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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
TITULO : MOVIMENTOS SOCIAIS NO ROMANCE VIDAS SECAS
Autor Maria Núbia Menon Bohaczuk
Escola de Atuação Colégio Estadual Chico Mendes – Ensino Fundamental e Médio.
Município da escola Quedas do Iguaçu
Núcleo Regional de Educação Laranjeiras do Sul
Orientador Ms Giuliano Hartmann
Instituição de Ensino Superior UNICENTRO
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Produção Didático-pedagógica Romance Vidas Secas
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Alunos
Localização Assentamento Celso Furtado
Apresentação:
Ao trabalhar a Obra Literária Vidas Secas,
procurar-se-á dar relevância e ênfase aos alunos sobre a luta pelos direitos, pois uma vida digna com trabalho e respeito é o objetivo de todos os seres-humanos, pois muitas vezes os que batalham por terra e trabalho, através de manifestos, são discriminados pela sociedade capitalista vigente. Queremos neste trabalho fazer com que os alunos contextualizem o romance de 30 com os dias atuais usando as multimídia na escola e também faremos um debate entre os alunos do ensino médio produzindo textos, cartazes, enfocando o direito de terra e vida digna de todos. Em seguida faremos exposição do trabalho produzido no colégio e intercâmbio com as demais escolas.
Palavras - chave Romance, movimentos sociais, vidas secas.
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Movimentos sociais no
Romance Vidas Secas
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PROFESSOR PDE:Maria Núbia Menon Bohaczuk ÁREA: Língua Portuguesa NRE: Laranjeiras do Sul IES: UNICENTRO NOME DO ORIENTADOR: Ms.Giuliano Hartmann ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Chico Mendes – Ensino Fundamental e Médio. PÚBLICO-ALVO: alunos da 3ª série do Ensino Médio.
GUARAPUAVA-PR 2011
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SUMÁRIO
1-APRESENTAÇÃO
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2. A LEITURA, A LITERATURA E O ROMANCE “VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS
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3. UNIDADE DIDÁTICA
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3 AVALIAÇÃO
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REFERÊNCIAS
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APRESENTAÇÃO
A leitura está sendo cada vez mais deixada de lado, pois a televisão e o
computador a estão substituindo de uma forma assustadora. Assim, com o
desenvolvimento deste trabalho pretende-se resgatar o prazer e o gosto pela
leitura, com o intuito de valorizar a arte e a cultura de cada um.
A leitura é uma arma fundamental para o desenvolvimento cognitivo e
cultural do educando, que abre possibilidades de interpretação e análise,
preparando-o para a produção textual.
O presente estudo tem como finalidade analisar a obra “Vidas Secas”
(Editora Record 93ª Ed. 2004) de Graciliano Ramos, bem como observar como a
literatura reflete as questões humanas, sociais e políticas, mostrando a
atemporalidade do texto à medida que um romance de 30 ainda hoje se projeta
como atual. Com isso, pretende-se verificar a relação da realidade das
personagens da obra com os alunos que residem no Assentamento Celso
Furtado.
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1 A LEITURA, A LITERATURA E O ROMANCE “VIDAS SECAS” DE
GRACILIANO RAMOS
Os abalos sofridos pelo povo brasileiro em torno dos acontecimentos de
1930, a crise econômica provocada pela quebra da bolsa de valores de Nova
Iorque, a crise cafeeira, a Revolução de 1930, o acelerado declínio do nordeste
condicionaram um novo estilo ficcional, notadamente mais adulto, mais
amadurecido, mais moderno que se marcaria pela rudeza, por uma linguagem
mais brasileira, por um enfoque direto dos fatos, por uma retomada do
naturalismo, principalmente no plano da narrativa documental, temos também o
romance nordestino, liberdade temática e rigor estilístico.
Os romancistas de 30 caracterizavam-se por adotarem visão crítica das
relações sociais, regionalismo ressaltando o homem hostilizado pelo ambiente,
pela terra, cidade, o homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe.
Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu em Quebrangulo, Alagoas. Estudou em
Maceió, mas não cursou nenhuma faculdade. Após breve estada no Rio de
Janeiro como revisor dos jornais "Correio da Manhã e A Tarde", passou a fazer
jornalismo e política elegendo-se prefeito em 1927.
Foi preso em 1936 sob acusação de comunista e nesta fase escreveu
"Memórias do Cárcere", um sério depoimento sobre a realidade brasileira. Depois
do cárcere morou no Rio de Janeiro. Em 1945, integrou-se no Partido Comunista
Brasileiro.
Neste panorama, se faz a contextualização de Vidas Secas no quadro da
literatura de 30, vez que, a obra com as matizes do regionalismo, faz um retrato
real, cruel e brutal das relações sociais, nitidamente, feudais imperantes no
Nordeste do Brasil na época, servindo para demonstrar de forma violenta, com
traços do realismo, que aqueles fatos embora até aceitos pela sociedade local,
causavam graves lesões ao tecido da pessoa humana, por isto há menos tipos,
espaços e condições exóticas, todas inerentes e exigidas pela tradição
regionalista do século XIX, que assim, ganha novos contornos, onde a realidade
sócio-econômica, também passa a ter grande e quiçá maior relevo.
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Por tais motivos, Vidas Secas é uma obra pela sua formação e conteúdo
singular na literatura, embora faça uma análise das condições sociais do Nordeste
do Brasil o que é inerente ao contexto da literatura da época.
Graciliano Ramos penetra no pensamento, na carne e na alma de cada um
dos membros da família de Fabiano, visando mostrar de forma brutal a
discriminação, a cultura e a realidade do sertanejo nordestino.
Partindo desta premissa básica, cumpre destacar, primazmente, que o foco
narrativo em Vidas Secas é feito em terceira pessoa, mas um tanto singular, pois
por vezes o narrador se apresenta como sendo o inconsciente da personagem,
outras vezes como onisciente, apresentando-se assim, como um terceiro que
conta a história, como um deus que sabe de tudo e de todos.
Assim, sendo o livro um dos bens culturais de que a criança deve se
apossar desde cedo para melhor conhecer a realidade em que vive e dela
participar, cabe à escola, instituição de ensino sistemático, a tarefa de conduzir o
educando, à aprendizagem e a prática da leitura.
Seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler não estivesse presente.
Isto ocorre porque o patrimônio histórico, cultural e cientifico da humanidade se
encontra fixado em diferentes tipos de livros. O acesso aos bens culturais,
proporcionados por uma educação democrática, pode, muitas vezes, significar os
acessos aos veículos onde esses bens se encontram registrados, entre eles, o
livro. Um dos objetivos básicos da escola é o de formar o leitor critico da cultura
que esta encarnada em qualquer tipo de linguagem verbal e/ ou não verbal.
A escola brasileira ainda não estimula a leitura. O estudante não adquiriu o
hábito de ler, de buscar subsídios na biblioteca, limita-se às anotações de aula, às
apostilas ou ao manual único. Não pesquisa, não aprofunda, não cria.
“A acumulação do conhecimento através da palavra escrita tem sido
apropriada pelas classes que detêm o poder dentro de uma sociedade” (BORDINI
E AGUIAR, 1993, p.10).
Estuda-se muito menos para a vida do que para a prova,
consequentemente, tem-se um universo cultural reduzido, restrito, limitado.
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A leitura é, ainda, considerada como obrigação, e não uma atividade que
deve se introduzida espontaneamente, como deleite, como pesquisa ou como
fonte de educação permanente.
As Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa (2008, p.28)
salientam:
O aluno tem um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita e rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas suas experiências e na sua vivência sócio-cultural.
O processo de formação do leitor está vinculado às características físicas e
sociais do contexto familiar, isto é, à presença de livros, de leitura, que configura
um apurado espírito de estipulação sociocultural.
