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1 Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Pará - FAPESPA Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Maranhão – FAPEMA Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins – SECT/TO São Luís – MA Março/2009 Programa de Cooperação para Apoio à REDE AMAZÔNICA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE BIOCOSMÉTICOS – REDEBIO Termo de Referência

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Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Pará - FAPESPA

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e

Tecnológico do Estado do Maranhão – FAPEMA

Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC

Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins –

SECT/TO

São Luís – MA

Março/2009

PPrrooggrraammaa ddee CCooooppeerraaççããoo ppaarraa AAppooiioo àà

RREEDDEE AAMMAAZZÔÔNNIICCAA DDEE PPEESSQQUUIISSAA EE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDEE BBIIOOCCOOSSMMÉÉTTIICCOOSS –– RREEDDEEBBIIOO

TTeerrmmoo ddee RReeffeerrêênncciiaa

2

3

Quadros

QUADRO 1. CADEIAS PRODUTIVAS DE MAIOR VALOR AGREGADO E SEUS SUBPRODUTOS ............................................................................................................... 13

QUADRO 2. USOS DA CASTANHA-DO-PARÁ .............................................................. 21

QUADRO 3. EMPRESAS QUE UTILIZAM A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA, ATUANTES NO MERCADO NACIONAL ............................................................. 31 Gráficos GRÁFICO 1. PRODUÇÃO EXTRATIVA DA CASTANHA-DO-PARÁ-VEGETAL (em t) NO PERÍODO 1994-2005........................................................................................................20 GRÁFICO 2 . PRODUÇÃO EXTRATIVA DO ÓLEO DE COPAÍBA (em R$ mil) POR ESTADO DA REGIÃO NORTE (Ano-Base: 2005)...........................................................23 GRÁFICO 3. PRODUÇÃO DE OUTROS ÓLEOS NO BRASIL, NA REGIÃO NORTE E NO PARÁ (em t), no período 1990-2005................................................................................25 GRÁFICO 4. OUTROS ÓLEOS – PRODUÇÃO EXTRATIVA VEGETAL (em t), ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO 1990-2005..............................................................................26 Figuras

FIGURA 1. ESTRUTURA DE UMA CADEIA PRODUTIVA DA BIODIVERSIDADE ...........................................................................................................16 ESTRUTURA DE UMA CADEIA PRODUTIVA NA BIODIVERSIDADE...........................17 Tabelas

TABELA 1. PRODUÇÃO EXTRATIVA DO ÓLEO DE COPAÍBA (TON), POR ESTADO DA REGIÃO NORTE ......................................................................................................... 22

TABELA 2. PRODUÇÃO EXTRATIVA DE “OUTROS ÓLEOS” (TON), POR ESTADO DA REGIÃO NORTE ......................................................................................................... 27

TABELA 3. PRODUÇÃO EXTRATIVA DO BABAÇU (AMÊNDOA) (TON). ANO-BASE: 2006 ................................................................................................................................... 28 Mapas MAPA 1. INDÚSTRIAS HPPC NO BRASIL :DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA EM 2007......30

5

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 4

2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................. 6

2.1 Experiências Históricas da Exploração de Produtos da Biodiversidade ............................. 7

2.2 Competência Brasileira na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Exploração da sua Riqueza Natural e Biodiversidade ........................................................................................... 9

3 CADEIAS PRODUTIVAS CONTEMPLADAS NA REDEBIO ...................................................... 12

3.1 Cadeia da Castanha-do-Pará................................................................................................... 19

3.2 Cadeia Produtiva da Copaíba.................................................................................................. 22

3.3 Cadeia Produtiva do Óleo de Andiroba ................................................................................. 25

3.4 Cadeia do Babaçu ................................................................................................................... 28

4 MERCADO DOMÉSTICO ............................................................................................................ 29

4.1 Empresas do Segmento de Cosmético que Utilizam Produtos da Biodiversidade como Ativos ............................................................................................................................................... 31

5 OBJETIVOS DA REDEBIO .......................................................................................................... 33

5.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 33

5. 2 Objetivos Específicos ............................................................................................................. 34

6 DIRETRIZES ................................................................................................................................. 34

7 TEMAS DE INTERESSE DA REDE ............................................................................................. 34

8 ORGANIZAÇÃO DA REDE .......................................................................................................... 35

8.1 Comitê Executivo (CE) ............................................................................................................. 35

8.2 Comitê Técnico-Científico (CT) ............................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 37

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1 INTRODUÇÃO

As Fundações de Amparo a Pesquisa dos Estados do Pará (FAPESPA), Amazonas

(FAPEAM) e Maranhão (FAPEMA), Fundação de Tecnologia do Estado do Acre –

FUNTAC e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins (SECT/TO)

estão conscientes das potencialidades que oferece a exploração sustentável da

biodiversidade, associada aos avanços da ciência, tecnologia e inovação. Essa nova

realidade do século XXI tem feito com que cientistas e empresas internacionais tenham

centrada sua atenção na biodiversidade da floresta Amazônica e comecem a investir em

pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) de novos compostos para utilização na

indústria de cosméticos e de medicamentos.

Isso também tem se refletido nas exportações brasileiras de produtos de higiene

pessoal, perfumaria e cosméticos1, a maioria com insumos da biodiversidade brasileira.

Isso acontece, entre outras razões, porque é bem mais fácil produzir um remédio a partir

de um produto natural do que de um sintético.

A maioria dos estudos sobre a biodiversidade revela que está sendo pouco

aproveitada, dos pontos de vista econômico, científico e social. Devido aos avanços

tecnológicos em curso, o valor da biodiversidade, ainda não contabilizado

adequadamente, pode representar lucros significativos para as economias da Amazônia,

bem como contribuir socialmente com as comunidades mais carentes da Região. Do

ponto de vista científico, novas descobertas de produtos cosméticos podem também

alterar positivamente o quadro de desenvolvimento perverso que caracteriza a Amazônia

e criar um modelo de sustentabilidade para os mais de 25 milhões de habitantes que

ainda dependem das exportações de matérias primas sem valor agregado.

Com essa nova visão, estes quatro estados que integram a Amazônia legal

reuniram esforços para promover a formação e o fomento de uma rede inter-egional e

interdisciplinar de pesquisa em biocosméticos – a Rede Amazônica de Pesquisa e

Desenvolvimento em Biocosméticos, REDEBIO.

Nesse sentido, este documento segue a linha traçada nos debates promovidos em

reuniões iniciais dos dirigentes das fundações e secretarias, referidas na apresentação

do documento, onde foram definidos os principais conceitos, estruturação, os atores dos

setores acadêmico, governamental, empresarial e das comunidades que atuam no

1 Conforme dados da ABHPEC, 2007, as exportações de produtos Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos aumentaram em 153%, quando passaram, em 2002, de US$ 202,7 mil para US$ 484,4 milhões em 2006.

7

segmento de cosméticos na Amazônia, bem como os mecanismos de governança e as

melhores práticas de interlocução dos atores que formarão parte da REDEBIO.

Este documento define também que a REDEBIO atuará acima de cadeias

produtivas da biodiversidade que apresentem uma relativa expressão no contexto dos

estados que integram a REDEBIO. Em tal sentido o documento dedicará um item para

justificar as cadeias que serão o foco das ações de pesquisa e de desenvolvimento de

produtos da biodiversidade.

É sabido que os incentivos e os apoios à formação de redes de pesquisa são

extremamente eficazes para a indução ao desenvolvimento de uma dada área de

pesquisa, bem como para o fortalecimento da capacidade instalada nas Instituições de

pesquisa. A articulação de uma rede inter-egional e interdisciplinar de pesquisa em

biocosméticos deverá estimular o intercâmbio entre instituições que concentram

competências, a interação entre pesquisadores dos estados envolvidos, o uso otimizado

de recursos e o compartilhamento de infra-estrutura para a pesquisa, principalmente de

equipamentos de custo elevado, usualmente inacessível, quando solicitados

individualmente.

Além da otimização de recursos, a cooperação entre as Fundações de Amparo a

Pesquisa (FAPs), FUNTAC e a SECT/TO terá também como foco o pronto acesso aos

resultados das pesquisas e a difusão e aplicação dos produtos gerados nos âmbitos das

pesquisas e dos estudos resultantes dos esforços das parcerias firmadas.

O objetivo mais importante da REDEBIO será o aproveitamento dos recursos

naturais da região, de forma a desenvolver projetos de pesquisas científicas, tecnológicas

e de inovação, objetivando o desenvolvimento de insumos e produtos biocosméticos,

estimulando, assim, o fortalecimento do segmento, com foco no envolvimento de

empresas e das comunidades extrativistas.

Desta forma, este documento foi dividido em 8 itens que incluem um primeiro item

da Apresentação e contexto da formação da REDEBIO; um segundo item apresenta a

Justificativa da formação da REDEBIO, onde se destacam as experiências históricas de

exploração da biodiversidade e as competências de C&T para o aproveitamento

sustentável da biodiversidade. O item 3 está centrado na importância que as cadeias

produtivas desempenham na Amazônia, como metodologia para análises e mecanismo

concreto de estudos, pesquisas e explorações da biodiversidade. No item 4, tem-se uma

breve análise sobre o mercado e as principais empresas que atuam no segmento de

8

cosméticos utilizando a biodiversidade como insumo, a partir das cadeias selecionadas.

No item 5, são descritos os objetivos da Rede; no item 6, as diretrizes; no item 7, os

temas de interesse para a realização de estudos, pesquisas e desenvolvimento de

produtos no âmbito dos recursos financiados e, finalmente, no item 8 têm-se a estrutura

organizacional da REDEBIO.

