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  • FILHADAS

    TREVAS

    TraduçãoAlexandre Boide

  • título original And I Darken© 2016 by Kiersten Brazier. Direitos de tradução geridos por Taryn Fagerness Agency e Sandra Bruna Agência Literária, SL. Todos os direitos reservados. © 2017 Vergara & Riba Editoras S.A.

    Plataforma21 é o selo jovem da V&R Editoras

    edição Fabrício Valério e Flavia Lago editora-assistente Thaíse Costa Macêdo preparação Lígia Azevedo revisão Vanessa Gonçalves e Flávia Yacubiandireção de arte Ana Soltdiagramação Balão Editorialcapa Alison Implyilustracão de capa Sam Weber

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    White, Kiersten

    Filha das trevas / Kiersten White; tradução Alexandre Boide. –

    São Paulo: Plataforma21, 2017. – (Saga da conquistadora ; 1)

    Título original: And I Darken.

    ISBN 978-85-92783-28-0

    1. Ficção - Literatura juvenil I. Título II. Série.

    17-04628 CDD-028.5

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Ficção: Literatura juvenil 028.5

    Todos os direitos desta edição reservados à VERGARA & RIBA EDITORAS S.A.Rua Cel. Lisboa, 989 | Vila MarianaCEP 04020-041 | São Paulo | SPTel.| Fax: (+55 11) 4612-2866plataforma21.com.br | [email protected]

  • SUMÁRIO

    genealogia 10

    capítulos 1 a 55 13

    dramatis personae 462

    glossário 465

    nota da autora 467

    agradecimentos 470

  • VALÁQUIA

    amante

    esposa

    descendente

    MIRCEA VLADo monge

    CALTUNA

    LADISLAV R ADU

    desconhecida VASSILISSAuma princesa da Valáquia

    VLAD DR ACULpríncipe da Valáquia

  • IMPÉRIO OTOMANO

    concubina

    esposa

    descendente

    MARA

    BRANKOVIC realeza sérvia

    HALIMAaristocraciaotomana

    YENI HATUN HUMA

    PEQUENOAHMET

    ALI AHMED MEHMED

    MUR AD IIsultão

    aristocraciaotomana

    escravaconcubina

  • as sobrancelhas grossas de Vlad Dracul se fecharam como um céu de tempestade quando o médico anunciou que sua es-posa dera à luz uma menina. Seus outros filhos – um da primeira esposa, já quase adulto, e até mesmo o bastardo de sua amante, nascido um ano antes – eram todos meninos. Ele jamais imaginara que suas sementes pudessem ser fracas o bastante para produzir uma garota.

    Escancarando a porta com força, ele adentrou o ar pesado e vi-ciado do pequeno quarto. Cheirava a sangue e medo. Ficou enojado.

    Sua casa na cidade fortificada e montanhosa de Sighisoara estava muito aquém do que ele merecia. Ficava próxima ao portão princi-pal, em meio à atmosfera sufocante da praça, ao lado de um beco que fedia a dejetos humanos. Seu destacamento de dez homens era meramente cerimonial, o que lhe conferia uma autoridade apenas simbólica. Além de comandante militar da Transilvânia, ele deveria ser o governante de toda a Valáquia.

    Talvez por isso tenha sido amaldiçoado com uma menina. Era mais um insulto à sua honra. Ele era membro da Ordem do Dragão, sancionada pelo papa em pessoa. Deveria ser o voivoda, o príncipe

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    1435: Sighisoara, Transilvânia

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    guerreiro, mas era seu irmão quem estava no trono, enquanto Vlad Dracul apenas governava os saxões que ocupavam sua terra natal.

    Logo mostraria a todos sua honra, com a ponta de sua espada.Vassilissa estava deitada na cama, ensopada de suor e gemendo de

    dor. Na certa a fraqueza que criara raiz no ventre da mulher vinha toda dela. Seu estômago se revirou ao vê-la, pois de princesa naquele momento ela não tinha nada, nem na aparência nem na conduta.

