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Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014 Gazeta do Povo Saúde Mental / Internação compulsória na mira do MP A cada quatro pessoas com transtornos mentais internadas contra a vontade em 2013, três passaram por tratamento após ações judiciais Rafael Waltrick O alto número de internações compulsórias de pessoas com transtornos mentais no ano passado acendeu um alerta no Ministério Público do Paraná (MP-PR). A medida, que prevê o tratamento contra a vontade do paciente, após uma determinação judicial, tornou-se regra em vez de exceção nos casos em que o próprio doente não busca ajuda. Conforme informações levantadas pelo MP-PR na Central de Regulação de Leitos do governo estadual, foram 93 internações compulsórias em 2013 contra 30 involuntárias – quando o tratamento é recomendado por um médico, sem necessidade de intervenção da Justiça. A internação compulsória, em tese, deve ser usada somente em casos excepcionais, quando o doente está pondo em risco sua própria vida ou a de familiares, e também quando já se esgotaram todas as outras alternativas de intervenção terapêutica. É justamente essa última condição que, na visão do MP-PR, pode estar sendo driblada devido à falta de estrutura pública de internação por meio do Sistema Único de Saúde. “O Judiciário não pode ser a porta de entrada do SUS. Isso sugere ao MP que temos problemas no sistema. Este pedido de internação via judicial pode sinalizar uma situação de ausência de vagas ou outras insuficiências de atenção secundária”, afirma o procurador de Justiça Marco Antonio Teixeira, coordenador do Centro de Apoio operacional das Promotorias de Proteção à Saúde. Na opinião do procurador, as internações compulsórias forçam ainda mais um sistema que já é deficitário, causando até a carência de vagas para quem quer se tratar de forma voluntária - desde 2005, o Paraná reduziu as vagas para atendimento psiquiátrico em 36%, fechando 2013 com 2.228 leitos pelo SUS. Hoje, a grande maioria das internações ainda se dá de forma voluntária. A Secretaria de Estado da Saúde não repassou o número total de internações no ano passado. Alternativa A utilização das internações compulsórias é alvo de críticas de associações médicas e defensoras dos direitos humanos, que chegam a ver tais ações como uma forma de “higienização” das ruas –crítica que veio à tona recentemente após as prefeituras do Rio e de São Paulo passarem a prever a medida para tratar usuários de crack. “Tem casos em que a internação compulsória precisa ser aplicada para proteger a vida do próprio indivíduo. Mas só uma equipe multidisciplinar, envolvendo secretarias de Saúde, Assistência Social e MP, pode decidir por esse tipo de intervenção, até para evitar abusos”, diz a psiquiatra Ana Cecília Marques, representante da Associação Brasileira de Psiquiatria.

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Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Gazeta do Povo Saúde Mental / Internação compulsória na mira do MP A cada quatro pessoas com transtornos mentais internadas contra a vontade em 2013, três passaram por tratamento após ações judiciais Rafael Waltrick

O alto número de internações compulsórias de pessoas com transtornos mentais

no ano passado acendeu um alerta no Ministério Público do Paraná (MP-PR). A medida, que prevê o tratamento contra a vontade do paciente, após uma determinação judicial, tornou-se regra em vez de exceção nos casos em que o próprio doente não busca ajuda. Conforme informações levantadas pelo MP-PR na Central de Regulação de Leitos do governo estadual, foram 93 internações compulsórias em 2013 contra 30 involuntárias – quando o tratamento é recomendado por um médico, sem necessidade de intervenção da

Justiça. A internação compulsória, em tese, deve ser usada somente em casos excepcionais, quando o doente está pondo em risco sua própria vida ou a de familiares, e também quando já se esgotaram todas as outras alternativas de intervenção terapêutica.

É justamente essa última condição que, na visão do MP-PR, pode estar sendo driblada devido à falta de estrutura pública de internação por meio do Sistema Único de Saúde.

“O Judiciário não pode ser a porta de entrada do SUS. Isso sugere ao MP que temos problemas no sistema. Este pedido de internação via judicial pode sinalizar uma situação de ausência de vagas ou outras insuficiências de atenção secundária”, afirma o procurador de Justiça Marco Antonio Teixeira, coordenador do Centro de Apoio operacional das Promotorias de Proteção à Saúde.

Na opinião do procurador, as internações compulsórias forçam ainda mais um sistema que já é deficitário, causando até a carência de vagas para quem quer se tratar de forma voluntária - desde 2005, o Paraná reduziu as vagas para atendimento psiquiátrico em 36%, fechando 2013 com 2.228 leitos pelo SUS. Hoje, a grande maioria das internações ainda se dá de forma voluntária. A Secretaria de Estado da Saúde não repassou o número total de internações no ano passado.

Alternativa A utilização das internações compulsórias é alvo de críticas de associações médicas e defensoras dos direitos humanos, que chegam a ver tais ações como uma forma de “higienização” das ruas –crítica que veio à tona recentemente após as prefeituras do Rio e de São Paulo passarem a prever a medida para tratar usuários de crack. “Tem casos em que a internação compulsória precisa ser aplicada para proteger a vida do próprio indivíduo. Mas só uma equipe multidisciplinar, envolvendo secretarias de Saúde, Assistência Social e MP, pode decidir por esse tipo de intervenção, até para evitar abusos”, diz a psiquiatra Ana Cecília Marques, representante da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Seminário discute alternativas O alto número de internações compulsórias em comparação com as internações

involuntárias – opção que é vista como a preferencial em casos onde não há concordância do paciente ao tratamento – fez com que o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública do Paraná, Marco Antonio Teixeira, emitisse uma nota técnica sobre o tema no início do mês a promotores de todo o estado. A intenção é que os promotores analisem os casos com rigor e atentem para eventuais deficiências no sistema público de saúde.

A “judicialização” das internações também será tema do seminário “A atuação do Ministério Público no enfrentamento à drogadição”, que ocorrerá hoje e amanhã em Curitiba.

As ações judiciais que obrigam a internação são usadas para casos de depressão, bipolaridade e esquizofrenia, mas focam principalmente usuários de drogas. Os pedidos à Justiça podem ser encaminhados por promotores, defensores públicos e advogados.

Mobilização O seminário que começa hoje na sede do Ministério Público do Paraná, no Centro Cívico, marca o lançamento oficial do Projeto Semear, ação que pretende promover a atuação integrada de promotores de Justiça e servidores do MP de diferentes comarcas do estado com o objetivo de diagnosticar os principais gargalos e problemas relacionados aos usuários de drogas e implantar políticas de prevenção. Os grupos regionais de promotores já se encontram desde 2013 e a intenção é estimular a integração com outros órgãos municipais, estaduais e do Judiciário, justamente para buscar soluções para dificuldades antigas, como a falta de vagas para tratamento. Oriente-se / Confira as diferenças entre os três tipos de internação psiquiátrica em vigor no país:

Compulsória Quando o paciente não quer passar por tratamento, mas é internado por meio de uma determinação judicial, embasada por uma avaliação médica. Pode ocorrer mesmo quando não há pedido da família. É utilizada eventualmente, por exemplo, pelas prefeituras do Rio de Janeiro e São Paulo para tratar usuários de crack.

Involuntária O paciente é contra a internação, mas o tratamento é solicitado pela família e há recomendação médica. Neste caso, não há necessidade de uma determinação judicial, mas é necessário que o Ministério Público Estadual seja comunicado. Quando o próprio paciente procura e pede pelo tratamento. Ainda responde pela maior parcela das internações. Programação / Confira quais serão os temas tratados e especialistas que falarão durante o seminário que começa nesta quarta-feira, na sede do Ministério Público, no Centro Cívico. As inscrições já foram encerradas:

Quarta-feira (26) • 17h: Credenciamento. • 18h: Abertura, com a subprocuradora-geral de Justiça Samia Saad Gallotti

Bonavides. • 18h15: Lançamento do Projeto Semear – Enfrentamento ao Álcool, Crack e

Outras Drogas, com a promotora de Justiça Cristina Corso Ruaro. • 18h30: Agir frente às drogas – da necessidade de compreensão para uma ação

efetiva, com a psicóloga Maria Lia Faria de Souza Cavalcanti. • 19h30: Análise do discurso da prevenção do abuso de drogas e da propaganda

de bebidas alcoólicas, com o psicólogo Amadeu Roselli Cruz. Quinta-feira (27)

• 8h30: Semear estratégias de atuação integrada para a formação da rede de serviços, com a doutora em Educação Araci Asinelli da Luz.

• 8h45: As internações psiquiátricas - uma perspectiva de abordagem do Ministério Público, com o procurador de Justiça Marco Antonio Teixeira.

• 9h30: Rede de atenção psicossocial e o Ministério Público - parcerias, equipamentos e ações possíveis, com o mestre em Psicologia Social Luis Felipe Ferro.

• 10h15: Políticas públicas de prevenção e tratamento do abuso de drogas - a experiência mineira, com o psicólogo Amadeu Roselli Cruz.

• 11h: Rede de proteção e atenção social de Cascavel – Construção dos fluxos de atendimento, com o promotor de Justiça Ângelo Mazzuchi Santana Ferreira.

• 13h30: Neurobiologia da adição – O que as drogas fazem no cérebro, com a doutora em Psicobiologia Roseli Boerngen de Lacerda.

• 15h15: Retrospectiva crítica da evolução das políticas públicas de redução de danos na Europa, com a psicóloga Maria Lia Faria de Souza Cavalcanti.

• 16h15: Reflexões clínicas sobre a possibilidade de implantação de política pública de redução de danos no Paraná, com o médico psiquiatra José Leão de Carvalho Júnior.

• 17h30: Semear a desarticulação econômica do tráfico por meio do perdimento cautelar de bens, com o promotor de Justiça Paulo Sérgio Markowicz de Lima.

• 18h30: Avaliação do evento e encerramento, com a promotora de Justiça Cristina Corso Ruaro. Votações-Relâmpago / ‘Tratoraço’ aprova auxílio-moradia para juízes e fundação de saúde Chico Marés, Euclides, Lucas Garcia E Katna Baran

Por meio de um “tratoraço”, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou ontem

em definitivo a criação do auxílio-moradia para juízes e desembargadores e o projeto que institui a Fundação Estatal de Saúde (Funeas) – entidade do governo paranaense que será responsável por gerir o sistema de atendimento médico no estado. As duas votações ocorreram sob regime de comissão geral, manobra regimental que apressa a apreciação de um projeto. Por meio dela, uma proposta que deveria ser discutida em diversas comissões temáticas segue diretamente ao plenário. Para agilizar ainda mais a tramitação dos projetos, a Assembleia realizou três sessões plenárias no mesmo dia (normalmente faz apenas uma). Com isso, as propostas passaram em três votações e agora seguem para a sanção do governador Beto Richa (PSDB). Verba de habitação é cheque em branco para o Judiciário

O projeto de criação do auxílio-moradia para juízes e desembargadores do Paraná foi aprovado sem emendas pela Assembleia. Na prática, os deputados paranaenses deram um cheque em branco para o Tribunal de Justiça (TJ), autor da proposta. Isso porque o valor do benefício e quem terá direito a ele serão definidos pelo próprio Judiciário estadual posteriormente, por meio de decreto. O projeto também deixa em aberto a possibilidade de o auxílio ser pago a magistrados que têm residência na comarca onde trabalham.

A bancada do PT chegou a apresentar um substitutivo geral ao projeto com três emendas. Uma restringia o pagamento apenas a magistrados que não têm residência na comarca onde trabalham – proposta que a maioria dos deputados era contra. Outras duas emendas tinham a concordância da maior parte dos parlamentares: uma impedia o pagamento de benefícios retroativos e outra a aposentados. Mas como o substitutivo não podia ser votado de forma fatiada, o plenário o rejeitou para que juízes da ativa com casa própria possam receber o benefício.

O deputado Tadeu Veneri (PT) criticou o auxílio: “É absolutamente imoral votarmos um projeto que não diz em momento algum se esse valor pode ser estendido para aposentados e pensionistas”. Líder do governo, Ademar Traiano (PSDB) defendeu o pagamento. “Entendo que [o gasto] é do orçamento do Judiciário, e o juiz tem que ter a autonomia necessária”, disse. Cortejado pelo governador, PMDB racha na votação da Funeas

Aprovado por 37 votos a favor e 14 contra, o projeto de criação da Fundação Estatal de Saúde (Funeas) revelou um racha no PMDB estadual. Metade dos 12 deputados do partido votou a favor da proposta, de autoria do governo do estado. Os outros seis foram contra. A divisão peemedebista foi interpretada nos bastidores como um alerta para as pretensões do governador Beto Richa (PSDB) de conseguir o apoio da sigla à sua campanha de reeleição. Richa conta com os deputados peemedebistas para derrotar a ala da legenda que pretende lançar candidatura própria ao Palácio Iguaçu.

A criação da Funeas – fundação pública com natureza de direito privado – é o principal projeto de 2014 do governador até agora. A entidade, que deve começar a operar em quatro meses, às vésperas do início da campanha eleitoral, é vista como alternativa para solucionar dois problemas crônicos da saúde pública: a falta de médicos nas áreas de urgência e emergência e nas especialidades. A aposta é que, sem as amarras da administração direta, o estado poderá contratar mais facilmente esse tipo de serviços, além de agilizar compras de insumos para o setor.

Líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB) argumentou ontem que a fundação servirá para melhorar a administração da saúde no Paraná. O deputado disse ainda esse modelo de fundação conta com o apoio do secretário da Saúde de Curitiba, Adriano Massuda, e do ministro da Saúde Arthur Chioro, ambos filiados ao PT. Afirmou ainda que existem fundações semelhantes em estados governados pelo PT – e que, portanto, a oposição petista estaria equivocada ao criticar o projeto.

Já Tadeu Veneri, líder do PT, disse que a experiência das fundações de saúde nos governos estaduais, inclusive petistas, foi um “fracasso” – facilitando o superfaturamento de compras, o aumento dos custos operacionais e a precarização do trabalho de médicos e de outros profissionais da saúde. Nas galerias, servidores estaduais faziam coro aos petistas e criticavam o projeto, que em seu entendimento vai promover a privatização da saúde pública.

Emendas A proposta aprovada ontem teve emendas apresentadas pelo próprio governo. Elas vedam a possibilidade de a Funeas administrar hospitais universitários e o Hospital da Polícia Militar. Também passou uma modificação que especifica que a entidade será fiscalizada pela Secretaria Estadual da Saúde. Entrevista / Frederico Mendes Júnior, presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar)

Por que o Judiciário deve pagar auxílio-moradia? O auxílio existe na Lei Orgânica da Magistratura. No Paraná, não consta esse

inciso no Código de Organização e Divisão Judiciárias. Consta, porém, na Lei Orgânica do Ministério Público. Ele existe também em 13 estados e em todos os tribunais superiores, além do Conselho Nacional da Justiça. Não estamos criando nada de novo ou ilegal.

Mas o salário já não é alto o suficiente? O juiz tem uma boa remuneração, mas estamos falando de profissionais

altamente qualificados. Muitos desses profissionais, por causa da remuneração, estão deixando o Judiciário. Nos últimos dois anos, quase 20 jovens juízes deixaram a magistratura paranaense. Foram para outros estados, onde vão realizar a mesma função, ocupar o mesmo cargo, mas terão uma remuneração melhor.

Há uma reação negativa da sociedade? Não é difícil justificar esse benefício?

A renda da magistratura não é ruim. Mas esse é um direito e prerrogativa da lei federal, pago em metade dos estados da federação e em todos os tribunais superiores.

Não acho isso injusto. Se você pegar profissionais do mesmo nível, a remuneração é igual ou superior.

