrandamento da censura. Mas oque é censura? Por que ela pode prejudicar as pessoas e a vida de umpaís? Por que ela prejudicava a população da URSS?

 A Perestroika buscava introduzir critérios de eciência na gestão da eco-nomia, seriamente prejudicada por décadas de inércia burocrática e corrup-ção. Mas o que é corrupção? Por que ela prejudica as pessoas e a vida deum país? Por que a economia da URSS apresentava grande burocracia?

Estas mudanças implementadas pelo governo de Gorbatchov possi-bilitaram que confitos políticos, sociais, econômicos, regionais e étnicos,há muito reprimidos pelo governo autoritário soviético, explodissem, ge-rando uma situação que levou à queda de Gorbatchov e à dissoluçãoda União Soviética, ou seja, ao colapso da URSS em 1991. Com o m daUnião Soviética, acabou, de orma denitiva, o regime comunista e ini-ciou-se a implantação da economia dita de mercado. Uma série de acon-tecimentos e decisões acabaram levando ao que se denominou “Crise daRússia”, em 1998, que oi uma das várias crises nanceiras nos anos 90.Um dos eeitos da crise oi o crescimento da infação.

Pesquise sobre as causas destas crises. Você consegue ver como estas crises se relacionamaos temas citados – elicidade, realização pessoal, dinheiro, moeda, crises nanceiras, territórios –neste Folhas?

PESQUISA

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EsioMédio

Para saber um pouco mais sobre o mundo socialista, assista aolme “Adeus Lênin!” (veja o quadro 6).

E então? Dinheiro traz elicidade?

ReerêciasBibiográfcas ARISTÓTELES. Tratado da política. trad: M. de Campos. Lisboa: Europa-

 América, s/d.

CHAUI, M.S. O que é ldeologia. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1982.

CONSUMO SUSTENTÁVEL. Manual de educação. Brasília: Consumers

International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005.

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. O Brasil: território e sociedade no início do

século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 264.

ObrasCosutadasCANTO-SPERBER, M. (org.) Dicionário de Ética e Filosoa Moral. São

Leopoldo: Ed. Unisinos, 2003.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento à consciência

universal. 12ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2005.

SCHAFFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: práticas para a sala de

aula. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2005.

SINGER, P. Para entender o mundo nanceiro. São Paulo: Ed Contexto,

2003.

DocumetosCosutadosOnlInE GABRIELSEN, T. As raízes da crise antecedemos evenetos de 1994.

Disponível em: www2.gsb.columbia.edu/ipd/jbankingMXN_por.html. Acessado

em: 4 out. de 2005.

SILVER, S. Antecedentes sobre Crises Cambiais: breve história. Disponivel

em: www2.gsb.columbia.edu/ipd/j_x_por.html. Acessado em: 4 out. de 2005.

  www.en.wikipedia.org/wiki/Republics_o_the_Soviet_Union. Acessado em: 4

out. de 2005.

 www.cinepop.com.br/cartazes/adeuslenin.jpg. Acessado em: 4 out. de 2005.

Quadro 6

O lme “Adeus Lênin!”, de Wolgang Becker, con-ta a história de um jovem da Alemanha Oriental em

1989. Ele é preso por policiais e sua mãe sore umataque cardíaco entrando em coma. Alguns mesesdepois, com as Alemanhas Oriental e Ocidental, jáunidas, ela desperta. O rapaz, tentando evitar que amãe sora emoções ortes, procura esconder da mãeo acontecido, evitando o contato com o mundo ca-pitalista.

www.cinpop.co.br/cartazs/adslnin.jpg

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Geografa

ANOTAÇÕES

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EsioMédio

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Geografa

13

FOME: PROBLEMA ECONÔMICO?

izem que quando ela chega é

uma triste sina não tem jeito

não [...]

  A questão é mesmo agora

mudar esta história dividir o

pão [...]

Nesta terra de riqueza ver tanta

pobreza [...] (Robrto mnscal/Abl Silva)Hino do Fo Zro – www.ozro.gov.br

 André Aparcido Alfn1

 A charge e os trechos da poesia apon-tam para um problema da atualidade.Que problema seria este? Ele possui al-guma relação com a agricultura e com aorganização do espaço agrário?

1Colégio estadal Vinícis d moras - Capo morão - PR

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EsioMédio

Quadro 1

“Privação d ntrição – maisd 16% das crianças no-rs d 5 anos no ndo dsnvolvinto stão grav-nt dsntridas. Crca d50% dsss 90 ilhõs dcrianças viv na Ásia m-ridional. mitas dssas crian-ças stão anêicas, dbilita-das vlnrávis a donças;a aioria dlas já tinha psobaixo ao nascr; algas t-rão problas d aprndiza-g s chgar a ir para a

scola. Provavlnt, pr-ancrão ntr os ais po-brs dos pobrs ao longo dtoda a vida”

Font: Rlatório sitação da in-ância no ndo – 2003.http://www.nic conslta 10/10/2005

Enquanto nos países pobres aproximadamente 1/3 da populaçãopossui uma dieta alimentar insuciente para atender suas necessidadesbásicas, nos países ricos e desenvolvidos, o consumo diário se situa naaixa entre 4.000 a 5.000 calorias, o que explica, em parte, o aumentoda obesidade nestes países. Apesar disso, a ome também ocorre nes-ses países.

 A ome é ainda um grave problema a ser superado pela humanida-de. Pesquisas revelam que os países pobres, entre eles o Brasil, são osque apresentam indicadores mais elevados de ome e desnutrição. Po-rém, as situações mais graves neste sentido ocorrem na Ásia Meridio-nal e na Árica.

 A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Ali-mentação) estimava em 2005 uma população mundial de 842 milhõesde pessoas amintas. Na sua opinião, em que países encontra-se amaior parte destes amintos?

 A ome, apesar de ser um problema muito comentado e discutido,ainda está longe de ser resolvido. Milhares de crianças morrem todosos dias, principalmente na aixa etária de zero a cinco anos, vítimas daome e da desnutrição.

O Fundo das Nações Unidas para Inância – UNICEF – tem dados so-bre desnutrição no Brasil, que constam no Relatório “Situação Mundialda Inância – 2003”. Veja a tabela 1, analise seus dados e responda: Qualé a situação das crianças brasileiras em relação à desnutrição?

Porcentagem de menores de 5 anos sorendo de:

Baixo peso MarasmoRetardo de

crescimento

Moderado e grave Grave Moderado e grave Moderado e grave

6 1 2 11

Font: Sitação mndial da Inância 2003 - www.nic.org conslta 10/10/2005.

 A desnutrição no Brasil, ao contrário do que se pensa, ocorre emtodo o país e não apenas nas regiões mais pobres. O enômeno se en-contra tanto no meio urbano quanto no meio rural, onde se produz oalimento.

 A ome ou a carência alimentar na inância quando não leva à mor-te, pode causar décits hormonais que desencadeiam problemas decrescimento, de maturação neuronal, comprometimento ósseo-muscu-lar, entre outros. As crianças com estes problemas podem apresentardiculdades de aprendizagem, sentimento de inerioridade e diculda-des de convívio social.

TABELA 1

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Geografa

Mas será que desnutrição e obesidade podem resultar de maus hábitos alimentares? Será que adesnutrição e a obesidade podem ser, também, um problema econômico?

ATIVIDADE

Para uma alimentação adequada é necessário ingerir diariamente ti-pos variados de alimentos que contenham carboidratos, proteínas, lipídios(gorduras), glicídios (açúcares), vitaminas e sais minerais. A OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) e a FAO recomendam uma ingestão de 2300 ca-lorias diárias para as mulheres e 3200 calorias para os homens, o que cor-responderia às necessidades diárias para uma vida saudável de um indiví-duo adulto em atividade moderada. (DuTRA mARCHINI, 1998).

 A carência alimentar, ou uma alimentação inadequada, pode deixaro organismo suscetível a doenças inecto contagiosas, tais como a tu-berculose, pneumonia, coqueluche; o que refete nos gastos do sistemade saúde público. Por outro lado, a ingestão de calorias (através dos ali-mentos) maior do que o gasto energético do corpo provocará acúmulode gordura nos tecidos, ou seja, a obesidade.

Quadro 2

 A obesidade é uma enermidade crônica que se acompanha de múl-tiplas complicações, caracterizada pela acumulação excessiva de gorduraem uma magnitude tal que compromete a saúde, explica o Consenso Lati-no Americano em Obesidade. Entre as complicações mais comuns está odiabete mellitus, a hipertensão arterial, as dislipidemias, as alterações oste-omusculares e o incremento da incidência de alguns tipos de carcinoma edos índices de mortalidade.

Para que uma pessoa tenha uma alimentação equilibrada, é recomen-dável que consuma, pelo menos, um alimento de cada um dos três gruposabaixo, em cada reeição:

Reguladores: são ontes de vitaminas, minerais e bras;Energéticos: são ontes de carboidrato, que ornecem energia aoorganismo;

Construtores: são ricos em proteínas, cálcio e erro.

Font: http://boasad.ol.co.br

 Você sabe quais são os alimentos que compõem cada um dos grupos?Pesquise e construa uma pirâmide alimentar utilizando os alimentos que

 você consome no seu dia a dia.

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EsioMédio

De acordo com pesquisas recentes do Instituto Brasileiro de Geo-graa Estatística – IBGE – a obesidade também estaria ocorrendo en-tre as camadas mais pobres da população. Pesquise, refita e comentecom seus colegas e proessor o aumento de pessoas obesas no Bra-sil. Leia o quadro “obesidade”.

 Agora pensemos: a ome, a obesidade, a pirâmide alimentar, a má

educação alimentar podem nos remeter a refexões sobre a agricul-tura? Vamos conhecer um pouco da agricultura brasileira para tentarresponder a questão.

 A partir de 1950, o Brasil começou a desenvolver sua indústria pe-sada ou de base com o objetivo de aprimorar sua industrialização eatrair novas indústrias e investimentos. O desenvolvimento industrialbrasileiro a partir desse período combinou investimentos estatais emsetores estratégicos como a siderurgia, geração de energia com in-

 vestimentos estrangeiros, principalmente de empresas multinacionaisque se instalaram com o apoio e incentivo do governo brasileiro. A

mudança capitalista que se processava no Brasil visava uma maior in-serção na economia mundial, necessitando ampliar as exportações eo desenvolvimento econômico brasileiro.

Naquele contexto de mudança capitalista iniciou-se uma políti-ca de modernização, com o objetivo de tornar a agricultura brasi-leira mais dinâmica e produtiva, buscando aumentar e diversicar aprodução agrícola através de nanciamentos agrícolas para a com-pra de equipamentos modernos como máquinas agrícolas (tratores,colheitadeiras).

Esta política modernizadora não levou em conta as implicaçõessociais desse processo. A introdução de novas tecnologias nos cul-tivos agrícolas e de substituição das culturas tradicionais por produ-tos que permitem uma maior mecanização, como a soja, por exem-plo, ocasionaram uma drástica redução da mão-de-obra empregadano campo e, conseqüentemente, o êxodo rural.  Você sabe o que éêxodo rural? Pesquise esse tema e o contexto histórico que o desen-cadeou.

Os pequenos proprietários, por terem diculdade de acesso aos

créditos agrícolas, caram excluídos do processo de modernização.Isto gerou um empobrecimento destes pequenos proprietários. Mui-tos tiveram que vender suas propriedades para pagar as dívidas ob-tidas na tentativa de modernizar sua produção. Os baixos valoresobtidos na venda de seus produtos não eram sucientes para so-breviver e pagar os empréstimos. Desta orma, as grandes empresasagrícolas incorporaram as pequenas propriedades que não tinhamcondições de competir com elas, contribuindo para uma maior con-centração undiária.

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Geografa

Enquanto os grandes proprietários pertencentes à classe domi-nante controlam grande quantidade de terras, a maioria dos campo-neses ca com o controle de uma pequena parcela.

Leia o Quadro “Concentração de terras no Brasil” e discuta comseus colegas se ele refete a realidade de sua região. Faça uma pes-quisa sobre a estrutura undiária do seu município (para isso, obser-

 ve, pergunte e, também, consulte a página do www.incra.gov.br). Emseguida construa um gráco que melhor permita visualizar os re-sultados obtidos. O que você conclui? Existe concentração undiá-ria na sua cidade? O que predomina: pequenas, médias ou grandespropriedades?

Quadro 3

Concentração de terra no Brasil é uma das maiores do mundo. Me-nos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares econtrolam 50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários ruraisdetém em torno de 46% de todas as terras. Dos aproximadamente 400 mi-lhões de hectares titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões de

hectares são utilizados como lavoura. Os restantes das terras estão ociosas,sub-utilizadas, ou destina-se à pecuária. Segundo dados do Incra, existem cer-ca de 100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil.

Segundo o censo de 1995, existem cerca de 4,8 milhões de amílias detrabalhadores rurais “sem terra”, ou seja, que vivem em condições de arren-datários, meeiros, posseiros ou com propriedades de menos de 5 hectares.

 A Constituição brasileira determina que as terras que não cumprem sua unçãosocial devem ser desapropriadas para ns de reorma agrária. A unção socialda terra é determinada de acordo com o nível de produtividade, além de crité-

rios que incluem os direitos trabalhistas e a proteção ao meio ambiente.Rora Agrária Violência no Capo Cntro d Jstiça Global. www.pt.org.br - Conslta 09/09/05

Para aproundar seus conhecimentos, que tal pesquisar quais são as dierenças de dimensãoentre pequena, média e grande propriedade rural. Essas dierenças são as mesmas em todas asregiões do Brasil?

Que tipo de produtos agrícolas são produzidos nestes dierentes tipos de propriedades? Vocêse alimenta com estes produtos?

PESQUISA

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EsioMédio

O ato da política de modernização agrícola privilegiar a grande e amédia propriedade com créditos agrícolas subsidiados ez com que pro-dutos agrícolas destinados à indústria de transormação e de exportaçãoossem avorecidos em relação à produção agrícola destinada ao merca-do interno ou a alimentação da população.

No momento atual, como se explica a preponderância da produção agrícola para exportação?

Haveria ainda algum tipo de privilégio para essa produção agrícola voltada para o mercado externo?

DEBATE

Nas sociedades capitalistas a produção sempre se volta para o lu-

cro, esta é uma das características do sistema, necessária, portanto, pa-ra sua sobrevivência e para sua reprodução. Desta orma a produçãose orienta pela demanda do mercado, seja externo ou interno, que naprática determina o que deve ser produzido, embora este mecanismonão seja simples.

 A tabela 2 traz um exemplo de como a agricultura para exportaçãose destaca em detrimento da agricultura produtora de alimentos paraconsumo interno.

 Vamos analisar a tabela?

Sara 2004/2005 - LAVOURAS TEMPORÁRIAS

PRODUTOHECTARES

CULTIVADOSEm mil

%PRODUÇÃO

Em milToneladas

%

SOJA 23.301,10 47,81% 51.090,00 45,04%

MILHO 12.025,00 24,67% 34.976,00 30,82%

 ARROZ 3.916,00 8,03 % 13.227,30 11,65%

FEIJÃO 3.812,80 7,82% 3.044,40 2,68%

TRIGO 2.756,30 5,65% 5.845,90 5,15%

OUTROSPRODUTOS

2.956,05 6,02% 5.295,45 4,66%

Font: Copanhia Nacional d Abastcinto- 2005 Tabla laborada plo ator.www.conab.gov.br, acsso 10/09/2005.

TABELA 2

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Geografa

Como podemos identicar, a soja, que não é tão presente na me-sa do povo brasileiro, ocupa 47,81% da área cultivada com lavourastemporárias e representa a maior parte da produção nacional de grãos.Com relação ao milho, boa parte de sua produção também se destinaà exportação, ocupando uma área de 24,67% das lavouras temporá-rias e boa parte da produção nacional de grãos.

No caso do arroz, do eijão e do trigo, que são produtos para con-sumo interno, percebe-se que possuem em termos percentuais áreasbem reduzidas em relação a outros produtos e a sua participação naprodução de grãos é bem modesta. Há ainda um outro aspecto: es-ses produtos vêm, nos últimos anos, perdendo espaço agrícola para osprodutos de exportação. É o caso do arroz, que, entre 1980 e 1996, te-

 ve uma redução de área cultivada de 36%. Mesmo assim, o arroz teveum aumento de 2,1% de produção no período, isso graças à introdu-ção de novas tecnologias no seu cultivo.

 Vale salientar que, se excluindo a soja, laranja, algodão, e a cana,

mais de 50% da produção de alimentos vem da pequena propriedade,geralmente agricultura amiliar. Não se trata de armar que a produçãopara exportação não seja importante, pelo contrário, ela é undamen-tal para o equilíbrio da balança comercial brasileira e para a geraçãode riquezas para nosso país, mas se persistir este desequilíbrio, poderáhaver necessidade ainda maior de importação de alimentos.

Por que as lavouras destinadas ao mercado interno são preteri-das em relação às lavouras de produtos para exportação?

Ter uma orte produção voltada para o mercado externo pode levar

à alta de alimentos para a população brasileira? Seria essa uma dascausas da ome? Ela paira na alta de condições econômicas das amíliasmais pobres para adquirirem os produtos necessários a uma alimentaçãodigna. O problema é a distribuição de renda.

Uma política agrícola que incentive maior produção de gêneros alimentícios destinados ao mercado in-terno poderia contribuir para melhorar a situação alimentar do povo brasileiro? Que outras medidas, aliadasa esta política, poderiam resolver o problema da ome?

DEBATE

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EsioMédio

De acordo com o mapa responda: em que região do Brasil a ocupação da terra é mais intensapela agropecuária? Explique os motivos pelos quais algumas regiões são mais ocupadas pela agro-

pecuária do que outras. Para isso, você precisará pesquisar as características ísicas (relevo, vege-tação, clima, solo, hidrograa) e históricas das regiões.

PESQUISA

No atual estágio de desenvolvimento econômico não é mais possí- vel analisar o campo e a cidade como realidades separadas, pois mo-dernas tecnologias são empregadas na agricultura mudando as condi-ções de trabalho no campo e as características da produção agrícola.Métodos modernos de administração são implantados para se adquirirmelhores colheitas e maior produtividade por área cultivada.

 Além da introdução de equipamentos modernos, da utilização deertilizantes que alteram as características dos solos, tornando-os maisérteis, podemos citar o cultivo de plantas em estua que não depen-dem do ritmo da natureza ou das estações do ano, e ainda a hidropo-nia, que é uma técnica de cultivo dentro da água enriquecida com nu-

trientes necessários para o desenvolvimento das plantas.

Font: Atlas gográco scolar ltiídia. Rio d Janiro, 2004. CD-ROm.

Mapa 1 - Ocupação da terra pela Agropecuária no Brasil

Escala aprox. 1: 41 000 000

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Geografa

Por um lado, a agricultura depende menos da natureza do que de-pendia no passado, porém passa a depender cada vez mais da técnica e,conseqüentemente, da indústria ou das grandes empresas ligadas ao co-mércio internacional – que têm o monopólio das pesquisas e das semen-tes melhoradas, das quais necessitam os agricultores para obterem boascolheitas. (Veja o caso dos transgênicos no Folhas “Você toma veneno?”).Deste modo, a agricultura se torna cada vez mais dependente do Capitalurbano industrial, colocada a serviço do desenvolvimento industrial.

Quem mais se benecia nesta relação entre agricultor e empresaornecedora de insumos?

