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ALUNA: ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA CURSO: DIREITO SEMESTRE: 2013.2 GRADE: 1 MATÉRIA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO PROFESSOR: FLORA ARANHA DATA: 11/01/14 OBRA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO

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Page 1: Fichamento - INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO- JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO.docx

ALUNA: ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA

CURSO: DIREITO

SEMESTRE: 2013.2

GRADE: 1

MATÉRIA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO

PROFESSOR: FLORA ARANHA

DATA: 11/01/14

OBRA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO

AUTOR: JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO

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TÍTULO VIII - A REGRA JURÍDICA

CAPÍTULO I - CARACTERIZAÇÃO

A interpretação possibilita a identificação do sentido da fonte, sendo

o sentido da fonte, uma regra jurídica. A ordem jurídica pode ser expressa

através de regras, apesar da regra, em si, não constituir elemento da referida

ordem. Toda regra é necessariamente um critério, graças a esse critério é

possível ordenar e apreciar os fenômenos.

É importante ressaltar que para o direito, a regra é necessariamente

um critério de decisão, servindo de ferramenta ao julgamento ou resolução

de casos concretos. A Regra Jurídica pode ser também um critério de

conduta, porém, embora a generalidade tenha função orientadora das

condutas, existem regras em que tal função está completamente ausente.

A regra jurídica é, portanto, um critério para decisão de casos

concretos, mas nem todo critério jurídico para decisão de tais casos é uma

norma jurídica. Os critérios de decisão podem ser materiais ou formais, os

materiais de solução são os critérios normativos, há também os critérios

formais, estes são diretivos, orientando a conduta, a fim de alcançar em

concreto a solução do caso.

A regra jurídica é um critério material de solução, permitindo

qualificar os casos concretos, e possibilitando, por esse meio, a decisão.

Dessa forma, tal regra pode ser qualificada como um critério de

qualificação e decisão de casos concretos.

Existe uma categoria de regras que se podem designar meramente

qualificativas, não sendo necessariamente uma regra de conduta. Dentre

estas se encontram àquelas que delimitam os elementos com os quais a

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ordem jurídica trabalha e sobre os quais estabelece as suas valorações, estas

são respeitantes à personalidade jurídica ou à capacidade, definindo e

classificando as coisas. Tais regras, que caracterizam as ações humanas,

são verdadeiras normas jurídicas, entretanto destinam-se apenas à

qualificar.

Diversas regras produzem efeitos no mundo jurídico independente de

qualquer comportamento humano voluntário ou mesmo recognitivo, a

exemplo da nacionalidade e da regra da extinção de um contrato, estas se

aplicam apenas com a identificação de seu pressuposto fático, não sendo

caracterizadas adequadamente como imperativos.

As regras que versam sobre outras regras são outra categoria que se

limita a eliminar outra regra, não sendo qualificada como um imperativo.

As regras, como dito anteriormente, não são a ordem jurídica e nem a

compõem, mas efetivamente a exprimem. Há uma tendência em identificar

o direito como uma multidão de normas objetivamente dadas, identificáveis

e enumeráveis, porém, a norma, não deve se confundir com a fonte,

realidade objetiva.

Considerando que há a ordem e as fontes, é importante identificar as

normas como ensaios do intérprete, que possuem a finalidade de exprimir a

ordem e eventualmente solucionar casos concretos.

A ordem jurídica é o elemento primário, objetivo e constitutivo da

sociedade. O intérprete dessa ordem não podendo abarcar todo o conjunto,

procura exprimir a incidência da ordem jurídica sobre situações típicas

através das regras jurídicas.

É importante ressaltar que passado o momento da atualização, a

norma criada extingue-se, porém a ordem jurídica fica inalterada, salvo no

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eventual contributo da regra enunciada para figuras normativas como o

costume.

