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Sexta-feira, 03 de abril de 2014 Gazeta do Povo Editorial / A omissão de Calheiros Presidente do Senado jogou a decisão sobre as CPIs da Petrobras para a Comissão de Constituição e Justiça, onde a base aliada tem maioria esmagadora Em nosso editorial de ontem, manifestamos a esperança de que Renan Calheiros, presidente do Senado, tivesse uma atitude nobre em relação aos requerimentos e questões de ordem que pretendiam criar e sepultar duas Comissões Parlamentares de Inquérito: uma, de iniciativa da oposição, para investigar quatro denúncias envolvendo a Petrobras; outra, do governo, que juntava ao caso da estatal petrolífera o suposto cartel ferroviário em São Paulo e no Distrito Federal, o Porto de Suape, em Pernambuco, e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – alvos escolhidos a dedo para atingir os futuros adversários de Dilma Rousseff na eleição presidencial de outubro. Calheiros, no entanto, fiel a seu histórico, não mostrou a correção que dele se esperava: rejeitou as duas questões de ordem e remeteu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a decisão final sobre a instalação das CPIs. No caso da comissão proposta pela oposição, está mais que clara a necessidade de aprofundar a investigação sobre os diversos escândalos em que a Petrobras vem se metendo recentemente, incluindo o prejuízo bilionário na compra da refinaria de Pasadena e as denúncias de propinas pagas por uma empresa holandesa a funcionários da estatal. O argumento de que a investigação é inconveniente por se tratar de ano eleitoral, defendido por setores do PT, não se sustenta, como já reforçamos anteriormente, por implicar que existiria uma “carta branca” para isentar malfeitos de apuração a cada dois anos. Mas a questão de ordem da senadora paranaense Gleisi Hoffmann argumentava que os quatro fatos que a oposição gostaria de investigar seriam “desconexos” – como se não fosse suficiente o fato de todos eles demonstrarem as falhas evidentes na gestão da empresa. Calheiros rejeitou o pedido de Gleisi – foi sua única ação acertada ontem. Mostrando pouca ou nenhuma coerência com sua argumentação no caso da CPI da oposição, o PT apresentou outro requerimento – aí, sim, pedindo que uma única comissão investigasse denúncias totalmente independentes entre si. Foi a vez de o tucano paulista Aloysio Nunes Ferreira contestar o pedido governista, alegando que o Regimento Interno do Senado, em seu artigo 146, afirma que “Não se admitirá comissão parlamentar de inquérito sobre matérias pertinentes: (...) III – aos Estados”. Essa questão de ordem também foi rejeitada pelo presidente do Senado, sob a alegação de que “na medida em que projetos dessa natureza [Suape e metrô] são financiados por operação de crédito aprovadas pelo Senado, tais matérias podem, sim, ser investigadas pelo Senado”. Ao transferir para a CCJ a decisão sobre as CPIs, Calheiros faz o jogo do governo, pois a comissão é dominada pela base aliada – apenas seis dos 28 integrantes são

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Sexta-feira, 03 de abril de 2014

Gazeta do Povo Editorial / A omissão de Calheiros Presidente do Senado jogou a decisão sobre as CPIs da Petrobras para a Comissão de Constituição e Justiça, onde a base aliada tem maioria esmagadora

Em nosso editorial de ontem, manifestamos a esperança de que Renan Calheiros,

presidente do Senado, tivesse uma atitude nobre em relação aos requerimentos e questões de ordem que pretendiam criar e sepultar duas Comissões Parlamentares de Inquérito: uma, de iniciativa da oposição, para investigar quatro denúncias envolvendo a Petrobras; outra, do governo, que juntava ao caso da estatal petrolífera o suposto cartel ferroviário em São Paulo e no Distrito Federal, o Porto de Suape, em Pernambuco, e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – alvos escolhidos a dedo para atingir os futuros adversários de Dilma Rousseff na eleição presidencial de outubro. Calheiros, no entanto, fiel a seu histórico, não mostrou a correção que dele se esperava: rejeitou as duas questões de ordem e remeteu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a decisão final sobre a instalação das CPIs.

No caso da comissão proposta pela oposição, está mais que clara a necessidade de aprofundar a investigação sobre os diversos escândalos em que a Petrobras vem se metendo recentemente, incluindo o prejuízo bilionário na compra da refinaria de Pasadena e as denúncias de propinas pagas por uma empresa holandesa a funcionários da estatal. O argumento de que a investigação é inconveniente por se tratar de ano eleitoral, defendido por setores do PT, não se sustenta, como já reforçamos anteriormente, por implicar que existiria uma “carta branca” para isentar malfeitos de apuração a cada dois anos. Mas a questão de ordem da senadora paranaense Gleisi Hoffmann argumentava que os quatro fatos que a oposição gostaria de investigar seriam “desconexos” – como se não fosse suficiente o fato de todos eles demonstrarem as falhas evidentes na gestão da empresa. Calheiros rejeitou o pedido de Gleisi – foi sua única ação acertada ontem.

Mostrando pouca ou nenhuma coerência com sua argumentação no caso da CPI da oposição, o PT apresentou outro requerimento – aí, sim, pedindo que uma única comissão investigasse denúncias totalmente independentes entre si. Foi a vez de o tucano paulista Aloysio Nunes Ferreira contestar o pedido governista, alegando que o Regimento Interno do Senado, em seu artigo 146, afirma que “Não se admitirá comissão parlamentar de inquérito sobre matérias pertinentes: (...) III – aos Estados”. Essa questão de ordem também foi rejeitada pelo presidente do Senado, sob a alegação de que “na medida em que projetos dessa natureza [Suape e metrô] são financiados por operação de crédito aprovadas pelo Senado, tais matérias podem, sim, ser investigadas pelo Senado”.

Ao transferir para a CCJ a decisão sobre as CPIs, Calheiros faz o jogo do governo, pois a comissão é dominada pela base aliada – apenas seis dos 28 integrantes são

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oposicionistas. Não é muito difícil imaginar o resultado que possa surgir na CCJ, que se reúne na semana que vem. Por isso, a esperança que sobra à oposição é emplacar a CPI mista, com senadores e deputados. O pedido foi protocolado ontem, com o número necessário de assinaturas de parlamentares, e Calheiros marcou para o dia 15 uma sessão conjunta das duas casas, em que ocorrerá a leitura do requerimento. Esse parece ser o melhor caminho para que as investigações, tão necessárias para que a população brasileira possa conhecer as dimensões exatas do descalabro em que se transformou a administração da Petrobras, efetivamente ocorram. Artigo / Violência de gênero, até quando? Marília Gomes De Carvalho doutora em Antroplogia Social, é pesquisadora do Núcleo de Gênero e Tecnologia da UTFPR

O machismo subsiste em nossa sociedade, apesar dos inúmeros movimentos

sociais que o combatem. Por que combatê-lo? É a principal causa de violência contra mulheres e a população LGBT, tais como

assassinatos, estupros, agressões físicas, verbais, psicológicas, patrimoniais, um “estrago” em uma sociedade que se rege pelo respeito aos direitos humanos (será?).

Recente pesquisa realizada pelo Ipea sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, vem causando comentários na mídia, reações na internet, manifestações de feministas, devido a seus resultados. Duas questões da pesquisa sugerem que a culpa pelo estupro é das próprias mulheres, porque se vestem com roupas que mostram o corpo e porque elas “não sabem se comportar”. A repercussão deu-se pelo fato de que estas afirmações receberam a concordância da maioria da população investigada (65% e 58,5% respectivamente, em um total de 3.810 pessoas). Outro dado: 66,5% dos entrevistados são mulheres!

Não vou comentar sobre a falácia da culpabilização da mulher pelo estupro do qual é vítima (já bastante comentado, e com razão), mas vou me deter em interpretar o machismo que está aí implícito. Concepções como as de que a mulher é subordinada ao homem, que ela é sua propriedade, seu objeto, que ela deve sujeitar-se a sua vontade – ou seja, concepções que a inferiorizam perante a dominação masculina – fazem parte do imaginário machista. É uma característica cultural que existe há séculos no Brasil e vem sendo sistematicamente reproduzida através de gerações. Como e por que isso acontece?

Meninos são criados para comandar, liderar, com estímulo às manifestações de agressividade e a se tornarem “garanhões”. Os pais ensinam “não traga desaforo pra casa, revide!”, “namore bastante” e, quando ficam sabendo que este filho já transou com alguma mulher, muitas vezes comemoram porque “nosso filho é macho”. Meninas são criadas para obedecer, a não reagir diante de uma provocação, a manter sempre um comportamento condizente com o de uma “boa moça”. Se ficarem sabendo que a jovem já não é virgem, surge a preocupação: “como isso aconteceu?” Nada de comemorações, e sim recomendações...

Nessa lógica está implícita, por um lado, a valorização social das características masculinas, pois dão poder aos homens; por outro, a inferiorização das mulheres, pela valorização da submissão feminina. Essa hierarquização justifica a violência contra mulheres na mente de pessoas machistas, pois elas não concebem (nem sequer aprenderam) que o respeito deve ser um comportamento essencial para com qualquer ser humano, independentemente de sexo, gênero, orientação sexual etc.

O machismo é estrutural na sociedade patriarcal; não é exclusividade dos homens. Na pesquisa, 64% concordaram com a afirmação de que “o homem deve ser a cabeça do casal”. Há também mulheres machistas que reproduzem e reafirmam a

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inferiorização feminina, seja na família, na escola e em suas atitudes. Para modificar esse quadro é necessária uma mudança cultural que, sem dúvida, passa pelo processo de socialização das meninas e dos meninos e pela educação formal.

A violência contra mulheres e a população LGBT diminuirá quando o machismo deixar de ser referência nas relações de gênero. Fronteira / Operação prende 19 por contrabando de cigarro Grupo era investigado há mais de seis meses pela PRF e pelo Gaeco do MS. Ação deflagrada ontem em Mundo Novo contou com 170 agentes Mauri König

Dezenove pessoas de uma organização criminosa dedicada ao contrabando de

cigarro, armas, munições, medicamentos e eletrônicos foram presas ontem em Mundo Novo (MS), na fronteira entre o Paraguai e Guaíra, no Oeste do Paraná, numa ação conjunta da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Mato Grosso do Sul. A Operação Prometeu foi realizada dez dias depois da publicação pela Gazeta do Povo da reportagem especial intitulada Império das Cinzas, que revela como o cigarro pirata paraguaio está reconfigurando a geopolítica do crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai.

O estopim da operação foi aceso há sete meses, num episódio retratado pela reportagem. Em julho de 2013, membros da quadrilha atearam fogo em dois veículos de policiais rodoviários no posto de controle em Mundo Novo. Era uma represália à apreensão de três carretas de cigarro ocorrida no mesmo dia, dando um prejuízo de R$ 1 milhão à quadrilha. A PRF tomou o caso como uma questão de honra a ser resolvida e as apreensões que se sucederam desde então geraram mais R$ 10 milhões de prejuízos à organização criminosa, culminando ontem com a prisão de parte do grupo.

Inteligência As ações da organização vinham sendo monitoradas pelo serviço de inteligência da PRF e do Gaeco. Além do trabalho rotineiro nos postos de fiscalização, a investigação durou mais de seis meses e a ação desencadeada ontem contou com dez integrantes do Gaeco, 160 policiais rodoviários federais de 15 estados, 55 viaturas, um helicóptero, dois ônibus para transporte dos presos e um ônibus de comando e controle operacional.

As investigações revelaram que a quadrilha seguia uma estrutura hierarquizada e tinha uma divisão de tarefas conforme o nível de importância dos seus integrantes. De acordo com o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Marcos Alex Vera de Oliveira, todos os presos faziam parte da mesma quadrilha que tinha Mundo Novo como base, mas que irradiava seus negócios do contrabando para São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

A estrutura criminosa era formada por três empresários de Mundo Novo, que são os operadores do contrabando de cigarro no lado brasileiro da fronteira e responsáveis pela falsificação de documentos públicos. Um deles foi preso na operação junto com o filho. Os outros dois estão foragidos. Os demais detidos ontem ocupam cargos inferiores na hierarquia da organização. São pessoas responsáveis por monitorar a atuação da polícia e ladrões de caminhões e carretas para serem usadas no transporte de cigarro e outras mercadorias ilegais que são introduzidas no Brasil pela fronteira com o Paraguai.

A ação foi deflagrada às 6 horas da manhã de ontem. Havia 28 mandados de prisão, mas a PRF e o Gaeco conseguiram cumprir só 16. Doze integrantes do grupo não foram localizados nos endereços residenciais. Em compensação, outros três integrantes do grupo que não tinham mandado de prisão acabaram sendo detidos por porte de armas e munições. Ao todo, foram apreendidos dez armas, 80 munições, uma carreta,

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seis radiocomunicadores, um carro, R$ 60,5 mil em dinheiro e um valor ainda não calculado em cheques.

