fotos: bruno buys informação e comunicaçãoinovacao.scielo.br/pdf/inov/v3n2/a21v03n2.pdf · o...

6
C A P A por Bruno Buys Tecnologias de informação e comunicação: inovação é quase um sinônimo Fotos: Bruno Buys Dependências do ponto de presença da RNP no Rio de Janeiro; os cabos com etiquetas de nomes de cidades ligam os pontos de cada uma ao do Rio de Janeiro; trata-se de cabos coaxiais de 34 Mbps conectados a roteadores Juniper MI-7

Upload: dinhquynh

Post on 01-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

C A P A

por Bruno Buys

Tecnologias de informação e comunicação:inovação é quase um sinônimo

Fotos: Bruno Buys

Dependências do ponto depresença da RNP no Rio de

Janeiro; os cabos com etiquetasde nomes de cidades ligam os

pontos de cada uma ao do Rio de Janeiro; trata-se de caboscoaxiais de 34 Mbps conectados

a roteadores Juniper MI-7

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 2

ois termos que se mes-clam quase sem distin-ção: tecnologias da infor-mação e comunicação(TIC) e inovação. O ritmo

acelerado de lançamentos e substitui-ção de padrões na informática faz comque a novidade seja muito mais a regrado que a exceção. É um mercado ágil ede alta competição, com possibilidadesde grandes lucros e de geração de empre-gos, que exige, em contrapartida, muitoinvestimento e qualificação da mão-de-obra. Nesse cenário, e mais especifica-mente na América Latina, o Brasil temuma inserção importante tanto pelopotencial de geração de renda quanto nacriação de novos produtos e serviços,ainda que deficiências históricas venhamdificultando grandes saltos.

Segundo dados da AssociaçãoBrasileira de Software (ABES), o mer-cado de tecnologias de informação (TI)movimentou 11,9 bilhões de dólares nopaís em 2005, e os gastos tanto de empre-sas privadas quanto do setor públicovêm crescendo anualmente. A consul-toria IDC Brasil aponta que somente ogoverno gastou 4,3 bilhões no setor, nomesmo ano, principalmente em servi-ços como VoIP e segurança. Os gastosem hardware concentram-se principal-mente na renovação e padronizaçãodos servidores. A IDC aponta que, nomundo inteiro, os gastos em TI em 2006foram da ordem de 1,6 trilhão de dóla-res, e o aumento anual até 2010 deveser de 6%. Deste valor, aproximada-mente 50% corresponde ao segmentode serviços.

O setor tem passado por diversastransformações ao longo do tempo,modificando os nichos econômicos querepresenta, conforme aponta PauloBastos Tigre, coordenador do Grupode Pesquisa em Economia da Inovação,da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ).

O pesquisador julga que, atualmen-te, o mercado mais promissor para osegmento de TIC seja o de software e ode serviços. No período de vigência dalei de reserva de mercado da informáti-ca no Brasil, acreditava-se que o gran-de filão era a fabricação de hardware.Empresas nacionais como a Cobra -Computadores e Sistemas Brasileiros,por exemplo, puderam crescer e se esta-belecer. Hoje, porém, a fabricação dehardware está, na prática, nas mãos deduas grandes gigantes do setor, a Intele a AMD, que monopolizam o mercado."Boa parte da complexidade de um com-putador de mesa moderno migrou paradentro do chip da Unidade Central deProcessamento (CPU, na sigla em inglês),que se tornou extremamente elabora-do. Uma CPU moderna contém dezenasde milhões de transistores. Excetuando-se a CPU, o que resta dos circuitos inter-nos de um computador é relativamen-te simples", diz Paulo Tigre. MariaAparecida Galhardo, professora daFundação Getúlio Vargas (FGV) e analis-ta de sistemas do Banco Itaú, concordacom Tigre: "atualmente, os tradicionaisfabricantes de hardware estão se vol-tando para a prestação de serviços.Segundo a empresa de consultoria nor-te-americana Gartner, que se dedica àanálise e pesquisa de assuntos relacio-nados com as TICs, até 2008, mais de30% das grandes empresas terão seusanalistas de negócios e de sistemas tra-balhando em arquiteturas orientadasa serviços. Já estamos vendo as gran-des empresas se mobilizando e come-çando a seguir essa tendência".

