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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DO HOMEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS SOCIAIS LUANA LEAL RIBEIRO FICHAMENTO DO TEXTO: ALEXANDER, Jeffrey C. A importância dos clássicos. In: Giddens, A. e Turner, J. (org.) Teoria Social Hoje. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 23 – 89.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CENTRO DE CINCIAS DO HOMEM PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM POLTICAS SOCIAIS

LUANA LEAL RIBEIRO

FICHAMENTO DO TEXTO:

ALEXANDER, Jeffrey C. A importncia dos clssicos. In: Giddens, A. e Turner, J. (org.) Teoria Social Hoje. So Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 23 89.

CAMPOS DOS GOYTACAZES2015O texto de Alexander (1999) traz a discusso sobre a importncia da cincia social contempornea, que tem como base de sua produo a experincia emprica, estar em contato com os clssicos, sem considera-los apenas pelo vis histrico. O autor inicia seu argumento, apresentando uma definio de clssicos, sendo estes o resultado do primitivo esforo da explorao humana que goza de status privilegiado em face da explorao contempornea no mesmo campo (ALEXANDER, 1999, p. 24), onde se tornam importantes correntes em vrias disciplinas, fazendo com que os modernos cientistas sociais se utilizem como objeto de estudo e trabalho, obras antigas e contemporneas. Segundo o autor, os positivistas radicais e os humanistas defendem que os clssicos sejam ignorados a longo prazo, sendo seus dados substitudos por experincias empricas, pois as teorias atuais testam as leis explicativas atravs dessas experincias, acumulando assim conhecimentos, no sendo mais necessria a utilizao dos clssicos, pois a investigao de personalidades antigas, no seria uma atividade para cientistas sociais. Porm, de acordo com Merton[footnoteRef:1] (1967 apud ALEXANDER, 1999, p. 26), ao tentar sobrepor orientaes cientficas, quase sempre faz com que a teoria sociolgica se funda com sua histria, onde o acmulo de conhecimento atravs de experincia emprica torna-se impossvel. O mesmo autor prossegue seu argumento afirmando que os clssicos no deveriam ser analisados de forma acrtica, devendo ser tratados como subsdios teis. Pelo fato de no haver acmulo emprico, os dados obtidos servem como fonte de dados simples que podero ser transformados em veculos de posterior acumulao, podendo ser utilizados como novos pontos de partida. [1: MERTON, R. K. Social Theory and Social structure. New York: Free Press, 1967 a,b.]

Merton[footnoteRef:2] (1967 apud ALEXANDER, 1999, p. 28) em seu ensaio contra a fuso de histria e sistemtica, ressalta que os clssicos so como esboos daquilo que se conhece no presente e que a cincia social se parece com a cincia natural, pois a primeira organizada pela especialidade emprica e no por uma escola ou tradio (ALEXANDER, 1999, p. 29). A persuaso positivista nas cincias sociais tem suas bases em algumas premissas, como a existncia de uma ruptura radical entre as observaes empricas especficas e concretas e afirmaes empricas gerais e abstratas, onde estas ltimas carecem de significado fundamental para prtica de uma disciplina empiricamente orientada. Ele prossegue afirmando que a teoria deve ser estabelecida em forma proposicional, onde os conflitos tericos sejam impedidos por testes e experimentos empricos, sendo o desenvolvimento cientfico progressivo. [2: Ibidem]

Os dados empricos so teoricamente moldados, no havendo distino entre natureza e pensamento. Mudanas na crena cientfica acontecem apenas quando alteraes empricas so acompanhadas pela disponibilidade de alternativas tericas convincentes (ALEXANDER, 1999, p. 32), onde os conflitos que geram grandes mudanas nas cincias. As cincias naturais no recorrem aos clssicos, tendo seu enfoque em experincias empricas, sendo esse o principal ponto de divergncia entre cincias naturais e humanas. A preferncia das cincias naturais por experincias empricas pode ser explicada pois gozam de posio privilegiada no processo de socializao e no porque tenham validade cientfica (ALEXANDER, 1999, p. 35), sendo diferente na cincia social que absorvem tanto os clssicos como modelos.Alexander (1999) tambm afirma que na cincia social h muita discordncia, mas que isso no impossibilita que seja possvel adquirir conhecimento sobre o mundo por diferentes e opostos pontos de vista. Porm, essas divergncias dificultam o consenso sobre uma concepo de natureza exata do conhecimento emprico, pois os objetos da cincia social esto localizados em objetos que constituem estados mentais, fazendo com que possa ocorrer uma confuso dos estados mentais do observador cientfico com os estados mentais da pessoa observada. Sendo assim, toda distino depende da perspectiva individual e do sistema de pensamento que representa a posio da pessoa que pens, onde a prpria maneira de definir um conceito j carregam, ate certo ponto, um julgamento prvio (MANNHEIM[footnoteRef:3] 1936, apud ALEXANDER 1999, p. 37). [3: MANNHEIM, K. Ideology and Utopia. New York. Harcourt, Brace, 1936.]

