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Função “recursos humanos” no Sector da Saúde da Guiné-Bissau
Ponto de situação
& Recomendações de acções e objectivos a integrar num segundo
Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário 2008-2012
Coordenação
Augusto Paulo Silva Plácido Cardoso Clotilde Neves
Grupo de Missão
Alfa Úmaro Jaló Augusta Biai
Camilo Simões Pereira Francisco Pina
Francisco Aleluia Maria Ângela da Costa Pereira
Mouhammed Djicó (1º Presidente) Mussa Samati
Quintino Nhaga (2º Presidente) Vincent Thierry
Grupo Redactor
Clotilde Neves Francisco Pina
Quintino Nhaga (Presidente) Vincent Thierry
Consultor do Banco Mundial
Paulo Ferrinho
Agosto de 2007
ii
ÍNDICE
Lista de abreviaturas ................................................................... v
Sumário executivo ...................................................................... vii A. Contexto .................................................................................. vii B. Políticas profissionais .............................................................. vii C. Parcerias público-privado ....................................................... viii D. Mercado de trabalho ............................................................... viii E. Caracterização da força de trabalho .......................................... ix F. A administração dos recursos humanos do SNS ............................ x G. Desempenho e mecanismos de compensação ......................... xiii H. Conclusões ............................................................................. xiv I. Recomendações ......................................................................... xiv
Implementação do PNDRHS II ............................................................. xix
Termos de referência do Grupo de Missão ........................... xxii Introdução ..................................................................................... 1
Abordagem metodológica ............................................................ 2
II. Planeamento estratégico no sector da saúde ........................... 2 A. Análise SWOT .......................................................................... 2
III. Identificação do tipo de plano de RHS desejado .................... 3
IV. Revisão documental ............................................................... 5
V. Análise de dados do SIP ......................................................... 6
VI. Entrevistas.............................................................................. 6
VII. Grupos focais ......................................................................... 7
VIII. Visitas .................................................................................... 7
IX. Formação ............................................................................... 7
X. Preparação do relatório .......................................................... 9
Meio envolvente .......................................................................... 10
I. Geografia e clima ................................................................. 10
II. História recente – fragilidade política................................... 10 A. Abertura política do regime ..................................................... 11 B. Conflito Político-Militar de 1998-1999 .................................... 11 C. Restabelecimento da normalidade democrática ........................ 11
III. Breve caracterização sócio demográfica .............................. 12 A. População ................................................................................ 12 B. Perfil epidemiológico e mortalidade ........................................ 13 C. Índice de desenvolvimento e pobreza ...................................... 14 D. Economia ................................................................................ 15 E. Educação ................................................................................. 15
IV. Organização administrativa do território nacional ................ 16
Documentos directores e enquadradores ................................. 17
I. Programas dos Governos ...................................................... 17
iii
II. Política Nacional de Saúde ................................................... 19
III. Plano nacional de desenvolvimento sanitário 1998-2002 e versão revista e projectada para 2003-2007 ................................... 20
IV. 1º Plano de desenvolvimento dos RHS................................. 21
V. Legislação laboral geral e específica .................................... 23
Políticas sanitárias ...................................................................... 24
I. Regiões sanitárias ................................................................. 25
II. Sistema Nacional de Saúde .................................................. 25 A. Organização piramidal da administração do SNS .................... 26 B. Infra-estruturas do SNS ........................................................... 27 C. Centros de referência ............................................................... 30
1. Hospital Nacional Simão Mendes ................................................... 30 2. Centro de Pneumologia Raoul Follereau (tuberculose) .................... 32 3. Hospital de Cumura (lepra) ............................................................. 33 4. Centro de Saúde Mental .................................................................. 34 5. Centro de Reabilitação Motora........................................................ 34 6. CECOME ....................................................................................... 35 7. Laboratório Nacional de Saúde Pública (LNSP).............................. 35 8. Serviço Nacional de Sangue ............................................................ 36
D. Programas nacionais ................................................................ 37 1. Programa Nacional de Luta contra o paludismo .............................. 38 2. Programa Nacional de Luta contra a SIDA - PNLS ......................... 39 3. Programa Nacional de Saúde da Visão ............................................ 39
III. Parcerias ............................................................................... 39 A. Sector privado lucrativo ........................................................... 40 B. Sector privado não-lucrativo .................................................... 41 C. Sector tradicional ..................................................................... 42
IV. Financiamento do sector de saúde ........................................ 42 A. OGE ........................................................................................ 43 B. Ajuda externa .......................................................................... 44 C. Pagamento de taxas moderadoras – a Iniciativa de Bamako .... 44 D. Mutualidades de saúde ............................................................. 46
1. Sistema de abota ............................................................................. 46
Valores e princípios de referência ............................................ 47
Recursos humanos da saúde ..................................................... 54
I. Os recursos humanos no organigrama do ministério ............ 54 A. DRHO ..................................................................................... 55
1. Parceiros da DRHO ........................................................................ 60 B. A função recursos humanos nos níveis regionais e periféricos . 63
II. Sistema de informação do pessoal ........................................ 65
III. Profissões da saúde .............................................................. 69
IV. Carreiras existentes nas estruturas do MINSAP ................... 74 A. Progressão e promoção nas carreiras ....................................... 74
iv
V. Produção de RHS e desenvolvimento profissional contínuo 75 A. ENS ......................................................................................... 76 B. Faculdade de Medicina ............................................................ 81 C. Faculdade de enfermagem ....................................................... 83 D. Formação no exterior ............................................................... 83 E. Formação contínua .................................................................. 83
VI. Recrutamento ....................................................................... 85
VII. Contratação .......................................................................... 86
VIII. Colocação, skill-mix e distribuição do pessoal ..................... 88
IX. Avaliação do desempenho .................................................... 98
X. Sistema de recompensas ....................................................... 99 1. Salários e sua evolução ................................................................... 99 2. Benefícios ..................................................................................... 101
a) Complementos de remuneração específicos da saúde ......................... 101 b) Benefícios sociais para o conjunto dos funcionários públicos ............. 103 c) Regalias complementares ................................................................... 103 d) Benefícios para cargos dirigentes ....................................................... 104
XI. Entradas e saídas ................................................................ 105
XII. Indicadores de necessidades insatisfeitas ........................... 107 A. Insatisfação profissional ........................................................ 107 B. Reivindicações associadas a actividades grevistas ................. 108 C. Estratégias de sobrevivência .................................................. 109 D. Fuga de quadros..................................................................... 110 E. Absentismo ............................................................................ 118 F. SIDA ........................................................................................ 119 G. Insatisfação dos utentes ......................................................... 120
XIII. Observações e recomendações finais ................................. 121 Implementação do PNDRHS II ............................................................ 126
v
Lista de abreviaturas APGB Administração Portuária da Guiné-Bissau ARV Anti-retrovirais AS Áreas sanitárias ASC Agentes de saúde comunitária IB Iniciativa de Bamako BAD Banco Africano de Desenvolvimento BCEAO CECOME Central de compra de medicamentos CEPESA Centro Periférico de Sangue CFA Comunidade Financeira Africana CMI Centro materno infantil CS Centros de Saúde CPS Cuidados Primários de Saúde DEH Direcção de Higiene e Epidemiologia DENARP DES DIECS DRHO Direcção de Recursos Humanos e Organização DRS Direcções Regionais de Saúde EA Estratégia avançada ECTS European Credit Transfer Systems ENS Escola Nacional de Saúde EPAP Estatuto do pessoal da administração pública ERS Equipas regionais de saúde ESM Escola Superior de Medicina GB Guiné-Bissau GF Grupo focal I&D Investigação e Desenvolvimento LNSP Laboratório Nacional de Saúde Pública IHMT Instituto de Higiene e Medicina Tropical INEP MEC IST Infecções sexualmente transmissíveis MINSAP Ministério da Saúde Pública ODM Objectivos do Milénio OGE Orçamento Geral do Estado OMS Organização Mundial de Saúde ONG Organizações não Governamentais PAV Plano Alargado de Vacinação PCES PIB Produto Interno Bruto PINSAC Projecto de Informatização dos Salários e da Administração Central PMA Pacote mínimo de actividades PNDS Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário PNDRHS Plano Nacional de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Saúde PNLS Plano Nacional de Luta contra a SIDA PNLT Programa Nacional de Luta Contra a Lepra e Tuberculose PNSV Programa Nacional de Saúde da Visão PNTS Programa Nacional de Transfusão Sanguínea PNUD PSB RHS Recursos humanos da saúde SAB Sector Autónomo de Bissau
vi
SC Sociedade civil SENASA Serviço Nacional de Sangue SIDA Síndroma da Imunodeficiência Adquirida SIGRHS Sistema de informação e gestão dos recursos humanos da saúde SIP Sistema de informação do pessoal SNLS Secretariado Nacional de Luta contra a SIDA SIS Sistema de informação em saúde SNS Serviço Nacional de Saúde SWOT Strengths, weaknesses, opportunities and threats UAC Universidade Amílcar Cabral UCB Universidade Colinas de Boé UE União Europeia UEMAO União Económica e Monetária da África Ocidental UNICEF Organismo das Nações Unidas para a protecção da Infância e Crianças USB Unidades de saúde de base USC Unidades de saúde cominitárias USD United States Dollars VIH Vírus de Imunodeficiência Humana
vii
Sumário executivo O trabalho e a reflexão sobre as problemáticas dos RHS no sistema de saúde guineense
é surpreendente. A Guiné-Bissau (GB) pode-se orgulhar de inovações na política de
RHS em África, como a sua experiência em formação médica com o apoio de Cuba,
mas estas não têm conduzido, de uma forma sustentada, a uma melhoria, que vá ao
encontro das metas do PNDS. Os RHS são cada vez mais escassos, não acompanhando
o crescimento da população nem a expansão da rede sanitária.
A. Contexto
O contexto actual no qual os RHS da GB actuam é de uma população jovem,
essencialmente rural, mas com uma elevada taxa de urbanização, de extrema pobreza,
observando-se mesmo assim, desigualdades significativas entre Regiões e Áreas
Sanitárias (AS).
Os serviços de saúde atravessaram um período de regressão depois de uma curta guerra
civil, e o acesso aos cuidados de saúde é muito deficiente, apesar de a oferta de cuidados
de saúde incluir o sector público e um sector privado lucrativo, desregulado,
essencialmente urbano, assim como com um conjunto de ONG missões com uma oferta
crescente de serviços.
O perfil epidemiológico é dominado por doenças associadas à pobreza, realçando-se o
crescimento exponencial do VIH.
O desenvolvimento do país está muito dependente do investimento estrangeiro. Neste
quadro, a disponibilidade de bons serviços de saúde é uma estratégia económica
importante não só para garantir uma força de trabalho saudável, mas também para
transmitir confiança aos estrangeiros que viajem para a GB por trabalho e, cada vez
mais, por lazer.
B. Políticas profissionais
Não existe uma classificação aprovada e definida de profissões nacionais em geral ou da
saúde em particular.
Existe uma pirâmide de trabalhadores da saúde com uma base larga trabalhadores de
maioritariamente não especializados. Muitos destes foram herdados dos serviços de
saúde do tempo da guerrilha, mantendo-se com baixa alfabetização e baixo nível de
viii
competências técnicas, sendo urgente prepará-los para uma reforma antecipada que
garanta a sua integração na sociedade guineense de uma forma útil e justa.
O sector da formação, tanto o dependente da saúde como o dependente da educação,
tem lutado com grandes dificuldades associadas com: a sua incapacidade de responder,
de uma forma planeada, com uma produção adequada que responda às necessidades em
RHS; o alojamento para estudantes; a qualidade do ensino; a falta de formadores com
experiência; e com constrangimentos financeiros. Ele está grandemente dependente da
generosidade da comunidade de doadores e, para formações mais diferenciadas, envios
para formação no estrangeiro.
O registo e a regulação dos trabalhadores da saúde é da responsabilidade do MS.
Todavia, parece que os profissionais só são registados se trabalharem para o Serviço
Nacional de Saúde (SNS) (uma Ordem dos Médico inactiva não tem assumido as suas
responsabilidades perante a profissão e a sociedade). A acreditação dos RHS
estrangeiros, quando se faz, é automática, de forma a facilitar a sua integração rápida
num SNS altamente deficitário de RHS.
C. Parcerias público-privado
Existem parcerias bem estabelecidas com ONG e com missões - como são o caso de
Cumura no Oio, do Raoul Follereau em Bissau e de vários Centros Materno-infantis
(CMI) com associação como a Caritas - em que o Estado se responsabiliza pelo quadro
de pessoal e pelas orientações políticas e estratégicas e o outro parceiro mantém o
funcionamento da instituição, de acordo com o protocolo assinado.
Este é um modelo que deveria ser contemplado como central no segundo PNDS II ,para
libertar a atenção dos serviços sob responsabilidade directa do estado para cuidados
primários de saúde (CPS), particularmente em áreas sanitárias (AS) de maior privação,
através de uma estratégia avançada (EA) reforçada – com um pacote mínimo de
actividades (PMA) expandido.
D. Mercado de trabalho
O mercado de trabalho da saúde é dominado pelo sector público e a força de trabalho é
essencialmente deste mesmo sector.
Todavia, com o crescimento do sector privado lucrativo e das organizações não
governamentais (ONG) dedicadas à saúde, existe uma proporção cada vez maior de
ix
RHS a trabalharem em múltiplos sectores ou, embora os que trabalham exclusivamente
fora do SNS seja reduzido (mais pessoal não diferenciado, no enorme sector das
farmácias privadas) e muitas vezes de origem estrangeira (muitas vezes profissionais
diferenciados).
E. Caracterização da força de trabalho
Em 2007 existem … RHS no SNS, … por 100 000 habitantes e … médicos (nacionais e
expatriados) por 100 000 habitantes. A mediana da distribuição de habitantes por
médico de GB é de… na Região de …. As Regiões mais bem servidas são ….
A participação feminina é superior à participação masculina, no entanto, varia entre os
diferentes grupos profissionais; …% dos RHS pertencem aos grupos etários entre os 30
e os 59 anos. Até 2012, …% da actual força de trabalho atingirá a idade da reforma.
Prevêem-se ainda … saídas ligadas a mortes associadas à SIDA e a …
Nas zonas rurais concentram-se: …% dos médicos, …” dos enfermeiros gerais, …%
dos enfermeiros auxiliares, …% das parteiras gerais e …% das parteiras auxiliares.
Somente uma minoria (…%) da força de trabalho tem formação universitária. A
distribuição por nível de formação é muito irregular entre as Regiões.
Dos … médicos a trabalhar no SNS, …% são especialistas hospitalares, …% são
generalistas e …%s especialistas de saúde pública. Dos … médicos nacionais, …% são
especialistas hospitalares, …% são generalistas e …% são especialistas de saúde
pública.
A maior parcela (…%) dos RHS está colocada em centros de saúde, enquanto que …%
trabalham em hospitais: a maioria de médicos, enfermeiros gerais estão nos hospitais;
porém, parteiras, enfermeiros auxiliares, parteiras auxiliares, farmacêuticos e outros
estão nos centros de saúde.
O equilíbrio das competências (skilll mix) reflecte uma grande variabilidade entre
Regiões e entre as diferentes instituições. Nos hospitais todas as categorias da força de
trabalho da saúde existentes na GB estão presentes. Nos centros de saúde rurais, a maior
parte do pessoal são enfermeiros e parteiras e o quadro de pessoal encontra-se
frequentemente incompleto. Os centros de saúde urbanos têm, na generalidade, o seu
quadro de pessoal completo.
A GB é particularmente susceptível à fuga de quadros da saúde para o estrangeiro.
x
F. A administração dos recursos humanos do SNS
O desenvolvimento e a administração dos RHS são orientados pela política de 1993 e
pelo PNDS definido em 1997 e vigente até 2007 e pelo Plano de Desenvolvimento dos
RHS, também vigente até 2007.
Das metas definidas em termos de recursos humanos durante a vigência do actual plano,
alguma foram alcançadas, mas na maior parte das situações, os problemas mantiveram-
se ou agravaram-se.
Estratégias principais do PNDRHS I e metas para 5 anos Estratégias Objectivos ara 2002 Situação actual (2007) Redistribuição e reforço da gestão do pessoal de saúde
Implementar progressivamente as novas normas de afectação do pessoal
Tem sido aplicado onde existem normas.
Actualizar de forma contínua a base de dados informatizada e introduzi-la em cada região
Encontra-se por fazer.
Modernizar fisicamente a administração do pessoal (armários e pastas)
Houve melhorias; persistem necessidades insatisfeitas.
Implementar e fazer funcionar as estruturas e mecanismos de coordenação entre a DRHO e os outros departamentos, instituições de formação e regiões
Melhorias excepto na coordenação com o sector de formação.
Melhoria das condições de trabalho e motivação do pessoal
Rever a quadro de salário Está a ser feito – agendado para discussão em conselho de ministros ainda em 2007.
Rever os critérios de atribuição dos diferentes subsídios, incluindo os de risco
Está a ser feito – para subsídios de vela e isolamento – está agendado para discussão em conselho de ministros ainda em 2007.
Rever e melhorar o sistema de pagamento, incluindo os subsídios (processo e regularidade) a todos os níveis do sistema de saúde
Passou-se a sistema de pagamento via conta bancária, mas sustentabilidade é duvidosa; mantém-se a irregularidade nos pagamentos salariais.
Desenvolver e aplicar um novo plano de carreiras Está a ser feito; deverá haver uma proposta ainda durante 2007.
Estabelecer e aplicar um sistema de bolsas de estudo (formação contínua e especialização) que responda às necessidades do país
Existe com a OMS – foi criada a COCOFAP comissão de coordenação da formação e aperfeiçoamento profissional –despacho.
Melhorar as condições de alojamento do pessoal conforme as necessidades estabelecidas (construção, reabilitação e equipamento)
111 alojamentos construídos ou melhorados
3. Formação e reforço institucional
Criar a Escola Nacional de Saúde Criado Formar enfermeiros e parteiras em número suficiente para cobrir as necessidades actuais (ver as normas de afectação)
Produção continua insatisfatória e sem planeamento adequado
Organizar cursos de aperfeiçoamento e de especialização em diferentes domínios, conforme as necessidades e prioridades do PNDS
Não está planeado – vai acontecendo
Desenvolver/reforçar os sistemas de formação contínua, articulados aos mecanismos de supervisão em prática nas DRS nos domínios de gestão, administração e contabilidade
Não acontece, não existe plano
Desenvolver um plano a médio e a longo prazo de formação no exterior
Não existe
Os órgãos centrais mantêm a responsabilidade de administrar directamente os quadros
da saúde do sector público. Pouco está descentralizado para o nível regional ou
institucional. E esse pouco não está sistematizado ou instrumentalizado, nem apoiado
por pessoal com as competências necessárias. O resultado é que a Direcção nacional dos
RHS, a DRHO, vive no desconhecimento da realidade que deveria governar.
xi
A administração dos recursos humanos partilha da falta, generalizada no sistema de
saúde a todos os níveis, de trabalhadores com experiência. De forma a modernizar a
administração do Ministério da Saúde Pública –(MINSAP) e dos seus organismos, os
médicos e enfermeiros, recursos técnicos escassos, deverão ser progressivamente
substituídos nas suas funções não-clínicas por administradores profissionais com
formação universitária.
As tarefas (job descriptions) dos profissionais da saúde publicadas em Diário da
República, não são consistentemente aplicada no país. A falta de pessoal significa
também que muitos trabalhadores executam funções que não estão contempladas na
referida descrição.
As normas de colocação de RHS do SNS foram aprovadas em 1997, mesmo assim
deixando de fora todas as instituições de cariz nacional, que permanecem sem normas
de pessoal. Estes rácios pecam também por tratarem todas as instituições de um mesmo
nível de cuidados, de uma forma idêntica, sem consideração pela dimensão e
características da população de referência. A definição de novas normas terá de ter estes
diversos critérios em consideração.
Nem todas as colocações previstas de acordo com estas normas foram preenchidas, em
virtude das restrições orçamentais e dos atrasos resultantes das dificuldades burocráticas
associadas aos processos de nomeação e à insatisfação associada a colocações de RHS
nas unidades periféricas. Não houve também uma resposta adequada por parte das
unidades de formação.
Devido à falta de pessoal … unidades de saúde permanecem (Agosto de 2007)
encerradas. As vagas por preencher não são insignificantes e são mais sentidas em …,
…, … por ordem decrescente de Regiões.
Actualmente, uma vez completada a sua formação, um técnico da saúde é colocado no
quadro de pessoal de uma Região de acordo com as normas existentes. Uma vez na
Região, a equipa da Direcção Regional de Saúde (DRS) decidirá onde, especificamente,
será colocado. Este processo de recrutamento de novos trabalhadores da saúde é
conduzido de uma forma ad hoc, sem um plano de recrutamento e sem critérios de
colocação.
A maior parte das perdas do pessoal parecem estar associadas a licenças para trabalho
noutras áreas de trabalho/departamento/serviço, ou a licenças ilimitadas para estudar ou
xii
trabalhar fora do SNS, resultando muitas vezes a deslocações ao estrangeiro, de onde
não voltam. Esta realidade não é regularmente quantificada. As perdas por mortalidade
do pessoal estão a começar a assumir proporções preocupantes, particularmente entre o
pessoal mais jovem.
O sistema de supervisão e avaliação do pessoal é inadequado, não é suficientemente
sistemático e luta com falta de supervisores experientes, não se aplicando visto que na
prática não tem consequências em termos de promoções, progressões nas carreiras ou
oportunidades de formação ou outros benefícios..
A formação de base ou contínua, sob a coordenação central do MINSAP, não é
planeada.
As despesas do Ministério da Saúde correspondem a 7,7% do total geral das despesas
correntes do Orçamento Geral do Estado (OGE) sem juros e a 1,84% do produto interno
bruto (PIB). As despesas orçamentadas para o pessoal da saúde totalizavam o montante
de 1.896,8 milhões de francos CFA em 2006, representando 63% das despesas correntes
do Ministério e 8,5% do total geral das despesas com pessoal público. Esta massa
salarial é na sua grande maioria do orçamento geral do Estado, havendo situações
pontuais de trabalhadores da saúde, a trabalhar no MINSAP ou nos seus organismos,
que têm o seu salário financiado pela cooperação bilateral ou multilateral. A sua gestão
não foi apreciada neste relatório, mas os atraso crónicos nos pagamentos por parte do
Ministério das Finança aponta para graves problemas, que são a principal causa de
greves por parte dos trabalhadores da saúde. Existem também trabalhadores, na sua
maioria pessoal menor, que trabalham localmente, directamente financiados através dos
mecanismos locais de recuperação de custos. Pensa-se que podem representar cerca de
10% da força de trabalho no sector público da saúde.
As condições de trabalho inadequadas ao bom exercício profissional, são facilmente
observáveis numa visita superficial a um serviço de saúde. Estas condições contribuem
para a redundância de muita da aprendizagem durante a formação inicial ou nos poucos
programas de educação contínua e, consequentemente, resultam numa baixa
produtividade, conduzem a resultados insatisfatórios e levantam sérias dúvidas acerca
do significado efectivo das estatísticas produzidas.
Há a percepção que o SIDA é um problema significativo entre o pessoal hospitalar, e
que muitos dos trabalhadores da saúde já morrem com esta doença. Dos riscos a que
xiii
estão expostos os trabalhadores da saúde, o SIDA é considerado o mais elevado e como
estando associado à falta de condições de trabalho, tais como mecanismos de protecção
(luvas, por exemplo) e a protocolos inadequados para resposta a incidentes com
materiais biológicos. A consciência de que as profissões da saúde estão mais expostas a
estes tipos de risco ainda não se reflecte em reivindicações para melhores condições de
segurança no trabalho (a maior parte das reivindicações têm a ver com problemas
salariais).
A gestão dos horários de trabalho dos trabalhadores da saúde e do seu trabalho no dia-a-
dia enferma de problemas sérios, mas que não estão bem documentados. Os turnos de
trabalho podem ser excessivamente exigentes ou demasiado laissez-faire. Parecem
também estar mal coordenados com as actividades necessárias, com a disponibilidade
de pessoal, com o atendimento dos doentes e com a implementação da Estratégia
Avançada.
Projectos paralelos e o duplo emprego conflictuam com as tarefas no SNS. O
absentismo que daí resulta, ou por outras causas, não está documentado.
O sistema de informação do pessoal (SIP) foi reabilitado e informatizado em 1997. Com
o bug do ano 2000 perdeu-se todo este trabalho, chegando-se à situação actual em que
não existe um SIP minimamente funcional, e em que os poucos dados estatísticos
obtidos para este relatório são obtidos de uma base de dados desenvolvida
propositadamente para o efeito. A capacidade para usar dados estatísticos nos processos
de decisão está claramente sub-desenvolvida.
Os procedimentos disciplinares, na sua maioria inoperantes, precisam de uma revisão
cuidada e de uma abordagem que, inter alia: (i) contribua para uma maior protecção dos
utentes e do público; (ii) promova uma mudança na cultura de trabalho dos RHS desde
o seu primeiro contacto com o sistema de formação profissional; (iii) contribua para
corrigir os determinantes sistémicos do mau desempenho que originam procedimentos
disciplinares; (iv) fortaleça o sistema de auditoria e de garantia de qualidade; (v)
minimize a possibilidade de se ultrapassarem sanções disciplinares por transferências
para outras instituições ou organismos do estado.
G. Desempenho e mecanismos de compensação
Enquanto o emprego no sector público continua a ser considerado o principal emprego,
o trabalho clínico no sector privado com fins lucrativos, ou um segundo emprego no
xiv
sector público ou, ainda completamente fora da saúde, são consideradas actividades
económicas complementares importantes.
Para além do duplo emprego, a irregularidade do pagamento dos salários públicos,
conduziu à prática quase universal de taxas ilegais. Consciente dos baixos níveis dos
salários e da sua incapacidade para os corrigir, o MINSAP tem-se mostrado relutante
em aplicar sanções a quem recorre a estas estratégias de compensação (coping
strategies). O resultado é a desregulação da prestação dos cuidados de saúde, onde cada
trabalhador pratica a sua estratégia de compensação, sem controlo efectivo possível, os
doentes pagam somas significativas e ilegais pelos cuidados prestados, e os cuidados de
saúde para os mais pobres são disponibilizados à discrição do profissional de saúde,
observando-se de facto uma selecção adversa de doentes. Estes problemas só agora
começaram a ser estudados na GB.
Se bem que nunca tenha sido abordada formalmente, a insatisfação no trabalho parece
mais frequente entre enfermeiros do que entre médicos.
Não existem poucos estudos sobre a satisfação dos doentes em GB.
H. Conclusões
Consideramos que este ponto de situação, ao nível macro diagnostica claramente a
situação. Algumas das soluções necessárias são apontadas. No entanto, ao nível micro, a
situação não é bem conhecida e as soluções nacionais não são necessariamente as mais
relevantes para os níveis local e institucional.
I. Recomendações
Esta recomendações são baseadas nos resultados da literatura revista, dos dados
analisados, das entrevistas e dos grupos focais, em que se identificam o que se
consideram os principais desafios para o futuro, assim como, os seus principais
determinantes contextuais.
xv
Desafios para o futuro
Dois obstáculos importantes a um desenvolvimento mais harmonioso do sistema de
saúde guineense, mesmo na actual situação de escassez, são os enormes défices em
informação e de quadros de gestores qualificados. Merecem atenção prioritária.
Nos documentos estratégicos deveriam ser mais explícitos os compromissos com
critérios e indicadores de equidade no desenvolvimento e distribuição dos RHS. A
sustentabilidade de uma estratégia de saúde depende não só de ganhos globais nos
Desafios sociais Crescimento rápido da população Rápida urbanização Dimensão da pobreza Baixo nível de alfabetização Fraco domínio da língua Portuguesa, mesmo entre os profissionais de saúde Instituições públicas frágeis Sociedade civil frágil Desigualdades marcantes entre áreas sanitárias Corrupção generalizada VIH e o impacto social e nos RHS Problemática associada aos carteis de drogass
Desafios económicas Contexto caótico e dominantemente informal da economia Dependência de doadores externos Incapacidade da remuneração acompanhar as expectativas do RHS
Desafios da globalização Fuga de quadros para o exterior Garantir uma linha de rumo coerente ao mesmo tempo que se acomodam “modas”
“impostas” pelas organizações internacionais Desafios da cobertura
Aumentar a cobertura de população pelos serviços a par e passo com a expansão do quadro de RHS, dando prioridade às áreas sanitárias consideradas prioritárias
Desafios das políticas profissionais Classificação das profissões de saúde Considerar a criação de novas profissões de nível médio (como os técnicos de cirurgia) Revisão da estrutura das carreiras e escalas salariais associadas Adaptação da formação à nova estrutura de carreiras e correspondente planeamento Apostar, não em mais formação, mas sim em formação com mais qualidade Apostar em mecanismos mais fortes de regulação profissional (uma única Ordem de
Profissionais da Saúde) Desafios da administração dos RHS
Conhecer as realidades a nível institucional e a nível das áreas sanitárias Regionalizar as abordagens Reforma salarial Desenvolvimento de um sistema de incentivos que efectivamente contribua para a
melhoria do desempenho dos profissionais e equipas de saúde Reforço do SIP Recrutamento expedito Critérios de colocação do pessoal em sintonia com critérios explícitos de equidade. Associar entre si as políticas de incentivos, de desenvolvimento profissional contínuo,
de avaliação do desempenho, de garantia de qualidade e de procedimentos disciplinares
Uma atenção especial a problemas de microgestão como questões de assiduidade, turnos de trabalho, assiduidade e absentismo
xvi
indicadores sanitários do país mas também na redução das desigualdades entre
diferentes áreas sanitárias.
As principais áreas de intervenção estratégica estão sumariadas no quadro que se segue.
Estratégias principais do PNDRHS II e metas para 5 anos Estratégias e objectivos até 2012 Comentários
Desenvolver um plano para a operacionalização e monitorização do PNDRHS II
Fazer um Manual de Procedimentos para apoiar a implementação do PNDRHS II (até primeiro trimestre de 2008)
Apesar de todas as metas neste quadro serem mencionadas como até 2012, um plano de pormenor da operacionalização destas estratégias deve fazer um calendário mais pormenorizado das acções a executar e das metas a alcançar em que calendário
Divulgação e implementação do manual, incluindo acções de formação necessárias para os responsáveis pela sua execução
Reforço da governação, administração e gestão do pessoal de saúde
Implementar e fazer funcionar uma estrutura de coordenação da estratégia de RHS
Para além da DRHO e os outros departamentos nacionais, regionais, e institucionais da saúde, deve incluir os ministérios das finanças, da administração publica e da educação, assim como os principais parceiros internacionais. Cada nível deve manter actualizado um tableau de bord sobre os RHS para a sua área de competência directa.
Criar e apoiar o funcionamento de uma única Ordem dos Profissionais de Saúde
Para todas as categorias de profissionais específicos da saúde
Desenvolver e adoptar códigos deontológicos e sistemas de reforço dos valores orientadores do desempenho profissional
Propor, adoptar e implementar um sistema de gestão e administração de RHS, desde a administração central às áreas sanitárias, criando o quadro de pessoal necessário
Especificando claramente as funções e tarefas que devem ser executadas, por que tipo de pessoal (com que formação e competências), a que nível institucional
Rever e adoptar nova classificação de profissões de saúde e respectivas carreiras
Considerar novas profissões, como a de técnico de cirurgia
Rever e propor uma nova pirâmide profissional para o SNS Tendo em conta o novo PNDS II Implementar progressivamente as novas normas de afectação do pessoal
Têm que ter em consideração o tipo de instituição mas também dimensão e características da população a cobrir
Desenhar, desenvolver, implementar e actualizar um SIP adequado aos diversos níveis de gestão de RHS
Modernizar fisicamente a administração do pessoal (equipamentos de escritório)
Melhoria das condições de trabalho e motivação do pessoal
Rever a quadro de salários e incentivos financeiros Rever os critérios de atribuição dos diferentes subsídios, incluindo os de risco
Deve ser implemento de forma a ser um incentivo à redistribuição de pessoal e ao seu melhor desempenho, individual e em equipa
Definir condições mínimas, incluindo os RHS necessários, para o funcionamento das instituições não governamentais de saúde
Rever e melhorar o sistema de pagamento, incluindo os subsídios (processo e regularidade) a todos os níveis do sistema de saúde
Considerar a possibilidade de haver um fundo internacional, apoiado pelos doadores para pagamento com regularidade aos funcionários da saúde. Seria para este fundo que o Estado reporia os salários, quando os pagasse com a irregularidade que o caracteriza
Melhorar as condições de alojamento do pessoal conforme as necessidades estabelecidas (construção, reabilitação e equipamento)
Tendo em conta as áreas sanitárias consideradas prioritárias
Rever mecanismos de apoio e motivação do pessoal de nível comunitário, como os ACS e as matronas
Repensá-los como agentes da sociedade civil apoiados pelo Estado para apoio às equipas da EA
Criar condições para aposentadoria precoce de pessoal auxiliar sem condições para beneficiarem de cursos de promoção
Medida urgente, para depois das eleições de 2008
4. Reforço da capacidade de formação
Apoio à faculdade de medicina para satisfazer as necessidades de médicos generalistas do SNS numa década. Identificar formas de a tornar sustentável com recursos guineenses, incluindo quadro de professores.
Manter o enfoque generalista dos médicos durante a próxima década. A diáspora de medicos guineenses seria um forte apoio para esta iniciativa.
Fazer um plano de formação dos RHS 2008-2012 e criar os instrumentos e outras condições necessárias para a sua execução
Deve contemplar a formação pré-graduada, pós-graduada e o desenvolvimento profissional contínuo, tanto no interior como no exterior do país
Melhorar as condições de trabalho e motivação do pessoal da Escola Nacional de Saúde
A ENS deve dar prioridade absoluta à formação de pessoal para, na próxima década, equipar os centros de saúde com pessoal de nível médio, de acrodo com as novas normas de afectação de pessoal a serem definidas para o PNDS II.
Formar enfermeiros gerais e parteiras gerais em número suficiente para cobrir as necessidades dos SNS
O PNDS II deverá apostar num salto qualitativo. O sucesso dessa aposta depende da reconversão da forma da pirâmide da força de trabalho. A grande aposta seria no pessoal de nível médio descontinuando de uma forma
xvii
programada o pessoal auxiliar.
As grandes semelhanças com o quadro estratégico proposto no anterior PNDRHS não
são surpreendentes, devido à persistência do quadro das problemáticas a corrigir.
No contexto das diversas acções identificadas, o SIP, precisa de ser priorizado. A
prioridade, em termos de variáveis a incluir na base de dados, seria para variáveis de
agregação de dados e variáveis de caracterização da força de trabalho.
Dados mínimos para o SIP Variáveis de definição de níveis de agregação dos dados e informação
região: nacional e cada uma das regiões; nível de cuidados (primários, secundários, terciários ou administração); base institucional (MINSAP, HN, CRN, outra instituição nacional, HR, CS tipo A, CS tipo B
urbano, CS tipo B rural, Centro de saúde tipo C urbano, Centro de Saúde tipo C rural, posto de saúde, CMI);
nível de cuidados (primário, secundário, terciário). Variáveis referentes à caracterização da força de trabalho na saúde
idade; data de nascimento; sexo; antiguidade na saúde; nível de formação (elementar, auxiliar, médio, superior); categoria profissional; urbano-rural; nome da área sanitária; sector (público ou outros); tipo de vínculo contratual (nomeação provisória, nomeação definitiva, nomeação em comissão de
serviço, nomeação em comissão de serviço extraordinária, contrato de gestão, contrato administrativo de provimento, contratos a termo certo, outras);
sector (público e outros); absentismo por causa; saídas por causa; entradas; promoções; progressões; vagas existentes; beneficiários de incentivos; actividade (clínica, gestão/administração, ensino).
Variáveis necessárias para estimativa de rácios e projecções
dimensão da população; altas hospitalares; consultas em ambulatório; camas para internamento.