Após realizarem exame de corpo de delito, os presos serão encaminhados à delegacia de Polícia Civil de Naviraí escoltados por viaturas e helicóptero da PRF. Campina Grande do Sul / Quadrilha é denunciada por roubo de carga Da Redação

O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná denunciou à Justiça uma quadrilha

composta por 21 pessoas suspeitas de roubar caminhões de cargas. O grupo atuava na BR-116, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. O grupo foi preso pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal em fevereiro deste ano na Operação Mirante da Campina. A ação tramita sob segredo de justiça.

Segundo o MPF, a maioria dos veículos roubados pertencia aos Correios e carregavam encomendas do serviço Sedex. As investigações tiveram início em 2013. Conforme o Ministério Público, boa parte dos envolvidos nos crimes tinha uma média de idade de 20 anos e morava nas proximidades dos locais onde os crimes eram praticados.

Atuação O MPF informou ainda que a quadrilha atuava de duas formas: por meio de saques de mercadorias de veículos envolvidos em acidentes na rodovia e pela abordagem, em grupos de quatro a oito pessoas, dos veículos de carga. Eles usavam armas de fogo e carros de passeio roubados nas proximidades do Hospital Angelina Caron, onde um dos integrantes da quadrilha trabalhava. Justiça / Júri do Carandiru condena PMs a 48 anos de prisão Agência Estado

O Conselho de Sentença condenou ontem cada um dos 15 PMs do terceiro andar

do Pavilhão 9 do Carandiru a 48 anos de prisão no regime inicial fechado. Eles foram considerados culpados por quatro das 111 mortes ocorridas na Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. Os PMs terão o direito de recorrer em liberdade. Aqueles que estiverem na ativa perderão o cargo, caso não consigam reverter a sentença. Os réus foram absolvidos por quatro mortes e duas tentativas de homicídio.

Com isso, termina um dos mais complexos julgamentos da Justiça brasileira, que se arrastou por quase 22 anos após as mortes de 111 presos na antiga casa de detenção.

Ao todo, 77 PMs foram condenados no maior júri da história do Tribunal Justiça de São Paulo. Três PMs foram absolvidos, no primeiro júri, porque atuaram em outro pavimento. A Promotoria havia denunciado os PMs por 111 mortes, mas 29 foram consideradas de autoria desconhecida e os jurados absolveram os réus. Outras cinco mortes, que seriam julgadas em um júri separado para o coronel Luiz Nakaharada, não tiveram condenação porque o acusado morreu no ano passado.

Última etapa O julgamento de ontem durou três dias, com cerca de 30 horas de trabalhos em plenário, somado o tempo em que os jurados passaram na sala secreta. No júri desta semana, foram julgados os PMs do Comando de Operações Especiais (COE) que entraram no terceiro andar do edifício.

A Promotoria pediu no início dos debates a absolvição de 4 das 8 mortes, porque foram cometidas por arma brancas. Existe a tese de que esses homicídios possam ter sido um acerto de contas entre os próprios detentos. Os jurados também absolveram os acusados por duas tentativas de homicídio, o que os promotores também havia pedido em plenário durante os debates.

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A maior sentença do Carandiru foi em um julgamento separado do coronel Ubiratan Guimarães, comandante da ação, acusado por 102 mortes. Ele foi condenado a 632 anos de prisão em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça o absolveu.

A segunda maior pena é dos 25 PMs da Rota julgados em agosto – a cada um, foi aplicada um pena de 624 anos de prisão por 53 mortes. Gripe / Crianças de até 5 anos também serão vacinadas Da Redação

A campanha nacional de vacinação contra a gripe começa no próximo dia 22 e

terá continuidade até 9 de maio. Este ano, crianças com idade entre 6 meses e menos de 5 anos também serão imunizadas. Até o ano passado, apenas aquelas na faixa etária de 6 meses a menos de 2 anos recebiam a dose. As informações são da Agência Brasil.

De acordo com o Ministério da Saúde, o público-alvo da campanha em 2014 totaliza 49,6 milhões de pessoas. A meta é vacinar 80% dessa população, que inclui, além das crianças, os idosos com mais de 60 anos, trabalhadores da saúde, povos indígenas, as gestantes, mães puérperas (até 45 dias após o parto), a população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional.

A orientação é para que pessoas com doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais também recebam a dose. Elas devem apresentar a prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle de doenças crônicas no Sistema Único de Saúde (SUS) devem procurar os postos onde estão registrados para receber a vacina.

O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que a ampliação da faixa etária de menores de 2 para menores de 5 anos beneficia a própria criança e também cria o chamado efeito secundário. “Ao ser vacinada, ela deixa de ser uma possibilidade de transmissão para o idoso ou para uma pessoa com doença crônica que mora dentro de casa.”

Grupos A escolha dos grupos considerados prioritários, segundo o ministério, segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento de infecções respiratórias que têm como principal agente o vírus da gripe.

Ainda de acordo com a pasta, a vacina é segura e pode reduzir em até 45% o número de internações por pneumonias e em até 75% a mortalidade por complicações da gripe.

Serão distribuídas 53,5 milhões de doses que protegem contra três tipos de gripe, incluindo a gripe A. Em todo o país, 65 mil postos de saúde e 240 mil profissionais de saúde participam da campanha. O dia D da campanha será em 26 de abril.

“É importante que a vacinação seja feita nesse período para proteger o maior número de pessoas”, ressaltou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, ao garantir que as equipes de saúde estaduais e municipais estão sendo preparadas para o diagnóstico e o tratamento precoce da doença.

75% menos mortes e também 45% menos internações por pneumonia. Esse é o efeito esperado para a vacinação contra a gripe em 2014. Em 2013, foram confirmados 1.540 casos de gripe no Paraná, sendo que 61 terminaram com a morte no estado. Serão distribuídas 53,5 milhões de doses que protegem contra três tipos de gripe, incluindo a gripe A. O dia “D” da campanha, dia nacional de mobilização, será em 26 de abril.

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Comportamento / Não ao machismo cresce Campanha da jornalista de Brasília Nana Queiroz ganha corpo e repercute também fora das redes sociais Yuri Al’hanati

De uma modesta foto no Facebook para a pressão por leis no Congresso Nacional,

a rapidez com que a voz da jornalista Nana Queiroz ecoou pelo Brasil nos últimos dias evidenciou não apenas a urgência, mas a demanda de seu apelo. A foto publicada na última sexta-feira, em que ela aparece nua da cintura para cima e com a frase “Eu não mereço ser estuprada” escrita nos braços, era uma resposta a um porcentual alarmante divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) na semana passada: o de que 65% dos brasileiros concordam que uma mulher que usa roupa curta merece ser atacada. O gesto ganhou seguidoras e seguidores repudiando o resultado da pesquisa. A foto logo se tornou uma campanha e uma página no Facebook, e muitas mulheres se sentiram encorajadas a contar casos pessoais de abuso que sofreram, demonstrando que o dado representa não só uma mentalidade específica do brasileiro, mas também centenas de histórias traumáticas.

Quase uma semana depois, o movimento, que contava com 33 mil seguidores até o fechamento desta edição, começa a ganhar corpo fora da internet. E isso não se restringe apenas às manifestações anunciadas em apoio à causa. “Estamos lutando para que o Congresso aprove uma alteração no Plano Nacional de Educação que inclua as discussões sobre gênero nas escolas públicas, e também para aprovar leis que protejam mulheres de crimes virtuais, como a pornografia de vingança [disseminação de fotos íntimas da mulher por um ex-namorado, por exemplo]”, diz Nana.

Ela se reuniu com o deputado federal Jean Willys (Psol-RJ) para conseguir apoio parlamentar à causa, e espera que as palavras de incentivo da presidente Dilma em sua conta do Twitter se traduzam em ações concretas. Em seu microblog, a presidente escreveu: “A jornalista Nana Queiroz se indignou com os dados da pesquisa do Ipea sobre o machismo na nossa sociedade. Por ter se manifestado nas redes contra a cultura de violência contra a mulher, ela foi ameaçada de estupro. Nana Queiroz merece toda a minha solidariedade e respeito”.

As ameaças a que a presidente se refere viraram uma constante na vida da jornalista desde que iniciou a campanha, e não foram as únicas. “Tentaram me desqualificar e desqualificar o resultado da pesquisa. Já falaram até que eu tinha sido contratada pelo Ipea para divulgar a pesquisa e que estava de conchavo com a Dilma”, conta. Sobre a insistência das ameaças, a jornalista disse que não as lê mais. “Não sei mais se estou sendo ameaçada.”

Manifestações Você acredita que ações como as de Nana Queiroz possam provocar uma reviravolta no pensamento da sociedade sobre a mulher?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate. Protesto / Ato reúne grupo contra abusos no metrô de SP Agência Estado

Vinte pessoas fizeram um “rolezinho”, no fim da tarde de ontem na Estação da Sé

do metrô contra os “encoxadores” que atuam no sistema. Elas também defenderam a campanha “eu não mereço ser estuprada”.

Com um microfone na mão, a organizadora do evento e integrante do Levante Popular da Juventude Laryssa Sampaio explicou o objetivo do ato: “Vagão exclusivo não nos representa. Nós queremos medidas do metrô para prevenir as ‘encoxadas’. Mas, em vez de fazer isso, o metrô contribui para esses atos ao dizer que trem é local de paquera.

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Não é”, afirmou, fazendo referência a uma propaganda na Rádio Transamérica em que o locutor afirmava que metrô paulistano era bom para “xavecar as mulheres”.

Do movimento Fora do Eixo, Gabriel Ruiz, de 29 anos, participou do protesto por achar que homens precisam se engajar nessa luta. “Não concordo com o machismo que é praticado não só no metrô, mas no dia a dia das mulheres”, defendeu. Meio ambiente / IAP é condenado por permitir corte de pinheiros Maria Gizele Da Silva, Da Sucursal

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) foi condenado, em primeira instância, por

autorizar o corte de pinheiros araucária numa fazenda em Castro, nos Campos Gerais. O corte ocorreu em março de 2001, mas a sentença só saiu recentemente. A autorização para o corte foi dada a um terceiro, que não era o proprietário da área, e sem a devida checagem da existência de árvores nativas no terreno.

A área pertencia ao casal Joaquim Rodrigues da Silva e Noemia Vieira da Silva, já falecidos. Eles iniciaram um processo de venda da fazenda, chamada na época de Tabor, para a família de Aldonir Andretta. O terreno sairia por R$ 131 mil e o comprador teria dado um cheque de R$ 10 mil como sinal, porém, o cheque estaria sem fundos no dia da compensação bancária.

No período em que ocorria a transação, o comprador conseguiu autorização do IAP para o corte raso da vegetação da fazenda. Porém, entre as espécies plantadas cortadas, estavam 500 pinheiros araucária nativos. A família proprietária desistiu da venda e ainda entrou com ação por danos morais e materiais contra o comprador, pelo corte, e contra o IAP, pela autorização.

A ação tramitou, por 13 anos, na Vara Cível de Castro. Em fevereiro, a juíza Michelle Delezuk, deu a sentença condenando Andretta e o IAP. Pela decisão, os dois devem pagar indenização por danos morais de R$ 20 mil à família dos antigos proprietários e um quantitativo relacionado a cada araucária derrubada na área pela ação de danos materiais. Um perito deve ser designado judicialmente para identificar o valor da indenização por danos materiais, porém, segundo os advogados dos antigos proprietários, a indenização deve ser superior a R$ 1 milhão.

O antigo comprador, Aldonir Andretta, não foi localizado pela reportagem para comentar a respeito da sentença. O advogado que o defendeu na ação, Carlos Alberto de Oliveira Casagrande, disse que ainda não conversou com Andretta sobre o resultado. O IAP informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não foi notificado da sentença e só vai se manifestar posteriormente. Como a decisão é em primeira instância, a sentença é passível de recurso.

A araucária ou pinheiro é a árvore símbolo do Paraná e está entre as plantas ameaçadas de extinção desde 1995. O corte só é permitido em algumas situações: na área rural quando é fruto de reflorestamento; e na área urbana quando oferece riscos de cair. Funerárias / Planos de luto vão recorrer na Justiça José Marcos Lopes

Mais de quatro meses após a decisão judicial que determinou a anulação dos

contratos firmados por três empresas de planos de luto que operam em Curitiba, duas delas continuam funcionando normalmente. Ontem, representantes da Luto Curitiba e da Luto Araucária disseram que as empresas vão recorrer da decisão da 1.ª Vara da

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Fazenda Pública de Curitiba, publicada no dia 25 de novembro do ano passado. A terceira atingida, a Máximo Agência de Luto, não foi localizada pela reportagem.

