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Sexta-feira, 28 de março de 2014 Gazeta do Povo Coluna do leitor / Pedágios O que o Ministério Público Federal revela acerca dos “atos secretos” sobre os contratos de pedágio no Paraná (Gazeta, 27/3) não causa nenhuma surpresa. Há duas décadas que o estado está sendo leiloado através de concessões obscuras entre concessionárias que exploram as rodovias. Não é de hoje que temos um dos mais caros pedágios da federação. A falta de transparência sobre como se deram as concessões e, consequentemente, seus excessivos termos aditivos dão margem para que tenhamos a presunção de que todos ganham, menos o usuário. Marcelo Rebinski, historiador Corrupção O Brasil tornou-se terra de ninguém há 11 anos, quando uma quadrilha organizada invadiu Brasília e começou, usando dinheiro público, a comprar o Poder Legislativo, que infelizmente já era tomado por indivíduos de mau caráter, aéticos e fisiológicos, mas protegidos por uma excrescência chamada imunidade parlamentar. Coisa de Terceiro Mundo para proteger bandidos da pior espécie e mantê-los atuantes e a serviço do Poder Executivo. O trabalho dessa megaquadrilha é destruir o país. Humberto de Luna Freire Filho, médico, São Paulo – SP Precatório Meu pai entrou na Justiça em 1999, ganhou o direito aos precatórios (Gazeta, 22/3) em 2002, faleceu em 2006 e hoje, em 2014, nós ainda não recebemos. Quem sabe nossos netos, em 2045, possam usufruir de um direito de meu pai. Se fosse o contrário e nós não pagássemos ao estado, com certeza estaríamos na cadeia. É realmente uma vergonha o que o estado faz dando essa desculpa de que o TJ está quase sem funcionários. O estado deve, já perdeu na Justiça e se nega a pagar. Waldir Mattos Trabalho infantil A atuação do MPT-PR em relação a menores que trabalham em lanchonetes (Gazeta, 27/3) caracteriza-se como “excesso de zelo”. Num país que se vê envolvido numa leva crescente de crimes cometidos por menores de idade, não é possível que se condene organizações que dão a esses menores as primeiras condições de se integrar ao mercado de trabalho, marco jurídico e social da cidadania no Brasil. Luiz Fernando Mazzarotto Relações humanas / Para 65%, roupas curtas são motivo para atacar mulheres Opinião é apenas uma das reveladas em estudo do Ipea sobre percepção social. Para pesquisadores, comportamento é “pré-civilizatório” Diego Ribeiro e Brunno Brugnolo, especial para Gazeta do Povo, com agências Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem apresentou um retrato preocupante do comportamento brasileiro. Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o levantamento revelou, entre outros dados, que 65% dos brasileiros concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. Do total de 3.810 entrevistados – dos quais 66,5% são mulheres –, ainda,

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Sexta-feira, 28 de março de 2014

Gazeta do Povo Coluna do leitor / Pedágios

O que o Ministério Público Federal revela acerca dos “atos secretos” sobre os contratos de pedágio no Paraná (Gazeta, 27/3) não causa nenhuma surpresa. Há duas décadas que o estado está sendo leiloado através de concessões obscuras entre concessionárias que exploram as rodovias. Não é de hoje que temos um dos mais caros pedágios da federação. A falta de transparência sobre como se deram as concessões e, consequentemente, seus excessivos termos aditivos dão margem para que tenhamos a presunção de que todos ganham, menos o usuário. Marcelo Rebinski, historiador

Corrupção O Brasil tornou-se terra de ninguém há 11 anos, quando uma quadrilha organizada invadiu Brasília e começou, usando dinheiro público, a comprar o Poder Legislativo, que infelizmente já era tomado por indivíduos de mau caráter, aéticos e fisiológicos, mas protegidos por uma excrescência chamada imunidade parlamentar.

Coisa de Terceiro Mundo para proteger bandidos da pior espécie e mantê-los atuantes e a serviço do Poder Executivo. O trabalho dessa megaquadrilha é destruir o país. Humberto de Luna Freire Filho, médico, São Paulo – SP

Precatório Meu pai entrou na Justiça em 1999, ganhou o direito aos precatórios (Gazeta, 22/3) em 2002, faleceu em 2006 e hoje, em 2014, nós ainda não recebemos.

Quem sabe nossos netos, em 2045, possam usufruir de um direito de meu pai. Se fosse o contrário e nós não pagássemos ao estado, com certeza estaríamos na cadeia. É realmente uma vergonha o que o estado faz dando essa desculpa de que o TJ está quase sem funcionários. O estado deve, já perdeu na Justiça e se nega a pagar. Waldir Mattos

Trabalho infantil A atuação do MPT-PR em relação a menores que trabalham em lanchonetes (Gazeta, 27/3) caracteriza-se como “excesso de zelo”. Num país que se vê envolvido numa leva crescente de crimes cometidos por menores de idade, não é possível que se condene organizações que dão a esses menores as primeiras condições de se integrar ao mercado de trabalho, marco jurídico e social da cidadania no Brasil. Luiz Fernando Mazzarotto Relações humanas / Para 65%, roupas curtas são motivo para atacar mulheres Opinião é apenas uma das reveladas em estudo do Ipea sobre percepção social. Para pesquisadores, comportamento é “pré-civilizatório” Diego Ribeiro e Brunno Brugnolo, especial para Gazeta do Povo, com agências

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem

apresentou um retrato preocupante do comportamento brasileiro. Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o levantamento revelou, entre outros dados, que 65% dos brasileiros concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. Do total de 3.810 entrevistados – dos quais 66,5% são mulheres –, ainda,

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63% disseram concordar com a ideia de que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família”. “Temos um problema social de enorme importância, uma doença coletiva. O quadro que temos no Brasil hoje é de uma sociedade pré-civilizatória”, afirmou o diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea e um dos autores do levantamento, Daniel Cerqueira.

Culpabilização Para ele, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem “adequadamente”.

Para a presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (Cevige) da OAB Paraná, Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, a sociedade evoluiu em vários aspectos, mas ainda resiste quando o tema é igualdade de direitos das mulheres. “É muito assustador. Continuamos a manter conceitos que eram de gerações passadas, do século 18”, comenta.

Estudo O levantamento sobre a percepção social tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% das pessoas concordam com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Moradores de metrópoles das regiões mais ricas do país (Sul e Sudeste), ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Os autores da pesquisa avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante que a adesão a certos valores, como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo. Foco no respeito às diferenças é fundamental, diz especialista

Para a presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (Cevige) da OAB Paraná, Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, é preciso que as escolas desenvolvam um trabalho focado com as novas gerações que foque nas diferenças. “Há ainda muito ranço [de gerações passadas], mas a parte positiva é que a tendência é de que isso ocorra menos no futuro, com os jovens de hoje. É uma tendência [apontada pela própria pesquisa]”, disse. A advogada ressalta que o problema começa na educação inicial das crianças. “Fala-se muito em erotização precoce das meninas, mas ninguém fala sobre virilização precoce dos meninos”, chama atenção a especialista.

Sandra lembra que é preciso também fazer uma crítica à mídia, de uma forma geral, sobre como esta perpetua uma cultura equivocada que contribui para a violência. O próprio pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira ressalta que o machismo que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade e permeia cultura, músicas, meios de comunicação. “Essa semana o metrô de SP, no horário de pico, veiculou a propaganda para xavecar a mulher. Reflexo da cultura que a gente tem”, afirma.

De acordo com a procuradora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Estupro (Naves) do MP, Rosângela Gaspari, o resultado da pesquisa mostra que as conquistas feministas não estão consolidadas. “É ainda uma história em construção, mas é fundamental ressaltar que não há justificativa qualquer para que se cometa um ato de violência contra a mulher”, ressalta.

Ainda na avaliação de Sandra, o feminismo ainda precisa trabalhar e debater o tema na sociedade para que cada vez mais diminua esse histórico violento. Sobretudo, segundo ela, é preciso consolidar o que é de direito. “Queremos ser apenas tratadas com igualdade de direitos”, diz Sandra.

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Absurdo / Meio milhão de pessoas são estupradas por ano no Brasil Junto com o estudo sobre percepção social, o Ipea também divulgou, ontem, o

resultado parcial de uma pesquisa sobre estupro. Chamada de “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo dados da saúde”, a pesquisa mostra que 88,5% das vítimas da violência são do sexo feminino e mais da metade tem menos de 13 anos de idade. O levantamento misturou dados próprios com informações do sistema de agravos de notificação do Ministério da Saúde.

Segundo Daniel Cerqueira, responsável pelo estudo, o objetivo foi buscar entre as pessoas que sofreram a violência as condicionantes que favorecem os ataques. Segundo a pesquisa, as duas principais são baixa escolaridade e vulnerabilidade a alguém bem próximo (família, amigo, vizinho etc). “Eu que sou pesquisador de violência, fiquei bastante estarrecido com a situação. Estimamos que a cada ano no Brasil 527 mil pessoas são estupradas e somente 10% dos casos são reportados à policia”, afirma Cerqueira.

Ataques coletivos A pesquisa olha também para uma realidade que, a princípio, não é encarada como comum no Brasil, mas está bem mais perto de se imagina: os estupros coletivos. Notícias de ataques assim na Índia chegam com bastante frequência via agências internacionais de notícias, mas, segundo o estudo do Ipea, cerca de 15% dos crimes de estupro no Brasil são cometidos por dois ou mais agressores.

Herança Segundo Cerqueira, as causas para a persistência da cultura do estupro e da violência contra mulher no Brasil são inúmeras e, principalmente, culturais. “Existem várias pequenas causas, elas são fruto de uma ideologia patriarcal. Machismo é uma face/expressão dessa ideologia, responsável por demarcar a relação de poder entre os gêneros”, explica Pedágio / Estudos encomendados pelo governo ignoram atos secretos em contratos Duas pesquisas feitas a pedido do DER-PR e da Agepar não levam em conta as mudanças informais investigadas pelo MPF Amanda Audi

Dois estudos sobre os pedágios paranaenses, encomendados para embasar

possíveis revisões contratuais com as concessionárias, não teriam levado em consideração as 13 alterações informais investigadas pelo Ministério Público Federal e mostradas ontem em reportagem da Gazeta do Povo. Esses estudos foram feitos pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) no ano passado e custaram, juntos, R$ 4,8 milhões.

“É certo afirmar que ambos os estudos desconhecem as inúmeras alterações informais realizadas pelo governo estadual que com certeza alteraram ainda mais a base objetiva contratual que existia no início da avença”, diz o relatório preliminar do MPF, que aponta os primeiros resultados de uma investigação em curso sobre os pedágios.

Esses atos informais, na conclusão do MPF, serviram em sua maioria para adiar ou suprimir obras de responsabilidade das concessionárias, fazendo com que elas faturassem mais e investissem menos que o previsto no contrato original.

A formalização de um novo aditivo contratual formal, englobando ou corrigindo modificações informais ou decorrentes de ações judiciais, com aval do governo federal, depende de um acordo entre o governo estadual e as concessionárias. As 180 ações judiciais geradas pelas várias mudanças nos contratos de concessão desde 1998 estão congeladas há quase quatro anos, desde maio de 2011 – quando as partes decidiram suspender o andamento dos processos para chegar a um acordo comum. Até o momento, não há previsão de quando a situação será resolvida.

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Mesmo sem levar em consideração os atos informais, de acordo com o MPF, o levantamento elaborado pela FIA, contratada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), chegou à conclusão de que o cenário mais viável para recuperar o equilíbrio financeiro dos contratos seria a redução da tarifa em um valor próximo ao do reajuste anual, entre outras considerações. Já o estudo da Fipe, encomendado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar), concluiu que as concessionárias foram lesadas por fazerem obras pelas quais não foram compensadas.

Em nota, o DER-PR disse que o levantamento da FIA abrange as alterações dos contratos nos 19 fascículos do seu relatório, mas não especificou se essas alterações englobam os atos informais identificados pelo MPF.

A FIA, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que realizou os trabalhos com base somente em informações públicas ou definidas pelo DER-PR. A reportagem tentou entrar em contato com a Agepar para se posicionar sobre o estudo da Fipe, mas não teve sucesso. Outro lado / Estado e antigos governadores negam qualquer ilegalidade

O DER-PR refutou, mais uma vez, a existência dos atos “secretos”. Segundo o órgão estadual, os documentos citados na reportagem de ontem da Gazeta do Povo “são de conhecimento público” e o processo foi acompanhado pelo Ministério dos Transportes e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com documentação e relatórios trimestrais. A nota emitida pelo DER-PR diz que as alterações da atual gestão foram divulgadas à sociedade, “em especial pelos meios de comunicação”.

O órgão diz ainda que “os procuradores do Ministério Público Federal já haviam questionado a legalidade dos termos de ajustes em outubro de 2013” e que “o TCU havia se manifestado considerando legal o procedimento do governo do Paraná”. Diogo Castor de Mattos, um dos procuradores que compõem a força-tarefa de investigação do MPF, diz desconhecer a manifestação do TCU. “É impossível respaldar ato que não teve publicidade. Desconhecemos esse posicionamento”, responde.

O DER-PR destacou também que o governo Beto Richa tem buscado uma solução negociada “tanto que os investimentos ao longo do Anel de Integração somam mais de R$ 1,5 bilhão, o que resultou na retomada das duplicações, construção de trincheiras e passarelas, além de terceiras faixas e marginais”.

Requião Rogério Tissot, secretário dos Transportes durante o governo de Roberto Requião (PMDB), quando teriam começado os atos informais, segundo o relatório do MPF, diz que todas as alterações administrativas nos contratos durante sua gestão foram comunicadas ao Departamento de Outorgas do Ministério dos Transportes. Em alguns casos, porém, ele admite que modificações foram ordenadas em decisões judiciais, que hoje estão paralisadas.

No caso do acordo com a Ecocataratas, por exemplo, que previu redução de 30% no preço da tarifa em troca da eliminação dos investimentos em duplicações pela concessionária, ele explica que foi firmado, na época, um “pré-acordo”. Em reuniões de 2005, concessionária e estado discutiam os termos para a redução da tarifa. O prazo desse pré-acordo caducou e a concessionária teria conseguido, na Justiça, que o definido na ata de uma das reuniões passasse a valer oficialmente. “No nosso entendimento, a retirada das duplicações é nula, porque não existe termo aditivo que oficialize o que ficou combinado”, explica.

Pessuti Orlando Pessuti (PMDB), governador por 10 meses em 2010, disse que assinou apenas dois atos ligados aos pedágios em sua gestão, mas que nenhum deles fez alterações nos contratos. “Nunca nem me reuni com os diretores dos pedágios”, afirmou Saúde / MPT quer suspender repasse do Mais Médicos a Cuba Folhapress

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O procurador do Ministério Público do Trabalho Sebastião Caixeta ajuizou ontem uma ação civil pública contra o governo federal pedindo isonomia na contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para o programa Mais Médicos, principalmente em relação aos profissionais cubanos. Ele também pede a suspensão do repasse do pagamento da bolsa ao governo de Cuba, que efetua o pagamento aos médicos no Brasil.

