física - b2 26 indutância
TRANSCRIPT
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
1/7
1
26 aula
Sumrio:
Indutncia. Circuitos com indutncias:RL eRLC
Indutncia
Sempre que num circuito haja oscilaes de corrente ocorrem fenmenos deinduo magntica. A variao da corrente num circuito causa variao do fluxo docampo magntico com origem nessa mesma corrente e essa variao de fluxo, de acordocom a lei de Faraday origina uma fora electromotriz induzida. A correspondentecorrente induzida tal que tende a contrariar a variao de corrente que ocorreu. Porexemplo se a corrente cresce, a corrente induzida em sentido contrrio e aquelecrescimento mais limitado. E vice-versa. Diz-se que qualquer circuito sofre
auto-induo criando uma tenso que se ope tenso aplicada.A existncia de uma auto-induo leva a que uma corrente no possa variar
dando saltos bruscos. A variao da corrente num circuito contnua. Pode fazer-seuma analogia com os sistemas mecnicos, dizendo-se que os circuitos apresentam umainrcia. A existncia de uma auto-induo leva a que uma corrente no possa variar porsaltos brusco. A variao da corrente num circuito contnua. Tal como a velocidade deuma partcula, a intensidade tambm uma funo contnua.
Um exemplo do dia-a-dia do fenmeno de auto-induo a pequena fasca quepor vezes se observa quando tiramos a ficha de uma torradeira, por exemplo, com oaparelho ligado. A corrente na torradeira grande e, ao interromper-se repentinamenteessa corrente, cria-se uma fora electromotriz suficientemente grande para impedir quea corrente caia instantaneamente para zero. O campo elctrico associado to forte quepode originar uma descarga.
No se pense, porm, que a existncia de induo uma contrariedade. Pelocontrrio, h elementos de circuitos, chamados indutores ou indutncias, que soenrolamentos de fios (bobinas) com muitas voltas, o que permite assim aumentar a reada superfcie delimitada pelo circuito, e, portanto, a sua indutncia. A Fig. 26.1 mostra asmbolo da indutncia.
Figura 26.1
A indutncia caracterizada por um parmetro L que se define como ocoeficiente de proporcionalidade entre o fluxo do campo magntico e a corrente nocircuito (recordemos que a relao entreB eI linear, de acordo com a lei fundamentalde Biot-Savart). Podemos portanto escrever:
IL= (26.1)
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
2/7
2
Ao parmetro L tambm se chama indutncia 1. A indutncia s depende dascaractersticas geomtricas tal como sucede, de resto, com os condensadores ou asresistncias. No SI a unidade de indutncia o henry (smbolo H).
Usando a lei de Faraday na Eq. (26.1) obtm-se
tILddi = (26.2)
Esta , portanto a fora electromotriz induzida num circuito de indutncia L quando
ocorre a variao temporal de correntet
I
d
d.
Resumindo o que at agora dissemos sobre circuitos, para alm da bateria, defora electromotriz , podemos ter resistncias, condensadores e bobinas (o outro nomepor que as indutncias so designadas). A diferena de potencial em cada uma destascomponentes est indicada na Fig. 26.2.
C
R
L
RIV=
C
QV=
t
ILV
dd
=
Figura 26.2
Num circuito, a queda de tenso nos terminais de uma bobina
t
ILV
d
d= . (26.3)
, portanto, necessria uma variao no tempo da intensidade de corrente para que haja
uma diferena de potencial nos terminais de uma bobina. Se a corrente for constante(regime estacionrio) no existe essa queda de tenso.A potncia dissipada ou fornecida numa parte de um circuito onde a corrente I
e a diferena de potencial V , como sabemos, VIP = . Tambm sabemos que, num
condensador, a energia electrosttica armazenada 22
1CVE= . Vamos ver que uma
bobina armazena energia (energia do campo magntico) que pode ser calculada a partirda potncia VI e da expresso (26.3). Num intervalo de tempo td a energia acumuladana bobina
1 No estranho que assim seja: resistncia no s o nome da componente do circuito como tambmo do parmetroR que a caracteriza.
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
3/7
3
IILtt
IILtIVtPE dd
d
dddd ==== . (26.4)
Por integrao obtm-se a energia:
2
0 21dd LIIILEE
I
=== . (26.5)
Quando a corrente na bobina I, esta a energia armazenada. Um condensadorarmazena energia do campo elctrico. Uma bobina armazena energia do campomagntico.
Circuitos com indutncias:RL eRLC
O circuito da Fig. 26.3 um circuitoRL com uma bateria de fora electromotriz .