    A ama segurava um monstrinho vermelho aos berros. Ele não tinha a menor ideia de como chamar a menina. Vassilissa com cer-teza ia querer homenagear a própria família, mas Vlad detestava a realeza moldávia da qual ela descendia e que no fim não lhe confe-riu nenhuma vantagem política. Seu bastardo já recebera o nome de Vlad em sua homenagem. Ele faria o mesmo com a filha.

    – Ladislav – declarou. A forma feminina de Vlad. No diminuti-vo. Um nome pequeno. Se quisesse um nome mais forte, Vassilissa deveria ter parido um menino. – Vamos rezar para que seja bonita e assim consiga ser útil – ele acrescentou. A criança começou a gritar mais alto.

    Os seios reais de Vassilissa eram importantes demais para se ocupar da amamentação. A ama de leite esperou que Vlad saísse para posi-cionar o bebê em suas mamas plebeias. Elas estavam bem cheias por-que a mulher tivera um filho, um menino. Enquanto a criança sugava com apetite surpreendente, a ama fazia suas próprias preces por ela. Que seja forte. Que seja astuta. Em seguida, lançou o olhar para a prin-cesa, uma jovem de quinze anos, linda e delicada como os primeiros botões de flor da primavera. Estava desolada e exaurida na cama.

    E que seja feia.

  • vlad nem se deu ao trabalho de estar presente no nascimento do segundo bebê de Vassilissa: um menino, seguindo a irmã em sua entrada no mundo, um ano depois.

    A ama terminou de limpar o recém-nascido e o entregou à mãe. Era pequenino e perfeito, com uma boca que parecia um botão de rosa e a cabeça coberta de cabelos escuros. Vassilissa estava deitada na cama, calada e com os olhos cheios de lágrimas. Olhava apenas para a parede. Não dirigiu um único olhar para o filho. Um puxão na barra da saia atraiu a atenção da ama para mais perto do chão, onde estava a pequena Lada, com a cara fechada. A ama virou o bebê para ela.

    – Um irmão – disse a mulher, com tom de voz suave.O bebê começou a chorar, mas de sua garganta saía um som

    fraco e gorgolejante que deixou a ama preocupada. Lada fechou ainda mais a cara e pôs a mão sobre a boquinha do pequeno. A ama o puxou para si às pressas, e a menina a encarou com o rosto contorcido de raiva.

    – Meu! – ela gritou.Foi sua primeira palavra.

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    Surpresa, a ama deu risada e baixou outra vez o bebê. Lada o encarou até que parasse de chorar. Então, parecendo satisfeita, saiu do quarto com seus passinhos incertos de criança.

  • se vassilissa visse sua filha rolando no chão, brincando de luta com os cães e com Bogdan, o filho da ama, esta correria o risco de perder o posto. No entanto, desde o nascimento de Radu, quatro anos antes, Vassilissa não saía de seus aposentos.

    Radu tinha ficado com toda a beleza que o pai desejou para a filha. Olhos emoldurados por cílios grossos e compridos, lábios carnudos e cachos adornados com um leve tom dourado típico dos saxões.

    Bogdan deu um grito quando Lada – Ladislav, que, aos cinco anos, se recusava a ser chamada pelo nome – mordeu sua coxa. Ele reagiu com um soco, o que só a fez morder mais forte. O menino começou a gritar por socorro.

    – Se Lada quiser devorar sua perna, ela pode. Agora pare de gri-tar, ou ela vai ficar com seu jantar também – disse a ama.

    Como o irmão, Lada tinha olhos grandes, mas os seus eram próximos demais um do outro, com sobrancelhas arqueadas que fa-ziam parecer que estava sempre irritada. Seus cabelos eram grossos e embaraçados, tão escuros que faziam sua pele clara parecer pálida, como se estivesse doente. O nariz era comprido e arqueado, os

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    lábios eram finos, os dentes eram miúdos e – a julgar pelos berros de Bogdan – bastante afiados.

