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IMPERIAL GAZETA Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Novembro de 2015 Ano XIX Número 238 www.brasilimperial.org.br O Banco do Brasil e a Numismática

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IMPERIAL GAZETA

Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Novembro de 2015 Ano XIX Número 238 www.brasilimperial.org.br

O Banco do Brasil

e a Numismática

2 Notícias

É com satisfação que o Instituto Brasil Imperial informa que mais um de seus membros foi condecorado por uma das mais importantes instituições permanentes que a monarquia legou ao nosso país. No dia 06 de novembro o Conselheiro Luís Severiano Soares Rodrigues foi condecorado com a medalha e diploma de Amigo da Marinha por relevantes serviços prestados à força naval. Suas inúmeras contribuições ao acervo cultural da Marinha passam por doações à Biblioteca da Marinha, ao Museu Naval, ao Departamento do Patrimônio e Documentação da Marinha, à Escola Naval, etc. Como artista plástico participou de várias edições do Salão de Artes Plásticas do Museu do Corpo de Fuzileiros Navais e do Salão de Belas Artes do Clube Naval, tendo sido premiado no primeiro nas edições de 2007 e 2008, respectivamente com as medalhas de bronze e de prata, e no segundo na edição de 2007 com a medalha de bronze. O Museu do

Amigo da Marinha Da Redação

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CFN e a Escola Naval possuem obras suas em seus acervos. Como estudioso da história naval publicou até a presente data cinco artigos sobre o tema na Revista do Clube Naval. Abaixo registramos os endereços eletrônicos das edições dessa revista onde os artigos podem ser consultados: https://www.clubenaval.org.br/Informativos/arquivo/RCN-358-Web.pdf https://www.clubenaval.org.br/Informativos/arquivo/RCN%20363%20para%20Web.pdf https://www.clubenaval.org.br/Informativos/arquivo/RCN%20364-Web.pdf https://www.clubenaval.org.br/Informativos/arquivo/RCN%20365-Web-1.pdf https://www.clubenaval.org.br/Informativos/arquivo/RCN%20372%20Web.pdf

4 Artigo

O Banco do Brasil e a Numismática

O Banco do Brasil vem a ser a maior e a mais antiga instituição financeira do Brasil, tendo a marca Banco do Brasil mais de duzentos anos. Uma curiosidade que poucos conhecem, é que embora o BB seja conhecido como o primeiro banco público brasileiro, ele também vem a ser o primeiro banco público português, criado por sua SMF D. João VI, quando era príncipe regente, em 12 de outubro de 1808, vale aqui lembrar que essa era a data de aniversário do futuro D. Pedro I. Uma instituição financeira do porte do Banco do Brasil se destaca como banco público, nos grandes desafios que a economia brasileira impõe, na medida em que a ele cabe papel de relevo em várias frentes como o crédito agrícola, o financiamento de pequenas e médias empresas, bem como através de programas específicos que dão suporte à área governamental nas três esferas da administração pública, além de ser um dos braços que implementam as políticas públicas nas mais variadas especificidades em que elas são apresentadas; e especificamente como banco comercial possibilita à boa parte do nosso povo ter acesso a produtos bancários acessíveis as mais variadas classes sociais e econômicas dentro de um padrão ético que se destaca no mercado brasileiro.

Luís Severiano Soares Rodrigues Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).