As crianças não aprendem através de instruções, elas aprendem através
do exemplo, e aprendem atribuindo significado as situações essencialmente
significativas. As crianças aprendem desde o momento em que vêm ao mundo.
É preciso destacar um fato extremamente importante e comumente
mascarado para não ser percebido: o isolamento sociocultural da classe
trabalhadora. As pessoas permanecem na condição de “jecas-tatus” da leitura,
não porque livremente optaram por essa condição, mas devido aos
condicionantes históricos e sociais continuam nessa situação.
Muitas vezes o hábito e o gosto pela leitura vão perdendo sua verdadeira
identidade, conforme Bordini e Aguiar (1993, p.18), “é preciso que o hábito, não
seja apenas como padrão rotineiro de resposta, automaticamente provocado e
realizado”.
Assim, pode-se dizer que as crianças brasileiras cada vez mais se afastam
do livro, que não se lê como antigamente, que a televisão substitui o livro, etc.
Tudo isso são efeitos de um problema maior que atinge a sociedade como um
todo, ou seja, o processo de imbecilização imposto de cima para baixo, por meio
de uma política que semeia a ignorância, a alienação e a irracionalidade. O ato de
ler é instrumento de conscientização e libertação, necessário à emancipação do
homem na busca incessante de sua plenitude.
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A leitura é uma atividade de percepção e interpretação dos sinais gráficos
que se sucedem de forma ordenada, guardando entre si relações de sentido. Ler,
então, não é apenas decifrar palavras, mas perceber sua associação lógica, o
encadeamento dos pensamentos, as relações entre eles e, o que é mais
importante, assimilar o pensamento e as intenções do autor, relacionar as ideias
apreendidas com os conhecimentos anteriores sobre o assunto, posicionando-se
diante delas com espírito critico, utilizar os conteúdos ideativos adquiridos em
novas situações.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 1986, p.40).
Por isso, a leitura pode ser considerada como um dos meios eficazes para
conduzir o ser humano ao domínio da língua, paralelamente à formação de uma
personalidade consciente do “eu” em face da vida exterior e ao desenvolvimento
de uma mentalidade criativa.
A aprendizagem da leitura não diz respeito apenas às primeiras séries
escolares, mas é uma atividade continua e crescente que se estende por toda a
vida. É importante, portanto, que se formem, desde cedo, no indivíduo, hábitos
permanentes de leitura.
O interesse pela leitura, por sua vez, é uma atitude favorável em relação ao
texto, gerada por sua necessidade, que pode ser: tomar conhecimento genérico
de ocorrências atuais, seguir uma instrução, recrear-se, estudar. O indivíduo
busca, no ato de ler, a satisfação de uma necessidade de caráter informativo ou
recreativo.
A quebra do interesse pela leitura ocorre a partir do momento em que a
satisfação dessa necessidade é atingida por outros meios ou não se concretiza.
A promoção da leitura, na escola, só terá êxito na medida em que se voltar
para a realidade como ela é, e atender às necessidades da criança.
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“Desenvolver a noção de adequação na produção de textos, reconhecendo
a presença do interlocutor e as circunstâncias da produção” (Paraná, 2008, p.51).
Assim, deve-se considerar as relações existentes entre os interesses de
leitura e o nível sócio-econômico, pois o ambiente social e familiar, em termos de
desenvolvimento cultural, profissões dos pais, poder aquisitivo, tem influências
nas atitudes de crianças em fase de leitura.A leitura é uma arma fundamental
para o desenvolvimento cognitivo e cultural do educando, que abre possibilidades
de interpretação, análise e prepara-o para a produção textual.
A leitura possibilita ao individuo adentrar no mundo da escrita, sendo capaz
de descobrir e adquirir conhecimentos e somar às significativas experiências que
já possui.
Ler é um ato social. Ao introduzir-se no processo de leitura, ocorrerão
mudanças de aptidões intelectuais, devido ao contato com ideias diferentes que
associadas, modificam a visão de mundo do leitor.