Na ação, o procurador pede que os valores do programa sejam pagos diretamente aos médicos no Brasil, ou seja, que eles recebam os R$ 10 mil referentes ao valor integral da bolsa. Atualmente, o governo repassa o montante para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que faz a intermediação com Cuba. O governo cubano então, deposita para os médicos o valor de $ 1,2 mil por mês e retém o restante do valor.

Na ação, o procurador pede que qualquer cláusula contratual que restrinja os direitos fundamentais dos médicos cubanos seja cancelada, principalmente aquelas relativas à remuneração, à livre manifestação do pensamento, à liberdade de locomoção e de se casar ou relacionar-se amorosamente.

Além disso, o procurador pede também o pagamento de décimo terceiro salário, férias anuais com remuneração de, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, licença maternidade e licença-paternidade, e um meio ambiente de trabalho equilibrado, seguro e saudável. De acordo com Caixeta, todas as ações estão previstas na Constituição.

O MPT tentou, inicialmente, aplicar um termo de ajuste de conduta junto ao governo, mas segundo Caixeta, as negociações não avançaram e foi preciso levar o caso à Justiça. O governo tem 72 horas para se manifestar e apresentar defesa. Caso a Justiça acate liminarmente os pedidos do MPT, na prática, o governo terá de suspender o repasse do pagamento ao governo cubano imediatamente. A ação foi ajuizada e distribuída para 13.ª Vara de Trabalho de Brasília.

R$ 1,5 bilhão equivalente a um ano da remuneração dos 13.325 médicos participantes do programa ativos a partir do quarto ciclo. Segundo o MPT, as investigações demonstraram que há claro desvirtuamento na relação de trabalho, mas a ação não pretende interromper o programa, mas sim, adequá-lo à finalidade, que é a contratação de profissionais para atender o sistema de saúde. Congresso / Oposição formaliza pedido para CPI da Petrobras e PT ameaça retaliação Presidente do Senado disse que instalará comissão. Governistas resistem e propõem investigar também escândalos de governos tucanos Folhapress

No dia em que a oposição formalizou o pedido de criação da CPI da Petrobras no

Senado, o Planalto orientou sua base aliada a propor a inclusão de “aditivos” no objeto de investigação da comissão que podem atingir o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos, os principais adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição deste ano.

A ideia é que, além da polêmica compra da refinaria de Pasadena, feita em 2006 e que gerou um prejuízo de US$ 1 bilhão ao Brasil, a CPI investigue também as suspeitas de formação de cartel e fraude à licitação de trens em São Paulo, que atinge os tucanos, e o porto de Suape, administrado por Campos. PSDB e PSB articularam a criação da CPI da Petrobras.

O requerimento foi protocolado ontem pela oposição e conta com o apoio de 28 senadores, sendo oito de partidos da base aliada. Aliado do Planalto, o presidente do

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Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resistia à investigação, mas ontem disse que “não há mais o que fazer” e que discutiria com os líderes sua instalação. A oposição cobrou pública e reservadamente que Renan leia o pedido de criação da CPI até terça-feira.

Estratégia O governo ainda não desistiu de convencer seus aliados a desistirem da comissão, mas já reconhece que a operação tem poucas chances de dar certo. As pressões serão concentradas nos senadores Sérgio Petecão (PSD), Clésio Andrade (PMDB) e Eduardo Amorim (PSC).

A nova estratégia do Planalto foi colocada em prática ontem simultaneamente na Câmara e no Senado. A equipe presidencial diz que a tática é respaldada em precedentes no Congresso, como no caso da CPI das ONGs, na qual foram feitos aditivos ao objeto investigado.

O governo foi defendido pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR): “Se é para fazer investigação política, era importante trazer esse tema [metrô de São Paulo] para a CPI.

Eles estão politizando”. Comissão mista Como terá maioria na comissão, o governo quer, inclusive, iniciar

as investigações pelas irregularidades no metrô paulista, com o argumento de que seriam mais antigas. O Planalto ainda tentará fazer com que a CPI seja mista (Câmara e Senado). A oposição vai combater a operação sob o argumento de que é necessário que os temas tenham vinculação com o objeto principal da CPI, que é investigar a Petrobras.

Lançada pelo PSDB, a CPI da Petrobras, além de investigar o caso Pasadena, tem como alvo o suposto superfaturamento de refinarias, irregularidades em plataformas e a suspeita de que uma empresa holandesa pagou propina a funcionários da estatal. A previsão é que apuração dure 180 dias. A ideia de criar uma CPI ganhou o apoio final necessário com a adesão dos senadores do PSB. Opositores na Câmara tentam viabilizar CPI na terça-feira Agência Estado

Os líderes de PSDB, DEM, PPS e Solidariedade na Câmara dos Deputados se

reunirão na próxima terça-feira para viabilizar uma CPI mista da Petrobras. A intenção é aparar arestas internas e concentrar esforços para a coleta de assinaturas em adesão ao requerimento que já tem apoio no Senado. Até o momento, foi protocolado apenas um pedido de investigação exclusivo do Senado.

A coleta de assinaturas está gerando conflitos na Câmara devido a uma disputa pela autoria da iniciativa. Antes da reunião em que o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) acertou a estratégia de busca de apoios no Senado, o PPS já coletava na Câmara assinaturas para um pedido de CPI mista. Este requerimento ultrapassou na quarta-feira as 171 assinaturas necessárias (já tem 178), mas não tem ainda apoio de nenhum senador.

Em paralelo, Aécio e os líderes no Senado buscaram apoio para outro requerimento, de autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Somente na quarta-feira este pedido começou a circular na Câmara para a coleta de assinaturas.

Ânimos Para evitar a briga interna, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), acertou com os colegas uma reunião na terça-feira para apaziguar os ânimos. A intenção é produzir um acordo para que a coleta seja concentrada em único requerimento. A preferência da maioria dos líderes é pelo texto do Senado, que inclui a construção de refinarias, permitindo a investigação da construção da Abreu e Lima, em Pernambuco, que ocorreria em sociedade do Brasil com a Venezuela.

Governo A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse ontem que a prioridade do governo é evitar que a Petrobras “não seja exposta a um palanque, a uma briga eleitoral”. “Estamos acompanhando. Para nós o fundamental é que a empresa do

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porte da Petrobras não seja exposta a um palanque, a uma briga eleitoral. Até porque as investigações estão sendo feitas pelos órgãos”, disse. Segundo a ministra, não há receio do governo de que aliados usem a CPI para impor derrotas.

No TCU O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, disse ontem que o caso Pasadena deve ser analisado nos próximos dias. “É trabalho que o tribunal está verificando. Deve ser relatado nos próximos dias”, disse Nardes numa referência à transação comercial que envolveu a compra da refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. O caso é relatado pelo ministro José Jorge. Ele tem a prerrogativa de definir quando apresentará seu parecer, mas Nardes adiantou que isso não vai passar do primeiro semestre. Entenda o caso As principais denúncias recentes envolvendo a Petrobras:

Calote A Petrobras é questionada sobre a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A unidade inicialmente seria erguida em uma parceria com a Venezuela, mas um acordo entre os ex-presidentes Lula (PT) e Hugo Chávez (foto) teria deixado o Brasil com a missão de assumir, sozinho, uma conta que pode chegar a quase US$ 20 bilhões.

Propina Funcionários da Petrobras são alvos de denúncias de recebimento de propina por uma empresa holandesa que teria interesse em conseguir contratos de locação de plataformas petrolíferas entre 2005 e 2012.

Pasadena A Petrobras teria sido prejudicada em US$ 1 bilhão quando da compra, em 2006, da Refinaria de Pasadena (EUA). A presidente Dilma Rousseff (PT), que presidia o Conselho de Administração da Petrobras na época, votou a favor da compra de parte da refinaria. Ela alegou recentemente que o voto foi dado com base em um resumo juridicamente “falho’’.

Ex-diretor A Polícia Federal deflagrou a operação Lava Jato e prendeu 24 pessoas que teriam desviado R$ 10 bilhões. Entre os presos está o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (foto). Ele também é investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra da refinaria.

Braços A Polícia Federal suspeita que o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, pagou R$ 7,9 milhões em propinas, entre 2011 e 2012, para Paulo Roberto Costa. Segundo a PF, parte dos pagamentos estava relacionada a obras da refinaria Abreu e Lima, na qual Costa teve participação. Oposição Aécio diz que governo faz “chantagem” para que aliados recuem Folhapress

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou ontem o governo federal de “chantagear” aliados que assinaram o pedido de criação da comissão de inquérito para que recuem do apoio. “Eu não acredito que nenhum dos signatários possa se submeter a qualquer tipo de chantagem. Mas a simples afirmação de lideranças do governo de que vão retirar assinaturas é um ataque à integridade do Congresso Nacional”, afirmou Aécio.

Como não conseguiu impedir a adesão de aliados ao pedido de criação da CPI, o Palácio do Planalto agora trabalha para convencer governistas a retirarem assinaturas do requerimento. O prazo para a retirada termina somente à meia-noite do dia em que o documento for lido no plenário do Senado por Renan. A oposição também vai brigar para ocupar cargos de comando na comissão de inquérito. Investigação / MP pede prisão preventiva de 6 executivos por cartel

O Ministério Público (MP) pediu à Justiça a decretação da prisão preventiva de pelo menos seis executivos acusados de formação de cartel e fraude à licitação em

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concorrências públicas de trens em São Paulo de 1998 a 2008. Todos são estrangeiros e vivem fora do Brasil. Segundo a Promotoria, os acusados não foram localizados nas investigações do caso e residem no exterior, e por isso as detenções são necessárias para que eles possam ser processados e punidos. No requerimento ao Judiciário, o promotor Marcelo Mendroni diz que eles devem ser presos para a “garantia da ordem econômica”. Os pedidos de prisão preventiva foram feitos em duas das cinco denúncias criminais apresentadas pelo MP à Justiça na segunda-feira. Trinta executivos de 12 empresas foram formalmente acusados. O promotor pediu a prisão de Serge van Themsche, Peter Rathgeber, Robert Huber Weber, Herbert Hans Steffen, Rainer Giebl e José Aniorte Jimenez. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos executivos. Show / Após seis anos, Pedreira reabre ao som do rei Roberto Carlos se apresenta no tradicional espaço neste sábado, para cerca de 8 mil pessoas Rafael Rodrigues Costa

Foi uma longa novela até a Pedreira Paulo Leminski recuperar o direito de sediar

grandes shows depois de ter sido fechada pela Justiça a pedido de uma ação do Ministério Público movida em nome de moradores da região, em 2008. Pouco mais de dois meses após o anúncio da liberação, os curitibanos dispostos a pagar até R$ 600 por um ingresso poderão finalmente voltar ao espaço reformado para ver de perto um astro de primeira grandeza.

O nome escolhido para a esperada reabertura, que acontece neste sábado, é o cantor Roberto Carlos, que volta à capital paranaense quatro anos depois de cantar para cerca de 50 mil pessoas na Praça Nossa Senhora de Salette, em 2010. A lotação máxima para esta apresentação será menor – de 8,2 mil, já que a plateia será acomodada em cadeiras. Mas o repertório de clássicos deve ser o mesmo: os fãs podem esperar por sucessos do calibre de “Emoções”, “Como É Grande o Meu Amor por Você”, “Nossa Senhora”, além do hit recente “Esse Cara Sou Eu”.

De acordo com Hélio Pimentel, sócio-gerente da DC Set Promoções, que administra o Parque das Pedreiras, o rei está ciente de que se apresenta na reabertura de um espaço importante de Curitiba em pleno aniversário da cidade. “Ele vem com a expectativa de participar de um grande evento histórico”, diz Pimentel.

Depois de adequar a estrutura do local a uma série de exigências, a preocupação dos organizadores para o dia do evento é o meio de transporte que o público irá escolher. A ideia é desestimular a escolha do carro com bloqueio das principais vias próximas ao local, a partir da manhã de sábado, conforme informações da Sentran – confira no mapa ao lado. “A entrada do show fica a mais de 800 metros do lugar mais próximo onde parar”, explica Pimentel. “É preciso criar essa cultura de não ir ao show de automóvel. O importante é sair de casa cedo e usar o Pedreira Bus”, insiste.

8,2 mil é o número máximo de pessoas previsto para o show de Roberto Carlos. Até o fechamento desta edição, 1,2 mil ingressos ainda estavam disponíveis. O preço dos bilhetes varia de R$150 (meia-entrada) a R$ 600, de acordo com o setor. Bem Paraná Política em debate / Doações Josianne Ritz

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A senadora Gleisi Hoffmann (PT) divulgou nota negando ter recebido doações de campanha de concessionárias do pedágio. A reportagem da Gazeta do Povo apontou que segundo investigação do Ministério Público Federal, ela teria recebido R$ 1,3 milhão na campanha para o Senado nas eleições de 2010, de “pessoas e empresas ligadas às concessionárias”. Em relação a essa questão, a petista afirma na nota “se houve doações de empresas que eventualmente tenham participação acionária em concessionárias de pedágio é importante esclarecer que estas contribuições são regulares (art. 24, III, da Lei Eleitoral). É o que sempre reconheceu o Tribunal Superior Eleitoral: “(...) 2. A doação efetuada por sócia ou acionista de outra empresa concessionária ou permissionária de serviço público não configura doação recebida de fonte vedada.”

Condomínios A Assembleia Legislativa instala na próxima segunda-feira uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que pretende investigar possíveis irregularidades cometidas por administradoras de condomínios, garantidoras e síndicos. A proposta é do deputado Roberto Aciolli (PV), que alegou ter recebido reclamações a respeito de cobranças indevidas, valores abusivos e outras irregularidades. O prazo de trabalho da comissão será de 120 dias. “São várias as reclamações, que vão desde cobranças abusivas, coerção, apropriação indébita até despejos fraudulentos”, afirmou Aciolli. “Uma das vítimas tinha uma dívida de R$ 6 mil e, quando foi pagar, a empresa cobrava R$ 200 mil, mais de 30 vezes o valor devido”, explica ele.

Publicidade O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR) revogou a medida cautelar que impedia a continuidade de licitação realizada pela Prefeitura de Curitiba para a contratação de agências de publicidade. O despacho emitido pelo corregedor-geral, conselheiro Ivan Bonilha, no último dia 20, foi homologado pelo Pleno do TCE na sessão de ontem. A concorrência realizada pela Secretaria Municipal de Comunicação Social, prevê a contratação de até quatro agências, para a prestação de serviços de publicidade aos órgãos da administração direta e indireta municipal. O valor máximo da contratação é de R$ 20 milhões, no período de um ano. A partir de Representação da Lei de Licitações recebida pelo TCE, a Corregedoria-Geral havia suspendido cautelarmente o certame duas vezes.