Mesmo no serviço público? O teto do funcionalismo é o salário dos ministros do STF.

Não somos mais o paradigma, nem no serviço público. Estamos correndo atrás de benefícios que o Ministério Público já tem. Estamos correndo atrás de outras categorias que tem o adicional por tempo de serviço. Magistrado também não recebe hora extra, embora fique 24 horas por dia à disposição. Não temos viatura especial. Acho que nosso benefício é previsto em lei e está em sintonia com o momento atual com vivemos. Placar – Auxílio-moradia / Veja como votou cada deputado (1ª votação):

• A favor – 41 Ademar Traiano (PSDB), Ademir Bier (PMDB), Alceu Maron (PSDB), Alexandre Curi (PMDB), André Bueno (PDT), Anibelli Neto (PMDB), Artagão Jr. (PMDB), Bernardo Ribas Carli (PSDB), Caíto Quintana (PMDB), Cantora Mara Lima (PSDB), Cleiton Kielse (PMDB), Douglas Fabrício (PPS), Dr. Batista (PMN), Duílio Genari (PP), Elio Rusch (DEM), Evandro Jr. (PSDB), Fernando Scanavaca (PDT), Francisco Bührer (PSDB), Gilberto Martin (PMDB), Gilson de Souza (PSC), Jonas Guimarães (PMDB), Luiz Accorsi (PSDB), Luiz Carlos Martins (PSD), Marla Tureck (PSD), Nelson Garcia (PSDB), Nelson Justus (DEM), Nelson Luersen (PDT), Nereu Moura (PMDB), Ney Leprevost (PSD), Osmar Bertoldi (DEM), Paranhos (PSC), Pedro Lupion (DEM), Plauto Miró (DEM), Rasca Rodrigues (PV), Roberto Aciolli (PV), Rose Litro (PSDB), Stephanes Jr. (PMDB), Teruo Kato (PMDB), Toninho Wandscheer (PT), Waldyr Pugliesi (PMDB) e Wilson Quinteiro (PSB).

• Contra – 8 Elton Welter (PT), Gilberto Ribeiro (PSB), Luciana Rafagnin (PT), Pastor Edson Praczyk (PRB), Péricles de Mello (PT), Professor Lemos (PT), Tadeu Veneri (PT) e Tercílio Turini (PPS).

• Não votaram – 4 Adelino Ribeiro (PSL), Enio Verri (PT), Hermas Jr. (PSB) e Mauro Moraes (PSDB) Placar – Funeas / Veja como votou cada deputado (1ª votação):

• A favor – 37 Adelino Ribeiro (PSL), Ademar Traiano (PSDB), Ademir Bier (PMDB), Alceu Maron (PSDB), Alexandre Curi (PMDB), André Bueno (PDT), Artagão Jr. (PMDB), Bernardo Ribas Carli (PSDB), Cantora Mara Lima (PSDB), Douglas Fabrício (PPS), Dr. Batista (PMN), Duílio Genari (PP), Elio Rusch (DEM), Evandro Jr. (PSDB), Fernando Scanavaca (PDT), Francisco Bührer (PSDB), Gilson de Souza (PSC), Jonas Guimarães (PMDB), Luiz Accorsi (PSDB), Luiz Carlos Martins (PSD), Marla Tureck (PSD), Mauro Moraes (PSDB), Nelson Garcia (PSDB), Nelson Justus (DEM), Ney Leprevost (PSD), Osmar Bertoldi (DEM), Paranhos (PSC), Pastor Edson Praczyk (PRB), Pedro Lupion (DEM), Plauto Miró (DEM), Rasca Rodrigues (PV), Roberto Aciolli (PV), Rose Litro (PSDB), Stephanes Jr. (PMDB), Tercílio Turini (PPS), Teruo Kato (PMDB) e Wilson Quinteiro (PSB).

• Contra – 14 Anibelli Neto (PMDB), Caíto Quintana (PMDB), Cleiton Kielse (PMDB), Elton Welter (PT), Gilberto Martin (PMDB), Gilberto Ribeiro (PSB), Luciana Rafagnin (PT), Nelson Luersen (PDT), Nereu Moura (PMDB), Péricles de Mello (PT), Professor Lemos (PT), Tadeu Veneri (PT), Toninho Wandscheer (PT) e Waldyr Pugliesi (PMDB).

• Não votaram – 2 Enio Verri (PT) e Hermas Jr. (PSB).

Obs.: Valdir Rossoni (PSDB), como presidente, só vota em caso de empate OAB pede para TJ aguardar

A OAB-PR emitiu nota em que considera “ser conveniente e oportuno” aguardar uma decisão pacificada no Judiciário nacional sobre a concessão do auxílio-moradia para só então o TJ-PR avaliar a possibilidade de conceder o benefício a seus membros. A questão está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Decoro / Sessão é marcada por declaração machista do presidente da Assembleia Valdir Rossoni fez insinuação de caráter familiar e pessoal a servidora da Saúde que tentava se manifestar sobre o projeto da Funeas Katna Baran E Chico Marés

Na tensa sessão em que a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou a criação da

Fundação Estatal de Saúde (Funeas), o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), disse frase de cunho machista para rebater a servidora Elaine Rodella, diretora do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Estaduais dos Serviços de Saúde (SindiSaúde).

Com as galerias lotadas de funcionários do setor, Elaine tentou se manifestar em determinado momento. “Que nervosinha. Imagina o que essa mulher faz com o marido em casa”, rebateu Rossoni.

A declaração foi seguida de vaias e gritos de “machista” pelas galerias. Elaine afirmou que, na hora, não conseguiu ouvir a manifestação de Rossoni, mas que foi avisada pelos presentes da declaração do deputado. “São manifestações que adquirem fundo pessoal, não é comportamento de um ocupante de função pública. Foi uma fala desnecessária. Não estou aqui como pessoa, mas como representante de dez mil servidores da saúde”, declarou.

Vaias Com a presença de cerca de 200 manifestantes nas galerias, a sessão teve outros momentos de tensão – envolvendo basicamente a Funeas e não o auxílio-moradia dos juízes. O deputado Ademar Traiano (PSDB), líder do governo, se irritou com os manifestantes, que interromperam com vaias seu discurso em defesa da fundação. Rossoni interferiu nesse momento, e propôs dar a palavra a algum representante do SindiSaúde, para que defendesse seu ponto de vista, sob a condição de que as pessoas mantivessem o silêncio durante os discursos. Apesar de algumas vaias depois da proposta, foi aberto espaço ao sindicato.

Apesar disso, a votação do projeto antes da reunião do Conselho Estadual de Saúde para discutir a Funeas, na próxima sexta-feira, desagradou os sindicalistas. “Lamentavelmente, vivemos em uma sociedade em que os eleitos não respeitam a Constituição. A Lei Orgânica da Saúde diz que o conselho é deliberativo. Logo, o projeto tinha que ser aprovado lá antes de vir para a Assembleia”, disse Elaine. Curiosidades / Veja algumas situações que chamaram a atenção na sessão de ontem da Assembleia.

Ao usarem a palavra para defender o pagamento de auxílio-moradia aos juízes e desembargadores do Paraná, os deputados Ney Leprevost (PSD) e Ademar Traiano (PSDB) deram a entender que a honestidade dos magistrados depende de contrapartida financeira. Segundo Leprevost, o benefício vai servir de “incentivo” para que eles atuem com “independência e neutralidade”. Já Traiano afirmou que o pagamento vai garantir “isenção plena e total” e “autonomia e independência suficiente” para proferir sentenças.

Ao relatar pela CCJ as emendas apresentadas ao projeto do auxílio-moradia, Traiano usou um argumento, no mínimo, inusitado para defender a rejeição delas: a independência dos poderes impediria os parlamentares de emendar a proposta do TJ.

Seria como se a Casa jamais pudesse alterar um projeto do Executivo, podendo apenas aprová-lo ou rejeitá-lo. Péricles de Mello (PT) alfinetou: “O senhor tem todo o direito de agradar os juízes, mas não deixá-los vermelhos [de vergonha]”.

Na última segunda-feira, Traiano havia dito que não tinha qualquer envolvimento no pedido de comissão geral de plenário para votação do projeto do auxílio-moradia. Ontem, porém, conforme publicado no site da Assembleia, ficou revelado que o requerimento que permitiu a manobra era de autoria do próprio Traiano, que obteve o apoio de mais 19 parlamentares. Seguro / Garantia estendida cobre apenas danos de fábrica Regulamentação trouxe normas para venda da garantia extra, mas ainda falta fiscalização e sobra desinformação Camille Bropp Cardoso

Um dos equívocos que os consumidores mais cometem ao contratar a chamada

garantia estendida é acreditar que o seguro cobrirá qualquer tipo de dano durante o tempo do acordo. A maioria dos contratos prevê apenas uma extensão do prazo de garantia do fabricante para defeitos de fabricação, e não do que for avaliado como “mau uso”. Essa e outras informações que não chegam ao cliente (ou que ele não busca) levaram o governo a regulamentar o setor no ano passado.

Em outubro, o Ministério da Fazenda baixou norma na tentativa de evitar irregularidades comuns, como vendas casadas – o produto vinha com garantia extra, sem que o cliente fosse consultado – ou a venda desse microsseguro por varejistas.

Hoje, a garantia precisa ser vendida por funcionário autorizado e capaz de tirar dúvidas sobre o contrato, que precisa ser informado ao consumidor.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia do ministério que regula o mercado de seguros, avalia ainda ser cedo para medir o impacto das medidas. Segundo a entidade, o número de reclamações sobre o assunto é baixo: representaram 1,4% das mais de 20 mil queixas recebidas em 2013.

Órgãos de defesa do consumidor, no entanto, discordam desse argumento. Para o promotor Amauri Artimus da Matta, da Promotoria de Defesa do Consumidor de Minas Gerais, as normas podem ter ajudado a elucidar dúvidas dos consumidores. Muitos nem sequer sabem que a garantia estendida é um serviço contratado de uma seguradora, e não da loja de eletrodomésticos ou de automóveis. Ele avalia, porém, que as vendas continuam sendo um ponto de vulnerabilidade do consumidor. “As vendas são feitas em frações de segundo por funcionários que querem cumprir metas para conseguir bônus”, diz ele, citando o fato de que muitos contratos têm mais de 50 páginas e citam dezenas de situações que inviabilizariam o serviço.

Para onde ir? O trato com a assistência técnica é um dos principais problemas citados por consumidores que compram a garantia estendida. A empresária Nelsi Sbeghen Gonzales Domingues, de Curitiba, comprou uma garantia extra de três anos para uma máquina de lavar roupas em outubro de 2012. Em janeiro passado, a lavadora quebrou e a seguradora encaminhou o caso para a assistência técnica.

Mesmo assim, Nelsi ficou cerca de 20 dias sem o eletro, “lavando roupa na mão”, porque faltavam peças para o conserto. “O atendimento da seguradora e da assistência foi péssimo”, diz ela, que resolveu o caso no início de fevereiro.

O que esperar / Saiba como não ser surpreendido depois de contratar a garantia estendida:

• A garantia estendida permite amparo por um prazo depois do fim do contrato de garantia contratual do fabricante. Esteja ciente de que a maioria dos contratos prevê apenas conserto ou substituição no caso de defeitos de fabricação.

• O seguro tem de oferecer pelo menos as mesmas condições da garantia contratual, definida pelo fabricante. Ou seja: se a fábrica diz que trocará peças do eletrodoméstico no período de dois anos após a compra, a seguradora tem de fazer a mesma coisa.

• O boleto de pagamento da garantia deve ser separado do boleto do produto. • É proibido vender outros seguros juntamente com a garantia estendida, como

seguro de vida ou odontológico (acredite, acontece). • O consumidor pode desistir do seguro sete dias após a contratação, sem ônus.

Se desistir depois disso, deve receber reembolso proporcional ao tempo usado. • O microsseguro não deve ser vendido por varejistas, apenas por seguradoras.

São cerca de 20 autorizadas no Brasil. Consulte a lista no sitewww.susep.gov.br. • Caso não tenha interesse na garantia estendida, fale abertamente isso ao

comprar eletros para evitar ser vítima de venda casada. • Peça para ver o contrato da seguradora, atentando a itens que falam de

situações em que o seguro não seria válido. • Denuncie irregularidades ao Procon (www.procon.pr.gov.br) e à Susep para que

os órgãos possam medir a extensão do problema no estado e no país. Fonte: MPMG e advogado Thiago Mahfuz Vezzi, especialista em Direito do

Consumidor. Bem Paraná Judiciário / Auxílio-moradia do TJ também passa

Os deputados estaduais também aprovaram, na sessão de ontem, projeto do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR) que institui um auxílio-moradia para juízes e desembargadores do Estado. A proposta não especifica qual o valor do benefício, que será regulamentado pelo próprio TJ.

Na justificativa do projeto o tribunal alega que a proposta está amparada na Lei Orgânica da Magistratura (LOM), que prevê ajuda de custo “para moradia nas localidades onde não houver residência oficial à disposição do magistrado”.

O TJ alegou ainda que a medida atende a “simetria entre o Poder Judiciário e o Ministério Público Estadual”, cuja lei orgânica prevê o pagamento do benefício. Segundo o tribunal, o projeto não implica em aumento de despesas, por isso não especifica o total a ser gasto.

O líder da bancada do PT na Assembleia, deputado Tadeu Veneri, votou contra a proposta, alegando justamente falta de clareza sobre o montante a ser gasto, e os critérios para o pagamento do auxílio. Segundo ele, da forma como o texto foi apresentado, há possibilidade de que mesmo juízes que têm residência própria, ou aposentados, recebam o benefício. Veneri também leu uma nota da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR), pedindo a suspensão da votação até que a questão seja julgada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Conselho Nacional de Justiça.

Segundo a nota, “de acordo com o CNJ, ‘regulamentar auxílio-moradia por meio de resolução, na atual quadra, é temerário e coloca em risco de prejuízo os próprios magistrados, que poderiam ser compelidos a devolver os valores pagos, caso venha a ser considerado indevido o pagamento de tal verba’.

A bancada do PT apresentou emenda para que o pagamento do benefício fosse restrito a juízes que não tem residência própria, ou trabalham em localidades onde não há residência oficial à disposição. A emenda também vetava o pagamento a juízes aposentados, mas a proposta foi rejeitada pelo plenário da Assembleia.

Folha de Londrina Sob protestos, Funeas é aprovada por deputados Plenário foi transformado em "comissão geral" para agilizar votação; líder governista bate-boca com sindicalistas Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba – Durante sessão tumultuada por conta dos protestos de servidores públicos que lotavam as galerias da Assembleia Legislativa (AL), os deputados estaduais aprovaram ontem o projeto de lei 726/2013, instituindo a Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas-PR). Foram 34 votos favoráveis e 13 contrários. A matéria passou em comissão geral, sem a necessidade de análise prévia por parte das demais comissões da Casa. Como houve uma emenda do próprio líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), duas sessões extraordinárias foram convocadas, a última encerrada às 20h10. Com isso, ficou faltando apenas a aprovação da redação final, incluída na pauta de hoje.

Já a proposta 22/2013, que define as áreas de atuação das entidades com personalidade jurídica de direito privado instituídas pelo poder público, teve todo seu trâmite esgotado ainda ontem, seguindo agora para sanção do governador Beto Richa (PSDB). Também de autoria do Poder Executivo, o projeto abre caminho para a criação de outras fundações, cujos funcionários seriam, a exemplo da Funeas, contratados pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Tumulto A sessão chegou a ser interrompida por conta das manifestações de integrantes do SindSaúde (Sindicato dos Servidores Estaduais de Saúde do Paraná). Aos gritos de "ô deputado, preste atenção, nesse ano tem eleição", eles pediam o engavetamento dos dois PLs, considerados "o início da privatização do setor". "O problema do SUS (Sistema Único de Saúde) vai além da gestão; é orçamentário e inclui falta de plano de carreira para os servidores", disse a diretora da entidade, Elaine Rodella.