Apoiados nesta análise de situação, propõem-se ainda algumas orientações,
consideradas prioritárias, para melhorar o funcionamento do sector de saúde na GB,
apoiado numa estratégia sustentada de desenvolvimento dos seus recursos humanos na
saúde:
Enquadrar a estratégia de desenvolvimento de recursos humanos da saúde num
contexto motor de desenvolvimento económico, combate à pobreza, reforma do
xviii
sector público e de desenvolvimento sanitário do país;
Sustentar uma intervenção forte junto do ministério das finanças, tendo em conta
o carácter excepcional do sector da saúde para garantir o pagamento atempado
dos salários do pessoal da saúde;
Fortalecer a DRHO com competências, recursos e instrumentos gestionários
necessários ao planeamento, execução, monitorização e adaptação continuada do
PNDRHS II;
Rever as normas de redefinição, redistribuição e lotação dos Recursos Humanos;
a serem adoptadas no PNDS II;
Redimensionar a denominação das Categorias Profissionais de modo a
racionalizar as nomenclaturas existentes e a considerar a introdução de quadros
técnicos médios especializados (p.e. técnicos de cirurgia);
De entre as categorias profissionais identificar as que deverão receber
atenção prioritária;
Para cada categoria profissional detalhar, legislar e regulamentar as
carreiras respectivas;
Para cada categoria profissional repensar todo o sistema de escalas
salariais, benefícios e incentivos, incluindo o subsídio de vela
(plantão), de isolamento, de risco (insalubridade), suplemento de
chefia (cargos dirigentes), diuturnidades (subsídio de antiguidade na
localidade), e outros; pensar também na possibilidade uma “via
rápida” de progressão na carreira, de acordo com a antiguidade em
locais mais isolados; pensar em subsídios de família para apoio à
educação dos familiares de pessoal em locais mais isolados, criando-
lhe também condições preferenciais de acesso ao ensino superior e à
função pública.
Criar um quadro orgânico (quadro de pessoal) do Ministério da Saúde;
Criar quadros orgânicos autónomos das regiões sanitárias e das instituições
prestadoras de cuidados diferenciados a nível central;
Elaborar e implementar regulamento de concurso para preenchimento das
vacaturas;
Regulamentar e implementar um processo simples de avaliação de desempenho
que sirva de base para a atribuição de incentivos e outros benefícios;
Definir e implementar critérios mínimos de condições de trabalho e alojamento
xix
para os profissionais nas zonas mais remotas;
Promover concursos promocionais a cada dois anos;
Estudar e propor um Projecto de Aposentadorias Antecipadas, com direitos
sociais assegurados, para todos aqueles profissionais cujo nível de escolaridade
não condizem com as aspirações e ambições do MINSAP no que concerne ao
bom desempenho profissional, para fazer face a determinadas particularidades
que não foram consagradas no Estatutos do Pessoal da Administração Pública,.
Nós acrescentaríamos como proposta a aposentadoria precoce, para os que
trabalharem nos locais isolados por mais de 15 anos, de forma voluntária ou
quando atingirem para homens 55 anos e mulheres 50 anos.
Estabelecer critérios mínimos de recursos humanos necessários para a prestação
de cuidados em instituições dos sectores privados, lucrativo e não-lucrativo.
Assumir uma intervenção mais directa na direcção da Escola Nacional de Saúde,
através da revisão dos regulamentos da mesma e de coordenação de um conselho
geral que defina a política e estratégia educacional da mesma, aprove os seus
programas de acção e o seu orçamento de funcionamento. É preciso definir,
regulamentar e implementar a carreira docente dentro do quadro do MINSAP.
Definir, junto das universidades, os critérios mínimos a que têm que obedecer as
licenciaturas e bacharelatos de saúde para que os formandos possam vir a ser
licenciados pelo MINSAP. Estes critérios deveriam ser definidos em parceria
com os dirigentes das ordens e associações profissionais.
As associações e ordens profissionais têm pouco impacto no dia a dia dos seus
associados. Em grande parte, esta situação reflecte uma falta de capacidade por
parte dos dirigentes das mesmas. Neste contexto, seria recomendável repensar o
modelo de ordem e adoptar o modelo de uma ordem pluriprofissional, já
adoptada com sucesso noutros países africanos.
Implementação do PNDRHS II
Ficou definido, no início de 2007, o tipo de PNDRHS desejado e dos principais pacotes
de trabalho a desenvolver. Será um PNDRHS ao serviço de valores profissionais e de
missão pública. O PNDRHS II será pensado como um plano semi-aberto; o produto de
2007 será seguido de um período de afinação de um a dois anos. Deverá ser realista e
sustentável, devidamente custeado no âmbito do PNDS II. Reconhecerá a realidade da
actividade privada, das mutualidades a emergir, do papel do sector social, dos esquemas
xx
de cobranças ilícitas e da aparente incapacidade do estado prestar cuidados mínimos a
todos os cidadãos. Serão desenvolvidos eixos estratégicos nacionais, a serem
apropriados localmente através de planos estratégicos locais.
A valorização do planeamento como um processo continuado leva a que se considere o
PNDRHS II não como um produto finalizado, mas, antes, como um instrumento em
actualização contínua, para o tornar mais sensível às percepções que se vão tendo da sua
adequação ou não ao momento. Prevê-se, pois, uma evolução natural, fácil e lógica
entre as sucessivas fases deste PNDRHS I devidamente integrado no PNDS II.
A fase I corresponde à definição situação actual dos RHS na GB, da estrutura do Plano
e dos seus objectivos globais, assim como à sua validação numa oficina de trabalho, e
especificação das principais orientações estratégicas e metas prioritárias. Esta fase,
completada no segundo semestre de 2007, coincidirá com a sua para aprovação
ministerial. Durante esta fase completar-se-á ainda uma base de dados em Excell com o
pacote mínimo de variáveis acima identificadas.
A fase II, de 2007 a 2009, será a fase de “lançamento” do PNDRHS II, de adequação ao
PNDS II, de aprofundamento de alguns dos eixos estratégicos e de operacionalização
das estruturas e processos de acompanhamento. Durante este período serão realizadas
algumas consultorias para especificação técnica de alguns dos temas identificados e será
elaborado um Manual de Procedimentos, que contemplará, pelo menos, os 10 capítulos
a seguir identificados.
2007 2009 2010 2015
Fase I
Fase II
Fase III
Elaboração e
aprovação
Adequação e correcção
IImmpplleemmeennttaaççããoo ee mmoonniittoorriizzaaççããoo ddoo PPNNDDRRHHSS IIII
xxi
A fase III, até 2015, será a fase de monitorização da execução do PNDRHS II pelas
estruturas que para tal forem designadas como responsáveis.
Esta actualização contínua servirá, simultaneamente, de documento de apoio estratégico
ao MINSAP e facilitará, no momento apropriado de cada ano, a associação do Plano de
Acção anual do MINSAP ao desenvolvimento do orçamento respectivo e de programas
anuais necessários: nacionais, regionais e locais.
10 Monitorização
9 Investigação e desenvolvi-
mento
8 Desenvolvi-mento de
competências
7 Incentivos à
implementação 6 Instrumenta-
lização
Mobilização dos principais actores
Desenv. dos programas nacionais
3 Definição e
apropriação de prioridades
2 Sistema de
informação de RHS
1 Plano de
comunicação
Implemen-tação do PNDRHS II
5 Mobilização de
parceiros
4 Mobilização de
recursos
xxii
Termos de referência do Grupo de Missão
Este processo foi essencialmente financiado pelo Banco Mundial, com algum apoio da
cooperação portuguesa.
Os seus termos de referência passam por apoiar o processo de planeamento estratégico do
Ministério de Saúde Pública com recomendações sobre os eixos estratégicos a considerar
num plano estratégico para os recursos humanos da saúde na GB. Mais especificamente os
seguintes objectivos foram definidos:
Assegurar uma contextualização adequada às realidades africanas, mais especificamente à
África Ocidental, e considerando as realidades políticas, sociais, económicas e culturais
da GB.
Assegurar a articulação entre o processo de planeamento de RHS e o desenvolvimento do
segundo plano estratégico para o sector da saúde – Plano Nacional de Desenvolvimento
Sanitário (PNDS II);
Identificar os estrangulamento ao desenvolvimento do sector sanitário da GB, associados
à sua situação de RHS e
propor soluções para estes estrangulamentos;
Identificar e caracterizar a força de trabalho na GB;
Identificar os ganhos e perdas em RHS, desde a adopção do primeiro PNDRHS II;
Rever as normas de colocação, skill mix e distribuição de pessoal pelos diferentes níveis
de prestação de cuidados;
Identificar necessidades em RHS por região e por nível de cuidados;
Analisar a situação da classificação das profissões da saúde na GB e no MINSAP e
propor soluções;
Analisar a situação das carreiras profissionais no MINSAP e propor soluções;
A analisar a situação salarial dos profissionais do MINSAP e propor soluções;
Analisar a situação da atribuição de subsídios, prémios e outros incentivos e propor
soluções
Fazer recomendações sobre o desenvolvimento profissional contínuo, no contexto das
necessidades de formação básica identificadas;
xxiii
Analisar a capacidade instalada para gestão e administração dos RHS a nível central e a
níveis mais descentralizados e fazer recomendações.
Analisar a situação do sistema de informação do pessoal do MINSAP e fazer
recomendações que garantam a disponibilidade atempada de indicadores relevantes;
Preparar termos de referência para futuras consultarias relacionadas com a
implementação do PNDRHS II, nomeadamente para:
Elaboração de um Manual de Procedimentos para o PNDRHS II,
Incluindo a especificação técnica de instrumentos necessários para a gestão dos
RHS nos diferentes níveis de gestão e de administração;
Apoio técnico para a Consulta Sectorial (Mesa Redonda) sobre o PNDRHS II;
Identificação de outras consultorias consideradas necessárias.
1
Introdução No sistema administrativo e, essencialmente, no Sistema de Saúde, existe uma profunda
assimetria, entre aquilo que se professa e o que existe e se faz na prática quotidiana, em
termos de formulação de políticas e estratégias públicas, que visam propiciar um
desenvolvimento consistente, que aspira à valorização do articulador principal deste
processo, que é a força de trabalho (Djicó 2005).
Na Guiné-Bissau (GB), o Estado continua a ser o principal empregador na saúde.
Portanto, a definição de uma estratégia de recursos humanos da saúde (RHS), em geral e
para a saúde em particular, por parte deste mesmo Estado, assume uma enorme
importância. Esta estratégia permitirá estabelecer as necessidades e aspirações
prioritárias dos profissionais do Sector, dignificando o exercício dessas mesmas
profissões, e formular respostas coerentes e sustentáveis aos problemas e aos nós
críticos e relevantes, que estrangulam o desenvolvimento harmonioso das instituições de
saúde e a evolução dos profissionais que nelas laboram, de forma a satisfazer as
necessidades de saúde do país.
2
Abordagem metodológica
Este relatório é um subsídio para o desenvolvimento do segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento Sanitário (PNDS II).
A metodologia adoptada incluiu revisão documental, entrevistas individuais e de grupo,
grupos focais, e visitas a instituições de saúde.
II. Planeamento estratégico no sector da saúde
A GB tem uma tradição de planeamento estratégico no sector da saúde que remonta ao
início da década 90 do século passado. Foram então produzidos o primeiro Plano
Nacional de Desenvolvimento Sanitário (PNDS I) – o primeiro plano estratégico
alguma vez produzido para orientar as acções dos Ministérios do estado guineense - a
sua revisão pós-guerra civil e o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento dos
Recursos Humanos da Saúde (PNDRHS). Neste processo o PNDRHS foi produzido
como documento independente do PNDS e nunca ganhou o reconhecimento deste,
permanecendo, em larga medida, no desconhecimento da maior parte dos gestores do
sistema de saúde guineense.
Em 2006, quando o processo de preparação do PNDRHS II já se encontrava entregue ao
actual Grupo de Missão, avançou-se com a decisão de produzir o PNDS II, com um
horizonte temporal até 2012, o mesmo que se propões para o PNDRHS II.
No âmbito de consultas com os parceiros, definiu-se um processo, coordenado por um
secretariado técnico e apoiado por vários grupos temáticos, nomeadamente: saúde
ambiental, prestação de serviços, situações de emergência, financiamento, governação e
pesquisa, monitorização e avaliação. Mais tarde, apesar de com os seus trabalhos mais
avançados, e para evitar a alienação a que ficou entregue o primeiro PNDRHS, decidiu-
se integrar o trabalho deste Grupo de Missão, como o de mais um grupo temático na
elaboração do PNDS II. Todos os grupos temáticos têm os seus termos de referência e
todas as metodologias de trabalho adoptam processos de consulta alargada a diversos
stakeholders.
A. Análise SWOT
No inicio deste processo de desenvolvimento do PNDRHS uma análise SWOT. Esta
análise, com base na experiência dos membros do Grupo de Missão, identificou já
algumas pistas de problemáticas a abordar no PNDS e no PNDRHS.
3
ASPECTOS POSITIVOS tradição de planeamento
estratégico, reflectida na existência dos PNDS I e PNDRHS I
processo participativo de planeamento
reconhecimento da existência de parcerias diversas, com ONS, sector missionário e sector privado
emergência de mutualidades nas comunidades guineenses
emergência de movimentos associativos tanto de doentes como de profissionais
Grupo de Missão experiente (integrando vários ex-directores de RHS no MINSAP e um ex-director geral)
AMEAÇAS fragilidade política e social desconhecimento do PNDRHS I não diferenciação da função
RHS nas instituições de saúde salários baixos pagos com
grandes atrasos e irregularidade desmotivação do pessoal ausência de oportunidades para
aprendizagem contínua actual modelo de SNS
centralizado proposto no PNDS I recrutamento não planeado
ASPECTOS NEGATIVOS valores de referência não estão
explicitados esquemas de sobrevivência dos
profissionais de saúde, com cobranças ilícitas, incumprimento de horários, que criam barreiras económicas e quebram o laço de confiança com o serviços público
sub-utilização dos serviços públicos degradação dos equipamentos
OPORTUNIDADES Programas de Acção de
Governos sucessivos que reconhecem importância do sector da saúde e dos seus RHS, da reforma da administração pública e das parcerias nacionais e internacionais
integração no processo do PNDS II
III. Identificação do tipo de plano de RHS desejado
Ficou também definido, no início de 2007, o tipo de PNDRHS desejado e dos principais
pacotes de trabalho a desenvolver. Será um PNDRHS ao serviço de valores
profissionais e de missão pública. O PNDRHS II será pensado como um plano semi-
aberto; o produto de 2007 será seguido de um período de afinação de um a dois anos.
Deverá ser realista e sustentável, devidamente custeado no âmbito do PNDS.
Reconhecerá a realidade da actividade privada, das mutualidades a emergir, do papel do
sector social, dos esquemas de cobranças ilícitas e da aparente incapacidade do estado
prestar cuidados mínimos a todos os cidadãos. Serão desenvolvidos eixos estratégicos
nacionais, a serem apropriados localmente através de planos estratégicos locais.
A valorização do planeamento como um processo continuado leva-nos a considerar o
PNDRHS II não como um produto finalizado, mas, antes, como um instrumento em
actualização contínua, para o tornar mais sensível às percepções que vamos tendo da sua
4
adequação ou não ao momento actual. Prevê-se, pois, uma evolução natural, fácil e
lógica entre as sucessivas fases deste PNDRHS I devidamente integrado no PNDS II.
A fase I corresponde à definição situação actual dos RHS na GB, da estrutura do Plano
e dos seus objectivos globais, assim como à especificação das principais orientações
estratégicas e metas prioritárias. Esta fase, completada no segundo trimestre de 2007,
coincide com a para aprovação ministerial.
A fase II, de 2007 a 2009, será a fase de “lançamento” do PNDRHS II, de adequação ao
PNDS II, de aprofundamento de alguns dos eixos estratégicos e de operacionalização
das estruturas e processos de acompanhamento. Durante este período serão realizadas
algumas consultorias para especificação técnica de alguns dos temas identificados e será
elaborado um Manual de Procedimentos, que contemplará pelo menos os 10 capítulos a
seguir identificados.
2007 2009 2010 2015
Fase I
Fase II
Fase III
Elaboração e
aprovação
Adequação e correcção
IImmpplleemmeennttaaççããoo ee mmoonniittoorriizzaaççããoo ddoo PPNNDDRRHHSS IIII
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A fase III, até 2015, será a fase de monitorização da execução do PNDRHS II pelas
estruturas que para tal forem designadas como responsáveis.
Esta actualização contínua servirá, simultaneamente, de documento de apoio estratégico
ao Ministério da Saúde Pública (MINSAP) e facilitará, no momento apropriado de cada
ano, a associação do Plano de Acção MINSAP ao desenvolvimento do orçamento
respectivo e de programas anuais necessários: nacionais, regionais e locais.
IV. Revisão documental
A revisão documental foi feita com base em documentos disponibilizados pelos
reponsáveis do MINSAP, pelos Drs Wim Van Lerberghe e Mário Dal Poz da OMS em
Genebra, pelo Dr Stephane Legros do Banco Mundial , pelo representante da OMS em
Bissau, Dr Daniel Kertz e pelo Dr A Mane representante do BAD (ver caixa).
10 Monitorização
9 Investigação e desenvolvi-
mento
8 Desenvolvi-mento de
competências
7 Incentivos à
implementação 6 Instrumenta-
lização
Mobilização dos principais actores
Desenv. dos programas nacionais
3 Definição e
apropriação de prioridades
2 Sistema de
informação de RHS
1 Plano de
comunicação
Implemen-tação
do PNDRHS II
5 Mobilização de
parceiros
4 Mobilização de
recursos
6
Documentos consultados 1. Barcelos MR. Seminário nacional de reflexão sobre a problemática do emprego e da formação profissional na GB.
Bissau, 2-4 Julho 1996. 2. Country Guinea-Bissau. IRC report on: HSS proposal, November 2006. 3. De Greve & Partners. Mission de formulation d’un projet d’appui à l’école nationale de santé (ENS). Bissau, le 7
janvier 1994. 4. Djicó M. Política de recursos humanos na administração pública em GB: uma proposta de sustentabilidade para o
sistema saúde. Dissertação de mestrado em saúde pública. Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Departamento de administração e planejamento em saúde, subárea: planejamento e gestão de sistemas em serviços de saúde. Rio de Janeiro, 2005.
5. Ferrinho P. Expatriados da GB em Portugal. IHMT, Lisboa, 2007 6. Ministério da Saúde. Rede Observatório Recursos Humanos da Saúde. Estação de Trabalho IMS/UERJ. Sistema de
Informação e Gestão de Recursos Humanos em Saúde. Manual. 2006. 7. República da GB. Guião A - perfil dos trabalhadores da saúde. 6 de Abril de 2005. 8. República da GB. Guião A - perfil das instituições de formação na área da saúde. 6 de Abril de 2005 9. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Direcção Regional de Saúde de Bafatá. Distribuição RH Bafata,2007. 10. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Hospital Nacional de Simão Mendes. Revisão letras do vencimento
(Dados pessoais de técnicos da saúde relativo ao enquadramento salarial por categoria profissional) 2006. 11. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Hospital Nacional de Simão Mendes. Revisão do enquadramento do
HNSM 2006. 12. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Direcção dos Recursos Humanos. Plano de desenvolvimento dos
recursos humanos da saúde. Bissau, Maio de 1997. 13. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Direcção Geral de Planeamento e Coordenação de Ajudas, Direcção de
Planeamento e Estatística. Plano de desenvolvimento dos recursos humanos 2006-2015. Bissau, Outubro de 2005. 14. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Plano nacional de desenvolvimento sanitário. Visão do PNDS 1998-
2002 – revista e projectada para 2003-2007 (versão final). Bissau, Janeiro de 2003. 15. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Programa de desenvolvimento dos recursos humanos. Sumário. I Fase –
reforço institucional – reorganização da DRHO. Projecto. Doc de 3 de Maio de 1996. 16. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Reunião sobre desenvolvimento e valorização dos recursos humanos.
Relatório final. Bissau, 9 de Janeiro a de Fevereiro de 1996. 17. República da GB. Ministry of Public Health of Guinea-Bissau. Plan to strengthen the healthcare system in guinea-
Bissau 007-009. Version: October 2006. 18. República da GB. Programação financeira do PNDS (2003 - 2007). 19. República da GB. Ministério da Saúde Pública. Declaração sobre política de saúde, 1993. 20. Republique de Guinée-Bissau. Ministere de la sante publique. Plan national de development sanitaire 1998-2002.
Bissau, réédition mars 1998. 21. Republique de Guinée-Bissau. Document de strategie nationale de reduction de la pauvrete (DENARP). Version
Actualisée en Septembre 2006. 22. Republique de Guinée-Bissau. Mesa redonda: segurança e desenvolvimento. Forum de Bissau, 5 de Outubro de 2006. 23. Rodrigues A, Cá T, Martins C, Aaby P. Seguimento e avaliação de indicadores do plano nacional de desenvolvimento
sanitário e do projecto multisectorial de luta contra SIDA. Relatório do I semestre de 2006. Agosto, 2006. Contrato N°/PNDS/2006 e N°22/PSIDA/2006. Projecto de Saúde de Bandim, Ministério de Saúde, GB. Bandim Health Project, Danish Epidemiology Science Centre, Statens Serum Institut, Denmark.
24. Sangreman C, Sousa Jr F, Zeverino G, Barros M. A evolução política recente na GB. Documentos de trabalho nº 70. CEsA, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2006.
25. Silva, Augusto Paulo. Planeamento estratégico na GB .AGO, Lisboa, 1999. 26. WHO. Analysis of the questionnaire for the initial assessment of human resources for health. Participating countries:
Angola, Cape Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, São Tome and Príncipe. Geneva 1997.
V. Análise de dados do SIP
Devido à situação do SIP, não foi possível fazer-se uma análise minimamente fiável das
características da força de trabalho no sector da saúde, da sua distribuição, nem fazer
previsões da sua evolução de forma a inferir necessidades de formação. Mais adiante
avançam-se propostas concretas para ultrapassar esta situação.
VI. Entrevistas
A informação documental foi complementada por entrevistas, na maior parte
individuais, mas nalguns casos colectivas, não estruturadas, gravadas, conduzidas pelo
consultor do Banco Mundial com o apoio de elementos do grupo de missão do
7
MINSAP, com dirigentes do sector da saúde, sindicais, de ONGS, incluindo o sector
missionário, da cooperação bilateral e multilateral (ver lista completa em anexo I).
VII. Grupos focais
De forma a garantir uma base evidencial mais forte para a análise de situação e para as
acções, objectivos e metas recomendadas, realizaram-se uma série de consultas formais
e estruturadas a quatro grupos de informadores chaves, utilizando a técnica de grupos
focais (detalhes em anexo II).
TÍTULO DO GF RESPONSABILIDADE PELA COORDENAÇÃO
CONTRIBUTO ESPERADO PARA O PNDRHS II
Grupos focais com utentes
Quintino Nhaga percepção que os utentes têm do desempenho do pessoal de saúde.
Grupos focais com trabalhadores da saúde
Francisco Pina percepção que os profissionais têm do seu desempenho, das condições de exercício da profissão, as suas expectativas, as estratégias que desenvolvem para ultrapassar as dificuldades sentidas, a sua formação e tipos de serviços prestados e como podem ser apoiados na melhoria dessa prestação.
Grupos focais com membros de ONG a trabalhar no sector da saúde
Augusta Biaia âmbito da intervenção em saúde das ONG, como poderiam ampliar essa intervenção, e como utilizam e apoiam os RHS.
Grupos focais com profissionais de saúde guineenses residentes em Portugal
P Ferrinho razões para emigrar, como poderiam ajudar o sistema de saúde guineense, a partir de lá e o que é que os levaria a regressar.
Os resultados (de momento, em Agosto de 2007, só do último listado no quadro)
encontram-se espelhados nas diferentes secções deste ponto de situação.
VIII. Visitas
Tanto a condução de entrevistas como de grupos focais implicou a visita a vários locais,
desde a capital às zonas mais periféricas (lista completa em anexo III).
IX. Formação
A fim de apoiar o desenrolar dos trabalhos a cooperação Portuguesa através da Direcção
Geral da Saúde e do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) de Lisboa,
apoiou uma formação sobre planeamento, execução e análise de grupos focais.
Formação essa que foi conduzida pela Professora Doutora Sónia Dias e pela Mestre
Isabel Craveiro, em Bissau de acordo com os conteúdos e programa que se seguem.
8
DIA HORA CONTEÚDO MÉTODO Parte I : Introdução aos grupos focais
13.04.07 16-18:00 1. Introdução. 2. Definição, princípios conceptuais e contextos de aplicação. 3. Vantagens e limitações de grupos focais. 4. Utilização adequada de grupos focais
Expositivo e interrogativo.
Parte II : Conceptualização, planeamento e organização de grupos focais 14.04.07 08:30-10:30 1. Planeamento de uma investigação com utilização de grupos focais :
fases de protocolo de investigação. 2. Desenvolvimento de temas a investigar e de questões a realizar :
elaboração do guião para os grupos focais.
Parte II : Conceptualização, planeamento e organização de grupos focais (cont)
14.04.07 14:30-16:00 1. Desenvolvimento de temas a investigar e de questões a realizar : elaboração do guião para os grupos focais.
2. Selecção e recrutamento dos participantes. 3. Organização logística.
Expositivo e activo (exercício prático -elaboração de guião).
Parte III : Condução de grupos focais 16.04.07 08:30-10:30 1. Fases de condução de um grupo focal.
2. Funções e papel do moderador e do assistente. 3. Competências do moderador. 4. Características de diferentes tipos de questões a formular. 5. Situações difíceis.
Expositivo interrogativo e activo (simulação de um grupo focal com moderação de um formador - 30 minutos).
Trabalho de casa : transcrição do grupo focal
Parte III : Condução de grupos focais (cont)
16.04.07 14:30-16:00 1. Componentes/fases de condução de um grupo focal. 2. Funções e papel do moderador e do assistente. 3. Competências do moderador. 4. Características de diferentes tipos de questões a formular. 5. Situações difíceis.
Activo (simulações de grupos focais - moderação dos participantes).
Parte IV : Preparação de dados para análise 17.04.07 08:30-10:30 1. Componentes de análise de dados.
2. Transcrição de entrevistas. 3. Organização de categorias do conteúdo para análise.
Expositivo, interrogativo e activo (exercícios práticos).
Parte V : Análise de dados obtidos 17.04.07 14:30-16:00 1. Teorias e técnicas de análise de dados : conceitos gerais.
2. Análise de conteúdo. Expositivo, interrogativo e apresentação de casos práticos.
Parte V : Análise de dados obtidos (cont) 18.04.07 08:30-10:30 1. Análise de conteúdo.
2. Aspectos a considerar para assegurar a qualidade dos resultados obtidos.
3. Limitações.
Activo (exercício prático -análise de dados do grupo focal realizado).
Parte VI : Redacção dos resultados e elaboração do relatório de investigação 18.04.07 14:30-16:00 1. Considerações gerais.
2. Componentes a incluir.
Encerramento
9
LISTA DE CONVIDADOS PARA FORMAÇÃO E TREINO EM GRUPOS FOCAIS
13 - 20 ABRIL 2007 Nº NOME CATEGORIA INSTITUIÇÃO FUNÇÃO 01 Agostinho Sadja Mané Sociólogo OMS / PAÍS Transcritor 02 Augusta Fernandes Biai Enfermeira OMS / PAÍS Coordenadora 03 Basílio Conduto Licenciado Administração DRHO / MINSAP Transcritor 04 Cadija Mané Socióloga DIECS / MINSAP Facilitadora 05 Clotilde Neves Psicóloga DRHO / MINSAP Facilitadora 06 Francisco J. P. de Pina Licenciado Administração DRHO / MINSAP Coordenador 07 Golda Sayonara V. Cruz Psicóloga PNLS / MINSAP Facilitadora 08 Mara Mané Soc. Epidemiologista PNSVISÃO / MINSAP Facilitadora 09 Mário Fernandes Santos Sociólogo DIECS / MINSAP Facilitador 10 Quintino Nhaga Enfermeiro DRHO / MINSAP Coordenador 11 Maria Aramata Injai Enfermeira ENS Facilitadora 12 Representante do INEP DES/INEP/MEC Facilitador 13 Representante PSB PSB / MINSAP Transcritor
A fim de fortalecer as competências de alguns dos elementos do grupo de missão (que
integram o grupo redactor), a Fundação Merck Sharp & Dohm apoiou a deslocação de
três elementos do grupo de missão a Portugal para um curso de 5 ECTS no IHMT sobre
gestão de recursos humanos e para um estágio com o consultor do Banco Mundial no
IHMT.
X. Preparação do relatório Este relatório foi escrito numa colaboração do Consultor com o grupo redactor do
Grupo de Missão, sendo discutido durante várias oficinas de trabalho realizados entre
Fevereiro e Setembro de 2007. Estas oficinas de trabalho incluíam os principais
parceiros do MINSAP, nomeadamente a OMS, a Cooperação Portuguesa, a Cooperação
Francesa, o BAD, a UNICEF e a representação da União Europeia.
10
Meio envolvente
I. Geografia e clima A República da GB é um país situado na Costa Ocidental da África Subsariana, numa
extensão territorial de 36.125 km², dividida numa parte continental e noutra insular
constituída de um conjunto de 90 Ilhas e Ilhéus, sendo 20 habitadas – o chamado
Arquipélago dos Bijagós. Encontra-se encravada entre a República do Senegal ao Norte,
a Sul e Sudeste pela República da Guiné e a Oeste, banhada pelo Oceano Atlântico
numa extensão de aproximadamente 200 km, com uma zona marítima exclusiva de
70.000 km².
Em virtude da sua localização geográfica, as marés alagam as terras até 150 km para o
interior do território na parte continental, o que torna difícil o acesso, particularmente na
Região Sul, agravando-se ainda mais na época das chuvas.
A GB tem um clima quente e húmido característico das regiões tropicais. Tem duas
estações: a seca – entre Novembro e Abril – e a chuvosa – entre Maio e Outubro. No
entanto, a pluviosidade tem diminuído nos últimos anos de uma maneira drástica,
devido à influência dos ventos do Deserto do Saara, complicando em muito a vida de
mais de 80% da população activa, que é essencialmente agrária (Djicó 2005).
II. História recente – fragilidade política Os conflitos fazem parte integrante da história moderna da GB, assumindo a forma,
quer de resistência contra a sua potência colonizadora, Portugal, quer de lutas e tensões
de ordem interna, entre diversas tendências políticas, baseados na luta pelo poder.
Na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, Portugal celebrou, a 26 de Agosto
de 1974, em Argel, um acordo que formalizou a independência do território (Sangreman
et al 2006).
A transformação do PAIGC de movimento de libertação em partido dirigente da GB
trouxe alguns problemas de adaptação, agravados pelo conflito latente entre cabo-
verdianos e guineenses e pela existência de uma camada da população, nomeadamente
em Bissau e Bafatá, que não apoiava o Partido (Sangreman et al 2006).
Em 1980, a diferença entre uma classe dirigente vivendo num luxo ostensivo e a
população desprovida dos elementares bens de primeira necessidade e a incapacidade
do Estado resolver os principais problemas da população, assim como o contexto
11
político, levaram a um golpe de Estado a 14 de Novembro de 1980, golpe este
relacionado proximamente com a insatisfação em como se processara a introdução de
patentes militares no seio das Forças Armadas, em 1979 (Sangreman et al 2006).
A. Abertura política do regime
Em Janeiro de 1991, o Presidente anunciou o início da democratização do país, tendo
para o efeito sido alterada a Constituição, de modo a permitir o pluralismo político, a
liberdade de expressão, associação, reunião e de imprensa. Entre 1992 e 1993, assistiu-
se ao nascimento e proliferação de várias formações partidárias, tendo concorrido 13
partidos legalizados às eleições legislativas de 1994, na maior parte, resultado de cisões
ou dissidências do PAIGC ou criados por antigos militantes ou dirigentes (Sangreman et
al 2006).
B. Conflito Político-Militar de 1998-1999
Em Maio de 1997, a GB, numa tentativa de aprofundar a cooperação monetária ao nível
sub-regional, tornou-se o oitavo membro da União Económica e Monetária da África
Ocidental (UEMOA), tendo aderido ao franco CFA (Comunidade Financeira Africana)
o que, por não ter sido acompanhada de medidas macroeconómicas sólidas capazes de
sustentar o desenvolvimento, levou a uma descapitalização do país (Sangreman et al
2006).
A inquietação generalizada, o sentimento de o país estar num impasse político e a falta
de resolução e discussão de várias reivindicações por parte dos militares contribuíram
para acelerar a eclosão da revolta militar que assolou o país em 1998 que, para além das
dimensões internas, teve também uma dimensão externa associada à rivalidade entre
Portugal e França e à questão de Casamansa (Sangreman et al 2006). Este conflito levou
ao exílio o Presidente da República e deu o poder aos revoltosos.
C. Restabelecimento da normalidade democrática
Na sequência do Acordo de Abuja, deu-se início, em Janeiro de 1999, à preparação do
processo que levou à realização de eleições legislativas e presidenciais, em Novembro
de 1999 e Janeiro de 2000 (Sangreman et al 2006).
Este novo ciclo político ficou marcado pelo agudizar da crise económica e social, pela
perda de credibilidade da GB ao nível internacional, pelo declínio das instituições, pela
12
desresponsabilização das autoridades, pelo desrespeito pela Constituição e pela crise
entre a Presidência e os órgãos da Justiça e a Assembleia.
Neste contexto, um golpe de Estado, a 14 de Setembro de 2003, pôs novamente em
evidência todas as debilidades existentes no país (Sangreman et al 2006).
Este golpe dá início a outro processo de transição que leva a eleições legislativas, em 30
de Março de 2004, que dão a vitória ao PAIGC. (Sangreman et al 2006).
Manteve-se, no entanto, a falta de confiança generalizada nos políticos e partidos. Neste
período os partidos ganharam novo impulso, crescendo para um total de mais de duas
dezenas, e também, mobilizaram para a militância partidária, amplos sectores da
sociedade guineense.
Tal facto tornou este processo muito participativo, criando oportunidades de elevar e
influenciar o debate público, de traduzir na agenda nacional algumas preocupações das
populações mais carenciadas e de favorecer a reflexão e procura de alternativas para a
governação.
Paralelamente, foi feito um esforço no sentido de melhoria da imagem da GB no
exterior. Os resultados começaram a ser visíveis: o país enveredava pela retoma
económica, conquistando, aos poucos, a confiança interna e externa, em especial dos
parceiros financeiros e investidores.
Eventualmente, a vitória na segunda volta das presidenciais de 2004, do ex-presidente
deposto em 1998, despertou e recentralizou as atenções na gestão de conflitos: internos
(Sangreman et al 2006).
III. Breve caracterização sócio demográfica
A. População
Em 2007, a população da GB está estimada em aproximadamente 1,5 milhões de
habitantes1, com 32 etnias (com algumas afinidades), conforme resultado do último
recenseamento geral da população. A densidade demográfica é de cerca 30 hab/km2,
registando-se forte êxodo das zonas rurais, principalmente para Bissau, Gabú e Bafatá.
1 Segundo Instituto Nacional de Estatísticas e Censo - INEC, tomando como base censos populacionais de 1979-1991
13
A capital, Bissau, concentra cerca de 30% da população do País, com uma taxa de
aumento anual na ordem de 5%. Do total, 47% tem menos de 15 anos de idade.
A população de GB está culturalmente e religiosamente dividida em animistas, que
habitam predominantemente as zonas costeiras e os muçulmanos, que povoam o interior
do país, com aproximadamente 32 etnias, sendo as principais, por ordem de
representatividade, os Balantas, os Fulas, os Manjacos e os Mandingas.
O idioma oficial de GB é o português, que é falado e escrito nas escolas e lugares
públicos, sendo que o crioulo é idioma de comunicação oral mais utilizado em toda a
extensão do território nacional coexistindo com mais 32 dialectos.
B. Perfil epidemiológico e mortalidade
Os indicadores de saúde do país estão entre os piores da África ao Sul do Saara. São
caracterizados por altas taxas de mobilidade e de mortalidade. As principais doenças
são: malária, diarréia, doenças respiratórias agudas, tuberculose, doenças sexualmente
transmissíveis, incluindo o VIH/SIDA (com uma prevalência próxima dos 7%),
parasitoses intestinais, oncocercose e outras endemias tropicais.
O estado nutricional da população é de carência. O paludismo representa mais de 50%
do motivo de procura dos serviços de saúde em todo o país, por todos os grupos etários
e mais de 64% das causas de óbitos na pediatria do Hospital Nacional. É estimado que
cerca de uma em cada 10 crianças (seja 10%) morre devido ao paludismo, antes de
completar 5 anos de idade. A proporção destas crianças com paludismo simples
correctamente tratadas nas estruturas sanitárias é apenas de 37,7%, enquanto que as com
paludismo grave correctamente tratadas representam 28,6%. No entanto, apenas 5% das
crianças dormem debaixo de um mosquiteiro impregnado (fonte: DHE-PNLP 2002).
Relacionado ainda com o motivo de procura dos serviços de saúde devido a outras
principais patologias, em segundo lugar vem a infecção respiratória aguda (15%),
seguida de enfermidades diarreicas (9%) (fonte: DHE-SIS).
