geografia telecurso 2000 ensino médio

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Apresentaçªo E ste é o primeiro volume de Geografia do 2º grau do Telecurso 2000. Ele é uma síntese da matéria necessária para que você aumente seu conhecimento sobre essa fascinante ciência, que procura compreen- der e explicar as contradições presentes no mundo atual. Sua proposta é tratar de temas como a questão ambiental, as desigualdades econômicas e sociais, e os conflitos políticos que estão nas páginas dos jornais e nas telas da televisão. No entanto, embora focalize questões atuais, sua meta é utilizar o raciocínio espacial para ajudar você a sistematizar a grande quantidade de informação que recebe todos os dias. Assim, vamos utilizar o saber da Geografia e acompanhar o trabalho do geógrafo para aprender que existem maneiras de ordenar o conhecimento sobre as relações entre a natureza natureza natureza natureza natureza e a sociedade sociedade sociedade sociedade sociedade, que podem ajudar a decifrar os aparentes enigmas deste conturbado final de século. Seu livro é um guia para acompanhar as aulas que serão transmitidas pela televisão e um companheiro para solucionar as dúvidas e exercitar o conheci- mento que você vai adquirir com o Telecurso 2000. Algumas vezes, a linguagem pode parecer difícil, mas não desanime. Você já avançou muito para atingir o 2º grau e sabe que seu esforço será compensado pelos horizontes que você está abrindo em sua vida. Cada aula corresponde a um programa de televisão, e está organizada de modo que você acompanhe o seu aprendizado, avaliando seu desempenho e ampliando seu conhecimento sobre o mundo atual. Em todas as aulas você encontrará alguns símbolos que irão ajudá-lo a descobrir os caminhos da Geografia. Siga o roteiro. Este é o objetivo objetivo objetivo objetivo objetivo da aula que está começando. Aqui estão as metas principais que você vai buscar no decorrer da teleaula e nas quais deve prestar atenção no texto do livro. Aqui vamos apontar a importância do tema que está sendo trabalhado na aula. É o nosso teletema teletema teletema teletema teletema, que mostra a importância do saber da Geografia e do trabalho dos geógrafos para compreender como participamos da constru- ção do mundo atual.

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Page 1: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

Apresentação

Este é o primeiro volume de Geografia do2º grau do Telecurso 2000. Ele é uma síntese da matéria necessária para que vocêaumente seu conhecimento sobre essa fascinante ciência, que procura compreen-der e explicar as contradições presentes no mundo atual. Sua proposta é tratarde temas como a questão ambiental, as desigualdades econômicas e sociais,e os conflitos políticos que estão nas páginas dos jornais e nas telas da televisão.

No entanto, embora focalize questões atuais, sua meta é utilizar o raciocínioespacial para ajudar você a sistematizar a grande quantidade de informação querecebe todos os dias. Assim, vamos utilizar o saber da Geografia e acompanharo trabalho do geógrafo para aprender que existem maneiras de ordenaro conhecimento sobre as relações entre a naturezanaturezanaturezanaturezanatureza e a sociedadesociedadesociedadesociedadesociedade, que podemajudar a decifrar os aparentes enigmas deste conturbado final de século.

Seu livro é um guia para acompanhar as aulas que serão transmitidas pelatelevisão e um companheiro para solucionar as dúvidas e exercitar o conheci-mento que você vai adquirir com o Telecurso 2000. Algumas vezes, a linguagempode parecer difícil, mas não desanime. Você já avançou muito para atingiro 2º grau e sabe que seu esforço será compensado pelos horizontes que você estáabrindo em sua vida.

Cada aula corresponde a um programa de televisão, e está organizada demodo que você acompanhe o seu aprendizado, avaliando seu desempenhoe ampliando seu conhecimento sobre o mundo atual. Em todas as aulas vocêencontrará alguns símbolos que irão ajudá-lo a descobrir os caminhosda Geografia. Siga o roteiro.

Este é o objetivoobjetivoobjetivoobjetivoobjetivo da aula que está começando. Aqui estão as metasprincipais que você vai buscar no decorrer da teleaula e nas quais deve prestaratenção no texto do livro.

Aqui vamos apontar a importância do tema que está sendo trabalhadona aula. É o nosso teletemateletemateletemateletemateletema, que mostra a importância do saber da Geografiae do trabalho dos geógrafos para compreender como participamos da constru-ção do mundo atual.

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É o coração da aula - o desenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimento. Aqui serão apresentadose discutidos os conceitos que a Geografia utiliza para ordenar o conhecimentosobre o mundo em que vivemos. Você deve prestar muita atenção nesta parte daaula, pois é nela que está a chave para o seu aprendizado.

Esta é a sua sabedoria. Trata-se do resumoresumoresumoresumoresumo do que aprendeu na aula e quejá faz parte do seu conhecimento obtido com a Geografia. É muito importanteque você se sinta seguro quanto aos pontos destacados pela coruja. Casocontrário, é hora de dar uma boa relida no texto.

Aqui você vai colocar em prática o que aprendeu na aula. Preste atençãono enunciado das questões e sinta-se à vontade para escrever o que pensa.Os exercíciosexercíciosexercíciosexercíciosexercícios foram elaborados para ajudá-lo a enfrentar as provas do supleti-vo. Não deixe nenhum deles sem solução.

Seguindo esse roteiro, você vai aprender que a Geografia é uma ciênciapreocupada com os problemas atuais, embora já possua uma longa história,e verá que os métodos de trabalho dos geógrafos podem nos ajudar a conhecermelhor as formas e os processos que ocorrem no mundo em que vivemos.

Para aprofundar o seu conhecimento de Geografia, é necessário que vocêprocure aplicar ensinamentos dela na observação da realidade que o cerca,na leitura atenta das informações de jornais, revistas e livros, e no diálogoparticipativo com seus companheiros de trabalho e vizinhos.

A equipe de professores que redigiu este livro também quer aprender comcada aluno ou aluna que dedicar uma parte de seu precioso tempo para estudarGeografia e participar deste grande esforço de aprendizado. Não deixe deescrever para o Telecurso 2000 manifestando sua opinião sobre o livros e sobreas aulas da televisão. Isso vai nos ajudar muito a aprimorar nosso trabalho.

Mas, além de aprender Geografia, vamos acreditar que, como propõeLeonardo Boff, "chegou um momento de fazer um balanço para ver o que épossível salvar, como mudar o rumo do caminho e como colaborar na consciênciacoletiva de uma cultura ecológica, um nível de consciência tal que não se traduzaem idéias, porque as idéias não mudam a realidade, o que muda a realidade sãoas atitudes, que se transformam em atos e práticas."

AUTORIAAUTORIAAUTORIAAUTORIAAUTORIAClaudo Antonio G. EglerClaudo Antonio G. EglerClaudo Antonio G. EglerClaudo Antonio G. EglerClaudo Antonio G. EglerDoutor em Economia pela Unicamp; professor do Departamento de Geografiada UFRJ.Clovis DotoriClovis DotoriClovis DotoriClovis DotoriClovis DotoriLicenciado em Geografia e História; professor do Colégio Pedro II e do Depar-tamento de Geografia da PUC-Rio.Analia Margarita RomanelloAnalia Margarita RomanelloAnalia Margarita RomanelloAnalia Margarita RomanelloAnalia Margarita RomanelloMestranda em Geografia pela UFRJ; professora de 2º grau.Rosalina Maria CostaRosalina Maria CostaRosalina Maria CostaRosalina Maria CostaRosalina Maria CostaMestre em Geografia pela UFRJ; professora de 2º grau do CAP/UFRJ.

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O espaço da Geografia

Nesta aula, que inicia o Telecurso 2000do 2º grau, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre a Geografia, enquantociência que estuda as relações entre sociedade e naturezaciência que estuda as relações entre sociedade e naturezaciência que estuda as relações entre sociedade e naturezaciência que estuda as relações entre sociedade e naturezaciência que estuda as relações entre sociedade e natureza. Vamos aprenderque o espaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográfico é um conceito fundamental para sintetizar as múltiplasformas e os diversos processos que ocorrem na superfície da Terra, em umdeterminado período de tempo.

Veremos que os métodos da Geografia não se resumem apenas a descrevera superfície da Terra, mas principalmente avaliar as transformações que ocorremno espaço geográfico, enquanto produto históricoproduto históricoproduto históricoproduto históricoproduto histórico da atividade humana.

Por que o espaço geográfico é um conceito importante para a geografia?Qual a relevância de seu conhecimento para compreender o mundo atual?

Nunca o conhecimento geográfico e uma iniciação ao raciocínio espacialforam tão necessários para a formação dos cidadãos como nos dias atuais.A mídia transmite informações procedentes de todos os países do mundo. Casose queira que essa onda de notícias produza mais do que a simples indiferençado espectador, é preciso que ele possa ter uma representação integrada do globo,suficientemente precisa e diferenciada. Não é possível compreender o mundoatual sem um mínimo de conhecimento geográfico.

Como veremos nesta aula, o espaço deve ser considerado como um conjuntoindissociável de que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográfi-cos, objetos naturais e objetos sociais, e de outro, a vida que os preenchee os anima, ou seja, a sociedade em movimento.

Desde a Antiguidade, o saber sobre o lugar e sua posição na superfícieterrestre sempre foi fonte de conhecimento e poder. Quando Heródoto -considerado o pai da Geografia e da História - descreveu o Egito como “umadádiva do rio Nilo”, relacionou a fertilidade da terras agrícolas com as cheiasperiódicas que depositavam matéria orgânica em suas margens.

Essa relação já era conhecida pelos sacerdotes egípcios, que eram chamadospara recompor os limites das propriedades alterados pelas águas e utilizavam

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1A U L Aas medições do nível das cheias para estimar as safras agrícolas do reino

e calcular o volume de impostos que seriam arrecadados pelos funcionáriosdo faraó.

Foi também Heródoto que, ao descrever a batalha de Maratona entreatenienses e persas, mostrou como o conhecimento preciso do terreno permitiuque os gregos derrotassem o exército persa, muito mais numeroso, infligindomais de seis mil baixas ao inimigo, enquanto os soldados de Atenas teriamperdido menos de duzentos homens.

A importância do conhecimento do lugar onde se desenvolve qualqueratividade humana é decisiva para atingir um fim proposto. Nesses dois exem-plos históricos, vimos a importância do espaço geográfico, seja na produção debens materiais, seja nas práticas culturais, seja na guerra.

Vê-se, então, que a profissão de geógrafo é muito antiga. Durante muitosséculos ela foi considerada de muita importância, tanto para os soberanos comopara os homens de negócio, pois os mapas e demais informações fornecidaspelos geógrafos eram tão indispensáveis ao governo dos Estados, ou ao comér-cio, quanto o comando dos navios ou das tropas.

O saber geográfico na tomada de decisões, hoje, está presente em muitas dasquestões que afetam o futuro da humanidade. Tomemos, por exemplo,a questão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambiental, que expressa os problemas atuais quanto à capacidade deo planeta Terra suportar a exploração desenfreada dos recursos naturaise depurar a imensa quantidade de resíduos lançados diariamente na biosfera.

A questão ambiental evidencia claramente o estágio atual das relações entresociedadesociedadesociedadesociedadesociedade e naturezanaturezanaturezanaturezanatureza, em que o crescimento urbano e industrial alterouradicalmente as condições naturais da existência humana, comprometendo acontinuidade da vida na superfície terrestre. Nesse campo, a Geografia possuiconhecimento acumulado capaz de ajudar a compreender as origens e os efeitosdas mudanças que estão ocorrendo na Terra, enquanto morada dos homens.

Outro aspecto em que a Geografia pode nos ajudar a compreender melhoro mundo atual diz respeito à distribuição da riquezadistribuição da riquezadistribuição da riquezadistribuição da riquezadistribuição da riqueza. Hoje, a maior parteda riqueza material está concentrada em países que abrigam apenas a quartaparte da população mundial, o que mostra que as formas humanas de apro-priação da natureza também estão desigualmente repartidas na superfícieda Terra. E isso se deve aos processos sociais que moldam as diferentespaisagens na superfície da Terra.

O mundoconhecido notempo deHeródoto.

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1A U L A A natureza sempre foi o celeiro do homem. Mas, para que o animal homem

se torne o homem social é indispensável que ele também se torne o centroda natureza. Ele consegue isso pelo uso consciente dos seus instrumentosde trabalho. As ferramentas - um prolongamento dos membros humanos - sãoprodutos do desenvolvimento da tecnologiatecnologiatecnologiatecnologiatecnologia, isto é, da aplicação do conjuntode conhecimentos científicos acumulados pela sociedade.

A Geografia também busca desvendar as relações que se estabelecem nointerior das sociedades humanas, em sua infindável apropriação da superfícieda Terra como meio de produçãomeio de produçãomeio de produçãomeio de produçãomeio de produção, isto é, como lugar para produzir seu sustentoe construir seus abrigos. A distribuição desigual da população e da riqueza noespaço terrestre pode ser explicada pela maneira com que as sociedades estãoorganizadas para a produção dos bens materiais necessários à sua reprodução.

Os fatores naturais que condicionam a produção, tais como o clima, a água,o solo, os minerais e as florestas são importantes, mas não são determinantes.As diferentes possibilidades de retirar da natureza os bens que atendem às suasnecessidades mais elementares dependem das relações sociais entre os homense do nível de desenvolvimento tecnológico alcançado por eles.

O espaço do qual o ser humano se apossa é reconhecido, em qualquerperíodo histórico, como um resultado da produção. O ato de produzir é igual-mente o ato de produzir espaço. A promoção do homem animal para homemsocial deu-se quando ele começou a produzir. E produzirproduzirproduzirproduzirproduzir significa tirar danatureza os elementos indispensáveis à reprodução da vida. A produção, pois,supõe uma relação entre o homem e a natureza, por meio das técnicas e dosinstrumentos de trabalho.

As maneiras de produzir mudam. As relações entre o homem e a naturezamudam. Podem igualmente mudar a distribuição dos objetos criados pelohomem para poder produzir e, assim, a sua própria vida. Basta que nova plantaseja domesticada e incorporada à produção para que se imponha um novocomando sobre o tempo. E isso impõe, ao mesmo tempo, localizações novas, istoé, nova organização do espaço geográficoorganização do espaço geográficoorganização do espaço geográficoorganização do espaço geográficoorganização do espaço geográfico.

O final do século XV - com o progresso da navegação, a implantação dasegurança no mar e a introdução do comércio e da colonização da Américarecém-descoberta - tornou-se um marco importante na transformação do quese chama de ecúmeno ecúmeno ecúmeno ecúmeno ecúmeno (do grego: oykos = casa), isto é, a parcela da superfícieda Terra habitada permanentemente pelas comunidades humanas.

O final do século XIX - com a formação dos grandes impérios - marcou ummomento fundamental nesse desenvolvimento. A estrada de ferro, o navio a

vapor, o telégrafo sem fio e arevolução bancária mudaramcompletamente a noção de dis-dis-dis-dis-dis-tânciatânciatânciatânciatância e, como conseqüência,as escalas de tempo e espaço.

Nessa definição de mo-mentos marcantes da históriada humanidade, chegamos àépoca atual, comandada pelarevolução científico-tecno-revolução científico-tecno-revolução científico-tecno-revolução científico-tecno-revolução científico-tecno-lógicalógicalógicalógicalógica, na qual o desenvolvi-mento de novos meios de pro-dução transformou completa-mente a relação entre socieda-de e natureza.

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1A U L AAs transformações no espaço geográfico, resultantes da revolução científico-

tecnológica, provêm da intervenção simultânea de redes de influência que operamao mesmo tempo em uma multiplicidade de lugares espalhados pela superfície daTerra. Isso revolucionou também nossa noção de tempo e de velocidade. Chega-mos finalmente a um mundo onde, melhor do que em qualquer outro períodohistórico, podemos falar de um espaço total espaço total espaço total espaço total espaço total em tempo real tempo real tempo real tempo real tempo real.

Nesta aula você aprendeu que:

· o conceito de espaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográfico é de fundamental importância paraa Geografia, enquanto ciênciaciênciaciênciaciênciaciência que estuda as relações entre sociedaderelações entre sociedaderelações entre sociedaderelações entre sociedaderelações entre sociedadee naturezae naturezae naturezae naturezae natureza;

· esse conhecimento pode contribuir para uma melhor compreensão demuitos problemas que afetam o futuro da humanidade, como, por exemplo,a questão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambiental;

· existe uma relação direta entre as formas de apropriação da naturezaformas de apropriação da naturezaformas de apropriação da naturezaformas de apropriação da naturezaformas de apropriação da naturezae os processos sociaisprocessos sociaisprocessos sociaisprocessos sociaisprocessos sociais, que explicam a distribuição da riqueza desigualna superfície da Terra;

· o espaço geográfico é o produto históricoproduto históricoproduto históricoproduto históricoproduto histórico da aplicação de técnicastécnicastécnicastécnicastécnicase conhecimentos acumuladose conhecimentos acumuladose conhecimentos acumuladose conhecimentos acumuladose conhecimentos acumulados pelas sociedades humanas e, por isso, estáem constante transformação;

· a revolução científico-tecnológicarevolução científico-tecnológicarevolução científico-tecnológicarevolução científico-tecnológicarevolução científico-tecnológica acelerou a velocidade das mudançasno tempo e reduziu as distâncias no espaço.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Por que o geógrafo e historiador grego Heródoto disse que o Egito era “umadádiva do Nilo”?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Como a sociedade se estrutura para retirar da natureza o seu sustentoe organizar o espaço geográfico?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Marque com X a alternativa correta.Por que o conhecimento do meio geográfico é considerado de grandeimportância desde a Antiguidade?a)a)a)a)a) ( ) Porque o conhecimento do lugar onde se desenvolve qualquer

atividade humana é fundamental para se atingir um fim proposto.b)b)b)b)b) ( ) Porque influi na tomada de decisões sobre a utilização racional dos

recursos naturais.c)c)c)c)c) ( ) Porque permite um melhor aproveitamento dos recursos e gera

informação indispensável para qualquer atividade comercial e polí-tica.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Qual o significado da frase: “as formas humanas de apropriação da naturezaestão desigualmente repartidas na superfície da Terra”. Analise por que issoocorre.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Que ligações existem entre as mudanças no tempo histórico e as transfor-mações no espaço geográfico?

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Nesta aula, vamos verificar como a noção depaisagempaisagempaisagempaisagempaisagem está presente na Geografia. Veremos que a observaçãoobservaçãoobservaçãoobservaçãoobservação da paisagemé o ponto de partida para a compreensão do espaço geográfico, já que ela resultade uma complexa composiçãocomposiçãocomposiçãocomposiçãocomposição de elementos naturais e sociais em constanterelação uns com os outros. Vamos verificar como a Geografia busca compreen-der a diversidade diversidade diversidade diversidade diversidade das paisagens existentes na superfície da Terra pela análisede suas diversas partes constituintes, tais como o relevo, o clima, a vegetação,assim como as atividades humanas.

Vamos constatar que a observação atenta da paisagem pode ajudara compreender melhor o mundo em que vivemos.

Para que serve a paisagem? Qual a importância de sua observação parao conhecimento geográfico?

A paisagem que observamos ocasionalmente durante uma viagem não é umsimples amontoado de elementos geográficos desordenados. É, naquele deter-minado lugar, o resultado da combinação dinâmica - portanto, em movimento- de elementos físicos, biológicos e humanos que, reagindo uns sobre os outros,fazem da paisagem um conjunto único e inseparável, em perpétua evolução.

A observação e a interpretação da paisagem é o ponto de partida paradesvendar os segredos das relações entre sociedade e natureza.

É comum encontrar pessoas que pensam que saber Geografia é aprendermuitos dados, saber qual é população de todas as cidades do mundo e poder citare localizar todos os novos Estados africanos. Algumas pessoas achamque a Geografia tem a ver com os mapas e também com a descrição de viagenspelo mundo.

Cada uma dessas crenças populares tem algo de verdadeiro. A localização,os dados e os mapas são recursos que a Geografia utiliza, recursos essesque geram a habilidade de “olhar geograficamenteolhar geograficamenteolhar geograficamenteolhar geograficamenteolhar geograficamente”, isto é, a capacidadede observar e interpretar os distintos processos naturais e sociais, tanto direta-mente na realidade, como por meio de mapas, fotos aéreas, imagens de satélitese outras representações do mundo real.

Observar a paisagem

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2A U L AA observação e a interpretação da fisionomia da paisagempaisagempaisagempaisagempaisagem - que é a porção

do lugar que a vista alcança - faz parte da essência do saber da Geografia.Olhar e pensar sobre o que está presente em cada rua de sua cidade, em cadacampo plantado, em cada montanha ou floresta pode ajudar a compreendercomo natureza e a sociedade se combinam para moldar as diferentes formasque existem na superfície da Terra.

A noção de paisagem, para a Geografia, não deve ser confundida coma do paisagismo, que está ligada a uma concepção de estética na distribuiçãode objetos em um jardim ou um parque. Para a ciência geográfica, a paisagemdeve ser entendida como indicadoraindicadoraindicadoraindicadoraindicadora de conteúdo vivo e de processos dinâmi-cos, isto é, em constante transformação.

A interpretação da paisagem para a Geografia é a busca da explicaçãoexplicaçãoexplicaçãoexplicaçãoexplicaçãocientíficacientíficacientíficacientíficacientífica de como as formas que observamos são o resultado visívelda combinação de processos físicos, biológicos e humanos combinação de processos físicos, biológicos e humanos combinação de processos físicos, biológicos e humanos combinação de processos físicos, biológicos e humanos combinação de processos físicos, biológicos e humanos ou antrópicos antrópicos antrópicos antrópicos antrópicos(do grego antropos = homem). Percebida por intermédio de uma visão científica,a paisagem ganha uma abordagem com características próprias de um métodode pesquisa. Assim, o estudo da paisagem se constitui num dos mais antigosmétodos de estudo pertencentes à Geografia.

Tomemos, por exemplo, a observação da vegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetação, que é o aspecto maisvisível da vida na superfície da Terra. As formações vegetais revelam muitasinformações sobre as condições do clima e do solo do lugar. Em uma áreatropical, quente e úmida, a existência de uma floresta exuberante e permanen-temente verde mostra, quase sempre, que o clima é favorável ao desenvolvi-mento da vida vegetal. Entretanto, nessas mesmas condições de clima, podeocorrer também a savana ou o cerrado, o que revela as limitações do solodas áreas tropicais - com estações seca e úmida bem marcadas - parao crescimento das árvores.

Floresta tropical

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2A U L A Atualmente, os conhecimentos reunidos pela Geografia formam um con-

junto de informações diversificadas sobre formas de relevo, diferentes climase formações vegetais, dados sobre população e atividades econômicas que,embora tomados isoladamente, estão de fato estreitamente vinculados entre si.Em cada lugar da superfície terrestre, as condições de vida são o resultadode uma interação dos distintos elementos naturais, trabalhados pela atividadehumana, com maior ou menor intensidade. Mesmo na Antártida, ondeas condições inóspitas de clima dificultam o estabelecimento permanentedo homem, as marcas de sua atividade estão presentes no buraco da camadade ozônio que altera as condições naturais do continente gelado.

Porém, independentemente da ação humana, podemos afirmar queas paisagens são também produtos das mais diversas combinações de fenôme-nos naturais, que apresentam sua própria diversidade, a exemplo do relevo,que aparece em distintas formas e dimensões. Pode tratar-se de um pequenobarranco ou dos imensos planaltos no Tibete, do Pão de Açúcar e tambémda enorme cordilheira dos Andes. Essas formas diferentes de relevo contribuempara criar diferentes paisagens de montanhas ou planaltos.

Por sua vez, as condições climáticas são determinantes para a diversidadedas formações vegetais e para o processo de formação dos solos. O clima tambémestá presente nos distintos agentes de erosão, a exemplo das chuvas ou do vento.Por isso, também é responsável pela modelagem do relevo. Assim, os diferentesprocessos físicos e biológicos interagem mutuamente na formação do quese chama substrato natural da paisagemsubstrato natural da paisagemsubstrato natural da paisagemsubstrato natural da paisagemsubstrato natural da paisagem.

Por causa das atividades humanas, a paisagem naturalpaisagem naturalpaisagem naturalpaisagem naturalpaisagem natural vai sofrendomúltiplas modificações no decorrer do tempo, transformando-se numa paisa-paisa-paisa-paisa-paisa-gem humanizada, gem humanizada, gem humanizada, gem humanizada, gem humanizada, pela incorporação de elementos culturais.

De acordo com a atividade predominante da população de um lugar,vão se estruturando paisagens de diferentes características, segundo os grausde transformação dos elementos naturais, e conforme a intensidadee a orientação da atividade humana. Desse modo, podemos diferenciarpaisagens agrícolas, mineirais, industriais e urbanas.

Paisagemmontanhosa.

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2A U L AO maior impacto das atividades

humanas está presente na paisagemurbana, que é o produto de atividadesligadas à indústria, ao comércio e aoserviço. Isso mostra que a paisagemnão é dada para todo o sempre, masque é objeto de mudança permanente.É nas cidades que melhor podemosobservar a dinâmica da paisagemdinâmica da paisagemdinâmica da paisagemdinâmica da paisagemdinâmica da paisagem,dada a velocidade das transformaçõesque ocorrem no espaço urbano.

A cidade é uma espécie museu vivoda história do trabalho e das técnicasdesenvolvidas pela sociedade. Casasantigas e modernas, ruas com grandesedifícios comerciais ou pequenas vilas,praças e monumentos mostram queo trabalho humano se incorpora ao es-paço em que vivemos, o qual está emconstante transformação. Pode-se di-zer, então, que as paisagens são comoas fotografias que refletem as combina-ções entre processos naturais e sociaisem um espaço geográfico, no decorrerdo tempo histórico.

Existem na paisagem indicações muito claras dos processos sociais que asmoldam. Um bairro pobre de uma cidade reflete desigualdade social na apropri-ação da renda, evidenciada nas ruas sem calçamento, nas praças abandonadas,nas valas abertas por onde correm os esgotos.

Se soubermos observar e interpretar a paisagem, isso permitirá que tenha-mos uma concepção de como o lugar que ocupamos no espaço geográficoé o resultado das condições sociais em que vivemos.

Os mapas sempre foram um meio de representar o espaço geográfico; e aspinturas e fotografias procuravam mostrar as distintas paisagens existentes noslugares representados. Os antigos atlas e compêndios de Geografia mostrammuitos mapas e ilustrações que procuram refletir a diversidade de paisagens.Hoje, graças aos avanços técnicos, a Geografia dispõe de novos meiosde reconhecimento e coleta de informações, que potenciam a capacidadede observação e representação do geógrafo.

Graças às fotografias aéreas e às imagens de satélite, houve uma fusão entreo mapa e a imagem tomada no mundo real, ampliando os limites do olhohumano por meio do sensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remoto, isto é, podemos disporde sensores - como os nossos olhos - controlados remotamente e colocadosa milhares de quilômetros da superficíe da Terra, observando constantementeo que se passa no planeta.

As imagens de sensoriamento remoto estão se tornando cada vez maisparte de nosso dia-a-dia. A previsão meteorológica é ilustrada nos jornais e natelevisão por meio de imagens de satélites meteorológicos, assim como regiõesde conflitos internacionais são mostradas na mídia, com imagens obtidasdo espaço, do mesmo modo que imagens de satélite passam cada vez maisa ilustrar livros, catálogos, calendários e muitas outras formas de comuni-cação visual.

Paisagemurbana.

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2A U L A As imagens orbitais e as fotografias aéreas vêm servindo de fonte de dados

para estudos e levantamentos geológicos, ambientais, agrícolas, florestais,urbanos, oceanográficos, entre outros. Com ganho de tempo, elas permitemidentificar, circunscrever e descrever as unidades de paisagensunidades de paisagensunidades de paisagensunidades de paisagensunidades de paisagens, como florestas,conjuntos de montanhas ou desertos existentes na superfície da Terra, que seapresentam com cores e texturas diferenciadas em uma imagem de satélite.

Na realidade, o sensoriamento remoto é uma nova forma de observação dapaisagem que amplia a compreensão da Geografia sobre os processos globais,embora jamais substitua completamente a observação direta no campo, isto é,o olhar sobre a paisagem.

Imagem desatélite da baíade Guanabara.

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2A U L ANesta aula você aprendeu que:

· a paisagem paisagem paisagem paisagem paisagem é o aspecto visível e diretamente perceptível do espaçogeográfico;

· a observaçãoobservaçãoobservaçãoobservaçãoobservação da paisagem permite interpretar os processos físicos,processos físicos,processos físicos,processos físicos,processos físicos,biológicos e humanosbiológicos e humanosbiológicos e humanosbiológicos e humanosbiológicos e humanos, constituindo-se num método para compreenderas condições naturais e sociaiscondições naturais e sociaiscondições naturais e sociaiscondições naturais e sociaiscondições naturais e sociais vigentes em um determinado lugar;

· sendo a paisagem o resultado das mais diversas combinações de fenômenosnaturais e sociais, ela apresenta uma grande diversidadediversidadediversidadediversidadediversidade de formase dimensões;

· a ação do homem no decorrer do tempo histórico transforma a paisagempaisagempaisagempaisagempaisagemnaturalnaturalnaturalnaturalnatural em paisagem humanizadapaisagem humanizadapaisagem humanizadapaisagem humanizadapaisagem humanizada;

· o desenvolvimento do sensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remotosensoriamento remoto ampliou a capacidade técni-ca para a observação da paisagem, embora ainda seja indispensávela aferição direta em campo.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1O que é a paisagem? Qual sua importância para o saber da Geografia?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Por que existe tanta diversidade de paisagens na superfície da Terra?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Marque com X a alternativa correta.As paisagens são produtos das mais diversas combinações de fenômenosgeográficos que, analisadas em suas diferentes relações, nos levam aafirmar que:a)a)a)a)a) ( ) o relevo é resultante da ação combinada de agentes formadores

internos e externos;b)b)b)b)b) ( ) o clima é o único fator determinante das diferentes formações

vegetais;c)c)c)c)c) ( ) a ação humana, ou antrópica, transforma o meio natural

em paisagens humanizadas, com a incorporação de elementosculturais.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Por que a paisagem urbana expressa com maior intensidade a ação humanana superfície da Terra?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Qual a importância do sensoriamento remoto na observação da paisagem?

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3A U L A

3A U L A

Nesta aula, vamos aprender que as escalas escalas escalas escalas escalasgeográficasgeográficasgeográficasgeográficasgeográficas representam diferentes níveis de análise do espaço, e que a corretadiferenciação e articulação das escalasdiferenciação e articulação das escalasdiferenciação e articulação das escalasdiferenciação e articulação das escalasdiferenciação e articulação das escalas é fundamental para compreendere explicar as complexas relações entre sociedade e natureza.

Pensar em escalas é uma maneira eficiente de ordenar nosso conhecimentosobre o meio em que vivemos e um modo de racionalizar nossas decisões quantoao futuro.

Para que servem as escalas geográficas de análise? Qual importânciade diferenciar e articular os diferentes níveis de análise no espaço geográfico?

A articulação metódica dos diferentes níveis de análise - isto é, das dis-tintas escalas do espaço geográfico - é uma das grandes dificuldadesdo raciocínio espacialraciocínio espacialraciocínio espacialraciocínio espacialraciocínio espacial (capacidade de pensar o espaço em três dimensões).Mas é somente dessa maneira que a Geografia consegue compreendera complexidade das formas e dos processos que moldam as diferentes paisagensexistentes na superfície da Terra.

A noção de escala é essencial para compreender a grande diversidadede paisagens, assim como a ordem territorial que dá coerência ao mundo atual.

Para aprender História, normalmente dividimos a linha do tempo emdiferentes períodos históricos, articulados entre si. Assim, a História Geral podeser dividida em Idades, como a Antiga, a Medieval ou a Moderna; e a Históriado Brasil em Períodos, como os da Colônia, do Segundo Império ou daRepública. Cada um desses períodos apresentam relações entre si, pois nãopoderíamos entender o fim da República Velha, no Brasil, fora do contextoda grande depressão mundial no final da década de 1920.

Do mesmo modo que os diferentes tempos da história não devem serconfundidos, os diferentes espaços da Geografia devem ser objeto de um esforçode diferenciaçãodiferenciaçãodiferenciaçãodiferenciaçãodiferenciação e de articulaçãoarticulaçãoarticulaçãoarticulaçãoarticulação sistemático, por meio das escalas geográfi-escalas geográfi-escalas geográfi-escalas geográfi-escalas geográfi-cascascascascas, pois uma determinada região que estudamos, a exemplo do Nordestebrasileiro, embora possua características que permitam diferenciá-la das de-mais, é parte da economia nacional que, por sua vez, está inserida no sistemainternacional de trocas que forma um mercado mundial. Portanto, regiãoregiãoregiãoregiãoregião, naçãonaçãonaçãonaçãonaçãoe mundomundomundomundomundo são níveis de análiseníveis de análiseníveis de análiseníveis de análiseníveis de análise que podemos definir no espaço geográfico.

Pensar em escalas

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3A U L AAssim como uma correta periodização é importante para a História,

a questão das escalas é fundamental para a construção do raciocínio espacial emGeografia. Não se trata de analisar o mesmo fenômeno em escalas diferentes,mas de compreender que são fenômenos diferentes porque são apreendidos emdiferentes níveis de análise.

Preste atenção no que ocorre ao seu redor e observe os limites de sua casae a maneira com que estão dispostos os objetos em seu interior. Eles refletema forma pela qual sua família procura organizar o espaço domiciliar, conformesuas necessidades elementares. Já em outro nível, sua casa está situada numbairro, onde outras famílias atuam. E se estabelecem relações entre elas,bem como entre os espaços domiciliares, que são privados, e os espaçospúblicos, como ruas, praças, postos de saúde e escolas, que são de todos.

As regras e normas que vigoram em sua casa não podem ser as mesmas quevigoram em seu bairro, pela simples razão de que a vida em coletividade não éexatamente igual à vida familiar, pois as relações sociais que se estabelecem entreas pessoas são diferentes, por mais cooperativas e solidárias que elas sejam.

Agora, pense na posição de seu bairro dentro da cidade. Veja comoa localização do seu bairro reflete uma certa distribuição social da rendae da riqueza na cidade. Essa distribuição aparece, por exemplo, no fato de as ruasserem calçadas ou não, na maior ou menor disponibilidade de transportescoletivos, na facilidade de encontrar um telefone ou um posto de saúde.Nessa escala, ou nível de análise, os processos sociais são qualitativae quantitativamente diferentes do que ocorre na sua casa ou no seu bairro.

A questão das escalas também é importante para avaliar a velocidadevelocidadevelocidadevelocidadevelocidade comque ocorrem as transformações no espaço geográfico. Em sua casa, nãoé necessário muito esforço para mudar um móvel de posição, ou mexerna disposição de uma parede. Já em um bairro existem sempre novas casasem construção ou ruas sendo asfaltadas, mas as mudanças são mais lentasdo que em sua casa. Por sua vez, na sua cidade talvez surja um novo bairro,mas isso é mais demorado do que construir uma casa nova.

E esse raciocínio pode atingir âmbitos cada vez maiores. Pense nas mudan-ças em seu município, em seu Estado, no Brasil, na América Latina e no mundo.Com todos os avanços da ciência e da tecnologia, em cada um desses recortes doespaço geográfico, as mudanças ocorrem com velocidades diferentes.

Tais diferenças permitem que se compreenda o entrelaçamento entre espaçoe tempo, na extensãoextensãoextensãoextensãoextensão e na duraçãoduraçãoduraçãoduraçãoduração dos processos naturais e sociais. Existemprocessos - como, por exemplo, a distribuição de energia solar sobre a superfí-cie da Terra - que afetam todo o planeta, em todas as épocas em que pode-mos imaginar, no que diz respeito à evolução da vida. Por outro lado, há outros- como, por exemplo, um terremoto - que afetam uma área determinadadurante um rápido momento, com efeitos devastadores, mas que, como decorrer do tempo, vão sendo apagados pelo ritmo cotidiano da vida.

Compreender que existe uma relação fundamental entre a extensãoe a duração dos processos que moldam as paisagens na superfície da Terraé uma das contribuições do saber da Geografia.

Podem-se ordenar a descrição e o raciocínio geográfico em diferentes níveisde análise espacial, para que elas correspondam a diferentes ordens de grandezados objetos geográficos, isto é, os conjuntos espaciais que se precisa levar emconsideração para perceber a diversidade de combinações de fatos geográficosem relação à superfície do globo. Entre esses conjuntos, os mais vastos formamo contorno da terra (40.000 km); os menores, que aparecem em um mapa bemdetalhado, têm apenas alguns metros (casa, rochedo, bosque, poço etc.).

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3A U L A Assim, pode-se ter as seguintes ordens de grandeza.

® Primeira ordem de grandezaPrimeira ordem de grandezaPrimeira ordem de grandezaPrimeira ordem de grandezaPrimeira ordem de grandeza - A dos conjuntos geográficos cuja maiordimensão se mede em dezenas de milhares de quilômetros, a exemplo decontinentes e oceanos, grandes zonas climáticas, assim como países subde-senvolvidos e em desenvolvimento, ou grupo dos países da Organizaçãodo Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Note que esses enormes conjuntossão pouco numerosos e que eles são vistos num grau muito pronunciadode abstração da realidade.

® Segunda ordem de grandezaSegunda ordem de grandezaSegunda ordem de grandezaSegunda ordem de grandezaSegunda ordem de grandeza - A dos conjuntos cuja maior dimensãose mede em milhares de quilômetros. Exemplos: países como a Rússia,o Canadá, a China ou o Brasil, conjuntos como o mar Mediterrâneo,a Floresta Amazônica ou uma grande cadeia de montanhas como os Andes.

® Terceira ordem de grandezaTerceira ordem de grandezaTerceira ordem de grandezaTerceira ordem de grandezaTerceira ordem de grandeza - A dos conjuntos em que a maior dimensãose mede em centenas de quilômetros. Nesta categoria, entram países comoa França, o Reino Unido, regiões brasileiras como o Sul ou o Centro-Oeste,os grandes domínios naturais como a Serra do Mar ou a zona semi-áridado Nordeste.

® Quarta ordem de grandezaQuarta ordem de grandezaQuarta ordem de grandezaQuarta ordem de grandezaQuarta ordem de grandeza - A dos conjuntos em que as dimensões semedem em dezenas de quilômetros. Aqui podem figurar conjuntos extre-mamente numerosos, pequenos maciços montanhosos, florestas, aglomera-ções urbanas, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador, grandes áreascultivadas.

® Quinta ordem de grandezaQuinta ordem de grandezaQuinta ordem de grandezaQuinta ordem de grandezaQuinta ordem de grandeza - A dos conjuntos ainda mais numerosos, cujasdimensões se medem em quilômetros, como cidades médias, grandesrepresas, fazendas.

® Sexta ordem de grandezaSexta ordem de grandezaSexta ordem de grandezaSexta ordem de grandezaSexta ordem de grandeza - A dos conjuntos cujas dimensões se medem emcentenas de metros, como bairros, morros ou sítios.

® Sétima ordem de grandezaSétima ordem de grandezaSétima ordem de grandezaSétima ordem de grandezaSétima ordem de grandeza - A de inumeráveis conjuntos geográficos, cujasdimensões se medem em metros, como casas, praças ou jardins.

Ordem de grandeza:planos sobrepostos,

com eixo comum.

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3A U L AEfetivamente, um lugar, uma cidade pertencem a um grande número de

conjuntos espaciais e estes são de tamanhos muito diferentes. Uns somentepodem ser representados em mapas de escala muito pequena; outros, paraserem examinados com precisão, devem ser representados em mapas de grandeescala.

Compreender uma situação, conhecer quais os diferentes fatores que atuamem um determinado ponto, quer dizer, elaborar um raciocínio geográficoelaborar um raciocínio geográficoelaborar um raciocínio geográficoelaborar um raciocínio geográficoelaborar um raciocínio geográfico,consiste em combinar observações que se manifestam em espaços de tamanhosmuito diferentes: o que se tem de observar de muito próximo e o que é neces-sário considerar a partir de um ponto muito acima.

Assim, para compreender com perfeição uma paisagem do vale do rio Nilo,como mostra o esquema a seguir, têm-se de considerar conjuntos espaciais dediferentes ordens de grandeza.

Como é possível, em pleno deserto, no coração do Saara, esse rio possuirtanta água? Durante milênios, isso foi um mistério. Os egípcios consideravama cheia do Nilo - que ocorre em pleno verão, no momento de maior seca - umfenômeno verdadeiramente milagroso, uma dádiva dos deuses. Era realmenteum mistério para os egípcios, que somente conheciam a parte do vale ondeviviam, e seus arredores. A partir do momento em que os exploradoresdescobriram, no século XIX, de onde vinham as águas do Nilo, a milhares dequilômetros do Egito, o mistério foi desvendado.

O mapa 1 mostra vários conjuntos espaciais: o conjunto do vale do Nilo; oconjunto tropical úmido onde o Nilo nasce; e o conjunto de desertos que o rioatravessa. O mapa 2 revela um território muito menos extenso, mas os detalhespodem ser observados com maior precisão. No mapa abaixo, podemos distin-guir a forma geométrica dos campos, os canais de irrigação e a cidade.

Conjuntosdo vale dorio Nilo.

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3A U L A A articulação dos diversos níveis de análise - com a interseção de diferentes

conjuntos geográficos de distintas escalas geográficas - é fundamental paracompreender a totalidade dos processos naturais e humanos que moldam asdiferentes paisagens. Como uma casa pertence a um bairro, que por sua vez estáem uma cidade e em um município, temos de compreender que, emborapossamos isolar a casa como um objeto geográfico, precisamos ter em mente aposição do bairro no interior da cidade, para entender muitos dos problemasque afetam o nosso dia-a-dia, seja a carência de serviços básicos, seja a poluiçãodo ar, seja o tempo que perdemos para nos deslocar todo dia para o trabalho.

Pensar em escalas pode nos ajudar a descobrir a ordem territorial que estáoculta nas diversas paisagens, pois nos permite entender o que é particularparticularparticularparticularparticular a umlugar, ao mesmo tempo que nos mostra o que existe de comum com o geralgeralgeralgeralgeral dosoutros lugares que, muitas vezes, estão a milhares de quilômetros de distância.Isso é de fundamental importância nos dias atuais pois, como vimos na Aula 1,a revolução científico-tecnológica está alterando constantemente as dimensõesrelativas de tempo e espaço.

Nesta aula você aprendeu que:· as escalas geográficas escalas geográficas escalas geográficas escalas geográficas escalas geográficas são níveis de análise do raciocínio espacial que

permitem explicar, de modo ordenado, as complexas relações entre socieda-de e natureza;

· a diferenciação diferenciação diferenciação diferenciação diferenciação e a articulação articulação articulação articulação articulação simultâneas das escalas geográficasconstituem uma maneira eficaz para compreender as transformações quese processam no mundo atual;

· os diferentes níveis de análise espacial correspondem a diferentes ordensordensordensordensordensde grandezade grandezade grandezade grandezade grandeza dos conjuntos geográficosconjuntos geográficosconjuntos geográficosconjuntos geográficosconjuntos geográficos, podendo ser ordenados desde omais geralgeralgeralgeralgeral para se chegar ao mais particularparticularparticularparticularparticular;

· a interseçãointerseçãointerseçãointerseçãointerseção de diferentes conjuntos geográficos, em distintas escalas geo-gráficas, é fundamental para compreender a totalidadetotalidadetotalidadetotalidadetotalidade dos processos natu-rais e humanos que moldam as diferentes paisagens na superfície da Terra.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Qual a importância das escalas na análise do espaço geográfico?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Em que ordem de grandeza você colocaria aos seguintes conjuntos geográ-ficos:a)a)a)a)a) ( ) Brasil;b)b)b)b)b) ( ) seu bairro;c)c)c)c)c) ( ) o Mercosul;d)d)d)d)d) ( ) seu Estado;e)e)e)e)e) ( ) o oceano Pacífico.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que os egípcios antigos acreditavam que as cheias do rio Nilo eram umpresente dos deuses?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Por que uma cidade pode ser analisada em diversas escalas geográficas?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Com um mapa, como se pode analisar e compreender os processos naturais ehumanos de uma determinada porção do espaço geográfico. Explique por quê.

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Nesta aula, veremos que o meio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambienteem que vivemos é uma manifestação da constante transformação da naturezapela sociedade humana, e que o homem pode provocar profundas alterações naestabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidadeestabilidade dos sistemas naturaissistemas naturaissistemas naturaissistemas naturaissistemas naturais, pondo em perigo a disponibilidade futurade recursos e a própria existência de vida no planeta.

Vamos observar como o conhecimento geográfico pode fornecer critérioscritérioscritérioscritérioscritériospara buscar alternativas que garantam a sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade do desenvolvimento.

Como a sociedade transforma a natureza para garantir sua reproduçãoenquanto espécie viva? Qual o limite na exploração dos recursos naturais quepode ser trabalhado pelo homem sem comprometer seu futuro?

Os recursos ecológicos são os elementos do meio ambiente necessários àvida animal do homem, ou seja, ao metabolismo de seu organismo: alimentos,fornecidos pelas plantas e pelos animais, água, ar.

Podem ser chamados de recursos básicosrecursos básicosrecursos básicosrecursos básicosrecursos básicos por serem absolutamente indis-pensáveis. Um homem consegue viver sem aço ou sem petróleo, mas nãosobrevive sem água, sem ar, sem alimentos, isso é evidente.

Mas, infelizmente, é freqüente a instalação de fábricas que destróem o meioambiente e tornam a vida humana quase impossível, para atender a umafinalidade apenas econômica. Por causa disso, a opinião pública se tornouinquieta, reagindo e levantando problemas de qualidade de vida, de poluição edefesa do meio ambiente.

Em meados do século XX, vimos nosso planeta a partir do espaço, pelaprimeira vez. Talvez os historiadores venham a considerar que esse fato tevemaior impacto sobre o pensamento do que a revolução provocada por NicolauCopérnico no século XVI, que abalou a auto-imagem do homem ao revelar quea Terra não era o centro do universo. Vista do espaço, a Terra é uma bola frágile pequena, dominada não pela ação e pela obra do homem, mas por um conjuntoordenado de nuvens, oceanos e formações vegetais.

O fato de a humanidade ser incapaz de agir conforme essa lógica natural estáalterando fundamentalmente os sistemassistemassistemassistemassistemas planetários. Muitas dessas alteraçõesacarretam ameaças à vida. Essa realidade nova, da qual não há como fugir, tem

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Modificar o meioambiente

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4A U L A de ser reconhecida - e enfrentada. Um passo importante foi dado na Rio-92,

a Conferência da Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,na qual se consolidou a concepção de que o desafio de manter um ambiente sadiopara as futuras gerações é um problema global.

Assim entendida, a concepção do meio ambiente faz a articulaçãodas relações entre a sociedade e a natureza nas diferentes escalas geográficasde sua intervenção, desde a local local local local local até a globalglobalglobalglobalglobal. Não existem fronteiras, comoas que separam os países, para os poluentes que cruzam oceanos e afetam todotipo de vida a milhares de quilômetros de distância de sua fonte geradora.É assim que são prejudicados tanto o ser humano como o meio naturaltransformado por sua atividade.

O conhecimento do meio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambiente, como o resultado da atuação humanasobre o meio natural, tem sido objeto de estudo e interesse em muitos campos dasciências, dentre elas a própria Geografia.

Nesse sentido, a pesquisa geográfica orientada para a temática ambientalapresenta uma visão integradoravisão integradoravisão integradoravisão integradoravisão integradora, encarando a análise das mais variadasformas de organização do espaço, resultantes da apropriação e de usos do meionatural por distintos grupos sociais, alterando e transformando constantementeo ambiente que os cerca.

Neste final de século, as preocupações com as condições ambientais alcan-çaram vários segmentos das esferas social, política e econômica. A crescenteuniversalização dos problemas ambientais que afligem a humanidade implicao estabelecimento de novas reflexões acerca da utilização dos recursosda natureza, tanto nos países altamente industrializados como nos paísessubdesenvolvidos. A Geografia, ao tratar a problemática ambiental do pontode vista social, procura dar unidade e coerência a esses estudos.

É evidente que existe uma relação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmica, ou seja, em constante trans-formação, entre sociedade e natureza. É por isso que as inovações tecnológicase o impacto ambiental devem manter um vínculo entre si.

Um avanço tecnológico (como a irrigação, por exemplo) pode permitira sobrevivência de mais pessoas, o que, por sua vez, leva à ocupação de novasterras ou ao uso mais intensivo das áreas já ocupadas.

No entanto, a mesma irrigação pode encaminhar-se para o esgotamentodos recursos hídricos de uma área distante, como o que está acontecendo como mar de Aral, que está secando porque suas fontes de água foram desviadaspara a irrigação.

A influência do homem sobre o meio em que vive provoca mudanças que,muitas vezes, levam a alterações irreversíveis na estabilidade dos sistemassistemassistemassistemassistemasnaturaisnaturaisnaturaisnaturaisnaturais. Hoje, sabe-se que a natureza pode ser vista como um conjunto desistemas complexos, dentro do qual existem fluxos de energia entre suas diver-sas partes constituintes.

Cada componente do meio ambiente mantém uma relação com os demaiselementos. Assim, o clima, o relevo, os rios, a vegetação, os solos e os demaisseres vivos interagem entre si, e qualquer mudança em apenas um dessescomponentes afetará o conjunto todo. Às vezes, essas mudanças podem sermuito adversas à própria vida.

As terras semi-áridas do mundo, onde se expandem as áreas irrigadas, assimcomo as zonas costeiras dos continentes, constituem exemplos de ambientesinstáveisinstáveisinstáveisinstáveisinstáveis, propensos a rápidas degenerações que podem levar à perda efetivade recursos vivos. O resultado disso é a desertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificação. Reconhece-se comfacilidade a desertificação das áreas continentais. Entretanto, a enorme perda derecursos vivos dos oceanos, seja pela pesca e captura indiscriminada, seja pela

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contaminação dos mares e oceanos, tem as mesmas dimensões e é até maisproblemática, pois ainda são pouco conhecidos os ciclos de nutrientes, isto é, c

De modo geral, o resultado da intervenção humana sobre o meio naturalpode produzir reações em cadeia. Alterações provocadas pelo homem sobre osolo criam condições para a erosão parcial ou total. Mudanças feitas nos sistemasfluviais, a exemplo de barragens, alteram radicalmente o regime das águas dorios. Ambientes litorâneos, que apresentam forte concentração de população,sofrem alterações radicais que modificam profundamente as condições de vidanos estuários e baias, fundamentais para a vida marinha.

As duas principais atividades sócio-econômicas que provocam altera-ções ambientais são, sem sombra de dúvida, a agricultura e a indústria.As áreas urbano-industriais representam a mais profunda modificação hu-mana da superfície da Terra. Os efeitos da urbanização são altamenteintensivos e, em muitos casos, expandem-se para muito além dos próprioslimites das cidades.

O planeta está atravessando um período de crescimento drástico e demudanças fundamentais. Nosso mundo de mais de 5 bilhões de seres humanostem de encontrar espaço, num contexto finito, para outro mundo de sereshumanos.

Segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), em algummomento do próximo século, a população poderá estabilizar-se entre8 e 14 bilhões de pessoas. Em sua maior parte, esse aumento ocorrerá nos paísesmais pobres (mais de 90%) e em cidades já superpovoadas (90%).

Queimada

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A atividade econômica multiplicou-se para gerar uma economia mundial de13 trilhões de dólares, que pode quintuplicar ou decuplicar nos próximoscinqüenta anos. A produção industrial cresceu mais de cinqüenta vezes noúltimo século, sendo que quatro quintos desse crescimento se deram a partir de1950. Esses números refletem e já projetam profundos impactos sobre a biosfera,à medida que o mundo vai investindo em habitação, transporte, agricultura eindústria. Grande parte do crescimento econômico se faz à custa de matérias-primas de florestas, solos, mares e rios.

As novas tecnologias podem permitir a desaceleração controlada do consu-mo perigosamente rápido dos recursos - que são finitos - , mas também podemcriar sérios riscos, como novos tipos de poluição e o surgimento de novasvariedades de formas de vida, que alterariam os rumos da evolução. Enquantoisso, as indústrias que mais dependem de recursos do meio ambiente, e que maispoluem, multiplicam-se com grande rapidez no mundo em desenvolvimento.E é justamente aí que o crescimento se mostra mais urgente e há menospossibilidade de minimizar os efeitos colaterais nocivos.

Nesse contexto, o papel da Geografia é fundamental porque provê os meiospara o estudo das interações entre os aspectos sócio-econômicos e culturais e ascaracterísticas físicas e biológicas do meio natural, assim como fornece osinstrumentos de análise para o desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável, em âmbito local,regional, nacional e mundial.

Quando a base de recursos locais se desgasta, áreas mais amplas tambémpodem ficar comprometidas: o desflorestamento das terras altas acarreta inun-dações nas terras baixas; a poluição industrial prejudica a pesca local. Essesimplacáveis ciclos, localizados, passam agora ao plano nacional e regional.A deterioração das terras áridas leva milhões de refugiados ambientais atranspor as fronteiras de seus países em busca de melhores condições de vida.

O desflorestamento na América Latina e na Ásia vem provocando maisinundações, com danos cada vez maiores, nos países situados em áreas maisbaixas e no curso inferior dos rios. A chuva ácida e a radiação nuclear ultrapas-saram as fronteiras da Europa. No mundo todo estão ocorrendo fenômenossimilares, como o aquecimento global e a perda de ozônio. No próximo século,

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4A U L Apoderão aumentar muito as pressões ambientais que geram migrações

populacionais, ao passo que os obstáculos a essa migração talvez sejam aindamaiores que os de hoje.

Nos últimos decênios, no mundo em desenvolvimento surgiram problemasambientais que põem em risco a vida. O número crescente de agricultores e desem-terras vem gerando pressões nas áreas rurais. As cidades se enchemde gente, de carros e de fábricas. Entretanto, esses países em desenvolvimentotêm de atuar num contexto em que se amplia o fosso entre a maioria das naçõesindustrializadas e as em desenvolvimento, no que diz respeito aos recursos;em que o mundo industrializado impõe as normas que regem as principaisorganizações; e em que esse mundo industrializado já usou grande parte docapital ecológico do planeta. Tal desigualdade é o maior problema “ambiental”da terra; é também seu maior problema de desenvolvimento.

Hoje, a renda per capita da maioria dos países em desenvolvimento estámais baixa do que no início da década de 1980. O aumento da pobrezae o desemprego vêm pressionando ainda mais os recursos ambientais, pois umnúmero maior de pessoas se vê forçado a depender mais diretamente deles.A própria pobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de desgasteambiental. Para sobreviver, os pobres e os famintos muitas vezes destróem seupróprio meio ambiente - derrubam florestas, permitem o pastoreio excessivo,exaurem as terras marginais e acorrem, em número cada vez maior, para ascidades já congestionadas. O efeito cumulativo dessas mudanças chega ao pontode fazer da própria pobreza um dos maiores flagelos do mundo atual.

No que se refere ao consumo energético, os riscos de aquecimento doplaneta e de acidificação do meio ambiente muito provavelmente tornaminviáveis até uma duplicação do consumo de energia com as atuais combina-ções de fontes primárias. No mundo em desenvolvimento, milhões depessoas carecem de combustível vegetal, a principal fonte de energia domés-tica de metade da humanidade, e esse número vem aumentando. A atualsituação energética do mundo exige grandes mudanças. E uma nova era decrescimento econômico deve, portanto, consumir menos energia queo crescimento passado. Resta apenas esperar que o mundo formule saídasalternativas de baixo consumo energético, com base em fontes renováveis,que deverão ser o alicerce da estrutura energética global do século XXI.

Os problemas ambientais com que nos defrontamos não são novos. Mas sórecentemente sua complexidade começou a ser entendida. Antes, nossas maio-res preocupações voltavam-se para os efeitos do desenvolvimento sobre o meioambiente. Hoje, temos de nos preocupar também com o modo como a deterio-ração ambiental pode impedir ou reverter o desenvolvimento econômico.É necessária uma nova abordagem, pela qual todas as nações cheguema algum tipo de desenvolvimento que integre a produção com a conservaçãoque integre a produção com a conservaçãoque integre a produção com a conservaçãoque integre a produção com a conservaçãoque integre a produção com a conservaçãoe ampliação dos recursose ampliação dos recursose ampliação dos recursose ampliação dos recursose ampliação dos recursos, e que as vincule ao objetivo de dar a todos uma baseadequada de subsistência e um acesso mais eqüitativoeqüitativoeqüitativoeqüitativoeqüitativo aos recursos naturais.Isto é a essência do desenvolvimento sustentável.

Nesta aula você aprendeu que:

· o conceito de meio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambientemeio ambiente procura expressar as transformações in-troduzidas no meio natural pela atividade humana nas diferentes escalasgeográficas de sua intervenção, desde a local local local local local até a global global global global global;

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4A U L A · existe uma relação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmicarelação dinâmica entre sociedade e natureza; por isso, as

inovações tecnológicas e o grau de intervenção do homem em seu meioambiente mantêm um vínculo entre si;

· os efeitos da intervenção humana podem comprometer seriamente a esta-esta-esta-esta-esta-bilidadebilidadebilidadebilidadebilidade dos sistemassistemassistemassistemassistemas naturaisnaturaisnaturaisnaturaisnaturais;

· as principais atividades sócio-econômicas que provocam impactosimpactosimpactosimpactosimpactosambientaisambientaisambientaisambientaisambientais são a agricultura e a indústria, que, muitas vezes, geram efeitosnegativos sobre o meio ambiente, tais como: desertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificação, contaminaçãocontaminaçãocontaminaçãocontaminaçãocontaminaçãoe poluição poluição poluição poluição poluição das águas, do ar e dos solos;

· a questão ambiental exige uma nova maneira de conciliar o desenvolvimen-to com a sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade dos sistemas naturais;

· a Geografia pode contribuir para atingir esse objetivo porque possui umavisão integradoravisão integradoravisão integradoravisão integradoravisão integradora das relações entre os processos sociais e naturais.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Marque com X a alternativa correta.O desmatamento, principalmente para alguns países pobres, já se transfor-mou, nos dias atuais, em um sério problema ambiental. Nesses países,a madeira é extraída com o objetivo de:a)a)a)a)a) ( ) utilizar a lenha e o carvão como combustíveis e abrir espaços para

a pecuária e a agricultura;b)b)b)b)b) ( ) atender à demanda sempre crescente de carvão vegetal por parte

dos países ricos.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Marque com X a alternativa correta.A degradação do meio ambiente provoca uma deterioração na qualidadede vida do homem. Nesse sentido:a)a)a)a)a) ( ) a Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo

só trouxeram soluções para os problemas ambientais, por meiode inovações técnico-científicas;

b)b)b)b)b) ( ) a exploração madeireira que ocorre na Amazônia não chega aprovocar grandes prejuízos ao homem porque a floresta é renovadaimediatamente após a derrubada.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que as pesquisas geográficas encaram a temática ambiental com umavisão integradora?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Sabemos que os países industrializados são grandes poluidores do meioambiente, mas também afirma-se que a própria pobreza polui o ambiente.Explique como e por que isso ocorre.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Qual a possibilidade que o mundo têm hoje de enfrentar a questãoambiental e reverter a situação?

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Nesta aula, vamos a aprender que o territó- territó- territó- territó- territó-rioriorioriorio é a porção do espaço geográfico definida por relações sociais e políticasrelações sociais e políticasrelações sociais e políticasrelações sociais e políticasrelações sociais e políticas.Sua origem está ligada às características geográficas, históricas e culturais dedeterminado grupo social que procura consolidar seu domíniodomíniodomíniodomíniodomínio sobre a áreaterritorial que ocupa, ao mesmo tempo em que estabelece fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras quedelimitam o espaço onde procura exercer sua influência.

Veremos também que as diferentes formas de apropriação socialapropriação socialapropriação socialapropriação socialapropriação social do espaçogeográfico determinam territorialidadesterritorialidadesterritorialidadesterritorialidadesterritorialidades nas diversas extensões e em diferen-tes períodos de tempo.

Qual é o significado da luta pelo território no mundo atual? Qual o sentidoda territorialidade como elemento de afirmação dos grupos sociais?

O estudo da Geografia Política mostra que a territorialidade podeser entendida como uma estratégia para influenciar ações por intermédiodo controle, não só do espaço, mas também do tempo, isto é, do espaço-tempo.O território é importante condição de poderO território é importante condição de poderO território é importante condição de poderO território é importante condição de poderO território é importante condição de poder. Seu adensamento num espaçopróprio e controlado, somado à aceleração de sua mobilidade nas áreasde fronteira, resulta num aprendizado social que se manifesta em novasformas de resistência organizada, como as que estão ocorrendo na Amazônianos dias atuais.

A palavra territórioterritórioterritórioterritórioterritório normalmente lembra o território nacional de um paísque, como veremos mais adiante, pressupõe a existência de um Estado. Mas oterritório não deve ser necessariamente entendido na escala nacional e emassociação com a figura do Estado. Territórios existem e são construídos nas maisdiversas escalas, desde a menor, como a área sob controle de uma família ou triboindígena, à mais ampla, como a área formada pelo conjunto dos países-membrosda Comunidade dos Estados Independentes (CEI) ou da União Européia (UE).

Os territórios podem ter um caráter permanente, com limites bem definidoshá muito tempo, assim como uma existência temporária, a exemplo da áreaocupada por vendedores ambulantes nas ruas de uma cidade. Então, os territó-rios são definidos e têm duração por períodos de tempo variáveis, sejam séculos,décadas, anos, meses ou até dias e horas.

Delimitar o território

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5A U L A O território pode ser definido geograficamente, como o espaço concreto em

si, com seus atributos naturais e socialmente construídos, que é apropriado eocupado por um grupo social..... Diz-se que o território dos Países Baixos (Holanda)é o resultado direto do esforço do homem, pelo fato de os holandeses não sócontrolarem os limites de seu país, como também disporem de vastas áreas queforam conquistadas ao mar, chamadas de pôlderespôlderespôlderespôlderespôlderes, mediante um engenhososistema de construção de diques e de drenagem dos terrenos que avançavammar adentro.

A definição de um território é um fato gerador de raízesraízesraízesraízesraízes e de identidadeidentidadeidentidadeidentidadeidentidadecultural cultural cultural cultural cultural em um grupo social. Na realidade, uma comunidade não pode sercompreendida sem o seu território, pois a identidade sócio-cultural das pessoasestá indissoluvelmente ligada aos atributos do espaço concreto (natureza,patrimônio arquitetônico, paisagem). Tome-se o exemplo das comunidadesindígenas, nas quais o domíniodomíniodomíniodomíniodomínio social do território por meio da propriedadecomunal é uma das razões de existência da própria comunidade.

Os limiteslimiteslimiteslimiteslimites do território não foram e não são imutáveis, pois as fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiraspodem ser alteradas em decorrência da expansão das área de influência de umgrupo social, seja sobre terras despovoadas, seja pela conquista dos territóriosde outras comunidades. Existem limites naturais, como rios ou montanhas, quehá muito tempo isolaram comunidades, criando dificuldades de comunicaçãoentre elas. A palavra balcanizaçãobalcanizaçãobalcanizaçãobalcanizaçãobalcanização, que passou a significar fragmentaçãopolítica, surgiu por causa dos Bálcãs, um conjunto montanhosos que dá origemà península do mesmo nome, na Europa meridional, e que levou à formação depequenos países, que muitas vezes não se comunicavam entre si, como aAlbânia, a Croácia e a Macedônia.

Os impérios antigos, a exemplo do Império Romano, tinham uma imensabase territorial, da qual cobravam os tributos que mantinham os exércitos e ocorpo de funcionários de Roma. A noção de provínciaprovínciaprovínciaprovínciaprovíncia (do latim, pro vincere =para o vencedor) representava o território concedido ao conquistador, para queele o administrasse em nome de Roma. Dessa maneira, o território é fundamen-talmente um espaço definido e delimitado pelas relações de poderrelações de poderrelações de poderrelações de poderrelações de poder e a partirdelas.

Na África, são numerosas as interseções entre os limites dos países e asfronteiras territoriais dos conjuntos étnicos. No final do século XIX, as potênciascoloniais européias partilharam entre si o continente africano, sem levar emconta a distribuição dos diferentes povos que o habitavam. Com a descolonização,os dirigentes dos novos Estados africanos fizeram acordos para manter asfronteiras definidas pelos colonizadores, o que provocou muitos conflitos, econtinua provocando, já que algumas etnias são rivais tradicionais de outras queforam forçadas a conviver em um mesmo país.

Gráfico das áreas conquistadas pelos holandeses.

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5A U L AA territorialidadeterritorialidadeterritorialidadeterritorialidadeterritorialidade deve ser entendida como uma correlação de forças correlação de forças correlação de forças correlação de forças correlação de forças

espacialmente delimitada e operando sobre uma área geográfica específicaAs grandes metrópoles modernas, com toda a sua complexidade, podem conteros exemplos mais interessantes e variados de territorialidades, isto é, de diversasformas de apropriação de territórios. Nelas podemos encontrar grupos sociaisque vão ocupando áreas gradativamente, como os vendedores ambulantes nasprincipais ruas comerciais. Também existem territorialidades que resultam daausência dos poderes públicos, a exemplo daquelas ligadas a atividades ilegaiscomo o narcotráfico, ou a contravenções do tipo do “jogo do bicho”.

A apropriação dos espaços públicosespaços públicosespaços públicosespaços públicosespaços públicos por grupos privadosgrupos privadosgrupos privadosgrupos privadosgrupos privados é um atentado àcidadania. Exemplo disso é o que ocorre nas praias brasileiras, onde empresáriosinescrupulosos querem se beneficiar de uma paisagem privilegiada para obterlucros, desalojando populações pesqueiras e fechando praias para o uso público.Há também a luta pela ocupação de terras abandonadas por trabalhadores quenão têm onde morar e que, muitas vezes, constróem seus abrigos em áreassujeitas a enchentes e desabamentos, o que muitas vezes é visto como uma“invasão” pelos demais moradores do bairro.

Um território pode ser uma superfície líquida, um “mar territorial”.Na Europa, já a partir do século XVIII, os Estados consideravam que suaautoridade se estendia por águas territoriais, quer dizer, sobre uma faixa de trêsmilhas marítimas de extensão (1 milha = 1.852 metros), que correspondiamao alcance dos canhões da época (isto é, até o alcance de “um tiro de canhão”).

Divisão política da plataforma do Mar do Norte.

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5A U L A Depois da Segunda Guerra Mundial, a extensão das águas territoriaiságuas territoriaiságuas territoriaiságuas territoriaiságuas territoriais foi

estabelecida em 12 milhas. Mas a possibilidade de se explorar recursos mineraissubmarinos e o desejo de controlar as atividades pesqueiras fizeram com queos países litorâneos ou costeiros pressionassem à opinião pública mundial parao reconhecimento de uma área maior de soberania sobre as massas oceânicascontíguas aos seus territórios nacionais emersos. Surgiu assim o compromissointernacional sobre o direito do mardireito do mardireito do mardireito do mardireito do mar, que depois de negociações árduas, estabe-leceu a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, aprovada em 1982,estendendo a autoridade de um país até uma faixa de 200 milhas ao longo de suascostas, e anexando os fundos marinhos até os limites da plataforma continental.Mas isso nem sempre é aceito e tem levado a conflitos entre os Estados.

O desenvolvimento da aviação fez surgir o problema da soberania dosEstados na parte da atmosfera que está acima de seu território. A multiplicaçãodos satélites artificiais que giram ao redor da Terra coloca também novosproblemas, embora o espaço além dos 40 km de altitude seja considerado, até opresente momento, como uma área internacional de livre circulação.

Vemos que existe uma grande riqueza de situações quanto à concepção doque é um território. É importante reconhecer que há níveis diversos de controledo território.

O controle exercido pelos detentores do poder científico-tecnológico moder-no é cientificamente formulado e tecnicamente praticado, o que configurao contexto contemporâneo da gestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do território, que deve ser vista como umaa prática científica e tecnológica de poder no espaço e que deve fundamentar-se,cada vez mais, na autonomiaautonomiaautonomiaautonomiaautonomia de decisões e no direito democrático queas comunidades têm de decidir sobre o seu futuro.

Nesta aula, você aprendeu que:

· o territórioterritórioterritórioterritórioterritório representa a apropriaçãoapropriaçãoapropriaçãoapropriaçãoapropriação de determinada porção do espaçogeográfico por um grupo social;

· o domíniodomíniodomíniodomíniodomínio sobre um território contribui para reforçar a identidade culturalidentidade culturalidentidade culturalidentidade culturalidentidade culturalde um grupo social, e seus limiteslimiteslimiteslimiteslimites podem ser alterados pela expansão dasfronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras, seja em áreas despovoadas, seja pela conquista sobre outrosgrupos sociais. Assim, a territorialidadeterritorialidadeterritorialidadeterritorialidadeterritorialidade deve ser entendida como um es-paço definido e delimitado pelas relações de poderrelações de poderrelações de poderrelações de poderrelações de poder e a partir delas;

· essas relações, estabelecidas a partir dos diversos níveis de participação dosagentes sociais, configuram formas diversificadas de gestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do território.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Por que o território é uma importante condição de poder?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exemplifique territórios que podem ser definidos em escala local, nacionale supranacional.

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5A U L AExercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3

Marque com X a alternativa correta.O núcleo geoeconômico do Mercosul corresponde à área onde se encontramas principais metrópoles, zonas industriais, de grande concentraçãodemográfica. O elemento geográfico responsável pela integração é:a)a)a)a)a) ( ) a Bacia Amazônica;b)b)b)b)b) ( ) a Planície do Pampa;c)c)c)c)c) ( ) a Bacia Platina;d)d)d)d)d) ( ) o Planalto Brasileiro.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4“A dinâmica atual das fronteiras políticas entre os países, o surgimento denovos Estados e a reorganização de antigas nações resultam em novasformações territoriais que transcendem os limites dos próprios países.”Cite um exemplo das novas territorialidades que estão ocorrendo no mundoatual.

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Nesta aula, veremos como o papel do Esta-Esta-Esta-Esta-Esta-do-nação, do-nação, do-nação, do-nação, do-nação, enquanto responsável pelo território nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacional, se consolida pelaorganização político-administrativaorganização político-administrativaorganização político-administrativaorganização político-administrativaorganização político-administrativa. Vamos ver, ainda, como as condiçõesgeográficas e históricas em que se formaram os Estados nacionais influíram emsua posição no mundo e no marco das relações com os outros Estados. Veremostambém como a construção do Estado-nação foi um processo de grandescontrovérsias e lutas pelo poder no espaço.

O papel do Estado, enquanto agemte de prgamozação do espaço, foidescrito pela professora Bertha Becker ao afirmar que a GeopolíticaGeopolíticaGeopolíticaGeopolíticaGeopolítica é umaexpressão de “uma profunda mudança de rumo, que se processa no desenvol-vimento histórico do capitalismo, que passa a se reproduzir não mais apenas nasrelações econômicas mas, sim, também, nas relações sociais de produção, valedizer na sociedade inteira e no espaço inteiro. O valor estratégico de espaço nãose resume mais aos recursos e posições geográficas. Ele se torna condição dareprodução generalizada e, como tal, o espaço do poder. A partir de então,o Estado se torna necessário para assegurar as condições de reprodução dasrelações de dominação, para tanto instrumentalizando o espaço e produzindoseu próprio espaço, o espaço estatal”.

Na introdução da Constituição brasileira está escrito que “os representantesdo povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituirum Estado Estado Estado Estado Estado DemocráticoDemocráticoDemocráticoDemocráticoDemocrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociaise individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida naordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promul-gamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativado Brasil”.

Iniciamos o estudo desta aula com a nossa Constituição, e vemos nela queo seu primeiro objetivo é instituir um Estadoinstituir um Estadoinstituir um Estadoinstituir um Estadoinstituir um Estado para assegurar os direitose a identidade de um determinado grupo social: o povo brasileiro.

Viver em ummundo de nações

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6A U L ACom isso queremos ressaltar que o Estado-nação é uma porção do espaço

geográfico que possui características políticas, administrativas e econômicasparticulares, e que, do ponto de vista da Geografia, o Estado está antes de tudoe primordialmente caracterizado por seu territórioterritórioterritórioterritórioterritório.

Podemos definir um paíspaíspaíspaíspaís como um território habitado por determinadogrupo social ou comunidade que tem uma identidade cultural e uma realidadehistórica e geográfica que o caracteriza. Se partirmos da consideração de queo território é o espaço organizado politicamente, com identidades culturaispróprias, podemos afirmar que não existe Estado sem território, inclusiveos Estados muitos pequenos, a exemplo do Vaticano (dentro da cidade de Roma,na Itália).

O Estado, portanto, possui um espaço organizado politicamente, com seupovo, suas instituições e seus fins.

Por isso o Estado, desde sua origem, trata de integrar de uma maneira efetivatodos os componentes territoriais e de garantir a consolidação de uma sociedadefundada em interesses comuns, e que, com o passar do tempo, conquiste odesenvolvimento integral e o bem compartilhado. Os homens e as mulheres quevivem no território dependem das mesmas leis e regulamentos. O Estado é,portanto, uma entidade que tem seu próprio governo e sua própria administra-ção: uma Nação politicamente organizadauma Nação politicamente organizadauma Nação politicamente organizadauma Nação politicamente organizadauma Nação politicamente organizada.

Assim, o território nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacional é a base natural do Estado e, de algumamaneira, estabelece suas potencialidades e debilidades. A função principal doterritório nacional, como entidade dentro da organização política do espaço,consiste em definir, por um lado, as relações entre a comunidade e seushabitantes e, por outro, entre a comunidade e seus vizinhos.

Isso tudo adquire significado especial, pois os Estados muitas vezes em suahistória se vêem obrigados a redefinir essas relações e, portanto, as distribuiçõesdentro do espaço nacional.

O número de Estados que conhecemos é relativamente recente. Algunsdeles tiveram sua origem na Antiguidade e são, hoje, parte de antigos impérios,reinos, principados etc.

No início do século XX, havia menos de cinqüenta. Agora são maisde 180 em toda a superfície terrestre (ver mapa nas páginas 36 e 37).Esse rápido aumento ocorreu principalmente a partir da independência adqui-rida por antigas colônias que eram possessões de outros Estados.

Porém, sabemos que o mapa de Estados do mundo ainda não está definiti-vamente delineado, porque existem disputas em determinados territórios pormotivos diversos ainda não resolvidos.

O governo e a administração de um Estado se realizam por meio do que sedenomina aparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estado, composto pelo chefe de Governo, pelos diferen-tes ministérios que serão os encarregados da justiça, educação, defesa nacional;com graus de hierarquia nas diferentes responsabilidades. Por sua vez, osterritórios de cada Estado se subdividem administrativamente em províncias,estados ou departamentos - todos eles com seus governantes responsáveis -e, ainda, em uma hierarquia de administrações menores, como os municípios.

Essas administrações são mais ou menos organizadas, mais ou menosimportantes, conforme os países. De fato, os Estados são potências desiguais.Tais desigualdades resultam de condições geográficas, como diferenças desuperfícies e recursos, efetivo da população, importância da sua atividadeeconômica, e o poderio do seus aparelhos de Estado. Podemos citar comoexemplo a China, que tem 2 bilhões de habitantes, e pequenos Estados commenos de 100 mil habitantes (Dominica, Seychelles).

