fundamentos metodológicos da ginástica

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2012 Leonardo de Arruda Delgado Curso de Licenciatura em Educação Física Barra do Corda - 2012 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA

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A disciplina Fundamentos Metodológicos da Ginástica visam realizar descreva de forma clara e resumida alguns dos conteúdos que podem ser abordados no contexto escolar, seja na aula de educação física, no desporto escolar ou nas aulas de formação técnica, sobre a modalidade de ginástica.

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FUNDAMENTOS METODOLGICOS DA GINSTICA

FUNDAMENTOS METODOLGICOS DA GINSTICA LEONARDO DE ARRUDA DELGADO2012

ndice

3PALAVRAS DO PROFESSOR

5UNIDADE I: NATUREZA, HISTRIA E GNESE DA GINSTICA

6SEO 1: Conceitos

7SEO 2: Conhecendo a Histria da Ginstica

7Ginstica na Pr-Histria

8A Ginstica na Antiguidade

10A Ginstica no Oriente Prximo

12A Ginstica na Grcia

16A Ginstica em Roma

18A Ginstica na Idade Mdia (395-1453)

20A Ginstica no Renascimento

21A Ginstica na Idade Contempornea

38SEO 3: A Incluso das Ginsticas na Escola e nas Escolas Brasileiras

41A Formao para o Trabalho com as Ginsticas No Brasil

42Consideraes Finais do Capitulo

43UNIDADE II: MTODOS GINSTICOS

44SEO 1: Classificao da Ginstica

44Ginstica de Condicionamento Fsico

45Ginstica Geral (Gymnaestrada)

45Ginstica Formativa

46Ginstica Natural

46Ginstica Competitiva

46SEO 2: Classificao Geral dos Exerccios Fsicos

49SEO 1: Ginstica de Condicionamento Fsico

49Ginstica Calistnica

56Ginstica Aerbica

68Ginstica Localizada

77Hidroginstica

84Musculao

93Seo 2: Ginstica Mdica ou Fisioterpica

94UNIDADE IV: GINSTICA DE COMPETIO OU DESPORTIVA

94SEO 1: Ginstica Artstica

95Definio:

96Histria

96A Ginstica Olmpica na escola: possibilidades de trabalho

98Segurana na GO/GA e preveno de acidentes

99Modalidades

115Referencial Bibliogrfico

PALAVRAS DO PROFESSOR

Todas as partes do corpo que possuem uma funo, se usadas com moderao e exercitadas em algum trabalho fsico, se conservam sadias, bem desenvolvidas e envelhecem lentamente, porm se no so trabalhadas, deixam de funcionar, se convertem em enfermidades, defeituosas em seu crescimento e envelhecem antes do tempo (HIPCRATES, 460 A.C. a 377 A.C.)

Prezado Acadmico:

Voc deve estar pensando, que ser que vou aprender com meus estudos na disciplina de fundamentos Metodolgicos da Ginstica?, ser que vou estudar os exerccios fsicos e os assuntos pertinentes a ele?, com um pensamento de hipcrates (o pai da Medicina) que est remontando em quase 2.500 anos, iniciamos essa discusso.

Mas, para isso leia atentamente o que est escrito e reflita sobre a verdade em cada palavra com relao ao organismo humano e a necessidade primordial que seus ossos, msculos, articulaes, sistemas e aparelhos possuem de constante movimento. E o mais importante que esse movimento precisa ser dimensionado, constantemente avaliado e principalmente prescrito e aplicado de maneira correta, constituindo-se em exerccios fsicos, que venham a desenvolver as qualidades fsicas inerentes ao corpo humano.

A disciplina Fundamentos Metodolgicos da Ginstica visam realizar descreva de forma clara e resumida alguns dos contedos que podem ser abordados no contexto escolar, seja na aula de educao fsica, no desporto escolar ou nas aulas de formao tcnica, sobre a modalidade de ginstica.

Veja que ao se falar sobre a Educao Fsica, faz-se necessrio caracterizar o homem como um ser holstico e que, dessa forma, ele necessita desenvolver-se em trs nveis de conhecimento:

Scio-Afetivo, que visa o desenvolvimento do indivduo como um ser humano social, buscando estmulo para formao de sua cidadania e de sua tica;

Cognitivo, relacionado com seu desenvolvimento intelectual e seus processos reflexivos ;

Motor, que enfoca o movimento humano em todas as suas reas de estudo.

O Professor de Educao Fsica o grande facilitador para que os trs nveis de conhecimento anteriormente citados, se desenvolvam de forma harmoniosa e em sua plenitude, e dessa forma, faz-se necessrio que em nosso curso de graduao tenhamos conhecimento do corpo humano nos aspectos biolgicos em disciplinas como Anatomia e Histologia. O conhecimento do homem enquanto ser de fundamental importncia, portanto, as disciplinas de Histria, Filosofia e Antropologia so estudadas j nos primeiros semestres. Complementando esta trade, temos disciplinas que estudam e mensuram o corpo humano a partir dos movimentos que o mesmo executa (Cinesiologia) e de suas variveis antropomtricas (Medidas e Avaliao).

No caso especfico de nossa disciplina - Fundamentos Metodolgicos da Ginstica - ela um dos primeiros momentos na carreira de um Profissional de Educao Fsica, em que se conseguem subsdios tcnico-cientficos, visando possibilitar a esse futuro profissional a condio de prescrever e aplicar exerccios fsicos em classes de alunos com condies fsicas e de sade de um modo geral, muitas vezes um tanto heterogneas.

Nossos futuros alunos de instituies pblicas e particulares estaro, por certo, esperando que tenhamos condies tcnico-didticas de sugerir movimentos, que podero, dos mais simples aos mais complexos, melhorar as diversas funes orgnicas, ajudando a construir geraes mais saudveis e mais comprometidas com a manuteno da sade e tambm utilizao da ginstica e do exerccio fsico como elementos de preveno contra patologias diversas.

Nosso desafio foi tornar a tarefa da abordagem da Ginstica, disciplina na qual o eixo teoria-prtica bastante representativo nos cursos de graduao presencial, em um processo significativo e vivo no mdulo a distancia. Buscamos para isso integrar o texto do fascculo aos outros textos produzidos sobre o tema e aos vdeos que abordam o assunto. Sugerimos tambm algumas atividades que os professores podero incluir em suas aulas ou simplesmente realiz-las, caso se sinta vontade para isso. Pensamos que o estudo da Ginstica nas aulas de Educao Fsica Escolar pode ser realizado de forma ldica e prazerosa, despertando nos alunos o gosto pelo belo, pelos desafios corporais e pela criatividade.

O material que ora apresentamos, delimita o contedo GINSTICA, de forma a facilitar sua aplicao nas aulas de Educao Fsica. A Estrutura Bsica consiste no histrico, definio e classificao da ginstica, utilizando uma linguagem simples e informaes atualizadas. A fim de subsidiar os professores de educao fsica no municpio de Barra do Corda/MA.

Caro acadmico do Curso de Graduao de Licenciatura em Educao Fsica, tenha bom proveito em seus estudos.

Leonardo de Arruda Delgado

Ementa

Natureza, histria e gnese da ginstica. Conceituao, generalidades e classificao da Ginstica e suas variaes. Surgimento e evoluo dos mtodos Ginsticos. Estrutura da aula de ginstica.Objetivos

Compreender a linha do tempo da histria da ginstica. Identificar as principais formas de ginstica existentes. Diferenciar as diferentes formas de se realizar exerccios fsicos.UNIDADE I: NATUREZA, HISTRIA E GNESE DA GINSTICA

Voc pode achar que o pensamento constante no tpico Palavras do Professor, de autoria do Pai da Medicina - hipcrates (460 A.C - 377 A.C.), est um tanto quanto antigo ou ainda defasado. Porm, perceba que ele apresenta, de forma simplificada, toda a necessidade de que o corpo humano possui de se manter fisicamente ativo, executando movimentos naturais ou de maneira disciplinada e contnua da prtica da ginstica.

Certamente, lhe atinge-lhe o fato de que uma das caractersticas da vida humana no mundo moderno e tecnolgico a falta ou a drstica reduo da quantidade dos movimentos naturais executados pelo ser humano, caracterizando-se no que denominamos por Sedentarismo.

Para a Organizao Mundial da Sade (OMS), so sedentrios todos os indivduos que tiverem um gasto calrico inferior a 500 kcal por semana com atividades ocupacionais.

A presena constante do automvel, dos controles remotos e das escadas rolantes, faz com que o homem, nos dias de hoje, execute caminhadas em menor quantidade, dificilmente corre e os demais exerccios naturais como saltar, lanar, arremessar, saltitar e outros tantos so movimentos de uma raridade mpar no cotidiano de um ser humano nos dias atuais.

Em contraponto, perceba que durante as ltimas dcadas, estamos vendo a constante relao feita entre a manter-se fisicamente ativo e a sade, isto se deve a preocupao, por parte da sociedade, na promoo e manuteno da sade no seu amplo espectro conceitual, ou seja, segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS), a sade o completo bem-estar fsico, mental e social.

Portanto, quando em atuao profissional, tome a precauo de no iniciar ou elaborar um programa de exerccios fsicos e unicamente relacion-los com a perfeio de linhas, mas principalmente, com a melhora ou manuteno da qualidade de vida dos mais variados tipos e biotipos de indivduos, desde crianas at a terceira idade.

Procure habilitar-se para prescrever atividades fsicas para os obesos que hoje j so parcela considervel da populao principalmente nos pases desenvolvidos, para os indivduos portadores de necessidades especiais, que no caso do Brasil, esto prximos dos 15 milhes de pessoas, e um dos grandes campos de trabalho que se desenvolve atualmente, a prescrio da ginstica laboral que funcionaria como uma espcie de compensao s atividades normalmente estressantes relacionadas ao trabalho dirio.

Para concluir, perceba que notrio e ao mesmo tempo paradoxal, os mdicos recomendarem repouso absoluto para a maioria das enfermidades desenvolvidas pelo organismo humano, porm, so extremamente entusiastas na recomendao de atividades fsicas regulares e orientadas, para a preveno, controle e tratamento de inmeras molstias, fazendo-nos perceber claramente o quanto hipcrates estava com a razo.

SEO 1: Conceitos

A ginstica um conceito que engloba modalidades competitivas e no competitivas e envolve a prtica de uma srie de movimentos exigentes de fora, flexibilidade e coordenao motora para fins nicos de aperfeioamento fsico e mental.

GYMNKOS = Origem grega, adjetivo relativo ao exerccio do corpo GYMNASTIQUE= Origem da lngua francesa.

Segundo BARBANTI (2003), o termo ginstica originou-se aproximadamente em 400 a.C. derivado de GYMNOS , que significa "n", levemente vestido e geralmente se refere a todo tipo de exerccios fsicos para as quais se tem de tirar as roupas de uso dirio. Durante o curso da Histria as interpretaes de Ginstica variaram. Atualmente o termo esta perdendo o seu uso e tem sido substitudo por outras nomenclaturas de exerccios e/ou modalidades especficas.

Conforme Aurlio (Novo Dicionrio da Lngua Portuguesa, 2000), o termo ginstica etimologicamente: o conjunto de exerccios sistematizados; o conjunto de movimentos, psicomotores para um objetivo.

Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exerccios fsicos realizados pelos soldados da Grcia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e habilidades semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas. Naquela poca, os ginastas praticavam o exerccio nus (gymnos do grego, nu), nos chamados gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prtica s voltou a ser retomada - com nfase desportiva e militar - no final do sculo XVIII, na Europa, atravs de Jean Jacques Rousseau, do posterior nascimento da escola alem de Friedrich Ludwig Jahn - de movimentos lentos, ritmados, de flexibilidade e de fora - e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a melhoria dos aparelhos na prtica do esporte. Tais avanos geraram a chamada ginstica moderna, agora subdividida.

Anos mais tarde, a Federao Internacional de Ginstica foi fundada, para regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificaes surgidas posteriormente. J as prticas no competitivas, popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo de diferentes formas e com diversas finalidades e praticantes.

SEO 2: Conhecendo a Histria da Ginstica

Nesta seo iremos estudar os papis da Ginstica, suas denominaes e seus objetivos no decorrer da histria. Conforme Pereira (1988) a cultura fsica (terminologia utilizada para designar toda a parceria de cultura universal que envolve o exerccio fsico, como a Educao Fsica, a Ginstica, o Treinamento Desportivo e a Dana) caracterizou-se por ser um fenmeno universal, pois existem vrios exemplos de exerccios fsicos em vrias civilizaes, em diversas regies do planeta.

Nesse sentido, podemos dizer que a Ginstica formou-se a partir de diferentes conceitos, assumindo diversas funes, atravs dos tempos (desde 3.000 anos a.C. at hoje), nas diferentes culturas, obtendo diversos significados e objetivos, de acordo com a comunidade em que estava inserida e sua poca.

Ginstica na Pr-Histria

claro que a expresso "Ginstica" aplicada ao homem pr-histrico um tanto forada, pois o exerccio fsico no estava sistematizado, regulamentado, metodizado, estudado cientificamente, etc.. Mas tudo isso que ns hoje procuramos atingir cientificamente (bem estar fsico, sade, fora, velocidade, resistncia, aperfeioamento das funes fisiolgicas, etc.), o homem primitivo atingiu e ultrapassou em muito. que, pelas condies de vida, um dia na pr-histria, era uma contnua e completa aula de educao fsica. Para sobreviver ao perigo das feras e inimigos, para fugir as intempries, para conseguir o alimento, para homenagear os deuses, para festejar vitrias, etc., o homem, em pleno contato com a natureza, precisava correr, saltar, marchar, arremessar, na dar, mergulhar, lutar, levantar e transportar ,equilibrar, trepar, quadrupedar, danar, jogar, etc.

Para fins de estudo, podemos classificar as atividades fsicas na pr-histria dentro dos aspectos: Natural, Utilitrio, Guerreiro, Recreativo, Religioso.

1 - ASPECTO NATURAL: Aqui colocamos as atividades fsicas feitas instintivamente, como meio de sobrevivncia: Correr para fugir ao perigo ou para alcanar a caa; Nadar para atravessar os rios; Marchar (caminhar) a procura da caa, da pesca, do abrigo; Arremessar a pedra, a lana, para caar, pescar, guerrear e ai sim por diante.

2 - ASPECTO UTILITRIO: Na caa ou na pesca, quantas vezes a lana foi atirada imperfeitamente, deixando o homem sem a sua desejada alimentao. Ele percebeu que precisava "treinar" aquele gesto para que, quando surgisse a situao real frente a sua presa, pudesse ter xito no lance. Esse treino, essa atividade intencional, essa "evoluo tcnica" j no mais apenas instintiva, caracteriza o aspecto utilitrio.

3- ASPECTO GUERREIRO: Aos poucos, vai o homem dominando a natureza: alguns grupos desenvolvem o pastoreio e a agricultura e j podem abandonar a vida nmade. Mas outros grupos, que ainda vivem da caa e da coleta de frutos silvestres, percebem a fartura daqueles e adestram-se no manejo das armas para atacar e apossar-se do excelente estoque de alimentos. Os sobreviventes do grupo atacado, por sua vez, percebem que no basta criar o gado e armazenar os cereais: preciso dedicar muita ateno ao preparo para luta e s medidas de segurana. a educao fsica sob o aspecto guerreiro. Mais tarde, o crescimento dos aglomerados humanos exige a especializao do trabalho e surgem os homens dedicados exclusivamente segurana: os soldados. E na caserna que a Educao Fsica, atravs de todos os tempos, encontra apoio enftico e perene.

4 - ASPECTO RECREATIVO: Os homens primitivos brincavam de correr, saltar em altura e extenso; lutavam, danavam, atiravam ao alvo faziam encenaes representando episdios de caa, cenas cmicas, simulaes de combates e etc.

5 - ASPECTO RELIGIOSO: Para aplacar a ira dos deuses, ou para homenage-los, o homem pr-histrico realizava atividades rtmicas e danas. Ao ritmo de bastes, tambores, palmas, gritos e outros rudos, executavam movimentos simblicos de braos mos, dedos, cabea, tronco, balanceamentos, saltitamentos, passos e corridas, batidas de ps e etc.

A Ginstica na Antiguidade

Na Antigidade, principalmente no Oriente, os exerccios fsicos aparecem nas vrias formas de luta, na natao, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exerccios utilitrios, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparao guerreira de maneira geral.

A ginstica aparece aqui como elemento sinnimo de um conjunto de atividades fsicas, baseada na massagem e nos movimentos respiratrios, com uma freqncia diria, e com objetivos mdicos e morais. Com algumas particularidades, praticamente todas as civilizaes antigas a que temos acesso, a partir de quarenta sculos antes de Cristo (atravs de desenhos, escrituras, etc.), tinham esta concepo.

Chineses:

a) Os chineses constituem um dos povos mais antigos da terra. Sua histria perde-se na bruma dos tempos e no terreno lendrio.

Pode-se, no entanto dizer que j h 3.000 anos A.C. possuam uma educao organizada, com escolas de nvel primrio, mdio e superior.

b) A Ginstica no se restringia ao currculo escolar, e por isso alcanou alto nvel entre os chineses, que ela estava englobada nos preceitos morais e religiosos. Assim, graas aos sacerdotes e tambm aos filsofos (entre estes destacamos Confcio que foi um grande ginasta) a Educao Fsica era encarada com muita seriedade pelo povo chins.

c) O Kong-Fu era um notvel tratado de Ginstica elaborado pelos monges da seita Tao-Tse.

Continha exerccios ativos, passivos e mistos; determinava a manuteno de posturas, as mudanas de posturas, os modos de respirar; explicava os vrios tipos de massagens; indicava os benefcios fisiolgicos e curativos de cada exerccio. So famosas as "7 Regras de Sade de Kong-Fu": levantar cedo, purificar a boca, exercitar-se, massagear-se, banhar-se, repousar, alimentar-se.

d) Alm das prticas morais e higinicas aconselhadas pelos filsofos e pelo Kong-Fu, os chineses praticavam muitas outras atividades fsicas: o arco e a flexa, a luta, o box, os jogos imitativos, a esgrima de sabre, o Tsu-Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca) , a caa, danas religiosas e pantominas.

e) A introduo do Budismo e a influncia de alguns filsofos que pregavam a "inanio e a meditao para alcanar a sabedoria e a felicidade, prejudicaram o progresso da educao fsica e da prpria China a partir de uns 2 sculos antes de Cristo.

Na atualidade, o povo chins reage aos sculos de obscurantismo e j comparece nas competies mundiais de basquete, atletismo, natao, ping-pong, tnis, futebol.

Hindus:

a) A ndia se originou h uns 2.000 anos A.C com a invaso dos rios que dominaram a vasta pennsula triangular que vai do Himalaia ao Oceano Indico. Os hindus estavam organizados em 4 castas hierarquizadas: os brmanes (sacerdotes, poetas, juzes, mdicos); os guerreiros; os negociantes, pastores e agricultores; e os servos. Havia ainda os sem classe ou parias, desprezados e sem quaisquer direitos.

b) As principais fontes histricas para estudo deste povo so os livros Vedas (livros sagrados do Bramanismo); Mahabrata (poema que relata uma guerra civil); Ramayana (poema pico que descreve as lutas de Rama para reaver sua esposa Sita) e as Leis da Manu, o celebre legislador da ndia.

c) Os livros mencionados nos do conta de que os hindus praticavam ginstica, exerccios respiratrios? Massagens, hidroterapia, a equitao, o box, lutas, corrida, natao, dana, plo, esgrima, lanamentos. Eram guerreiros temveis. Possuam cidades fortificadas; usavam os elefantes nas batalhas colocando no dorso desses animais dezenas de arqueiros que espalhavam a morte e a destruio entre seus inimigos.

A Ginstica tinha grande destaque no sistema escolar e ainda recebia especial ateno no culto familiar e nos templos. Os preceitos higinicos faziam parte da essncia moral e religiosa do povo.

Manu preconizava: Para a sociedade a hierarquia das castas e para o indivduo a pureza fsica e moral. A purificao era feita pelo fogo, (fumigaes) pela respirao e pela gua.

A Ioga uma interessante prtica que nos legaram os hindus. Ela consiste em tcnicas respiratrias, manuteno de posies do corpo, exerccios feitos suavemente e atitude mental em busca da tranqilidade interior e das "foras csmicas.

d) Na atualidade, aps longo domnio e por influencia inglesa, os hindus praticam futebol, tnis, plo, hockey, cricket, golf, atletismo.

A Ginstica no Oriente Prximo

Egpcios, caldeus, assrios, hebreus, medos, persas, fencios e insulares, so os grupos mais conhecidos entre os povos da antigidade, no Oriente Prximo. Vamos dizer apenas que os fencios eram hbeis navegadores; que os assrios e caldeus eram guerreiros cruis; que os hebreus legaram preciosos princpios higinicos; que os medos e os persas eram inteligentes, dinmicos, honrados e guerreiros.

Detenhamo-nos um pouco mais nos Egpcios e nos Cretenses.

Egpcios:

Atravs de escavaes realizadas pelos pesquisadores franceses Champollion e Botta e o ingls Rawilson no Egito, encontraram nas paredes das tumbas e hipogeus, pinturas e desenhos que revelaram as prticas fsicas que faziam parte do ume egpcio, dentre os quais, os exerccios gmnicos. MALTA (1994), declara a existncia de uma ginstica egpcia, devido a grande variedade de atividades fsicas praticadas no Egito, destacando a constatao do trabalho de algumas qualidades fsicas (equilbrio, fora, resistncia muscular e flexibilidade) como tambm a utilizao de alguns materiais de apoio {rvore, lana e pesos).

a) No vale do rio Nilo, nordeste da frica, floreceu, h mais de 4.000 A.C., a civilizao egpcia.Os egpcios eram altos, de ombros largos, de quadris estreitos, pernas e braos longos, peles amorenada pelo sol, alegres, trabalhadores, cultos e religiosos.

b) Vivendo em pas de clima quente e recebendo as cheias peridicas do Nilo, era natural que os egpcios desenvolvessem adequadamente seus preceitos higinicos, exerccios, hbitos alimentares e vesturio.

c) Assim, a natao era bastante praticada por homens e mulheres (lembram-se do episdio bblico que narra o achado de Moiss pela filha do Fara durante um banho no rio Nilo?). O remo, a navegao e a caa de aves e animais selvagens nos rios e pntanos eram muito apreciados (hipoptamos, gazelas, bois selvagens, raposas, lebres, lees, leopardos, crocodilos). Os jovens perseguiam a nado os crocodilos levavam na mo um basto ponte agudo nos dois extremos e ofereciam o ante-brao ao animal; quando este tentava abocanh-lo nada conseguia alm de ficar espetado.