Em uma das ocasiões, os sindicalistas se viraram de costas para o plenário. Na mesma hora, Traiano rebateu, chamando-os de "covardes". "Se estivessem em seus postos de trabalho, a situação da saúde no Estado hoje estaria melhor", disparou. O tucano justificou a pressa na votação pelo fato de haver um período de 120 dias para que a Funeas comece a funcionar depois da aprovação. "Queremos atender com maior rapidez os problemas que hoje existem no Paraná. A fundação dará celeridade."

Já o líder do PT, Tadeu Veneri, questionou a ausência de previsão de gastos na matéria. "Qual o orçamento da Funeas? O projeto não explicita valores. Vamos aguardar que a fada madrinha nos diga?", criticou. Outra questão levantada pela oposição foi o fato de a base aliada não ter esperado a reunião do Conselho Estadual de Saúde, marcada para a próxima sexta-feira, e que discutiria o tema. "O Poder Legislativo está acima dos conselhos e cabe à Assembleia aprovar ou não", respondeu o presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB).

Inesco sai em defesa da proposta Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

A criação da Fundação Estadual de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas-PR) é tratada como uma modernização pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Inesco), entidade que completa 26 anos em 2014. O presidente do órgão, o médico sanitarista João Campos, divulgou carta aberta da Inesco na sessão de ontem da Câmara de Londrina em defesa do projeto estadual.

Entretanto, houve vozes contrárias, como as das vereadoras Elza Correia (PMDB) e Lenir de Assis (PT), que expressaram preocupação com o que chamam de "privatização" do serviço de saúde pública.

Segundo Campos, a permissão para contratar médicos via Consolidação de Leis do Trabalho (CLT) deve agilizar o preenchimento de vagas em cidades pequenas. Para ele, a medida cria uma carreira na saúde pública estadual, nos moldes existentes no Ministério Público e no Judiciário. Com isso, um médico aprovado em concurso teria de começar em cidades pequenas, que normalmente são rejeitadas.

Ele dá o exemplo da criação de fundação semelhante na Bahia, focada principalmente na atenção básica. "Lá, se uma cidadezinha pagava R$ 10 mil para o médico, a vizinha oferecia R$ 11 mil e o profissional ia. Agora, é a fundação que decide para onde o médico vai", explica.

Campos também vê vantagem porque soluções "tapa-buracos" seriam evitadas, com contratação para hospitais como o da zona norte e zona sul, ampliados no governo anterior e com problemas de atendimento, e mesmo para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário (HU), pronta há dois anos e inoperante por falta de pessoal. AL dá aval a auxílio moradia contestado pelo CNJ Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - A Assembleia Legislativa (AL) do Paraná aprovou ontem, por 40 votos a 8, o polêmico projeto de lei 801/2013, que institui o auxílio moradia a juízes e desembargadores do Paraná. A matéria passou em comissão geral, com uma sessão extraordinária e tendo dispensada a redação final. Assim, seguiu no mesmo dia para a sanção do governador Beto Richa (PSDB).

Enviado à AL pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Estado no final do ano passado, o PL busca "a simetria entre o Poder Judiciário e o Ministério Público (MP)", cujos servidores já teriam direito a tal vantagem. Na justificativa, o TJ não especifica o valor do benefício, explicando apenas que as mudanças "não implicariam em aumento de despesas".

A bancada do PT chegou a apresentar um substitutivo, solicitando que o pagamento não fosse retroativo e que não contemplasse nem aposentados, nem juízes que já possuem residência nas cidades onde atuam. Já o presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB), sugeriu desmembrar as três propostas e votá-las em separado. Com a negativa por parte da oposição, a base aliada se articulou e derrubou todas as alterações.

"É inconcebível que um juiz ou desembargador que more em Curitiba, por exemplo, que tenha casa na praia e outros imóveis, receba auxílio moradia, quando a maior parte da população se bate para pagar minimamente suas prestações de casa própria", criticou o deputado Tadeu Veneri (PT).

Segundo o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Frederico Mendes Júnior, porém, todas essas questões serão regulamentadas pelo Órgão Especial do TJ. Ele estima que o benefício, existente em outros 13 Estados, varie entre 5% e 10% dos vencimentos dos profissionais. "(O auxílio moradia) É um direito e uma

garantia da magistratura prevista em lei, plenamente constitucional. O Paraná não está inventando nada de novo; muito pelo contrário", argumentou. Para Mendes Júnior, embora ganhem bem, os juízes e desembargadores devem ser comparados com profissionais do mais alto nível. "Temos de decidir a magistratura que queremos ter. Quem você quer que decida sobre a sua liberdade, a sua família, o seu patrimônio... Queremos um Poder Judiciário forte. E isso só se constrói com estrutura de trabalho adequada e remuneração compatível."

OAB e CNJ Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná se posicionou contra a proposta, "tendo em vista que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a suspensão de igual benefício aos Tribunais Regionais do Trabalho da 8ª, 9ª, 13ª, 18ª e 19ª Região, sob pena de responsabilidade, em razão da judicialização da matéria pelo Supremo Tribunal Federal (STF)".

De acordo com o CNJ, "regulamentar auxílio moradia por meio de resolução é temerário e coloca em risco de prejuízo os próprios magistrados, que poderiam ser compelidos a devolver os valores pagos, caso venha a ser considerado indevido o pagamento de tal verba". A OAB disse ser "conveniente e oportuno" aguardar a decisão da Suprema Corte, para que a AL e o TJ avaliem a concessão do benefício "com maior segurança jurídica". TJ nega recurso para vereadora Sandra Graça Desembargador manteve execução de penas definidas na sentença de primeiro grau, como ressarcimento do dano e multa Edson Ferreira Reportagem Local

O Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná negou recurso da vereadora Sandra Graça (SDD), condenada pela Justiça de Londrina em agosto do ano passado, junto com o ex-assessor Salvador Kanehise, por improbidade administrativa. A decisão é do desembargador Nilson Mizuta e foi publicada ontem.

Sandra e Kanehise recorreram ao TJ contra os efeitos da sentença da 2ª Vara da Fazenda Pública que impôs aos dois a suspensão dos direitos políticos por oito anos; o ressarcimento integral do dano (R$ 9 mil); perda da função pública; multa civil equivalente a duas vezes o valor do dano; e proibição de contratar com o poder público por dez anos. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP) do Paraná, entre abril e dezembro de 2008 Kanehise recebeu normalmente seu salário na Câmara, mas efetivamente não trabalhava para a vereadora.

No recurso, a defesa da vereadora alega dano irreparável, caso a sentença seja executada antes da análise do mérito no TJ, que pode eventualmente resultar na reforma das sanções. Mizuta afirmou, no entanto, que não foi demonstrada a "possibilidade de dano irreparável". O magistrado ressaltou ainda que é desnecessário o pedido de suspensão quanto às penas de perda da função pública e de suspensão dos direitos políticos, já que tais penalidades "somente se efetivam com o trânsito em julgado".

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de defesa dos réus. Procurada na Câmara de Vereadores, Sandra não quis se pronunciar a respeito.

Comissão Processante A Mesa Executiva da Câmara de Londrina encaminhou ontem ao plenário pedido feito pelo suplente de vereador Emerson Petriv, o Boca Aberta (PSC), para afastar a vereadora do cargo, devido à condenação em primeira instância. A abertura de Comissão Processante (CP) será votada amanhã. Foi a terceira tentativa de Petriv de retirá-la das funções, mas os outros dois pedidos foram indeferidos por não cumprirem os aspectos constitucionais. (colaborou Luís Fernando Wiltemburg/Reportagem Local)

PEC define mandato a ministros do STF Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 58/2012, que estabelece um mandato de 8 anos para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), proibindo também a recondução ao cargo, deve ser votada hoje pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. De autoria do senador Roberto Requião (PMDB), a medida chega à Casa na esteira do julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, que aumentou a visibilidade dos magistrados perante à sociedade.

Conforme a PEC, a composição do STF seria renovada de quatro em quatro anos, na proporção de quatro, quatro e três integrantes, respectivamente. Com isso, ficaria vedada a aposentadoria compulsória aos 70 anos. Após a nomeação por parte do presidente da República, os 11 membros da Corte teriam de ser submetidos, ainda, à aprovação da maioria absoluta dos 81 senadores.

Na justificativa, o peemedebista argumentou que, mesmo sendo a mais alta instância judicial do País, o colegiado hoje "se impõe como órgão essencialmente político, na mais ampla acepção do termo". Requião cita como modelos as Cortes da Rússia, da Alemanha e da África do Sul, onde os mandatos já têm duração de oito anos, e de Portugal, Itália e Espanha, países onde os magistrados permanecem nove anos na função.

O relator da PEC, Romero Jucá (PMDB-RR), porém, já se posicionou contra as mudanças, que devem encontrar resistência entre os demais parlamentares. Em seu parecer, ele alegou que as disposições "comprometem o princípio da separação e da harmonia entre os poderes". "A independência dos juízes pode ficar comprometida com a instituição de prazo determinado para o cumprimento de sua função jurisdicional", escreveu, acrescentando que a regulação poderia levar o magistrado a julgar de acordo com os interesses de determinado governo.

Outras duas PECs que tratavam da composição do STF já foram encaminhadas ao Senado. Ambas dispunham, porém, sobre o processo de escolha, e não sobre o tempo de permanência dos ministros nos cargos. Na 68/2005, já arquivada, o então senador Jefferson Peres (falecido em 2008) propunha que os membros da Corte fossem indicados pelo próprio tribunal, a partir de uma lista de seis nomes elaborada pela magistratura, pelo Ministério Público e por advogados do País.

Já na PEC 44/2012, que ainda aguarda designação de relator, Cristovam Buarque (PDT-DF) sugere o envolvimento do Conselho Superior do Ministério Público Federal, do Conselho Nacional de Justiça, da Câmara dos Deputados, da Ordem dos Advogados do Brasil e do próprio Senado Federal, além da Presidência da República, na nomeação dos magistrados. Luiz Geraldo Mazza / Essencialidades

Não é justo colocar no mesmo balaio de prioridade a criação da Fundação de Saúde (para a qual o sindicalismo não tem alternativa) e o auxílio moradia de juízes e desembargadores, sem indicar fonte orçamentária e a quem beneficiará, algo que nem o regime militar faria por respeito à judicialização. Merecemos a representação parlamentar que temos?

O Diário do Norte do Paraná Câmara vai apurar denúncia sobre possível ‘audiência fantasma’ Fábio Linjardi

Uma audiência pública que vereadores dizem que não viram, só ouviram falar – e mal –, promete dores de cabeça para o prefeito João Pineli Pedroso (DEM), de Nossa Senhora das Graças (a 65 km de Maringá). A situação foi denunciada nesta semana na Câmara. A presidência da Casa vai propor a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI).

A suspeita é que Pedroso não tenha feito a audiência e, pior que isso, publicou que fez. O prefeito garante que tudo não passa de “intriga da oposição”.

O alvo da polêmica é a audiência pública para avaliação do cumprimento das metas fiscais do 2º quadrimestre de 2013, exigida por lei. “Para ser sincero com você, essa audiência não ocorreu”, diz o presidente do Legislativo, Emerson Macedo (PSC). A audiência foi publicada, como realizada, na edição de 27 de setembro do jornal A Comarca, veículo que divulga os atos oficiais do município.

A primeira publicação saiu com a assinatura de Macedo, como se ele tivesse participado. O presidente da Câmara diz que reclamou e foi publicada uma errata, dias depois, sem o nome dele.

Outro vereador, que pede anonimato, também diz que a audiência não teria sido realizada – e que nenhum dos nove vereadores participou do encontro. “Ele vai fazer uma audiência nesta quinta-feira, esta sim, com convites para todos os vereadores. A outra nenhum vereador foi chamado, não aconteceu, e ele publicou no jornal. Foi uma lambança”, diz o parlamentar, que disputou as eleições em uma coligação rival ao prefeito.

Apesar das suspeitas, a Câmara só decidiu se movimentar agora, após 5 meses, depois da professora e ex-vereadora Marisa Cuba formalizar a denúncia no Legislativo. Na sessão da última segunda-feira, ela, além de apresentar ofício contra a suposta não realização da prestação de contas, pediu a palavra para denunciar a situação.

“Os senhores sabem que não foi realizada esta audiência porque a própria Câmara solicitou explicação ao prefeito e até o momento ele não se manifestou”, disse Marisa, lendo a cópia da denúncia.

Segundo os vereadores, Marisa saiu da sessão afirmando que levaria o caso ao Ministério Público. Até a tarde de ontem, nenhuma denúncia havia sido feita na promotoria da comarca, em Santa Fé.

Segundo vereadores ouvidos pela reportagem, durante a sessão de segunda-feira, após as denúncias de Marisa, o vereador Francisco Lorival Maratta (PSD) perguntou para cada um dos colegas se eles foram à audiência. Todos negaram.

A Câmara de Nossa Senhora das Graças tem nove vereadores e um deles não estava presente: Magmaon Souza da Paz (DEM), que se recupera de uma cirurgia. Ele pode ser o elo perdido entre os vereadores e a audiência – é ao único que afirma ter participado da prestação de contas.

“Não sei que data aconteceu, mas teve sim. Passei pela Câmara nesse dia, perguntei o que estava acontecendo e me falaram que era essa audiência. Não fui chamado, mas fiquei por lá uns 15 minutos”, afirma.

O vereador do DEM está no sexto mandato e acredita que a denúncia tenha como pano de fundo a disputa entre diferentes correntes da política local. “Aqui tem uma ditadura; é complicado. E tem mais: se você não colocar um boi no rolete, o pessoal não aparece em reunião nenhuma; é difícil ”.

Outro lado O prefeito afirma que a audiência foi realizada e diz que a denúncia de Marisa não tem nexo. “Ela não apresentou só essa denúncia, mas várias outras sem nexo e fáceis de dar resposta. É um direito da oposição, mas ninguém fala a verdade: o que estou fazendo pela prefeitura neste mandato não teve quem fez em 50 anos”, diz.

Como exemplo, ele cita que a cidade está para receber cinco caminhões, uma pá-carregadeira e outros veículos por meio do PAC Equipamentos, do governo federal. “Quando precisei da Câmara para aumentar o IPTU, ela barrou. A cidade arrecada R$ 45 mil com o imposto por ano e só a Câmara custa R$ 50 mil por mês. Pergunta se no final do ano eles (vereadores) devolveram um real do que foi repassado pela prefeitura.”

Transparência Informações sobre as contas da Prefeitura de Nossa Senhora das Graças precisam ser solicitadas diretamente no balcão ou colecionando órgãos oficiais.

O site da prefeitura contraria a legislação e está fora do ar: não há informações sobre licitações, receitas, despesas, tampouco atos do prefeito. Questionado, o prefeito disse não saber que o site estava fora do ar. Na página aparece “em construção”. “Vou me informar sobre isso”, disse. Umuarama Ilustrado Acusado de homicídio ‘na Matriz’ vai a júri popular

Umuarama – Acusado de homicídio cometido em frente à casa paroquial da Igreja São Francisco de Assis, a Matriz de Umuarama, vai a júri popular. O julgamento terá início, às 9h, da próxima sexta-feira (28), no Fórum de Umuarama e será aberto à comunidade.

