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ELCIO LOURENCETTI
FINANCIAMENTO DO SUS
ASSIS - SP
2012
ELCIO LOURENCETTI
FINANCIAMENTO DO SUS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA e a Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA, com requisito do Curso de Graduação em Administração.
Orientador : Profº. Jairo da Silva
Área de Concentração: Ciências Humanas
ASSIS - SP
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
LOURENCETTI, Elcio
Financiamento do SUS
Elcio Lourencetti. Fundação Educacional do Município
De Assis – FEMA -- Assis, 2012.
42 p.
Orientador: Profº Jairo da Silva
Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Municipal
De Ensino Superior de Assis - IMESA
1. Origem do SUS. 2. Financiamento
CDD:658
Biblioteca da FEMA
FINANCIAMENTO DO SUS
ELCIO LOURENCETTI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis , como requisito do Curso de Graduação em Administração, analisado pela seguinte comissão examinadora:
Orientador : Prof.º Jairo da Silva
Analisador (1): Marcelo Manfio
ASSIS - SP
2012
DEDICATÓRIA
A Deus seja a honra, louvor e glória,
Dedico a minha esposa, filhos e minha mãe aos meus irmãos
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me ajudou principalmente nos momentos
mais difíceis que foram no decorrer desses quatro anos de aprendizado. Teve
momentos de querer desistir, mas o Espírito Santo sobreveio dando coragem,
fortalecendo e direcionando o caminho a ser seguido.
Ao meu professor Jairo que foi dando as instruções que deveriam ser seguidas,
para que o trabalho fosse tomando o formato de uma monografia.
A minha esposa querida que sempre me apoiou nos momentos que eu mais
precisei, me ajudando a vencer os obstáculos da caminhada e fazendo com
que eu aprendesse com os meus próprios erros. Aos meus dois filhos, que me
impulsionam e me dão a vontade de querer vencer todas as coisas que me
desafiam.
A todos que fizeram valer à pena.
Muito Obrigado!
“O futuro se faz agora
E cada erro é uma vitória
Pois a derrota não existe
Não há conquista sem labuta
A vida é uma infinita luta
Onde só perde quem desiste”.
(Douglas Rafael)
RESUMO
Este trabalho mostra qual a importância de conhecer toda a estrutura,
composição e como se forma o Financiamento do Sistema Único de Saúde do
Brasil. Sistema esse que a maioria dos brasileiros fazem uso e em sua maior
parte não sabem que tem direito de usá-los. Tem como objetivo mostrar com
clareza a sociedade todos os recursos recebidos e o que são feito com eles.
Mostrar também a criação do SUS, as fontes de recursos (receitas), as divisões
dos blocos de saúde, as movimentações bancárias do dinheiro do SUS, em que
pode ser gasto o dinheiro recebido, a prestação de contas na utilização desse
dinheiro e a composição do orçamento da saúde.
Palavras chave: 1. Origem do Sus 2. Financiamento
ABSTRACT
This work shows the importance of knowing where the entire structure,
composition and how it forms Financing for Health System of Brazil. This
system that most Brazilians do use and mostly do not know they have the right
to use them. It aims to show clearly the company and all funds received that are
done with them. Also show the creation of SUS, the sources (revenues), the
divisions of the blocks of health, bank money drives the SUS, which can be
spent the money received, accountability in the use of money and composition
of health budget.
Keywords: 1. Origin of Sus 2. financing
RESUMEN
Este trabajo muestra la importancia de saber donde toda la estructura,
composición y cómo se forma la Financiación para el Sistema de Salud de
Brasil. Este sistema que la mayoría de los brasileños usan y en su mayoría no
saben que tienen derecho a usarlos. Su objetivo es mostrar con claridad la
empresa y todos los fondos recibidos que se hacen con ellos. Muestran
también la creación del SUS, las fuentes (ingresos), las divisiones de los
bloques de la salud, el dinero del banco unidades del SUS, que se puede
gastar el dinero recibido, la rendición de cuentas en el uso del dinero y la
composición de presupuesto de salud.
Palabras claves: 1. Origen de Sus 2. financiación
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Extrato do Fundo Nacional de Saúde p.26
Figura 2 Extrato do Fundo Nacional de Saúde p.27
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................12
2. ORIGEM DO SUS E SEU SIGNIFICADO...........................................13
3. FONTES DE RECURSOS DO SUS E COMO ÉADMINISTRADO..17
3.1 REPASSES DE RECURSOS DETALHADOS DE IMPOSTOS.........18
3.2 REQUISITOS QUE OS ENTES FEDERADOS DEVEM CUMPRIR PARA RECEBER RECURSOS PARA A SAÚDE........................................................ 20
3.3 FORMAS DE TRANSFERÊNCIA DOS RECURSOS FEDERAIS PARA A
SAÚDE...............................................................................................................21
4. BLOCOS DE FINANCIAMENTO DO SUS........................................24
5. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DO DINHEIRO DO SUS....................28
6. EM QUE PODE SER GASTO O DINHEIRO DA SAÚDE................30
7. PRESTAÇÃO DE CONTAS..............................................................32
8. ORÇAMENTO...................................................................................34
9. CONSIRERAÇÕES FINAIS..............................................................37
10. REFERÊNCIAS............................................................................38
13
1- INTRODUÇÃO
Diante do trabalho em pauta, abordaremos de forma objetiva a relevância da saúde
para os dias atuais, a importância para os brasileiros do Sistema Único de Saúde,
mais popularmente chamado de SUS.
O setor está em crescimento, como diz o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass), em seu livro, O Financiamento da Saúde (2011 p.09) devido a:
Ao crescimento e envelhecimento da população (demográfia), e a velocidade
com que novas tecnologias são incorporadas ao arsenal terapêutico e de
diagnóstico.
Buscaremos transpor os desafios da academia superior de administração para esse
contexto científico, na qual desenvolveremos a seguir.
No primeiro capítulo, vamos conceituar o que significa o SUS, sua origem e a sua
importância para toda a sociedade. Já no segundo capítulo abordaremos a origem
das fontes de recursos, e como é administrado. No terceiro capítulo veremos as
divisões dos blocos de financiamento. No quarto capítulo veremos as
movimentações bancárias do dinheiro do SUS. No quinto capítulo iremos abordar no
que se pode gastar o dinheiro da saúde. Analisaremos no sexto capítulo sobre a
prestação de contas, ou seja, mostrar no que foi gasto o dinheiro da saúde. E no
sétimo capítulo falaremos um pouco sobre o orçamento e as ferramentas utilizadas
no mesmo e por último, indicar soluções validas para o contexto analisado.
