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LCP Português _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 99 *MÓDULO 1* Noções de variação linguística Introdução Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase em verificar se o candidato conhece os diferentes usos possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto partindo da leitura do texto abaixo. No texto acima, notamos que os dois ladrões conhecem tanto as diferentes formas de falar o português como as implicações que cada forma traz. Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que outras, por isso alteram o modo de falar na presença do guarda. Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o importante para o falante será perceber em que contexto ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o falante opte por uma variante diferente daquela que ele usa para bater papo com seus amigos. A concepção moderna de língua, segundo Celso Cunha em sua Nova gramática do português contemporâneo, coloca-a “como instrumento de comunicação social, maleável e diversificado em todos os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que vivem em sociedades também diversificadas social, cultural e geograficamente”. Essa diversificação na sociedade faz com que surja na língua a variação linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação (formal ou informal), o grupo social a que o falante pertence, a região e a época em que vive caracterizam o modo de um brasileiro expressar-se em português. De maneira bastante simplificada, podemos considerar a existência de três tipos gerais de variação, conforme mostra o quadro: TIPO ASPECTO AO QUAL SE RELACIONA Variação sociocultural idade, sexo, escolaridade, condições econômicas do falante e grupo social do qual ele faz parte Variação geográfica região em que o falante vive durante um certo tempo Variação histórica tempo (época) em que o falante vive Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000. O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira), que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do outro personagem. Variação sociocultural A maneira como utilizamos a linguagem (como nos expressamos) é formada no convívio com outras pessoas que fazem parte do nosso grupo social. Assim, normalmente nos expressamos de acordo com nossa formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É claro que, assim como existe uma certa mobilidade social no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida podemos incorporar modos de expressão diferentes, à medida que vamos mudando de ambiente e reconstruindo nossa história de vida. A variante social mais notável é a que existe entre pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma pessoa da classe A não falará como alguém da classe C. Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa estará do que conhecemos por norma culta. Isto se explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é considerada a de maior “prestígio”..., concorda? Relacionada a esse tipo de variação está aquela que diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista Sketch - Dois homens tramando um assalto Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara de chumbo. Pra arejá. Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá. Tá com o berro aí? Tá na mão. Aparece um guarda. Ih, sujou. Disfarça, disfarça... O guarda passa por eles. Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela fenomenologia de Feurbach. Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18... O guarda se afasta. O berro, tá recheado? Tá. Então vamlá! VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.

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LCP Português _________________________________________________________________________________________________________________________

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 99

*MÓDULO 1*

Noções de variação linguística

Introdução

Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase

em verificar se o candidato conhece os diferentes usos

possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto

partindo da leitura do texto abaixo.

No texto acima, notamos que os dois ladrões

conhecem tanto as diferentes formas de falar o

português como as implicações que cada forma traz.

Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que

outras, por isso alteram o modo de falar na presença do

guarda.

Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por

isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o

importante para o falante será perceber em que contexto

ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma

entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o

falante opte por uma variante diferente daquela que ele

usa para bater papo com seus amigos.

A concepção moderna de língua, segundo Celso

Cunha em sua Nova gramática do português

contemporâneo, coloca-a “como instrumento de

comunicação social, maleável e diversificado em todos

os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que

vivem em sociedades também diversificadas social,

cultural e geograficamente”. Essa diversificação na

sociedade faz com que surja na língua a variação

linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação

(formal ou informal), o grupo social a que o falante

pertence, a região e a época em que vive caracterizam o

modo de um brasileiro expressar-se em português.

De maneira bastante simplificada, podemos

considerar a existência de três tipos gerais de variação,

conforme mostra o quadro:

TIPO

ASPECTO AO QUAL

SE RELACIONA

Variação sociocultural

idade, sexo, escolaridade,

condições econômicas do

falante e grupo social do qual

ele faz parte

Variação geográfica região em que o falante vive

durante um certo tempo

Variação histórica tempo (época) em que o

falante vive

Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000.

O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira), que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do outro personagem.

Variação sociocultural

A maneira como utilizamos a linguagem (como nos

expressamos) é formada no convívio com outras pessoas

que fazem parte do nosso grupo social. Assim,

normalmente nos expressamos de acordo com nossa

formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada

ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É

claro que, assim como existe uma certa mobilidade social

no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida

podemos incorporar modos de expressão diferentes, à

medida que vamos mudando de ambiente e

reconstruindo nossa história de vida.

A variante social mais notável é a que existe entre

pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma

pessoa da classe A não falará como alguém da classe C.

Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na

escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa

estará do que conhecemos por norma culta. Isto se

explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a

linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é

considerada a de maior “prestígio”..., concorda?

Relacionada a esse tipo de variação está aquela que

diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que

pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista

Sketch - Dois homens tramando um assalto

— Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis

vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o

cara de chumbo. Pra arejá.

— Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e

pegá.

— Tá com o berro aí?

— Tá na mão.

Aparece um guarda.

— Ih, sujou. Disfarça, disfarça...

O guarda passa por eles.

— Discordo terminantemente. O imperativo

categórico de Hegel chega a Marx diluído pela

fenomenologia de Feurbach.

— Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer

que Kierkegaard não passa de um Kant com

algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do

século 18...

O guarda se afasta.

— O berro, tá recheado?

— Tá.

— Então vamlá!

VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998.

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financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar

culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de

linguagem.

Outro tipo importante e interessante de variação

linguística é aquele que aparece quando confrontamos

gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não

fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada

geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso

é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno

linguístico que aparece quando estudamos as variações

entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo

número de expressões, uma certa maneira de falar, para

marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior.

Para cada situação de expressão da nossa

linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que

utilizamos em situações em que não nos preocupamos

tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de

nível informal; ao nível que utilizamos em situações de

comunicação que exigem uma linguagem mais próxima

da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível

formal e o informal, podemos ter vários níveis

intermediários.

Variação geográfica

Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras

diferentes. A essas características próprias da fala de um

determinado lugar damos o nome de regionalismos. Os

regionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e

sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada

região agrupam-se em torno de um centro populacional

economicamente ou politicamente mais relevante e

assumem o dialeto característico do local. Assim, um

carioca irá se expressar com o r chiado característico do

Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um

r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por

diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à

estrutura das frases e até aos significados das palavras.

Com o passar dos anos e o avanço dos meios de

comunicação sobre todo o território brasileiro, as

diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As

redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país

com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro,

principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para

uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão

de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre

eles.

Variação histórica

Ao ler textos escritos em português há cem anos, por

exemplo, você certamente sentirá um certo

estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e

fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal

publicado na semana passada, por exemplo. Isso

acontece porque as línguas variam com o tempo. O

nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em

nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê.

Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos

essas diferenças quando nos deparamos com livros

cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há

cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas

palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe.

Norma culta e adequação da linguagem

Você deve ter notado, então, que a língua possui

diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a

língua na escola, adotamos uma determinada variante

que serve como referência. Essa variante-padrão, ao

longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo

conhecida como a norma culta da língua.

Norma culta da língua é a chamada variante-padrão

da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada

pelas pessoas que compõem a chamada elite da

sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba

servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino

da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão

para situações formais e na comunicação escrita na

sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a

norma culta também muda, de acordo com as

modificações que ela sofre no seu uso.

Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais

são as situações em que ele deve seguir essa variante-

-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais

popular.

Outros tipos de variação linguística

Além das variações linguísticas relacionadas a tempo

e espaço, existem outros tipos de variação, que podem

ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades

não padrão da língua. As principais variações dizem

respeito ao uso da língua em situações de

oralidade/escrita e de formalidade/informalidade.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

Variação sociocultural, portanto, é aquela que se

manifesta quando o uso da língua é marcado por

diferenças conforme a classe socioeconômica, o grau

de instrução, a geração ou a situação de comunicação

em que se encontra o falante.

Variação geográfica é aquela marcada por diferenças

regionais: a dimensão do Brasil permite-nos perceber

diferentes sotaques, vocabulários, estruturas de frase e

sentidos das palavras nas diferentes regiões.

Variação histórica acontece porque a língua vai

recebendo transformações na forma de falar, novas

palavras, novas grafias e novos sentidos para palavras

já existentes.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 101

*********** ATIVIDADES ***********

.1. (UEG-GO)

Folha de S. Paulo, 1/5/2007.

É correto afirmar que, na charge,

(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos

traficantes de drogas.

(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada

pelos políticos.

(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos

traficantes de drogas.

(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado

pelos políticos.

(E) não há apropriação nem da linguagem nem do

contexto.

.2. (ENEM-MEC)

Iscute o que tô dizendo,

Seu dotô, seu coroné:

De fome tão padecendo

Meus fio e minha muié.

Sem briga, questão nem guerra,

Meça desta grande terra

Umas tarefa pra eu!

Tenha pena do agregado

Não me dêxe deserdado

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis

e outros poemas. Fortaleza: Universidade

Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema,

infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma

variedade linguística específica. Esse falante, em seu

grupo social, é identificado como um falante

(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.

(B) sertanejo morador de uma área rural.

(C) idoso que habita uma comunidade urbana.

(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior

do país.

(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do

Sul do país.

.3. (ENEM-MEC)

Antigamente

Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando

perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois,

ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas

fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o

gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,

os meninos, lombrigas [...]

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa.

Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.

O texto acima está escrito em linguagem de uma época

passada. Observe uma outra versão, em linguagem

atual.

Antigamente

Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando

mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à

farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas

fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a

sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,

os meninos, vermes [...]

Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na

segunda versão, houve mudanças relativas a

(A) vocabulário.

(B) construções sintáticas.

(C) pontuação.

(D) fonética.

(E) regência verbal.

.4. (ENEM-MEC)

Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa

Excelência para que seja conjurada uma calamidade que

está prestes a desabar em cima da juventude feminina

do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento

entusiasta que está empolgando centenas de moças,

atraindo-as para se transformarem em jogadoras de

futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá

praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o

equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido

à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os

jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos

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de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo

Horizonte também já estão se constituindo outros. E,

neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em

todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes

femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados

da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais,

ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa

aos exibicionismos rudes e extravagantes.

Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.

O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,

José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então

presidente da República Getúlio Vargas. As opções

linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi

elaborado em linguagem

(A) regional, adequada à troca de informações na

situação apresentada.

(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do

futebol.

(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão

brasileiro comum.

(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação

de comunicação.

(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu

interlocutor.

.5. (INEP-MEC)

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados

ANDRADE, Oswald de. Obras completas.

5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz

referência às variantes linguísticas de natureza

(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma,

marcar uma nova época literária.

(B) regional, pois há regiões em que essa variedade

linguística descrita no poema é aceita como padrão

oficial.

(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo

processo de neologismo, típico em autores

modernistas.

(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as

variantes de uma mesma língua.

(E) temporal, pois marca a variação linguística de

diferentes épocas.

.6. (ENEM-MEC)

Veja, 7/5/1997.

Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à

mão que aborda a questão das atividades linguísticas e

sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.

Esse comentário deixa evidente uma posição crítica

quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando

ser necessário

(A) implementar a fala, tendo em vista maior

desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da

língua.

(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral

para a obtenção de clareza na comunicação oral e

escrita.

(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da

língua portuguesa para escrever com adequação,

eficiência e correção.

(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da

norma-padrão da língua em se tratando da

modalidade escrita.

(E) utilizar recursos mais expressivos e menos

desgastados da variedade-padrão da língua para se

expressar com alguma segurança e sucesso.

.7. (ENEM-MEC)

Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?

Cliente – Estou interessado em financiamento para

compra de veículo.

Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de

crédito. O senhor é nosso cliente?

Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou

funcionário do banco.

Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá

em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de

Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua

materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

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Na representação escrita da conversa telefônica entre a

gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira

de falar da gerente foi alterada de repente devido

(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,

caracterizada pela informalidade.

(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como

funcionário do banco.

(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia

(Minas Gerais).

(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu

nome completo.

(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo

de Júlio.

.8. (ENEM-MEC)

As dimensões continentais do Brasil são objeto de

reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema

aparece no seguinte poema:

“[...]

Que importa que uns falem mole descansado

Que os cariocas arranhem os erres na garganta

Que os capixabas e paroaras escancarem

[ as vogais?

Que tem se o quinhentos réis meridional

Vira cinco tostões do Rio pro Norte?

Junto formamos este assombro de misérias e

[ grandezas,

Brasil, nome de vegetal! [...]”

ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed.

São Paulo: Martins Editora, 1980.

O texto poético ora reproduzido trata das diferenças

brasileiras no âmbito

(A) étnico e religioso.

(B) linguístico e econômico.

(C) racial e folclórico.

(D) histórico e geográfico.

(E) literário e popular.

.9. (ENEM-MEC)

Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela

chácara com Irene.

— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona

Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante dos

canteiros de rosas e hortênsias.

— Para começar, deixe o “senhora” de lado e

esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é

um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo

todo. Meu nome é Irene.

Todas sorriem. Irene prossegue:

— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai

ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das

flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.

BAGNO, M. A língua de Eulália: novela

sociolinguística. São Paulo: Contexto,

2003 (adaptado).

Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou

“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito

que deve haver entre os interlocutores. No diálogo

apresentado acima, observa-se o emprego dessas

formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”

ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o

emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre

porque Sílvia

(A) pensa que Irene é a jardineira da casa.

(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.

(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem

em área rural.

(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua

família conhecer Irene.

(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a

qual não tem intimidade.

.10. (ENEM-MEC)

A escrita é uma das formas de expressão que as

pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias

finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar,

descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades

linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se

necessário para que se use a língua nas mais diversas

situações comunicativas.

Considerando as informações acima, imagine que você

está à procura de um emprego e encontrou duas

empresas que precisam de novos funcionários. Uma

delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao

redigi-la, você

(A) fará uso da linguagem metafórica.

(B) apresentará elementos não verbais.

(C) utilizará o registro informal.

(D) evidenciará a norma-padrão.

(E) fará uso de gírias.

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.11. (ENEM-MEC)

Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).

Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro

informal, ou coloquial, da linguagem.

(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”

(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus

chifres cairão!”

(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a

atravessar a rua...”

(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um

tesouro”

(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a

Etiópia, onde um dragão...”

.12. (UNICAMP-SP)

O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe

e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe

dar no Dia das Mães.

[...]

— Posso escolher meu presente do Dia das Mães,

meu fofinho?

— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai

ver. Compro um barato.

— Barato? Admito que você compre uma

lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É

fazer pouco-caso de mim.

— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não

sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!

— Deixe eu escolher, deixe...

— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado

que a senhora me deu no Natal!

— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe

lhe deu um blazer furado?

— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já

era, mãe, já era!

[...]

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.

Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para

criar as situações humorísticas apresentadas nesse

diálogo? Justifique sua resposta.

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.13. (UFMA)

Folha de S. Paulo, 12/4/2003.

Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir

que

(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o

depoente não reconhece no deputado uma

autoridade.

(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem

brusca da linguagem formal para a informal.

(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a

classe social a que pertencem as personagens.

(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para

compor as imagens do deputado e do depoente.

(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal

de respeito para com o parlamentar ilustre.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 105

.14. (ENEM-MEC)

Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na

escrita, que, a depender do estrato social e do nível de

escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis.

Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a

variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências

existentes na língua em seu processo de mudança que

não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal

linguístico” que estaria representado pelas regras da

gramática normativa. Usos como ter por haver em

construções existenciais (tem muitos livros na estante), o

do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer

o trabalho), a não concordância das passivas com se

(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma

norma única, mas de uma pluralidade de normas,

entendida, mais uma vez, norma como conjunto de

hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.

CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;

BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.

São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da

multiplicidade do discurso, verifica-se que

(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre

língua escrita e língua falada empregam,

indistintamente, usos aceitos na conversa com

amigos quando vão elaborar um texto escrito.