2 JUSTIFICATIVA

A Amazônia talvez seja uma das regiões do planeta mais cobiçada, menos

conhecida, sujeita a muita especulação e seriamente ameaçada. No entanto, é

praticamente consensual que os diversos ciclos de uso e exploração de seus recursos

naturais e ambientais pouco contribuíram para a construção de uma sociedade justa,

economicamente dinâmica e ambientalmente sustentável. Tradicionalmente, as

atividades relacionadas ao aproveitamento da biodiversidade estão ligadas à exploração

dos recursos naturais, apenas como matéria-prima e com pouca contribuição para a

manutenção da floresta e para o dinamismo econômico da região. Durante anos, na

tentativa de elevar a produtividade regional, as instituições de fomento estimularam

atividades ambientalmente predatórias – como a pecuária e a indústria madeireira – que

embora tenham, de certa forma, elevado a renda regional, não promoveram a eqüidade

social desejada. Da mesma forma, outras atividades de grande vulto – em especial a

mineração e os empreendimentos hidrelétricos – têm contribuído muito mais com os

indicadores econômicos nacionais e internacionais do que para a solução dos sérios

problemas da pobreza e exclusão da sociedade local.

Assim, a rica biodiversidade amazônica vem sendo espoliada e subaproveitada,

ao longo dos tempos. Especialistas concordam que o momento atual é especialmente

favorável para o seu aproveitamento comercial em bases eqüitativas, ambientalmente

sustentáveis e economicamente dinâmicas.

Uma das possibilidades de uso sustentável da biodiversidade regional é por

intermédio do uso de óleos e de insumos para a indústria de cosméticos, indústria de

fitoterápicos e de alimentos, mas somente agora se começa a tratar esta questão como

uma atividade econômica promissora para a região. A bioindústria nacional e

internacional, especialmente esta última, vem buscando nas plantas da Amazônia ou

domesticadas na região, essências, insumos produtos e formulações para produção de

medicamentos, outras formas de terapias, vacinas e cosméticos, objetivando a

industrialização e a comercialização em larga escala.

9

2.1 Experiências Históricas da Exploração de Produtos da Biodiversidade

Historicamente, na Amazônia, a extração de recursos naturais tem sido o ponto de

apoio na atividade de comércio exterior desde os primórdios de sua ocupação. Assim

aconteceu com o cacau (Theobroma cacao L.) que, na economia colonial, respondeu por

até 97 % do valor das exportações (1736). Foi assim também com a seringueira, terceiro

produto da pauta das exportações nacionais por 30 anos (1887-1917), e que atingiu o

pico de participação em 1910, quando foi responsável por 39%, e novamente em 1945,

por ocasião da II Guerra Mundial, ano em que representou 70% das exportações da

Região Norte.

A produção de pau-rosa alcançou participação máxima nas exportações da

Região Norte, em 1955, com 16%, e a castanha-do-pará, em 1956, com 71%. Esses

produtos seguiram as fases de expansão, estagnação e declínio, decorrentes do

esgotamento, domesticação, perda do poder de monopólio e aparecimento de

substitutos. No contexto histórico, verifica-se uma mudança das exportações de produtos

extrativos vegetais para minerais. O extrativismo mineral, em 2005, respondeu por mais

de 52% do valor das exportações da Região Norte e 80% do Estado do Pará.

Esses dados refletem a tendência verificada em 2005, quando as exportações dos

produtos da biodiversidade representaram menos de 18%, destacando-se a madeira e

derivados, com 12%.

Entretanto, recentemente com os avanços tecnológicos, os recursos da

biodiversidade retomam a importância fundamental sem constituir-se, ainda, em fonte de

sustentabilidade para as comunidades da floresta. Estes recursos agregam potencial

econômico que ainda é explorado de maneira limitada, em termos de quantidade.

De uma maneira geral, o grande desafio dos estados amazônicos é identificar

quais produtos da sua biodiversidade representem parte importante da sua economia.

Isso para que não se feche o circulo perverso da exploração econômica da floresta,

destruindo o mais importante que ela reserva para o modelo de desenvolvimento

sustentável: seus produtos naturais.

Dessa forma, diversas empresas do segmento cosmético estão desenvolvendo

novas linhas de produtos, baseadas na biodiversidade brasileira. Ativos certificados, por

serem 100% orgânicos, extraídos de fontes renováveis e produzidos de forma confiável,

com desenvolvimento sustentável e responsabilidade social em todas as etapas do

processo, têm tido grande destaque, principalmente no mercado internacional.

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No Brasil, em todos os fóruns relacionados à indústria cosmética, há sempre um

momento em que a discussão gira em torno da utilização da biodiversidade da Amazônia

na busca de princípios ativos com elevada eficiência, obtidos de forma ambientalmente

correta, levando em consideração não só a vocação natural dos povos da região, como

também no aproveitamento racional dos recursos naturais e humanos lá existentes.

Segundo o IBGE, já foram identificadas na Amazônia Legal em torno de 650

espécies vegetais farmacológicas e de valor econômico. No Estado do Pará foram

identificadas 540 espécies, no Amazonas, 488, em Mato Grosso, 397, no Amapá, 380,

em Rondônia, 370, no Acre, 368, em Roraima, 367 e no Maranhão, 261 espécies.

Assim, o foco principal desta Rede são as culturas extrativistas consolidadas, que

tenham potencial para produção de biocosméticos, tais como copaíba, andiroba,

castanha-do-pará, babaçu, alem de outras que detenham potencial e que mereçam

estudos adicionais para identificar sua possível aplicação na área de biocosméticos. Tais

recursos naturais devem contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável das

comunidades locais, além da redução da biopirataria. O caso de culturas como o açaí,

dendê cupuaçu, e outros produtos cultivados, ainda poderiam ser considerados na

análise, apenas para ressaltar seu papel no aproveitamento da biodiversidade.

Especialmente considerando caso da bioindústria focada no ramo de cosméticos,

além de trazer divisas para o Estado, esta oferece oportunidades para geração de

empregos não só na zona urbana, mas, sobretudo, na zona rural, contribuindo para a

desconcentração de renda e, conseqüentemente, para a interiorização do

desenvolvimento.

A formação de uma rede de pesquisas de biocosméticos é extremamente

oportuna, considerando o momento atual propício para investimentos na indústria de

cosméticos local, quando há o reconhecimento desta como uma atividade econômica

promissora para o norte do País.

Nesta fase de implantação da Rede Amazônica de Pesquisa e Desenvolvimento

de Biocosméticos – REDEBIO, algumas cadeias produtivas ligadas aos biocosméticos

foram identificadas como potencialmente prioritárias para os Estados participantes, tais

como castanha-do-pará, andiroba, copaíba e babaçu. Aqui, cadeia produtiva é um

conceito que aborda a agregação de valor que ocorre no processo de transformação de

matérias-primas e produtos locais em produtos semi-beneficiados ou industrializados,

com ênfase no encadeamento dos elos dos produtos e serviços envolvidos.

Um dos fundamentos da formação da REDEBIO está no desenvolvimento de

atividades de pesquisa direcionadas às cadeias produtivas já existentes nos estados do

11

Amazonas, Pará, Maranhão e, mais recentemente, do Estado do Tocantins e Acre, que

contam com certo grau de consolidação, mas que necessitam de ações voltadas para o

potencial real de valor agregado. Tais cadeias são alvos do interesse de empresas

nacionais e internacionais do segmento de biocosméticos, que demandam pesquisas em

todas as etapas do seu processo produtivo, desde o cultivo e a produção, até a

comercialização nos diversos mercados.

Um aspecto fundamental na formação da REDEBIO é a possibilidade de replicar

cadeias produtivas nos estados participantes da Rede. Nesse sentido, as cadeias que

serão alvo desta Rede devem contemplar produtos que existam nos estados envolvidos,

e que sejam factíveis de manejo dentro de toda o processo produtivo.

2.2 Competência Brasileira na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Exploração da sua Riqueza Natural e Biodiversidade

Uma das principais dificuldades de transformar os recursos da biodiversidade em

produtos com valor agregado é a falta de inovação tecnológica. A esse respeito, muito

pouco da biodiversidade da Amazônia e de sua rica fauna e flora, que tem gerado tantos

produtos para o mundo, tem sido pesquisada, tanto do ponto de vista químico quanto

farmacológico, para determinar os possíveis usos na obtenção de remédios, cosméticos

ou algum produto farmacêutico.

Depois da penetração européia, o extrativismo gerou vários produtos de sucesso

comercial. O guaraná, o cacau, a castanha-do-pará e a borracha2, apenas para ficar nos

exemplos mais conhecidos, conquistaram mercados duradouros e, pelo bem ou pelo mal,

angariaram fortunas para comerciantes locais e internacionais, o que não ocorreu com

coletores e comunidades extrativistas.3

Isso se explica pelo sempre baixo valor agregado desses produtos, sem

beneficiamento ou inovação tecnológica, nas regiões de produção. E com pouquíssimo

retorno financeiro para as comunidades locais.