O juiz Carlos Eduardo Zago Udenal entendeu que os três planos de luto prestam serviços funerários, o que é reservado às 26 funerárias selecionadas por meio de licitação para atuar na cidade. Na sentença, o magistrado afirma ainda que as empresas burlam o sistema de rodízio (que garante uma distribuição dos serviços entre as 26 funerárias) e cobram preços acima da tabela em vigor.

“Essa sentença diz respeito a contratos que a empresa não comercializa mais. Não atuamos na prestação de serviços funerários, o que prestamos é assistência a cerimônias fúnebres”, disse Flávio Mildenberger, da Luto Curitiba. “Se tivéssemos algum problema, já teríamos fechado as portas”. Segundo ele, atualmente a empresa tem cerca de 25 mil contratos firmados — em cada contrato podem ser incluídas até oito pessoas.

Alex Mildenberger, da Luto Araucária, nega que os serviços sejam caros. “Cobramos em média R$ 250 por ano por contrato. São de seis a nove pessoas

por contrato. Isso demonstra que o plano é muito barato, até por isso existe essa demanda”, afirmou. A Luto Araucária tem aproximadamente 10 mil contratos e Mildenberger avalia que o Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Paraná (Sesfepar) moveu a ação porque o serviço reduz o lucro das funerárias de Curitiba. “A pessoa acaba não comprando outras coisas. Se vai (à funerária) sem nenhum acompanhamento, a tendência é de que gaste mais.”

A reportagem não conseguiu contato com a Máximo Agência de Luto. Duas empresas diferentes (Unidos do Brasil e Luto União) funcionam em telefones que constam como sendo da Máximo.

Clientes Por enquanto há uma indefinição em relação aos clientes das três empresas. Por entenderem que seus contratos não são atingidos pela decisão, Luto Curitiba e Luto Araucária garantem que quem adquiriu um plano não será prejudicado.

No entendimento da advogada do Sesfepar, Lucyanna Lima Lopes, os contratos são nulos. “O que cabe é o ressarcimento de tudo que foi pago”, disse.

O Sesfepar notificou ontem a prefeitura de Curitiba e solicitou que a atuação das empresas seja coibida, que seus representantes sejam impedidos de entrar nos funerais e que a prefeitura oriente as famílias enlutadas sobre a decisão judicial. A prefeitura deverá ter um posicionamento hoje. Justiça / Maioria do STF proíbe doações eleitorais feitas por empresas Julgamento foi interrompido quando o placar estava 6 a 1 contra o financiamento de campanhas por pessoas jurídicas. Ainda não é possível saber se a regra valerá na eleição deste ano Das Agências

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem que as

empresas não podem fazer doações eleitorais. Embora o julgamento tenha sido interrompido por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, o placar contra o financiamento eleitoral promovido por pessoas jurídicas está em 6 a 1. Como o STF tem 11 ministros, teoricamente o julgamento está decidido. Apesar disso, quando a ação voltar ao plenário, os ministros que já votaram poderão mudar de posição. Isso, porém, é improvável.

Em função de o julgamento ainda não ter sido concluído e de não haver um prazo para que Mendes conclua sua análise, não é possível dizer se a proibição para doações de empresas já valerá para as eleições deste ano. Na sessão de ontem, alguns ministros sugeriram que seria preciso dar um prazo de adaptação – indicando que a proibição só valeria para 2016.

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Sem direitos Iniciado em dezembro do ano passado, o julgamento do STF analisa um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que seja declarado inconstitucional o financiamento de campanhas por empresas. A OAB alega que quem tem direitos políticos são pessoas físicas e não jurídicas e que, portanto, empresas não podem financiar campanhas eleitorais. Outro argumento usado é que a verba privada torna desiguais as eleições. Na ação, a OAB também pede que seja estabelecido um valor máximo para as doações feitas por eleitores a candidatos – e não mais um porcentual sobre a renda. Isso, para a Ordem, contribuiria para igualar as chances dos candidatos.

No ano passado, no início do julgamento, quatro ministros – Luiz Fux, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Joaquim Barbosa – concordaram com a OAB e votaram para acabar com a possibilidade de empresas financiarem campanhas eleitorais.

Ontem, o primeiro a votar foi o ministro Teori Zavascki. Ele rejeitou o argumento da Ordem, dizendo que impedir que empresas façam doações a campanhas não representará uma solução para reduzir a corrupção eleitoral. Além disso, o ministro destacou que, apesar de não terem direito a voto, as empresas fazem parte da realidade social do país, geram emprego, renda e têm o direito legítimo de participar do processo eleitoral.

Para Teori, alterações no sistema de financiamento de campanhas devem ser feitas pelo Congresso Nacional, cabendo ao STF zelar pela efetividade das leis e aplicar as devidas punições para quem abusar do poder econômico.

Na sequência, os ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski referendaram os argumentos da OAB, formando a maioria necessária para barrar as doações de empresas. O julgamento então foi interrompido pelo pedido de vista de Gilmar Mendes, que já sinalizou um voto contrário ao pedido da OAB.

Senado Paralelamente ao julgamento, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem, em primeiro turno, projeto de lei que veda a doação de empresas para campanhas eleitorais. Na eleição presidencial de 2010, 70% da verba foi de pessoa jurídica Chico Marés

Nas eleições presidenciais de 2010, mais de 70% dos recursos dos comitês de

campanha dos três principais candidatos – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (então no PV) – veio diretamente de doações de empresas. As doações de pessoas físicas para Dilma e Serra foram quase irrelevantes – cerca de 2% do total. Já na campanha de Marina, a doação de pessoas físicas atingiu 61% do total. Entretanto, 77% desse montante veio de um único doador: o empresário Guilherme Leal, candidato a vice-presidente.

O resto dos recursos usados nas campanhas veio dos diretórios dos partidos – que recebem doações de empresas, pessoas físicas e do fundo partidário, composto por recursos oriundos de impostos.

As mesmas As doações eleitorais tendem a ser feita sempre pelas mesmas empresas. Reportagem da Gazeta do Povo de dezembro do ano passado mostrou que, em 2010, 1% das empresas que fizeram doações foram responsáveis por 61% de todo o bolo de financiamento eleitoral de pessoas jurídicas. Levantamento da ONG Transparência Brasil mostra que apenas uma empresa, a construtora Camargo Correia, doou R$ 103 milhões para diversas campanhas em todo o Brasil.

Em 2012, a proporção de doações empresariais cresceu ainda mais. As doações de pessoas físicas corresponderam a apenas 3% do total arrecadado – ou seja, as empresas foram responsáveis por 97% do total de doações. O custo das eleições

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também cresceu: entre 2002 e 2012, esse valor saltou de R$ 800 milhões para R$ 4,5 bilhões. Assunto divide opiniões de lideranças políticas Chico Marés

O fim das doações de empresas para campanhas eleitorais divide opiniões entre

lideranças políticas paranaenses. O senador Alvaro Dias (PSDB) diz ser a favor do fim do financiamento empresarial. Para ele, seria uma decisão “na direção da moralidade”. Apesar disso, destacou que viria “em um momento inadequado”. Alvaro afirma que o STF não poderia decidir isso tão pouco tempo antes da campanha deste ano.

Alvaro afirma ainda que o fim do financiamento privado por empresas, sem outras mudanças profundas na legislação eleitoral, pode ser inócuo, estimulando a corrupção e o caixa dois. Para ele, os mecanismos atuais de fiscalização e julgamento das contas eleitorais não são eficazes o suficiente para evitar esses efeitos colaterais. “O fim do financiamento privado por empresas exige uma reforma política ampla”, afirma.

Já o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PPS), diz acreditar que, desde que as alterações sejam realizadas antes do início do período eleitoral, quando legalmente se inicia o processo de doação para campanhas, a mudança é positiva. “O PPS é contrário a qualquer tipo de doação de pessoa jurídica. Para nós, a decisão, se for favorável, será um passo importante para evitar a influência do abuso do poder econômico nas eleições”, disse. Prós e contras / Sem doações de empresas, as eleições no Brasil serão melhores?

Sim • Campanhas mais baratas: em 2012, o custo do processo eleitoral foi de R$ 4,5 bilhões. A maior parte desse montante veio de doações de empresas. Sem empresas para doar, o custo seria reduzido.

• Redução da influência do poder econômico: grandes empresas teriam menos influência no processo eleitoral.

• Mais equilíbrio entre candidatos: sem campanhas milionárias, a tendência é que elas fiquem mais equilibradas, especialmente entre os candidatos já estabelecidos politicamente e novatos.

• Sem “toma-lá-dá-cá”: muitas empresas fazem doações para candidatos em troca de facilidades em licitações e outras decisões governamentais de seu interesse. O fim das doações pode moralizar essas relações.

Não • Pagando do bolso: como não há uma cultura de doação da parte dos eleitores, o financiamento público seria a principal fonte de recursos das campanhas. E isso sai do bolso do contribuinte.

• Estagnação do sistema: o financiamento público privilegia partidos já estabelecidos. A tendência é que as grandes forças políticas fiquem ainda mais fortes, e novos movimentos políticos não tenham recursos para disputar eleições.

• Caixa-dois para todos: sem fiscalização adequada, proibir as empresas de doar pode influenciar um aumento no caixa-dois. O financiamento eleitoral ficaria ainda menos transparente do que já é. Celso Nascimento / Fim do enigma?

Os empréstimos que o governo do Paraná pleiteia não saem por um ato deliberado de discriminação política da União ou por que é o estado que não preenche os requisitos técnicos para alcançá-los?

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A resposta a esse enigma poderá sair no dia 9, quando um grupo de deputados federais e estaduais será recebido, em Brasília, pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Contra ele pesa a suspeita de agir politicamente – sob suposta orientação do Planalto e influência dos ministros paranaenses – para negar a liberação dos financiamentos, especialmente o de R$ 817 milhões do Proinveste

O encontro com Augustin foi marcado pelo deputado federal João Arruda, do PMDB, coincidindo com iniciativa do estadual Luiz Cláudio Romanelli, também do PMDB, que obteve da Assembleia a aprovação de requerimento de convite ao chefe da STN para dar explicações.

No entorno desses fatos, há três outros muito sintomáticos: • Ao contrário do comportamento usual, Augustin não colocou nenhuma

dificuldade para receber os parlamentares paranaenses e a prestar-lhes esclarecimentos. • A bancada do PT votou a favor do requerimento de Romanelli e se dispôs, até, a

apoiar a criação de uma CPI para investigar a saúde e a regularidade das contas estaduais.

• O governo do estado tem se esforçado bastante para não demonstrar descontentamento com a iniciativa da reunião na STN. Juntando estes sintomas, talvez se possa concluir que:

• A STN está disposta a mostrar provas de que sua visão é exclusivamente técnica; que o Paraná está mesmo inadimplente em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); e que, portanto, não há contaminação política a ser explicada.

• O governo estadual se sente incomodado com a possibilidade de não poder contraditar os motivos que Augustin expuser. Isto significaria a morte do discurso vitimalista que o governador adotou para justificar as dificuldades que enfrenta para gerir o estado.

“Armação” confessada Fato 1: em 2008, o então desembargador federal Edgard Lippmann Jr. proibiu o governador da época, Roberto Requião, de se utilizar da TV Educativa para fazer promoção pessoal no programa semanal conhecido como “escolinha”.

Fato 2: em seguida, surgiram denúncias de que, antes, Lippmann teria vendido sentenças liminares para garantir o funcionamento de casas de bingo.

Fato 3: em 2009, Lippmann foi afastado da cadeira de desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF4), com sede em Porto Alegre, sob aquela acusação.

Fato 4: em 2013, o CNJ confirmou a aposentadoria compulsória de Lippmann. Fato 5: denúncias sobre o suposto delito, surgiram em blogs e jornais ligados ao

PMDB e ao então governador em 2008. Fato 6: o militante e dirigente do partido Doático Santos era assessor especial no

gabinete de Requião. Fato 7: em 2014, exatamente no último dia 30 de março, Doático Santos

comparece ao 7.º Tabelionato (Volpi) para registrar novas declarações a respeito do caso.

Fato 8: a coluna teve acesso ao documento. Nele, Doático faz um mea culpa e diz ter sido chamado para reunião com Requião e ali recebeu instruções para divulgar denúncias contra o desembargador. O secretário de Segurança teria sido incumbido de tomar providências no âmbito policial, incluindo a tomada de depoimentos, para instruir processo contra Lippmann aberto pelo TRF4. Lippmann, que impetrou mandado de segurança no STF (n.º 31772) contra o ato do CNJ que o aposentou, vai anexar aos autos as arrependidas declarações de Doático para mostrar ter sido vítima de uma “armação”. “Como cristão”, Lippmann diz perdoar Doático.

