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Leitores e formação leitora na universidade Ana Maria Esteves Bortolanza Universidade de Uberaba Resumo: Pesquisa quali-quantitativa realizada no estágio de pós-doutorado que analisa o perfil- leitor de universitários ingressantes no curso de Pedagogia e a universidade como espaço de formação leitora em duas universidades brasileiras situadas no interior do estado de Minas Gerais e do estado de São Paulo. São analisados neste estudo os resultados de um questionário aplicado a 56 alunos ingressantes no curso de Pedagogia da universidade pública federal do interior de Minas Gerais (Brasil) em 2011, sendo 1,78% do sexo masculino e 98,22% do sexo feminino, com idade entre 16 a 43 anos. Entre os 56 participantes da pesquisa, 26 frequentavam o curso diurno (46,4%) e, 30 participantes, curso noturno. (53,6%). A maioria vem de escolas públicas, mais de 90% sendo que apenas 7% frequentaram escolas particulares. Os índices repetem-se no ensino médio. Apenas 3 alunos (5,4%) participavam de programas universitários como projeto de pesquisa ou extensão, estágio, grupo de pesquisa. Os dados apontam um perfil-leitor de universitários que leem igualmente em suportes impressos e digitais. Os livros lidos são primordialmente emprestados da biblioteca da universidade ou xerocopiados, sendo que mais 70% dos participantes da pesquisa frequentam a biblioteca universitária. Os professores foram apontados como principais agentes motivadores para a leitura. As leituras de impressos mais frequentes são de livros e as leituras digitais mais frequentes são realizadas pelo site Google e outros sites de pesquisa, de e-mails e redes sociais. Dois objetivos de leitura destacam-se: ler para obter conhecimento e ler por exigência da escola. Os resultados parciais evidenciam que a universidade é o principal espaço de leitura e de formação leitora para os futuros pedagogos, portanto o papel do professor como mediador é fundamental para a formação leitora dos futuros professores. Palavras-chave: Práticas de Leitura. Leitura no Ensino Superior. Formação leitora. Introdução Apresento neste estudo parte de minha pesquisa de pós-doutorado (2011-2012), realizada em duas universidades públicas brasileiras, situadas no interior do estado de Minas Gerais e de São Paulo, com a participação da Universidade de Évora, onde foi realizado estágio pós-doutoral sob a supervisão da professora doutora Ângela Balça. Neste estudo, analiso alguns dados da pesquisa com foco na formação leitora dos universitários ao ingressarem em um curso de Pedagogia. São analisados os dados resultantes de um questionário aplicado no primeiro semestre de 2011 a 56 universitários do primeiro ano do curso de Pedagogia, de uma universidade federal do Triângulo Mineiro. Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 04138

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Leitores e formação leitora na universidade

Ana Maria Esteves Bortolanza

Universidade de Uberaba

Resumo:

Pesquisa quali-quantitativa realizada no estágio de pós-doutorado que analisa o perfil-

leitor de universitários ingressantes no curso de Pedagogia e a universidade como

espaço de formação leitora em duas universidades brasileiras situadas no interior do

estado de Minas Gerais e do estado de São Paulo. São analisados neste estudo os

resultados de um questionário aplicado a 56 alunos ingressantes no curso de Pedagogia

da universidade pública federal do interior de Minas Gerais (Brasil) em 2011, sendo

1,78% do sexo masculino e 98,22% do sexo feminino, com idade entre 16 a 43 anos.

Entre os 56 participantes da pesquisa, 26 frequentavam o curso diurno (46,4%) e, 30

participantes, curso noturno. (53,6%). A maioria vem de escolas públicas, mais de 90%

sendo que apenas 7% frequentaram escolas particulares. Os índices repetem-se no

ensino médio. Apenas 3 alunos (5,4%) participavam de programas universitários como

projeto de pesquisa ou extensão, estágio, grupo de pesquisa. Os dados apontam um

perfil-leitor de universitários que leem igualmente em suportes impressos e digitais. Os

livros lidos são primordialmente emprestados da biblioteca da universidade ou

xerocopiados, sendo que mais 70% dos participantes da pesquisa frequentam a

biblioteca universitária. Os professores foram apontados como principais agentes

motivadores para a leitura. As leituras de impressos mais frequentes são de livros e as

leituras digitais mais frequentes são realizadas pelo site Google e outros sites de

pesquisa, de e-mails e redes sociais. Dois objetivos de leitura destacam-se: ler para obter

conhecimento e ler por exigência da escola. Os resultados parciais evidenciam que a

universidade é o principal espaço de leitura e de formação leitora para os futuros

pedagogos, portanto o papel do professor como mediador é fundamental para a

formação leitora dos futuros professores.