Neste aspecto, Stam (1992) salienta que ler pode ser uma das formas de
participação e somente pode ser realizada por homens.
Ao se observar as práticas de leitura nas escolas, percebe-se que grande
parte das mesmas adota estratégias centradas na codificação e decodificação de
símbolos, formando deste modo, leitores com dificuldades de compreender o que
leem.
“A língua é definida como expressão das relações e lutas sociais,
veiculando, de maneira privilegiada a ideologia, e sofrendo o efeito dessa luta,
servindo ao mesmo tempo, de instrumento e de material” (Stam, 1992, p.17).
Ler deve ser muito mais do que um ato mecânico, deve ir além de uma
simples atribuição de significados. Assim, surge a necessidade de se ler além da
“decodificação de símbolos” e de se repensar as maneiras de “como” e “o que” a
escola está oferecendo para a criança ler.
“A literatura tem a mobilidade que leva à libertação do pensamento em
relação à linha do tempo, o que permite valorizar a elaboração de mapas de
leituras mais do que imobilizá-las na história” (Paraná, 2006, p.39).
Outro aspecto da produção de texto, refere-se a organização e construção
do raciocínio lógico da fala e do pensamento, pois o texto não se encontra pronto,
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é necessário desenvolver argumentos, expor reflexões e pontos de vista, sendo o
aluno o próprio autor do texto, acrescentando outros conhecimentos aos já
possuídos.
É importante ressaltar que o professor precisa levar o aluno à reflexão, ou
seja, através da leitura o aluno deve ter condições de realizar e escrevendo.
Esse é um aspecto importante a ser considerado pelo professor, que deve
propor temas do contexto do aluno, o assunto sendo conhecido, pois ele escreve
a partir de sua visão de mundo, de seus anseios, angústias, enfim, da realidade
em que se está inserido.
As práticas de leitura e produção textual na escola devem caracterizar-se
pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo respeito às ideias do grupo, pela
valorização do saber intrínseco que o aluno traz e que se constituem na bagagem
do seu conhecimento, com a necessidade de conciliar propostas pedagógicas
contextualizadas, funcionais e significativas.
Os seres humanos sentem uma profunda necessidade de representar suas
experiências por meio da escrita. Pode-se considerar que ela é algo pessoal, mas
que integra os indivíduos no meio social em que estão inseridos. Escreve-se para
que se possa entender o que acontece na sociedade e para interagir nela.
“Desenvolver a noção de adequação na produção de textos, reconhecendo
a presença do interlocutor e as circunstâncias da produção” (Paraná, 2008, p. 51).
Assim como em qualquer situação, o ato de escrever naturalmente produz
dúvidas, portanto requer concentração e conhecimento no que diz respeito ao
conteúdo a ser descrito. Neste contexto, aparecem indesejáveis erros
ortográficos, que podem ser solucionados mediante a prática constante da leitura
e busca de informações que possam sanar as falhas que ocorrem. Pode-se
considerar que estas relações demonstram capacidade que um aprendiz, entre
tantas outras relações, pode estabelecer.
“A leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta
implica a continuidade da leitura daquela” (FREIRE, 1986, p.40).
Então, a leitura exerce influência constante na vida de cada individuo. A
partir dessa ideia é que será analisada a necessidade de se propor um trabalho
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de leitura e contextualização, para que se amenize a incidência de erros
ortográficos na produção textual.
A língua deve ser empregada de forma social e funciona dependendo da
circunstância, podendo-se gradativamente chegar-se à norma-padrão.
A expressão, a qual define como tudo aquilo formado e determinado no psiquismo do indivíduo e exteriorizado objetivamente com a ajuda de algum código de signos “comporta duas facetas: o conteúdo (interior) e sua objetivação exterior para outrem (ou também para si mesmo) (Bakhtin, 2002, p.111).