No ramo da indústria farmacêutica, até então, no Brasil não foram produzidos

medicamentos importantes. O país tem sido apenas um fornecedor de insumos e, em

2 Segundo Cavalcanti (2002), o melhor exemplo da pujança da economia da borracha constata-se quando as exportações chegaram a representar mais de 40 mil toneladas, em 1912, e o preço alcançou a mais de 655 libras por tonelada, em 1910. Foi quando entrou no mercado a produção da borracha produzida pelas colônias asiáticas, (CAVALCANTI, 2002, p. 65-66). 3 Na trajetória do extrativismo houve um resultado interessante a se constatar. No auge das exportações, no começo do séc. XX, as mudanças introduzidas pela borracha sintética e a produção asiática produziram uma crise nas

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alguns casos, de amostras de recursos da biodiversidade, e tais atividades ainda não

resultaram em algo promissor. Uma das razões desse “intercâmbio desigual” (Martínez

Alier, 2007) parece estar na falta de uma parceria entre o meio acadêmico e as atividades

produtivas. Há um consenso entre pesquisadores de que o Brasil está estudando mais os

seus recursos, porém produz pouca inovação tecnológica. O país gera uma boa

quantidade de artigos científicos, indexados em revistas internacionais, mas poucos

produtos comercializáveis.

Assim, a relação desigual entre a produção científica e a geração de inovações

tecnológicas é uma característica no Brasil e da região amazônica – onde se concentram

os recursos da biodiversidade mais expressivos –, tanto pela dificuldade em transformar

esses conhecimentos em produtos com valor agregado, quanto pela falta de infra-

estrutura e financiamentos na região. Diferentemente dos países desenvolvidos, em que

a relação entre a universidade, o conhecimento científico e as empresas é um fato natural

e respeitado, no Brasil isso é desconhecido, desconsiderado e pouco praticado.

Todavia, o Brasil ainda é um país pouco expressivo, cientificamente falando.

Apesar da imensa área geográfica e da rica biodiversidade, desenvolve menos de 2% de

toda a pesquisa científica realizada no mundo e, em conseqüência, apenas 1,73% das

citações feitas na literatura internacional. Nenhum cientista brasileiro figura entre os cerca

de três mil mencionados como “principais contribuidores” ou “significativamente

influentes” em um survey de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo. A

pesquisa brasileira corresponde a menos da metade da produzida na América Latina, e

também a aproximadamente um terço da produzida em Israel. A economia e população

brasileiras têm, grosso modo, metade do tamanho da latino-americana e uma produção

científica na mesma proporção. Entretanto, o Brasil é muito maior do que Israel em

relação à economia e, mais ainda, à população. Apesar disso, seu desempenho em

pesquisa é bastante inferior a Israel e países da Ásia (Shott, 1993). Os israelenses foram

mencionados como “grandes contribuidores” e “muito influentes”, principalmente em

pesquisa destinada a fornecer inovações tecnológicas para ampliar sua força militar.

Em contraste, se comparamos o Brasil com outros países menos expressivos

cientificamente, o país tem apresentado destaque, principalmente entre os países

megadiversos. O Brasil pertence a uma minoria que se distingue pelo nível de

desenvolvimento da pesquisa científica, graças ao sistema acadêmico e institucional

extenso e consolidado que já possui. Com isso, consegue superar, também, a falta de

elites da borracha, levando-as a perder seus capitais. Na crise de meados do século, os que perderam foram os pequenos comerciantes, atravessadores e as comunidades extrativistas.

13

capacidade autônoma para o estudo de sua biodiversidade, que ensaia os primeiros

passos.

Considerando os dois aspectos que formam o sistema de C&T e P&D, o Brasil

tem conseguido alguns avanços, com cientistas brasileiros publicando nas principais

revistas especializadas internacionais. A publicação de artigos em revistas internacionais

especializadas cresceu quase três vezes em 15 anos, alcançando 5.429 artigos, em 1995

– um crescimento 57% maior que a média mundial e muito superior aos índices

alcançados pelos demais países da América Latina (Coordenação-Geral de Indicadores –

ASCAV/SEXEC – MCT, 2008)

O Brasil conta com a maior base universitária e técnica do continente. O sistema

de pós-graduação apresenta um nível aceitável, com 43.648 bolsas de mestrado,

doutorado, doutorado sanduíche e pós-doutorado, no país que, por sua vez,

experimentou um crescimento de 26%, entre 1996 e 2006. Já as bolsas concedidas por

instituições federais para o exterior diminuíram. Entre 1996 e 2006, passaram de 2.861

para 2.308 no mesmo período (Coordenação-Geral de Indicadores – ASCAV/SEXEC –

MCT, 2008). Diminuir a quantidade de bolsas para realização de doutorados fora do país

revela uma política de C&T equivoca. Sobram inúmeros exemplos de países que

cresceram cientificamente, ganharam competitividade e hoje se destacam no campo da

C&T&I, por terem mantido políticas de capacitação tecnológica de seus pesquisadores,

nos países mais avançados cientificamente, diferentemente do que se mostra no Brasil

nos últimos anos.

Uma grande quantidade de empresas brasileiras soma-se às pioneiras que, no

final da década de 1980 e começo da década de 1990, iniciaram o uso de insumos

naturais de forma massiva nos seus diversos produtos. Muitas empresas brasileiras já

entraram nessa disputa pelo mercado dos produtos da biodiversidade; entretanto, ainda

não existe um modelo para difundir uma política de produção sustentável com inovação e

competitividade que oriente o conjunto de empresas que atuam nessa área, de forma a

ganhar espaço no mercado global, já que não é mais possível negar a realidade da

competição que existe atualmente também nesse segmento da economia. Algumas das

importantes empresas que hoje têm-se multiplicado no Brasil mostram sua ativa presença

no exterior.

A partir da importância que ganharam os produtos naturais, empresas brasileiras

mais conhecidas e identificadas pelo aproveitamento da biodiversidade da Amazônia

aumentaram sua presença no exterior de forma significativa, diversificando seus produtos

de origem natural.

14

Diferentemente de muitos países do grupo conhecido como em desenvolvimento,

os quais não instituíram uma rede própria de transmissão de conhecimento de alto nível e

de desenvolvimento da ciência (como faz a maioria dos países latino-americanos), o

Brasil optou por um sistema próprio de formação de pessoal e de fomento à pesquisa.

O governo brasileiro tem sido ator de primeiro destaque na implantação e no

desenvolvimento do sistema de C&T, desde suas origens. Dados recentes, fornecidos

pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério de

Ciência e Tecnologia, mostram que, em pleno século XXI, o governo federal ainda

constitui a mais importante fonte de recursos para C&T, arcando, na maioria dos Estados,

com parcela superior a cinqüenta por cento dos dispêndios de todas as fontes nacionais.

O governo arca com a formação universitária e com a pós-graduação, principalmente nas

instituições públicas governamentais, responsáveis pela imensa maioria de pessoal de

alto nível, mas também nas instituições privadas, por meio de subsídios, auxílios e bolsas

de estudo.

De qualquer modo, o governo foi e continua sendo o principal ator na criação, na

manutenção e na expansão do sistema de C&T no País, principalmente o governo

federal, sendo, entretanto, a participação crescente dos governos estaduais,

especialmente com a recente expansão das Fundações de Apoio à Pesquisa (FAPs) em

diferentes Estados.

Na região Norte, a participação dos estados no financiamento a C&T é expressiva

nos estados do Acre (92%), Amapá (96%) e Tocantins (88%), ao contrário dos estados

do Amazonas e Pará, onde o grande mantenedor continua sento o governo federal, com

98% e 81%, respectivamente dos recursos investidos.

Mais recentemente, tem crescido no Brasil a participação do empresariado, tanto

na concepção como no financiamento de projetos em C&T. Os empresários integram o

grupo dos novos atores, da mesma forma como as organizações não-governamentais

ligadas, por exemplo, às questões ambientais. À medida que cresce a responsabilidade

político-social de indivíduos e grupos, é de se esperar o aumento no número de atores

direta ou indiretamente envolvidos com ciência e tecnologia.

3 CADEIAS PRODUTIVAS CONTEMPLADAS NA REDEBIO

Apesar de existir uma grande quantidade de produtos da biodiversidade da

Amazônia, e particularmente nos Estados do PA, MA, AM, AC e TO, na realidade são

ainda poucos os que podem ser considerados verdadeiramente significativos na

15

economia regional, já que ainda não formam parte expressiva de sua base produtiva. A

criação da REDEBIO terá precisamente o desafio de contribuir para que instituições de

pesquisa, universidades, empresas e comunidades da Amazônia transformem a

potencialidade oferecida pelas comunidades e pelos recursos naturais existentes, em

produtos com maior valor agregado que possam alargar suas cadeias produtivas. Desta

forma, as cadeias prioritárias escolhidas para a REDEBIO são aquelas que detêm,

inicialmente, maior possibilidade de valor agregado em seus estados (Quadro 1).

Quadro 1. Cadeias produtivas de maior valor agregado e seus subprodutos

CADEIAS PRODUTIVAS EXEMPLOS DE SUBPRODUTOS

Sementes e óleo andiroba

Xampu, condicionador, sabonete, creme para massagem, pó de óleo para banho, repelentes, etc.

Castanha-do-pará Xampu, condicionador, sabonete, esfoliante, hidratante, óleo de banho, óleos em pó, óleos hidratantes, sais de banho, azeite, repelente, etc..

Óleo de copaíba Perfume, óleo essencial, desodorante, pós-barba, condicionador, xampu, micro emulsões, óleos em gel, sabonete, sal para banho, creme nutritivo, etc.

Óleo de babaçu Sabonete base vegetal, óleo essencial, óleos para massagem corporal, condicionadores, xampus, cremes corporais e faciais (hidratantes,nutritivos e clareadores), etc.

Fonte: Elaboração com base em CGEE, 2008.

