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GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO Volume Único

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Page 1: Geografia do Ensino Médio - EJA-FAMATRI

GEOGRAFIA

ENSINO MÉDIOVolume Único

Nathalie Ribeiro SilvaVirna Salgado Barra

Page 2: Geografia do Ensino Médio - EJA-FAMATRI

2012

Page 3: Geografia do Ensino Médio - EJA-FAMATRI

CONTEÚDO – TELECURSO – GEOGRAFIA – ENSINO MÉDIO

1. ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO..............................................................3

1.1 - A paisagem e o espaço geográfico................................................................................3

1.2 - Representação do espaço - tipos de mapas..................................................................3

1.3 - Novas tecnologias cartográficas – uso de computador e programas computacionais..3

1.4 - Conceitos: território, Estado, nação, limites, fronteira.................................................3

2. A DINÂMICA DA NATUREZA E A QUESTÃO AMBIENTAL...................................................4

2.1 - Terra: estrutura e história geológica, formação e transformação do relevo.................4

2.2 - Dinâmica da atmosfera: clima mundial.........................................................................6

2.3 - Solos - formação, desenvolvimento e tipos..................................................................8

2.4 - As formações vegetais no mundo e suas interações.....................................................9

2.5 - Fontes de energia: utilização e impactos ambientais..................................................13

2.6 - Impactos da atividade humana sobre o meio ambiente.............................................17

2.7 - Desenvolvimento Sustentável.....................................................................................17

3 - ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO....................................................................18

3.1 - Desenvolvimento dos meios de comunicação e informação......................................18

3.2 - Fases do capitalismo...................................................................................................19

3.3 - Organização do trabalho e da produção – Taylorismo, Fordismo e Toyotismo..........20

3.4 - Fases da Revolução Industrial.....................................................................................20

3.5 - Novas tecnologias aplicadas à agropecuária...............................................................21

3.6 - Dinâmica demográfica - ritmos e movimentos...........................................................22

3.7 - Urbanização e problemas urbanos..............................................................................25

4. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO.....................................................................28

4.1 - Expansão territorial.....................................................................................................28

4.2 - Formação étnica do povo brasileiro............................................................................31

4.3 - Migrações populacionais.............................................................................................32

4.4 - Urbanização - história, metropolização, hierarquia e redes urbanas..........................33

4.5 - O espaço da atividade industrial.................................................................................36

4.6 - A regionalização do espaço (regiões geoeconômicas - Centro-Sul, Nordeste e Amazônia)

............................................................................................................................................ 42

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4.7 - Desigualdades regionais e sustentabilidade................................................................44

4.8 - O Brasil e a integração latino-americana....................................................................45

5. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL...........................................................................48

5.1 - Guerra Fria - Capitalismo X Socialismo........................................................................48

5.2 - Desintegração dos países socialistas...........................................................................52

5.3 - A nova ordem mundial (conflitos Norte x Sul) e blocos econômicos..........................54

5.4 - O sistema financeiro global.........................................................................................59

5.5 - Organizações internacionais e regionais.....................................................................60

5.6 - Consequências socioeconômicas da globalização.......................................................63

5.7 - Pluralidade cultural: conflitos e tensões no mundo....................................................64

5.8 - Desafios da sociedade humana - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio -

desigualdades mundiais......................................................................................................66

QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES.................................................................................69

GABARITO............................................................................................................................... 82

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1. ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO

1.1 - A paisagem e o espaço geográficoPaisagem: é a porção do espaço que nossa visão alcança e é produto da percepção.Espaço geográfico: é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares. “O espaço geográfico é o palco das realizações humanas”.

1.2 - Representação do espaço - tipos de mapas.Mapas físicos:* mapa geomorfológico - representa as características do relevo de uma região;* mapa climático - indica os tipos de clima que atuam sobre uma região;* mapa hidrográfico - mostra os rios e bacias que cortam uma região.Mapas humanos:* mapa político - aponta a divisão do território em países, estados, regiões, municípios;* mapa econômico - indica as atividades produtivas do homem em determinada região;* mapa demográfico - apresenta a distribuição da população em determinada região;* mapa rodoviário - estuda as rodovias e as estradas de um país.

1.3 - Novas tecnologias cartográficas – uso de computador e programas computacionais* sensoriamento remoto - obtenção de informações através de sensores acoplados em satélites, aviões e balões;* foto aérea - são fotos extraídas por meio de câmeras fotográficas fixadas em aviões;* imagens de satélite - produzidas por satélite;* sistema GPS (Sistema de Posicionamento Global) - calcula a posição dos satélites por meio de sinais e determina com exatidão a posição de qualquer objeto na superfície da Terra, fornecendo para isso as coordenadas geográficas e a altitude do lugar.

1.4 - Conceitos: território, Estado, nação, limites, fronteira

* território - divisão administrativa, delimitado por fronteiras entre países, regiões, estados, municípios, bairros e até mesmo áreas de influência de um determinado grupo. É caracterizado pela ideia de posse, domínio e poder, correspondendo ao espaço geográfico socializado, apropriado para os seus habitantes, independentemente da extensão territorial;* Estado - instituição social politicamente organizada que exerce soberania sobre um território; exerce a soberania sobre um território delimitado por fronteiras, guardadas pelas Forças Armadas e com limites precisos; tem uma burocracia administrativa e é organizado em três esferas de poder. No Brasil, denominamos essas três esferas União, estados e municípios – ou esfera federal, estadual e municipal;* nação - é constituída pela sociedade politicamente organizada com governos e leis próprias, para elaboração e realização do cumprimento de tais leis caracteriza o papel do estado. Tem o seu povo ou etnia (raça, língua, cultura, religião)* limites - é um fator de separação, são estabelecidos, na maioria das vezes, por acordos e tratados entre dois ou mais países. Esses limites indicam os lugares onde termina o território de um país e começa o de outro. Está ligado a uma concepção precisa, linear e perfeitamente definida no terreno.* fronteiras - faixa do território de um país que se estende ao longo da linha limite. É mais abrangente e se refere a uma região ou faixa ao longo do limite.

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2. A DINÂMICA DA NATUREZA E A QUESTÃO AMBIENTAL

2.1 - Terra: estrutura e história geológica, formação e transformação do relevo.

História geológica:

- Período Pré-cambriano ou Era Proterozóica: origem da história geológica da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos;- Era Paleozóica: apareceram as primeiras formas estruturadas de vida nos oceanos, e os continentes formavam um bloco único: a Pangéia (há cerca de 200 milhões de anos);- Era Mesozóica: desenvolveu-se a vida nas terras emersas e iniciou-se a deriva dos continentes;- Era Cenozóica: a vida evoluiu, com o surgimento de novas espécies; formaram-se as grandes cadeias de montanhas jovens por dobramentos em áreas de colisão de placas; surgimento do homem.

O conhecimento da estrutura geológica da Terra é importante para explicar as formas do relevo.

Estrutura geológica da Terra: se referem à composição rochosa da crosta terrestre.

Relevo: se refere às formas como elas se apresentam na superfície. A ciência que estuda as formas do relevo, os processos de origem e sua evolução e transformação é a Geomorfologia. As diversas formas do relevo acontecem a partir de forças internas (tectonismo, vulcanismo e sismos) e externas (rios, chuvas, geleiras, ventos, alternância de temperatura e os seres vivos, principalmente o ser humano).

Formas de relevo:Cadeias de montanhas: grandes elevações de superfície, apresentam relevo acidentado, encostas ingrimes e vales profundos. Exemplo: Cordilheira do Himalaia, dos Andes (Fig.1)Planaltos: apresentam altitudes e formas variadas, como os morros e serras e elevações com um extenso topo plano, como as chapadas. Exemplo: Serra da Mantiqueira (Fig.2), da Canastra.

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Depressões: é um compartimento de relevo mais plano que o planalto, geralmente encaixadas entre regiões de planalto (Fig.3).

Planícies: são áreas relativamente planas, formadas por deposição de sedimentos. No Brasil, essa forma se restringe aos terrenos situados ao longo dos grandes rios e próximos de lagos e lagoas, onde é mais intensa a deposição de material erodido de outras unidades de relevo. (Fig.3).

As formas de relevo podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento das atividades humanas. Muitas vezes tornam-se obstáculos naturais, que dificultam as comunicações, atividades agrícolas e a instalação de comunidades humanas. A construção de pontes, túneis, estradas são alguns dos recursos utilizados pela engenharia para transpor os obstáculos naturais do relevo. Tanto as obras de engenharia como o desenvolvimento de outras atividades (mineração e agricultura) devem levar em conta as características socioambientais do lugar em que serão realizadas. Numa área urbana, por exemplo, precisam ser considerados os mananciais e as áreas em que pode haver erosão. É preciso planejar adequadamente as construções urbanas para evitar danos ao ambiente e evitar acidentes.

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1. Vista parcial da cordilheira dos Andes, uma das principais cadeias montanhosas da Terra.2. Serra da Mantiqueira em MG.

3. As grandes unidades do relevo.

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Unidades do relevo brasileiro (Classificação de Jurandyr Ross)

2.2 - Dinâmica da atmosfera: clima mundial.

Clima – conjunto de variações do tempo em uma determinada região, durante um longo período (cerca de 30 anos). Para determinar o clima de um local é necessário analisar o comportamento dos fenômenos atmosféricos ou também chamados elementos climáticos: temperatura do ar, pressão atmosférica, vento, umidade, precipitação (como chuva, granizo e neve), geadas, massas de ar.Assim os elementos climáticos interferem no comportamento da atmosfera, e os fatores climáticos influenciam a dinâmica desses elementos. São fatores climáticos: latitude, longitude, disposição do relevo, a vegetação, inclusive, os relacionados às atividades humanas, como a formação de grandes cidades.

Climatologia – é o estudo científico do clima.Meteorologia – é uma das ciências que estudam a atmosfera terrestre, que tem como foco o estudo dos fenômenos atmosféricos e a previsão do tempo.

TIPOS DE CLIMA

Equatorial – apresenta elevadas temperaturas e grande umidade durante todo o ano. com pequena amplitude térmica anual (diferença entre as temperaturas máxima e a mínima). Do mesmo modo que a temperatura, a pluviosidade é elevada em todos os meses do ano.

Tropical – apresenta elevadas temperaturas e alternâncias entre estações secas (inverno) e úmidas (verão).

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Subtropical – apresenta temperaturas baixas durante o inverno, principalmente em áreas de maior altitude, no entanto temperaturas elevadas no verão. A pluviosidade apresenta uma redução em relação ao clima tropical, mantendo uma regularidade na distribuição ao longo do ano.

Desértico – apresenta-se com uma pronunciada queda na pluviosidade e uma acentuada amplitude térmica entre as estações do ano.

CLIMA NA TERRA

Semi-árido – são climas de transição, que se caracterizam por apresentar chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. São encontrados tanto em regiões tropicais (onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro) quanto em zonas temperadas (onde os invernos são frios). Também apresenta amplitudes térmicas pronunciadas.

Mediterrâneo – apresenta verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos. As temperaturas são bastante parecidos com climas tropicais, no entanto as precipitações são menores, concentrando-se no outono e no inverno.

Temperado – possui uma definição clara das quatro estações do ano: primavera, verão, outono, inverno. Os valores de pluviosidade se caraterizam pela moderação e regularidade em que se manifestam durante o ano. Apresenta temperaturas amenas durante o ano, com pequena amplitude térmica.

Frio de montanha ou de altitude – frio constante durante todo o ano em razão das altas altitudes das montanhas, com médias anuais de 0°C e abaixo de zero, com presença de neve constante em altitudes mais elevadas.

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Polar – ocorre em latitudes extremamente elevadas, próximas aos círculos polares Ártico e Antártico. Frio extremo com temperaturas baixas o ano inteiro, atingindo no máximo 10°C no verão. As precipitações são escassas e ocorrem, predominantemente, sob a forma de neve.

Climogramas – alguns exemplos

CLIMA NO BRASIL

2.3 - Solos - formação, desenvolvimento e tipos.

O QUE É SOLO? COMO ELE SE FORMA?Uma rocha qualquer, ao sofrer intemperismo, transforma-se em solo, adquire maior porosidade e como decorrência, há penetração de ar e água, o que cria condições propícias para o desenvolvimento de formas vegetais e animais. Estas, por sua vez, passam a fornecer matéria

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Polar Mediterrâneo Semi-árido Equatorial

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orgânica à superfície do solo, aumentando cada vez mais sua fertilidade. Assim, o solo é constituído por rocha intemperizada, ar, água e matéria orgânica, formando um manto de intemperismo que recobre superficialmente as rochas da crosta terrestre.

PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SOLO: PEDOGÊNESE

HORIZONTES DO SOLO

TIPO DE SOLOS

Podzólico: solos ácidos, profundos, horizonte B argiloso o que dificulta a penetração da água e favorece a erosão, podem apresentar maior fertilidade, se formam sobre uma vegetação de taiga (região fria) na qual os restos vegetais demoram a se decompor.

Lixiviados: típico das florestas equatoriais (como a Amazônica), sofre com a falta de nutrientes devido a grande quantidade de chuvas que carregam tais nutrientes tornando o solo pobre.

Latossolos: predominantes no Brasil, resistente ao processo de erosão, possui boas propriedades físicas: permeabilidade à água e ar, é acido o que deixa sem reserva de nutrientes.

Solos negros das planícies / solos das pradarias: encontrados na Eurásia (conjunto da Europa e Ásia) e EUA são muito férteis e ricos em matéria orgânica, por isso possuem a cor escura, são solos de horizontes bem estruturados.

Solos jovens e poucos desenvolvidos: regiões desérticas e semi-áridas, a ausência água leva ao pouco desenvolvimento de seus horizontes, o solo árido não possui o horizonte B pois a camada superficial está diretamente assentada sobre a rocha-mãe. Outro tipo de solo razo e pouco desenvolvido são os típicos das regiões frias, nas vegetação de tundra composta por musgos e liquens.

2.4 - As formações vegetais no mundo e suas interações.

CLIMA TEMPERADO – FLORESTAS TEMPERADAS, ESTEPES OU PRADARIAS

Abrange amplos territórios do hemisfério norte: América no Norte, Europa e uma faixa alongada central da Ásia, que se estende até parte da China e Japão. No hemisfério Sul, sua ocorrência é bastante restrita. Caracteriza-se pelas quatro estações bem demarcadas, que são visíveis na paisagem vegetal. É constituída por árvores de porte médio, espaçadas umas das outras, que trocam suas folhas nas estações mais frias, a cada outono e inverno (caducifólias).

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O: Camada mais superficial do solo, rica em organismos decompositores e matéria orgânica. A: ocorre a decomposição de organismos vivos, é rico em matéria orgânica.B: camada intermediária, podem estar presentes materiais transportados de outros lugares.C: solo mais velho, formado pela intemperização da rocha-mãe.R: rocha-matriz

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Floresta Temperada

As formações herbáceas também são típicas dessa região climática e recebem o nome de estepes ou pradarias. Constitui uma pastagem natural, muito utilizada para criação de gado. Ex.: pampas argentinos, pradarias no centro-oeste do Canadá e dos Estados Unidos, no Brasil esse tipo de vegetação é denominado campos encontrado no sul do RS (clima subtropical - transição entre o tropical e o temperado).

Pampas - RS

Quatro estações bem demarcadas – Clima Temperado10

Primavera Verão

Outono Inverno

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CLIMA MEDITERRÂNEO E VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA

Localiza-se em pequenas áreas, normalmente situadas próximas a desertos como na Califórnia, nos EUA, nos extremos norte e sul da África, e no sul da Europa. É um clima caracterizado por verões quentes e secos – devido à expansão das massas de ar seco dos desertos vizinhos – e por invernos brandos e úmidos – período em que essas massas de ar recuam e ficam estacionarias dos desertos.

CLIMA FRIO (CONTINENTAL) E FLORESTA BOREAL

Está situado em elevadas latitudes, caracteriza-se a maior parte do território canadense, o extremo norte da Europa, e a Sibéria, na Rússia. As precipitações maiores ocorrem no inverno, quase sempre sob forma de neve. Nesse clima desenvolve-se a floresta boreal, cuja vegetação é de grande porte, espaçada e relativamente homogênea, nela predomina o pinheiro e o cipreste, de folhas acicufoliadas (forma de agulhas) Ex.: Taiga siberiana, na Rússia, uma das maiores do mundo.

CLIMA POLAR E TUNDRA

Está nos extremos norte e sul da Terra. Nessas regiões são registradas as mais baixas temperaturas do planeta. Na maior parte dos territórios, o solo mantém uma cobertura de gelo, sem vegetação.

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Em outras regiões, durante o verão, o degelo deixa o solo exposto e nele brota a tundra, que termina seu ciclo no inverno, com a queda das temperaturas. Essa cobertura vegetal é de pequeno porte.

CLIMA DE MONTANHA E VEGETAÇÃO DE ALTITUDE

Nas altas latitudes, o solo apresenta-se coberto por neve, praticamente o ano todo, até mesmo em locais de baixas altitudes. No clima de montanha a neve (influenciada pela altitude) cobre o solo durante todo o ano. Essa cobertura permanente de neve ocorre, inclusive, nas baixa latitudes das regiões tropicais, sendo que, no sopé das montanhas, a vegetação é a mesma da região do entorno.

Monte Kilinanjaro (ao fundo), no Quênia (África), contrastam com a paisagem de clima quente no entorno da montanha

CLIMA DESÉRTICO E XERÓFILAS

Caracteriza-se pela aridez (escassez de água). Nessas regiões há pouca (ou nenhuma) vegetação. Os desertos estão localizados em áreas próximas aos trópicos são quentes, como o de Saara no norte da África, os situados em latitudes elevadas são frios, como o da Patagônia, na Argentina. Geralmente, os desertos situam-se em regiões continentais, mas aparecem também junto a oceanos. Neste caso, formam-se devido à ação de correntes frias, que condensam as massas de ar quente e úmido, as quais se precipitam no mar antes de atingir o continente. É o caso, por exemplo, do deserto de

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Atacama, no Chile. As formações vegetais presentes são espécies rasteiras, arbustos espinhosos, quase sem folhas, denominadas Xerófilas, as quais se adaptam à pouca umidade.

Deserto de Atacama (Chile)

Exemplo de cacto no deserto

2.5 - Fontes de energia: utilização e impactos ambientais.

O desenvolvimento econômico e social - ligado - desenvolvimento das fontes de energia.Há uma interdependência: o progresso econômico e social resulta da ativação de fontes de energia, a qual ocorre em consequência das demandas da economia e da sociedade. Fontes de energia primária: petróleo, carvão mineral, gás natural, urânio, e hidráulica (da água).Renováveis: sol, água dos rios, vento, etc.Não-renováveis: petróleo, carvão mineral, urânio. As fontes não-renováveis podem se esgotar.

PETRÓLEO É um combustível fóssil (originados de restos de seres vivos que habitaram a Terra há milhões de anos, ou seja, da decomposição do material orgânico ao longo de milhares de anos.

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Outros exemplos: carvão mineral, gás natural). Com a Revolução Industrial, esses combustíveis fósseis começaram a ser utilizados como fontes de energia. A exploração dos combustíveis fósseis deu a base para o desenvolvimento da sociedade industrial, e o petróleo se tornou a principal fonte de energia da sociedade contemporânea, ele representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo.

Fazemos parte de uma “civilização do petróleo”. • Cerca de 50% do total do petróleo extraído no mundo é consumido pelo setor de

transportes; • entre 20 e 25% é utilizado para aquecimento industrial e doméstico; • pouco menos de 10% é transformado na indústria química, como matéria-prima de plásticos

diversos, solventes, cosméticos, medicamentos, detergentes, tintas, fibras sintéticas, etc.;

• cerca de 10% é consumida na geração de energia, em usinas termelétricas.

Principais reservas: Oriente Médio (65%), Sibéria (Rússia), golfo de Bohai (China); na Ásia central (região do Cáucaso), etc. Países produtores: Arábia Saudita, Estados Unidos, Rússia, Irã e México, responsáveis por cerca de 40% de petróleo produzido no mundo.

GÁS NATURAL

É um hidrocarboneto, frequentemente encontrado junto com o petróleo por se formar do mesmo modo e por se acumular no mesmo tipo de terreno. Esse produto teve um aumento substancial de consumo nas ultimas décadas, tanto para a geração de energia quanto para utilização como combustíveis nos veículos, especialmente ônibus e automóveis.

Gasoduto para transporte do gás natural14

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Vantagens: menos poluente que o petróleo, as reservas conhecidas podem durar cerca de 60 anos, estão melhor distribuídas pelos diversos continentes, o custo de geração de energia elétrica é menor em relação ao carvão mineral e ao urânio. Porém, os custos de exploração e de transporte (construção de gasodutos) são maiores do que os do petróleo.