Desaprovação O ex-prefeito de Guaratuba (Litoral), Miguel Jamur, terá devolver R$ 2,8 milhões aos cofres municipais. O motivo são sete irregularidades que o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR) identificou nas contas do convênio assinado, em 2007, entre o município e o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc). Entre as irregularidades encontradas estão o objeto da parceria: limpeza pública, que não é prevista por lei. O TCE também constatou que “todos os termos de parceria estão irregulares”. Eles instituem, na prática, terceirização de mão de obra para contratação de pessoal sem concurso público.

Pedágio O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa que investiga o pedágio, deputado estadual Nelson Luersen (PDT), divulgou nota afirmando que a CPI já havia questionado a falta de documentação que comprovasse que atos administrativos tomados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) tivessem sido publicados em Diário Oficial. Reportagem publicada ontem pela Gazeta do Povo aponta que segundo investigação do Ministério Público, pelo menos 13 atos que alteraram os contratos de pedágio foram decididos sem publicação no Diário Oficial e sem anuência do governo federal. A maioria para adiar ou cancelar obras previstas nos contratos originais. A direção paranaense da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR/PR) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR) alegaram que as mudanças seguiram os trâmites legais.

Indícios Segundo a CPI, pedidos de informações foram feitos pela comissão, mas nenhuma cópia das publicações oficiais foi encaminhada – “o que dava claros indícios de irregularidades”. As alterações teriam ocorrido em todos os governos estaduais desde o início da cobrança do pedágio, em 1998, na gestão de Jaime Lerner. No entanto, os atos

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irregulares, sem publicação oficial e sem anuência da União, começaram em 2003 e continuaram até 2014. “Quando investigamos o pedágio no Paraná e verificamos a ausência destes documentos e formalizações oficiais, ficamos perplexos”, disse Luersen.

Em baixa O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Rejeitou o pedido do Ministério Público para multar em R$ 25 mil a presidente Dilam Roussef , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, por propaganda eleitoral antecipada. Os ministros entenderam que não houve promoção pessoal nos programas. Karlos Kohlbach / CPI natimorta

Morreu na casca a ideia do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) de propor a instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar os motivos pelos quais o governo do Paraná encontra tanta dificuldade e resistência em obter a liberação de empréstimos nacionais e internacionais. Depois de muito refletir, não o deputado, mas sim o Palácio Iguaçu, a conclusão é que os efeitos práticos são menores que as chances de desgaste – já que a oposição poderia convocar membros do governo, como os ex-secretários da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Jozélia Nogueira para expor ainda mais as finanças do Estado. Uma das provas deste diagnóstico foi o súbito interesse da bancada do PT na Assembleia pela instalação da CPI. Pelo sim, pelo não, melhor desistir da CPI. E é isto que será feito e anunciado por Romanelli.

A nossa Petrobrás Guardadas as devidas proporções, já tem gente da oposição na Assembleia Legislativa dizendo que as empresas de pedágio que atuam no estado estão para o governo do Paraná assim como a Petrobrás está para o governo federal. Ou seja, é uma mina que se acionada pode causar estragos irreparáveis. Tem político que não pode nem ouvir falar em pedágio. A diferença é que as pedageiras doaram recursos tanto para a campanha dos governistas quanto para a oposição. A notícia de que a investigação do Ministério Público Federal já identificou “atos secretos” que beneficiaram as empresas, aumentando o faturamento, ainda está sendo digerida no meio político do Paraná. Um tucano de bico grande avalia que se o MPF for até as últimas consequências na investigação sobre os pedágios, requerendo para a Justiça a quebra de sigilo bancário, por exemplo, o estrago pode ser tão grande quanto o Palácio do Planalto teme com a CPI da Petrobrás.

“Não há mais o que fazer” Dentro do Palácio do Planalto a CPI do Senado Federal para investigar as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás já é uma certeza. O governo articulou, colocou ministros de Estado para convencer senadores a não assinar o requerimento para instalar a comissão, mas não adiantou. Ontem, o pedido de CPI foi protocolado e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), declarou: “Não há mais o que fazer”. O Planalto agora corre para tentar evitar maiores danos – principalmente porque é ano eleitoral. A estratégia é assegurar que a CPI seja mista – ou seja, do Senado e da Câmara Federal. Assim, o PMDB do Senado, menos revolto, ficaria com a presidência da comissão e o PT na Câmara com a relatoria. Garantiria assim, em tese, os rumos da CPI da Petrobrás. O Diário do Norte do Paraná Opinião / O leite nosso de cada dia José Boromelo, escritor e cronista

Um empresário foi preso no Rio Grande do Sul acusado de crimes contra a saúde

pública. O flagrante num posto de resfriamento confirmou a adição de produtos químicos

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e água no leite para simular suas propriedades naturais, com o intuito de aumentar significativamente seu volume e auferir lucros com a prática altamente danosa ao organismo humano. O Ministério Público, agentes do Ministério da Agricultura e a polícia gaúcha tentam rastrear o destino final e a real quantidade de leite enviada para diferentes laticínios, mas já se sabe que centenas de milhares de litros foram comercializadas nos estados do Paraná e São Paulo, com marcas distintas.

Os revendedores do produto foram orientados a retirar o lote contaminado das prateleiras, mas os danos provocados à saúde dificilmente serão constatados de imediato. Entre os produtos utilizados para a consecução do ilícito está a ureia, que em contato com o leite libera o formol, substância altamente cancerígena a longo prazo.

O brasileiro sofre há muito com a falta de escrúpulos e a desonestidade nos segmentos do comércio e da indústria, em que a busca pelo lucro fácil supera todos os limites aceitáveis. Esse acontecimento recente foi apenas mais um entre os incontáveis casos de desrespeito aos direitos elementares do consumidor. Certamente a adulteração do leite remonta a décadas, mas só agora veio a público. Assim foi no caso do frango congelado, que carregava consigo uma quantidade excessiva de água, ludibriando a boa fé do consumidor. Alguns produtos conseguem atrair o eventual interessado utilizando embalagens visualmente criativas como a bebida láctea, genérico do iogurte que diminuiu de volume sem alterar significativamente o sabor e que muitos desatentos confundem com o original. Há casos graves como a larva encontrada no chocolate, objetos estranhos no refrigerante, na farinha de trigo e nos enlatados. Uma lista imensa de fatos nebulosos que vez ou outra estampa as manchetes dos noticiários.

Visando proteger a população contra a transmissão de doenças como brucelose, tuberculose e febre aftosa entre outras, as unidades federadas editaram normativas com o propósito de inibir o comércio de leite "in natura", uma tradição principalmente nos pequenos municípios. A alternativa para os produtores que mostraram interesse em permanecer na atividade respeitando a legislação foi a adesão ao programa de pasteurização coletiva, com resultados pouco satisfatórios. Pelo visto o leite comercializado de porta em porta se mostra bem mais saudável que o industrializado, principalmente aquele oriundo de determinada região do País. Não obstante a gravidade dos fatos sabe-se de antemão que apesar de todas as evidências, os responsáveis poderão responder ao processo criminal em liberdade após pagamento de fiança. Como no Brasil as coisas andam a passo de tartaruga, será mais um monte de papel empoeirado nas prateleiras da burocracia. Nota-se que o prejuízo fica sempre com o consumidor, inerte diante da ganância desenfreada e da cultura antiética que acompanha certos empresários desse País.

Já que se torna inviável acomodar no gramado do jardim uma vaquinha ou uma cabrita para ter o prazer de saborear leite fresco todo dia, o jeito é torcer para que o aparelho digestivo resista bravamente à ação maléfica da mistura criminosa. E aceitar com resignação o ônus que o sistema perverso impõe à parte mais vulnerável nas relações do comércio. Porque esperar por alguma postura decente diante de fatos tão graves seria mesmo uma grande utopia. Diário dos Campos TCE reprova contas de Ortigueira após reajuste irregular Da Redação

A concessão de reposição salarial ao magistério acima da inflação em período

eleitoral levou à desaprovação das contas de 2012 do Município de Ortigueira pelo

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Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Outra irregularidade foi o atraso de 75 dias no envio de dados contábeis, financeiros, operacionais e patrimoniais do sexto bimestre daquele exercício ao Sistema de Informações Municipais (SIM-AM) do Tribunal.

Em virtude das irregularidades, o então prefeito de Ortigueira, Geraldo Magela do Nascimento (PSDB), recebeu duas multas, que somam R$ 1.450,96. As sanções administrativas estão previstas no Artigo 87 da Lei Orgânica do TCE (Lei Complementar Estadual 113/2005). O TCE encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público Estadual, em virtude da violação da Lei Federal 9.504/97, que estabelece normas para as eleições no país. (das assessorias) Órgãos definem plano de ações em prol do sistema prisional Das Assessorias

Representantes do Programa Segurança sem Violência definiram as principais

metas do plano destinado ao aperfeiçoamento do sistema carcerário no Brasil. Fazem parte da iniciativa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Ministério da Justiça, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege).Constituem essas áreas: a construção de unidades prisionais e a melhoria das condições carcerárias; a adoção de medidas alternativas às penas privativas de liberdade; a prestação de assistência jurídica a presos provisórios e definitivos e formas de acelerar a tramitação dos processos penais; a instituição de mecanismos de redução da pena com reinserção social e mobilização da sociedade civil para a ressocialização de ex-detentos; a criação de incentivos fiscais para estados e municípios que receberem estabelecimento penal e a implantação de melhorias na gestão do sistema prisional.O desenvolvimento dessas medidas, entretanto, dependerá da aprovação pelo colegiado dos órgãos aos quais elas se destinam. Na ocasião, definiu-se que uma comissão constituída por representantes de todos os órgãos parceiros apresentará, em até 30 dias, um plano de atuação com ações e metas capazes de sanar alguns dos principais problemas do sistema prisional. Folha de Londrina MPF contesta doações ligadas a concessionárias Procuradores da República ainda criticam atuação do Executivo na questão do pedágio e apontam falta de publicidade em alterações contratuais Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - Um relatório parcial da força-tarefa montada pelo Ministério Público

Federal (MPF) para averiguar a situação dos pedágios no Paraná mostra que candidatos receberam milhões de reais de sócios ou de outras pessoas ligadas às seis empresas responsáveis pelas concessões nos pleitos de 2008 e 2010. Segundo o MPF, a manobra contraria o artigo 24 da Lei das Eleições (9.504/97), que veda doações a políticos, de forma direta ou indireta, por parte de concessionários ou permissionários de serviços públicos. As investigações começaram em agosto de 2013 e devem seguir por mais seis meses.

Conforme o documento, o então candidato Beto Richa (PSDB), hoje governador do Estado, recebeu R$ 2 milhões em 2010, sendo R$ 500 mil da Construtora Triunfo, proprietária da Econorte, e R$ 1,5 milhão da Camargo Corrêa, ligada à Ecovia. O tucano

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também se utilizou da prática na campanha anterior, à Prefeitura de Curitiba, quando angariou R$ 1 milhão.

Na corrida ao Senado, a maior beneficiária foi Gleisi Hoffmann (PT), com R$ 1,35 milhão, recolhidos de pessoas físicas relacionadas ao pedágio. O atual prefeito da capital, Gustavo Fruet (PDT), com R$ 140 mil, e o ex-governador Roberto Requião (PMDB), com R$ 15 mil, também são citados.

De acordo com o procurador da República de Jacarezinho, Diogo Castor de Mattos, tal mecanismo viola os princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, uma vez que o poder econômico influencia na disputa eleitoral. "A questão dos candidatos é problemática porque o prazo (para questionar) doações ilícitas se encerra 15 dias após a diplomação. Então a providência é mais no sentido de fiscalizar, de fazer com que a sociedade civil tenha conhecimento e de evitar que situações como essa voltem a ocorrer", afirmou.

As investigações também mostram que cinco deputados estaduais angariaram verbas de empresas responsáveis pelo Anel de Integração. Todos eles integram a base de apoio ao governador na Assembleia Legislativa (AL). O presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB), recebeu R$ 50 mil de um sócio da Tucuman, acionista da Caminhos do Paraná. O mesmo empresário teria doado R$ 20 mil a Alceu Maron Filho (PSDB). Os demais parlamentares são Evandro Jr. (PSDB) e Hermas Brandão Jr. (PSB), ambos beneficiados com R$ 20 mil de um sócio da Goetz Lobato, também acionista da Caminhos, e Plauto Miró (DEM), que recebeu R$ 30 mil da Hafil Empreendimentos, pertencente ao grupo econômico da CR. Almeida, ligado à Ecovia.

Atos secretos O MPF revela ainda uma série de modificações ilegais nos contratos com as rodovias desde 1998. Entre elas estão "atos administrativos editados sem publicidade" ou sem qualquer ata de reuniões. Para os procuradores, todas essas alterações foram realizadas sem embasamento técnico e quase sempre foram benéficas às empresas, pois culminaram com postergações ou supressões de investimentos, sem reduções tarifárias.

O documento também aborda a existência de contratos de consultorias suspeitos e acusa o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), do governo do Estado, de omissão, pelo fato de não ter adotado medidas fiscalizatórias efetivas. SAIBA MAIS "RESPONSABILIDADE DILUÍDA"

Para os procuradores da República, conforme relatório preliminar, "a responsabilidade do fracasso do Programa de Concessões Federais é diluída por todos os governos estaduais desde 1998, como também, pelo afastamento do governo federal". Veja trechos do documento: SOBRE GESTÃO JAIME LERNER (1995-2002)

O decreto unilateral de julho de 1998 só pode ser justificado do ponto de vista eleitoral. Modificar todo o projeto rodoviário previsto 24 dias depois do pedágio começar a operar no Estado evidencia uma severa violação ao princípio da boa-fé objetiva. SOBRE GESTÃO ROBERTO REQUIÃO (2003-2010)

Em que pese tenha assumido um discurso de beligerância em relação aos pedágios, também pouco fez de efetivo para melhorar a situação para o usuário. Pelo contrário, dessa época se iniciam os atos "informais" de modificação do Plano de Exploração de Rodovias (PER) que suprimiram ainda mais obras em troca de redução tarifária. SOBRE GESTÃO BETO RICHA (2011-2014)

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Já o atual governador apresentou um discurso mais ameno, com propostas em tese conciliatórias, determinando a suspensão de dezenas de ações judiciais envolvendo o Estado e as empresas. Sustentou que esse seria o caminho para melhorar a situação para o usuário. Contudo, até o presente momento, nenhuma revisão contratual foi feita em favor do usuário, em que pese diversos apontamentos técnicos das Cortes de Contas Federal e Estadual comprovem a existência de substancial desequilíbrio.

Diversos atos informais de modificação do PER foram editados, com a interveniência do DER, postergando a execução de diversas obras que beneficiaram ainda mais as empresas concessionárias. Na mesma linha, vislumbra-se uma dificuldade grande de disponibilização do acesso às informações envolvendo os contratos de concessão. ‘Sócia ou acionista não é fonte vedada’

Curitiba - Por meio de sua assessoria de imprensa, Beto Richa justificou que todas as doações de campanha são públicas, foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral na prestação de contas. "O governador rechaça qualquer possibilidade de irregularidade ou ilegalidade." Já Gleisi Hoffmann disse, em nota, que não recebeu doação de concessionárias de pedágio em nenhuma das eleições disputadas, razão pela qual suas prestações "sempre foram integralmente aprovadas". Na mesma nota, a petista cita trecho de um despacho de 2013 do Tribunal Superior Eleitoral, no qual a ministra Nancy Andrighi escreve que "a doação efetuada por sócia ou acionista de outra empresa concessionária ou permissionária de serviço público não configura doação recebida de fonte vedada".