È necessário ressaltar essas informações e considerações, pois é um canal de
esclarecimento e conhecimento a sociedade brasileira, sendo necessário para que a
informação ganhe esse tipo de notoriedade.
14
2. ORIGEM DO SUS E SEU SIGNIFICADO
Em 1986 foi realizada a 8ª Conferência Nacional da Saúde, resultante de longo
processo de preparação e discussão sobre a questão da saúde envolvendo
profissionais da saúde, intelectuais, centrais de trabalhadores, movimentos
populares e partidos políticos. Seu relatório final serviu como subsídio para os
deputados constituintes elaborarem o artigo 196 da Constituição Federal sobre a
saúde. O texto constitucional referenda os princípios básicos do SUS:
Universalidade: Todas as pessoas têm garantido o acesso a todo e qualquer
serviço de saúde. O SUS alcança a todos os brasileiros e estrangeiros que estejam
no território nacional, independente de sexo, idade ou condição social.
Equidade: Todos os cidadãos terão acesso à saúde, de igual forma e em igualdade
de condições, independentemente da complexidade de cada caso. Assim, todo
cidadão é igual perante o SUS, e será atendido conforme suas necessidades e,
ainda, considerando as necessidades coletivas e os riscos.
Integralidade: O SUS deve atender a todos em todas as suas necessidades. As
ações do SUS são muito abrangentes, envolvendo desde campanhas de vacinação
até programas, palestras, exames, internações e outros.
Gratuidade: O atendimento no SUS é gratuito, isto é, não será cobrado diretamente
do cidadão atendido nenhum valor, total ou parcial, referente a serviços prestados
por meio do SUS (Lei 8.080/1990, art. 43).
E, com base no texto constitucional, em 1999 foi aprovada a Lei 8080/90 que dispõe
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, ou seja, o SUS foi
criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado (conjunto de medidas
legais que regem um assunto) , depois, por meio da Lei 8.080/1990,(Lei Orgânica da
Saúde) e pela Lei 8.142/1990 (dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
do SUS e das transferências intergovernamentais de recursos financeiros), dentre
outras normas e regulamentos.
15
Antes da criação do SUS, que completa 24 anos em 2012, a saúde não era
considerada um direito social. No Brasil, a saúde só foi garantida
constitucionalmente como direito universal de cidadania e dever do Estado a partir
de 1988 segundo o Artigo 196 da Constituição Federal.
Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (http://www.dji.com.br/constituicao_federal/cf196a200.htm - acessado em 05/01/2012)
O modelo de saúde adotado até então dividia os brasileiros em três categorias: os
que podiam pagar por serviços de saúde privados; os que tinham direito à saúde
pública por serem segurados pela previdência social (trabalhadores com carteira
assinada); e os que não possuíam direito algum. Assim, o SUS foi criado para
oferecer atendimento igualitário e cuidar e promover a saúde de toda a população. O
Sistema constitui um projeto social único que se materializa por meio de ações de
promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros.
De acordo com os resultados da pesquisa Políticas Públicas em Foco, o SUS não é
uma opção apenas da população de baixa renda, pois proporções significativas da
população de renda mais elevada fazem uso desse sistema. De uma forma geral, a
pesquisa constatou a heterogeneidade das condições socioeconômicas dos
usuários tanto do SUS quanto dos planos de saúde. Há indicações de que os
determinantes socioeconômicos constrangem, mas não são um impeditivo para que
a população com mais baixos rendimentos tenha um plano de saúde, seja
assumindo diretamente o pagamento de planos de baixa cobertura, seja como
beneficiária de planos pagos total ou parcialmente pelo empregador ou por outro
indivíduo. Paralelamente, também se observa a procura por parte de indivíduos de
rendimentos mais elevados de serviços oferecidos pelo SUS. Esse aspecto está
plausivelmente associado ao fato de os planos não garantirem a cobertura total de
tratamentos de doenças que demandam tecnologia mais sofisticada e, portanto,
onerosa, e procedimentos de alta complexidade.
16
A análise geral dos dados apontou uma associação esperada entre nível de
rendimento do pesquisado e a posse de planos ou convênios de saúde. De fato, no
estrato de renda mais alto, 84% dos entrevistados eram usuários da assistência
suplementar de saúde, ao passo que 19,6% do grupo com até um 1 salário mínimo
de renda familiar per capita possuem convênio/plano de saúde. De modo consoante,
mais de 80% dos respondentes com baixos rendimentos já tinham usado o SUS.
Contudo, observou-se uma proporção relevante de pesquisados com rendimentos
altos (5 a 10 salários mínimos familiares per capita) e muito altos (mais de 10 SM)
que tinha usado o SUS - 44,4% e 30,0% respectivamente. Do total de entrevistados,
78,6% já tinham feito uso do SUS. Em síntese, os usuários do SUS se concentram
nos estratos mais baixos de renda, mas a porcentagem de usuários entre os estratos
mais altos é significativa, no mínimo 30%.
Existem, ainda, outros princípios que orientam a organização do SUS em todo o
país, sendo:
Hierarquização: A organização e a gestão (administração) dos serviços prestados
pelo SUS devem ocorrer com base em níveis crescentes de complexidade, ou seja,
vão dos mais simples aos mais complexos:
1. Atenção básica: É a “porta de entrada” da população no SUS. Isso acontece
nos postos de saúde, nas unidades do Programa Saúde da Família etc. Se, a
partir desse primeiro contato, não forem encontrados meios para resolver o
problema de saúde, a pessoa será encaminhada para outros serviços de
maior complexidade (média e alta complexidade).
2. Média Complexidade: São procedimentos de saúde um pouco mais
complexos que os da atenção básica. Incluem tratamentos como, os de
cardiologia, pneumologia, neurologia e terapias de médio porte.
3. Alta complexidade: São procedimentos que necessitam de recursos
tecnológicos mais complexos, como, ressonâncias magnéticas e tomografias,
hemodiálises e programas de prevenção de câncer.
Regionalização: Na prestação de serviços do SUS devem ser considerados o
tamanho e as necessidades do território a ser atendido, bem como os serviços
existentes.