Olho vivo Assaltos 1 Ao contrário do que afirmam servidores que trabalham no complexo administrativo de Santa Cândida, a Secretaria Estadual da Justiça expediu nota para negar que tenha havido roubo de equipamentos instalados em ônibus doados, uma

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semana antes, pelo governo federal, para uso no programa de proteção a mulheres em situação de violência. Segundo a nota, os equipamentos foram recolhidos pela própria secretaria para local mais seguro. Para quem quiser conferir, os ônibus estão agora no Complexo Médico Penal, em Pinhais.

Assaltos 2 Enquanto isso, o PT estadual informa que sua sede em Curitiba, no bairro São Francisco, foi assaltada ontem. Levaram dois celulares e uma barra de chocolate. A PM esteve no local e registrou. Na saída, os policiais se mostraram constrangidos porque temiam que a viatura, sem manutenção, não “pegasse”. Secretariado / No STF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que permite o repasse de 30% dos depósitos judiciais de natureza não tributária do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para o Executivo estadual. A transferência já estava proibida desde julho por liminar do Conselho Nacional De justiça (CNJ). A lei prevê utilização do dinheiro dos depósitos não tributários em diversas áreas e para pagamento de requisições judiciais de pequeno valor. Janot alega que o repasse é ‘incompatível com a Constituição”. A assessoria do TJ disse que, por enquanto, não vai pronunciar. O governo do estado informou que não estava utilizando os recursos. Legislativo / Assembleia fará nova eleição para o TC Pleito que elegeu Fabio Camargo para o Tribunal de Contas será parcialmente anulado. Nova votação deve ocorrer até o fim de abril Euclides Lucas Garcia

Uma nova eleição para a cadeira de Fabio Camargo no Tribunal de Contas do

Estado (TC) deve ocorrer até o fim do mês. Ontem, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Valdir Rossoni (PSDB), anunciou que vai apresentar um projeto na próxima segunda-feira anulando parcialmente o pleito que elegeu o ex-deputado em julho de 2013. A proposta prevê que, além de nova votação, os 40 candidatos reapresentem os documentos exigidos em edital. Com isso, o próprio Camargo poderá disputar novamente a vaga.

O ex-deputado está afastado do TC desde novembro de 2013 por decisão liminar da desembargadora Regina Portes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), em mandado de segurança impetrado pelo empresário Max Schrappe, que também concorreu no pleito vencido por Camargo. Na última segunda-feira, o Órgão Especial da corte reforçou a decisão da magistrada ao negar recurso do ex-parlamentar para voltar ao tribunal até o julgamento do mérito da ação.

Com base nisso, a Comissão Executiva da Assembleia decidiu propor uma nova eleição, amparada em duas irregularidades apontadas por Regina Portes no pleito de 2013. Numa delas, Camargo teria recebido “tratamento diferenciado” em relação aos demais candidatos, na medida em que sua documentação para concorrer à vaga foi completada fora do prazo previsto em edital. Outros concorrentes, porém, acabaram excluídos da disputa justamente por não terem apresentado todos os documentos exigidos.

Além disso, o ex-deputado não teria recebido o número mínimo de votos necessários para ser eleito em primeiro turno. Como os 54 parlamentares estavam presentes à sessão, o vencedor deveria obter ao menos 28 votos para vencer em votação única. Camargo, entretanto, teve 27 votos contra 22 do seu principal adversário, o

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também deputado Plauto Miró (DEM). Os dois, por serem candidatos, decidiram não votar. Seus votos foram considerados brancos.

Novo pleito A proposta da Comissão Executiva de realizar uma nova eleição terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário. Pelo projeto, o processo de apresentação dos documentos pelos 40 candidatos que estavam inscritos, incluindo Camargo, deverá ser refeito. Depois disso, será realizada a votação para o TC em plenário, que deve ocorrer até o fim do mês.

A realização de uma nova eleição pode abrir mais uma pendência no conselho do tribunal. Em 2009, Maurício Requião teve de deixar o posto de conselheiro por supostas irregularidades no pleito que o elegeu. Dois anos depois, o próprio Rossoni anulou a eleição que escolheu Maurício e, num novo pleito, o então procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, foi eleito. Até hoje, no entanto, a defesa do irmão do senador Roberto Requião (PMDB) tenta na Justiça reconduzi-lo ao cargo.

Questionado se não é uma temeridade convocar um novo pleito sem um posicionamento definitivo da Justiça a respeito da eleição de Camargo, Rossoni disse que está “seguindo uma decisão judicial”. Imbróglio / A decisão da Mesa Executiva da Assembleia de propor uma nova eleição para o TC se baseia em dois argumentos usados pela desembargadora Regina Afonso Portes para afastar liminarmente Fabio Camargo do cargo de conselheiro, em novembro do ano passado:

• Documentação Segundo a Justiça, Camargo teria recebido “tratamento diferenciado” em relação aos demais candidatos na medida em que sua documentação para concorrer à vaga foi completada fora do prazo legal, enquanto outros concorrentes acabaram excluídos da disputa justamente por não terem apresentado todos os documentos exigidos.

• Número de votos A desembargadora também argumentou que Camargo não teria recebido o número mínimo de votos necessários para ser eleito em primeiro turno.

Como os 54 deputados estaduais estavam presentes à sessão, o vencedor deveria obter pelo menos 28 votos. Camargo, porém, teve 27 votos contra 22 do seu principal adversário, o também deputado Plauto Miró (DEM). Os dois, por serem candidatos, decidiram não votar. Seus votos foram considerados brancos. Notas políticas / Encontro marcado em Brasília

Três deputados estaduais vão a Brasília na próxima quarta-feira se reunir com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, para discutir os motivos pelos quais o Paraná não consegue ter acesso a uma série de empréstimos. O encontro, marcado para as 15 horas, foi intermediado pela bancada do PT na Assembleia depois de Luiz Claudio Romanelli (PMDB, foto) apresentar um convite para que Augustin viesse ao Legislativo estadual para uma audiência. Farão parte da comitiva o próprio Romanelli, Tadeu Veneri (líder do PT) e um deputado indicado pela liderança do governo. No total, o Paraná aguarda a liberação de R$ 3,4 bilhões oriundos de cinco pedidos de empréstimo.

Novas regras 1 A comissão criada para revisar o regimento interno da Assembleia Legislativa do Paraná concluiu ontem os trabalhos e vai apresentar o relatório final em plenário na próxima segunda-feira. Entre as mudanças propostas, estão a proibição de reeleição para a Mesa Executiva, a redução das comissões permanentes de 25 para 19, e a extinção do voto secreto (exceto na indicação de autoridades) e das sessões secretas.

Novas regras 2 A maior alteração, porém, prevê o fim do mecanismo de comissão geral de plenário, que é usado para realização do tratoraço nas votações de

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projetos do interesse do Executivo. A intenção é votar a matéria ainda neste semestre, para que ela possa valer a partir de 2015.

Recesso no TC O presidente do Tribunal de Contas do Estado, Artagão de Mattos Leão, entra em recesso a partir de hoje. Quem assume o posto durante o período é o conselheiro Durval Amaral, vice-presidente do órgão. Às 14 horas de hoje, Amaral anuncia em sessão do plenário a decisão do TC sobre o pedido de prefeitos referente à prorrogação da validade das certidões liberatórias dos municípios. O documento é obrigatório para que os prefeitos possam assinar convênios de repasse de dinheiro com o estado e com a União.

83,76%... do eleitorado de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, passou pelo recadastramento biométrico feito pela Justiça Eleitoral. Dos 81.841 eleitores cadastrados, 68.554 foram revisados.

Protesto em cartório O governo do estado e as prefeituras paranaenses podem a partir de agora fazer o protesto em cartório das Certidões de Dívida Ativa (CDAs) – valores originados em favor da administração pública a partir de decisões do Tribunal de Contas do Estado (TC). O protesto em cartório foi homologado pelo TC, que considera o mecanismo mais barato, rápido e eficiente. A estimativa da corte é que a medida gere um aumento de receita ao estado e municípios em ao menos R$ 15 milhões.

Suspensão O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu a proibição da multinacional Siemens de contratar com o poder público. A decisão é do vice-presidente do TRF-1, desembargador federal Daniel Paes Ribeiro. As restrições tinham sido determinadas considerando suposto pagamento de propina em contratos firmados com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Câmara dos deputados / “Foi um equívoco”, diz Vargas sobre uso de avião Em um rápido discurso, deputado federal admitiu ter sido “imprudente” ao viajar de férias em uma aeronave arranjada por doleiro preso André Gonçalves, Correspondente

Em discurso de dez minutos no plenário, o vice-presidente da Câmara dos

Deputados, André Vargas (PT-PR), disse ontem à noite que cometeu um “equívoco” e que foi “imprudente” ao viajar de férias com a família em um avião arranjado pelo doleiro Alberto Youssef. O petista também negou ter favorecido Youssef em negociações com o Ministério da Saúde, conforme sugerem trechos de gravações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A investigação apura um esquema de lavagem de dinheiro que envolve R$ 10 bilhões e levou à prisão do doleiro e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, há duas semanas.

A ligação entre Vargas e Youssef foi exposta anteontem em reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. A matéria cita diálogos entre os dois sobre o uso da aeronave e interesses da empresa química Labogen, ligada ao doleiro. Embora tenha uma folha de pagamento de R$ 28 mil mensais, a empresa teria sido usada pelo doleiro para fazer remessas de US$ 37 milhões ao exterior, de acordo com a Polícia Federal.

“Claro que, com relação ao avião, eu reconheço, fui imprudente. Foi um equívoco, deveria ter evitado. Peço desculpas aqui e à minha família”, disse o parlamentar. O deputado reafirmou que conhece Youssef há mais de 20 anos e que, com base nessa relação e pelo fato de o doleiro ter sido dono de hangar, entrou em contato com ele para conseguir um avião para viajar com a família, de Londrina para João Pessoa, na Paraíba.

À Folha, Vargas explicou que procurou Youssef porque as passagens comerciais para o período da viagem, em janeiro deste ano, estavam muito caras. Também falou que havia arcado com as despesas com combustível do avião, um Learjet 45, de

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propriedade de uma empresa da Bahia. Ontem, disse que tentou, mas não conseguiu, ressarcir o gasto.

“Quando eu o procurei para viabilizar o pagamento do combustível, não encontrei meios, porque eu não sabia que a aeronave tinha sido locada [por Youssef]. Coisa que soube com mais detalhes agora em função da ampla divulgação na mídia”, informou. Reportagem da revista Veja aponta que o custo com a aeronave teria sido de R$ 100 mil, enquanto que, em nota enviada à Gazeta do Povo, Vargas falou em R$ 20 mil.

De acordo com a interceptação de mensagens de texto entre o deputado e Youssef feita pela Polícia Federal, Vargas teria feito menção a contatos com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, sobre a Labogen. No discurso, falou apenas que “orientou” Youssef “na forma da lei” e que nunca esteve no ministério para falar com Gadelha ou qualquer outro funcionário a respeito da Labogen. “No vazamento que a mídia tem acesso, eu digo ‘a reunião foi boa’ porque encontrei o representante oficial da Labogen no aeroporto que disse que tinha tido uma boa reunião com Gadelha.”O discurso de Vargas não gerou polêmica, nem contestação de colegas durante a sessão. Petista tem atritos internos no partido Guilherme Voitch

Vice-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal André Vargas (PT)

está longe de ser uma unanimidade dentro do próprio partido. Bem visto pelo baixo clero da base governista na Câmara, ele tornou-se um adversário íntimo do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e da sua esposa, a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Vargas chegou a coordenar a campanha de Bernardo para deputado federal, mas a relação se deteriorou nos últimos anos.

Com Dilma, o casal Bernardo e Gleisi ganhou espaço e importância no governo. Vargas, por sua vez, nunca esteve entre os preferidos da presidente e passou a buscar espaço dentro da estrutura partidária petista. Junto ao deputado CândidoVaccarezza (SP), Vargas é tido como uma das principais vozes “lulistas” no Congresso e no PT, criticando o estilo de Dilma em contraponto ao do antecessor.

“Mesmo sendo de Londrina, ele nunca frequentou os gabinetes [de Paulo Bernardo e Gleisi] com frequência. Ele sabia que não era querido por lá”, diz uma fonte petista ouvida pela reportagem.

Disputa A disputa chegou ao PT do Paraná. Na eleição do diretório petista de Curitiba, Vargas conseguiu eleger um aliado, Natalino Bastos. Bernardo e Gleisi apoiavam outro. O deputado também vinha articulando a candidatura ao Senado, enquanto Gleisi, a pré-candidata petista ao governo, defende a candidatura do pedetista Osmar Dias, vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil. Semelhanças / Parlamentares comparam a situação de Vargas à do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012 por ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Caso André Vargas A origem Investigação da Polícia Federal na Operação Lava Jato flagrou troca de mensagens entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado André Vargas. Entre elas está o acerto do aluguel de um avião para o deputado. A atuação de Youssef no envio ilegal de dinheiro para fora do Brasil é investigada desde os anos 90.