(B) falantes que dominam a variedade-padrão do

português do Brasil demonstram usos que confirmam

a diferença entre a norma idealizada e a

efetivamente praticada, mesmo por falantes mais

escolarizados.

(C) moradores de diversas regiões do país que

enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita

revelam a constante modificação das regras de

emprego de pronomes e os casos especiais de

concordância.

(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a

gramática ensinada na escola gostam de apresentar

usos não aceitos socialmente para esconderem seu

desconhecimento da norma-padrão.

(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da

língua portuguesa empregam formas do verbo ter

quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo

haver, contrariando as regras gramaticais.

.15. (ENEM-MEC)

MANDIOCA — mais um presente da Amazônia

Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As

designações da Manihot utilissima podem variar de

região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em

conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por

motivos óbvios.

Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e

nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro,

especialmente pelos colonizadores portugueses — é a

base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento

disponível para mais de 600 milhões de pessoas em

vários pontos do planeta, e em particular em algumas

regiões da África.

O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento).

De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de

nomes para a Manihot utilissima, nome científico da

mandioca. Esse fenômeno revela que

(A) existem variedades regionais para nomear uma

mesma espécie de planta.

(B) mandioca é nome específico para a espécie

existente na região amazônica.

(C) “pão-de-pobre” é designação específica para a

planta da região amazônica.

(D) os nomes designam espécies diferentes da planta,

conforme a região.

(E) a planta é nomeada conforme as particularidades

que apresenta.

.16. (ENEM-MEC)

Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas

ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao

longo do território, seja numa relação de oposição, seja

de complementaridade, sem, contudo, anular a

interseção de usos que configuram uma norma nacional

distinta da do português europeu. Ao focalizar essa

questão, que opõe não só as normas do português de

Portugal às normas do português brasileiro, mas também

as chamadas normas cultas locais às populares ou

vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas

normas se consolidaram em diferentes momentos da

nossa história e que só a partir do século XVIII se pode

começar a pensar na bifurcação das variantes

continentais, ora em consequência de mudanças

ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em

ambos os territórios.

CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;

BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.

São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

O português do Brasil não é uma língua uniforme. A

variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas

as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades

linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser

aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a

atenção do leitor para a

(A) desconsideração da existência das normas

populares pelos falantes da norma culta.

(B) difusão do português de Portugal em todas as

regiões do Brasil só a partir do século XVIII.

(C) existência de usos da língua que caracterizam uma

norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.

(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou

vernáculas em um determinado país.

(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos

frequentes de uma língua devem ser aceitos.

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.17. (ENEM-MEC)

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27/4/2010.

Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua

escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem

especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa

do leitor, porque

(A) Calvin, na sua última fala, emprega um registro

formal e adequado para a expressão de uma criança.

(B) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro

Iinguístico usado por Calvin na apresentação de sua

obra de arte.

(C) Calvin emprega um registro de linguagem

incompatível com a linguagem de quadrinhos.

(D) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro

linguístico informal.

(E) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica,

em razão do registro formal utilizado por este último.

.18. (ENEM-MEC)

Maurício e o leão chamado Millôr

Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um dos grandes títulos do gênero infantil

Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma

grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de

um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos,

todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que

o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado

por Millôr: Maurício – O Leão de Menino (CosacNaify, 24

páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.

Disponível em: http://www.revistalingua.com.br.

Acesso em: 30/4/2010 (fragmento).

Como qualquer outra variedade linguística, a norma-

-padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se

marcas da norma-padrão que são determinadas pelo

veículo em que ele circula, que é a revista Língua

Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se

(A) a obediência às normas gramaticais, como a

concordância em “um gênero que invade as

livrarias”.

(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de

ter alguma grandeza natural”.

(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um

viço qualquer que o destaque”.

(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem

essa pegada”.

(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos

do gênero infantil”.

.19. (ENEM-MEC)

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao

mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral

dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a

pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo

nordestino fala igual; contudo as variações são mais

numerosas que as notas de uma escala musical.

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí

têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que

se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o

vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que

um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um

sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então,

até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase

um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au

ou eu de todos os terminais em al ou el — carnavau,

Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José

Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo,

9/5/1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de

variação linguística que se percebe no falar de pessoas

de diferentes regiões. As características regionais

exploradas no texto manifestam-se

(A) na fonologia.

(B) no uso do léxico.

(C) no grau de formalidade.

(D) na organização sintática.

(E) na estruturação morfológica.

________________________________________________ *Anotações*

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Literatura – Linguagem e contexto

A linguagem da literatura

*********** ATIVIDADES ***********

Leitura da imagem

.1. (EDM-SP)

Observe a fotografia.

DICK REED/CORBIS – LATINSTOCK

Rota 66, a lendária estrada norte-americana que ligava Chicago a Los Angeles tornou-se símbolo de aventura e liberdade

Faça uma breve descrição dos elementos presentes na

imagem.

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.2. (EDM-SP)

A posição em que a foto foi tirada chama a nossa

atenção para a estrada. Que efeito o fotógrafo pode ter

pretendido desencadear no espectador ao optar por essa

tomada?

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.3. (EDM-SP)

Leia uma declaração do fotógrafo suíço Robert Frank,

que percorreu a Rota 66 registrando imagens da

paisagem americana.

Quando as pessoas olham as minhas fotos, eu quero que

elas se sintam como quando desejam reler um verso de

um poema.

Observe mais uma vez a foto da abertura. Se ela fosse

vista como um “verso de um poema”, sobre o que falaria

esse verso?

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Da imagem para o texto

.4. (EDM-SP)

Vamos ver como a literatura explora possibilidades da

linguagem. Leia um trecho de On the road, de Jack

Kerouac.

A viagem

Cena 1

Num piscar de olhos estávamos de volta à estrada

principal e naquela noite vi todo o estado de Nebraska

desenrolando-se diante dos meus olhos. Cento e setenta

quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades

adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific

deixado para trás, ao luar. Eu não estava nem um pouco

assustado aquela noite; me parecia algo perfeitamente

normal voar a 170, conversando e observando todas as

cidades do Nebraska — Ogallala, Gothenburg, Kearney,

Grand Island, Columbus — se sucederem com uma

rapidez onírica* enquanto seguíamos viagem. Era um

carro magnífico; portava-se na estrada como um navio no

oceano. Longas curvas graduais eram o seu forte. “Ah,

homem, essa barca é um sonho”, suspirava Dean.

“Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro

assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como

esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada

finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo.

Não pode levar a outro lugar, certo? [...]”

* onírica: relativa aos sonhos.

Cena 2

“Qual é a sua estrada, homem? — a estrada do

místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a

estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma

estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em

qualquer circunstância. Como, onde, por quê?”

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 108

Concordamos gravemente, sob a chuva. “[...] Decidi abrir

mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de

tudo, me sacrificando e você sabe que isso não importa;

nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e

sabemos que o negócio é continuar no caminho,

pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira

tradicional. Afinal, de que outra maneira poderíamos

curtir? Nós sabemos disso.” Suspirávamos sob a

chuva. [...]

“E assim”, disse Dean, “vou seguindo a vida para

onde ela me levar. [...]”

KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada).

Tradução de Eduardo Bueno. Porto Alegre:

L&PM, 2004, p. 281-2; 305-6 (fragmento).

a) Que elementos, presentes na cena 1, asseguram ao

leitor tratar-se da história de uma viagem?

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b) Identifique no texto as passagens que revelam ser

essa viagem a concretização de um desejo típico da

juventude: a busca da liberdade.

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.5. (EDM-SP)

No trecho a seguir, explique de que maneira a pontuação

contribui para dar ao leitor a sensação de velocidade do

carro em que viajam Sal e Dean.

Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem

escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem

da Union Pacific deixado para trás, ao luar.

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.6. (EDM-SP)

Logo no início da cena 2, Dean pergunta a Sal: “Qual é a

sua estrada, homem?”. O que ele quer dizer com isso?

Que sentido atribui ao termo “estrada”?

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.7. (EDM-SP)

a) Identifique, na cena 2, uma passagem que permite

associar o comportamento das personagens a

valores próprios da juventude.

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b) Explique por que ela transmite valores associados à

juventude.

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.8. (EDM-SP)

a) Como Dean resume sua filosofia de vida?

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b) O que ela sugere, em termos de comportamento?

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Jack Kerouac tornou-se o ídolo de sua

geração quando o romance On the

road foi publicado em 1957. A viagem

de dois amigos, Sal Paradise e Dean

Moriarty, pelos Estados Unidos, boa

parte feita na Rota 66, estrada que liga

Chicago a Los Angeles, traduziu a

visão de mundo de uma juventude que

decidiu questionar os valores com os

quais tinha sido criada.

KEYSTONE / GLOBO.COM

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 109

A essência da arte literária está na palavra. Usada por

escritores e poetas em todo o seu potencial significativo e

sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação

entre um autor e seus leitores/ouvintes.

“Ah, homem, essa barca é um sonho”, afirma Dean no

texto de Jack Kerouac. Para compreender a imagem

criada pela personagem, nós precisamos realizar uma

série de decodificações. Sabemos que Dean e Sal viajam

de carro; sabemos que uma “barca” não trafega em

estradas. Com essas informações, procuramos

reconstruir o sentido da comparação implícita que está

na base da imagem criada: o carro em que viajam é tão

grande e confortável que parece uma barca.

Em seguida, reconhecemos que a afirmação de que o

carro “é um sonho” também foi criada a partir de outra

comparação entre nossos sonhos e todas as coisas que

desejamos muito. Reconstituída a comparação original,

podemos interpretar que Dean quer dizer que aquele é

um carro maravilhoso, objeto de desejo e fantasia dos

dois jovens.

No texto de Kerouac, palavras como barca e sonho

foram usadas em sentido conotativo (ou figurado), aquele

que as palavras e expressões adquirem em um dado

contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos

textos literários, predomina o sentido conotativo. A

linguagem conotativa é característica de textos com

função estética, ou seja, que exploram diferentes

recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito

artístico.

Época, 9/6/2008, p. 87.

Na expressão monstros sagrados, a palavra monstros apresenta sentido figurado, ou seja, conotativo

Em textos não literários, o que predomina é o sentido

denotativo (ou literal). Dizemos que uma palavra foi

utilizada em sentido literal quando é tomada em seu

significado “básico”, que pode ser apreendido sem ajuda

do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos

com função utilitária, ou seja, que têm como finalidade

predominante satisfazer a alguma necessidade

específica, como informar, argumentar, convencer, etc.

O trabalho com o sentido conotativo ou figurado é

uma característica essencial da linguagem literária.

Quando a literatura explora a conotação, como no

fragmento de On the road, estabelece-se uma

interessante relação entre leitor e texto. Ao ler um

romance ou um poema ou ao ouvir uma história, o

leitor/ouvinte precisa reconhecer o significado das

palavras e reconstruir os mundos ficcionais que elas

descrevem. O leitor/ouvinte desempenha, portanto, um

papel ativo, já que também cria, em sua imaginação,

mundos ficcionais correspondentes àqueles propostos

nos textos ou vive, na fantasia, experiências semelhantes

às descritas.

Recursos expressivos

Dá-se o nome de figuras de linguagem aos recursos

utilizados com o fim de tornar mais expressiva a

linguagem. As figuras de linguagem compreendem:

as figuras de palavra (ou tropos);

as figuras de sintaxe (ou de construção);

as figuras de pensamento; e

as figuras de harmonia (ou sonoras).

Intertextualidade

Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma

determinada propaganda, você tem a sensação de já ter

visto o texto em algum lugar? Quer ver só?

No início de sua produção poética, Carlos Drummond

de Andrade escreveu um poema que viria a torná-lo

muito conhecido. O “sucesso” do poema foi provocado,

no início, pelo estranhamento por ele causado. Você

certamente já teve oportunidade de lê-lo.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

(Carlos Drummond de Andrade)

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 110

Mas, por que estamos falando de poesia e

Drummond, em uma seção destinada à apresentação do

conceito de intertextualidade? Porque muitos são os

textos que recuperam a imagem da “pedra”

drummondiana. Observe, por exemplo, a seguir, um

anúncio publicitário veiculado para a divulgação de um

projeto de educação ambiental, patrocinado pela

empresa de turismo Soletur e orientado pelo Ibama.

Não é preciso, lido o anúncio, dizer por que o

escolhemos. A intertextualidade é evidente, pois a

referência ao poema de Drummond é óbvia!

Intertextualidade é a relação que se estabelece entre

dois textos, quando um deles faz referência a elementos

existentes no outro. Esses elementos podem dizer

respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao

conteúdo.

A propaganda

vale-se do recurso

da intertextualidade

para indicar a poluição

das praias. O trecho

intertextual é: “No

meio do caminho

tinha uma pedra...”.

No poema, a “pedra

no meio do caminho”

são os obstáculos,

as dificuldades,

os problemas.

A propaganda faz

uso do termo em

seu sentido literal

(rocha). Isso pode ser

percebido pela

enumeração das outras

“coisas” no meio do

caminho (uma ponta de

cigarro, uma lata, um

saco plástico, cacos de

vidro) que evidenciam a

poluição das praias

pelos banhistas.

Estilo de época

A constatação de traços comuns na produção de uma

mesma época identifica um estilo de época. O estudo da

literatura depende do reconhecimento dos padrões e das

semelhanças que constituem um estilo de época.

O uso particular que um escritor ou poeta faz dos

elementos que distinguem uma estética define o estilo

individual de um autor, sempre marcado pelo olhar

específico que dirige aos temas característicos de um

período e pelo uso singular que faz dos recursos de

linguagem associados a uma determinada estética

literária.

Literatura brasileira

A literatura brasileira tem sua história dividida em

duas grandes eras, que acompanham a evolução política

e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional,

separadas por um Período de Transição, que

corresponde à emancipação política do Brasil. As eras

apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias

ou estilos de época. Dessa forma, temos:

Era Colonial

(de 1500 a 1808)

Quinhentismo (de 1500 a 1601)

Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768)

Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808)

Período

de Transição

(de 1808 a 1836)

Era Nacional

(de 1836 até

nossos dias)

Romantismo (de 1836 a 1881)

Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893)

Parnasianismo (de 1882 a 1893)

Simbolismo (de 1893 a 1902)

Pré-Modernismo (de 1902 a 1922)

Modernismo (de 1922 a 1945)

Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias)

As datas que indicam o início e o fim de cada época

têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época

apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e

um período de decadência (que coincide com o período

de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos

perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré-

-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo,

e assim por diante. De todos esses momentos de

transição, caracterizados pela quebra das velhas

estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao

velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi

o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se

destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro

Lobato e Augusto dos Anjos.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 111

As questões 9 e 10 referem-se ao poema.

A dança e a alma

A DANÇA? Não é movimento,

súbito gesto musical.

É concentração, num momento,

da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos,

nele amaríamos ficar.

A dança — não vento nos ramos:

seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,

novo domínio conquistado,

onde busque nossa paixão

libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever

suas mais divinas parábolas

sem fugir à forma do ser,

por sobre o mistério das fábulas.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.

Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 366.

.9. (ENEM-MEC)

A definição de dança, em linguagem de dicionário, que

mais se aproxima do que está expresso no poema é

(A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de

comunicação e afirmação do homem em todos os

momentos de sua existência.

(B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os

limites físicos, possibilitando ao homem a liberação

de seu espírito.

(C) a manifestação do ser humano, formada por uma

sequência de gestos, passos e movimentos

desconcertados.

(D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com

ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos,

cantos, emoções, etc.

(E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do

indivíduo e, por consequência, ao seu

desenvolvimento intelectual e à sua cultura.

.10. (ENEM-MEC)

O poema “A dança e a alma” é construído com base em

contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma

das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo

é

(A) éter.

(B) seiva.

(C) chão.

(D) paixão.

(E) ser.