A ginstica rtmica e as danas tiveram alta expresso no Egito, seja sob o aspecto religioso, como sob o profano e militar.

Desenvolveram a arte da luta. Nos tmulos de Beni-Hasan foram encontradas figuras de lutadores, pintadas em verme lho e preto, para melhor compreenso da tcnica dos golpes,em que aparecem mais de uma centena de fases de luta.

Sob o aspecto militar, alm do manejo do arco e da flexa, praticavam a corrida de carros de guerra, o arremesso de lana, a esgrima com um basto numa das mos e com escudo na outra, corridas de velocidade e resistncia.

d) Em to alto conceito tinham os egpcios a educao fsica que o prprio herdeiro do trono se exercitava junto com os demais membros da nobreza. E todo o juramento feito em nome do Fara, terminava com a expresso Vida, Sade, Fora.

Nos Locais dos exerccios fsicos, assim como fazemos hoje nos estdios e vestirios, havia frases de incentivos aos praticantes: "Teu brao mais forte que o dele; no cedas"; "Nosso grupo mais forte que o deles; fora, companheiros.

Cretenses:

a) Entre os insulares, ou povos do mar, brilhou, h mais de 2.000 anos A.C., a civilizao cretense. Embora ainda no tenha sido possvel decifrar os signos da escrita cretense, pelas runas, quadros, pinturas e esculturas, pode-se conhecer algo deste povo extraordinrio, precursor e inspirador da civilizao grega no campo da Educao Fsica.

b) Os cretenses eram baixos, morenos, queimados pelo sol, esbeltos, geis, enrgicos, usavam roupas leves (uma simples tanga e saiote ricamente bordado, com uma cinta que ressaltava o talhe atltico); as mulheres usavam saias soltas, camisas rendadas, elegantes chapus, colares, jias e braceletes.

c) Seus templos e palcios possuam inteligente distribuio de ar, luz, gua, drenagens, instalaes sanitrias e salas de banho.

d) Hbeis marinheiros e possuindo um tipo de barco guarda-costas muito veloz, no precisavam de muros e fortificaes para guarnecer seu litoral.

Eram apaixonados pelos exerccios de fora e destreza. Para seus espetculos, construram os primeiros teatros e estdios do mundo. Apreciavam as lutas de gladiadores e os combates de homens e mulheres contra as feras. A coragem e a habilidade acrobtica dos cretenses se desenvolveram a tal ponto que casais de toureiros, desarmados, brincavam com o touro furioso, dando cambalhotas e saltos sobre o dorso do animal.

Conheciam o pugilismo e j dividiam os lutadores nas trs clssicas categorias: leves, mdios e pesados. Os lutadores cobriam o corpo com leo. Como outros povos, os cretenses tambm praticaram as danas religiosas e recreativas, as corridas, natao e massagem.

A Ginstica na Grcia

Na Grcia, definiu-se o primeiro conceito de Ginstica. Os exerccios ginsticos tinham de ser praticados com o corpo n, banhados com leo, nos ginsios, sob uma orientao determinada por preparadores fsicos e filsofos, objetivando a formao do ser humano, no seu aspecto fsico, intelectual, filosfico, artstico (vinculado esttica e msica), e moral, desenvolvidos a partir do seu mtodo, a orquestrica e a palestrica:

Pouco antes de Plato a ginstica foi erigida em instituio nacional. Foi metodizada e codificada, juntamente com a instituio dos atletas, e com a dos pedotribas (professores) que se consagravam exclusivamente nos exerccios corporais, com o fim de concorrerem aos jogos pblicos....

A Ginstica foi dividida em dois grupos:

A orquestrica (formao cultural e moral dos jovens, atitudes por meio de gestos, msica, carter, dignidade do cidado, danas rtmicas)

A palestrica (preparo de atletas para os jogos pblicos, diversas modalidades de exerccios fsicos e eram realizados nos ginsios) (BONORINO, op.cit., p.19 e 20)

A Grcia antiga compreendia a extremidade da pennsula balcnica, uma serie de ilhas nos mares Egeu, Jnico e Mediterrneo e alguns pontos nas costas da sia Menor.

Vrios povos cruzaram a Grcia, mas com os Helenos, que a invadiram no sculo XVI A.C., que o povo grego surge ante a face da Histria. Os helenos se dividiam em quatro tribos: aqueus, elios, drios e jnios. Os drios se estabeleceram em Esparta e os jnios em Atenas e essas duas cidades-estado lideraram por largos perodos a vida dos povos gregos. Embora da mesma raa, os gregos no possuam unidade poltica. Apenas em casos de guerras com outros povos havia uma unio temporria entre algumas cidades.

Somente o desporto e a religio, atravs dos jogos Pan-helnicos, conseguiam uma efetiva unidade nacional.

Os gregos, pela harmonia de suas linhas, proporo de seus segmentos e delicadeza de semblante, inteligncia, coragem e cultura, foram considerados o prottipo da beleza humana.

Separados poltica e geograficamente, era natural que diferentes fossem os tipos de educao dos Gregos.

Os espartanos eram rudes, fortes, enrgicos, belicosos, colocando o amor a Ptria acima de tudo.

Por isso a educao espartana visava a formar soldados eficientes e prontos a morrer pela Ptria.

At os 7 anos a criana ficava com a me; era ento entregue ao Estado passando a viver em comum com outras crianas, tendo uma alimentao sbria, realizando exerccios violentos e habituando-se aos rigores da natureza. Aos 13 anos ingressava em regime ainda mais violento, praticando exerccios militares como equitao, funda, arco e flexa, manejo da lana. Formavam bandos de adolescentes e eram mandados a assaltar stios e viajantes para prover sua prpria alimentao. Se no conseguissem atingir seu intuito eram severamente castigados.

Dos 18 aos 20 anos o jovem espartano passava a guardar a cidade e a treinar os grupos mais jovens nos exerccios fsicos e militares.

Dos 20 aos 30 anos entrava nos plenos poderes militares, podendo comandar tropas. Depois dos 30 gozava de privilgios polticos; aps os 60 podia aspirar os mais altos postos da vida poltica.

Por tudo isso, fcil concluir-se que a Educao consistia quase que exclusivamente na Educao Fsica. Afora, e a educao cvica, os jovens recebiam apenas alguns rudimentos de aritmtica, leitura, e poesia. As meninas tambm recebiam uma educao fsica intensa e, para escndalo dos de mais gregos, participavam dos jogos pblicos; corriam, manejavam o arco e a flecha, dirigiam um carro de guerra e lutavam como qualquer homem; tinham obrigao de manter-se belas, fortes e saudveis a fim de que aos 20 anos fossem desposadas e pudessem gerar filhos saudveis. Eram educadas a colocar o amor a Ptria acima do amor maternal.

J a educao em Atenas era diferente. At aos 7 anos os meninos ficavam ao inteiro cuidado materno, brincando livremente.

Aos 7 anos ingressavam na escola onde aprendiam as primeiras letras, canto, musica, jogos, como comportar-se em sociedade. Vemos, ento que os atenienses buscavam a formao integral do indivduo: alma; corpo, mente. Dos 12 anos aos 15 estudos se aprofundavam (Desenho, Astronomia, Matemtica, Legislao, Literatura e etc.) e a ginstica ia se tornando cada vez mais dura.

Dos 15 anos aos 18, recebiam a ginstica mais difcil e dedicavam-se ao atletismo. Dos 18 aos 20 ingressavam na efebia, espcie de aspirao militar. Alm do treinamento cvico e militar, recebiam ensinamentos sobre poltica, administrao e oratria. As meninas eram educadas pela me Sua educao era voltada para o lar; aprendiam a fiar, coser, bordar, ler, escrever, tocar citara, danar e praticar alguns jogos.

Por esse tipo de educao compreende-se porque o ateniense era forte, bravo, amante da sua Ptria, do seu lar, da sua liberdade, e tenha atingido altos nveis em todos os ramos das cincias e das artes, causando admirao e servindo de exemplo para todos ns.

Os gregos possuam excelentes locais para as prticas gimnicas e desportivas:

a) Estdio - local onde se realizavam as corridas de velocidade e resistncia. Ficava na plancie junto ou entre morros nos quais construiam-se arquibancadas. "Estdio" uma medida grega que corresponde mais ou menos a 192 metros.

No estdio realizavam-se as corridas, lutas saltos e arremessos.

b) Palestra - (pal = luta) - recinto destinado s lutas. Alem do local das lutas havia vestirios, salas de ginstica, banheiros frios e quentes, salas de reunies e salas de massagens.

c) Hipdromo - local destinado s corridas cavalo e de carro.

d) Ginsio Local destinado prtica da ginstica e dos jogos, englobando s vezes tambm educao intelectual. Com o tempo, o ginsio passou a constituir um conjunto desportivo completo (hoje, ns usamos a palavra estdio para designar o conjunto desportivo).

Assim como em nossos dias, tambm na velha Grcia o desporto exerceu extraordinria misso de paz.

Nem sbios, nem polticos conseguiram unir os gregos; isso s o desporto o fez. Por ocasio dos jogos Pan-helmcos, toda a Grcia se reunia e confraternizava, ressaltando o valor do povo grego e homenageando a seus deuses.

Os mais clebres jogos foram os Olmpicos, Nemeus, Pticos e Istmicos.

Os Istmicos eram realizados em Corinto; os Pticos em Delfos; os Nemeus em Nemia; e os Olmpicos em Olmpia, (em lis). Alm desses Jogos de carter geral, cada cidade-estado tinha seus prprios "jogos municipais".

Pelo seu esplendor e importncia, detenhamo-nos um pouco mais nos Jogos Olmpicos.

Eram celebrados de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos deuses. Tiveram incio em 776 A.C. e foram extintos em 394 D.C. pelo imperador romano Teodsio, tendo sido celebradas 291 Olimpadas ao longo de um perodo de quase 1.200 anos! Os jogos eram organizados e dirigidos pelos 10 helanoicas, homens da mais destacada envergadura moral e social de Elis. Em junho saiam os arautos por toda a Grcia pregando a Trgua Sagrada e convidando para os Jogos. Cessavam ento todas as guerras entre os Gregos! As cidades se reconciliavam; todos tinham livre trnsito para Olmpia e ningum podia ser molestado; as armas no entravam na cidade no perodo dos Jogos. Na noite de 27 de julho realizavam-se banquetes, procisses e ritos sagrados e ao alvorecer o dia 28, com um majestoso desfile, preces e apresentao dos atletas, iniciavam-se os Jogos. Uma entusistica multido de 40.000 pessoas, (s homens) vibrava com os feitos dos atletas, considerados como semi-deuses.

Para participar dos jogos o atleta passava por severos testes e provas: ter sido vencedor em sua cidade, submeter-se a estgio em Olmpia, ser grego de nascimento, ser do sexo masculino, no ter sido concebido na velhice dos pais, no ter cometido crimes contra o Estado ou a Religio, no chegar atrasado, jurar obedecer s regras e s autoridades.

A primeira Olimpada constou apenas da corrida de um estdio; depois foram includas outras provas e a programao passou a durar uma semana: corridas de resistncia,arremesses de disco e dardo, lutas, saltos em distncia, corridas cavaIo e de carro, pentatlo. O pentatlo consistia em corrida, salto, arremesso de dardo, arremesso de disco e luta. Os pentatletas iam sendo em parte eliminados, a medida que se realizavam as provas, at que na ltima prova, a luta,ficassem somente dois concorrentes.