CARVÃO MINERAL

Foi a fonte de energia básica da 1ª Revolução Industrial. Dos combustíveis fósseis, o carvão é o mais abundante (as reservas existentes devem durar dois séculos), principalmente no hemisfério norte. A participação dessa fonte aumentou significativamente a partir das crises do petróleo em 1973, 1979 e 1991 que levaram os países a substituí-lo por outras fontes de energia. A estrutura molecular do carvão contém enorme quantidade de carbono e enxofre que, após sua queima, são liberados para a atmosfera na forma de gás carbônico (CO²), que agrava o efeito estufa, e dióxido de enxofre (SO²), o grande responsável pela chuva ácida.O carvão mineral além de ser usado como fonte de energia, é também utilizado nas indústrias siderúrgicas, para a produção de aço, e nas indústrias químicas, para fabricar piche, asfalto, eletrodos para baterias, corantes, tintas, plásticos, naftalina, etc.

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

ENERGIA ATÔMICA OU NUCLEAR

É o mesmo princípio da produção de energia termelétrica, a diferença é que o calor que esquenta a caldeira e gera o vapor é produzido por uma reação atômica, ou seja, quebra de átomos de urânio dentro de um reator. Atualmente, muitos países desenvolvidos e também subdesenvolvidos industrializados (Índia, Taiwan e China, por exemplo) investem no desenvolvimento e no aprimoramento da energia nuclear. Os EUA lideram a produção, mas os países mais dependentes da eletricidade nuclear são França, Suécia, Finlândia e Bélgica. O custo de instalação é elevado e a tecnologia incorporada ao processo é avançada.

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As usinas nucleares são extremamente perigosas, por utilizarem fontes primárias radiativas de energia. Em caso de acidentes (como o Chernobyl, na Ucrânia), a radiatividade leva anos ou até séculos para se dissipar.

ENERGIA HIDRELÉTRICA

Aproveita a força da água para mover suas turbinas que estão ligadas a um gerador, esse gerador produz a energia elétrica que é transportada para os consumidores através das linhas de transmissão.

Os países que possuem relevo acidentado, com muitos rios contam com grande potencial hidráulico como o Brasil, Canadá, EUA, China, Rússia, etc. Suas vantagens são o fato de ser uma energia renovável e de não poluir a atmosfera. Além disso o tempo de vida das usinas é longo e o custo de manutenção é relativamente baixo.Porém, a construção de usinas hidrelétricas costuma causar grande impacto socioambiental, o represamento do rio provoca inundações destruindo extensas áreas de vegetação natural, desmoronamento das margens do rio, comprometimento da vida aquática, além de desabrigar populações ribeirinhas, pequenos agricultores, povoados e até pequenas cidades.

Hidrelétrica de Itaipu – Brasil16

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2.6 - Impactos da atividade humana sobre o meio ambiente.

As atividades humanas começaram a causar maior impacto na natureza nos últimos 250 anos, o processo da industrialização intensificou o consumo de matérias primas, as quais são retiradas do solo, dos rios, das florestas, etc., a modernização e a expansão agrícola tornaram-se fundamental para o abastecimento da população, que acelerou o ritmo de crescimento e passou a aglomerar-se, cada vez mais, nas áreas urbanas. A cidade é a expressão mais acabada da alteração no espaço natural.

Vivemos em uma sociedade de consumo, assim, o desenvolvimento econômico visa abastecer, cada vez mais, aqueles que têm capacidade de consumir. Para fomentar a aquisição de bens, o mercado cria hábitos de consumo, reduz a vida útil de diversos produtos e multiplica as opções de mercadorias descartáveis. Essa “lógica de mercado” acelera o desenvolvimento econômico, o qual por sua vez, agrava o desperdício dos recursos naturais.

As pessoas são estimuladas pelos meios de comunicação – principalmente, a televisão – a consumirem cada vez mais. As mensagens publicitárias, por exemplo, costumam relacionar a imagem do produto ao sucesso, ao prazer e à felicidade, o que provoca nas pessoas a aquisição de um certo produto lhe dão ascensão social e realização pessoal. Isso leva a um consumo desenfreado de bens, produtos e serviços pela população, o que exige dos sistemas naturais algo que vai muito além de suas capacidades de renovação e sustentação.

Nem sempre o processo de crescimento e de desenvolvimento considerou a questão ambiental, o que tem levado a sérios problemas de redução de recursos e esgotamento de fontes de energia. Com isso, houve um despertar de consciência e preocupação das atividades humanas sobre o meio ambiente.

Impactos ambientais em ecossistemas naturais

- Extração da madeira para fins comerciais;- instalação de projetos agropecuários: poluição com agrotóxicos, erosão do solo;- implantação de projetos de mineração;- construção de usinas hidrelétricas;- propagação de fogo resultante de incêndios;- desmatamento o que leva: destruição da biodiversidade, erosão e empobrecimento do solo, enchentes e assoreamento dos rios, proliferação de pragas e doenças, etc.

Impactos em ecossistemas urbanos - poluição do ar: indústrias, automóveis, problemas agravantes do efeito estufa, ilha de calor nas grandes cidades, chuvas ácidas,- poluição da água (rios)- poluição do solo;- geração de resíduos: problema do lixo, sua destinação correta, como aterros sanitários.

2.7 - Desenvolvimento Sustentável

Com a crescente expansão do processo de industrialização/urbanização, os impactos provocados pelo homem aumentaram de tal forma que passaram a ter consequencias globais.

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O alerta foi dado no início da década de 1970, na Conferência de Estocolmo, onde chefes de Estado se encontraram para debater as questões sobre meio ambiente e desenvolvimento.

A partir disso o conceito de Desenvolvimento Sustentável começou a ser elaborado: o atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve comprometer os padrões de vida das gerações futuras, ou seja, sustentabilidade significa usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio ambiente. Preservar os bens naturais e à dignidade humana. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento econômico e preservação da natureza.

A viabilização do desenvolvimento sustentável exige também o estabelecimento de políticas governamentais, ações empresariais, sociedade civil, exige modificação dos padrões de consumo das sociedades do mundo desenvolvido, as quais devem diminuir a demanda por recursos da natureza e a produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.

CONSUMO SUSTENTÁVEL – para que a proposta de desenvolvimento sustentável torne-se viável é preciso promover mudanças de hábitos de consumo, e também de modo a evitar desperdícios, seja de água, de energia elétrica, dentre outros. As ONGs tem desempenhado papel fundamental na conscientização e organização da sociedade civil na luta pela preservação dos ecossistemas do planeta.

Discussões acerca da problemática ambiental levaram a criação de diversas propostas e compromissos com o meio ambiente. A seguir alguns desses eventos:

Conferência de Estocolmo – a tomada de consciência (1972): foi a primeira atitude mundial em tentar organizar as relações de Homem e Meio Ambiente;

Rio 92 – A II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, teve como principal tema a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e sobre como de reverter o atual processo de degradação ambiental. Uma série de convenções, acordos e protocolos foram firmados durante a conferência. O mais importante deles, a chamada Agenda 21, comprometia as nações signatárias a adotar métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica, criando um Fundo para o Meio Ambiente, para ser o suporte financeiro das metas fixadas.

Protocolo de Kyoto (1997 - Japão): tem como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos impactante àqueles países em pleno desenvolvimento.

3 - ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

3.1 - Desenvolvimento dos meios de comunicação e informação.

Como a nossa vida cotidiana é marcada pela nova tecnologia da informação? INTEGRAÇAO MUNDIAL – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

MEIO GEOGRÁFICO – DOMINADO PELA TECNOLOGIA, CIÊNCIA E INFORMAÇÃO, CHEGA VELOZ, INSTANTÂNEA E SIMULTANEAMENTE EM VÁRIOS LUGARES MUNDIAIS.

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O MUNDO ESTÁ LIGADO PELA TV, PCs, TRANSMISSÕES VIA SATÉLITE – MILHÕES DE PESSOAS PODEM ACOMPANHAR O MESMO EVENTO SIMULTANEAMENTE, NÃO IMPORTA ONDE ESTEJAM. Ex. Copa do Mundo, código de barras (informações: especificação do produto, preço, estoque, etc.)

O desenvolvimento dos meios de comunicação reduziu a distância entre os lugares. Antigamente, da Europa para o Brasil – mais de 2 meses de viagem. Hoje – poucas horas.Brasil – ligado de norte a sul – pelas estradas e meios de comunicação.VELOCIDADE DA INFORMAÇÃO, SIMULTANEA – característica do MEIO TÉCNICO CIENTÍFICO INFORMACIONAL: é um meio geográfico onde o território inclui, obrigatoriamente, ciência, tecnologia e informação.- Mundo em que vivemos hoje – marcado pela tecnologia da informação.- Economia de mercado (CAPITALISMO) busca reduzir as distâncias – SIGNIFICA – reduzir o tempo de produção, circulação, de custos PARA O consumo de mercadorias – e ACELERAR OS LUCROS.

SEC XIX – 1ª metade do SEC XX - grandes avanços: surgiram as estradas de ferro, cabo submarino, telégrafos sem fio, telefone, automóvel, rádio, avião a jato, TV. Com passar o tempo essas INOVAÇOES foram se interligando umas as outras -> formando as redes de integração territoriais – o homem foi quebrando as barreiras físicas que dificultavam o transporte e circulação de matérias primas, de mercadorias, pessoas, etc. COM ISSO – INTERNACIONALIZAÇAO DA ECONOMIA. Ex. produtos importados de diversos países, como no supermercado, nas concessionárias – vivemos em um MUNDO INTEGRADO, ACABANDO COM AS FRONTEIRAS ECONÔMICAS, REESTRUTURAÇÃO DA PRODUÇAO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO SISTEMA CAPITALISTA: modificação da maneira de produzir (a produção ficou mais rápida, pois os sistemas de comunicação e fluxo de informação foram aperfeiçoados, esses sistemas associados a técnicas mais racionais de distribuição (ex. empacotamento, controle de estoque, conteinerização) – permite a aceleração de atividades e da circulação de mercadorias.

Embora esses avanços permitam a maior integração do espaço mundial, ainda há muitos homens, países e nações excluídos dos benefícios desta integração.

3.2 - Fases do capitalismo.

Pré-capitalismo: Período de emergência da economia mercantil, na qual o comércio e a produção artesanal começam a ganhar força. Nessa época, aproximadamente séculos XII a XV, não se generalizou o trabalho assalariado. Predominavam os trabalhadores independentes (artesãos), que vendiam o produto de seu trabalho, mas não sua força de trabalho. Os artesãos eram os donos de suas oficinas e ferramentas (meios de produção), assim como das matérias-primas. Trabalhadores sem meios de produção, obrigados a produzir mediante pagamento de salário (jornaleiros), só existiam em pequena escala nos centros mais desenvolvidos.

Capitalismo comercial: Estende-se do século XVI ao XVIII. Apesar de predominar o produtor independente, expande-se o trabalho assalariado. A denominação comercial se relaciona ao fato de existir preponderância do capital mercantil sobre a produção. A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos comerciantes, intermediários entre o produtor e o consumidor. Lucrava mais quem comprava e vendia a mercadoria, não quem a produzia. Por isso, o capital se acumulava na circulação, no comércio, não na produção. Essa fase – também denominada fase de acumulação originária ou primitiva de capital – permitiria mais tarde a Revolução Industrial.

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Capitalismo industrial: Tem início na segunda metade do século XVIII na Inglaterra. O capital acumulado na circulação de mercadorias é investido na produção; o capital industrial passa então a dominar o conjunto da produção, distribuição e circulação de riquezas. O trabalho assalariado se instala definitivamente, em prejuízo dos artesãos, separando claramente os possuidores de meios de produção (a burguesia) e a massa de trabalhadores (o proletariado), ou classe operária. O processo se espalha, inicialmente, pela Europa, América do Norte e Ásia. Nas últimas décadas do século XIX e início do século XX predomina em quase todas as regiões do mundo. Numerosas nações, então, passam a lutar para atingir a condição de país industrializado; algumas para conquistar hegemonia no mercado internacional.

Capitalismo financeiro: Fase atual. Começa a se delinear em fins do século XIX, mas cristaliza-se no século XX: o sistema bancário e grandes corporações financeiras tornam-se dominantes e passam a controlar as demais atividades – indústria, comércio, agricultura e pecuária. As empresas concentram diversas atividades e tornam-se cada vez mais poderosas, assumem dimensão internacional: são as multinacionais. Devido à concentração do capital, com a formação de empresas gigantescas que dominam grandes setores da produção, podemos também chamar essa fase de capitalismo monopolista. Sobretudo a partir da década de 1980, assistimos a uma vertiginosa aceleração da mobilidade do capital, facilitado pela informática, num processo de globalização no qual o capital financeiro se torna cada vez mais desvinculado das atividades produtivas, buscando o máximo de lucro no menor tempo possível.

3.3 - Organização do trabalho e da produção – Taylorismo, Fordismo e Toyotismo.3.4 - Fases da Revolução Industrial.

1ª Revolução Industrial (1750 - 1870) – invenção da máquina a vapor (energia produzida pela queima do carvão mineral), fábricas próximas as cidades, produção de mercadorias: maior quantidade em menor tempo, e menores custos com mão de obra. Divisão social do trabalho (DST) – cada trabalhador realizava uma etapa do processo produtivo. Livre concorrência entre as empresas e os países. Liberalismo: sem a intervenção do Estado na produção e distribuição das riquezas.

2ª Revolução Industrial (1870 - 1945) – novas tecnologias, novas fontes de energia, e expansão da atividade industrial. Expansão das ferrovias como transporte e como atividade empresarial. Livre concorrência substituída pelo monopólio: concentração de atividades produtivas por um pequeno grupo de empresas. Novas técnicas de produção industrial:Taylorismo: implantado por Frederick Taylor. Divisão das tarefas de trabalho dentro de uma empresa; especialização do trabalhador. O conhecimento do processo produtivo era uma tarefa exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada etapa dos trabalhos a serem feitos no menor espaço de tempo e sem perda de qualidade. O operário não é nada mais que operário.

Fordismo: Henry Ford na produção de automóveis, no início do Sec. XX, um sistema baseado numa linha de montagem. O trabalhador especializado realizava sua tarefa em tempo determinado e o automóvel passava na esteira até a instalação da última peça. Trabalho repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre todas as etapas de produção e baixa qualificação profissional.

3ª Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica (após 1945): avanço nos sistemas de telecomunicações, informática, microeletrônica, robótica, engenharia genética, energia nuclear. Gera muitas riquezas com menor nº de trabalhadores por causa dos avanços nos equipamentos industriais. Grandes empresas multinacionais possuem seus próprios centros de pesquisa. O Estado

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estimula o desenvolvimento tecnológico, por meio de universidades e instituições de pesquisa, visando o desenvolvimento econômico. Modelo de produção:Toyotismo: conhecida por just-in- time (tempo justo), a matéria prima que entra na fábrica corresponde exatamente à quantidade de mercadorias que serão produzidas, ou seja, produzir somente o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária. Sistema flexível, em que o trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções de acordo com as necessidades de produção. Mão-de-obra multifuncional e bem qualificada. Além disso, esse processo aumenta o nº de trabalhadores temporários por contratarem de acordo com a demanda.

3.5 - Novas tecnologias aplicadas à agropecuária.

Atualmente a tecnologia faz parte de diversos setores e na agricultura não poderia ser diferente. A busca por maior produtividade e qualidade faz com que agricultores recorram a equipamentos tecnológicos para usarem em suas plantações, e os que ainda se recusam a fazer uso da tecnologia acabam perdendo o espaço no mercado.

Para atender às necessidades do aumento do consumo de alimentos a agricultura evoluiu extensivamente, com a incorporação de novas áreas antes consideradas impróprias para o cultivo, e evoluiu intensivamente, com a utilização de técnicas de produção cada vez mais avançadas, de insumos agropecuários cada vez mais eficientes e da aplicação dos conhecimentos científicos às diferentes práticas e etapas da produção de alimentos. A partir de 1950, a produção agrícola cresceu em um ritmo mais acelerado do que em qualquer outro período da história, realizando uma verdadeira Revolução Verde. Nas últimas décadas, a agricultura registrou índices cada vez mais elevados de produtividade, à medida que foi se integrando ao setor industrial. A indústria passou a fornecer uma parte crescente das necessidades de consumo da agricultura, desde os fertilizantes e defensivos químicos até as máquinas mais modernas.

Hoje podemos falar de um verdadeiro sistema alimentar mundial, no qual vem aumentando a participação desses conglomerados, sediados nos países desenvolvidos, na produção e comercialização dos produtos alimentícios. E, mais do que isso, esse sistema está criando novos hábitos alimentares e de consumo, como no caso das refeições ligeiras, cujo cardápio mundial pode ser um refrigerante, um hambúrguer ou uma pizza.

Os avanços da produção agropecuária alteraram a tradicional divisão do trabalho entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, no setor de alimentos. Muitos países são, ao mesmo tempo, vendedores e compradores de alimentos.

A mecanização da agricultura começou há mais de cem anos e foi anunciada como um triunfo da sociedade industrial. Ela começou com o arado de aço puxado a cavalo, em meados do século passado. A seguir, o motor a gasolina instalado nos tratores e nas máquinas agrícolas faziam o trabalho pesado nas fazendas. Hoje, a mecanização está praticamente concluída com a introdução de equipamentos computadorizados. A mecanização evoluiu junto com as novas técnicas de cultivo e com a genética agrícola.

Dos avanços conquistados pela produção de alimentos, os mais extraordinários deles têm sido, nos últimos anos, os obtidos no campo da biotecnologia, isto é, “qualquer técnica que use processos vivos para modificar produtos, melhorar plantas ou animais, ou desenvolver microrganismos para usos específicos”. A engenharia genética, ou seja, a aplicação de padrões de engenharia à manipulação dos genes, consegue acrescentar, eliminar, reorganizar materiais genéticos, criando novos organismos ou alterando o ritmo de crescimento.

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O desenvolvimento da informática aplicada à agricultura ajudará os agricultores a monitorar o meio ambiente, a estabelecer estratégias de ação, e a identificar áreas problemáticas. Os produtores agrícolas serão, num futuro próximo, informados das mudanças meteorológicas e das condições de solo. A seguir, equipamentos automatizados executarão as diferentes tarefas agrícolas, transformando as fazendas modernas em fábricas automatizadas.

Considerações- A mecanização da agricultura começou há mais de cem anos e a produção de equipamentos e insumos agrícolas transformou a agricultura numa atividade subordinada à indústria. Atividades agrícolas e industriais estão integradas nos complexos agro-industriais;

- Hoje, no final do século XX, a agropecuár ia passa por uma nova e extraordinária revolução técnico - cientifica. O uso de equipamentos computadorizados transformou a organização do trabalho rural; a produção de fertilizantes mais eficientes alterou profundamente as condições naturais do solo; a genética aplicada à agricultura tornou possível a obtenção de espécies mais resistentes e melhor adaptadas às condições ambientais;

- A biotecnologia possibilitou melhor combate às pragas e maior proteção àscolheitas, mas existem sérios riscos envolvidos na perda de postos de trabalho no campo e na difusão de novos organismos criados artificialmente.

3.6 - Dinâmica demográfica - ritmos e movimentos.

A grande expansão demográfica do mundo contemporâneo começou com a Revolução Industrial. A partir do século XVIII assistimos a um extraordinário crescimento demográfico, e a população mundial, em 1830, atingiu pela primeira vez um bilhão de habitantes. Apenas oitenta anos depois atingiu 2 bilhões.

Entre 1930 e 1975 - em 45 anos, dobrou de novo. Em 1987 foi anunciado o nascimento do habitante de número 5 bilhões. Em 150 anos a população do nosso planeta quintuplicou.O crescimento extraordinário da população mundial nos últimos duzentos anos e a desaceleração atual permitiram elaborar um modelo explicativo para a evolução da população mundial: a transição demográfica.

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A transição demográfica consiste em uma sucessão de fases pelas quais uma população passa à medida que penetra no que chamamos de modernidade, isto é, uma sociedade agrária tradicional transforma-se numa sociedade moderna, industrial e urbana.

Ao longo do processo de transição, é possível identificar a primeira fase na qual se registra um pequeno crescimento da população porque a alta taxa de natalidade é anulada pela alta taxa de mortalidade. A segunda fase caracteriza-se por um rápido crescimento demográfico por causa do desencontro entre as duas taxas. Essa aceleração é explicada pelo recuo da mortalidade, graças à revolução sanitária, isto é, ao desenvolvimento de uma infra-estrutura de serviços coletivos de higiene e à adoção de medidas de profilaxia. O terceiro momento tem um pequeno crescimento, um novo equilíbrio entre as duas taxas que, agora, se apresentam muito baixas.