17
Descentralização: Significa que cada esfera de governo (União, estados e
municípios) tem as suas atribuições específicas no que se refere às ações e à
prestação de serviço de saúde à população. No caso, a esfera federal repassa
algumas funções à esfera estadual que, por sua vez, também faz a transferência de
funções à esfera municipal. Quando ocorre a transferência de funções para os
municípios, também ocorre a transferência de responsabilidades, como por exemplo,
a necessidade de controlar o dinheiro que o município recebe para aplicar em saúde
e a necessidade de fiscalizar as ações e os serviços de saúde prestados à
população.
Participação da comunidade: A população deve participar na definição, no controle
e na fiscalização da execução das políticas de saúde. As diretrizes das políticas de
saúde encontram-se detalhadas nos planos municipais e estaduais de saúde. A
participação popular ocorre por meio de entidades e movimentos que representam a
sociedade.
18
3. FONTES DE RECURSOS DO SUS, E COMO É ADMINISTRADO
Em primeiro lugar, é preciso compreender que, embora o atendimento prestado no
SUS aos cidadãos não seja cobrado diretamente, a sociedade paga pelos serviços
do SUS quando paga seus impostos. De acordo com a Constituição Federal de 1988
no livro, Orientações para conselheiros de saúde (2010 p.62):
Art 198: As ações e os serviços de saúde oferecidos no âmbito do SUS devem
ser financiados com recursos do orçamento da seguridade social, da União,
dos estados, do DF e dos municípios, além de outras fontes, ou seja, todos os
entes políticos (União, estados e municípios) são responsáveis pelo
financiamento do SUS.
No entanto, é no subfinanciamento que está o ponto frágil do sistema público de
saúde. Isso não só porque o Brasil não gasta o mínimo suficiente, mas pela
inexorável tendência de crescimento das necessidades de recursos devido á
combinação de elementos, como os demográficos ( crescimento e envelhecimento
da população ) e a velocidade com que novas tecnologias são incorporadas ao
arsenal terapêutico e de diagnose. A mobilização levou na década de 1990, á
promulgação da Emenda Constitucional n. 29 ( EC n. 29 ), em 13 de setembro de
2000, assegurando o financiamento das ações e serviços públicos de saúde,
estabelecendo que as três esferas de governo aportem anualmente recursos
mínimos provenientes da aplicação de percentuais das receitas e determinando as
suas bases de cálculo. Portanto, vinculou recursos ao setor saúde. Vale lembrar que
depois de 11 anos, a Emenda Constituicional , que estava parada no congresso
nacional foi regulamentada, vindo esta a trazer mais recursos para a área da saúde.
As ações e serviços de saúde, implementados pelos Estados, Municípios e Distrito
Federal, são financiados com recursos da União, próprios e de outras fontes
suplementares de financiamento, todos devidamente contemplados no orçamento da
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Seguridade Social ( compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos á
saúde, á previdência e á assistência social. Deixa claro que cabe á Seguridade
Social o compromisso de assegurar o direito á saúde.
No que diz respeito ao financiamento, o art. 195 da Constituição Federal, afirma que
a Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei,mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados e Municípios.
Recursos mínimos a serem aplicados na saúde: Constituição Federal
responsabilidade das 03 esferas de governo.
No caso da União, os recursos mínimos a serem aplicados em ações e serviços
públicos de saúde, correspondem ao valor empenhado pela União no ano anterior,
corrigido pela variação nominal (significa utilizar os preços do próprio ano para
calcular o valor dos bens e serviços produzidos nesse ano) do produto interno bruto
(PIB) do ano em que se elabora a proposta orçamentária, portanto não há para a
União um piso fixo de contribuição para a saúde.
Os estados aplicarão em ações e serviços públicos de saúde, o mínimo de 12% da
arrecadação de impostos, enquanto os municípios e o Distrito Federal destinarão
15% da arrecadação de impostos.
3.1 REPASSES DE RECURSOS DETALHADOS DE IMPOSTOS
Da União para os Estados:
- Quota-parte do fundo de participação dos Estados (FPE)
- Quota-parte do IPI – Exportação
- Lei complementar 87/96 – ( Lei Kandir )
- Outras receitas correntes ( dívida ativa, multas, juros e correção monetária )
20
Receitas de impostos de natureza Estadual
- ICMS – 75%
- IPVA - 50%
- ITCMD – 4% ( sobre bens de herança )
Da União para os municípios:
- Quota-parte do FPM
- Transferências da Lei Complementar n. 87/96 ( Lei Kandir )
- Imposto de Renda Retido na Fonte ( IRRF )
- Quota-parte do ITR
- Outras receitas correntes: Receita da dívida ativa tributária de impostos, multas,
juros de mora e correção monetária.
Dos Estados para os municípios:
Transferências Financeiras Constitucionais e Legais aos municípios:
è 25% do ICMS
è 50% do IPVA
è 25% do IPI – Exportação
Total das receitas de impostos municipais ( ISS, IPTU, ITBI )
Como foi visto anteriormente, as três esferas (União, estados e municípios) possuem
seus papéis relacionados à forma como o SUS é administrado. Mas, qual é o papel
de cada esfera?
Primeiramente, deve-se entender que a União, os estados e municípios distribuem
seus recursos de maneira tal que os procedimentos de atenção básica e de média e
alta complexidade sejam totalmente atendidos.
União: Detém o papel principal no que se refere ao financiamento da saúde pública
no Brasil,pois ela arca com a maior parte dos gastos. Metade dos gastos fica por
conta da União; a outra metade é dividida entre estados e municípios. A União
também é responsável pela formulação de políticas nacionais de saúde, mas a
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implementação, ou seja, o ato de “colocar em prática” tais políticas cabe aos
estados, municípios, ONGs e à iniciativa privada. Principal gestor em nível federal:
MINISTÉRIO DA SAÚDE.
Estados: Cabe ao governo estadual colocar em prática (implementar) as políticas
nacionais e estaduais de saúde e organizar o atendimento à saúde em seu território.
Conforme foi dito anteriormente, o estado também participa do financiamento da
saúde em seu território. Principal gestor em nível estadual: SECRETÁRIA
ESTADUAL DE SAÚDE.
