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FORMAÇÃO LEITORA: um dos caminhos para a ressocialização de adolescentes

que cumprem medidas socioeducativas

Autora: Marta Stella Gressana1 Orientadora: Ruth Ceccon Barreiros 2

Resumo

O presente artigo apresenta reflexões acerca da Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado: “Formação leitora: um dos caminhos para a ressocialização de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas”. Esse trabalho teve como objetivo promover atividades de formação leitora, por meio de oficinas de leitura com gêneros discursivos/textuais da esfera literária, canção/música e poema, a fim de que os adolescentes conhecessem e se apropriassem de estratégias de leitura, percebendo o ato de ler como fonte de prazer, aprendizagem, comunicação, interação, além de um recurso importante para o processo de ressocialização. O público alvo foram os adolescentes da FASE I de EJA (Educação de Jovens e Adultos) que cumpriam medidas socioeducativas no CENSE I – Centro de Socioeducação de Cascavel, no segundo semestre do ano de 2011. O projeto amparou-se teoricamente na perspectiva sociológica de leitura, tomando por base Freire (1996, 1997), Silva (2010); na linguagem como interação conforme Bakhtin (1999) e, Solé (2008) para o ensino de estratégias de leitura. Como metodologia adotou-se a Sequência Didática proposta por Dolz, Noverraz e Schnewly (2004). As atividades do projeto estiveram vinculadas ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, período 2010/2011, o qual objetivou a formação continuada de professores. Os resultados do projeto em tela mostraram-se positivos, visto que as atividades desenvolvidas contaram com o interesse e a participação efetiva dos adolescentes.

Palavras-chave : Leitura; Formação leitora; EJA; Socioeducação; Ressocialização.

1 Professora PDE. Pós-graduada em EJA e Planejamento Educacional- Graduada em Letras,

Port/Inglês, pela FUNESP –Pato Branco- PR. Docente do CEEBJA Profª Joaquina Mattos Branco - Cascavel-PR 2 Orientadora do Programa PDE. Doutoranda em Letras, pela UFBA – Salvador-BA Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pela UEM – Maringá – PR. Docente do Colegiado de Letras da UNIOESTE – Campus de Cascavel, pesquisadora da área de Leitura e Formação de leitores, literatura e ensino.

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a

educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Paulo Freire

1 Introdução

O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE faz parte das políticas

públicas do governo do Estado do Paraná e busca estabelecer diálogo entre os

professores da Educação Superior e os da Educação Básica, através de atividades

teóricas e práticas orientadas, visando à produção de conhecimento e mudanças

qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. Assim, o PDE

proporciona aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-

metodológicos, para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas que

resultem no redimensionamento de sua prática.

Como extensão e interação do trabalho de pesquisa desenvolvido, ocorreu a

formulação e a tutoria, por parte do professor PDE, de um GTR – Grupo de Trabalho

em Rede que se caracterizou pela interação virtual entre os Professores PDE e os

demais professores da Rede Pública Estadual. Este trabalho foi dividido em

temáticas e visava promover a inclusão virtual dos professores, democratizando o

acesso da Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das

áreas/ disciplinas trabalhadas no Programa.

Como participantes do referido programa e pautados na necessidade de se

formar leitores, dada a carência desta formação nos vários níveis de ensino,

desenvolveu-se o Projeto de Intervenção Pedagógica, intitulado “Formação leitora:

um dos caminhos para a ressocialização de adolescentes que cumprem medidas

socioeducativas”, voltado aos adolescentes da FASE I de EJA (Educação de Jovens

e Adultos) que cumpriam medidas socioeducativas no CENSE I – Centro de

Socioeducação de Cascavel, no segundo semestre do ano de 2011.

Neste contexto de aprendizagem, boa parte dos jovens e adolescentes, por

muitas vezes, interrompem seus estudos na escola regular ou passam por longos

períodos afastados da educação formal, o que, consequentemente, gera

dificuldades na aprendizagem, nas diferentes áreas do conhecimento,

especialmente, na compreensão leitora e no próprio gosto pela leitura. Isso é

preocupante, considerando-se que a leitura é a base do processo de alfabetização e

da formação da cidadania. Para Bamberger “a leitura é um dos meios mais eficazes

de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Trabalhar com a

linguagem é trabalhar com o homem” (BAMBERGER, 1991, p.10).