A norma é um modelo individual de expressão de determinada

ordem, não excluindo diferentes expressões de outros intérpretes. Dessa

forma, todas as interpretações deverão ser feitas de maneira objetiva,

porém inúmeros autores podem exprimir a mesma realidade de maneiras

diferentes. O âmbito atribuído às normas e consequentemente o número

destas pode ser expresso de modos muito diferentes. Até mesmo a

realidade pode ser expressa por normas mais gerais ou mais restritas na sua

previsão. Destarte, é possível concluir que a norma é um modo de

expressão da ordem jurídica objetiva que, mesmo sendo correto, não afasta

a legitimidade de outros modos de expressão, igualmente corretos.

A máxima de decisão, segundo Betti, presidiria a solução do caso

concreto, atualizando as fontes existentes, a fim de exprimir uma

proposição generalizadora que enquadre determinado caso, representando,

portanto, uma expressão da ordem global. As máximas de decisão

exprimem por outro lado a variabilidade dos modos de expressão jurídica.

No nosso caso, a orientação é economizar conceitos e enquadrar de

maneira mais simples a realidade jurídica.

O Direito não deve ser considerado norma, um dado, um produto

acabado. É imprescindível destacar que as normas não são pontos de

partida indiscutidos, mas de chegada.

As normas enunciadas pelos juízes como critério da solução de casos

podem ficar consolidadas num acórdão com força obrigatória geral,

deixando de ser um modo individual de expressão e passando a existir uma

fonte.

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A regra jurídica pode incluir situações ou fatos, cumulativa ou

disjuntivamente, podendo ser dotada de caráter dinâmico ou estático. É

incorreto dizer que há efeitos jurídicos “legais”, ou que são oriundos

diretamente da regra, visto que para que sejam observados os efeitos é

preciso que haja uma verificação histórica duma situação ou acontecimento

que corresponda à previsão normativa. Ao declarar que determinado efeito

deriva diretamente da lei, o que se pretende afirmar é que tal efeito não é

condicionado por um fato voluntário, mas por fatos ou situações de

natureza diversa.

As normas jurídicas são, portanto, hipotéticas, visto que só se

aplicam quando produzem fatos que correspondem à previsão normativa.

Dessa forma, as regras e sua aplicação estão associadas a determinados

pressupostos, estando dentre eles, um ato de vontade. Após verificados tais

pressupostos, porém, a imperatividade revela-se plenamente e a vontade ou

intenção do sujeito já não interessam mais.

Para visão vigente do direito, as regras jurídicas são imperativos, há

até autores que defendem o comando como a noção mais geral. Entretanto,

é essencial destacar que nem toda regra pode ser reduzida a um imperativo,

visto que a qualificação das regras jurídicas como imperativos só poderia se

aplicar às regras de conduta.

Existem autores que defendem que as regras jurídicas não são

imperativos, mas juízos de valor, outros sustentam que estas são

determinações. Após uma revisão, conclui-se que embora seja mantida a

qualificação de imperativo, a assimilação do comando já é abandonada.

Sendo assim, nesse sentido, a noção de imperativo poderia ser acolhida,

visto que traduz unicamente a exigência de efetivação que dá o sentido

objetivo da regra. Entretanto, é essencial não admitir que toda regra

jurídica, bem como de conduta, se cifre num imperativo, mesmo

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considerando-se a revisão que a teoria imperativista foi modernamente

sujeita.

Caso a regra fosse um comando ou ordem, os destinatários teriam

sempre de existir, mas muitas vezes não se encontra ninguém nessa

posição. Dessa forma, Hans Kelsen e Jhering sustentaram que os

destinatários seriam os entes públicos encarregados de aplicar o direito.

O Direito é a própria ordem da sociedade, logo a regra jurídica é um

juízo, que pode entrar por força de um fato criador para o universo das

significações objetivas da sociedade, e nunca um comando ou injunção a

um subordinado.

A própria lei refere-se com frequência a um pretenso destinatário da

norma, ocultando a valoração abstrata desta. Normalmente, esse

destinatário seria o juiz. Inobstante, há uma valoração geral da situação à

luz da equidade, que se dirige a todos. A regra continua a ser um critério

geral de solução de casos da vida.