Municípios: È no município que o atendimento à população acontece de forma mais
direta, pois o município é o principal responsável pela saúde pública de sua
população. Isso ficou mais evidente a partir do pacto pela Saúde, de 2006, que
estabeleceu que os gestores municipais deverão assumir imediatamente ou
gradualmente a gestão de todas as ações e serviços de saúde do município, por
meio de assinatura de termo de compromisso. Se no município não houver todos os
serviços de saúde, o gestor deve fazer um acordo, um pacto com outros municípios
de sua região, a fim de que sua população não fique sem atendimento. Principal
gestor em nível municipal: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE.
3.2 REQUISITOS QUE OS ENTES FEDERADOS DEVEM CUMPRIR
PARA RECEBER RECURSOS PARA A SAÚDE
De acordo com a Lei 8.142/1990, para que os estados, o DF e os municípios
possam receber dinheiro do governo federal para a saúde, eles devem atender aos
seguintes requisitos:
- Possuir Fundo de saúde;
- Possuir um conselho de saúde;
- Ter um planejamento na área de saúde;
- Emitir relatórios de gestão que permitam o controle pelo sistema de auditoria do
Ministério da saúde;
- Oferecer contrapartida de recursos (recursos próprios), para a saúde do respectivo
orçamento.
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3.3 FORMAS DE TRANSFERÊNCIA DOS RECURSOS FEDERAIS PARA
A SAÚDE
Os Estados, o DF e os municípios administram com independência o dinheiro que
recebem da União para a saúde, mas essa administração deve ocorrer de acordo
com aquilo que foi estabelecido em seus Planos de Saúde, que, por sua vez, devem
estar de acordo com o Plano Nacional de Saúde.
Os recursos federais destinados à saúde chegam aos estados e aos municípios por
meio de (BRASIL,2003 p 65):
- Transferências regulares e automáticas (por meio de Fundos);
- Remuneração por serviços produzidos;
- Convênios, contratos de repasse e outros instrumentos similares.
TRANSFERÊNCIAS REGULARES E AUTOMÁTICAS (FUNDOS)
De acordo com a Lei 8.080/1990, os estados, o DF e os municípios devem criar
contas especiais para o depósito dos recursos destinados ao SUS, com CNPJ
próprio. Essas contas são conhecidas como os “Fundos de Saúde”. Os fundos
recebem tanto os recursos locais quanto os transferidos da União. As diretrizes para
o funcionamento do Fundo Nacional de Saúde estão na Lei Orgânica da Saúde (Lei
8.142/1990).
Para que o fundo venha a existir, é preciso que sua criação seja autorizada por lei
(federal, estadual, distrital ou municipal). Os estados, o DF e os municípios devem
também indicar, de forma clara, quem é o gestor do fundo (quem vai administrar o
fundo e ser responsável por ele).
Existem, basicamente, 3 tipos de fundos na área da saúde:
- Fundo Nacional de saúde: recebe recursos da União para cobrir ações e serviços
de saúde executados pelo SUS e administrados pelo Ministério da Saúde.
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- Fundo Estadual de saúde: recebe recursos do governo estadual e recursos da
União. É administrado pela Secretaria Estadual de Saúde e fiscalizado pelo
Conselho estadual de saúde.
- Fundo Municipal de saúde: recebe recursos dos governos federal, estadual e
municipal. É administrado pela Secretaria Municipal de Saúde e fiscalizado pelo
conselho municipal de saúde.
As transferências de recursos ocorrem de forma regular e automática entre os
fundos. Assim, o Fundo Nacional de Saúde pode transferir recursos para os Fundos
estaduais e municipais. Esse processo denomina-se “transferências fundo-a-fundo”.
É importante, ainda, lembrar que o Fundo Nacional de Saúde (FNS) faz o
acompanhamento e o controle do dinheiro repassado aos estados e aos municípios,
encaminhando às Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais e aos conselhos
de saúde, sobre todo o repasse de recursos que foi realizado para determinado
estado ou município. Por outro lado, os bancos onde foram abertas as contas
relacionadas aos fundos também avisam constantemente aos titulares das contas
sobre a entrada de dinheiro e, ainda, sobre a origem desse dinheiro.
Caso haja alguma dúvida ou diferença nas informações prestadas pelos gestores e
pelo FNS, você pode consultar o endereço na internet do FNS
(www.fns,saude.gov.br).
REMUNERAÇÃO POR SERVIÇOS PRODUZIDOS
Transferidos diretamente do Ministério da saúde aos prestadores de serviços
hospitalares e ambulatoriais realizados em instituições (públicas ou privadas) mais
precisam estar cadastradas e credenciadas para realizar procedimentos pelo SUS.
CONVÊNIOS
Os convênios são um tipo de acordo realizado entre o Ministério da Saúde e os
órgãos ou entidades federais, estaduais ou municipais. Os convênios tem o objetivo
de financiar projetos específicos na área de saúde (exemplo: a construção de um
hospital ou posto de saúde). A transferência do dinheiro por meio de convênios
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acontece de forma voluntária, em virtude de ser um acordo, ao contrário das
transferências fundo-a-fundo, que são obrigatórias.
Todo convênio deve apresentar um Plano de Trabalho que informe quando e como
devem ser executadas as ações. O repasse do dinheiro, ao longo do convênio, é
feito com base no cronograma físico-financeiro que faz parte do Plano de trabalho e,
também, com base na disponibilidade financeira de quem dá o dinheiro. O dinheiro
repassado por meio de convênio não pode ser utilizado para finalidade diferente
daquela que foi prevista no convênio.
25
4. BLOCOS DE FINANCIAMENTO DO SUS
O Pacto pela Saúde, que é um documento em que União, estados, DF e municípios
assumem responsabilidades relacionadas à saúde, definiu que os estados e os
municípios devem receber transferência de dinheiro federal para a saúde com base
em blocos de recursos. São os chamados “blocos de financiamento”.
O objetivo dos blocos de financiamento é dar aos gestores de saúde mais autonomia
para aplicar os recursos, considerando o Plano de Saúde aprovado pelo conselho
municipal ou estadual.
Isso significa, por exemplo, que dentro do bloco de recursos da Atenção Básica, o
gestor poderá escolher, com mais autonomia, em quais ações o dinheiro deverá ser,
prioritariamente, aplicado, considerando as necessidades locais.
Existem 5 blocos de financiamento:
1- Bloco de Atenção Básica: O financiamento da Atenção Básica é de
responsabilidade das três esferas de gestão do SUS (federal, estadual e
municipal). Fazem parte da Atenção Básica, dentre outras, as seguintes
ações: - Saúde da Família;
- Agentes Comunitários de Saúde;
- Saúde Bucal;
- Compensação de especificidades regionais;
- Fator de incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas;
- Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário.