Nesse sentido, o projeto buscou promover atividades de formação leitora, por

meio de oficinas de leitura com gêneros discursivos/textuais3 da esfera literária,

canção/música4 e poema, a fim de que os adolescentes conhecessem e se

apropriassem de estratégias de leitura, percebendo o ato de ler como fonte de

prazer, aprendizagem, comunicação, interação, além de um recurso importante para

o processo de ressocialização. Os textos selecionados foram canção/música

“Cidadão”, uma composição de Lúcio Barbosa, interpretada por Zé Geraldo e o

poema “Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes, os dois gêneros

apresentam como tema a desigualdade social.

Teoricamente, o projeto está amparado em uma perspectiva sociológica de

leitura com Freire (1996-1997) e Silva (2010), em uma visão sociointeracionista de

linguagem, proposta por Bakhtin (1999), nas estratégias de leitura defendidas por

Solé (2008), dentre outros estudiosos. Para o fazer pedagógico, adotou-se a

Unidade Didática, amparada na proposta de Dolz, Noverraz e Schnewly (2004),

Sequência Didática, os quais asseveram que “por Sequência Didática entendamos

um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno

de um gênero textual (oral ou escrito)” (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWLY, 2004,

p.97). Essa proposta metodológica tem a finalidade de:

[...] ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWLY, 2004, p.97).

3 Importante lembrar que a expressão gênero do discurso ampara-se na teoria de Bakhtin (2000), enquanto

que a expressão “gênero de texto” faz parte dos estudos de Bronckart (2003), assim como de Dolz, J; Noverraz, M.; Schnewly, B. pesquisadores pertencentes ao Círculo de Genebra, mentores da Sequência Didática. 4 O gênero discursivo/textual canção corresponde a um texto escrito em verso ou em prosa literária, destinado ao canto. É um gênero híbrido (litero-musical). Diferente da música que corresponde à combinação de sons que produz melodia, através de instrumento musical. A canção é uma combinação de duas linguagens: verbal e musical

Nesta proposta, o conhecimento de escrita e fala estão intimamente

relacionados à proficiência leitora. De acordo com as Diretrizes Curriculares

Estaduais – DCE de Língua Portuguesa (2008), aprender a ler e a escrever com

proficiência é um direito daqueles que nasceram no universo da Língua Portuguesa

falada no Brasil, pois necessitam dela como instrumento legítimo de luta e

posicionamento. A partir deste conhecimento, estarão habilitados a assumir uma

postura de cidadãos ativos na sociedade brasileira. Partindo-se deste princípio, faz-

se necessário empreender esforços no sentido de instrumentalizar os adolescentes

para que se tornem leitores eficientes com gosto e hábito pelo ato de ler.

2 Leitura e leitores

Formar leitores competentes e que gostem de ler é uma tarefa complexa e

tem como responsáveis, primeiro, a família e depois a escola. Ler pressupõe

variadas finalidades como adquirir conhecimentos ou obter informações. Nesse viés,

ensinar a ler é formar as bases para que as pessoas tenham acesso a novos

conhecimentos e informações durante toda a vida. Para Martins, “a leitura seria uma

ponte para o processo educacional eficiente, proporcionando a formação integral do

indivíduo.” (MARTINS, 1984, p.25). Contudo, é preciso reconhecer que a questão do

domínio da leitura transcende as formas de ensino e de formação individual,

residindo, em grande parte, nos modos como se distribuem e se transmitem os bens

culturais na sociedade contemporânea. Conforme Freire (1997),

[...] a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta, implica a continuidade da leitura daquele. De alguma maneira, podemos dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 1997, p. 11).

Nesse sentido, o ato de ler a palavra instrui, de forma particular, para que se

possa ler melhor o mundo. A maneira como se percebe o mundo se modifica quando

se adquire a prática e a eficiência em leitura, pois essa proficiência possibilita uma

releitura da realidade, ou seja, amplia a visão crítica do mundo.

Nessa direção, Bordini e Aguiar reforçam,

[...] A socialização do indivíduo se faz, para além dos contatos pessoais, também através da leitura, quando ele se defronta com produções significantes provenientes de outros indivíduos, por meio do código comum da linguagem escrita (BORDINI e AGUIAR, 1993, p.10).

.

Por isso, no caso dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas,

foco desta pesquisa, a leitura deve ser concebida como um instrumento de

conscientização, visando a ressocialização.