Considerado o que já foi supracitado, o direito é antes de mais nada a

ordem da vida em sociedade, desta forma a jurisdicionalização da vida é

tudo o que há de mais contrário à visão que parece ser mais fidedigna do

direito. Sendo assim, é essencial atentar-se para o fato de que o processo e

a decisão judiciária refletem um estado indesejado de evolução dos casos

concretos.

A Generalidade e Abstração são tomadas como características das

regras jurídicas e frequentemente são referidas como sinônimas, porém

exprimem realidades diversas.

A generalidade refere-se ao fato de que as regras jurídicas não se

destinam a pessoas ou casos singulares. Dessa forma, a generalidade

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contrapõe-se à individualidade. O que interessa de fato à generalidade é

que a lei fixe uma categoria, e não uma entidade individualizada. É

definida uma distinção entre generalidade e pluralidade, é possível haver

uma pluralidade de implicados, porém não um preceito geral. A

Generalidade é considerada uma característica essencial da regra jurídica.

Inobstante, deve-se ressaltar que tal características não deve incidir sob as

regras que versam sobre outras regras, a menos que estas se refiram à

regras genéricas.

O Abstrato contrapõe-se ao concreto. A abstração reflete a ideia de

que os fatos e situações previstos pela regra não hão de estar verificados. A

Abstração não é considerada característica das regras jurídicas, visto que

estas abrangem fatos e/ou situações, sendo essas últimas ,acontecimentos

que já podem estar plenamente realizados. Além disso, existem regras

jurídicas retroativas, que se destinam somente a atingir situações passadas.

O preceito contratual, estabelecido por partes, apesar de disciplinar

comportamentos futuros das partes, tem abstração, porém não generalidade

por ser individual. Para ser caracterizada pela abstração, a regra jurídica

deve ser posta para vigorar apenas no futuro, entretanto há normas que

apresentam critérios referentes ao passado e ao presente. Logo, a abstração

não pode ser considerada característica da norma jurídica.

A bilateralidade é apontada como característica da norma jurídica,

sendo próprio desta ligar entre si dois ou mais sujeitos, criando relações

entre eles, de maneira que as posições de uns seriam a contrapartida das

posições dos outros. Surgindo, destarte, o conceito de relação jurídica.

Entretanto, nem toda regra jurídica importa a relação de sujeitos dados.

No fundo, o que os autores pretendem ao referir-se à bilateralidade

pode exprimir-se utilmente falando em alteridade da regra jurídica. Dessa

forma, a valoração normativa da situação de uma pessoa deve ser

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socialmente relevante e se impor ao respeito de todas as outras pessoas,

como tudo o que é jurídico. A bilateralidade ou proporcionalidade

atributiva, segundo Miguel Reale, refere-se ao fato de que a regra jurídica

só deve se ocupar de posições individuais para demarcar uma posição

socialmente relevante de um sujeito.

CAPÍTULO II- CLASSIFICAÇÃO DAS REGRAS

JURÍDICAS

Considerando-se que existem inúmeras regras jurídicas, classifica-las

tem duas vantagens fundamentais: a melhor arrumação do objeto de análise

e a progressão no conhecimento das regras, através da caracterização das

várias modalidades que se forem delineando.

Em abstrato, são infindáveis as classificações, porém em concreto

deve-se limitar-se àquelas regras que revelem termos que ofereçam a

suscetibilidade de um aprofundamento adicional na regra jurídica. As

classificações podem fixar características absolutas das regras, ou põem ser

meramente relativas: fixando aspectos das regras nas relações com outras.

As regras podem ser principais ou derivadas. Quando de uma regra

preexistente se retira uma regra ulterior, a primeira é denominada principal

e a segunda derivada. A regra principal outorga o direito e por dedução

lógica, não contrariada pela finalidade do preceito, é possível chegar a

outras regras, distintas da principal, mas dela derivadas.