2- Bloco de Atenção de Média e de Alta Complexidade: Os procedimentos e
ações que fazem parte deste bloco são:
- Tratamentos de cardiologia, pneumologia, neurologia, diagnoses e terapias de
médio porte;
26
- Hemodiálises;
- Ações de combate ao câncer;
- Transplantes;
- Novos procedimentos: quando surgem novos procedimentos de saúde, sem
relação com a tabela vigente, há uma cobertura financeira de aproximadamente seis
meses.
O dinheiro para financiar os procedimentos de atenção de média e de alta
complexidade compõe o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade
Ambulatorial e Hospitalar do distrito federal, dos estados e dos municípios. Esse
dinheiro do bloco de financiamento é o limite máximo que esses entes podem gastar
nesse tipo de ação.
3- Bloco de Vigilância em Saúde: São ações deste bloco, dentre outras, as de
combate à dengue, campanhas de vacinação, de combate às doenças
sexualmente transmissíveis (DST”s) e AIDS, além de outras que impactam
diretamente a qualidade de vida das pessoas. O dinheiro para as ações de
Vigilância em Saúde deve fazer parte do Limite Financeiro de Vigilância em
Saúde dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. 4- Bloco de Assistência Farmacêutica: Esse bloco de financiamento é
composto pela aquisição de medicamentos e insumos e pela organização das
ações de assistência farmacêutica necessárias. A Assistência Farmacêutica
será financiada pelos gestores do SUS na União, nos estados, no DF e nos
municípios. 5- Bloco de Gestão do SUS: Esse bloco de financiamento destina-se a cobrir
os custos de ações específicas relacionadas com a organização dos serviços
de saúde, com o acesso da população à saúde e, ainda, com a aplicação do
dinheiro do SUS. Os recursos referentes a este bloco serão transferidos
fundo-a-fundo e regulamentados por portaria específica. A seguir segue o modelo de como são feitos os depósitos na modalidade fundo a
fundo e a divisão dos blocos de financiamento:
27
Resultado da consulta:::
Município-UF: PARAGUACU PAULISTA/SP
Entidade: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DA ESTANCIA TURISTICA DE PARAGUACU PAULISTA
CNPJ: 11.909.974/0001-09
IBGE: 353550
Clique aqui para visualizar o Histórico de Bloqueio do Programas.
Bloco:ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Componente:BÁSICO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Ação/Serviço/Estratégia:PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA BÁSICA
Competência Número da OB Data OB Banco OB Agência OB Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo
Repasse
11/2010 801281 14/01/2011 001 001058 0000242403 11.357,44 ,00 11.357,44 - MUNICIPAL
12/2010 801325 17/01/2011 001 001058 0000242403 11.357,44 ,00 11.357,44 - MUNICIPAL
01/2011 803566 03/02/2011 001 001058 0000242403 11.357,44 ,00 11.357,44 - MUNICIPAL
02/2011 807360 14/03/2011 001 001058 0000242403 11.357,44 ,00 11.357,44 - MUNICIPAL
Bloco:ATENÇÃO BÁSICA
Componente:PISO DA ATENÇÃO BÁSICA FIXO - PAB FIXO
Ação/Serviço/Estratégia:PAB FIXO
Competência Número da OB
Data OB Banco OB
Agência OB
Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo Repasse
07/2010 804093 04/02/2011 001 001058 0000242411 654,00 ,00 654,00 - MUNICIPAL
08/2010 804174 04/02/2011 001 001058 0000242411 654,00 ,00 654,00 - MUNICIPAL
09/2010 804281 04/02/2011 001 001058 0000242411 654,00 ,00 654,00 - MUNICIPAL
12/2010 801200 14/01/2011 001 001058 0000242411 67.027,50 ,00 67.027,50 - MUNICIPAL
01/2011 805100 15/02/2011 001 001058 0000242411 67.027,50 ,00 67.027,50 - MUNICIPAL
28
Bloco:GESTÃO DO SUS
Componente:IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
Ação/Serviço/Estratégia:INCENTIVO DESTINADO À AQUISIÇÃO DE EQUIP.E MATERIAL PERMANENTE P/ CAPS
Competência Número da OB Data OB Banco
OB Agência
OB Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo
Repasse
12/2010 807717 21/03/2011 001 001058 0000246921 10.000,00 ,00 10.000,00 - MUNICIPAL
TOTAL 10.000,00 0,00 10.000,00 - -
Bloco:INVESTIMENTO
Componente:IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE
Ação/Serviço/Estratégia:UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE - UBS
Competência Número da OB Data OB Banco
OB Agência
OB Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo
Repasse
07/2011 821991 23/08/2011 001 001058 0000249467 20.000,00 ,00 20.000,00 - MUNICIPAL
TOTAL 20.000,00 0,00 20.000,00 - -
Bloco:MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE AMBULATORIAL E HOSPITALAR
Componente:LIMITE FINANCEIRO DA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE AMBUL. E HOSPITAR - MAC
Ação/Serviço/Estratégia:CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLOGICAS
Competência Número da OB Data OB Banco
OB Agência
OB Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo
Repasse
11/2010 802441 25/01/2011 001 001058 000024242X 6.600,00 ,00 6.600,00 - MUNICIPAL
12/2010 804454 07/02/2011 001 001058 000024242X 6.600,00 ,00 6.600,00 - MUNICIPAL
TOTAL 19.800,00 0,00 19.800,00 - -
Bloco:VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Componente:PISO FIXO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - PFVISA
Ação/Serviço/Estratégia:AÇÕES ESTRUTURANTES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Competência Número da OB Data OB Banco
OB Agência
OB Conta OB Valor Bruto Desconto Valor Líquido Obs. Tipo
Repasse
01/2011 816070 04/07/2011 001 001058 0000242446 5.406,89 ,00 5.406,89 - MUNICIPAL
TOTAL 16.220,67 0,00 16.220,67 - -
Acesso em : 24/01/2012
http://www.fns.saude.gov.br/
29
5. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DO DINHEIRO DO SUS
O repasse de dinheiro para os blocos de financiamento é feito de formas diferentes
de acordo com cada bloco.
O repasse de recursos para financiar as ações da Atenção Básica deve ser feito por
meio do Banco do Brasil. Já os recursos transferidos do Fundo Nacional de Saúde
(FNS) para as ações relacionadas aos demais blocos de financiamento podem ser
creditados e movimentados em instituição financeira conveniada com o Ministério da
Saúde(Brasil, 2003 p.70).
