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Fome, pobreza e (in)segurança alimentar: entendimentos, situação atual e possibilidades de enfrentamento Prof. Dr. Marcelo Conterato (DERI/PGDR/PLAGEDER-UFRGS)

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Fome, pobreza e (in)segurança alimentar: entendimentos, situação

atual e possibilidades de enfrentamento

Prof. Dr. Marcelo Conterato (DERI/PGDR/PLAGEDER-UFRGS)

PROBLEMATIZANDO

As noções de “exclusão” e de “vulnerabilidade social” têm sido cada vez mais utilizadas, no Brasil e no mundo, por pesquisadores, gestores e operadores de políticas sociais, num esforço de ampliação do entendimento das situações tradicionalmente definidas como de pobreza, buscando exprimir uma perspectiva ampliada complementar àquela atrelada à questão da insuficiência de renda.

Assim como as noções de “necessidades básicas insatisfeitas”, “pobreza multidimensional” e “desenvolvimento humano”, exclusão e vulnerabilidade social são noções antes de tudo políticas (ainda que nem sempre sejam percebidas como tal), que introduzem novos recursos interpretativos sobre os processos de desenvolvimento social, para além de sua dimensão monetária.

Metas e cumprimentos

Metas do Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio (ONU/PNUD): redução pela metade

da proporção da população em

situação de fome entre 1990 e 2015:

Brasil: Reduziu de 14,8% em 1990 para

menos de 2% em 2015

Cúpula Mundial de Alimentação: Redução

pela metade do quantitativo da

população em situação de fome entre 1990 e

2015.

Brasil: De 23 milhões em 1990 para menos

de 4% em 2015.

Nova Agenda de Desenvolvimento

Sustentável: Erradicação da Fome

até 2030:

Brasil saiu do Mapa da Fome da

FAO, com subalimentação abaixo de 2%.

Estado de Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI), FAO - 2015

PROGRESSO NA AMÉRICA LATINA

SE DEVE:

Prioridade política da agenda de erradicação

da fome e da desnutrição.

Compromisso à proteção social

firmado em grande parte dos países,

com programas de transferência de renda.

Crescimento econômico da região.

PROGRESSO NO BRASIL SE DEVE:

Fomento à produção agrícola, via compras

governamentaisBolsa Familia

Fome Zero

PAA não citado, mas a estratégia e desenho

são citados

DESAFIOS GLOBAIS

Mesmo em países com forte redução da

subalimentação, há grupos em insegurança alimentar.

Aumento do sobrepeso e obesidade, como resultado

de dietas não.

balanceadas e hábitos de consumo não saudável.

Como consequência, o aumento da prevalência

das doenças crônicas

não-transmissíveis.

A fome é certamente o problema cuja definição se mostra mais controversa.

Haveria inicialmente que se distinguir a fome

aguda, momentânea, da fome crônica.

A fome aguda equivale à urgência de se alimentar. A fome

crônica, permanente, a ocorre quando a alimentação

diária, habitual, não propicia ao indivíduo energia suficiente para a manutenção do seu organismo

e para o desempenho de suas atividades cotidianas.

Nesse sentido, a fome crônica resulta em uma

das modalidades de desnutrição: a

deficiência energética crônica.

FOME

Pobreza

Corresponde à condição de não

satisfação de necessidades

humanas elementares como

comida, abrigo, vestuário, educação, assistê

ncia à saúde, entre várias outras.

Invariavelmente a falta de renda é um

dos, senão o principal, limitante ao

acesso à bens e serviços.

Um Estado incapaz de oferecer bons serviços

de saúde, educação, seguranças, saneamento, e

tc. certamente contribui para

aumentar a pobreza da população.

A POBREZA É, PORTANTO, UMA

SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO E DE

VULNERABILIDADE MATERIAL, HUMANA

E SOCIAL.

Metodologias de estimação da pobreza monetária

O Banco Mundial tornou popular a noção de linha de pobreza para

quem ganha menos de U$1,00/dia.

No Brasil, é comum a utilização da linha da pobreza de ½ salário

mínimo por mês de renda per capita como medida de

pobreza, ou, ainda, tendo como base uma cesta mínima de consumo.

O conceito de pobreza, porém, é bem mais amplo, pois não se limita à renda e sim à privação de capacidades

básicas, como ressalta Sen (1999). Apesar disso, a utilização da renda continua sendo fundamental na

mensuração da pobreza já que a insuficiência desta leva a uma limitação na obtenção dessas capacidades.

Em 2015 o Banco Mundial atualizou a linha de pobre para U$ 1,90 per

capita / dia

A Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de

qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais tendo como base práticas

alimentares promotoras da saúde, que respeitam a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente

sustentáveis.

(IN)SEGURANÇA ALIMENTAR

DESAFIOS

MANUTENÇÃO DO PODER DE COMPRA DA POPULAÇÃO

POLÍTICA AGRÍCOLA (A “ECONOMIA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA” E A DEPENDÊNCIA DAS COMMODITIES)

CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (MONOPÓLIO DA TERRA, RENDA E PODER)

CONSTRUIR UMA POLÍTICA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

MANUTENÇÃO DO PODER DE COMPRA DA POPULAÇÃO

POLÍTICA AGRÍCOLA (A “ECONOMIA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA” E A DEPENDÊNCIA DAS COMMODITIES)

O caso do Pronaf: política de produção de alimentos ou mais do mesmo?

PRONAF - Custeio (hierarquizado por quantidade de contratos)

Produto Qtde %

1 BOVINOS 149.407 29,10

2 MILHO 116.005 22,59

3 SOJA 111.583 21,73

4 CAFÉ 36.940 7,19

5 TRIGO 19.566 3,81

6 MANDIOCA (AIPIM, MACAXEIRA) 9.260 1,80

7 FEIJÃO 7.784 1,52

8 ARROZ 5.244 1,02

9 UVA 4.709 0,92

10 TOMATE 3.880 0,76

Demais produtos 49.114 9,56

Brasil 513.492 100,00

Pronaf: 11 meses – Ranking por produtos – Safra 2015/2016

Safra 2015/2016

8,5 % dos E. A. Geraram 85% do

VBP

18,8% dos EA geraram 11,08% do

VBP

500 mil estabelecimentos geraram 87% do valor da

produção;

72,6 % dos EA (3,9 milhões de estabelecimentos) geraram 13% do vbp. E 2,9

milhões são muito pobres, meio salário mínimo de VBP mensal por estabelecimento.

CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (MONOPÓLIO DA TERRA, RENDA E PODER)

CONSTRUIR UMA POLÍTICA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

Evolução área plantada – Brasil (1990 – 2014)

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.00019

90

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Arroz (em casca)

Cana-de-açúcar

Feijão (em grão)

Mandioca

Milho (em grão)

Soja (em grão)

Soja

Milho

Cana

Feijão

ArrozMandioca

OBRIGADO,

MARCELO ANTONIO CONTERATO

[email protected]