Sabe-se que o processo de compreensão leitora ocorre de forma diferente

para cada indivíduo, visto que está alicerçado na capacidade humana de interpretar

as situações do cotidiano. Para Foucambert, “aprende-se a ler em qualquer idade e

continua-se sempre aprendendo” (FOUCAMBERT, 1994, p. 17). Entretanto, nem

todos adquirem o letramento necessário para utilizar a leitura no enfrentamento dos

desafios da vida em sociedade, fazendo uso do conhecimento acumulado para

continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida.

O conhecimento leitor, para o educando que cumpre medida socioeducativa,

pode figurar como um instrumento de transformação da sua realidade social, uma

vez que contribui para capacitá-lo a compreender às diferentes linguagens presentes

nos variados suportes como os livros, jornais, revistas, televisão, rádio, entre outros.

Nessa tarefa, cabe à escola fornecer, a esses estudantes, os recursos necessários

para que eles consigam buscar, analisar, selecionar, relacionar, organizar as

informações complexas do mundo contemporâneo e, com isso, possam exercer, de

forma plena, a cidadania. As DCE (2008), citando Silva (2005), apregoam,

[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz (SILVA, 2005, apud DCE, 2008, p.57).

Considerando-se tal pressuposto é que esta Intervenção Pedagógica, voltada

para os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, foi concebida. Esse

público, mais que aqueles que frequentam a escola regular, necessitam conhecer as

obrigações e os direitos de cada cidadão. Leituras competentes e críticas permitirão

a esses sujeitos, privados de liberdade, realizar reflexões que oportunizem entender

as relações sociais e humanas que permeiam a realidade e, assim, poderem, quiçá,

ter condições de traçar e percorrer outros caminhos.

A esse respeito, as DCE de Língua Portuguesa (2008) defendem que o ato de

ler estabelece relações dialógicas, de interação, de construção de sentidos, sendo,

portanto, indispensável a qualquer cidadão, uma vez que este oportuniza diversas

possibilidades para se perceber e analisar o mundo bem como para identificar o

outro. Além disso, com este ato, o indivíduo busca suas experiências adquiridas

através de sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as diversas vozes que o

constituem.

Dessa forma, a leitura contribui de maneira eficaz para a construção do

conhecimento, para a formação de ideias, aguça a criatividade, forma identidade,

questiona valores e, sobretudo, ativa a consciência crítica em relação aos fatos da

realidade. Isso, em função de os textos, verbais ou não verbais, terem por base a

linguagem.

Neste viés, Bakhtin (1999), ao se referir ao texto verbal afirma que nenhuma

palavra é neutra, mas carregada de ideologia, sendo, portanto, o principal veículo de

disseminação das ideologias. Assim, é papel da escola e dos professores formar

leitores críticos, que sejam capazes de compreender as ideologias presentes nos

variados textos do cotidiano.

Conforme Solé (2008), a leitura é um processo interno e complexo que

precisa ser ensinado. Dessa forma, promover e propiciar aos jovens a condição de

leitores proficientes, especialmente àqueles em processo de ressocialização, é

essencial, visto que, estes conhecimentos poderão lhes trazer melhores

perspectivas para a transformação da vida em sociedade.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais da EJA (2006), o processo

socioeducativo, desde a década de 90, através da modalidade de EJA, vem

possibilitando aos jovens, destituídos de liberdade, retomar os estudos e, com isso,

acrescentarem, às suas vivências, novas e mais interessantes experiências. Esta

tarefa apresenta grandes desafios tanto para os professores quanto para os

educandos. Dos professores, espera-se muito empenho, de modo a sensibilizar os

alunos para a formação leitora. Nesta perspectiva, Aguiar e Bordini (1993)

comentam,

[...] Quebrando-se o sentido de obrigatoriedade, a leitura perde o ranço de disciplina escolar, para se converter em ato espontâneo e estimulante, desencadeador de momentos aprazíveis. Se os textos devem agradar ao leitor, as atividades de exploração dos mesmos estão comprometidas com o fortalecimento desta reciprocidade e não com o seu esvaziamento (AGUIAR e BORDINI, 1993, p.26).