• Defesa Vargas diz que mantém “relações sociais” com Youssef e que conhece o doleiro como um “importante empresário de Londrina”.

• O partido O PT ainda não se pronunciou sobre o caso. Vale lembrar que mesmo os petistas condenados pela Justiça no mensalão não receberam penalização do partido.

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Caso Demóstenes A origem O ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi flagrado em escutas realizadas pela Polícia Federal em diálogos com Carlinhos Cachoeira, contraventor ligado a jogos de azar e outras atividades ilícitas. As escutas revelavam que o senador solicitava e concedia favores ao contraventor. Em um deles, Cachoeira emprestou um jatinho para que Demóstenes fizesse uma viagem.

• Defesa Inicialmente o então senador se defendeu afirmando que mantinha relações sociais com Cachoeira por meio de sua esposa, que seria amiga da mulher do contraventor.

• O partido O DEM abriu processo de expulsão do senador. Demóstenes desligou-se do partido antes da conclusão do processo.

• Conclusão O senador foi cassado e está afastado de suas funções como promotor do Ministério Público de Goiás. Ele está sendo investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Dora Kramer / Mil e uma inutilidades Agência Estado

Para que serve uma comissão parlamentar de inquérito? Em tese, para que

deputados e senadores investiguem um fato determinado com poderes próprios das autoridades judiciais. É o que diz o artigo 58 da Constituição.

Na prática, porém, hoje as CPIs servem a vários objetivos, nenhum deles relacionado à função propriamente dita de investigar. As comissões funcionam como palanques, chamarizes de holofotes, fábricas de manchetes, instrumentos de chantagem, objetos de negociações, ferramentas para troca de constrangimentos; com elas podem-se armar as maiores confusões confiando numa conta final de soma zero.

Mas resultam em desgaste para o Congresso como um todo e para o governo em particular, que faz toda espécie de movimentos vexatórios para evitar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito, com receio de que elas cumpram sua missão constitucional de trazer à luz fatos de aparência sombria.

Governos, todos eles, têm horror a CPIs. Em geral conseguem manejar a maioria para evitar sua instalação. É do jogo. Fora da regra é a manipulação escancarada de requerimentos como o que o Palácio do Planalto orientou sua base a apresentar para investigar casos que supostamente atingiriam os candidatos de oposição à Presidência da República.

Assim surgiu a ideia de uma CPI sobre o cartel dos trens do Metrô de São Paulo e os negócios relativos ao Porto de Suape, em Pernambuco, tendo como endereço Aécio Neves e Eduardo Campos. Se a proposta fosse para valer, tudo bem. A questão é que não é. Trata-se apenas de um estratagema para levar à rejeição da CPI da Petrobras.

Quer dizer, ao governo federal pouco importa se os casos do metrô e do porto merecem ser investigados. Basta que a Petrobras não seja objeto de atenção no campo político. Atenção com potencial de repercussão eleitoral negativa, bem entendido. Em matéria de uso político da empresa o governo do PT é o último a poder acusar os adversários, pois dessa matéria-prima muito se valeu e dela está roendo até o caroço.

De culpas No momento em que aceitaram abrir sindicâncias para apurar ocorrência de torturas e mortes em estabelecimentos militares em diversas capitais do país, as Forças Armadas assumiram também o compromisso de não fugir da verdade histórica, já devidamente documentada e testemunhada. Pelo menos é o que está posto se não pretenderem se desmoralizar apresentando, ao fim dos trabalhos, relatórios que deem a essas investigações o caráter de simulação e acobertamento.

No caso de um resultado consistente, os militares pela primeira vez poderão admitir a responsabilidade da instituição pela violência extrema, nesses anos todos

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atribuída a excessos de agentes que teriam agido à revelia dos comandantes. Seria um passo importante na pacificação dos espíritos.

Um simbolismo que em nada afetaria a Lei de Anistia, cuja revogação não se dá por um mero ato de vontade, é de difícil execução. Precisaria necessariamente passar pelo Congresso hoje formado por pessoas e forças inteiramente alheias aos termos do pacto que abriu o caminho para retomada da democracia. O respeito àquele contrato firmado mediante as circunstâncias da época (final da década de 70) completa-se como um ato perfeito se todas as partes adotarem a baliza da verdade.

Não fecha O vice-presidente da Câmara, André Vargas, primeiro disse que viajou de Londrina a João Pessoa no avião do doleiro Alberto Youssef, investigado pela Polícia Federal, porque os voos comerciais estavam muito caros. Depois afirmou ter se oferecido para pagar a despesa com o combustível estimada em R$ 20 mil. Uma das duas (ou ambas) versões é falsa: naquele trecho a passagem mais cara – “top”, comprada de última hora – sai a R$ 2.313. Imbróglio / Congresso pode ter até quatro CPIs da Petrobras Além das duas já criadas no Senado, oposição conseguiu assinaturas para instalar comissão mista de deputados e senadores. E governistas já planejam CPI mista paralela Das Agências

A oposição conseguiu ontem o número necessário de assinaturas para pedir a

criação da CPI Mista da Petrobras, com a participação de deputados e senadores. O pedido de criação da investigação conjunta já foi protocolado e, para a CPI ser oficialmente criada, o requerimento tem de ser lido em uma sessão do Congresso – o que só vai ocorrer no próximo dia 15. Mas logo depois os governistas começaram a coletar adesões para instalar uma CPI mista da Petrobras paralela – a exemplo do que já haviam feito no Senado, onde há duas comissões parlamentares de inquérito para apurar as denúncias envolvendo a estatal de petróleo. O objetivo do Planalto é atrapalhar o início das investigações e, se possível, inviabilizá-las.

A CPI mista dos governistas, assim como no caso da comissão paralela do Senado, também pretende ampliar o foco das investigações – incluindo obras que podem afetar as candidaturas de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), prováveis adversários políticos da presidente Dilma Rousseff (PT) na eleição deste ano. O Planalto quer que a comissão analise as denúncias de corrupção envolvendo a formação de cartel no metrô de São Paulo (estado comandado pelo PSDB) e supostas irregularidades em relação ao Porto de Suape, em Pernambuco, cujo governador é Eduardo Campos.

Renan A decisão final sobre o destino das quatro CPIs passará pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também acumula o cargo de presidente do Congresso.

Ontem, ele decidiu rejeitar o pedido de impugnação da CPI da oposição no Senado, apresentado na terça-feira pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Gleisi argumentava que a CPI não tinha objeto específico de investigação – condição necessária para seu funcionamento. Renan, porém, acatou a sugestão dos oposicionistas de encaminhar o caso para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, colegiado responsável por resolver dúvidas regimentais e constitucionais que surgem de propostas.

Na prática, ao encaminhar para a CCJ a avaliação do caso, Renan tira a responsabilidade de decidir sozinho sobre a abrangência das CPIs. De quebra, também favorece o governo por atrasar a instalação da comissão.

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Novas suspeitas / Dilma sabia de detalhes da compra de Pasadena, diz advogado de Cerveró. Das agências

O dia de ontem foi cheio de revelações de novas suspeitas envolvendo a Petrobras. O advogado do ex-diretor da empresa Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse que os conselheiros da estatal, incluindo a presidente Dilma Rousseff, receberam com 15 dias de antecedência o contrato da compra da refinaria de Pasadena (EUA). “Os conselheiros tiveram tempo hábil para examinar o contrato”, disse Ribeiro. “Cerveró não vai aceitar ser bode expiatório.”

Cerveró foi o responsável pelo laudo considerado “falho” pelo Planalto que teria induzido Dilma a autorizar a compra da refinaria de Pasadena, que causou um prejuízo de US$ 1 bilhão à estatal. O Planalto negou que Dilma recebeu o documento com antecedência. Outra denúncia envolvendo Pasadena, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi a de que a Petrobras ofertou US$ 170 milhões pelos estoques da refinaria de Pasadena enquanto eles valiam US$ 6,1 milhões. Os valores, segundo o jornal, foram obtidos pelo cruzamento de dados de um relatório da consultoria BDO Seidman, contratada pela estatal nos EUA, com documentos internos da Petrobras.

Já o jornal Folha de S.Paulo informou que a empresa holandesa SBM confirmou ontem oficialmente que pagou US$ 139,1 milhões a um representante no Brasil para intermediar a venda de plataformas para a Petrobras. Há a suspeita de que a empresa pagou propina a funcionários da estatal para fechar o negócio. Apesar disso, a SBM informou não ter encontrado indícios, em suas investigações internas, de que esse intermediário teria usado a verba para subornar funcionários da Petrobras. Folha de Londrina Opinião / O papel da CPI

A Constituição de 1988 regulamenta, em seu artigo 58, o funcionamento das Comissões Parlamentares de Inquérito, as CPIs. Trata-se de um grupo de deputados ou senadores que se reúne para investigar uma denúncia – no caso do Congresso Nacional.

Antes de uma CPI acontecer, é preciso um número mínimo de assinaturas dos parlamentares pedindo pela sua instalação. Um terço dos representantes da Casa deve concordar que o motivo é forte e precisa ser apurado. Depois disso, um grupo de representantes de vários partidos assume o trabalho e o resultado final vai servir de prova para as polícias Civil ou Federal e para o Ministério Público. No Brasil, a primeira CPI aconteceu em 1946, segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP). Outros países também utilizam esse mecanismo, como os Estados Unidos.

Na teoria, é assim que funciona uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Mas na prática, não é tão simples e um exemplo disso pode ser verificado esta semana, acompanhando os noticiários da política nacional. Há dias, oposição e situação brigam por conta da criação de uma CPI para investigar a compra, pela Petrobras, da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Há evidências fortes de que Pasadena foi um péssimo negócio que recebeu o aval da presidente Dilma Roussef (PT), na época, presidente do Conselho de Administração da estatal.

Ontem, os partidos de oposição conseguiram recolher as assinaturas necessárias para instalação da comissão. Do outro lado, PT e aliados da presidente também apresentaram a proposta de criação de outra CPI da Petrobras, porém mais ampla, investigando casos que possam incomodar os adversários: o cartel nos metrôs de São

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Paulo durante a administração do PSDB e o Porto de Suape, em Pernambuco, podendo causar um mal-estar ao PSB.

A decisão sobre a CPI da Petrobras ainda terá novos capítulos e levará mais alguns dias, pois o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), pediu a opinião dos membros da Comissão de Constituição e Justiça da Casa.

Esse tempo é providencial para articulações políticas e propício para reflexão: para que servem as CPIs? Elas cumprem o seu papel de investigar denúncias, reunir provas e esclarecer fatos? Ou estariam sendo usadas somente como ferramenta de constrangimento contra adversários e um meio de atrair os holofotes em ano eleitoral? Informe Folha / Dinheiro da saúde

O Tribunal de Contas da União (TCU) cobra do ex-prefeito de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), Mário Bonaldo (2005-2008), do ex-secretário de Saúde, Roberto Padilha e da então gestora da Sociedade Civil de Desenvolvimento Humano e Socioeconômico do Brasil (Sodhebras), Luci Helena de Oliveira, ressarcimento de R$ 127 mil aos cofres municipais. Conforme acórdão divulgado ontem, o TCU apurou irregularidades na prestação de serviços de saúde pela entidade. Além da devolução dos recursos, os três também foram condenados a multas individuais de R$ 20 mil. Ainda cabe recurso.

Repasse de recursos Tribunal de Contas (TC) do Estado adiou para hoje a decisão sobre o pedido da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) de prorrogar por mais 90 dias a validade das certidões liberatórias das prefeituras. O documento é obrigatório para que as administrações estaduais assinem convênios de repasse de recursos com o Estado e com a União. Neste ano, por causa das eleições, o prazo final se encerraria em 30 de junho.

Créditos Fazenda Pública estadual e municipal tem mais um instrumento para recuperar créditos. O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) homologou o protesto em cartório das Certidões de Dívida Ativa (CDAs). O procedimento torna mais rápida a cobrança dos valores originados em favor da administração pública a partir de decisões tomadas pela Corte. A estimativa é que a medida gere um incremento de, pelo menos, R$ 15 milhões na arrecadação do Estado e municípios. TJ do Paraná é o mais lento entre os maiores, indica CNJ Índice baixo é resultado do grande número de cadeiras vazias no Judiciário estadual, justifica Amapar Luís Fernando Wiltemburg, Reportagem Local

Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a produtividade dos magistrados e servidores do setor indica que o Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná é o mais improdutivo entre os cinco maiores do Brasil. Divulgado anteontem, o estudo "Indicadores de Produtividade dos Magistrados e Servidores do Judiciário" tem como base os números de 2012, quando, em média, cada juiz paranaense julgou 1.366 processos.