Terminadas as disputas, os atletas eram coroados com uma coroa de louros diante do templo de Zeus e recebiam um ramo de Oliveira.

Seguiam-se outras solenidades religiosas, banquetes e comemoraes.

Que a contemplao dessa magnfica poca e o exemplo que ela nos d nos ajude a levar nossa Ptria pelos caminhos do desenvolvimento sem perda dos padres morais e espirituais.

Com o tempo, especialmente aps a invaso romana, a Olimpada foi perdendo seu carter espiritual e de pureza moral. Surgiram o profissionalismo disfarado, a corrupo, as apostas; os atletas recebiam grandes vantagens materiais em suas cidades; os romanos viam nos jogos apenas um divertimento. Esse afrouxamento, como fcil de se concluir, trouxe consigo a decadncia para a prpria Grcia.

Scrates (468-399 a.C), Aristcles, mas conhecido pelo cognome Plato ( 429-347 a.C), Hipcrates (430-377 a.C.) e Aristteles (348-322 a.C.) deixaram grandes contribuies no que se refere s atividades fsicas. Por exemplo as idias pedaggicas sobre ginstica para o corpos msica para a alma, que influenciaram as bases educacionais defendidas por Plato.

Segundo Oliveira (1987), as artes da Ginstica (todos os exerccios fsicos, inclusive o esporte) e da Msica (cultura espiritual) formaram o que os gregos chamavam de Paidia, o que hoje entendido corno tradio, cultura, educao, enfim, a prpria formao do Homem PEREIRA (1988), relata que na cultura grega, foi a primeira prtica de atividades fsicas realizadas em grupos, de forma consciente, metodizada e intencional. A cultura fsica era marcante no universo grego, sendo usual a exercitao fsica conjunta, entre amigos, em suas prprias residncias, de cunho fsico e social; Na vida atltica dos cidados gregos estendia-se at a velhice; os ginsios viviam tomados de pessoas exercitando se... .

A Ginstica em Roma

Com a derrota militarista da Grcia (145 a.C), na passa a combater a ginstica grega, pois achavam imoral e repulsiva a nudez dos atletas e ginastas gregos (MARINHO 1981). TUBINO (1992) descreve que as atividades fsicas romanas possuam caractersticas militaristas bem marcantes, porm com a decadncia do imprio Romano foi aos poucos elo cruis espetculos circenses de gladiadores, pugilatos, luta livre e naumaquias. Deste perodo romano surgiu a frase "Mens sana in corpore sano'', que at hoje est relacionada aos estudos dos problemas da Educao Fsica.

Guerreiros, e de esprito prtico, os romano viam na educao fsica apenas o instrumento para adestrar suas aguerridas legies. A educao fsica tinha, portanto, um carter eminentemente militar. Como em Esparta e Atenas, o pai tinha plenos poderes sobre a famlia, podendo aceitar ou recusar e filho recm-nascido. Se aceita, a criana ficava aos cuidados da me at 7 anos. Dos 7 anos aos 12, o menino era entregue ao "Ludus Magister", ou a um preceptor particular se a famlia tivesse maiores posses. Nessa fase a educao limitava-se a rudimentos de ler, escrever, contar e jogar, e pequenas tarefas agrcolas ou militares. Dos 12 aos 16 anos ia para a escola do "grammaticus" onde avanava mais na literatura, na gramtica e estudava um pouco de cincias. Dos 16 aos 18 anos ia para a escola de "Retrica", ande aprendia direito, filosofia, retrica e uma esmerada educao militar; Aos 18 anos tornava-se cidado, trocando a Toga Pretexta pela Toga Viril em bela cerimnia pblica.

Os romanos de todas as idades praticavam diariamente a educao fsica no campo de Marte, situado s margens do Tibre. Era uma bela plancie, rodeada de bosques e monumentos nacionais. Eles corriam, nadavam, saltavam, transportava pesos, arremessavam a lana, lutavam, esgrimiam, jogavam harpastum (espcie de antepassado do futebol), praticavam a equitao.

Nos primeiros tempos no praticavam a ginstica por considerar imoral o n dos ginastas gregos e no ver nela uma direta preparao para a guerra; tambm no apreciavam a dana que julgavam um divertimento muito baixo.

Os romanos apreciavam grandes espetculos pblicos onde houvesse perigo de vida e corresse sangue. Construram notveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Mximus). A realizavam as lutas de gladiadores, veao, condenao s feras, naumaquias, corridas de carros.

Os gladiadores eram em geral escravos que lutavam por dinheiro ou pela liberdade. Havia vrios tipos: Mirmiles (pesadamente protegidos e levando lanas e escude), Recirios (rede, tridente e punhal), Lacerios (lao com n corredio), Andbatos ( cavalo).

Veaao era o combate de feras contra homens, ou de feras contra feras. Milhares de animais africanos eram trazidos pelos imperadores e jogados nas arenas romanas.

Condenao s feras era o castigo imposto aos primitivos cristos que morriam despedaados pelas feras famintas, sob o gargalhar e o deboche das multides.

A Naumaquia consistia na luta entre barcos cheios de escravos armados. Cada barco era embandeirado com cores diferentes do outro.

Transformava-se a arena em lago artificial e a travava-se a naumaquia. Depois de certo tempo, os promotores da luta davam o sinal de suspenso das hostilidades. O barco que tivesse maior nmero de homens vivos era considerado vencedor e eles ganhavam a liberdade.

As corridas de carros eram espetculos empolgantes. Nos frgeis carros, puxados por dois (bigas) ou quatro (qudrigas) cavalos os urigas realizavam prodgios de equilbrio, coragem, destreza, fora e resistncia. O Circo Mximo era o mais importante, com capacidade para 400.000 espectadores. O Coliseu, o mais famoso anfiteatro, tinha capacidade para.... 100.000 pessoas.

Os romanos tambm realizavam jogos de estdio, como as competies atlticas e eqestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro.

Tambm realizavam jogos e festas em homenagem aos deuses e em comemorao s datas significativas na vida da cidade. Os imperadores, na nsia de agradar o povo para se manter no poder, aumentavam cada vez mais o nmero de jogos e dias feriados, e distribuam alimento para a populao. Houve um tempo em que o ano tinha mais dias feriados que dias teis. Juvenal, o clebre poeta satrico, sentindo a decadncia de sua Ptria, publica, no sculo II, as suas "Stiras, onde crtica a educao e a vida romana. Nessa obra que encontramos a frase to divulgada por ns da Educao Fsica: Mente s em corpo forte. Eis o verso de Juvenal: Orandem est ut sit mens sana in corpore sano, Fortem posce animum, mortis terrore ca-rentem" (Ora por uma mente s em corpo sadio, Alma forte que, friamente, a morte enfrenta). E o poeta diz com amargura: "onde est aquele povo que lutava por um lugar de perigo na frente de combate e conquistava imprios? Agora se contenta com po e circo.

Esse afrouxamento fsico e moral, aliado a outras causas, foi o germe da decadncia de Roma.

Mas antes de concluir este ponto,permitam que eu lhes diga algo sobre uma belssima contribuio romana Educao Fsica: as Termas eram as casas de banho dos romanos.

Eles espalharam o hbito salutar do banho por todo o seu vasto imprio. As Termas eram edifcios imponentes, muito ricamente decorados e construdos em mrmore. As principais de pendncias eram: vestirios, salas de ar quente ou morno (seco ou mido), piscinas quentes e frias, salas de refeio, de leitura, de jogos sociais e desportivos, salas de massagem. As principais Termas foram as de Agripa, de Nero, de Caracala, de Trajano. Havia Termas com mais de 8.000 banheiros separados.

Roma chegou a ter mais de 800 Termas alm de mil piscinas para o banho pblico. At os escravos, mediante uma mdica taxa, podiam participar dos banhos.

A Ginstica na Idade Mdia (395-1453)

Com a morte do imperador Teodsio e a diviso do imprio Romano (395) comea, segundo alguns historiadores, a Idade Mdia.

Esse perodo caracteriza-se pela quebra do poder real de Roma, surgindo pequenos reinos e senhores em toda a Europa. Assim surgiu o feudalismo, regime em que um senhor mais forte reunia em torno de si senhores mais fracos e dava-lhes domnio hereditrio sobre certas terras em troca de obedincia e ajuda em caso de guerra (os primeiros eram os "suzeranos" e os segundos os "vassalos").

Aqueles vassalos, por sua vez, dominavam sobre pessoas mais humildes, chamadas "servos da gleba". Os servos da gleba utilizavam as terras dando uma parte do produto para o seu senhor; tambm combatiam a servio do senhor.

Um castelo forte, com terras cultivadas, algumas habitaes e campos de criao ao redor a paisagem caracterstica da Idade Mdia.

Isso constitua um feudo.

Como os jogos na velha Grcia eram uma oferenda a deuses pagos e como em Roma eram espetculos sanguinrios nos quais os cristos foram muitas vezes sacrificados, o cristianismo, dominando o mundo, exterminou com eles e acabou com todas as suas manifestaes. E ainda mais, pregando que o corpo era vil e fonte de muitos pecados, a Igreja combatia toda a ateno que se pudesse a ele dedicar, para que as atenes se voltassem exclusivamente para a parte espiritual.

Essa atitude negativa da Igreja em relao E.F. prejudicou a evoluo da E.F. por muito tempo, somente se modificando com o surgimento da Cavalaria e das Cruzadas.

Nos feudos, as atividades fsicas consistiam na caa, pesca, jogos infantis (as crianas daquela poca tinham mais jogos e brincadeiras que as nossas), danas a jogos populares, lutas e arremessos.

Um dos jogos mais populares era a "soule" antepassado do futebol. At os padres, aps a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule".

Consistia em atingir com a bola, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido pela equipe contrria. Havia soles entre povoados vizinho. A vitria consistia em levar a bola at praa do povoado adversria.

A nobreza participava das Justas e dos Torneios e do jogo da "paume, jogo da "palma", antepassado, do tnis, ou "pela" alm das danas. A Justa consistia numa disputa amistosa entre dois cavaleiros que, cavalo, protegidos por armaduras, munidos de lana e espada, investiam um contra o outro, tentando derrubar e dominar o adversrio. No inicio, no havia muitas regras, e a Justa era quase igual a uma batalha real, havendo, seguidamente, mortes.

Mais tarde criaram-se as "armas de cortesia", isto , a lana de ferro foi substituda pela de madeira com um floro na ponta.

Tambm surgiram regras mais amenas: bastava derrubar o adversrio da sela, ou quebrar a prpria lana no impacto contra o adversrio para ser considerado vencedor.

As justas eram realizadas em campo aberto, ou com um muro, (lia) altura do peito do cavalo. Consta que a ltima Justa realizou-se em 1559 para festejar o casamento de Margarida, lrm do rei Henrique II da Frana.

O Rei participou da festa "justando" com o conde de Montqomery. Na primeira lana, o rei venceu facilmente, derrubando o conde; na segunda, ambos atingem o alvo e as lanas voaram em estilhaos, mas o conde de Montgomery, com o impulso da arremetida e com o pedao de lana que sobrara atravessou a viseira do rei ferindo-lhe o olho esquerdo. Dez dias de pois, com grande sofrimento, falece o rei e as Justas se apagam.