Considerando-se esse entendimento o ensino da leitura deve acontecer de

forma prazerosa. Assim, e com o intuito de estimular o gosto e o interesse pela

leitura, produziram-se atividades, com os gêneros música/canção e poema, tanto no

Projeto de Intervenção Pedagógica, como na Unidade Didática com o mesmo título,

ou seja, “Formação Leitora: Um dos caminhos para a ressocialização de

adolescentes que cumprem medidas socioeducativas”, levando-se em conta que

estes gêneros possuem grande potencial discursivo para promover a leitura como

deleite, além de espontaneidade nas manifestações entre os estudantes. Lembrando

que o gênero canção/música escolhida foi “Cidadão”, composta por Lúcio Barbosa e

cantada por Zé Geraldo bem como o gênero poema intitulado “Operário em

Construção” de Vinícius de Moraes. Entende-se, assim, que, uma vez contagiado

para a leitura, o socioeducando se apropriaria, de maneira mais efetiva, dos

conhecimentos valorizados em sociedade.

Sabe-se que quando se trata dos adolescentes o gênero música, mais que o

gênero poema, aproxima-se do contexto social do aluno-leitor e, assim, instiga o

interesse pela leitura. Porém, o gênero poema oportuniza a aproximação desse

aprendiz à forma de linguagem socialmente aceita e valorizada, a norma culta da

língua.

Quanto a isto, as DCE (2008) defendem que,

[...] O trabalho com os gêneros (...) deverá levar em conta que a língua é instrumento de poder e que o acesso ao poder, ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos. Para que isso se concretize, o estudante precisa conhecer e ampliar o uso dos registros socialmente valorizados da língua, como a norma culta (DCE, 2008, p.53).

Neste sentido, com as propostas de desenvolvimento leitor elaboradas,

pautadas na metodologia das Sequências Didáticas, pretendeu-se instigar o

educando à leitura crítica dos textos bem como o contato com a norma culta da

língua.

3 Formação leitora em contexto socioeducativo: as ações

Primeiramente, e procurando cumprir os trâmites burocráticos para a

implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, apresentou-se o projeto à

Direção da Unidade de Socioeducação, à Equipe Pedagógica e aos Professores

com o objetivo de socializar os detalhes sobre os conteúdos, a metodologia e o

cronograma de desenvolvimento das atividades. Nessa mesma ocasião, foram

definidos, pela Equipe Pedagógica e professores, os alunos que participariam dos

encontros, pois como menciona Silva (2010),

[...] A promoção da leitura é uma responsabilidade de todo o corpo docente de uma escola e não apenas dos professores de língua portuguesa. Não se supera uma dificuldade ou uma crise com ações isoladas (SILVA, 2010, p. 24).

O procedimento de apresentar o projeto à equipe escolar buscou, para além

das questões burocráticas, fazer valer o entendimento de Silva (2010), de que a

responsabilidade de formar leitores críticos e autônomos deve ser compartilhada por

todo o corpo docente da escola.

Para o desenvolvimento das atividades, optou-se por trabalhar com a

metodologia da Sequência Didática, como já mencionado, em função de essa

metodologia propor a reunião e organização de um conjunto de atividades escolares,

de maneira sistemática, em torno de um gênero discursivo/textual oral ou escrito.

Nessa proposta, a leitura e a produção são planejadas com atividades e exercícios

múltiplos e variados. Com base nesse pressuposto, acreditou-se que esta

metodologia seria a mais adequada ao que se pretendia em relação à formação em

leitura e escrita dos adolescentes do Centro de Socioeducação.

Tal crença pautou-se no fato de que essa metodologia tem por finalidade

oferecer aos alunos práticas de linguagens e instrumentos que desenvolvam suas

capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de comunicação

(DOLZ, 2004). A interlocução é o ponto de partida para uma Sequência Didática e

isso é essencial para o sucesso do trabalho. Trata-se do momento em que se

propicia aos alunos uma situação de interação com o gênero a ser estudado, no

caso em questão, os gêneros música/canção e poema.

Em um momento posterior ao encontro com a Equipe Pedagógica,

apresentou-se aos socioeducandos o Projeto de Intervenção Pedagógica,

mostrando os objetivos, bem como as atividades a serem realizadas. Nesse mesmo

encontro, por meio de uma conversa informal, buscou-se detectar as dificuldades e o

grau de escolaridade que cada adolescente integrante do projeto apresentava. O

objetivo maior do diagnóstico foi saber o quanto seria necessário adequar às

atividades de leitura e escrita, esboçadas no projeto, à escolaridade destes

adolescentes. Como atividade inicial, propôs-se a leitura de um poema do livro de

EJA - FASE I (PARANÁ, 2008) “O trabalho e o lavrador”, de Sérgio Caparelli, a fim

de verificar o nível de conhecimento em leitura e escrita dos socioeducandos.