Sobre os R$ 15 mil recebidos de Joel Malucelli, ligado à Rodonorte, Roberto Requião explicou, também via assessoria, que o valor se refere ao aluguel de uma casa, de propriedade do empresário. O imóvel teria sido utilizado como comitê eleitoral tanto pelo peemedebista como pelo seu sobrinho, o deputado federal João Arruda (PMDB-PR), que é genro de Malucelli.

A assessoria de Valdir Rossoni, por sua vez, alegou que ele estava em viagem pelo interior do Estado, motivo pelo qual não foi localizado. A FOLHA tentou contato com os outros quatro membros da AL citados no relatório. Destes, apenas Evandro Junior foi encontrado. "Estava respaldado pela lei em vigor, que dizia que eu poderia receber (recursos) de qualquer pessoa jurídica. E na época, disputava minha primeira eleição. É diferente do cara que já é deputado." (M.F.R.) Informe Folha / Data definida

A vereadora Elza Correia (PMDB) anunciou ontem que deixa oficialmente a liderança do governo na Câmara de Londrina a partir de segunda-feira, quando a função passa a ser exclusiva do Professor Fabinho (PPS). A data foi estipulada porque é quando o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) retorna de viagem oficial ao Japão. Ontem, Elza voltou a justificar que seu acordo com o prefeito é que permaneceria como líder por um ano, mas acabou ficando três meses a mais. Desde 11 de março, Elza e Fabinho passaram por um "período de transição" para que o novo líder assimilasse melhor as obrigações. "Ele me pediu apenas que desse apoio a ele como vereadora", afirmou Elza.

Discurso mais maleável Elza Correia nega veementemente que sua saída tenha a ver com a possibilidade de ser candidata do PMDB à Assembleia Legislativa. Porém, se até o dia 11 sua posição era a de que permaneceria na Câmara Municipal até 2016, ontem o discurso foi um pouco mais maleável. "Não é o que eu desejo, mas tem que ver o que o partido quer. Por mim, concluo meu mandato", afirmou.

R$ 2,8 milhões O ex-prefeito de Guaratuba (Litoral) Miguel Jamur deverá devolver R$ 2,8 milhões aos cofres municipais. O motivo são sete irregularidades que o

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Tribunal de Contas (TC) do Paraná identificou nas contas do convênio assinado, em 2007, entre o Município e o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc). O ressarcimento é solidário com o presidente do Ibrasc, Wagner Daniel Dutra Mattos, e o próprio instituto.

Problemas O TC sustenta que serviços de limpeza pública não podem ser objeto de convênios do tipo e que não houve prestação de contas de todos os recursos repassados. Além disso, o TC apontou problemas nos serviços. Para o órgão, a atuação do Ibrasc foi ineficiente e onerosa: "Os serviços de PSF (Programa de Saúde da Família) foram interrompidos após auditoria do Ministério da Saúde, tendo sido revelados desvios e várias irregularidades", diz trecho do relatório do TC.

Folga no aniversário Os servidores do Legislativo e do Executivo de Guaratuba (Litoral) podem ganhar uma folga remunerada no dia do próprio aniversário. É o que prevê o projeto de lei número 557, de autoria do vereador Itamar Júnior (PSC), aprovado já em segunda discussão na última segunda-feira. O texto foi aprovado com apenas um voto contrário, do vereador Maurício Lense (PPS). A matéria segue para a sanção ou veto da prefeita da cidade, Evani Justus (PSDB).

Só metade do expediente O Ministério Público (MP) do Paraná acionou o ex-presidente da Câmara de Santa Terezinha de Itaipu (Oeste) Alexandre Luiz de Sousa e uma ex-assessora parlamentar comissionada, Jaciara Ramos, por ato de improbidade administrativa. O promotor de Justiça Marcos Cristiano de Andrade afirma que, durante praticamente todo o ano de 2011, a servidora cumpriu só metade de sua jornada de trabalho, mas recebeu integralmente os salários, sem que o ex-presidente do Legislativo tomasse qualquer providência. A jornada de trabalho se estendia das 8h30 às 11h30 e das 13h30 as 17h30, mas a servidora, segundo o MP, frequentava um curso universitário no período da manhã, em Foz do Iguaçu.

Contas de Ortigueira A concessão de reposição salarial ao magistério acima da inflação em período eleitoral levou à reprovação das contas de 2012 da Prefeitura de Ortigueira (Centro) pelo Tribunal de Contas (TC) do Paraná. Outra irregularidade foi o atraso de 75 dias no envio de dados ao TC. Por causa das irregularidades, o então prefeito de Ortigueira, o tucano Geraldo Magela do Nascimento (gestão 2009-2012), recebeu duas multas, que somam R$ 1.450,96.

Sobre eleições O Ministério Público (MP) do Paraná realiza hoje em Curitiba uma reunião de trabalho sobre as eleições de 2014. O evento é promovido pela Coordenadoria das Promotorias de Justiça Eleitorais e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). O encontro será das 13h30 às 17h30, com transmissão ao vivo, via webcast, para membros da instituição, em especial promotores e procuradores de Justiça com atribuição na área.

Publicidade do BRDE O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) abriu licitação este mês para contratar uma agência de publicidade. A instituição financeira pública de fomento - criada pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – prevê gastar R$ 4,9 milhões no contratação por um período de cinco anos. Câmara rejeita ‘CEI do Marco Zero’ Fiscalização iniciada pela Comissão de Trabalho e mobilização da Acil tiram força de grupo de investigação Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

Com sete votos a favor e dez contrários, a Câmara de Londrina enterrou ontem a Comissão Especial de Inquérito (CEI) proposta por Jamil Janene (PP) para investigar os motivos da dificuldade de concessão de alvarás para os empreendimentos que rodeiam o

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Marco Zero. O autor perdeu até mesmo o apoio de quem chegou a assinar seu pedido de investigação, datado do início de fevereiro.

Assinam o requerimento, além de Jamil, os vereadores Gustavo Richa (PHS), Mário Takahashi (PV), Padre Roque (PR), Gaúcho Tamarrado (PDT), Péricles Deliberador (PMN) e Tio Douglas (PTB). Ontem, os dois últimos votaram contra a CEI e Gaúcho se ausentou do plenário durante a votação.

Após a votação, Jamil reclamou de suposta interferência do Executivo. "O Márcio Stamm (chefe de gabinete) me ligou três vezes ontem, pedindo para retirar o requerimento", afirmou. Outros vereadores negaram terem sido pressionados. A FOLHA tentou contato com Stamm, mas o celular estava desligado.

Jamil pretendia abrir a investigação com base em declarações do empresário Raul Fulgêncio, feitas no ano passado, na Câmara. Na ocasião, ele afirmou que a administração municipal "sangra" grandes empreendedores e que a Leroy Merlin, que integra o complexo do Marco Zero, mesmo atendendo todas as contrapartidas, teve o alvará definitivo negado.

O pedido de CEI entrou pela primeira vez em discussão no dia 14 de fevereiro, mas acabou retirado de pauta por emenda de Roberto Fu (PDT), que ampliaria a investigação para todos os hipermercados e lojas de departamento de Londrina. O autor, entretanto, decidiu suspender a votação por 90 dias após a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) se comprometer a apurar a situação.

Nesse meio tempo, a Comissão de Trabalho da Câmara assumiu uma apuração paralela. A medida provocou "ciúmes" de Jamil, que estava com seu requerimento congelado devido ao acordo.

Alegando ter um "fato novo", o vereador voltou atrás na terça-feira passada, quando pediu o retorno para a pauta do Legislativo de ontem. Jamil apresentou um vídeo com cópias de reportagens de jornais impressos, rádios e tevês, além de trechos da fala de Fulgêncio no Legislativo.

Outros vereadores lembraram que a Câmara já está apurando o fato com a Comissão de Trabalho e que a CEI é um instrumento muito forte, a ser utilizada apenas em ocasiões em que há obstáculos para a fiscalização.

CGM abre sindicância para apurar problemas

A Corregedoria-Geral do Município (CGM) instaurou ontem uma sindicância para apurar possíveis irregularidades no processo de implementação de empreendimentos comerciais no entorno do Marco Zero. O procedimento foi iniciado a pedido da promotora de Justiça do Patrimônio Público Sandra Koch, que já tem inquérito aberto sobre o caso.

De acordo com a corregedora-geral interina Adriana Granado, o ofício do Ministério Público chegou no fim do ano passado ao Executivo, mas só foi atendido agora porque teve de aguardar uma fila de procedimentos que estavam na frente.

Segundo ela, o ofício da promotora não faz alusão a algum fato específico ou à participação ou erros de servidores municipais. "Só fala de possíveis irregularidades no processo de implementação dos empreendimentos", afirma a corregedora. O complexo é composto por uma loja de materiais de construção, um shopping center e um hotel, que ainda não está terminado.

O processo interno da administração municipal deve se iniciar com a análise dos documentos referentes aos pedidos de construção e aprovação de projetos, entre outros. O prazo para a conclusão é de 90 dias, mas pode ser prorrogado por igual período. (L.F.W.)

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Para 65%, mulher com roupa curta merece ser atacada Por outro lado, 91% concordam com a prisão de marido que bate na esposa, aponta pequisa do IPEA Lucio Flávio Cruz Reportagem Local

Londrina - A maioria dos brasileiros concorda com a ideia de que marido que bate na esposa deve ir para a cadeia, revelou pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou nas entrevistas de 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado. A pesquisa mostra que 91% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a prisão dos maridos que batem em suas esposas. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher.

Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família". "Isso não é uma questão familiar. A agressão de mulheres é uma epidemia mundial e impacta na saúde dos filhos e das vítimas e na vida das pessoas, por isso precisa ser um preocupação pública. Só no âmbito familiar o problema não será resolvido", ressaltou Susana Lacerda, promotora da Vara Maria da Penha de Londrina.

Causou espanto entre os próprios pesquisadores o fato de que 65% disseram concordar com a frase: "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Isso deixa claro para os autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher pelos casos de violência sexual.

A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% concordam com esse pensamento.

"Muitas mulheres realmente se sentem culpadas pela agressão, o que não traduz a realidade. As vítimas entram em um ciclo de violência e não conseguem sair sozinhas. É preciso apoio de profissionais e terapias individuais e coletivas. Caso contrário, cedo ou tarde a violência vai se repetir", frisou Eunícia Lohn, coordenadora do Centro de Referência da Mulher em Curitiba.

"A maneira de se comportar não justifica uma agressão. A mulher tem o direito de fazer o que quiser com seu corpo e não pode se sentir culpada por isso", apontou Lucimar Rodrigues da Silva, diretora de Enfrentamento da Violência Contra a Mulher da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de Londrina.

A conselheira da organização não governamental (ONG) Espaço Mulher, Ludmila Nascarella, entende que essa situação é "triste e lamentável" e reflete a realidade atual. "As mulheres estão tomando mais coragem em denunciar a violência, apesar de continuarem sendo vítimas. A cada dois segundos uma mulher é agredida na América Latina", apontou.

A pesquisa do Ipea também revela que a maior parte dos brasileiros se incomoda em ver dois homens ou mulheres se beijando. Dos entrevistados, 59% relataram desconforto diante da cena. A relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo também não tem uma aceitação expressiva. Das pessoas ouvidas, 41% disseram concordar com a frase: "um casal de dois homens vive um amor tão bonito quanto entre um homem e uma mulher". E 52% concordam com a proibição de casamento gay. (Com Agência Estado)

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Mais de 500 mil foram vítimas de estupro em 2013

"Essas crianças vão formar novas famílias violentas. Ou serão autores ou vítimas", alerta a promotora Susana Lacerda

Londrina – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que em 2013

aconteceram 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no Brasil. O percentual representa que 0,26% da população brasileira sofre violência sexual a cada ano. Os dados foram retirados de um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual. Do total, apenas 10% das situações teriam sido informadas à polícia.

Segundo estatísticas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ligado ao Ministério da Saúde, do total de casos registrados em 2011, 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos, 46% não possuíam o ensino fundamental completo e 51% eram de cor preta ou parda. Os dados mostram ainda que apenas 12% eram ou haviam sido casados e mais de 70% dos estupros vitimizaram crianças e adolescentes.

"Essas crianças vão formar novas famílias violentas. Ou serão autores ou vítimas. Tendem a se transformar em pessoas agressivas, o que pode resultar em tragédias familiares, tão comuns nos dias de hoje", frisou a promotora Susana Lacerda, da Vara Maria da Penha, responsável por casos de agressões contra mulheres, crianças e adolescente em Londrina.

A maioria esmagadora dos agressores são homens (96%) e 15% dos estupros registrados foram cometidos por dois ou mais agressores. Para a conselheira da organização não governamental (ONG) Espaço Mulher, de Curitiba, Ludmila Nascarella, somente a condenação do agressor não vai resolver. "Além da punição, o agressor precisa ser tratado. O homem não é educado para respeitar o corpo da mulher", relatou.

Parentes, namorados e amigos ou conhecidos das vítimas são responsáveis por 70% dos estupros. No caso de crianças, 24% dos agressores são os próprios pais ou padrastos das vítimas.(L.F.C.) Procuradoria pede suspensão de repasse do Mais Médicos a Cuba Mariana Haubert Folhapress

Brasília - O procurador do Ministério Público do Trabalho Sebastião Caixeta ajuizou ontem uma ação civil pública contra o governo federal pedindo isonomia na contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para o programa Mais Médicos, principalmente em relação aos profissionais cubanos. Ele também pede a suspensão do repasse da bolsa ao governo de Cuba, que efetua o pagamento aos médicos no Brasil.

Na ação, o procurador pede que os valores do programa sejam pagos diretamente aos médicos no Brasil - que eles recebam os R$ 10 mil referentes ao valor integral da

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bolsa. Atualmente, o governo repassa o montante para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que faz a intermediação com Cuba. O governo cubano então, deposita para os médicos o valor de $ 1,2 mil por mês e retém o restante do valor.

Na ação, o procurador pede que qualquer cláusula contratual que restrinja os direitos fundamentais dos médicos cubanos seja cancelada, principalmente em relação à remuneração, à livre manifestação do pensamento, à liberdade de locomoção e de se casar ou relacionar-se amorosamente.

O procurador pede também o pagamento de 13º salário, férias, licença-maternidade e licença-paternidade, e um meio ambiente de trabalho equilibrado, seguro e saudável.

