UM ACONTECIMENTO EXTRAORDINÁRIO

Uma vez no reino das bruxas deu-se um acontecimento extraordinário: nasceu umabruxinha, radiosa, como o sol – o que foi considerado de muito mau agoiro. Que fazia aquelesorriso emoldurado por cachos de caracóis, entre vapores peçonhentos? – perguntavam,desconfiadas, as bruxas velhas, fungando maus pressentimentos à distância. E as suspeitasconfirmaram-se. A bruxinha não mostrava nenhuma das aptidões requeridas por aquele mundode trevas, árvores mortas e aves agoirentas.

Volta não vira, escapulia-se na sua vassourinha, faltava às aulas de bruxaria e ria do mauhumor das mestras – a quem as suas gargalhadas, tilintantes, arrepiavam como guinchos deportas ferrugentas. Pior. Libertava os sapos e as cobras destinadas aos caldeirões dosmalefícios. E como se isso não bastasse para acender remoques e achaques das bruxas todo odia dançava e cantava como se um pássaro-borboleta ali tivesse, magicamente, surgido. Não, oseu reino não era aquele. E numa noite em que uma revoada de bruxas ia sair para o mundo doshomens a semear maldades, a bruxinha decidiu abandonar aqueles lugares insalubres eatreitos a constipações. Cautelosa e à distância, seguiu-as para aprender o caminho. Mas nãofoi fácil. As bruxas por onde passavam deixavam tudo num breu de tempestade, porqueapagavam a luz das estrelas só com o fraldejar das suas capas, sinistras. E a bruxinha tinha queesperar que elas se afastassem enfronhadas nas suas maldades, para voltar a acender-lhes olume com a rama da sua vassourinha. E tanto se atrasou nesse trabalho que a determinadaaltura as perdeu de vista. Deixá-lo! Não tinha importância. O importante era ter saído de umavez para sempre daquele mundo charquento.

Luísa DACOSTA, História com Recadinho, Figueirinhas

agoiro – presságio; bruxedo; feitiçaria aptidão – habilidade; vocaçãobreu – muito escuroinsalubre – doentiomalefício – sortilégio; maldadepeçonhento – envenenadopressentimento – palpite

1. Uma vez, no reino das bruxas, nasceu uma bruxinha.

a. O que é que esse acontecimento teve de extraordinário?

b. Como era a recém-nascida?

c. Como reagiram as bruxas a esse acontecimento?

2. Indica três atitudes diferentes da bruxinha.

3. Volta a escrever as frases colocando no presente do indicativo as formas verbais sublinhadas:

Que fazia ali a bruxinha? Ria do mau humor das mestras. Libertava os sapos e as cobras, dançava e cantava.

4. Uma noite a bruxinha tomou uma decisão.

a. Qual foi essa decisão?

b. O que foi acontecendo pelo caminho?

5. A bruxinha acendeu as estrelas.

a. Indica as funções sintácticas presentes na frase.

b. Volta a escrever a frase, com o verbo no presente do indicativo.

6. Coloca os sinais de pontuação adequados:

Aquela cantiga de roda parecia feita para ela Seria

Porém mal a viram as meninas gritaram assustadas

Uma bruxa

7. “…E foi assim que ficou pelo mundo a dar uma ajuda aos mais precisados…”

Que terá feito? Quem terá encontrado? Quem terá ajudado? Como terá sido a sua vida? Imagina e conta um dia na vida desta bruxinha.

AUTO-AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO ESCRITA

APRESENTAÇÃO

1. A minha letra é legível?

2. O meu trabalho está bem apresentado?

3. Indiquei os parágrafos começando dois dedos a seguir à margem?

TEMA 4. Respeitei as indicações que me foram dadas?

CONSTRUÇÃO DO TEXTO 5. Mudei de parágrafo sempre que passei a outro assunto?

ORTOGRAFIA 6. Prestei atenção para não dar erros?

PONTUAÇÃO 7. Fiz a pontuação correctamente?