Por meio dos resultados desta atividade, pode-se perceber que ela atendeu

às expectativas, pois, foi possível saber o grau de conhecimento dos adolescentes,

bem como os motivos que levaram, muitos deles, a não concluir a Fase I. Os

adolescentes que têm envolvimento com entorpecentes apresentam mais

dificuldades, tanto pelos efeitos das drogas quanto pelo maior tempo que passam

afastados da escola.

Em ambiente educacional como o Centro de Socioeducação, faz-se

necessário que as atividades educativas propostas sejam dinâmicas e diversificadas

para atrair o adolescente, visto que este se encontra, em geral, bastante fragilizado.

Assim, a partir do diagnóstico feito com os integrantes do projeto no primeiro

encontro, elaboraram-se atividades lúdicas que visavam leitura, compreensão,

interpretação, análise linguística dos textos e produção escrita. Para a aplicação das

atividades em classe, contou-se com recursos como: a reprodução dos textos para

cada aluno e projeção em slides dos conteúdos teóricos, visando ampliar os

conhecimentos sobre os temas tratados.

Findada as fases preliminares de apresentação do projeto, deu-se início a sua

efetivação. Conforme requer a Sequência Didática, na primeira etapa ocorre com a

Apresentação da Situação do gênero canção/música. Segundo Dolz, Noverraz e

Schnewly (2004),

[...] Esta etapa permite ao professor avaliar as capacidades já adquiridas e ajustar as atividades e os exercícios previstos na sequência às possibilidades e dificuldades reais da turma (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWLY, 2004, p.98).

Com vistas a adequar as atividades ao conhecimento apresentado pelos

socioeducandos, os adolescentes receberam cópias de estrofes de canções e, a

partir da leitura, deveriam identificar quais delas eram músicas conhecidas,

reconhecendo primeiro o título, quem a interpretava/cantava e quem era o autor da

letra. Ao término desta etapa, solicitou-se aos alunos que escrevessem uma estrofe

de música para que a professora e os colegas pudessem descobrir qual era a

música, o intérprete e o título da canção.

Em momento posterior, e para o cumprimento das etapas subsequentes

previstas na Sequência Didática, os alunos receberam uma cópia da música

“Cidadão”. Fez-se, então, a leitura da letra da canção na íntegra com vistas à

exploração do gênero discursivo/textual canção. Os adolescentes, por meio do texto

e das atividades realizadas, puderam reconhecer a diferença entre os gêneros

discursivos textuais música e canção. Para os estudos do gênero canção foi

necessário entender sua função social, seu conteúdo temático e sua estrutura

composicional e também seu estilo por meio de análise linguística. Neste sentido, as

DCE destacam que

[...] A prática da análise linguística constitui um trabalho de reflexão sobre a organização do texto escrito e/ou falado, um trabalho no qual o aluno percebe o texto como resultado de opções temáticas e estruturais feitas pelo autor tendo em vista seu interlocutor. Sob esta ótica, o texto deixa de ser pretexto para se estudar a nomenclatura gramatical e a sua construção passa a ser o objeto de ensino (DCE, 2008, p. 61).

Desta forma, acredita-se que a atividade realizada com os alunos, para o

reconhecimento do gênero canção, atendeu ao proposto pelas DCE. Cabe, ainda,

ressaltar que todas as etapas da Sequência Didática trabalhadas contemplaram

atividades orais e escritas.

Para os estudos do gênero canção, optou-se em ouvir primeiramente a

música “Cidadão”, interpretada por Zé Geraldo e assistir ao videoclipe. Depois desta

etapa, foram apresentadas algumas questões para discussão oral, por exemplo:

vocês conseguem identificar quais são os instrumentos musicais presentes no

arranjo da música “Cidadão”, cantada por Zé Geraldo? Há mais de uma voz

cantando a canção? A (as) voz (vozes) é (são) masculina(s) ou feminina(s)? Qual é

o estilo da música? (samba, funk, baião, MPB). Percebeu-se que os adolescentes

apresentavam boa acuidade auditiva e conseguiram identificar alguns instrumentos,

as vozes e também o estilo.