Nesse contexto, contextualizar a obra de Graciliano Ramos Vidas Secas
com referência ao quadro literário da década de 30 irá refletir o regionalismo, por
meio de um retrato real, cruel e brutal das relações sociais, nitidamente, feudais
imperantes no Nordeste do Brasil na época, servindo para demonstrar de forma
violenta, com traços do realismo, que aqueles fatos embora até aceitos pela
sociedade local, causavam graves lesões ao tecido da pessoa humana, por isto
há menos tipos, espaços e condições exóticas, todas inerentes e exigidas pela
tradição regionalista do século XIX, que assim, ganha novos contornos, onde a
realidade sócio-econômica, também passa a ter grande e quiçá maior relevo.
Desse modo, Vidas secas é uma obra pela sua formação e conteúdo
singular na literatura, embora faça uma análise das condições sociais do Nordeste
do Brasil o que é inerente ao contexto da literatura da época.
Graciliano Ramos penetra no pensamento, na carne e na alma de cada um
dos membros da família de Fabiano, visando mostrar de forma brutal a
discriminação, a cultura e a realidade do sertanejo nordestino.
Portanto, com base na obra pode-se dizer que o que é retratado em Vidas
Secas é comum no contexto social atual, com isso pretende-se elucidar nos
alunos uma comparação com a década de 30 e a década atual, com o intuito de
realizar um panorama sobre os problemas sociais no Brasil.
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2 UNIDADE DIDÁTICA
1ª AULA
Cada uma das aulas em que será aplicado o projeto será composta por
duas aulas de cinquenta minutos. Assim, nesse primeiro momento far-se-á uma
discussão a respeito da Literatura, a década de 30 e sobre Graciliano Ramos.
Além disso, será feita uma explanação da execução do projeto e a importância da
participação dos alunos para a efetivação da pesquisa.
Como a escola não possui um laboratório de informática, os alunos farão
uma pesquisa em livros que tratam dos conceitos da Literatura, os principais
acontecimentos da década de 30 e finalmente pesquisa sobre a bibliografia de
Graciliano Ramos e seu romance Vidas Secas.
Como tarefa, os alunos lerão a obra Vidas Secas, com o intuito de fazer
uma relação com a realidade da obra lida e o contexto atual em que os mesmos
estão inseridos.
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2ª AULA
Com base no que foi trabalhado na aula anterior, far-se-á a projeção do
filme “Vidas Secas”.
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3ª AULA
Como os alunos já fizeram a leitura da obra e assistiram ao filme, nesta
aula será feita a contextualização da obra. Onde, como base nos questionamento
abaixo os alunos farão uma discussão sobre a obra lida:
Após a leitura do romance Vidas Secas de Graciliano Ramos e com o filme,
qual a relação que estabeleceram da realidade vivida pela família do Fabiano,
retirantes do romance regionalista nordestino dos anos 30, com a realidade atual
vivenciada por vocês alunos juntamente com seus familiares enquanto
acampados e depois assentados?
Com base nisso, os alunos irão realizar uma pesquisa acerca da situação
dos assentamentos no Brasil, onde em recortes de jornais, revistas, televisão,
livros disponíveis na escola irão buscar histórias parecidas com as do romance
Vidas Secas.
Com isso pretende-se mostrar que não se deve levar em questão somente
a questão da terra, mas todas as questões que envolvem a luta pela
sobrevivência.
Após a pesquisa será feita uma discussão a respeito das leis, direitos e
igualdades.
Para um melhor entendimento e também a nível de conhecimento sugerir
que os alunos assistam ao filme São Bernardo, ou filme Memórias do Cárcere
sobre a vida de Graciliano Ramos na prisão e que retratam a dureza e as
injustiças que ocorrem.
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4ª AULA
Primeiramente far-se-ão os questionamentos que seguem, cada aluno irá
escrever no caderno as respostas:
1) Por que o autor intitulou sua obra de "Vidas Secas"? O título tem alguma
relação com o conteúdo do livro?
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2) Cite um episódio do romance em que fique claro e evidente a dificuldade da
expressão de Fabiano, a animalizarão da família e a humanização da cachorra
Baleia.