A ação foi ajuizada e distribuída para 13ª Vara de Trabalho de Brasília. O valor estipulado para a ação é de R$ 1,5 bilhão equivalente a um ano da remuneração dos 13.325 médicos participantes do programa ativos a partir do quarto ciclo. Jornal da Manhã Promotoria da Defesa do Patrimônio Público instaurou um inquérito civil público para investigar denuncias realizadas ao órgão contra professores da instituição Michael Ferreira

O Ministério Público de Ponta Grossa, através da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, instaurou um Inquérito civil público para investigar os professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O objetivo do órgão é realizar um raio X do quadro de docentes da instituição com informações que vão desde o regime de trabalho até a cidade em que eles residem. Gazeta do Povo Reinaldo Bessa / Agora vai? 1

Saiu ontem uma decisão do Tribunal de Contas que vinha sendo aguardada por muita gente do meio publicitário local. O TCE revogou a medida cautelar que impedia a continuidade de licitação da prefeitura para a contratação de agências. O imbróglio vem desde o ano passado, quando foi aberta a concorrência da secretaria municipal de Comunicação Social para contratação de até quatro empresas de publicidade.

O certame foi suspenso cautelarmente duas vezes, em dezembro e em fevereiro, por causa de erros nos editais, que estavam em desacordo com a Lei de Licitações.

Agora vai? 2 Com isso, a prefeitura prorrogou os contratos com as mesmas três agências que já a atendiam – e que também prestam serviços para o governo estadual. A continuidade gerou boatos de que a administração de Gustavo Fruet não estaria rompendo laços com a gestão de Luciano Ducci nessa área.

Agora vai? 3 Pela avaliação do TCE, agora a prefeitura corrigiu os dois itens no edital – omissão sobre a participação das microempresas e exigência de que os profissionais das agências tivessem, no mínimo, quatro anos de experiência em suas funções.

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Anvisa / Fabricantes terão de avisar retirada de remédios um ano antes Fabricantes de medicamentos terão que informar à Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa), com um ano de antecedência, a intenção de retirar do mercado produtos que possam levar a uma situação de desabastecimento. O objetivo, segundo a própria Anvisa, é permitir que as medidas necessárias sejam tomadas com antecedência para minimizar os impactos à população pela falta de um remédio. A obrigatoriedade abrange, por exemplo, produtos que não têm substitutos no mercado nacional e cuja retirada pode deixar pacientes sem o tratamento adequado. Para aqueles que tiverem substitutos registrados e disponíveis, a exigência de aviso será de seis meses. As situações de redução na fabricação ou na importação também deverão ser informadas com antecedência de 12 meses. Justiça / Déficit de defensores públicos no país é de 66%, revela relatório

Relatório divulgado ontem pela Defensoria Pública da União (DPU) estima um déficit de 66% no número de defensores públicos federais no Brasil. Segundo o estudo Um Panorama da Atuação da Defensoria Pública da União, seria necessária uma ampliação de 506 para 1.469 profissionais no país – ao menos um defensor público federal para cada 100 mil habitantes com mais de dez anos de idade e rendimento de até três salários-mínimos (140 milhões de pessoas). O relatório mostra que dos 561 cargos de defensor público federal, 506 estão ocupados para atuação na primeira e segunda instâncias da justiça. Não foram considerados no cálculo os membros que atuam perante os tribunais superiores. O levantamento é de dezembro de 2013. Serviço / Para quem ligar em situações de emergência? Muitas pessoas não sabem para quem recorrer na hora em que acontece uma emergência. Existem vários telefones úteis e cada um serve para uma coisa Ágatha Déa, Especial para a Gazeta do Povo

Em Curitiba, a principal central é a da prefeitura, o 156, responsável por resolver

a maioria dos casos. Confira a relação dos principais telefones que você deve ter sempre à mão caso ocorram situações inesperadas. Todas as centrais funciionam 24 horas por dia. Tenho entulho de obra e lixos fora do comum para me desfazer

Esse é um dos casos em que você deve ligar para a prefeitura. O 156 tem como objetivo ajudar o cidadão em qualquer informação e serviço que estejam dentro do âmbito administrativo municipal, como, por exemplo, denúncias de danos a patrimônios públicos, meio ambiente e também informações de horários de ônibus, dúvidas sobre impostos, entre outros. Além do telefone, o cidadão também tem a opção de solicitar atendimento pela internet através do sitewww.central156.org.br. Meu carro estragou na rodovia

Dependendo de onde estiver, você deve ligar para a concessionária responsável pela via. Se o carro estragar e precisar ser removido, a função dessas empresas é, através de um serviço 24 horas, atender os usuários sempre que necessário. No caso da necessidade de guincho, as concessionárias devem remover o veículo para pontos de apoio, onde são oferecidas condições para o reparo. Se a concessionária não resolver o problema, as polícias rodoviárias podem ser acionadas.

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Aconteceu um acidente domiciliar Vai depender da situação. O 193 é o telefone do Siate, que presta atendimento às

vítimas de traumas em vários níveis, desde uma fratura em ambiente doméstico até acidentes automobilísticos com várias vítimas.

Você chamará o Siate em caso de socorro a vítimas de ferimentos por arma de fogo ou arma branca; quedas com ferimentos e fraturas; ataques de animais; queimaduras graves; afogamentos; soterramentos e lesões graves durante atividades de lazer, por exemplo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), deve ser acionado pelo telefone 192 no caso de urgências clínicas, como por exemplo, perda de consciência, como desmaios ou hemorragias, crises de convulsão, dores ou sintomas que podem ocasionar problemas de coração, entre outros. Choveu muito e minha rua alagou

Nesta situação, se não houver vítimas, você deve ligar para a central da Guarda Municipal, 153, ou para 199, telefone nacional da Defesa Civil. Ambos têm a função de repassar a ocorrência para a Defesa Civil Municipal, que é responsável por adotar medidas de prevenção, socorro, assistência e recuperação de desastres naturais que ocorreram ou que podem ocorrer. Se o acidente envolver vítimas, ligue para o 193, central do Siate (o serviço é 24h). O 153 pode ser acionado em locais em que a prefeitura é responsável. Faltou luz ou água

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) atende pelo telefone 0800 51 00 116. Para relatar a falta de luz ou outros problemas relacionados à energia, você precisa ter em mãos o número da sua unidade consumidora, item que está pintado de amarelo na conta de luz. Se o problema é falta de água, ligue para a Companhia de Saneamento do Paraná pelo telefone 115. Também é preciso ter em mãos a conta de água. Presenciei ou me envolvi em um acidente de trânsito

Se o acidente tiver vítimas é preciso ligar para o Siate, Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência, através do telefone 193. Junto ao socorro, a Polícia Militar será avisada. As orientações mais importantes em casos de acidente com vítimas, antes da chegada dos órgãos competentes são: sinalizar o local do acidente; acionar o Siate; preservar o local e não movimentar os veículos e pessoas feridas. Se o acidente não envolver pessoas feridas, o correto é retirar os veículos da via para que o trânsito não seja interrompido, anotar as informações dos carros e dos condutores envolvidos e dirigir-se ao Batalhão de Polícia de Trânsito (BPtran) para registrar o boletim de ocorrência de trânsito. No caso de crimes de trânsito, como embriaguês, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190. Notas Políticas / E a maconha?

A Comissão de Direitos Humanos do Senado vai agendar audiências para debater a possibilidade de regulamentação da maconha no Brasil. Entre as pessoas que os senadores querem ouvir estão o presidente do Uruguai, José Mujica; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o médico e pesquisador Dráuzio Varela; e o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis. Judiciário / STF transfere mensalão tucano para 1.ª instância Ministros dizem que Eduardo Azeredo renunciou ao mandato de deputado para evitar julgamento no Supremo Tribunal Federal

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Agência Estado O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu transferir para a Justiça Criminal de

Minas Gerais a ação penal aberta contra o ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), acusado de envolvimento com um esquema que ficou conhecido como mensalão tucano. Conforme a acusação, o esquema consistiu no desvio de recursos públicos para a campanha de Azeredo à reeleição para o governo de Minas, em 1998.

O encaminhamento do processo para a Justiça de 1.ª instância decorre do fato de Azeredo ter renunciado ao mandato em fevereiro, dias após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido ao STF que impusesse a ele uma pena de 22 anos de prisão. De acordo com ministros que participaram do julgamento, nesse caso claramente o político renunciou para não ser julgado no Supremo.

Apenas o presidente do STF, Joaquim Barbosa, votou contra a transferência do processo para a Justiça de 1.ª instância. De acordo com Barbosa, a renúncia ocorreu com o objetivo de evitar o julgamento pelo Supremo e pela Justiça de 1.ª instância. Ele disse que há risco de prescrição do caso.

Relator do processo, o ministro Luis Roberto Barroso propôs que o tribunal fixasse regras para casos futuros de renúncia de parlamentar que é réu em processo criminal. Barroso propôs que, se a renúncia ocorrer após o recebimento da denúncia, o processo será julgado pelo Supremo. Antes do recebimento da denúncia, será transferido para a Justiça de 1.ª instância. Mas Barroso disse que essa solução não seria aplicada a Azeredo. Ao contrário do relator, Barbosa afirmou que concordava com a aplicação dessa solução já para o caso de Azeredo.

Ao final dos debates, o STF decidiu adiar a decisão sobre essa fixação ou não de regras porque não foi formada uma maioria na sessão de ontem. A discussão deverá ser retomada na próxima semana.

Durante a sessão, ministros fizeram críticas ao sistema constitucional brasileiro, que garante a uma grande quantidade de autoridades o direito ao chamado foro especial. Por meio desse dispositivo, parlamentares somente podem ser investigados e processados perante o STF. Barroso disse que gostaria de se dedicar ao estudo de causas de grande repercussão para a sociedade que aguardam julgamento, como a desaposentação, mas tem de analisar, por exemplo, acusações de difamação envolvendo políticos. De acordo com o ministro, há cerca de 400 inquéritos e ações penais tramitando no Supremo. O coro da multidão / Minas Gerais na frente da gente Rhodrigo Deda

Acaba de ser lançado o projeto Data Viva (dataviva.info), uma plataforma que

fornece informações a respeito de atividades econômicas, emprego, importações e exportações de todos os municípios do país na última década. O acesso ao conteúdo da plataforma é didático e gratuito. Estão disponíveis mais de 100 milhões de visualizações de dados sobre atividades econômicas em cidades do país. Na internet desde dezembro do ano passado, a realização do projeto é fruto de uma parceria entre uma consultoria internacional e o Escritório de Prioridades Estratégicas do Governo de Minas Gerais, um órgão público que merece o nome ambicioso que lhe foi dado.

O projeto mineiro é um caso de sucesso que ganhou chamada de capa na versão brasileira da Harvard Business Review deste mês. Segundo matéria publicada na revista, foram necessários apenas um ano meio para conceber e realizar o projeto.

Conforme consta no site da plataforma, o Data Viva foi criado para dar suporte à política de desenvolvimento do governo de Minas. Entretanto, os gestores perceberam

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que a plataforma tinha potencial como ferramenta de “Big Data”, podendo contribuir para estimular iniciativas não só da economia mineira, mas de todo o Brasil. O termo “Big Data” está se popularizando agora, mas desde a década de 1990 é usado para descrever um enorme volume de dados, do qual é possível processar, analisar e gerar novos conhecimentos. A plataforma traz dados e códigos de programação abertos, o que permite que empreendedores criem novos aplicativos com informações públicas.

Como cada vez mais informação é poder, ao trazer dados em formato aberto, atualizados e detalhados, o site confere permite que agentes públicos, empreendedores, estudiosos e estudantes conheçam melhor a realidade econômica do país e melhorem seus processos de tomada decisão. Oito aplicativos fazem parte da plataforma e utilizam bases de dados fornecidas pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Essas bases trazem informações sobre exportação de 1.256 produtos da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC) e as 865 ocupações em 427 atividades econômicas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE).

O esforço em oferecer um bom serviço informativo à sociedade traduz uma concepção política inteligente na qual se entende que o Estado deve promover o livre acesso a dados públicos. Em vez de criar obstáculos, o governo mineiro incentiva a cultura de dados abertos e estimula empreendedores e estudiosos a criarem novos produtos, desenvolverem novas ideias e decidirem a aplicação de recursos com uma compreensão mais completa da realidade.

O Data Viva é exemplo da mentalidade moderna e inovadora de uma parcela ainda pequena de gestores públicos. Mostra que é possível ter um setor público que compartilhe informações e seja cooperativo com cidadãos. Ao tratar a sociedade como aliada, o governo abre uma parceria essencial para o desenvolvimento. Se propagar por estados e municípios essa mentalidade poderá acabar com o atraso e a mesquinharia de políticas governamentais que impedem a informação pública de fluir livremente pela sociedade.

Tendências A caixa-preta continua 1 Está parado na procuradoria jurídica da Câmara de Curitiba há 70 dias o projeto que pretende dar transparência às prestações de contas das organizações não governamentais (ONGs) que recebem recursos públicos. O fato é uma evidência de que a Câmara mudou de direção, mas continua com dificuldades para encontrar o rumo.

A caixa-preta continua 2 Quando o vereador Paulo Salamuni (PV) assumiu a Câmara da capital, em fevereiro de 2013, houve toda uma expectativa de mudança. Especulava-se sobre como seria seu mandato. Mas o Legislativo municipal tem apenas reagidos às demandas emergenciais, como ocorreu com a CPI do Transporte Público somente realizada após as manifestações de junho.

A caixa-preta continua 3 Coerente com o discurso da mudança seria dar agilidade ao trâmite do projeto que obriga as ONGs a divulgarem na internet informações de seus gastos, movimentações financeiras, quadro de funcionários e salários. Tratando-se de moralidade e transparência, a Câmara de Curitiba vive de muita retórica para pouca ação. Judiciário / Decisão do STF volta a limitar ganho de cartorários Katna Baran e Amanda Audi

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a liminar

que permitia que os administradores interinos em cartórios extrajudiciais do Paraná recebessem remuneração acima do teto de R$ 22,5 mil. Na decisão, desta quarta-feira, o magistrado considera que o STF não é o órgão competente para julgar a causa.

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A liminar a favor dos interinos havia sido concedida pelo mesmo ministro no último dia 20 de fevereiro e permitia que os cartorários do estado recebessem o valor integral do faturamento da serventia. Agora, novamente, eles ficam impedidos de ganhar a remuneração acima do teto.

A limitação de 90,25% do teto do funcionalismo (salário de um ministro do STF) a interinos em cartórios extrajudiciais foi determinada por resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2010. No primeiro entendimento de Zavascki, ele considerou que os interinos não poderiam ser equiparados a servidores públicos.

A ação foi ingressada pela Associação de Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR) depois que o STF garantiu a volta do pagamento integral aos interinos do Mato Grosso do Sul. Outros estados também conseguiram o benefício, como Amazonas e Goiás. Todos os pareceres favoráveis foram dados pelo ministro Teori Zavascki. Não há um balanço oficial sobre quantos estados já ingressaram com ações desse tipo.

Procurada pela reportagem, a assessoria da Anoreg informou que, como a decisão ainda não foi publicada, não iria comentar o assunto.

A remuneração dos interinos é variável e depende do rendimento da serventia. O argumento da Anoreg-PR é de que os interinos foram concursados, mas foram nomeados pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para ocupar outras serventias extrajudiciais temporariamente. Eles, portanto, não seriam servidores públicos, mas delegatários de serviço público.