Em 2001, as infecções sexualmente transmissíveis (IST) representaram 9% dos
diagnósticos nas consultas dos adultos contra 4%, em 2000. Não obstante, crê-se que
este aumento relativo da proporção das IST esteja subestimado, dado que o quadro real
da situação de recurso à auto-medicação é considerável (fonte: DI-IE-SIS).
14
A tuberculose também continua a ser a doença mais letal entre os jovens e adultos.
Actualmente, estima-se que mais de 30% a 45% dos pacientes com tuberculose estejam
infectados pelo VIH. Estes factores testemunham a degradação das condições socio-
económicas e nutricionais, assim como a explosão demográfica na ausência de infra-
estruturas sociais de base que, por sua vez, estabelecem condições de insalubridade e
pobreza.
A taxa de mortalidade infantil é de 130 por 1000 nados vivos no meio e de mortalidade
infanto-juvenil de 215 por 1000 nados vivos.
A mortalidade materna é particularmente inquietante no país. As suas principais causas,
são na maioria ligadas às complicações obstétricas directas, tais como, hemorragias
(25% das causas de óbitos), eclâmpsias, desproporção feto-pélvica e infecções
puerperais. Para além destas, também se associam as infecções frequentes pelo
paludismo, a anemia e outras carências nutricionais. Estas causas são agravadas pelas
gravidezes sem espaçamento, as gravidezes precoces, a grande multiparidade e
sobretudo os abortos provocados que representam 13% dos óbitos das mães. Estas
práticas têm a sua origem na situação de pobreza, má nutrição e analfabetismo, assim
como nas atitudes e práticas prejudiciais à saúde reprodutiva.
Qualquer que seja a fonte de informação, a mortalidade materna é ainda elevada:
estimada para 2004 em 910 por 100.000 nados vivos. Um grande número de partos
ainda ocorre nos domicílios, entre os quais se observam maior número de óbitos.
A rede de infra-estruturas de saúde no país é relativamente aceitável, contudo o acesso
às mesmas é muito fraco (35%, em 2001). O acesso aos serviços de consulta pré-natal e
aos cuidados do parto assistido (só 35% dos partos são assistidos por pessoal de saúde
qualificado) são também limitados.
C. Índice de desenvolvimento e pobreza A República da GB pertence ao grupo dos países menos avançados do planeta, com um
PIB de menos de USD $500 por habitante. O relatório mundial do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento de 2004 sobre o Desenvolvimento Humano coloca a
GB 173º no ranking, entre os 177 países membros da ONU.
15
D. Economia O país é essencialmente agrário voltado para a subsistência do agregado familiar que,
normalmente é muito extenso, destacando-se a produção de castanhas de caju para
exportação e de cereais e gado para consumo interno. Secundariamente, a pesca
industrial é praticada na zona marítima (parte externa do arquipélago), sob licença para
navios de outros países, já que a GB não possui frota própria. Os recursos minerais tais
como, a bauxita e o fosfato são riquezas minerais existentes no país que, no entanto, não
foram ainda exploradas. Quanto ao petróleo, o país possui potencialidade, uma vez que
na parte fronteiriça com Senegal foram encontradas reservas exploráveis. No entanto,
como ocorrem com a bauxita e o fosfato, ainda não explorado (Djicó 2005).
E. Educação
Os problemas educacionais na GB são grandes, reflectindo-se na reduzida taxa de
alfabetização, na baixa escolarização e no elevado abandono escolar. A falta de meios e
a carência de definições do sistema educacional nacional são os maiores problemas do
sector, que se acabam por repercutir em todos os demais sectores, inclusive no sector da
saúde (Djicó 2005).
A GB tem uma taxa de analfabetismo na ordem dos 65%, sendo a taxa bruta de
escolaridade de 37% em 2004, com um grande índice de abandono, particularmente
para o contingente feminino, com maior incidência no Leste do país. (Djicó 2005).
Apesar de coexistir no país um sistema educacional público como um privado, ambos
são regulamentados e controlados pelo Ministério da Educação Nacional (Djicó 2005).
Actualmente, a GB conta com duas escolas de formação média de professores, uma
escola média de formação administrativa, uma escola médio-superior de formação de
professores, uma Escola Nacional de Saúde – ENS, uma Universidade, criada em
2003, a Universidade “Amílcar Cabral” – UAC, de Bissau, com uma Escola Superior de
Medicina, anexa à Faculdade de Medicina da Universidade de Havana e uma
licenciatura em enfermagem, além de tantas outras instituições privadas e filantrópicas
que actuam nesta esfera, cujas referências não constam nos dados estatísticos do país.
Na área privada, foi criada, no final de 2003, a Universidade Colinas de Boé – UCB.
A maior parte dos profissionais de nível superior do país continuam sendo formados no
exterior (Djicó 2005).
16
IV. Organização administrativa do território nacional Do ponto de vista administrativo, a GB está dividida em oito regiões: 1) Bafatá, 2)
Biombo, 3) Bolama-Bijagós, 4) Cacheu, 5) Gabú, 6) Oio, 7) Quínara e, 8) Tombali; que,
por sua vez, estão subdivididos em 36 sectores e, em mais um Sector Autónomo (cidade
de Bissau), Capital Política, Económica e Administrativa do país.
17
Documentos directores e enquadradores
I. Programas dos Governos Sucessivos governos reconhecem, nos seus programas, a necessidade de reduzir a
pobreza e melhorar as condições de vida dos grupos vulneráveis, investindo no reforço
das capacidades humanas profissionais dos guineenses, melhorando o acesso aos
serviços sociais, promovendo o investimento maciço no desenvolvimento dos recursos
humanos, identificando, como elementos estruturantes da reforma a empreender, a
aprovação das leis orgânicas e os quadros orgânicos de pessoal dos Ministérios,
departamentos e serviços do Estado.
Reconhecendo, como intervenção prioritária para o saneamento das contas públicas pelo
lado das despesas, o controlo da massa salarial pública, via recenseamento e pagamento
bancário, a partir de 2006, e o cruzamento e limpeza de todas as folhas de pagamento de
salários relativos às pensões e reformas coma interdição de duplicação de rendimentos a
todos os níveis e sectores, o cruzamento e limpeza de todas as folhas de pagamento de
salários relativos às horas extras, emolumentos e gratificações, os contratos temporários
qualquer outro regime de remuneração cumulativa com vista a normalizar os circuitos
de pagamento, e permitir aumentar o emprego adicional, nos casos de comprovada
acumulação improdutiva e a revisão da grelha salarial repondo o poder de compra dos
servidores do Estado.
Os Governos têm assumido o compromisso de implementar programas específicos de
requalificação e reinserção no sector privado dos excedentes de trabalho da função
pública (excepto saúde e educação), centrado em incentivos às empresas privadas
utilizadoras dessa mão-de-obra.
Em matéria do ensino superior, os Governos procuram aumentar a oferta do ensino
superior de qualidade em áreas carenciadas, e avançam com apoios orçamentais
específicos, nomeadamente na medicina e nas tecnologias da saúde.
Reconhecem, também, a desmotivação dos servidores do estado e a desvalorização do
próprio conceito de missão de serviço público, realçando que, num Estado moderno, as
funções de regulação assumem uma importância crescente, e para as múltiplas queixas
anónimas das condições de atendimento nos serviços (de saúde), quer pela qualidade de
18
serviço prestado quer pelas cobranças ilícitas para o seu atendimento, considerando-as
“práticas inadmissíveis”.
Referem-se, explicitamente, à possibilidade haver “serviços públicos sob gestão privada
ou social” e identificam como acto legislativo estruturante da reforma “rever o Plano de
Desenvolvimento dos Recursos Humanos” na prossecução de uma política de recursos
humanos a fim de:
Valorizar a competência, a diferenciação técnica e profissional e o respeito pelo
estatuto de todos os profissionais de saúde enquadrados no sistema de carreira;
Promover a diversidade contratual, com garantias de segurança;
Desenvolver uma política de formação coerente, contribuindo para ensino pré e pós-
graduado nas áreas da saúde, reconhecendo a variedade da especialização técnica
profissional;
A adopção de procedimentos de gestão rigorosos que permitam:
o Atribuir orçamentos específicos e adequados à natureza das instituições,
de acordo com um plano estratégico de contratualização;
� Estabelecer incentivos financeiros ligados a ganhos de
produtividade, à flexibilidade na criação de equipas de trabalho e
à mobilidade funcional e geográfica.
Os Governos pretendem ainda:
Proporcionar a cada cidadão o seu médico assistente, tendo por base um modelo de
contratualização com os médicos de clínica geral e familiar que tenha em conta uma
capitação definida associada a incentivos;
Afectar o pessoal de acordo com o mapa sanitário, priorizando as zonas periféricas e
desfavorecidas, com base em incentivos à produtividade/competência, eficácia, zelo,
mérito e isolamento;
Introduzir sistemas e equipas de triagem nos serviços de urgências hospitalares, que
estabeleçam o tratamento prioritário das situações mais urgentes;
Reconhecer a função especial, em todo o sistema, do cargo de Director de Serviços,
evidenciando-lhe a indispensável autonomia e respectiva responsabilidade;
19
Aplicar, com rigor, a implementação das carreiras profissionais de medicina e de
outras carreiras profissionais de saúde;
Instituir e rever os incentivos de isolamento, zelo, produtividade, eficácia, mérito,
risco e vela;
Regulamentar o exercício privado da medicina e das profissões auxiliares;
Fortalecer e dignificar as carreiras profissionais, estabelecendo regras da progressão
baseadas em critérios de qualificação científica, técnica e profissional;
Diversificar as profissões de saúde e a promoção de uma reforma profunda no actual
sistema de ensino susceptível de melhorar o processo de recrutamento, formação e
educação dos profissionais de saúde, a qualidade académica e pedagógica dos
docentes e o seu interesse e dedicação na investigação científica;
Melhorar a gestão administrativa e financeira dos recursos humanos;
Apoiar, especificamente, um “Projecto de apoio à Escola Nacional de Saúde” e
outro de “Reabertura da Faculdade de Medicina com o apoio de Cuba”.
II. Política Nacional de Saúde
A Política Nacional de Saúde está definida num documento orientador de 1993, que
nunca foi revisto. Foi com base neste que se desenvolveram o PNDS I e o PNDRHS.
No que concerne os RHS o documento identifica como objectivos:
Repertório actualizado do pessoal por categorias e locais de colocação;
Definição do quadro de pessoal, de acordo com as necessidades do processo de
desenvolvimento sanitário;
Estabelecimento de metas de formação médica e de técnicos médios em função das
necessidades;
Instituição da formação permanente dos quadros técnicos e administrativos a fim de
permitir a superação técnico-profissional e a aplicação de uma política de promoção,
estimulação e responsabilização dos quadsros nacionais;
Correcção das distorções entre os nível regional e nacional e entre as regiões entre
si, no que diz respeito à distribuição de quadros;
20
Formação, no país, a curto prazo de médicos especialistas em cirurgia geral,
medicina interna, gineco-obstetricia, pediatria e saúde pública. Proceder no mesmo
sentido em relação à formação especializada em enfermagem e outras especialidades
de técnicos médios;
Criar incentivos de retenção e redistribuição de quadros para as zonas mais
carenciadas.
A maior parte destes objectivos encontram-se por realizar.
III. Plano nacional de desenvolvimento sanitário 1998-2002 e
versão revista e projectada para 2003-2007
O Governo da GB, por meio do Ministério da Saúde, define, desde 1993, a Política
Nacional de Saúde, cujas bases e princípios foram traduzidos no PNDS I, lançado em
1997 e revisto recentemente. Vale ressaltar que, dado o seu carácter e abrangência, o
PNDS I continua a ser um instrumento de grande utilidade para o Sistema de Saúde
Guineense, que se alicerça nos cuidados primários de saúde, tendo como finalidade
ganhos em saúde para todos os guineenses.
O Plano contempla:
1. capacitação da capacidade de gestão do sistema nacional de saúde aos níveis central,
regional e local (responsáveis pela microplanificação);
2. reforço da capacidade de gestão das unidades de saúde, programas e serviços;
3. aumento do acesso a um pacote mínimo de actividades, através de uma estratégia
avançada se necessário;
4. promoção da co-gestão e co-financiamento das actividades sanitárias (pela iniciativa
de Bamako);
5. garantia de uma força de trabalho adequada qualitativa e quantitativamente,
motivada para responder às necessidades de saúde das populações que servem,
através de acções identificadas num Plano Nacional de Desenvolvimento dos
Recursos Humanos da Saúde, cuja implementação, por esvaziamento político, tem
tido grandes constrangimentos.
Esse plano deveria pugnar por sistema de saúde com menos pessoal, mas melhor
pago e reforçar a formação contínua dos técnicos de saúde, não somente no plano
21
clínico, mas também nas áreas de organização e gestão, no plano da deontologia e da
comunicação interpessoal (acolhimento, organização do CS, atitudes e comportamentos
dos agentes de saúde e da população). O Plano Nacional de Desenvolvimento dos
Recursos Humanos deveria incluir:
Normas para os efectivos e para as qualificações dos agentes de saúde por cada nível
de cuidados, considerando critérios de eficiência, carga de trabalho, etc.
Projecção das necessidades a médio prazo, na base das normas estabelecidas e dos
efectivos existentes;
Plano de formação, tanto no interior como no exterior; a evolução da Escola
Superior de Medicina com vista ao excedente em médicos que se está a criar;
Plano para a formação contínua do pessoal de saúde;
Aperfeiçoamento dum banco de dados informatizado sobre o pessoal de saúde;
Normas para o seguimento da evolução das carreiras individuais;
Medidas concretas para promover a afectação de mulheres na periferia do sistema de
saúde; de uma forma mais genérica as medidas, critérios e procedimentos para
garantir uma distribuição equitativa dos recursos humanos a favor dos grupos de
risco, seja rural ou peri-urbano.
A base desse plano seria a definição do plano de cobertura, quer dizer o mapa sanitário,
incluindo a definição das normas para a afectação dos recursos humanos a cada nível da
pirâmide sanitária. A definição destas normas é, em primeiro lugar, uma
responsabilidade da Direcção Geral da Saúde Pública.
Os grandes estrangulamentos à implementação do plano são políticos, financeiros e de
recursos humanos.
IV. 1º Plano de desenvolvimento dos RHS O Plano de Desenvolvimento dos Recursos Humanos tem como objectivo melhorar a
utilização e o desempenho dos recursos humanos através de três estratégias
complementares e que se reforçam mutuamente. Essas estratégias e as metas visadas
encontram-se resumidas no Quadro que se segue.
22
Estratégias principais do PNDRHS I e metas para 5 anos Estratégias Meta para 2002 Situação actual (2007) Redistribuição e reforço da gestão
do pessoal de saúde Implementar progressivamente as novas normas de afectação do pessoal
Tem sido aplicado onde existem normas.
Actualizar de forma contínua a base de dados informatizada e introduzi-la em cada região
Encontra-se por fazer.
Modernizar fisicamente a administração do pessoal (armários e pastas)
Houve melhorias, mas ainda existem necessidades insatisfeitas.
Implementar e fazer funcionar as estruturas e mecanismos de coordenação entre a DRHO e os outros departamentos, instituições de formação e regiões
Melhorias excepto na coordenação com o sector de formação.
Melhoria das condições de trabalho e motivação do pessoal
Rever a quadro de salário Está a ser feito – agendado para discussão em conselho de ministros ainda em 2007.
Rever os critérios de atribuição dos diferentes subsídios, incluindo os de risco
Está a ser feito – para subsídios de vela e isolamento – está agendado para discussão em conselho de ministros ainda em 2007.
Rever e melhorar o sistema de pagamento, incluindo os subsídios (processo e regularidade) a todos os níveis do sistema de saúde
Passou-se a sistema de pagamento via conta bancária, mas sustentabilidade é duvidosa; mantém-se a irregularidade nos pagamentos salariais.
Desenvolver e aplicar um novo plano de carreiras Está a ser feito; deverá haver uma proposta ainda durante 2007.
Estabelecer e aplicar um sistema de bolsas de estudo (formação contínua e especialização) que responda às necessidades do país
Existe com a OMS – foi criada a COCOFAP comissão de coordenação da formação e aperfeiçoamento profissional –despacho.
Melhorar as condições de alojamento do pessoal conforme as necessidades estabelecidas (construção, reabilitação e equipamento)
111 alojamentos construídos ou melhorados
5. Formação e reforço institucional
Criar a Escola Nacional de Saúde Criado Formar enfermeiros e parteiras em número suficiente para cobrir as necessidades actuais (ver as normas de afectação)
Produção continua insatisfatória e sem planeamento adequado
Organizar cursos de aperfeiçoamento e de especialização em diferentes domínios, conforme as necessidades e prioridades do PNDS
Não está planeado – vai acontecendo
Desenvolver/reforçar os sistemas de formação contínua, articulados aos mecanismos de supervisão em prática nas DRS nos domínios de gestão, administração e contabilidade
Não acontece, não existe plano
Desenvolver um plano a médio e a longo prazo de formação no exterior
Não existe
O Desenvolvimento dos Recursos Humanos é considerado como factor-chave da
mudança necessária para a operacionalização eficaz do PNDS. Reconhece também que
a grande maioria dos factores que devem ser implicados neste desenvolvimento
ultrapassa largamente o âmbito do Ministério da Saúde devendo resultar de uma
colaboração estreita e empenhada de todos os outros sectores governamentais e
principalmente dos mencionados a seguir: Ministério da Educação, Ministério da
Função Pública, Ministério das Finanças, Ministério das Obras Públicas e Ministério do
Plano e Cooperação.
São também estabelecidas novas normas de afectação de recursos humanos.
23
V. Legislação laboral geral e específica A principal legislação de relevância para os RHS encontra-se listada no quadro que se segue. Decreto n.º 12-A/94, de 28 de Fevereiro
Dispõe sobre o Estatuto do Pessoal da Administração Pública
Decreto n.º 30-A/92, de 30 de Junho Dispõe sobre o Estatuto de Pessoal Dirigente Lei n.º 9/97, de 26 de Maio Dispõe sobre o agravamento das penas a que
os funcionários ficam sujeitos no exercício das suas funções
Decreto n.º 38/93, de 16 de Agosto (B.O. 33)
Dispõe sobre as Carreiras Médicas
Decreto n.º 39/93, de 16 de Agosto (B.O. 33)
Dispõe sobre as Carreiras de Enfermagem
Decreto n.º 40/93, de 16 de Agosto (B.O. 33)
Dispõe sobre a Carreira de Técnicos de Diagnóstico e Terapêuticos
Lei n.º 8/91, de 3 de Outubro (B.O. 39) Dispõe sobre a Lei da Liberdade Sindical Lei n.º 9/91, de 3 de Outubro (B.O. 39) Dispõe sobre a Lei da Greve
Recorreremos a estes textos nas diferentes secções deste relatório sempre que tal for
considerado necessário.
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Políticas sanitárias Sendo a saúde, resultado e condição indispensável para manter o equilíbrio
macroeconómico e assegurar o desenvolvimento do país, a política nacional de saúde é,
consequentemente, parte integrante da política de desenvolvimento global do governo e
articula-se à volta da estratégia dos cuidados primários de saúde. Esta compreensão fez
com que, entre os sectores sociais, os programas dos sucessivos governos priorizassem
a saúde, integrada numa estratégia mais global de combate à pobreza e de
desenvolvimento comunitário.
A estratégia principal assenta no reforço do sistema nacional de saúde, articulando o
sector não governamental com o sector público, nos seus diferentes níveis – central,
regional e local, recorrendo a conhecimentos científicos e tecnologias apropriadas, de
forma a responder às necessidades da população, nos domínios de cuidados de saúde:
promocionais, preventivos, curativos e de reabilitação. A colaboração intersectorial
também constitui uma das prioridades no sector.
Logo após a independência, a visão do MINSAP estava centrada exclusivamente nos
serviços de cuidado hospitalares, razão porque só os dados estatísticos deste sector
estavam contemplados no SIS. Na sequência de Alma-Ata (CPS) e da carta de Otawa,
(promoção de saúde), o MINSAP considera importante o reforço dos CPS, integrados
no sector de saúde pública, que fortalece, criando serviços de cuidados primários de
saúde e alguns programas de saúde.
Com os dois sectores a funcionar (serviços hospitalares e saúde pública), tornou-se
necessário o reforço da capacidade de recolha, análise e utilização de informações
sanitárias, a fim de criar uma base adequada para a gestão dos programas e serviços aos
níveis central, regional e local para melhorar a elaboração, a execução, o
acompanhamento e a avaliação da política de saúde, do plano estratégico de
desenvolvimento sanitário, dos planos de acções anuais e dos planos operacionais das
regiões sanitárias do país, com o propósito de contribuir para ganhos nos indicadores
dos objectivos do milénio (ODM). Para viabilizar o acima exposto, privilegiou-se,
durante a elaboração do PNDS-I, a classificação das infra-estruturas sanitárias, a
dotação mínima de pessoal e equipamentos por estrutura e a definição das
competências dos seus profissionais.
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A investigação no sector assumiu uma maior relevância na inovação do sistema
nacional de saúde, em especial ao nível da compreensão das estratégias, das abordagens,
e das tecnologias apropriadas ao contexto geográfico, económico e sócio-cultural. A
valorização dos aspectos positivos da medicina e farmacopeia tradicional foi
assumida como prioritária, no contexto da política de saúde (Ministério da Saúde
Pública, Política Nacional da Saúde – 1993).
I. Regiões sanitárias Devido à complexidade do acesso geográfico das Regiões Bolama/Bijagós e
Cacheu/São-Domingos, sendo a primeira dominada pela configuração insular e a última
pela penetração ou existência de rios, foram divididas em quatro Regiões Sanitárias,
mais no sentido de proporcionar a equidade e facilitar a acessibilidade. É desta
flexibilidade que sanitariamente o país passou a ter 11 regiões sanitárias (Bafatá,
Bijagós, Biombo, Bolama, Cacheu, Gabú, Oio, Quínara, São Domingos, Sector
Autónomo de Bissau (SAB) e Tombali (Mapa 1), contrariamente à divisão
Administrativa que só tem 9 regiões. Ainda com relação às regiões sanitárias, elas estão
subdivididas em 114 Áreas Sanitárias (AS).
II. Sistema Nacional de Saúde O sistema nacional de saúde consiste num sector público (que inclui os serviços na
dependência do MINSAP, um hospital militar em Bissau e três postos médicos, um da
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Previdência Social, outro do Aeroporto e um último dos serviços portuários - APGB),
um sector privado lucrativo e um sector privado não lucrativo.
A. Organização piramidal da administração do SNS
Os serviços públicos de saúde da GB estão estruturados de forma piramidal, à
semelhança de outros países, com três níveis de gestão, correspondendo aos níveis da
administração do país.
A nível central, encontram-se as estruturas de governação e de planeamento
estratégico, o hospital nacional e os centros de referência.
A nível regional, considerado intermediário, estão a adaptação da estratégia nacional à
realidade local, sendo a execução, a implementação e a prestação de cuidados
operacionalizados pelos hospitais regionais e pelo nível local que tem o papel de
executar o «pacote minimo das actividades», previsto como primeiro degrau de
cuidados primários de saude.
Ao nivel das tabancas, existem 701 Unidades de Saude Comunitária (USC), mas só
466 funcionam (informação de 2006). Nestas estruturas, funcionam os Agentes de
Saúde Comunitária (ASC) e as parteiras tradicionais (matronas) na prestação de
cuidados imediatos definidos pelo MINSAP (ex: feridas, cefaleia, paludismo, escabiose,
conjuntivite, tose, etc) e da referenciação de casos clínicos e obstétricos graves. Nem os
ASC nem as matronas são funcinários do MINSAP. São escolhidos pela comunidade,
formados pelo ministério e apoiadas pelos técncicos responsáveis pela estratégia
avançada2.
A medicina tradicional, curandeiros (recebe o doente, fica com ele, internando-o ou
dando um calendário de seguimento, até o doente estar curado) e djambacós
(diagnostica e medica episodicamente), contribuem para o tratamento de diferentes
patologias clínicas nomeadamente, ortotraumatologia, ginecobstetrícia e medicina
interna (icterícia, hepatite, etc).
2 Tanto os ASC como as matronas são habitantes das tabancas que servem em regime de voluntariado. São seleccionados ou pelas chefias tradicionais ou por pessoas respeitadas na comunidade, dependendo das etnias dominantes nessas tabancas. Cada tabanca, que inclui um conjunto de muranças, selecciona até seis ACS e seis matronas. É suposto que os ACS e as matronas recebam alguma forma de remuneração por parte da comunidade. Esta remuneração assume a forma de apoios de outros elementos, indigitados pelas chefias tradicionais, para os apoiarem nas suas tarefas como lavoura, colheitas, produção do óleo de palma etc.
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Também a intervenção caseira feito pelos familiares, tem um papel importante na
estratégia do sistema de saúde (a figura seguinte descreve a pirâmide do serviço
nacional de saúde - SNS).
Figura 1 - PIRÂMIDE SANITÁRIA
Nível Central
Nível Regional
Nível Local
Estruturas de Prestação de Cuidados e respectivas administrações
Estruturas de Gestão
Centros de Saúde Tipos:
“A”, “B”, “C”
Hospitais Regionais
Hospital Nacional e Centros de Referência
Ministério da Saúde
Direcções Regionais
Equipes de Áreas
Sanitárias/ CG-IB
Unidade de Saúde de Base
Medicina Tradicional
Cuidados de saúde a nível da família e individuo
B. Infra-estruturas do SNS
Verifica-se um grande desequilíbrio geográfico no que se refere à distribuição das infra-
estruturas do SNS, se consideradas a distribuição da população e as realidades locais.
Por exemplo, existem zonas onde a população é muito dispersa e é necessário utilizar
“estratégias avançadas” para garantir o acesso ao “mínimo” de cuidados de saúde. A
situação das ilhas é ainda mais crítica devido a evidentes dificuldades de deslocação e,
obviamente, de transferência de pacientes para outros níveis.
Quando da formulação do PNDS I, o país contava com 2 hospitais nacionais (Hospital
Nacional Simão Mendes e Hospital Nacional 3 de Agosto); 11 Centros de Referência
Nacional e Regional, incluindo centros de investigação, entre outras tantas instituições
que prestavam serviços à população. Com a elaboração do PNDS, em 1996, foi
repensada a estrutura sanitária, tanto as estruturas de gestão como as de prestação de
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cuidados, no sentido de racionalizar os recursos, rentabilizar as infra-estruturas e
minimizar os custos de funcionamento. Reconhecendo o estado avançado de degradação
dos edifícios do Hospital Nacional 3 de Agosto, que tornava inviável a sua reabilitação,
com excepção da estomatologia, todos os seus serviços foram transferidos para o
Hospital Nacional Simão Mendes, e foi desactivado. Vale registar que a intenção
expressa, no PNDS I, de construir um Hospital Regional em Mansoa, já foi concretizada
na Região Sanitária de Oio. A situação actual do quadro institucional do SNS guineense
reflecte-se no quadro seguinte.
Ressalta-se que factores históricos e de desenvolvimento institucional levaram a que os
centros de saúde periféricos tivessem uma grande diversificação, no que respeita ao
tamanho e à definição de atribuições e competências. Esta variedade produz diferenças
quantitativas no quadro de pessoal. É devido a isso que, no Sul do país, apesar da
deficiente acessibilidade, há uma oferta de infra-estruturas sanitárias aparentemente
excessiva, aumentando o custo de manutenção e deteriorando a eficácia da utilização
dos recursos existentes.
Desde 1997, construíram-se um hospital regional em Oio, dois centros de saúde tipo B
em Bissau, um centro de saúde tipo C rural em Bolama, dois centros de saúde tipo C
Bijagós em Cacheu. Reconstruiu-se um centro de referencia e a sede da Direcção
Regional de Saúde em Bafatá, ampliou-se um centro de saúde tipo C urbano em Bissau
e reparou-se um centro saúde tipo C urbano em Bissau. Fizeram-se ainda 111
alojamentos, 15 furos de água nas instituições de saúde e a integraram-se dois grandes
hospitais nacionais num só. Estas mudanças serviram para, por um lado, aumentar o
acesso da população aos serviços de saúde e, por outro, redimensionar as despesas e
rentabilizar a gestão dos recursos: materiais, equipamentos e humanos.
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Distribuição das estruturas sanitárias do SNS por tipo e nível de gestão – 2007 Descrição Central Regiões Total
Centros Referência
SAB Bafatá Bijagós Biombo Bolama
Cacheu*
São-Domingo
s
Gabú Oio Quínara Tombali
Sectores - 1 6 3 3 1 6 3 5 4 4 5 37
AS
Hospitais Nacionais
1 - - - - - - - - - - 1
Centros de Referencia fª Nacional
6 - - - 2 - - - - - - 8
Hospitais Regionais
- - 1 - - - 1 1 1 - 1 5
Centros Saúde A - - - 1 - 1 1 1 - 1 1 - 5
Centros Saúde B –Urbano
- 4 - - - - - - - - - 4
Centros Saúde B –Rural
- - 1 - - - - 1 1 3 2 8
Centros Saúde C –Urbano
- 6 3 - - - - 1 - - - 10
Centros Saúde C –Rural
- - 10 3 8 - 13 6 16 13 2 5 70
Centros Saúde C -Bijagós
- - - 7 - 1 2 - - - - 10
Postos Saúde - 2 - - - 3 5 - 3 8 14 37
Unidades Saúde Comunitária
- - 88 43 6 9 115 54 159 106 54 121 701
População Total 1.472.052 384.907 198.489 24.212 65.718 9.817 111.061 85.918 206.168 208.972 69.170 107.620 1.472.052
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C. Centros de referência
Os centros de referência, Nacionais e Regionais, funcionam em infra-estruturas
próprias, cabendo à DRHO afectar-lhes os profissionais, embora, certas categorias,
como as correspondentes ao “pessoal menor” extinto3 pelo Estatuto do Pessoal da
Administração Pública (EPAP), são por vezes recrutadas e remuneradas localmente,
com fundos obtidos no quadro da recuperação de custos ou da IB.
1. Hospital Nacional Simão Mendes
O HNSM é, formalmente, uma instituição prestadora de cuidados de saúde terciários e
secundários, com o estatuto de hospital de referência nacional. No entanto, o HNSM
funciona, indevidamente, como uma unidade de prestação de cuidados do nível
primário, contribuindo para a congestão do atendimento nas urgências e consultas
externas.
A maior parte dos doentes atendidos no HNSM continuam a ser de Bissau, não obstante
o fluxo considerável de referenciação que se vem, cada vez mais, recebendo de outras
regiões do país.
Actualmente, mesmo com o OGE atribuído para o seu funcionamento, continua a ter
graves restrições financeiras. O hospital continua a sofrer seriamente de falta de pessoal
diferenciado, materiais clínicos incluindo medicamentos, outros equipamentos, e
ambulâncias.
O estado físico e de manutenção do HNSM encontra-se em condições precários. Um
programa de reabilitação desta instituição financiado pelo Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD) sofreu grandes atrasos devido ao conflito político-militar de
1998. Só agora, em 2007, é que este projecto está sendo materializado.
Neste momento o hospital conta com um total de 384 trabalhadores.
3 Extinto por Boletim Oficial nº 9 de 28 de Fevereiro de 1994 (mapa II)
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Profissão Especialidade Número
Médicos Cirurgia geral
Internista
Oftalmologista
Enfermeiros
No quadro da cooperação GB–Cuba, o MINSAP recebeu médicos no domínio da
docência “Faculdade de Medicina”. De entre estes, 8 prestam serviços no HNSM
(cirurgia, obstetrícia, ortopedia, pediatria, medicina interna, anestesista,
electromedicina, clínico geral); a maior parte encontra-se à periferia dando apoio
pedagógico à Faculdade de Medicina. Cooperação chinesa …
O HNSM dispõe de uma pequena unidade de produção de soros, embora esta não dê
resposta nem às necessidades próprias de hospital, funcionando também com bastante
irregularidade em termos da sua capacidade de produção - isto devido por vezes à falta
de matérias primas, que vêm de Itália ou devido à ausência da contrapartida financeira
do OGE.
O HNSM não possui uma secção de anatomia patológica e não existe uma biblioteca.
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De salientar que o HNSM também tem vínculos com o a Faculdade de Medicina e a
ENS. A Ordem dos Médicos tem a sua sede nas instalações do HNSM.
O hospital funciona com grandes deficiências em termos de prestação de cuidados
médicos, o que se reflecte num aumento recente de óbitos maternos e infantis, intra-
hospitalares. Esta situação tem a ver com uma complexa teia de causas interdependentes
e cumulativas, de entre as quais se mencionam as mais importantes:
Falta de motivação do pessoal;
Deterioração das competências técnicas;
Irregularidade nos aprovisionamentos de material clínico-cirúrgico, reagentes, fichas
e instrumentos de gestão, etc.;
Falta de manutenção dos equipamentos;
Atrasos no desembolso de fundos de maneio por parte dos ministérios e entidades
responsáveis,
A outra face desta realidade reflecte-se nos montantes vultuosos dispendidos com a
evacuação de doentes para cuidados diferenciados em Portugal. Estas decisões são
tomadas por uma Junta Médica Nacional que, para casos de extrema emergência pode
optar pela evacuação para a vizinha República do Senegal. Por exemplo só em 2006
foram gastos 489.454.452,00 francos CFA do OGE em evacuações. Estas evacuações
representam um peso financeiro importante tanto para Portugal, que paga as despesas da
própria assistência hospitalar, para a GB, como para os próprios doentes e
acompanhantes em termos de estadia.
2. Centro de Pneumologia Raoul Follereau (tuberculose)
A tuberculose é um dos maiores problemas de saúde pública na GB, senão uma das
principais causas de mortalidade no país. Face a esta situação, o Ministério de Saúde
Pública em conjunto com a OMS e a Associação Italiana de Amigos de Raul Follereau
criaram um Plano Nacional de Luta Contra a Tuberculose (PNLT), cuja estratégia se
baseia na detecção de casos de tuberculose através da microscopia positiva e seu
tratamento. Considerando a elevada co-infecção com o VIH (56%), também assistem os
doentes deste fórum. O relatório de 2006 deste programa descreve que o número de
casos tratados, de todas as formas de tuberculose, passou de 1.566 em 2001 para 2.163
em 2006.
33
O PNLT está apoiado por um CR, localizado no Hospital Raoul Follereau. Este hospital
é uma ONG, apoiada, por sua vez, por uma ONG religiosa internacional (Sant’ Egídio).
É um centro de referência nacional que recebe, para internamento, doentes com
tuberculose e patologias associadas, nomeadamente o VIH, onde são tratados com
ARV. Além do internamento que se apoia em 120 camas, tem um serviço de
ambulatório dos doentes que tiveram alta e, também, medica outros casos da
comunidade. O serviço de laboratório bem diferenciado, que funciona como referência
para a tuberculose. No hospital decorrem, igualmente, acções de formação anuais não só
para o seu próprio pessoal, mas também para o pessoal das outras estruturas sanitárias.
O centro de pneumologia Raul Follereau é uma instituição semi-autónoma com a gestão
e a administração a cargo de Sant´Egidio. A sua única dependência do MINSAP tem a
ver com a afectação do pessoal. O quadro do pessoal conta com: 7 médicos clínicos
gerais, 10 enfermeiros gerais, 20 enfermeiros auxiliares, 3 técnicos de laboratório, 8
técnicos auxiliares, e 3 técnicos de RX.
3. Hospital de Cumura (lepra)
O Centro de Leprosaria de Cumura, inicialmente denominada Centro de Assistência aos
Doentes de Lepra, é uma instituição fundada pela igreja católica em 1953 pelo padre
Artur Ferrazeta4, na actual Região Sanitária de Biombo. Com a assinatura de um
protocolo entre o MINSAP e a Diocese, este centro passou também a assumir o papel de
hospital para doentes com SIDA. Antes da assinatura do protocolo, o hospital
funcionava somente com missionários, irmãs e padres. A partir deste acordo, o hospital
passou a beneficiar de apoio de profissionais financiados pelo MINSAP. Não recebe
nenhum apoio do OGE a não ser os salários dos profissionais do MINSAP. Recebe
também apoio da Associação Sant´Egidio.
Este hospital criou uma unidade denominada “aldeia” que tem como finalidade albergar
os doentes com lepra depois de alta. De salientar que esta aldeia se transformou já em
residência fixa para um número significativo de leprosos com incapacidades
permanentes.
4 Mais tarde primeiro Bispo Católico da Guiné-Bissau, vindo a falecer em Janeiro de 1999 durante o conflito politico militar já referido.