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1 - Belize ............................................ Belmopan2 - Guatemala ................ Cidade da Guatemala3 - El Salvador ............................. San Salvador4 - Honduras .................................. Tegucigalpa5 - Nicarágua ...................................... Manágua6 - Costa Rica .................................... San José7 - Panamá ......................... Cidade do Panamá8 - Guiana ....................................... Georgetown9 - Suriname ................................... Paramaribo10 - Guiana Francesa .............................. Caiena11 - Holanda ......................................... Amsterdã12 - Bélgica ........................................... Bruxelas

PAÍS CAPITAL

13 - Luxemburgo ............................. Luxemburgo14 - República Tcheca ............................... Praga15 - Eslováquia ................................... Bratislava16 - Suíça ................................................... Berna17 - Áustria ................................................. Viena18 - Hungria ........................................ Budapeste19 - Moldávia ......................................... Chisinau20 - Romênia ....................................... Bucareste21 - Eslovênia ....................................... Liubliana22 - Croácia .............................................. Zagreb23 - Bósnia-Herzegóvina ...................... Sarajevo24 - Macedônia ......................................... Skopje

PAÍS CAPITAL

25 - Sérvia (Iugoslávia) ......................... Belgrado26 - Albânia ............................................... Tirana27 - Bulgária ................................................ Sófia28 - Geórgia ............................................... Tblissi29 - Azerbaijão ............................................ Baku30 - Armênia ........................................... Yerevan31 - Chipre ............................................... Nicósia32 - Líbano ................................................ Beirute33 - Israel ............................................ Jerusalém34 - Síria ............................................... Damasco35 - Jordânia ................................................. Amã36 - Kuwait ............................................ Al Kuwait

PAÍS CAPITAL

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37 - Catar ..................................................... Doha38 - Emirados Árabes Unidos ........... Abu Dhabi39 - Uzbequistão .................................. Tashkent40 - Tadjiquistão ................................. Dushanbe41 - Nepal ............................................ Katmandu42 - Butão ................................................. Thimfu43 - Bangladesh .......................................... Daca44 - Laos ............................................... Vientiane45 - Tailândia ......................................... Bangcoc46 - Vietnã .................................................. Hanói47 - Camboja .................................. Phnom Penh48 - Brunei ........................ Bandar Seri Begauan

PAÍS CAPITAL

49 - Cingapura ..................................... Cingapura50 - Gâmbia ............................................... Banjul51 - Guiné-Bissau .................................... Bissau52 - Serra Leoa .................................... Freetown53 - Costa do Marfim ................................ Abidjã54 - Burkina ......................................... Uagadugu55 - Gana .................................................... Accra56 - Togo ...................................................... Lomé57 - Benin .......................................... Porto Novo58 - Camarões .......................................... Iaundê59 - Guiné Equatorial .............................. Malabo60 - São Tomé e Príncipe ................... São Tomé

61 - Gabão ............................................. Libreville62 - Congo ......................................... Brazzaville63 - Lesoto ............................................... Maseru64 - Suazilândia ................................... Mbabane65 - Zimbábue ........................................... Harare66 - Malavi ............................................. Lilongüe67 - Burundi ........................................ Bujumbura68 - Ruanda ................................................ Kigali69 - Uganda ........................................... Campala70 - Djibuti ................................................. Djibuti71 - Eritréia .............................................. Asmará72 - República Centro-Africana ............. Bambari

PAÍS CAPITAL PAÍS CAPITAL

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6A U L A Para dar conta do poderio de um Estado também temos de levar em conta

sua atividade econômica, a importância do seu Produto Nacional BrutoProduto Nacional BrutoProduto Nacional BrutoProduto Nacional BrutoProduto Nacional Bruto (PNB)e seu potencial industrial.

A partir da decisão de aumentar o preço do petróleo, na década de 1970,os Estados exportadores do petróleo passaram a dispôr de consideráveis fontesfinanceiras, e contavam com escassos efetivos de população. Isso passoua caracterizá-los por valores recordes no PNB, como no caso do Kuwaite dos Emirados Árabes. No entanto, esses Estados não possuem indústrias,e seu potencial militar é muito baixo.

O valor do PNB nos dá uma idéia do poderio de um Estado, determinandoseu potencial global, mas é preciso levar em conta que a renda nacional muitasvezes está repartida desigualmente, e que se concentra nas mãos de uma minoriaprivilegiada.

Existem, portanto, desigualdades muito marcantes entre as nações domundo atual, o que vai repercutir nas relações econômicas entre eles. De fato,os menores e menos ricos dependem das grandes potências, podendo-sedistinguir duas grandes categorias: os que constituem uma espécie de centrocentrocentrocentrocentroda vida econômica mundial e os que formam a periferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferia.

Os países desse centro economicamente desenvolvido, que são aproxima-damente trinta Estados - isto é, uma quarta parte da população do pla-neta -, dispõem da maior parte do potencial industrial do mundo e controlama atividade econômica mundial. A maioria dos países da periferia, ou seja, cercade 150 Estados - três quartas partes da população mundial -, depende comerciale tecnologicamente dos países desenvolvidos.

Em termos geográficos, o território nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacional é um espaço delimitado pelasfronteiras que o separam dos Estados vizinhos. Essas fronteiras, naturaisou convencionadas, resultaram de um processo de reivindicações territoriais,a partir da ocupação (pacífica ou não) de áreas nas quais criam-se vínculosculturais e um determinado grupo social.

Assim vão surgindo as naçõesnaçõesnaçõesnaçõesnações, que compreendem um conjunto de habitan-tes interligados por tradições, interesses e aspirações comuns.

Porém, para compreender isso é imprescindível o conhecimento geográfico,pois só por intermédio da Geografia podemos ver os vínculos que conectamas condições físicas, históricas e políticas de um determinado território.

Isso foi compreendido pelos políticos alemães, depois da guerra franco-prussiana (1870-1871), quando se deram conta de que a Geografia como discipli-na contemporânea servia a importantes fins políticos. A educação geográficapodia ser utilizada para reforçar e popularizar a idéia de Estado-Nação, forman-do pessoas com maior capacidade para compreender as possibilidades políticase econômicas de desenvolvimento e de comércio mundial. Para alcançar esseobjetivo, em 1874, o governo alemão decidiu criar a disciplina Geografia emtodas as universidades. Outros países europeus, por razões semelhantes, tam-bém introduzem a Geografia na educação, já que essa disciplina junto coma História colaborariam para desenvolver sentimentos nacionais, ocupandoum lugar na geração da idéia de identidade nacionalidentidade nacionalidentidade nacionalidentidade nacionalidentidade nacional.

O papel do Estado foi assumindo importância fundamental por suasatribuições cada vez maiores: financeiras, jurídicas, militares, econômicas esociais. Mas esse papel sofreu modificações nos diferentes períodos históricos dahumanidade. Hoje, na era da globalização - que expressa a idéia de umaeconomia globalizada -, o papel do Estado depende das relações entre conjuntosde Estados. Cada vez mais, existem grupos de Estados que se unem por inte-resses comuns, como os que integram a Comunidade Européia, o Nafta, Mercosul.

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6A U L AAgora, muitas vezes os limites de um Estado não coincidem com os limites

de uma nação, porque não é a natureza que está determinando a linha defronteira, mas as relações de força dos Estados. Assim, alguns Estados reivindi-cam, hoje, territórios que consideram anexados por outros vizinhos, justificandotais reivindicações por motivos geográficos e históricos. Exemplo dissoé o conflito árabe-israelense.

Alguns povos têm conseguido impôr o princípio de nacionalidade e, poucoa pouco, algumas nações lograram formar um Estado e agrupar-se nele. Mas,existem outros que apresentam conflitos internos em seu território justamentepor não exibirem caracteres que os identifiquem como uma unidade. Assim, porexemplo, a metade dos albaneses se encontra além dos limites da Albânia, e opovo bascobascobascobascobasco, dividido entre França e Espanha, luta para constituir um Estado queos unifique. Isso também ocorre na África, ao sul do deserto de Saara, onde oprocesso de colonização colocou sob a jurisdição de um mesmo Estado naçõesdistintas, como os tutsis e os hutus, em Ruanda.

Os mapas mostram três exemplos de povos divididos pelas fronteirasde Estados distintos.

® No Oriente Médio, o povo curdocurdocurdocurdocurdo está dividido entre cinco Estados;há muitos anos luta por sua unidade e sua independência.

® Na África Ocidental, o povo senufo senufo senufo senufo senufo depende atualmente de três Estados:Mali, Alto Volta e Costa do Marfim, os quais, na época colonial, fizeramparte de uma mesma grande unidade política: a África Ocidental Francesa.

® Na América do Sul, na Cordilheira dos Andes, o povo aymaráaymaráaymaráaymaráaymará, queconservou sua língua apesar da difusão do espanhol, está dividido em trêsEstados - antigas colônias espanholas que se constituíram em Estadosindependentes no princípio do século XIX.

Podemos afirmar, então, que entre os Estados não existem somente relaçõescomerciais, mas também relações de força força força força força, isto é, dos meios de se fazer guerrameios de se fazer guerrameios de se fazer guerrameios de se fazer guerrameios de se fazer guerra.Durante séculos, os diferentes Estados se esforçaram para estender seus territó-rios e para defendê-los contra as ambições territoriais de seus vizinhos.As fronteiras foram se modificando por causa dessas rivalidades.

Hoje, pode-se considerar que as fronteiras da maior parte dos Estados sãobastante estáveis, porém ainda existem fronteiras de criação. E, até hoje,a possessão de muitos territórios é tema de controvérsia entre alguns países.

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6A U L A Nesta aula você aprendeu que:

· o Estado-nação Estado-nação Estado-nação Estado-nação Estado-nação é uma porção do espaço geográfico organizado política,econômica e administrativamente;

· o território nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacionalterritório nacional é a base natural do Estado, delimitado por suasfronteiras que são produto de reivindicações territoriais com outros Estados;

· o governo e a administração do Estado se realizam por intermédio doaparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estadoaparelho de Estado, com distintos níveis de hierarquias e responsabilida-des nas diferentes jurisdições territoriais e subdivisões administrativas;

· existem desigualdades sócio-econômica marcantes entre os Estados, agru-pando-os em duas grandes categorias: os do centrocentrocentrocentrocentro e os da periferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiada economia mundial;

· o limite dos Estados muitas vezes não coincide com os limites de uma naçãonaçãonaçãonaçãonação;as naçõesnaçõesnaçõesnaçõesnações - que compreendem um conjunto de habitantes interligadospor tradições e interesses comuns - às vezes estão divididas por limitesimpostos pelas relações de força e poderrelações de força e poderrelações de força e poderrelações de força e poderrelações de força e poder;

· dentro de um Estado-nação, às vezes também se apresentam conflitosinternos porque coexistem grupos sociais que disputam o controle sobreo território nacional.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Marque com X a alternativa correta.Por Estado entendemos:a)a)a)a)a) ( ) a organização jurídico-administrativa de uma nação;b)b)b)b)b) ( ) o espaço geográfico no qual é exercido o seu poder de governo;c)c)c)c)c) ( ) um território estruturado com diversas sociedades e instituições,

unidas por laços de cultura, pelas tradições e objetivos comuns.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Marque com X a alternativa correta.A partir de que fatores se define a importância do Estado como instituiçãopolítica de um povo?a)a)a)a)a) ( ) Pela organização político-administrativa dentro de um determinado

espaço geográfico, com relações e interesses comuns para seushabitantes.

b)b)b)b)b) ( ) Por sua formação, a partir de um território que apresenta umaidentidade cultural e uma realidade histórico-geográfica própria.

c)c)c)c)c) ( ) Pelo limites de seu território, que são inalteráveis no decorrer tempo.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Explique como e por que um país pode conter várias nações diferentes, oucomo uma nação pode estar dividida em vários países.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4A atual ordem internacional apresenta-se de forma diversa e complexa, emque os conflitos de ordem política, econômica, ecológica, territorial e socialsão cada vez mais violentos.Aponte uma área onde os conflitos territoriais são uma herança do passadocolonial.

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Nesta aula, veremos como, a partir da Revo-lução Industrial, o crescimento econômico e demográficocrescimento econômico e demográficocrescimento econômico e demográficocrescimento econômico e demográficocrescimento econômico e demográfico modificouos padrões de vida dos grupos sociais, ampliando a divisão territorial dodivisão territorial dodivisão territorial dodivisão territorial dodivisão territorial dotrabalhotrabalhotrabalhotrabalhotrabalho entre campocampocampocampocampo e cidadecidadecidadecidadecidade. Observaremos como a agricultura sofreugrandes transformações com a industrialização do campo, e como se intensifi-cou o processo de urbanização no mundo contemporâneo.

Somente a sociedade humana “habita” o planeta, no sentido de transformá-lo segundo um objetivo pré-determinado. As metamorfoses do espaço habitadoacompanham a maneira como a sociedade humana se expande e se distribui,acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente(mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômenohumano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está,exatamente, na transformação qualitativa do espaço habitado.

A noção de distribuição espacial da humanidade, se considerada apenas emrelação às condições naturais, é insuficiente. O hábitat, hábitat, hábitat, hábitat, hábitat, isto é, o espaço construídopelo homem, era antigamente o seu lugar de residência e de trabalho, e o espaçodestinado às relações que uma vida social geograficamente confinada gerava,por meio do processo produtivo, tanto nos seus aspectos materiais como nosseus aspectos não materiais.

Considerando a totalidade da superfície terrestre, aparecem grandes espa-ços que estão quase vazios: são as zonas polares e as terras submetidas durantesete ou oito meses a temperaturas muito baixas, ou ainda, as regiões de grandealtitude. As extensões quentes e secas também formam parte do conjunto muitodebilmente povoado. Mas, aqui, os homens não estão ausentes e se reúnem,às vezes em grande número, nos pontos onde podem obter água. A Amazônia(América do Sul) e o Congo (África) não contam, em média, com mais do que2 ou 3 habitantes por km2. Ao contrário, na Ásia encontram-se regiões de climaquente e úmido fortemente povoadas. E as mesmas desigualdades ocorremnas zonas temperadas.

Habitar em campose cidades

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7A U L A Para explicar esses contrastes de concentração de população é necessário

fazer as distinções abaixo.

® Grandes regiões industriaisGrandes regiões industriaisGrandes regiões industriaisGrandes regiões industriaisGrandes regiões industriais: cujo povoamento mais importante data doséculo XIX. Sua ocupação foi provocada pelos efeitos da Revolução Indus-trial, determinando uma concentração maciça da população nas cidades.

® Grandes regiões agrícolasGrandes regiões agrícolasGrandes regiões agrícolasGrandes regiões agrícolasGrandes regiões agrícolas: nas quais também existem desigualdadesde povoamento por causa das condições geográficas e históricas.

Se tomarmos o exemplo das extensões submetidas ao clima tropical e queabrigam quase a metade do total da humanidade, veremos que apresentam umgrande contraste entre áreas escassamente povoadas nas grandes massas flores-tais da América do Sul e da África, e os espaços muito mais restritos de Ásiatropical, onde vivem 1,5 bilhões de pessoas que se concentram nos vales dosgrandes rios e em seus deltas, sobretudo na Índia e no sul da China.

Esses vales e deltas, atualmente tão povoados, antigamente eram espaçoscobertos por densas selvas inundadas periodicamente, cuja conquista começouaos poucos, com os grandes impérios do passado. Ali, milhões de camponesese pioneiros invadiram progressivamente a selva e construiram milhares dequilômetros de diques para conter rios e proteger as terras contra inundações.

No decorrer dos séculos, tanto o crescimento econômico como o crescimentodemográfico foram muito lentos em todos os países. Até o século XIX, os homenseram essencialmente agricultores. Mas, a partir desse século, ocorreu umatransformação demográfica cujos múltiplos efeitos passaram a ter importânciacada vez maior, como conseqüência das mudanças econômicas, sociais, políticase culturais que se produziram desde o início do século XIX, a cujo conjunto sedenominou Revolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução Industrial. A partir de então, a agricultura se transfor-mou; o comércio e os meios de transporte sofreram grande impulso. As cidadesse multiplicaram e passaram a ser cada vez mais importantes.

A divisão entre os setores primário (agricultura e pecuária), secundário(indústria) e terciário (comércio e serviços) aprofundou-se em escala mundial.E a população econômicamente ativapopulação econômicamente ativapopulação econômicamente ativapopulação econômicamente ativapopulação econômicamente ativa (aquela efetivamente engajada naeconomia) empregada no setor secundário passou a assumir importância cadavez maior na força de trabalho mundial.

Gráfico mundial da força de trabalho empregada na agricultura.

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7A U L ACerca de 2,5 bilhões de homens e mulheres vivem nas zonas rurais de todo

o mundo, e 2 bilhões deles são camponeses que cultivam cerca de 1,5 bilhões dehectares, ou seja, aproximadamente 10% das terras emersas. Mas a distribuiçãodas riquezas de que dispõem esses diferentes grupos não correspondeà distribuição da população.

Boa parte dos meios de produção está concentrada em países que contam comuma agricultura muito produtiva, concentrando também a produção in-dustrial. Esses países possuem, ainda, potencial científico e tecnologia avançada.

A agricultura, hoje, não é mais a atividade principal dos países desenvolvi-dos. No entanto, continua sendo o meio de vida da maioria dos habitantesdos países subdesenvolvidos.

A partir do século XIX, a agricultura sofreu grandes modificaçõesem conseqüência da transformação dos modos de produção no espaço, passan-do de uma agricultura de subsistência para uma agricultura comercial. Mas,em muitos casos, os camponeses que têm de cultivar para a exportaçãonão conseguem preço suficiente para os produtos de seu trabalho nem chegama produzir o suficiente para sustentar a família.

As atividades agrícolas praticadas por povos diferentes são extremamentevariadas. Existem vários sistemas de cultivosistemas de cultivosistemas de cultivosistemas de cultivosistemas de cultivo, isto é, o conjunto de técnicasempregadas numa exploração agropecuária e de utilização do solo.

Também temos de levar em conta as diferenças de estrutura agrária. Elas sedistinguem nas formas de propriedade da terra (propriedade coletiva, pequenapropriedade privada, grande propriedade privada), cujas colheitas podem ficarcom o proprietário ou ser repartidas entre o proprietário e os cultivadores.Às vezes a terra pertence a quem a trabalha, seja um grupo social (propriedadeou explotação coletiva) ou uma pessoa (pequeno proprietário). Na maioriados casos, porém, a terra não pertence a quem a cultiva.

A agricultura dos países europeus deve sua existência milenar à variedadede condições naturais e ao preparo de campos de cultivo em meios rurais muitovariados. Nesses campos, povoados por um camponês muito ligado à sua terra- condição que predominou durante muito tempo -, as modernizaçõesse difundiram lentamente e transformaram de modo progressivo todosos sistemas agrícolas.

Hoje, os sistemas agrícolas europeus são, geralmente, intensivos e deprodutividade alta, pois os meios técnicos aplicados na produção são conside-ráveis e apresentam grandes investimentos de capitais. A aplicação dessescapitais tem como objetivo prover determinado produto; e a busca dos lucros é o que determina a combinação de cultivos escolhida, sem perder de vistaas demandas do mercado.

Como conseqüência da expansão européia em áreas escassamente povoa-das, a agricultura dos países “novos” (Estados Unidos, Canadá, Argentina,Austrália) nasceu quase ao mesmo tempo que a Revolução Industrial, que foilhes fornecendo os meios técnicos para valorizar os imensos espaços agrícolasespaços agrícolasespaços agrícolasespaços agrícolasespaços agrícolasdisponíveis.

A instalação da agricultura comercial nos países tropicais, destinadaa abastecer os países industrializados, adquiriu a forma de grandes plantaçõescoloniais. As maiores plantações se encontram na América Latina, que ofereceprodutos de grande valor no mercado internacional. No entanto, as populaçõesque nelas trabalham são muito pobres, já que a colheita pertence a grandesproprietários. Isso se opõe a regiões tropicais, onde o nível de vida é muitoelevado, como a Flórida ou a Austrália, cujos cultivos apresentam altos rendi-mentos por hectare.

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7A U L A O aumento populacional e o desenvolvimento têm vínculos complexos.

O desenvolvimento econômico gera recursos que podem ser usados namelhoria da educação e da saúde, que juntamente com mudanças sociais a elasligadas, reduzem tanto as taxas de fertilidade como as de mortalidade. Já asaltas taxas de aumento populacional podem impedir as melhorias na educaçãoe na saúde.

No passado, por meio da intensificação da agricultura e do aumento daprodutividade, as nações puderam enfrentar as crescentes pressões populacionaissobre a terra disponível. A migração e o comércio internacional de alimentose de combustíveis aliviavam a pressão sobre os recursos locais, permitindomanter as altas densidades populacionais de alguns países industrializados.

A situação se mostra diferente na maioria do mundo em desenvolvimento,no qual as melhorias obtidas na medicina e na saúde pública fizeram as taxas demortalidade caírem acentuadamente e as taxas de aumento populacional atingi-rem níveis sem precedentes, pois as taxas de fertilidade permanecem elevadas.Grande parte do potencial humano não chega a se realizar e o desenvolvimentoeconômico pode cessar.

A pressão populacional já está forçando os agricultores tradicionais atrabalharem mais, quase sempre em fazendas cada vez menores, situadas emterras marginais, apenas para manter a renda familiar. Na África e na Ásia, apopulação rural praticamente dobrou entre 1950 e 1985, com um correspondentedeclínio na disponibilidade de terra. O rápido aumento populacional tambémcria problemas urbanos de cunho econômico e social, que ameaçam impossibi-litar a administração das cidades.

O aumento populacional acelerou-se em meados do século XVIII, com oadvento da Revolução Industrial e das correspondentes melhorias na agricultu-ra, não só nas regiões mais desenvolvidas como também em outras. A faserecente de aceleração começou por volta de 1950, quando as taxas de mortalidadetiveram redução acentuada nos países em desenvolvimento.

Hoje, o aumento populacional concentra-se nas regiões em desenvolvimentoda Ásia, da África e da América Latina, responsáveis por 85% do aumentoda população mundial a partir de 1950.

As projeções demográficas indicam que a população global aumentará para6 bilhões no ano 2000 e para 8,2 bilhões em 2025. Mais de 90% desse aumentodeverá ocorrer nas regiões em desenvolvimento.

O aperfeiçoamento das comunicações possibilitou grandes deslocamentosde pessoas, às vezes como uma reação natural ao aumento das oportunidadeseconômicas em determinadas áreas. Isso aumentou rapidamente a mobilidadeda população, acelerando as migrações internas e externas.

Grande parte dos deslocamento dá-se do campo para a cidadedo campo para a cidadedo campo para a cidadedo campo para a cidadedo campo para a cidade. Em 1985,cerca de 40% da população mundial vivia em cidades. A magnitude da migraçãopara as cidades é comprovada pelo fato de que, a partir de 1950, o aumentoda população urbanapopulação urbanapopulação urbanapopulação urbanapopulação urbana foi maior que o aumento da população ruralpopulação ruralpopulação ruralpopulação ruralpopulação rural, tantoem termos percentuais como absolutos. Esse deslocamento é mais impres-sionante nos países em desenvolvimento, nos quais o número quadruplicounesse período.

No final deste século, quase metade do mundo estará vivendo em áreasurbanas,urbanas,urbanas,urbanas,urbanas, desde pequenas cidades até megalópoles. O sistema econômicomundial está se tornando cada vez mais urbano, com redes justapostas decomunicações, de produção e de mercadorias.

Tal sistema, com seus fluxos de informação, energia, capital, comércio epessoas, gera a coluna dorsal do desenvolvimento nacional. As perspectivas de

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7A U L Auma cidade, grande ou pequena, dependem essencialmente do lugar que ela

ocupa no sistema urbano sistema urbano sistema urbano sistema urbano sistema urbano, nacional e internacional.

Em muitas nações, certos tipos de indústria e de empresa de serviços estãose desenvolvendo em áreas rurais. Mas essas áreas vêm recebendo serviçose infra-estrutura de alta qualidade, com sistemas avançados de telecomunica-ções, que fazem com que sua atividades sejam parte integrante do sistemaurbano-industrial nacional e global. De fato, o interior está sendo “urbanizado”cada vez mais aceleradamente.

O século XX é o da “revolução urbana”. Depois de 1950, o número de pessoasque vivem nas cidades quase triplicou; nas regiões mais desenvolvidas,a população urbana dobrou; no mundo menos desenvolvido, quadruplicou.Cidades como Seul, Bagdá, México, Manilha, São Paulo, Bogotá e Manágua viramo número de seus habitantes triplicar ou quadruplicar em poucas décadas.

Em muitos países em desenvolvimento, as cidades têm crescido muitoalém do que jamais se poderia imaginar. Poucos governos de cidades do mundoem desenvolvimento, cujas populações crescem a um ritmo acelerado, dispõemde poderes, recursos e pessoal treinado para lhes fornecer as terras, os serviçose os sistemas adequados a condições não-degradantes de vida: água potável,saneamento, escolas e transportes.

O resultado disso se revela na proliferação de assentamentos ilegaisde habitações toscas, nas aglomerações excessivas e na taxa de mortalidade al-tíssima, decorrente de um meio ambiente insalubre, por causa de problemas deinfra-estrutura deteriorada, degradação ambiental, decadência do centro urba-no e descaracterização dos bairros. Os desempregados, os idosos e as minoriasétnicas e raciais podem mergulhar numa espiral descendente de degradaçãoe pobreza, pois as oportunidades de emprego diminuem, e os indivíduos maisjovens e mais instruídos vão abandonando os bairros decadentes.

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7A U L A No mundo industrializado, as cidades também são responsáveis por proble-

mas de alcance global, tais como o consumo de energia e a poluição ambiental.Muitas delas obtêm seus recursos e sua energia de terras distantes, com fortesimpactos coletivos sobre essas terras distantes.

As cidades muitas vezes são construídas sobre terras agrícolas mais produ-tivas, e o crescimento sem planejamento resulta na perda desnecessária dessasterras. Tais perdas são mais graves nas nações com áreas cultiváveis limitadas,como o Egito, por exemplo.

Em geral, o crescimento urbano muitas vezes vem antes do estabelecimentode uma base econômica sólida e diversificada para apoiar o incremento da infra-estrutura, da habitação e do emprego. Em muitos lugares, os maiores problemasestão ligados a padrões inadequados de desenvolvimento agrícola e urbano.

A crise econômica mundial dos anos 80 não resultou somente em menoresrendas, maior desemprego e na eliminação de muitos programas sociais.Ela também diminuiu drasticamente a já baixa prioridade dada aos problemasurbanos, aumentando a deficiência crônica dos recursos necessários para cons-truir, manter e administrar as cidades.

Nesta aula você aprendeu que:

· o hábitat hábitat hábitat hábitat hábitat é o espaço construído pelo homem, onde estão explícitasa orientação econômica da produção e as desigualdades sociais na distribui-ção territorial da renda;

· até o século XIX, os homens foram essencialmente agricultores, mas a partirda Revolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução Industrial ocorreram mudanças econômicas, políticase culturais que provocam a transformação do campocampocampocampocampo e a concentraçãoda população nas cidades cidades cidades cidades cidades;

· as atividades agrícolas praticadas pelos diferentes povos são extremamentevariadas, e vão desde a agricultura comercial,agricultura comercial,agricultura comercial,agricultura comercial,agricultura comercial, com alta tecnologia dospaíses industrializados, dotada de sistemas agrícolas intensivossistemas agrícolas intensivossistemas agrícolas intensivossistemas agrícolas intensivossistemas agrícolas intensivos, até aagricultura de subsistência e de camponeses sem-terraagricultura de subsistência e de camponeses sem-terraagricultura de subsistência e de camponeses sem-terraagricultura de subsistência e de camponeses sem-terraagricultura de subsistência e de camponeses sem-terra dos países subde-senvolvidos, que cultivam para o próprio sustento em sistemas agrícolassistemas agrícolassistemas agrícolassistemas agrícolassistemas agrícolasextensivosextensivosextensivosextensivosextensivos e de baixa produtividade;

· a urbanização urbanização urbanização urbanização urbanização e a metropolização metropolização metropolização metropolização metropolização são processos que se aceleraram nasúltimas décadas, tanto nos países industrializados como nos países emdesenvolvimento e subdesenvolvidos.

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7A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

Das quinze cidades mais populosas do globo, com exceção de Tóquio, LosAngeles e Osaka, onze estão em países subdesenvolvidos. Na história dacivilização, nunca antes o homem se deparou com aglomerações urbanas tãodensas.

Analise a tabela e responda: quais problemas decorrem da concentração dapopulação nas grandes cidades dos países subdesenvolvidos, e qual é a principalcausa demográfica para que ocorram esses problemas?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2“Hoje, a produção mundial de alimentos por habitante é a maior verificadaem toda a história da humanidade. E, sem dúvida, milhões de seres humanospagam um pesado tributo anual - em morte, doenças, carências diversas -à fome e à desnutrição.”Analise o texto e explique a causa desses problemas da humanidade.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Explique o que significa sistema urbanosistema urbanosistema urbanosistema urbanosistema urbano e qual é sua importância.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Que fenômeno demográfico se intensificou a partir de 1950.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Cite a principal conseqüência global do crescimento e da expansão física dascidades, hoje.

MAIORESMAIORESMAIORESMAIORESMAIORES REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES METROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANAS DODODODODO MUNDOMUNDOMUNDOMUNDOMUNDO

MEGALÓPOLISMEGALÓPOLISMEGALÓPOLISMEGALÓPOLISMEGALÓPOLIS

TóquioNova YorkSão PauloCidade de MéxicoXangaiBombaimLos AngelesBuenos AiresSeulPequimCalcutáOsakaRio de Janeiro

Fonte: ONU; IBGE

POPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃO

(((((MILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕES DEDEDEDEDE HABITANTESHABITANTESHABITANTESHABITANTESHABITANTES)))))26,816,215,415,314,113,311,911,811,611,411,110,509,9

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8A U L A

8A U L A

Nesta aula, vamos aprender como a organi-organi-organi-organi-organi-zação espacialzação espacialzação espacialzação espacialzação espacial das atividades econômicas contribui para diferenciar o espaçogeográfico em regiõesregiõesregiõesregiõesregiões. Vamos verificar que a integraçãointegraçãointegraçãointegraçãointegração das atividades produ-tivas e de serviços, que consolida uma região, se faz por intermédio da rederederederederedeurbanaurbanaurbanaurbanaurbana, e que o problema das desigualdades regionaisdesigualdades regionaisdesigualdades regionaisdesigualdades regionaisdesigualdades regionais na distribuição terri-torial da renda é uma questão que afeta o desenvolvimento, tanto no âmbitonacional como supranacional.

Compreender uma região pressupõe o entendimento do funcionamentoda economia em âmbito mundial e seu rebatimento no território de um país,com a intermediação do Estado, das demais instituições e do conjunto de agentesda economia, a começar pelos seus atores hegemônicos.

Estudar uma região significa penetrar num mar de relações, formas, fun-ções, organizações, estruturas etc., com seus distintos níveis de interaçãoe contradição.

Se o espaço se torna uno para atender às necessidades de uma produçãoglobalizada, as regiões aparecem como as distintas versões da mundialização.Quanto mais os lugares se mundializam, mais se tornam singulares e específicos,isto é, únicos.

O conceito de regiãoregiãoregiãoregiãoregião admite muitas interpretações no saber da Geografia.Em sua origem, a noção de região confundia-se com a de paisagem, já que refletiaas diferenças entre as áreas de um mesmo país, resultantes do processo detransformação da natureza pelo trabalho humano.

Na França do início do século XX, as regiões possuíam uma identidadeprópria, que se manifestava na maneira de plantar o campo, de construir casas,de produzir vinhos ou queijos, o que conferia uma homogeneidadehomogeneidadehomogeneidadehomogeneidadehomogeneidade internaà cada região, permitindo que a Bretanha fosse completamente diferenteda Normandia, que por sua vez era distinta da Provença.

No entanto, o desenvolvimento econômico e a expansão das redes nacionaisque serviam às grandes empresas foram alterando lentamente esse quadro, queestava diretamente vinculado a um período histórico anterior, em que a veloci-

Trabalhar as regiões

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8A U L Adade das transformações era muito mais lenta. O conceito de região teve de se

adequar às rápidas mudanças deste século, quando as cidades passarama polarizarpolarizarpolarizarpolarizarpolarizar com maior intensidade o espaço geográfico, formando sistemasurbanos integrados, definidos pelos fluxos que se estabelecem entre as cidadese, a partir delas, com o campo.

A Geografia nos ensina que a região não criou a sua capital. Foi a cidade queforjou sua região. E a indústria e o banco - mais do que simples instrumentosdessa construção - constituem o verdadeiro cérebro dela.

Toda região possui um centro que a estrutura. E a manifestação maisconcreta dos níveis de integração territorial em uma determinada regiãoé a consolidação de sua rede urbanarede urbanarede urbanarede urbanarede urbana, isto é, uma estrutura hierarquizadade relações entre as diferentes cidades de uma determinada porção doespaço geográfico.

Na realidade, o próprio estágio de desenvolvimentoestágio de desenvolvimentoestágio de desenvolvimentoestágio de desenvolvimentoestágio de desenvolvimento da rede urbanarevela os níveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integração de uma região. A Geografia distingue trêsestágios de desenvolvimento da rede urbana.

® Primeiro, surge a sementeira urbanasementeira urbanasementeira urbanasementeira urbanasementeira urbana, de onde as cidades estão brotandocomo sementes em um campo, sem ligações entre elas. Nesse caso, seusvínculos são mínimos e não existe uma hierarquia urbana que subordineas cidades menores às maiores, no que diz respeito às funções que elasdesempenham.

® O segundo estágio é o da bacia urbanabacia urbanabacia urbanabacia urbanabacia urbana, quando passam a existir cidadesmaiores que drenam as menores, captando o produto excedente das áreasvizinhas. É o momento em que começa a se estabelecer uma hierarquiaurbana, acentuada pela divisão territorial do trabalho, que faz com que ascidades menores tenham pouca diversidade em suas atividades, predomi-nando o pequeno comércio e as funções administrativas e de transportede mercadorias produzidas ou destinadas ao campo. Na bacia urbana,os fluxos de drenagem são dominantes, fazendo com que as cidadesmenores fiquem inteiramente dependentes das maiores.

® Por fim, ocorre a consolidação da rede urbanarede urbanarede urbanarede urbanarede urbana, que corresponde ao momen-to da industrialização, que faz com que se aprofunde a divisão territorial dotrabalho entre as cidades e se intensifiquem as trocas entre elas, levandoa uma especialização complementar das funções urbanas. Assim, existemcidades que se especializam em uma ou outra atividade industrial,na prestação de serviços especializados, como saúde, educação ou sistemafinanceiro. É quando os fluxos entre cidades, e entre elas e o campo, tornam-se estáveis e permanentes, formando uma estrutura dinâmica e indivi-dualizada que pode, então, ser descrita como uma região territorial-mente integrada.

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8A U L A O processo de formação da rede urbana confunde-se com o processo

de industrialização, na medida em que é a indústria que acelera o processode urbanização, aumentando o ritmo das migrações do campo para a cidadee incrementando a divisão territorial do trabalho entre as regiões, ao mesmotempo que as vai integrando progressivamente em um mercado nacionalunificado.

No entanto, isso não ocorreu de modo igual em todas as economiasnacionais do planeta. Algumas delas completaram esse processo mais cedo,enquanto outras ainda permanecem no estágio de bacia urbana. Mesmo dentrode um país é possível encontrar os vários estágios de formação da rede urbana.

Hoje, os diferentes níveis de integração explicam boa parte das desigualda-desigualda-desigualda-desigualda-desigualda-des regionaisdes regionaisdes regionaisdes regionaisdes regionais na distribuição da renda, isto é, as diferenças de riqueza entre asregiões. Mesmo entre os países ricos estão se formando blocos supranacionais,como é o caso da União Européia, e o problema do ritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciado docrescimento econômico entre as diversas regiões constitui um problema impor-tante, pois pode acentuar as diferenças internas na distribuição da riquezae acelerar as migrações das áreas pobres para as ricas.

No caso europeu, hoje se fala de uma Europa de regiõesEuropa de regiõesEuropa de regiõesEuropa de regiõesEuropa de regiões, já que a dimensãonacional ficou reduzida pela integração em apenas uma união econômica.Entretanto, existe muitas diferenças visíveis nos níveis de vida entre as regiõesricas do Norte e as pobres do Sul. Isso está levando à formação de movimentosseparatistas que ameaçam a integridade nacional, como é o caso dos italianosdo norte que querem criar um país independente.

Mapadas regiõeseuropéias.

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8A U L ANo Brasil, o ponto inicial do processo de diferenciação e integração regional

é a formação do espaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonial, no qual a dominação portuguesaimplantou núcleos comerciais em locais privilegiados da costa. Esses núcleosestavam diretamente subordinados ao controle metropolitano e apresentavampouca diferenciação interna, já que o campo destinava-se a produzir parao mercado europeu e as cidades serviam para armazenar os produtos agrícolase evitar o contrabando. Em cidades como Olinda, Salvador ou Rio de Janeiro,os engenhos de açúcar confundiam-se com o casario urbano.

O aparecimento de interesses comerciais nativos, ligados principalmente aotráfico de escravos e ao contrabando, deu origem à especialização de algumasfunções mercantis que gradualmente adquiriram autonomia. Os comerciantesnativos passaram a estabelecer relações diretas com as costas da África, com aBacia do Prata, e com a Grã-Bretanha, o que contribuiu para dar início aoprocesso de formação de bacias urbanas voltadas para a drenagem de mercado-rias para os grandes portos regionais, como Belém, São Luís, Recife, alémdaqueles já citados anteriormente. Essa configuração desembocaria na criaçãodo arquipélago mercantilarquipélago mercantilarquipélago mercantilarquipélago mercantilarquipélago mercantil, formado por “ilhas” econômicas, que eram baciasurbanas que se relacionavam diretamente com o exterior, com pouca ou quasenenhuma ligação entre si.

Cada região agroexportadora integrante do arquipélago revelava em seuinterior a separação entre a cidade mercantil e o campo agropastoril. A cidadeera o lugar da burguesia comercial, que exercia a intermediação entre a zonaprodutora rural e os circuitos internacionais de mercadorias.

Dada a forma mercantil dessa inserção da economia brasileira no mercadomundial, cada região acabou por se especializar em um ou dois produtos deexportação, o que fazia a divisão territorial do trabalho assemelhar-se ao padrãodas exportações brasileiras.

O processo de industrialização, intensificado a partir de 1930, quebrouo relativo isolamento do “arquipélago mercantil”, iniciando a integração dasregiões brasileiras, tanto do ponto de vista intra-regionalintra-regionalintra-regionalintra-regionalintra-regional, isto é, no interiorda região, como inter-regional,inter-regional,inter-regional,inter-regional,inter-regional, isto é, entre as regiões. Na realidade, a inte-gração intra-regional da região cafeeira de São Paulo foi fundamental parao próprio processo de industrialização.

O processo de formação da rede urbana brasileira iniciou-se sob o comandodinâmico de São Paulo, cuja indústria passou a buscar matérias-primase mercado em todo o território nacional. No momento em que se inicioua industrialização, o Nordeste brasileiro, embora constituísse uma região bemdelimitada em grande parte devido ao seu passado histórico, possuía pequenaintegração intra-regional, pois ainda estava voltada preferencialmente parao mercado externo.

Essa diferença vai ser fundamental para explicar as desigualdades regionaisna distribuição da renda, que se acentua com o processo de industrializaçãopesada, a partir dos anos 50, que aumenta as disparidades entre o Sudestee o Nordeste.

Hoje, à medida que se aprofunda o processo de formação do blocos econô-micos supranacionais, como o Nafta e o Mercosul, a questão das desigualdadesregionais assume novas dimensões.

No caso do Nafta, a rebelião de Chiapas, um dos estados mais pobresdo México, é um problema que passa a afetar os habitantes do Canadá.No Mercosul, as disparidades de renda entre as regiões aproximam os morado-res do Sul brasileiro de seus vizinhos do Pampa argentino, enquanto os separamcada vez mais de seus conterrâneos nordestinos.

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8A U L A

Nesta aula você aprendeu que:

· o conceito de região região região região região admite muitas interpretações em Geografia, tantono que diz respeito à homogeneidadehomogeneidadehomogeneidadehomogeneidadehomogeneidade interna das áreas, como a partirda polarizaçãopolarizaçãopolarizaçãopolarizaçãopolarização exercida pelas cidades, que se acentua com o desenvolvi-mento econômico;

· os níveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integraçãoníveis de integração de uma região podem ser diferenciados a partir dosestágios de desenvolvimentoestágios de desenvolvimentoestágios de desenvolvimentoestágios de desenvolvimentoestágios de desenvolvimento do sistema urbano: sementeira, baciasementeira, baciasementeira, baciasementeira, baciasementeira, baciae rede urbana rede urbana rede urbana rede urbana rede urbana;

· os diferentes níveis de integração explicam boa parte das desigualdadesdesigualdadesdesigualdadesdesigualdadesdesigualdadesregionaisregionaisregionaisregionaisregionais na distribuição da renda, pois levam a um ritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciadoritmo diferenciadono crescimento econômico entre as diversas regiões;

· no Brasil, esse processo de integração e diferenciação regional começou coma formação do espaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonialespaço de produção colonial, que deu origem ao arquipé-arquipé-arquipé-arquipé-arquipé-lago mercantillago mercantillago mercantillago mercantillago mercantil, formado por bacias urbanas que demandavam os princi-pais portos situados no litoral;

· a integração das regiões brasileirasintegração das regiões brasileirasintegração das regiões brasileirasintegração das regiões brasileirasintegração das regiões brasileiras se deu por intermédio do processode industrialização, tanto do ponto de vista intra-regional intra-regional intra-regional intra-regional intra-regional como inter-inter-inter-inter-inter-regional, regional, regional, regional, regional, o que ajuda a explicar as desigualdades regionais existentesno Brasil de hoje.

Blocos econômicos das Américas.

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8A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

O processo de urbanização, que se acelera a partir do século XIX,é acompanhado por uma acentuada diferenciação das funções urbanas -cidade portuária, cidade industrial, cidade universitária etc. Essa diferen-ciação cria, por sua vez, a necessidade de integração das diversas cidadesem uma rede urbana articulada.

A partir do texto desta questão e do esquema acima, apresente dois motivosque levam uma cidade a desempenhar o papel de capital regional.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Como podemos avaliar o grau de integração territorial de uma região?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que o segundo estágio de desenvolvimento da rede urbana é denomi-nado bacia urbanabacia urbanabacia urbanabacia urbanabacia urbana?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Por que se produzem profundas desigualdades regionais no Brasil?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Qual é a região mais integrada da economia brasileira? Por quê?

Áreas de influência de uma região.

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9A U L A

9A U L A

Nesta aula, vamos aprender como as redesredesredesredesredestécnicastécnicastécnicastécnicastécnicas conectam os diversos lugares na superfície da Terra, reduzindo distân-cias e ultrapassando fronteiras. Elas criam uma nova estrutura de fluxosestrutura de fluxosestrutura de fluxosestrutura de fluxosestrutura de fluxosque está revolucionando o mundo contemporâneo. As redes ocupam espaços,criam topografias novas, onde existe o máximo de diversidade e interatividadeinteratividadeinteratividadeinteratividadeinteratividadeentre seus componentes.

Cada vez que o sistema de engenharia se desenvolve, o comando de suautilização se torna mais unificado. Há uma unificação do comando dessessistemas, tanto do ponto de vista da economia como do ponto de vista institucional.Passamos também de fluxos que são curtos no espaço e que se exercem em áreaslimitadas a fluxos que abrangem frações do território cada vez maiores.Hoje, aliás, o mundo todo é o campo de ação dos fluxos que se expandem comsuporte nos novos sistemas de engenharia.

No caso brasileiro, a malha programada pelo Estado foi um elementofundamental para a organização do território por meio da extensão das redesno espaço nacional.

Dados de computadores, imagens de TV, conversas telefônicas e cópias defax cruzam o mundo via cabo ou satélite. Mercadorias, pessoas e informaçõesviajam tão longe e tão rápido que certos geógrafos falam que o mundo está“encolhendo”, ou seja, está havendo uma convergência no espaço-tempo. Issotem importantes efeitos nas situações em que se mostre necessário um acessoa partes distantes do globo, ou uma interação rápida entre regiões remotas, mastambém deixa mais vulneráveis esses e outros pontos da superfície da Terra.

Até o século XIX, mercadorias, mensagens e pessoas geralmente viajavamna mesma velocidade. O transporte a longa distância era lento, caro e arriscado.Quando as galeras romanas movidas a remo traziam grãos do Egito para Roma,elas levavam cerca de cinqüenta dias para vencer os ventos do mar Mediterrâ-neo, embora, hoje, a distância efetiva possa ser considerada muito pequena.Em terra, as coisas eram piores ainda. Poderia custar tão caro transportar umsaco de trigo por 80 km em um carro de boi quanto atravessar o Mediterrâneo

Ligar-se às redes

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9A U L Apor barco, em parte por causa das estradas, e em parte porque era necessário

levar também outro saco de cereais para alimentar o carroceiro e o boi durantea viagem. Uma das grandes vantagens, por exemplo, da Grã-Bretanha noséculo passado era o fato de ser um arquipélago, onde as distâncias internaspodiam ser vencidas por navegação de cabotagem, isto é, navegação acompa-nhando sua costa.

Em 1800, um veleiro de madeira transportando mercadorias entre a Chinae a Europa levava até dois anos na viagem, passando pelo Cabo da BoaEsperança, no sul da África. Os barcos a vapor somente reduziram a viagem paraseis meses, na metade do século XIX. A limitação no tamanho dos veleiros, quedependiam do sabor dos ventos, os obrigava a transportar um máximo de até1.200 toneladas de carga, enquanto os atuais supernavios chegam a carregarcerca de 500 mil toneladas.

Hoje, o transporte de cargas em grandes navios, ferrovias, rodovias e dutosé tão eficiente que, na maioria das vezes, não significa mais um problema parao comércio mundial. Mesmo o frete aéreo é relativamente barato e tão fácil queaté peixes, frutas e flores são transportados a longas distâncias, de um hemisfé-rio para o outro.

O comércio internacional precisa de redes globaisredes globaisredes globaisredes globaisredes globais de transportee de circulação de informações. Se o transporte - incluindo-se aqui os meiosde armazenamento e refrigeração - não estiver disponível, tanto a produção,como o consumo sofrerão diretamente.

Várias partes da África, da América Latina e da Ásia ainda são muito pobresem sistemas de transporte. Pode-se até realizar colheitas, fazer a extração deminerais e produzir bens, mas essa produção dificilmente chegará aos mercados.

Mesmo a Europa possui áreas que revelam atraso por causa da deficiênciade seu sistema de transportes. Portugal é um exemplo disso. Depois de quinhen-tos anos de rivalidades com a Espanha, poucas estradas ligam os dois países.Mas a Espanha está completando um complexo sistema de rodovias paraaumentar sua ligação com a União Européia.

Existem relações entre o traçado e a morfologia (do grego, morphos = forma)das redes, a natureza do território que atravessam, as características tecnológicase de operatividade de cada meio. O traçado das redes depende decisivamenteda organização territorial e constitui um dos instrumentos essenciais, por partedo Estado, para o domínio de seu espaço geográfico.

A Terra encolheu?

Page 51: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

9A U L A Em geral, existem diversos tipos de morfologia, no que concerne ao traçado

das redes. Além disso essas redes se ajustam ao sistema urbanosistema urbanosistema urbanosistema urbanosistema urbano por um ladoe ao geoeconômicogeoeconômicogeoeconômicogeoeconômicogeoeconômico por outro, e todo o conjunto está condicionado às caracte-rísticas físico-geográficas do território.

A análise do sistema urbano mostra-se essencial para explicar e interpretaro funcionamento de um território, pois leva em conta as cidades, como tambémos vínculos entre elas, constituindo-se então em uma malha de densidadevariável e com uma extensão diferenciada sobre o espaço geográfico.

É lógico que, ao se falar de cidades, não só se faz referência ao fenômenourbano em si, como também à sua população, às suas funções e à sua hierarquia.Os vínculos vínculos vínculos vínculos vínculos entre as cidades se estabelecem por intermédio das redesredesredesredesredes, isto é,dos meios de comunicação e de transporte.

Portanto, o planejamento de um território é inseparável do planejamento dosistema de redes que ligam os diferentes núcleos regionais. A cobertura territorialestá relacionada às funções urbanas, sobretudo aos serviços regionais prestadose difundidos pelas redes, em termos de influência e afluência, o que deve serlevado em consideração nas diferentes escalas de análise, seja local, regional,nacional ou internacional.

Quanto aos traços físicos de um território, podemos dizer que muitas vezeseles dificultam o desenvolvimento de redes terrestres, como é o caso da cordi-lheira dos Andes, na América do Sul. Em outros casos, os traços físicoscontribuiram para a construção de uma verdadeira rede, como ocorreu comos Estados Unidos, que possui uma verdadeira rede, por vários motivos, mas

Gasodutose oleodutostransiberianos.

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9A U L Asobretudo pela influência decisiva do litoral atlântico e do vale do rio Hudson.

Também foram essenciais os fatos de que, ao norte, haviam os Grande Lagose o rio São Lourenço, com uma saída até o mar e, ao sul, estavam as bacias dosrios Missouri, Ohio e Mississipi, que permitiam atingir o Golfo do México.Finalmente, dispor dos litorais atlântico e pacífico foi decisivo. Os subsistemasurbanos, significativos nesse país, voltaram-se para os dois lados (leste e oeste)do território, de maneira compacta e com excelente posição geográfica, dese-nhando naturalmente uma rede de transportes descentralizada.

Outros casos de sistemas de redes, em muitos países de América Latina,por exemplo, apresentam concentração a partir dos centros urbanos principaise complementares. Essas redes foram estruturadas, em primeiro lugar, pelaslinhas férreas, sendo mais tarde consolidadas com a construção de rodovias quemuitas vezes seguiram um traçado paralelo a essas ferrovias. Posteriormente,os corredores aéreos não modificaram essa situação. Assim, hoje, podemos falarde redes radiaisredes radiaisredes radiaisredes radiaisredes radiais e concentradasconcentradasconcentradasconcentradasconcentradas, com núcleos intermediários e núcleos demenor hierarquia. Isso mostra que a configuração de uma rede é o resultadode uma necessidade econômica, condicionada a aspectos geográficos.

Além dos transportes, outras redes são fundamentais nos dias atuais.Tomemos como exemplo as redes de distribuição de energia. Todos os dias,diferentes formas de energia percorrem longas distâncias entre suas fontesde produção e os centro de consumo. A circulação de petróleo por oleodutos ouo transporte de energia elétrica por linhas de transmissão que vencem grandesdistâncias são algumas dessas redes, cuja importância é fundamental parao funcionamento da economia mundial. Hoje, o gás natural também é umexemplo de fonte de energia transportada a longas distâncias. A Europa temuma enorme necessidade de gás natural. Somando-se às suas próprias fontessituadas no mar do Norte, uma grande quantidade de navios adaptados aotransporte de gás e grandes linhas de dutos levam gás natural sob e sobre o marMediterrâneo, a partir do norte da África. Gasodutos provenientes da Sibériasuprem cerca de 15% das necessidades européias de gás.

A voz humana, dados, textos ou imagens podem agora ser transmitidospara qualquer lugar, a qualquer tempo, e na velocidade da luz. A transmissãode informações sobre preços e taxas de juros é instantânea e permite a organi-zação e o desenvolvimento do mercado de capitais em escala global. A Bolsa deValores de Londres abre antes do fechamento da Bolsa de Tóquio, e quandoLondres está encerrando o seu pregão, a Bolsa de Nova York está em plenafunção, fazendo com que o dinheiro execute todos os dias uma verdadeiraviagem de circunavegação do planeta, buscando valorização nos diversosmercados financeiros espalhados pelo mundo.

Como os mercados financeiros mundiais se integraram muito nos últimosanos, a informação financeira se transformou em uma mercadoria extremamen-te valiosa. Empresas multinacionais são particularmente vulneráveis às mudan-ças nos mercados financeiros, pois dependem do comportamento de diversosmercados de câmbio que operam simultaneamente. Por isso, grande quantidadede dados circulam entre os computadores situados em diversos lugares domundo, controlando imensos volumes de dinheiro e de ações.

No Brasil, a organização espacial das redes de circulação de mercadorias,de distribuição de energia elétrica e de telecomunicações constitui um indica-dor, mesmo que superficial, dos efeitos do processo de modernização sobreo território, na medida em que foram transformadas estruturas espaciaisantiquadas e construídas novas formas mais adequadas ao processo de produ-ção e à gestão da empresa moderna.

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9A U L A A rede de circulação de mercadorias, expressa na malha rodoviária nacional,

delimita até certo ponto a área de mercado integrada. Não se trata propriamentede uma estrutura montada a partir da indústria, pois reflete as heranças dopassado agrário-mercantil, quando assumia a forma de “bacias de drenagem”destinadas a integrar as áreas produtivas aos portos litorâneos, tal como a redeferroviária. Sobre essas “bacias” superpõe-se o traçado dos grandes eixosnacionais, que convergem para o centro manufatureiro no Centro-Sul do país,como por exemplo a rodovia federal BR-116, antiga Rio-Bahia, que foi o primeirogrande eixo de interligação entre o Nordeste e o núcleo industrial do Sudeste.

A rede de energia superpõe-se à área industrial central, mostrando a ca-pacidade que a atividade manufatureira tem para construir sua base técnicaterritorial, que, no caso específico da rede de distribuição de energia elétrica,foi montada nos últimos trinta anos com investimento estatal maciço.

Tornou-se comum considerar as fontes de energia como um fator-chave delocalização industrial. Entretanto, dado o caráter tardio da industrializaçãobrasileira, que já nasceu buscando atingir economias de escala, e considerandoa mobilidade da energia elétrica, a constituição do parque industrial ocorreuconcomitantemente à construção da rede de distribuição de energia. Isso re-sultou na extraordinária concordância entre a localização de instalações indus-triais e os circuitos da rede de energia elétrica.

O resultado espacial desse processo pode ser percebido quando se compa-ra o sistema de geração e distribuição de energia elétrica no Sudeste com seucongênere nordestino. Enquanto na área industrial central observa-seo adensamento dos circuitos, formando uma rede complexa, o sistema nordes-tino se apresenta com eixos isolados, que atendem aos principais núcleosurbanos da região.

Finalmente, a rede nacional de telecomunicações, baseada no sistema demicroondas, mostra que os maiores aglomerados urbanos estão interligadosno que diz respeito à circulação rápida de informações a longa distância.A construção dessa rede, iniciada durante os anos 60 e intensificada durantea década de 1970, mostra os efeitos da centralização dos processos decisóriosna cidade mundial, e atende, principalmente, às demandas do setor financeiro,que depende de ligações rápidas e confiáveis a longa distância para operarcompetitivamente.

A principal observação que deve ser feita quanto à rede de telecomunicaçõesé que, desde o momento de sua concepção, já é, necessariamente, uma redenacional. Em poucas palavras, é a materialidade espacial da forma mais avança-da de operação capitalista: a empresa financeira multilocacional. É nesse sentidoque se pode compreender o rápido desenvolvimento do sistema nacionalde comunicações a longa distância que, em duas décadas, interligou todoo território nacional sem que a grande maioria da população tivesse acessosequer a um aparelho telefônico.

Nesta aula, você aprendeu que:

· as distâncias entre os diferentes lugares na superficie Terra diminuiu porcausa dos novos meios de comunicaçãomeios de comunicaçãomeios de comunicaçãomeios de comunicaçãomeios de comunicação;

· hoje, o mercadomercadomercadomercadomercado mundialmundialmundialmundialmundial necessita de redes globaisredes globaisredes globaisredes globaisredes globais de transportee circulação de informações. Cada vez mais, fica evidente a diferençana qualidade e densidade das redes de transporte, energiatransporte, energiatransporte, energiatransporte, energiatransporte, energia e telecomuni-telecomuni-telecomuni-telecomuni-telecomuni-caçõescaçõescaçõescaçõescações entre as economias nacionais;

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9A U L A· o traçadotraçadotraçadotraçadotraçado das redes têm papel decisivo na organização do espaço geográfi-

co, estabelecendo conexões conexões conexões conexões conexões entre cidades e regiões em uma estruturamundial de circulação de mercadorias, capitais e informações;

· no Brasil, a organização espacialorganização espacialorganização espacialorganização espacialorganização espacial das redes de circulação de mercadorias,de distribuição de energia elétrica e de telecomunicações constituemum indicador do processo de mudança no papel dos lugares no terri-tório nacional.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1As inovações técnicas têm permitido uma progressiva compressãode distância. A partir da ilustração da página 56, explique as inovaçõestécnicas responsáveis por esse processo entre o final do século passadoo momento atual.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Explique qual é a importância do traçado das redes para um Estado.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que o planejamento do sistema de redes é fundamental para o processode desenvolvimento regional?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Marque com X a alternativa correta.a)a)a)a)a) ( ) Existem relações entre o traçado das redes e a natureza do território

que atravessam, e muitas vezes esse traçado dificultou o desenvol-vimento de redes terrestres.

b)b)b)b)b) ( ) Os países de América Latina apresentam um traçado descentraliza-do das redes de transporte.

c)c)c)c)c) ( ) Atualmente, além das redes de transporte são muito importantesas redes de energia.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Que diferenças existem na organização espacial das redes entre as regiõesSudeste e Nordeste do Brasil?

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Nesta aula, que encerra o primeiro módulodo Telecurso de Geografia do 2º grau, vamos verificar que a informaçãoinformaçãoinformaçãoinformaçãoinformação é umelemento fundamental para a análise do espaço geográfico, e que um dosmaiores desafios do mundo atual é garantir o livre acesso às informações comofator de autonomiaautonomiaautonomiaautonomiaautonomia na tomada de decisões e de participaçãoparticipaçãoparticipaçãoparticipaçãoparticipação na construçãodo futuro.

Como navegar nas novas redes que estão definindo um novo espaçogeográfico em que a imagem passa a ser um elemento-chave para garantira existência em um mundo em constante transformação?

Ganha importância crescente o fragmentado, a descontinuidade,a sobreposição de combinações em tempo real que desafiam padrões ao mesmotempo que acenam com novos controles. O que tem a Geografia a dizer sobrea Internet? As análises atuais mostram como o meio técnico-científico resultade um processo de mudança acelerado, em que uma nova forma de produção- baseada na informação e no conhecimento - está redefinindo as relaçõesde poder no planeta.

Tornou-se um imperativo dispor, cada vez mais rapidamente, de informa-ções (em quantidade e qualidade). Graças à explosão das telecomunicações, umanova geografia das redes se afirma - a informaçãoinformaçãoinformaçãoinformaçãoinformação se tornou cada vez mais umamercadoria de compra e venda, e a organização social e territorial da informaçãoestá sofrendo transformações profundas nos dias atuais.

Mas isso tudo vem acompanhado de um reverso da medalha. Três ou quatrograndes agências internacionais de notícias produzem 80% das informaçõesmundiais, graças a uma rede planetária de correspondentes. Que responsabili-dades e quanta influência possuem essas agências sobre a tomada de decisão demilhões de pessoas espalhadas pelo mundo?

Tomando como exemplo a gigantesca Agência Reuters norte-americana,a primeira agência de notícias de televisão, vê-se que possui mais de 10 milassalariados distribuídos em 160 países, e que é responsável também pelacirculação de informações sobre o comportamento dos mercados finan-ceiros internacionais.

Navegar eminformações

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10A U L AA agência Dow Jones, grande rival da Reuters, difunde seu índice de cotação

de bolsas de valores em qualquer parte do planeta, influindo em operaçõesde compra e venda de ações e em moedas nos mais distantes lugares.

Da mesma maneira, a CNN (Cable News Networks) é mundialmenteconhecida por suas reportagens diretas, como na Guerra do Golfo, na quedada União Soviética, nos massacres da Somália ou da Libéria, que apareceramnas telas de televisão de milhões de pessoas espalhadas nos mais diferenteslugares do mundo.

Nessas redes, constituídas de milhares pessoas com meios técnicos deprodução e difusão de informações, seus agentes são muitas vezes mais beminformados do que a maioria dos funcionários dos Estados. Seu papel político(manipulação de opiniões), econômico, financeiro e cultural introduz fortesdiferenciações e hierarquias entre os lugares e seus habitantes.

A dominação maciça da mídia norte-americana e inglesa “deforma” a Terra:seu centro situa-se entre Londres e Nova York, enquanto a maioria do Sul - quesignifica a metade da superfície da Terra e cerca de 80% de sua população - ficaesquecida entre uma guerra e outra, e os eventos que aí ocorrem não passam de“acontecimentos” transitórios e distantes, como se ocorressem em outro planetae em outra era histórica.

Isso traz como conseqüência mudanças importantes na composição técni-composição técni-composição técni-composição técni-composição técni-cacacacaca do território, graças à cibernética, às biotecnologias, às novas químicas,à informática e à electrônica.

Tudo isso faz com que um território vá abrangendo, a cada dia que passa,mais e mais ciência, mais e mais tecnologia, mais e mais informação. Isso se dáde forma paralela à tecnificação de trabalho. O trabalho se torna dia-a-dia maistrabalho científico, e ocorre também, em paralelo, uma informatização doterritório.

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10A U L A Pode-se dizer, mesmo, que o território se informatiza mais, e mais depressa

que a economia ou que a sociedade. Sem dúvida, tudo se informatiza, mas oterritório se informatiza ainda mais, pois supõe o uso da informação, que estápresente também nos objetos geográficos, a exemplo dos bancos eletrônicos.

Há estreita associação e interdependência entre esses novos dados, nosquais a ciência, a técnica, a indústria, a defesa, a administração constituem umcomplexo integrado.

Estamos diante de um novo sistema de técnicassistema de técnicassistema de técnicassistema de técnicassistema de técnicas, pois elas não aparecemisoladas, mas sempre como sistemas. O mundo em que vivemo nos obriga areconhecer esse novo sistema de técnicas, suporte para uma nova rede derelações sociais e, igualmente, suporte para uma nova natureza, transformadopor redes telemáticas, isto é, redes de circulação de informações à distância.

Em contrapartida, é imenso o poder das tecnologias avançadas de telecomu-nicações para auxiliar o desenvolvimento. Para que esses avanços beneficiem atodos é necessário democratizar o acesso às informações, garantindo a diversi-dade de suas fontes e buscando a máxima participação na transmissão de idéias.

Para que os países em desenvolvimento possam utilizar plenamente ainformação gerada por satélites e acumulada em bancos de dados não bastaapenas garantir o seu acesso, mas também desenvolver a capacidade de proces-sar e analisar o grande volume de dados que podem ser obtidos dessas fontes.

No presente, as informações são trabalhadas e utilizadas principalmentepelas empresas multinacionais e pelos governos. Eles decidem quais dadosdevem ser coletados pelos satélites, como também controlam os meios de suadifusão. No entanto, a informação utilizada democraticamente previne abusose encoraja a participação pública nos processos de decisão.

NetpolisNetpolisNetpolisNetpolisNetpolis (em inglês, net = rede; e, em grego, polis = cidade) é o neologismolançado pela revista inglesa New Scientist, para definir a comunidade globalque começa a se delinear em torno das redes de comunicação via computador.

Exemplo disso é a InternetInternetInternetInternetInternet, que hoje interliga mais de 25 mil redes de com-putadores, formando uma espécie de biblioteca pública com cerca de 20 milhõesde usuários em 137 países.

Existem recursos tecnológicos para criar uma rede de informação planetáriaque transmita mensagens e imagens com a velocidade da luz, partindo da maiorcidade até chegar ao menor vilarejo de todas as partes do continente.Essas novas vias de comunicação nos permitirão partilhar informações emescala global.

Cada vez mais o exercício pleno da cidadania vai exigir do cidadãoa capacidade de navegarnavegarnavegarnavegarnavegar em infoviasem infoviasem infoviasem infoviasem infovias de informações. Para isso, é necessáriosaber selecionar, ordenar e interpretar a imensa massa de dados existente emcirculação no espaço cibernético mundial, ou infoespaço.

Nesse sentido, o saber da Geografia pode ajudar a compreender melhor esseespaço de fluxosespaço de fluxosespaço de fluxosespaço de fluxosespaço de fluxos, que apesar de tentar se descolar dos lugares de origem, aindareflete a desigual distribuição da riqueza na superfície da Terra.

A democracia representativa repousa sobre o pressuposto de que a melhormaneira de uma nação adotar suas decisões políticas é garantir ao povo ainformação de que ele necessita. E, mais ainda, que seja permitido a ele expressarlivremente suas conclusões pela palavra e pelo voto.

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10A U L ANesta aula, você aprendeu que:

· graças à acelerada expansão do sistema de telecomunicações em escalaglobal, o papel da informaçãoinformaçãoinformaçãoinformaçãoinformação está sofrendo grande modificação nos diasatuais;

· o controle na coleta, sistematização e difusão da informação por parte degrandes agências está caminhando para um monopólio internacional monopólio internacional monopólio internacional monopólio internacional monopólio internacional quecomanda uma vasta rede global;

· as novas tecnologias em informaçãotecnologias em informaçãotecnologias em informaçãotecnologias em informaçãotecnologias em informação podem auxiliar o desenvolvimento dospovos, mas é preciso democratizar o acessoacessoacessoacessoacesso a elas, para que países emdesenvolvimento também possam utilizar a grande quantidade de informa-ção gerada nos dias atuais.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Por que o controle sobre a informação se tornou um elemento de fundamen-tal importância em nossos dias?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Quem controla boa parte da circulação mundial de informações nos diasatuais? E quais os efeitos desse monopólio sobre as nações em desenvolvi-mento?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3O que é a Internet e o que ela representa para o mundo atual?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Por que podemos afirmar que estamos diante de um verdadeiro sistema detécnicas que está revolucionando a gestão do território?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Avalie o papel do acesso às novas tecnologias da informação para o desen-volvimento brasileiro.

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Nesta aula, que inicia o segundo módulo doTelecurso de Geografia do 2º grau, vamos acompanhar o trabalho do geógrafona investigação do espaço. Veremos como o lugar onde ocorrem todas asmodificações operadas pela ocupação humana pode ser descrito e explicado, detal modo que consigamos identificar cada forma que compõe a paisagem desselugar. Vamos aprender que, para analisar os atributos do lugar, o geógrafoutiliza a cartografiacartografiacartografiacartografiacartografia, como um conjunto de técnicasconjunto de técnicasconjunto de técnicasconjunto de técnicasconjunto de técnicas que permite representarrepresentarrepresentarrepresentarrepresentarem mapasmapasmapasmapasmapas e cartogramascartogramascartogramascartogramascartogramas as diversas formas formas formas formas formas e processos processos processos processos processos que ocorremno espaço geográfico.

Como podemos descrever os atributos de um determinado lugar na super-fície da Terra? Qual a importância dessa descrição para a investigação das formase dos processos que ocorrem neste lugar?

Para executar essa tarefa, o geógrafo dispõe de um conjunto de técnicasdesenvolvida há séculos, mas em constante aprimoramento, que procura repre-sentar os lugares em duas dimensões, permitindo a correta localização, edestacando seus aspectos importantes. Essa técnica é a cartografiacartografiacartografiacartografiacartografia, que hojeestá sofrendo uma modificação radical, com a introdução de computadores quefacilitam a construção de modelos digitais do terreno e a análise de uma grandequantidade de dados por meio dos Sistemas de Informações Geográficasdos Sistemas de Informações Geográficasdos Sistemas de Informações Geográficasdos Sistemas de Informações Geográficasdos Sistemas de Informações Geográficas (SIG).

Um mapa,mapa,mapa,mapa,mapa, ou uma carta geográficacarta geográficacarta geográficacarta geográficacarta geográfica, descreve uma porção do espaço comsuas características qualitativas e quantitativas. Com uma linguagem simbólica,o mapa é também uma mensagem sobre os objetos, as formas e os fatos, e asrelações contidas no espaço descrito. Ele engloba todas as atividades que vãodesde o levantamento de campo e da pesquisa bibliográfica até a impressãodefinitiva e a publicação do mapa elaborado. Assim, a cartografiacartografiacartografiacartografiacartografia é ao mesmotempo uma ciência, uma arte e uma técnica de apoio à Geografia.

O mapa é um meio de comunicação vísual de que dispõe não só o geógrafo,mas também outros profissionais para “dizer” alguma coisa, comunicar um fatopresente, passado ou futuro. Foi, no entanto, na Geografia que ele alcançounos últimos anos seu desenvolvimento pleno.

Descrever o lugar

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11A U L AComo meio de comunicação, o mapa pressupõe uma linguagem que

emprega símbolos e signossímbolos e signossímbolos e signossímbolos e signossímbolos e signos inteligíveis dispostos no espaço, destinados arepresentarrepresentarrepresentarrepresentarrepresentar os mais diversos fatos e objetos. E seu “visual” conduz à percepçãodesses fatos e de como eles se arranjam e se estruturam no espaço geográfico.

Um mapa é feito para ser lido, portanto deve ser o mais claro possível e,dessa maneira, objetivo. Ao utilizar uma linguagem visual, pressupõe o uso davisão e da percepção.

Uma carta - quer ela procure representar o concreto, quer ela concretize umaconstrução abstrata - é sempre o resultado de um esforço de raciocínio espaciale exige o mesmo tipo de esforço para ser lida.

No entanto, a percepção e a visualização dos fatos inscritos no espaçocartografado mudam de acordo com o nível de sua representação. Em outraspalavras, mudam de acordo com as escalas. Quanto maiores forem as generaliza-ções, menores as escalas, e quanto maior for a escala menos generalizações sãofeitas e mais se chega perto do mundo real.

Um mapa é o resultado de muito pensar e de como escolher ou criaros símbolos e cores que vão ser utilizados para representar os fatos ou os fe-nômenos inscritos no espaço geográfico. Portanto, a carta é importante instru-mento e o próprio resultado da pesquisa geográfica.

Todo geógrafo deve ser capaz de fixar numa carta a distribuição geográficado fenômeno que ele estuda, e pode efetuar combinações e sínteses das relaçõesrelaçõesrelaçõesrelaçõesrelaçõesespaciaisespaciaisespaciaisespaciaisespaciais entre dois ou mais fenômenos. E nisso está a riqueza da cartografia,pois ela pode servir de auxílio à pesquisa, mas também pode ser o resultado deuma pesquisa geográfica.

Para o trabalho do geógrafo, a cartografia pode ser divida em duas vertentesbásicas: a cartografia sistemáticacartografia sistemáticacartografia sistemáticacartografia sistemáticacartografia sistemática e a temáticatemáticatemáticatemáticatemática. A cartografia sistemáticaé feita por engenheiros cartógrafos e geodésicos, que fazem medições precisasdo geóidegeóidegeóidegeóidegeóide terrestre, que é a forma própria da esfera da Terra, a fim de localizarexatamente um ponto em sua superfície. As cartas topográficas, em suasdiferentes escalas, são realizadas por esses profissionais e servem como instru-mento de trabalho tanto para geógrafos como para vários outros profissionais.

Para o geógrafo, a cartografia temática possui importância fundamental,pois permite representar as formas e os processos que moldam o espaço geográ-fico. O objetivo dos mapas temáticos é o de fornecer uma representação dosfenômenos geográficos de qualquer natureza, bem como as relações entre eles,ou seja suas correlaçõescorrelaçõescorrelaçõescorrelaçõescorrelações, e isso se faz com o auxílio de símbolos qualitativose/ou quantitativos dispostos sobre uma base de referência, geralmente extraídadas cartas topográficas.

O termo cartografia temáticacartografia temáticacartografia temáticacartografia temáticacartografia temática diz respeito à representação de um ou váriostemas, que vão além da simples representação do terreno, como ocorre na cartatopográfica, que geralmente é apresentada de modo descritivodescritivodescritivodescritivodescritivo e geométrico geométrico geométrico geométrico geométrico,enquanto no caso das cartas temáticas os assuntos são tratados de formaanalítica analítica analítica analítica analítica e explicativa explicativa explicativa explicativa explicativa.

Os mapas temáticos são inumeráveis, pois se referem a tudo aquilo queapresenta algum aspecto da distribuição espacial dos temas geográficos, sejamatuais, passados ou futuros.

Os temas geográficos também são apresentados em cartogramascartogramascartogramascartogramascartogramas, que sãorepresentações esquemáticas, sem muita precisão cartográfica, de dados quan-titativos e quantitativos, tais como a população, a produção agrícolaou o tamanho da cidade. Hoje, os jornais publicam vários cartogramas estilizadospara mostrar a distribuição de renda em uma cidade, a produção industrialpor estado e mesmo o avanço de uma frente fria no território nacional.

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11A U L A

Mapas e cartogramas temáticos empregam cores, pontos, símbolos e umasérie de técnicas de representação para mostrar a distribuição de aspectosgeográficos. Gradações de cores são empregadas nos mapas demográficosmapas demográficosmapas demográficosmapas demográficosmapas demográficospara representar a densidade de população; mapas de pontos e círculos servempara mostrar o tamanho das cidades; mapas de hachuras servem para represen-tar diferentes formas de relevo em um mapa hipsométricomapa hipsométricomapa hipsométricomapa hipsométricomapa hipsométrico; símbolos dosminerais podem ser empregados para mostrar a distribuição das principaisjazidas em um mapa geológicomapa geológicomapa geológicomapa geológicomapa geológico. Em suma, existe um sem número de temas quepodem ser representados em um mapa.

A chave do trabalho do geógrafo está em buscar correlações espaciaiscorrelações espaciaiscorrelações espaciaiscorrelações espaciaiscorrelações espaciais entreos fenômenos que se quer representar em um mapa. Vejamos, por exemplo, umaárea que apresenta relevo plano, mal drenado pelos rios e sujeito a chuvasfreqüentes de clima tropical úmido. A conjunção desses três fatores naturaispermite ao geógrafo deduzir que essa porção da superfície da Terra é sujeita ainundações freqüentes, devendo, portanto, ser representada em um mapa demodo a mostrar que se trata de uma área problemática para a ocupação humana.

Exemplos de cartogramas em jornais.

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11A U L AAnteriormente, essas correlações eram reconhecidas pela superposição de

diverso mapas e pela utilização de fotos aéreas. Os mapas e outros documentosfotográficos fazem parte do que se pode chamar de cartografia analógicacartografia analógicacartografia analógicacartografia analógicacartografia analógica,porque as representações buscam estabelecer analogias (do grego, analogía =semelhança) com o mundo real. Hoje, com o desenvolvimento dos métodoscomputacionais (com programas específicos), a cartografia digitala cartografia digitala cartografia digitala cartografia digitala cartografia digital assumeposição preponderante. Diferentemente da representação analógica, os méto-dos digitais representam dados e informações geográficas de maneira codifica-da, própria para o tratamento numérico e gráfico em computadores.

As imagens de satélite, embora pareçam fotografias, são representaçõesdigitais da realidade, pois os sensores orbitais enviam sinais codificados daenergia refletida pelos diferentes objetos geográficos que existem na superfícieda Terra. A cor que aparece nas imagens é resultado de um tratamento posterior,que procura ressaltar aspectos particulares de interesse para a pesquisa.

Assim, de fato, uma imagem de satélite é um modelo digital do terrenomodelo digital do terrenomodelo digital do terrenomodelo digital do terrenomodelo digital do terreno,como existem vários outros, com a representação tridimensional do relevo feitaem computador.