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Mas somando-se a tudo isso o Banco do Brasil, de longa data também exerce uma função cultural ímpar no cenário brasileiro, da qual destacamos a criação do Museu e Arquivo Histórico em 28 de janeiro de 1955, que comporta um grande acervo relativo à história do banco, mas que possui também um magnífico acervo numismático composto de completa coleção de moedas e cédulas brasileiras, com destaque para a mais valiosa peça da numismática brasileira que é a Peça da Coroação (de D. Pedro I), da qual só se conhecem 12 exemplares no mundo; e notável coleção estrangeira (moedas e cédulas), estas perpassam toda a história da humanidade, tendo o acervo exemplares cunhados na antiguidade em excelente estado de conservação. A coleção do Banco do Brasil está entre as três mais importantes do Brasil, sendo as outras duas a do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro) e a do Museu de Valores do Banco Central (Brasília). Esse acervo numismático começa a se formar em 1936 com a aquisição de peças brasileiras e se amplia em 1952 com a compra expressiva de peças estrangeiras de significativo valor histórico. A coleção brasileira metálica alcança o número de 13.000 peças, a coleção fiduciária (bilhetes monetários e cédulas) alcançam 1700 peças, nesse item devemos acrescentar que o Banco do Brasil foi parte da história monetária brasileira, tendo em alguns momentos de sua história emitido bilhetes bancários e mais a frente moeda fiduciária (cédulas), o quê o coloca como instituição ímpar no cenário brasileiro. A coleção comporta ainda medalhas, valores impressos (ações, apólices, obrigações, debêntures, vales, cheques, etc.). Ao longo de sua existência o Museu do Banco do Brasil, brindou o público com diversas e importantes exposições temporárias de cunho numismático, onde destacamos em julho de 1966 (3500 anos de Moeda), em 1965, nas comemorações do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro, exposição e catálogo (Cédulas Brasileiras da República – Emissões do Tesouro Nacional), um detalhe interessante do catálogo e que apresenta na sua capa a alegoria da cultura que serve de reverso para a cédula de Cr$ 100,00 que tem no anverso a efigie de D. Pedro II. Em novembro de 1969 (A Cultura Grega Através da Moeda).

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Uma interessante publicação do Museu e Arquivo Histórico desse período vem a ser o Mapa Numismático, de cunho didático sobre os símbolos existentes nas moedas brasileiras. Em 1972 o Banco do Brasil nas comemorações do sesquicentenário da Independência patrocina a edição do Catálogo Geral das Moedas do Brasil - edição do sesquicentenário 1822/1972, da autoria de Hélio Lisboa Guimarães, antigo funcionário do Banco, trabalho completíssimo, e que vem a ser uma grande contribuição para a literatura numismática brasileira. Com a criação do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) em 12 de outubro de 1989, que ocupa o prédio que servia de sede para a presidência do Banco até a transferência para Brasília, surge uma nova fase para as coleções do Banco do Brasil, em particular para a coleção numismática, pois o CCBB-RJ desde de o início desponta como instituição cultural de vanguarda e impõe um elevado padrão na elabora e execução das exposições que realiza, assim em meados dos anos noventa o acervo numismático será objeto de uma exposição permanente intitulada: O Brasil Através da Moeda, em disposição moderna e didática para os visitantes, cujo catálogo trás a imagem da moeda obsidional cunhada pela Companhia das Índias Ocidentais durante a ocupação holandesa no nordeste. Nos anos noventa destacamos duas exposições temporárias importantes realizadas no CCBB-RJ, em maio de 1994: O Rio de Janeiro nas Cédulas – Paisagens. Edifícios. Monumentos, e aborda a presença da antiga capital no meio circulante. E entre outubro e dezembro de 1995: Dinheiro, Diversão e Arte, exposição inovadora que

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aborda uma visão multidisciplinar das artes no tocante ao dinheiro e a sua relação com o meio circulante propriamente dito. No ano 2000 é editado um importante livro: A Moeda no Brasil na coleção do Centro Cultural Banco do Brasil, livro de padrão gráfico excepcional, na verdade um livro de arte, que realça a importância intrínseca da coleção do Banco do Brasil e sua simbiose, como instituição, com a história do Brasil a partir de 1808. Na primeira década do século XXI, a exposição da coleção em análise passou por significativa reformulação, quando em 24 de novembro de 2008 juntamente com o lançamento da medalha comemorativa dos 200 anos do Banco do Brasil é inaugurada a Galeria de Valores, cerimônia que contou com altos funcionários do Banco do Brasil e da Brasilcap (subsidiária do Banco no ramo de capitalização) como patrocinadores, contou também com a presença do então presidente da Sociedade Numismática Brasileira (SNB) Claudio Angelini, e do autor desse artigo entre outros. A Galeria de Valores ocupa um setor do quarto andar do CCBB-RJ (antigas instalações da presidência do Banco), ao lado da exposição permanente sobre a história do Banco, e vem a ser uma moderníssima exposição, em padrões do primeiro mundo, que com a proposta didática, pode ser comparada com uma viagem e aventura pela história brasileira e mundial através dos meios de pagamentos, claro com destaque para moedas e cédulas, que imprimem profundas experiências aos numismatas brasileiros, possui também a GV de setor destinado para exposições temporárias dentro da temática numismática e afim, no seu folder de inauguração vemos centralizada em ouro a figura de D. Pedro II menino entre outras moedas.