A metodologia seguida para identificação das cadeias produtivas mais

consolidadas considerou não apenas a demanda e a oferta do mercado, mas também os

efeitos e externalidades positivas das cadeias, na direção do mercado e das

comunidades, para uma melhor distribuição dos benefícios da exploração comercial dos

produtos selecionados.

Foram inicialmente selecionadas as cadeias que conseguiram melhores

possibilidades de replicação nas diferentes áreas da Amazônia, constituindo-se, portanto,

no melhor exemplo de produtos da biodiversidade com possibilidades para alcançar o

mercado. Assim, para a implantação da REDEBIO, entre as cadeias produtivas que se

encontram razoavelmente mais consolidadas nos estados do PA, AM, MA, AC e TO,

foram escolhidas quatro. A seleção foi feita em função de informações básica referentes

à presença no mercado de produtos naturais e à informação sobre a produção das mais

importantes cadeias. Inicialmente foram selecionadas as cadeias de castanha-do-pará, copaíba, andiroba e babaçu. Tais cadeias contam com uma seqüência, desde o

insumo até os mercados nacional e internacional, por meio de empresas,

fundamentalmente de cosméticos e fitoterápicos, que são a principal demanda deste

mercado.

16

Dessa forma, se propõe integrar essas cadeias produtivas de forma mais

detalhada e utilizá-las como uma referência piloto que oriente o estudo de outras cadeias,

desde que estas reúnam as características da biodiversidade.

Acrescenta-se a idéia que, na medida em que se conta com pouca informação da

maioria das cadeias de biodiversidade, as cadeias selecionadas oferecem, neste estágio,

um panorama que vem ao encontro da necessidade de contar com exemplos concretos

que contribuam com o desenho de políticas públicas de apoio à comercialização dos

produtos da biodiversidade. Nesse sentido, a análise mais detalhado das cadeias mais

consolidadas permite a construção de uma política pública mais expressiva e pode ser

um modelo a aplicar para outras cadeias de produtos ainda incipientes.

Concretamente, as comunidades extrativistas têm importância estratégica para o

País, quando se fala em aproveitamento sustentável da biodiversidade, que é um

potencial ilimitado, mas explorado de forma tímida, quando comparado com o modo

agressivo com que as atividades do agronegócio vêm adentrando nos santuários da

biodiversidade.

Uma cadeia produtiva é um conceito que aborda a agregação de valor que ocorre

no processo de transformação de matérias-primas e produtos locais em produtos semi-

beneficiados ou industrializados, com ênfase no encadeamento dos elos dos produtos e

serviços envolvidos.

A partir da seleção das cadeias mais importantes da região Amazônica, pode-se

prever a estrutura e os elos de cada uma, desde a produção de matérias primas, o

processamento e a industrialização, até os centros de consumo ou portos de exportação

dos produtos finais. A metodologia de análise de cadeias proposta pela REDEBIO busca

enfatizar os elos, relacionando-os, principalmente, com os mercados nacional e

internacional, dependendo das informações encontradas sobre os produtos da

biodiversidade.

Os estudos resultantes das ações da REDEBIO deverão avaliar a competitividade

das cadeias produtivas selecionadas como relevantes para o comércio de produtos da

biodiversidade; assim, o foco inicial dos estudos é a identificação do potencial de

agregação de valor e a integração produtiva dos diversos elos das cadeias selecionadas.

Na Amazônia, por suas características geográficas e formação social

extremamente dispersa, verifica-se, ainda, a falta de instituições de pesquisa

consolidadas que agreguem valor aos produtos das cadeias produtivas, o que torna muito

difícil pensar na adequação dos conceitos tradicionais de cadeias produtivas ou de

arranjos existentes nos países desenvolvidos. Inclusive, a idéia de Arranjos Produtivos

17

Locais (APL’s), que supõem uma estrutura territorial próxima e infra-estrutura de apoios

consolidadas, para o mercado e comercialização, não é um modelo que sirva de

referência para a comercialização dos produtos da biodiversidade.

O modelo de cadeia de biodiversidade, com todas as suas estruturas e os elos

propostos, enfatiza a articulação institucional, junto às pequenas indústrias de produtos

da biodiversidade e fornecedores localizados na floresta, que se encontram dispersos,

tanto os que são parte das reservas extrativistas, quanto os que se encontram distantes

das cidades da Amazônia.

Uma das características essenciais das cadeias da biodiversidade é que elas se

diferenciam tanto das cadeias tradicionais dos segmentos maduros da economia, bem

como das cadeias de produtos florestais não-madeireiros. Nesse sentido, enfrentam uma

série de desafios para realizar o caminho do insumo até o consumidor final. Desde a

coleta, produção, processamento, armazenagem, transporte, marketing até a

comercialização, há uma longa trajetória. Esse caminho começa na comunidade e se

estende até o mercado. A importância relativa de cada um desses elos (da cadeia) difere

produto a produto; tais elos podem não acontecer consecutivamente, e alguns podem ser

repetidos ou mesmo omitidos na elaboração de determinados produtos. Algumas

cadeias, particularmente para produtos localmente comercializados, são menores e mais

simples, uma vez que em geral os consumidores estão muito próximos das próprias

comunidades (Belcher & Schreckenberg, 2007).

Quando as cadeias se estendem além do nível local, tendem a ser mais

complexas. Para alguns produtos naturais, como precisamente a castanha-do-pará,

exportada durante séculos, a recente tendência da globalização reestruturou o

mecanismo de mercado, fazendo com que a gestão dos processos de produção e de

comercialização se tornasse também mais complexa, e a cadeia, mais difícil de

administrar, tanto no aspecto empresarial como no aspecto produtivo.

Com o processo de globalização e as possibilidades de os produtos naturais

ganharem mercado internacional, a maioria dos elos das cadeias também mudou. Essas

mudanças podem potencializar o produto natural, agregando valor e ressaltando sua

importância, bem como criar conflitos com as demandas de mercado, gerando

dificuldades para resolver problemas tecnológicos e expectativas de subprodutos, que

podem esgotar a base de insumos naturais ou afetar os ecossistemas das florestas

(Belcher & Schreckenberg, 2007). Isso ocorre, em geral, de forma diferente dos produtos

agrícolas tradicionais, que não apresentam esses problemas, por serem produtos de

cultivo.

18

Belcher & Schreckenberg (2007), enfocando países do trópico úmido4, percebem

diferenças fundamentais entre os produtos florestais não-madeireiros e os produtos

agrícolas, isto é, as cadeias de agronegócio e as cadeias da biodiversidade. A coleta dos

produtos naturais é feita diretamente na floresta, em territórios distantes da casa do

coletor, onde não há nenhuma posse segura da terra. Nesse sentido, o armazenamento,

o processamento e o transporte, não têm uma ordem lógica e podem ser bastante

complexos, dependendo da infra-estrutura, da natureza do produto, dos locais onde são

processados e das exigências do consumidor.

Uma função básica e fundamental da cadeia produtiva, quando atua com produtos

da biodiversidade, é procurar aumentar a intensidade da inovação tecnológica, como

condição para agregação de valor aos produtos.

A Figura 1 esquematiza uma cadeia produtiva. Uma cadeia produtiva formada a

partir de insumos da biodiversidade é mais complexa e apresenta elos mais elaborados,

passando pela bioindústria. O beneficiamento é mais completo e procura agregar valor

aos produtos da biodiversidade. Portanto, a cadeia da biodiversidade não é uma cadeia

de agroindústria ou de agricultura familiar.

Cadeia Produtiva

T1 T2

Armazém

Insumos distribuição Varejo Consumidor

T3 T4 T5

BioindústriaProdução

Ambiente Organizacional:Associações, Cooperativas, institutos de pesquisa e extensão, Bancos

e Universidades

Ambiente Institucional:Cultura, Tradições, Educação, Regras, Aparato Legal

Figura 1. Cadeia Produtiva da Biodiversidade

Fonte: CGEE, 2008.

As cadeias da biodiversidade, em geral, seguem a trajetória também descrita na

Figura 1, e possuem suas etapas iniciais (transação entre extrativistas e empresas

bioindústrias) interligadas por intermédio de transação principalmente “via mercado”, ou

4 A análise abrange países como Indonésia, da África, México e Brasil. (BELCHER e SCHRECKENBERG, 2007)

19

seja, elas não têm um corpo coeso e organizado, como ocorre nas cadeias já

consolidadas, em que as transações se dão “via contrato”. Essa característica abre

espaço e permite as atividades de atravessadores que, aparentemente, são

imprescindíveis, dadas as especificidades das transações nestas cadeias.

A partir da etapa da bioindústria, as transações passam a se dar “via contratos”,

de forma muito bem elaborada, dentro de padrões de cadeias produtivas altamente

competitivas.

A Figura 2 fornece uma idéia de como se processa uma cadeia produtiva da

biodiversidade, com todos os seus elos.

Armazenagem

Transporte

Produto 1

Produto 3

Produto 1

Produto 2

Produto 3

Produto 0

Produto 1

PRODUÇÃO

DISTRIBUIÇÃO 1

1.ª BIOINDÚSTRIA

1.º processo

2.º processo

2.º processo

3.º processo

2.ª BIOINDÚSTRIA

DISTRIBUIÇÃO 2

MERCADO DOMÉSTICO

MERCADO INTERNACIONAL

Coleta

Armazenagem

Transporte

1.º processo

TRANSFORMAÇÃO

MERCADO LOCAL

Figura 1. Estrutura de uma cadeia produtiva da biodiversidade Fonte: CGEE, 2008.