A Anoreg também afirma que os notários e registradores devem arcar com as despesas operacionais dos cartórios, como o pagamento dos funcionários e encargos fiscais, e também “respondem com seu patrimônio pessoal” por eventuais danos causados a terceiros. Por isso a remuneração não poderia ser limitada. No Paraná, parte dos interinos responde por cartórios que foram considerados vagos pelo CNJ e disponibilizados para preenchimento por concurso público. Serventias / CNJ mantém data de concurso para preencher vagas

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) negou na quarta-feira um pedido de suspensão do concurso público de provas e títulos para outorga de delegações de notas e de registro do estado do Paraná. A data da prova, agendada para o dia 30 de março, foi mantida na decisão do conselheiro Flavio Sirangelo.

Um Procedimento de Controle Administrativo havia apontado 12 eventuais vícios no concurso público, mas, para o conselheiro, os supostos vícios não causariam danos irreparáveis ou difíceis de se reparar. Ele também lembrou que, por ter sido questionado no ano passado, o concurso já está mais de um ano atrasado.

A Câmara de Curitiba reinaugurou ontem à noite o Palácio Rio Branco, sede do Legislativo municipal. Numa sessão solene, com a presença do prefeito Gustavo Fruet (PDT), os vereadores também comemoraram o aniversário de 321 anos da capital. Fechado para reformas desde outubro de 2010, o palácio passou por um processo de restauração, que custou R$ 1,3 milhão. As mudanças foram feitas desde a estrutura do prédio até a fachada, preservando as características da arquitetura do local, que é tombado pelo governo do estado desde 1978. Já na infraestrutura interna, foi instalado um sistema de áudio e votação eletrônica, que foi acoplado às bancadas dos parlamentares. O equipamento está integrado a um painel eletrônico, o que deve extinguir as votações secretas na Câmara. Outra promessa é a transmissão das sessões ao vivo, pelo site da Casa na internet, nos próximos 10 dias.

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Curitiba / TC libera edital para agências de publicidade Prefeitura deve lançar novas regras para concorrência na próxima segunda-feira, após fazer correções sugeridas pelo tribunal José Marcos Lopes

O Tribunal de Contas (TC) do Paraná revogou a medida cautelar que suspendia a

licitação lançada pela prefeitura de Curitiba para a contratação de quatro agências de publicidade. Com isso, a prefeitura deverá publicar na nova semana um novo edital para selecionar as prestadoras de serviço, corrigindo os pontos que foram contestados pelo tribunal. O valor máximo da licitação é de R$ 20 milhões, para o período de um ano.

A concorrência foi suspensa pelo corregedor-geral do TC, Ivan Bonilha, em duas ocasiões. Na primeira, o tribunal apontou quatro problemas no edital: grau de endividamento máximo dos participantes fixado sem justificativa e em porcentual menor que o usual (60%, quando em outras licitações, segundo a representação, chega a 80%); impossibilidade de se admitir a comprovação de inscrição no Simples nacional como prova da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte; impossibilidade de participação de microempresas e empresas de pequeno porte; e exigência de vínculo empregatício entre as agências e seus profissionais. A denúncia ao TC foi feita pelo advogado Angelo Gomes de Pedroso, de Curitiba.

O edital foi corrigido, mas Bonilha voltou a contestar o documento. O TC considerou que dois itens do edital ainda estavam em desacordo com a Lei de Licitações.

O primeiro era a omissão a respeito da possibilidade de participação de microempresas e empresas de pequeno porte; o segundo era a exigência de que os profissionais encarregados de prestar os serviços de publicidade tivessem no mínimo quatro anos de experiência em suas funções. Com a nova contestação, a prefeitura suspendeu a licitação no dia 21 de fevereiro deste ano (a abertura dos envelopes estava prevista para 7 de abril).

Segundo o secretário municipal de Comunicação, Gladimir Nascimento, o novo edital deverá ser publicado na próxima segunda-feira. Com a concorrência suspensa no fim de 2013, a prefeitura prorrogou os contratos com a CCZ, a Master e a OpusMúltipla, as três agências aprovadas na licitação anterior. Os contratos com as empresas terminaram no fim do ano passado. Guaratuba / Ex-prefeito terá de devolver R$ 2,8 milhões Fábio Cherubini

O Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) determinou que o ex-prefeito de Gua-

ratuba, no Litoral do Paraná, Miguel Jamur devolva R$ 2,8 milhões aos cofres do município. De acordo com o tribunal, em 2007 o ex-prefeito firmou um convênio para a limpeza pública da cidade com o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc) em que foram identificadas sete irregularidades. Ainda cabe recurso da decisão. Conforme o órgão, o pagamento possui caráter solidário e pode ser dividido entre Jamur, o presidente do Ibrasc à época do contrato, Wagner Daniel Dutra Mattos, e o próprio instituto. A decisão ocorreu após uma fiscalização encontrar impropriedades no acordo.

Segundo o tribunal, “todos os termos da parceria estão irregulares.” Outro lado O ex-prefeito foi procurado para comentar o assunto, mas não

atendeu às ligações. O Ibrasc solicitou que a reportagem encaminhasse pedido de entrevista por e-mail, mas não respondeu até o início da noite. O ex-dirigente do instituto não foi encontrado.

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Justiça / Ex-provador de cigarros vai ser indenizado em R$ 500 mil O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a Souza Cruz pague

indenização de R$ 500 mil por danos morais a um provador de cigarros que adquiriu uma doença pulmonar grave após exercer a função por dez anos, dos 18 aos 28 anos. O trabalhador, que ingressou na empresa aos 16 anos, fez parte do “painel de avaliação sensorial”, ou “painel do fumo”, atividade que consistia em experimentar uma média de 200 cigarros por dia, quatro vezes por semana, das 7 às 9 horas, em jejum. Na decisão, o TST reduziu a indenização imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região (RJ), de R$ 2 milhões. A Souza Cruz informou que irá analisar a decisão e um eventual recurso. Gorjeta / Projeto de lei proíbe cobrança da taxa de 10% Texto em discussão na Câmara de Curitiba sofre críticas de empresários e funcionários de bares e restaurantes. Hoje, pagamento é facultativo Brunno Brugnolo, Especial para a Gazeta do Povo

Tradição no país, as gorjetas sempre são alvo de desavenças entre empregados,

patrões e clientes. O último caso ocorreu no início do mês, quando 226 funcionários e ex-funcionários da rede de restaurantes Madero Burger & Grill conseguiram um acordo com a empresa na Justiça do Trabalho para reaver mais de R$ 500 mil referentes aos 10% da taxa de serviço. O episódio motivou a apresentação de um projeto de lei na Câmara Municipal de Curitiba que pretende proibir a cobrança de qualquer taxa de serviço nos estabelecimentos da capital.

Em nota na época, o Madero admitiu que repassava somente parte da taxa de serviço arrecadada aos funcionários e argumentou que a prática era feita com base no mercado, porque “não existia e não existe ainda hoje uma legislação que regulamente o assunto da cobrança dos 10%”.

“Do jeito que tá não dá pra ficar. O setor tem alta empregabilidade e sempre vemos ações trabalhistas a respeito”, diz o autor da proposta, vereador José Carlos Chicarelli (PSDC). O principal projeto de lei sobre as gorjetas está em debate no Senado Federal ainda sem previsão para votação.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR) considera o projeto “perigoso” e defende que seriam os funcionários quem mais teriam a perder em caso de aprovação do projeto. “Acredito na boa intenção do vereador, mas a questão precisa ser mais debatida. O pagamento da taxa já é facultativo”, diz Luciano Bartolomeu, presidente da Abrasel-PR.

Os trabalhadores também não gostaram da proposição. “Não vejo a necessidade de proibição, é um projeto que não vai pegar. Teria que conversar com os trabalhadores antes”, afirma Luís Alberto dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Meio de Hospedagem e Gastronomia de Curitiba e Região (Sindehotéis).

Chicarelli diz que quer favorecer os clientes que se sentem constrangidos ao optar pelo não pagamento. Neste caso, qualquer gratificação ficaria a critério exclusivo do consumidor. “Caso o projeto avance, uma audiência pública entre as partes deve ser feita para discutir o texto e melhorá-lo”, afirma.

“Ele [o vereador] viu que o debate é forte. Prova disso é que até hoje o projeto que está no Congresso Nacional está parado”, completa Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR).

Em tempo, o Madero deixou de cobrar a taxa de 10% dos clientes em outubro de 2012. Para compensar, segundo a rede, optou por manter o salário dos funcionários acima da média de mercado.

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Discussão / Texto em análise no Senado prevê que funcionários recebam 80% do valor da gorjeta

O projeto de lei da Câmara dos Deputados (PLC 57/2010) que regulamenta a cobrança e o repasse de gorjetas aos garçons e empregados de bares, restaurantes, hotéis, lanchonetes e similares já foi aprovado pela Câmara e também pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) em maio de 2013. No entanto, segue pendente de aprovação pelo plenário no Senado.

O texto do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG) não torna a cobrança obrigatória. Todo valor arrecadado pela empresa como taxa de serviço passa a ser definido como gorjeta e no mínimo 80% desse valor deve ser repassado aos funcionários do estabelecimento. Os outros 20% poderiam ser descontados pelos empresários para cobrir encargos sociais e previdenciários.

Segundo os empresários, o atual projeto pode desestimular a cobrança dos 10% por causa do ônus dos encargos que se somariam à tributação e gerariam prejuízo. Uma das medidas que está sendo estudada é a aplicação de desonerações tributárias da gorjeta, que representa grande parte da renda da categoria. Vários estados do país já reduziram a alíquota do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a gorjeta e alguns isentaram a cobrança, como Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Maranhão, Santa Catarina e o Distrito Federal.

Leis e propostas Nos últimos anos, uma série de projetos de caráter municipal e estadual buscaram regularizar o recebimento da taxa pelos funcionários de bares e lanchonetes:

2005 – O ex-vereador Fábio Camargo (PTB) propôs um projeto para autorizar a cobrança de taxa de serviço de 10%, o que tornaria o pagamento da taxa obrigatório aos clientes. O projeto foi arquivado.

2009 – Aprovada lei proposta pelo Tito Zeglin (PDT) tornando obrigatório aos estabelecimentos anunciar em local visível que a taxa de serviço é de pagamento facultativo.

2011 – A Lei 16.787, proposta pelo deputado estadual Antonio Belinati (PP), é aprovada, tornando obrigatória a destinação da taxa de 10% aos garçons e funcionários das empresas.

2012 – O deputado estadual Bernardo Ribas Carli (PSDB) protocolou um projeto de lei que obrigava os estabelecimentos a anunciar que o pagamento da taxa de serviço é facultativo. Ele próprio solicitou o arquivamento da proposição Justiça & Direito Especial / As marcas da ditadura no direito brasileiro Joana Neitsch, Com Colaboração de Rômulo Ogasavara

Passados 50 anos do golpe e 25 da promulgação da Constituição Cidadã, o direito

brasileiro ainda traz marcas da ditadura militar. Além de certas leis daquela época permanecerem em vigor, a jurisprudência e algumas práticas no Judiciário remetem ao período de exceção que o Brasil viveu. Muitas vezes, quando se quer desmerecer uma legislação daquele tempo, simplifica-se ao defini-la como “uma lei do tempo da ditadura”.

Mas não é só a data de nascimento que qualifica uma lei, mesmo com a abertura política e com a Constituição de 1988, alguns diplomas legais foram mantidos, cabendo ao Judiciário verificar o que foi ou não recepcionado. Até hoje há pontos questionados que fazem com que juristas e legisladores debatam se uma lei dos tempos da ditadura foi recepcionada pelo ordenamento jurídico instituído pela nova constituição federal.

Algumas trazem nitidamente as marcas de um período totalitário, outras são mais objetivas e, pelo menos à primeira vista, parecem não representar ameaças ao ordenamento jurídico.

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Loman Mesmo com a Constituição de 1988 e com resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que atualizaram alguns assuntos relativos à carreira dos juízes, a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) permanece em vigor. A previsão de penalidade máxima para o magistrado em casos de corrupção ser a aposentadoria compulsória era uma proteção a juízes que pudessem vir a ser perseguidos em um período em que não havia garantias nas relações entre os poderes, como explica o professor de direito constitucional da UFPR Egon Bockmann Moreira. Contudo, hoje, em tempos de democracia esse tipo de proteção já não faz mais sentido e essa punição poderia ser revista.

Códigos 1 O Código Tributário (Lei 5.172/1966) e o Código de Processo Civil (Lei 5.869/1973) continuam em vigor até hoje. Mesmo havendo um projeto para um novo CPC em tramitação no Congresso, é o antigo que está valendo. A atualização do Código de Processo Civil se faz necessária por motivos técnicos, mas o fato de se tratarem de leis do tempo da ditadura, nesse caso, não representa um problema, segundo a opinião do professor de Direito Constitucional da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Egon Bockmann Moreira. Ele considera que essas legislações são tecnicamente muito boas e “não parecem ter levado consigo vícios do regime”. O CPC, por exemplo, tomou como base uma escola de processo civil muito tradicional, a italiana.

Códigos 2 Apesar de haver bons códigos, a criação desses dispositivos legais pode ser relacionada a períodos não democráticos, como explica Diego Werneck, professor da pós-graduação em Direito do Estado da FGV Rio. Isso porque, segundo ele, há a ideia de código como algo infalível e racional. Além disso, em um período democrático é muito mais difícil escolher uma escola de pensamento que represente esse ideário entre tantas ideias divergentes que têm voz. Já em um período de exceção se pode impor qual linha técnica será seguida e não há espaço para questionamentos sobre o limite entre o que é técnico e o que é político. O Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar, ambos de 1969, também continuam em vigor, mas há iniciativas da própria Justiça Militar para revisá-los, já que, entre outros tópicos desatualizados, algumas das penas estão defasadas em comparação com a legislação penal comum.

Constituição 1 A Constituição de 1988 foi uma resposta ao que se tinha vivido após o Golpe de 64. Depois de um período de privação de direitos, a Lei Maior veio repleta de direitos fundamentais, e o fato de ser antítese da fase anterior acaba por ser uma de suas marcas. Entre as reações estão a previsão de igualdade, liberdade de expressão e o total repúdio à tortura, como prevê o inciso III do artigo 5º: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. A Constituição Cidadã foi criada para garantir todos os direitos que haviam sido retirados pelo regime militar e acrescentar outros nunca previstos antes. E até hoje, 25 anos depois de sua promulgação, ainda se procura incluir direitos por meio de emendas, até mesmo o direito à busca da felicidade, como propõe uma PEC em tramitação no Congresso Nacional.