Na primeira parte, ainda pela manhã, estão previstos os depoimentos de testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) e pela defesa, além do interrogatório do réu Wellington de Sá da Silva.

O homicídio ocorrido em 06 de Maio de 2011, por volta de 10h30, na rua Cambé, centro da cidade, teve bastante repercussão na época porque a câmara de segurança da Casa Paroquial filmou a ação do autor do crime, que dirigia um veículo VW Gol, de cor branca e seguia a vítima Arlindo Alves Vieira que pilotava uma motocicleta Honda Biz, cor verde.

Segundo o inquérito, o réu teria emparelhado o veículo com a motoneta e utilizado de uma espingarda calibre 12. Teria sido efetuados quatro disparos. As filmagens davam conta de que alguns dos tiros foram dados quando a vítima já estava caída.

De acordo com o promotor Carlos Roberto Moreno a certidão de óbito consta o horário da morte como sendo 12h10, ou seja, menos de duas horas após os disparos.

Identificado, Wellington se apresentou na delegacia e entregou a escopeta calibre 12 para apreensão, alegando que descobrira que a esposa teria um caso com a vítima. Em depoimento, o acusado alegou ter a espingarda há um ano e afirmou que no dia do crime Arlindo lhe sguia na Biz.

Ele disse ainda que quando passava em frente a Casa Paroquial resolveu parar para falar com a vítima, momento em que teria colocado a mão por baixo da camisa e o réu efetuou os disparos, alegando que assim agiu para defender sua vida.

O MP sustenta que foi um crime premeditado, de modo que o réu estando armado com a escopeta ficou esperando a vítima sair do mercado, onde trabalhava na época, e “após segui-la efetuou friamente o crime a que se dispusera, e por isso deve ser condenado por homicídio e porte de arma de fogo qualificado”, acusou Moreno.

Gazeta do Povo Opinião / Casuísmo na segurança pública Os argumentos usados pelo ministro da Justiça para negar a cessão do delegado federal José Alberto Iegas à Secretaria de Estado da Segurança Pública não se sustentam

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decidiu não permitir a liberação de

José Alberto Iegas, chamado pelo governador Beto Richa para assumir a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Iegas ocupa atualmente o cargo de diretor nacional de Inteligência da Polícia Federal (PF), e por isso precisaria de autorização do ministro para ser empossado no novo posto. A medida de Cardozo surpreendeu o governo estadual e contrariou inclusive uma informação dada pelo próprio Ministério da Justiça, que na manhã de segunda-feira havia dito à RPCTV que não havia obstáculo nenhum à posse de Iegas, bastando apenas a publicação da nomeação no Diário Oficial do Estado.

Infelizmente, todas as circunstâncias que envolvem o caso – desde as alegações dadas por Cardozo a Richa até os precedentes abertos por situações semelhantes – permitem considerar a hipótese de que circunstâncias políticas tenham influenciado a decisão em relação ao Paraná.

A legislação, é verdade, não obriga o Ministério da Justiça a ceder quadros da Polícia Federal para ocupar cargos nas administrações estaduais; esta é uma prerrogativa do ministro. Mas, conforme a Gazeta do Povo mostrou em sua edição de ontem, outros 11 estados têm delegados da PF exercendo atualmente a função de secretários de Segurança Pública, como o Rio de Janeiro. Além disso, em ocasiões anteriores outros secretários estaduais e municipais foram cedidos pelo governo federal sem problemas, como os delegados federais Reinaldo de Almeida César Sobrinho (titular da Sesp entre 2011 e 2012) e Fernando Francischini (secretário Antidrogas de Curitiba entre 2008 e 2010). Ora, se a cessão foi feita em todos esses casos, por que negá-la justamente agora? É preciso haver isonomia na relação entre o governo federal e os estados.

Richa ainda contou à Gazeta do Povo que Cardozo mencionou uma “quarentena” para permitir a transferência de Iegas da PF para a Sesp, mas não citou prazos. O que existe, e está determinado pela legislação (no caso, a Lei 12.813/2013), é um período de seis meses entre o desligamento de um servidor federal de alto escalão e sua admissão na iniciativa privada. A quarentena, nesses casos, é importante para evitar que um funcionário leve informações privilegiadas que serão úteis a seu novo empregador – pensemos, por exemplo, no caso do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que precisou passar por um ano de quarentena após deixar o BC, e ao sair dela assumiu a presidência do Conselho de Administração da holding que controla o frigorífico JBS. No entanto, a exigência de quarentena se aplica apenas à iniciativa privada, e não à administração pública. Alegar que Iegas precisaria passar pela quarentena por ser da área de Inteligência, como afirmou à Gazeta a senadora Gleisi Hoffmann, citando Cardozo, não faz o menor sentido. Que o governo do Paraná procure contar com a expertise de Iegas no ramo da segurança pública em nada prejudica a União.

O caso paranaense, no entanto, não é o primeiro envolvendo o ministro da Justiça e governos estaduais de oposição ao PT. Cardozo é um crítico frequente do governo de São Paulo (que, assim como o governo paranaense, nunca foi ocupado pelo PT e também é almejado nas próximas eleições). Em outubro de 2012, quando houve um surto de violência em São Paulo, ordenado de dentro de presídios, Cardozo afirmou que a Secretaria de Segurança Pública paulista havia rejeitado ajuda federal para lidar com a situação, embora o governo paulista tivesse enviado um ofício a Cardozo em junho daquele ano. Os ataques do ministro ao governo paulista se repetiram em 2013, durante as manifestações de junho.

É a segurança do paranaense que está em jogo, e a recusa do ministro da Justiça coloca cálculos eleitorais à frente dos interesses do cidadão. Iegas não apenas é qualificado para o posto, como também é um nome de consenso, apoiado pelas polícias e pelo Sindicato dos Delegados Federais no Paraná. Por isso, Richa tem razão em insistir no nome. Se Cardozo quiser seguir resistindo com os argumentos pouco convincentes apresentados até agora, deixará claro que, ao ignorar a isonomia, está apenas apelando ao casuísmo. Artigo / A Copa que queremos em Curitiba Edson José Ramon, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.

Encerrado o impasse da realização dos jogos da Copa do Mundo na Arena da Baixada, com a confirmação de Curitiba pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, como uma das sedes do maior evento do futebol mundial, resta ainda uma questão a ser resolvida: a votação pela Câmara Municipal da proposta de decretação de feriados nos dias de jogos em nossa capital, além daqueles já decretados pela União nos dias em que a seleção brasileira entrar em campo.

A confirmação da Copa em Curitiba é uma vitória a ser comemorada por toda a população, que também espera que os recursos para as obras do estádio sejam devidamente garantidos e honrados pelo próprio clube que está se utilizando dos financiamentos.

Sobre os feriados adicionais, auscultando o sentimento do setor empresarial e da sociedade, em carta entregue ao prefeito Gustavo Fruet e aos vereadores, a Associação Comercial do Paraná elencou alguns fatores altamente prejudiciais ao desempenho da atividade econômica – indústria, comércio e serviços –, culminando com prejuízos irrecuperáveis, sem contar receitas adicionais a serem geradas pelos milhares de turistas que visitarão a cidade.

Em síntese, não há razões plausíveis para os feriados, a não ser que se pretenda tão-somente beneficiar com folgas os empregados em empresas privadas, servidores públicos e operários da construção civil, entre outras categorias. A questão da mobilidade estará resolvida com a alteração do calendário escolar, medida mais que suficiente para aliviar o trânsito da cidade. Além disso, é flagrante o desprezo pelos que defendem os feriados em relação ao argumento de que a Copa trará benefícios à economia do país e das cidades-sede.

Assim, é imprescindível que o governante explique sem rebuços o que devem fazer as empresas, principalmente micro e pequenas, e os que se sentiram estimulados a investir na ampliação da oferta e atendimento à demanda potencializada pela realização do evento. Não há dúvida de que o trabalho é essencial para a vida das pessoas e, assim, seria um clamoroso desrespeito aos que buscaram se qualificar, até mesmo estudando outro idioma para melhor receber os turistas e a própria mídia estrangeira.

É lícito listar como devaneio kafkiano a ideia da paralisação de uma cidade que receberá visitantes de várias partes do mundo com as portas fechadas e as praças, ruas e avenidas desertas. É preciso mostrar a todos uma cidade vibrante e pulsante, confirmando a realidade outrora apresentada como modelo para as cidades coirmãs nacionais e estrangeiras. Considere-se igualmente a perda na arrecadação de tributos essenciais para as melhorias na infraestrutura ou nas áreas críticas da segurança pública, saúde e educação.

Resta meridiana a constatação de que não se pode suplantar o bom senso com a adoção de leis que prejudiquem a cidade diante de interesses menores, eventuais e ilógicos, quando está em xeque o interesse da sociedade. Vale lembrar que países que

realizaram Copas, como a Alemanha e África do Sul, não viram a menor necessidade de estabelecer feriados mesmo durante jogos de suas seleções nacionais.

Todas as ponderações apontam para a inconveniência dos feriados. Portanto, confiamos que as autoridades e legisladores municipais saberão decidir com serenidade e discernimento uma questão por demais relevante para nossa cidade. Artigo / Fundação Estatal de Saúde é modernização João José Batista De Campos, docente do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina, é presidente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Inesco).

Faltou autocrítica no debate sobre a proposta de criação de uma Fundação Estatal

de Atenção à Saúde no Paraná. De parte do governo, ao não reconhecer que demorou muito tempo para tomar essa decisão. O diagnóstico sobre as insuficiências da administração direta no setor de saúde estadual já está feito desde 2011. Principalmente quando, felizmente, passamos a viver nos últimos três anos uma realidade de mais recursos estaduais para a saúde.

De parte da oposição, seja parlamentar ou sindical, a falta de autocrítica é mais grave. Afinal, já responderam pela saúde em governos anteriores e não ousaram modernizar o aparelho público da área. Ou já conviveram com episódios de corrupção no setor – frequentes até 2010, muitos deles causados por entidades que privatizaram serviços – e não foram contundentes na condenação dos mesmos. Naquelas oportunidades teria cabimento o discurso contra a privatização, e não hoje. Alguns segmentos da oposição deveriam relembrar que em 1986 a proposta de estatização dos serviços de saúde não foi aprovada pela histórica 8.ª Conferência Nacional de Saúde, bem como na Constituinte de 1988.

O recente 2.º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, realizado pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) em Belo Horizonte, em outubro de 2013, discutiu em profundidade os gargalos que sufocam o desenvolvimento da universalidade, da igualdade e da integralidade da saúde. Os participantes aprovaram a necessidade de novas institucionalidades que confiram mais agilidade à gestão dos serviços públicos de saúde. Sobram evidências pelo país afora de que a administração direta sozinha não consegue atender às necessidades operacionais dos serviços, prejudicando o atendimento aos usuários do SUS.

O Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Inesco) está há 25 anos contribuindo para o fortalecimento do setor de saúde paranaense. São milhares de profissionais e dirigentes formados e capacitados desde 1988. Centenas de pesquisas realizadas. Dezenas de trabalhos publicados. Apesar disso, não nos julgamos donos da verdade. Só queremos que respeitem nossa opinião. Porque ela não é pautada por interesses partidários ou corporativos. Temos sim, sobretudo, compromissos com uma atenção de qualidade para os paranaenses.

E, quanto a isso, as muitas experiências em curso nos municípios e estados que já praticam a modernização do setor de saúde estão sendo acompanhadas por análises e estudos que confirmam o acerto dessa iniciativa, que dá mais flexibilidade, agilidade e eficiência à gestão dos meios, mantendo os fins, os objetivos e os princípios constitucionais. Na votação de ontem, o bom senso e a serenidade predominaram e a Assembleia Legislativa do Paraná transmitiu para a população a mensagem de que cumpre com seu papel, sem ser refém de palavras de ordem (ou de desordem) anacrônicas.

Coluna do leitor / Auxílio-moradia 1 O projeto apresentado pelo TJ-PR para concessão de auxílio-moradia a juízes e

desembargadores (Gazeta, 25/2), além de contrariar as determinações do CNJ por fortes indícios de inconstitucionalidade, é inoportuno e afronta a ética que se espera de qualquer agente ou entidade pública. A pressão corporativa não surpreende, faz parte do jogo neste país de pouco padrão moral. Se confirmada a suspeita de que o pagamento poderia ser retroativo a dez anos, então se chegaria às raias do absurdo. Gonçalo Farias, funcionário público

Auxílio-moradia 2 Os políticos e o Judiciário são as classes que recebem os melhores salários e benefícios, são superprivilegiados e ainda querem mais mordomias. O altíssimo salário que recebem dá muito bem para pagar aluguéis de mansões, ou comprarem suas moradias. A população brasileira está cansada de pagar toneladas de impostos para sustentar as esferas políticas, jurídicas e outras mais. Enquanto isso, os salários dos trabalhadores e aposentados continuam achatados. Airton Kraismann

Secretário de Segurança É muito difícil procurar um nome para comandar a segurança pública em qualquer estado do Brasil. Ele precisa ter conhecimento na área, ser imparcial e, o mais importante, não ser corrupto. Nosso governador está com um dilema muito sério nas mãos e acredito que, para resolvê-lo, pode buscar dentro da Polícia Civil e da Polícia Militar nomes qualificados para exercer o cargo de secretário de Segurança Pública. Edison Bindi, São José dos Pinhais – PR Transporte Coletivo / Ônibus param 100% hoje Paralisação foi decidida em assembleia ontem à noite. Categoria diz que não recebeu notificação oficial da Justiça, exigindo efetivo mínimo entre 40% e 70% Fábio Cherubini E Raphael Marchiori

Em assembleia realizada na noite de ontem no centro de Curitiba, motoristas e

cobradores de ônibus de Curitiba e região metropolitana decidiram pela paralisação total do transporte coletivo a partir da 0h de hoje. A decisão contraria determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª região (TRT-9ª), que havia obrigado que 70% da frota fosse mantida nos horários de pico e 40% nas demais. O sindicato que representa a categoria disse que não poderia cumprir a medida porque ainda não havia sido notificado.

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), a categoria pede 16% de aumento real para motoristas e 22% para os cobradores. Nos últimos dois anos, motoristas tiveram 10,5% de reajuste – média de 4,16% acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Além da revisão dos salários e do vale-alimentação, eles reivindicam outros 76 pontos.

Com a decisão, cerca de 12.400 motoristas e cobradores devem cruzar os braços a partir de hoje. A medida afeta mais de dois milhões de usuários que são transportadas diariamente pela Rede Integrada do Transporte Coletivo. Por conta do risco de ver Curitiba e região metropolitana paradas, a Urbs anunciou que poderá acionar um serviço de vans caso a categoria realmente pare 100% da frota.

Questionado se o Sindimoc cumpriria a decisão do TRT-9 quando notificado, o presidente do sindicato, Anderson Teixeira, afirmou que a entidade sempre busca cumprir a lei. “Recebendo a determinação, vamos repassar para nosso setor jurídico para depois discutirmos com a categoria como ela será cumprida e quantos trabalhadores serão empregados”.

Em reunião na semana passada, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) ofereceu um reajuste salarial conforme o INPC

acumulado até fevereiro deste ano – o índice deve ficar entre 5,25% e 5,3%. Ontem, a entidade divulgou nota afirmando que os pedidos das entidades correspondem a aumento aproximado de 30% na folha de pagamento das empresas.