Os Torneios obedeciam aos mesmos princpios das Justas, porm eram disputados por duas equipes. A codificao dos torneios foi feita pelo cavaleiro francs Geoffroy de Preuilly, no sculo XI. Um senhor feudal promovia a festa, convidando tantos cavaleiros quantos pudesse, ou convidando um outro senhor feudal e sua equipe.

Formavam-se dois partidos: armavam-se as tribunas e arquibancadas; escolhiam-se os juizes; embandeiravam-se os Iocais da disputa, os animais, as armas e os cavaleiros; realizavam-se treinamentos; os disputantes faziam os juramentos de lealdade s regras e aos adversrios; havia homenagens, danas e banquetes; e quando o entusiasmo popular estava no auge, realizava-se o Torneio. s vezes o combate ia de sol a sol. Ao final, todos confraternizavam e os esfalfados combatentes, com toda a dignidade e cortesia, participavam das festas e danas que eram realizadas em sua homenagem. Os torneios evoluram desportivamente at ao ponto de originar o "carrossel" e as "cavalhadas" onde havia apenas combates simulados e demonstrao de habilidade eqestre.

A Cavalaria, nobreza dentro da nobreza o facho luminoso da Educao Fsica na Idade Mdia. O cavaleiro cultivava o ideal de defender Igreja, Ptria, as mulheres, os fracos e os oprimidos.

A Igreja apia a cavalaria e assim comea a modificar sua atitude em relao Educao Fsica. O jovem nobre desde pequeno vai se preparando fsica, moral e espiritualmente para se tornar cavaleiro. E ento, em plena mocidade, em bela cerimnia cvica e espiritual, recebe as armas de cavaleiro. Ate chegar a esse momento, ele passou muitos anos adestrando-se na Luta, natao, arremessos, Levantamento de pesos, boas maneiras, conhecimento de Leis, exerccio das prticas religiosas e etc.

A Ginstica no Renascimento

Com o Renascimento (1400 a 1727), perodo de transformaes e despertamento cultural e ideolgico, que alm de libertar as cincias e as artes tambm serviu para o ressurgimento da cultura fsica.

Como o homem sempre teve interesse no seu prprio corpo, o perodo da Renascena fez explodir novamente a cultura fsica, as artes, a msica, a cincia e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, novamente explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci (1452-1519), responsvel pela criao utilizada at hoje das regras proporcionais do corpo humano.

Consta desse perodo o estudo da anatomia e a escultura de esttuas famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelngelo Buonarroti (1475 - 1564). Considerada to perfeita que os msculos parecem ter movimentos. A dissecao de cadveres humanos deu origem Anatomia como a obra clssica "De Humani Corporis Fbrica" de Andrea Vesalius (1514-1564).

A volta de Educao Fsica escolar se deve tambm nesse perodo a Vitorio de Feltre (1378-1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o contedo programtico inclua os exerccios fsicos.

O Renascimento foi um perodo marcante e positivista para a cultura fsica, fazendo renascer o interesse e o prazer pela prtica de atividades fsicas o verdadeiro renascimento da cultura em geral e da Educao Fsica.

O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no sculo XVII deu origem a novas idias. Como destaque dessa poca os alfarrbios apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827). Rousseau props a Educao Fsica como necessria educao infantil. Segundo ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento.

Pestalozzi foi precursor da escola primria popular e sua ateno estava focada na execuo correta dos exerccios.

Atividade1. Dividir os alunos em 4 Grupos, disponibilizar os nomes dos grupos e seus componentes e representante.

2. Sorteio de 4 temas ( 1 Pr-histria, 2 Antiguidade, 3 Idade Mdia e 4 Renascimento)

Edificar um trabalho de pesquisa sobre a relao e aspectos evolutivos da Ginstica e o tema sorteado.

Apresentao oral/escrita por ordem dos temas dia (-------), tempo mximo por grupo 15 minutos.

Obs.: O trabalho escrito dever apresentar a bibliografia utilizada.

A Ginstica na Idade Contempornea

na Idade Contempornea que ocorre o aparecimento do esporte moderno, a sistematizao da ginstica e o amadurecimento da educao fsica escolar. Por esse motivo, luz do estudo dos princpios doutrinrios que marcaram essa poca que poderemos compreender e analisar as atuais tendncias da educao fsica mundial.

A Situao Poltica e Social da Europa

O sculo XVIII caracterizou-se pelo regime poltico batizado de "Despotismo Esclarecido", o qual foi influenciado pelas idias do Iluminismo. As ltimas dcadas do sculo desenrolaram-se sob a marca da Revoluo Francesa (1789), que derrubou o absolutismo, implantou a Repblica, levou o povo ao poder poltico na Frana e semeou uma onda de revolues liberais na Europa. Entre 1803 e 1815 a Europa toda envolveu-se nas Guerras Napolenicas.

O sculo XIX o sculo da formao dos Estados Nacionais. A Europa nele adentrou sob a influncia poltica do liberalismo e do nacionalismo, e economicamente, da Revoluo Industrial, iniciada por volta de 1760 na Inglaterra, e que se espalhou por toda a Europa a partir de 1850, promovendo grande desenvolvimento econmico e transformaes sociais.

O movimento nacionalista, aliado ao desenvolvimento econmico, cresceu muito na segunda metade do sculo XIX. Entre 1830 e 1870 transformou-se num movimento agressivo em favor da grandeza nacional e do direito de cada povo cultural e racialmente unido governar a si prprio (Burns, 1948). A partir de 1871 a Europa viveu em permanente estado de tenso por questes territoriais. A crise poltica levou deflagrao da I Grande Guerra, em 1914.

Foi neste tempo de guerras e revolues que a Educao Fsica de nossos dias assentou suas bases.

Situao das Instituies Educacionais

Entende Luzuriaga (1979) que o sculo XVIII o sculo pedaggico por excelncia. A educao tornou-se uma das mais importantes preocupaes de reis, pensadores e polticos. Surgiram duas das maiores figuras da Pedagogia: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Foi neste sculo que se desenvolveu a educao pblica estatal e iniciou-se a educao nacional. Ainda segundo Luzuriaga, na educao do sculo XVIII observam-se os seguintes movimentos:

1. Desenvolvimento da educao estatal, da educao do Estado, com maior participao das autoridades oficiais no ensino.

2. Comeo da educao nacional, da educao do povo pelo povo ou por seus representantes polticos.

3. Princpio da educao universal, gratuita e obrigatria, no grau da escola primria, que fica estabelecida em linhas gerais.

4. Iniciao do laicismo no ensino, com a substituio do ensino da religio pela instruo moral e cvica.

5. Organizao da instruo pblica em unidade orgnica, da escola primria universidade.

6. Acentuao do esprito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os pases.

7. Sobretudo, a primazia da razo, a crena no poder racional na vida dos indivduos e dos povos.

8. Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuio na educao, (p. 151)

Ao final do sculo XVIII a educao europia modificou-se radicalmente com a Revoluo Francesa, que fez com que a educao estatal, do sdito, prpria da monarquia absolutista e do despotismo esclarecido, se convertesse na educao nacional, na educao do cidado participante do governo do pas (Luzuriaga, 1979). A Revoluo Francesa deixou assentada as bases da nova educao nacional, que da Frana estendeu-se depois por toda a Europa e Amrica.

A educao no sculo XIX liga-se estreitamente aos acontecimentos polticos e econmicos. A Revoluo Poltica, principiada em 1789 com a Revoluo Francesa, completou-se com a vitria da soberania popular e das idias liberais, constitucionalistas e parlamentaristas, impondo-se a necessidade de educar o "povo soberano" (Luzuriaga, 1979, p. 180). A Revoluo Industrial, que alcanou grande intensidade naquele sculo, levou a um aumento populacional nas cidades e necessidade de cuidar da educao desta grande massa.

Para Luzuriaga (1979) "todo sculo XIX foi um contnuo esforo por efetivar a educao do ponto de vista nacional" (p. 180), o que bastante coerente com o momento poltico de afirmao dos Estados Nacionais que vivia a Europa. Os pases europeus estruturaram, naquele sculo, seus sistemas nacionais de educao. A escola primria foi universalizada, em carter obrigatrio e gratuito, estabeleceram-se escolas normais para a preparao do magistrio. A escola secundria tambm se afirmou, mas limitada ao atendimento da burguesia, e considerada apenas como preparao para a Universidade.

Os Sistemas Ginsticos e o Nacionalismo

A histria da elaborao e institucionalizao dos, chamados "sis-temas ginsticos" confunde-se com a prpria histria do nacionalismo europeu e do militarismo sempre presente nos sculos XVIII e XIX. Originrios da Alemanha, Dinamarca, Sucia e Frana, vinculam-se aos processos da afirmao da nacionalidade nestes pases e constante preocupao de preparao para guerra. Alguns autores (Marinho, s.d.a; Ramos, 1982) rotularam de doutrinrios os movimentos de Educao Fsica surgidos naqueles pases.

Ginstica Alem

O seu desenvolvimento foi dirigido por intelectuais e mdicos, mas o impulso decisivo para a implantao dos alicerces da Escola Alem veio da pedagogia. Inicialmente, podemos citar os alemes Basedow e Salzmann, que, com suas instituies escolares denominadas "Philantropinum", abriram as portas para a implantao da educao fsica escolar. Foi tambm decisiva a influncia sobre os autores citados do suo Jean Jacques Rousseau que, ao escrever o Emlio, em 1762, muito acentuou a tendncia humanista do "Philantropinum" do pedagogo Johann Bernhard Basedow (1723-1790) e, posteriormente, do de Salzmann.

Basedow dava grande importncia sade e educao fsica, e sua escola iniciou o primeiro programa moderno de Educao Fsica (Van Dalen & Bennet, 1971). Este programa compreendia corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes s que se praticavam na Antiga Grcia: jogos de peteca, de bola, de pinos e pelota; natao; arco e flecha; marchas; excurses no campo, caminhada e suspenso em escadas oblquas e transporte de sacolas cheias de areia (Marinho, s.d.a; Van Dalen & Bennet, 1971).

No podemos esquecer tambm a influncia de outro suo: Johann Heinrich Pestalozzi, o maior gnio, a figura mais nobre da educao e da pedagogia, o educador por excelncia e o fundador da escola primria popular". Assinale-se que Pestalozzi foi seguidor das idias de Rousseau.

Em 1784 foi fundado um instituto educacional semelhante ao Philanthropinum tambm colocando em prtica idias educacionais naturalistas, onde Cristoph Friedrich GutsMuths (1759-1839), assumindo as aulas de ginstica, experimentou novas atividades e aparatos e elaborou um sistema de trabalho que ficou conhecido como "ginstica natural" ou "mtodo natural". Ele dividiu as atividades em trs classes: exerccios ginsticos, trabalhos manuais e jogos sociais (Van Dalen & Bennet, 1971). Admirador de Rousseau, sua ginstica compreendia todas as variaes de exerccios corporais, sem nunca ir contra a natureza. Inclua a ginstica entre os deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito lembrava os princpios da educao grega.

Segundo Van Dalen e Bennet (1971), o programa de GutsMuths harmonizava com os ideais de Rousseau. Ele acreditava firmemente na influncia do corpo sobre a mente e o carter; e que a sade, mais do que o conhecimento, deveria ser o objetivo bsico da educao. Moolenijizer (1973) entende que GutsMuths ganhou grande importncia como o autor da primeira abordagem metdica para planejar intencionalmente a educao fsica e tambm por introduzir o jogo como meio justificado de educao.