Pelo fato de no haver consenso formado pelos referentes empricos e pelas leis explicativas, todos os elementos captados pela percepo emprica, tornam-se alvo de debates, onde a cincia social tambm ser diferenciada pelas tradies e escolas. Esses fenmenos culturais e institucionais acabam por constiturem alicerces sobre os quais as discordncias so promovidas e sustentadas, sendo o discurso um dos traos destacados no campo da cincia social, pois busca a persuaso por intermdio do argumento.Uma das implicaes decorrente do desacordo entre tericos da sociologia a importncia do discurso na qual se refere o autor, na sua forma do fazer cientfico. O discurso importante para se ter um processo de raciocinar mais do que os resultados da experincia imediata apresentada, ressaltando que no existe uma verdade clara e evidente. Nesse sentido, o discurso pode ser problematizado atravs de duas vertentes, podendo ser discutido no mbito das cincias sociais, tanto o emprico como o terico. Nessa perspectiva, tambm h divergncias, pois a vertente emprica pode ser insuficiente para sustentar uma teoria, ou, a teoria pode ser contestada pelo emprico. Do ponto de vista das cincias sociais, tem-se tanto o terico quanto o emprico sendo objeto de discusso e problematizao, por isso os discursos so importantes (ALEXANDER, 1999).Pelo fato da discordncia ser frequente dentro da cincia social, torna-se necessrio existir um mnimo de entendimento e base para o relacionamento cultural para que a discordncia seja coerente. Nesse ponto, os clssicos so importantes pela necessidade de integrar o campo do discurso terico, reduzindo a complexidade e simplificando a discusso terica. Alexander (1999) tambm ressalta que quanto mais generalizada for a discusso cientfica, menos ser cumulativa, pois se os compromissos generalizados estiverem sujeitos a critrios de verdades, estes no podem ser fixados de modo errneo. Qualquer generalizao sobre a estrutura ou causas de um fenmeno social [...] depende de uma concepo dos motivos envolvidos (ALEXANDER, 1999, p. 49), onde para se entender os motivos, necessrio ter capacidade de empatia, percepo e interpretao desenvolvida. Os clssicos so importantes para a prtica da cincia social ao ganharem o status privilegiado e ser venerado a ponto do significado atribudo ser comparado com conhecimento cientfico contemporneo, onde sua interpretao deve ser considerada uma forma superior de discusso terica. Os cientistas sociais apesar de continuarem empenhados na discusso de obras clssicas, no reconhecem que fazem por argumentao cientfica, sem questionarem o motivo de discutirem os clssicos, sendo caracterizado por Alexander (1999) como falta de autoconscincia, sem perceberem que os prprios cientistas sociais que transformam textos em clssicos e do a cada um deles um significado atual.De uma forma geral, o funcionalismo entende que a sociedade tem um carter sistemtico e harmnico, onde a estruturao da vida social organizada de tal forma na qual se valoriza a funcionalidade dessa organizao. Parsons se aproveita dessa teoria funcionalista, e passa a defender essa lgica de sistema vinculado ideia de funo, onde estas devem estar perfeitamente harmonizadas para gerar um equilbrio na sociedade. Porm, Parson d uma nfase maior na questo das normas para a configurao do sistema social, fazendo com o que seu funcionalismo seja conhecido como normativo. Com essa concepo, Parsons passa a distorcer os clssicos porque almejava um mtodo de atualizao, ou seja, sua leitura dos textos anteriores era tendenciosa porque no repelira as preocupaes tericas contemporneas em favor de um relato verdadeiramente histrico (ALEXANDER, 1999, p. 68). O vnculo em ter sistemtica histria e contempornea, fez com que a hegemonia terica de Parsons s pudesse ser abalada se sua verso histrica fosse arruinada. Foi formulada uma verso alternativa, ocasionada pelas releituras dos clssicos de Parsons e pela criao de novos clssicos. A classicizao da prpria obra de Parsons facilitou sua falncia terica, pois dava margem para contestao das ideias funcionalistas (ALEXANDER, 1999).As humanidades quase sempre apresentaram alternativas ao reducionismo cientfico-social e defenderam a singularidade das contribuies clssicas. J alguns tericos, tem a inteno de transformar discusses de textos antigos em pesquisas puramente histricas, sem o fardo de interpretaes. Pelo fato dos clssicos carregarem a caracterstica de difceis e relativamente autnomos, necessrio defender sua to importante prtica interpretativa, sendo assim, necessria uma mistura de histria e sistemtica (ALEXANDER, 1999).