Palavras-chave: Práticas de Leitura. Leitura no Ensino Superior. Formação leitora.

Introdução

Apresento neste estudo parte de minha pesquisa de pós-doutorado (2011-2012),

realizada em duas universidades públicas brasileiras, situadas no interior do estado de

Minas Gerais e de São Paulo, com a participação da Universidade de Évora, onde foi

realizado estágio pós-doutoral sob a supervisão da professora doutora Ângela Balça.

Neste estudo, analiso alguns dados da pesquisa com foco na formação leitora dos

universitários ao ingressarem em um curso de Pedagogia. São analisados os dados

resultantes de um questionário aplicado no primeiro semestre de 2011 a 56

universitários do primeiro ano do curso de Pedagogia, de uma universidade federal do

Triângulo Mineiro.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204138

Partindo do conceito de leitura como prática cultural, defino as maneiras de ler

como gestos, hábitos e espaços que se constituem, organizam-se diferentemente nos

mais diversos grupos de leitores, segundo fatores como competência para ler, normas e

convenções que estabelecem usos legítimos do livro e de outros suportes, expectativas e

interesses (CAVALLO; CHARTIER, 2002).

1. Perfil dos universitários participantes

Do total de participantes, 56 universitários, sendo 55 do sexo feminino, apenas 1

aluno do sexo masculino, com idade entre 16 a 43 anos. 26 universitários frequentavam

o curso diurno e 30 alunos eram do curso noturno. A maioria dos participantes, mais de

90%,vinha de escolas públicas. 31 sujeitos trabalhavam e apenas 3 alunos estavam

inseridos em algum programa universitário, projeto de pesquisa ou extensão, estágioou

grupo de pesquisa.

A pesquisa apontou um perfil de universitários jovens, a maioria do sexo

feminino, confirmando a crescente feminização dos cursos de formação de professores,

tendência que vem se firmando desde que as mulheres tiveram acesso à escola e ao

mercado de trabalho.

2. Perfil-leitor de universitários do curso de Pedagogia

De acordo com Cavallo e Chartier (2002), historicamente, as maneiras de ler

passaram por três grandes revoluções. A primeira revolução, no século XII, foi a leitura

silenciosa; a segunda revolução, por volta do século XVIII, provocou uma mudança da

leitura intensiva que foi sucedida pela leitura extensiva, atingindo os mais variados tipos

de impressos, em leituras fluidas, rápidas e irreverentes. A terceira revolução foi a

transmissão eletrônica dos textos que vem subvertendo as práticas de leitura, tirando do

leitor o contato físico com a materialidade do livro, ao ser substituído pela tela do

computador. Na leitura virtual, o papel do leitor amplia-se ao permitir outras

formatações, fazer recortes, alterar o texto, tornar-se coautor do texto. Nossos

universitários herdaram maneiras de ler que passaram por essas revoluções.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204139

Entre os 56 universitários participantes da pesquisa, os suportes impressos e

digitais são igualmente lidos por 47 sujeitos, mas 6 leem preferencialmente em suportes

impressos e três preferem com mais frequência em suportes digitais. O tipo de suporte

impresso mais frequente são as apostilas (45 sujeitos) e os livros em geral (31 sujeitos).

Dos suportes digitais, a leitura mais frequente é na tela do computador (36 sujeitos),

sendo que 35 sujeitos dizem ler diariamente na tela do computador e 14 sujeitos,

semanalmente. Ao serem questionados como aprenderam a ler na tela do computador,

apenas 4 sujeitos indicaram a sala de informática da escola. 22 sujeitos possuem seu

próprio computador, os outros usam o computador da família, do trabalho ou da

universidade.