Após a Segunda Guerra Mundial podemos identificar quatro grandes fluxos migratórios internacionais:

O primeiro refere-se aos deslocamentos de população para fazer coincidir a “nova” fronteira política com os grupos étnicos. O exemplo mais significativo ocorreu após a divisão política da União Indiana, em 1947, quandoaproximadamente 15 milhões de pessoas foram deslocadas entre a Índia e o Paquistão. Outro exemplo, mais recente, deu-se na região balcânica, quando houve a fragmentação política da Iugoslávia.

O segundo diz respeito aos refugiados políticos, que chegam hoje a mais de 25 milhões de pessoas. Eles procedem dos “pontos quentes”, ou seja, das áreas de conflitos internos, nas quais uma facção temporariamente derrotada se refugia em outro país. A situação trágica desses grupos é marcada pela indefinição e pela precariedade das condições de vida que anulam, em grande parte, a ação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O Sudeste Asiático, o Oriente Médio, a AméricaCentral e a África Oriental são as principais regiões desses refugiados. O Leste Europeu, enquanto esteve isolado pela chamada Cortina de Ferro, dava origem a numerosos contingentes de refugiados políticos. A crise de 1989 facilitou o deslocamento de mais de um milhão e trezentos mil emigrantes que deixaram seus países em direção à Europa Ocidental, por razões basicamente econômicas, e que solicitavam, no país de acolhimento, o estatuto de refugiados políticos.

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O terceiro é marcado pelo deslocamento de “cérebros”. A migração de pessoas com alta qualificação profissional e/ou de estudos significa uma vantagem enorme para os países que as recebem porque as despesas para sua formação foram desembolsadas pelos países de origem. Os Estados Unidos são beneficiados por esses movimentos porque entre 1970 e 1990 receberam perto de um milhão de imigrantes altamente qualificados, procedentes de todo o mundo, embora no mesmo período tenham sido adotadas leis cada vez mais restritivas à imigração de mão-de-obra não qualificada.

Finalmente, o quarto fluxo agrupa as migrações de trabalhadores. Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa Norte-Ocidental se abastecia de mão-de-obra nas regiões de economia deprimida da bacia mediterrânea. Já os Estados Unidos recorriam a seus vizinhos mais próximos, o México e o Caribe. No entanto, a partir da crise dos anos 70 e da adoção das novas técnicas de produção do modelo de industrialização pós-fordista, agravou-se a situação de desemprego nesses países. Nas antigas áreas de acolhimento de imigrantes cresceram os sentimentos xenófobos (do grego: xeno = estrangeiro + fobia = aversão) e os movimentos de pressão para a adoção de leis restritivas à imigração. Os problemas surgidos com os árabes na França são análogos aos dos turcos na Alemanha e aos dos jamaicanos na Inglaterra. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, a imigração é uma questão social e política preocupante.

DINÂMICA DO CRESCIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

A dinâmica demográfica brasileira ilustra o acelerado crescimento ocorrido a partir de 1940, com as conquistas medicas e a consequente queda das taxas de mortalidade nos países subdesenvolvidos. Esse processo foi até os anos 1960, quando o crescimento atingiu o ápice com taxas médias de crescimento quase 3% ao ano.

A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6% (censo de 2000-IBGE). Esse declínio, como visto, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação do uso de pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e a esterilização de mulheres, entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na 2ª metade do século passado. Como resultado as famílias brasileiras diminuíram de tamanho.

O censo ou recenseamento demográfico é um estudo estatístico referente a uma população que possibilita a recolha de várias informações, tais como o número de habitantes, o número de homens, mulheres, crianças e idosos, onde e como vivem as pessoas, profissão, entre outras coisas. Esse estudo é realizado, normalmente, de dez em dez anos, na maioria dos países. Através dessas informações é possível elaborar a pirâmide etária, também conhecida como pirâmide demográfica ou pirâmide populacional é uma ilustração gráfica que mostra a distribuição de diferentes grupos etários em uma população (tipicamente de um país ou região do mundo), em que normalmente cria-se a forma de uma pirâmide. Esse gráfico é constituído de dois conjuntos de barras que representam o sexo e a idade de um determinado grupo populacional. É baseado numa estrutura etária da população, ou seja, a repartição da população por idades.

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Considerações

- O crescimento da população mundial é desigual no tempo e no espaço. Os países desenvolvidos têm, hoje, pequeno crescimento vegetativo pois já completaram sua transição demográfica. Alguns países subdesenvolvidos iniciaram essa transição enquanto outros ainda dependem do desenvolvimento sócio-econômico para realizá-la;- Os mais importantes fluxos migratórios internacionais contemporâneos são realizados por grupos étnicos à procura da nova fronteira política,pelos refugiados políticos, por técnicos altamente qualificados e, com maisdestaque, por homens em busca de trabalho;

3.7 - Urbanização e problemas urbanos.

Consequências e Características da Urbanização

Urbanização é o aumento proporcional da população urbana em relação à população rural. Segundo esse conceito, só ocorre urbanização quando o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da população rural. Somente na segunda metade do século 20, o Brasil tornou-se um país urbano, ou seja, mais de 50% de sua população passou a residir nas cidades. A partir da década de 1950, o processo de urbanização no Brasil tornou-se cada vez mais acelerado. Isso se deve, sobretudo, a intensificação do processo de industrialização brasileiro ocorrido a partir de 1956, sendo esta a principal conseqüência entre uma série de outras, da "política desenvolvimentista" do governo Juscelino Kubitschek. É importante salientar que os processos de industrialização e de urbanização brasileiros estão intimamente ligados, pois as unidades fabris eram instaladas em locais

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onde houvesse infra-estrutura, oferta de mão-de-obra e mercado consumidor. No momento que os investimentos no setor agrícola, especialmente no setor cafeeiro, deixavam de ser rentáveis, além das dificuldades de importação ocasionadas pela Primeira Guerra Mundial e pela Segunda, passou-se a empregar mais investimentos no setor industrial.

Êxodo rural

As indústrias, sobretudo a têxtil e a alimentícia, difundiam-se, principalmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse desenvolvimento industrial acelerado necessitava de grande quantidade de mão-de-obra para trabalhar nas unidades fabris, na construção civil, no comércio ou nos serviços, o que atraiu milhares de migrantes do campo para as cidades (êxodo rural). O processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no êxodo rural. A migração rural-urbana tem múltiplas causas, sendo as principais a perda de trabalho no setor agropecuário - em conseqüência da modernização técnica do trabalho rural, com a substituição do homem pela máquina e a estrutura fundiária concentradora, resultando numa carência de terras para a maioria dos trabalhadores rurais. Assim, destituídos dos meios de sobrevivência na zona rural, os migrantes dirigem-se às cidades em busca de empregos, salários e, acima de tudo, melhores condições de vida.

População urbana

Atualmente, a participação da população urbana no total da população brasileira atinge níveis próximos aos dos países de antiga urbanização da Europa e da América do Norte. Em 1940, os moradores das cidades somavam 12,9 milhões de habitantes, cerca de 30% do total da população do país, esse percentual cresceu aceleradamente: em 1970, mais da metade dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o Censo de 2000, a população brasileira é agora majoritariamente urbana (81,2%), sendo que de cada dez habitantes do Brasil, oito moram em cidades. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2005 o Brasil tinha uma taxa de urbanização de 84,2% e, de acordo com algumas projeções, até 2050, a porcentagem da população brasileira que vive em centros urbanos deve pular para 93,6%. Em termos absolutos, serão 237,751 milhões de pessoas morando nas cidades do país na metade deste século. Por outro lado, a população rural terá caído de 29,462 milhões para 16,335 milhões entre 2005 e 2050. O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela rapidez de seu crescimento. Na Europa esse processo é mais antigo. Com exceção da Inglaterra, único país que se tornou urbanizado na primeira metade do século 19, a maioria dos países europeus se tornou urbanizada entre a segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20. Além disso, nesses países a urbanização foi menos intensa, menos volumosa e acompanhada pela oferta de empregos urbanos, moradias, escolas, saneamento básico, etc. Em nosso país, 70 anos foram suficientes para alterar os índices de população rural e os de população urbana. Esse tempo é muito curto e um rápido crescimento urbano não ocorre sem o surgimento de graves problemas.

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Favelização e outros problemas da urbanização

A urbanização desordenada, que pega os municípios despreparados para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de problemas sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água. Relatório do Programa Habitat, órgão ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasileiros - cerca de 28% da população - vivem nas 16.433 favelas cadastradas no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas em 2020. O Brasil sempre foi uma terra de contrastes e, nesse aspecto, também não ocorrerá uma exceção: a urbanização do país não se distribui igualitariamente por todo o território nacional, conforme podemos observar na tabela abaixo. Muito pelo contrário, ela se concentra na região Sudeste, formada pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Região Sudeste

Apesar desses quatro Estados ocuparem somente 10% do território brasileiro, a segunda menor em área, neles se encontram mais de 78 milhões de habitantes (IBGE, 2005), 90,5% dos quais vivem em cidades. É também no Sudeste que se encontram três das cidades brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), bem como 50% das cidades com população entre 500 mil e 1 milhão de habitantes. As sucessivas crises econômicas que o país conheceu nas últimas décadas fez seu ritmo de crescimento em geral diminuir e com isso o fluxo migratório para o Sudeste se reduziu e continua em declínio.

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Centro-Oeste e Sul

A segunda região de maior população urbana no país é a Centro-Oeste, onde 86,7% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização dessa região é ainda mais recente e foi impulsionada pela fundação de Brasília, em 1960, e pelas rodovias de integração nacional que interligaram a nova capital com o Sudeste, de um lado, e a Amazônia, de outro. Além disso, há o desenvolvimento do setor do agronegócio. A agropecuária impulsionou a urbanização do Centro-Oeste, cujas cidades apresentam atividades econômicas essencialmente de caráter agro-industrial. A região Sul, apesar de contar com o terceiro maior contingente populacional do país - mais de 26 milhões de habitantes, 80,9% vivendo em cidades - e uma economia vigorosa, também baseada na agropecuária apresenta um índice mais baixo de urbanização. Ao contrário da região Centro-Oeste, a região Sul conheceu uma urbanização mais lenta e limitada até o início da década de 1970. A estrutura agrária assentada na pequena propriedade e no trabalho familiar, apoiado no parcelamento da terra nas áreas de planaltos subtropicais, limitava a migração de pessoas do campo para o meio urbano. Depois, a mecanização da agricultura e a concentração fundiária impulsionaram o êxodo rural.

Norte e Nordeste

O grau de urbanização da região Norte é o mais baixo do país: 69,9% em 2003. No entanto, é a região que mais se urbanizou nos últimos anos. Entre 1991 e 2000, segundo o IBGE, o crescimento urbano foi de 28,54%. Além de ter-se inserido tardiamente na dinâmica econômica nacional, a região tem sua peculiaridade geográfica - a floresta Amazônica - que representa um obstáculo ao êxodo rural. Ainda assim, Manaus (AM) e Belém (PA) são as principais regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes cada. Com mais de 51 milhões de habitantes o Nordeste é a região brasileira com o maior número de municípios (1.793), mas somente 69,1% de sua população é urbana. A estrutura agrária baseada na pequena propriedade familiar, na faixa do Agreste, colaborou para segurar a força de trabalho no campo e controlar o ritmo do êxodo rural. O baixo rendimento e a baixa produtividade do setor agrícola restringiu a repulsão dos habitantes rurais, ao passo que o insuficiente desenvolvimento do mercado regional limitou a atração exercida pelas cidades.

4. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO

4.1 - Expansão territorial.Expansão Territorial do Brasil

No primeiro momento, temos a chegada dos portugueses que pouco se interessaram pelas novas terras, pois não encontrastes aqui de imediato nada que fosse de grande valor (metais preciosos) a não ser muito calor, povos desconhecidos e o famoso pau-brasil. Na verdade, as terras brasileiras pertencentes a Portugal, limitava-se entre o Tratado de Tordesilhas e o Oceano Atlântico, ou seja, uma estreita faixa de terra. A ocupação do território brasileiro no início foi um dos maiores problemas enfrentados pela Metrópole. Enumeremos aqui os obstáculos: falta de recursos e de pessoal, condições naturais (calor e mata fechada), ataques indígenas, índios antropófagos e outros. As novas terras não ofereciam nenhum atrativo econômico. Esses fatores tornaram muito lenta a colonização do litoral e impuseram enormes dificuldades ao povoamento do interior. Durante mais ou menos trinta anos.

O Brasil Colônia fica apenas sendo patrulhado por algumas naus que a Corte portuguesa enviava para garantir a soberania e tentar proibir a presença de corsários franceses, ingleses e holandeses. Num determinado momento, os portugueses começam a despertar um interesse econômico e político. As

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Índias já não representava tanto lucro para a metrópole. A distância e o desinteresse pelos produtos desta região, já não eram tão lucrativo para a Coroa Portuguesa.

Observamos que a expansão e ocupação territorial foram consequências de ordem econômica e política, visando aos interesses dos colonos e da Metrópole. Os principais fatores responsáveis pela expansão territorial foram: as bandeiras, a pecuária e a expansão oficial.

As Bandeiras: foram expedições de caráter particular, estruturadas militarmente, cujos objetivos se constituíram nas seguintes fases:- De apresamento (ou caça ao índio), aqueles já catequizados de preferência;- Ouro de lavagem e pedras preciosas;- Sertanismo de contrato: os bandeirantes eram chamados, na maioria das vezes, para guerrear contra tribos indígenas insurretas e contra os quilombos, pois conheciam muito bem o sertão e eram chamados também de sertanejos.

Obs.: Tiveram como núcleo de irradiação a capitania de São Vicente, especialmente a cidade de São Paulo. Com o declínio da produção açucareira, a capitania passa a viver de uma economia de subsistência, escravizando índios para usá-los como mão-de-obra doméstica. Com uma população pobre, o único recurso foi procurar recursos fora de São Paulo, daí a formação das Bandeiras.

Monopolizando o tráfico negreiro, os holandeses só forneciam escravos às regiões brasileiras que estavam sob seu domínio.

A Bahia e o Rio de Janeiro, onde também se produzia açúcar, com a suspensão do tráfico, passaram a se constituir em amplos mercados para a mão-de-obra indígena, alcançando aí altos preços. Assim, o índio, que até então era caçado para o trabalho, passava agora a ser caçado como mercadoria.

Os bandeiras procuravam riquezas, submetendo índios, escravos fugidos e descobrindo metais preciosos.

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Os bandeirantes ingressaram então numa fase de apresamento maciço, penetrando no sertão, atacando as missões jesuíticas de Guaíra, Itatim, Tapé, localizadas na região Paraná-Paraguai e Rio Grande do Sul, onde milhares de índios trabalhavam na terra ou no pastoreio, dirigidos e orientados pelos padres marianos. Dentre as bandeiras apresadoras destacaram-se a de Antonio Raposo Tavares e Manuel Preto.

Com a reconquista de Angola, em 1648, por Portugal, é restabelecido o tráfico negreiro para o Brasil português. E, como o negro africano era considerado mais produtivo que o indígena brasileiro, os colonos preferiam o trabalho do escravo negro. Além disso, os lucros do comércio escravista passariam para os portugueses, deixando de ser dos colonos bandeirantes.

Dessa forma, o apresamento entra em declínio, deixando como resultado a escravidão de milhares de índios, a destruição das missões e a ruptura da linha de Tordesilhas, penetrando em terras espanholas que seriam, mais tarde, incorporadas ao Brasil.

A Pecuária

O gado bovino, introduzido na Bahia por Tomé de Sousa, foi utilizado, na colônia, para alimentação, transporte e tração. Funcionando como economia secundária, a pecuária esteve ligada durante os séculos XVI e XVII à agricultura tropical e, durante o século XVIII, à mineração. A pecuária possibilitou o aproveitamento da mão-de-obra disponível do índio e do mameluco com remuneração, os quais se adaptaram ao trabalho do pastoreio. Pela característica do trabalho do vaqueiro, que tem de percorrer longas distâncias a cavalo, não era possível usar escravos, que, provavelmente, fugiriam abandonando os animais ou levando-os junto. Dessa forma, todo o trabalho ligado à pecuária era feito por homens livres, que recebiam determinado pagamento pelo serviço realizado. Os vaqueiros, homens responsáveis pelos animais, recebiam como pagamento uma cria a cada quatro bezerros nascidos e acertavam contas com o fazendeiro a cada cinco anos. Os vaqueiros acabavam formando pequenos rebanhos de sua propriedade e, muitos deles, partiam para a criação de sua própria fazenda de gado. Com as novas fazendas, maior expansão territorial, maior conquista e avanço em direção ao interior, a pecuária, que nasceu ligada às necessidades dos engenhos, tornou-se atividade autônoma que se justificava economicamente.

Entradas: expedições organizadas pela metrópole portuguesa, com os objetivos de:

- defesa do território,- exploração econômica da Amazônia e;- aproveitamento econômico do Rio Prata.

A Mineração

Desde a descoberta e, posteriormente, com a colonização, os portugueses sonhavam em encontrar metais preciosos no Brasil. Durante todo o século XVI, Portugal organizou “entradas” para o interior,

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a fim de desbravar os sertões à procura de ouro. O movimento bandeirante, desenvolvido em princípios do século XVII, realizou diversas expedições pelo sertão à procura do ouro, até encontrá-lo em Minas Gerais. Para que os escravos não engolissem as pedras encontradas, cada um era vigiado por um feitor, numa espécie de linha de montagem.

A exploração do minério não exigia grandes capitais nem sequer técnicas avançadas, pois o ouro obtido nesta época foi, basicamente, o “ouro de aluvião”, isto é, o ouro que fica na superfície dos leitos dos rios ou do solo. A organização da produção foi feita através de unidades que se compunham de dois tipos:

• Lavras – unidades de grande porte, dispondo de aparelhos mais sofisticados e usando um grande número de escravos;

• Faisqueiras – unidades pequenas e móveis, trabalhadas pelos próprios interessados, ou por escravos que pagavam aos seus senhores uma contribuição. Eram as unidades mais frequentes.

4.2 - Formação étnica do povo brasileiro.

Formação étnica da população brasileira: composição da população por cor de pele O povo brasileiro é composto etnicamente por brancos de origem européia, negros de origem africana, amarelos (indígenas e asiáticos) e mestiços. A partir do período colonial, no século XVI, a miscigenação da população se tornou mais intensa. A relação entre colonos portugueses e escravos gerou os mestiços, bem como o relacionamento entre negros e indígenas deu origem ao cafuzo. Quanto à etnia, podemos dizer que a maioria da população brasileira é mestiça. Porém, os últimos censos ressaltaram apenas a cor da pele da população.

Classificando a população quanto à cor da pele, podemos dizer que os indígenas estão reduzidos a cerca de 0,4% da população brasileira, repercutindo o etnocídio a que foi sujeitada, com a extinção de inúmeras nações indígenas. Os negros representam 6% da população total, os brancos representam 53,8% e os mestiços (pardos) representam 39,1% da população brasileira. Vale lembrar que esses índices não representam especificamente a formação étnica da população brasileira.

Segundo o IBGE, o número de índios cresceu consideravelmente de 1991 a 2000, com um aumento de 138,5%, representando 0,4% da população brasileira. Porém, o chefe do departamento de documentação da Funai (Fundação Nacional do Índio), André Ramos alerta que os números devem ser considerados com ressalvas, pois segundo ele o IBGE usa critérios de autodeclaração, o que pode causar distorções, no entanto, André acredita Ramos que há tendências de crescimento.

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4.3 - Migrações populacionais.

“As migrações populacionais referem-se aos deslocamentos de populações entre regiões de um mesmo país ou entre países. [...] Com a tendência mundial a uma estabilização do crescimento vegetativo das populações, as migrações estão-se constituindo no elemento mais importante da vida de grandes contingentes populacionais”. (Oliva, Jaime e Giansanti, Roberto. Espaço e Modernidade: temas da Geografia Mundial. Atual. p. 190. 2001).

Tal deslocamento pressupõe causas estruturais. Ainda que existam causas político-ideológicas, naturais, religiosas, psicológicas e bélicas, as causas econômicas, ao longo da História, têm sido predominantes.

Outras causas que colocam milhões de pessoas em movimento são:

a) Perseguições políticas, religiosas ou étnicas. b) Guerras. c) Desastres naturais (cheias, secas, vulcões em erupção). d) Estagnação econômica.

Da mesma forma, para que outras áreas possam-se constituir em lugares de atração, devem apresentar, entre outras:

a) Expansão das atividades econômicas. b) Tolerância política, ideológica, religiosa ou racial. c) Dinamismo econômico. d) Estímulos por parte do Estado.