Os métodos modernos de administração, aliados a tecnologia em-pregada na produção agrícola proporcionam um considerável aumen-to da produção. Essas tecnologias que possibilitam a exploração máxi-ma do potencial agrícola possuem um alto custo, acessível, portanto,às empresas ou proprietários rurais que possuem capital ou acesso aosnanciamentos agrícolas. E como cam os pequenos proprietários ou

miniundistas que não possuem esses requisitos? E aqueles que conse-guiram se modernizar?

Geralmente, o uso intensivo de tecnologia na produção agrícola se verica nas grandes propriedades, mas podemos constatar que exis-tem pequenas propriedades amiliares tecnicadas que conseguem ga-rantir bons rendimentos na produção, garantindo assim uma boa qua-lidade e vida.

Quanto aos pequenos produtores, há os que exploram determina-dos nichos de mercado ou possuem contrato com empresas agroin-

dustriais que absorvem toda a sua produção, é o caso da agriculturaorgânica ou do cultivo de fores. Porém, a maior parte deles se uti-liza ainda de técnicas tradicio-nais de cultivo, devido ao custoelevado dos insumos e tecno-logias agrícolas. Praticam umaagricultura de subsistência, quenem sempre supre as necessida-des básicas de sua amília. Des-ta orma, buscam alternativas decomplementação da renda ami-liar, empregando-se como mão-de-obra temporária nas grandespropriedades de monoculturasou nas cidades mais próximas.

Nestas condições, deteriora-se a qualidade de vida dessescamponeses, podendo ocorrercasos de ome e desnutrição.

Font: André Aparcido Alfn – arivo pssoal.

Foto 1 - Pequena Propriedade amiliar desubsistência Campo Mourão/PR.

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EsioMédio

O Espaço agrário brasileiro passou, nas últimas décadas, por trans-ormações por conta do processo de modernização introduzido naagricultura e, também, da incorporação de novas áreas para produçãoagrícola observados nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

Essas mudanças aumentaram a produção agrícola, alterando as re-lações de trabalho no campo e a distribuição da população entre os

espaços rural e urbano. Antes desse período de modernização agríco-la, os trabalhadores eram empregados ou agregados nas azendas. Es-sa realidade mudou a partir da introdução de tecnologias modernaslevadas ao campo pela política de modernização e mudanças na legis-lação trabalhista, o que reduziu drasticamente o contingente emprega-do no campo.

 Você sabe o que é um agregado? No que ele se dierencia de um empregado, de um meeiro,de um arrendatário? Todas essas palavras denominam dierentes ormas de relações de trabalho eprodução no campo. Pesquise o que signicam e que relações de trabalho se estabelecem.

PESQUISA

  A mudança nas relações de trabalho no campo, principalmentecom relação ao surgimento do trabalhador temporário, não pode seratribuído somente à introdução da tecnologia na produção, mas tam-

bém a mudanças na legislação trabalhista, que estabelecia garantias eencargos trabalhistas que os grandes proprietários não queriam assu-mir, dispensando, assim, os trabalhadores. Foi neste contexto que sur-giu o trabalhador temporário na agricultura.

Por não ter qualicação prossional, o trabalhador temporário tor-nou-se mão-de-obra barata e abundante para as grandes propriedades,reduzindo os custos de produção, contribuindo para a competitivida-de do produto no mercado. Normalmente são contratados por tercei-ros, o que aumenta ainda mais a exploração do trabalho.

Como são chamados esses contratadores de mão-de-obra rural nas dierentes regiõesdo Brasil? Pesquise isso e investigue sobre as condições de trabalho desses empregados“terceirizados”.

PESQUISA

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Geografa

Meu País

Composição: Zezé di Camargo

 Aqui não falta sol

 Aqui não falta chuva

 A terra faz brotar qualquer semente

[...]

Por que será que tá faltando pão ?

Se a natureza nunca reclamou da gente

[...]

Se nessa terra tudo que se planta dá

Que é que há, meu país ?

[...]

 Tem alguém levando lucro

 Tem alguém colhendo o fruto

Sem saber o que é plantar 

[...]

Fonte: http://cifraclub.terra.com.br

Para o proprietário, a mão-de-obra temporária é um bom negócio,pois não acarreta encargos trabalhistas. Para os trabalhadores, ca asobrevivência nas perierias das cidades com o pouco que recebem,que normalmente não é suciente para uma alimentação adequada,gerando problemas de saúde e agravando ainda mais os problemas ur-banos. É a ome que se maniesta na população, tornada urbana, emunção das mudanças undiárias e trabalhistas ocorridas no campo.

 Além das relações já descritas anteriormente, é preciso discutir, tam-bém, a unidade amiliar de produção, os arrendatários e os parceirosque se constituem relações muito utilizadas no sistema agrícola brasi-

leiro. Fica aqui a sugestão de pesquisa sobre esses temas.Mas, anal, existe alguma relação entre a produção agrícola e a o-

me? A partir das refexões propostas pelo texto, de que orma poderí-amos resolver ou amenizar o problema da ome?

Leia, cante e interprete a música “Meu País” de Zezé Di Camargoe Luciano e descreva as relações nela apontadas e a questão da omeno Brasil.

Faça ainda um comentário sobre as relações de trabalho no campoe como elas aetam a vida e o trabalho nas cidades.

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EsioMédio

ReerêciasBibiográfcas

 Atlas Geográco Escolar Multimídia. Rio de Janeiro, 2004. CD-ROM.

DUTRA DE OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J. Sergio. Ciências nutricionais.

São Paulo: Sarvier, 1998.

ObrasCosutadas ADAS, M., Fome: crise ou escândalo? São Paulo: Moderna, 1988.

BECKER, B. K.; EGLER, Cláudio A.G. Brasil: uma nova potência na

economia mundo. Rio de janeiro: Bertrand Brasil ,1998.

CARNASCIALI, C. H. et al. Conseqüências das transormações tecnológicas

na agricultura do Paraná. In. MARTINE, George; GARCIA, Ronaldo Coutinho

(Orgs). Os impactos sociais da modernização agrícola. São Paulo:

Caetés, 1997.

EVANGELISTA, J.  Alimentos: um estudo abrangente. São Paulo: Ateneu

2002.

GANCHO, C. V.; LOPES, Helena de Q.; TOLEDO, Vera Vilhena.  A posseda terra. São Paulo: Ática, 1995.

HELENE, M. E. M. et al. A ome no mundo. São Paulo: Scipione, 1994.

HUGHE, L. (org).   Agricultura amiliar: comparação internacional.Campinas: Unicamp, 1993.

LACERDA, G. N. Capitalismo e produção amiliar na agricultura.

Campinas: Unicamp, 1993.

OLIVEIRA, A. U. Agricultura Brasileira: Desenvolvimento e contradição. In

BECKER, B.K. (org). Geograa e meio ambiente no Brasil. São Paul:

Hucitec, 1991.

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil território e sociedade no inicio

do século XXI. 4ª ed. Rio de Janeiro: Recorde, 2002. VEIGA, J. E. O que é reorma agrária. São Paulo: Brasiliense, 1990.

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Geografa

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agbnacional. Acesso em: 18 de agosto de 2005.

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CAMARGO, Z. di. Meus país. Disponível em www.ciraclube.terra.com.br 

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Companhia Nacional de Abastecimento. Sara 2004/2005 - Lavouras

  Temporárias. Disponível em www.conab.gov.br. Acessado em: 10 set.

2005.

Disponível em: www.cibergeo.org/agbnacional. Acesso em: 18 de agostode 2005.

CARDIM, S. E. de C S; VIEIRA, P. de T. L.; VIEGAS, J. L. R.  Análise daestrutura undiária. Disponível em: www.incra.gov.br. Acesso em: 16 de

agosto de 2005.

OLIVEIRA, C. L. de & FISBERG, M. Obesidade na inância e adolescência– uma verdadeira epidemia. Disponível em: www.abeso.org.br/artigos.htm.

 Acesso em: 10 de evereiro de 2006.

UNICEF. Relatório Situação Mundial da Inância 2005. Disponível em: www.unice.org.br. Acesso em: 10 de outubro de 2005.

 www.ibge.gov.br/ 

 www.omezero.gov.br 

noticias.uol.com.br/bbc/2003/11/25/ult36u27451.jhtm. Acesso em: 10 de

novembro de 2005.

 www.boasaude.uol.com.br 

iHino do Fome Zero, a letra toda e o arquivo da canção, bem como mais inormações arespeito do Programa Fome Zero podem ser obtidos no site www.omezero.gov.br

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EsioMédio

r o 

d  u 

ç 

ã 

DimesãoSocioambietadoEspaçoGeográfco

  Você pode apontar alguns problemas relacionados ao meio-am-biente? Um somente não, mas muitos, não é mesmo?

O meio-ambiente tem sido motivo de debatese de preocupações internacionais. Isso é possível

 vericar nos múltiplos eventos que vêm ocorren-do desde o nal da década de 60 do século XX,dentre eles: Conerência da Biosera, em Paris/França, 1968; Conerência de Estocolmo, na Sué-cia, 1972; Eco 92, no Rio de Janeiro/Brasil, 1992;Protocolo de Kyoto, no Japão, 1997; Haia, nos

Países Baixos, 2000; Bonn, na Alemanha, 2001;Marrakech, em Marrocos, 2001; a Cúpula Mun-dial sobre o Desenvolvimento Sustentavel, Jo-hannesburgo, na Árica do Sul, 2002; Conerênciadas Partes da Convenção sobre a BiodiversidadeBiológica, em Curitiba/Brasil, 2006.

Mas o que gerou tamanha preocupação? Oque levou estas pessoas a reunirem-se e orga-nizarem-se no sentido de preservar o ambiente?Seria o ato de não termos para onde ir se a Terra acabasse?

 A preocupação com a natureza nasceu junto com a ciência Geográ-ca, no século XIX, mas os primeiros indícios desta preocupação com osenômenos relacionados à natureza e ao meio-ambiente surgiram prati-camente com a própria humanidade. O homem primitivo deslocava-seconstantemente a procura de alimentos e melhor local para se acomodar.Sua acomodação (xação) era eêmera, dependendo da disponibilidadede abrigo (caverna, por exemplo) e da acilidade de obter alimentos, oque demandava conhecer o período em que as árvores rutíeras estavamproduzindo, bem como a dinâmica das estações do ano, pois em locais

onde o inverno ou estação seca eram rigorosos, as migrações eram estra-tégias de sobrevivência. Desse modo, a observação da natureza e o reco-nhecimento, mesmo que simplista, de seus enômenos eram vitais.

Nos últimos três séculos, a relação sociedade-natureza tem se dete-riorado, criando ambientes inadequados para a vida humana, para asplantas e demais animais. Algumas práticas humanas são causadorasdeste desequilíbrio. Você poder indicar quais são estas práticas?

Quadro 1

Para ntndros o émeIO-AmBIeNTe:

“mio – lgar ond s vi-v, co sas caractrísticas condicionantos goísi-cos; abint; sra social

o prossional ond s vivo trabalha;”

“Abint – o conjnto dcondiçõs natrais d in-fências ata sobr osorganisos vivos os srshanos;”

Novo Dicionário da LíngaPortgsa Arélio.

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Geografa

O conhecimento geográco oi construído e acumulado durante sé-culos e tornou-se ciência no nal do século XIX. Desde então, soreureormulações, passou a considerar, cada vez mais, e de maneira maiscrítica, a ação da sociedade sobre a natureza. É importante destacar

que a relação sociedade-natureza não é o único campo de estudo daGeograa, porém esta ciência chega ao século XXI procurando expli-cações e soluções para os desequilíbrios ambientais e as alterações dadinâmica da natureza.

Como se pode vericar no quadro 2, o conceito de meio ambien-te para a Geograa não se reere somente aos elementos da natureza.Ela buscou adotar uma outra expressão para lidar com a problemáticaambiental: o termo socioambiental. O termo “sócio” aparece reerin-do-se à sociedade, que é sujeito undamental dos processos ligados àproblemática ambiental contemporânea, visto que tal problemática sur-ge juntamente com a apropriação e exploração que a sociedade az danatureza. Este tema será tratado mais detalhadamente nos Folhas “Vocêtoma veneno?”, “Os seres humanos são racionais. Será?”, “Pare de so-nhar com um carro!” e “Catástroes são evitáveis ou inevitáveis?”.

O que ocorreu nestes três últimos séculos para que os desequilí-brios ambientais se ampliassem tanto?

  A relação de dependência sociedade-natureza se alterou. Novastécnicas, máquinas, pesquisas cientícas, novas relações de trabalho,acumulação de riqueza, produção industrial, entre outros atores que

se estabeleceram a partir da Revolução Industrial, criaram um ambien-te onde a natureza passou a ser vista somente como onte de riqueza, aser explorada e dominada. Aliado a isto, há também uma ampliação doconsumo e, conseqüentemente, uma ampliação dos resíduos gerados.

 Até algumas décadas atrás, a natureza era vista como capaz de serecompor dos problemas gerados pela sociedade e de seu modo deproduzir e consumir. Porém, a grande quantidade de rios contamina-dos, cidades com ar poluído causando problemas respiratórios, conta-minação por agrotóxicos, aquecimento da atmosera, acidentes radio-

ativos, destruição da camada de ozônio, entre outros, levaram setoresda sociedade a repensar a relação sociedade/natureza.

 Após mais de 30 anos, desde o primeiro evento ambiental (Paris,1968), conseguimos resolver nossos problemas ambientais?

Nas palavras de Herman Daly (1984) – economista e proessor daUniversidade de Maryland/Estados Unidos da América – “lidamos coma Terra como se ela osse um negócio do qual queremos nos livrar”.

 Você concorda com ele?

Quadro 2

“Para gógrao, a no-ção d io abint nãorcobr sont a natr-za, ainda nos a ana

a lora sont. est trodsigna as rlaçõs d in-trdpndência xis-t ntr o ho, as so-cidads os coponntsísicos, íicos, bióticosdo io intgra tabéss aspctos conôicos,sociais cltrais”.

Francisco mndonça, 2001.

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http://slidepdf.com/reader/full/geografia-seed-ensino-medio-2o-edicao 214/280214 Itrodução

EsioMédio

Mesmo depois de tanto avanço cientíco, o homem não tem co-mo prever e evitar muitas catástroes. Ainda que algumas delas tenhamorigem na dinâmica da natureza, como os terremotos e o vulcanismo,

aetam muitos seres humanos, o que torna necessário analisá-las deuma perspectiva social (para obter mais detalhes veja o Folhas “Catás-troes são evitáveis ou inevitáveis?”). Sobre as catástroes previsíveis eprovocadas pela ação humana, os estudos possibilitam o levantamen-to de hipóteses, como no caso do aquecimento global, mas não a so-lução do problema.

Não podemos nos esquecer que a Terra é nossa morada, nossa ca-sa, e não temos como conseguir outra, ou temos? Será que a melhorsolução seria deixar este planeta e buscar outro?

Porém, se partirmos com a mesma organização econômica que te-mos, iremos destruir mais um planeta. Pois os desejos que a socieda-de e o sistema capitalista têm, vão na contramão da recuperação dosambientes terrestres, visto que a procura por maiores lucros levam àmaior produção, o que demanda maior consumo de recursos – natu-rais, humanos, ambientais. A produção precisa ser consumida, o quegera resíduos após o consumo – o lixo. E assim seguimos destruindoa natureza e os ambientes terrestres.

 Você já se perguntou por que consumimos objetos descartáveis?Por que temos a moda? Por que somos convencidos a trocar de carro,eletrodomésticos e outros objetos de uso pessoal ou amiliar, mesmoque eles ainda estejam em boas condições de uso e uncionando?

 A criação de necessidades incentiva uma postura consumista, im-portante para a produção capitalista, pois só assim a economia não pá-ra de crescer.

 A economia precisa continuar crescendo para que toda a socieda-de possa usuruir das riquezas, não é mesmo? Mas será que a riquezaproduzida no mundo já não é suciente para atender toda a humani-dade? E será que essa riqueza é distribuída de orma que toda huma-

nidade seja beneciada?

r o 

d  u 

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Geografa

Estes questionamentos têm como objetivo levar você a pensar umpouco nos problemas socioambientais que aetam nossas vidas, bemcomo nas alterações soridas pela dinâmica da natureza nas últimas dé-

cadas. Os Folhas deste Conteúdo Estruturante abordam alguns temasrelacionados à problemática ambiental, porém, esse assunto está lon-ge de ser/estar esgotado.

Torcemos para que após os estudos destes Folhas a Terra já seja umlugar melhor para toda a humanidade. Bons estudos!

ReerêciasBibiográfcasFERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa Aurélio.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

MENDONÇA, F. A. Geograa socioambiental. Terra Livre. São Paulo n. 16 p.139-158 1o semestre/2001.

ObrasCosutadasCIDADE, L. C. F.   Visões de mundo, visões da natureza e a ormaçãode paradigmas geográcos. Terra Livre. São Paulo no 17 p. 99-118 2o 

semestre/2001.

DARLY, H.  A economia do século XXI. Porto Alegre: Mercado Aberto,1984.

DREW, D. Processos Interativos Homem-Meio-Ambiente. São Paulo:Bertrand Brasil, 1989.

LEFF, E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,poder. Petrópolis/RJ: Vozes, 2001.

RODRIGUES, A. M. Produção e consumo do e no espaço: problemáticaambiental urbana. São Paulo: Hucitec,1998.

G E 

O G 

 A 

I  A 

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EsioMédio

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Geografa

14

OS SERES HUMANOSSÃO RACIONAIS. SERÁ?

ocê cuida de tudo o que

precisa? Que tratamento

 você dá a algo do qual sua

  vida e das uturas gerações

dependem? Você tem algum cui-

dado especial para com a natureza

do lugar em que vive? Além de você,

quem mais é responsável por esses cui-

dados? Você acha que os seres huma-

nos têm atitudes racionais para com o

planeta Terra?

marcia Rgina Garcia1

1Colégio estadal Barbosa Frraz - Andirá - PR

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EsioMédio

Calcula-se que a origem do planeta Terra deu-se há aproximada-mente 4,5 bilhões de anos. Inicialmente era muito dierente, lentamen-te nosso planeta oi adquirindo as características ísicas atuais. Observea tabela geológica para você ter uma noção das transormações ocor-ridas neste período.

 Antes de continuar, uma observação importante sobre a construção

de uma tabela geológica: sua leitura deve ser eita da parte inerior (Eramais antiga) para a superior (Era recente). Isto porque a tabela é cons-truída como a deposição de sedimentos na Terra. Os mais antigos ge-ralmente são encontrados em maior proundidade (embaixo) e os maisrecentes na parte mais supercial (em cima).

 Verique em qual Era e Período geológico nós, seres humanos, surgimos na superície da Terra.Comparado com a origem de outros seres vivos, nossa existência neste planeta pode ser consideradaantiga? Qual é a sua conclusão?

ATIVIDADE

ESCALA GEOLÓGICA DO TEMPO

ErasDuração

aproximada

em anos

Períodos Características principais

Cenozóica + 1 milhão Quaternário Surgimento dos seres humanos.

+ 69 milhões Terciário

Surgimento dos grandes mamíeros;

Formação das grandes cadeias mon-tanhosas.

Mesozóica ou

Secundária+ 120 milhões

CretáceoJurássico Triássico

Grandes répteis (dinossauro, etc.);

Intensas erupções vulcânicas.