DIFERENTES SEGMENTOS DO SOFTWAREEm relação à produção dos softwa-

res, o setor é muito amplo e apresentamuitos desafios. O mercado para sistemasoperacionais, que são os aplicativos quefazem a comunicação entre o hardwaree os demais programas do computador,exibe hoje uma forte tendência de concen-tração entre as líderes mundiais, princi-palmente devido à dependência tecnoló-gica do cliente em relação aos seus sis-temas. A Microsoft, proprietária da pla-taforma operacional Windows e do paco-te Microsoft Office, detém cerca de 95%do mercado de sistemas operacionaispara desktops (computadores de mesa),liderança que tem se mantido constan-te ao longo dos últimos anos.

Já o mercado para aplicativos temuma distribuição um pouco maior entreos fabricantes, embora existam tambémsetores tradicionalmente dominados poruma única empresa. Uma das mais for-tes nessa área é a Adobe, que produz apli-cativos gráficos e de editoração. A empre-sa detém a propriedade intelectual doAdobe Photoshop, que se tornou o padrãode mercado para edição de imagens digi-tais. "Esse é um mercado que não convi-ve bem com muitos padrões simultâneos.Com o passar do tempo, o que nós assis-timos é a hegemonia de um padrão úni-co", explica Paulo Tigre. Outro exemploseria o AutoCAD, da Autodesk, softwarepara desenho industrial e arquitetura.

Exceto em alguns nichos específicosde software-produto, não se pode dizerque estejam abertas grandes oportuni-dades de desenvolvimento para fabrican-tes brasileiros. A área de serviços, con-tudo, tem-se tornado cada vez mais umaárea "não exatamente de TI", mas "habi-litada por TI" e envolve outras especiali-dades. Ou seja, aqui o outsourcingganhao papel de destaque.

"Hoje, o outsourcing é uma tendên-cia muito forte entre empresas de tecno-logia da informação", aponta o pesquisa-

OPORTUNIDADES NA GERAÇÃO DE RENDA E CRIAÇÃO DE NOVOS

PRODUTOS E SERVIÇOSD

3 3

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 3

3 4

dor da UFRJ. "Nos anos 1970, empresascomo a IBM tinham todos os setores daatividade dentro de suas unidades: elafabricava o chip, o hardware e o integra-va aos computadores. Eles tinham téc-nicos capacitados para instalar e confi-gurar os equipamentos na empresa clien-te, assim como pessoal para treinar ecapacitar para a operação das máquinas.Com o passar do tempo, mantendo-secom uma estrutura tão verticalizada, amultinacional percebeu que não conse-guiria acompanhar o ritmo de exigên-cias em inovação que a área impulsiona-va, e foi saindo de alguns setores, como,por exemplo, treinamento e fabricaçãode hardware", pontua o economista.

A necessidade de se concentrar naatividade principal faz com que as empre-sas em geral se desfaçam de segmentosde seus negócios (os que não são consi-derados estratégicos), e terceirizem ser-viços, contratando fabricantes especia-lizadas. "O banco ABN-AMRO, por exem-plo, depois de algumas experiências mal-sucedidas com TIC, resolveu contrataruma empresa, a IBM, para cuidar doassunto. Hoje, a IBM é a responsável pelasmáquinas de atendimento aos clientese caixas eletrônicos".

MERCADO DE TRABALHODa mesma forma, observa-se a explo-

são dos setores de call-center, serviçosde suporte e manutenção, e até mesmode assessoria de imprensa. Estes são ser-viços que se baseiam em TI, mas envol-vem outras habilitações, como contabi-lidade, gestão de pessoal, relacionamen-to com o cliente e fluência em inglês. Éum setor com grandes demandas de pes-soal qualificado, porém com exigênciasde conteúdos que nem sempre um can-didato a um posto de trabalho domina.

Paulo Tigre aponta três áreas de conhe-cimentos exigidas: informática, inglês econhecimento em processos e negócios.Para um jovem que busca entrar no mer-cado de trabalho nos últimos tempos, odomínio da informática e do inglês nãoé exatamente um problema, pois cresceumuito a capacitação nessas duas áreas.