O número é uma média das ações de primeiro e segundo grau e o cálculo é feito comparando a quantidade de processos julgados com o de cargos de magistrados preenchidos. Os outros quatro maiores tribunais do País são de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

O mais alto Índice de Produtividade do Magistrado (IPM) entre os cinco maiores foi o do TJ do Rio de Janeiro, com 2.919 processos baixados por magistrado. Em seguida vem o do Rio Grande do Sul, com 2.313; São Paulo, com 2.172; e Minas Gerais, com

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1.603. A média nacional é de 1.611 ações julgadas por juízes em todos os Tribunais de Justiça do País.

Até mesmo Cortes menores registraram números maiores que os do Paraná. É o caso do TJ de Santa Catarina (1.823), que entra no grupo de médio porte, e outros enquadrados como de pequeno porte, como o do Acre (1.583), Mato Grosso do Sul (1.535) e Sergipe (1.493).

Apesar de o IPM ser calculado levando em conta os processos de primeiro e segundo grau, há uma diferença considerável entre as duas no Paraná: o número relativo à primeira instância em 2012 foi de 1.573, enquanto que na segunda foi de 519.

Por outro lado, o Índice de Produtividade do Servidor (IPS), também calculado no estudo, coloca o Paraná como o segundo colocado entre os tribunais de grande porte: foram 204 processos baixados para cada servidor exclusivo do Judiciário. Nesse quesito, só fica abaixo do TJ gaúcho, que registrou 248.

O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Frederico Mendes Júnior, afirma que o IPJ do Paraná se justifica pelo grande número de cadeiras vazias. De acordo com ele, de 186 cargos vagos em 2011, cerca de cem não foram preenchidos desde então. "Isso sem contar quem deixou a magistratura, os aposentados e as mortes", ressalta.

Ele ainda frisa o fato de a maioria dos julgamentos ocorrerem em primeiro grau. "Os quase 1,6 mil casos baixados em 2012 dão uma média de seis sentenças

proferidas por dia útil na primeira instância, que concentra 90% dos processos", calcula. O presidente da subseção londrinense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

Artur Humberto Piancastelli, considera que o IPJ mostra que "há muito o que melhorar", mas crê em uma mudança quando vierem os dados referentes a 2013. "Percebemos mais celeridade nos julgamentos", afirma o advogado.

Tanto ele quanto Mendes Júnior afirmam que a estrutura do TJ passou a receber fortes melhorias a partir da gestão de Miguel Kfouri Neto, que presidiu o órgão entre 2011 e 2012. Além da contratação de novos juízes de primeiro grau, Piancastelli ressalta a criação do cargo de assessores para magistrados, outra medida que trouxe celeridade. Decreto pode anular última eleição do TC Mariana Franco Ramos, Reportagem Local

Curitiba - O presidente da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), anunciou na noite de ontem que irá apresentar na próxima segunda-feira um projeto propondo a anulação do processo que elegeu o ex-deputado Fabio Camargo ao Tribunal de Contas (TC) do Estado, em 16 de julho do ano passado. Mais cedo, em conversa com jornalistas, ele havia desconversado sobre o assunto.

Horas depois, porém, o site da AL informava a intenção do tucano em convocar novo pleito até o final de abril. Nos bastidores, comenta-se que o filho do ex-presidente do Tribunal de Justiça (TJ) Clayton Camargo pode renunciar ao cargo no TC nos próximos dias, para se candidatar novamente a uma vaga na AL, em outubro.

O anúncio de Rossoni ocorre dois dias após o Órgão Especial do TJ ter negado o agravo regimental do ex-parlamentar, reforçando decisão anterior do TC. A maioria do colegiado, de 25 desembargadores, seguiu o voto da relatora, Regina Portes, que julgou procedente o mandado de segurança de um dos candidatos derrotados na eleição, Max Schrappe. Na peça, o empresário cita a existência de supostas irregularidades, como ausência de quórum qualificado no primeiro turno e inconsistência na apresentação da documentação exigida.

Na época, o então petebista recebeu 27 votos, enquanto Plauto Miró (DEM) obteve 22. O regimento interno da Casa aponta que o vencedor deveria ter 28 votos. Em

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entrevista coletiva em dezembro de 2013, Fabio Camargo negou todas as acusações, informando que sua eleição foi "a mais democrática e transparente da história do TC".

De acordo com Rossoni, só poderão participar do novo processo os candidatos que já estavam inscritos. Neste caso, eles teriam nova oportunidade para apresentar certidões negativas. Antes de ser levada a plenário, contudo, a matéria precisa ser aprovada pela Comissão de constituição e Justiça (CCJ) da AL. Luiz Geraldo Mazza / Cargas

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra a quadrilha de roubo de cargas que operava em Campina Grande do Sul com 21 integrantes. Um posto elevado na copa de um pinheiro servia de observatório para as operações de roubo e as de alerta com a polícia, o apoio logístico em chácara da região. CMTU apura irregularidade na contratação da MM Investigação deve ser encerrada em até 60 dias e pode levar à demissão de dois servidores envolvidos Edson Ferreira, Reportagem Local

A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina abriu

procedimento administrativo para apurar a conduta de dois funcionários na contratação da M.M. Consultoria, Construções e Serviços Ltda., em 2011. A contratação por dispensa de licitação resultou em prejuízo de R$ 1,7 milhão aos cofres públicos, conforme relatório da Controladoria-Geral do Município (CGM), de setembro do ano passado. O caso também chegou ao Ministério Público (MP) do Paraná, que abriu inquérito civil, conforme a Folha noticiou no último dia 29 de março.

A CGM identificou que o município pagou à terceirizada R$ 285.800,58 a mais, por mês, nos seis meses analisados de 2011. A auditoria descobriu, ainda, a existência de documentos sem assinatura, discrepâncias na planilha de custo mensal do serviço prestado, custos elevados de locação dos veículos utilizados nos trabalhos e diferença de quilômetros nos percursos efetuados pela empresa.

Os nomes dos dois funcionários investigados, ainda não revelados, surgiram durante sindicância instaurada logo após a divulgação do relatório da CGM. De acordo com a assessora jurídica da CMTU, Tatiana Müller, foram identificados indícios de suposta "infração disciplinar" durante os trâmites internos para a contratação da empresa MM, "e não necessariamente má-fé". A MM ficou durante quase três anos responsável pela coleta do lixo doméstico em Londrina, na gestão do ex-prefeito Barbosa Neto (PDT). Tatiana afirmou que os dois envolvidos ainda não foram notificados para apresentarem defesa, o que deve ocorrer em cinco dias.

A investigação aberta pela CMTU deve ser encerrada em até 60 dias e pode levar à demissão. "Ao final pode haver um dos quatro encaminhamentos: arquivamento, advertência, suspensão do trabalho por até 30 dias sem salário, e a mais grave que é a demissão", informou Tatiana. Vargas explica episódio do jatinho na Câmara Mariana Haubert, Folhapress

Brasília - Dois dias após as primeiras denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), foi ao plenário da Casa para explicar o episódio em que pegou emprestado um jatinho do doleiro para uma

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viagem de férias. Vargas afirmou apenas ter se arrependido. "Em relação ao avião, eu reconheço: fui imprudente. Foi um equívoco. Deveria ter exigido um contrato. Deveria ter quitado. E peço desculpas aqui por ter exposto a minha família. [...] Compareço aqui com serenidade, com o coração machucado, mas leve", disse o deputado hoje.

Ele afirmou ainda que não sabia que o doleiro estava sendo investigado até duas semanas atrás e recontou o pedido de empréstimo feito a Youssef. "No final do ano passado, procurei Alberto Youssef porque ele havia sido dono de um hangar na minha cidade e pedi para que ele viabilizasse uma aeronave para a minha viagem de início de ano e portanto, em troca do combustível." O petista disse que tentou fazer o pagamento mas descobriu que o avião havia sido fretado e por isso não teria como arcar com o combustível. "Coisa que eu descobri com maior detalhe agora em função da ampla cobertura da mídia." Como a Folha de S.Paulo revelou, Vargas viajou em um jatinho emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em operações suspeitas. O deputado foi à Câmara apenas para fazer o discurso ontem e não falou com a imprensa. Servidores da saúde recusam proposta e greve é mantida Categoria reivindica pagamento de progressões e promoções atrasadas, entre outros benefícios Rubens Chueire Jr, Reportagem Local

Curitiba – Os servidores estaduais da saúde decidiram ontem, por unanimidade,

manter a greve que hoje completa 17 dias. A categoria afirma que após mais uma reunião com representantes da Secretaria Estadual de Administração e Previdência (Seap) e da Saúde (Sesa), durante a tarde, não foi apresentada nenhuma proposta concreta e que, por isso, os trabalhadores continuarão mobilizados.

Os servidores reclamam que entre os itens da pauta, o Plano de Carreira, que era para ser apresentado nesta reunião, ficou para o dia 28. Além disso, sobre o reajuste da Gratificação de Atividade em Saúde (GAS) e o pagamento das progressões e promoções atrasadas, o governo informou que não sabe de quanto seria o reajuste e que isso só poderia ocorrer a partir de agosto.

Além destes pontos, outras reivindicações são a defesa da Paraná Previdência e implantação da aposentadoria especial; luta pelo reenquadramento; revisão do cálculo da hora extra; ampliação do auxílio transporte; alteração da lei do vale alimentação; revisão do decreto que rege o pagamento de diárias; entre outros.

"Não tivemos as respostas que queríamos e, por isso, a paralisação continua e cada vez mais forte. Enquanto o governo não nos procurar para uma nova negociação e com propostas efetivas, a greve prossegue", disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (SindSaúde-PR), Elaine Rodella.

De acordo com a entidade a greve dos servidores da saúde se estende a praticamente todos os locais de trabalho onde atuam os cerca de 9 mil trabalhadores da base, em especial aos hospitais públicos estaduais, onde trabalham 4,5 mil servidores.

A estimativa da entidade é de que 70% desse pessoal aderiu à paralisação, que começou no dia 18 de março. De lá para cá a categoria vem se revezando em passeatas, distribuição de panfletos nas ruas e manifestações em diversas cidades, como Campo Largo, Francisco Beltrão, Cascavel, Paranaguá, Guaraqueçaba, Londrina e Curitiba.

Em nota oficial, o governo informou que "entregou as minutas do projeto de lei que garante a manutenção do estágio probatório para mulheres em licença-maternidade e de lei complementar que estabelece o pagamento de diária para servidores que precisam se locomover entre cidades de regiões metropolitanas". O documento ainda

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informa que o projeto do Quadro Próprio dos Servidores da Saúde está em fase de análise jurídica para depois ser enviado à Assembleia Legislativa. Agentes da PF promovem novo ato Reportagem Local

Curitiba - O Sindicato dos Policiais Federais do Paraná (Sinpef-PR) realiza hoje pela manhã um protesto no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Região Metropolitana de Curitiba, para cobrar melhorias nas condições de trabalho dos agentes, papiloscopistas e escrivães, além de reivindicar a valorização das carreiras. Na terça-feira e ontem os policiais se reuniram em frente a Superintendência da PF na capital e paralisaram as atividades por duas horas.

Segundo o presidente do Sinpef-PR, Fernando Vicentini, durante as manifestações os agentes também fizeram um minuto de silêncio para "celebrar" os 70 anos de criação do órgão, comemorados no último dia 28 de março. "Não temos o que comemorar, estamos numa situação de abandono", ressaltou. Júri do Carandiru condena PMs a 48 anos de prisão Réus foram considerados culpados por quatro dos 111 homicídios ocorridos na Casa de Detenção Luciano Bottini Filho, Agência Estado

São Paulo - O Conselho de Sentença condenou ontem cada um dos 15 policiais

militares do terceiro andar do Pavilhão 9 do Carandiru a 48 anos de prisão no regime inicial fechado. Eles foram considerados culpados por 4 dos 111 homicídios ocorridos na Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. Os PMs terão o direito de recorrer em liberdade. Aqueles que estiverem na ativa perderão o cargo, caso não consigam reverter a sentença. Os réus foram absolvidos por 4 mortes e 2 tentativas de homicídio.

Com isso, termina um dos mais complexos julgamentos da Justiça brasileira, que se arrastou por quase 22 anos após as mortes de 111 presos na antiga casa de detenção.

Ao todo, 77 PMs foram condenados no maior júri da história do Tribunal Justiça de São Paulo. Três PMs foram absolvidos, no primeiro júri, porque atuaram em outro pavimento. A Promotoria havia denunciado os PMs por 111 mortes, mas 29 foram consideradas de autoria desconhecida e os jurados absolveram os réus. Outras cinco mortes, que seriam julgadas em um júri separado para o coronel Luiz Nakaharada, não tiveram condenação porque o acusado morreu no ano passado.