Paleozóica ou

Primária+ 310 milhões

Permiano

CarboníeroDevonianoSiluriano

OrdovicianoCambriano

Formação dos oceanos e mares;

Surgimento da vida animal e vegetal;

Soterramento de grandes forestas.

Pré-cambriana

ou Primitiva+ 4 bilhões

 Algonquiano ouProterozóico

 Arqueano ou Arqueozóico

 Azóico

Intenso metamorsmo, com a orma-ção de jazidas de minerais metálicos;

Formação da crosta terrestre;

Ausência de vida.

TABELA GEOLÓGICA

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Geografa

 A parte superior da crosta terrestre, a litosera, está associada às mas-sas líquidas (rios, oceanos, lagos, etc.) que, juntamente à baixa atmose-ra e a biota, ormam um conjunto que dão suporte e sustentação para a

 vida na Terra. É nesse espaço que a vida se desenvolve, que as socieda-des humanas se estabeleceram e se desenvolveram, realizando constan-tes e grandes transormações na natureza. Caso ela seja destruída onde

 vamos viver? Temos a possibilidade de nos mudar de planeta?

Se a existência humana, caso comparada ao tempo geológico denosso planeta, pode ser considerada extremamente recente, pense en-tão em sua existência como sociedade organizada! Mesmo assim, aolongo de sua evolução, como grupos nômades e posteriormente comosociedades sedentárias, oram e continuam sendo imensas as transor-mações realizadas por estes seres na natureza.

De modo geral, tem-se a noção de que a poluição e a degradaçãoambiental são produtos da sociedade pós Revolução Industrial do sé-culo XVIII e que, a partir daí, se expandiu aetando diversos locais. A

degradação ambiental seria ruto da evolução tecnológica, eetivadapelas indústrias e pela sociedade contemporânea, que passou a des-matar em larga escala para produzir alimentos para atender a uma po-pulação crescente e gerar lucro. Os grupos pré-históricos, as socie-dades antigas e as sociedades medievais viviam em harmonia com anatureza (auna, fora, solo, recursos hídricos...). Triste engano!!! É ver-dade que, no passado, quando as técnicas utilizadas pelos seres huma-nos eram mais simples, as transormações eram mais lentas, mas as de-gradações ambientais sempre existiram.

Para sua melhor compreensão e para reorçar o assunto que se se-gue, localize o Novo México em um Atlas Geográco e aça uma bre- ve pesquisa sobre suas características naturais – clima, vegetação, so-lo, hidrograa. 

O proessor Fernando Fernandez (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em sua obra “O poema impereito”, questiona se os grandesimpactos e as grandes transormações da natureza só ocorreram após aRevolução Industrial. Deende a tese de que a ruína e a ascensão de ci-

 vilizações estão relacionadas com a orma destas se relacionarem coma natureza. Cita como exemplo o pueblo de Chaco Canyon, construídopor um povo que existiu na região do atual Novo México (Estados Uni-dos da América) conhecido como Anasazi. Mas o que estas pessoas -zeram de tão grave assim?

O pueblo de Chaco Canyon oi construído pelos “indígenas” por vol-ta do ano 900 d.C., com grossos troncos de árvores e pedras. Uma imen-sa construção de cinco andares, com 650 habitações, mais de 201 metrosde comprimento por 95 metros de largura, suciente para abrigar 3.000pessoas. Em sua construção oram gastos 200 mil magnícos troncos deárvores de 5 metros cada! E Chaco Canyon não era o único, mas apenas

o maior entre os pueblos construídos pelos Anasazi.

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EsioMédio

Quando os espanhóis chegaram à América, encontraram tais edi-cações abandonadas. Mas, por que oram abandonadas? Qual teria si-do a reação dos espanhóis ao se depararem com tamanha construçãoarquitetônica?

 Ao realizar sua pesquisa, você deve ter percebido que no Novo Mé-xico existe uma signicativa variação climática e Chaco Canyon está

construído num deserto. Mas por que realizar uma construção gigan-tesca como esta num deserto? De onde teria vindo a imensa quantida-de de madeira utilizada nesta construção?

Pasmem, toda a madeira oi retirada dali mesmo! Sim. Estudos pa-leobotânicos mostraram que ali existiu uma rica foresta de árvoresdecíduas e coníeras que oi sendo gradualmente derrubada para or-necer lenha para a construção dos pueblos, também para o aprovei-tamento agrícola do solo e como onte de energia no preparo de ali-mentos, aquecimento e outros.

Eles teriam ido cada vez mais longe para conseguir madeira parasuas construções (até 80Km) e lutado, por muito tempo, contra a ero-são que corroía os solos por eles cultivados. Entretanto, chegou ummomento que não deu mais e esta sociedade sucumbiu aos eeitos deseus atos. O clima da região havia mudado; a fora e a auna nativasjá não existiam mais; o solo, da orma que era utilizado, não produziao suciente para o sustento de todos. Era necessário deixar tudo pa-ra trás se quisessem sobreviver. E acredita-se que oi isso que zeram.Migraram em grupos menores para dierentes regiões, mas nada maisse soube desse povo.

 Você já ouviu alar ou leu algo sobre a Ilha dePáscoa (Chile) e Machu Picchu (Peru)? Quem viveunestes locais? Como era a organização social antesda colonização? Como era obtido o sustento mate-rial? Será que a relação destas sociedades com anatureza era similar? Faça uma pesquisa sobre am-bos. Você pode assistir ao lme “Rapa-Nui: umaaventura no paraíso” (1994 – direção de Kevin Rey-

nolds), que trata dos costumes dos habitantes daIlha de Páscoa e apresenta uma das hipóteses paraa construção dos moais e o desmatamento da ilha.

Chaco Canyon, Ilha de Páscoa e Machu Picchu são apenas algunsexemplos ou grandes pontos de interrogação de nosso passado, issosomente citando algumas sociedades que existiram no continente ame-ricano. Existem muitos outros casos intrigantes.

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Geografa

ErosãoO processo de degradação da terra é abrangen-

te. Primeiro ocorre a degradação da vegetação, queé retirada para o aproveitamento do solo para a agri-cultura ou pecuária. Com a retirada da vegetação,teremos também a degradação dos recursos hídri-cos, pois os mananciais, rios e lagos, cam despro-tegidos de vegetação ciliar e ocorre o assoreamento.Lentamente o processo erosivo vai se intensicandoe os solos passam a ser cada vez menos érteis, poisperdem seus nutrientes, ato que aeta diretamente aqualidade de vida da população local.

 A erosão, isto é, o transporte das partículas su-perciais do solo pela água ou pelo vento, é umenômeno natural. Embora os agentes erosivos jáaetassem o solo antes do homem iniciar sua ação, a perda de par-tículas era compensada pela ormação natural do solo e pela co-bertura vegetal natural. Com as atividades praticadas pelo homem,

o risco de erosão aumenta, pois a pressão por alimentos levou auma exploração intensa de algumas áreas, sendo esta superior asua capacidade de suporte.

 A erosão do solo provoca perdas de nutrientes e de matériaorgânica, alterações na textura, estrutura e quedas nas taxas deinltração e retenção de água. Este processo reduz a produtivi-dade da terra, o que leva a uma ampliação do uso de ertilizan-tes químicos na produção agrícola. (Veja mais sobre este tema noFolhas: “Você toma veneno?”).

Os seres humanos dependem da manutenção dos recursos naturaispara sua sobrevivência. Entretanto, agem alheios a tudo, como se suas

 vidas não dependessem de determinados atores que a tornam possívelna Terra, como solo para produzir alimentos, água de qualidade, tantopara saciar a sede e higiene, quanto para a produção de seus alimentosno dia-a-dia, ar puro, dentre outros recursos, que se prejudicados aeta-rão, conseqüentemente, outros.

 As ações humanas têm causado muitos danos ao meio, como: ex-tinção de espécies animais e vegetais; degradação de solo, causandoerosão; deserticação e salinização; degradação dos recursos hídricos;contaminação do solo e da água por produtos químicos diversos; etantos outros atos.

São várias as conseqüências da degradação dos solos. Vejamos umpouco sobre a erosão, a deserticação e a salinização dos solos.

Sgndo o Prograa dqalidad Abintal da e-prsa Brasilira d Psi-

sa Agropcária (ebrapa),no Brasil, as prdas d solopla rosão já ating 840ilhõs d tonladas an-ais (t/ano) stão an-tando co a abrtra d no-vas rnts agropcárias noCntro-Ost na Aazônia.

Font: Bly Jr.www.coltc.co.br/pb4.htl

Font: http://www.sxc.h

Foto 1 - Erosão pluvial em terreno sedimentar.

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EsioMédio

Mapa 1 - Risco de desertifcação no mundo, segundo a sua gravidade

Desertifcação

 Você sabe o signicado dessa palavra? Já ouviu alar ou leu algo sobreo assunto? Conhece alguma região que vem sorendo deserticação?

Deserticação é a degradação de terras em regiões com escassaprecipitação, podendo esta tornar-se árida, ou seja, um deserto.

Durante a evolução geológica da Terra, a vegetação soreu intensastransormações, ora se expandindo, ora regredindo, ora se adaptandoàs novas condições ou até desaparecendo de um determinado localdevido às variações climáticas.

 A vegetação das regiões de escassez de precipitação oi se adap-tando lentamente ao meio, pois as mudanças climáticas também oramocorrendo lentamente. Com o aumento populacional, a intervençãohumana oi se intensicando cada vez mais, devido à necessidade cres-cente de alimentos, a pressão populacional gerou um desmatamento

cada vez maior para sustentar e abrigar uma população também cada vez maior. Entretanto, no momento atual, podemos armar que a am-bição, ou necessidade de acumulação de capital (riquezas), tem levadoa uma exploração excessiva desses ecossistemas rágeis, tornando-osem áreas de risco de deserticação, esgotando sua biodiversidade.

Observe no mapa “Risco de deserticação no mundo, segundo a suagravidade” as regiões mais propícias à deserticação, compare esta inor-mação com um mapa-múndi de densidade demográca e responda: Qualé o tamanho da população mundial que sore com a deserticação?

Font dos dados: FAO.

Escala aprox. 1:178 000 000

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Geografa

Mais de um terço das terras emersas corresponde a áreas áridas, istoé, regiões que sorem décit de água permanente ou por um determi-nado período do ano (sazonal). As atividades humanas têm contribuídopara a degradação destas áreasque são ambientalmente rágeis,o que as azem mais sujeitas adegradação. “O desmatamentodesenreado e as práticas erradasde uso do solo azem com que, acada minuto, 12 hectares de terra

 virem deserto no mundo.” (Rvista

Cociência – unicap, 1999)

Será que o Brasil possui áre-as suscetíveis à deserticação?

Observe o Mapa 2 e conron-te este com outros mapas (polí-

tico e ísico), vericando os esta-dos onde o risco deste processoé mais intens3. Analise a vegeta-ção original dessas áreas, a ve-getação atual, o clima, o solo e ahidrograa.

Quais atividades econômicas são praticadas nestas áreas sujeitas a deserticação? Qual é atecnologia adotada? Será que tais atividades econômicas apresentam alguma relação com o risco dedeserticação local?

PESQUISA

É comum encontrarmos reerência a um processo de desertica-ção no sudoeste do Rio Grande do Sul (Quaraí, São Francisco de Assise municípios próximos). A proessora Dirce Suertegaray (UFRS - Uni-

 versidade Federal do Rio Grande do Sul) tem dedicado seus estudos àárea. Em seu livro “Deserto Grande do Sul: controvérsia”, a proessoraquestiona tal denominação. O quadro contém um trecho do livro, leiae responda: Por que a autora arma que áreas arenosas dessa regiãonão correspondem a áreas desérticas?

Mapa 2 - Áreas no Brasil suscetíveis a desertifcação

Escala aprox. 1:44 500 000

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EsioMédio

Quadro 1

 Tomando como ponto de partida a concepção de deserto/deserticaçãodo ponto de vista climático, deduz-se que as áreas arenosas dessa regiãonão correspondem a áreas desérticas. Nestas áreas, embora a vegetaçãoseja estépica, as condições pluviométricas são de elevada umidade (normaispluviométricas em torno ou superiores a 1.400mm anuais).

A razão da ocorrência da vegetação estépica nesta região é explicadapela evolução paleoclimática local. No Cretácio Inerior tivemos grandes de-sertos no Brasil (aproximadamente ormação Botucatu) e daí para rente hou-

 ve uma sensível atenuação da aridez. A vegetação passou por mudanças,mas pequenas, explicadas pelas mudanças climáticas ocorridas no Quater-nário (períodos glaciários com climas mais secos e rios e períodos interglaci-ários com climas mais quentes e úmidos).

Esses areais são, sobretudo, depósitos areníticos inconsolidados, des-providos de vegetação e retrabalhados sob os processos característicos do

clima atual. Sua origem é natural, porém sua expansão decorre do uso quedeste espaço é eito.

SueRTeGARAY, D. Dsrto Grand do Sl.

Segundo a Agenda 21, a deserticação aeta 1/6 da população daTerra. Qual é a população total da Terra? Quanto representa 1/6 destapopulação? Faça os cálculos de quantas pessoas são aetadas peladeserticação.

Retomando a atividade do mapa “Risco de deserticação no mundo

segundo sua gravidade”, em que porção do mundo vive a maior parteda população atingida pela deserticação?

 Você sabe o que é “Agenda 21”?

Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conerência das NaçõesUnidas sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento, conhecida comoRio-92 ou ECO-92. Foi um importante marco nas discussões ambientaisem nível global. Deste encontro surgiu um importante documento, co-nhecido como Agenda 21, que trata de ações a serem postas em prá-tica pelas nações na tentativa de reverter ou evitar a degradação am-biental. No sítio do Ministério do Meio Ambiente você tem acesso àsinormações a respeito da Agenda 21, bem como ao documento com-pleto da Agenda 21 (40 capítulos) – www.mma.gov.br.

No capítulo 12 da Agenda 21, deserticação oi denida como sendo“a degradação do solo em áreas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas,resultante de diversos atores, inclusive de variações climáticas e de ativi-dades humanas”. Para chegar a tal denição, oram necessários estabele-cer alguns pontos, que oram aceitos pelo PNUMA (Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente), que serviram de base para a denição deáreas suscetíveis à deserticação, que podem ser observados a seguir:

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Geografa

Refita sobre cada um dos pontos anteriores e aça uma pesquisa, juntamente com seus colegas,sobre as condições de seu município, no que se reere a degradação da terra, mesmo que não se tratede área de risco de deserticação.

PESQUISA

Durante a realização da RIO-92, oi proposta, por diversos paísescom problema de deserticação, a aprovação de uma Convenção In-ternacional sobre Deserticação. A proposta oi aceita. Posteriormen-te, a ONU (Organização das Nações Unidas) designou o dia 17 de ju-nho como o “Dia Mundial de Luta contra a Deserticação e a Seca”,data que marca o aniversário da Convenção das Nações Unidas para oCombate à Deserticação.

No Brasil, as áreas mais aetadas pela deserticação oram denidaspela Embraba como sendo os núcleos de Cabrobó – PE, Gilbués – PI,Irauçuba – CE e Seridó – RN.

1- No que diz respeito às variações climáticas, a seca é um enômenotípico das regiões semi-áridas;

2- No que diz respeito às ações de degradação da terra induzidas pelohomem, deve-se entendê-la como tendo, pelo menos, cinco com-ponentes, conorme propõe a FAO (Organização das Nações Uni-das para Agricultura e Alimentação):

a) Degradação das populações animais e vegetais (degradação bi-ótica ou perda da biodiversidade) de vastas áreas do semi-áridodevido à caça e extração de madeira;

b) Degradação do solo, que pode ocorrer por eeito ísico (erosãohídrica ou eólica e compactação causada pelo uso da mecaniza-ção pesada) ou por eeito químico (salinização ou sodicação);

c) Degradação das condições hidrológicas de superície devido àperda da cobertura vegetal;

d) Degradação das condições geohidrológicas (águas subterrâne-as), devido a modicações nas condições de recarga – reabaste-cimento dos lençóis reáticos;

e) Degradação da inra-estrutura econômica e da qualidade de vi-da dos assentamentos humanos.

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EsioMédio

Saiização

Os solos apresentam sais em níveis dierenciados. Quando este ní- vel se eleva, chegando a uma concentração muito alta, pode prejudicaro desenvolvimento de algumas plantas mais sensíveis ou mesmo impe-dir o desenvolvimento de praticamente todas as espécies. Cada planta

possui seu nível de tolerância a sais.Mas como ocorre a salinização? Será que todos os solos apresentam

a possibilidade de se tornarem salinos?

Geralmente a salinização dos solos ocorre em regiões de baixa pre-cipitação pluviométrica, que apresentam alto defcit  hídrico e ondeexiste diculdade de drenagem.

 A água das chuvas, ao cair e penetrar no solo, solubiliza e transportaíons de Cálcio (Ca++), Magnésio (Mg++), Sódio (Na+), Potássio (K+),assim como radicais Hidrogeno-carbonato (HCO

3-1), Carbonato (CO

3-2),

Sulato (SO4-2), transormando-se em uma solução que vai para os rios,lagos e reservatórios. Quando esta água é utilizada para irrigar um solo(principalmente quando esse é raso) em locais de baixa precipitação,que apresenta decit hídrico e diculdade de drenagem, este se tornarásalino com o passar do tempo.

No Brasil, o risco de salinização dos solos se concentra no semi-árido nordestino e no norte de Minas Gerais. Regiões onde o períodoseco é superior a 5 meses por ano, ou seja, o defcit hídrico é muitogrande, por isso a evaporação direta do solo e a transpiração das plan-

tas – evapotranspiração – são intensas. Quanto menor or o valor daprecipitação média anual e maior or a evapotranspiração, maior seráo risco de salinização dos solos quando estes orem irrigados.

Mas as plantas transpiram? As plantas são compostas majoritaria-mente de água, cerca de 85% a 95%; parte desta água pode ser libera-da pelas olhas – transpiração oliar – sob a orma de vapor, é o pro-cesso de transpiração das plantas. A transpiração oliar é o conjunto datranspiração estomática (que ocorre através dos estômatos onde tam-bém ocorre a respiração da planta) e da transpiração cuticular (perdade vapor d’água através da cutícula). Essa transpiração será dierente

conorme o clima da região, assim, algumas plantas, como os cactos,adaptaram-se às regiões secas para reduzir a transpiração.

Muitas regiões de clima temperado apresentam praticamente asmesmas médias anuais de precipitação, mas a evaporação nestas áreasé menor que em regiões de clima tropical, tornando esta última maissuscetível aos danos causados por esse processo.

Quadro 2

Você sab o são sais? Jávi isso nas alas d qíi-

ca? S não vi ainda, adiant-s ao s prossor: sgndoo cintista Arrhnis (1859-1927), “é coposto cjosíons sbsist após a ntra-lização d ácido por abas. [...] Gralnt salé sólido iônico no aln ions H+ n os íons OH– stão prsnts.” (RuSSeL,

1981, P. 381)Os sais az part d nossodia-a-dia, co crtza você

  já consi sal d cozinha(NaCl); talvz já tnha toa-do antiácidos stoacais – osal d rta.

ua criosidad: os saisn spr são brancos. OSlato d cobr (CSO4), por

xplo, é azl o Dicroa-to d Potássio (K2Cr

2O

7) é

vrlho-alaranjado.

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Geografa

Muitos países apresentam áreas salinizadas desde os tempos antigos,que oram abandonadas por se tornarem impróprias para a agricultura.