Em relação à fonte de onde buscam os livros para leitura, a biblioteca

universitária aparece em primeiro lugar (35 sujeitos), seguindo-se os serviços de Xerox

(32 sujeitos), o empréstimo de amigos (26 sujeitos) e os livros comprados em livrarias

(16 sujeitos). Quanto à organização dos materiais impressos, os livros e apostilas são

guardados em estantes (23 sujeitos), em pastas (15 sujeitos), em caixas (10 sujeitos). 51

sujeitos frequentavam a biblioteca da universidade. A biblioteca aparece como principal

espaço de leitura dos universitários ingressantes na universidade. Sobre a frequência de

leitura de livros, a leitura de 1 livro por semana foi apontada por 3 sujeitos, leem 1

livro por quinzena 12, a leitura de 1 livro por mês foi assinalada por 20 sujeitos, a

leitura de 1 livro por semestre (14 sujeitos) e a leitura de 1 livro por ano (3 sujeitos). Ao

serem indagados quantos livros haviam lindo em 2011, (ano da pesquisa), 16 sujeitos

indicaram 1 livro, 10 sujeitos declararam ter lido 3 livros, 8 sujeitos responderam que

leram 2 livros, 4 sujeitos registraram a leitura de 5 livros, contudo, 6 sujeitos afirmaram

não ter lido nenhum livro.

Sobre a leitura de revistas impressas e sua periodicidade, o número

expressivo de 40 sujeitos não assinalou nenhuma resposta evidenciando a ausência de

leitura de periódicos. Entre os 16 sujeitos que responderam, a revista Veja foi assinalada

por 5 sujeitos, a seguir, a revista Isto é (3 sujeitos), a revista Caras (2 sujeitos), Atrevida

(2 sujeitos), a revista Capricho (2 sujeitos), a revista Nova Escola (2 sujeitos).Em

relação à periodicidade, as respostas sugerem que liam eventualmente, sem uma

freqüência regular. Os assuntos preferidos na leitura de revistas foram educação, saúde

e moda.

Na análise da leitura de jornais impressos e sua periodicidade, 19 sujeitos não

responderam evidenciando que esta leitura parece não fazer parte de suas práticas

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204140

leitoras, entretanto 21 participantes indicaram a leitura de jornais de circulação diária, 8

sujeitos assinalaram a leitura de semanários. O jornal mais lido são duas publicações da

imprensa local, O Correio e Tudo já. Apenas 4 sujeitos declaram ler um jornal de

circulação nacional, a Folha de São Paulo. Os assuntos mais lidos são as notícias

nacionais e internacionais, cultura (cinema, música, teatro e tevê) e horóscopos.

Quanto à leitura na internet, o Google foi a alternativa mais frequente,

apontada por 51 participantes, seguindo-se emails (47 sujeitos) e redes sociais como

facebook, orkut (44 participantes).

Sobre os espaços públicos e privados de leitura, a universidade é apontada por

48 sujeitos como o principal espaço de leitura, dos quais 38 assinalaram também a

biblioteca; seguindo-se o transporte (ônibus, carro) em terceiro lugar. Em casa, o quarto

é o espaço preferido para as leituras (47 sujeitos), a sala é o segundo lugar mais

assinalado (23 sujeitos). Na rua, os outdoors são lidos por 48 sujeitos, os letreiros de

lojas por 46 sujeitos e os panfletos aparecem em terceiro lugar (42 sujeitos).

Na análise da categoria tempo de leitura, 31 sujeitos declaram ler diariamente.

As leituras são realizadas nas sobras de tempo (24 sujeitos), antes de dormir (18

sujeitos) e no caminho para a universidade ou trabalho (17 sujeitos).

A análise das finalidades de leitura mostrou que o conhecimento é o principal

objetivo de leitura dos universitários (50 sujeitos), seguindo-se as obrigações escolares

(45 sujeitos) e o entretenimento (28 sujeitos), o desempenho profissional foi indicado

por apenas 10 sujeitos. As situações motivadoras de leitura apontam em primeiro

lugar a orientação dos professores (46 sujeitos), seguindo-se a indicação de amigos (39

sujeitos) e os filmes, novelas e minisséries (18 sujeitos). Eventos como congressos,

encontros, colóquios foram apontados por 16 sujeitos, e, finalmente, a propaganda na

Internet e na Televisão foram assinadas por 14 sujeitos.