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4. Centro de Saúde Mental
O Centro de Saúde Mental Osvaldo Vieira, construído em 1984, com a capacidade de
60 camas, estava inicialmente localizado no Bairro de Cupol do Sector Autónomo de
Bissau, prestando cuidados assistenciais, em internamento e ambulatório, incluindo
visitas ao domicílio e fazendo, também, formação de técnicos no domínio da saúde
mental. Ainda antes do conflito armado e com a capacitação dos técnicos vindos das
diferentes Regiões, estendeu as suas actividades a essas Regiões, criando em cada
hospital regional o centro de saúde tipo A, um ponto focal. O funcionamento deste
centro depende do OGE e de profissionais afectos pelo Ministério.
Devido à sua reputação chegava a receber doentes vindos dos países vizinhos.
Com a guerra civil de 1998, o centro foi destruído, passando a prestar os seus serviços
em regime de ambulatório, a partir de algumas das infra-estruturas recuperadas com o
apoio da OMS, do ex-hospital 3 Agosto.
O centro funciona agora com 1 médico especialista, 1 médico clínico geral, 9
enfermeiros gerais, 5 enfermeiros auxiliares e uma parteira.
5. Centro de Reabilitação Motora
O Centro de Reabilitação Motora ou Centro de Próteses, construído em 1988, no Bairro
de Clelé no Sector Autónomo de Bissau, desenvolvia acções de fisioterapia e de
reabilitação motora e dispunha de oficina para confecção de próteses. Funcionava
dependendo do OGE e com o apoio técnico e financeiro da cooperação holandesa.
Mesmo assim, observava limitações na operacionalização das suas actividades,
sobretudo na aquisição de matérias-primas para confecção de próteses e manutenção
dos aparelhos. Esta razão condicionou a instauração do sistema de recuperação de
custos na altura. Foi, em 1991, a primeira instância, a nível nacional, de uma tentativa
de recuperação de custos, por iniciativa da administração do centro,.
Com o conflito–politico de 1998 o centro ficou destruído, sem de momento haver
alguma projecção para a sua recuperação. Entretanto, a sua ausência é muito sentida no
país, devido à presença de um número considerável de pessoas com AVC e com outras
situações de deficiências motoras.
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6. CECOME
Antes do PNDS-I, o MINSAP tinha como o departamento responsável pela aquisição,
armazenamento e distribuição de medicamentos ao nível do sistema nacional, o
Depósito Central de Medicamentos (DCM). Com o PNDS, este departamento foi
substituído pela Central de Compra de Medicamentos (CECOME), uma instituição
colectiva de direito público, dotada de personalidade jurídica e de autonomia
administrativa, financeira e patrimonial, colocada sob a tutela do Ministro da Saúde
Pública. Tem 11 depósitos regionais, tem 4 depósitos nos CR nacional (Raoul Follereau,
Cumura, Saúde Mental e LNSP), HNSM, depósito militar de medicamentos e Serviço
Nacional de Sangue. A sua função é de aquisição, armazenamento e venda de
medicamentos ao sector público e privado.
7. Laboratório Nacional de Saúde Pública (LNSP)
O LNSP é uma instituição de referência nacional. Funciona em instalações próprias
construídas nos terrenos do ex-Hospital Nacional 3 de Agosto com o apoio técnico e
financeiro do governo sueco. Funciona dotação do OGE e com financiamento externo
(ex:ASDI)5.
Tem atribuições na área de controlo de qualidade dos laboratórios periféricos,
desenvolvendo actividades interligadas de prestação de serviço, de formação, de
vigilância epidemiológica e de pesquisa.
Actualmente, o LNSP funciona com o OGE só para pagamentos salariais. Outras
despesas, como a manutenção dos equipamentos, a aquisição dos produtos, etc. são
suportadas por financiamento externo e pela recuperação de custos já referida.
Até 1989, o laboratório formou 116 técnicos. Neste momento, dá apoio à formação de
30 técnicos médios pela ENS.
Quanto ao quadro de pessoal, conta com um médico de clínica geral, um médico
especialista em saúde pública, um enfermeiro geral, oito técnicos de laboratório e 17
técnicos auxiliares de laboratório.
5 Salienta-se que esta instituição foi destruída durante a guerra civil de 1998 e reconstruída em 2000, pelo o mesmo parceiro.
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8. Serviço Nacional de Sangue
No PNDS está previsto a criação de Bancos de Sangue em todos os hospitais regionais e
centros de saúde tipo A (devido a existência de um bloco operatório). Neste momento
existe um Banco de Sangue no HNSM onde igualmente funciona o Serviço Nacional de
Sangue (SENASA), e 4 Centros Periféricos de Sangue (CEPESA) nas seguintes regiões
a saber : Bafatá, Tombali, Cacheu e Gabú . Mas no entanto o CPS de Bafata nao
funciona actualmente
De acordo com a lei 1/73 toda a legislação Portuguesa em vigor na Província da então
Guiné Portuguesa, desde que não contrarie os princípios do novo Estado da Guiné-
Bissau, deve manter-se em vigor. Portanto o diploma que regulamenta o serviço de
sangue no País é ainda do período colonial, embora se desconheça a lei que
regulamentava então a prática da transfusão sanguínea.
O SENASA funciona nas instalações do HNSM, onde igualmente funciona o Banco de
Sangue do Hospital. Relativamente aos Bancos de Sangue dos Hospitais Regionais, um
só Hospital Regional (Gabú) dispõe dum edifício especÍfico para Banco de Sangue. Os
restantes não dispõem de instalações próprias, estando a funcionar em anexo no
laboratório de análises clínicas nos respectivos Hospitais Regionais.
O SENASA funciona com 21 funcionários distribuídos de seguinte maneira :
Ao nível de Bissau
2 bioquímicos curso superior
1 biólogo curso superior
4 técnicos médios de análises clínicas (perfil banco de sangue)
7 técnicos auxiliares
1 enfermeiro Geral
2 serventes
Ao nível Regional
1 técnico médio em Catió
1 técnico médio em Gabú
1 técnico auxiliar em Bafatá
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1técnico auxiliar em Cacheu
Não existe nenhum especialista na área da imunohematologia e na transfusão sanguínea
e também não existe nenhum plano de formação, o que tem dificultado enormemente a
qualificação do pessoal conforme as exigências actuais da transfusão sanguínea e perfil
de carreia na transfusão sanguínea
Não existe um orçamento especifico do MINSAP para sustentabilidade do
funcionamento desse serviço. O OGE assume apenas os salários. O funcionamento do
SENASA é assegurado graças ao apoio dos organismos do Sistema das Nações com o
qual o MINSAP tem acordos, do Hospital de Cumura e de fundos provenientes da
recuperação de custos.
No que diz respeito a recuperação de custos e dada a situação sócio-econômica do país
muita das vezes os familiares dos doentes não estão em condições de pagar a montante
estipulado pelo que em 2004 somente 11 % dos custos foram recuperados e 42 % em
2005
O SENASA goza de estatuto para-público com autonomia de gestão administrativa e
financeira, sob a tutela do MINSAP.
Está em elaboração um Programa Nacional de Transfusão Sanguinea (PNTS).
D. Programas nacionais
O papel do MINSAP é, muitas vezes, definido de acordo com determinados problemas
ou doenças prioritários ou em relação a certos grupos vulneráveis. Fala-se, neste
contexto, de programas técnicos onde as suas aplicações dependem de um conjunto de
sistemas e funções de apoio relacionados com os recursos e com as funções de
administração e gestão.
No geral, estes programas funcionam de forma “vertical” ao nível central e “horizontal”
ao nível local, isto devido à polivalência da Equipe Regional de Saúde (ERS). São
administrados ao nível central com o seu próprio pessoal, recursos e, ás vezes as suas
próprias instalações. Ao nível regional as sua orientações são implementadas pelas
diferentes equipas de saúde. Geralmente o seu funcionamento é garantido por
financiamento externo, com o apoio dos parceiros e ONG.
Os nove programas (lepra e tuberculose, paludismo, SIDA, PAV, saúde reprodutiva,
doenças diarreicas agudas, infecções respiratórias agudas, visão e informação, educação
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e comunicação) articulam-se entre si através de um Conselho Directivo Técnico
presidido pelo DGSP e pela supervisão nacional integrada instituída pelo MINSAP.
Descrevem-se a seguir os que ainda não foram mencionados anteriormente.
Programa Recursos humanos do programa
Referem-se a seguir o do paludismo, o do SIDA e saúde da visão, devido à sua
importância.
1. Programa Nacional de Luta contra o paludismo
O MINSAP, com o apoio da OMS, formulou, em 1992, um programa global de luta
contra o paludismo. Este programa inicial não surtiu o efeito pretendido por ser
excessivamente ambicioso e não ter uma definição clara da sua dependência no
organigrama do MINSAP. O programa foi reformulado em 2006, adoptando um plano
estratégico a entrar em vigor ainda este ano, 2007.
Realizam-se várias formações aos níveis central e regional para diferentes categorias
profissionais.
O PNLP funciona nas instalações do MINSAP, com financiamento da OMS, UNICEF e
pontualmente de outras ONG. O OGE paga os seus profissionais.
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É dotado de um médico de clínica geral, dois enfermeiros gerais, e uma médica
assistente nacional, paga pela OMS.
2. Programa Nacional de Luta contra a SIDA - PNLS
O PNLS é institucionalizado em 1987 como estrutura coordenadora de todas as
actividades de luta contra o SIDA. Tinha instalações próprias mas, neste momento
(2007), funciona nas instalações do MINSAP com 3 médicos de clínica geral e um
enfermeiro. Tem feito formações regulares aos profissionais nas diferentes estruturas do
sistema nacional do (quadro de formação). No quadro das suas actividades, alguns
resultados foram observados no que concerne a garantia da segurança transfusional em
Bissau, a vigilância epidemiológica e IEC através da criação do CECOMES – Centro de
Comunicação e Produção de Materiais de Educação para a Saúde.
Em 1992, foi criado o Comité Nacional de Luta contra o SIDA, uma estrutura que
envolvia os representantes do governo ao mais alto nível, sociedade civil, ONG,
confissões religiosas, etc, e tinham como missão assegurar a coordenação intersectorial
de luta contra o Sida. Esta iniciativa não funcionou até 2002, data em que foi criado o
Secretariado Nacional de Luta contra o SIDA (SNLS). A sua sede foi construída no
recinto do ex-Hospital Nacional 3 de Agosto. O SNLS tem pontos focais em Bafatá,
Oio e Cacheu.
3. Programa Nacional de Saúde da Visão
Na GB, a cegueira prevenível está associada com tracoma, oncocercose, mal-nutrição
infantil e cataratas. Em resposta a esta problemática, a GB, no quadro da sua parceria
com ONG nacionais e internacionais criou, em 2001, o Programa Nacional de Saúde da
Visão (PNSV). Inicialmente o programa funcionou incorporado no serviço de
oftalmologia do HNSM. Neste momento tem a sua sede no MINSAP. O seu
funcionamento depende exclusivamente de financiamento externo com a excepção do
OGE destinado ao pagamento dos três funcionários do MINSAP afectos ao programa
(um médico de clínica geral, uma mestre em epidemiologia e um motorista).
III. Parcerias Nesta Secção revê-se a situação relativa aos sectores privados, lucrativo e não-lucrativo,
da saúde.
Certas funções, embora implícitas na missão do MINSAP, não têm sido garantidas pelo
40
mesmo, nomeadamente a construção e seguimento de obras, a manutenção de viaturas,
etc.. Esta situação corresponde à limitada capacidade do MINSAP em organizar estas
actividades e em assegurar agora, e no futuro mais imediato, toda a gama de serviços e
cuidados que as populações possam requerer se estas actividades não forem executadas.
Tem, portanto, a obrigação de garantir a criação de condições (criando a legislação
adequada, por abertura de concursos transparentes, etc.) para que elas possam ser
concretizadas, por terceiros, mesmo de fora dos sectores estatal e para-estatal, sob a sua
orientação.
A promoção da colaboração entre o sector público e o sector privado não lucrativo, tais
como as confissões religiosas e ONG, com actividades sanitárias está inscrita entre as
prioridades estratégicas; é necessário minimizar a descoordenação das intervenções
destas organizações através da informação, negociação, regulamentação e
contratualização.
A. Sector privado lucrativo
O Governo em 1990, emitiu uma autorização, através de um despacho do Primeiro-
ministro, que permitia a abertura de consultórios médicos individuais e colectivos,
gabinetes de odontologia e postos de enfermagem privados, sujeitos ao controle do
MINSAP. Quase 20 anos mais tarde, a prática privada de cuidados de saúde não está
ainda regulamentada e o MINSAP tem tido dificuldades em a coordenar, razão pela qual
não dispomos de dados confiáveis que indiquem o número de estabelecimentos ou a
localização desses serviços e, muito menos, as categorias profissionais envolvidas
nestas actividades.
Os profissionais de saúde vêm a “privada” como tendo emergido para “tapar algum
buraco”, ou seja, para complemento do salário e não para compensar carências técnicas
do sector público ou para satisfazer necessidades insatisfeitas em termos de saúde da
população. A maioria, 74%, dos executivos e gestores do sistema nacional de saúde têm
a percepção de que “a privada” pode vir ser um grande parceiro, se devidamente
regulamentada e controlada. Esta expressão de confiança reflecte-se no investimento
dos profissionais do sector público nas clínicas e farmácias privadas. (Djicó 2005).
Em 2007, identificam-se, em Bissau, 14 “clínicas” (unidades com internamento)
privadas. Identificaram-se também 14 consultórios médicos. Para nenhuma destas
situações temos informações sobre o âmbito das suas actividades técnicas ou sobre o
41
quadro dos seus recursos humanos. Embora a privada também ocorra nas regiões,
principalmente onde existem médicos concentrados em hospitais regionais, pensa-se
que esta assuma a forma de consultórios. Mas a falta de informação não nos permite
mais firmeza no conhecimento da situação.
Existem imensos postos médicos dirigidos por enfermeiros ou parteiras, que estão
legalmente autorizados a fazer circuncisões, pensos e outros tratamentos.
Foram também recenseadas, em Bissau, em Junho de 2007, 44 farmácias e 29 postos de
vendas de medicamentos privados (tendo as farmácias autorização para venda de um
leque mais alargado de vendas que os postos).
B. Sector privado não-lucrativo
O sector privado não lucrativo inclui o sector missionário, o sector de ONG nacionais e
algumas ONG internacionais. Estes estão reflectidos no quadro que se segue.
42
Sector missionário
O MINSAP tem uma relação de parceria com a ONG Caritas que tem contribuído muito na prestação de cuidados, principalmente, nas zonas mais isoladas elevando as taxas de cobertura. A maioria dos profissionais que exercem nas estruturas administrados por Caritas são funcionários do MINSAP, isto devido ao acordo entre as duas partes que responsabilize o MINSAP a afectação dos técnicos. O hospital de Cumura é outro exemplo de envolvimento no sector missionário na saúde. Este envolvimento carece de um levantamento detalhado.
ONG Existem outras ONG trabalhando no sector da saúde. Têm contribuído na construção de infra-estruturas, em formação, em equipamentos, materiais e medicamentos. A relação dos ONG com MINSAP baseia-se, fundamentalmente, nos protocolos de acordo assinados por duas partes, (ministra e representante legal da ONG em causa). Os serviços no MINSAP com competência de seguimento e acompanhamento dos seus trabalhos são: DGIS, DGSP. Identificaram-se 16 ONG no país trabalhando no sector da Saúde.
O que este sector representa em mais valias para o sector dos RHS não está
quantificado.
Existem ainda diversas associações de base comunitária, não-formais, discutidas a
seguir sob o sistema de financiamento abota.
C. Sector tradicional
A GB acreditando e reconhecendo a importância do sector tradicional na saúde das
populações nunca parou de desenvolver as actividades com ela relacionada, sobretudo
nas últimas décadas. Prova disso, é a realização da 1ª Assembleia Nacional dos
Curandeiros – Janeiro/1989.
Hoje, com a precariedade do sistema de saúde em termos de assistência médico
medicamentosa, observa-se uma maior procura de cuidados no sector tradicional.
A política de saúde contempla a medicina e farmacopeia tradicionais. Existe uma
estrutura de gestão e coordenação deste sector a nível do MINSAP, inserida no
Departamento de Saúde Comunitária na Direcção dos Cuidados Primários de Saúde.
IV. Financiamento do sector de saúde A realização dos objectivos definidos pela política nacional de saúde depende de suas
principais fontes de receitas, nomeadamente o Orçamento Geral do Estado (OGE) e a
ajuda externa.
O financiamento do sector de saúde dentro do OGE corresponde a 7,5% do total das
despesas com o sector público da saúde, portanto muito insignificante para suportar as
43
despesas do MINSAP. Face a esta situação e para garantir a implementação dos CPS,
estratégia que exige a participação dos beneficiários, o Ministério formulou orientações,
no sentido de recuperar uma parte dos custos destes serviços.
A. OGE
Com a proposta de OGE, para 2006, pretende-se “criar condições propícias que
permitam o cumprimento dos compromissos conducentes a realização dos objectivos do
milénio, para o desenvolvimento, nos vários domínios, tais como a luta contra a
pobreza, a educação primária para todos, a igualdade dos géneros, a redução da
mortalidade infantil, a melhoria da saúde materna, a luta contra o VIH/SIDA, o
paludismo, a tuberculose e outras doenças infecto-contagiosas, por forma a garantir à
geração vindoura, um ambiente são e duradouro que permita um desenvolvimento
humano sustentável num clima de paz e de tolerância”.
O texto do OGE realça também que o PIB per capita registou uma redução de cerca de
25%, a partir da década de 90, situando-se hoje à volta de USD 200 … com mais de
dois terços da população a viver abaixo do limiar da pobreza, ou seja, com menos de um
Dólar por dia, situação essa decorrente por um lado, da instabilidade socio-política e,
por outro, pela forma como o país vinha sendo governado”.
Em consequência desses estrangulamentos, a economia registou um fraco crescimento
nestes três últimos anos não permitindo contrariar os níveis dos índices de pobreza do
país. A inflação manteve-se durante o mesmo período nos níveis de 1%, ou seja, abaixo
da meta do PCES, da União, em virtude de uma apertada política monetária e cambial,
do BCEAO e fraca procura interna em 2004”.
Para o sucesso do exercício do OGE, prevê-se o arranque de novas reformas,
nomeadamente, inter alia, reforço do sistema interno na execução das despesas
públicas, implementação de um mecanismo de gestão e de seguimento dos funcionários
do Estado, conclusão do processo de recenseamento e criação de uma nova base de
dados dos funcionários públicos, implementação de um novo programa de informática
para gestão do pessoal e processamento dos salários dos efectivos da função pública,
estudo da reforma dos funcionários e dos beneficiários de pensões vitalícias.
Para o reforço da luta contra a pobreza, contemplam-se as seguintes acções específicas
no sector da saúde: projecto de saúde de Bandim (90 milhões de francos CFA),
programa nacional de desenvolvimento sanitário (955 milhões de francos CFA),
44
programa de saúde e nutrição (370 milhões de francos CFA), saúde reprodutiva de
adolescentes e jovens (48 milhões de francos CFA), programa nacional de luta contra o
SIDA (417 milhões de francos CFA), projecto de oferta de serviços integrados de saúde
reprodutiva (97 milhões de francos CFA), recrutamento de pessoal de saúde (130
milhões de francos CFA).
As despesas do MINSAP correspondem a 7,65% do total geral das despesas correntes
sem juros e 1,84% do PIB. No MINSAP, as despesas com pessoal totalizam o montante
de 1.896,8 milhões de francos CFA, representando 62,95% das despesas correntes do
MINSAP e 8,49% do total geral das despesas com pessoal.
As despesas (francos CFA) com o pessoal da saúde estão reflectidas no Quadro que se
segue.
Descrição OGE 2005 OGE 2006 Variação
Total das despesas com pessoal 1337045065 1896780400 559735335 Remunerações certas 1049929932 1422280400 372350468 Salários do pessoal do quadro 755804160 990240000 234435840 Salário de pessoal em qualquer outra situação
169427200 169427200
Gratificações 293125772 262613200 -30512572 Subsídio de vela 57687760 57687800 40
Subsídio de risco 4648697 46487000 41838303 Outras gratificações 188951040 158438400 -30512640
Abonos variáveis ou eventuais 7615133 4000000 -3615133 Ajudas de custo 7615133 4000000 -3615133 Segurança social 280500000 470500000 190000000 Abono de família 500000 500000 0 Encargos com saúde 280000000 470000000 190000000
B. Ajuda externa Tóni
C. Pagamento de taxas moderadoras – a Iniciativa de Bamako
A recuperação de custos foi, a partir de 1997, assumida da perspectiva da Iniciativa de
Bamako (IB), tanto para os actos médicos (consulta curativa, exame de laboratório,
intervenção cirúrgica, consulta pré-natal, parto, etc.), como para os medicamentos
dispensados.
A IB na GB pressupõe que os fundos recuperados sejam reinvestidos no local onde
foram gerados (Centro de Saúde, Hospital Regional, Hospital Simão Mendes) com o
fim de cobrir os custos correntes visando a: garantir a disponibilidade contínua dos
45
medicamentos e outros consumíveis, incentivos para o pessoal, abastecimento regular
de combustível, manutenção dos equipamentos e meios de transportes.
A IB foi também vista como uma estratégia para fazer participar os beneficiários ou
comunidade num novo sistema de financiamento dos serviços de saúde, com o objectivo
de criar de um sistema mais efectivo de cuidados primários por um lado, e por outro de
conquistar a credibilidade das populações locais, assegurando-lhes uma maior qualidade
de assistência sanitária. A recuperação de custos deveria ainda permitir uma diminuição
da dependência, tanto da ajuda externa como do financiamento do estado e,
consequentemente, uma sustentabilidade do sistema. Na prática, isto não se tem
verificado devido a má gestão, desvio de fundos e endividamento crescente dos Comités
de Gestão da IB.
Nesta óptica e para assegurar uma maior transparência., admitiu-se a co-gestão
comunitária dos fundos e criaram-se comités de gestão, constituídos de quatro
representantes, eleitos, a população da respectiva área sanitária e o responsável da área
sanitária (geralmente um enfermeiro ou uma parteira). Todos esses elementos,
participam na planificação, avaliação e gestão das actividades ao nível das AS.
As receitas provenientes da IB são divididas da seguinte maneira:
50% servem para renovar o stock de medicamentos;
25% ficam na sede regional para assegurar uma parte das despesas correntes da
supervisão;
20% voltam ao nível local, para apoiar as eventuais despesas provenientes da
própria iniciativa da população, no domínio da saúde;
5% servem para incentivar o pessoal técnico.
Apesar de 54,9% dos profissionais acreditarem na necessidade da IB, não conseguem
compreender os benefícios que a sua execução lhes possam trazer. É, também
preocupante saber que só 34,5% dos executivos e gestores conseguem fazer a ligação
entre a IB e os benefícios que trazem para os recursos humanos. Isto pode reflectir falta
de informações e/ou implementação incorrecta da iniciativa (Djicó 2005).
A IB na GB carece de uma avaliação formal.
46
D. Mutualidades de saúde
Mutualidades, entendidas como sociedades de pessoas com fins não lucrativos, a que
aderem de forma livre e voluntária e que se organizam por princípio de solidariedade
entre eles (ex., trabalhadores do sector informal, operários, etc.) têm, muitas vezes, por
objectivo apoiar as iniciativas comunitárias que permitam o reforço do acesso das
famílias aos serviços de saúde, nomeadamente aos cuidados obstétricos de urgência e
negociata.
Não existe um levantamento das mutualidades de saúde na GB, mas conhecem-se com
cerca de 10 associações nas cincos Regiões (Gabu, Oio, Cacheu, Biombo e São
Domingos) perspectivando estender-se para 114 associações até 2009. As mutualidades
existentes apoiam no transporte, evacuação, custos dos cuidados de saúde, sobretudo os
obstétricos de urgências incluindo a cesariana e transfusão.
1. Sistema de abota
A abota é um sistema tradicional de mutualidade baseado numa cotização a nível da
comunidade para mobilizar fundos destinados a suportar despesas comunitárias,
incluindo a assistência médica e medicamentosa.
Esta iniciativa pode também garantir o abastecimento de medicamentos às USC. Nesta
situação, o profissional de saúde, enfermeiro ou parteira, ajudam na gestão dos fundos.
Os fundos provenientes das contribuições são remetidos ao enfermeiro-chefe
responsável pela supervisão das USC. Dantes, o enfermeiro remetia-os fundos ao
supervisor regional, este, por sua vez, à Direcção Regional. Actualmente, com a criação
dos depósitos regionais de medicamentos, o enfermeiro supervisor das USC recebe os
fundos da abota e faz compra directamente do depósito.
47
Valores e princípios de referência
A gestão de RHS deve pautar-se por valores de referência explícitos e bem conhecidos.
Neste caso os valores de referência devem orientar-se pela missão do serviço público e
por códigos deontológicos profissionais. Deveriam enfatizar a justiça social, equidade,
eficiência, efectividade, acessibilidade, solicitude, participação comunitária e
colaboração inter-sectorial, identificando claramente direitos e deveres, tantos dos
profissionais como dos utentes, referenciando-se a códigos deontológicos e a cartas de
deveres e direitos, numa cultura de transparência e rigor.
SITUAÇÃO ACTUAL
A política nacional e as respectivas estratégias de saúde estão articuladas em vários
documentos. No documento definidor da política de 1993, não se explicitam claramente
os eixos fundamentais do tipo de sistema de saúde que o País pretendia. Além de
objectivos de cobertura e de organização, identificam-se também alguns princípios
orientadores, nomeadamente:
� a co-responsabilização da comunidade na organização e financiamento
dos CPS através da IB (IB);
� a preocupação com a qualidade e com a “saúde para todos”, através da
generalização da IB;
� o respeito pela cultura tradicional na valorização dos aspectos positivos
da medicina e farmacopeia tradicionais;
� a preocupação de ter em conta o ponto de visto do utente ou do paciente.
No entanto, não existe ainda uma sistematização dos valores e princípios orientadores
da acção sanitária dos serviços públicos.
O DENARP (Outubro de 2006) explicita como princípios directores da política de
saúde a melhoria da qualidade de cuidados, incluindo a qualidade do acolhimento, e a
vontade de aproximar os serviços da população. A Agenda 2020 (Comité Regional
OMS/Afrique-AFR/RC50/8Rev.1) fala também “dum sistema de saúde dinâmico
contribuindo para uma vida decente e digna”.
A timidez destas referências a valores e princípios reflecte-se no facto de que nem o
MINSAP, nem a Associação dos Enfermeiros e Parteiras, nem a Ordem dos Médicos
48
têm códigos deontológicos aprovados para os seus membros ou cartas de direitos ou
deveres dos utentes e cidadãos.
Assim, com um controlo muito reduzido do desempenho dos profissionais pela
administração pública em geral e, mais especificamente, pelo MINSAP, e com a
ausência de princípios éticos culturalmente validados, amparados pelos grupos
profissionais (com organização deficiente) e integrados na prática profissional, os
comportamentos dos profissionais do sector aparecem somente regulados pelos valores
transmitidos através da educação no seio familiar e das comunidades onde cresceram ,
ou dos valores de organizações da sociedade civil (de natureza religiosa, tradicional ou
política) que deles fazem uma referências. É, no entanto, limitado o impacto da
socialização profissional durante o período de formação inicial ou o controlo pelos pares
durante o exercício profissional. Apesar de no curso médio de enfermagem fazerem
parte do currículo aspectos ligados à ética, moral e deontologia, à dimensão da
humanização, aos códigos deontológicos, à dignidade da vida humana a proteger, e aos
direitos dos doentes.
Neste contexto, e numa realidade de fracos rendimentos, de atrasos no pagamentos dos
salários, e de uma população pouco educada sobre os seus direitos e com limitadas
opções de escolha, os comportamentos profissionais organizam-se numa lógica de
procura de recompensas individuais, muitas vezes ilícitas, que resulta em perdas de
confianças nos serviços e profissionais, de perda de dignidade profissional, de eficácia,
de eficiência, de qualidade de cuidados e, sobretudo, de humanidade. A falta de
humanidade nos cuidados de saúde pode ser assim esquematizada:
Cuidados pouco humanos
falta de valorizaçao da coisa pública
comunicação inter pessoal fraca
infrastruturas degradadas
falta de tempo, de motivação pouco manutenção e investimento públicos
formação inadequada
empatia reduzida
exigência de pagamentos ilícitos
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Constitui de facto motivo de preocupação para o sistema saúde guineense o atendimento
que é dispensado ao utente dos serviços. O programa de acção do governo reconhece a
falta de referências éticas no comportamento de profissionais que se reflecte em práticas
ilegais de recuperação de custos e num acolhimento pouco humano e digno. Djicó
(2005) no seu trabalho inquiriu sobre a visão ética dos prestadores de serviços e
cuidados médico-hospitalares aos cidadãos. Dos técnicos entrevistados, 82,2%
acreditam que esta questão constitui um ponto importante para a garantia da qualidade e
do bom nome tanto do profissional como da instituição. Para os executivos e gestores,
desenvolver uma política consistente de educação continuada, particularmente para os
que actuam na área de assistência, proporcionaria não só uma mudança na conduta
técnica como na mentalidade ética destes profissionais. Naturalmente que na ausência
de uma fonte estável de rendimentos dignos, não há programa de formação continuada
que consiga corrigir a situação.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Considerando a situação identificada, consideram-se necessárias intervenções a nível do
PNDS II, das instituições de regulação profissional, da administração pública e da
gestão das unidades de saúde, dos cidadãos e das instituições de formação.
Conduzir uma reflexão sobre os valores a incluir no PNDS II
O PNDS II deve:
Definir claramente a missão do serviço público de saúde não só em termos de
cobertura e objectivos de saúde pública mas também termos de solicitude para os
utentes e de solidariedade para com os grupos mais vulneráveis.
Estabelecer princípios da prática dos profissionais de saúde compatíveis com os
valores tradicionais da sociedade guineense e com outros valores e princípios cada
vez mais universais, nomeadamente:
respeito pela vida humana;
direito do cidadão à informação sobre os seus direitos enquanto
doente/utente;
garantia de acesso, sem obstáculos, a cuidados essenciais de qualidade;
redução do sofrimento e gestão da dôr;
50
confidencialidade;
consulta individual no quadro da prestação de cuidados.
Estes valores e princípios enfatizam o aspecto singular da relação entre o doente e o
profissional de saúde, que deve ser dignificado e protegido.
Capacitar as Ordens e Associações Profissionais para o exercício da sua função
reguladora do exercício profissional para benefício do cidadão
Só existe uma ordem profissional na GB, a dos médicos. Pouco dinâmica, funciona
como um registo dos médicos guineenses e mesmo assim pouco actualizado. A
Associação de Enfermeiros e Parteiras, embora com um grande dinamismo de pendor
sindical, pouco trabalho tem desenvolvido no sentido de se estabelecer como uma
entidade reguladora do exercício profissional.
Neste contexto, seria importante que o MINSAP assumisse o papel de dinamizar com
estes interlocutores sociais o desenvolvimento de códigos deontológicos para os
profissionais de saúde guineenses e que desenvolvesse esforços no sentido de as
capacitar no exercício das suas funções.
Capacitar o Ministério da Saúde Pública para o exercício da sua função
reguladora e controladora do sistema de saúde
Para além dos aspectos já referidos é necessário fortalecer a capacidade do MINSAP e
das Direcções Regionais de Saúde para incentivar um desempenho solícito por parte dos
profissionais de saúde e para supervisionar as estruturas sanitárias no domínio
financeiro, a fim de reduzir a utilização fraudulenta dos montantes resultantes das
diferentes iniciativas de recuperação de custos.
Os centros nacionais de referência e os hospitais regionais deveriam ser incentivados a
estabelecerem projectos funcionais e regulamentos internos a fim de dar orientações
claras aos serviços em como enquadrar os comportamentos das equipas para os
cuidados de nível secundário e terciário, com reforço da autonomia e capacidade de
gestão do estabelecimento e serviços de cuidados a esses níveis. Estas iniciativas
deveriam estar integradas em iniciativas de formação de gestores clínicos dos hospitais
e outras unidades de saúde.
51
Apoio a uma cidadania informada
Todas estas iniciativas deveriam ser largamente publicitadas entre os cidadãos e os
profissionais, e deveriam estar associadas à realização de encontros/seminários de
reflexão sobre os direitos humanos e direitos dos doentes, à constituição e/ou
capacitação de iniciativas que promovam a participação de associações de doentes e que
sejam conducentes à criação e instalação da rede de amigos dos hospitais. No sistema de
saúde deveriam ser estabelecidos sistemas de queixas e sugestões. E em todas as
unidades de saúde deveriam evidentes informações sobre horários, queixas, sugestões,
custos, e o nome dos profissionais a fazer o atendimento.
Seria importante considerar uma Comissão Nacional de Bioética, integrando elementos
da sociedade civil, que contemplasse também nos seus termos de referência, matérias
relacionadas com a humanização dos cuidados de saúde, particularmente nos hospitais.
Como noutros países, deveriam ser criados postos de Provedores do cidadão nas DRS e
no MINSAP, para resolver conflitos e assegurar a transmissão das informações ao mais
alto nível relativamente à qualidade do atendimento dos doentes.
Quando existir capacidade técnica para tal, deveria ser considerada a criação e
desenvolvimento de um portal que proporcione maior transparência e melhor
informação ao cidadão e a sociedade sobre o MINSAP, os seus departamentos e
serviços centrais e regionais, os estabelecimentos do SNS, e sobre o seu desempenho e
resultados alcançados.
Instituições de formação
É nas instituições de formação que o profissional é socializado, aprendendo, por
exemplo e observação, comportamentos que dignificam a profissão e que garantem o
elo de confiança, respeito e entrega que fazem parte da relação entre o doente e o
profissional de saúde. A importância deste processo de socialização deve ser enfatizado
não só nos corpos docentes das instituições formadoras, mas também entre os quadros
profissionais das instituições prestadoras de cuidados que colaboram nesta formação.
Alunos e formadores devem compartilhar processos de reflexão sobre aspectos éticos da
de ser um profissional de saúde sobre a importância da comunicação com o doente, o
conceito de empatia, e o saber escutar as necessidades de quem nos procura.
52
Estes processos de reflexão deverão conduzir a uma revisão dos currículos se tal for
necessário e contribuir para vulgarizar o juramento de Hipócrates/enfermagens relativo
à missão de medico/enfermeiro na sociedade, divulgando-o junto as portas de acesso a
enfermarias e outros serviços;
OBJECTIVOS E METAS
Tendo em conta a situação actual e as intervenções necessárias, estabelecem-se como
objectivos e metas as seguintes:
Até Dezembro de 2007
Adoptar uma missão do sector da Saúde e que reconheça o interesse
pública da saúde e a subserviência dos seus profissionais a valores de
missão pública;
Incluir no PNDS II de referências explícitas a valores e princípios
orientadores e aos mecanismos para garantir a sua concretização.
Até Dezembro de 2008
Criar e instalar a Comissão Nacional de Bioética;
Adoptar um código deontológico para médicos e enfermeiros;
Adoptar uma carta de direitos e deveres dos utentes do SNS;
Realizar acções de formação para Directores Médicos e de Enfermagem
nos hospitais nacionais e regionais
Reforçar a orientação sobre a ética profissional e deontologia nos
currículos académicos.
Até Dezembro de 2009
Adoptar procedimentos de supervisão regular do desempenho
profissional;
Adoptar procedimentos de auditoria regular dos fundos obtidos através de
mecanismos de recuperação de custos;
Criar um sistema de incentivo para equipas de cuidadores no domínio do
acolhimento humanizado.
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Criar e instalar painéis ilustrativos do perfil do pessoal de saúde e de
direitos/deveres dos doentes nos centros hospitalares/centro de saúde;
Vulgarizar e divulgar o juramento de Hipócrates/enfermagem;
Reforço de atribuições de directores clínicos/serviços de forma a dotá-los
de maior capacidade decisória e operacional;
Reforço da autonomia e capacidade de gestão dos estabelecimentos de
saúde ao nível 3;
Adoptar regulamentos internos de boas práticas para estruturas do nível 2
e 3.
