fichamento karl polany

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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Ciências sociais 2012 Disciplina: Sociologia econômica Profª: Etiane Patrícia Reis Aluna: Letícia Costa Silva Data: 29/04/2015 Fichamento do texto: A grande transformação: As origens da nossa época. Karl Polany, 1944. “Uma economia de mercado significa um sistema auto- regulável de mercados, em termos ligeiramente mais técnicos, é uma economia dirigida pelos preços do mercado e nada além dos preços do mercado. Um tal sistema, capaz de organizar a totalidade da vida econômica sem qualquer ajuda ou interferência externa certamente mereceria ser chamado auto-regulável. Essas condições preliminares devem ser suficientes para revelar a natureza inteiramente sem precedentes de um tal acontecimento na história da raça humana.” (p. 62) “O papel desempenhado pelos mercados a economia interna de vários países, parece, foi insignificante até a época recente e a mudança total para uma economia dominada por padrões de mercados ficará ainda mais ressaltada.” (p. 63) “Uma tal atitude de subjetivismo em relação a civilização primitivas não deveria fazer parte da mente científica. As diferenças que existem entre povos ‘civilizados’ e ‘não civilizados’ foram demasiados exageradas, principalmente na esfera econômica.” (p. 64) “Neste esboço dos traços gerais característicos de uma comunidade da Melanésia Ocidental não levamos em conta a sua organização sexual, territorial, em relação às quais o costume, a lei, a magia e a religião exercem influência, pois pretendemos apenas mostrar a maneira pela qual as assim chamadas motivações econômicas se originam no

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Fichamento feito do texto do Karl Polany sobre economia

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Universidade Federal do Sul e Sudeste do ParCincias sociais 2012Disciplina: Sociologia econmicaProf: Etiane Patrcia ReisAluna: Letcia Costa Silva Data: 29/04/2015Fichamento do texto: A grande transformao: As origens da nossa poca. Karl Polany, 1944.

Uma economia de mercado significa um sistema auto-regulvel de mercados, em termos ligeiramente mais tcnicos, uma economia dirigida pelos preos do mercado e nada alm dos preos do mercado. Um tal sistema, capaz de organizar a totalidade da vida econmica sem qualquer ajuda ou interferncia externa certamente mereceria ser chamado auto-regulvel. Essas condies preliminares devem ser suficientes para revelar a natureza inteiramente sem precedentes de um tal acontecimento na histria da raa humana. (p. 62)O papel desempenhado pelos mercados a economia interna de vrios pases, parece, foi insignificante at a poca recente e a mudana total para uma economia dominada por padres de mercados ficar ainda mais ressaltada. (p. 63)Uma tal atitude de subjetivismo em relao a civilizao primitivas no deveria fazer parte da mente cientfica. As diferenas que existem entre povos civilizados e no civilizados foram demasiados exageradas, principalmente na esfera econmica. (p. 64)Neste esboo dos traos gerais caractersticos de uma comunidade da Melansia Ocidental no levamos em conta a sua organizao sexual, territorial, em relao s quais o costume, a lei, a magia e a religio exercem influncia, pois pretendemos apenas mostrar a maneira pela qual as assim chamadas motivaes econmicas se originam no contexto da vida social. E justamente nesse ponto negativo que os etngrafos modernos concordam: a ausncia da motivao de lucro; a ausncia do princpio de trabalhar por uma remunerao; a ausncia do princpio de menor esforo; e, especialmente, a ausncia de qualquer instituio separada e distinta baseada em motivaes econmicas. Mas, ento, como se garante a ordem na produo e distribuio? A resposta fornecida, em sua maior parte, por dois princpios de comportamento no associados basicamente economia reciprocidade e redistribuio. (p. 67)Princpios de comportamento como esse, contudo, no podem ser efetivos a menos que os padres institucionais existentes levem sua aplicao. A reciprocidade e a redistribuio so capazes de assegurar o funcionamento de um sistema econmico sem a ajuda de registros escritos e de uma complexa administrao apenas porque a organizao das sociedades em questo cumpre exigncias de uma tal soluo com a ajuda de padres tais como a simetria e a centralidade. (p. 68)Um mercado um local de encontro para a finalidade da permuta ou da compra e venda. (p. 76)(...) o controle do mercado do sistema econmico pelo mercado consequncia fundamental para toda a organizao da sociedade: significa, nada menos, dirigir a sociedade como se fosse um acessrio do mercado. Em vez de a economia estar embutida no sistema nas relaes sociais, so as relaes sociais que esto embutidas no sistema econmico. (p. 77)A presena ou a ausncia de mercados ou de dinheiro no afeta necessariamente o sistema econmico de uma sociedade primitiva. Isto refuta o mito do sculo XIX de que o dinheiro foi uma inveno cujo aparecimento transformava inevitavelmente uma sociedade, com a criao de mercados, forando o ritmo da diviso do trabalho, liberando a propenso natural do homem permuta, barganha e troca. (p. 78)Uma economia de mercado um sistema econmico controlado, regulado e dirigido apenas por mercados; a ordem na produo e distribuio dos bens confiada a esse mecanismo auto-regulvel. Uma economia desse tipo se origina da expectativa de que os seres humanos se comportem de maneira tal a atingir o mximo de ganhos monetrios. (p. 89)Ora, em relao ao trabalho, terra e ao dinheiro no se pode manter um tal postulado. Permitir que o mecanismo de mercado seja o nico dirigente do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural, e at mesmo a rbitro da quantidade e do uso do poder de compra, resultaria no desmoronamento da sociedade. Esta suposta mercadoria, a fora de trabalho, no pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou at mesmo no-utilizada, sem afetar tambm o indivduo humano que acontece ser o portados dessa mercadoria peculiar. Ao dispor da fora de trabalho de um homem, o sistema disporia tambm, incidentalmente, da entidade fsica, psicolgica e moral do homem ligado a essa etiqueta. Despojados da cobertura protetora das instituies culturais, os seres humanos sucumbiriam sob os efeitos do abandono social; morreriam vtimas de um agudo transtorno social, atravs do vcio, da perverso, do crime e da fome. (p. 95)