Conforme a Figura 2, a etapa da produção envolve três atividades:

• Coleta: ocorre em sua totalidade na floresta de forma extrativista;

• Transporte: é o grande gargalo da produção, dados a distância, a

dificuldade e os custos de locomoção no interior das florestas;

20

• 1º Processamento: ocorre muitas vezes de forma precária, quando é feito

pelo extrativista. Seus produtos alcançam prioritariamente o mercado local,

mas em alguns casos (copaíba, andiroba e babaçu, por exemplo), esses

produtos são adquiridos pela bioindústria.

Ainda conforme a Figura 2, a bioindústria, nas fases de 2º e 3º processamentos,

atua em três atividades básicas:

• Alimentícia: atua nos mercados nacional e internacional, sendo específica para

alguns produtos, como a castanha-do-pará;

• Cosméticos: atividade em alta expansão e competitividade elevada, alcança os

três mercados e é explorada por um grande número de bioindústrias;

• Fármacos: está restrita a um menor número de bioindústrias, devido às exigências

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a colocação dos

produtos no mercado.

Os produtos obtidos a partir da biodiversidade alcançam, assim, três mercados, a

saber:

• Mercado local: formado de produtos artesanais que obtiveram, no máximo, o

primeiro processamento. Sem rotulagem específica, mas apenas nome e algumas

características do produto, são vendidos em feiras municipais e praças públicas;

• Mercado doméstico: composto por produtos simples, sem nenhuma carga

tecnológica, mas apenas uma embalagem e rotulagem mais refinada. Em geral,

são produtos com alta carga tecnológica e valor agregado, no mesmo nível

daqueles que são direcionados ao mercado internacional;

• Mercado internacional: composto por muitos produtos primários que são vendidos

às bioindústrias estrangeiras, mas também há exportação de produtos nacionais

com alto valor agregado.

Para isso, é importante a realização de estudos voltados ao conhecimento e ao

aprimoramento das cadeias da biodiversidade, em todas suas etapas, como base para se

estruturar as ações de intervenção das políticas públicas. Essas políticas devem ter como

premissa básica o estabelecimento de um ambiente propício e regulado para a atuação

das empresas, através do fomento, indução, normatização e regulamentação, com foco

na gestão de contratos e organização de cadeias produtivas.

21

As cadeias da castanha-do-pará, da andiroba, da copaíba e do babaçu foram

escolhidas porque usam recursos naturais autenticamente extrativos, ou seja, recursos

para os quais ainda não há oferta cultivada e cujo uso em bases sustentáveis pode

contribuir tanto para a manutenção da floresta em pé, quanto para a melhoria da

qualidade de vida de centenas de milhares de povos das florestas.

Além disso, esses produtos já são bastante difundidos, com cadeias produtivas

relativamente bem estruturadas, oferta estabelecida e uma demanda em expansão. Pelo

amplo espectro de produtos que geram, esses recursos abrem a possibilidade para o

desenvolvimento de uma autêntica indústria da biodiversidade, com atividades de

bioprospecção, criação de centros de excelência em pesquisa e desenvolvimento (P&D)

em produtos da biodiversidade, surgimento de incubadoras de empresas de base

tecnológica, além de todo um arranjo organizacional que valorize as instituições voltadas

para o uso sustentável da floresta.

3.1 Cadeia da Castanha-do-Pará

A Castanha-do-pará é originária exclusivamente da floresta amazônica e se

caracteriza pelo extrativismo de coleta. A extração é uma das atividades mais adaptadas

às exigências de preservação da natureza, tendo em vista que, para ser produtiva, a

castanheira precisa estar inserida na floresta nativa.

Nas florestas, grande parte da atividade extrativista é realizada a partir da

extração da castanha, apesar da existência de outras culturas, algumas das quais podem

futuramente ser transformadas em espécies de plantio ou cultivo domesticado. No caso

concreto da castanha, suas características quase que impedem de torná-la uma espécie

domesticada, por ser uma das mais abundantes espécies existentes na Amazônia, e hoje

considerada o símbolo do extrativismo – de um novo extrativismo – reorientado para ser

o início de uma cadeia produtiva que envolve a bioindústria na sua trajetória.

É na Região Norte que se concentra praticamente a totalidade da produção

nacional extrativa vegetal de castanha-do-pará. Nos últimos dez anos, a participação

relativa da Região no total da produção brasileira têm-se mantido por volta dos 99%. No

entanto, há uma grande assimetria entre os estados, conforme mostra a Gráfico 1, que

ilustra a produção entre 1994 e 2005. Os estados do Acre e do Amazonas são os que se

destacam, embora apresentando algumas oscilações ao longo do tempo.

22

Quantidade produzida na extração vegetal

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Quantidade (toneladas)

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Gráfico 1. Produção extrativa de castanha-do-pará - vegetal (ton), por Estado da Região Norte.

Fonte: IBGE, Apud CGEE, 2008.

Até 1990, o Brasil ocupou posição de liderança no mercado mundial de castanha-

do-pará, com 80% do comércio e uma produção de 51.000 t. Com a atual redução da

produção brasileira para cerca de 30.000 t, a Bolívia passou a ser o maior exportador

mundial, com volume da ordem de 50.000 t anuais. Alguns dos fatores responsáveis pela

queda da produção, apontados por Pennacchio (2006) são: redução dos castanhais

produtivos; deficiências na cadeia produtiva, em especial nas logísticas de transporte e

de armazenamento; ausência de políticas e de programas de incentivo à produção, de

apoio direto à comercialização e de sustentação de renda ao extrativista; dificuldades de

atendimento às exigências fitossanitárias para exportação, especialmente quanto aos

limites de tolerância para presença de aflotoxina (até 30 ppb no Brasil e até 0,4 ppb nos

EUA e na Europa).

A produção de castanha-do-pará nos Estados da região Norte está assim

distribuída:

• Amazonas – concentra-se principalmente nos municípios de Humaitá,

Tapauá, Tefé, Boca do Acre, Alvaráes, Canutama, Lábrea e Silves;

• Pará – não obstante não ter uma produção muito expressiva, é o que

conta com um número maior de municípios produtores de castanha-do-

pará;

• Amapá – a produção concentra-se nos municípios do Mazagão e Vitória do

Jari, sendo que as comunidades mais importantes de produção

23

encontram-se em São Francisco do Iratapuru, onde está localizada a

Cooperativa de COMARU. Tais comunidades estão estabelecidas em uma

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).

Segundo dados do IBGE (2005), depois dos estados do AM e do PA, os estados

do AM e do MT também figuram como produtores, sendo que a exploração desse recurso

natural é bem menos expressiva.

A Associação de Exportadores de Castanha aponta que aproximadamente 35 mil

pessoas sobrevivem da extração de castanha-do-pará, através da coleta do produto no

interior da floresta Amazônica. Em se tratando de toda a cadeia produtiva, são

aproximadamente 100 mil pessoas envolvidas direta ou indiretamente nessa atividade

econômica, na coleta, pós-coleta e beneficiamento da amêndoa.

Melhorar a qualidade e diversificar a produção dos recursos naturais são dois

pontos de fundamental importância para aumentar a cadeia de valor. No entanto, não

raras vezes, as comunidades extrativistas dedicam-se apenas ao principal produto, no

caso, a amêndoa, desprezando os subprodutos que podem ter grande importância

econômica.

Assim, algumas comunidades já percebem a necessidade do aproveitamento

integral da castanha que, historicamente, tem sido utilizada apenas nas indústrias de

alimentos e cosméticos. Segundo representante das comunidades que trabalham com a

castanha em São Francisco do Iratapuru, é fundamental a realização de programas de

capacitação com extratores, para que eles aproveitem integralmente a riqueza dos

produtos da biodiversidade.

O Quadro 2, mostra as diversas alternativas para o uso da castanha; entretanto,

as formas mais usuais são a tradicional amêndoa, para a indústria de alimentos e, mais

recentemente, o óleo para a indústria de cosméticos.

Quadro 2. Usos da Castanha-do-Pará

Amêndoa Descascada e comida fresca, bombom, sorvete, doce, farinha e leite para temperar comida.

Óleo Sabonete, creme, xampu, óleo trifásico.

Ouriço Artesanato, brinquedos (pés de ouriço), remédio, carvão, pilãozinho, tigela para coletar seringa.

Casca Remédio (chá) para diarréia. Fonte: SHANLEY, 2005, p. 63.

24

A castanha é um produto que deveria ser mais difundido, e suas qualidades

justificariam plenamente que ela fosse respaldada por uma certificação que garantisse

sua origem e suas qualidades naturais. Os progressos alcançados na valorização dos

produtos naturais, no mercado mundial, devido, entre outras razões, à difusão do

mercado verde, junto com as novas atitudes comportamentais nos países desenvolvidos,

estão contribuindo para a criação de uma nova demanda que até alguns anos era

praticamente inexistente. Nesse novo contexto, os preços da castanha in natura têm

registrado um aumento importante.

3.2 Cadeia Produtiva da Copaíba

Do tronco da árvore da copaíba, que pode chegar a 45 metros, retira-se uma óleo,

que tem sido considerado como uma verdadeira farmácia, pelas suas atividades anti-

sépticas, cicatrizantes, antiinflamatórias e até mesmo anti-tumorais.

A região Norte responde pela totalidade da produção de óleo de copaíba nacional

(Tabela 1), sendo que as unidades da Federação que mais produzem, segundo pesquisa

do IBGE (2005), são os estados do Amazonas (434 t), Pará (34 t), Rondônia (7 t) e o

Acre que produz menos de uma tonelada. Embora não haja dados estatísticos confiáveis,

sabe-se que nos estados do Maranhão e Tocantins, esta árvore e também seu óleo, têm

sido bastante difundidos.