8 Artigo

O que foi de verdade a nossa Monarquia?

Completaram-se 126 anos do golpe militar dado por setores positivistas das Forças Armadas que, contrariamente à vontade popular, instaurou a forma de governo republicana no nosso país, transformando a única democracia que existia na América do Sul em um estado policial onde os primeiros atos do novo governo foram: 1 – dissolver todos os partidos políticos existentes no país; 2 – colocar em um navio a família imperial e proibí-la em caráter vitalício de voltar à sua terra natal; 3 – fechar a Assembleia Geral, a Suprema Corte de Justiça e substituir suas funções por comitês das Forças Armadas e pelo ministério recém-nomeado; 4 – reprimir qualquer manifestação a favor da família real; 5 – ameaçar com prisão os donos dos jornais que se posicionassem contrários ao movimento. A falta de noção, de compreensão dos valores nacionais do Brasil e de patriotismo imperavam na cabeça dos oficiais das armas que

Rafael Hollanda Publicado no Instituto Liberal

Ou: A República deu certo mesmo?

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proclamaram a República naquele tempo. Deodoro da Fonseca chefiou o movimento por conta de uma razão passional, visto que ele perdeu para o então Senador gaúcho, Silveira Martins, o coração da Baronesa de Triunfo, uma bela fazendeira da região, enquanto era Presidente da Província do Rio Grande do Sul. Silveira Martins seria o escolhido naquela primavera de 1889 por D.Pedro II para suceder o Visconde de Ouro Preto no cargo de Primeiro-Ministro, o que enfureceu Deodoro e o fez juntar todas as suas forças, mesmo doente, para chefiar o movimento. Podemos dizer, em outras palavras, que um “rabo de saia” foi a principal motivação para que a República fosse proclamada no Brasil. Se, como disse Aristides Lobo, “ os brasileiros não compreenderam e assistiram bestializados À Proclamação da República, pensando que era uma parada militar”, mal compreenderiam a ideologia por trás do movimento republicano, baseado em uma estranhíssima filosofia que misturava traços de ciência política com racionalismo científico e teologia: o Positivismo. Conhecida como “ Religião da Humanidade”, pelo seu lema “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” e querida nas nossas forças armadas da época por justamente defender a instauração de um governo forte e centralizador para a consolidação do seu projeto, o seu fundador, Auguste Comte, era figurinha marcada nos círculos intelectuais europeus por conta da sua personalidade esquisita. Comte, assim como Deodoro, tinha a sua musa inspiradora: Clotilde de Vaux. Nos escritos positivistas, Clotilde é colocada como a “Mãe Espiritual da Religião da Humanidade”, e o próprio Comte