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3) O livro se inicia com um capítulo intitulado "Mudança" e se encerra com um
capítulo chamado "Fuga". Explique por que o autor quer transmitir essa imagem à
movimentação dos personagens.
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4) Sobre o capitulo "Mudança". Porque Fabiano desejou matar a cachorra Baleia?
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Além destes, serão propostos os questionamento a seguir retirados do site:
http://desmontandotexto.blogspot.com/2009/09/exercicios-vidas-secas.html.
(Acesso em 20 de Julho de 2011).
Com base nesses questionamentos far-se-á uma discussão de
comparação com a realidade mostrada no romance Vidas Secas e o contexto
atual.
01. Leia o trecho e assinale a alternativa incorreta.
“Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho
entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou os quipás,
os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as
catingueiras e as baraúnas. Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia
estavam agarrados à terra.
( ... ) Entristeceu.
Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo,
andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo
empurrado pela seca” http://desmontandotexto.blogspot.com/2009/09/exercicios-
vidas-secas.html. (Acesso em 20 de Julho de 2011).
a. Fabiano identifica melhoria na vida da família depois que se instalou na
fazenda, mas a linguagem que emprega denuncia ironicamente os limites,
melhora, já que reduz sua humanidade ao comparar-se a bichos e plantas.
b. A expressão .estava plantado., do primeiro parágrafo, traduz a insatisfação do
vaqueiro, que revela perceber o quanto é dependente da natureza e de uma terra
que não é sua.
c. A expressão .entocara-se como bicho. refere-se ao modo pelo qual Fabiano se
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apropriara da fazenda desabitada, sem fazer alarde, na tentativa de não ser
descoberto.
d. Entre os dois parágrafos transcritos ocorre contraste: inicialmente, Fabiano
revela-se ingênuo por acreditar que dominava seu futuro, mas em seguida retifica
sua euforia e expressa desilusão.
e. Nos dois parágrafos ocorre o emprego do discurso indireto livre, pelo qual o
narrador acompanha as oscilações emocionais de Fabiano.
02. Assinale a alternativa correta sobre o trecho de Vidas secas.
“A princípio o vaqueiro não compreendeu nada. Viu apenas que estava ali um
inimigo. De repente notou que aquilo era um homem e, coisa mais grave, uma
autoridade. Sentiu um choque violento, deteve-se, o braço ficou irresoluto, bambo,
inclinando-se para um lado e para outro. O soldado, magrinho, enfezadinho,
tremia. E Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, mas
os músculos afrouxavam. Realmente não quisera matar um cristão: procedera
como quando, a montar brabo, evitava galhos e espinhos. Ignorava os
movimentos que fazia na sela. Alguma coisa o empurrava para a direita ou para a
esquerda. Era essa coisa que ia partindo a cabeça do soldado amarelo. Se ela
tivesse demorado um minuto, Fabiano seria um cabra valente. Não demorara”
http://desmontandotexto.blogspot.com/2009/09/exercicios-vidas-secas.html.
(Acesso em 20 de Julho de 2011).
a. Fabiano percebe que não tem força para matar o soldado amarelo e, tomado
pela raiva contra a própria impotência, não controla seus movimentos.
b. Depois de ter sido afrontado pelo soldado amarelo, no episódio em que acabou
preso por causa do jogo, Fabiano reencontra-se com a personagem no meio da
caatinga, mas receia vingar-se simplesmente porque teme as represálias da força
policial.
c. O soldado amarelo representa não apenas o poder autoritário, mas todo o
mundo civilizado, ao qual Fabiano se esforça para integrar-se.
d. Fabiano não conseguia manter, naquele momento em que se deparava com o
soldado amarelo, a agilidade e poder de resolução que caracterizava suas
atividades como vaqueiro.
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e. O estado emocional instável de Fabiano, provocado pelo encontro com o
soldado amarelo, desgoverna-o, de modo que o personagem se deixa levar por
um delírio, no qual se vê como assassino do soldado.