Tarifa O anúncio de paralisação ocorreu às vésperas de a Urbs e as empresas dos consórcios responsáveis pelo transporte coletivo decidirem pelo reajuste na tarifa cobrada ao usuário – contratualmente previsto para todo dia 26 de fevereiro. Segundo a administração municipal, a decisão do aumento pode, inclusive, tornar o subsídio já anunciado pelo governo do estado insuficiente para cobrir os custos do transporte metropolitano.

O “nó” do transporte de Curitiba ainda pode sofrer encaminhamentos da Justiça. No último dia 6, o Tribunal de Contas do Estado determinou a redução da tarifa

técnica (aquela repassada às empresas) em R$ 0,43 devido a supostas irregularidades no cálculo dessa tarifa. A determinação, porém, acabou derrubada menos de duas semanas depois em decisão proferida pelo desembargador Marques Cury, do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), atendendo a um mandado impetrado pelas empresas de ônibus. Ainda na segunda-feira, o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) disse que entraria na Justiça para pedir a cassação da decisão do TJ-PR, em favor da liminar do TCE-PR.

Táxis As operadoras de táxi de Curitiba esperam operar com a capacidade máxima já na manhã desta quarta-feira. Na Rádio Táxi Curitiba, todos os 230 carros da frota estarão nas ruas cedo. A empresa não planeja fazer agendamento de chamadas para hoje. Na Faixa Vermelha, ontem à noite, o número de ligações pedindo reservas de carros para a manhã desta quarta já era alto. A operadora registrava, por volta das 23 horas, uma média de 20 chamadas simultâneas. Entre 450 e 500 táxis da empresa estarão disponível hoje pela manhã para atender a demanda. Na última paralisação feita pelos motoristas e cobradores, em 2012, a baixa disponibilidade de táxis em relação à demanda provocou um verdadeiro caos. Como a capital já possui um frota pequena de veículos em relação à população, em uma situação de greve dos ônibus a disputa por um táxi fica ainda mais acirrada.

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INPC A Urbs trabalha com uma perspectiva de reajuste dos salários dos motoristas pelo INPC acumulado até fevereiro, algo entre 5,25% e 5,3%. Qualquer reajuste acima teria de ser objeto da Justiça de Trabalho. A categoria pede aumento real de 16% para motoristas e 22% para cobradores. Custos / Prefeitura diz bancar quase 30% do subsídio de integração Da Redação

Três dias após o anúncio de renovação do subsídio à integração do transporte coletivo de Curitiba e região pelo governador Beto Richa, por mais um ano, a prefeitura informou, ontem, com uma planilha detalhada, que banca quase 30% dos recursos financeiros que permitem que usuários de 13 municípios da região metropolitana paguem a mesma tarifa praticada na capital. A administração municipal diz arcar com R$ 2 milhões dos R$ 7 milhões mensais em subsídio destinado aos municípios metropolitanos. Em declaração à comunicação da prefeitura, o presidente da Urbs, Roberto Gregório, reiterou que Curitiba não precisa de subsídio, mas sim os outros municípios.

Segundo tabela publicada no site da prefeitura, das 13 cidades da região metropolitana de Curitiba que compõem a Rede Integrada de Transportes (RIT), Fazenda Rio Grande é a que fica com a maior fatia do subsídio – mais de R$ 1,5 milhão, ou seja,

cerca de 22% do total. Na sequência aparecem Colombo (R$ 1,2 milhão ou 17%), Araucária (R$ 1,1 milhão ou 16%) e Pinhais (R$ 1,1 milhão ou 15,8%).

Ainda ontem, a Urbs solicitou oficialmente à Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) que informe o valor de tarifa do transporte coletivo para o usuário, projetado pelo governo estadual para 2014.

No documento, a Urbs diz que deixou claro que o subsídio de R$ 5 milhões aos municípios da região metropolitana que fazem parte da RIT não cobre sequer os custos atuais do transporte metropolitano integrado. Com isso, segundo texto da assessoria de imprensa da prefeitura, “torna-se previsível um déficit ainda maior do sistema integrado a partir do reajuste da tarifa técnica que, por cláusula de contrato assinado com as empresas operadoras em 2010, deve ocorrer neste 26 de fevereiro.”

“É de supor que a decisão do governo de manter o mesmo valor de subsídio do ano passado seja resultado de estudos e projeções. E, no momento em que tanto a tarifa técnica quanto os salários ainda estão em negociações, é importante saber a partir de que cálculos se chegou à decisão de congelar o subsídio, independente do aumento dos custos”. Transporte coletivo / Para evitar caos de 2012, Urbs pensa em plano B

Em 2012, último ano em que motoristas e cobradores entraram em uma greve de 100% do efetivo, Curitiba e região metropolitana viveram um dia de caos. Em 14 de fevereiro daquele ano, o mínimo de 30% da frota em circulação não foi cumprido pela categoria e os ônibus não circularam. O comércio da região central ficou com cara de domingo e o impacto chegou ao serviço de táxi, que não aguentou o tranco (leia mais nesta página) e teve as linhas telefônicas congestionadas.

O presidente da Urbs, Roberto Gregório, afirmou ontem que às 5 horas da manhã funcionários do órgão avaliariam se de fato a promessa de greve de 100% da frota seria cumprida pelo Sindimoc. Se constatada a paralisação total, a Urbs se comprometeu a entrar em contato com os veículos que possuem cadastro na base de dados da empresa para o serviço de fretamento.

Os veículos poderão passar na sede do órgão a partir das 6 horas. Após a Urbs confirmar que o cadastro preenche os requisitos do órgão, os veículos receberão uma autorização para circular nos pontos de maior fluxo de passageiros da cidade. A expectativa é de que os veículos ofereçam o serviço a partir das 6h30.

Em 2012, somente no início da tarde do primeiro dia de greve é que o órgão autorizou o cadastro de serviços particulares de transporte na cidade. Investigação / Desaparecimento de caseiro vai tramitar na Justiça comum

O caso do desaparecimento do caseiro Edenilson Murillo Rodrigues, de 26 anos, ocorrido em maio de 2013 em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, vai tramitar na Justiça comum. A informação foi repassada em nota ontem pela Polícia Militar. Conforme consta no documento, o resultado das investigações foi enviado para a Comarca de Piraquara, onde já começou a tramitar. A PM diz no documento que na época em que o caseiro desapareceu foi aberto um Inquérito Policial Militar. O caso foi remetido a esta divisão porque havia suspeitas de que agentes da Rondas Ostensivas de Naturezas Especiais (Rone), da PM, teriam entrado na propriedade onde Edenilson estava antes do desaparecimento. Depois de terminado, o inquérito foi enviado para a Vara da Auditoria da Justiça Militar e, posteriormente, para a Comarca de Piraquara, onde será investigado como crime doloso. O documento não dá mais detalhes e não confirma o envolvimento de policiais.

Comando / Impasse sobre novo secretário será resolvido hoje, em Brasília O impasse sobre a nomeação do diretor nacional de Inteligência da Polícia

Federal, José Alberto Iegas, para a Secretaria Estadual de Segurança Pública será resolvido hoje em reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Sem garantias sobre o resultado do encontro, o governador Beto Richa começou ontem a estudar novos nomes para o cargo. A expectativa é de que o ministro apresente os parâmetros da “quarentena” que pretende exigir para que o delegado possa trocar de cargo. A escolha de Iegas foi confirmada pelo governador Beto Richa há uma semana, mas a nomeação imediata acabou vetada anteontem por Cardozo.

Segundo o ministro informou ao governador, Iegas precisaria permanecer um tempo fora das funções atuais até assumir outra, mas não foi estabelecido até agora um período específico para se desvincular da função.

Cargo-chave O comando da Diretoria de Inteligência Policial (DIP) é considerado o terceiro posto mais importante na hierarquia da Polícia Federal. A estrutura conta com cem agentes e coordena as unidades descentralizadas das superintendências regionais.

Na prática, a DIP funciona como o coração das grandes operações. Ocupa o quinto andar do prédio conhecido como “Morcego Negro”, sede da PF. Um dos principais instrumentos de trabalho da DIP é o “Guardião”, que armazena escutas e cruza com dados de investigações. Na Pendura / PM-PR corta alimentação no refeitório Felippe Aníbal

Agentes da Polícia Militar (PM) lotados no Quartel do Comando Geral da

corporação estão, há seis meses, sem poder se alimentar no refeitório da unidade. A ordem é reforçada por um ofício, afixado na entrada do rancho do quartel, que destaca que apenas policiais que atuam na guarda de presos podem comer no local. Segundo a Associação dos Praças do Paraná (Apra), o corte das refeições atinge todos os batalhões da instituição no estado.

infográfico: Veja o ofício que proíbe o uso do refeitório no Quartel do Comando Geral

“Os policiais cumprem escalas superiores a 12 horas, mas, ainda assim, não há comida para eles no rancho. Vão às ruas de estômago vazio. E policial sente fome”, resumiu o presidente da Apra, Orelio Fontana Neto.

Quatro policiais militares – três lotados no Quartel do Comando e um, no 13.º Batalhão – ouvidos pela Gazeta do Povo relatam que os próprios agentes têm se unido para driblar o corte da alimentação. Os praças chegam a fazer “vaquinhas” para comprar pão e manteiga, para suportar os expedientes estendidos. “Ou é trazer marmita de casa, ou é tirar dinheiro do bolso para comer”, lamentou um policial.

Em setembro de 2013, a Apra ingressou com uma ação civil pública, na 2.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, com o objetivo de forçar o estado a voltar a fornecer alimentação aos PMs. O processo ainda tramita na Justiça. A Associação de Defesa dos Direitos dos Militares (Amai) aponta que, por receberem remuneração por subsídio, os policiais militares não podem ganhar benefícios extras, como vale-alimentação. Esse entrave, na avaliação da entidade, agrava o problema. “Não pode para policial, mas pode para juiz”, disse o advogado da Amai, Marinson Albuquerque.

Sem receber há meses, uma padaria suspendeu a entrega de pães à corporação. Em um ofício encaminhado à PM, o empresário justifica que o calote lhe causou

“dificuldades de saldar os salários dos funcionários, o 13.º e capitalizar recursos para compra de matéria-prima”. O texto foi afixado pela polícia na porta do rancho do quartel.

A instituição afirmou que só se pronunciaria hoje sobre o assunto.

Paralisação / Agentes federais entram no segundo dia de greve Categoria diz que o número de indiciamentos pela corporação caiu 51% no Paraná; direção do órgão mostra outro dado Denise Paro, Da Sucursal

Uma queda de braço estatística entre sindicalistas e a direção da Polícia Federal

(PF) está por trás das recentes manifestações realizadas por agentes para reivindicar melhorias na estrutura da corporação em todo o país. No Paraná, 70% dos trabalhadores, incluindo agentes, escrivães e papiloscopistas, cruzaram os braços ontem e seguem em ritmo menor de trabalho hoje, como parte de uma mobilização nacional da categoria.

O Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef) afirma que o número de indiciados pela corporação no Paraná caiu 51% entre 2010 e 2013, passou de 6.114 para 2.983. A direção da PF em Brasília e a superintendência do órgão no Paraná, por sua vez, dizem que o número está desatualizado.

Segundo o Sinpef, o número de indiciamentos foi solicitado à própria PF por meio da Lei de Acesso à Informação, via Portal da Transparência. As estatísticas revelam queda nos indiciamentos não somente no Paraná, mas também no país, um total de 60,59%. Em 2010 foram 46.502 indiciados em todo o Brasil. Em 2013, a quantia caiu para 18.325.

O superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, sustenta que os números apresentados pelo sindicato têm como fonte o Instituto Nacional de Identificação (INI), cujo processamento de dados referentes aos indiciados é sempre mais atrasado em relação ao sistema que gera os inquéritos policiais, o Siscart. “Se você fizer um indiciamento hoje em Foz do Iguaçu ele já estará no sistema. Mas não necessariamente na folha de antecedentes do indiciado. É essa defasagem que existe”, explica. Pelos números da direção da PF, não houve queda no número de indiciamentos a partir do trabalho da corporação no país, mas crescimento: de 40.656 em 2010 para 46.095 no ano passado. Apesar da alegação do superintendente, os sindicalistas sustentam que a base dos dados foi o Siscart.

Colarinho branco Os sindicalistas alegam que o tipo de inquérito que mais teve prejuízo com a queda dos indiciamentos é o de crimes do colarinho branco e lavagem de dinheiro. “Hoje para fazermos qualquer investigação desse tipo nós temos que informar o ministro da Justiça. Há um controle político sobre a investigação”, afirma o presidente do Sinpef, Fernando Vicentine. Ele diz que apenas 0,1% dos presos no país estão relacionados ao crime do colarinho branco.

A direção da PF contesta a informação e, via assessoria de imprensa, informa que não há necessidade de autorização do ministro da Justiça para investigar crimes do colarinho branco. O que passa pelo ministério é uma autorização para gastos com operações consideradas de grande porte. O teor da operação também não é revelado.

Reivindicações Os policiais reclamam dos salários congelados há sete anos, ao contrário dos vencimentos dos delegados que continuaram sendo atualizados. Também estão descontentes com a desvalorização da categoria e episódios constantes de assédio moral. Quanto ao efetivo, o Paraná tem hoje cerca de 580 policiais federais, alguns cumprem funções que não deveriam ou estão emprestados para operações em outros estados. O ideal, segundo o Sinpef, seria 1.500.

Uma nova manifestação, envolvendo servidores federais, está marcada para hoje em todo o país.

Infraestrutura / TCE-PR alerta para atrasos em obras Relatório estima que adequações não ficarão prontas até a Copa. Prefeitura e governo estadual dizem que cronograma será cumprido até maio Amanda Audi

A comissão do Tribunal de Contas do Paraná que fiscaliza as obras da Copa do

Mundo divulgou ontem um relatório que aponta o risco de algumas obras não ficarem prontas até o início do Mundial, em junho, devido ao ritmo lento e à irregularidade de pagamentos. Tanto a prefeitura de Curitiba como o governo do Paraná afirmam que os prazos serão cumpridos e que as obras serão entregues até maio. O relatório aborda os investimentos até 24 de janeiro.

O documento do TCE-PR indica que obras finalizadas depois do cronograma previsto podem ser “desenquadradas” das operações financeiras por rescisão do contrato, o que acarretaria em possível interrupção do fluxo dos empréstimos tomados para as obras, além de multas por rescisão do contrato.

O TCE-PR também alerta que se o ritmo de pagamentos às empresas que executam as obras não for regularizado, há chances de paralisações que atrasariam ainda mais os trabalhos. Várias empresas reclamaram de atrasos de pagamento.

Os investimentos dos governos municipal e estadual acabaram sendo dilatados para comportar as mudanças feitas no contrato original, de 2010. Ao mesmo tempo, o investimento federal não foi alterado. Os prazos de conclusão das obras, previstos em 2010, foram prorrogados. “Os valores dos financiamentos foram mantidos, contudo, as contrapartidas municipais e estaduais de todas as intervenções sofreram acréscimos para suportar os aditivos contratuais já efetivados”, diz o texto.