  Antes isso acontecia pelo completo desconhecimento do processo,mas hoje, com o avanço tecnológico e cientíco, isso acontece, namaioria dos casos, por negligência. A ganância pelo lucro ácil e rápi-do ala mais alto. O solo do perímetro irrigado de Custódia - PE tevesua atividade agrícola interrompida pela salinização.

No semi-árido nordestino, no vale do São Francisco, a irrigação ébastante utilizada e, na maioria das vezes, mal utilizada, pois em vezde irrigar na medida certa, encharca-se o solo. Conorme João Suassu-na, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, “irrigar não signica,apenas, levar água às culturas por meio de tubulações ou canais pre-

 viamente calculados. Signica, também, ajustar as quantidades aplica-das às necessidades hídricas dos vegetais, levando-se em conta as ca-racterísticas do solo e clima locais, bem como, a qualidade da águautilizada na irrigação”.

Quadro 3

O mar de Aral ou de algodãomari-Hélèn mandrillon

 A partir da década de 1970, o mar de Aral, um lago salgado situado no coração da Ásia Central,na ronteira entre o Casaquistão e o Uzbequistão, viu a sua superície drasticamente reduzida. O cau-dal dos rios Amou-Daria e Syr-Daria, que o alimentavam, não só diminui para metade, mas até desapa-receu totalmente, no início dos anos 80. No entanto oi necessário esperar por 1988 e pela política deglasnost de Mikhail Gorbatchev, para que a imprensa moscovita desse o alarme: o Aral perdeu meta-

de de sua superície e o seu nível baixou 15 metros. Os prejuízos oram enormes: em alguns lugares, omar recuou, realmente, mais de 100 Km, o que ez com que os portos de pesca de Aralsk e de Mouï-nak passassem a localizar-se no interior; o sal, espalhado pelo vento, aetou grandes extensões de ter-ras e, além disso, muitas espécies de peixes extinguiram-se denitivamente.

 A agonia do mar de Aral é a revelação espetacular do racasso de uma política de irrigação em gran-de escala, que permitiu que 7 milhões de hectares ossem inteiramente dedicados à monocultura doalgodão. Além de que, juntamente com as águas do mar, perderam-se 60 mil empregos e a memóriade uma paisagem desez-se para sempre.

Com o aproveitamento hidráulico do Amou-Daria e do Syr-Daria, a partir dos anos sessenta, os

seus deltas secaram, ao mesmo tempo em que a população que vivia perto do mar, e que mal inicia-ra o processo de transição demográca, passou a ter a cultura industrial do algodão, o “ouro branco”,como única onte de rendimento.

Font: mANDRILLON, mari-Hlèn. estado do mio Abint no mndo. 1993.

 A salinização é também uma orma de deserticação, pois torna ossolos impróprios para o cultivo, orçando a população local a migrarpara outras áreas.

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EsioMédio

O texto “O mar de Aral ou de algodão” conta a história de um proceso de degradação ambiental degrandes dimensões. Após lê-lo, responda: Você precisa de tudo que tem? Você tem algum cuidado es-

pecial para com o planeta em que vive? O ser humano sabe cuidar do planeta em que vive? Não seria ne-cessário racionalidade para que a vida na Terra continue a existir de orma saudável? Mas... o ser huma-no não é um ser racional?

ATIVIDADE

ReerêciasBibiográfcasCONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE EDESENVOLVIMENTO (1992: Rio de Janeiro). Agenda 21 . Curitiba: IPARDES,2001.

FERNANDEZ, F. O poema impereito: crônicas de Biologia, conservaçãoda natureza e seus heróis. Curitiba: UFPR, 2005.

MANDRILLON, M. In: BEAUD, M.C e BOUGUERRA, M. L. Estado doambiente no mundo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1981.

SUERTEGARAY, D. Deserto Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1998.

ObrasCosutadas  ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vidamoderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001.

DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. Rio deJaneiro: Bertrand Brasil, 1998.

OLIVEIRA, E. C. de. Introdução à biologia vegetal. São Paulo: EDUSP,2003.

SANTANA NETO, J. L.; ZAVATINI, J. A. Variabilidade e mudanças climática .

Maringá: Eduem, 2000.SUGUIO, K.; SUZUKI, U. Evolução geológica da Terra e a ragilidadeda vida. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 2003.

DocumetosCosutadosOnlInE   AUDRY, P.; SUASSUNA, J. Estudo da salinidade das águas deirrigação das propriedades do GAT1 e da sua evolução sazonaldurante os anos de 1988 e 1989. Disponível em: http://www.undaj.gov.

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Geografa

ANOTAÇÕES

br/docs/ tropico/desat/catal.html. Acesso em 16 ev. 2006.

Bley Jr., C. Erosão Solar: Riscos a considerar para a agricultura nostrópicos. Disponível em: www.ecoltec.com.br/pub4.html

 www.iica.org.br. Acesso em: 17 dezembro 2005.

 www.mma.gov.br/port/redesert/desertmu.html. Acesso em: 02 ev. 2006.

 www.mma.gov.br/port/srh/acervo/publica/doc/drena/cap04.pd.Acessoem: 16 ev. 2006.

 www.sxc.hu

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EsioMédio

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Geografa

15

PARE DE SONHARCOM UM CARRO!

ocê consegue imaginar sua

  vida ou a vida de nossa

sociedade sem automóveis

circulando pelas ruas e sem a

comodidade proporcionada pe-

los eletrodomésticos que dispomos

em nosso dia-a-dia? Você acha que ha-

  veria alguma possibilidade disso vir a

acontecer?

Que atores poderiam levar a isto? Que

orças possibilitam que estas coisas un-

cionem? Como estas questões aetam a

(des)organização do espaço geográco?

marcia Rgina Garcia1

1Colégio estadal Barbosa Frraz - Andirá - PR

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EsioMédio

 A Geograa é uma ciência que estuda o espaço, a relação socieda-de-natureza e sua transormação. Esta armação ajuda você a respon-der a questão anterior?

Existem em nosso planeta muitas sociedades que, em unção decaracterísticas culturais peculiares, mantêm uma relação dierenciada

com a natureza, explorando-a ou modicando-a de acordo com seusanseios. Para esclarecer esta idéia, precisamos refetir um pouco.

Que tipo de relação existe entre uma sociedade pastoril nômade e a natureza? E entre os pescadoresribeirinhos ou os grupos que praticam agricultura de subsistência e a natureza? Agora, pense na relação

existente entre a sociedade ocidental capitalista e a natureza. Qual é a sua conclusão?

ATIVIDADE

  Através da otossínts, asplantas captra nrgia dosol transora nr-gia íica. esta nrgia po-d sr convrtida ltrici-dad, cobstívl o calor.

 As onts orgânicas sãosadas para prodzir nr-gias sando st procssosão chaadas d bioassa.

Font:www.abintbrasil.co.bracssado :11/10/2005

Durante sua evolução, o ser humano aprendeu a utilizar diversosrecursos naturais, transormando-os para atender suas necessidades,inclusive como ontes de energia. Estes recursos possibilitaram às di-erentes civilizações um maior grau de desenvolvimento que outra, ouseja, o desenvolvimento precoce de técnicas em relação aos demais,para um melhor aproveitamento dos recursos.

 Você sabe qual oi o primeiro recurso energético a ser utilizado pe-los seres humanos? Foi a biomassa, ou seja, a lenha, utilizada desdeos primórdios para as pessoas se aquecerem do rio, para augentaranimais, para cozer e assar alimentos, depois para undir e orjar me-tais utilizados na abricação dos mais diversos utensílios. Ainda hoje,a biomassa é utilizada, principalmente, nos países pobres, embora nu-ma proporção menor que o carvão mineral, o gás natural, o petróleoe a hidreletricidade.

O uso indiscriminado de madeira pode colocar em risco áreas

forestais ainda existentes em nosso planeta, principalmente devido àexploração ilegal que ocorre tanto para gerar carvão vegetal quantopara o comércio de madeira de lei.

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Geografa

Quadro 1

Madeira de Lei: A expressão madeira de lei tem origem em uma lei do pe-ríodo imperial e, apesar de muito conhecida, não tem denição técnica.

Segundo Osny Duarte Pereira, em obra intitulada Direito Florestal Brasi-

leiro, publicada em 1950, página 96, “ A Carta de Lei de 15 de outubro de1827, no § 12 do art. 5º , incumbia aos juizes de paz das províncias a scali-zação das matas e zelar pela interdição do corte das madeiras de construçãoem geral, por isso chamadas madeiras de lei.’’

Entretanto, há variações no entendimento desta expressão. Madeira de leipode, ainda, se reerir àquelas madeiras de alto valor no mercado, indepen-dente de sua resistência. Se madeiras duras e resistentes podem ser exce-lentes para a construção civil e naval, só as madeiras moles são boas para aabricação de compensados.

Laboratório de Produtos Florestais recomenda que a expressão madei-ra de lei não seja utilizada em documentos ociais como contratos, licitações,textos legislativos, etc. Sempre que necessário, as madeiras devem ser cita-das pelos seus nomes comuns mais conhecidos e principalmente pelo no-me cientíco.

Font: www.ibaa.gov.br

 As foretas do Paraná soreram esse tipo de ação. Você sabe qualoi o destino dado às nossas árvores de madeira de lei? Foi um des-tino “nobre” ou serviram apenas de lenha? Pesquise sobre esse as-

sunto e indique, no mapa, a localização que estas forestas tiveramno Paraná. 

É preciso lembrar, ainda, que as forestas derrubadas (são mui-tas vezes imensas áreas arrasadas por “correntões” puxados por tra-tores potentes) deram lugar à pecuária e/ou agricultura. Mas isso éoutra história!

 Atualmente, devido aos avanços tecnológicos, os recursos energé-ticos mais utilizados são os combustíveis ósseis (carvão mineral, pe-tróleo e gás natural), a hidreletricidade e a energia nuclear. Outras or-

mas, menos diundidas, reerem-se à energia eólica (modalidade ondea cidade de Palmas, no Paraná, é precursora em sua utilização na re-gião Sul), geotérmica, solar e de marés. Todas as ontes de energia, se-jam elas convencionais ou alternativas, necessitam de tecnologia parasua exploração e aproveitamento.

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EsioMédio

Font: marcio migl d Agiar

O uso de tais ormas geralmente está relacionado com a disponi-bilidade destes recursos em um determinado país ou região. Entretan-to muitos países são carentes de ontes de energia e as importam (car-

 vão, mineral radioativo, petróleo) ou mesmo a energia já transormada

para atender às suas necessidades.

O Brasil importa ontes de energia? Quais? Exportamos ontes de energia ou energia já transor-mada? Faça uma pesquisa sobre a exportação e a importação de energia pelo Brasil apontandosua importância.

Você sabe o que é energia? Você sabe como tais recursos passaram a ser utilizados como onte de

energia? Faça uma pesquisa sobre este tema.

ATIVIDADE

Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, ener-gia é a “propriedade de um sistema que lhe permite realizar traba-lho”. A energia pode ser classicada em dois grandes grupos: cinéti-ca ou potencial.

 A energia cinética é a energia associada ao movimento e energiapotencial é a energia armazenada, que pode ser transormada, em ou-

tro tipo de energia, a qualquer momento.

Font: www.itaip.gov.br Font: www.ndaj.gov.br

Font: www.sxc.h

Foto 1 - Usina Hidrelétrica de Itaipu, PR  Foto 2 - Termoelétrica de Uruguaiana, RS

Foto 3 - Energia eólica de Palmas, PR  Foto 4 - Energia solar

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Geografa

Para se produzir energia elétrica − como a que possibilitou acenderas lâmpadas de sua sala − a partir das águas de um rio torna-se neces-sária a construção de um reservatório, cujas águas terão maior energiapotencial gravitacional quanto mais íngreme or a queda das águas. Amedida que a água se desloca do reservatório em direção à turbina, aenergia potencial gravitacional da água transorma-se em energia ci-nética (de movimento). A medida que a altura diminui, também dimi-nui a energia potencial, aumentando a cinética. Importante, quandoágua está no limiar de colidir na turbina, a energia é praticamente to-da cinética. Já o carvão é uma onte de energia química que, pelo pro-cesso de combustão, transorma-se em energia térmica que aquece aágua, gerando vapor a 100 ºC e este, em alta pressão, movimenta o ge-rador, transormando-se em energia elétrica. Nas usinas termelétricasa gás, é realizada a transormação da energia química das moléculasque constituem o gás natural em energia mecânica e depois em ener-gia elétrica. Nos automóveis, a energia química (seja da gasolina, do

óleo diesel, do gás ou do álcool) é transormada em movimento (ener-gia cinética). Quando preparamos um churrasco, a energia química dacombustão do carvão vegetal (ou da lenha) se transorma no calor queassa a carne.

Nestes exemplos, podemos identicar de orma simples algumasdas transormações necessárias nas ontes de energia (a água do rio, ogás natural, o carvão vegetal, a gasolina, o álcool, a lenha...), para quepossamos utilizá-las no dia-a-dia.

 Através de máquinas, uma orma de energia pode transormar-se

em outra. Você poderia apontar alguns exemplos deste ato? Vejamosagora algumas ontes, selecionadas em unção de seu uso.

Carvãomiera

O carvão mineral é uma rocha sedimentar (combustível óssil) or-mada a partir do soterramento e compactação de vegetais em ambien-tes anaeróbicos (antigas áreas pantanosas). A partir do momento emque a matéria vegetal é soterrada, inicia-se o lento processo de orma-

ção do carvão, devido ao aumento da pressão e da temperatura.No período Carboníero da era Paleozóica (aproximadamente 350

milhões de anos atrás), o clima existente em certas regiões do hemisé-rio norte possibilitou o desenvolvimento de exuberantes forestas cujosrestos vegetais soterrados ao longo do tempo deram origem ao carvão.Tais forestas também puderam se desenvolver no sul do Brasil.

  A nrgia potncial gravi-tacional é a nrgia corpo possi ando sta si-tado a a crta altra aci-a d rrncial

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EsioMédio

Os ambientes propícios à ormação de carvão são as bacias rasas,estuários, deltas ou pântanos (áreas mal oxigenadas). Lentamente de-tritos vegetais vão se depositando em uma depressão, como um lago,por exemplo. Estes sedimentos vão tornando-o cada vez mais raso e a

 vegetação existente nas margens começa a invadi-lo e o lago transor-ma-se num pântano, onde os restos vegetais cobertos pela água e porsedimentos, lentamente, ormam a tura. Faça uma pesquisa e concei-tue delta, estuário e pântano.

 A ormação do carvão mineral ocorreu, principalmente, em áreasonde existiam grandes forestas pantanosas (Europa, Ásia e Américado Norte) e apresentavam instabilidade tectônica. Estas áreas estavamsorendo um contínuo e lento processo de subsidência sendo a turei-ra continuamente soterrada com novos depósitos sedimentares, o quedeu origem a muitas camadas de carvão.

Sua distribuição pelo planeta é muito irregular, concentrando-se empraticamente dois países, Rússia e Estados Unidos, contando estes, res-

pectivamente, com 50% e 30% das reservas mundiais. Segundo estima-tivas, o Brasil possui 0,1% das reservas conhecidas (TAIOLI, 2001).

 Você sabia que o poder caloríco (capacidade de gerar calor) docarvão está diretamente relacionado à quantidade de carbono exis-tente nos restos vegetais liticados? Temos quatro tipos dierentes decarvão na natureza, com dierentes concentrações de carbono, quesão: tura, linhito, hulha (carvão betuminoso) e antracito. Observe aconcentração de carbono em cada etapa do processo de ormaçãodo carvão:

   A tura apresenta cerca de 55% de carbono e apresenta pouco va-lor econômico;

  O linhito: apresenta teor de carbono entre 65% e 75%;

   A hulha: tipo mais abundante e mais consumido, apresenta entre75% e 90% de carbono;

  O antracito: diícil de ser encontrado, apresenta entre 90% e 96% decarbono, assim, com maior poder caloríco.

Sua utilização como recurso energético é antiga, pois os romanos

usavam-no para aquecer suas casas. Entretanto, seu uso se intensi-cou a partir do século XVIII, sendo o recurso energético adotadona primeira ase da Revolução Industrial, que se iniciou na Inglater-ra (veja o Folhas “A indústria já era?”). Nesse período, devido à di-culdade de transporte, as indústrias concentravam-se perto dos locaisonde o carvão mineral era explorado (minas) ou próximo a um rio,que além de ornecer água para o processo produtivo, poderia serutilizado como via de transporte.

Sbsidência é o rbaixa-nto das caadas rocho-sas, pod ocorrr nat-ralnt o pla xploraçãod rcrso natral (car-vão, ága, ptrólo...)

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Geografa

 Já ocorreram muitas guerras pelo domínio de jazidas carboníeras,pois até as primeiras décadas do século XX, um país para ser conside-rado poderoso deveria ter um grande “espaço vital” (veja o texto deapresentação do conteúdo Geopolítica) com reservas de recursos na-turais que garantiriam o atendimento das necessidades de sua popula-ção e o desenvolvimento econômico da nação.

Os maiores produtores mundiais de carvão são também os maioresconsumidores e exportadores? Utilize a tabela 1 como ponto de parti-da para responder esse questionamento.

Maiores produtores mundiais de carvão

China 33,8%

Estados Unidos 25,6%

Índia 8,3%

Font: Agência Intrnacional d enrgia

Dentre muitos países que utilizam o carvão mineral como onte deenergia, a China é um país altamente dependente desta onte, tendomilhares de minas em seu território, muitas uncionando em péssimascondições, responsáveis anualmente pela morte de milhares de minei-ros que cam soterrados ou se queimam em explosões.

Leia o texto “China cogita echar 4.000 minas por alta de seguran-ça” para entender um pouco o que ocorre por lá.

Quadro 2

China cogita echar 4.000 minas por alta de segurança

 A indústria de mineração na China é uma das mais mortíeras do mundo.Só no ano passado, ao menos 6.000 mineiros morreram trabalhando devidoaos incêndios, às enchentes nas minas e às explosões. Isso representa 80%das mortes ocorridas nesse setor da indústria, em todo o mundo.

Boa parte das minas não segue a regulação mínima para manter a segu-rança de seus trabalhadores, e os equipamentos usados são antigos e mui-

tas vezes já danicados. A maioria das 28.000 minas de carvão registradasna China estão obsoletas.

O governo do país lançou diversas campanhas para a implementação demais medidas de segurança nas minas. Os locais que não cumprissem as or-dens poderiam ser echados. Mas o alto consumo de energia e os preços docarvão azem com que algumas minas ignorem as novas regulações. O car-

 vão na China ornece 70% da energia consumida no país e, em 2006, a pro-dução do material deve aumentar em 4,9%. Isso signica 2,16 bilhões de to-neladas de carvão.

Font: Folha Onlin www1.olha.ol.co.br. Acsso : 13/02/2006.

TABELA 1

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EsioMédio

 A existência de carvão mineral no Brasil é co-nhecida desde o século XIX, através dos tropeirosque viajavam pela região Sul, mas sua exploraçãoganhou impulso a partir da Segunda Guerra Mun-dial, pela necessidade de substituir combustíveisimportados (derivados de petróleo).

Observe no mapa 1 que a aixa permocar-boníera do Brasil (termo reerente aos depósi-tos dos períodos Carboníero e Permiano da eraPaleozóica, correspondendo, respectivamente,a 350 e 270 milhões de anos atrás, aproximada-mente), apresenta a orma da letra S. Tais de-pósitos encontram-se nos estados de São Pau-lo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 Já são pesquisadas as reservas de carvão no Pa-rá (Serra dos Carajás) e outros estados.