Quanto às maneiras de ler, a leitura silenciosa aparece com mais frequência (43

sujeitos, seguindo-se a releitura de trechos (26 sujeitos), as anotações (24 sujeitos), a

releitura do texto inteiro (15 sujeitos), a vocalização (12 sujeitos) e a leitura em voz alta

(3 sujeitos). Em relação às preferências das maneiras de ler, a leitura individual foi

apontada por 51 sujeitos, seguida pelos comentários da leitura com outra pessoa (10

sujeitos), a recomendação do que leu a alguém (8 sujeitos), ouvindo música (4 sujeitos),

vendo televisão (3 sujeitos).

A categoria leitura em família sinalizou que a maioria das famílias não

realizam leituras partilhadas entre os familiares (51 sujeitos), entretanto foram indicadas

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204141

por 5 sujeitos da pesquisa. Sobre o que leem em família, aparecem em primeiro lugar a

Bíblia, textos religiosos ou de orientação espiritual, seguindo-se a leitura de panfletos,

convites, contratos, manuais, receitas culinárias. Nas leituras em família, a leitura em

voz alta foi apontada por 4 sujeitos, seguindo-se as leituras compartilhadas e, por

último, a leitura silenciosa em família.

A categoria leitura em voz alta para alguém mostrou que 27 sujeitos dos 56

participantes da pesquisa leem em voz alta para alguém da família. Essa leitura é

preferencialmente feita para os filhos, seguindo-se irmãos e pais. Questionados sobre

em que situações liam em voz alta para a família foram mencionados assuntos

interessantes e histórias infantis. Este é um dado que não prevíamos e que aponta para

as maneiras de ler em família atualmente.

3. Formação leitora na escola

A categoria aprendizagem da leitura de gêneros textuais na educação básica

mostrou que 75% dos sujeitos declaram ter aprendido a ler diferentes gêneros textuais

ou discursivos na escola. Apenas 12,5% responderam que não aprenderam a ler textos

em diferentes gêneros. Para dimensionar a aprendizagem da leitura de gêneros textuais,

usamos o agrupamento de gêneros didáticos para fins didáticos, de Schneuwly e Dolz

(2004).

Indagados sobre as narrativas ficcionais, o romance foi apontado em primeiro

lugar por42 sujeitos, seguindo-se conto de fadas (39 sujeitos) e contos (36 sujeitos). A

leitura de textos relatos de experiências de vida foi assinalada por 33 sujeitos, a

reportagem e o relato histórico (25 sujeitos). Sobre os textos argumentativos, os textos

de opinião aparem em primeiro lugar (47 sujeitos), seguindo-se a carta de leitor (27

participantes) e os editoriais (25 participantes). Entre os textos de transmissão e

construção de saberes, em primeiro lugar aparecem os textos expositivos em livros

didáticos (38 sujeitos), seguindo-se os resumos de textos expositivos (33 sujeitos) e os

textos explicativos (30 sujeitos). Os textos descritivos de ações foram indicados pelos

sujeitos, aparecendo em primeiro lugar a receita culinária (19 sujeitos), seguida dos

regulamentos (18 sujeitos) e os textos de instruções de uso (17 participantes).

4. Leitura na universidade

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204142

As questões que procuraram dimensional a leitura dos sujeitos na universidade

mostraram que a sala de aula e a biblioteca são os dois lócus principais de leitura dos

universitários.

Quanto as leituras solicitadas pelos professores, no curso de pedagogia,

declaram ser leituras obrigatórias 26 sujeitos, enquanto 28 responderam que às vezes

são obrigatórias e 2 sujeitos assinalaram que não são obrigatórias. Sobre os textos

integrais ou fragmentados utilizados na leitura, 38 sujeitos afirmaram que os textos

sempre são fragmentados, já 17 sujeitos disseram que às vezes os textos são

fragmentados. Em relação à discussão dos textos lidos em sala de aula, 33 sujeitos

responderam afirmativamente, enquanto 23 deles assinalaram a alternativa às vezes. Se

as leituras eram motivadoras para outras leituras, 16 sujeitos disseram que não, 13

sujeitos afirmaram que eram motivadoras, mas quase a metade dos sujeitos declara que

essas leituras somente às vezes motivavam para novas leituras.