Para a prefeitura, o acréscimo foi de quase 47% (de R$ 216,3 milhões para R$ 317,6 milhões). Já para o governo estadual, apesar de ter redução nos investimentos por causa da exclusão do Corredor Metropolitano (de R$ 229,5 milhões para R$ 148,6 milhões), a contrapartida aos investimentos do financiamento federal – que em 2010 era inexistente – passou a ser de R$ 50,2 milhões. Atrasos / Vias de integração e sistema de monitoramento em “ritmo lento”

O Tribunal de Contas do Estado cita ainda em seu relatório que as obras com maiores atrasos são de responsabilidade do governo estadual. Seguem “em ritmo lento”, segundo o documento, as obras das vias de integração radial metropolitanas e do Sistema Integrado de Monitoramento Metropolitana (SIMM) – que prevê a instalação de controladores de tráfego e semáforos, configuração e padronização de cruzamentos, instalação de painel de mensagens em vias e terminais, entre outros itens, em Curitiba e em cidades da região metropolitana. O governo do estado admite que houve atrasos, mas que as obras estão em andamento e serão entregues até o fim de abril. Habitação / Um motivo para esquentar a cabeça Vazamentos em reservatórios de aquecedores solares de conjunto em Ponta Grossa têm incomodado beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida Maria Gizele Da Silva, Da Sucursal

O chuveiro é o vilão no consumo de energia elétrica, respondendo por até 25% do

valor da conta mensal. Foi pensando nisso que o Ministério das Cidades publicou portaria em 2011 determinando a implantação de aquecedores solares nas unidades do programa Minha Casa Minha Vida destinadas a famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil.

Uma amostragem feita pelo Ministério entre beneficiários do programa mostra que 80% estão satisfeitos com os aquecedores. Mas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais,

mutuários do conjunto habitacional Porto Seguro, inaugurado em outubro do ano passado, relatam problemas nos aparelhos.

O sistema de aquecimento solar capta água da caixa d’água e a armazena em um reservatório que envia o líquido para as placas solares. Elas, por sua vez, levam a água aquecida até o chuveiro. Ainda em 2013, alguns moradores se queixaram de superaquecimento do encanamento das casas. O ajuste foi feito pela construtora. O reservatório, no entanto, registra vazamentos constantes, mas o problema ainda não foi sanado.

“Eu fico fora o dia inteiro e quando estou em casa e começa a vazar água pelo cano do reservatório eu desligo o registro geral. Mas, quando a casa está sozinha a água fica vazando. Às vezes, algum vizinho vê e desliga o registro”, relata Adriana de Fátima Mendes. Ela mora com a filha Paola, de 8 anos, e diz que não gasta água em demasia. A conta, no entanto, indica o consumo de 9 mil litros mensais. “É por causa do vazamento”, acredita. Se Adriana usar mil litros a mais que o registrado na conta, ela perde o benefício da tarifa social da Companhia de Saneamento do Paraná.

Solução Representantes da Sanepar, das companhias habitacionais do Paraná e de Ponta Grossa (Cohapar e Prolar) e da Caixa Econômica Federal estão buscando uma solução para o caso. A Caixa e o Ministério das Cidades informaram que o problema é o excesso de pressão da água na região. O presidente da Prolar, Dino Athos Schrutt, corrobora a informação. “O conjunto fica próximo à penitenciária e à cadeia e, por isso, a pressão da água é maior para que as prisões não fiquem desabastecidas”, explica.

A Cohapar não teve registros de queixas de aquecedores solares em outras regiões do Paraná. O Ministério das Cidades informou que entre 2011 e janeiro deste ano, 172.467 unidades do programa Minha Casa Minha Vida instalaram aquecedores solares no país. A assessoria informou que as queixas não são recorrentes. Conserto / Equipamentos novos têm garantia de até cinco anos

Os moradores de condomínios do Minha Casa Minha vida que contam com sistemas de aquecimento solar e que apresentam algum defeito devem oficializar a queixa diretamente nas construtoras, já que os aparelhos têm garantia de cinco anos.

Custos Após esse período, os moradores têm de arcar com os custos de manutenção, que são, em média, de R$ 200 - enquanto que os beneficiários do programa com renda de até R$ 1,6 mil pagam, em média, R$ 50 de mensalidade pela casa própria. A limpeza das placas solares deve ocorrer, no mínimo, a cada seis meses.

Vantajoso No entendimento do governo federal, o sistema de aquecimento solar é vantajoso porque além de o morador economizar energia elétrica, os aquecedores se abastecem da energia solar, que é limpa e contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa. De quebra, permite o equilíbrio do sistema energético nos horários de pico. Recursos / Supremo volta a analisar os embargos infringentes Agência O Globo

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje o julgamento dos embargos

infringentes do mensalão, o último recurso na ação penal. A tendência é que a maioria dos ministros livre os réus do crime de formação de quadrilha. Na semana passada, foi feita a sustentação oral da defesa e do Ministério Público em relação a cinco réus condenados pelo STF em 2012 por formação de quadrilha, entre eles o ex-minstro da Casa Civil José Dirceu. Hoje, será a vez de mais três condenados pelo mesmo crime, incluindo o operador do mensalão, Marcos Valério. Em seguida, o relator, ministro Luiz Fux, vai ler o seu voto e, por fim, os outros dez ministros vão se manifestar. Fux votou

pela condenação em 2012, mas, como houve mudanças na formação da corte, os oito condenados têm chances de se verem livres das punições impostas pelo crime de quadrilha. Notas políticas / Arquivo Geral da República

A Comissão de Ética Pública da Presidência não identificou conduta irregular do ministro da Saúde, Arthur Chioro (foto), que é dono de uma empresa de consultoria. O processo foi arquivado ontem. No início do mês, o PPS ingressou com representação na comissão, questionando a transferência da parte do petista na empresa para a esposa.

Para o partido, a decisão não elimina conflito de interesse entre a atuação da consultoria e o novo cargo do petista. Ontem, a oposição entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de inquérito civil público para investigar se a nomeação de Chioro foi legal. Na segunda-feira, a Comissão de Ética Pública da Presidência também arquivou um processo contra a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, por uso de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Entre 2012 e 2013, ela utilizou aeronave da PRF em cinco ocasiões, para eventos como inauguração de obras rodoviárias e reunião com prefeitos de Santa Catarina, seu reduto eleitoral. Justiça / Barbosa critica composição de tribunais eleitorais Para presidente do STF, é “absurdo” que advogados façam parte das cortes que julgam Agência O Globo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de

Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa, criticou ontem a composição e o funcionamento da Justiça eleitoral brasileira. Em sessão do CNJ, ele lembrou que parte das vagas desses tribunais são preenchidas por advogados. “Há coisa mais absurda que o advogado ter seu escritório durante o dia e à noite se transformar em ministro? Ele cuida de seus clientes durante o dia, tem seus honorários, e à noite ele se transforma em juiz”, afirmou. “Ele julga às vezes causas que têm interesses entrecortados e de partes sobre cujos interesses ele vai tomar decisões à noite. Estou falando da Justiça eleitoral, que nada mais é do que isso. E ela conta com quase um terço dos seus membros que são advogados.” Dos sete minitros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), três são oriundos do STF, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois da advocacia. Já os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que funcionam nas 27 unidades da Federação, são compostos por dois desembargadores do Tribunal de Justiça, dois juízes estaduais, um juiz federal e dois advogados. Assessores / Salário de R$ 10 mil é “miserável”, diz presidente do STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, classificou como “miserável” o salário que procuradores da Fazenda recebem quando chamados para assessorar juízes e magistrados. “Sabe por que (o procurador) não recebe pelo tribunal? Porque a remuneração do tribunal é miserável. Tem que receber sua gratificação originária e a complementação”, criticou Barbosa. O valor do salário, segundo Barbosa, é de cerca de R$ 10 mil. A declaração foi feita quando ele defendia a possibilidade de procuradores da Fazenda serem convocados para assessorar magistrados. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) questiona essa possibilidade, alegando que, em processos em que o Fisco é questionado, a presença de procuradores da Fazenda nos gabinetes dos tribunais pode desequilibrar o processo.

Intervalo / Resultado de auditoria permitirá chegada de mais dinheiro para a Arena Obra do estádio teria atingido a meta que liberará o resíduo do primeiro empréstimo concedido pelo BNDES Leonardo Mendes Júnior

A Pricewatterhouse&Coopers informou ontem à Fomento Paraná que a execução

da reforma da Arena da Baixada atingiu, em 15/2, 90,6%. Esse porcentual permite o pedido ao BNDES para que sejam liberados os R$ 6,5 milhões residuais do primeiro empréstimo fornecido pelo banco federal, de R$ 131,1 milhões. A agência estadual já deu início a esse processo. A previsão é de que o dinheiro esteja liberado até a próxima semana.

Critérios A medição da Price leva em consideração apenas o projeto de reforma, por isso o índice de 90,6%.

A medição do Atlético engloba reforma e a estrutura anterior aproveitada. Por isso, nas contas do clube, já beira os 95%.

Livro aberto Na entrevista coletiva de segunda-feira, na Arena, o engenheiro Luiz Volpato disse que, se a Price quiser, o Atlético abre o detalhamento do custo de gestão da obra indicado no orçamento. Estimado em R$ 28 milhões, este item é dividido entre a CAP S/A e as demais empresas gestoras da intervenção no estádio. Avanço / Construção sustentável ganha incentivo Construtoras do Paraná farão residenciais com Wood Frame, sistema autorizado a receber financiamento público Da Redação

O sistema de construção que utiliza madeira na estrutura, conhecido como Wood

Frame, está avançando no Brasil – e o Paraná está na ponta na aplicação dessa tecnologia para obras residenciais. Ainda neste semestre, deve ter início a construção de um conjunto de 67 casas com Wood Frame pelo programa Minha Casa Minha Vida no Boqueirão, em Curitiba.

O sistema construtivo inovador está oficialmente autorizado a receber financiamento pela Caixa Econômica Federal. A conquista do documento é comemorada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Desde 2009, um grupo de empresários e técnicos da instituição trabalha na pesquisa e aplicação de métodos construtivos mais sustentáveis para substituir a construção em alvenaria. Batizado de Comissão Casa Inteligente, o grupo obteve, no final de 2013, a liberação do Datec – Documento Técnico de Avaliação do Ministério das Cidades – para o uso do Wood Frame desenvolvido pela empresa TecVerde na construção de habitações de interesse social.

O resultado deve ser a popularização do sistema construtivo semi-industrial, que tem como base a madeira plantada. Impulsiona, também, a cadeia produtiva no Paraná, que envolve fornecedores da madeira certificada, a produção industrial dos painéis e a qualificação de trabalhadores.

Segundo José Márcio Fernandes, diretor da Rede iVerde, quatro construtoras paranaenses estão interessadas no sistema. Duas delas, a Baú e a F. Klas, já têm projetos de obras pelo Minha Casa Minha Vida para iniciar em 2014. Um deles é o conjunto residencial no Boqueirão.

Projeto piloto O Wood Frame desenvolvido pela TecVerde a partir de tecnologia alemã foi utilizado, de forma pioneira para habitações populares, no Rio Grande do Sul. A

construção desse projeto piloto foi financiada pela Caixa dentro do programa Minha Casa Minha Vida a partir de uma autorização prévia.

Em parceria com a construtora Roberto Ferreira, a Rede iVerde, que licencia o sistema construtivo, ergueu o Residencial Haragano, em Pelotas, com 280 sobrados.

Cada unidade tem 44 m2. O conjunto foi construído em tempo recorde – segundo José Márcio Fernandes, o tempo de montagem das residências foi de apenas seis meses. A obra está em fase de finalização da infra-estrutura do condomínio. Bem Paraná Política / Assembleia aprova fundação estatal para gerir saúde Projeto do governo é aprovado por 37 votos a 14, sob protestos de servidores nas galerias Ivan Santos

A Assembleia Legislativa aprovou ontem, por 37 votos a 14, projeto do governo

que cria a Fundação Estadual de Saúde (Funeas) – uma estatal com personalidade jurídica de direito privado para gerir os serviços de saúde no Estado. O governo alega que o modelo já é adotado em outros estados e pela prefeitura de Curitiba, e visa facilitar a contratação de médicos e outros profissionais de saúde. A proposta prevê que os servidores serão contratados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e não como estatutários.

Os deputados aprovaram o texto sob protestos dos servidores públicos, que ocuparam as galerias do plenário. O momento mais tenso da sessão aconteceu quando os servidores ficaram de costas para o plenário, em protesto contra discurso do líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB), que defendia a proposta. Diante da atitude dos manifestantes, Traiano chamou-os de “covardes”. “Esse é um gesto covarde dos que não encaram a verdade”, afirmou o tucano. “Os bons sindicalistas não estão aqui. Estão os que não querem trabalhar. Deveriam estar atendendo a população, mas estão aqui protestando com dinheiro do povo”, criticou o líder governista.

O presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), teve que pedir por diversas vezes que os manifestantes fizessem silêncio. Tentando apaziguar os ânimos ele chegou a propor abrir espaço para que um representante do sindicato dos servidores falasse aos deputados durante a votação do projeto, em troca de silêncio das galerias. “Se não eu terei que evacuar as galerias para dar prosseguimento à sessão”, alegou Rossoni. Diante dos gritos de alguns manifestantes, dois deles chegaram a ser retirados pela segurança da Casa.

Sem novidade — Para apressar a votação da matéria, o plenário foi transformado em comissão geral, evitando que ela tivesse que voltar às comissões de Finanças, Saúde e Orçamento para receber pareceres técnicos. Os deputados também aprovaram a realização de sessões extraordinárias e a dispensa do intervalo mínimo de 24 horas entre as votações, para garantir que o projeto tivesse a tramitação acelerada e pudesse ter sua apreciação concluída ainda ontem.

O líder do governo voltou a afirmar que o modelo de fundação proposto pela administração não é “nenhuma novidade”. Ele apontou ainda que lei semelhante foi enviada pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso, com o aval do então ministro do Planejamento e hoje ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT) e do atual ministro da Saúde, Arthur Chioro. “Não fomos nós que inventamos isso. Houve até pedido da

presidente para que o projeto fosse votado em regime de urgência”, disse Traiano. O tucano afirmou ainda que a criação da fundação não afetará os atuais servidores.

Segundo o governo, a Funeas vai permitir a criação de 467 novos leitos hospitalares próprios até 2016, uma ampliação de 38%. E possibilitará a ampliação da oferta de consultas, exames especializados e cirurgias eletivas.

Os sindicatos dos servidores alegam que o projeto abre caminho para a terceirização dos serviços de saúde. Os deputados de oposição alegaram que o projeto não especifica o volume de recursos que serão disponibilizados pelo governo à fundação. Traiano alegou que não há impacto orçamentário previsto inicialmente. Pedágio / CPI vê indícios de improbidade

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga o pedágio fez ontem sua última reunião ordinária, anunciando para o início de maio a apresentação do relatório final. O presidente da CPI, deputado Nelson Luersen (PDT), disse que investigação identificou indícios de improbidade administrativa na licitação proposta em 1996 para a implantação do pedágio e nos contratos de concessão assinado em 1997 por parte de todos que assinaram os contratos.

Entre os possíveis indiciados, segundo ele, estariam o ex-governador Jaime Lerner, o ex-secretário de Transportes Heinz Herwig, o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Paulinho Dalmaz e representantes do Ministério dos Transportes. Segundo Luersen, foi detectado ainda “indício de estelionato eleitoral” no termo de redução unilateral da tarifa do pedágio em 50% determinado pelo então governador Jaime Lerner às vésperas da eleição, quando ele concorreu e obteve um novo mandato. A medida foi derrubada depois pelas concessionárias, na Justiça, obrigando o governo a recompor as tarifas, e ainda a assinar aditivos que cancelaram ou adiaram obras de duplicação das rodovias.

Em 2005, já no governo Roberto Requião, outra ação foi detectada pela CPI com indício de improbidade administrativa que foi a Ata 17 - que retirou todas as obras de duplicação da Concessionária Ecocataratas. “A CPI já percebeu indícios de improbidade administrativa em vários atos do governo do Estado”, disse o presidente da comissão. Notas / Criança

O governador Beto Richa formalizou nesta terça-feira (25) a adesão do Paraná à Agenda de Convergência, um protocolo de ações proposto pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente com o objetivo integrar as ações nos estados e municípios para o combate às violações de direitos de crianças e adolescentes no período da Copa do Mundo e outros grandes eventos.