O perodo de gestao do sistema de ginstica de GutsMuths no coincidiu com a exacerbao do esprito nacional alemo, o que ocorreu apenas a partir de 1806 com a invaso francesa. Contudo, ele no ficou isento de influncia do nacionalismo e da poltica de interveno estatal na educao. Considerava a ginstica de alta significao social e patritica, e meio educativo fundamental para a nao, e pediu que o Estado assumisse a organizao e divulgao da ginstica (Marinho, s.d.a).

A derrota que Napoleo infligiu aos alemes em Jena, em 1805, a Prssia em bloco desejou a desforra. Impem-se, ento, um sistema de educao tendente a potencializar, ao mximo, o esprito e o corpo provocou o despertar de um profundo sentimento nacionalista popular.

A nova ginstica alem - Jahn havia substitudo a palavra ginstica por Turnkunst, em 1811 - ia ao encontro das necessidades do povo, pois Jahn no teve, "durante toda sua existncia, outra aspirao seno despertar o sentimento nacional e a realizao da unidade alem" (30, pg. 56). Jahn somente queria formar o forte. "Viver quem pode viver", era o seu lema. Para ele, os exerccios fsicos no eram meios de educao escolar, mas sim da educao do povo. Inventou aparelhos como a barra fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo, portanto o precursor do esporte que hoje se chama ginstica olmpica. Registramos que, at a I Guerra Mundial, o sistema nacional de ginstica adotado na Alemanha foi o de Jahn.

Diz Pepe: "Antes da invaso napolenica o sentimento nacional era muito mais um patriotismo intelectual, representado por grandes estudiosos como Lessing, Herder, Gorthe, Kant, Fichte, etc. que intencionava impor a cultura e no a potncia militar". Foram as humilhaes sofridas nas vrias batalhas durante a dominao napolenica que despertaram os sentimentos patriticos dos alemes. Foi ento que Fichte afirmou que o esprito alemo " uma guia que com fora levanta o seu corpo poderoso para aproximar-se do sol". Korner incitou a Alemanha a construir um nico Estado da Europa, e a fundao da Universidade de Berlim teve um objetivo, sobretudo, patritico. Fichte, como primeiro reitor, fez o "Apelo nao alem", no qual afirmava a bem conhecida teoria que "Deus tinha confiado ao povo alemo a misso de civilizar o mundo". Conseqentemente os mestres da ginstica, como Jahn, Eiselen, Frieser, Massmann e muitos outros comearam a reunir em ginsios esportivos e em associaes, a juventude para educ-la e prepar-la fsica e moralmente a fim de fazer renascer a nao alem. Foram estes os mestres que adestraram a juventude sob o gmnico-militar, que enrubusteceram seus membros e endureceram os seus caracteres, preparando-os para darem tudo Ptria, at a vida. Foram eles tambm, que deixados os ginsios esportivos, guiaram - como Jahn - os batalhes dos seus alunos voluntrios rumo s estradas da vitria, levando-os da plancie de Hasenheide ao triunfo de Paris.

Mas com a Frana j derrotada e expulsa, o governo alemo passou a temer os movimentos de massas liderados por Jahn, de forte contedo poltico. As autoridades temiam que o Turnen servisse difuso das doutrinas liberais ento em voga, e proscreveram as sociedades ginsticas. O prprio Jahn foi preso em 1819, acusado de traio. Segundo Roberts (1973), o governo prussiano at mesmo incorporou o sistema ginstico na escola formal, num esforo para frustrar as sociedades ginsticas. Mas a represso oficial no conseguiu impedir o crescimento do Turnen que recuperou o seu vigor no reinado de Frederico Guilherme IV. Em 1868 organizou-se o Deutsche Turnerschaft, uma federao de todas as sociedades ginsticas alems. Durante a guerra franco-prussiana de 1870-71, quinze mil de seus membros apresentaram-se ao servio militar. A guerra propiciou a unificao da Alemanha - o grande ideal de Jahn e seus seguidores - e isto levou valorizao da ginstica, que passou a receber o apoio estatal.

Nas escolas alems, a Educao Fsica foi introduzida na forma do sistema ginstico de Adolph Spiess (1810-1858). Em 1842, o governo prussiano reconheceu oficialmente a Educao Fsica como uma funo do Estado, e aps o fracasso em introduzir a ginstica de Jahn, Spiess foi convidado a implantar o seu sistema.

Spiess estudou e trabalhou em escola suas que sofreram a influncia de Pestalozzi. L , criou um sistema de ginstica adaptado a objetivos pedaggicos e integrado no currculo escolar. Segundo Van Dalen e Bennet (1971 ) Spiess foi bem sucedido em introduzir a Educao Fsica nas escolas da Alemanha porque seus objetivos harmonizavam com a poltica autocrtica e a filosofia educacional da poca. Ele dava bastante nfase disciplina, e embora seu sistema buscasse um desenvolvimento eficiente e completo de todas as partes do corpo, tais objetivos eram alcanados atravs de submisso, treino da memria e respostas rpidas e precisas ao comando.

Roberts (1973), aps estudar o processo histrico do surgimento e desenvolvimento da Educao Fsica na Alemanha, concluiu que ela desenvolveu-se de duas diferentes formas: como um sistema escolar regular de educao fsica e como um sistema extra-curricular politicamente orientado que acabou por tornar-se uma fora auxiliar de Adolf Hitler, chamada de "Movimento Jovem Hitleriano".

evidente, que assim, na Alemanha, a ginstica no pode ter, neste perodo, outro endereo seno aquele militar, com fundo nacionalista, mesmo se no faltaram interessantes e valiosas alternativas. Outras naes europias condividiram com a Alemanha as mesmas paixes nacionalsticas, o dio pela opresso estrangeira e o mesmo desejo de renascer, assim que a difuso do pensamento e das idias da escola alem encontrou um terreno favorvel nas condies histricas do sculo XIX.

A ginstica alem de 1800 teve, como dizamos acima, tambm caractersticas educativas comuns aos demais mtodos de educao fsica que se estavam, contemporaneamente, afirmando na Europa: em efeitos, no se pode, certamente, afirmar que a atividade fsica da Alemanha tenha ficado alheia e avulsa ao valor pedaggico e daquele mdico-cientfico: somente que, por razes histricas e polticas, a ginstica alem reforou aquele seu endereo militarista que influenciar posteriormente, uma boa parte do ensino tradicional da educao fsica, tambm nos demais pases europeus.

A difuso do exerccio fsico nas escolas e nas sociedades de ginstica levar a uma inevitvel diversidade de endereos assumindo novas formas, ficando em inrcia a veia patritica suscitada pelo pai da ginstica alem (Jahn).

O endereo gmnico da escola alem teve, portanto, origens patritico-militar com Jahn, assumiu com Spiess um carter escolstico-educativo, com Rothstein racional-higinico influenciado pela escola sueca, inclinando-se ento ao ecletismo com Jager, por sua vez inspirado pelas origens clssicas do exerccio fsico, mas sempre com escasso sucesso.

Prximo ao fim de 1800 desenvolveu-se o momento dos jogos ao ar livre e o advento dos esportes sem, porm que esta grande atividade se afirme; no inicio de 1900 existiu um aceno esttico-rtmico com Jacques Dalcroze, Bode e outros; entre as duas guerras, no clima do estado hitleriano, o exerccio fsico retornou o fim nacional e patritico, permeado de princpios biolgicos com endereo natural e blico. No perodo nazista, a atividade fsica foi integrada ao sistema poltico; mais que de educao fsica tratou-se de uma atividade que, partindo do corpo e servindo-se desse, mirou infundir, na criana, os dotes da obedincia absoluta e o hbito ordem. A educao do corpo foi, sobretudo, duro treinamento para reforar a vontade o carter do futuro soldado.

No segundo aps guerra, com Diem, a educao fsica tornar-se- um meio essencial e indispensvel do inteiro complexo educativo. De qualquer maneira, a difuso do mtodo ginstico alemo favoreceu o desenvolvimento, no somente da educao fsica na Alemanha, mas tambm no resto da Europa, at na Amrica, tanto no sculo XIX que na primeira metade do sculo XX.

A nica diferena entre a ginstica da escola alem e aquela das demais escolas (suecas, inglesas, francesas), que a primeira tinha limitadas capacidades de difuso pelas prprias condies histricas ambientais da Alemanha antes de 1870, enquanto que as outras no conheceram tais limitaes ou obstculos para os fins universais que se tinham prefixadas.Mtodo Natural Austraco

O desenvolvimento do Mtodo Natural Austraco deve-se basicamente aos educadores Gaullhofer e Streicher, ambos convidados pelo governo austraco para participar da reforma de ensino naquele pas. Tais educadores partiam das premissas que era necessrio fornecer bases cientficas para a Educao fsica e criar um mtodo natural de Educao fsica.

Apesar do grande trabalho desenvolvido por ambos na criao do mtodo, o perodo compreendido pelas duas guerras mundiais, fez com que este mtodo fosse esquecido, visto o domnio da Alemanha sobre a ustria. No ps-guerra, outros dois educadores - Burguer e Groll - resgataram o mtodo, introduzindo sua finalidade maior que era o desenvolvimento pleno da fora corporal, espiritual e moral de um povo.

O Mtodo Natural Austraco, pela prpria nomenclatura, prope uma pedagogia de desenvolvimento natural e ativa, valorizando atividades prximas da natureza. Dessa forma, as atividades devem ser executadas ao ar livre e englobar atividades como marchar, correr, saltar, lanar, arremessar, quadrupedar e outros.

Tambm para buscar o interesse na execuo do mtodo por parte das classes ou turmas, os idealizadores do mtodo propuseram a utilizao de pequenos e grandes jogos e de aparelhos como: cordas, bastes, colches, medicine-ball, bancos suecos, elevaes naturais, plintons, espaldares e outros.

Busca-se na execuo dos exerccios fsicos e atividades desse mtodo, atingir as grandes funes orgnicas, quer sejam: o sistema respiratrio, o sistema circulatrio e o sistema cardaco. Para tais situaes, pode-se empregar exerccios fsicos de fora pura, fora dinmica, fora explosiva e de resistncia geral.

muito comum no desenvolvimento de uma sesso desse mtodo, de que as atividades sejam desenvolvidas em duplas, trios e quartetos, onde se preconiza o sentido de auxlio e cooperao na execuo dos exerccios e das atividades.

Na execuo dos exerccios do Mtodo Natural Austraco, busca-se a execuo de movimentos globais e naturais, buscando com os mesmos atingir a grande maioria dos grupos musculares do corpo humano, tendo por principais objetivos:

Desenvolver de forma harmnica as qualidades fsicas do organismo humano, buscando de forma paralela tambm a otimizao das caractersticas scio-psquicas e morais do indivduo;

Buscar atravs da execuo de pequenos e grandes jogos o desenvolvimento emocional do indivduo, visando o trabalho em grupos e o comportamento equilibrado diante de vitrias e derrotas;

Aperfeioar o indivduo na dosagem da fora e da resistncia, treinando-o no sentido de utilizar as suas energias na execuo das atividades.

Para finalizar, percebe-se uma grande utilidade na execuo desse mtodo para treinamento de militares, onde muitas caractersticas so utilizadas nos treinamentos atuais das academias e quartis. Para sua efetiva aplicao nas escolas, existe a natural necessidade de adaptaes no volume e na intensidade dos exerccios propostos.