O carvão produzido nos estados da região sul é utilizado tambémpara gerar energia elétrica em usinas termelétricas. Podemos citar astermelétricas de São Jerônimo, Candiota, Gasômetro e Charqueadas,localizadas no Rio Grande do Sul; em Santa Catarina temos a UsinaTermelétrica da Companhia Siderúrgica Nacional, em Siderópolis, e aSociedade Termelétrica de Capivari. O carvão paranaense é utilizadonas usinas de Harmonia e Figueira, além da Fábrica Presidente Vargas(Indústria de Material Bélico do Brasil), que se localiza em Piquete – SP, onde se produz explosivos para o exército.

 Até o momento, o carvão metalúrgico só é extraído de Santa Cata-rina. Este carvão apresenta grande quantidade de hidrocarbonetos pe-sados, podendo ser transormado em coque. Nem todo carvão pro-duzido no Brasil é coqueicável, devido à sua má qualidade (grandequantidade de impurezas).

 A exploração do carvão mineral causa muitos danos à natureza,pois é necessária a remoção de toda matéria vegetal e mineral (solo erochas) para chegar à reserva. Entretanto, quando sua exploração ini-ciou-se, não se alava em preservação e imensas áreas oram degra-

dadas. Tal tipo de exploração pode causar a acidicação da água dosrios, chuvas ácidas, subsidência no local de exploração, deterioraçãoda paisagem, danos à saúde dos mineradores e muitos outros.

Por se ormar em condições anóxicas (ausência de oxigênio), ocarvão está comumente associado a suletos (íon de enxore: S -2),principalmente a pirita (FeS

2), conhecida popularmente como ouro

dos tolos, que, exposta à ação do oxigênio e da água, sore oxida-

Coicação é o procssod acinto do carvão,obtndo-s, coo rslta-dos, rsído sólido, poro-

so, carbonoso, após a libra-ção d gass prsnts sa strtra.

Mapa 1 - Ocorrência de carvão mineral

Escala aprox. 1: 56 500 000

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Geografa

ção, gerando uma solução de ácido sulúrico (H2SO

4) e sulato er-

roso (FeSO4), altamente poluidora. Estas substâncias acidicam as

águas, aumentando o teor de sulatos (íon de enxore ligado a qua-tro átomos de oxigênio: SO

4 –2) que causam uma série de reações quí-

micas como, por exemplo, a solubilização (capacidade que tem umasubstância de se dissolver em outra) de metais pesados, cálcio, só-dio, erro e outros.

 A oxidação (oxidação é a perda de elétrons por uma espécie quí-mica) dos suletos também pode gerar calor e induzir a autocombus-tão do carvão, liberando ácido sulídrico (H

2S), que possui cheiro mui-

to desagradável, além de provocar chuvas ácidas que, muitas vezes,pela dinâmica da atmosera, ocorrem em áreas distantes da área po-luidora, ou seja, suas conseqüências podem atingir sociedades quenão possuem relação direta com a área de exploração, não respeitan-do ronteiras.

O smog é um tipo de poluição atmosérica composta por uligem e

enxore. No ano de 1952, em Londres, mais de três mil pessoas morre-ram em poucos dias devido ao aumento da concentração de poluen-tes que se acumularam, aprisionados em uma massa de ar que perma-neceu estacionada devido a uma inversão térmica.

 Você já ouviu alar de algum ato relacionado a essa poluição invasora de ronteiras? Pensandonesta questão, se uma indústria poluidora do ar osse instalada na sua cidade, que cuidado seria ne-cessário para denir a localização desta indústria sem que ela poluísse sua atmosera?

ATIVIDADE

 Até a década de 1970, todos os rejeitos, da exploração do car- vão, cavam a céu aberto. A partir da década de 1980, surgem as pri-meiras iniciativas na tentativa de minimizar os impactos ambientais

dessa exploração. Estudos estão sendo realizados para o desenvol- vimento de tecnologias limpas para o uso do carvão, tentando mini-mizar os impactos ambientais e obter maior eciência energética. Es-te processo pode ser realizado por meio da pré-combustão, durantea combustão, pós-combustão ou pela conversão do carvão em ou-tros combustíveis. Que tal realizar uma pesquisa para conhecer me-lhor esses processos?

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EsioMédio

Hidreetricidade

Este tipo de energia elétrica é responsável pelo abastecimento deaproximadamente 90% do consumo nacional. A água é utilizada des-de a antiguidade como onte de energia para mover moinhos ou ou-tros equipamentos. Mas quando ela passou a ser utilizada como onte

geradora de energia elétrica? As primeiras usinas hidrelétricas que surgiram no Brasil eram priva-

das e visavam atender às necessidades de uma tecelagem, mineraçãoou de uma azenda; posteriormente as usinas oram destinadas à ilu-minação pública e ao atendimento à população.

 Antigamente, para a construção de uma usina hidrelétrica não eranecessário conseguir autorização governamental, nem havia necessi-dade de estudos de impactos ambientais. Lentamente isso oi mudan-do, e hoje vários estudos são realizados, por exemplo: Estudos Pré-

 vios de Impacto Ambiental (EPIA), Avaliação de Impacto Ambiental(AIA) e posterior Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) para veri-car as possíveis intererências ambientais, socioculturais e econômicasna área atingida. Mesmo assim, os impactos podem ser signicativos.

 Você poderia indicar alguns impactos na vida da população atingidapela construção da barragem?

Para a instalação de uma usina hidrelétrica deve-se considerar a to-pograa do entorno, a largura do rio e o caudal, objetivando maioraproveitamento do potencial hidráulico e evitando, assim, o alagamen-to de grandes áreas e seus impactos.

 A energia elétrica produzida pela orça da água é considerada re-novável, uma vez que a água utilizada para gerar energia não se esgo-ta no processo, podendo ser utilizada para outros ns. O lago orma-do pela barragem do rio pode ser utilizado para a navegação, uma vezque elimina as quedas d’água, que dicultavam o percurso antes desua ormação. Também pode ser utilizado para o desenvolvimento dapiscicultura, recreação, irrigação e outros.

 A tilização d nrgia lé-trica no Brasil pod sr con-sidrada prcoc, pois 1879, ando Thoas ed-

son constría a priira si-na létrica para ilinar NwYork, D. Pdro II inagrava,no Rio d Janiro, a ili-nação létrica da estação daCort (atal estação D. PdroII), co sis lâpadas.

Pesquise sobre as atividades desenvolvidas no lago de Itaipu, na região oeste do Paraná.

PESQUISA

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Geografa

E a auna aquática? Será que a construção de um lago pode intere-rir na vida dos peixes e outras espécies?

O rio orma um ambiente lótico, onde a movimentação é inten-sa e constante. Ao ormar o lago, este passa a lêntico, e toda a au-na aquática sore com isso. Nesse processo, muitos peixes desapare-cem, pois precisam realizar a piracema, que é o processo migratório

que ocorrem todos os anos em direção a montante (rio acima, contrá-rio à correnteza) para que ocorra maturação gonadal e possam pro-criar e perpetuar a espécie. Estes, presos num lago, não se reprodu-zem. Uma tentativa para minimizar este impacto é a construção dasescadas para peixes.

 A energia hidrelétrica durante muito tempo oi considerada umaenergia limpa, mas recentemente essa classicação está sendo questio-nada. Segundo o pesquisador Philip M. Fearnside, do Instituto Nacio-nal de Pesquisas da Amazônia (INPA), instituto do Ministério da Ciên-cia e Tecnologia, que estuda as barragens amazônicas, estas são ontes

de gases de eeito estua e, na região, o impacto maior seria causadopor Tucuruí, Balbina, Samuel e Curuá-Uma, todas na bacia amazônica.Ele considera que tais usinas (reservatórios) causam pelo menos o do-bro do impacto de gerar a mesma energia com petróleo.

Lótico: sistas aáti-cos d ágas prdoinan-tnt corrnts, d fxocontíno;

Lêntico: abint aáti-co ond prdoina ágasparadas, o d corrntrdzida.

Pesquise os impactos ambientais, socioeconômicos e culturais de uma grande usina hidrelétrica.

 Veja, na tabela 2, algumas usinas hidrelétricas brasileiras. Considerando a área alagada (em km2 ) ea potência (em mw), qual é a usina mais eciente? Qual deve ser a explicação para isto?

PESQUISA

Relação potência/volume/área alagada de usinas selecionadas

Usina Ano Rio/Estado

Potência

MW

 Volume

106 m3

 Área

Km2

Balbina 1989 Uatumã/AM 250 17.500 2.360

Paulo Aonso 1955 S. Francisco/BA 3.984 128 16

Itaipu 1991 Paraná/BR-PY 12.600 29.000 1.360

Porto Primavera 1995 Paraná/SP-MS 1.818 18.500 2.250

Salto Osório 1975 Iguaçu/PR 1.332 6.750 41

Font d dados: mÜLLeR, A. C., 1995. Adaptada pla atora.

TABELA 2

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EsioMédio

 A partir da crise do petróleo de 1973, iniciou-se no Brasil uma cor-rida por outras ontes de energia, na tentativa de diminuir nossa de-pendência do petróleo importado, que era muito grande. Nesse perí-odo, teve início a construção de grandes usinas, na maioria das vezes,com impactos tão grandes quanto o tamanho das usinas construídas,que consumiram ciras exorbitantes dos cores públicos. Todos os riosbrasileiros oram estudados para vericar as possibilidades de aprovei-tamento, instalando-se pequenas, médias ou grandes usinas.

O território paranaense é responsável pela geração de mais de 20%da energia hidrelétrica consumida no Brasil, pois possui grandes usi-nas como Itaipu, Foz do Areia, Salto Osório, Salto Santiago e outras,com grande potência, atendendo às necessidades de sua população edistribuindo energia para outros estados. Este potencial é exploradopela Copel – Companhia Paranaense de Energia Elétrica – exceto Itai-pu e usinas hidrelétricas localizadas ao longo do rio Paranapanema.

Existem também projetos para construção de novas usinas, entre

estes estão os projetos para o rio Tibagi, que alagará terras de reservasindígenas. Bom lembrar que os povos indígenas já soreram ao longodos séculos e, de certo modo, ainda não conseguiram uma área ee-tivamente sua, pois precisam mais uma vez “ceder” sua área para o“bem” da sociedade. Será que a sociedade em geral pensa no bem es-tar dos indígenas? Como você pensa esta questão?

 Veja a seguir as usinas da Copel, listadas por ordem decrescente depotência.

Quadro 3

O projto da usina Hidrlétri-ca d maá, no rio Tibagi/PRstá sndo contstado poritos (biólogos, antropó-

logos otros) alga o rsrvatório da sinacasaria grand ipac-to na ana fora local, poissta rgião possi a -ga divrsidad, alé d atin-gir trras indígnas. Até ponto s dv prodzir nr-gia para atndr a danda satisazr as ais divrsasncssidads intrsssdos srs hanos? e aí,coo ca a stão abin-tal? qal a atitd o go-vrno stadal dv tr?

Txto sistatizado pla atora.

1 Usina Hidrelétrica Gov. Bento Munhozda Rocha Netto (Foz do Areia)

2 Usina Hidrelétrica Governador Ney Braga (Segredo)

3 Usina Hidrelétrica de Salto Caxias

4 Usina Hidrelétrica Governador Parigotde Souza

5 Usina Hidrelétrica Guaricana

6 Usina Hidrelétrica Chaminé

7 Usina Hidrelétrica Apucaraninha

8 Usina Hidrelétrica Mourão

9 Usina Hidrelétrica Derivação do Rio

 Jordão10 Usina Hidrelétrica Marumbi

11 Usina Hidrelétrica São Jorge

12 Usina Hidrelétrica Chopim I

13 Usina Hidrelétrica Rio dos Patos

14 Usina Hidrelétrica Cavernoso

15 Usina Hidrelétrica Melissa

16 Usina Hidrelétrica Salto do Vau

17 Usina Hidrelétrica Pitangui

18 Usina Termelétrica Figueira

Mapa 2 - Paraná – Usinas Hidrelétricas e Termolétricas

Escala aprox. 1:5 650 000

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Geografa

Petróeo

O petróleo é o recurso energético mais consumido em nível mundial,sendo estratégico para o desenvolvimento das nações, podendo, no mo-mento, ser também responsável por sua ruína. É um combustível óssil,assim como o gás natural e o carvão mineral. Você sabe qual a sua ori-

gem e quando este importantíssimo recurso energético se ormou? Várias são as teorias sobre sua origem, entretanto a mais aceita atu-

almente é que tenha surgido a partir da decomposição de matéria or-gânica animal e vegetal (principalmente algas e plânctons), soterradapor sedimentos lacustres ou marinhos. Em ambientes rasos (plataor-mas continentais), devido à rápida sedimentação – ou no undo dooceano, devido ao menor teor de oxigênio – a oxidação da matéria or-gânica não ocorre plenamente e esta vai se transormando com a per-da dos componentes voláteis e concentrando carbono, até se transor-mar em hidrocarbonetos. Este processo leva milhões de anos.

Para azer a peruração estudos geológicos e geoísicos são realiza-dos na área, além de análises geoquímicas e paleontológicas de amos-tras, que possibilitarão constatar a existência ou não de hidrocarbone-tos, evitando maiores gastos.

Sua ocorrência no globo é variável, pois novas reservas podem serdescobertas, ao mesmo tempo em que outras estão se exaurindo. Nomomento atual, a maior concentração de petróleo está no Oriente Mé-dio e de gás, na Europa Oriental.

Seu uso é conhecido desde a an-tiguidade. Estima-se que o betumetenha sido usado na construção dasmuralhas da Babilônia, na Mesopo-tâmia. Era conhecido pelos antigosegípcios e utilizado na pavimentaçãode estradas dos Incas, na América.

No Brasil, encontramos reerênciaà existência de petróleo na Bahia, nonal do século XIX, período em que

se construía a Estrada de Ferro LesteBrasileiro. Relatos inormavam queas erramentas utilizadas na constru-ção cavam sujas de óleo. Entretan-to, a primeira descoberta com inte-resse comercial oi eita em Lobato,também na Bahia, no ano de 1938.Em 1953, oi criada a Petrobrás (Pe-tróleo Brasileiro S.A.).

MAPA DO BRASILCOM POÇOS DE

PETROLEO

Mapa 3 – Brasil: refnarias de petróleo – 2005

Escala aprox. 1:46 000 000

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EsioMédio

 A primeira descoberta de petróleo na plataorma continental brasi-leira oi realizada em 1968, em Sergipe. Hoje, a maior parte do petró-leo nacional é retirado da plataorma continental, em águas proundas(superiores a 800m), com destaque para a bacia de Campos, litoral fu-minense, onde se concentra a maior extração no momento. Devido àsespecicidades da exploração na plataorma continental, o Brasil de-senvolveu tecnologia que, atualmente, é exportada.

Há ainda a possibilidade de existir petróleo no subsolo amazônico brasi-leiro, uma vez que a Venezuela – país cujo território contém parte da Ama-zônia – é um dos maiores produtores mundiais desse recurso mineral.

Nas últimas décadas, o petróleo virou motivo de guerras (Guerrado Golo: invasão do Iraque pelos EUA, Reino Unido e demais paísesque os apoiaram), pois ortes economias seriam arruinadas sem a ga-rantia de sua oerta. Uma das estratégias utilizadas nos confitos oi co-locar ogo nos poços, ação que leva grande quantidade de CO

2para a

atmosera, podendo intensicar o eeito estua.

Hoje, os maiores confitos, ou pelo menos os mais divulgados pelaimprensa, embora com outra roupagem, são os que se originam pelaposse do petróleo, mas já existem vários confitos por domínio de água.Será que um dia poderemos presenciar um desses confitos em nossoterritório? (Sobre esta questão, leia o Folhas “A água tem uturo?”.)

 A sociedade atual é altamente dependente dessas ontes de energia,pois sua manutenção provém, basicamente, destas três ontes – carvãomineral, hidreletricidade e petróleo; ao que tudo indica, alguns paísesseriam capazes de passar por cima de tudo e de todos para consegui-

rem garantir a manutenção de seu padrão de vida.

E aí, já pensou em uma mudança radical em seu modo de vida? Isso seria viável ou você nemcogita esta hipótese? O que as ontes de energia tem a ver com estas mudanças?

ATIVIDADE

ReerêciasBibiográfcasFERREIRA, A. B de H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio deJaneiro: Nova Fronteira, 1986.

MÜLLER, A. C. Hidrelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. SãoPaulo: Makron Books, 1995.

 TAIOLI, F. Recursos energéticos. In: TEIXEIRA, W. et al. Decirando a Terra.São Paulo: Ocina de Textos, 2001.

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Geografa

ObrasCosutadasBAIRD, C. Química ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2002.

CANTO, E. L. do. Minerais, minérios e metais. De onde vêm? Para onde vão? Coleção Polêmica. São Paulo: Moderna, 2001.

GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-

geomorológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia Geral. São Paulo: Editora Nacional,1989.

PINTO, P. S. Auto-suciência relativa. Revista Indústria Brasileira, junho/ 2005, p.16 a 21.

POPP, J. H. Geologia Geral. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos eCientícos Editora S.A., 1999.

ROSA, L. P. Impactos de grandes projetos hidrelétricos e nucleares.

São Paulo: Marco Zero, 1988.

DocumetosCosutadosOnlInE 

FOLHAONLINE. China cogita echar quatro mil minas por alta desegurança. São Paulo: Folha de São Paulo. Disponível em: www1.olha.uol.com.br. Acesso em 13 ev. 2006.

educaterra.terra.com.br/almanaque/historia/petroleo_brasil.htm. Acessoem: 20 outubro 2005.

 www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=15154.Acesso em 20 outubro 2005.

 www.cni.org.br/produtos/diversos/src/rev52/Pg%2016_21%20Petroleo.pd Acesso em: 21 outubro 2005.

  www.comciencia.br/reportagens/energiaeletrica/energia03.htm. Acessoem: 21 outubro 2005.

 www.copel.com/pagcopel.ns/0/02228A56D4FA23C403256AFD–00429A3C?OpenDocument. Acesso: em 21 outubro 2005.

  www.cristalinolodge.com.br/ecossistemap.htm. Acesso em: 15 outubro2005.

  www.mct.gov.br/sobre/namidia/CTnamidia/2002/25_02b.htm. Acesso em:20 outubro 2005.

 www.ibama.gov.br 

 www.itaipu.gov.pr 

 www.undaj.gov.br 

 www.sxc.hu

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EsioMédio

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Geografa

16

CATÁSTROFESSÃO EVITÁVEIS

OU INEVITÁVEIS?or que chamamos de “catástroe”

os uracões, terremotos, erup-

ções vulcânicas, secas, enchentes,

deslizamentos de encostas e tsunamis?

Como evitar uma “catástroe”?

Roslia maria Soars Loch1

1Institto d edcação do Paraná Pro. eraso Piloto - Critiba - PR

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EsioMédio

Recordado

 Vamos relembrar alguns acontecimentos, quemarcaram esta ruptura recentemente.