Constituição 2 Os juristas entrevistados observam que é comum um ciclo de compensação em constituições criadas após períodos de exceção, como ocorreu em Portugal, em 1976, e na Espanha, em 1978. “Muitas constituições pós-regime autoritário olham para frente, mas também olham para trás e dizem ‘não, isso nunca mais’”, ressalta o professor de Direito do Estado da FGV Rio Diego Werneck. Para o livre-docente de Direito Constitucional da Universidade de São Paulo (USP) Dircêo Torrecillas Ramos, “em razão de termos saído da ditadura, a Constituição de 1988 veio carregada de certo exagero”. Como observa o professor Egon Bockmann Moreira, a previsão de direitos como moradia, reforma agrária e saúde e o seu não cumprimento na prática podem gerar um sentimento de desestima constitucional, já que há tantas promessas de garantias feitas pelo legislador em 1988 que ainda não foram cumpridas.

Jurisprudência A mudança da Constituição em 1988 não significa que se apertou um botão e se renovou todo o ordenamento jurídico. Os juízes do Supremo Tribunal

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Federal (STF), por exemplo, continuaram a ser os mesmos da época da ditadura, e gradualmente o tribunal foi sendo renovado. O pesquisador da FGV Diego Werneck cita como exemplo os mandados de injunção, previstos na Constituição Federal, mas que, nos anos 1990, foram entendidos pelo STF como apenas uma obrigação de avisar ao Legislativo que uma lei prevista na Constituição deveria ser criada. Só em 2007, o STF reviu o conceito e decidiu que, enquanto não houvesse legislação sobre as greves dos servidores públicos, valeria a regra prevista para o setor privado, por exemplo. De acordo com Werneck, a jurisprudência é que vem atualizando boa parte do direito brasileiro após a Constituição, e esse é um processo que leva tempo. Para o pesquisador, ao se refletir sobre as heranças que ficaram para o direito, é preciso perguntar: “Em que medida os juízes que permaneceram no seu cargo [após a abertura] não trouxeram um olhar anterior?”

Concentração de poder O Decreto-Lei 200, de 1967, dá as diretrizes sobre a organização da administração federal e organiza a administração pública direta e indireta, como as empresas públicas, empresas de economia mista e autarquias.

Algumas leis criadas posteriormente foram tomando o espaço desse decreto, mas o fato é que ele ainda está em vigor e dá amplos poderes para o presidente da República. No governo Lula, um grupo de juristas especialistas em direito administrativo apresentou à Casa Civil um projeto de lei que reformaria essa estrutura, mas o projeto permanece no mesmo lugar e não teve prosseguimento. O professor de Direito Constitucional da UFPR Egon Bockmann Moreira avalia que a burocracia que esse decreto traz pouco tem a ver com a atual dinâmica administrativa do país. Por outro lado, há interesse em se manter essa lei: “O Decreto-Lei 200/1967 feito logo no alvorecer da ditadura ainda interessa, em muito, pela concentração de poder do governo federal”. Bem Paraná CPI da Petrobras ganha força no Senado Calheiros diz que “não há mais o que fazer” contra comissão; assinaturas ainda podem ser tiradas Ivan Santos

A bancada de oposição ao governo Dilma Rousseff protocolou ontem, no Senado,

o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na Petrobras. Embora os oposicionistas tenham conseguido uma assinatura a mais do que as 27 necessárias - o requerimento recebeu a adesão de 28 senadores -, a CPI ainda não está garantida. Isso porque, regimentalmente, os senadores podem retirar seu apoio.

Na noite de quarta-feira, quando se confirmou a coleta da quantidade de assinaturas ao requerimento apresentado pelo senador Álvaro Dias (PSDB), governistas já começaram a trabalhar para convencer adeptos da CPI a retirarem o apoio. Além de Álvaro, outro parlamentar de oposição da bancada paranaense, o deputado federal Rubens Bueno (PPS), também está à frente do processo. Bueno colhe assinaturas para criar uma CPI mista, que envolva também a Câmara Federal.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), disse que “não há mais o que fazer” em relação à CPI. “Evidentemente que uma CPI em ano eleitoral mais atrapalha do que facilita a vida do Brasil. Mas, agora, não há mais o que fazer, porque temos o requerimento, o fato determinado, o pedido, o número de membros da própria comissão. Vamos marcar a data, fazer a conferência dos nomes e instalar a CPI”, comentou. “Acredito na respeitabilidade dos senadores que assinaram. Não creio que se

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retirem assinaturas. Seria uma desmoralização completa de quem retirasse assinaturas”, afirmou Álvaro.

Os próximos passos, a partir de agora, são marcar a data de leitura do requerimento de CPI no plenário e fazer a conferência de assinaturas. Renan disse que iria conversar com as lideranças partidárias para avaliar a melhor data para isso. “Vou conversar por telefone com os líderes e ver com eles do ponto de vista do encaminhamento, da necessidade de nós instalarmos rapidamente, como deveremos fazer”. O presidente do Senado não garantiu, contudo, que o requerimento siga para plenário já na próxima semana. Isso porque os líderes da base tentarão atrasar o quanto puderem a instalação.

Até a meia-noite do dia em que o pedido de investigação for lido no plenário, os senadores podem retirar assinaturas. Caso a investigação continue tendo o apoio de, no mínimo, 27 parlamentares, a comissão de inquérito é instalada. Para isso, contudo, Renan ainda precisará indicar os membros da CPI. Para minimizar os danos ao governo em ano eleitoral, a estratégia será tentar colocar um peemedebista na presidência e um petista na relatoria do colegiado.

Além de investigar a compra da refinaria de Pasadena no Texas (EUA), os senadores querem que a comissão apure também os indícios de pagamento de propina a funcionários da estatal pela companhia holandesa SMB Offshore para obtenção de contratos com a Petrobras. O grupo vai apurar também a denúncia de que plataformas são lançadas ao mar sem equipamentos de segurança necessários e se há superfaturamento na construção de refinarias.

“O objetivo da CPI não é buscar prejudicar uma empresa importante para o país, é salvá-la. Sobretudo apontando esses erros, esses desvios, essas contradições visíveis e tentando retomar o caminho da competência. São negócios de valores expressivos tratados como se fossem migalhas”, garantiu Álvaro Dias. O Diário do Norte do Paraná População carcerária local cresceu 1.000% em 22 anos Número de pessoas em prisões de Maringá saltou de 140 para 1.400 entre 1992 e 2014. No mesmo período, a população do município aumentou 60%, para 385.753 habitantes Roberto Silva

Enquanto a população carcerária brasileira cresceu 403% nos últimos 21 anos,

segundo dados do Ministério da Justiça, em Maringá o aumento foi de 1.000% num período pouco maior, de 22 anos. É o que aponta um comparativo feito por O Diário nas cinco unidades prisionais da cidade, incluindo o Centro de Socioeducação (Cense), que é destinado para adolescentes infratores.

Caso o ritmo de prisões se mantenha e novas unidades não sejam construídas, a expectativa é que o sistema prisional local sofra um colapso em médio prazo. Para enfrentar a falta de vagas, a Secretaria de Estado Justiça (Seju) anunciou que planeja transformar o atual minipresídio da 9ª Subdivisão Policial em uma unidade de regime semiaberto. A proposta é rechaçada pela Polícia Civil, mas aplaudida na Comissão de Direitos Humanos da subseção de Maringá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que defende a tese de que as unidades de regime semiaberto têm que estar o mais próximas possíveis dos centros de trabalho e da família do reeducando.

O levantamento revelou que no início dos anos 1990, a população carcerária de Maringá era de 140 detentos, todos recolhidos numa única unidade penal, no caso o minipresídio da 9ª SDP), inaugurado em 1982. No mesmo período, de acordo com dados

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do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população maringaense era de 240.292 habitantes.

Hoje, são 385.753 habitantes, o que corresponde a uma alta de 60%, enquanto a população carcerária saltou para 1.401 detentos. Embora projetado para abrigar apenas presos provisórios, em pouco tempo o minipresídio se transformou em penitenciária, passando a custodiar condenados.

Diante da falta de vagas, o Estado investiu na construção da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), inaugurada em 1996. Com 380 vagas destinadas apenas para condenados, a PEM foi rapidamente ocupada e, mesmo sob pressão do Estado, conseguiu evitar que a unidade fosse sobrecarregada. Sem alternativa, o governo optou pela construção da Casa de Custódia de Maringá (CCM) - inaugurada em 1998 -, com 960 vagas para presos provisórios. No entanto, aos poucos a unidade teve sua finalidade desviada, passando a abrigar condenados. Um ano depois, uma rebelião destruiu boa parte do complexo, reduzindo a capacidade de vagas para 756. Outra rebelião, no final de 2011, comprometeu o restante, reduzindo a capacidade para pouco mais de 400, situação que levou criou novamente superlotação no minipresídio.

Cadeião Abrigando 360 detentos em espaços projetados para apenas 114, o minipresídio aguarda a reconstrução da CCM para transferir todos os detentos e dar fim ao prédio comprometido por túneis escavados ao longo dos anos, rachaduras, infiltrações e problemas nas redes elétrica e hidráulica. No entanto, a destinação da cadeia ainda é uma incógnita. De um lado, a Polícia Civil espera que o Estado dê um fim ao prédio, transformando o complexo em cartórios. De outro lado, a Seju planeja transformar o cadeião em um centro de regime semiaberto para contribuir na ressocialização de detentos. De acordo com a secretaria, essa decisão será avaliada tão logo o minipresídio, atualmente sob controle da Secretaria de Estado da Segurança Pública, passe para a

Seju. proposta criou mal estar na Polícia Civil, que defende o fim definitivo do complexo. Procurados pela reportagem, investigadores, escrivães e delegados condenaram os planos da Seju e disseram que transformar o minipresídio em albergue colocaria em risco todo estoque de armamento, munições, entorpecentes e veículos apreendidos. Além disso, segundo eles, os presos passariam a ter contatos diários com os policiais e, assim, conhecerem todos que trabalham no prédio, além das viaturas descaracterizadas, utilizadas em serviços de investigação velada. "Os presos passarão até a saber os dias das operações, já que as equipes utilizam o pátio da delegacia para discutir as ações", desabafou um policial.

Outros foram além e disseram que os presos albergados passarão a ter contato diário com vítimas que comparecem à delegacia para registrar boletins de ocorrências e formalizar o reconhecimento de suspeitos. Segundo eles, a vizinhança da 9ª SDP também estaria em risco, já que o índice de reincidência é elevado e o sistema semiaberto não prevê a construção de muros ou grades de proteção como numa prisão comum.

Toda nossa luta para acabar com a custódia de presos voltaria à estaca zero, já que os plantonistas passariam a ser obrigados a agir em caso de fuga noturna, como ocorre frequentemente na Colônia Penal e Industrial de Maringá (Cpim), que atualmente abriga cerca de 200 detentos", afirmaram servidores.

Mas essa opinião é contraposta pelo advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Maringá, Fúlvio Stadler Kaipers. Ele é contrário à construção deste tipo de unidade longe dos centros urbanos. Na opinião de Kaipers, o preso albergado precisa ficar o mais próximo possível da família e das oportunidades de trabalho. "A população precisa entender que pena não é vingança. Esse preconceito precisa acabar", diz ele, ressaltando que "não existe esse negócio de dizer que a população vai entrar em contato com o preso. A sociedade tem que tomar consciência de que aquele cidadão está se reabilitando e precisa ajudar". Para o advogado, quando o

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preso se sentir albergado pela sociedade, sabendo que tem um emprego digno para sustentar a família, a possibilidade de ele retornar para a criminalidade é muito remota. Três perguntas ao Advogado... Fúlvio Stadler Kaipers Semiaberto na 9ª SDP para 'diminuir a reincidência'

Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da subseção da de Maringá da

Ordem dos Advogados do Brasil é favorável à criação de regime semiaberto no minipresídio da 9ª SDP.

1 O sistema penitenciário corre o risco de entrar em colapso. Qual seria a solução para evitar o desastre?

- O Estado precisa refletir se o problema da segurança pública está no aumento do efetivo de tropas, na redução de penas, na má distribuição de renda ou na ausência da presença onde a população mais necessita, a exemplo de saneamento básico, distribuição de renda, empregos dignos, escolas em período integral e de qualidade e melhorias gerais nas condições de vida.

Os bolsões de miséria e a desesperança do ser humano, o seu descontentamento natural, faz com que ele procure vias alternativas, a tentar na criminalidade o que ele não consegue nas vias lícitas.

2 Algumas pessoas imputam a superlotação à demora do Judiciário. O senhor acredita que esse sistema também precisa ser revisto?

- O problema é que temos poucas vagas para muitos internos. Todo mundo sabe que construção de presídios não dá voto. O que dá voto é demagogia populista que prega a redução da maioridade penal, o aumento de pena para esse ou outro tipo de crime, é fazer o cidadão de bem acreditar que esses tipos de medidas vão resolver o problema. Imagine se reduzirem a maioridade penal: se nas atuais condições o número de prisões aumentou mil por cento, onde vamos colocar os adolescentes infratores.

3 A Polícia Civil se mostra contra a ideia de transformar o minipresídio em uma unidade para regime semiaberto. Como o senhor vê essa situação?

- Na verdade não deveria ser assim. Eu vejo essa decisão como solução para reduzir os índices de reincidência. Se você faz um regime semiaberto na zona rural, longe da cidade, como o preso vai se deslocar dessa área afastada para trabalhar em Maringá? Como ficaria esse deslocamento? O preso também tem o direito de proximidade com a família. Como ficaria isso? As fugas do regime semiaberto, em 80% dos casos, não são para reincidir no crime, mas para retornar para a família. O cidadão cumpre pena na Colônia Penal Agrícola, em Curitiba, e dada a facilidade do regime, que proporciona a ele (detento) o direito de trabalhar fora durante o dia e se recolher à noite. Chega a um ponto que ele se satura da colônia e vai fugir para voltar para a família. Três perguntas ao Coronel ... Antônio Tadeu Rodrigues 'Esse governo só pensa em improvisação'

Diretor da PEM entre 1996 a 1982 e atual presidente do Conselho Comunitário de

Segurança de Maringá (Conseg), o coronel da reserva da Polícia Militar, Antônio Tadeu Rodrigues, é contra a transformação do minipresídio em unidade de regime semiaberto.

1 Como o senhor vê o aumento da população carcerária de Maringá nesses últimos 22 anos?

São vários fatores que levaram a isso. Um deles foi permitir que presos de outras comarcas distantes de Maringá, passassem a cumprir pena aqui.

O certo era manter o preso próximo de sua residência. Para tentar solucionar a falta de vagas no nosso sistema, o governo atual propôs a construção de mais presídios

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na nossa cidade, mas desde o início nos colocamos contra. Maringá teria a maior concentração de presos do Estado. Eles estão improvisando. O governo ainda não encontrou a solução para este problema. A polícia está prendendo, mas a lentidão na aplicação da pena faz com que os presos se acumulem cada vez mais. Não existe projetos de trabalho ou estudo para os presos provisórios Na Casa de Custódia e no minipresídio, os presos ficam na ociosidade. Eles vão sair pior do que entraram.

2 Com a remoção dos presos do minipresídio, a Casa de Custódia terá sua capacidade de vagas praticamente esgotada. A previsão mais otimista indica que num curto período de tempo a CCM corre o risco de superlotação. Como evitar isso?