Podemos classificar os movimentos migratórios segundo alguns aspectos. Entre eles merecem destaque:

QUANTO AO TIPO:

a) Espontâneo ou voluntário - Quando a decisão da saída parte do próprio sujeito. Exemplo - Italianos, alemães, espanhóis que vieram para a América.

b) Forçado – Quando o sujeito é obrigado a migrar. Exemplo – Tráfico de escravos africanos.

c) Controlado – Quando a migração faz parte da política de um Estado que atua regulando o fluxo de pessoas tanto para fora quanto para dentro de suas fronteiras.

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Subdivide-se em:

1. Restringido - Quando o Estado impõe restrições, dificultando a imigração. Exemplo - A política atual de imigração dos EUA. 2. Estimulado – Quando o Estado possibilita o fluxo migratório tanto interna quanto externamente (entrada de estrangeiros). Exemplo – A migração estrangeira para as fazendas de café no Brasil.

4.4 - Urbanização - história, metropolização, hierarquia e redes urbanas.

URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO NO BRASIL

As metrópoles são as maiores e mais bem equipadas cidades de um país. No Brasil, desenvolveu-se uma urbanização concentradora, isto é, que forma grandes cidades e metrópoles. Em 1950, só existiam duas cidades com população acima de 1 milhão de habitantes: Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2000, ambas apresentam mais de 5 milhões de habitantes, e 13 municípios passaram a contar com população urbana superior a 1 milhão de habitantes.

Em 1950, São Paulo não se incluía entre as 20 cidades mais populosas do mundo. No ano 2015, segundo estimativas da ONU, a região metropolitana de São Paulo, com 20,3 milhões de habitantes, será a quarta maior aglomeração urbana no mundo, antecedida por Tóquio, no Japão (28,9 milhões), Bombaim, na Índia (26,3 milhões) e Lagos, na Nigéria (24,6 milhões). Ela é a metrópole que melhor reflete o caráter concentrador da urbanização no País.

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O censo de 2000 mostrou que a população brasileira ainda se concentra nas grandes cidades e nas metrópoles. Em 1970, as regiões metropolitanas reuniam 24,3 milhões de pessoas; em 2000, passaram a contar com 67,8 milhões de pessoas, ou seja, esta população quase que triplicou em três décadas, representando 40,0% do total do País. No entanto a população das capitais estaduais vem crescendo mais lentamente do que a do País. Este é um dado recente e importante, porque as grandes cidades ficam um pouco mais aliviadas dos problemas gerados pelo excesso de população.

REDE E HIERARQUIA URBANAS

O processo de urbanização compõe a chamada rede urbana, um conjunto integrado ou articulado de cidades em que se observam a influência e a liderança das maiores metrópoles sobre as menores (centros locais). A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de alguns centros urbanos de liderar e influenciar outros por meio da oferta de bens e serviços à população. Pode ser uma metrópole nacional (se influencia todo o território nacional) ou uma metrópole regional (se influencia certa porção ou região do País).

O ESPAÇO URBANO: PROBLEMAS E REFORMA

De um lado, há a cidade formal, na maior parte das vezes bem planejada, com bairros ricos, ruas arborizadas, avenidas largas, privilegiada por equipamentos e serviços. Contrasta, de outro lado, com a cidade informal, composta pela periferia pobre, pelos subúrbios, pelas favelas, com ruas estreitas, sem planejamento, pela ocupação desordenada e sem infra-estrutura adequada.

Na cidade informal ou “oculta”, concentram-se os problemas urbanos, e sua população engrossa as estatísticas dos desempregados, dos subempregados, da violência. A cidade formal, preocupada com a violência, cerca-se de muros, guaritas, equipamentos de segurança (alarme, interfones, câmeras), acentuando a segregação espacial.

Curiosidades O censo 2000 mostra que São Paulo é o município mais populoso do país, com 10,4 milhões de habitantes. O menos populoso é Borá, no interior paulista, com apenas 795 habitantes.

A METRÓPOLE É O CENTRO DA REDE URBANA:Cidades que se relacionam entre si, trocando bens, serviços e capitais, além do movimento de pessoas. Quanto mais desenvolvidos forem os meios de transporte e comunicação de uma região, mais integrada será a rede urbana. Países desenvolvidos têm redes urbanas mais integradas.

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Metropolização: multiplicação de grandes cidades metropolitanas. Região Metropolitana de São Paulo: 39 municípios e 20 milhões de hab. Grande Rio: 17 municípios e 11 milhões de hab. Grande BH: 34 municípios e 5 milhões de hab.

A urbanização aumenta rapidamente a partir de 1940; Porém, o ímpeto da urbanização vem diminuindo. Isso indica que o processo está se

esgotando

TENDÊNCIAS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA Interiorização: as populações começam a procurar as cidades menores, de vida mais fácil. Na década de 1990, as cidades com população entre 100 mil e 500 mil hab. foram as que

mais cresceram. As metrópoles continuam crescendo, mas em ritmo menor. Periferização da Metrópole: os núcleos centrais crescem menos que as cidades periféricas.

CIDADE GLOBAL Não importa a quantidade de habitantes e sim a capacidade de se relacionar com os grandes

centros mundiais de poder econômico. Sedes de empresas transnacionais, organizações financeiras (Banco e Bolsa de Valores),

irradiam tecnologia. Existem várias categorias com diferentes graus de desenvolvimento.

CIDADES ALFA - com serviço completo 12 pontos: Londres, Nova York, Paris e Tóquio; 10 pontos: Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão, Hong Kong e Singapura;

CIDADES BETA - MAIORES CIDADES GLOBAIS 9 pontos: San Francisco, Sydney, Toronto, Zurique; 8 pontos: São Paulo, Cidade do México, Madri, Bruxelas 7 pontos: Moscou e Seul;

CIDADES GAMA - MENORES CIDADES GLOBAIS 6 pontos: Amsterdã, Boston, Dallas, Caracas, Düsseldorf, Genebra, Houston, Jacarta,

Johannesburgo, Melbourne, Osaka, Praga, Taipé e Washington. 5 pontos: Bangcóc, Beijing, Montreal, Roma, Estocolmo, Varsóvia 4 pontos: Atlanta, Barcelona, Berlim, Budapeste, Buenos Aires, Copenhague, Hamburgo,

Istambul, Kuala Lumpur, Manila, Miami, Minneapolis, Munique e Xangai.

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Há tempos, as indústrias vêm conquistando o seu espaço no Brasil, tornando-se um dos elementos mais básicos de uma determinada região .Trazendo consigo, sempre uma característica marcante, a MUDANÇA, seja ela qual for, tanto na cultura como na economia ou até mesmo no espaço que ela ocupa e no impacto que ela causará em seu ambiente.

A seguir, veremos um pouco mais sobre essas indústrias, como e porque, que um lugar que comporta uma ou várias indústrias se modifica, e modifica a vida de sua população;como os meios de transporte e comunicação podem influenciar para a industrialização de uma determinada região.

Porque as indústrias tendem a se concentrar mais em uma determinada região?Como fica o desenvolvimento de uma região pouco industrializada?Essas e outras questões, serão abordadas a seguir,tendo como principal objetivo,fazer que se entenda melhor, o papel desta gigante, chamada INDÚSTRIA !

4.5 - O espaço da atividade industrial.

A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS INDÚSTRIAS NO BRASIL

A atividade industrial, muito concentrada no Sudeste brasileiro, de uns tempos pra cá, vem se distribuindo melhor entre as diversas regiões do país. Atualmente, seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem passando por um processo de descentralização industrial, chamada por alguns autores de desindustrialização, que vem ocorrendo intra - regionalmente e também entre as regiões. Dentro da Região Sudeste há uma tendência de saída do ABCD Paulista, buscando menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores custos de mão-de-obra, transportes menos congestionados e por tratarem-se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital quando trata-se de tecnopólos. A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades-médias dotadas de boa infra-estrutura e com centros formadores de mão-de-obra qualificada, geralmente universidades. Além disso, percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, de uso intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e vestuários para o Nordeste, atraídas sobretudo, pela mão-de-obra extremamente barata.

A CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL NO SUDESTEA distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concentração em São Paulo, foi determinada pelo processo histórico, já que no momento do início da efetiva industrialização, o estado tinha, devido à cafeicultura, os principais fatores para instalação das indústrias a saber: capital, mercado consumidor, mão-de-obra e transportes. Além disso, a atuação estatal através de diversos planos governamentais, como o Plano de Metas, acentuou esta concentração no Sudeste, destacando novamente São Paulo. A partir desse processo industrial e, respectiva concentração, o Brasil, que não possuía um espaço geográfico nacional integrado, tendo uma estrutura de arquipélago econômico com várias áreas desarticuladas, passa a

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se integrar. Esta integração reflete nossa divisão inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro-periferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais.

A exemplo do que ocorre em outros países industrializados, existe no Brasil uma grande concentração espacial da indústria no Sudeste. A concentração industrial no Sudeste é maior no Estado de São Paulo, por motivos históricos. O processo de industrialização, entretanto, não atingiu toda a região Sudeste, o que produziu espaços geográficos diferenciados e grandes desigualdades dentro da própria região. A cidade de São Paulo, o ABCD (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) e centros próximos, como Campinas, Jundiaí e São José dos Campos possuem uma superconcentração industrial, elaborando espaços geográficos integrados à região metropolitana de São Paulo. Esta área tornou-se o centro da industrialização, que se expandiu nas seguintes direções: par a Baixada Santista, para a região de Sorocaba, para o Vale do Paraíba – Rio de Janeiro e interior, alcançando Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

AS ATIVIDADES ECONÔMICAS E INDUSTRIAIS NAS 05 REGIÕES DO BRASIL

Sudeste: Como descrito anteriormente, o Sudeste, é a região que possui a maior concentração industrial do país. Nesta área, os principais tipos de indústrias são: automobilística, petroquímica, de produtos

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químicos, alimentares, de minerais não metálicos, têxtil, de vestuário, metalúrgica, mecânica, etc. É um centro poloindustrial, marcado pela variedade e volume de produção. Várias empresas multinacionais operam nos setores automobilísticos de máquinas e motores, produtos químicos, petroquímicos, etc. As empresas governamentais atuam principalmente nos setores de siderurgia. Petróleo e metalurgia, enquanto empresas nacionais ocupam áreas diversificadas.

O grande interesse de empresas multinacionais é principalmente pela mão-de-obra mais barata, pelo forte mercado consumidor e pela exportação dos produtos industriais a preços mais baixos. Quem observa a saída de navios dos portos de Santos e do Rio de Janeiro tem oportunidade de verificar quantos produtos industriais saem do Brasil para outros países. E aí vem a pergunta: com quem fica o lucro dessas operações? Será que fica para os trabalhadores que as produziram? A cidade do Rio de Janeiro, caracterizada durante muito tempo como capital administrativa do Brasil até a criação de Brasília, possui também um grande parque industrial. Porém, não tem as mesmas características de alta produção e concentração de São Paulo. Constitui-se também, de empresas de vários tipos, destacando-se as indústrias de refino de petróleo, estaleiros, indústria de material de transporte, tecelagem, metalurgia, papel, têxtil, vestuário, alimentos, etc. Minas Gerais, de passado ligado à mineração, assumiu importância no setor metalúrgico após a 2º Guerra Mundial e passou a produzir principalmente aço, ferro-gusa e cimento para as principais fábricas do Sudeste. Belo Horizonte tornou-se um centro industrial diversificado, com indústrias que vão desde o extrativismo ao setor automobilístico.

Além do triângulo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, existem no Sudeste outras áreas industriais, a maioria apresentando ligação direta com algum produto ou com a ocorrência de matéria-prima. É o caso de Volta Redonda, Ipatinga, Timóteo, João Monlevade e Ouro Branco, entre outras, ligadas à siderurgia. Outros centros industriais estão ligados à produção local, como Campos e Macaé (açúcar e álcool), Três Corações, Araxá e Itaperuna (leite e derivados), Franca e Nova Serrana(calçados), Araguari e Uberlândia (cereais), etc. O estado do Espírito Santo é o menos industrializado do Sudeste, tendo centros industriais especializados como: Aracruz , Ibiraçu, Cachoeiro de Itapemirim. Vitória, a capital do Estado, tem atividades econômicas diversificadas, relacionadas à sua situação portuária e às indústrias ligadas à usina siderúrgica de Tubarão. No Sudeste, outras atividades estão muito ligadas à vida urbana e industrial: comércio, serviço público, profissionais liberais, educação, serviços bancários, de comunicação, de transporte , etc. Quanto maior a cidade, maior variedade de profissionais aparecem ligados às atividades urbanas.

Como entre São Paulo, Rio e Belo Horizonte concentra-se a maior produção industrial do país, a circulação de pessoas e mercadorias é muito intensa na região. Milhares de pessoas estão envolvidas na comercialização, transporte e distribuição dos produtos destinados à industrialização, ao consumo interno ou à exportação. Considerada também o centro cultural do país, a região possui uma vasta rede de prestação de serviços em todos os ramos, com grande capacidade de expansão, graças ao crescimento de suas cidades.

Sul: A industrialização do Sul, tem muita vinculação com a produção agrária e dentro da divisão regional do trabalho visa o abastecimento do mercado interno e as exportações. O imigrante foi um elemento muito importante no início da industrialização como mercado consumidor e no processo industrial de produtos agrícolas, muitas vezes em estrutura familiar e artesanal. A industrialização de São Paulo implicou na incorporação do espaço do Sul como fonte de matéria-prima, implicou também na incapacidade de concorrência das indústrias do sul, que passaram a exportar seus produtos tradicionais como calçados e produtos alimentares, para o exterior.

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Com as transformações espaciais ocasionadas pela expansão da soja, o Sul passou a ter investimentos estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas. A indústria passou a se diversificar para produzir bens intermediários para as indústrias de São Paulo. Nesse sentido o sul passou a complementar a produção do Sudeste. Daí considerarmos o Sul como sub-região do Centro-Sul. Objetivando a integração brasileira com os países do MERCOSUL, a indústria do Sul conta com empresas no setor petroquímico, carboquímico, siderúrgico e em indústrias de ponta (informática e química fina).

A reorganização e modernização da indústria do sul necessitam também de uma política nacional que possibilite o aproveitamento das possibilidades de integração da agropecuária e da indústria, à implantação e crescimento da produção de bens de capital (máquinas, equipamentos), de indústrias de ponta em condições de concorrência com as indústrias de São Paulo.

Nordeste: A industrialização dessa região vem se modificando, modernizando, mas sofre a concorrência com as indústrias do Centro-Sul, principalmente de São Paulo, que utilizam um maquinário tecnologicamente mais sofisticado. A agroindústria açucareira é uma das mais importantes, visando sobretudo a exportação do açúcar e do álcool. As indústrias continuam a tendência de intensificar a produção ligada à agricultura (alimentos, têxteis, bebidas) e as novas indústrias metalúrgicas, químicas, mecânicas e outras.

A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe para a região indústrias ligadas à produção refino e utilização de derivados do petróleo. Essa nova indústria , de alta tecnologia e capital intenso, não absorve a mão-de-obra que passa a subempregar-se na área de serviços ou fica desempregada. As indústrias estão concentradas nas mãos de poucos empresários e os salários pagos são muito baixos, acarretando o empobrecimento da população operária. O sistema industrial do Nordeste, concentrado na Zona da Mata, tem pouca integração interna. Encontra-se somente em alguns pontos dispersos e concentra-se sobretudo nas regiões metropolitanas:Recife, Salvador e Fortaleza. Com vistas à política do Governo Federal para o Programa de Corredores da Exportação, instituído no final da década de 70 para atender ao escoamento da produção destinada ao mercado externo, foram realizadas obras nos terminais açucareiros dos portos de Recife e Maceió.

A rede rodoviária acha-se mais integrada a outras regiões do que dentro do próprio Nordeste. A construção da rodovia, ligando o Nordeste (Zona da Mata) ao Sudeste e ao Sul, possibilitou o abastecimento do Nordeste com produtos industrializados no Sudeste e o deslocamento da população nordestina em direção a este.

Centro-Oeste: Na década de 60, a industrialização a nível nacional adquire novos padrões. As indústrias de máquinas e insumos agrícolas, instaladas no Sudeste, tiveram mercado consumidor certo no Centro-Oeste, ao incentivarem-se os cultivos dos produtos de exportação em grandes áreas mecanizadas. A partir da década de 70, o Governo Federal implantou uma nova política econômica visando a exportação. Para atender às necessidades econômicas brasileiras e a sua participação dentro da divisão internacional do trabalho, caberia ao Centro-Oeste a função de produtor de grãos e carnes para exportação. Com tudo isso, o Centro-Oeste tornou-se a segunda região em criação de bovinos do País, sendo esta a atividade econômica mais importante da sub-região. Sua produção de carne visa o mercado interno e externo. Existem grandes matadouros e frigoríficos que industrializam os produtos de exportação. O abastecimento regional é feito pelos matadouros de porte médio e

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matadouros municipais, além dos abates clandestinos que não passam pela fiscalização do Serviço de Inspeção Federal.

Sua industrialização se baseia no beneficiamento de matérias-primas e cereais, além do abate de reses o que contribui para o maior valor de sua produção industrial. As outras atividades industriais são voltadas para a produção de bens de consumo, como: alimentos, móveis etc. A indústria de alimentos, a partir de 1990, passou a se instalar nos pólos produtores de matérias-primas, provocando um avanço na agroindústria do Centro-Oeste. A CEVAL, instalada em Dourados MS, por exemplo, já processa 50% da soja na própria área.

No estado de Goiás, por exemplo, existem indústrias em Goiânia, Anápolis, Itumbiara, Pires do rio, Catalão, Goianésia e Ceres. Goiânia e Anápolis, localizadas na área de maior desenvolvimento econômico da região, são os centros industriais mais significativos, graças ao seu mercado consumidor, que estimula o desenvolvimento industrial. Enquanto outras áreas apresentam indústrias ligadas aos produtos alimentares, minerais não metálicos e madeira, esta área possui certa diversificação industrial. Contudo, os produtos alimentares representam o maior valor da produção industrial.

Norte: A atividade industrial no Norte é pouco expressiva, se comparada com outras regiões brasileiras. Porém, os investimentos aplicados, principalmente nas últimas décadas, na área dos transportes, comunicações e energia possibilitaram à algumas áreas o crescimento no setor industrial , visando à exportação. Grande parte das indústrias está localizada próxima à fonte de matérias-primas como a extração de minerais e madeiras, com pequeno beneficiamento dos produtos.

A agroindústria regional dedica-se basicamente ao beneficiamento de matérias-primas diversas, destacando-se a produção de laticínios; o processamento de carne, ossos e couro; a preservação do pescado, por congelamento, defumação, salga, enlatamento; a extração de suco de frutas; o esmagamento de sementes para fabricação de óleos; a destilação de essências florestais; prensagem de juta, etc.Tais atividades, além de aumentarem o valor final da matéria-prima, geram empregos. As principais regiões industriais são Belém e Manaus. Na Amazônia não acontece como no Centro-sul do país, a criação de áreas industriais de grandes dimensões. Mais adiante veremos sobre a criação da Zona Franca de Manaus.

COMO A IMPLANTAÇAO DE UMA INDÚSTRIA PODE ALTERAR NA CULTURA E NAS RELAÇÕES DE TRABALHO NA REGIÃO EM QUE FOI IMPLANTADA

Já é do conhecimento de todos nós, que quando uma indústria é implantada em determinada região, várias mudanças acontecem, dentre elas, mudanças no espaço geográfico, mudanças culturais,e principalmente, mudanças na economia. A implantação de uma indústria, modifica a cultura, pois, um trabalho que artesanalmente era executado pelo povo, e tido como tradição, cede seu lugar, muitas vezes à máquinas pesadas, e que exercem sozinhas e em pouco tempo, o serviço que muitas vezes, era desempenhado por várias pessoas e em um período de tempo muito maior.

Assim, milhares de postos de trabalho se extinguiam,fazendo-se aumentar o número de empregos informais surgidos nessa região. Além de mudanças na cultura e economia, surgem também, mudanças no espaço geográfico:em alguns casos, as industrias são implantadas, sem maior avaliação dos danos que ela poderá causar, acarretando conseqüências gravíssimas posteriormente.

A ZONA FRANCA DE MANAUS (ZFM)

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A ZFM foi criada em 1957 originalmente através da Lei 3.173 com o objetivo de estabelecer em Manaus um entreposto destinado ao beneficiamento de produtos para posterior exportação. Em 1967, a ZFM foi subordinada diretamente ao Ministério do Interior, através da SUFRAMA (pelo Decreto-Lei nº 288).

O decreto estabelecia incentivos com vigência até o ano 1997. Ao longo dos anos 70, os incentivos fiscais atraíram para a ZFM investimentos de empresas nacionais e estrangeiras anteriormente instaladas no sul do Brasil, bem como investimentos de novas ET, principalmente da indústria eletrônica de consumo.