No entanto, ainda falta pessoal com expe-riência em negócios.

Sandro Alves, diretor do InstitutoNokia de Tecnologia, concorda com anecessidade de educação de alto nível, ea aponta como um dos entraves para oaproveitamento das oportunidades queo setor representa. "A expansão da mão-

O Laboratório deEstudos Cognitivos

(LEC), da UFRGS recebeu computadores

XO a título de teste, para o Projeto Um

Computador por Aluno

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 4

tratada deve demonstrar confiabilidadee saúde financeira. O serviço ficaria indis-ponível se a empresa prestadora de ser-viço quebrar. A empresa contratante podetentar trazer de volta a capacitação paraseu domínio, mas as pessoas que domi-navam aquele conteúdo já não estão maispresentes, ou estão defasadas.

O gerente de negócios da unidade bra-sileira da multinacional francesaMandriva, Paul Guillet, enxerga algunsproblemas na prática indiscriminada deoutsourcingadotada por muitas empre-sas. Os planos da Mandriva Brasil, segun-do Guillet, são de estimular o desenvol-vimento de projetos localmente, ao invés

C A P A

de-obra qualificada contribuirá para queregiões onde esse nicho é representati-vo se desenvolvam, inclusive socialmen-te, cada vez mais rápido". O InstitutoNokia está instalado no Porto Digital deRecife, e dedica-se à pesquisa em tecno-logias de comunicação móvel.

O economista da UFRJ afirma que,comparado ao setor de serviços, o seg-mento profissional de software-produtoainda emprega pouco. "No Brasil, aMicrosoft emprega cerca de 400 pessoas,ou seja, quase ninguém, para um fatura-mento em torno de R$ 600 milhões dereais. Já a IBM, que se dedica muito maisà prestação de serviços do que a Microsoftocupa cerca de 10 mil trabalhadores nopaís", diz Tigre.

Grande parte dos empregos geradosno setor de TIC tem sido em empresaspequenas e médias, principalmente asinovadoras. Só o Centro Empresarial paraLaboração de Tecnologias Avançadas(Celta), incubadora de empresas daFundação Certi (Centros de Referênciaem Tecnologias Inovadoras), de Floria-nópolis, gera 700 empregos diretos em40 empresas incubadas cujo faturamen-to chegou, em 2005, a 40 milhões de reais.O Cietec, instalado na Universidade deSão Paulo, saltou de 203 postos de traba-lho em 2001 para 701 em 2005.

"Outro processo que tem sido objetode estudo em nosso grupo de pesquisa éo chamado business process outsour-

cing", acrescenta. Nesse caso, o entrosa-mento entre a empresa contratante e oprestador de serviços é maior, pois seg-mentos do próprio processo de negóciosforam terceirizados. Do ponto de vistaeconômico, a idéia de se concentrar na realhabilidade da empresa faz muito senti-do, mas, na prática, o outsourcing tam-bém tem seus problemas. A empresa con-

3 5

TI EM GRANDE ESCALA: A IMPORTÂNCIA DO INVESTIMENTO

O Porto Digital de Recife foi o resultado da parceria entre o setor público, empresas privadas,órgãos de fomento e universidades pernambucanas. Emprega cerca de 3 mil pessoas em 102 empre-sas e instituições de pesquisas lá instaladas. Em cinco anos de operação, o Porto Digital se consoli-dou como um pólo de tecnologia no Nordeste, atraindo empresas como Microsoft, IBM, Motorola,Samsung e Nokia. O Porto Digital, porém, contabiliza, em sua maioria, empresas de pequeno emédio porte que aliam TI e prestação de serviços.

Segundo Paulo Tigre, da UFRJ, "as grandes empresas de TIC procuram centros de capacitaçãoem grande escala, que possam oferecer centenas de profissionais qualificados na área de interes-se". Com pouca gente não é possível criar e manter um serviço para ser oferecido globalmente.Silvia Valadares, gerente de comunicação e marketing do Porto Digital aponta que "o principal atra-tivo para empresas de TIC é o capital humano que o Porto abriga, com uma concentração de 24 ins-tituições de ensino ligadas à área na região, com um total de 41 cursos de graduação, 5 de mestra-do e 1 doutorado. Outro aspecto muito valorizado é o ambiente de inovação existente, com a con-centração de atividades e recursos humanos em P&D".