O tratamento digital de informações geográficasinformações geográficasinformações geográficasinformações geográficasinformações geográficas está sofrendo umaverdadeira revolução com a disseminação dos Sistemas de Informações Geográ-ficas (SIG), que são programas de computação que administram grandes bancosde dados georeferenciados, isto é, cujos dados possuem atributos de localizaçãono espaço geográfico, ligados a programas gráficos que permitem sua represen-tação espacial.

Assim, os SIGs permitem realizar correlações geográficas de muitos temas,com rapidez e precisão, fornecendo documentos para a análise da dinâmicaespacial e a previsão de seu comportamento futuro, e representa importanteinstrumento de pesquisa e de auxílio na tomada de decisões.

Modelos digitais de terrenos.

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11A U L A Nesta aula, você aprendeu que:

· um mapa,mapa,mapa,mapa,mapa, ou uma carta geográficacarta geográficacarta geográficacarta geográficacarta geográfica, descreve uma porção do espaço,com suas características qualitativas e quantitativas;

· uma carta expressa a distribuição geográfica de fenômenos e tambémé utilizada para efetuar combinações e sínteses das relações espaciaisrelações espaciaisrelações espaciaisrelações espaciaisrelações espaciaisentre dois ou mais fenômenos;

· a cartografia pode ser divida em duas vertentes básicas: a cartografiacartografiacartografiacartografiacartografiasistemáticasistemáticasistemáticasistemáticasistemática e a temáticatemáticatemáticatemáticatemática; e os temas geográficos também são apresentadosem cartogramascartogramascartogramascartogramascartogramas, que são representações esquemáticas, sem muita pre-cisão cartográfica;

· os mapas e outros documentos fotográficos fazem parte do que se podechamar de cartografia analógicacartografia analógicacartografia analógicacartografia analógicacartografia analógica; hoje, com o desenvolvimento dos méto-dos computacionais, a cartografia digitala cartografia digitala cartografia digitala cartografia digitala cartografia digital assume posição preponderante.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Marque com X a alternativa correta.A terra está documentada pelo homem em mapas de diferentes projeçõese escalas. A partir das propriedades dos documentos de informação geográ-fica, pode-se dizer que:a)a)a)a)a) ( ) o mapa não é uma reprodução da realidade, mas uma representação

dessa realidade, e a legenda constitui a forma de comunicaçãovisual;

b)b)b)b)b) ( ) os mapas construídos em grandes escalas, 1:50.000 e 1:25.000,apresentam uma generalização sobre os aspectos geográficoscartografados;

c)c)c)c)c) ( ) as cartas topográficas são utilizadas somente por cartógrafose geógrafos.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2O mapa é um meio de comunicação visual. Explique como podem ser lidos.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Explique quais são as diferenças entre cartografia sistemática e temática.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Como se pode obter um modelo digital do ambiente?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Qual é a importância dos SIGs para os estudos geográficos?

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Decifrar as formas

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Nesta aula, vamos acompanhar o trabalhodo geógrafo na interpretação das formasformasformasformasformas que as diferentes paisagens assumem.Vamos perceber que a crosta terrestrecrosta terrestrecrosta terrestrecrosta terrestrecrosta terrestre, ou litosfera, é um imenso registro dosmúltiplos processos que ocorrem no espaço geográfico. Observaremos quedecifrar a origem origem origem origem origem e a evolução evolução evolução evolução evolução do relevo relevo relevo relevo relevo é uma maneira de compreenderos mecanismos básicos de formação das paisagens e de sua futura configuração.

Nessa atividade, o geógrafo emprega conhecimentos desenvolvidos pelaGeologiaGeologiaGeologiaGeologiaGeologia e pela PaleontologiaPaleontologiaPaleontologiaPaleontologiaPaleontologia para compreender os movimentos da litosferae datar os eventos passados que deixaram suas marcas na paisagem atual.

Como podemos conhecer os mecanismos que atuam na superfície da Terrapor meio do estudo das formas que sua crosta assume? Qual a utilidade que temesse conhecimento para as atividades humanas?

O relevo de um lugar é o alicerce sobre o qual está construída a paisagem.E a compreensão de seus mecanismos formadores torna-se importante paraprever seu comportamento futuro.

A ocorrência de catástrofes naturais, tais como terremotos, vulcanismos oudesabamentos de encostas; as condições de formação dos solos, com suaspotencialidades e limitações; a ocorrência de jazidas minerais; as condições paraa construção de barragens, ferrovias e rodovias; e até os problemas de uma cidadepara se expandir e instalar sua rede de infra-estrutura têm relação direta e indiretacom as condições do relevo.

A crosta terrestre é uma imensa “biblioteca” que traz dentro de si inúmerasinformações sobre a evolução do planeta e das formas de vida que nele habitam.

Rochas, fósseis e as próprias formas que a litosfera assume são indicadoresdas condições que vigoravam no passado e que deixaram suas marcas nopresente.

A Geologia, ciência cujo objeto de estudo é o conjunto da origem, daformação e das sucessivas transformações do globo terrestre, e a PaleontologiaPaleontologiaPaleontologiaPaleontologiaPaleontologia,que estuda os fósseis e procura acompanhar a evolução das espécies vivas,

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12A U L A fornecem importantes subsídios para o estudo da GeomorfologiaGeomorfologiaGeomorfologiaGeomorfologiaGeomorfologia, que é o ramo

da Geografia voltado para o estudo do relevo, isto é, da forma que a crostaterrestre assume.

Esse conjunto de ramos do conhecimento científico recebeo nome de GeociênciasGeociênciasGeociênciasGeociênciasGeociências, ou ciências da Terra, e tem um papel muito importantena compreensão da história natural do planeta e no uso racional de seus recursos.

As formas de relevo são resultantes de processos endógenos e exógenos, istoé, que se originam tanto no interior, como na superfície da crosta terrestre, e queestão em constante evolução. Pelo movimento das placas tectônicas, podemoscompreender a origem dos vulcões e as zonas mais sujeitas a terremotos, bemcomo o processo de formação das grandes cadeias de montanhas como osAndes, os Alpes ou o Himalaia.

Vamos acompanhar um pouco o trabalho do geógrafo para decifrar a suadinâmicadinâmicadinâmicadinâmicadinâmica, ou seja, o seu comportamento no decorrer do tempo. Para tanto, ogeógrafo precisa distinguir e ordenar as diversas formas que ocorrem nalitosfera, o que pode ser feito pela classificação de grandes unidades, comomontanhas, planaltos, depressões e planícies, e procura explicar as suas origens.

A estrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológica de um lugar - a natureza das rochas e o modo em queestão dispostas - depende dos fatores internos formadores do relevo, como otectonismo e o vulcanismo. Relevos de “cuestas”, por exemplo, como as queocorrem no Planalto Meridional do Brasil, estão associados às estruturas forma-das pelos sucessivos derrames de lavas basálticas, que definiram verdadeirosdegraus no planalto.

No entanto, o relevo também é resultante de fatores externos. Para conhecermelhor a evolução da Terra e datar os processos que nela ocorreram, porintermédio de fósseisfósseisfósseisfósseisfósseis ou de outros indicadores da vida e das condiçõesclimáticas do passado, é que se procura dividir a superfície da Terra emformações geológicasformações geológicasformações geológicasformações geológicasformações geológicas. Tais formações são grandes conjuntos nos quais asrochas possuem características mais ou menos semelhantes no que diz respeitoa sua origem e idade geológica.

Esquema da idade da Terra, com o aparecimento dos seres vivos.

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12A U L APela figura da página 70, podemos observar que a história geológica da Terra

tem origem há cerca de 4,5 bilhões de anos, no PeríodoPeríodoPeríodoPeríodoPeríodo Pré-CambrianoPré-CambrianoPré-CambrianoPré-CambrianoPré-Cambrianoou Era ProterozóicaEra ProterozóicaEra ProterozóicaEra ProterozóicaEra Proterozóica (proterozóica significa vida primitiva), do qual sabemosmuito pouco, pois corresponde à fase de solidificação da crosta, com a formaçãodos antigos escudos cristalinosescudos cristalinosescudos cristalinosescudos cristalinosescudos cristalinos, quando tiveram origem as formas primitivasde vida.

A Era PaleozóicaEra PaleozóicaEra PaleozóicaEra PaleozóicaEra Paleozóica (paleozóica significa vida antiga) marca a existênciadas primeiras formas pluricelulares estruturadas de vida nos oceanos. Os con-tinentes formavam um bloco único: a Pangéia. A Era Paleozóica é conhecidacomo o Período PrimárioPeríodo PrimárioPeríodo PrimárioPeríodo PrimárioPeríodo Primário da história geológica da Terra.

Na Era MesozóicaEra MesozóicaEra MesozóicaEra MesozóicaEra Mesozóica (mesozóica significa vida intermediária), desenvolveu-sea vida nas terras emersas, primeiro com os répteis e posteriormente comos mamíferos e as aves. Foi nessa era que se iniciou a deriva dos continentes.A Era Mesozóica é conhecida como o Período SecundárioPeríodo SecundárioPeríodo SecundárioPeríodo SecundárioPeríodo Secundário.

Na Era CenozóicaEra CenozóicaEra CenozóicaEra CenozóicaEra Cenozóica (cenozóica significa vida recente), a vida evoluiu, como surgimento de novas espécies. Formaram-se as grandes cadeias de montanhasjovens, por dobramentos em áreas de colisão de placas. Ocorreram as grandesglaciações e apareceram os primeiros hominídeos, isto é, os ancestrais do ho-mem, isso há cerca de 4 milhões de anos.

O Cenozóico é subdivido em dois períodos: o TerciárioTerciárioTerciárioTerciárioTerciário e o QuaternárioQuaternárioQuaternárioQuaternárioQuaternário,sendo que este último é marcado por processos geomorfológicos recentes,a exemplo da formação das planícies costeiras.

De um modo geral, essas Eras foram responsáveis pela estrutura geológicaatual da Terra, que é formada por plataformas e escudos antigos, dobramentosalpinos recentes e vastas superfícies de sedimentação. No fundo dos oceanosocorrem grandes cadeias montanhosas, chamadas de dorsaisdorsaisdorsaisdorsaisdorsais, que em suamaioria correspondem a zonas de afastamento das placas tectônicas. O conhe-cimento da estrutura geológica da Terra é importante para explicar as formas dorelevo, pois podemos ter um planalto de origem cristalina antiga, como oPlanalto Brasileiro, ou sedimentar recente, como o Planalto Mexicano, que foiformado com os dobramentos montanhosos que ocorreram no Período Terciário.

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12A U L A O mapa da página 71 mostra a distribuição das grandes formações geológi-

cas na superfície da Terra. Seu conhecimento é importante para a atividadeeconômica, pois os diferentes minerais utilizados na produção industrial tive-ram sua origem em condições geológicas diversas. Por isso o minério de ferro(hematita) e de alumínio (bauxita) é encontrado em terrenos antigos, de origempredominantemente cristalina. Já o petróleo e o carvão mineral se formaram nosterrenos sedimentares, pois resultaram de processos geológicos associados àdeposição de sedimentos e fósseis orgânicos. O mapa a seguir (que mostra adistribuição das principais áreas produtoras de petróleo e carvão mineral),quando comparado ao mapa anterior, revela as ocorrências desses mineraisnas áreas sedimentares.

Ao identificar as formas do relevo, o trabalho do geógrafo não só contribuipara o melhor conhecimento das paisagens, mas também apoia a pesquisa derecursos naturais necessários ao desenvolvimento. Outro aspecto para o qualo estudo do relevo pode dar sua contribuição à atividade humana é a previsãode catástrofes naturais. Os geógrafos atuam, junto com outros profissionais degeociências, no levantamento e no mapeamento das áreas sujeitas a desmorona-mentos, a movimentos sísmicos (como abalos e terremotos), a erupções vulcâni-cas, dentre outros fenômenos ligados à dinâmica da litosfera e de seus efeitossobre as sociedades humanas.

Nesta aula, você aprendeu que:

· a estrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológicaestrutura geológica de um lugar, isto é, a natureza das rochas e o modoem que estão dispostas, é um dos fatores importantes na conformação dorelevo;

· as diversas formações geológicasformações geológicasformações geológicasformações geológicasformações geológicas permitem conhecer a evolução da Terrae datar os processos naturais responsáveis pelas mudanças que ocorreramem sua superfície;

· a história geológica da Terra tem origem há cerca de 4,5 bilhões de anosno PeríodoPeríodoPeríodoPeríodoPeríodo Pré-cambrianoPré-cambrianoPré-cambrianoPré-cambrianoPré-cambriano ou Era ProterozóicaEra ProterozóicaEra ProterozóicaEra ProterozóicaEra Proterozóica;

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12A U L A· na Era Paleozóica Era Paleozóica Era Paleozóica Era Paleozóica Era Paleozóica apareceram as primeiras formas estruturadas de vida

nos oceanos, e os continentes formavam um bloco único: a Pangéia;· na Era MesozóicaEra MesozóicaEra MesozóicaEra MesozóicaEra Mesozóica desenvolveu-se a vida nas terras emersas e iniciou-se

a deriva dos continentes;· na Era CenozóicaEra CenozóicaEra CenozóicaEra CenozóicaEra Cenozóica, a vida evoluiu, com o surgimento de novas espécies;

formaram-se as grandes cadeias de montanhas jovens por dobramentosem áreas de colisão de placas; e apareceram os primeiros hominídeos.

· o conhecimento da distribuição das grandes formações geológicas na super-fície da Terra é importante para a atividade econômica, pois contribui paraa localização e a exploração racional dos recursos mineraisrecursos mineraisrecursos mineraisrecursos mineraisrecursos minerais.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Que tipos de planaltos podem ser identificados, de acordo com o substratogeológico em que são desenvolvidos?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Explique por que a Geografia, ao estudar o relevo, utiliza conhecimentosda Geologia e da Paleontologia.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Como se pode obter dados do passado geológico da Terra, ainda antesda existência do homem?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Como se subdivide a história geológica da Terra, e qual é a importânciadesse critério de subdivisão?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Marque com X a alternativa correta.A Era Cenozóica se caracteriza pelos seguintes acontecimentos geológicos:a)a)a)a)a) ( ) surgiram as grandes cadeias alpinas;b)b)b)b)b) ( ) formaram-se as grandes plataformas e os escudos cristalinos;c)c)c)c)c) ( ) ocorreram as grandes glaciações quaternárias.

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Nesta aula, vamos verificar que o geógrafoem seu trabalho procura compreender e avaliar os processos naturaisprocessos naturaisprocessos naturaisprocessos naturaisprocessos naturaise sociais sociais sociais sociais sociais que interagem na formação da paisagem. Esses processos são respon-sáveis pelas constantes mudanças que estão ocorrendo no espaço geográfico.

Vamos verificar que o motor fundamental que aciona esses processosé a energiaenergiaenergiaenergiaenergia, tanto no que diz respeito à natureza, como à sociedade.

O geógrafo utiliza conhecimentos compartilhados com outras ciências paracompreender o comportamento dos fluxos de energia na superfície da Terra.Uma dessas ciências é a MeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologia, já que a atmosfera é a camada da biosferamais afetada pelas mudanças no comportamento energético do planeta.

Qual a importância da energia nos processos vitais do planeta? Como ogeógrafo interpreta os efeitos da distribuição de energia solar, que é a formabásica de energia que alimenta os processos naturais na superfície da Terra?

Uma das maneiras de melhor compreender os fluxos de energia na biosferaé com o estudo do comportamento da atmosfera, que é a camada mais sensívelàs mudanças nos fluxos de energia proveniente do Sol. Mais do que isso, asmudanças climáticas a que assistimos neste final de século refletem também aprodução e consumo de energia pelas sociedades humanas.

A energia solar é a base dos processos vitais do planeta Terra. Ela movimentaos ciclos da água, do ar e do carbono, entre outros, que permitem a existência devida na biosfera.

A energia solar é recebida de maneira desigual na esfera terrestre, e existemmecanismos na circulação atmosférica e marinha que permitem redistribuir ocalor e a umidade na superfície da Terra, o que resulta em climas diferentes.

Entretanto, ao observar a paisagem, o geógrafo encontra marcas de climasque predominaram no passado e que hoje não existem mais - os chamadospaleoclimas paleoclimas paleoclimas paleoclimas paleoclimas (do grego, palaiós = antigo).

Identificar os processos

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13A U L ANo Brasil, há evidências de que o clima da Amazônia foi muito seco no

passado, enquanto o Sertão semi-árido exibe marcas de um passado maisúmido, nas grandes superfícies aplainadas.

Existem evidências de que a Terra passou por quatro períodos glaciares,isto é, de resfriamento da atmosfera por causa de alterações radicais em seusfluxos de energia.

As grandes glaciaçõesgrandes glaciaçõesgrandes glaciaçõesgrandes glaciaçõesgrandes glaciações, como são denominadas, deixaram marcas visíveisna paisagem, tais como blocos rochosos atirados a esmo, lagos no interiorde continentes, depósitos de sedimentos de formação glaciar e mesmo espéciesde vegetais que foram trazidas de zonas frias para áreas temperadas ou sub-tropicais, como é o caso da araucária no Sul brasileiro.

No litoral, por exemplo, encontramos baias e lagoas que se formaram emperíodos em que o nível do mar regrediu por causa das grandes glaciações.Posteriormente, avançou de novo, inundando superfícies que haviam sidodesgastadas pela erosão. Também encontramos grandes campos de dunas, comoos Lençóis Maranhenses, que só poderiam ter se formado sob um clima árido.

Para compreender essas mudanças nos fluxos de energia na superfície daTerra, o geógrafo utiliza os conhecimentos da MeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologia, uma ciência queestuda os fenômenos atmosféricos para compreender e classificar os climas daTerra, assim como para analisar seus mecanismos básicos.

Existe um ramo da Geografia que se dedica especialmente à análise do clima,trata-se da ClimatologiaClimatologiaClimatologiaClimatologiaClimatologia. Esse ramo também utiliza como instrumento asescalas de análise, preocupando-se tanto com os grandes conjuntos climáticosda Terra - os macroclimasmacroclimasmacroclimasmacroclimasmacroclimas - como também com as pequenas variações nascondições climáticas locais - os microclimasmicroclimasmicroclimasmicroclimasmicroclimas.

No interior de uma cidade, por exemplo, podem existir variações de até5 graus centígrados entre uma fachada iluminada pelo Sol e outra, protegida poruma sombra. Essas diferenças térmicas existentes nos microclimas no interiordos aglomerados urbanos produzem bolsões de calor nas áreas mais edificadasdas metrópoles.

Os macroclimas respondem às condições geográficas do lugar e ao compor-tamento das massas de ar na superfície da Terra. Entre essas condições geográ-ficas destacam-se a latitude, a altitude e a distância em relação ao mar.

Na análise do clima da Terra, os geógrafos dão muita importância àtemperatura e às precipitações, seja na forma de chuva ou de neve. Com essesdois indicadores básicos, são construidos mapas que mostram a distribuição daslinhas de mesma temperatura - as isotermasisotermasisotermasisotermasisotermas - e as linhas de mesma precipitação- as isoietas isoietas isoietas isoietas isoietas -, de acordo com as estações do ano.

Ao comparar os climas da Terra, geógrafos e climatólogos também utilizamum gráfico simples que relaciona a temperatura e a pluviosidade do lugar. Essegráfico chama-se climogramaclimogramaclimogramaclimogramaclimograma e representa, com barras e linhas, as variaçõesclimáticas durante um ano.

Para construir o climograma de um lugar, o geógrafo necessita das médiastérmicas e as pluviosidades mensais de, pelo menos, um ano.

No entanto, para efetuar a classificação climática de um lugar são necessá-rios vários climogramas de anos seguidos. Desse modo, evitam-se anos atípicos,nos quais a temperatura ou a pluviosidade estejam alteradas por fenômenosatmosféricos transitórios.

Para aprender como os geógrafos constróem um climograma, vamos tomaros dados a seguir (observados em Brasília em 1993) e observar o gráfico quemostra a pluviosidade nas barras e a variação da temperatura ao longo da linhacontínua, no decorrer do ano.

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Esses dados mostram que o clima em Brasília é tipicamente tropical, quentee úmido, com uma estação seca bem marcada no inverno.

Com a ajuda dos climogramas, podemos inferir os tipos elementaresde clima, por meio do comportamento da temperatura e da úmidade. Assim,os climas tropicais podem ser caracterizados pelas temperaturas médias eleva-das, isto é, acima de 20ºC, exceto quando o lugar está em altitude elevada,normalmente acima de 1.000 m, situação em que temos o clima tropical dealtitude, a exemplo de cidades como Campos do Jordão (SP) ou Barbacena (MG).

Com base nos climogramas de diferentes lugares, podemos compreendermelhor os climas da Terra. Observe a figura abaixo.

MÊS

JanFevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNovDez

PLUVIOSIDADE (mm)1152587594247-

377575

225297

TEMPERATURA (ºC)222123222019202123232322

Fonte: IBGE, Anuário Estatístico de 1995

Brasília - 1993 - Dados meteorológicos

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13A U L ADepois dessa observação, chegamos a uma série de conclusões.

® O clima equatorialclima equatorialclima equatorialclima equatorialclima equatorial apresenta temperaturas elevadas e regulares duranteo ano todo, com pequena amplitude térmica anualamplitude térmica anualamplitude térmica anualamplitude térmica anualamplitude térmica anual, que é a diferençaentre as temperaturas máxima e a minima durante o ano. Do mesmo modoque a temperatura, a pluviosidade é elevada em todos os meses do ano.

® O clima tropicalclima tropicalclima tropicalclima tropicalclima tropical apresenta temperaturas elevadas e duas estações bemmarcadas - uma seca e outra úmida.

® No clima subtropicalclima subtropicalclima subtropicalclima subtropicalclima subtropical, observa-se uma diminuição na temperatura anual,e começa a ficar bem marcada a diferença entre os meses de invernoe de verão. A pluviosidade apresenta uma redução em relação ao climatropical, mantendo uma regularidade na distribuição ao longo do ano.

® O clima desérticoclima desérticoclima desérticoclima desérticoclima desértico apresenta-se com uma pronunciada queda na pluvio-sidade e uma acentuada amplitude térmica entre as estações do ano. Porém,a partir daí, a linha de temperatura inverte a curva nos gráficos porqueos exemplos são de localidades situadas no Hemisfério Norte, cujas estaçõessão invertidas em relação ao Hemisfério Sul.

® O clima semi-áridoclima semi-áridoclima semi-áridoclima semi-áridoclima semi-árido também apresenta amplitudes térmicas pronunciadas,mas se observa a presença de valores, ainda que baixos, de pluviosidade.

® O clima mediterrâneoclima mediterrâneoclima mediterrâneoclima mediterrâneoclima mediterrâneo apresenta variações de temperatura pouco marcadase pluviosidade média, predominantemente nos meses de inverno.

® O clima temperadoclima temperadoclima temperadoclima temperadoclima temperado apresenta temperaturas amenas durante o ano,com a existência das quatro estações bem marcadas. Os valores de pluvio-sidade se caraterizam pela moderação e regularidade em que se manifestamdurante o ano.

® O clima frioclima frioclima frioclima frioclima frio apresenta grandes amplitudes de temperatura entre as esta-ções do ano, com valores abaixo de 0°C nos meses mais frios. As precipita-ções são mais escassas e ocorrem sob a forma de neve durante os períodosmais frios.

® O clima frio de alta montanhaclima frio de alta montanhaclima frio de alta montanhaclima frio de alta montanhaclima frio de alta montanha apresenta os valores baixos de temperatura,com amplitude térmica pouco variável e precipitações médias e constantesdurante todo o ano.

® O clima polarclima polarclima polarclima polarclima polar apresenta também valores muito baixos de temperatura,com uma amplitude térmica muito marcada. As precipitações são escassase ocorrem, predominantemente, sob a forma de neve.

No passado, ocorreram mudanças globaismudanças globaismudanças globaismudanças globaismudanças globais nesses climas por causas estri-tamente naturais, como as grandes glaciações, cujas origens ainda não foramesclarecidas.

Hoje, no entanto, estamos observando mudanças climáticas que resultamdo aquecimento da atmosfera por gases e partículas resultantes da atividadehumana. Isso significa que os mecanismos naturais das variações climáticasestão se somando aos efeitos produzidos pelo homem.

Para estudar essas mudanças globais, os geógrafos trabalham com outrosestudiosos da atmosfera, principalmente no que diz respeito à ocorrênciade novos fenômenos no contato da atmosfera com a hidrosfera, isto é, a esferadas águas.

Manifestações dessas mudanças estão presentes na formação dos episódiosde El NiñoEl NiñoEl NiñoEl NiñoEl Niño e La NiñaLa NiñaLa NiñaLa NiñaLa Niña, que são correntes marítimas que interferem no compor-tamento das massas de ar do Hemisfério Sul, produzindo modificaçõesem seu clima.

Page 73: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

13A U L A Nesta aula, você aprendeu que:

· a energia solarenergia solarenergia solarenergia solarenergia solar é a base dos processos vitais do planeta Terra. Ela movimen-ta os ciclos da água, do ar e do carbono, entre outros, que permitema existência vida na biosfera;

· na paisagem, podemos encontrar marcas de climas que predominaramno passado e que hoje não existem mais, os chamados paleoclimaspaleoclimaspaleoclimaspaleoclimaspaleoclimas;

· para compreender as mudanças nos fluxos de energia na superfície da Terra,o geógrafo utiliza os conhecimentos da MeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologiaMeteorologia, ciência que estuda osfenômenos atmosféricos;

· a ClimatologiaClimatologiaClimatologiaClimatologiaClimatologia utiliza como o instrumento as escalas de análise, preocu-pando-se tanto com os grandes conjuntos climáticos da Terra - osmacroclimas macroclimas macroclimas macroclimas macroclimas -, e também com as pequenas variações nas condições climá-ticas locais - os microclimasmicroclimasmicroclimasmicroclimasmicroclimas;

· os geógrafos utilizam o climograma climograma climograma climograma climograma para classificar os climas, coma temperatura e a pluviosidade do lugar;

· estamos observando mudanças climáticasmudanças climáticasmudanças climáticasmudanças climáticasmudanças climáticas que resultam do aquecimentoda atmosfera por gases e partículas provenientes da atividade humanaatividade humanaatividade humanaatividade humanaatividade humana.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1“A elevação de apenas 1ºC na temperatura global poderia reduzir a quan-tidade de trigo e arroz colhidos no planeta. Esses são os dois principaisalimentos mundiais. Se essas culturas forem prejudicadas, milhões depessoas poderão morrer de fome. Se a temperatura média da Terra aumentar4ºC, calcula-se que o nível geral dos mares subiria cerca de 5 metros. As áreasinsulares e cidades litorâneas desapareceriam debaixo da água.”O texto acima alerta para o perigo do aquecimento do planeta provocadopor um fenômeno chamado:a)a)a)a)a) ( ) efeito estufa;b)b)b)b)b) ( ) glaciação;c)c)c)c)c) ( ) lixiviação;d)d)d)d)d) ( ) erosão.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2O esquema abaixo ilustra a situação da variação da temperatura sobre asgrandes metrópoles industrializadas.a)a)a)a)a) Escreva o nome das linhas que unem, sobre o mapa, os pontos de igual

temperatura.b)b)b)b)b) Por que se verifica uma variação das temperaturas da periferia para

o centro das grandes cidades?

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13A U L AExercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3

Levando em consideração o climograma que representa a temperaturae a precipitação de uma região brasileira, podemos afirmar que:a)a)a)a)a) ( ) a região se localiza em áreas de elevadas altitudes;b)b)b)b)b) ( ) a amplitude térmica anual é elevada com pouca pluviosidade;c)c)c)c)c) ( ) a amplitude térmica anual é pequena e a pluviosidade, elevada.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Compare os gráficos relativos às temperaturas e precipitações médiasmensais de Luziânia (GO) e Roma (Itália), e responda: por que as linhas dastemperaturas nessas duas cidades apresentam-se completamente invertidasno meses de junho e julho?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Identifique e caracterize o tipo de clima de cada uma das cidades dapergunta anterior.

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Nesta aula, vamos acompanhar o modo comoo geógrafo procura avaliar os efeitos da atuação da energia física no modelamentodas diferentes paisagens. Uma das maneiras mais eficientes para acompanhara dinâmicadinâmicadinâmicadinâmicadinâmica das paisagens é observar o movimento da água movimento da água movimento da água movimento da água movimento da água e dos ventos dos ventos dos ventos dos ventos dos ventos nasuperfície da Terra. A ação da água, nos seus diferentes estados, está presentena conformação do litoralconformação do litoralconformação do litoralconformação do litoralconformação do litoral e no modelamento do relevomodelamento do relevomodelamento do relevomodelamento do relevomodelamento do relevo, como o principalagente de erosãoagente de erosãoagente de erosãoagente de erosãoagente de erosão na biosfera.

Para estudar as forças combinadas que a água em movimento exerce nasuperfície da Terra, os geógrafos trabalham junto com profissionais de Oceano-Oceano-Oceano-Oceano-Oceano-grafia grafia grafia grafia grafia e Hidrologia Hidrologia Hidrologia Hidrologia Hidrologia no estudo da dinâmica das paisagens.

Qual o papel da água em movimento na superfície da Terra? Como asforças exercidas pelos mares e rios modelam a paisagem e são responsáveispela formação de novos terrenos, caracterizados pela instabilidade, bemcomo pela retirada de material de certas áreas, fazendo com que desapare-çam paisagens aparentemente consolidadas?

O geógrafo, trabalhando junto com outros profissionais, como o oceanógrafo(que estuda o oceano em seus aspectos físicos e biológicos) e o hidrólogo (queestuda a água, nos seus diversos estados), analisam a ocorrência de água,sua distribuição e circulação na natureza, e podem explicar como a energiafísica da natureza se manifesta na água que está em movimento na superfícieda Terra.

Já a água para o consumo humano, seja para a geração de energia, sejapara a agricultura, seja para a recreação ou mesmo para beber, está setornando um bem escasso e uma séria preocupação para a humanidade,neste final do século XX.

Dentre as formas aparentes de manifestação da energia física na superfícieda Terra, o movimento das águas e dos ventos aparece como um dos maisimportantes processos externos de modelamento do relevo, isto é, de suamorfogênesemorfogênesemorfogênesemorfogênesemorfogênese (do grego, morphé = forma e genésis = origem).

O contato dos oceanos com os continentes, que delineia a linha de costalinha de costalinha de costalinha de costalinha de costa,é um exemplo de como atuam esses processos que levam a mudanças constantesnas formas que definem. PraiasPraiasPraiasPraiasPraias, dunas dunas dunas dunas dunas, restingas restingas restingas restingas restingas, lagunas lagunas lagunas lagunas lagunas, estuários estuários estuários estuários estuários e deltas deltas deltas deltas deltas

Combinar as forças

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14A U L Asão exemplos de formas geográficas em que a combinação da presença físico-

química da água e dos ventos provenientes dos oceanos com as forças que atuamnos continentes é a grande responsável pelo modelamento da paisagem.

A água do mar está em constante movimento, seja nas correntes marinhascorrentes marinhascorrentes marinhascorrentes marinhascorrentes marinhas,seja nas marésmarésmarésmarésmarés, por causa da atração gravitacional do Sol e da Lua, seja nasondasondasondasondasondas, por causa da ação dos ventos. Esses movimentos, combinadoscom processos continentais, como o escoamentoda água das chuvas e dos rios, são os responsáveispelo acúmulo e/ou pela retirada de sedimentosque transformam a zona costeirazona costeirazona costeirazona costeirazona costeira em uma área par-ticularmente instável da superfície da Terra.

A erosão marinha retira sedimentos de umadeterminada porção do litoral e deposita em outras.O litoral recortado do Maranhão é um exemplo detrecho da linha de costa onde existe predomínioda abrasão marinhaabrasão marinhaabrasão marinhaabrasão marinhaabrasão marinha, isto é, da retirada de sedimen-tos. Já o litoral do Amapá, com suas costas retas é umaárea onde há deposição marinhadeposição marinhadeposição marinhadeposição marinhadeposição marinha, em grande partetrazida da foz do rio Amazonas pela ação das corren-tes marinhas.

O trabalho do mar é o responsável pela formaçãodas praias e lagunas nas costas baixas e arenosas.As praias são paisagens naturais atrativas, seja comoopção de lazer para as populações que residemem suas proximidades, seja como opção de turismo internacional.

Enquanto forma resultante da deposição de sedimentos por correntesmarinhas e ondas, as praias são muito suscetíveis à intervenção humanaque pode alterar suas condições naturais, ao promover a intensificação daabrasão marinha. Assim, existem trechos no litoral brasileiro, a exemplode Olinda (PE) ou de Atafona (RJ), onde a intervenção humana está provocandoo desaparecimento de praias.

Lagunas, estuários e deltas são resultantes da ação combinada de riose oceanos. A mistura da água marinha com a água doce dos rios forma umambiente muito propício à vida, principalmente para moluscos e crustáceos,assim como para as primeiras fases do desenvolvimento dos peixes.

Os estuários tropicaisestuários tropicaisestuários tropicaisestuários tropicaisestuários tropicais colonizados por manguezaismanguezaismanguezaismanguezaismanguezais são uma das áreasmais produtivas da biosfera, do ponto de vista da capacidade de sustentaçãoda vida. Existe um grande contigente de população que retira seu sustentodos estuários, cujo futuro tem sido comprometido pela poluição urbanae agroindustrial.

Ação das correntesmarinhas nos

Estados do Amapá,Pará e Maranhão.

Paisagensde mangue.

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14A U L A Os rios também removem, transportam e depositam materiais. O trabalho

dos rios é predominantemente de remoção nos altos cursos, onde a energia físicaé maior, e de deposição nos baixos cursos, onde o relevo mais plano reduza energia de transporte.

As chuvas que incidem sobre as encostas são responsáveis pela formaçãodas cabeceiras dos rios e iniciam, com sua ação, o processo erosivo. Essemovimento desgasta montanhas e cria vales amplos, ou cânions escavados,dependendo da natureza da rocha e da altitude.

O geógrafo analisa a dinâmica fluvial, procurando interpretar o desenho darederederederederede formada pelo rio principal e seus afluentes e os tipos de paisagemencontrados na bacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográfica, que é a área drenada por uma rede fluvial.

Um dos métodos utilizados para interpretar a dinâmica fluvial é o de traçaro perfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográfico de um rio, o que permite compreender a distribuiçãoda energia física em todo o seu curso. No esquema abaixo, podemos observartrês perfis hidrográficos distintos.

O rio Amazonas, hoje reconhecido como o mais extenso e de maior volumede água do planeta, corre em uma vasta extensão na qual as mudanças no nívelde altitude são muito pequenas.

O rio Iguaçu, que corre sobre o planalto basáltico do Brasil Meridional,apresenta desníveis pronunciados por causa das rochas mais resistentes ao seutrabalho erosivo. Isso significa um elevado potencial para o aproveitamentoda energia hidráulica.

Já o rio São Francisco apresenta trechos encachoeirados no seu alto e baixocurso, enquanto o médio curso possui declives suaves. Isso permite seu aprovei-tamento energético nos trechos de maior declive, bem como a navegaçãono trecho mais suave.

A aceleração ou a diminuição da erosão nas encostas, aumentando oudiminuindo a quantidade de sedimentos para a carga dos rios; a ocorrência dealterações climáticas, modificando o volume de água dos canais fluviais; ouainda de eventos tectônicos, isto é, de soerguimentos e rebaixamentos da crostaterrestre, são fatores determinantes para a modificação da dinâmica fluvial,levando à intensificação dos processos erosivos ou de deposição.

Por fim, embora seja praticamente inexistente no Brasil, temos de considerara ação da água na forma de gelo, por meio das geleiras. A erosão glacialerosão glacialerosão glacialerosão glacialerosão glacial,em conseqüência do movimento das geleiras, é responsável pela formaçãode vales na forma de “U”, pois o gelo em movimento carrega material grosseiroem seu fundo, com grande poder de abrasão, que é depositado nas morainasou morenas.

Perfis longitudinais: riosAmazonas, Iguaçu

e São Francisco.

Page 78: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

14A U L ANo passado, a erosão glacial foi responsável pela formação de costas altas

e escavadas, como os fiordes, que aparecem nos países nórdicos e tambémno Chile, e pela formação de lagos no interior dos continentes. Hoje, a atividadedo gelo está restrita a áreas próximas aos pólos e às grandes montanhas, comonos Andes, onde se situa uma das mais importantes geleiras em movimentodo mundo: o Glaciar Perito Moreno, na Argentina.

Os ventos, isto é, o ar em movimento devido às diferenças de pressãona superfície da Terra, tambem atuam no desgaste, transporte e deposiçãode material. A erosão eólicaerosão eólicaerosão eólicaerosão eólicaerosão eólica - embora de menor dimensão quando comparadaao trabalho das águas, contribui para a morfogêse das paisagens, seja naformação de relevos ruiniformesrelevos ruiniformesrelevos ruiniformesrelevos ruiniformesrelevos ruiniformes (em forma de ruínas), resultantes do desgaste,seja no transporte e deposição, como ocorre nos campos de dunas, a exemplodos Lençóis Maranhenses (MA).

Combinando forças que atuam na superfície da Terra, o geógrafo colaborapara a compreensão da dinâmica das paisagens e participa na busca de soluçõesque permitam ajustar o desenvolvimento da “tecnosfera” - produzida pelaatividade humana - com a lógica da biosfera, na qual as forças naturaisrepresentam um papel fundamental.

Nesta aula, você aprendeu que:

· a morfogênesemorfogênesemorfogênesemorfogênesemorfogênese do relevo resulta da manifestação da energia física nasuperfície da Terra, destacando-se aqui o movimento das águas e dos ventos;

· praiaspraiaspraiaspraiaspraias, dunas dunas dunas dunas dunas, restingas restingas restingas restingas restingas, lagunas lagunas lagunas lagunas lagunas, estuários estuários estuários estuários estuários e deltas deltas deltas deltas deltas são exemplosde formas geográficas nas quais a presença físico-química da águae dos ventos provenientes dos oceanos estão combinadas as forçasque atuam nos continentes;

· o geógrafo analisa a dinâmica fluvialdinâmica fluvialdinâmica fluvialdinâmica fluvialdinâmica fluvial procurando interpretar o desenhoda rederederederederede de rios e os tipos de paisagem encontrados na bacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográficabacia hidrográfica;

· um dos métodos utilizados para interpretar a dinâmica fluvial é o de traçaro perfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográficoperfil hidrográfico de um rio, o que permite compreender a distribuiçãoda energia física em todo o seu curso;

· ao combinar forçascombinar forçascombinar forçascombinar forçascombinar forças que atuam na superfície da Terra, o geógrafo colaborapara a compreensão da dinâmica das paisagensdinâmica das paisagensdinâmica das paisagensdinâmica das paisagensdinâmica das paisagens.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Qual o processo morfogenético responsável pela criação de formasnas costas dos continentes, e quais são essas formas?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Quais são as causas que fazem do mar um agente de erosão?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Mencione os cursos de um rio e suas características.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Quais são os processos que influem na dinâmica fluvial de um rio?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Qual a diferença nos resultados do processo de erosão fluvial e do processode erosão glacial?

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15A U L A

15A U L A

Nesta aula, vamos aprender que os solossolossolossolossolossão o resultado mais imediato da integração dos processos físicos e biológicosna superfície da Terra. A formação e o desenvolvimento dos solos é a expressãobásica da natureza orgânicanatureza orgânicanatureza orgânicanatureza orgânicanatureza orgânica das paisagens, pois a imensa variedadevariedadevariedadevariedadevariedadede tipos de solos é o produto mais evidente da atuação dos seres vivosatuação dos seres vivosatuação dos seres vivosatuação dos seres vivosatuação dos seres vivos sobreas condições originais do planeta.

Vamos acompanhar o trabalho do geógrafo, utilizando os conhecimentosda PedologiaPedologiaPedologiaPedologiaPedologia, para classificar os solos em seus diferentes tipos, bem comoos da AgronomiaAgronomiaAgronomiaAgronomiaAgronomia, na busca do uso racional do solo pela agropecuária,com o objetivo de garantir sua fertilidade e preservação.

Qual a importância dos solos para a configuração das paisagens? Comoo processo de formação dos solos contribui para diferenciar as áreas na superfícieda Terra? Qual a importância do correto manejo dos solos, enquanto recursonatural fundamental para dar suporte à vida?

Os solos são formados pela interação complexa dos processos físicose biológicos na superfície da Terra. Cada tipo de solo expressa as característicasdos materiais que o originaram e reflete as mudanças impostas pelo meio em quefoi formado. Como o ar e a água, que estudamos em aulas anteriores, o soloé necessário para a existência de vida na Terra, pois é a base da cadeia alimentarsobre a qual se desenvolve a grande maioria dos seres vivos.

As condições em que se formaram os solos de um determinado lugar sãofundamentais para compreender a dinâmica de sua paisagem. Seu uso incorretoe predatório pode provocar danos irreparáveis ao meio ambiente.

Os solossolossolossolossolos se desenvolveram a partir de minerais e matéria orgânica e,geralmente, abrigam uma ativa população de organismos vivos.

Diferentemente das rochas sólidas, os solos normalmente são porosos epermitem a circulação da água e do ar em seu interior. O processo de formaçãodos solos é conhecido como pedogênesepedogênesepedogênesepedogênesepedogênese (do grego, pedón = solo e genésis =origem).

As rochas que compõem a superfície terrestre, por estarem expostasà ação do clima, da água e dos organismos vivos, sofrem uma série

Reconhecer as diferenças

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15A U L Ade processos químicos, físicos e biológicos que levam à sua fragmentação

e descomposição (alteração química). Esses processos denominados em seuconjunto de processos de intemperismoprocessos de intemperismoprocessos de intemperismoprocessos de intemperismoprocessos de intemperismo, constituem uma etapa essencialpara a formação dos solos.

A avaliação do processo de formação dos solos leva em conta seu graude desenvolvimento e suas características físico-químicas. Uma unidadede paisagem natural é estável quando favorece o processo de pedogênese,isto é, o ambiente favorece a formação e o desenvolvimento do solo.Nesses ambientes, encontramos solos bastante desenvolvidos, intemperizadose envelhecidos.

É bom lembrar que o tempo de formação de um solo desenvolvido, apesarde ser variável, nunca é uma reação instantânea, requerendo centenas demilhares de anos para se completar. Uma unidade de paisagem naturalé instável quando prevalece a formação do relevo (morfogênese) e existeum predomínio dos processos de erosão do solo em detrimento do processode formação e desenvolvimento do solo.

O processo de desenvolvimento dos solos se manifesta com a progressi-va diferenciação de seus horizonteshorizonteshorizonteshorizonteshorizontes. Um solo bem formado é aquele queapresenta:

® o horizonte Chorizonte Chorizonte Chorizonte Chorizonte C, isto é, aquele formado pela intemperização da rocha-mãe;

® o horizonte Bhorizonte Bhorizonte Bhorizonte Bhorizonte B, que é a camada intermediária do solo, onde podem estarpresentes materiais transportados de outros lugares;

® o horizonte Ahorizonte Ahorizonte Ahorizonte Ahorizonte A, onde ocorre a decomposição de organismos vivos e, por-tanto, é rico em matéria orgânica.

Um solo bem desenvolvido é profundo e bem estruturado, isto é, apresen-ta os três horizontes bem definidos. Já os solos jovens praticamente nãopossuem horizonte B, pois apresentam o contato do manto de intemperismocom as condições superficiais de atividade orgânica.

Uma classificação simples dos principais grupos de solos do mundo utilizaa associação com a vegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetação, sob a qual se deu sua formação e com a qualinterage diretamente, para definir seu tipo. Assim, como vemos no mapada página 86, os solos de tundrasolos de tundrasolos de tundrasolos de tundrasolos de tundra são rasos e pouco desenvolvidos, uma vezque se formaram nas áreas frias e polares.

Os solos podzólicossolos podzólicossolos podzólicossolos podzólicossolos podzólicos são solos ácidos, que se formam sob vegetação detaiga, na qual os restos vegetais demoram a se decompor e se forma umhorizonte B argiloso, que difilculta a penetração da água.

O termo podzolpodzolpodzolpodzolpodzol vem do russo, e significa cinza. Hoje, para os pedólogos,denomina o processo de desenvolvimento de um conjunto de solos argilosose ácidos, que também ocorre em latitudes mais baixas, mesmo no Brasil.

Nos podzólicos ocorre um horizonte B, onde existe uma acumulação deargila, ou seja, durante o processo de formação, boa parte da argila deslocou-se do horizonte A, levada pela infiltração da água no perfil do solo e parouno horizonte B, onde se acumulou.

Nesses solos, a diferença de textura entre os horizontes A e B (ocasionadapelo acúmulo de argila no horizonte B) dificulta a infiltração de água em seuperfil, o que favorece o processo de erosão.

Page 81: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

15A U L A

Os solos negros das planíciessolos negros das planíciessolos negros das planíciessolos negros das planíciessolos negros das planícies, (tchernoziom, em russo), assim como ossolos das pradariassolos das pradariassolos das pradariassolos das pradariassolos das pradarias, ocorrem nas regiões centrais da Eurásia e da América doNorte. São solos bem estruturados e ricos em materia orgânica, de onde provémsua coloração escura. Normalmente, revelam-se muito férteis para a agricultura,embora práticas agrícolas predatórias tenham contribuído para depauperarvastas extensões desses solos.

Os latossolos latossolos latossolos latossolos latossolos são bem desenvolvidos, com grande profundidadee porosidade. Por isso, considera-se que sejam solos cujos materiais são os maisdecompostos. Classificam-se como solos velhos ou maduros, formados sobcondições tropicais. Por causa do intenso processo de intemperismo e lixiviaçãoa que foram submetidos, apresentam quase que uma ausência total de mineraisfacilmente intemperizáveis. Em contrapartida, ocorre uma concentração resi-dual de óxidos minerais (óxido de aluminio Al2O3 e óxido de ferro Fe2O3),responsáveis pela formação da laterita, que é uma concreção alumino-ferruginosaque pode atingir a forma uma verdadeira capa nos solos lateríticos.

Os latossolos, dominantes no Brasil, geralmente são solos que possuem boaspropriedades físicas: permeáveis à água e ao ar, mesmo com alta porcentagemde argila; mostrando-se porosos, friáveis e de baixa plasticidade. A principallimitação para o uso agrícola é sua baixa fertilidade natural por causa da acideze por não possuírem reserva de nutrientes. Apresentam, ainda, os horizontes A,B, e C bem desenvolvidos. Em geral, esses solos revelam-se pouco suscetíveis aosprocessos erosivos.

Os solos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviados, isto é, literalmente lavados pela ação das chuvas,são dominantes nas florestas equatoriais, onde a grande quantidade de precipi-tações carrega, por dissolução, os nutrientes dos solos, tais como nitrogênionitrogênionitrogênionitrogênionitrogênio,fósforofósforofósforofósforofósforo e potássiopotássiopotássiopotássiopotássio, o que resulta em solos pobres, pouco recomendáveispara a agricultura.

Os demais solos geralmente são jovens e pouco desenvolvidos, formadosem condições de clima desérticodesérticodesérticodesérticodesértico ou semi-áridosemi-áridosemi-áridosemi-áridosemi-árido, nos quais a ausência de águaleva à pouca evolução de seus perfis, sendo os mais vulnerais à ação da erosão.Nesses solos, o horizonte A está assentado diretamente sobre o horizonte C ou,

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15A U L Aentão, assentado diretamente sobre a rocha-mãe (não possuem o horizonte B).

São considerados solos jovens, ainda em fase inicial de formação porque estãopassando pelo desenvolvimento a partir dos materiais de origem, recente-mente depositados ou, então, porque se situam em lugares de alta declividade,como os solos de montanhasolos de montanhasolos de montanhasolos de montanhasolos de montanha, nos quais a velocidade da erosão é igual ou maiorque a velocidade de transformação da rocha em solo.

A carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, informando o descobri-mento do Brasil e afirmando que “nesta terra, tudo o que se planta dá”, refletiauma apreciação precipitada da exuberante floresta tropical. A Geografianos ensina que a capacidade capacidade capacidade capacidade capacidade e a fertilidade fertilidade fertilidade fertilidade fertilidade dos solos são muito importantesporque estão diretamente viculadas às atividades humanas que neles se desen-volvem. Estas, por sua vez, são reponsáveis pela aceleração dos processosde erosão e de perda de fertilidade dos solos.

Compreender os processos erosivos, implica levar em consideração seusfatores controladores, tais como erosividade da chuva, propriedades dos solos,cobertura vegetal e as características das encostas, porque a água de chuva quese infiltra no solo representa um importante papel no escoamento superficial.

As propriedades do solo são também de grande importância para a compre-ensão de sua suscetibilidade à erosão, ou seja, dependem em grande parte desuas propriedades, tais como textura, teor de areia, de argila, de matériaorgânica, de umidade e porosidade, entre outras.

O uso cada vez mais intenso dos solos pelo homem pode produzira desertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificação, a salinização salinização salinização salinização salinização e a alcalinização alcalinização alcalinização alcalinização alcalinização dos solos. Os sistemasde irrigação mal operados tendem a causar concentração de sais nos solos,provocando sua completa inutilização para a agricultura. Vastas superfícies,que anteriormente eram produtivas, perderam essa capacidade por causade seu uso inadequado.

O trabalho do geógrafo no estudo dos solos procura compreender essesprocessos como o resultado da interação das sociedades humanas sobre as basesnaturais de sua existência, cabendo-lhe um importante papel na determinaçãoda capacidade de sustentocapacidade de sustentocapacidade de sustentocapacidade de sustentocapacidade de sustento dosdosdosdosdos recursos ecológicosrecursos ecológicosrecursos ecológicosrecursos ecológicosrecursos ecológicos, isto é, na limitação deuma exploração que não comprometa a própria existência da vida, que é parteintegrante de seu processo de formação.

Nesse aspecto, o uso correto do solo é o ponto de partida fundamental parao manejo sustentável do planeta Terra.

Nesta aula, você aprendeu que:

· os solossolossolossolossolos se desenvolveram a partir de minerais e matéria orgânicae, geralmente, abrigam uma ativa população de organismos vivos;

· o processo de formação dos solos é conhecido como pedogênesepedogênesepedogênesepedogênesepedogênese;· o processo de desenvolvimento dos solos se manifesta na progressiva

diferenciação de seus horizonteshorizonteshorizonteshorizonteshorizontes. Um solo bem estruturado possuios três horizontes claramente definidos;

· uma classificação simples dos principais grupos de solos do mundo utilizaa associação com a vegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetaçãovegetação, sob a qual se deu sua formação e coma qual interage diretamente;

· os latossoloslatossoloslatossoloslatossoloslatossolos, dominantes no Brasil, possuem boas propriedades físicas:permeabilidade à água e ao ar, cuja principal limitação ao uso agrícolaé a baixa fertilidade natural;

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15A U L A · os solos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviadossolos lixiviados, isto é, literalmente lavados pela ação das chuvas,

são os solos dominantes nas florestas equatoriais, onde a grande quantidadede precipitações carrega, por dissolução, os nutrientes dos solos, tais comonitrogênio, fósforo nitrogênio, fósforo nitrogênio, fósforo nitrogênio, fósforo nitrogênio, fósforo e potássio potássio potássio potássio potássio;

· a Geografia nos ensina que a capacidade capacidade capacidade capacidade capacidade e a fertilidade fertilidade fertilidade fertilidade fertilidade dos solos são muitoimportantes, porque estão diretamente viculadas às atividades humanasque neles se desenvolvem;

· o uso cada vez mais intenso dos solos pelo homem, sem os cuidadosnecessários à sua manutenção, pode produzir a desertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificaçãodesertificação, a salini salini salini salini salini-zação zação zação zação zação e a alcalinização alcalinização alcalinização alcalinização alcalinização dos solos.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1O processo de formação dos solos é conhecido como pedogênese, e leva emconta seu grau de desenvolvimento e suas características físico-químicas.Assinale a afirmativa abaixo que não corresponda às características do pro-cesso de formação:a)a)a)a)a) ( ) As propriedades do solo são de grande importância para a compre-

ensão de sua suscetibilidade à erosão.b)b)b)b)b) ( ) O tempo de formação de um solo desenvolvido varia em função da

instabilidade do terreno, podendo ocorrer de forma muito rápida.c)c)c)c)c) ( ) Um solo bem formado possui os três horizontes claramente defini-

dos, além de apresentar um perfil profundo e bem estruturado,enquanto os solos jovens praticamente não possuem horizonte B.

d)d)d)d)d) ( ) A vegetação sob a qual se dá a formação do solo, interage com eledefinindo o seu tipo, e é utilizada na classificação simples dosprincipais grupos de solos do mundo.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Qual é o tipo de solo mais apto para a agricultura, e por quê?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que os latossolos, apesar de bem estruturados e pouco suscetíveis aosprocessos erosivos, são pouco recomendáveis ao uso agrícola?

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Que fatores físicos devem ser levados em conta para compreendermosos processos erosivos do solo?

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Os solos são necessários para a existência da vida na Terra, pois representama base da cadeia alimentar sobre a qual se desenvolveram a grande maioriados seres vivos. Atualmente, com o uso cada vez mais intenso do solopelo homem, processos como a desertificação, a salinização e a alcalinizaçãodos solos estão se produzindo com maior intensidade e rapidez. Em vistadisso, que medidas devem ser tomadas para se diminuir esses problemas?

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16A U L A

Distinguir os conjuntos

16A U L A

Nesta aula, vamos acompanhar como osgeógrafos distinguem conjuntos espaciaisconjuntos espaciaisconjuntos espaciaisconjuntos espaciaisconjuntos espaciais diferenciados na superfície daTerra. Vamos verificar que tais conjuntos resultam de diferentes processos declassificaçãoclassificaçãoclassificaçãoclassificaçãoclassificação e ordenaçãoordenaçãoordenaçãoordenaçãoordenação do espaço geográfico e permitem uma melhorcompreensão dos processos físicos, biológicos e humanos que interagem naformação da paisagem.

Para identificar esses grandes conjuntos, o geógrafo se apóia nos conheci-mentos de BiologiaBiologiaBiologiaBiologiaBiologia para delimitar os biomasbiomasbiomasbiomasbiomas, que representam uma síntesedas relações entre os seres vivos em grandes zonas da superfície da Terra.

Existem diferentes paisagens na superfície da Terra, resultantes da combi-nação da interação de distintos processos. Como descrever e interpretar tama-nha diversidade?

Não basta apenas distinguir uma paisagem de outra, é preciso observaratentamente e classificar seus diversos tipos para entender suas origens e tentarprever seu comportamento futuro.

Para tanto, os geógrafos utilizam o método de observação e de classificaçãoespacial, para distinguir conjuntos diferenciados na superfície da Terra.

Os lugares estão agrupados em continentescontinentescontinentescontinentescontinentes, tanto por sua geografia comopor sua história. As diferentes paisagenspaisagenspaisagenspaisagenspaisagens que diferenciam os lugares não sãoapenas o resultado das condições naturais, mas também do trabalho acumuladopor gerações e gerações. Continentes são um exemplo dos diversos conjuntosespaciais existentes na superfície da Terra.

Que é um conjunto espacial? É uma maneira de reunir, pelo conhecimento,fatos geográficos que possuem características próprias, as quais estamos interes-sados em conhecer. Um conjunto é formado por elementos que têm uma relaçãoentre si, isto é, uma característica comum a todos eles.

Existem vários conjuntos espaciais que podem ser definidos na superfície daTerra. Os continentes, os países desenvolvidos, as zonas climáticas são exemplosde conjuntos delimitados no espaço geográfico, e que podem ser representadosem um mapa. Delimitar um conjunto significa traçar o contorno que abrangetodos os lugares que apresentam uma característica comum, de acordo comas informações de que dispomos.

Page 85: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

16A U L A É possível formar vários tipos de conjuntos espaciais em função dos muitos

aspectos que identificamos na realidade, tais como o relevo, o clima, os solos,a vegetação, uma bacia hidrográfica, um campo arado ou uma cidade.

Certos conjuntos não são difíceis de delimitar. Uma ilha, uma grandefloresta ou uma cidade, por exemplo. Esses conjuntos podem ser observadosa partir de um ponto mais elevado - de um avião ou por fotografias aéreas ouimagens de satélite. Em uma vista aérea, uma cidade aparece com seus contor-nos claros. Mas, quando viajamos de automóvel, trem ou ônibus, não consegui-mos perceber claramente onde a cidade acaba e onde se inicia o campo quea circunda. Isso é explicado pela escala de observação: quanto mais nos aproxi-mamos de uma paisagem, mais ricos serão os detalhes e mais complexassuas nuanças.

Existem conjuntos formados por interações complexas de diversos fatores.A paisagem geográfica não é a simples adição de elementos desordenados,e sim o resultado da combinação dinâmica - portanto, instável - de elementosfísicos, biológicos e humanos que, interagindo uns sobre os outros, fazemda paisagem um conjunto único e indissolúvel em perpétua evolução.

Para delimitar os contornos das diversas paisagens que existem na superfí-cie da Terra é necessário definir uma classificação em ordens de grandeza,na qual estejam presentes níveis superiores e inferiores.

Um ponto de partida para essa classificação, normalmente empregadopelos biólogos que fazem levantamento sistemático das espécies vivas,são os biomasbiomasbiomasbiomasbiomas, que constituem grandes conjuntos para se classificar e ordenaros sistemas de vidasistemas de vidasistemas de vidasistemas de vidasistemas de vida existentes na biosfera.

Um bioma inclui todas as plantas e animais adaptados a um clima comum.As características ecológicas da vegetação do bioma dependem das variaçõessazonais de temperatura e precipitação, ou seja, as variações de acordo com asestações do ano. Por isso, esses sistemas de vida são - quando consideradosbiomas terrestres - grandes formações vegetais, em que os animais mostram-secondicionados pela estrutura física do sistema vegetal. Assim, animais arbóreosprecisam de árvores, como ruminantes necessitam de ervas. Nesse sentido,bioma é uma comunidade em que os seres vivos oferecem soluções paraproblemas comuns e, portanto, estão ambientalmente ligados.

Biomas numcontinente

imaginário.

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16A U L APara entender a lógica de classificação dos biomas, poderíamos construir

um continente imaginário que se estendesse desde as altas latidudes do Hemis-fério Norte até o Cone Sul e procurasse sintetizar alguns dos processos básicosde formação das paisagens diferenciadas existentes na superfície da Terra.Esse continente seria mais largo no norte do que no sul para refletir a situaçãodiferenciada na distribuição de terras e mares. Correntes quentes partiriamdo Equador e seriam dominantes na fachada leste ou oriental. Por sua vez,as correntes frias dominariam a porção oeste ou ocidental, por causado movimento de rotação da Terra de oeste para leste.

Nesse continente imaginário, teríamos no extremo norte: a tundratundratundratundratundra,que é um bioma marcado pela presença de vegetação rasteira, com líquense musgos, e animais adaptados ao clima, como o urso polar. Segue-se a grandefloresta borealfloresta borealfloresta borealfloresta borealfloresta boreal, também chamada de taiga, em que predominam os pinhei-ros, que é um vegetal de folhas acicufoliadasfolhas acicufoliadasfolhas acicufoliadasfolhas acicufoliadasfolhas acicufoliadas, isto é, em forma de agulhas,para reduzir a transpiração e suportar os longos invernos. As folhas do pinheiro,de difícil decomposição, são um dos responsáveis pela formação dos solospodzólicos nesse bioma.

A distância até o litoral explica a presença das estepes temperadasestepes temperadasestepes temperadasestepes temperadasestepes temperadas,propícias para uma vegetação rasteira que desaparece durante o inverno,quando o interior do continente fica coberto de neve. O desenvolvimento cíclicodessas grandes extensões de ervas é o grande responsável pela grande quanti-dade de húmus, que dá coloração escura aos solos das estepes e pradarias.

A floresta temperadafloresta temperadafloresta temperadafloresta temperadafloresta temperada, de folhas decíduas (isto é, que caem duranteo inverno ou na estação seca), marca a fachada ocidental do continente, enquantoa presença de correntes quentes confere caráter subtropicalsubtropicalsubtropicalsubtropicalsubtropical às florestasque ocorrem na fachada oriental, cujo clima está em grande parte condicionadopelos mecanismos ligados à circulação atmosférica entre continente e oceano.

As correntes marinhas frias também explicam a presença de desertosdesertosdesertosdesertosdesertose biomas semi-áridossemi-áridossemi-áridossemi-áridossemi-áridos na fachada ocidental, tanto no Hemisfério Norte quantono Hemisfério Sul de nosso continente imaginário. Os desertos e as estepessemi-áridas são áreas em que as formas de vida estão adaptadas à escassezde água, a exemplo do cacto americano, cujos caules são capazes de reter águapor longos períodos. Também se formam desertos nas áreas próximasàs latitudes em torno de 30 graus, principalmente no Hemisfério Norte, já queos centros de alta pressão formadores dos alíseosalíseosalíseosalíseosalíseos - ventos permanentes quecirculam entre as latitudes próximas aos Trópicos e ao Equador - estão sobreo continente, retirando a pequena umidade disponível nessas áreas e produzin-do um efeito ressecante.

Convergência intertropical:ventos de 30º N e 30º S.

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16A U L A Na área cortada pelo Equador, o encontro dos alíseos formando a Conver-Conver-Conver-Conver-Conver-

gência Intertropical gência Intertropical gência Intertropical gência Intertropical gência Intertropical (CITCITCITCITCIT) resulta em uma zona de instabilidade que provocachuvas regulares, durante praticamente o ano todo. Nessas áreas, surgea floresta tropical pluvialfloresta tropical pluvialfloresta tropical pluvialfloresta tropical pluvialfloresta tropical pluvial, latifoliada (isto é, de folhas largas para facilitar atranspiração, e perenes). Os limites dessa floresta são prolongados na porçãooriental do continente, por causa da presença de correntes marinhas quentese de ventos alíseos úmidos, como ocorre com a Mata Atlântica, no Brasil.

A floresta pluvial decíduafloresta pluvial decíduafloresta pluvial decíduafloresta pluvial decíduafloresta pluvial decídua marca a passagem para o clima tropical, comestação seca bem marcada. A vegetação mais representativa do clima tropicalcom estação seca bem marcada é a savana savana savana savana savana ou o cerradocerradocerradocerradocerrado, que é uma formaçãoarbustiva-herbácea que se desenvolve sobre solos lateríticos.

Uma vegetação de clima mediterrâneovegetação de clima mediterrâneovegetação de clima mediterrâneovegetação de clima mediterrâneovegetação de clima mediterrâneo, isto é, aquela situada nas latitudessubtropicais - nas quais os efeitos do mar são contrabalançados pela presençade grandes montanhas -, caracteriza-se pela estação seca no verão e pelapresença da vegetação de maquimaquimaquimaquimaqui, que é formada por arbustos espinhentosde difícil penetração em seu interior.

A idéia de uma vegetação que ofereçe resistência à penetração de um invasorfoi lembrada pela Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial,cujos militantes se autodenominavam maquis.

Realizada em nosso continente hipotético, essa classificação em biomaspermite compreender os mecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicos que interagem na formaçãodos grandes conjuntos vivos, e serve como guia para interpretar o mapadas formações vegetais. Veja, na figura a seguir, como os princípios geraisenunciados pela classificação das paisagens em biomas ajuda a entendera distribuição real da vegetação na superfície da Terra.

FLORESTA EQUATORIAL E TROPICAL

FLORESTA SUBTROPICAL E TEMPERADA

FLORESTA BOREAL

SAVANAS

ESTEPES E PRADARIAS

VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA

VEGETAÇÃO DE ALTITUDE

TUNDRA

DESERTO

LEGENDA

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16A U L AOs biomas são grandes conjuntos de classificação da paisagem, que procu-

ram sintetizar os mecanismos fundamentais de sua formação. Enquantoclassificação, eles são produtos do conhecimento e, portanto, constituem umaabstração dos geógrafo e biólogos para compreender os mecanismos básicosdos sistemas de vida existentes no planeta.

Hoje, no entanto, com as propostas de desenvolvimento sustentável,os órgãos internacionais estão adotando os biomas como unidades de gesunidades de gesunidades de gesunidades de gesunidades de ges-tãotãotãotãotão ambientalambientalambientalambientalambiental, isto é, destinadas à avaliação e ao planejamento dos recursosecológicos em escala planetária.

Nesta aula, você aprendeu que:

· um conjunto espacialconjunto espacialconjunto espacialconjunto espacialconjunto espacial é uma maneira de reunir, pelo conhecimento, fatosgeográficos que possuem características próprias, as quais estamos interes-sados em conhecer;

· os biomasbiomasbiomasbiomasbiomas formam grandes conjuntos que procuram classificar e ordenaros sistemas de vidasistemas de vidasistemas de vidasistemas de vidasistemas de vida existentes na biosfera;

· a classificação em biomas permite interpretar e compreender, de maneiraordenada, os mecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicosmecanismos básicos que interagem na formação dos grandesconjuntos vivos, a exemplo das formações vegetaisformações vegetaisformações vegetaisformações vegetaisformações vegetais;

· as propostas de desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável têm levado os órgãosinternacionais a adotar os biomas como unidades de gestãounidades de gestãounidades de gestãounidades de gestãounidades de gestão ambientalambientalambientalambientalambiental,em escala planetária.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Defina o que é um bioma.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Leia o trecho a seguir.

“O clima rude - com verão extremadamente curto de apenas um a trêsmeses, durante o qual deve se desenvolver todo ciclo biológico -é responsável pela seleção de espécies resistentes a essas condições;assim, predominan poucas árvores, geralmente aciculiformes, formandoflorestas homogêneas.”

O bioma a que se refere esse texto é constituído de:a)a)a)a)a) ( ) estepes;b)b)b)b)b) ( ) pradarias;c)c)c)c)c) ( ) savanas;d)d)d)d)d) ( ) tundras;e)e)e)e)e) ( ) taigas.

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16A U L A Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3

Mencione o bioma das áreas assinaladas no mapa, e explique o fatorque determina sua ocorrência.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Qual é a característica climática associada ao desenvolvimento dos solosda savana.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Assinale a resposta correta.O bioma subtropical no Brasil apresenta as seguintes características:a)a)a)a)a) ( ) os rios são perenes e as chuvas, bem distribuídas durante o ano;b)b)b)b)b) ( ) possui, ao mesmo tempo, solos ácidos e pobres em minerais,

e manchas de terra-roxa, bastante exploradas pela agricultura;c)c)c)c)c) ( ) a floresta característica desse bioma foi profundamente alterada pela

ocupação humana;d)d)d)d)d) ( ) o tipo climático correspondente apresenta temperaturas amenas

e uma estação seca marcada.

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17A U L A

Nesta aula, vamos aprender como osgeógrafos procuram decifrar as ligaçõesligaçõesligaçõesligaçõesligações entre os diversos elementoselementoselementoselementoselementos quecompõem a paisagem. Vamos verificar que as relações complexasrelações complexasrelações complexasrelações complexasrelações complexas entreprocessos físicos, biológicos e humanos podem ser analisadas comparando-asa sistemassistemassistemassistemassistemas, nos quais suas ligações internas e os fluxos de energia são avaliadosconjuntamente, como, por exemplo, nos ecossistemasecossistemasecossistemasecossistemasecossistemas e nos geossistemasgeossistemasgeossistemasgeossistemasgeossistemas.

Vamos verificar como os geógrafos se valeram dos conhecimentosda EcologiaEcologiaEcologiaEcologiaEcologia para compreender as intricadas ligações que existem entreentreentreentreentreas diferentes paisagens e no interiorno interiorno interiorno interiorno interior delas.

O que significa um ecossistema ou um geossistema? Quais as vantagensde tratar a interação dos processos naturais e sociais como sistemas integrados?

Na busca de explicações para as complexas ligações existentes entre oselementos naturais e sociais que formam e modificam as paisagens, os geógrafose os ecológos procuram compará-las a sistemas, que são conjuntos estruturados,nos quais se podem definir relações entre suas partes constituintes. A aná-lise com base nos sistemas auxilia a prever o comportamento dinâmicodas paisagens.

Podemos definir um sistemasistemasistemasistemasistema como um conjunto de elementos - materiaisou de seres vivos - entre os quais se possa encontrar ou classificar algumarelação. A biosfera, que cobre toda a superfície terrestre, pode ser vista como umgrande sistema, isto é, um conjunto em que todos os elementos são solidários.

Mas, nesse vasto conjunto, as diversas interações que existem entresuas diferentes partes constituintes provocam a existência de subconjuntos queestão em contato entre si e que têm uma dinâmica própria e característicasparticulares.

A EcologiaEcologiaEcologiaEcologiaEcologia - ciência dos seres vivos e das trocas entre os organismos -estuda essencialmente o equilíbrio energético em relação à produção de matériaviva por meio do mecanismo da fotossíntese, do metabolismo e da cadeiaalimentar.

Para os ecólogos, é necessário distinguir subconjuntos que estejamem contato entre si, mas que tenham características particulares. Essessubconjuntos da biosfera são os sistemas ecológicossistemas ecológicossistemas ecológicossistemas ecológicossistemas ecológicos ou ecossistemasecossistemasecossistemasecossistemasecossistemas, isto é,

Descobrir as ligações

17A U L A

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17A U L A unidades de análises em si mesmas, cujos limites são definidos pelo pesquisa-

dor, quer a unidade seja apenas uma árvore, um bosque ou uma floresta tropical.

Para a Ecologia, o lugar só representa um suporte para os fenômenosbiológicos: o biótopobiótopobiótopobiótopobiótopo (do latim bios = vida, e do grego topós = lugar), mesmoquando ele é considerado parte do ecossistema.

A Geografia, ao contrário, tende a privilegiar os componentes do biótopoe, em primeiro lugar, o relevo. Daí o grande desenvolvimento da Geomorfologiaem detrimento de outro ramos da Geografia físico-natural. A partir de 1970,os geógrafos vem fazendo vigorosos esforços para atualizar seus estudosda natureza e incorporar os ecossistemas em suas análises.

Numa perspectiva geográfica, um meio natural não se reduz apenas a seuscomponentes ecológicos. O meio se define por suas dimensõesdimensõesdimensõesdimensõesdimensões: um grandedeserto e um pequeno deserto são, nessa perspectiva geográfica, dois meiosdiferentes, assim como uma grande ilha e outra, pequena. A configuraçãoconfiguraçãoconfiguraçãoconfiguraçãoconfiguraçãodas paisagens, isto é, suas formas, é igualmente essencial, pois permite avaliarsua simetria, regularidade, espessura e orientação.

Finalmente, a localizaçãolocalizaçãolocalizaçãolocalizaçãolocalização relativa de um meio constitui um terceiro fatorde identificação. Um meio natural será diferente, de acordo com sua locali-zação na esfera terrestre, ou geosferageosferageosferageosferageosfera, e será definida por suas relaçõescom os meios vizinhos.

Esquema de ciclo = água + nutrientes + energia.

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17A U L AO geógrafo concebe a análise dos meios como se eles fossem um imenso

mosaico, no qual cada ecossistema - cada pedaço - só tem sentido se relacio-nado com os outros. Uma floresta equatorial não consitui um mesmo tipo demeio se ela estiver em uma ilha, numa faixa costeira, em volta de umamontanha ou distribuída sobre vasta área no interior dos continentes.A fisionomia de uma paisagem é o que a torna característica, diferente dafisionomia de outras paisagens.

Para definir as ligações entre as paisagens e comprender seu funcionamen-to, o geógrafo define seus próprios subconjuntos: os geossistemasgeossistemasgeossistemasgeossistemasgeossistemas, que sãounidades de análise geográfica em que se estabelecem as relações entre osdistintos componentes naturais e sociais da paisagem. A tecnologia e a ciênciade que dispomos nos permitem, ao menos potencialmente, examinar maisa fundo e compreender melhor os diversos geossistemas.

A diversidadediversidadediversidadediversidadediversidade de processos e fatores que atuam na biosfera fazem comque existam geossistemas muito diferentes. A natureza das interações variasegundo a dimensão da análise, isto é, com determinado nível de percepçãoespacial, em suas diferentes escalas.

Por exemplo: ao considerarmos a totalidade da superfície terrestre, pode-mos distinguir alguns geossistemas muito grandes, tais como a grande florestaquente e úmida das regiões equatoriais ou os espaços marinhos de águas frias.

Mas, se consideramos uma extensão mais reduzida, poderemos distinguiroutros geossistemas menores. Nesse caso, levamos em consideração espaços dedimensões diferentes, como os geótoposgeótoposgeótoposgeótoposgeótopos (do grego, geo = terra, e topós = lugar),que pode ser um bosque, um campo plantado ou uma pequena cidade.O importante é que a alteração, a destruição ou a transformação de qualquercomponente dessas unidades menores vai provocar alterações e mudanças emtodo o sistema maior, afetando a estabilidade da paisagem globalpaisagem globalpaisagem globalpaisagem globalpaisagem global.

Nos geossistemas existe uma relação entre o potencial ecológicopotencial ecológicopotencial ecológicopotencial ecológicopotencial ecológico- a capacidade de recursos do meio natural, definida em termos de suageomorfologia, clima e hidrologia - e a exploração biológica exploração biológica exploração biológica exploração biológica exploração biológica - a utilizaçãodesses mesmos recursos pelos seres vivos, a exemplo da vegetação, do soloe da fauna, e, também, pelos seres humanos

Esquema de geomorfologia e vegetação.

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17A U L A Nos geossistemas, a ação humana ação humana ação humana ação humana ação humana ou antrópica antrópica antrópica antrópica antrópica é fundamental, pois

estabelece um ligação sistêmica entre o potencial ecológico e a exploraçãobiológica. Em termos de abordagem, a proposição geossistêmica utilizaa análise integradaanálise integradaanálise integradaanálise integradaanálise integrada do complexo físico-geográfico, ou seja, a conexãoda natureza com a sociedade humana. Os geossistemas são fenômenos natu-rais, mas seu estudo engloba os fatores econômicos e sociaisfatores econômicos e sociaisfatores econômicos e sociaisfatores econômicos e sociaisfatores econômicos e sociais, isto é,as paisagens modificadas pelo homem.

O estudos dos ecossistemas e dos geossistemas são complementarese integram um novo ramo de conhecimento que vem se desenvolvendo bas-tante nos últimos anos: a Ecologia das paisagens Ecologia das paisagens Ecologia das paisagens Ecologia das paisagens Ecologia das paisagens ou Geoecologia Geoecologia Geoecologia Geoecologia Geoecologia.

Para essa maneira integradora de decifrar as ligações complexas e dinâmicasexistentes no interior no interior no interior no interior no interior e entre entre entre entre entre as paisagens, a atividade humana é um elementofundamental em sua formação, e não uma simples interferência perniciosa nosseus ritmos naturais.

Assim, apesar de ser um meio considerado problemático e violento,as grandes cidades mundiais são um exemplo vivo da ação humana sobrea natureza. Enquanto sistema complexo e diferenciado, as metrópoles sãocentros de inovaçãocentros de inovaçãocentros de inovaçãocentros de inovaçãocentros de inovação, isto é, locais em que se criam situações novas.

Do ponto de vista da Ecologia das idéias e da culturaEcologia das idéias e da culturaEcologia das idéias e da culturaEcologia das idéias e da culturaEcologia das idéias e da cultura, que também deveser considerada quando pensamos o mundo atual, observamos que a metrópoleé a essência do meio técnico-inovadormeio técnico-inovadormeio técnico-inovadormeio técnico-inovadormeio técnico-inovador no mundo atual.