As regras jurídicas de conduta podem distinguir-se em preceptivas,

impondo uma conduta, proibitivas, vedando condutas e permissivas que

permitem certa conduta. A última categoria é bastante contestada, visto que

muitos acreditam que aparentemente só existem regras permissivas, estas

seriam uma restrição a uma proibição preexistente. Inobstante, as

permissões não são necessariamente recíprocas de proibições. As regras

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permissivas subordinantes são uma modalidade das regras permissivas,

estas são aquelas que a permissão dada a uma pessoa tem como

contrapartida necessária a sujeição, imposta a outra, da consequência

daquele agir.

As regras podem ser classificadas em interpretativas ou inovadoras.

As regras interpretativas limitam-se a fixar o sentido juridicamente

relevante de uma declaração preceptiva já produzida ou futura, podendo

ainda destinar-se a fixar o sentido de fontes do direito ou negócios

jurídicos. As regras inovadoras são as que alteram de algum modo a ordem

jurídica preexistente, inovando, como resultado da própria expressão.

As regras ainda podem ser distintas em autônomas e não autônomas.

As autônomas são as que têm por si um sentido completo, as não

autônomas são aquelas que só o obtém quando combinadas com outras

regras. As últimas não devem ser confundidas com as formulações

fragmentárias de regras jurídicas, bem com proposições jurídicas não

normativas.

Um texto ou um artigo legal não basta frequentemente para conter

uma regra, muitas vezes é necessário conjugar vários textos para que uma

regra seja formulada com a respectiva previsão e estatuição, em razão

disso, as formulações fragmentárias das regras jurídicas não podem ser

consideradas regras normativas não autônomas.

As proposições jurídicas não normativas não têm estrutura

normativa, dentre estas estão as classificações legais, como a classificação

das coisas, que só arrumam a matéria legal, não estabelecendo um dever

ser, bem como as definições legais que são elementos de orientação, mas

não são decisivos, além das regras meramente qualificativas.

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As normas não autônomas terão de ser por natureza proposições

normativas, com as características gerais de toda norma jurídica, porém seu

sentido completo só se obtém por comparação com outras normas jurídicas.

Exemplos dessas normas são as regras restritivas ou ampliativas de

preceitos anteriores, cujo conteúdo preceptivo só se obtém em conjugação

com as normas sobre as quais versa, bem como as regras remissivas, nestas

o antecedente ou o consequente não estão diretamente determinados.

As regras remissivas são distintas em regras de devolução- não

regulam diretamente determinada matéria, antes remetem para uma fonte

que contém o regime aplicável , ficção, nesta uma regra não autônoma não

regula pro si diretamente, devendo ser combinada com a primeira regra

para obter o regime aplicável, perante a ficção, o intérprete tem de aceitar o

conteúdo preceptivo da norma, que é de regular a situação A da mesma

forma que a situação B e presunções absolutas- são estatuídas sem

possibilidade de prova em contrário, opondo-se às presunções relativas.

As regras injuntivas são as que se aplicam haja ou não declaração de

vontade dos sujeitos nesse sentido, a exemplo das regras de trânsito. Já as

regras dispositivas são as que só se aplicam se as partes suscitam ou não

afastam a sua aplicação, dessa forma envolve dentre os seus pressupostos

uma posição da vontade das partes quanto a essa aplicação. As regras

dispositivas podem ser permissivas, interpretativas ou supletivas.

As regras permissivas se aplicam na sequência de uma manifestação

de vontade das partes nesse sentido, as interpretativas dispositivas,

interpretam negócios particulares, visando esclarecer os termos que os

particulares usaram porque quiseram. As regras supletivas são aquelas que

estabelecem em todas as categorias de negócios mais importantes, um

regime normal, que se aplica sempre que as partes nada dispuserem em

contrário, tais regras podem ocorrer às deficiência da declaração de vontade

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das partes ou à efeitos que se produzem quando se omite qualquer

declaração.