O Porto Digital é um bom exemplo do que pode ser feito com investimento em educação equalificação de mão-de-obra. É preciso destacar a importância da educação de alta qualidade. Asdeficiências antes apontadas, do domínio simultâneo da língua inglesa, de processos de negóciose de informática, fazem com que o Brasil esteja hoje importando profissionais de alta qualificaçãode países como a Índia, para postos-chave em organizações de TIC.

Em relação aos modelos de desenvolvimento orientais, porém, Sandro Alves, do Instituto Nokia,tem uma postura crítica. "Devemos concentrar esforços em atividades de pesquisa e desenvolvimen-to em nichos de maior valor agregado. Dessa forma, o país poderá atuar com maior competitivida-de em relação a países como Índia e China, onde serviços de menor valor encontram melhores con-dições, principalmente pela capacidade de formação de capital humano para essas atividades".

Paulo Tigre aponta que podemos ainda avançar muito em termos de tecnologia da informa-ção e comunicação. "O Brasil exporta em torno de 300 milhões de dólares ao ano em software, aopasso que as importações chegam a 2 bilhões de dólares". Temos bastante trabalho a ser feito, con-siderando o potencial de geração de empregos na área de TIC e a possibilidade de substituir impor-tações e reduzir gastos. Em ambos os casos, a atuação do governo é fundamental, principalmenteno que diz respeito à educação de alta qualidade e qualificação profissional para este exigentemercado.

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 5

de considerar o país apenas como umafonte de mão-de-obra barata. A Mandrivaé o resultado da fusão, ocorrida em feve-reiro de 2005 de quatro empresas de TIC:as francesas Mandrakesoft e Edge IT, abrasileira Conectiva, com sede emCuritiba, e a americana Lycoris. Desdeentão tem aumentado o volume de negó-cios no Brasil. Atualmente a empresamantém um centro de pesquisa e desen-volvimento em Manaus, que se dedicaprincipalmente ao desenvolvimento desuporte a periféricos para o sistema ope-racional Mandriva, além de melhoriasno desktop e na interface com o usuário.Segundo Paul Guillet, "dentro da filoso-fia de estimular projetos locais, aMandriva tem vendido expertise brasi-leira para projetos globais, em regiõescomo a Índia e o Oriente Médio". Para aempresa de origem francesa, o Brasil éum mercado muito ativo, e um pontoestratégico para a entrada no mercadolatino-americano.

PARTICIPAÇÃO DO SETOR PÚBLICOAs opiniões sobre a política setorial

do governo brasileiro para a área da TICse dividem. Guillet descreve o governocomo extremamente ativo em se tratan-do de estímulo ao setor e à inclusão digi-tal. Diz ainda que o programa PC paraTodos permitiu o surgimento na empre-sa de uma atividade girando em torno deprodutos OEM (Original Equipment

Manufacturer), — obtidos por fabricantesque integram uma tecnologia de manei-ra independente — e Linux que era inexis-tente até 2005.

Sérgio Rosa, diretor do Serviço Federalde Processamento de Dados (Serpro), con-sidera que a Lei de Inovação Tecnológicasancionada pelo governo é um marco nadisseminação do conhecimento geradona universidade. Para ele, o programa PCpara Todos citados por Guillet foi vito-rioso em sua proposta, reduzindo o pre-ço do computador básico de R$ 1800 paraR$ 1200.

E quando o assunto é governo eletrô-nico, o Serpro surge como um grande ino-vador. Sistemas que hoje já são habituaisna rotina do brasileiro, como o Receitanet,o Renavam e o IRPF online são desenvol-vidos pelo órgão, que planeja, para 2007,a produção do novo passaporte brasilei-ro, com informações biométricas do por-tador. Há também a implementação danota fiscal eletrônica e do uso da certifi-cação digital para os contribuintes,aumentando a segurança das transações.O Serpro é também uma AutoridadeCertificadora e de Registro, na Infra-estru-tura Brasileira de Chaves Públicas (ICP-Brasil), mantida pela Rede Nacional dePesquisa (RNP).