As atividades de leitura realizadas em sala de aula foram caracterizadas pelos

sujeitos da pesquisa, indicando que a compreensão de textos acadêmicos aparece em

primeiro lugar com 47 ocorrências, seguindo-se a leitura silenciosa (43 sujeitos), a

leitura compartilhada (22 sujeitos).

Finalmente, indagados sobre a contribuição da universidade na formação

leitora, 40 participantes da pesquisa responderam afirmativamente, 11 sujeitos

declararam que a universidade contribui em termos e apenas 2 sujeitos responderam que

a universidade não contribui para a formação leitora do universitário. Para essa questão

foi solicitado que os participantes justificassem suas respostas. O quadros 1 (alunos do

curso diurno) e o quadro 2 (alunos do curso noturno) mostram como se posicionaram

os sujeitos da pesquisa em relação à contribuição da universidade para sua formação

leitora

Quadro 1 – Curso de Pedagogia diurno

SUJEITOS JUSTIFICATIVAS

Sujeito 1

“me tornei mais curiosa em procurar saber se o que está

sendo ensinado para nós ... e se pode ser aplicado à prática

no trabalho”.

Sujeito 2 “os estudos teóricos que precisamos para nossa formação,

influencia ainda mais na nossa leitura”.

“Todos os dias os professores passam trabalhos e dão dicas

de leitura. Às vezes, a leitura é obrigatória, com temas

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204143

22

sujeitos

SIM

Sujeito 3 bastante cansativos, mas quando os professores indicam

bons livros, aí sim, minha leitura é melhor”.

Sujeito 4 “Os professores indicam muitos textos; alguns usados em

aulas, outros por ter ligação com o curso”.

Sujeito 5

“Frequentemente o curso de Pedagogia motiva os alunos a

ler para que com isso seja desenvolvida a prática da leitura,

para melhor qualificar o profissional”.

Sujeito 6 “A universidade nos estimula a ler e a buscar novas

leituras fora dela, pois sempre ressalta a importância que

ela possui na vida de um cidadão”.

Sujeito 7 “Devido a grande quantidade de textos fragmentados para a

leitura antes da aula explicativa”.

Sujeito 8

“Devido a cobrança por parte dos professores para serem

realizados os trabalhos com base na leitura de textos, faz

com que despertemos o interesse pela

Leitura”.

Sujeito 9 “Os textos que são sugeridos ou exigidos pelos professores

impulsionam a querer ler mais, e a busca de mais

conhecimento”.

Sujeito 10

“Quando entrei no curso, passei a ler textos que antes

considerava desnecessários e, por obrigatoriedade, passei a

gostar, principalmente, sobre história da educação”.

Sujeito 11 “Lendo, eu aprimoro a leitura”.

Sujeito 12 “O curso de pedagogia exige muito dos alunos, a leitura,

principalmente de textos fragmentados, motivando assim a

prática de leitura de seus alunos”.

Sujeito 13 “Alguns professores sempre dão dicas de como ler mais

rápido e de como ter uma melhor compreensão dos textos”.

Sujeito 14

“Com certeza, pois este curso nos „obriga‟ a ler bastante,

pois discutimos em sala de aulas coisas muito importantes

achadas nos livros que lemos”.

Sujeito 15 “Antes eu não gostava de ler. E, hoje, gosto muito, pois o

quanto que a leitura é importante na nossa vida”.

Sujeito 16 “Com meu curso, me dedico mais a leitura”.

Sujeito 17 “Devido ao número de livros, a vontade de pesquisar mais

sobre determinado assunto”.

“Na faculdade de Pedagogia, somos motivados a ler devido

seu próprio conceito de ensino. É na leitura que vemos

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204144

Sujeito 18

modos e práticas de ensino, de entendimento, de

compreensão da realidade. São muito autores,

pesquisadores, livros e artigos. Os professores adotam

textos como forma de aula”. obrigatório.