    Lada era teimosa e irritadiça, a criança mais malcomportada que a babá já conhecera. Mas era também sua favorita. Dependendo das circunstâncias, a menina poderia ser tranquila e obediente, temerosa e cooperativa. Seu pai era um tirano sem um reino, cruel em sua im-potência, que passava meses sem aparecer. A mãe ausente, distante e omissa, e incapaz de fazer qualquer coisa para sair daquela situação. Eles eram como um símbolo do estado de espírito de toda a região – em especial a Valáquia, terra natal da ama.

    Mas em Lada ela via uma faísca, um brilho de entusiasmo que se recusava a ser escondido ou ofuscado. Ao invés de tentar conter esse fogo, por medo do que pudesse acontecer à garota no futuro, ela o alimentava. Isso a fazia se sentir estranhamente esperançosa.

    Enquanto Lada era como a grama resistente que crescia em meio às frestas de uma superfície seca e rochosa, Radu era como uma flor delicada que só desabrochava em condições absolutamente perfeitas. No momento, estava resmungando porque a ama tinha parado por um breve instante de dar seu mingau adoçado com mel.

    – Faz esse menino ficar quieto! – Lada montou no maior cão de caça de seu pai, um animal paciente e já grisalho.

    – Como?– Esganando!– Lada! Modere sua língua. Ele é seu irmão.– Ele é um molenga. Bogdan é meu irmão.A ama fechou a cara, limpando o rosto de Radu com o avental. – Bogdan não é seu irmão. – Prefiro dormir com esses cães do que com

    seu pai, pensou.– É, sim! Você é, sim. Diz que é. – Lada saltou sobre as costas de

    Bogdan. Embora o menino fosse dois anos mais velho e bem maior, ela o imobilizou no chão, cravando o cotovelo nas costas dele.

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    – Eu sou! Eu sou! – Bogdan falou, meio rindo, meio chorando.– Pode jogar Radu fora quando for esvaziar os penicos!Radu chorou ainda mais alto, fazendo um tremendo escândalo.

    A ama estalou a língua e o pegou no colo, apesar de o menino já ser grande demais para isso. Ele enfiou a mão dentro da blusa da mu-lher e beliscou a pele enrugada e flácida, como uma maçã passada. Às vezes, ela desejava poder fazê-lo calar a boca, mas quando falava, Radu era tão doce e gracioso que compensava os ataques histéricos. Ele até cheirava bem, como se o mel das refeições ficasse impregnado em sua boca.

    – Seja um bom menino e vai poder andar de trenó com Lada e Bogdan mais tarde. Você quer? – argumentou a ama.

    Radu fez que não com a cabeça, com os lábios tremendo, o que era sinal de que mais lágrimas viriam.

    – Ou então podemos ir ver os cavalos.Ele assentiu lentamente, e a ama soltou um suspiro de alívio.

    Quando voltou a erguer os olhos, notou que Lada não estava mais lá. – Aonde ela foi?Bogdan arregalou os olhos de medo e indecisão. Ele já não sabia

    o que era pior: a fúria da mãe ou da pequena Lada.Bufando audivelmente, a ama apoiou Radu no quadril, sentindo

    os pezinhos dele contra sua perna a cada passo que dava. Ela atraves-sou o corredor na direção da escada estreita que levava aos quartos.

    – Lada, se você acordar sua mãe, vamos ter…A mulher interrompeu o passo, ficando totalmente imóvel, com

    uma expressão de temor idêntica à de Bogdan. Da sala de estar, vi-nham vozes. Vozes graves. Masculinas. Conversando em turco, o idioma de seus inimigos contumazes, os otomanos.