 Assistindo à televisão no mês de março de2004, camos sabendo de um enômeno que

atingiu o litoral sul do Brasil. Começou comoum ciclone extratropical, mas à medida que oievoluindo, ganhou características incomuns.Batizado de Catarina, oi classicado como u-

racão. No mesmo ano, em dezembro, soubemosque a terra tremeu mais uma

 vez. Dessa vez oi na Ásia, tre-meu sob as águas do Oceano Índico provocan-do ondas gigantes conhecidas como tsunamis.E o uracão Katrina, 11ª tormenta Atlântica de

2005 chega aos Estados Unidos.Eventos como estes não podem passar

despercebidos e devem ser colocados nocentro dos debates a respeito das relaçõessociedade-natureza, bem como a questão daragilidade dos seres humanos.  Vamos refe-tir um pouco sobre este assunto. Que expli-cação você daria para a questão a seguir?

Para entender o que é uma “catástroe natural”, vamos denir asduas palavras que ormam a expressão: catástroe, segundo o Novo Di-cionário Aurélio da língua portuguesa, é um “acontecimento súbito, deconseqüências trágicas e calamitosas”; natural, segundo o mesmo di-cionário, é “reerente à natureza; aquilo que é conorme a natureza”.E então, continua com a mesma opinião?

 As catástroes naturais são eventos com os quais todas as socieda-des convivem. Em alguns lugares elas são muito reqüentes, em outrossão relativamente raras; no entanto, em todas as sociedades elas repre-sentam um desao. Só é pertinente reerirmo-nos a “catástroes natu-rais” quando estas aetam direta ou indiretamente a sociedade de umaorma signicativa com danos graves causados a pessoas, a bens (pré-dios, lavouras, estradas, etc.) e ao ambiente. Elas constituem um pro-cesso de ruptura entre o sistema social e natural. Ocorrem desde quea Terra se ormou, mas há uma percepção que elas se intensicaramna atualidade. Você também acredita que elas tenham se intensicado?

Qual é a sua explicação para isto?

Quadro 1

enanto os estados unidosda Aérica agardava achgada d otro racão, o

saldo d ortos por casa doKatrina atingi ont 1.037.Hov a atalização da conta-g na Loisiana, ond o to-tal chgo a 799.

No mississippi, são 219. Háainda 19 ortos rgistradosna Flórida, no Alabaa, naGórgia no Tnnss.

Font: Folha d São Palo, São

Palo, 22/09/ 2005.

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Geografa

Segundo várias reportagens editadas pela mídia alada e escrita, a tragé-dia causada pelo Tsunami na Ásia se deve, em grande parte, à alta de avi-so. A área mais atingida não tinha nenhum sistema de alarme. A Austrália re-cebeu um aviso do maremoto, a Índia e os outros países do Oceano Índiconão. Estes últimos não pertenciam ao sistema integrado de alerta.

Se a alta de comunicação nos países pobres é uma das causas das “ca-

lamidades” com vítimas humanas e perdas de bens materiais, como explicar a tragédia deixada pela passagem do uracão Katrina nos Estados Unidos?Lembre-se: uracões são muito mais comuns e previsíveis que tsunamis.

Cassifcaçãodas“Catátroesnaturais”

CATEGORIA TIPO DE EVENTOMeteorológico uracão, tuão, tornado, ciclone

Hidrológico inundação, seca, incêndio

Geológicoterremoto, maremoto,

ondas gigantes, vulcão

 Adaptado: TeNAN, Coriolano Liz. Calaidads natrais.Rio d Janiro. SuNAB, 1974.

Existem outras classicações mais abrangentes que podem ser em-

pregadas na conecção de relatórios e também para estudos compa-rativos e análise do comportamento de cada um. A elaboração destaclassicação justica-se por acilitar o ordenamento e as generalizaçõesdas ocorrências dos eventos.

De maneira geral, as “Calamidades Naturais” têm sido classicadase ordenadas de acordo com os seus processos desencadeadores.

Observe os tipos de eventos na tabela “Classicação das Catástro-es Naturais” e refita: Por que certos eventos ocorrem com mais re-qüência em determinados períodos do ano do que em outros? Quais

enômenos naturais ocorrem mais no verão que no inverno? Você per-cebe dierenças nos enômenos naturais, em sua região, nas dieren-tes estações do ano?

 Além de observar a distribuição temporal dos eventos, a localizaçãogeográca é imprescindível, pois permite caracterizá-lo geosicamente,ou seja, sua espacialidade pode ser denida, seu mapeamento estabele-cido e seu risco conhecido através de sua determinação no espaço.

 Tabela 1

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EsioMédio

Muitos eventos geoísicos podem ser identicados por sua localiza-ção, pois aqueles mais extremos não ocorrem em muitos lugares, co-

mo é o caso de uracões e vulcões. Pesquise, num dicionário geográ-co o que são e quais são os enômenos geoísicos.

Em um Atlas Geográco busque o planisérico de “tormentas einundações” e responda a que regiões da Terra os uracões são maisreqüentes.

Classicados como eventos meteorológicos, os uracões, os ciclo-nes, os tuões e os tornados são eventos que produzem um resultadodestrutivo, mas ainda há muitas dúvidas a respeito deles. Anal, comosão ormados esses enômenos atmoséricos? Quais as dierenças entre

eles? Por que alguns lugares são atingidos por eles e outros não? Quaisas conseqüências desses enômenos no espaço e na sociedade?

 Vamos saber um pouco mais sobre as características de cada umdeles e entender os impactos provocados.

Mesmo se tratando dos mesmos enômenos, os uracões recebemdierentes nomes. Tudo depende do espaço terrestre onde aconteceme da velocidade dos ventos existentes.

 A mais poderosa tempestade do nosso pla-neta é o uracão. Um enômeno que se orma

nas águas quentes das regiões trópicas. A mes-ma água quente que atrai os turistas às regiõestropicais serve de combustível para os uracões.Quando sua rota segue em direção às áreas po-

 voadas, o resultado é altamente destrutivo. Umainquietação no tempo, oceanos tropicais mor-nos, umidade, e ventos relativamente ortes emníveis superiores da atmosera são as condiçõesnecessárias que podem combinar e dar origem a

 ventos violentos, ondas gigantes, chuvas torren-

ciais, e inundações associadas a este enômeno.Font: www.sxc.h

Pesquise sobre as enchentes e as secas, eventos mais comuns no Brasil, para responder as ques-tões a seguir:

Quais são as regiões mais aetadas por estes eventos? Tente justicar o porquê.

 A partir das inormações coletadas por você: Podemos armar que no Brasil as secas estão associadasao Nordeste e as enchentes ao Sul?

Esses eventos hidrológicos, enchente e seca, podem acontecer ao mesmo tempo no Brasil?

Faça um levantamento dos impactos desses eventos na sociedade, apontando a extensão do pro-blema e a duração das conseqüências.

ATIVIDADE

Foto 1 - Destruição causada pelo uracãoKatrina (2005), Nova Orleans, EUA.

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Geografa

É ácil identicar um uracão através de uma imagem de satélite. Is-so porque o uracão possui uma densa nuvem em orma de espiral e oamoso “olho” do espaço parece um rágil redemoinho, porém na ter-ra tem um poder destrutivo.

O maior perigo está na água, pois a pressão baixa no olho do ura-cão pode levar bilhões de toneladas de água do mar para as praias or-

mando uma tempestade de grandes proporções. Não é por acaso que90% das vítimas de uracão morrem aogadas.

Para medir a intensidade dos uracões utiliza-se a escala Sar-Simp-son, ela mede a orça dos ventos numa categoria que vai de 01 a 05.Leia a tabela “escala de Furacões” para saber a categoria e a velocida-de dos ventos. O uracão Katrina, já citado anteriormente, chegou à ca-tegoria 5 ao se aproximar de Louisiana nos Estados Unidos.

 A partir dos anos 70, com as tecnologias mais avançadas, os saté-lites permitiram previsões mais precisas das áreas a serem atingidas ea categoria dos uracões, podendo dessa orma retirar a população deáreas com possibilidade de serem atingidas ou colocando-os em abri-gos. Mas mesmo assim os uracões continuam azendo estragos. Ma-tam milhares de pessoas todos os anos.

De acordo com o lugar onde se ormam ganham nomes dierentes.No oeste do Pacíco, nas regiões do Japão, China, Coréia, Filipinas sãochamados de tuões e são mais poderosos que os uracões atlânticos.Os tuões dispõem de uma área maior de oceano quente para viajar ese ortalecer. Mais de 20 tuões se ormam no oeste do pacíco numano comum. As mesmas tempestades são conhecidas como Ciclones,

a dierença está na área de atuação.O ciclone tem uma extensão geográca maior do que a do ura-

cão, mas os ventos são mais calmos, não há nuvens espiraladas nema ormação de “olho”. No Hemisério Sul, giram no sentido dos pon-teiros do relógio (sentido horário) e, no Hemisério Norte, giram nosentido contrário ao dos ponteiros do relógio (sentido anti-horário). Aocorrência de um ciclone não indica necessariamente que haja tem-pestade, embora seja comum os ciclones virem acompanhados da or-mação destas. Quando se orma longe da Linha do Equador, em águas

rias, ele é chamado de ciclone extratropical.O tornado, outro enômeno meteorológico de grande poder dedestruição, se dierencia dos uracões por se ormar sobre o continen-te. As superícies continentais super aquecidas geram ventos verticais eisto contribui avoravelmente para o desenvolvimento da tempestadeque dá início ao tornado. Quando um tornado atinge os oceanos sãochamados de tromba d’água.

Os Tornados são medidos pela intensidade dos estragos que causam,e não pelo seu tamanho ísico. Tornados grandes podem ser racos, e tor-nados pequenos podem ser violentos. São considerados a mais destrutiva

Quadro 2

Escala de uracões

Escala Safr-SimpsonFoi dsnvolvida no coçodos anos 70 plo ngnhi-ro Hrbr Sar o dirtor doCntro Nacional d racõs,Robrt Sipson. É a s-cala indica o potnciald dstrição d racão,lvando-s conta: prs-são ínia, vnto a rssa-

ca casada pla tornta.Catgoria 1 (vntos d118 a 152 k/h),

Catgoria 2(153 a 178 k/h),

Catgoria 3(179 a 209 k/h),

Catgoria 4(211 a 250 k/h),

Catgoria 5 (vntos s-priors a 250 k/h).

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EsioMédio

de todas as tempestades na escala de classicação dos enômenos atmos-éricos. A intensidade dos tornados é classicada na Escala Fujita que vaide F1 até F5, sendo o F1 o menos intenso e o F5 o mais intenso.

Podem ocorrer em qualquer parte do mundo, desde que existamcondições avoráveis; entretanto, observa-se com uma maior reqüên-cia nos Estados Unidos numa área connada entre as Montanhas Ro-

chosas (a oeste) e os Montes Apalaches (a leste). A região onde casituado o estado americano de Oklahoma é considerado a aléia de tor-nados, região onde são mais reqüentes.

Se você quiser ter uma noção do eeito destrutivo de um tornado,assista ao lme Twister, que tem Oklahoma como cenário e o “astroprincipal” é um enômeno meteorológico!

Mas nem todas as “cala-midades naturais” podem seratribuídas a eventos meteo-rológicos. Enquanto os ura-cões são classicados comoeventos da geodinâmica ex-terna da Terra, os terremotos,maremotos e vulcões têm suaorigem na geodinâmica inter-na da Terra, são os chamadoseventos geológicos.

  Você já imaginou comodevem se sentir as pessoas

que são atingidas por este enômeno? O clássico “não entre em pânico”é, nesta situação, imprescindível. Imagine a sensação esquisita sob ospés, que balança os móveis, az tremer janelas e não dura mais que al-guns segundos.

Dirigido pelo holan-dês De Bont, coma produção de Ste-

  ven Spielberg naretaguarda, o quepropiciou um showde eeitos visuais esonoros.

Terremotos, abalos sísmicos ou tremores de terra são termos utili-zados para identicar eventos sísmicos, classicados conorme o seu“tamanho”. Desta orma, o termo terremoto é reservado para eventosgrandes, geralmente aqueles com perdas humanas e grandes estra-gos. Fenômeno de vibração brusca e passageira da superície da Ter-ra são resultante de movimentos subterrâneos de placas rochosas, de

 Terremoto é a mais destrutiva e imprevisível maniestação da natureza. Por que os terremotos aconte-cem? É possível prever sua ocorrência? Em que lugar do mundo as sociedades estão mais sujeitas a so-rer com os abalos sísmicos?

ATIVIDADE

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Geografa

atividade vulcânica, ou por deslocamentos (migração) de gases no in-terior da Terra. O movimento é causado pela liberação rápida de gran-des quantidades de energia na orma de ondas sísmicas.

 A maior parte dos terremotos ocorre nas bordas das placas tectôni-cas (“tectônica” vem da palavra “construção” em grego) ou em alhasentre dois blocos rochosos. Pesquise em um Atlas Geográco o planis-

ério “placas tectônicas” e identique os limites das placas e a direçãode seus movimentos.

O comprimento de uma alha pode variar de alguns centímetros atémilhares de quilômetros, como é o caso da alha de San Andreas na Cali-órnia, Estados Unidos. Só nos Estados Unidos ocorrem de 12 mil a 14 mileventos sísmicos anualmente (ou seja, aproximadamente 35 por dia). Ba-seado em registros históricos de longo prazo, aproximadamente 18 gran-des terremotos (de 7,0 a 7,9 na Escala Richter- veja a tabela das escalas)e um terremoto gigante (8 ou acima) podem ser esperados num ano.

Entre os eeitos dos terremotos estão a vibração do solo, aberturade alhas, deslizamentos de terra, tsunamis, mudança no eixo de ro-tação da Terra, além de eeitos destrutivos em construções eitas pelohomem, resultando em perda de vidas, erimentos e altos prejuízos -nanceiros e sociais (como o desabrigo de populações inteiras, acilitan-do a prolieração de doenças, ome, etc.).

 A região onde ocorre a liberação de energia sísmica (ondas sísmi-cas), ou a alha na rocha, é chamada de região ocal ou oco sísmico – hipocentro. O ponto diretamente acima do oco, na superície da Terra,é chamado de epicentro. A zona ao redor do epicentro é normalmente a

mais aetada por um abalo sísmico. Se este ponto se localizar no mar ouem zonas desabitadas, o sismo pode não provocar estragos.

Em alguns terremotos, os tremores só podem ser registrados poraparelhos denominados sismógraos. Outros são abalos tão violentosque devastam extensas regiões. O maior terremoto já registrado oi oGrande Terremoto do Chile, em 1960, atingindo 9.5 na escala de Ri-chter, em seguida o da Indonésia, em 2004, registrando 9.3 na mesmaescala.

O que um terremoto provoca na superície da Terra, tal como, tre-

mor sentido pelas pessoas, rachaduras nas paredes ou no solo, desa-bamentos de edicações, etc., pode ser medido como sua intensidade,na escala denominada Escala Mercalli. Em virtude dos desmoronamen-tos de ediícios e dos incêndios resultantes, alguns terremotos oramcausadores de grandes catástroes.

 A escala de Mercalli tem uma importância apenas qualitativa e não de- ve ser interpretada em termos absolutos, uma vez que depende de obser- vação humana. Por exemplo, um sismo com 8 na Escala Richter num de-serto inabitado é classicado como I na escala de Mercalli, enquanto queum sismo de menor magnitude sísmica, por exemplo 5, numa zona on-

Quadro 3

Escala Richter A antidad d nrgia lib-

rada por abalo sísico,o sa agnitd, é di-da pla aplitd das ondasitidas sgndo o parâ-tro da scala d Richtr, vai d zro a 9 pontos.

Escala MercalliO podr d dstrição d trroto é dido p-la scala mrcalli, d zro a12 pontos. O abalo ds-tri a Cidad do méxico, 1985, tv agnitd 8,1 intnsidad 10.

Font: www.apolo11.co/ richtr.php

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EsioMédio

de as construções são débeis e pouco preparadas para resistir a terremo-tos pode causar eeitos devastadores e ser classicado com intensidadeIX, na escala Mercalli.

E os Maremotos? Há quem identique o termo “maremoto” como“tsunami” – contudo, maremoto reere-se a um sismo no undo do mar,semelhante a um sismo em terra rme e que pode, de ato, originar

um(a) tsunami. A palavra ‘’tsunami’’ quer dizer, em japonês, ‘onda do porto’ – tsu

(porto, ancoradouro) e nami (onda, mar) é uma onda ou uma série de-las que ocorrem após perturbações abruptas. Mas para entender me-lhor como unciona um Tsunami, ou uma onda, é preciso antes sabero que é uma perturbação.

Escala Mercalli

Mag Eeitos percebidos.

I Nenhum movimento é percebido.

II Algumas pessoas podem sentir o movimento se elas estão em repouso e/ou em andareselevados de ediícios.

IIIDiversas pessoas sentem um movimento leve no interior de prédios. Os objetos suspensosse mexem. No exterior, no entanto, nada se sente.

IVNo interior de prédios, a maior parte das pessoas sente o movimento. Os objetos suspen-sos se mexem, e também as janelas, pratos, armação de portas.

 V A maior parte das pessoas sente o movimento. As pessoas adormecidas se acordam. Asportas azem barulho, os pratos se quebram, os quadros se mexem, os objetos pequenos

se deslocam, as árvores oscilam, os líquidos podem transbordar de recipientes abertos.

 VI Todo mundo sente o terremoto. As pessoas caminham com diculdade, os objetos e qua-dros caem, o revestimento dos muros pode rachar, árvores e os arbustos são sacudidos.Danos leves podem acontecer, mas nenhum dano estrutural.

 VII As pessoas têm diculdade de se manter em pé, os condutores sentem seus carros sa-cudirem, alguns prédios podem desmoronar. Os danos são moderados em prédios bemconstruídos, mas podem sorer danos no resto.

 VIIIOs condutores têm diculdade em dirigir, casas com undações racas tremem, grandes es-truturas, como chaminés e prédios podem se torcer e quebrar. Prédios bem construídos so-

rem danos leves, contrariamente aos outros, que sorem severos danos.

IX Todos os prédios sorem grandes danos. As casas sem alicerces se deslocam. Algumascanalizações subterrâneas se quebram, a terra se ssura.

 X A maior parte dos prédios e suas undações são destruídas, assim como algumas pontes. As barragens são signicativamente danicadas. Largas ssuras aparecem no solo, os tri-lhos das errovias entortam.

 XIGrandes partes das construções desabam, as pontes e as canalizações subterrâneas sãodestruídas.

 XIIQuase tudo é destruído. O solo ondula. Rochas podem se deslocar.

Font: www.apolo11.co/richtr.php – acsso 19/12/05 (co adaptaçõs)

 Tabela 2

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Geografa

Escala Richter

Mag Eeitos percebidos.

1 Não é sentido pelas pessoas. Só os sismógraos registram.

2 É sentido nos andares mais altos dos ediícios.

3 Lustres podem balançar. A vibração é igual à de um caminhão passando.

3.5 Carros parados balançam, peças eitas em louça vibram e azem barulho.

4.5Pode acordar as pessoas que estão dormindo, abrir portas, parar relógios de pêndulos e cair reboco de paredes.

5É percebido por todos. As pessoas caminham com diculdades, livros caem de estantes; osmóveis podem car virados.

5.5  As pessoas têm diculdades de caminhar, as paredes racham, louças quebram.

6.5Diícil dirigir automóveis, orros desabam, casas de madeira são arrancadas de undações.

 Algumas paredes caem.

7Pânico geral, danos nas undações dos prédios, encanamentos se rompem, endas no chão,danos em represas e queda de pontes.

7.5Maioria dos prédios desaba, grandes deslizamentos de terra, rios transbordam, represas e di-ques são destruídos.