Sobre a ustria Wikipdia

As origens da ustria remetem-se ao tempo do Imprio Romano, quando um reino celta foi conquistado pelos romanos em 15 a.C., aproximadamente, e mais tarde tornou-se Noricum, uma provncia romana, em meados do sculo I d.C.,[6] em uma rea que abrangia a maior parte da ustria atual. Em 788 d.C., o rei franco Carlos Magno conquistou a rea e introduziu o cristianismo. Sob a dinastia nativa dos Habsburgo, a ustria tornou-se uma das grandes potncias da Europa. Em 1867, o Imprio Austraco foi incorporado pela ustria-Hungria. O Imprio Austro-Hngaro desmoronou em 1918 com o fim da Primeira Guerra Mundial. Depois de estabelecer a Primeira Repblica Austraca, em 1919, a ustria foi, de fato, anexada Grande Alemanha pelo regime nazista no chamado Anschluss, em 1938.[7] Isto durou at o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, depois que a ustria foi ocupada pelos Aliados. Em 1955, o Tratado do Estado Austraco restabeleceu a ustria como um Estado soberano e o fim da ocupao. No mesmo ano, o Parlamento austraco criou a Declarao de Neutralidade, que estabeleceu que o pas se tornaria neutro.Mtodo Natural de Georges Hbert

O idealizador deste mtodo - Georges Hbert - possua patente militar de oficial da marinha e desenvolveu um mtodo que, por muito tempo, foi aplicado como treinamento para militares.

Esse mtodo consistia na realizao de exerccios naturais como a corrida, a marcha, os saltos e saltitos, a natao, as lutas, os lanamentos e os arremessos e o transporte de objetos e/ou companheiros. Todos esses exerccios eram realizados ao ar livre e de forma contnua por cerca de cinquenta minutos e muitos estudiosos atestam que desse mtodo surgiu o tempo mdio de durao de uma aula ou sesso de Educao Fsica.

A fundamentao do Mtodo Natural de Hbert se encontra no fato de que todo grupo muscular utilizado desenvolve-se e pode vir a suprir necessidades do ser humano, ou seja, atravs da execuo de exerccios naturais poderei vir a desenvolver todas as qualidades fsicas do organismo.

Para Hbert, as aulas de Educao fsica possuam funo mdica, social e principalmente pedaggica, fazendo com que o professor fosse antes de mais nada um modelo a ser seguido. Em contrapartida, Hbert era contra a utilizao dos esportes e de quaisquer tipos de jogos, pois entendia que os mesmos eram atividades antipedaggicas, sem vnculo ou apelo psicolgico e ainda possuam carter viciante.

Outra caracterstica proposta por hbert refere-se a necessidade de que todo exerccio fsico fosse desenvolvido de forma alegre e ininterrupta, passando-se de um exerccio para outro de forma contnua, buscando-se atravs dos mesmos atingir a maior parte dos grupos musculares do corpo humano.

A constante correo dos movimentos executados, tambm faz parte das caractersticas desse mtodo. Para operacionalizar tal situao, nas aulas ou sesses de utilizao desse mtodo bastante comum a utilizao de monitores que observam a execuo dos movimentos do grupo, buscando sempre a proposio da correo atravs da execuo do exerccio ou atividade por parte do monitor.

Dada a sua grande influncia sobre a juventude, o Mtodo Natural de Hbert foi utilizado como modelo de formao moral dos jovens. De forma genrica sobre seu mtodo, Hbert teria dito que os habitantes de um pas desenvolvido e civilizado deveriam destinar um tempo suficiente e dirio para cultuar o corpo e utilizar o restante das horas do dia para atividades teis, afastando-se de todos os vcios e malefcios possveis.

De forma especfica, o mtodo desenvolvido em uma sesso, pode ser dividido nas seguintes partes:

a) Parte Educativa: que consiste na execuo de exerccios e atividades que venham a produzir bons efeitos sobre o organismo, tais como:

Correo postural;

Melhora da capacidade cardiorrespiratria;

Desenvolvimento muscular como um todo e em especial da musculatura abdominal;

Ampliao do volume e da mobilidade da caixa torcica;

b) Parte Aplicativa: que consiste na execuo de exerccios e atividades que venham a desenvolver as aptides gerais, sendo composta por atividades e exerccios, tais como:

Movimentos bsicos dos membros superiores (braos), membros inferiores (pernas) e tronco, como as elevaes frontais e laterais, as flexes e as extenses.

Elevao do corpo (suspenso) com a utilizao das mos.

Movimentos diversos do corpo com equilbrio em apenas um dos membros inferiores.

Execuo de grandes e pequenos saltos sobre um ou dois ps de forma estacionria e com progresso frontal e lateral.

Movimentos de inspirao e expirao realizados de forma contnua e progressiva.

Execuo de exerccios naturais (locomoo), onde os mesmos devem ser executados em ordem progressiva de dificuldade.

Exerccios utilitrios como a natao, a escalada, os lanamentos e os movimentos bsicos de defesa pessoal.

Para efeito de controle do mtodo, o professor de Educao fsica dever proceder a verificao dos rendimentos dos seus alunos, atravs da comparao da execuo dos exerccios, quer no sentido de nmero de repeties ou ainda na qualidade de execuo dos exerccios, sempre levando em conta a progressividade das aulas.

No sentido da organizao das aulas de Educao fsica, a grande contribuio de Hbert refere-se a padronizao dos exerccios naturais em dez grupos ou famlias, conforme abaixo:

1) Marchar;

2) Correr;

3) Quadrupedar;

4) Trepar ou Escalar;

5) Saltar ou Saltitar;

6) Equilibrar;

7) Lanar ou Arremesar;

8) Levantar ou Transportar;

9) Atividades de Defesa;

10) Natao.

Ginstica Nrdica

Foi nos pases nrdicos que mais frutificaram as idias de Guts Muths. Inicialmente na Dinamarca - considerada na poca a metrpole intelectual dos pases nrdicos -, com Franz Nachtegall (1777-1847), fundador da ginstica no seu pas. O pioneirismo a marca fundamental de seu currculo. Em 1799 funda o seu prprio instituto de ginstica; em 1801 consegue que se inclua a ginstica na escola primria; em 1804 o responsvel pela fundao de um instituto militar de ginstica, o mais antigo instituto especializado do mundo; em 1808 inaugura um instituto civil de ginstica, para formao de professores de educao fsica; em 1828, como coroamento de seu trabalho, implanta-se obrigatoriamente a ginstica nas escolas, fazendo com que a Dinamarca adiante-se de alguns decnios a outros pases europeus. Sua obra identifica-se com a de Spiess, na Alemanha, pois alm de ser o responsvel pela criao da educao fsica escolar dinamarquesa, a educao fsica feminina foi outra de suas grandes preocupaes.

Em 1799, chega em Copenhague o sueco Pedro Enrique Ling (1776-1839) e, no Instituto de Nachtegall, entra em contato com as idias de Guts Muths. Assim como Nachtegall, Ling havia chegado concluso de que:

"Uma educao fsica harmnica do corpo humano e de suas faculdades dinmicas, em completa dependncia de correlao com todas as foras fsicas e espirituais do corpo, tinha que ser uma parte essencial da formao do povo" (16, pg. 149).

Ling voltou Sucia em 1804 e, neste momento, tem incio, efetivamente, a histria da ginstica sueca. A Sucia encontrava-se arrasada em virtude da guerra com a Rssia e, assim como Jahn na Alemanha, Ling era possudo de um enorme sentimento patritico. Pretendia que a ginstica colaborasse para elevar o moral do povo sueco. Alm disso, "esperava obter, atravs de uma ginstica racional e cientfica, uma raa liberta do alcoolismo e da tuberculose" (7, pg. 6). Em 1813, Ling conseguiu autorizao do Rei Carlos XIII para fundar o Real Instituto Central de Ginstica de Estocolmo (hoje Escola Superior de Ginstica e Esporte), instituio que dirigiu at o fim da vida. Ling preocupou-se com a execuo correta dos exerccios, emprestando-lhes um esprito corretivo, como j o havia feito Pestalozzi. Com esta idia de conferir uma finalidade corretiva aos exerccios, Ling acaba por cimentar as bases da ginstica sueca.

Seu principal seguidor foi o filho Hjalmar Ling (1820-1886). Sistematizou a obra do pai e distinguiu-se como o verdadeiro criador da educao fsica escolar sueca, pois seu pai no havia includo as crianas nos seus estudos. At a I Guerra Mundial, nenhuma outra influncia fora da rbita lingiana acrescenta algo significativo educao fsica sueca.

Ginstica Francesa

da maior importncia o estudo dessa escola, pois dela chegaram os primeiros estmulos que vieram a constituir os alicerces da educao fsica brasileira. Neste perodo reala a figura de Dom Francisco Amoros y Ondeano (1770-1848), militar espanhol que chega Frana em 1814 e, em 1816, adquire a cidadania francesa. A sua figura de grande relevncia histrica, pois foi quem introduziu a ginstica naquele pas, sendo conhecido como o "pai da ginstica francesa".

A sua ginstica reflete influncias que podem ser definidas a partir da frmula: Rabelais/Guts Muths/Jahn/Pestalozzi. Pode-se considerar que era uma ginstica utilitria (Rabelais), com inteno pedaggica (Guts Muths), acrobtica (Jahn) e atrativa (Pestalozzi). Mas o que caracterizava a ginstica amorosiana era o seu marcante esprito militar e "nunca poderamos admiti-la como um mtodo de ginstica escolar" (4, pg. 98). Langlade compartilha dessa opinio quando afirma que a citada ginstica "no tinha uma finalidade escolar ainda que as crianas tambm a praticassem" (42, pg. 28). Apesar disso, foi introduzida nas escolas francesas em 1850, sendo ministrada quase sempre por suboficiais do exrcito, sem cultura geral e com deficincias de formao pedaggica. Somente no final do sculo, por influncia de Pierre de Coubertin, inicia-se uma campanha para que se crie uma autntica educao fsica escolar francesa.

Registramos, ainda, a presena menos marcante, mas tambm influente, de Phoktion Heinrich Clias (1782-1854) que, entre outras iniciativas, cria a calistenia, em 1829 - como ginstica feminina com tendncias estticas e derivadas dos gestos de dana -, de to larga divulgao no Brasil.

importante assinalar, em virtude da influncia que exerceu sobre a educao fsica brasileira, a criao do Instituto de Ginstica do Exrcito Francs, em 1852, na Escola de Joinville-le-Pont.

CARACTERSTICAS SOBRE A ORIGEM DO MTODO

A Escola de Joinville-le-Pont foi fundada em 15 de julho de 1852, no mesmo local onde ainda se encontra.

A Escola adotou ento o Regulamento Francs de Ginstica, aprovado em 24 de agosto de 1846, pelo Ministro da Guerra, como o ttulo Instruo para o Ensino da Ginstica nos Corpos de Tropa e nos Estabelecimentos Militares, que foi elaborado por uma comisso: General Aupik, Coronel Amoros, Capito DArgy, Napoleo Laisn e outros.

Em 1815 o comandante DArgy publicou Instrues para o Ensino da Ginstica, que se fazia acompanhar de um plano e de uma relao de aparelhos usados no exrcito.