Último júri O julgamento desta quarta-feira durou três dias, com cerca de 30 horas de trabalhos em plenário, somado o tempo em que os jurados passaram na sala secreta. No júri desta semana, foram julgados os PMs do Comando de Operações Especiais (COE) que entraram no terceiro andar do edifício.

A Promotoria pediu no início dos debates a absolvição de 4 das 8 mortes, porque foram cometidas por armas brancas. Existe a tese de que esses homicídios possam ter sido um acerto de contas entre os próprios detentos. Os jurados também absolveram os acusados por duas tentativas de homicídio, o que os promotores também havia pedido em plenário durante os debates. Advogado acusado de desvio se entrega

Londrina – O advogado e funcionário do 3º Juizado Especial acusado de sacar R$ 26,8 mil de quatro contas de depósitos judiciais apresentou-se ontem no Fórum. A prisão

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preventiva havia sido decretada no dia 1º de março. Os saques ocorreram no dia 28 de fevereiro. Ele foi encaminhado a unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), onde ficará em uma cela individual. O homem se aproveitou da confiança que tinha em virtude de trabalhar há cinco anos no Fórum para forjar ofícios e alvarás e falsificar assinaturas de juízes para realizar os saques. O Judiciário detectou a falha e a prisão foi expedida.(Lucio Flávio Cruz/Reportagem Local) Diário dos Campos Comdema convoca reunião para avaliar ações do executivo Conselho Municipal do Meio Ambiente irá receber secretário para explanação os futuros projetos para a cidade Da Redação

O Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema) convocou uma reunião para essa quinta-feira (3), às 17 horas na sala de reuniões da Secretária Municipal de Educação, para um debate com membros da Secretária Municipal do Meio Ambiente sobre os andamentos dos projetos da pasta e a projeção que a prefeitura irá fazer para o futuro.

O presidente do conselho, Edilson Gorte, confirmou a presença do secretário Ivan Loureiro. "Queremos que eles nos repasse o que está acontecendo, quais são os projetos e como poderemos nos posicionar para ajudar a prefeitura na questão do Meio Ambiente", explicou. Segundo ele, os boatos sobre a série de mudanças no município motivaram a convocação dessa reunião. O prefeito Marcelo Rangel (PPS) afirmou que espera o apoio do Comdema nas ações feitos pelo executivo municipal.

O presidente reclamou da falta de informações sobre os projetos da prefeitura e espera que a reunião aproxime e fortaleça o trabalho conjunto entre o executivo e o conselho. "A nossa ideia é trabalhar junto, desde que pudermos dar nossa opinião. Nós nos apresentamos, mas isso não acontece hoje", criticou. Segundo ele, o conselho possui muito respaldo técnico e pode ser fundamental para ajudar a situação do meio ambiente no município. Ferrovia da represa do Alagados é interditada Da Redação

A interdição do trecho ferroviário que passa pela represa do Alagados, em Ponta

Grossa, foi determinada pela Justiça. A decisão, proferida pela juíza Franciele Martins de Paula Santos Lima, acata pedido da 6ª Promotoria de Justiça de Ponta Grossa, por meio de ação civil pública contra a América Latina Logística (ALL) – Malha Sul. Segundo o promotor de Justiça Honorino Tremea, que assina o procedimento, a medida se faz necessária até que a concessionária realize a substituição de todos os dormentes que se encontram danificados ou podres.

Na ação, a Promotoria cita que desde 2004 tramita um inquérito civil, com base no qual o Ministério Público (MP) já realizou várias diligências no sentido de que a empresa promovesse melhorias na conservação da ferrovia, em especial no trecho que passa pela represa, a qual serve como estação de captação de água na cidade. Os requerimentos foram feitos em razão do “alto risco de acidente ferroviário, com danos irreversíveis e incalculáveis para população de Ponta Grossa”, havendo, inclusive, risco de interrupção no fornecimento de água por tempo indeterminado.

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O Paraná Justiça não acata pedido de prisão de Paulo Bebber No entanto, juiz autorizou busca e apreensão no gabinete do vereador Miguel Portela

O juiz da 3ª Vara Criminal de Cascavel, Leonardo Ribas Tavares, negou ontem o pedido de prisão preventiva do vereador Paulo Bebber (PR), acusado de pedir propina de R$ 500 mil para acelerar a aprovação de projeto de lei do Loteamento Jardim Riviera. O pedido havia sido feito no dia 18 de março pela Polícia Civil, que também investiga o caso.

Na decisão, o magistrado argumenta que “não vislumbra necessidade para a prisão preventiva”. De acordo com Ribas Tavares, a polícia e o Ministério Público, que igualmente investiga a denúncia, não apresentaram elementos concretos que pudessem sustentar a prisão do acusado.

Em outro trecho da sentença, o magistrado alega que não há a necessidade da referida medida cautelar, “que tem como característica a provisoriedade e a variabilidade”. Ribas Tavares acrescenta que “não havendo outros elementos concretos a justificar as demais medidas cautelares sugeridas pelo MP, devem elas ser indeferidas”.

Ele entende que “não há evidência de que o vereador tenha pretensão de influenciar pessoas ou testemunhas e, estando licenciado, quer parecer que não haja nem razão para frequentar a Câmara Municipal”.

No entanto, o juiz deferiu o mandado de busca e apreensão no gabinete de Bebber para coleta de provas. Até o fechamento desta edição, isso ainda não havia sido feito.

No inquérito aberto pela Polícia Civil, Bebber é acusado da prática de crime de concussão, que é “o ato de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão da função, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.

A pena é de reclusão de dois a oito anos, além de multa. Vereador mantém silêncio durante depoimento no Ministério Público

O depoimento mais esperado no inquérito aberto pela 7ª Promotoria de Justiça para investigar o suposto caso de propina na Câmara de Cascavel foi frustrado na manhã de ontem. O motivo foi o silêncio do vereador acusado no caso. Paulo Bebber compareceu à Promotoria, mas optou em não responder aos questionamentos do promotor Sérgio Machado, que comanda as investigações. A orientação para que ele permanecesse calado partiu do advogado de defesa, Helio Ideriha Junior, que o acompanhou na oitiva.

O depoimento durou cerca de 20 minutos e Bebber optou por não responder às perguntas do promotor. Na saída, ele também se manteve calado diante do questionamento dos jornalistas. Quem atendeu a imprensa foi advogado, que justificou a estratégia empregada.

“Optamos pelo silêncio por alguns motivos. Primeiro, estão tramitando três procedimentos de investigação, sendo o inquérito civil no Ministério Público, outro criminal na Polícia Civil e a investigações da comissão processante da Câmara Municipal. Tudo que se falar agora poderá ser refletido lá e ter distorções, que é o que está acontecendo”, Ideriha.

O segundo motivo alegado é uma suposta parcialidade na condução dos trabalhos investigatórios da Polícia Civil e da Câmara de Vereadores. “Nós entendemos que as investigações, por questões políticas, na polícia e na Câmara, não têm a imparcialidade

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necessária e por isso nós optamos por responder todas as perguntas em juízo. Perante o juiz, esses questionamentos serão devidamente respondidos, mas neste momento nós optamos pelo silêncio”, reforçou o advogado.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Luciano Fabian, também citado na gravação sobre a propina, deve ser o próximo convocado a prestar esclarecimento. Além de Bebber, a Promotoria já ouviu os corretores de imóveis Márcio Augusto Ireno, autor da gravação, e Roberto Vinicius Albuquerque de Lima.

Direito de defesa O promotor Sérgio Machado não quis gravar entrevista sobre o caso. No entanto, garantiu que a recusa de Bebber em falar na oitiva é legal e um procedimento comum, tendo em vista que ele não é uma testemunha e sim o principal acusado no caso investigado.

Notificação Na manhã de ontem, Paulo Bebber assinou a notificação para dar início aos trabalhos da comissão processante constituída pela Câmara Municipal. Da primeira vez ele havia se negado a receber o documento.

Com isso, começou a contar ontem o prazo de dez dias para o vereador apresentar a defesa prévia por escrito, indicando as provas que pretender produzir e arrolando até dez testemunhas.

Outra providência tomada pela Casa foi a definição dos servidores que estarão na assessoria da comissão. Foram designados Pascoal Muzeli Neto para dar assessoria jurídica e Barbara Matter, Francieli Cordeiro e Luiz Carlos Retcheski para acompanhar os trabalhos dos vereadores Rui Capelão (PPS), Jaime Vasatta (PTN) e João Paulo (PSD). O Diário do Norte do Paraná Opinião / Transtorno desenvolvido por assédio sexual

Uma decisão recente da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu como "doença profissional" um caso de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que acometeu o caixa de um supermercado devido ao assédio sexual e moral que sofria na empresa. Com este julgado, o TST abriu novos precedentes jurisprudenciais e acabou por reconhecer uma situação que, alarmantemente, só vem aumentado muito nos últimos tempos nas relações entre patrões e empregados.

No campo do Direito Trabalhista, para se declarar um distúrbio como doença ocupacional é fundamental destacar a necessidade do nexo causal entre o transtorno apresentado e o assédio ocorrido; e mais importante ainda: é necessário que se comprove a existência da ocorrência do assédio – elemento essencial para que exista toda a casuística em questão. Ainda deve-se levar em conta se o transtorno desenvolvido pelo empregado se enquadra na categoria de uma doença profissional.

Estas considerações são importantes porque se o empregado, devido ao assédio sofrido, viera a desenvolver o TOC, por exemplo, como no caso referido acima, alguns Tribunais Regionais já não consideram este transtorno como doença ocupacional, pois não está no rol de doenças constantes nos incisos I e II do artigo 20 da lei 8.213/91. Contudo, há doenças ocupacionais que poderão se equiparar a acidentes de trabalho, podendo gerar ao empregado recebimento de pensão mensal e garantia provisória no emprego. Agora que o transtorno desenvolvido por assédio moral e/ou assédio sexual já deixou o plano abstrato – e passou a ser matéria regulada e reconhecida jurisprudencialmente – como podem as empresas e os empregados agirem para evitar que a situação chegue a tal ponto? Ao empregador cabe não só o direito, mas o dever de resguardar um ambiente salubre para todos os seus funcionários, em todos os aspectos: desde a higiene e segurança do ambiente físico até a preservação do bem-estar e integridade física, psicológica e moral de cada funcionário. "O empregador deve agir de

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uma maneira preventiva e para isso deve observar, dentro dos limites devidos, se seus funcionários estão agindo segundo um decoro moral e padrões de conduta exigidos para que se evitem assédios". Deve igualmente instruir todos os funcionários qual é a conduta esperada (código de ética a ser seguido) e disponibilizar, se possível, uma equipe que esteja preparada para lidar com casos de assédio e que possam fazer a intermediação. E sempre deixar muito claro que nenhum caso de assédio será tolerado independente da hierarquia ou cargo ocupado.

Ao empregado cabe seguir às regras de conduta estipuladas pela empresa e um autopoliciamento: vestir-se de maneira apropriada ao ambiente de trabalho; manter uma postura hígida no local de trabalho não tomando atitudes que possam denotar segundas intenções ou parecer ofensivas, tanto para seus superiores como para seus colegas de trabalho. E se mesmo diante de um autopoliciamento o empregado for vítima de assédio, este então deve procurar um superior responsável do qual possa relatar o problema e que poderá tomar as medidas necessárias para mediar à situação, como, por exemplo, o diretor do RH de sua empresa ou superior hierárquico de seu departamento ou até o dono da empresa.

Se nada disso apresentar solução ao assédio, o empregado pode apresentar a sua demanda perante a Justiça do Trabalho. A decisão do TST fez justiça com quem sofre assédio moral e/ou sexual no local de trabalho e por consequência disso acaba por desenvolver um transtorno; contudo o mais justo seria prevenir que situações como esta se repetissem no futuro. Proporcionar um local de trabalho salubre, estável e acolhedor é minar o assédio e garantir que no futuro doenças ocupacionais não se criem por motivos de preconceito e ignorância.

Sheila Torquato Humphreys Mestre em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, especialista em Direito do Trabalho pela PUC-PR e professora de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho na Faculdade Paranaense (Fapar) Das 30 prefeituras da Amusep, 28 prestam contas ao TCE no prazo Atalaia e Santo Inácio não conseguiram repassar os dados até 31 de março Informações contábeis para o órgão analisar garante certidão liberatória Ederson Hising

A correria das prefeituras e Câmaras para enviar informações contábeis do exercício do ano passado ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) foi grande e 28 das 30 cidades que compõem a Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep) conseguiram cumprir o prazo estipulado pelo órgão.