Tabela 1. Produção extrativa do óleo de copaíba (ton), por Estado da Região Norte Estado 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Acre 0 0 0 1 2 2 0 0 Amapá - - - - - - - - Amazonas 92 37 379 397 425 427 429 434 Pará 0 3 13 13 16 26 21 34 Rondônia - 20 6 0 3 4 3 7 Roraima - - - - - - - - Tocantins - - - - - - - - Norte (A) 93 60 398 412 445 458 454 475 Brasil (B) 93 72 408 414 453 463 459 479 (A)/(B) 100% 83% 98% 100% 98% 99% 99% 99%

Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal.

No período 1990-2005, observa-se um aumento gradativo na produção do óleo de

copaíba na região Norte, mas os estados de Rondônia e do Acre apresentaram um

25

movimento oscilante, com tendência à queda. No Brasil como um todo, houve

crescimento, neste período.

Quanto ao valor da produção, observa-se um crescimento bem expressivo do

estado do Amazonas (Gráfico 2), no período 1994 a 2005, tendo o valor nacional da

produção de óleo de copaíba passado de R$60 mil para R$1.750 mil. Desse montante, o

Amazonas respondia por 37%, em 1994, passando a responder por 78%, em 2005.

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Rondônia Acre Amazonas Pará

em m

il R

$

Gráfico 2. Produção extrativa do óleo de copaíba (em R$mil), por Estado da Região Norte. Ano-base: 2005. Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal, .

No Estado do Amazonas, três municípios são os maiores produtores de copaíba:

Apuí (216 t), Novo Aripuanã (205 t) e Lábrea (4 t). Entretanto, pesquisadores e técnicos

que trabalham com copaíba, naquele estado, apontam amplitude geográfica bem maior

para a produção e ocorrência dessa espécie. Para eles, a copaíba está distribuída nos

seguintes pólos municipais de produção:

• Manicoré, Novo Aripuanã, Apuí e Humaitá.

• Canutama e Lábrea;

• Maués e Nova, Olinda do Norte;

• Eirunepé, Ipixuna e Itamaraty;

• Pauini e Coari.

Os municípios de Silves e Lábrea são os que mais produzem óleo dessa espécie

no estado. Tanto para a copaíba como para todas as outras sementes, verificou-se a

inexistência de tecnologia, ou seja, precisa-se desenvolver mais pesquisa em relação aos

26

métodos de extração, purificação, caracterização físico-química, padronização e

estabilização deste insumo. Encontra-se o óleo bruto já difundido no mercado dos

Estados Unidos.

Apesar da importância e o valor que a copaíba pode agregar para a produção de

cosméticos e remédios, existem graves problemas com a sua extinção, já que a árvore é

muito utilizada também como madeira. Com o desmatamento provocado pelo

crescimento da indústria da madeira, as madeireiras estão acabando com a abundância

de copaíba, exceto nos lugares aonde estas atividades humanas ainda não chegaram.

No Brasil já ocorre plantio experimental da árvore, mas por diversos fatores as

indústrias que trabalham com beneficiamento do óleo de copaíba têm, necessariamente,

que utilizar matéria-prima (óleo) proveniente da produção extrativista. Um fator importante

no processo de extração é a presença de mais de 25 espécies do gênero Copaifera; na

prática, apenas o extrativista tem o conhecimento da espécie que fornece o óleo

adequado para a indústria, pois as espécies são muito semelhantes entre si. Como

exemplo, no município de Lábrea, no Amazonas, são extraídos três tipos básicos de

óleos de copaíba: o óleo avermelhado e denso, utilizado na fabricação de tintas e

vernizes, o óleo fino e amarelado e o óleo fino de cor quase azulado. Estes são os mais

valorizados, economicamente, pelo fato de serem aproveitados na medicina e farmácia.

O óleo de copaíba, obtido a partir da perfuração do tronco das espécies do gênero

Copaifera spp., é, na realidade um óleo-resina, pois possui uma parte resinosa que

endurece em contato com o ar, diluída em óleo essencial.

A Copaifera reticulata é a espécie que fornece o melhor e a maior quantidade de

óleo. De uma árvore adulta pode-se obter de duas a três latas de 20 litros por intervalo de

extração. Há possibilidades de efetuar extrações sucessivas sem danos às árvores.

Sendo que a melhor época para a extração do óleo é o período chuvoso.

A resina é comercializada para diversas indústrias para diferentes aplicações

industriais, tais como cosméticos, vernizes, fixadores de filme fotográfico etc.

3.3 Cadeia Produtiva do Óleo de Andiroba

Andiroba (Carapa guianensis Aubl. ) é uma árvore da família Meliaceae. O nome

deriva de "andi-roba", palavra tupi-guarani que refere-se às sementes desta árvore e que

significa gosto amargo.

As qualidades terapêuticas do óleo de andiroba são conhecidas há séculos. Os

antepassados transmitiram suas experiências com o emprego do óleo em diferentes tipos

27

de enfermidades. Recentemente, a indústria de cosméticos, em especial, vem

demandando este óleo, e sua procura tem sido crescente, tanto no mercado nacional

como no internacional. No entanto, há poucos registros sobre a efetiva dimensão desse

mercado, por inexistência de informações sistematizadas e confiáveis, o que faz com que

o óleo de andiroba caia na classificação de “outros óleos”.

A produção atual desses “outros óleos” está em torno de 220 ton e vem

apresentando oscilações significativas com tendência a queda acentuada (Gráfico 3).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Brasil Norte Pará

em t

Gráfico 3. Produção de “outros óleos”, no Brasil, na Região Norte e no Pará (em t). Período: 1990-2005.

Fonte: IBGE – Produção Extrativa Vegetal.

Segundo informações obtidas no Departamento de Agricultura do IBGE, no ano

de 2002, toda a produção informada como “outros oleaginosos”, nos estados do

Maranhão (22 toneladas) e do Pará (266 toneladas) foi relativa à produção do óleo de

andiroba. Isso significa que o andiroba representou 82% da produção total dos outros

óleos.

Em 2001, o estado do Pará passou a responder por 78% da produção nacional,

com 307 toneladas. No entanto, a partir de então, sua produção vem registrando quedas

contínuas. Uma situação bastante ilustrativa dos problemas é a que ocorreu com uma

pequena empresa produtora de óleo, na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará (CGEE,

2008). A falta de capacitação e de preparo dos produtores inviabilizou definitivamente um

negócio próspero. Em 2003, superando muitas dificuldades próprias do negócio, a

empresa exportou uma tonelada de óleo de andiroba para a França. Mas quando o

28

produto chegou ao seu destino, ele foi imediatamente devolvido, por causa do envase em

embalagens impróprias – galões de óleo diesel reaproveitados – que comprometeu a

qualidade do produto, devido à sua contaminação pelos resíduos de hidrocarbonetos que

restaram na embalagem.

Além destas questões de ordem técnica, os produtores reclamam da falta de um

controle sobre a efetiva quantidade do recurso natural nos produtos que os utilizam como

matéria-prima. Até mesmo as empresas que têm contrato com os produtores locais,

compram cada vez menores quantidades. O Gráfico 4, ilustra o movimento volátil da

oferta de óleo de andiroba no estado do Pará.

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Valo

r (m

il re

ais)

Gráfico 4. Outros óleos- produção extrativa vegetal (em t), estado do Pará. Período: 1990-2005. Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal.

A Tabela 2 fornece informações sobre a quantidade produzida de outro “óleos”,

por estado produtor. Assim, no ano de 2005, a região Norte respondeu por 31% da

produção nacional. No contexto desta região, o Pará respondeu por 93% com uma tímida

participação do Acre, com 7%.

No que se refere ao rendimento, em termos de óleo obtido a partir das sementes,

sabe-se que a diferença entre o processo industrial e artesanal é extremamente alto.

29

Tabela 2. Produção extrativa de “outros óleos” (ton), por Estado da Região Norte

Estado 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005Pará 2 0 8 307 266 270 34 63Acre - - - - - - - 5Amazonas - - - - - - - - Roraima - - - - - - - - Amapá - - - - - - - - Tocantins - - - - - - - - Rondônia - - - - - - - - Brasil 1.214 325 61 392 352 402 172 221Norte 2 0 8 307 266 270 34 68Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal.

A concentração de árvores nos espaços produtores na região Amazônica é

também muito variável. A comunidade de Jaranduba, no Amapá, apresenta maior

densidade de indivíduos por hectare. Regiões tradicionalmente produtoras do Pará têm

apresentado baixa densidade de árvores, devido à ameaça da atividade madeireira.

Segundo Taylor (2002), uma árvore produz aproximadamente 200 quilos de sementes ao

ano, e tal estimativa é para regiões com grande adensamento. Em regiões com baixa

densidade, há uma média de 8,4 árvores por hectare (sendo que em torno de 50%

apresenta sementes), com uma produção média de 11,8 quilos de sementes por safra

(BAHIA,1998).

Além dos grandes e médios produtores, há também pequenos produtores no ramo

dos cosméticos, e estes vêm tendo êxito, graças ao apoio de entidades como SEBRAE,

como o caso da Associação de Produtores de Andiroba do município de Axixá, MA.