A 22 de dezembro de 1904, por decreto do Presidente da Repblica Francesa, foi instituda uma comisso interministerial para tratar da unificao dos mtodos nas escolas, ginsios e regimentos, onde presidiu o General Castex e outros 13 membros, resultando no Manual dExercices Physiques et de Jeux Scolaires Aps vrias tentativas, ensaios em alguns novos regulamentos, baseados sempre nos anteriores, com pequenas modificaes, que fizeram parte Tissi e Herbert, com a experincia da guerra de 1914-18, ento surgiu em 1919 um complemento ao Manual dExercices Physiques et de Jeux Scolaires. Era um manual completamente novo de ttulo Projet de Rglement General dEducation Physique. Tal projeto foi consolidado em 1927, sendo reeditado em 1932.

ANLISE GERAL DO MTODO FRANCS

O Mtodo francs possui sua fundamentao voltada para as cincias mdicas, tais como a fisiologia e a Anatomia, possuindo um fulcro na Mecnica. Com a contribuio do professor e fisiologista francs Georges Dmeny (1850 1917), considerado por muitos como o grande patriarca do Mtodo francs, o mtodo buscou um embasamento maior nas leis da fsica e da Biologia, aplicando exerccios fsicos e atividades com base cientfica.

Bases Fisiolgicas - A educao fsica dever ser orientada pelos princpios de fisiologia. Durante a infncia a educao fsica deve visar ao desenvolvimento harmnico do corpo, enquanto na idade adulta o seu papel manter e melhorar o funcionamento dos rgos, aumentar o poder do corao e dos vasos sangneos, o valor funcional do aparelho respiratrio, a preciso e eficcia dos movimentos e pelo conjunto desses meios, assegurar a sade.

Bases Pedaggicas - segundo a definio do mtodo, a educao fsica compreende o conjunto de exerccios cuja prtica racional e metdica susceptvel de fazer o homem atingir o mais alto grau de aperfeioamento fsico, compatvel com sua natureza, e utilizando-se de vrias formas de trabalho: jogos, flexionamentos, exerccios educativos, aplicaes (as grandes famlias - marchar, trepar, saltar, levantar e transportar, correr, lanar e atacar, e defender-se), desportos individuais, desportos coletivos.

REGRAS GERAIS PARA APLICAO DO MTODO FRANCS

1. Grupamento dos Indivduos - baseado na fisiologia e na experincia, adotou a classificao racional em grupos de valor fisiolgico sensivelmente equivalente: educao fsica elementar ou pr-pubertria (crianas de 4 a 13 anos); educao fsica secundria ou pubertria e ps-pubertria (adolescentes de 13 a 18 anos); educao fsica superior ou desportiva e atltica (adultos de ambos os sexos de 18 a 35 anos); e ginstica de conservao para a idade madura (adultos de ambos os sexos com mais de 35 anos).

2. Adaptao ao Exerccio - o regime de trabalho fsico a que sero submetidos depende: do fim a atingir, da dificuldade e da intensidade dos exerccios e das qualidades que estes exerccios so susceptveis de desenvolver ou de aperfeioar. Para compor o programa de exerccios foram elaborados quadros de exerccios por ciclos (elementar, secundrio e superior) e que constava de: grupamento, fim a atingir (objetivo), o programa de exerccio e regime de trabalho.

3. Atrao do Exerccio - os exerccios fsicos devem ser higinicos e salutar quanto maior o prazer com que for praticado. O instrutor dever esforar-se para tornar a sesso atraente, pela escolha judiciosa dos exerccios que variar, freqentemente, pela introduo de jogos em momento oportuno no decorrer da lio e, principalmente, pela emulao e disposio para o trabalho que provocar em sua classe.

4. Verificao Peridica da Instruo - a verificao peridica dos exerccios fsicos realizada pelo mdico e pelo professor e repousa nos exames fisiolgicos e prticos. A verificao mdica efetuada no incio e final do ano letivo, seguido de exame prtico de dificuldade compatvel com o valor fsico dos concorrentes.

UMA SESSO COMPREENDE TRS PARTES

De forma genrica, o mtodo buscava ordenar e aplicar um grupo racionalizado de exerccios e atividades que compreendiam os saltos e saltitos, os lanamentos, os arremessos, as corridas, as marchas e com sua aplicao militar tambm utilizavam-se de esportes como a esgrima, a natao e a equitao.

1. Preparatria - durao de 2/10 do tempo total da sesso. Comporta evolues e flexionamentos dos braos, pernas, tronco, combinados, assimtricos e de caixa torcica.

2. Lio Propriamente Dita - durao de 7/10 da sesso. Abrange exerccios grupados nas sete famlias: marchar, trepar e equilibrar-se, saltar, levantar e transportar, correr, lanar e atacar e defender-se.

3. Volta Calma - durao de 1/10 da sesso. Contm: marcha lenta com exerccios respiratrios, marcha com canto ou assobio e exerccios de ordem. O Movimento Esportivo Ingls A Situao Poltica e Social

As revolues inglesas do sculo XVII deram Inglaterra um regime parlamentarista estvel, livrando-a das agitaes que perturbaram a Europa continental nos sculos XVIII e XIX. Durante os sculos XVI e XVII a Inglaterra experimentou grande desenvolvimento comercial, que aumentou com a adoo do liberalismo econmico no sculo XVIII e com a formao de um vasto imprio colonial. A partir de 1760 a Inglaterra passou a sediar a Revoluo Industrial, acontecimento que - ao lado da Revoluo Francesa - modelou a histria da civilizao ocidental.

Vrios fatores foram decisivos para que a Revoluo Industrial se desenrolasse entre os ingleses. A Inglaterra expandiu o seu comrcio e assegurou mercado consumidor e mercado fornecedor de matrias-primas j no sculo XVIII. O desenvolvimento comercial possibilitou tambm a acumulao de capital, e alm disso a Inglaterra dispunha de bastante carvo e ferro. As revolues do sculo XVII haviam tirado poder da aristocracia em favor da burguesia, desejosa de promover o desenvolvimento econmico. Por outro lado, a doutrina do puritanismo e do calvinismo ingls estimularam o enriquecimento e a acumulao de riquezas.

A Revoluo Industrial significou a passagem do trabalho artesanal para o trabalho industrial, do trabalho domstico para o trabalho fabril e transformao do arteso em trabalhador assalariado. A Revoluo Industrial mudou radicalmente o regime de produo econmica, proporcionando uma indita acumulao de riquezas e gerando transformaes em todas as instncias da sociedade inglesa dos sculos XVIIl e XIX. Desenvolveu-se a tecnologia industrial, a populao urbana cresceu muito nas grandes cidades, a classe mdia tornou-se mais numerosa e mais rica, o proletariado a partir de certo momento organiza-se para lutar contra as pssimas condies de trabalho e os baixos salrios, e a agricultura moderniza-se para atender a um crescente consumo.

A partir de 1850, a Revoluo Industrial foi exportada para outros pases da Europa e da Amrica, iniciando pela Blgica, Frana, Alemanha, Itlia e Estados Unidos, aps a estabilizao de seus quadros polticos.

Situao das Instituies Educacionais

A Inglaterra foi mais demorada - em comparao com outros pases europeus - em estabelecer uma educao pblica nacional controlada pelo Estado. Segundo Luzuriaga (1979) os ingleses consideravam a educao mais como responsabilidade da sociedade civil que do Estado.

At as primeiras dcadas do sculo XIX, a educao esteve exclusivamente nas mos da Igreja e de entidades particulares de carter beneficente. As classes mdia e alta financiavam sua prpria educao, enquanto que a educao elementar para os pobres era paroquial ou beneficente.

As transformaes produzidas pela Revoluo Industrial, o crescimento e a concentrao da populao nos centros fabris e mineiros levaram gradualmente interveno do Estado na educao (Luzuriaga, 1979; Mclntosh, 1973). Em 1833 o Parlamento concedeu uma subveno s sociedades filantrpicas para construo de prdios escolares. O Departamento de Educao foi criado em 1856 para administrar os fundos governamentais. O Ato de Educao de 1870 formou a base da educao primria mantida pelo Estado, e em 1876 foi introduzida a obrigatoriedade escolar.

O Esporte como Meio de Educao

A Educao Fsica inglesa do sculo XIX no foi muito influenciada pela filosofia nacionalista, tendo um desenvolvimento diferenciado em relao ao restante da Europa. A disciplina e o treinamento fsico impostos ao povo nos pases continentais, visando a defesa nacional, no se fizeram necessrios na Inglaterra, pois sua posio geogrfica isolada e sua poderosa marinha livraram-na de invases estrangeiras. Por isso, sua maior contribuio no foi no campo da ginstica, mas do esporte.

O movimento esportivo ingls do sculo XIX formou o outro pilar da sistematizao da moderna Educao Fsica, e guarda relao com as transformaes scio-econmicas produzidas pela Revoluo Industrial naquele pas a partir de 1760 (Eyler, 1969; Mclntosh, 1975; Rouyer, 1977). At o final do sculo XVIII o esporte era uma prtica tipicamente aristocrtica na Inglaterra, tendo este panorama se modificado substancialmente no decorrer do sculo seguinte, com a proliferao do esporte em outras camadas sociais e sua institucionalizao em rgos diretivos.

As tradicionais Escolas Pblicas (PiMic-Schools), fundadas entre os sculos XIV e XVII, as Universidades e a classe mdia emergente da Revoluo Industrial tiveram participao fundamental neste processo.Os estudantes das Public-Schools promoviam seus prprios jogos - futebol, caa e tiro - desafiando s vezes a proibio das autoridades educacionais que os consideravam perigosos e violentos.

A partir de 1832, a classe mdia, que ascendera a uma posio de poder poltico e influncia social por conta do desenvolvimento industrial, passou a reivindicar maiores privilgios educacionais, o que conseguiu efetivamente por volta de 1860, e fez erguer muitas novas escolas pblicas espelhadas no modelo das antigas (Mclntosh, 1973, 1975). Esta conquista revelou-se decisiva para a proliferao dos jogos esportivos. Mclntosh (1975) entende que a obteno de privilgios educacionais Peia classe mdia "coincidiu e foi responsvel pelo desenvolvimento dos jogos organizados, particularmente o crquete e o futebol" (p. 88).

Em meados do sculo XIX o modelo esportivo predominante era o da classe mdia, que deu aos vrios jogos esportivos, alguns descobertos em estado embrionrio, organizao, regras, tcnicas e padres de conduta para os praticantes, em grande parte vigentes at hoje. A partir de 1857 e at o final do sculo fundaram-se dezenas de associaes esportivas nacionais na Inglaterra.

Para Eyler (1969) parece existir uma relao entre o aumento do tempo de lazer, em parte induzido pela Revoluo Industrial, e o desenvolvimento esportivo. Rouyer (1977) analisou o esporte com relao ao lazer e ao trabalho no quadro do emergente capitalismo ingls; constatou que o esporte era uma atividade de cio da aristocracia e da alta burguesia e um meio de educao social de seus filhos, e que a Inglaterra era o primeiro caso tpico da realidade do esporte num pas capitalista.

A Inglaterra foi pioneira em divulgar o esporte entre uma populao industrial e urbana (Mclntosh, 1975). O esporte tornou-se acessvel s classes trabalhadoras inglesas depois de ter surgido pra a classe mdia, em decorrncia de conquistas trabalhistas. Por volta de 1870 os trabalhadores passaram a reivindicar - e obtiveram - uma reduo da jornada de trabalho. Segundo Mclntosh (1975) "Foi ento, e s ento que se deu a grande proliferao de clubes desportivos e organizaes d