Criar a rede de amigos dos hospitais;
Adoptar mecanismos de difusão na sociedade civil das queixas e
sugestões dirigidos ao SNS e aos seus profissionais;
Até Dezembro de 2010
Criar e desenvolver um portal que proporcione maior transparência e
melhor informação ao cidadão e a sociedade sobre a MINSAP, seus
Departamentos e serviços centrais e regionais, os estabelecimentos do
SNS, e sobre o seu desempenho e resultados alcançados;
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Recursos humanos da saúde
I. Os recursos humanos no organigrama do ministério O Ministério da Saúde Pública integra os seguintes órgãos e serviços:
I – São Serviços Centrais:
a) De Apoio Directo ao Ministro: � Gabinete do Ministro – GM.
b) De Concepção, e Apoio:
� Direcção Administrativo e Financeira – DAF; � Direcção dos Recursos Humanos e Organização – DRHO; e � Direcção de Aconselhamento e Seguimento dos Portadores do VIH/SIDA – DASP-VIH/SIDA.
c) De Consulta e Coordenação:
� Conselho Nacional da Saúde – CNS; � Assembleia Nacional da Saúde – ANS; � Conselho Directivo – CD; � Conselho Consultivo de Saúde – CCS; � Conselho Nacional de Medicamento – CNM; � Comité de Gestão – CG; � Comissão de Coordenação da Formação e Aperfeiçoamento Profissional – COCOFAP; e � Comissão Técnica de Planeamento – CTP.
d) De carácter Técnico-Operativo:
� Direcção Geral da Saúde Pública – DGSP. � Direcção-Geral de Infra-estruturas de Saúde – DGIS;
e) De Supervisão ou Controlo: � Inspecção-geral da Saúde – IGS.
II – Serviços Desconcentrados As Direcções Regionais de Saúde (DRS) são serviços Desconcentrados incumbidos de executar a política nacional de saúde nas respectivas regiões, sob direcção e orientação do MINSAP, integram:
a) Direcção Regional de Saúde de Bissau; b) Direcção Regional de Saúde de Bafatá; c) Direcção Regional de Saúde de Biombo; d) Direcção Regional de Saúde de Bolama; e) Direcção Regional de Saúde de Bubaque; f) Direcção Regional de Saúde de Cacheu; g) Direcção Regional de Saúde de Gabú; h) Direcção Regional de Saúde de Oio; i) Direcção Regional de Saúde de Quinará; j) Direcção Regional de Saúde de São Domingos; e k) Direcção Regional de Saúde de Tombali.
III – Entidades Sob Tutela As atribuições acometidas ao Ministério da Saúde Pública poderão ser prosseguidas pelas seguintes Entidades, muitas delas com características para-públicas, sujeitas à sua tutela e, cuja Natureza, Atribuições e Estruturas constituirão motivos de um tratamento posteriori, tendo em conta as particularidades próprias de cada uma destas Instituições:
a) Hospital Nacional Simão Mendes – HNSM; b) Hospital de Pneumotisiologia de Sant´Egídio – HPSE; c) Centro de Saúde Mental – CSM; d) Centro de Reabilitação Motora – CRM; e) Central de Compra de Medicamentos Essenciais – CECOME; f) Instituto Nacional de Saúde (em instalação) (englobará Laboratório Nacional de Saúde Pública; Centro de Medicina
Tropical; e Projecto de Saúde de Bandim; Escola Nacional de Saúde). g) Serviço Nacional de Sangue – INS.
De entre estes realça-se a Direcção de Serviços de Recursos Humanos e Organização
(DRHO).
55
A. DRHO
SITUAÇÃO ACTUAL
A Directora de Serviços da DRHO despacha directamente com a Ministra da Saúde
embora mantenha estreitas relações de trabalho com os dois Directores Gerais do
MINSAP. A natureza das suas atribuições e competência estão sumariadas a seguir.
Natureza e Competência
1- A Direcção dos Recursos Humanos e Organização é um serviço de apoio técnico-administrativo ligado directamente ao Ministro, que se ocupa da previsão, recrutamento, selecção, formação e aperfeiçoamento dos recursos humanos necessários, à actividade dos serviços e estabelecimentos de saúde, e da promoção da melhoria do funcionamento dos serviços e estabelecimentos de saúde, através de medidas de carácter organizativo, em permanente e estreita colaboração com os demais serviços e estabelecimento do MINSAP.
2- São competências da DRHO:
a) Propor políticas de pessoal do MINSAP; b) Elaborar em colaboração com DPE/DGIS, os projectos de plano de desenvolvimento dos recursos humanos
dos serviços e estabelecimentos de saúde; c) Colaborar com os serviços de outros Ministérios na expansão e melhoria das carreiras profissionais do
pessoal de saúde; d) Propor a atribuição de diplomas de honra ao mérito; e) Preparar o plano tipo e número de efectivos de pessoal em cooperação com os demais serviços e
estabelecimentos de saúde; f) Preparar o plano de cooperação internacional em matéria de recursos humanos; g) Assegurar os procedimentos técnicos respeitantes ao recrutamento e selecção de pessoal; h) Elaborar instruções para correcta aplicação da legislação e das normas regulamentares referentes ao
pessoal e outras que respeitem às relações de trabalho, intervindo através das vias hierárquicas competentes quando se verificar infracções às mesmas;
i) Promover a elaboração e interpretar os elementos estatísticos que respeitem a gestão de pessoal com o objectivo da sua inclusão em sistema de indicadores;
j) Promover o registo das deslocações em serviço do pessoal dos serviços centrais do MINSAP dentro do País, com emissão das respectivas guias de deslocação e posterior encaminhamento para o Serviço de contabilidade;
k) Propor regras para a criação, aperfeiçoamento e reorganização de quadros, carreiras e categorias de pessoal, da sua mobilidade e acesso, tendo também em conta a sua promoção profissional, social e humana, acompanhando a aplicação das mesmas;
l) Promover, coordenar e orientar a aplicação dos instrumentos adequados à avaliação (apreciação e notação) do desempenho das funções pelo pessoal; e
m) Desempenhar outras funções de natureza administrativa que lhe seja acometida pelo Ministro.
3- A DRHO é dirigida por um Director de Serviço nomeado por despacho do Primeiro-Ministro, sob proposta do Ministro competente.
No cumprimento destas atribuições mantém relações formais e informais com uma
gama larga de quadros dirigentes do MINSAP, nomeadamente:
56
Gabinete da ministra Neste momento a DRHO, conforme a lei orgânica do MINSAP, está funcionalmenteligado directamente a Ministra. Ficando na obrigação de (despachar com a ministra) informar sobre: a gestão e desenvolvimento de RH, emitir pareceres sobre assuntos correntes e propor políticas para melhoria do funcionamento dos serviços e para manter e reter o pessoal. Tem a obrigação de acatar as orientações técnicas e políticas do ministro. Não obstante, a DRHO estar ligado directamente ao GABIM, existe uma relação transversal com todas as estruturas do MINSAP e de interdependência funcional com as 2 direcções gerais, IGS, DRegionais e com outros ministérios tais como FunçãoP, Finanças, Primatura e Tribunal de Contas.
Direcção geral das infra-estruturas da saúde
É a Direcção responsável pela negociação com os parceiros em termos de solicitação de financiamento para formações local e no exterior. Tb é responsável pela negociação com instituições de formação de forma conseguir a vaga e/ou parceria para formação; É a direcção responsável pelo planeamento de forma geral.
Direcção Geral de Saúde Pública Define o perfil das estruturas, particularmente, as de atendimento e categorias necessárias para o seu funcionamento. Factor importante para recrutamento e selecção de pessoal; Participa activamente na selecção e recrutamento e/ou na indigitação de técnicos para a formação; As informações do SIGRH orientam nas tomadas de decisões conjunta entre a DGSP e DRHO;
Direcções regionais de saúde Estamos no exercício de trabalho desconcentrado com as estruturas; Embora, não existe um documento legal que certifique o enfermeiro chefe (Director regional adjunto) de responder pelo RH na região, verifica-se uma instituição subjectiva do facto, ou seja na prática são os directores regionais adjunto da região que respondem pela vertente rho; Nos termos do nº 1 do artigo 2 da lei nº 9/97 de 2 de Dezembro o pessoal afecto a determinado estrutura é disciplinarmente responsável perante seus superiores hierárquico pelas infracções que cometa.
A DRHO é constituída por duas repartições a saber: 1) Repartição de gestão de recursos
humanos e 2) Repartição de desenvolvimento profissional. Cada repartição divide-se em
duas secções, respectivamente:
Secção de administração de pessoal
Secção de gestão informática e arquivo manual
secção de formação e aperfeiçoa mente profissional
Secção de quadros e carreiras.
De acordo com a lei orgânica do MINSAP e do seu regulamento as competências destas
unidades orgânicas estão sumariadas e o seu quadro de pessoal nos quadros que se
seguem.
57
Situação actual do pessoal colocado na DRHO (Março de 2007) Função Sexo Idade Formação Experiência Outras actividades Carências
PESSOAL DO QUADRO Directora F 41 Psicóloga Clínica (10 anos) e
administração (7) Clínica Formação em gestão RHS
Avaliação de curriculum Língua estrangeira
Responsável da Repartição de Gestão RH
M 44 Técnico superior de administração
Administração (>10 anos)
Docência Língua estrangeira
Responsável da Repartição de Desenvolvimento Profissional. (Director adjunto)
M 52 Enfermagem superior e gestão de RH
Administração (>10 anos) e docência
Docência Elaboração e avaliação de curriculum
Chefe de secção de administração de pessoal
M 45 Técnico superior de administração
Administração (<5 anos)
Docência Língua estrangeira
Recepcionista M 48 Básica Administração ---- Gestão de escritório, arquivo manual do pessoal
Chefe de secção de gestão informática e arquivo manual (temporário)
M 25 Informática médio Informática ----
Técnica de estatística F 30 Estatística média Estatística ----- Precisa de actualização geral Servente F 55 analfabeta
PESSOAL EXTRA-QUADRO Estagiários M 26 Em formação: direito Estudante Não se aplica
M
28
Em formação: administração, nível médio
Estudante Não se aplica
Este quadro de pessoal não está regulamentado.
O quadro que se segue é uma análise realizada pelos responsáveis da DRHO no
MINSAP.
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Organização funcional da DRHO Funções Tarefas Responsável Participações Problemas Grau de
importância Tempo consumido pelo responsável
Funções estratégicas
Negociações com outros ministérios para questões salariais
DRHO DRS – participam a pedido da DRHO
Não há job description Falta de comunicação interna no MINSAP (viagens, formações, ...) Falta de coordenação – p.e. formaçãoes assumidas por outros responsáveis sem passar pela DRHO Falsas urgências i.e. falta de planeamento do trabalho,
Muito alto 50 % do tempo
Contactos regulares com DRS DRHO
Contactos regulares com instituições prestadoras de cuidados
DRHO
Contactos esporádicos com estruturas sindicais, incluindo participação em negociações com sindicatos
DRHO e RGRH
Planear as necessidades formação, incluindo cursos de promoção
RDP
Operacionalizar respostas às necessidades de formação incluindo cursos de promoção
RDP
Organizar recrutamento de acordo com PNDS
RGRH
Propostas de nomeação RGRH Propostas de colocação DRHO Propostas de promoção de carreira RGRH Mobilidade de pessoal (transferências, reformas)
RGRH
SIGRH Recenseamento Actualização dos dados
Técnico de informática
Directora e chefe de RDP
SIGRH, ainda não funcional Recolha e introdução de dados lenta
Muito alto 1 hora por dia
Recenseamento Actualização dos dados
SIP actual: arquivo manual, e ficha de recenseamento para recolha de dados a serem informatizados
Técnico de informática
Directora e chefe de RDP
Estruturas demoram meses para fornecer informações, em consequência há dificuldades de actualização rápida de informação
médio 50%
Gestão corrente Dar resposta aos assuntos correntes (levar assuntos a despacho superior, dar reposta a pedidos de esclarecimentos, responder a correspondência, dar resposta a pedidos esporádicos das chefias)
Todas as chefias
Directora Acumulação de tarefas Baixo 50 % do tempo
Os responsáveis fizeram também a seguinte avalição da situação patrimonial da DRHO.
Situação patrimonial da DRHO Designação Descrição Estado Melhoramentos
necessários observações carências
Instalações 4 gabinetes
bom Ar condicionado para uma das salas
Mais 1 gabinete
Computador desktop 4 bom Antivirus e software em português (3)
Software actualmente em chinês
Mais 2 PC
Computador portátil 1 ----- 1 para DRH 1 para deslocações
1 PC
Impressoras laser 2 bom Pressão sobre o que ja existe preto e branco
Mais 2
Impressoras a jacto de tinta
0 ---- --------------
Scanner 0 ---- 1 1 Fotocopiadoras 1 SHARP
AR5015 frágil preto e branco Mais 1
Outros equipamentos 1 Telefone 1 Datashow 1 quadro negro 1 armário espiral 1 viatura
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Neste momento a DRHO trabalha com dificuldades. O Departamento de Pessoal não
tem o SIGRH em operação e a gestão é feita de forma sem base informativa actualizada,
não havendo informação estatística sobre o pessoal, faltando um controlo dos efectivos
em termos de saídas e entradas; não se conseguindo congregar informação relativa ao
período de férias dos funcionários e relativamente às situações de doença prolongada e
outras licenças.
Observa-se uma falta de comunicação eficiente entre a DRHO e demais estruturas do
MINSAP.
Percebe-se uma necessidade premente de visitar as estruturas e capacita-las em normas
e procedimentos administrativo mas, carecemos de um programa e financiamento para
tal.
A Secção de Quadros e Carreiras, sector importante para motivação do pessoal está
paralisada, porque a legislação vigente em relação às carreiras (dos médicos, dos
enfermeiros e de pessoal de diagnóstico) aprovada e publicada no Boletim oficial nº 33
de 16 de Agosto/93 (decreto nº 38/93 de 16 de Agosto, decreto nº 39/93 de 16 de
Agosto e decreto nº 40/93 de 16 de Agosto, respectivamente) não vigora ainda a nível
da Função Pública.
A Secção de Formação não consegue congregar todas as formações do MINSA por falta
de informação, para minimamente organizar este sector internamente. As capacitações
são feitas de forma vertical, programa a programa. A DRHO não é informada e muito
menos participa na selecção dos profissionais para capacitações e/ou formações. A
consequência é a falta de subsídios na atribuição de encargos específicos.
Igualmente não coordena todas as viagens de formação ou seminários no estrangeiro,
consequentemente, não tem dados relativo a formações administradas tanto no
estrangeiro como internamente.
Poder-se-ia dizer que a Secção de Formação se encontra paralisado neste momento visto
que, não tem um Plano de Formação elaborado ou aprovado. Esta Secção não participa
na elaboração do curriculum e não acompanha os cursos ministrados pela ENS. Ou seja,
a competência da DRHO com relação a ENS não está balizada
A Secção responsável pelos cadastros individuais tem dificuldade em actualizar os
dados porque, não tem acesso às informações sobre as formações e mais acções de
capacitação, mobilidade de pessoal, casos disciplinares, entradas e saídas (licenças,
60
férias, aposentações, falecimentos, etc.) para actualização contínua dos dados, mas
também não dispõe de um técnico específico que possa assumir essas actividades. Os
próprios funcionários não cooperam no sentido de fornecer estes dados.
A DRHO depara-se com falta de pessoal. Necessita de momento de 1 Jurista e de 2
técnicos superiores com perfil de formação na área social (sociólogo, psicólogo). Neste
momento as Secções de Formação e Aperfeiçoamento Profissional e de Quadros e
Carreiras estão descobertas, sem um único elemento.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Tendo em conta a actual situação da DRHO identificam-se as seguintes intervenções
necessárias:
Formação do pessoal para assunção plena das suas funções, incluindo a
responsabilidade pela concepção, implementação e manutenção do SIP;
Job descriptions individuais;
Definição de objectivos de trabalho individuais;
Aquisição de equipamentos.
1. Parceiros da DRHO
SITUAÇÃO ACTUAL
São considerados parceiros da DRHO organizações ou instituições externas ao
MINSAP que participem e contribuam no processo de selecção e recrutamento do
pessoal, na melhoria do funcionamento dos serviços, em facilitar à população o acesso a
serviços de saúde e nos mecanismos de manter e reter o pessoal.
Serão discutidos os parceiros estatais, da sociedade civis e internacionais, apresentados
nos três quadros que se seguem.
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Parceiros estatais
Primatura É a instituição responsável pela autorização da nomeação e de licenças sem vencimento. Nota: A responsabilidade é da sua excelência sr primeiro-ministro. No MINSAP serviço colaborador e com competência de seguimento das referidas acções é a DRHO através do depto de pessoal e Gabinete da Ministra.
Ministério das finanças
Para nomeação de pessoal o Ministério das finanças desempenha um papel importante. É o Ministério das finanças, instituição responsável para cabimento de verba, ou seja que dá a garantia que o pessoal recrutado está incluído no
orçamento; É a instituição responsável pelo processamento de salários e outros subsídios (vela e risco) de acordo com as regras definidas pela função pública; É responsável pelo bloqueamento de salário, a partir da comunicação do MINSAP, DRHO, no caso de abandono de lugar e licenças sem
vencimento; É responsável pelo desbloqueamento de salário, a partir da comunicação do MINSA, DRHO, no caso de reintegração; É responsável pelo desbloqueamento do encargo com a saúde, alínea j) do artigo 65º do suplemento ao boletim oficial publicado no boletim oficial
nº 9 de 28 de Fevereiro de 1994 (…) “ Gozar de assistência medica e medicamentosa para si e para os familiares a seu cargo, nos termos da legislação;”
É responsável pelo processo de recuperação de salário por exercício perdido; É a instituição responsável pela emissão de certidão de contagem de tempo de serviço para aposentação; É a instituição responsável pela implementação de carreira; É possível uma negociação com ministério das finanças para aumento de salário, a margem do ministério da função pública.
Nota: No Ministério das finanças os serviços responsáveis para execução das acções acima mencionados são: Direcção Geral de Orçamento e liquidação e direcção de serviços administrativos, no caso de emissão de certidão de contagem de tempo de serviço para aposentação. No MINSAP serviço colaborador e com competência de seguimento das referidas acções é a DRHO através da repartição de gestão de recursos humanos. Importante sublinhar que durante as várias visitas de supervisão do BM para sector saúde percebeu-se uma ligeira demora por parte do Ministério das finanças em responder as correspondências do MINSAP relativo a pedido de cabimento de verbas.
Ministério da educação
Nos termos do nº 3 do artigo 28.º do decreto-lei n.º 2/2006 de 29 de Maio, a ENS com a excepção do componente faculdade de Medicina passou sob a tutela do Ministério da Saúde Pública. A faculdade de medicina está incorporada na universidade Amílcar Cabral (UAC). A DRHO através da repartição de desenvolvimento de recursos humanos – responsável pela formação e aperfeiçoamento profissional é responsável pelo seguimento das acções de formação relativa a cursos técnicos ou médios, com corroboração da repartição de gestão de pessoal, responsável pela vertente avaliação e desempenho factor, importante para proposta e selecção dos candidatos a formação.
Ministério da função pública e trabalho
É o ministério chave, no sentido de coordenar todos os funcionários públicos. É a instituição responsável pela elaboração e implementação das carreiras de regime geral e especial (exemplo: carreira dos profissionais de
saúde); É responsável pela publicação dos nomes dos funcionários nomeados no Boletim Oficial; Os processos de aposentação são encaminhados para a função pública para os devidos efeitos; É a instituição responsável para averiguação da legalidade dos processos de nomeação e seu encaminhamento para a Primatura e outros; É responsável directo pelo aumento de salário de todos os funcionários da função pública; É a instituição responsável pelo encaminhamento dos dossiers de pedido de licença sem vencimento para efeito de aprovação da sua excelência sr.
Primeiro-ministro; Nos termos do artigo 129º do decreto nº 12-A/94 de 28 de Fevereiro (EPAP) o inicio e termino das ferias disciplinar dos funcionários a gozar no
país ou estrangeiro devem ser obrigatoriamente comunicado a direcção geral da função publica, para efeito de registo nos processos individual dos mesmos;
Nos termos dos nºs 1 e 2 do artigo 161º do diploma acima mencionado a lista de antiguidade anual depois de ser aprovada pelo dirigente do serviço devem ser afixado no lugar apropriado de forma a facilitar a consulta pelos interessados. Findo isto uma cópia dessa lista deve ser remetida para direcção geral da função pública para o efeito do arquivo.
Nos termos do nº 2 do artigo 128º do mesmo diploma as guias de marcha de ferias emitido pelos serviços competentes carece de visto da direcção geral da função pública;
Nota: No Ministério da reforma administrativa, função pública e trabalho os serviços responsáveis para execução das acções acima mencionados são: Direcção Geral da função pública, secretaria estado da reforma administrativa. No MINSAP serviço colaborador e com competência de seguimento das referidas acções é a DRHO através de repartição de gestão de recursos humanos – responsável pela administração de pessoal com corroboração de repartição de desenvolvimento de RHS em termos de dados de formação que implica directamente nas carreiras. OBS: na prática o comprimento dos termos dos artigos acima mencionado não se verifica por parte do MINSAP e nem da parte do Ministério da reforma administrativa, função publica e trabalho.
Tribunal de contas
O tribunal de contas é responsável pela averiguação da legalidade dos processos de nomeação e visar. Dai o processo segue para o ministério das finanças para efeito de processamento de salário e pagamento; É responsável pela averiguação da legalidade dos contratos de termo certo como para os contratos administrativo de provimento e visar. Ou seja, o visto do presidente do tc certifica o estado “jurídico” da pessoal e da o aval para o pagamento através do ministério das finanças. Nota: O visto é da responsabilidade do sr. Presidente do Tribunal. No MINSAP serviço colaborador e com competência de seguimento é a DRHO através do depto de pessoal.
Secretaria de Estado da Reforma Administrativa
A secretaria de estado da reforma administra está sob tutela do ministério da reforma administrativa, função pública e trabalha. Foi criada recentemente para promover a reforma a nível da função pública. Conforme a circular conjunto do secretário de estado da função pública e trabalho e do secretário de estado do tesouro orçamento e assuntos fiscais, nº 02 de 21 de Fevereiro de 2005 “1.(…) vimos chamar atenção de v. Exc. Para o cumprimento rigoroso das disposições constantes no art. 9 da lei do OGE para o ano económico de 2005, cujo teor se transcreve: “ Ficam suspensas as admissões e promoções na função Dublin ate a aprovação das reformas da administração pública, em curso. Exceptuam-se do disposto do parágrafo, anterior as admissões de quadros superiores e pessoal técnicos dos sectores da saúde e da educação”. 2. Assim sendo, informamos a V. Exc. Que, qualquer que seja o tipo de vinculo a estabelecer com o recrutamento a fazer, quer seja em regime de contrato administrativo, os respectivos processo devem seguir a tramitação obrigatória, sob pena de não atribuição do respectivo salário.3. Em cumprimento do constante do número anterior, a partir do dia 1 de Março, os processos de admissão devem obedecer, rigorosamente, ao seguinte:
a) As propostas de admissão ou os contratos administrativos devem, em primeiros lugar, ser remetidos a Secretaria de Estado do Tesouro para efeitos de cabimento de verba;
b) Após o cabimento, serão remetidas a Secretaria do Estado da Função Pública para o efeito de parecer técnico do Director Geral da Função Publica, sobre a legalidade.
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c) A Função Pública, após o parecer técnicos fará subir a proposta para despacho de sua Excelência o Senhor Primeiro-ministro, no que concerne aos processos de afectação no quadro.
d) Só depois do despacho de S. Exc. O Senhor Primeiro-ministro e após visto de Tribunal de Contas e que o proposto pode iniciar as suas funções no departamento proponente;
e) Quanto aos contratados, após o parecer técnico do Directo Geral da Função Pública os contratos serão devolvidos ao departamento proponente, momento em que o contrato poderá ser admitido ao serviço.
4. Faz-se saber que o não cumprimento destas orientações implica a não pagamento dos salários dos eventuais admitidos a revelia destas normas. No entanto, fica estabelecido que as propostas e contratos, quer para o cabimento de verba, quer para o parecer técnico não pode exceder mais de 7
dias, nas Direcções Gerais de Orçamento da Função Pública, que esse prazo não seja excedido.”
Nos termos da circular conjunto do Ministro da reforma administrativa, função pública e trabalho e do secretário de estado do tesouro orçamento e assuntos fiscais, n.º 04/05 de 16 de Maio
“1. No âmbito do nosso programa de reforma da nossa Administração Publica impõem-se-nos um controlo “apertado” dos efectivos da nossa Função Publica. 2. Aliás foi esse a preocupação que nos levou a proceder o recenseamento de todos os efectivos nos Ministérios e Secretarias de Estado com efectivos civis e paramilitares. 3. Na esteira desse pensamento, o Ministério da Reforma Administrativa Função Publica e Trabalho e o Ministério das Finanças através da Secretaria de Estado de Tesouro, Orçamento e Assunto Fiscais decidem o seguinte:
a) A partir do próximo mês de Maio do ano em curso serão liquidados salários dos funcionários que efectivamente foram recenseados e cujos nomes constam nos bancos de dados, quer na Função Publica quer do Tesouro.
b) Suspender, a partir do Mes de Junho o pagamento do salário de todos os funcionários que atingiram o limite de idade para a aposentação, cujos processos deverão ser organizados pelos respectivos serviços a luz das disposições constantes do n 3 do Art. 2 Do Decreto n 13/87 (vide a nº circular nº 3/05 de 14/05/05.”
No MINSAP o serviço colaborador e com competência de seguimento das referidas acções é a DRHO através do Repartição de gestão de pessoal.
Parceiros da sociedade civil Ordem dos médicos Existe somente ordem dos médicos, que este momento poder-se-
ia dizer que funciona a meio vapor. Pensa-se que os profissionais médicos têm feito a sua inscrição na Ordem, mas estar inscrito ou não é inconsequente
Associação dos Enfermeiros e Parteiras e Sindicatos Existe um sindicato nacional dos quadros superiores (SINQUASS), um sindicato nacional dos enfermeiros e técnicos de saúde e afins (SINETESA) e uma associação nacional dos enfermeiros e parteiras da GB (ANEP-GB).
ONGS Missões e diversas outras
Os sindicatos por serem mais activos são parceiros directos do MINSAP. O papel do
sindicato é buscar caminhos, informar, comunicar, estar ao lado do povo, entrar na
Justiça para garantir direitos adquiridos e alcançar novas conquistas, celebrar a alegria e
o encontro e ser solidário na dor. O sindicato é administrado por filiados e filiadas
escolhidos pelo voto da categoria a cada eleição.
Não aceita contratos precários e exploração. Quer dignidade para todos os
trabalhadores, da activa, aposentados e pensionistas. O objectivo é que o trabalhador
tenha salário digno e boas condições de trabalho.
A diferença entre o sindicato e a associação é que o sindicato representa a categoria
como um todo, tanto judicialmente (na Justiça) quanto extra-judicialmente. Já a
associação representa apenas as pessoas que, de fato, são ligadas a ela, os associados. E
63
é só o sindicato, e não a associação, que tem o poder de fazer negociação colectiva,
discutir acordos, convenções e direito de greve.
Parceiros internacionais da DRHO Cooperação multilateral
Instituições como OMS, Banco Mundial, FNUAP, UNICEF, PNUD e BAD disponibilizam financiamento para a formação de base e contínua dos profissionais do sector público. Portanto, são parceiros de desenvolvimento contribuem para a qualificação e actualização dos conhecimentos e das práticas dos profissionais, assim como no fortalecimento dos meios de gestão (banco de dados dos recursos humanos) e nos projectos de reabilitação e construção das infra estruturas, o que significa contribuir para o desenvolvimento do país.
Cooperação bilateral
A Cooperação cubana da assistência técnica para a formação inicial dos médicos, no quadro da escola nacional da medicina que esta ligada a universidade. Cooperação francesa através o projecto do hospital de Mansoa financiou a assistência técnica que contribuiu no enquadramento da equipa de funcionários e contratados do hospital. A Cooperação chinesa contribuiu na formação contínua, e para o reforço de equipamento da DRH (computadores).
De um modo geral não existe nenhuma forma de concertação coordenada entre todos os
parceiros da DRHO.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Tendo em conta a complexidade da situação descrita, é essencial desenvolver
mecanismos de concertação entre a coordenação nacional da implementação do
PNDRHS e o seus diversos parceiros.
B. A função recursos humanos nos níveis regionais e
periféricos
SITUAÇÃO ACTUAL
As diferentes equipas de gestão foram normalizadas com o PNDS I.
64
EQUIPES DE GESTÃO DO SECTOR DA SAÚDE ORGÃO ESTRUTURA EQUIPE DE GESTÃO
DIRECÇÃO REGIONAL
Equipe regional - Director Regional - Director-Adjunto - Administrador
- Responsável pelas Grandes Endemias - Responsável pela Saúde Família - Responsável pelos Medicamentos. Essenciais - Director do Hospital Regional
Hospital Regional - Director - Director Clínico - Administrador - Auxiliar Administrativo
AREA SANITARIA Centro Saúde “A” - Director - Director-Adjunto
Centro Saúde “B” Urbano
- Responsável - Responsável-Adjunto - Auxiliar Administrativo
Centro Saúde “B” Rural
- Responsável - Responsável-Adjunto
Centro Saúde “C” Urbano
- Responsável - Responsável-Adjunto - Auxiliar Administrativo
Centro Saúde “C” Rural
- Responsável - Responsável-Adjunto
Centro Saúde “C” Bijagós
- Responsável - Responsável-Adjunto
COMUNIDADE Posto de Saúde* - Responsável Unidade Saúde de Base**
- Comité
Fonte: DRH/Ministério da Saúde, 2003. NOTA: *Gestão Publica; **Gestão Comunitária
A nível regional a Equipa Regional de Saúde (ERS) é constituída por 7 elementos,
dentre os quais 2 com formação em saúde publica e administração e um administrador
profissional.
O Director do hospital regional tem uma participação limitada na administração
regional.
Esta reorganização de 1997, previa uma descentralização, implicando um aumento da
carga e da qualidade de trabalho de administração, o que levou o MINSAP a considerar
importante a existência de um administrador profissional na região. Neste sentido, com
financiamento do Banco Mundial, o MINSAP formou, no Centro de Formação
Administrativa, administradores médios, entre 2002 e 2005, para ocuparem esta
primeira vaga de lugares. Contudo, o recrutamento deste elemento tem colocado
65
problemas, pois por um lado não é fácil contratar um bom administrador com o salário
da Função Pública, e por outro um salário superior pago somente ao administrador é
fonte de mal estar na equipa. Todas as regiões e hospitais regionais têm agora
administradores nos seus quadros, embora estas colocações não tenham resultado na
solução de alguns problemas frequentes, como o de desvios de recursos financeiros.
A função recursos humanos está pouco diferenciada na gestão e administração regional.
Está dispersa de uma forma não sistematizada por vários membros da ERS, embora com
uma concentração de responsabilidades a nível do director-adjunto regional, responsável
também pela articulação entre a DRS e a DRHO. Este responsável é um enfermeiro
geral que deveria ter formação em saúde pública (especialidade) e administração (curso
médio , o que nem sempre acontece
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
OBJECTIVOS E METAS
II. Sistema de informação do pessoal
SITUAÇÃO ACTUAL
Em 1997 efectuou-se a informatização dos dados referentes à gestão dos recursos
humanos com o software SIGHRS (Sistema de Informação e Gestão de Recursos
Humanos da Saúde), os dados relativos ao pagamento de salários sendo informatizados
no âmbito do PINSAC (Projecto de Informatização dos Salários e da Administração
Central). Todos os processos individuais foram conferidos (foi arquivada a fotocópia do
bilhete de identidade, dos diplomas, etc.) e actualizados com as informações sobre as
formações e com informações provenientes das regiões. Foram assim eliminados das
folhas de salários inúmeros trabalhadores fantasmas. No entanto, todo este esforço ficou
desperdiçado com a passagem do milénio devido ao bug do ano 2000 e ao
desaparecimento do hardware onde estava armazenada a informação.
Neste momento, está-se em fase de reinstalação de um novo SIGRH financiado na sua
primeira fase pelo PNUD e posteriormente pelo BM, Embaixada de República de
China, OMS Genebra, o Instituto de Medicina Social da Universidade de Estado do Rio
de Janeiro e Ministério da Saúde do Brasil. Diversas tentativas de instalação não deram
66
certo, devido, aparentemente a problemas de software, com perdas sucessivas de dados
entrados. Os campos definidos não foram também especificamente definidos para a
realidade guineense. Não é portanto possível ter uma informação estatística sobre
pessoal minimamente aceitável.
Um SIP tem como objectivo geral disponibilizar informação actualizada para gestão de
RHS. Mais especificamente, permitirá:
Agregar dados sobre pessoal de saúde nas diferentes regiões, níveis
administrativos, níveis de cuidados e instituições;
Localizar e quantificar o conjunto do pessoal da saúde nos diferentes
estabelecimentos públicos da saúde;
Conhecer e analisar a composição das categorias das diversas categorias
profissionais por nível de escolaridade (superior, médio, complementar e
elementar), nas diferentes instituições públicas da saúde;
Identificar a locação do pessoal nos diversos sectores (gestão, prestação de
cuidados, docência, apoio, etc.) de cada órgão e estabelecimento de saúde;
Levantar quantitativamente o conjunto de profissionais sem qualquer tipo de
formação específica, bem como aqueles que já possuem qualificação sem
adequado enquadramento;
Conhecer a composição por idade e sexo;
Levantar o quantitativo de especialidades por profissão, por órgão e por unidade;
Detectar a percentagem do pessoal afastado e licenciado;
Identificar, de forma mais adequada, a necessidade do pessoal nos diferentes
estabelecimentos de saúde; e
Servir de subsidio a planos de formação profissional de base e contínua;
Localizar e quantificar o conjunto do pessoal da saúde em formação
nacionalmente ou no estrangeiro.
Por conseguinte, as variáveis a serem incluídas na base de dados serão agrupadas em
três categorias, a saber:
Informações pessoais;
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Informações profissionais; e
Histórico profissional.
Esta informação está de momento a ser actualizada a través de um recenseamento de
todo o pessoal utilizando o seguinte formulário.
REPUBLICA DA GUINE BISSAU
MINISTERIO DA SAÚDE PUBLICA DIRECÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS E ORGANIZAÇÃO
INFORMAÇOES PESSOAIS
Nome:_________________________________________________________________ Sexo:
B.I Nº EstadoCivil:_________________
Pais de Nascimento:____________________________________________ Sector de Nasc.:________________________________________ Data Nascimento: / / Escolaridade:___________________________________________ Nome do Pai:____________________________________________ B.O.: de / / / Nome da Mae:___________________________________________ Endereço:________________________________________________ Telefone Residencial:__________________ ________________________________________________________ Comercial:___________________ Colocaçao Fax:________________________ Sector:____________________________ Celular:_______________________ Regiao:___________________________ Pais:_____________________________ E-Mail:______________________________ ____________________________________
INFORMAÇOES PROFISSIONAL Data de Formaçao: / / Outros Cursos Data Formação Hab. Profissional:___________________ Data 1º Emprego: / / Orgão Empreg.: Data de Admissao: / / situaçao funcional A activo X afastado Y cedido
Unidade de Trabalho: Tecnico Médio:
Tarefa: Area S.Pulbica ______ Area C.Hospitalar________ Tecnico Super.:
Auxiliar: Licenciatura:
Especialista:
Carga horaria: Mestrado
Devido à falha do SIGRHS, optou-se, de momento, por uma base de dados em Excell,
em desenvolvimento, com um conjunto limitado de variáveis - idade, sexo, antiguidade,
nível de formação (elementar, básico, médio, superior), categoria profissional (tem que
se padronizar uma classificação simples de digitalizar), especificação de colocação a
nível nacional ou regional (com nome da região), urbano-rural, nome da área sanitária,
nível de cuidados (primários, secundários, terciários ou administração), base
institucional (MINSAP, HN, CRN, outra instituição nacional, HR, CS tipo A, CS tipo B
urbano, CS tipo B rural, Centro de saúde tipo C urbano, Centro de Saúde tipo C rural,
posto de saúde, CMI), tipo de vínculo contratual, sector (público e outros).
O SIP integra também todo um espólio documental que inclui uma pasta por
funcionário, devidamente numerada com um código de registo do funcionário nas
finanças, contendo diplomas, certificados, cópias de documentos de identificação,
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contrato-tipo com o Ministério da Saúde (identificando o loca de colocação e a
categoria), licenças, correspondência, informação disciplinar, etc… É um arquivo bem
organizado mas pouco actualizado.
A responsabilidade pelo SIP está mal definida na actual conjuntura de administração a
todos os níveis.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
O SIP é um instrumento central para a gestão de RHS. As intervenções necessárias
colocam-se a três níveis.