Nesta aula, você aprendeu que:

· um sistemasistemasistemasistemasistema é um conjunto de elementos, materiais ou de seres vivos, entreos quais se possa encontrar ou definir alguma relação;

· os sistemas ecológicos sistemas ecológicos sistemas ecológicos sistemas ecológicos sistemas ecológicos ou ecossistemas ecossistemas ecossistemas ecossistemas ecossistemas são subconjuntos em contato entresi, definidos essencialmente a partir das relações entre os seres vivos,independentemente de suas dimensões ou de sua localização;

· os geossistemas geossistemas geossistemas geossistemas geossistemas são unidades de análise geográfica em que estão estabele-cidas relações entre os distintos componentes naturais e sociais da paisa-gem, possuindo uma nítida dimensão espacial;

· nos geossistemas, a presença humana ou antrópica é fundamental.Em termos de abordagem, a proposta geossistêmica utiliza a análiseanáliseanáliseanáliseanáliseintegradaintegradaintegradaintegradaintegrada do complexo físico-geográfico, ou seja, a conexão da naturezacom a sociedade humana.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1O que significa um ecossistema? Qual a sua diferença em relaçãoao geossistema?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Explique por que a ação do homem é fundamental para a definiçãodos geossistemas.

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17A U L AExercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3

Leia este texto e responda às perguntas abaixo.

“A problemática ambiental nas metrópoles, com um ecossistema diversa-mente estruturado, com inter-relações complexas de seus elementos(o homem, a técnica, as construções, o solo, a água, o ar, a flora e a fauna),exige o conhecimento dos especialistas. É necessário um estudointerdisciplinar envolvendo urbanistas, engenheiros, geógrafos, biólogos,ecólogos, meteorologistas, médicos, antropólogos etc.”Lombardo, Magda ALombardo, Magda ALombardo, Magda ALombardo, Magda ALombardo, Magda A., “O processo de urbanização e a qualidade ambiental - efeitosadversos no clima”, in Revista Brasileira de GeografiaRevista Brasileira de GeografiaRevista Brasileira de GeografiaRevista Brasileira de GeografiaRevista Brasileira de Geografia, nº 52, out.-dez.1990, p. 162.

a)a)a)a)a) Cite dois tipos de poluição típicos das grandes metrópoles, explicandosua origem.

b)b)b)b)b) Explique por que o escoamento pluvial pode gerar sérios problemasao ambiente urbano.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Leia este texto e responda à pergunta abaixo.

“A cidade reúne um considerável número das chamadas profissões cultas,possibilitando o intercâmbio entre elas, sendo que a criação e a transmissãodo conhecimento tem nela lugar privilegiado.”Santos, MiltonSantos, MiltonSantos, MiltonSantos, MiltonSantos, Milton, Metamorfoses do Espaço HabitadoMetamorfoses do Espaço HabitadoMetamorfoses do Espaço HabitadoMetamorfoses do Espaço HabitadoMetamorfoses do Espaço Habitado. Hucitec, 1988, p.53.

Por que a cidade é, do ponto de vista da Ecologia cultural, um lugarprivilegiado?

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18A U L A

Nesta aula, vamos aprender que as mudan-ças na paisagem constituem um tema importante de pesquisa para o geógrafo.Vamos verificar que o principal motor de transformaçãomotor de transformaçãomotor de transformaçãomotor de transformaçãomotor de transformação do espaço geográficona atualidade é sua estrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômica, já que o processo de desenvol-desenvol-desenvol-desenvol-desenvol-vimento das forças produtivas vimento das forças produtivas vimento das forças produtivas vimento das forças produtivas vimento das forças produtivas implica alterações nas relações de produçãorelações de produçãorelações de produçãorelações de produçãorelações de produçãoentre os homens e também entre sociedade e natureza.

Para acompanhar essas transformações, o geógrafo trabalha em conjuntocom as demais Ciências SociaisCiências SociaisCiências SociaisCiências SociaisCiências Sociais e procura compreender como interagema ecologia, a economia e a sociedade nas formações territoriaisformações territoriaisformações territoriaisformações territoriaisformações territoriais do mundocontemporâneo.

Qual o significado de desenvolvimento da ciência e da tecnologia sobreas relações sociais entre os homens? Quais as implicações dessas mudançassobre as condições do meio natural e sobre a organização do espaço geográfico,no mundo contemporâneo?

Como vimos em aulas anteriores, o período histórico atual é marcado porprofundas transformações científicas e tecnológicas que, para alguns, significauma verdadeira Terceira Revolução Industrial. A velocidade das mudanças,que comprime tempo e espaço, está alterando profundamente as relações entreos homens e entre a sociedade e a natureza, implicando a busca de novoscaminhos para garantir os objetivos maiores de igualdade social e sustentabilidadeambiental. A Geografia também está presente nessa busca de alternativas,e sua contribuição é muito importante para decifrar como o desenvolvi-mento tecnológico altera radicalmente as condições do meio natural.

Pensar o desenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômico significa compreendercomo as sociedades humanassociedades humanassociedades humanassociedades humanassociedades humanas transformam a si próprias ao modificaremsuas relações com a naturezanaturezanaturezanaturezanatureza.

Como vimos em aulas anteriores, o homem é essencialmente um animalsocial, isto é, não atua como um indívíduo isolado na produção dos bens mate-riais necessários a sua subsistência. Para essa sobrevivência, teve de estabelecer,primeiro, regras e normas entre os próprios seres humanos, de modo quepudesse trabalhar a natureza em seu proveito. A família, o clã, a tribo ou umacomunidade nacional são expressões de grupos sociais que se organizam paraproduzir bens e garantir sua reprodução enquanto sociedade organizada.

Acompanharas mudanças

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18A U L APara conseguir abrigo e sustento, o grupo social estabelece relações derelações derelações derelações derelações de

produçãoproduçãoproduçãoproduçãoprodução entre seus membros, o que pressupõe certa divisão social do tra-divisão social do tra-divisão social do tra-divisão social do tra-divisão social do tra-balhobalhobalhobalhobalho. Na maioria das comunidades, por mais “primitivas” que sejam, existemtrabalhos que são atribuições masculinas, enquanto outros são de responsabili-dade feminina. Há atividades desempenhadas por jovens; outras, por adultos;e algumas, por idosos. Isso significa que as primeiras formas de divisão socialdo trabalho acompanharam a estrutura de sexo e de idade da comunidade.

Hoje, a divisão social do trabalho é muito mais complexa, com centenas deprofissões diferentes e mais oportunidades de trabalho para seus membros,embora ainda existam sociedades que obrigam seus membros, seja por sexo, sejapor idade, seja por etnia ou por casta, a desempenhar trabalhos subalternose com remunerações inferiores.

Para retirar seu sustento e construir seu abrigo, os grupos sociais atuamsobre a natureza, utilizando instrumentos e processos de trabalho que formamum conjunto a que chamamos de meios de produçãomeios de produçãomeios de produçãomeios de produçãomeios de produção. O conjunto dos meiosde produção à disposição de determinade sociedade corresponde a seu nível deevolução no conhecimento científico e tecnológico, mais atrasado ou mais avan-çado, a que podemos denominar de forças produtivasforças produtivasforças produtivasforças produtivasforças produtivas para o trabalho social.O conjunto dinâmico formado pelas forças produtivas e pelas relações sociaisde produção define o que conhecemos como estrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômicaestrutura sócio-econômica.

O grau de desenvolvimento das forças produtivas sociais é fundamentalpara o relacionamento entre sociedade e natureza. Tomemos um exemplo muitosimples: uma árvore. Para uma sociedade extrativista, que vive de caça, pesca ecoleta, uma árvore pode ser fonte de sombra, frutos, seiva e lenha. Para umacomunidade agrícola, que conhece o processo de carbonização da lenha e deconstrução com madeira, um árvore pode ser, além do já citado, uma fonte decarvão vegetal e matéria-prima para a construção do abrigo com seu mobiliário.

Seguindo o exemplo, em uma economia industrial, nossa árvore é tudo issoe mais matéria-prima para a produção de álcool combustível e de papele celulose, sem os quais a indústria gráfica teria tido muita dificuldade paradesenvolver-se, e nosso livro talvez nem estivesse impresso. Hoje, com osavanços da biotecnologia - setor industrial que combina os conhecimentosda engenharia genética com a tecnologia industrial -, uma árvore é uma fontede conhecimento sobre a estrutura genética, sobre novas substâncias e,em alguns casos, uma verdadeira fábrica capaz de sintetizar novos produtos.

Dessa maneira, vimos como o meio natural tem sua utilidade determinadapelo grau de desenvolvimento das forças produtivas sociais, que evoluem nodecorrer da história.

Entretanto, o ritmo desse desenvolvimento não é determinado apenas peloavanço da ciência e da tecnologia, mas também pelas relações socias de produ-ção. Basta tomar um exemplo atual quanto à televisão digital de alta defi-nição e o disco digital de vídeo (DDV). Do ponto de vista tecnológico, já existemsoluções para a construção de verdadeiros cinemas domésticos, com altaqualidade de som e imagem. O problema está na concorrência entre as grandesempresas produtoras de equipamento eletrônico, de produção e de distribuiçãode cinema e fitas de vídeo e, mesmo, na grande rede de pontos-de-vendae aluguel de material de entretenimento.

Outro exemplo pode ser encontrado nas formas de produção e distribuiçãode energia. Sabe-se que o petróleo e seus derivados constituem matéria-primapara uma infinidade de produtos; que as reservas mundiais de petróleo sãofinitas; que a combustão incompleta dos combustíveis derivados do petróleoé a grande responsável pela poluição nas grandes cidades e pelo aquecimento

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18A U L A global. No entanto, o poder das grandes empresas mundiais de exploração,

refino e distribuição de petróleo, bem como todos os demais setores ligadosao sistema produtivo que se origina dele, ainda pesa muito e dificulta a adoçãode novas fontes de energia limpa e da generalização dos transportes de massa,como trens elétricos e metrôs.

Na realidade, a matriz energéticamatriz energéticamatriz energéticamatriz energéticamatriz energética, isto é, como são combinados os diversosrecursos energéticos na produção e consumo social, ainda está centrada no pe-tróleo e na energia elétrica de origem térmica. Essas foram as tecnologias desen-volvidas no final do século XIX e início do século XX, graças à Segunda RevoluçãoSegunda RevoluçãoSegunda RevoluçãoSegunda RevoluçãoSegunda RevoluçãoIndustrialIndustrialIndustrialIndustrialIndustrial, que, por sua vez, havia alterado a matriz energética baseada no carvãomineral, típica da Primeira Revolução IndustrialPrimeira Revolução IndustrialPrimeira Revolução IndustrialPrimeira Revolução IndustrialPrimeira Revolução Industrial. Dada a grande impor-tância que o petróleo ainda tem no mundo atual, muitos analistas duvidam daexistência efetiva de uma Terceira Revolução IndustrialTerceira Revolução IndustrialTerceira Revolução IndustrialTerceira Revolução IndustrialTerceira Revolução Industrial, já que pouco mudouna matriz energética, exceto a fissão nuclear, que apresenta mais problemasa serem resolvidos do que soluções reais para o abastecimento de energia.

A idéia de Revoluções Industriais aju-da a compreender o processo de introdu-ção de inovaçõesinovaçõesinovaçõesinovaçõesinovações na produção de bensmateriais. É importante separar uma ino-ino-ino-ino-ino-vaçãovaçãovaçãovaçãovação das mudanças contínuas no proces-so produtivo. Uma inovação significa rup-tura radical com o padrão técnico anterior,e é a cabeça-de-ponte para uma série demudanças que afetam vários segmentosda estrutura sócio-econômica. Um exem-plo atual da introdução de uma inovaçãoé o semicondutor de larga integração, ocircuito integrado, que permitiu com quea microeletrônica penetrasse em fábricase casas de todo o mundo.

As inovações não surgem em umasucessão linear no tempo. Elas ocorremem feixes, ou seja, em conjuntos formadospor várias delas combinadas com outras.A entrada dos feixes de inovação na estru-tura socio-econômica acontece, geralmen-

te, em ciclos ciclos ciclos ciclos ciclos ou ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações, que modificam profundamente o proces-so produtivo. As Revoluções Industriais são exemplos dessas ondas de inova-ções que marcaram os finais dos séculos XVIII e XIX.

Para a Geografia, é importante observar como essas Revoluções Industriaisafetaram as relações entre a estrutura sócio-econômica e seu meio geográfico,isto é, sua formação territorialformação territorialformação territorialformação territorialformação territorial.

Assim, durante a Primeira Revolução Industrial, alterou-se radicalmentea distribuição territorial do trabalho (como vimos na Aula 7), com uma mudançaradical do eixo econômico do campo para a cidade. Isso alterou também o eixosocial, que passou a se orientar no sentido da urbanização acelerada, concen-trando-se em grandes cidades industriais, como Londres, Manchester e Liverpool(na Grã-Bretanha). Esse movimento combinado mostra a essência da formaçãoterritorial do capitalismo industrial capitalismo industrial capitalismo industrial capitalismo industrial capitalismo industrial, que é a forma social de apropriação doespaço geográfico posterior à Primeira Revolução Industrial.

A Segunda Revolução Industrial intensificou os processos já manifestos naanterior, acentuando-se a centralização do capital financeiro e a concentração

Refinaria depetróleo.

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18A U L A

industrial em grandes plantas, e generalizando-se o processo de produçãoe consumo de massa. A conseqüência social mais importante desse processo foia concentração metropolitana, quando as grandes cidades e conjuntosconjuntosconjuntosconjuntosconjuntosconurbados de cidadesconurbados de cidadesconurbados de cidadesconurbados de cidadesconurbados de cidades, isto é, cidades sem limites entre elas, formaramgrandes aglomerados urbanos, verdadeiras megalópolismegalópolismegalópolismegalópolismegalópolis mundiais. Nelas,estão os centros de produção e de gestão financeira, como os que existemno leste dos Estados Unidos, entre as cidades de Boston e Washington. Essaé a essência da formação territorial do capitalismo financeirocapitalismo financeirocapitalismo financeirocapitalismo financeirocapitalismo financeiro.

Hoje, do ponto de vista espacial, a formação territorial do capitalismofinanceiro expandiu-se por todo o planeta, processo que se completou quaseintegralmente com o fim da Guerra Fria e a desestruturação das economiascentralmente planificadas do Leste Europeu. Tal expansão ampliou os limites domercado mundialmercado mundialmercado mundialmercado mundialmercado mundial para dimensões jamais vistas, o que fez com que algunspassassem a acreditar que a única lógica dominante é a do mercado. No entanto,basta observar o mapa a seguir para verificar que os mecanismos do mercado nãoserão capazes de enfrentar as dimensões dos problemas ambientaisproblemas ambientaisproblemas ambientaisproblemas ambientaisproblemas ambientais globaisglobaisglobaisglobaisglobais.

Mapa de megalópoles de Boston aNorfolk - nordeste dos Estados Unidos.

Mapa dos problemas ambientais.

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18A U L A A Geografia e o trabalho dos geógrafos contribuiram para trazer à tona

as reais dimensões do risco que a humanidade corre neste final do século,principalmente no que diz respeito à capacidade que a biosfera teria de garantirsuporte para manter o ritmo atual de exploração dos recursos naturais e mantera depuração de toda a sorte de rejeitos lançados no meio natural. As novasrelações entre economia e ecologia - mais do que nunca - têm de levar em contaa antiga noção geográfica de que a Terra é a morada dos homens.

Nesta aula, você aprendeu que:· o desenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômicodesenvolvimento sócio-econômico mostra como as sociedades huma-sociedades huma-sociedades huma-sociedades huma-sociedades huma-

nasnasnasnasnas transformam a si próprias ao modificarem suas relações com a naturezanaturezanaturezanaturezanatureza;· os grupos sociais estabelecem relações de produçãorelações de produçãorelações de produçãorelações de produçãorelações de produção entre seus membros,

o que implica certa divisão social do trabalhodivisão social do trabalhodivisão social do trabalhodivisão social do trabalhodivisão social do trabalho;· os instrumentos e processos de trabalho formam um conjunto que chamamos

de meios de produçãomeios de produçãomeios de produçãomeios de produçãomeios de produção, que respondem ao seu nível de evolução no conhe-cimento científico e tecnológico, constituindo as forças produtivasforças produtivasforças produtivasforças produtivasforças produtivas sociaissociaissociaissociaissociais;

· o conjunto dinâmico formado pelas forças produtivas e pelas relaçõessociais de produção define o que podemos chamar de estrutura sócio-estrutura sócio-estrutura sócio-estrutura sócio-estrutura sócio-econômicaeconômicaeconômicaeconômicaeconômica;

· as inovaçõesinovaçõesinovaçõesinovaçõesinovações não ocorrem em uma sucessão linear no tempo, pois surgemgeralmente em ciclosciclosciclosciclosciclos ou ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações ondas de inovações que afetam as relações entre aestrutura sócio-econômica e seu meio geográfico, isto, é a formação territorialformação territorialformação territorialformação territorialformação territorial;

· hoje, os limites do mercado mundialmercado mundialmercado mundialmercado mundialmercado mundial esbarram nas dimensões dos proble-proble-proble-proble-proble-mas ambientaismas ambientaismas ambientaismas ambientaismas ambientais globaisglobaisglobaisglobaisglobais.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Considere o esquema representativo de um espaço moderno, mostradoa seguir.

Verifique as relações sugeridas. Trata-se de:a)a)a)a)a) ( ) setor de serviços moderno ou atividades terciárias dinamizadoras

do espaço urbano;b)b)b)b)b) ( ) atividades primárias da economia, nas quais se iniciam todas as

transformações de bens e as extensivas transformações espaciais;c)c)c)c)c) ( ) espaço da produção industrial que, em geral, se assenta no meio

urbano, onde melhor se desenvolve;d)d)d)d)d) ( ) atividade secundária, a mais difusa no espaço e, por isso, sem

grandes implicações para os demais setores da produção.

Relações: mercado / mudanças ambientais.

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18A U L AExercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2

Nos Estados Unidos, a concentração industrial e financeira criou centrosde produção e gestão financeira cuja conseqüência imediata foi uma concen-tração metropolitana, que se localiza:a)a)a)a)a) ( ) no nordeste, principalmente nos centros de Nova York e do vale

do rio Tennessee;b)b)b)b)b) ( ) no sudoeste, com os principais centros no Texas;c)c)c)c)c) ( ) no sul, com os principais centros na Geórgia, na Carolina

e no Alabama;d)d)d)d)d) ( ) no noroeste, com os principais centros no vale do rio Ohio.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3O gráfico abaixo mostra a evolução do consumo de energia provenientedo uso de diferentes combustíveis. Justifique a evolução da participaçãodo carvão mineral e do petróleo.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4A partir da Revolução Industrial, o processo de acumulação de capitalse internacionalizou cada vez mais. Esse processo tem se caracterizado,ao longo do século XX, por:a)a)a)a)a) ( ) alianças econômicas bem-sucedidas entre países de pequena dimen-

são territorial para se proteger do comércio com os países capitalistasdesenvolvidos;

b)b)b)b)b) ( ) aprofundamento da divisão do trabalho entre países e no interiordos próprios países dependentes, com o crescimento da industriali-zação associada ao grande endividamento externo;

c)c)c)c)c) ( ) solidariedade entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos,cabendo aos primeiros suprir os demais em matérias-primas rarase programas de educação e saúde das populações pobres.

Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5A segunda Revolução Industrial foi caracterizada:a)a)a)a)a) ( ) pela construção das primeiras estradas de ferro;b)b)b)b)b) ( ) pelos sistemas de produção e consumo;c)c)c)c)c) ( ) pelo uso da energia a vapor;d)d)d)d)d) ( ) pela substituição do aço pelo ferro.

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19A U L A

19A U L A

Nesta aula, vamos acompanhar comoos geógrafos podem utilizar o conhecimento que possuem para identificar áreasáreasáreasáreasáreasde risco ambientalde risco ambientalde risco ambientalde risco ambientalde risco ambiental, isto é, sujeitas a catástrofes naturais ou a acidentescom produtos tóxicos.

A avaliação dos riscos ambientaisavaliação dos riscos ambientaisavaliação dos riscos ambientaisavaliação dos riscos ambientaisavaliação dos riscos ambientais é uma atividade em que o geógrafoparticipa com outros profissionais, na tentativa de minorar os efeitos de eventosperigosos e propor alternativas para reduzir a probabilidadeprobabilidadeprobabilidadeprobabilidadeprobabilidade de sua ocorrênciano futuro.

O que são áreas de risco ambiental? Como a percepção do risco afetaas nossas decisões?

A noção de risco ambiental é uma maneira eficaz de mostrar à população osperigos a que está exposta por causa de catástrofes naturais e de acidentestecnológicos. As mudanças técnológicas, embora ajudem a solucionar muitosproblemas da humanidade, trazem em si novas e poderosas fontes de riscospara a vida humana. A Geografia, com a análise do espaço geográfico e a com-preensão do processo de desenvolvimento das paisagens, pode contribuir paraaumentar a consciência sobre o potencial de risco ambiental existente nos diasatuais, bem como sobre o potencial de seu comportamento futuro.

A noção de risco risco risco risco risco pressupõe situações de perigo real perigo real perigo real perigo real perigo real ou potencial potencial potencial potencial potencial, tantopara o indivíduo como para a coletividade. Qualquer atividade humana envolvecerta dose de risco, que pode resultar em doença e/ou morte. Apesar de todoo desenvolvimento tecnológico, e muitas vezes por causa dele, os perigosrepresentam um elemento constante da vida cotidiana. O grande progresso estájustamente na capacidade que a ciência e a tecnologia têm de reduzir os grausde incerteza acerca dos riscos futuros, e na possibilidade, ao menos formal,de informar às coletividades envolvidas sobre as dimensões do perigo, realou potencial, a que estão sujeitas.

É importante ter em mente que as diferentes paisagens estão sujeitas adistintas intensidades de riscointensidades de riscointensidades de riscointensidades de riscointensidades de risco, que variam desde o curto até o longo prazo.Existem acidentes que provocam perdas humanas em um curto espaço detempo, como foi o caso de Bophal, na Índia (intoxicação por gases tóxicosque vazaram de uma indústria química), ou da Vila Socó (grande incêndio

Perceber os riscos

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19A U L Aprovocado por vazamento de gases de petróleo em oleoduto), em Cubatão, em

São Paulo. No entanto, também existem riscos advindos de exposição prolonga-da a produtos radioativos ou tóxicos, como ocorre quando se mora nas proximi-dades de depósitos de lixo atômico ou de resíduos tóxicos.

A análise de riscoanálise de riscoanálise de riscoanálise de riscoanálise de risco desenvolveu-se justamente no setor em que o perigoé potencialmente muito grande - o setor nuclear. Os modelos analíticos maissofisticados sobre a periculosidade de uma atividade produtiva foram desenvol-vidos justamente no que diz respeito à probabilidadeprobabilidadeprobabilidadeprobabilidadeprobabilidade de acidentes nuclearese aos efeitos da radioatividade nos organismos vivos. O conhecimento acumu-lado nessa área difundiu-se para os demais ramos produtivos, nos quaisatividades aparentemente sem nenhuma periculosidade revelaram alto poten-cial de risco, a médio e longo prazo, como é o caso do contato direto ou indiretocom substâncias químicas que podem ser cancerígenas.

A avaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscos depende de fatores incontroláveis ou pouco conhe-cidos, e está sujeita a uma boa margem de incerteza acerca do comportamentofuturo de uma série de variáveis. Em sua formulação mais simples, o risco podeser traduzido por uma equação matemática, sendo definida como o produto daprobabilidade de ocorrer o acidente (ou o produto da freqüência da ocorrência)por suas conseqüências previstas (número de vítimas, por exemplo).

Ao lado disso, mais complexo ainda é o grau de aceitação individuale coletiva dos riscos, o que varia de acordo com as condições objetivase subjetivas, em que os benefícios provenientes da aceitação de certa dosede risco depende de fatores econômicos, sociais, culturais e, mesmo, éticos.

Assim, a análise de risco ambiental deve ser vista como um indicadordinâmico das relações entre os sistemas naturais, a estrutura produtivae as condições sociais de reprodução humana, em determinado lugar e emdeterminado momento. Isso é histórica e geograficamente determinado.Nesse sentido, é importante que se considere o conceito de risco ambientalrisco ambientalrisco ambientalrisco ambientalrisco ambientalcomo a resultante de três categorias básicas:® o risco naturalrisco naturalrisco naturalrisco naturalrisco natural, associado ao comportamento dinâmico dos sistemas natu-

rais, isto é, considerando o seu grau de estabilidade/instabilidade que seexpressa em sua vulnerabilidade a eventos críticos, de curta ou longaduração, tais como inundações, desabamentos e aceleração de processoserosivos;

® o risco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológico, definido como o potencial de ocorrência de eventosdanosos à vida, a curto, médio e longo prazo, em conseqüência das decisõesde investimento na estrutura produtiva. Envolve uma avaliação da proba-bilidade de eventos críticos de curta duração e com amplas conseqüências,a exemplo de explosões, vazamentos ou derramamentos de produtos tóxi-cos, e também uma avaliação da contaminação a longo prazo dos sistemasnaturais, por lançamento e deposição de resíduos do processo produtivo;

® o risco socialrisco socialrisco socialrisco socialrisco social, visto como resultante das carências sociais ao pleno desen-volvimento humano, que contribuem para a degradação das condiçõesde vida. Sua manifestação mais aparente está nas condições dehabitabilidade, expressa ou não no acesso aos serviços básicos, tais comoágua tratada, esgoto e coleta de lixo. No entanto, em uma visão a longoprazo, pode atingir as condições de emprego, renda e capacitação técnicada população local, como elementos fundamentais ao pleno desenvol-vimento humano sustentável.A avaliação de riscos pressupõe o conhecimento, por parte das pessoas

envolvidas, das dimensões do perigo a que estão sujeitas. Um acidente em umausina nuclear pode afetar milhares de pessoas que moram e trabalham a

Page 103: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

19A U L A centenas de quilômetros da ocorrência do evento crítico, e todas as pessoas de-

vem estar informadas sobre isso, no momento em que se decide instalar a usina.Do ponto de vista natural, os riscos ambientais criam limitações do ambiente

quanto à sua reação a uma ação que altere uma dada situação, seja umaintervenção humana, seja uma catástrofe natural, um acidente químicoou mesmo a alteração lenta das condições do meio ambiente. As enchentes ouos desmoronamentos constituem exemplos desse tipo de risco. Tais condiçõeslimitam, por exemplo, a expansão de moradias em áreas críticas, isto é, ondeexista maior probabilidade de ocorrência de eventos catástróficos.

Um exemplo de estimativa de risco quemerece algum comentário é a de risco deerosão de solos. Trata-se de uma alteraçãorelativamente sutil, em geral associada aouso inadequado e contínuo da terra. Repre-senta a estimativa de um processo lento dealteração ambiental que, no entanto, é extre-mamente valioso para a tomada de decisõesquanto aos empreendimentos agropecuários.A definição deriscos ambientaistambém serve pa-ra orientar a deci-são quanto a alter-nativas de traça-dos viários. Ummesmo tipo de ris-co pode ser esti-mado para diver-sas alternativas,

contribuindo para a seleção final de algumas delas.Estimativas de riscos de diversos tipos podem ser

conjugadas (enchentes, desmoronamentos, ressacas,chuvas de granizo), gerando, assim, a definição deáreas com diferentes níveis de risco ambiental, o quecontribui para demarcar áreas adequadas, interme-diárias e também aquelas em que os riscos são muitoelevados.

A comparação entre mapas de uso e de estimativade risco ambiental permite a definição de áreas comdiferentes níveis de ocorrência simultânea de riscosocorrência simultânea de riscosocorrência simultânea de riscosocorrência simultânea de riscosocorrência simultânea de riscose de usos específicos da terra. É o caso, por exemplo,de uma área com forte potencial de urbanização eque apresente riscos de enchentes. Como esses riscosconcretizam-se episodicamente, é comum que urba-nizações (favelas) se verifiquem em locais sujeitos aenchentes esporádicas, com os efeitos catastróficosconhecidos (perdas de vidas humanas, perdas mate-riais de toda ordem e eclosão de epidemias). Outrocaso comum nas cidades brasileiras, semelhanteao da urbanização em áreas sujeitas a enchentes,é o da ocupação de encostas em áreas com riscosde desmoronamento e deslizamento.

Enchente em São Paulo.

Favela.

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19A U L AA definição de áreas críticas quanto ao potencial agrário de riscos de erosão

dos solos é um caso em que o caráter crítico do problema pode ficar mascaradopela natureza paulatina do processo de esgotamento dos solos agrícolas.Os efeitos definidos por esse confronto entre potencial agrário e riscos de erosãodos solos podem, no entanto, ser estimados com antecedência. Definidaspreviamente as áreas críticas, é possível preconizar e implementar medidasde manejo do solo agrícola.

Em uma área urbana densamente povoada os riscos não são igualmentedistribuídos entre os diversos grupos sociais que ali habitam. Em uma metró-pole, como o Rio de Janeiro, as favelas e habitações da periferia estão maissujeitas a desabamentos, inundações e epidemias do que uma residênciacomum da cidade. Isso não significa que não possam ocorrer eventos catástró-ficos em bairros de classe média e de classe alta, mas sim que a probabilidadede que tais eventos ocorram é infinitamente inferior à aquela que ocorreem uma habitação sub-normal, que é como são classificadas, pelos órgãosoficiais de levantamento de estatísticas, as construções nas favelas.

Nesta aula, você aprendeu que:

· a noção de risco risco risco risco risco pressupõe situações de perigo real perigo real perigo real perigo real perigo real ou potencial potencial potencial potencial potencial;· a análise de risco análise de risco análise de risco análise de risco análise de risco desenvolveu-se justamente no setor em que o peri-

go potencial é muito grande - o setor nuclear -, no qual a menor proba-proba-proba-proba-proba-bilidadebilidadebilidadebilidadebilidade de ocorrer uma catástrofe significa uma grande ameaçaà vida;

· a avaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscosavaliação de riscos depende de fatores incontroláveis ou pouco conheci-dos, e está sujeita a uma boa margem de incerteza acerca do comportamentofuturo de uma série de variáveis;

· o conceito de risco ambiental pode ser visto como a resultante de trêscategorias básicas: o risco naturalrisco naturalrisco naturalrisco naturalrisco natural, o risco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológicorisco tecnológico e o risco socialrisco socialrisco socialrisco socialrisco social;

· os mapas de risco ambiental mapas de risco ambiental mapas de risco ambiental mapas de risco ambiental mapas de risco ambiental são um instrumento que pode subsidiara tomada de decisão e aumentar a consciência sobre os perigos que ameaçama sociedade.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1O mapa a seguir localiza as áreas da Grande Rio de Janeiro que apresentammaior risco de inundações.

a)a)a)a)a) Com base nesse mapa, dêuma justificativa para o fatode o recôncavo da baía deGuanabara ser, por suas pró-prias condições naturais, umaárea sujeita à ocorrência deinundações.

b)b)b)b)b) Indique dois fatores que ex-pliquem por que o perigo dasinundações tem se agravadonas últimas décadas.

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19A U L A Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2

“As enchentes, fenômeno freqüente na área da Grande São Paulo, acentu-aram-se à medida que a cidade se expandiu; as edificações passarama ser aceleradas; e as vias públicas, pavimentadas, para facilitar a circulaçãode pessoas e veículos. Os gastos públicos para evitar as enchentesnas grandes cidades são necessários e vultosos.”De acordo com esse texto, pode-se afirmar que :a)a)a)a)a) ( ) o microclima urbano alterou-se, havendo hoje maiores índices

de chuva do que há 100 anos;b)b)b)b)b) ( ) os poderes públicos não investiram em infra-estrutura urbana,

e os planejamentos não consideraram o aumento dos índices plu-viométricos que ocorreu com a expansão da cidade;

c)c)c)c)c) ( ) o solo urbano está impermeabilizado e as águas, que antes seinfiltravam, hoje escoam superficialmente, provocando enchentesnas partes mais baixas da cidade.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Todas as alternativas contêm medidas corretas para se evitar a intensificaçãodo efeito estufa, exceto:a)a)a)a)a) ( ) aumento do uso de combustíveis de origem vegetal;b)b)b)b)b) ( ) aumento na eficiência da geração de energia elétrica;c)c)c)c)c) ( ) difusão do uso de energia solar e eólica;d)d)d)d)d) ( ) redução da prática de queimadas e incentivo ao reflorestamento;e)e)e)e)e) ( ) redução do consumo de carvão e petróleo.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Explique como se atinge uma situação crítica de risco ambiental.Qual é a contribuição da Geografia para a análise dessas situações?

Page 106: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

20A U L A

Nesta aula, vamos verificar que o saberda Geografia e a prática de trabalho do geógrafo podem fornecer subsídios paraa tomada de decisões na busca do desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável.

Vamos compreender que, a longa tradição de ensino e pesquisa sobreas relações entre socie-dade e natureza confere ao conhecimento geográficoum papel importante no planejamento do futuro, por intermédio da gestãogestãogestãogestãogestãodemocrática do territóriodemocrática do territóriodemocrática do territóriodemocrática do territóriodemocrática do território.

O que é o desenvolvimento sustentável? Como podemos contribuir para quea sustentabilidade seja um critério básico para a tomada de decisão quanto a umfuturo em que seremos capazes de legar um ambiente sadio aos nossos filhos; emque nossos descendentes tenham a garantia de sustento e abrigo para suasfamílias e a possibilidade de escolher livremente os caminhos a serem trilhados?

O saber da Geografia e a prática dos geógrafos no constante decifrar doespaço geográfico nos mostrou que existe conhecimento disponível para inter-rompermos a trajetória que leva ao esgotamento dos recursos ecológicose à contaminação do ambiente em que vivemos.

A Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, realizadano Rio de Janeiro em 1992 - a chamada Rio-92 - tornou-se um marco importantena tomada de consciência de que ainda somos capazer de decidir o quequeremos no futuro.

O desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável está vinculado, em sua forma e conteúdo,a uma base ambiental e ao processo eficiente de aproveitamento dos recursosecológicos. Ambiente e economia podem, e devem, ser mutuamente reforçadospara o verdadeiro desenvolvimento social.

Um ponto de partida para a discussão sobre o planejamento integrado entreambiente e economia está na consideração de que o desenvolvimento possuiquatro dimensões fundamentais, a saber:

® a dimensão ambiental ou ecológicadimensão ambiental ou ecológicadimensão ambiental ou ecológicadimensão ambiental ou ecológicadimensão ambiental ou ecológica, que inclui todos os bens naturais,inclusive aqueles considerados livres e abundantes, como o ar e a água, cujocomprometimento das reservas mundiais pela poluição industrial e urbanacomeça a atingir níveis alarmantes;

Propor alternativas

20A U L A

Page 107: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

20A U L A ® a dimensão da produção materialdimensão da produção materialdimensão da produção materialdimensão da produção materialdimensão da produção material, que inclui todos os componentes da

infra-estrutura física e os equipamentos que formam a estrutura produtiva;® a dimensão do desenvolvimento humanodimensão do desenvolvimento humanodimensão do desenvolvimento humanodimensão do desenvolvimento humanodimensão do desenvolvimento humano, composta pelas pessoas que

vivem e trabalham em uma determinada porção do espaço geográfico,também incluindo-se aqui sua capacitação e sua habilidade de utilizare adaptar tecnologias no proveito das comunidades locais;

® a dimensão institucionaldimensão institucionaldimensão institucionaldimensão institucionaldimensão institucional, que pressupõe toda a estrutura institucio-nal, legal e organizacional da sociedade, em todos os seus níveis, assim comoas possíveis combinações entre o setor público e o setor privado.

O padrão anterior de desenvolvimento havia fixado sua atenção pre-dominantemente sobre a segunda dessas quatro dimensões. A acumulaçãofísica de capital produtivo era identificada exclusivamente com os mecanismosdo crescimento. Depois disso, deu-se uma atenção cada vez maior à dimen-são do desenvolvimento humano, e as discussões correntes entre os pla-nejadores chamam cada vez mais a atenção para a necessidade de intro-duzir o conhecimento como uma variável importante do desenvolvimentoeconômico e social.

A dimensão ambiental ou ecológica está sendo vista como uma variávelcrítica para se obter o desenvolvimento sustentável ou durável, seja pela valori-zação crescente do capital naturalcapital naturalcapital naturalcapital naturalcapital natural, isto é, as condições ambientais, seja por seupapel na ampliação da capacidade produtiva, considerando o desenvolvimentode tecnologias adequadas, com um dano mínimo aos ecossistemas naturais.

Igualmente, a dimensão institucional está sendo cada vez mais reconhecidacomo uma categoria que merece ser considerada separadamente. No entanto,as relações entre as diferentes instâncias de governo são muito difíceis deconceitualizar e medir.

Por isso, os aspectos institucionais foram descuidados nas análises clássicasdo crescimento. Mas, hoje, a dimensão institucional vem sendo cada vezmais reconhecida como um fator determinante na promoção do desenvolvi-mento sustentável.

Em síntese, uma proposta que tenha a sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade como meta deveenfocar e integrar as dimensões ambiental, econômica, social e institucional noplanejamento, em todas suas etapas, desde o diagnóstico, passando pela progra-mação, até a implementação e o monitoramento, e a avaliação dos planose programas de desenvolvimento.

A lógica que orienta a articulação desses critérios está na avaliação da baseambiental, incluindo-se aqui a utilização sustentável dos recursos naturais, istoé, no uso correto dos recursos naturais como fundamento para a elevação dodesenvolvimento humano. Isso se reflete na melhoria dos níveis de qualidadequalidadequalidadequalidadequalidadede vidade vidade vidade vidade vida da população, tendo como instrumento principal o aumentoda eficiência da estrutura produtiva, com a introdução de tecnologias limpastecnologias limpastecnologias limpastecnologias limpastecnologias limpase adequadas às condições ambientais. Mas tudo isso só será obtido coma consolidação da democracia participativademocracia participativademocracia participativademocracia participativademocracia participativa, nas diversas esferas de interven-ção do Estado, por meio da efetiva participação da sociedade local na adminis-tração ou gestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do territóriogestão do território.

Os conflitos pela posse da terra no Brasil atual podem ser vistos comoum problema de gestão do território, pois o acesso à terra representa, de fato,o acesso ao abrigo e ao sustento. Assim, deve-se compreender que a questãoda reforma agrária e dos sem-terra, não é apenas um ajuste de contas em rela-ção ao passado, mas também a busca de alternativas para a construção de umfuturo melhor.

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20A U L A

O instrumental para promover o desenvolvimento sustentável não é apenastécnico-científico, pela simples razão de que o território está repleto de interessespolíticos e econômicos no que diz respeito ao seu uso e a sua apropriação.Cabe ao conhecimento geográfico mostrar como se manifestam esses interessespara que a democracia seja um componente de seu planejamento. Isso significaque, para a efetiva sustentabilidade do desenvolvimento, a ideologia de imporuma ordem superior ao território deve ser substituída por uma gestão democrá-tica e participativa.

O desenvolvimento sustentável ainda é uma proposta, embora seja algomais que uma utopia. Estão equivocados aqueles que acreditam que se trataapenas de uma postura ambientalista. A sustentabilidade pressupõe o combateà pobreza, a apropriação de novas tecnologias e o fortalecimento da democracia.

O reconhecimento das diversidades - biológicas, culturais e tecnológicas -é um bom princípio para romper com a herança homogeneizadora do autoritarismoe para estimular novas formas de gestão democrática do território, que ampliema participação e o compromisso dos brasileiros com a construção de seu futuro.

Açailândia (MA)Açailândia (MA)Açailândia (MA)Açailândia (MA)Açailândia (MA)600 famílias na fazendaCalifórnia, de 5.400 hectares

Água Preta (PE)Água Preta (PE)Água Preta (PE)Água Preta (PE)Água Preta (PE)São 26 os acampamentospernambucanos. A situação maiscomplicada é a das fazendas Souzae Catende, em Água Preta, com1.200 famílias que estariamameaçadas por pistoleiros.

PPPPPedras de Fogo (PB)edras de Fogo (PB)edras de Fogo (PB)edras de Fogo (PB)edras de Fogo (PB)Em toda a Paraíba, há menos de200 famílias em doisacampamentos. A tensão éconstante na região, comtrabalhadores ameaçados de mortepor fazendeiros de cana-de-açúcar.As ocupações datam de 1994.

Canindé (SE)Canindé (SE)Canindé (SE)Canindé (SE)Canindé (SE)2.800 sem-terra ocupamum alojamento da usinahidrelétrica de Xingó. Umlavrador foi morto.

Prado (BPrado (BPrado (BPrado (BPrado (B A)A)A)A)A)1.500 famílias vivem numacampamento na fazenda Rosado Prado, desde junho de 1995.

Buritis (MG)Buritis (MG)Buritis (MG)Buritis (MG)Buritis (MG)700 famílias, acampadas desde setembrode 1996 na fazenda Barriguda, foram aBrasília para pressionar o governo.

Rio Bonito do Iguaçu (PR)Rio Bonito do Iguaçu (PR)Rio Bonito do Iguaçu (PR)Rio Bonito do Iguaçu (PR)Rio Bonito do Iguaçu (PR)Na fazenda Giacometi, 3 mil famílias estão acampadas. Masa tensão diminuiu. Na região, há 83 mil hectares de terraspouco produtivas, espalhadas por quatro municípios.

PPPPPalmeira das Missões (RS)almeira das Missões (RS)almeira das Missões (RS)almeira das Missões (RS)almeira das Missões (RS)Os sem-terra de Palmeira uniram-

se aos da cidade de Júlio deCastilho. Hoje, são quase 3 mil

famílias na região.

TTTTTeodoreodoreodoreodoreodor o Sampaio (SP)o Sampaio (SP)o Sampaio (SP)o Sampaio (SP)o Sampaio (SP)Na fazenda Santa Rita, no

Pontal do Paranapanema, 400famílias sentem-se ameaçadas

por pistoleiros. Jagunçoscostumam aparecer e dar tiros

para o alto.

BARRIS DE PÓLVORAO Jornal do Brasil, de 19 de abril de 1996,

mostra esquema em que diz: “Segundo o

Movimento dos Sem-Terra (MTS), 37 mil sem-

terra dividem-se em 168 acampamentos em

todos os estados brasileiros. O risco de

conflitos cresce nos maiores

acampamentos.”

Page 109: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

20A U L A Nesta aula, você aprendeu que:

· o desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável está vinculado, em sua forma e conteúdo,a uma base ambiental e ao processo eficiente de aproveitamento dosrecursos ecológicos;

· um ponto de partida para a discussão sobre o planejamento integrado entreambiente e economia está em reconhecer as quatro dimensões fundamentaisdo desenvolvimnto: a ambientalambientalambientalambientalambiental, a produtivaprodutivaprodutivaprodutivaprodutiva, a humanahumanahumanahumanahumana e a institucionalinstitucionalinstitucionalinstitucionalinstitucional;

· a gestão do território gestão do território gestão do território gestão do território gestão do território contribui para promover o desenvolvimento susten-tável, já que para a efetiva sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade do desenvolvimento é neces-sária uma gestão democrática e participativa no uso e na apropriaçãodo território.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1A Declaração do Rio, resultante da Conferência das Nações Unidas sobreDesenvolvimento e Meio Ambiente - a Rio-92 -, é um conjunto de direi-tos e deveres para orientar a ação dos países, das organizações e das pessoas,no que diz respeito ao meio ambiente e ao desenvolvimento. Apesar disso,o quadro real tem-nos mostrado uma série de problemas que continuampreocupando a todos. Dentro dessa perpectiva, assinale as proposiçõescorretas, que apontam para esses problemas:a)a)a)a)a) ( ) o “buraco” na camada de ozônio;b)b)b)b)b) ( ) o desmatamento indiscriminado de florestas tropicais no Sudeste

Asiático e no Brasil;c)c)c)c)c) ( ) a extinção de espécies animais, o lixo e os acidentes nucleares;d)d)d)d)d) ( ) o crescimento acelerado da população mundial, comum apenas

em países desenvolvidos.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Os problemas ambientais que ameaçam o equilíbrio ecológico do planetaresultam, fundamentalmente, do modelo de desenvolvimento concebidoa partir da Revolução Industrial, hoje dominante em todo o mundo.Explique qual é a diferença que apresenta o desenvolvimento sustentávelem relação a esse modelo.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3O desenvolvimento possui quatro dimensões fundamentais: ambiental,produtiva, humana e institucional. Explique por que a dimensão am-biental inclui questões que, hoje, são vistas sob uma perspectiva global.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Como se podem integrar as quatro dimensões de desenvolvimentosustentável na gestão do território?

Page 110: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

Aula 1 - O espaço da Geografia1.1.1.1.1. Porque o ritmo da vida no Egito antigo estava definido pelas cheias periódi-

cas do rio Nilo, cujo nível condicionava a quantidade da produção agrícolae, em conseqüência disso, as demais atividades econômicas e sociais.

2.2.2.2.2. Por intermédio dos modos de produção, onde técnicas e conhecimentosestabelecem vínculos entre a sociedade e a natureza, organizandoo espaço geográfico.

3.3.3.3.3. As três alternativas estão corretas.4.4.4.4.4. Significa que existe uma concentração de riquezas no interior da sociedade

humana, devido à desigual apropriação da meio natural e dos frutosdo trabalho humano. Essa concentração é acentuada pelos diferentes níveisde desenvolvimento científico-tecnológico entre os grupos sociais.

5.5.5.5.5. A aceleração da velocidade das mudanças no tempo histórico está encurtan-do as distâncias e aumentando a intensidade das ligações entre os lugaresno espaço geográfico.

Aula 2 - Observar a paisagem1.1.1.1.1. É o aspecto visível, diretamente perceptível, do espaço geográfico. Sua

observação é o ponto de partida para interpretar os processos naturaise sociais responsáveis pela moldagem do espaço geográfico.

2.2.2.2.2. Porque as paisagens são as formas resultantes dos mais diversos elementosfísicos, biológicos e humanos que se combinam na superfície da Terra.

3.3.3.3.3. As alternativas a)a)a)a)a) e c)c)c)c)c) são corretas; a b)b)b)b)b) é falsa.4.4.4.4.4. Porque as cidades são objetos geográficos construídos pelo homem, onde as

condições naturais foram profundamente alteradas pelo trabalho humano.5.5.5.5.5. Porque aumentam a capacidade de observação humana sobre os processos

globais, permitindo o acompanhamento permanente das transformaçõesque ocorrem na superfície da Terra.

Aula 3 - Pensar em escalas1.1.1.1.1. Permitem a compreensão dos fenômenos geográficos em diferentes níveis de

análises, facilitando o entendimento de seus inter-relacionamentos.2.2.2.2.2. a)a)a)a)a) e c)c)c)c)c) segunda ordem de grandeza; b)b)b)b)b) sexta ordem de grandeza; d)d)d)d)d) quarta

ordem de grandeza; e)e)e)e)e) primeira ordem de grandeza.3.3.3.3.3. Porque não tinham noção de que o lugar em que nascia o rio situava-se

em uma área de clima tropical, já que sua escala de visão restringia-se aopercurso do rio pelo deserto.

Gabaritosdas aulas 1 a 20

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4.4.4.4.4. Porque existem fenômenos que só podem ser observados de muito próximo,assim como outros que se estendem além dos limites da cidade e têm relaçãocom os processos que ocorrem em seu interior.

5.5.5.5.5. Um mapa é uma representação de determinada porção do espaço geográfico,e possui uma linguagem de símbolos e convenções que permite lere compreender algumas das relações espaciais nele representadas.

Aula 4 - Modificar o meio ambiente1.1.1.1.1. A alternativa a)a)a)a)a) está correta; a b)b)b)b)b) está incorreta.2.2.2.2.2. As alternativas a)a)a)a)a) e b)b)b)b)b) estão incorretas.3.3.3.3.3. Porque orientam suas análises das diferentes formas de organização do

espaço para uma visão que relaciona as transformações do meio naturalpor diferentes grupos sociais.

4.4.4.4.4. Porque, para sobreviver, os pobres muitas vezes são obrigados a destruir seupróprio meio de subsistência, derrubando florestas, praticando o pastoreioexcessivo e contribuindo para o esgotamento do solo.

5.5.5.5.5. É necessária uma nova abordagem, pela qual todas as nações tenham comoobjetivo um tipo de desenvolvimento que integre a produção com a conser-vação e a ampliação dos recursos, sobre uma base mais eqüitativa nadistribuição desses recursos.

Aula 5 - Delimitar o território 1.1.1.1.1. Porque o território representa a forma de apropriação do espaço por um

grupo social.2.2.2.2.2. Exemplos: um grupo de vendedores ambulantes, o Brasil, a OTAN, ou

similares.3.3.3.3.3. Alternativa c)c)c)c)c) a Bacia Platina.4.4.4.4.4. A União Européia, o Mercosul ou o Nafta, dentre outros.

Aula 6 - Viver em um mundo de nações1.1.1.1.1. As alternativas a)a)a)a)a) e b)b)b)b)b) estão corretas; a c)c)c)c)c) está incorreta.2.2.2.2.2. As alternativas a)a)a)a)a) e b)b)b)b)b) estão corretas; a c)c)c)c)c) está incorreta.3.3.3.3.3. Porque uma nação possui características culturais que a identificam como

unidade, e os limites dos Estados muitas vezes são impostos pela força, damesma forma que dentro de um país podem existir povos que reclamam suaautonomia.

4.4.4.4.4. A África ao Sul do Saara.

Aula 7 - Habitar em campos e cidades1.1.1.1.1. Suas populações crescem em um ritmo acelerado, por isso as cidades não

acompanharam o ritmo de crescimento de suas populações, o que provocaassentamentos ilegais, falta de serviços e sistemas adequados às condiçõeshumanas de vida, problemas de infra-estrutura deteriorada, degradaçãoambiental.

2.2.2.2.2. O texto deixa claro que o problema da fome não se deve à falta de alimentos.A causa consiste em uma distribuição desigual das riquezas do mundo.

3.3.3.3.3. São áreas urbanas em que interagem redes de comunicação, de produçãoe de comércio, isto é, fluxos de informação, energia, capital, comércioe pessoas são fundamentais para o desenvolvimento nacional.

4.4.4.4.4. O deslocamento de pessoas do campo para a cidade, resultando no aumentomaior da população urbana do que o aumento da população rural.

5.5.5.5.5. A maior poluição ambiental do mundo.

Page 112: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

Aula 8 - Trabalhar as regiões1.1.1.1.1. A capital regional, como sugere o esquema, possui uma ampla zona de

influência onde estão contidas as áreas urbanas dos centros de níveis maisbaixos - centros sub-regionais e centros locais. Além disso, por desempenharum maior número de funções urbanas - funções centrais -, oferece umagama de bens e serviços para sua região que não são encontrados nos centrosde menor nível hierárquico.

2.2.2.2.2. A consolidação de sua rede urbana por meio de uma estrutura hierarquizadade relações entre as cidades, num determinado espaço geográfico.

3.3.3.3.3. Porque pode ser comparada com as bacias hidrográficas, devido à orientaçãodos fluxos econômicos, partindo das cidades menores em direção à cidademaior.

4.4.4.4.4. Porque o processo de industrialização, intensificado a partir de 1930, ocorreuna região que já possuía um elevado grau de integração intra-regional,e acentuou-se com os fluxos inter-regionais durante a consolidação domercado nacional.

5.5.5.5.5. A região Sudeste, porque o desenvolvimento da economia cafeeira criouas condições para a industrialização que, por sua vez, acentuou a circulaçãode mercadorias e o adensamento das redes de transporte e de energia,consolidando a rede urbana regional.

Aula 9 - Ligar-se às redes1.1.1.1.1. Desde meados do século passado, foram sendo desenvolvidas inova-

ções técnicas, como barco a vapor, a estrada de ferro, o telégrafo, o telefonee o avião, que venceram as barreiras espaciais e pareciam “encolher”o mundo dos homens, permitindo uma extraordinária mobilidadede mercadorias, de pessoas e de informações. Hoje, o avanço técnico-científico da informatização, com a invenção de sistemas aperfeiçoadosde comunicação por satélite, levou a uma compressão ainda maiordo tempo e do espaço.

2.2.2.2.2. Têm participação decisiva na organização territorial e constitui umdos instrumentos essenciais do Estado para o exercício do domínio de seuespaço nacional.

3.3.3.3.3. Porque as redes ligam os núcleos regionais e aceleram circulaçãoe a mobilidade de mercadorias, pessoas e informações.

4.4.4.4.4. As afirmativas a)a)a)a)a) e c)c)c)c)c) estão corretas.5.5.5.5.5. A rede de circulação de mercadorias somada à rede de energia apresen-

tam uma estrutura complexa e integrada à área industrial do Sudeste,enquanto o sistema nordestino apresenta eixos isolados, que só atendemaos principais núcleos urbanos da região.

Aula 10 - Navegar em informações1.1.1.1.1. Dispor de informações em quantidade e qualidade suficientes garante

a participação consciente e eficaz na tomada de decisões relativas à constru-ção do futuro.

2.2.2.2.2. As agências internacionais de notícias que, graças a uma rede planetáriade correspondentes, exerce o controle sobre a produção, a sistematizaçãoe a difusão da informação. No mundo atual, o monopólio sobre a informaçãoé um dos mais poderosos instrumentos de poder.

3.3.3.3.3. Milhares de redes de computadores interligados entre si, que permitea rápida circulação de informações e começa a ser uma nova formade comunicação da comunidade global.

Page 113: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

4.4.4.4.4. Há estreita associação e interdependência entre ciência, técnica, atividadeseconômicas e administração política, o que gera uma nova rede de relaçõesentre as sociedades e seu espaço.

5.5.5.5.5. Para alcançar o desenvolvimento pleno é fundamental garantir o acesso dapopulação às novas tecnologias de informação, porque garante ao povoa informação de que ele necessita para decidir sobre seu futuro.

Aula 11 - Descrever o lugar1.1.1.1.1. A alternativa a)a)a)a)a) está correta; as alternativas b)b)b)b)b) e c)c)c)c)c) estão incorretas.2.2.2.2.2. Por meio de uma linguagem de símbolos, cores e técnicas de representação.3.3.3.3.3. A cartografia sistemática procura fazer medições precisas do geóide

terrestre para conseguir fidelidade e exatidão na representação de qualquerponto da superfície da terra.A cartografia temática representa algum aspecto da distribuição espacialdos fenômenos sem tanta preocupação pela precisão da localização dessesfenômenos.

4.4.4.4.4. Com o tratamento que se dá aos dados codificados, obtidos das imagensde satélites.

5.5.5.5.5. Permitem ao geógrafo realizar correlações de fenômenos geográficos,analisar sua dinâmica espacial e fazer avaliações e previsões sobre seucomportamento futuro.

Aula 12 - Decifrar as formas1.1.1.1.1. Planaltos antigos, de origem cristalina, e planaltos sedimentares, de idade

recente.2.2.2.2.2. Porque, por meio delas, procura conhecer o passado geológico da terra,

sua origem e evolução, conhecimento este de grande importância porquepermite compreender os processo atuais e estabelecer relações parao aproveitamento racional dos recursos.

3.3.3.3.3. Pelo estudo dos fósseis que se encontram nas formações geológicas.4.4.4.4.4. Em eras geológicas - proterozóica, paleozóica, mesozóica e cenozóica - que

compreendem os períodos primário, secundário, terciário e quaternário.Em cada um desses períodos ocorreram manifestações de fenômenos geoló-gicos que lhes dão identidade no tempo e no espaço.

5.5.5.5.5. As alternativas a)a)a)a)a) e c)c)c)c)c) estão corretas; a b)b)b)b)b) está incorreta.

Aula 13 - Identificar os processos1.1.1.1.1. Alternativa a) a) a) a) a) Efeito estufa.2.2.2.2.2. a)a)a)a)a) Isotermas.

b)b)b)b)b) Porque nas áreas urbanas a concentração de edifícios produz bolçõesde calor, que vão diminuindo nas áreas periféricas menos edificadas.

3.3.3.3.3. A afirmativa correta é c)c)c)c)c).4.4.4.4.4. Porque as duas cidades estão localizadas em hemisférios diferentes: Luziânia

(GO), no Hemisfério Sul, e Roma, no Hemisfério Norte. Portanto, suasestações estão invertidas - o verão em uma corresponde ao inverno na outra.

5.5.5.5.5. No climograma de Luziânia (GO), observam-se valores elevados de tempe-ratura, uma amplitude térmica moderada e uma estação seca bem marcada,condições que correspondem ao clima tropical.No climograma da cidade de Roma, observa-se uma amplitude tér-mica pronunciada, e os valores da pluviosidade caracterizam-se tambémpela moderação e regularidade durante todo o ano. Corresponde ao tipode clima temperado.

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Aula 14 - Combinar as forças1.1.1.1.1. O trabalho do mar, a partir da abrasão e da deposição marinhas, que

modelam a zona costeira e definem a formação de praias, dunas, restingas,entre outras.

2.2.2.2.2. O constante movimento do mar, com as correntes marinhas e as ondasprovocadas pela ação do vento.

3.3.3.3.3. Curso superior, caracterizado pela remoção e erosão do material. Cursomédio, para onde o rio transporta o material erodido. Curso inferior, carac-terizado pela acumulação e deposição do material de erosão e transporte.

4.4.4.4.4. Podem ser mencionadas as alterações climáticas que modificam o caudal(volume das águas); processos de erosão nas encostas, que determinama quantidade de sedimentos transportados pelo rios; maior ou menordeclive, que determina a energia fluvial; e constituição das rochas por causada resistência ao trabalho de erosão.

5.5.5.5.5. A erosão glacial determina a formação de vales em forma de “U”, dife-rentes dos vales em forma de “V” formados pelos rios.

Aula 15 - Reconhecer as diferenças1.1.1.1.1. A alternativa incorreta é a b)b)b)b)b).2.2.2.2.2. Os solos negros das planícies, do tipo tchernozion, e das pradarias, porque

são bem estruturados e ricos em matéria orgânica.3.3.3.3.3. Porque possuem uma baixa fertilidade natural, devido a sua acidez e à pouca

reserva de nutrientes decorrente do intenso processo de intemperismoe lixiviação ao qual foram submetidos (formados sob condições tropicais).

4.4.4.4.4. Os fatores controladores do solo, como erosividade, cobertura vegetale relevo, além das suas propriedades: textura, teor de argila, de areia,de matéria orgânica, de umidade, de porosidade, entre outras.

5.5.5.5.5. Compreender os mecanismos naturais dos processos de formação dos solose as ações responsáveis por sua erosão e destruição, buscando sua corretautilização como ponto fundamental para o manejo sustentável dos re-cursos da superfície da Terra.

Aula 16 - Distinguir os conjuntos1.1.1.1.1. Os biomas são grandes conjuntos de classificação da paisagem que procuram

sintetizar os mecanismos fundamentais de sua formação.2.2.2.2.2. O texto refere-se à floresta boreal ou taiga.3.3.3.3.3. As áreas correspondem aos desertos, cuja presença é causada pela ação

das correntes marinhas frias nas costas ocidentais desses continentes.4.4.4.4.4. A presença de uma estação seca bem marcada.5.5.5.5.5. As alternativas a)a)a)a)a) , b)b)b)b)b) e c)c)c)c)c) estão corretas; a d)d)d)d)d) está incorreta.

Aula 17 - Descobrir as ligações1.1.1.1.1. Os ecossistemas são subconjuntos da biosfera, em contato entre si, defini-

dos essencialmente a partir das relações entre os seres vivos. Já os geos-sistemas são subconjuntos geográficos que dependem de sua localizaçãoe posição no espaço.

2.2.2.2.2. A ação humana interage sobre o potencial ecológico e sobre a exploraçãobiológica, constituindo-se em um elemento fundamental de ligação nointerior dos geossistemas.

3.3.3.3.3. a)a)a)a)a) A poluição das águas, pelos esgotos e dejetos industriais, e a poluição doar, por gases e partículas lançados pelas fábricas e meios de transporteurbanos.

Page 115: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

b)b)b)b)b) O capeamento asfáltico nas cidades dificulta a infiltração da água e facititao rápido escoamento superficial, o que produz freqüentes inundaçõesnesses ecosssistemas complexos.

4.4.4.4.4. A cidade permite o fácil intercâmbio de idéias e informações, o que potencializaa capacidade humana de inovar e produzir manifestações culturais.

Aula 18 - Acompanhar as mudanças1.1.1.1.1. A alternativa c)c)c)c)c) está correta.2.2.2.2.2. A alternativa a)a)a)a)a) está correta.3.3.3.3.3. O carvão é usado principalmente como fonte de energia em usinas

termelétricas e em muitas indústrias, além de ser matéria-prima básicana siderurgia. Foi o combustível básico da Segunda Revolução Industrial,no século XIX. Sua importância declinou com o início do uso intensivode petróleo, no século XIX.

4.4.4.4.4. A alternativa b)b)b)b)b) está correta.5.5.5.5.5. A alternativa b)b)b)b)b) está correta.

Aula 19 - Perceber os riscos1.1.1.1.1. a)a)a)a)a) O recôncavo da Guanabara é um anfiteatro natural, caracterizado pela

existência de terras baixas, circundadas por serras e maciços onde nascemnumerosos rios. As precipitações no alto curso dos rios, aliadas à bruscamudança de nível, que ocorre entre a serra e a baixada, fazem com que estaúltima seja um local naturalmente sujeito a inundações.

b)b)b)b)b) Essas inundações têm sido agravadas por vários fatores: o desmatamentonas serras, a urbanização crescente nas margens dos rios, o assoreamento,a deposição de lixo e a falta de dragagem regular dos rios.

2.2.2.2.2. As alternativas a)a)a)a)a), b) b) b) b) b) e c) c) c) c) c) estão corretas.3.3.3.3.3. A alternativa incorreta é a)a)a)a)a).4.4.4.4.4. O risco é resultante do comportamento dinâmico dos sistemas naturais

associado à intervenção da ação humana, que pode contribuir para a degra-dação das condições de vida. A Geografia, com seu conhecimento, podecontribuir para a definição de áreas de risco e para a prevenção de ocorrênciascatastróficas, por meio de medidas de gestão ambiental.

Aula 20 - Propor alternativas1.1.1.1.1. As alternativas a)a)a)a)a), b) b) b) b) b) e c) c) c) c) c) estão corretas; a d)d)d)d)d) está incorreta.2.2.2.2.2. O desenvolvimento sustentável leva em conta as relações entre ambiente,

economia e sociedade, para um aproveitamento integral dos recursos quesatisfaça às necedidades do presente sem comprometer as gerações futuras.

3.3.3.3.3. Porque ela inclui todos os bens naturais, inclusive aqueles consideradoslivres, como o ar e a água, cujo comprometimento pela poluição industriale urbana se dá em escala planetária, e em níveis alarmantes.

4.4.4.4.4. Com a utilização racional dos recursos naturais; com a introduçãode tecnologias limpas, que aumentem a eficiência da estrutura produtivapara um melhoramento na qualidade de vida da população; e coma participação da sociedade na planificação e formulação de estratégiasde desenvolvimento.

Page 116: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

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Page 118: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

Algumas noções básicas são melhor com-preendidas quando pensadas em relação a outras, ajudando a construiro raciocício. Vamos jogar com palavras, combinando-as duas a duas, paraaprender um pouco mais de Geografia. Você também pode participar do jogo,descobrindo novas palavras que estão relacionadas umas às outras. Vamosexperimentar!

Autonomia/DependênciaAutonomia/DependênciaAutonomia/DependênciaAutonomia/DependênciaAutonomia/DependênciaDizem respeito à capacidade de decisão sobre os rumos do desenvolvimento.Quanto maior a autonomia, maior o poder de escolha entre as alternativasde um lugar, de uma região ou de uma nação em relação ao seu futuro.

Bacia/RedeBacia/RedeBacia/RedeBacia/RedeBacia/RedeA bacia fluvial é a superfície drenada por um rio e seus afluentes, queformam a rede fluvial. Por comparação, também se pode utilizar o conceitode baciabaciabaciabaciabacia para falar das relações entre cidades que formam uma baciaurbana, quando existem poucos fluxos entre elas, convergindo todos parauma cidade de maior tamanho. Isso é diferente de uma rede urbana, ondeexistem fluxos intensos de mercadorias, pessoas e informações entre todasas cidades de uma região.

Campo/CidadeCampo/CidadeCampo/CidadeCampo/CidadeCampo/CidadeReferem-se à forma mais importante que assume a divisão do trabalho entreos lugares. No campo, isto é, na área rural, predominam as atividadesprodutoras de alimentos e de matérias-primas de origem extrativista eagropecuária, que são trocadas por bens manufaturados e serviços,originários principalmente das fábricas e escritórios situados nas cidades,ou seja, nas áreas urbanas.

Centro/PeriferiaCentro/PeriferiaCentro/PeriferiaCentro/PeriferiaCentro/PeriferiaExpressam uma relação desigual entre uma área central, que cresce maisrapidamente e com maior concentração de bens e serviços, e a sua periferia,que vai se expandindo em torno do centro, com uma velocidade menore com maior dispersão de atividades que dependem do comando estabelecidona área central.

Jogando com palavras

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Ciência/TecnologiaCiência/TecnologiaCiência/TecnologiaCiência/TecnologiaCiência/TecnologiaA ciência pressupõe o desenvolvimento do conhecimento básico sobre amatéria, a vida e a sociedade, enquanto a tecnologia representa a aplicaçãodireta desse conhecimento nas atividades econômicas, sociais e culturais.Hoje, é cada vez menor o intervalo de tempo entre a descoberta noslaborátorios e a produção nas fábricas.

Conservação/PreservaçãoConservação/PreservaçãoConservação/PreservaçãoConservação/PreservaçãoConservação/PreservaçãoDizem respeito ao uso dos bens e recursos naturais, pois a conservaçãopressupõe o uso criterioso da natureza, evitando ao máximo o desperdício,enquanto a preservação significa manter praticamente inalteradas as con-dições de um parque nacional, de uma floresta ou de uma estação ecológica.

Cooperação/DivisãoCooperação/DivisãoCooperação/DivisãoCooperação/DivisãoCooperação/DivisãoExpressam as principais formas de organização do trabalho. Quando váriostrabalhadores atuam juntos, em um mesmo lugar e ao mesmo tempo, diz-se que há cooperação no trabalho. Quando uma série de tarefas é dividaentre vários trabalhadores, situados em distintos lugares ou em diferentesmomentos do processo de produção, ocorre uma divisão do trabalho. Umafábrica é a combinação de cooperação e de divisão social do trabalho.

Crescimento/EstagnaçãoCrescimento/EstagnaçãoCrescimento/EstagnaçãoCrescimento/EstagnaçãoCrescimento/EstagnaçãoUma economia apresenta crescimento quando suas atividades se expandem,aumentando o produto disponível para o consumo da sociedade, para oinvestimento ou para a exportação. A estagnação, por sua vez, significa quea economia está paralizada, com redução dos níveis de produção e deemprego.

Desenvolvimento/SubdesenvolvimentoDesenvolvimento/SubdesenvolvimentoDesenvolvimento/SubdesenvolvimentoDesenvolvimento/SubdesenvolvimentoDesenvolvimento/SubdesenvolvimentoSão processos que expressam o comportamento econômico e a situaçãosocial de uma nação, de uma região ou de um lugar. O desenvolvimento nãoexpressa apenas as condições de crescimento de uma economia, mastambém como estão distribuídos seus frutos. Hoje, seu principal indicadoré o Índice de Desenvolvimento Humano, que mostra as condições eco-nômicas, de saúde e de educação de uma determinada população.

Desertificação/FertilizaçãoDesertificação/FertilizaçãoDesertificação/FertilizaçãoDesertificação/FertilizaçãoDesertificação/FertilizaçãoTransformar em deserto significa acabar com as formas de vida que existemem um lugar. Fertilizar, por sua vez, significa aumentar o potencial de umlugar para manter e desenvolver a vida.

Diferenciação/ArticulaçãoDiferenciação/ArticulaçãoDiferenciação/ArticulaçãoDiferenciação/ArticulaçãoDiferenciação/ArticulaçãoSão maneiras de utilizar o raciocínio geográfico para compreender oslugares, seja procurando as diferenças entre eles, seja buscando o querelaciona uns aos outros no espaço geográfico, isto é, o que provoca suasarticulações espaciais.

Diversidade/UniformidadeDiversidade/UniformidadeDiversidade/UniformidadeDiversidade/UniformidadeDiversidade/UniformidadeExpressam as características básicas da paisagem. As formas naturais eculturais construídas espontaneamente apresentam, em geral, uma grandediversidade de situações. Já as paisagens construídas pela grande indústriae pela agricultura em larga escala mostram uma uniformidade muitogrande; aí, campos e cidades assumem aspectos muito parecidos.

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Domínio/FronteiraDomínio/FronteiraDomínio/FronteiraDomínio/FronteiraDomínio/FronteiraDizem respeito ao grau de controle dos grupos sociais sobre o território.Um domínio é o espaço geográfico plenamente estruturado e submetidoao controle de um grupo social dominante, como, por exemplo, os grandesproprietários no Nordeste brasileiro. A fronteira é um espaço em estrutura-ção, onde pode haver maior mobilidade social e espacial, isto é, maiorpossibilidade de lucrar com a conquista de novas terras.

Escala/PeríodoEscala/PeríodoEscala/PeríodoEscala/PeríodoEscala/PeríodoSão níveis de abstração, isto é, de construção do raciocínio científico,em Geografia e História. Estão sempre no plural porque representamum esforço para diferenciar determinada escala (ou período) de outra,sem perder de vista que estão relacionadas umas às outras. As escalastambém podem ser níveis de representação do espaço geográfico utilizadospela Cartografia.

Espaço/TempoEspaço/TempoEspaço/TempoEspaço/TempoEspaço/TempoO espaço geográfico só pode ser pensado no decorrer do tempo histórico.Assim, um lugar só existe para a Geografia se for definido em determinadomomento da História.

Estabilidade/InstabilidadeEstabilidade/InstabilidadeEstabilidade/InstabilidadeEstabilidade/InstabilidadeEstabilidade/InstabilidadeDizem respeito ao comportamento dos processos naturais e sociais.Uma situação é estável quando tende a permanecer, durante um longoperíodo, no estado em que se encontra, sem alterar profundamente suasrelações internas e externas. Já os processos instáveis podem mudarrapidamente de situação em curto período de tempo. Por exemplo: o graude estabilidade de uma encosta depende da vegetação que a recobre.Quando essa vegetação é retirada, o solo em declive pode ficar muitoinstável e produzir desmoronamentos.

Estático/DinâmicoEstático/DinâmicoEstático/DinâmicoEstático/DinâmicoEstático/DinâmicoReferem-se ao ritmo de transformação dos processos naturais e sociais.De um modo geral, as relações entre sociedade e natureza são dinâmicas,isto é, estão em constante transformação. Muitas vezes, as ciências naturaise as ciências sociais utilizam comparações com situações estáticas, ou seja,sem movimento, para explicar essas mudanças.

Extensivo/IntensivoExtensivo/IntensivoExtensivo/IntensivoExtensivo/IntensivoExtensivo/IntensivoDizem respeito ao grau de utilização dos recursos naturais, principalmentedo solo. Uma cultura extensiva é aquela que emprega grandes áreas, combaixa produtividade por unidade de superfície. Já os cultivos intensivos,relativos ao capital ou ao trabalho, geralmente apresentam grande rendimentopor unidade de superfície de solo.

Formal/InformalFormal/InformalFormal/InformalFormal/InformalFormal/InformalAplicam-se às relações de trabalho nos dias atuais. Diz-se que um empregoé formal quanto está regulamentado pela Legislação Trabalhista e ficamassegurados os direitos elementares ao trabalhador. O emprego informal éaquele cujo contrato de trabalho não é formalizado, isto é, não há carteiraprofissional assinada, assim como é informal uma grande variedade detrabalhos (industriais e/ou comerciais) por conta própria, sem a coberturada Previdência Social.

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Homogeneidade/HeterogeneidadeHomogeneidade/HeterogeneidadeHomogeneidade/HeterogeneidadeHomogeneidade/HeterogeneidadeHomogeneidade/HeterogeneidadeReferem-se às características básicas dos elementos que formam os con-juntos geográficos. Diz-se que um conjunto é homogêneo quando nãoexistem grandes diferenças entres seus elementos constituintes. Por suavez, a heterogeneidade expressa grandes diferenças ou desiguladades entreos elementos de um conjunto geográfico, a exemplo da populaçãode uma região.

Industrialização/UrbanizaçãoIndustrialização/UrbanizaçãoIndustrialização/UrbanizaçãoIndustrialização/UrbanizaçãoIndustrialização/UrbanizaçãoExistem fortes relações entre os processos de industrialização e de ur-banização. A concentração das atividades econômicas nas fábricasé acompanhada por profundas transformações sociais nas relaçõescampo/cidade, que resultam na aceleração do crescimento das áreas urbanas,em detrimento das áreas rurais.

Local/GlobalLocal/GlobalLocal/GlobalLocal/GlobalLocal/GlobalSão níveis extremos e articulados de abstração do raciocínio espacial. O localé a menor parcela do espaço geográfico que podemos distinguir e representar,que, por sua vez, faz parte de conjuntos espaciais cada vez maiores atéabranger a totalidade do planeta que habitamos, que forma o espaço global.

Nação/RegiãoNação/RegiãoNação/RegiãoNação/RegiãoNação/RegiãoUma nação é formada pelo conjunto de identidades étnicas, sociais eculturais de um povo. A nação politicamente organizada em Estado defineum território nacional, que é a parcela do espaço geográfico submetida à suajurisdição. A região não tem os limites fixados pela jurisdição política doEstado-nação, e representa o território onde vivem e trabalham seushabitantes.

Ordenação/GestãoOrdenação/GestãoOrdenação/GestãoOrdenação/GestãoOrdenação/GestãoOrdenar um território significa tentar impor uma ordem pré-estabelecida,de cima para baixo, à distribuição espacial dos objetos geográficos e daspessoas que nele existem. A gestão do território, por sua vez, pressupõe umprocesso participativo e flexível, no qual os ajustes na distribuição espacialsejam efetuados no interesse direto das coletividades que compartilhamesse território.

Paisagem/TerritórioPaisagem/TerritórioPaisagem/TerritórioPaisagem/TerritórioPaisagem/TerritórioA paisagem é a porção visível e perceptível do espaço geográfico, isto é,aquela porção detectada por nossos sentidos, que podem ser ampliados pelouso de sensores remotos. O território é aquela parcela do espaço geográficodiretamente apropriada pelos grupos sociais, por meio de relações de poder.Paisagem e território estão na origem do pensamento geográfico e expressamo conteúdo humano e social da Geografia.

Poluição/ContaminaçãoPoluição/ContaminaçãoPoluição/ContaminaçãoPoluição/ContaminaçãoPoluição/ContaminaçãoSão níveis diferentes do processo de lançamento de detritos no meioambiente. Existem substâncias que poluem a água, o ar e o solo durantedeterminado período de tempo. Diz-se que houve contaminação, quando assubstâncias tóxicas e nocivas à vida permanecem por longo período detempo, alterando profundamente as condições ambientais.

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Produção/ConsumoProdução/ConsumoProdução/ConsumoProdução/ConsumoProdução/ConsumoSão fases interligadas do processo de reprodução social, isto é, da perpe-tuação da vida humana. A produção representa a utilização dos meiostécnicos para transformar a natureza em bens e serviços necessáriosao consumo da sociedade. No entanto, para produzir, também é necessá-rio consumir, seja máquinas e equipamentos, seja matérias-primase alimentos. Assim, a economia funciona como uma cadeia interligadae em fluxo contínuo entre produção e consumo.