    Isso significava que Vlad estava em casa, e Lada estava…A ama correu pelo corredor e entrou às pressas na sala de estar,

    onde a encontrou parada no meio do recinto.

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    – Eu mato infiéis! – a menina rosnou, brandindo uma faquinha de cozinha.

    – É mesmo? – Vlad respondeu para ela no idioma dos saxões, a língua mais falada em Sighisoara. O entendimento do saxão da ama era precário e, embora Vassilissa fosse fluente em vários idio-mas, nunca conversava com os filhos. Lada e Radu falavam apenas valáquio.

    Lada brandiu a faca para ele em resposta à pergunta que não con-seguiu entender. Vlad ergueu uma sobrancelha. Estava vestido com tecidos finos, com um turbante elaborado na cabeça. Fazia quase um ano que a menina não o via. Por isso, não o reconheceu.

    – Lada! Venha aqui agora mesmo – murmurou a ama.A menina manteve a postura ereta e impecável sobre as pernas curtas.– Esta é minha casa! Sou da Ordem do Dragão! Eu mato infiéis!Um dos três homens que acompanhavam Vlad murmurou al-

    guma coisa em turco. A ama sentiu o suor brotar em seu rosto, seu pescoço e suas costas. Eles matariam uma criança por ameaçá-los? O pai dela permitiria? Ou simplesmente matariam a ama, por não ser capaz de controlar Lada?

    Vlad abriu um sorriso condescendente diante do comportamen-to da filha, então fez um aceno de cabeça para os três homens. Eles retribuíram o aceno e saíram, sem fazer comentários sobre a ama ou sobre a menina desobediente.

    – Quantos infiéis você matou? – A voz de Vlad, dessa vez na língua melódica e romântica dos valáquios, era suave e fria.

    – Centenas. – Lada apontou a faca na direção de Radu, que es-condeu o rosto no ombro da ama. – Matei aquele ali hoje de manhã.

    – E vai me matar também?Lada hesitou, baixando a mão. Ela encarou o pai, e o reconheci-

    mento se tornou visível em seu rosto como uma gota de leite caindo em um copo de água cristalina. Rápido como uma serpente, Vlad

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    arrancou a faca da mão dela, segurou a menina pelo tornozelo e a ergueu no ar.

    – E como você pretende matar alguém maior, mais forte e mais esperto que você? – ele perguntou, colocando o rostinho dela de cabeça para baixo no mesmo nível do seu.

    – Você trapaceou! – Os olhos de Lada brilhavam com um ardor que a ama tinha aprendido a temer. Era sinônimo de ferimentos, des-truições e incêndios. Muitas vezes as três coisas ao mesmo tempo.

    – Eu ganhei. É o que importa.Dando um grito, Lada se contorceu toda e mordeu a mão do pai.– Pelas chagas divinas! – Ele a derrubou no chão. A menina se en-

    colheu, rolou para longe do alcance e então se agachou, arreganhando os dentes para o homem. A ama se preparou para o pior, esperando que Vlad tivesse um acesso de raiva e desse uma surra em Lada. Ou desse uma surra nela por não conseguir criar uma menina obediente e dócil.

    Em vez disso, ele caiu na risada.– Minha filha é feroz.– Desculpe, milorde. – A ama baixou a cabeça, gesticulando fre-

    neticamente para Lada. – Ela está animada em revê-lo depois de uma ausência tão longa.

    – E quanto à instrução das crianças? Ela não fala saxão.– Não, milorde. – Não era exatamente verdade. Lada havia apren-

    dido algumas palavras obscenas, que gritava com frequência da janela para a praça lotada. – Lada sabe um pouco de húngaro, mas não tem ninguém por aqui encarregado da instrução das crianças.

    Ele estalou a língua e assumiu uma expressão pensativa.– E quanto a esse aí? É feroz também? – Vlad se inclinou na di-

    reção de Radu, que enfim tinha criado coragem para olhar.O menino foi imediatamente às lágrimas, voltando a esconder o

    rosto no ombro da ama e enfiando a mão sob sua touca para agarrar seus cabelos. Vlad contorceu a boca de desgosto.