Sujeito 19. “Em muitos casos, a universidade incentiva a leitura,

mostrando a importância da mesma, tanto para a formação

acadêmica como também para o conhecimento pessoal que

facilitará nosso entendimento de vários assuntos sociais”.

Sujeito 20 “Através das orientações dos professores e pela

disponibilidade da biblioteca”.

Sujeito 21 “De certa forma, o curso tem a necessidade de boa leitura,

com isso os alunos adquirem a facilidade de compreensão e

leitura dos textos”.

Sujeito 26 “após o ingresso na universidade, minha leitura está mais

atribuída de conhecimento científico, e com isso a minha

formação como leitora está mais rica de conhecimento”.

4

sujeitos

“em

termos”

Sujeito 22 “Em certos momentos dá vontade e ânimo de ler textos

interessantes, com sentido, mas em outros termos nem são

tão interessantes”.

Sujeito 23 “Mesmo tendo muitos textos passados pela universidade,

não tenho muito tempo, infelizmente”.

Sujeito24 “Por falta de tempo. Sinto que neste ponto ainda deixo a

desejar, os professores frisarem bastante a importância da

leitura, mas não consigo ver além do que é dado em sala de

aula”.

Sujeito 25 “Pois é uma leitura com grande frequência”.

Total: 4

sujeitos

Quadro 2 – Curso de Pedagogia noturno

SUJEITO

S

SIM

18

sujeitos

respon

Sujeito 28 “Para esse curso é muito importante a leitura de vários textos,

por isso a universidade auxilia para a minha formação

leitora”.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204145

deram

“sim”

Sujeito 29 “No curso de Pedagogia há muitos textos e isso contribui para

eu ler mais e me interessar em ler, sempre um livro diferente

do acadêmico uma vez por mês”.

Sujeito 30 “Tem contribuído no sentido de orientar e direcionar autores e

textos. À medida que conhecemos sobre um conteúdo, somos

instigados a alcançar outros conhecimentos”.

Sujeito 32 “Antes de entrar na faculdade, não possuía o hábito de leitura,

agora temos que habituar os horários vagos e dias corridos à

leitura diária”.

Sujeito 34 “Com a frequência de leitura na universidade, tenho mais

vontade de ler”.

Sujeito 35 “Com o fato de ter muito material a ser lido, isto se torna um

hábito, antes que possamos perceber já viramos leitores em

potencial”.

Sujeito 36 (não justificou)

Sujeito 38 “A universidade disponibiliza vários textos e livros, não

somente restritos ao curso em questão, mas em demais áreas

de conhecimento”.

Sujeito 39 “A universidade tem contribuído, pois os professores em suas

aulas fazem com que adquirimos o hábito de ler, passando

textos diferentes, em cada aula, com isso, voluntariamente ou

involuntariamente acabamos lendo”.

Sujeito 40 “Ajuda a melhorar a leitura e os conhecimentos”.

Sujeito 43 “Após meu ingresso na universidade meu hábito de leitura está

cada vez maior, mais vivo e diário, com relação a diversos

temas”

Sujeito 44 “Precisamos ler diversos textos, o que pode nos fazer também

a leitura um hábito”.

Sujeito 46 “Contribui porque direciona a leitura, direcionando o

aprendizado de assuntos referentes ao curso. Outro aspecto é,

com a indicação dos professores, os hábitos de leitura passam

a fazer parte do cotidiano”.

Sujeito 48 “A partir das sugestões de livros que os professores propõem

ou apostilas para a compreensão da matéria, me incentiva a

ler mais”.

Sujeito 50 “Para adquirir conhecimento, faz com que me torne uma

leitora melhor”.

Sujeito 51 “Pelo que tempos atrás eu lia, hoje posso considerar um

aumento significativo nas minhas leituras”.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204146

Sujeito 55 “Durante o aprendizado na universidade, é necessário que se

leia bastante, despertando mais interesse pela leitura”.

Sujeito 56 “Passamos a buscar mais conhecimento”.

9

sujeitos

respon

deram

“as

vezes”

Sujeito 27 “Às vezes são apenas leituras sem um aprofundamento e sem o

interesse dos docentes em despertar em nós discentes a leitura

de outros textos”.