Público/PrivadoPúblico/PrivadoPúblico/PrivadoPúblico/PrivadoPúblico/PrivadoDizem respeito às normas de apropriação, utilização e prestação de bense serviços. Isso também vale para o uso do território, cuja apropriaçãopública significa a possibilidade de uso por toda a coletividade daquiloque é restrito a poucos, no caso de estar submetido às normas da proprie-dade privada.

Raster/VetorRaster/VetorRaster/VetorRaster/VetorRaster/VetorSão formas distintas de tratamento digital de informações geográficas peloscomputadores. No sistema raster, que funciona como uma tela de televisão,as informações são dispostas em células ou pixels, uma ao lado da outra,formando uma imagem. No sitema vetorial, as informações são representadaspor pontos, arcos e polígonos que, por seus atributos matemáticos, mantêmentre si relações de distância, sentido e direção.

Real/VirtualReal/VirtualReal/VirtualReal/VirtualReal/VirtualReferem-se às possibilidades atuais de representação do mundo real,por meio de imagens de diferentes tipos. A realidade virtual aparece tantonas telas de cinema e de televisão como, também, nos simuladores de vôoque criam situações artificiais para o treinamento de pilotos.

Rentabilidade/SustentabilidadeRentabilidade/SustentabilidadeRentabilidade/SustentabilidadeRentabilidade/SustentabilidadeRentabilidade/SustentabilidadeA economia que conhecemos sempre se preocupou com os problemasde rentabilidade, ou seja, com a riqueza e a renda que podem ser auferidaspelo uso da terra, do trabalho e do capital. Hoje, existe uma nova concepçãoque busca avaliar os processos econômicos por meio de sua sustentabilidade,isto é, da capacidade de manter a riqueza natural e de expandir a renda socialpor um longo período de tempo.

Sistema/EstruturaSistema/EstruturaSistema/EstruturaSistema/EstruturaSistema/EstruturaUm sistema é definido pelas ligações entre seus elementos constituintese pelos fluxos de energia que circulam entre eles, a exemplo das engrenagensde um relógio. O conjunto dos elementos que compõem um sistema formasua estrutura, isto é, o todo ordenado que permite com que o relógio marqueas horas.

Sociedade/NaturezaSociedade/NaturezaSociedade/NaturezaSociedade/NaturezaSociedade/NaturezaTrata-se de uma relação fundamental para a Geografia, pois pressupõeos homens vivendo e trabalhando em grupos sociais e transformandoa natureza segundo objetivos pré-determinados. A capacidade de estabeleceros objetivos que deseja perseguir, e tentar alcançá-los em conjunto, é o quediferencia a sociedade humana dos demais seres vivos.

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Subsistência/ComercialSubsistência/ComercialSubsistência/ComercialSubsistência/ComercialSubsistência/ComercialDizem respeito à finalidade da produção social. Quando se produzemapenas valores de uso, isto é, destinados ao auto-consumo, trata-se deprodução para a subsistência. Quando se produzem valores de troca, isto é,para trocar por outras mercadorias ou por dinheiro, trata-se de umaprodução comercial ou mercantil.

Unidade/TotalidadeUnidade/TotalidadeUnidade/TotalidadeUnidade/TotalidadeUnidade/TotalidadeReferem-se ao entendimento da noção de quantidade. Uma totalidadeé o conjunto de todos os elementos que existem, e que, por conter tudoo que alcança o pensamento, também é uma unidade. Isso permite queos geógrafos definam o espaço geográfico como a totalidade das formase processos que ocorrem na superfície da Terra, o que confere a esse espaçogeográfico uma unidade conceitual.

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21A U L A

Quantos Brasisexistem?

Esta aula inicia nosso estudo sobre o Brasil,como um país de industrialização recentepaís de industrialização recentepaís de industrialização recentepaís de industrialização recentepaís de industrialização recente no conjunto regional da AméricaLatina. Vamos aprender que nosso país apresenta feições múltiplas e contradi-feições múltiplas e contradi-feições múltiplas e contradi-feições múltiplas e contradi-feições múltiplas e contradi-tóriastóriastóriastóriastórias. De um lado, revela aspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicosaspectos dinâmicos que o destacam na economiamundial; de outro, caracteriza-se pelas profundas desigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociaisdesigualdades sociais que ocolocam entre os países de maior concentração de renda no planeta.

Hoje, qual o papel do Brasil no cenário internacional? Como conciliar odinamismo de sua economia com as grandes desigualdades internas na distri-buição social e territorial da renda?

O cientista francês Jacques Lambert escreveu um famoso livro, intituladoOs dois Brasis, em que mostra o contraste entre o arcaico e o moderno em nossopaís. Hoje, na verdade, sabe-se que são muitos os Brasis que pertencem a umaeconomia emergente no contexto latino-americano, com a pobreza de mais dametade de sua população agravada pelos efeitos da profunda crise econômicados anos 80. O ritmo das transformações em que vivemos, num país dedimensões continentais, gera tempos e espaços muito diferenciados, dificul-tando o conhecimento preciso sobre a realidade brasileira e sobre a posiçãodo Brasil no mundo atual.

O Brasil é pouco conhecido, mesmo por aqueles que nele vivem e traba-lham. A rapidez das transformações que se processaram nos últimos quarentaanos dificulta a compreensão de suas reais dimensões. Ele não é um giganteadormecido, como pregam alguns, nem tampouco apenas mais um dos mem-bros do chamado Terceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro Mundo, como acreditam outros. É um exemplo deuma potência emergente de âmbito regional, marcada por muitos aspectoscontraditórios.

O Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaçosO Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaçosO Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaçosO Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaçosO Brasil é um país de múltiplos tempos e múltiplos espaços. A veloci-dade de incorporação de inovações tecnológicas é extremamente rápida, emparcelas localizadas de seu território, ao mesmo tempo em que se vive emcondições primitivas, com ritmos determinados pela natureza, em imensasextensões. Grandes redes nacionais de televisão estabelecem diariamente aponte entre passado e futuro, entre garimpeiros isolados na selva em busca doEldorado e gerentes de grandes corporações multinacionais instalados naAvenida Paulista, a “Wall Street” brasileira, na cidade de São Paulo.

Wall Street:rua da cidade

de Nova York,Estados Unidos,

consideradaimportante

centro mundialde negócios.

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21A U L A

O Brasil, como parcela da economia mundial, constitui um dos segmentosmais dinâmicos, do ponto de vista dos indicadores econômicos. Suas taxashistóricas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são comparáveis às deeconomias avançadas desde o final do século passado. A partir de 1940,o crescimento do PIB manteve-se em uma média de 7% ao ano, chegando a 11%entre 1967 e 1973, os anos do chamado “milagre econômico”, quando o restantedo mundo dava sinais evidentes de arrefecimento no seu ritmo de crescimento.

Por outro lado, o Brasil é um rico país de pobres. A brutal discriminaçãosocial na apropriação dos benefícios do dinamismo econômico é um traçodominante na sociedade brasileira, mesmo quando comparada com os outrospaíses da América Latina. É uma das poucas economias no mundo cuja parcelados 10% mais ricos controla mais de 50% da renda nacional e qualquer indicadorde bem-estar social demonstra tal situação.

CRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTOCRESCIMENTO MÉDIOMÉDIOMÉDIOMÉDIOMÉDIO DODODODODO PIBPIBPIBPIBPIB AAAAA PREÇOSPREÇOSPREÇOSPREÇOSPREÇOS CONSTANTESCONSTANTESCONSTANTESCONSTANTESCONSTANTES

PaísesPaísesPaísesPaísesPaísesEstados UnidosAlemanhaJapãoMéxicoBrasil

1870/19131870/19131870/19131870/19131870/19134,22,82,52,02,3

1913/501913/501913/501913/501913/502,81,32,22,74,9

1950/731950/731950/731950/731950/733,75,99,46,67,5

1973/831973/831973/831973/831973/831,91,63,74,64,5

Fonte: Adaptado de Maddison, 1982, 1985.

Contraste entre habitações sobre palafitas, na Amazônia, e os arranha-céus da Avenida Paulista, em São Paulo.

BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL- - - - - SITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃO ÉTNICAÉTNICAÉTNICAÉTNICAÉTNICA - 1990 - 1990 - 1990 - 1990 - 1990

Grupos étnicosGrupos étnicosGrupos étnicosGrupos étnicosGrupos étnicos

BrancosMulatosNegrosAsiáticos esem declaração

Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)Analfabetismo (%)

12,329,029,5

07,4

População (%)População (%)População (%)População (%)População (%)

56,637,205,6

00,6

Renda médiaRenda médiaRenda médiaRenda médiaRenda média(US$/mês)(US$/mês)(US$/mês)(US$/mês)(US$/mês)

214,00100,00087,00

377,00

Fonte: IBGE, PNAD, 1990.

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21A U L A A discriminação percorre de cima a baixo a estrutura social brasileira.

O sexismo, isto é, a discriminação por sexo, expressa-se no fato de que 67,1%das mulheres com mais de 10 anos de idade não têm qualquer rendimento,enquanto esse número atinge 24,7% dos homens. Negros e pardos, que em 1987representavam 45% da população brasileira, são social e economicamentediscriminados quanto às oportunidades de mobilidade social, constituindoo grosso do contingente de mão-de-obra com menor qualificação profissional,em oposição ao que ocorre com os imigrantes asiáticos e descendentes, princi-palmente os japoneses. A discriminação étnica também está presente no quediz respeito aos 200 mil indígenas que sobreviveram aos massacres do coloni-zador - seus direitos são restritos e sua capacidade de auto-determinação ésubmetida à tutela burocrática do Estado.

A recente industrialização levou o Brasil a se destacar na América Latina.O país suplantou largamente a Argentina e foi acompanhado com menorintensidade pelo México.

A associação com o capital internacional foi um traço comum ao desenvol-vimento da região; mas, no Brasil, o Estado teve papel decisivo na aceleração doritmo de crescimento, avançando à frente do setor privado e mantendo elevadastaxas de investimento. Em contrapartida, o Brasil é também um dos maioresdevedores, em termos absolutos, do sistema financeiro mundial.

O modelo de industrialização latino-americano, baseado na substituição deimportações, procurou administrar o mercado interno como principal atrativopara as grandes corporações multinacionais, sem se preocupar com os objetivosbásicos de justiça social. O Brasil atingiu etapas mais avançadas nesse processo,chegando a consolidar um parque industrial diversificado - em grande partedevido ao potencial de sua economia - cuja capacidade de atração de capitaisfoi viabilizada e ampliada pela atuação do Estado. Isso, no entanto, não reduziuas condições de miséria de amplos contigentes da população que permaneceramà margem do desenvolvimento.

Nesta aula você aprendeu que:

l o Brasil, ao mesmo tempo em que apresenta um grande dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-dinamismo econô-micomicomicomicomico no cenário econômico mundial, caracteriza-se pelas grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-grandes desigual-dadesdadesdadesdadesdades internas na distribuição social e territorial da renda;

l a rapidezrapidezrapidezrapidezrapidez das mudanças ocorridas em algumas áreas contrasta coma manutençãomanutençãomanutençãomanutençãomanutenção de ritmos comandados pela natureza, em outras regiões;

l sua economia é, hoje, a mais importante da América Latina e o país tem umaumaumaumaumaindústria diversificada, indústria diversificada, indústria diversificada, indústria diversificada, indústria diversificada, graças à forte atuação do Estado, Estado, Estado, Estado, Estado, que criou condi-ções para os investimentos produtivos;

l os grandes contrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriaiscontrastes sociais e territoriais expressam as contradições docontradições docontradições docontradições docontradições doprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimentoprocesso de desenvolvimento brasileiro.

PIBPIBPIBPIBPIB EMEMEMEMEM BILHÕESBILHÕESBILHÕESBILHÕESBILHÕES DEDEDEDEDE DÓLARESDÓLARESDÓLARESDÓLARESDÓLARES

PaísesPaísesPaísesPaísesPaísesArgentinaMéxicoBrasil

19701970197019701970088,2092,1106,4

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e Caribe / ONU.

19801980198019801980115,0173,9243,5

19851985198519851985104,5193,6259,3

19941994199419941994142,7230,1311,8

19901990199019901990105,9207,4284,4

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21A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

Explique a contradição básica presente na realidade social e econômicabrasileira nos dias atuais.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2O período de 1969-1973 caracterizou-se pelo crescimento acelerado daeconomia brasileira, ou seja, as taxas de crescimento do Produto InternoBruto (PIB) alcançaram cifras superiores a 10% ao ano. Esse processo foigerado por medidas político-econômicas implantadas pelos governos mili-tares pós-64. Nesse período ocorreu o que se denominou:a)a)a)a)a) “milagre brasileiro”.b)b)b)b)b) “crescer 50 anos em 5”.c)c)c)c)c) “Brasil ano 2000”.d)d)d)d)d) “Plano de Metas”.e)e)e)e)e) “Diretas-já”.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Com base no quadro a seguir conclui-se que:

a)a)a)a)a) a distribuição da renda no Brasil, nos últimos anos, tem sido feita de formamais justa, o que, de certo modo, comprova o crescimento econômico do paíse sua caracterização como nação em desenvolvimento.

b)b)b)b)b) apesar do processo de crescimento da economia nacional, observa-se que háuma progressiva concentração da renda, principalmente entre os 10% maisricos.

c)c)c)c)c) os 50% mais pobres da população economicamente ativa do Brasil, nosúltimos anos, vêm melhorando sua participação nos rendimentos, a exem-plo do que vem ocorrendo com os 10% mais ricos.

d)d)d)d)d) a concentração da renda não pode ser justificada por esse quadro, uma vezque o mesmo se resume à população economicamente ativa, que não chegaa ser significativa no conjunto da população brasileira.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Quais das características enumeradas abaixo aplicam-se à atividadeindustrial do Brasil na década de 1970?I. Hegemonia do capital privado nacional.II. Crescente participação do Estado na economia industrial.III. Inauguração do processo de substituicão de importações de manufaturados.IV. Acentuada internacionalização da economia.a)a)a)a)a) I e IIb)b)b)b)b) I e IIIc)c)c)c)c) I e IVd)d)d)d)d) II e IIIe)e)e)e)e) II e IV

DISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃODISTRIBUIÇÃO DADADADADA RENDARENDARENDARENDARENDA NONONONONO BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL ( ( ( ( (ENTREENTREENTREENTREENTRE AAAAA POPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃO ECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTEECONOMICAMENTE ATIVAATIVAATIVAATIVAATIVA)))))PARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃO NOSNOSNOSNOSNOS RENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOSRENDIMENTOS (%) (%) (%) (%) (%)

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoOs 50% mais pobresOs 40% intermediáriosOs 10% mais ricos

1970197019701970197014,938,446,7

1980198019801980198012,636,550,9

1960196019601960196017,443,039,6

Fonte: IBGE

Page 128: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

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NNNNNesta aula, vamos verificar como a forma-forma-forma-forma-forma-ção territorialção territorialção territorialção territorialção territorial do Brasil foi profundamente marcada pelo processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-processo de coloniza-çãoçãoçãoçãoção e como as fronteiras nacionais resultaram da luta pelo poder entre aspotências coloniais. Veremos também como o escravismoescravismoescravismoescravismoescravismo e a orientação de suaeconomia para a exportação de produtos tropicaisexportação de produtos tropicaisexportação de produtos tropicaisexportação de produtos tropicaisexportação de produtos tropicais deixou marcas igualmenteprofundas na organização social e econômica brasileira.

Quais as resultantes do processo de colonização sobre a formação social eterritorial do Brasil? Como superar o legado colonial do uso indiscriminadoe predatório das fontes originais de toda a riqueza - a terra e o trabalho?

Para que o Brasil rompa com seu passado colonial e escravista é necessárioque conheçamos nossas raízes históricas e culturais e avaliemos quais seusefeitos nos dias atuais. É preciso tomar consciência de que somente umasociedade mais justa terá maiores preocupações com a qualidade ambientale com a preservação de nosso patrimônio natural.

A América Latina é a mais antiga periferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferia da economia mundial. Foiorientada, desde o início da colonização, para a produção de mercadorias de altovalor para a Europa. Partilhada entre Portugal e Espanha, teve sua formaçãoeconômica marcada pelo mercantilismomercantilismomercantilismomercantilismomercantilismo - um sistema econômico voltado paraa acumulação de riquezas pelo comércio -, e sua sociedade foi moldada a partirda cultura ibérica.

A partir do século XIX, seu desenvolvimento esteve intimamente asso-ciado à dinâmica dos centros de acumulaçãocentros de acumulaçãocentros de acumulaçãocentros de acumulaçãocentros de acumulação da economia mundial - primei-ro a Grã-Bretanha e depois os Estados Unidos. Participou da divisão interna-cional do trabalho como economia exportadora de matérias-primas e consu-midora de produtos manufaturados.

A ocupação e o povoamento do território que constituiria o Brasil nãopassam de episódios do amplo processo de expansão marítimaexpansão marítimaexpansão marítimaexpansão marítimaexpansão marítima resultante dodesenvolvimento das empresas comerciais européias.

Cultura ibéricae natureza tropical

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Monocultura:plantação de umúnico produtoagrícola.

O mapa mostra a divisão das capitanias hereditárias,limitadas a oeste pelo meridiano criado no Tratado de Tordesilhas.

Como decorrência da busca de novas rotas para o Oriente pelos paísesibéricos (a Espanha pelo Ocidente e Portugal contornando a África), o territórioque constitui hoje o Brasil precedeu a criação da própria Colônia. O TratadoTratadoTratadoTratadoTratadode Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhasde Tordesilhas, firmado entre os dois países em 1494, dividia, entre as coroasde Portugal e Espanha, todo o mundo a ser descoberto e estabelecia que todasas terras a leste do meridiano de 50 graus oeste pertenceriam a Portugal.

Desse modo, definia-se, a priori, a Colônia por um território correspon-dente a apenas 40% de sua área atual e, ainda assim, imenso. A defesa doterritório e sua expansão não decorreram de conquista militar. Foi um processode posse lento e complexo, em que pesou a estratégia portuguesa, favorecidapela luta pelo poder e o controle das rotas comerciais entre holandeses,franceses e ingleses, e pela união de Portugal com a Espanha entre 1580 e 1640.

A colonizaçãocolonizaçãocolonizaçãocolonizaçãocolonização do Brasil foi um desafio para os monarcas portuguesesdevido à pressão da Holanda, Grã-Bretanha e França sobre o território, o queocorreu logo depois da perda, para os holandeses, da maioria dos postoscomerciais que Portugal tinha na Ásia e na África.

Ao contrário do que acontecia nos territórios espanhóis, a populaçãonativa era relativamente escassa e os portugueses não podiam, portanto, sebasear no trabalho nativo. Foi preciso, então, organizar a produção de cana-de-açúcar no sistema de plantationssistema de plantationssistema de plantationssistema de plantationssistema de plantations, isto, é grandes propriedades monocultorasvoltadas para o abastecimento dos mercados europeus, que se tornaram a baseda economia e da defesa coloniais.

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22A U L A Esse empreendimento deveu-se a dois fatores: a experiência de Portugal

nas ilhas de São Tomé e Madeira, que estimulou uma indústria de equipamen-tos para engenhos açucareiros, e a organização comercial dos flamengos, quecontrolavam um mercado expressivo na Europa Continental, e financiaramdiretamente as plantações e engenhos no território da Colônia portuguesa.

Assim, o Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercialresultante da aliança entre a burguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantilburguesia mercantil (inclusive holandesa) e anobreza. No início da colonização, a legislação relativa à propriedade da terraestava baseada na política rural de Portugal.

A terra era vista como parte do patrimônio pessoal do rei, como domínioda Coroa, e sua aquisição decorria de uma doação pessoal, segundo os méritosdos pretendentes e os serviços por eles prestados à Coroa, em um sistemaconhecido como patrimonialismopatrimonialismopatrimonialismopatrimonialismopatrimonialismo.

Dentro da ótica mercantil, procuravam-se informações sobre as riquezasdisponíveis na costa brasileira, em particular a existência de produtos exóticos,de alto valor unitário nos mercados europeus, e sobre metais e pedras precio-sas. Subordinado a esse interesse principal, buscavam-se o descobrimento depassagens para a Ásia e a localização de pontos na costa que servissem de apoioaos navios que faziam o percurso para a Índia.

Desde cedo, as facilidades naturais de comunicação privilegiaram o litoraloriental, como objeto de exploração econômica. Esse fato foi acentuado pelapresença, nessa porção da costa brasileira, de uma imensa massa de floresta úmida,a Mata AtlânticaMata AtlânticaMata AtlânticaMata AtlânticaMata Atlântica, formada pela precipitação resultante da umidade trazida pelosventos alíseos. A floresta era o hábitat natural de diversas tribos indígenas dogrupo Tupi-Guarani, que haviam ultrapassado a fase cultural da caça e coleta e sesituavam no início da revolução agrícola, tendo dominado para o cultivo diversasplantas da floresta tropical - como a mandioca, o milho e o tabaco, entre outras -que eram cultivadas em pequenas roças abertas no meio da floresta.

A floresta e o trabalho das comunidades indígenas foram objeto da primei-ra atividade econômica da Colônia: a extração de madeiras corantes, emespecial o pau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasil. Retirado da floresta pelos índios e armazenado emfeitoriasfeitoriasfeitoriasfeitoriasfeitorias - pontos defendidos por fortificações, no litoral -, o “pau-brasil”inaugurou o instituto do estancoestancoestancoestancoestanco, ou seja, o monopólio da Coroa portuguesasobre o comércio com a Colônia. Mas toda essa proteção não impediu as visitasconstantes de corsários franceses e ingleses.

As primeiras tentativas de implantação da economia açucareira no Brasilprocuraram utilizar a base material desenvolvida com a extração de madeirascorantes. Em primeiro lugar, a floresta tropical, cujo desmate fornecia madeira paraconstruções e lenha para os engenhos. Em segundo, as várzeas úmidas litorâneas,que além de propiciarem solos de renovada fertilidade, com as cheias periódicas,garantiam o escoamento fluvial da produção açucareira. Por fim, a tentativa,frustrada rapidamente, de utilizar as comunidades indígenas como fonte de traba-lho compulsório para o cultivo das terras e a manutenção das plantações.

As plantations litorâneas foram as células fundamentais da estrutura econô-mica e social da Colônia. Delas partiu a expansão gradativa das fazendas de gadofazendas de gadofazendas de gadofazendas de gadofazendas de gadopelo sertão, para abastecer de couro e animais de trabalho as zonas canavieiras.

No litoral norte, o rio Amazonas foi estratégico por sua extensão e amplanavegabilidade: até 2.000 km no interior, em meio à floresta equatorial. Durantea união das Coroas de Portugal e Espanha (1580-1640), holandeses, franceses eingleses trataram de ocupar militarmente essa área. Para defender a BaciaAmazônica, as formas iniciais de ocupação, adotadas por Portugal, forampequenos fortes, sendo o primeiro deles na foz do Amazonas, em Belém (1616).

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22A U L AA ocupação da terra como base do direito

sobre sua posse, isto é, o direito “de facto”, foia prática estratégica de apropriação do terri-tório para além dos limites jurídicos do Trata-do de Tordesilhas, o que foi posteriormentereconhecido como um princípio legal.

O maior impulso para a expansãoterritorial decorreu sobretudo da descobertado ouro (1690) no planalto do Brasil Central.O ouro tornou-se a base econômica da Colô-nia até o final do século XVIII, à medida que aeconomia açucareira decaía, face à concorrên-cia do açúcar produzido nas Antilhas.

A descoberta do ouro provocou um afluxode imigrantes da Metrópole, grande mobili-dade interna e uma corrida gigantesca emalguns decênios, que cobriu uma área imensano centro e oeste do atual território brasileiro(Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). Cami-nhos de gado e tropas de mulas estabelece-ram-se para abastecer os primeiros centrosmineradores, constituindo-se nos primeiroseixos da integração interna da Colônia.

Em conseqüência da mineração, deslocou-se o eixo econômico para o centro-sul e com ele transferiu-se a capital da Bahia para o Rio de Janeiro (1763).Entretanto, o ciclo do ouro e diamantes, embora intenso, foi breve. Esgotou-senos últimos 25 anos do século XVIII, inclusive pela pressão dos impostoscobrados pela Coroa. Essa pressão resultou no primeiro, mas fracassado,movimento pela independência: a Inconfidência de Minas Gerais, em 1792.

A principal característica da sociedade colonial era a escravidão de índiose, principalmente, de negros. Essa foi uma escravidão original, que reviveuuma forma de trabalho historicamente extinta, e proporcionou um recursopara a exploração comercial da Colônia. Embora não se tenham dados comple-tos e seguros, em 1798 o número de escravos correspondia à metade dapopulação da Colônia.

A escravidão afetou o conceito de trabalho, que se tornou uma atividadehumilhante e deixou um pequeno número de ocupações para os homens livresque não eram proprietários de terra.

Distinguiam-se assim, dois setores na sociedade colonial, segundo a utiliza-ção de trabalho escravo ou livre. Um setor era estruturado pela escravidão e o clãpatriarcal coeso, formado pelo conjunto de indivíduos que participavam dagrande propriedade rural, cujos donos constituíam a classe privilegiada, aristo-crática. O outro setor era integrado por comerciantes, os únicos que faziam frenteaos proprietários de terra como financiadores da grande lavoura.

A propriedade monoprodutora escravista de grande escala foi a célula detoda a estrutura colonial, determinando o conjunto das relações sociais e aexploração extensiva e especuladora dos recursos naturais.

Reproduzindo-se no tempo e no espaço, a grande propriedade teve seustraços mais acentuados na plantation açucareira, mas esses traços estavampresentes também na fazenda de gado, na mineração e mesmo no setorextrativo do Vale Amazônico, embora este último não tivesse por base apropriedade da terra.

Atividades econômicas do período colonial.

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22A U L A Foi a manutenção do princípio monárquico, no processo de independência,

que determinou a preservação da unidade política do território. O princípiomonárquico centralista foi a solução que os grandes proprietários e traficantes deescravos encontraram para defender seus privilégios e manter seu poder local:no plano externo, garantir o tráfico de escravos contra a pressão inglesa; no planointerno, assegurar o comércio de escravos entre as províncias e o monopólioda propriedade da terra.

Essa relação entre centralismo do Estado e interesses escravistas revelao caráter do bloco do poder. Ele era composto por todas as classes de pro-prietários, mas sob a hegemonia política de um sub-bloco, formado pela eliteescravista de plantadores de café, grupos de proprietários urbanos e comerci-antes. Estes últimos agiam como vanguarda e conquistavam postos-chaveno aparelho de Estado.

Tal situação revela, também, o início de interesses regionaisinteresses regionaisinteresses regionaisinteresses regionaisinteresses regionais diferencia-dos, que vão estar presentes em boa parte da história brasileira, inclusive nosdias atuais.

Nesta aula, você aprendeu que:

l o Brasil foi marcado, social e territorialmente, pelo processo de colonizaçãoprocesso de colonizaçãoprocesso de colonizaçãoprocesso de colonizaçãoprocesso de colonizaçãoibéricoibéricoibéricoibéricoibérico, e até hoje perduram os desafios para construir uma sociedade maisjusta, capaz de respeitar seu imenso patrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio naturalpatrimônio natural;

l seus contornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriaiscontornos territoriais foram traçados, no período colonial, segundo asestratégias formuladas pela Coroa portuguesa, no confronto com as demaispotências do mercantilismomercantilismomercantilismomercantilismomercantilismo;

l a ocupação e o povoamento, ao longo do período colonial, se fazem segundoa lógica da empresa mercantilempresa mercantilempresa mercantilempresa mercantilempresa mercantil, primário-exportadora, baseada no trabalhotrabalhotrabalhotrabalhotrabalhoescravoescravoescravoescravoescravo;

l a estrutura socialestrutura socialestrutura socialestrutura socialestrutura social da Colônia foi preservada após a independência, quemanteve, por intermédio da monarquia, um Estado unificado territo-rialmente, fundado no trabalho escravo;

l a grande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade ruralgrande propriedade rural manteve-se durante a industrialização e consti-tuiu-se em um fator de concentração de riqueza, renda e poderconcentração de riqueza, renda e poderconcentração de riqueza, renda e poderconcentração de riqueza, renda e poderconcentração de riqueza, renda e poder que perduraaté os dias atuais.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Enuncie qual a principal forma de inserção da economia da América Latinae do Brasil na economia mundial. Explique por que formaram a mais antigaperiferia da economia européia.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Qual o sistema agrícola em que podemos classificar a monocultura deprodutos tropicais para a exportação que se tornou a base da estruturaeconômica e social colonial:a)a)a)a)a) agricultura intensiva de jardinagem;b)b)b)b)b) agricultura de produtos temperados;c)c)c)c)c) sistema de plantation;d)d)d)d)d) sitema de rotação de culturas.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Quais os efeitos da concentração da propriedade da terra, desde o períodocolonial, sobre a distribuição de renda no Brasil?

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NNNNNesta aula, veremos como o Brasil se des-taca pelas dimensões continentaisdimensões continentaisdimensões continentaisdimensões continentaisdimensões continentais de seu território, cuja ocupação se deu pormeio da constante incorporação de novas terrasnovas terrasnovas terrasnovas terrasnovas terras, ao mesmo tempo em quepreservava relações de trabalhorelações de trabalhorelações de trabalhorelações de trabalhorelações de trabalho arcaicas. Veremos como o deslocamento dafrente pioneirafrente pioneirafrente pioneirafrente pioneirafrente pioneira foi uma das expressões da grande mobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhono Brasil - um processo contraditório, pois de um lado contribuiu para reduziros níveis de salário e de garantias trabalhistas, e de outro criou uma alternativapara a sobrevivência do trabalhador e de sua família.

Quais os efeitos da grande disponibilidade de terras sobre o processode industrialização e urbanização no Brasil? Qual o significado da fronteira parao desenvolvimento brasileiro?

Os papéis da fronteira agrícola e do acesso à terra são fundamentais paradiferenciar o Brasil de seus parceiros latino-americanos. Isso também deu umaforma peculiar à questão agrária, em que a grande propriedade foi sempredominante.

No Brasil, a oferta de produtos agrícolas foi garantida pela incorporação denovas terras, sem tocar na estrutura fundiária pré-estabelecida, que constituia base do poder dos grupos dominantes até os dias atuais.

Entretanto, essa disponibilidade de terras favoreceu a mobilidade no traba-lho, que costuma ocorrer tanto nos deslocamentos entre um lugar e outro, comona mudança de um tipo de emprego para outro.

O Brasil tem dimensões continentais, e essa é uma diferença fundamental emrelação aos seus vizinhos latino-americanos. Sua extensão territorial coloca-o naquinta posição entre os maiores países do globo, com uma área de 8,5 milhões dekm2 e uma população estimada em 162 milhões de habitantes, em 1995.

A potencialidade de recursos amplia-se pela disponibilidade de espaçoútil decorrente de sua posição geográfica. O Brasil corresponde a dois terços daAmérica Latina, e é seguramente o maior país situado na faixa intertropical.A grande reserva de terras do Brasil é a maior floresta pluvial do planeta - aAmazônia - com uma imensa variedade de espécies. Apesar disso, seu delica-do equilíbrio ecológico constitui ainda um desafio à sociedade brasileira e àciência mundial, na busca de formas apropriadas de ocupação.

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Uma fronteiraem movimento

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As condições naturais são importantes, mas não determinantes. Antes,nosso país era um grande fornecedor de café, mas hoje passou a segundo maiorexportador de soja e derivados, com a vantagem de colocar sua produção nomercado durante o período da entressafra norte-americana. A soja, poucoconhecida no Brasil há quinze anos, venceu a barreira ecológica dos cerradoscerradoscerradoscerradoscerrados eespalhou-se no Planalto Brasileiro, graças aos investimentos em melhoriasgenéticas e no desenvolvimento de tratos em sua cultura. Em 1975, os cerradoseram responsáveis pela produção de cerca de 6% da soja brasileira; em 1982, essenúmero atingia 22% e, com a grande safra de 1987/88, responderam por 8milhões de toneladas de soja, isto é, 44,5% do total nacional.

A economia brasileira cresceu, e continua crescendo, pela impressionantecapacidade de incorporar rapidamente novas terras. A área total dos estabeleci-mentos agrícolas era de 198 milhões de hectares em 1940; saltou para 365 milhõesem 1980, e atingiu 375 milhões de hectares em 1985, já sob os efeitos da criseeconômica do início da década de 1980. E isso representa apenas cerca da metadeda área disponível para a agropecuária.

A grande propriedade rural brasileira, herdada do latifúndio escravista, foium instrumento básico para conservar os trabalhadores e suas famílias emcondições próximas à subsistência, rebaixando o nível geral de salários daeconomia. O consumo de calorias por habitante no Brasil é de 2.657 por dia,inferior aos valores encontrados no Iraque (2.891), no Irã (3.115) ou na Turquia(3.218). O custo por hora da mão-de-obra no Brasil é um dos mais baixosdo mundo - cerca de US$ 1.00 -, enquanto em países como a Grã-Bretanhaou a França, a hora de um trabalhador médio está em torno de US$ 17.00.

A concentração do capital e o crescimento econômico não repousaramapenas nos baixos salários, mas também na extraordinária intensificação damobilidade dos trabalhadores no decorrer da História. O processo migratóriointerno foi responsável pelo povoamento do território nacional, que se inten-sificou com o processo de industrialização, avançando progressivamente parao oeste e o norte.

O deslocamento da população para essas áreas novas, com a conquistade terras de floresta para a agricultura, é chamado de frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira,frente pioneira, porquese faz de modo mais ou menos contínuo, como uma frente, e ocupa terras novas- por isso seu caráter pioneiro.

EXPANSÃOEXPANSÃOEXPANSÃOEXPANSÃOEXPANSÃO DADADADADA ÁREAÁREAÁREAÁREAÁREA DOSDOSDOSDOSDOS ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOSAGROPECUÁRIOSAGROPECUÁRIOSAGROPECUÁRIOSAGROPECUÁRIOS – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85 – 1970/85(((((EMEMEMEMEM MILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕESMILHÕES DEDEDEDEDE HECTARESHECTARESHECTARESHECTARESHECTARES)))))

REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES

Brasil

Norte (2)

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste (3)

ÁREAÁREAÁREAÁREAÁREA DOSDOSDOSDOSDOS

ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS

19701970197019701970294, l5

23, l874, 3069, 5045, 4681, 71

ÁREAÁREAÁREAÁREAÁREA DOSDOSDOSDOSDOS

ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS

19801980198019801980364, 85

41, 5688, 4473, 5047, 91

113, 44

ÁREAÁREAÁREAÁREAÁREA DOSDOSDOSDOSDOS

ESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOSESTABELECIMENTOS

19851985198519851985374, 92

45, 2192, 0573, 2447, 94

116, 48

INCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTO

ANUALANUALANUALANUALANUAL (1) (1) (1) (1) (1)1970/801970/801970/801970/801970/80

2,186,011,760,560,533,34

INCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTOINCREMENTO

ANUALANUALANUALANUALANUAL (1) (1) (1) (1) (1)1980/851980/851980/851980/851980/85

0,27 0,85 0,40

- 0,04 0,01 0,26

(1) Taxa de incremento geométrico anual.

(2) Dados excluem o Estado de Tocantins.

(3) Dados incluem o Estado de Tocantins.

Fontes: IBGE, Censos Agropecuários de 1970, 1980 e 1985.

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As frentes pioneiras iniciaram-se com a expansão do café no Estado de SãoPaulo e avançaram em direção ao sul e ao oeste do Brasil, povoando o interior dosEstados do Paraná, Goiás, e Mato Grosso do Sul, dentre outros.

A mobilidade da populaçãomobilidade da populaçãomobilidade da populaçãomobilidade da populaçãomobilidade da população ampliou a margem de pobreza em todo oterritório nacional e fez emergir novos grupos sociais, que compõem o universoda sociedade brasileira. Intensificaram-se a rotatividade do emprego, que é umadas maiores do mundo, e a polivalênciapolivalênciapolivalênciapolivalênciapolivalência do trabalhador, isto é, o exercício demúltiplas tarefas ou múltiplos empregos por um mesmo indivíduo.

Essa mobilidade deve-se, de um lado, à atração exercida pelas áreas dinâmi-cas, com novas oportunidades de emprego e/ou de acesso à terra, sobretudono Sudeste, nas metrópoles e, com menos intensidade, no Centro-Oeste e Norte;de outro lado, a modernização da agricultura, que liberou a mão-de-obra ruralem todo o país, retirou do Nordeste seu papel de fornecedor, quase exclusivo,de migrantes.

A mecanização subsidiada subsidiada subsidiada subsidiada subsidiada pelo governo, cujo melhor exemplo é o cultivoda soja, transformou o Estado do Paraná de uma frente pioneira do café,que atraía a população de outros estados, no maior exportador de mão-de-obrado Brasil, em apenas duas décadas - de 1970 a 1991.

A concentração da propriedade da terra, decorrente de sua valorizaçãoe do acesso diferenciado ao crédito, resultou na expropriação violenta de pequenosprodutores (posseiros, parceiros, pequenos proprietários etc.). Em conseqüência,a mobilidade passou a se dar em escala nacional e está associada à formação de umnovo mercado de trabalho com características próprias.

Nas áreas em que o mercado de trabalho é melhor organizado, como emSão Paulo, assalariados rurais permanentes foram transformados em traba-lhadores temporários, que vivem nas cidades e vão trabalhar diariamente nocampo, os bóias-friasbóias-friasbóias-friasbóias-friasbóias-frias. Em áreas menos desenvolvidas, os pequenos produ-tores rurais passaram a vender seu trabalho, tanto para o mercado urbanocomo para o rural (dependendo da estação), e a morar em áreas urbanas. Esseprocesso significa maior instabilidade no emprego e maior exploração dotrabalho, pois permite manter os salários baixos, induz à ampliação dajornada de trabalho e “libera” os patrões das obrigações trabalhistas.

Ao fornecersubsídio, o governopode pagar partedo bem, ou cobrarimpostos maisbaixos, ou atédeixar de cobrá-los.

até 2 hab./km2

de 2 a 20 hab./km2

de 20 a 50 hab./km2

mais de 50 hab./km2

1940 1950 1960

1970 1980 1991

BRASIL - DENSIDADES DEMOGRÁFICAS POR ESTADOS - 1940/ 1991

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Na área urbana os trabalhadores podem estar empregados no setor formalsetor formalsetor formalsetor formalsetor formalda economia, isto é, o que apresenta uma relação estável de trabalho e estáregulamentado pelas normas do Estado, ou no setor informalsetor informalsetor informalsetor informalsetor informal, que é formadopelos trabalhadores por conta própria e pelos que não possuem relações detrabalho formais, isto é, não têm seus direitos trabalhistas garantidos.

O chamado setor informal abrange uma fantástica massa de empregadorese empregados, constituindo uma economia paralelaeconomia paralelaeconomia paralelaeconomia paralelaeconomia paralela que foge da regulaçãooficial. Ainda pouco conhecida, essa imensa massa de trabalhadores semcarteira assinada exerce as mais diversas atividades. A economia paralelainclui desde o pequeno vendedor ambulante até as pequenas indústrias queproliferam nas grandes cidades brasileiras.

Nesta aula você aprendeu que:

l o Brasil tem a maior extensão territorialextensão territorialextensão territorialextensão territorialextensão territorial entre os países da América Latinae uma das maiores entre os países do mundo;

l essas dimensões territoriaisdimensões territoriaisdimensões territoriaisdimensões territoriaisdimensões territoriais possibilitaram ao Brasil, historicamente, inte-grar-se ao comércio mundial, pela ocupação de grandes extensões degrandes extensões degrandes extensões degrandes extensões degrandes extensões deterrasterrasterrasterrasterras com cultivos como o açúcar, o café e atualmente a soja, destinados,de preferência, à exportação;

l mas essa possibilidade de incorporar novas áreas produtivas - as chamadasfronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas fronteiras agrícolas - permitiu, também, a preservação de uma estruturaestruturaestruturaestruturaestruturafundiária altamente concentradafundiária altamente concentradafundiária altamente concentradafundiária altamente concentradafundiária altamente concentrada, pois os “sem-terra” deslocam-se paraas áreas de fronteira;

l no Brasil, a mobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalhomobilidade do trabalho, quer nas fronteiras agrícolas, quer nasáreas urbanas, é um dos fatores para explicar as baixas remuneraçõesbaixas remuneraçõesbaixas remuneraçõesbaixas remuneraçõesbaixas remunerações queconservam os trabalhadores apenas em níveis próximos da pobreza.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1A intensificação do processo de ocupação da região Centro-Oeste é recente.Destaca-se como fator dessa ocupação:a)a)a)a)a) a pecuária, iniciada nas últimas décadas, especialmente em trechos do

Planalto Central e no Pantanal Matogrossense;b)b)b)b)b) a industrialização, estimulada pelo governo, que se tornou a atividade

econômica mais expresiva de Estados como Goiás e Mato Grosso do Sul;c)c)c)c)c) a construção de Brasilia em uma das áreas mais valorizadas da região,

que possibilitou dinamismo econômico, tornou complexa a estruturado espaço regional e viabilizou a estratégia de “integração regional”;

d)d)d)d)d) a constução de ferrovias, que se constituem atualmente no mais expres-sivo fluxo de circulação regional.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2A população rural da região Sul do Brasil foi a que conheceu o maiordecréscimo percentual entre 1970 e 1980 (-2,47% ao ano). Para que outrasregiões essa população tem se dirigido?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Considerando o aspecto da dinâmica populacional, descreva:a)a)a)a)a) um fator de atração;b)b)b)b)b) um fator de repulsão da população.

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Condomínios e favelas:a urbanização desigual

NNNNNesta aula, vamos estudar a urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãobrasileira, que se caracteriza pela rapidez e intensidade de seu ritmo. Vamoscomprender como o crescimento das cidades esteve ligado à atividade industri-al, gerando aglomerações urbanasaglomerações urbanasaglomerações urbanasaglomerações urbanasaglomerações urbanas com diferentes níveis na hierarquia regional.Veremos também que a pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana reflete as desigualdades sociais presen-tes na economia brasileira.

Qual o papel das grandes cidades no processo de desenvolvimento brasi-leiro? Como as metrópoles podem ser, ao mesmo tempo, centros de inovaçõese aglomerados de pobreza?

No Brasil, o mercado unificou a economia urbana em escala nacional.Quanto maior a cidade, maior a possibilidade de multiplicação das atividadesinformais e das alternativas de sobrevivência para os pobres. Favelas semultiplicam, enquanto as pessoas mais abastadas procuram construir condo-mínios que lhes ofereçam mais segurança. Explica-se, assim, a expansão doemprego - ainda que rotativo e mal remunerado - na indústria metropolitana,ao contrário do que ocorre nas economias centrais. No caso brasileiro, aperiferia cresce com a indústria e com a migração da população de baixa renda.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.

O Brasil transfor-mou-se em um paíspaíspaíspaíspaísurbanourbanourbanourbanourbano em poucas dé-cadas, comprimindono tempo um proces-so que, em outros paí-ses, se fez muito maislentamente. As áreasurbanas passaram aconcentrar, em 1995,mais de 120 milhõesde indivíduos, numtotal de aproximada-mente l60 milhões.

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Ao contrário dos países latino-americanos, como os do Cone Sul, que têmurbanização mais estabilizada, o Brasil manifesta um processo extremamen-te dinâmico, devido, em grande parte, ao próprio crescimento urbano - quenão se reduz à mera “inchação” das cidades - mas também à mobilidade desua população e a uma fronteira móvel.

A partir de 1930, começou a se acelerar o crescimento industrial do eixo entreRio de Janeiro e São Paulo. Essa área passou a ter um desenvolvimento maior doque as demais, tornando-se o centrocentrocentrocentrocentro econômicoeconômicoeconômicoeconômicoeconômico do Brasil e produzindo bensindustrializados de todos os tipos. Os demais Estados tornaram-se mercadosconsumidores desses bens, fornecendo matérias-primas e alimentos a preçosbaixos e, principalmente, mão-de-obra barata em grande quantidade. Estabele-ceu-se, assim, a relação centro-periferiacentro-periferiacentro-periferiacentro-periferiacentro-periferia, isto é, áreas que tiveram crescimentoeconômico diferente mantêm uma relação de dependência entre si.

A indústria foi a grande responsável pela aceleração do processo de urbani-zação. Como mostra o gráfico, hoje o Brasil é um país predominantementeurbano, com cerca de 75% de sua população vivendo e trabalhando em cidades,em especial nas metrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópoles.

As metrópoles são cidades que exercem um grande poder de atração sobreas áreas vizinhas. Esse é o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, BeloHorizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.

Entre 1950-1990, o crescimento mais significativo ocorreu nas cidades mé-dias e grandes. O total de cidades com mais de 100 mil habitantes passou de 11para 95, representando 48,7% da população urbana do país.

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Dois movimentos complementares caracterizam a urbanização: a acentua-ção da concentração populacional e a tendência à dispersão espacial.

Em termos de concentração, nos anos 70 as regiões metropolitanas aumen-taram sua participação relativa (isto é, em relação ao total da população dasáreas urbanas) de 25,5% para 29,0%. A indústria teve papel central no cresci-mento das metrópoles e das aglomerações urbanas imediatamente abaixodesse nível.

Somente as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro - com12 milhões e 9 milhões de habitantes, respectivamente - juntas respondiam,em 1980, por 75,4% do pessoal ocupado e por aproximadamente 65% do valorda produção industrial em todo o país.

Essas metrópoles recebem apoio de dois tipos de cidade, tanto em relaçãoao crescimento demográfico quanto à situação de renda:

1.1.1.1.1. as cidades que correspondem à desconcentração industrial de São Paulo ouà implantação da fronteira científico-tecnológica, isto é, cidades onde seinstalam importantes centros de pesquisa e se desenvolvem atividades queutilizam tecnologia de ponta, como é o caso de Campinas e São José dosCampos;

2.2.2.2.2. regiões metropolitanas com indústrias ou pólos industriais avançados,como Belo Horizonte (metalurgia e material de transporte), Salvador(petroquímica), Curitiba e Porto Alegre (indústrias diversas).

A tendência à dispersão urbana, tanto em termos populacionais como derenda, se faz por três modalidades, movidas por fatores que não se ligamdiretamente à indústria, e em geral correspondem a posições de contato entreáreas de economias diversas.

A primeira modalidade é a extensão contínua de centros urbanos a partir dacidade mundial, isto é, uma cidade rica que fornece as tendências de atuação pararegiões de agricultura diversificada e regiões basicamente pecuaristas, por ondeavança a agricultura moderna da soja e da cana-de-açúcar.

A segunda é a formação de uma ampla frente urbana de interiorização,correspondente às grandes capitais dos Estados do Centro-Norte, que fornecemas tendências de atuação para a urbanização no interior, e funcionam comopontos de contato e intermediação entre as bordas da cidade mundial e as áreasde avanço da fronteira. Papel central na presença de grandes populações e derendas relativamente elevadas deve-se ao Estado. O maior exemplo dessasituação é Brasília, a capital da geopolítica, que registrou a maior proporção nopaís da população economicamente ativa urbana nas mais altas classes de renda.

BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL: : : : : ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE DEDEDEDEDE URBANIZAÇÃOURBANIZAÇÃOURBANIZAÇÃOURBANIZAÇÃOURBANIZAÇÃO – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91 – 1950/91PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação

AnoAnoAnoAnoAno19501960197019801991

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoTotalTotalTotalTotalTotal

51 .944.39770.197.37093.139.037

119.002.706146.825.475

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoUrbanaUrbanaUrbanaUrbanaUrbana

18.782.89131.533.68152.084.98480.436.409

110.990.990

Índice de urbanizaçãoÍndice de urbanizaçãoÍndice de urbanizaçãoÍndice de urbanizaçãoÍndice de urbanização

%%%%%36,244,955,967,675,6

FONTE: IBGE, Censos Demográficos: 1905, 1960, 1970, 1980 e 1991.

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A terceira modalidade da dispersão é característica da fronteira. Incluicentros regionais e locais que servem de suporte para as frentes de expansãoagropecuárias e minerais, e inclui também o crescimento explosivo de pequenosnúcleos dispersos, vinculados à abertura da floresta ou aos garimpos, que seconstituem em locais de reprodução da força de trabalho móvel, razão pela qualmuitos desses são também efêmeros, mudando de localização com o desloca-mento das frentes.

A urbanização foi sustentada em grande parte por uma maioria de mão-de-obra barata e pobre. E, ainda assim, o trabalho urbano significa ascensão, pois aproporção de trabalhadores na faixa inferior a um salário mínimo foi de cerca de25%, no Brasil urbano, bem menor do que a percentagem de 38% do país comoum todo. Na Região Metropolitana de São Paulo, a proporção de trabalhadoresganhando até um salário mínimo é de 9,2%, na do Rio de Janeiro é superior a14,0% e na de Belo Horizonte alcança quase 21%.

Crescimento econômico com pobreza crescente, movimentos espontâneosna economia informal e estruturas econômicas formais se complementam parasustentar o crescimento metropolitano. A pobreza, por um lado, constitui umentrave à maior expansão das grandes empresas, pois restringe o crescimento deum mercado interno, consumidor; mas, por outro, permite a proliferação depequenas fábricas menos capitalizadas e criadoras de emprego.

O mercado unifica a economia urbana e, quanto maior a cidade, maior apossibilidade de multiplicação de atividades informais. Explica-se, assim, aexpansão do emprego - ainda que rotativo e mal remunerado - na indústriametropolitana, ao contrário do que ocorre nas economias centrais. No casobrasileiro, a periferia cresce com a indústria e a migração da população de baixarenda. O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.O lugar da riqueza torna-se literalmente o lugar da pobreza.

Os dados relativos ao sistema urbano das regiões brasileiras revelam algunsaspectos importantes:

O Sudeste, que é o núcleo original da industrialização, revela a formidávelconcentração da indústria (52,4%), do comércio (58,9%) e dos serviços (75,4%)nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.É particularmente acentuado o fato de que três quartos das receitas de serviçosestão centralizados nas metrópoles, o que é um indicador indireto da elevadaconcentração urbana da região.

O Sul, dadas as características históricas e geográficas de seu desenvolvi-mento, apresenta uma estrutura mais dispersa, com maior concentração metro-politana na oferta de serviços.

PARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃOPARTICIPAÇÃO DASDASDASDASDAS REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES METROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANASMETROPOLITANAS EEEEE DODODODODO DISTRITODISTRITODISTRITODISTRITODISTRITO FEDERALFEDERALFEDERALFEDERALFEDERAL

NONONONONO VALORVALORVALORVALORVALOR BRUTOBRUTOBRUTOBRUTOBRUTO DADADADADA PRODUÇÃOPRODUÇÃOPRODUÇÃOPRODUÇÃOPRODUÇÃO INDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIALINDUSTRIAL ( ( ( ( (VBPIVBPIVBPIVBPIVBPI),),),),),NANANANANA RECEITARECEITARECEITARECEITARECEITA DADADADADA VENDAVENDAVENDAVENDAVENDA DEDEDEDEDE MERCADORIASMERCADORIASMERCADORIASMERCADORIASMERCADORIAS ( ( ( ( (RVMRVMRVMRVMRVM) ) ) ) ) EEEEE NANANANANA RECEITARECEITARECEITARECEITARECEITA TOTALTOTALTOTALTOTALTOTAL DOSDOSDOSDOSDOS SERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOS ( ( ( ( (RTSRTSRTSRTSRTS)))))

BrasilBrasilBrasilBrasilBrasilNorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste (1)

VBPIVBPIVBPIVBPIVBPI47,011,058,952,434,110,8

RVMRVMRVMRVMRVM46,525,640,458,927,721,5

RTSRTSRTSRTSRTS65,422,350,175,443,355,4

(1) Dados relativos ao Distrito Federal

Fonte: IBGE, Censo Econômico de 1985 e Municípios: Indústria, Comércio e Serviços.

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No Nordeste são nítidos os efeitos territoriais da nova indústria nordestina,cuja produção está fortemente centralizada nas áreas metropolitanas de Salva-dor, Recife e Fortaleza (58,9%), com uma concentração superior à receita dosserviços (50,1%). Isso constitui um efeito peculiar das políticas regionais centradasna indústria como motor dinâmico do desenvolvimento, cujo melhor exemploestá na região metropolitana de Salvador, que detém cerca de 80% do total dovalor da produção industrial do Estado da Bahia e aproximadamente 35% dovalor total da Região Nordeste.

O Norte e o Centro-Oeste revelam estruturas semelhantes, no que dizrespeito ao peso metropolitano da indústria e do comércio, em grande parte porcausa do papel de cidades médias, como é o caso de Goiânia e Manaus, quedividem as funções urbanas com os aglomerados metropolitanos de Brasíliae Belém, respectivamente.

Dois aspectos devem ser ressaltados: a considerável presença de Belém nocomércio regional, atividade tradicional nessa cidade da foz do Amazonas, e opapel de destaque de Brasília, na receita dos serviços da região Centro-Oeste,reforçando sua centralidade na rede urbana regional, em grande parte devidoà função de capital federal.

Uma das questões centrais, nesse contexto, é o abastecimento dessas aglo-merações metropolitanas, que exige redes de circulação eficientes para mantera oferta de bens agrícolas a esse grande contingente populacional, garantindo,pelo aumento da oferta de alimentos, ganhos relativos nos salários reais.

Esse é um dos problemas centrais de uma política territorial de distribuiçãode renda, com profundas implicações sociais, conforme se observou nos anos 80:a convivência de grandes safras com elevações constantes nos preços da cestabásica, nos mercados metropolitanos.

As metrópoles tornaram-se também o lugar da pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana, das carên-cias sociais de vários tipos, que se manifestam em movimentos demovimentos demovimentos demovimentos demovimentos de posseirosposseirosposseirosposseirosposseiros(sem-terra), em invasões dos sem-tetoinvasões dos sem-tetoinvasões dos sem-tetoinvasões dos sem-tetoinvasões dos sem-teto e em loteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinos. Elas têmos complexos problemas de gestão, comuns às grandes aglomerações urbanas,bem como os problemas específicos das cidades de economias periféricas, o queresulta em elevado potencial de conflitos reivindicatórios de direito à cidadania.

Nesta aula você aprendeu que:

l o Brasil se transformou em um país urbanopaís urbanopaís urbanopaís urbanopaís urbano, em poucas décadas, comprimin-do no tempo um processo que em outros países se fez muito mais lentamente;

l a partir de 1930, começou a se acelerar o crescimento industrial do eixo entreRio de Janeiro e São Paulo. Essa área passou a ter um desenvolvimento maiordo que as demais, tornando-se o centrocentrocentrocentrocentro econômicoeconômicoeconômicoeconômicoeconômico do Brasil;

l a industrializaçãoindustrializaçãoindustrializaçãoindustrializaçãoindustrialização foi a grande responsável pela aceleração do processode urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização;

l cerca de 75% de sua população vive e trabalha em cidades, principalmentenas metrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópolesmetrópoles, que têm um grande poder de atração sobre as áreasvizinhas, como é o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizon-te, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília;

l as metrópoles tornaram-se também o lugar da pobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbanapobreza urbana, das carên-cias sociais de vários tipos que se manifestam em movimentos demovimentos demovimentos demovimentos demovimentos de possei-possei-possei-possei-possei-rosrosrosrosros, em invasões dos sem-tetoem invasões dos sem-tetoem invasões dos sem-tetoem invasões dos sem-tetoem invasões dos sem-teto e em loteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinosloteamentos clandestinos.

Page 142: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

24A U L A

26

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Por que podemos afirmar que hoje o Brasil é um país urbano?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Por que as metrópoles brasileiras podem ser consideradas lugares da rique-za e da pobreza?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Assinale a alternativa errada sobre a urbanização brasileira:a)a)a)a)a) A aceleração do processo de urbanização ocorreu principalmente após a

Segunda Guerra Mundial, quando também se intensificou a industriali-zação.

b)b)b)b)b) Uma das tendências da urbanização na década de 1970 diz respeito aoaparecimento, no interior, de centros de contato e de intermediação entreas regiões de desenvolvimento urbano-industrial e as áreas de avanço dafrente pioneira.

c)c)c)c)c) A tendência mais marcante da configuração espacial da urbanização,no período de 1970 a 1980, refere-se ao aumento da concentração urbananos espaços metropolitanos.

d)d)d)d)d) O processo de urbanização no período de 1980 a 1990 estabiliza-se,evidenciando um padrão definido na distribuição espacial da populaçãono território nacional.

Page 143: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

25A U L A

NNNNNesta aula, vamos verificar que a industri-industri-industri-industri-industri-alização recente alização recente alização recente alização recente alização recente foi consolidada por uma forte participação do Estado em umprocesso que ficou conhecido como modernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadora. Veremoscomo esse processo marcou profundamente a organização espacial do territórionacional, hierarquizando-o a partir de uma cidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundial, em domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios efronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras. Tal processo contribui pouco para reduzir as disparidades de rendaentre as regiões brasileiras, resultantes do ritmo de desenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualna acumulação de riqueza e na geração de renda na economia nacional.

Qual o papel do Estado na industrialização recente no Brasil? O que significaa modernização conservadora e quais seus reflexos na organização espacial daeconomia brasileira?

Durante o período autoritário - de l964 a l985, quando o Brasil esteve sobregime militar - as implicações políticas da estrutura espacial foram levadas aoextremo, num momento em que o espaço tornou-se instrumento e condição damodernização conservadora.

A gestão estatal do território foi principalmente estratégica, envolvendonão apenas sua administração em termos econômicos, mas também as rela-ções de poder. Entre 1955 e 1970, a política regional procurou identificar-secom a construção da nação. A macro-região foi a escala considerada ótima,tanto para promover a unificação do mercado nacional como para a centra-lização do poder governamental. Na década de 1970, os grandes projetosadministrados pelas empresas estatais substituíram a política regional pornovos ajustes com os grupos que detinham o poder nas regiões.

No Brasil, o status de país de industrialização recente - conhecido tambémpela sigla em inglês NIC (New Industrialized Country) - foi alcançado a partirde 1970 pela modernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadora conduzida pelo Estado, queproduziu transformações significativas na economia sem romper com a ordemsocial hierarquicamente organizada.

Cidade mundial,domínios e fronteiras

25A U L A

Page 144: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

25A U L A A gestão autoritária do território foi um instrumento essencial para criar

fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras, isto é, áreas onde se conquistavam novas terras e se produziammudanças aceleradas; garantir os domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios, ou seja, territórios controlados poroligarquias solidamente estabelecidas, e consolidar uma cidade mundial cidade mundial cidade mundial cidade mundial cidade mundial -São Paulo - como lugar que estabelece ligações com a economia mundial.

A fronteirafronteirafronteirafronteirafronteira não se resume a uma vasta extensão de terras sem dono a serexplorada por homens também - pretensamente - livres, tampouco represen-ta um determinado tipo de periferia dependente de um centro. Ela é um espaçoeconômico, social e político que não está plenamente organizado e tem acapacidade de gerar novas realidades.

Os domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomínios são áreas consolidadas, com estruturas políticas relativamenteestáveis, mantidas por alianças com interesses locais e regionais que participamdiretamente do núcleo de poder político, e que deram sustentação ao projetode modernização conservadora.

Assim, perpetuaram-se formas tradicionais de propriedade da terra e decontrole do comércio, graças a toda sorte de instrumentos políticos que garantemprivilégios adquiridos e criam barreiras à entrada de novos concorrentes.

Fronteiras e domínios são articulados, ou seja, criados e postos em práticapela cidade mundial, que, em países de industrialização recente, é, ao mesmotempo e no mesmo lugar, centro de gestão, de acumulação de capital em escalamundial e núcleo de comando de uma vasta rede urbana que conecta amultiplicidade de lugares existente no Brasil.

Oligarquia:governo de poucas

pessoas quepertencem ao

mesmo partido,classe ou família, e

que compartilhamos mesmosinteresses.

Page 145: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

25A U L AA política territorial do Estado manteve domínios, expandiu fronteiras

e fortaleceu a cidade mundial. Como exemplo de manutenção de domíniomanutenção de domíniomanutenção de domíniomanutenção de domíniomanutenção de domínio,a persistência da questão regional no Nordeste; da expansão de fronteiraexpansão de fronteiraexpansão de fronteiraexpansão de fronteiraexpansão de fronteira,a configuração de uma imensa fronteira de recursos no Norte e Centro-Oestee de fortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundialfortalecimento da cidade mundial, a conformação de um vasto complexourbano-industrial comandado por São Paulo.

Um balanço desse período recentemostra que, apesar da intervenção diretado Estado, persistem na economia nacio-nal os mecanismos geográficos que leva-ram ao desenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigualdesenvolvimento desigual das re-giões brasileiras. E as desigualdades re-sultam do ritmo diferenciado de acumula-ção da riqueza e de geração da renda, nasdiferentes parcelas do território nacional.

A análise das grandes regiões brasilei-ras, que utiliza a classificação definidapelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) em NorteNorteNorteNorteNorte, Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste,SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste, Sul Sul Sul Sul Sul e Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste, é útil paraum primeiro contato com as mudançasrecentes ocorridas no Brasil, que revelam asituação atual na distribuição territorialda riqueza e as desigualdades regionais nadivisão social da renda.

A industrialização foi responsável pela maior concentração de população ede renda no Sudeste. Sua integração com o Sul já era importante desde o iníciodo desenvolvimento industrial, por causa do fornecimento, pelo Sul, de alimen-tos e matérias-primas agrícolas.

O Nordeste, a segunda região mais populosa, ainda é a área mais pobre dopaís, com uma participação na renda nacional inferior à metade de seu pesodemográfico, isto é, de sua grandeza populacional. A integração do Nordeste aoSudeste é um processo que se completa na década de 1970 pela intervençãoplanejada do Estado.

DADOSDADOSDADOSDADOSDADOS BÁSICOSBÁSICOSBÁSICOSBÁSICOSBÁSICOS SOBRESOBRESOBRESOBRESOBRE ASASASASAS MACROMACROMACROMACROMACRO-----REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES BRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRAS

RegiãoRegiãoRegiãoRegiãoRegião

NorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste

Brasil

ÁreaÁreaÁreaÁreaÁrea

(1.000 km(1.000 km(1.000 km(1.000 km(1.000 km22222)))))

3.8641.5461.9251.5781.5938.506

ÁreaÁreaÁreaÁreaÁrea

(%)(%)(%)(%)(%)

45,418,2l0 ,96,8

18,7100,0

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação

-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)-1991 (1)

Milhões de hab.Milhões de hab.Milhões de hab.Milhões de hab.Milhões de hab.

110.146142.387162.121122.080149.420146.154

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação

- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)- l991 (1)

(%)(%)(%)(%)(%)

6 ,929 ,042 ,615 ,1

6 ,4100,0

Renda Renda Renda Renda Renda -----

1985 (2)1985 (2)1985 (2)1985 (2)1985 (2)

(milhões de US$)(milhões de US$)(milhões de US$)(milhões de US$)(milhões de US$)

8 .82827 .511

118 .13935 .914l2 .667

203 .059

Renda Renda Renda Renda Renda -----

l985 (2)l985 (2)l985 (2)l985 (2)l985 (2)

(%)(%)(%)(%)(%)

4 ,3l3 ,558 ,317 ,7

6 ,2100,0

(1) Dados preliminares do Censo Demográfico de 1991 (FIBGE, 1992).

(2) Dados básicos das Contas Nacionais - Renda Interna por Unidade da Federação (FIBGE, 1991).

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25A U L A O Centro-Oeste iniciou, de fato, seu processo de integração com a fundação de

Brasília, em 1960. Sua rede de infra-estrutura viária facilitou a expansão da soja,cultura agrícola que “abriu” os cerrados e integrou definitivamente o Centro-Oeste ao mercado nacional, na década de 1980.

O Norte, que abrange a grande Planície Amazônica, é ainda uma imensasuperfície florestada e um imenso vazio demográfico. Os esforços de ocupaçãodessa área, realizados a partir da década de 1970 com a abertura de rodovias quepartiam de Brasília, permitiram o crescimento populacional em manchas naborda sul da grande massa florestal. Entretanto, a atividade econômica ainda éem grande parte dispersa ou, então, concentra-se ao longo de poucos eixos quepartem de cidades encravadas aqui e ali, e ao longo dos rios e rodovias.

Os grandes projetos agropecuários e mineradores instalados a partir dadécada de 1970 na Amazônia seguem basicamente esse padrão, mesmo emCarajás, a grande província mineral da região, onde a Companhia Vale do RioDoce (CVRD) é o elemento de integração do território sob seu controle com omercado mundial.

Dessa maneira verificamos que, apesar da forte intervenção do Estado, oritmo de desenvolvimento desigual é o responsável pelas disparidades entreas regiões brasileiras, o que resulta em uma grande concentração de pessoas,investimentos e informações na área geoeconômica comandada pela cidademundial, São Paulo, conhecida também como o Centro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-Sul, que veremos naaula a seguir.

Nesta aula você aprendeu que:

l no Brasil, o status de país de industrialização recente país de industrialização recente país de industrialização recente país de industrialização recente país de industrialização recente foi alcançado pelamodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadoramodernização conservadora conduzida pelo Estado;

l a gestão autoritária do território produziu fronteirasfronteirasfronteirasfronteirasfronteiras, garantiu domíniosdomíniosdomíniosdomíniosdomíniose consolidou a cidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundialcidade mundial, lugar que estabelece ligações com a econo-mia global;

l a industrialização foi responsável pelo desenvolvimento desigual da econo-mia nacional, pois estimulou uma maior concentração de população e derenda no SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste. A região está integrada com o SulSulSulSulSul, especialmente porqueeste lhe fornece alimentos e matérias-primas agrícolas;

l o NordesteNordesteNordesteNordesteNordeste ainda é a área mais pobre, com uma participação na rendanacional inferior à metade de seu peso demográfico;

l o Centro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-Oeste iniciou, de fato, seu processo de integração com a fundaçãode Brasília, em 1960;

l o NorteNorteNorteNorteNorte, que abrange a grande Planície Amazônica, é ainda uma imensasuperfície florestada e um imenso vazio demográfico.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

ÁREAÁREAÁREAÁREAÁREA TERRITORIALTERRITORIALTERRITORIALTERRITORIALTERRITORIAL EEEEE POPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃOPOPULAÇÃO NASNASNASNASNAS REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES BRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRASBRASILEIRAS

RegiõesRegiõesRegiõesRegiõesRegiões

123

PorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemdo territóriodo territóriodo territóriodo territóriodo território

45,410,916,8

PorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemda populaçãoda populaçãoda populaçãoda populaçãoda população

16,942,615,1

Page 147: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

25A U L AConsiderando os dados apresentados, identifique qual das alternativas

abaixo contém, corretamente indicadas, as regiões brasileiras que substi-tuem os números 1, 2 e 3 na ordem da tabela.a)a)a)a)a) Centro-Oeste, Nordeste e Sul;b)b)b)b)b) Centro-Oeste, Sudeste e Sul;c)c)c)c)c) Norte, Nordeste e Sudeste;d)d)d)d)d) Sudeste, Sul e Nordeste;e)e)e)e)e) Norte, Sudeste e Sul.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Na região Centro-Oeste, do ponto de vista das características geoeconômicas,quais são os fatores que permitem definir essa unidade espacial? Assinaleas respostas falsas e as verdadeiras.a)a)a)a)a) alta concentração de população e de renda;b)b)b)b)b) intensa aplicação de capital na agricultura;c)c)c)c)c) comunicação precária por rodovias com o resto do país;d)d)d)d)d) economia principalmente voltada para a exportação.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3A região Sudeste é a mais desenvolvida do país, concentra mais da metade dapopulação absoluta do Brasil, mais de 60% da renda nacional e tem o maiorcomplexo industrial da América Latina. Assinale a alternativa incorreta:a)a)a)a)a) Esse progresso é explicado pelo grande fluxo de capital acumulado

na fase áurea da mineração no interior de Minas Gerais.b)b)b)b)b) Isso ocorre devido ao seu potencial energético e à disponibilidade

de mão-de-obra vinda de outras regiões do país.c)c)c)c)c) Embora tenha áreas pobres e grande número de favelados nos mais

importantes centros urbanos, apresenta o menor índice de desempregorural e urbano do país.

d)d)d)d)d) Apresenta os mais bem-equipados portos do país, como o de Santos,no Estado de São Paulo, e o de Tubarão, no Espírito Santo.

e)e)e)e)e) O crescimento econômico do espaço regional foi favorecido pela boainfra-estrutura dos transportes, com destaque para as rodovias que ligamdiferentes áreas de produção da região.

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26A U L A

26A U L A

NNNNNesta aula, veremos como a cidade mundial- São Paulo - foi responsável pela consolidação de um cinturão urbano-cinturão urbano-cinturão urbano-cinturão urbano-cinturão urbano-industrialindustrialindustrialindustrialindustrial na região SudesteSudesteSudesteSudesteSudeste, que incorporou a região SulSulSulSulSul e se estendeupelo Centro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-Oeste. Esse desenvolvimento se deu principalmente depois daconstrução da nova capital federal em Brasília, inaugurada em 1960, o queacelerou o avanço da ocupação agrícola e a diversificação do papel das cidadesda região.

Essa área forma um conjunto regional denominado Centro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-Sul, que sedestaca no cenário nacional pelo dinamismo de sua agroindústria, embora aindaapresente níveis elevados de pobreza, em especial nas grandes aglomeraçõesmetropolitanas.

Qual o papel de São Paulo na estruturação do espaço brasileiro? Quala importância da metrópole paulistana na rede mundial de cidades?

No Brasil, a metropolização expressa a rapidez com que se urbaniza o espaçonacional. É contraditório verificar como uma economia subdesenvolvida supor-ta esse papel que, sem dúvida, lhe é atribuído pela divisão internacional dotrabalho, em termos da própria realização do capital internacional.

Apesar da importância desse papel, a metrópole é essencialmente o lugar dapobreza. Essa posição típica de São Paulo - parecida com a da Cidade do México,quanto à evolução da população urbana das grandes metrópoles mundiais - jápode ser considerada como um elemento de identidade. São Paulo, metrópolenova que vem se consolidando como tal apenas neste século, apresenta um ritmosurpreendente de urbanização, que foi se afirmando a partir dos anos 70.

O Centro-Sul é o cinturão agroindustrial do país. Ele é formado basicamen-te pelos Estados da Região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Geraise Espírito Santo) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), pelosEstados de Goiás e de Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal, que compõema Região Centro-Oeste, segundo a classificação oficial. De um modo geral,o Centro-Sul corresponde à parcela do território brasileiro diretamente ligadaà cidade mundial - São Paulo.

Centro-Sul: o cinturãourbano-industrial

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26A U L ANele encontramos áreas onde houve, nas chamadas empresas rurais,

uma verdadeira industrialização da agriculturaindustrialização da agriculturaindustrialização da agriculturaindustrialização da agriculturaindustrialização da agricultura, com o uso de máquinas,adubos e fertilizantes e a especialização da produção.

Além disso, a grande capacidade produtiva permite que o Centro-Sulabasteça tanto o mercado nacional quanto o mercado externo. Essa áreageoeconômica, caracterizada por suas atividades produtivas, ocupa o primeirolugar em volume e em valor de produção do setor agropecuário.

O Centro-Sul possui a melhor infra-estrutura viária do país. A intensacirculação de produtos e de pessoas, feita por uma densa rede de rodovias eferrovias, revela a forte integração e o dinamismo de sua área interna, bem comosua ligação com as demais regiões do país.

É importante destacar que essa é a área mais bem servida pelos novosmeios de comunicação desenvolvidos com a microeletrônica e a informática,por onde circulam as idéias e as informações no país. Os principais corredoresde exportação, assim como os portos e aeroportos de tráfego mais intenso,também estão no Centro-Sul.

Os fluxos de informação estão amplamente concentrados em São Paulo.A cidade é sede da maioria dos bancos privados, que correspondem a 60% dosistema bancário nacional, incluindo 18 dos 23 bancos estrangeiros queoperam no Brasil.

Os bancos são os principais clientes dos serviços de telecomunicações queligam o centro financeiro de São Paulo ao de outras cidades mundiais. São Paulotambém recebe metade das chamadas da rede de telex que chegam ao país.

A nova maneira como o Brasil participa da economia mundial deve-se àformação da cidade mundial - São Paulo - e a uma estrutura urbano-industrial intimamente ligada, que teve início no Sudeste com a concentraçãoe ampliação do núcleo econômico, durante os anos 60 e 70.

Essa área é a parte do país mais integrada à economia mundial e tambéma mais dinâmica, tanto em termos de relações com o restante do país quantocom o exterior. Aí se localiza o eixo de expansão metropolitano que liga SãoPaulo ao Rio de Janeiro. E uma grande área industrial quase contínua, que parteda cidade mundial, ultrapassa os limites do estado de São Paulo e inclui porçõesdos estados vizinhos de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

FERROVIAS RODOVIAS

TELECOMUNICAÇÕESENERGIAELÉTRICA

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A atividade industrial está se expandindo para novas áreas, a exemplo do sulde Minas Gerais e o norte do Espírito Santo, onde a produção de celulose para afabricação de papel está modificando radicalmente a paisagem das cidades comoAracruz (ES), que hoje depende diretamente dessa atividade econômica.

A agricultura da região também se destaca das demais do país. Por ser umaagricultura moderna, com nível técnico avançado, está bastante integrada àindústria. A Região Sudeste concentra a maior parte da producão agrícolacomercial voltada para a exportação.

O café, que no passado era produzido em São Paulo, hoje é o principalproduto de exportação do estado de Minas Gerais. A soja e a laranja também sãoitens importantes no comércio exterior brasileiro. O Brasil é responsável pelofornecimento de cerca de 70% do consumo mundial de suco de laranja, cujomaior produtor é o Estado de São Paulo.

O cinturão agro-industrial se expande em todas as direções, desde oscampos do Sul até os cerrados centrais. Ele avança em fronteiras ao longo dosprincipais eixos rodoviários, estimulando o desenvolvimento de centros regio-nais, capitais estaduais e da própria capital federal.

A agroindústria da Região Sul responde por uma boa parte da produção dealimentos e matérias-primas do Brasil. O traço característico dessa agriculturaainda é a média propriedade familiar, na qual o trabalho é realizado pela própriafamília. Existem algumas áreas agrícolas muito especiais, nas quais predomina amédia propriedade familiar: a “serra” gaúcha com seus vinhedos, o noroeste doRio Grande do Sul com grandes áreas cultivadas com trigo e soja, e o oeste de SantaCatarina, onde a produção de milho está associada à criação de aves ou de suínos.

A modernização, que se processou a partir de 1960, promoveu grandestransformações nas condições dessa agricultura. Os médios proprietários seviram obrigados a consumir cada vez mais os produtos industrializados: máqui-nas, fertilizantes, sementes. Nem sempre os resultados foram compensadores emuitos desses médios proprietários não têm conseguido pagar os empréstimosbancários que fizeram.

Page 151: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

26A U L AJá as grandes empresas têm condições mais estáveis, por isso recebem maior

apoio do governo. A produção dessas grandes empresas está ficando cada vez maisespecializada. Mas, curiosamente, nesse processo que envolve modernização, espe-cialização e industrialização, o Brasil, mesmo sendo um grande exportador deprodutos agrícolas, pode algumas vezes ter necessidade de importar alimentos.