8.5  Trilhos retorcidos nas estradas de erro, tubulações de água e esgoto totalmente destruídas.

9 Destruição total. Grandes pedaços de rocha são deslocados, objetos são lançados no ar.Font: www.apolo11.co/richtr.php – acsso 19/12/05 (co adaptaçõs)

Em dicionários, a idéia mais comum encontrada de “perturbação” vem dos seus sinônimos: “desordem”, “transtorno”. Ou seja, uma per-turbação é algo que “altera o estado normal” de um ambiente, provo-cando alguma mudança que desequilibre esse ambiente. É comum,por exemplo, dizermos: “pare de me perturbar, você vai me tirar do sé-rio!”. Em Física, “perturbação” tem um signicado muito parecido: per-turbação é uma modicação em algum ponto de um meio que causa

algum desequilíbrio neste. Por exemplo, o tsunami que arrasou muitasregiões da Ásia, no nal de 2004, oi extremamente devastador por seruma perturbação associada a uma quantidade gigantesca de energia.Essa energia originou-se em um sismo no undo do oceano e a per-turbação causada na superície transportou essa energia, espalhando-apor centenas de quilômetros. Quanto mais próximo da região onde aperturbação se deu, tanto maior a perturbação e a quantidade de ener-gia contida em seu movimento.

 Tabela 3

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EsioMédio

Observe na gura como se orma o tsunami:

 A velocidade do tsunami é reduzida conorme ele vai chegando à praia(menor proundidade). Observe a gura “Como se orma um tsunami”, asúltimas ondas, por terem maior velocidade, empilham-se nas ondas que

estão na rente, azendo aumentar a altura e a amplitude destas. Assim, àmedida que a onda se aproxima de terra, a sua reqüência e altura aumen-tam e sua velocidade diminui. Veja mais detalhes no quadro “Ondas”.

Quadro 2

Ondas

 Você deve ter percebido que os enômenos naturais de origem na geodinâmica interna são propa-gados por meio de ondas: as ondas sísmicas dos terremotos; as ondas das tsunamis.

 Apenas para lembrar, as ondas em questão são mecânicas, porque propagam-se em um meiomaterial (água). Se uma onda que se propaga em determinado meio, encontra a superície de outromeio pode sorer refexão, absorção e/ou reração. Esta última, é o caso da tsunami.

 valeamplitude

comprimento de onda

altura

crista

 A ilustração mostra os parâmetros que caracterizam uma onda: comprimento e amplitude de on-da (crista, vale e altura), além da reqüência de oscilação e velocidade de propagação. Observe que aamplitude é medida a partir do nível do mar (caso das ondas oceânicas) e a altura é a distância verticalentre a crista de uma onda e o vale da onda adjacente.

Font: Crso d Ocanograa da univrsidad d Santa Ccília d Santos – unisanta – disponívl http://crsos.nisanta.br/ocanograa/ondas.ht)

Os tsunamis podem caracterizar-se por ondas gigantescas, causan-do grande destruição. Embora os tsunamis ocorram mais reqüente-mente no Oceano Pacíco, podem ocorrer em qualquer lugar. Existemmuitas descrições antigas de ondas repentinas e catastrócas, particu-larmente na região do Mar Mediterrâneo. Milhares de portugueses quesobreviveram ao grande terremoto de Lisboa, em 1755 oram mortospor um tsunami que se seguiu poucos minutos depois. Antes da gran-de onda atingir a costa, as águas do porto retrocederam, revelando car-

regamentos perdidos e naurágios abandonados.

...e menor emáguas mais rasasperl do undo

do mar 

 velocidade da onda é maior em águas mais proundas...

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Geografa

 A costa brasileira pode sorer uturamente algum impacto de tsunami?

Em 2001, cientistas previram que uma utura erupção do instável vulcão Cumbre Vieja em La Palma (das Ilhas Canárias) poderia causarum supergigante deslizamento de terra para dentro do mar. Nesse po-tencial deslizamento de terra, a metade oeste da ilha iria catastroca-mente deslizar para dentro do oceano. Esse deslizamento causaria uma

megatsunami com ondas de 100m de altura que devastaria a costa da Árica noroeste, com uma tsunami de 30m a 50m alcançando a costaleste da América do Norte muitas horas depois, causando devastaçãocosteira em massa e a morte de prováveis milhões de pessoas.

 Você levaria a sério esta previsão anunciada pelos cientistas? An-tes de responder, leia com atenção a armação a seguir.

 Após a passagem do uracão Katrina, inúmeras agências de notíciasarmaram que especialistas americanos alertavam, há 03 anos, para orisco de destruição da cidade de New Orleans, no estado da Louisiana(Estados Unidos da América) em caso de uracão, caso nada osse ei-

to para resolver o problema da precariedade dos diques. Como nadaoi eito, o resultado oi estampado em todos os noticiários da impren-sa alada e escrita em setembro de 2005.

E agora, podemos dar créditos aos cientistas?

Quadro 3

Nova Orleans está localizada abaixo do nível do mar, e protegida de enchentes do Rio Mississippiatravés de diques. Por causa destes diques e da sedimentação do subsolo da cidade, uma grandetempestade ou uracão causaria grande estrago na cidade. Em 30 de agosto de 2005, dois dosdiques que cercavam Nova Orleans cederam à grande pressão das águas do Lago Pontchartrain. Osreservatórios destes diques já estavam acima da capacidade, devido ao uracão Katrina. Por causadisso, 89% da cidade oi alagada, com a água atingindo uma proundidade de até 7,6 metros.

Font: www.pt.wikipdia.org/wiki/Nw_Orlans (co adaptaçõs).

Identique num mapa-mundi a posição geográca do vulcão Cumbre Vieja em La Palma. Será queexiste a possibilidade dessa megatsunami chegar na costa brasileira? Será que devemos nos preocupar?Estamos preparados?

ATIVIDADE

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 Tendo isso em mente, que tal explorar o tema “Catástroes naturais” nos textos inormativos divulga-dos pela imprensa escrita? Pesquise, em jornais e revistas, textos que retratam acontecimentos ligadosao assunto tratado neste Folhas.

PESQUISA

notíciaemdestaque!Os meios de comunicação desempenham um papel importan-

te, não só ao inormar sobre as catástroes, quando ocorrem, mastambém ao explicar os motivos porquê acontecem e inormar so-

bre como se podem evitar ou atenuar os seus eeitos.

Figura 1- Placas tectônicas

Há uma grande coincidência entre a localização dos terremotos e as áreas vulcânicas. Você poderia dar uma explicação do porquê isto ocorre? O planisério “zonas sísmicas e vulcânismo” pode auxiliar em sua res-

posta. Localize, no mapa-múndi com placas tectônicas –, as áreas de ocorrências desses enômenos,destacando o nome do continente ou oceano e o nome da placa litosérica onde as áreas estão situa-das. Identique se a área de ocorrência do enômeno está próxima ao Círculo do Fogo. Pesquise, numdicionário geográco, a denição de vulcão e registre em seu caderno.

ATIVIDADE

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Geografa

Lembre-se de que a notícia é um texto enxuto que se concentra emdescrever concisamente um determinado acontecimento. Já a reportagemé um texto mais extenso e resulta de uma investigação mais detalhada dosatos. A reportagem az uma apresentação mais panorâmica e em maiorproundidade das inormações. Ela se az presente com mais reqüênciaem revistas. Já a notícia é um texto inormativo, comum no jornal.

Num artigo publicado na revista Isto É “Deu a louca no mundo”, emevereiro de 1995, o jornalista Peter Moon montou um mapa da Terracom a indicação das principais catástroes que eclodiram nos últimosanos. O quadro mostrava ocorrências de terremotos, enchentes, erup-ções vulcânicas, ciclones, secas, incêndios, dava o número de mortos ede desabrigados, e ainda mencionava o buraco na camada de ozônio eo eeito estua.

Calamidades Naturais da História do mundo

DATA TIPO LOCAL MORTOS DATA TIPO LOCAL MORTOS

1138  Terremoto Síria/Aleppo 230 mil 1920  Terremoto China/ Gansu

200 mil

1556  Terremoto China/Shaansi 830 mil 1923 Terremoto/ 

IncêndioJapão/ Kanto

143 mil

1737  Terremoto Índia/Calcutá 300 mil 1948  Terremoto Turcomenistão 110 mil

1755  Terremoto Portugal/Lisboa 100 mil 1970 CiclonePaquistão/ Bangladesh

300 mil

1815 ErupçãoIndonésia

 Vulcão Tambora92 mil 1976  Terremoto

China/  Tangshan

255 mil

1883 Erupção/TsunamiIndonésia/ Kracatoa 36 mil 1991 Ciclone Bangladesh 138 mil

1887 Inundação China 1 milhão 2003  Terremoto Irã/Bam 31 mil

1902 ErupçãoMartinica/ Mt.Pelee

40 mil 2004 Terremoto/  Tsunami

 Ásia/Árica 255 mil

1908 Terremoto/ Enchente

Itália/Messina 100 mil 2005Furacão/ Enchente

Estados Unidosda América

1037

Font: www.pt.wikipdia.org/wiki/Lista_dos_aiors_dsastrs_natrais (Co adaptaçõs).

 Agora você pode responder a pergunta eita no início deste Folhas.

 As catástroes são evitáveis ou inevitáveis? Qual sua conclusão?

 Assim como Peter Moon, construa você o seu mapa. Para isso utilize as inormações da lista de Ca-tástroe Naturais, a seguir acrescente mais dados através de uma pesquisa. Examine, em dados esta-tísticos existentes, se houve aumento das catástroes da natureza nos últimos tempos.

ATIVIDADE

 Tabela 4

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EsioMédio

ReerêciasBibiográfcas

FOLHA DE SÃO PAULO, São Paulo, 22 set. 2005.

MOON, P. Oásis secou. Revista ISTOÉ, 1324, p.76-77, 15 de evereiro de1995.

 TENAN, C. L. Calamidades naturais. Rio de Janeiro. SUNAB, 1974.

ObrasCosutadasEnciclopédia Microsot Encarta 2001- Vulcão.

FERREIRA, A. B. de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa.Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1986.

ORIEUX, M. Fenomenos geológicos. Rio de Janeiro: Liceu, 1968.

  VASCONCELOS, R. A. FILHO, A. P.  Atlas geográco ilustrado ecomentado. São Paulo: FTD, 1999.

DocumetosCosutadosOnlInE BERZ, G. O preço das mudanças climáticas. Disponível em:

 www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./gestao/index.html&conteudo=./gestao/artigos/mudancas_climaticas.html. Acesso em 07de setembro de 2005.

CALAMIDADES NATURAIS DA HISTÓRIA DO MUNDO. Tabela disponívelem: www.wikipedia.org/wiki/lista_dos_maiores_desastres_naturais

CURSO DE OCEANOGRAFIA DA UNIVERSIDADE DE SANTA CECÍLIA DESANTOS. Ondas. Disponivel em: www.cursos.unisanta.br/oceanograa/ ondas.html

Enciclopédia virtual livre. Disponível em: www.pt.wikipedia.org/wiki/  Vulc%C3%A3o. Acesso em: 10 de setembro de 2005.

ESCALA MERCALLI - Tabela disponível em: www.apolo11.com.richter.php. Acesso em 19 dez. 2005.

ESCALA RICHTER - Tabela disponível em: www. apolo11.com.richter.php. Acesso em 19 dez. 2005.

MARIENSE, L. P. Vulcões. Boletim do Museu de Geologia. Disponível em:  www.cprm.gov.br/sureg-pa/dinos.html. Acesso em 11 de setembro de2005.

MATTEDI, M. A.; BUTZKE, I. C. The relation between the social and thenatural in the approach o hazards and disasters. Ambient. soc ., July/ Dec. 2001, no.9, p.93-114. ISSN 1414-753X. Disponível em : www.scielo.

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Geografa

ANOTAÇÕES

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PAIVA, P.  Agosto de uracões, tuões, terremotos e ciclones. Disponível em: www.tempoagora.com.br/report_view.php?nid=91. Acesso em: 10 de agosto de 2005.

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 ww.sxc.hu

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Geografa

17

 VOCÊ TOMA  VENENO?

uito se tem alado na

importância de uma vida

saudável, sem vícios, com

boa alimentação e exercí-

cios. Mas será que todas

as pessoas que dizemter este estilo de vida estão mesmo livres

dos envenenamentos?

Qual a ligação deste ato com o espaço

geográco?

Gisl Zabon1, João Carlos Riz2, Lda maria Corrêa mora3

1Colégio estadal Prsidnt Lanha Lins - Critiba - PR2Colégio estadal Rosa D. Calsavara - Cabira - PR3Colégio estadal ezébio da mota - Critiba - PR

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EsioMédio

 A produção de alimentos, no modo capitalista de produção, vemsendo marcada, há várias décadas, pelo uso de inseticidas e outras subs-tâncias tóxicas, que contaminam o solo, os rios, o ar e os alimentos. Porque envenenamos os lugares onde vivemos?

 A agricultura, considerada uma das mais antigas ormas de organi-zação do espaço pelo homem, é também um dos meios de mudançade um espaço, transormando-o de natural em social. Esta relação po-de produzir desequilíbrio no planeta? Esta relação pode garantir a pre-servação do equilíbrio ecológico?

Para o equilíbrio da natureza, deve-se levar em consideração que o cli-ma, a vegetação, a temperatura, a umidade, o solo, o relevo, a rede hidro-gráca e os seres vivos estão intimamente ligados entre si. A alteração emum destes elementos altera todos os demais, ou seja, quebra o equilíbrio.

Mas as alterações provocadas pela agricultura no meio natural sem-

pre tiveram a mesma intensidade? As técnicas da agricultura itinerante primitiva causavam pouco im-

pacto ambiental, visto que eram eitas em pequenas áreas, as quaiseram abandonadas quando apresentavam sinais de exaustão, o quepossibilitava sua recomposição natural.

Nos sistemas agrícolas atuais, geralmente grandes áreas são cultiva-das com um só tipo de vegetal – monocultura – o que exige controlede pragas e implica na utilização de agrotóxicos. Como a produção édestinada à exportação, são necessários cuidados com a reposição da

ertilidade do solo, utilizando insumos e adubos. Além disso, esse tipode agricultura necessita de uso intensivo de máquinas.

Qual é a unção da agricultura para a sociedade humana? Esta un-ção sempre oi a mesma?

Observe a produção agrícola existente em seu município. Todos osprodutos agrícolas produzidos são utilizados para a alimentação? Qualo destino dos produtos aí cultivados? Pesquise.

 A agricultura moderna precisa produzir para atender o mercadocom alimentos e com matérias-primas. Atende com alimentos você e

sua amília, mas estes alimentos não chegam (sempre) direto da roçapara sua mesa. Por exemplo, uma ábrica de polpa de tomate, uma á-brica de os de algodão, uma usina de açúcar e álcool ou uma ábricade ração animal utiliza matérias-primas que são processadas e transor-madas em alimentos industrializados.

Para atender a demanda por alimentos – in natura ou industrializa-dos – das cidades, é preciso grandes produções. Como conseguir isto?

O tamanho da área de plantio pode ser importante dependendo dotipo de produto cultivado. Mais do que isto, é preciso uma grande pro-

dutividade, o que implica em:

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Geografa

solo naturalmente értil ou ertilizado quimicamente através de apli-cação de técnicas reparadoras;

umidade – água – disponível naturalmente ou por sistemas de irri-gação articial;

lavoura “saudável”, o que pode ser mantido através de inseticidas,acaricidas e outros;

cultivos e colheitas eitas de orma rápida e sem desperdício, o quepode ser eito utilizando implementos agrícolas e, em alguns casos,máquinas;

sementes selecionadas que germinem rapidamente, que produzamem maior quantidade e que estejam prontas para a colheita empouco tempo. Em alguns casos o agronegócio utiliza sementes ge-neticamente modicadas.

Todas estas intervenções geram desequilíbrio ambiental. Na buscade maiores ganhos a agricultura moderna, capitalista, tem utilizado re-cursos que, ambientalmente, nem sempre são adequados.

 Aqui vale um lembrete: estamos tratando da produção vegetal deorma mais direta, mas isto não signica que a produção animal (pe-cuária) não sora as mesmas exigências do mercado e a busca do lu-cro. É claro que a tecnologia de produção, neste caso, é dierente, po-rém envenena os consumidores da mesma orma.

Para se ter uma grande área para produção – agrícola ou pecuária – 

a vegetação natural precisa ser alterada. A vegetação original que podeser composta de forestas, matas, campos, ou seja, de grande variedadede espécies vegetais, cede lugar à monotonia vegetal – a espécie culti-

 vada – dicultando ou impedindo a sobrevivência de espécies animaise vegetais originárias da região e acilitando a prolieração de espéciesespecícas que causam danos ao cultivo, daí o uso intenso de contro-ladores. Veja no texto “Cultivo de soja empurra boi para áreas de fo-resta” um caso concreto de destruição da vegetação.

O mau uso do solo tem, como conseqüências, diversos problemas

reerentes à sua ertilidade bem como ao meio ambiente. Busca-se, en-tão, corrigir a perda de ertilidade, ação que gera danos ambientais.Por exemplo, para corrigir a acidez é acrescentado ao solo o calcáriodolomítico (CaCO

3); para o bom desenvolvimento da planta, são acres-

centados nutrientes, como os elementos químicos Nitrogênio (N), Fós-oro (P) e Potássio (K). Porém, estes elementos não permanecem sóonde oram lançados, parte vai para os cursos d’água alterando a com-posição das águas, e o equilíbrio natural, matando algumas espécies epermitindo a outras, que se adaptam mais rapidamente ao novo am-biente, o dominem.

Quadro 1

Agrotóxicos

  Agrotóxicos, psticidas, n-gicidas, dnsivos agrícolas,itos são os nos sados

para dnir a sa coisa:sbstâncias sadas nas plan-taçõs a d protgê-lasdo ata d pragas. Sgn-do a dnição adotada pla

 Anvisa (Agência Nacional dVigilância Sanitária), é classi-cado coo agrotóxico plali 7.802, d 1989, alr“prodto íico o bioló-

gico, tilizado nas áras dprodção, araznanto bncianto d prod-tos agrícolas, nas pastagns,na protção d forstas dotros cossistas ta-bé d abints rbanos,hídricos indstriais”. e sanalidad é “altrar a copo-sição da fora o da ana, a d prsrvá-las da ação

danosa d srs vivos noci-vos.”

Font: Agência Nacional d Vi-gilância Sanitária.

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EsioMédio

Quadro 2

Cultivo de soja empurra boi para áreas de forestaCladio Anglo

Relatório de organizações não-governamentais brasileiras conrma uma

suspeita trágica para a Amazônia: a expansão do cultivo de soja está de atoempurrando a pecuária para áreas de foresta, especialmente em Mato Gros-

so e Rondônia.

 Alguns de seus resultados já vêm sendo divulgados desde o início do

ano, mostrando, por exemplo, que há uma correlação entre os grandes des-

matamentos ilegais e a expansão da agricultura em Mato Grosso, onde 70%

dos desmatamentos com mais de 1.350 hectares são usados para agricultu-

ra, sendo a soja a principal cultura plantada.

 As áreas já abertas para pastagem viram plantações. E as áreas de fo-

resta viram pasto, já que o capim, dierente da soja, se dá bem mesmo em

regiões acidentadas e com muita chuva.