Nos anos 80, a Política Nacional de Informática impediu que a produção de computadores e periféricos e de equipamentos de telecomunicações se deslocasse para Manaus e a ZFM manteve apenas o segmento de consumo da indústria eletrônica. A Constituição de 1988 prorrogou a vigência dos incentivos fiscais da União para a ZFM até o ano 2.013, mas com a abertura da economia, nos anos 90, esses incentivos perderam eficácia. Simultaneamente, os produtos fabricados na ZFM passaram a enfrentar a concorrência com produtos importados no mercado doméstico brasileiro. As empresas estabelecidas em Manaus promoveram um forte ajuste com redução do emprego e aumento do conteúdo importado dos produtos finais.

A RELAÇÃO DOS MEIOS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÃO, E DO COMÉRCIO COM A INDUSTRIALIZAÇÃO DE UMA DETERMINADA REGIÃO

Os meios de transporte, comunicação e comércio, são os fatores cruciais para que se implante uma indústria em uma determinada região. Para ser determinado estratégico para a implantação de uma indústria, um local tem que ter fácil acesso à rodovias, que escoem a sua produção para as diversas regiões do país e os portos, visando a exportação. Os meios de comunicação, também são vitais, para que sejam feitos os contatos necessários para se fechar grandes negócios, visando a obtenção de lucros mais altos, para o crescimento da indústria, a atualização dos conhecimentos e a velocidade de comunicação. O comércio, também é muito importante, pois para que se produza alguma coisa, é necessário que haja mercado para este produto, e o comércio tem o papel de intermediário entre o produtor e o consumidor final.

OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDÚSTRIA

As economias capitalistas tiveram, do pós-guerra até meados da década de 70, uma das fases de maior expansão e transformações da estrutura produtiva, sob a égide do setor industrial. Essa expansão foi liderada por dois grandes subsetores: o metal-mecânico (indústria de automotores, bens de capital e do consumo duráveis) e a química (especialmente a petroquímica). A rápida implantação da matriz industrial internacional no Brasil internalizou os vetores produtivos da

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químico-petroquímica, da metal-mecânica, da indústria de material de transporte, da indústria madeireira, de papel e celulose e de minerais não-metálicos todos com uma forte carga de impacto sobre o meio ambiente.

De maneira geral, e abstraindo as características de cada ecossistema, o impacto do setor industrial sobre o meio ambiente depende de três grandes fatores: da natureza da estrutura da indústria em distintas relações com o meio natural; da intensiva e concentração espacial dos gêneros e ramos industriais; e o padrão tecnológico do processo produtivo- tecnologias de filtragem e processamento dos efluentes além do reaproveitamento econômico dos subprodutos. A industrialização maciça e tardia incorporou padrões tecnológicos avançados para base nacional, mas ultrapassados no que se refere ao meio ambiente, com escassos elementos tecnológicos de tratamento, reciclagem e reprocessamento. Enquanto o Brasil começa a realizar ajustes no perfil da indústria nacional, a economia mundial ingressa em um novo ciclo de paradigma tecnológico. Ao contrário da industrialização do pós-guerra, altamente consumidora de recursos naturais - matérias - primas, "commodities" e energéticos, o novo padrão de crescimento tende a uma demanda elevada de informação e conhecimento com diminuição relativa do "consumo" de recursos ambientais e de "produção" de efluentes poluidores.

CONCLUSÃO

Uma indústria em certa região, pode ser benéfica tanto quanto prejudicial, pois ao mesmo tempo que contribui para o crescimento, ela pode estar executando a massificação da cultura de um povo.Muitas vezes, o prejuízo natural causado por um acidente ambiental, tendo como protagonista uma indústria, pode não ser revisto nunca mais, matando ecossistemas inteiros,um prejuízo sem recuperação. Uma indústria, também pode contribuir fortemente para o desenvolvimento da população, gerando inúmeros empregos diretos e indiretos. Será que hoje em dia a humanidade conseguiria viver sem comodidade e tecnologia?Sem um celular ou um computador, ou mesmo uma televisão ou um rádio? E se não existisse o carro?Ou mesmo você não pudesse nem sonhar em ir de ônibus para o trabalho, tivesse que ir de carro de boi?Enfim, o mundo não seria o mesmo, sem seus produtos industrializados!

4.6 - A regionalização do espaço (regiões geoeconômicas - Centro-Sul, Nordeste e Amazônia)

REGIÕES GEOECONÔMICAS DO Brasil

A divisão oficial do Brasil em cinco regiões foi criada, em 1969, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mas, antes disso, em 1967, o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger já havia proposto uma outra divisão regional do país, em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais. Ela se baseia no processo histórico de formação do território brasileiro, levando em conta, especialmente,

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os efeitos da industrialização. Dessa forma, ela busca refletir a realidade do país e compreender seus mais profundos contrastes. De acordo com Geiger, são três as regiões geoeconômicas: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste. Essa organização regional favorece a compreensão das relações sociais e políticas do país, pois associa os espaços de acordo com suas semelhanças econômicas, históricas e culturais.

Modelo contemporâneoDiferentemente da divisão proposta pelo IBGE, os complexos regionais não se limitam apenas às fronteiras entre os Estados. Nessa regionalização, o norte de Minas Gerais, por exemplo, encontra-se no Nordeste, enquanto o restante do território mineiro está localizado no Centro-Sul. Observe os três complexos no mapa abaixo:

1) Amazônia, 2) Centro-Sul, 3) Nordeste

Essa organização regional é muito útil para a geografia, pois oferece uma nova maneira de entender a história da produção do espaço nacional.

Região geoeconômica – AmazôniaÉ a maior das três. Tem aproximadamente 5 milhões de km2, extensão que corresponde a quase 60% do território brasileiro. Compreende todos os Estados da região Norte (com exceção do extremo sul de Tocantins), o oeste do Maranhão e praticamente todo o Mato Grosso. Apesar de sua dimensão, possui o menor número de habitantes do país. Em muitos pontos da região acontecem os chamados "vazios demográficos". A maioria da população está localizada nas duas principais capitais do complexo, Manaus e Belém.Na economia predominam o extrativismo animal, vegetal e mineral. Destacam-se também o pólo petroquímico da Petrobras e a Zona Franca de Manaus, que fabrica a maior parte dos produtos eletrônicos brasileiros.

Região geoeconômica - Centro-SulAbrange as regiões Sul e Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais), Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e o sul de Tocantins. Compreende aproximadamente 2,2 milhões de km2. É a região mais dinâmica do ponto de vista econômico. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte são as cidades de maior destaque. O Centro-Sul é o principal destino de migrantes de

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diversos pontos do país e onde se encontra cerca de 70% de toda a população brasileira. Possui a economia mais diversificada, baseada na agricultura de exportação e, principalmente, na indústria. É responsável pela produção da maior parte do Produto Interno Bruto nacional.

Região geoeconômica - NordesteCom uma área de aproximadamente 1,5 milhões de quilômetros quadrados, é a segunda do país em população. Inclui todo o Nordeste da divisão oficial (com exceção do oeste do Maranhão) e o norte de Minas Gerais, onde se localiza o Vale do Jequitinhonha. Historicamente, é a mais antiga do Brasil. É também a mais pobre das regiões, com números elevados de mortalidade infantil, analfabetismo, fome e subnutrição. Assim como acontece em grande parte do território brasileiro, a população nordestina é mal distribuída. Cerca de 60% fica concentrada na faixa litorânea e nas principais capitais. Já no sertão e no interior, os níveis de densidade populacional são baixos, devido, em grande parte, à seca. Contudo, possui muitas riquezas históricas e culturais, tanto do ponto de vista arquitetônico, como de costumes e tradições.

4.7 - Desigualdades regionais e sustentabilidade.

Desigualdades Regionais no Brasil

As desigualdades sociais têm uma grande relação com a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, por exemplo, as desigualdades regionais através do PIB (Produto Interno Bruto), têm um grande desenvolvimento regional muito conhecido, pois apresenta um desequilíbrio regional muito expressivo.

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O Nordeste apresenta um produto per capita 3 vezes menor que o do Sudeste, já na questão de moradia, a região Nordeste sai na frente. As desigualdades regionais apresentam um quadro de emprego bem aguçado. As regiões que tem menor índice de emprego formal são o Norte e o Nordeste. Já a região que tem um nível elevado de emprego é o Centro-Oeste. As regiões que mais sofrem com as desigualdades regionais são o Norte e o Nordeste.

4.8 - O Brasil e a integração latino-americana.

Qual o papel do Brasil na integração latino-americana? O que podemos esperar do Mercosul e do Pacto Amazônico? O princípio da união alfandegária pressupõe a adoção de um mesmo regime tarifário para as nações que a integram, abolindo as barreiras entre elas e apresentando-se como uma entidade única perante o comércio internacional. No caso do Mercosul, o Brasil é a principal

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economia nacional a integrar a união, seguido pela Argentina. E as possibilidades de sucesso dependem muito das políticas internas de seus membros, que possuem inúmeras diferenças entre si. Já o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), proposto em 1977, tinha por objetivo o incremento do desenvolvimento regional e a defesa da ecologia, sob a premissa de rejeitar qualquer tentativa de interferência externa na região.

Diante do processo de globalização da economia mundial e da formação dos blocos econômicos supranacionais, e pela necessidade de melhorar e facilitar as relações comerciais com os países do Cone Sul, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Argentina firmaram o Tratado de Assunção (1991), destinado a aumentar a cooperação econômica e criar uma união alfandegária denominada Mercosul – Mercado Comum do Sul. O Chile (1995) e a Bolívia (1996) firmaram acordos tarifários especiais com o Mercosul e podem ser considerados membros associados.

O Mercosul passou a vigorar em 1995, mas antes disso os países envolvidos nesse tratado começaram a se estruturar em função das novas normas alfandegárias. Quando as tarifas alfandegárias são reduzidas ou eliminadas, os produtos importados terão um preço bem próximo do produto nacional e, assim, aumenta-se a competição. Numerosas empresas tiveram dificuldades em se adaptar a essa nova situação e fecharam suas portas. Outras, modernizaram-se e ganharam condições para competir no mercado externo, aumentando suas exportações. Isso explica o crescimento significativo das relações comerciais entre os países do Mercosul no período de 1990 a 1995.

O Mercosul procura aumentar ainda mais as atividades econômicas dos países membros, tanto na indústria como em serviços de transportes, comunicação e energia, estimulando a formação de empresas binacionais. Muitos problemas ainda precisam ser discutidos ou negociados. As dificuldades são muitas, mas o interesse de superá-las torna possível o projeto de integração.Os quatro países integrantes e os membros associados pretendem, por meio do Mercosul, ingressar na economia mundial com o peso de um mercado de cerca de 250 milhões de consumidores.

Um mercado com essas dimensões, que apresenta um PIB de mais de 800 bilhões de dólares, constitui uma realidade internacional de apreciável peso, porque proporcionará um significatvo incremento à capacidade de negociação internacional dos países membros. Esse peso se revela uma contrapartida indispensável para os integrantes do Mercosul, num mundo em que os megamercados, centrados na Europa Ocidental, no sistema Estados Unidos-Canadá-México e na articulação do Japão com os “tigres” asiáticos, dominarão a economia internacional.

Antes do Mercosul, existiram tratados que não prosperaram, como a Associação Latino-Americana de Livre Comercio (Alalc), criada em 1960, cuja meta era a constituição de uma zona de livre comércio até 1980. Porém, as fortes disparidades entre os países signatários e a instabilidade política

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e econômicalevaram ao fracasso da iniciativa. Posteriormente, um segundo acordo criou a Aladi (Associação Latino-Americana de Integração). O intercâmbio comercial do Brasil com a área da Aladi manteve-se estagnado, revelando os limites dessa perspectiva de integração. O Mercosul agrupa quatro parceiros extremamente díspares, do ponto de vista do seu potencial demográfico e econômico. O Brasil e a Argentina são as principais economias sub-regionais; o Uruguai e o Paraguai são economias marginais e inteiramente dependentes dos vizinhos. Posteriormente, o Chile e a Bolívia foram incorporados como membros associados do Mercosul. E esses países também possuem muitas diferenças entre si.

Dadas as características próprias das duas principais economias que buscam a integração - o Brasil e a Argentina -, os efeitos dos mercados unificados serão particularmente intensos nos respectivos complexos agroindustriais. Desde a metade dos anos 80, o Brasil vem aumentando significativamente suas importações de produtos agrícolas dos demais membros do Mercosul. Em 1985, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai eram responsáveis por cerca de um terço do fornecimento de bens agrícolas importados pela economia brasileira. Com um crescimento regular durante o último qüinqüênio, esse valor atingiu 60% em 1990, principalmente em trigo, milho, soja e derivados da pecuária.

Entretanto, os níveis de produtividade na agropecuária entre os países signatários do tratado são muito diferenciados, o que obriga a medidas de ajuste a médio e longo prazo para evitar o sucateamento generalizado de parcelas ponderáveis do complexo agroindustrial.

No caso brasileiro, isso afetaria principalmente a estrutura produtiva da Região Sul, área consolidada de produção de grãos, couros e frutos de áreas temperadas, sendo que a produtividade da economia agrária argentina é superior à dos produtos brasileiros. A produtividade superior na agropecuária argentina repousa, em grande parte, em fatores naturais de distribuição regular de chuvas e fertilidade dos solos. Assim, os custos de produção de cereais e oleaginosas batem até mesmo os do Paraná, estado brasileiro de mais elevada produtividade.

No caso das indústrias, o parque industrial brasileiro, especialmente os ramos mais modernos, opera com níveis de produtividade muito superiores aos da Argentina. O atraso tecnológico argentino é maior que o brasileiro e a força de trabalho brasileira é mais barata que a argentina. Além disso, as empresas instaladas no Brasil têm economias de escala superiores, em função da maior amplitude do mercado interno. A produção brasileira de aço é competitiva nos mercados internacionais e opera em larga escala, enquanto a siderurgia argentina não se modernizou na mesma velocidade.

É importante observar que as grandes empresas automobilísticas já estão definindo estratégias de operação para atuar no mercado supranacional. A Scania, cuja fábrica na Argentina já foi concebida dentro dessa visão, exporta motores, eixos e outros componentes para a Scania do Brasil. Na mesma direção, embora em menor escala, a Volkswagen possui um esquema de complementação transfronteira, e desenvolveu um projeto de investimento, com valores superiores a 200 milhões de dólares para a produção na Argentina, com previsão de 90% das vendas serem destinadas à

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montadora no Brasil. E mais: indústrias de bens de consumo não-duráveis, como é o caso da produção de bebidas (basicamente cerveja) e de fumo, já penetraram largamente no mercado supranacional, beneficiando-se de isenções de impostos e vantagens de escala adquiridas nomercado nacional.

A condição indispensável para o funcionamento do Mercosul é uma harmonização mínima das legislações financeiras e fiscais, que inclui também os dois pequenos parceiros, Paraguai e Uruguai. O Paraguai, valendo-se de isenções tributárias e alfandegárias, tornou-se um entreposto de contrabando direcionado essencialmente para a classe média brasileira e um reexportador de produtos agrícolas e madeira originários ilegalmente do Brasil. O Uruguai liberalizou sua legislação financeira, atuando como um semiparaíso fiscal, utilizado em negócios brasileiros e argentinos para a “lavagem de dinheiro”. Práticas comerciais e financeiras deste tipo constituem obstáculos para a concretização do mercado comum.

Para os trabalhadores, o Mercosul é uma realidade que deve ser tratada com cuidado. De um lado, permite que as grandes empresas operem em escala ampliada, sem se preocupar com a manutenção dos postos de trabalho, neste ou naquele lugar. De outro, leva os sindicatos a conhecer novas realidades sociais e a ampliar os limites das lutas pelas conquistas sociais. De qualquer modo, o Mercosul já é uma realidade que precisa ser conhecida e pensada pelos trabalhadores. Outra tentativa brasileira de integração latino-americana é o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), integrado pelos países cujos territórios fazem parte da Bacia Amazônica. Firmado em 1977, o TCA ainda é um mecanismo de cooperação destinado a ampliar o controle dos Estados integrantes sobre o espaço amazônico, onde proliferam formas paralelas de poder, como o tráfico internacional de drogas. Entretanto, dadas as dimensões do desafio que representa o desenvolvimento sustentável da floresta amazônica, é de se esperar que se amplie a cooperação dos países no campo da ecologia e do desenvolvimento científico-tecnológico.

A integração econômica na América Latina é um velho sonho da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que inspirou a criação da Alalc em 1960, cujo insucesso não pode ser atribuído unicamente aos seus formuladores, que tentavam trazer, para o sul do Equador, um processo que tomava corpo na Europa. Hoje, talvez, a experiência acumulada mostre que a integração supranacional é uma necessidade diante do processo de globalização da economia mundial, tema que trabalharemos no módulo seguinte.

5. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL

5.1 - Guerra Fria - Capitalismo X Socialismo.

Guerra Fria: a velha ordem mundial

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As constantes alterações que têm ocorrido no mapa da Europa nos últimos anos são o sinal de que vivemos um período de transição. É a estruturação da chamada nova ordem mundial, que vem substituir a velha ordem, marcada pela oposição entre Estados Unidos e União Soviética, em um período conhecido como Guerra Fria.

A guerra fria começou a se desenhar após a Segunda Guerra Mundial. Mais precisamente durante a Conferência de Potsdam, realizada em julho de 1945, quando em quatro zonas de ocupação, controladas, de leste a oeste, respectivamente, por União Soviética, Inglaterra, Estados Unidos e França. A capital alemã, Berlim, também foi ocupada, fincando dividida entre os russos a leste, e franceses, ingleses e americanos a oeste. A partir de então, a bipolaridade que marcou o cenário geopolítico internacional no pós-guerra já estava configurada. Isto porque as duas grandes potências vencedoras - a capitalista, representada pelos Estados Unidos, e a socialista, representada pela União Soviética - tinham projetos antagônicas, não só a Alemanha como também para toda a Europa.

O antagonismo ficou claramente expresso a partir de 1947, quando o presidente americano Harry Turman declarou a expansionistas soviéticos no território europeu e, posteriormente, no território asiático. Devido ao importante papel da União Soviética na derrota do exército nazistas pelo front oriental, desde fevereiro de 1945 os soviéticos transformaram todo o leste europeu em uma grande área ocupada, alegando a necessidade de manter a segurança junto as suas fronteiras. Desde esse momento já estava estabelecida a chamada "cortina de ferro", com a divisão da Europa em duas regiões geopolíticas: a Europa Ocidental, sob a influência dos Estados Unidos, e a Europa Oriental, sob a influência da União Soviética.

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Para dar conta do Projeto de contenção da influência Soviética, os Estados Unidos financiaram a reconstrução e o fortalecimento econômico da Europa, através do Plano Marshal e dos países do Leste e Sudeste asiáticos, através do Plano Colombo. Instalaram um arsenal nuclear nos países da Europa Ocidental e envolveram-se em guerras localizadas, onde existia a oposição Capitalismo - Socialismo, como as guerras da Coréia (1950-1953) e do Vietnã (1930-1973). Por seu lado, já em 1948 a União Soviética transformou as áreas de ocupação do Leste em governos pró-soviéticos, controlando-os de forma absolutamente autoritária, e também criou mecanismos de auxílio e cooperação econômica no interior do bloco socialista, através do Comecon.

Do ponto de vista do equilíbrio do poder, a guerra fria também se consolidou com a criação de duas grandes Organizações militares: a Otan, em 1949, e o Pacto de Varsóvia, em 1955, que tinham como principal objetivo impedir a expansão dos sistemas socialistas e capitalistas, respectivamente. Essas organizações, bem como as guerras localizadas entre as duas superpotências, foram expressão clara de como o controle mundial efetivou-se através do chamado "equilíbrio do terror".

A corrida tecnológica que colocou os dois países em posição militar de destruir o mundo todo, principalmente através das armas nucleares, serviu como eficaz mecanismo de controle mundial. Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, essa velha ordem mundial começava a ruir. Construído em 1961, para consolidar a divisão da capital, evitando a fuga de alemães oriental para o lado capitalista, o muro foi o grande símbolo da bipolaridade, da disputa ideológica e militar entre os dois grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial. No entanto, a nova ordem que começou a ser construída desde então não representa uma completa ruptura com o passado. Pelo contrário, só pode der compreendida a partir dos elementos da velha ordem, que continuam presentes.

Formação da URSSCom o fim da guerra civil, a Rússia pôde por em prática seus ideais socialistas. Instalou-se pela primeira vez no mundo e de forma institucional, o regime socialista. Empenhada em solucionar seculares problemas socioeconômicos, a Rússia situou-se como um modelo para países que enfrentavam dificuldades semelhantes, especialmente para os que recebiam sua influência direta cultural e política, em virtude da proximidade geográfica. A partir daí, a expansão do socialismo passa a ter conotação geopolítica-ideológica, fator que definiu, em 1922, a criação da URSS, abrangendo os territórios antes pertencentes ao Império Russo. Eram, portanto, 15 Estados formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com a direção do partido comunista centralizado em Moscou ,numa área territorial de aproximadamente 22 milhões de Km2 de extensão.