A solenidade, realizada no Palácio Iguaçu, em Curitiba, teve a presença da secretária estadual da Família e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa, e da secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Goulart. A vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves, e a presidente da Fundação de Ação Social, Márcia Fruet, formalizaram a adesão de Curitiba à Agenda de Convergência. Folha de Londrina Opinião / Elefante branco incomoda muito mais

É necessário questionar os candidatos a presidente do Brasil qual o futuro que eles pretendem para a Polícia Federal

Contam os historiadores que o termo ‘’elefante branco’’ tem origem na Tailândia, quando o rei costumava presentear com um elefante albino os súditos que o desagradavam. Como esses animais eram considerados sagrados, as pessoas que o recebiam poderiam até se sentir honradas no princípio, mas depois descobriam que se tratava de um castigo. O bicho não podia ser recusado, trocado, devolvido e precisava ser tratado até o fim da vida com as honrarias que sua condição sagrada lhe garantia. Com o passar do tempo, a expressão acabou sendo utilizada para tratar das coisas grandes, que não servem para nada, como as tão comuns obras públicas inacabadas.

Pois o elefante branco foi o símbolo escolhido pelos policiais federais para marcar o protesto que começou ontem em todo o País. Um boneco inflável em formato do paquiderme albino foi colocado em frente às superintendências da PF de todo o País, incluindo Curitiba. A mobilização nacional vai durar 48 horas e amanhã os agentes, escrivães e papiloscopistas devem retomar as atividades normalmente.

É a segunda paralisação do ano com o objetivo de chamar a atenção para o que os grevistas chamam de ‘’apagão da PF’’. O grande mamífero inflável representa, segundo o Sindicato dos Policiais Federais do Paraná, a atual ineficiência do órgão, que consegue transformar em inquéritos somente 4% das denúncias que chegam aos seus delegados. A comparação com o presente real tailandês é obviamente uma crítica ao descaso com que o governo federal vem tratando a corporação. Enquanto ‘’elefante branco’’, a PF não seria uma entidade sagrada tratada com boa comida e enfeites preciosos. Na visão de seus agentes, ela representa os edifícios abandonados, o desleixo, o sucateamento e o abandono à própria sorte. Segundo os manifestantes, esse descaso seria uma forma de represália por conta das operações da PF que atingiram membros do governo e políticos aliados. A categoria pede melhorias na estrutura da corporação, aumento de verbas para investigação, reajuste de salário, entre outros.

Há tempos, os veículos de comunicação vêm noticiando cortes de verba do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) no orçamento da PF e, certamente, o trabalho de campo é o mais prejudicado. A situação da polícia que investiga crimes como tráfico de drogas e de pessoas, desvio de dinheiro público e corrupção é um bom tema para se levar aos debates políticos que vão anteceder as eleições deste ano. É necessário questionar os candidatos a presidente do Brasil qual o futuro que eles pretendem para a Polícia Federal. Opinião do Leitor / Auxílio moradia: legal e imoral

Li com espanto a matéria "CCJ aprova auxílio moradia do Tribunal de Justiça" (Política, 19/2). Não sei o que é pior, o autor desse projeto ou a Assembleia Legislativa (AL) se sujeitar a discutir este projeto. O TJ e a AL primaram em promover a injustiça, proporcionando o aumento da desigualdade social no Estado e no País, onde poucos se deleitam em banquetes e muitos esperam as migalhas que caem do banquete. Infelizmente, o Paraná está perdendo a oportunidade de não pactuar com a mau uso do dinheiro público. Errou o nobre deputado ao justificar o seu voto, observando que os outros estados e também o STF fazem, vamos fazer também. Esse pensamento sucumbiu à sensatez e à justiça social tão propalada. O Judiciário não está acima do bem e do mal. O TJ pecou e maculou a sua credibilidade. Acredito no bom-senso, nas pessoas de bem e na Justiça, e espero que esse projeto não prevaleça. Jonas Vieira Da Costa (professor de Geografia) – Londrina

FRONTEIRA - Sistema militar poderá combater criminalidade Reportagem da FOLHA visitou quartel do Exército onde está se desenvolvendo o piloto do maior projeto de monitoramento da história do País Lúcio Flávio Moura Reportagem Local

Dourados - Antes de se dissiparem ao longo de um dia quente de verão, as nuvens fechavam o horizonte na faixa de fronteira do Brasil com o Paraguai pela manhã, quando a reportagem teve a autorização para conhecer as dependências da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, na próspera Dourados, município de 207 mil habitantes no Sudoeste do Mato Grosso do Sul, distante cerca de 120 quilômetros de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

O quartel é uma estrutura grandiosa, cuja área de abrangência engloba toda a porção sul do vizinho mais vasto e desabitado do Paraná. É lá que se concebe o mais ambicioso projeto militar do País, que ainda nesta década deve se esparramar também pela faixa oeste do Paraná, começando por Guaíra.

O céu se abrindo durante o dia na região é praticamente uma metáfora às avessas do que significa o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron). Com ele, o Exército pretende usar toda a tecnologia disponível no século 21 para fazer os limites do Brasil serem vigiados como nunca foram antes.

O projeto, que ainda luta contra a chance de cortes no Orçamento federal, tem a responsabilidade de "fechar" uma das maiores fronteiras do mundo, com quase 17 mil quilômetros, do Rio Grande do Sul ao Amapá, do Uruguai ao território francês da Guiana. Legalmente, a faixa de fronteira tem 150 quilômetros de largura e abrange 27% do território nacional. O objetivo principal do Sisfron é, de acordo com nota do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSex), apoiar as tomadas de decisões e as atuações operacionais, "cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira".

No quartel em Dourados, pouco do que se vê remete ao megaprojeto em gestação. Os militares continuam vivendo uma rotina dura na unidade, que fica na Avenida Guaicurus, trecho urbano da MS-162. Os oficiais são solícitos, mas não falam muito sobre o que está de fato acontecendo ali por questões hierárquicas ou estratégicas. Ao percorrer a unidade, apenas um prédio em construção chama a atenção. Trata-se da estrutura onde irá funcionar um dos centros de operações do novo sistema. Além disso, de acordo com o tenente-coronel Silvio Roberto Nema Areca, um dos anfitriões da equipe de reportagem, a brigada ganhará 26 viaturas para viabilizar o piloto. A frota vai ser constituída aos poucos, conforme o ritmo de liberação de recursos. "O piloto se destina, entre outras finalidades, a avaliar, reajustar e refinar as definições iniciais do sistema, possibilitando a sua implementação, de forma adequada e eficiente, no restante do País", explica a comunicação oficial do Exército.

De acordo com o projeto básico, elaborado no início da década, o período de implantação do Sisfron é de uma década e deverá estar em plena operação só em 2021.O orçamento é bilionário e deverá ser implantado pela Savis, uma subsidiária da Embraer. O investimento no desenvolvimento em tecnologia, equipamentos, treinamento e novas instalações consumirá cerca de R$ 12 bilhões no período. A parafernália de monitoramento inclui câmeras, sensores, radares e vants (veículos aéreos não tripulados).

O CCOMSex promete que a implantação terá impacto na indústria nacional, com a geração de 12 mil empregos anuais, dois terços deles no setor de tecnologia, com os esforços de desenvolvimento de componentes, subsistemas e softwares.

Para que as informações trafeguem no âmbito do Exército, que fica responsável em repassar as informações para as forças de segurança regulares, está sendo constituída uma infovia.

Uma fonte de uma das empresas que executa as primeiras obras informou que somente na primeira fase serão 56 torres espalhadas pelo Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que serão instaladas em imóveis públicos, como escolas ou postos de saúde. Apenas duas delas já estariam construídas na região de fronteira, mas a localização segue em sigilo. A segunda fase do Sisfron inclui o Paraná (exceto Guaíra, incluída na primeira fase e onde o projeto chega em 2016), Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na última fase, o projeto fecha a fronteira do Norte do País.

Oficialmente, o cronograma prevê a implantação de dois centros de operação no Paraná ainda este ano, provavelmente em Guaíra e Cascavel. O Exército também informou que haverá a aquisição de embarcações de vigilância, viaturas e radares. Entenda como vai funcionar o Sisfron

Dourados - O Sisfron prevê três tipos de subsistemas. O de sensoriamento, que destina-se a coletar e transmitir dados que possibilitem a detecção, a identificação e o monitoramento remoto de eventos, composto de sensores ópticos e optrônicos, radares de vigilância terrestre e de vigilância aérea de baixa altura, sensores de sinais eletromagnéticos e vants.

Outro subsistema e o de apoio à decisão, que produz e difunde conhecimentos necessários à realização de operações. Neste tipo de estrutura, há centros de planejamento, coordenação, acompanhamento e controle de operações.

Por fim, haverá os subsistemas de atuadores, que terão a incumbência de realizar ações de defesa, segurança, prevenção e repressão contra os delitos fronteiriços e ambientais.(L.F.M.) Ágata é modelo de integração

Dourados - De acordo com o Exército, a Operação Ágata é um modelo de monitoramento na faixa de fronteira e de integração das forças de segurança. Na última versão, a sétima, encerrada em junho, após 19 dias, a Ágata apreendeu mais de 25 toneladas de maconha e 657 quilos de cocaína, crack e haxixe, um recorde histórico. As Forças Armadas empregaram cerca de 33 mil militares. A operação também contou com o apoio de 1,1 mil servidores de agências governamentais, incluindo efetivos federais e estaduais. As Operações Ágata funcionam como um ensaio geral do Sisfron, com a diferença de que a tecnologia prevista no novo sistema acaba reduzindo a demanda por efetivo.

Dentro das forças de segurança que atuam na fronteira, a questão da integração ainda é tratada com cautela. Policiais federais e rodoviários federais ouvidos pela FOLHA disseram que ainda é preciso avançar na questão e mudar a cultura das corporações, ainda um tanto fechadas. Na porção paranaense da fronteira, o sistema militar é pouco conhecido e a maioria das fontes consultadas pela reportagem disse não saber exatamente qual seria o impacto do seu funcionamento. "É um sistema pensado para a defesa do País. Creio que eventualmente ele pode ser usado para o combate ao tráfico de drogas, armas e contrabando. É claro que é importante saber que o Exército poderá nos informar com clareza sobre alguma ocorrência", afirmou o delegado Valcley Rubens Vendramin, da Polícia Federal em Guaíra.

O capitão do Exército, Sérgio Ricardo Martins Rosa, acredita que a característica do Sisfron é a interoperabilidade. Para ele, a conexão de sistemas de monitoramento diferentes permite que as informações cheguem rápido a todas as forças de segurança. "Evidentemente, o Exército vai ajudar a prender criminosos", afirma.(L.F.M.) Cartilha foca na segurança em bancos Iniciativa de sindicatos tem o objetivo de repassar medidas preventivas à população

Micaela Orikasa Reportagem Local

Londrina - Quais medidas de segurança você toma em uma agência bancária? Esse é um questionamento que os dirigentes dos sindicatos de Bancários e de Vigilantes de Londrina e região têm feito diante da onda de violência que vem atingindo os bancos.

Uma pesquisa elaborada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) divulgada no final de janeiro, aponta que ano passado houve um aumento de 14% nas mortes em relação a 2012, ou seja, um total de 65 mortes.

De acordo com o levantamento feito com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Dieese, as principais ocorrências no País foram a "saidinha de banco" (49%), que resultou em 32 mortes, o assalto a correspondentes bancários (22%) com 14 mortes, e o assalto a agências (12%) com oito vítimas.

Além disso, a pesquisa revela mortes em assaltos a caixas eletrônicos, abastecimento de caixas eletrônicos e assaltos a Postos de Atendimento Bancário (PABs). Ao analisar os dados, o presidente do Sindicato dos Bancários, Wanderley Crivellari, ressalta que as maiores vítimas são os clientes (55%), seguidos de vigilantes, transeuntes, policiais e bancários.

"Os bancos gastam menos de 5% do montante dos lucros, em segurança. Na área de nossa abrangência, que integra Londrina e outros 26 municípios, só neste ano foram registrados dois assaltos, uma tentativa incluindo um refém e três explosões a caixas eletrônicos", contabiliza.

Diante dos dados preocupantes, a categoria iniciou ontem de manhã, no Calçadão de Londrina, uma ação para alertar a população. "Estamos distribuindo um guia de segurança bancária com dicas para as pessoas não se exporem a situações de risco", explica Crivellari, que estuda ampliar a iniciativa em cidades vizinhas.

Equipamentos De forma didática, o Guia traz informações sobre como as pessoas devem agir ao utilizar os caixas eletrônicos e os cuidados na hora de realizar operações bancárias. Para os bancários e vigilantes, também há dicas de prevenção, além das propostas da categoria no que se refere à segurança.

"Nossa luta é principalmente pela colocação de vidros blindados, instalação de porta com detector de metais também em agências menores, escudos para todos os vigilantes e ampliação do número destes funcionários", comenta Orlando Luiz de Freitas, presidente do Sindicato de Vigilantes de Londrina e região, que abrange 96 municípios.

A cozinheira Maria Aparecida dos Santos afirma que as agências bancárias não são locais seguros e defende uma maior presença de vigilantes. "Nos últimos tempos tem tido muitos assaltos, roubos. Nunca é demais estar preparado", diz.

Com o guia em mãos, o caseiro Sérgio Silva aprovou a iniciativa e afirma ter aprendido algumas lições, como estar acompanhado quando for retirar dinheiro. "São detalhes importantes que no dia a dia a gente esquece", declara.

Londrina possui 78 agências e 9 PABs. Já na região de abrangência do sindicato são 145 agências e 12 PABs.

Com os dados da pesquisa nacional de mortes em assaltos envolvendo bancos, a secretária nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Regina Miki, levou ao ministro José Eduardo Cardozo a proposta de uma portaria de criação de um grupo de trabalho para discutir ações para evitar novas mortes, especialmente de clientes em crimes na saída do banco. O grupo seria integrado pela Contraf-CUT, CNTV e Febraban.

A Federação Brasileira de Bancos foi contatada, via assessoria de comunicação, para comentar o assunto, mas até o fechamento da edição não houve resposta.

Fique atento / Confira dicas para usuários de bancos - Agende previamente horário com o gerente do banco toda vez que precisar

realizar retiradas de alto valor - Evite saques de valores altos e contagem de notas à vista do público - Se a retirada for inevitável, não vá ao banco desacompanhado. A presença de

um acompanhante inibe a ação de assaltantes - Ao se aproximar do seu veículo, após um saque na agência ou caixa eletrônico,

preste atenção à sua volta para que não seja surpreendido por assaltantes - Caso seja abordado por assaltantes, nunca reaja - Realize saques em horário comercial, quando o movimento de pessoas é maior - Prefira utilizar caixas eletrônicos em locais de grande movimentação, como

shoppings, postos de gasolina e lojas de conveniência - Fique atento à presença de pessoas suspeitas no interior das salas de

autoatendimento e/ou cabines de saques. Na dúvida, não realize o saque - Nunca realize saques em terminais com adulteração aparente, como fiação

exposta, indício de cola, fita adesiva ou dispositivo obstruindo a saída de dinheiro Fontes: Sindicato dos Bancários de Londrina e Região e Sindicato dos Vigilantes

de Londrina e Região Diagnóstico do lixo em Londrina Criação de uma secretaria específica, instalação de aterro industrial e a estruturação das cooperativas são medidas sugeridas por grupo de 34 entidades Viviani Costa Reportagem Local

Londrina – Representantes de 34 entidades se reuniram para fazer um diagnóstico da gestão dos resíduos sólidos em Londrina e sugerir melhorias a médio e longo prazos. A discussão foi promovida pelo Fórum Desenvolve Londrina, que realizou palestras com especialistas entre março e agosto de 2013 e analisou mais de 60 itens relacionados aos problemas na estrutura oferecida à população, as falhas no planejamento do serviço e a fiscalização precária. No total, foram apontadas 78 medidas que poderiam ser adotadas pelo Executivo.