R
L
Figura 26.3
A queda de tenso nos terminais da bateria igual soma das quedas de tenso nabobina e na resistncia, o que se exprime pela seguinte equao:
RIt
IL +=
d
d (26.6)
que se pode escrever ainda na forma
( )( )LtI
L
R
t
tI +=
d
d. (26.7)
Esta equao semelhante equao (19.14) que encontrmos na 19 aula para a cargade um condensador. Relativamente a essa equao temos agora a funo carga elctrica,
)(tq , substituda pela funo corrente, )(tI . Trata-se, em qualquer caso, de uma
equao diferencial de primeira ordem. A soluo de (26.7) a funo )(tII= que
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
4/7
4
derivada em ordem ao tempo d essa mesma funo [multiplicada pelo factor R/L]mais a constante L/ . a funo
=
tL
R
RtI e1)(
. (26.8)
A derivada temporal desta funo
tL
R
Lt
I = e
d
d (26.9)
e para confirmar que (26.8) soluo de (26.7), basta inserir )(tI no lado direito de(26.7) e verificar que se obtm o lado esquerdo dessa equao, ou seja (26.9). A formada Eq. (26.8) garante que, para 0=t , a corrente seja zero. Podia assim no ser, o que
levaria alterao do primeiro termo do parntesis da soluo (26.8) o 1 por outrovalor. Na Fig. 26.4 mostra-se a dependncia da corrente com o tempo. O que determinaa rapidez do crescimento da corrente a razo entre a indutncia e a resistncia,chamada justamente constante de tempo:
R
L= . (26.10)
t
1 2 1>
I
I
Figura 26.4
A corrente final no depende da constante de tempo mas o intervalo de tempo em quedecorre o aumento da corrente depende. Na Fig. 26.4 as curvas referem-se a duasconstantes de tempo diferentes. Quanto maior for a constante de tempo mais tempodemora a corrente a atingir o seu valor estacionrio.
Vale a pena comparar a anlise que se fez do circuito RL com o que se fez na 19aula para o circuito RC: pode, de facto, estabelecer-se uma completa analogia.
Vejamos agora um circuito semelhante ao da Fig. 26.3 mas incluindo umcondensador (Fig. 26.5).
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
5/7
5
C
R
L
Figura 26.5
Agora, a fora electromotriz na bateria iguala a soma das quedas de tenso em cada uma
das restantes componentes do circuito, ou seja, Eq. (26.6) junta-se o termo relativo aocondensador:
C
qRIt
IL ++=
d
d (26.11)
A corrente relaciona-se directamente com a derivada temporal da carga elctrica peloque esta equao uma equao diferencial de segunda ordem na funo )(tq .
Em vez de resolvermos esta equao, vamos antes considerar a situao sem abateria mas estando o condensador inicialmente carregado com carga 0q (Fig. 26.6). Por
instante inicial entende-se o instante em que se fecha o circuito.
R
L
q
q
+ + +
- - -C
I
Figura 26.6
O que vai acontecer? O condensador comea a descarregar atravs da resistncia e dabobina e continua a haver alguma analogia com a que se mostra na Fig. 19.10,relativamente descarga de um condensador atravs de uma resistncia (na situao
presente h tambm uma bobina). Comot
qI
d
d= , a Eq. (26.11) reduz-se a
0d
d
d
d2
2
=++ LC
q
t
q
L
R
t
q
(26.12)
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
6/7
6
Trata-se de uma equao diferencial de segunda ordem na funo )(tq . A soluo daEq. (26.12) a funo que derivada duas vezes, somada sua primeira derivadamultiplicada pelo factor LR/ , e somada ainda prpria funo multiplicada pelo factorLC/1 conduz ao valor zero (para qualquer t). Qual , ou quais sero essas funes?
A soluo formal de (26.12) exige ferramentas matemticas que esto para alm
do que pressupe neste curso. Contudo, recordamos que esta equao j apareceuanteriormente, no contexto do... oscilador harmnico amortecido!
De facto, recordamos que na 33 aula de Fsica Geral / Elementos de Fsicaobtivemos a seguinte equao diferencial para o oscilador harmnico amortecido [Eq.(33.7)]
0d
d2
d
d 202
2
=++ xt
x
t
x (26.13)
onde 0 a frequncia natural de oscilao e o parmetro relativo ao amortecimento.
Vimos ento, pormenorizadamente, que a soluo desta equao [Eq. (33.8)]
)cos(e)( += tAtx t (26.14)
ou seja, trata-se de uma funo oscilante mas com amplitude exponencialmente
amortecida. Nesta expresso, a frequncia = 220 = [ver Eq. (33.14)].
Basta pois comparar (26.13) com (26.12) para concluir queL
R
2= e que
120 )(
= LC . Portanto, a soluo de (26.12)
+=
24
1cose)(
2
22
0
tL
R
LCqtq
tL
R
(26.15)
Nesta expresso, a fase 2/ e a amplitude 0q foram escolhidos parra se ter
0)0( qtq == comeando carga a decrescer (Fig. 26.7).
q0e
tcos (t+/2)
q
t Figura 26.7
-
8/14/2019 Fsica - B2 26 Indutncia
7/7
7
A resistncia responsvel pela diminuio da carga e consequente extino da correnteaps algum tempo. Sem a resistncia, a Eq. (26.12) reduz-se ao oscilador harmnicosimples com frequncia 2/10 )(
= LC . Trata-se do circuito LC que se mostra na
Fig. 26.8. Neste circuito no h dissipao de energia: a energia no condensador vai
variando ao longo do tempo, e a energia na bobina varia tambm, sendo constante asoma das duas energias.
L
C
Figura 26.8
Ainda a propsito da analogia de circuitos RLC com a mecnica (osciladorharmnico), um circuito como o da Fig. 26.5 com bobina, resistncia e condensador,alimentado por uma fonte de tenso alternada (AC) em vez do gerador de correntecontnua (DC) de fora electromotriz , semelhante a um oscilador harmnicoamortecido e forado. Tal como vimos na 34 aula de Fsica Geral I / Elementos de
Fsica, tambm aqui h uma frequncia de ressonncia...