Economia SoviéticaO governo soviético criou um grupo de trabalho denominado Gosplan (Comissão do Plano Geral do Estado), com o objetivo de planificar e centralizar a economia. De inicio estabeleceu-se um plano econômico de emergência, elaborado para vigorar no período de transição do capitalismo, ou economia planificada. Esse plano ficou conhecido como NEP (Nova Política Econômica). Em 1929, quando Stalin se consolidou no poder , a NEP foi abandonada e substituída pelo Planejamento Econômico centralizado, onde o Estado por meio dos planos Qüinqüenais, planejava investimentos, quantidade e qualidade de produção, distribuição e preços. No curto espaço de doze anos (de 1928 a 1940), a ex-União Soviética conheceu um grande desenvolvimento industrial. Recuperou, com vantagem a posição perdida às vésperas da revolução de 16\917. De Quinta nação mais industrializada, no início do século, passou para o terceiro lugar, em 1940 , perdendo somente para os EUA e a Alemanha. Participou da Segunda Guerra Mundial, ao lado dos aliados, vencendo a Alemanha nazista. Após a guerra, torna-se uma superpotência e passou a competir com os Estados Unidos pela liderança mundial.

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2° Guerra mundial - Início da guerra fria e bipolarização

A participação da URSS na II Guerra Mundial tem início em 1941, quando seu território foi invadido pelas tropas alemãs. Este acontecimento foi decisivo para levar a União Soviética a se unir às forças contra o (Reino – Unido, França...) na luta contra o Nazi-facismo. Durante vários meses os alemães impuseram severas derrotas aos soviéticos. Porém, a partir de 1942 acontece uma reviravolta. Os alemães começam a recuar devido resistência dos soviéticos e ao rigoroso inverno com temperaturas 30º abaixo de zero. Em 1943 os soviéticos derrotaram os alemães na batalha de Stalingrado. Daí por diante as tropas nazistas foram sendo afastadas do território soviético. A partir dessa vitória a União Soviética se fortalece em 1945 emerge como a segunda maior potência mundial. Durante a Guerra a União Soviética mostrou ao mundo o seu poderio militar.

Em um curto período a URSS:

Contribui efetivamente para a derrota do nazi-facismo; Readiquiriu, na conferência de Yalta e em Postdam territórios que havia perdido por ocasião

da I Guerra Mundial; Expandiu seu território e ampliou sua área de influência, submetendo vários países do leste

europeu que viviam sob regime socialista; Polônia; Techoslováquia; Hungria; Romênia; Iugoslávia; Bulgária; Albânia e mais tarde a Alemanha Oriental.

Ao final do conflito mundial a economia da URSS estava arruinada e o número de mortes somava cerca de 20 milhões. Apesar disso ela emerge como uma grande potência do planeta.

Guerra Fria

No Pós-Guerra, EUA e URSS, surgem como as duas superpotências mundiais entrando em rivalidade na busca pela hegemonia mundial. A partir desse momento ficaram bastante tensas as relações entre os Estados Unidos e a União Soviética que passaram a disputar áreas de influência internacional. Iniciava-se assim o período que ficou conhecido como Guerra-Fria que estendeu-se de 1947 (com a Doutrina Truman) até fins da década de 80.

O mundo foi bipolarizado, ou seja, dividido em 2 blocos que se diferenciaram geopolíticas ideologicamente: o Bloco Ocidental, liderado pelos Estados Unidos.Era composto pelos países capitalistas; O Bloco Oriental, conhecido como Cortina de Ferro era dominado pela URSS, compunha-se dos países socialistas. A tensão entre as potências EUA e URSS era grande. Para os norte-americanos a União Soviética e o socialismo representavam a negação de todos os seus princípios políticos; ditadura ao invés de Democracia; planejamento econômico centralizado ao invés da liberdade de escolha e do pensamento; e a sujeição do individuo ao estado.

O confronto entre EUA e URSS foi intenso, estendendo-se pelos planos da economia, tecnologia e armamentos. Procurando sempre superar forças um do outro, ambos mergulharam em uma acirrada

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corrida armamentista. Houve grande investimento em tecnologia, indústrias bélicas (como as de aviões, submarinos, helicópteros, mísseis...) industria aeroespacial e especialmente Industria Nuclear.

Já quando lançaram as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki os Estados Unidos pretendiam mostrar a URSS seu poderio militar. O mundo viveu um período de grande tensão, pois caso as potências se confrontassem diretamente suas armas nucleares se encarregariam de não deixar sobreviventes. Seria o fim da história. Durante esse período o que garantiu a paz foi justamente à premissa da mútua destruição assegurada.

Mas os conflitos entre EUA e URSS ocorriam de maneira indireta. Quando Estados Unidos URSS disputavam áreas de influência, o confronto se dada nas regiões pretendidas. Foi como aconteceu na Guerra da Coréia e a Guerra do Vietnã. As duas superpotências também disputaram a corrida espacial. A União Soviética lança o primeiro satélite artificial em órbita da Terra o Sputinik em 1957m e o primeiro homem a viajar na órbita da terra Iuri Gagarin em 1961. Os Estados Unidos lançam seu 1º satélite artificial Explorer em 1958. Na década de 60 e 70 a competição espacial se intensificou.A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos na busca pela hegemonia mundo durante toda o período da Guerra Fria.

A Industrialização sob uma economia planificada A União Soviética, em sua maior expansão territorial, no pós-guerra passou a ser composta por quinze repúblicas, ocupando um território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados; englobando mais de uma centena de povos. Enquanto o mundo se guiava pelos padrões tecnológicos, da 2º Revolução Industrial, a economia soviética funcionou bem. A URSS cresceu em termos tecnológicos se fortaleceu militarmente. Até então seu modelo de economia estatizada e planejada funcionou bem.

A industrialização foi beneficiada pelos recursos do subsolo, principalmente o carvão e a linhita. Isso favoreceu a instalação de poderosas usinas termelétricas localizadas em áreas carboníferas, nas Ucrânia e em Moscou e diversas usinas hidrelétricas. Também há imensos recursos em minerais ferrosos e não ferrosos. A partir do ingresso da URSS na 2º Guerra Mundial, foi priorizada a indústria bélica. Isso aconteceu no 3º plano qüinqüenal. O quarto plano qüinqüenal (1946-1950) foi direcionado para a recuperação da economia reconstrução das fábricas e das obras de infra-estrutura destruídas pela guerra. Investiu-se na construção de barragens, ferrovias, redes de transporte etc. Os planos que vieram a seguir continuaram a priorizar o setor industrial pesada e bélico. Principalmente industrias como a siderúrgica, a petrolífera a de maquina e equipamentos. O setor bélico destacava-se na produção de: aviões, navios, submarinos, helicópteros, carros de combate, bombas, mísseis, metralhadoras, fuzis, canhões, obuses etc. A União Soviética por um grande período ditava juntamente os Estados Unidos, ritmo das pesquisas cientificas ciência e tecnológica.

Destacou-se nas indústrias aeroespacial, nuclear, de informática, na tecnológica bio-industrial, engenharia genética e outros ramos da pesquisa avançada. Do pós-guerra até os anos 70 a União Soviética conseguiu acompanhar e por diversas vezes liderar os níveis tecnológicos e produtivos, mantendo-se como potência não só militar, mas econômica.

5.2 - Desintegração dos países socialistas.

O declínio da URSS

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Os movimentos separatistas que tiveram início nas republicas Bálticas (Lituânia, Estônia e Letônia) foram decisivos para desencadear uma desintegração em série das republicas soviéticas. A grande diversidade étnica existente no leste europeu também tiveram uma grande parcela de contribuição para que essa desintegração acontecesse, mas a principal causa desses movimentos separatistas e movimentos nacionalistas era o descontentamento da população em relação ao sistema de governo existente. A população começou a perceber que à distância que os separava dos ocidentais estava ficando cada vez maior e atribuíram esses retardos tecnológicos ao modelo econômico utilizado pelos governantes ultraconservadores que não apostaram na economia de mercado, não abriram mão do uni-partidarismo, preferiram sempre estar com o poder centralizado nas mãos do estado, enfim não contribuíram em quase nada para que um país de tão grandes dimensões não tivesse mergulhado em tão profunda crise tecnológica e econômica. O descontentamento da população gerando movimentos nacionalistas também desencadeou uma série de conflitos no leste europeu , a maioria das repúblicas soviética partiu em busca de sua independência. Poucas republicas conseguiram sua independência sem derramamento de sangue. Foi nesse contexto que em 1985 MIKHAIL GORBACHEV assume o governo e tenta reverter à situação, tentando fortalecer as republicas soviéticas e evitar a desintegração.GORBACHEV inicia a dura transição da economia planificada para a economia de mercado. Inicia um período de reformas na URSS implantando a Glasnost e a Perestroika, que nada mais eram senão a abertura ou transparência política e a abertura da economia. A intenção era regularizar a situação econômica e política do país. Com essa abertura econômica, a URSS estava aceitando investimentos estrangeiros no país, coisa que até então não era possível. Outra tentativa para que não ocorresse esta desintegração foi à autorização à criação de outros partidos políticos além do PCUS. Apesar das tentativas de GORBACHOV em manter as republicas unidas, isso não foi possível, uma a uma as repúblicas soviéticas foram conquistando a sua independência. A URSS organizou até 30 de Dezembro de 91 quando se formou a CEI e a Rússia deixando o país então de ter um poder central único exercido pelo estado para construir sociedades democráticas.

O que é a CEI?A CEI não é um país, como era a URSS, nem foi criada para substituir essa grande potência. É uma organização de cooperação entre antigas repúblicas que passaram muitos anos ligados pelo governo central de Moscou, porém dessa vez cada qual tem assegurado a sua soberania.Essa organização cuja sede se localiza em Minsk, capital da Belarus, previa, por ocasião de sua fundação, além da cooperação econômica, a centralização das Forças Armadas e o uso de uma moeda comum, o rublo. Entretanto as repúblicas ainda não chegaram a um acordo para a integração político-econômica. Várias questões impendem o funcionamento amplo da CEI. Ela é uma comunidade composta pela maioria das ex-republicas soviéticas. Trata-se de um aglomerado de países que mantém laços independentes, mantendo relações de cooperação, embora sob a hegemonia da Rússia, que na pratica, substituiu a União Soviética no cenário internacional.

A nova Rússia e a ordem mundial

Desde a grave crise econômica que enfrentou ao longo dos anos 90, o país vem perdendo o status de potencia mundial. Seu quadro econômico já vinha se deteriorando desde a época da União Soviética. O fracasso da Perestroika e a desastrada transição para a economia de mercado lançaram o país em profunda recessão. Os desequilíbrios ocorridos neste período (1991-1999), levaram muitos investidores a retirar o seu dinheiro do país. Assim, em agosto de 1998, teve inicio uma forte crise financeira, que levou op governo russo a decretar a moratória da divida externa. Essa atitude afetou o mercado financeiro mundial, provocando queda nas bolsas de valores e fuga de capitais também em outros mercados emergentes, como o Brasil.

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O FMI e outras instituições internacionais concederam um empréstimo de emergência ao governo russo, mas a situação continuou se agravando. Os capitais continuaram em fuga, até mesmo o dinheiro emprestado, o que forçou o governo a desvalorizar o rublo e aumentar as taxas de juros. A conseqüência disso foi o aumento do desemprego, o aumento da pobreza que já estava grande e o aumento da concentração de renda no país. Essa transição caótica da União Soviética para a economia de mercado propiciou as condições ideais para a penetração generalizada do crime organizado nas atividades empresariais da Rússia e das demais republicas. Também induziu a proliferação de atividades criminais originarias da Rússia e da ex-União Soviética, tais como o trafico de armas, materiais nucleares, metais raros, petróleo, recursos naturais e a moeda.

As organizações criminosas internacionais associaram-se a centenas de redes das máfias pós-sovieticas, muitas delas organizadas em torno de determinadas etnias, para lavar dinheiro, adquirir propriedades de valor e assumir o controle de negócios lucrativos, tanto legais como ilegais. Para se ter uma idéia da influencia destas máfias, em 1997 estimou-se que 41.000 empresas industriais, 50% dos bancos e 80% das joint ventures, tinham algum tipo de conexão criminosa. Alem disso, a economia informal (sem registros) representa 40% da economia russa.

Conflitos Étnicos

Os conflitos étnicos que passaram a ocorrer com grande freqüência depois da desintegração da União Soviética, a partir do final dos anos 80, devem ser entendidos levando-se em conta os seguintes aspectos:

Grande parte das fronteiras internas da URSS não foi bem definida historicamente; Nas ultimas décadas, o crescimento demográfico dos grupos não russos, especialmente o dos

muçulmanos da Asia Central, foi muito mais elevado que o do grupo russo; Apesar de o grupo russo estar concentrado na Republica russa, cerca de 25 milhões de russos

estão espalhados por quase todas as outras regiões do país; Existem cerca de 45 milhões de não russos vivendo fora de seus territórios étnicos originais.

Como conseqüência desses fatores (especialmente os dois últimos) conclui-se que nenhuma das republicas que faziam parte da URSS era totalmente homogênea do ponto de vista étnico. Em vista de tudo isso, os conflitos que ocorreram na URSS e que ainda ocorrem em regiões que dela fizeram parte, podem ser classificados em pelo menos quatro parte:

O primeiro deles opõe uma minoria não russa contra o poder central estabelecido em Moscou, muito influenciado pelos russos. EX: Letônia, Lituânia e Estônia.

O segundo tipo de conflito é aquele que envolve minorias não russas lutando entre si.Ex : região do Cáucaso.

O terceiro tipo é aquele em que as duas formas de conflitos citados anteriormente ocorrem ao mesmo tempo. Ex: Republica da Geórgia.

O quarto tipo de conflito é aquele no qual segmentos de um mesmo grupo étnico lutam entre si para alcançar o poder numa determinada republica. Ex: também na Geórgia.

Os conflitos de caráter étnico sempre preocuparam Gorbatchov, que chegou a afirmar, em 1989, que o sucesso ou o fracasso da Perestroika dependeria decisivamente de como o agudo e complexo problema das nacionalidades fosse resolvido. No final de 1991, depois da queda de Gorbatchov e do esfacelamento da URSS, o problema continuava sem solução. Não há duvida de que a própria sobrevivência da Comunidade de Estados Independentes esta vinculada, em grande medida, a uma resolução para esse intrincado problema das nacionalidades.

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Considerações FinaisO objetivo dessas informações foi de expor os principais pontos pertinentes que envolveram todo o processo de formação da Rússia, desde a formação do Império Russo, a passagem para a URSS e a consequente desintegração ocorrida em meados da década de 90. Procurou-se desta forma, abordar os principais fatores geopolíticos e geoeconômicos que influenciaram, no decorrer das décadas, todas as transformações que este país sofreu e que ainda sofre, fruto da sua recente desintegração, cuja grande maioria dos problemas ainda estão ausentes de solução, como por exemplo, os problemas sociais causados pelo grande impacto da adoção de economia de mercado e de uma indefinição política e territorial acerca das diversas etnias existentes.

5.3 - A nova ordem mundial (conflitos Norte x Sul) e blocos econômicos.

Nova ordem mundial Esta lição continuará falando a respeito da nova ordem mundial, a disputa entre os blocos econômicos, e o resultado da globalização. Para melhor entendimento recomenda-se a leitura da lição anterior.

Os megablocos econômicos

Por que estão surgindo blocos econômicos supranacionais no sistema capitalista? Essa integração econômica de vários países responde a uma questão primordial colocada pelo sistema capitalista. Em uma economia globalizada e bastante competitiva, a criação desses blocos visa a acumulação de capitais. Por isso os países que integram esses blocos tem como principio ampliar suas relações comerciais com seus associados.

Em todas as modalidades de blocos o objetivo é a eliminação das tarifas e de impostos de importação entre os paises membros. Esse aumento de blocos se deve a grande competição entre os países, em que o único objetivo é eliminar o concorrente ou neutralizá-lo. O processo de globalização intensificou essas disputas. Os países membros desses blocos fortalecem-se diante de países isolados ou outros blocos de países. Mas existem várias modalidades de blocos econômicos espalhados pelo mundo:

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» Mercado comum: é uma aliança que visa a livre circulação de pessoas, capitais, serviços e mercadorias. Como exemplo a UE (União Européia), que permite a livre circulação de pessoas, e de todos os tipos de serviços entre os países – membros; alem de eliminar as tarifas aduaneiras, e adotar tarifas comuns para o mercado fora do bloco.» Zonas de livre comércio: busca-se a redução ou eliminação de tarifas aduaneiras entre os países membros; a liberalização do fluxo de mercadorias e capitais dentro dos limites do bloco. Como é o caso do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), formado pelos Estados Unidos, Canadá e México.

» União aduaneira: além de reduzir ou eliminar as tarifas alfandegárias entre os países dos blocos, estabelecem-se as mesmas tarifas de exportação e importação, aplicada aos países fora bloco, chamada TEC (Tarifa Externa Comum). A união aduaneira exige que os países membros mantenham pelo menos 85% das trocas comerciais livre de taxas de importação e exportação entre si. Mas se trata apenas de uma abertura de fronteira para mercadorias, e não de pessoas. Um exemplo é o Mercosul (Mercado Comum do Sul), formado pela Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, mas se trata de uma união aduaneira incompleta, pois mitos produtos não se encaixam na TEC. Chile e Bolívia participam do Mercosul, mas não da união aduaneira.

» União econômica e monetária: é caso ainda da União Européia, que administrada pelo Banco Central Europeu, adotaram o euro como moeda única. Nessa integração é preciso que os países estipulem limites comuns máximos de inflação e de déficit público. Até meados de 2003, o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca, não haviam adotado o euro.

Existem ainda outros acordos e associações de menor importância ou em processo de formação: a Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico); Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático); CAN (Comunidade Indiana); CEI (Comunidade de Estado Independentes), reúne países da extinta URSS. Todas essas etapas do processo integracionista interessam os conglomerados transnacionais. As grandes corporações passam a ter uma grande mobilidade espacial e capacidade de competição. Assim a competição tende a ser cada vez mais mediada por entidades supranacionais. Nesse sentido a dois fenômenos ocorrendo simultaneamente: um processo de regionalização, assentada nas fronteiras que são definidas pelos megablocos, e um processo de globalização, de transnacionalização da economia.

Todas as transnacionais têm uma sede em um determinado país. Essas grandes corporações se movimentam com maior desenvoltura ao passar o tempo, através das fronteiras. Mas apesar dessa mobilidade, sempre a barreiras à circulação. Por de trás das fronteiras sempre há medidas protecionistas, para tentar impedir a circulação das mercadorias e dos capitais pelo mundo. A tentativa de reduzir esse protecionismo não é recente, faz se acordos para tentear alcançar esse objetivo, como: Organização Mundial do Comércio; ou de forma regional como a EU, Nafta.

Os fluxos de informações

É bem comum a exigência para boa parte das vagas de trabalho, além de um curso universitário, o domínio da língua inglesa e da informática. Nesse mundo cada vez mais conectado e integrado, a transmissão de boa parte dos dados é feito por meio da informática, e língua considerada universal é a inglesa. Trabalhadores no mundo inteiro desenvolvem suas atividades em informações através de computadores, ao mesmo tempo inserem dados, e por meios de redes de computadores nas empresas, enviam e recebem informações. Para isso é preciso estar habilitado para usar alguns tipos

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de programas. Com o avanço das telecomunicações (centrais telefônicas, cabos de fibras óptica e telefones celulares, etc.), e na informática, o fluxo de informações teve um aumento significativo.

O acesso a dados e a internet são exemplos do avanço da telemática (telecomunicações e informática), que possibilita maior rapidez na transmissão de dados, texto e imagem. A Terceira Revolução Industrial passou a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial, os avanços da robótica, da informática e biotecnologia fazem parte desse novo processo, que é marcado pela maior vinculação entre ciência, técnica e produção. Para as empresas, o desenvolvimento tecnológico e cientifico é muito importante para a elaboração de novos produtos e o aperfeiçoamento de outros, permitindo a competição num mercado cada vez mais disputado.

Internet

A Internet é um dos maiores símbolos da globalização. Essa rede de computadores interliga aproximadamente 400 milhões de usuários em todo o mundo, e esse numero vem crescendo rapidamente. Mas o acesso aos recursos acabam sendo restritos as pessoas dos países desenvolvidos. Se conectar a internet é um privilégio para poucos. Menos de 1% de usuários estão na África, além disso todo o continente africano tem menos linhas telefônicas do que na cidade de Tóquio, Japão.Menos de 5% dos conectados a internet se encontram nos países subdesenvolvidos. Por isso surge o termo exclusão digital: termo que se refere as pessoas que não tem acesso a informatização, o que leva, como conseqüência, à exclusão social.