- Banco do Brasil;
- Caixa Econômica Federal;
- Outra instituição financeira oficial de caráter regional;
As contas bancárias utilizadas para movimentação dos recursos transferidos fundo a
fundo deverão ser identificadas de acordo com os blocos de financiamento a que se
destinam, segundo o FNS.
Legalmente, o gestor dos recursos é, de certa forma, estimulado a aplicar o dinheiro
recebido por meio dos fundos no mercado financeiro, no máximo, 90 dias. Porém,
infelizmente, há casos em que os gestores deixam o dinheiro parado nas aplicações
financeiras, para obterem rendimento (em CDBs, fundos de investimento), e aquele
dinheiro pode não ser utilizado para o atendimento às necessidades da saúde da
população.
Um ponto importante é que, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de 2000,
os estados devem, obrigatoriamente, aplicar 12% da receita líquida de todos os
impostos estaduais em saúde. Em muitos estados e municípios, o dinheiro dos
fundos é transferido para contas únicas ligadas às Secretarias de Fazenda.
Pela legislação atual cada área do SUS deve ter uma conta específica, que deve ser
gerenciada pela Secretaria de Saúde e fiscalizada pelos conselhos de saúde e o
dinheiro depositado nessas contas específicas deve ser utilizado apenas para a
finalidade para a qual aquela conta foi criada ( por exemplo, o dinheiro na conta da
30
Vigilância em Saúde, deve ser utilizado unicamente para ações na área de
epidemiologia e controle de doenças, tais como a dengue).
Se o dinheiro, por acaso, for para uma conta única ligada à Secretaria de Fazenda,
esse dinheiro pode ser desviado para finalidades diferentes da saúde ( exemplo: o
dinheiro da saúde foi usado para recapear o asfalto) ou, pior, para coisas ilegais (
exemplo: para financiar campanhas políticas, para pagar propinas etc). Além disso, o
depósito desse dinheiro em uma conta única torna muito difícil o acompanhamento
dos gastos realizados.
31
6. EM QUE PODE SER GASTO O DINHEIRO DA SAÚDE
Nem tudo aquilo que é divulgado como gasto em saúde corresponde aos gastos
com ações e serviços de saúde.Quando os gestores afirmam que foi gasto o
percentual mínimo em saúde, é preciso observar se, nessas despesas, não foram
incluídas outras que, mesmo que indiretamente causem impacto sobre a saúde da
população, não estejam diretamente relacionadas às ações e aos serviços de saúde.
As despesas que podem ser executadas pelos gestores são aquelas relacionadas
às ações e aos serviços de saúde constantes dos Planos de Saúde. Exemplos de
ações diretamente relacionadas à saúde:
- vigilância epidemiológica e controle de doenças (exemplo: combate à dengue);
- vigilância sanitária e nutricional;
- educação para a saúde;
- saúde do trabalhador;
- assistência à saúde em todos os níveis de complexidade;
- assistência farmacêutica;
- atenção à saúde dos povos indígenas;
- capacitação de recursos humanos do SUS;
- pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde, promovidos por
entidades do SUS;
- atenção especial aos portadores de deficência.
Por outro lado, existem despesas executadas pelos gestores que não podem de
forma alguma ser consideradas gastos com saúde, como por exemplo:
- pagamentos de aposentadorias e pensões de pessoal da saúde;
- ações de limpeza urbana e remoção de lixo;
- merenda escolar;
32
- assistência à saúde de grupos específicos, sem o atendimento ao princípio da
universalidade ( tais como institutos de previdência e assistência ou planos de saúde
de servidores públicos, hospitais do corpo de bombeiros ou da polícia militar);
- ações de assistência social que não tenham a ver com a execução das ações e
serviços de saúde e que não sejam promovidas pelos órgãos de saúde do SUS;
- ações de saneamento básico realizadas com recursos provenientes de taxas e
tarifas, ou do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, ainda que venham a ser
excepcionalmente executadas pelo Ministério da Saúde, peloa Secretaria de Saúde
ou por entes a ela vinculados.
33
7. PRESTAÇÃO DE CONTAS
A comprovação da aplicação dos recursos transferidos fundo a fundo aos estados e
municípios, far-se-á através de Ralatório de Gestão, aprovado pelo respectivo
Conselho de Saúde(Lei 8.689/93, decreto 1.651/95 e Portaria MS 3.925/98) e
enviado para:
- Ministério da Saúde;
- Tribunal de Contas a que estiver jurisdicionado o órgão executor;
Será apresentado também pelos municípios aos respectivos estados.
O Relatório de Gestão compõe-se dos seguintes elementos:
- Programação e execução física e financeira do orçamento, de projetos, de planos e
de atividades;
- Comprovação dos resultados alcançados quanto a execução do plano de saúde;
- Demonstração do quantitativo de recursos financeiros próprios aplicados no setor
saúde, bem como das transferências recebidas de outras instâncias do SUS;
- Documentos adicionais avaliados pelos órgãos colegionados de deliberação
própria do SUS;
A direção do SUS em cada nível de governo apresentará, trimestralmente, relatório
detalhado, contendo dentre outros, dados sobre o montante e a fonte de recursos
aplicados, as auditorias concluídas ou iniciadas no período, bem como sobre a
oferta e produção de serviços na rede assistencial própria, contratada ou
conveniada:
- Ao Conselho de saúde correspondente;
- Em audiência pública nas câmaras de vereadores e nas assembléias legislativas
respectivas;
- Será dada ampla divulgação.
A demonstração da movimentação dos recursos de cada conta deverá ser efetuada:
34
- Através de extratos e de conciliação, seja na prestação de contas ou quando
solicitada pelos órgãos de controle.