Segundo a assessoria de imprensa do TCE-PR, apenas Santo Inácio e Atalaia não haviam completado a transmissão das informações até o prazo final - 31 de março. Ainda de acordo com a assessoria, os dois municípios poderão sofrer sanções por conta disso.

As informações repassadas ao TCE-PR são essenciais para a obtenção a certidão liberatória, que permite acesso a dinheiro de financiamentos, convênios, auxílios e subvenções. O prefeito de Atalaia, Fabio Fumagalli Vilhena de Paiva (PT), afirmou que os trabalhos foram intensificados para conseguir a conclusão do envio, mas por conta das mudanças no sistema e a falta de profissionais no quadro de funcionários houve o atraso. "Esperamos que o TCE-PR leve em consideração as dificuldades dos municípios menores como o nosso nesta questão", disse.

A contadora da Prefeitura de Atalaia, reforçou ontem que teve problemas com o sistema para enviar as informações ao TCE-PR que, segundo ela, estava sobrecarregado. Os dados foram encaminhados ontem. O prefeito de Santo Inácio, Valdir Antonio Turcatto (PSD), estava em viagem ontem e não atendeu a reportagem.

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Conforme o TCE-PR, até as 17h15 da segunda-feira, 62,4% das prefeituras tinham encaminhado as informações ao órgão. Entre as Câmaras, até o mesmo horário, 63,4% realizaram a remessa das informações aos sistemas do TCE-PR. Os dados da Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI) do Tribunal apontavam ainda que 55% dos 1.160 entes e órgãos municipais haviam atendido a determinação. Entre as entidades estaduais, 69% – ou 20 de um total de 29 – encaminharam as prestações de contas.

O DTI permitia antever, antes mesmo do encerramento do prazo para encaminhamento das Prestações de Contas Anuais ao TCE-PR, que o índice de cumprimento do prazo seria alto. "Isso mostra a intimidade que os jurisdicionados têm com os nossos sistemas e a rotina que construíram para cumprir a determinação legal", destacou Rubens Sciena, titular da DTI. Jornal de Beltrão Promotor prevê pena de 150 anos para o réu Niomar Pereira

Terá início amanhã um dos julgamentos mais esperados da história da Comarca de Francisco Beltrão. O agricultor Gilmar Jesus Reolon, 49 anos, sentará no banco dos réus para responder aos crimes dos quais é acusado. A direção do Fórum espera um bom número de pessoas que irá ao plenário para assistir à sessão. Durante toda a semana, a Vara Criminal recebeu lígações de interessados em acompanhar o júri.

A juíza de Direito Juliane Velloso Stankevecz, que presidirá o julgamento, diz que o evento é público e pode ter a participação da comunidade. Os trabalhos terão início às 9 horas. Segundo ela, haverá um reforço de policiais para garantir a segurança no local. O auditório do Fórum tem capacidade para 150 pessoas sentadas. Na acusação atuará o promotor de justiça Roberto Tonon Júnior e na defesa o advogado Gilberto Richthcik.

Gilmar Reolon é réu confesso de seis assassinatos: seu pai Otávio Reolon, 65 anos, em maio de 2009; sua esposa Gema Casanova, 43, o casal de filhos Gissele Indianara, 14, e Gian Lucas, 9, e a sogra Petronília Strosmovski Casanova, 84, em janeiro de 2010; e Indiamara Pereira dos Santos, 13, em fevereiro de 2010. Todos os supostos crimes estão divididos em três processos (a morte do pai, da família e da adolescente). Em comum acordo, Justiça, Ministério Público e defesa decidiram realizar um único julgamento.

O caso todo, incluindo as três ações penais, tem aproximadamente 1.500 páginas. Qualificadoras Roberto Tonon acredita que o julgamento não se prolongará por

mais que um dia. “Apesar de ser um caso complexo do ponto de vista dos crimes, ele é réu confesso e seu depoimento corrobora com as provas.” O promotor arrolou seis testemunhas nos processos, mas ainda está analisando se irá ou não dispensar algumas delas. Na opinião dele, a pena pode variar de 100 a 150 anos.

O representante do Ministério Público afirma que todos os homicídios têm qualificadoras, o que pode elevar a pena. A morte da família, por exemplo, é tida como um homicídio duplamente qualificado, pois não ofereceu oportunidade de defesa às vítimas (estavam dormindo) e praticou o ato por motivo fútil, tendo em vista, que não queria que a família passasse vergonha e fome por causa de suas dívidas. O crime contra o pai dele é triplamente qualificado, além do motivo fútil (dívidas), ele não teria oferecido chance de defesa (atacou de surpresa) e usou de meio cruel (espancamento até a morte). O caso da garota Indiamara é semelhante, com três qualificadoras: motivo fútil (matou para não ser reconhecido), meio cruel (com golpes de pedra e facão) e não

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ofereceu chance de defesa. O advogado Gilberto Richthcik não foi encontrado ontem pelo JdeB para comentar o caso.

Relembre o caso Depois dos crimes houve grande suspense em torno do paradeiro de Gilmar Reolon. Como o corpo não foi encontrado entre as vítimas do incêndio de Eneas Marques, em 2010, ele passou a ser considerado o principal suspeito da morte da família. Na época, a Polícia Civil já tinha fortes indícios de que Reolon cometera o assassinato do pai e estava prestes a ter a prisão decretada.

Passaram-se três anos, com muitos rumores sobre o paradeiro de Reolon, até que o abate em série de bovinos, na Linha Triton, começou a chamar a atenção de toda a comunidade. Os animais eram mortos e somente alguns pedaços de carne levados. No dia 11 de janeiro de 2013, um irmão de Gilmar Reolon, Idemar, e o policial militar Gilmar de Oliveira (que estava de férias) resolveram procurar pelo foragido por conta própria.

Entraram na mata, próximo da comunidade do Rio Tuna, e poucos minutos depois localizaram o acampamento onde Gilmar se escondia. Ele foi preso e, desde então, aguarda o julgamento na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão. Em todo este período de fuga ele viveu no mato de forma primitiva, caçando animais e colhendo frutos e legumes nas lavouras para sobreviver.

Laudo de sanidade Recentemente, o médico psiquiatra Ivan Pinto Arantes, perito do Complexo Penal do Paraná (CMP), concluiu que Gilmar Reolon não possuía qualquer tipo de doença mental ou perturbação da saúde mental à época em que supostamente cometeu os crimes.

No laudo, o médico indica que Reolon não era portador de patologias mentais e, pelo contrário, ao tempo da ação criminosa, “era inteiramente capaz de entender o caráter criminoso do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Além disso, o psiquiatra deixa claro que Reolon entendia perfeitamente o caráter ilícito de seus crimes.

Entenda como funciona o Tribunal do Júri O Tribunal do Júri é presidido por um juiz e protagoniza o confronto entre advogados (defesa) e promotores (acusação). São sete jurados que irão ouvir a versão de cada um dos lados e depois decidir pela condenação ou absolvição. Somente depois a juíza profere a sentença. No Tribunal do Júri são julgados crimes cometidos contra a vida, tais como homicídios dolosos (com intenção de matar), infanticídio, participação em suicídio e aborto.

Jurados São escolhidas 25 pessoas previamente alistadas. Os sorteados são convocados para uma reunião. No dia do julgamento, devem comparecer ao tribunal os 25 jurados sorteados, assim como as testemunhas convocadas e o réu. Se ao menos 15 jurados convocados comparecerem, são instalados os trabalhos. O juiz, então, retira sete cédulas para a formação do conselho de sentença.

À medida que os nomes são anunciados, a defesa e o Ministério Público podem recusar três jurados cada. As partes não precisam motivar a recusa. Uma vez sorteados, os jurados não podem mais se comunicar entre si ou com pessoas de fora, incluindo familiares, nem manifestar sua opinião sobre o caso julgado. Caso o silêncio não seja cumprido, eles podem ser excluídos do julgamento e multados.

A ordem do júri Os depoimentos começam pelas vítimas, se for possível. Depois, são ouvidas as testemunhas de acusação e, por último, as de defesa. Os jurados também podem, por intermédio do juiz, fazer perguntas à vítima e às testemunhas.

Os questionamentos às testemunhas de acusação são feitos, nesta ordem, pelo Ministério Público, assistente e defensor do acusado. Já as de defesa são inquiridas primeiro pelo advogado do réu, depois pelo promotor.

As partes ainda podem pedir acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos. Após as testemunhas, o réu será interrogado, se estiver

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presente. Fazem perguntas, nesta ordem: Ministério Público, assistente e defesa. Os jurados também podem formular questões, por intermédio do juiz.

Encerrados os depoimentos, é a vez do Ministério Público e do assistente fazerem a acusação. Depois, fala a defesa. Cada parte tem uma hora e 30 minutos para fazer a exposição. Depois disso, há uma hora para a réplica da acusação e mais uma hora para a tréplica da defesa. As duas partes podem abdicar da segunda fase de debates.

Não é permitida a leitura de documentos ou a exibição de objeto que não tiver sido incluído nos autos do processo com antecedência de, no mínimo, três dias, para que a outra parte tenha conhecimento.

Os jurados e o juiz se reúnem em uma sala secreta para decidir se o réu deve ser culpado ou absolvido. Por meio de cédulas ‘sim’ e ‘não’, o conselho de sentença responde a perguntas formuladas com base na materialidade do fato e na autoria ou participação do réu. Se o conselho de sentença decidir pela condenação, é perguntado se há causa para a diminuição ou aumento da pena. (Com informações do Portal Terra). Bem Paraná Política em Debate / Protesto

Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) homologou o protesto em cartório das Certidões de Dívida Ativa (CDAs). O procedimento torna mais rápida a cobrança dos valores originados em favor da administração pública a partir de decisões tomadas pela Corte. A estimativa é que a medida gere um incremento de, pelo menos, R$ 15 milhões na arrecadação do Estado e municípios. Após a decisão, o Tribunal emitiu um comunicado aos órgãos e entes estaduais e municipais, para que façam o protesto em cartório das decisões transitadas em julgado pelo TCE, após a inscrição em dívida ativa. O órgão de controle externo também aconselha a administração pública a fazer acordo com os cartórios, para que as custas sejam pagas somente no ato de quitação das dívidas. As gestões têm 90 dias para implantar o novo procedimento.

A receber Balanço do TCE revela que, atualmente, as sanções ativas impostas pelo Tribunal e em execução por órgãos e entes públicos totalizam R$ 245,1 milhões. Deste total, 69,4% – ou R$ 170 milhões – estão nas mãos dos municípios; os 30,6% restantes – R$ 75 milhões – pertencem ao Estado. Os dez maiores credores são responsáveis por 78% dos títulos pendentes de pagamento, o que representa um montante de R$ 105,3 milhões. Alep admite nova eleição para o TCE

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), admitiu ontem que pode decidir nos próximos dias pela realização de uma nova eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Rossoni afirmou estar apenas aguardando um parecer da procuradoria da Casa sobre o assunto.

Na segunda-feira, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJ/PR) manteve decisão anterior proferida em liminar que determinou o afastamento do ex-deputado estadual Fábio Camargo do cargo de conselheiro do TCE. Os desembargadores rejeitaram recurso da defesa de Camargo, que foi afastado do posto em novembro do ano passado, por liminar concedida pela desembargadora Regina Portes, atendendo a ação do empresário Max Schrappe, que disputou com ele a eleição para conselheiro do TCE.

Na ação, o empresário pediu a anulação da eleição no dia 17 de outubro, alegando que Camargo não apresentou a documentação exigida para disputar a eleição, entre elas certidões negativas de ações na Justiça. Ele também alegou que, com os 54 deputados estaduais estavam presentes à sessão, Camargo deveria obter pelo menos 28 votos para

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ser eleito no primeiro turno, de acordo com ato da comissão especial da Assembleia Legislativa que analisava as candidaturas. Camargo foi eleito para a vaga no Tribunal de Contas no dia 15 de julho, em disputa apertada com 27 votos contra 22 do também deputado Plauto Miró Guimarães (DEM).

Diante da decisão da Justiça, a Assembleia agora tende a realizar nova eleição. “Se houver um caminho, será um projeto de decreto legislativo anulando a eleição anterior e marcando nova eleição”, confirmou hoje Rossoni. “Estou esperando a palavra final da procuradoria”, alegou.

Existe ainda a possibilidade de que o próprio Camargo renuncie vez ao Posto de conselheiro do TCE ainda para tentar se candidatar novamente a um mandato de deputado estadual. Para assumir o cargo no tribunal, ele teve que renunciar à vaga na Assembleia e também à filiação partidária. Por lei, quem ocupa cargos no Judiciário tem até seis meses antes da eleição para se desincompatibilizar e se filiar a um partido a tempo de concorrer. A avaliação é que Camargo argumentaria juridicamente uma analogia entre seu cargo no TCE e a carreira no Judiciário para sustentar uma filiação e uma candidatura nesse prazo.