É preciso lembrar que a internet tem sido usada como um meio para organizar e facilitar atividades ilegais, como redes de prostituição (que envolve estrupos e pedofilia), tráficos de drogas e atividades terroristas. Também surgiu uma nova modalidade de crime, a invasão de sistemas de empresas. Os chamados hackers invademos sistemas para obterem dados e informações de sigilo, senhas, números de cartões de crédito e saldos bancários.

A Internet e a telemática vêm revolucionando as formas de se armazenar as informações, e provocando vários efeitos em diversos setores da economia. Até o modo de vermos as distancias e as noções de tempo se modificam. É nisso que podemos pensar quando surge em nossa frente situações como:» ensino a distância;» compras, pesquisas, conversas, imagens, consultas bancárias;» caixas eletrônicos situados nos mais diversos lugares;

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» se conectar a internet via celular;» teleconferências;» controle dos espaços aéreos e terrestres;

Movimentação de capitais e mercadorias

Os investimentos estrangeiros, as remessas de lucros de empresas multinacionais, os pagamentos de juros de dividas externas, os empréstimos, tudo isso possibilita a circulação de capitais entre países.Os investimentos estrangeiros são formados por investimentos na área produtiva, e financeiros (aplicados na compra de ações de empresas ou de moedas). Os investimentos estrangeiros tem como principal destino os países desenvolvidos, apesar de terem crescido nos países emergentes. No final do século XX, só os Estados Unidos recebiam cerca de 22% de todos os investimentos realizados no mundo.Em 1950, o fluxo de mercadorias movimentou 61 bilhões de dólares; 51 anos depois, em 2001, o valor das movimentações comercias passou os 7 trilhões de dólares.

Meio técnico-científico-informacional

O geógrafo Milton Santos denominou o espaço do mundo no contexto da Revolução Técnico-Científico de meio técnico-científico-informacional. Em meio a Terceira Revolução Industrial, com o aumento das redes de infra-estrutura, da capacidade de produção nas empresas, os mais variados setores econômicos repletos de sistemas informatizados, o meio geográfico passa a apresentar grande quantidade de técnica, ciência e informação. Mas é preciso lembrar que a técnica, ciência e a informação não estão igualmente distribuídas no espaço geográfico mundial. Há lugares em que a sua presença é escassa, como nos países subdesenvolvidos de economia primária; outros é bastante irregular, como nos países emergentes; e ainda outros sua presença é grande, notadamente nos países desenvolvidos.

A Presença do Estado na economia globalizada

O Estado é uma instituição formada por uma população que reside em um determinado território com governo próprio. Os Estados modernos surgiram inicialmente no século XV, primeiro com a formação de Portugal e Espanha. Depois foram surgindo os demais Estados europeus, principalmente no século XIX. Foram surgindo também outros Estados no mundo, seguindo o mesmo modelo de estrutura política e territorial. O Estado inicialmente tinha atribuições como defesa do território, procurar dar um bem-estar as pessoas, e um bom relacionamento político com outros Estados. Ao longo da história essas atribuições foram aumentando. Com uma variação de país para país, o Estado foi agregando várias outras funções:

» participação acionária em empresas;» pagamento de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;» investimento em educação, saúde e moradia;» controle da circulação da moeda;» realização de empréstimos a juros baixos, ou isenção de impostos para determinados grupos;» construção e manutenção de equipamentos de infra-estrutura.

Na década de 80 surgiram novas propostas sobre as atribuições do Estado, por causa das crises em vários países subdesenvolvidos, e dos elevados déficits públicos de muitos países. As organizações financeiras (Banco Mundial e FMI) e o governo dos Estados Unidos propuseram um Estado que não interferisse no livre comércio, que facilita-se a atuação da grandes empresas, que cobrasse menos

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impostos e reduzisse seus gastos. Essa idéia foi chamada de neoliberal. O Estado sendo neoliberal deve intervir pouco na economia, procurando eliminar barreiras ao comércio internacional, privatizar empresas e atrair investimento estrangeiro. Para o conceito neoliberal o papel do Estado é apenas incentivar a pesquisa tecnológica para apoiar as empresas privadas e assegurar estabilidade econômica. A produção de mercadorias fica apenas para as empresas particulares.

Os gastos do governo, até mesmo em aspectos sociais, devem ser restringidos, a fim de não acarretar déficits nas contas do governo. Os gastos do Estado não devem ser altos também, para não acarretar impostos elevados para as empresas e sobre a sociedade como um todo. Além disso, segundo os conceitos neoliberais, os gastos das empresas com mão-de-obra acabam sendo repassados ao preço dos produtos, por isso, devem ocorrer algumas eliminações ou modificações nos direitos trabalhistas, para estimular novas contratações.

A adoção das práticas neoliberais, fez com que alguns Estados, de países subdesenvolvidos, ficassem vulneráveis a ação de empresas estrangeiras, que são originárias dos países desenvolvidos. Com isso, as desigualdades entre os países só aumentaram, visto que o neoliberalismo atende melhor os que possuem maior capacidade de investimento, e maior capacidade de atuação no mercado mundial, ou seja, beneficia mais os países desenvolvidos.

Antiglobalização

Os movimentos antiglobalização surgiram em todo mundo, devido as conseqüências negativas que surgiram com a globalização. Esses movimentos partem do principio que as multinacionais estão dando forma ao mundo. Os países ricos procuram defender o espaço para os conglomerados multinacionais. Enquanto os países pobres, procuram atrair investimentos abrindo seus mercados para esses mesmos conglomerados.

Esses movimentos têm propostas muito diferentes. Agrupam ambientalistas, reformistas que lutam por uma globalização mais justa, sindicalistas que se preocupam com os direitos dos trabalhadores, minorias negras, indígenas que lutam contra a discriminação, enfim uma lista bem grande. Não existe ainda um grupo hegemônico antiglobalização, mas sim vários grupos e movimentos que lutam contra um tema em comum.

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5.4 - O sistema financeiro global.Em tempos de pós crise econômica mundial, muitas especulações são feitas para tentar entender suas origens raízes. Antes de se levantar qualquer hipótese precipitada, é prudente e necessário conhecer bem o funcionamento do sistema financeiro mundial. Comecemos, recuando 64 anos no tempo para nos situarmos em julho de 1944, na localidade de Bretton Woods, New Hampshire, nos Estados Unidos da América do Norte. Para esse local foram convocadas 44 nações para discutir estratégiaseconômicas e financeiras para o período posterior à 2ª Guerra Mundial, cujo fim já se vislumbrava no horizonte histórico.

Os participantes têm presente, ainda, na memória, o crash de 1929 e a “grande depressão” dos anos 30 que gerou desemprego e miséria (nos EUA, em 1933, a taxa de desemprego atingiu 24,9% e a megalópole nova-iorquina era tomada por filas gigantescas de pessoas em busca de um prato de sopa rala. Pretendia-se a reconstrução econômica européia e a estabilidade monetária no pós-guerra. As conversações prosseguiram até o dia 22, quando se aprovou, por unanimidade, a proposta de criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e um Banco para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD).

No início de 1945, o FMI e o BIRD começaram a operar quando a guerra caminhava para seu desfecho. O problema básico de Bretton Woods era a restauração do comércio entre as nações para facilitar a reconstrução da infra-estrutura econômica da Europa devastada pela guerra. Neesa conferência, foi notório o destaque atribuído ao dólar. O papel do dólar em Bretton Woods era único por diversas razões em 1945. Naquele momento, os EUA possuíam a moeda mais robusta, ancorada na então mais produtiva economia, e que possuía um brutal lastro de ouro para apoiar sua moeda, equivalente a 65% da reserva mundial. As reservas européias de ouro eram as mais baixas, pois tinham sido sangradas pelos custos da guerra.

Mediante esse padrão de Bretton Woods, o dólar era um substituto aceitável para as reservas dos Bancos Centrais. A um Banco Central de um país, filiado ao FMI, era permitido emitir moeda numa taxa definida pelas suas reservas tanto em ouro quanto em dólar. Objetivava-se para as economias européias ocidentais, após a guerra, uma rápida reconstrução para opor-se ao avanço comunista do Leste Europeu. O dólar funcionou durante um quarto de século, até o final da década de 60, como um substituto para o ouro.

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O controle sobre um membro do FMI, sob o sistema de Bretton Woods, que tentasse desvalorizar sua moeda imprimindo dinheiro em seu país, era rigoroso já que esta atitude deveria ser a última regra. Nos últimos tempos o FMI vinha atuando como uma polícia de uma suposta austeridade mundial. E, hoje, diante do colapso neoliberal, o FMI está desacreditado.

O sistema global, em suma, que se desenvolveu e cresceu desde o advento de Bretton Woods, mantinha uma única estrutura dinâmica; ou seja, os EUA eram o único pólo central gerenciando estrategicamente seus mercados de capitais e de bens não-controlados. Europa e Japão, cujos capitais tinham sido destruídos pela guerra, constituíam os emergentes países periféricos de então, num certo sentido similar com os emergentes de hoje.

5.5 - Organizações internacionais e regionais.

Organização Internacional

A Organização Internacional é entendida como a associação de sujeitos de Direito Internacional, entenda-se, constituída por Estados (embora tal concepção esteja lentamente sendo reformada nos dias atuais). Possuem como finalidade buscar os interesses comuns de seus integrantes por meio da cooperação recíproca, sendo tal ideal de cooperação cada vez mais fundamental na política internacional moderna. Sendo assim, as Organizações Internacionais são um fenômeno decorrente do incremento dos contatos entre as mais diversas nações. Tais elementos atuam destacadamente no cenário global, com origem na plena vontade de Estados Soberanos, ligando assim sua atuação ao desejo manifestado pelos seus integrantes, sempre buscando objetivos que são comuns a estes mesmos componentes.

Pode-se citar como objetivos mais comuns das Organizações Internacionais a obtenção ou manutenção da paz, desenvolvimento ou cooperação no âmbito econômico, estrutural e social, resolução de conflitos armados, entre outras questões similares. São as organizações entendidas por boa parte da doutrina de Direito Internacional atual também como sujeitos de Direito Internacional, ao lado dos Estados. Prova de tal aceitação é a elaboração da Convenção de Viena de 1986, tratando

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exclusivamente da regulamentação dos tratados internacionais entre Estados independentes e Organizações Internacionais ou entre duas Organizações Internacionais.

São reconhecidamente dotadas de personalidade jurídica, dotadas de direitos e obrigações no âmbito internacional, antes qualidade exclusiva dos Estados soberanos. A partir do tratado constitutivo de uma determinada organização, teremos acesso aos objetivos a serem alcançados por esta, além dos instrumentos de que esta se utilizará para o cumprimento de suas metas. Assim, é por meio da análise de tal documento que podemos fazer uma distinção entre as várias organizações internacionais que estão sendo criadas a todo momento. Uma comum distinção entre os vários tipos de organizações é assim racionalizada:

Intergovernamentais (os objetivos podem ser específicos ou generalizados) a) globais:

ONU - Organização das Nações UnidasFoi criada pelos países vencedores da Segunda Guerra Mundial e tem como principal objetivo manter a paz e a segurança internacionais. Proíbe o uso unilateral da força, prevendo contudo sua utilização - individual ou coletiva - para defender o interesse comum dos seus países-membros. Seu principal objetivo é manter a segurança internacional e pode intervir nos conflitos não só para restaurar a paz, mas também para prevenir possíveis enfrentamentos. Também incentiva as relações amistosas entre seus membros e a cooperação internacional.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para educação, ciência e culturaFoi criada em 1945 pela Conferência de Londres e tem como objetivo contribuir para a paz através da educação, da ciência e da cultura. Visa eliminar o analfabetismo e melhorar o ensino básico, além de promover publicações de livros e revistas, e realizar debates científicos. Desde 1960, atua também na preservação e restauração de espaços de valor cultural e histórico.

o OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - É um fórum internacional que articula políticas públicas entre os países mais ricos do mundo. Fundada em 1961, substituiu a Organização Europeia para a Cooperação Econômica, criada em 1948, no quadro do Plano Marshall. Sua ação, além do terreno econômico, abrange a área das políticas sociais de educação, saúde, emprego e renda.

o OMS - Organização Mundial da Saúde - É uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à ONU. Sua sede é em Genebra, na Suíça. Tem como objetivo principal o alcance do maior grau possível de saúde por todos os povos. Para tanto, elabora estudos sobre combate de epidemias, além de normas internacionais para produtos alimentícios e farmacêuticos. Também coordena questões sanitárias internacionais e tenta conseguir avanços nas áreas de nutrição, higiene, habitação, saneamento básico, etc.

o OEA - Organização dos Estados Americanos - Criada em 1948, com sede em Washington (EUA), seus membros são as 35 nações independentes do continente americano. Seu objetivo é o de fortalecer a cooperação, garantir a paz e a segurança na América e promover a democracia.

o OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte - Foi criada em 1949, no quadro da Guerra Fria, como uma aliança militar das potências ocidentais em oposição aos países do bloco socialista. Formada inicialmente por EUA, Canadá, Bélgica,

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Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido, a OTAN recebeu a adesão da Grécia e da Turquia (1952), da Alemanha (1955) e da Espanha (1982).

o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - Com o objetivo de conceder empréstimos aos países membros, o BIRD, também conhecido como Banco Mundial, oferece financiamento e assistência técnica aos países menos avançados, a fim de promover seu crescimento econômico. É formado por 185 países-membros e iniciou suas atividades auxiliando na reconstrução da Europa e da Ásia após a Segunda Guerra Mundial.

o FMI - Fundo Monetário Internacional - Criado para promover a estabilidade monetária e financeira no mundo, oferece empréstimos a juros baixos para países em dificuldades financeiras. Em troca, exige desses países que se comprometam na perseguição de metas macroeconômicas, como equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação, privatização e concentração de gastos públicos em educação, saúde e infraestrutura.

o OMC - Organização Mundial do Comércio - Trata das regras do comércio entre as nações. Seus membros negociam e formulam acordos que, depois, são ratificados pelos parlamentos de cada um dos países-membros. Tem como objetivo desenvolver a produção e o comércio de bens e serviços entre países-membros, além de aumentar o nível de qualidade de vida nesses mesmos países.

o OIT - Organização Internacional do Trabalho - Tem representação paritária de governos dos seus 182 Estados-membros e de organizações de empregadores e de trabalhadores. Com sede em Genebra, Suíça, a OIT possui uma rede de escritórios em todos os continentes. Busca congregar seus membros em torno dos seguintes objetivos comuns: pleno emprego, proteção no ambiente de trabalho, remuneração digna, formação profissional, aumento do nível de vida, possibilidade de negociação coletiva de contratos de trabalho, etc.

b) regionais:o OEA (Organização dos Estados Americanos) – objetivo generalizado

Não-governamentais

Greenpeace (organização destinada à divulgação da política de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável) - objetivo específicoHá ainda quatro linhas fundamentais distintas nas quais se podem dividir os objetivos e o campo de atuação das organizações, que são:

aproximação de posições entre países-membros;

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adoção de normas comuns de comportamento dos países membros; previsão de ação operacional em casos de urgência na solução de crises de âmbito nacional

ou internacional, originadas de conflitos internacionais, guerra civil, catástrofes e pesquisa conjunta em áreas específicas de interesse dos Estados-partes;

prestação de serviços, sobretudo de cooperação econômica aos países membros.

5.6 - Consequências socioeconômicas da globalização.

A deterioração do meio ambiente: Em consequência da desregulamentação dos mercados e do compromisso entre os governos de atrair a qualquer preço o investimento estrangeiro, assistimos atualmente a uma super exploração das riquezas naturais renováveis e não renováveis, assim como a uma forte deterioração do meio ambiente.

A globalização dos mercados tem consequências importantes sobre o meio ambiente. O comércio internacional causa necessariamente efeitos nefastos para o meio ambiente como a super exploração dos recursos naturais renováveis e não renováveis, o aumento de todo tipo de resíduos, a perda da biodiversidade e um aumento do consumo energético devido ao sistema de transporte a longas distâncias levando bens e mercadorias. Os efeitos sobre o meio ambiente serão acentuados com as iniciativas visando a liberar ainda mais o comércio internacional. Por outro lado, o quadro atual no que respeita ao comércio e aos investimentos internacionais não inclui os custos ambientais na regulamentação do comércio internacional. São custos ignorados (não incluídos nos custos de produção) por ação das empresas

As consequências sobre o meio ambiente provocam fatalmente uma crescente deterioração no nosso patrimônio natural causado pela super exploração e pelo aumento da poluição que finalmente se refletem na perda de espaços naturais e na ameaça direta à saúde e à subsistência das gerações humanas atuais e futuras. A exteriorização dos custos ambientais, muitas vezes chamada "dumping ambiental" na realidade investimentos, o que implicaria em:

Reconhecimento da preponderância dos acordos ambientais multilaterais (AEM) sobre os acordos de comércio e de investimento, assim como os limites ambientais ao crescimento econômico;

Uma regulamentação mais aprimorada do comércio e dos investimentos internacionais tem a possibilidade de atenuar e de compensar alguns dos efeitos inevitáveis sobre o meio ambiente, evitar outros e até mesmo ter efeitos positivos. No entanto, nenhum resultado substancial será obtido se a proteção ao meio ambiente não se tornar uma questão primordial nos acordos internacionais sobre o comércio e os se constitui num subsídio

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disfarçado à produção e é portanto, um fracasso tanto sob o ponto de vista do livre comércio internacional como do desenvolvimento durável e dos Estados, que consideram o fato como uma vantagem competitiva. Disto resulta uma corrida dos Estados para desregulamentar tudo o que se refira ao meio ambiente, caracterizando uma maior tolerância (até mesmo indiferença) quanto a aplicação das normas e dos mecanismos de controle ambientais ainda existentes (ver o texto em anexo sobre a desregulamentação em Quebec).

Adoção de normas ambientais mínimas a nível internacional, que determinem também os procedimentos e os métodos de produção, e não só os produtos;

Reconhecimento de uma dívida ecológica para com alguns países e regiões, e disponibilização de recursos para garantir a transferência de bens, serviços e tecnologias ambientais e a aplicação efetiva das legislações ambientais nacionais e internacionais em todos os países, em particular os mais desfavorecidos.

Portanto a globalização dos mercados deve passar tanto por uma justificativa ambiental e social como por uma justificativa econômica. Para isso, é preciso entre outras coisas, que se estabeleça uma forma de consulta direta e democrática aos cidadãos e aos organismos da sociedade civil, para os quais seriam apresentadas estas justificativas para avaliação e análise. Seria uma consulta a ser feita antes de dar continuidade ao processo de globalização dos mercados e o procedimento seria repetido então em cada processo de decisão, tornando-o transparente.

5.7 - Pluralidade cultural: conflitos e tensões no mundo.

A Geografia dos Conflitos do mundo atual ainda convive com inúmeras áreas de tensão espalhadas pelo globo. As causas principais são rivalidades étnicas, religiosas e nacionalistas e ainda os casos em o conflito envolve disputa entre estados ou mudanças de fronteiras. Um exemplo de conflito entre dois ou mais Estados é o que ocorre entre a Índia e Paquistão, duas potências nucleares. A Índia – de maioria hindu – e o Paquistão – muçulmano – onde o dois países disputam a região da Caxemira localizada ao norte da Índia. Outro exemplo de conflito é aquele que ocorre dentro de um país (guerra civil – guerrilha ), onde grupos armados objetivam a tomada do poder, é o que ocorre na Colômbia, onde a Farc ( Forças Armadas Revolucionária da Colômbia ), controlam uma área de 42 mil km2 dentro do território colombiano, instalando uma guerra civil no país e um dos conflitos mais duradouros e sangrentos da América Latina.

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México: a luta do EZLN – Exército Zapatista de Libertação Nacional - O EZLN controla o sul do país, o Departamento de Chiapas, a região mais pobre do território mexicano e luta contra a política neoliberal do governo mexicano, que exclui e marginaliza a população pobre. E inúmeros conflitos estão incluídos nesta Geografia.

Afeganistão: O grupo fundamentalista Taleban, durante o período que dominou o país promoveu uma guerra civil a outras etnias ( tadjique, uzbeque e hazará ).

Sri Lanka: Conflito de origem religiosa onde Tâmeis ( hinduístas ) lutam contra cingaleses ( budistas ), estão em luta desde 1980 ( século xx ).

África: Conflitos entre Ruanda e Burundi, na região dos Grandes Lagos Africanos, já deixaram 1(um) milhão de mortos, em consequência da antiga rivalidade entre as etnias tutsi e hutu.