Segundo depoimentos dos produtores, a grande concentração de andirobeiras serviu de

inspiração para a criação da fábrica, mas o estímulo veio também da tradição da

fabricação caseira do sabão de andiroba. A fábrica produz semanalmente 5.000 unidades

de 100 gramas, mas tem capacidade para o dobro. Os sabonetes são vendidos no

Centro Histórico de São Luís, área de grande fluxo de turistas, que são clientes

preferenciais do produto.

3.4 Cadeia do Babaçu

O babaçu (Orbygnia sp.) é praticamente o único sustento de grande parte

da população interiorana sem terra das regiões Norte e Nordeste, com destaque para o

Maranhão, onde os babaçuais ocupam uma área aproximada de 100 mil Km2, com uma

produção de coco estimada em 7 milhões de toneladas/ano. Apenas no Estado do

30

Maranhão, a extração de sua amêndoa envolve o trabalho de mais de 300 mil famílias.

Destaque especial deve ser dado às mulheres acompanhadas de suas crianças – as

"quebradeiras de coco", como são chamadas.

A produção de babaçu ainda está concentrada principalmente no Estado do

Maranhão, inserido geograficamente na região Nordeste. A produção do Brasil alcançou,

em 2006, 117.150,00 toneladas de amêndoas. Em 1990, a produção era de 188.718,00 o

que reflete uma diminuição significativa desse tipo de atividade extrativista (Tabela 3).

Tabela 3. Produção extrativa do babaçu (amêndoa) (ton). Ano-base: 2006

Brasil e Região Geográfica Produção Brasil 117.150,00 Norte 881 Nordeste 116.269,00 Sudeste - Sul -

Centro-Oeste

Fonte: IBGE, SIDRA, 2008.

Participando com um percentual bem mais baixo que o Maranhão, o Estado do

Tocantins apresenta uma contribuição importante para a região Norte, em termos de

ocorrência de babaçuais. As áreas de ocorrência representam em torno de 1,8% do seu

território, o que pode significar uma alternativa de exploração deste recurso natural.

No estado do Maranhão, algumas comunidades extrativistas do babaçu já

demonstram um principio de organização. Deste modo, associações, clubes de mães e

outras ONGs vêm trabalhando nestas comunidades, além do Sebrae/MA, no sentido de

melhorar o sistema produtivo e a capacidade de geração de emprego e renda a partir do

babaçu.

O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor mercantil e industrial,

são as amêndoas contidas em seus frutos. As amêndoas (de 3 a 6 em cada fruto) são

extraídas manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência. O principal

destinatário das amêndoas do babaçu são as indústrias locais de esmagamento,

produtoras de óleo bruto e refinado, matéria prima para a fabricação de sabão, sabonete,

xampu, cremes anti-age, amida, gorduras especiais e óleo comestível.

O teor de óleo (de 60 a 66%) e a composição dos ácidos graxos da amêndoa do

babaçu são similares à polpa do coco da palmeira. O ácido láurico é o principal ácido

graxo, representando cerca de 46% do conteúdo total desses ácidos presentes no óleo, o

31

que revela seu grande potencial para a manufatura de sabão, sabonete, detergentes e

cosméticos.

O conhecimento da composição química de óleos e gorduras vegetais é de

grande importância, pois estes são amplamente utilizados com fins alimentícios ou

energéticos, para lubrificantes, ou ainda como matéria-prima para a fabricação de outros

produtos, inclusive biocosméticos. Processos simplificados de produção de sabonetes,

xampus e cremes, baseados no uso do óleo de babaçu como substância graxa, uma vez

desenvolvidos, poderão ser explorados como alternativas produtivas na região, e de

forma a desenvolver as comunidades extrativistas.

4 MERCADO DOMÉSTICO

De acordo com a ABIHPEC, no período de 1996 a 2006, a indústria brasileira de

higiene pessoal, perfumaria e cosméticos apresentou crescimento real médio de 11% ao

ano no seu volume de vendas passando de R$4,9 bilhões, em 1996, para R$17,5

bilhões, em 20065. A Associação atribui esses crescimentos a fatores como:

• Participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho;

• Utilização de tecnologia de ponta e o conseqüente aumento de produtividade,

favorecendo os preços praticados pelo setor, que tem aumentos menores que

os índices de preços da economia em geral;

• Lançamentos constantes de novos produtos atendendo cada vez mais às

necessidades do mercado;

• Aumento da expectativa de vida, o que traz a necessidade de conservar uma

impressão de juventude.

Até julho de 2007, a ABIHPEC contabilizou no Brasil um total de 1.494 empresas

atuando no mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, sendo 15 empresas

de grande porte, com faturamento líquido de impostos acima dos R$100 milhões, que

representam, 73% do faturamento total do setor.

O Mapa 1, mostra a distribuição geográfica e a quantidade das indústrias

brasileiras de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), por Estado.

5 Nesse mesmo período a taxa média anual real de crescimento do PIB brasileiro ficou em torno de 2,6%, assim como o da indústria em geral (ABIHPEC, 2007 com base em dados do IBGE e Banco Central)

32

Mapa 1. Indústrias HPPC no Brasil: distribuição geográfica. 2007). Fonte: ABIHPEC.

O Brasil ocupa a terceira posição em relação ao mercado mundial de higiene

pessoal, perfumaria e cosméticos, de acordo com dados do “Euromonitor” apud

ABIHPEC, 2007, superado apenas pelos Estados Unidos e pelo Japão. O setor também

se destaca na geração de empregos; no período 1994-2006, a taxa média anual de

crescimento da oferta de empregos no setor foi de 8,3%. Em 1994, o setor empregava

um total de 1.130.100, passando para 2.935.400 pessoas.

Por outro lado, existe também uma importante relação de empresas que usam

preferencialmente produtos da biodiversidade para a produção de cosméticos. A seguir,

serão feitas algumas considerações sobre essa tendência de mercado, entre as

indústrias de HPPC.

4.1 Empresas do Segmento de Cosmético que Utilizam Produtos da Biodiversidade como Ativos

O crescimento da demanda de produtos naturais pela bioindústria tem um impacto

no mercado de cosméticos. Apesar da produção não ser expressiva, o que se constata é

a grande quantidade de empresas que estão atuando no mercado local de produtos da

biodiversidade. Como se constata pelos dados apresentados no Quadro 3, os estados

33

onde as empresas atuam não são apenas os da Região Amazônica, mas também do

Nordeste, e sobretudo das regiões Sul e Sudeste, entretanto os produtos da maioria

dessas empresas são oriundos da biodiversidade da Amazônia.

Quadro 3. Empresas que utilizam a biodiversidade brasileira, atuantes no mercado nacional

Estado Empresa Produto natural Produtos Fonte

Acre Saboaria Xapuri (68) 542 2872

Amazonas

Agrorisa guaraná, muiraruíra, unha de gato, carapanaúba, jatobá, crajiru

fitoterápicos [email protected]

Amazon Ervas cosméticos www.amazonervas.com.br

Benedito Mutran e CIA LTDA castanha-do-brasil alimentícios www.bmutran.com.br

Crodamazon andiroba, buriti, cupuaçu, murumuru, babaçu, cacau, castanha-do-brasil, pequi

oleoquímica www.crodamazon.com.br

Pronatus do Amazonas

copaíba, andiroba, crajiru, cupuaçu, buriti

fitoterápicos e fitocosméticos http://www.pronatus.com.br/

Amapá Nativa da Amazônia

açaí, copaíba, andiroba, castanha-do-brasil, babosa cosméticos www.nativadaamazonia.com.br

Bahia MAÍZ Artes & Essências andiroba cosméticos e óleos www.maizessencias.com.br

Goiás Zuppani Industrial velas e produtos de limpeza www.zuppani.com.br

Agropalma S/A palma (dendê) oleoquímica http://www.agropalma.com.br/

Pará

Artesanato Juruá Ltda.

jaborandi, manga, açaí, cacau, cupuaçu, copaíba, andiroba, guaraná, castanha-do-pará

cosméticos http://www.produtosjurua.com.br/index.html

Fluídos da Amazônia

copaíba, açaí, andiroba, castanha-do-pará, guaraná, cupuaçu

cosméticos www.chammadaamazonia.com.br

Caiba Indústria e Comércio S/A

castanha-do-pará, andiroba, guaraná, cumaru

oleoquímica e alimentícios www.caiba.com.br

Ervativa guaraná, cupuaçu, açaí, priprioca e estoraque oleoquímica www.ervativa.com.br

Fitoterápicos Floramazon

andiroba, arnica, barbatimão, copaíba, mamona fitoterápicos www.floramazon.com.br

Naturais da Amazônia

andiroba, buriti, castanha-do-pará, copaíba, cupuaçu, pracaxi

fitoterápicos e cosméticos www.naturaisdaamazonia.com.br

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Quadro 3 – cont.