No oeste de Santa Catarina, grandes indústrias, como a Sadia e a Perdigão,estão entrosadas com as médias propriedades produtoras da matéria-prima queessas indústrias vão processar. O mesmo acontece em Santa Cruz do Sul, ondeos médios proprietários, que produzem fumo, estão ligados às grandes indús-trias produtoras de cigarros.

A Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, além das grandes propriedadesque se dedicam à pecuária de corte, desenvolveu, no vale do rio Jacuí, umaimportante área agrícola. Grandes propriedades mecanizadas, com modernastécnicas de irrigação, dedicam-se à produção de arroz.

A valorização econômica do Centro-Oeste é recente. A transferência dacapital federal para Brasília, em 1960, exigia que a região estivesse integrada demodo mais eficiente às demais regiões do país.

A grande metrópole regional do Centro-Oeste é Brasília. Com cerca de2 milhões de habitantes distribuídos pelo plano-piloto e pelas cidades satélites,Brasília é um centro de prestação de serviços. As atividades ligadas às funçõespolíticas, administrativas e comerciais dominam a vida da cidade.

O Centro-Oeste foi a região brasileira de maior dinamismo no períodorecente. Suas condições naturais favoráveis, associadas à expansão econômicado país nessa direção, fizeram da região uma importante área agrícola.Seu ritmo de crescimento acelerou-se a partir de 1975, quando se iniciou oavanço da agricultura tecnificada sobre os cerrados.

Mas não apenas as transformações no campo justificam esse desempenho,pois o papel das cidades também foi muito importante. Elas ampliarame diversificaram suas atividades e passaram a dar suporte material e financeiroà agricultura e a atuar como centros de processamento industrial, de comer-cialização e administração do complexo agroindustrial.

As condições de clima e de solo, além do relevo muito plano, permitiram ouso de técnicas de cultivo modernas e de tratores e equipamentos agrícolas noaproveitamento da terra.

As grandes propriedades que se instalaram na região cultivam cereais (milho,arroz e, mais recentemente, trigo) e oleaginosas (amendoim e, em especial, soja).Essas modernas propriedades agrícolas investem capital na seleção de sementes, nastécnicas de irrigação e na aplicação de fertilizantes para aumentar sua produção.

No entanto, a aparente estabilidade dessa agricultura é enganosa. Eladepende dos preços do mercado internacional, uma vez que sua produçãodestina-se, cada vez mais, à exportação, e seu endividamento com os bancos,causado pelas altas taxas de juros, dificulta novos investimentos.

Apesar disso, o crescimento da produção agrícola no Centro-Oeste tem sidosignificativo. Ele acontece por dois motivos: aumento do rendimento por hectaredas áreas já em utilização e implantação de novas áreas de colonização ao longodos eixos rodoviários, principalmente no Mato Grosso.

A modernização que transformou a agricultura também se deu na pecuáriade corte. As grandes fazendas de criação de gado adotam técnicas modernas,como a inseminação artificial que melhora a qualidade do rebanho, as vacinaspara evitar a febre aftosa e a brucelose, e a melhoria das pastagens com o plantiode espécies mais resistentes e que forneçam mais alimento para o gado. Além doscerrados do planalto, outra área de pecuária importante é o Pantanal.

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26A U L A É importante deixar claro que o padrão de expansão agrícola do Centro-

Oeste é radicalmente distinto daquele que prevaleceu no Nordeste ou no Sul.A pequena propriedade praticamente não existe como unidade produtiva noscerrados por uma razão muito simples: os custos dos insumos (matérias-primas, horas trabalhadas, energia consumida e outros fatores que entram noprocesso de produção) e dos equipamentos, para atingir economias de escalaque compensem os investimentos realizados, transformaram esta área noterritório econômico da agro-indústria que é diferente do domínio agro-mercantil nordestino, como veremos na aula seguinte.

Nesta aula você aprendeu que:

l o Centro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-SulCentro-Sul é o cinturão agroindustrial agroindustrial agroindustrial agroindustrial agroindustrial do país. Ele é formado basica-mente pelos Estados da Região Sudeste (SP, RJ, MG e ES) e Sul (PR, SC e RS)pelos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, queformalmente compõem a Região Centro-Oeste;

l nele encontramos áreas onde ocorreu uma verdadeira industrialização da industrialização da industrialização da industrialização da industrialização daagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura, com uso o de máquinas, adubos e fertilizantes, e a especializa-ção da produção, nas chamadas empresas rurais;

l o Centro-Sul possui a melhor infra-estrutura viáriainfra-estrutura viáriainfra-estrutura viáriainfra-estrutura viáriainfra-estrutura viária do país. A intensacirculação de produtos e de pessoas, feita por uma densa rede de rodoviase ferrovias, revela a forte integração e o dinamismo de sua área interna;

l também é a área mais urbanizada do Brasil, não só devido à industrialização,mas destacadamente pela migração campo-cidademigração campo-cidademigração campo-cidademigração campo-cidademigração campo-cidade, resultante de uma mo-dernização da agropecuária.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1A industrialização e a urbanização do Sudeste, que contribuíram para aformação de um importante núcleo econômico no Brasil, podem serresponsáveis:a)a)a)a)a) pelo agravamento dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento no país;b)b)b)b)b) pela ampliação e fortalecimento do mercado consumidor interno do país;c)c)c)c)c) pela grande diferença de ocupação espacial existente no interior do país.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2A concentração econômica determinou e elevou a aglomeração de populaçãoe as atividades em grandes cidades. Qual a denominação desse processo?Cite algumas dessas grandes cidades.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3O desenvolvimento da economia urbano-industrial refletiu-se na concen-tração da produção e da força de trabalho e no crescimento do mercadoconsumidor, em determinados pontos selecionados do território.a)a)a)a)a) Cite dois exemplos importantes desse processo.b)b)b)b)b) Diga quais são as suas origens.

Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Apresente três fatores que aceleraram o crescimento econômico da RegiãoCentro-Oeste.

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NNNNNesta aula, veremos por que o Nordeste é aregião que apresenta maiores desigualdades sociais, com um marcante nível depobreza e um alto nível de destruição ambiental. A estrutura agrária, marcadapelo binômio latifúndio/minifúndio, e a dominação do capital mercantil sobrea circulação das mercadorias são fatores históricos e geográficos que ajudam aexplicar o atraso dessa região.

Veremos também como os projetos industriais e agropecuários, incentiva-dos pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), apesarde terem integrado o Nordeste ao restante da economia nacional, não foramcapazes de romper o círculo vicioso da pobreza urbana e rural da região.

Qual o papel da estrutura agrária, fundada no binômio latifúndio/minifúndio, para a permanência da pobreza rural e para o atraso no processo dedesenvolvimento do Nordeste? Por que a política de incentivos fiscais posta emprática pelo Estado, por meio da Sudene, foi incapaz de reverter essa situação?

Historicamente, criou-se na região Nordeste uma estrutura agrária extrema-mente concentrada e persistente, que monopoliza as melhores terras da Zona daMata e transfere o custo (e o prejuízo) das periódicas estiagens no Sertão semi-árido, as secas, para os pequenos proprietários e parceiros (meeiros).

A política de incentivos fiscais da Sudene contribuiu para atrair indústriaspara a região, mas não foi capaz de gerar empregos na quantidade necessária, emuito menos conseguiu alterar as condições de pobreza da maioria da popula-ção nordestina.

O Nordeste é a área geoeconômica de povoamento mais antigo no Brasil.Sua estrutura sócio-econômica está solidamente enraizada no passado agrário-exportador.

Desde seu surgimento até hoje, essa tem sido a região de maior concentraçãode renda no país.

A região se estende desde o Maranhão até a Bahia e está integrada aomercado nacional, participando com uma produção diversificada na industria-lização regional. Apesar disso, o Nordeste ainda apresenta a maior concentraçãonacional de pobreza, e tirá-lo dessa condição é um desafio para a conquista dajustiça social e para o resgate da cidadania.

Nordeste: o domínioagrário-mercantil

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Quando observamos a evolução da participação da renda per capita dasregiões brasileiras, vemos que o Centro-Sul ultrapassa a média nacional e quea Região Norte vem aumentando significativamente sua renda.

Entretanto, o Nordeste permanece quase nos mesmos níveis que apre-sentava em 1940, apesar das políticas de desenvolvimento regional postas emprática após 1959 - com a criação da Sudene, que tinha como principalobjetivo reduzir as disparidades regionais de renda entre o Nordeste e oCentro-Sul.

Boa parte do atraso do Nordeste pode ser explicado pelo pacto regional quedomina a economia e a política da região. Esse pacto, ou seja, um grande acordopolítico, coloca, de um lado, os grandes proprietários rurais que dominam oacesso às melhores terras; de outro, o capital mercantil, isto é, os grandescomerciantes que controlam os circuitos comerciais da região e procuramvalorizar suas atividades, valendo-se dos mais diversos recursos. Queremmanter o monopólio (controle exclusivo, sem concorrentes) sobre a venda demercadorias que vão desde alimentos até automóveis.

Essa associação entre grandes proprietários e comerciantes, que caracterizao domínio agrário-mercantil, tem revelado uma capacidade extraordinária parase manter sólida, apesar da industrialização, da metropolização de capitais -como Salvador, Recife e Fortaleza - e da modernização da agricultura.

Utilizando os mais variados meios para negociar favores com o Estado, ochamado regionalismo nordestino resiste a mudanças substanciais na sua basede sustentação social e política, conservando uma estrutura particularmenteperversa - e destoante das demais regiões - de distribuição de renda, apesar dosexpressivos avanços econômicos ocorridos no período recente.

A Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões, diferenciadasentre si: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte.

A Zona da MataZona da MataZona da MataZona da MataZona da Mata é a mais úmida e tem solos férteis. Estende-se ao longo dolitoral, desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Nessa área estáconcentrada a maior parte da população da região, principalmente em grandescidades, como Recife e Salvador.

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27A U L ATrês núcleos econômicos im-

portantes podem ser identifica-dos na Zona da Mata. O litoralaçucareiro, que se estende desdeAlagoas até o Rio Grande do Nor-te, onde predomina a grande pro-priedade produtora de cana-de-açúcar. Recife é a principal me-trópole do litoral açucareiro, e láestão instaladas várias indústri-as têxteis e alimentares.

A segunda área é o Recôn-cavo Baiano, que se situa ao redorda Baía de Todos os Santos, ondeestá Salvador. Tem como princi-pais atividades econômicas a ex-tração de petróleo e as indústriaspetroquímicas no Pólo Petroquí-mico de Camaçari, principal cen-tro industrial da Região Nordeste.

A terceira área é o sul da Bahia, onde predomina o cultivo do cacau emgrandes propriedades monocultoras; os centros regionais mais importantes sãoIlhéus e Itabuna.

O AgresteAgresteAgresteAgresteAgreste se caracteriza por ser uma área de transição entre a Zona da Matae o Sertão. A região é marcada pelo Planalto da Borborema. Do lado leste doplanalto estão as terras mais úmidas; do outro lado, em direção ao interior, oclima vai ficando cada vez mais seco.

A estrutura fundiária do Agreste é bem diferente da estrutura das demaissub-regiões. Ela é basicamente formada de pequenas e médias propriedades.Outra característica que marca o Agreste é a policultura (cultivo de váriosprodutos agrícolas), muitas vezes associada à pecuária.

Grandes feiras de alimentos e de gado deram origem a cidades importantesdo Agreste, como Caruaru (PE), Campina Grande (PB) e Feira de Santana (BA).

O SertãoSertãoSertãoSertãoSertão é uma área de clima semi-árido, com escassez e irregularidade dechuvas. É nessa área que ocorrem períodos de seca que podem durar meses ouaté anos. O Sertão abrange parte de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte,Alagoas e quase todo o Ceará, isto é, a maior parte do Nordeste.

A vegetação característica do Sertão é a caatinga, formada por pequenasárvores, em geral espinhosas, que perdem as folhas durante a seca; ali tambémnascem plantas de folhas grossas, chamadas de plantas suculentas.

A atividade econômica predominante é a pecuária extensiva em grandeslatifúndios. Em algumas áreas nas quais ocorrem chuvas de relevo, próximas àsserras e chapadas, desenvolve-se uma agricultura de subsistência, com o cultivode feijão, milho e cana-de-açúcar. A região do Cariri, por exemplo, localizada naencosta da Chapada do Araripe no Ceará, é uma importante área agrícola.

O coronelismo, isto é, a concessão de favores políticos e econômicos aosgrandes proprietários em troca de voto, principalmente no Sertão semi-árido, éum dos motivos que explicam a persistência do que ficou conhecido como“indústria da seca”.

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27A U L A A construção de açudes no Polígono das SecasPolígono das SecasPolígono das SecasPolígono das SecasPolígono das Secas - que

é a área definida pelo Departamento Nacional de ObrasContra as Secas (DNOCS) como sujeita à ocorrência deestiagens periódicas - é feita muitas vezes dentro degrandes fazendas, sem o menor critério social. Assim, ocontrole sobre a terra permite o controle sobre a água doSertão, o que é fundamental para a manutenção dos privi-légios que atrasam o desenvolvimento da região.

Percebemos, dessa maneira, que a seca influencia deforma diferente a vida dos vários grupos de população. Deum lado existe o grande proprietário, que tem acesso aomaquinário, à tecnologia e à irrigação para manter suaprodução; de outro, existem os pequenos produtores ru-rais, que baseiam seu trabalho na agricultura de subsistên-cia, e também os que trabalham como meeiros nas grandesfazendas. Estes últimos sofrem tanto nos períodos de seca,que muitas vezes são obrigados a deixar a região.

Hoje existem diferentes técnicas para manter a produ-ção na zona semi-árida. Na região do vale do Rio São Francisco estão sendocultivados produtos como a uva, a cebola, o melão e outros. Essas culturas sãopossíveis por causa dos grandes investimentos em irrigação, técnica que utiliza aágua acumulada para manter a produção durante os longos períodos de estiagem.

Iniciativas como essas mostram que é possível produzir no Sertão nordesti-no e que o grande potencial da região não pode e não deve ser descartado. Umamelhor distribuição de terras, e conseqüemente, da renda, pode dar ao Nordesteum novo impulso econômico, fundamental para completar a integração daregião e seu desenvolvimento.

O Meio-NorteMeio-NorteMeio-NorteMeio-NorteMeio-Norte é também uma zona de transição, situando-se entre o Sertão ea Amazônia. Apresenta um clima seco na sua porção próxima ao Sertão e um climamais úmido em sua porção próxima à Amazônia. Nos vales dos rios maranhensesdestaca-se a extração do babaçu, matéria-prima para a produção de óleo vegetal.

Essa área está cada vez mais integrada à Região Norte, especialmente pelo portode Itaqui, próximo a São Luís (MA), que funciona como grande terminal deexportação de minérios provenientes da Serra de Carajás, situada no estado do Pará.

A proposta de industrialização da Região Nordeste, promovida pelaSudene, facilitou a integração produtiva do domínio agrário-mercantil nordes-tino à economia nacional. Mas foram os grandes projetos da década de 1970 quecriaram condições para o crescimento econômico da região, seja no PóloPetroquímico de Camaçari, nos arredores de Salvador, seja nos grandes proje-tos de irrigação, ao longo do vale do São Francisco.

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) levou à modernização daagroindústria canavieira nordestina, embora de forma diferente da que ocorreuem São Paulo, porque o Nordeste dependia muito de fornecedores externos paraadquirir equipamentos industriais e insumos agrícolas.

Com o Proálcool, a luta pela terra e pela regulamentação dos direitostrabalhistas assumiu novas formas. A herança das Ligas Camponesas, movi-mento social de camponeses que explodiu na zona canavieira no final da décadade 1950, foi ampliada e unificada pelos conflitos resultantes da expansãodas plantações. Isso transformou os sindicatos de canavieiros em instrumentosde luta pelos direitos sociais e trabalhistas e contra a expropriação das terras,provocada pela modernização da agricultura.

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27A U L AA exploração de gás natural e petróleo realizada pela Petrobrás levou

à implantação de bases de apoio, terminais e instalações de beneficiamentoem vários pontos do litoral, como em Sergipe e no Rio Grande do Norte.

Mas os impactos dos grandes projetos sobre o Nordeste ainda são restritos.É importante dizer que tais projetos forçam um melhor relacionamento entreos grupos dominantes locais, o que nem sempre ocorreu porque alguns gruposse beneficiam (ou julgam se beneficiar) de modo desigual do recebimentode recursos oficiais.

Um ponto desvantajoso é que os efeitos sobre a estrutura produtiva sãolimitados, pois em geral esses grandes projetos operam com máquinas e equipa-mentos modernos que não requerem muita mão-de-obra. Desse modo, gerampoucos empregos, o que quase não contribui para o desenvolvimento regional.

Há, no entanto, efeitos externos que não são controlados pelos grandesprojetos. O mais importante deles é o surgimento de movimentos reivindicatóriossociais e ecológicos, que passaram a ter importância nacional a partir do finaldos anos 70, exercendo pressões cada vez maiores sobre as autoridades locais,em busca de melhorias nas condições sociais e ambientais.

Nesta aula você aprendeu que:

l o Nordeste é a área geoeconômica de povoamento mais antigo e de estruturasócio-econômica solidamente enraizada no passado agrário-exportador,e permaneceu como a região de maior concentração de renda no Brasil;

l boa parte do atraso do Nordeste pode se explicado pelo pacto regional quedomina a economia e a política da região;

l a associação entre grandes proprietários rurais e comerciantes, que define odomínio agrário-mercantil, tem revelado uma capacidade extraordináriapara se manter, apesar da industrialização regional;

l a proposta de industrialização regional promovida pela Sudene facilitou aintegração produtiva do domínio agrário-mercantil nordestino à economianacional;

l os impactos dos grandes projetos sobre o Nordeste ainda são restritos. Há,no entanto, efeitos externos que não são controlados pelos grandes projetos.O mais importante deles é o surgimento de movimentos reivindicatóriossociais e ecológicos.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Quais são as origens estruturais do atraso da Região Nordeste? Qual aimportância das secas para a pobreza da população nordestina?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Quais os principais efeitos dos programas de desenvolvimento regionalconduzidos pela Sudene?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que se multiplicaram os movimentos sociais e ecológicos na RegiãoNordeste?

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28A U L A

NNNNNesta aula vamos estudar a AmazôniaAmazôniaAmazôniaAmazôniaAmazônia,a grande fronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursos da economia brasileira no final do século XX.Veremos como a ação do Estado estendeu as redes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicas, como a rederodoviária e a de telecomunicações, e promoveu o avanço do povoamentoe a ocupação de seu território. Vamos observar como os incentivos e subsídiosa projetos de mineração e agropecuários constituíram vetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãode empresas nacionais e multinacionais, gerando profundos conflitos pelo usodo território na grande floresta amazônica.

Qual a importância da Amazônia como fronteira de recursos neste final deséculo? Qual a origem dos interesses internacionais sobre a grande floresta?

A Amazônia é um dos últimos grandes e ricos espaços pouco povoadosdo planeta e representa imensa disponibilidade de recursos que estão setornando escassos: terras, águas, minérios e florestas. Essa imensa e conflitivaregião é, ao mesmo tempo, um potencial e um desafio para o desenvolvimen-to brasileiro. Concentra um grande estoque de riqueza. No entanto, pode serrapidamente destruída se não for corretamente utilizada.

A Amazônia é o lugar onde devemos avaliar nossas experiências passa-das de uso dos recursos naturais e o palco para que busquemos novasalternativas de desenvolvimento, com maior justiça social e qualidadeambiental.

A construção de Brasília e da rodovia Belém-Brasília marcou a abertura dafronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursos no Norte rumo ao dinâmico centro nacional do Sudeste.A criação de gado difundiu-se pelo norte de Goiás, acelerando a expansão dafrente pioneira. Essa frente, além da descoberta e extração comercial de recursosminerais, como a exploração de manganês no Amapá e de cassiteritaem Rondônia, criou núcleos urbanos e enclaves econômicos na vasta floresta,que permaneceu muito pouco ocupada.

Amazônia:a grande fronteira

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28A U L AA Amazônia assume hoje a expressão básica das fronteiras. Como não

havia organizações sociais já instaladas, que poderiam oferecer resistência,o governo federal assumiu diretamente a iniciativa da ocupação e da integraçãoda Amazônia à economia nacional. Instalou redes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicas, como estradasde rodagem e redes de distribuição de energia e redes de redes de redes de redes de redes de telecomunicaçõestelecomunicaçõestelecomunicaçõestelecomunicaçõestelecomunicações,em tempo acelerado e numa escala gigantesca, que transformaram partedas antigas regiões Centro-Oeste e Nordeste e toda a região Norte numagrande fronteira nacional, aberta para a ocupação.

Essas iniciativas abriram verdadeiros vetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansão na área dafloresta, que estimularam a colonização dirigida, como ocorreu em Rondônia,e a colonização espontânea, como no caso do norte de Mato Grosso. Essesvetores de expansão também favoreceram a implantação de grandes projetosagropecuários e mineradores.

O Programa de Integração Nacional (PIN), proposto pelo Governo Federalno início da década de 1970, previa a construção do primeiro trecho da rodoviaTransamazônica. Em 1973 foi inaugurada a rodovia Cuibá-Santarém, ligandoas regiões Centro-Oeste e Norte. Ao longo das rodovias pretendia-se implantarassentamentos de trabalhadores para a produção agrícola, chamados deagrovilasagrovilasagrovilasagrovilasagrovilas, cujo objetivo era atrair população do Nordeste e das grandescidades.

Programas e projetos promovidos pelo Estado, por meio da Superinten-dência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e pelo Polonoroeste,ainda que nem sempre tenham sido implantados, provocaram um imediatoaumento do valor da terra e a intensificação dos conflitos sociais, fatosincompatíveis com as relativamente baixas taxas de investimento, ocupaçãoe produção. Em 1980, apenas 24% da área total da região estava ocupada porunidades produtivas, representando 7% das terras cultivadas no país. Maisde seiscentos projetos agro-pastoris de grandes empresas, nacionais e estran-geiras, foram subsidiados mas só 20% deles foram de fato instalados.

Os núcleos urbanos estão restritos às áreas ao longo das principaisrodovias. Zonas de criação de gado e de agricultura comercial, situadas nasmargens da floresta, foram criadas ao longo da Belém-Brasília, favorecendoo crescimento da grande metrópole regional, Belém, e das capitais estaduaisque ligam a Amazônia ao Centro-Sul.

Na década de 1970 foi criada a Eletronorte, com o objetivo de aproveitaro potencial da região para a produção de energia hidrelétrica. A maior dasusinas hidrelétricas da Região Norte (e a segunda maior do Brasil) é a deTucuruí, situada na região do Projeto Grande Carajás, com capacidade paraa geração de 8 milhões de quilowatts. As hidrelétricas amazônicas sãoresponsáveis pela inundação de grandes áreas florestais, já que o relevoé pouco acidentado.

A produção de energia elétrica favoreceu a implantação de grandesprojetos de exploração mineral, montados em verdadeiras “company-towns”(cidades-empresas) construídas no interior da floresta.

Criados por meio de “joint-ventures” (associações de empresas diferen-tes para explorar determinado produto ou mercado) com capitais estatais eprivados, nacionais e multinacionais, os grandes projetos contribuíram parainternacionalizar grandes territórios no interior da floresta. Exemplos dissosão o Projeto Jari, no Amapá; a Mineração Rio Norte e o Projeto GrandeCarajás, estes últimos no Pará.

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28A U L A Por causa da recessão mundial do início dos anos 80, o investimento estran-

geiro foi muito menor do que o esperado. Dos seis grandes projetos implantadosna Amazônia somente um é totalmente estrangeiro: o da Alcoa-Billington. Essaempresa montou a Alumar, junto ao Porto de Itaqui, próximo a São Luís noMaranhão, e é o maior investimento estrangeiro já feito no Brasil.

Na Região Norte, a empresa mais importante é a estatal Companhia Vale doRio Doce (CVRD). O minério de ferro permanece como o mais importante ramode atividade da Companhia Vale do Rio Doce. As reservas conhecidas somamcerca de 38 bilhões de toneladas. Cerca de 90% das jazidas são mineradas a céuaberto, e o minério não exige complexas operações de beneficiamento. Asrecentes descobertas de ouro e cobre confirmam as previsões de que a região deCarajás é uma das maiores províncias minerais do mundo.

A CVRD opera um sistema integrado mina-ferrovia-porto, o Sistema Norte,com capacidade de produção de até 35 milhões de toneladas de minério. Essesistema é formado pelas minas de Carajás, localizadas no sul do Estado do Pará,com reservas de 18 bilhões de toneladas de minério de ferro de alto teor, pelaEstrada de Ferro Carajás e pelo terminal marítimo de Ponta da Madeira, em SãoLuís, no estado do Maranhão. A privatização da CVRD deve abrir novaspossibilidades de investimento no Sistema Norte.

A porção da Região Norte do Brasil que está diretamente relacionada aosEstados do Pará, Amapá, e Tocantins forma a Amazônia OrientalAmazônia OrientalAmazônia OrientalAmazônia OrientalAmazônia Oriental. A ocupaçãodessa área se deu a partir da abertura da rodovia Belém-Brasíla e foi consolidadacom os grandes projetos agrícolas e mineradores.

Os conflitos pela posse de terra entre posseiros e grandes proprietários sãomarcantes, fazendo dessa área a porção do país onde é maior a ocorrência deconflitos fundiários. Em meio a esses conflitos estão as populações indígenas,que também sofrem com a ocupação de suas terras pelos grandes projetos,como a passagem de rodovias e ferrovias ou a atividade dos garimpeiros emsuas terras.

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28A U L AA Amazônia OcidentalAmazônia OcidentalAmazônia OcidentalAmazônia OcidentalAmazônia Ocidental engloba os estados do Amazonas, Rondônia, Roraima

e Acre. A abertura da rodovia Cuiabá-Porto Velho, em 1973, e a instalação doPolonoroeste, em 1981, levaram para a região muitos agricultores, que seguirama rodovia aberta no noroeste de Mato Grosso.

Em 1967, foi criada a Zona Franca de ManausZona Franca de ManausZona Franca de ManausZona Franca de ManausZona Franca de Manaus, uma área livre de impostosalfandegários para os produtos importados. Ali se estabeleceram diversasfábricas montadoras de produtos eletroeletrônicos, cujos componentes são,em geral, importados. E essas montadoras criaram um mercado de trabalhoe são responsáveis por uma parte importante do emprego industrial daRegião Norte.

A Zona Franca de Manaus estimulou o crescimento da capital do Estado doAmazonas, concentrando a produção nacional de produtos eletroeletrônicosem seu Distrito Industrial. Isso atraiu boa parte da população do Estado,que passou a se aglomerar na periferia de Manaus. Mas o desenvolvimentoda infra-estrutura urbana não acompanhou a velocidade do crescimentoda cidade.

Outra importante área da Amazônia Ocidental é a região seringueira doAcre, cuja principal atividade econômica é o extrativismo vegetal. Os proble-mas sociais nessa região são imensos. Existem inúmeros conflitos entre osgrandes latifundiários e os seringueiros. Para defender a terra e os recursosflorestais de uma prática econômica predatória e pouco produtiva, que é apecuária extensiva, os seringueiros usam estratégias de combate ao avanço daespeculação de terras e aos desmatamentos que reduzem sua área de trabalho.O ememememempppppate ate ate ate ate é a principal estratégia: envolve toda a comunidade, que se reúne nafrente das áreas a serem desmatadas, enfrentando os grandes proprietários,interessados em aumentar suas áreas de pastagens.

Durante a década de 1980, um grande número de agricultores chegou aRondônia disposto a se fixar na Amazônia, aproveitando os incentivos para acolonização oferecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e ReformaAgrária (Incra).

Da estratégia de ocupação regional resultaram também intensos conflitossociais e ecológicos. Com a expansão da pecuária, da exploração florestal e damineração, verificou-se um desmatamento a uma taxa muito elevada. Estima-tivas do total desmatado na década de 1980 são conflitivas e vão de 12%(equivalentes a 598.921 km2), 8,2% (equivalentes a 399.765 km2) até 5,1%(equivalentes a 251.429 km2).

As tentativas de integração da Região Norte à economia nacional, emboratenham revelado inúmeros erros, acabaram por colocar a questão amazônicana ordem do dia. Hoje se sabe que precisamos aprender muito mais sobre aAmazônia. Assim, devem ser encontradas novas alternativas para a utilizaçãode seus recursos florestais, de modo que evitem danos irreversíveis sobre oambiente.

A efetiva participação da Região Amazônica no cenário econômico nacio-nal deve se basear na pesquisa científica, para que sejam criadas técnicascompatíveis com as peculiaridades do ambiente e definidas as áreas de preser-vação e conservação, buscando-se formas de desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável,em que sejam mantidas as condições naturais da floresta amazônica, conformeveremos na próxima aula.

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28A U L A Nesta aula você aprendeu que:

l a construção de Brasília e da rodovia Belém-Brasília marcou a abertura dafronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursosfronteira de recursos do Norte ao dinâmico centro nacional do Sudeste;

l a Amazônia Amazônia Amazônia Amazônia Amazônia assume hoje a expressão básica das fronteiras, em que ogoverno federal assumiu diretamente a iniciativa de sua efetiva ocupaçãoocupaçãoocupaçãoocupaçãoocupaçãoe integração integração integração integração integração à economia nacional, implantando redes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicasredes técnicas em tempoacelerado;

l essas iniciativas abriram verdadeiros vetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansãovetores de expansão na área da floresta,que estimularam tanto a colonização colonização colonização colonização colonização dirigida como a espontânea;

l os núcleos urbanosnúcleos urbanosnúcleos urbanosnúcleos urbanosnúcleos urbanos estão restritos às áreas ao longo das principais rodovias.Zonas de criação de gado e agricultura comercial situados nas margens dafloresta foram criados ao longo da Belém-Brasília, favorecendo o crescimen-to de Belém;

l em 1967, criou-se a Zona Franca de Manaus Zona Franca de Manaus Zona Franca de Manaus Zona Franca de Manaus Zona Franca de Manaus e estabeleceram-se diversasfábricas montadoras de produtos eletroeletrônicos;

l da estratégia de ocupação regionalestratégia de ocupação regionalestratégia de ocupação regionalestratégia de ocupação regionalestratégia de ocupação regional resultaram também intensos conflitosconflitosconflitosconflitosconflitossociais sociais sociais sociais sociais e ecológicos ecológicos ecológicos ecológicos ecológicos, entre índios, garimpeiros, colonos, grandes empresase outros;

l a efetiva inserção da Região Amazônica no cenário econômico nacional deveestar baseada nas propostas de desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Durante muito tempo, a economia da Amazônia esteve pouco articuladacom a economia nacional. Apresente duas ações do Estado que facilitarama integração da produção regional ao restante do país.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Qual a importância da Zona Franca de Manaus para a economia da Amazô-nia, e quais os seus resultados sobre a distribuição da população no Estadodo Amazonas?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Em que estados se localiza a ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui?Qual a finalidade da sua construção?

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NNNNNesta aula, veremos como as alternativas deretomada do desenvolvimento no Brasil estão ligadas a uma maior eqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidade(igualdade) na distribuição da renda nacional. Veremos que a reforma agráriareforma agráriareforma agráriareforma agráriareforma agráriaé uma necessidade para se obter a redução da pobreza e que estratégiaseconômicas devem buscar a valorização da sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade no uso dos recur-sos naturais, levando em conta a importância de se utilizar de maneira racionalo imenso estoque de biodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidade de que dispomos, como elementos decisi-vos para a construção de um futuro melhor para os brasileiros.

Qual o significado de desenvolvimento sustentável? Qual a sua importânciapara superar os impasses atuais para a retomada do desenvolvimento no Brasil?

O desenvolvimento sustentável está vinculado, em sua forma e em seuconteúdo, a uma base ambiental e ao processo eficiente de aproveitamento dosrecursos ecológicos. Ambiente e economia podem, e devem, ser mutuamentereforçados para o verdadeiro desenvolvimento social.

Os conflitos pela posse da terra no Brasil atual podem ser vistos como umproblema de desenvolvimento sustentável, pois o acesso à terra representa, narealidade, o acesso ao abrigo e ao sustento. Por isso, deve-se compreender quea questão da reforma agrária e dos sem-terra não é apenas um ajuste de contasem relação ao passado, mas também a busca de alternativas para a construçãodo futuro.

O Brasil pertence ao grupo de países que completou sua industrializaçãorecentemente, isso quer dizer depois da Segunda Guerra Mundial. Esse processoteve custos elevados.

Primeiro, o custo ambientalcusto ambientalcusto ambientalcusto ambientalcusto ambiental, já que o país utilizou de forma predatória osrecursos naturais, sem qualquer consideração sobre se tais recursos poderiamser renovados ou não. As florestas, os solos e as jazidas minerais foram exauri-dos, enquanto os rios e mares foram poluídos ou contaminados em nome doprogresso.

Segundo, o custo socialcusto socialcusto socialcusto socialcusto social, pois o Brasil não teve a menor preocupação com osefeitos do crescimento econômico sobre as condições de vida das famílias queviviam no campo e na cidade, bem como sobre a condições em que se davaa distribuição socialdistribuição socialdistribuição socialdistribuição socialdistribuição social dos frutos do processo de industrialização.

A sustentabilidadedo desenvolvimento

brasileiro

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Page 164: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

29A U L A O crescimento econômico não foi compartilhado por todos os brasileiros,

isto é, não houve eqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidade na distribuição de seus resultados. Podemosverificar isso de forma muito simples, utilizando a divisão do PIB por habitantedo Brasil, para obter a sua renda per capitaenda per capitaenda per capitaenda per capitaenda per capita. Hoje, o valor da renda per capitaanual no Brasil é de cerca de 3 mil dólares por habitante, o que é menos dametade do valor encontrado na Argentina (6.015 dólares) e muito inferior à dosEstados Unidos (23.240 dólares).

Atualmente, esse quadro está ainda mais grave, pois, na década de 1980,a economia brasileira cresceu muito lentamente. Em primeiro lugar, por causada crise da dívida externadívida externadívida externadívida externadívida externa, isto é, a dificuldade do país em pagar os emprésti-mos tomados no exterior, cujo valor aumentou vertiginosamente com a eleva-ção das taxas de juros pelos bancos estrangeiros. Em segundo lugar, porque aeconomia brasileira viveu dificuldades internas que se manifestaram em altastaxas de inflação. A combinação desses dois fatores praticamente paralisou aeconomia brasileira durante os anos 80.

O gráfico ao ladomostra que, embora oPIB do Brasil tenhacrescido durante a dé-cada de 1980 (o quepode ser notado pelascolunas do gráfico,cujos valores, lidos noeixo da esquerda, mos-tram que passou dos400 bilhões de dólares),a renda per capita per-maneceu praticamen-te estagnada em tornode 3 mil dólares (lidosquando se acompanhaa linha cujos valores seencontram no eixo dadireita).

Para que o desenvolvimento seja durávelduráveldurávelduráveldurável é necessária uma proposta quetenha a sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade como meta principal, integrando as tensões ambiental,econômica, social e institucional, em todas as etapas do planejamento, desde odiagnóstico até a implementação, o monitoramento e a avaliação dos planos eprogramas.

A questão agrária no Brasil permaneceu intocável desde o estabelecimentoda Lei de Terras, em 1850, que dividiu o território nacional em duas grandeszonas: domínios e fronteiras, seguindo o padrão patrimonialista do colonizadorportuguês, onde cabia ao aparelho de Estado regular as relações sociais, com ocontrole do acesso à terra.

Enquanto principal divisão social e territorial do trabalho, a relação entredomínios e fronteiras foi resultante direta da intervenção do Estado. Garantir osdomínios e abrir as fronteiras foi uma das principais atribuições do aparelho deEstado no Brasil. Isso ocorreu com a Marcha para o OesteMarcha para o OesteMarcha para o OesteMarcha para o OesteMarcha para o Oeste no governo GetúlioVargas e atingiu o auge no modelo nacional-desenvolvimentista nos anos 50,com a construção de Brasília por Juscelino Kubitschek, e foi levado ao extremocom a conquista amazônica do período autoritário pós-1964.

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29A U L AEsse padrão de desenvolvimento esgotou-se na década de 1970, em grande

parte por causa da incapacidade financeira do Estado para administrar domí-nios e fronteiras, e também porque ocorreram crescentes pressões da imensapopulação urbana, mobilizada por diferentes movimentos sociais, que passa-ram a cobrar sua representação no núcleo do poder. Hoje, a principal resultantedesse processo é a formação de uma economia industrial, construída numambiente em que coexistem uma sociedade de massas pobres, cristalizada nointerior dos domínios, junto com a maior floresta pluvial do planeta, expressãomáxima das fronteiras.

Cerca de 1/20 da superfície ter-restre, 1/5 da água doce, 1/3 dasflorestas pluviais do globo e apenas3,5 milésimos da população mundi-al estão contidos na Amazônia, 63,4%dos quais sob a soberania brasileira.Apesar de sua imensa riqueza mine-ral e madereira, o que lhe conferehoje maior valor é a diversidade bi-ológica, isto é, sua biodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidade,que se expressa na grande varieda-de de espécies vegetais e animaisexistentes na floresta. Tamanha con-centração de vida significa, por umlado, um símbolo ecológico único e,por outro, uma fonte primordial parao desenvolvimento científico-tecnológico, particularmente dabiotecnologia.

É preciso separar o que é mito e o que é História. Para a ciência mundial,a Amazônia é ainda uma incógnita. Teorias sobre os efeitos da destruição dafloresta na circulação atmosférica terrestre - tais como o efeito estufaefeito estufaefeito estufaefeito estufaefeito estufa - são, atéo momento, hipóteses apenas, não comprovadas e baseadas no pressuposto dadestruição total da floresta. Na realidade, apesar do desflorestamento rápidoe extenso das últimas décadas, 85% da floresta ainda permanecem intactos, oque coloca o desafio de seu manejo sustentado.

Mas a incógnita amazônica não se restringe à ciência e à tecnologia. Além doproblema ecológico, seu significado como instrumento de pressão para adesãoao “Norte” reflete as próprias lutas e os conflitos de interesses entre os paísesindustrializados na redefinição de suas áreas de influência, depois da queda doMuro de Berlim e da derrocada da União Soviética.

A disputa por hegemonia entre as potências fica exposta na polêmica sobrea construção e pavimentação da Rodovia BR-364 que, ao fazer a ligação doEstado do Acre ao Peru, completa a articulação com a Rodovia Transamazônicae acelera a conexão com o Pacífico Sul, onde interesses japoneses são cada vezmais intensos. Neste cenário, os Estados Unidos exercem pressão sobre o Japãopara não liberar recursos destinados ao término da rodovia, a fim de manter atradicional porta amazônica aberta para o oceano Atlântico e o mar do Caribe.

Entretanto, é inerente à questão nacional a dificuldade em definir e negociarum novo padrão de desenvolvimento regional para a Amazônia, que leve emconsideração não apenas a dimensão ambiental, mas também o problema social.Confrontados hoje com uma profunda crise econômica, diversos grupos sociaisprocuram consolidar posições e territórios na arena amazônica.

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29A U L A Neste quadro, a questão da sustentabilidade do desenvolvimento

é inseparável do desafio da eqüidade na distribuição de seus frutos, o quepressupõe a negociação de um novo pacto de poder. Nesse sentido, o acessoà terra, como expressão básica do direito humano ao abrigo e ao sustento, é a peçacentral de qualquer proposta conseqüente de resgate da cidadania e o pontode partida para a construção de um novo padrão de desenvolvimento no Brasil.

O acesso à terraacesso à terraacesso à terraacesso à terraacesso à terra e à possibilidade de administrar o território de formademocrática constitui o principal desafio para a consolidação de um novopadrão de desenvolvimento no Brasil. Isso está presente tanto nos conflitosabertos das “invasões” nas cidades e campos ou nas lutas pela delimitação dasterras indígenas e reservas extrativistas da grande fronteira amazônica. Diferen-temente de uma concepção clássica de reforma agrária, em que a proposta centralestá em aumentar a produção agrícola, o processo de assentamento dos trabalha-dores sem-terra deve ser visto como uma necessidade da distribuição da riquezaacumulada e de garantia de uma via democrática de transição para o desenvol-vimento sustentável.

O Brasil é uma parte integrante e inseparável da construção da economiamundial em sua dimensão planetária. Sua posição como país de industrializaçãorecente revela a profunda instabilidade deste final de século. Suas dimensõescomo uma potência regional sintetizam as contradições da crise que atravessa aeconomia mundial no final do século XX. A busca de soluções por meio dacooperação com os parceiros da América Latina é inevitável, como é o exemplodo Mercosul, que veremos na aula a seguir.

Nesta aula você aprendeu que:

l o processo de industrialização no Brasil teve custos ambientais custos ambientais custos ambientais custos ambientais custos ambientais e sociais sociais sociais sociais sociaiselevados;

l o crescimento econômico não foi compartilhado por todos os brasileiros, istoé, não houve eqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidadeeqüidade na distribuição de seus resultados;

l para que o desenvolvimento seja durávelduráveldurávelduráveldurável é necessária uma proposta quetenha a sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade como meta principal, integrando no planejamentoas tensões ambiental, econômica, social e institucional;

l a Amazônia possui riqueza mineral e madereira, mas o que lhe confere hojemaior valor é a diversidade biológica, isto é, sua biodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidadebiodiversidade;

l o acesso à terraacesso à terraacesso à terraacesso à terraacesso à terra e à possibilidade de administrar o território de formaadministrar o território de formaadministrar o território de formaadministrar o território de formaadministrar o território de formademocrática democrática democrática democrática democrática constitui o principal desafio para a consolidação de um novopadrão de desenvolvimento no Brasil.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Como você diferencia desenvolvimento social de crescimento econômico?Em sua opinião, qual predominou no Brasil nas últimas décadas?

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Por que o desenvolvimento sustentável permite conciliar o combateà pobreza com uma melhor utilização dos recursos ecológicos?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Por que o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica é tão impor-tante para o desenvolvimento brasileiro?

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NNNNNesta aula, veremos o papel do Brasil nocontexto latino-americano. Verificaremos como o Mercado Comum do SulMercado Comum do SulMercado Comum do SulMercado Comum do SulMercado Comum do Sul(Mercosul) e o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) representam iniciativasde integração regionalintegração regionalintegração regionalintegração regionalintegração regional, que enfrentam dificuldades por causa dos diferentesproblemas internos dos países sul-americanos, mas que se apresentam como umadas alternativas de cooperação inter-Estados diante do processo de globalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalização.

Qual o papel do Brasil na integração latino-americana? O que podemosesperar do Mercosul e do Pacto Amazônico?

O princípio da união alfandegária pressupõe a adoção de um mesmo regimetarifário para as nações que a integram, abolindo as barreiras entre elas eapresentando-se como uma entidade única perante o comércio internacional.

No caso do Mercosul, o Brasil é a principal economia nacional a integrar aunião, seguido pela Argentina. E as possibilidades de sucesso dependem muitodas políticas internas de seus membros, que possuem inúmeras diferenças entresi. Já o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), proposto em 1977, tinha porobjetivo o incremento do desenvolvimento regional e a defesa da ecologia, soba premissa de rejeitar qualquer tentativa de interferência externa na região.

Diante do processo de globalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalização da economia mundial e da formação dosblocos econômicos supranacionais, e pela necessidade de melhorar e facilitar asrelações comerciais com os países do Cone Sul, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e aArgentina firmaram o Tratado de Assunção (1991), destinado a aumentar a coope-ração econômica e criar uma união alfandegária denominada Mercosul Mercosul Mercosul Mercosul Mercosul - Mercado Mercado Mercado Mercado MercadoComum do SulComum do SulComum do SulComum do SulComum do Sul. O Chile (1995) e a Bolívia (1996) firmaram acordos tarifáriosespeciais com o Mercosul e podem ser considerados membros associados.

O Mercosul passou a vigorar em 1995, mas antes disso os países envolvidosnesse tratado começaram a se estruturar em função das novas normas alfande-gárias. Quando as tarifas alfandegárias são reduzidas ou eliminadas, os produ-tos importados terão um preço bem próximo do produto nacional e, assim,aumenta-se a competição. Numerosas empresas tiveram dificuldades em seadaptar a essa nova situação e fecharam suas portas. Outras, modernizaram-see ganharam condições para competir no mercado externo, aumentando suasexportações. Isso explica o crescimento significativo das relações comerciaisentre os países do Mercosul no período de 1990 a 1995.

O Brasil e a integraçãolatino-americana

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O Mercosul procura aumentar ainda mais as atividades econômicas dospaíses membros, tanto na indústria como em serviços de transportes, comu-nicação e energia, estimulando a formação de empresas binacionais. Muitosproblemas ainda precisam ser discutidos ou negociados. As dificuldades sãomuitas, mas o interesse de superá-las torna possível o projeto de integração.Os quatro países integrantes e os membros associados pretendem, por meiodo Mercosul, ingressar na economia mundial com o peso de um mercado decerca de 250 milhões de consumidores.

Um mercado com essas dimensões, que apresenta um PIB de mais de800 bilhões de dólares, constitui uma realidade internacional de apreciável peso,porque proporcionará um significatvo incremento à capacidade de negociaçãointernacional dos países membros. Esse peso se revela uma contrapartida indispen-sável para os integrantes do Mercosul, num mundo em que os megamercados,centrados na Europa Ocidental, no sistema Estados Unidos-Canadá-México e naarticulação do Japão com os “tigres” asiáticos, dominarão a economia internacional.

Antes do Mercosul, existiram tratados que não prosperaram, como a Asso-ciação Latino-Americana de Livre Comercio (Alalc), criada em 1960, cuja metaera a constituição de uma zona de livre comércio até 1980. Porém, as fortesdisparidades entre os países signatários e a instabilidade política e econômicalevaram ao fracasso da iniciativa. Posteriormente, um segundo acordo criou aAladi (Associação Latino-Americana de Integração). O intercâmbio comercialdo Brasil com a área da Aladi manteve-se estagnado, revelando os limites dessaperspectiva de integração.

O Mercosul agrupa quatro parceiros extremamente díspares, do ponto devista do seu potencial demográfico e econômico. O Brasil e a Argentina são asprincipais economias sub-regionais; o Uruguai e o Paraguai são economiasmarginais e inteiramente dependentes dos vizinhos. Posteriormente, o Chile ea Bolívia foram incorporados como membros associados do Mercosul. E essespaíses também possuem muitas diferenças entre si.

Dadas as características próprias das duas principais economias que buscama integração - o Brasil e a Argentina -, os efeitos dos mercados unificados serãoparticularmente intensos nos respectivos complexos agroindustriais. Desde ametade dos anos 80, o Brasil vem aumentando significativamente suas importa-ções de produtos agrícolas dos demais membros do Mercosul. Em 1985, aArgentina, o Uruguai e o Paraguai eram responsáveis por cerca de um terço dofornecimento de bens agrícolas importados pela economia brasileira. Com umcrescimento regular durante o último qüinqüênio, esse valor atingiu 60% em1990, principalmente em trigo, milho, soja e derivados da pecuária.

COMÉRCIO EXTERIOR BRASIL /PAÍSES DO MERCOSUL - 1994

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Intercâmbio Comercial - Brasil X Mercosul.

Rio de Janeiro: MICT, 1995. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal, 1994.

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Entretanto, os níveis de produtividade na agropecuária entre os paísessignatários do tratado são muito diferenciados, o que obriga a medidas de ajustea médio e longo prazo para evitar o sucateamento generalizado de parcelasponderáveis do complexo agroindustrial. No caso brasileiro, isso afetaria prin-cipalmente a estrutura produtiva da Região Sul, área consolidada de produçãode grãos, couros e frutos de áreas temperadas, sendo que a produtividade daeconomia agrária argentina é superior à dos produtos brasileiros. A produtivi-dade superior na agropecuária argentina repousa, em grande parte, em fatoresnaturais de distribuição regular de chuvas e fertilidade dos solos. Assim, oscustos de produção de cereais e oleaginosas batem até mesmo os do Paraná,estado brasileiro de mais elevada produtividade.

No caso das indústrias, o parque industrial brasileiro, especialmente osramos mais modernos, opera com níveis de produtividade muito superiores aosda Argentina. O atraso tecnológico argentino é maior que o brasileiro e a forçade trabalho brasileira é mais barata que a argentina. Além disso, as empresasinstaladas no Brasil têm economias de escala superiores, em função da maioramplitude do mercado interno. A produção brasileira de aço é competitiva nosmercados internacionais e opera em larga escala, enquanto a siderurgia argen-tina não se modernizou na mesma velocidade.

É importante observar que as grandes empresas automobilísticas já estãodefinindo estratégias de operação para atuar no mercado supranacional.A Scania, cuja fábrica na Argentina já foi concebida dentro dessa visão, exportamotores, eixos e outros componentes para a Scania do Brasil. Na mesma direção,embora em menor escala, a Volkswagen possui um esquema de complementaçãotransfronteira, e desenvolveu um projeto de investimento, com valores supe-riores a 200 milhões de dólares para a produção na Argentina, com previsão de90% das vendas serem destinadas à montadora no Brasil. E mais: indústrias debens de consumo não-duráveis, como é o caso da produção de bebidas (basica-mente cerveja) e de fumo, já penetraram largamente no mercado supranacional,beneficiando-se de isenções de impostos e vantagens de escala adquiridas nomercado nacional.

A condição indispensável para o funcionamento do Mercosul é umaharmonização mínima das legislações financeiras e fiscais, que inclui também osdois pequenos parceiros, Paraguai e Uruguai. O Paraguai, valendo-se de isen-ções tributárias e alfandegárias, tornou-se um entreposto de contrabandodirecionado essencialmente para a classe média brasileira e um reexportador deprodutos agrícolas e madeira originários ilegalmente do Brasil. O Uruguailiberalizou sua legislação financeira, atuando como um semiparaíso fiscal,utilizado em negócios brasileiros e argentinos para a “lavagem de dinheiro”.Práticas comerciais e financeiras deste tipo constituem obstáculos para aconcretização do mercado comum.

ARGENTINA E PARANÁ : CUSTOS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA E PRODUTIVIDADE

Produtividade(kg/ha) Custo unitário (dólar/t)Produto

Argentina Paraná Argentina ParanáMilho 4.000 3.240 185,36 192,75Soja 2.500 2.040 141,00 306,07

Trigo 2.000 1.980 102,59 306,97

Fonte: P.R, Schilling, Mercosul - Integração ou Dominação.

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Para os trabalhadores, o Mercosul é uma realidade que deve ser tratadacom cuidado. De um lado, permite que as grandes empresas operem em escalaampliada, sem se preocupar com a manutenção dos postos de trabalho, nesteou naquele lugar. De outro, leva os sindicatos a conhecer novas realidadessociais e a ampliar os limites das lutas pelas conquistas sociais. De qualquermodo, o Mercosul já é uma realidade que precisa ser conhecida e pensada pelostrabalhadores.

Outra tentativa brasileira de integração latino-americana é o Tratado deTratado deTratado deTratado deTratado deCooperação Amazônica (TCACooperação Amazônica (TCACooperação Amazônica (TCACooperação Amazônica (TCACooperação Amazônica (TCA), integrado pelos países cujos territórios fazemparte da Bacia Amazônica. Firmado em 1977, o TCA ainda é um mecanismo decooperação destinado a ampliar o controle dos Estados integrantes sobre oespaço amazônico, onde proliferam formas paralelas de poder, como o tráficointernacional de drogas. Entretanto, dadas as dimensões do desafio que repre-senta o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica, é de se esperar quese amplie a cooperação dos países no campo da ecologia e do desenvolvimentocientífico-tecnológico.

A integração econômica na América Latina é um velho sonho da ComissãoEconômica para a América Latina (Cepal), que inspirou a criação da Alalc em1960, cujo insucesso não pode ser atribuído unicamente aos seus formuladores,que tentavam trazer, para o sul do Equador, um processo que tomava corpo naEuropa. Hoje, talvez, a experiência acumulada mostre que a integraçãosupranacional é uma necessidade diante do processo de globalização da econo-mia mundial, tema que trabalharemos no módulo seguinte.

Nesta aula você aprendeu que:

l diante do processo de globalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalizaçãoglobalização da economia mundial e de formaçãodos blocos econômicos supra-nacionais, o Brasil, o Paraguai, o Uruguaie a Argentina formaram um tratado de cooperação econômica denomina-do Mercosul - Mercado Comum do SulMercosul - Mercado Comum do SulMercosul - Mercado Comum do SulMercosul - Mercado Comum do SulMercosul - Mercado Comum do Sul;

l o Mercosul agrupa quatro parceiros extremamente dísparesdísparesdísparesdísparesdíspares, do ponto devista do seu potencial demográfico e econômico;

l tratados anteriores, como a Associação Latino-Americana de Livre Comér- Associação Latino-Americana de Livre Comér- Associação Latino-Americana de Livre Comér- Associação Latino-Americana de Livre Comér- Associação Latino-Americana de Livre Comér-ciociociociocio (Alalc), não prosperaram por causa das grandes disparidades entre ospaíses signatários e a instabilidade política e econômica;

l a condição indispensável para o funcionamento do Mercosul é umaharmonizaçãoharmonizaçãoharmonizaçãoharmonizaçãoharmonização mínima das legislações financeiras e fiscais entre os paísesmembros;

l algumas empresas industriais estão definindo novas estratégiasnovas estratégiasnovas estratégiasnovas estratégiasnovas estratégias paraoperar nesse mercado supranacional e os trabalhadores devem refletirsobre as novas realidades trabalhistasnovas realidades trabalhistasnovas realidades trabalhistasnovas realidades trabalhistasnovas realidades trabalhistas criadas com o Mercosul;

l outra tentativa de integração latino-americana é o Tratado de CooperaçãoTratado de CooperaçãoTratado de CooperaçãoTratado de CooperaçãoTratado de CooperaçãoAmazônicaAmazônicaAmazônicaAmazônicaAmazônica (TCA), integrado pelos países cujos territórios fazem parte daBacia Amazônica.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1A partir da observação dos meios de comunicação e transportes nos doismapas a seguir, avalie o que está expressando cada um, no que diz respeitoà integração do Cone Sul.

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Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Os sucessivos fracassos de integração representados pela Alalc e pela Aladilevaram ao lançamento do Mercosul.a)a)a)a)a) Em que o projeto do Mercosul se distingue dos anteriores?b)b)b)b)b) O sucesso do Mercosul poderá produzir importantes transformações nas

estruturas produtivas do Brasil e da Argentina. Comente essas possíveistransformações.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Justifique a convergência de interesses dos países membros e associados emtorno de um Mercado Comum.

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NNNNNesta aula, abordaremos um dos aspectosmais importantes das fronteiras da globalização: a aceleração do processo deintegração mundial, possível de ser realizado por intermédio das novastecnologias da informação.

Qual o papel da informação e de seu controle para os habitantes do planetaTerra neste final de século? As telecomunicações fizeram a integração dosdiferentes lugares e reduziram o tempo necessário para produzir e circularinformações. Seja quando você entra na cabine de um banco eletrônico e, comum cartão magnético, é capaz de retirar instantaneamente uma certa quantida-de de dinheiro. Seja quando o caixa de uma cadeia de supermercados faz aleitura do código de barras de um determinado produto ou mercadoria, e essecódigo entra numa rede de informações que permite o surgimento instantâneo,na caixa eletrônica, do preço do produto, assim como informa, simultaneamen-te, para o setor de estoque, a redução de uma unidade daquele produto paraposterior reposição.

Essas mudanças só foram possíveis pela aplicação maciça da microeletrônicana vida cotidiana, criando novas maneiras de organizar a produção e aadministração dos negócios. A informática e a telemática são exemplosmarcantes das formas atuais de organização do espaço geográfico no períodotécnico-científico.

Uma das realidades mais extraordinárias do mundo atual é a velocidadecom que são transmitidas informações entre diferentes lugares, quer estejampróximos quer distantes, fazendo deles lugares mundiaislugares mundiaislugares mundiaislugares mundiaislugares mundiais. A comunicação e acirculação de informações - dados, idéias ou decisões - ocorrem instan-taneamente, no chamado tempo zero. Isso sem falar que essas informaçõespodem chegar, ao mesmo tempo, em vários lugares. Velocidade, instantanei-dade e simultaneidade são características do que chamamos de meio técnico-meio técnico-meio técnico-meio técnico-meio técnico-científico informacionalcientífico informacionalcientífico informacionalcientífico informacionalcientífico informacional.

O meiotécnico-científico eo papel da informação

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31A U L AEm 1982, o geógrafo Milton Santos, em seu trabalho intitulado Pensando

o Espaço do Homem, já alertava para o fato de que, das múltiplas denomina-ções aplicadas ao nosso tempo, nenhuma é mais expressiva que a de períodoperíodoperíodoperíodoperíodotecnológicotecnológicotecnológicotecnológicotecnológico. Dizia ele que a técnica é um intermediário entre a natureza e ohomem desde os tempos mais remotos e inocentes da História. Mas, aoconverter-se num objeto de elaboração científica sofisticada, acabou porsubverter as relações do homem com o meio, do homem com o homem, asrelações entre as classes sociais e até mesmo as relações entre as nações.

Para Milton Santos, a ciência, a tecnologia e a informação, hoje, são a basetécnica da vida social, ou, em outras palavras, o meio técnico-científicoinformacional é um meio geográfico no qual o território inclui obrigatoriamenteciênciaciênciaciênciaciênciaciência, tecnologia tecnologia tecnologia tecnologia tecnologia e informação informação informação informação informação.

Nas últimas décadas, a revolução tecno-científica em curso se deu destaca-damente no campo da microeletrônica e das telecomunicações, e ocorreu junta-mente com a reestruturação da produção e do trabalho no sistema capitalista, daeconomia internacional e dos territórios. A alta tecnologia permitiu a crescenteinternacionalização da economia e a interpenetração das economias nacionais,ou seja, a interpenetração do capital, do trabalho, dos mercados e dos processosde produção baseados na informação. E, com isso, países e nações deixam de serunidades econômicas de nossa realidade histórica.

A economia capitalista, dominante no mundo, estimula a competição econô-mica e força as empresas - principalmente as de grande porte - a buscarem aeficácia, gerando com isso uma sucessiva revolução do trabalho, da técnica e dosprodutos. Sistemas cada vez mais aperfeiçoados de comunicação e de fluxos deinformações, junto com técnicas mais racionais de distribuição, tais comoempacotamento, controle de estoques e conteinerização, permitem a aceleraçãodas atividades e da circulação de mercadorias. Bancos eletrônicos e dinheiro “deplástico” são inovações que agilizam os fluxos de dinheiro e permitem aaceleração dos negócios nos mercados financeiros e de serviços, tanto nacionaiscomo internacionais.

A economia de mercado sempre buscou a redução das distâncias porqueisso significaria redução do tempo de produção, de circulação e de consumo demercadorias e, conseqüentemente, redução dos custos, pois, no sistema capi-talista de produção, tempo é dinheiro. Grandes avanços foram feitos nessesentido, ao longo do século XIX e na primeira metade do século XX. Eraminovações voltadas para a remoção das barreiras espaciais - uma questão“deveras geográfica” na história das sociedades capitalistas.

Sem os equipamentoscomputadorizados

não seria possível ainstalação de satélites

na órbita da Terra.

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31A U L A Foi isso que aconteceu quando surgiram as estradas de ferro, o cabo

submarino, o telégrafo sem fio, o automóvel, o telefone, o rádio, o avião a jatoe a televisão que, ao formarem redes técnicas de circulação e comunicação,permitiram (cada um a seu tempo e interligando-se aos demais) realizarintegrações territoriais, quebrando as barreiras físicas para o transportee para a circulação de matérias-primas, de bens produzidos, de pessoas,de idéias, de decisões e de capital. Mas nenhuma dessas inovações compri-miu tanto o espaço, acelerando o processo de integração, como as novastecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informação.

Hoje ocorre um aumento significativo na densidade das redes de circulaçãoe de comunicação. E essas redes podem se superpor umas às outras, permitindosimultaneamente a aceleração nos processos de integração produtiva, integraçãode mercados, integração financeira, integração de informações. Mas, ao mesmotempo e perversamente, geram um processo de desintegração, pelo qual paísese nações são excluídos das vantagens propiciadas pela alta tecnologia dainformática, como ocorre, notadamente, com nações africanas.

No entanto, a exclusão não se dá apenas em relação às nações maispobres. Tal exclusão atinge também milhões de trabalhadores nas economiasde tecnologia mais avançada. Em países desenvolvidos, máquinas inteligen-tes estão substituindo trabalhadores de escritórios e operários que, a cadadia, engrossam as filas dos desempregados.

Como afirma Milton Santos, a tecnologia é um fator importante, mas ela,por si só, não explica a História dos homens.

Nesta aula você aprendeu que:

l nossa vida cotidiana é hoje marcada pelas novas tecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informaçãotecnologias da informação;l o meio geográficomeio geográficomeio geográficomeio geográficomeio geográfico é dominado pela ciência, pela tecnologia e pela

informação que chega veloz, instantânea e simultaneamente nos lugaresmundiais;

l embora os avanços técnico-científicos permitam a maior integraçãointegraçãointegraçãointegraçãointegração doespaço mundial, homens, países e lugares são excluídosexcluídosexcluídosexcluídosexcluídos dessa integração.

Antena parabólica, ligada aos satélites de comunicação, no Alasca.

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31A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

A Terra encolheu?! A partir da figura, explique as inovações técnicasresponsáveis por esse processo, entre 1850 e 1930 e a partir de 1970.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2A produção e a circulação mundial de mercadorias se expandem, sendo a viamarítima a opção para as trocas intercontinentais, cada vez mais valiosas evolumosas. Em função disso, os portos sofreram profundas mudanças.Antes localizavam-se preferencialmente junto aos aglomerados urbanos eestimulavam sua expansão. Multidões de trabalhadores candidatavam-separa carregar e descarregar os navios. Hoje, os maiores portos afastam-se dasgrandes cidades e, em algumas zonas portuárias antigas, os armazéns vaziosforam transformados em áreas de lazer.

Quais os fatores responsáveis por essas mudanças?

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Relate uma experiência de seu cotidiano que esteja relacionada com atecnologia da informação.

As inovações técnicas têmpermitido uma progressivacompressão da distância.

l

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NNNNNesta aula, vamos estudar como as mu-danças nas tecnologias e formas de produção e na organização do trabalho -que vêm ocorrendo nas últimas décadas, nos países desenvolvidos e naquelesemergentes - alteraram as condições econômicas e espaciais do mercado detrabalho e ameaçam um número significativo de trabalhadores com o desem-prego ou com trabalhos apenas temporários.

Quais os efeitos das transformações que estão ocorrendo no processoprodutivo sobre o emprego e o salário dos trabalhadores? Como essas novasformas de produzir mercadorias estão alterando a configuração do espaçogeográfico no mundo atual?

A aplicação da microeletrônica e da informática na produção industrial estáfazendo com que robôs e máquinas automatizados substituam milhares detrabalhadores, exigindo uma qualificação cada vez maior daqueles que perma-necem nas fábricas. Por sua vez, a reestruturação produtivareestruturação produtivareestruturação produtivareestruturação produtivareestruturação produtiva (nome que se dá aesse processo de mudanças) está alterando a posição relativa das regiões,fazendo com que aquelas que têm um parque industrial consolidado percamposição para novas áreas, onde as novas formas de produzir estão sendoimplantadas.

Hoje, um fantasma ronda a vida dos trabalhadores: o desemprego. Paramuitos estudiosos, trata-se de um desemprego estrutural, isto é, causado pelastransformações que vêm ocorrendo no padrão ou modelo de desenvolvimentoprodutivo e tecnológico que predomina nos países capitalistas avançados. Essastransformações apresentam diferenças nos países onde ocorrem mas, de qual-quer forma, estão alterando a organização do processo produtivo e do trabalhoem todos eles e no resto do mundo também. E tais mudanças afetam o conjuntodo mundo do trabalho.

À primeira vista, os robôs ou as novas tecnologias de produção parecem seros únicos e mais cruéis causadores desse desemprego. No entanto, existemoutras razões de ordem econômica, social, institucional e geopolítica que,associadas à tecnologia, formam um conjunto que explica melhor aquilo que,para alguns analistas, significaria até mesmo o fim de uma sociedade organizadacom base no trabalho.

Robôs e engenheiros:para onde vãoos operários?

32A U L A

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32A U L AO sistema capitalista, como todo sistema econômico, sofreu transformações

ao longo de sua história. As mudanças podem ser profundas, acumular tensõessociais e graves problemas econômicos, gerar crises, guerras e revoluçõespolíticas, mas o sistema permanece basicamente o mesmo, isto é, trata-se de umsistema produtor de mercadorias cuja venda tem por objetivo o lucro. Por issoo chamamos, indistintamente, de economia de mercado ou economia capitalista.

No entanto, para que as empresas capitalistas produzam mais e maismercadorias - com maior eficiência e melhores níveis de produtividade, ga-nhando em competitividade em relação a outras empresas, e sempre quepossível obtendo lucros crescentes - elas precisam criar e aplicar novas técnicase novas formas de organização da produção e do trabalho, dividir funções comoutras empresas, negociar salários, estipular taxas de lucros etc.

Mas o capitalismo não se restringe apenas às unidades empresariais e suasdinâmicas internas. Na sociedade como um todo, existem outros componentesextremamente importantes que precisam ser levados em consideração, poisinterferem na vida das próprias empresas. Tais componentes podem ser asformas institucionalizadas, como as regras do mercado, a legislação social,a moeda, as redes financeiras, em grande parte estabelecidas pelo Estado,ou ainda, as disputas pelo poder das nações, o comércio internacional, a rendae o consumo de cada família, a qualidade dos recursos humanos, as convençõescoletivas, as idéias produzidas etc.

Quando esse conjunto de elementos, e muitos outros, é razoavelmenteajustado e aceito pela sociedade (não se trata de um consenso pleno, pois semprehaverá oposições e tensões), estamos diante de um modelo de desenvolvimentocapitalista dominante, com uma organização territorial correspondente. E essemodelo permanece até que uma nova crise ocorra e novos rearranjos sejam feitosna sociedade e no espaço.

Após a crise de 1929, o modelo de desenvolvi-mento que aos poucos passou a dominar nos paí-ses de tecnologia avançada - Estados Unidos, Ja-pão e em boa parte da Europa -, mantidas suasespecificidades, levou o nome de fordismofordismofordismofordismofordismo, poisnesse modelo foram incluídas formas de produçãoe de trabalho postas em prática pioneiramente nosEstados Unidos, nas décadas de 1910 e 1920, nasfábricas de automóveis do empresário norte-ame-ricano Henry Ford.

O fordismo teve seu ápice no período posteriorà Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e1960, que ficou conhecido na história do capitalis-mo como Os Anos DouradosOs Anos DouradosOs Anos DouradosOs Anos DouradosOs Anos Dourados.

A crise sofrida pelos Estados Unidos na década de 1970 foi consideradauma crise do próprio modelo, que apresentava queda da produtividade e dasmargens de lucros. A partir da década de 1980, esboçou-se nos países industri-alizados um novo padrão de desenvolvimento denominado pós-fordismopós-fordismopós-fordismopós-fordismopós-fordismo oumodelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexível.

Para compreender as tendências do novo modelo - flexível - baseado natecnologia da informação, que vem ameaçando os empregos, é necessáriolevantar, ainda que de forma simplificada, algumas características do fordismofordismofordismofordismofordismoe algumas razões que levaram ao seu esgotamento:

Interior de umafábrica com linha

de montagemtradicional,

notando-se apresença de

muitos operários.

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32A U L A l PeríodoPeríodoPeríodoPeríodoPeríodo

Nos países de industrialização avançada, o fordismo surgiu a partir da crisede 1929, atingindo o auge de dominação nos anos 50 e 60.

l Avanços tecnológicosAvanços tecnológicosAvanços tecnológicosAvanços tecnológicosAvanços tecnológicosO fordismo contou inicialmente com os avanços tecnológicos alcançados nofinal do século XIX, como a eletricidade e o motor à explosão. Mais tardeincorporou os avanços da alta tecnologia desenvolvida durante a SegundaGuerra Mundial e que posteriormente passou para o uso da sociedade civil,a exemplo dos materiais sintéticos e do motor a jato. E, finalmente, no pós-guerra, começou a usufruir dos avanços científicos alcançados nas áreasda eletrônica e da tecnologia da informação.

l Organização da produçãoOrganização da produçãoOrganização da produçãoOrganização da produçãoOrganização da produçãoNas grandes indústrias, longas esteiras rolantes levavam o produto semi-acabado até os operários, formando uma cadeia de montagem. A produçãodos diversos componentes era feita em série. O resultado foi uma produçãoem massa que utilizava maquinaria cara; por isso, o tempo ocioso deveria serevitado a todo custo. Acumularam-se grandes estoques extras de insumos emantinha-se alto número de trabalhadores para que o fluxo de produção nãofosse desacelerado. Os milhares de produtos padronizados eram feitos paramercados de massa.

Os setores industriais mais destacados eram os de bens de consumoduráveis (automóveis e eletroeletrônicos) e os de bens de produção(destacadamente a petroquímica). Entre as décadas de 1940 e 1960 surgiuuma interminável seqüência de novos produtos, a exemplo de rádiosportáteis transistorizados, relógios digitais, calculadoras de bolso, equipa-mentos de foto e vídeo.

l Organização do trabalhoOrganização do trabalhoOrganização do trabalhoOrganização do trabalhoOrganização do trabalhoO trabalho passou a se organizar com base num método racional, conhecidocomo taylorismotaylorismotaylorismotaylorismotaylorismo, que apresentava as seguintes características:- separava as funções de concepção (administração, pesquisa e desenvol-

vimento, desenho etc.) das funções de execução;- subdividia ao máximo as atividades dos operários, que podiam ser

realizadas por trabalhadores com baixos níveis de qualificação, masespecializados em tarefas simples, de gestos repetitivos;

- retinha as decisões nas mãos da gerência.Esse “método americano” de trabalho seguia linhas hierárquicas rígidas,com uma estrutura de comando partindo da alta direção e descendoaté a fábrica. Os operários perderam o controle do processo produtivocomo um todo, e passaram a ser controlados rigidamente por técnicose administradores.

l Organização dos trabalhadoresOrganização dos trabalhadoresOrganização dos trabalhadoresOrganização dos trabalhadoresOrganização dos trabalhadoresHouve crescimento e fortalecimento dos sindicatos. Os contratos de traba-lho começaram a ser assinados coletivamente. Os salários eram ascenden-tes. E foram realizadas importantes conquistas de cunho social, tais comogarantias de emprego, salário-desemprego e aposentadoria.

l MercadoMercadoMercadoMercadoMercadoOs mercados de massa ficavam garantidos por causa do aumento dacapacidade de compra dos próprios trabalhadores. Embora ocorresse umaexpansão dos mercados internacionais, eram os mercados internos que

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32A U L Agarantiam o consumo da maior parte da produção. Surgia a sociedade de

consumo. Geladeiras, lavadoras de roupa automáticas, telefone e atéautomóveis passaram a ser produtos de uso comum. Serviços antesacessíveis a minorias, como no caso do setor de turismo, tranformaram-seem serviços de massa.

l Papel do EstadoPapel do EstadoPapel do EstadoPapel do EstadoPapel do EstadoOcorreu a ampliação e a diversificação da intervenção social e econômicado Estado, inspirada nos princípios da teoria keynesiana e do Estado dobem-estar social. O Estado nacional de caráter keyneisiano passou ainterferir mais diretamente na economia, por meio, por exemplo, dosgastos públicos, dos planos de desenvolvimento regional, da criação deum número significativo de empregos no setor público e do atendimentoàs garantias reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da garantia deemprego. E o Estado do bem-estar social desenvolveu políticas destinadasa reduzir as desigualdades sociais, como as de transportes urbanos, habi-tação, saneamento, urbanização, educação e saúde.

l Organização do territórioOrganização do territórioOrganização do territórioOrganização do territórioOrganização do territórioA organização da produção e do trabalho reorganizou o espaço geográ-fico. O processo de urbanização acelerou-se. As unidades produtivasatraíam umas às outras. Cresceram ainda mais as regiões industriais. Ascidades se tranformaram em grandes manchas urbanas. Surgiram novosbairros residenciais e distritos industriais com o apoio e incentivo esta-tais. Cresceram a construção civil e a massa construída de casas e prédios,em grande parte incentivadas por programas governamentais de hipote-cas e empréstimos.As metrópoles, com seus centros de negócios e de decisões constituídospelas sedes sociais das grandes empresas, incorporaram os municípiosvizinhos. Grandes regiões urbanizadas - as megalópoles - se formaramentre duas ou mais metrópoles devido à polarização que tais centrosexerciam sobre as pequenas e médias cidades que se encontravam ao seuredor. Intensos fluxos de pessoas e mercadorias integraram o conjuntoformado por essas cidades.Em todas as cidades intensificaram-se o comércio, os tranportes, ascomunicações e os serviços em geral. As redes urbanas tornaram-se maisdensas. Diversificaram-se as atividades culturais e de lazer. Cresceram asuniversidades e centros de pesquisa e tecnologia. Mais capitais e traba-lhadores foram atraídos pelas cidades. A geografia do fordismo foi a dasgrandes concentrações urbano-industriais.

O modelo fordista, que floresceu no pós-guerra, dependia da subida cons-tante dos salários para manter o mercado ativo, ou seja, manter os níveis deprodução e de consumo crescentes. Porém, os salários não podiam crescer aponto de ameaçar os lucros empresariais; mantiveram-se os níveis salariais e oslucros aumentando os preços dos produtos, o que gerou uma crise inflacionária.

Nos Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna comoexternamente - a guerra do Vietnã foi um exemplo. A moeda americana ficoudebilitada. Esse país, que durante todo o período de domínio do fordismoassegurava a estabilidade da economia mundial com base em sua moeda - odólar -, viu esse sistema monetário declinar. A competitividade da Europa e doJapão superavam a dos Estados Unidos. Assistia-se a uma verdadeira guerracomercial, que nunca deixou de crescer.

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32A U L A A partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que

rompesse com aquilo que era considerado a rigidez do modelo fordista. A ordemera flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formasde ocupação da força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados demassa, então saturados.

As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandi-ram espacialmente sua produção por continentes inteiros. Surgiram novospaíses industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercadosinternos. O capitalismo internacional reestruturou-se.

Os países de economia avançada precisaram criar internamente condiçõesde competitividade. A saturação dos mercados acabou gerando uma produçãodiversificada para atender a consumidores diferenciados. Os contratos de trabalhopassaram a ser mais flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentese cresceu o número de trabalhadores temporários. Flexibilizaram-se os salários -cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados e asespecificidades da empresa. Em muitas empresas, juntou-se o que o taylorismoseparou: o trabalhador pensa e executa. Os sindicatos viram reduzidos seu poderde representação e de reivindicação. Ampliou-se o desemprego.

Os compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidospouco a pouco. Eliminaram-se, gradativamente, as regulamentações do Estado.As políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida que asdespesas públicas aumentavam e a capacidade fiscal estagnava - forçaramo enxugamento do Estado.

A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologiasque já vinham surgindo nas décadas do pós-guerra (automação e robotização)e nos avanços das novas tecnologias da informação. O método de produçãoamericano foi substituído pelo método japonês de produção enxuta, que com-bina máquinas cada vez mais sofisticadas com uma nova engenharia gerenciale administrativa de produção - a reengenharia, que elimina a organizaçãohierarquizada. Agora, engenheiros de projetos, programadores de computado-res e operários interagem face a face, compartilhando idéias e tomando decisõesconjuntas.