A responsabilidade pelo SIP deveria ficar, em todos os seus aspectos entregue à secção
de gestão informática e arquivo manual da Repartição de Recursos Humanos da DRHO.
Um nível de intervenção, imediato e urgente, implica completar e limpar a base de
dados em Excell acima mencionada, a fim de poder obter estatísticas que permitam
conhecer minimamente a força de trabalho no sector da saúde na GB, identificar
necessidades imediatas e fazer previsões simples de saídas e evoluções de rácios que
sirvam de base para uma primeira estimativa de necessidades de formação a curto prazo.
Este trabalho pode e deve ser feito pelo actual pessoal da DRHO.
As estatísticas a produzir até fins de Setembro deverão:
Ser agregadas por: nível central-regional; por região (excluindo no SAB as
instituições de carácter nacional e de governação); por nível de cuidados e por tipo
de instituição de saúde;
Para cada nível de agregação apresentar:
distribuição percentual por sexo, distribuição por categorias profissionais,
comparar pirâmides etárias por sexo, comparar pirâmides de nível de
formação por sexo;
alguns rácios: enfermeiro por médico, total de profissionais de saúde por
cama hospitalar e unidade de saúde, enfermeiro por cama hospitalar e
unidade de saúde, médico por cama hospitalar e unidade de saúde, rácios
por 100 000 habitantes.
Projecções de saídas por diversas causas, estimativas da evolução da
população, estimativas das necessidades de produção para diversos
69
cenários (manter actuais rácios de profissionais por população, repor
rácios de antes da guerra civil e outros.
Um outro nível, implica a concepção de um SIP mais completo e complexo, que seja
adaptável aos vários níveis de gestão do SNS, desde o nível central ao institucional, e
que poderia ser feito com recurso a peritos nacionais ou estrangeiros em regime de
consultoria.
OBJECTIVOS E METAS
De imediato, responsabilizar a secção de gestão informática e arquivo manual da
Repartição de Recursos Humanos da DRHO pelo SIP em todas as suas facetas,
incluindo a sua actualização permanente.
Até fins de Setembro de 2007 a base de dados em Excell deverá estar completa e um
simples pacote de indicadores definido e analisado.
Durante 2008, uma das intervenções prioritárias, com apoio dos parceiros será o
investimento no desenvolvimento, implementação e manutenção de um SIP mais
definitivo.
III. Profissões da saúde
SITUAÇÃO ACTUAL
A realidade guineense reflecte-se num quadro de pessoal do Ministério da Saúde em
que se desconhece o número de categorias de trabalhadores, embora este seja
considerado elevado. Djicó (2005) aponta para 78 categorias.
Destas categorias, a maior parte têm menos de 10 profissionais cada; cerca de metade
têm menos de cinco profissionais; e cerca de um terço têm apenas um profissional.
Apenas 10 categorias têm mais de 20 profissionais (Djicó 2005).
As profissões da saúde com reconhecimento legal, através da legislação que define as
suas carreiras, incluem as parteiras, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica
(TDT) e médicos.
Como não existe na GB uma classificação nacional das profissões em geral ou da saúde
em particular, recomenda-se a análise da situação adaptando a classificação Portuguesa
à situação guineense com a seguir se sugere.
70
Grupos profissionais
Nível de formação
Carreiras Categorias aprovadas Especialidades existentes no país
Nº existente no país
1.Pessoal dirigente e chefias
Superior ou equiparado
Não se aplica, mas regulamentado pelo Dec …
Chefe de gabinete Não se aplica 1 Inspector Geral 1 Director Geral 1 Director regional Director regional adjunto Assessor Director de serviços Responsável de programas Chefe de repartição Chefe de secção
2. Médicos Superior Carreiras médicas, dispostas no Dec. Nº 38/93, de 16 de Agosto
Especialistas Cirurgião Geral 2 Pediatra 1 Gineco-Obstetricia 2 Urologista 2 Cirurgião Maxilo Facial
1
Estomatologista 2 Oftalmologista 1 Medicina interna 2 Psiquiatria 1 Cardiologia 1 Saúde pública
Clínicos gerais Clínico geral 8 3. Enfermagem Superior Carreira de Enfermagem,
disposta no Dec. Nº39/93, de 16 de Agosto
Não se aplica Médio Enfermeiro professor
Enfermeiro especialista Parteira Saúde pública Vertente hospitalar ()
Enfermeiro geral Enfermeiro monitor
Auxiliar Enfermeiro auxiliar 4. Parteiras Médio Carreira de Enfermagem,
disposta no Dec. Nº39/93, de 16 de Agosto
Parteira Auxiliar Parteira auxiliar
5. Técnicos de diagnóstico e terapêutica
Médio Carreira de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica, disposta no Dec. Nº 40/93, de 16 de Agosto
Disposto no BO Nº 33/93 Dietista Fisioterapia Ortopróteses Ortóptica Próteses dentárias Radiologia Análises Clínicas Saúde Pública; Farmácia. Anatomia Patológica, Citológica e Tanalógica
71
Grupos profissionais
Nível de formação
Carreiras Categorias aprovadas Especialidades existentes no país
Nº existente no país
6. Outro pessoal Técnico de Saúde
Superior Equiparado à carreira médica
Farmacêuticos Dentista Biofarmacêutico Psicologia clínica Entomologista médico Engenheiro sanitário Nutricionista
Médio Equiparado à carreira de enefermagem
Técnico de Estomatologia Farmácia Oftalmologista Radiologia Prótese Dentária Bandagem Fisioterapia Prótese Alimentos Química de Alimentos Anestesia Cirúrgicos Cistohistologia Esterilização Biomedicina Electromedicina Estatística de Saúde Higiene e Epidemiologia Optometria Transfusão Sanguínea Saúde Mental Laboratório
Auxiliar Laboratório Farmácia Radiologia Esterilização Instrumentos Cirúrgicos
Básico Não tem Socorrista 7. Outro Pessoal Técnico
Superior Equiparado à carreira médica
Biólogo Sociólogo Economista Contabilista Bioquímico Informático Químico Jurista Entomologia
Médio Equiparado à carreira de enfermagem
Assistência Social Entomologia Torneador Informático Contabilista Mecâncio Electricista
Auxiliar Estatística Entomologia Assistente Social
72
Grupos profissionais
Nível de formação
Carreiras Categorias aprovadas Especialidades existentes no país
Nº existente no país
9. Administrativo
Superior Administração Médio Contabilidade
Secretária Auxiliar Dactilografo
Administrativo Telefonista
10. Outro pessoal auxiliar
Auxiliar Servente Motorista Marinheiro Costureira Guarda Lavadeira cozinheiro
11. Outro pessoal
Existem ainda competências reconhecidas pelo ministério, mas que não dão grau de
especialista, como é o caso epidemiologia e gestão clínica. Estas precisam de ser
especificadas, e sistematizada a forma de as reconhecer e os benefícios que lhe estão
associados.
No quadro que se segue especificam-se algumas definições das categorias acima
indicadas. Estas encontram-se em documentos de trabalho mas não estão formalmente
adoptadas.
Nome da categoria Definição Nacional Medico de Clínica Geral Depois de completado o ciclo de ensino complementar, pelo menos 5 anos de Universidade. Têm
uma vasta gama de capacidades clínicas Médico Especialista Pelo menos 5 anos de Universidade e, dependendo do país. Tem uma vasta gama de capacidades
clínicas e especializada numa determinada área. Médico Pós Graduado Pelo menos 5 anos de Universidade e, dependendo do país. Tem uma vasta gama de capacidades
clínicas e possui mais 1 a 2 anos de formação pós básica numa determinada área. Técnico Superior Enfermagem Possui formação de base de 3 anos numa Escola de Enfermagem mais 2 anos numa escola de
Ensino Superior em enfermagem, no exterior. Têm todas as qualificações em enfermagem. Enfermeiro do Curso Geral Também designadas enfermeiro, a formação é de 3 anos e, obtêm uma certificação e um diploma.
Podem realizar procedimentos médicos simples e complexos e normalmente trabalham sob a supervisão de um médico
Enfermeiro Geral Especialista Também designadas enfermeiro, a formação é de 3 anos e, obtêm uma certificação e um diploma. Podem realizar procedimentos médicos simples e complexos. Possui mais uma formação especializada de 2 anos, numa determinada área
Enfermeiro Geral Pós Graduado
Possuem uma formação de base de 3 anos numa escola de Enfermagem mais pós graduação numa determinada área
Enfermeiro Auxiliar Designadas Enfermeiro auxiliar. Possuem formação secundária e mais 2 anos de formação numa escola de enfermagem e formalizada com estágios. Possuem as qualificações básicas em enfermagem, não possuem formação que permita tomadas de decisão na área
Parteira geral Possuem uma formação de 3 anos e, posteriormente, obtêm uma certificação e um diploma. Possuem as capacidades normais como parteiras
Parteira especialista Possuem uma formação de 3 anos e, posteriormente, obtêm uma certificação e um diploma. Possuem as capacidades normais como parteiras mais especialização numa outra área
Parteira Auxiliar Possuem alguma formação numa escola secundaria, mais 2 anos numa escola de enfermagem, formalizada com estágios. Possuem qualificações básicas como parteiras
Matronas (não remunerados) Possuem, nomeadamente, a formação prática e às vezes formalizada com estágios Estomatologista Pelo menos 5 anos de formação universitária que leva ao grau de dentista. Possuem todas as
qualificações como dentistas Técnico de Estomatologia Depois de completado o ciclo complementar, pelo menos 2, 3 anos numa escola de formação com
certificação não equivalente a um grau universitário (Escola pós secundaria). Possuem qualificações básicas
Técnico de Prótese Dentário Também chamado técnico de prótese. A formação é entre 2, 3 anos numa escola de formação com certificação não equivalente a um grau universitário
73
Nome da categoria Definição Nacional
Auxiliar de Estomatologia Depopis de completado o quinto ano do liceu (nona classe), cerca de 2, 3 anos numa escola secundária de formação. Pode incluir um período de formação em exercício e as vezes formalizada com estágio. Possuem qualificações básicas
Farmacêutico Pelo menos 5 anos de universidade, e poderá, posteriormente, obter um grau de Farmacêutico. Qualificação plena como Farmacêutico
Técnico de Farmácia Possuem entre os 2, 3 anos com certificação não equivalente a um grau universitária (Escola pós secundaria). Qualificações comuns na área farmacêutica
Auxiliar de farmácia Possuem cerca de 2, 3 anos numa escola de formação em enfermagem mais um ano de formação. formalizada com estágio. Qualificações básicas na área Farmacêutica
Técnico de Fisioterapia Possuem entre 2, 3 anos numa escola de fisioterapia com certificação não equivalente a grau universitário (Escol a pós secundário). Qualificações normais em fisioterapia
Técnico de Laboratório Possuem entre 2, 3 anos de formação numa escola de profissional de laboratório com certificação não equivalente a grau universitária (escola pós secundário). Qualificações normais em procedimentos laboratoriais
Auxiliar de Laboratório Possuem cerca de 2 anos numa escola Técnica de Saúde. Pode incluir um período de formação em exercício formalizada com estágios. Procedimentos laboratoriais básicos
Técnico de Radiografia Entre 2, 3 anos de formação numa escola de radiografia com certificação não equivalente a grau universitário (Escola pós secundaria). Qualificações normais em radiografia.
Epidemiologista com PhD Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente. Mais PhD (Técnico Superior) Epidemiologista e Engenheiro Sanitário
Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente. Todos os profissionais da saude envolvidos na prestação de serviços sociais a comunidade com vista a melhorar o ambiente e, por conseguinte, na promoção da saude com elevado grau de qualificação
Técnico de Higiene e Saneamento
Entre 2, 3 anos de formação. Inclui todos os envolvidos na saude na saude ambiental
Nutricionista, Pelo menos 4 a 5 anos numa universidade ou equivalente. Todos os profissionais da saude envolvidos em ciências da nutrição
Assistente Social, Pelo menos 4 a 5 anos numa universidade ou equivalente. Biólogo Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente, com elevado grau de qualificação em
Biologia Psicólogo Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente, com elevado grau de qualificação em
Ciências Psicológicas Bioquímico Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente, com elevado grau de qualificação em
Bioquímica Químico Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente, com elevado grau de qualificação em
Química Optometrista, Técnico Social, Técnico de Anatomo Patológico,
Entre 2, a 3 anos numa escola na área da saude
Contabilista, Economistas Pelo menos 5 anos numa universidade ou equivalente Técnicos em Estatística, Engenharia, Economia
Possuem um grau profissionalizante
Secretárias, Técnico de Manutenção condutores,
Possuem um grau de formação média (2 anos) ou inferior.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Para facilitar o entendimento e racionalizar a gestão propõe-se a normalização da
classificação acima apresentada, separando claramente o conceito de profissões do
conceito de carreiras existentes nas estruturas do MINSAP. Para tal propõe-se a que a
DRHO consensualize tal classificação com o Instituto Nacional de Estatística, com as
ordens e associações profissionais e sindicais e com os demais órgão do governo para
tal relevantes a fim de ser submetido a aprovação do Conselho de Ministros até fins de
2008.
É de considerar a possibilidade de introduzir novas profissões de saúde, como as que já
existem noutros países africanos. De entre as novas profissões, seria possível conceber
74
uma quadro de técnicos médios de cirurgia a trabalhar sob supervisão médica nos
hospitais regionais, como é a situação em Moçambique.
A DRHO deveria, no novo PNDS, dar uma indicação das profissões consideradas
prioritárias em termos de governação, administração e gestão e prestação de serviços.
Estas indicações seriam orientadoras da estratégia de recrutamento para a saúde e para
decisões sobre prioridades de formação a todos os níveis. Estas deveriam ser dadas a
conhecer aos Ministérios com protagonismo na educação de profissionais de saúde para
evitar o desfasamento que agora se verifica entre a educação, negócios estrangeiros e
saúde.
IV. Carreiras existentes nas estruturas do MINSAP
SITUAÇÃO ACTUAL
As carreiras para os profissionais do sistema de saúde da GB, como consta do Boletim
Oficial - BO no 33/93, foram definidas e publicadas em Agosto de 1993, mas até à data
este carece de regulamentação que possibilite a sua implementação. As carreiras já
existentes são as Carreiras médicas, dispostas no Dec. Nº 38/93, de 16 de Agosto; a
Carreira de Enfermagem, disposta no Dec. Nº39/93, de 16 de Agosto; e a Carreira de
Técnico de Diagnóstico e Terapêutica, disposta no Dec. Nº 40/93, de 16 de Agosto.
Mais uma vez carecem de regulamentação e mesmo actualização. Esta situação deixa
indefinida muitas profissões específicas da saúde que se deveriam reger então pelo
regime geral da função pública.
A situação de técnicos de saúde a exercer docência na ENS, é contemplada nas carreiras
através do reconhecimento de dois graus de carreira que se lhe aplicam – enfermeiro
professor e enfermeiro monitor.
Este estado reflecte-se na percepção que os técnicos têm das suas carreiras. No Inquérito
de Djicó (2005) somente 52,7% dos técnicos sabiam caracterizar a sua carreira
profissional.
A. Progressão e promoção nas carreiras
No caso dos médicos, enfermeiras gerais, parteiras, enfermeira auxiliares e parteiras
auxiliares de acordo com o nº 6 do DL38/93 de 16 de Agosto, a mudança de escalão
remuneratório em cada categoria depende da permanência de 3 anos de bom e efectivo
75
serviço no escalão imediatamente anterior e das condições económicas e financeiras do
país.
No caso de TDT a progressão só é possível após 5 anos de bom e efectivo serviço no
escalão imediatamente anterior.
Por mérito ou por aquisição de novas competências (DL 12-A/94 de 28 Fevereiro,
artigo 85 no3) é possível encurtar em um ano o tempo necessário para progressão na
carreira.
De realçar que, embora não tenha sido decidido superiormente, com excepção do que
aconteceu recentemente com a Lei de Orçamento Geral de Estado de 2005, há muito,
para cima de 15 anos, que, por razões orçamentais, as promoções nas carreiras estão
congeladas. Se tal fosse possível, as promoções são por concurso aberto pelo Ministro
da Função Pública sob proposta do Ministro da Saúde. Não existindo quadro de pessoal
a gestão de um processo de promoções seria dificil
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A situação das carreiras dos profissionais de saúde, mais do que regulamentação,
precisa de ser revista em conjunto com as associações profissionais e sindicatos em
articulação com questões de criação de um quadro de pessoal e com as questões
salariais.
Deve também ser considerada a situação particular do pessoal da ENS, contemplando-se
a possibilidade de criação de carreiras especiais que valorizem a docência e a ENS.
V. Produção de RHS e desenvolvimento profissional contínuo
Na GB recursos humanos das profissões específicas da saúde são produzidos nas
seguintes instituições:
1. Universidade Amílcar Cabral com uma Faculdade de Medicina Raul Diaz Arguellez
(desde 1986) apoiada pela cooperação cubana e com uma licenciatura em
enfermagem;
2. Escola Nacional de Saúde que, desde 1999, integra a Escola Técnica dos Quadros da
Saúde Dr Fernando Cabral, que forma técnicos médios para o MINSAP, e que é
também responsável por formações pós-graduadas e por cursos de desenvolvimento
profissional contínuo.
76
Não partindo de uma planificação adequada das necessidades, a acção formativa destas
instituições foi sendo arrastada, por um lado, pela necessidade de preenchimento de
lugares e, por outro lado, por razões de ordem política, pela reciclagem dos antigos
socorristas que participaram na luta de libertação nacional. Tendo estas duas
determinantes privilegiado a quantidade em detrimento da qualidade, a resultante foi a
formação de um grande número de auxiliares com baixo grau de escolaridade o, que
tem prejudicado a qualidade da oferta dos serviços prestados aos utentes, e resultou em
expectativas de promoção de todos estes quadros de forma a integrá-los de uma forma
produtiva nas estruturas do SNS, expectativas essa que não têm encontrado capacidade
de reposta no MINSAP e na ENS..
Esta situação está, já desde 1990, a sofrer uma tentativa de correcção, através da
interrupção da formação de auxiliares e do empenhamento dos recursos da ENS na
promoção (requalificação) dos profissionais auxiliares (ou seja de nível elementar) para
técnicos (profissionais) generalistas, ou seja, de nível médio, e na interrupção da
formação de parteiras, fortalecendo esta componente de formação no curso geral de
enfermagem.
Por outro lado, ENS tem tido um trajecto complexo em termos de Ministérios de Tutela
(inicialmente MINSAP, a partir de 1999 Ministério da Educação, passando a integrar a
Universidade Amílcar Cabral e, desde Agosto de 2005 reintegrando novamente o
MINSAP, havendo a intenção que venha a ser um dos elementos estruturantes do
Instituto Nacional de Saúde em instalação. Também é complexo o facto de que muitas
destas alterações aconteceram sem consulta ou envolvimento ou sem dar conhecimento
aos responsáveis pela ENS das alterações. Igualmente complexo é o facto de, enquanto
na universidade, a ENS integrar uma componente de formação média, que nunca foi
assumida pela universidade, e de formação superior, a licenciatura em medicina que
interrompeu as suas actividades entre 1998. só se reiniciando em 2005, por falta de
professores e de meios financeiros para contratação de professores Cubanos que
asseguravam o funcionamento do mesmo.
A demanda crescente da qualidade de prestação de cuidados às populações exige entre
outras condições, a formação qualificada dos profissionais de enfermagem.
A. ENS
SITUAÇÃO ACTUAL
77
Como as acções de formação se faziam em diferentes locais, com abordagens diferentes
e, de forma descoordenada, o que não contribuía para a utilização eficiente dos recursos
docentes, já por si escassos, observando-se falta de comunicação e de troca de
experiência entre as diferentes organizações, concebida em Janeiro 1994, e criada em
1999 a ENS, a fim de congregar todos os aspectos de formação do MINSAP desde a
formação de base (ETQS e ESM) e a formação continua por forma de não só melhorar a
eficiência e eficácia das acções de formação assim como ir proporcionando as condições
para a existência de um corpo de docentes nacional bem coordenado e coerente com as
necessidades de formação do sistema nacional de saúde.
A “ETQS” Dr. Fernando Cabral criada em 1974 (DL …) foi então convertida em ENS
em 1999 (DL…) com as seguintes finalidades e objectivos:
Formar profissionais que actuam na área de saúde, com vista a constante melhoria
das qualidades dos cuidados de saúde prestada a população;
Realizar estudos e promover as acções que visem o aperfeiçoamento dos técnicos;
Desenvolver projectos de pesquisa por sua iniciativa ou integrada em projectos ou
programas nacionais ou estrangeiras;
Formar enfermeiros e outros técnicos de saúde com competências necessárias para
preservar, promover a saúde e bem-estar da população através da formação humana
e cientifica indispensável para a correcta aplicação dos conhecimentos adquiridos.
Existe uma direcção, uma coordenação pedagógica, um conselho disciplinar e um
conselho de professores. Os alunos não estão representados em nenhum destes órgãos.
Na ENS ministram-se os seguintes cursos:
Curso geral de enfermagem – teve início em 1974;
Curso de parteira geral – teve início em 1992 e teve a sua última saída em 2005,
sendo agora uma especialização de enfermagem;
Curso de técnicos de laboratório – só abriu em 1996 e em 2006;
Curso de técnicos de farmácia – só abriu em 1996;
Curso de técnicos de saneamento do meio ambiente – só houve um em 1996, mas
não foi completado;
Curso de técnico social – só houve em 1974;
78
Curso auxiliar de enfermagem – teve início em 1974;
Curso de auxiliares de laboratório – teve início em 1979.
Não existe um plano anual de actividades.
Actualmente (2007) estão a decorrer 3 turmas do segundo semestre do 1º ano e uma
turma no segund0o semestre do segundo mano do curso de enfermagem geral e um de
técnicos de laboratório no seu segundo ano de formação.
A admissão a formação dos enfermeiros gerais, parteiras gerais, técnicos de laboratório
e de reconversão profissional, exige como perfil de entrada a 11ª classe, seguido da
prova de admissão.
Os programas curriculares para qualquer uma das categorias, tem a duração de 3 anos.
A produção de profissionais auxiliares está suspensa desde 1989, ano em que houve a
última saída. O perfil de entrada era inicialmente de 4ª e depois de 6ª classe.
O quadro a seguir demonstra a produção desta instituição.
Para a realização de muitas das formações, a ENS recorre a parceiras com instituições
externas.
79
Produção (saídas) da ENS/ETQS desde sua fundação Cursos 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 198
6 1987
1988
1989 1990
1991
1992
1993
1994
1995 1996
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Enfermagem Geral
- - 27 15 15 20 27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Auxiliar de Enfermagem
18 14 16 18 17 25 24 42 46 60 141 165 34 14 36 - - - - - - - - - - - - - - -
Promoção Aux.
Enfermagem
- - - - - - - - - - - - - - - - 24 27 15 - 18 50 - - - - - - - -
Parteira Geral
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - 14 - - - - 49
Auxiliar de Parteira
- - - - - - - - 24 17 14 20 24 13 25 14 - - - - - - - - - - - - - -
Promoção Aux. Parteira
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 22 30 - - - - - - - -
Auxiliar de Laboratório
- - - - - - 10 10 13 15 12 12 12 16 16 - - - - - - - - - - - - - - -
Promoção Aux.
Laboratório
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20 - - - - - - -
Saneamento - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Farmácia - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Para alem destas atribuições,
De acordo com as necessidades identificadas pelo MINSAP, a ENS deveria promover
cursos de formação contínua e de reciclagem de curta duração destinada a
profissionais que já actuam na área de saúde e possuem formação básica, o que não
tem acontecido;
A ENS deveria ministrar cursos de especialização de enfermagem, de acordo com as
necessidades do país, tendo presentes os condicionamentos e técnicos existentes, o
que não tem acontecido;
A ENS deveria também leccionar outros cursos ligados à área da saúde de acordo
com as necessidades do país, mediante proposta do MINSAP, mas tal nunca
aconteceu.
A ENS é sustentada por 10 professores do quadro, cinco deles com licenciatura e um com
doutoramento, três monitores, uma dactilógrafa (e ainda um motorista que é extra quadro
e pago directamente pelos docentes para os apoiar). Os professores não têm uma carreira
e não beneficiam de subsídios ou incentivos. O OGE contempla exclusivamente os
salários dos docentes, não contemplando verbas de funcionamento. Tem beneficiado de
apoio de doadores multilaterais de ONG internacionais que lhe são atribuídos
directamente ou em conta própria ou através do MINSAP.
Os alunos não têm pago propinas, mas os cursos a decorrer pagam 10 000 francos CFA
por mês.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A situação da ENS, do seu funcionamento e do seu futuro deveria ser objecto de uma
avaliação profunda, que conduzisse a mudanças que resultassem numa unidade
pedagógica do MINSAP mais dinâmica e com maior capacidade de resposta às
necessidade do SNS. A situação do seu quadro de pessoal e seus benefícios deveriam ser
repensados. O MINSAP precisa de incluir nos seus planos de carreiras, carreiras para
pessoal docente.
81
OBJECTIVOS E METAS
Conduzir durante o ano de 2008 uma avaliação da situação da ENS, em regime de
consultoria, se necessário.
B. Faculdade de Medicina
SITUAÇÃO ACTUAL
A sede da Faculdade de Medicina está localizada num edifício construído pelo MINSAP
em 1986 ao lado do HNSM.
Antes de entrarem num curso universitário todos os candidatos têm de fazer um 12º ano
que é leccionado na UAC em Bissau. Se obtiverem média de 15 ou superior, se tiverem
menos de 25 anos e se não tiverem incapacidades que interfiram com a prática da
medicina podem então candidatar-se à licenciatura em medicina (se tiverem nota inferior
a 15 serão aceites em enfermagem!).
Actualmente (Agosto de 2007) foi completado o 1º ano do ano da licenciatura em
medicina. Este coorte de alunos foi seleccionado sem o controlo dos docentes cubanos e
entraram alunos com médias inferiores a 15. Dos 97 alunos admitidos no 1º ano, 93
transitaram para o segundo ano.
Um novo coorte de cerca de 32 alunos foi seleccionado para integrar um segundo coorte.
Ainda não existem critérios regionais para selecção dos candidatos, mas estão a ser
pensados.
Existem 35 professores cubanos e 2 guineenses. Os professores funcionam em grupos de
3, todos especialista em medicina geral e familiar, colocados por dois anos em regiões
que constituem mini-faculdades (com 21 alunos em Gabu, 19 em Bafatá, 10 em Mansoa,
7 em Bissorá, 12 em Bula, 30 em Bissau, 9 em S Domingos e 13 em Quinhamel). Ao fim
de dois anos voltam a Cuba e são substituídos por professores mais preparados para
acompanhar as matérias que o coorte tem que aprender à medida que vai avançando de
ano lectivo. Em Bissau estão colocados 7 professores, alguns especialistas, associados ao
HNSM. Os alunos estão colocados nestes locais por toda a duração da licenciatura.
82
As aulas teóricas estão gravadas em vídeo ou CD. O ensino é em 3 ciclos: básico com
dois anos, pré-clínico com 1 ano, clínico com 3 anos. Todos os anos têm inglês. Todos os
anos têm contacto com pacientes. As matérias leccionadas no 1 ano incluem bioquímica,
histologia, anatomia, informática, fisiologia, embriologia, anatomia patológica. No 2º ano
anatomia, fisiologia, histologia, embriologia, agentes biológicos, farmacologia, psicologia
e introdução à clínica. No 3º ano têm propedêutica, psicologia, imagiologia, e
farmacologia. No 4º medicina interna, pediatria, obstetrícia, medicina geral e familiar. No
5º ano são leccionadas psiquiatria e as disciplinas cirúrgicas. O 6º é um ano de internato.
Os docentes cubanos recebem um salário mensal de 2,5 milhões de francos CFA do OGE
do Estado guineense. Não há propinas. Não existem também bolsas de estudo. O fundo
alimentar mundial dá 30 kg de arroz por trimestre a cada aluno, óleo e outros bens de
primeira necessidade.
Existe falta de equipamentos informáticos e de uma viatura. Em 2006 a faculdade
recebeu do PNUD 30 computadores, impressoras mobiliários e materiais. Em 2007 da
mesma fonte, receberam 20 computadores, um jipe Toyota e duas motorizadas.
Existe um decano (director), um secretário docente, um conselho científico que reúne
uma vez por mês e reuniões de professores duas vezes por mês para preparar testes e
rever matérias e dificuldades de ensino com os docentes.
Anteriormente, entre 1986 e 1997 a Faculdade formou 74 médicos, a maioria dos
médicos actualmente na GB.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Esta experiência é uma experiência inovadora que merece acompanhamento e avaliação,
não só pelo que promete à GB, médicos adequados às realidades locais, mas também
pelas possibilidades que representa de formação de médicos, para pequenos países de
baixos recursos, que não podem apostar numa formação médica mais clássica.
83
OBJECTIVOS E METAS
Garantir um acompanhamento desta experiência para validar a sua relevância para
pequenos países africanos e situações de formação de médicos em situações de escassez
de recursos. A OMS-Afro poderia assumir essa responsabilidade.
C. Faculdade de enfermagem
D. Formação no exterior
A formação no exterior é uma situação de grande preocupação para os dirigentes do
MINSAP, visto ser uma grande fonte de fuga de quadros superiores e médios, que fazem
falta ao país.
SITUAÇÃO ACTUAL
A formação de base no exterior efectua-se através do Ministério da Educação sem
coordenação com o MINSAP, enquanto que as pós-graduações no exterior são da
iniciativa do MINSAP e do Ministério da Educação, sem coordenação entre ambos …
Como se faz no MINSAP, estatísticas de enviados e retornados desde a independências
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
As pós-graduações no exterior deveriam ser planeadas no contexto das necessidades e
mecanismos de formação contínua dos profissionais de saúde.
E. Formação contínua
SITUAÇÃO ACTUAL
A execução da educação contínua é da responsabilidade da ENS de acordo com um plano
de formação que deveria ser produzido pela Repartição de Formação da DRHO do
MINSAP. Até hoje, tal plano nunca foi feito. Na prática pode-se dizer que a DRHO não
assumiu a sua responsabilidade por garantir uma formação contínua planificada. Tal
resulta do desconhecimento sobre a força de trabalho da saúde, da confusão sobre
categorias profissionais, progressão nas carreiras, skill mix, a não avaliação do
84
desempenho e da situação altamente centralizadora de uma DRHO que, sem um melhor
conhecimento da realidade à periferia, não pode planear por que não conhece as
necessidades de formação.
A realidade é a de os diferentes programas verticais e serviços realizarem actividades
formativas próprias, sem a coordenação da DRHO e sem o envolvimento da ENS.
O inquérito de Djicó (2005) sugere que 62,6% dos técnicos têm conhecimento técnico
para exercer suas funções e que utilizam conhecimentos e instrumentos básicos
adquiridos no processo de formação. Afirmam também que têm utilizado manuais e
planos de procedimento que lhes servem de orientação. Por outro lado, quase a totalidade
dos técnicos (89%) afirma ter usufruído de alguma formação complementar adquirida
através de seminários e de cursos de especialização e de curta duração. No entanto,
apesar da maioria ter respondido positivamente, uma parte significativa dos técnicos, ou
seja, 49,5%, reclamam por uma educação continuada, entendendo que a falta da mesma é
consequência da inexistência de uma política de formação que garanta uma evolução
consistente do profissional. As modalidades de formação preferida pelos entrevistados
seriam: a) formação em serviço; b) cursos de curta duração e; c) seminários dirigidos por
colegas treinados. Já para os executivos e gestores do SNS, questionados sobre como se
têm apropriado de conhecimentos úteis para o desempenho de suas actividades, 74,1%
acreditam que têm um alto grau de conhecimento das suas funções, ou por informações
recebidas na ENS ou por termos de referência (carta de missão) bem elaborados. Para
eles, o aspecto da educação continuada e do aprimoramento de conhecimentos e de
instrumentos que ajudem na operacionalização das políticas é um axioma indispensável
na consecução dos objectivos para o desenvolvimento dos RHS no sector da saúde
guineense.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A situação não pode melhorar a não ser através de uma concertação entre a DRHO, as
DRS, os responsáveis pela ENS, os responsáveis pelos programas e as entidades
doadoras.
Em meados de cada ano, deveria ser realizado uma oficina de trabalho anual de
planeamento das necessidades de formação contínua, dando origem a um plano de
85
formação contínua para o ano seguinte. Este plano detalharia necessidades de
competência, onde, para que profissionais, indicando as respostas de formação no ano
seguinte, devidamente calendarizadas e orçamentadas.
Este planeamento deveria incluir o planeamento das pós-graduações necessárias.
OBJECTIVOS E METAS
Ainda neste segundo semestre de 2007 deveria ser realizada uma primeira oficina de
trabalho sobre formação contínua, conducente ao plano para 2007.
VI. Recrutamento
SITUAÇÃO ACTUAL
O recrutamento está congelado no funcionalismo público sendo a saúde uma excepção.
No quadro que se segue descreve-se sumariamente como deveria ser feito o recrutamento
de pessoal para o MINSAP e como esse processo ocorre na prática.
Como deveria ser feito (DL 12ª/94 de 28 de Fevereiro)
Como é feito
Manifestação da necessidade de recrutamento - abertura de vagas
Devido às carências grandes e à limitada oferta não há concursos, fazendo-se recrutamento automático de toda a produção e de todas as entradas no mercado de trabalho com qualificações superiores ou médias.
Despacho de abertura do concurso que deve também nomear o júri pelo ministro da função pública sob recomendação do ministro da saúde Definição do perfil de competências Publicação no boletim oficial Se houver vantagem poder-se-á publicar num órgão de comunicação de expansão nacional (obrigatório para concursos externos - categorias de ingresso) Triagem das candidaturas Entrevistas e/ou testes Recomendação Decisão e homologação da acta pelo ministro no prazo de 10 dias Publicado em boletim oficial num prazo de quinze dias 10 dias de contestação dos resultados dos concursos. Se houver recurso o ministro tem 15 dias para decidir Início do processo de contratação
86
A abertura de concurso só é necessária para alguns tipos de contrato.
O facto de não se fazerem concursos, leva à não realização de muitos passos que lhe estão
associados e que são importantes para garantir uma colocação racional do pessoal e
garantir o skill mix adequado. Leva também a uma grande falta de transparência sobre as
razões para colocação. Impede igualmente que pessoas já no quadro do ministério
concorram a posições que lhes pareçam mais vantajosas e que são atribuídas a jovens
acabados de formar.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A principal intervenção necessária no âmbito dos recrutamentos para o MINSAP passa
pela reposição da legalidade, regulamentar a legislação vigente e aderir ao regulamento.
OBJECTIVOS E METAS
Todos os recrutamentos com carácter definitivo deveriam ser congelados até serem
definidos os regulamentos necessários. Tal deveria acontecer até Dezembro de 2008.
VII. Contratação
SITUAÇÃO ACTUAL
De acordo com a legislação actual (DL 12 A/92 de 28 de Fevereiro) as possibilidades de
contratar pessoal para o MINSAP e suas instituições estão reflectidas no quadro que se
segue.
87
Tipos de contratos Comentários Distribuição do pessoal por cada categoria contratual
Nomeação definitiva, precedida por período probatório (nomeação provisória) de 1 (com formação superior) ou 2 anos (para outras categorias)
Funcionário público, i.e. do quadro permanente
Nomeação em comissão de serviço Só para cargos dirigentes que são funcionários públicos Nomeação em comissão de serviço extraordinária
Para funcionários públicos que são recrutados fora do seu quadro de origem; depois do período probatório assumem a nomeação definitiva
Contrato de gestão Só para cargos dirigentes de pessoas estranhas ao funcionalismo público
Contrato administrativo de provimento
Agente administrativo, contrato de 2 anos renovável por igual período. Processo de selecção sumário.
Contratos a termo certo Refere-se a profissional contratado por “termo certo” (contrato por máximo de um ano, excepto os que se relacionam com projectos internacionais, em que pode ter a duração do projecto). Atingido o prazo máximo tem que haver um intervalo de 6 meses antes de se poder recontratar o mesmo individuo. Processo de selecção sumário, utilizado para actividades sazonais, substituição temporária de funcionários ou agentes, desenvolvimento de projectos não inseridos nas actividades normais do serviço ou aumento excepcional e temporário da actividade do serviço
Todos os contratos são a tempo completo e não exigem exclusividade.
Existe ainda a possibilidade de, através de fundos próprios, obtidos através de
mecanismos de recuperação de custos, obter a colaboração de certas categorias de pessoal
que já foram extintas, como pessoal menor. O quadro jurídico desta situação é pouco
claro.