Estado Empresa Produto natural Produtos Fonte

Paraná O Boticário cacau, cupuaçu, gengibre, hortelã, maracujá, pitanga cosméticos http://www.boticario.com.br/

Pernambuco

Casa Granado sabonetes [email protected]

Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (PE)

Andiroba velas [email protected]

Rio de Janeiro

Herbarium alcachofra, cavalinha, espinheira, guaraná

fármacos, alimentícios e cosméticos http://www.herbarium.net

NatuScience Ind. Bras. de Velas e Distribuidora de Produtos de Higiene Ltda / ME

cosméticos [email protected]

Phytoessencial Andiroba fitoterápicos [email protected]

Ritual/Extraído da Terra Artesanatos

andiroba, castanha-do-pará, copaíba e cupuaçu fitoterápicos (021) 3813-7653

Roraima Phitolabor guaco e alcachofra fitoterápicos http://www.phitolabor.com.br/

Santa Catarina Phytomare acerola, berinjela, guaraná

alimentícios, suplementos vitamínicos, fitoterápicos

http://www.phytomare.com.br/

São Paulo

BeracaSabará açaí, castanha do pará, andiroba, copaíba, buriti, urucum, maracujá

cosméticos, alimentos&nutrição/sa

úde animal e sanitizantes

www.beraca.com.br

COGNIS do Brasil oleoquímica www.br.cognis.com

Essências & Sabonetes Andiroba fitoterápicos www.essenciasesabonetes.com.br

Farmaervas copaíba, andiroba, pequi, castanha-do-pará cosméticos www.farmaervas.com.br

Laboratório Centroflora Ltda.

açaí, camomila, babosa, boldo, guaraná, cacau

alimentícios, farmacêuticos,

cosméticos, corantes, orgânicos,

fitoterápicos

http://www.centroflora.com.br

Mapric Andiroba fitoterápicos www.mapric.com.br

Natura castanha, cupuaçu, andiroba, murumuru, guaraná

cosméticos http://www2.natura.net/Web/Br/Home/src/

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Quadro 3 – cont.

Estado Empresa Produto natural Produtos Fonte

Orsa Florestal andiroba fitoterápicos http://www.orsaflorestal.com.br

OX Brazil cosméticos www.oxcosmeticos.com.br [email protected]

Valmari

arnica, argila da amazônia, camomila, murumuru, castanha-do-pará, copaíba, urucum

cosméticos www.valmari.com.br

Verdessência andiroba fitoterápicos www.verdessencia.com.br

Volp andiroba fitoterápicos www.volp.com.br [email protected]

Fonte: CGEE, 2008.

5 OBJETIVOS DA REDEBIO

5.1 Objetivo Geral

Estabelecer ações de cooperação entre as FAPs dos estados do Pará, Maranhão

e Amazonas, Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC e a

Secretaria de C&T do Tocantins (SECT/TO), para implantação da rede de

pesquisa inter-egional e interdisciplinar em biocosméticos, fortalecendo cadeias

extrativistas da região, melhorando os sistemas produtivos e apoiando

comunidades para alcançar melhores níveis de sustentabilidade dessas

comunidades.

5. 2 Objetivos Específicos

a) Desenvolver pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação, aplicadas em

cadeias produtivas com maior potencial de acesso aos mercados nacional e

internacional;

b) Apoiar a implantação e melhoria de laboratórios focados em produtos para fins

biocosméticos;

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c) Promover a melhoria e inovação tecnológica em produtos e processos de produção

de biocosméticos;

d) Desenvolver pesquisas voltadas para análises de viabilidade econômica, a fim de

apoiar empresas que desejam expandir mercado na região;

e) Promover a cooperação de grupos de pesquisa com empresas do setor; e

f) Iniciar um processo de criação de clusters produtivos, no segmento de biocosméticos,

envolvendo diferentes entidades de apoio, como Senai, Sebrae, etc.

6 DIRETRIZES

O Programa de constituição da REDEBIO possui as seguintes diretrizes:

a) Responder as necessidades em termos de P&D&I em biocosméticos, nos estados-membros da Rede;

b) Constituir, de forma articulada, projetos interregionais e interdisciplinares;

c) Estabelecer parcerias com programas de pós-graduação, de forma a fortalecer a qualificação de recursos humanos em diferentes níveis;

d) Fortalecer a constituição de projetos em rede por meio de associações e parcerias de grupos de pesquisas dos diferentes Estados; e

e) Buscar sinergia entre as ações e evitar duplicidade de esforços para o desenvolvimento de um mesmo projeto.

7 TEMAS DE INTERESSE DA REDE

• Desenvolvimento de sistemas agroecológicos voltadas a produção de insumos

das cadeias produtivas de cosméticos;

• Agregação de tecnologia aos processos extrativos nas comunidades de origem;

• Substitiuição de commodities;

• Desenvolvimeto tecnológico e aproveitamento de residuos no processamento dos

insumos;

• Avaliação sazonal da composição química de óleos e extratos;

• Padronizaçao dos processos de extração e estabilização de extratos e óleos

regionais;

37

• Melhoramento de preparações e delineamento de formulações cosméticas;

• Desenvolvimento das cadeias produtivas locais para inserção nos mercados de

cosméticos;

• Estudos para certificação de insumos e produtos;

• Inserção de produtos nos mercados local, regional, nacional e internacional, e

• Design de produtos biocosméticos amazônicos.

8 ORGANIZAÇÃO DA REDE

8.1 Comitê Executivo (CE)

Será formado um Comitê Executivo do Programa, constituído por dois

representantes (titular e suplente) de cada instituição parceira – FAPs, FUNTAC e

SECT/TO, além de um representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

(CGEE/MCT). Tais representantes serão indicados e nomeados por seus dirigentes.

Funções do Comitê Executivo (CE)

a) Definir a estratégia e as diretrizes do Programa;

b) Aprovar o Termo de Referência da REDEBIO e os editais;

c) Definir os procedimentos para apresentação, seleção e julgamento das

propostas apresentadas em resposta ao Edital;

d) Gerenciar o processo de avaliação das propostas apresentadas em

resposta ao Edital;

e) Aprovar os projetos recomendados pelo Comitê de Avaliação, bem como

os respectivos valores a serem financiados;

f) Definir e estruturar a criação das sub-redes temáticas;

g) Gerenciar o processo de acompanhamento e avaliação dos projetos

aprovados no âmbito da REDEBIO juntamente com uma Comissão de

Acompanhamento e Avaliação;

h) Promover evento de apresentação dos projetos (vitrine) à empresas e

instituições que atuam junto ao setor de biocosméticos e propiciar a

aproximação de pesquisadores e empresários.

38

i) Gerenciar o acompanhamento e avaliação da rede;

j) Criar um portal na Internet, com diferentes níveis de acesso (gestor,

pesquisador, público), para divulgação dos principais resultados da

REDEBIO;

k) Deliberar sobre modificações, prorrogações, continuidade ou interrupção

do apoio aos projetos e ao Programa, e

l) Decidir sobre casos omissos.

8.2 Comitê Técnico-Científico (CT)

Será formado um Comitê Técnico-Científico, constituído por dois pesquisadores

de cada Estado, indicados pelos dirigentes de cada instituição parceira. A indicação dos

representantes está condicionada à sua participação em projetos de pesquisa aprovados

nos Editais.

Funções do Comitê Técnico-Científico (CT)

a) Definir as linhas prioritárias de pesquisa a serem apoiadas pelo

Programa e indicá-las ao Comitê Executivo;

b) Atuar como interlocutor entre o Comitê Executivo e os pesquisadores da

rede;

c) Acompanhar as atividades técnico-científicas e o desempenho dos

projetos da Rede, indicando ao CE o progresso e as dificuldades

encontradas, e

d) Assessorar o CE em questões específicas do programa.

8.2 Comissão de Acompanhamento e Avaliação (CAA)

Será formada por membros do CE e consultores ad hoc, preferencialmente

aqueles que fizeram parte do Comitê de Avaliação das Propostas apresentadas

em resposta ao Edital no qual os projetos foram selecionados.

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Funções da Comissão de Avaliação e Acompanhamento (CAA)

a. Acompanhar as avaliar os relatórios técnico-científicos dos projetos

desenvolvidos no âmbito da REDEBIO;

b. Promover visitas in loco para acompanhamento das atividades

desenvolvidas no âmbito dos projetos da REDEBIO e identificar os

principais entraves;

c. Participar dos seminários de acompanhamento e avaliação parcial e

final dos projetos aprovados no âmbito da rede.

REFERÊNCIAS

BELCHER, Brian e SCHRECKENBERG, Kathrin, Commercialization of Non-timber Forest Products: A Reality Check. Development Policy Review, 2007, 25 (3): 355-377. Published by Blackwell Publishing, Oxford OX4 2DQ, UK and 350 Main Street, Malden, MA 02148, USA.

CAVALCANTI, Francisco da Silveira. A política ambiental na Amazônia: um estudo sobre as reservas extrativistas. 2002. 223 p. Tese (Doutorado em Ciências Econômicas) – Instituto de Economia, Universidade de Campinas.

CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério de Ciência e Tecnologia, Sub-rede de Dermocosméticos na Amazônia a partir do Uso Sustentável de sua Biodiversidade com enfoques para as Cadeias Produtivas da Castanha-do-pará e dos Óleos de Andiroba e Copaíba. CGEE. Brasília. 2008.

IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Produção Extrativa Vegetal. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br (acesso dia 23/03/2007).

IBGE Sistema IBGE se Recuperação Automática – SIDRA. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=p&o=19&i=P (acesso dia 02/02/2007).

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Quantidade produzida e participações relativa e acumulada de Castanha-do-pará, dos dez maiores municípios produtores, em ordem decrescente – 2005. Disponível no endereço (acesso dia 01/03/2007).

MARTÍNEZ ALIER, J. O Ecologismo dos Pobres: Conflitos Ambientais e Linguagem de Valoração. Editora Contexto, São Paulo, 2007, p 379.

PENNACCHIO, H. L. Castanha-do-brasil proposta de preço mínimo safra 2006/2007. In Revista Conab, jan. - abril, 2007. pp. 124-127, 2007.

40

SHANLEY, Patricia. Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. Patricia Shanley, Gabriel Medina; ilustrado por Silvia Cordeiro, Antônio Valente, Bee Gunn, Miguel Imbiriba, Fábio Strympl. Belém: CIFOR, Imazon, 2005.