África – Nigéria: O conflito entre cristãos e muçulmanos faz parte do cotidiano da Nigéria. A Nigéria é o principal exportador de petróleo da àfrica, mas a esmagadora maioria da população, de 112 milhões de pessoas, vive na pobreza. As péssimas condições de vida são responsáveis por boa parte das tensões religiosas do país, composto de cerca de 250 grupos étnicos. África: Serra Leoa – é uma das nações mais pobres do mundo, a guerrilha luta contra o governo, com o objetivo de tomar o poder.

Israel: Conflito Árabe-Israelense, onde os palestinos reivindicam o reconhecimento de um Estado independente nos territórios ocupados por Israel – Faixa de Gaza e Cisjordânia.

Timor Leste: Essa ex-colônia portuguesa cuja população em sua maioria de religião católica, foi anexada ao território da Indonésia (de maioria islâmica ) em 1975. Depois de um tenso e violento conflito separatista, onde morreu praticamente metade da população , em 1999, Timor Leste conseguiu sua independência, através da mediação da ONU, dos EUA e Portugal, junto ao governo da Indonésia. No dia 20 de maio de 2002, nasce a República Democrática de Timor Leste.

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Irlanda do Norte: A Irlanda (República do Eire ), onde 75% da população é protestante de origem escocesa e inglesa, rompeu os laços com o Reino Unido da Inglaterra em 1937, tendo sua independência reconhecida somente em 1949. Porém esta separação desagradou os católicos que ficaram em minoria, sendo por isto discrimados política e economicamente, levando-os a lutar pela unificação da ilha e voltar ao domínio da Inglaterra, destacando-se o IRA (Exército Republicano Irlandês ) entre as organizações que lutam pela reunificação da ilha. A violência do Ira diminuiu após a assinatura de um acordo de paz em 1988.

Espanha: A questão do País Basco. Um movimento nacionalista pela independência do País Basco – região ao norte da Espanha e sudoeste da França, que tem no grupo ETA (Pátria Basca e Liberdade) o seu braço mais violento, com atentados terroristas que abalam a nação espanhola.

Argélia: Este país pobre do norte da África, vive uma guerra civil desde 1992, quando as eleições vencidas pela Frente Islâmica de Salvação ( FIS ) foram anuladas. Desde então este grupo luta pela criação de um estado teocrático na Argélia, atacando cidades, onde já morreram mais de 100 mil pessoas.

Turquia: Os Curdos querem a independência do Curdistão, e para isto guerrilheiros separatistas lutam pela independência desde os anos 80. A área em que habitam se encontra sob domínio da Turquia, do Iraque, da Síria e do Irã.

Tibet: Esta área encontra-se sob domínio da China desde 1950. Acredita-se que mais de 1,2 milhão de tibetanos morreram durante a ocupação.

QUEM PERDE E QUEM GANHA COM ESSES CONFLITOS:

Os confrontos dispersos pelo mundo fazem milhões de vitimas, sem contar os refugiados, pessoas que fogem da violência, o número de refugiados vem crescendo progressivamente desde as últimas décadas do século XX , que em 1995 já chegava a 27 milhões de pessoas. Nas diversas regiões do globo alguns povos se destacam , como no Oriente Médio ( curdos, palestinos e afegões), na Ásia Meridional (indianos e paquistaneses ), na região dos Bálcãs ( refugiados das repúblicas da ex-Iugoslávia ) e na África Negra ( Ruanda, Sudão, Etiópia, Somália, Serra Leoa, etc.). Mas há também quem sai ganhando com tantos conflitos.

As vendas de armas aumentaram 8% no ano passado ( 2000 ), chegando a 37 bilhões de dólares, confirmando a condição dos EUA como o maior fornecedor de armas ( US$ 26 bilhões ) para o mundo, principalmente para os países em desenvolvimento, na sequência os maiores fornecedores são, EUA, Rússia, França, Alemanha, Inglaterra, China e Itália.

5.8 - Desafios da sociedade humana - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - desigualdades mundiais.

Objetivos do Milênio

A Cúpula do Milênio foi um evento promovido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), realizado em sua sede, em setembro de 2000. Em 8 de setembro, os 191 lideres dos Estados-Membros das Nações Unidas, assinaram a Declaração do Milênio, uma declaração onde esses líderes assumem o compromisso de eliminar a fome e a pobreza extrema de todo o planeta até o ano de 2015.

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A partir desse documento, foi elaborado Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas (ODMs), uma proposta para mobilizar os governos e a sociedade a buscarem formas de superar a fome e a pobreza. São 8 os objetivos:

Acabar com a fome e a miséria

Educação básica de qualidade para todos

Igualdade entre sexos e valorização da mulher

Reduzir a mortalidade infantil

Melhorar a saúde maternaNa África Subsaariana, a mortalidade entre gestantes ou durante o parto é alarmante. No Brasil, a preocupação com a saúde da mulher e o cuidado pré-natal tem surtido efeito, diminuindo o índice de mortalidade entre as gestantes.

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Milhares de pessoas passam fome no Mundo, inclusive no Brasil, sobretudo na região Nordeste. Os maiores índices de desigualdade social ocorrem na África Subsaariana, América Latina e Caribe.

No Mundo, mais de 100 milhões de crianças em idade escolar não estão na escola. No Brasil, a maioria das crianças tem acesso à escola, no entanto, a frequência das mais pobres e a qualidade da educação merecem atenção.

A desigualdade entre gêneros ocorre com diferentes intensidades pelo Mundo. No Brasil, o desafio é atingir a igualdade, pois as mulheres têm menos oportunidades de trabalho, ocupam os cargos inferiores e recebem menos em relação aos homens quando exercem a mesma função.

Nos países onde as condições sanitárias, e os serviços de saúde são precários, os índices de mortalidade infantil ainda são muito altos. No Brasil, as crianças pobres tem o dobro de chance de morrer até os 5 anos. No Nordeste, o índice de mortalidade infantil é o dobro da média nacional.

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Combater a AIDS, a malária e outras doenças.Doenças como a AIDS, a malária e a tuberculose são responsáveis por milhões de mortes todos os anos pelo Mundo. O Brasil foi pioneiro ao proporcionar o tratamento e a medicação gratuita para os portadores de HIV em sua rede de saúde. Em relação à malária, o Brasil é o país com o maior índice da doença nas Américas.

Garantir a Sustentabilidade AmbientalO aumento das áreas protegidas e a diminuição do índice de pessoas sem acesso a água potável é o desafio em nível mundial. No Brasil, além do acesso a água potável a todos, é necessária a melhoria das condições de moradia e, consequentemente, do saneamento básico.

Estabelecer Parceria Mundial para o DesenvolvimentoAlgumas medidas em relação à dívida externa dos países mais pobres, a ajuda humanitária, entre outras, são metas nesse objetivo. O Brasil defende um comércio internacional mais justo, além de difundir entre os demais países, a ideia de tornar gratuito o acesso aos medicamentos contra o HIV.Desde 2000, anualmente a ONU publica o Relatório do desenvolvimento Humano, no qual consta o ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Nessa mesma publicação, são comentados os avanços e previsões em relação aos indicadores dos Objetivos de desenvolvimento do Milênio.

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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES

QUESTÃO 1 (Julho 2011)

A África do Sul faz fronteira com cinco países do continente africano e é banhado pelos oceanos Atlântico e Índico. Os limites que separam esse país dos vizinhos formam um

A) Sitio urbano.B) Limite regional.C) Povoado autônomo.D) Território nacional.

QUESTÃO 2 (Julho 2011)Observe a imagem. A relação entre povo, território e governo soberano constitui um(a)

A) Município.B) franquia.C) colônia.D) Estado.

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QUESTÃO 3 (Novembro 2011)Leia o texto para responder a questão abaixo

As novas terras, mencionadas na Carta de Pero Vaz de Caminha, eram habitadas por grupos indígenas de diversas nações, mas que não formavam um Estado, pois ainda não possuíam uma

A) fronteira territorial única.B) identidade cultural própria.C ) instituição sócio-financeira.D) organização político-administrativa.

QUESTÃO 4 (Novembro 2011)A observação da fisionomia da paisagem faz parte da essência da Geografia. Assinale a alternativa que apresenta a classificação CORRETA da paisagem representada.

A) Antiga.B) Natural.C) Portuária.D) Humanizada.

QUESTÃO 5 (Novembro 2011)Mapas e cartogramas temáticos empregam cores, pontos, símbolos e toda uma série de técnicas de representação para mostrar a distribuição de aspectos geográficos.

Na imagem, os símbolos de minerais são emprega-dos para mostrar a distribuição das principais jazidas em um tipo de mapa denominado

A) demográfico.B) hipsométrico.C) geométrico.D) geológico.

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A Carta ao rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil, popularmente conhecida como Carta de Pero Vaz de Caminha, é o documento no qual registraram-se as impressões sobre a terra que posteriormente viria a ser chamada de Brasil. Pero Vaz descreveu, detalhadamente, a situação encontrada nas novas terras, bem como a presença dos indígenas no território e a natureza a qual ele considerou exuberante. Em diversos trechos da carta, é possível encontrar relatos sobre os costumes indígenas, e também descrições sobre o contato dos nativos com os portugueses.

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QUESTÃO 6 (Julho 2011)Para compreender as mudanças nos fluxos de energia na superfície da Terra, o geógrafo utiliza os conhecimentos da meteorologia, que é a ciência que estuda A) os fenômenos atmosféricos.B) as erupções vulcânicas.C) os abalos sísmicos.D) as fases da lua.

QUESTÃO 7 (Novembro 2011)O Sertão nordestino é uma região de clima semiárido, com escassez e irregularidade de chuvas. Apesar de ser uma área, onde ocorrem períodos de seca que podem durar meses ou até anos, já existem cultivos de produtos típicos de outras regiões como a uva, a cebola e o melão, no Sertão nordestino, devido aos grandes investimentos em técnicas A) de irrigação.B) tradicionais.C) rudimentares.D) de jardinagem.

QUESTÃO 8 (Novembro 2011)A origem, a formação e as sucessivas transformações da crosta terrestre são estudadas pela Geologia, que divide a história da Terra em Eras geológicas. A deriva dos continentes teve início na Era A) Paleozoica.B) Mesozoica.C) Cenozoica.D) Proterozoica.

QUESTÃO 9 (Junho 2004)

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Questão 10 (Junho 2004)

Questão 11 (Novembro 2005)

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QUESTÃO 12 (Junho 2008)

QUESTÃO 13 (Junho 2008)

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QUESTÃO 14 (Julho / 2011)

Observe a imagem.

QUESTÃO 15 (Novembro / 2011)Sustentabilidade: desenvolvimento presente, garantindo o futuro das próximas gerações. A questão ambiental exige uma nova maneira de conciliar o desenvolvimento com a sustentabilidade dos sistemas naturais. Sobre a questão ambiental, assinale a afirmativa CORRETA. A) Os componentes do meio natural, tais como clima, relevo, solos e demais seres vivos, não interagem entre si.B) As novas tecnologias são capazes de permitir a desaceleração controlada do consumo de recursos naturais, que são infinitos.C) Mudanças feitas nos sistemas fluviais, a exemplo das barragens, alteram radicalmente o regime das águas dos rios.D) As principais atividades socioeconômicas que provocam impactos ambientais são o comércio e a pecuária.

QUESTÃO 16 (Junho/2004) É a principal fonte de energia da sociedade industrial, que representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo. Suas jazidas conhecidas, mantido o consumo atual, esgotam-se nos próximos cinqüenta anos. Qual a fonte de energia tratada no texto? A) Carvão mineral. B) Petróleo.C) Biomassa.D) Gás natural.

QUESTÃO 17 (Julho/2011)Cada vez mais, o exercício pleno da cidadania vai exigir do cidadão a capacidade de operar novas tecnologias da informação. Para isso, é necessário saber selecionar, ordenar e interpretar a imensa massa de dados existentes em circulação no espaço cibernético mundial, ou seja, no

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A questão ambiental exige uma nova maneira de conciliar o desenvolvimento econômico com

A) o câmbio. B) o comércio. C) a ruralização.D) a sustentabilidade.

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A) ecossistema.B) agronegócio.C) geossistema.D) infoespaço.

QUESTÃO 18 (Julho/2011)O advento da globalização trouxe transformações que se baseiam na utilização intensa de tecnologias avançadas.Marque a alternativa que NÃO representa, na atualidade, um avanço tecnológico.

A) Computadores.B) Telégrafos.C) Celulares.D) Internet.

QUESTÃO 19 (Novembro/2011)O avanço da industrialização foi responsável pela formação da classe operária. Esse processo, no século XVIII, teve início na

A) França.B) Holanda.C) Inglaterra.D) Dinamarca.

QUESTÃO 20 (Novembro/2011)A partir da década de 1970, o capitalismo internacional se reestruturou. Com o domínio do modelo de produção flexível, as empresas expandiram suas produções por continentes inteiros, surgindo novos países industrializados.

Assinale a alternativa que caracteriza, CORRETAMENTE, uma das formas de ocupação da força de trabalho a partir do modelo de produção denominado Toyotismo.

A) Fortalecimento de sindicatos de trabalhadores.B) Aumento do número de trabalhadores temporários.C) Diminuição da exigência de qualificação de mão de obra.D) Perda de controle do processo produtivo pelos trabalhadores.

QUESTÃO 21 (Julho/2011)

Observe o gráfico e leia o texto.

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A evolução da população de um determinado território é avaliada a partir da observação de suas taxas de natalidade e de mortalidade ao longo do tempo. Assinale a alternativa que apresenta o nome dado ao processo de mudança nessas taxas.

A) Transição demográfica.B) Censo demográfico. C) Expectativa de vida. D) Pirâmide etária.

Texto: Em burca equilíbrio. As questões de 23 a 26 referem-se ao texto abaixo.

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QUESTÃO 22 (Julho/2011)

Observe a imagem.

Assinale a alternativa que apresenta, CORRETAMENTE, uma das Metas do Milênio.

A) Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.B) Redução da oferta de emprego nas áreas rurais.C) Desigualdade entre sexos e valorização da mulher.D) Disseminação de programas para reduzir as taxas de fecundidade.

QUESTÃO 23 (Julho/2011)Assinale a alternativa que indica uma valorização das atividades ecologicamente corretas.

A) Incentivo ao uso indiscriminado de pesticidas na agricultura.B) Estímulo a empresas para a implantação de projetos de poluição dos rios.C) Implantação de indústrias automotivas nas reservas florestais da Amazônia.D) Tentativa de controle do desmatamento e da caça de animais em extinção.

QUESTÃO 24 (Julho/2011)

Observe a charge a seguir.

Nessa perspectiva, o consumismo promove um estado de

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As Metas do Milênio foram criadas em 2000, pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de nortear as ações mundiais em busca do equilíbrio do planeta.

A charge apresenta um cidadão sendo manipulado pelo modelo

econômico, já o texto: Em busca do equilíbrio, mostra que o

consumo de mercadorias significa status social; assim os objetos

passaram a ser adquiridos não pela sua utilidade, mas pelo

significado social de sua posse.

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A) alienação.B) cooperação.C) participação.D) conscientização.

QUESTÃO 25 (Julho/2011) A iminência de vários problemas ambientais em todo o mundo favoreceu a criação de acordos internacionais que buscam solucioná-los. Assinale a alternativa que apresenta a principal organização internacional responsável pela decisão cooperativa frente aos problemas de escala global.

A) Banco Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG.B) Organização dos Estados Americanos – OEA.C) Organização das Nações Unidas – ONU.D) Fundo Monetário Internacional – FMI.

____________________

Texto: A origem da população brasileira. As questões 27 e 28 referem-se ao texto abaixo.

QUESTÃO 26 (Julho/2011)A miscigenação da população brasileira começou no período da colonização portuguesa, quando ocorreu a primeira mistura dos povos: indígenas e europeus. Posteriormente, no início do século XVI, um novo povo foi trazido para o Brasil e utilizado como força de trabalho.

Assinale a alternativa que indica, CORRETAMENTE, o nome desse novo povo.

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A) Incas.B) Maias.C) Africanos.D) Aborígenes.

QUESTÃO 27 (Julho/2011)

Observe a tabela a seguir.

Assinale a característica CORRETA sobre os povos que formam a nação brasileira.

A) Os brancos possuem maior acesso à educação, logo, é a parcela da população com o menor percentual de analfabetos.B) Os indígenas representam a menor parcela da população brasileira atual, pois migraram para países vizinhos.C) Os negros superaram seu passado escravista e apresentam os melhores indicadores educacionais.D) Indígenas e negros somam mais da metade da população brasileira com acesso ao ensino de qualidade.

QUESTÃO 28 (Julho/2011)

Observe a charge e leia o texto a seguir.

Disponível em: www.historianet.com.br. Acesso em: 25 nov.2010.

O nome dado ao desemprego causado pelas alterações associadas ao sistema produtivo é 80

A realidade do desemprego no Brasil e no mundo

está associada, entre outros fatores, ao

desenvolvimento tecnológico.

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A) conjuntural.B) temporário.C) estrutural.D) informal.

____________________

Texto: Globalização: um processo histórico

QUESTÃO 29 (Novembro/2011)

A intensificação da integração financeira internacional, promovida pela globalização, gerou oportunidades, mas também trouxe riscos para os Estados nacionais.Assinale a alternativa que apresenta o grupo de Estados nacionais mais vulnerável à integração financeira.

A) Desenvolvidos.B) Emergentes.C) Nórdicos.D) Centrais.

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QUESTÃO 30 (Novembro/2011)

Um dos meios utilizados pelo mercado para estimular o consumo é a

A) propaganda pela mídia.B) coletivização dos bens.C) elevação dos preços.D) cobrança de juros.

QUESTÃO 31 (Novembro/2011)

Em relação ao aspecto econômico da globalização, constata-se que as economias do mundo encontram-se ligadas. Esse é um reflexo do estágio avançado do capitalismo, que se propagou pelo mundo vinculado ao processo de industrialização.

Assinale a alternativa que indica uma característica CORRETA do sistema capitalista.

A) Economia planificada.B) Economia de mercado.C) Anarquismo social.D) Igualdade social.

QUESTÃO 32 (Novembro/2011)Leia o texto para responder a questão abaixo

Pero Vaz de Caminha, em sua carta, descreveu a vegetação encontrada na área litorânea, formada por árvores entrelaçadas por palmeiras.A formação vegetal da área litorânea do Brasil é denominada

A) Mata de Igapó.B) Mata Atlântica. C) Pradarias.D) Cerradão.

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Com a globalização, ocorre uma nova configuração nos padrões de produção, e surgem produtos cada vez mais sofisticados e modernos.

A Carta ao rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil, popularmente conhecida como Carta de Pero Vaz de Caminha, é o documento no qual registraram-se as impressões sobre a terra que posteriormente viria a ser chamada de Brasil. Pero Vaz descreveu, detalhadamente, a situação encontrada nas novas terras, bem como a presença dos indígenas no território e a natureza a qual ele considerou exuberante. Em diversos trechos da carta, é possível encontrar relatos sobre os costumes indígenas, e também descrições sobre o contato dos nativos com os portugueses.

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QUESTÃO 33 (Novembro/2011)No século XVIII, a província de Minas Gerais vivenciou a exploração do ouro e de diamantes e tornou-se a região mais próspera da colônia. Assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as afirmativas falsas.

( ) O estilo barroco foi predominante na região mineradora.( ) Na região mineradora, as revoltas foram inexistentes no século XVIII.( ) A mão de obra do escravo africano foi utilizada na atividade mineradora.( ) Para controlar o contrabando de ouro, foram criadas as Casas de Fundição.

A sequência CORRETA, de cima para baixo, é

A) F – V – F – F.B) F – V – V – F.C) V – F – F – V.D) V – F – V – V.

QUESTÃO 34 (Novembro/2011)

No período da Guerra Fria, o mundo vivenciou uma série de tensões entre os blocos socialista e capitalista. Um desses conflitos ocorreu, em 1959, em Cuba.

Assinale a alternativa que indica, CORRETAMENTE, medidas tomadas por Fidel Castro, após a Revolução Cubana.

A) Fechou acordos comerciais com o governo dos Estados Unidos, que sempre apoiou suas decisões.B) Intensificou a privatização das empresas estatais, fechou as escolas públicas e sucateou o sistema de saúde.C) Promoveu a reforma agrária, combateu o analfabetismo e melhorou as condições de saúde da população.D) Permitiu a liberdade de imprensa, adotou um regime democrático e posturas liberais.

GABARITO

1 D 11 A 21 A 31 B2 D 12 B 22 A 32 B3 D 13 D 23 D 33 D4 D 14 D 24 A 34 C5 D 15 C 25 C6 A 16 B 26 C7 A 17 D 27 A8 B 18 B 28 C

9 B 19 C 29 B

10 B 20 B 30 A

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