03. Cada um dos membros da família de Fabiano merece em Vidas secas um
capítulo integralmente dedicado à apresentação da personagem e à exposição de
um aspecto fundamental da vida dos retirantes.
Associe cada um desses quatro capítulos à interpretação adequada. Em seguida,
assinale a alternativa que apresenta a associação correta.
( ) .Fabiano.
( ) .Sinhá Vitória.
( ) .O menino mais velho.
( ) .O menino mais novo.
I. A incapacidade de compreender e de explicar o significado de um termo resulta
em uma cena de desafeto, que registra não só os limites intelectuais/culturais dos
integrantes da família de Fabiano, mas também uma hierarquia de poder,
segundo a qual parece sempre haver alguém mais fraco na cadeia das relações
sociais.
II. A percepção de que a vitória temporária não representa alteração fundamental
na vida familiar concede um caráter crítico ao capítulo. Alia-se nessa crítica a
consciência de que a cultura letrada não transforma a realidade, mas pode
conceder poder àqueles que têm estudo e sabem se expressar bem.
III. A heroicidade do sertanejo é apresentada como uma perspectiva ingênua,
infantil, que só leva em conta o aspecto aventuresco e não manifesta consciência
do processo de desumanização provocado pela miséria e pela marginalização
sócio-econômica.
IV. A despeito da situação de pauperismo em que vivem os retirantes, sobrevive a
dimensão dos desejos, os sonhos de melhoria de vida. O fio de esperança que a
personagem alimenta, a capacidade de manter previsões, amplia sua vida para
além da sobrevivência diária e resguarda um mínimo de humanidade, que
distingue seres humanos de outros animais.
a. (II) .Fabiano.; (I) .Sinhá Vitória.; (IV) .O menino mais velho.; (III) .O menino mais
novo.;
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b. (II) .Fabiano.; (IV) .Sinhá Vitória.; (I) .O menino mais velho.; (III) .O menino mais
novo.;
c. (I) .Fabiano.; (IV) .Sinhá Vitória.; (I) .O menino mais velho.; (II) .O menino mais
novo.;
d. (III) .Fabiano.; (II) .Sinhá Vitória.; (I) .O menino mais velho.; (IV) .O menino mais
novo.;
e. (IV) .Fabiano.; (I) .Sinhá Vitória.; (III) .O menino mais velho.; (II) .O menino mais
novo.
04. Leia o trecho do capítulo:
“Fuga... Saíram de madrugada. Sinhá Vitória meteu o braço pelo buraco da
parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio,
deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro
de bois que apodrecia, os juazeiros. (...) Desceram a ladeira, atravessaram o rio
seco, tomaram rumo para o sul. Com a fresca da manhã, andaram bastante, em
silêncio, quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos miúdos (...)”
http://desmontandotexto.blogspot.com/2009/09/exercicios-vidas-secas.html.
(Acesso em 20 de Julho de 2011).
A partir da análise do trecho, é incorreto afirmar sobre o estilo de Graciliano
Ramos: a. A narração é entremeada de elementos descritivos anunciados de
modo breve, na medida necessária para indicar o estado de falência em que se
encontrava a fazenda, assolada pela estiagem.
b. O narrador é atento a detalhes significativos, como o fato de Sinhá Vitória
fechar a porta, que, se por um lado revela um cuidado desnecessário e mesmo
descabido naquela situação, por outro enfatiza o apego que naturalmente se
desenvolveu entre a família e o espaço físico da fazenda durante o período de
chuvas.
c. Por ser uma obra regionalista, Vidas secas dá destaque à descrição da
paisagem da caatinga, compondo uma pintura rica em detalhes, de modo a
ressaltar a importância dos aspectos naturais na determinação da desgraça das
personagens.