Não se conhece a actual situação contratual da força de trabalho do sector da saúde.
Verificam-se também atrasos de largos meses desde que se inicia o processo de
contratação e o momento em que se verifica a possibilidade de pagar o primeiro salário.
Tendo como consequência, que os funcionários são colocados, começam a trabalhar no
seu local de colocação, mas só receberão salários, com retroactividade à data de
apresentação no local de colocação, por períodos que podem ir de 6 a 12 meses. As
razões têm a ver com falta de previsão orçamental, atrasos na informação do Ministério
das Finanças sobre cabimento de verbas, atrasos na Direcção Geral da Função Pública em
88
relação à informação quanto à legalidade da nomeação, atrasos na Primatura, associados
com a instabilidade política e atrasos no Tribunal de Contas no visto final
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Em termos de intervenções necessárias elas referem-se à falta de enquadramento jurídico
das colaborações obtidas através de receitas próprias, à necessidade de se conhecer a
situação contratual do pessoal do SNS e estudar mecanismos para reduzir o período que
vai desde a colocação depois da contratação ao recebimento do primeiro salário.
O esclarecimento da primeira situação implica um âmbito de enquadramento jurídico
mais alargado, necessitando clarificação das situações possíveis de recuperação de custos
e quais as possíveis utilizações desses fundos.
Deveriam ser consideradas possibilidades de contratação a tempo parcial, Em casos de
contratação a tempo inteiro deveria ser considerada a possibilidade de recompensar
financeiramente a exclusividade para certos cargos.
O conhecimento da situação contratual do pessoal de saúde passa pela revisão do Sistema
de Informação do Pessoal.
OBJECTIVOS E METAS
Até Junho de 2009, deveria ser estudada a possibilidade de alterações no quadro de
modalidades contratuais e feitas recomendações sobre as acções a realizar para a sua
concretização.
As questões relacionadas com utilização dos fundos resultantes da recuperação de custos
e com o SIP são abordadas em secções anteriores.
VIII. Colocação, skill-mix e distribuição do pessoal
Nesta secção revê-se o processo de colocação de pessoal, com uma ênfase particular, em
normas de afectação de acordo com o PNDS.
Existem no entanto outros aspectos, que não são contemplados, não por não serem
considerados importantes mas por falta de tradição na cultura da função pública da GB,
nomeadamente as questões do acolhimento do novo pessoal.
89
SITUAÇÃO ACTUAL
Normas de afectação do pessoal
As normas de afectação do pessoal estão definidas no PNDS I, baseando-se no seguinte:
reorganização do sistema sanitário que levou a uma redefinição do papel dos centros
de saúde (ver mapa sanitário);
necessidade de melhorar a qualidade dos serviços e consequentemente a do pessoal de
saúde;
procura de um equilíbrio entre a especialização do pessoal garantindo ao mesmo
tempo uma certa polivalência, sobretudo onde os serviços requerem uma melhor
integração;
massa salarial espartilhada e a reforma da função pública que têm limitado a expansão
do pessoal de saúde.
Estas normas, de 1997, tanto qualitativas como quantitativas, são as seguintes:
QUADRO MÍNIMO DE DOTAÇÃO OR ESTRUTURA SANITÁRIA – 1997
CS "A" CS "B" Urbano
CS "B" Rural
CS "C" Urbano
CS "C" Rural
Hospital Regional
Médicos 2 3 1 1 0 5 Enfermagem geral 2 6 1 2 1 5 Enfermagem aux 6 6 2 2 1 15 Parteira geral 1 3 1 1 1 2 Parteira aux 2 2 0 2 0 4 Techn. laboratorio 0 1 0 0 0,5 2 Techn. aux. labo 2 2 1 2 0 4 Tec. Radiologia 0 0 0 0 0 1 Tec. Oftalmologia 0 0 0 0 0 1 Tec. Estomatologia 0 0 0 0 0 1 Tec. Farmácia 0 0 0 0 0 1 Aux. 0 1 0 1 0 1 Administrador 0 0 0 0 0 1 TOTAL 15 24 6 11 3,5 43
Fonte: Direcção de Estatística e Planeamento/MINSA
A nível local (de base), onde haverá um centro de saúde do tipo C ou B, considera-se
indispensável a existência de um(a) enfermeiro (a) e de uma parteira (ambos do curso
geral), que repartirão as actividades previstas no pacote mínimo como se segue:
90
Técnico envolvido Resumo das actividades Enfermeira geral Consulta curativa
Consulta puericultura: crianças 0-2 anos PAV: crianças 0-1 ano Rastreio, tratamento e seguimento de doenças crónicas e grandes endemias Administração; recolha, tratamento e análise de dados; Manutenção da infra-estrutura e dos meios de transporte Estratégia avançada
Parteira Consulta prenatal Planeamento familiar Partos assistidos Estratégia avançada
O enfermeiro e a parteira deverão participar ainda, das reuniões de seguimento e
avaliação, bem como da formação e supervisão das matronas e das Unidades de Saúde de
Base. Dependendo da complexidade e da necessidade de realização de outras actividades
a equipa poderá agregar outros técnicos, como o auxiliar de laboratório. O objectivo é
que durante os próximos 5 anos, 50% das AS desenvolvam actividades laboratoriais. No
futuro e numa perspectiva de polivalência e economia de recursos há que decidir se esta
actividade não poderá ficar a cargo da enfermeira geral pelo menos em AS de pouco
movimento.
Os demais centros de saúde (C urbano, B rural e urbano, e A) terão mais técnicos, de
acordo com as actividades previstas, que podem incluir internamento, assistência de
urgências e partos.
Em síntese, a composição do quadro de recursos humanos para as diferentes estruturas
sanitárias do nível periférico é definida por tipo de estrutura segundo o PMA. No que se
refere às USB, como já mencionado, estas são supervisionadas pelos centros de saúde: Os
agentes de saúde de base são escolhidos no seio da população num total de 2 (devem
saber ler e escrever) e quatro matronas. Não são remunerados pelo governo, recebendo
simplesmente apoio em termos de prestação de serviços pela população.
É de realçar que, quando da elaboração das actuais normas de lotação, foram ignoradas as
normas para o Hospital Nacional, os Centros de Referência e os postos de saúde, o que
desregula de maneira forte o quadro de lotação de pessoal (quadro orgânico) do
Ministério da Saúde Pública.
91
Processo de colocação de novo pessoal e transferência de pessoal
Menos transparente é o processo de colocação de novo pessoal. Não existem normas
claras para a decisão sobre quem vai para onde fazer a sua prestação de serviços, nem
sobre durante quanto tempo, ou sobre direitos de transferências para colocações mais
aprazíveis.
A prática é que, uma vez identificadas as vagas, que os candidatos disponíveis, lá sejam
colocados através de um sorteio realizado informalmente a nível da DRHO. Este
procedimento carece de regulamentação.
Uma vez colocados, é fácil conseguir ser transferido para um novo posto de trabalho
desde que não seja para o SAB. Este processo implica um requerimento dirigido ao
Director Regional, se o novo posto de trabalho é na mesma região, ou ao Ministro da
Saúde Pública se envolver movimentos para outra Região.
Distribuição entre os níveis central e regional
Na GB, existe uma assimetria entre as regiões e as estruturas de prestação de cuidados
diferenciados, no que se refere à distribuição dos recursos humanos pelos diferentes
níveis do sistema de saúde. Se olharmos os dados do Quadro , apercebemo-nos que quase
metade dos profissionais da saúde está concentrada no nível central onde se encontra
somente … da população. Esta assimetria é parcialmente justificada devido à
concentração dos órgãos de governação e dos centros de referência nacionais a este nível.
Após a sua exclusão verifica-se ….
92
PRINCIPAIS CATEGORIAS PROFISSIONAIS DE SAÚDE A NÍVEL NACIONAL E REGIONAL - GB – 2003 e 2007
2003 2007 Categoria Profissional
Nível Central
Regiões Total Nível Central
Nível central
depois de excluídos
CR e órgão de
governação
Regiões Total
Fonte:DRH/MINSA-2007
93
PRINCIPAIS CATEGORIAS PROFISSIONAIS POR ESTRUTURAS SANITÁRIAS NO NÍVEL CENTRAL 2007
REVER AS CATEGORIAS Categoria
MINSAP Centro de saúde mental
Hospital Nacional
Simão Mendes
Hospital Raoul
Follereau
Hospital de Cumura
CECOME Laboratório Nacional
Saúde Publica
Total
Nível Superior Medico Especialista Medico Generalista Dentista Farmacêutico Nível Médio Enfermeiro Generalista Parteira Técnico de Laboratório Técnico de Estomatologia Técnico de Farmácia Técnico de Oftalmologia Técnico de Radiologia Nível Auxiliar Auxiliar de Enfermagem Auxiliar de Parteira Auxiliar de Laboratório Auxiliar de Farmácia Auxiliar de Radiologia TOTAL
Fonte: DRH/MINSA, 2003 Nota: O Centro de Medicina Tropical e o Centro de Reabilitação Motora foram desactivados em consequência das destruições do Conflito Político-militar que devastou o país em 1998.
94
PRINCIPAIS CATEGORIAS PROFISSIONAIS POR REGIÕES SANITÁRIAS 2007 E RÁCIOS POR 100 000 HABITANTES
REVER AS CATEGORIAS PROFISSIONAIS Estrutura Categoria
Bafatá Bijagós Biombo Bolama Cacheu Gabú Oio São Domingos
Sector Autónomo
Bissau
Quínara Tombali Total
Nível Superior 5 1 3 2 6 8 6 2 7 2 4 46 Medico Especialista 1 - - 1 - 1 - - 2 - - 5 Medico Generalista 4 1 3 1 4 6 5 2 4 2 3 35 Estomatólogo (dentista) - - - - 1 - - - - - 1 2 Farmacêutico - - - - 1 1 1 - 1 - - 4 Nivel Médio 30 7 19 7 36 43 33 12 47 17 19 270 Enfermeiro Generalista 23 4 11 5 21 30 21 8 22 11 10 166 Parteira 2 1 4 1 7 6 8 2 17 2 4 54 Técnico de Laboratório 1 1 2 - 1 3 2 1 6 2 2 21 Técnico de Estomatologia - - - - 2 - - - - - 1 3 Técnico de Farmácia 3 1 2 1 1 1 2 1 2 2 1 17 Técnico de Oftalmologia - - - - 2 2 - - - - - 4 Técnico de Radiologia 1 - - - 2 1 - - - - 1 5 Nível Auxiliar 53 17 21 2 38 53 56 20 78 37 59 434 Auxiliar de Enfermagem 45 16 13 10 32 47 48 15 51 33 53 363 Auxiliar de Parteira 1 - 1 - - 2 2 1 8 2 - 16 Auxiliar de Laboratório 7 1 7 2 6 3 6 4 18 2 6 66 Auxiliar de Farmácia - - - - - 1 - - 1 - - 2 Auxiliar de Radiologia - - - - - - - - - - - 0 TOTAL 88 25 43 21 80 108 94 34 132 56 82 763
Fonte:DRH/MINSA–2003
95
Distribuição entre níveis de cuidados
PRINCIPAIS CATEGORIAS PROFISSIONAIS DE SAÚDE POR NÍVEL DE CUIDADOS - GB – 2003 e 2007
2003 2007 Categoria Profissional
1ário 2ário 3ário 1ário 2ário 3ário Total
Fonte:DRH/MINSA-2007
NÚMERO DE CAMAS HOSPITALARES POR PROFISSIONAL
GB – 2007
Região Tipo de
Médico Enfermeiro Parteira Técnico
Diagnóstico Camas/Leitos Hospital/Centro Saúde
Bafatá Hospital Regional de Bafatá 68
Cossé 30
Bijagós Bubaque 29
Biombo Materno Inf. Quinhamel 37
Cumura 30
Bolama Bolama 30
Cacheu Hospital Regional de Cacheu 135
Gabú Hospital Regional de Gabu 106
Sonaco 21
Oio Bissora 40
Farim 27
Mansoa
96
Quinara Fulacunda 21
Tite 29
Empada 19
SAB Hospital Nac. Simão Mendes 372 Banco Socorros 11 UCI 17 Pediatria 125 Maternidade 99 Cirurgia 30 Medicina 36 Oftalmologia 16 Urologia Queimado 30 Bloco Operatória 8 Ortopedia 20 Ortotraumatologia 20 Pré anestesia 4
Hospital Raoul Follereau
Centro Saúde “B” de Bandim
São Domingos São Domingos 20
Tombali Hospital Regional de Tombali 50
Cacine 22
Quebo 18
TOTAL Hospital Nac. Simão Mendes 427
Total Regiões 732
TOTAL GERAL 1.159 Fonte: Direcção de Estatística e Planeamento/MINSA
Deficits de pessoal
Os défices de pessoal serão estimados para o PNDS II, assim que forem definidas as estratégias de saúde, as novas normas de afectação de pessoal e os rácios de profissionais por 100 000 habitantes, ie ter em conta a dimensão da população servida pela unidade de saúde e a sua densidade.
97
Introduzir os quadros acima mencionados INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Uma classificação normalizada das profissões específicas da saúde é importante por
várias razões: para orientar a sua produção, para a normalização de quadros de pessoal,
para recolha de dados para o SIP, para reconhecimento de formações no estrangeiros,
para regulamentação de carreiras e salários, entre outras. Nesse sentido dever ser feita
uma proposta para aprovação superior, devidamente negociada com ordens, associações e
sindicatos relevantes.
Para garantir um salto qualitativo na prestação de cuidados, as normas de afectação de
pessoal devem ser revistas, tendo em conta:
a produção nacional de enfermeiras a nível universitário, recomendando-se a sua
colocação a níveis de referência nacional e hospitais regionais, nesta ordem de
prioridade;
a actual suspensão de produção de pessoal auxiliar, continuar o esforço de corrigir
o défice em enfermeiros gerais e técnicos médios, nomeadamente de laboratório,
para preenchimento de vagas, preferencialmente nas regiões sanitárias;
a actual suspensão na produção de parteiras, fazer formações que dêem às
parteiras, competências em enfermagem geral, permitindo-lhes assim a
equiparação a enfermeiras especialistas, para preenchimento de vagas,
preferencialmente nas regiões sanitárias.
A política do ministério concernente aos ASC e matronas, de não aumentar o seu número,
mas sim de melhorar a sua qualidade e empenho, deve manter-se na actual conjuntura.
Considerando que uma das prioridades do PNDS é organizar e desenvolver a equipa
básica para a prestação dos cuidados de saúde previstos no PMA, o preenchimento das
vagas que serão abertas nos próximos 5 anos deverá ser feito quase exclusivamente com
enfermeiras gerais, ou enfermeiras especialistas (parteiras e saúde pública) e técnicos de
laboratório (visando aumentar a qualidade dos cuidados de saúde à população).
No que concerne a redistribuição prevê-se:
98
Substituir as enfermeiras auxiliares e gerais no quadro de pessoal do hospital
central (HNSM) com enfermeiras superiores e especialistas, sendo o excedente
enviado para os novos centros de saúde a construir no SAB;
Afectar o pessoal recém-formado ou reintegrado, prioritariamente nas regiões
mais desfavorecidas, definidas de acordo com critérios explícitos a especificar
(semelhantes aos definidos para o projecto GAVI-RSS, que identificam as AS
mais desfavorecidas por região).
As normas de afectação, de acordo com o isolamento do local de colocação e a
antiguidade no posto, deveriam estar associadas a normas de duração da estadia e a
pacotes de benefícios financeiros e não financeiros (habitação, contagem aumentada de
tempo para aposentadoria, acesso prioritário à formação, benefícios de acesso prioritário
de descendentes ao ensino superior, e vias rápidas promoção).
OBJECTIVOS E METAS
As intervenções já identificadas como necessárias, deveriam ser especificadas e
calendarizadas no texto do PNDS II.
IX. Avaliação do desempenho
SITUAÇÃO ACTUAL
A avaliação do desempenho foi consagrada no EPAP (Artigo 103o ) que visa:
� a mensuração da qualidade do trabalho do funcionário ou agente, tendo em atenção os
conhecimentos e qualidades de que fez prova no exercício das suas funções;
� a valorização individual e a melhoria da eficácia profissional, permitindo a cada
funcionário e agente conhecer o juízo que os seus superiores hierárquicos formulam
quanto ao desempenho das suas funções;
� contribuir para o diagnóstico das situações de trabalho com vista ao estabelecimento
de medidas tendentes à sua correcção e transformação;
� detectar a eventual necessidade de acções de formação.
Embora esteja na lei não se faz porque é inconsequente.
99
Esta situação, está intimamente ligada a questões de assiduidade, absentismo, e
produtividade.
Os profissionais de saúde inquiridos por Djicó (2005) reclamam a aplicabilidade da
avaliação de desempenho, uma vez que já existe, embora apenas como Lei engavetada.
Outrossim, 46,6% reafirmaram que não se tem realizado a avaliação de desempenho por
despreparo e negligência dos governos (governação). Em que pese sua importância em
termos de valorização profissional, em alguns serviços têm sido realizadas, sem, no
entanto influenciar no desenvolvimento profissional, utilizada exclusivamente para
avaliar os resultados dos serviços programados.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A avaliação do desempenho só dever ser activada quando for consequente para os
funcionários avaliados em termos de promoção, progressão (actualização salarial) ou
oportunidades de formação. Este momento deve ser precedido de formação aos futuros
avaliadores.
OBJECTIVOS E METAS
Evoluções neste domínio ficarão dependentes de evoluções no planeamento da formação
do pessoal e nos sistemas de promoção e progressão nas carreiras.
X. Sistema de recompensas
Neste capítulo contemplam-se as questões salariais e de outros benefícios e incentivos,
financeiros e não financeiros.
1. Salários e sua evolução
SITUAÇÃO ACTUAL
Os salários insuficientes mas, sobretudo, os atrasos no seu pagamento, fazem com que
exista uma crise de autoridade e de responsabilidade: Ninguém se sente obrigado a coisa
nenhuma quando não recebe salário (ou não sabe quando vai recebê-lo). Ninguém se
sente moralmente autorizado a exigir de uma parte, quando a outra parte também não
cumpre. Estes aspectos são uma fonte do mal-estar, várias vezes referido pelo pessoal das
diferentes estruturas sanitárias (Djicó 2005).
100
A questão salarial sempre foi um tema quente para o governo da GB, no entanto, o que se
tem visto na realidade é uma diversificação salarial muito grande e a adopção de
soluções, paliativas não as transformando de facto em soluções duradouras e coerentes.
Reconhecendo a situação particular do pessoal da saúde, em 1991 chegou-se a um
acordo, entre o MINSAP e o Ministério da Função Pública, para reequacionar os salários
dos funcionários da saúde. Esta solução levou a uma valorização dos profissionais de
saúde, com a aprovação de uma grelha salarial para técnicos de saúde, de nível superior e
médio, que os equiparava de forma a favorecer os seus salários. Por exemplo, um técnico
superior no início de uma carreira na saúde (antiguidade entre 0 e 4 anos) era equiparado
ao salário base de um director geral (sem direito a subsídios). Com antiguidade entre 5 a
9 anos, os técnicos superiores eram equiparados ao salário base de um secretário de
estado e com 10 ou mais anos ao salário de ministro, mais uma vez sem direito aos
subsídios.
Buscando reverter a situação depauperada em que se encontravam os funcionários da
administração pública em geral, o governo com apoio dos seus parceiros de
desenvolvimento, em Julho/2004, elaborou uma nova grelha salarial. As grandes
novidades, para além dos aumentos significativos nos salários, foram a congregação de
vários índices e a consolidação de diversos subsídios num subsídio único, universal,
equivalente a 20% do salário base.
A seguir a esta revisão de 2004 os técnicos superiores no início de uma carreira na saúde,
até 9 anos de antiguidade, são agora, para fins de salário base, equiparados a directores de
serviço de terceira; com 10 ou mais anos são equiparados a director de serviço de
segunda.
Desde fins de 2005 que se vem trabalhando na proposta de uma nova grelha salarial para
médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica, consideradas carreiras
especiais dentro da saúde, actualmente submetida para aprovação ministerial. Esta
proposta reforça os salários destes grupos profissionais com aumentos muitas vezes
superiores a 100%. Permite também, através da criação de vários índices salariais dentre
de um mesmo nível de uma carreira, a progressão salarial, mesmo na ausência de
promoção profissional. Esta situação, já prevista no EPAP, nunca foi implementada
101
devido a índices salariais que a limitam – só permitiam aumentos salariais na presença de
promoções, agora, mesmo sem promoção é possível progredir no índice salarial.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A proposta de uma nova grelha salarial está finalizada e submetida para aprovação em
Conselho de Ministros. De momento estuda-se o impacto que esta medida terá na massa
salarial.
Estudar soluções para os atrasos nos pagamentos salariais. A solução passa pela
prioridade que o Ministério da Finanças der ao pagamento de salários. Seria, no entanto,
de considerar a possibilidade de, com o apoio dos doadores, se criar um fundo de reserva
para garantir o pagamento atempado, repondo o Estado os fundos salariais que forem
sendo retirados. Esta experiência, já tentada nos anos 1990, deveria ter mecanismos de
controlo para evitar a repetição da situação anterior, implementada com o apoio da União
Europeia, em que os fundos forma utilizados para situações não protocoladas.
OBJECTIVOS E METAS
Implementação da nova grelha até Janeiro 2008.
2. Benefícios
Abordam-se neste capítulo complementos de remuneração específicos da saúde,
benefícios sociais para o conjunto dos funcionários públicos, outras regalias
complementares e regalias para os cargos dirigentes.
SITUAÇÃO ACTUAL
a) Complementos de remuneração específicos da
saúde
Existem, para os profissionais de saúde, vários complementos de remuneração, para além
do subsídio de 20% já referido.
Subsídio de chamada: tem por base legal artigo 6 do DL 38/93 de 16 Agosto. Nunca foi
implementado. Os critérios para o pagamento deste tipo de subsídio precisam ser bem
elaborados, de forma a associar procedimentos de controlo reais e de fácil avaliação. Não
está previsto na nova grelha salarial.
102
Subsídio de vela: tem por base o artigo 6 do DL 38/93 de 16 Agosto. Já é pago,
separadamente do salário, de acordo com as horas extraordinárias trabalhadas. Na nova
grelha salarial propõe-se o seu aumento. Existe também um projecto de decreto-lei,
submetido a Conselho de Ministros, que propõe que o subsidio de vela seja remunerado
para um máximo de 7 dias para hospitais regionais e centros de saúde tipo A, B e C, ou
de cinco dias para o HNSM, hospitais de referência nacionais e centros de saúde do SAB
tipo B. Só deverá ser atendido o pagamento deste subsídio, depois de o beneficiário
completar as 40 horas efectivas de trabalho semanal previstas na lei.
Subsídio de risco: tem por base legal o artigo 6 do DL 38/93 de 16 Agosto. Pagou-se até
1996/97, mas foi suspenso devido à falta de regulamentação. Na lei o pagamento de risco
é estabelecido segundo critérios relacionados com o local e o processo de trabalho com
exposição permanente ou temporária a agentes ou elementos de risco para a saúde, como
a manipulação de material contendo agentes infecciosos, substâncias lesivas, etc. Não
existe nenhuma movimentação por parte do MINSAP para o reactivar, mas é referido
pelos sindicatos dos profissionais da saúde, como tema recorrente de negociação com o
governo. A grande dificuldade está na definição de risco.
Subsídio de isolamento: tem por base legal o artigo 6 do DL 38/93 de 16 Agosto. Ainda
não é pago, mas com a nova grelha salarial entrará em vigor. Deveria ser atribuído, de
acordo com o artigo 168 do EPAP, àqueles que prestam serviço permanente em
localidades de fronteira ou em zonas afastadas consideravelmente de qualquer centro
populacional ou de difícil acesso. Existe também um projecto de decreto-lei, submetido a
Conselho de Ministros, que propõe que ao pessoal”médico-sanitário que exerce funções
nos centros de saúde ou nos hospitais regionais, excepto SAB” seja atribuído o subsídio
de isolamento na proporção de 10% sobre o salário (para a zona de isolamento tipo A,
pequeno isolamento), 15% sobre o salário (para a zona de isolamento tipo B, médio
isolamento) ou de 25% sobre o salário (para a zona de isolamento tipo C, grande
isolamento). As zonas de isolamento serão definidas por Decreto sob proposta da
Ministra da Saúde.
103
Acréscimo salarial para o exercício das funções em regime de dedicação exclusiva:
tem por base legal o artigo 6 do DL 38/93 de 16 Agosto. Ainda não é pago, nem está
considerada a sua activação.
Existem também, incentivos financeiros associados aos fundos da recuperação de
custos, pelo Comité de Gestão da IB. Estes pagamentos não estão regulamentados e não
se sabe até que ponto estão a ser implementados.
b) Benefícios sociais para o conjunto dos funcionários
públicos
Nesta categoria temos os abonos de família, o subsídio de doença e o fundo de reforma.
Não existe subsídio de desemprego.
Abono de família: tem uma base legal o EPAP. Mas, apesar de ter um valor pequeno,
300 francos CFA, deixou de se pagar desde 1997.
Subsídio de doença: tem uma base legal o EPAP. Mas não é implementado da forma
prevista na lei. O funcionário ausente por doença continua a receber por inteiro.
Reforma: depois da aposentação, obrigatória depois de completados 60 anos de serviço,
os funcionários públicos têm direito a uma reforma para a qual descontam 6% do salário.
c) Regalias complementares
Existem um conjunto de regalias complementares, não financeiras, algumas
contempladas na lei e outras da iniciativa da gestão local.
Subsídio de alimentação: não tem base legal mas, particularmente em algumas das
situações de parcerias já referidas, assume a forma de oferta de uma refeição durante as
horas de serviço, pela gestão da instituição de saúde (por exemplo no Raoul Follereau e
em Cumura)
Alojamento: para o período do PNDS I o MINSAP preconizava construir e reabilitar
residências para os funcionários afectos às AS. Este e beneficio é atribuído pela DRS. É
prática informal que este benefício seja atribuído de acordo com a seguinte ordem de
prioridades: 1) membros da direcção regional, 2) a parteira na equipa regional, 3) o
director do hospital regional, 4) o responsável pelo controlo de grandes endemias na
104
equipa regional, 5) o responsável pelos medicamentos essenciais na equipa regional, 4)
outro pessoal por antiguidade.
ALOJAMENTOS EXISTENTES E HABITAÇÕES AINDA NECESSÁRIAS PARA AS AS E ERS - 2007 Construídos
desde 1997 Existentes Em
construção Bafata 0 13 2
Biombo 8 12 0
Bijagos 0 9 0
Bolama 4 6 0
Cacheu 0 11 2
Gabu 0 5 4
Oio 0 19 3
Quinara 9 22 0
Tombali 0 10 0
S.Domingos 0 4 0
SAB 0 6 0
d) Benefícios para cargos dirigentes
Aos funcionários com cargos dirigentes é atribuído um conjunto de benefícios, alguns
contemplados na lei, outros que são símbolo informal do estatuto do cargo.
Os contemplados no estatuto do pessoal dirigente de níveis 1 e 2, artigos 17 e 18 do D
30 a/92 de 30 de Junho, incluem secretária, automóvel, combustível, motorista e casa de
estado ou subsídio de renda de casa, mobiliário, despesas de energia, água e telefone,
passaporte de serviço, uso de cartão de livre trânsito.
Os contemplados no estatuto do pessoal dirigente de nível 3, artigo 18 do D 30 a/92 de
30 de Junho, incluem o uso de viatura de serviço, passaporte de serviço e uso cartão de
livre trânsito.
Os símbolos de estatuto incluem telefone directo, a dimensão do gabinete, o acesso a
sanitário privado, a qualidade do mobiliário, a possibilidade de viajar em executiva
aquando de deslocações aéreas ao estrangeiro entre outros.
105
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Os subsídios devem ser atribuídos de acordo com a capacidade financeira do Estado, com
o fim de reforçar u desempenho que favoreça a concretização de objectivos estratégicos.
A decisão de activar e/ou reforçar o de vela e o de isolamento reflecte prioridades que são
consideradas adequadas.
Seria importante envidar esforços no sentido de garantir que o pagamento de subsídios
seja incluído na folha salarial (para o mês n, seriam pagos os subsídio referentes ao mês
n-1).
Deveriam também ser estabelecidos critérios para activação de outros subsídios
considerados na lei mas ainda não activados.
A possibilidade de prémios de desempenho para equipas de saúde deveria ser pilotada.
Propõe-se fazer tal no quadro do financiamento GAVI-RSS a ser solicitado.
A atribuição de complementos salariais com os fundos da IB, deveria ser regulamentada.
XI. Entradas e saídas
SITUAÇÃO ACTUAL
Estimando que não haverá mais de 10-20% de saídas (reforma, demissão, óbitos) do
MINSAP nos próximos cinco anos, e tendo em conta as capacidades institucionais
actuais, estão previstas as seguintes entradas e saídas das principais categorias:
106
ENTRADAS E SAÍDAS DA FUNÇÃO PÚBLICA PARA O MINSAP, 1997 A 2012 ANOS Médico Enf. Geral Enf.Aux. Parteira Part. Aux. Adm.Cont. TOTAL
1997 saída entrada 1998 saída entrada 1999 saída entrada 2000 saída entrada 2001 saída entrada 2002 saída entrada 2003 saída entrada 2004 saída entrada 2005 saída entrada 2006 saída entrada 2007 saída entrada 2008 saída entrada 2009 saída entrada 2010 saída entrada 2011 saída entrada 2012 saída entrada
TOTAL saída entrada
Fonte: Direcção de Estatística e Planeamento/MINSA
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS Registo regular Concertação com formação Guerra de libertação – recenseamento da situação e engociaçãso, com apoio dos sindicatos de uma solução a ser apresentada ca CM durante 2008 OBJECTIVOS E METAS
107
XII. Indicadores de necessidades insatisfeitas
A. Insatisfação profissional
SITUAÇÃO ACTUAL
A insatisfação profissional manifesta-se de diversas formas: imigração, aqbsentismo,
actividades grevistas, mau relacionamento com os utentes dos serviços, cobranças ilicitas
e outras. Muitas não estão documentadas e só existe evidência circunstancial, mas que se
impõe pela sua ubiquidade.
A questão da satisfação profissional foi objecto do inquérito de Djicó (2005). Partindo do
enquadramento profissional, 58,2% dos técnicos de saúde consideraram-se bem
enquadrados e 33% mal enquadrados. Outras razões que se prendem a esta insatisfação
são a quase total ausência de Políticas transparentes de RH, tanto em termos
remuneratórios como nas oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional,
particularmente no que se refere à formação e capacitação. A maioria (80,2%) dos
técnicos coincide em que, proporcionando residências sociais (moradias próprias
financiadas pelo governo), melhores salários, melhores equipamentos, ambiente saudável,
segurança social, implementação da carreira e educação continuada garantidas,
resultariam num melhor desempenho profissional e numa maior produtividade. Na
perspectiva de desenvolvimento profissional, uma boa parte sente-se satisfeita no
cumprimento do seu papel social, mas a maioria não se considera socialmente realizado
(71,4%), derivado essencialmente dos baixos salários que auferem.
Sem perspectivas imediatas, mas com muito patriotismo e esperança de reverter a
situação e poderem vir a ser tratados com mais dignidade, respondendo com maior
produtividade e melhor prestação de cuidados à população mais carente, apenas 44,8%
dos executivos e gestores se consideram motivados. Assim, 87,9% coincidem na
necessidade de estruturar programas sociais que possibilitem segurança social não só para
o profissional de saúde como também para toda a administração pública. A mesma
postura é assumida pelos gestores e executivos.
108
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
As intervenções necessárias, também já referidas em diversas secções deste relatório,
passam por corrigir as causas de insatisfação: corrigir os baixos níveis salariais, pagar o
salário todos os meses, criar perfis de carreiras e uma perspectivas claras de promoção,
criar mecanismos transparentes de colocação de pessoal, apoiar a formação contínua,
criar condições técnicas para o bom desempenho profissional e criar condições condignas
de alojamento do pessoal mais à periferia, para mencionar só algumas das causas
identificadas ao longo deste trabalho.
OBJECTIVOS E METAS
Até Dezembro de 2007, instituir mecanismos de diálogo regular sobre este PNDRHS e
convidar contributos que possam expeditar a solução dos problemas encontrados
B. Reivindicações associadas a actividades grevistas
SITUAÇÃO ACTUAL
No ano passado, três greves foram registadas no sector da saúde, com larga adesão. A
questão do não pagamento dos salários, não só do ano corrente mas ainda e também em
atraso dos anos anteriores (em alguns casos desde 2003), assim como o baixo nível dos
mesmos são sempre as causas próximas associadas às greves. Também se ouvem
reivindicações associadas a questões das condições de trabalho, e da aposentação.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
É essencial criar mecanismos para manter um diálogo regular e institucionalizado com
associações e organizações profissionais, no sentido de evitar chegar a situações de greve,
por situações já debatidas noutras secções deste relatório. Este diálogo permitiria manter
os parceiros socais do ministério informados das acções e metas propostas
OBJECTIVOS E METAS
Até Dezembro de 2007, instituir mecanismos de diálogo regular sobre este PNDRHS e
convidar contributos que possam expeditar a solução dos problemas encontrados
109
C. Estratégias de sobrevivência
SITUAÇÃO ACTUAL
É conhecido que, devido ao baixo nível de salário, acumulado com a falta de
pontualidade no seu pagamento, os funcionários públicos têm que assumir uma
actividade profissional privada para manter um nível aceitável de vida. Isso reduz a
disponibilidade dos funcionários aos todos os níveis de prestação de cuidados de saúde.
Conduz também à falsificação dos dados de actividades realizadas, a fim de garantir uma
redução que permita também assegurar que parte da recuperação dos custos reverta
directamente para o pessoal de saúde.
Resulta na não aplicação da tabela de preços recomendados para as estruturas de saúde,
que são aumentadas, ou cobradas ilicitamente em situações em que o pagamento não é
devido.
Observa-se, particularmente entre os médicos do sector público uma actividade clínica,
privada, não controlada nos serviços públicos e durante o seu tempo de trabalho para o
estado.
Outra estratégia frequentemente utilizada para aumentar os rendimentos auferidos, é o
aproveitamento de oportunidades de saídas financiadas pelas organizações internacionais
com pagamento de per diem, conduzindo a uma ausência regular dos quadros dos seus
postos de trabalho, geralmente a nível central ou regional. As actividades de formação
estão de certa forma integradas neste circuito de aumentar rendimentos mais do que
colmatar deficiências no desempenho do sistema.
Criam-se assim situações que se situam entre a necessidade e a corrupção, que põem em
cheque os valores de serviço público e que comprometem os laços de confiança que
deveriam existir entre profissionais e utentes e entre instituições pública de saúde e as
comunidades que elas servem.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Como abordado repetidamente neste relatório, as causas destes comportamentos,
predadores, devem ser corrigidas.
110
É particularmente importante que tanto as organizações do MINSAP, como as
instituições de formação e a as organizações profissionais, enfatizem o valor da saúde
como um bem público, e a sujeição do comportamento dos seus profissionais a valores e
princípios que de todos devem ser conhecidos.
Nunca é demais enfatizar a necessidade de assegurar um pagamento regular dos salários,
e implementar a nova grelha salarial negociada pelo MINSAP no mês de Março 2007.
As actividades de formação têm de ser devidamente planificadas e enquadrados no
contexto de desenvolvimento do sistema de saúde para evitar a sua utilização com
finalidades inadequadas.
OBJECTIVOS E METAS
Os objectivos e metas para as intervenções necessárias são mencionadas noutras secções
deste relatório. Aqui é importante reenfatizar o papel importante da sociedade civil em
denunciar abusos através de mecanismos criados para tal fim.
D. Fuga de quadros
SITUAÇÃO ACTUAL
Como já refrido, na GB, tem havido fuga de profissionais para o exterior, especialmente
para Portugal e Cabo Verde, para Organismos Internacionais e ONG’s, devido a salários
atractivos que, se praticados na GB, não seriam viáveis. Neste aspecto o Ministério da
Saúde tem sido um dos ministérios que mais tem sofrido o que tem diminuído de forma
abismal o quantitativo de profissionais qualificado Vale ressaltar que este quadro de
migração, nefasto ao sistema de saúde, tem sido sustentado ao longo dos anos, em
número cada vez mais preocupante, como mostra o Quadro que se segue.
111
DISPONIBILIDADE DE PROFISSIONAIS POR HABITANTE/ANO, SEGUNDO CATEGORIAS PROFISSIONAIS. GB – 1996 a 2007
1996 1997 1998 1999 2000 2007
Profis. Habit/med. Profis. Habit./med Profis. Habit/med. Profis. Habit/med. Profis. Habit/med. Profis. Publico Habit7med.