admitia que Clotilde era a sua principal motivação para a fundação do Positivismo e para propagar as suas ideias pelo mundo. Com diretrizes confusas, prolixas e completamente utópicas, essa filosofia foi a escolhida para representar os anseios de um povo que, até hoje, pouquíssimo ouviu falar sobre ela e o que ela exatamente defende. O encantamento com essa utopia nas Forças Armadas era tamanho que uma abreviação do seu lema foi colocada na bandeira republicana do Brasil: “Ordem e Progresso”, retirando a esfera armilar, a cruz e os ramos de açúcar e tabaco, que de fato representavam o Brasil e tinham um profundo significado para o seu povo. Alarmados e ao mesmo tempo achando a situação tremendamente caricata, integrantes da embaixada francesa enviaram um telegrama ao Itamaraty perguntando se os republicanos haviam declarado o Positivismo como a religião oficial do País. Ninguém entendia direito o que se passava naquela semana de Novembro de 1889. Cabe ressaltar também que a bandeira republicana era tremendamente impopular. A grande maioria dos brasileiros achou a nova bandeira feia e sem significado exato. Alguns pensavam que o Brasil havia colocado o mundo na sua bandeira e a maioria não entendeu o lema. A bandeira só atingiu aceitação popular na Semana da Pátria de 1922, quando o povo finalmente se acostumou com ela. Falando agora dos dados estruturais mais importantes, ao final as senhoras e os senhores poderão responder com clareza a pergunta que corresponde ao título deste artigo. O Brasil, no Século XIX, era um dos Países mais respeitados do mundo. Tinha uma diplomacia vibrante, usada para fins nacionais e não para fins políticos. O Brasil, recém-fundado,

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acompanhou com cautela as disputas sangrentas entre os republicanos latino-americanos e, como manda a boa tradição conservadora, manteve prudência e continuou com a Monarquia como forma de governo, sempre buscando aprimorar suas instituições ao invés de destruí-las por interesses políticos como fizeram os nossos vizinhos. Outro mito que é necessário desconstruir é o da questão da escravatura. Na semana do Plebiscito de 1993, o ator Milton Gonçalves, apoiador da República, foi à televisão dizer que a volta da Monarquia representaria a volta da Escravidão. Nada mais falso. A Família Imperial esteve na vanguarda na luta contra os escravocratas. D.Pedro I escreveu repetidos artigos na imprensa contra a escravidão, a Família Imperial alforriou todos os seus escravos, D.Pedro II usava o seu vencimento para comprar a libertação de escravos, além de ter enviado muitos escravos libertos para estudar no exterior e, finalmente, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, símbolo máximo da igualdade de todos perante as leis e talvez o mais importante documento que versa sobre Direitos Humanos no País. Enquanto isso, o Partido Republicano, que teve seus direitos amplamente assegurados durante todo o Segundo Reinado, era, em caráter majoritário, favorável à escravidão e a achava um meio interessante para impulsionar a economia. Um partido nanico, o PR ficou famoso apenas em 1888, logo após a assinatura da Lei Áurea, quando os Senhores de Engenho, revoltados com a libertação dos escravos e por perder a sua mão de obra gratuita, fizeram um

gigantesco lobby de financiamento ao Partido e a clubes republicanos e buscaram influenciar a Maçonaria, o que foi fundamental, sem dúvida, na ajuda para depor o regime que libertou os escravos do Brasil. O mais irônico de tudo é que no pouco conhecido Hino da Proclamação da República, composto pelo maestro Leopoldo Miguez, existe um verso: “nós nem cremos que escravos outrora tenham havido em tão nobre País; hoje o rubro lampejo da aurora, acha irmãos não tiranos hostis” – o que dá a impressão de que os Republicanos foram os responsáveis por libertar os escravos e que instauraram, de imediato, uma república que livrou o Brasil de uma ditadura sanguinária. Mais falso do que isso apenas uma nota de três reais. Vale a pena trazer à tona, a desconhecida carta da Princesa Isabel ao Visconde de Santa Victória, que tratava de um projeto conjunto do Governo de Sua Majestade com o banco do Visconde para indenizar todos os antigos escravos, fato que não ocorreu por conta da proclamação da República. A carta pode ser encontrada aqui. Outro ponto de suma importância a se tocar é o da economia. Gerida por economistas identificados com as ideias liberais, a economia do Brasil era uma das mais estáveis do mundo. O País, mesmo no período da guerra do Paraguai, não enfrentou nenhuma recessão na sua economia que tinha, naquela época, o mesmo tamanho da dos Estados Unidos. O Brasil era um exemplo de responsabilidade fiscal, tendo o Imperador D.Pedro II doado títulos da dívida brasileira. Se o Brasil tivesse mantido um crescimento vegetativo daquela época até hoje, seríamos já na segunda metade do século XX, um país de renda alta e com um elevado padrão de vida.