Textos para as questões 11 e 12.

Texto 1 – Autorretrato

Provinciano que nunca soube

Escolher bem uma gravata;

Pernambucano a quem repugna

A faca do pernambucano;

Poeta ruim que na arte da prosa

Envelheceu na infância da arte,

E até mesmo escrevendo crônicas

Ficou cronista de província;

Arquiteto falhado, músico

Falhado (engoliu um dia

Um piano, mas o teclado

Ficou de fora); sem família,

Religião ou filosofia;

Mal tendo a inquietação de espírito

Que vem do sobrenatural,

E em matéria de profissão

Um tísico* profissional.

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.

Rio de Janeiro: Aguilar, 1983, p. 395.

* tísico: tuberculoso.

Texto 2 – Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

[...]

Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo

mais vasto é o meu coração.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa.

Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 53.

.11. (ENEM-MEC)

Esses poemas têm em comum o fato de

(A) descreverem aspectos físicos dos próprios autores.

(B) refletirem um sentimento pessimista.

(C) terem a doença como tema.

(D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.

(E) defenderem crenças religiosas.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 112

.12. (ENEM-MEC)

No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, do texto

2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz,

pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras

de outrem equivale a

(A) emprego de termos moralizantes.

(B) uso de vício de linguagem pouco tolerado.

(C) repetição desnecessária de ideias.

(D) emprego estilístico da fala de outra pessoa.

(E) uso de uma pergunta sem resposta.

.13. (ENEM-MEC)

Cidade grande

Que beleza, Montes Claros.

Como cresceu Montes Claros.

Quanta indústria em Montes Claros.

Montes Claros cresceu tanto,

ficou urbe tão notória,

prima-rica do Rio de Janeiro,

que já tem cinco favelas

por enquanto, e mais promete.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

Entre os recursos expressivos empregados no texto,

destaca-se a

(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem

referir-se à própria linguagem.

(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora

outros textos.

(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se

pensa, com intenção crítica.

(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em

seu sentido próprio e objetivo.

(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas

inanimadas, atribuindo-lhes vida.

.14. (ENEM-MEC)

Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio

da adolescência que teve influência significativa em sua

carreira de escritor.

Lembro-me de que certa noite — eu teria uns

quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de

segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de

operações, enquanto um médico fazia os primeiros

curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia

Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da

náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando

assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem

gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta

lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e

salvar essa vida? [...]

Desde que, adulto, comecei a escrever romances,

tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o

escritor pode fazer, numa época de atrocidades e

injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer

luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre

ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos

assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a

despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma

lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou,

em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como

um sinal de que não desertamos nosso posto.

VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I.

Porto Alegre: Editora Globo, 1978.

Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que

ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma

das funções do escritor e, por extensão, da literatura,

(A) criar a fantasia.

(B) permitir o sonho.

(C) denunciar o real.

(D) criar o belo.

(E) fugir da náusea.

.15. (ENEM-MEC)

Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos,

ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um

exemplo:

Jornal do Commercio, 22/8/1993.

O texto que se refere a uma situação semelhante à que

inspirou a charge é:

(A) Descansem o meu leito solitário

Na floresta dos homens esquecida,

À sombra de uma cruz, e escrevam nela

— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.

AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio

de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971.

(B) Essa cova em que estás

Com palmos medida,

é a conta menor

que tiraste em vida.

É de bom tamanho,

Nem largo nem fundo,

É a parte que te cabe

deste latifúndio.

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros

poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.

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(C) Medir é a medida

mede

A terra, medo do homem, a lavra;

lavra

duro campo, muito cerco, vária várzea.

CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas.

São Paulo: Summums, 1978.

(D) Vou contar para vocês

um caso que sucedeu

na Paraíba do Norte

com um homem que se chamava

Pedro João Boa-Morte,

lavrador de Chapadinha:

talvez tenha morte boa

porque vida ele não tinha.

GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1983.

(E) Trago-te flores, — restos arrancados

Da terra que nos viu passar

E ora mortos nos deixa e separados.

ASSIS, Machado de. Obra completa.

Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.

.16. (ENEM-MEC)

Quem não passou pela experiência de estar lendo um

texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?

Os textos conversam entre si em um diálogo constante.

Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.

Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.

Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.

II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

BUARQUE, Chico. Letra e Música.

São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.

PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro:

Guanabara, 1986.

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem

intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de

Andrade, por

(A) reiteração de imagens.

(B) oposição de ideias.

(C) falta de criatividade.

(D) negação dos versos.

(E) ausência de recursos.

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*MÓDULO 2*

A interpretação de textos

Introdução

Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos

últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema

desta seção.

Acho a televisão muito educativa. Toda vez que alguém liga a TV, vou para o outro quarto e leio um livro.

Groucho Marx (1890-1977), comediante norte-americano

HULTON ARCHIVE / GETTY IMAGES

BRISTOL, Brian. Por que amamos ler? – Grandes escritores tentam

explicar nosso fascínio pela leitura. São Paulo: Novo Conceito, 2008.

Ler um texto não é difícil quando se domina uma

língua, mas compreendê-lo não é tão simples assim.

Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou

seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua

vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma

forma de encarar um texto e de compreendê-lo.

Vejamos um exemplo:

Não tem jeito mesmo...

“Trinta palavras no máximo; não há espaço para

mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por isso,

a notícia que apareceu no jornal foi:

Uma mulher escorregou numa casca de banana,

numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi

imediatamente transportada para a clínica da

universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna

quebrada.

A primeira reação surgiu imediatamente, numa

carta registrada em que um importador de bananas

escrevia: “Protestamos veementemente contra o

descrédito dado ao nosso produto. Considerando que,

nos últimos meses, vocês publicaram pelo menos 14

comentários negativos sobre os países produtores de

bananas, não podemos deixar de inferir uma intenção

de difamação deliberada de sua parte.”

Por sua vez, o diretor da clínica da universidade

também se pronunciou, alegando que a expressão “foi

transportada” poderia significar “o transporte de seres

humanos como se tratasse de carga”, o que

contrariava totalmente os hábitos de seu hospital.

“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura da

perna resultou da queda e não, como foi sugerido com

intenção malévola, do transporte para o hospital”.

Para finalizar, um membro do Departamento

Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando

ao jornal que a causa do tombo não deveria ser

atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além disso,

como o Comitê de Defesa das Faixas para Pedestres

estava prestes a concluir seu relatório, após seis anos

de trabalho, perguntava se seria possível — para

evitar possíveis consequências políticas — não fazer

qualquer alusão a tais passagens nos próximos

meses.

A notícia foi revista e, na manhã seguinte,

apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na

rua e quebrou a perna.

No dia seguinte, os editores receberam apenas

duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da

Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres,

cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo” o

texto discriminatório uma mulher caiu, o qual evocava

uma associação infeliz com “mulheres caídas” e

constituía uma prova de que “mais uma vez, neste

mundo dominado pelo homem, a imagem da mulher

estava sendo manipulada da maneira mais pérfida e

chauvinista!” A carta ameaçava com um processo

judicial, boicote e outras medidas.

A outra reação veio de um leitor que cancelava sua

assinatura, alegando o número cada vez maior de

notícias triviais e sem interesse.

Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217.

Junho de 1989, p. 109 e 110, apud I. Koch, Coerência

textual. São Paulo, Contexto, 1997.

Note que, neste caso, o texto foi compreendido de

maneira diferente pelos leitores. Cada um, a partir de sua

visão de mundo e de seu posicionamento neste, chegou

a um sentido diferente para o mesmo texto.

Mas, embora haja, então, a influência do

conhecimento de mundo e do posicionamento dentro

deste na compreensão de um texto, ler com

compreensão também se pode aprender se prestarmos

atenção a alguns pontos, dos quais trataremos nesta

seção. Infelizmente, não é possível esgotar o assunto,

uma vez que mesmo os estudiosos da leitura ainda não

conseguiram determinar todos os tópicos que serão

necessários à aprendizagem da leitura.

O conhecimento de mundo e a leitura

O nosso conhecimento de mundo nos permite

relacionar o assunto de um texto com coisas do mundo,

mas também nos permite perceber se a forma de um

texto é igual à de outro, se um texto retoma um outro, se

uma informação foi corretamente apresentada ou não. À

medida que vamos lendo, vamos aprendendo a nos deter

em determinados trechos ou passar mais rápido por

outros, de acordo com o nosso principal objetivo de

leitura, mas também conforme consigamos construir mais

facilmente ou não o sentido do texto.

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Dessa forma, constatamos que o conhecimento de

mundo vai nos ajudar a compreender o texto bem escrito

e até a inferir o significado correto de textos mal escritos.

Assim, se o conhecimento pode ajudar tanto na

compreensão de um texto, o melhor a fazer é procurar

ampliá-lo cada vez mais, lendo muito diferentes tipos de

textos e sobre diferentes assuntos. Além disso, nessas

leituras, é bastante importante prestar atenção ao gênero

de texto e à sua estrutura, aos objetivos do texto e à

linguagem empregada.

O gênero de texto e a sua estrutura

Conhecer, pelo menos um pouco, o gênero de texto

que se está lendo pode ajudar bastante na sua

compreensão. Afinal, se estamos lendo um editorial de

um jornal e sabemos que este é um gênero de texto em

que se defende a posição do jornal sobre um

determinado tema, constataremos a necessidade de

ficarmos atentos aos pontos de vista e argumentos que

serão apresentados. Mas se estivermos diante de um

trecho de um manual para instalação de videocassete,

teremos outra preocupação; o mesmo ocorrerá se o texto

for um e-mail de um amigo, uma piada, um poema ou um

conto. Note que cada gênero, dada a sua estrutura e o

conjunto de elementos que o compõem, impõe ao leitor

um certo olhar.

A linguagem

Além do gênero de texto, é importante estarmos

atentos também à linguagem empregada em cada texto e

aos efeitos de sentido que ela pode produzir, isto é: em

um bom texto, a escolha das palavras, das construções

sintáticas, do tamanho dos parágrafos etc. costuma

contribuir para expressar o sentido “desejado” pelo autor.

Fica bem visível tal ideia quando comparamos textos

sobre um mesmo assunto publicados por jornais

diferentes. Vejamos dois trechos retirados de notícias

publicadas pela Folha de S. Paulo e pelo O Estado de S.

Paulo a respeito de um atentado ocorrido em Israel e de

seus possíveis autores:

“O grupo islâmico Hamas assumiu o atentado e divulgou

foto e nome do suicida.” (O Estado de S. Paulo)

“O grupo extremista Hamas reivindicou a autoria do

atentado, o pior desde julho.” (Folha de S. Paulo)

Reflita sobre as diferenças de escolha de vocabulário:

“grupo islâmico” X “grupo extremista”; “assumiu o

atentado” X “reivindicou a autoria do atentado”. Estão os

dois jornais falando exatamente a mesma coisa? Parece

que não! Há ainda a informação a mais que cada jornal

trouxe: o jornal O Estado de S. Paulo reforçou a

assunção do atentado pelo grupo ao dizer que ele até

mostrou foto e nome do suicida; enquanto a Folha

qualificou a intensidade do atentado relacionando-o a

anteriores, uma vez que mostrou que este foi “o pior

desde julho”, deixando subentendida a ideia de que antes

houve outros piores.

Na finalização das duas notícias também

encontramos outro ponto de confronto:

“O governo israelense já estuda uma ‘resposta’ aos

terroristas.” (O Estado de S. Paulo)

“O governo israelense, porém, aprovou uma reação

militar.” (Folha de S. Paulo)

Os predicados de ambos os períodos trazem ideias

bem diferentes. Enquanto a Folha afirma a reação militar

por meio do verbo “aprovou”, o jornal O Estado de S.

Paulo diz que o governo israelense estaria pensando

sobre isso, como nos sugere o verbo “estuda”.

Você deve estar se perguntando: se a intenção dos

dois jornais é informar, por que tantas diferenças de

linguagem que levam a diferenças de sentido? Porque

cada jornal é produzido por homens diferentes que têm

visões/conhecimentos de mundo/interesses diferentes

uns dos outros, e isso acaba refletindo na linguagem que

empregam, mesmo quando tentam buscar a neutralidade

e a imparcialidade. Daí a necessidade de estar bem

atento à linguagem para que você perceba não só o

assunto que é tratado em um texto, mas também o modo

como este foi apresentado e consiga, assim, perceber a

intencionalidade que subjaz a cada texto.

Lendo com atenção, veremos que em todos os textos,

quando bem escritos, a linguagem serve — mais do que

para falar de um assunto — para mostrar também como

o autor se relaciona com tal assunto e como imagina

atingir o leitor.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

.1. (ENEM-MEC)

Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no

vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas.

O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui,

risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que

você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?

— Quero criar nada não... — me deu resposta: — Eu

gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora.

Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou

proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,

quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra.

[...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família

Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos

trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em

território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-

-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.

ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro:

José Olympio, 1995 (fragmento).

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 116

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação

decorrente de uma desigualdade social típica das áreas

rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e

pela relação de dependência entre agregados e

fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o

personagem-narrador

(A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim,

demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus

agregados, uma vez que superou essa condição

graças à sua força de trabalho.

(B) descreve o processo de transformação de um meeiro

— espécie de agregado — em proprietário de terra.

(C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação

dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho

da terra.

(D) mostra como a condição material da vida do

sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de

homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.

(E) mantém o distanciamento narrativo condizente com

sua posição social, de proprietário de terras.

.2. (ENEM-MEC)

A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a

chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão

idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os

folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200

anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de

Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos

continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM,

em livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O

texto é uma espécie de alma imortal, capaz de

reencarnar em corpos variados: página impressa, livro

em braile, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita,

arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses

(e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou

Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas

de Casseta & Planeta.

TAVARES, Bráulio. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.

Acesso em: 13/2/2011.

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o

surgimento de outros suportes em via eletrônica, o

cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que

(A) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo,

que será extinto com o avanço da tecnologia.

(B) o livro impresso permanecerá como objeto cultural

veiculador de impressões e de valores culturais.

(C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do

prazer de se ler textos em livros e suportes

impressos.

(D) os textos continuarão vivos e passíveis de

reprodução em novas tecnologias, mesmo que os

livros desapareçam.

(E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a

possibilidade de se ler obras literárias dos mais

diversos gêneros.

.3. (ENEM-MEC)

O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não

sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor

o acesso a um número praticamente ilimitado de outros

textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo

real. Assim, o leitor tem condições de definir

interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos

tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa

ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma

forma de estruturação textual que faz do leitor

simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se

caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura

eletrônica multilinearizado, multissequencial e

indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita.

Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um

tema, o hipertexto oferece a possibilidade de múltiplos

graus de profundidade simultaneamente, já que não tem

sequência definida, mas liga textos não necessariamente

correlacionados.

MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br.

Acesso em: 29/6/2011.

O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e

o hipertexto pode ser considerado como um novo espaço

de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos

autônomos de texto, apresentado em meio eletrônico

computadorizado e no qual há remissões associando

entre si diversos elementos, o hipertexto

(A) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos

totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir

os conceitos cristalizados tradicionalmente.

(B) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao

desviar o foco da leitura, pode ter como

consequência o menosprezo pela escrita tradicional.

(C) exige do leitor um maior grau de conhecimentos

prévios, por isso deve ser evitado pelos estudantes

nas suas pesquisas escolares.

(D) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação

específica, segura e verdadeira, em qualquer site de

busca ou blog oferecidos na internet.

(E) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de

leitura, sem seguir sequência predeterminada,

constituindo-se em atividade mais coletiva e

colaborativa.

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.4. (ENEM-MEC)

IMODESTO “As colunas do Alvorada podiam ser mais fáceis de construir, sem aquelas curvas. Mas foram elas que o mundo inteiro copiou”

Brasília 50 anos. Veja, n.º 2.138, nov. 2009.

Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos

verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e

incorporando novos materiais com ampliação de

possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas

sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas,

por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto

brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No

desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da

Alvorada, observa-se

(A) a presença de um capitel muito simples, reforçando a

sustentação.

(B) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas,

resultando em formas marcantes.

(C) a disposição simétrica das curvas, conferindo

saliência e distorção à base.

(D) a oposição de curvas em concreto, configurando

certo peso e rebuscamento.

(E) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero

na ornamentação.

.5. (ENEM-MEC)

Conceitos e importância das lutas

Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes

marciais tiveram duas conotações principais: eram

praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo

filosófico como concepção de vida bastante significativo.

Atualmente, nos deparamos com a grande expansão

das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais

foram se disseminando, ora pela necessidade de luta

pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela

possibilidade de ter as artes marciais como própria

filosofia de vida.

CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: implicações

para a prática pedagógica. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2008 (fragmento).

Um dos problemas da violência que está presente

principalmente nos grandes centros urbanos são as

brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas,

além da formação de gangues, que se apropriam de

gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em

fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da

aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido,

afinal as lutas

(A) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o

objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência.

(B) apresentam a possibilidade de desenvolver o

autocontrole, o respeito ao outro e a formação do

caráter.

(C) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal”

por meio de golpes agressivos sobre o adversário.

(D) sofreram transformações em seus princípios

filosóficos em razão de sua disseminação pelo

mundo.

(E) se disseminaram pela necessidade de luta pela

sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida.

.6. (ENEM-MEC)

O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes

filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros

sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador

romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota,

primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e

suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da

humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que

significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta,

em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de

melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre

envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a

passagem do tempo.

NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento.

Época, 28/4/2008.

O autor discute problemas relacionados ao

envelhecimento, apresentando argumentos que levam a

inferir que seu objetivo é

(A) esclarecer que a velhice é inevitável.

(B) contar fatos sobre a arte de envelhecer.

(C) defender a ideia de que a velhice é desagradável.

(D) influenciar o leitor para que lute contra o

envelhecimento.

(E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem

angústia, o envelhecimento.

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.7. (UNICAMP-SP)

Considere a tira a seguir:

Jornal da Tarde, 8/2/2001.

Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é

explícita. Para compreender a tira, o leitor deve

reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma

hipótese sobre transmissão genética.

a) Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?

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b) Qual é a explicação para as qualidades profissionais

do estrategista?

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c) Explicite o raciocínio da personagem que critica o

estrategista.

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.8. (UNICAMP-SP)

Uma das últimas edições do jornal Visão de Barão

Geraldo trazia em sua seção “Sorria” esta anedota:

“No meio de uma visita de rotina, o presidente

daquela enorme empresa chega ao setor de produção e

pergunta ao encarregado:

— Quantos funcionários trabalham neste setor?

Depois de pensar por alguns segundos, o encarregado

responde:

— Mais ou menos a metade!”

a) Explique o que quis perguntar o presidente da

empresa.

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b) Explique o que respondeu o encarregado.

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c) Um dos sentidos de trabalhar é “estar empregado”.

Supondo que o encarregado entendesse a fala do

presidente da empresa nesse sentido e quisesse dar

uma resposta correta, que resposta teria que dar?

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.9. (FUVEST-SP)

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,

Se juntos já jogamos tudo fora,

Me conta agora como hei de partir...

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,

Rompi com o mundo, queimei meus navios,

Me diz pra onde é que inda posso ir...

[...]

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu...

[...]

Como, se nos amamos como dois pagãos,

Teus seios inda estão nas minhas mãos,

Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás só fazendo de conta,

Te dei meus olhos pra tomares conta,

Agora conta como hei de partir...

(Tom Jobim e Chico Buarque)

O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como

hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir” e “com que

cara eu vou sair” deve-se ao fato de que a relação

amorosa do sujeito:

(A) foi marcada por sucessivos desencontros, em virtude

da intensidade da paixão.

(B) constituiu uma radical experiência de fusão com o

outro, da qual não vê como sair.

(C) provocou a subordinação emocional da pessoa

amada, de quem ele já não pode se livrar.

(D) ameaça jamais desfazer-se, agravando-se assim

uma interdependência destrutiva.

(E) está-se esgotando, sem que os amantes saibam o

que fazer para reacender a paixão.

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Texto para as questões 10 e 11.

— Mandaram ler este livro...

Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode

significar um precipitado mas decisivo adeus à literatura;

se for estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.

As experiências com que o leitor se identifica não são

necessariamente as mais familiares, mas as que

mostram o quanto é vivo um repertório de novas

questões. Uma leitura proveitosa leva à convicção de que

as palavras podem constituir um movimento

profundamente revelador do próximo, do mundo, de nós

mesmos. Tal convicção faz caminhar para uma outra,

mais ampla, que um antigo pensador romano assim

formulou: Nada do que é humano me é alheio.

Cláudio Ferraretti, Inédito.

.10. (FUVEST-SP)

De acordo com o texto, a identificação do leitor com o

que lê ocorre sobretudo quando:

(A) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela

tradição da crítica literária.

(B) ele já conhece, com alguma intimidade, as

experiências representadas numa obra.

(C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria

dos antigos humanistas.

(D) a obra o introduz num campo de questões cuja

vitalidade ele pode reconhecer.

(E) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se

furtam à discussão.

.11. (FUVEST-SP)

O sentido da frase “Nada do que é humano me é alheio”

é equivalente ao desta outra construção:

(A) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me

interessar.

(B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim.

(C) Como sou humano, não me alheio a nada.

(D) Para ser humano, mantenho interesse por tudo.

(E) A nada me sinto alheio que não seja humano.

.12. (UNICAMP-SP)

Marca-passo natural – Uma alternativa menos invasiva

pode substituir o implante do marca-passo eletrônico [...].

Cientistas do Hospital John Hopkins, nos EUA,

conseguiram converter células cardíacas de porquinhos-

-da-índia em células especializadas, que atuam como um

marca-passo, controlando o ritmo dos batimentos

cardíacos. No experimento, o coração dos suínos

recuperou a regularidade dos movimentos. A expectativa

é de que em alguns anos seja possível testar a técnica

em humanos.

lstoÉ, n.º 1720, 18/9/2002.

a) Alguém que nunca tivesse ouvido falar de marca-

-passo poderia dar uma definição desse instrumento

lendo este texto. Qual é essa definição?

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b) A ocorrência da expressão “a técnica”, no final do

texto, indica que ela foi explicada anteriormente. Em

que consiste essa técnica?

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c) Apesar do nome, o porquinho-da-índia é um roedor.

Sendo assim, há uma forma equivocada de referir-se

a ele no texto. Qual é essa forma e como se explica

sua ocorrência?

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.13. (UNICAMP-SP)

No folheto intitulado “Saúde da mulher – orientações”,

distribuído em consultórios médicos, encontramos estas

informações acerca de um produto que, aqui,

chamaremos “P”:

“A liberdade da mulher pode ficar comprometida

quando surge em sua vida o risco de uma gravidez

indesejada. Para estas situações, ela pode contar com P,

um método de Contracepção de Emergência, ou pós-ato

sexual, capaz de evitar a gestação com grande margem

de segurança. O ginecologista poderá orientá-la sobre o

uso correto desse método. [...] P é um método indolor,

bastante prático e quase sem efeitos colaterais. Deve ser

tomado num período de até 72 horas após o ato sexual

desprotegido, sendo mais efetivo nas primeiras 48 horas.

Age inibindo ou retardando a ovulação e torna o útero um

ambiente impróprio para que o óvulo se implante. Dessa

forma, não pode ser considerado um método abortivo, já

que, quando atua, ainda não houve implantação do óvulo

no útero.”

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 120

a) A posição assumida no texto baseia-se em uma

distinção entre (medicamento) contraceptivo e

(medicamento) abortivo. Explique o que vem a ser

aborto para os fabricantes de P.

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b) Com base no trecho transcrito, pode-se dizer que o

folheto toma posição numa polêmica que tem um

aspecto ético-religioso e um aspecto científico. Qual

é a questão ético-religiosa da polêmica? Qual é a

questão científica?

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.14. (UNICAMP-SP)

Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de

ônibus e feiras de Campinas) e as definições de

“simpatia” extraídas do Dicionário Houaiss da Língua

Portuguesa.

CENTRO ESPÍRITA VOVÓ MARIA CONGA

Mãe Maria

Ensina qualquer tipo de simpatia, pois com uma única

consulta, ela desvendará todos os mistérios que lhe

atormenta: casos amorosos, financeiros, prosperidade

em seu trabalho, vícios, doenças, impotência sexual,

problemas de família e perseguições. Desvendará

qualquer que for o problema. Não perca mais tempo,

faça hoje mesmo uma consulta com MÃE MARIA, pelos

BÚZIOS – CARTAS E TAROT.

ORAÇÃO HEI DE VENCER

Traga sempre consigo esta oração.

Bendito seja a luz do dia, Bendito seja quem o guia,

Bendito seja o filho de Deus e de Virgem Maria, assim

como Deus separou a noite do dia, separe minha alma

de má companhia e meu corpo da feitiçaria. Pelo poder

de Deus e da Virgem Maria.

ATENDIMENTO TODOS OS DIAS

DAS 9:00 ÀS 20:00 HS

Fone: (019) 3387-2554

Rua Dr. Lúcio Peixoto, 330 – Chapadão – Campinas-SP

simpatia s.f. 1. afinidade moral, similitude no sentir e no

pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [...] – 3.

impressão agradável, disposição favorável que se

experimenta em relação a alguém que pouco se

conhece. [...] – 6. atração por uma coisa ou uma ideia.

[...] – 9. Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal

(— Qual o seu nome, simpatia?). – 10. “Brasileirismo”:

ação (observação de algum ritual, uso de um

determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente

com finalidade de conseguir algo que se deseja.

a) Dentre as definições do dicionário Houaiss

mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da

palavra “simpatia” no texto?

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b) Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo

que uma delas não coincide com o uso-padrão desse

termo. Qual é? Por quê?

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c) Independentemente do título, algumas

características da segunda parte do texto são de

uma oração ou prece ou reza. Quais são essas

características?

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*Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 121

Literatura brasileira

Quinhentismo (1500-1601)

Marco inicial

Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha.

Panorama histórico

Este primeiro século da história do Brasil, de 1500 a

1601, ainda não pode ser considerado como uma

verdadeira literatura. Os textos são informações que

viajantes e missionários europeus colheram sobre nossa

terra. Quanto ao estilo, não passa de uma manifestação

da literatura portuguesa no Brasil. Quanto ao aspecto

ideológico, nota-se que os escritores tinham uma visão

aportuguesada da nossa realidade, então, registravam

curiosidades da terra recém-descoberta. Os escritos

apresentam uma visão ufanista dos valores da terra, que

serviam de incentivo à imigração e aos investimentos da

Metrópole na Colônia.

Detalhe de Brasil, mapa de Giovanni Battista Ramusio, 1557 (Cid Collection – Instituto Cultural Banco Santos)

Verifica-se que os textos encontrados variam de

acordo com os interesses da Coroa portuguesa: alguns

são meramente informativos, outros são tipicamente

propagandísticos, e existem aqueles que são de caráter

catequético. Todos eles, porém, têm como assunto

básico a terra do Brasil, sua flora e fauna, seus

habitantes e curiosidades locais e culturais.

Nos períodos literários nacionalistas, Romantismo e

Modernismo, os autores costumavam recuperar os textos

quinhentistas e reaproveitar as informações neles

contidas. Os românticos exaltavam ingenuamente e os

modernistas analisavam criticamente a colonização.

“E depois de acabada a missa, [...] muitos deles [os índios]

se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina,

saltando e dançando por um bom tempo.” (Carta de Caminha)

Principais autores e obras

Pero Vaz de Caminha — Carta a El-Rei D. Manuel

Pero Lopes de Sousa — Diário de Navegação

Pero de Magalhães Gândavo — Tratado da Terra do

Brasil; História da Província de Santa Cruz, a que

Vulgarmente Chamamos Brasil

Gabriel Soares de Sousa — Tratado Descritivo do

Brasil

Ambrósio Fernandes Brandão — Diálogos das

Grandezas do Brasil

Padre José de Anchieta — Poesias de José de

Anchieta; Na Festa de São Lourenço; Na Festa de

Natal; Na Visitação de Santa Isabel; Arte de

Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil;

Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e

Sermões

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: aos filmes Como era gostoso o meu

francês; 1492, a conquista do paraíso; Cristóvão

Colombo e Dança com lobos; compare a visão

sobre o índio apresentada nesses filmes com

aquela presente nos filmes que tratam do trabalho

da cavalaria no Oeste americano.

Pesquisar: sobre as relações da literatura do século

XVI com o movimento Pau-Brasil, de Oswald de

Andrade, e com o Tropicalismo (século XX).

Ouvir: a música Tropicália, de Caetano Veloso, que

se encontra no disco Tropicália ou Panis et circensis

(1968), prestando atenção na parte inicial, falada.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

.1. (ENEM-MEC)

Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o

país era povoado de índios. Importaram, depois, da

África, grande número de escravos. O Português, o Índio

e o Negro constituem, durante o período colonial, as três

bases da população brasileira. Mas no que se refere à

cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais

notada.

Durante muito tempo o português e o tupi viveram

lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que

utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em

1694, dizia o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos

portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 122

hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se

criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas

famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os

meninos aprender à escola”.

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa:

Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).

A identidade de uma nação está diretamente ligada à

cultura de seu povo. O texto mostra que, no período

colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro

formaram a base da população e que o patrimônio

linguístico brasileiro é resultado da

(A) contribuição dos índios na escolarização dos

brasileiros.

(B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as

dos indígenas.

(C) importância do Padre Antônio Vieira para a literatura

de língua portuguesa.

(D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as

línguas tupi.

(E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da

língua tupi.

.2. (ENEM-MEC)

ECKHOUT, A. Índio Tapuia (1610-1666). Disponível em:

http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9/7/2009.

A feição deles é serem pardos, maneira

d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem

feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem

estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas

vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência

como têm em mostrar o rosto.

CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.

Acesso em: 12/8/2009.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e

o trecho do texto de Caminha, conclui-se que

(A) ambos se identificam pelas características estéticas

marcantes, como tristeza e melancolia, do

movimento romântico das artes plásticas.

(B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto,

representando-o de maneira realista, ao passo que o

texto é apenas fantasioso.

(C) a pintura e o texto têm uma característica em

comum, que é representar o habitante das terras que

sofreriam processo colonizador.

(D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a

cultura europeia e a cultura indígena.

(E) há forte direcionamento religioso no texto e na

pintura, uma vez que o índio representado é objeto

da catequização jesuítica.

.3. (ENEM-MEC)

No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar

e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam

índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de

trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos

nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao

longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado

desse processo foi a formação de uma língua geral,

desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul,

e o nheengatu, ao norte. Quase todos se comunicavam

na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam

apenas o português.

De acordo com o texto, a língua geral formou-se e

consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia.

Portanto, a formação desse idioma e suas variedades

foram condicionadas

(A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião

dos portugueses.

(B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber

linguístico dos índios.

(C) pela percepção dos indígenas de que as suas

línguas precisavam aperfeiçoar-se.

(D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender

uma nova língua com os portugueses.

(E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que

era anterior à chegada dos portugueses.

________________________________________________ *Anotações*

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.4. (MACKENZIE-SP)

A produção literária do Quinhentismo brasileiro

caracterizou-se pela preocupação com:

(A) a descrição da terra recém-descoberta e a educação

dos nativos e colonos.

(B) a denúncia de desmandos dos governantes

portugueses e a salvação da alma.

(C) a defesa dos indígenas escravizados pelo

colonizador e o elogio da vida bucólica.

(D) a recusa de modelos culturais europeus e a pesquisa

do “caráter nacional”.