Médicos/especialidade 129 15 862 125 16 147 111 16 438 90 16 734 84 17 035 132 123 11 136
Clínico Geral 115 111 95 79 76 104 99 Saúde Pública 0 1 2 2 0 20 17 Cirurgia Geral 1 1 1 1 1 0 0 Cirurgia especializad. 0 0 0 0 0 1 1 Ginecologia 1 1 1 1 1 0 0 Gineco-Obstetrícia 0 0 0 1 1 2 2 Pediatria 1 1 2 1 1 1 0 Anestesia 2 1 1 1 1 0 0 Radiologia 0 0 0 0 0 0 0 Otorino 1 1 1 0 0 0 0 Ortopedia 1 1 1 0 0 0 0 Psiquiatria 1 1 1 0 0 0 0 Cardiologia 1 1 1 0 0 0 0 Gastro 1 1 1 1 1 0 0 Hematologia 0 0 0 0 0 0 0 Imagiologia 0 0 0 0 0 0 0 Patologia Clínica 0 0 0 0 0 0 0 Oftalmologia 3 3 3 2 1 1 1 Urologia 0 0 0 0 0 2 2 Médico Legista 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: DRH/MINSA (2007)
A quebra do número de médicos no país foi anterior ao conflito, como se pode ver no quadro,
mas em 2000, o número de medicos estava reduzido a menos 30 % dos valores de 1996,
valores esses que só voltaram a ser observados em 2007.
Estes números não estão estudados para as outras categorias profissionais, mas temos todas as
razões para supor que, excepto para os quadros menos diferenciados, a situação é bastante
semelhante.
Num país onde não existem segurança social, seguro de vida e outros benefícios sociais, com
salários depauperados pelo custo de vida que vem aumentado ao longo dos tempos, sem
perspectivas profissionais alentadoras, torna-se muito difícil esperar disponibilidade de
técnicos especializados que possam, profissionalmente, laborar no sistema público em prol da
sociedade em geral. Disto pode entender a forma como os recursos humanos vêm sendo
tratados de simples “factor de produção”, “objecto de gestão” ou, mais recentemente,
“cúmplice” e entusiasta da administração pública em geral e do sistema sanitário em
particular. O valor humano e profissional que não são dignificados nos leva a ponderar
determinados fatos que têm acontecido no Sistema Administrativo Guineense no que tange à
gestão de recursos humanos, demonstrando a atenção que se tem dispensado à esta matéria e o
seu funcionamento, apesar de todos os discursos políticos que se tem versado sobre o sector
(Djicó 2005).
Estudos recentes levam a uma melhor compreensão deste fenómenos da fuga de cérebros e
apontam também algumas possíveis soluções.
A perda de profissionais qualificados implica custos económicos elevados para a GB. Apesar
de poder haver algum ganho na exportação dos profissionais na área da saúde, nomeadamente
pela remessa de parte dos salários auferidos no estrangeiro para a GB, estima-se que os custos
associados à saída dos profissionais sejam bem mais elevados. De facto, para além dos custos
directos associados à perda do investimento na formação dos recursos humanos que saem do
país (e dos que se torna necessário formar de novo), somam-se os custos implicados no envio
de doentes para tratamento fora do país pela ausência de recursos internos e, mais a montante,
os custos associados à perda de efectividade do sistema por falta de profissionais, passando
pela ineficiência de gestão dos recursos de saúde existentes e pelo agravamento dos
indicadores de morbilidade e mortalidade.
Existe também alguma circularidade no problema da perda de profissionais de saúde no
sistema de saúde guineense (o mesmo se passando em muitos outros países africanos): a
113
migração de uma proporção significativa dos profissionais, agrava o funcionamento do
sistema de saúde, que se torna mais debilitado e inoperante, o que tem um efeito
desmoralizador para os profissionais que permanecem, aumentando a probabilidade destes
também se sentirem motivados à emigração.
O certo é que na GB se verifica por um lado uma escassez de profissionais de saúde
qualificados e por outro, graves desequilíbrios na distribuição dos profissionais. Daqui
resulta:
produção insuficiente do sector da saúde;
mais emigração dos profissionais de saúde (por desmoralização e sobrecarga laboral
dos profissionais remanescentes);
em muitos locais, uma força de trabalho sem competências básicas necessárias à
prestação de cuidados de saúde efectivos e seguros;
morbilidade e mortalidade acrescidas, com especial relevo para o aumento de
prevalência de infecção por VIH e de SIDA;
aumento da falta de equidade no acesso aos cuidados de saúde, especialmente no que
se refere a regiões rurais e à população com menos recursos económicos.
A informação sobre a imigração para Portugal de profissionais de saúde provenientes de
outros países é também reduzida. Sabe-se no entanto que a percentagem de profissionais de
saúde devidamente qualificados provenientes de países Africanos de língua oficial Portuguesa
passou de 2.7% em 1998, para 7.1% em 20016. Em 2002, os dados oficiais do Ministério da
Saúde revelavam existir em Portugal 449 profissionais de saúde oriundos destes países
Africanos.
Já em 2004, a proporção de médicos provenientes de outros países, em Portugal, era estimada
como sendo de 1.3%. Destes, 28% (ou seja, cerca de 310 médicos) eram provenientes de
países da África Subsariana. A GB contribuia então com 17% dos médicos a exercer em
Portugal, provenientes da África Subsariana. Para se ter uma ideia da importância destes
números, bastará referir que os 74 médicos (de que se tinha conhecimento oficial, em 2004) a
exercer em Portugal representavam qualquer coisa como 39% da população de médicos a
trabalhar então na GB.
6 Carrolo M, Ferrinho P. Portugal’s contribution to the brain drain from Portuguese speaking African countries. Unpublished Mimeo.
114
Dois estudos recentes revelaram que as principais razões referidas por enfermeiros para
emigrarem da GB para Portugal foram:
Salários inadequados;
Problemas de saúde (do próprio ou de familiares);
Motivos familiares (por exemplo, juntarem-se a familiares já residentes em Portugal
ou para conseguirem melhores condições de vida para a família);
Razões profissionais (treino, formação);
Situação política e de guerra
Alguns dos principais critérios para a escolha de Portugal como país de destino parecem ser a)
os laços culturais que remontam aos tempos coloniais, b) língua e curricula académicos
comuns, e c) pré-existência de comunidades migrantes da África lusófona.
Variáveis identificadas como importantes para determinar o regresso dos profissionais à GB
foram: melhores condições de vida (no país natal), melhor acesso a cuidados de saúde,
motivações familiares, e estabilidade política.
Estas informações são confirmadas por um estudo mais recente, de 2007, de profissionais de
saúde, médicos e enfermeiros, que trabalharam vários anos no sistema de saúde guineense, garantindo
assim um vasto conhecimento da realidade deste país e do funcionamento do seu sistema de saúde.
Estes profissionais mostraram também ter um conhecimento profundo do contexto sócio-político que
se tem vivido na Guiné desde a sua independência, do que se vive actualmente, e da influência do
mesmo no desenvolvimento de políticas de saúde, dos indicadores de saúde bem como da situação
actual dos recursos humanos da saúde neste país.
De uma forma geral, os participantes revelaram um olhar crítico e preocupado, de quem gosta do seu
país natal mas a quem o distanciamento do mesmo, as múltiplas experiências entretanto vividas e os
conhecimentos adquiridos fora do mesmo, deu a capacidade de identificar os problemas de que padece
o sistema de saúde do país de origem.
O discurso dos participantes faz eco de muitos dos determinantes para a “perda de cérebros”, já
descritos. As razões apontadas têm a ver fundamentalmente com dificuldades do governo guineense
em termos organizativos. Um aspecto recorrente tem a ver com o não cumprimento do governo, no
sentido de não distribuir os salários a tempo e horas pelos seus funcionários de saúde. Este facto, aliás,
foi apontado como um dos factores que estão na base da falta de material que há nos hospitais e
centros de saúde, pois os profissionais, vendo-se sem dinheiro para o seu dia-a-dia têm a tentação de
negociar esses materiais. Estes resultados vêm assim reforçar o conhecimento existente sobre o uso de
115
material médico (nomeadamente, medicação) como forma de lidar com situações adversas de vida
(pessoal e profissional)7
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
As intervenções necessárias passam por corrigir muitas situações já discutidas anteriormente, a fim de
minimizar os factores que, nacionalmente, precipitam os fenómenos migratórios. Neste contexto, é de
realçar a importância da formação pré e pós-graduada, que deve ser contemplada como uma das mais
importantes áreas de intervenção para minimizar a fuga de quadros.
Apesar de haver poucos dados sobre o retorno de profissionais de saúde qualificados aos países de
origem, a evidência vai no sentido de este não ser um fenómeno muito frequente.
Nos últimos anos tem havido maior envolvimento dos países receptores de “cérebros” no sentido de
minimizar as perdas, inerentes à migração de profissionais, para os países de origem. Aspectos éticos
têm sido discutidos quanto ao recrutamento activo de profissionais de saúde de países menos
desenvolvidos (a título de exemplo, foi criado o “Code of conduct on international recruitment”,
definido pelo Departamento de Saúde inglês)8. Além disso, desde a década de 1970 que existem
opiniões no sentido de ter de haver compensações (financeiras, formativas, ou de outros tipos) por
parte dos países que beneficiam da emigração dos profissionais de saúde. Contudo, pouco se tem feito
neste sentido. Vale a pena discutir estas questões entre governos e também entre o governo guineense
e as ordens profissionais em Portugal.
Tem havido também alguma ênfase no encarar a diáspora de profissionais de saúde como potencial
fonte de ajuda aos países de origem. Para além das remessas financeiras (que constituem, em alguns
países, uma proporção significativa do PIB), tem sido sugerido que os profissionais de saúde
emigrantes possam contribuir com os sistemas de saúde dos seus países de origem através de
transferências de competências, conhecimentos, e tecnologias. Neste sentido, tem sido sugerido que os
países de origem das diásporas, em colaboração com os países beneficiados, promovam relações de
proximidade com os profissionais emigrantes9.
A vontade de regressar e colaborar com a GB foi salientada por diversas ocasiões ao longo dos grupos
focais, já referidos, com profissionais de saúde guineenses residentes em Portugal.. No entanto, como
também se percebe pelo discurso dos profissionais que participaram no estudo, o primeiro passo terá
de ser dado pelo governo guineense que, na expressão de um dos participantes, tem de dar um “sinal
7 Ferrinho P, Omar MC, Fernandes MJ, Blaise P, Bugalho AM, Van Lerberghe1 W. Pilfering for survival: how health workers use access to drugs as a coping strategy. Human Resources for Health 2004, 2:4. 8 Devlo D, Martineau T. A review of the migration of Africa’s health professionals. Human Resources for Health and Development. JLI Working paper 4-4. January 2004. 9 Wickramasekara P. Policy responses to skilled migration: retention, return and circulation. Perspectives on Labour Migration. N 5E. ILO. Geneva. 2003.
116
forte” de querer de facto mudar as coisas. Aliás, de um modo geral, os participantes consideram que o
governo da GB e os profissionais que estão a trabalhar em Portugal têm estado de costas viradas –
começando pelo facto, reconhecido por alguns participantes, da GB não saber quem está em Portugal,
a fazer o quê, e que mais valias formativas foram entretanto adquiridas pelos profissionais migrantes.
Aspectos que surgem como elementos de alguma novidade e que funcionam como barreira ao regresso
à GB são:
Percepção de represálias por parte de elementos decisores da GB devido à saída dos
participantes do país natal (configurando um esboço de sentimento de abandono ou mesmo
traição). As represálias tomam forma quer na dificuldade de anuência a pedidos de
documentação para reconhecimento do estatuto profissional em Portugal, quer no regresso ao
país de origem (foi referido que, por vezes, quem regressa é “posto à parte” e que não é
devidamente reconhecido e aproveitado como mais valia para o sistema de saúde);
Percepção de instabilidade política e de elevados níveis de corrupção;
Percepção de insegurança pessoal, nomeadamente devido a política de censura de opiniões e
de aumento de criminalidade (foi referida a situação recente da GB como entreposto de
distribuição de droga);
Não poderem utilizar os conhecimentos adquiridos em Portugal por não haver condições
materiais ou organizativas na Guiné para tal;
Não haver um planeamento nem objectivos bem definidos para o Sistema Nacional de Saúde
guineense, que permita acreditar na intenção de melhoria das condições de trabalho nem de
mudança a curto, médio e longo prazo da situação sanitária do país;
Não estarem dispostos a abdicar das aquisições feitas em Portugal (bens materiais, estatuto
socioprofissional), regressando à situação que os motivou a emigrar – existe a percepção de
imutabilidade das condições socio-económicas da Guiné.
Apesar desta resistência ao regresso, foi unânime o ‘apelo ao regresso à pátria’. De facto, todos os
participantes encaram o regresso como algo que gostariam de poder fazer o mais brevemente possível.
Contudo, numa perspectiva de estadio de mudança10
, dir-se-ia que se encontram numa fase
contemplativa, em que os ganhos da mudança (i.e., do regresso) são claramente inferiores aos custos
percebidos.
Quanto a estratégias e formas alternativas de colaboração com o SNS guineense, são de destacar as
seguintes ideias: 10 Prochaska JO, DiClemente CC, Norcross JC. In search of how people change. Applications to addictive behaviors. Am Psychol. 1992 Sep;47(9):1102-14.
117
Foi referido como fundamental que se faça um levantamento, por iniciativa do governo da
GB, em colaboração com Portugal, dos profissionais de saúde existentes em Portugal;
Organização de seminários ou encontros de profissionais de saúde guineense, na GB,
promovidos pelo governo guineense – esta medida é proposta como forma de partilha de
conhecimento bem como estratégia para estabelecer pontes de contacto entre a GB e os
profissionais emigrantes;
Acordos de colaboração profissional entre os governos da GB e portugal que permitam
deslocações de curta duração dos profissionais à GB (assegurando a remuneração dos mesmos
e a estabilidade profissional em Portugal). Foram dados como exemplos, acções de formação
ou supervisão de juntas médicas;
Uso das tecnologias de informação (nomeadamente, a internet) para divulgação de actividades
e partilha de documentos, nomeadamente de artigos científicos e de manuais técnicos.
Em forma de conclusão dir-se-ia que a diáspora profissional de gu9ineenses em Portugal partilha da
ideia de que é possível melhorar as condições sanitárias da GB desde que exista vontade política. É
notório o interesse da maioria em participar nesse processo de melhoria. Mas fica também muito claro
que não existe neste momento confiança suficiente para um regresso à pátria que seja sustentado.
Neste sentido, a possibilidade de criação de pequenos projectos de intervenção implicando
profissionais guineenses a trabalhar em Portugal, em que as mais valias técnicas dos profissionais
sejam reconhecidas, surge como uma possibilidade de colaboração mais concretizável.
OBJECTIVOS E METAS
Os dirigentes do MINSAP devem encetar com dirigentes do governo português, das ordens
profissionais, e de algumas fundações, a possibilidade de se apoiarem em Portugal
associações de profissionais de saúde que servissem de um elo de ligação entre o MINSAP e
os profissionais migrantes. Já existe, embora pouco activa, uma Associação de Médicos
Guineenses em Portugal. Esta deveria ser apoiada e envolvida na reconstrução de
desenvolvimento do sector sanitário guineense. Estas associações poderiam estar
estabelecidas e um com um plano estratégico de apoio ao sector da saúde da GB até
Dezembro de 2008.
Também até Dezembro de 2008, deveria se assinado entre o MINSAP e vários actores
institucionais portugueses, acordos de boas práticas em termos de formação e recrutamento de
profissionais de saúde guineenses. Nestes Acordos, o Estado guineense deve também assumir
a defesa do direito de aos seus profissionais migrantes serem dadas oportunidades para, não
querendo regressar à GB, serem condignamente integrados no sistema de saúde português.
118
E. Absentismo
SITUAÇÃO ACTUAL
O absentismo injustificado ou por razões de saúde, se frequente, é um importante indicador do
bem o mal-estar da força de trabalho.
No MINSAP e nas estruturas do SNS não existe registo acessível e analisável das ausências
(injustificadas, por férias, por doença, para formação, para choro), autorizadas ou não, do
serviço. Por falta de dados, não é possível de ter uma estimação deste fenómeno.
Embora a lei o exija, o controlo da assiduidade através do livro de ponto, foi
progressivamente abandonado a partir da década de 80 devido à desvalorização dos salários
dos funcionários da saúde.
Esta questão está também associada às questões do desempenho discutidas anteriormente.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Temos que nos distanciar de uma avaliação de presença ou ausência com base na participação
na execução de tarefas bem definidas (campanhas, estratégia avançada, consultas regulares
especificas) para uma avaliação com base na disponibilidade para cumprir um horário de
trabalho. Há pois um trabalho prévio, normativo, de definir e regulamentar o absentismo.
Deverá ser reposto o controlo da assiduidade dos funcionários através do livro de ponto.
OBJECTIVOS E METAS
Até Dezembro de 2008 definir e regulamentar as questões relacionadas com o absentismo,
introduzindo um sistema de registo de ferias, de formações e de outras formas de absentismo,
garantindo a formação das Direcções Regionais e institucionais na gestão deste tipo de
informação.
Para tal é imperativo definir horas de trabalho, de abertura dos serviços nos centros de saúde e
nos hospitais, e disseminar essa informação ao nível da comunidade, equipando com
mecanismos para manifestarem a sua indignação em casos de não cumprimento.
Repor os livros de ponto até Dezembro de 2008.
119
F. SIDA
SITUAÇÃO ACTUAL
Mais uma vez, não há informação especifica sobre o impacto do VIH/SIDA nos profissionais
de saúde na GB, embora seja conhecido o facto que essa categoria profissional tem risco mais
elevado de que o da população geral. É importante conhecer esse fenómeno, visto que alguns
dos profissionais contactados durante as visitas preparatórias deste PNDRHS manifestaram
ter sofrido acidentes com objectos penetrantes, contaminados com materiais biológicos sem
haver uma gestão adequada destes episódios.
A partir dos dados utilizados no SPECTRUM e no modelo MBR (Model Based Resources)
para a previsão do Plano Estratégico da luta contra SIDA 2007-2011, estima-se que o impacto
do VIH/SIDA nos profissionais do sector público do sector da saúde da GB - assumindo uma
taxa de prevalência de 5%, uma taxa de incidência de 0,58%, uma taxa de letalidade de 7,4%
da população com VIH e uma força de trabalho de 1860 profissionais de saúde – seja de 93
casos prevalentes, 11 casos incidentes (com um total de 104 casos infectados com VIH) e de 8
óbitos atribuíveis ao VIH/SIDA (uma subestimativa, visto que neste modelo assumimos que o
risco do profissional de saúde é semelhante ao da população geral).
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Urge que o Programa Nacional dê prioridade aos profissionais de saúde. Um profissional de
saúde bem informado sobre como se proteger contra o VIH, é uma mais valia para os SNS e
para toda a população.
OBJECTIVOS E METAS
Recomenda-se pois que até Dezembro de 2008 se implemente uma acção preventiva e de
despistagem específica para os trabalhadores de saúde, facilitando-lhes o acesso à terapia
antiretroviral e para prevenção das infecções oportunistas. Devem também ser desenhados,
divulgados e implementados protocolos para acidentes com matérias biológicos, normas de
segurança para a manipulação destes mesmos materiais e disponibilizados equipamentos
protectores para os profissionais de saúde.
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G. Insatisfação dos utentes
SITUAÇÃO ACTUAL
Pouco se sabe relativamente ao grau de satisfação dos doentes com os serviços que lhes são
prestados nas unidades do SNS.
De acordo com um estudo sobre a atenção hospitalar ao parto na maternidade Simão Mendes
(Mané, 2005), 61 % das mulheres entrevistadas estavam satisfeitas com o serviço.
Uma estimação do grau de satisfação com os serviços de prevenção pode ser aproximado pela
estimativa da diferencia entre a cobertura vacinal DTC1 e DTC3, ou seja, pela taxa de
abandono. Esta subiu muito entre 2003 e 2005, situação que se veio a corrigir em 2006, mas
mesmo assim muito superior à observada em 2003.
2003 2004 2005 2006
Taxa de abandono national (DTC1-DTC3) 4,9% 11,5% 20 % 10,6 %
Grupos focais com utentes podem também ajudar a perceber como a gente a prestação de
serviço. A falta de humanidade esta muitas vezes mencionadas como um factor de
insatisfação.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
Numa sociedade democrática os cidadãos devem ter formas continuadas de se manifestarem
sobre os seus serviços públicos e sua governação.
Numa sociedade como a da Guiné-Bissau os média, particularmente a rádio, tem um papel
importante em veicular estas manifestações. A relação com os meios de comunicação social
deveria ser acarinhada, e deveriam ser incentivados os mecanismos de comunicação com o
público que os informe dos seus direitos e deveres (nomeadamente no que se refere a
pagamentos por serviços prestados por pessoal de saúde nas instituições do sector público)e
de como os fazer valer. Esta responsabilidade deveria ser atribuída com grande visibilidade a
um dirigente do ministério.
Será também recomendável a realização de inquéritos de satisfação dos utentes com alguma
regularidade. Estes poderiam ser realizados pelo projecto de saúde do Bandim, com grande
divulgação dos resultados nos meios de comunicação social.
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XIII. Observações e recomendações finais
Esta recomendações são baseadas nos resultados da literatura revista, dos dados analisados,
das entrevistas e dos grupos focais, em que se identificam o que se consideram os principais
desafios para o futuro, assim como, os seus principais determinantes contextuais. Em suma,
do ponto de situação reflectido neste documento.
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Desafios para o futuro
Dois obstáculos importantes a um desenvolvimento mais harmonioso do sistema de saúde
guineense, mesmo na actual situação de escassez, são os enormes défices em informação e de
quadros de gestores qualificados. Merecem atenção prioritária.
Nos documentos estratégicos deveriam ser mais explícitos os compromissos com critérios e
indicadores de equidade no desenvolvimento e distribuição dos RHS. A sustentabilidade de
uma estratégia de saúde depende não só de ganhos globais nos indicadores sanitários do país
mas também na redução das desigualdades entre diferentes áreas sanitárias.
Desafios sociais Crescimento rápido da população Rápida urbanização Dimensão da pobreza Baixo nível de alfabetização Fraco domínio da língua Portuguesa, mesmo entre os profissionais de saúde Instituições públicas frágeis Sociedade civil frágil Desigualdades marcantes entre áreas sanitárias Corrupção generalizada VIH e o impacto social e nos RHS Problemática associada aos carteis de drogass
Desafios económicas Contexto caótico e dominantemente informal da economia Dependência de doadores externos Incapacidade da remuneração acompanhar as expectativas do RHS
Desafios da globalização Fuga de quadros para o exterior Garantir uma linha de rumo coerente ao mesmo tempo que se acomodam “modas” “impostas”
pelas organizações internacionais Desafios da cobertura
Aumentar a cobertura de população pelos serviços a par e passo com a expansão do quadro de RHS, dando prioridade às áreas sanitárias consideradas prioritárias
Desafios das políticas profissionais Classificação das profissões de saúde Considerar a criação de novas profissões de nível médio (como os técnicos de cirurgia) Revisão da estrutura das carreiras e escalas salariais associadas Adaptação da formação à nova estrutura de carreiras e correspondente planeamento Apostar, não em mais formação, mas sim em formação com mais qualidade Apostar em mecanismos mais fortes de regulação profissional (uma única Ordem de
Profissionais da Saúde) Desafios da administração dos RHS
Conhecer as realidades a nível institucional e a nível das áreas sanitárias Regionalizar as abordagens Reforma salarial Desenvolvimento de um sistema de incentivos que efectivamente contribua para a melhoria
do desempenho dos profissionais e equipas de saúde Reforço do SIP Recrutamento expedito Critérios de colocação do pessoal em sintonia com critérios explícitos de equidade. Associar entre si as políticas de incentivos, de desenvolvimento profissional contínuo, de
avaliação do desempenho, de garantia de qualidade e de procedimentos disciplinares Uma atenção especial a problemas de microgestão como questões de assiduidade, turnos de
trabalho, assiduidade e absentismo
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As principais áreas de intervenção estratégica estão sumariadas no quadro que se segue. As
grandes semelhanças com o quadro estratégico proposto no anterior PNDRHS não são
surpreendentes, devido à persistência do quadro das problemáticas a corrigir.
Estratégias principais do PNDRHS II e metas para 5 anos Estratégias e objectivos até 2012 Comentários
Desenvolver um plano para a operacionalização e monitorização do PNDRHS II
Fazer um Manual de Procedimentos para apoiar a implementação do PNDRHS II (até primeiro trimestre de 2008)
Apesar de todas as metas neste quadro serem mencionadas como até 2012, um plano de pormenor da operacionalização destas estratégias deve fazer um calendário mais pormenorizado das acções a executar e das metas a alcançar em que calendário
Divulgação e implementação do manual, incluindo acções de formação necessárias para os responsáveis pela sua execução
Reforço da governação, administração e gestão do pessoal de saúde
Implementar e fazer funcionar uma estrutura de coordenação da estratégia de RHS
Para além da DRHO e os outros departamentos nacionais, regionais, e institucionais da saúde, deve incluir os ministérios das finanças, da administração publica e da educação, assim como os principais parceiros internacionais
Criar e apoiar o funcionamento de uma única Ordem dos Profissionais de Saúde
Para todas as categorias de profissionais específicos da saúde
Desenvolver e adoptar códigos deontológicos e sistemas de reforço dos valores orientadores do desempenho profissional
Propor, adoptar e implementar um sistema de gestão e administração de RHS, desde a administração central às áreas sanitárias, criando o quadro de pessoal necessário
Especificando claramente as funções e tarefas que devem ser executadas, por que tipo de pessoal (com que formação e competências), a que nível institucional
Rever e adoptar nova classificação de profissões de saúde e respectivas carreiras
Considerar novas profissões, como a de técnico de cirurgia
Rever e propor uma nova pirâmide profissional para o SNS Tendo em conta o novo PNDS II Implementar progressivamente as novas normas de afectação do pessoal
Têm que ter em consideração o tipo de instituição mas também dimensão e características da população a cobrir
Desenhar, desenvolver, implementar e actualizar um SIP adequado aos diversos níveis de gestão de RHS
Modernizar fisicamente a administração do pessoal (equipamentos de escritório)
Melhoria das condições de trabalho e motivação do pessoal
Rever a quadro de salários e incentivos financeiros Rever os critérios de atribuição dos diferentes subsídios, incluindo os de risco
Deve ser implemento de forma a ser um incentivo à redistribuição de pessoal e ao seu melhor desempenho, individual e em equipa
Definir condições mínimas, incluindo os RHS necessários, para o funcionamento das instituições não governamentais de saúde
Rever e melhorar o sistema de pagamento, incluindo os subsídios (processo e regularidade) a todos os níveis do sistema de saúde
Considerar a possibilidade de haver um fundo internacional, apoiado pelos doadores para pagamento com regularidade aos funcionários da saúde. Seria para este fundo que o Estado reporia os salários, quando os pagasse com a irregularidade que o caracteriza
Melhorar as condições de alojamento do pessoal conforme as necessidades estabelecidas (construção, reabilitação e equipamento)
Tendo em conta as áreas sanitárias consideradas prioritárias
Rever mecanismos de apoio e motivação do pessoal de nível comunitário, como os ACS e as matronas
Repensá-los como agentes da sociedade civil apoiados pelo Estado para apoio às equipas da EA
Criar condições para aposentadoria precoce de pessoal auxiliar sem condições para beneficiarem de cursos de promoção
Medida urgente, para depois das eleições de 2008
6. Reforço da capacidade de formação
Fazer um plano de formação dos RHS 2008-2012 e criar os instrumentos e outras condições necessárias para a sua execução
Deve contemplar a formação pré-graduada, pós-graduada e o desenvolvimento profissional contínuo, tanto no interior como no exterior do país
Melhorar as condições de trabalho e motivação do pessoal da ENS
Formar enfermeiros gerais e parteiras gerais em número suficiente para cobrir as necessidades dos SNS
No contexto das diversas acções identificadas, o SIP, precisa de ser priorizadol. A prioridade,
em termos de variáveis a incluir na base de dados, seria para variáveis de agregação de dados
e variáveis de caracterização da força de trabalho.
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Dados mínimos para o SIP Variáveis de definição de níveis de agregação dos dados e informação
região: nacional e cada uma das regiões; nível de cuidados (primários, secundários, terciários ou administração); base institucional (MINSAP, HN, CRN, outra instituição nacional, HR, CS tipo A, CS tipo B
urbano, CS tipo B rural, Centro de saúde tipo C urbano, Centro de Saúde tipo C rural, posto de saúde, CMI);
nível de cuidados (primário, secundário, terciário). Variáveis referentes à caracterização da força de trabalho na saúde
idade; data de nascimento; sexo; antiguidade na saúde; nível de formação (elementar, auxiliar, médio, superior); categoria profissional; urbano-rural; nome da área sanitária; sector (público ou outros); tipo de vínculo contratual (nomeação provisória, nomeação definitiva, nomeação em comissão de
serviço, nomeação em comissão de serviço extraordinária, contrato de gestão, contrato administrativo de provimento, contratos a termo certo, outras);
sector (público e outros); absentismo por causa; saídas por causa; entradas; promoções; progressões; vagas existentes; beneficiários de incentivos; actividade (clínica, gestão/administração, ensino).
Variáveis necessárias para estimativa de rácios e projecções
dimensão da população; altas hospitalares; consultas em ambulatório; camas para internamento.
Apoiados nesta análise de situação, propõem-se ainda algumas orientações, consideradas
prioritárias, para melhorar o funcionamento do sector de saúde na GB, apoiado numa
estratégia sustentada de desenvolvimento dos seus recursos humanos na saúde:
Enquadrar a estratégia de desenvolvimento de recursos humanos da saúde num
contexto motor de desenvolvimento económico, combate à pobreza, reforma do sector
público e de desenvolvimento sanitário do país;
Sustentar uma intervenção forte junto do ministério das finanças, tendo em conta o
carácter excepcional do sector da saúde para garantir o pagamento atempado dos
salários do pessoal da saúde;
Fortalecer a DRHO com competências, recursos e instrumentos gestionários
necessários ao planeamento, execução, monitorização e adaptação continuada do
125
PNDRHS II;
Rever as normas de redefinição, redistribuição e lotação dos Recursos Humanos; a
serem adoptadas no PNDS II;
Redimensionar a denominação das Categorias Profissionais de modo a racionalizar as
nomenclaturas existentes e a considerar a introdução de quadros técnicos médios
especializados (p.e. técnicos de cirurgia);
De entre as categorias profissionais identificar as que deverão receber
atenção prioritária;
Para cada categoria profissional detalhar, legislar e regulamentar as
carreiras respectivas;
Para cada categoria profissional repensar todo o sistema de escalas salariais,
benefícios e incentivos, incluindo o subsídio de vela (plantão), de
isolamento, de risco (insalubridade), suplemento de chefia (cargos
dirigentes), diuturnidades (subsídio de antiguidade na localidade), e outros;
pensar também na possibilidade uma “via rápida” de progressão na carreira,
de acordo com a antiguidade em locais mais isolados; pensar em subsídios
de família para apoio à educação dos familiares de pessoal em locais mais
isolados, criando-lhe também condições preferenciais de acesso ao ensino
superior e à função pública.
Criar um quadro orgânico (quadro de pessoal) do Ministério da Saúde;
Criar quadros orgânicos autónomos das regiões sanitárias e das instituições
prestadoras de cuidados diferenciados a nível central;
Elaborar e implementar regulamento de concurso para preenchimento das vacaturas;
Regulamentar e implementar um processo simples de avaliação de desempenho que
sirva de base para a atribuição de incentivos e outros benefícios;
Definir e implementar critérios mínimos de condições de trabalho e alojamento para
os profissionais nas zonas mais remotas;
Promover concursos promocionais a cada dois anos;
Estudar e propor um Projecto de Aposentadorias Antecipadas, com direitos sociais
assegurados, para todos aqueles profissionais cujo nível de escolaridade não condizem
com as aspirações e ambições do MINSAP no que concerne ao bom desempenho
profissional, para fazer face a determinadas particularidades que não foram
consagradas no Estatutos do Pessoal da Administração Pública,. Nós acrescentaríamos
como proposta a aposentadoria precoce, para os que trabalharem nos locais isolados
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por mais de 15 anos, de forma voluntária ou quando atingirem para homens 55 anos e
mulheres 50 anos.
Estabelecer critérios mínimos de recursos humanos necessários para a prestação de
cuidados em instituições dos sectores privados, lucrativo e não-lucrativo.
Assumir uma intervenção mais directa na direcção da ENS, através da revisão dos
regulamentos da mesma e de coordenação de um conselho geral que defina a política e
estratégia educacional da mesma, aprove os seus programas de acção e o seu
orçamento de funcionamento. É preciso definir, regulamentar e implementar a carreira
docente dentro do quadro do MINSAP.
Definir, junto das universidades, os critérios mínimos a que têm que obedecer as
licenciaturas e bacharelatos de saúde para que os formandos possam vir a ser
licenciados pelo MINSAP. Estes critérios deveriam ser definidos em parceria com os
dirigentes das ordens e associações profissionais.
As associações e ordens profissionais têm pouco impacto no dia a dia dos seus
associados. Em grande parte, esta situação reflecte uma falta de capacidade por parte
dos dirigentes das mesmas. Neste contexto, seria recomendável repensar o modelo de
ordem e adoptar o modelo de uma ordem pluriprofissional, já adoptada com sucesso
noutros países africanos.
Implementação do PNDRHS II
Ficou definido qu este será um PNDRHS ao serviço de valores profissionais e de uma missão
de serviço público. Será um plano semi-aberto. Deverá ser realista e sustentável, devidamente
custeado no âmbito do PNDS II. Reconhecerá a realidade da actividade privada, das
mutualidades a emergir, do papel do sector social, dos esquemas de cobranças ilícitas e da
aparente incapacidade do estado prestar cuidados mínimos a todos os cidadãos. Serão
desenvolvidos eixos estratégicos nacionais, a serem apropriados localmente através de planos
estratégicos locais.
A valorização do planeamento como um processo continuado leva a que se considere o
PNDRHS II não como um produto finalizado, mas, antes, como um instrumento em
actualização contínua, para o tornar mais sensível às percepções que se vão tendo da sua
adequação ou não ao momento. Prevê-se, pois, uma evolução natural, fácil e lógica entre as
sucessivas fases deste PNDRHS I devidamente integrado no PNDS II.
127
A fase I corresponde à definição situação actual dos RHS na GB, da estrutura do Plano e dos
seus objectivos globais, assim como à sua validação numa oficina de trabalho, e especificação
das principais orientações estratégicas e metas prioritárias. Esta fase, será completada no
segundo semestre de 2007. Durante esta fase completar-se-á ainda uma base de dados em
Excell com o pacote mínimo de variáveis acima identificadas.
A fase II, de 2007 a 2009, será a fase de “lançamento” do PNDRHS II, de adequação ao
PNDS II, de aprofundamento de alguns dos eixos estratégicos e de operacionalização das
estruturas e processos de acompanhamento. Durante este período serão realizadas algumas
consultorias para especificação técnica de alguns dos temas identificados e será elaborado um
Manual de Procedimentos, que contemplará, pelo menos, os 10 capítulos a seguir
identificados.
2007 2009 2010 2015
Fase I
Fase II
Fase III
Elaboração e aprovação
Adequação e correcção
IImmpplleemmeennttaaççããoo ee mmoonniittoorriizzaaççããoo ddoo PPNNDDRRHHSS IIII
128
A fase III, até 2015, será a fase de monitorização da execução do PNDRHS II pelas estruturas
que para tal forem designadas como responsáveis.
Esta actualização contínua servirá, simultaneamente, de documento de apoio estratégico ao
MINSAP e facilitará, no momento apropriado de cada ano, a associação do Plano de Acção
anual do MINSAP ao desenvolvimento do orçamento respectivo e de programas anuais
necessários: nacionais, regionais e locais.
10 Monitorização
9 Investigação e desenvolvi-
mento
8 Desenvolvi-mento de
competências
7 Incentivos à
implementação 6 Instrumenta-
lização
Mobilização dos principais actores
Desenv. dos programas nacionais
3 Definição e
apropriação de prioridades
2 Sistema de
informação de RHS
1 Plano de
comunicação
Implemen-tação do PNDRHS II
5 Mobilização de
parceiros
4 Mobilização de
recursos