Na sequência, apresentou-se a letra da canção “Cidadão” com informações

sobre o compositor Lúcio Barbosa assim como outras informações que davam aos

educandos condições para responderem os questionamentos previstos para a etapa

seguinte. Após as leituras e os comentários, os adolescentes responderam algumas

questões escritas referentes à canção, tais como: Quem compôs essa música? Em

que situação? Quando foi apresentada ao público? Qual o local de circulação do

gênero discursivo/textual canção/música? Qual a posição social do compositor?

Qual a temática abordada pela música? Em sua opinião qual a relação entre a letra

da música e o seu título? Na sua percepção, a desigualdade social denunciada por

meio da música persiste na sociedade atual? Em que situações? Para você, o que

deveria ser feito para minimizar (diminuir) a desigualdade social? A seu ver, o que

seria uma sociedade justa e igualitária? Dê exemplos. Todos os brasileiros possuem

cidadania conforme a definição da palavra? Qual a intenção do compositor ao dar o

nome CIDADÃO para a canção? Quais os sentimentos que o compositor deixou

transparecer na canção? Nessa canção, o compositor ou o trabalhador pode ser

considerado um cidadão? Justifique. Você conhece alguém que tenha vivido uma

situação parecida com a descrita na canção?

Discutiram-se todas as questões antes de serem respondidas pelos

adolescentes e, esse procedimento, levou-os a refletirem sobre o tema. Como forma

de prepará-los para a produção escrita, trabalhou-se também análise linguística,

com ênfase na variedade padrão da língua. Nessa mesma ocasião, comentou-se,

com os adolescentes, sobre o respeito que se deve ter com as pessoas que usam

outras variedades da língua. Para estas reflexões tomou-se por base a letra da

canção “Cidadão”, seguida do seguinte questionamento: pode-se perceber que

quem fala nos versos tem um jeito de expressar típico da linguagem de um homem

sem estudo ou de um homem com muito estudo? Justifique sua resposta por escrito.

Feito este exercício, os alunos foram solicitados a reescrever alguns versos da

canção Cidadão em língua culta padrão. Como motivação para os estudos do

gênero, apresentou-se várias vezes o videoclipe da canção “Cidadão” com o

intérprete Zé Geraldo (<http.//www.letras.terra.com.br>) bem como fotos e a

biografia do intérprete.

Dada a proximidade estrutural dos gêneros canção e poema, a mesma

Sequência Didática adotada para o gênero canção foi utilizada para o gênero

poema. Na apresentação da situação, conversou-se com os adolescentes sobre

como as pessoas fazem para expressar ou expor seus sentimentos. Dentre as

indagações estava: as pessoas podem expor seus sentimentos por meio de músicas

como foi visto anteriormente ou isso pode acontecer também por meio dos

poemas/poesias?5 Os educandos responderam que pelas duas formas é possível

expressar os sentimentos. A partir das respostas, procurou-se saber sobre os

poemas que eles já conheciam ou se algum deles já havia escrito um poema. Vale

lembrar que os adolescentes que se encontram em privação de liberdade têm os

sentimentos aflorados e a resposta foi unânime, todos manifestaram que já haviam

escrito poemas.

O adolescente A (será assim identificado, para que seja preservada sua

identidade) relatou que tinha dificuldades para escrever, mas como

desejava/precisava expressar sentimentos sempre pedia a um colega que o

ajudasse a escrever o que ele denominou como sendo poemas. A escrita, na solidão

da reclusão é, muitas vezes, a única alternativa para os desabafos. Isso revela que o

gênero é bem aceito entre esses alunos, mesmo aqueles que apresentam grande

dificuldade na modalidade escrita, e, em função disso, o poema mostrou-se

5 O poema e poesia apesar de serem tratados por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos entre os

estudiosos apresentam diferenças: Poesia: Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem que combinam sons, ritmos e significados.(2) Sugerir emoções por meio de uma linguagem. Poema:

Obra em verso ou não em que há poesia. - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fronteira, 2001

adequado as atividades em sala de aula. Contudo, lamenta-se que, muitas vezes,

este gênero não seja devidamente explorado pelos professores em seu fazer

pedagógico.