35
8. ORÇAMENTO
O Orçamento público é um instrumento de planejamento e execução das Finanças
públicas. Na atualidade o conceito está intimamente ligado à previsão das Receitas
e fixação das Despesas públicas. O orçamento contém estimativa das receitas e
autorização para realização de despesas da administração pública direta e indireta
em um determinado exercício, que, no Brasil, coincide como o ano civil. Ela está
amparada pela Lei n. 4.320, de 17 março de 1964, que diz em seu art. 1º :
Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e
contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal, de acôrdo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da
Constituição Federal.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320compilado.htm - acessado
em 10/01/2012)
Os programas previstos no Plano e na Agenda de Saúde constituem a base para a
elaboração dos instrumentos do processo orçamentário – Plano Plurianual (PPA),
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Os
instrumentos orçamentários – PPA, LDO e LOA – são leis que exprimem, em termos
financeiros, a destinação de recursos públicos para as necessidades,diretas ou
indiretas, de atendimento ao cidadão.Tais documentos não se constituem apenas
em um conjunto organizado de receitas e despesas aprovadas com a finalidade de
dar cumprimento formal e legal à matéria. Ao contrário, espelham decisões políticas.
Os recursos estaduais e municipais destinados ao SUS são claramente
apresentados no PPA, na LDO e na LOA, segundo os programas definidos na
Agenda e no Plano de Saúde. A LDO representa a ligação entre o PPA e a LOA,
cujas metas e prioridades seguem a lógica dos programas estabelecidos no PPA.
Plano Plurianual É um plano de longo prazo, através do qual se procura ordenar as ações do governo
que levem a atingir as metas e objetivos fixados para o período de quatro anos,
36
tanto no governo federal como nos governos estaduais e municipais. Nenhum
investimento, cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, sob pena de crime de responsabilidade.
Lei de Diretrizes Orçamentárias Norteia a elaboração do orçamento de forma a adequar às diretrizes e objetivos
estabelecidos no plano plurianual, restrito ao ano a que se refere. Define as metas
em termos de programas.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece parâmetros para a aplicação do
recurso orçamentário anual, através do Plano Plurianual (PPA), para garantir o
objetivo fim, sem prejudicar o controle do Tesouro Nacional. O PPA compreenderá 3
exercícios do atual mandatário e o primeiro exercício do próximo mandatário. Da
mesma forma irá procurar nortear o comportamento da Receita bem como
especificar em detalhamentos setoriais, indicadores e ações os gastos da Despesa
no mesmo período.
Lei de Orçamentos Anuais Orçamento propriamente dito. O OGU é composto pelo Orçamento Fiscal,
Orçamento da Seguridade Social e Orçamento de Investimento das Empresas
Estatais Federais.
a) Orçamento Fiscal: refere-se aos três poderes e órgãos de administração direta e
indireta.
b) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Federais: empresas em que o
Estado detenha a maioria do capital social com direito a voto.
c) Orçamento da Seguridade Social: entidades a ela vinculadas, fundos e fundações
mantidas pelo poder público.
Cabe a toda unidade da Administração Pública definir as prioridades de gasto, com
algumas limitações (constitucionais ou legais). A Constituição preceitua que a
iniciativa das leis do PPA, das Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento cabe ao
37
Executivo. Assim, os demais Poderes encaminham suas propostas orçamentárias
que são consolidadas a do Executivo, que encaminha o Projeto de Lei ao Legislativo
para emendas e aprovação. Nem sempre o orçamento é cumprido na íntegra, devido
a diversos fatores: arrecadação, pressões políticas, calamidades naturais, comoções
internas, dentre outras. Os círculos políticos costumam dizer, pejorativamente, que o
orçamento é uma "peça de ficção", isso é um sofisma, já que muitas vezes as
receitas públicas disponíveis podem estar vinculadas constitucional ou legalmente.
Segundo estudos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão perto de 93%
do orçamento da União está vinculado a algum programa ou diretriz. Dessa forma, a
parcela de despesas discricionárias é bem reduzida.
A LOA define recursos, para o próximo exercício financeiro, estimando receitas e
fixando despesas,relativas aos três poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo).
Inclui todos os órgãos da administração direta e indireta, os fundos especiais
(inclusive os fundos de saúde), fundações e demais instituições mantidas pelo poder
público. Os recursos definidos no Orçamento, para os programas, devem estar de
acordo com as metas que o governo pretende atingir no próximo exercício. O poder
executivo deve encaminhar ao legislativo a proposta orçamentária até 30 de agosto
de cada ano. A proposta deve ser aprovada pelo poder legislativo até 15 de
dezembro.
38
A área Saúde está prevista na Constituição, no caput do artigo 196: a saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
A política pública de saúde no Brasil é efetivada por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS), o qual compreende um conjunto organizado e articulado de ações e
serviços, tendo como diretrizes a descentralização, o atendimento integral e a
participação da comunidade. Esse Sistema aglutina instituições públicas das esferas
federal, estadual e municipal, além das instituições privadas contratadas ou
conveniadas em caráter complementar. Com a gradativa descentralização dos
serviços de saúde ocorrida nas duas últimas décadas, aumentou- se a
responsabilidade dos Municípios no atendimento às suas populações, bem como se
ampliou a atuação da União como coordenador e financiador das políticas de saúde,
prestando cooperação técnica e financeira a Estados e Municípios. Tal fato fica
claramente demonstrado quando se observa o crescimento da participação das
transferências para Estados e Municípios dentro do gasto na área de Saúde, que
saltou de 51% em 2001 para 70% em 2010.
2007 -> R$ 40.000 bilhões 2008 -> R$ 50.000 bilhões 2009 -> R$ 59.000 bilhões 2010 -> R$ 60.000 bilhões 2011 -> R$ 67.000 bilhões 2012 -> R$ 80.000 bilhões PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO 49% Assistência Hospitalar e Ambulatorial 18% Atenção Básica 11% Suporte Profilático e Terapêutico 10% Pessoal Ativo e Encargos Sociais 7% Demais 5% Vigilância Epidemiológica ÁREA SOCIAL A SOCIAL A Emenda Constitucional nº 29, de 2000, determina que os gastos com a Saúde na
União devem receber incrementos anuais conforme a variação nominal do Produto
39
Interno Bruto (PIB). Assim, os recursos orçamentários destinados para a Saúde em
2012 deverão ser 11,33% (projeção do PIB 2011) superiores aos que foram
alocados no orçamento de 2011.
O Programa Saúde Não Tem Preço, iniciado em 2011, fornece gratuitamente
remédios para hipertensão e diabetes nas farmácias credenciadas da rede Aqui Tem
Farmácia Popular.