Segundo o relatório final elaborado pelo Fórum, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) gasta, aproximadamente, R$ 32 milhões por ano nos serviços de coleta de lixo doméstico, no repasse às cooperativas que realizam a coleta de recicláveis e na gestão da Central de Tratamento de Resíduos (CTR). O estudo aponta que o custo da coleta fica em torno de R$ 145 por ano para cada um dos mais de 200 mil domicílios construídos em Londrina. O valor está acima da média nacional, que é de R$ 88,00 por imóvel. A taxa de coleta é incluída na cobrança no IPTU e o índice de inadimplência dos contribuintes atrapalha o repasse para o setor. De acordo com a CMTU, foram lançados R$ 19 milhões em 2013 referentes às taxas da coleta. Apenas R$ 13 milhões foram arrecadados e o município precisou remanejar recursos para quitar o restante.

O presidente do Fórum, Claudio Tedeschi, ressalta que, mesmo com o pagamento em dia, o valor cobrado por meio da taxa incluída no IPTU seria insuficiente para manter o sistema. "Neste caso, o que nós vemos como solução é a melhoria na organização do sistema e a conversão da taxa em uma tarifa separada, por exemplo. Dessa forma, os grandes geradores de resíduos, como supermercados, passariam a arcar com os custos de forma diferenciada já que eles são responsáveis pela geração de mais quantidade de resíduos", explica.

Cerca de 450 toneladas de resíduos são coletadas todos os dias em Londrina. A estimativa é que pouco mais de 200 toneladas sejam de material orgânico. Segundo o Fórum, o índice de coleta seletiva em Londrina é de 21,6 kg por habitante/ano.

A preocupação dos representantes de entidades é com as metas estabelecidas para as próximas gestões. Até 2015, o volume de material reciclável coletado deve chegar a 59 kg por habitante/ano.

"É necessário fazer um planejamento que sobreviva a várias administrações e que teria que ser seguido com o controle da sociedade para que tenha a implementação rigorosa", pondera Tedeschi. A aposta é na indústria da transformação para que os produtos possam ser reaproveitados pelo consumidor. Importância da participação da sociedade

Londrina - A equipe do Fórum Desenvolve Londrina também propôs a criação de uma secretaria única que ficaria responsável por administrar os serviços de limpeza em Londrina. Além da coleta de resíduos e da gestão da CTR, a CMTU também é responsável pelos serviços de capina e roçagem, varrição e limpeza dos lagos. Já a Secretaria Municipal do Ambiente executa a poda e erradicação de árvores e capina e roçagem nas escolas municipais, postos de saúde e em imóveis da Secretaria de Assistência Social que prestam atendimento direto à população.

O integrante do Fórum Desenvolve Londrina, Paulo Sendin, comentou ainda a importância de concentrar as informações relacionadas ao lixo e construir um banco de dados completo. "Nós sentimos dificuldades no início dos trabalhos por causa da falta de dados sobre o assunto", afirma. Para ele, é possível reduzir os custos da gestão do lixo com a participação efetiva da sociedade na separação adequada dos materiais recicláveis, por exemplo.

Outro item mencionado pelos representantes é a implantação de um aterro industrial, medida que poderia incentivar a instalação de novas empresas em Londrina. O relatório final dos trabalhos desenvolvidos pelo Fórum será encaminhado aos representantes do município. (V.C.) Paraná ainda possui 214 lixões Vítor Ogawa Reportagem Local

Londrina - A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevê a adequação dos municípios na gestão e tratamento dos resíduos sólidos até agosto. No entanto, de acordo com o coordenador de Resíduos Sólidos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Laerty Dudas, dos 399 municípios, 214 ainda possuem lixões. "O cidadão de municípios pequenos gera entre 300 gramas e 500 gramas de lixo por dia, mas em grandes centros esse volume pode chegar a 1 kg", alertou.

O coordenador explicou que a Política de Resíduos Sólidos do Paraná está de acordo com os parâmetros estabelecidos pela PNRS e visa, principalmente, a eliminação de 100% dos lixões e a redução de 30% dos resíduos gerados. Dudas destacou que o Paraná produz diariamente 20 mil toneladas de resíduos de todas as origens. "Resíduos não são rejeitos. Boa parte dele pode ser reaproveitada", ressaltou.

Segundo o coordenador, cabe aos municípios se unirem para a redução dos custos operacionais. Com isso será possível dar uma destinação correta a esse material, para que ele possa voltar à cadeia produtiva. "Os municípios podem até criar uma indústria de aproveitamento local que pode ajudar a gerar renda e empregos na região", sugeriu.

Dudas afirmou que não possui um levantamento de quantos municípios estão no caminho certo para erradicar os lixões. "O que mudou de 2013 para 2014 é que os

municípios finalmente se conscientizaram da necessidade de se unirem para acabar com esse lixões. Eu não posso dizer quantos consórcios estão sendo criados, mas todas as regiões do Estado estão se unindo", garantiu.

Questionado se algum município terá dificuldades de cumprir a lei, ele se mostrou otimista. "Eles estão se unindo; espero que consigam. A solução é municipal. O Estado não pode forçar o município a nada, mas todos eles precisam cumprir a lei."

O coordenador destacou que problemas políticos têm dificultado a integração, mas não vê solução diferente dos consórcios intermunicipais. Ele destacou que operacionalmente a união dos municípios faz muito mais sentido. "Se cada município tiver seu aterro sanitário, será necessário comprar um trator para cada um deles. Se eles se unirem em grupos de dez cidades, só será necessário comprar um para atender os dez municípios. Na Região Metropolitana de Curitiba eles se uniram em 21 municípios", exemplificou.

Sobre a política de logística reversa, ele afirmou que aos poucos ela vem sendo implantada no Estado, mas que algumas indústrias e importadoras, como as de lâmpadas, têm resistido em aderir a um acordo. Por outro lado, citou o caso dos revendedores de defensivos agrícolas. "Eles começaram a se unir em 1981 e hoje são exemplo na logística reversa, coletando as embalagens." Programa Lixo Zero será implantado em 2015

Londrina – O programa Lixo Zero será colocado em prática pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização a partir de 2015. É o que garante o presidente da CMTU, Carlos Alberto Geirinhas. Conforme ele, o município segue o cronograma estabelecido no início dos trabalhos. "Representantes das empresas já apresentaram as novas tecnologias, uma comissão está analisando as propostas e o documento final está 90% pronto para dar início às licitações", destaca.

O presidente da CMTU reforça que o programa segue quatro premissas fundamentais: cumprimento da legislação referente aos resíduos, inclusão social, educação ambiental continuada e utilização de tecnologia. Segundo Geirinhas, o chamado Lixo Zero já abrange grande parte das sugestões feitas pelo Fórum Desenvolve Londrina.

A intenção é disponibilizar os primeiros contêineres nas ruas no início de 2015. "Dessa forma, vamos evitar a compactação do material, reduzir os problemas de infestação da dengue e o entupimento de bueiros nas ruas", explica. Também serão adotadas composteiras para melhorar o aproveitamento do lixo.

Hoje, 5% do lixo gerado são reciclados em Londrina. O objetivo da CMTU é alcançar o índice de 30% nos próximos três anos. "Até 50% do total podem ir para as composteiras e apenas 15% serão destinados ao aterro", destaca.

A Companhia estima que o custo do sistema de coleta passe dos R$ 32 milhões para R$ 40 milhões por ano, valores que seriam repassados aos contribuintes. O projeto para a criação de uma Agência Reguladora de Serviços deve ser encaminhado à Câmara até o final deste ano.

O presidente da CMTU admite que faltam recursos, mas é preciso investir no setor. " A terceira vala da CTR (Central de Tratamento de Resíduos) já está na metade. Vamos licitar o quanto antes a construção de uma nova vala para não precisar fazer um contrato emergencial. Com essas mudanças na gestão do lixo, vamos precisar cada vez menos desse espaço", conclui. (V.C.)

O Diário do Norte do Paraná Campanha faz alerta contra DSTs e dengue Ana Luiza Verzola

Prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e intensificar o combate à dengue são os objetivos da campanha que será realizada durante todo o período de Carnaval em Maringá, intitulada “Carnaval Sem Dengue e Sem Aids”.

A primeira ação será realizada na sexta-feira, a partir das 11h, na Praça Raposo Tavares, com entrega de panfletos, camisinhas e testagem de DSTs oferecida gratuitamente. Com as festas de rua confirmadas em seis bairros e dois distritos, a abordagem feita pelas equipes da Secretaria Municipal de Saúde deve orientar os foliões sobre a importância da prevenção da dengue e das doenças sexualmente transmissíveis.

Os bairros que receberão o evento “Samba na Praça”, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, são os conjuntos Borba Gato, Champagnat, Ney Braga, Jardim Universo, Madrid e Hermann Moraes de Barros, além dos distritos de Iguatemi e Floriano.

Para as demais festas já confirmadas, a secretaria vai enviar ao longo da semana o material informativo e os preservativos para serem distribuídos nas portarias dos eventos.

“Temos uma boa aceitação por parte do público, mas é preciso destacar a importância de se fazer a prevenção. No pós-carnaval, o atendimento no ambulatório aumenta em 30%, principalmente por pessoas que se relacionam sexualmente sem proteção”, diz a coordenadora do Programa Municipal de DST, Aids e Hepatites Virais, Eliane Aparecida Tortola Biazon.

A testagem gratuita oferecida pelo Ambulatório anexo à Policlínica Zona Sul, no Jardim Tabaetê, só vai funcionar a partir de quarta-feira, das 7h às 17h. Os exames também poderão ser feitos nas unidades São Silvestre, Industrial, Maringá Velho, Morangueira, Alvorada I, Universo, Zona 6 e Tuiuti.

“Para o exame só é necessário levar um documento pessoal. O procedimento é totalmente sigiloso e gratuito”, destaca Eliane.

Dengue Em relação à dengue, a campanha deve alcançar os foliões e também as pessoas que frequentam a noite maringaense. “Assim como as demais campanhas, aproveitamos uma data comemorativa para alertar um público específico, mas com o objetivo de alcançar toda a comunidade, porque são assuntos de interesse de todos”, destaca o secretário de saúde, Antônio Carlos Nardi.

Até sexta-feira passada, Maringá já somava 257 casos confirmados de dengue, e o estado é de alerta, caso não haja toda atenção e colaboração da comunidade para eliminar o mosquito transmissor da doença. Outros 1.121 exames aguardam confirmação.

Folha de S.Paulo EDITORIAIS / O detalhe e o essencial Prisão de Roberto Jefferson é fim de um ciclo no processo do mensalão; decisão do STF sobre formação de quadrilha não vai alterar o principal

Fechou-se um ciclo no processo do mensalão. O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), primeiro a falar abertamente sobre o esquema --em entrevista à jornalista

Renata Lo Prete, publicada por esta Folha no dia 6 de junho de 2005--, foi o último personagem de peso a ter sua punição executada.

Dos 25 réus condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro de 2012, 20 já estão presos, três cumprem penas alternativas e dois recorrem em liberdade.

Trata-se de saldo notável em qualquer circunstância, mas em particular num país onde a Justiça se mostrava especialmente cega ao deliberar sobre os altos escalões.

Resta agora ao STF julgar os embargos infringentes, recurso cabível contra decisões tomadas com ao menos quatro votos divergentes. Estão nessa situação os crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e acerca deste último a corte deve se pronunciar hoje.

É grande a incompreensão teórica em relação a esse tipo penal. Embora existam fortes razões jurídicas para aplicá-lo no mensalão, insurgem-se contra isso raciocínios igualmente respeitáveis --e há sinais de que a maioria dos ministros se incline nesse sentido.

Na legislação brasileira, é clara a diferença entre a conduta criminosa realizada com o concurso de várias pessoas (por exemplo, um assalto em que diversos comparsas agem em conjunto) e a figura autônoma da formação de quadrilha.

Neste caso, o que conta não é o crime de fato cometido, mas a mera constituição de organização estável e permanente, com vistas à realização de delitos. Um grupo com tais objetivos representa atentado à paz pública, podendo ser punido com até três anos de reclusão.

Para José Dirceu e Delúbio Soares, uma mudança no entendimento do STF acarretaria redução de suas penas, que então não seriam cumpridas em regime fechado.

Seus defensores sustentam que os réus estão sendo condenados duplamente pelo mesmo crime. Não haveria organização autônoma, mas tão só coordenação entre os atores que, segundo narrativa da Procuradoria-Geral da República, cometeram delitos específicos --pelos quais já foram punidos.

A formação de quadrilha, para além do mensalão, sem dúvida tem sido usada de modo automático, como meio de buscar penas mais severas.

O STF terá ocasião de fixar uma interpretação clara sobre esse ponto da doutrina. Seja qual for sua decisão, entretanto, em nada alterará o essencial do que já se concluiu sobre o esquema escandaloso.

Seus participantes desviaram recursos públicos, foram corruptos e corruptores, operaram pela fraude e pela mentira instituições bancárias, sempre jurando inocência e cinicamente dizendo-se vítimas de perseguição política.

A farsa foi desmontada e punida. A questão da quadrilha é acessória, embora relevante, nesse contexto. A quadrilha do mensalão / Hélio Schwartsman

SÃO PAULO - O STF retoma hoje o julgamento do mensalão. Os ministros vão voltar a discutir se alguns réus cometeram o crime de formação de quadrilha, o que, para José Dirceu, pode fazer a diferença entre o regime semiaberto e o fechado.

Não é, porém, o destino do ex-ministro que eu quero discutir aqui, mas algumas das implicações filosóficas da formação de quadrilha. Ela entra na categoria dos delitos de perigo abstrato. Para alguém ser condenado por formação de quadrilha, basta que tenha se reunido com mais três indivíduos para conceber um crime; não é necessário que tenha tentado pôr o plano em prática nem que tenha havido lesão a direito.

Aqui, o simples comportamento se torna punível independentemente de ter produzido algum resultado. Fazem parte dessa classe de ilícitos atitudes como dirigir embriagado, vender drogas, lavar dinheiro. Compreende-se a vontade do legislador de

apostar na prevenção, mas é complicado colocar sob o tacão do direito penal, com suas penas de privação da liberdade, condutas que não provocaram nenhuma vítima concreta.

A proliferação desse gênero de tipificação, mesmo que não crie um Estado policial, nos torna reféns de percepções de risco que nunca são medidas objetivamente. O que sai muito nos jornais acaba ganhando uma lei, não aquilo que de fato mata.

E as coisas não se resolvem se centrarmos o direito nos resultados das ações. Todos concordamos que o motorista bêbado que atropela e mata alguém merece uma punição mais pesada, senão por homicídio doloso, ao menos culposo. Só que, em termos de intenções, que constituem a alma do direito penal, sua atitude não é diferente da do condutor que cruzou a cidade embriagado, mas teve a sorte de não atingir ninguém. Aí o direito adquire um caráter meio lotérico que nos repugna. O problema de fundo, suspeito, é que não é possível conciliar a ênfase em resultados com a exigência de intencionalidade.