Ao final das atividades preliminares, iniciaram-se os estudos mais específicos

sobre a estrutura do gênero poema. Destacou-se, a princípio, a diferença entre os

conceitos poema e poesia, e ainda, que esse gênero obedece a uma estrutura

diferenciada do texto em prosa, pois apresenta rimas, versos e estrofes. Para o

reconhecimento e estudos deste gênero, apresentou-se o poema “Operário em

Construção” de Vinícius de Moraes, (<http://www.usinadeletras.com.br>) em slides,

além de fotografia do autor e sua biografia (<www.guiadoestudante.abril.com.br>).

Na ocasião, alguns adolescentes relataram que já haviam lido poesias do autor.

Os gêneros canção/música “Cidadão”, de Lúcio Barbosa, interpretada por Zé

Geraldo e o poema “Operário em Construção”, de Vinícius de Morais, tinham em

comum o tema da desigualdade social e isso possibilitou aos adolescentes maior

identificação com os textos e interesse em participar das leituras e discussões

propostas pelo projeto.

Chegaram-se as últimas etapas previstas na Sequência Didática, ou seja,

produção e circulação dos gêneros discursivos/textuais estudados, isto é,

canção/música e poema. Era o momento de instruir os adolescentes sobre

procedimentos: primeiro a escolha de um dos gêneros para a produção. De acordo

com Dolz, Noverraz e Schnewly (2004)

[...] A Sequência Didática é finalizada com uma produção final que dá ao aluno a possibilidade de pôr em prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente nos módulos. Essa produção permite, também, ao professor realizar uma avaliação somativa (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWLY, 2004, p.106).

Para atingir o objetivo de produção do gênero, ou seja, colocar em prática o

aprendizado realizado até então, bem como obter um instrumento para avaliar a

produtividade dos alunos no processo, os adolescentes foram, a princípio,

indagados sobre seguintes pontos: Qual o gênero que escolheriam? Para quem

iriam escrever? Qual seria o tema? Qual seria o objetivo? Onde poderia circular suas

produções? Em função da condição em que se encontravam, optaram por escrever

poemas para a família, mais precisamente para as mães.

A primeira produção foi realizada em um rascunho. Nesse processo,

oportunizou-se aos adolescentes momentos para a solução de suas dúvidas, estas,

em geral, relacionadas aos aspectos linguísticos do texto. Nessa fase, os

adolescentes foram incentivados a trocarem ideias sobre suas produções bem como

a pedirem sugestões de palavras que rimassem. O tema dos textos anteriormente

estudados, isto é, a desigualdade social, relaciona-se à realidade social dos alunos

do Centro Socioeducativo, este fator motivou a participação e o empenho na

realização das atividades, especialmente, na produção final.

Ao término da primeira fase de produção, os adolescentes procederam a

reescrita dos poemas. Cada aluno fez sua própria correção com auxílio da

professora. Após várias leituras e reescritas, os adolescentes produziram a versão

final, inclusive ilustrando os poemas.

Os poemas dos adolescentes foram expostos no refeitório da Unidade de

Socioeducação para que pudessem ser lidos por todos os que partilham este

ambiente. Os poemas foram também digitados, levados para os adolescentes

ilustrarem novamente e, posteriormente, encadernados. O objetivo da encadernação

das produções finais foi para que os adolescentes levassem consigo um exemplar,

alguns seriam deixados na Unidade de Socioeducação para que outros

adolescentes também conhecessem e se interessassem pela leitura do gênero

poema.

4 Considerações Finais

A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica “Formação Leitora:

um dos caminhos para a ressocialização de adolescentes que cumprem medidas

socioeducativas”, por meio dos gêneros discursivos/textuais canção/música e

poema, mostrou-se bastante produtiva, pois, tratou-se de uma prática que aliou o

pedagógico ao lúdico e propiciou uma forma de interação, através da leitura, que fez

com que o aluno-leitor resgatasse suas experiências, seu conhecimento de mundo e

de linguagem e, ao mesmo tempo, ampliasse sua competência leitora e

comunicacional.

Em se tratando das etapas propostas pela Sequência Didática, as quais

embasaram esta investigação, pode-se afirmar que, ao realizar a apresentação da

situação, houve muito interessante e foi muito divertido para os educandos, pois

foram utilizadas estrofes de canções recentes e outras mais antigas, porém

conhecidas dos adolescentes.