(E) o combate a formas poéticas decadentes e a

valorização dos sentimentos.

.5. (INEP-MEC)

A exuberância da natureza brasileira impressionou

artistas e viajantes europeus nos séculos XVI e XVII. Leia

o texto e observe a imagem a seguir:

[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e

filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante

da absoluta novidade, como explicá-la? Como

compreendê-la? Como ter acesso ao seu sentido?

Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas,

dispunham de um único instrumento para aproximar-se

do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo Mundo já existia,

não como realidade geográfica e cultural, mas como

texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui

escreveram não cessam de conferir a exatidão dos

antigos textos e o que aqui se encontra.

CHAUÍ, M. apud FRANZ, T. S. Educação para uma compreensão

crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas

Oficina Editorial, 2003, p. 95.

MUSEUS CASTRO MAIA

DEBRET, J. B. Tribo Guaicuru em busca de novas pastagens, 1834-1839.

Com base no texto e na imagem, é correto afirmar:

I. O olhar do viajante europeu é contaminado pelo

imaginário construído a partir de textos da

Antiguidade e por relatos produzidos no contexto

cultural europeu.

II. Os artistas viajantes produziram imagens

precisas e detalhadas que apresentam com

exatidão a realidade geográfica do Brasil.

III. Nas representações feitas por artistas

estrangeiros coexistem elementos simbólicos e

mitológicos oriundos do imaginário europeu e

elementos advindos da observação da natureza

e das coisas que o artista tinha diante de seus

olhos.

IV. A imagem de Debret registra uma cena cotidiana

e revela a capacidade do artista em documentar

os costumes e a realidade do indígena brasileiro.

Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas

corretas.

(A) I e II. (C) II e IV. (E) II, III e IV.

(B) I e III. (D) I, III e IV.

.6. (INEP-MEC)

[...] Certa ocasião ouvimos, quase à meia-noite, gritos

de mulher [...] acudimos imediatamente e verificamos que

se tratava apenas de uma mulher em hora do parto. O

pai recebeu a criança nos braços, depois de cortar com

os dentes o cordão umbilical e amarrá-lo. Em seguida,

continuando no seu ofício de parteiro, enxugou com o

polegar o nariz do filho, como é de praxe entre os

selvagens do país. Note-se que nossas parteiras, ao

contrário, apertam o nariz aos recém-nascidos para dar

maior beleza, afilando-o.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil, 1578. In: AMADO,

Janaína; GARClAS, Leônidas Franco. Navegar é

preciso – descobrimentos marítimos europeus.

São Paulo: Atual, 1989, p. 46-7.

A descrição do viajante francês no final do século XVI

sobre os habitantes nativos das terras portuguesas na

América nos possibilita identificar no texto:

(A) a absorção das práticas médicas das populações

nativas pelos europeus.

(B) a violência do colonizador em relação às práticas

higienizadoras dos nativos considerados bárbaros.

(C) o choque do europeu em relação às práticas

indígenas, denotando o confronto entre as duas

culturas.

(D) a aceitação do método adotado pelos indígenas, no

parto, considerado superior à prática médica

europeia.

(E) a surpresa das populações nativas diante do espanto

dos europeus em relação às práticas de pajelança.

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.7. (PSC/UFAM-AM)

Caracterizam a literatura dos viajantes as afirmativas

abaixo, exceto:

(A) Os escritos dos viajantes refletem a visão, os

conceitos e os interesses dos europeus em relação

às terras do além-mar.

(B) Observa-se a necessidade de informar a Coroa

portuguesa sobre as potencialidades econômicas da

nova terra.

(C) O conjunto do registro dos viajantes tem, sobretudo,

valor documental e histórico.

(D) As crônicas dos viajantes surgiram como o

desdobramento de um processo de mudanças

estruturais na Europa.

(E) Havia, por parte dos cronistas, uma preocupação

estética, um apuro literário formal.

.8. (INEP-MEC)

José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, trouxe em

sua bagagem, vindo das Canárias, onde nasceu, mais do

que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia

de bravos com a espantosa missão de converter e

educar os índios, que a seus olhos e dos outros, a

princípio, não reconheciam qualquer cultura.

DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática

de catequização de José de Anchieta, considere as

afirmativas a seguir:

I. Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua

criatividade, usando cocares coloridos, pintura

corporal e outros adereços que os indígenas lhe

mostravam.

II. Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e

incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias

crenças convertendo-se à religião daquele povo.

III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta

começou a escrever autos, baseados nos autos

medievais, nas obras de Gil Vicente e em

encenações espanholas.

IV. Para implantar a fé como lhe foi ordenado,

Anchieta representava os autos na língua pátria

de Portugal.

Estão corretas apenas as afirmativas:

(A) I e III.

(B) I e IV.

(C) II e IV.

(D) I, II e III.

(E) II, III e IV.

.9. (INEP-MEC)

Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece

a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é

como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos

outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao

conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.

(Manuel da Nóbrega)

No texto,

(A) o missionário apresenta as razões de sua

condenação às atitudes profanas entre os gentios,

que busca catequizar.

(B) explicita-se a predominância da função fática, pois o

emissor tematiza a busca da melhor palavra para

designar a divindade.

(C) o emissor nega o sentimento de veneração entre os

gentios, mas se apropria de uma manifestação

linguística deles por reconhecer nela traços de

sacralidade.

(D) o autor revela sua estratégia de missionário: tenta

influenciar a prática religiosa dos nativos pelo

descrédito que passa a atribuir à palavra Tupane.

(E) o religioso informa sobre as práticas dos nativos e

defende a urgência de a metrópole adotar medidas

para a alfabetização dos gentios.

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*MÓDULO 3*

Gêneros textuais – Conceito e organização

Um para cada ocasião

Os gêneros textuais são praticamente infinitos.

Escolhemos qual deles usar conforme o momento, a

situação e a intenção da comunicação.

Você sabia que, ao ler o horóscopo do jornal ou

escrever um scrap (recado) para algum amigo no site de

relacionamentos Orkut, você está exercendo sua

capacidade de compreender e aplicar diferentes formas

de expressão textual? Sem perceber, você transita de um

gênero de texto para outro o tempo inteiro. Usamos a

expressão gênero textual como uma noção

propositalmente vaga para nos referir aos textos

materializados que encontramos em nossa vida diária e

que apresentam características sociocomunicativas

definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e

composição característica.

Observe o texto reproduzido abaixo. Sobre ele, você

diria que se trata de um anúncio, parte de uma

campanha publicitária cujo objetivo é estimular os

estabelecimentos de saúde a notificarem casos de

violência contra crianças, mulheres e idosos. Ele é um

exemplo de que, para nos comunicarmos, utilizamos

determinados gêneros textuais, de acordo com a

intenção comunicativa, o momento e a situação em que

ocorre essa comunicação. Temos, assim, uma forma-

-padrão de estruturação do texto. No dia a dia,

reconhecemos e utilizamos cada um desses padrões e

estruturações, sem pensar em sua existência teórica. O

ENEM, e também diversos vestibulares, avalia com

frequência a capacidade do estudante de reconhecer os

gêneros de texto. Dessa forma, vamos listar aqui alguns

gêneros presentes em nosso cotidiano.

O texto

publicitário

costuma se

estruturar em

frases curtas e

em ordem direta.

Também faz uso

de elementos

não verbais para

reforçar sua

mensagem –

como a imagem

utilizada no

anúncio ao lado

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE/SP

Histórias em quadrinhos: utilizam, geralmente, um

tipo de discurso direto que é apresentado dentro de

balõezinhos. Sua principal característica é o uso da

linguagem verbal (palavras) e da não verbal

(ilustração).

Charge: faz uso de linguagem não verbal (caricatura)

e, na maioria das vezes, também da verbal. Costuma

satirizar algum fato em evidência com uma ou mais

personagens envolvidas.

Classificado: gênero de texto vinculado ao universo

jornalístico, em que indivíduos ou empresas

oferecem um produto ou um serviço. É escrito de

forma breve e concisa, apresentando alguns

elementos básicos do produto ou serviço que

possam interessar ao leitor.

Esses são apenas alguns exemplos de gêneros de

texto. Nos estudos da literatura, temos, por exemplo,

crônicas, contos, prosa etc. Os gêneros textuais

englobam esses e todos os textos produzidos por

usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do

conto, vamos também identificar a carta pessoal, a

conversa telefônica, o e-mail. São muitos os gêneros de

texto que circulam por aí. São as situações que definem

qual utilizar. É importante frisar que o conceito de texto

não se limita à linguagem verbal, ou seja, às palavras. O

texto pode ter várias dimensões, como o texto

cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e

música) ou o pictórico (pintura). Uma obra de arte ou

uma ilustração, portanto, são formas de expressão

textual, providas de significado.

Alguns exemplos de gêneros textuais que

encontramos no dia a dia: telefonema, sermão, carta

comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem

jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,

notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de

remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,

instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,

edital de concurso, piada, conversação espontânea,

conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,

aulas virtuais, e assim por diante.

Conteúdo, estrutura e estilo

Como se organizam os gêneros textuais

Não importa qual o gênero, todo texto pode ser

analisado sob três características:

O conteúdo temático: refere-se aos traços que

marcam a função social do gênero nas situações de

uso. É o que define para que ele serve, quem são

seus destinatários preferenciais, seu tipo de

conteúdo básico.

A construção composicional (ou estrutura): é como o

gênero se estrutura, como é seu acabamento. Na

estrutura, indicam-se como são as bases, os

alicerces que sustentam o gênero em questão.

O estilo: são as marcas Iinguísticas próprias do

gênero. Alguns usos sintáticos, escolhas lexicais

mais comuns no uso do gênero dado.

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A seguir está reproduzida uma página da revista Veja com resenhas. Vamos analisar a resenha de acordo com suas

características como gênero textual:

Fonte: Veja, 18/4/2012, p. 164.

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1. Conteúdo temático:

Constrói-se baseada em outra obra.

Sintetiza informações consideradas relevantes

dentro da obra resenhada.

É uma análise dos principais pontos (ideias ou

acontecimentos) da obra resenhada.

Há um posicionamento crítico diante da obra ou de

um tema relacionado, baseado em critérios como:

composição interna (coerência e consistência de

suas ideias), relevância (ou não) dentro do universo

de referências em que se insere etc.

2. Estrutura:

Apresenta dados da obra resenhada em forma de

ficha técnica.

Não há, normalmente, uma tese definida.

Há informações extraídas da obra resenhada (ou de

outras obras semelhantes) e comentários analíticos

sobre ela, baseados em exemplificação,

contextualização histórica, importância do autor ou

da obra em seu universo de referências etc.

3. Estilo:

Uso preferencial da terceira pessoa.

Uso preferencial de orações em ordem direta.

Uso preferencial de períodos e parágrafos curtos.

Abordar criticamente um texto consiste em opinar

sobre ele, apresentando problemas e qualidades que o

autor da resenha julga importante destacar para o leitor.

Portanto, a abordagem crítica não significa,

necessariamente, um levantamento dos problemas

detectados no objeto do texto. Pode constituir-se também

no destaque de certas qualidades. Em resumo: a

resenha é a apresentação de um texto resultante da

apreciação crítica por parte do autor.

Tipos de texto

Atenção: não confunda gêneros textuais com tipos de

texto. Os gêneros textuais são organizados com base

em vários tipos de texto (descrição, narração,

dissertação, exposição, injunção — que serão

detalhados ao longo do curso). Assim, um tipo textual

pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma

forma que um único gênero pode conter mais de um

tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter

passagens narrativas e descritivas. Outro exemplo:

um conto de fadas e uma piada são gêneros textuais

diferentes, mas ambos são textos narrativos.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Textos para as questões de 1 a 3.

Entre a vitória e a crise

Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, assumiu prometendo mudanças e herdou o maior déficit fiscal em seis décadas

No início de janeiro de 2009, poucas semanas antes

de assumir o posto de presidente dos Estados Unidos,

Barack Obama, filho de um queniano negro e de uma

norte-americana branca, falou ao comando editorial do

jornal The Washington Post sobre o significado de os

Estados Unidos terem seu primeiro presidente negro: “Há

uma geração inteira que vai crescer achando normal que

o posto mais elevado do planeta seja ocupado por um

afro-americano”, declarou. “É algo radical. Muda como as

crianças negras olham para elas mesmas e muda

também como as crianças brancas olham para as

crianças negras. E eu não subestimaria a força disso.”

A véspera da posse, 20 de janeiro, foi marcada por

eventos do chamado Dia de Martin Luther King (1929-

-1968), feriado nacional que homenageia o ativista

político que se tornou um ícone da luta pelos direitos civis

de negros e mulheres. “Amanhã [referindo-se ao dia da

posse], vamos nos unir como uma só pessoa no mesmo

local em que o sonho de Dr. King ainda ecoa”, disse

Obama, numa alusão ao discurso “Eu Tenho um Sonho”,

sobre o desejo de coexistência harmoniosa entre brancos

e negros, feito por Luther King em Washington, em 1963.

Sonhos à parte, Obama assumiu a Casa Branca como

o presidente em um momento em que o país registra a

maior dívida em sua história recente. Herdou um rombo

orçamentário estimado em 1,2 trilhão de dólares para

2009, o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A

carranca da crise surge, inevitavelmente, por trás do

clima festivo.

Os sinais de desequilíbrio não param de aparecer.

Pouco antes da posse, a crise projetou-se sobre o

Citigroup e o Bank of America, o maior banco americano,

que pediu ao governo um socorro financeiro de 20

bilhões de dólares. “As dificuldades de Obama são muito

mais profundas e mais globais”, escreveu o colunista

Martin Wolf, em artigo no jornal inglês Financial Times

que teve repercussão entre economistas.

Como primeiro negro a presidir os Estados Unidos, a

posse de Obama é o coroamento de uma jornada

histórica. A dúvida é saber se seu governo marcará uma

nova era, aprumando os EUA para manterem seu status

de potência dominante do século 21, ou se será o

começo do fim de uma supremacia que moldou o planeta

tal como conhecemos hoje.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 128

Carta de leitor

Obama terá grandes desafios pela frente, ainda mais

com a herança que Bush deixou. Chama a atenção

dos americanos ao ser sincero quanto às dificuldades

que seu governo enfrentará. Agora, só nos resta

esperar os impactos da nova hegemonia ou da queda

americana.

Lígia Paiva, Araguari, MG.

Veja, 28/1/2009.

O Estado de S. Paulo, 31/1/2009.

.1. (AED-SP)

Embora tratem do mesmo tema, a reportagem, a carta de

leitor e a charge acima representam diferentes gêneros

de texto. Com base na leitura dos textos, indique, para

cada gênero representado, uma característica que

permita diferenciá-lo dos demais.

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.2. (AED-SP)

Em uma sociedade letrada como a nossa, são

construídos textos diversos que variam de acordo com as

necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para

utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que

conheçamos seus elementos. Tendo em mente a carta

de leitor apresentada, pode-se afirmar que ela é um

gênero textual que

(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizados

pela tipologia da ordem da injunção (comando) e

estilo de linguagem com alto grau de formalidade.

(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de

descrever os assuntos e temas que circularam nos

jornais e revistas do país semanalmente.

(C) se organiza por uma estrutura bastante flexível, em

que o locutor encaminha a ampliação dos temas

tratados para o veículo de comunicação.

(D) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em

forma de paragrafação, representando, em conjunto,

as ideias e opiniões de locutores que interagem

diretamente com o veículo de comunicação.

(E) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da

variedade não padrão da língua e tema construído

por fatos políticos.

.3. (AED-SP)

Observando a charge, é possível afirmar que seu autor

(A) demonstrou conhecimento insuficiente de fatos ou

personagens relevantes na história recente dos

Estados Unidos.

(B) expressou graficamente sua visão sobre o novo

contexto político e econômico norte-americano por

meio do humor e da sátira.