Para Maria Aparecida Galhardo, daFGV, porém, ainda há muito por se fazer."É preciso investir na TV digital, simpli-ficar os mecanismos de acesso aos pro-gramas de inovação por meio de incen-tivos fiscais, fortalecer centros de pes-quisa e desenvolvimento para as empre-

Visão geral do ponto depresença daRNP no Rio; as máquinasmostradas

são racks deroteadores

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 6

C A P A

3 7

sas, e, também, facilitar o acesso a finan-ciamentos, dando ênfase à infra-estru-tura e ampliando o campo de atuação dospesquisadores". Ela defende que o gover-no estimule a ida de pesquisadores paraa empresa privada, uma vez que menosde 5%, dos cerca de oito mil doutores for-mados por ano, seguem esse caminho.

REDE NACIONAL DE PESQUISAA RNP desenvolve diversas ativida-

des de inovação no uso de redes avança-das. O serviço fone@RNP, por exemplo,já está em produção, e provê telefonia IPpara instituições interessadas. A direto-ria de inovação da RNP mantém gruposde trabalho com duração de um ano, eque são aceitos para trabalho via editalpúblico de chamada. O Grupo de Trabalhode Redes Mesh, por exemplo, está imple-mentando um projeto piloto naUniversidade Federal Fluminense (UFF),e é coordenado pelo professor CélioVinícius Neves de Albuquerque, doDepartamento de Ciência da Computação.

Redes mesh são aquelas cujos pontosparticipantes são capazes de se comuni-car entre si de maneira mais eficiente edinâmica do que em redes convencio-nais, onde roteadores fazem a comunica-ção somente entre os pontos participan-tes e a internet.

Albuquerque e sua equipe fizeram aadaptação de roteadores Linksys para ofuncionamento em modo mesh, modifi-cando o software que roda no aparelhopara usar o OpenWRT, um sistema ope-racional desenvolvido especialmentepara roteadores. A idéia do projeto éampliar o alcance da rede do campus deSão Domingos da UFF para o entorno,onde existem muitos prédios residen-ciais. "Percebemos que muitos dessesprédios eram habitados por alunos dosnossos cursos de graduação e pós, e tam-bém por funcionários da universidade.Era um cenário ideal para teste de redemesh", explica Albuquerque.

Foram então colocados roteadoresLinksys modificados nos terraços de

alguns prédios próximos ao campus,fazendo a ligação com outros nos pré-dios da própria UFF, completando umarede sem fio. Desta forma um pedido derede oriundo de um ponto distante podeser re-encaminhado por uma série deroteadores mesh, até atingir o roteadormais próximo da internet, onde vai seguirseu destino.

Atualmente a RNP e a UFF estão ini-ciando a segunda fase do projeto, e ava-liando a viabilidade de oferecer o servi-ço no rol dos demais serviços mantidospelo órgão para instituições acadêmicas.

Outros grupos de trabalho incluemtemas como TV digital, armazenamentoem rede, e medições de tráfego da rede aca-dêmica. As tecnologias desenvolvidaspela RNP ficam à disposição de pesqui-sadores e instituições acadêmicas. Atransferência de tecnologia para empre-sas privadas também é possível, embo-ra não seja o foco principal de trabalhoda Rede.

TV DIGITAL TV digital também é assunto tratado

pela Finep, que investiu R$ 38 milhões nodesenvolvimento do Sistema Brasileirode TV Digital, SBTVD. Foram 22 projetosem chamada pública, que encaixadosconjuntamente formariam o sistema.Nas palavras de André de Castro PereiraNunes, analista de projetos da Finep, "ainteratividade do sistema era o que jus-tificaria o investimento. Isso porque erauma maneira de promover a inclusãodigital através da TV. Segundo dados doIBGE [Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística], a TV entra em cerca de 95%nos lares brasileiros. Então era naturalque ela fosse escolhida, em vez do com-putador, que tem uma distribuição mui-to inferior".

Detalhe de um processador AMD, uma das empresas que monopolizam o mercado

inova32-37capaTecno.qxd 8/3/07 2:50 PM Page 7