As regras podem ainda ser classificadas em gerais, especiais e

excepcionais. As regras são especiais em relação a outras quando, sem

contrariar substancialmente o princípio naquela contido, a adapta a um

domínio particular. A especialidade é uma qualificação relativa, podendo

ser característica de todo um ramo do direito, de institutos jurídicos ou de

disposições particulares. As regras excepcionais foram examinadas a

propósito da integração de lacunas, apresentando exceções aos princípios

fundamentais aos quais se refere.

Não se deve confundir a classificação das regras em injuntivas e

dispositivas com a distinção que se costuma fazer de todo o direito em

público e privado. Apesar de no ramo do Direito público predominarem as

regras injuntivas, também existem regras dispositivas e inobstante haver a

predominância de regras supletivas no Direito privado, também existem

regras injuntivas.

Frequentemente, as regras injuntivas são caracterizadas como

imperativas, porém toda regra jurídica é imperativa por definição, dessa

forma, não o são menos regras dispositivas. Inobstante, usa-se regra

imperativa em outro sentido, no sentido de que as regras injuntivas

possuem exigência mais forte de aplicação, tendo a nulidade como

necessária consequência da sua violação e não anulabilidade.

Tal como não se confundem regras de Direito Público e regras

injuntivas também não se confundem regras de Direito Público e de ordem

pública.

As regras podem ser particulares- quando se aplicam apenas a certa

categoria de pessoas, ou, comuns- quando se aplicam à generalidade de

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pessoas. Em certas épocas históricas, predominavam as regras de direito

particular, gerando inúmeros privilégios, inobstante atualmente as leis são

comuns, visando na grande maioria dos casos todo e qualquer um.

Entretanto ainda existem regras particulares em certos países que servem

sobretudo para a regência de certas comunidades religiosas. No Brasil, o

estatuto dos índios apresenta-se como uma vasta zona que rege normas de

direito particular criando-se o estatuto pessoal.

As regras jurídicas podem ser universais ou nacionais quando se

aplicam a todo território nacional ou locais, quando se aplicam só as zonas

delimitadas, a exemplo das leis estaduais e municipais, bem como das leis

referentes aos territórios ou ao distrito federal. As normas locais podem ser

resultantes da atividade de órgãos locais ou da administração central.

O Direito local, no caso, o direito emanado de órgãos locais,

necessita ser provado em juízo, visto que o juiz não pode estar a par e

familiarizado com todas as particularidades locais. Entretanto, nem todo

direito local carece de ser provado, apenas aqueles que escapam ao

conhecimento normal. O referido direito não é utilizável fora do círculo

especial que o justifica, visto que sendo justificado por circunstâncias

locais, não pode pretender aplicação quando estas se alteram. Inobstante, o

direito emanado de órgãos centrais, mesmo que local no seu âmbito de

aplicação pode ser usado para integrar lacunas de outras leis centrais.

Sendo assim, indiretamente, o direito, mesmo local, pode ser relevante para

o ordenamento global.

A lei geral não revoga a lei especial, visto que o regime geral não

toma em conta as circunstâncias particulares que justificaram justamente a

emissão da lei especial. Inobstante, haverá circunstâncias relevantes que

permitam concluir que a lei geral nova pretende afastar a lei especial

antiga. Nesse caso, a lei especial antiga ficará revogada pela lei geral.

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A Lei especial nunca pode revogar a lei geral. Referindo-se a um

ponto particular deixa intocada a ordenação geral da matéria. A lei

posterior derroga a lei geral. Se essa lei for substituída por outra lei

especial, que não se refira a matéria que fora objeto de derrogação, ainda

assim essa se mantém. Se, porém, a lei especial é revogada sem ser

substituída por nenhuma outra, voltam a aplicar-se os preceitos da lei geral,

pois deixa de verificar-se o obstáculo resultante da vigência de lei especial.