(C) optou por um gênero textual caracterizado pelo

caráter burlesco e pela total carência de conteúdo

crítico.

(D) priorizou a qualidade da ilustração e o aspecto

estético, deixando a criticidade e a abordagem de

temas em evidência em segundo plano.

(E) usou um dos personagens retratados para revelar

sua crença na solidez da atual conjuntura econômica

norte-americana.

Textos para as questões de 4 a 6.

Instruções dos medicamentos devem facilitar a leitura e a compreensão

Em setembro de 2009, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os

laboratórios passassem a fornecer bulas de remédio com

letras maiores do que o tamanho atual nas caixas dos

medicamentos. O objetivo da resolução foi facilitar a

leitura pelos pacientes e obrigar as empresas a dar

informações mais claras sobre quantidade,

características, composição e apresentação dos

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medicamentos. Segundo as novas orientações, a bula do

paciente deve ser organizada em formato de perguntas e

respostas às principais dúvidas sobre o remédio, como

as indicações e contraindicações. A seguir, um modelo

do novo tipo de bula:

Medicamento Anvisa® .

Paracetamol .

APRESENTAÇÕES

Comprimidos revestidos de:

- 500 mg em embalagem com 20 ou 200 comprimidos

- 750 mg em embalagens de 20 ou 200 comprimidos

USO ORAL

USO ADULTO ACIMA DE 12 ANOS

COMPOSIÇÃO

Medicamento Anvisa® 500 mg

Cada comprimido revestido contém 500 mg de

paracetamol

Excipientes: ácido esteárico, amido pré-gelatinizado,

hipromelose, macrogol e providona

1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?

Medicamento Anvisa® é indicado para o tratamento de

febre e de dores leves a moderadas, de adultos, tais

como dores associadas a gripes e resfriados comuns,

dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores

associadas a artrites e cólicas menstruais.

2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?

Medicamento Anvisa® reduz a febre atuando no centro

regulador da temperatura do Sistema Nervoso Central

(SNC) e diminui a sensibilidade para a dor. Seu efeito

tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e

permanece por um período de 4 a 6 horas.

Disponível em: http://www.portal.anvisa.gov.br. Acesso em: 30/6/2010.

.4. (AED-SP)

No exemplo apresentado, o texto caracterizado como

gênero bula de remédio é construído com base em

(A) fatos e dados narrativos sobre medicamentos.

(B) teses defendidas pelo produtor da bula acerca do

uso de medicamentos.

(C) procedimentos relativos ao uso de medicamentos.

(D) crítica sobre o uso de medicamentos.

(E) relatos de especialistas sobre as reações acerca do

uso de medicamentos.

.5. (AED-SP)

Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que não

apresenta características do gênero de texto em questão.

(A) Prescrições ao usuário.

(B) Descrição das características do produto.

(C) Informações sobre a composição do produto.

(D) Indicações e contraindicações do produto.

(E) Narrações e depoimentos sobre o uso do produto.

.6. (AED-SP)

Com base nas novas orientações da Anvisa para a

formulação das bulas de remédio, pode-se dizer que

(A) somente as pessoas que possuem vasto

conhecimento de termos técnicos conseguirão

compreender as informações presentes nesse

gênero de texto.

(B) as dificuldades para ler a bula do remédio receitado

pelo médico podem diminuir sensivelmente.

(C) a bula de remédio sempre foi um gênero de texto

conhecido por ser de fácil leitura e compreensão

para todos os leitores, tanto no âmbito linguístico,

quanto no material e no de conteúdo.

(D) as informações, que antes eram expostas de forma

clara neste gênero de texto, serão fornecidas de

forma mais confusa e menos compreensível.

(E) todas as alternativas anteriores estão corretas.

.7. (ENEM-MEC)

Diferentemente do texto escrito, que em geral

compele os leitores a lerem numa onda linear — da

esquerda para a direita e de cima para baixo, na página

impressa —, hipertextos encorajam os leitores a

moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e

não sequencialmente. Considerando que o hipertexto

oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir,

podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas

decisões como novos caminhos, inserindo informações

novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais

ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de

texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos

farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas

decisões.

MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas

interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o

conhecimento por ele produzido, o texto apresentado

deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de

autoria, porque

(A) é o leitor que constrói a versão final do texto.

(B) o autor detém o controle absoluto do que escreve.

(C) aclara os limites entre o leitor e o autor.

(D) propicia um evento textual-interativo em que apenas

o autor é ativo.

(E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe

para o leitor.

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*Anotações*

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.8. (ENEM-MEC)

La Vie en Rose

ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. Folha de S. Paulo, 11/8/2007.

Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em

Quadrinhos constituem um gênero textual

(A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a

interpretação da mensagem contida no texto, como

pode ser constatado no primeiro quadrinho.

(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara,

que facilita a compreensão, como se percebe na fala

do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR

CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.

(C) em que o uso de letras com espessuras diversas

está ligado a sentimentos expressos pelos

personagens, como pode ser percebido no último

quadrinho.

(D) que possui em seu texto escrito características

próximas a uma conversação face a face, como pode

ser percebido no segundo quadrinho.

(E) em que a localização casual dos balões nos

quadrinhos expressa com clareza a sucessão

cronológica da história, como pode ser percebido no

segundo quadrinho.

.9. (ENEM-MEC)

Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta

semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a

dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de

La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue

como um homem fadado à destruição. Dirigida como um

senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa

obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que

falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então

transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos

seres humanos apenas isso mesmo, humanos e

tremendamente imperfeitos.

Veja, 18/2/2009 (adaptado).

Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto

objetivou

(A) construir uma apreciação irônica do filme.

(B) evidenciar argumentos contrários ao filme de

Scorcese.

(C) elaborar uma narrativa com descrição de tipos

literários.

(D) apresentar ao leitor um painel da obra e se

posicionar criticamente.

(E) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial

e, por isso, perde sua qualidade.

.10. (ENEM-MEC)

Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 10/5/2009.

Observe a charge, que satiriza o comportamento dos

participantes de uma entrevista coletiva por causa do que

fazem, do que falam e do ambiente em que se

encontram.

Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que

ela

(A) defende, em teoria, o desmatamento.

(B) valoriza a transparência pública.

(C) destaca a atuação dos ambientalistas.

(D) ironiza o comportamento da imprensa.

(E) critica a ineficácia das políticas.

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.11. (ENEM-MEC)

Disponível em: http://www.heliorubiales.zip.net. Acesso em: 7/5/2009.

A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso

dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo

(A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais

importante para o país do que a ordem e o

progresso.

(B) criticar a estética da bandeira nacional, que não

reflete com exatidão a essência do país que

representa.

(C) informar à população sobre a alteração que a

bandeira oficial do país sofrerá.

(D) alertar a população para o desmatamento da Mata

Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas

acabem.

(E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas

em defesa da Amazônia.

.12. (ENEM-MEC)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço

esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o

passo até parar, encostando-se à parede de uma casa.

Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida

da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se

não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios,

não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,

sugeriu que devia sofrer de ataque.

TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

No texto, um acontecimento é narrado em linguagem

literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão

jornalística, com características de notícia, seria

identificado em:

(A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar

no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede

e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos

ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e

tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem

conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!

(B) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos,

não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição,

quase esquina com a Padre Vieira, no centro da

cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda

tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas

não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-

-lo não conseguiu dar qualquer informação.

(C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu

vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de

guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou

a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no

chão da calçada. Algumas pessoas que passavam

pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.

(D) Vítima

Idade: entre 40 e 45 anos

Sexo: masculino

Cor: branca

Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da

Abolição, quase esquina com Padre Vieira.

Ambulância chamada às 12*h*34*min por homem

desconhecido. A caminho.

(E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na

calçada da rua da Abolição, quase esquina com a

Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo

de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém

aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância

rápido. Por favor, venham logo!

.13. (ENEM-MEC)

S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito

diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto

da língua com base em duas perspectivas. Na primeira

delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o

ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de

que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino

restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais,

sem a preocupação com situações de uso. Outra

abordagem permite encarar as diferenças como um

produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e

a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta

disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano

XXV, n.° 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua

portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a

professores. Entre as características próprias desse tipo

de texto, identificam-se as marcas linguísticas próprias

do uso

(A) regional, pela presença de léxico de determinada

região do Brasil.

(B) literário, pela conformidade com as normas da

gramática.

(C) técnico, por meio de expressões próprias de textos

científicos.

(D) coloquial, por meio do registro de informalidade.

(E) oral, por meio do uso de expressões típicas da

oralidade.

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.14. (ENEM-MEC)

No capricho

O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo

delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma

senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o

cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta

desse quadro?”

E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá

ao cabôco da roça: “Mais pelo amor de Deus, hein, dotô!

Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do

deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no

escuro.”

Ao que o delegado não teve como deixar de

confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o

cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais

dotô, inté que é uma feiura caprichada.”

BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo:

Andreato Comunicação e Cultura, n.º 62, 2004 (adaptado).

Por suas características formais, por sua função e uso, o

texto pertence ao gênero

(A) anedota, pelo enredo e humor característicos.

(B) crônica, pela abordagem literária de fatos do

cotidiano.

(C) depoimento, pela apresentação de experiências

pessoais.

(D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.

(E) reportagem, pelo registro impessoal de situações

reais.

.15. (ENEM-MEC)

Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27/7/2010 (adaptado).

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o

seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que

o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se

no emprego de recursos expressivos, verbais e não

verbais, com vistas a

(A) ridicularizar a forma física do possível cliente do

produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de

mudanças estéticas.

(B) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea

de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando

tal postura.

(C) criticar o consumo excessivo de produtos

industrializados por parte da população, propondo a

redução desse consumo.

(D) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora

de forma, sugerindo a substituição desse produto

pelo adoçante.

(E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo

humano que não desenvolve atividades físicas,

incentivando a prática esportiva.

.16. (ENEM-MEC)

Prima Julieta

Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a

feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda

garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela

uns trinta ou trinta e dois anos de idade.

Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma

deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta

caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás,

remando os belos braços brancos. A cabeleira loura

incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de

um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida,

em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade.

MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.

Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o

modo como se organiza a própria composição textual,

tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar,

descrever, argumentar, explicar, instruir. No trecho,

reconhece-se uma sequência textual

(A) explicativa, em que se expõem informações objetivas

referentes à prima Julieta.

(B) instrucional, em que se ensina o comportamento

feminino, inspirado em prima Julieta.

(C) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer

do tempo, envolvem prima Julieta.

(D) descritiva, em que se constrói a imagem de prima

Julieta a partir do que os sentidos do enunciador

captam.

(E) argumentativa, em que se defende a opinião do

enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a

adesão do leitor a essas ideias.

________________________________________________ *Anotações*

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Literatura brasileira

Barroco (1601-1768)

Marco inicial

Publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Panorama histórico

O Barroco brasileiro coincide, historicamente, com a

época da colonização e absorve as influências do ideal

do colono português. Em termos sociais, temos como

centros dessa cultura a Bahia e Pernambuco.

Não podemos falar de período barroco sem falar de

uma cultura gerada por essa fase, resultado de uma

tentativa angustiada de conciliar ideias opostas: o

teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico. O

Barroco, de certo modo, já vinha se manifestando no final

do Renascimento, época em que se iniciam os conflitos.

Além do padre Antônio Vieira, prosador português,

devemos citar a poesia do baiano Gregório de Matos.

MUSEUS ESTATAIS DE BERLIM

Amor Victorius, Michelangelo Caravaggio, 1602-03. Óleo sobre tela, 156 x 113 cm

Características barrocas

Dualismo: trata-se de uma atitude que designa o

culto do contraste tão tipicamente barroco. Assim, o

homem sempre estava entre dois aspectos: o

racionalismo mundano e o espiritual teocêntrico.

Essas posturas antagônicas em geral se relacionam

metaforicamente nos textos: o claro e o escuro; o

belo e o feio; o prazer e o sofrimento; o quente e o

frio.

Fusionismo: na arte barroca, o artista não se limita a

expor os contrários, porém quer fundi-los, conciliá-

-los, integrá-los, através de uma linguagem

profundamente metafórica.

Feísmo: trata-se de uma preferência pelos aspectos

cruéis, dolorosos e sangrentos, pelo “belo horrendo”,

pelo espetáculo trágico, deformando as imagens pelo

exagero, a resvalar pelo grotesco.

Pessimismo: vivendo na órbita do medo e da dúvida,

o Barroco manifesta-se por uma visão desencantada

do mundo. A morte é uma constante preocupação,

ao lado da consciência da fugacidade do tempo e da

incerteza e inconstância da vida.

Atitude lúdica: o termo “lúdica” deriva de “ludo”, que

significa “jogo”. Portanto, podemos notar que a arte

barroca nos proporciona um eterno jogo de

contrastes, enredando-nos em verdadeiros labirintos

sintáticos e semânticos que, muitas vezes, levam-

-nos a um niilismo temático.

Cultismo: também conhecido como “gongorismo” ou

“culteranismo”, designa um processo construtivo que

excede nas utilizações das figuras de linguagem,

causando um rebuscamento formal, uma excessiva

ornamentação estilística ou um preciosismo.

Normalmente, os textos cultistas são extravagantes,

herméticos e, não raro, de gosto duvidoso.

Conceptismo: trata-se de um processo construtivo

também conhecido como “quevedismo”, por causa

do escritor espanhol Quevedo, e que resulta,

finalmente, numa elaboração racional, numa retórica

aprimorada, através de um jogo de conceitos.

Quando analisamos um raciocínio, devemos

perceber se ele foi estruturado em bases

verdadeiras, um silogismo, ou se em bases falsas ou

metafóricas, um sofisma.

Principais autores e obras

Gregório de Matos (1633-1696) — I. Poesia Sacra; II.

Poesia Lírica; III. Poesia Graciosa; IV e V. Poesia

Satírica; VI. Poesia Última

(Nada publicou em vida; a compilação de sua poesia,

a partir de cópias manuscritas, realizou-se entre

1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras.)

Padre Antônio Vieira (1608-1697) — 500 Cartas; 200

Sermões; História do Futuro; Esperanças de

Portugal, Quinto Império do Mundo; Clavis

Prophetarum (A Chave das Profecias)

Bento Teixeira (1560-1618) — Prosopopeia

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 134

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: ao filme Caravaggio, que trata da vida e da

obra de um dos mais importantes pintores do Pré-

-Barroco.

Pesquisar: sobre a obra de grandes artistas

plásticos barrocos e pré-barrocos, como

Caravaggio, Tintoretto, Giuseppe Arcimboldo,

Georges de la Tour e Antoon Van Dyck; e também

sobre o genial Antônio Francisco Lisboa, o

Aleijadinho, arquiteto, pintor e escultor brasileiro,

que deixou significativas obras no Barroco mineiro.

Ouvir: a música de Vivaldi, a maior celebridade da

música barroca.

Ler: a obra Boca do Inferno, de Ana Miranda

(Editora Companhia das Letras), que trata da vida

do poeta baiano barroco Gregório de Matos e inclui

também o padre Antônio Vieira.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

.1. (FGV-RJ)

Observe as afirmativas referentes ao Barroco:

I. A poesia caracteriza-se pelo culto do contraste e

consciência da efemeridade da vida.

II. Percebe-se uma postura antitética entre o

pensamento teocêntrico e o antropocêntrico.

III. Tem em Gregório de Matos seu maior

representante na literatura brasileira.

Assinale a alternativa correta.

(A) Apenas I e II são verdadeiras.

(B) Apenas I e III são verdadeiras.

(C) Apenas II e III são verdadeiras.

(D) Todas são verdadeiras.

(E) Nenhuma é verdadeira.

.2. (INEP-MEC)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas, a alegria.

Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a

principal característica do Barroco é:

(A) culto da natureza.