Sujeito 33 “Tendo em vista que a maioria dos textos não são motivadores

para o término da leitura, porém textos e livros nos ajudam

através do interesse do assunto produtivo a melhorar nossa

leitura”.

Sujeito 37 “Muitas das vezes são textos muito densos, ou até mesmo que

me desperta interesse, pois acho que não me trará

ensinamentos que utilizarei no dia-a-dia”.

Sujeito 41 “Nem sempre os professores nos incentivam a ler”.

Sujeito 42

“Contribui a partir do momento que nos fornece nomes e

fragmentos de livros sobre minha futura profissão, mas por

causa do excesso de termo técnico, nós, no primeiro ano,

acabamos ficando perdidos e sem motivação para ler o livro

inteiro e não somente o trecho obrigatório”.

Sujeito 49 “Pelo fato de ter estudado toda minha vida em escola

particular, me acostumei a ler os livros que os professores

pediram para participar dos debates e discussões. Na

universidade, leio para aumentar meus conhecimentos sobre os

assuntos discutidos em aula”.

Sujeito 52 “O curso de pedagogia exige muito de leitura e os professores

incentivam bastante e exigem para provas, trabalhos e outras

atividades. Porém, tem professores que passam a leitura e não

realizam nem a discussão, o que me deixa desanimada”.

Sujeito 53 “Porque nem sempre os professores indicam leituras com uma

pré-introdução para nos alunas do 1º ano e a falta de tempo

nos impede de dedicarmos mais a leitura a ponto de

desenvolver em nós uma formação leitora”.

Sujeito 54 “Contribui em termos, pois leio por conta própria sobre

assuntos que para mim são interessantes, porém contribui

porque me aconselha a ler outros livros ou textos que passo a

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204147

conhecer por meio da universidade”.

2

sujeitos

respon

deram

“não”

Sujeito 45 “Porque, quando escolhi o curso, eu já lia, somente dei

continuidade em algo que gosto de fazer”.

Sujeito 47 “Os textos pedidos são extremamente difíceis o que dificulta

muito a compreensão, como são muitos textos, nem sempre são

trabalhados todos, o que deixa dúvidas e faz o interesse cair”.

As justificativas da questão que abordam a contribuição da universidade para a

formação leitora dos universitários evidenciam que, primeiramente, a maioria dos

sujeitos vê a universidade como espaço de formação leitora dos universitários. Os

alunos, participantes da pesquisa, que responderam afirmativamente apontaram o papel

motivador do curso de Pedagogia e de professores de curso para a leitura. Já os alunos

que responderam que a universidade contribui “em termos” para sua formação leitora

indicaram duas dificuldades: a falta de tempo do aluno para realizar leituras e a

complexidade de alguns textos densos ou, ainda, o grande volume de leituras em curto

espaço de tempo. Apenas dois alunos do curso noturno responderam que a universidade

não contribui para sua formação leitora, sendo que as justificativas apontaram que, se o

aluno já tem uma formação leitora, ele não vê a universidade como espaço de formação

leitora, uma vez que, provavelmente, é um leitor formado. A segunda justificativa

aponta mais uma vez a legibilidade dos textos que são lidos no curso de Pedagogia.

Nesse sentido, levantamos indícios de que o perfil-leitor do aluno pode não ter

visibilidade para os professores.

Considerações finais

Os resultados parciais mostram que os alunos ao adentrarem à universidade são

leitores em formação. Nesse sentido, a universidade precisa conhecer o perfil-leitor de

seus alunos para desenvolver sua formação leitora em sala de aula e fora dela, de forma

planejada para realizar atividades intencionalmente organizadas de formação leitora

para seus alunos, propondo situações de leitura mediadas por professores e alunos,

constituindo comunidades leitoras que acolham os leitores em formação.

Referências bibliográficas

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204148

CAVALLO, G. CHARTIER, R. História da leitura no mundo ocidental 2. São Paulo:

Ática, 2002

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Os gêneros orais e escritos na escola. Campinas:

Mercado de Letras, 2004.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores

EdUECE- Livro 204149