Quanto à exploração dos gêneros discursivos textuais, música/canção e

poema, foram analisados e compreendidos, pelos educandos, em sua função social,

seu conteúdo temático e sua estrutura composicional. Esses estudos tiveram como

finalidade que os alunos pudessem, a partir dos modelos vistos, utilizarem em suas

produções todos os recursos expressivos aprendidos, compondo seu próprio estilo.

Estes deveriam, ainda, ter por base a reflexão sobre a linguagem utilizada por cada

compositor estudado, atentando para o fato de que, ao produzirem seus textos,

precisariam tomar os devidos cuidados quanto aos aspectos linguísticos da

produção, almejando-se a originalidade.

Neste sentido, no que se refere às produções realizadas pelos alunos,

percebeu-se que, houve muito empenho e atenção dos mesmos, pois apresentaram

muitas dúvidas, elaboraram questionamentos e buscaram ajuda do professor e

opinião dos colegas para o cumprimento adequado da tarefa.

Na oportunidade, os alunos compreenderam que a linguagem varia de acordo

com a formalidade da situação de comunicação. Entenderam, também, que nos

textos poéticos, os autores têm o direito de manter determinados aspectos da

oralidade, buscando maior expressividade, o que se conhece na literatura como

“licença poética”, por isso, é possível perceber, nesses textos, trechos com

expressões coloquiais. Foi bastante rica a prática de reescrever alguns versos

passando-os para a linguagem formal.

Cumpridas todas as fases propostas pela Implementação, o resultado final foi

exposto em mural para que a comunidade escolar pudesse fazer a leitura e a

apreciação da produção dos socioeducandos. Essa foi uma atividade fundamental

para transformar a visão de que se produz texto apenas para a avaliação do

professor, mas sim que o texto deve ser escrito, no caso do gênero em foco, poema,

para despertar a emoção e sensibilizar o possível leitor sobre o tema abordado no

texto.

É possível afirmar que, o trabalho com a leitura, conforme orientam as

Sequências Didáticas, é uma estratégia que contempla o estímulo à leitura e à

produção texto. Em se tratando da realidade dos alunos das Unidades de

Socioeducação, é uma forma de resgatar a identidade de cada educando, criar

vínculos através do processo interativo e levá-los a reconhecer que sua cidadania

depende também ao conhecimento escolar.

No processo de formação continuada, foi possível perceber que é papel do

professor ser um pesquisador, em constante busca por conhecimentos e novas

formas de ações pedagógicas. Isso implica em compreender a bagagem de

conhecimento que os alunos já possuem, possibilitando pensar sobre o

conhecimento que ainda lhes falta e, a partir daí, planejar novos conteúdos, para

assim alcançar os objetivos de ensino esperados.

Neste sentido, o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE foi uma

experiência ímpar para os professores da rede estadual. Com a carga horária

liberada, no primeiro ano, houve condições para se repensar a prática em sala de

aula com as leituras e as aulas nas Instituições Ensino Superior - IES, jornadas

acadêmicas, palestras, discussões e orientações. Nos encontros de área,

socializaram-se as experiências e assim, pode-se refletir sobre assuntos pertinentes

à realidade escolar de cada um.

Todas as atividades previstas pelo PDE, como a produção do Projeto de

Intervenção Pedagógica e a Produção Didático Pedagógica, foram essenciais para a

renovação dos conhecimentos. Isto porque, durante a produção do Projeto de

Intervenção Pedagógica, assim como da Produção Didático Pedagógica, contou-se

com as orientações dos professores das IES, com indicações de literaturas que

fundamentaram os estudos sobre a temática abordada.

Em relação ao Grupo de Trabalho em Rede, concluiu-se que o objetivo foi

alcançado, ou seja, provocar discussão e socializar o Projeto de Intervenção

Pedagógica: “Formação Leitora: Um dos caminhos para a ressocialização de

adolescentes que cumprem medidas socioeducativas”, assim como, a Produção

Didático-pedagógica. Os cursistas participaram dos fóruns, fomentando ideias sobre

os temas propostos. Expuseram suas opiniões quanto à pertinência do material, a

viabilidade de aplicação ao referido público, e adolescentes do CENSE I de

Cascavel. Todos consideraram pertinente o material e elogiaram os gêneros

discursivos/textuais escolhidos, frisando que esses gêneros são relevantes e

contribuem para que esses adolescentes, em processo de ressocialização, reflitam e

percebam que podem ter vez e voz na sociedade, desde que eles tenham

consciência do seu papel social.

Referências

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Sites consultados:

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