(B) a utilização de rimas alternadas.

(C) a forte presença de antíteses.

(D) culto do amor cortês.

(E) uso de aliterações.

.3. (UFPE/UFRPE)

O estilo barroco — que nos séculos XVII e XVIII se

destacou com a arte de Diogo Velázquez, Rubens,

Caravaggio, entre outros — pode ser considerado como:

(A) expressão do respeito aos princípios da arte clássica

greco-romana.

(B) imitação dos pintores renascentistas florentinos.

(C) reflexo das concepções estéticas do Antigo Oriente.

(D) consagração do racionalismo e cartesianismo na

arte.

(E) resultado de uma arte que desafiava os padrões

clássicos.

.4. (INEP-MEC)

MARISTELA DO VALLE / FOLHA IMAGEM

ALEIJADINHO. Cristo do carregamento da Cruz. Enciclopédia Barsa, 1998.

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Obras poéticas de Gregório de Matos.

Rio de Janeiro: Record: 1990.

Durante o período colonial brasileiro, as principais

manifestações artísticas, populares ou eruditas foram,

assim como nos demais aspectos da vida cotidiana,

marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido,

com base na análise da presença da religiosidade na

obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é correto

afirmar:

(A) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se

inspiram mais na temática cristã do que em

elementos oriundos da mitologia greco-romana.

(B) A presença da temática religiosa em ambos deve-se

à influência protestante holandesa na região da

Bahia e de Minas Gerais.

(C) No trecho do poema, tem-se a expressão de um

pecador que, embora creia em Deus, não tem

certeza de que obterá o perdão divino.

(D) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos

deriva da censura promovida pela Santa Inquisição

às obras artísticas no Brasil.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 135

.5. (UFPA)

Assinale a alternativa correta a respeito de Gregório de

Matos ou do Barroco.

(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais

importante do Barroco brasileiro por ter introduzido a

estética no país e ter escrito poemas épicos, de

herança camoniana, em louvor à pátria, traço do

nativismo literário da época.

(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de

Matos como superior à satírica, porque, nela, o autor

não trabalha com o jogo de palavras que instaura o

erótico e às vezes até o licencioso.

(C) Tematicamente, a poesia de Gregório de Matos

trabalha a religião, o amor, os costumes e a reflexão

moral, às vezes por meio de um jogo entre erotismo

idealizado X sensualismo desenfreado; temor divino

X desrespeito pelos encarregados dos cultos.

(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e

expressivos do Barroco que dão simplicidade aos

textos, principal objetivo da estética que repudiava os

torneios na linguagem.

(E) O Barroco se destaca como movimento literário

único, uma vez que somente em sua estética

encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som,

bem como o uso de metáforas, hipérboles,

perífrases, antíteses e paradoxos.

.6. (INEP-MEC)

Leia atentamente o fragmento do sermão do padre

Antônio Vieira:

A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é

que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este,

mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos

comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os

pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os

pequenos comeram os grandes, bastara um grande para

muitos pequenos; mas como os grandes comem os

pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um

só grande [...]. Os homens, com suas más e perversas

cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns

aos outros. Tão alheia causa é não só da razão, mas da

mesma natureza, que, sendo criados no mesmo

elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos

finalmente irmãos, vivais de vos comer.

VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira:

sermões. Vol. III. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo

Alves. Porto: Lello & Irmão, 1993, p. 264-5.

O texto de Vieira contém algumas características do

Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela

em que não se confirmam essas tendências estéticas.

(A) A utilização da alegoria, da comparação, como

recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.

(B) A tentativa de convencer o homem do século XVII,

imbuído de práticas e sentimentos comuns ao

semipaganismo renascentista, a retomar o caminho

do espiritualismo medieval, privilegiando os valores

cristãos.

(C) A presença do discurso dramático, recorrendo ao

princípio horaciano de “ensinar deleitando” —

tendência didática e moralizante, comum à

Contrarreforma.

(D) O tratamento do tema principal — a denúncia à

cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo

de ideias.

(E) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem X

mal, em linguagem simples, concisa, direta e

expressiva da intenção barroca de resgatar os

valores greco-Iatinos.

.7. (INEP-MEC)

O pregar há de ser como quem semeia, e não como

quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as

estrelas. [...] Todas as estrelas estão por sua ordem; mas

é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.

Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os

pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se

de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar

negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar

noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer

sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de

dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão

duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em

fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o

estilo da disposição, e também o das palavras.

VIEIRA, A. Sermão da Sexagésima.

No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão,

que era comum na arte de pregar dos padres

dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o

objetivo de

(A) defender a ordenação das ideias em um sermão.

(B) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido.

(C) comparar o sermão de certos pregadores a uma

verdadeira prisão.

(D) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.

(E) criticar a preocupação com a simetria do sermão.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 4*

A interpretação de textos

As competências avaliadas pelo ENEM

Saber ler e interpretar um texto adequadamente é

condição essencial para qualquer pessoa obter sucesso

na vida pessoal e profissional. Nos exames oficiais, como

o ENEM e o vestibular, a interpretação de textos vem

ocupando boa parte da prova e cumprindo, por isso, um

papel decisivo no ingresso à universidade.

FOLHA IMAGEM

Neste Módulo, você vai conhecer as competências

(eixos cognitivos) que são avaliadas nas provas do

ENEM e observar como elas são utilizadas nas questões

de interpretação de textos.

O que é o ENEM?

O ENEM é um exame oferecido anualmente a

estudantes que estão cursando ou já concluíram o

Ensino Médio. Criado em 1998, contou, em sua primeira

versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje,

cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame

anualmente.

Aos poucos, o ENEM ganhou projeção e

reconhecimento nacional, principalmente porque a

pontuação obtida pelos participantes passou a servir para

o ingresso em várias universidades federais, estaduais e

particulares ou passou a compor a nota final de alguns

exames vestibulares. Além disso, a concessão de bolsas

de estudo em universidades públicas ou em faculdades

particulares está vinculada a resultados do ENEM.

A avaliação no ENEM

As provas do ENEM não têm em vista avaliar se o

aluno é capaz ou não de memorizar informações. Seu

principal objetivo é avaliar se o aluno tem estruturas

mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar

interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas,

aplicar conhecimentos em situações concretas. E

também se tem, na vida social, uma postura ética,

cidadã.

Para aferir essas capacidades, o ENEM avalia cinco

competências que, segundo os idealizadores do exame,

são importantes não apenas para a resolução de

questões, mas para toda a vida. Mas o que são

competências? Eis a explicação de Philippe Perrenoud,

especialista em educação:

[Competência é a] capacidade de agir eficazmente em um

determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos,

mas sem limitar-se a eles.

Construir as competências desde a escola.

Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 7.

As cinco competências avaliadas pelo ENEM são

estas:

.1.

DOMINAR LINGUAGENS (DL)

Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer

uso das linguagens matemática, artística e científica

e das línguas espanhola e inglesa.

.2.

COMPREENDER FENÔMENOS (CF)

Construir e aplicar conceitos das várias áreas do

conhecimento, para a compreensão de fenômenos

naturais, de processos histórico-geográficos, da

produção tecnológica e das manifestações

artísticas.

.3.

ENFRENTAR SITUAÇÕES-PROBLEMA (SP)

Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados

e informações, representados de diferentes formas,

para tomar decisões e enfrentar situações-

-problema.

.4.

CONSTRUIR ARGUMENTAÇÃO (CA)

Relacionar informações, representadas de

diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em

situações concretas, para construir argumentação

consistente.

.5.

ELABORAR PROPOSTAS (EP)

Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na

escola, para elaboração de propostas de

intervenção solidária na realidade, respeitando os

valores humanos e considerando a diversidade

sociocultural.

< www.enem.inep.gov.br >.

Em maio de 2009, o MEC publicou o documento

Matriz de Referência para o Enem 2009, reiterando as

cinco competências gerais, mas chamando-as de eixos

cognitivos. Divulgou também uma relação com as

competências específicas de cada área a serem

avaliadas no ENEM. Conheça o documento na íntegra

acessando o site www.enem.inep.gov.br.

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*********** ATIVIDADES ***********

As questões a seguir foram extraídas de provas do

ENEM. Depois de resolvê-las, indique as competências

(eixos cognitivos) que estão sendo avaliadas em cada

uma delas.

.1. (ENEM-MEC)

As linhas nas duas figuras geram um efeito que se

associa ao seguinte ditado popular:

(A) Os últimos serão os primeiros.

(B) Os opostos se atraem.

(C) Quem espera sempre alcança.

(D) As aparências enganam.

(E) Quanto maior a altura, maior o tombo.

Competências avaliadas: ____________________________

.2. (ENEM-MEC)

O gráfico abaixo foi extraído de matéria publicada no

caderno Economia & Negócios do jornal O Estado de S.

Paulo, em 11/6/2006.

É um título adequado para a matéria jornalística em que

esse gráfico foi apresentado:

(A) Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que

a dos EUA

(B) Inflação do Terceiro Mundo supera pela sétima vez a

do Primeiro Mundo

(C) Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006

(D) Queda no índice de preços ao consumidor no

período 2001-2005

(E) EUA: ataques terroristas causam hiperinflação

Competências avaliadas: ____________________________

.3. (ENEM-MEC)

Os efeitos dos anti-inflamatórios estão associados à

presença de inibidores da enzima chamada

ciclooxigenase 2 (COX-2). Essa enzima degrada

substâncias liberadas de tecidos lesados e as transforma

em prostaglandinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo

aparecimento de dor e inchaço.

Os anti-inflamatórios produzem efeitos colaterais

decorrentes da inibição de uma outra enzima, a COX-1,

responsável pela formação de prostaglandinas,

protetoras da mucosa gastrintestinal.

O esquema abaixo mostra alguns anti-inflamatórios

(nome genérico). As setas indicam a maior ou a menor

afinidade dessas substâncias pelas duas enzimas.

Com base nessas informações, é correto concluir que

(A) o piroxicam é o anti-inflamatório que mais pode

interferir na formação de prostaglandinas protetoras

da mucosa gastrintestinal.

(B) o rofecoxibe é o anti-inflamatório que tem a maior

afinidade pela enzima COX-1.

(C) a aspirina tem o mesmo grau de afinidade pelas

duas enzimas.

(D) o diclofenaco, pela posição que ocupa no esquema,

tem sua atividade anti-inflamatória neutralizada pelas

duas enzimas.

(E) o nimesulide apresenta o mesmo grau de afinidade

pelas enzimas COX-1 e COX-2.

Competências avaliadas: ____________________________

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.4. (ENEM-MEC)

Tendências nas migrações internacionais

O relatório anual (2002) da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

revela transformações na origem dos fluxos migratórios.

Observa-se aumento das migrações de chineses,

filipinos, russos e ucranianos com destino aos países-

-membros da OCDE. Também foi registrado aumento de

fluxos migratórios provenientes da América Latina.

Trends in international migration – 2002. Disponível em:

www.ocde.org. Acesso em: 9/2/2006 (com adaptações).

No mapa seguinte, estão destacados, com a cor

preta, os países que mais receberam esses fluxos

migratórios em 2002.

As migrações citadas estão relacionadas, principalmente,

à

(A) ameaça de terrorismo em países pertencentes à

OCDE.

(B) política dos países mais ricos de incentivo à

imigração.

(C) perseguição religiosa em países muçulmanos.

(D) repressão política em países do Leste Europeu.

(E) busca de oportunidades de emprego.

Competências avaliadas: ____________________________

________________________________________________ *Anotações*

.5. (ENEM-MEC)

Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas

representações gráficas são mutáveis.

Essas significativas mudanças nas fronteiras de países

da Europa Oriental nas duas últimas décadas do século

XX, direta ou indiretamente, resultaram

(A) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus

países aliados, na ordem internacional.

(B) da crise do capitalismo na Europa, representada

principalmente pela queda do muro de Berlim.

(C) da luta de antigas e tradicionais comunidades

nacionais e religiosas oprimidas por Estados criados

antes da Segunda Guerra Mundial.

(D) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal

no mundo ocidental.

(E) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos

ampliarem seus territórios.

Competências avaliadas: ____________________________

________________________________________________ *Anotações*

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.6. (ENEM-MEC)

Com base em projeções realizadas por especialistas,

prevê-se, para o fim do século XXI, aumento de

temperatura média, no planeta, entre 1,4 ºC e 5,8 ºC.

Como consequência desse aquecimento, possivelmente

o clima será mais quente e mais úmido bem como

ocorrerão mais enchentes em algumas áreas e secas

crônicas em outras. O aquecimento também provocará o

desaparecimento de algumas geleiras, o que acarretará o

aumento do nível dos oceanos e a inundação de certas

áreas litorâneas.

As mudanças climáticas previstas para o fim do século

XXI

(A) provocarão a redução das taxas de evaporação e de

condensação do ciclo da água.

(B) poderão interferir nos processos do ciclo da água

que envolvem mudanças de estado físico.

(C) promoverão o aumento da disponibilidade de

alimento das espécies marinhas.

(D) induzirão o aumento dos mananciais, o que

solucionará os problemas de falta de água no

planeta.

(E) causarão o aumento do volume de todos os cursos

de água, o que minimizará os efeitos da poluição

aquática.

Competências avaliadas: ____________________________

.7. (ENEM-MEC)

GONSALES, Fernando. Vá Pentear Macacos! São Paulo: Devir, 2004.

São características do tipo de reprodução representado

na tirinha:

(A) simplicidade, permuta de material gênico e

variabilidade genética.

(B) rapidez, simplicidade e semelhança genética.

(C) variabilidade genética, mutação e evolução lenta.

(D) gametogênese, troca de material gênico e

complexidade.

(E) clonagem, gemulação e partenogênese.

Competências avaliadas: ____________________________

Texto para as questões 8 e 9.

O Aedes aegypti é vetor transmissor da dengue. Uma

pesquisa feita em São Luís-MA, de 2000 a 2002, mapeou

os tipos de reservatório onde esse mosquito era

encontrado. A tabela abaixo mostra parte dos dados

coletados nessa pesquisa.

tipos de reservatórios

população de A. aegypti

2000 2001 2002

pneu 895 1.658 974

tambor/tanque/depósito de barro 6.855 46.444 32.787

vaso de planta 456 3.191 1.399

material de construção/peça de

carro

271

436

276

garrafa/lata/plástico 675 2.100 1.059

poço/cisterna 44 428 275

caixa-d’água 248 1.689 1.014

recipiente natural, armadilha,

piscina e outros

615

2.658

1.178

total 10.059 58.604 38.962

Caderno Saúde Pública, vol. 20, n.º 5, Rio de Janeiro, out./2004 (com adaptações).

.8. (ENEM-MEC)

De acordo com essa pesquisa, o alvo inicial para a

redução mais rápida dos focos do mosquito vetor da

dengue nesse município deveria ser constituído por

(A) pneus e caixas-d’água.

(B) tambores, tanques e depósitos de barro.

(C) vasos de plantas, poços e cisternas.

(D) materiais de construção e peças de carro.

(E) garrafas, latas e plásticos.

Competências avaliadas: ____________________________

.9. (ENEM-MEC)

Se mantido o percentual de redução da população total

de A. aegypti observada de 2001 para 2002, teria sido

encontrado, em 2003, um número total de mosquitos

(A) menor que 5.000.

(B) maior que 5.000 e menor que 10.000.

(C) maior que 10.000 e menor que 15.000.

(D) maior que 15.000 e menor que 20.000.

(E) maior que 20.000.

Competências avaliadas: ____________________________

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.10. (ENEM-MEC)

Representar objetos tridimensionais em uma folha de

papel nem sempre é tarefa fácil. O artista holandês

Escher (1898-1972) explorou essa dificuldade criando

várias figuras planas impossíveis de serem construídas

como objetos tridimensionais, a exemplo da litografia

Belvedere, reproduzida abaixo.