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d. No trecho, há praticamente apenas quatro adjetivos (.abertas., .seco., .estreito.
e .miúdos.) e todos eles podem ser considerados objetivos, isto é, contribuem
para descrever de maneira realista, sem a interferência emocional do observador,
a paisagem.
e. As orações são apresentadas preferencialmente na ordem direta e formam
períodos por coordenação, o que se ajusta à reconhecida simplicidade da
linguagem de Graciliano Ramos.
05. Leia as afirmações e em seguida assinale a alternativa que as analisa
corretamente.
I. Ao mesmo tempo que representam toda uma classe de seres humanos
enjeitada ou simplesmente esquecida pela estrutura social, as personagens de
Vidas secas não se reduzem a meras personagens-tipos, porque suas
diversificadas vivências psicológicas, reveladas pelo discurso indireto livre, não
são verossímeis, não correspondem ao gênero de reflexão que se espera de um
sertanejo pobre.
II. A estrutura cíclica da obra é uma decisão estilística que denuncia o ponto de
vista do autor: para o homem maltratado pela seca, desamparado de qualquer
ajuda e destituído de poder, o bem-estar só pode ser compreendido como
momento instável e transitório.
III. As limitações da linguagem que caracterizam a família de Fabiano indicam
uma relação determinista de causa e efeito, segundo a qual a desnutrição e a
impossibilidade de frequentar a escola impossibilitam que os seres humanos
consigam compreender a realidade que os cerca. Na obra, quem domina a
linguagem consegue alterar a situação de miséria provocada pela seca.
a. somente a alternativa I está correta;
b. somente as alternativas I e II estão corretas;
c. somente as alternativas II e III estão corretas;
d. somente a alternativa II está correta;
e. nenhuma alternativa está correta.
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Respondidas as questões, os alunos irão debater sobre a realidade
apresentada na obras e o contexto dos Movimentos Sociais, especialmente o
MST, que é o movimento do qual fazem parte.
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5ªAULA
Com base nas discussões das aulas anteriores os alunos irão produzir um
texto comparativo entre a realidade de 30 apresentada no romance “Vidas Secas”
e o contexto atual, onde se encontram inseridos. Cada aluno irá fazer a leitura do
texto escrito para a classe, onde será proposto um debate sobre as ideias centrais
da obra e dos textos escritos pelos alunos.
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6ª AULA
Com os textos escritos na aula anterior os alunos farão cartazes retratando
o entendimento a respeito da realidade da década de 30, apresentada no
romance “Vidas Secas” e o momento em que vivem hoje. Os cartazes serão
utilizados para que façam uma exposição aos outros alunos da escola, para
alunos visitantes de escolas área urbanas, onde após está apresentação ficarão
expostos no saguão do colégio.
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3 AVALIAÇÃO
A avaliação dar-se-á de forma processual, isto é, em todos os momentos
em que os alunos estiverem participando das discussões propostas e,
individualmente, por meio da realização das atividades escritas. Em relação à
produção de texto, os alunos serão avaliados, considerando o atendimento à
proposta, qual seja: escrever um texto fazendo a relação da obra e a realidade
vivida pelos alunos.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Questões de Literatura e de Estética: a teoria do romance. Equipe de tradução do russo: Aurora Fornoni Bernadini et al. 5. ed. São Paulo: Hucitec/Annablume, 2002. BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: A formação do leitor: Alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa Para os Anos Finais do Ensino Fundamenta l e Ensino Médio: Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas . FNDE (2003), 93ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2004. STAM, Robert. Bakhtin: Da Teoria Literária à Cultura de Massa. Tradução: Heloísa Janh. São Paulo: Ática, 1992. http://desmontandotexto.blogspot.com/2009/09/exercicios-vidas-secas.html. (Acesso em 20 de Julho de 2011). http://www.mundovestibular.com.br/articles/522/1/VIDAS-SECAS---Graciliano-Ramos-Resumo/Paacutegina1.html. Acesso em 07 de Agosto de 2011. http://www.vestibulandoweb.com.br/analise_obra/contextohistorico-vidas-secas.asp. Acesso em 07 de Agosto de 2011. http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14