11 Artigo Aniversários

A inflação durante os 67 anos de Monarquia foi, em média, de 1,58% ao ano. O Brasil teve apenas 1 moeda, o Real, e o salário mínimo equivalia a 22 gramas de ouro. Os monarquistas sabiam que uma moeda é parte da historia de um país e um dos símbolos da sua identidade e, por conta disso, deve ser preservada e gerida com prudência e dinamismo, o que já não ocorreu na República. Em 126 anos, o Brasil teve 9 moedas, algumas que não duraram nem 1 ano de existência, quebrou 4 vezes, e registrou a cifra assustadora de 1.400.000.000.000% de inflação acumulada. A burocracia atingiu níveis estratosféricos, produzir se tornou um fardo, e o Brasil tem hoje a maior carga tributaria do hemisfério sul e o pior retorno de impostos do mundo. Obviamente que o sistema não era perfeito, mas funcionava perfeitamente bem dentro da medida do possível e, com toda a certeza, teria sido aperfeiçoado caso o Império fosse mantido até os dias de hoje. Outro fator que diferenciava o Brasil dos seus vizinhos era a estabilidade política e o respeito pela democracia. O Brasil teve, durante os 67 anos de Império, dois Imperadores e 33 Primeiros-Ministros, sempre com alternância de poder entre os Partidos Liberal e Conservador. O Parlamento nunca foi fechado e funcionava a pleno vapor, com os parlamentares trabalhando de segunda a sexta e não, como é hoje na república, apenas de terça a quinta. O calendário eleitoral era rigorosamente cumprido e o país nunca teve eleições adiadas ou antecipadas por conta de uma crise. D.Pedro II apenas perdia para a Rainha Victoria em tempo de reinado. Enquanto isso, as Repúblicas recém-independentes que nos cercavam já tinham tido dezenas de Presidentes, Diretores-Supremos, Juntas Militares e Guerras Civis. Os

matriz africana. Naquela época isto era uma inovação, visto que eram poucos os países no mundo que admitiam liberdade de culto. O projeto nacional que a Monarquia traçou para o Brasil era até mesmo superior ao projeto que os pais fundadores traçaram para os Estados Unidos. José Bonifácio, o pai da nossa independência, escreveu um plano para o Imperador D.Pedro I que era da seguinte maneira: o Brasil seria uma Monarquia Constitucional Parlamentar, com um Poder Moderador exercido pelo Imperador para servir de freio e contrapeso aos outros 3 poderes, teria a mais plena liberdade econômica, religiosa e de imprensa e seria totalmente livre da escravidão assim que ficasse independente. Tal projeto só não foi aplicado em sua plenitude por conta dos Senhores de Engenho que, como classe produtiva do País, ameaçavam constantemente parar de produzir caso algo ameaçasse a eles e ao seu sistema escravista. Quando finalmente o Governo de Sua Majestade interferiu para libertar os escravos, em 1888, a elite se uniu às Forças Armadas e derrubou o Império. A Constituição de 1824, inspirada pela Constituição Francesa de 1814, trazia a inovadora figura do Poder Moderador, a partir da qual o Imperador, acima de qualquer querela partidária, interesses financeiros ou parlamentares, servia como um agente neutro de equilíbrio entre os poderes. Era função do Imperador nomear, por exemplo, os Ministros da Suprema Corte e sancionar ou vetar a indicação do Primeiro-Ministro. Como nós vimos, a República faz-de-conta, imbuída de uma crença que o povo pouco conhecia e financiada pelo que havia de pior na época do Brasil, destruiu um