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    – Esse puxou à mãe. Vassilissa! – ele gritou, tão alto que Radu ficou em silêncio de imediato, fungando e soluçando.

    A ama não sabia se ficava ou ia embora, mas ainda não havia sido dispensada. Lada a ignorava, mantendo os olhos cautelosos cravados no pai.

    – Vassilissa! – Vlad rugiu outra vez. Ele estendeu a mão para agarrar Lada, mas a menina estava alerta dessa vez, e escapuliu para baixo da mesa de madeira polida. Vlad roçou os dedos no móvel. – Muito bem. Vassilissa!

    Sua esposa apareceu na sala com passos cambaleantes, vestindo apenas um penhoar e com os cabelos soltos. Estava magérrima. As maçãs do rosto pareciam saltadas sob os olhos vazios. Se o parto de Lada quase a matara, o nascimento de Radu drenara o pouco de vida que lhe restava. Ela observou a cena – Radu banhado em lágrimas, Lada sob a mesa, seu marido finalmente em casa – com uma expres-são de desinteresse.

    – Sim? – perguntou.– É assim que saúda seu marido? O voivoda da Valáquia? O prín-

    cipe? – Ele abriu um sorriso triunfante, revelando os lábios finos sob o bigode comprido.

    Vassilissa ficou paralisada.– Você foi nomeado príncipe? O que aconteceu com Alexandru?– Meu irmão morreu.Para a ama, Vlad não parecia exatamente de luto.Enfim notando a presença da filha, Vassilissa se dirigiu a ela. – Ladislav, saia daí. Seu pai está em casa.– Ele não é meu pai. – Lada não se moveu.– Tire a menina daí – Vassilissa esbravejou para a ama.– Você não consegue fazer sua própria filha obedecer? – A voz

    de Vlad ressoava límpida como em um céu azul no auge do inverno. Um sol com dentes, como diziam naqueles tempos.

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    A ama se encolheu ainda mais em seu canto, tão amedrontada que Radu por fim sumiu da vista de Vlad. Vassilissa olhou frenetica-mente para ambos os lados, mas não havia como escapar.

    – Quero ir para casa – ela murmurou. – Voltar para a Moldávia. Por favor, me dê permissão.

    – Implore.O corpo miúdo de Vassilissa estremeceu. Ela caiu de joelhos,

    baixou a cabeça e segurou a mão de Vlad. – Por favor. Eu imploro. Me deixe ir para casa.Vlad estendeu a outra mão e acariciou os cabelos embaraçados e

    oleosos dela. Então os agarrou, inclinando a cabeça da mulher para o lado. Ela gritou, mas ele puxou com mais força, obrigando-a a ficar de pé. Então levou os lábios ao ouvido dela.

    – Você é a criatura mais fraca que já vi na vida. Volte rastejando para o buraco de onde veio e fique lá escondida para sempre. Rasteje!

    Ele a jogou no chão. E Vassilissa saiu da sala rastejando.A ama ficou olhando fixo para o tapete finamente tecido que co-

    bria o chão de pedra. Não disse nada. Não fez nada. Só rezou para que Radu ficasse em silêncio.

    – Você. – Vlad apontou para Lada. – Saia daí. Agora.Ela obedeceu, ainda olhando para a porta por onde a mãe tinha

    saído.– Sou seu pai. Mas aquela mulher não é sua mãe. Sua mãe é a Va-

    láquia. Sua mãe é a terra para onde estamos indo, onde sou príncipe. Entendeu bem?

    Lada olhou para os olhos de seu pai, profundos e marcados por anos de ardis e crueldades. Ela assentiu e estendeu a mão.

    – A filha da Valáquia quer a faca de volta.Vlad sorriu e a entregou para a filha.