“A soja em si não pode ser considerada o ator principal – ela é um dire-

cionador e acelerador do desmatamento”, diz Roberto Smeraldi, da Organiza-

ção Não Governamental Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

O estudo também aponta cenários para a expansão da soja na região estu-

dada (Rondônia, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão), que deverá quase

triplicar até 2014 – de 58,2 mil km2 plantados hoje para 170,7 mil km2.

Na última década, a área de soja no Mato Grosso cresceu 400%. O plan-

tio começou pelo cerrado, e migrou nesses dez anos cerca de 500 quilôme-

tros para o norte. No mesmo período, diz o estudo, a área desmatada no Es-

tado aumentou progressivamente. Entre 2002 e 2003, ela cresceu 133%,segundo dados da Fema, o órgão ambiental estadual.

Font: Folha d São Palo (17/03/2005).http://www1.olha.ol.co.br/sp/cincia/1703200501.ht

Outro elemento natural importantíssimo é a água (H2O). Desde

os tempos mais remotos muitas atividades humanas e até a deni-ção do local de ormação de moradia estão condicionadas à pre-sença desse recurso. Ele é undamental à manutenção do equilíbrioe da preservação ambiental e à manutenção da vida. Sua ampla einadequada utilização na agricultura pode gerar a salinização* dossolos, tornando este inadequado para o cultivo, como também amudança dos cursos d’água.

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Geografa

Para entender melhor este tema, pesquise o caso do rio São Francisco no Nordeste do Brasil ou oMar de Aral entre o Casaquistão e o Usbequistão.

PESQUISA

O uso intensivo de técnicas e culturas inadequadas, como a utilizaçãode maquinário que compacta o solo, ou que remove sua camada értil; aalta de terraciamento* que provoca a perda de solo com as enxurradas,tem provocado um signicativo impacto ambiental, originando problemascomo: erosão e perda de ertilidade dos solos, a lixiviação*. Estima-se queo Brasil perde, por ano, aproximadamente 840 milhões de toneladas desolos aráveis devido a erosão. Estes solos perdidos vão parar nos rios, as-

soreando*-os. O processo de deserticação (para saber mais a esse respei-to leia o Folhas “Os seres humanos são racionais. Será?”) também ocorredevido ao mal uso do solo. Leia o artigo “IBGE investiga o meio ambientede 5.560 municípios brasileiros” e responda com qual problema (ou pro-blemas) seu município apareceria nesta pesquisa.

Quadro 3

IBGE investiga o meio ambiente de 5.560 municípios brasileiros

 A MUNIC 2002, levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geo-

graa e Estatística, é o primeiro levantamento nacional das Unidades Muni-cipais de Conservação Ambiental: eram 689 Unidades espalhadas por 10,5milhões de hectares em 436 cidades.

No Brasil, os desastres mais comuns são inundação, deslizamentos deencostas, secas e erosão. Entre 2000 e 2002, 2.263 municípios brasileiros(41% do total) declararam ter sorido algum tipo de alteração ambiental queaetou as condições de vida da população: 16% tiveram deslizamento de en-costa e 19% soreram inundações. Dos 1.954 municípios (35%) que inorma-ram alteração da paisagem, 676 (35%) disseram que a causa oi a erosão dosolo (vossorocas*, ravinas, deslizamentos).

 A erosão do solo – segundo problema ambiental mais mencionado – cau-sou prejuízo à agricultura em 43,1% dos municípios, com maior reqüênciaem regiões onde predominam tecnologias modernas: Sudeste (58,0%), Sul(58,8%) e Centro-Oeste (60,6%). Já 49,2% dos municípios apontaram o es-gotamento do solo acompanhado da contaminação do solo por uso de erti-lizantes e agrotóxicos como causas que comprometeram o desempenho daatividade agrícola.

Font: http://www.ibg.gov.br/ho/prsidncia/noticias/noticia_visaliza.php?id_noticia=363&id_pagina=1

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EsioMédio

Para realização de atividades agrícolas, com menor impacto am-biental, é importante conhecer a composição do solo, o relevo, o tipode cultura existente ou a ser implementada, as máquinas agrícolas, anecessidade de uso de adubos, agrotóxicos e outros produtos do gê-nero, além dos recursos hídricos e forestais.

Dentre os múltiplos problemas que a agricultura causa à natureza amais debatida é o uso dos herbicidas, praguicidas, ungicidas e outroschamados de agrotóxicos – veja denição da Anvisa no início deste Fo-lhas. Mesmo sabendo dos problemas causados, o uso destes produtosestá largamente diundido. Sua expansão se deve ao rápido avanço datecnologia agrícola e da necessidade de obtenção de maior produtivi-dade, o que diculta seu controle ou extinção.

Os agrotóxicos também são transportados pelas águas superciaispara o leito dos rios, por inltração para os lençóis reáticos, contami-

nando-os, além de penetrarem nos alimentos que serão consumidos,sem alar das possibilidades de serem levados pelo vento para áreasdistantes ou permanecerem no solo por longos anos contaminando u-turas plantações. Veja no texto “Resíduos industriais e de serviços desaúde contaminam o solo” como este problema é reqüente no Brasil.Seu município também está na lista de contaminados? Qual a justica-tiva para sua resposta?

Quadro 4Resíduos industriais e de serviços de saúde contaminam o solo

 A contaminação de solo também é uma dor de cabeça para 33% dos mu-nicípios brasileiros, e as maiores proporções de ocorrências oram no Sul e Su-deste: 50% e 34%, respectivamente. As principais causas da contaminação desolo oram: uso de ertilizantes e agrotóxicos (63%) e a destinação inadequadado esgoto doméstico (60%).

 A poluição de água provocada por agrotóxico ou ertilizante é um problemapara 16,2% (901) dos municípios brasileiros. Na Bacia Costeira do Sul, 31%

dos municípios registraram poluição da água por agrotóxicos, e nas bacias doRio da Prata e Costeira do Sudeste, a proporção oi de 19%.

Já a contaminação no solo por uso de agrotóxicos e ertilizantes aeta 20,7%dos 1.152 municípios. Entre os estados, a maior proporção de municípios comcontaminação oi vericada em Santa Catarina (56%), no outro extremo, Amapáe o Piauí registraram as menores proporções do país, ambos com 2%.

Font: www.ibg.gov.br/.

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Geografa

Mas como não usar agrotóxico? A planta precisa estar muito bemnutrida para resistir às pragas, comuns no sistema de monocultura. “Oalimento convencional, por sua vez, é como um organismo doente queé mantido por drogas” (CAmPANHOLA & VALARINI, 2001).

Para evitar o uso dos agrotó-xicos, há dois caminhos. O pri-meiro é simplesmente não apli-cá-los nas plantas e criar outrosmecanismos de controle, comocuidando meticulosamente daplanta (“catação” de pragas ou ocontrole biológico) e utilizandouma adubação orgânica, açãoesta mais dispendiosa de mão-

de-obra. A outra maneira de evitar os

pesticidas é azer com que asplantas já nasçam resistentes às pragas e, dessa orma, dispensem aproteção química. Essa oi a perspectiva que a biotecnologia trouxepara a agricultura, desenvolvendo assim os alimentos transgênicos. Ve-ja os dados da pesquisa PG Economics.

Quadro 5

O estudo “Lavouras GM: Impactos Econômicos e Ambientais - Os Pri-meiros Nove Anos”, eito pela PG Economics (consultoria independente es-pecializada em impacto econômico e ambiental de tecnologias de agricultura)e divulgado neste mês, em Londres, apontou que o plantio de transgênicosreduziu em 14% a área aetada por agroquímicos em 18 países que comer-cializam esse tipo de alimento.

 Ainda segundo o estudo da PG Economics, desde 1996, as lavouras detransgênicos reduziram em 6% o volume de pulverização de agroquímicos nomundo – o equivalente a 172,5 milhões de quilos de pesticida.

Font: www.olha.ol.co.br/olha/ilibrio/noticias. Pblicado 20/10/2005.

 Antes de ampliarmos esta discussão é preciso destacar um ato muitoimportante sobre os trangênicos. Alguns cientistas alegam que um trans-gênico é um Organismo Geneticamente Modicado (OGM), técnica de-senvolvida há muito tempo, na tentativa de melhorar as espécies; outrosentretanto, armam que há uma grande dierença entre um transgênico

Foto: Icon Adiovisal

Foto 1 - Cultivo de olerícolas

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EsioMédio

e um OGM. Para estes, os transgênicos são produtos desenvolvidos pe-la engenharia genética, inserindo um gene exógeno (de outra espécie)

 via transormação gênica, criando seres cujas características não existi-riam naturalmente, ou não se transeriria naturalmente entre os organis-mos, como, por exemplo, um gene de um ser humano para um bacté-ria. Veja mais detalhes no quadro “Plantas transgênicas”.

 A constituição das células vivas é determinada pela combinação de vários genes. Eles são o que os seus comportamentos determinam, porserem portadores das instruções químicas necessárias para o organismo.

Esses genes são uma seqüência do DNA (Ácido Desoxirribonucléi-co) que são transmitidos de uma geração para outra. Assim, os lhosherdam as características de seus pais. Por estarem em constante de-senvolvimento, os genes permitem que o organismo, em seu processoevolutivo, se adapte ao meio ambiente.

 Através da engenharia genética, a cadeia do DNA pode ser manipu-lada, eetuando enxertos, inclusões e exclusões que alteram sua consti-tuição e sua biologia natural. Dessa orma são atribuídas novas caracte-rísticas que podem ser traduzidas em maior resistência e produtividade(no caso das plantas).

  As pesquisas relacionadas à transgenia na indústria armacêuticatem mais de 25 anos, como o caso da insulina que é produzida poruma bactéria geneticamente modicada com um gene humano.

Depois destes dados, o que você conclui quanto aos produtos queestão nas prateleiras dos supermercados. Eles contêm algum compo-nente transgênico?

Um grande número de produtos alimentícios já soreram, ou estãosorendo, alterações em laboratórios. Esses produtos são denominadosde transgênicos. A sua produção e comercialização, apesar de muitacontestação, já estão sendo eitos em vários países, como, por exem-plo, os Estados Unidos que produzem: tomate, soja, algodão, milho,canola, abobrinha e batata, modicados geneticamente. Na Europa éeito o comércio autorizado de milho, tabaco, soja, canola e chicória.Na França, Alemanha e Espanha apenas o milho está sendo produzi-do, e em pequena escala. No continente Americano, a soja, o milho e

a canola transgênica são exportadas para serem usados como alimen-to processado industrialmente e em ração animal.

Estima-se que há, atualmente, uma grande quantidade de deriva-dos de soja e milho transgênicos presente nos alimentos processadosindustrialmente. Além dos já existentes, existem muitos outros produ-tos alimentícios, como: salmão, truta, arroz, pepinos, prontos para se-rem lançados no mercado.

Quadro 6

1. Plantas transgênicas: são plantas criadas labo-ratório co técnicas da n-gnharia gnética pr-it “cortar colar” gnsd organiso para o-tro, dando a ora do or-ganiso aniplando sastrtra natral a d ob-tr caractrísticas spcí-cas. Por xplo ora ins-ridos na soja Rondp Radyda monsanto gns d várias

spécis dirnts, a d a planta adiriss rsis-tência ao agrotóxico gliosato.

 A bactéria d solo Agrobact-ri sp CP4 ornc o g-n ais iportant para a so-

  ja transgênica, chaado dePSPSCP4. ess gn co-dica a nzia o-dica o coportanto bio-

íico da planta, pritindo o hrbicida gliosato nãoat a planta. Alé dststabé os gns do vírs doosaico da cov-for (Ca-mV35S), da for Ptúnia hy-brida, da bactéria Agrobact-ri tascins otros.

2. Gliosato: é o no da sbstância íica

bloia a iportant n-zia rsponsávl por adas tapas d sínts dosainoácidos. O gliosato é hrbicida, o sja, asbstância íica ta capacidad d atar v-gtais.

Font: www.pr.gov.br/ govr-no. ltronico/jornaltransgni-cos.pd 

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Geografa

Em relação aos riscos ambientais, pesquisas armam que existeminúmeras evidências que demonstram ser sua prática de alto risco, eque pode causar grandes e irreparáveis danos ambientais. Sabemosque quando um elemento do meio ambiente é modicado, pode haverum eeito dominó com mudanças que aetam todo o ecossistema. Ape-sar disso, o setor da engenharia genética arma que as espécies trans-gênicas não vão causar problemas.

O que sabemos, com certeza, é que estamos testemunhando um experimento global que envolveo homem, a natureza e sua evolução, cujos resultados ainda não são possíveis de se prever.

Qual sua opinião sobre este tema? Debata com seus colegas.

DEBATE

Outra alternativa para evitar os usos dos agrotóxicos são as plan-tas bem nutridas da agricultura orgânica. Mas o que é a agriculturaorgânica?

 A agricultura orgânica az parte do conceito amplo que trata das“agriculturas alternativas”, ou seja, uma proposta dierente do queexiste e domina na produção agrícola. Esta envolve também a cha-mada agricultura natural, agricultura biodinâmica, agricultura bioló-

gica, agricultura ecológica.Todas essas práticas agrícolas adotam princípios semelhantes que

podem ser resumidos em:

reciclagem dos recursos naturais presentes na propriedade agrícola;

compostagem* e transormação de resíduos vegetais em húmusno solo;

não deixar o solo sem cobertura vegetal morta e viva;

diversicação e integração de explorações vegetais e animais;

uso de esterco animal;

rotação e consorciação de culturas;

controle biológico de pragas e topatógenos, com exclusão douso de agrotóxicos;

eliminação do uso de reguladores de crescimento e aditivos sin-téticos na nutrição animal.

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EsioMédio

 Você conhece uma propriedade agrícola que segue estes princípios? Que beneícios podem ser apontados neste tipo de agricultura? E na convencional?

ATIVIDADE

 A agricultura orgânica, além da importância ambiental, é uma op-ção para o pequeno agricultor tornar sua propriedade economicamen-te viável. Esta prática agrícola utiliza mais mão-de-obra e apresentamenor produtividade que os sistemas convencionais. Por outro lado,mostra um desempenho econômico melhor. Isto ocorre porque os pro-dutos orgânicos visam atender a um segmento restrito e seleto de con-sumidores que estão dispostos a pagar um preço maior por eles.

Outro dierencial para o pequeno produtor investir na produçãode orgânicos, é que esta não desperta interesse das grandes empresasagropecuárias, pois exige muita mão-de-obra. Entre estes produtos en-contramos as hortaliças e as plantas medicinais que, historicamente,são produzidas por pequenos agricultores.

 A diversidade de produtos é importante para a produção orgâ-nica, pois a presença de uma praga não elimina toda a plantação e

também permite que outra planta possa agir como repelente de umapraga, mas isto também possibilita ao pequeno agricultor a renda du-rante todo o ano, diminuindo o risco de perder toda a produção de-

 vido a ocorrência de pragas, doenças, geadas, chuvas de grazino, etc. A exigência de mais mão-de-obra não deve ser vista como empeci-lho, pois o aproveitamento da mão-de-obra amiliar pode represen-tar um ator de xação amiliar no campo, além de diminuir os cus-tos eetivos de produção.

Os gastos com adubos podem ser diminuídos na medida que se uti-

lize melhor os recursos disponíveis na propriedade, tais como: com-postagem ou reciclagem de material orgânico vegetal e animal geradono próprio estabelecimento.

 A eliminação do uso de agrotóxicos contribui para a redução doscustos de produção e os desequilíbrios biológicos causados nos agro-ecossistemas.

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Geografa

 Apontamos alguns elementos que mostram como a agricultura orgânica pode ser viável economica-mente para a pequena propriedade agrícola, mas em relação ao equilíbrio ecológico tratado inicialmen-te neste Folhas, como ela contribui?

 Você considera saudáveis os alimentos e a produção agrícola disponíveis ou produzidos em seumunicípio? Como podemos produzir sem usar agrotóxicos?

ATIVIDADE

O texto “Produtos desenvolvidos na Esalq atacam pragas de cana,

cítricos e outras rutas sem danos ao ambiente” mostra uma aplicaçãoda agricultura orgânica em prática.

Quadro 7

Produtos desenvolvidos na Esalq atacam pragas de cana, cítricos e outras

rutas sem danos ao ambiente. USP transorma ungos em bioinseticidaRinaldo José Lops – r-lanc para a Folha

Fungos microscópicos selecionados por pesquisadores da USP – Esalqestão se mostrando armas sutis e precisas contra os insetos e ácaros queatacam diversas culturas agrícolas no Brasil. Três produtos que utilizam es-

sas armas biológicas já estão sendo usados no campo, com resultados ani-madores para agricultores e para o ambiente. As três espécies de ungo sãoencontradas na natureza em diversas regiões do planeta, de acordo com Al-

 ves, mas os pesquisadores conseguiram transormá-los em armas biológicaspotentes por meio de seleção e melhoramento genético. O impacto ambien-tal dos produtos é muito baixo, já que insetos úteis (como os polinizadorese outros inimigos naturais das pragas), assim como animais de grande por-te e seres humanos, não são aetados por eles. “Essa é uma das dierençasem relação ao inseticida químico, que é generalista, pega tudo. O biológico,

se or bem selecionado, é muito mais especíco, embora de ação mais len-ta que os agrotóxicos”.Pblicado na Folha d São Palo 10/12/2003.

 Agora, responda: Você acredita em sua ecácia? Ou é melhor con-tinuar tomando veneno?

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EsioMédio

GlOSSÁRIO 

 Assoreamento: acúmulo de partículas sólidas arrastadas de par-tes mais altas do terreno para os corpos de água, no processo cha-mado erosão hídrica, que reduz o volume livre para armazenar ouconduzir água (Glossário Embrapa http://sistemasdeproducao.cnp-tia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSu-deste/glossario.htm. Acesso em: 15 ev. 2006).

Compostagem: processo de degradação biológica da matéria or-gânica sobre condições aeróbias, tendo como resultado um mate-rial, relativamente, estável denominado de composto. (GlossárioEmbrapa. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embra-pa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSudeste/glos-sario.htm. Acesso em: 15 ev. 2006).

Fitopatógeno: organismo que causa doenças em plantas. (Unicampna mídia. Disponível em: www.unicamp.br/unicamp/canal_aberto/clipping/novembro2004/clipping041107_estado.html. Acesso em:07 nov. 2004.)

Lixiviação: dissolução e remoção dos componentes do solo. (Di-cionário Houaiss de língua portuguesa).

Salinização: Evaporação muito intensa em lagos e lagoas, em cli-mas tropicais áridos ou semi-áridos, produz a concentração progres-siva de sais nesses mananciais. (Disponível em: www.unb.br/ig/glos-sario/verbete/salinizacao.htm. Acesso em: 15 ev. 2006).

Terraceamento / terraciamento: construção de obstáculos seguin-do as curvas em nível ou não, para reduzir a velocidade das águasque escorrem pelo terreno, permitindo que sulcos retenham a umi-dade, aumentem a inltração e reduzam a erosão. (Disponível em:

 www.deesacivil.rs.gov.br. Acesso em: 14 ev. 2006).

  Voçoroca ou vossoroca: canal, geralmente aberto pela chuva,no qual a água escorre rapidamente sobre a terra. Ela aumenta a

 velocidade da erosão e torna a terra mais diícil de ser cultivada.O termo tem origem tupi-guarani. (Disponível em: http://preser-

 veomundo.conhecimentosgerais.com.br/a-expansao-dos-desertos/glossario.html. Acesso em: 15 ev. 2006).

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