O novo método, rotuladopor muitos como toyotismotoyotismotoyotismotoyotismotoyotismo,numa referência à empresa ja-ponesa Toyota, utiliza menosesforço humano, menos espaçofísico, menos investimentos emferramentas e menos tempo deengenharia para desenvolverum novo produto. A empresaque possui um inventáriocomputadorizado, juntamentecom melhores comunicações etransportes mais rápidos, nãoprecisa mais manter enormesestoques. É o just in time.O novo método permite variar aprodução de uma hora paraoutra, atendendo às constantesexigências de mudança do mer-cado consumidor e das mudan-Fábrica com robôs.

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32A U L Aças aceleradas nas formas e técnicas de produção e de trabalho. A ordem

é manter estoques mínimos, produzindo apenas quando os clientes efetivamuma encomenda.

As grandes empresas começaram a repassar para as pequenas e médiasempresas subcontratadas um certo número de atividades, tais como concepçãode produtos, pesquisa e desenvolvimento, produção de componentes, seguran-ça, alimentação e limpeza. Isso passou a ser conhecido como terceirizaçãoterceirizaçãoterceirizaçãoterceirizaçãoterceirização. Comela, as grandes empresas reduziram suas pesadas e onerosas rotinas burocráticase suas despesas com encargos sociais, concentrando-se naquilo que é estratégicopara seu funcionamento.

A produção flexível vem transformando espaços e criando novas geogra-fias, à medida que ocorrem redistribuições dos investimentos de capitalprodutivo e especulativo e, conseqüentemente, redistribuição espacial dotrabalho. Numerosas empresas se transferiram das tradicionais concentraçõesurbanas e regiões industriais congestionadas, poluídas e sindicalizadas, paranovas áreas nas quais a organização e o poder de luta dos trabalhadores épouco significativa. Surgiram novos complexos de produção - os complexoscientíficos-produtivos -, ligados a universidades e centros de pesquisa ondeas inovações são constantes.

Um caso exemplar desses complexos é o do Vale do Silício (Silicon Valley),na Califórnia, cujo modelo se difundiu por vários países. Nesse complexo, aUniversidade de Stanford, juntamente com empresas do ramo da microele-trônica, criou um parque tecnológico cuja fama cresceu com a produção desemicondutores e o uso do silício como matéria-prima para sua fabricação. OVale do Silício faz parte de uma área maior em torno da baía de São Franciscoonde se estabeleceram numerosas indústrias de alta tecnologia.

Esses tecnopólostecnopólostecnopólostecnopólostecnopólos também são encontrados no interior das tradicionaisregiões industriais que vêm se modernizando, a exemplo da região industrialde Frankfurt, na Alemanha, ou ainda daquelas que procuram sair de umasituação de estagnação, como no caso da região de Turim, na Itália, ou de Lyon,na França.

MAPA DOS ESTADOS UNIDOS - REGIÃO EM RECONVERSÃO. TECNOPÓLOS.

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32A U L A O sistema just in time exige também uma reorganização do território. As

firmas subcontratadas pelas grandes empresas se aglomeram em torno daplanta terminal de produção, criando um novo tipo de aglomeração produtiva.Esse é o caso da fábrica da Volkswagen, instalada em Resende, no Estado do Riode Janeiro, que vem atraindo outras empresas que produzirão, no próprioterreno da fábrica da Volkswagen, componentes utilizados na montagem deônibus e caminhões.

Sem nenhuma dúvida, vivemos hoje mudanças profundas que se refletemno mundo do trabalho. Para os mais otimistas, a questão do desempregotecnológico será resolvida pela própria tecnologia avançada que estimulará osurgimento de novos setores produtivos e de atividades humanas a ela ligados,exigindo, assim, novos trabalhadores. Para outros, o sonho dos empresários defábricas sem operários está prestes a ser realizado.

Também nos setores agrícolas e de serviços, as máquinas substituem otrabalho humano. Corporações multinacionais fazem notar que estão cada vezmais competitivas, e ao mesmo tempo anunciam demissões em massa. Aquestão que se coloca neste final de século é a seguinte: para onde vão ostrabalhadores? A resposta dependerá da posição assumida pelas sociedadescomo um todo.

Nesta aula você aprendeu que:

l os dois modelos de desenvolvimento capitalistadesenvolvimento capitalistadesenvolvimento capitalistadesenvolvimento capitalistadesenvolvimento capitalista – o fordista e o flexível –apresentam diferenças nas técnicas utilizadas, nas formas de produzir, naorganização do trabalho e dos trabalhadores, na organização do território,no papel do mercado e do Estado;

l o modelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexívelmodelo flexível, que tende a dominar nos países avançados e nos paísesemergentes, ameaça um número significativo de trabalhadores com odesemprego.

l as máquinas automáticas e os computadoresmáquinas automáticas e os computadoresmáquinas automáticas e os computadoresmáquinas automáticas e os computadoresmáquinas automáticas e os computadores assumem o lugar dostrabalhadores. Estes já não têm tanta força política e reivindicatória comoantes; as indústrias se afastam das áreas onde eles se mantêm aindarelativamente fortes; os mais qualificados ganham mais, porém os menosqualificados são muito explorados; o mercado seletivo não lhes dá acesso aqualquer tipo de produtos; o Estado já não os apóia como os apoiava e nãolhes garante os empregos permanentes.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1“Depois de lutar contra a exploração capitalista, os trabalhadores têm agoraque lutar contra a falta dela. Do sistema de exploração passa-se para umasituação de exclusão porque os grandes centros capitalistas prescindemcada vez mais do trabalho...”Adaptado de Kurz, Robert. O Colapso da Modernização. Paz e Terra, 1992.

Com o auxílio do texto acima, explique por que os trabalhadores vivem, hoje,uma situação de exclusãouma situação de exclusãouma situação de exclusãouma situação de exclusãouma situação de exclusão.

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32A U L AExercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2

Elaborar um quadro comparativo do fordismo e do pós-fordismo, contendoos seguintes aspectos:a)a)a)a)a) a remuneração dos trabalhadores;b)b)b)b)b) a organização dos trabalhadores;c)c)c)c)c) o papel do Estado;d)d)d)d)d) a organização do espaço.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3A rápida ascenção da Toyota no mercado mundial de automóveis revelaa sua estratégia transnacional de operação, com unidades de montagemde carros espalhadas por todo o mundo.

Com base no mapa responda:a)a)a)a)a) Por que a maioria das unidades de montagem da Toyota está situada na

zona costeira dos diversos continentes.b)b)b)b)b) Qual a importância da bacia do Pacífico na expansão transnacional das

firmas japonesas.

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33A U L A

NNNNNesta aula, vamos estudar o que é o sistemafinanceiro global, o que determinou seu surgimento e os problemas dele decor-rentes. Vamos discutir até que ponto o Estado-nação vem perdendo poderou sentindo a necessidade de mudar seus regulamentos internos para sobrevivere conviver nesse novo contexto internacional da globalização.

Qual o papel do sistema financeiro global, cujo campo de operações vai alémdos limites dos estados-nacionais? Quais os instrumentos de controle de quedispõem os governos sobre as operações bancárias com títulos e moedas emescala planetária? São elas operações lícitas ou simplesmente especulaçõesfraudulentas ou lavagem de dinheiro ganho ilegalmente?

Hoje, mais do que nunca, o poder dos grandes bancos e das grandesempresas desafia os governos nacionais, propondo uma novo desenho políticoe econômico para o espaço geográfico mundial, onde não exista limites, nemcontrole, sobre a circulação dos capitais. No entanto, quais serão os efeitos desta“nova ordem mundial” sobre a vida dos trabalhadores?

Nossa representação geográfica do mundo é a de um conjunto de Estados-Estados-Estados-Estados-Estados-naçõesnaçõesnaçõesnaçõesnações, cada um deles constituído por uma unidade territorial delimitada porfronteiras políticas, sobre a qual é soberano, e por uma unidade econômicaorganizadora de seus assuntos internos e externos.

Os Estados-nações estariam sendo ameaçados pelo sistema financeiro glo-bal - veloz, eletrônico, computadorizado, de tempo integral, indiferente àsfronteiras, ávido de lucros rápidos -, pelo qual enorme somas de capital entrame saem dos países de acordo com o que de melhor possam lhe oferecer num dadomomento? Mas o que é esse sistema financeiro global?

Segundo nos explica a geógrafa Lia Osório Machado, em seu trabalhoO Comércio Ilícito de Drogas e a Geografia da Integração Financeira: umasimbiose?, a economia de mercado funciona atualmente com a ajuda dos bancosde investimento internacionais e dos mercados de capitais, isto é, de um sistemade geração, compra e venda de crédito. Assim, quem controla o acesso aodinheiro, ao crédito - como no caso de governos, bancos, companhias de seguroe operadores dos mercados financeiros - exerce um poder notável na conjunturainternacional. Nas palavras de Lia Osório Machado, trata-se de um sistemasistemasistemasistemasistemafinanceiro globalfinanceiro globalfinanceiro globalfinanceiro globalfinanceiro global, pois sua tendência recente é expandir-se cada vez mais“liberado dos regulamentos de base territorial como aqueles do Estado-nação”.

O sistema financeiroglobal e os limitesdo Estado-nação

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33A U L AO sistema financeiro global é um estágio mais avançado da internaciona-internaciona-internaciona-internaciona-internaciona-

lização dalização dalização dalização dalização da economia capitalistaeconomia capitalistaeconomia capitalistaeconomia capitalistaeconomia capitalista que remonta ao século XIX. Até 1970, o sistemaainda se baseava na intermediação bancária que transformava os capitaisdisponíveis e as poupanças privadas em créditos internacionais. Mas, a partirda crise dos anos 80, esse sistema foi fortemente golpeado.

Hoje, o caráter globalizado do sistema financeiro se deve:

a)a)a)a)a) à acelerada e sempre crescente expansão dos fluxos financeiros internacio-nais, o que resulta em forte impacto sobre as políticas monetária (quantidadede moedas em circulação) e cambial (relação de valor entre a moeda nacionale a moeda estrangeira) das economias nacionais;

b)b)b)b)b) à violenta disputa entre bancos e instituições financeiras (fundos de pensão,companhias de seguros, administradoras de carteiras de títulos e de fundosde investimento) para negociar serviços financeiros, o que leva à prolifera-ção de mecanismos especulativos de ganhos de capital em detrimento douso de capital em investimentos produtivos;

c)c)c)c)c) aos investimentos virtualmente desimpedidos entre os mercados financei-ros nacionais, ou seja, a uma maior integração financeira internacional, o quesignifica oportunidades - mas também riscos - para os Estados nacionais,principalmente aqueles de países emergentes.

Nos últimos dez anos, a globalização financeira movimenta um volume decréditos nunca visto anteriormente na história do capitalismo. Somente noperíodo 1991-1996 o valor total do financiamento, na forma de empréstimosbancários, emissão de bônus e ações, mais que duplicou, já tendo ultrapassado1 trilhão de dólares. Hoje, a circulação média diária (24 horas) no mercadointernacional de câmbio (troca de moedas) chega a 2 trilhões de dólares. Isso semfalar de outros mecanismos financeiros, atualmente utilizados, nos quais o valornominal negociado (o dinheiro não aparece, e sim a ordem de pagamento) jáultrapassa a cifra de 20 trilhões de dólares. Grande parte desse volume dedinheiro, de crédito, “cresce” descolado do volume de bens e serviçoscomercializados no mundo. Cresce, então, porporporporpor especulaçãoespeculaçãoespeculaçãoespeculaçãoespeculação, pois o que cresce éo valor dos “papéis” negociados.

Os investimentos financeiros não têm correspondência com os investi-mentos produtivos. Para alguns estudiosos, isso pode significar, se mantidosos ritmos atuais dos fluxos financeiros, uma crise do sistema capitalista deconseqüências inimagináveis. Trata-se de uma situação de “risco sistêmico”,que pode criar desequilíbrios em cadeia, do tipo efeito dominó, e levar a umacrise global.

Para o economista Reinaldo Gonçalves, em seu trabalho Ô Abre-alas -A nova inserção do Brasil na Economia Mundial, as principais determinantespara o atual estágio da internacionalização do sistema financeiro foram:o desequilíbrio no balanço de pagamentos e o déficit público dos EstadosUnidos; a desregulamentação do movimento de capitais; a criação de novosinstrumentos financeiros, como resposta à instabilidade do sistema monetá-rio internacional, ou seja, a variabilidade das taxas de câmbio e de juros;e os avanços das telecomunicações e da informática que permitiram umamaior integração dos diversos sistemas financeiros nacionais, com um custocada vez mais baixo.

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33A U L A

Durante as décadas de 1940 e 1950, o sistema financeiro internacionalapoiava-se na forte economia norte-americana e em sua moeda (o dólar) que,ligada a uma determinada quantidade de ouro, criava uma situação deestabilidade no sistema monetário internacional. Havia controle sobre omontante de dólares existente no mundo e cada país sabia exatamente arelação, em valor, entre a moeda nacional e a moeda de referência, o dólar.

Em 1950, somente os Estados Unidos produziam cerca de 60% de todaa produção dos países capitalistas avançados e possuíam em torno de 40%de todo o estoque de capital entre esses países. Nessa época, as transaçõesem divisas estrangeiras eram controladas em cada país e os fluxos decapital mantinham-se relativamente pequenos no mercado financeirointernacional.

No entanto, a partir da década de 1960, essas condições mudaram. Antesde mais nada, é importante lembrar que a partir dessa década começou asurgir uma economia cada vez mais transnacional, ou seja, um sistema deatividades que tende a romper com os limites territoriais, com as fronteirasdos Estados nacionais. E uma das primeiras e mais fortes manifestações deque a economia capitalista escapava ao controle do Estado-nação se dá,justamente, no sistema financeiro.

Geograficamente, muitas empresas passaram a transferir sua sede socialpara “territórios fiscais generosos” como forma de fugir ao controle dosimpostos e das restrições existentes em seus Estados de origem. Essa prática,que passou a ser conhecida como offshore (externo), escolhe justamentepequenos ou mini-Estados - tais como Curaçao, Ilhas Virgens e Liechtenstein-, hoje em torno de setenta, que se caracterizam pela ausência ou grandesburacos nas leis empresariais e trabalhistas, o que permite às empresas quepara lá se dirigem, realizar grandes transações financeiras.

Na foto acima, o sistemacomputadorizado que serve à

Bolsa de Valores de Hong Kong.Ao lado, operadores da Bolsa de

Nova York, também dependemde computadores para a

realização de seu pregão.

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33A U L ANa década de 1970, o sistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacional, baseado no dólar,

desestabilizou-se porque a economia central que lhe dava sustentação estavaperdendo força relativa e competitividade, e porque o dólar, por decisão dogoverno americano foi desvalorizado, rompendo com o padrão ouro, o quesignificou uma liberalização geral dos controles cambiais num número cres-cente de países. Além disso, os contínuos déficits públicos e os déficits nobalanço de pagamentos dos Estados Unidos, constantemente cobertos porempréstimos externos, em pouco tempo transformaram esse país, de maiorcredor mundial, em devedor internacional.

Ao mesmo tempo, externamente, os investimentos e os gastos militares eramrelativamente altos. Os dólares americanos depositados em bancos não-ameri-canos e que não voltavam para os Estados Unidos - para fugir também dasrestrições da legislação bancária americana - eram estocados fora do territórionorte-americano e tornaram-se um instrumento financeiro negociável. O velhocentro financeiro internacional – a City de Londres – negociava os eurodólares“inventados”, em livre flutuação, ou seja, em movimentos oscilatórios, decotação (valor-preço) instável.

O capital norte-americano se multiplicava e corria solto e rapidamente pelomundo, e era aplicado, principalmente, em empréstimos de curto prazo (depoucos meses até um ano) altamente lucrativos. Com essa expansão de fluxos dedólares, todos os governos perderam o controle das taxas de câmbio e do volume,agora bem maior, de dinheiro em circulação no mundo.

A liberalização financeira ajudava a expandir o comércio mundial, mas osfluxos financeiros se separavam cada vez mais do comércio de manufaturas e deserviços. As políticas dos governos, coordenadas nacional ou internacional-mente, já não funcionavam como antes. Os Estados nacionais perderam parte deseus poderes econômicos.

A crise inflacionária da década de 1970 abriu espaço para as explicaçõesdos ideólogos do neoliberalismoneoliberalismoneoliberalismoneoliberalismoneoliberalismo, que colocam o Estado como o maiorculpado pelos males dessa crise. Para esses ideólogos, qualquer regulaçãodo mercado por parte do Estado é nefasta. O mercado deve ser “livre”.

Em 1979, na Inglaterra governada pela primeira-ministra MargarethTatcher, apelidada de “dama de ferro”, foi aplicado o mais abrangenteprograma neoliberal no mundo capitalista. Dele constavam, entre outrasrealizações: a contração da emissão monetária; a elevação das taxas de juros;a redução dos impostos sobre rendimentos altos; a abolição dos controles dosfluxos financeiros; o corte nos gastos sociais; uma nova legislação anti-sindical e um amplo programa de privatizações. Essas realizações tinhamcomo objetivos, em seu conjunto, reduzir a inflação, estimular investimentosprodutivos e especulativos, reduzir o tamanho e o papel do Estado, garantirao capital privado maiores margens de lucros e reduzir o peso político eeconômico dos trabalhadores.

Os Estados Unidos de Ronald Reagan, a Alemanha de Helmut Khol,e outros países, foram seguindo um a um, com maior ou menor rigor, o modeloneoliberal. Esses países derrubaram pouco a pouco o estado keynesiano,embora não conseguissem acabar com o Estado do bem-estar social, que emmuitos países continuava crescendo. Os neoliberais afirmavam que, em opo-sição ao Estado, que ameaça a liberdade econômica e política, o livre mercadoproduziria “o maior crescimento da Riqueza das Nações e a melhor distribui-ção sustentável de riqueza e renda dentro dele”.

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33

AU

LA

O poder financeiro mundial

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33A U L AO programa neoliberal reanimou as taxas de lucros, mas não as taxas de

acumulação, isto é, de investimentos para o crescimento do parque de equipa-mentos produtivos. Isso porque a desregulamentação financeira, elementoimportante do programa neoliberal, gerou condições muito mais favoráveis parainvestimentos especulativos do que produtivos. O boom das transações financei-ras, nos anos 80, levou à redução do comércio mundial de mercadorias, penali-zando os países mais pobres, principalmente os de economia basicamenteprimário-exportadora.

Após atingir os países ricos da Europa Ocidental e da América, o neolibera-lismo afetou os países do Leste europeu e, finalmente, os países da AméricaLatina. No entanto, a região que alcançou o maior êxito, nos últimos vinte anos,é justamente a menos liberal. Trata-se do Extremo-Oriente, onde estão incluídoso Japão e a Coréia do Sul. Esses países têm sofrido fortes pressões das potênciasocidentais para liberar, desproteger e desregulamentar suas economias.

A globalização não tem apenas um caráter financeiro. Ela é também produ-tiva. No passado, todas as fases da produção de uma mercadoria eram realizadasno próprio país, onde era consumida ou exportada. Hoje, vem diminuindo oconteúdo nacional da maioria das mercadorias. E as fases intermediárias daprodução de um determinado bem ocorrem em diferentes países. As empresassaem em busca de regiões, países ou áreas que ofereçam vantagens em termos derecursos humanos e de padrões técnico-científicos de produção.

O importante a destacar é que são justamente os países em desenvolvi-mento aqueles que mais necessitam atrair investimentos produtivos e finan-ceiros globais para seus territórios, como forma de resolver suas questões dedívida externa, para alcançar maiores índices e níveis de crescimento econô-mico, reestruturar espacial e tecnologicamente o país, gerar emprego eredistribuí-lo geograficamente para reduzir as desigualdades existentes.E, para que isso ocorra, devem atender às exigências hoje ditadas pelomercado internacional cujos poderosos centros encontram-se nas áreas maisavançadas economicamente.

A integridade política e econômica de cada Estado nacional estaria corren-do perigo por causa da atuação de especuladores, cujos capitais de curto prazovalem-se de momentos circunstanciais, de informações “quentes”, para inves-tir? E esses especuladores são atraídos pelos mais recentes dados do comércioou pelo aumento das taxas de juros que lhes garantam vantagens financeiras?Ou fogem quando essas mesmas taxas descem, ou quando há a mais levesuspeita de instabilidade política ou de comoção social que possam ameaçarsuas taxas futuras de lucros sobre o capital de risco investido?

Nas palavras de Lia Osório Machado, “de um lado, o sistema de Estados-nações mantém, do ponto de vista jurídico, as prerrogativas de soberania; deoutro, o poder fixado pelas fronteiras do Estado nacional é cada vez maislimitado pela política de poder das grandes corporações e das altas finanças”.

Parece que a pressão exercida pelo sistema global é de tal ordem que reduzo papel e o poder - de escolhas e de decisões - dos Estados nacionais. Perdemautonomia e capacidade de dinamizar os investimentos, a renda e o emprego.A globalização, não só financeira mas também produtiva, subordina cadagoverno nacional aos interesses dos principais centros financeiros internacio-nais, além de os expor a preconceitos político-econômicos daqueles que mane-jam o capital global.

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33A U L A O “mundo sem fronteiras” representa uma certa perda, pelo país, do

controle sobre sua moeda e sobre suas políticas fiscais. Se para os mercadosinternacionais, bastante conservadores em matéria econômica, o equilíbriofiscal de um determinado país está correndo algum risco, tais mercados tomamdecisões que têm um impacto real no país em questão. Essa situação já foivivida pelo México, quando a fuga de capitais internacionalizados jogou essepaís numa recessão, manifestada pela queda da produção, do consumo,do emprego, com um conseqüente empobrecimento.

Segundo alguns estudiosos, não se trata de escolher entre participar aqualquer preço dessa globalização e da ideologia do “mercado livre” ou ficarde fora dela. Acreditam eles que sempre será possível preservar (oureinstaurar) uma regulamentação no âmbito do Estado-nação, bastando paraisso que haja “vontade política” de privilegiar as questões sociais dos homenssem capital. Ou pode haver ainda algum controle do movimento internacio-nal do capital financeiro e produtivo, pela ação de agrupamentos como o doGrupo dos Sete - o G-7 (os sete países de economias mais desenvolvidas) -ou de organismos multilaterais como o Banco Mundial e o Fundo MonetárioInternacional, para que os custos sociais da globalização no mundo não sejamtão altos como vêm sendo.

Nos últimos anos está ocorrendo uma desaceleração nos fluxos de capitaisfinanceiros. Acredita-se que o movimento de desregulamentação e liberalizaçãodos fluxos internacionais de capitais tenha sido concluído, pelo menos nospaíses desenvolvidos. E parece ainda que surge uma nova tendência decontrole das atividades financeiras internacionais.

A “natureza racional” (ou irracional?) do mercado de capitais não estápreocupada com o bem-estar ou com a justiça social dos cidadãos de umadeterminada sociedade, mas sim com os lucros. Não cabe ao mercado de capitaisas questões sobre saúde, educação, habitação ou serviços públicos.

Entretanto, a um Estado democrático cabe o papel de não permitir queos territórios nacionais transformem-se apenas em “filhas legítimas da lógicado capitalismo”, agora globalizado. Cabe impedir que os espaços nacionaissejam simplesmente espaços de manobra e de possibilidades para a economiainternacionalizada.

Nesta aula você aprendeu que:

l o sistema financeiro globalsistema financeiro globalsistema financeiro globalsistema financeiro globalsistema financeiro global está buscando expandir-se, livre de regulamen-tos de base territorial como os do Estado-naçãoEstado-naçãoEstado-naçãoEstado-naçãoEstado-nação. O sistema é globalizadodevido à aceleração e à expansão cada vez maior dos fluxos de dinheiro e detítulos entre os diferentes mercados financeiros nacionais;

l a crisecrisecrisecrisecrise dos Estados Unidos e do sistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacionalsistema monetário internacional baseadona moeda norte-americana - o dólar - resulta na expansão dos fluxos dedólares fora dos Estados Unidos.

l a onda neoliberal onda neoliberal onda neoliberal onda neoliberal onda neoliberal que varreu o mundo, a partir da década de 1970,acelerou a globalização financeira na medida em que diversos paísespassaram a liberar as regras do mercado financeiro para permitir eestimular a entrada de maiores volumes de capitais, mesmo queespeculativos, em suas economias.

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33A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

A charge “brinca” com uma realidade do mundo de hoje. Responda:a)a)a)a)a) Qual é essa realidade?b)b)b)b)b) Explique a razão da euforia dos homens que jogam os dardos.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Com base no texto desta aula, explique qual é a relação existente entresistema monetário internacional e sistema financeiro internacional.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Procure, em jornais ou revistas, notícias que contenham alguns aspectos dosistema financeiro global, estudados nesta aula.

Page 192: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

34A U L A

NNNNNessa aula, vamos estudar o crescimento dapopulação mundial relacionando-o com as mudanças ocorridas na sociedade.Vamos conhecer o modelo explicativo da desaceleração do crescimentopopulacional - a transição demográficaa transição demográficaa transição demográficaa transição demográficaa transição demográfica. Veremos ainda os principais fluxosmigratórios contemporâneos e as questões sociais e econômicas que decorremdesses fluxos.

Qual a importância dos movimentos de população no mundo atual? Diantede um período histórico em que o dinheiro praticamente não encontra limites asua mobilidade, qual a situação do trabalho diante da globalização?

Aparentemente, as restrições à livre circulação de pessoas estão aumentan-do nos países industrializados, apesar da formação dos blocos econômicos.Os trabalhadores árabes, turcos e africanos, que nos últimos trinta anos acorre-ram à Europa para trabalhar na construção civil e nos empregos de menorqualificação, estão sendo cada vez mais discriminados pela legislação dos paíseseuropeus. Da mesma maneira, os Estados Unidos têm aumentado as dificulda-des impostas à imigração de trabalhadores, principalmente latino-americanos,que buscam emprego em seu território.

Assim, a globalização é um processo de duas vias: de um lado aumenta amobilidade do dinheiro, de outro restringe os deslocamentos da populaçãoque busca trabalho.

A grande expansão demográfica do mundo contemporâneo começou com aRevolução Industrial. A partir do século XVIII assistimos a um extraordináriocrescimento demográfico, e a população mundial, em 1830, atingiu pela primeiravez um bilhão de habitantes. Apenas oitenta anos depois atingiu 2 bilhões.Entre 1930 e 1975 - em 45 anos -, dobrou de novo. Em 1987 foi anunciado onascimento do habitante de número 5 bilhões. Em 150 anos a população do nossoplaneta quintuplicou.

No mundo, hoje, nascem 150 crianças por minuto, 220 mil por diae 80 milhões por ano. Nesse ritmo a Terra deverá ultrapassar 6 bilhões dehabitantes por volta do ano 2000.

Ritmos e movimentosda população mundial

34A U L A

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34A U L AO crescimento da população mundial não se processou de modo uniforme, ao

mesmo tempo e em todos os lugares. Ele foi inicialmente um crescimentopopulacional europeu. A eficácia na luta contra a morte e as melhorias dascondições de vida fizeram a população da Europa passar de 187 milhões, em 1800,para 400 milhões, em 1900. A partir da metade do século XX, o crescimento dapopulação mundial ocorreu nos outros continentes. Os países subdesenvolvidosconheceram então uma forte baixa da mortalidade, como resultado da difusão dasvacinas, da eliminação dos vetores de numerosas doenças e das medidas desaneamento básico. A taxa de mortalidade no conjunto dos países pobres passoude 25 óbitos por mil habitantes, em 1950, para 9 óbitos por mil, em 1990. O conjuntodos países subdesenvolvidos tinha uma taxa de crescimento anual de 2,4% noperíodo 1970/75, enquanto os desenvolvidos tinham uma taxa de apenas 0,8%.

As incertezas quanto ao futuro são explicadas pelas atuais interrogaçõessobre as tendências das taxas de natalidade. Desde a década de 1970 constata-seuma diminuição da taxa de fecundidade (número de nascimentos anuais em umconjunto de mil mulheres entre 14 e 49 anos) em quase todos os países -a fecundidade mundial teria passado de 6,1 filhos em 1970 para 3,7 em 1990.Novos comportamentos sociais, como o uso de métodos anticonceptivos e aemancipação da mulher na sociedade contribuíram para diminuir a natalidade.As políticas de planejamento familiar aceleraram a queda da fecundidade. Osúnicos países que ficaram fora da política anti-natalista foram os países da Áfricatropical e alguns países árabes. Como resultado dessas ações o crescimentodemográfico anual, que era de mais de 2% na década de 1970, caiu para 1,6 nosanos 80, e para aproximadamente 1% nos anos 90.

O crescimento extraordinário da po-pulação mundial nos últimos duzentosanos e a desaceleração atual permitiramelaborar um modelo explicativo para aevolução da população mundial: a transi-a transi-a transi-a transi-a transi-ção demográficação demográficação demográficação demográficação demográfica.

A transição demográfica consiste emuma sucessão de fases pelas quais umapopulação passa à medida que penetra noque chamamos de modernidade, isto é,uma sociedade agrária tradicional trans-forma-se numa sociedade moderna, indus-trial e urbana.

Ao longo do processo de transição, é possível identificar uma primeira fasena qual se registra um pequeno crescimento da população porque a alta taxade natalidade é anulada pela alta taxa de mortalidade. A segunda fase carac-teriza-se por um rápido crescimento demográfico por causa do desencontroentre as duas taxas. Essa aceleração é explicada pelo recuo da mortalidade,graças à revolução sanitária, isto é, ao desenvolvimento de uma infra-estruturade serviços coletivos de higiene e à adoção de medidas de profilaxia. O terceiromomento tem um pequeno crescimento, um novo equilíbrio entre as duastaxas que, agora, se apresentam muito baixas.

Os países mais avançados já terminaram o processo de transiçãodemográfica. Muitos deles vem apresentando uma população estabilizada naqual o número de nascimentos equivale ao número de óbitos. O crescimentovegetativo é muito pequeno e, em alguns períodos, negativo.

GRÁFICO DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

Page 194: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

34A U L A

Para muitos países subdesenvolvidos, a transição demográfica iniciou-seapós a Segunda Guerra Mundial. A difusão de medidas sanitárias e o uso devacinas e antibióticos derrubaram a taxa de mortalidade, provocando umaaceleração das taxas de crescimento demográfico. Mas a mudança de compor-tamentos sociais, a adoção de métodos contraceptivos e o acesso à informaçãofizeram as taxas de fecundidade declinar rapidamente.

O período de crescimento mais rápido ocorreu na década de 1960.Mas as taxas médias de crescimento estão declinando e as previsõesdemográficas admitem uma estabilização da população mundial em torno de10 bilhões de habitantes, no ano de 2050.

A evolução demográfica é um indicador de mudanças econômicas.As transformações impostas pela industrialização na Europa Norte-Ocidental, noperíodo 1850-1914, provocaram o primeiro boom (explosão) da economia modernae o grande crescimento demográfico europeu na segunda metade do século XIX.

No mundo subdesenvolvido, a renda real por habitante dobrou no período de1945 a 1973, graças a um crescimento econômico de mais de 3% ao ano. Se ocrescimento econômico e o crescimento demográfico têm origens estruturais co-muns, é possível admitir que eles tenham uma interação dinâmica. A velocidade dasmudanças - urbanização, elevação do nível de instrução, aumento do poder decompra - acarreta a baixa da mortalidade que é apenas o seu aspecto mais visível.

A dinâmica de uma população envolve, além das taxas de natalidade emortalidade, as diferentes modalidades de migração. Os homens sempre sedeslocaram em grupos ou individualmente. Esses deslocamentos influem naorganização do espaço e na estrutura da população, tanto na região de saídaquanto na região de chegada.

As migrações internacionais, sem o caráter maciço que tiveram no séculoXIX e no início do século XX, são ainda expressivas em termos numéricos.Aproximadamente 2% da população mundial vive fora do país de nascimento,e a proporção de estrangeiros na composição da população varia de 7% naAlemanha e na França a 20% na Austrália. As estatísticas sobre as migraçõesinternacionais não apresentam muita precisão por causa do grande número deimigrantes clandestinos.

MAPA DOS DIFERENTES RITMOS DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO MUNDIAL

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34A U L AApós a Segunda Guerra Mundial podemos identificar quatro grandes

fluxos migratórios internacionais:

l O primeiro refere-se aos deslocamentos de população para fazer coincidir a“nova” fronteira política com os grupos étnicos. O exemplo mais significa-tivo ocorreu após a divisão política da União Indiana, em 1947, quandoaproximadamente 15 milhões de pessoas foram deslocadas entre a Índia e oPaquistão. Outro exemplo, mais recente, deu-se na região balcânica, quandohouve a fragmentação política da Iugoslávia.

l O segundo diz respeito aos refugiados políticos, que chegam hoje a mais de25 milhões de pessoas. Eles procedem dos “pontos quentes”, ou seja, dasáreas de conflitos internos, nas quais uma facção temporariamente derrota-da se refugia em outro país. A situação trágica desses grupos é marcada pelaindefinição e pela precariedade das condições de vida que anulam, emgrande parte, a ação do Alto Comissariado das Nações Unidas para osRefugiados (ACNUR). O Sudeste Asiático, o Oriente Médio, a AméricaCentral e a África Oriental são as principais regiões desses refugiados.O Leste Europeu, enquanto esteve isolado pela chamada Cortina de Ferro,dava origem a numerosos contingentes de refugiados políticos. A crise de1989 facilitou o deslocamento de mais de um milhão e trezentos mil emigran-tes que deixaram seus países em direção à Europa Ocidental, por razõesbasicamente econômicas, e que solicitavam, no país de acolhimento,o estatuto de refugiados políticos.

l O terceiro é marcado pelo deslocamento de “cérebros”. A migração depessoas com alta qualificação profissional e/ou de estudos significa umavantagem enorme para os países que as recebem porque as despesas parasua formação foram desembolsadas pelos países de origem. Os EstadosUnidos são beneficiados por esses movimentos porque entre 1970 e 1990receberam perto de um milhão de imigrantes altamente qualificados, proce-dentes de todo o mundo, embora no mesmo período tenham sido adotadasleis cada vez mais restritivas à imigração de mão-de-obra não qualificada.

PRINCIPAIS FLUXOS DE MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES

Page 196: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

34A U L A l Finalmente, o quarto fluxo agrupa as migrações de trabalhadores. Após a

Segunda Guerra Mundial, a Europa Norte-Ocidental se abastecia de mão-de-obra nas regiões de economia deprimida da bacia mediterrânea. Já osEstados Unidos recorriam a seus vizinhos mais próximos, o México e oCaribe. No entanto, a partir da crise dos anos 70 e da adoção das novastécnicas de produção do modelo de industrialização pós-fordista, agra-vou-se a situação de desemprego nesses países. Nas antigas áreas deacolhimento de imigrantes cresceram os sentimentos xenófobos (do grego:xeno = estrangeiro + fobia = aversão) e os movimentos de pressão para aadoção de leis restritivas à imigração. Os problemas surgidos com osárabes na França são análogos aos dos turcos na Alemanha e aos dosjamaicanos na Inglaterra. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, a imigra-ção é uma questão social e política preocupante.

Os problemas ligados aos fluxos migratórios de trabalho reabrem o velhodebate sobre integrar os recém-chegados à comunidade nacional ou mantê-losnum estatuto particular. Os muçulmanos, por exemplo, instigados pelosmovimentos fundamentalistas, alegam o direito à diferença, recusando-se aaceitar a integração. As sociedades ocidentais adotam comportamentos derejeição, o que é facilmente explorado no campo político. Esse desconhecimen-to recíproco pode esgarçar o tecido social dando origem a tensões e conflitos.

As novas tendências da economia mundial admitem a livre circulação decapitais, de mercadorias e de tecnologia, mas adotam medidas cada vez maisrestritivas para os fluxos de mão-de-obra. As migrações de trabalhadores sãosubmetidas a controles cada vez mais rigorosos.

O desenvolvimento dos meios de transportes e o acesso à informaçãoabriram a era do turismo de massa, deslocando milhões de pessoas anualmente.O turismo tornou-se assim um fato econômico e social do mundo contemporâ-neo por causa dos recursos que movimenta.

PRINCIPAIS FLUXOS TURÍSTICOS

Page 197: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

34A U L A No mapa, observa-se uma estreita relação entre a qualidade de vida e a

intensidade dos fluxos turísticos. A Europa Ocidental é a principal emissora ereceptora do turismo internacional. Esses deslocamentos têm implicações econô-micas, pois os lucros que geram têm grande importância no balanço de pagamen-tos dos países receptores. Na Europa Ocidental, por exemplo, o turismo mantém6 milhões de empregos diretos e perto de 10 milhões indiretos.

Os Estados Unidos atraem por ano 50 milhões de turistas do mundo inteiro,mas os fluxos internos são quase dez vezes maiores. Nova York é o principal pólode atração, enquanto a Califórnia e a Flórida atraem fluxos turísticos internos eexternos, em virtude das atrações aí instaladas.

Fluxos menores dirigem-se para os países subdesenvolvidos. Nesses locais, denatureza privilegiada, são instalados equipamentos turísticos eficientes, quasesempre pelo capital internacional. Esses locais “vendem” a paisagem.

Nesta aula você aprendeu que:

l o crescimento da população mundialpopulação mundialpopulação mundialpopulação mundialpopulação mundial é desigual no tempo e no espaço.Os países desenvolvidos têm, hoje, pequeno crescimento vegetativocrescimento vegetativocrescimento vegetativocrescimento vegetativocrescimento vegetativo poisjá completaram sua transição demográficatransição demográficatransição demográficatransição demográficatransição demográfica. Alguns países subdesenvolvi-dos iniciaram essa transição enquanto outros ainda dependem do desenvol-vimento sócio-econômico para realizá-la;

l os mais importantes fluxos migratórios internacionaisfluxos migratórios internacionaisfluxos migratórios internacionaisfluxos migratórios internacionaisfluxos migratórios internacionais contemporâneossão realizados por grupos étnicos à procura da nova fronteira política,pelos refugiados políticos, por técnicos altamente qualificados e, com maisdestaque, por homens em busca de trabalho;

l o turismo de massaturismo de massaturismo de massaturismo de massaturismo de massa, pelos recursos que movimenta, é uma das maisimportantes atividades da economia moderna.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Relacione as pirâmides etárias dos países A, B e C com o gráfico esquemáticoda transição demográfica e responda às perguntas abaixo.a)a)a)a)a) Por que a pirâmide etária do país A representa a população de um país

que se encontra na primeira fase da transição demográfica?b)b)b)b)b) Apresente duas mudanças que devem ocorrer na dinâmica demográfica

do país A para que a estrutura etária da sua população passe a ser igualà da pirâmide do país C.

A pirâmide etária representa a distribuição, por idade, da população de determinado país.Ao mesmo tempo, expressa a fase da transição demográfica em que se encontra a sua população.

PIRÂMIDES ETÁRIAS

Page 198: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

34A U L A Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2

Observe o mapa e apresente duas razões para os fluxos migratóriosrepresentados.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Numa área de atração turística que você conheça, responda:a)a)a)a)a) Quais os efeitos dos fluxos turísticos na preservação das condições

ambientais locais?b)b)b)b)b) De que modo os fluxos turísticos atuam na melhoria das condições

do espaço?

Durante oséculo XIX, aexplosãodemográfica eas mudançasna economiaeuropéiaoriginaramfluxosmigratóriosimportantespara opovoamentoda América,Austrália eNovaZelândia.Hoje, aEuropa viveum problemainverso:milhares demigrantestentaminstalar-senos seuspaíses maisricos.

FLUXOS MIGRATÓRIOS PARA A EUROPA

Page 199: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

35A U L A

35A U L A

NNNNNesta aula, vamos identificar a RevoluçãoIndustrial como responsável pela grande mudança na utilização dos recursosnaturais. Vamos avaliar o papel dos principais recursos naturais, os problemasdecorrentes do seu uso abusivo e mostrar que mesmo os recursos consideradosrenováveis correm o risco de esgotamento.

Os recursos naturais são inesgotáveis? A humanidade pode retirar o quedeseja da natureza e despejar toda a sorte de resíduos na biosfera?

Existem fortes evidências de que não! Os combustíveis fósseis, cuja exploraçãocontinua aumentando rapidamente, são finitos, e sua queima contribui para oaumento do efeito estufa que vem elevando a temperatura na superfície da Terra.

A energia que consumimos em nosso dia-a-dia, que movimenta os processosvitais no mundo atual, não pode se originar de um conjunto tão pequeno defontes não renováveis que estão muito irregularmente distribuídas no planeta.Guerras, contaminação dos mares e oceanos, poluição nas cidades são apenasalgumas das conseqüências de um padrão energético que já mostrou seus sinaisde esgotamento.

Os fluxos naturais de energia, que são utilizados há milênios, são conhecidoscomo fontes renováveis fontes renováveis fontes renováveis fontes renováveis fontes renováveis. Antes da Revolução Industrial, o Sol era uma das fontesde energia mais utilizadas. Ele fornecia energia para os músculos (do ser humanoe dos animais empregados na tração de cargas e para mover moinhos e máqui-nas). Além disso, aproveitava-se a força do vento e da água - movidos tambémpela energia solar. A madeira, sob a forma de carvão, era igualmente utilizadadesde a pré-história.

Com a Revolução Industrial, os combustíveis fósseis - como o carvão e opetróleo - começaram a ser utilizados como fontes de energia. A energia geradapelos combustíveis fósseis é, em última instância, limitada pela geologia, pois setrata de uma fonte de energia não renovávelfonte de energia não renovávelfonte de energia não renovávelfonte de energia não renovávelfonte de energia não renovável.

A exploração dos combustíveis fósseis deu a base para o desenvolvimentoda sociedade industrial, diferente de todas as sociedades anteriores, tanto na suanatureza quanto na sua escala.

No ano 2000, as fontes de produção/consumo de energia devem se distribuiraproximadamente do modo como está no esquema da página seguinte.

A energia vital:os recursos naturais

são inesgotáveis?

Page 200: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

35A U L A

PETRÓLEO - PRINCIPAL

FONTE DE ENERGIA MUNDIAL.AS JAZIDAS CONHECIDAS,MANTIDO O CONSUMO ATUAL,ESGOTAM-SE NOS PRÓXIMOS

CINQÜENTA ANOS.

CARVÃO - COMBUSTÍVEL

FÓSSIL MAIS ABUNDANTE.SEU USO AGRAVA AQUESTÃO AMBIENTAL

(CHUVAS ÁCIDAS, AUMENTO

DO DIÓXIDO DE CARBONO NA

ATMOSFERA).

GÁS NATURAL

DEVE REPRESENTAR

20% DO CONSUMO MUNDIAL

DE ENERGIA À MEDIDA QUE

FOR SUBSTITUINDO OPETRÓLEO EM CERTOS

USOS.

BIOMASSA - MATÉRIA VEGETAL

OU ANIMAL QUE PODE SER

TRANSFORMADA EM ENERGIA.A BIOMASSA, SOB A FORMA DE

MADEIRA, É O PRINCIPAL

COMBUSTÍVEL DOS PAÍSES

EM DESENVOLVIMENTO.

ÁGUA - GERA QUASE 25% DA

ELETRICIDADE MUNDIAL. ENERGIA

LIMPA E RENOVÁVEL. AINDA

NÃO SE UTILIZA TODA A SUA

CAPACIDADE GERADORA.

ENERGIA NUCLEAR - DEVE

TER SEU USO RESTRINGIDO

POR CAUSA DO AUMENTO

DOS CUSTOS E DA QUESTÃO

DA SEGURANÇA NAS CERCA

DE QUATROCENTAS USINAS

EM FUNCIONAMENTO ATÉ

O FINAL DESTE SÉCULO.

ENERGIA EÓLICA - OS VENTOS SÃO

PRODUZIDOS PELO AQUECIMENTO

DESIGUAL DA SUPERFÍCIE DA TERRA.OS MOINHOS DE VENTO PODEM

GERAR ELETRICIDADE E EXECUTAR

TRABALHOS MECÂNICOS.

ENERGIA GEOTÉRMICA - USADA

DIRETAMENTE OU PARA

PRODUZIR

ELETRICIDADE.

ENERGIA SOLAR - DEVE AUMENTAR

SUA PARTICIPAÇÃO NA

PRODUÇÃO DE ENERGIA, DEVIDO AOS

GRANDES INVESTIMENTOS FEITOS EM

NOVAS TECNOLOGIAS DE USO.

ENERGIA DOS OCEANOS

TEM POTENCIALIDADE GIGANTESCA

(ONDAS, MARÉS, CORRENTES MARI-NHAS), MAS AINDA É POUCO USADA.

19802000

Esquema dadistribuiçãomundial das

fontes de energiaem dois

momentos:1980 e 2000

Page 201: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

35A U L AA principal fonte de energia da sociedade industrial é o petróleo, que

representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo.Por causa da ameaça de esgotamento das jazidas é possível que, no início doséculo XXI, seu uso se modifique, passando a ser empregado mais comomatéria-prima para a indústria química do que como combustível.As reservas mundiais de carvão, ao contrário, são suficientes para atenderà demanda nos próximos 250 anos, se forem mantidos os níveis de consumoatuais. Os problemas ambientais devem, no entanto, inviabilizar uma voltamaciça ao seu uso.

Em 1973, os países produtores de petróleo, organizados na Organizaçãodos Países Produtores de Petróleo (OPEP), promoveram uma grave criseenergética mundial ao dobrar o preço do barril de petróleo. Até então, ospaíses consumidores de petróleo usavam de forma abusiva esse capitalenergético que a natureza havia acumulado há milhões de anos, esquecen-do-se de que estavam usando uma “oferta” que a natureza não conseguiriamanter indefinidamente. A crise obrigou os países consumidores a buscarnovas regiões produtoras de petróleo e, ao mesmo tempo, promover cam-panhas de racionalização do seu uso. Normalmente as taxas de consumo deenergia acompanhavam as de crescimento econômico. Mas, a partir dacrise, o exemplo da Alemanha Ocidental é sugestivo: entre 1974-1985,enquanto o seu consumo de energia aumentou apenas 3%, o PIB alemãocresceu 17,5%, o que mostra a eficiência das suas políticas de uso maisracional de energia.

Para os países em desenvolvimento, a crise energética revelou-se maisgrave porque foi acompanhada por uma desvalorização das matérias-primas:em 1975 o preço de uma tonelada de cobre equivalia ao de 115 barris depetróleo; em 1982 a equivalência baixou para 57 barris.

Embora os preços do petróleo tenham diminuído na década de 1980,não voltaram mais aos níveis anteriores a 1974, o que mudou profundamentea situação energética mundial.

A crise dos preços estimulou o desenvolvimento de novas tecnologias quepossibilitaram obter mais petróleo nos poços que estavam em produção erecuperar áreas já consideradas esgotadas. Porém, se continuarmos a consumirpetróleo no ritmo atual, as reservas mundiais deverão esgotar-se nos próximoscinqüenta anos.

Antes que a OPEP deflagrasse a crise do petróleo, o terço mais pobre dapopulação mundial já enfrentava outra crise energética. Aproximadamente2 bilhões de habitantes dos países em desenvolvimento dependem da lenhacomo combustível para cozinhar ou para aquecimento. Como há umdescompasso entre a velocidade do consumo da floresta e o tempo necessá-rio para as árvores crescerem, a obtenção de lenha torna-se cada vez maisdifícil. O aumento da população nessas regiões torna o problema aindamais grave. Não se trata de um problema de ignorância: é um trágicoproblema de sobrevivência. As populações mais pobres, dos países subde-senvolvidos, são obrigadas a destruir os meios de vida do futuro paradispor do necessário no presente. O quadro se torna ainda mais graveporque o desmatamento traz uma série de problemas ambientais: desapa-rece o “efeito esponja” da floresta, o que significa que os solos ficamexpostos diretamente à ação das chuvas; aumenta o escoamento superficial;modifica-se definitivamente a biodiversidade.

Page 202: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

35A U L A Outras razões significativas para a diminuição das florestas - especial-

mente das florestas tropicais - são a demanda de terras para o cultivo e odesmatamento para a obtenção de madeiras nobres. Os deslocamentos dapopulação em direção às fronteiras agrícolas em busca de terras e a atuaçãodas empresas madeireiras, em busca do lucro imediato, têm provocado arápida redução das florestas tropicais úmidas. Estima-se em 12 milhões dehectares a área desmatada a cada ano. Se o desmatamento mantiver esseritmo é possível que, no ano 2050, essa formação florestal esteja praticamentedesaparecida.

Como as demais riquezas, a energia produzida no mundo não se distribuiequilibradamente: um norte-americano consome trezentas vezes mais ener-gia do que um africano. Certamente, num futuro próximo, os combustíveisfósseis e a energia nuclear - fontes não renováveis - continuarão sendo asnossas principais fontes de energia. Mas nos últimos anos tem crescido ointeresse pelo uso das energias solar, hidráulica e da biomassa, até aquisubutilizadas. Elas representam, certamente, as alternativas maisencorajadoras para a questão energética mundial.

Além dos combustíveis fósseis, a indústria moderna utiliza cerca deoitenta minerais como matérias-primas. As jazidas desses minerais sãorelativamente abundantes e, em termos gerais, as reservas dos mineraisfundamentais mostram-se suficientes para atender às necessidades.

O uso cada vez mais freqüente da reciclagem permite poupar tanto asjazidas quanto as fontes de energia. Por exemplo: para produzir umatonelada de alumínio, a partir de sucata, gasta-se apenas 5% da energianecessária para extrair a bauxita e transformá-la em alumínio. Outra alter-nativa que vem se tornando cada vez mais freqüente é a da substituição demateriais, a exemplo do estanho, que tinha largo emprego industrial nasembalagens de alimentos perecíveis e está sendo substituído pelo plásticoe pelo alumínio.

A água em estado líquido é uma das originalidades do nosso planeta.Componente essencial de todos os seres vivos, a água está presente em cadaanimal, em cada planta e em cada ser humano, na forma de fluxos microscópi-cos. A degradação da água tem efeitos dramáticos sobre a fauna, a flora e asaúde do homem. O desinteresse sobre a poluição da água favorece a contami-nação alarmante dos lençóis subterrâneos, dos rios e das águas costeiras.O desconhecimento do modo pelo qual a água circula nos solos, nos rios, nosoceanos e na atmosfera - o ciclo da água - é em parte responsável por essedesinteresse.

Outro dado fundamental: os recursos hídricos são limitados. À medidaque vem aumentando o consumo de água, ficam claras as limitações do seuuso. A água que abastece os continentes circula entre a terra, o mar e aatmosfera graças à energia solar. Uma parte é transportada sob a forma devapor e envolve todo o planeta. A atmosfera se umidifica graças à evapora-ção dos oceanos e da superfície terrestre e perde água por causa dasprecipitações. A água absorvida pelo solo fica disponível para as plantasque a absorvem pelas raízes e a liberam, por transpiração, para a atmosfera.A outra parte do ciclo é totalmente terrestre. A rede hidrográfica recebe aágua da precipitação que escoa superficialmente ou se infiltra pelo solo,reabastecendo os lençóis d’água, os lagos e os rios. Ao fim do ciclo, a águaé devolvida ao mar ou armazenada nos reservatórios profundos da crostaterrestre.

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35A U L AO conhecimento do ciclo da água per-

mite compreender o impacto da poluição.Uma vez utilizada, a água fica carregadade impurezas, contaminando os rios, oslençóis subterrâneos e a atmosfera.

Todos os anos aproximadamente10% das águas evaporadas dos oceanos emares, devido à ação do Sol, retorna aoscontinentes sob a forma de chuva. É des-sa água que dependemos. De toda águaexistente na Terra, somente essa peque-na quantidade está disponível para uso.E essa água utilizável não está distribuí-da igualmente.

De modo geral, existe água disponí-vel para atender às necessidades da po-pulação mundial embora as diferençasde consumo sejam diretamente propor-cionais ao desenvolvimento sócioeconô-mico. Para manter uma qualidade de vidarazoável são necessários 80 litros de águapor dia para cada habitante. Mas o con-sumo médio pode variar dos 25 litrosdiários de uma família indiana até os 500litros de uma família norte-americana.Enquanto a agricultura consome 73% daágua disponível no mundo, conforme as necessidades de irrigação, a indús-tria consome 22% do total, e o uso doméstico apenas 5%.

Segundo a Organização Mundialda Saúde (OMS) “o número de tornei-ras para cada 1.000 habitantes é umindicador mais confiável para a saúdedo que o número de leitos hospitala-res”. A água, uma fonte de vida, mataem torno de 25 milhões de pessoas, acada ano, nos países subdesenvolvi-dos. A obtenção de água em condiçõesadequadas de uso e a eliminação higi-ênica dos resíduos humanos são pro-blemas do cotidiano desses países. Naausência dos serviços básicos, é co-mum o uso da água não-tratada para oabastecimento. Como conseqüência, elase torna o principal agente de trans-missão de numerosas doenças como adiarréia, o cólera e o tifo.

As populações ribeirinhas,em todo o mundo, abastecem-se

sem a preocupação com o fato de aságuas não estarem limpas.

CICLO DA ÁGUA

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35A U L A A água é um recurso renovável mas suas reservas não são ilimitadas. O

problema de escassez é crucial para os países subdesenvolvidos, que têm umrápido crescimento demográfico e que se situam nas regiões tropicais semi-áridas. No ano 2000, o mundo terá 25 cidades com mais de 10 milhões dehabitantes, e algumas dessas megacidades, tais como Cairo (Egito), Calcutá(Índia), Cidade do México (México) e mesmo São Paulo (Brasil), sofrerãoproblemas de abastecimento de água, seja por causa de uma demanda crescente,seja por causa da contaminação.

Nos países desenvolvidos, o aumento indiscriminado dos produtos quími-cos tóxicos tornou-se também um problema de saúde pública. Como a biosferaé um sistema fechado, as substâncias que são lançadas na atmosfera nãodesaparecem. Assim, o uso do DDT, dos inseticidas clorados e outros pesticidascontamina a água dos rios, dos mares e dos lençóis subterrâneos. O acidente coma fábrica Sandoz, na Suíça, em 1986, tornou-se um exemplo desse tipo depoluição, pois provocou a morte de peixes e tornou, temporariamente, a água dorio Reno imprópria para o consumo. Embora o uso desses produtos estejaproibido nos países desenvolvidos, as empresas do setor químico os produzempara vendê-los nos países subdesenvolvidos onde a legislação é menos rigorosa.

Outra forma de poluição é a provocada pelos poluentes transportados pelosfluxos atmosféricos. Os gases lançados na atmosfera pelas fábricas e pelos carros(dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio) e os pesticidas vaporizados pelaagricultura estão na origem das chuvas ácidas. Os efeitos desse tipo de poluiçãosão particularmente graves no norte da Europa e no nordeste dos Estados Unidos.

A gestão dos recursos naturais nos últimos vinte anos ganhou maioreficiência e, ao que tudo indica, uma nova orientação. Como seria impossívelmudar a matriz energética mundial, a solução encontrada foi obter economiassignificativas no consumo de energia, graças a novas tecnologias. Assim, os“sistemas inteligentes” de iluminação e aquecimento dos edifícios e os sistemaseletrônicos para controle de consumo de combustível dos carros conseguirammaior eficiência por unidade de energia consumida. O mesmo tipo de ação estáse realizando em relação à água. Ainda que ela seja um recurso renovável, épreciso uma gestão cuidadosa dos recursos hídricos. Hoje, aproximadamentetrinta países vivem a ameaça de escassez de água.

As fotos mostram duas formas de poluição do ar: pelas fábricas e pelos carros.

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35A U L AA energia, a água, os minerais, entre outros recursos da natureza, não são

inesgotáveis. Nosso planeta é um sistema fechado e nós estamos alcançando osseus limites. Por isso existe a necessidade de utilizar esses recursos de formaracional. As novas tecnologias devem ser difundidas para que sejam adotadosnovos comportamentos sociais, a partir de políticas ambientais. A sociedadeconservacionista depende, fundamentalmente, do compromisso dos indiví-duos que a compõem.

Nesta aula, você aprendeu que:

l os combustíveis fósseiscombustíveis fósseiscombustíveis fósseiscombustíveis fósseiscombustíveis fósseis - carvão e petróleo - são os principais componentesda matriz energéticamatriz energéticamatriz energéticamatriz energéticamatriz energética do mundo atual. O aumento do preço do petróleoforçou a busca de fontes alternativas e a uma maior racionalização;

l a lenhalenhalenhalenhalenha continua sendo um combustível essencial nos países pobres, e seuuso acarreta a destruição da cobertura florestaldestruição da cobertura florestaldestruição da cobertura florestaldestruição da cobertura florestaldestruição da cobertura florestal;

l as jazidas das matérias-primas minerais são suficientes para garantiro abastecimento da indústria moderna. A reciclagemreciclagemreciclagemreciclagemreciclagem permite prolongara vida útil dos jazimentos;

l o recurso mais abundante na superfície da Terra é a águaáguaáguaáguaágua. Ela é essencialpara todos os seres vivos, e sua qualidade fica, a cada dia, mais comprome-tida por causa das ações que têm levado a sua degradação;

l a criação de uma mentalidade conservacionistamentalidade conservacionistamentalidade conservacionistamentalidade conservacionistamentalidade conservacionista garantirá o uso dos recursosnaturais, com parcimônia, por todos os homens.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Quase ¾ do vapor d’água que se condensa e se precipita sob a forma dechuva na Região Norte do Brasil são devolvidos à atmosfera pelaevapotranspiração da floresta pluvial amazônica.

A partir do texto e do esquema acima:a)a)a)a)a) Explique o mecanismo da evapotranspiração.b)b)b)b)b) Cite dois efeitos do desmatamento sobre o ciclo da água na região.

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35A U L A Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2

O mercado mundial do petróleo foi profundamente modificado nos últimosvinte anos. Até 1973/1974, as “Sete Irmãs” (as grandes companhias petrolí-feras ocidentais - Exxon, Royal Dutch-Shell, Mobil Oil, Texaco, BritishPetroleum, Gulf Oil e Socal) controlavam o mercado mundial, mantendobaixos os preços do petróleo, apesar do aumento do consumo. Os paísesexportadores eram penalizados por essa política.O primeiro choque do petróleo representa a revanche dos países produtores.O preço do petróleo bruto duplicou em 1974. Em 1978, quando houve osegundo choque, ele praticamente triplicou.

Com base nos dados dos dois gráficos, indique duas alternativas adotadaspelos países consumidores de petróleo para enfrentar o aumento do preçodesse produto.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3“Cerca de 80% de todas as doenças do mundo se relacionam com o controleinadequado dos recursos hídricos, seja devido à transmissão hídrica, comoa febre tifóide e cólera, seja pela deficiência de água para higiene, como emverminoses e tracoma, seja devido à contaminação ou infestação de animaisaquáticos, como no caso da esquistossomose, seja devido às condições deágua onde se desenvolvem as larvas de insetos transmissores de moléstias,como a malária, dengue, febre amarela e outros.”Conferência de Alma Ata - Organização Mundial da Saúde - 1978

a)a)a)a)a) Por que a população brasileira está seriamente ameaçada pela difusão dedoenças relacionadas com o controle inadequado dos recursos hídricos?

b)b)b)b)b) Por que o risco de contaminação é diferenciado para os habitantes dasdiversas regiões do Brasil?

SITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃO DODODODODO SANEAMENTOSANEAMENTOSANEAMENTOSANEAMENTOSANEAMENTO BÁSICOBÁSICOBÁSICOBÁSICOBÁSICO N ON ON ON ON O BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL PORPORPORPORPOR GRANDESGRANDESGRANDESGRANDESGRANDES REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES - - - - - 19881988198819881988

(Em percentagem da população servida)

RegiãoRegiãoRegiãoRegiãoRegiãoNorteNordesteSudesteSulCentro-oesteBrasil

Abastecimento de águaAbastecimento de águaAbastecimento de águaAbastecimento de águaAbastecimento de água69,2368,8085,9687,4975,9080,62

Esgotos sanitáriosEsgotos sanitáriosEsgotos sanitáriosEsgotos sanitáriosEsgotos sanitários33,4611,7555,5318,0030,5535,55

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NNNNNesta aula, analisaremos os avanços nastécnicas e na estrutura da produção de alimentos. Estudaremos as possibilidadese os problemas advindos da adoção da biotecnologia na agropecuária e aspossíveis mudanças que ela provocará na economia mundial.

Você já pensou nas mudanças que estão ocorrendo na produção de alimen-tos, com a aplicação das novas técnicas de engenharia genética? Hoje, osEstados Unidos estão exportando soja e milho obtidos por transformação degenes, que aumentam a produtividade e deixam as plantas mais resistentes àspragas. Mas isso também significa a criação de novos organismos que nuncaexistiram antes e que estão sendo introduzidos na biosfera, com efeitosdesconhecidos sobre os demais seres vivos.

A aplicação do conhecimento científico e tecnológico na estrutura básicada vida - o gene - é um desafio e um risco. De um lado, ajuda a evitar e a curarmuitas doenças; de outro, talvez introduza mudanças irreversíveis nas rela-ções entre os seres vivos e seu ambiente, podendo trazer novas formas decontaminação por microrganismos desconhecidos.

Quando o estudioso Malthus admitiu, no início do século XIX, que apopulação crescia em progressão geométrica e a produção agrícola crescia emprogressão aritmética, estava denunciando um desequilíbrio entre populaçãoe alimentos e profetizando uma crise alimentar mundial, cuja solução seria ocontrole do crescimento da população. Nesses quase duzentos anos da propos-ta malthusiana, a população mundial continuou crescendo de forma aceleradamas a produção agrícola, cada vez mais eficiente, tem crescido em ritmo igualou superior ao do crescimento da população.

Para atender às necessidades do aumento do consumo de alimentos aagricultura evoluiu extensivamente, com a incorporação de novas áreas antesconsideradas impróprias para o cultivo, e evoluiu intensivamente, com autilização de técnicas de produção cada vez mais avançadas, de insumosagropecuários cada vez mais eficientes e da aplicação dos conhecimentoscientíficos às diferentes práticas e etapas da produção de alimentos.

Alimentos,matérias-primas e

biotecnologia:o papel do campo

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36A U L A No entanto, na economia mundial de alimentos fica muito claro o contraste

entre os países desenvolvidos, que controlam as formas mais avançadas deprodução e que consomem a maior parte dos alimentos produzidos, e os paísessubdesenvolvidos, incapazes de produzir ou importar os alimentos de quenecessitam.

As soluções previsíveis para reduzir esse desequilíbrio - aumentar aárea cultivada ou a eficiência dos agricultores - não podem ser adotadascom facilidade. Na Ásia, por exemplo, calcula-se que já estão sendo utiliza-dos aproximadamente 80% da terra potencialmente própria para a agricul-tura (terra agricultável). Na América Latina, novas áreas de cultivo só serãoconseguidas com a derrubada de florestas, o que provocaria graves danosambientais. Na África, as chuvas insuficientes, em algumas áreas, e odesgaste dos solos, em outras, diminuem suas possibilidades de produçãoagrícola. A questão se torna ainda mais difícil porque as inovações tecno-científicas são controladas por grandes empresas multinacionais que, aoobjetivarem o lucro, não estão preocupadas com os impactos sociais eambientais de suas ações.

A partir de 1950, a produção agrícola cresceu em um ritmo mais aceleradodo que em qualquer outro período da história, realizando uma verdadeirarevolução verderevolução verderevolução verderevolução verderevolução verde. Nas últimas décadas, a agricultura registrou índices cadavez mais elevados de produtividade, à medida que foi se integrando ao setorindustrial. A indústria passou a fornecer uma parte crescente das necessida-des de consumo da agricultura, desde os fertilizantes e defensivos químicosaté as máquinas mais modernas. Os produtos agrícolas não são mais entre-gues na sua forma natural para o consumo, sendo adquiridos e processadospela indústria.

O surgimento de uma indústria especializada na produção de equipamen-tos e insumos agrícolas fez da agricultura uma atividade dependente e subor-dinada à indústria, criando certas desvantagens para os produtores agrícolas.À medida que se dá essa integração, ocorre uma transferência de renda daagricultura para a indústria. Na realidade, agricultura e indústria passam aformar, por meio de vínculos contratuais, os chamados complexos agrocomplexos agrocomplexos agrocomplexos agrocomplexos agro-industriaisindustriaisindustriaisindustriaisindustriais.

Nos países desenvolvidos, onde a indústria de bens de produção é maisavançada, essa integração entre agricultura e indústria ocorreu primeiro ecom maior rapidez, tornando esses países grandes produtores e mesmograndes exportadores de produtos agrícolas.

Além disso, a atuação transnacional das grandes empresas industriais,envolvidas no complexo agro-industrial, converteu-as em agentes dainternacionalização dessa nova estrutura produtiva de alimentos. Sua capa-cidade de mobilizar recursos e tecnologia e sua capacidade empresarialforçaram a modernização da produção agrícola em vários países ou regiões,ao mesmo tempo em que tornaram essas áreas dependentes de sua presença.

Grandes indústrias farmacêuticas e agroquímicas passaram a investir empesquisa e produção de alimentos e ligaram-se cada vez mais às grandescadeias de distribuição de alimentos e de lojas, formando conglomeradosque, hoje, controlam desde a produção de sementes, adubos, hormônios egenes in vitro até produtos enlatados e empacotados, oferecidos nos super-mercados.

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Hoje podemos falar de um verdadeiro sistema alimentar mundial, noqual vem aumentando a participação desses conglomerados, sediados nospaíses desenvolvidos, na produção e comercialização dos produtos alimen-tícios. E, mais do que isso, esse sistema está criando novos hábitos alimenta-res e de consumo, como no caso das refeições ligeiras, cujo cardápio mundialpode ser um refrigerante, um hambúrguer ou uma pizza.

Os avanços da produção agropecuária alteraram a tradicional divisãodo trabalho entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, no setor dealimentos. Muitos países são, ao mesmo tempo, vendedores e compradoresde alimentos. Alguns países desenvolvidos, a exemplo do Japão, da Itália eda Alemanha, que possuem pequena área agricultável e uma populaçãonumerosa com elevado nível de vida, importam mais do que exportam.Alguns países subdesenvolvidos da África e do Oriente Médio também sãoimportadores de alimentos. O mesmo acontece com alguns países do Lesteeuropeu. Os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália são grandes exporta-dores de alimentos.

A participação da produção agrícola no comércio mundial diminuiunos últimos vinte anos. Hoje, ela representa apenas 15% das trocas comer-ciais mundiais. No entanto, por causa da difusão dos hábitos alimentaresdos países industrializados ocidentais, ocorreu um aumento da demandamundial de trigo - o mais importante produto no comércio mundial dealimentos -, que alcançou, em 1992, mais de 100 milhões de toneladasexportadas, o que significa, aproximadamente, metade do volume dosprodutos agrícolas comercializados.

A transnacional Bouge e Born controla aproximadamente 15% da produção mundial de trigo.Ela atua nos cinco continentes.

Símbolo de umhábito alimentarmundializado.

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A mecanização da agricultura começou há mais de cem anos e foi anunciadacomo um triunfo da sociedade industrial. Ela começou com o arado de açopuxado a cavalo, em meados do século passado. A seguir, o motor a gasolinainstalado nos tratores e nas máquinas agrícolas faziam o trabalho pesado nasfazendas. Hoje, a mecanização está praticamente concluída com a introdução deequipamentos computadorizados. A mecanização evoluiu junto com as novastécnicas de cultivo e com a genética agrícola. Por exemplo: as primeiras varieda-des de milho híbrido triplicaram o rendimento por hectare; os fertilizantesnitrogenados aumentaram o volume das safras e possibilitaram práticas agríco-las mais intensivas.

Dos avanços conquistados pela produção de alimentos, os mais extraordiná-rios deles têm sido, nos últimos anos, os obtidos no campo da biotecnologiabiotecnologiabiotecnologiabiotecnologiabiotecnologia, istoé, “qualquer técnica que use processos vivos para modificar produtos, melhorarplantas ou animais, ou desenvolver microrganismos para usos específicos”.Os cientistas podem, hoje, isolar e estudar a estrutura do genes que, nosprocessos de vida, são responsáveis pelas características hereditárias, e alterar ocódigo genético de uma planta ou de um animal para aumentar sua resistência,seu tamanho ou seu rendimento.

As novas tecnologias de cruzamento genético estão mudando o modocomo plantas e animais são produzidos. A engenharia genética, ou seja,a aplicação de padrões de engenharia à manipulação dos genes, consegueacrescentar, eliminar, reorganizar materiais genéticos, criando novos organis-mos ou alterando o ritmo de crescimento. Exemplo disso ocorre na Austrália,onde a transferência de genes no código genético de carneiros faz sua lã crescermais rapidamente.

Produção/consumo de trigo

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36A U L AHoje é possível chegar a um pré-diagnóstico de uma doença vegetal

e introduzir resistências biológicas contra elas. O complexo agro-industrial devepassar, no próximo século, da agricultura baseada na petroquímica paraa agricultura baseada na genética.

O desenvolvimento da informática aplicada à agricultura ajudará os agricul-tores a monitorar o meio ambiente, a estabelecer estratégias de ação, e aidentificar áreas problemáticas. Os produtores agrícolas serão, num futuropróximo, informados das mudanças meteorológicas e das condições de solo.A seguir, equipamentos automatizados executarão as diferentes tarefas agríco-las, transformando as fazendas modernas em fábricas automatizadas.

Os novos avanços da informática e da biotecnologia ameaçam acabar com aagricultura ao ar livre até a metade do próximo século. Esses avanços terãoconseqüências imprevisíveis para os 2,5 bilhões de agricultores que dependemda terra para sua sobrevivência.

O uso da biotecnologia é uma nova etapa na tentativa de produzir maisalimentos e, como toda mudança muito profunda, terá vencedores e vencidos.Tudo indica que o avanço gerado pela biotecnologia vai acentuar ainda mais odesequilíbrio existente entre alguns países industrializados, como o Canadá, osEstados Unidos e a Austrália, que têm superprodução de alimentos, e a maioriados países pobres que não são capazes de produzir ou importar alimentossuficientes para atender às suas populações.

Em termos gerais, a biotecnologiadeverá abrir novos mercados, reduzir cus-tos, oferecer novos produtos, criar novostipos de empregos. No entanto, certa-mente irá suprimir grande número dosempregos agrícolas tradicionais. Nos pa-íses industrializados, a população econo-micamente ativa do setor agrícola é pe-quena, mas nos países pobres o númerode agricultores é muito grande e seusempregos estão ameaçados.

Na Índia, onde a agricultura ocupa grande parteda população, as novas tecnologias ameaçam o

emprego de milhões de camponeses.

Pesquisadores doInstituto Internacional dePesquisa do Arrozselecionam, nas Filipinas,espécies resistentes àspragas e às condiçõesambientais inadequadasao seu cultivo.

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36A U L A Recentemente, duas empresas norte-americanas de biotecnologia anuncia-

ram a produção de baunilha em laboratório. Essa descoberta afetará a economiade Madagascar, responsável por mais de 90% da safra mundial de baunilha. Lá,70 mil agricultores dependem dessa cultura para sua subsistência.

Para os países pobres, a biotecnologia poderá diminuir a distância entre oaumento populacional e a produção de alimentos. E isso significaria maiorconsumo de calorias e melhoria dos padrões de vida. A biotecnologia poderiaafastar a “previsão malthusiana” que ameaça as sociedades mais pobres.

Já para o mundo desenvolvido, as mudanças provocadas pela biotecnologiairão aumentar as tensões no comércio internacional. Os países que são grandesexportadores de produtos agrícolas, como os Estados Unidos e o Canadá,perderão tradicionais compradores, como o Japão e alguns países europeus, queagora serão capazes de produzir o que consomem.

Mas a engenharia genética é muito cara e está quase totalmente nas mãosde grandes empresas transnacionais, o que certamente agravará a relação dedependência do mundo não desenvolvido. E o mais grave ainda: se é perigosoum país depender da exportação de um único produto agrícola, cujos preçosflutuam muito no mercado internacional, será bem pior para esse país ver seuproduto de exportação se tornar desnecessário porque estaria sendo produzi-do nos laboratórios de um país que antes o importava.

A revolução da biotecnologia traz, ao mesmo tempo, vantagens e desvan-tagens. Hoje, não poderíamos produzir o alimento necessário para abastecer apopulação mundial se estivéssemos utilizando as técnicas agrícolas de cin-qüenta anos atrás. E certamente necessitaremos de inovações para atender aoaumento cada vez maior do número de consumidores. A biotecnologia -mesmo com as ameaças que ela representa - parece ser ainda a melhor solução.

Caso ocorra, no mundo, o domínio da produção de alimentos por umnovo complexo agro-industrial, resultante da união da informática com abiotecnologia, poderá surgir uma nova era na produção de alimentos, emlaboratório, sem as limitações dos fatores naturais. Isso significaria a substi-tuição da agricultura ao ar livre pela manipulação de moléculas no laborató-rio. O preço desse progresso seria a eliminação de milhões de agricultores doprocesso econômico e a mudança do papel do campo.

Nesta aula você aprendeu que:

l a mecanização da agricultura mecanização da agricultura mecanização da agricultura mecanização da agricultura mecanização da agricultura começou há mais de cem anos e a produção deequipamentos e insumos agrícolas transformou a agricultura numa ativida-de subordinada à indústria. Atividades agrícolas e industriais estão integra-das nos complexos agro-industriaiscomplexos agro-industriaiscomplexos agro-industriaiscomplexos agro-industriaiscomplexos agro-industriais;

l hoje, no final do século XX, a agropecuáriaagropecuáriaagropecuáriaagropecuáriaagropecuária passa por uma nova e extraor-dinária revolução técnico-científicatécnico-científicatécnico-científicatécnico-científicatécnico-científica. O uso de equipamentos computado-rizados transformou a organização do trabalho rural; a produção defertilizantes mais eficientes alterou profundamente as condições naturaisdo solo; a genética aplicada à agricultura tornou possível a obtenção deespécies mais resistentes e melhor adaptadas às condições ambientais;

l a biotecnologiabiotecnologiabiotecnologiabiotecnologiabiotecnologia possibilitou melhor combate às pragas e maior proteção àscolheitas, mas existem sérios riscos envolvidos na perda de postos detrabalho no campo e na difusão de novos organismos criados artificialmente.

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36A U L AExercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1

Antes a agricultura produzia seus próprios adubos orgânicos. Hoje, essesadubos são químicos e, em geral, vêm de fora. Antes, o preparo da terradependia de animais de tração, criados no próprio local. Hoje, os animais sãosubstituídos por tratores. A agricultura evoluiu para aquilo que atualmentese chama de "complexos agro-industriais".A partir do texto, explique o que são os complexos agro-industriais.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Justifique a frase:"O agricultor, hoje, não compra terra; compra o clima."

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Apresente duas conseqüências positivas e duas negativas, dos avanços dainformática e da biotecnologia aplicados à agricultura.

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Nesta aula, vamos conhecer a ordemgeopolítica mundial estabelecida entre o final da Segunda Guerra Mundial e ofinal da década de 1980 pela potência norte-americana, capitalista, e a soviética,socialista. Estudaremos, também, a nova ordem que vem sendo estruturada nadécada de 1990, em que a bipolaridade vai dando lugar a uma nova polaridade,agora disputada pelas mais fortes economias de mercado.

Qual será o desenho do novo mapa político do mundo após o fim da GuerraFria? Qual a importância dos novos blocos geopolíticos da União Européia, daBacia do Pacífico e do Tratado Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA)sobre os demais países do planeta?