Assim, o montante total de recursos previstos para a Saúde em 2012 é de R$ 79,5
bilhões, que serão alocados da seguinte maneira: para Assistência Hospitalar e
Ambulatorial, serão destinados R$ 39,2 bilhões. Nessa área, 87% desses recursos,
ou seja, R$ 34,1 bilhões, vão para o Atendimento Ambulatorial e Hospitalar, no qual
se destacam os procedimentos de média e alta complexidade (recursos em grande
parte repassados para Estados e Municípios) e o programa Rede Cegonha, que
possui como objetivos o novo modelo de atenção ao parto, nascimento e saúde da
criança, uma rede de atenção que garanta acesso, acolhimento e seja capaz de dar
uma solução aos problemas dos usuários de forma adequada, no local mais
próximo de sua residência ou encaminhando-os aonde suas necessidades possam
ser atendidas, conforme o nível de complexidade, e a redução da mortalidade
materna e neonatal. Vale ressaltar que nessa área ainda estão inclusos os gastos
com o Serviço Móvel de Urgência (Samu 192), que contará com recursos da ordem
de R$ 909 milhões, além da implantação de Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) e as ações de atenção especializada em saúde mental, das quais faz parte o
enfrentamento ao crack. Na área de Atenção Básica, serão investidos R$ 14,2
bilhões. Um volume expressivo desses recursos será aplicado no Piso de Atenção
Básica, a fim de garantir aos Municípios um valor por pessoa, por volta de R$ 23.
Outra ação nessa área que merece destaque é a assistência odontológica. Através
do programa “Brasil Sorridente”, o governo pretende aperfeiçoar a prestação de
saúde bucal à população que ainda não possui acesso ao atendimento odontológico.
Para tanto, estão previstos recursos da ordem de R$ 230 milhões. Quanto ao
Suporte Profilático e Terapêutico, serão aplicados R$ 8,4 bilhões. Nessa área
destaca-se a Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, que tem previsão de
recursos da ordem de R$ 5,5 bilhões para a aquisição e distribuição de
medicamentos. No rol dos medicamentos estratégicos, encontram- se os destinados
às doenças sexualmente transmissíveis (DST) distribuídos pelo Programa Nacional
40
de DST e Aids a mais de 190 mil pacientes. Há ainda a distribuição de edicamentos
para outras doenças transmissíveis, como tuberculose, malária, hanseníase, entre
outras. Outro Programa desenvolvido nessa área é o Aqui Tem Farmácia Popular,
que atualmente beneficia cerca de 1,3 milhão de brasileiros por mês. Desses,
proximadamente 660 mil são hipertensos e 300 mil, diabéticos. O programa é
desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com a rede privada de farmácias e
drogarias, que se credenciam espontaneamente ao firmarem convênio com o
Ministério da Saúde. Para esse programa, está previsto R$ 1,2 bilhão. Para a área
de vigilância Epidemiológica, serão disponibilizados R$ 4 bilhões. Desse montante,
quase a metade, R$ 1,73 bilhão, será destinada aos Estados, Distrito Federal e
Municípios como incentivo financeiro para o desenvolvimento de ações para a
vigilância em saúde. Outra grande parte, R$ 1,7 bilhão, será para a aquisição e
distribuição de vacinas para prevenção e controle de doenças. No item Demais,
encontram-se ações que também possuem forte impacto na saúde da população.
Entre elas se destacam aquelas referentes ao Saneamento Básico, que contará com
recursos da ordem de R$ 846,5 milhões, destinados principalmente para
implantação de melhorias sanitárias domiciliares e em sistemas públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário. Para enfrentar esses e os demais
grandes desafios inerentes à área da saúde pública, foram destinados recursos da
ordem de R$ 7,8 bilhões para o pagamento de Pessoal Ativo e demais Encargos
Sociais.
41
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade brasileira necessita não só de informações, mais de como utilizá-las. É
a maneira de conhecer seus direitos, mediante aos impostos que pagam. Esse
trabalho vem contribuir para dar um maior esclarecimento do funcionamento do
SUS, Sistema Único de Saúde. Mostrar toda a estrutura financeira, blocos de saúde
e como podem ser utilizados.
Esta proposta é resultado de uma demanda que não para de crescer e que devemos
estar atentos a esse crescimento porque diz respeito a saúde de seres humanos,
homens, mulheres e crianças.
A saúde está diretamente relacionada as pessoas, e se queremos ter uma nação
sadia, devemos trabalhar e colocar em prática o conhecimento adquirido ao longo do
tempo e aperfeiçoar cada vez mais a estrutura do SUS e planejá-lo de forma que
atenda cada vez mais nossa população. A população bem informada, irá fiscalizar
melhor o uso desses recursos financeiros e consequentemente ter uma cobrança
maior em cima dos responsáveis dos gestores que gerenciam esses recursos. Os
recursos para a saúde existem, ao contrário do que alguns dizem que são
insuficientes. O que realmente precisa é evitar o desperdício deles e ter uma posição
mais forte das autoridades competentes em cima da corrupção.
42
REFERÊNCIAS
Gestão Financeira do Sistema Único de Saúde:manual básico/Ministério da Saúde, Fundo Nacional de Saúde. – 3ª Ed. Ver. E ampl. – Brasília:Ministério da Saúde, 2003.
Fonte: NOB 01/96;Manual Técnico de Orçamento;Vocabulário da Melhoria da Gestão/MS e legislação pertinente ao SUS.
JANE PARIS SPINK, Mary.Psicologia em Dialogo com o SUS, A:Prática Profissional e Produção Academica. Editora Casa do Psicólogo, São Paulo, 2007.
O Financiamento da Saúde/Conselho nacional de Secretários de Saúde – Brasília: CONASS, 2011.
Orientações para conselheiros de saúde / Tribunal de Contas da União . – Brasília: TCU, 4ª Secretaria de Controle Externo, 2010.
Acesso em : 05/01/2012
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=29178&janela=1
Acesso em : 05/01/2012
http://www.direitosocial.com.br/saude.htm
Acesso em : 05/01/2012
http://www.dji.com.br/constituicao_federal/cf196a200.htm
Acesso em : 06/01/2012
http://www.boletim-fundap.cebrap.org.br/n2/?subject=sub-manchete-2
Acesso em : 10/01/2012
http://pt.wikipedia.org/wiki/Or%C3%A7amento_p%C3%BAblico
Acesso em : 10/01/2012
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320compilado.htm
Acesso em : 24/01/2012
http://www.fns.saude.gov.br/
Acesso em : 29/05/2012
https://www.portalsof.planejamento.gov.br/sof/orc_2012/ploa2012/Orc_Alc_Todos_27092011_web.pdf
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