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país que tinha um presente em progresso e um futuro promissor, destruiu o 14º maior império do mundo e a única democracia no hemisfério sul, em favor de um regime que nos deu 6 constituições, 3 ditaduras, 9 moedas. Éramos reconhecidos no mundo inteiro pela nossa Cristandade, o apego que o nosso governo tinha pela ciência, pela nossa estabilidade e pela sabedoria do nosso Imperador; hoje somos reconhecidos internacionalmente por dois fatores montados artificialmente pelo governo Vargas: o futebol e o carnaval ( ler o livro de Leandro Narloch, Guia politicamente incorreto da historia do Brasil). A República pariu o populismo, pariu Getúlio Vargas e o seu fascismo, os regimes socialistas de João Goulart, Lula e Dilma, os generais de 1964, os “coronéis nordestinos” e tantos outros que marcam a nossa história como um exemplo de autoritarismo e uso do poder público para fins pessoais ou partidários. O escritor Gustavo Nogy, nos brindou no dia de hoje com esse texto, na sua magistral e elegante prosa: “Quando Dom Pedro II foi melancolicamente deposto e a república proclamada, o que se viu não foi apenas, ou principalmente, a troca de um sistema de governo por outro. Sistemas e regimes vêm e vão ao sabor das intempéries políticas, isso nunca foi propriamente novidade. Alguma coisa mais importante se perdeu. O que se seguiu ao fim da monarquia foi uma sucessão de golpes e contragolpes, de revoluções e reacionarismos, da ascensão vertiginosa de oportunistas famintos de poder e, a depender das necessidades, de sangue, suor e lágrimas. A Constituição de 88, muito naturalmente, culminou no irônico coroamento dessa história fraturada: teríamos então um diploma para registrar todas as virtudes que já não

conhecíamos. Mas sobretudo: o fim da monarquia representa uma cisão histórico-cultural com o que somos originariamente. Desde então estamos à procura do que não sabemos ser. Se o brasileiro cotidiano um dia encontrasse na rua outro brasileiro – autêntico, meticuloso, indesculpável brasileiro –, não seria capaz de reconhecê-lo e passaria adiante, “vagaroso, de mãos pensas”. O irresolúvel problema da identidade brasileira começa precisamente quando rompemos com Portugal – sua literatura, sua história, seus clamorosos erros – e nos reinventamos, ex nihilo, como selvagens inclassificáveis, monstrengos civilizacionais, novidades irreconhecíveis sob a harmonia carnavalesca das esferas.” Tendo mostrado às senhoras e aos senhores tudo isto, façam-se a seguinte pergunta: a República deu mesmo certo?

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No dia dez de novembro realizou-se no Real Gabinete Português de Leitura, na cidade do Rio de Janeiro, um grande congraçamento entre monarquistas brasileiros e portugueses, por ocasião da homenagem da Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos, que congrega os membros dos poderes legislativos municipais defensores do retorno de Portugal à forma de governo monárquica, ao Memorial Visconde de Mauá. Presidiu a cerimônia o Sr. Antônio Peña Loulé, vice-presidente do RGPL, os Autarcas Portugueses foram representados pelo presidente da direção Eng.. Manuel M. Beninger S. Correia que conferiu a Medalha de Honra ao MVM, na pessoa do seu chanceler, o Sr. Eduardo André Chaves Nedehf, tetraneto do insígne Irineu Evangelista de Souza, barão e visconde de Mauá, sendo o referido Memorial uma instituição que visa manter viva o grande exemplo desse grande monarquista e patriota que foi o visconde de Mauá. Nesse mesmo evento o chanceler de MVM agraciou o Sr. Manuel Beninger com a medalha do Memorial. Dentre as personalidades presentes destacamos o Conselheiro Luís Severiano Soares Rodrigues representando o Instituto Brasil Imperial, o Chanceler do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro Dr. Bruno Hellmuth, o Sr. Luís M. Barreiros vice-presidente da Assembléia Geral da APAM, a Sra. Maria de Fátima Guimarães Loulé esposa do vice-presidente do RGPL entre outras gradas pessoas. Esteve também presente no evento a Consul-Geral Adjunta de Portugal no Rio de Janeiro a Sra. Susana Sabrosa Audi, representando o Consul Geral Sr. Nuno Bello.

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