Sem dúvida o mundo ficou muito diferente após o desmonte da UniãoSoviética e o fim das economias centralmente planificadas do Leste Europeu. Opoderio militar norte-americano se estende por toda a superfície da Terra,embora a economia da grande potência seja obrigada a compartilhar o mercadomundial com novos e poderosos parceiros, como o Japão, a Alemanha e aemergente China, o que permite supor que estamos assistindo à construção deum mundo multipolarmundo multipolarmundo multipolarmundo multipolarmundo multipolar.

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido em dois blocosideológicos: um capitalista, polarizado pelos Estados Unidos, e outro socialista, cujopólo era a União Soviética. Pólos antagônicos, tanto no plano econômico quanto nomilitar. Era o início da Guerra Fria que predominaria como força motriz da ordemgeoestratégica mundial até 1989, quando o Muro de Berlim, um dos marcos maisostensivos da bipolarização, foi derrubado, marcando concreta e simbolicamente adesestruturação do socialismo real e o fim da ordem mundial bipolar.

De 1945 até 1990, as questões geopolíticas se estruturaram em função daoposição leste-oeste. Os 45 anos que se seguiram ao fim da Segunda GuerraMundial foram dominados, no plano das relações internacionais, pelo confrontoentre americanos e soviéticos. Ao longo desse período ocorreram momentos nosquais as relações foram mais tensas; e outros, nos quais as relações entre assuperpotências foram mais amenas, chegando-se até, entre 1956 e 1962, a umasituação de coexistência pacífica e, após 1985, a um período de aproximação entreos governos dos dois países.

Para alémda polarização:os novosblocos políticos

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A Guerra Fria significava o confronto de dois regimes políticos e de duasconcepções econômicas, qualificadas como capitalismocapitalismocapitalismocapitalismocapitalismo e comunismocomunismocomunismocomunismocomunismo. Mas oconfronto entre os Estados Unidos e a União Soviética não era apenas umaoposição de diferentes concepções de sociedade ou, ainda, de diferentesformas de expressar a liberdade e a justiça. Era mais que isso. As duassuperpotências lutavam pela hegemonia mundial procurando atrair, cada umapara o seu bloco, o maior número de países. Países esses que, segundo seu pesoeconômico-político no cenário mundial, passavam a ser aliados ou parteda periferia das superpotências.

No pós-guerra, a oposição entre os dois blocos era nítida. No plano militar, aOrganização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) opunha-se ao Pacto de Varsó-via. No plano econômico, enquanto os países europeus organizavam-se parausufruir as vantagens da ajuda norte-americana, por meio do Plano Marshall, ospaíses do Leste Europeu se estruturavam no Conselho de Ajuda Econômica Mútua(Comecom), sob a hegemonia soviética. Nesse período, restava aos demais paísesescolher a liderança e o ingresso num dos campos antagônicos.

O processo de descolonização, que se seguiu ao final da Segunda GuerraMundial, deu origem a um grande número de países. E as superpotências,estimuladoras da descolonização, passaram a exercer, em numerosos casos, opapel das antigas potências coloniais. O espaço descolonizado transformou-seem local privilegiado para a competição leste-oeste. Aos países pró-soviéticosopunham-se os nitidamente pró-americanos. Somente os novos estados comdimensões continentais, como a China e a Índia, mantiveram esquemas polí-ticos e econômicos próprios, gozando de significativa autonomia.

A NOVA ORDEM MUNDIAL

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37A U L A Pouco a pouco, foi se estruturando um terceiro bloco - o chamado TerceiroTerceiroTerceiroTerceiroTerceiro

MundoMundoMundoMundoMundo - não alinhado aos blocos já existentes. No entanto, a idéia de TerceiroMundo foi maior do que o conjunto de países não alinhados que o compunhainicialmente. O Terceiro Mundo passou a ser pensado como o mundo subde-senvolvido. Nele, os Estados Unidos e a União Soviética se enfrentaram emnumerosos conflitos, entre países ou no interior de um mesmo país, nos quaisas partes em confronto se ligavam às lideranças da Guerra Fria. Nenhumdesses conflitos fez uso de armas nucleares, mas eles foram responsáveis pormais de 30 milhões de mortes. No período 1945-1990, os conflitos se sucederame a paz esteve sempre ameaçada.

No entanto, alguns fatos da segunda metade da década de 1980 prepararamcaminho para o final da Guerra Fria. Em 1985, o primeiro ministro soviéticoMikail Gorbachev, avaliando a situação política e econômica em que se encon-trava a União Soviética, afirmou:

“Estamos percebendo um desgaste progressivo dos valores ideológicos emorais do nosso povo. Ele se manifesta na diminuição das taxas decrescimento e no mal funcionamento do sistema de controle de qualidadeque não incorpora os avanços da ciência e da tecnologia. Os indicadoressociais, que atestam a melhoria da qualidade de vida crescem hoje maislentamente e as dificuldades de atender às necessidades de abastecimen-to, de habitação, de bens e serviços são evidentes. A propagandaque alardeia os sucessos - reais ou imaginários - prevalece sobre todosos fatos. (...) As necessidades e as opiniões da massa trabalhadorasão ignoradas (...) mas não podemos aceitar a estagnação. Nós nãopodemos aceitar a mentalidade de vulgares consumidores. Se nós apren-dermos a trabalhar melhor, seremos mais honestos e cuidadosos uns comos outros, estaremos criando, então, um modo de vida verdadeiramentesocialista.”

Gorbachev mostrava suas preocupações ao analisar as dificuldades so-viéticas. Ele anunciou, em 1987, a necessidade de reestruturação da economiapara fortalecer os princípios do socialismo. Segundo ele, a perestroika(reestruturação, em russo) elevaria o nível de responsabilidade social e asesperanças soviéticas. A glasnost (transparência, em russo) revelaria osprivilégios ilegítimos e a sociedade soviética retomaria a estabilidade e ocrescimento econômico.

Porém, no final de 1989, a União Soviética foi forçada a se retirar do LesteEuropeu. A derrubada do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, abriucaminho para a reunificação alemã, até então dividida entre os dois blocos. Emseguida, os países da Europa Central e Balcânica pediram a saída das tropassoviéticas dos seus territórios. Em 1991, o Comecom e o Pacto de Varsóvia foramdissolvidos.

O império soviético viveu então uma crise econômica e políticasem precedentes: tentativa de golpe militar, sublevações populares,revolução liberal. A União Soviética deixou de existir em 21 dedezembro de 1991.

Em seu lugar surgiram novos estados soberanos e independentes.Contra essas forças de dissolução surgiu a idéia de formar uma

Comunidade de Estados Independentes (CEI), reunindo doze dasquinze ex-repúblicas soviéticas. Contrariando as expectativas, a CEIparece ter conseguido reunir as “ovelhas desgarradas”.

Queda do Murode Berlim.

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37A U L AO esfacelamento da União Soviética significou a “vitória” americana. Após

a intervenção no Golfo Pérsico, para punir a ação do Iraque na invasão doKuwait, em janeiro de 1991, os Estados Unidos reafirmam seu papel desuperpotência hegemônica e impuseram a pax americana, isto é, a paz ameri-cana semelhante à pax romana imposta pelas legiões, no Império Romano. OsEstados Unidos passaram a dominar a nova ordem mundial, o que, para algunsgeógrafos, significa um mundo unipolarmundo unipolarmundo unipolarmundo unipolarmundo unipolar. Para outros, no entanto, o mundopós-Guerra Fria é multipolarmultipolarmultipolarmultipolarmultipolar.

Os Estados Unidos são, sem dúvida, a primeira potência econômica, cientí-fica e tecnológica no mundo contemporâneo. Sua população dispõe de um altonível de vida e sua sociedade aparece, em escala mundial, como um exemplo aser seguido. A realidade americana exerce no imaginário coletivo mundial umefeito de demonstração impressionante: a liberdade, como bem inalienável,exercida nos limites da ação individual e dentro de um quadro democrático,é a sua identidade mais característica.

Ao final da Segunda Guerra Mundial o “dólar era tão bom quanto o ouro”.As decisões de Bretton Woods confirmavam a hegemonia econômico-financeirados Estados Unidos. Hoje, essa posição não é tão tranqüila. A importância dodéficit comercial e financeiro norte-americano traduz a “fome” de consumo dasua população e a internacionalização do seu sistema econômico.

Em 1º de julho de 1994, o vencedor da Guerra Fria aliava-se a uma potênciamédia, o Canadá, e a um país em via de desenvolvimento, o México, com oobjetivo de estabelecer uma zona de livre comércio entre eles. O Acordo de LivreComércio da América do Norte (Nafta) deveria promover a democraciado mercado e abrir as negociações com outros países latino-americanos, a fimde criar um grande mercado do Alasca à Terra do Fogo.

A Europa, abrindo mão dos nacionalismos - que a levaram, por duas vezesno espaço de uma geração, ao limite do caos -, vem procurando uma novaordem política e econômica. A situação crítica do pós-guerra levou à assinaturado Tratado de Roma, em 1957, que criava a Comunidade Econômica Européia(mais conhecida como Mercado Comum). A população européia, de aproxima-damente 400 milhões de habitantes, alcançou os mais elevados indicadores dequalidade de vida do planeta, além de um extraordinário dinamismo indus-trial e comercial.

MEGABLOCOS REGIONAIS

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37A U L A O Tratado de Maastricht, que come-

çou a vigorar em 1º de novembro de 1993,definiu as novas estratégias da UniãoEuropéia (UE) - nova denominação paraa Comunidade Européia. Graças a esseTratado foram abolidas as últimas barrei-ras econômicas e definidas as estratégiaspara a adoção, em 1999, de uma moedaúnica, o euroeuroeuroeuroeuro, o que exigirá, dos paísesmembros, importantes decisões econô-micas e financeiras.

Em 1995, vários países candidataram-se ou manifestaram intenção de integrar aUE. A Áustria, a Finlândia, a Noruega e aSuécia tiveram suas candidaturas aceitas;os países do chamado grupo de Visegrad -Polônia, República Tcheca, República daEslováquia e Hungria - demonstraraminteresse em ingressar na UE, mas as nego-ciações ainda não estão definidas.

Provavelmente, a União Européia deverá ser a primeira potência mundial,no século XXI, destacando-se no seu interior a economia alemã, que podefuncionar como um pólo dentro da UE.

O desaparecimento da Cortina de Ferro (que, durante a Guerra Fria,separava a Europa Ocidental da Europa do Leste) mostrou com clareza asdiferenças que separavam os dois modelos de sociedade que estavam sendoestruturados. Enquanto a Europa Ocidental se organizava tendo como base aidéia de liberdadeliberdadeliberdadeliberdadeliberdade, a Europa do Leste se estruturava de acordo com o princípioda igualdadeigualdadeigualdadeigualdadeigualdade. O terceiro princípio da Revolução Francesa, a fraternidadefraternidadefraternidadefraternidadefraternidade,ainda não foi alcançado concretamente. A integração da Europa num projetounitário poderá reunir os três princípios.

O Japão saiu da Segunda Guerra Mundial totalmente destruído. Pelosacordos de paz foi impedido de reconstituir sua base militar. Mas, em 1949,graças à mudança da política punitiva imposta pelos Estados Unidos, devido àcomunização da China, o Japão reorganizou rapidamente sua base econômica.

Nos anos 30, o Japão pretendeu desenvolver um grande projeto político-militar que chamou de “co-prosperidade na Ásia do Pacífico”. Mas o avançoimperialista japonês terminou na Segunda Guerra Mundial e na sua rendiçãoincondicional. O que o Japão não conseguiu militarmente, nos anos 30, estáconseguindo realizar economicamente, graças aos investimentos de capital, nosanos 80. Durante a crise do petróleocrise do petróleocrise do petróleocrise do petróleocrise do petróleo, as indústrias tradicionais, grandesutilizadoras de mão-de-obra e consumidoras de matérias-primas, foramdeslocadas para o leste e o sudeste da Ásia. O megabloco do Pacífico começavaa se esboçar. Ao mesmo tempo, o Japão aplicou a reengenharia em suasempresas, alcançando o máximo de eficiência de seu sistema produtivo.

Em 1989, em Camberra (Austrália), definiu-se um novo bloco econômico -a Cooperação Econômica da Zona Ásia-Pacífico (Apec). A iniciativa de formaçãodesse bloco coube à Austrália, que de tradicional cliente da Europa Ocidentalestá se transformando numa importante fronteira de recursos para o Japão, àmedida que se integra ao bloco asiático.

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37A U L AAs medidas políticas liberalizantes ocorridas na China abriram novas possi-

bilidades aos capitais japoneses. A partir de 1979, com a abertura das primeirasprimeirasprimeirasprimeirasprimeiraszonas econômicas especiaiszonas econômicas especiaiszonas econômicas especiaiszonas econômicas especiaiszonas econômicas especiais, foram estimulados investimentos e transferênciade tecnologia japoneses para essas áreas.

Durante a Guerra Fria, o Japão mantinha uma aliança político-militar estávelcom os Estados Unidos. Agora, entre os dois países estabeleceu-se uma relaçãoeconômica de concorrência. Ao mesmo tempo e em nome da competitividade,são feitas alianças bilaterais - IBM com Toshiba, Hitachi com Texas, Ford comMazda -, mostrando que a cooperação é tão necessária quanto a rivalidade.Assim se pode explicar o aparecimento de produtos binacionais, trinacionais ouaté quadrinacionais no mercado globalizado, desafiando as mais eficientespolíticas protecionistas.

Em 1993 o governo japonês lançou a idéia de pacifismo militantepacifismo militantepacifismo militantepacifismo militantepacifismo militante, compro-misso entre a renúncia à guerra - prevista na Constituição e com forte apoio naopinião pública - e a responsabilidade internacional. A retirada do “guarda-chuva” militar norte-americano pode significar o aparecimento de uma constru-ção regional, de uma nova realidade política e social que dará sentido ao espaçoÁsia-Pacífico.

O mundo geopolítico da Guerra Fria conviveu com os vinte anos gloriososda economia capitalista que foram interrompidos, na década de 1970, com a crisedo petróleo. Na realidade, a crise anunciava a necessidade de mudanças estru-turais no modelo industrial que havia garantido o extraordinário crescimentoeconômico dos anos anteriores. A revolução tecno-científica, baseada naautomação dos processos produtivos, aumentou a produtividade e diminuiu asnecessidades de matérias-primas, de energia e de mão-de-obra. A pesquisacientífica e o conhecimento passaram a ser os insumos mais importantes doprocesso produtivo. A incorporação de novas tecnologias exigiu grandes inves-timentos e os mercados consumidores deveriam ser ampliados na mesma escala.

A integração em mercados regionais, acima dos limites criados pelo Estado-nação, era, agora, uma exigência das grandes corporações, que passaram aliderar a economia globalizada. O surgimento dos blocos econômicos (Nafta,UE, Apec, Mercosul) é o resultado dessa política de ampliação dos mercados.

Os mercados ampliados, consolidados nos megablocos, aumentam a produ-tividade das empresas graças às economias de escala. Quando uma empresaganha em eficiência, no interior do bloco, aumenta suas possibilidades decompetir na economia globalizada, para além da polarização.

Nesta aula você aprendeu que:

l a ordem geopolítica e geoestratégicaordem geopolítica e geoestratégicaordem geopolítica e geoestratégicaordem geopolítica e geoestratégicaordem geopolítica e geoestratégica do período que vai do pós-guerra(1945) até 1989 era bipolar. Ela era constituída por dois blocos antagônicosdois blocos antagônicosdois blocos antagônicosdois blocos antagônicosdois blocos antagônicostendo de um lado o Primeiro MundoPrimeiro MundoPrimeiro MundoPrimeiro MundoPrimeiro Mundo capitalista, com os Estados Unidos eseus aliados, e do outro, o Segundo Mundo Segundo Mundo Segundo Mundo Segundo Mundo Segundo Mundo socialista, com a União Soviéticae os países do Leste Europeu;

l os países do Terceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro MundoTerceiro Mundo, com exceção da China e da Índia, estavamatrelados a uma potência ou a outra;

l na década de 1980, a União Soviética revelou ao mundo o descompassoexistente entre a potência militar e econômica e a sociedade. O blocosocialista se desestruturou e vive, hoje, a experiência da transição de umaeconomia centralmente planificadaeconomia centralmente planificadaeconomia centralmente planificadaeconomia centralmente planificadaeconomia centralmente planificada para uma economia de mercadoeconomia de mercadoeconomia de mercadoeconomia de mercadoeconomia de mercado;

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37A U L A l desde a década de 1970, o bloco capitalista vem sofrendo uma grave crise,

incluindo-se aí uma forte competiçãocompetiçãocompetiçãocompetiçãocompetição entre as potências que lideram osnovos blocos econômicos. O mundo bipolarmundo bipolarmundo bipolarmundo bipolarmundo bipolar vai dando espaço a uma novanovanovanovanovaordem geopolítica multipolarordem geopolítica multipolarordem geopolítica multipolarordem geopolítica multipolarordem geopolítica multipolar.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Leia este texto com atenção.

“O mundo bipolar era a nova paisagem estratégica a que não apenas ospovos europeus, de uma Europa dividida, deveriam se ajustar. Mastambém da África, Oriente Médio, América Latina e outros que tiveramde se adaptar ou resistir durante o período da chamada Guerra Fria.”Adaptado de KENNEDY, P. Ascensão e Queda das Potências. Rio de Janeiro, Ed.Campus, 1989.

Desenvolva duas idéias apresentadas no texto.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Apresente duas tendências da geopolítica mundial após o fim da Guerra Fria.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Leia este texto com atenção.

“Até muito recentemente, os Estados Unidos davam as cartas como lídermilitar e econômico do mundo livre. Agora, o Japão parece ter usurpadoo poder econômico. (...) Muitos dos desgostos dos Estados Unidos sãoobras deles mesmos, mas alguns preferem pôr a culpa no Japão, dizendo(...) que somos um parceiro desleal.”ISHIHARA, S. O Japão que sabe dizer não. São Paulo. Siciliano, 1991.

Indique duas estratégias adotadas pelo Japão, após a crise do petróleo, parafazer frente aos Estados Unidos.

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NNNNNesta aula, vamos conhecer alguns dos indi-cadores usados para medir a riqueza das nações. Iremos estudar também teoriasque tentam explicar as desigualdades existentes no mundo atual e as numerosastentativas já realizadas para diminuir o fosso que separa o Norte do Sul.

Qual o efeito das mudanças que estão ocorrendo no mercado mundial sobreos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos? Qual será o papel daAmérica Latina e da África na nova ordem mundial que se impõe a partir dosdesígnios do Norte industrializado? Será que o Sul também existe, apesar damiséria, das guerras fratricidas e do crescimento das doenças infecto-contagio-sas, como a Aids?

Aparentemente, aquilo que fazia parte da agenda dos países industrializa-dos logo após o final da Segunda Guerra Mundial, isto é, a busca do desenvol-vimento de todos os países do planeta, deixou de ser relevante para as principaiseconomias industrializadas. Hoje, o futuro da África, aparentemente, dependemuito mais da cooperação dos países do Sul, do que da exclusão a que foicondenada pelo Norte.

Para Adam Smith, um dos mais importante teóricos da economia clássicaliberal, em sua obra A Riqueza das Nações, “(...) nenhuma sociedade podecrescer e ser feliz se a maioria dos seus membros é pobre e miserável.”

Hoje, para se medir a riqueza ou a pobreza das nações utiliza-se o chamadoProduto Interno Bruto (PIB) que é um indicador da renda e do nível de vida realda população de determinado país. O PIB corresponde à soma dos valoresagregados pelos agentes econômicos que atuam em um território nacional.

Apesar das décadas de crescimento econômico e social que se seguiram àSegunda Guerra Mundial, a situação de pobreza tem se agravado. Entre 1965 e1985, a renda dos países pobres teve um ganho de 100 dólares por habitante,enquanto os países ricos aumentaram sua renda em 4.000 dólares por habitante.Acentuou-se a diferença entre os países do norte e do sul (em relação à linha doEquador). A renda per capita nos países ricos é cinco ou dez vezes maior do quea de um país de industrialização tardia como o Brasil.

A pobreza das nações:onde ficou o

desenvolvimento?

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Mas o PIB não deve ser a única referência para mostrar as desigualdadesexistentes entre os países de economia industrializada do hemisfério norte e osde economia basicamente primário-exportadora do hemisfério sul. Outros indi-cadores, a exemplo do consumo de energia, mostram com maior nitidez o nívelde desenvolvimento de um país. Os Estados Unidos, o Canadá e os países daEuropa Ocidental, com menos de 15% da população mundial, consomem maisda metade da energia primária produzida no mundo. Um europeu consomevinte vezes mais energia do que um africano.

Pode-se também adotar como referência, para diferenciar ricos e pobres, osindicadores culturais, como o número de livros publicados em um ano, o númerode receptores de televisão por habitante, ou a porcentagem de adultos analfabe-tos existentes na população. Enquanto, em 1992, o Canadá publicou em torno devinte mil títulos de novos livros, o Paquistão publicou menos de dois mil.No Canadá existem seiscentos aparelhos de televisão por mil habitantes, o quepode significar o acesso à informação e ao lazer. No Paquistão esse número caipara quinze aparelhos por mil habitantes.

Também é possível confrontar indicadores sociais, como a quantidade diáriade calorias ingerida por habitante ou o acesso à água tratada e às instalaçõessanitárias. Enquanto nos países industrializados a quase totalidade da popula-ção tem acesso a água de qualidade, nos países subdesenvolvidos menos de 30%da população recebe água tratada.

Existem ainda critérios de comparação entre riqueza e pobreza que sãodifíceis de medir, como a manifestação livre de idéias ou a estabilidade política.Afinal, o homem não é apenas um produtor/consumidor de mercadoriase serviços. Seu bem-estar depende, também, desses valores não-materiaisque ainda não foram conquistados por grande parte da população mundial.

Várias teorias foram elaboradas para explicar “a pobreza das naçõesa pobreza das naçõesa pobreza das naçõesa pobreza das naçõesa pobreza das nações” .Algumas delas, ainda que equivocadas, prevaleceram durante muito tempo.Outras, embora corretas, explicavam apenas parcialmente a origem da pobreza.Nenhuma delas foi suficientemente abrangente para atender a todas as sutilezasda desigualdade sócio-econômica existente hoje entre os Estados-nações.

RICOS E POBRES

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38A U L ANo século XIX, os europeus afirmavam que a pobreza dos povos do hemis-

fério sul era o resultado da combinação de fatores naturais hostis e fatoreshumanos marcados pela inferioridade dos grupos raciais que habitavam “asásias e as áfricas tropicais”. Nesse período Grã-Bretanha, França e Alemanhaforam, com uma energia especial, potências coloniais. Era necessário difundirentre os “povos inferiores” as conquistas materiais da Europa branca, indus-trializada, “superior”. As metrópoles tinham uma visão positiva da sua “missãocivilizadora”. As lembranças desse período estão vivas no inconsciente coletivodos povos dos países dominados, assim como as conseqüências concretasdas formas de dominação a que foram submetidos.

Após a Segunda Guerra Mundial, essa explicação foi sendo substituída poroutra, mais consistente e largamente difundida entre as elites intelectuais dosentão chamados países subdesenvolvidos. Tal explicação afirmava que a pobre-za da África, da Ásia e da América Latina decorria da exploração colonial a queesses continentes foram submetidos. As relações impostas pelas potênciasimperialistas às suas colônias teriam levado a uma extrema exploração da forçade trabalho, à manutenção de baixos níveis de escolaridade e, durante muitotempo, teriam impedido a estruturação de Estados nacionais.

Essa explicação, embora coerente, lança toda a responsabilidade da pobrezasobre os colonizadores, sem revelar que os bloqueios para o desenvolvimentoencontram-se também no interior desses países. Seus sistemas sociais eramdominados por elites políticas que impediam as reformas modernizadoras emantinham a renda concentrada em suas mãos. Recursos eram perdidos comexcessivos gastos militares ou em obras de resultados econômicos duvidosos.Os investimentos feitos em saúde e educação eram insuficientes, comprometen-do a qualidade dos recursos humanos.

Na segunda metade do século XX, ocorreu o mais importante movimentopolítico de nosso século - a descolonizaçãodescolonizaçãodescolonizaçãodescolonizaçãodescolonização. O direito dos povos a se autogover-narem foi aceito como princípio, e as palavras “colonialismo” e “imperialismo”passaram a ser condenadas. O colonialismo chegava ao fim. A descolonização passoua ser vista como um triunfo da modernidade e uma derrota das forças reacionárias.

No entanto, outra circunstância poucas vezes percebida atuou nadescolonização: a perda do fundamento econômico do colonialismo. No séculoXIX, o capitalismo industrial contava com as vantagens das relações de explora-ção colonial, ou seja, a aquisição de matérias-primas e produtos tropicaisem troca do fornecimento de produtos industriais. Na divisão internacionaldo trabalho, realizavam-se as denominadas trocas desiguais que permitiamgrandes lucros às economias industriais.

A partir da Segunda Guerra Mundial, os interesses das potências industriaispassaram a ser outros. Seu desenvolvimento econômico estava agora centradono desenvolvimento técnico-científico e o papel das colônias começava a perderimportância. O comércio entre as potências industriais passava a ser muito maisimportante do que as relações comerciais com os países do hemisfério sul.Ao final da Segunda Guerra Mundial, as colônias podiam se tornar independen-tes porque o custo econômico desse fato político revelava-se muito pequeno.

Mas não estaria sendo estruturada uma nova forma de dominação mais sutil quea anterior? No lugar da dominação imposta pelo Estado colonialista estava seesboçando agora uma dominação patrocinada pelo setor privado, tendo comoinstrumento visível a empresa transnacional. Essa idéia teve um importante efeitono desenvolvimento econômico dos novos Estados nacionais, que resistiram ini-cialmente aos investimentos estrangeiros. Essa nova política colocava os novosEstados nacionais à mercê dos interesses e dos investimentos das grandes empresas.

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38A U L A Como conseqüência da Guerra Fria, os países pobres receberam, nos últimos

cinqüenta anos, uma grande atenção dos países ricos. Nos primeiros anos deauxílio acreditava-se que a passagem de uma situação de pobreza para a de umasituação de desenvolvimento econômico se realizaria com a transferência da“mobília pesada” da industrialização. Assim foram transferidas siderúrgicas,hidrelétricas, indústrias químicas e setores da mecânica pesada, que caracteri-zavam a economia industrial, para alguns países subdesenvolvidos. Essasindustrias representariam o progresso econômico e o fim da pobreza.

Na realidade foi um erro de avaliação. Essa ação não deu os resultadosesperados porque, ao privilegiar o econômico, ignorava os indicadores sociais,a exemplo da educação e da saúde para as massas como condição essencial parao enriquecimento humano de um Estado-nação. Nenhum país é pobre se a suapopulação tem acesso a uma educação básica de qualidade. Em sentido amplo,a educação deve ser o ponto de referência para as políticas de desenvolvimentoa serem praticadas.

Nas últimas décadas, os países industrializados forneceram créditos efinanciamentos aos subdesenvolvidos, o que possibilitou taxas de crescimentoeconômico altas mas aumentou a relação de dependência entre eles. A criseeconômica a partir dos anos 70 criou novas dificuldades: os preços das matérias-primas decresceram e as taxas de juros se tornaram insuportáveis.

Os Novos Países Industrializados não conseguiram amortizar as dívidascontraídas e o endividamento bloqueou o crescimento econômico. Os paíseslatino-americanos foram os principais atores dessa tragédia. As dificuldadessurgidas com o endividamento - 1 trilhão e 500 bilhões de dólares aproximada-mente, em 1995 - foram enormes. O serviço da dívida, isto é, os juros ecompromissos financeiros para mantê-la, representava, em média, 25% do valordas exportações. Para enfrentar o endividamento externo, numerosos paísesaplicaram políticas de estabilização com restrição nos investimentos públicos,agravando ainda mais o quadro econômico e social.

Hoje, a pobreza absoluta atinge em torno de um bilhão de habitantes, quase20% da população mundial. A maior parte dos países que apresentam os maioresíndices de pobreza absoluta encontram-se em dois cinturões: o africanoafricanoafricanoafricanoafricano, atraves-sando toda a África Equatorial e Tropical, do Saara até a bacia do rio Zambeze,e o asiáticoasiáticoasiáticoasiáticoasiático, que atinge o sul e sudeste desse continente, indo do Paquistão atéa Indonésia.

VALOR DA DÍVIDA EXTERNA EM PORCENTAGEM DO PIB

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A ordem econômica mundial exige que o diálo-go Norte-Sul se estabeleça em novas bases. A As-sembléia Geral da ONU tomou essa decisão em 1974!As Nações Unidas poderiam ser o fórum privilegia-do para esse diálogo mas os movimentos realizadospelo bloco de países do hemisfério sul não sensibili-zaram os países mais ricos. A ação das instituiçõesespecializadas mantidas pela ONU, tais como aUnesco, a OMS e a FAO, não foram suficientes paradiminuir o fosso que separa o Norte do Sul.

Nesta aula você aprendeu que:

l além do Produto Interno BrutoProduto Interno BrutoProduto Interno BrutoProduto Interno BrutoProduto Interno Bruto (PIB), os indicadores sociais e culturaisindicadores sociais e culturaisindicadores sociais e culturaisindicadores sociais e culturaisindicadores sociais e culturaisrevelam as desigualdadesdesigualdadesdesigualdadesdesigualdadesdesigualdades existentes entre o Norte e o SulNorte e o SulNorte e o SulNorte e o SulNorte e o Sul;

l essas desigualdades foram explicadas por numerosas teorias, sendo a maisdifundida a que afirmava que a pobreza da Ásia, da África e da AméricaLatina decorria da exploração colonialexploração colonialexploração colonialexploração colonialexploração colonial;

l na segunda metade do século XX, após a independência dos países coloni-zados, as nações industrializadas forneceram créditos e financiamentos parao desenvolvimento econômicodesenvolvimento econômicodesenvolvimento econômicodesenvolvimento econômicodesenvolvimento econômico desses países. Mas o endividamento exter-endividamento exter-endividamento exter-endividamento exter-endividamento exter-nonononono levou-os a uma crise insustentável;

l hoje, quase 20% da população mundial vive numa situação de pobrezapobrezapobrezapobrezapobrezaabsolutaabsolutaabsolutaabsolutaabsoluta;

l as bases para um novo diálogo e para a cooperaçãocooperaçãocooperaçãocooperaçãocooperação entre o Norte e o Sul eentre os países do Sul deve ser a grande tarefa das Nações Unidas, no limiardo século XXI.

ExercíciosExercíciosExercíciosExercíciosExercíciosCite três indicadores usados para medir a riqueza ou a pobreza de umdeterminado país.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Apresente duas teorias elaboradas para explicar "a pobreza das nações".

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Como a dívida externa, contraída pela América Latina, bloqueou o seudesenvolvimento?

O desenho representa a brutal diferençaentre os países mais ricos e os mais pobres.

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NNNNNesta aula, vamos avaliar a violência nomundo e abordar algumas de suas diferentes manifestações. Destacaremos amiséria em que vive grande parte dos homens como a origem da violência.Vamos analisar a violência contra a natureza que, em última análise, é tambémuma violência contra os próprios seres humanos.

Qual a origem da escalada de violência que explode em conflitos, guerras etiroteios urbanos? De onde provêm tantas armas modernas e por que as drogassão tão consumidas no mundo atual?

A globalização trouxe novos e angustiantes problemas para a comunidadedas nações e para os habitantes do planeta Terra. De um lado, emerge aconsciência de que fazemos parte de um grande conjunto mundial; de outro,vemos que a exclusão dos benefícios do progresso é cada vez maior, deixandomilhões de pessoas sob a ameaça da fome e da guerra, que hoje não aconteceapenas nos lugares distantes, pois está presente nas grandes cidades brasileiras.

O problema da violência no mundo contemporâneo é extremamente com-plexo. Na realidade não existe violência, mas violências, que devem ser enten-didas em seus contextos e situações particulares. Mas há um conjunto devariáveis que deve ser pensado, indiscutivelmente, como o patamar básico paraas diferentes formas de violência: a pobreza, a miséria, a desigualdade nadistribuição da renda. Embora esse conjunto não explique por si só a violência,ele atua como fator básico para a formação de um campo propício ao desenvol-vimento de violências dos mais diferentes tipos. Partindo desse raciocíniopodemos levantar algumas das diferentes situações atuais de violência nomundo.

A globalização da economia ampliou a circulação de capitais, tecnologias eprodutos. Ao ampliar as atividades econômicas, ela favoreceu os negócios deduas mercadorias muito especiais: armas e drogas. Os negócios ilegais operam,hoje, em escala global, e não existe nenhum organismo internacional em condi-ções de realizar ações repressoras eficazes contra essas atividades. A economiamundial passou a se comportar como uma máquina cada vez mais poderosa,violenta e incontrolável.

O ovo da serpente:a cultura da violência

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39A U L AA Guerra Fria havia estruturado a idéia de que os conflitos nacionais ou

internacionais estavam todos relacionados direta ou indiretamente à oposiçãoLeste-Oeste. Com o fim da ordem bipolar, o clima de confrontação se desfez e asorganizações internacionais passaram a atuar como forças de regulação dosconflitos regionais. Desde o final da Guerra Fria aumentaram as solicitações parareformular a Carta das Nações Unidas nos itens que determinam em quecondições a organização pode intervir nos assuntos de competência nacionalnos assuntos de competência nacionalnos assuntos de competência nacionalnos assuntos de competência nacionalnos assuntos de competência nacional.Essas pressões têm aumentado por causa da multiplicação dos pedidos desocorro feitos pelos pequenos estados agredidos, pelas minorias dizimadase pelas vítimas de guerras civis intermináveis.

Nos anos que se seguiram à queda do Muro de Berlim, crises e conflitoscomo os ocorridos na Bósnia, em Ruanda, na Argélia, no Afeganistão e nosempre explosivo Oriente Médio, transformaram tais regiões em novas zonas deviolência. Nesses conflitos nem sempre ficava clara a posição dos diferentesparticipantes e eram freqüentes as situações de desintegração dos Estadosnacionais. A dificuldade de se classificar essas situações como “guerra” passavaa exigir formas originais de atuação.

Entre 1989 e 1992, chegou-se a admitir que o intervencionismointervencionismointervencionismointervencionismointervencionismo seria amedida-chave. No Kuwait, a intervenção realizada pelos Estados Unidos foifeita em nome da legítima defesa coletivada legítima defesa coletivada legítima defesa coletivada legítima defesa coletivada legítima defesa coletiva, mas na Iugoslávia e na Somália eraimpossível aplicar o mesmo argumento, pois se tratavam de movimentos deminoriasminoriasminoriasminoriasminorias que lutavam para conquistar seus próprios territórios nacionais.

Alguns países, ao perderem a proteção da União Soviética, correram orisco de se desfigurar. Por isso, a lógica do mercado, criando esperanças devantagens econômicas, tornou-se o parâmetro da nova estratégia interna-cional, como revelam os projetos de desenvolvimento dos dragõesdragõesdragõesdragõesdragões ou tigrestigrestigrestigrestigresdo Sudeste Asiático.

A violência contra a natureza não semanifesta, aparentemente, de forma tãoexplosiva quanto as situações já mencio-nadas aqui. Mas o efeito estufaefeito estufaefeito estufaefeito estufaefeito estufa, o desapa-o desapa-o desapa-o desapa-o desapa-recimento de espéciesrecimento de espéciesrecimento de espéciesrecimento de espéciesrecimento de espécies, o buraco na cama-buraco na cama-buraco na cama-buraco na cama-buraco na cama-da de ozônioda de ozônioda de ozônioda de ozônioda de ozônio, as chuvas ácidaschuvas ácidaschuvas ácidaschuvas ácidaschuvas ácidas, a deser-deser-deser-deser-deser-tificaçãotificaçãotificaçãotificaçãotificação de algumas áreas, a poluiçãopoluiçãopoluiçãopoluiçãopoluição doar - resultantes do crescimento econômicoa qualquer preço - trazem conseqüênciasirreversíveis para o ambiente natural doplaneta. São fatos que certamente muda-rão as condições de vida na biosfera epoderão, até mesmo, torná-las insuportá-veis para a espécie humana.

Desde a década de 1970, os proble-mas ecológicos passaram a ser discutidosmundialmente em termos de caos imi-nente. Se ocorrer de fato uma crise ecoló-gica, ela, diferentemente das demais, seráglobal e atingirá igualmente as áreas ricase as pobres, pois na natureza não existemas fronteiras artificialmente criadas peloshomens.

A ação do homem aumentou o fluxode substâncias tóxicas na atmosfera.

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39A U L A As políticas ecológicas que vêm sendo propostas não precisam chegar ao

radicalismo de propor que o crescimento da produção mundial passe a ser zero,como forma de preservação do meio ambiente. Até porque essa decisão serviriapara manter a atual distribuição desigual da riqueza mundial, que favoreceriaos países economicamente mais avançados sem dar chance de desenvolvimentopara os países mais pobres.

A taxa de desenvolvimento mundial deve ser reduzida, sim, mas ao limitedo sustentável, ou seja, com base num equilíbrio entre os homens, os recursos(renováveis ou não) utilizados e os seus efeitos sobre o meio ambiente.

Mas, entre todas as situações vividas no mundo atual, aquela que provavel-mente irá se tornar a principal causa de tensão e violência no século XXI é oaprofundamento do fosso que separa os países ricos dos países pobres. Hoje,entre os primeiros, alastra-se um sentimento xenófobo responsável por açõesdirigidas contra os imigrantes do Terceiro Mundo.

Se a prática mostrou que ainda não existe um sistema econômico capaz decompetir com o capitalismo, também é necessário reconhecer a incapacidade dosistema de mercado de eliminar as desigualdades sociais e os bolsões dosexcluídos. No mundo contemporâneo, marcado pela revolução técnico-científi-ca, a generalização do bem-estar e a redução das desigualdades devem ser asprincipais prioridades. Porém, o modo como essas ações vão se realizar é agrande incógnita.

A política do novo século deve ser dominada pela distribuição social.A alocação dos recursos sem o objetivo exclusivo do lucro é essencial para essanova ordem, mas isso vai depender da restauração da autoridade públicanacional ou supranacional. A ONU, nesse quadro, deveria exercer um papelmais explícito e desenvolver ações mais enérgicas.

Não há solução milagrosa para o desmoronamento dos Estados nem receitasde pacificação para as guerras civis. Rompida a política bipolar, reativaram-seantigos conflitos que mostram a impotência das instituições internacionais pararesolvê-los. Neste final de século, os homens estão tateando os caminhos para oséculo XXI. Enquanto se instala uma (des)ordem global, sem um mecanismocapaz de acabar com ela ou mantê-la sob controle, falta um sistema internacionalque supervisione o novo desenho do mundo.

No filme O ovo da serpente, do cineasta sueco Ingmar Bergman, é retratadaa difícil situação vivida pela Alemanha nos anos 20 - inflação devastadora,desemprego, crise. Ao encontrar a solução para a situação de violência apresen-tada no filme, um dos personagens afirma: “É como o ovo da serpente. Nele vocêpode acompanhar o desenvolvimento do monstro que está sendo gerado.”Essa parece ser uma das poucas certezas deste final de século. Estamos assistin-do, na nova ordem mundial, a uma escalada da violência.

Nesta aula você aprendeu que:

l a violênciaviolênciaviolênciaviolênciaviolência no mundo contemporâneo é muito complexa, mas a pobrezapobrezapobrezapobrezapobreza ea desigualdade de renda desigualdade de renda desigualdade de renda desigualdade de renda desigualdade de renda são as suas origens indiscutíveis. A ruptura domundo bipolar estimulou a formação de uma nova ordem global marcadapelo surgimento de numerosos conflitosconflitosconflitosconflitosconflitos e pela dissolução de Estadosdissolução de Estadosdissolução de Estadosdissolução de Estadosdissolução de Estadosnacionaisnacionaisnacionaisnacionaisnacionais;

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39A U L Al a longo prazo, os problemas centrais são a desigualdadedesigualdadedesigualdadedesigualdadedesigualdade entre os países

ricos e pobres e a questão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambientalquestão ambiental. O desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelpropõe um equilíbrio entre a ação dos homens, o uso dos recursos e osefeitos das atividades econômicas sobre o meio ambiente;

l a partir de 1989, têm aumentado as solicitações para uma ação mais enérgicadas organizações internacionaisorganizações internacionaisorganizações internacionaisorganizações internacionaisorganizações internacionais, incapazes, até aqui, de atender às solicita-ções da nova ordem mundial, mas a violência se institucionalizou e setransformoua na grande ameaça do novo século.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Leia com atenção o texto a seguir. Identifique, nele, “o patamar básico dasdiferentes formas de violência do mundo contemporâneo”.

“Quando a Guerra Fria amainou e as fronteiras ideológicas começarama desaparecer, nos vimos dentro de outra macro-geografia, a das frontei-ras econômicas. Estas são visíveis demais. Separam bairros, dividemruas, - e você as cruza todos os dias. No trajeto entre o seu condomíniocercado e seu escritório, ar condicionado dentro do seu carro importado,você as cruza mais de uma vez. Passa por flóridas, suíças, bangladeshes,algumas bolívias e em cada sinal que pára está na Somália. É impossíveldefender essa fronteira. A grande questão do fim do século é comodefender seu perímetro pessoal da miséria impaciente e predadora. Osamericanos não podem ajudar dessa vez. A fronteira maluca zigueza-gueia dentro dos Estados Unidos também.”VERÍSSIMO, L. F. Fronteiras. Jornal do Brasil, 7/4/1996.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2A Europa foi, em vários momentos da História, pólo irradiador de migra-ções, de onde saíram levas de homens e mulheres na direção de várias partesdo mundo. No entanto, a atual situação dos processos migratórios paraa Europa tem apresentado um novo panorama, cuja principal característicaé a hostilidade em receber novos migrantes.Apresente duas manifestações contrárias à presença de imigrantes nospaíses da União Européia.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Durante uma semana, procure e recorte, em jornais diários, diferentessituações de violência.

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40A U L A

40A U L A

NNNNNesta aula, vamos estudar a hipótese Gaia -a Terra como um sistema fechado, vivo, que põe em destaque as alteraçõesambientais produzidas pela ação do homem. Vamos ver quais os encaminha-mentos que a hipótese sugere para a manutenção das condições ambientaisadequadas à vida.

De que maneira a consciência de que habitamos um planeta frágil podeajudar a encontrar saídas para a crise que atravessamos? Como é possívelencontrar na ecologia uma nova maneira para pensar a economia mundial ebuscar alternativas de desenvolvimento que não comprometam o futuro dasnovas gerações?

A hipótese Gaia - isto é, de que o planeta Terra é um organismo vivo, onde osfluxos de energia são fundamentais para a manutenção dos ciclos vitais e paragarantir a reprodução das espécies, inclusive a humana - é um bom princípio paracomeçar a construção de uma nova ordem mundial, em que a justiça social e aqualidade ambiental sejam as principais metas para o desenvolvimento sustentável.

Na opinião de numerosos cientistas, a Terra pode ser comparada a umorganismo vivo do qual todas as espécies fazem parte. Esse ser vivo, comidentidade própria, mereceu um nome especial, GaiaGaiaGaiaGaiaGaia, denominação queos gregos antigos davam à deusa que personificava a Terra, mãe de todasas criaturas vivas.

O primeiro cientista a defender essa hipótese foi o inglês James F. Lovelock.Ele propôs, ao formular a hipótese Gaia, que a Terra deve ser estudada como umsistema fechado, capaz de captar energia para manter-se em funcionamentoe para se auto-regular.

Segundo a hipótese Gaia, a biosfera - a fina camada do planeta que sustentaa vida - está inseparavelmente integrada à atmosfera, aos oceanos e aos solos.O conjunto se realimenta, buscando manter um meio ambiente adequado àmanutenção da vida. Um sistema dinâmico, integrado, auto-regulado.

Nesse contexto, a atmosfera não é apenas uma camada de gás que envolve aTerra, mas a camada gasosa sem a qual a vida seria impossível. Ela é, junto com osoceanos, responsável pela manutenção das temperaturas adequadas à existência davida que se observa na superfície do planeta. A atmosfera, ao refletir para o espaçoparte da energia solar, controla a quantidade de energia que chega à superfície.

O embrião de Gaia:a ecologiacomo utopia planetária

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40A U L AOutro exemplo significativo dessa integração é a relação que alguns cientis-

tas estabeleceram, há pouco mais de dez anos, entre a atividade de algasplanctônicas, que vivem nos oceanos e nas bacias fluviais, e a formação dasnuvens. Essas algas emitem um composto químico sulfuroso que, ao reagir como oxigênio atmosférico, produz ácido sulfúrico. As partículas de ácido sulfúricose elevam na atmosfera e atuam, no ciclo da água, como núcleos de condensação,pois atraem vapor d’água e dão origem às nuvens. Asssim, as algas estãorelacionadas com os regimes das chuvas e, conseqüentemente, com os climas daTerra. Além disso, a ação dessas algas permite que o enxofre - abundante no mar- passe para os ambientes terrestres, onde é escasso.

Pelos exemplos apresentados, estamos percebendo que a atmosfera da Terrae os ciclos dos elementos que a compõem atuam nos mecanismos de regulaçãoda biosfera. Os desequilíbrios que temos observado sugerem que a atmosfera é,provavelmente, uma fabricação biológica, isto é, a extensão de um sistema vivosistema vivosistema vivosistema vivosistema vivoestruturado para conservar o meio ambiente.

Existem evidências cada vez mais numerosas de que os elementos dessesistema atuam de forma a confirmar a hipótese Gaia. A idéia básica é a de que aaaaaTerra ofereceTerra ofereceTerra ofereceTerra ofereceTerra oferece condições adequadas à vida porque a própria vida as mantémcondições adequadas à vida porque a própria vida as mantémcondições adequadas à vida porque a própria vida as mantémcondições adequadas à vida porque a própria vida as mantémcondições adequadas à vida porque a própria vida as mantém.

No entanto, nos últimos duzentos anos, a espécie humana alterou de formasignificativa alguns dos principais ciclos químicos da biosfera. A ação do homemmultiplicou o fluxo de substâncias tóxicas na água, no ar e nas cadeias alimen-tares. Essas substâncias chegam até as camadas superiores da atmosfera epenetram profundamente nas águas dos oceanos. A redução da coberturavegetal é outra conseqüência dessa ação. Nos trópicos úmidos está sendodestruída a floresta pluvial, num ritmo que alcança 100.000 km2 por ano.

A devastação irá desencadear oprocesso de desaparecimento da flo-resta. Nos pontos em que a floresta édestruída não se realizará mais aevapotranspiração que dá origem anovas chuvas. E a floresta tropicalúmida só pode sobreviver com chu-vas freqüentes. E, à medida que cres-ce a população mundial, certamenteas alterações ambientais serão aindamaiores.

Os elementos da natureza estão sempre presentes no espaço geográfico eos homens relacionam-se com eles o tempo todo. Uma vez que os elementosestão ligados uns com os outros, as alterações ambientais influenciarão todasas formas de vida.

O movimento social que procura rever o modo pelo qual os homens utilizamos elementos naturais, ganhou maior significado neste final de século. A formapela qual as sociedades modernas têm se relacionado com a natureza, usando-a como recurso a ser explorado, produziu verdadeiras catástrofes ambientais.Essa ação ameaça seriamente o futuro.

A capa da revistaCorreio da Unesco,de julho de 1980,mostra a Terra

como um ser vivo.

Nas regiões tropicais, a ampliação das áreasagrícolas acarreta o desmatamento por causada prática da queimada. O solo se esgota comrapidez e dificilmente a floresta se recupera.

Page 232: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

40A U L A É a partir dessa crise que a ecologia ecologia ecologia ecologia ecologia adquire maior prestígio e passam a ser

formuladas novas propostas para a relaçãonovas propostas para a relaçãonovas propostas para a relaçãonovas propostas para a relaçãonovas propostas para a relação homem-naturezahomem-naturezahomem-naturezahomem-naturezahomem-natureza. E à medida queformos conhecendo melhor as relações entre os seres vivos nos daremos conta deque sobrevive, não o mais forte, mas o melhor adaptado, aquele que melhor seharmoniza com as condições ambientais. É por isso que sobrevivem seres tãofrágeis e vulneráveis, como a orquídea e o beija-flor.

Se a proposta inicial era a de que a natureza existe para servir aos homens,como recurso a ser explorado, hoje a idéia mais aceita é a de que essa mesmanatureza é a fonte da vida, que não se pode usá-la de forma irracional.

Os interesses econômicos deixam de ser a única preocupação, pois a nature-za, como palco das atividades humanas, deve ser preservada. A conservaçãoambiental exige estratégias capazes de salvaguardar o nosso futuro comum.

No mundo contemporâneo, o desequilíbrio sócio-ecológico mostra aspectosmuito diferentes. Em países de economia desenvolvida, com uma sólida baseindustrial, problemas como as chuvas ácidas, as montanhas de lixo e as doençasprovocadas pelo excesso de álcool e/ou pelo uso de drogas decorrem da criaçãoda riqueza. Nos países subdesenvolvidos, os problemas decorrem da pobreza -fome, inexistência de serviços de água e esgoto, condições precárias de habita-ção, atendimento médico-sanitário deficiente.

Para os cidadãos dos países desenvolvidos, a questão ambiental tornou-seuma preocupação permanente. Os dejetos, a poluição das águas e do ar, o buracona camada de ozônio são assuntos do cotidiano. As pessoas desconfiam dasinstalações industriais nas proximidades de um bairro residencial e têm medodas conseqüências da poluição atmosférica nas condições do clima. Para ospaíses em desenvolvimento, a questão fundamental é desenvolver a economiae criar melhores condições sociais.

Como conciliar os imperativos do desenvolvimento e os da questão ambiental?Na verdade, temos, até aqui, abusado da fantástica capacidade de regenera-

ção do nosso planeta. Devemos tomar consciência de que nos encontramos abordo da “nave espacial” Terra, e deve ser nossa preocupação mantê-la viva,evitar sua morte. Em vez de nos preocuparmos com uma tola campanha de“retorno à natureza” temos de acreditar nas possibilidades de conseguir manteressa vida, conservando e mudando a tecnologia, tornando-a mais sensata eracional. Os recursos elementares de Gaia - a energia da água e o ar - são tãoabundantes e auto-regeneradores que tornam possível a sua utilização inteligen-te e duradoura.

A urbanização da população africana deveráagravar suas condições sócio-econômicas.

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40A U L AAs propostas são muitas. A hipótese Gaia estimula uma reflexão mais

abrangente sobre os problemas mundiais, ao encarar o planeta como um orga-nismo vivo. A humanidade precisa agir conscientemente, uma vez que seusmodelos de desenvolvimento econômico começam a provocar significativasalterações nos ambientes terrestres.

Em junho de 1992, os países membros da ONU reuniram-se no Rio de Janeiropara a ECO-92, com a finalidade de discutir acordos internacionais sobre a questãoda preservação ambiental. Procuravam criar “uma associação global entre ospaíses em desenvolvimento e os países industrializados, estabelecendo necessida-des e interesses comuns para assegurar o futuro do planeta”. A questão semprepresente na reunião do Rio de Janeiro era encontrar um ponto de equilíbrio entredesenvolvimento e questão ambiental, e estabelecer os princípios básicos dodesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável.

Como prevê José Lutzemberger: “A continuar o quadro atual, o desastreserá total. Para nós! Talvez nem tanto para Gaia. Gaia tem muitos recursos, temmuito tempo. Com novas formas de vida, encontrará saídas. Sobram ainda unscinco bilhões de anos até que o Sol venha a apagar-se lentamente...”

Nesta aula você aprendeu que:

l a hipótese GaiaGaiaGaiaGaiaGaia procura mostrar que a Terra pode ser comparada a umorganismo vivoorganismo vivoorganismo vivoorganismo vivoorganismo vivo e a biosfera está inseparavelmente integrada à atmosfera,aos oceanos e aos solos. O conjunto se realimenta para manter as condiçõesambientais adequadas à vida;

l uma vez que todos os elementos da naturezaelementos da naturezaelementos da naturezaelementos da naturezaelementos da natureza estão ligados uns aos outros,qualquer alteração ambientalalteração ambientalalteração ambientalalteração ambientalalteração ambiental influenciará todas as formas de vidaformas de vidaformas de vidaformas de vidaformas de vida. A idéiabásica da hipótese Gaia é a de que a Terra oferece condições adequadas àvida, porque a própria vida mantém essas condições;

O Oceano Pacíficovisto de uma naveespacial. O equilíbrioexistente na biosferadeve ser preservadoporque dele dependea manutenção da vida.

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40A U L A l o desequilíbrio sócio-ecológicodesequilíbrio sócio-ecológicodesequilíbrio sócio-ecológicodesequilíbrio sócio-ecológicodesequilíbrio sócio-ecológico, existente hoje tanto no mundo desenvolvi-

do quanto no subdesenvolvido, é o resultado do modo pelo qual a naturezatem sido usada;

l a crise ambientalcrise ambientalcrise ambientalcrise ambientalcrise ambiental, que ameaça a sobrevivência da nossa própria espécie,exige uma nova relação sociedade-natureza;

l o aumento da consciência ecológicaconsciência ecológicaconsciência ecológicaconsciência ecológicaconsciência ecológica e as novas propostas para a questãoambiental são o resultado dessa busca - o equilíbrio entre desenvolvimentoe preservação da natureza.

Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Faça uma pequena redação tendo como tema a capa da revista Correio daUnesco, que mostra a Terra como um ser vivo.

Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Apresente dois problemas ambientais que preocupam o mundo desenvolvido.

Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Faça uma pesquisa em jornais e revistas e indique três agressões ambientaisocorridas na sua cidade, ou região, no último ano.

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Gabaritosdas aulas 21 a 40

Aula 21 - Quantos Brasis existem?Aula 21 - Quantos Brasis existem?Aula 21 - Quantos Brasis existem?Aula 21 - Quantos Brasis existem?Aula 21 - Quantos Brasis existem?1.1.1.1.1. O Brasil é, ao mesmo tempo, um dos países mais dinâmicos, do ponto de vista

dos indicadores econômicos, e um dos mais desiguais, do ponto de vista dadistribuição social da riqueza.

2.2.2.2.2. a)a)a)a)a) O “milagre brasileiro”.3.3.3.3.3. b)b)b)b)b) apesar do processo de crescimento da economia nacional, observa-se

que há uma progressiva concentração da renda, principalmente entre os10% mais ricos.

4.4.4.4.4. e)e)e)e)e) II e IV.

Aula 22 - Cultura ibérica e natureza tropicalAula 22 - Cultura ibérica e natureza tropicalAula 22 - Cultura ibérica e natureza tropicalAula 22 - Cultura ibérica e natureza tropicalAula 22 - Cultura ibérica e natureza tropical1.1.1.1.1. A América Latina, inclusive o Brasil, inseriu-se na economia mundial por

meio da exportação de produtos minerais e agrícolas para serem comer-cializados na Europa. Devido ao controle do centro mercantil europeu sobreo processo de colonização, pode-se dizer que a América Latina foi a maisantiga periferia da economia mundial.

2.2.2.2.2. c)c)c)c)c) Sistema de plantation.3.3.3.3.3. A extrema concentração da propriedade fundiária no Brasil, herdada do

período colonial, junto com o trabalho escravo, são alguns dos fatores queexplicam a desigual distribuição de renda.

Aula 23 - Uma fronteira em movimentoAula 23 - Uma fronteira em movimentoAula 23 - Uma fronteira em movimentoAula 23 - Uma fronteira em movimentoAula 23 - Uma fronteira em movimento1.1.1.1.1. A alternativa c)c)c)c)c) está correta.2.2.2.2.2. Para as metrópoles do Sudeste e, em menor número, para a fronteira

(Centro-Oeste e Amazônia).3.3.3.3.3. a)a)a)a)a) Novas oportunidades de emprego e/ou acesso à terra nas metrópoles ou

áreas de fronteira;b)b)b)b)b) Liberação de mão-de-obra rural a partir da modernização agrícola.

Aula 24 - Condomínios e favelas: a urbanização desigualAula 24 - Condomínios e favelas: a urbanização desigualAula 24 - Condomínios e favelas: a urbanização desigualAula 24 - Condomínios e favelas: a urbanização desigualAula 24 - Condomínios e favelas: a urbanização desigual1.1.1.1.1. Porque hoje mais de 75% da população brasileira vive e trabalha em cidades,

como resultado de um processo acelerado de urbanização que mudou a facedo país, nos últimos trinta anos.

2.2.2.2.2. Porque as metrópoles brasileiras concentram boa parte da produção industri-al e da oferta de serviços, embora também concentrem grande parte dapopulação carente, que procura, pelos mais diversos expedientes, sobrevivernas grandes metrópoles, disputando uma parcela dessa renda concentrada.

Page 236: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

3.3.3.3.3. A alternativa d)d)d)d)d) está errada, pois o processo de urbanização ainda continuaproduzindo mudanças.

Aula 25 - Cidade mundial, domínios e fronteirasAula 25 - Cidade mundial, domínios e fronteirasAula 25 - Cidade mundial, domínios e fronteirasAula 25 - Cidade mundial, domínios e fronteirasAula 25 - Cidade mundial, domínios e fronteiras1.1.1.1.1. e)e)e)e)e) Norte, Sudeste e Sul.2.2.2.2.2. Alternativas a)a)a)a)a) e c) c) c) c) c) são falsas; b)b)b)b)b) e d)d)d)d)d) são verdadeiras.3.3.3.3.3. A alternativa a)a)a)a)a) está errada.

Aula 26 - Centro Sul: o cinturão urbano-industrialAula 26 - Centro Sul: o cinturão urbano-industrialAula 26 - Centro Sul: o cinturão urbano-industrialAula 26 - Centro Sul: o cinturão urbano-industrialAula 26 - Centro Sul: o cinturão urbano-industrial1.1.1.1.1. As três alternativas estão corretas.2.2.2.2.2. Processo de metropolização, e ele consolidou grandes aglomerados urbanos

como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba,Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.

3.3.3.3.3. a)a)a)a)a) As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, e o eixo entre elas.b)b)b)b)b) Nessas cidades, o processo ocorreu devido aos fluxos intensos de merca-

dorias, pessoas e capitais, com uma crescente integração econômicadevido às relações nacionais e internacionais.

4.4.4.4.4. a)a)a)a)a) A criação de Brasília; b)b)b)b)b) a construção de rodovias de interligação regionale nacional; c)c)c)c)c) o avanço da agricultura tecnificada sobre os cerrados centrais.

Aula 27 – Nordeste: o domínio agrário-mercantilAula 27 – Nordeste: o domínio agrário-mercantilAula 27 – Nordeste: o domínio agrário-mercantilAula 27 – Nordeste: o domínio agrário-mercantilAula 27 – Nordeste: o domínio agrário-mercantil1.1.1.1.1. Os grandes proprietários rurais e comerciantes ainda dominam a economia

e a política regional, utilizando os favores do Estado para garantir seusinteresses em troca de apoio eleitoral. As secas, que atingem com maiorintensidade as populações pobres, servem para angariar recursos que, namaioria das vezes, destinam-se unicamente aos poderosos da região. Porisso eles têm interesse em manter a “indústria das secas”.

2.2.2.2.2. Os programas e projetos de desenvolvimento regional da Sudene permiti-ram a integração produtiva da economia nordestina ao mercado nacional.

3.3.3.3.3. Os grandes projetos, como o Pólo de Camaçari e o Proálcool, unificaram osmovimentos sociais de diferentes estados e trouxeram à tona os problemasecológicos do crescimento econômico a todo custo.

Aula 28 - Amazônia: a grande fronteiraAula 28 - Amazônia: a grande fronteiraAula 28 - Amazônia: a grande fronteiraAula 28 - Amazônia: a grande fronteiraAula 28 - Amazônia: a grande fronteira1.1.1.1.1. O aluno deve ser capaz de mostrar as iniciativas governamentais com a

extensão das redes técnicas, a colonização dirigida e os incentivos aosgrandes projetos agrícolas e de mineração, que foram implantados comoelementos para inserir a Amazônia nas economias nacional e internacional.

2.2.2.2.2. Os incentivos fiscais concedidos na Zona Franca de Manaus foram respon-sáveis pela concentração da indústria de eletroeletrônicos na Amazônia, oque explica também a concentração de população do Estado do Amazonasna cidade de Manaus, na busca de emprego nas atividades relacionadas àZona Franca.

3.3.3.3.3. Pará e Maranhão. A ferrovia possibilita a exportação do minério de ferrode Carajás.

Aula 29 - A sustentabilidade do desenvolvimento brasileiroAula 29 - A sustentabilidade do desenvolvimento brasileiroAula 29 - A sustentabilidade do desenvolvimento brasileiroAula 29 - A sustentabilidade do desenvolvimento brasileiroAula 29 - A sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro1.1.1.1.1. O desenvolvimento social pressupõe maior eqüidade na distribuição de renda,

isto é, com menor custo social e maior participação na tomada de decisões.2.2.2.2.2. A proposta de desenvolvimento sustentável procura conciliar o uso racional

dos recursos ecológicos com o combate à pobreza porque entende que amiséria e a falta de abrigo e sustento é o principal problema ambiental doplaneta Terra.

Page 237: Geografia Telecurso 2000 ensino médio

3.3.3.3.3. Porque a floresta pluvial amazônica representa um imenso estoque debiodiversidade, que pode contribuir para o conhecimento científico-tecnológico e o desenvolvimento da biotecnologia.

Aula 30 - O Brasil e o desafio latino-americanoAula 30 - O Brasil e o desafio latino-americanoAula 30 - O Brasil e o desafio latino-americanoAula 30 - O Brasil e o desafio latino-americanoAula 30 - O Brasil e o desafio latino-americano1.1.1.1.1. O mapa A mostra os corredores de exportação do sul do Brasil, direcionados para

concorrer com o países vizinhos, principalmente com o porto de Buenos Aires.O mapa B revela a nova integração econômica do Cone Sul.

2.2.2.2.2. a)a)a)a)a) O Mercosul é uma iniciativa de integração regional que consolida ummercado unificado entre os países membros e possibilita a livre circulaçãode bens e serviços. A inexistência de um mercado consolidado e integradoexplica o fracasso da Alalc.

b)b)b)b)b) As mudanças nas estruturas desses países pelos efeitos do mercadounificado serão particularmente intensas, principalmente nos respecti-vos complexos agro-industriais.

3.3.3.3.3. A integração econômica por uma zona de livre comércio pode contribuir,devido ao grande potencial ao desenvolvimento da região, para aumentarsua participação no comércio mundial.

Aula 31 - O meio técnico-científico e o papel da informaçãoAula 31 - O meio técnico-científico e o papel da informaçãoAula 31 - O meio técnico-científico e o papel da informaçãoAula 31 - O meio técnico-científico e o papel da informaçãoAula 31 - O meio técnico-científico e o papel da informação1.1.1.1.1. Entre 1850 e 1930, numerosas inovações técnicas foram desenvolvidas como

meio de transporte e de comunicação para a expansão capitalista, tais comoo barco a vapor, a estrada de ferro, o telégrafo, o telefone e o avião. Vencendobarreiras espaciais, pareciam encolher o mundo dos homens, permitindoum extraordinária mobilidade de mercadorias, pessoas e informação. Apartir de 1970, o avanço técnico-informacional, com a invenção do microchipe de sistemas aperfeiçoados de comunicação por satélite, levou à compres-são do tempo e do espaço, servindo para a circulação da informação, mas,principalmente, alterando o sistema produtivo e financeiro.

2.2.2.2.2. O aumento de volume dos produtos transportados exige navios cada vezmaiores e portos cada vez mais equipados. As mercadorias de pequeno volumee maior valor são transportadas em contêineres. A mecanização dos portos, amodernização dos navios e conteinerização contribuem para a maior eficiênciana carga e descarga das mercadorias, com menor utilização de mão-de-obra.

3.3.3.3.3. Resposta pessoal.

Aula 32 - Robôs e engenheiros: para onde vão os operários?Aula 32 - Robôs e engenheiros: para onde vão os operários?Aula 32 - Robôs e engenheiros: para onde vão os operários?Aula 32 - Robôs e engenheiros: para onde vão os operários?Aula 32 - Robôs e engenheiros: para onde vão os operários?1.1.1.1.1. Porque o avanço tecnológico e a competição entre as empresas pela maior

produtividade exigem qualificação cada vez maior da mão-de-obra. Osgrandes investimentos de capital necessários para a utilização de tecnolo-gias modernas reduzem a participação da mão-de-obra.

2.2.2.2.2.

FordismoFordismoFordismoFordismoFordismo

salários ascendentes

em sindicatos fortes

interfere na economia e garante

o bem-estar social

grandes concentrações urbano-

industriais

Pós-fordismoPós-fordismoPós-fordismoPós-fordismoPós-fordismo

salários flexíveis - altos para

os qualificados, baixos para

menos qualificados

menor força sindical

interfere menos na economia

e já não garante tanto o bem-

estar social

tendência à dispersão

RemuneraçãoRemuneraçãoRemuneraçãoRemuneraçãoRemuneração

Organização dos trabalhadores

Papel do Estado

Organização do espaço

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3.3.3.3.3. a)a)a)a)a) A estratégia da operação da Toyota para o mercado mundial divide oprocesso produtivo em diversas localizações e o integra por meio docontrole da matriz, no Japão.

b)b)b)b)b) Devido à proximidade geográfica do Japão e por apresentarem disponi-bilidade de mão-de-obra e um mercado consumidor em expansão.

Aula 33 - O sistema financeiro global e os limites do Estado-naçãoAula 33 - O sistema financeiro global e os limites do Estado-naçãoAula 33 - O sistema financeiro global e os limites do Estado-naçãoAula 33 - O sistema financeiro global e os limites do Estado-naçãoAula 33 - O sistema financeiro global e os limites do Estado-nação1.1.1.1.1. a)a)a)a)a) É a realidade da globalização financeira. Hoje, o mundo é um só, em

termos de movimento de capitais financeiros.b)b)b)b)b) Os jogadores de dardos, que são os investidores, estão felizes porque

podem investir em qualquer parte do mundo que lhes garanta lucros.A desregulamentação dos mercados financeiros nacionais ampliousignificativamente as áreas de investimento. Os dardos que chegamvelozmente aos alvos podem ser comparados aos computadores, faxes etelecomunicações, que permitem que as informações circulem rapida-mente entre os lugares, acelerando, assim, a atuação dos investidores.

2.2.2.2.2. Quando o sistema monetário internacional se baseia numa moeda forte, deuma economia forte, como era o caso do dólar americano nas décadas de 1940e 1950, ocorre uma estabilidade monetária, pois todos os países têm a mesmamoeda forte e estável como referência para as trocas (câmbio) de suasmoedas. Além disso, sabe-se o montante de dólares, estáveis, existentes nomundo e controla-se o volume de capitais em circulação no mundo. Osfinanciamentos são feitos com base na moeda estável. Quando o sistemamonetário deixa de ser estável, os governos perdem o controle das taxas decâmbio e do volume de dinheiro em circulação. Especula-se com moedas ecom vários mecanismos especulativos financeiros.

3.3.3.3.3. Resposta pessoal.

Aula 34 - Ritmos e movimentos da população mundialAula 34 - Ritmos e movimentos da população mundialAula 34 - Ritmos e movimentos da população mundialAula 34 - Ritmos e movimentos da população mundialAula 34 - Ritmos e movimentos da população mundial1.1.1.1.1. a)a)a)a)a) A pirâmide apresenta uma base larga que se estreita rapidamente, indican-

do a ocorrência paralela de altas taxas de natalidade e mortalidade no país.b)b)b)b)b) Inicialmente, acentuada redução da mortalidade e o declínio da taxa de

fecundidade, levando ao envelhecimento da população do país.2.2.2.2.2. a)a)a)a)a) As enormes disparidades econômicas entre os países industrializados

e os países desenvolvidos.b)b)b)b)b) Os migrantes procuram empregos e melhores níveis de remuneração

e de proteção social.3.3.3.3.3. Resposta pessoal.

Aula 35 - A energia vital: os recursos naturais são inesgotáveis?Aula 35 - A energia vital: os recursos naturais são inesgotáveis?Aula 35 - A energia vital: os recursos naturais são inesgotáveis?Aula 35 - A energia vital: os recursos naturais são inesgotáveis?Aula 35 - A energia vital: os recursos naturais são inesgotáveis?1.1.1.1.1. a)a)a)a)a) A evapotranspiração (E), que corresponde ao total da precipitação (P) menos

o escoamento para o lençol subterrâneo e a rede pluvial (Q), é composta pelaevaporação da água interceptada pela copa das árvores (I) mais o vapord’água transferido para a atmosfera pela transpiração das plantas.

b)b)b)b)b) A redução da evapotranspiração e conseqüentemente da quantidade deágua que retorna da atmosfera, altera a distribuição das chuvas; oaumento da quantidade de água escoada à superfície reduz a infiltraçãono solo e altera a descarga nos rios.

2.2.2.2.2. Uma alternativa foi a utilização crescente de outras fontes de energia como,por exemplo, a retomada do consumo do carvão e a expansão do empregoda energia nuclear. Outra alternativa foi a abertura de novas regiões produ-toras, como a do Mar do Norte, e a entrada no mercado de novos paísesprodutores como a União Soviética e a China.

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3.3.3.3.3. a)a)a)a)a) A população brasileira está seriamente ameaçada pelas moléstias detransmissão hídrica devido à deficiência dos serviços básicos como oabastecimento de água e principalmente esgoto sanitário.

b)b)b)b)b) O atendimento dos serviços de saúde pública é particularmente grave nasRegiões Norte e Nordeste, onde a rede de esgotos sanitários atende,respectivamente, apenas a 3,46% e 11,75% da população, transformandoessas regiões em áreas vulneráveis às moléstias de propagação hídrica.

Aula 36 - Alimentos, matérias-primas e biotecnologia: o papel do campoAula 36 - Alimentos, matérias-primas e biotecnologia: o papel do campoAula 36 - Alimentos, matérias-primas e biotecnologia: o papel do campoAula 36 - Alimentos, matérias-primas e biotecnologia: o papel do campoAula 36 - Alimentos, matérias-primas e biotecnologia: o papel do campo1.1.1.1.1. A agricultura e a indústria estabeleceram vínculos contratuais - financia-

mentos, equipamentos, cadeias de distribuição -, formando conglomeradosque controlam desde a produção de sementes até a distribuição dos produ-tos já empacotados ou enlatados.

2.2.2.2.2. O agricultor, hoje, tem a possibilidade de corrigir as condições do solomediante análises químicas que indicam as deficiências e necessidades dosolo. O uso de fertilizantes permite corrigir ou restabelecer as qualidades dosolo. Já as condições do clima, até agora, não podem ser alteradas. Por issoo agricultor "compra" o clima, pois são as condições do clima que vão ditaro ritmo das atividades agrícolas.

3.3.3.3.3. PositivasPositivasPositivasPositivasPositivas - aumentar a produção agrícola; eliminar doenças e pragase oferecer novos produtos.NegativasNegativasNegativasNegativasNegativas - suprimir grande número de empregos; acentuar ainda maiso desnível entre ricos e pobres.

Aula 37 - Para além da polarização: os novos blocos políticosAula 37 - Para além da polarização: os novos blocos políticosAula 37 - Para além da polarização: os novos blocos políticosAula 37 - Para além da polarização: os novos blocos políticosAula 37 - Para além da polarização: os novos blocos políticos1.1.1.1.1. O aluno pode desenvolver, entre outras, as seguintes idéias:

l O conflito ideológico e estratégico entre as duas superpotências queprocuravam manter e expandir suas áreas de influência.

l A crescente corrida armamentista, com a criação de alianças militares deapoio.

l A formação, por um grupo de países, de um terceiro bloco que resistia aoalinhamento imediato às superpotências e que deu origem ao chamadoTerceiro Mundo.

2.2.2.2.2. O aluno deve apresentar, entre outras, as seguintes tendências:l A multipolaridade do poder econômico.l A estratégia norte-americana para a América Latina é a de formalizar um

mercado de livre comércio em todo o continente.l A União Européia é pressionada por um número cada vez maior de países

interessados em ingressar no bloco europeu.l A formação dos megablocos norte-americano, europeu e asiático consti-

tui uma nova forma de regionalização.l A Alemanha e o Japão, fortalecidos econômica e financeiramente, são

hoje importantes centros de decisões políticas e econômicas.3.3.3.3.3. O aluno pode apresentar, entre outras, as seguintes estratégias:

l A transferência das indústrias tradicionais, grandes consumidoras demão-de-obra e de matéria-prima, para o leste e sudeste da Ásia.

l A formação do megabloco do Pacífico, graças aos investimentos decapital e à transferência de tecnologia japoneses.

l Aplicação da reengenharia nas empresas japonesas atingindo o máximode eficiência do seu sistema produtivo.

l Associações entre grandes empresas japonesas e norte-americanas.

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Aula 38 - A pobreza das nações: onde ficou o desenvolvimento?Aula 38 - A pobreza das nações: onde ficou o desenvolvimento?Aula 38 - A pobreza das nações: onde ficou o desenvolvimento?Aula 38 - A pobreza das nações: onde ficou o desenvolvimento?Aula 38 - A pobreza das nações: onde ficou o desenvolvimento?1.1.1.1.1. O aluno deve indicar, entre outros:

· o PIB, que é um indicador de renda e do nível de vida real da população;· o consumo de energia;· os indicadores culturais (número de livros publicados por ano; o acesso

à informação, porcentagem de adultos analfabetos);· a quantidade de calorias ingerida por dia;· o acesso à água tratada e a instalações sanitárias adequadas.

2.2.2.2.2. O aluno deve indicar, entre outras: as condições naturais hostis e a inferio-ridade dos "povos de cor" diante da "Europa branca"; a exploração colonialque, por causa das trocas desiguais, teria transferido para as metrópolesgrande parte da riqueza produzida; a ação das elites dos próprios países queimpedem as reformas modernizadoras.

3.3.3.3.3. O pagamento de juros e compromissos financeiros representava, em média,25% do valor das exportações, o que restringia os recursos públicos parainvestimento em educação, saúde e saneamento básico, agravando aindamais o quadro de pobreza da América Latina.

Aula 39 - O ovo da serpente: a cultura da violênciaAula 39 - O ovo da serpente: a cultura da violênciaAula 39 - O ovo da serpente: a cultura da violênciaAula 39 - O ovo da serpente: a cultura da violênciaAula 39 - O ovo da serpente: a cultura da violência1.1.1.1.1. O aluno deve ser capaz de identificar no texto diferentes manifestações de

pobreza e desigualdade de renda.2.2.2.2.2. Os atos de violência contra imigrantes turcos na Alemanha; africanos na

França e na Inglaterra. As mudanças recentes nas leis de imigração, tornan-do cada vez mais restritiva a entrada de imigrantes nesses países.

3.3.3.3.3. Resposta pessoal.

Aula 40 - O embrião de Gaia: a ecologia como utopia planetáriaAula 40 - O embrião de Gaia: a ecologia como utopia planetáriaAula 40 - O embrião de Gaia: a ecologia como utopia planetáriaAula 40 - O embrião de Gaia: a ecologia como utopia planetáriaAula 40 - O embrião de Gaia: a ecologia como utopia planetária1.1.1.1.1. Resposta pessoal.2.2.2.2.2. O aluno deve indicar, entre outros problemas: chuvas ácidas; buraco na

camada de ozônio; doenças provocadas pelo excesso de álcool ou pelo usode drogas; as montanhas de lixo etc.

3.3.3.3.3. Resposta pessoal.