Considere que um marceneiro tenha encontrado algumas

figuras supostamente desenhadas por Escher e deseje

construir uma delas com ripas rígidas de madeira que

tenham o mesmo tamanho. Qual dos desenhos a seguir

ele poderia reproduzir em um modelo tridimensional real?

(A)

(D)

(B)

(E)

(C)

Competências avaliadas: ____________________________

.11. (ENEM-MEC)

A diversidade de formas geométricas espaciais

criadas pelo homem, ao mesmo tempo em que traz

benefícios, causa dificuldades em algumas situações.

Suponha, por exemplo, que um cozinheiro precise utilizar

exatamente 100 mL de azeite de uma lata que contenha

1.200 mL e queira guardar o restante do azeite em duas

garrafas, com capacidade para 500 mL e 800 mL cada,

deixando cheia a garrafa maior. Considere que ele não

disponha de instrumento de medida e decida resolver o

problema utilizando apenas a lata e as duas garrafas. As

etapas do procedimento utilizado por ele estão ilustradas

nas figuras a seguir, tendo sido omitida a 5.ª etapa.

Qual das situações ilustradas a seguir corresponde à 5.ª

etapa do procedimento?

(A)

(D)

(B)

(E)

(C)

Competências avaliadas: ____________________________

________________________________________________

*Anotações*

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Literatura brasileira

Arcadismo (1768-1808)

Marco inicial

Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da

Costa.

ARQUIVO / UFMG

Vários poetas árcades participaram do movimento contra o governo português conhecido por Conjuração Mineira, mas somente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pagou com a vida a ousadia de querer lutar pela nossa independência. Na ilustração, uma representação impressionante do suplício de Tiradentes, obra do pintor Pedro Américo (1843-1905)

Panorama histórico

O Arcadismo ou Neoclassicismo corresponde ao

período de superação dos conflitos religiosos da época

barroca. No século XVIII, a fé e a religião perdem

importância, e a Razão e a Ciência passam a explicar o

homem e o mundo.

O Arcadismo coincide com o Século das Luzes,

marcado pelo Iluminismo (Rousseau, Montesquieu,

Voltaire); pelo Empirismo Científico (Newton, Lavoisier,

Lineu, Locke); pelo Enciclopedismo (Diderot, D’Alembert)

e, no âmbito político, pelo Despotismo Esclarecido.

Representa, historicamente, o último período de

dominação da aristocracia e as primeiras investidas da

burguesia emergente na Revolução Comercial. A partir

da Revolução Francesa (1789), a burguesia assume a

condição de classe dominante.

Em Portugal, corresponde à época do Marquês de

Pombal (1750-1777), que operou profundas

transformações administrativas e educacionais, como a

expulsão dos jesuítas, o fim da submissão à Santa

Inquisição, a laicização do ensino, a reforma universitária

e a divulgação das ideias científicas.

No Brasil, corresponde ao apogeu da mineração do

ouro em Minas Gerais e à transferência do centro

econômico e cultural da Colônia do Norte (Pernambuco e

Bahia) para o Centro-Sudeste (Minas Gerais e Rio de

Janeiro). Corresponde, também, à fase das primeiras

rebeliões contra o estatuto colonial, como a Inconfidência

Mineira, a Revolução dos Alfaiates, etc. Daí o nativismo,

que passa a ser reivindicatório, e não mais apenas

descritivo e pitoresco, como ocorrera no Quinhentismo e

no Barroco.

A vida literária ganha novo alento com o surgimento

de um público leitor. Estabiliza-se, dessa forma, a relação

autor-obra-leitor, vale dizer, surgem escritores brasileiros,

que escrevem sobre o Brasil, para leitores brasileiros.

Características árcades

Volta aos modelos clássicos: revalorização dos

princípios poéticos greco-romanos e renascentistas.

Daí a denominação Neoclassicismo.

Arte como imitação dos grandes autores: o poeta

imita, não a natureza, como propugnava Aristóteles

na Antiguidade, mas os autores antigos ou

renascentistas (Horácio, Ovídio, Virgílio, Petrarca,

Camões). O poeta arcádico não visa à originalidade,

mas à perfeição na imitação do modelo.

Bucolismo e pastoralismo: os árcades tematizam a

natureza, vista sempre como cenário ameno e

aprazível. A natureza é convencional e serve de

cenário para a vida serena dos pastores e suas

musas, ou de testemunha impassível dos lamentos e

desenganos do poeta.

Temas clássicos: o carpe diem (= aproveita o dia),

quando o pastor, tendo em vista que o tempo passa

e tudo degenera, convida a pastora a viver e gozar o

momento presente; o aurea mediocritas (= mediania

de ouro), ideal de vida pacata e sem excessos ou

extremos; o fugere urbem (= fugir da civilização), que

consiste na exaltação da vida simples, e o locus

amoenus (= lugar ameno), que significa buscar a

felicidade na natureza. Os poetas árcades adotavam

como lema o inutilia truncat (= cortar o inútil),

exprimindo a oposição aos exageros ornamentais do

Barroco.

Fingimento e afetação: os poetas árcades adotavam

pseudônimos pastoris e se referiam a suas amadas

como musas. Sempre estavam envolvidos em cenas

poéticas e musicais que exaltavam a vida campestre.

Não existe, porém, a subjetividade melancólica que

ainda vai assolar o homem romântico; os

sentimentos são “fingidos”, usados como motivos

estéticos, e não espontâneos.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 142

Principais autores e obras

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789; pseudônimo:

Glauceste Satúrnio) — Obras Poéticas; Vila Rica

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810; pseudônimos:

Dirceu e Critilo) — Marília de Dirceu; Cartas Chilenas

Basílio da Gama (1741-1795; pseudônimo: Termindo

Sipílio) — O Uraguai

Frei Santa Rita Durão (1722-1784) — Caramuru

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805;

pseudônimo: Elmano Sadino) — Idílios Marítimos;

Rimas; A Pena de Talião

Pré-Romantismo (1808-1836)

Denomina-se Pré-Romantismo a fase de transição

entre a Era Colonial e a Era Nacional (1808-1836). Essa

fase foi marcada, no plano histórico, pela transmigração

da Família Real Portuguesa e pelos desdobramentos de

sua presença no Brasil (Abertura dos Portos, Imprensa

Régia, primeiros cursos superiores de Medicina e Direito,

etc.). No plano literário, destacam-se: o jornalismo

político (Evaristo da Veiga, Hipólito da Costa e Januário

Barbosa da Cunha); a oratória sacra (Frei Francisco de

Monte Alverne) e a poesia didática e moralizante (Padre

Sousa Caldas e Américo Elísio, pseudônimo de José

Bonifácio de Andrada e Silva).

Fique ligado! Pesquise!

Assistir: aos filmes Danton – O processo da

Revolução (1982), de Andrzej Wajda; Ligações

perigosas (1988), de Stephen Frears; Casanova e a

Revolução (1982), de Ettore Scola; Amadeus

(1984), de Milos Forman — todos relacionados com

o contexto político e cultural europeu da época. Veja

também A Missão (1986), de Roland Joffé, cujo

tema também foi tratado pelo poeta árcade

brasileiro Basílio da Gama, em seu poema épico

O Uraguai.

Pesquisar: sobre as ideias e as obras dos filósofos

iluministas Voltaire, Montesquieu, Rousseau,

Diderot e D’Alembert. Procure saber também sobre

a Enciclopédia, escrita por eles, e sobre o

Despotismo Esclarecido.

Ouvir: os compositores de destaque da época,

como Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus

Mozart.

Comparar: os princípios que regem a Constituição

brasileira e as ideias políticas dos iluministas do

século XVIII.

Conhecer: a pintura da época, especialmente a do

pintor francês Antoine Watteau.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para as questões 1 e 2.

01 Torno a ver-vos, ó montes; o destino

02 Aqui me torna a pôr nestes outeiros,

03 Onde um tempo os gabões deixei grosseiros

04 Pelo traje da Corte, rico e fino.

05 Aqui estou entre Almendro, entre Corino,

06 Os meus fiéis, meus doces companheiros,

07 Vendo correr os míseros vaqueiros

08 Atrás de seu cansado desatino.

09 Se o bem desta choupana pode tanto,

10 Que chega a ter mais preço, e mais valia

11 Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

12 Aqui descanse a louca fantasia,

13 E o que até agora se tornava em pranto

14 Se converta em afetos de alegria.

COSTA, Cláudio Manoel da. In: FILHO, Domício Proença.

A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

.1. (ENEM-MEC)

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os

elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale

a opção correta acerca da relação entre o poema e o

momento histórico de sua produção.

(A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira

estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou

seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico

e fino”.

(B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como

núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada

pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo

urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da

Colônia.

(C) O bucolismo presente nas imagens do poema é

elemento estético do Arcadismo que evidencia a

preocupação do poeta árcade em realizar uma

representação literária realista da vida nacional.

(D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a

“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária

que reproduz a condição histórica paradoxalmente

vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

(E) A realidade de atraso social, político e econômico do

Brasil Colônia está representada esteticamente no

poema pela referência, na última estrofe, à

transformação do pranto em alegria.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 143

.2. (ENEM-MEC)

Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de

Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao

seu interlocutor.

(A) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1).

(B) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino” (v. 5).

(C) “Os meus fiéis, meus doces companheiros” (v. 6).

(D) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7).

(E) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto” (v. 11).

.3. (FATEC-SP)

Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:

(A) tem suas fontes nos antigos autores gregos e latinos,

dos quais imita os motivos e as formas.

(B) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante

que, de forma original, recusou a motivação bucólica

e os modelos camonianos da lírica amorosa.

(C) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de

Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de

Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade

literária destacada em relação ao primeiro.

(D) norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a

produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que

celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a

originalidade de estilo e de tratamento local dos

temas pelo autor.

(E) apresentou uma corrente de conotação ideológica,

envolvida com as questões sociais do seu tempo,

com a crítica aos abusos do poder da Coroa

portuguesa.

Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Manuel da

Costa, para responder às questões 4 e 5.

Este é o rio, a montanha é esta,

Estes os troncos, estes os rochedos;

São estes inda os mesmos arvoredos;

Esta é a mesma rústica floresta.

Tudo cheio de horror se manifesta,

Rio, montanha, troncos e penedos;

Que de amor nos suavíssimos enredos

Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido

Aquele monte, e as vezes que, baixando,

Deixei do pranto o vale umedecido!

Tudo me está a memória retratando;

Que da mesma saudade o infame ruído

Vem as mortas espécies despertando.

.4. (INEP-MEC)

Assinale a opção que se refere ao texto de modo correto.

(A) Observa-se o elogio do pastoralismo, com a

consequente crítica aos males que o meio urbano

traz ao homem.

(B) A natureza é cenário tranquilo, retratada sem levar

em conta o estado de espírito de quem a descreve.

(C) A antítese “Foi cena alegre, e urna é já funesta”

resume o poema, indicando a passagem do tempo e

a lembrança do amor perdido.

(D) Exemplo típico do Arcadismo, constata-se o

predomínio da razão sobre a emoção, o que revela a

influência da lógica iluminista.

(E) Recomenda que se aproveite o dia (carpe diem),

embora fazendo referência à constância da vida e à

previsibilidade do destino.

.5. (INEP-MEC)

Ainda a respeito do poema, assinale a opção incorreta.

(A) A métrica regular e a estrutura — um soneto —

indicam a proximidade do Romantismo.

(B) Apresenta construções em ordem indireta, mas sem

o radicalismo da escrita barroca.

(C) Percebe-se uma identificação entre o poeta e a

natureza que o rodeia.

(D) A organização em dois quartetos e dois tercetos é de

natureza greco-latina.

(E) Há uma contenção do poeta no uso de figuras de

linguagem, como a metáfora “e urna é já funesta”.

.6. (UESPI-PI)

Assinale a alternativa correta acerca do Arcadismo

brasileiro e de seus autores.

(A) Foi um movimento literário posterior ao Romantismo,

que teve repercussão em todo o Brasil,

especialmente em Minas e São Paulo.

(B) A obra lírica mais divulgada foi Marília de Dirceu,

longo poema de Tomás Antônio Gonzaga. Nele, o

poeta se transforma em Dirceu, pastor que se

enamora da pastora Marília, tendo como cenário um

ambiente bucólico.

(C) Cláudio Manuel da Costa, também árcade, escreveu

Cartas Chilenas, uma crítica à colonização

portuguesa.

(D) Silva Alvarenga é o autor de O Uraguai, único poema

épico do Arcadismo.

(E) Entre as características árcades estão: a volta aos

padrões greco-latinos, a visão idílica da natureza, o

uso exacerbado da linguagem figurada, das

contradições e dos contrastes.

________________________________________________ *Anotações*

LCP Português _________________________________________________________________________________________________________________________

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio LCP Português 144

.7. (SEE-AC)

Assinale E nas erradas e C nas corretas.

01. (**) A literatura brasileira da fase colonial é

autônoma em relação à Metrópole.

02. (**) Toda a literatura colonial é basicamente

advinda dos membros da Companhia de

Jesus, sem nenhuma contribuição dos

colonos.

03. (**) A Carta de Pero Vaz de Caminha é

considerada como nossa “certidão de

nascimento”.

04. (**) A literatura dos cronistas é basicamente

informativa, geográfica e curiosa das coisas

locais.

05. (**) Autores românticos e modernistas valeram-se

de sugestões temáticas e formais das crônicas

de viagem.

06. (**) A literatura dos viajantes é ocorrência

exclusivamente brasileira, não tendo nenhum

similar em nenhuma outra parte do mundo.

07. (**) A poesia de Anchieta está presa aos modelos

renascentistas e reflete, em seus sonetos,

uma transparente influência de Camões.

08. (**) A literatura de informação ressalta a

importância do trabalho com o estilo, com a

forma.

09. (**) A atitude de Caminha em frente à terra recém-

-descoberta é de decepção e de repulsa pelo

índio.

10. (**) A produção informativa do Quinhentismo tem

maior valor histórico-documental que literário.

11. (**) A exaltação das virtudes da terra prestava-se,

também, ao incentivo à imigração e aos

investimentos da Europa na Colônia.

.8. (SEE-AC)

Coloque o nome do estilo a que se referem as definições

seguintes (Barroco ou Arcadismo).

a) Procurou-se o campo, a sua pureza, para uma

motivação estética contra certa conturbação anterior

nas letras. (________________)

b) Os pastores seriam o modelo, procurando-se, acima

de tudo, simplicidade. (________________)

c) A arte é complexa, cheia de contrastes e hesitações.

(________________)

d) É um tempo místico, religioso, com o homem

tentando obter uma resposta para os seus problemas

nos valores espirituais. (________________)

e) A finalidade é depurar a língua, voltando ao “cattivo

gusto”. (________________)

f) “Inutilia truncat” é o lema, a expressão de vanguarda

para os seus princípios estéticos. (________________)

g) O estilo é contornado, rebuscado, com uma série de

raciocínios, ficando o homem em certo dilema.

(________________)

h) O Iluminismo é um dos princípios básicos, isso na

França, numa época em que o Enciclopedismo é

uma nota marcante. (________________)

i) A arte é o reflexo de todo o luxo que caracteriza a

escultura e a pintura das igrejas. (________________)

j) Nos poemas, a ordem da frase passa a ser mais

direta, embora ainda se procure certa perfeição

formal. (________________)

.9. (UFPE)

Ao longo da história da literatura, ocorrem vários estilos.

O Barroco, por exemplo, é o nome de um estilo que

predominou no século XVII. Podemos dizer que estilo

literário

(A) é a síntese das características do principal escritor

de uma época.

(B) são os procedimentos artísticos e as concepções de

mundo predominantes nas obras de uma certa

época.

(C) é o conjunto dos estilos individuais de todos os

autores de uma certa época.

(D) é a expressão exata do modo de pensar de todos os

escritores de uma certa época.

(E) n.d.a.

________________________________________________ *Anotações*