Se as nossas unidades prisionais fossem destinadas apenas para presos da nossa comarca o problema já estaria resolvido. A questão prisional é gestão. A CCM foi feita para receber presos provisórios, não condenados. Antes das duas rebeliões, a unidade estava com mais presos condenados do que provisórios. Temos que levar esses presos de fora embora e não amontoar tudo em Maringá.

3 A Secretaria de Estado da Justiça anunciou que pretende transformar o minipresídio em sistema de regime semiaberto. O senhor aprova essa ideia?

- Como eu já disse, esse governo só improvisa, só pensa em improvisação. Isso é um absurdo. Se isso acontecer, a sociedade pagará um preço muito alto.

Sou totalmente contra esse projeto do governo do Paraná. Entendo que o preso tem que ficar próximo da família, mas as vagas existentes na Colônia Penal e Industrial de Maringá já estão ocupadas por pessoas de fora. Fumacê percorre mais três bairros da zona norte Outros quatro veículos começaram a ser utilizados; secretaria divulga hoje novo relatório com balanço atualizado em Maringá Leonardo Filho

Mais três bairros receberam ontem nebulização para combate ao mosquito

transmissor da dengue. O trabalho com os fumacês foi concentrado nos jardins Alvorada, Real e Monte Rei - todos na zona norte da cidade. Com isso, chega a 13 o total de bairros que já receberam os equipamentos nebulizadores desde a quarta-feira. Para dar conta dos ciclos que não podem ser interrompidos, mais quatro veículos foram utilizados, em um total de sete.

Apesar do trabalho, a Secretaria Municipal de Saúde orienta a população para que fique atenta ao lixo doméstico, considerado a principal fonte de criadouros do Aedes aegypti. "O fumacê é eficaz contra o mosquito. Por isso, o morador deve abrir as janelas e portas de casa, para o veneno alcançar o inseto dentro do imóvel. Mas o fumacê não elimina os ovos e as larvas, que proliferam na água parada", explicou o secretário de saúde, Antônio Carlos Nardi.

A secretaria divulga hoje mais um relatório com os números atualizados de casos de dengue. No levantamento do dia 21, foram confirmados 837 exames positivos. Desde quarta-feira, a cidade trata a doença como epidemia.

Diante da evolução dos números, os vereadores aprovaram ontem requerimento para a convocação do secretário de saúde. O pedido é para que Nardi compareça na sessão da próxima terça-feira para falar sobre o problema. Os vereadores querem que ele apresente os números atualizados e as ações do município para combate à doença. Nardi soube por meio da reportagem de O Diário da convocação. "Irei tranquilamente e ficarei à disposição dos vereadores", disse.

Citronela O Asilo São Vicente de Paulo vai promover amanhã, a partir das 9h, uma ação aberta à comunidade. O trabalho visa a distribuir mudas de citronela, planta

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que pode ser usada como um repelente natural ao mosquito da dengue. "Aqui no asilo, mesmo sendo uma região com vários casos (zona norte), não houve registro de dengue.

Em volta de quase todo o local há citronela", disse a enfermeira Irani Carvalho, que trabalha no local. Serão distribuídas 2 mil mudas. Violência / Advogada é presa por suspeita de morte de noivo No homicídio, o primeiro registrado em Maringá em 2014, caminhoneiro foi baleado ao reagir a suposto assalto Roberto Silva

Segundo a polícia, suposto autor dos disparos assumiu a autoria do crime,

alegando ter sido ameaçado Uma operação deflagrada na manhã de ontem pela Delegacia de Homicídios de Maringá (DH) culminou na prisão da advogada criminalista Sandra Becker, 43 anos, e de um cliente dela, Marcílio Aparecido Ribeiro, 28. Os dois são suspeitos de envolvimento na morte do caminhoneiro Lourival Alves, 43 - noivo da advogada -, executado a tiros no início do ano, na periferia da cidade. A operação foi acompanhada por dois representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Subseção Maringá.

De acordo com o delegado da DH, Paulo Cesar da Silva, a ação foi desencadeada para dar cumprimento a dois mandados de prisão temporária expedidos pelo juiz titular da 4ª Vara Criminal, Givanildo Nogueira Constantinov. As prisões ocorreram por volta das 6 horas, na casa da advogada, que mora em um imóvel de alto padrão na Vila Santo Antônio, região norte. No mesmo endereço também funciona o escritório de Sandra.

No local foi apreendida uma pistola .380 municiada, da qual o registro estaria vencido. Por se tratar de uma arma do mesmo calibre usado para matar o caminhoneiro, a pistola será encaminhada para perícia.

Em interrogatório, Ribeiro confirmou ser o autor dos três tiros que atingiram a cabeça e o peito de Alves, na madrugada de 1º de janeiro. O caminhoneiro estava acompanhado da noiva quando foi alvejado, por volta das 3h, na esquina da Rua Guatemala com a Avenida São Domingos, Vila Morangueira. Na época, a advogada relatou à polícia que o noivo havia sido baleado ao reagir a uma tentativa de assalto enquanto os dois conversavam dentro do carro, parado para que ela ouvisse uma música gravada por ele no celular. Alves morreu no Hospital Santa Rita, 20 dias depois do crime.

Questionado sobre a motivação do crime, Ribeiro disse que matou Alves por conta de uma ameaça de morte e pelo suposto comportamento violento dele com a advogada, por quem confirmou nutrir atração. Ribeiro explicou que a ameaça de morte ocorreu depois de a vítima flagrá-lo dançando com a advogada. O suspeito, que estava em liberdade condicional há pouco mais de ano após cumprir oito anos de cadeia por roubo e tráfico, isentou Sandra de envolvimento no crime.

Segundo a polícia, Sandra chegou a registrar cinco boletins de ocorrência (B.O.s) contra o noivo e o filho dele, Luiz Henrique Alves, 18 anos, por violência doméstica.A Polícia Civil confirmou que o primeiro B.O. registrado pela advogada ocorreu em março do ano passado, com a mulher acusando Luiz de agressão e o pai dele de ameaça de morte. Dez dias depois, a advogada voltou a acusar o noivo e o filho por agressão e ameaça. Outros três B.O.s foram registrados entre novembro e dezembro. A mulher teria pedido aplicação de medida protetiva contra o noivo e estendido o pedido aos dois filhos dele.

Até o final da tarde de ontem, a advogada ainda não havia prestado interrogatório, mas em conversa informal com a reportagem, ela negou envolvimento no crime e disse que sequer sabia que o cliente era o autor dos disparos. "Eu quase fui

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atingida por um dos tiros, que acertou o meu banco, e agora me acusam disso?", questionou.

Sobre a presença do autor dos tiros na casa dela no momento da prisão, ela explicou que ele teria sido contratado para fazer reparos na residência. "Ele só dormia lá."

Até o final da tarde de ontem, a DH ainda não havia definido o local onde a advogada permanecerá presa por 30 dias. Oficiado a ceder um espaço, o comando do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) informou que a única sala disponível no quartel está em reformas.

Sandra foi autuada por posse ilegal de arma de fogo, mas já pagou a fiança, arbitrada em R$ 750.

Frase "Eu quase fui atingida por um dos tiros, que acertou o meu banco, e agora me acusam disso?"

Sandra Becker Advogada criminalista Folha de Londrina Opinião / De agressor a vítima

Quando se trata de violência contra a mulher, o povo brasileiro adota um discurso ambíguo. Se por um lado, a maioria concorda com a ideia de que o marido ou companheiro que bate na esposa deve ir para a cadeia, por outro, a mesma maioria acredita que as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.

Esse discurso confuso surpreendeu os técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que entrevistaram 3.819 pessoas para o estudo do Sistema de Indicadores de Percepção Social sobre a tolerância social à violência contra as mulheres. Os entrevistados são residentes em 212 municípios e o questionário foi aplicado entre maio e junho de 2013.

Segundo o Ipea, 65% dos entrevistados disseram concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", algo que deixa claro para autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher nos casos de violência sexual.

Em relação à frase "se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros", 35,3% disseram estar totalmente de acordo e 23,2% afirmaram concordar parcialmente.

Ou seja, a maioria dos entrevistados pode nem se dar conta, mas está claro que considera a violência contra o sexo feminino como uma forma de correção. Para o brasileiro, a mulher merece ser agredida por usar roupa provocante ou por não saber se comportar.

Seguindo esse raciocínio, as vítimas seriam os homens que não conseguem controlar seus apetites sexuais diante de mulheres que usam uma roupa mais curta ou decotada.

Seria uma ilusão acreditar que somente a educação vai transformar esse pré-conceito já enraizado na cabeça do homem brasileiro, principalmente os mais velhos. Para essa situação, há apenas uma saída: o rigor da lei para quem pratica qualquer ato de violência contra a mlher, seja agressão física ou psicológica. Prefeito de Rolândia pode ser alvo de nova CP Auber Silva Equipe Bonde

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O prefeito de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), Johnny Lehmann (PTB), pode ser alvo de nova Comissão Processante (CP) da Câmara de Vereadores a partir da próxima segunda-feira. Contra ele foram apontadas irregularidades no pagamento de horas extras a funcionários da Secretaria de Saúde. De acordo com o autor do pedido de CP, o professor André Nogaroto, servidores de unidades de saúde de Rolândia ganharam horas extras em 2012 enquanto faziam campanha a favor de Lehmann, então candidato à reeleição. "Pelo menos seis funcionários passaram o cartão e, no mesmo horário em que deveriam estar trabalhando, apareceram em passeatas e eventos de campanha do prefeito. Temos imagens de seis, inclusive portando bandeiras, mas a denúncia envolve dez servidores nesta situação", argumenta.

As denúncias surgiram durante os trabalhos da Comissão Especial de Inquérito (CEI) concluída no final do ano sobre a gestão da Saúde no município.

Procurado pela reportagem do Bonde, Lehmann afirmou não ter conhecimento do pedido de abertura da CP. "Não fui notificado oficialmente, preciso ver do que se trata", limitou-se.

No ano passado, o prefeito foi alvo de CP por irregularidades no Hospital São Rafael, o principal da cidade. Ele era acusado de manter convênio de aproximadamente R$ 30 milhões sem cobrar o devido atendimento médico à população. O processo, no entanto, não foi adiante e terminou sendo arquivado pelo Legislativo. Presos 23 membros de organização criminosa Bando é responsável por assaltos, homicídios e tráfico de drogas, aponta polícia Rubens Chueire Jr.Reportagem Local

Curitiba - Uma organização criminosa responsável por assaltos a bancos e carros-fortes, arrombamentos a caixas eletrônicos, tráfico de drogas, venda e aluguel de armas, sequestros relâmpagos e homicídios no Paraná, foi desarticulada por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Foram presos 17 homens e seis mulheres.

As ações da quadrilha se concentravam principalmente em Curitiba e região. Entretanto a polícia já identificou por meio do serviço de inteligência que o bando mantinha contato com criminosos nos Estados de Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

"Temos certeza que estamos apresentando integrantes de uma das maiores organizações criminosas do Paraná. E esse trabalho foi iniciado através da prisão de um dos membros da quadrilha. Este indivíduo deixou indícios que possibilitaram aos investigadores chegarem aos demais criminosos", explicou o delegado titular do Cope, Edward Ferraz.

A polícia prendeu Wanderlei Benites, de 31 anos, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), no dia 25 de fevereiro. Com os dados coletados com o suspeito, foi possível desarticular a quadrilha e prender outros 22 supostos integrantes do bando.

"Praticamente um mês após a primeira prisão conseguimos desarticular esta quadrilha. Verificamos a participação destas pessoas em pelo menos dez homicídios e vamos repassar as informações para a Delegacia de Homicídios. Também identificamos que este bando foi responsável pelo roubo de 250 quilos de explosivos na região de Colombo", afirmou Ferraz.

O delegado informou que existem outras pessoas já identificadas que também fazem parte da organização criminosa e que devem ser presas na sequência das investigações. "Não podíamos postergar a operação porque detectamos que eles agiam

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de forma violenta, entretanto os trabalhos prosseguem, inclusive estendendo a investigação sobre os contatos dos criminosos nos outros Estados", completou.

Na operação foram apreendidos três revólveres calibre 28, um revólver calibre 357, um fuzil AK-47 com munição, uma pistola calibre 380, uma pistola calibre 40, 6,1 quilos de crack, documentação falsificada, 600 munições de 9 milímetros, colete balístico e telefones celulares. "Estamos tendo uma atenção especial nas investigações de organizações criminosas que atuam no Estado. Tirando este pessoal de circulação evitamos que novos crimes de roubo, tráfico e homicídios ocorram", ressaltou o delegado geral da Polícia Civil, Riad Farhat. PRF faz operação contra drogas Vítor Ogawa Reportagem Local

Londrina - A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apresentou ontem em Londrina o resultado da Operação Temática de Enfrentamento ao Narcotráfico (Otenarco), coordenada pela Divisão de Combate ao Crime (DCC), em conjunto com a Seção de Policiamento e Fiscalização do Paraná (SPF/PR), e realizada nas rodovias federais das regiões Norte e Noroeste do Paraná.

De 16 a 28 de março, 63 policiais estiveram reunidos na cidade, dentre os quais 11 do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, para trocar informações sobre técnicas de abordagens e de revista de veículos em busca de drogas escondidas. Após a parte teórica, os agentes partiram para a prática.

No total foram apreendidos 166,5 kg de maconha, 172,7 kg de cocaína, 470 gramas de crack, 521,4 mil maços de cigarro, 2,4 mil medicamentos, 16 mil espoletas utilizadas em cartuchos de arma de fogo e 4 simulacros de arma de fogo.

Segundo o inspetor da PRF, Wilson Martines, a Otenarco é realizada em várias regiões do País com o objetivo de padronizar as técnicas e ações dos policiais rodoviários federais. "Durante dois dias os policiais recebem treinamento na teoria e depois colocam o que aprenderam em prática", explicou. Martines afirmou que o resultado foi tão bom que o volume de material apreendido em cinco dias na região de Londrina superou o volume recolhido este ano no Paraná inteiro.

Doze suspeitos e um adolescentes foram detidos. Ao todo foram registradas 25 ocorrências.

Na palestra para avaliar os resultados, o inspetor Sílvio Ribeiro, da PRF de Mato Grosso do Sul, destacou que os policiais da região de fronteira repassaram as técnicas em detectar carregamentos ilícitos e os policiais daqui também informaram como realizam as revistas dos veículos. "Depois que o Congresso aprovou a lei do abate de aeronaves, as rodovias se tornaram o meio principal para transportar as drogas", ressaltou.

Em uma das ações, no dia 22, em Arapongas, foram apreendidos cerca de 300 kg de drogas e mais de US$ 5 mil na BR-369. O material em uma Ford Ranger caracterizada como se fosse das Forças Armadas, com um brasão e a frase "Exército Brasileiro". A ocorrência encaminhada a Delegacia da Polícia Federal de Londrina.

Segundo a PRF, o treinamento se justifica porque, além de ser uma rota de passagem de drogas, a região também se tornou polo de consumo.